Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
UNESP – CAMPUS BAURU
MARIA ALICE FERRAZ TROIJO
A INFLUÊNCIA DA ESCOLARIDADE NO DESENVOLVIMENTO DE
CRIANÇAS CONTAMINADAS POR CHUMBO
BAURU
2007
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
MARIA ALICE FERRAZ TROIJO
A INFLUÊNCIA DA ESCOLARIDADE NO DESENVOLVIMENTO DE
CRIANÇAS CONTAMINADAS POR CHUMBO
BAURU
2007
Dissertação apresentada ao Programa de s
-
Graduação em Psico
logia do Desenvolvimento e
Aprendizagem da Universidade Estadual Paulista
“Júlio de Mesquita Filho”
Faculdade de
Ciências, Bauru, SP, como parte dos registros
para obtenção do título de Mestre.
Área de Concentração
:
Desenvolvimento:
Comportamento e Saúde.
Orientadora: Profa. Dra. Olga Maria Piazentin
Rolim Rodrigues.
ads:
DIVISÃO TÉCNICA DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO
UNESP – BAURU
Troijo, Maria Alice Ferraz.
A influência da escolaridade no desenvolvimento de
crianças contaminadas por chumbo / Maria Alice Ferraz Troijo,
2007.
143 f.
Orientador: Olga Maria Piazentim Rolim Rodrigues.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual Paulista.
Faculdade de Ciências, Bauru, 2007.
1. Crianças – Desenvolvimento. 2. Educação pré-escolar. 3.
Chumbo no organismo. 4. Inventário Portage operacionalizado. I
– Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Ciências. II -
Título.
Ficha catalográfica elaborada por Maria Marlene Zaniboni – CRB-8 4962
MARIA ALICE FERRAZ TROIJO
A INFLUÊNCIA DA ESCOLARIDADE NO DESENVOLVIMENTO DE
CRIANÇAS CONTAMINADAS POR CHUMBO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia do
Desenvolvimento e Aprendizagem da Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho” Campus de Bauru. Área de Concentração: Desenvolvimento:
Comportamento e Saúde.
COMISSÃO EXAMINADORA
________________________________________________
Dra. Olga Maria Piazentin Rolim Rodrigues.
Orientadora – Presidente da banca
____________________________________________
Dra. Patrícia Abreu Pinheiro Crenitte – USP Bauru
2ª. Examinadora
_________________________________________________
Dra. Tânia Gracy Martins do Valle – UNESP Bauru
3ª. Examinadora
Dissertação defendida e aprovada em: ____/_____/____
DEDICATÓRIA
Ao meu marido Donizetti e aos meus filhos
Heloisa e Eduardo pelo apoio incondicional
!
AGRADECIMENTOS
À minha família, meu marido e meus filhos pelo carinho, apoio, compreensão,
incentivo durante toda minha caminhada profissional e durante este trabalho. Vocês são
muito especiais para mim. Ao meu irmão Plínio, minha mãe Ivandira e meu falecido pai
João (in memorian), pelo incentivo e força em todos os momentos de minha vida; e ao
meu querido padrasto, pelo apoio em muitos momentos da minha rotina diária.
À professora doutora Olga Maria Piazentin Rolim Rodrigues, orientadora e
amiga em todos os momentos de aprendizagem, pela atenção, dedicação competência, e
disciplina na realização deste trabalho. Minha gratidão e admiração por sua paixão pela
pesquisa.
Às professoras doutoras Tânia Gracy e Carmem Neme pelas contribuições para
esse trabalho e pelos valiosos ensinamentos ao longo do curso de Pós-Graduação.
Aos docentes do curso de Pós-Graduação em Psicologia do Desenvolvimento e
Aprendizagem, minha gratidão pelos ensinamentos e dedicação à pesquisa. Aos colegas
desse curso, a satisfação em compartilhar conhecimentos e experiências.
À grande amiga e psicóloga Luciana Côrrea Marques minha gratidão pelo apoio
e troca de conhecimento que colaborou muito na realização deste trabalho.
Aos funcionários da secretaria de Pós-Graduação da Faculdade de Ciências, pelo
auxílio constante e disponibilidade nos serviços prestados.
Ao professor doutor Manoel Henrique Salgado, do Departamento de Engenharia
de Produção da Universidade Estadual Paulista, pelas análises estatísticas.
À coordenação da Unidade Psicossocial do Hospital Estadual Bauru, minha
gratidão pelo apoio durante esta pesquisa e as minhas colegas de trabalho pela atenção,
colaboração, compreensão e amizade durante essa caminhada.
À equipe de professores, funcionários e estagiários do Projeto “Atendimento
emergencial a crianças de 0 a 12 anos contaminadas por chumbo: avaliação psicológica
e acompanhamento”, pelo notável profissionalismo e engajamento.
Aos funcionários da Clínica de Psicologia Aplicada (CPA/UNESP) e à
Psicóloga Telma pela disponibilidade e apoio fundamental à realização desta pesquisa.
Às crianças e suas famílias, participantes deste estudo, pela confiança,
disponibilidade e preciosas colaborações.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Descrição do nível de chumbo e o tratamento que deve ser dispensado
à criança....................................................................................................
31
Quadro 2 Problemas de saúde relatados pelas mães.................................................
93
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Distribuição dos participantes do GCC por gênero e nível de
contaminação............................................................................................
59
Figura 2 Desempenho Geral no IPO por gênero para o GCC................................. 72
Figura 3 Desempenho nas áreas específicas de desenvolvimento do IPO para o
GCC..........................................................................................................
73
Figura 4
Desempenho Geral no IPO do GCNC por gênero.
.........................................
74
Figura 5 Desempenho no IPO do Grupo GCNC por área.......................................
75
Figura 6 Desempenho Geral no IPO para os grupos GCC e GCNC....................... 76
Figura 7 Desempenho no IPO por áreas do grupo GCC (contaminados) e do
grupo GCNC (não contaminados)............................................................
77
Figura 8 Desempenho Geral no IPO do GCC1 (com escola) e do GCC2 (sem
escola).......................................................................................................
78
Figura 9 Desempenho no IPO por áreas do desenvolvimento dos GCC1 (sem
escola) e do GCC2 (com escola)..............................................................
79
Figura 10 Desempenho do Grupo GCC, com e sem escola na área de Cognição.... 80
Figura 11 Desempenho Geral no IPO do GCC1 e do GCNC................................... 82
Figura 12 Desempenho nas áreas do IPO dos grupos GCC1 e GCNC..................... 83
Figura 13 Desempenho em Cognição no IPO dos grupos GCC1 e GCNC.............. 84
Figura 14 Desempenho Geral no IPO do GCC2 e do GCNC................................... 84
Figura 15 Desempenho nas áreas do IPO dos grupos GCC2 e GCNC..................... 85
Figura 16 Desempenho na área de cognição no IPO do GCC2 e GCNC................. 86
Figura 17 Diferença entre o desempenho esperado e obtido no IPO, por área, do
GCNC e GCC, comparando com a aquisição de linguagem....................
90
Figura 18 Diferença entre o desempenho esperado e obtido no IPO, por área, do
GCNC e GCC, comparando com a linguagem atual................................
92
Figura 19 Diferença entre o desempenho esperado e obtido no IPO, por área, do
GCC e GCNC, comparando com problemas de saúde no curso do
desenvolvimento.......................................................................................
94
Figura 20 Diferença entre o desempenho esperado e obtido no IPO, por área, do
GCC e GCNC, comparando com saúde atual...........................................
96
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Distribuição dos participantes nos grupos................................................ 57
Tabela 2 Distribuição dos participantes nos grupos considerando o gênero e a
escolaridade..............................................................................................
58
Tabela 3
Distribuição das crianças do GCC em níveis de chumbo no sangue........
59
Tabela 4 Ocorrências quanto ao tipo de gestação, nascimento e parto dos
participantes do GCC................................................................................
60
Tabela 5 Ocorrências observadas pelos pais (alimentação, sono, desenvolvimento
motor e socialização) dos participantes do GCC......................................
60
Tabela 6 Ocorrência das respostas apresentadas pelos pais dos participantes do
grupo GCC: relacionamento familiar; presença de manias, tiques e
medos; tarefas escolares...........................................................................
61
Tabela 7
Porcentagem do número de irmãos dos participantes do GCC................
61
Tabela 8 Distribuição do grupo de crianças não contaminadas (GCNC) por
gênero.......................................................................................................
62
Tabela 9 Ocorrências quanto ao tipo de gestação, nascimento e parto das
crianças do GCNC....................................................................................
62
Tabela 10
Ocorrências observadas pelos pais do GCNC (alimentação, sono,
desenvolvimento motor e socialização)....................................................
63
Tabela 11
Ocorrência das respostas apresentadas pelos pais do GCNC quanto ao
relacionamento familiar, presença de manias, tiques e medos e o
desempenho nas tarefas escolares.............................................................
63
Tabela 12
Porcentagem do número de irmãos das crianças contaminadas............... 63
Tabela 13
Desempenho nas áreas específicas de desenvolvimento do IPO do
GCC (crianças contaminadas) por gênero................................................
73
Tabela 14
Desempenho no IPO do grupo GCNC por área....................................... 75
Tabela 15
Análise estatística por área, dos grupos GCC (contaminados) e GCNC
(não contaminados)...................................................................................
76
Tabela 16
Análise estatística comparando os participantes do GCC, com escola
(GCC1) e sem escola (GCC2)..................................................................
79
Tabela.17
Análise estatística comparando nível Plubemia < 17,1µg/dl dos
participantes do grupo GCC1 (com escola) e do GCC2 (sem escola) e o
desempenho por áreas no IPO..................................................................
80
Tabela 18
Análise estatística comparando nível Plubemia > 17,1µg/dl dos
participantes do grupo GCC1 (com escola) e do GCC2 (sem escola) e o
desempenho por áreas no IPO..................................................................
81
Tabela 19
Desempenho por área no IPO do GCC1 e GCNC.................................... 83
Tabela 20
Análise estatística comparando os participantes do GCC2 com o grupo
GCNC.......................................................................................................
85
Tabela 21
Análise estatística, utilizando o Kruskal Wallis Test, comparando os
participantes do GCC1 e GCC2 com o grupo GCNC..............................
87
Tabela 22
Descrição dos resultados das crianças no IPO considerando a
escolaridade dos pais do GCNC...............................................................
87
Tabela 23
Descrição dos resultados das crianças no IPO considerando a
escolaridade da mãe GCC.........................................................................
88
Tabela 24
Comparação dos resultados das crianças dos dois grupos no IPO, em
Cognição, considerando a escolaridade dos pais......................................
88
Tabela 25
Descrição dos resultados das crianças no IPO, considerando o trabalho
da mãe fora de casa ou não.......................................................................
89
Tabela 26
Problemas na aquisição da linguagem e desempenho no IPO por áreas
do GCC e GCNC......................................................................................
90
Tabela 27
Linguagem atual e desempenho no IPO por áreas do GCC e
GCNC.......................................................................................................
92
Tabela 28
Saúde da criança no curso do desenvolvimento e desempenho no IPO,
por áreas, do GCC e GCNC......................................................................
93
Tabela 29
Saúde atual da criança e desempenho no IPO, por áreas,do GCC e
GCNC.......................................................................................................
95
RESUMO
A contaminação por chumbo é uma variável ambiental prejudicial que pode
gerar problemas de saúde e afetar o desenvolvimento adequado de crianças em todas as
suas nuances, por ser mais vulnerável aos seus efeitos. A Organização Mundial de
Saúde (OMS) considera aceitável a concentração de chumbo no sangue inferior a 10
µg/dl para crianças. O presente estudo teve como objetivo analisar os efeitos da
contaminação por chumbo e a freqüência à escola no desenvolvimento geral e áreas
específicas, em crianças com plumbemia acima de 10 µg/dl, comparando-o com
crianças com nível de chumbo abaixo de g/dl, freqüentando escola, oriundas de
condições socioeconômicas semelhantes. Participaram 49 crianças na faixa etária de
quatro a cinco anos, divididas em contaminadas (GCC) e não contaminadas (GCNC) e,
com relação à freqüência a escola (GCC1), crianças contaminadas com escola e,
(GCC2), contaminadas sem escola. Seu desenvolvimento foi avaliado pelo Inventário
Portage Operacionalizado (IPO) geral e nas áreas específicas (Desenvolvimento Motor,
Linguagem, Autocuidado, Socialização e Cognição). Os resultados mostraram que o
desenvolvimento geral do GCC e do GCNC está próximo do esperado, tanto para os
meninos quanto para as meninas. Todavia, considerando as áreas específicas do
desenvolvimento, observou-se que, em Cognição, o desempenho foi abaixo do esperado
para os dois grupos, porém, significativamente mais baixo para as crianças do GCC.
Quanto à escolaridade, comparando as crianças do GCC (GCC1 e GCC2) observaram-
se diferenças estatisticamente significativas (p<0,05) em todas as áreas específicas de
desenvolvimento, inclusive no desenvolvimento geral médio. Comparando o
desempenho de GCC1 com GCNC, constatou-se que os desempenhos foram
semelhantes, indicando que a freqüência à escola minimizou os efeitos da contaminação
por chumbo. Comparando o desempenho do GCC2 com o GCNC, constataram-se
diferenças estatisticamente significativas (p<0,05) em todas as áreas específicas,
inclusive no desenvolvimento geral médio. Analisando os efeitos de variáveis
demográficas, os resultados indicaram que a escolaridade materna influenciou o
desenvolvimento infantil, na maioria das áreas, para os dois grupos (GCC e GCNC).
Dos pais, a baixa escolaridade (analfabetos) apareceu associada ao pior desempenho em
todas as áreas para o GCC. O trabalho externo materno pareceu favorecer algumas áreas
do desenvolvimento para os dois grupos. Quanto às condições das crianças observou-se
que, em saúde, considerando as ocorrências tanto no curso do desenvolvimento quanto
atual, o GCC apresentou mais problemas de saúde e os participantes revelaram
decréscimo maior nas áreas de desenvolvimento avaliadas. Considerando problemas de
linguagem, na aquisição ou atuais, observou-se que os participantes do GCC
demonstraram desempenho abaixo do esperado, principalmente em Cognição. Os
resultados demonstraram diferenças significativas entre os grupos de crianças
contaminadas e não contaminadas, indicando os efeitos do chumbo sobre o
desenvolvimento infantil. Porém, constatou-se que a escola exerce um papel
preponderante na minimização destes efeitos.
Palavras-chave: Desenvolvimento infantil. Contaminação por chumbo. Escolaridade
infantil. Inventário Portage Operacionalizado.
ABSTRACT
Lead contamination is a harmful environmental variable which might cause health
problems and affect the proper development of children at all levels, since they are more
vulnerable to its effects. The World Health Organization (WHO) considers as
acceptable a blood concentration below 10
µg/dL for children. The present study aimed
at analyzing the effects of lead and school attendance on general development and in
specific areas, in children with lead levels above 10µg/dL compared to children with
lead levels below 5µg/dL who attend school, with similar socioeconomic conditions.
The study analyzed 49 subjects, ages ranging from four to five years old, divided into
contaminated (GCC) and non-contaminated (GCNC), and in terms of school attendance,
they were divided into contaminated at school (GCC1) and contaminated, not at school
(GCC2). Their development was evaluated by the Operationalized Portage Inventory
(OPI) in general and specific areas (Motor Development, Language, Self-care,
Socialization, and Cognition). The results showed that the general development of GCC
and GCNC is close to what was expected, for both boys and girls. However, considering
the specific areas, we observed that when it comes to Cognition, the performance was
below the expectations for both groups, and significantly lower for the GCC group. As
for the educational level, comparing children from the GCC group (GCC1 and GCC2),
we observed statistically significant differences (p<0,05) in all development specific
areas, including average general development. After comparing the performances of
GCC1 with GCNC, we found that they were similar, indicating the minimizing effect of
school on lead contamination results. After comparing the performances of GCC2 with
GCNC, we observed statistically significant differences (p<0,05) in all specific areas,
including the average general development. Considering the effects of demographic
variables, the results showed that maternal educational level influences the child
development in most areas for both groups (GCC and GCNC). When considering the
parents, low educational level was associated with the worst performance in all areas for
GCC. Maternal external work seems to help some development areas in both groups. As
for the children’s aspects, we observed that when it comes to health, both in
developmental and current matters, the GCC presented more health problems and these
presented larger decrease in the evaluated development areas. Considering current
language or acquisition problems, we observed that GCC presented, for this sample,
performance below the expectations, especially in Cognition. The results show
significant differences between contaminated and non-contaminated groups, indicating
the lead effects on child development. However, we found that the school plays a
prevalent role in minimizing these effects.
Keywords: Child development. Lead contamination. Children’s educational level.
Operationalized Portage Inventory.
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO........................................................................................................14
1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................18
1.1 Fontes de exposição de crianças ao chumbo ambiental...........................................20
1.2 Efeitos adversos da exposição ao chumbo na infância.............................................28
1.2.1 Efeitos orgânicos...................................................................................................28
1.2.2 Efeitos sobre o desenvolvimento cognitivo...........................................................35
2 OBJETIVOS..............................................................................................................55
3 MÉTODO...................................................................................................................57
3.1 Participantes.............................................................................................................57
3.1.1 Caracterização dos participantes do GCC..............................................................58
3.1.2 Caracterização dos participantes do GCNC...........................................................61
3.2 Local.........................................................................................................................64
3.3 Materiais...................................................................................................................64
3.3.1 Roteiro de Anamnese Simplificada.......................................................................65
3.3.2 Protocolos de Aplicação do Inventário Portage Operacionalizado.......................65
3.4 Procedimento............................................................................................................66
3.4.1 Procedimentos preliminares da pesquisa...............................................................66
3.4.2 Identificação dos participantes do GCC................................................................67
3.4.3 Identificação dos participantes do GCNC.............................................................67
3.4.4 Aplicação dos Instrumentos para os dois Grupos.................................................68
3.5 Análise dos Dados....................................................................................................69
3.5.1 Anamnese Simplificada.........................................................................................69
3.5.2 O Inventário Portage Operacionalizado (IPO)......................................................70
4 RESULTADOS..........................................................................................................71
4.1 Desempenho do GCC no Inventário Portage Operacionalizado..............................71
4.2 Desempenho do GCNC no Inventário Portage Operacionalizado............................73
4.3 Comparando os desempenhos do GCC e GCNC.....................................................75
4.4 Desempenho do GCC1 e GCC2: a influência da escola no grupo dos
contaminados...........................................................................................................77
4.5 Comparando o desempenho do GCC1 com GCNC.................................................81
4.6 Comparando o desempenho do GCC2 com GCNC.................................................84
4.7 Comparando o desempenho no IPO com variáveis sócio-demográficas segundo o
relato dos pais atual e anterior do GCC e GCNC....................................................87
4.8 Comparando o desempenho no IPO com aspectos do desenvolvimento segundo o
relato dos pais atual e anterior do GCC e GCNC....................................................89
5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS.........................................................................97
6 CONCLUSÃO..........................................................................................................103
REFERÊNCIAS..........................................................................................................105
ANEXOS.......................................................................................................................116
14
APRESENTAÇÃO
Numa cidade do interior do Estado de São Paulo, uma fábrica de baterias
automotivas provocou um acidente ambiental resultando na contaminação dos
moradores do entorno. A área inicial do estudo foi definida num raio de 1000 m ao
redor da empresa. Técnicos da Secretaria de Saúde do município entrevistaram, em
visitas domiciliares, os responsáveis, buscando identificar todas as crianças de 0 a 12
anos. Tiveram material coletado 857 pessoas residentes nessa área, totalizando 832
crianças, duas gestantes e 23 nutrizes. Também analisaram a água, hortifrutigranjeiros e
leite da região e encontraram níveis de chumbo acima do tolerado, tendo sido
recomendada a restrição ao consumo de alimentos da área. Os dados epidemiológicos,
ambientais e geológicos, possibilitaram o mapeamento da região e localização dos casos
por ferramentas de geoprocessamento. Os exames de laboratório detectaram 314
crianças intoxicadas, com nível de chumbo no sangue entre 10 e 90 µg/dl, com a
realização de avaliações clínicas, laboratoriais e radiográficas. Para avaliar os efeitos da
contaminação nessa população infantil, a mesma passou a ser atendida sob a
coordenação de dois órgãos públicos de saúde, um estadual e um municipal, por
pesquisadores integrantes do GEPCICB (Grupo de Estudos e Pesquisa das Crianças
Intoxicadas por Chumbo de Bauru) oriundos de Universidades públicas da cidade e da
região, dos Departamentos de Medicina, Psicologia, Odontologia e Fonoaudiologia.
Dentre as medidas emergenciais foi realizada a raspagem de solo superficial e a
deposição em local adequado, medidas de saneamento das habitações e do meio
ambiente, como também orientações aos moradores e acompanhamento médico e
15
psicológico dessas crianças (RODRIGUES, 2002; FREITAS, 2005; PADULA, ET AL
2006).
A partir de um projeto de extensão ”Atendimento emergencial a crianças de zero
a 12 anos de idade, contaminadas por chumbo” (Rodrigues, 2002), desenvolvido por um
grupo de professores do Departamento de Psicologia de uma universidade pública do
interior paulista, elaborou-se um protocolo, por idade, para avaliação psicológica, de
desenvolvimento geral e acadêmico das crianças identificadas como contaminadas com
nível de chumbo acima de 10 µg/dl. O protocolo era composto por uma entrevista de
anamnese, uma escala de desenvolvimento infantil (Inventário Portage
Operacionalizado), testes de nível intelectual (WISC III e Pré WISC), teste de
desempenho acadêmico (Instrumento de Avaliação de Repertório - IAR e Teste de
Desempenho Escolar - TDE) e teste de nível emocional (Desenho da Figura Humana -
DFH). Com exceção da anamnese, que era comum a todas as crianças, os demais
instrumentos eram definidos de acordo com a faixa etária, sendo as crianças avaliadas:
de zero a quatro anos, com o Inventário Portage Operacionalizado (IPO); de quatro a
cinco anos, com o IPO e o Pré-WISC; de cinco a seis anos, com o IPO, o Pré-WISC e o
Desenho da Figura Humana (DFH); de seis a sete anos, com o Pré-WISC, o Desenho da
Figura Humana (DFH) e o IAR, e crianças de sete a doze, pelo WISC-III, O TDE e o
DFH. A escolha dos instrumentos pautou-se pela literatura sobre o chumbo (o WISC,
por exemplo, é o instrumento mais citado nos estudos internacionais) ou pela
inexistência de um instrumento para a idade relatada na literatura. São poucos os
estudos que têm como objeto população pré-escolar e os instrumentos utilizados não
estão disponíveis, traduzidos ou adaptados para a nossa realidade. A escolha foi, então,
no caso das crianças com menos de seis anos, por instrumentos cuja aplicação e
16
avaliação eram de domínio dos pesquisadores envolvidos, além de estarem pelo menos,
adaptados à nossa realidade, como é o caso do Inventário Portage Operacionalizado
(IPO), recentemente publicado por pesquisadores brasileiros. Embora não apresente
padronização, possibilita o apontamento de áreas em defasagem no desenvolvimento de
crianças (WILLIAMS, AIELLO, 2001; RODRIGUES, 2002).
O presente trabalho é parte do projeto maior “Avaliação de crianças de zero a 12
anos de idade contaminadas por chumbo”, que pretende investigar os efeitos do chumbo
examinando atentamente a freqüência à escola de uma população de crianças em idade
pré-escolar.
Nos últimos anos, observa-se uma preocupação crescente em todo o mundo com
os riscos relacionados à exposição de crianças a agentes químicos presentes no meio
ambiente. Com a evolução do conhecimento relativo aos danos potenciais do chumbo
ao desenvolvimento infantil, estabeleceram-se parâmetros de tolerância de chumbo no
sangue em crianças, levando em conta suas características fisiológicas e hábitos
peculiares que as tornam particularmente vulneráveis, sendo importantes estudos para
reconhecimento dos fatores de risco.
Os níveis de chumbo no sangue e os efeitos da sua contaminação têm sido
associados com inteligência e aprendizagem educacional, acarretando atraso no
desenvolvimento geral, especialmente no que diz respeito à atenção concentrada e
linguagem que interferem na aquisição de outras habilidades complexas. Sendo assim, a
identificação de áreas do desenvolvimento infantil em defasagem relacionada aos
efeitos do chumbo, considerando fatores ambientais sócio-demográficos entre outras
particularidades dessa população a ser estudada, possibilitaria futuras intervenções
17
proporcionando estimulações mais efetivas e adequadas, otimizando o desenvolvimento
infantil.
18
1 INTRODUÇÃO
muito tempo se sabe que o chumbo é tóxico, tanto por estar em contato com
quantidades excessivas com quantidades mínimas, porém, constante. Está presente na
crosta terrestre de forma natural e se dispersa pelo meio ambiente em pequenas
quantidades devido a processos químicos e biológicos naturais. Entretanto, após o
processo de industrialização e mineração, a exposição ambiental cresceu e está presente
de modo inadequado no meio ambiente devido aos efeitos negativos das atividades
humanas. Nessas condições, a quantidade dispersa desse metal representa uma
proporção 300 vezes mais alta do que quando o fenômeno se por processos naturais,
sendo altamente prejudicial aos seres vivos e ao ambiente circundante (PNUMA, 1997).
Quase todo o chumbo na atmosfera está ligado às finas partículas, sendo o
processo mais comum de deposição dessas partículas a queda por gravidade. Partículas
maiores (> 2µm de diâmetro) ficam depositadas relativamente próximas à fonte de
emissão, enquanto as menores de (<1µm de diâmetro) podem ser transportadas a muitos
quilômetros de distância pelos ventos, resultando em contaminação em áreas mais
remotas. Para melhor controle de qualidade do ar, estabeleceram-se nos Estados Unidos
dois tipos de controle, o primário, que visa determinar limites para a proteção da saúde
pública, incluindo as populações sensíveis (asmáticos, crianças e idosos), e o
secundário, que propõe limites para o bem-estar público, incluindo a proteção contra a
diminuição da visibilidade, danos aos animais, culturas, vegetação e construções
(PAOLIELLO; CHASIN, 2003). Foi definido como padrão primário e secundário
americano para concentrações de chumbo no ar em 1,5 µm³, como média trimestral,
sendo que o padrão europeu está em 2,0 µm³. A concentração de chumbo próximo a
19
fontes estacionárias, como as fundições de chumbo, por exemplo, variam de 10 µm³, na
área da fundição, a 1,5 µm³, numa distância de 1 Km. A associação entre o chumbo na
poeira, no ar e nas mãos das crianças que viviam próximos a uma fundição foi
identificada num estudo realizado com população infantil em Porto Rico. O chumbo foi
encontrado em peitoris de janelas, brinquedos, e os hábitos de levar a mão à boca foram
indicados como preditores significativos de níveis de chumbo no sangue principalmente
das crianças do local (SANCHEZ-NAZARIO ET AL, 2003; PAOLIELLO; CHASIN,
2003).
Pnuma (1997) alerta para o fato de que, quando o chumbo se acumula no meio
ambiente, ele não é biodegradável e não diminui sua toxidade com o passar do tempo.
Sendo assim, quando os seres vivos inalam, ingerem ou entram em contato com
quantidades excessivas dessa substância representa risco de intoxicação e uma grave
ameaça para saúde com conseqüências socioeconômicas.
As crianças estão mais expostas ao envenenamento por chumbo pela
vulnerabilidade orgânica e por entrar em contato com diferentes fontes do metal,
estando mais suscetíveis as crianças das zonas urbanas de países em desenvolvimento.
