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Enfants de parents gays ou lesbiens. In: Pediatrics in Review. Vol. 15, n° 9, 1994.* Disponível em
www.france.qr.org/assoc/apgl Acesso em 29/10/2004.
[Tradução livre do título do artigo: “Crianças de pais gays e mães lésbicas”]
Resumo: Esta pesquisa enfoca os resultados de estudos que analisaram a orientação da prática pediátrica em
relação aos(as) filhos(as) de casais homossexuais.
Tema Resultados Considerações
Heteros-
sexismo
1. O estudo mostrou que na prática médica persiste a
noção heterossexista na qual as relações heterossexuais
seriam as consideradas normais e boas e as relações
homossexuais, desaprovadas.
2. As revisões de estudos mostraram que as crianças
filhas de pais/mães homossexuais não sofrem prejuízos
psicológicos e sociais em seu desenvolvimento devido
exclusivamente a este fator.
1. É importante que os profissionais da saúde levem em
conta que podem existir outros tipos de relação além da
heterossexual e que, assim, as crianças podem ter
pais/mães que não têm esta orientação sexual.
2. Caso estes profissionais não saibam como lidar com
a diversidade sexual de seus pacientes, o ideal é que os
encaminhem para outro profissional mais preparado
sobre este tema.
Desenvol-
vimento
infantil
1. Para o desenvolvimento da criança, independente da
orientação sexual dos pais, o melhor é que ela seja criada
por mais de uma pessoa.
2. Os filhos de lésbicas têm vantagem em relação aos
filhos de casais heterossexuais, visto que estas se dedicam
mais tempo a seus filhos que os pais heterossexuais.
3. Os pais gays têm mais capacidade de resolver
problemas da criança, dedicam mais tempo brincando
com os filhos e estimulam mais sua autonomia que pais
heterossexuais.
4. Entre as famílias compostas por pais/mães
homossexuais, podem ocorrer diferenças sobre as
declarações que fazem em relação à sua
homossexualidade.
1. Os profissionais da área médica devem ter contato
com pesquisas na área da medicina e da psicologia
sobre o desenvolvimento de filhos de pais/mães
homossexuais a fim de pautar o exercício da profissão
nos resultados científicos e não em crenças e
preconceitos.
2. Não devem pressionar os pacientes para que eles
declarem a orientação sexual dos pais/mães.
3. Problemas que possam surgir no desenvolvimento da
criança decorrente da separação dos pais/mães não
estão relacionados à homossexualidade.
Guarda de
Crianças
1. Nos EUA, as leis sobre homparentalidade são
diferentes de acordo com o Estado. Alguns têm posições
favoráveis enquanto outros são totalmente contra.
2. Ainda que em alguns Estados sejam concedidas
guardas a pais/mães homossexuais, a homossexualidade
ainda é um fator considerado desfavorável.
1. Os pediatras têm como papel profissional divulgar
os direitos à parentalidade de gays e lésbicas, além de
indicar auxílio jurídico.
2. Devem também orientar os pais/mães a guardarem
todos os documentos que comprovem a vinculação com
a criança, já que em alguns Estados é possível o
reconhecimento da adoção do filho do parceiro.
Relações
Sociais
1. A estigmatização social referente às famílias
compostas por pais/mães lésbicas pode trazer prejuízos
no contato externo
2. Mas as famílias desenvolvem meios de enfrentar a
estigmatização, como o segredo em relação à orientação
sexual dos pais, o que os próprios filhos ajudam a fazer.
1. Em situações conflitantes, como no ambiente
escolar, o pediatra pode intervir como mediador.
2. Os pediatras devem incentivar as famílias a
procurarem redes de apoio e grupos para
compartilharem suas experiências, o que ajuda as
crianças a se sentirem mais confortáveis no que diz
respeito à diversidade sexual.
Sexuali-
dade
Os dados indicam, que não há relação entre a orientação
sexual dos pais/mães e a dos filhos.
1. Os pediatras devem estar preparados para responder
aos questionamentos das crianças sobre sexualidade,
inclusive sobre a orientação sexual de seus pais, de
maneira natural, sem julgamentos morais e de acordo
com a possibilidade de entendimento da criança.
Problemas
na
Adolescênci
a
1. Conflitos com pais e rebeldia na adolescência ocorrem
tanto com os pais heterossexuais como com pais/mães
homossexuais.
2. A orientação sexual dos pais pode aparecer como um
ponto de tensão nessa fase e os pais/mães podem se sentir
rejeitados pelos filhos.
1. O pediatra pode ser útil na mediação dos conflitos,
auxiliando na compreensão de ambas as partes, além
de indicar a participação em grupos de pais/mães
homossexuais.
2. Em relação ao adolescente, o pediatra deve ser
aberto para lidar com suas preferências sexuais.
Homo-
fobia
Muitos filhos de pais/mães homossexuais podem se sentir
rejeitados em grupos sociais e isso pode gerar baixa auto-
estima e auto-confiança.
Os pediatras devem se manter informados sobre redes
de apoio para famílias compostas por pais/mães
homossexuais e indicar quando houver necessidade.
Quadro 4 – Resultados e considerações sobre a pesquisa
“Enfants de parents gays ou lesbiens”
acerca da orientação da prática médica com filhos(as) de pais/mães homossexuais. Adaptado
de Zambrano (2006).