Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE CIÊNCIA AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CÂMPUS DE JABOTICABAL
ASPECTOS RADIOGRÁFICOS E TOMOGRÁFICOS DE
FELINOS (Felis catus – LINNAEUS, 1775) ADULTOS
ACOMETIDOS POR RINITE E SINUSITE
Rosana Zanatta
Orientador: Prof. Dr. Júlio Carlos Canola
Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências
Agrárias e Veterinárias UNESP, Câmpus de
Jaboticabal, como parte das exigências para a
obtenção do título de Mestre em Medicina
Veterinária.
JABOTICABAL - SÃO PAULO – BRASIL
Julho de 2007
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
DADOS CURRICULARES DA AUTORA
ROSANA ZANATTA nascida na cidade de Curitiba-PR, em 22 de
agosto de 1977. Médica Veterinária formada pela Faculdade de Medicina
Veterinária da Universidade Federal do Paraná de Curitiba-PR, no ano de 2003.
Participou do Programa de Aprimoramento Profissional em Medicina Veterinária,
Área de Radiologia Veterinária, no Hospital Veterinário “Governador Laudo Natel”
da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual
Paulista, UNESP/Jaboticabal-SP, nos anos de 2004 e 2005. Nessa mesma
instituição, ingressou no Curso de pós-graduação em Cirurgia Veterinária, Área de
concentração em Diagnóstico por Imagem, em março de 2006, sob orientação do
Prof. Dr. Júlio Carlos Canola. Leciona a disciplina de Métodos de Diagnóstico por
Imagem do curso de Medicina Veterinária da Universidade Camilo Castelo Branco
– Unicastelo, Fernandópolis-SP, desde abril de 2006.
ii
ads:
DEDICO ESTE TRABALHO E OFEREÇO
Aos meus pais Valter e Avelina, pelo incentivo e confiança depositados em
mim, pelo apoio nas horas difíceis e por trazerem tanta felicidade à minha vida.
Ao meu irmão Rodrigo e minha nona Inês por todos os bons momentos.
À minha grande amiga Nancy, que mesmo distante sempre se faz presente
na minha vida.
Aos meus amigos do coração: Aline (você sabe o quanto é especial para
mim!), Camilla, Daniel Gerardi, Daniel Paulino, Fernanda, Nati, Tati Bituca e
Vanessa, por todos os momentos incríveis que ficarão para sempre na minha
memória.
Aos meus amigos da nutrição, Márcio e Ricardo, por toda a ajuda e pela
amizade!
A todas as amizades que nasceram no Hospital Veterinário da FCAVJ
UNESP, e também às que trouxe de Curitiba.
Ao meu amigo Fabrício, pela indicação na UNICASTELO em
Fernandópolis, e também aos amigos lá conquistados, especialmente os
companheiros de Sukão (Alessandra, Lina e Mauro), pelas conversas e risadas
semanais!
A todos os gatos que fizeram parte deste trabalho (Dhara, Suki, Sandy,
Tempestade, Queridinha, Wolverine, Binka, Manda-Chuva, Xandy e Zoinha) e ao
gato Valdemar.
iii
A todos os animaizinhos que fazem ou fizeram parte da minha vida,
trazendo muita alegria e me inspirando na escolha dessa profissão (Bibo, Vicky,
Frajola, Luli, Vickinho, Neguinhos e Neguinhas, Tonhão, Nhanha, Morena, Si,
Lilica, Chuchu, Recchio, Batata, Cabeção, PB... e a duplinha Faísca e Fumaça,
que fazem minha vida bem mais fácil por aqui!).
iv
AGRADECIMENTOS
Ao Professor Júlio Carlos Canola, pela orientação nesta dissertação, e pela
confiança que depositou em mim desde o primeiro momento, sempre me ajudando
a evoluir e a alcançar meus objetivos.
Aos funcionários do Setor de Radiologia do Hospital Veterinário da FCAVJ -
UNESP, Eduardo, João e Paulo, pelo apoio e a ajuda no dia-a-dia.
Ao Professor Aulus Cavalieri Carciofi, por ceder os gatos do Laboratório de
Pesquisa em Nutrição e Doenças Nutricionais de Cães e Gatos da FCAV
UNESP para este estudo.
À Thassila Caccia Feragi Cintra, sempre atenciosa e amiga
À amiga Naida Cristina Borges, pela valiosa ajuda neste trabalho!
Ao médico veterinário José Célio F. Rolandi e à Dra. Angela Delete Bellucci
do Depto. de Clínica Médica da USP de Ribeirão Preto, por possibilitar a
realização dos exames de tomografia computadorizada.
Aos professores José Jurandir Fagliari, Márcia Rita Fernandes Machado e
Fabrício Singaretti de Oliveira, pela contribuição nesta dissertação.
v
SUMÁRIO
Página
LISTA DE TABELAS ..............................................................................................vii
LISTA DE FIGURAS ..............................................................................................viii
RESUMO ................................................................................................................x
ABSTRACT .............................................................................................................xi
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................01
2. REVISÃO DA LITERATURA .............................................................................02
2.1. Anatomia e fisiologia da cavidade nasal e dos seios paranasais.........02
2.2. Doenças sinonasais .............................................................................05
2.3. Diagnóstico das doenças sinonasais ...................................................07
2.3.1. Radiografia .............................................................................08
2.3.2. Tomografia computadorizada .................................................10
3. OBJETIVOS ......................................................................................................13
4. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................14
4.1. Animais experimentais e manejo..........................................................14
4.2. Protocolo anestésico ............................................................................14
4.3. Exame radiográfico ..............................................................................14
4.4. Exame de TC .......................................................................................15
5. RESULTADOS ...................................................................................................18
5.1. Exame radiográfico ..............................................................................18
5.2. Exame de TC .......................................................................................23
6. DISCUSSÃO ......................................................................................................30
7. CONCLUSÕES ..................................................................................................33
8. REFERÊNCIAS ................................................................................................33
APÊNDICES...........................................................................................................38
vi
LISTA DE TABELAS
Página
Tabela 1. Achados radiográficos de alterações de opacidade da cavidade nasal e dos
seios frontais nas imagens em projeção lateral-direita e dorsoventral de dez gatos com
sinais clínicos de doença sinonasal ..................................................................................19
Tabela 2. Lateralidade das alterações de aumento de opacidade da cavidade nasal de
sete gatos e dos seios frontais de nove gatos, nas imagens em projeção lateral-direita e
dorsoventral........................................................................................................................19
Tabela 3. Achados radiográficos de alterações radiográficas extra-sinonasais nas
imagens em projeção laterolateral e dorsoventral de gatos com sinais clínicos de doença
sinonasal............................................................................................................................21
Tabela 4. Achados radiográficos e tomográficos de dez gatos com sinais clínicos de
doença sinonasal...............................................................................................................29
vii
LISTA DE FIGURAS
Página
Figura 1. Imagem de cabeça em seção mediana ilustrando a cavidade nasal e os seios
paranasais do gato. A; concha nasal. B; concha etmoidal. C; seio frontal. D; Seio
esfenóide..............................................................................................................................03
Figura 2. Imagens de cabeça em seção transversal ilustrando a cavidade nasal e os seios
paranasais do gato. A; concha nasal. B; septo nasal. C; concha etmoidal. D; meato nasal
ventral...................................................................................................................................03
Figura 3. Imagem ilustrando o posicionamento do animal para a realização de tomografia
computadorizada .................................................................................................................16
Figura 4. “Scout” ilustrando o planejamento para estabelecimento dos planos que
originaram as imagens transversais da cabeça de um dos animais ...................................16
Figura 5. Freqüências das alterações radiográficas observadas em imagens em projeção
lateral-direita e dorsoventral de dez gatos com sinais clínicos de doença sinonasal...........18
Figura 6. Imagens radiograficas de cabeça em projeção dorsoventral de felino mestiço
com sinais clínicos de doença sinonasal. A; Cavidade nasal sem alterações de opacidade
(delineada). B; Aumento bilateral de opacidade da cavidade nasal
(delineada)............................................................................................................................19
Figura 7. Imagens radiografia de cabeça, em projeção laterolateral, de felino mestiços com
sinais clínicos de doença sinonasal. A; Seio frontal sem alterações. B; Aumento de
opacidade do seio frontal (setas) .........................................................................................20
Figura 8. Imagem de radiografia de cabeça, em projeção dorsoventral, de felino mestiço
com sinais clínicos de doença sinonasal, onde é visibilizado aumento de opacidade do seio
frontal direito (seta) ..............................................................................................................20
Figura 9. Imagens de radiografia de cabeça, em projeção laterolateral, de felinos mestiços