Em 1994 se calculou que 80% das crianças de três a cinco anos de idade e 100% dos
menores de dois anos teriam níveis de saturnismo superiores a 10 µg/dl, segundo o
Center of Disease Control and Prevention (CDC, 2005). A incidência é maior na
população mais desfavorecida do ponto de vista econômico, pois a pobreza causa
desnutrição e complicações físicas, que tem como conseqüência a intensificação das
incapacidades devido à absorção do chumbo. Cada vez mais se têm indícios de que,
quando o corpo de uma criança contém chumbo, ainda que seja em pequenas
quantidades, as primeiras etapas do seu crescimento físico e mental podem sofrer
20
transtornos, assim como em etapas posteriores, interferindo na sua capacidade
intelectual e rendimentos acadêmicos, associados com risco elevado de conseqüências
comportamentais, como agressividade e delinqüência. Desse modo, não está apenas
relacionado com a higiene ambiental, mas se constitui um problema social
(NEEDLMAN ET AL, 2002; MELLO-DA-SILVA; FRUCHTENGARTEN, 2005).
1.1 FONTES DE EXPOSIÇÃO AMBIENTAL AO CHUMBO
O chumbo é um elemento químico que está presente, naturalmente, em baixas
concentrações, na crosta terrestre, disperso através dos processos de intemperismo
químico das rochas e em decorrência de erupções vulcânicas. Todavia, por suas
características geoquímicas está disponível nos ambientes naturais sempre combinados
com outros elementos. Por ser considerado um metal estável é largamente utilizado nas
atividades industriais e de mineração. As fontes relacionadas às atividades humanas são
as indústrias, mineração, incineradores e queima de carvão e combustíveis. A deposição
das partículas ricas em chumbo provenientes da atmosfera acontece pela queda por
gravidade, sendo que as maiores (2 µg m -³) ficam depositadas próximas à fonte de
emissão, e nessas áreas, sempre poderão ocorrer novas suspensões de partículas pelos
ventos, gerando um impacto significativo na área ao redor da fonte de emissão. Por
outro lado, as partículas menores podem ser transportadas a muitos quilômetros de
distância, resultando em acréscimo na concentração de chumbo em áreas remotas. O
tempo de vida do chumbo atmosférico varia de horas a dias, tendo como período médio
de residência 10 dias (PAOLIELLO; CHASIN, 2003; ATSDR, 2005).
As atividades humanas ocasionam a liberação do chumbo e de seus compostos
para rios, atmosfera e solos, causando a presença deste metal no meio ambiente,
21
transformando-se em fator de risco à saúde da população que fica exposta as suas
emissões, como também a ingestão de água, alimentos e, ainda, de partículas do solo e
inalação da poeira contaminada (CUNHA, 2003).
Kim e cols (2002) descreveram e avaliaram o controle de exposição à poeira
com chumbo, realizando tratamento por quelação oral em crianças que viviam em
região urbana com nível desse elemento químico moderadamente elevado. Durante o
tratamento, 98% das crianças tiveram suas casas limpas por profissionais, os quais
retiram a poeira do chão, batentes e guarnições de janelas e portas. Houve uma redução
do nível de Pb no ambiente e no sangue das crianças, mas uma única limpeza não foi
efetiva.
Outra importante fonte de emissão e contaminação de chumbo entre crianças
segundo Gonzáles e cols (2002) é o solo. Um estudo realizado por eles na região de
Tijuana, México, avaliaram amostras de solo e realizaram análises de chumbo no
sangue de 63 crianças, que apresentaram níveis em torno de 10 µg/dl.
Nos Estados Unidos a tinta da pintura das casas construídas antes de 1978,
continha chumbo nos pigmentos que apresentavam alguma coloração. Estas, quando
deterioradas, formam resíduos que são facilmente ingeridos pelas crianças em suas
atividades habituais de levar as mãos à boca. Nos EUA, o fato de 85% das construções
ainda datarem dessa época, levou os centros de controle, a partir da associação de dados
socioeconômicos e tempos de construção das casas, avaliar 34.798 crianças que
moravam em casas construídas em média em 1945. Esses estudos demonstraram que as
casas mais velhas representavam fator de risco de elevação do vel de chumbo em
crianças (KLAASSEN, 1996).
22
Em Nova York, uma pesquisa avaliou crianças menores de cinco anos de idade,
que viviam em casas construídas antes de 1950 e que tinham sido reformadas nos
últimos seis meses, identificando níveis de chumbo maior nessas crianças pelo contato
com o metal presente nas paredes que foram removidas e por inalação da poeira. O
autor salienta a importância de programas de monitoramento ambiental urbano
(BORNSCHEIN ET AL, 2002).
Na década de 20, o chumbo tetraetila começou a ser adicionado à gasolina como
antidetonante, mas, com as constatações dos efeitos tóxicos desse metal à saúde, houve
a necessidade de redução da emissão desta substância. Alguns países desenvolvidos
como a Áustria, Alemanha, Dinamarca, Eslováquia, Japão, Canadá, Suécia e Estados
Unidos, a partir da década de 70 começaram a substituir o chumbo na gasolina por
outros aditivos, mas países como a Nigéria, China e Filipinas ainda o utilizam. No
Brasil, na década de 80, houve uma diminuição do chumbo como aditivo à gasolina e,
em 1993, seu emprego tornou-se proibido, sendo substituído pelo etanol. A utilização
do chumbo como aditivo na gasolina é identificada, ainda, como uma fonte de
exposição significante, resultando em emissões atmosféricas danosas à saúde pública,
que provocam o aumento dos teores de chumbo no solo, principalmente em áreas
próximas a auto-estradas (SHARMA, REUTERGARDH, 2000; CUNHA, 2003 ).
Em Valencia, capital do estado de Carabobo, na Venezuela, uma das principais
cidades industriais do país, por explosão demográfica houve uma deteriorização
ambiental com conseqüências para seus habitantes. Rojas e cols (2003) realizaram uma
investigação descritiva de 1998-2000, de corte longitudinal e de caráter retrospectivo,
avaliando os níveis de chumbo no sangue de 243 crianças, de um a 12 anos de idade. Os
dados de cada criança eram localizados espacialmente através de georeferências
23
espaciais (zona de procedência), a partir de uma subdivisão em 31 setores, e realizando
estratificações socioeconômicas. Encontraram níveis de chumbo no sangue da
população infantil em torno de 12,08 µg/dl e 10,95 µg/dl respectivamente para meninos
e meninas, com diferenças significativas entre estes, com concentrações maiores sobre
meninos. De acordo com dados socioeconômicos, 54,83% da população contaminada
foi categorizada em pobreza relativa e crítica, residindo numa região com elevado
número de indústrias potencialmente poluidoras e uma alta densidade populacional.
Todavia, foram encontradas crianças com altos níveis de chumbo no sangue residentes
num setor com melhores condições socioeconômicas, classificadas como de boa
qualidade de vida, mas com um grande trânsito de veículos e, também, próximo de
importantes estradas interestaduais que atravessam essa região, creditando este resultado
à presença do chumbo na gasolina venezuelana. A correlação de dados sócio-
demográficos possibilitou melhor análise espacial do problema de contaminação
relacionado à gasolina e às emissões industriais como fonte importante de
contaminação, como também melhor monitoramento.
Em outro estudo em Santiago, no Chile, Pino e cols (2001) relacionaram níveis
de chumbo no sangue de crianças associados às emissões de chumbo pelo seu uso na
gasolina, retirada em 1993. Durante 18 meses avaliaram 422 crianças que tiveram níveis
de chumbo no sangue diminuído, e havendo melhora do nível de ferro no organismo, o
que demonstra que os níveis de chumbo no sangue em crianças podem cair mais rápido
quando associados com diminuição da exposição ao chumbo ambiental.
Na cidade de Shantou, uma das cinco zonas econômicas da República Popular
da China, com grande densidade populacional urbana e grande número veículos, depois
da proibição em 1998 da adição de chumbo à gasolina, pesquisadores avaliaram durante
24
os verões de 1999 a 2001, amostras de sangue de 635 crianças de um a cinco anos de
idade. Nos dois primeiros anos, os níveis médios de chumbo no sangue da maioria dessa
população se mantiveram acima de 100 µg/dl, diminuindo-se em 2001 a porcentagem
de crianças contaminadas. Não se observaram diferenças de gênero e as crianças de
quatro anos apresentaram níveis mais elevados. Os níveis médios de chumbo no sangue
declinaram durante o período de três anos, respectivamente para 97 µg/dl, 85 µg/dl e
71µg/dl na população infantil exposta. Esse estudo comprovou a diminuição
significativa a cada ano, demonstrando que a retirada do chumbo da gasolina representa
medida protetora eficiente (LUO ET AL, 2003).
A contaminação dos alimentos pelo chumbo acontece a partir da deposição aérea
de partículas ricas de chumbo no solo e na superfície das plantas, como também no
processamento e empacotamento de alimentos industrializados e, ainda, na utilização de
utensílios domésticos de cerâmica que contenham chumbo. Outros materiais que
contêm chumbo seja na sua composição ou nas embalagens são: cigarro, bebidas
alcoólicas destiladas, tintas de brinquedos, cosméticos e, ainda, em alguns
medicamentos.
A possibilidade de contato também está em certas atividades como reparos em
baterias, modelagem de cerâmica e pintura.
Em Bauru, interior de São Paulo, Okada e cols (2004) avaliaram a concentração
de chumbo nos alimentos (verduras, hortaliças, raízes e tubérculos, frutas, ovos e leite)
que eram produzidos numa área próxima de uma fábrica recicladora de baterias. O solo
foi avaliado antes e depois do fechamento da fábrica, sendo a primeira coleta em 2002,
depois de fechada, e a segunda, em 2003, após intervenção ambiental. Em algumas
áreas, identificaram na primeira coleta, que 39,3% das amostras estavam contaminadas
25
e, na segunda, somente 13,9% apresentavam contaminação por chumbo ainda que
13,9% das amostras do leite registravam nível de chumbo acima do limite legal. A
diminuição na concentração de chumbo nas amostras pode ter sido devida à intervenção
ambiental feita, como a remoção de uma camada de cinco centímetros de solo
superficial. Nas áreas onde nenhuma intervenção corretiva foi conduzida, os níveis de
chumbo nos alimentos permaneceram elevados.
O chumbo quando presente na água superficial rapidamente se distribui entre
três fases: fica dissolvido na água, é absorvido no material particulado ou se deposita
nos sedimentos de fundo dos rios. As concentrações do chumbo em águas naturais, em
geral, são muito baixas, mas água com baixo pH pode lixiviar quantidades de chumbo
presentes em canos, soldas e mobiliários e, também, pode estar presente nos sedimentos
de alguns ecossistemas aquáticos, funcionando como um reservatório semipermanente
ou acumulador, resultando em vários processos químicos, físicos e biológicos, tornando
esses metais mais disponíveis (CUNHA, 2003).
A água como meio de contaminação por chumbo foi identificada num estudo
realizado em Karachi, no Paquistão, numa comunidade de pesca. A partir de um estudo
transversal, Rozhabri e cols (2004) avaliaram o nível de chumbo no sangue de 53
crianças e testaram em trinta e seis casas amostras de alimentos cozidos, da poeira e da
água. Os resultados mostraram que 98% dos sujeitos apresentaram níveis de chumbo no
sangue acima de 10 µg/dl (média 21.60 µg/dl), estando acima do referencial
reconhecido internacionalmente para o potencial neurotóxico do chumbo. Encontraram
uma concentração de 3,90 µ/dl nos alimentos cozidos, de 4,02 µg/dl na água bebida e de
91,30 µ/dl na poeira da casa, demonstrando a associação entre níveis de chumbo na
26
água, no ambiente, nos alimentos consumidos e a concentração de chumbo no sangue de
crianças.
Um estudo populacional de corte seccional foi realizado numa área industrial do
norte da França e avaliou 400 crianças contaminadas por chumbo, dentre estas, 200
permaneceram nessa área com alto índice de poluição e apresentaram uma média de
nível de chumbo no sangue de 39,5 µg/dl. Para as não maciçamente expostas, o nível foi
de 30,6 µg/dl. As análises das variações do nível de chumbo no sangue foram
associadas com a distância das fundições e com o consumo de água da torneira, pois o
nível das que bebiam água da torneira era duas vezes mais alto do que daquelas que não
o faziam diretamente (LEROYER, 2000).
As atividades industriais e de mineração são marcantes fontes de contaminação.
Vários estudos indicam a contaminação dos solos superficiais por chumbo resultante
dessas atividades, demonstrando forte relação entre os teores de chumbo no solo e as
conseqüências de contaminação desse metal no sangue das crianças. Além de
caracterizar contaminação humana e ambiental, demonstra que o efeito residual pode ser
considerada fonte de exposição. Carvalho e cols (2003) avaliaram 47 crianças que
moravam próximas a uma fundição desativada e encontraram nível médio de chumbo de
17,1 µg/dl ± 7,3 µg/dl, sendo cerca de g/dl mais elevados naquelas que tinham
transtorno do hábito alimentar e independente de outros fatores. Um outro estudo
brasileiro foi realizado em duas cidades do estado do Paraná, Adrianópolis e Cerro Azul
e em outras duas do estado de São Paulo, Ribeira e Iporanga, em áreas próximas às
minas desativadas. Ao avaliarem o nível de chumbo no sangue de 335 crianças de sete a
14 anos e amostras do ambiente, solo, água e alimentos concluíram que o passivo
27
ambiental da fundição desativada permanece como um fator de risco relevante para
elevar os níveis desse metal no sangue de crianças (CUNHA, 2003).
Durante o ano de 1998, uma clínica da cidade de Torreon, localizada a 550 Km
da fronteira dos Estados Unidos com o México, registrou casos de contaminação por
chumbo próximos a uma fundição, tendo Albalak (2003) realizado estudos que
identificaram elevado vel de chumbo no sangue nas daquelas crianças. Selecionou
uma área de 2,5 km em volta da fundição, que foi considerada área interna e a restante,
externa. Foi feito o levantamento de chumbo no sangue da população de um a seis anos
de idade que tinha vivido na cidade nos últimos dez meses. Um questionário foi
aplicado para identificar as informações dos pais sobre os riscos ambientais, e outro,
sobre o ambiente doméstico. Amostras de água, poeira, tinta, solo foram examinadas,
tanto da área interna como externa. Também controlaram idade e sexo como
mutivariáveis e fatores socioeconômicos. De acordo com os resultados, 65 % dos
participantes viviam a 4,5 km da fundição, sendo metade da amostra do sexo masculino,
com média de idade de 3,7 anos, quase a metade das famílias tinha um nível de renda
baixo e o nível educacional dos pais correspondia pelo menos à educação secundária.
Os resultados mostraram que o nível de chumbo no sangue estava em torno de 6 µ/dl a
35,3 µg/dl, tendo sido observado que a dose de chumbo no sangue dessa população
decrescia com a distância da fundição e quando se elevava o nível de renda, de
educação e de cuidados básicos de saúde. Entretanto, o nível de chumbo era maior em
algumas crianças em que as atividades ocupacionais dos familiares envolviam esse
elemento, como reciclagem, cerâmica ou plástico. Identificaram nível de chumbo
significativamente maior para as comunidades que estavam próximas da fundição,
permitindo os dados concluir que os aspectos sócio-demográficos foram grandes
28
predictores de aumento desse nível nessa população, comprovando os efeitos da
contaminação ambiental.
O chumbo absorvido por qualquer via, em decorrência das várias formas de
exposição citadas anteriormente, entra na circulação sanguínea, sendo um biomarcador
da exposição ao metal, norteando investigações científicas, o determinante do chumbo
no sangue.
1.2 EFEITOS ADVERSOS DA EXPOSIÇÃO AO CHUMBO NA INFÂNCIA
1.2.1 Efeitos orgânicos
O chumbo é um metal pesado utilizado em grande escala atualmente na
fabricação de baterias, munição, tintas, soldas, aditivos de gasolina, entre outros. A
exposição, tanto ocupacional quanto ambiental, pode acarretar intoxicações graves em
diferentes níveis que atingem todo o organismo. Os efeitos para a população em geral e
para aquela exposta ocupacionalmente são os mesmos, mas, entre adultos e crianças, é
importante ressaltar que existe diferença de suscetibilidade. As crianças e as gestantes
são mais vulneráveis aos efeitos do chumbo por razões neurológicas, metabólicas e
comportamentais, absorvendo mais de 50%, enquanto os adultos absorvem de 10% a
15% da quantidade ingerida. Por terem barreira hematoencefálica ainda em
desenvolvimento, as crianças intoxicadas nas fases iniciais de vida podem apresentar
distúrbios de audição e de comportamento, rebaixamento do QI, retardo no crescimento,
anemia e perda de peso. Desse modo, a Organização Mundial de Saúde (OMS)
considera aceitável a concentração de chumbo no sangue inferior a 10µg/dl para
mulheres grávidas e crianças Diversos estudos têm contribuído para a compreensão
desses efeitos bioquímicos desse metal, podendo facilitar o reconhecimento precoce de
29
alterações significativas e minimizar as conseqüências potencialmente adversas
(MEDITEXT CVE, 2002; MOREIRA E MOREIRA, 2004).
O chumbo apresenta tanto características comuns a outros metais pesados quanto
algumas peculiaridades enquanto elemento tóxico não essencial que se acumula no
organismo, afetando todos os órgãos e sistemas do corpo humano. Seus mecanismos de
toxicidade envolvem processos bioquímicos fundamentais, que incluem a habilidade do
chumbo de inibir ou imitar a ação do cálcio e de interagir com proteínas. Sua toxidade
interfere principalmente no funcionamento das membranas celulares e enzimas,
formando complexos estáveis com diferentes substâncias que podem resultar num efeito
tóxico (MOREIRA; MOREIRA, 2004).
O efeito biológico do chumbo é o mesmo independente do caminho de entrada
no organismo, a inalação ou ingestão, uma vez que interferência no funcionamento
normal da célula e em inúmeros processos fisiológicos. São encontradas concentrações
de chumbo nos ossos, mas o sistema nervoso, a medula óssea e os rins são sítios críticos
na exposição ao chumbo, enquanto que os distúrbios na função do sistema nervoso e os
desvios na síntese da molécula de hemoglobina (heme) são considerados como efeitos
tóxicos críticos. Assim, os efeitos sobre o sistema nervoso ocorrem sempre que os
níveis chumbo no sangue forem da mesma ordem de grandeza daqueles que alteram a
síntese da heme, desse modo os distúrbios na biossíntese da heme servem como
indicador metabólico para detecção precoce do risco de exposição ao chumbo antes do
aparecimento de sintomas clínicos (MOREIRA; MOREIRA, 2004).
A intoxicação por chumbo acarreta efeitos sistêmicos. Os dados de correlação
entre os níveis de chumbo no sangue e pressão arterial são contraditórios, tanto nos
estudos ocupacionais quanto da população em geral, pois a contribuição desse elemento
30
químico comparada a outros fatores que afetam a pressão do sangue parece ser
relativamente pequena para acarrretar alterações cardiovasculares. Em casos de
exposição ocupacional ou a altos veis de chumbo têm-se observado sintomas
gastrintestinais como dor abdominal, constipação, câimbras, vômitos, náusea, perda de
peso e anorexia, sendo a cólica considerada um sintoma precoce e consistente de
intoxicação. As alterações renais estão associadas a alto nível de chumbo tanto em
crianças como em adultos, todavia, a reversibilidade da nefropatia depende das
características e estruturas afetadas. A forma crônica é mais comum em trabalhadores
ocupacionalmente expostos e a forma aguda é reportada a crianças intoxicadas pelo
chumbo, cuja principal via de exposição é a oral (PAOLIELLO; CHASIN, 2003;
MOREIRA; MOREIRA, 2004; MELLO-DA-SILVA; FRUCHTENGARTEN, 2005).
O diagnóstico da intoxicação por chumbo pode ser constatado em exames de
sangue e urina, técnicas de raio fluorescência, tomografia computadorizada, entre
outros. A eliminação desse metal no organismo é extremamente lenta (até 10 anos para
sua total eliminação), mesmo com a ausência do chumbo no ambiente e tratamento
específico (MALTA ET AL, 2000).
A partir de 1990, o “Centers for Disease Control CDC”, nos Estados
Unidos,fez esforços para o desenvolvimento, implementação e evolução de programas e
atividades de prevenção de contaminação por chumbo, sendo que, em 2003, 42 estados
americanos implementaram programas de prevenção (CDC, 2006).
Os referenciais de avaliação utilizados foram os índices propostos pelo “Centers
for Disease Control – CDC” (1992), descritos no quadro a seguir, acrescidos do possível
tratamento a ser observado (Quadro 1).
31
A maior vulnerabilidade para a contaminação do chumbo entre crianças se deve
a: a) o consumo por quilo de peso é maior do que nos adultos; b) colocação na boca de
objetos que estavam no chão, com maior freqüência; c) a absorção do chumbo pelo
organismo da criança é maior do que pelo adulto e, d) crianças pequenas estão em
desenvolvimento rápido e constante de crianças pequenas as torna mais vulneráveis aos
efeitos do chumbo (YULE; LANNSDOWN, 1993).
Quadro 1 - Descrição do Nível de chumbo e o tratamento que deve ser dispensado à criança.
Classe Pb µg/dl Comentários
I 9 Criança considerada não intoxicada.
II A 10 a 14 A presença de grande proporção de criança com estes níveis indica
atividade de prevenção; as crianças devem ser reexaminadas com
freqüência.
IIB 15 a 19 Criança deve receber intervenção nutricional e educacional. Se
persistirem estes níveis, devem ser feitas investigações ambientais.
III 20 a 44 Deve ser feita investigação ambiental. A criança deve ser vista pelo
médico para avaliação da necessidade de tratamento da intoxicação.
IV 45 a 69 Deve ser feita investigação ambiental. A criança deve receber
tratamento* de intoxicação, inclusive com quelação.
V 70 É uma emergência médica. Tratamento* e manejo ambiental devem ser
feitos imediatamente.
* O tratamento da intoxicação por chumbo deve ser feito em ambiente hospitalar, devido aos
seus efeitos colaterais.
Dentre os efeitos adversos para saúde causada pela exposição ao chumbo estão
incluídos déficits intelectuais e comportamentais em crianças, sendo importante a
monitoração dos riscos. Os estudos de Jones e cols (2055) mostraram que as ações
desenvolvidas pela National Health and Nutrition Examination Surveys (NHANES), no
período de 1976-1980 para 1991-1994, revelaram declínio do nível de chumbo no
sangue de crianças, de 77,8% para 4,4% nas idades de um a cinco anos. Dados
coletados em 1999-2002 apontam que o chumbo no sangue continua em decréscimo em
toda a população americana, de acordo com os últimos registros. A prevalência é maior
32
na população nas idades 1 ano e foi de 0,7%, maior em não hispânicos negros do que
em brancos e crianças américo-mexicanas. As agências públicas de saúde continuam
empenhando esforços para eliminar e controlar as fontes de contaminação por chumbo,
monitorando aquelas com maior risco de exposição, fornecendo atendimento médico no
momento certo e intervenções ambientais quando identificada a elevação de chumbo no
sangue (JONES ET AL, 2005).
Quanto às evidências dos efeitos do chumbo sobre a reprodução humana, os
dados são escassos e deficiências metodológicas, mas demonstrações qualitativas
suficientes para apoiar a conclusão de que níveis elevados de exposição ao chumbo
causam efeitos adversos à reprodução humana (NASHASHIBI, 1999). O chumbo
atravessa a barreira placentária e pode causar danos fetais. Estudos encontrados sugerem
uma correlação estatisticamente significativa entre a concentração de chumbo no sangue
materno e a concentração no cordão umbilical ou no leite, mostrando que
transferência do metal para o feto ou recém-nascido, respectivamente. Existem
evidências de que o chumbo afetaria a viabilidade do feto e seu desenvolvimento, sendo
identificada a redução do peso ao nascer e a prematuridade.
Num hospital da Grécia foi realizado um estudo para identificar o nível de
chumbo no sangue de 47 mulheres e de seus filhos. Os resultados mostraram
concentrações entre 14,9 e 4,1 µg/dl de chumbo no leite e a concentração no cordão
umbilical foi de 13,1 e 3,7 µg/dl, sendo estes registros analisados como estatisticamente
significativos (NASHASHIBI, 1999; MOREIRA, MOREIRA, 2004).
Estudos com animais em laboratórios demonstraram os efeitos neurotóxicos de
agentes ambientais sobre os humanos, sendo o período pré-natal e pós-natal considerado
como fase crítica à vulnerabilidade aos efeitos desses agentes, principalmente das
33
células cerebrais sobre diferentes agentes ambientais. O sistema nervoso é relativamente
único e diferentes partes terão o domínio de funções, cujo desenvolvimento ocorrerá em
diferentes períodos. Um estudo de revisão dos efeitos neurocomportamentais e
cognitivos da exposição precoce ao chumbo e metilmercúrio correlaciona a exposição
pré-natal com doses elevadas de chumbo resultando em encefalopatias e convulsões.
Também, a exposição em doses baixas tem sido associada a prejuízo intelectual,
funcional e atencional. Conclui-se que a exposição a agentes ambientais com efeitos
neurotóxicos pode resultar num espectro de resultados adversos desde retardo mental
severo a disabilidades mais sutis, que variam dependendo da função, período e dose do
agente (MENDOLA ET AL, 2002).
Um estudo realizado pela Universidade de Medicina e Odontologia de Nova
Jersey e a Universidade de Michigan, na cidade de Canden, no estado de New Jersey,
nos Estados Unidos, avaliaram a concentração de chumbo no sangue em 705 mulheres,
com idades entre 12 e 34 anos, de várias origens étnicas, que estiveram em três clínicas
públicas para realizar pré-natal. As variáveis avaliadas foram a presença de outros
comprometimentos na gestação (hipertensão crônica, tipo de diabete, droga ou abuso de
álcool, lupus, malignidades, epilepsias) e a presença de outras variáveis como tabagismo
e ingestão de cálcio na dieta e a etnia. Os resultados identificaram uma associação
significativa entre chumbo no sangue, hipertensão e toxemia na gestação. Os autores
concluíram que mesmo baixas concentrações de chumbo circulante poderiam
comprometer a reprodução materna e o recém-nascido (JANNAUSCH ET AL, 2002).
A anemia observada em intoxicações por chumbo resulta de dois mecanismos
principais: prejuízo na biossíntese da heme pelo aumento da taxa de destruição de
células vermelhas, como também estaria relacionada à diminuição da atuação de um
34
hormônio presente nos rins (eritropoietina sérica) que agravaria esse estado. O limiar de
concentração de chumbo em sangue para um decréscimo nos níveis de hemoglobina, em
adultos ocupaciolnamente expostos ao chumbo, estaria em torno de 50 µg/dl, em
crianças esse limiar está estimado em 40µg/dl (PAOLIELLO; CHASIN, 2003).
O sistema nervoso é o conjunto de órgãos mais suscetíveis ao envenenamento
por chumbo, acarretando um dos mais sérios desvios tóxicos induzidos em crianças e
adultos: as encefalopatias. Esta terminologia é usada para descrever várias doenças que
afetam o funcionamento do cérebro e ocorre de duas formas: aguda e crônica. O curso
clínico da encefalopatia aguda varia, dependendo da idade e da condição geral do
paciente, da quantidade absorvida, do tempo de exposição e de outros fatores
concomitantes. A encefalopatia crônica pode ser um estado residual após a
encefalopatia aguda originada por esse metal, mas também pode resultar de uma
exposição prolongada ao chumbo. Nos adultos, os sintomas da encefalopatia incluem
apatia, irritabilidade, dificuldade de concentração, dor de cabeça, tremor, perda da
memória e alucinações. A exposição ocupacional ao chumbo tem sido freqüentemente
associada com sinais subjetivos de neurotoxidade, mal-estar, esquecimento,
irritabilidade, letargia, fadiga, impotência, diminuição da libido, tontura, fraqueza e
parestesia, em concentrações de chumbo no sangue em torno de 40 a 120 µg/dl
(PAOLIELLO; CHASIN, 2003; MOREIRA; MOREIRA, 2004).
