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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
UNESP – CÂMPUS DE BAURU
VANESSA MARQUES GIBRAN FACO
FAMÍLIAS DE ZONA RURAL E URBANA: CARACTERÍSTICAS E
CONCEPÇÕES DE ADOLESCENTES
Bauru
2007
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VANESSA MARQUES GIBRAN FACO
FAMÍLIAS DE ZONA RURAL E URBANA: CARACTERÍSTICAS E
CONCEPÇÕES DE ADOLESCENTES
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem da
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita
Filho” Faculdade de Ciências, Bauru, SP, como parte
dos registros para obtenção do título de Mestre.
Área de Concentração: Desenvolvimento:
comportamento e saúde.
Orientadora: Prof. Dra. Lígia Ebner Melchiori.
Bauru
2007
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DIVISÃO TÉCNICA DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO
UNESP – BAURU
Faco, Vanessa Marques Gibran.
Famílias de zona rural e urbana: características e
concepções de adolescentes /Vanessa Marques Gibran Faco,
2007.
130 f. il.
Orientador : Lígia Ebner Melchiori.
Dissertação (Mestrado) – Universidade
Estadual Paulista. Faculdade de Ciências,
Bauru, 2007.
1. Adolescentes. 2. Famílias rurais.
3. Famílias – Conceituação e
caracterização. 4. Zona urbana – Famílias.
I – Universidade Estadual Paulista.
Faculdade de Ciências. II - Título.
Ficha catalográfica elaborada por Maricy Fávaro Braga – CRB-8 1.622
ii
VANESSA MARQUES GIBRAN FACO
FAMÍLIAS DE ZONA RURAL E URBANA: CARACTERÍSTICAS E
CONCEPÇÕES DE ADOLESCENTES
Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Psicologia do
Desenvolvimento e Aprendizagem da Universidade Estadual Paulista - Câmpus de
Bauru. Área de Concentração: Desenvolvimento: comportamento e saúde.
COMISSÃO EXAMINADORA
_________________________________________________________
Dra. Lígia Ebner Melchiori – UNESP Bauru
Orientadora - Presidente da banca
_________________________________________________________
Dra. Zélia Maria Mendes Biasoli Alves – USP Ribeirão Preto
2º. Examinadora
_________________________________________________________
Dra. Maria Auxiliadora Dessen – UNB Brasília
3º. Examinadora
Dissertação defendida e aprovada em: ____/____/____.
iii
Oração da família
Padre Zezinho
”Que nenhuma família comece em qualquer de repente
Que nenhuma família termine por falta de amor
Que o casal seja um para o outro de corpo e de mente
E que nada no mundo separe um casal sonhador
Que nenhuma família se abrigue debaixo da ponte
Que ninguém interfira no lar e na vida dos dois
Que ninguém os obrigue a viver sem nenhum horizonte
Que eles vivam do ontem, no hoje e em função de um depois
Que a família comece e termine sabendo aonde vai
E que o homem carregue nos ombros a graça de um pai
Que a mulher seja um céu de ternura, aconchego e calor
E que os filhos conheçam a força que brota do amor
Abençoa, Senhor, as famílias, Amém!
Abençoa, Senhor, a minha também!
Que marido e mulher tenham força de amar sem medida
Que ninguém vá dormir sem pedir ou sem dar seu perdão
Que as crianças aprendam no colo o sentido da vida
Que a família celebre a partilha do abraço e do pão
Que marido e mulher não se traiam nem traiam seus filhos
Que o ciúme não mate a certeza do amor entre os dois
Que no seu firmamento a estrela que tem maior brilho
Seja firme esperança de um céu aqui mesmo e depois
Que a família comece e termine sabendo aonde vai
E que o homem carregue nos ombros a graça de um pai
Que a mulher seja um céu de ternura, aconchego e calor
E que os filhos conheçam a força que brota do amor
Abençoa, Senhor, as famílias, Amém!
Abençoa, Senhor, a minha também!!”
iv
DEDICATÓRIA
À minha Família,
razão da minha existência!
v
AGRADECIMENTOS
À Deus, pelos momentos de alegrias e angústias em cada etapa desse trabalho que me
fizerem ser melhor, mais forte e capaz. Obrigada por segurar minha mão a todo o momento!
À Nossa Senhora, por me carregar nos braços nos momentos de fraqueza!
À meus pais Jorge e Ermesinda pelo esforço durante toda a caminhada para me
proporcionar um estudo de qualidade, por valorizar todas as minhas conquistas, pelo apoio
incondicional...por existirem na minha vida. Amo vocês infinitamente!
Aos meus irmãos Vitor e Adriano, companheiros de todas as horas; amigos,
cúmplices, exemplos de carinho e amor. Tenho o maior orgulho de fazer parte de suas vidas!
Amo vocês para sempre!!!
Ao meu querido marido Eduardo. Impossível descrever sua grandeza...mas agradeço
por ser exemplo de coragem diante dos desafios; por acreditar em mim, até quando eu mesma
tinha dúvidas; pelas horas de dedicação e cooperação nesse trabalho; por suportar a ausência,
por me incentivar a todo momento; por ser modelo de profissionalismo e me despertar o amor
pela docência; por estar ao meu lado incondicionalmente! Sem você tudo seria impossível. Te
Amo Eternamente!!!
Aos meus avós Abdala e Helena (in memorian) por me ensinarem o valor da união
familiar e aos meus avós Manuel e Olinda por serem exemplos de luta e determinação.
Obrigada pelas experiências compartilhadas...amo muito vocês!
Aos meus sogros José Luiz e Luiza, meus cunhados Júnior, Eliana, Renato e
Fernanda e meus sobrinhos Lucas e Neto, obrigada pela força, pelo acolhimento e incentivo.
Vocês também são minha família amada!
Aos meus tios e padrinhos Valderbal e Suzette, Marco e Vera, verdadeira família
para todos os momentos! Obrigada por compartilhar comigo cada etapa da minha vida!
Também amo vocês!
À minha orientadora Profa. Lígia, pelos momentos de aprendizagem, pela dedicação,
ensinamentos, competência...e, acima de tudo, pelos inúmeros abraços fortalecedores que
fizeram a diferença em momentos imprescindíveis! Minha eterna gratidão!
As Profas. Olga, Dora e Zélia, pelas contribuições impecáveis e extremamente
produtivas para o enriquecimento desse trabalho. Minha gratidão e admiração pela
demonstração de dedicação, seriedade, conhecimento e amor à pesquisa!
Às minhas grandes companheiras de vida, minhas amigas de infância Liliana,
Fernanda e Beyla Maria por serem família sempre, além de exemplos de profissionais e
competência! Às minhas amigas de mestrado, em especial, Patrícia e Silvia, por compartilhar
comigo conhecimentos, confidências, alegrias e angústias...vocês foram de fundamental
importância nesse processo! Tenho muita admiração por vocês...
Ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem
da Unesp – Bauru. Tenho o maior orgulho de fazer parte dessa história!
vi
Às escolas COEB, UNIESP, IZABEL MARIM e REGINA VALARINI, pela
cooperação, pela acolhida e por acreditar que o ensino vale a pena!
Aos “meus” Adolescentes adorados, que tornaram esse trabalho possível! Obrigada
por compartilhar comigo esse mundo tão íntimo e especial de suas famílias...pude aprender
muito com vocês!!!
vii
LISTA DE FIGURAS
Figura n. Página
1. Percentual de alocação da ocupação atual dos pais ou padrastos dos
adolescentes de zona rural e urbana..........................................................................................50
2. Percentual de alocação da ocupação atual das mães dos
adolescentes de zona rural e urbana..........................................................................................52
3. Porcentagem de pessoa ou agrupamento de pessoas que realiza(m)
a tarefa de Limpar a Casa nas áreas rural e urbana...................................................................62
4. Porcentagem de pessoa ou agrupamento de pessoas que realiza(m)
a tarefa de Cozinhar nas áreas rural e urbana...........................................................................63
5. Porcentagem de pessoa ou agrupamento de pessoas que executa(m) a tarefa
de Lavar e Passar Roupas entre os membros das famílias de zona rural e urbana...................64
6. Porcentagem de pessoa ou agrupamento de pessoas que executa(m) a tarefa
de Comprar Comida entre os membros das famílias de zona rural e urbana............................65
7. Porcentagem de quem orienta a empregada nas famílias de zona urbana............................66
8. Porcentagem dos membros familiares procurados pelos adolescentes
de zona rural e urbana, em caso de necessidade.......................................................................66
9. Porcentagem dos membros extrafamiliares procurados pelos adolescentes
de zona rural e urbana, em caso de necessidade.......................................................................68
10. Percentual de pessoas consideradas como membros familiares dos adolescentes
de zona rural e urbana, através de resposta espontânea............................................................70
11. Percentual de pessoas consideradas membros familiares dos adolescentes
de zona rural e urbana com a ajuda da lista..............................................................................71
12. Porcentagem das pessoas que os adolescentes de zona rural e urbana
acrescentariam em sua família caso convivessem com eles.....................................................72
13.Percentual dos adolescentes de zona rural e urbana que aceitam os
novos arranjos familiares..........................................................................................................73
14. Porcentagem das categorias referentes às funções atribuídas a Família
pelos adolescentes de zona rural e urbana.................................................................................75
15. Porcentagem das categorias referentes as funções que as próprias
Famílias exercem, segundo a visão dos adolescentes de zona rural e urbana...........................76
viii
16. Percentual do grau de satisfação dos adolescentes de zona rural e urbana
com relação as suas famílias.....................................................................................................78
17. Porcentagem das categorias referentes ao papel de Mãe dos adolescentes
de zona rural e urbana...............................................................................................................79
18. Porcentagem das categorias referentes ao papel de Pai dos adolescentes
de zona rural e urbana..............................................................................................................81
19. Porcentagem das categorias referentes ao conceito de Avó dos
adolescentes de zona rural e urbana..........................................................................................82
20. Porcentagem das categorias referentes ao conceito de Avô dos
adolescentes de zona rural e urbana..........................................................................................84
21. Porcentagem das categorias referentes ao que é ser Filho segundo
os adolescentes de zona rural e urbana.....................................................................................85
22. Porcentagem das categorias referentes ao conceito de Irmão dos
adolescentes de zona rural e urbana..........................................................................................86
ix
LISTA DE TABELAS
Tabela n. Página
1. Situação domiciliar e tipo de composição familiar das Família de Zona Rural
e Urbana....................................................................................................................................19
2. Caracterização dos adolescentes...........................................................................................47
3. Constelação Familiar dos adolescentes da zona rural e urbana em porcentagem.................47
4. Nível de escolaridade dos pais/padrastos e mães dos adolescentes da zona rural
e urbana em porcentagem.........................................................................................................48
5. Renda familiar dos adolescentes de zona rural e urbana.......................................................49
6. Tipo de moradia das famílias dos adolescentes da zona rural e urbana
em percentuais...........................................................................................................................49
7. Freqüência relativa do uso de substâncias e dos membros familiares dos
adolescentes de zona rural e urbana..........................................................................................56
8. Porcentagem e freqüência relativa dos tratamentos de saúde realizados
pelos membros familiares dos adolescentes de zona rural e urbana.........................................57
9. Freqüência Relativa das Doenças nas famílias de Zona Rural e Urbana..............................58
10. Porcentagem de eventos gerais ocorridos nas famílias dos adolescentes de
zona rural e urbana....................................................................................................................59
11. Comparação do percentual das funções atribuídas pelos adolescentes de
ambas as áreas às famílias em geral e às suas próprias............................................................77
x
RESUMO
No Brasil, estudar família é um desafio devido à grande diversidade cultural existente e a
variedade de arranjos familiares. Dentro dessa perspectiva, pode-se falar em “famílias
brasileiras” formadas por padrões econômicos, sociais e culturais diversos. Partindo do
pressuposto de que o conceito de família deve considerar a subjetividade dos indivíduos, esse
estudo teve como objetivo caracterizar e conceituar famílias de zona rural e urbana de uma
cidade do interior de São Paulo, segundo a perspectiva de adolescentes. Os participantes
foram 48 adolescentes de 13 a 18 anos, sendo 16 da zona rural e 32 da urbana. Para atingir o
objetivo proposto buscou-se uma abordagem metodológica capaz de permitir uma ampla
coleta de informações, sendo utilizados dois instrumentos, um Questionário de Caracterização
do Sistema Familiar e um Roteiro de Entrevista de Conceituação Familiar. Os resultados
indicam que, nessa amostra, o percentual de famílias nucleares ainda é alto. O nível de
escolaridade dos pais e a renda familiar são maiores na cidade do que no campo.
A ocupação dos pais na área rural é mais ligada ao setor agropecuário e na urbana predomina
os setores administrativos e gerenciais. Aproximadamente metade das mães rurais não exerce
atividade remunerada e na cidade esse índice é de 9%. Nas duas localidades, a maioria tem
casa própria (cerca de 77%). Com relação à rede social de apoio, a pessoa da família mais
procurada pelos adolescentes é a mãe, seguida do pai que está assumindo várias funções, além
do suporte financeiro tradicionalmente esperado; fora da família, os amigos são os mais
procurados e, algumas vezes, fornecem mais apoio que os próprios membros familiares. A
principal representação de família, para os adolescentes das duas localidades, é a de suporte
emocional/afetivo. Quando abordam a concepção da própria família, essa categoria continua a
predominar, porém com percentuais inferiores, principalmente para os adolescentes urbanos,
que delineiam uma realidade familiar mais conflitiva que a rural. Apesar disso, a grande
maioria dos adolescentes das duas áreas afirma estar satisfeita com sua família ou por ter uma
família. A concepção espontânea do próprio arranjo familiar dos adolescentes rurais é a
nuclear e os da cidade é a de família extensiva, acrescido ou não dos amigos. Com o auxílio
de uma lista constando de parentes, amigos e animais domésticos, a concepção dos
participantes rurais passa a ser o de família extensiva. A visão principal de mãe e pai é a de
quem oferece suporte emocional/afetivo, embora a figura materna aparece com um percentual
um pouco superior. O irmão é descrito principalmente como amigo e cúmplice. A concepção
de filho está vinculada ao respeito e preocupação em corresponder às expectativas dos
genitores. Os avós são descritos de maneira positiva, oferecendo suporte emocional/afetivo
aos netos, além de auxiliar na educação e na execução de atividades domésticas diárias. Por
fim, a maioria dos adolescentes reconhece como família os novos arranjos familiares
questionados, como os casais sem filhos, a produção independente e os homossexuais.
Palavras-chave: adolescente; caracterização familiar; zona rural e urbana
xi
ABSTRACT
In Brazil, due to the big cultural diversity and the variety of family arrangements, studying
family is a challenge. In this perspective, it is possible to talk about “Brazilian families”
composed according to different economic, social and cultural standards. Presuming that the
concept of family should consider individual subjectivity, this paper sought to characterize
and conceptualize families from rural and urban areas of a city in São Paulo state, according
to the perspective of teenagers. The participants were 48 teenagers between 13 and 18 years
old, 16 from the rural area and 32 from the urban area. To reach this goal, we sought a
methodological approach which could permit a broad information collection utilizing two
tools, a Questionnaire for Familial System Characterization and Instructions for Family
Conceptualization Interview. The results indicate that the percentage of nuclear families is
still high in that pattern. The parents’ education level and the family’s income are higher in
the urban area than in the country side. The parents’ jobs are more linked to agro business in
the rural area and to the management and administration sectors in the urban area. About half
the rural mothers do not have a paid job, while in the city they are 9%. In both places, the
majority owns their houses (around 77%). When it comes to social support net, mothers are
the most wanted by teenagers, followed by fathers, who are taking several functions, besides
the traditional and expected financial support; apart from the family, friends are the most
wanted and sometimes give even more support than family members. For the adolescents
from both places, the main representation of family is that of emotional/affective support.
When approaching the concept of their own families, this category continues to predominate,
with inferior percentages though, mainly for the urban adolescents, who delineate a more
conflictive familial reality than the rural ones. In spite of that, the great majority of teenagers
from both areas affirm to be satisfied with their families or for having a family. The rural
adolescents spontaneous concepts about their own familial arrangements are nuclear and for
the urban ones they are extended family, added or not by friends. With the help of a list
containing relatives, friends and pets, the rural participants’ concept turns into extended
family. They see mother and father mainly as the ones who offer emotional/affective support,
although the mother figure shows a little superior percentage. Brother is described mainly as
friend and partner. The concept of son and daughter is linked to respect and concern over
corresponding to parents’ expectations. Grandparents are described in a positive manner,
offering emotional/affective support to grandchildren, besides helping to bring up children
and perform daily domestic chores. Finally, the majority of teenagers interviewed recognize
as family new familial arrangements questioned, such as couples without children, single
mothers and homosexuals.
Key-words: adolescents; familial characterization; rural and urban area.
xii
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO................................................................................................................13
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................14
1.1 Famílias Brasileiras.......................................................................................................14
1.2 Famílias na contemporaneidade....................................................................................24
1.3 Modelos de Família na contemporaneidade..................................................................29
1.4 Como as pessoas conceituam “Família”.......................................................................33
1.5 Importância dos papéis e funções assumidos pelos membros familiares.....................36
1.6 Caracterização da Adolescência....................................................................................44
2 JUSTIFICATIVA.............................................................................................................45
3 OBJETIVO GERAL.........................................................................................................46
3.1 Objetivos Específicos....................................................................................................46
4 MÉTODO.........................................................................................................................47
4.1 Aspectos éticos da pesquisa..........................................................................................47
4.2 A coleta de informações................................................................................................52
4.3 A análise dos dados.......................................................................................................55
4.4 Aspectos éticos da pesquisa..........................................................................................55
5 RESULTADOS................................................................................................................56
6 DISCUSSÃO....................................................................................................................88
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................................96
8 REFERÊNCIAS...............................................................................................................98
9 APÊNDICE....................................................................................................................110
10 ANEXO........................................................................................................................129
13
APRESENTAÇÃO
Estudar família no Brasil é considerado um desafio devido aos inúmeros arranjos
familiares em um país caracterizado por grande diversidade cultural. Nessa realidade, pode-se
falar em “famílias brasileiras” formadas por padrões econômicos, sociais e culturais diversos,
embasados em características da vida contemporânea que demandam de seus membros, sejam
eles do meio rural ou urbano, adaptações e transformações neste movimento constante da vida
(CERVENY; BERTHOUD, 1997).
Torna-se necessário, então, um contínuo acompanhamento do processo de mudanças
que influencia esses vínculos, tanto no âmbito do desenvolvimento das relações
intrafamiliares como do desenvolvimento sociopolítico em que se insere, com o objetivo de
compreender como ela se caracteriza atualmente e em que direção ela caminha
(FERRARI;
KALOUSTIAN, 2004).
A realidade brasileira vem sofrendo modificações no decorrer dos tempos e os dados
do IBGE apontam estas transformações a partir dos novos arranjos e nas alterações da
estrutura familiar, devido a mudanças socioculturais tais como: índice de natalidade menor,
expectativa de vida mais longa, mudança do papel feminino, crescente índice de divórcio e
recasamento, opção de criar filhos sem o parceiro, reconhecimento de uniões homossexuais,
vínculos afetivos sobrepondo-se ao sanguíneo, entre outros (IBGE, 2003; CARTER;
McGOLDRICK, 1995).
Partindo do pressuposto de que o conceito de família deve considerar a subjetividade
dos indivíduos, este estudo visa caracterizar e conceituar famílias de zona rural e urbana,
segundo a ótica do adolescente, pois, nesta fase do ciclo de vida ocorrem inúmeras mudanças,
além de eles virem a ser os futuros responsáveis pelos novos arranjos familiares.
Esse estudo faz parte de um projeto mais amplo intitulado “Famílias no Brasil, quem
são e o que pensam? (DESSEN; MELCHIORI, 2005) que tem como objetivo geral
caracterizar as famílias no território nacional e sua representação social para o brasileiro.
14
1 INTRODUÇÃO
A família é um dos principais contextos de socialização dos indivíduos e, portanto,
possui um papel fundamental para a compreensão do desenvolvimento humano, que por sua
vez é um processo em constante transformação ao longo do tempo, sendo multideterminado
por fatores do próprio indivíduo e por aspectos mais amplos do contexto social no qual estão
inseridos (DESSEN; BRAZ, 2005).
Alguns autores (BIASOLI-ALVES, 1997; MELLO, 2000) têm enfatizado que não se
deve mais utilizar o termo “família brasileira”, uma vez que a diversidade de arranjos, padrões
de comportamentos e sistemas simbólicos é muito ampla, sendo mais apropriado o termo
“famílias brasileiras”. Para procurar entender esse contexto de intensa mudança segue-se
inicialmente um breve histórico a respeito das famílias brasileiras, descrevendo algumas
características das de zona rural e urbana. Em seguida apresentam-se algumas concepções a
respeito do tema, os modelos de família na vida atual e resultados de pesquisas a respeito de
conceituação e caracterização familiar. Para finalizar, será descrito papéis e funções
assumidas pelos membros familiares.
1.1 AS FAMÍLIAS BRASILEIRAS
Para introduzir as famílias brasileiras, é importante descrever como, no decorrer dos
séculos, a instituição familiar vem se modificando. Durante a idade média, a vida era vivida
em público. As relações sociais e a vida pública eram tão intensas que se misturavam ao
ambiente familiar. Os casamentos eram arranjados e tinham como objetivo manter o domínio
sobre bens e terras. O modelo de família predominante era o patriarcal, com família extensa
definida por laços de consangüinidade. O homem possuía o domínio sobre a esposa e filhos.
De modo geral, a transmissão do conhecimento de uma geração a outra era garantida pela
participação familiar das crianças na vida dos adultos (ARIÈS, 1981).
Roussel (1995) destaca que as mudanças da família medieval para a moderna, em
todas as classes sociais, ocorreu a partir do século XVIII. Iniciou-se, então, um processo
geral da separação entre o público e o privado, com ênfase na intimidade familiar. Até as
residências passaram por uma reorganização estrutural, com espaços delimitados em função
15
de sua funcionalidade, assegurando a privacidade dos indivíduos dentro da própria família
(ARIÈS, 1981).
Começou a surgir um novo sentimento entre os membros, principalmente em relação à
saúde e a educação, que passou a ser preocupação dos pais. Também a igualdade entre os
filhos passa a ser assumida, como uma questão de civilidade. Dessa época em diante, a
educação passou a ser cada vez mais responsabilidade da escola, que se tornou um
instrumento normal de iniciação social, de passagem do estado da infância ao do adulto. O
cuidado dispensado às crianças passou a inspirar uma afetividade nova: o sentimento moderno
da família (ARIÈS, 1981).
A partir de então ocorreram algumas mudanças que influenciaram as famílias
contemporâneas. A primeira mudança essencial foi a regressão da mortalidade, tendo os pais,
geralmente, a possibilidade de assistirem ao casamento dos filhos e netos. O índice de
fecundidade decaiu, não ocorrendo muito cedo, enquanto o índice de divórcio aumentou em
países industrializados. Outra mudança significativa é que a mulher-mãe passou a, cada vez
mais, trabalhar fora de casa (ROUSSEL, 1995).
Todas essas mudanças estão presentes nas famílias brasileiras, em maior ou menor
grau, em função de fatores sócio-culturais e políticos, no entanto, torna-se fundamental
verificar como ela se constituiu desde o descobrimento do país.
1.1.1 Um breve histórico: da formação à atualidade
Nunca houve um modelo simples de família na sociedade brasileira, isto porque ela
sofreu influência de várias culturas durante todo processo de colonização. Os africanos que
vieram para o Brasil por volta de 1500 a 1850, trouxeram vários tipos de organizações
familiares: matriarcal, patriarcal, poligamia, entre outros. os ibéricos, apresentaram um
modelo tradicional, caracterizado por um sistema patriarcal (DESSEN; TORRES, 2002,
TORRES; DESSEN, 2006).
Diversas transformações econômicas afetaram o conjunto da sociedade e provocaram
alterações no estilo de vida de seus habitantes. Sâmara (2002) descreve que a descoberta das
minas de ouro na década de 1690 constituiu um pólo novo de colonização, deslocando o eixo
econômico, antes localizado no Nordeste, para o Sul. Com uma vida urbana mais intensa, a
região mineira atraiu pessoas em busca do enriquecimento e da aventura, canalizando o
tráfico de escravos durante o século XVIII. A sociedade que se formou era uma mescla de
16
raças e origens diversas, mais difícil de ser controlada, apesar das tentativas da Igreja e da
Coroa portuguesa. O número de celibatários era alto, proliferavam os concubinatos e a
ilegitimidade era comum. Mulheres exerciam atividades econômicas fora do âmbito
doméstico e as solteiras, com prole natural, chefiavam famílias. Nessas paragens não era fácil,
para os poderes constituídos, tentar fixar os padrões impostos pela colonização, que não eram
seguidos pela maior parte da população.
A família nuclear burguesa, segundo Szymanski (2005), começou a ser delineada no
início do século XVIII, com o surgimento da escola, da privacidade, da preocupação de
igualdade entre os filhos, da manutenção das crianças junto aos pais e pelo fato dela ser
valorizada pelas instituições, principalmente a igreja. A partir de então, a família passou a ser
vista como uma relação de hierarquia e subordinação, fixando o mundo externo como espaço
masculino e a casa, como feminino. Costa (2004) contradiz essa afirmação, enfatizando que o
sentimento de intimidade familiar no Brasil foi muito raro e disperso no século XVIII.
Quando o casamento ocorria, durante o período colonial, eles eram arranjados por
razões ou interesses familiares, uma decisão tomada unilateralmente pelo pai ou curador. O
afeto, a diferença de idade, a atração física não eram considerados. Costa (2004) destaca que
além das razões materiais, a representação religiosa da época também contribuiu para a
manutenção do casamento da forma descrita, uma vez que, para o catolicismo, a ausência do
substrato afetivo enfatizava a devoção a Deus.
Ainda no decorrer desse século, núcleos urbanos entraram em crescimento e surgiu
uma vida rural mais modesta que a do Nordeste. Nos engenhos de cana paulista, as
escravarias eram menores. Assim, lavradores empobrecidos trabalhavam a terra com suas
famílias e aceitavam membros subsidiários para ajudar no trabalho diário. No meio urbano,
pequenos negócios e uma gama variada de serviços ligados ao abastecimento ofereciam
oportunidades para a população desvinculada do setor exportador. Todos esses fatores
alteraram o quadro da organização familiar e das relações de gênero.
Sâmara (2002) ainda destaca que, no meio urbano, os papéis informais integravam a
vida cotidiana servindo também para desmistificar, no sistema patriarcal brasileiro, o papel
reservado aos sexos e à rígida divisão de tarefas e incumbências. Essas mudanças se
acentuaram ao longo do século XIX, com o desenvolvimento econômico no Sul do país
provocado pela cafeicultura. Ocorreram modificações políticas importantes durante esse
período (Independência em 1822 e República em 1889), alterações no sistema de mão-de-obra
com a abolição da escravatura (1888) e a entrada de imigrantes. Com isso, novas
17
oportunidades de emprego surgiram na indústria nascente e as mulheres passaram a ocupar
um espaço desse mercado nas grandes cidades (HAHNER, 1990).
No início do século XIX, a concepção anterior de casamento entrou em desuso porque,
nos casamentos arranjados, geralmente ocorrendo entre parentes, as crianças nasciam com
problemas. Surgiu o movimento higienista que influenciou fortemente os arranjos familiares:
o cuidado com a prole tornou-se o “grande paradigma da união conjugal” (COSTA, 2004, p.
219). Com o direito da escolha do parceiro, a medicina também enfatizava o amor e o
incentivo a relação sexual conjugal, como forma de manutenção do casamento, uma vez que
“do bom desempenho sexual dos cônjuges dependia a saúde dos filhos, a moralidade da
família e o progresso populacional da nação” (p. 229).
Após a segunda guerra mundial, houve um avanço na urbanização, industrialização e
modernização das sociedades. Além do universo fabril que possibilitou a incorporação
massiva das mulheres solteiras e jovens, o trabalho temporário e domiciliar também surgiu
como forma de absorver a grande demanda de trabalhadoras, permitindo, dessa forma, que as
mulheres casadas contribuíssem para a renda familiar sem deixarem de exercer as funções
básicas de mãe e de donas de casa para as quais tinham sido socializadas e educadas
(SÂMARA; MATOS, 1993; SÂMARA, 2002).
A maior escolarização e profissionalização da mulher, após a segunda metade do
século XX, acarretou um contato social mais amplo e constante e seus efeitos estão presentes
até hoje. Isto significa existir um descontentamento com o passado, uma análise depreciativa
de como as mulheres eram criadas, da sua submissão, dos limites estreitos impostos ao seu
movimento dentro dos grupos sociais e às possibilidades de escolha profissional (BIASOLI-
ALVES, 2000). Por outro lado, também se destaca o excesso de trabalho que passou a recair
sobre a mulher que mantém atividades fora do lar, mas que ainda é a responsável pelo bom
andamento da casa, dos filhos e do bem-estar do marido.
Carvalho e Almeida (2003) descrevem o declínio do poder patriarcal, além de
princípios religiosos e comunitários mais tradicionais que se traduziram em mudanças nas
relações de gênero, na ampliação da autonomia dos diversos componentes da família e em um
exercício mais aberto e livre da sexualidade, dissociada das responsabilidades da reprodução.
A presença de mulheres no mercado de trabalho passou a ser crescente, assim como a
utilização de práticas anticoncepcionais e a fragilização dos laços matrimoniais, com o
aumento das separações, dos divórcios e de novos acordos sexuais.
A mudança brasileira foi, sobretudo, um processo cultural, embora a ditadura militar a
partir de 1965 assumisse uma postura permissiva sobre o controle de natalidade. A
18
escolarização, a rápida proletarização, a urbanização, a migração interna em grande escala
nordeste-sudeste dos anos 1950 e 1960, o desenvolvimento dos meios de comunicação de
massa dos anos 1960 e 1970 alteraram o contexto e as perspectivas sobre a formação dos
casais e das famílias. Por razões econômicas, os serviços de saúde comprometeram-se com os
nascimentos por cesariana, servindo de âncora para o controle de natalidade por meio da
esterilização feminina. O aborto também era freqüente, mesmo sendo ilegal (THERBORN,
2006).
Associados a uma significativa redução da fecundidade e do tamanho médio das
famílias surgem outros arranjos emergentes, mesmo com a persistência de arranjos
tradicionais. Machado (2001) e Décoret (1998) destacam que, no âmbito familiar, estão se
constituindo novas relações, com o relaxamento dos controles sociais sobre o comportamento
dos cônjuges, o deslocamento da importância do grupo familiar para a importância de seus
membros, a idéia de que o "amor" constitui uma condição para a permanência da
conjugalidade e a substituição de uma "educação retificadora", corretora e moral das crianças,
por uma "pedagogia da negociação".
Biasoli-Alves (2000) relata que a instituição familiar vem sofrendo grandes
modificações, interpretadas, ingenuamente, como "crise”, como se, em algum outro período, a
família tivesse sido essencialmente estável na sua estrutura e nos papéis desempenhados por
adultos homens e mulheres, jovens e crianças. Carvalho e Almeida (2003) acrescentam que, a
primeira vista, essa nova realidade pode dar a impressão de que as famílias estão
desestruturadas, ameaçadas, ou, até mesmo, em vias de extinção. Uma leitura mais cuidadosa
e acurada, porém, demonstra sua plasticidade e sua enorme capacidade de mudança e de
adaptação às transformações econômicas, sociais e culturais mais amplas, bem como sua
persistente relevância, notadamente como espaço de sociabilidade e socialização primária, de
solidariedade e de proteção social.
1.1.2 As Famílias Brasileiras em dados
No Brasil, o IBGE é a principal fonte de pesquisa para se ter um panorama geral das
famílias no país. O Quadro I apresenta a situação domiciliar e tipo de composição das famílias
rurais e urbanas (IBGE, 2003- período de 1992 a 2001).
19
Tabela 1: Situação domiciliar e tipo de composição familiar das famílias rurais e urbanas.
Situação do domicílio
e tipo de composição
familiar
Total
Famílias Rurais
Famílias Urbanas
Total
48 262 786 7 994 629 (17%) 40 268 157 (83%)
Pessoa sozinha
9% 7% 9%
Duas ou mais pessoas
sem parentesco
0,2% 0,4% 0,3%
Casal sem filhos
12% 12% 12%
Casal sem filhos e
com parentes
1.8% 2% 1,7%
Casal com filhos
49% 57% 48%
Casal com filhos e
com parentes
6% 7% 6%
Mulher responsável
sem cônjuge com
filhos
13% 7,5% 13%
Mulher responsável
sem cônjuge com
filhos e com parentes
3% 1,8% 3,5%
Homem responsável
sem cônjuge com
filhos
1,5% 1,8% 1,5%
Homem responsável
sem cônjuge com
filhos e com parentes
0,5% 0,5% 0,5%
Outro
4% 3% 4,5%
O maior percentual de tipos de arranjo familiar, em ambas as áreas, é a de Casal com
Filhos, ou seja, uma estrutura que descreve a família nuclear, embora ocorra mais em famílias
da área rural (57%) do que da cidade (48%). Vários outros tipos de arranjos ocorrem de forma
semelhante nas duas localidades: duas ou mais pessoas, sem parentesco, casal sem filhos,
casal com ou sem filhos mais parentes, homem com filhos, com ou sem parentes.
Um tipo de arranjo familiar que vem crescendo na área urbana (13%) é a de famílias
onde a mãe e os filhos, ocorrendo em cerca de 7,5% na rural. Quando outros parentes
morando junto essa diferença praticamente se mantém (3,5% e 1,8%, respectivamente).
Percebe-se que a realidade da família brasileira é composta de inúmeros arranjos
familiares, tanto na zona urbana como rural. Seu perfil tem sido modificado na última década
e outros dados do IBGE (2003) do período de 1992 a 2001 apontam a nova mudança,
20
plasticidade e adaptação das famílias. Os casais com filhos diminuíram de cerca de 59% para
53%; mulheres sem cônjuge com filhos aumentaram de 15% para 18%; casal sem filhos
apresentou um acréscimo de 13% para 14%; pessoas morando sozinhas também aumentaram
de 7% para 9% e outros tipos de famílias sofreram um aumento de 5 para 6%. Por outro lado,
há tipos de arranjos familiares que vem crescendo ao longo dos anos e alguns ainda não foram
detectados pelo censo do IBGE, como, por exemplo, o das famílias reconstituídas.
De acordo com o levantamento, de 1980 a 2001, a família brasileira perdeu um
integrante. Era 4,5 pessoas em média (1980), passou para 3,7 (1992) e atingiu 3,3 (2001). As
regiões Norte e Nordeste apresentam o maior número de componentes, em média 3,7 pessoas,
contra 3,2 registrados no Sul e Sudeste. As uniões consensuais ou casamentos sem papel
passado aumentaram 90% do Censo de 1991 para 2000.
Estatísticas do Registro Civil do IBGE (2003) indicam que, em 1985, houve a
realização de 952.295 casamentos no Brasil, e um total de 112.547 separações judiciais e
divórcios encerrados em 1.ª instância. Em 1994 o número de casamentos caiu para 763.129,
enquanto o número de separações judiciais e de divórcios encerrados em 1.ª instância se
elevou para 181.920. Destas separações e divórcios concedidos, 143.136 envolveram filhos e
filhas. Em 1998, o número de casamentos declinou para 698.614, enquanto as separações e
divórcios, encerrados em instância, elevaram-se para 195.880, envolvendo 166.804
menores. Segundo os últimos dados disponíveis, em 2001 o número de casamentos foi de
673.452, enquanto o número de separações judiciais e divórcios encerrados em instância
elevou-se para 223.600, envolvendo 186.292 filhos e filhas. Dessa forma, fica evidente que,
tanto crianças como adolescentes, têm necessidade de se adaptarem aos novos arranjos
familiares que se formam em conseqüência do número elevado de separações. Ramires (2004)
relata que quando os pais se separam, as crianças e/ou os adolescentes enfrentam uma crise
que possui múltiplas implicações. Ocorrem mudanças nas relações íntimas, tanto em nível da
família de origem como da família extensa, mudanças na rede social e na infra-estrutura de
vida de todos os envolvidos.
A seguir, são apresentados os panoramas gerais das famílias rurais e urbanas.
1.1.3 As famílias rurais
Pesquisas recentes têm constatado as transformações que vêm ocorrendo nas áreas
rurais do mundo e do Brasil, apesar de ser cada vez mais difícil delimitar o que é rural e o que
21
é urbano. Segundo Olic (2001), do ponto de vista das formas de organização econômica, as
cidades não podem apenas ser identificadas como os locais onde se desenvolvem as atividades
industriais, nem os campos como as áreas onde apenas se praticam atividades ligadas à
agricultura e à pecuária. Uma gradativa parcela do espaço rural foi se urbanizando através do
processo de industrialização e do transbordamento do mundo urbano para aquelas áreas que
tradicionalmente eram definidas como rurais. A agricultura ficou fortemente interligada ao
restante da economia. Portanto, Olic (2001) considera que
o rural não pode ser visto como
sinônimo de atraso, que nos dias atuais não se opõe ao urbano como mbolo da
modernidade. Todavia esse autor acrescenta que não se deve esquecer que ainda, nas áreas
rurais brasileiras, regiões com predominância de atraso, conseqüência de nossa herança
histórica marcada pela escravidão, pela injusta estrutura fundiária e pela chaga representada
pelas imensas desigualdades sociais.
O censo 2000 constatou que, quase 20% de seu contingente populacional,
aproximadamente 30 milhões de pessoas, vivia em zonas consideradas rurais, sendo quase
metade delas na Região Nordeste (OLIC, 2001).
Vários trabalhos têm chamado atenção para a emergência de novas atividades no
meio rural, enquanto importante fonte de renda e ocupação para a população nela residente.
Há aproximadamente 15 milhões de pessoas economicamente ativas nesse meio, mas cerca de
1/3 delas trabalha em ocupações não-agrícolas. No que diz respeito a essas ocupações,
Graziano da Silva (1997) mostra que as principais profissões são: empregados domésticos,
pedreiros ou seus serventes, serviços gerais, vendedores, motoristas, costureiro e alfaiate.
Estas informações apontam, portanto, para um baixo nível de qualificação das ocupações não
agrícolas ocupadas por seus habitantes. Olic (2001) alerta também que empregos ligados a
atividades orientadas para o consumo, como as de lazer, turismo, residência, preservação
ambiental e que estas foram as que mais cresceram no campo, em média de 3,7% ao ano, ao
longo da década de 1990.
Laurenti e Del Grossi (2000) destacam, que os ramos de atividades mais dinâmicos
na geração de empregos no próprio meio rural brasileiro, no período de 1992 a 1997, foram a
prestação de serviços, a indústria de transformação, o comércio de mercadorias, transporte e
comunicação, além da indústria da construção civil.
Em números, a taxa de crescimento da população rural ocupada em atividades
agrícolas entre os anos de 1992 e 1997 diminuiu em 2,2%, enquanto que o crescimento da
população rural ocupada em atividades não-agrícolas no mesmo período cresceu 2,5%
(LAURENTI; DEL GROSSI, 2000).
22
As estatísticas mais recentes do Brasil, segundo Graziano da Silva (2001), apresenta
um grande paradoxo, ou seja, o emprego de natureza agrícola diminuiu em praticamente todo
o país, mas a população residente no campo voltou a crescer, parou de cair. Esse novo cenário
é explicado em parte pelo incremento destes empregos não-agrícola no campo. Ao mesmo
tempo, houve um aumento na massa de desempregados, inativos e aposentados que mantêm
residência rural.
As ocupações agrícolas são as que geram menor renda, por isso o número de famílias
agrícolas está diminuindo, já que elas não conseguem sobreviver apenas com rendas advindas
dessa atividade. As famílias pluriativas, nas quais seus membros combinam atividades
agrícolas e não-agrícolas, também não vem aumentando. As famílias rurais brasileiras estão,
cada vez mais, garantindo sua sobrevivência mediante transferências sociais, como
aposentadorias e pensões, e em ocupações fora do setor agrícola (GRAZIANO DA SILVA,
2001). Além disto, esse autor ainda acrescenta que o patrimônio familiar a ser preservado
inclui as terras e, acima de tudo, a casa dos pais transformada numa espécie de base territorial
que acolhe os parentes próximos em algumas ocasiões festivas e torna-se cada vez mais um
ponto de refúgio nas crises, especialmente do desemprego, além de permanecer como
alternativa de retorno para a velhice.
Entre 1981 e 1990, o número de pessoas por família diminuiu de 4,5 para 4,1 tanto na
área urbana como rural, embora ainda é comum encontrar famílias constituídas por grande
número de pessoas na área rural (RIBEIRO et al., 1998).
Tanto na área rural como urbana, existe um número cada vez maior de pessoas
vivendo em situação precária. Entretanto, em 1990 o percentual da área rural (66%) era
superior em comparação à área urbana (28%), mas existem razões para se acreditar que esse
número esteja subindo desde então (RIBEIRO et al., 1998).
1.1.4 As famílias urbanas
Os movimentos migratórios acompanharam o processo de expansão das fronteiras
econômicas. Nesse contexto tivemos, nos últimos 40 anos, um intenso processo de
concentração urbana da população brasileira (VERAS; RAMOS; KALACHE, 1987).
Tais transformações geográficas e demográficas têm importantes conseqüências
sociais e econômicas para a população como um todo. A população das atuais grandes
23
metrópoles, até um passado recente, concentrava-se nas áreas centrais da cidade (ABRAMS,
1980). Devido à menor densidade demográfica, meios de transporte menos diversificados e
absoluta falta de infra-estrutura fora desta área “central”, poucas eram as pessoas que
moravam além desses limites. Com o crescimento populacional e o processo de urbanização,
a população mais jovem e/ou de melhor poder econômico transferiram-se para novos bairros
residenciais. A área central da cidade foi se tornando eminentemente comercial e
administrativa, perdendo sua característica residencial (VERAS; RAMOS; KALACHE,
1987).
Ao mesmo tempo, esses autores acrescentam que migrantes recém-chegados das áreas
rurais ou menos favorecidas do país fixaram-se na periferia dessas zonas metropolitanas ou,
em alguns casos, ocupam áreas de mais difícil acesso devido à sua topografia (encostas, áreas
pantanosas e beira-mar ou junto a rios), criando as favelas hoje presentes nas cidades de
médio e grande porte brasileiras. As áreas centrais das metrópoles brasileiras, pouco a pouco,
transformaram-se em áreas mistas (comércio ao lado de residência) com residências de baixa
renda. Tais áreas passam a ser locais de poluição, barulho, violência e moradia de grupos
pobres da população.
É também interessante notar que o processo de migração rural no Brasil apresentou
características distintas do que é observado em outros países do terceiro Mundo,
particularmente, nos países africanos ou da Ásia meridional. Nestes, os migrantes rurais,
quando saem de suas vilas ou povoados, mantêm a intenção de retornar a seus lugares de
origem. No Brasil, os principais motivos para a migração são o desemprego rural, a diferença
de salário entre o campo e a cidade (PEEK; STANDING, 1979) a maior infraestrutura de
serviços públicos na cidade, assim como a influência exercida pelos meios de comunicação de
massa, criando uma ilusão de qualidade de vida nos grandes centros.
Além disso, outro dado relevante é que de acordo com estimativas oficiais, atualmente
um terço das crianças brasileiras mora com apenas um dos pais, sendo a proporção de família
brasileiras vivendo em situação precária ainda muito alta (http://www.ibge.gov.br
), ou seja,
mais de um terço vive abaixo da linha da pobreza.
A seguir serão apresentados dados sobre as famílias na contemporaneidade.
Entretanto, as transformações ainda estão ocorrendo em decorrência das mudanças ocorridas
na sociedade, não sendo possível definir claramente um novo modelo de funcionamento das
famílias brasileiras (TORRES; DESSEN, 2006).
24
1.2 AS FAMÍLIAS NA CONTEMPORANEIDADE
Definir família constitui uma tarefa complexa, pois, como foi mencionado, sua história
é descontínua, não-linear e não-homogênea e consiste em padrões familiares distintos, tendo
cada um sua própria história e suas próprias explicações, sendo alvo de múltiplas
interpretações e desencadeando vários conceitos ao longo dos tempos (SZYMANSKI, 2005).
A seguir são descritas diversas concepções de família: a jurídica, a sociológica e
antropológica e a psicológica.
1.2.1 Conceito de família em diferentes perspectivas
A família é um complexo sistema de organização, com crenças, valores e práticas
desenvolvidas, ligadas diretamente às transformações da sociedade, em busca da melhor
adaptação possível para a sobrevivência de seus membros e da instituição como um todo.
O sistema familiar muda à medida que a sociedade muda, sendo que todos os seus membros
podem ser afetados por pressão interna e externa, fazendo com que ela se modifique com a
finalidade de assegurar a continuidade e o crescimento psicossocial dos seus membros
(MINUCHIN, 1985, 1988).
Uma das formas de se analisar o que é família e suas peculiaridades é através da
definição jurídica, descrita a seguir.
A família “legal”
Com as mudanças econômicas, políticas, sociais e culturais ocorridas ao longo dos
tempos, a sociedade está sendo obrigada a reorganizar regras básicas para amparar a nova
ordem familiar. No código de 1916, “família legítima” era definida apenas pelo casamento
oficial. Em janeiro de 2003 começou a vigorar o Novo Código Civil, que incorporou uma
série de novidades. A definição de família passou a abranger as
unidades formadas por
casamento, união estável ou comunidade de qualquer genitor e descendentes. O casamento
passou a ser “comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos
cônjuges” (p. 467); os filhos adotados ou concebidos fora do casamento passaram a ter
direitos idênticos aos dos nascidos dentro do matrimônio; a palavra “pessoa” substituiu
25
“homem” e o “pátrio poder” que o pai exercia sobre os filhos, passou a ser “poder familiar” e
atribuído também à mãe. A Lei do divórcio, de 1977, atribuía a guarda dos filhos ao cônjuge
que não tivesse provocado a separação ou, não havendo acordo, à mãe. Hoje, é concedida a
“quem revelar melhores condições para exercê-la” (CÓDIGO CIVIL, 2003, p. 480).
No entanto, as mudanças na sociedade ocorrem em um ritmo muito mais acelerado do
que as do Código Civil, o que leva à necessidade de sua revisão. Enquanto isso, os juizes se
deparam com situações não previstas na lei e precisam se nortear em outros parâmetros para
tomarem decisões em casos, por exemplo, de herança para o parceiro(a) homossexual em caso
de morte do(a) companheiro(a); decisão de quem fica com a criança quando a mãe morre e
o pai biológico e o que a criou, entre outros.
Além da definição jurídica da família, também as definições científicas descritas a
seguir.
Visão sociológica e antropológica
Os diferentes tipos ou estruturas familiares são baseados em estudos antropológicos e
sociológicos de pequenas e grandes sociedades do mundo todo. Dois conceitos são
empregados por antropólogos e sociólogos na discussão da família: estrutura e função. A
estrutura refere-se ao número de membros e sua posição como mãe, pai, filho, filha, avô, avó,
tios e tias, primos e outros parentes. A função descreve como as famílias satisfazem suas
necessidades físicas e psicológicas na manutenção e sobrevivência da família como grupo,
como por exemplo enfatizando a procriação ou a transmissão de valores (GEORGAS, 2003).
Segundo Berenstein (1988), nas definições antropológicas, o foco de interesse do
estudo sobre famílias consiste na estrutura das relações, isto é, o grau e a natureza do
parentesco. A estrutura elementar de parentesco inclui três tipos de vínculos: o consangüíneo
(entre irmãos), de aliança (marido e esposa) e de filiação (pais e filhos). As definições
sociológicas centralizam-se em tipologia familiar, que inclui: família nuclear ou de orientação
(composta por pai, mãe e filhos que não necessitam ser do mesmo sangue), família de
procriação (formada por marido/esposa, filhos biológicos), pertencentes ao mesmo sangue,
entre outras configurações. A família pode ser compreendida a partir do número de
integrantes e da sua extensão, que determinam mudanças estruturais e ampliações no tamanho
e na forma do grupo familiar, isto é, as reorganizações depois de mortes, divórcios e
recasamentos.
26
A partir da vivência do cotidiano em algumas famílias, Gomes (1988) confirma que o
conceito de família percebido pelas pessoas e sua vivência coincidem, ou seja, descrevem a
família vivida como um grupo de pessoas dentro de uma estrutura hierarquizada, convivendo
com a proposta de uma ligação afetiva duradoura, incluindo uma relação de cuidado entre os
adultos e deles para com as crianças e idosos presentes neste contexto.
Na visão sociológica, a instituição familiar tem sido analisada também, por alguns
autores (ANDERSON; GOOLISHIAN, 1988), como um sistema lingüístico, construído a
partir da subjetividade de seus membros, onde a mudança ocorre dentro da evolução de novos
significados através do diálogo.
Segundo Bilac (2005), a família não é mais vista como organizada por normas pré-
estabelecidas e sim, por contínuas negociações e acordos entre seus membros, sendo que sua
duração, dessa forma, dependerá da duração dos acordos.
As pessoas que convivem em qualquer ligação afetiva podem ter tanto vínculos por
laços biológicos como por qualquer outro arranjo, como por exemplo, a adoção. Nesta
realidade, Szymanski (2005) descreve que o mundo familiar apresenta uma variedade de
formas de organização, com crenças, valores e práticas desenvolvidas para dar conta das
modificações que a vida vem trazendo.
Visão psicológica
As definições psicológicas descrevem o grupo familiar como um conjunto de relações.
A família pode ser vista um sistema ou grupo formado por pessoas que se relacionam entre si,
por parentesco e/ou por se considerarem pertencentes àquele contexto (DE ANTONI;
KOLLER, 2000).
Para Scabini e Martas (1996), a família psicológica é sempre uma família extensa,
tendo, os ancestrais, uma influência muito forte na formação das demais gerações. Pode-se
perceber que cada família tem um modo particular de constituição, criando sua própria cultura
familiar que inclui seus códigos, maneiras de comunicação, regras e jogos. Dentro desta
realidade está inserido o universo pessoal de significados que não são expressos no cotidiano.
As ações são interpretadas num contexto de emoções entrelaçadas com códigos pessoais,
familiares e culturais mais amplos, gerando ações que compõem o universo do mundo
familiar (SZYMANSKI, 2005).
Os códigos pessoais inseridos na instituição familiar são necessários para uma boa
adaptação desse núcleo ao impacto da vida moderna. Dentre os fatores mais marcantes
27
Stratton (2003) cita: pais trabalhando fora de casa; mudança na alimentação familiar;
relacionamento entre irmãos e amigos sem a presença dos genitores, pois os filhos ficam mais
tempo sozinhos atualmente; conflitos e agressões em casas onde os pais não possuem métodos
de controle adequado na educação dos filhos, gerando maior grau de desentendimentos. Além
disto, o autor aponta alguns indicadores de problemas na família como violência e abuso;
estressores como pobreza, problemas psicológicos, adição de drogas, deficiência ou doença
crônica na família e luto, principalmente quando ocorre fora do esperado no ciclo vital.
Baseado na amplitude dos dados e na modificação social, econômica, política e
cultural, Petzold (1996) propõe um conceito de família definida como “um grupo social
especial, caracterizado por intimidade e por relações intergeracionais” (p. 39), por ser um
conceito que consegue explorar as inúmeras variáveis já citadas. Dentro desse conceito,
Petzold (1996) apresenta a definição ecopsicológica da família, baseada no modelo
Bioecológico de Bronfenbrenner (1994, 1999), em que o indivíduo é compreendido dentro de
um processo de inter-relações constantes e bidirecionais com vários sistemas, incluindo a
família. Nesta definição, Petzold (1996) destaca quatro sistemas: macrosistema, exosistema,
mesosistema e microsistema, compostos de quatorze variáveis como: casais casados ou não,
partilha ou separação de bens, morar juntos ou separados, dependência ou independência
financeira, com ou sem crianças, filhos biológicos ou adotivos, genitores morando juntos ou
separados, relação heterossexual ou homossexual, cultura igual ou diferente, entre outras que,
combinadas, oferecem 196 tipos diferentes de família. Isto significa que o modelo nuclear de
família composto por pai, mãe e seus filhos biológicos não é suficiente para a compreensão da
nova realidade familiar que incorpora, também, outras pessoas ligadas pela afinidade e pela
rede de relações.
28
1.3 MODELOS DE FAMÍLIA NA CONTEMPORANEIDADE
Com as transformações ocorridas, as novas formas de pensar a vida familiar também
são modificadas, incluindo famílias homossexuais, configurando uma crise na família
patriarcal (CASTELLS, 1999). Cada vez mais, a dissolução dos casamentos leva à formação
de lares de solteiros ou lares com apenas um dos pais, cessando a autoridade patriarcal sobre a
família. Ao discorrerem sobre o casamento e família no século XXI, Gomes e Paiva (2003)
fazem referência a uma nova configuração do conceito de casamento, uma vez que as famílias
passam a ser constituídas de forma mais ampla, incluindo os novos parceiros (marido da
mãe/esposa do pai) e os filhos e irmãos agregados. Dias e Lopes (2003) consideram que
a família surgida nos anos 80 é mais igualitária, sendo os seus membros percebidos como
iguais, com direitos similares, embora diferenças sexuais e etárias se encontrem presentes.
Nesse contexto novos papéis se inserem no cenário familiar, como, por exemplo, o de pai ou
mãe substituta (FONSECA, 2002).
A seguir estão listados alguns dos arranjos familiares mais comumente encontrados na
vida contemporânea, alguns assim reconhecidos a partir da subjetividade das pessoas:
1.3.1 Família Nuclear
Esse tipo de arranjo representa o modelo convencional, embora nem todas as famílias
assumam os papéis tradicionais, com as mães em casa e os pais trabalhando fora e composta
de duas gerações: esposa/mãe, esposo/pai e seus filhos (TURNER; WEST, 1998; GEORGAS,
2003). Também pode ser chamada de família de procriação. O decréscimo das famílias
nucleares tem ocorrido devido a alguns fatores como transferências de trabalho, mudanças na
economia e a incompatibilidade dos papéis sociais entre os sexos feminino e masculino
(TURNER; WEST, 1998).
29
1.3.2 Solteiros
Aumentou o número de jovens solteiros que preferem ficar sozinhos por um tempo.
Eles optam em morar sozinho antes de pensarem em se casar. Alguns consideram que formam
uma família; muitos provavelmente negam ser uma família (PETZOLD, 1996).
1.3.3 Família com apenas um dos Genitores
São formadas por um adulto e, pelo menos, uma criança. São pais divorciados ou não
casados e são formadas por duas gerações (TURNER; WEST, 1998; GEORGAS, 2003;
STRATTON, 2003). Dados estatísticos mostraram que entre 1970 e 1990, esse tipo de
família quase triplicou. Elas podem ser formadas tanto por um pai ou uma mãe, embora mães
sozinhas sejam mais prevalentes do que os pais (TURNER; WEST, 1998).
1.3.4 Morar junto (sem casar) ou União estável
Acontece mais com casais que decidem não ter filhos, segundo Petzold (1996). A
partir de seus sentimentos subjetivos, muitos acreditam formar uma família.
1.3.5 Morar junto (período de experiência)
Alguns acreditam que é um tipo de estágio preparatório para a vida familiar. Muitos casam
depois ou próximo ao nascimento de um filho. Outros acabam não casando, mesmo tendo
uma criança, mas se percebem como um tipo de família tradicional (PETZOLD, 1996).
Algumas pessoas acreditam que essa forma de coabitação seja um fenômeno recente, no
entanto, segundo Turner e West (1998), evidências sugerem que essa forma de família era
discutida em 1920.
30
1.3.6 Casais Homossexuais
Famílias homossexuais incluem duas pessoas do mesmo sexo que mantém um
relacionamento de intimidade e que podem ser ou não pais de pelo menos uma criança
(TURNER; WEST, 1998). Esses casais têm se assumido e lutado pelo direito de se casar.
Embora a lei seja considerada apenas para casais heterossexuais na maioria dos países, os
casais homossexuais estão organizando-se como uma família. Recentemente, o casamento
tem sido legalizado em alguns países europeus (PETZOLD, 1996).
1.3.7 Famílias recombinadas ou sucessivas
São formadas por pelo menos dois adultos responsáveis pelos cuidados de pelo menos
uma criança que não seja filho biológico de ambos os adultos. Podem ser heterossexuais ou
homossexuais e são formadas a partir da morte de um dos pais ou pelo seu divórcio
(TURNER; WEST, 1998). Os pais podem se casar novamente e as crianças podem ter até
quatro pais e oito avós. Os casais separam-se, mas os genitores continuam sendo responsáveis
pelos filhos. Alguns acreditam ainda formarem uma família, ou melhor, um tipo de família
com o casamento anterior, porque partilham a responsabilidade como genitores (PETZOLD,
1996). O recasamento nas famílias recombinadas ou sucessivas varia grandemente em termos
de estrutura e composição. Em algumas famílias pode ter a mãe divorciada; em outras o pai.
As crianças podem ser pequenas ou pré- adolescentes e os papéis desempenhados pelos
genitores podem ser variados: provedores, cuidado com filhos e se responsabilizar pelo
serviço doméstico (TURNER; WEST, 1998). Esse tipo de família requer considerável
ajustamento de todos seus membros e, segundo Stratton (2003), as dificuldades podem
continuar aparecendo por muitos anos após o divórcio.
1.3.8 Casais vivendo em casas separadas
Arranjo familiar escolhido por poucas pessoas que possuem grande intimidade e
perspectiva de compartilhar, mas não decidiram dividir o mesmo teto. A maioria se como
31
uma família e muitos têm a obrigação de cuidar de seus genitores que estão com idade
avançada (PETZOLD, 1996).
1.3.9 Famílias extensivas
Constituídas de pelo menos três gerações avós de um ou de ambos os lados,
esposa/mãe, esposo/pai e seus filhos podendo incluir ainda tios, primos, sobrinhos ou outros
parentes da esposa e do esposo (TURNER; WEST, 1998; GEORGAS, 2003; STRATTON,
2003). Esse tipo de família vem recebendo mais atenção nos últimos tempos, e vem crescendo
porque o número de pessoas idosas está aumentando cada vez mais, além do aumento das
mães adolescentes que recebem ajuda financeira e/ou assistência de seus pais nos cuidados
com as crianças.
1.3.10 Poligamia
Apesar de ser considerada ilegal em muitos países, alguns casais toleram também esse
arranjo em que um ou ambos mantém um relacionamento extraconjugal. Geralmente eles
acontecem no trabalho, mas não apresentam a mesma estabilidade como nas sociedades em
que a poligamia é parte da estrutura social (STRATTON, 2003).
Portanto, a partir desse panorama suscinto, o que se encontra hoje em dia são famílias
com diferentes configurações e estruturas, o que implica diretamente na divisão das tarefas
domésticas e educativas dos filhos. Coexistem modelos familiares nos quais segue vigente a
tradicional divisão de papéis; outros nos quais maridos e esposas dividem as tarefas
domésticas e educativas e, ainda, famílias nas quais as mulheres são as principais
mantenedoras financeiras do lar, mesmo acumulando a maior responsabilidade pelo trabalho
doméstico e educação dos filhos (FLECK; WAGNER, 2003).
32
1.4 COMO AS PESSOAS CONCEITUAM “FAMÍLIA”?
Hodkin, Vacharesse e Buffett (1996) acreditam que para definir o que é família, é
necessário estudar o que as pessoas pensam a este respeito, pois os limites da família são
definidos pelos laços de afetividade e intimidade e não somente pelo parentesco por
consanguidade e pelo sistema legal que rege as relações familiares. Esta forma de
entendimento subjetivo das formas familiares é chamada de definição egocêntrica (NYER;
BIEN; MARBACH; TEMPLETON, 1991).
De um lado se encontra a definição científica adotada para a compreensão de família,
e, de outro, a concepção subjetiva que as pessoas têm de seus próprios arranjos familiares,
sendo esta uma definição individual, baseada nos sentimentos, crenças e valores de cada um.
Esta concepção subjetiva é definida como representação social e permite teorizar e apreender
os eventos da nossa vida cotidiana, a partir das informações que circulam através dela
(CREPALDI, 1998).
Segundo Moscovici (1984) o ato de denominar e tentar definir alguma coisa faz parte
da construção de uma representação social, pois dessa forma o sujeito está apreendendo os
eventos da vida cotidiana, tirando-o de uma situação de anonimato e incluindo-o em um
universo conhecido. Jodelet (1984) afirma que a representação social é uma atividade mental
de indivíduos e grupos, destinada a fixar seus pertences.
Vários estudos descritos a seguir investigaram qual a compreensão e entendimento que
as pessoas têm a respeito do conceito de família, utilizando a metodologia que prioriza o
pensamento subjetivo das pessoas. Idéias sobre a extensão do conceito de família foram
verificadas perguntando aos participantes das pesquisas se alguns grupos de pessoas são uma
família, como por exemplo, uma mãe, um pai e um filho; apenas um dos pais com uma
criança; casais sem filhos, etc.
Em um estudo realizado por Hodkin (1983), 31 estudantes universitários canadenses
foram entrevistados com questões abertas a respeito do que é família. Quase metade (42%)
listou como membros de sua família apenas a nuclear, sendo que o restante incluiu outras
pessoas com ou sem ligação biológica.
Outra forma de se investigar o conceito de família é através da elaboração de uma lista
com vários integrantes que é apresentada aos participantes. Curley e Furrow (1991)
elaboraram uma lista composta de vários vínculos pessoais (mãe, primo, namorado, animal de
estimação, etc.) e a partir desta lista investigaram quem era considerado como membro da
33
família. Das 125 mulheres universitárias entrevistadas, a maioria (94%) incluiu membros da
família extensiva, sendo que dessas, 58% incluiu outras pessoas sem relação biológica ou
legal, como amigos, namorados e animais de estimação, e apenas 6% limitou-se à família
nuclear.
Vacharesse (1992) constatou resultados semelhantes aos encontrados por Curley e
Furrow (1991). Dos 64 homens e mulheres jovens, participantes do estudo, 58% incluiu
amigos próximos, quase todos consideraram também os membros da família extensiva e 5%
reportaram-se apenas aos membros nucleares.
Em um estudo realizado com 1105 famílias com o objetivo de conhecer a família de
classe média paulista, Cerveny e Berthoud (1997) perceberam que a visão de família
contemporânea não é muito diferente das estudadas antigamente. O estudo abordou os
aspectos da estrutura, dinâmica e valores familiares. Os aspectos que parecem não ter sofrido
modificações em relação à estrutura familiar são: (a) o catolicismo como religião dominante;
(b) o casamento como forte instituição familiar e, (c) o marido como provedor da família e a
mulher como responsável pelas tarefas domésticas. Em relação à dinâmica familiar, os fatores
que não apresentaram modificação foram: (a) o ideal da família ainda está baseado no amor e
no dinheiro; (b) a meta familiar encontra-se no estudo e profissionalização dos filhos; (c) a
figura materna aparece com a função de organizar a casa e dar suporte emocional à família;
(d) a figura paterna permanece com a função de sustentar economicamente a família; (e) a
função dos filhos limita-se a trabalhar e/ou estudar e; (f) a realização afetiva é alcançada por
meio do casamento. Os valores familiares que se conservaram foram: (a) o Natal como a
grande festa a ser comemorada apresentando rituais familiares como troca de presentes e
realização de refeições em conjunto; (b) reuniões com parentes aos domingos; (c) a morte
como grande tabu da família e; (d) a valorização do estudo passado de geração a geração.
Cerveny e Berthoud (1997) também apontaram os fatores que se modificaram em
relação à estrutura familiar: (a) alto nível de escolarização e profissionalização da mulher; (b)
efetiva participação da mulher no mercado de trabalho, complementando o orçamento
familiar e; (c) mudanças adaptativas masculinas acompanhando a transformação da mulher.
Em relação à dinâmica familiar surgiram as maiores mudanças: (a) marido e mulher
compartilham mais as tarefas de casa e os cuidados dos filhos, a direção da casa; (b) os filhos
parecem mais participativos nas decisões familiares; (c) ocorre grande valorização do diálogo
como propulsor das boas relações familiares e, (d) o diálogo, respeito e afeto como
permeando as relações de pais e filhos. Por último, em relação aos valores familiares foi
possível destacar: (a) a maior ênfase ao lazer tanto individual quanto familiar; (b) menor
34
ênfase em valores como virgindade antes do casamento, “nome da família”, ou seja,
valorização do nome familiar da qual pertença e seguir a mesma profissão dos pais.
Outro tema que vem sendo abordado na literatura diz respeito a diferenças e
semelhanças de conceituação familiar entre pessoas de famílias originais e reconstituídas.
Wagner, Falcke e Meza (1997) utilizaram uma amostra de 60 adolescentes, 30 de famílias
reconstituídas e 30 de originais, de ambos os sexos, entre 12 e 17 anos com o objetivo de
avaliar e comparar o que eles pensam em relação à "família", ao "casamento" e à "separação"
e quais são os seus "projetos de vida". Os resultados demonstraram uma tendência dos
adolescentes de famílias originais considerarem suas famílias mais "unidas e companheiras"
que os de famílias reconstituídas. Houve, também, diferença significativa em relação ao que
os adolescentes esperam do casamento; os filhos de famílias originais esperam mais felicidade
e os de famílias reconstituídas, mais amor. Comparando-se sexos, foi possível constatar uma
diferença significativa com relação ao casamento e à separação. As meninas acreditam que as
pessoas se casam porque se amam (97%) e que se separam porque deixam de se amar
(56,25%), enquanto que os meninos atribuem causas mais diversificadas para o casamento,
como por exemplo, por amor, para formar família, para obter satisfação pessoal, entre outros,
e pensam que a separação ocorre porque os casais não se acertam.
Wagner, Ribeiro, Arteche e Bornholdt
(1999) investigaram em que medida a
configuração familiar contribui para o bem-estar dos adolescentes, utilizando uma amostra de
391 adolescentes de ambos os sexos, entre 12 e 17 anos, provenientes de escolas públicas e
particulares de Porto Alegre e de vel sócio-econômico médio, sendo 196 provenientes de
famílias originais e 195 de famílias reconstituídas. Os resultados indicaram que a maioria dos
adolescentes (81%) apresentou um nível de bem-estar geral entre bom a muito bom, sendo
que não houve diferença significativa entre adolescentes de famílias originais e reconstituídas.
35
1.5
IMPORTÂNCIA DOS PAPÉIS E FUNÇÕES ASSUMIDOS PELOS MEMBROS
FAMILIARES
Com as constantes mudanças que vêm ocorrendo no âmbito familiar, outras alterações
estão ocorrendo, como por exemplo alterações na distribuição de tarefas domésticas e de
educação dos filhos.
1.5.1 Divisão das tarefas domésticas e educativas dos filhos
Diversas pesquisas apontam que as mães tendem a se envolver mais do que os pais nas
tarefas do dia-a-dia da criança e, geralmente, estão à frente do planejamento educacional de
seus filhos (GAUVIN; HUARD, 1999; STRIGHT; BALES, 2003). Em contrapartida,
observa-se um número crescente de pais que também compartilham com a mulher ou até
mesmo assumem a responsabilidade de educar os filhos (PONTES, 2002; BUSTAMANTE,
2005).
Em um estudo realizado em 13 nações diferentes, Petzold (1995) investigou qual é o
papel dos genitores. Os resultados indicam que ainda predominam os papéis tradicionais,
especialmente no que concerne à divisão de tarefas domésticas e de cuidados dispensados aos
filhos. Os dados desse estudo indicam que as mães são as maiores responsáveis pelos
cuidados de seus filhos, desde o início da vida destes e que os pais, no geral, sentem-se pouco
responsáveis nos primeiros meses, mas essa responsabilidade aumenta à medida que a criança
cresce.
em relação à execução de tarefas domésticas, Davis e Greenstein (2004) relataram,
através de um estudo realizado em 13 nações diferentes, que mulheres com a mesma educação
ou com educação superior à de seus maridos são menos propensas à execução da maior parte
das tarefas domésticas, embora haja diferenças significativas quanto à divisão de trabalho
doméstico nos diferentes países.
Na maioria das famílias brasileiras de nível sócio-econômico médio o que vem
ocorrendo é um processo de transição. Wagner, Predebon, Mosmann e Verza (2005) destacam
que muitas famílias fazem uma relativa divisão de tarefas, na qual pais e mães
compartilham aspectos referentes às tarefas educativas e organização do dia-a-dia. Porém,
essas mudanças parecem não estar ocorrendo com a mesma freqüência e intensidade em todas
as famílias. Percebe-se que a divisão das tarefas domésticas, criação e educação dos filhos
36
parecem não acompanhar de maneira proporcional as mudanças decorrentes da maior
participação da mulher no mercado de trabalho e do sustento econômico do lar. O
descompasso dessas mudanças é evidenciado por Greenstein (2000) e Rocha-Coutinho (2003)
através de suas mais diversas expressões, como por exemplo, o fato de que o trabalho
doméstico continua sendo freqüentemente denominado "trabalho de mulher".
Estudos brasileiros com famílias de nível sócio-econômico médio nos quais a mulher é
a principal responsável pelo sustento financeiro, mostram que ela ainda assume quase que
totalmente a responsabilidade pelas tarefas domésticas, mesmo ganhando mais que o marido.
Ainda predomina, nestas famílias, a divisão das tarefas domésticas que segue sendo feita
ainda de forma tradicional (FLECK; WAGNER, 2003; ROCHA-COUTINHO, 2003).
Pesquisadores do Brasil (FLECK; WAGNER, 2003; ROCHA-COUTINHO, 2003) e
dos Estados Unidos (CINAMONM; RICH, 2002; GREENSTEIN, 2000) têm constatado que a
divisão das tarefas domésticas ainda tende a seguir padrões relativamente tradicionais.
Homens e mulheres ainda desempenham distintas tarefas domésticas como se tais atividades
fossem próprias de cada um deles. Assim, as mulheres seguem realizando tarefas como
cozinhar, lavar e passar enquanto os homens desempenham tarefas como carpintaria e
pequenos consertos (STREY; BLANCO; WENDLING; RUWER; BORGES, 1997).
No entanto, uma nova configuração de papéis do homem e da mulher surgindo e,
conseqüentemente, de paternidade e de maternidade, pois, atualmente, muitos pais interagem
constantemente com seus filhos, apreciando a sua companhia e tornando-se figuras centrais no
mundo social das crianças (HORVATH, 1995). O pai vem sendo cada vez mais inserido nos
cuidados com seus filhos (PONTES, 2002; BUSTAMANTE, 2005). Apesar dessas mudanças,
ainda é raro encontrarmos sociedades em que os pais são os principais responsáveis pelo
cuidado com os filhos, cabendo este papel, em grande parte, às mães (LEWIS; DESSEN,
1999).
Até pouco tempo, a mulher tinha total responsabilidade pelos cuidados dos filhos;
porém, com a sua inserção no mercado de trabalho, os padrões de criação da prole se
modificaram. O homem não apenas está sendo o provedor, mas participa, com a mulher na
educação e cuidados dos filhos. Este maior envolvimento do homem parece estar sendo
benéfico tanto para a mulher quanto para os filhos, que podem obter maior apoio e sofrer
menos riscos de serem negligenciados (CIA; PEREIRA; DEL PRETTE; DEL PRETTE,
2006).
Em um estudo sobre a organização familiar e a execução de tarefas domésticas
realizados com famílias de baixa renda, Cebotarev (1984) confirmou a participação dos filhos
37
nas atividades de rotina tão logo estes apresentem desenvolvimento físico compatível com a
atividade.
A divisão de papéis e funções não se restringe somente ao âmbito profissional e
doméstico. No Brasil, pesquisas indicam que em famílias recasadas, por exemplo, os pais
tendem a ser mais periféricos no que se refere à educação dos filhos(as), principalmente, se
não coabitam com esses (WAGNER et al, 1999; WAGNER; FÉRES-CARNEIRO, 2000;
WAGNER; OLIVEIRA, 2000). No entanto, Trindade e cols. (1997) encontraram que, quanto
maior o nível de escolaridade dos pais, mais visível é o afeto e o estabelecimento de um
relacionamento positivo entre pai e filho(a). Outra conseqüência relativa ao aumento da
escolaridade dos pais reflete-se na diminuição da dicotomia entre a função paterna e materna,
tanto em relação a participação na educação dos filhos quanto na divisão de tarefas do lar.
Mas constatar que o papel do pai vem mudando não significa que pais e mães devem
ter, necessariamente, as mesmas funções nas famílias, pois as relações pais-filhos e mães-
filhos são qualitativamente diferentes (LAMB, 1996). Enquanto os pais interagem com maior
freqüência por meio de brincadeiras e de jogos, as mães têm uma relação de proteção e
afetividade com os filhos (JABLONSKI, 1999).
Além da figura dos genitores, outras também são de fundamental importância, tanto
para a estruturação familiar como para o bom desenvolvimento dos adolescentes. Entre elas
estão os irmãos e avós.
1.4.2 O papel dos irmãos
Na maioria das culturas, os irmãos oferecem uma variedade de ajuda e apoio durante
todo o ciclo de vida (WEISNER, 1989). As tarefas desenvolvimentistas de irmãos na infância
incluem o oferecimento de companhia, apoio emocional, cooperação no cuidado fornecimento
de ajuda ocasional, enquanto as tarefas de irmãos na velhice incluem o oferecimento de ajuda
e serviços diretos aos outros irmãos, tanto quanto um aumento no apoio social (GOETTING,
1986).
Um aspecto importante a considerar na relação de irmãos diz respeito à amizade que se
forma entre eles. Connidis (1989) e Connidis e Davies (1990) destacam que diversas
semelhanças existentes entre irmãos e amigos. Ambos formam pares no que se refere à idade,
desempenham muitos papéis e têm acesso livre um ao outro; o relacionamento é caracterizado
38
por igualitarismo, sociabilidade e obrigações específicas. Entretanto, o relacionamento entre
irmãos
difere do de amigos no modo como o vínculo entre irmãos é descrito, uma vez que a
amizade é um vínculo voluntário. Irmãos podem competir pela atenção dos pais, enquanto os
amigos não. Embora três quartos dos participantes do estudo de Connidis (1989)
consideraram como última opção a possibilidade de um irmão ser um amigo íntimo, amigos
foram mais relacionados a palavra “camarada”, enquanto os irmãos o foram a “confidentes”,
sugerindo que amigos e irmãos desempenham diferentes papéis no sistema de apoio.
Irmãos mais velhos podem servir como modelo para os mais novos em uma variedade
de comportamentos. Crianças de seis meses mostraram significativa melhora nas respostas
cognitivas depois de observar modelos dos irmãos (WISHART, 1986). Em adolescentes, da
mesma forma, irmãos mais velhos exerceram influência “pioneira” sobre o comportamento
sexual dos irmãos mais novos (RODGERS; ROWE, 1988).
Ervin-Tripp (1989) indicou que irmãos mais velhos comunicam-se muito no contexto
familiar: tentam entender a comunicações dos mais novos, adaptam-se à pouca competência
de linguagem deles, solicitam repetições, fazem perguntas e oferecem modelos. Histórias
familiares compartilhadas e experiências de linguagem em comum devem capacitar irmãos
mais velhos a adotarem um estilo de comunicação íntimo, com muitos significados
(CICIRELLI, 2000).
Ferreira e Mettel (1999) procuraram identificar algumas das características de famílias
em que a participação dos irmãos mais velhos em atividades domésticas é considerada
essencial para a manutenção do seu equilíbrio. Participaram do estudo 20 famílias, de nível
sócio-econômico baixo, residentes no Distrito Federal, com filhos de um a dezesseis anos de
idade. A análise se deteve na organização familiar, desempenho em tarefas domésticas e
interação entre irmãos. Verificou-se que as famílias que se beneficiam da contribuição dos
filhos mais velhos foram aquelas que contavam com a presença de ambos genitores, possuíam
o menor número de filhos, a maior renda mensal, maior escolaridade dos pais e cujos filhos
tinham as maiores idades. O relacionamento entre os irmãos mostrou-se positivo, com as
famílias procurando adequar seus próprios recursos e os da comunidade na promoção do bem-
estar de seus membros. Em um outro extremo foram encontradas famílias bastante
disfuncionais, compostas pela mãe e filhos, com renda mensal mais baixa, menor idade entre
os filhos e que não utilizavam recursos da comunidade como apoio. Muitas das crianças não
freqüentavam a escola, recusavam o auxílio de vizinhos e não buscavam apoio no posto de
saúde. Nessas famílias havia filhos que apresentavam competência para realizar as tarefas
domésticas, porém tinham dificuldade no relacionamento com os irmãos. A preocupação com
39
a sobrevivência do grupo era predominante à promoção do desenvolvimento de competências
sociais nas crianças. Havia dificuldades no estabelecimento dos papéis a serem
desempenhados pelos irmãos, refletindo um modelo familiar no qual os pais demonstraram
dificuldades em estabelecer limites claros aos filhos, deixando-os "desorientados" sobre o que
a família esperava deles. Foi também constatado que, nessas famílias, a aprendizagem ocorre
principalmente através da observação não-sistemática do desempenho materno, não havendo
instruções específicas aos filhos sobre as tarefas diárias esperadas.
Os estudos relatados mais uma vez indicam a diversidade das relações familiares. Uma
outra frente de estudos que vêm aumentando, diz respeito ao papel que os avós vêm
desempenhando nas relações familiares.
1.5.3 O papel dos avós
Segundo Dias e Silva (2003), a expectativa de vida do ser humano tem aumentado,
possibilitando às pessoas vivenciar o papel de avô/avó, e até mesmo o de bisavô/bisavó. Com
isso, a freqüência e o prolongamento do contato entre duas ou mais gerações na família está
aumentando.
Os avós podem constituir uma valiosa rede de apoio para seus familiares, promovendo
suporte emocional e financeiro para filhos, netos, genros e noras (OLIVEIRA, 2007). Quando
algum filho necessita de recursos econômicos ou de ajuda para cuidar de seus próprios filhos,
ele tende a recorrer a seus genitores (REYNOLDS; WRIGHT; BEALE, 2003). A entrada da
mãe no mercado de trabalho trouxe alterações na rotina familiar, incluindo novos cuidadores
de seus filhos, tendo os avós papel de destaque nessa função (ZAMBERLAN; CAMARGO;
BIASOLI-ALVES, 1997). Muitas vezes eles precisam cuidar dos netos enquanto os genitores
trabalham, provendo-lhes alimentação e atenção durante todo o dia (OLIVEIRA, 2007). A
rotina de cuidados prestados pelos avós aos netos constitui uma forma compulsória de unir a
família, que tem sido modificada ao longo do tempo (COELHO, 2002).
Kreppner (2000) alerta para um importante fator na compreensão das relações
intergeracionais: o papel dos avós como perpetuadores da cultura familiar. Os avós são
reconhecidos como transmissores do conhecimento, onde a cultura e os propósitos são
transmitidos de uma geração para a próxima. Sommerhalder e Nogueira (2003)
destacam, a
esse respeito, que os avós são valorizados pela sua maturidade e experiência.
40
Em muitos países, os avós estão assumindo não somente a responsabilidade de cuidar
de seus netos, sendo um dos recursos utilizados pelas famílias em que pais e mães trabalham
fora, como também auxiliam na educação das crianças, transmitindo experiências, valores e
crenças acerca do desenvolvimento infantil. Eles também são considerados fonte importante
de apoio para a família brasileira (BRITO-DIAS, 1994; FERREIRA, 1991).
Os avós assumem diferentes papéis, dependendo da família na qual estão inseridos.
Segundo Reynolds e cols. (2003), eles desempenham três papéis principais: participativos,
cuidadores voluntários e cuidadores involuntários. O papel participativo ocorre quando eles
não são responsáveis por seus netos, mas estão presentes em suas vidas; o cuidado voluntário
ocorre quando decidem cuidar de seus netos exercendo um papel parental por, pelo menos,
um período na maioria dos dias da semana e, o cuidados involuntário é quando assumem os
cuidados primários dos netos, com ou sem a presença dos pais, recebendo algumas vezes a
custódia dos netos.
Dessa forma, os avós aparecem como os principais agentes socializadores das
crianças, depois de seus pais e sua contribuição é grande no cotidiano das famílias. Dias e
Silva (2003) alertam que na adolescência, esta relação tende a ser mais intensa, mas poucos
estudos têm sido realizados para demonstrar sua importância.
Dias e Silva (2001) acrescentam que, na fase da adolescência, ao contrário da infância,
são os próprios jovens que definem o tipo de relação que vão ter com seus avós. Pesquisas
norte-americanas realizadas com jovens universitários, com o objetivo de compreender a
importância do relacionamento destes com seus avós, demonstraram que as expectativas e
atitudes perante os avós foram positivas para a maioria dos participantes, tendo sido
enfatizado que o relacionamento com os avós foi decisivo em suas vidas (ROBERTSON,
1976; HARSTHORNE; MANASTER, 1982; KENNEDY, 1989, MATTHEWS; SPREY,
1985; HODGSON, 1992).
Na pesquisa de Sanders e Trygstad (1993), universitários norte-americanos referiram-
se aos avós como figuras importantes tanto no aspecto social (respeito, influência no próprio
comportamento, participação nos acontecimentos da família), como no pessoal (fonte de
aprendizagem, senso de perspectiva, ligação emocional). Em outra pesquisa, o significado que
os jovens atribuíram aos avós foi o de historiador, confidente, pais substitutos e companheiros
(FRANKS; HUGHES; PHELPS; WILLIAMS, 1993). A freqüência de contato com os avós
também foi considerada boa, embora alguns tenham desejado que ela fosse maior
(KENNEDY, 1989, 1992).
41
Em relação à preferência, a avó apareceu como participante mais freqüente da vida dos
netos do que o avô, influenciando-os em vários aspectos como: no comportamento, na
personalidade e na consciência psicossocial (FRANKS et al, 1993; ROBERTO; STROES,
1992).
Dias e Silva (2003) realizaram um estudo com 100 universitários brasileiros de ambos
os sexos, com média de idade de 21 anos, com o objetivo de verificar a percepção dos jovens
adultos acerca dos seus avós. Os significados mais importantes representados pelos avós
foram os de "respeito", "sabedoria” e “experiência de vida". Dos avós a preferida pelos netos
foi a "avó materna", pela convivência maior. Quanto à contribuição dada pelos avós à família
destacaram-se "a educação dada aos genitores" e a "ajuda na criação dos netos". A diferença
entre os pais e os avós, na opinião dos jovens, foi "a diferença de cultura e de valores". Em
relação às características de um avô (avó) ideal, verificou-se que, para os universitários, eles
devem ter "amor/carinho" e "abertura/diálogo/comunicação".
Em um estudo realizado por Oliveira (2007) com objetivo de verificar as alterações
familiares na perspectiva de 87 mulheres grávidas ou com bebês recém-nascidos, um dos
dados encontrados foi que os avós transmitem valores principalmente em relação a educação
dos filhos, sendo esta influência de maneira direta ou indireta.
Como o auxílio que os avós vêm desempenhando em muitas famílias modernas, uma
necessidade que vem sendo reconhecida e indicada para as famílias é uma rede de apoio
social.
1.5.4 Rede social de apoio
Segundo Gottlieb e Pancer (1988), a rede social de apoio é formada por um grupo de
indivíduos e a conexão entre eles constitui um sistema que busca atender as diferentes
necessidades da pessoa, sejam elas emocionais, financeiras, materiais, sociais, acadêmicas ou
de algum outro tipo, oferecendo apoio instrumental e emocional. Ela diz respeito às relações
com pessoas que não necessariamente necessitam ser familiares íntimos e demais parentes,
podendo ser incluídos os amigos, colegas de trabalho, vizinhos, ou seja, de pessoas
42
significativas nas suas vidas (DESSEN; BRAZ, 2000; LLEWELLYN; McCONNELL, 2002;
SLUZIK, 1997).
Quando o auxílio é fornecido por uma rede social de apoio estável, sensível, ativa e
confiável, ocorre uma diminuição de possibilidade de disfunções na família, gerando saúde e
equilíbrio (DESSEN; BRAZ, 2000). Isso pode ser evidenciado em um estudo realizado com
portadores do vírus HIV que, quando os pacientes possuíam parentes e amigos por perto e
inclusive discutiam sobre a doença, ocorreu menos queixas de solidão e depressão (ROBBINS
et al, 2003). Os pesquisadores verificaram, ainda, que a qualidade da rede de apoio era mais
importante do que sua quantidade.
Para Sluzki (1997), a rede de apoio deve ser estudada sob a perspectiva da pessoa em
foco, devendo o pesquisador ser sensível para sua composição e função durante momentos de
transição, como na adolescência, por exemplo, faixa etária abordada nesse estudo.
43
2 JUSTIFICATIVA
Compreender família é de fundamental importância, pois ela representa o espaço de
socialização, de busca coletiva de estratégias de sobrevivência, local para o exercício da
cidadania, possibilidade para o desenvolvimento individual e grupal de seus membros,
independentemente dos arranjos apresentados ou das novas estruturas que vêm se formando.
Sua dinâmica é própria, afetada tanto pelo desenvolvimento de seu ciclo vital, como pelas
políticas econômicas e sociais (CARTER; McGOLDRICK, 1995; FERRARI;
KALOUSTIAN, 2004).
Estudar família em um contexto tão extenso e diversificado como o Brasil é um
desafio que precisa ser enfrentado e isso vem sendo apontado por vários estudiosos
(SÂMARA, 1992; CERNEVY et al., 1997; BIASOLI-ALVES, 2000; TORRES; DESSEN,
2006). Apesar dos avanços apresentados nesse campo de pesquisa, Neder (2004) destaca que
ainda falta à área da Psicologia uma sistematização dos conceitos e características de sua
dinâmica e estudos que descrevam a realidade da família brasileira em diferentes contextos e
culturas, já que até pouco tempo este tema raramente era investigado.
Dessa forma, o estudo científico de famílias rurais e urbanas vem de encontro com a
necessidade apontada, uma vez que, são realidades com diferenças culturais, geográficas,
sociais e econômicas, mas que se complementam quando o objetivo é compreender a
estruturação e dinâmica geral das famílias brasileiras.
Caracterizar e conceituar família segundo a visão dos adolescentes é importante
porque, ao investigar suas concepções a respeito da instituição familiar, abre-se um espaço de
conversa e reflexão sobre o assunto e faz-se um levantamento de dados que fornecem
informações para a área de intervenção, podendo auxiliar também na prevenção dos conflitos
e desestruturas do meio familiar. Além disso, acredita-se que o conceito de família que esses
jovens estão construindo nessa fase das suas vidas influenciará suas escolhas futuras, onde
estarão delimitando a nova realidade da família brasileira, uma vez que eles serão os
protagonistas dos novos arranjos familiares de amanhã.
O interesse em estudar os jovens brasileiros se por várias razões: dentre as
mudanças biológicas, a puberdade é o evento que se destaca, evidenciando-se pelo
aparecimento dos caracteres sexuais secundários, que modificam a aparência, a capacidade
reprodutiva do adolescente e sua auto-imagem (BLOS, 1994; OUTEIRAL, 1994;
STEINBERG, 1985). Já as mudanças cognitivas se traduzem pela aquisição progressiva de
habilidades de pensamento mais avançadas, que trazem ao adolescente maior aptidão para
44
pensar sobre situações hipotéticas e sobre conceitos abstratos, influenciado o modo como ele
pensa sobre si mesmo, sobre os outros e sobre o mundo (PIAGET, 1976; STEINBERG,
1985). Além disso, está se falando de 34 milhões de brasileiros que têm de 15 a 24 anos, de
acordo com o censo de 2000, que vivenciam uma fase que é bastante complexa dentro do
ciclo vital, pela quantidade e qualidade de transformações biológicas, psicológicas e sociais
que experimenta (KNOBEL, 1981).
Em decorrência dos processos de transformações ocorridos no decorrer dos tempos,
Camarano, Mello, Pasinato e Kanso (2005) apontam que esses jovens têm passado mais
tempo na casa dos pais na condição de dependentes, apresentam dificuldade de inserção no
mercado de trabalho e estão experimentando maior instabilidade nas relações afetivas. Eles
acrescentam que muitas jovens, ainda na adolescência, estão optando pela fecundidade
precoce como uma forma de inserção no mundo adulto. De acordo com Therborn (2006) os
adolescentes estão crescendo e enfrentando claramente iniciações muito diferentes à
sexualidade, à vida adulta e à nova formação de família.
no que diz respeito aos aspectos psicossociais, a consolidação da identidade nessa
fase seria o mais importante. O jovem passa a se preocupar com quem ele é e o que será no
futuro, passando por um período de experimentação de papéis, na tentativa de encontrar sua
verdadeira identidade (STEINBERG, 1985).
É importante ressaltar que o tema "família" é por demais amplo e que um recorte
precisa ser estabelecido, tanto no tempo abrangido, quanto no sujeito foco da análise. Na
impossibilidade de se estudar a visão dos adolescentes brasileiros a respeito do conceito de
família, essa pesquisa se limitou a participantes adolescentes de uma cidade do interior
paulista com a expectativa de que outras pesquisas desse tipo dêem prosseguimento à
proposta de caracterizar e a conceituar os diferentes tipos de famílias brasileiras.
45
3 OBJETIVO GERAL
O objetivo geral desse estudo é o de caracterizar e conceituar famílias de zona rural e
urbana de uma cidade do interior de São Paulo segundo a perspectiva de adolescentes,
descrevendo tanto a sua constituição como os papéis representados por seus membros, dentro
da realidade sócio-econômica-política em que estão inseridos.
3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
a) Descrever aspectos como: constelação familiar, escolaridade dos pais,
renda familiar, tipo de moradia e ocupação dos pais que caracterizam o
grupo familiar dessa amostra de adolescentes de zona rural e urbana;
b) Verificar como os adolescentes de zona rural e urbana descrevem a
divisão de tarefas domésticas desempenhadas pelos membros familiares
e sua rede social de apoio;
c) Descrever dados de saúde, assim como os eventos ocorridos com a
família dos adolescentes de ambas as áreas;
d) Verificar como os adolescentes de zona rural e urbana definem o
significado de suas próprias famílias e dos diversos membros
familiares;
e) Descrever quem os adolescentes dos dois grupos consideram como
sendo de sua família, de forma espontânea ou com ajuda de lista
composta de várias possibilidades de vínculos pessoais;
f) Descrever como os adolescentes de ambas as áreas relatam o papel das
famílias em suas vidas e o nível de satisfação em relação a elas;
g) Avaliar a percepção dos adolescentes de zona rural e urbana sobre os
novos arranjos familiares.
46
4 MÉTODO
Nesta seção são caracterizados os participantes e como foram selecionados. Também
são descritos os procedimentos para a coleta de dados, apresentando os instrumentos
utilizados e procedimentos de análise.
4.1 Descrição da amostra: os adolescentes e suas famílias
Caracterização dos Adolescentes
A amostra foi composta de 48 adolescentes, entre 13 e 18 anos, sendo 32 adolescentes
de zona urbana e 16 de zona rural, todos estudantes, solteiros, sendo que apenas uma
adolescente da área urbana é mãe. É importante ressaltar, que, nessa amostra, os adolescentes
da zona rural têm uma caracterização especial, ou seja, todos estudam na cidade, assim que
como os de zona urbana, diminuindo uma variável de comparação. Na Tabela 2 pode-se
observar alguns aspectos que os caracterizam como gênero, idade, se estudam em escola
pública ou particular, escolaridade, ocupação e religião.
Pode-se verificar que todos os participantes da zona rural estudam em escola pública e
que mais da metade dos de zona urbana estuda em escola particular (69%, n= 22). A
escolaridade variou da 7ª. série do ensino fundamental a 3ª. série do ensino médio. Além de
estudarem, 44% (n=7) dos estudantes da área rural possui alguma outra ocupação, sendo que a
maioria auxilia o pai no campo como forma de ajudar e aprender o ofício. Dos estudantes
residentes na cidade, 84% (n-32) estuda, e os demais possuem também outra ocupação. A
religião católica predomina nos estudantes da amostra de ambas as áreas, entretanto existe
mais variedade delas entre os adolescentes da zona urbana.
47
Tabela 2. Caracterização dos adolescentes
Zona Rural
(n = 16)
Zona Urbana
(n = 32)
GÊNERO
Masculino
Feminino
8
8
22
10
IDADE
Média
Variação
15 anos
13-18 anos
16 anos
13-18 anos
ESCOLA
Pública
Privada
Diurno
Noturno
16
0*
11
5
10
22
28
4
ESCOLARIDADE
7
a
série ensino fundamental
1
a
série ensino médio
2
a
série ensino médio
3
a
série ensino médio
5
4
4
3
3
9
5
15
OCUPAÇÃO
Estudante
Outra (além do estudo)
16
7
32
5
RELIGIÃO
Católica
Espírita
Evangélica
Protestante
Sem religião
13
0
1
0
2
20
6
3
1
2
* Não foi encontrado nenhum aluno de zona rural nas escolas particulares pesquisadas. Os
dados encontram-se na íntegra nos Apêndices A e B.
Constelação familiar
A constelação familiar dos adolescentes da zona rural e urbana encontra-se descrita na
Tabela 3 e os dados na íntegra estão nos Apêndices C e D.
Tabela 3. Constelação Familiar dos adolescentes da zona rural e urbana em porcentagem.
Constelação Familiar ZR (%) ZU (%)
Família nuclear (pai-mãe-
filho)
81 66
Família extensiva (pai-mãe-
filho-neto-tios-avós-primos)
13 22
Mãe e filho
0 6
Mãe-padrasto e filho 6 6
48
Em ambas as áreas, o principal arranjo familiar encontrado é o nuclear, havendo maior
prevalência nas famílias de zona rural. O segundo arranjo familiar que se destaca é o da
família extensiva, com maior concentração nas famílias urbanas.
Nível de escolaridade dos pais/padrastos e mães
Na Tabela 4, encontra-se descrito o nível de escolaridade dos pais/padrastos e mães
dos adolescentes da zona rural e urbana. A escolaridade foi dividida da seguinte forma: EFI
(ensino fundamental incompleto), EFC (ensino fundamental completo), EMI (ensino médio
incompleto), EMC (ensino médio completo) e NS (nível superior). As mães de ambas as áreas
têm menor escolaridade que os parceiros.
Tabela 4. Nível de escolaridade dos pais/padrastos e mães dos adolescentes da zona rural e
urbana em porcentagem.
Pai/padrasto Mãe
Escolaridade
ZR (%) ZU (%) ZR (%) ZU (%)
EFI
53 12 69 16
EFC
33 12 6 10
EMI
7 8 6 13
EMC
0 20 19 26
NS
7 48 0 35
Pode-se verificar que em relação a ambos os genitores, uma maior concentração
dos de zona rural na escolaridade inicial, ou seja, ensino fundamental incompleto, ocorrendo o
oposto em relação à escolarização dos genitores da área urbana, onde mais da metade cursou
o ensino médio ou o nível superior.
Renda familiar
Os dados referentes à renda familiar média das famílias dos participantes de ambas as
áreas, a variação da renda, o valor médio da renda percapita e a variação da renda percapita
são descritos na Tabela 5.
49
Tabela 5. Renda familiar dos adolescentes de zona rural e urbana.
Renda Familiar* ZR ZU
Valor médio renda em real
R$985,00 R$3220,00
Variação da renda em real
R$525,00 a R$1750,00 R$700,00 a R$6475,00
Valor médio renda
percapita em real
R$237,00
R$746,00
Variação renda percapita
em real
R$100,00 a R$400,00
R$162,00 a R$2600,00
*Salário mínimo no valor de R$350,00
Pode-se verificar, no geral, a superioridade da renda nas famílias da zona urbana e sua
maior variabilidade; no entanto, existem famílias nas duas áreas que sobrevivem com salários
semelhantes.
Moradia
O tipo de moradia das famílias dos adolescentes de zona rural e urbana encontra-se
descrito na Tabela 6.
Tabela 6. Tipo de moradia das famílias dos adolescentes da zona rural e urbana em
percentuais.
Tipo de moradia ZR (%) ZU (%)
Casa própria
75 78
Casa alugada
0 22
Casa cedida pelo patrão
25 0
Nenhuma família da zona rural paga aluguel e 25% ocupa moradia cedida pelos
patrões. Na zona urbana, 78% das famílias também não paga aluguel, sendo que o restante
mora em casa alugada.
Ocupação dos pais ou padrastos
Na zona rural, 100% dos pais/padrastos estão presentes em casa; entretanto, entre os
residentes na zona urbana, 25% não mora junto com o adolescente. Dessa forma, a análise
percentual foi realizada apenas com os pais ou padrastos residentes nas casas, considerando-
os como 100%. As ocupações foram organizadas de acordo com os grandes subgrupos
ocupacionais propostos pelo Código Brasileiro de Ocupações
(www.mtecbo.gov.br/informacao.asp): (a) trabalhadores agropecuários, incluíram ocupações
exercidas no campo, tanto na roça, como na criação de animais; (b) membros superiores do
poder público, dirigentes de organização de interesse público e de empresa e gerente:
50
incluíram ocupações como gerência, administração de agência de publicidade ou de
transportadora, setor administrativo de empresas, contador, empresários, oficial de justiça; (c)
trabalhadores de bens e serviços industriais
: foram alocados os serviços desempenhados em
empresas de calçados, de cartonagem ou metalúrgica; (d) trabalhadores dos serviços,
vendedores do comércio em lojas e mercados: incluíram motorista, serviços de vendedores, de
comércios em geral, representação e venda de produtos; (e) trabalhadores de reparação e
manutenção: incluindo mecânico, pintor, vigia, assentador de piso; (f) profissionais das
ciências e das artes: incluindo professor universitário, professores de esporte e academia e
inspetores de escola; (g) técnicos de nível médio, inclui técnicos em reparação e manutenção
de máquinas; (h) desempregado, incluindo as pessoas que não estão desempenhando nenhuma
função devido à falta de serviço. A Figura 1 apresenta esses dados.
Figura 1. Percentual de alocação da ocupação atual dos pais ou padrastos dos adolescentes de
zona rural e urbana.
grande diferença entre as ocupações dos pais/padrastos dos adolescentes de ambas
as áreas. Com exceção do agrupamento trabalhadores de reparação e manutenção
e
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Agropecuários
Membros superiores do poder público, dirigentes de
organização de interesse público e de empresa e
gerente
Trabalhadores de bens e serviços industriais
Trabalhadores dos serviços, vendedores do
comércio em lojas e mercados
Trabalhadores de reparação e manutenção
Profissionais das ciências e das artes
Técnicos de nível médio
Desempregado
Zona Rural
Zona Urbana
51
desempregado
, nenhum outro aparece em comum entre as duas localidades. A grande maioria
dos pais dos adolescentes residentes na zona rural está alocada no grupo dos agropecuários,
ou seja, ainda mantêm as atividades tradicionais do homem do campo. Entre os urbanos a
distribuição das atividades é mais heterogênea, sendo que as principais atividades estão
voltadas para o setor administrativo ou serviços industriais.
Ocupação das mães
De modo semelhante ao ocorrido entre os pais, todas as mães da zona rural estão
presentes nas famílias, entretanto, na zona urbana, três por cento não mora junto. Considerou-
se como 100% o total de mães residentes nas casas. As ocupações das mães foram agrupadas
de acordo com o Código Brasileiro de Ocupação (www.mtecbo.gov.br/informacao.asp): (a)
serviço doméstico sem remuneração, onde foram inseridas as dona de casa; (b) trabalhadores
dos serviços, vendedores do comércio em lojas e mercados, incluindo serviços de diaristas,
dama de companhia, copeiras, cozinheiras ou mesmo de domésticas em período integral,
serviços de vendedores, de comércios em geral, farmácias; (c) membros superiores do poder
público, dirigentes de organização de interesse público e de empresa e gerentes: incluíram
ocupações como administração de agência de publicidade, setor administrativo de empresas e
empresária; (d) profissionais da ciências e das artes: incluindo psicóloga, professora do ensino
médio e fundamental e inspetoras de escola; (e) trabalhadores da produção de bens e serviços
industriais: incluindo costureira e pessoas que trabalham nas indústrias de calçados da cidade,
como pespontadeira, por exemplo; (f) técnicos de nível médio: inclui ocupações que
necessitem de curso técnico para serem realizadas como técnica em enfermagem, por
exemplo. Esses dados encontram-se na Figura 2.
52
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Serviço doméstico sem remuneração
Trabalhadores dos serviços,
endedores do comércio em lojas e
mercados
Membros superiores do poder
público, dirigentes de organização de
interesse público e de empresas e
Profissionais das ciências e das artes
Trabalhadores da produção de bens e
serviços industriais
Técnico de nível médio
Zona Rural
Zona Urbana
Figura 2. Percentual de alocação da ocupação atual das mães dos adolescentes de zona rural e
urbana.
Entre as atividades das mães dos adolescentes, cerca de metade (51%) das que residem
na área rural é constituída de donas de casa (serviço doméstico não remunerado), seguidas das
trabalhadoras dos serviços (31%), sendo a maioria doméstica. Com relação às mães residentes
na cidade, a principal atividade realizada por elas coincide com a dos pais/padrasto, ou seja,
atividades do ramo administrativo (34%), em seguida estão as vinculadas ao comércio e
venda (25%). Apenas 9% dessas mães são donas de casa, delimitando uma realidade diferente
das da área rural.
4.2 A coleta de informações
Descrição da cidade
A pesquisa foi realizada na cidade de Birigui, interior de São Paulo. De acordo com o
censo de 2000, o total da população de Birigui era de 94.300 habitantes, sendo 91.018
habitantes da zona urbana e da zona rural 3.282 habitantes. A taxa total de alfabetização era
de 93%. De acordo com a estimativa da população para 2006, o total de habitantes é de
108.472 (www.nossosaopaulo.com.br/Reg_02/Reg02_Birigui.htm - 27k). Birigui é conhecida
como a Capital Nacional do Calçado Infantil, com aproximadamente 164 indústrias
53
calçadistas que empregam cerca de 18000 funcionários.
(www.birigui.sp.gov.br/cidade/index.php
).
Procedimento de seleção dos participantes e local da coleta de informações
Uma vez detectada a dificuldade da coleta dos dados nas residências, em função do
fator do tempo previsto para a conclusão do mestrado, optou-se por coletar os dados em
escolas, facilitando o acesso ao adolescente e possível autorização dos pais.
A Delegacia de Educação da cidade foi contatada para verificar se havia escolas com
alunos adolescentes provenientes da zona rural. Dessa forma, foram selecionadas duas com
maior contingente rural, mas que também tinham alunos da cidade e, em seguida, foram
selecionadas outras duas escolas particulares que fossem localizadas em locais extremos, com
o objetivo de entrevistar adolescentes residentes em diferentes bairros e com diferentes níveis
sócio-econômico.
A pesquisadora se dirigiu às escolas selecionadas e, após aprovação da diretoria das
mesmas, a própria direção se encarregou de passar o convite de participação nesse estudo aos
adolescentes que demonstraram interesse e que se enquadravam nas características da amostra
(faixa etária entre 13 e 18 anos, tanto da zona rural como urbana). Os diretores explicaram nas
salas de aula o objetivo da pesquisa e entregaram para os interessados o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice E) para os menores de dezoito anos para que
levassem para casa e fossem assinados pelos pais ou responsáveis. Os alunos de 18 anos que
aceitaram participar da pesquisa assinaram o próprio Termo de Consentimento.
Em cada escola foram deixados trinta Termos de Consentimento Livre e Esclarecido,
totalizando 120. Quase metade dos Termos que foram entregues não retornou e, no prazo
previsto para a realização das entrevistas, vários adolescentes faltaram, sendo possível a
coleta das informações com os 48 participantes descritos. Eles foram entrevistados nas quatro
escolas citadas, as quais cederam uma sala para a realização da pesquisa durante o período
escolar, uma vez que os diretores(as) afirmaram ser difícil o comparecimento dos
adolescentes no horário contrário às aulas, principalmente os de zona rural que dependiam de
condução.
54
Instrumentos
Foram utilizados dois instrumentos para a coleta de informações:
1º)- Questionário de Caracterização do Sistema Familiar (adaptado de Dessen, 2006)
contendo os seguintes temas: dados de identificação; dados demográficos; constelação
familiar; escolaridade e ocupação atual de todos os membros da família; renda familiar; tipo
de moradia e moradores da casa; divisão das tarefas de casa; dados de saúde da família e
eventos ocorridos com a família em geral (Apêndice F).
2º)- Roteiro de Entrevista de Conceituação Familiar (instrumento elaborado para a
realização da presente pesquisa) Esse instrumento está subdividido em duas partes, uma
com perguntas abertas, que aborda o conceito geral de família e o da própria família; quem
eles consideram de sua família, os diferentes papéis desempenhados na família; nível de
satisfação com a própria família e como percebem os novos arranjos familiares. Na segunda
parte, há a apresentação de uma lista composta de diferentes graus de parentesco, acrescida de
amigos, empregada doméstica, animais de estimação, entre outros, e se solicita que o
participante liste quem eles consideram de sua família e, caso tivessem irmãos adotivos,
padrastos, madrastas, empregada doméstica, etc., se eles os considerariam ou não como
fazendo parte de suas famílias (Apêndice G).
Procedimento de coleta de informações
Os instrumentos foram aplicados individualmente, em um único encontro, com
duração média de 50 minutos com cada adolescente. Inicialmente foi apresentado o trabalho
ao adolescente, esclarecendo alguma dúvida que pudesse ter. Posteriormente, foram aplicados
o Questionário de Caracterização do Sistema Familiar, seguido do Roteiro de Entrevista de
Conceituação Familiar, sempre nesta ordem.
A Entrevista foi gravada e transcrita na íntegra, nas questões de um a dez. Elas tiveram
uma duração média de 45 minutos, totalizando 36 horas de gravação.
55
4.3 A Análise dos Dados
O Questionário de Caracterização do Sistema Familiar foi analisado levantando-se os
temas listados e calculando os percentuais ou freqüência relativa. Parte dos dados nele obtido
foi utilizada para caracterizar a amostra desse estudo como: quem são os adolescentes,
constelação familiar, tipo de moradia, renda familiar, escolaridade dos pais/ padrastos e mães,
ocupação dos mesmos. Considerou-se como 100% o total de pessoas, quando se referiam aos
adolescentes ou membros familiares, ou o total de respostas, quando se referiam às respostas
categorizadas. O mesmo foi considerado para o Roteiro de Entrevista de Conceituação
Familiar.
A análise dos dados das entrevistas foi realizada em três momentos: (a) transcrição
integral das fitas de áudio, nas questões de um a dez, como descrito anteriormente; (b) leitura
minuciosa de todas entrevistas e elaboração do sistema de categorias; (c) por fim, os dados
foram tabulados e descritos através dos percentuais ou freqüência relativa das respostas que
apresentavam.
4.4 Aspectos Éticos da Pesquisa
O projeto foi submetido à apreciação pelo comitê de Ética da Unesp, campus de
Bauru, sendo aprovado (Anexo 1).
56
5 RESULTADOS
5.1 DADOS DE SAÚDE DA FAMÍLIA E DO ADOLESCENTE
A seguir, serão apresentados os sub-tópicos referentes ao uso de substâncias, aos
atendimentos de saúde e às doenças apresentadas pelos membros familiares dos adolescentes.
Uso de Substâncias
Investigou-se, com os adolescentes, se utilização de algum tipo de substância como
o álcool, drogas e cigarro por membros familiares. Os dados são apresentados na Tabela 7.
Com relação ao uso de cigarro, 37% dos adolescentes de zona rural e 47% dos de
zona urbana relatarem haver algum usuário entre seus familiares, seja na família nuclear ou
extensiva. Entretanto os maiores usuários na zona rural são os pais/padrastos (86%) e na zona
urbana são as mães (40%), havendo maior variedade de consumidores nesta localidade.
Tabela 7. Freqüência relativa do uso de substâncias e dos membros familiares dos
adolescentes de zona rural e urbana.
Uso de substâncias ZR ZU
Cigarro
37%
Usuários mais freqüentes:
Pai/padrasto (86%)
Avô (14%)
47%
Usuários mais freqüentes:
Mãe (40%)
Pai (20%)
Tios (15%)
Avós (10%)
Irmão e adolescente (10%)
Prima (5%)
Álcool
83%
Usuários mais freqüentes:
Pai/padrasto (73%)
Mãe (13%)
Irmão (7%)
Avó (6%)
65%
Usuários mais freqüentes:
Pai/padrasto (41%)
Adolescentes e irmãos (25%)
Mãe (20%)
Tios (11%)
Avô (3%)
Drogas
6%
Usuários mais freqüentes:
Primo (100%)
3%
Usuários mais freqüentes:
Primo (100%)
Nota: Na 2ª. e 4ª. coluna foi considerado como 100% a quantidade de adolescentes de cada grupo que afirma
existir algum usuário das substâncias especificadas, na família. para o cálculo dos usuários mais freqüentes
(3ª. e 5ª. coluna) considerou-se como 100% o total de usuários de cada substância, em cada grupo. Por ex., 37%
dos adolescentes de zona rural relatam como existindo algum membro familiar que utiliza o cigarro, destas
respostas, 86% aponta a figura do pai/padrasto e 14% a do avô.
57
O consumo de álcool nas famílias de zona rural é maior (83%) em relação às famílias
de zona urbana (65%), sendo os pais/padrastos os maiores consumidores nas famílias das duas
localidades. Os adolescentes relataram que em todas famílias esse consumo é moderado, que
eles bebem apenas socialmente.
As drogas foram relatadas apenas por 6% dos adolescentes da zona rural e 3% da zona
urbana, sendo o usuário um primo que não mora junto.
Atendimentos de Saúde nas Famílias
Os tratamentos na área de saúde citados pelos adolescentes referem-se à atendimento
médico em geral, psicológico/psiquiátrico ou odontológico/nutricional. Eles foram relatados
pelos adolescentes e calculou-se as porcentagens gerais e as freqüências relativas. São
apresentados na Tabela 8.
Tabela 8. Porcentagem e freqüência relativa dos tratamentos de saúde realizados pelos membros
familiares dos adolescentes de zona rural e urbana.
Atendimentos de
Saúde nas Famílias
ZR ZU
Médico
37%
Usuários mais freqüentes:
Irmã (33%)
Mãe (33%)
Avó (17%)
Pai (17%)
41%
Usuários mais freqüentes:
Irmãos (26%)
Mãe (26%)
Pai (21%)
Avós (16%)
Adolescente (5%)
Tia (5%)
Psicológico/
psiquiátrico
19%
Usuários mais freqüentes:
Mãe (75%)
Irmão (25%)
41%
Usuários mais freqüentes:
Irmãos (40%)
Mãe (26%)
Adolescentes (13%)
Pai (7%)
Tios (7%)
Prima (7%)
Dentista
63%
Usuários mais freqüentes:
Irmãos (29%)
Adolescente (24%)
Mãe (19%)
Pai (16%)
Prima (6%)
Avó (6%)
53%
Usuários mais freqüentes:
Irmãos (32%)
Adolescente (26%)
Mãe (24%)
Pai (18%)
Nutricionista
0%
6%
Usuários mais freqüentes:
Adolescente (50%)
Irmã (50%)
Nota: Ver explicação na Tabela 7, p. 56.
Com relação ao atendimento médico geral, os dois grupos familiares apresentam
porcentagem e freqüência relativa semelhante, inclusive entre os membros que necessitam
desses atendimentos. A maior diferença encontrada diz respeito aos atendimentos
58
psicológicos ou psiquiátricos, onde a incidência na zona urbana é superior. Entretanto, é
importante ressaltar que, apesar da freqüência inferior da zona rural, a principal pessoa que
necessita desse atendimento, segundo os adolescentes, é a mãe (75%), geralmente com queixa
de depressão. O outro tipo de atendimento levantado por eles é o de dentista e ou
nutricionista, relatados com porcentagem semelhante para ambos os grupos. Entretanto, na
zona rural, 100% dos que relataram outro tipo de atendimento disseram ser em relação ao
dentista. na zona urbana, dos que buscam outro tipo de atendimento (59%), 6% procuram
nutricionista, enquanto os 53% restante também utiliza serviços odontológicos. Os membros
que buscam esses atendimentos são semelhantes nas famílias das duas localidades.
Doenças nas Famílias
Também foi investigado que tipo de problema de saúde ocorre nas famílias dos
adolescentes e quem os apresenta. Esses dados encontram-se na Tabela 9.
Tabela 9: Freqüência relativa das doenças nas famílias de zona rural e urbana.
Doença e freqüência
relativa
ZR ZU
Alergias (a pó, rinites)
29%
Membros afetados:
Pai, mãe, avô, adolescentes,
primos, irmãos
26%
Membros afetados:
Pai, mãe, irmãos, avós e
adolescente
Cardiovascular
(colesterol, pressão)
17%
Membros afetados:
Tias, avós e mãe
17%
Membros afetados:
Tios, avós, mãe, pai e irmãos
Endócrino-hormonal
(diabete, glicemia)
11% Membros afetados:
Avós, tio
11%
Membros afetados:
Avós, pai, mãe, irmã, tios e
adolescente
Ósteo-muscular (joelho)
11%
Membros afetados:
Avós, primo
8%
Membros afetados:
Avós, pai e mãe
Respiratória (broquite,
asma)
11%
Membros afetados:
Avós, irmão
18%
Membros afetados:
Avós, mãe, irmãos, tio, primo
e adolescente
Mental ou
comportamental
6%
Membros afetados:
Tio, primo e irmão
6%
Membros afetados:
Tios, mãe e irmã
Deficiências ou síndrome
4%
Membros afetados:
Tio e irmão
1%
Membros afetados:
Prima
Outros (anemia,
problema renal,
depressão, câncer de pele
e mama, miopia, gastrite,
labirintite, hepatite)
11%
Membros afetados:
Mães, adolescentes e pai
13%
Membros afetados:
Mãe, adolescente, pai, avós,
irmã e tia
59
As doenças nas famílias de um modo geral não apresentam variação considerável entre
as duas localidades. Com relação aos membros afetados, nota-se uma grande prevalência
entre os avós de ambas as áreas que são citados em quase todos os problemas de saúde
descritos.
5.2 EVENTOS OCORRIDOS NO GERAL
A seguir serão apresentados na Tabela 10 o percentual das Categorias pré-
estabelecidas no Questionário de Caracterização do Sistema Familiar sobre os eventos
marcantes ocorridos com as famílias rurais e urbanas em geral, segundo a perspectiva dos
adolescentes, nos últimos cinco anos.
Tabela 10. Porcentagem de eventos gerais ocorridos nas famílias dos adolescentes de
zona rural e urbana.
Eventos O que aconteceu ZR (%) ZU (%)
Permaneceram na mesma
cidade
75 78
Mudança de
cidade
Mudaram 25 22
Começou a trabalhar 13 9
Sempre trabalhou 31 72
Trabalho da mãe
Nunca trabalhou 56 19
Sim 20 28
Perda de emprego (pai,
mãe, padrasto, tios)
Não 80 72
Sim 22 25
Problemas financeiros
Não 78 75
Sim 59 68
Nascimentos (primos,
irmãos, sobrinho, filho)
Não 41 32
Sim 56 63
Hospitalização (pai, avós,
tios, primos)
Não 44 37
Sim 70 76
Morte (bisavós, avós,
tios, primos, amigos,
madrinha)
Não 30 24
Sim 88 91
Outras experiências
Não 12 9
Com relação à mudança de cidade, as famílias das duas localidades apresentam
resultados semelhantes, segundo os adolescentes, com baixo percentual de mudança. A
realidade das mães que trabalham fora ou não já é bem diferente entre as famílias, ou seja, nas
de zona rural um número significativo de mães que nunca trabalhou recebendo
remuneração (56%), enquanto que, entre as mães da área urbana, o percentual das que sempre
60
trabalharam recebendo salário é de 72%. Das que começaram a trabalhar remuneradamente, o
percentual entre as duas famílias não é muito diferente. O que diferencia é que metade das
mães da área rural que começou a trabalhar recebendo salário parou, segundo o relato livre
dos adolescentes.
A maioria dos genitores, padrastos e tios, de ambas as áreas, não perderam o emprego
nos últimos cinco anos. Os adolescentes das duas localidades relataram um índice percentual
semelhante com relação a dificuldades financeiras (22% zona rural e 25% zona urbana),
sendo que a maioria não o apresentou nesse período. Os nascimentos, relatados com um
percentual um pouco maior na cidade, referem-se a irmãos ou filho (no caso da adolescente
que é mãe), sobrinhos e primos. A hospitalização foi relatada com percentual um pouco maior
pelos adolescentes da zona urbana (63%) comparado aos do campo (56%). A morte foi mais
relatada entre os adolescentes da cidade (76%) em relação aos da rural (70%).
Os outros eventos que tiveram impacto na vida desses adolescentes foram mais
relatados pelos adolescentes da zona urbana (91%) em relação aos da área rural (88%) e
foram divididos em positivos e negativos para ambos adolescentes. Entre os relatos dos
adolescentes da zona rural, 53% das experiências foram positivas na vida deles e 47%
negativas. Entre as experiências positivas destacam-se: “primeiro namoro”, “aniversário de
15 anos”, “ganhar um cavalo”, “viagem para São Paulo”, “aniversários de primos e
colegas”, “passeio em rancho”, festas”, “novas amizades”, “conhecer paquera”,
“nascimento da irmã” e “primeiro trabalho de Educação Artística com nota boa”,
“mudança para casa nova”, “idas para a casa da avó”. As experiências negativas foram as
seguintes: “separação de uma semana dos pais”, “quando os pais se agrediram”, “pai
quebrou o fêmur”, “morte de avós”, cachorro morreu”, “morte do primo”, “briga com o
tio”, “acidente de moto da mãe”, “assalto em casa” e sumiço do irmão”, “problemas
financeiros”, “brigas na família”. Percebe-se que os acontecimentos negativos estão mais
vinculados aos membros familiares, demonstrando o quanto a dinâmica e os acontecimentos
familiares podem marcar a vida desses adolescentes.
Para os adolescentes da zona urbana as experiências que tiveram impacto em suas
vidas foram relacionadas a eventos positivos (46%) e negativos (54%). Os acontecimentos
positivos referem-se à viagens de lazer (“Disney”, “Porto Seguro”, “Ubatuba”, “Paraguai”,
“com grupo de teatro”), “início de namoro”, aniversários (“15 anos”, 17 anos” ou de
amigos”), “passar no vestibular”, “primeiro beijo”, “sair do convento”, “nascimento da
filha”, “colocar aparelho nos dentes”, “recuperação de cirurgia” de algum membro da
família, “conseguir bolsa na escola com olimpíadas de matemática” e ir para o Japão” à
61
trabalho, “viagem de caminhão com o tio por vários estados do Brasil”. Entre os negativos
encontram-se: morte de entes queridos (tios e avós)”, “hospitalização de membros
familiares (avós, pais e adolescente)”, “separação dos pais precedida por agressões físicas”,
“término de namoro”, “acidentes (bicicleta, casa de madeira que caiu na cabeça)” e “brigas
familiares”.
Para os adolescentes de ambas as áreas, os acontecimentos positivos se relacionam a
aspectos de sua vida pessoal, enquanto os acontecimentos negativos estão mais ligados a
problemas que incluem a família de modo geral.
Em seguida, será apresentado a divisão de tarefas domésticas realizadas pelas famílias
da zona rural e urbana além da rede social de apoio oferecida pelos membros familiares e
extra-familiares dos adolescentes.
5.3 DIVISÃO DAS TAREFAS DOMÉSTICAS
Foi verificado qual ou quais membros das famílias dos adolescentes desempenham
atividades como: limpar a casa, cozinhar, lavar e passar roupas, comprar comida e orientar a
empregada.
Limpar a Casa
A Figura 3 apresenta a divisão da tarefa de Limpar a Casa entre os membros familiares
das famílias de ambas as áreas, segundo a visão dos adolescentes. Os padrastos não foram
citados como participando dessa atividade.
62
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Mãe e filhos
e
Só filhos
Empregada
Genitores e filhos
Pai
e e empregada
Avó
Tia
Zona Rural
Zona Urbana
Figura 3. Porcentagem de pessoa ou agrupamento de pessoas que realiza(m) a tarefa de
“Limpar a Casa” nas áreas rural e urbana.
As mães com os filhos são os principais responsáveis pela função de limpar a casa
tanto para as famílias rurais como urbanas (63% e 31%, respectivamente). Em seguida foi
descrito que a mãe realiza essa tarefa (19% e 13%), ou apenas os filhos (6% e 19%) e,
ambos genitores com seus filhos (em 6% das famílias das duas localidades). Na zona urbana
essa atividade também é realizada pela empregada em 22% das famílias e outras pessoas
como avó e tia. Na zona rural, os pais também podem ser os principais responsáveis por essa
atividade (6%).
Cozinhar
Na Figura 4 encontra-se a divisão da tarefa de cozinhar pelos membros familiares
rurais e urbanos, segundo os adolescentes entrevistados.
63
0% 20% 40% 60% 80% 100%
e
Mãe e filhos
Empregada
Genitores e filhos
Genitores/mãe e padrasto
e e avó
Tia, prima e adolescente
Genitores e empregada
e e empregada
Pai
Filhos
Avó
e, avó e filhos
Zona Rural
Zona Urbana
Figura 4: Porcentagem de pessoa ou agrupamento de pessoas que realiza(m) a tarefa de
“Cozinhar” nas áreas rural e urbana.
As mães ainda são as principais responsáveis pela tarefa de Cozinhar, tanto nas
famílias rurais (56%) como nas urbanas (29%). A resposta mais citada em segundo lugar,
pelos adolescentes é a de que as mães dividem essa tarefa com os filhos (ZR: 31%; ZU: 16%).
Na área urbana também se destaca a participação da empregada doméstica (16%), genitores e
filhos (9%) e outros arranjos entre os membros como tia, prima e o próprio adolescente.
Lavar e Passar Roupas
na Figura 5 estão listados os membros das famílias rurais e urbanas que dividem a
tarefa de Lavar e Passar Roupas.
64
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Mãe
Empregada
Mãe e filhos
Filhos
Mãe e empregada
Genitores
Avó
Tia
Mãe e tios
Zona Rural
Zona Urbana
Figura 5. Porcentagem de pessoa ou agrupamento de pessoas que executa(m) a tarefa de
“Lavar e Passar Roupas” entre os membros das famílias de zona rural e urbana.
As mães continuam sendo as principais responsáveis por essa atividade em ambas as
áreas (44% e 42%, respectivamente), às vezes auxiliada pelos filhos (25% e 9%). Nas famílias
rurais, os filhos sozinhos são responsáveis por essa atividade em 19% das famílias, seguidos
dos genitores (6%). Nas famílias urbanas, após as mães, a empregada assume essa atividade
em 31% delas e em 9%, elas são auxiliadas pelas mães. A avó, tia e tios também se
responsabilizam por essa atividade em algumas famílias urbanas.
Comprar Comida
A Figura 6 descreve os membros familiares de ambas as localidades que executam a
função de comprar alimento.
65
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Mãe
Genitores/mãe e padrasto
Pai
Tia
Mãe e filhos
Avó
Tia, prima e adolescente
Mãe e tios
Zona Rural
Zona Urbana
Figura 6. Porcentagem de pessoa ou agrupamento de pessoas que executa(m) a tarefa de
Comprar Comida entre os membros das famílias de zona rural e urbana.
Da mesma forma que nas outras atividades, a presença da mãe na realização dessa
função é grande em ambas as áreas. Na atividade de Comprar alimento ela é a principal
responsável (62% e 42%), ou é acompanhada pelo companheiro na zona urbana (31%) e rural
(19%). O pai, na zona rural executa essa função em 19% e os de zona urbana, 9%. Outros
arranjos familiares ocorrem na zona urbana para a realização dessa tarefa, com percentuais
inferiores.
Orientar a Empregada
Apenas 41% das famílias da cidade contam com a empregada doméstica, o que não
ocorre nas famílias da área rural. A figura 7 faz referência aos membros familiares das
Famílias Urbanas que as orientam. Considerou-se 100% o total de famílias urbanas que
contam com essa profissional.
66
Mãe
Tia
Figura 7. Porcentagem de quem orienta a empregada nas famílias de zona urbana.
Em praticamente todas as famílias, a função de orientar a empregada fica a cargo das
mães (92%).
5.4 REDE SOCIAL DE APOIO DOS ADOLESCENTES
Os participantes desse estudo relataram quem é a primeira pessoa, dentro e fora da
família, com quem eles podem contar quando precisam de algum tipo de ajuda e apoio.
Rede de apoio familiar
Na Figura 8 encontra-se os dados percentuais de quem é a primeira pessoa do
ambiente familiar que cada adolescente recorre em caso de necessidade. Cem por cento
corresponde ao número total de adolescentes de cada área.
0% 20% 40% 60% 80% 100%
e
Pai/padrasto
Tios
Irmãos
Avós
Zona Rural
Zona
Figura 8. Porcentagem dos membros familiares procurados pelos adolescentes de zona rural e
urbana, em caso de necessidade.
67
A fonte de apoio mais citada pelos adolescentes, ou seja, o membro familiar mais
procurado por eles em caso de necessidade é a mãe; entretanto, ela é mais relatada pelos
adolescentes da cidade (68%) do que os do campo (50%). Os principais tipos de apoio
oferecidos pelas mães das duas localidades são: (a) conversa/orienta
: diálogo sobre trabalho,
sexualidade, esclarecimentos “sobre tudo”, bate-papo, ajuda no relacionamento com amigos,
dicas de relacionamento afetivo, orienta sobre comportamentos, trabalho e escola; (b)
ajuda na escola: conselhos e ajuda nas atividades escolares e sobre vestibular; (c)
carinho/afeto: assistência emocional nas dificuldades, dá abraços, beijos, colo, ajuda quando a
auto-estima do adolescente está baixa; (d) ajuda financeira: para comprar roupas, sapatos,
materiais escolares; (e) pegar coisas para o adolescente: mãe sabe onde estão as coisas que os
filhos solicitam e as pegam; (f) ajuda em geral: colabora com o(a) filho(a) em tudo que ele(a)
precisar ou pedir, inclusive conversar com pai sobre a possibilidade dele(a) sair para passear;
(g) lazer: leva nos lugares de lazer e se diverte com filho; (h) alimentação: cuida da
alimentação do filho.
32% dos adolescentes da zona rural optaram, em primeiro lugar, pelo apoio do pai e
13% dos de zona urbana optaram pelos tios (13%). Um percentual menor de adolescentes
optou por irmãos e avós.
Os principais tipos de apoio oferecidos pelos pais e/ou padrasto para os adolescentes
são: (a) ajuda financeira: para sair e comprar roupas; (b) conversa/orienta: tira dúvidas sobre
vários assuntos, bate papo do dia a dia, orienta as filhas sobre a maneira de pensar dos
homens, conversa sobre trabalho, escola, maneira como agir, o que é certo e errado, sobre as
amizades; (c) ajuda na escola/trabalho: auxilia nas tarefas escolares, nos estudos e ensina
coisas novas no trabalho; (d) carinho/afeto: dá atenção, abraços e beijos.
Os tipos de apoio oferecido pelos tios são: (a) conversa/orienta: esclarece sobre vários
assuntos que às vezes o adolescente não consegue conversar com os pais, principalmente
sobre namoro, ouve os problemas familiares vivenciados pelo adolescente ou acalma-o
quando nervoso ou bravo; (b) carinho/afeto: atenção, abraços, beijos; (c) financeiro:
dinheiro para o adolescente sair quando a mesada dele termina, compra roupa, alimento e
oferece moradia; (d) geral: apóia em tudo que precisar, inclusive leva para passear.
Na figura do irmão, os adolescentes buscam: (a) conversa/orienta: opinião sobre
roupas, amigos, namorados, sobre a vida, conversam sobre tudo, principalmente sobre
paquera entre os adolescentes rurais e sobre vestibular entre os urbanos, ajudam a resolver
problemas como brigas com amigos e dificuldades nas tarefas escolares; (b) carinho/afeto,
oferecem atenção, abraços e beijos.
68
Com os avós, os tipos de apoio procurados pelos adolescentes são: (a) carinho/afeto:
atenção, abraços e beijos; (b) dúvidas: tiram dúvidas a respeito de assuntos que os
adolescentes não tem coragem de perguntar para os pais; (c) apoio: eles apóiam nas situações
de brigas familiares ou entre amigos.
Rede de apoio extrafamiliar
Em relação aos membros não familiares, 44% dos adolescentes rurais e 16% dos
urbanos relataram não contar com ninguém, ou seja, não buscam apoio de nenhuma pessoa
fora da família. Dos 66% dos adolescentes rurais e 84% dos urbanos que buscam esse apoio,
as pessoas a quem eles recorrem e as porcentagens com que foram citados encontram-se na
Figura 9.
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Amigos
Namorado(a)
Vizinhos
Sogra
Diretora da
escola
Zona Rural
Zona Urbana
Figura 9. Porcentagem dos membros extrafamiliares procurados pelos adolescentes de zona
rural e urbana, em caso de necessidade.
As pessoas mais solicitadas pelos adolescentes da zona rural e urbana quando
necessitam de alguma ajuda são os amigos que oferecem companhia para diversão, são
confidentes, conversam sobre trabalho, oferecem ombro amigo, dão apoio nos problemas
familiares, da escola e do namoro, ajudam financeiramente quando necessário, oferecem
carinho e atenção, refletem sobre as crises existenciais enfrentadas por eles, sobre as
insatisfações pessoais e sociais, dão conselhos sobre namoro e são cúmplices. Os
adolescentes da zona rural buscam também apoio em vizinhos que os auxiliam quando os pais
brigam, são confidentes e conversam sobre o dia-a-dia.
69
Os adolescentes também citaram os namorados(as)
, dos quais recebem carinho, afeto,
atenção, conselhos, apoio nos conflitos familiares, na escolha da profissão e auxílio
financeiro, quando necessário. As outras pessoas foram citadas apenas pelos adolescentes da
cidade. Entre eles estão: diretora da escola que orienta em todos os assuntos, ajuda no que
precisar e é confidente dos problemas pessoais e sogra que conversa sobre o relacionamento e
sobre sentimentos do adolescente.
A seguir são apresentados os dados referentes a quem os adolescentes consideram
membros de sua família, primeiramente com respostas espontâneas e posteriormente com
ajuda de uma lista.
5.5 A FAMÍLIA NA PERSPECTIVA DOS ADOLESCENTES DE ZONA RURAL E
URBANA
Primeiramente são apresentados os dados da resposta espontânea dos adolescentes, ou
seja, quem eles consideram como pertencendo a suas famílias sem o auxílio de nenhuma lista;
em seguida, estão os dados apresentados por eles a partir da apresentação de uma lista de
membros familiares que consta na Entrevista de Conceituação de Família. As respostas
individuais dos adolescentes estão na íntegra nos Apêndices H e I.
Através das respostas espontâneas dos participantes, foi possível classificá-las em
quatro categorias: (a) família nuclear: composta de pai, mãe e filhos ou apenas pai e mãe; (b)
família extensiva: inclui além dos pais e filhos, outros parentes como avós, tios, primos; (c)
família extensiva+amigos: foram listados os parentes, além de amigos e empregada
doméstica; (d) família extensiva+amigos+animais de estimação: nesta categoria, além dos
parentes, amigos e empregada doméstica são incluídos os animais de estimação.
Na Figura 10 são apresentados quem os adolescentes de zona rural e urbana
consideram como pertencendo a suas famílias.
70
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Família nuclear Família extensiva Família
extensiva+amigos
Família extensiva
+amigos+animais
de estimação
Zona Rural
Zona Urbana
Figura 10. Percentual de pessoas consideradas como membros familiares dos adolescentes de
zona rural e urbana, através de resposta espontânea.
Pode-se observar que para os adolescentes da área rural, o tipo de família mais citado é
a nuclear (pai, mãe e filhos). Menos da metade dos adolescentes urbanos (47%) considera sua
família desse tipo. É importante ressaltar que se for somado o percentual dos adolescentes
urbanos em relação às categorias família extensiva e família extensiva mais amigos (37% +
16% = 55%), verifica-se que a resposta predominante para esses adolescentes é o da família
extensiva, seguida da família nuclear (47%).
Posteriormente, ao ser apresentada uma lista aos adolescentes composta de pai, mãe,
padrasto, madrasta, irmãos biológicos e adotivos, avós, primos, tios, parentes distantes,
amigos, empregada doméstica, animais de estimação e outras pessoas que quisessem incluir,
eles foram questionados sobre quais desses membros julgavam como pertencentes a sua
família. As respostas constam da Figura 11.
Resposta espontânea
71
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Falia nuclear Família extensiva Família extensiva+amigos Família
extensiva+amigos+animais
de estimação
Figura 11. Percentual de pessoas consideradas membros familiares dos adolescentes de zona
rural e urbana com a ajuda da lista.
Nenhum adolescente continuou a definir sua família sob a perspectiva nuclear. A
grande maioria dos adolescentes tanto de zona rural (69%) como de zona urbana (66%)
passou a definir suas família como extensiva em um sentido mais amplo, incluindo além de
pai, mãe, irmãos, os avós, primos, tios, parentes distantes, acrescida de amigos, empregada
doméstica e animais de estimação. Em seguida, a categoria de maior percentual para os
adolescentes das duas localidades incluía as famílias extensivas e os amigos. Os que incluíram
apenas a família extensiva, apresentaram pouca representatividade tanto na área rural (12%)
como na urbana (3%). Outro dado interessante é que ao serem questionados se gostariam de
acrescentar mais alguma pessoa, 28% dos adolescentes da zona urbana incluíram namorados e
apenas 6% da zona rural o fizeram.
Ainda com a ajuda da lista, os adolescentes foram questionados a respeito de quais
outras pessoas eles incluiriam à sua família, em caso hipotético. Foram listadas, pelos
adolescentes: (a) irmãos adotivos; (b) empregada; (c) padrasto e madrasta; (d) animais de
estimação; (e) irmãos biológicos; (f) padrasto. Os dados se encontram na Figura 12.
Resposta com ajuda da lista
72
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Irmãos
adotivos
Empregada Padrasto e
madrasta
Animais de
estimação
Irmãos
biológicos
Padrasto
Zona Rural
Zona Urbana
Figura 12. Porcentagem das pessoas que os adolescentes de zona rural e urbana
acrescentariam em sua família caso convivessem com eles.
Tanto os adolescentes da zona rural (94%) quanto urbana (97%) relataram que a
principal pessoa que eles acrescentariam seria irmão(ã) adotivo(a), caso tivessem. A
empregada doméstica seria acrescentada principalmente pelos adolescentes da área rural
(81%) em relação aos urbanos (34%). O padrasto e a madrasta foram mencionados em
conjunto pelos dois grupos de adolescentes. Já os animais de estimação foram mais citados
pelos adolescentes de zona rural (19%), enquanto os irmãos biológicos (filhos do pai ou
da mãe) apareceram com baixo percentual para os adolescentes das duas áreas. Um
percentual menor de adolescentes da zona urbana (6%) citou apenas o padrasto e afirmou que
não aceitaria ficar sem a mãe ou substituí-la por outra mulher.
Além disto, foi descrito o nível de aceitação dos adolescentes de zona rural e urbana
com relação à alguns novos arranjos familiares questionados.
5.6 COMO OS NOVOS ARRANJOS FAMILIARES SÃO PERCEBIDOS PELOS
ADOLESCENTES?
Os dados descritos a seguir foram obtidos na Entrevista de Conceituação Familiar,
após se comentar com cada adolescente sobre a existência de novos arranjos familiares: casais
de homossexuais, produções independentes (mãe que resolve ter e criar seus filhos sozinha),
casais vivendo em casas separadas e casais sem filhos, verificando se eles os julgavam como
sendo ou não um tipo de família e suas justificativas (ver pergunta 9, apêndice G).
73
Considerou-se como 100% o total de respostas dos adolescentes residentes em cada
área. Na Figura 13, encontra-se os percentuais dos adolescentes que aceitaram os exemplos de
novos arranjos como caracterizando uma família, levando-se em consideração a primeira
verbalização dos mesmos.
Figura 13. Percentual dos adolescentes de zona rural e urbana que aceitam os novos arranjos
familiares.
A priori, como apresentado no gráfico acima, os adolescentes das duas localidades
aceitam, com altos percentuais, a maioria dos novos arranjos familiares apresentados - casal
sem filhos, produção independente, casais homossexuais - verbalizando respostas como: “Se
são felizes assim”, “eu não tenho preconceito”, “cada um vive do jeito que quer”, “o
importante é ser feliz”. Em relação ao casal que vive em casa separada, os percentuais de
concordância foram menores (ZR= 50% e ZU= 63%), embora as justificativas fossem as
mesmas.
Entretanto, quando continuavam falando a respeito foi possível verificar que alguns
não possuíam ainda uma opinião bem estabelecida, sendo apresentadas respostas de
discordância tanto por adolescentes que não concordavam com os novos arranjos, como por
aqueles que haviam concordado anteriormente: Casais sem Filhos
não tem com quem
compartilhar”, “se gostam um do outro, por quê não tem filhos?”, “família são três: pai,
mãe e filhos”. Produções Independentes “não é uma família completa”, “não tem o pai para
compartilhar”, “se a mãe fizer certinho e o pai estiver por perto”, “mãe vai mimar muito o
filho”, “não para ser pai e mãe ao mesmo tempo”, “se a mãe não amar ninguém, tudo
bem”, “fica sem equilíbrio, faltando alguma coisa”, não é família completa”. Casais
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Casal sem filhos Produção
independente
Casais
homossexuais
Casal em casa
separada
Zona Rural
Zona Urbana
74
Homossexuais.
acho feio”, é ruim para a criança”,“ninguém é perfeito, acho vergonhoso”,
“são família se adotarem uma criança”, “os filhos não vão ter amor paterno e materno”,
“não tem pai e mãe, são dois pais ou duas mães”, “não é uma opção certa”, “o filho vai
sentir preconceito”. Casais que vivem em casas separadas “pra ser família tem que morar
junto”, “é ruim para o filho”, “não dá, cada um faz o que quer”, “tem que viver em união,
amor e carinho”,“o filho fica longe de um deles”, “precisam estar juntos pelo amor ao
filho”, “tem que ter pai e mãe na mesma casa”, é mascarar o casamento, quem quer
liberdade não casa”.
Em seguida, são apresentadas as funções atribuídas às famílias em geral e as próprias
famílias dos adolescentes das duas localidades, seguidas do grau de satisfação com elas.
5.7 QUAIS AS FUNÇÕES QUE OS ADOLESCENTES JULGAM QUE A FAMÍLIA
DEVE TER? QUAIS SÃO AS QUE SUAS FAMÍLIAS ATENDEM? E O GRAU DE
SATISFAÇÃO COM ELAS?
São descritos a seguir os resultados obtidos através da análise de parte do Roteiro de
Entrevista de Conceituação de Família, realizada com os adolescentes. Os conceitos
analisados são: função geral e das próprias famílias e o grau de satisfação com as mesmas.
Considerou-se como 100% o total de respostas dos adolescentes de cada área, em cada
pergunta da entrevista.
Qual a função da família para os adolescentes
Ao serem perguntados sobre o que é família, os adolescentes de ambas as áreas
responderam qual é sua função. Elaborou-se cinco categorias para análise (Apêndice J): (a)
suporte emocional/afetivo; (b) suporte educativo e para atividades diárias; (c) fonte de alegria
e paz; (d) fonte de conflitos; (e) outros.
75
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Suporte emocional/afetivo
Fonte de alegria/paz
Suporte educativo e para atividades
diárias
Fonte de conflitos
Outros
Zona Rural
Zona Urbana
Figura 14. Porcentagem das categorias referentes às funções atribuídas a Família pelos
adolescentes de zona rural e urbana.
A principal função da Família, de acordo com os adolescentes é a de prover Suporte
emocional/afetivo (ZR=89%; ZU= 83%), caracterizado por respostas como: pessoas íntimas
que trazem amor”, “dão carinho”, “dão amor”, “é o suporte que sempre pode contar”,
“onde você pode desabafar”. Outra função relatada pelos adolescentes das duas áreas, em
menos que 10% das respostas, é o de Fonte de alegria e paz, ilustrado pelas seguintes
verbalizações: “alegria enorme”, “felicidade”, “lugar onde se sente bem”. É importante
ressaltar que apenas os adolescentes da zona urbana descreveram o conceito de família como
Fonte de conflitos, ou seja,briga”, “confusão”, “meus pais brigam”. Entretanto,
também apenas esses adolescentes descreveram o conceito Suporte educativo e para
atividades diárias, descrito através dos seguintes relatos: mãe fala muito para estudar”,
“compartilhar vida escolar”. Na categoria Outros, foram listadas respostas como: “sou
acostumado com meus pais”, “é onde moro”, “não é só ter sangue”.
Como percebem suas famílias
As respostas dos adolescentes sobre qual a função de suas próprias famílias foram
classificadas em oito categorias (Apêndice J): (a) suporte emocional/afetivo; (b) fonte de
alegria e paz; (c) suporte educativo e de atividades diárias; (d) fonte de briga/entendimento;
76
(e) fonte de conflito
; (f) agradar e ser grato; (g) desunião; (h) outros. Os dados encontram-se
na Figura 15.
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Suporte emocional/afetivo
Fonte de alegria/paz
Suporte educativo e para atividades
diárias
Fonte de briga/entendimento
Fonte de conflito
Agradar/ser grato
Desunião
Outros
Zona Rural
Zona Urbana
Figura 15: Porcentagem das categorias referentes as funções que as próprias Famílias
exercem, segundo a visão dos adolescentes de zona rural e urbana.
A principal função que os adolescentes da zona rural e urbana atribuem às suas
famílias é a de Suporte emocional/afetivo (ZR=68%; ZU=44%), sendo verificadas em
verbalizações do tipo: “é muito legal”, “boa”, “carinhosa”, “muito unida”, um precisa do
outro”, estão sempre juntos”, é quem me apóia”. A categoria Fonte de alegria e paz foi
mais enfatizada pelos adolescentes da zona rural (18%) em relação aos da urbana (7%):
“animada”, “é tudo na base da brincadeira”, “se reúne para conversar e contar piada”,
“brinco com meus pais”, “é feliz”, ”pais convivem bem”, “pais tranqüilos”. A categoria
Suporte educativo e de atividades diárias foi relatada pelos adolescentes das duas localidades
com baixa freqüência (ZR=8%; ZU=7%): “dão boa educação”, “eles me orientam”, “antes
de bater minha mãe sempre conversou”, “sempre me mostraram melhor caminho sem impor
pressão”, conversam de sexo comigo”. Apenas os adolescentes da zona urbana listaram as
categorias vinculadas à problemas familiares, ou seja, Fonte de conflito (20%):
,“mãe é
dissimulada com coisas da vida”, “ninguém aceita segundo casamento da mãe”,“padrasto
77
acha que não tenho nada de bom”, “complicada”, “mãe tem depressão”, “não me dou muito
bem com meus pais”, “meu pai fala que vai matar minha mãe”; e Desunião
: “fico excluída
no meu canto”, “minha mãe fica isolada dormindo”, “meu pai às vezes brinca mais com o
cachorro que comigo”, “queria que tivesse alguma atividade que reunisse todos”, não é
muito unida”. Entretanto, apesar da baixa freqüência, apenas esses adolescentes cujas
respostas foram categorizadas como Desunião citaram a categoria Agradar e ser grato: “tenho
muito que agradecer à família”, “abraço meus pais em todos os lugares”, “sento no colo dos
meus pais”, “apresento meus pais para meus amigos”. A categoria Fonte de
briga/entendimento foi mais citada pelos adolescentes da zona urbana (9%) em relação aos da
zona rural (3%): “tem altos e baixos”, “momentos bons e ruins”, “oscila entre briga e
entendimento”, “tudo em ordem apesar da desordem”.
As funções atribuídas pelos adolescentes às famílias no sentido geral e às suas próprias
famílias
A Tabela 11 apresenta uma comparação entre as funções atribuídas às famílias no
geral e as atribuídas às próprias famílias. Considerou-se como 100% o total de respostas dos
adolescentes de cada área, obtidas em cada situação.
Tabela 11: Comparação do percentual das funções atribuídas pelos adolescentes de ambas as
áreas às famílias em geral e às suas próprias
Zona Rural Zona Urbana
Conceitos de Família
Geral (%) Própria (%) Geral (%) Própria (%)
Suporte emocional/afetivo 89 68 83 44
Fonte de alegria/paz 9 18 7 7
Suporte educativo/para
atividades diárias
0
8
4
7
Fonte de briga/entendimento 0 3 0 9
Fonte de conflito 0 0 3 20
Agradar/ser grato 0 0 0 5
Desunião 0 0 0 4
Outros 2 3 3 4
De acordo com os dados apresentados, é possível notar que tanto para os adolescentes
da zona rural como urbana, a principal função atribuída à família, seja ela no sentido genérico
ou de suas próprias famílias, é o suporte emocional/afetivo que elas oferecem. Pode-se
verificar também que para os adolescentes de ambas as áreas, os percentuais atribuídos a essa
função diminuem quando se trata da família real, ficando próximo da metade para os
78
adolescentes que habitam na cidade. Para os adolescentes da zona rural, a categoria de fonte
de alegria/paz é mais evidenciada em relação às suas próprias famílias (18%) do que nas
famílias em geral (9%) e se mantém para os adolescentes de zona urbana (7%). Um aspecto
relevante é que, para os adolescentes da zona urbana, a categoria fonte de conflito aparece
com maior percentual quando se referem às próprias famílias (20%) do que em relação as
famílias no geral (3%). Essa categoria não é citada pelos adolescentes de zona rural. Já a
categoria fonte de briga/entendimento é descrita pelos adolescentes das duas localidades
apenas quando se referem às suas próprias famílias (ZR=3%; ZU=9%). O suporte
educativo/para atividades diárias é citado pelos adolescentes do campo quando se referem
às suas próprias famílias (8%). os adolescentes da zona urbana tanto quando se referem às
famílias no geral (4%) quanto no de suas próprias famílias (7%).
A seguir, é descrito, em porcentagem, o grau de satisfação dos adolescentes de zona
rural e urbana em relação às suas próprias famílias.
Grau de satisfação dos adolescentes em relação à suas próprias Famílias
O grau de satisfação em relação à suas famílias é apresentado na Figura 16.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Sim Não Não sei
Zona Rural
Zona Urbana
Figura 16. Percentual do grau de satisfação dos adolescentes de zona rural e urbana com
relação as suas famílias.
Todos os adolescentes da zona rural relataram estarem satisfeitos com suas famílias e
88% dos da zona urbana também, sendo que 9% destes afirmaram não estarem satisfeitos e
3% não conseguiu definir se estava ou não.
79
5.8 AS CONCEPÇÕES DE MÃE, PAI, AVÓS, IRMÃOS E FILHOS
Nessa seção são apresentadas as concepções de mãe, pai, avó, avô, filho e irmão
descritas a partir da verbalização dos adolescentes de zona rural e urbana sendo considerado
100% o total de respostas dos mesmos, em cada pergunta da entrevista.
O que é ser Mãe
As concepções de Mãe relatadas pelos adolescentes foram classificadas em sete
categorias (Apêndice J): (a) suporte emocional/afetivo; (b) suporte educativo e para as
atividades diárias; (c) desempenha atividades domésticas; (d) dar suporte financeiro; (e)
atributos pessoais positivos; (f) satisfação pessoal; (g) outros. Esses dados encontram-se na
Figura 17.
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Suporte
emocional/afetivo
Suporte
educativo/atividades
diárias
Atributos pessoais
positivos
Desempenha
atividades domésticas
Satisfação pessoal
Suporte financeiro
Outros
Zona Rural
Zona
Figura 17. Porcentagem das categorias referentes à concepção de Mãe apresentada pelos
adolescentes de zona rural e urbana.
80
A principal concepção de mãe para os adolescentes rurais e urbanos está vinculada ao
Suporte emocional/afetivo
aos filhos (ZR= 66; ZU= 55%) ilustrada pelas seguintes
verbalizações: “dar carinho, dar apoio”, “cuidar”, “agradar”, dar amor”, “conversar”,
“amar incondicionalmente”. Os adolescentes também descrevem a mãe como aquela que
oferece Suporte educativo e para atividades diárias (ZR= 16%; ZU= 25%):“ajudar a comprar
roupas”, “sapatos’, “mandar o filho fazer tarefa”, “dar educação”, “saber falar não”,
“preparar o filho para o mundo”. Somente para os adolescentes do campo houve respostas
classificadas como Desempenha atividades domésticas: “cuidar da casa”, “fazer serviços
domésticos”. Os Atributos pessoais positivos foram citados pelos adolescentes das zonas
rural e urbana, através das seguintes verbalizações: “risonha”, “corajosa”, “batalhadora”.
Entretanto, as categorias Satisfação pessoal: “sonho de 90% das mulheres”, “uma coisa
maravilhosa”, e Suporte financeiro: “ter que trabalhar”, “ajudar financeiramente em casa”,
foram relatadas apenas pelos adolescentes da zona urbana. Na categoria Outros, foram
listadas respostas do tipo: “difícil”, “amar o pai e a mãe”, “mau humor quando tem
problema”.
O que é ser Pai
A Figura 18 apresenta as categorias definidas para o conceito de Pai emitidas pelos
adolescentes de ambas as localidades. Foram definidas nove categorias (Apêndice J): (a)
suporte emocional/afetivo; (b) suporte financeiro; (c) suporte educativo e para as atividades
diárias; (d) comparação com membro familiar; (e) desempenha atividades prazerosas; (f)
auxilia nos serviços domésticos; (g) atributos pessoais positivos; (h) atributos pessoais
negativos; (i) outros.
81
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Suporte emocional/afetivo
Suporte educativo e para atividades diárias
Comparação com membro familiar
Suporte financeiro
Atributos pessoais positivos
Desempenha atividade prazerosa
Auxilia nos serviços domésticos
Atributos pessoais negativos
Outros
Zona Rural
Zona Urbana
Figura 18. Porcentagem das categorias referentes a concepção de Pai dos adolescentes de
zona rural e urbana.
Assim como a mãe, o Pai também é avaliado principalmente em relação ao Suporte
emocional/afetivo que oferece aos filhos (ZR=57%; ZU=42%), descrito a partir de
verbalizações como: dar amor”, “ensinar a vida”, “dar apoio”, ajudar no que precisar”,
“super herói”, “ser companheiro”, dar proteção”. Os filhos também responderam que ele
oferece Suporte educativo e para atividades diárias em pouco mais de 10% para os
adolescentes das duas localidades:ensinar o filho”, “dar exemplo”, “cuidar do filho”, “dar
bronca”, impor limites”, “acompanhar os estudos”. Esses dados são semelhantes nas
definições de Pai e Mãe. Um dado relevante é que apesar das mães da zona rural em sua
maioria serem donas de casa, apenas os adolescentes rurais definiram o Pai como aquele que
Auxilia nos afazeres domésticos: “ajudar nos serviços domésticos”. Os Atributos pessoais
positivos foram relatados pelos adolescentes das zonas rural e urbana: engraçado”,
“divertido”, “desencanado”, “inteligente”, “bonzinho”, “honesto”; enquanto os Atributos
82
pessoais negtaivos
foram descritos apenas pelos adolescentes da área urbana: “bravo”,
“briguento”, “grosseiro”, “severo”. Por outro lado, apenas os adolescentes residentes na
zona rural relataram que o pai Desempenha atividade prazerosa com o filho, dado não
encontrado entre os adolescentes da cidade.
O que é ser Avó
Foram definidas 10 categorias para classificar as respostas dos adolescentes em
relação as Avós (Apêndice J): (a) suporte educativo e para atividades diárias; (b) suporte
emocional/afetivo; (c) desempenha atividades prazerosas; (d) comparação com membro
familiar; (e) suporte emocional/afetivo; (f) atributos pessoais positivos; (g) presenteia os
netos; (h) desempenha atividades domésticas; (i) tira autoridade dos pais; (l) atributos
pessoais negativos; (j) outras. Na Figura 19 pode-se observar esses dados.
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Suporte educativo/ para
atividades diárias
Suporte
emocional/afetivo
Desempenha atividades
prazerosas
Comparação com
membro familiar
Atributos pessoais
positivos
Desempenha atividades
domésticas
Presenteia
Suporte
emocional/afetivo
Tira autoridade dos pais
Atributos pessoais
negativos
Outros
Zona Rural
Zona Urbana
Figura 19. Porcentagem das categorias referentes a concepção de Avó relatadas pelos
adolescentes de zona rural e urbana.
83
Entre os adolescentes rurais a Avó
é concebida principalmente como aquela que
oferece Suporte educativo e para atividades diárias (ZR=32%; ZU=21%), definida a partir das
verbalizações dos adolescentes, como por exemplo, “ensina neta cozinhar”, bronca”,
“acorda para ir para escola”, “põe para dormir”, “leva na escola”, “educa o neto”. Para os
adolescentes da área urbana, ela é definida, principalmente, como quem oferece Suporte
emocional/afetivo (ZR= 28%; ZU=27%): “criar o neto como se fosse a coisa mais importante
na vida”, “dar conselhos”, “dar carinho”, “amor”, atenção”; e Desempenha atividades
prazerosas (ZR=18% ; ZU=27%): “prazer em encontrar os netos”, “ver tv com o neto”,
“levar para passear”, “se divertir”. A Comparação com membro familiar também ocorre
para os dois grupos, com percentuais inferiores a 10%: mais legal ser avó do que mãe”,
“cuida mais que avô”. Os atributos pessoais positivos dos avós foram relatados por ambos os
grupos de adolescentes: :“coisa fofa”, “legal”, “calminha”. Apenas os adolescentes urbanos
citaram os atributos pessoais negativos dos avós: “muito racista”, “tem um sistema muito
rígido de educação”. Os adolescentes da área rural descreveram as avós, com baixos
percentuais, como quem Desempenha atividades domésticas: “cuida da casa” e da
alimentação”; e Presenteia os netos: “dar dinheiro”, “presente”, “comprar roupas”.
O que é ser Avô
Para analisar os dados da concepção do Avô foram definidas nove categorias
(Apêndice J): (a) suporte emocional/afetivo; (b) suporte educativo/para atividades diárias; (c)
desempenha atividades prazerosas; (d) presenteia; (e) atributos pessoais positivos; (f)
atributos pessoais negativos; (g) suporte emocional/afetivo; (h) comparação com outro
membro familiar; (i) tira a autoridade dos pais. A Figura 20 apresenta esses dados.
Considerou-se como 100% o total de respostas de cada grupo de adolescentes.
84
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Suporte emocional/afetivo
Desempenha atividades prazerosas
Presenteia
Comparação com membro familiar
Suporte educativo/para atividades diárias
Atributos pessoais negativos
Atributos pessoais positivos
Suporte emocional/afetivo para filhos
Tira autoridade dos pais
Zona Rural
Zona
Figura 20. Porcentagem das categorias referentes a concepção de Avô relatada pelos
adolescentes de zona rural e urbana.
O Avô é concebido principalmente como aquele que oferece Suporte
emocional/afetivo (ZR=33%; ZU=34%), com verbalizações do tipo: “cuidadoso com o neto”,
“dá carinho”, “amor”. A segunda categoria também relatada pelos adolescentes das duas
localidades, mas mais evidenciada pelos da zona urbana (24%) é Desempenha atividades
prazerosas: “faz o que os netos querem”, “dá guloseimas”, “sorvete”, “prazer em encontrar
o neto”, “brinca com os netos”, “leva para passear”. A categoria Presenteia os netos é mais
descrita pelas verbalizações dos adolescentes da área rural: “dar dinheiro”, “presente”. A
Comparação com outro membro familiar foi mais relatada pelos adolescentes da zona rural
(12%) em relação aos da zona urbana (8%), exemplificada pelos seguintes relatos: “mesmo
que pai”, “mais experiente que o pai”, “mais paciente que o pai”. Diferente das avós, os
avôs participam menos do Suporte educativo e para atividades diárias ( 9% para ambos os
grupos): “leva e busca na escola”, coloca para dormir”, “cuida do neto”, “dá bronca”,
“ensina o que pode e o que não pode fazer”. O suporte emocional/afetivo para os filhos foi
relatado pelos adolescentes da zona urbana: “ajuda o filho a criar o neto porque sabe onde
errou e como corrigir”, “apóia os filhos”, “orienta os filhos na educação dos netos”, assim
como apenas esses adolescentes evidenciaram a atitude do Avô de Tirar a autoridade dos pais
:
85
“defende o neto”, estraga educação”. Os Atributos pessoais negativos
: “chato”,
“ranzinza”, ausente”, foram mais evidenciados pelos adolescentes da área rural, enquanto
os adolescentes da área urbana, enfatizaram mais os Atributos pessoais negativos dos avôs:
“orgulho da vida trabalhadora”, “bonzinho”, “um velhinho muito legal”.
O que é ser Filho
Para descrever a concepção de Filho foram definidas quatro categorias (Apêndice J):
(a) respeitar/corresponder as expectativas; (b) agradar e ser grato; (c) trabalhoso; (d)
prazeroso/sem responsabilidade. Os dados são encontrados na Figura 21.
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Respeitar/corresponder
as expectativas
Agradar e ser grato
Trabalhoso
Prazeroso/sem
reponsabilidade
Zona Rural
Zona Urbana
Figura 21. Porcentagem das categorias referentes ao que é ser Filho segundo o relato dos
adolescentes de zona rural e urbana.
Tanto para os adolescentes da zona rural (56%) quanto da urbana (63%), a concepção
de Filho é a de Respeitar/corresponder as expectativa, tanto dos genitores como dos avós,
descrita por verbalização do tipo: “obedecer”, “ter responsabilidade”, “saber a hora de
fazer as coisas”, “aprender com os pais”, “ter respeito pelos pais e avós”, “suprir a
idealização dos pais”. A categoria Agradar e ser grato ( ZR=26%; ZU=15%) também obteve
respostas de ambos os grupos: “dar alegria para a mãe”, “atenção pelos pais”, “agradar os
pais”, “ter gratidão pelos pais”, reconhecer o que os pais fazem”,“dar valor”. Os
adolescentes rurais (12%) salientaram um pouco mais do que os da cidade respostas
categorizadas como Trabalhoso (tanto para eles como para os genitores): “é bem chato”, “é
difícil”, “dar decepções para os pais”, “dar trabalho para os pais”; enquanto os
adolescentes da zona urbana (16%)
citaram um pouco mais a categoria Prazeroso/sem
86
responsabilidade
: “não tem que sustentar ninguém”, “curtir mais o momento”, “melhor
parte”, “ser feliz”, “se divertir”.
O que é ser Irmão
Foram definidas oito categorias de análise para a concepção de Irmão (Apêndice J): (a)
amigo/cúmplice; (b) suporte educativo e para atividades diárias; (c) suporte
emocional/afetivo: (d) fonte de conflito; (e) outros. Esses dados podem ser visualizados na
Figura 22.
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Amigo/cúmplice
Suporte educativo e para atividades
diárias
Fonte de conflito
Suporte emocional/afetivo
Outros
Zona Rural
Zona Urbana
Figura 22. Porcentagem das categorias referentes a concepção de Irmão relatada pelos
adolescentes de zona rural e urbana.
A principal categoria utilizada pelos adolescentes em relação ao Irmão foi
Amigo/cúmplice (ZR= 50%; ZU= 53%), descrita a partir de verbalizações como: “estar
sempre ao lado do irmão”, “união um com o outro”, conviver o dia inteiro”, “contar tudo
que acontece”, “guardar segredo”, “ser confidente”. A segunda categoria citada também é
compartilhada por ambos adolescentes: Suporte educativo e para atividades diárias (ZR=20%;
ZU=27%): “alimentar os irmãos”, “proteger na hora que mais precisar”, “zelar pelo
irmão”, “ajudar na escola”, ajudar na educação do irmão”. A categoria Suporte
emocional/afetivo também apresentou percentuais semelhantes entre os adolescentes das duas
localidades: “alguém que deixa a gente feliz”, gostar igual aos pais”, “tratar bem”, amar
um ao outro”, “se sacrificar pelo irmão”. Apenas a categoria Fonte de conflitos
apresentou
maior diferença percentual de respostas obtidas, 12% para adolescentes rurais e 5% para os da
87
cidade, ou seja, os adolescentes da zona rural descrevem com mais freqüência o conceito de
irmão associado à alguma fonte de conflito: “brigar”, “contar as coisas do irmão para os
pais”, “não tenho tanta paciência”.
88
6 DISCUSSÃO
Diante da proposta do presente estudo de caracterizar e conceituar famílias de zona
rural e urbana de acordo com a perspectiva de adolescentes observou-se que a constelação
familiar predominante nas duas localidades é a nuclear
(ZR=81%; ZU=66%), sendo os
percentuais encontrados superiores aos dados do IBGE de 2000. Essa estrutura de família é
seguida do arranjo extensivo (pai, mãe, filho e outros parentes) que predomina na área urbana
(22%) em relação à rural (13%). Esse dado é contrário ao obtido por Ribeiro, Sabóia, Branco
e Bregman (1998) que apontam ainda ser comum família constituída por grande número de
pessoas na área rural. Evidencia-se, dessa forma, que a diversidade de arranjos encontrados
nessa amostra de adolescentes da cidade em questão é limitada, havendo semelhança entre a
zona rural e urbana.
O nível de escolaridade dos genitores, porém, é diverso, sendo os da zona urbana
superior ao de zona rural, o que provavelmente está estritamente ligado às oportunidades de
trabalhos e conseqüentemente à renda familiar superior na área urbana, apesar de haver
famílias nas duas localidades que sobrevivem com rendas semelhantes. Uma possível
explicação para essa diversidade pode ser a dificuldade de oferecimento de escolas rurais em
níveis mais adiantados de escolarização e/ou de carência de transporte escolar.
Os pais urbanos da amostra estudada desempenham atividades profissionais mais
ligadas aos setores administrativos e gerenciais. O predomínio da ocupação dos pais na zona
rural é o do setor agropecuário, sendo descrita como a que gera menor renda por Graziano da
Silva (2001). Contudo, um percentual desses pais tem buscado ocupação na zona urbana
como motorista e vendedores. Esses dados estão de acordo com as colocações de Graziano da
Silva (1997) que mostra que as principais profissões não-agrícolas realizadas atualmente na
zona rural são: empregados domésticos, pedreiros ou serventes, serviços gerais, vendedores,
motoristas, costureiro e alfaiate.
Pouco mais da metade das mães rurais (51%) não exerce atividade remunerada, e
quando o fazem, a principal atividade exercida é a de doméstica (25%). Na cidade, apenas 9%
das mães não executa alguma tarefa que renda e, as que trabalham, concentram-se no setor
administrativo e funcionalismo público. O fato de, nesta amostra, a mulher na zona urbana
apresentar um nível de escolarização mais elevado e estar inserida no mercado de trabalho
proporciona, provavelmente, um contato social mais amplo e constante como destacou
Biasoli-Alves (2000). Além disso, a inserção da mulher no mercado de trabalho foi um dos
89
aspectos relevantes que influenciou diretamente a estrutura e o funcionamento familiar
(CARVALHO; ALMEIDA, 2003).
Outro aspecto relevante, é que, apesar da renda familiar da zona rural ser inferior,
nenhuma paga aluguel, pois possui casa própria (75%) ou reside em moradia cedida pelos
proprietários dos sítios onde trabalham. entre as famílias urbanas, apesar da maioria (78%)
também possuir casa própria, algumas pagam aluguel.
Com relação à divisão geral de tarefas domésticas nas famílias, os adolescentes estão
assumindo responsabilidades em ambas as localidades. Cebotarev (1984) aponta a
participação dos filhos nas atividades de rotina tão logo estes apresentem desenvolvimento
físico compatível com a atividade, dentro das famílias de baixa renda. Embora a análise da
diferença de nível sócio-econômico não tenha sido feita, indícios de que, na amostra do
presente estudo, haja maior participação dos adolescentes de famílias de baixa renda. Percebe-
se um maior auxílio por parte dos adolescentes rurais e, apesar de não poder afirmar, este
dado pode estar relacionado ao fato de que estes adolescentes passam mais tempo em casa do
que os urbanos que possuem mais atividades na cidade. Além disso, os adolescentes rurais,
por serem mais participativos, acabam se relacionando mais com os membros familiares.
De acordo com a análise de todas as funções domésticas levantadas junto aos
adolescentes, foi possível notar que em ambas as localidades a Mãe é quem assume a maior
parte das funções. Esses dados estão de acordo com as pesquisas realizadas no Brasil e
Estados Unidos que indicam que a divisão das tarefas doméstica tende a seguir um padrão
tradicional, em que as mulheres assumem os serviços domésticos, mesmo nas casas onde
participam do ganho financeiro (CINAMONM; RICH, 2002; FLECK; WAGNER, 2003;
GREENSTEIN, 2000; ROCHA-COUTINHO, 2003; STREY, BLANCO, WENDLING,
RUWER; BORGES, 1997).
Os dados também indicam que, atualmente, adolescentes de ambas as áreas auxiliam
as mães na limpeza da casa. O percentual na zona rural é mais elevado (63%), sendo que este
dado pode estar ligado ao fato de nenhuma família dessa área possuir empregada doméstica
ao contrário da amostra das famílias urbanas, onde o percentual de adolescentes que auxiliam
nas atividades domésticas é 31%. Outro dado relevante é que os pais, na zona rural, são
citados pelos adolescentes nesta atividade, sendo que o fato de não possuírem empregada
doméstica faz com que ele seja “obrigado” a colaborar. Além disso, essa participação
favorece a união familiar tão relatada pelos adolescentes. A função doméstica de cozinhar
também está tendo a contribuição dos adolescentes de ambas as áreas (ZR=31%;
ZU=16%), entretanto, a participação das mães predomina.
90
A função de lavar e passar roupa ainda fica mais sob responsabilidade das mães em
ambas as localidades (ZR=44%; ZU=42%), mas também é dividida entre mãe e a avó na zona
rural e urbana, com a participação também dos filhos, ficando as vezes sob total
responsabilidade das avós na área urbana. As outras categorias como mãe e tios, mãe e
empregada apareceram apenas na zona urbana, sendo a empregada quem mais realiza essa
tarefa após a mãe, indicando arranjos diversificados.
Com relação à função de comprar comida, a mulher também é a principal responsável
nas famílias das duas áreas (ZR=62%; ZU=42%); entretanto, nessa função uma maior
participação dos maridos. Na zona urbana, onde existe empregada doméstica a função de
orientá-la é praticamente toda realizada pelas mães.
Entre as famílias urbanas houve maior variedade de participantes em todas as
atividades; entretanto, é importante ressaltar que essas famílias possuem um maior número de
arranjos familiares, com tios, avós, primos e padrastos convivendo na mesma casa, havendo a
necessidade de reorganizar a distribuição das tarefas domésticas. Estes arranjos familiares
ocorrem mais na área urbana e indicam que as famílias estão vivenciando um período de
transição, conforme descrito por Wagner, Predebon, Mosmann e Verza (2005).
Apesar de outros membros familiares estarem sendo inseridos na distribuição das
atividades domésticas, as modificações ocorridas na instância familiar ainda não acompanham
na mesma proporção as transformações decorrentes da inserção da mulher no mercado de
trabalho e no setor financeiro da casa, como apontado por Greenstein (2000) e Rocha-
Coutinho (2003), que salientam que o trabalho doméstico ainda é intitulado de “trabalho de
mulher”.
Um aspecto relevante é que a principal figura da rede social de apoio dos adolescentes
é a mãe, que tradicionalmente assume, juntamente com o cuidado da casa, a função de educar
e orientar seus filhos. Com relação ao conceito de Mãe, a principal função que a define para
os adolescentes está vinculada ao suporte emocional/afetivo que oferece a eles; entretanto
essa categoria é um pouco mais acentuada entre os adolescentes rurais (66%) do que os
urbanos (55%). Ambos adolescentes concordam que a mãe também desempenha atividades
rotineiras e educativas com os filhos, mas, dessa vez, a categoria é mais relatada pelos
adolescentes urbanos (25%). De modo geral esses dados estão de acordo com os apontados
por Petzold (1995) que define o papel da mãe tradicional, cuidando dos afazeres domésticos e
dos cuidados dispensados aos filhos através do suporte emocional/afetivo e educativo para
atividades diárias, relatados na conceituação de mãe e na rede social de apoio, onde elas
aparecem como principal figura na vida desses adolescentes.
91
Os pais são a segunda pessoa mais citada a quem os adolescentes recorrem quando
necessitam de algum auxílio, ou seja, fazem parte da rede social de apoio dos seus filhos
proporcionando não o auxílio financeiro (8,5% em média) na qual o homem
tradicionalmente era o principal encarregado, mas também suporte emocional/afetivo (57%
rural e 42% urbano) através de orientações, ajuda na escola ou mesmo demonstrações de
carinho dando atenção, abraços e beijos. Esses dados são semelhantes aos encontrados por
Cia, Pereira, Del Prette e Del Prette (2006) que apontam que apesar da realidade da
distribuição da atividade doméstica ainda estar longe de uma divisão igualitária, o homem
está participando, juntamente com a mulher, da educação e dos cuidados com os filhos. Um
dado relevante é que apesar das mães da zona rural em sua maioria serem donas de casa,
apenas os adolescentes rurais definiram o Pai como aquele que auxilia nos afazeres
domésticos.
Esses dados indicam uma nova visão do pai rural, diferente da encontrada por Palácios
(1993) que, em sua amostra, os considerou tradicionais, a favor de práticas educacionais
coercitivas, com pouca predisposição para interagir com os filhos e que se percebiam como
quase incapazes de influenciar o desenvolvimento de seus filhos (PALÁCIOS, 1993).
Além da família, esses adolescentes buscam grande apoio nos amigos. Provavelmente,
este dado está diretamente vinculado à etapa do ciclo vital na qual eles se encontram, uma
fase de transformações não fisiológicas, mas de formação de identidade, onde uma das
características é a identificação com seus iguais. Além disso, Feijó (2006) aponta que, apesar
da maioria dos estudos descreverem os membros familiares como rede social de apoio, outras
pessoas também podem assumir esse papel, exercendo algumas vezes maior influência do que
o próprio núcleo familiar. No presente estudo, os amigos assumem papel fundamental na vida
desses jovens, servindo como confidentes e cúmplices, auxiliando e oferecendo apoio diante
dos problemas familiares e até auxílio financeiro.
Outro ponto relevante é que os acontecimentos ocorridos com a família no geral,
relatados espontaneamente pelos adolescentes de ambas as áreas, quando positivos, faziam
referência à alguns aspectos de suas vidas pessoais (como aniversários, festas, presentes,
namoro); por outro lado, os acontecimentos relatados como negativos, estavam, na sua
maioria, ligados à família (morte de ente querido, separação dos pais, brigas conjugais). De
acordo com alguns autores (CARTER; McGOLDRICK,1995; FERRARI; KALOUSTIAN,
2004), a família representa o espaço de socialização, de busca em conjunto por estratégias de
sobrevivência, um espaço para o exercício da cidadania, de possibilidade tanto para o
desenvolvimento individual como grupal de seus membros. Portanto, a análise desses
92
acontecimentos negativos relatados por eles, vinculados ao funcionamento familiar,
demonstra o quanto os acontecimentos e a dinâmica familiar pode afetar a vida de seus
membros, influenciando diretamente no desenvolvimento físico-psiquico-emocional desses
adolescentes.
Com relação ao uso de substância, é importante ressaltar o consumo de álcool pelas
famílias das duas áreas (83% zona rural e 65% urbana), apesar dos adolescentes relatarem que
todos bebem apenas socialmente. Outro ponto relevante é que o principal consumidor nas
duas localidades é o pai ou padrasto. o consumo de cigarro, apesar de um percentual menor
nas duas áreas (37% e 47%, respectivamente) apresenta um dado interessante, pois na área
rural o principal usuário é o pai ou padrasto, mas, na cidade, quem mais faz uso do cigarro são
as mães.
No que diz respeito aos atendimentos de saúde, o principal tipo de atendimento é o
odontológico (63% rural e 53% urbana) demonstrando um aspecto peculiar dessa amostra,
onde até as famílias de zona rural buscam esse tipo de atendimento na cidade; em seguida está
o atendimento médico (37% e 41%, respectivamente). O atendimento psicológico ou
psiquiátrico, apesar de aparecer em percentual mais baixo na área rural (19%) em relação à
urbana (41%), apresenta um dado interessante, ou seja, na zona rural a maior usuária é a mãe
(75%), geralmente com queixa de depressão, conforme o relato dos adolescentes. As doenças
nas famílias de um modo geral não apresentam variação considerável entre as duas
localidades.
Além da caracterização dessas famílias, outro objetivo desse estudo foi o de verificar
como os adolescentes falam dela, ou seja, saber qual a concepção dos adolescentes sobre
família. Os dados demonstraram que eles a definem, principalmente, como fonte de suporte
emocional/afetivo (superior a 80%), oferecendo orientação, apoio, carinho, estando presente
em todas as situações vivenciadas por eles. A família como fonte de conflito foi relatada
apenas pelos adolescentes da cidade, mas com um percentual bem pequeno (3%), mas é mais
citado quando se referem às suas próprias famílias: fonte de briga/entendimento (9%), fonte
de conflito (20%), desunião (4%), onde o percentual da categoria suporte/emocional afetivo
na zona urbana caiu consideravelmente (44%). Provavelmente, na área rural a convivência
familiar seja mais tranqüila, sem brigas, discussões ou distanciamentos, pois os percentuais
positivos ligados ao conceito geral de família foram maiores: suporte emocional/afetivo
(89%), fonte de alegria/paz (9%). Esses dados são comprovados com o questionamento feito a
esses adolescentes de como percebem suas próprias famílias. Nessa questão, a família vista
93
como suporte emocional/afetivo ainda se manteve como principal conceito (68%) e o conceito
de alegria/paz dobrou o percentual (18%).
Esses dados evidenciam que o conceito geral que os adolescentes tem de família,
provavelmente está estritamente vinculado com o modelo familiar que possuem; alguns
reproduzem nesse conceito o ambiente que vivenciam, enquanto outros descrevem como
gostariam que fossem suas famílias. Apesar disso, o grau de satisfação em relação às próprias
famílias foi bastante elevado nas duas localidades (94% em média). Acredita-se que isso se
deva ao fato de que, mesmo em ambientes em que os adolescentes vivenciem conflitos, eles
percebem a necessidade de pertencer à uma estrutura familiar. Além disso, existe a questão
social e cultural de valorização desta instância, uma vez que é o principal contexto de
socialização dos indivíduos (DESSEN; BRAZ, 2005).
Outro conceito importante levantado junto aos adolescentes foi o de Avó descrita
pelos rurais como aquela que oferece suporte educativo e para atividades diárias com o neto
(32%). Para os urbanos, ela é definida, principalmente, como quem suporte
emocional/afetivo e desempenha atividades prazerosas (ambas categorias com 27%).
O principal papel do Avô é definido pelos adolescentes de ambas as áreas de forma
semelhante ao das avós, ou seja, pelo suporte emocional/afetivo (33,5% em média) que eles
oferecem. Entretanto, diferente das avós, eles participam menos do suporte
educativo/atividades diárias (9% nas duas áreas). Assim como as avós, eles desempenham
atividades prazerosas com os netos, sendo essa categoria mais evidenciada pelos residentes na
cidade. Presentear os netos foi outra função também relatada pelos adolescentes das duas
localidades. O suporte emocional/afetivo que ele oferece aos filhos foi relatado apenas pelos
adolescentes da zona urbana (3%). Dessa forma, os avós desses adolescentes, de modo geral,
muitas vezes assumem o cuidado de seus netos, enquanto os pais trabalham para prover a
alimentação e o sustento da casa, além de oferecer suporte emocional e financeiro para filhos,
genros, noras e netos, conforme apontado por Brito-Dias (1994), Ferreira (1991) e Oliveira
(2007)
Esses dados estão de acordo com pesquisas norte-americanas realizadas com
adolescentes (ROBERTSON, 1976; HARSTHORNE; MANASTER, 1982; KENNEDY,
1989, MATTHEWS; SPREY, 1985; HODGSON, 1992), que também demonstraram
expectativa bastante positiva em relação à seus avós, sendo pouco citado aspectos negativos
da relação ou mesmo defeitos. Sommerhalder e Nogueira (2003) consideram que os avós são
valorizados pela sua maturidade e experiência, e pela capacidade de transmitirem valores para
94
as novas gerações. Entretanto, esse aspecto praticamente não foi enfatizado pela amostra de
adolescentes desse estudo.
Tanto para os adolescentes da zona rural quanto da urbana o conceito de Filho é
definido principalmente pela categoria respeitar/corresponder às expectativas dos genitores
(56% rural e 63% urbana), seguida por ser grato e agradar a eles (26% e 15%,
respectivamente). As categorias trabalhoso, tanto para os adolescentes como para seus pais, e
prazeroso, sem que tenham responsabilidades, foram menos citadas que as anteriores. Esses
dados são interessantes principalmente pela faixa etária desses filhos, ou seja, a fase em que
se busca a individualidade e independência, contudo, foi possível notar uma grande
preocupação deles com os seus pais, na tentativa de não decepcioná-los, procurando
corresponder às expectativas que os pais depositam neles. O respeito pelos pais foi outro
aspecto importante relatado por esses adolescentes, podendo observar maior preocupação
pelos adolescentes da cidade. Isso parece demonstrar a formação de bons valores nessa
geração, oferecidos pela estrutura familiar dos mesmos.
As diversas semelhanças existentes entre as relações de irmãos e amigos sugerem que
irmãos podem ser vistos como amigo/cúmplice (51,5% em média). Os dados obtidos com essa
amostra confirma os de pesquisadores como Connidis (1989) e Connidis e Davies (1990) que
levantam um aspecto importante na relação entre irmãos que diz respeito à amizade que se
forma entre eles. Segundo Wishart (1986), irmãos mais velhos podem servir como modelos
para os mais novos em uma variedade de comportamentos e isso foi observado quando os
adolescentes dizem que o suporte educativo e para atividades diárias é um dos papéis do
irmão (20% e 27%, respectivamente). Outro papel relatado foi o suporte emocional/afetivo
oferecido através de carinho, sacrifícios pelo irmão e trazendo felicidade a ele. Os conflitos,
sempre muito comuns entre os irmãos, foram mais relatados pelos adolescentes da zona rural,
não apresentando um percentual elevado (12 %).
Quando foi solicitado aos adolescentes que dissessem quem era sua família,
predominou, na área rural a família nuclear (63%), na urbana o percentual foi inferior
(47%). Os dados, principalmente da área urbana, são semelhantes ao obtido no estudo
realizado por Hodkin (1983), onde quase metade dos universitários pesquisados por ele
definiu sua família como nuclear, sendo o restante extensiva. Se juntarmos os percentuais dos
dois tipos de família extensiva citados pelos adolescentes da cidade, ele é de 53%, indicando
que é possível pensar que para mais da metade dos adolescentes urbanos prevalece o conceito
de família extensiva.
95
Outro dado importante encontrado no presente estudo é que, ao ser apresentada uma
lista contendo várias pessoas de diferentes vínculos, mais de 60% dos adolescentes das duas
áreas passou a definir família como extensiva, acrescentando ainda amigos e animais de
estimação. Esses dados estão de acordo com outros estudos (CURLEY; FURROW, 1991;
VACHERESSE, 1992) em que, com o auxílio da lista, os resultados indicaram um baixo
percentual de definição de família como nuclear e a família extensiva incluía pessoas sem
relação biológica ou legal, além de animais de estimação.
Um outro aspecto que foi investigado, ainda com a ajuda da lista, é quem os
adolescentes considerariam como pertencendo às suas famílias, caso os tivessem. O maior
percentual foi para os irmãos adotivos (quase 100%), além de empregada (80% área rural e
34% urbana), padrasto e madrasta e animais de estimação.
Nessa amostra, provavelmente, o conceito de família que se pode compreender é
aquele apresentado pelos adolescentes com o auxílio da lista. Esse dado se baseia em outras
questões apresentadas no questionário como em relação ao uso de substâncias, atendimentos
de saúde e doenças na família que perguntavam se havia algum usuário na família e, mesmo
antes de se falar em conceito de família, os adolescentes das duas localidades incluíram
membros da família extensiva espontaneamente, demonstrando que tais pessoas fazem parte
da conceituação familiar que eles possuem.
Por fim, com relação aos novos arranjos familiares, foi possível notar boa aceitação
inicial dos adolescentes das duas localidades, onde mais de 50% deles disseram concordar
com os tipos apresentados de constituição familiar. A justificativa de concordância com os
novos arranjos familiares está, basicamente, vinculada ao conceito de felicidade, como
apontado por Roussel (1995) que define que as famílias contemporâneas passaram a ter mais
liberdade de escolher os companheiros em função da alegria proporcionada pela convivência
e não em conceitos pré-definidos socialmente, ampliando assim, a concepção de família e a
construção de diversos arranjos familiares. Entretanto, foi possível perceber que muitos
adolescentes concordaram com os arranjos questionados em função da provável influência
social, no sentido de aceitar as transformações que estão ocorrendo, não estando em coerência
com a concepção subjetiva dos mesmos, ou seja, eles ainda possuem, em sua maioria, uma
visão mais conservadora e tradicional de família, limitando-se, principalmente, nos tipos de
arranjos familiares nucleares e extensivos.
96
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com esse trabalho, espera-se estar contribuindo para preencher, embora minimamente,
parte da lacuna de pesquisas nessa área, uma vez que as famílias têm passado por muitas
modificações e as pesquisas não as acompanham no mesmo ritmo. Além disso, espera-se
despertar o interesse de outros pesquisadores a investir na obtenção de dados semelhantes em
diferentes regiões do país, contribuindo para se ter uma idéia de como se constituem as
famílias brasileiras e como o conceito de família é percebido em diferentes regiões, faixas-
etárias e nível sócio-econômico-cultural.
Além de a amostra ser constituída por adolescentes, porque são eles que vão formar as
futuras famílias, outro ponto relevante nessa escolha foi o fato de trabalhar com participantes
escolarizados, minimizando o número de variáveis entre as duas amostras: mesma faixa etária
e escolarização. Ainda em relação à amostra, o fato de se trabalhar com participantes de área
rural e urbana, valoriza esse estudo, pois os dados obtidos são de duas realidades distintas e
existentes em todo o território nacional.
Os instrumentos utilizados (questionário e entrevista) forneceram subsídios de
profundidade para a efetivação desse estudo que teve como objetivo geral caracterizar e
conceituar a família de adolescentes da zona rural e urbana de uma cidade do interior paulista,
segundo a visão dos adolescentes. A entrevista proporcionou a análise quantitativa-
interpretativa dos dados (Biasoli-Alves, 1998).
Outro ponto considerado positivo no procedimento, e que se encontra nos estudos da
área (CURLEY; FURROW, 1991; VACHARESSE, 1992), foi introduzir o procedimento de
inquirir o indivíduo primeiro a respeito do seu conceito geral de família e depois introduzir o
auxílio de uma lista com vários membros familiares citados, incluindo amigos, empregada
doméstica, animais de estimação. Considera-se que a lista fez com que os participantes
refletissem um pouco melhor a respeito do tema solicitado.
De modo geral, os resultados obtidos demonstraram que apesar das grandes
transformações ocorridas através dos tempos, a realidade da família, nessa amostra, não
acompanha essas modificações. As famílias são constituídas basicamente em cima do modelo
nuclear (pai, mãe e filhos), sendo o conceito subjetivo dos adolescentes, baseado na família
extensiva. Apesar disso, demonstraram aceitação em relação aos novos arranjos familiares.
97
Uma falha encontrada no procedimento desse aspecto foi o fato de não ter sido investigado se
os adolescentes consideram como família uma pessoa que vive só.
Outra realidade constatada é o fato de as mulheres ainda acumularem grande número
de funções, sejam elas tarefas domésticas ou no cuidado com os filhos, sendo considerada a
principal figura da rede social de apoio procurada por eles. Por outro lado, os adolescentes
estão ajudando mais dentro de casa e os pais auxiliando no cuidado dos filhos, oferecendo
suporte emocional/afetivo e educativo/para atividades diárias.
É importante ressaltar, que apesar das famílias rurais apresentarem percentual elevado
do arranjo nuclear, considerado tradicional na formação e educação dos membros, os
adolescentes da cidade demonstraram maior preocupação em corresponder às expectativas
dos genitores. Isso, provavelmente ocorra em função de variáveis como a maior ausência dos
pais, excesso de trabalho, nível de estresse elevado, afetando diretamente a dinâmica e
relacionamento familiar. Por outro lado, em se tratando dos adolescentes rurais, os dados
parecem demonstrar que não grande rigidez e cobrança por parte dos pais. Esta também se
mostrou como uma formação familiar de menor conflito, proporcionando um ambiente mais
tranqüilo e harmonioso, segundo relato dos adolescentes, apesar das mães apresentarem um
percentual um pouco mais elevado de depressão.
Por fim, vale ressaltar, que apesar dos adolescentes da cidade relatarem um ambiente
familiar conflitivo, o grau de satisfação em relação às próprias famílias, nas duas localidades,
foi bastante elevado, demonstrando a importância dessa rede social de apoio na vida desses
indivíduos.
Apesar de ser uma amostra pequena, em virtude da complexidade e tamanho da
realidade brasileira, esse trabalho traça diretrizes para que novos estudos sejam realizados
com o objetivo de complementar a definição da nova família brasileira, ou melhor, das
“famílias brasileiras”.
98
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110
APÊNDICE
APÊNDICE A
Caracterização da amostra de adolescentes residentes na Zona Rural
Partici
pante
Idade
Sexo E C Escolaridade Ocup. atual
filhos
Religião/
freqüência
1 13 anos F Solt 7ªs Pub D Estudante 0 Evangélica/semanal
2 13 anos F
Solt 7ªs Publ D Estudante 0
Católica/quinzenal
3 13 anos M Solt 7ªs Pub D Estudante 0 Católico/mensal
4 13 anos M Solt 7ªs Publ D Estudante/
cuida cavalos
0 Não tem
5 14 anos
F
Solt
7ªs Publ D Estudante/
enfeite
calçado
0
Não tem
6 15 anos M Solt 1ºC Publ N Estudante/
ajuda criação
de animais
0 Católico/quinzenal
7 15 anos M Solt 1ºC Publ N Estudante/
ajuda roça
0 Católico/mensal
8 15 anos M Solt 1ºC Publ N Estudante/
ajuda roça
0 Católico/quinzenal
9 15 anos F Solt 1ºC Publ D Estudante 0 Católica/quinzenal
10 16 anos M Solt 2ºC Publ N Estudante 0 Católico/esporadicam
ente
11 17 anos F Solt 3ºC Publ D Estudante 0 Católica/quinzenal
12 17 anos M Solt 3ºC Publ N Estudante/
ajuda roça
0 Católico/mensal
13 16 anos F Solt 2
o
C Publ D Estudante 0 Católica/mensal
14 17 anos M Solt 3ºC Publ D Estudante/
ajuda roça
0 Católico/mensal
15 16 anos F Solt 2
o
C Publ D Estudante 0 Católica/mensal
16 16 anos F Solt 2
o
C Publ D Estudante 0 Católica/mensal
111
APÊNDICE B
Caracterização da amostra de adolescentes residentes na Zona Urbana
Partici
pante
Idade
Sexo E C Escolaridade Ocup. atual Nº
filhos
Religião/
freqüência
1 13 anos F Solt 7ªs Publ D Estudante 0 Evangélica/semanal
2 14 anos F
Solt 7ªs Publ D Estudante 0
Evangélica/semanal
3 15 anos F Solt 1ºC Publ N Estudante e
ajuda mãe
(bijuterias)
0 Católico/semanal
4 15 anos F Solt 1ºC Part. D Estudante 0 Católica/esporadicam
ente
5 15 anos
F
Solt
1ºC Part. D Estudante
0
Católica/semanal
6 15 anos F Solt 1ºC Part. D Estudante 0 Católica/não
freqüenta
7 15 anos F Solt 7ªs Publ D Estudante 1 Católica/semanal
8 15 anos M Solt 1ºC Part. D Estudante 0 Católico/quinzenal
9 16 anos M Solt 2ºC Part. D Estudante 0 Católico/não
freqüenta
10 16 anos F Solt 2ºC Part. D Estudante 0 Batista/semanal
11 16 anos F Solt 1ºC Part. D Estudante 0 Católica/semanal
12 16 anos F Solt 1ºC Part. D Estudante 0 Católico/semanal
13 16 anos F Solt 1º C Part. D Estudante 0 Católica/esporadicam
ente
14 16 anos F Solt 2ºC Publ N Estudante/
enfeite calçado
0 Católica/quinzenalme
nte
15 16 anos F Solt 2ºC Part D Estudante/ ajuda
na loja
0 Católica/semanal
16 17 anos M Solt 3ºC Part D Estudante 0 Espírita/semanal
17 17 anos M Solt 3ºC Part D Estudante 0 Católico/não
freqüenta
18 17 anos F Solt 3ºC Part D Estudante/ajuda
na loja
0 Espírita/semanal
19 17 anos F Solt 3ºC Part D Estudante 0 Espírita/esporadicam
ente
20 17 anos M Solt 3ºC Part D Estudante 0 Não tem
21 17 anos F Solt 3ºC Part D Estudante 0 Católica/não
freqüenta
22 17 anos F Solt 3ºC Publ D Estudante/ dama
de companhia
0 Católica/não
frequenta
23 17 anos F Solt 3ºC Part D Estudante 0 Católica/não
freqüenta
24 17 anos F Solt 3ºC Part D Estudante 0 Católica/esporadicam
ente
25 17 anos M Solt 3ºC Part D Estudante 0 Espírita/semanal
26 17 anos F Solt 3ºC Part D Estudante 0 Espírita/não
freqüenta
27 17 anos M Solt 3ºC Part D Estudante 0 Católico/semanal
28 17 anos M Solt 3ºC Publ D Estudante 0 Protestante/quinzenal
mente
112
29 18 anos F Solt 1ºC Publ N Estudante 0 Espírita/semanal
30 18 anos M Solt 2ºC Publ N Estudante 0 Católico/não
freqüenta
31 18 anos F Solt 3ºC Part D Estudante 0 Católica/esporadicam
ente
32 16 anos M Solt 3
o
C Publ D Estudante o Não tem
Legenda:
Solt = solteiro (a)
Publ = pública
D = diurno
N = noturno
113
APÊNDICE C
Caracterização da família dos adolescentes residentes na Zona Rural
Partic
ipante
Pessoas
Família
Renda
familiar
aproximada
(SM)
Média
renda
familiar
por
membros
da casa
Moradia
Escolaridade pais
Membros
familiares (além
do adolescente)
1 4 2 sm R$180,00 Casa
Própria
Pai: 1º GI
Mãe: 1º GI
Pai, mãe e 1 irmão
2 4 1,5 sm R$125,00 Casa
Própria
Pai: 1º GC
Mãe: 1º GI
Pai, mãe e 1 irmão
3 4 Não sabe Não sabe Casa
Própria
Pai: cursando
supletivo
Mãe: técnico
Pai, mãe e 1 irmã
4 8 Não sabe Não sabe Patrão
fornece
Padrasto: não sabe
Mãe: 1º GI
Padrasto, mãe, 2
irmãs e pais
padrasto (avós)
5 5
1,5 sm
R$100,00 Patrão
fornece
Pai: 1º GI
Mãe: 2º GC
Pai, Mãe e 2
irmãos
6 3 3,5 sm R$400,00 Casa
Própria
Pai: 1º GC
Mãe: 2º GI
Pai e mãe
7 4 3,5 sm R$300,00 Casa
Própria
Pai: 1º GI
Mãe: 1º GI
Pai, mãe e 1 irmão
8 5 2,5 sm R$180,00 Casa
Própria
Pai: 1º GI
Mãe: 1º GI
Pai, mãe e 2
irmãos
9 4 2,5 sm R$238,00 Casa
Própria
Pai: 1º GI
Mãe: 1º GI
Pai, mãe e 1 irmã
10 4 3 sm R$263,00 Casa
Própria
Pai: 1º GC
Mãe: 2º GC
Pai, mãe e 1 irmã
11 4 2,5 sm R$200,00 Casa
Própria
Pai: 1º GC
Mãe: 1º GI
Pai, mãe e 1 irmã
12 4 4 sm R$375,00 Casa
Própria
Pai: 1º GC
Mãe: 1º GI
Pai e mãe
Irmão (outra
cidade)
13 4 1,4 sm R$125,00 Casa
Própria
Pai: 1
o
GI
Mãe: 1
o
GI
Pai, mãe e irmão
14 5 5 sm R$360,00 Casa
Própria
Pai: Superior C
Mãe: 2
o
GC
Pai, mãe, irmã e
avó
15 5 4,5 sm R$310,00 Patrão
fornece
Pai: 1
o
GI
Mãe: 1
o
GC
Pai, mãe, irmão e
primo
16 4 2 sm R$162,00 Patrão
fornece
Pai: 1
o
GI
Mãe: 1
o
GI
Pai, mãe e irmão
114
APÊNDICE D
Caracterização da família dos adolescentes residentes na Zona Urbana
Partic
ipante
Pessoas
Família
Renda
familiar
aproximada
(SM)
Média
renda
familiar
por
membros
da casa
Moradia
Escolaridade pais
Membros
familiares (além
do adolescente)
1 4 3,5 sm R$312,5 Casa
Própria
Padrasto: 2º GI
Mãe: 1º GI
Padrasto, mãe, 1
irmão
2 4 2 sm R$187,5 Casa
Alugada
Pai: 1º GI
Mãe: 1º GI
Pai, mãe e 1 irmã
3 5 5,5 sm R$392,00 Casa
Própria
Mãe: 1ºGI Mãe, 1 tio e 2 tias
4 4 Não sabe Não sabe Casa
Própria
Pai: Superior C
Mãe: Superior C
Pai, mãe e 1 irmã
5 5
Não sabe
Não sabe Casa
Própria
Pai: Superior C
Mãe: Superior C
Pai, Mãe e 2 irmãs
6 5 11,5 sm R$800,00 Apto
Alugada
Pai: Superior C
Mãe: 2º GC
Pai, mãe e 2
irmãos
7 6 3 sm R$166,7 Casa
Própria
Pai: 1º GI
Mãe: 1º GI
Pai, mãe, 2 irmãos
e 1 filha
8 4 3 sm R$250,00 Apto
financiado
Pai: 2º GC
Mãe: 2º GC
Pai, mãe e 1 irmã
9 4 14 sm R$1250,0 Apto
Própria
Pai: Superior C
Mãe: Superior C
Mãe
10 3 3 sm R$366,7 Casa
Própria
Padrasto: Superior
C
Mãe: Superior C
Padrasto e mãe
11 5 14 sm R$1000,0 Casa
Própria
Pai: 2º GC
Mãe: 2º GC
Pai, mãe e 2
irmãos
12 4 2 sm R$162,5 Apto
Alugada
Pai: 1º GC
Mãe: 1º GC
Pai, mãe e 1irmã
13 4 6 sm R$500,00 Casa
Própria
Pai: 2º GI
Mãe: 2º GI
Pai, mãe e 1 irmão
14 4 2,5 sm R$223,8 Casa
Própria
Pai: 1º GI
Mãe: 2º GC
Pai, mãe e 1 irmão
15 4 6 sm R$500,00 Casa
Alugada
Pai: Superior C
Mãe: 2º GC
Pai, mãe e 1 irmã
16 5 14 sm R$1000,0 Casa
Alugada
Não moram junto 1 tia, 2 primos e 1
avô Paterno
17 5 6 sm R$400,00 Casa
Própria
Pai: 1º GC
Mãe:1º GC
Pai, mãe, 1 irmã e
1 sobrinho
18 5 7 sm R$500,00 Casa
Própria
Mãe: 2º GC Mãe, 1 tio e avós
Maternos
19 4 12 sm R$1075,0 Casa
Própria
Pai: Superior C
Mãe Superior C
Pai, mãe
(irmã mora fora)
20 5 11,5 sm R$800,00 Casa
Própria
Pai: Superior C
Mãe: 2º GC
Pai, mãe e 2
irmãos
21 3 6 sm R$733,4 Apto
Própria
Mãe: Superior C Mãe e 1 irmão
22 5 10 sm R$690,00 Casa
Própria
Pai: 1º GI
Mãe: 2º GI
Pai, mãe e 2
irmãos
115
23 7 20 sm R$1000,0 Casa
Própria
Mãe: 2º GI Mãe, 2 irmãos, 2
tios e avó Materna
24 4 14 sm R$1250,0 Casa
Própria
Pai: Superior C
Mãe: Superior C
Pai, mãe e 1 irmão
25 5 37 sm R$2600,0 Casa
Própria
Pai: Superior C
Mãe: Superior C
Pai, mãe e 2
irmãos
26 3 10 sm R$1167,0 Casa
Própria
Mãe: Superior C Mãe e avô materno
27 3 18,5 sm R$2167,0 Casa
Própria
Pai: 2º GC
Mãe: Superior C
Pai e mãe (1 irmão
mora fora)
28 5 3,5 sm R$240,00 Casa
Alugada
Pai: Superior C
Mãe: Superior C
Pai, mãe e 2 irmãs
29 7 7 sm R$350,00 Casa
Própria
Mãe: 1º GC Mãe, 3 tios, 2 tias
e 1 prima
30 4 8,5 sm R$750,00 Casa
Própria
Pai: 1º GC
Mãe: 1º GI
Pai, mãe e 1 irmão
31 3 7 sm R$833,3 Casa
Alugada
Pai: 2º GC
Mãe: 2º GI
Pai e mãe
32 4 8 sm R$700,00 Casa
Própria
Pai: 2
o
GC
Mãe: 2
o
GC
Pai, mãe e irmão
Salário Mínimo (SM) = R$ 350,00
116
APÊNDICE E
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Eu,________________________________________________________________________
___
portador (a) de RG _________________________, residente à Rua:
_______________________________________________________,
___________________,
na cidade _________________, Estado ____________ concordo em participar da pesquisa :
“Famílias de zona rural e urbana: características e concepções de Adolescentes”, que tem
como objetivo geral caracterizar e conceituar famílias a partir da visão de adolescentes de
diferentes níveis sócio-econômico, residentes na zona rural e zona urbana. Serão aplicados um
questionário de caracterização do sistema familiar e um roteiro de entrevista de conceituação
familiar, que será gravada e posteriormente transcrita. O nome do participante, bem como do
responsável (caso participante seja menor de idade), serão mantidos em sigilo. A pesquisadora
estará à disposição para esclarecer qualquer dúvida que possa surgir durante o processo.
Estou ciente que minha participação é voluntária e dela posso desistir a qualquer momento,
sem explicar os motivos, não havendo nenhum prejuízo.
Data: ____/____/____
__________________________________________________
Assinatura do participante (ou responsável)
Pesquisadora
: Vanessa Marques Gibran Faco
End: Rua Santos Dumont, 810F – Centro, Birigui/SP
Fone: (18) 3644-4953 e-mail: vanessafaco@yahoo.com.br
Orientadora: Profª Drª. Lígia Ebner Melchiori
End: Rua Aviador Mário Fundagem Nogueira, 7-36, Apto 31 – Jd América, Bauru/SP
Fone: (14) 3227-5164 e-mail: lmelch@terra.com.br
117
APÊNDICE F
Questionário de Caracterização do Sistema Familiar *
1 – Identificação
Nome (iniciais): __________________________________________________________________________________________
Data de Nascimento: ____/____/______ Idade: ______________________________________________________
Residência: Área Urbana ( ) Bairro Nobre ( ) Periferia
Área Rural__________________________________ (especificar)
Há quanto tempo reside nesta localidade? ______________________________________________________________________
Aplicador: ______________ Data: ____/____/_____ Início: ____hs _____min. Término: ____hs _____min
2 – Dados Demográficos
Estado Civil Atual:
a)- ( ) casados ( ) vivem juntos ( ) separados/divorciados ( ) viúvo ( ) solteiro
b)- ( )1º companheiro(a) ( )2º companheiro(a) ( )3º companheiro(a) ( )4º companheiro(a) ou +
c)- Há quanto tempo você vive com seu(ua) companheiro(a) atual? (anos e meses) _____________________________________
d) – Quantos filhos teve com cada companheiro(a)? ______________________________________________________________
3 – Constelação Familiar
a)- Número de pessoas na família: ____________________________________________________________________________
b)- Quem mora na casa:
Biológico Adotivo Materno Paterno Quantidade quanto tempo Idade Sexo
Pai
Mãe
Irmão(s)
Tio(s)
Tia(s)
Primo(s)
Prima(s)
Padrasto
Madrasta
Avô
Avó
Babá/empregada
Outros
4 – Escolaridade
EFI EFC EMI EMC NS Analf. Creche Pré escola
Privada
Pública
Noturno
Diurno
Integral
__________________________________
* Adaptado do Questionário de Maria Auxiliadora Dessen
118
Legenda
EFI – ensino fundamental incompleto
EFC – ensino fundamental completo
EMI – ensino médio incompleto
EMC – ensino médio completo
NS – nível superior
Analf. – Analfabeto
5- Ocupação Atual
Categorias
Entrevistado * * * * *
I Serviços Básicos
Administrativos
Serviços técnicos em geral
Serviços de comércio e venda
Operacionais gerais
Serviços de beleza
2 Profissionais liberais
3 Profissionais da educação
4 Trabalho em casa
5 Desempregado (o que fazia)
6 Aposentado (o que fazia)
* Demais membros da família
Entrevistado:
Há quanto tempo está nesta ocupação? ________________________________________________________________________
Horas de trabalho por dia: __________________________________________________________________________________
Quantos dias na semana: ( )2ª a 6ª ( )2ª à sábado ( )2ª à domingo ( )trabalho por escala
6 – Religião:
( ) Não ( ) Sim Qual?____________________________________________________________________
7 – Renda Familiar Atual (por mês):
Entrevistado: ________________________________________________________________________________________
Outros (que contribuam): Quem? ________________________________________________________________________
Valor – R$:__________________________________________________________________________________________
Total – R$ ___________________________ Em salários mínimos:_____________________________________________
Obs: Identificar a renda de cada membro da família.
8 – Moradia
a)- Tipo de moradia: ( ) Casa ( ) Apartamento ( ) Barraco ( ) Sem teto
b)- Situação da moradia: ( ) Própria ( ) Alugada ( ) Invasão ( ) Outros
9 -
Com quem a família compartilha as atividades de lazer?
( ) Todos os membros da família
(que residem no mesmo local)
( ) Apenas mãe e filhos
( ) Apenas pai e filhos
( ) Toda família com avós
( ) Toda família com parentes em geral
( ) Toda família com amigo
119
10 – Divisão das Tarefas de Casa
a)- Afazeres Domésticos Mãe Pai Irmão Amigos Empregada Vizinhos Outros (especificar)
Limpar a casa
Cozinhar
Lavar/Passar Roupas
Comprar Comida
Orientar a empregada nas
tarefas domésticas
b)- A família tem empregada doméstica?
( ) Sim ( ) Não
Há quanto tempo?
________________________________________________________________________________________
Período de tempo: ( ) Integral ( ) Parcial ( )Diarista
c)- Características da Rede Social de Apoio do Adolescente: (Com quem você conta quando precisa de
ajuda?)
Membros familiares Tipo de Apoio
Membros extrafamiliares Tipo de apoio
11 – Dados de Saúde da família
a)- Uso de substâncias na família:
Tipo de substância Membros da família
Entrevistado * * * * * * * *
Cigarro
Álccol
Drogas
*Demais membros da família
b)- Tipos de atendimento às famílias:
Tipos de atendimento
Entrevistado * * * * * * *
Médico
Psicólogo/Psiquiátrico
Outros
*Demais membros da família
120
c)- Doenças na família:
Doenças Membros da família
Entrevistado * * * * * * *
Cardiovascular
Transtornos mentais e de
comportamento
Respiratórias
Ósteo-musculares
Alergias
Endócrina-hormonal
Deficiências/Síndromes
Outras
*Membros da família
12 – Sobre os Eventos Ocorridos com a Família em Geral
Evento Nos últimos 6 meses De 6 a 12 meses mais de 1 ano
(especifique)
Nunca
aconteceu
Mudança de cidade
A mãe começou a trabalhar fora de casa
Perda de emprego de um dos membros
(especificar)_________________________
Problemas financeiros
Nascimento
Hospitalização na família
Morte na família
a)- Companheiro,
b)- mãe ou pai,
c)- irmãos,
d)- avós,
e)- amigos íntimos
f)-outros (especifique)_________________
Outras experiências que tiveram impacto na sua vida.
Liste-as:
a)-
b)-
c)-
121
APÊNDICE G
Roteiro de Entrevista de Conceituação Familiar
I- Perguntas abertas a respeito de concepção familiar, papéis que cada membro desempenha, grau de satisfação
com a própria família e percepção dos novos arranjos familiares.
1 – O quê é família para você?
2 - Quem faz parte da sua família?
3 – O quê é ser mãe?
4 – O quê é ser pai?
5- O quê é ser avô?
6- O quê é ser avó?
7 – O quê é ser filho(a)?
8 – E irmão(ã)?
9 – Como é a sua família? Você está satisfeito(a) com ela?
10 - Nos tempos modernos, tem surgido vários arranjos como casais homossexuais, casais morando em casas
separadas, com ou sem filhos, mulheres que decidem ter e criar filhos sozinhas (produção independente). Você
considera estes tipos de arranjos como sendo uma ‘família’? Por quê?
II- Resposta com auxílio de uma lista.
1 - Da lista abaixo, quem você considera membro de sua família?
2 - Caso você tivesse, quem você consideraria como membro de sua família?
( ) Pai e Mãe biológicos
( ) Padrasto e Madrasta
( ) Irmãos biológicos
( ) Irmãos adotivos
( ) Tios e Tias
( ) Avôs e Avós
( ) Primos e Primas
( ) Outros parentes: _______________________________________________________________________
( ) Amigos
( ) Empregada
( )Animais de estimação: Qual(is)____________________________________________________________
( ) Outros
(especificar):________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
122
APÊNDICE H
Respostas dos adolescentes residentes na Zona Rural
ADOLESCENTE
RESPOSTA
ESPONTÃNEA
RESPOSTA COM AJUDA DE LISTA
__________
Membros que compõem a
família
Quem você considera
membro da sua família
Que outras pessoas
você consideraria da
família (caso
hipotético)
1 Pai, mãe, irmão, tios Pai, mãe, irmãos
(biológicos), tios, avós,
primos, parentes
distantes, amigos e
animais de estimação
Padrasto e madrasta (se
fossem legais e dessem
apoio), irmãos adotivos
e empregada
2 Pai, mãe e filhos Pai, mãe, irmãos
(biológicos), tios, avós,
primos, parentes
distantes, amigos e
animais de estimação
Padrasto, madrasta,
irmãos adotivos e
empregada
3 Pai e mãe Pai, mãe, irmãos
(biológicos), tios, avós,
primos, parentes
distantes, amigos e
animais de estimação
Irmãos adotivos e
empregada
4 Pai, mãe, avós e irmãos Pai, mãe, padrasto,
irmãos (biológicos), tios,
avós, primos, parentes
distantes, animais de
estimação, madrinha e
padrinho
Irmãos adotivos e
empregada
5 Pai, mãe e irmãos Pai, mãe, irmãos
(biológicos), tios, avós,
primos, parentes
distantes, amigos e
animais de estimação
Empregada (se ela
fosse boa)
6 Pai, mãe, avós e tias Pai, mãe, tios, avós,
primos, parentes
distantes, amigos e
animais de estimação
Irmãos biológicos e
adotivos e empregada
7 Pai, mãe e filho Pai, mãe, irmãos
(biológicos), tios, avós,
primos, amigos
Padrasto, madrasta,
irmãos adotivos,
empregada e animais
de estimação
8 Pai e mãe Pai, mãe, irmãos
(biológicos), tios, avós,
primos, parentes
distantes, amigos
(alguns) e animais de
estimação
Padrasto, madrasta,
irmãos adotivos e
empregada
9 Pai e mãe Pai, mãe, irmãos
(biológicos), tios, avós,
primos, amigos
Padrasto, madrasta,
irmãos adotivos e
empregada
(dependendo de tempo
123
de trabalho na casa)
10 Pai e mãe Pai, mãe, irmãos
(biológicos), tios, avós,
primos, parentes
distantes
Irmãos adotivos
11 Pai, mãe e irmãos Pai, mãe, irmãos
(biológicos), tios, avós,
primos, parentes
distantes
Irmãos adotivos e
animais de estimação
12 Pai, mãe e filhos Pai, mãe, irmãos
(biológicos), tios, avós,
primos, parentes
distantes, amigos e
animais de estimação,
namorada
Padrasto e madrasta (se
um dos pais tivesse
falecido), irmãos
adotivos e empregada
13 Pai, mãe, irmãos, tios,
avós
Pai, mãe, irmãos
(biológicos), tios, avós,
primos, amigos
Padrasto, madrasta,
irmãos adotivos,
empregada e animais
de estimação
14 Pai, mãe, tios, avós, todo
mundo
Pai, mãe, irmãos
(biológicos), tios, avós,
primos, parentes
distantes, amigos e
animais de estimação
Padrasto, madrasta,
irmãos adotivos e
empregada
15 Pai e mãe Pai, mãe, irmãos
(biológicos), tios, avós,
primos, parentes
distantes, amigos e
animais de estimação
Padrasto, madrasta,
irmãos adotivos e
empregada
16 Pai, mãe, irmão, amigos e
animal de estimação
Pai, mãe, irmãos
(biológicos), tios, avós,
primos, parentes
distantes, amigos e
animais de estimação
Padrasto e madrasta,
irmãos adotivos
124
APÊNDICE I
Respostas dos adolescentes residentes na Zona Urbana
ADOLESCENTE RESPOSTA
ESPONTÃNEA
RESPOSTA COM AJUDA DE LISTA
__________
Membros que compõem a
família
Quem você considera
membro da sua família
Que outras pessoas você
consideraria da família
(caso hipotético)
1 Pessoas boas e
compreensivas, parentes e
amigos
Pai, mãe, padrasto,
madrasta, irmãos
(biológicos), tios, avós,
primos, parentes distantes,
animais de estimação
Irmãos adotivos e
empregada
2 Pai, mãe, irmão, tios, avós e
primos
Pai, mãe, irmãos
(biológicos), tios, avós,
primos, parentes distantes,
amigos, namorado, sogra e
cunhados
Irmãos adotivos,
empregada e animais de
estimação
3 Pai, mãe e filhos Tios, avós, primos, alguns
amigos
Irmãos biológicos e
adotivos, empregada
4 Pai, mãe, irmã, avó e tios Pai, mãe, irmãos
(biológicos), tios, avós,
primos, amigos,
empregada, animais de
estimação
Padrasto, madrasta e
irmãos adotivos
5 Pai, mãe e irmãos Pai, mãe, irmãos
(biológicos), tios, avós,
primos, parentes distantes,
amigos, empregada,
animais de estimação
Padrasto e madrasta (se
tratassem bem) e irmãos
adotivos
6 Parentes e amigos Pai, mãe, irmãos
(biológicos), tios, avós,
primos, amigos, animais
de estimação
Padrasto, madrasta e
irmãos adotivos
7 Pai, mãe, avós, filha, irmãos e
tios
Pai, mãe, irmãos
(biológicos), tios, avós,
primos, parentes distantes,
amigos (mais próximos),
animais de estimação
Padrasto, madrasta,
irmãos adotivos e
empregada (se morasse
junto)
8 Pai, mãe, avós e tios Pai, mãe, irmãos
(biológicos), tios, avós,
primos, amigos,
empregada, animais de
estimação
Irmãos adotivos
9 Pai, mãe e filhos Pai, mãe, irmãos
(biológicos), tios, avós,
primos, tios avós, primos
de 3
o
grau, amigos
próximos,empregada
Irmãos adotivos e
animais de estimação
10 Pai, mãe e avós Pai, mãe, padrasto,
madrasta, irmãos
biológicos, tios, avós,
primos, animais de
estimação, namorado e
família dele
Irmãos adotivos,
empregada
11 Amigos, parentes e vizinhos Pai, mãe, irmãos
(biológicos), tios, avós,
primos, parentes distantes,
amigos e animais de
estimação
Padrasto, madrasta e
irmãos adotivos
125
12 Pai, mãe e filhos Pai, mãe, irmãos
(biológicos), tios, avós e
animais de estimação
Irmãos adotivos (se
fossem criados juntos
desde pequeno)
13 Pai, mãe e tios Pai, mãe, irmãos
(biológicos), tios, avós,
primos, primos de 3
o
grau,
amigos, empregada,
animais de estimação
Irmãos adotivos
14 Pai, mãe e filhos Pai, mãe, irmãos
(biológicos), tios, avós,
primos de 2
o
e 3
o
graus,
animais de estimação,
namorado e família dele
Irmãos adotivos e
empregada
15 Pai e mãe Pai, mãe, irmãos
(biológicos), tios, avós,
primos, amigos,
empregada, animais de
estimação
Irmãos adotivos
16 Pai e mãe Pai, mãe, padrasto, irmãos
(biológicos), alguns tios,
avós, primos, tia 4
o
grau,
amigos
Irmãos adotivos
17 Pai e mãe Pai, mãe, irmãos
(biológicos), tios, avós,
primos, amigos, animais
de estimação, namorada
Irmãos adotivos e
padrasto e madrasta (se
fossem legais)
18 Pai, mãe e filhos Pai, mãe, irmãos
(biológicos), tios, avós,
primos, tia avó, animais de
estimação, namorado e
tios dele
Irmãos adotivos e
empregada
19 Pai, mãe, avós, primos, tios Pai, mãe, irmãos
(biológicos), tios, avós,
primos, amigos,
empregada, animais de
estimação, namorado
Padrasto, madrasta e
irmãos adotivos
20 Pai, mãe, irmãos, namorado e
amigo
Pai, mãe, irmãos
(biológicos), tios, avós,
primos, amigos, animais
de estimação
Padrasto, madrasta e
irmãos adotivos
21 Pai, mãe e filhos Pai, mãe, irmãos
(biológicos), tios, avós,
primos, parentes distantes,
amigos (alguns),
empregada
Irmãos adotivos
22 Pai, mãe, irmãos, avós e tios Pai, mãe, irmãos
(biológicos), tios, avós,
primos, parentes distantes,
animais de estimação,
namorado
Padrasto e madrasta (se
não fossem chatos) e
irmãos adotivos
23 Todos os parentes Pai, mãe, padrasto e
madrasta, irmãos
(biológicos), tios, avós,
primos, parentes distantes,
amigos, animais de
estimação
Irmãos adotivos e
empregada
24 Pai, mãe e irmãos Pai, mãe, irmãos
(biológicos), tios, avós,
primos, amigos,
empregada
Padrasto, madrasta e
irmãos adotivos
126
25 Pai e mãe Pai, mãe, irmãos
(biológicos), tios, avós,
primos, parentes distantes,
amigos, empregada
Irmãos adotivos
26 Parentes e amigos Pai, mãe, irmãos
(biológicos), tios, avós,
primos, parentes distantes,
amigos, empregada,
animais de estimação
Padrasto, irmãos adotivos
27 Pai, mãe, avós e tios Pai, mãe, irmãos
(biológicos), tios, avós,
primos, parentes distantes,
amigos, namorada
Padrasto, madrasta e
irmãos adotivos
28 Pai e mãe Pai, mãe, irmãos
(biológicos), tios, avós,
primos, parentes distantes
Padrasto, madrasta e
irmãos adotivos
29 Pai e mãe Mãe, tios, avós, primos,
parentes distantes, amigos,
animais de estimação
Padrasto, madrasta e
irmãos biológicos
30 Pai, mãe irmãos, tios, avós e
primos
Pai, mãe, irmãos
(biológicos), tios, avós,
primos, amigos,
Irmãos adotivos e
empregada
31 Pai, mãe, tios, avós Pai, mãe, tios, avós,
primos, amigos, animais
de estimação
Padrasto, irmãos
biológicos e adotivos e
empregada
32 Pai e mão Pai, mãe, irmãos, tios,
avós, primos, amigos,
animais de estimação e
namorada
Padrasto, irmãos adotivos
e empregada
127
APÊNDICE J
Lista de Categorias
1)- Suporte Emocional/Afetivo: quando o adolescente descreve que encontra pessoa(s) com
quem pode contar, que o orienta(m) em questões emocionais, dá(ão) amor, carinho, apoio,
com quem se sente bem e que ajuda(m) no crescimento pessoal ou que ele desempenha esse
papel.
2)- Suporte Educativo e para Atividades Diárias: quando se refere a pessoa(s) que ensinam
ou aprendem regras sociais, estabelecem limites, ajudam nas atividades escolares, ensinam a
controlar o dinheiro e exercem atividades rotineiras como: levar nos lugares, acordar para ir
para escola, colocar para dormir.
3)- Fonte de Alegria/Paz: quando descreve um local ou pessoas com quem encontra
felicidade, alegria, paz, tranqüilidade.
4)- Fonte de Conflitos: quando descreve um local ou pessoas onde ocorrem brigas, confusões
ou problemas de comportamento.
5)- Desempenha Atividades Domésticas: quando descreve serviços domésticos ligados ao
cuidado da casa.
6)- Atributos Pessoais Positivos: quando descreve com adjetivos positivos aspectos da
personalidade ou comportamento de algum membro familiar.
7)- Atributos Pessoais Negativos: quando descreve com adjetivos negativos aspectos da
personalidade ou comportamento de algum membro familiar.
8)- Dar suporte financeiro: quando descreve atividades realizadas por membro familiar com
objetivo de manter a casa, fornecer coisas materiais para o filho, trabalhar com objetivo de
ganhar dinheiro.
9)- Satisfação pessoal: quando o adolescente descreve que o papel de mãe é extremamente
prazeroso, uma coisa maravilhosa.
10)- Comparação com outro membro familiar: quando o adolescente descreve algum
membro familiar em comparação com outro membro da família.
11)- Desempenha atividades prazerosas com o neto: quando o adolescente descreve
atividades realizadas pelos avós com os netos, onde estes curtem sem necessidade de educar,
visando o divertimento com brincadeiras, histórias, passeios e encontros..
12)- Presenteia netos: quando descreve o comportamento dos avós de dar coisas materiais
aos netos ou em forma de dinheiro ou em vestuário e alimentação.
13)- Tirar autoridade dos pais: quando descreve atitudes de proteção ou interferência dos
avós em relação aos netos que acabam desautorizando os pais.
128
14)- Respeitar/compreender as expectativas: quando o adolescente descreve que têm que
atender as expectativas dos genitores e avós.
15)- Agradar e ser grato: quando os adolescentes descrevem atitudes afetivas em relação aos
pais em retribuição ao que recebem.
16)- Trabalhoso: quando se refere à dificuldade em ser filho ou trabalho que dão para os
pais.
17)- Prazeroso/sem responsabilidade: quando se refere que é muito bom ser filho ou irmão
e/ou não tem responsabilidade.
18)- Fonte de briga/entendimento: quando descreve que na Família ocorrem situações que
oscilam entre conflitos e entendimentos.
20)- Desunião: quando descreve a relação entre os membros familiares de maneira
individualista, sem união e afeto.
21)- Amigo/confidente: quando descreve a relação entre os irmãos através de
comportamentos de diálogo, onde são guardados segredos, atividades realizadas em conjunto,
um contando com o outro, com apoio incondicional.
22)- Outros: respostas que não se enquadram nas categorias anteriores.
129
ANEXO 1
A seguir, encontra-se o documento de aprovação do Projeto pelo Comitê de Ética.
Houve alteração do título por julgar que a proposta inicial não seria possível de realizar no
tempo hábil. Entretanto, é importante ressaltar, que não houve alteração dos instrumentos e da
metodologia proposta inicialmente. Apenas foi selecionada uma fase do desenvolvimento
humano, no caso a Adolescência.
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