com sinais clínicos de doença sinonasal. A; Bulas timpânicas normais (ponta de seta). B;
Opacidade líquido mais evidente na bula timpânica esquerda (seta)................ .................21
Figura 10. Imagem de radiografia de cabeça, em projeção dorsoventral, de felinos mestiços
com sinais clínicos de doença sinonasal. A; Bulas timpânicas normais (ponta de seta). B;
Aumento de opacidade da parte timpânica do osso temporal (seta)...................................22
Figura 11. Freqüências das alterações encontradas nas imagens de TC em planos
transversais de dez gatos com sinais clínicos de doença sinonasal....................................23
Figura 12. Imagens de TC em corte transversal da cavidade nasal de felinos mestiços com
sinais clínicos de doença sinonasal. A e B; Opacidade de tecido mole/líquido na porção
ventral da cavidade nasal direita e esquerda, respectivamente (setas), contrastando com o
viii
aspecto normal da cavidade nasal contralateral. C; Desvio do septo nasal para o lado
esquerdo(seta). D; Aumento de opacidade localizado na região ventrolateral da cavidade
nasal direita (seta) ...............................................................................................................24
Figura 13. Seqüência de imagens correspondentes aos cortes 9 à 13 demonstrados no
“scout” do exame de TC do cabeça de fêmea felina mestiça, onde é visibilizada estrutura
de opacidade tecido mole na região ventrolateral da cavidade nasal direita (setas), que se
estende até o início da nasofaringe (suspeita de pólipo nasofaringeo) ...............................25
Figura 14. Imagem de TC em corte transversal de cabeça de felinos mestiços com sinais
clínicos de doença sinonasal. A; Opacidade de tecido mole/líquido envolvendo
parcialmente os seios frontais direito e esquerdo (seta). B; Opacidade de tecido
mole/líquido envolvendo parcialmente os seios esfenóides (ponta de seta).......................26
Figura 15. Imagem de TC em corte transversal de cabeça de duas fêmeas felinas mestiças
com sinais clínicos de doença sinonasal. A; O interior das bulas timpânicas e o canal
auditivo normais apresentam opacidade ar (círculo). B; presença de opacidade tecido
mole/líquido em parte da bula timpânica direita (círculo), compatível com otite média ......27
Figura 16. Imagem de TC em corte transversal de cabeça de felinos mestiços com sinais
clínicos de doença sinonasal. A; O interior das bulas timpânicas e o canal auditivo normais
apresentam opacidade ar (círculo). B; presença de opacidade tecido mole/líquido em
parte da bula timpânica esquerda (otite média) e dos canais auditivos (otite externa)
(círculo).................................................................................................................................27
Figura 17. Imagem de TC em corte transversal de cabeça de fêmea felina mestiça com
sinais clínicos de doença sinonasal e aumento de volume de tecidos moles na região
cervical esquerda. Destruição do osso nasal (seta) .......................................................... .28
ix
ASPECTOS RADIOGRÁFICOS E TOMOGRÁFICOS DE FELINOS (Felis catus –
LINNAEUS, 1775) ADULTOS ACOMETIDOS POR RINITE E SINUSITE
RESUMO - Doenças sinonasais são comuns em pequenos animais,
todavia o diagnóstico definitivo é difícil de ser estabelecido pela similaridade dos
sinais clínicos das enfermidades que acometem a cavidade nasal e os seios
paranasais, além da limitação dos métodos de diagnóstico. A imagem adquirida
com a radiografia apresenta sobreposição de estruturas anatômicas. A tomografia
computadorizada (TC) permite o estudo do corpo em planos, onde as estruturas
internas podem ser visibilizadas diretamente. Estudos em que foram comparadas
as imagens radiográficas e de TC da cabeça de gatos, em sua maioria,
confrontaram dados de tomografias arquivadas com achados radiográficos de
exames feitos em grupos distintos de animais. Com este estudo objetivou-se
descrever os achados radiográficos e tomográficos de imagens obtidas da cabeça
de um grupo de dez gatos mestiços, adultos, com sinais clínicos crônicos de rinite
e sinusite. As alterações visibilizadas nas imagens radiográficas e de TC foram
aumento de opacidade dos seios frontais e da cavidade nasal e envolvimento de
estruturas extra sinonasais. Foram observados ainda nas imagens de TC desvio
do septo nasal e destruição de turbinados nasais e de ossos da face. O reduzido
comprimento facial do gato, associado à sobreposição de tecidos que ocorre nas
radiografias de cabeça, limitam a avaliação da cavidade nasal, seios frontais e
bulas timpânicas. Entretanto, o conhecimento anatomoradiográfico da cabeça
permite identificar a maioria das alterações encontradas no exame de TC.
Palavras chave: radiografia, tomografia computadorizada, gatos, doenças
sinonasais.
x
RADIOGRAPHIC AND COMPUTED TOMOGRAPHY ASPECTS OF ADULT
FELINE (Felis catus - LINNAEUS, 1775) WITH RHINITIS AND SINUSITIS.
SUMMARY Sinonasal diseases are common in small animals,
however is difficult to establish a definitive diagnosis due clinical signals are similar
in different diseases of nasal cavity and paranasal sinuses and the diagnostic
methods are limited. The image acquired with the radiographic presents
overlapping of anatomical structures. Computed tomography (CT) is a technique
that allows the study of the body in slices, generating images without overlapping
of anatomical structures. Studies have compared radiographic and CT images of
feline head, however radiographic and CT images were acquire to different groups
of animals. The aim of this study was to describe the aspects of radiographic and
tomographic images acquired to the head of a group of ten adults mixed-breed
mixed-breed cats, with chronic signals of rhinitis and sinusitis. The findings in
radiographic and CT images in this study were opacification of frontal sinuses and
nasal cavity, and extrasinonasal involvement. In CT, were observed nasal septal
deviation, turbinate destruction and nasal bony changes. The small facial length of
the cat, associated with tissue superimposition that commonly occurs in head
radiographs, restrict nasal cavity, frontal sinus and timpanic bullae evaluation.
However, the anatomoradiographic knowledge of the head allows the identification
of most alterations found at CT examination.
Keywords: radiography, computed tomography, cat(s), sinonasal disease.
xi
1. INTRODUÇÃO
Rinite e sinusite são afecções freqüentes em gatos (BIRCHARD, 1995).
Enfermidades sinonasais benignas e malignas, inicialmente, causam vários sinais
clínicos semelhantes. Esses sinais são pouco específicos e incluem corrimento
nasal mucopurulento, dispnéia, espirros e corrimento ocular (NORRIS & LAING,
1985; BEDFORD, 1997).
Existem diversos métodos que podem ser empreendidos para o diagnóstico
dessas enfermidades. A radiografia é amplamente utilizada em animais com sinais
clínicos de doenças sinonasais, por ser um método relativamente acessível e não-
invasivo, ao contrário da rinoscopia e dos procedimentos de biópsia. No entanto, o
estudo radiográfico da cabeça é dificultado pela disposição anatômica dos ossos da
região, resultando em imagem com sobreposição de estruturas anatômicas. Na
projeção dorsoventral a mandíbula se sobrepõe à cavidade nasal e na projeção
lateral, alterações unilaterais podem estar obscurecidas.
O surgimento da tomografia computadorizada (TC) mudou o modo como a
anatomia do paciente é observada, por permitir visibilizar imagens em planos onde
as estruturas internas podem ser observadas diretamente, eliminando as
sobreposições anatômicas.
Atualmente, existe na medicina veterinária crescente interesse pela TC,
todavia é imprescindível verificar a real necessidade do seu uso no diagnóstico de
enfermidades que acometem pequenos animais. Outrossim, deve-se levar em
consideração o elevado custo que esse método diagnóstico dispensa e o fato de ser
um equipamento de difícil acesso aos médicos veterinários.
1
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. Anatomia e fisiologia da cavidade nasal e dos seios paranasais
A região facial da cabeça dos gatos é curta se comparada a de outros
mamíferos domésticos. A passagem de ar dentro da face ocorre pela cavidade
nasal, que se comunica com os seios paranasais (Figura 1). As narinas são os
orifícios de entrada da cavidade nasal e são sustentadas por cartilagens. As coanas
comunicam a cavidade nasal com a nasofaringe (LIGHT, 1993; HUDSON &
HAMILTON, 1993).
O teto, ou parede dorsal da cavidade nasal, é formado pelas cartilagens
laterais dorsais, pelo osso nasal e parte do osso frontal. O assoalho, ou parede
ventral, é formado pelas cartilagens laterais ventrais e por partes dos ossos incisivo,
maxilar e palatino. As paredes laterais, irregulares, são formadas pelas partes
laterais das cartilagens laterais, dorsal e ventral e por partes dos ossos incisivo,
maxilar, palatino, etmóide e lacrimal. O limite caudal da parte caudodorsal da
cavidade ou fundo, é formado pela placa cribriforme do osso etmóide (HARE,
1986a).
A cavidade é dividida em metades direta e esquerda pelo septo nasal,
localizado no plano mediano (Figura 2). As partes caudal e ventral do septo são
ósseas e formadas pela placa perpendicular do etmóide e pelo vômer,
respectivamente. O restante do septo é composto de cartilagem hialina e é
conhecido como a parte cartilaginosa. A borda dorsal do septo nasal está
relacionada aos ossos frontal e nasal, e rostralmente é expandida em cada lado para
formar as cartilagens laterais dorsais. A borda ventral do septo enquadra-se dentro
do estreito sulco do vômer. No gato, o vômer não se articula com o assoalho da
cavidade nasal caudal no nível do quarto dente molar superior, de modo que nesta
espécie a metade caudal da cavidade nasal não é dividida ventralmente (HARE,
1986b).
2
Figura 1. Imagem de cabeça em seção mediana ilustrando a cavidade nasal e os seios paranasais do
gato. A; conchas nasais. B; conchas etmoidais. C; seio frontal. D; Seio esfenóide.