O limiar para os efeitos tóxicos do chumbo tem sido pesquisado, sendo que
alguns estudos realizados com crianças pequenas demonstram que a exposição ao
chumbo durante o desenvolvimento tem um impacto sobre o organismo. A população
pediátrica, bem mais suscetível do que a adulta aos efeitos da encefalopatia sobre o
sistema nervoso central e essa intoxicação acarreta efeitos comportamentais e
35
psicológicos que, juntamente com a disfunção da percepção sensório-motora fina e com
alterações na eletroencefalografia, estão relacionados com uma dose recebida no
passado. Também têm sido atribuídos efeitos sobre o nervo ótico e o sistema auditivo. A
exposição pode começar ainda no útero, caso a mãe tenha chumbo em seu organismo, e
aumentar após o nascimento, por meio de inúmeras fontes. De acordo com alguns
estudos, tais efeitos podem ser induzidos pela exposição prolongada, em nível
moderado e em idade precoce. Além da ausência de um limite preciso, a toxidade do
chumbo na infância pode ter consequências permanentes, tais como menor quoeficiente
de inteligência e deficiência cognitiva (BELINGER, 2000; PRPÍC-MAJIC, ET AL
2000; CANFIELD ET AL, 2003; MOREIRA, MOREIRA, 2004; LIDSKY;
SCHNEIDER, 2006).
Alguns estudos realizados com crianças pequenas demonstraram que a
exposição ao chumbo tem um impacto sobre os processos cognitivos, para níveis de
chumbo no sangue acima de 10 µg/dl, sendo as conseqüências do chumbo sérico sobre
o QI de crianças pequenas estimadas como uma perda média de 2 a 3 pontos para nível
de chumbo no sangue em torno de 20 µg/dl, comparativamente com níveis de 10
µg/dL (ACADEMIA AMERICANA DE PEDIATRIA, 1998).
1.2.2 Efeitos sobre o desenvolvimento cognitivo
A identificação de um agente tóxico é um pré-requisito não só para diagnóstico e
prevenção, mas também para avaliação de riscos. Os níveis aceitáveis atualmente
consideram como intoxicação por chumbo os níveis acima de 10 µg/dl no sangue e
podem causar alterações orgânicas, déficits no desenvolvimento, alterações
36
neuropsicológicas e comportamentais em crianças, enfim, conseqüências posteriores
para o desenvolvimento (LIDSKY; SCHNEIDER, 2006).
Num estudo prospectivo longitudinal com o objetivo de avaliar e compreender
aspectos da intoxicação por exposição ao chumbo e outros co-fatores do
desenvolvimento foram recrutados adolescentes de regiões urbanas, nascidos entre 1979
e 1985. As relações entre exposição pré-natal e pós-natal foram determinadas por uma
série de exames de chumbo no sangue e o comportamento anti-social e delinqüente
foram relatados pelos sujeitos e seus pais. Os resultados mostraram uma relação
significativa com a exposição nesse período do desenvolvimento e a co-variante de
ajustamento, com aumento de freqüência de auto-relato e do relato dos pais de
comportamento anti-social e delinqüente (DIETRICH, 2001).
Tong, Michael e Baghurst (2000) investigaram, em algumas cidades da
Austrália, se existia alguma associação entre exposição ao chumbo e padrão de fatores
sócio-demográficos no desenvolvimento cognitivo de 119 crianças com história de
exposição ao chumbo. Avaliaram desempenho cognitivo das crianças com o Wechsler
Intelligence Scale for Children (WISC-III), a qualidade do ambiente pelo Home
Observation for Mensurement os the Environment (HOME), o funcionamento familiar
pelo Family Assesment Device e cada mãe também foi avaliada pelo General Health
Questionarie e pelo WAIS-R. Os resultados mostraram que a relação é inversa entre QI
das crianças e média de concentrações de chumbo no sangue e divergem entre os
gêneros, sendo mais pronunciadas em meninas do que em meninos na idade avaliada,
mas não estatisticamente significativos. O impacto da exposição no QI das crianças foi
maior entre crianças das famílias de baixo status sócio-econômico, como também a
associação inversa da média da concentração de chumbo no sangue com QI das
37
crianças, era aparentemente mais elevado entre aquelas que tiveram um ambiente com
mais qualidade. Além disso, a relação inversa entre concentração de chumbo no sangue
e QI era maior nas crianças em que a inteligência da mãe era mais baixa, comparada
com as que eram mais altas. Todavia, os autores alertam para as diferenças nas
circunstâncias (estimulação ambiental, nível de plumbemia, escolaridade dos pais, etc.)
e entre estudos populacionais que podem afetar a vulnerabilidade por gênero, por
exemplo. Também exemplificaram que diferentes características ambientais (co-
exposição) podem afetar a vulnerabilidade de gênero aos efeitos do chumbo. Os
meninos são mais vulneráveis do que meninas aos efeitos adversos causados por uma
ampla gama de fatores ambientais e sociais. Os dados do estudo realizado por esses
autores dão suporte à hipótese de que o impacto da exposição ao chumbo ambiental
aparece mais nas classes sociais desfavorecidas (TONG; MICHAEL; BAGHURST,
2000).
Um estudo de corte-seccional avaliou a performance de escolares na Croácia que
freqüentavam escolas de três áreas urbanas com diferentes densidades de tráfego,
acarretando contaminação por exposição ambiental ao chumbo, liberado pela gasolina.
O foco do estudo foi clarificar a relação entre características de indicadores de absorção
de chumbo com funcionamento psicológico. Foram avaliadas 275 crianças, 144
meninos e 131 meninas, da . e 4ª. Séries do nível elementar, cujas escolas estavam
localizadas em regiões de baixa densidade de tráfego, intensa e moderada.
Identificaram níveis no sangue de chumbo, hemoglobina e ferros de acordo com CDC.
Para avaliação do desenvolvimento cognitivo foi usado Wechsler Intelligence Scale for
children (WISC-R), a atenção, o Complex Reaction-meter Drenovac (CRD) por
estímulos sonoros e luminosos. Também foi aplicado aos pais e professores um
38
questionário sobre sua percepção das habilidades das crianças e consideraram o status
socioeconômico e os anos de escolaridade dos pais. Ao compararem dados biológicos e
psicológicos por escola, encontraram uma variação no nível de chumbo no sangue de 24
a 142 µg/dl, sendo as variáveis de gênero e a escolaridade dos pais associadas
significativamente às avaliações biológicas e psicológicas. Os meninos têm níveis de
chumbo, protorfirina e eritrócitos mais elevados e o desempenho prejudicado em
atenção quanto a estímulos visuais. Os autores não conseguiram verificar objetivamente
o efeito do nível de chumbo no sangue, mas constataram que o grau educacional dos
pais conduz a um melhor padrão de vida influenciando o desempenho das crianças.
Paralelamente o nível de hemoglobina dessas crianças foi correlacionado positivamente
com os mesmos testes de desenvolvimento cognitivo, demonstrando que o status de
ferro é importante fator de desenvolvimento mental de crianças, por estar envolvido em
processos cognitivos, podendo acarretar, ao cérebro, prejuízo atencional e na restrição
da percepção, entre outros (PRPÍC-MAJIC, ET AL 2000).
Em Port Pirie, na Autrália, Tong e cols (2000) realizaram um estudo para avaliar
se existe alguma relação entre exposição ao chumbo e fatores sócio-demográficos com o
desenvolvimento de 375 crianças nas idades de 11 a 13 anos, com média do nível de
chumbo avaliada em 25 µg/dl. Exames de sangue foram feitos em estágios específicos
da gestação das mulheres, no cordão umbilical e em crianças nas idades de seis meses,
15 e 24 meses e anualmente até a idade de sete anos. Mensurações do desenvolvimento
foram realizadas aos dois, quatro e sete anos e, com o WISC-R, foi feita a avaliação
intelectual aos 11 e aos 13 anos. Consideraram como co-variantes e mensurados com
instrumentos padronizados o status social, inteligência materna, saúde geral materna,
funcionamento familiar e o cuidado ambiental. Outros fatores foram levados em conta:
39
sexo das crianças, idade nas testagens, série escolar, anemia, peso ao nascer,
alimentação, condições de nascimento, status marital dos pais, tabagismo dos pais e
anos de educação, o tempo de permanência na cidade, entre outros. Dentre os fatores
sócio-demográficos que estavam fortemente relacionados às concentrações de chumbo e
desempenho intelectual das crianças neste estudo, encontraram o coeficiente de
inteligência materna e os cuidados ambientais. Os resultados demonstraram que a
concentração de chumbo no sangue estava associada inversamente com a performance
cognitiva das crianças nas idades de 2 anos, 4 , 7, 11 e 13 anos; também modificada por
gênero, sendo as meninas mais suscetíveis aos 2, 4 e 7 anos, não havendo no entanto
nessas idades modificações significativas dos efeitos do chumbo no sangue. Para outros
fatores demográficos, encontraram associações inversas entre as concentrações de
chumbo no sangue e QI.
O efeito adverso da intoxicação por chumbo na infância, analisado sob uma
perspectiva neuropsicológica clínica, comprova que essa ação acarreta, em longo prazo,
efeitos negativos, experenciados pelos pacientes como rebaixamento e prejuízo
neurocognitivo no desenvolvimento. Os baixos níveis de chumbo no sangue também
podem ser neurotóxicos. A avaliação neuropsicológica proporciona a constatação dos
efeitos da contaminação do chumbo no desenvolvimento neurocognitivo que são
mediados por seus efeitos neurotóxicos para o cérebro em desenvolvimento, a partir de
técnicas que detectam manifestações das deficiências orgânicas do cérebro. É
significativa, nos estudos longitudinais, a diminuição do nível global de
desenvolvimento e do desempenho intelectual, além da presença de comportamentos
problemáticos (BELINGER, 2000; LIDSKY; SCHNEIDER, 2006).
40
Lidsky e Schneider (2006) conduziram a avaliação neuropsicológica de uma
menina de 10 anos de idade com nível de chumbo no sangue de 14 µg/dl, que se
manteve por um período de dois anos. Foi mensurado seu desempenho no teste de QI
apresentando percentil 47. Os autores calcularam que, se ela não tivesse sido
contaminada, seu percentil seria 8 pontos mais alto correspondendo ao percentil 68. Seu
desempenho neuropsicológico na maioria das áreas: motor, planejamento e formação de
conceito estavam dentro dos parâmetros normais, mas em outras duas áreas, memória
verbal e flexibilidade cognitiva, abaixo da média.
Chen e cols (2005) apontam em trabalhos que os resultados dos estudos
prospectivos individuais tiveram um forte efeito de interpretação de análises
longitudinais e transversais, enfatizando a importância na investigação de concentrações
mínimas de chumbo no sangue e o quanto estas afetam a cognição. Acreditam que
necessidade de acompanhamento com testes em crianças desde os dois anos de idade,
pois demonstraram que aumentos no pico das concentrações de chumbo no sangue, que
ocorrem dos 18 aos 30 meses de idade, resultam em escores mais baixos aos quatro e
seis anos de idade, quando o quoeficiente intelectual se torna mais estável e mensurável.
Os resultados obtidos num estudo com 780 crianças de 11 a 33 meses de idade
contaminadas por chumbo, com condições sócio-demográficas semelhantes, apóia a
idéia de que a exposição a esse metal continua sendo tóxica às crianças até alcançarem a
idade escolar e não só no momento em que estas tem dois ou três anos de idade.
No Brasil, a partir da identificação de uma população infantil contaminadas
acidentalmente por chumbo, alguns estudos foram realizados com o objetivo de avaliar
possíveis efeitos dessa contaminação.
41
Alves e cols (2003) avaliaram 64 crianças, de um a cinco anos de idade
comprovadamente contaminadas por chumbo, com nível de chumbo acima de 10 µg/dl,
de modo a identificar possíveis efeitos no seu desenvolvimento. As crianças foram
divididas por faixas etárias (de um a dois, de dois a três, de três a quatro e quatro a cinco
anos de idade) e por sexo (32 meninos e 32 meninas). Utilizaram o Inventário
Operacionalizado Portage (IPO) para avaliar o desempenho geral e áreas específicas
(Linguagem, Socialização, Autocuidado, Cognição e Desenvolvimento Motor) dos
respectivos grupos. Os resultados mostraram que, na faixa etária de 1 a 2 anos,
comparando-se por gênero, as meninas se encontravam abaixo do esperado para sua
idade; com relação às crianças de 2 a 3 anos de idade, tanto meninos como meninas
estavam abaixo do esperado; de três a quatro anos, a maioria, independente do sexo,
estava dentro do esperado e também as crianças de 4 a 5 anos, mas as meninas dessa
faixa etária, tiveram o desempenho pior do que os meninos. Ao analisar e comparar o
desenvolvimento geral das meninas e dos meninos por faixa etária, encontraram uma
defasagem maior entre as meninas. Ao analisar o desempenho por áreas, observou-se
que ambos apresentaram maior defasagem nas mesmas áreas de Cognição e Linguagem
dependendo da faixa etária, e em menor escala na área de Autocuidado. Os resultados
em Cognição indicaram que efeitos da contaminação sobre o desempenho,
principalmente das meninas, com resultados estatisticamente significativos e entre
meninos e meninas de um a dois anos de idade quanto ao desenvolvimento geral e
Cognitivo, estando esta faixa etária mais suscetível à contaminação por permanecer
mais tempo no chão e ter o hábito de levar à mão e objetos à boca.
Neme (2003) conduziu um estudo com o objetivo de realizar uma avaliação
psicológica de crianças contaminadas por chumbo por meio do Teste do Desenho da
42
Figura Humana (DFH-Kopitz) e da Escala de Inteligência Wechsler para Crianças
(WISC-III), comparando os resultados em ambas as provas psicológicas em termos dos
indicadores de comprometimento emocional e desempenho verbal, de execução e total,
com relação aos índices de contaminação por chumbo identificado. Foram avaliadas 46
crianças entre seis e dez anos e onze meses. Os índices de contaminação por chumbo da
maioria dessas crianças variou de 10,10 µg/dl a 40,30 µg/dL. Os resultados revelaram
um índice significativo de crianças contaminadas com indicadores de comprometimento
emocional e com resultados gerais abaixo da média no WISC-III e com piores
resultados no subteste de Execução, sem diferenças aparentes entre os resultados
obtidos em ambos os testes e as subcategorias de plumbemia adotadas neste trabalho.
Dascânio e cols (2005) avaliaram as possíveis contribuições do modelo de
equivalência de estímulos no estudo dos efeitos da contaminação por chumbo, em 10
crianças na faixa etária de 9 a 11 anos, sendo observada a manifestação de habilidades
discriminativas e simbólicas por aquelas das séries iniciais do ensino público
fundamental, com a mesma avaliação intelectual, mas com discrepâncias significativas
relacionadas ao nível de contaminação.
Correia e cols (2005) desenvolveram um estudo com o objetivo de avaliar
possíveis efeitos da contaminação por chumbo em 30 crianças de ambos os sexos, com
idade de quatro a seis anos e sete meses. O desempenho intelectual focalizou três
medidas gerais: inteligência verbal, inteligência em execução e inteligência total a partir
do Pré-WISC (WPPSI). Os dados obtidos indicaram que a interferência da
contaminação por chumbo no desenvolvimento intelectual da criança.
Rodrigues e cols (2003) utilizaram o Inventário Portage Operacionalizado para
avaliar uma população infantil de 77 crianças com nível de contaminação por chumbo
43
maior ou igual a 10 µg/dL, sendo 37 meninas e 40 meninos, variando de 7 meses a 6
anos de idade, em desenvolvimento geral e nas cinco áreas específicas do
desenvolvimento (Cognição, Linguagem, Autocuidado, Socialização e
Desenvolvimento Motor). Os resultados apontaram que a maioria apresentou um
desempenho abaixo do esperado nas áreas de Cognição e Linguagem. Observou-se que,
em Cognição, à medida que a idade aumenta, um maior número de crianças se afasta do
desempenho esperado. Nas áreas de Desenvolvimento Motor, Socialização e
Autocuidado, o desempenho da maioria das crianças, em todas as idades, ficou dentro
ou acima do esperado.
Em outro estudo de Rodrigues e cols (2004), apontou-se a defasagem de crianças
de zero a seis anos contaminadas por chumbo em áreas especificas do desenvolvimento
comparando com a visão que os cuidadores têm do seu desenvolvimento. Participaram
64 crianças, 28 meninas e 36 meninos, com idades entre 18 e 73 meses, com nível de
chumbo no sangue comprovadamente acima de 10 µg/dl, avaliadas pelo Inventário
Portage Operacionalizado nas áreas de desenvolvimento (Linguagem, Desenvolvimento
Motor, Socialização e Cognição) e as respostas dos pais e/ou cuidadores sobre aspectos
do desenvolvimento da criança foram analisadas. Os resultados mostraram que, à
medida que a criança fica mais velha, seu desempenho piora. O desempenho em
Cognição ficou abaixo do esperado e a comparação deste com a avaliação dos pais é
relativa, visto que estes apresentaram avaliação mais satisfatória do que o resultado
apontado pelo teste.
Amaral e cols (2004) avaliaram o desempenho intelectual de dois grupos de
crianças contaminadas por chumbo, com as mesmas características, sendo um deles com
nível de chumbo comprovado (Grupo 2) e, o outro, com ausência comprovada (Grupo
44
1), com crianças na faixa etária entre sete e dez anos, que freqüentavam o ensino
fundamental da rede pública, havendo o número de meninos e meninas nos grupos. Foi
aplicado WISC-III. Os resultados mostraram que a média foi baixa para os dois grupos,
porém, para as escalas de execução e total, o desempenho do Grupo 1 foi superior do 2.
Na análise de habilidades específicas observaram que, em Compreensão Verbal, os
resultados são semelhantes, mas variações em Organização Perceptual, Ausência de
distração e Velocidade processual, esta considerada pela literatura como prejudicada
pela contaminação.
Rodrigues e cols (2004) avaliaram 90 crianças contaminadas por chumbo, de
ambos os sexos, utilizando o Teste do Desempenho Escolar (TDE) que avalia o
desempenho acadêmico de crianças da 1ª. À 6ª. Série do 1º. Grau. Foram levantadas
junto aos pais as formas de avaliação do desempenho escolar de seus filhos. Os
resultados mostraram que a maioria deles tinha uma visão positiva da atuação do filho,
mas em desacordo com a conclusão do teste, com indicação mais positiva para meninas
do que para os meninos. Constataram, porém, que diferenças de desempenho por
gênero: as meninas são melhores e os pais as avaliam dessa forma.
Troijo e cols (2004) analisaram o desenvolvimento de 33 crianças de quatro a
cinco anos de idade, com nível de chumbo acima de 10 µg/dl, de ambos os sexos, a
partir do Inventário Portage Operacionalizado (IPO) em desenvolvimento geral e nas
áreas específicas (Cognição, Autocuidado, Linguagem, Socialização e Desenvolvimento
Motor) e quanto à freqüência escolar. Os resultados encontrados apontaram para o
desempenho geral dos grupos como abaixo do esperado. Todavia, o grupo com escola
apresenta um resultado melhor do que o grupo sem escola; sendo a defasagem em
Linguagem e Cognição maior para o grupo sem escola. Identificaram, também, a maior
45
média geral do vel plubemia para esse grupo, apontando para a importância da escola
no desenvolvimento da criança.
Manfrinato e cols (2005) realizaram um estudo com 60 crianças na faixa de um a
cinco anos de idade, sendo 15 de cada faixa etária, com contaminação comprovada pelo
chumbo. Foi utilizado o Inventário Portage Operacionalizado para a avaliação de
desenvolvimento. Os autores encontraram defasagem maior nas faixas etárias de dois a
três e entre quatro e cinco anos com decréscimo no desempenho nas áreas do
desenvolvimento, sendo maior o comprometimento em Linguagem e Cognição de
acordo com nível de chumbo no sangue.
Rodrigues, Almeida e Ribeiro (2003) avaliaram o desenvolvimento geral e nas
áreas específicas (Desenvolvimento Motor, Linguagem, Autocuidado, Socialização e
Cognição) de 28 crianças de um a três anos contaminadas, a maioria com nível de
chumbo no sangue acima de 20 µg/dl por chumbo. Identificaram maior defasagem em
áreas do desenvolvimento como Linguagem, Autocuidado e Cognição e constataram
que o desempenho do grupo piora quanto maior a faixa etária.
Um outro estudo investigou a ocorrência de diferenças no desenvolvimento
infantil de 48 crianças, de um a seis anos de idade, considerando o nível de
contaminação por chumbo e encontraram defasagem entre o resultado obtido e o
esperado indicando efeitos da contaminação sobre o desenvolvimento infantil,
principalmente nas áreas de linguagem e cognição (FIGUEIREDO ET AL, 2003).
Almeida (2005) analisou o desenvolvimento global de dois grupos de crianças: o
Grupo 1 formado por aquelas contaminadas com nível de chumbo no sangue acima de
10 µg/dl e o Grupo 2 não apresentava contaminação. Comparou o desenvolvimento
infantil e as condições ambientais de aprendizagem entre os dois grupos através da
46
aplicação do Inventário Operacionalizado Portage para avaliação do desenvolvimento
geral e em áreas específicas (Autocuidado, Desenvolvimento Motor, Linguagem,
Socialização e Cognição) e o Inventário HOME, que mensura a qualidade e quantidade
de estimulação e apoio disponível para uma criança no ambiente familiar. A média de
chumbo no sangue das crianças contaminadas foi de 25 µg/dl, sendo subdividido em
duas classes (abaixo = < 20 µg/dl e acima = > 20 µg/dl). Os resultados apontaram que o
grupo de crianças não contaminadas apresentava um desempenho abaixo do esperado,
mas superior ao grupo contaminado, sendo estatisticamente significativa em
Socialização, Cognição e Linguagem. A defasagem entre os meninos foi maior nos dois
grupos. Apesar de o ambiente desses grupos estudados ser semelhantemente precário,
quando comparado à qualidade do ambiente do grupo sem contaminação ainda era
melhor. O presente estudo demonstrou que a intoxicação por chumbo representa um
fator que, somado a outros fatores de risco, como pobreza e qualidade do ambiente,
potencializa os prejuízos ao desenvolvimento infantil.
Amaral (2005), num estudo realizado com 40 crianças, nas idades de sete a 10
anos, que freqüentavam a escola fundamental da rede pública e moravam nas
redondezas de uma fábrica de baterias, submeteu-as a exames de sangue para detecção
de contaminação por chumbo. O Grupo 1 foi formado por 20 crianças (8 meninas e 12
meninos) que freqüentavam a escola fundamental e não apresentavam contaminação , o
Grupo 2 ( 8 meninas e 12 meninos) constituiu-se a partir do pareamento com o primeiro,
por idade, gênero e proximidade da fonte contaminadora. Também participaram os
professores de ambos os grupos que responderam a um questionário sobre aspectos
comportamentais e de desempenho acadêmico das crianças, sendo estas, pertencentes
aos dois grupos foram avaliadas pelo WISC-III. A avaliação de bom ou ótimo
47
desempenho escolar sob o ponto de vista do professor ficou abaixo do desempenho
obtido no teste, o que significa que a visão dos professores sobre os alunos era pior do
que eles realmente eram. O desempenho intelectual das crianças com índice zero de
contaminação (G1), não apresentou queda no coeficiente intelectual, mas esta foi
identificada no G2 (contaminados), para cada aumento de 10 µg/dl de chumbo no
sangue das crianças, ou seja, quanto maior o nível de chumbo no sangue, pior foi o
desempenho intelectual destas. Os resultados indicaram prejuízos para a população
contaminada.
Estudos revelam que, mesmo quando as intoxicações são em doses baixas
alteração na produção de hemoglobina e nos processos bioquímicos cerebrais; podendo-
se deste quadro resultar alterações psicológicas e comportamentais (BELLINGER,
1995).
Canfield e cols (2004), autores de uma pesquisa realizada pela University of
Rochester Medical Center, Rochester, New York, relataram o pouco conhecimento da
exposição ao chumbo e suas conseqüências para o funcionamento neurocomportamental
em crianças com concentrações de chumbo no sangue abaixo de nível de precaução de
10 µg/dl estabelecido pelo CDC. Nesse estudo foram mensuradas as concentrações de
chumbo no sangue de 172 crianças nas faixas etárias de seis meses, um ano, um ano e
seis meses, dois, três e quatro anos. Nas crianças na faixa etária de três a cinco anos
aplicaram a escala de Stanford Binet para estimar o QI. Além da concentração de
chumbo no sangue outras variáveis foram consideradas: peso da criança ao nascer,
anemia, e para avaliação do QI das mães, aplicaram a forma abreviada da Stanford
Binet Intelligence Scale. Também consideraram os anos de escolaridade dos pais, a
raça, o uso ou não de tabaco durante a gestação e a renda anual familiar. A qualidade do
48
ambiente doméstico foi avaliada por meio do Home Observation for Measurement of
the Environment Inventory . Resultados demonstraram que as crianças de três a cinco
anos tiveram um declínio no QI maior nas concentrações abaixo de 10 µg/dl, sugerindo
que pode haver mais crianças afetadas por chumbo no sangue por exposição ambiental
do que o que fora anteriormente (CDC, 2006).
Segundo o CDC e a OMS, não há evidências e faltam pesquisas para provar os a
efeitos sobre os níveis de chumbo no sangue abaixo de 10 µg/dl.
Kaufmann (2001) realizou uma análise sobre a relação do baixo nível de
chumbo no sangue e o prejuízo ao QI de crianças contaminadas em 26 investigações.
Apontou falhas gerais de metodologia e considerou algumas aplicações do
rebaixamento de QI atribuídos ao nível de chumbo no sangue das crianças imprecisas.
Ao avaliar essas investigações identificou três estudos por meta-análise como sendo
critérios específicos de qualidade. Nesses estudos foram avaliadas crianças de um a 12
anos, com nível de chumbo entre 10 µg/dl e 20 µg/dl, sendo um deles com pré-
escolares, variando o decréscimo de 2.6 pontos QI na meta-análise de cinco estudos. A
validade considerada significativa como evidência científica seria uma diminuição de
três pontos no QI para contaminação de chumbo no sangue. O autor fez críticas ao
descontrole de variáveis que obscurecem as conclusões de bons estudos, sendo elas:
habilidades e estilos parentais, tempo que os pais dispensam à criança, as habilidades e
estilos de outros cuidadores, e também observou que quando mensuraram variáveis
específicas relacionadas aos pais e a educação da criança, os resultados foram
interessantes. Salientou que o impacto social exercido pelos níveis de chumbo precisa
ser mostrado, por afetar negativamente o funcionamento intelectual das crianças em
diversas dimensões.
49
Koller e cols (2004) consideram as crianças como mais vulneráveis à exposição
ao chumbo por três razões: risco maior de ingestão do chumbo ambiental pelo
comportamento de pica, havendo maior absorção do trato gastrintestinal do que em
adultos; o desenvolvimento do SNC pode ser mais vulnerável aos efeitos da toxicidade
do chumbo pela imaturidade cerebral, como pode haver outras conseqüências maiores, e
também existir efeitos da exposição a veis mais baixos desse metal a saúde. Ao
discutirem vários estudos consagrados, demonstraram que o nível de concentração de
chumbo no sangue em crianças vem diminuindo em poucas décadas, mas continua
sendo o maior problema de saúde pública especialmente para alguns grupos com baixos
recursos, de áreas urbanas afro-americanas, que sofrem abuso ou negligência, e vivem
em comunidades rurais e/ou países em desenvolvimento. Nesse artigo avaliaram oito
recentes estudos de corte-seccional os quais investigam a relação entre concentração de
PbB e habilidades cognitivas e sete outros trabalhos de seis diferentes países (Croácia,
Dinamarca, Arábia Saudita, México, Paquistão e Taiwan). Na discussão sobre os
resultados dessas pesquisas, apontaram a idade de quatro a cinco anos como um período
crítico de manifestação da exposição inicial ao chumbo, enfatizando aspectos orgânicos
da neurotoxidade do chumbo e seus efeitos. Apontaram as limitações de alguns
instrumentos na avaliação da cognição, com respeito à dose-dependência, para avaliação
do status neurológico e às limitações de mensuração dos testes de QI. A partir dessas
análises os autores sugeriram que o nível de chumbo no sangue estaria atualmente em
torno de 2 a 4 µg/dl nos EUA e Europa, salientando a importância da avaliação do risco
que representa à saúde e o prejuízo que acarreta ao funcionamento cognitivo infantil.
