Além disso, em aproximadamente 80% dos casos de piometra (e não em sua
totalidade), tem-se resultado positivo para isolamento bacteriano (DOW, 1959).
Ainda em relação às bactérias, sabe-se que a vagina de fêmeas caninas
normais não constitui um ambiente estéril. Vários microorganismos aeróbicos que
causam infecção uterina secundária estão presentes na microbiota normal da
vagina de cadelas (JOHNSTON et al., 2001), sugerindo uma infecção ascendente.
O principal agente etiológico isolado do conteúdo uterino na piometra é a
Escherichia coli (90%) (ASHEIM, 1965; RENTON et al., 1971; BORRESEN, 1979;
TROMPOWSKY et al., 2005), mas outros microorganismos aeróbicos podem ser
isolados e descritos, em ordem decrescente de ocorrência: Streptococcus sp,
Streptococcus canis, Staphylococcus sp, aureus e intermedius, Klebisiella sp,
Proteus sp, Pseudomonas sp, Corynebacterium sp, Enterococcus sp, Pasteurella
sp, Serratia sp, Haemophilus sp e Bacillus sp (JOHNSTON et al., 2001). Ainda um
único caso de
Clostridium perfringens
foi relatado como condutor de piometra
enfisematosa (HERNANDEZ et al., 2003).
Em um estudo com 25 animais Prestes et al. (1991) descreveram 32% dos
casos com cultura positiva para E. coli, 20% Streptococcus hemolítico, 20%
Klebsiella, 8% Staphylococcus, 8% Proteus, 5% Pasteurella hemolítica e 5% com
conteúdo asséptico, ratificando a importância e incidência da E. coli nesta afecção.
Segundo Dow (1957), o complexo hiperplasia endometrial cística -
piometra pode ser classificado em quatro tipos. No tipo I ocorre hiperplasia
endometrial, mas sem os sinais clínicos de comprometimento sistêmico, sendo
observado endométrio com aparência de colabado e com vários cistos irregulares
com 4 a 10 mm de diâmetro. Histologicamente há aumento das glândulas
secretoras do endométrio com tamanhos irregulares. Ainda podem ser observados
cistos translúcidos uniformemente distribuídos sobre a superfície endometrial
(DOW, 1958). Verifica-se secreção vulvar mucóide durante o diestro, que não
persiste durante as outras fases do ciclo. Pode-se isolar bactérias do útero, mas
não há reação inflamatória no local ou alteração hematológica característica. Se a
cérvix estiver ou permanecer fechada, poderá ocorrer acúmulo de muco ou
líquido, desenvolvendo as chamadas “mucometra” ou “hidrometra”.