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São os aspectos relacionados a esse preparo que abordamos em nossa revisão, na
qual foram pesquisados trabalhos que avaliam as características dos instrumentos
endodônticos quanto ao design, capacidade de corte, flexibilidade, fadiga, durabilidade,
material de confecção e cinemática de uso. O saneamento e conseqüente modelagem do
terço apical, porém, é que constituíram o principal objetivo da pesquisa.
A limpeza e modelagem, consideradas por Estrela (2003), como um importante
fator de sucesso do tratamento endodôntico, tiveram o seu conceito introduzido por
Schilder em 1974, há mais de 30 anos, portanto, sendo entendido como a remoção,
através de instrumentos e soluções químicas irrigadoras (Rangel et al., 2005), de todo o
conteúdo do sistema de canais radiculares durante a modelagem, incluindo material
infectado, substrato orgânico, produtos bacterianos e materiais químicos inflamatórios.
Tais soluções, utilizadas em procedimentos de irrigação e aspiração durante o
preparo biomecânico, são indispensáveis para uma melhor limpeza nas áreas do sistema
de canais radiculares onde os instrumentos endodônticos não conseguem alcançar, como
ístimos e deltas apicais. A dissolução de material orgânico e a ação antimicrobiana são
resultados importantes de uma substância irrigadora, a qual também deve contribuir
para afetar a microdureza da dentina. O hipoclorito de sódio, por exemplo, é hoje a
solução mais utilizada em endodontia, com uma ação dependente de sua concentração e
tempo de contato com a dentina (Slutzky-Goldberg et al., 2002; Garcia Filho et al.,
2002; Pecora et al., Marchesan et al., 2003; Peréz et al., 2003; Rangel el al, 2005).
O primeiro instrumento endodôntico com vistas à limpeza dos canais radiculares
foi confeccionado por Maynard, em 1838, a partir de uma mola de relógio. A evolução
dos materiais endodônticos desde então possibilitou uma prática clínica com maior
segurança para o profissional e conforto para o paciente (Leonardo; Leonardo, 2001).
Primeiramente confeccionados a partir de aço carbono, os instrumentais, em
1961, passaram a ser produzidos em aço inoxidável, devido às melhores propriedades
deste material (Leonardo; Leonardo, 2001), além de uma melhor padronização (Estrela,
2004).
Hoje, no mercado, são encontradas variedades de limas como, por exemplo, a do
tipo K: de haste quadrangular (K), de haste triangular (Flexofile) – considerada como as
que mais são usadas hoje na endodontia brasileira (Ferreira et al., 2002) - e de haste
losangular (K-Flex).
A morfologia desses instrumentos, com o ângulo da lima em relação ao seu
longo eixo de 45
o
, possibilita o uso, tanto em movimentos de rotação, quanto nos de