Korda et al (2006) realizaram, na cidade de Torréon, México, análise de dados a
partir de um programa de suplementação aleatória de ferro e zinco em crianças expostas
50
ao chumbo. Participaram do estudo 602 crianças, na faixa etária de seis anos e dois
meses a oito anos e cinco meses, que moravam e freqüentavam nove escolas públicas de
ensino fundamental num raio de três quilômetros, nas proximidades de uma
metalúrgica. Avaliaram aspectos específicos e globais da cognição, por uma bateria de
testes que consistia em 14 tarefas em lápis e papel ou no computador. A média
geométrica do nível de chumbo no sangue foi de 16,6 µg/dl aos cinco anos. Para análise,
consideraram, também, outras variáveis como idade, gênero, status socioeconômico da
família, educação formal da mãe, envolvimento dos pais na educação escolar, estrutura
familiar e ordem de nascimento. Consideraram as medidas cognitivas como variáveis
dependentes e o chumbo como variável independente, escolhendo quatro pontos de
corte (8, 10, 12 e 14µg/dl) para associação entre contaminação por chumbo e
desempenho cognitivo. Os resultados mostraram que o desempenho das crianças em
tarefas cognitivas é inversamente associado com seu vel concomitante do metal no
sangue, mas a relação entre o desempenho e nível do mesmo no sangue não é constante,
registrando-se variação das concentrações. O déficit cognitivo estimado para cada
aumento de 1µg/dl no nível de chumbo dessa população foi maior através da variação
de PbB < 10 µg/dl, do que o citado acima. Os dados foram significativos entre crianças
cujas famílias tinham poucos recursos, não tendo as mães completado o Ensino Médio e
os pais não eram tão envolvidos na vida escolar dos filhos. A importância da presente
pesquisa é que, mesmo quando os níveis de chumbo no sangue são baixos, estes estão
associados com defasagem no desempenho e, também a avaliação dos efeitos do
chumbo na cognição por modelos lineares provavelmente subestima o problema da
contaminação em crianças com níveis baixos.
51
Thacker e cols (1992) identificaram e revisaram cinco estudos longitudinais que
relacionaram contaminação por chumbo e desenvolvimento de crianças. Observaram
aspectos positivos relacionados à qualidade das pesquisas e cuidados metodológicos,
sendo consideradas as mesmas variáveis para todos os estudos (idade, sexo, raça, fatores
obstétricos, desempenho intelectual dos pais, nível socioeconômico, ambiente
doméstico e a presença de chumbo no ar), apontando para os efeitos do chumbo no
desenvolvimento infantil.
Os dados obtidos em outras pesquisas indicaram que esse tipo de contaminação
interfere no desenvolvimento intelectual da criança, sendo importante considerar o
controle de outras variáveis (Correia, Dascânio, Valle, Rodrigues, 2004; Dascânio,
Baggio, Correia, Lopes Jr., Rodrigues, 2004). Desse modo, buscar a compreensão dos
efeitos da contaminação no organismo infantil e as repercussões na criança vítima dessa
ação e em seus pais pode ser de grande relevância para minorar o sofrimento e as
conseqüências da mesma no desenvolvimento infantil (MOREIRA, MOREIRA, 2004).
Existe na literatura uma relação entre o processo de desenvolvimento e as
condições socioeconômicas, que mesclam diversos fatores como renda, nível de
instrução e profissão, tipos de lares e bairros em que as pessoas residem, qualidade da
assistência médica, educação escolar e de outras oportunidades que lhe são disponíveis.
As ameaças ao bem-estar das crianças se multiplicam quando diversos fatores de risco
geram condições que aumentam a probabilidade de um resultado negativo, podendo ter
conseqüências no desenvolvimento, como saúde e desempenho. Desse modo, a
exposição constante e maciça ao chumbo influenciada por algumas condições sócio-
econômicas desfavoráveis pode prejudicar o desenvolvimento da criança (MARTINS
ET AL, 2004; ANDRADE ET AL, 2005; PAPALIA, OLDS, FELDMAN, 2006).
52
O desenvolvimento da criança depende da qualidade do cuidado, nos aspectos
físico e afetivo-social e decorre de condições mínimas e estáveis de vida tanto
socioeconômicas quanto psicossociais. É o ambiente familiar que irá proporcionar,
principalmente na primeira infância, os principais vínculos, bem como os cuidados e
estímulos necessários ao crescimento e desenvolvimento da criança. Andrade e cols
(2005) avaliaram 350 crianças entre 17 e 42 meses, que residiam nas áreas centrais e
periféricas de Salvador, Bahia. Analisaram a associação entre a qualidade do ambiente
doméstico e o desempenho cognitivo infantil, identificando o impacto da escolaridade
materna sobre a qualidade dessa estimulação. A estimulação do ambiente familiar foi
avaliada pelo HOME (Home Observation for Menasurement of the Environment Scale)
e o desenvolvimento infantil, pela Escala Bayley. Observaram que quanto melhor a
qualidade da estimulação ambiental disponível para a criança, melhor o seu desempenho
cognitivo, sendo significativamente mais altos nas que ocupavam até a segunda ordem
de nascimento, e que não compartilhavam esse ambiente com outros menores de cinco
anos. Além disso, o nível de escolaridade materna, medido em anos, apresentou
associação positiva com a qualidade da estimulação ambiental recebida pela criança,
vinculando as mães com escolaridade acima de cinco anos positivamente com uma
melhor organização do ambiente físico e temporal, maior oportunidade de variação na
estimulação diária, disponibilizando materiais e jogos apropriados, e um maior
envolvimento emocional e verbal com a criança. O nível de escolaridade materna é
considerado por outros autores como fator de proteção para o desenvolvimento saudável
da criança, tanto global quanto específico. O fato de a mãe trabalhar fora é reconhecido
como um aspecto positivo, vindo a ser por essa condição um elemento gerador de renda
que propicia o acesso a recursos promotores de desenvolvimento infantil.
53
Diferentes autores enfatizaram a importância da avaliação do desenvolvimento
infantil como um todo e do ambiente que cerca a criança, podendo este acelerar ou
retardar esse processo, levando em conta que o desenvolvimento se na sua relação
com o ambiente, sem desconsiderar os limites biológicos, sendo o comportamento
moldado, portanto, por diferentes processos de aprendizagem (BEE, 1997; PAPALIA;
OLDS; FELDMAN, 2006).
O desenvolvimento infantil é um processo contínuo e as mudanças qualitativas e
proporcionam parâmetros de orientação na interpretação de comportamentos, tais como:
as diferenças individuais, períodos críticos e de desenvolvimento ordenado. Assim,
quantitativas, pelas quais as crianças passam no decorrer do tempo, não acontecem
isoladamente. Certos princípios do desenvolvimento se aplicam a todas as crianças e
diferentes tipos de comportamento são importantes em diferentes períodos da vida. À
medida que a criança cresce, podemos observar mudanças em alguns aspectos do
desenvolvimento mais do que em outros que, muitas vezes, se sobrepõem e interagem
entre si durante toda a vida, uma vez que o desenvolvimento de uma área afeta o
desenvolvimento em outra (BEE, 1997; DESSEN ET AL, 2005; PAPALIA; OLDS;
FELDMAN, 2006).
A utilização de escalas para avaliar o desenvolvimento de crianças tem se
mostrado útil na medida em que parâmetros para comparação com os seus pares da
mesma idade cronológica. Dentre as várias escalas utilizadas para detecção de distúrbios
do desenvolvimento infantil, destaca-se o Inventário Portage Operacionalizado (IPO),
descrito por Williams e Aiello (2001).
O Inventário Portage Operacionalizado (IPO) fornece uma visão global do
desenvolvimento da criança, dividindo-o em cinco grandes áreas: cognição,
54
desenvolvimento motor, linguagem, socialização e autocuidado, possibilitando a
detecção de áreas que devem ser objeto de intervenção. Prevê, inclusive, avaliações
seqüenciais como forma de monitorar o desenvolvimento da criança a partir da
introdução de procedimentos de intervenção. É um inventário relativamente fácil de ser
aplicado, uma vez que as instruções foram definidas operacionalmente e os critérios,
explicitados cuidadosamente (WILLIAMS; AIELLO, 2001).
A variedade de instrumentos, acrescida de dados sobre o ambiente das crianças e
aspectos do seu desenvolvimento anterior, possibilitaria uma avaliação de diferentes
aspectos do mesmo e da contaminação de chumbo a que estão expostos. Observar se a
contaminação está afetando o desempenho cognitivo associado à possibilidade de
freqüência à escola permitiria avaliar se a estimulação ambiental sistemática diminuiria
os possíveis danos de desenvolvimento atribuídos ao chumbo, pela literatura da área.
55
APRESENTAÇÃO
2 OBJETIVOS
O objetivo precípuo da proposta ora apresentada consiste em analisar os efeitos
do chumbo no desenvolvimento geral e em áreas específicas de crianças contaminadas
por este elemento químico, estabelecendo-se comparação entre dois grupos: o primeiro
de crianças de quatro a cinco anos de idade, com nível de chumbo de 10 µg/dl; e o
segundo, constituído daqueles com nível abaixo de 5 µg/dl, correlacionando a
freqüência à escola entre dois grupos, oriundas de condições sócio econômicas
semelhantes.
1. Descrever o desenvolvimento geral de crianças de quatro a cinco anos de
idade, com nível de chumbo acima de 10 µg/dl, e, nas áreas de
desenvolvimento motor, autocuidado, cognição, linguagem e socialização.
2. Descrever o desenvolvimento geral de crianças de quatro a cinco anos de
idade, com nível de chumbo abaixo de g/dl e, nas áreas de
desenvolvimento motor, autocuidado, cognição, linguagem e socialização.
3. Comparar o desenvolvimento geral e nas áreas de crianças com nível de
chumbo acima de 10 µg/dl com as crianças com nível de chumbo abaixo de
g/dl.
4. Comparar o desenvolvimento geral e nas áreas de crianças de quatro a cinco
anos de idade, com nível de chumbo acima de 10 µg/dl que freqüentam a
pré-escola com as que não freqüentam.
56
5. Comparar o desempenho cognitivo de crianças de quatro a cinco anos de
idade, com nível de chumbo acima de 10 µg/dl, que freqüentam a pré-escola
com as que não freqüentam.
6. Comparar o desenvolvimento geral e nas áreas de crianças com nível de
chumbo acima de 10 µg/dl que freqüentam pré-escola com as crianças com
nível de chumbo abaixo de 5µg/dl que também freqüentam a pré-escola.
7. Comparar o desempenho cognitivo de crianças que não freqüentam pré-
escola com nível de chumbo acima de 10 µg/dl com as crianças com nível de
chumbo abaixo de 5µg/dl que freqüentam a pré-escola.
8. Analisar o desenvolvimento infantil de crianças contaminadas e não
contaminadas, comparando com o nível de chumbo e fatores sócio-
demográficos (escolaridade dos pais, vida profissional da mãe).
9. Analisar o desenvolvimento infantil de crianças contaminadas e não
contaminadas, comparando com aspectos do desenvolvimento infantil e o
nível de chumbo como problemas de linguagem e de saúde.
57
3 MÉTODO
3.1 Participantes
O estudo foi realizado com 49 crianças, na faixa etária de quatro a cinco anos de
idade, com história de exposição ambiental ao chumbo e contaminação ou não
comprovada por exames de sangue, divididas em dois grupos: Grupo 1: Grupo de
Crianças Contaminadas (GCC), composto por 33 crianças com nível de chumbo no
sangue acima de 10 µg/dl, de ambos os sexos, subdividido em dois sub-grupos quanto à
freqüência à escola, 19 crianças contaminadas por chumbo que freqüentavam a pré-
escola (GCC1) e 14 crianças contaminadas por chumbo que não estavam freqüentando a
pré-escola (GCC2) e, o Grupo 2: Grupo de crianças não contaminadas (com nível de
chumbo no sangue abaixo de g/d) (GCNC), composto por 16 crianças que
freqüentavam a pré-escola e, também, residentes na área de contaminação (Tabela 1).
Tabela 1 - Distribuição dos participantes nos grupos.
GRUPOS
%
Crianças contaminadas com
escola (GCC1)
19 39%
Crianças Contaminadas (GCC)
Crianças contaminadas sem
escola (GCC2
14 29%
Crianças não contaminadas e com escola (GCNC)
16 32%
Total de Participantes 49 100%
Os participantes foram selecionados a partir de uma demanda identificada de
832 crianças de zero a 12 anos, de ambos os sexos, que foram avaliadas a partir do
acidente ambiental ocorrido em Bauru, estado de São Paulo. Os seus genitores ou
responsáveis participaram como mediadores ou informantes. Todos os integrantes dos
58
grupos residiam no mesmo bairro, oriundos, portanto, de condições socioeconômicas
semelhantes.
3.1.1 Caracterização dos participantes do GCC
No GCC, a distribuição por gênero mostra que nove são meninas (27%) e 24 são
meninos (73%). Quanto à escolaridade dos participantes do GCC, 58% freqüentam a
escola, o GCC1, sendo cinco meninas (15%) e 14 (43%) meninos e 42% não
freqüentam a escola; o GCC2, quatro meninas (12%) e dez meninos (30%) (Tabela 1).
Tabela 2 - Distribuição dos participantes do GCC nos grupos considerando o gênero e a
escolaridade.
GÊNERO
GRUPOS Feminino Masculino Total
Nº. % Nº. % Nº. %
GCC1 5 15% 14 43% 19 58%
GCC2 4 12% 10 30% 14 42%
TOTAL 9 27% 24 73% 33 100%
O índice de intoxicação por chumbo no sangue utilizado foi o proposto pela
Organização Mundial de Saúde (OMS), sendo considerada contaminada a criança que
se encontra acima de 10 µg/dl de sangue. Ao avaliar o nível de chumbo no sangue
(PbB) das crianças contaminadas, estabeleceram-se os seguintes parâmetros: o nível de
chumbo das crianças varia de 10,4 µg/dl a 30,8 µg/dl, sendo a média do grupo, de 17,1
µg/dl, com agrupamento das crianças com nível de PbB até 17,1 µg/dl e acima 17,
g/dl, por gênero.
59
Tabela 3 - Distribuição das crianças do GCC em níveis de chumbo no sangue.
NÍVEL DE PbB GCC
PbB Gênero
FEMININO MASCULINO TOTAL
% % %
Acima 17,1 µg/dl
4 44% 9 45% 13 39%
Abaixo de 17,1 µg/dl
5 56% 15 55% 20 61%
TOTAL
9 100% 24 100% 33 100%
Nível de Chumbo no sangue do GCC
por nero
0%
20%
40%
60%
80%
FEM MASC TOTAL
nero
Acima 17,1 µg/dl Abaixo de 17,1 µg/dl
Figura 1 - Distribuição dos participantes do GCC por gênero e nível de contaminação.
A Tabela 3 e a Figura 1 mostram que 55% dos meninos e 56% das meninas
apresentaram nível de chumbo no sangue (PbB) até 17,1 µg/dl e 45% dos meninos e
44% das meninas, nível acima de 17,1 µg/dl.
As questões do roteiro de Anamnese Simplificada possibilitaram a
caracterização dos participantes envolvidos a partir do levantamento das observações e
informações relatadas pelos responsáveis (mãe e/ou pai) sobre o desenvolvimento da
criança.
A Tabela 4 apresenta informações gerais sobre a gestação e as condições de
nascimento, inclusive o tipo de parto das crianças contaminadas, que, dependendo das
intercorrências, também pode ter conseqüências negativas para o seu desenvolvimento.
60
Segundo o relato dos responsáveis, a gestação de 67 % das crianças foi normal, sem
intercorrências. Delas, 82 % nasceram a termo e, quanto ao tipo de parto, 64% foram
cesáreas, embora não tenham sido identificadas, nesses dados, respostas que
acarretassem algum comprometimento ao recém-nascido.
Tabela 4 - Ocorrências quanto ao tipo de gestação, nascimento e parto dos participantes do GCC.
Condições da Gestação Nascimento Parto
Sem
intercorrências
Com
intercorrências
A Termo Prematuro Natural Cesárea
22 11 27 06 12 21
67 % 33% 82% 18% 36% 64%
Seguem-se alguns aspectos do curso do desenvolvimento das crianças
contaminadas por chumbo, por ocasião da primeira infância que foram relatados:
alimentação, sono, desenvolvimento motor e socialização.
Segundo seus relatos, 73% das crianças apresentaram hábitos alimentares
normais, considerando sua relação com o alimento (se é seletiva na aceitação do
alimento, se houve dificuldades anteriores e/ou atuais de adaptação, etc.) e 67% não
apresentaram dificuldades de sono. Para os pais, 79% das crianças apresentavam
desenvolvimento motor dentro do esperado para a faixa etária e 48% apontaram
dificuldades nessa fase do desenvolvimento em socialização, se referindo a
comportamentos até esperados para a faixa etária como, por exemplo, não interagir com
estranhos (Tabela 5).
Tabela 5 - Ocorrências observadas pelos pais (alimentação, sono, desenvolvimento motor e
socialização) dos participantes do GCC.
Normal Intercorrências
Alimentação 73% 27%
Sono 67% 33%
Motor 79% 21%
Socialização 52% 48%
61
Sobre a qualidade do relacionamento familiar entre os responsáveis e o
participante, 27% identificaram dificuldades, sem exemplificá-las. Quanto aos aspectos
emocionais e comportamentais do desenvolvimento observados, os mesmos apontaram
a presença de medos em 58% das crianças e manias em 45%. As dificuldades nas
tarefas escolares que estão relacionadas à atenção, memória e rapidez estavam presentes
em 10% dos relatos (Tabela 6).
Tabela 6 - Ocorrência das respostas apresentadas pelos pais dos participantes do grupo GCC:
relacionamento familiar; presença de manias, tiques e medos; tarefas escolares.
Considerando do número de crianças na família, constatamos, de acordo com a
tabela abaixo, que a maioria (84%) tem pelo menos mais um irmão (Tabela 6).
Tabela 7 - Porcentagem do número de irmãos dos participantes do GCC.
Irmãos Número %
Nenhum 5 15 %
1 8 24 %
2 15 45 %
3 2 6 %
4 a 5 3 10 %
3.1.2 Caracterização dos participantes do GCNC
O GCNC era formado por 16 crianças consideradas não contaminadas por
apresentarem nível de chumbo abaixo de g/dl no sangue, expostas às mesmas
condições ambientais e de vel socioeconômico semelhante às crianças do GCC.
Normal Intercorrências
Relacionamento Familiar
73% 27%
Medos
42% 58%
Manias
55% 45%
Tiques
100% 0
Tarefas Escolares
90% 10%
62
Considerando a distribuição por gênero, a maioria pertence ao sexo masculino (62,5%)
nesse grupo (Tabela 8).
Tabela 8 - Distribuição do grupo de crianças não contaminadas (GCNC) por gênero.
GÊNERO GRUPO GCNC
%
Feminino
6 37,5 %
Masculino
10 62,5 %
A partir das informações fornecidas pelos pais sobre a gestação e nascimento,
constatamos que 94% das crianças do GCNC não apresentaram intercorrências na
gestação, tendo todas as crianças nascido a termo e 50 % delas, por parto normal
(Tabela 9).
Tabela 9 - Ocorrências quanto ao tipo de gestação, nascimento e parto das crianças do GCNC.
Gestação Nascimento Parto
Sem
intercorrências
Com
intercorrências
A Termo Prematuro Natural Cesárea
15 1 16 0 8 8
94 % 6 % 100 % 0 50 % 50 %
No que diz respeito a alimentação, sono, desenvolvimento motor e socialização,
que são aspectos observados pelos pais ao longo do desenvolvimento das crianças, a
maioria delas (94%) não apresentou dificuldades de alimentação, e a minoria que
revelou esse tipo de problema foi descrita pelo informante como seletiva ou inapetente;
69% não apresentaram problemas de sono, identificando o acordar á noite e ter sono
agitado como manifestações ligadas a esse problema; não identificaram problemas
motores para maioria e, em socialização, a maioria (87,5%) não observou dificuldades
(Tabela 10).
63
Tabela 10 - Ocorrências observadas pelos pais do GCNC (alimentação, sono, desenvolvimento
motor e socialização).
A Tabela 11 mostra que, na observação da maioria dos genitores do GCNC
(93,5%), não há problemas de relacionamento entre os responsáveis e os participantes,
como também indica que estes não apresentam medos (68%), manias (69%) e tiques
(87,5%) e, quanto às tarefas escolares, considerando bom nível de atenção, memória e
rapidez na execução, a maioria (94%) tem desempenho dentro do esperado.
Tabela 11 - Ocorrência das respostas apresentadas pelos pais do GCNC quanto ao
relacionamento familiar, presença de manias, tiques e medos e desempenho nas
tarefas escolares.
Averiguou-se que 85% das crianças participantes do GCNC tinham, no máximo,
mais dois irmãos, conforme mostra a Tabela 12.
Tabela 12 - Porcentagem do número de irmãos das crianças contaminadas.
Irmãos Número %
Nenhum 5 30%
1 3 18%
2 6 37%
3 1 6%
4 a 5 1 9%
Normal Intercorrências
Alimentação 94% 6%
Sono 69% 31%
Motor 94 % 6%
Socialização 87,5% 12,5%
Normal Intercorrências
Relacionamento Familiar
94% 6%
Medos
68% 32%
Manias
69% 32%
Tiques
87,5 % 12,5 %
Tarefas Escolares
94% 6%
64
Informações sobre a saúde das crianças e o desenvolvimento de linguagem,
embora coletadas na Entrevista Inicial, serão apresentadas na seção de Resultados.
3.2 Local
As aplicações do Inventário Operacionalizado Portage (IPO) e os dados da
anamnese do grupo de crianças contaminadas (GCC) foram coletados em salas para
atendimento infantil ou adulto, num Centro de Psicologia Aplicada (CPA), da
Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” (UNESP), Campus de Bauru,
na cidade de Bauru, SP.
A avaliação dos participantes do GCNC foi realizada na residência dos mesmos,
em horário previamente agendado, observado e considerado o espaço físico apropriado
e a ausência de possíveis fatores de interferência (barulho, TV, música, outras crianças,
presença do adulto), para que essas variações nos locais de coleta não acarretassem
diferenças de aplicação e, conseqüentemente, de respostas.
3.3 Materiais
Os instrumentos que compuseram a pesquisa incluíram o Roteiro de Anamnese
Simplificada (Anexo 3) e, para a aplicação do Inventário Portage Operacionalizado
(IPO), foram utilizados Protocolos (Anexo 4) para anotação dos comportamentos e
Folhas de Registro (Anexo 5) nas respectivas áreas do desenvolvimento (WILLIAMS;
AIELLO, 2001). Utilizou-se, também, de materiais lúdicos e pedagógicos,
acondicionados em caixas-baú, referindo-se os mesmos a cada faixa etária (Anexo 6),
Por exemplo, para a de quatro a cinco anos, os seguintes materiais: um pote contendo
um cubo grande e uma fruta plástica, 10 blocos de tamanhos iguais e diferentes, um
65
pote com objetos plásticos pequenos (dois copinhos, uma bota, uma bolsa e um carro),
um pote com dois objetos rosqueáveis, diversos objetos pequenos de diferentes cores
(letras, números e copinhos), lápis e giz de cera de diferentes cores e tamanhos, massa
de modelar, uma bola grande, livros infantis (“Toque e sinta”, “Hora de Brincar” e a
“Bela Adormecida”), uma caixa de giz de cera, uma corda, um cubo pedagógico,
moedas, duas pasta plásticas (contendo atividades gráficas preparadas de acordo com
sugestão do manual do IPO).
3.3.1 Roteiro de Anamnese Simplificada
O Roteiro de Anamnese Simplificada era composto por questões semi-
estruturadas que tinham por objetivo realizar uma caracterização dos participantes,
ressaltando informações como: dados sobre os familiares que residem na casa; nível
socioeconômico; escolaridade dos pais; desenvolvimento pré-natal e pós-natal, também
o atual da criança, englobando desenvolvimento motor, da linguagem e da socialização;
informações sobre alimentação, saúde, sono, sobre vida escolar (atenção realização de
tarefas e memória); presença de manipulações, tiques e medos; como aquelas sobre o
relacionamento familiar (Anexo 3).
3.3.2 Protocolos de Aplicação do Inventário Portage Operacionalizado
Os Protocolos para anotação dos comportamentos avaliados pelo IPO permitem
obter dados nas cinco áreas: Socialização, Linguagem, Desenvolvimento motor,
Cognição e Autocuidado, utilizados nas idades correspondentes à idade cronológica da
criança e das idades próximas, até que o critério pré-estabelecido pelo instrumento seja
66
alcançado. Para a aplicação do Inventário foram utilizados brinquedos específicos e
materiais pedagógicos (folhas, tesoura, lápis preto e colorido, massa de modelar, giz de
cera, livros de estória, gravuras, jogos, entre outros), organizados e acondicionados em
caixas para cada faixa etária, permitindo o transporte de todo material de acordo com o
local de aplicação. Também foram empregadas folhas de registro para cada uma das
cinco áreas do IPO (Anexo 5).
O IPO conta com cinco áreas de desenvolvimento: Cognição, que avalia a
linguagem receptiva e o estabelecimento de relação de semelhanças e diferenças;
Socialização, as habilidades relevantes na interação com as pessoas; Autocuidado, a
independência para o alimentar-se, vestir-se, banhar-se, etc.; Linguagem, o
comportamento verbal expressivo e, Desenvolvimento Motor, os movimentos
coordenados por pequenos e grandes músculos.
3.4 Procedimento
3.4.1 Procedimentos preliminares da pesquisa
A partir de uma lista de crianças moradoras em área com contaminação
ambiental, fornecida pela Diretoria Regional de Saúde (DIR X), de Bauru, após
avaliação, os responsáveis pelos participantes foram contatados e convidados a integrar
o projeto. Em contato prévio individualmente foram explicados os seus objetivos, as
atividades envolvidas, a importância da sua presença enquanto mediador e informante,
em caso de utilização dos dados obtidos com a criança em artigos ou apresentação de
trabalhos em Congressos, a garantia da preservação da identidade dos mesmos, como
também a participação em outros procedimentos propostos pelo projeto e em programas
futuros de intervenção. Após a compreensão e anuência de tais informações, o
67
responsável assinou Termo de Consentimento Livre e Esclarecido de acordo com os
trâmites designados pela Resolução 196/96, do CONEP. Não houve recusa dos
responsáveis em participar, juntamente com a criança, do referido estudo.Consiste o
presente trabalho como uma parte de uma pesquisa maior que foi submetida e aprovada
pelo Comide Ética da Faculdade de Ciências, da UNESP, campus de Bauru (Anexo
1).
3.4.2 Identificação dos participantes do GCC
A partir de listagem fornecida pelo órgão de saúde, foram selecionadas as
crianças de GCC, que apresentavam vel de Pb (plumbemia) acima de 10µg/dl no
sangue. Seus responsáveis foram contatados e os encontros, previamente agendados.
Após os trâmites iniciais, realizou-se a anamnese com os genitores ou, na ausência
destes, com o responsável pela criança, na hipótese de seu conhecimento sobre ela
poder colaborar na coleta; caso contrário, um outro horário era agendado com o
responsável. Em seguida, a criança, juntamente com seu genitor ou responsável foi
conduzida para o local onde a aplicação do IPO seria realizada, sendo observada a
disponibilidade da criança em participar do estudo. Foram dois, em média, o número de
sessões para aplicação do IPO.
3.4.3 Identificação dos participantes do GCNC
As crianças foram identificadas pela listagem fornecida pela DIR X, sendo
selecionadas aquelas com nível de chumbo abaixo de 5 µdl/g no sangue dentro da faixa
etária estabelecida. Localizados os endereços, aqueles nos quais constava o número de
68
telefone, foi realizado um contato com o responsável e verificada a possibilidade de ida
do pesquisador à sua residência com agendamento prévio.
A etapa seguinte ocorreu de maneira semelhante à do GCC, uma vez que foram
aplicados os mesmos instrumentos, com o cuidado de obter as informações a respeito da
família e da criança e, na ausência do genitor, com o responsável que as conhecesse,
enfatizando a garantia do sigilo e da confidenciabilidade acerca das identidades dos
envolvidos no estudo e reafirmando a impossibilidade de identificação de cada
indivíduo no momento de apresentação dos resultados. Como a semelhança entre as
residências era parcial, houve uma preocupação com o local de aplicação para que
preservássemos, nessa ação, possíveis interferências do ambiente, e; observando-se
cansaço da criança ou desinteresse, ocorria a finalização da aplicação desse instrumento
e era agendada uma nova sessão. Foram dois, em média, o número de sessões para
aplicação do IPO.
3.4.4 Aplicação dos Instrumentos para os dois Grupos
A coleta de dados foi iniciada com a aplicação do roteiro da Anamnese
Simplificada com o responsável, sendo as respostas anotadas nos espaços reservados
para esse fim.
Para a aplicação do IPO, inicialmente o aplicador promovia diálogos e ações
facilitadoras para a interação positiva e para a conquista da confiança da criança a ser
avaliada. À medida que uma relação empática se estabelecia entre o aplicador e a
criança, iniciava-se a aplicação do Inventário Portage Operacionalizado. O início da
avaliação partia da utilização do protocolo para crianças de quatro a cinco anos. A
presença dos responsáveis foi indispensável durante a aplicação uma vez que os
69
mesmos, além de confortarem a criança, dando-lhe nesse ambiente com pessoas
estranhas serviam, também, como informantes. A aplicação encerrava-se quando a
criança cumpria todos os itens previstos ou mostrava-se cansada, irritada e/ou com sono.
Se necessário, um novo horário era agendado para a continuidade da avaliação. Os
acertos e os erros foram contabilizados nos protocolos de cada uma das áreas avaliadas,
possibilitando a organização do que seria feito na sessão seguinte, de forma a
contemplar o critério para o encerramento da avaliação.
A aplicação dos instrumentos para o GCNC seguiu os mesmos procedimentos
daqueles realizados com o GCC, sendo que algumas adaptações foram necessárias
considerando a mudança de local, mas cuidados foram tomados para que o ambiente
não interferisse nas respostas desse grupo.
3.5 Análise dos Dados
3.5.1 Anamnese Simplificada
Os dados coletados por esse instrumento serviram para caracterizar os
participantes e sua família, nos seguintes aspectos: dificuldades de sono, alimentação,
socialização, desenvolvimento motor, execução e desempenho em tarefas escolares,
tiques, manias, medos.
Os dados sobre a saúde e linguagem da criança e sobre seus pais, a escolaridade
e a vida profissional da mãe, foram organizados em termos de ocorrência ou não e
comparados com o desempenho no IPO através do teste estatístico Mann-Whitney
(SIEGEL,1975).
70
3.5.2 O Inventário Portage Operacionalizado (IPO)
A aplicação desse instrumento possibilitou avaliação e descrição do
desenvolvimento geral das crianças contaminadas e não contaminadas em cinco áreas:
Autocuidado, Cognição, Linguagem, Socialização e Desenvolvimento Motor. Os
critérios de aplicação do IPO determinam que a criança apresente, nos protocolos das
idades anteriores 15 respostas corretas consecutivas e 15 respostas erradas consecutivas
nas idades posteriores a dela, de modo que se estabeleça o que ela é ou não capaz de
fazer, sugerindo, assim, seu nível de desenvolvimento geral e em cada área avaliada. As
etapas subseqüentes, como avaliação das respostas dadas pela criança e elaboração do
resultado final, foram realizadas segundo as diretrizes propostas no manual, para
posterior descrição e análise conjunta.
Após a coleta de dados, estes foram descritos a partir dos pontos obtidos pela
média das crianças de cada grupo ou organizados a partir de algumas condições
(presença ou não de problemas de saúde, escolaridade dos pais, etc.) e área do
desenvolvimento avaliada e posteriormente analisada estatisticamente, utilizando-se a
prova da mesma natureza de Mann-Whitney (SIEGEL,1975), com índice de
significância ao nível de 5%. Este índice teve o objetivo de identificar possíveis
diferenças no desenvolvimento de crianças contaminadas por chumbo (acima de 10
µg/dl) considerando a freqüência à escola com aquelas não contaminadas, ou seja, com
nível de chumbo no sangue abaixo de 5 µg/dl. Os resultados do IPO foram, também,
avaliados através da análise de cada uma das áreas e do resultado total e correlacionados
(Kruskal-Wallis Test) com a freqüência ou não à pré-escola, dado coletado na
anamnese. A análise estatística foi realizada com o auxílio do Statstical Software
Minitab – versão 13.
71
4 RESULTADOS
O presente trabalho tem como objetivo descrever e analisar o desenvolvimento
geral de crianças de quatro a cinco anos de idade contaminadas por chumbo e com nível
no sangue (PbB) acima de 10 µg/dl, mensurado a partir de exames hematológicos,
freqüentando ou não a pré-escola, comparando-o com o de crianças com nível de
chumbo abaixo de g/dl e freqüentando a pré-escola, nas mesmas condições
socioeconômicas.
Pela vulnerabilidade das crianças à contaminação do chumbo, este estudo tem
como propósito avaliar possíveis efeitos desse metal no desenvolvimento geral e em
cinco áreas específicas - Desenvolvimento motor, Linguagem, Autocuidado, Cognição e
Socialização - de dois grupos de crianças expostas aos efeitos desse metal no sangue,
contaminadas (PbB > 10 µg/dl), freqüentando ou não a pré-escola, e de outro da mesma
faixa etária, mas com outro nível de chumbo (PbB < g/dl), com escola. Optou-se por
destacar o desempenho dos grupos avaliados em Cognição, por tratar-se da área de
desenvolvimento que está diretamente ligada aos conteúdos acadêmicos. Os resultados
foram, também, correlacionados, além da influência da escola, com algumas condições
das crianças como saúde e desenvolvimento da linguagem.
Inicialmente será descrito o desenvolvimento geral das crianças de cada um dos
Grupos: GCC e do GCNC nas cinco áreas de desenvolvimento: Motor, Autocuidado,
Cognição, Linguagem e Socialização.
4.1 Desempenho do GCC no Inventário Portage Operacionalizado
Os resultados do desenvolvimento geral no Inventário Portage Operacionalizado
(IPO) do GCC foram obtidos considerando a somatória de todas as áreas e comparando-
72
a com o desempenho esperado para essa faixa etária por gênero. Constatou-se que os
meninos apresentaram como média do desempenho obtido de 427,5 e as meninas, 433,2
em relação ao esperado, (Figura 2), que era de 444 pontos para a idade avaliada.
Considerando o desenvolvimento geral, observou-se que o desempenho pouco se
afastou do esperado para os dois gêneros.
Desempenho Geral no IPO do GCC por
nero
0
100
200
300
400
500
GCC/MASC GCC/FEM
Gênero
Med Ob X Med
Esp
Med Ob GCC Med Esp
Figura 2 - Desempenho Geral no IPO por gênero para o GCC.
Todavia, levando em conta que o desenvolvimento geral é obtido a partir da
somatória dos pontos de cada uma das áreas, a análise destas separadamente pode dar
informações mais precisas do desenvolvimento da população estudada. A Figura 3 e a
Tabela 13 mostram o desempenho das crianças do GCC nas áreas de Autocuidado,
Cognição, Desenvolvimento Motor, Linguagem e Socialização. As crianças desse grupo
apresentaram escore em torno do esperado em Desenvolvimento Motor, Socialização,
Linguagem e Autocuidado, independente do gênero. Em Cognição os dois gêneros estão
abaixo do esperado, sendo que os meninos revelaram um escore mais baixo. No GCC
73
não se observou diferença significativa entre os desempenhos considerando o gênero
(P>0,05), segundo Mann-Whitney Test.
Desempenho no IPO por área e nero do
GCC
0
20
40
60
80
100
120
140
DM LIN ACU SOC COG
Áreas do Desenvolvimento
Esperado X Obtido
MASC FEM ESP
Figura 3 - Desempenho nas áreas específicas de desenvolvimento do IPO para o GCC.
Tabela 13 - Desempenho nas áreas específicas de desenvolvimento do IPO do GCC (crianças
contaminadas) por gênero.
Áreas Des./Gênero MASCULINO FEMININO Esp./ Área
Desenvolvimento Motor
118,7 115 111
Linguagem
82 80 85
Autocuidado
85,7 88 90
Socialização
72,2 72 72
Cognição
68,8 77 86
4.2 Desempenho do GCNC no Inventário Portage Operacionalizado
Utilizando-se o mesmo critério, foram analisados os dados do GCNC, grupo de
crianças não contaminadas, descrevendo o desenvolvimento geral e nas áreas de
Desenvolvimento Motor, Autocuidado, Cognição, Linguagem e Socialização.
74
O GCNC que tem vel de chumbo no sangue abaixo de 5 µg/dl apresentou uma
média de 446,9 obtidos nas áreas do desenvolvimento avaliadas pelo IPO, muito pouco
acima do esperado para esta faixa etária. Constatou-se que os meninos apresentaram
como média do desempenho obtido de 452,6 e as meninas, 437,5 em relação ao
esperado (Figura 4). Considerando o desenvolvimento geral observa-se que o
desempenho das meninas pouco se afastou do esperado e o dos meninos estava pouco
acima do esperado.
Desempenho Geral no IPO de GCNC por
nero
0
100
200
300
400
500
GCNC/FEM GCNC/MASC
Méd Obt X Méd Esp
Med Ob GCC Med Esp
Figura 4 - Desempenho Geral no IPO do GCNC por gênero.
Quando foi avaliado o grupo GCNC quanto ao desempenho nas áreas de
desenvolvimento do IPO, verificou-se que, em Desenvolvimento Motor e Socialização,
o desempenho do grupo está pouco acima do esperado e, em Linguagem e Autocuidado,
muito próximo do esperado. Em Cognição o desempenho se encontra abaixo do
esperado (Tabela 14) (Figura 5).
75
Tabela 14 - Desempenho no IPO do grupo GCNC por área.
Resultados Áreas IPO Resultado Obtido Resultado Esperado
Desenvolvimento Motor 121,6 111
Linguagem 83,7 85
Autocuidado 89,5 90
Socialização 78,44 72
Cognição 74,1 86
Média Obtida 446,9 444
Desempenho no IPO do GCNC por área e
nero
0
20
40
60
80
100
120
140
DM LIN ACU SOC COG
Áreas do Desenvolvimento
Esperado x Obtido
GCNC/MASC GCNC/FEM ESP
Figura 5 - Desempenho no IPO do Grupo GCNC por área.
4.3 Comparando os desempenhos do GCC e GCNC
Quando se compara o desenvolvimento geral dos participantes dos dois Grupos
(GCC e GCNC), observou-se que o GCC apresentou desempenho inferior ao esperado,
enquanto que o GCNC, acima do esperado (Figura 6). A Tabela 15 comprova que a
diferença observada é estatisticamente significante (0,051).
76
Tabela 15 - Análise estatística por área, dos grupos GCC (contaminados) e GCNC (não
contaminados).
Desenv
Motor
Linguagem Autocuidado Socialização Cognição
Média
GCC 117,7 81,4 86,5 72,4 68,0 429,1
GCNC 121,5 83,7 89,5 78,4 74,1 446,9
Valor P* 0,106 0,378 0,254 0,008 0,054 0,051
Desempenho Geral no IPO do GCC e do
GCNC
0
100
200
300
400
500
Grupos
Esperado X Obtido
GCC=cont. GCNC=não cont Esperado
Figura 6 - Desempenho Geral no IPO para os grupos GCC e GCNC.
Comparando os dois grupos por área também se observaram diferenças entre
eles. Em Desenvolvimento Motor, os dois estão acima do esperado, mas o desempenho
do GCNC é superior ao do GCC. Na área de Socialização, o GCNC está acima do
esperado, enquanto que o GCC está abaixo do esperado (Figura 7). A Tabela 12 mostra
que essa diferença é estatisticamente significante (0,008). Em Linguagem, Autocuidado
e Cognição os dois grupos apresentaram desempenho abaixo do esperado e, o GCC, um
decréscimo ainda maior que o GCNC. Em Cognição observou-se diferença
estatisticamente significativa entre os Grupos (0,054), conforme mostra a Tabela 16.
77
Desempenho no IPO do grupo GCC e GCNC
0
20
40
60
80
100
120
140
DM LIN ACU SOC COG
Áreas de Desenvolvimento do IPO
Esperado X Obtido
GCC GCNC ESP
Figura 7 - Desempenho no IPO por áreas do grupo GCC (contaminados) e do grupo GCNC
(não contaminados).
4.4 Desempenho do GCC1 e GCC2: a influência da escola no grupo dos
contaminados
Comparando o desenvolvimento geral de crianças de quatro a cinco anos de
idade, com nível de chumbo acima de 10 µg/dl, que freqüentavam a pré-escola com as
que estavam fora da escola, os resultados obtidos a partir da somatória de todas as áreas
e comparando com o desempenho esperado nessa faixa etária, constatou-se que o GCC1
apresentou como média do desempenho obtido 451,4 e o grupo das crianças que não
freqüentavam a escola 398,9 em relação ao esperado (Figura 8), que era de 444 pontos
para a idade avaliada. Considerando o desenvolvimento geral, notou-se que a diferença
entre o GCC1 (com escola) e o GCC2 (sem escola) é significativa (0,025).
78
Desempenho Geral no IPO do GCC1 e do
GCC2
0
100
200
300
400
500
dia Obtida dos Grupos
Esp X Obt
GCC1=com escola GCC2=sem escola Esperado
Figura 8 - Desempenho Geral no IPO do GCC1 (com escola) e do GCC2 (sem escola).
Encontraram-se diferenças, também, ao se comparar o desenvolvimento do
grupo de crianças contaminadas por chumbo com escolaridade (GCC1) com as sem
escolaridade (GCC2) nas cinco áreas avaliadas pelo IPO, conforme mostra a Figura 9.
Há diferenças significativas (P<0,05) entre os desempenhos nas seguintes áreas de
desenvolvimento: Desenvolvimento Motor, Linguagem, Socialização, Cognição, como
também na Média geral entre os dois grupos, segundo o Mann - Whitney Test (Tabela
16).
79
Desempenho no IPO por área do Grupo GCC1 e GCC2
0
20
40
60
80
100
120
140
Ob DM Ob LIN Ob ACU Ob SOC Ob COG
ÁREAS DO DESENVOLVIMENTO
Esperado X Obtido
GCC1 - Com escola GCC2 - Sem escola IPO Esp
Figura 9 Desempenho no IPO por áreas do desenvolvimento dos GCC1 (com escola) e do
GCC2 (sem escola)
Tabela 16 - Análise estatística comparando os participantes do GCC, com escola (GCC1) e sem
escola (GCC2).
Desenv
Motor
Linguagem Autocuidado Socialização Cognição
Média
GCC1 121,4 86,3 89,3 75,3 79,1 451,4
GCC2 112,6 74,9 82,7 68,4 60,1 398,9
Valor P* 0,025 0,006 0,152 0,0014 0,0001 0,0025
Destacando, na Figura 10 o desempenho na área de Cognição das crianças
participantes do GCC1, no grupo contaminado com escola, o valor obtido foi de 79,1,
enquanto do GCC2, sem escola, 60,1 sendo que, para esta faixa etária, o esperado é 86.
O GCC1, com escola, apresentou um decréscimo de 6,9 pontos na média e o GCC2,
sem escola, 25,9 pontos, na média, abaixo do esperado.
80
Desempenho na Área de Cognição do GCC1 e GCC2
0
20
40
60
80
100
Cognição
GCC1=com escola GCC2=sem escola Esperado
Figura 10 - Desempenho do Grupo GCC, com e sem escola na área de Cognição.
Uma outra análise possível dos efeitos do chumbo no desenvolvimento infantil
diz respeito à comparação do seu desempenho levando em conta o nível de plumbemia.
Para a análise foi posta em evidência a média do grupo e as crianças foram divididas em
abaixo (< 17,1) e acima (> 17,1) da média. Em atenção ao desempenho no IPO do
GCC1 e GCC2 com nível de chumbo < 17,1 µg/dl, observou-se na Tabela 17 que a
diferença foi significativa para Linguagem (0,0405). Todavia, pode ser reconhecida
como significativa também em Cognição (0,067), ainda que com valor maior do que
0,05.
Tabela.17 - Alise estatística comparandovel Plubemia < 17,g/dl dos participantes do grupo
GCC1 (com escola) e do GCC2 (sem escola) e o desempenho por áreas no IPO.
Grupos Desenv
Motor
Linguagem Autocuidado Socialização Cognição Média
GCC 2
(N=07)
113,8 76,6 84,7 69,71 63,4 408
GCC 1
(N=13)
117,2 84,3 88,3 73,46 70,8 433
Valor P*
0.3495 0.0405 0.155 0.155 0.067 0.067
81
A Tabela 18 mostra o desempenho no IPO dos grupos (GCC1 e GCC2) com
nível de chumbo > 17,1µg/dl. Observou-se que houve diferença significativa entre as
crianças contaminadas com escola e sem escola em Desenvolvimento Motor (0,01),
Socialização (0,025), Cognição (0,005) e no desempenho médio (0,004).
Tabela 18 - Análise estatística comparando nível Plubemia > 17,g/dl dos participantes do grupo
GCC1 (com escola) e do GCC2 (sem escola) e o desempenho por áreas no IPO.
Grupos Desenv
Motor
Linguagem
Autocuidado Socialização Cognição
Média
GCC 2
(N=07)
111,4 73,29 80,71 67,14 56,86 389,4
GCC 1
(N=13)
130,5 90,67 91,33 79,17 80,33 472
Valor P*
0,01 0,11 0,117 0,025 0,005 0,004
4.5 Comparando o desempenho do GCC1 com GCNC
Os Grupos GCC1 e GCNC têm como característica comum à ida a escola.
Comparando seu desenvolvimento geral observou-se que o GCC1, de crianças
contaminadas com escola, apresentaram desempenho acima do esperado e ligeiramente
superior ao GCNC, sem contaminação e com escola. Porém, a diferença observada não
foi estatisticamente significante (Figura 11).
82
Desempenho Geral no IPO do GCC1 e GCNC
0
100
200
300
400
500
Med Ob GCC1 Med Ob GCNC
Média Obtida dos Grupos
Obtido X Esperado
Med Ob Med Esp
Figura 11 - Desempenho Geral no IPO do GCC1 e do GCNC.
Quando se compararam os dois grupos por áreas de desenvolvimento avaliadas
pelo IPO, estes também não apresentaram diferenças estatisticamente significativas
(P>0,05), segundo Mann-Whitney Test.
A Figura 12 mostra o desempenho do grupo GCC1 e GCNC, quando se
compararam os dois grupos por áreas de desenvolvimento avaliadas pelo IPO,
Autocuidado, Cognição, Desenvolvimento Motor, Linguagem e Socialização. Na área
de Desenvolvimento Motor e Socialização, o desempenho de ambos os grupos está
acima do esperado, em Linguagem o grupo GCNC está abaixo e o GCC1, acima: em
Autocuidado apresentaram os mesmos escores muito próximos do esperado. Em
Cognição, a análise foi feita em separado (Tabela16).
83
Desempenho nas áreas do IPO dos grupos
GCC1 e do GCNC
0
20
40
60
80
100
120
140
DM LIN ACU SOC COG
Áreas do desenvolvimento
Esperado X Obtido
GCC1=com escola GCNC=não cont.
Esperado
Figura 12 - Desempenho nas áreas do IPO dos grupos GCC1 e GCNC.
Tabela 19 - Desempenho por área no IPO do GCC1 e GCNC.
Desempenho por área
GCC1 (com escola) GCNC Esperado
Desenvolvimento motor
121,4 121,6 111
Linguagem
86,3 83,7 85
Autocuidado
89,3 89,5 90
Socialização
75,3 78,4 72
Cognição
79,1 74,1 86
Destacando a área de Cognição, observou-se que ambos os grupos encontravam-
se abaixo do esperado. Porém, o GCC1 apresentou 6,9 pontos de decréscimo em relação
à expectativa, enquanto o GCNC, 11,9. Todavia, comparando GCC1 e GCNC
constatou-se que a média desses grupos não era estatisticamente significativa (P>0,05),
segundo Mann-Whitney Test (Figura 13).
84
Desempenho no IPO na área de Cognição do
GCC1 e do GCNC
0
20
40
60
80
100
GCC1=sem escola GCNC= não cont.
Esperado X Obtido
Ob COG Esp COG
Figura 13 – Desempenho em Cognição no IPO dos grupos GCC1 e GCNC.
4.6 Comparando o desempenho do GCC2 com GCNC
Comparando o desenvolvimento geral do CCC2 com o GCNC, identificou-se
encontramos a média obtida pelo GCC2 (398,9) abaixo do esperado em relação à média
do GCNC (446,8), sendo que este último grupo estava acima do esperado. No entanto,
no desenvolvimento por áreas nas crianças do GCC2, foram encontradas diferenças
estatisticamente significativas em Socialização e Cognição, quando comparadas às do
GCNC, como também em relação à média geral obtida (Figura 14).
Desenvolvimento Geral no IPO do GCC2 e
GCNC
0
100
200
300
400
500
GCC2 GCNC
Média Obtida nos grupos
Esperado
Med Ob Esperado
Figura 14 - Desempenho Geral no IPO do GCC2 e do GCNC.
85
Desempenho no IPO por área dos grupos
GCC2 e GCNC
0
20
40
60
80
100
120
140
DM LIN ACU SOC COG
Resultados Obtidos por áreas
Obtido X Esperado
ESPERADO GCC2 GCNC
Figura 15 - Desempenho nas áreas do IPO dos grupos GCC2 e GCNC.
Análises estatísticas mostraram que o desempenho do GCC2 na média geral e
nas áreas de Desenvolvimento Motor, Socialização e Cognição foi estatisticamente
significativo (P>0,05), segundo o Mann-Whitney Test. Considerando que a linguagem
tem relevância na análise do desenvolvimento infantil, influenciando as demais
aquisições, é compreensível a diferença observada (0,07), como estatisticamente
significante também (Tabela 20).
Tabela 20 - Análise estatística comparando os participantes do GCC2 com o grupo
GCNC.
Desenv
Motor
Linguagem Autocuidado Socialização Cogniçã
o
Média
GCC2 112,64 74,93 82,71 75,26 74,10 451,4
GCNC 121,56 83,75 89,50 78,44 60,10 446,9
Valor P* 0,034 0,070 0,142 0,002 0,004 0,003
Destacando a área de Cognição, quando se compararam os GCC2 e GCNC
observou-se que a diferença entre os dois grupos foi estatisticamente significativa
(Tabela 18). Quando se comparou o desempenho do GCC 2 (60,1 pontos), comprovou-
86
se uma diferença de 25,9 pontos em relação ao esperado (86), e do GCNC (74,1
pontos), havendo uma diferença de 11,9 pontos; os dois grupos estavam abaixo do
esperado na área de Cognição, mas a defasagem maior do GCC 2 deve ser enfatizada.
Desempenho no IPO na Área de Cognição dos
Grupos GCC2 e GCNC
0
20
40
60
80
100
Cognição
Obtido X Esperado
Grupo GCC2 Grupo GCNC Esperado
Figura 16 - Desempenho na área de cognição no IPO do GCC2 e GCNC.
Confirmando as comparações anteriores entre os dois grupos de crianças
expostas ao chumbo (GCC1, GCC2) com o grupo daquelas consideradas não
contaminadas (GCNC) através do Kruskal-Wallis Test, comprovaram-se os dados
anteriormente citados como estatisticamente significativos, conforme mostra a Tabela
21.
87
Tabela 21 - Análise estatística, utilizando o Kruskal Wallis Test, comparando os participantes
do GCC1 e GCC2 com o grupo GCNC.
Desenv
Motor
Linguagem Autocuidado
Socialização Cogniçã
o
Média
Qui-
quadrado
5,377 6,935 2,847 9,900 10,671 10,671
Asymp.
Sign
0,068 0,031 0,241 0,007 0,005 0,006
Valor P* 0,034 0,015 0,120 0,003 0,002 0,003
4.7 Comparando o desempenho no IPO com varáveis sociodemográficas segundo
o relato dos pais atual e anterior do GCC e GCNC
Uma outra análise conduzida foi comparar o desenvolvimento das crianças de
cada grupo divididas em função das variáveis sociodemográficas: escolaridade dos pais
e o fato de a mãe trabalhar fora. Análises estatísticas não apontaram as diferenças
observadas como significativas. Porém, os dados pareceram apontar algumas
tendências. A Tabela 22 revela que, para o GCNC, à medida que aumenta a
escolaridade da mãe, melhora o desempenho em Linguagem, Socialização e Cognição.
Considerando a escolaridade do pai, à medida que aumenta seu nível, piora o
desempenho das crianças em todas as áreas, com exceção de Socialização.
Tabela 22 - Descrição dos resultados das crianças no IPO considerando a escolaridade dos pais
do GCNC.
GCNC Áreas do IPO
DM LIN AUC SOC COG X Geral
M P M P M P M P M P M P
Analfabeto
- - - - - - - - - - - -
EF C/I
122 127 75 90 89 91 74 78 72 77 433 464
1º G C/I
123 119 86 81 90 89 78 78 74 73 450 441
Acima 1º G C
120 123 84 85 89 89 81 79 75 74 447 449
88
Para as crianças do GCC observamos que à medida que aumenta o nível de
escolaridade da mãe, melhoram os desempenhos das crianças em todas as áreas
avaliadas. Considerando a escolaridade dos pais observamos que à medida que o vel
aumenta piora o desempenho das crianças em todas as áreas avaliadas. Porém, quando
os pais são analfabetos, as crianças apresentam os piores resultados em Linguagem,
Socialização, Cognição e na média geral, conforme mostra a Tabela 23.
Tabela 23 - Descrição dos resultados das crianças no IPO considerando a escolaridade dos pais
GCC.
GCC Áreas do IPO
DM LIN AUC SOC COG X Geral
M P M P M P M P M P M P
Analfabeto
- 117 - 75 - 83 - 68 60 404
EF C/I
116 120 81 86 86 89 75 74 68 71 426 440
1º G C/I
118 120 80 83 87 91 70 74 67 72 422 439
Acima 1º G C
118 113 91 83 87 80 76 73 75 68 447 416
Destacando o desempenho em Cognição e comparando os dois Grupos (GCC e
GCNC), observou-se que o nível de escolaridade das mães influencia o
desenvolvimento cognitivo de seus filhos, enquanto que não se observa esta tendência
quando se analisa a escolaridade dos pais, conforme mostra a Tabela 24.
Tabela 24 - Comparação dos resultados das crianças dos dois grupos no IPO, em Cognição,
considerando a escolaridade dos pais.
Escolaridade Pais
Cognição
GCNC GCC
Mães com EFI/C
72
68
Mães com 1º G I/C
74
67
Mães acima de 1º GC
75
75
Pais analfabetos
-
60
Pais EF C/I
77
71
Pais 1º G C/I
73
72
Pais acima de 1º G C
74
68
89
Uma outra variável analisada foi a questão do trabalho da mãe. A Tabela 25
mostra que as crianças, filhos de mães que trabalham no GCC apresentaram
desempenho melhor em Linguagem, Autocuidado e Socialização. São piores em
Desenvolvimento Motor e, em Cognição, revelaram o mesmo desempenho das crianças
cujas mães não trabalham. Para o GCNC, as crianças, cujas mães trabalham, tiveram
desempenho superior em Desenvolvimento Motor, Socialização e Cognição e pior em
Linguagem e Autocuidado.
Tabela 25 - Descrição dos resultados das crianças no IPO, considerando o trabalho da mãe fora
de casa ou não.
DM LIN AUC SOC COG
G
C
C
G
C
N
C
G
C
C
G
C
N
C
G
C
C
G
C
N
C
G
C
C
G
C
N
C
G
C
C
G
C
N
C
Mães que trabalham
(n=12)
115
122
84
86
87
89
74
79
68
74
Mães que não
trabalham (n=21)
119
120
80
91
86
91
71
78
68
73
4.8 Comparando o desempenho no IPO com aspectos do desenvolvimento segundo
o relato dos pais atual e anterior do GCC e GCNC
Na Entrevista Inicial fora solicitado aos pais que relatassem aspectos do
desenvolvimento anterior e atual da criança. Alguns dos aspectos avaliados foram
comparados com o desempenho das crianças no IPO por se tratarem de condições que
poderiam interferir significativamente no desenvolvimento infantil como a linguagem e
a saúde, apesar de as análises estatísticas conduzidas não demonstrarem significância
nem entre grupos nem com relação à escolaridade.
Os problemas de linguagem identificados foram: rebaixamento da audição, falar
errado e enrolar, atraso, troca de letras.
90
A partir da constatação de problemas na aquisição da linguagem, as crianças
foram divididas em com e sem problemas (s/p e c/p) e o desempenho do grupo no IPO
foi analisado. A Tabela 26 mostra o desempenho médio dos Grupos e a Figura 17
mostra a diferença entre os resultados esperados e obtidos em comparação à presença ou
ausência de problemas na aquisição da linguagem.
Tabela 26 - Problemas na aquisição da linguagem e desempenho no IPO por áreas do GCC e
GCNC.
Áreas Esperado GCC GCNC
S/P
(n=23)
C/P
(n=10)
S/P
(n=10)
C/P
(n=6)
Des. motor
111 117 117 122 121
Linguagem
85 83 77 84 84
Autocuidado
90 87 85 91 87
Socialização
72 73 70 79 77
Cognição
86 69 64 75 72
Aquisição de Linguagem e o Desempenho no IPO
-24
-21
-18
-15
-12
-9
-6
-3
0
3
6
9
12
15
Des. motor Linguagem Autocuidado Socialização Cognição
Areas do Desenvolvimento
Pontos
GCC S/P GCC C/P GCNC S/P GCNC C/P
Figura 17 - Diferença entre o desempenho esperado e obtido no IPO, por área, do GCNC e
GCC, comparando com a aquisição de linguagem.
Foi observado que as crianças do GCC sem problemas na aquisição de
linguagem apresentaram decréscimo em Linguagem, Autocuidado e Cognição em
91
relação ao esperado; estando nas áreas de Desenvolvimento Motor e Socialização,
acima do esperado. As crianças do GCC com problemas na aquisição de linguagem
apresentaram decréscimo em todas as áreas, com exceção em Desenvolvimento Motor.
Para o GCNC sem problemas constataram-se decréscimos nas áreas de Linguagem e
Cognição. Nas demais áreas o desempenho estava acima do esperado. Para as crianças
do GCNC com problemas, houve decréscimos nas áreas de Linguagem, Socialização e
Cognição.
Considerando a linguagem atual, nas crianças sem problemas do GCC,
ocorreram resultados pouco abaixo dos esperados nas áreas de Autocuidado e
Linguagem e muito abaixo dos esperados em Cognição. Em Socialização e
Desenvolvimento Motor, elas estão acima do esperado. Nas crianças do GCC com
problemas atuais de linguagem notou-se que estavam abaixo do esperado em todas as
áreas, com exceção de Desenvolvimento Motor. As crianças do GCNC sem problemas
em linguagem atual estavam acima do esperado em todas as áreas com exceção de
Cognição, e aquelas, com problemas atuais de linguagem, estavam abaixo do esperado
em Linguagem, Autocuidado e Cognição e, nas demais áreas avaliadas, acima das
expectativas.
A Tabela 27 mostra os desempenhos médios de cada grupo considerando o
desenvolvimento da linguagem atual de acordo com relatos dos pais e a Figura 18
apresenta as diferenças entre os resultados médios obtidos e o esperado em cada uma
das áreas.
92
Tabela 27 - Linguagem atual e desempenho no IPO por áreas do GCC e GCNC.
Áreas Esperado GCC GCNC
S/P
(n=20)
C/P
(n=13)
S/P
(n=4)
C/P
(n=12)
Des. motor
111 119 116 113 120
Linguagem
85 84 77 87 81
Autocuidado
90 87 86 92 88
Socialização
72 74,1 70 79 78
Cognição
86 69,6 64,6 77 71,7
Linguagem Atual e Desempenho no IPO
-21
-18
-15
-12
-9
-6
-3
0
3
6
9
12
15
Des. motor Linguagem Autocuidado Socialização Cognição
Áreas do Desenvolvimento
Pontos
GCC S/P GCC C/P GCNC S/P GCNC C/P
Figura 18 - Diferença entre o desempenho esperado e obtido no IPO, por área, do GCNC e
GCC, comparando com a linguagem atual.
Questões de saúde, sejam no curso de desenvolvimento ou atuais, em
decorrência ou não da contaminação por chumbo, podem resultar em prejuízos para o
desenvolvimento global ou em áreas especificas do mesmo. Os problemas de saúde
relatados pelas mães estão registrados na Tabela 28.
93
Quadro 2 - Problemas de saúde relatados pelas mães.
Ocorrências GCC GCNC
Anterior Atual Anterior Atual
Anemia
1 3 7 4
Problemas respiratórios
8 5 0 0
Problemas Neurológicos
2 2 0 0
Cirurgias
1 0 0 0
Abaixo do peso
1 0 0 0
Refluxo
0 1 1 0
Cardíaco
1 1 0 0
Meningite
1 0 0 0
Paralisia parcial
1 0 0 0
Verminose
1 2 0 0
Dificuldade visual
0 1 0 0
Dores no corpo
0 6 0 0
Problemas dermatológicos
0 2 1 0
Problemas ortopédicos
0 1 0 0
Sangramento nasal
0 1 0 0
Cisto
0 0 0 1
Total
17 25 9 5
Análises foram conduzidas estabelecendo-se comparação entre o relato dos
responsáveis sobre problemas de saúde no curso de desenvolvimento da criança e o
desempenho no IPO e, também, entre problemas de saúde atuais e o desempenho no
IPO. As crianças, em cada condição, foram agrupadas e o desempenho médio descrito e,
ainda, as diferenças entre o desempenho médio obtido e o esperado foram calculadas.
A Tabela 28 mostra o desempenho médio no IPO das crianças com e sem
problemas de saúde relatado pelos responsáveis no curso de seu desenvolvimento, para
GCC e GCNC.
Tabela 28 - Saúde da criança no curso do desenvolvimento e desempenho no IPO, por áreas, do
GCC e GCNC.
Áreas Esperado GCC GCNC
S/P
(n=21)
C/P
(n=12)
S/P
(n=11)
C/P
(n=05)
Des. motor
111 118 117 120 124
Linguagem
85 81 83 85 82
Autocuidado
90 88 84 91 86
Socialização
72 73 71 79 78
Cognição
86 69 67 73 77
94
A Figura 19 mostra as diferenças entre o desempenho esperado e o obtido no
IPO, comparando as médias dos grupos com e sem problemas de saúde do GCC e
GCNC.
Saúde no Curso do Desenvolvimento e o Desempenho no
IPO
-21
-18
-15
-12
-9
-6
-3
0
3
6
9
12
15
Des. motor Linguagem Autocuidado Socialização Cognição
Áreas do Desenvolvimento
Pontos
GCC S/P GCC C/P GCNC S/P GCNC C/P
Figura 19 - Diferença entre o desempenho esperado e o obtido no IPO, por área, do GCC e
GCNC, comparando com problemas de saúde no curso do desenvolvimento.
Os grupos de crianças do GCC sem problemas de saúde no curso do
desenvolvimento apresentaram decréscimo em Linguagem, Autocuidado e Cognição em
relação ao esperado; nas áreas de Desenvolvimento Motor e Socialização estavam
acima do esperado. Nas crianças do GCC com problemas de saúde no curso do
desenvolvimento houve decréscimo em Linguagem, Autocuidado e Cognição, com
exceção em Desenvolvimento Motor. Em relação às do GCNC sem problemas ocorreu
decréscimo na área de Cognição. Nas demais áreas, o desempenho estava acima do
95
esperado.Quanto às crianças do GCNC com problemas de saúde os desempenhos
estavam abaixo do esperado em Linguagem, Autocuidado e Cognição (Figura 19).
Considerando as condições atuais de saúde atual foram assinalados, tanto nas
crianças sem problemas do GCC como nas com problemas, resultados abaixo do
esperado em todas as áreas, com exceção de Desenvolvimento Motor. (Tabela 29) As
crianças do GCNC sem problemas de saúde atual estavam acima do esperado em todas
as áreas com exceção de Cognição e Autocuidado. Naquelas com problemas atuais de
saúde, os resultados abaixo do esperado em Linguagem e Cognição, e nas demais áreas
avaliadas, acima (Figura 20).
Tabela 29 - Saúde atual da criança e desempenho no IPO, por áreas, do GCC e GCNC.
Áreas Esperado GCC GCNC
S/P
(n=20)
C/P
(n=13)
S/P
(n= 10)
C/P
(n=6)
Des. motor
111 115 122 122 121
Linguagem
85 79 79 85 81
Autocuidado
90 85 85 89 90
Socialização
72 71 71 77 81
Cognição
86 66 72 64 78
96
Sáude Atual e Desempenho no IPO
-30
-20
-10
0
10
20
Des. motor Linguagem Autocuidado Socialização Cognição
Áreas do Desenvolvimento
Pontos
GCC S/P GCC C/P GCNC S/P GCNC C/P
Figura 20 - Diferença entre o desempenho esperado e o obtido no IPO, por área, do GCC e
GCNC, comparando com a saúde atual.
97
5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
O objetivo geral deste estudo consistiu em avaliar em crianças contaminadas por
esse elemento químico, como também estabelecer uma relação com a freqüência à
escola de crianças de quatro a cinco anos de idade vinculadas a essa exposição. Foram
identificados, então, dois grupos de crianças, moradores nos mesmos bairros, expostos à
contaminação ambiental por chumbo: o GCC, formado por crianças comprovadamente
com plumbemia acima de 10 µg/dl, freqüentando ou não escola e, o GCNC, formado
por crianças com plumbemia até 5 µg/dl, todas freqüentando escola.
Os resultados obtidos indicaram que os dois grupos GCC e GCNC apresentaram
defasagens nas áreas de Linguagem, Autocuidado e Cognição e, em cada grupo, não se
identificou, também, diferenças estatisticamente significativas nas comparações entre
gêneros. Tong e cols (2000) avaliaram crianças contaminadas que nasceram próximas a
uma fundição de chumbo e encontraram associação negativa com a performance
cognitiva entre as meninas que se mostraram mais sensíveis aos efeitos da
contaminação. Almeida (2005) e Alves e cols (2004) também identificaram resultados
semelhantes. Entretanto, Prpíc-Majic e cols (2000), ao avaliarem a performance de
escolares na Croácia, localizaram variáveis de gênero associadas significativamente às
biológicas e psicológicas, sendo, porém, no seu estudo, os meninos que tinham níveis de
chumbo, protorfirina e eritrócitos mais elevados e o desempenho prejudicado em
atenção relacionado a estímulos visuais. Baseada na avaliação da literatura, a
inconsistência em resultados da vulnerabilidade e diferenças de gênero para efeitos do
chumbo permanece em aberto. Podemos postular várias razões para essa inconsistência:
98
circunstâncias de exposição (abrangência, dose, período), padrão entre estudos
populacionais e período de exposição (MOREIRA, MOREIRA, 2004).
Todavia, comparando os desempenhos dos dois grupos (GCC e GCNC),
analisados estatisticamente, observou-se que as diferenças foram significativas para
Socialização, Cognição e Média Geral. O resultado em Cognição parece indicar o efeito
do chumbo sobre o desenvolvimento intelectual. Tacker e cols (1992), ao avaliarem
cinco estudos longitudinais com grande impacto na população, encontraram diferenças
significativas entre nível de chumbo e desempenho mental nos estudos de Port Pirie,
Cincinnati, Boston e Clevelan. Outros estudos longitudinais apontam efeitos
consistentes do nível de chumbo no sangue no funcionamento cognitivo, com
diminuição do nível global de desenvolvimento, desempenho intelectual e
comportamento problemático (TONG, ET AL, 1998; PRPÍC-MAJIC, ET AL 2000;
TONG ET AL, 2000; DIETRICH, 2001).
As crianças do GCC foram divididas em dois grupos: GCC1, que freqüentavam
a escola e GCC2, as que não a freqüentavam. Considerando que todas as crianças
estavam contaminadas por chumbo as diferenças de desempenho poderiam ser,
naturalmente atribuídas à escola, as quais foram observadas em todas as áreas, com
exceção de Autocuidado. Numa análise mais refinada, estabelecendo comparação entre
as crianças com níveis de chumbo mais alto e mais baixo, freqüentando ou não escola,
os resultados indicaram que as crianças sem escola e com nível de chumbo mais alto
apresentaram diferenças significativas em Desenvolvimento Motor, Socialização e
Cognição e que as crianças com nível de chumbo mais baixo também revelaram
diferenças significativas em Linguagem e Cognição, reforçando a probabilidade dos
efeitos nefastos desse elemento químico no desenvolvimento infantil mesmo em níveis
99
próximos ao considerável como aceitável para crianças. Pode-se afirmar que a
freqüência à escola minimiza os efeitos do chumbo confirmando as críticas de alguns
autores sobre a importância de se considerarem variáveis específicas relacionadas à
educação da criança dentre outras, pela importância do impacto social exercido pelos
níveis de chumbo e por afetar negativamente o funcionamento intelectual das crianças
em diversas dimensões (KAUFMAN, 2001).
Ainda analisando os efeitos da escola, comparando os desempenhos no IPO de
GCC1 e GCNC, ainda que os dois tivessem apresentado desempenho abaixo do
esperado em Cognição, observou-se que o GCC1 foi melhor em pelo menos duas das
áreas avaliadas, apontando para o papel da escola no desenvolvimento geral das
crianças. Isso se confirmou quando se comparou o desempenho de GCC2 com GCNC
no qual as diferenças foram maiores e estatisticamente significativas nas áreas de
Desenvolvimento Motor, Socialização, Cognição e na Média Geral. A escola pode
representar um importante suporte social na superação de déficits cognitivos
encontrados em crianças com exposição excessiva ao chumbo. Alguns estudos
relacionaram indiretamente esses déficits a características socioeconômicas e
demográficas, mas outros sugeriram que crianças com baixo nível socioeconômico
familiar estariam mais vulneráveis aos efeitos desse metal, que o seu
desenvolvimento neuropsicológico estaria comprometido pelas desvantagens sociais,
embora, esses resultados não tenham sido consistentes, gerando uma preocupação
metodológica maior quando da análise dessas variáveis (TONG ET AL, 2000; KOLER,
2004; LINDSKY; SCHNEIDER, 2006).
As variáveis sócio-demográficas podem determinar o curso do desenvolvimento
infantil, multiplicando-se as ameaças ao bem-estar das crianças quando diversos fatores
100
de risco ou condições aumentam a probabilidade de um resultado negativo coexistir.
Albalak e cols (2003) observaram numa população infantil contaminada que a dose de
chumbo no sangue dessa população decrescia com a distância da fundição e, também,
quando se elevava o nível de renda, de educação e de cuidados básicos de saúde.
Ao comparar o desenvolvimento das crianças de cada grupo divididas em função
das variáveis sócio-demográficas - escolaridade dos pais e o fato de a mãe trabalhar fora
- as análises estatísticas não apontaram diferenças significativas, mas alguns aspectos
dessa população estudada foram identificados. No grupo de crianças não contaminadas
(GCNC), à medida que aumenta a escolaridade da mãe, melhora o desempenho em
Linguagem, Socialização e, principalmente, em Cognição, possibilitando inferir que
este nível influencie o desenvolvimento cognitivo de seus filhos, enquanto que não se
observa essa tendência quando se analisa a escolaridade dos pais, que acarreta um
decréscimo no desempenho das crianças em todas as áreas, com exceção em
Socialização. Quanto à variável materna, um maior vel de escolaridade desse
contingente pode proporcionar um ambiente de estimulação melhor, sendo que alguns
estudos revelaram associação significativa para escolaridade materna e qualidade do
ambiente, além da importância da escolaridade a ausência do pai no ambiente pode
representar um fator negativo. Em contrapartida o papel da família de mediação entre a
criança e a sociedade reconhece a socialização como elemento essencial do
desenvolvimento infantil (MARTINS, 2003 ANDRADE 2005).
A questão do trabalho da mãe foi outra variável analisada. As crianças do GCC
que as mães trabalham fora apresentaram desempenho melhor em Linguagem,
Autocuidado e Socialização, mas apresentaram resultados pior em Desenvolvimento
Motor e em Cognição e apresentaram o mesmo desempenho das crianças cujas mães
101
não trabalhavam. Todavia, para o GCNC, as crianças cujas mães trabalhavam
apresentaram desempenho superior em Desenvolvimento Motor, Socialização e
Cognição e pior em Linguagem e Autocuidados. O fato de a mãe trabalhar fora pode
propiciar melhores escores no desempenho de crianças, pois a condição de trabalho
materno, enquanto elemento gerador de renda pode facilitar o acesso a brinquedos e a
outros recursos promotores do desenvolvimento infantil, além da satisfação ocupacional
promover a auto-estima da própria mãe, motivando experiências positivas com os
filhos, tornando-se um importante fator de proteção ao desenvolvimento infantil
(MARTINS, 2003; ANDRADE, 2005).
Segundo Pappalia e cols (2006), estudos apontam que aproximadamente 12%
das crianças pobres possuem níveis elevados de chumbo no sangue em comparação
àqueles 2% de crianças abastadas. O envenenamento por chumbo pode interferir
seriamente no desenvolvimento cognitivo e causar diversos problemas neurológicos e
comportamentais, muitos deles irreversíveis mesmo depois de tratados. Identificar os
fatores de exposição à contaminação do chumbo e seus efeitos possibilita programar
ações orientadas para os principais problemas de saúde dessa população envolvendo
pais no cuidado e estimulação de seus filhos (TONG ET AL, 1998).
Na Entrevista Inicial os pais relataram alguns aspectos do desenvolvimento
anterior e atual da criança e estes foram comparados com o seu desempenho das
crianças no IPO, reconhecendo-se que tais aspectos podem interferir significativamente
no desenvolvimento infantil, como a linguagem e a saúde. Apesar de as análises
estatísticas conduzidas não demonstrarem diferenças significativas entre a presença
destes aspectos e o desempenho no IPO, os dados obtidos apontaram para uma relação
negativa entre eles, sendo que as crianças com problemas de saúde ou de linguagem,
102
atual ou presentes durante seu desenvolvimento, apresentaram desempenho abaixo do
esperado em áreas como Cognição, área de fundamental importância para o
desenvolvimento acadêmico posterior.
Estudos de Abalak e cols (2003) reforçam esses achados quando apontam que a
intoxicação ambiental por chumbo afeta praticamente todos os sistemas do corpo,
trazendo prejuízos à inteligência, ao crescimento, à audição, aumenta a anemia e pode
causar problemas de comportamento e atenção. Mello da Silva e Fruchtengarten (2005)
constataram que crianças aparentemente assintomáticas também apresentavam baixos
escores de QI, dificuldades de expressão verbal, distúrbios de atenção e
comportamentais, indicando a necessidade de cuidados sistemáticos à saúde dessa
população.
103
6 CONCLUSÃO
Os efeitos adversos da exposição ao chumbo na infância e suas conseqüências
no desenvolvimento cognitivo e comportamental têm sido observados em recentes
pesquisas realizadas no exterior e no Brasil, mas registraram-se poucas pesquisas
voltadas para a repercussão da contaminação para a população infantil, direcionadas
para os diferentes aspectos do desenvolvimento.
As análises permitiram identificar o desenvolvimento global e o desempenho em
áreas específicas do desenvolvimento, como linguagem, cognição, desenvolvimento
motor, socialização e autocuidado, entre crianças contaminadas que apresentavam nível
acima de 10 µg/dl de sangue e consideradas nesse estudo como não contaminadas
àquelas abaixo de 5 µg/dl, os resultados apontaram diferenças significativas entre os
grupos, salientando a repercussão do acidente ambiental para a população residente no
entorno.
Ao avaliarmos o grupo de crianças contaminadas com e sem escolaridade,
detectamos a importância da escola para essa demanda. Dentre as várias justificativas
encontradas na literatura e comprovadas em pesquisas, a escolarização representa um
importante ambiente de apoio e esimulação que, proporcionando qualidade e quantidade
adequada de estímulos, representa um suporte significativo para esse percentual da
população que, além da contaminação por chumbo vive em condições socioeconômicas
precárias com baixa qualidade do ambiente que são fatores que colocam em risco o
desenvolvimento dessas crianças.
O curso do desenvolvimento infantil está intrinsecamente relacionado a variáveis
sócio-demográficas influenciando-o diretamente. Mesmo não utilizando instrumentos
104
padronizados para essa análise, os dados obtidos com essa população nos apontaram
diversos fatores negativos coexistindo, entre eles a baixa escolarização dos pais, a
repercussão do trabalho formal feminino na estimulação das crianças, a identificação de
problemas de saúde que não estão especificamente ligados ao chumbo, mas às precárias
condições de vida, entre outros.
A intoxicação ambiental por chumbo é extensamente descrita em pesquisas,
assim como, as conseqüências negativas ao organismo principalmente para população
diretamente exposta e mais vulnerável, como trabalhadores, gestantes e crianças,
revelando a importância de pesquisas que analisem essa problemática em nosso país e
suas conseqüências para que medidas de proteção sejam aplicadas com mais eficiência.
105
REFERÊNCIAS
AGENCY FOR TOXIC SUBSTANCES AND DISEASE REGISTRY (CDC). Case
studies in environmental medicine: lead toxicity. Oct. 1992. Disponível em:
<http://www.atsdr.cdc.gov/HEC/CSEM/lead.htm>. Acesso em: 10 dez. 2005.
ALBALAK, R. et al. Blood lead levels and risk factors for lead poisoning among
children in a Mexican smelting community. Arch.Environ.Health, Chicago, v. 23, n. 3,
p. 172-182, Mar. 2003.
ALMEIDA, S. H. de. Análise do desenvolvimento de crianças de um a três anos de
idade contaminadas por chumbo. 2005. 111f. Dissertação (Mestrado em Educação
Especial) – Universidade Federal de São Carlos, São Carlos.
ALVES, C. O., RODRIGUES, O. M. P. R., MANFRINATO, J. W. de S. Exposição
ambiental ao chumbo: efeitos sobre o desenvolvimento de meninos e meninas. In: XII
SIMPEP Bauru. www.feb.unesp.br/dep/simpep/Anais_XII SIMPEP. Acesso: 04 de
Janeiro de 2007.
AMARAL, J. N. Avaliação intelectual de crianças contaminadas por chumbo: um
estudo comparativo. 2005. 75 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Faculdade de
Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília.
AMARAL, J. N. et al. Estudo Comparativo de crianças contaminadas por chumbo
avaliadas pelo instrumento WISC III. In: XXXIV Reunião Anual de Psicologia,
106
Ribeirão Preto. [resumo de comunicação científica]. 2004. Disponível em:
<http://www.sbponline.org.br/ >Acesso em: 5 de maio de 2007.
ANDRADE, S. A. et al. Ambiente familiar e desenvolvimento cognitivo infantil: uma
abordagem epidemiológica. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 39, n. 4, p.606-611
disponível em: <http: //www.scielo.br/pdf/rsp/v39n4/en_25533.pdf>, acesso em: 25 de
março de 2007.
BEE, H. O Ciclo Vital. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. 656 p.
BELLINGER D. C. Interpreting the literature on lead and child development: the
neglected role of the experimental system. Neurotoxicol. Teratol., New York, v. 17, n. 3,
p. 201 – 212, 1995.
BELLINGER, D. C. Effect modification in epidemiologic studies of low-level
neurotoxicant exposures and health outcomes. Neurotoxicology & Teratology, v. 22,
n.1, p. 133-400, 2000.
Boletim Epidemiogico Paulista, Informe Mensal sobre agravos à saúdeblica. Ano 1, n. 4,
abril 2004. Disponível em: <http://www.cve.saude.sp.gov.br/agencia/bepa4_inq.htm>.
acesso em 25 de jan. 2006.
107
BORNSCHEIN, R. L. et al. Assessment of Cleaning to Control Lead Dust in Homes of
Children with Moderate Lead Poisoning: Treatment of Lead-Exposed Children Trial.
Environ. Health Perspect., Research Triangle Park, v. 110, n. 12, p. A773-A779, dec.
2002.
CANFIELD, R. L. et al. Intellectual Impairment in Children with Blood Lead
Concentrations below 10 microg per Deciliter. N. Engl. J. Med., Boston, v. 348, n.16, p.
1517-1526, abr. 2004.
CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION (CDC). Blood Lead
Levels - United States, 1999-2002. MMWR Morb. Mortal Wkly Rep. Atlanta, v. 54, n.
20, p. 513-516, may 2005.
CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVETION. About the childhood
lead poisoning prevention program. (CLPPP). Disponível em:
<http://www.cdc.gov/nceh/lead/about/program.htm >. Acesso em: 06 nov. 2006.
CENTRO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA (CVE). Estratégias de abordagem
para a exposição ambiental ao chumbo no Estado de São Paulo. Disponível em: < http:
//www.cve.saude.sp.gov.br/htm/chumbo.htm.> Acesso em 10 dez.2004.
CHEN, A., DIETRICH, K. N., WARE, J. H., RADCLIFFE, J.,ROGAN, W.J. QI and
blood lead from 2 to 7 years of age: are the effects in older children the residual of high
lead concentrations in 2 years old? Environ Health Perspect, 2005, May; 113(5): 597-
601.
108
CORREIA, M. R. G., et al. Avaliação do desempenho intelectual de crianças de 4 anos
a 6 anos e 11 meses contaminadas por chumbo [resumo de comunicação científica].
2004. Disponível em: <http://www.sbponline.org.br/> Acesso em: 5 maio de 2005.
CUNHA, F. G. da. Contaminação humana e ambiental por chumbo no Vale do Ribeira,
nos estados de São Paulo e Paraná, Brasil. 2003. 111f. Tese de doutorado - Instituto de
Geociências, UNICAMP, Campinas.
DASCANIO, D., et al. Emergência de relações equivalentes por crianças com índices
de contaminação por chumbo. In: XXXIV Reunião Anual de Psicologia, Ribeirão
Preto. [resumo de comunicação científica]. 2004. Disponível em:
<http://www.sbponline.org.br/ >Acesso em: 5 de maio de 2007.
DESSEN, M. A. COSTA JÚNIOR, A. L. ET AL. A ciência do desenvolvimento
humano: tendências atuais e perspectivas futuras. Porto Alegre: Artmed, 2005, 278 p.
DIETRICH, K. N. et al. Early exposure to lead and juvenile delinquency. Neurotoxicol.
Teratol., New York, v. 23, n. 6, p. 511-518, nov-dec. 2001.
FIGUEIREDO, V. A. Efeitos da contaminação por chumbo no desenvolvimento
infantil:análise das variáveis níveis de chumbo e idade.In: V JORNADA DE
PSICOSSOMÁTICA E PSICOLOGIA HOSPITALAR I ENCONTRO DE
PSICOLOGIA DA SAÚDE,1.,2003, Bauru. Anais. Bauru: Universidade Estadual
Paulista, 2003. 63p.
109
FREITAS, C.U. Vigilância da população exposta a chumbo no município de Bauru, São
Paulo: investigação de fatores de risco de exposição e avaliação da dinâmica
institucional. 2005.258p. Tese de doutorado – Faculdade de Saúde Pública, São Paulo.
GONZALEZ, E.J. PHAM, P. G., ERICSON, J. E., BAKER, D.B. et al. Tijuana
Childhood Lead Risk Assessment Revisited: Validating a GIS Model with
Environmental Data. J. Environ. Manage., New York, v. 29, n. 4, p. 559-565, apr.