Fonte: Atlas colorido de anatomia veterinária (DONE, 2002).
Figura 2. Imagens de cabeça em seção transversal ilustrando a cavidade nasal e os seios paranasais
do gato. A; conchas nasais. B; septo nasal. C; conchas etmoidais. Fonte: Atlas colorido de
anatomia veterinária (DONE, 2002).
A cavidade é plenamente preenchida pelas conchas nasais e etmoidais
(Figura 1 e 2), que se projetam da parede lateral e quase atingem o septo nasal, e
os meatos interpostos são estreitos. A concha nasal dorsal é relativamente longa e
estreita e possui uma face lisa. Ela se estende da placa cribriforme do etmóide
quase atingindo a borda rostral do osso nasal. A concha nasal ventral é bem mais
curta e larga do que a concha nasal dorsal. No gato, a concha nasal ventral é muito
pequena e sua superfície é lisa em virtude da disposição simples das lamelas. Ela
3
C
A
A
C
B
B B
D
se estende do segundo ou terceiro dente molar até o nível do dente canino. A
concha nasal média, situa-se ventralmente à concha dorsal. No gato a concha média
é muito grande e sua superfície é irregular devido à disposição das lamelas. Os
ossos etmoturbinados ocupam as regiões fúndicas das cavidades nasais. Os
etmoturbinados que atingem o septo nasal são chamados endoturbinados, e os que
não atingem, ectoturbinados. O terceito e quarto ossos endoturbinados são grandes
no cão e no gato. No gato o quarto osso endoturbinado se estende caudalmente
dentro do seio esfenóide. A concha nasal dorsal e o primeiro osso ectoturbinado se
projetam para dentro do seio frontal. A cavidade nasal, o septo nasal, e ambas as
superfícies das conchas nasais e ossos etmoturbinados são revestidos por túnica
mucosa que está, em sua maior parte, firmemente inserida nos tecidos subjacentes
(NICKEL, 1979; HARE, 1986b; DYCE, 2004a).
As conchas reduzem a cavidade a uma série de fendas ou meatos. As
conchas maiores definem os meatos dorsal, médio e ventral, ramificando-se a partir
de um meato comum junto ao septo. O meato dorsal é estreito e raso. Ele está
situado entre a concha nasal dorsal e o teto da cavidade nasal e se estende
caudalmente até a placa cribriforme do etmóide. O meato nasal médio é
extremamente curto no gato e estreito. Ele está situado entre as conchas nasais
dorsal e ventral e se comunica com os recessos dorsais da concha ventral. O meato
nasal ventral é maior que os dois meatos anteriores. Ele está situado entre a concha
nasal ventral e o assoalho da cavidade e se comunica com o recesso na concha
nasal ventral. Os meatos ventrais, de qualquer dos lados, conduzem para dentro do
meato nasofaríngeo o qual, por sua vez, conduz para dentro da nasofaringe através
da coana. Os meatos etmoidais são as estreitas passagens situadas entre os ossos
etmoturbinados. Eles contem as aberturas dos seios frontais e, no gato, esfenóides.
O meato nasal comum é a estreita passagem situada entre as conchas e o septo
nasal (HARE, 1986b; DYCE, 2004a).
A cavidade nasal, além da olfação, tem a importante função de modificar o ar
inspirado antes que o mesmo se apresente às vias aéreas inferiores. O ar é
aquecido pela passagem sobre a mucosa muito vascular, umidificado pela
vaporização das lágrimas e secreção nasal serosa, e limpo pelo contato com a
secreção de inúmeras glândulas mucosas dispersas (DYCE, 2004a).
4
Os seios paranasais são espaços preenchidos por ar, recobertos por mucosa,
e que se comunicam com a cavidade nasal (Figura 1 e 2). O sistema de seios do
gato compreende compartimentos frontal, esfenóide e maxilar, dentre os quais o
frontal é o mais importante (NICKEL, 1979; DYCE, 2004b).
Os seios esfenóides o um espaço, relativamente pequeno, na junção das
asas e do corpo do osso pré-esfenóide. No gato, contêm parte do quarto osso
endoturbinado. Os seios frontais não são divididos no gato e ocupam a parte dorsal
da cabeça entre a cavidade nasal, a cavidade craniana e as órbitas (NICKEL, 1979;
SISSON, 1986).
A função dos seios é obscura; eles conferem certa proteção térmica e
mecânica às cavidades orbitária, nasal e craniana, aumentam as áreas do crânio
disponíveis para inserção muscular, sem elevar indevidamente o peso, e influenciam
a ressonância da voz. Todavia, se os seios têm função questionável no animal
normal, nas enfermidades são clinicamente importantes (NORRIS & LAING, 1985).
O envolvimento dos seios frontais nas afecções nasais se deve geralmente à sua
drenagem deficiente através de conchas etmoidais enfermas, ou à extensão de
neoplasia desde a cavidade nasal (BIRCHARD, 1995).
2.2. Doenças sinonasais
Doenças sinonasais são comuns em pequenos animais (BIRCHARD, 1995).
Espirro e corrimento nasal são os principais sinais de afecção respiratória superior
no cão e no gato (MCKIERNAN, 1997). Doenças benignas e malignas da cavidade
nasal inicialmente causam vários sinais clínicos semelhantes. (NORRIS & LAING,
1985; BEDFORD, 1997).
O início agudo de uma secreção pode ocorrer devido à traumatismo, à
presença de material estranho no interior da cavidade nasal ou à infecção por vírus
respiratório felino (CLARK, 2001).
As causas mais freqüentes de doença nasal ou do seio paranasal crônica são
as neoplasias e as infecções. Outras causas incluem odontopatia, inflamação
linfocítica-plasmocítica e anormalidades congênitas. Os pólipos nasais ocorrem
raramente (HEDLUND, 1998).
5
As principais causas de doença respiratória superior infecciosa dos gatos são
os vírus da rinotraqueíte felina e o calicivírus felino. Os sinais clínicos de infecção
por esses dois vírus se sobrepõem e são frequentemente indistinguíveis;
consequentemente, são agrupados e referidos como complexo da doença
respiratória infecciosa ou infecção respiratória superior dos gatos. Uma cepa felina
de Chlamydia psittaci é causa não-viral de sinais respiratórios superiores suaves nos
gatos e também é freqüentemente agrupada neste complexo, embora sua
manifestação predominante seja a conjuntivite. Outros patógenos respiratórios
potenciais nos gatos são o reovírus, o Mycoplasma spp e a Bordetella
bronchiseptica, porém estes possuem menor importância (SHERDING, 1998).
O fungo patogênico comumente descrito em gatos é o Cryptococcus
neoformans. O microorganismo compromete a cavidade nasal, onde se deposita
inicialmente, respondendo pela rinite e sinusite granulomatosas crônicas observadas
em pelo menos 50% dos gatos com a doença. O processo pode se estender para
ossos e tecido subcutâneo, de maneira que, além de secreção nasal, os animais
afetados apresentem, algumas vezes, edema e distorção facial (SHERDING, 1998;
CLARK, 2001).
A rinite bacteriana primária é incomum e geralmente associa-se a corpos
estranhos, imunossupressão pelos vírus da leucemia e imunodeficiência felina ou
secundária a odontopatias (HEDLUNG, 1998).
Nos gatos, a cavidade nasal é um local incomum para neoplasias (CLARK,
2001). Os adenocarcinomas são mais comuns, mas o carcinoma de células
escamosas, fibrossarcoma, condrossarcoma, osteossarcoma, linfossarcoma,
hemangiossarcoma, sarcomas ou carcinomas indiferenciados também ocorrem
(HEDLUNG, 1998). COX, citado por CLARK (2001), ao analisar 16 casos de
neoplasias que envolveram vias e seios paranasais felinos, observou cinco animais
com adenocarcinomas e cinco com carcinomas indiferenciados. Na biopsia e na
necropsia de 18 gatos, O`BRIEN (1996) diagnosticou carcinoma indiferenciado,
sarcoma linfohistiocítico, adenocarcinoma, sarcoma anaplástico e fibrossarcoma.
SCHOENBORN (2003) reportou 34 animais com neoplasia em um grupo de 62
gatos com doenças sinonasais, incluindo linfoma, carcinoma de células escamosas,
carcinoma indiferenciado, adenocarcinoma, osteosarcoma, sarcoma histiocítico,
6
sarcoma pobremente diferenciado, osteoma, fibrosarcoma e tumores de células
redondas indiferenciado. Os outros 28 gatos tiveram diagnóstico de rinite
inflamatória/infecciosa (linfoplasmocitária, neutrofílica-supurativa e fúngica-
granulomatosa).
Pólipos nasofaríngios devem ser considerados sempre que um gato
apresente sinais de doença respiratória superior crônica. Pólipos são massas de
tecido mole não-neoplásicas com origem na membrana mucosa do canal auditivo ou
orelha média. A lesão pode se estender para o canal auditivo externo, bula
timpânica ou nasofaringe. Os sinais clínicos incluem estridor respiratório, espirro,
rinite, disfagia, nistagmo e inclinação da cabeça (BRADLEY, 1985; NORRIS &
LAING, 1985).
Os problemas primários dos seios paranasais, tanto no cão quanto no gato,
são de rara ocorrência. A extensão dorsal das conchas etmoidais para os seios
permite seu envolvimento nas moléstias inflamatórias e neoplásicas, secundária às
afecções da cavidade nasal (BEDFORD, 1997).
2.3. Diagnóstico das doenças sinonasais
O diagnóstico definitivo das doenças sinonasais é difícil de ser estabelecido
pela similaridade dos sinais clínicos de diferentes doenças da cavidade nasal e seios
paranasais, associado ao fato dos métodos serem limitados (CODNER, 1993).
Culturas bacterianas e fúngicas revelam microorganismos secundários e se
mostram métodos diagnósticos não confiáveis. Os achados da rinoscopia
geralmente são limitados pela presença de corrimento nasal e pela impossibilidade
de examinar todas as áreas da cavidade nasal e seios paranasais. Lavagens nasais
com solução salina e subseqüente avaliação citológica conduzem a diagnóstico
correto em apenas 50% dos casos (CODNER, 1993). Amostras para citologia são
obtidas, geralmente, por inserção de escova citológica ou hastes flexíveis no nariz e,
depois, rotação das células sobre lâmina. A citologia é particularmente útil para
diagnosticar neoplasias, embora, em alguns casos, o teste possa ser negativo se a
lesão não estiver descamando células. Observam-se comumente alterações
inflamatórias inespecíficas, portanto, de auxílio limitado ao diagnóstico. Podem-se
7
obter tecidos para descrição histológica pelas narinas ou por meio de rinotomia
exploratória, este devendo ser evitado, por se tratar de um método invasivo (CLARK,
2001).
O exame radiográfico é uma técnica útil para examinar a cavidade nasal e os
seios paranasais, pois o ar interno a estas estruturas proporciona bom contraste
para delinear os ossos turbinados e os ossos circundantes. Porém, a sobreposição
de estruturas anatômicas dificulta a avaliação da imagem radiográfica e não é
possível por meio desse exame a diferenciação entre processos infecciosos e
neoplásicos da cavidade nasal e seios paranasais. A TC é uma nova modalidade de
exame de imagem disponível para avaliação da cabeça, superior à radiografia em
definir a extensão da enfermidade e em diferenciar rinite infecciosa de neoplasias
nasais (CODNER, 1993; CLARK, 2001). As desvantagens desse método na
medicina veterinária são o custo elevado e baixa disponibilidade.
2.3.1. Radiografia
A obtenção da imagem da cavidade nasal e seios paranasais em gatos com o
uso da radiografia convencional é usual. No entanto, a informação adquirida tem
limitações, especialmente devido à sobreposição das estruturas anatômicas.
Incidências radiográficas laterais e dorsoventrais da cabeça exibem grande parte da
cavidade nasal. Entretanto, na posição dorsoventral a mandíbula está sobreposta à
cavidade nasal. As alterações unilaterais poderão estar obscurecidas no estudo
lateral. É importante o posicionamento preciso para assegurar que os detalhes
radiográficos sejam bilateralmente simétricos (KEALY & MCALLISTER, 2005).
A cavidade nasal normalmente projeta o padrão ósseo trabecular fino ou
turbinado, circundado pela cavidade luzente. A opacidade linear que divide a
cavidade nasal nas radiografias é o vômer. As cartilagens septais são
radiotransparentes, portanto sua destruição não é visível. Os seios frontais são
melhor visibilizados nas projeções radiográficas lateral, rostrocaudal e caudorrostral
(frontal) da cabeça. Na lateral, os seios frontais são claramente observados,
sobrepostos um ao outro e sobre a órbita, com opacidade aérea e septos ósseos
finos em seu interior. Nas projeções rostrocaudal e dorsoventral, uma fração de cada
8
seio é visibilizada rostralmente à cabeça. Os seios maxilares e etmoidais geralmente
não são identificados nas radiografias (KEALY & MCALLISTER, 2005).
As alterações observadas em uma radiografia incluem perda de detalhe dos
ossos turbinados, aumento na radiopacidade, erosão do osso vômer e mineralização
dentro da cavidade nasal. Algumas vezes, ocorre destruição dos ossos palatinos e
podem-se observar também massas extranasais de tecido mole. A destruição dos
ossos turbinados e o aumento na radiolucência são características de infecções
crônicas, enquanto o aumento na radiodensidade ocorre quando as vias nasais
ficam preenchidas com secreções ou tumores (CLARK, 2001).
Segundo NORRIS & LAING (1985), os achados radiográficos de rinite crônica
são aumento de densidade da cavidade nasal devido ao excesso de secreção e
hiperplasia das membranas mucosas nasais. Tipicamente, os turbinados não estão
destruídos sem doença avançada, o osso vômer raramente sofre erosão e o seio
paranasal frontal não tem radiopacidade aumentada. Se esses sinais estão
presentes, deve-se suspeitar de tumor.
Tumores da cavidade nasal e dos seios frontais são raros em gatos (NORRIS
& LAING, 1985; SCHOENBORN, 2003). O’BRIEN (1996) descreveu os achados
radiográficos de 18 gatos com neoplasias intranasais, incluindo erosão e desvio do
septo nasal e ossos da face, erosão das conchas etmoidais, erosão e proliferação
das conchas nasais, alterações de opacidade da cavidade nasal, aumento de
radiopacidade dos seios frontais e presença de massas faciais e orais.
Nos gatos e cães, os seios frontais se envolvem freqüentemente em
processos patológicos como uma extensão de afecções na cavidade nasal. No
entanto, gatos são apresentados, algumas vezes, com secreção purulenta crônica e
a radiografia ilustra as alterações mais significativas nos seios frontais, que ficam
repletos de secreção purulenta (CLARK, 2001).
9
2.3.2. Tomografia Computadorizada
A tomografia computadorizada (TC) é uma técnica radiográfica especial que
utiliza raios-x e computador para a produção de imagens transversais. O paciente é
colocado em plataforma móvel circundada pela câmara que contêm a fonte de raios-
x e os detectores que são utilizados na produção da imagem tomográfica. A imagem
sagital, semelhante à radiografia lateral é obtida inicialmente. Em seguida são
definidos os limites rostral e caudal que serão incluídos na imagem, e a espessura
dos planos transversais é estabelecida. Várias exposições são realizadas com o
tubo de raios-X circundando o paciente (KORNEGAY, 1990).
O computador localiza pequenos volumes de tecido denominados “voxels”,
que correspondem aos pixels na imagem tomográfica real. Como em radiografias
convencionais, o grau que cada “voxel” atenua o feixe de raios-x é determinado pela
sua densidade, que é representada por um valor de atenuação expressado em
unidades Hounsfield (HU). A escala de atenuação varia de -1000 HU (ar), passando
por 0 HU (água), até +1000 HU (osso). A escala de cinza da TC é semelhante a da
radiografia convencional. Tecidos de alta densidade são visibilizados em branco e
de baixa densidade, em preto (KORNEGAY, 1990).
O brilho e o contraste podem ser manipulados na TC. O brilho é determinado
pelo ponto médio da escala de cinza da imagem (nível da janela), e o contraste é
controlado pela variação do valor de atenuação (largura da janela), de preto a
branco na imagem. Quando o nível da janela é elevado, a imagem obtém mais
brilho, enquanto a diminuição da largura da janela resulta em maior contraste. Pela
manipulação desses fatores, maior detalhe anatômico do cérebro (tecido mole/janela
estreita) ou da cabeça (osso/janela larga) pode ser obtido (KORNEGAY, 1990).
A imagem tomográfica real é formada por computador. No plano transversal,
ela é produzida com o animal posicionado em decúbito esternal, com seu eixo
longitudinal paralelo à plataforma, e o lado esquerdo e direito da imagem
corresponderão ao esquerdo e direito do animal, respectivamente. O computador
pode manipular os dados obtidos e criar imagens sagital e dorsal pelo processo de
reconstrução. A visibilização dos três planos proporciona melhor perspectiva da
extensão anatômica da lesão (KORNEGAY, 1990).
10
LOSONSKY (1997) descreveu as características tomográficas da cavidade
nasal e dos seios paranasais normais de gatos, e SCHOENBORN (2003) propôs
padrão de interpretação da imagem tomográfica dessa região e citou os achados de
TC na doença sinonasal em gatos.
Os achados mais comuns de TC na doença sinonasal em gatos incluem a
opacificação da cavidade nasal e dos seios paranasais, que é um achado comum
em gatos com doença inflamatória e neoplásica, com envolvimento do seio frontal e
esfenopalatino nos dois casos. A tomografia tem maior sensibilidade em
comparação à radiografia para detectar opacificação da cavidade nasal, mas tem
pouco valor para diferenciar fluido (sinusite obstrutiva) de tecido mole, pois estes
estão na mesma escala de unidade Hounsfeld. Desvio de septo é encontrado em
gatos com rinite crônica, a destruição do septo ocorre em animais com neoplasia.
A osteólise dos maxiloturbinados é comun na rinite e na neoplasia. três reações
gerais exibidas nos ossos paranasais em resposta a doença sinonasal crônica
notáveis na TC: destruição óssea agressiva (comum em lesões de crescimento
rápido e agressivas, como neoplasias e infecção), remodelamento ósseo (típico de
massas de crescimento lento) e esclerose óssea (associada a processos crônicos,
como infecção). A extensão da doença para os tecidos extra sinonasais
(nasofaringe, órbita, tecido mole facial e calota craniana) é comum em processos
neoplásico e inflamatório (SCHOENBORN, 2003).
De acordo com LOSONSKY (1997), a informação diagnóstica obtida com o
uso da radiografia pode ser detalhada com a TC. O formato digital da imagem da TC
resulta em melhor contraste tecidual e a anatomia é descrita em um plano paralelo
ao feixe de raios-X.
Em estudos recentes, foi demonstrado que a TC tem maior exatidão em
relação à radiografia convencional na localização, extensão e caracterização das
lesões da cavidade nasal em cães e gatos (SAUNDERS, 2002; SCHOENBORN,
2002; CODNER, 1993; THRALL, 1989). No entanto, em poucos desses estudos foi
utilizado o mesmo grupo de animais para fins comparativos entre os dois tipos de
imagens (SAUNDERS, 2002).
SCHOENBORN (2003) realizou estudo retrospectivo utilizando as TC de 62
gatos atendidos no Hospital Veterinário da Universidade da Califórnia, Estados
11
Unidos, no período de janeiro de 1996 a janeiro de 2001. Posteriormente comparou
os resultados com estudo recente dos achados radiográficos em gatos com doença
nasal crônica, e observou que a TC não é mais sensível que a radiografia na
detecção da anormalidade da cavidade nasal em gatos, mas é mais sensível na
determinação da localização e extensão dessas alterações.
12
3. OBJETIVOS
Descrever as características radiográficas e tomográficas obtidas de um
grupo de gatos com sinais clínicos de rinite e sinusite. O resultado destes exames
pode evidenciar se a tomografia computadorizada, um método ainda pouco
acessível à medicina veterinária, é imprescindível para o diagnóstico de doenças
sinonasais em gatos, ou se unicamente as alterações radiográficas observadas são
suficientes para confirmar estas afecções.
13
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1. Animais e manejo
Foram realizados exames radiográficos e tomográficos da cabeça de dez
gatos mestiços, adultos, com sinais clínicos sugestivos de doença sinonasal crônica
(corrimento nasal, espirros e corrimento ocular), provenientes do Laboratório de
Pesquisa em Nutrição e Doenças Nutricionais de Cães e Gatos da FCAV UNESP,
mantidos em gaiolas individuais durante o período noturno e soltos em gatil coletivo
durante o período diurno para a prática de atividade física voluntária.
As radiografias foram realizadas no Setor de Diagnóstico por Imagem da
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista
UNESP/Jaboticabal, e os exames de TC no Setor de Imagens do Hospital das
Clínicas da Universidade de São Paulo – USP / Ribeirão Preto.
4.2 Protocolo anestésico
Antes dos exames, sob jejum alimentar de 12 horas, os animais foram
anestesiados com cloridrato de levomepromazina
1
, tiletamina e zolazepam
2
nas
doses respectivas de 0,5, 2,5 e 2,5 mg/kg de peso corporal, administradas por via
intramuscular em dose única (POMPERMAYER, 1998; MASSONE, 2003).
4.3 Exame radiográfico
Os exames radiográficos foram realizados com aparelho Siemens, modelo
Tridoros 812E
3
com capacidade para 800 mA. Obtiveram-se radiografias da cabeça
em projeções lateral-direita e dorsoventral, com 38 kVp e 40 kVp, respectivamente, 4
1
Neozine 5 mg/ml – Aventis Pharma LTDA – 0800 168040
2
Zoletil 50mg/ml– Virbac do Brasil Indústria e Comércio LTDA – São Paulo - 0800 136533
3
Siemens Medical Solutions USA, Inc. – 51 Valley Stream Parkway Malvern, PA 19355
14
mAs, 400 mA, em filmes 18 x 24 cm da marca T-Mat GIRA
4
, montados em chassi
metálico com par de écran intensificador Lanex Regular
5
.
As imagens radiográficas foram avaliadas levando-se em consideração os
critérios estabelecidos por O’BRIEN (1996): lateralidade e simetria das alterações
ósseas (erosão, desvio ou proliferação), alterações na opacidade da cavidade nasal
e seios paranasais. Pela dificuldade em definir limites exatos, estes autores
agruparam os ossos em regiões. Na projeção lateral, a porção dorsal da maxila, a
porção rostral do osso frontal e os ossos nasais foram denominados “ossos dorsais”.
A porção dorsal do seio frontal de “ossos frontais”. A maxila, incisivos e a porção
rostral dos ossos zigomáticos, na projeção dorsoventral, “ossos laterais” (Apêndice
A).
Os limites da concha etmoidal não são bem visibilizados na projeção lateral.
Todavia, o limite rostral pode ser identificado na projeção dorsoventral no nível do
aspecto rostral do terceiro pré-molar superior. A presença de massas faciais ou
intra-orais foi baseada no aumento de volume de tecidos moles e na destruição de
osso adjacente (O’BRIEN, 1996).
Após a análise das imagens, os achados radiográficos foram anotados em
fichas individuais para cada animal.
4.3 Exame de tomografia computadorizada
Os exames de TC foram realizados fazendo-se uso de um aparelho Philips,
modelo Tomoscan LX/C
6
. As imagens foram obtidas com o animal em decúbito
esternal, com os membros torácicos estendidos cranialmente e os pélvicos
caudalmente (Figura 3). Os planos transversais seriados da cabeça, tiveram
intervalos de 3 mm, iniciando-se na extremidade rostral da cabeça até a articulação
atlanto-occipital (Figura 4). As imagens obtidas com 80 ou 120 kVp e 75 mA foram
impressas em cópias rígidas.
4
Filme Raio-x Diagnóstico – Eastman Kodak Company, Rochester, New York 14650 USA
5
Ecran-Intensifying Screens Lanex Regular - Eastman Kodak Company, Rochester, New York 14650 USA
6
Philips Medical Systems – 1550 Sawgrass Corporate Parkway Sunrise, FL 33323 USA
15
Figura 3. Imagem ilustrando o posicionamento do animal para realização de tomografia
computadorizada.
Figura 4. “Scout” ilustrando o planejamento para estabelecimento dos planos que originaram as
imagens transversais da cabeça de um dos animais.
16
As imagens tomográficas foram avaliadas segundo critérios de interpretação
adotados por SCHOENBORN (2003): local da lesão, lateralidade, alterações no
septo nasal e ossos cribiforme e turbinados, envolvimentos dos seios, alterações
ósseas e envolvimento de estruturas extra sinonasais (Apêndice B). Os termos leve,
moderado e severo foram adotados para descrever o grau de alteração das
estruturas e foram expressos nas respectivas proporções de menos de 25%, entre
25 - 50%, e mais de 50%, respectivamente. Os achados do exame de cada animal
foram anotados em fichas.
17
5. RESULTADOS
5.1. Exame radiográfico
A opacificação da cavidade nasal e dos seios frontais foram as alterações
radiográficas mais freqüentemente encontradas nos exames radiográficos (Figura 5).
90
70
40
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Alterações
Aumento de opacidade
dos seios frontais
Aumento de opacidade da
cavidade nasal
Envolvimento de
estruturas extra
sinonasais
Figura 5. Freqüências das alterações radiográficas observadas em imagens em projeção lateral-
direita e dorsoventral de dez gatos com sinais clínicos de doença sinonasal.
O aumento de opacidade da cavidade nasal foi visibilizado na radiografia de
sete gatos (Tabela 1). Destes, 43% apresentavam a alteração bilateralmente (Figura
6), 28,6% apenas de um lado e em 28,6% dos animais não foi possível determinar a
lateralidade, devido à sobreposição óssea na cavidade nasal na projeção DV
(Tabela 2).
18
Figura 6. Imagens radiograficas de cabeça em projeção dorsoventral de felino mestiço com sinais
clínicos de doença sinonasal. A; Cavidade nasal sem alterações de opacidade (delineada).
B; Aumento bilateral de opacidade da cavidade nasal (delineada).
TABELA 1. Achados radiográficos de alterações de opacidade da cavidade nasal e dos
seios frontais nas imagens em projeção lateral-direita e dorsoventral de dez gatos
com sinais clínicos de doença sinonasal.
Região anatômica Intensidade de opacidade Nº de
animais
%
Cavidade nasal Aumentada 7 70
Reduzida 0 ---
Ausente 3 30
Seio frontal Aumentada 9 90
Reduzida 0 ---
Ausente 1 10
TABELA 2. Lateralidade das alterações de aumento de opacidade da cavidade nasal de
sete gatos e dos seios frontais de nove gatos, nas imagens em projeção lateral-
direita e dorsoventral.
Região anatômica Lateralidade Nº de
animais
%
Cavidade Nasal Unilateral 2 28,6
Bilateral 3 43,0
Indeterminado 2 28,6
Seio Frontal Unilateral 2 22,2
Bilateral 6 66,7
Indeterminado 1 11,1
19
A B
A opacificação do seio frontal foi verificada em nove animais (Figura 7 e 8).
Entre as imagens com alteração, 66,7% eram lesões bilaterais, 22,2% unilaterais e
em um gato (11,1%) a opacificação foi observada em projeção lateral, mas não foi
possível definir a lateralidade da lesão na projeção dorsoventral, devido à
sobreposição óssea na cavidade nasal (Tabela 2).
Figura 7. Imagens de radiografias de cabeça, em projeção laterolateral, de felinos mestiços com
sinais de doença sinonasal. A; Seio frontal sem alterações (seta). B; Aumento de opacidade
do seio frontal (seta).
Figura 8. Imagem de radiografia de cabeça, em projeção dorsoventral, de felino mestiço com sinais
clínicos de doença sinonasal, onde é visibilizado aumento de opacidade do seio frontal
direito (seta).
20
A B
Neste estudo 60% dos gatos apresentaram opacificação da cavidade nasal e
dos seios frontais concomitantemente. A imagem radiográfica normal da cavidade
nasal foi observada apenas em três animais (30%) e dos seios frontais em um
(10%).
A destruição do padrão ósseo trabecular fino da cavidade nasal, ocasionando
redução de opacidade, não foi visibilizada.
Alterações extra-sinonasais foram encontradas em 40% dos animais (Figura
5). O aumento bilateral de radiopacidade da parte timpânica do osso temporal em
30% dos animais (Figura 9 e 10). Em três animais observou-se ausência de dentes
incisivos (Tabela 3).
TABELA 3. Achados radiográficos de alterações radiográficas extra-sinonasais nas imagens
em projeção laterolateral e dorsoventral de gatos com sinais clínicos de doença
sinonasal.
Animal Aumento de opacidade da porção timpânica
do osso temporal
Ausência de dentes
1 Presente bilateralmente Sim
2 Ausente Não
3 Ausente Não
4 Ausente Não
5 Ausente Não
6 Ausente Não
7 Presente bilateralmente Não
8 Ausente Não
9 Presente bilateralmente Sim
10 Ausente Sim
Figura 9. Imagens de radiografia de cabeça, em projeção laterolateral, de felinos mestiços com sinais
clínicos de doença sinonasal. A; Bulas timpânicas normais (ponta de seta). B; Opacidade de
líquido mais evidente na bula timpânica esquerda (seta).
21
A B
Figura 10. Imagem de radiografia de cabeça, em projeção dorsoventral, de felinos mestiços com
sinais clínicos de doença sinonasal. A; Bulas timpânicas normais (ponta de seta). B;
Aumento de opacidade da parte timpânica do osso temporal (seta).
Em nenhuma imagem radiográfica foram visibilizadas alterações de desvio,
erosão ou proliferação do septo nasal, dos ossos frontais (porção dorsal do seio
frontal), dorsais (porção dorsal da maxila, porção rostral do osso frontal e ossos
nasais) e laterais (maxila, incisivos e porção rostral dos ossos zigomáticos).
Um animal apresentou todas as lesões citadas (aumento de radiopacidade da
cavidade nasal, dos seios frontais e da parte timpânica do osso temporal e ausência
de alguns dentes).
Todos os animais com opacificação da bula timpânica apresentavam
opacificação dos seios frontais, e em dois deles também foi observada opacificação
da cavidade nasal.
Nos dois animais com ausência de dentes foi encontrada opacificação dos
seios frontais e da parte timpânica do osso temporal; e um deles apresentou
também opacificação da cavidade nasal.
Nenhuma imagem obtida neste estudo foi considerada totalmente livre de
alterações radiográficas.
22
A B
5.2. Exame de tomografia computadorizada
A alteração freqüentemente observada nos exames de TC foi o aumento de
opacidade dos seios paranasais (100%) e da cavidade nasal (90%). Outras
alterações foram a opacificação da bula timpânica, do canal auditivo e da
nasofaringe (Figura 11).
100
90
60
40
10
10
0
20
40
60
80
100
120
Alterações
Aumento de opacidade
dos seios paranasais
Aumento de opacidade da
cavidade nasal
Envolvimento de estruturas
extra sinonasais
Desvio do septo nasal
Destruição dos turbinados
Destruição de ossos da
cabeça
Figura 11. Freqüências das alterações encontradas nas imagens de TC em planos transversais de dez
gatos com sinais clínicos de doença sinonasal.
Todos os animais com aumento de opacidade na cavidade nasal (Figura 12)
apresentaram lesões unilaterais de grau leve (33,3%) a moderado (66,7%). A
presença de densidade de líquido foi observada em 88,9% dos gatos; e apenas um
animal (11,1%) apresentou radiopacidade óssea na cavidade nasal, se estendendo
desde o meato nasal dorsal direito até o seio frontal (Figura 14).
Em um dos animais o aumento de opacidade visibilizado era uma estrutura
circular opaca bem delimitada na porção ventrolateral da cavidade nasal direita, se
estendendo até a nasofaringe (Fig. 12D e 13).
23
Figura 12. Imagens de TC em corte transversal da cavidade nasal de felinos mestiços com sinais
clínicos de doença sinonasal. A e B; Opacidade de tecido mole/líquido na porção ventral da
cavidade nasal direita e esquerda, respectivamente (setas), contrastando com o aspecto
normal da cavidade nasal contralateral. C; Desvio do septo nasal para o lado esquerdo
(seta). D; Aumento de opacidade localizado na região ventrolateral da cavidade nasal direita
(seta).
24
A B
C D
Figura 13. Seqüência de imagens correspondentes aos cortes 9 à 13 demonstrados no “scout” do
exame de TC do cabeça de fêmea felina mestiça, onde é visibilizada estrutura de
opacidade tecido mole na região ventrolateral da cavidade nasal direita (setas), que se
estende até o início da nasofaringe (suspeita de pólipo nasofaringeo).
25
Um dos gatos, com radiopacidade de tecido mole ou de densidade de líquido
na cavidade nasal, também apresentava destruição bilateral dos etmoturbinados.
Em relação à avaliação dos seios paranasais, todos os animais apresentaram
aumento de radiopacidade do seio frontal e em 60% deles foi visibilizado aumento
de radiopacidade dos seios esfenóides. Quanto à lateralidade e grau de
envolvimento, as lesões foram 100% bilaterais e incompletas (Figura 14).
Figura 14. Imagem de TC em corte transversal de cabeça de felinos mestiços com sinais clínicos de
doença sinonasal. A; Opacidade de tecido mole/líquido envolvendo parcialmente os seios
frontais direito e esquerdo (seta). B; Opacidade de tecido mole/líquido envolvendo
parcialmente os seios esfenóides (ponta de seta).
Em quatro animais (40%) foi diagnosticado desvio do septo nasal (Figura
12C), concomitantemente com aumento de radiopacidade na cavidade nasal e seios
frontais.
O envolvimento extra-sinonasal foi encontrado em seis gatos. Quatro animais
(40%) apresentaram aumento de radiopacidade unilateral da bula timpânica (Figura
15). O comprometimento dos canais auditivos foi observado em um desses gatos
(Figura 16). A opacificação da nasofaringe foi visibilizada em um animal, que
apresentava concomitantemente aumento de opacidade da cavidade nasal unilateral
e aumento de opacidade bilateral de seios paranasais (frontal e esfenóide).
26
A B
Figura 15. Imagem de TC em corte transversal de cabeça de duas fêmeas felinas mestiças com sinais
clínicos de doença sinonasal. A; O interior das bulas timpânicas e o canal auditivo normais
apresentam opacidade ar (círculo). B; presença de opacidade tecido mole/líquido em
parte da bula timpânica direita, compatível com otite média (círculo).
Figura 16. Imagem de TC em corte transversal de cabeça de felinos mestiços com sinais clínicos de
doença sinonasal. A; O interior das bulas timpânicas e o canal auditivo normais apresentam
opacidade ar (círculo). B; presença de opacidade tecido mole/líquido em parte da bula
timpânica esquerda (otite média) e dos canais auditivos (otite externa) (círculo).
Na análise das imagens de TC não foram detectadas alterações ósseas de
remodelação, destruição e esclerose nos ossos incisivo, frontal, palatino, vômer, pré-
esfenóide, pterigóide, lacrimal, zigomático e maxilar.
27
A B
A B
Um animal (10%) apresentou destruição do osso nasal no lado esquerdo,
além de radiopacidade óssea na cavidade nasal, se estendendo desde o meato
nasal dorsal direito até o seio frontal (Figura 17).
Figura 17. Imagem de TC em corte transversal de cabeça de fêmea felina mestiça com sinais clínicos
de doença sinonasal. Destruição do osso nasal (seta).
Os principais achados radiográficos e tomográficos, de cada gato, são
apresentados na tabela 4.
28
TABELA 4. Achados radiográficos e tomográficos de dez gatos com sinais clínicos de
doença sinonasal.
Animal Exame radiográfico Exame tomográfico
1 - Aumento de opacidade do seio
paranasal frontal direito e das
bulas timpânicas
- Aumento de opacidade da câmara
nasal esquerda, dos seios paranasais
frontais e da bula timpânica direita
- Desvio do septo nasal
- Destruição dos turbinados nasais
2 - Aumento de opacidade da
câmara nasal esquerda e dos
seios paranasais frontais
- Aumento de opacidade da câmara
nasal esquerda, dos seios paranasais
frontais e esfenóides e da bula
timpânica esquerda
- Desvio do septo nasal
3 - Aumento de opacidade das
câmaras nasais
- Aumento de opacidade da câmara
nasal esquerda e dos seios paranasais
frontais e esfenóides
4 - Aumento de opacidade dos
seios paranasais frontais
- Aumento de opacidade dos seios
paranasais frontais e esfenóides
5 - Aumento de opacidade das
câmaras nasais e dos seios
paranasais frontais
- Aumento de opacidade da câmara
nasal direita e dos seios paranasais
frontais
6 - Aumento de opacidade do seio
paranasal frontal direito
- Aumento de opacidade da câmara
nasal direita, dos seios paranasais
frontais e esfenóides e da nasofaringe
- Desvio do septo nasal
7 - Aumento de opacidade da
cavidade nasal e dos seios
paranasais frontais (lateralidade
indefinida) e das bulas timpânicas
- Aumento de opacidade da câmara
nasal esquerda, dos seios paranasais
frontais e esfenóides e da bula
timpânica esquerda
- Desvio do septo nasal
8 - Aumento de opacidade das
câmaras nasais e dos seios
frontais paranasais frontais
- Aumento de opacidade da câmara
nasal esquerda e dos seios paranasais
frontais
9 - Aumento de opacidade das
câmaras nasais, dos seios
paranasais frontais e das bulas
timpânicas
- Aumento de opacidade da câmara
nasal esquerda, dos seios paranasais
frontais e esfenóides e da bula
timpânica esquerda
10 - Aumento de opacidade da
câmara nasal direita e dos seios
paranasais frontais
- Aumento de opacidade da câmara
nasal direita e dos seios paranasais
frontais
- Destruição do osso nasal
29
6. DISCUSSÃO
Os achados radiográficos e tomográficos encontrados com maior freqüência
em gatos com doença sinonasal, segundo O’BRIEN (1996) e SCHOENBORN
(2003), incluem opacificação da cavidade nasal e dos seios frontais, assim como foi
observado neste trabalho.
O aumento de radiopacidade da cavidade nasal foi detectado em nove gatos
por meio da TC e em sete por exame radiográfico. Os seios paranasais frontais
estavam opacificados em dez gatos na TC e em nove na radiografia. Esses dados
indicaram que a tomografia não foi mais sensível que a radiografia na detecção da
presença de anormalidade da cavidade nasal e seios frontais em gatos,
corroborando com os resultados obtidos por THRALL (1989), CODNER (1993),
SAUNDERS (2002) e SCHOENBORN (2003).
O animal de número um apresentou aumento de radiopacidade da câmara
nasal esquerda na TC e destruição bilateral dos turbinados nasais, que não foram
detectados ao exame radiográfico. Os seios frontais, deste mesmo animal, estavam
afetados bilateralmente ao exame de TC, enquanto apenas a opacificação do seio
frontal direito foi visibilizado à radiografia.
A opacificação unilateral da cavidade nasal e bilateral dos seios frontais foi
visibilizada na imagem radiográfica e tomográfica do animal de número dois. Os
seios esfenóides só se encontraram opacificados ao exame de TC, bilateralmente.
Nos animais três, cinco, oito e nove, foi observado radiograficamente o
aumento bilateral da cavidade nasal, enquanto no exame de TC as alterações foram
unilaterais. Nas radiografias, em projeção dorsoventral desses animais, o
posicionamento ficou discretamente oblíquo e causou sobreposição da mandíbula
na câmara nasal em que o aumento de opacidade foi detectado tomograficamente.
Conseqüentemente, a comparação entre as duas câmaras nasais não foi adequada,
levando à interpretação radiográfica equivocada. Nos seios paranasais, frontais e
esfenóides apresentaram-se bilateralmente afetados no exame de TC do animal
três, porém o foram observados à radiografia. Nos gatos de número cinco, oito e
nove os seios frontais estavam opacificados bilateralmente nos dois métodos. No
animal nove os seios esfenóides estavam opacificados apenas ao exame de TC.
30
O único animal que não apresentou alteração na imagem da cavidade nasal
no exame de TC (gato número quatro), também não a demonstrou
radiograficamente. Todavia, a opacificação bilateral dos seios frontais foi visibilizada
radiograficamente e ao exame de TC. Este detectou também aumento da
radiopacidade bilateral dos seios esfenóides.
As imagens de TC do gato seis revelaram uma estrutura de diâmetro
reduzido, com densidade de tecido mole na região ventrolateral da cavidade nasal
direita, se estendendo até o início da nasofaringe. A suspeita de pólipo nasofaríngeo
foi considerada pelas características e localização da alteração. Neste estudo a TC
mostrou-se capaz de estabelecer a extensão do pólipo para cavidades adjacentes,
assim como observado por SEITZ (1996). Radiograficamente, essa estrutura não foi
identificada, concordando com relato de FARROW (2006) onde a maioria dos
pólipos inflamatórios, independentemente do tamanho, não foram visibilizados à
radiografia. Os seios frontais e esfenoidais do mesmo animal se encontravam
opacificados bilateralmente ao exame de TC. Radiograficamente, somente o seio
frontal direito apresentava aumento de radiopacidade.
A opacificação da cavidade nasal e dos seios frontais do animal sete foi
visibilizada nos dois métodos utilizados. Na TC o aumento de radiopacidade pôde
ser observado na câmara nasal esquerda e nos seios frontais bilateralmente. Ao
exame radiográfico a opacificação estava evidente na projeção lateral, porém na
dorsoventral houve excessiva sobreposição da mandíbula sobre a cavidade nasal e
também nos seios frontais, devido à característica braquicefálica do crânio desse
gato, não sendo possível definir o lado da alteração. A radiopacidade elevada dos
seios esfenóides desse gatofoi observada na TC, assim como ocorreu em outros
cinco animais.
Nenhuma imagem radiográfica ressaltou alterações no seio esfenóide neste
trabalho. no exame de TC, 60% apresentaram opacificação bilateral incompleta.
É provável que a sobreposição do crânio com os seios esfenóides, na projeção
dorsoventral, não permita que discretas alterações de opacidade sejam percebidas
radiograficamente. Por outro lado, a TC permite examinar estas estruturas em
planos transversais, livres de sobreposição de tecidos, o que tornou possível a
detecção do aumento de opacidade.
31
Na avaliação dos seios frontais do animal dez observou-se aumento de
opacidade à radiografia, e nas imagens de TC foram visibilizadas opacificação de
densidade óssea e quido. A cavidade nasal apresentava radiopacidade levemente
elevada nos dois métodos, unilateralmente. Outro achado importante na imagem
tomográfica desse gato foi a destruição de uma porção do osso nasal, não detectada
radiograficamente. O exame de TC teve maior sensibilidade em detectar lise óssea
em relação à radiografia, corroborando com resultados obtidos por SCHOENBORN
(2003).
O exame de TC detectou aumento de opacidade unilateral da bula timpânica
de quatro gatos; destes, três apresentaram a alteração bilateralmente ao exame
radiográfico. Neste estudo, a tomografia demonstrou ter maior especificidade que a
radiografia em identificar bula timpânica normal, assim como ocorreu em estudo
realizado por DICKIE (2003).
Nenhum animal apresentou desvio do septo nasal nas imagens radiográficas,
enquanto foram visibilizados quatro animais com essa alteração nas imagens
tomográficas. No presente estudo a visibilização do desvio de septo, apenas nas
imagens de TC, sugere que tais alterações localizavam-se na parte cartilaginosa do
septo nasal, baseado em observações de FORREST (2002) e em resultados obtidos
por REETZ (2006).
32
7. CONCLUSÕES
- O reduzido comprimento facial do gato, associado à sobreposição de tecidos
que ocorre nas radiografias de cabeça em projeções lateral e dorsoventral, limitam a
avaliação da cavidade nasal, seios frontais e bulas timpânicas. Entretanto, o
conhecimento anatomo-radiográfico da cabeça desse animal permite identificar
radiograficamente a maioria das alterações encontradas no exame de TC.
8. REFERÊNCIAS *
BEDFORD, P.G.C. Afecções do focinho. In: ETTINGER, S.J.; FELDMAN E. Tratado
de Medicina Interna Veterinária. São Paulo, Manole, 1997. p 786-805.
BIRCHARD, S.J. Surgical diseases of the nasal cavity and paranasal sinuses.
Seminars in Veterinary Medicine and Surgery (Small Animal), v.10, n.2, p. 77-86,
1995.
BRADLEY, R.L.; NOONE, K.E.; SAUNDERS, G.K. et al. Nasopharyngeal and middle
ear polypoid masses in five cats. Veterinary Surgery, v.14, p. 141-144, 1985.
CLARK, W.T. Doenças do sistema respiratório. In: DUNN, J.K. Tratado de Medicina
de Pequenos Animais. São Paulo, Roca, 2001. p 341-366.
CODNER, E.C.; LURURS, A.G.; MILLER, J.B. et al. Comparison of computed
tomography with radiography as a noninvasive diagnostic technique for chronic nasal
disease in dogs. Journal of American Veterinary Medical Association, v.202, n.7, p.
1106-1110, 1993.
* ABNT NR-6023 05/2003
33
DYCE, K.M.; SACK, W.O.; WENSING, C.J.G. Aparelho Respiratório. In: Tratado de
Anatomia Veterinária. Rio de Janeiro, Elsevier, 3 ed, 2004a. p 146-163.
DYCE, K.M.; SACK, W.O.; WENSING, C.J.G. Cabeça e parte ventral do pescoço
dos carnívoros. In: Tratado de Anatomia Veterinária. Rio de Janeiro, Elsevier, 3 ed,
2004b. p 359-384.
DICKIE, A.M.; DOUST, R.; CROMARTY, L. et al. Comparison of ultrasonography,
radiography and single computed tomography slice for the identification of fluid within
the canine tympanic bulla. Research in Veterinary Science, v.75, n.3, p.209-216,
2003.
DONE, S.H.; GOODY, P.C.; EVANS, S.A. et al. O gato: aspectos comparativos. In:
Atlas Colorido de Anatomia Veterinária do Cão e do Gato. São Paulo: Manole, 2002.
FARROW, C.S. Orelha. In: Veterinária Diagnóstico por Imagem do Cão e Gato. São
Paulo, Roca, 2006. p 233-237.
FORREST, L.J.. The cranial and nasal cavities – canine and feline. In: THRALL, D.E.
Textbook of Veterinary Diagnostic Radiology. Philadelphia: Saunders Company, 4
ed., 2002, p 71-86.
HARE, W.C.D. Sistema respiratório. In: GETTY, R. Anatomia dos Animais
Domésticos. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 5 ed., v.1, 1986a. p 108-135.
HARE, W.C.D. Sistema respiratório. In: GETTY, R. Anatomia dos Animais
Domésticos. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 5 ed., v.2, 1986b. p 1465-1480.
HEDLUND, C.S. Tratamento cirúrgico de uma doença crônica da cavidade nasal e
do seio paranasal. In: BIRCHARD, S.J.; SHERDING, R.G. Manual Saunders Clínica
de Pequenos Animais. São Paulo, Roca, 1998. p 609-616.
34
HUDSON, L.C.; HAMILTON, W.P. Musculoskeletal system. In: Atlas of Feline
Anatomy for Veterinarians. Philadelphia: Saunders Company, 1993. p 23-76.
KEALY, J.K.; MCALLISTER, H. A cabeça e a coluna vertebral. In: Radiologia e Ultra-
sonografia do Cão e do Gato. São Paulo, Manole, 3 ed., 2005. p 355-362.
KORNEGAY, J.N. Imaging brain neoplasms- Computed tomography and magnetic
resonance imaging. Veterinary Medicine Report, v.2, p.372-390, 1990.
LIGHT, G.S. Respiratory System. In: HUDSON, L.C.; HAMILTON, W.P. Atlas of
Feline Anatomy for Veterinarians. Philadelphia: Saunders Company, 1993. p 135-
148.
LOSONSKY, J.M.; ABBOTT, L.C.; KURIASHKIN, I.V. Computed tomography of the
normal feline nasal cavity and paranasal sinuses. Veterinary Radiology and
Ultrasound, v.38, n.4, p. 251-258, 1997.
MASSONE, F. Técnicas anestésicas em felinos. In: Anestesiologia Veterinária. Rio
de Janeiro: Guababara Koogan, 4 ed, 2003. p. 103-107.
MCKIERNAN, B.C. Espirro e corrimento nasal. In: ETTINGER, S.J.; FELDMAN, E.C.
Tratado de Medicina Interna. São Paulo, Manole, 4 ed, 1997. p. 106-114.
NICKEL, R.; SCHUMMER, A.; SEIFERLE, E. Respiratory system. In: The Viscera of
The Domestic Mammals. Berlin, Felgentreff & Goebel, 2 ed, 1979. 211-281.
NORRIS, A.M.; LAING, E.J. Diseases of the nose and sinuses. Veterinary Clinics of
North America: Small Animal Practice, v. 15, n.5, p. 865- 890, 1985.
O’BRIEN, R.T.; EVANS, S.M.; WORTMAN, J.A. et al. Radiographic findings in cats
with intranasal neoplasia or chronic rhinitis: 29 cases (1982–1988). Journal of
American Veterinary Medical Association, v. 208, n. 3, p. 385-389, 1996.
35
POMPERMAYER, L.G.; MASSONE, F.; NUNES, N. et al. Levomepromazina e
atropina como medicações pré-anestésicas na anestesia pela associação
tiletamina/zolazepam, em cães. Ciência Rural, v.28, n.1, p. 65-70, 1998.
REETZ, J.A.; MAI, W.; MURAVNICK, K.B. et al. Computed tomographic evaluation
os anatomic and pathologic variations in the feline nasal septum and paranasal
sinuses. Veterinary Radiology & Ultrasoun, v.47, n.4, p. 321-327, 2006.
SAUNDERS, J.H., VAN BREE. Comparison of radiography and computed
tomography for the diagnosis of canine nasal aspergillosis. Veterinary Radiology and
Ultrasound, v. 44, n.4, p. 414-419, 2003.
SAUNDERS, J.H., VAN BREE, H.; GIELEN, I. et al. Diagnostic value of computed
tomography in dogs with chronic nasal disease. Veterinary Radiology and
Ultrasound, v. 44, n.4, p. 409-413, 2003.
SAUNDERS, J.H., ZONDERLAND, J.; CLERCX, C. et al. Computed tomographic
findings in 35 dogs with nasal aspergillosis. Veterinary Radiology and Ultrasound,
v.43, n.1, p. 5-9, 2002.
SCHOENBORN, W.C.; WISNER, E.R.; KASS, P.P. et al. Retrospective assessment
of computed tomographic imaging of feline sinonasal disease in 62 cats. Veterinary
Radiology and Ultrasound, v. 44, n.2, p. 185-195, 2003.
SEITZ, S.E.; LOSONSKY, J.M.; MARRETTA, S.M. Computed tomographic
appearance of inflammatory polyps in three cats. Veterinary Radiology and
Ultrasound, v. 37, n.2, p. 99-104, 1996.
SHERDING, R.G. Complexo da Doença Respiratória Infecciosa Felina: Herpesvírus,
Calicivírus e Clamídia. In: BIRCHARD, S.J.; SHERDING, R.G. Manual Saunders
Clínica de Pequenos Animais. São Paulo, Roca, 1998. p 112-116.
36
SISSON, S. Osteologia. In: GETTY, R. Anatomia dos Animais Domésticos. Rio de
Janeiro, Guanabara Koogan, 5 ed., v.2, 1986. p 1337-1412.
THRALL, D.E.; ROBERTSON, I.D.; MCLEOD, D.A. A comparison of radiographic
and computed tomographic findings in 31 dogs with malignant nasal cavity tumors.
Veterinary Radiology, v.30, p. 59-65, 1989.
37
APÊNDICES
38
APÊNDICE A
Ficha utilizada para anotação dos achados clínicos e radiográficos em gatos com doença sinonasal.
Animal __________ Idade _____ Sexo _____ Peso _____
Sinais Clínicos __________________________________
Septo Nasal 1) Proliferação 2) Erosão 3) Desvio
Ossos Frontais 1) Proliferação 2) Erosão 3) Desvio
Ossos Dorsais 1) Proliferação 2) Erosão 3) Desvio
Ossos Laterais 1) Proliferação 2) Erosão 3) Desvio
Labirinto Etmoidal 1) Proliferação 2) Erosão 3) Desvio
Opacidade da Cavidade Nasal 1) Aumentada 2) Reduzida 3) Nenhum
Lateralidade 1) Unilateral 2) Bilateral 3) Nenhum
Opacidade dos Seios Frontais 1) Aumentada 2) Reduzida 3) Nenhum
Lateralidade 1) Unilateral 2) Bilateral 3) Nenhum
Massa facial/Oral
Outras alterações radiográficas
Adaptado de O’brien (1996).
39
APÊNDICE B
Ficha utilizada para anotação dos achados clínicos e de TC em gatos com doença sinonasal.
Animal __________ Idade _____ Sexo _____ Peso _____
Sinais Clínicos __________________________________
Envolvimento das câmaras nasais:
Localização 1) Direita 2) Esquerda
Grau 1) Leve 3) Severo
2) Moderado 4) Nenhum
Lateralidade 1) Unilateral 2) Bilateral 3) Nenhum
Envolvimento do septo nasal:
Tipo de alteração 1) Destruição 2) Desvio 3) Nenhum
Grau 1) Leve 3) Severo
2) Moderado 4) Nenhum
Envolvimento da placa cribiforme 1) Leve 3) Severo
2) Moderado 4) Nenhum
Envolvimento dos turbinados:
Localização 1)Maxiloturbinados 3) Ambos
2) Etmoturbinados 4) Nenhum
Grau 1) Leve 3) Severo
2) Moderado 4) Nenhum
Envolvimento dos seios:
Localização 1) Frontal esquerdo 4)Esfenopalatino direito
2) Frontal direito 5) Nenhum
3) Esfenopalatino esquerdo
Lateralidade 1) Unilateral 2) Bilateral 3) Nenhum
Grau 1) Completo 2) Incompleto 3) Nenhum
Alterações ósseas:
Localização 1) Incisivo 4) Frontal 7) Pré-esfenóide
2) Nasal 5) Palatino 8) Pterigóide
3) Maxila 6) Vômer 9) Lacrimal
10) Zigomático
Tipo de alteração 1) Remodelação 3) Destruição
2) Esclerose 4) Misto 5) Nenhum
Grau 1) Leve 3) Moderado
2) Severo 4) Nenhum
Envolvimento extra sinonasal 1) Abóbada craniana 3) Nasofaringe
2) Tecidos moles faciais4) Órbita 5) Nenhum
Adaptado de Schoenborn (2003).
40
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo