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O processo de análise é o método pelo qual se vê realizada a
apreensão das diversas realidades de cada região a qual se pretende examinar
(as realidades espaciais). Sua fragmentação em diferentes dimensões, a
exemplo destas, a pouco relacionadas, permite um exame mais detalhado e
uma melhor observação sobre os diferentes ângulos da questão tratada.
Ocorre, porém, que toda a realidade espacial é uma totalidade. Portanto, se em
determinado aspecto, dividi-la consiste em um artifício metodológico para sua
melhor observação e estudo, definido a princípio pela própria definição do
conceito de análise; por outro, reintegrá-la, isto é, sintetizá-la, deve ser uma
tarefa fundamental dessa mesma metodologia, sob pena de se perder de vista
importantes questões que somente se apresentam no contexto da totalidade
quando pensada como integradora.
O modelo teórico, o da sustentabilidade, parece exigir a consideração,
como eixos fundamentais de seu marco conceitual, a descentralização das
atividades econômicas, do Estado e a democratização dos instrumentos de
ação do Estado. A primeira dessas questões, a descentralização das atividades
econômicas, volta-se essencialmente para as características próprias de cada
região, em busca da desconcentração espacial da produção, bem como de
fatores locais, a estratégia competitiva das empresas e o entorno competitivo
de cada região. Também a educação tem seu papel de destaque, a
universidade passando a assumir um importante papel na descentralização de
tais atividades econômicas. No que diz respeito à denominada democratização
dos instrumentos de ação do Estado, esta consiste na tentativa de se privilegiar
a escuta e a participação dos atores sociais locais, conferindo uma efetiva
legitimidade no processo de execução e no favorecimento de uma melhor
intervenção de ações planejadas; os princípios da participação e da
transparência devendo guiar as tomadas de decisões.
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A descentralização do
Estado, por sua vez, propõe a transferência de poder da União para as
instâncias estadual e municipal, o que requer importantes transformações a
serem efetivadas a médio e longo prazos. No processo de planejamento de um
3
A este respeito, observar as sugestões de Dallabrida: Sustentabilidade e endogenização: novos
paradigmas para o desenvolvimento regional, in: BECKER, Dnizar Fermiano; BANDEIRA, Pedro
Silveira (orgs.). Desenvolvimento local-regional. Determinantes e desafios contemporâneos, vol. 1. Santa
Cruz do Sul: EDUNISC, 2000.