2002.
HOZHABRI S. et al. Elevated blood lead levels among children living in a fishing
community, Karachi, Pakistan. Arch. Environ. Health, Chicago, v. 59, n. 1, p. 37-41,
jan. 2004.
JANNAUSCH, M ET AL. Blood lead concentrations and pregnancy outcomes.
Archives Environmental health. v..57, n. 5, p 489-495, set-oct, 2002.
KAUFMAN, A.S. Do low levels of lead produce IQ loss in children? A careful
examination of the literature. Arch. Clin. Neuropsychol., New York, v. 16, n. 4, p. 303-
341, may 2001.
KIM, D. Y.; STALEY,F.; BUCHANA, S. Relation between housing age, housing
value, and childhood blood lead levels in children in Jefferson County, KY. Am J Public
Health, New York, v. 92, n. 5, p. 769–772, may 2002.
KLAASSEN, C. D. Metais pesados e antagonistas de metais pesados. In:. Gilman AG,
Goodman LS, Rall TW, Murad F. As bases Farmacológicas da Terapêutica. 9 ed. Rio
de Janeiro:The Mc GrawHill, 1996.capitulo 66, seção XVII. 1223-1227.
110
KOLLER, K., BROWN, T., SPURGEON, A., LEVY, L. Recent Developments in Low-
Level Lead Exposure and Intellectual Impairment in Children. Environmental Health
Perspectives, v.12, n.9, junho 2004, 987-994.
KORDAS, K., CANFIELD, R. L., LÓPEZ, P., ROSADO, J. L., VARGAS,
G.G.,CEBRIÁN, M.E.,RICO, J. A., RONQUILLO, D. , STOLTZFUS, R. J. Deficits in
cognitive function and achievement in Mexican first-graders with low blood lead
concentrations. Environmental Research, v. 100, issue 3, march 2006, pages 371-386.
LEROYER, A. et al. Environmental lead exposure in a population of children in
northern France: Factors affecting lead burden. Am. J. Ind. Med., New York, v. 38, n.
3, p. 281-289, sep. 2000.
LINDSKY, T.I., SCHNEIDER, J.S. Adverse effects of childhood lead poisoning: the
clinical neuropsychological perspective. Environ. Res., New York, v. 100, n. 2, p. 284-
293, feb. 2006.
LUO, W.; ZHANG.Y; Li H. Children's blood lead levels after the phasing out of
leaded gasoline in Shantou, Chin. Arch. Environ. Health, Chicago, v. 58, n. 3, p. 184-
187, mar. 2003.
MACHADO, S. L. et al. Diagnóstico da Contaminação por metais pesados em Santo
Amaro – BA. Disponível em:
MALTA, C. G. T.; TRIGO, L. A. S. C.; CUNHA, L. S. Saturnismo. 2000. Disponível
em: http://www.geocities.com/HotSprings/Resort/4486/chumbo 1.htm. Acesso em: 7
agosto de 2002.
111
MANFRINATO, J.W. de S. ET AL. A contaminação do meio ambiente influenciando
no desenvolvimento infantil. In: X SIMPEP, Bauru.
www.feb.unesp.br/dep/simpep/Anais_XIISIMPEP. Acesso: 04 de Janeiro de 2007.
MARTINS, M. de F. D. et al. Qualidade do ambiente e fatores associados: um estudo
em crianças de Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro,
v. 20, n. 3, p. 710-719, maio-jun. 2004.
MELLO-DA-SILVA, C.A., FRUTCHTENGARTEN, L. Riscos Químicos Ambientais à
saúde da criança. J. Pediat., v. 81, p .205-211, nov. 2005. / suplemento 5/.
MENDOLA, P. et al. Environmental factors associated with a spectrum of
neurodevelopmental deficits. Ment. Retard. Devel. Disabil. Res. Rev., New York, v. 8,
n. 3, p. 188-197, 2002.
MOREIRA, F. R., MOREIRA, J. C. Os efeitos do chumbo sobre o organismo humano e
seu significado para a saúde. Rev. Panam. Salud Publica, Washington, v. 15, n. 2, p.
119-129, feb. 2004.
NASHASHIBI, N., ET AL. Investigation of Kinetic of Lead during Pregnancy and
Lactation. Rev. Gynecol. Obstet .Invest,. Basel, v. 48, n. 3, p. 158-162, 1999.
NEEDLEMAN, H. L., McFARLAND, C. NESS, R.B., FIENBERG, S.E.,TOBIN, M. J.
Bone lead levels in adjudicated delinquents. A case control study. Neurotoxicol Teratol.
2002, Nov-Dec; 24(6): 711-7.Elseviers full-text article Links.
NEME, C. M. B. et al. Crianças intoxicadas por chumbo: indicador emocional
avaliado por meio do teste da figura humana e desempenho verbal execução e geral no
112
WISCIII. In: Sociedade Brasileira de psicologia. Resumos de Comunicações Científicas.
XXXIII Reunião Anual de Psicologia. Belo Horizonte, MG: SBP, 2003 412 p. p. 182-
183.
PADULA, N. A. et al. Intoxicação por chumbo e saúde infantil: ações intersetoriais
para o enfrentamento da questão. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 22, n.1, p.
163-171, jan. 2006.
PAOLIELLO, M.M.B. CHASIN, A. A. M. Ecotoxicologia do Chumbo e seus
compostos. Cadernos de Referência Ambiental. , Salvador, v.3, 144 p. 2001.
PAPALIA, D.E.; OLDS, S. W.; FELDAN, R. D. Desenvolvimento Humano. Porto
Alegre: Artmed, 2006.
PINO, P. et al. Rapid drop in infant blood lead levels during the transition to unleaded
gasoline use in Santiago, Chile. Arch. Environ. Health, Chicago, v. 59, n. 4, p. 182-187,
apr. 2004.
PROGRAMA DE LAS NACIONES UNIDAS PARA EL MEDIO AMBIENTE
(PNUMA). Saturnismo Infantil: Información para promover los interesses de la
infância y adotar medidas.New York, PNUMA Y UNICEF, 1997.
PRPÍC-MAJIC, D. et al. Lead absorption and psychological function in Zagreb
(Croatia) school children. Neurotoxicol. Teratol., New York, v. 22, n. 3, p. 347-356,
may-jun. 2000.
113
RODRIGUES, O. M. P. R. Atendimento Emergencial a crianças de 0 a 12 anos
contaminadas por chumbo. Projeto de Extensão da Pró-Reitoria de Extensão
Universitária. Universidade Estadual Paulista, Bauru, SP, 2002.
RODRIGUES, O. M. P. R.; et al. Avaliação do desenvolvimento de crianças de 1 a 3
anos de idade contaminadas por chumbo.In: NEME, C.M.B., RODRIGUES, O. M. P.
R. Psicologia da Saúde, São Carlos, Rima, 73-92, 2003.
RODRIGUES, O.M.P.R, ET AL. Avaliação psicológica de Crianças contaminadas por
chumbo. XXXIV Reunião Anual de Psicologia. Ribeirão Preto. [resumo de
comunicação científica]. 2004. Disponível em: <http://www.sbponline.org.br/ >Acesso
em: 5 de maio de 2007.
RODRIGUES, O.M.P.R, ET AL. Desenvolvimento Cognitivo: o resultado do
Inventário Portage Operacionalizado. XXXIV Reunião Anual de Psicologia. Ribeirão
Preto. [resumo de comunicação científica]. 2004. Disponível em:
<http://www.sbponline.org.br/ >Acesso em: 5 de maio de 2007.
RODRIGUES, O.M.P.R., RIBEIRO, M. FIGUEIREDO, V.A.P., ALVES, C.O.,
ALMEIDA, S.H.de MELCHIORI, L. E., RIBEIRO, T.M. Influência da exposição ao
chumbo no desenvolvimento infantil: Estudos preliminares e desafios. In: Sociedade
Brasileira de Psicologia. Resumos de Comunicações Científicas. XXXIII Reunião
Anual de Psicologia. Belo Horizonte, MG:SBP. 412 p. p.181-182, 2003.
ROJAS, M., ESPINOSA. C., SEIJAS, D., Asociación entre plomo en sangrey
parámetros sociodemográficos en población infantil. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v.
37, n. 4, p. 503-509, ago. 2003.
114
SÁNCHEZ-NAZARIO, E. E., MANSILLA-RIVIERA, I.,DERIEUX-CÓTES, J.
C.,PÉREZ, C. M., RODRÍGUEZ-SIERRA, C.J. The association of lead-contaminated
house dust and blood lead levels of children living on a former landfill in Puerto Rico.
P.R. Health, v.22, n.2, p. 153-159, june 2003.
SHARMA K, REUTERGARDH LB. Exposure of preschoolers to lead in the Makati
area of Metro Manila, the Philippines. Environ Res., New York, v. 83, n. 3, p. 322-332,
July 2000.
SIEGEL, S. Estatística não paramétrica para as ciências do comportamento. Mc Graw-
Hill do Brasil, 1975, 520 p.
SILVANY, N. Evolução da intoxicação por chumbo em crianças de Santo Amaro,
Bahia 1980,1985 e 1992. Bol. Oficina Sanit. Panam,, Washington, v. 120, n. 1, p. 11-22,
1996.
SOWERS, M. et al. Blood lead concentrations and pregnancy outcomes. Arch. Environ.
Health, Chicago, v. 57, n. 5, p. 489-495, set-oct, 2002
STILES, K., BELLINGER, D. C. Neuropsychological correlates of low-level lead
exposure in school-age children: a prospective study. Neurotoxicol. Teratol,. New
York, v. 15, n. 1, p. 27-35, jan.-fev. 1993.
THACKER.S.B. et al. Effect of low-level body burdens of lead on the mental
development of children: limitations of meta-analysis in a review of longitudinal data.
Arch. Environ. Health, Chicago, v. 47, n. 5, p. 336-346, sep.-oct. 1992.
115
TONG, S., et al. Declining blood lead level and changes in cognitive function during
childhood: the Port Pirie Cohort Study. JAMA, Chicago, v.280, n. 22, p. 1915-1919,
dec. 1998.
TONG, S., MCMICHAEL, A.J., BAGHURST, P. Interactions between environmental
lead exposure and sociodemographic factors on cognitive development. Arch. Environ.
Health., Chicago, v. 55, n. 5, p. 330-335, sep.-oct. 2000.
TROIJO, M.A.F., RODRIGUES, O.M. P., RIBEIRO, T.M. Avaliação de
Desenvolvimento Infantil: efeitos do chumbo ou da falta de escola?. In: XXXIV
Reunião Anual de Psicologia, Ribeirão Preto [resumo de comunicação científica]. 2004.
Disponível em: <http://www.sbponline.org.br/ >Acesso em: 5 de maio de 2007.
WILLIAMS, L. C. A.; AIELLO, A. L. R. O Inventário Portage Operacionalizado:
intervenção com famílias. São Paulo: Memnon, 2001.
YULE, W.; LANNSDOWN, R. G. Blood lead concentrations in school age children,
intelligence and attainment in a school population: a pilot study. Dev. Med. Child
Neurol., London, v. 23, p. 567-576, 1993.
116
ANEXOS
ANEXO 1
117
ANEXO 2
unesp
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
118
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE BAURU
FACULDADE DE CIÊNCIAS
CENTRO DE PSICOLOGIA APLICADA (CPA)
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Eu........................................................................................................................,
responsável pelo menor......................................................................................,
autorizo a utilização dos dados coletados na avaliação de meu filho em
projetos futuros de pesquisa, desde que sejam garantidos o sigilo de nossa
identidade ou de qualquer outra informação que possa identificar-nos.
Estou ciente de que a recusa da utilização posterior dos resultados
não prejudicará a participação de meu filho na presente avaliação.
Declaro, também, que fui informada(o) previamente dos
procedimentos que serão utilizados com meu filho, desde as avaliações
iniciais até a devolutiva dos resultados, concordando
com eles.
Bauru, _____de_____________de 200
Assinatura do responsável: ____________________________________
RG: _______________________________________________________
Nome do avaliador:__________________________________________
ANEXO 3
unesp
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE BAURU
119
FACULDADE DE CIÊNCIAS
CENTRO DE PSICOLOGIA APLICADA (CPA)
ANAMNESE SIMPLIFICADA
DATA DA ENTREVISTA: __________
I. IDENTIFICAÇÃO:
1.1. Nome do Sujeito: _________________________________________
1.2. Data de Nascimento: ______/______/______ Idade: _____________
Natural de: __________________________ Sexo: ( )F ( )M
1.3. Escola: _________________________________________________
Período: _________________ Ano: __________________________
1.6. Endereço - Rua: _________________________________ Nº_______
Bairro: _____________ Cidade: ____________________ UF: ______
Telefone: ___________________________ CEP: _______________
II. DADOS SOBRE A FAMÍLIA:
( ) família natural ( ) adotiva ( ) pai falecido
( ) mãe falecida ( ) pais separados ( ) desquitados
( ) divorciados ( ) outro (especificar)
III. MEMBROS DA FAMÍLIA (incluir o sujeito e outros moradores da casa)
Nome Idade
Instrução
Ocupação
Salário
Horário
trabalho
Estado
Civil
Pai
Mãe
Irmãos
1.
2.
3.
IV. TIPO DE MORADIA:
( )alugada ( )própria ( )alvenaria ( )madeira
( )outro(especificar)___________________________________________
120
V. DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA
a. Concepção – gestação:
1. Idade da mãe: _________________________________________________
2. Ocorrências importantes: (doenças da mãe, por ex.)____________________
_______________________________________________________________
b. Nascimento: ( ) normal ( ) cesariana ( ) no tempo certo ou prematuro
(se ocorreram intercorrências durante o parto; etc.)
c. Desenvolvimento pós-natal: (Questionar sobre possíveis acontecimentos
nestas áreas até o presente momento fatos de que as mães se lembram
dessa fase digno de nota)
Alimentação (se comia bem e se apresentou problema para passar de um tipo
de alimentação para outra): _________________________________________
_______________________________________________________________
Desenvolvimento motor (se sentou, andou, etc. no tempo apropriado):_______
_______________________________________________________________
Desenvolvimento da linguagem (se falou no tempo apropriado):____________
_______________________________________________________________
Desenvolvimento social (como era o temperamento, bem-humorado,
estranhava outras pessoas, etc.).
Questões de saúde (doenças infantis – se teve, se houve conseqüências):
Sono (até que idade dormiu com os pais, como foi a separação, se dormia
bem, se acordava à noite, etc.): ______________________________________
_______________________________________________________________
d. Desenvolvimento atual: (Questionar sobre possíveis acontecimentos
nestas áreas recentemente – fatos que as mães consideram digno de nota)
Alimentação(come bem, é independente, etc.)__________________________
_______________________________________________________________
121
Desenvolvimento motor (algum fato atual digno de nota):
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Desenvolvimento da linguagem (pais percebem algum problema):
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Questões de saúde (doenças infantis se está apresentando algum problema
atualmente)
Sono (com quem dorme, se dorme bem, se acorda à noite, etc):
Desenvolvimento social (pais percebem alguma alteração)
- tem amigos? _________________________________________________
- como se relaciona com eles? ____________________________________
- onde brinca? _________________________________________________
- do que brinca? ________________________________________________
VI– ESCOLARIDADE
a. Freqüentou: ( ) creche ( ) escola maternal ( ) Jardim de Infância ( ) Pré-
primário
b. Apresentou problemas em algum período escolar? ( ) Sim ( ) Não
c. Qual(is):
_____________________________________________________________
d. Quais foram as atitudes tomadas?
e. Houve mudança de escola? Quais os motivos?
f. Mantém-se atento às tarefas escolares? ____________________________
g. Faz lições espontaneamente? ____________________________________
h. Recebe ajuda?________________________________________________
i. É rápido, lento ou normal em suas atividades?_________________________
122
_______________________________________________________________
j. Tem boa memória? ______________________________________________
VII – MANIPULAÇÕES E TIQUES
a. Rói unhas? Apresentou ou apresenta algum tipo de tique? Qual a reação da
família?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
b. Algum tique apareceu recentemente?
c. Apresentou ou apresenta medos? (de pessoas, animais, ou coisas
imaginárias)
VIII – RELACIONAMENTO FAMILIAR
a. Como é o relacionamento com a mãe?
b. Como é o relacionamento com o pai?
c. Com os irmãos?
d. Com outros familiares e outros adultos?
Nome do entrevistador:____________________________________________
Data: _____/______/________
Assinatura:______________________________________________________
123
ANEXO 4
INVENTÁRIO PORTAGE OPERACIONALIZADO – PROTOCOLO
Área de Autocuidados
4 a 5 anos
Nº. Atividade/Auto
cuidado 4/5
Condição Resposta Critério Material Resposta da criança
68 Limpa o que
derramou, indo
buscar um pano por
conta própria
Entrevista com o
mediador
Buscar um pano e passá-lo sobre a
superfície molhada/suja, deixando-a
seca/limpa
Na semana anterior, ter emitido
tal resposta, dada a oportunidade
69 Evita veneno e
toadas as
substâncias
prejudiciais
Entrevista com o
mediador
Não manipular ou ingerir substâncias
prejudiciais
Ter evitado tais substâncias na
última semana, sem
recomendações excessivas por
parte do adulto
Produtos tóxicos
(detergente, álcool, etc.)
ou medicamentos
70 Desabotoa sua
roupa
Cada tentativa consiste em desabotoar
todos os botões da roupa
Camisa, casaco e/ou
vestido com botões
dianteiros
71 Abotoa sua roupa Cada tentativa consiste em abotoar
praticamente todos os botões da roupa
(podendo deixar de abotoar um dou dois
finais)
72 Retira prato e
talheres da mesa
Entrevista com o
mediador
Cada tentativa consiste em retirar seu prato
e seus talheres da mesa, transportando-os
para a pia ou mesa da cozinha.
Ter apresentado tal
comportamento pelo menos três
vezes, dada a oportunidade, na
última semana
73 Encaixa zíper em
sua terminação
Cada tentativa consiste em encaixar uma
vez adequadamente
Zíper de pelo menos 15
cm, ou blusão contendo
zíper que necessite ser
encaixado
74 Lavar as mãos e o
rosto
Dar apenas as
instruções
Lavar as mãos (abrir a torneira, molhar as
mãos, pegar o sabonete, esfregar as mãos
uma nas outras, enxaguar, fechar a torneira
e enxugar as mãos). Lavar o rosto ( abrir a
torneira, molhar as mãos, esfregar o
sabonete nas mãos, passar as mãos
ensaboadas no rosto enxaguar e fechar a
torneira).
124
Nº. Atividade/Auto
cuidado 4/5
Condição Resposta Critério Material Resposta da criança
75 Usar talher adequado Entrevista com o
mediador
Deve usar garfo para alimentos
sólidos, colher para semi-sólidos e
líquidos e faca apenas para cortar.
Ter apresentado o
comportamento ao menos em
três refeições na última semana.
76 Acordar a noite para ir
ao banheiro ou
permanecer seco a
noite toda.
Entrevista com o
mediador
Na última semana, não ter
urinado ou defecado ao dormir.
77 Limpa e assoa o nariz
em 75% das vezes sem
lembretes
Entrevista com o
mediador
Na última semana ter limpado o
nariz sem lembretes, ao menos
três vezes
78 Tomar banho sozinho,
precisando de ajuda
apenas para lavar as
costas pescoço e
orelhas
Entrevista com o
mediador
Tomar banho sozinho (passar o
sabonete por todo o corpo
enxaguar e enxugar).
79 Usar faca para espalhar
manteiga
Manteiga deve estar
mole e pão fatiado.
Pegar a faca corretamente, pegar
um pouco de manteiga, segurar
com a outra mão o pão e espalhar
por toda a superfície
Manteiga, o pão pode ser
substituído por torrada ou
bolacha.
80 Apertar ou afrouxar
cintos e fivelas
Cinto encaixado em
sua terminação.
Cada tentativa equivale a apertar
uma vez e afrouxar uma vez o
cinto ou fivela.
81 Vestir-se sozinho
(botões, fechos, cintos,
mas não dar laço0
Entrevista com o
mediador
Na semana anterior ter se
vestido sozinha todas as vezes.
82 Serve-se à mesa
enquanto alguém
segura a travessa.
Entrevista com o
mediador.
Colocar na colher uma porção de
alimento, e despejar em seu prato
até ter a quantidade desejada de
alimento.
Ter apresentado esse
comportamento ao menos três
vezes na última semana, dada
oportunidade.
83 Ajudar a por a mesa,
colocando correta-
mente pratos talheres e
guardanapos, quando
recebe instrução.
Entrevista com o
mediador
Pegar o número de pratos
necessários e distribuí-los sobre a
mesa, pegar talheres e colocar ao
lado dos pratos, fazendo o mesmo
com os guardanapos.
Dada as oportunidades, Ter
ajudado a por a mesa pelo
menos em três refeições na
última semana.
125
Nº. Atividade/Auto
cuidado 4/5
Condição Resposta Critério Material Resposta da criança
84 Escovar os dentes Entrevista com o
mediador
Abrir o tubo de pasta de dentes,
colocar a pasta na escova, fechar
o tubo, abrir a torneira, pegar a
escova adequadamente, molhar as
cerdas da escova, movimentá-la
pelos dentes enxaguar a boca,
lavar a escova, fechar a torneira e
enxugar os lábios e mãos
Ter escovado os dentes ao
menos seis vezes na última
semana espontaneamente ou
tendo sido mandado.
85 Ir ao banheiro a
tempo, retirar a
roupa, usar papel
higiênico dar
descarga e vestir-se
sem ajuda.
Entrevista com o
mediador
Ter apresentado a cadeia de
comportamentos durante toda
semana podendo ter deixado de
dar descarga uma ou duas
vezes.
86 Penteia ou escova
os cabelos
compridos
Pegar o pente ou escova em
posição correta , pentear seu
próprio cabelo.
87 Pendurar roupas em
cabides
Cada tentativa equivale a colocar
adequadamente uma calça ou
vestido e uma camisa em um
cabide
Roupas: calça ou vestido e
camisa
88 Andar pela
vizinhança sem
supervisão
constante
Entrevista com o
mediador
Cada tentativa diz respeito a
andar pelo quarteirão de sua casa,
sem a presença constate de um
adulto.
Ter feito isso ao menos três
vezes na última semana dada
oportunidade.
89 Enfiar cordões em
sapatos
Passar o cordão adequadamente
por todos os orifícios do sapato
90 Amarrar ou dar
laços nos cordões
do sapato
Amarrar, cada tentativa equivale
a um nó ou laço (embora frouxo)
126
MOTINVENTÁRIO PORTAGE OPERACIONALIZADO – PROTOCOLO
Área deLinguagem
4 a 5 anos
Nº. Atividade/Linguagem
4/5
Condição Resposta Material Resposta da criança
71 Obedecer a uma
seqüência envolvendo
três ordens
Propor à criança uma sequ6encia de três
ordens. Ex: vista camisa, sente-se e
coloque os sapatos
Obedecer a uma seqüência de três
ordens que envolva pelo menos
dois objetos,
72 Demonstrar
compreensão de verbos
flexivos (ela se
machucou)
Caso a criança não tenha apresentado em
suas verbalizações, invente uma história
com por ex, Maria se machucou e depois
perguntar: Quem se machucou?
Identificar que pessoa sofreu a
ação do verbo. Ou já Ter
empregado, ao falar, pelo menos
uma frase com verbo flexivo.
73 Identificar objetos/
figuras que formem par,
sob solicitação.
Apresentar pares de objetos misturados.
Pedir à criança que coloque todos os pares
juntos ou aponte, ou lhe dê
Objetos idênticos em
pares. Ex um par de
sapatos, par de luvas de
meias.
74 Empregar o futuro ao
falar.
Se não emprega o futuro ao falar, fazer
perguntas que envolvam ações num futuro
não imediato. Ex: o que vc vai ser quando
crescer?
Empregar o futuro ao falar.
75 Usar orações compostas
por coordenação ( chutei
a bola e ela foi parar na
rua)
Propiciar situações que envolva diversas
seqüência de ações
Apresentar pelo menos duas
orações diferentes compostas por
coordenação.
76 Identificar a parte de
cima e de baixo de
objetos.
Apontar a parte de cima e de baixo de
objetos quando solicitado.
Conseguir identificar as partes de
pelo menos três objetos.
77 Empregar, ocasional-
mente o condicional ao
falar (poderia, pudesse,
iria, seria, falaria)
Fazer perguntas como: O que você faria se
estivesse andando e caísse?
Responder usando o tempo
condicional do verbo. Ou falar
uma frase usando o condicional.
78 Identificar absurdos em
figuras
Dada figura com situação absurda’,
pergunta-se: O que tem de errado na fig.?
Identificar ao menos duas
situações absurdas.
Figuras com ilustrações
absurdas.
79 Empregar as palavras
irmão, irmã, avô e avó
Fazer perguntas envolvendo tais palavras e
assegurar que na resposta sejam ditas
Empregar pelo menos uma vez a
palavra irmão(ã) e avô(ó)
80 Completar frases com
antônimos
Apresentar frases com antônimos a serem
completados. Ex: No verão faz calor no
inverno faz ...
Completar pelo menos três frases
com diferentes antônimos.
127
Nº. Atividade/Linguagem
4/5
Condição Resposta Material Resposta da criança
81 Relatar história
conhecida sem ajuda de
figuras
Levantar junto ao mediador que histórias a
criança conhece. Contar essa história três
vezes e pedir que a criança repita.
82 Nomear objetos que não
pertençam a mesma
categoria dada uma
figura. Ex ( o que não é
bicho...
Pedir que nomeie o objeto que não
pertença ao grupo
Ilustrações de três ou
quatro objetos sendo dois
ou três animais,
ferramentas, alimentos
83 Dizer se duas palavras
rimam ou não
Fazer perguntas do tipo:; casa rima com
asa? Casa rima com urubu?
84 Usar frases complexas,
compostas por
subordinação. Ex: Ela
quer que eu entre
porque..
Proporcionar situações que envolvam
diversas seqüências de ações Ex: ilustração
de um menino brincando, do menino sujo
e do menino tomando banho. Se
necessário perguntar Porque o menino está
tomando banho?
Usar ao menos duas frases
complexas compostas por
subordinação.
85 Dizer se um som é forte
ou fraco
Produzir sons com intensidade diferente e
perguntar. Este barulho é forte ou fraco?
Variando a posição das palavras forte e
fraco.
128
MOTINVENTÁRIO PORTAGE OPERACIONALIZADO – PROTOCOLO
Área de Desenvolvimento Motor
4 a 5 anos
Nº. Atividade/D.Motor
4/5
Condição Resposta Material Resposta da criança
96 Fica em um pé,
sem apoio, por quatro
a oito segundos.
97 Muda de direção ao
correr.
Muda de direção ao correr: corre um
percurso de dois metros que
necessariamente envolva mudança de
direção.
98 Anda sobre uma viga
ou tábua mantendo o
equilíbrio.
Adaptação: Pode-se desenhar com giz no
chão uma linha de 1 metro de comprimento
e 10 cm de largura. A criança deverá andar
sobre a linha, sem deixar o escapar de
suas margens, e sem dar a mão para o
adulto.
Andar sobre uma viga ou tábua,
segurando uma mão do adulto, sem
cair ou sem deixar escapar um dos
pés.
Viga ou tábua de 1m de
comprimento, 10 cm de
largura e 5 cm de espessura,
distante do chão uma altura
de l0 cm.
99 Pula para frente dez
vezes sem cair.
Pular para frente, com ambos os pés,
dez vezes sem cair.
100
Salta sobre uma
corda, suspensa a 5
cm do solo.
Sem cair ou esbarrar na corda com os
pés.
101
Pula de costas seis
vezes.
Pular para trás, com ambos os pés,
seis vezes sem cair.
102
Rebate e apanha uma
bola grande.
Rebater uma bola grande, duas vezes
em seguida no chão, e apanhá-la com
as mãos.
103
Une dois a três
pedaços de massa de
modelar.
104
Recorta em torno de
linhas curvas.
Recortar ao longo de uma linha curva,
afastando-se não mais que 6 mm da
linha, por tentativa.
Linhas curvas de 20 cm.
105
Encaixa objetos de
rosca.
Encaixar objetos que se prendam por
sistema de rosca.
106
Desce escadas
alternando os pés.
Descer escadas=descer um mínimo de
quatro degraus alternando os pés.
129
Nº. Atividade/D.Motor
4/5
Condição Resposta Material Resposta da criança
107
Pedala um triciclo,
fazendo curvas.
Pedala um triciclo=percorrer uma
distância de 3 m em um terreno plano
(contendo obstáculos) que envolva
fazer curvas.
108
Salta em um pé,
cinco vezes
consecutivas.
109
Recorta um círculo de
5 cm.
Recortar um círculo=recortar um
círculo de 5 cm afastando-se não mais
que 6 mm do contorno do círculo.
110
Desenha figuras
simples, facilmente
identificáveis como
casa, homem, árvore.
Se necessário, dar modelo, desenhando as
figuras do papel.
111
Recorta e cola formas
simples.
Formas de figuras geométricas
desenhadas em folha de papel
(triângulo, quadrado, círculo)
130
MOTINVENTÁRIO PORTAGE OPERACIONALIZADO – PROTOCOLO
Área de Cognição
4 a 5 anos
Nº. Atividade /Cognão 4/5 Condição Resposta Material Resposta a criança
65 Apanha um determinado
número de objetos ao
ser requisitado (de um a
cinco).
Pedir à criança que apanhe um
determinado número de objetos, sem
seguir a seqüência numérica, ou seja,
solicitar primeiro três objetos, depois um,
cinco, etc.
Apanhar = pegar com uma ou ambas
as mãos um a cinco objetos, quando
requisitados.
Critério: apanhar pelo menos tr6es
diferentes números de objetos (de um
a cinco), ao ser solicitado.
Contas, doces, bolachas,
guardanapos, pratos,
xícaras, etc. em número
de cinco.
66 Nomeia cinco texturas
diferentes.
Apresentar objetos de texturas diferentes,
pedir para a criança tatear os objetos e
solicitar a resposta: “Este objeto é liso ou
áspero?
Frente à pergunta: “Este objeto é duro
ou mole?”, responder adequadamente,
dentro de 20 segundos, após cada
pergunta por tentativa.
Critério: nomear cinco texturas
diferentes, de modo que três pessoas
diferentes identifiquem a textura
nomeada.
Texturas diferentes =
liso/áspero, macio ou
fofo/duro, peludo/sem
pêlo ou duro/mole.
67
Copia um triângulo ao
ser requisitado.
Dar à criança um papel com desenho de
um triângulo eqüilátero (linhas de 4 cm)
previamente traçado. Pedir à criança que
reproduza o modelo.
Critério: o triângulo pode ser maior ou
menor do que o modelo. Deve
apresentar três cantos, de ângulos de
aproximadamente 45º, composto por
linhas pontiagudas e não redondas. A
figura deve ser fechada, sem
interrupções.
68
Recorda-se de quatro
objetos que haviam sido
vistos em uma figura.
Mostrar à criança a figura por 30 segundos,
esconder a figura ou fechar o livro e
solicitar a resposta.
Recordar-se = nomear quatro objetos
de uma figura que foi retirada de seu
campo visual.
Critério: nomear quatro objetos que
haviam sido vistos em uma figura, de
modo que três pessoas diferentes
identifiquem o objeto nomeado.
Figuras de livros infantis
ou revistas.
69 Diz o momento do dia
associado a cada
atividade.
Critério: dizer pelo menos duas atividades,
sendo que cada uma deve estar associada
com os momentos: dia e noite.
Dizer o nome do dia = dizer se é de
dia ou à noite em que uma dada
atividade ocorre, por exemplo:
acordar, brincar, dormir, ir à escola,
horas em que o pai, mãe ou um dos
irmãos chega do trabalho, etc.
131
Nº. Atividade/Cognição 4/5 Condição Resposta Material Resposta da criança
70 Repete rimas familiares. Perguntar ao mediador que rimas ou
canções são familiares à criança
(exemplo: “Um, dois, feijão com arroz”,
“parabéns a você”). Dar o modelo verbal
pelo menos duas vezes à criança e
solicitar a resposta.
Repetir rimas familiares = repetir pelo
menos de oito a dez palavras de uma rima,
canção infantil familiar ou comercial de
TV, por tentativa.
Critério: repetir pelo menos duas
diferentes rimas familiares ou canções, de
tal forma que três pessoas as identifiquem.
71 Diz se um objeto é mais
pesado ou mais leve
(diferença de menos de
0,5 quilo).
Apresentar dois recipientes à criança,
cuja diferença de peso seja menor do que
0,5 quilo e fazer perguntas a ela. Variar a
ordem dos objetos nas perguntas, de
modo a não dar pistas adicionais.
Frente à pergunta: “(Isto) é mais leve do
que (isto/a
quilo)”, responder
corretamente, ou seja, dizendo “mis leve”,
mais “pesado”, conforme a situação, 20
segundos após cada tentativa.
Critério: apresentar respostas corretas a
pelo menos três “pares” de objetos, sendo
pelo menos um dos pares mais
pesado/leve.
Recipientes de
plástico ou de lata,
com diferentes
quantidades de areia,
sal, doces, feijão,
macarrão,etc.
72
Diz o que está faltando
quando um objeto for
retirado de um grupo de
três.
Mostrar à criança um grupo de três
objetos por 30 segundos, pedir-lhe que
cubra os olhos ou vire de costas , retirar
um objeto e pedir para a criança que olhe
diga qual objeto foi retirado.
Critério: indicar pelo menos três objetos
diferentes retirados de grupos variados.
Lápis, borracha,
xícara, brinquedo,etc.
73 Nomeia oito cores. Apresentar objetos de cores diferentes e
solicitar a resposta: “De que cor é (este
objeto)?”.
Frente à pergunta: “De que cor é (este
objeto)?”, nomear adequadamente, dentro
de 20 segundos após cada pergunta.
Critério: nomear oito cores de forma que
três pessoas diferentes identifiquem as
cores nomeadas.
Objetos (blocos, retrós
de linha) de cores
nítidas: vermelho,
amarelo, azul, verde,
laranja/rosa,branco,pre
to,marrom/cinza.
74 Identifica o valor de três
moedas.
Apresentar três moedas de valores
diferentes e solicitar à criança, por
exemplo, que aponte a moeda de um
real.
Identificar = apontar ou nomear tr6es
moedas de valores diferentes (R$ 1,00 R$
0,50; R$ 0,25).
75 Emparelha símbolos
(letras e números).
Apresentar à criança um conjunto de
cinco cartões de números ou letras
(exemplo: 2,3,4,5,1). Em seguida,
entregar à criança um conjunto idêntico,
pedindo-lhe que emparelhe (colocando
juntos os cartões idênticos). A cada
tentativa, alterar a posição de todos os
cartões.
Emparelhar pelo menos cinco símbolos
(letras e números) em 60 segundos por
tentativa.
Critério: emparelhar, no total de três
tentativas, 15 símbolos, sendo pelo menos
um conjunto de cinco símbolos referente a
números e outro conjunto referente a
letras.
Conjuntos iguais de
pelo menos cinco
cartões de números e
letras.
132
Nº. Atividade/Cognição 4/5 Condição Resposta Material Resposta da criaa
76 Diz a cor de objetos
nomeados.
Pedir à criança que diga qual é a cor de
objetos familiares, por exemplo: “De que
cor é (sua casa)?”. A criança deverá
nomear a cor sem ver o objeto.
Frente à pergunta: “De que cor é?”,
responder adequadamente dentro de 20
segundos após cada pergunta por tentativa.
Critério: dizer pelo menos três diferentes
cores, de modo que três pessoas
identifiquem a cor nomeada.
Maçãs, carro, sofá,
casa, céu, grama, etc.
(objetos de cores
nítidas).
77 Relata cinco principais
fatos de uma estória
contada três vezes.
Após contar uma pequena estória três
vezes, fazer perguntas à criança do tipo:
“Quem chapeuzinho encontrou deitado
na cama da vovozinha?”, etc.
Relatar cinco principais fatos, ou seja,
cinco acontecimentos, cinco ações ou
situações de uma estória contada três
vezes, dentro de 20 segundos após cada
pergunta realizada pelo adulto, por
tentativa.
Estória = estória
infantil familiar tal
como: “Chapeuzinho
Vermelho”, “Os três
porquinhos”, “João e
Maria”, etc.
78 Desenha a figura
humana (cabeça, tronco,
quatro membros).
Propiciar lápis e papel à criança e
solicitar a resposta (se necessário dar o
modelo).
Critério: o desenho da figura humana deve
contar: cabeça com cabelo, dois olhos,
nariz e boca, um tronco e quatro membros.
Além disso, a figura deve ser facilmente
identificável como um ser humano e os
membros devem ser ligados ao tronco. (O
tronco e os membros não precisam estar
em duas dimensões).
79 Canta cinco estrofes de
uma canção.
Pedir à criança que cante uma canção
familiar (exemplo: “Atirei o pau no
gato”, “Ciranda, cirandinha”.
80 Constrói uma pirâmide
de dez blocos imitando
um adulto.
Construir uma pirâmide de dez blocos =
colocar quatro blocos, um ao lado do
outro; colocar três blocos em cima
daqueles, depois dois e, finalmente, um
bloco, de forma que a pirâmide permaneça
de pé pelo menos um segundo.
Preferivelmente
blocos de 5 a 7 cm.
81 Nomeia objetos como
sendo compridos e
curtos.
Apresentar os objetos à criança e
perguntar, por exemplo: “Esta linha é
comprida ou curta?”, “Este lápis é curto
ou comprido?”. Variar a ordem das
palavras comprido e curto nas perguntas
e a posição espacial dos objetos, de
modo a não dar pistas adicionais à
criança.
Frente à pergunta: “(Isto é comprido ou
curto?”, responder adequadamente, ou
seja, dizendo a palavra comprido ou curto,
20 segundo após cada pergunta.
Critério: responder adequadamente a pelo
menos três perguntas envolvendo três
diferentes objetos, sendo pelo menos uma
das perguntas referentes ao termo
comprido/curto.
Lápis, tiras de papel e
linhas traçadas em
papel que difiram
significativamente em
relação ao
comprimento.
133
Nº. Atividade/Cognição 4/5 Condição Resposta Material Resposta da criança
82 Coloca objetos “atrás”,
“ao lado” e “junto” a um
outro objeto.
Cada tentativa consiste em colocar o
objeto “atrás”, ao “lado” e “junto” a
um outro objeto.
Brinquedos
83
Faz conjuntos iguais de
um a dez objetos,
segundo o modelo.
Dar modelo à criança, envolvendo
diferentes números de objetos (1,3,7 e 4), e
solicitar a ela que emparelhe (ou faça um
conjunto) com o mesmo número de
objetos.
Fazer conjuntos = emparelhar o
número de objetos (de um a dez)
correspondentes ao modelo.
Critério: fazer três conjuntos de
objetos de números diferentes
segundo o modelo, sendo que pelo
menos um dos modelos apresentados
deverá envolver dez objetos.
Blocos ou objetos
pequenos, uvas,
doces, etc., em
número de 20.
84 Nomeia ou aponta para
a parte ausente da figura
de um objeto.
Figuras ou desenhos
de animais (sem
cabeça ou sem uma
das partes ou sem
rabo) ou ainda de
objetos com partes
ausentes (uma casa
sem teto).
85 Conta de um a 20. Apresentar à criança 20 objetos para serem
contados.
A criança deverá apontar ou separar
cada um dos objetos ao montá-los.
86 Identifica o objeto que
está colocado no meio,
em primeiro e em último
lugar.
Apresentar à criança três objetos
enfileirados e solicitar a resposta.
Identificar = apontar ou nomear o
objeto que está colocado no meio, em
primeiro e em último lugar por
tentativa.
Livro de três
páginas ou
brinquedos
enfileirados.
134
INVENTÁRIO PORTAGE OPERACIONALIZADO – PROTOCOLO
Área de Socialização
4 a 5 anos
Nº. Atividade/Socialização 4/5 Condição Resposta Material Resposta da criança
64 Pede ajuda quando está tendo
dificuldades (por exemplo,
para ir ao banheiro ou para
conseguir algo para beber).
Entrevista com o mediador.
Critério: na última semana, ter pedido
ajuda quando teve dificuldades pelo
menos uma vez.
Pedir ajuda = pedir ajuda a um adulto ou a
uma criança maior que a auxilie a realizar
uma atividade quando não conseguir
realizá-la sozinha (por exemplo: ir ao
banheiro, conseguir algo para beber ou
encontrar um objeto).
65 Contribui para a conversa de
adultos.
Critério: ter contribuído para uma
conversa de adulto, em pelo menos duas
ocasiões diferentes.
Quando pelo menos dois adultos estiverem
conversando, fazer comentários
relacionados com o tema da conversa, ou
seja: (a) relatar algum evento relacionado
ou (b) emitir opiniões ou (c) fazer
perguntas ou (d) responder perguntas.
66 Repete rimas, canções ou
dança para os adultos.
Pedir à criança: recite “Batatinha
quando nasce” para a vovó; cante
“Ciranda-cirandinha” para a tia ver;
dance aquela música da novela,etc.
Critério: repetir rimas, canções ou
dançar pelo menos em duas ocasiões
diferentes.
Ao ser solicitada, reproduzir uma rima ou
canção (anteriormente aprendidas) ou
dançar em frente a pessoas conhecidas
(avós, tios ou amigos da família).
67 Faz uma tarefa sozinho por
20 a 30 minutos.
Tarefa = tarefa doméstica como: tirar pó,
lavar o banheiro, formar bolas com a
massa da bolacha e colocá-las na
assadeira, enrolar brigadeiros e colocá-los
em forminhas, varrer um cômodo, lavar
verduras, lavar louças inquebráveis, usar o
aspirador, separar o talheres em lotes de
colheres, garfos e facas, etc.
68 Pede desculpas (sem ser
lembrado) 75% das vezes.
Entrevista com o mediador 75% das vezes ( na semana anterior), Ter
pedido desculpas sem ser lembrado em
pelo menos três de quatro oportunidades.
135
Nº. Atividade/Socialização 4/5 Condição Resposta Material Resposta da criança
69 Espera sua vez numa
brincadeira que envolva de
oito a nove crianças.
Entrevista com o mediador
Critério: na última semana, dada a
oportunidade, ter esperado sua vez
durante toda uma brincadeira que
envolva de oito a nove crianças.
Exemplos de brincadeiras: balanço,
gangorra, pular corda, completar uma
estória que está sendo contada em grupo
ou dizer o nome de uma fruta ou animal
que comece por uma determinada letra,
“bola ao túnel”, “coelho na toca”, “passar
anel”, “cobra-cega”, “corre - cotia”, etc.
70 Brinca com duas a três
crianças, por 20 minutos, em
uma atividade (projeto ou
jogo) que envolva
cooperação.
O adulto deve engajar as crianças na
atividade e, em seguida, supervisioná-
las.
Critério: brincar pelo menos uma vez,
com duas ou três crianças, por 20
minutos, em uma atividade que envolva
cooperação.
Atividade que envolva cooperação =
empurrar carrossel ou virar “rodas” de
parque infantil, conduzir carrinhos pela
rua, construir um brinquedo de encaixe
com várias peças, etc.
71 Quando em público,
apresenta comportamento
socialmente aceitável.
Entrevista com o mediador.
Critério: na última semana, ter
apresentado um comportamento
socialmente aceitável, todas as vezes
que saiu de casa.
Comportamento socialmente aceitável =
ausência de comportamentos inadequados,
tais como: gritar, fazer birras, agredir
física ou verbalmente, despir-se, colocar o
dedo no nariz, rir exageradamente,
apresentar comportamentos auto-
estimulatórios, isolar-se, etc.
72 Pede permissão para usar
objetos dos outros 75% das
vezes.
Entrevista com o mediador.
Critério: 75% das vezes na última
semana, ter pedido permissão para usar
objetos de outras pessoas três em quatro
oportunidades.
Pedir permissão ao invés de tomar o objeto
de outra pessoa.
136
ANEXO 5
INVENTÁRIO PORTAGE OPERACIONALIZADO - FOLHA DE REGISTRO
DESENVOLVIMENTO MOTOR
Nome: ______________________________________________________ Data do Nascimento: __/__/__
Aplicador: ___________________________________________________ Data de Aplicação: __/__/__
FAIXA ETÁRIA
0-1 1-2 2-3 3-4 4-5 5-6
1 46 64 81 96 112
2 47 65 82 97 113
3 48 66 83 98 114
4 49 67 84 99 115
5 50 68 85 100 116
6 51 69 86 101 117
7 52 70 87 102 118
8 53 71 88 103 119
9 54 72 89 104 120
10 55 73 90 105 121
11 56 74 91 106 122
12 57 75 92 107 123
13 58 76 93 108 124
14 59 77 94 109 125
15 60 78 95 110 126
16 61 79 Acertos 111 127
17 62 80 Tot itens Acertos 128
18 63 Acertos % Tot itens 129
19 Acertos Tot itens % 130
20 Tot itens % 131
21 % 132
22 133
23 134
24 135
25 136
26 137
27 138
28 139
29 140
30 Acertos
31 Tot itens
32 %
33
34
35
36
37
38
39
40
41
42
43
44
45
Acertos
Tot itens
%
Williams e Aiello(2001) Inventário Portage Operacionalizado. São Paulo: Editora Mennon
137
INVENTÁRIO PORTAGE OPERACIONALIZADO - FOLHA DE REGISTRO
LINGUAGEM
Nome: ________________________________________________________ Data do Nascimento:
__/__/__
Aplicador: _____________________________________________________ Data de Aplicação:
__/__/__
FAIXA ETÁRIA
0-1 1-2 2-3 3-4 4-5 5-6
1 11 29 59 71 86
2 12 30 60 72 87
3 13 31 61 73 88
4 14 32 62 74 89
5 15 33 63 75 90
6 16 34 64 76 91
7 17 35 65 77 92
8 18 36 66 78 93
9 19 37 67 79 94
10 20 38 68 80 95
Acertos 21 39 69 81 96
Tot itens 22 40 70 82 97
% 23 41 Acertos 83 98
24 42 Tot itens 84 99
25 43 % 85 Acertos
26 44 Acertos Tot itens
27 45 Tot itens %
28 46 %
Acertos 47
Tot itens 48
% 49
50
51
52
53
54
55
56
57
58
Acertos
Tot itens
%
Williams e Aiello(2001) Inventário Portage Operacionalizado. São Paulo: Editora Mennon
138
INVENTÁRIO PORTAGE OPERACIONALIZADO- FOLHA DE REGISTRO
SOCIALIZAÇÃO
Nome: ________________________________________________________ Data do Nascimento:
__/__/__
Aplicador: _____________________________________________________ Data de Aplicação:
__/__/__
FAIXA ETÁRIA
0-1 1-2 2-3 3-4 4-5 5-6
1 29 44 52 64 73
2 30 45 53 65 74
3 31 46 54 66 75
4 32 47 55 67 76
5 33 48 56 68 77
6 34 49 57 69 78
7 35 50 58 70 79
8 36 51 59 71 80
9 37 Acertos 60 72 81
10 38 Tot itens 61 Acertos 82
11 39 % 62 Tot itens 83
12 40 63 % Acertos
13 41 Acertos Tot itens
14 42 Tot itens %
15 43 %
16 Acertos
17 Tot itens
18 %
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
Acertos
Tot itens
%
Williams e Aiello(2001) Inventário Portage Operacionalizado. São Paulo: Editora Mennon
139
INVENTÁRIO PORTAGE OPERACIONALIZADO - FOLHA DE REGISTRO
AUTO CUIDADOS
Nome: ________________________________________________________ Data do Nascimento:
__/__/__
Aplicador: _____________________________________________________ Data de Aplicação:
__/__/__
FAIXA ETÁRIA
0-1 1-2 2-3 3-4 4-5 5-6
1 14 26 53 68 91
2 15 27 54 69 92
3 16 28 55 70 93
4 17 29 56 71 94
5 18 30 57 72 95
6 19 31 58 73 96
7 20 32 59 74 97
8 21 33 60 75 98
9 22 34 61 76 99
10 23 35 62 77 100
11 24 36 63 78 101
12 25 37 64 79 102
13 Acertos 38 65 80 103
Acertos Tot itens 39 66 81 104
Tot itens % 40 67 82 105
% 41 Acertos 83 Acertos
42 Tot itens 84 Tot itens
43 % 85 %
44 86
45 87
46 88
47 89
48 90
49 Acertos
50 Tot itens
51 %
52
Acertos
Tot itens
%
Williams e Aiello(2001) Inventário Portage Operacionalizado. São Paulo: Editora Mennon
140
INVENTÁRIO PORTAGE OPERACIONALIZADO - FOLHA DE REGISTRO
COGNIÇÃO
Nome: ________________________________________________________ Data do Nascimento:
__/__/__
Aplicador: _____________________________________________________ Data de Aplicação:
__/__/__
FAIXA ETÁRIA
0-1 1-2 2-3 3-4 4-5 5-6
1 15 25 41 65 87
2 16 26 42 66 88
3 17 27 43 67 89
4 18 28 44 68 90
5 19 29 45 69 91
6 20 30 46 70 92
7 21 31 47 71 93
8 22 32 48 72 94
9 23 33 49 73 95
10 24 34 50 74 96
11 Acertos 35 51 75 97
12 Tot itens 36 52 76 98
13 % 37 53 77 99
14 38 54 78 100
Acertos 39 55 79 101
Tot itens 40 56 80 102
% Acertos 57 81 103
Tot itens 58 82 104
% 59 83 105
60 84 106
61 85 107
62 86 108
63 Acertos Acertos
64 Tot itens Tot itens
Acertos % %
Tot itens
%
Williams e Aiello(2001) Inventário Portage Operacionalizado. São Paulo: Editora Mennon
141
ANEXO 6
unesp
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE BAURU
FACULDADE DE CIÊNCIAS
CENTRO DE PSICOLOGIA APLICADA (CPA)
CONTEÚDOS DA CAIXA – 0 A 1 ANO
Descrição
prancha com pinos
fralda de pano
pote com: 1 chocalho, 1 boneca, 2 brinquedos macios que produzem som (cavalo e ovelha) e
um cavalinho de plástico vermelho.
3 brinquedo macios que produzem som(aranha, peixe e boneca) e um carrinho.
1 pote com 2 cubos 2,5 cm³, 2 cubos 2,5x2,5x1 cm, dois animais plásticos (canguru azul).
1 pote com: objetos pequenos e coloridos( 5 encaixes circulares de plástico, 1 bola plástica
pequena, 1 fruta plástica pequena, 1 cubo de madeira 1 cm³.
1 brinquedo macio que produz som: 1 chocalho, 1 flor plástica, 1 pêndulo (com barbante)
contendo bichinhos sonoros
1 pote com 3 cubos de madeira de 6 cm³
1 pote com: um recipiente (xícara), 3 letras e 4 números de diferentes cores (objetos pequenos)
Pote com 09 bolinhas de gude
1 balde pequeno com pá e escavadeira
1 espelho
livro: As roupas novas do Imperador
livro: Chapéu de Palha
pino para encaixe de círculos (com 3 círculos de diferentes cores e tamanhos)
CONTEÚDO DA CAIXA DE 1 A 2 ANOS
Descrição
1 vassoura infantil
1 bola grande
objetos com respectivas fotos (palhaço, barquinho, bola rosa pequena e boneca)
1 bicho de pelúcia
1 pote com: 2 miniaturas da feirinha, 1 boneca, 1 copo plástico, 1 bichinho sonoro
prancha com pinos
1 carrinho com cordão para puxar
1 espelho
1 cubo pedagógico
1 cadeira infantil
1 pote com: 1 boneca, 1 carrinho, 2 frutas plásticas, 1 escova de dente, 1 martelo plástico, 1
xícara, 1 relógio de pulso de plástico, 1 colher plástica e um animal
142
CONTEÚDOS DA CAIXA – 2 A 3 ANOS
Descrição
1 boneca média
1 pasta verde com: giz de cera, cartões, sulfite e lápis preto
1 pote com 3 cubos de diferentes tamanhos
1 pote com: 1 colher, duas bolinhas plásticas verdes e duas flores plásticas azuis
1 pote com 3 cubos pequenos (diferentes entre si) 1 cubo de letras e duas madeiras com
espessuras diferenciadas (fino e largo, comprido e curto)
livro: O jogo e a bola
livro: Letras e Palavras
1 jogo quebra gelo (ou bate pino)
1 caixa de madeira cp, círculos para percepção tátil
1 pote com seis cubos de madeira de diferentes tamanhos
1 prancha de madeira com 3 encaixes de figuras geométricas (círculo, quadrado e triângulo
1 pote contendo pares de objetos pequenos e grandes (no mínimo 5 pares)
1 pote com: 1 colher de metal, 1 fruta plástica, 2 panelas em miniatura e 1 cubo 2 cm³
pote com 4 pares de animais(cada par tem cor idêntica)
1 cubo pedagógico
1 pino com 5 círculos para encaixa (círculos de tamanhos e cores diferentes)
1 palhaço com 5 esferas para encaixe
1 pote com 3 diferentes classes de objetos
1 pote com tampa
1 pote contendo 1 objeto embrulhado apenas com papel (sem durex ou barbante)
1 despertador
1 pote com cadarço e miçangas
I pote com bolas plásticas de diferentes tamanhos
Prancha com objetos rosqueáveis
1 caixa de lápis de cor
massa de modelar
brinquedo com encaixe de pressão (5 peças)
casaco
livro: Fuça-Fuça- O ratinho
livro: O patinho feio
pasta plástica com sulfite, giz de cera, lápis preto e figuras
1 bola grande
143
CONTEÚDOS DA CAIXA – 3 A 4 ANOS
Descrição
cubo pedagógico
livro: Os animais e suas crias / Quebra cabeças 3 peças / Quebra cabeças 4 peças
mini utensílios domésticos
elementos que diferenciam grande e pequeno (bola carrinho, panela)
kit feirinha
3 cubos de madeira de 6 cm³
20 cubos de cores e tamanhos diferentes
objetos usados sempre juntos: sapato e meia, panela e tampa, garfo e faca / diferentes classes
de objetos - animais
formas geométricas em madeira (triângulo, círculo e quadrado)
1 pote com um cubo grande e um animal pequeno de plástico
Pequenos objetos nas cores: amarela, branca, verde, vermelha e azul
objetos compridos e curtos
1 bola grande
1 cabide
Livro: Baby Dinos – Aprendendo a conviver
objetos diferenciados pelo uso: tesoura, relógio de pulso, xícara, lápis, apontador
pasta plástica com sulfite, figura, lápis...
CONTEÚDOS DA CAIXA – 4 A 5 ANOS
Descrição
1 pote com um cubo grande e uma fruta plástica
10 blocos de tamanhos iguais e diferentes
1 pote com objetos plásticos pequenos (dois copinhos, 1 bota, 1 bolsa e um carro)
1 pote com 2 objetos rosqueáveis
diversos objetos pequenos de diferentes cores (letras, números, copinhos)
lápis e giz de cera de diferentes dores e tamanhos
massa de modelar
1 bola grande
Livro: Toque e sinta – Hora de brincar
1 caixa de giz de cera
livro: A bela adormecida
corda
1 cubo pedagógico
moedas
pasta plástica
pasta plástica
144
CONTEÚDOS DA CAIXA – 5A 6 ANOS
Descrição
1 pote com muitas letra e números de diferentes cores
caderno pautado
1 pote com fantoches dos 3 porquinhos
1 pote com objetos identificáveis (1º. ao último – patinhos)
1 cubo pedagógico
1 bastão + 1 bola
1 copo plástico
1 bola pequena
1 tábua + martelo + pregos
1 corda
1 Bola grande
autoposto + carrinhos
jogo com regras (memória, alfabingo)
pasta plásticas com: lápis, sulfite e figuras
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo