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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
"JULIO DE MESQUITA FILHO"
FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
CÂMPUS DE ARARAQUARA
“AVALIAÇÃO DE PROCESSOS PARA OBTENÇÃO DE COMPRIMIDOS
DE β-CICLODEXTRINA-PARACETAMOL”
NELSON PEREIRA DA SILVA JÚNIOR
Dissertação apresentada ao programa de Pós-Graduação
em Ciências Farmacêuticas, Área de Pesquisa e
Desenvolvimento de Fármacos e Medicamentos, da
Faculdade de Ciências Farmacêuticas, UNESP, como
parte dos requisitos para a obtenção do Título de Mestre
em Ciências Farmacêuticas.
ORIENTADOR: Profa. Dra.MARIA PALMIRA DAFLON GREMIÃO
CO-ORIENTADOR: Profa. Dra. ANA DÓRIS DE CASTRO
ARARAQUARA - SP
2006
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Ficha Catalográfica
Elaborada Pelo Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação
Faculdade de Ciências Farmacêuticas
UNESP – Campus de Araraquara
Silva Júnior, Nelson Pereira da
S586a Avaliação de processos para obtenção de comprimidos de β-
ciclodextrina--paracetamol / Nelson Pereira da Silva Júnior. – Araraquara,
2006.
77 f.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual Paulista. “Júlio de
Mesquita Filho”. Faculdade de Ciências Farmacêuticas. Programa de Pós
Graduação em Ciências Farmacêuticas
Orientador: Maria Palmira Daflon Gremião
Co-orientador: Ana Dóris de Castro
. 1.Beta Ciclodextrina. 2.Comprimidos. 3.Tecnologia farmacêutica.
I.Gremião, Maria Palmira Daflon , orient. .II.Castro, Ana Dóris, co-orient.
III. Título.
CDD: 615.4
CAPES:40300005
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NELSON PEREIRA DA SILVA JÚNIOR
Avaliação de processos para obtenção de comprimidos de beta-ciclodextrina-
paracetamol
A comissão julgadora dos trabalhos de defesa da dissertação de mestrado, em sessão
pública em 28/07/2006 considera o candidato:
( ) REPROVADO ( x ) APROVADO
1) Examinador (Profa. Dra. Leila Aparecida Chiavacci): __________________________
2) Examinador (Prof. Dr. Osvaldo de Frietas): __________________________________
3) Examinador (Profa. Dra. Maria Palmira Daflon Gremião):_______________________
Araraquara, 28 de julho de 2006.
AGRADECIMENTOS
À Deus, por me dar a oportunidade da vida, por me dar uma família especial, por me
conceder obstáculos para que eu pudesse crescer, por me mostrar o caminho, pelo amor
incondicional.
À minha família por ter acreditado que meu sonho era possível, por estarem ao meu lado
nos momentos mais importantes, por dividirem comigo este momento tão especial.
À Profa Dra Maria Daflon Gremião e Profa Dra Ana Dóris de Castro pela oportunidade a
mim concedida, pela amizade, pelos ensinamentos e dedicação colaborando dessa forma
para que eu pudesse ser um profissional melhor.
Ao Prof. Dr. Luís Alexandre de Pedro de Freitas e Prof. Dr. Marcos Vinícius Chaud pela
contribuição concedida no exame geral de qualificação.
À todos os professores que me deram a oportunidade da convivência nesses anos de
pesquisa.
Às secretárias do programa de pós graduação, Cláudia, Laura e Sônia pelo auxílio,
disposição e atenção constantes.
À Keila , secretária do departamento de fármacos e medicamentos.
À todos os funcionários do Serviço Técnico de Biblioteca e documentação e ao Serviço de
apoio da Faculdade de Ciências farmacêuticas da UNESP-Araraquara pelo auxílio na
atualização das referências e correção bibliográfica assim como colaboração na formatação
da dissertação. Em especial aos funcionários Moacir, Sônia, Ana, Lucas, Max, Irani e Ana
Cristina.
Aos técnicos da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Araraquara-UNESP, Fátima,
Angélica, Eduardo, Osmar e Zenaide pela amizade e confiança.
Aos técnicos da Faculdade de Ciências Farmacêuticas- USP- Ribeirão Preto- Franklin e
Paulo.
À Professora Dra. Leila Aparecida Chiavacci do departamento de físico-química do
Instituto de Química da UNESP-Araraquara pelos ensinamentos, colaboração e discussão
em análises.
À Profa Dra Beatriz S. Cury, pela paciência, dedicação e amizade que dispensou a mim.
Aos estagiários e amigos Renan, Amanda, Fernanda, Daniel, Denis e Alexandre, pelo
auxílio no desenvolvimento desse trabalho.
Aos amigos que proporcionaram momentos especiais e tornaram minha vida mais feliz em
especial: Arnóbio, Cristina, Luana, Daniela Longo, Helen, Andréia, Daniele Michelin,
Rubiana, Tina, Marlus, Gustavo, Thalita, Kelly, Thiago, Priscila, Fernando, Mara, Gisele,
Maria Carolina, Vanessa, Ednir, Thais, Karen e Traudi.
Very very thanks à Wagner e Sandro pelas correções de inglês e amizade
Aos amigos Edson e Osvaldo, que mesmo longe me auxiliaram.
Às amigas Adélia, Ana, Margareth e Palmira
Não Sei...
Cora Coralina
Não sei.....se a vida é curta ou longa demais para nós,
Mas sei que nada do que vivemos tem sentido,
Se não tocamos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
grima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela não seja nem curta,
nem longa demais,mas que seja intensa,
verdadeira, pura..... Enquanto durar.
Sumário
Nelson Pereira da Silva Jr
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS
i
LISTA DE TABELAS
iv
RESUMO
v
ABSTRACT
vi
ABREVIATURAS
vii
1. INTRODUÇÃO
01
1.1. Ciclodextrinas 01
1.1.1. Formação de complexos 05
1.1.2. Diagrama de solubilidade 07
1.2. Comprimidos
08
1.2.1. Características físicas dos comprimidos 13
1.3. Técnicas termoanalíticas 15
1.4. Difração de raios-X 15
1.5. Processos de obtenção de comprimidos 17
2. OBJETIVOS
24
3. MATERIAIS
25
3.1. Matérias-primas 25
3.2. Equipamentos 25
4. MÉTODOS
27
4.1. Metodologia analítica 27
4.2. Determinação da solubilidade do paracetamol em solução aquosa de β-CD 27
4.3. Obtenção do granulado em estufa (Processo I) 28
4.4. Obtenção do granulado em leito jorro (Processo II)
30
Sumário
Nelson Pereira da Silva Jr
4.5. Avaliação dos granulados obtidos pelos processos I e II 33
4.5.1. Umidade 33
4.5.2. Análise morfológica 34
4.5.3. Distribuição Granulométrica
34
4.5.4. Escoamento
35
4.5.5. Densidades aparentes bruta e compactada, índice de compressibilidade
percentual e fator de Hausner
36
4.5.6. Difração de raios X do granulado obtido pelo processo II 38
4.5.7. Obtenção das curvas de DSC do granulado obtido pelo processo II 38
4.6. Avaliação dos comprimidos obtidos a partir dos processos I e II 39
4.6.1. Aspecto 39
4.6.2. Variação do peso 39
4.6.3. Espessura
39
4.6.4. Resistência mecânica 39
4.6.5. Tempo de desintegração 40
4.7. Análise estatística 40
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
41
5.1. Metodologia analítica 41
5.2. Determinação da solublidade do paracetamol em solução aquosa de
β
-CD
42
5.3. Avaliação dos granulados obtidos pelo processo I 44
5.4. Compressão dos granulados obtidos pelo processo I
53
5.5. Avaliação do granulado obtido pelo processo II 55
5.6. Compressão do granulado obtido pelo processo II
64
5.7. Avaliação dos comprimidos obtidos a partir dos processos I e II
64
Sumário
Nelson Pereira da Silva Jr
5.8. Análise estatística
70
6. CONCLUSÕES
72
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
73
Lista de figuras__________________________________________________________i
Nelson Pereira da Silva Jr
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1: Detalhe da ligação
α
-1,4 entre duas unidades de glicose de uma
molécula de CD
01
FIGURA 2: Representação esquemática da estrutura funcional das CDs 02
FIGURA 3: Formação de dextrinas cíclicas e acíclicas a partir do amido
02
FIGURA 4: Estrutura de α, β e γ-CDs
04
FIGURA 5: Esquema da associação da molécula hospedeira (CD) e da molécula
hóspede (p-xileno);
06
FIGURA 6: Isotermas de solubilidade
07
FIGURA 7: Etapas da compressão 11
FIGURA 8: Deformações (a) tênsil (b) por compressão (c) por cisalhamento 12
FIGURA 9 Esquema do processo usual de obtenção de comprimidos contendo
CDs
20
FIGURA 10: Diagrama esquemático do regime de jorro
23
FIGURA 11: Esquema do primeiro processo para obtenção de grânulos secos em
leito estático (estufa).
28
FIGURA 12: Esquema do segundo processo para obtenção de grânulos secos em
leito fluidizado (leito de jorro).
30
FIGURA 13: Diagrama esquemático do leito de jorro e periféricos
31
FIGURA 14: Espectro de absorção do paracetamol em solução aquosa no UV 41
FIGURA 15: Curva analítica do paracetamol em água destilada 42
FIGURA 16: Isoterma de solubilidade 43
FIGURA 17: Fotomicrografia do GLE-amido 45
FIGURA 18: Fotomicrografia do GLE-celulose 45
FIGURA 19: Fotomicrografia do GLE-lactose
46
Lista de figuras__________________________________________________________ii
Nelson Pereira da Silva Jr
FIGURA 20: Distribuição do tamanho de partículas do GLE- amido GLE-
celulose GLE- lactose
47
FIGURA 21: Cotangente do ângulo de escoamento: GLE- amido, GLE- celulose e
GLE-lactose. Abertura do funil de escoamento: 12mm
48
FIGURA 22: Velocidade de escoamento: GLE- amido, GLE- celulose e GLE-
lactose. Abertura do funil de escoamento:12mm
49
FIGURA 23: Cotangente do ângulo de escoamento: GLE- amido, GLE- celulose e
GLE-lactose. Abertura do funil de escoamento: 9mm
50
FIGURA 24: Velocidade de escoamento: GLE- amido, GLE- celulose e GLE-
lactose. Abertura do funil de escoamento:9mm
50
FIGURA 25: Fotomicrografia do paracetamol
56
FIGURA 26: Fotomicrografia da β-CD 56
FIGURA 27: Fotomicrografia do GLJ- amido (750x)
57
FIGURA 28: Fotomicrografia do GLJ-amido (aumento 3500x)
57
FIGURA 29: Distribuição do tamanho de partículas do GLJ- amido
58
FIGURA 30: Difratograma do paracetamol, β-CD e do GLJ- amido
61
FIGURA 31: Difratograma da mistura física e do GLJ- amido
62
FIGURA 32: Curvas DSC: amido, paracetamol, β-CD, mistura física e GLJ-
amido
63
FIGURA 33: Comprimidos obtidos do GLE-amido
64
FIGURA 34: Comprimidos obtidos do GLE-celulose
65
FIGURA 35: Comprimidos obtidos do GLJ-amido
65
FIGURA 36: Comprimidos obtidos do GLE-lactose
65
FIGURA 37: Variação de peso dos comprimidos: GLE- amido, GLE- celulose e
GLJ- amido
67
FIGURA 38: Espessura dos comprimidos: GLE- amido, GLE- celulose e GLJ-
amido
68
Lista de figuras__________________________________________________________iii
Nelson Pereira da Silva Jr
FIGURA 39: Dureza dos comprimidos: GLE- amido, GLE- celulose e GLJ-
amido
68
FIGURA 40: Tempo de desintegração dos comprimidos: GLE- amido, GLE-
celulose e GLJ- amido.
70
Lista de tabelas________________________________________________________iv
Nelson Pereira da Silva Jr
ÍNDICE DE TABELAS
TABELA 1: Limites de variação de peso 13
TABELA 2: Composição das amostras 29
TABELA 3: Condições operacionais empregadas na secagem do material
32
TABELA 4
: Número dos tamises e abertura da malha
35
TABELA 5: Valores das absorvâncias das soluções aquosa do paracetamol
obtidas por espectrofotometria no λ = 243 nm
42
TABELA 6:
Influência da β-CD na solubilidade do paracetamol
44
TABELA 7:
Densidade aparente bruta do GLE- amido, GLE- celulose e
GLE- lactose
51
TABELA 8: Densidade aparente compactada do GLE- amido, GLE-
celulose e GLE- lactose
51
TABELA 9:
Índice de compressibilidade percentual e fator de Hausner do
GLE- amido, GLE- celulose e GLE- lactose
53
TABELA 10: Densidade aparente bruta do GLJ- amido
59
TABELA 11: Densidade aparente compactada do GLJ- amido
60
TABELA 12
: Índice de compressibilidade percentual e fator de Hausner
do GLJ- amido.
60
TABELA 13
: Medidas da largura em determinados ângulos do
difratograma (mistura física)
63
TABELA 14
:
Medidas da largura em determinados ângulos do
difratograma (GLJ-amido)
63
TABELA 15
: Análise de variância para peso 70
TABELA 16
: Análise de variância para espessura 70
TABELA 17
: Análise de variância para dureza 71
TABELA 18
:
Análise de variância para tempo de desintegração 71
TABELA 19
:
Valores médios 71
Resumo________________________________________________________________v
_________________________________________________________________________
Nelson Pereira da Silva Jr
RESUMO
Ciclodextrinas (CD) têm sido relatadas em inúmeros estudos por interagir com
muitos fármacos para a formação de complexos de inclusão com o objetivo de aumentar a
solubilidade, estabilidade e biodisponibilidade. No processo usual para obtenção de
comprimidos contendo
β
-CD, as dispersões líquidas de fármaco/
β
-CD são submetidas a
processos de secagem por liofilização, evaporação ou spray-drying e o material seco é
incorporado a vários excipientes. O objetivo principal deste trabalho foi avaliar processos
de obtenção de comprimidos de
β
-CD/paracetamol. O paracetamol foi utilizado como
fármaco modelo por ser pouco solúvel em água. No primeiro processo, a dispersão líquida
de β-CD/paracetamol foi incorporada ao amido de milho, celulose microcristalina ou
lactose monoidratada e o material foi granulado e submetido à secagem em leito estático
(estufa). No segundo processo, a dispersão líquida de β-CD/paracetamol foi incorporada ao
amido de milho e o material submetido à secagem em leito fluidizado (leito de jorro). Os
materiais obtidos em ambos os processos foram comprimidos. Comparando os três
excipientes utilizados no primeiro processo, tanto o amido quanto celulose são os
excipientes que possibilitariam a incorporação de quantidade maior de fármaco. Como
resultados, os granulados obtidos a partir dos excipientes amido e celulose apresentaram
boas características de escoamento e compressibilidade. O segundo processo, originou um
material que apresentou boas características de compressibilidade e comprimidos que
apresentaram as melhores características físicas durante o processo de compactação.
Concluiu-se que ambos processos representam uma estratégia tecnologicamente viável para
obtenção de comprimidos contendo β-CD.
PALAVRAS-CHAVE: β-ciclodextrinas, comprimidos, leito de jorro, leito estático.
Abstract________________________________________________________________vi
Nelson Pereira da Silva Jr
ABSTRACT
Cyclodextrins (CDs) have been reported in a number of studies in the
pharmaceutical field since it interact with many drugs to form water soluble inclusion
complexes, thus improving not only the solubility but also the stability and biovailability of
various drugs. In order to obtain β-CD tablets, liquid dispersions of drug/ β-CD are usually
submitted to different drying process, like spray drying, freeze-drying or slow evaporation
and further added to several excipients. In this work we evaluated different process for the
preparation of β-CD/ acetaminophen tablets. Due to its low solubility, we have used
acetaminophen as a drug model. In the first process, an aqueous β-CD/ acetaminophen
dispersion were added to corn starch, microcrystalline cellulose or monohydrated lactose
and the material was dried in a static bed. In the second process, an aqueous β-CD/
acetaminophen dispersion were added to corn starch and further dried in a fluidized bed
(spouted bed). As a result, in the first process the use of starch or cellulose led to mixtures
with higher amount of drug with good flowability and compressibility, whereas the second
process led to a mixture of good compressibility and to tablets that presented the best
physical proprieties. In conclusion, both process represent viable technological approaches
to obtain β-CD tablets.
KEYWORDS: β-cyclodextrins, tablets, spouted bed, static bed.
Abreviaturas____________________________________________________________vii
Nelson Pereira da Silva Jr
ABREVIATURAS
Å Angstron
Abs Absorvâncias
CD Ciclodextrina
α- CD Alfa ciclodextrina
β- CD Beta ciclodextrina
γ- CD Gama ciclodextrina
CGTase Ciclodextrina-glicosil-transferase
CV Coeficiente de variação
DSC Calorimetria exploratória diferencial
Fc
Distribuição probabilidade calculada
FH
Fator de Hausner
FV
Fator de variação
GL
Grau de liberdade
m/m Massa/massa
GLE Granulado obtido em leito estático
GLJ Granulado obtido em leito de jorro
IC Índice de compressibilidade
QM
Quadrado médio
SQ
Soma de quadrado
x
Média
σ
Desvio padrão
λ Comprimento de onda
Introdução________________________________________________________________ 1
Nelson Pereira da Silva Jr
1. INTRODUÇÃO
1.1. Ciclodextrinas
As ciclodextrinas (CDs) são oligossacarídeos cíclicos formados por 6 a 12 unidades
de glicose. As unidades de glicose que constituem as CDs encontram-se unidas por ligações
do tipo
α
-1,4 como mostra a Figura 1.
Figura 1: Detalhe da ligação
α
-1,4 entre duas unidades de glicose de uma molécula
de CD (Adaptado por FERNANDES e VEIGA, 1999).
As CDs possuem uma forma tronco-cônica com uma cavidade hidrófoba (Figura 2)
na qual pode ser incluída uma grande variedade de moléculas-hóspedes de tamanho e forma
adequados, resultando em uma associação estável sem a formação de ligações covalentes,
formando complexos de inclusão. As CDs têm sido largamente empregadas em tecnologia
farmacêutica para aumentar a solubilidade, velocidade de dissolução, estabilidade e
biodisponibilidade de várias substâncias ativas em diferentes formas farmacêuticas como,
por exemplo, comprimidos (FERNANDES e VEIGA, 1999).
Introdução________________________________________________________________ 2
Nelson Pereira da Silva Jr
Figura 2: Representação esquemática da estrutura funcional das CDs (SZEJTLI,
1990).
As CDs são obtidas a partir do amido por ação da enzima ciclodextrina-glicosil-
transferase (CGTase) que atua no substrato a partir das extremidades redutoras e, ao mesmo
tempo, catalisa as ligações α-1,4, promovendo a ciclização do amido (Figura 3) (VETTER
e THORN, 1992).
Figura 3: Formação de dextrinas cíclicas e acíclicas a partir do amido
(Adaptado por FERNANDES e VEIGA, 1999).
Introdução________________________________________________________________ 3
Nelson Pereira da Silva Jr
Diversos tipos de CDs são conhecidos, a
α
-CD, que contém 6 unidades de
glicopiranose, a
β
-CD com 7 unidades de glicopiranose e a
γ
-CD com 8 unidades de
glicopiranose (Figura 4). Todas são produzidas industrialmente como substâncias
cristalinas homogêneas (SZEJTLI, 1982). As quantidades relativas das
α
-CD,
β
-CD e
γ
-CD
dependem do tipo de microorganismo que produz as enzimas envolvidas no processo de
obtenção e das condições de reação (SAENGER, 1980). A enzima CGTase produzida pelo
Bacillus macerans e Klebsiella pneumoniae produz preferencialmente a
α
-CD, enquanto
que, a proveniente do Bacillus alcalofílico produz principalmente
β
-CD. Quando a
conversão enzimática do amido se processa na presença de tolueno e em determinadas
condições de pH, temperatura e o tempo de reação, o principal produto obtido é a
γ
-CD. A
adição de decanol tem revelado que este é o agente mais indicado para aumentar a
produção de
α
-CD, enquanto que a presença de metiletilcetona conduz a um maior
rendimento na obtenção de
γ
-CD (SZEJTLI, 1994). A
γ
-CD é a mais hidrossolúvel a 25ºC
(23g se dissolvem em 100ml de água), enquanto a
β
-CD é a menos hidrossolúvel (1,85g se
dissolvem em 100ml de água). A solubilidade da
α
-CD é 15g em 100 ml de água
(CHATJIGAKIS et al., 1993).
Introdução________________________________________________________________ 4
Nelson Pereira da Silva Jr
Figura 4: Estrutura de α, β e γ-CDs (PSZCZOLA, 1988).
As modificações químicas das CDs podem possibilitar o aumento da capacidade de
inclusão (UEKAMA, 1982).
A substituição dos grupos hidroxila por grupos metílicos no C2, C3 ou C6 (Figura
1), originam as CDs metiladas. Essas substituições, impedem a formação de ligações de
hidrogênio intramoleculares, o que torna a estrutura molecular mais flexível, originando
alterações relacionadas com a solubilidade. As hidrossolubilidades a 25ºC da dimetil-
β
-CD
(57g/100ml de água) e a trimetil-
β
-CD (31 g/100ml de água) são muito superiores à da
α
-
CD,
β
-CD e
γ
-CD (DUCHENE e WOUESSIDJEWE, 1990).
Como exemplos das CDs hidroxialquiladas temos a 2-hidroxietil-β-CD, a 2-
hidroxipropil-β-CD, a 3-hidroxipropil-β-CD e a 2,3-dihidroxipropil-β-CD cujas
solubilidades em água a 25ºC são superiores a 50g em 100ml. A preparação destes
derivados ocorre de forma não seletiva e processa-se por condensação com os referidos
agentes hidroxialquilantes em meio alcalino (DUCHENE e WOUESSIDJEWE, 1990).
Introdução________________________________________________________________ 5
Nelson Pereira da Silva Jr
As CDs ramificadas podem ser obtidas por síntese química, mas na maioria dos
casos são preparadas por via enzimática. Podem ser subdivididas em duas categorias. As
CDs ramificadas homogêneas, cujas cadeias laterais são constituídas por unidades de
glicose, tais como, a glicosil-β-CD, a maltosil-β-CD, a maltotriosil-β-CD ou a dimaltosil-β-
CD e as CDs ramificadas heterogêneas, que possuem uma ou mais unidades de galactosil
ou unidades similares na cadeia lateral da CD. Todas apresentam solubilidade em água a
25º C superiores a 50g em 100 ml (DUCHENE e WOUESSIDJEWE, 1990).
As CDs etiladas têm como principal função controlar a velocidade de dissolução de
fármacos solúveis em água. São exemplos deste tipo a heptakis (2,6-di-O-etil)-β-CD e a
heptakis (2,3,6-tri-O-etil)- β-CD que apresentam solubilidade em água a 25º C inferiores à
0,005g em 100 ml (DUCHENE e WOUESSIDJEWE, 1990).
A substituição dos grupos hidroxila das CDs por grupos ionizáveis confere a CDs
ionizáveis uma hidrofilia e uma capacidade de complexação dependentes do pH. A
carboximetiletil- β-CD pode ser utilizada como agente complexante de fármacos solúveis
que sejam instáveis em pH baixo e/ou irritantes para a mucosa gástrica e cuja absorção se
verifique no intestino (HORIUCHI, 1991).
1.1.1. Formação de complexos
Devido à estrutura das CDs, estas apresentam a habilidade de formar complexos
com compostos sólidos, líquidos e gasosos. Na Figura 5, é apresentado o esquema de
formação de complexo de inclusão de CD com uma substância líquida, sendo o p-xileno a
molécula hóspede.
Introdução________________________________________________________________ 6
Nelson Pereira da Silva Jr
Figura 5: Esquema da associação da molécula hospedeira (CD) e da
molécula hóspede (p-xileno); os pequenos círculos representam as
moléculas de água (SZEJTLI, 1990
).
Uma das condições para que ocorra a complexação é que o tamanho da molécula
a ser complexada seja compatível com a cavidade da CD em questão. A
α
-CD é utilizada
essencialmente para complexar moléculas pequenas ou cadeias laterais de moléculas
grandes (por exemplo, prostaglandinas), enquanto a
β
-CD é muito utilizada para complexar
moléculas contendo grupamento fenila ou com massa molecular entre 200 a 800 e a
γ
-CD é
mais utilizada na complexação de moléculas grandes, como antibióticos macrolídeos e
esteróides (LOFTSSON e BREWSER, 1996).
Outra condição a ser observada é a polaridade da molécula hóspede e sua
competição com os demais compostos no meio. As moléculas muito hidrofílicas, muito
pequenas ou muito grandes ou, ainda, que estejam ionizadas, dificilmente se complexam
(LOFTSSON e BREWSER, 1997). Os compotos inorgânicos não são, na sua maioria,
adequados para a complexação com CDs, embora existam algumas exceções como ácidos
não dissociados, halogênios e outros gases, tais como o dióxido de carbono e o propano. As
moléculas apolares, cujas dimensões sejam inferiores às da cavidade da CD, podem ser
incluídas nessa cavidade (SZETJTI, 1994).
Introdução________________________________________________________________ 7
Nelson Pereira da Silva Jr
1.1.2. Diagrama de solubilidade
Os valores de concentração da molécula-hóspede podem ser representados
graficamente em função das concentrações de CD. Podem ser obtidos dois grandes tipos de
isotermas de solubilidade: o tipo A e o tipo B (Figura 6).
Figura 6: Tipos de isotermas de solubilidade, de acordo com Fromming e Szejtli, (1994).
A isoterma do tipo A indica que a solubilidade da molécula-hóspede aumenta com
as concentrações crescentes da CD, enquanto que o diagrama tipo B indica a formação de
um complexo de solubilidade limitada e inferior à da CD. No tipo A vários
comportamentos podem ser observados. O tipo A
L
, que se caracteriza por um aumento
linear da solubilidade, indica que se formam complexos solúveis de composição constante.
O tipo A
P
com um desvio positivo de linearidade reflete a formação de complexos de maior
ordem molecular, significando que mais do que uma molécula de CD é complexada com
Introdução________________________________________________________________ 8
Nelson Pereira da Silva Jr
uma molécula-hóspede. O tipo A
N
é idêntico ao anterior, mas com desvio negativo, que
corresponde ao estabelecimento de interações soluto/soluto e soluto/solvente. No tipo B
pode-se observar dois tipos de comportamento: tipo B
S
e tipo B
I
. No primeiro, onde
inicialmente há um aumento da solubilidade do soluto, seguido de um platô e posterior
diminuição da solubilidade em altas concentrações de CD, geralmente é ocasionado por
uma precipitação do complexo. No tipo B
I
, o complexo de inclusão é praticamente
insolúvel, o que justifica a ausência da parte inicial da curva de solubilidade (SZETJTI,
1994).
1.2. Comprimidos
Dentre as formas farmacêuticas destinadas à administração pela via oral, a forma
farmacêutica sólida comprimido tem sido o sistema de liberação de fármacos preferido para
obtenção de efeito sistêmico e é a forma farmacêutica mais difundida por apresentar as
maiores vantagens em relação ao seu uso. Dentre estas vantagens, podem ser citadas a
grande precisão de dosagem, a baixa variabilidade do conteúdo e a facilidade de
administração (BANKER e ANDERSON, 2001).
De modo geral, as formulações de comprimidos são compostas por um ou mais
fármacos além dos excipientes que devem exercer diversas funções (BANKER e
ANDERSON, 2001). A inclusão de excipientes na fórmula do medicamento é necessária
para que a formulação possa ser processada ou para que se consiga o desejado efeito
farmacológico ou farmacocinética adequada (MORETON, 1996). Os excipientes mais
utilizados em comprimidos serão citados a seguir:
Introdução________________________________________________________________ 9
Nelson Pereira da Silva Jr
Os diluentes são substâncias inertes usadas como “enchimento” para criar volume
desejado (ANSEL et al., 2000). A lactose é um diluente de baixo custo que não reage com a
maioria dos fármacos, quer seja utilizada na forma anidra ou na forma hidratada. A lactose
anidra apresenta a vantagem sobre a lactose hidratada por não levar ao acastanhamento e
descoloração quando em presença de certos fármacos com grupos amina. O amido, que
pode ser obtido de milho, de trigo ou de batata é usado também como diluente em
comprimidos.
A celulose microcristalina é um excipiente para compressão direta com
características de escoamento muito boas. É um material utilizado como diluente em
concentrações elevadas, sendo geralmente combinado com outros excipientes (BANKER e
ANDERSON, 2001).
Os aglutinantes são substâncias usadas para promover aderência das partículas de pó
nas granulações de comprimidos. São citados como exemplo o a carboximetilcelulose
sódica, a etilcelulose, a gelatina, a povidona, o amido pré-gelatinizado, a metilcelulose e
outros (ANSEL et al., 2000).
Os desintegrantes são substâncias adicionadas à maioria das formulações para
facilitar a ruptura ou desintegração dos comprimidos quando estes entram em contato com
líquidos. Os desintegrantes podem atuar promovendo a absorção de água pelo comprimido,
o qual intumesce até à sua desintegração (BANKER e ANDERSON, 2001). O amido é um
desintegrante muito utilizado por ser acessível e apresentar baixo custo (GADALLA et al.,
1989).
Gadalla e colaboradores (1989) estudaram o efeito de diferentes tipos e
concentrações de amido (milho, arroz, batata e trigo) nas propriedades
in vitro de
Introdução________________________________________________________________ 10
Nelson Pereira da Silva Jr
comprimidos de aspirina obtidos por dupla compressão. Os autores comprovaram que
nenhum tipo ou concentração dos amidos estudados exerce efeito acentuado na
uniformidade de peso dos comprimidos, mas apresentam desempenhos diferentes quanto ao
tempo de desintegração dos comprimidos; o amido de milho foi o que promoveu a
desintegração dos comprimidos em menores tempos e o amido de arroz em maiores
tempos.
Os lubrificantes são substâncias capazes de transmitir ao sistema particulado,
propriedades deslizantes (facilitar o deslizamento, ou seja, o escoamento do sistema
particulado do alimentador para a câmara de compressão) e/ou antiaderentes (minimizar ou
anular a tendência de aderência do sistema particulado aos punções e matrizes) facilitando,
portanto, a compressão e a ejeção dos comprimidos da máquina (PRISTA et al., 2002).
Entre os mais utilizados, citamos o talco, os carbowaxes, os estearatos e gorduras.
Comprimidos podem ser definidos como formas farmacêuticas sólidas unitárias
obtidas por compactação em equipamentos adequados. O processo físico de compactação
pode ser definido como a compressão e consolidação de um sistema bifásico (pó e gás)
quando é aplicada uma força. A compressão traduz-se por uma redução do volume do pó,
como resultado do deslocamento da fase gasosa, enquanto que, a consolidação tem como
resultado o aumento da força mecânica do material devido a interações entre as partículas
(MARSHALL, 2001).
Quando se aplicam forças mecânicas sobre uma mistura de pós, verifica-se
normalmente uma alteração do empacotamento das partículas do pó e na maioria dos casos,
este é o mecanismo principal que explica a redução do volume no início do processo
(Figura 7). Com o aumento da força, o rearranjo das partículas torna-se mais difícil e
Introdução________________________________________________________________ 11
Nelson Pereira da Silva Jr
provoca uma deformação dessas partículas, em maior ou menor grau. Se, por remoção da
força aplicada a deformação é reversível, isto é, se o material se comporta como borracha,
diz-se que ocorreu uma deformação elástica (MARSHALL, 2001).
Quando as forças aplicadas ultrapassam o limite elástico, ou ponto de cedência
observa-se uma deformação que não é reversível após a remoção da força. A redução do
volume desses materiais resulta numa deformação plástica (MARSHALL, 2001).
Figura 7: Etapas da compressão (MARSHALL, 2001).
Introdução________________________________________________________________ 12
Nelson Pereira da Silva Jr
Este mecanismo predomina em materiais para os quais a tensão de corte é inferior à
força tênsil ou de ruptura (Figura 8). Quando a tensão de cisalhamento é superior ao seu
limite de cedência, as partículas fraturam-se em vez de se deformarem e os fragmentos
resultantes ajudam a preencher os vazios existentes. A predisposição de um material para se
deformar de uma maneira determinada depende da organização dos seus átomos ou
moléculas e da presença de planos de fratura fracos nessa estrutura (MARSHALL, 2001).
Figura 8: Deformações (a) tênsil (b) por compressão (c) por cisalhamento (MARSHALL, 2001).
Introdução________________________________________________________________ 13
Nelson Pereira da Silva Jr
1.2.1. Características físicas dos comprimidos
O peso do comprimido é regulado em função do enchimento volumétrico da câmara
de compressão, considerando no ajuste, um peso teórico previamente determinado
(RUDNIC e SCHWARTZ, 1995).
Trata-se de um parâmetro de consideração primordial na produção de comprimidos,
pois está diretamente relacionado à uniformidade de dose (considerando-se uniformidade
de mistura) e também indiretamente implica na uniformidade dos demais parâmetros físicos
de qualidade como friabilidade, dureza e desintegração (MARSHALL e RUDNIC, 1990).
Por mais moderno e automatizado que seja o equipamento de compressão, é
impossível manter um mesmo peso em todas as unidades produzidas. Por esta razão,
existem normas farmacopéicas que estabelecem limites de variação de peso. A Tabela 1
mostra os limites de variação de peso segundo a Farmacopéia Brasileira, (1988).
Tabela 1: Limites de variação de peso
Peso médio dos comprimidos (mg) % diferença permitida
Até 80 ± 10
80-250 ± 7,5
Maior que 250
± 5
A espessura desejada para um comprimido deve ser combinada com o volume do
material colocado na matriz, com o diâmetro dessa matriz e com a pressão aplicada ao
enchimento pelos punções. Para produzir comprimidos de espessura uniforme durante a
produção e entre produções da mesma formulação, é preciso ter o cuidado de empregar o
mesmo volume de enchimento e a mesma pressão. É preciso salientar que, a pressão
Introdução________________________________________________________________ 14
Nelson Pereira da Silva Jr
aplicada afeta não só a espessura do comprimido, mas também sua dureza e, este último
fator é, provavelmente, o mais importante (ANSEL et al., 2000).
Após a sua obtenção, os comprimidos podem ser submetidos a processos de
revestimento, acondicionamento, transporte e, por estas razões, é importante que
apresentem uma adequada resistência às solicitações mecânicas tais como, pressão,
rolamento, choque e atritos (RUDNIC e SCHWARTZ, 1995).
A resistência mecânica é, geralmente, avaliada pela medida da dureza e da
friabilidade. A dureza avalia a resistência do comprimido ao esmagamento sob pressão
radial ou axial, ou seja, a força requerida para fraturar o comprimido. A friabilidade indica
a porcentagem de perda de peso dos comprimidos em função da liberação de partículas,
quando eles são submetidos a choques, rolamentos e atritos produzidos por processos de
agitação ou rolamento e queda (BANKER e ANDERSON, 2001).
Por outro lado, aceita-se como princípio geral que um fármaco para ser absorvido
pelo organismo tem que estar em solução. Para a maioria dos comprimidos, antes do
fármaco se dissolver, terá que ocorrer a quebra do comprimido em pequenas partículas ou
grânulos, um processo conhecido como desintegração (BANKER e ANDERSON, 2001).
É importante salientar que a desintegração não implica na completa dissolução da
forma farmacêutica, nem mesmo do princípio ativo, porém, é fato que a dissolução de um
fármaco a partir de um comprimido fragmentado é mais rápida e completa (MARSHALL e
RUDNIC, 1990).
O tempo de desintegração adequado para cada comprimido dependerá do tipo de
ação desejada, havendo uma variação desde tempos extremamente curtos como 5 minutos
(analgésicos), mas a maioria dos comprimidos apresenta um tempo de desintegração mais
longo (BANKER e ANDERSON, 2001).
Introdução________________________________________________________________ 15
Nelson Pereira da Silva Jr
1.3. Técnicas termoanalíticas
Um conjunto de técnicas muito utilizado para verificar a interação entre os
componentes da formulação é a análise térmica. A análise térmica compreende um
conjunto de técnicas nas quais propriedades físicas de uma substância é medida como
função da temperatura, enquanto a substância é submetida a um programa controlado de
temperatura (GIOLITO e IONASHIRO, 1988).
A DSC é a técnica que pode fornecer informações qualitativas e quantitativas sobre
o estado físico-químico do fármaco. A ausência do pico de fusão do fármaco em
termogramas, assim como não alteração da temperatura de transição vítrea, pode indicar se
o fármaco encontra-se em estado amorfo ou em estado cristalino menos ordenado (MU e
FENG e 2001).
De acordo com a definição de análise térmica citada anteriormente, algumas
técnicas como a difração de raios-X ou espectroscopia no infravermelho podem, quando
utilizadas de maneira específica, fornecer informação termoanalítica, mas esse caso não
será considerado na utilização da técnica de difração de raios-X a seguir (GIOLITO e
IONASHIRO, 1988).
1.4. Difração de raios-X
A difração de raios-X é fundamentada na condição de interferência construtiva
estabelecida pela lei de Bragg:
Introdução________________________________________________________________ 16
Nelson Pereira da Silva Jr
2d
hkl
senθ
θθ
θ = nλ
λλ
λ Equação [1]
onde : n = número de ondas
d= distância entre os planos de índice de Miller hkl
λ= comprimento de onda no feixe monocromático
θ= ângulo de difração
Esta é a lei fundamental da cristalografia de raios-X e estabelece que para um dado
comprimento de onda (
λ), o raio refletido emergirá apenas nos ângulos (θ) para os quais a
relação acima é satisfeita. Cada pico de difração é produzido por um certo conjunto de
planos que satisfaça esta condição. Como conjuntos semelhantes de planos estão dispostos
no cristal de acordo com a sua simetria, os arranjos dos pontos no padrão de Laue reflete a
simetria do cristal, permitindo a identificação do composto cristalino (KLUG e
ALEXANDER, 1974).
Através da Equação de Scherrer ( Equação 2) que permite calcular o tamanho dos
cristais isolados, uma relação pode ser estabelecida entre
L
e a largura à meia altura de um
determinado pico.
θβ
λ
cos
K
L = Equação [2]
onde :
L = dimensão dos cristais
K = constante
λ = comprimento de onda
Introdução________________________________________________________________ 17
Nelson Pereira da Silva Jr
β = largura a meia altura
θ = ângulo de incidência
Supondo que os átomos da estrutura cristalina definem uma série de conjuntos de
planos
p paralelos igualmente espaçados por uma distância d, seja uma onda plana, de
comprimento de onda λ, incidente sobre um conjunto de planos paralelos
p separados de
uma distância
d, uma relação entre L
hkl
= pd e a largura à meia altura pode ser estabelecida.
Como o tamanho do cristalito está relacionado com a extensão do grau de cristalinidade,
quanto maior o tamanho do cristalito, maior o número de planos cristalográficos nas
direções hkl e portanto maior o grau de cristalinidade.
1.5. Processos de obtenção de comprimidos
Os processos de obtenção de comprimidos podem ser divididos em dois grupos:
compressão direta e compressão após processo de granulação (ARNAUD et al., 1998,
MARSHALL e RUDNIC, 1990)
Se, por um lado, a compressão direta apresenta vantagens importantes como número
reduzido de operadores, menor número de etapas durante o processamento, menor número
de equipamentos, menor área de produção e processo totalmente executado a seco, por
outro lado, apresenta certas limitações importantes que restringem sua escolha como
método para a produção de comprimidos. São poucos os fármacos que se apresentam como
substâncias cristalinas que reúnem o conjunto de características que possibilitam a
compressão direta. Muitos materiais apresentam atração intermolecular relativamente fraca
o que dificulta a compressão. Mesmo que estas substâncias apresentem aptidão para coesão,
facilitando a compressão, provavelmente os comprimidos obtidos teriam alguma
Introdução________________________________________________________________ 18
Nelson Pereira da Silva Jr
dificuldade para desintegrar e liberar o fármaco. Se a desintegração não é problemática,
outros componentes a serem incluídos na formulação podem interferir na compressibilidade
do fármaco e impossibilitar a aplicação do método. Aplicar a técnica de compressão direta
para produzir comprimidos que contenham fármacos não compressíveis é uma tarefa em
que nem sempre se logra êxito. Se o fármaco é de dose elevada, isto pode implicar na
adição de quantidades tão elevadas de diluentes de compressão direta que levaria à
obtenção de comprimidos de grandes dimensões que dificultam a deglutição, além de
encarecer o produto. Por sua vez, como os fármacos de dose baixa necessitam do uso de
diluentes que são substâncias inertes usadas como “enchimento” para criar volume
desejado e, se misturas uniformes de fármacos com diluentes não podem ser obtidas, o
processo torna-se pouco viável. Já a mistura uniforme de excipientes para a compressão
direta com fármacos de doses intermediárias torna o processo bastante atrativo para
produzir comprimidos (BANKER e ANDERSON, 2001).
Além destas dificuldades e por causa das características inadequadas de escoamento
e compressão, os fármacos freqüentemente necessitam ser granulados antes de serem
comprimidos. Assim, é comum o emprego do processo de granulação como uma das fases
da produção de comprimidos (MURAKAMI et al., 2001).
A granulação é a operação unitária farmacêutica de aglomeração de partículas que
implica em aumento de tamanho das partículas de pós ou da mistura de pós. O processo de
granulação objetiva obter partículas coesas compostas pelos componentes da mistura dos
pós e como conseqüência, melhorar as características de compressão incluindo fluidez e
compressibilidade (BADAWY et al., 2000). Assim, o emprego da granulação melhora o
escoamento e aumenta a coesão do sistema particulado de modo a possibilitar uma
Introdução________________________________________________________________ 19
Nelson Pereira da Silva Jr
compressão mais eficiente às custas de menor esforço do equipamento de comprimir e
resulta em produtos de maior resistência mecânica (MURAKAMI et al., 2001; SYMECKO
e RHODES, 1995).
A técnica utilizada para preparar granulados compostos por fármacos sensíveis ao
calor, à umidade, ou a ambos, é a granulação por via seca. Este processo envolve a
compactação dos componentes da fórmula do comprimido em máquinas de comprimir ou
em compactadores, seguida de processo de moagem, uniformização do tamanho dos
grânulos e adição da fase lubrificante antes da compressão final. Quando a mistura inicial
dos pós é submetida à compressão em máquinas de comprimir, são aplicadas altas pressões
através dos punções e obtêm-se compactos conhecidos como
slugs. São os slugs que serão
submetidos à moagem para a obtenção dos grânulos. Eventualmente, uma única pré-
compressão pode não ser suficiente para conferir ao granulado as características desejáveis;
neste caso, outras compressões seguidas de moagem, calibração e adição de lubrificante
devem ser executadas (BANKER e ANDERSON, 2001).
A preparação de granulados por via úmida principia-se pela obtenção de mistura
homogênea das substâncias pulverulentas da fórmula. Em seguida, umedece-se a mistura
com um líquido e obtém-se a massa que irá atravessar as malhas do equipamento de
granulação para a obtenção do granulado. Os grânulos assim formados devem ser secos até
adquirirem teor de umidade adequado (BANKER e ANDERSON, 2001).
Os grânulos podem ser secos em estufas de circulação forçada de ar (secadores de
leito estático). Nas estufas, não existe movimento das partículas do sólido submetido à
secagem (RANKELL et al., 2001). Assim, o sistema de circulação forçada de ar consegue
eliminar as bolsas estagnadas de ar altamente carregado de umidade formada dentro da
Introdução________________________________________________________________ 20
Nelson Pereira da Silva Jr
estufa, pois a circulação forçada provoca a sua renovação constante por novas camadas de
ar mais seco. Por outro lado, a circulação forçada aumenta a velocidade da corrente de ar
que passa sobre o material a secar, o que permite que a secagem se processe mais
facilmente quando comparado com uma estufa sem a circulação forçada de ar (PRISTA et
al., 2002).
No processo usual de obtenção de comprimidos contendo fármacos e
β
-CD, as
dispersões líquidas de fármaco/
β
-CD são submetidas a processos de secagem por
liofilização,
spray-drying ou evaporação para eliminação do solvente e o material seco é
incorporado a excipientes de comprimido. A Figura 9 representa o esquema do processo
usual de obtenção de comprimidos contendo CDs.
Figura 9: Esquema do processo usual de obtenção de comprimidos contendo CDs
Fármaco Dispersão β-CD
Dispersão líquida β-CD/ fármaco
Secagem: liofilização, spray drying ou evaporação
Excipientes
Compressão
Introdução________________________________________________________________ 21
Nelson Pereira da Silva Jr
Tasic e colaboradores (1992), após secagem da dispersão líquida de paracetamol/
β
-
CD em
spray-dryer, incorporaram vários excipientes à dispersão sólida obtida. Os autores
incorporaram Avicel
PH101 como diluente para compressão direta, o Aerosil 200 como
deslizante. O Ac-Di-Sol, que é um derivado da carboximetilcelulose reticulada, foi
empregado como desintegrante e o estearato de magnésio como lubrificante na dispersão
sólida. Com a incorporação destes excipientes, os autores obtiveram comprimidos com
características físicas adequadas.
A secagem pelo método de
spray drying envolve a formação de um material sólido
particulado através da atomização de um líquido, que pode apresentar características físicas
diversas (solução, suspensão), no interior de uma câmara de secagem, na qual também é
inserida uma corrente gasosa (MASTERS, 1985).
Os secadores de leito fluidizado são equipamentos em que as partículas sólidas são
parcialmente suspensas numa corrente de gás ascendente. As partículas são elevadas caindo
então de maneira aleatória de modo que a mistura resultante do sólido e do gás atua como
um líquido em ebulição (RANKELL, 2001).
O secador do tipo leito de jorro foi desenvolvido, no ano de 1954, por Gisher e
Mathur. Esse equipamento foi inicialmente projetado para a secagem de grãos de trigo em
um processo que permite a aplicação de maiores quantidades de calor sem a ocorrência de
perda da qualidade do material. Em seguida, os pesquisadores em questão, prevendo o
grande potencial de aplicação da nova técnica, iniciaram um estudo mais profundo sobre o
regime fluidodinâmico de jorro e concluíram que: “O mecanismo de fluxo dos sólidos
assim como de fluxo do ar no leito de jorro é diferente ao observado para a fluidização,
Introdução________________________________________________________________ 22
Nelson Pereira da Silva Jr
entretanto, o leito de jorro possui as mesmas aplicações do leito fluidizado, só que para
partículas de dimensões mais elevadas” (MATHUR e EPSTEIN, 1974).
O leito de jorro é constituído por uma câmara de secagem cilíndrica conectada a
uma base cônica, a qual possui em sua extremidade inferior um orifício de reduzida
dimensão, através do qual o fluido de jorro é alimentado ao sistema (PALLAI et al., 1995).
O regime de jorro é estabelecido pela entrada de um jato de fluido em um leito de
sólidos particulados. Após a entrada do fluido, normalmente constituído por ar, observa-se
aceleração das partículas sólidas com a formação de um canal central diluído, onde as
mesmas apresentam elevada velocidade. Essa região é denominada de região de jorro. Ao
redor do canal central, verifica-se a presença de um leito denso de partículas, que se
deslocam contra o fluxo ascendente de ar, traçando uma trajetória parabólica em relação à
região central do equipamento. A região que compreende esse leito deslizante recebe a
denominação de ânulo ou região anular. A desaceleração das partículas provenientes da
região de jorro ocorre após as mesmas atingirem a superfície do leito (região de fonte), e
resulta em sua queda sobre a região anular. Por fim, essas partículas descreverão uma
trajetória anular de volta para a região de jorro, seja após atingirem a base do leito (próximo
ao orifício de entrada do ar) seja através de fluxo cruzado (na interface jorro-ângulo)
(MATHUR, 1974).
A Figura 10, ilustra esquematicamente a movimentação cíclica e ordenada das
partículas em um leito de jorro convencional.
Introdução________________________________________________________________ 23
Nelson Pereira da Silva Jr
Figura 10: Diagrama esquemático do regime de jorro
Lin e Kao (1989) obtiveram partículas sólidas de
β-CD e paracetamol utilizando a
técnica do
spray-drying. As partículas apresentaram características de escoamento e
compressibilidade ruins devido ao tamanho de partículas formado pelo processo de
spray-
drying.
Tendo em vista os problemas de escoamento, compressibilidade e a necessidade da
incorporação de vários excipientes para obtenção de comprimidos de fármaco/
β-CD no
processo usual, este trabalho objetiva avaliar novos processos de obtenção de materiais com
características de escoamento e compressibilidade adequadas através da incorporação da
dispersão líquida de
β
-CD e paracetamol diretamente em excipientes.
Objetivos ______________________________________________________________24
Nelson Pereira da Silva Jr
2. OBJETIVOS
O objetivo principal deste trabalho foi avaliar processos de obtenção de
comprimidos com a incorporação da dispersão de paracetamol e
β
-CD diretamente em
excipiente.
Para tanto, este trabalho foi planejado nas seguintes etapas:
Avaliação da influência da
β
-CD na solubilidade do paracetamol;
Incorporação da dispersão líquida de paracetamol e
β
-CD em excipientes,
granulação e secagem em leito estático (estufa), denominado processo I;
Avaliação dos granulados e comprimidos obtidos pelo processo I;
Incorporação da dispersão líquida de paracetamol e
β
-CD em excipiente e secagem
em leito fluidizado (leito de jorro), denominado processo II;
Avaliação dos granulados e comprimidos obtidos pelo processo II.
Materiais_______________________________________________________________25
_________________________________________________________________________
Nelson Pereira da Silva Júnior
3. MATERIAIS
3.1. Matérias-primas
paracetamol – Henrifarma- Lote NR 0206003
β
-ciclodextrina-Kleptose
®
-Roquette
amido de milho- Henrifarma- Lote FEO 43
celulose microcristalina- Henrifarma- Lote NR 71066
lactose monohidratada- Synth- Lote 86770
3.2. Equipamentos
Agitador magnético Phoemix
®
AP-56
Balança analítica Ohaus
®
- AS200
Balança de infra-vermelho Mettler
®
(PL200/LP11)
Centrífuga Du Pont
®
– Sorvall TC 6
Desintegrador Erweka
®
(modelo ZT-502)
Difratômetro de raio-X -Siemens
®
D-5000
DSC 50-SHIMADZU
®
Durômetro Schleuniger Pharmatron
®
6D
Espectrofotômetro HP
®
8453
Estufa com circulação de ar Fabbe
®
(modelo 170)
Friabilômetro tipo Roche, Erweka
®
(modelo TA 20)
Granulate Flow tester Erweka
®
(GWF)
Leito de jorro –Faculdade Ciências Farmacêuticas Ribeirão Preto-USP
Máquina de comprimir de excêntrico Erweka
®
-Korsh EKO
Materiais_______________________________________________________________26
_________________________________________________________________________
Nelson Pereira da Silva Júnior
Micrômetro digital Mitutoyo
®
Microscópio eletrônico de varredura JSM T33OA- JEOL
®
Microscópio Estereoscópio Leica
®
( modelo MZAPO)
Microscópio óptico DMRXA (Leica
®
)
Purificador de água Milli-Q Plus- Millipore
®
Tamises números: 18, 20, 30, 50, 60, 80, 120 e coletor
Tapped Volumeter Erweka
®
( SVM 12)
Ultrasom Branson
®
-modelo 1210
Vibrador de tamises (Produtest
®
)
Metodologia_____________________________________________________________27
Nelson Pereira da Silva Jr
4. MÉTODOS
4.1. Metodologia analítica
A partir de uma solução aquosa de paracetamol na concentração de 50µg/ml, foram
preparadas diluições para obter soluções de concentrações de 2,5; 5,0; 7,5; 10,0; 12,5 e
15,0µg/ml. Colocaram-se 2,0 ml das soluções em uma cubeta de quartzo e as leituras das
absorvâncias foram realizadas em espectrofotômetro em comprimento de onda 243 nm.
Elaborou-se um gráfico relacionando as absorvâncias com a concentração de paracetamol.
Com os valores experimentais, por regressão linear, calculou-se a equação da reta e o
coeficiente de correlação.
4.2. Determinação da solubilidade do paracetamol em solução aquosa de
β-
CD
O método para avaliação da solubilidade de fases descrito por Higuchi e Connors
(1965), é fundamentado nas alterações de solubilidade da molécula-hóspede por adição de
CD. Excesso de paracetamol foi adicionado a concentrações variadas de CD de 0 até
16mM, que corresponde a solubilidade aquosa da mesma. Os frascos foram lacrados,
protegidos da luz e submetidos à agitação constante sob temperatura controlada de 25ºC,
por 48 h. Finalizada a agitação, as amostras foram centrifugadas a 3.000 rpm por 15
minutos em Centrífuga Du Pont
®
Sorvall TC 6, filtradas em membrana de acetato de
celulose (0,45µm) e a concentração do paracetamol determinada por espectrometria na
região do UV. Com os valores obtidos, construiu-se um diagrama de solubilidade.
Metodologia_____________________________________________________________28
Nelson Pereira da Silva Jr
4.3. Obtenção do granulado em estufa (Processo I)
150 ml de uma dispersão líquida de β-CD de concentração 18,5 mg/ml foi preparada
em água destilada a 70ºC e após total solubilização da β-CD foi adicionado paracetamol na
concentração de 18,5 mg/ml. A dispersão β-CD/ paracetamol ficou sob agitação magnética
até atingir a temperatura ambiente.
A Figura 11 representa o primeiro processo (Processo I), com a incorporação da
dispersão líquida de β-CD/paracetamol em excipientes, obtenção do granulado e secagem
em leito estático (estufa).
Figura 11: Esquema do processo (I) para obtenção de grânulos secos em leito estático (estufa).
paracetamol dispersão
β
-CD
dispersão líquida
β
-CD/ paracetamol
excipiente: amido, celulose ou lactose
Granulação/ tamis 18
Secagem estufa ar circulante 30ºC/24horas
Metodologia_____________________________________________________________29
Nelson Pereira da Silva Jr
Três excipientes, amido de milho, lactose monohidratada ou celulose microcristalina
doravante denominados de amido, lactose e celulose, foram gradualmente umedecidos com
a dispersão até obtenção de massa úmida, apropriada para granular. Os lotes foram
preparados com as respectivas massas de excipientes e quantidades de dispersão aquosa de
β-CD/ paracetamol utilizadas conforme a Tabela 2.
Tabela 2: Composição das amostras
Excipientes Massa (g) Dispersão β-CD/
paracetamol (ml)
Água (ml)
AMIDO 150 50 40
CELULOSE 150 50 30
LACTOSE 250 50 --
A massa úmida obtida foi granulada em um tamis 18 (abertura de malha = 1,00
mm). A secagem dos granulados foi realizada em estufa provida de circulação forçada de ar
(Fabbe
®
-modelo 170), mantida a 30º C, por 24 horas, até que o teor de umidade residual
fosse menor que 5%. Os grânulos secos foram calibrados em tamis 18 (abertura de malha
=1,00 mm), tamis 120 (abertura de malha = 0,125 mm) e montados sobre o coletor. O
material que ficou retido no coletor foi considerado como “pó fino” e não foi utilizado.
Finalizado o processo, os granulados foram denominados GLE- amido, GLE- celulose,
GLE- lactose.
A compressão do GLE- amido, GLE- celulose e GLE- lactose foi conduzida em
máquina de comprimir de excêntrico Erweka
®
Korsh EKO, montada com jogo de matriz e
punções planos de 12 mm de diâmetro e ajustada para produzir comprimidos de peso
teórico de 0,500g. O equipamento possui uma escala arbitrária de força (0 a 10). Para a
Metodologia_____________________________________________________________30
Nelson Pereira da Silva Jr
compressão do GLE- amido, GLE- celulose, GLE- lactose o equipamento foi ajustado no
nível 10 da escala do equipamento.
4.4. Obtenção do granulado em leito jorro (Processo II)
250ml de uma dispersão líquida de β-CD de concentração 18,5 mg/ml foi preparada
em água destilada a 70ºC e após total solubilização da β-CD foi adicionado paracetamol na
concentração de 18,5 mg/ml. A dispersão β-CD/ paracetamol ficou sob agitação magnética
até atingir a temperatura ambiente e incorporada a 200g de amido. O amido de milho foi
escolhido como excipiente devido aos resultados apresentados pelos granulados obtidos
pelo processo I, por apresentar um baixo custo e levando-se em conta também que a CD é
obtida a partir do amido. A Figura 12 representa o segundo processo (Processo II) com a
incorporação da dispersão líquida de β-CD/paracetamol em excipiente e secagem em leito
fluidizado (leito de jorro).
Figura 12: Esquema do processo II para obtenção de grânulos secos em leito de jorro
paracetamol Dispersão β-CD
Dispersão líquida β-CD/ paracetamol
Excipiente: amido
Secagem (leito de jorro)
Metodologia_____________________________________________________________31
Nelson Pereira da Silva Jr
O secador tipo leito de jorro utilizado neste trabalho é composto por uma coluna
cilíndrica de 140 mm de diâmetro e 830 mm de altura, acoplada a uma base cônica com
ângulo interno de 60º e altura de 95 mm. O diâmetro do orifício de entrada do ar é de
22mm e a dispersão foi introduzida no sistema através de gotejamento controlado por uma
bomba peristáltica digital (Masterflex
®
) com fluxo de 10 ml/min.
O sistema operacional, esquematizado na Figura 13, é constituído de um
compressor, responsável pela alimentação do ar que vai promover o movimento de jorro no
leito. O ar passa por um aquecedor e tem sua temperatura fixada e controlada (HW 2000,
COEL LTDA).
Esferas de vidro de 2,6 mm de diâmetro foram empregadas como material inerte. A
altura máxima de jorro estável e a velocidade mínima de jorro foram estabelecidas através
do emprego dos métodos clássicos (MATHUR e EPSTEIN,1974).
Figura 13: Diagrama esquemático do leito de jorro e periféricos
Metodologia_____________________________________________________________32
Nelson Pereira da Silva Jr
A vazão do ar é controlada por uma válvula gaveta e medida por uma placa de
orifício calibrada. Estabelecido o jorro, iniciou-se o aquecimento do ar. Atingida a
temperatura desejada, iniciou-se o processo de granulação. As condições operacionais
empregadas são encontradas na Tabela 3.
Tabela 3: Condições operacionais empregadas na granulação do material
H
max
= altura máxima de jorro; H/ H
max
= relação entre a altura utilizada (14 cm) e a altura
máxima de jorro estável determinada (28 cm); V
mj
= velocidade mínima de jorro; V/V
m
=
relação entre a velocidade empregada e a velocidade mínima de jorro; Ti = temperatura de
entrada; Ts = temperatura de saída.
A vazão do ar foi calculada através do emprego de uma placa de orifício conectada
a um tubo em U contendo mercúrio como fluido manométrico, segundo a equação 3:
onde:
V
0
= vazão volumétrica do ar (m
3
/s)
A = área do orifício (0,00005102m
2
)
LEITO DE JORRO
H
max
(m) H/H
max
V
mj
(m
3
/min ) V/V
mj
Ti (ºC) Ts (ºC)
0,28 0,33 0,0252 1,2 80 61
()
()
4
0
1
2
βρ
ρ
=
hg
CaAV
m
Equação [3]
Metodologia_____________________________________________________________33
Nelson Pereira da Silva Jr
Ca = coeficiente de calibração (0,61)
ρ
=
densidade do ar
(Kg/ m
3
)
ρ
m =
densidade do fluido manométrico (Kg/ m
3
)
g = aceleração da gravidade (m/s
2
)
h = altura da coluna de mercúrio (0,144m)
β = relação entre o diâmetro do orifício e do tubo (0,40625)
Finalizado o processo, o granulado foi recolhido do coletor indicado na Figura 13 e
denominado GLJ- amido.
A compressão do GLJ- amido foi conduzida em máquina de comprimir de
excêntrico Erweka
®
Korsh EKO, montada com jogo de matriz e punções planos de 12 mm
de diâmetro e ajustada para produzir comprimidos de peso teórico de 0,500g. O
equipamento possui uma escala arbitrária de força (0 a 10). Para a compressão do GLJ-
amido o equipamento foi ajustado no nível 8 da escala do equipamento.
4.5. Avaliação dos granulados obtidos pelos processos I e II
4.5.1. Umidade
A perda por dessecação do GLE- amido, GLE- celulose, GLE- lactose e do GLJ-
amido foi determinada por método gravimétrico, empregando-se balança analítica com
sistema de secagem por infravermelho. Amostras de aproximadamente 1g foram pesadas
em bandejas de alumínio taradas, dessecadas por temperatura entre 75 e 100ºC, sendo a
leitura feita até se atingir peso constante (FRANCO, 2001).
Metodologia_____________________________________________________________34
Nelson Pereira da Silva Jr
4.5.2. Análise morfológica
A análise morfológica do GLE- amido, GLE- celulose e GLE- lactose foi realizada
por captação de imagens , através de Lupa DMRXA (Leica
®
) utilizando o programa Leica
®
Qwin Image Systems e aumento de 80 vezes.
A análise morfológica da CD, paracetamol e GLJ- amido foi realizada por
fotomicrografias obtidas por microscopia eletrônica (Microscópio eletrônico de varredura
JSM T33OA- JEOL
®
) de varredura. As amostras foram distribuídas sobre uma fita dupla-
face aderida a um suporte de metal, revestidas sob atmosfera de argônio, com ouro coloidal
e analisadas. As imagens fotomicrografadas obtidas foram avaliadas.
4.5.3. Distribuição Granulométrica
A determinação da granulometria (tamanho e distribuição), dependendo do tamanho
da partícula, pode ser realizada por tamisação, microscopia óptica e eletrônica, por
espalhamento de luz, por difração de laser entre outros métodos (BARBER, 1993).
A determinação da granulometria do GLE- amido, GLE- celulose e GLE-lactose foi
realizada seguindo a metodologia prevista na Farmacopéia Brasileira (1988). O
procedimento foi desenvolvido mecanicamente empregando-se um vibrador de tamises
(Produtest
®
), acionado no ponto 8 da escala arbitrária (0 a 10) do equipamento e tamises
padronizados superpostos, partindo-se das aberturas de malha maior diâmetro ao menor.
Neste ensaio, cerca de 70g do GLE- amido, GLE- celulose e GLE-lactose foram colocados
no tamis de maior malha e submetido à vibração, repetindo-se o procedimento em
triplicata, durante 15 minutos. Os tamises utilizados, com suas respectivas aberturas de
malha, são apresentados na Tabela 4.
Metodologia_____________________________________________________________35
Nelson Pereira da Silva Jr
Tabela 4: Número dos tamises e abertura da malha empregados na determinação
granulométrica dos materiais secos em leito estático.
Número do tamis Abertura da malha (mm)
20 0,840
30 0,590
50 0,297
60 0,250
80 0,177
Padrão <U.S.> proposto pelo National Bureau of Standars
A determinação da distribuição do tamanho das partículas do GLJ- amido foi
realizada por captação de imagens, através de microscópio óptico DMRXA (Leica
®
),
utilizando o programa Leica
®
Qwin Image Systems para quantificação. Foram medidos os
diâmetros de uma amostragem mínima de 200 partículas, usando o método de Feret
(PRISTA et. al., 2002).
Para a construção do gráfico de distribuição do tamanho de partículas o número de
classes foi calculado, utilizando-se a equação 4 (VIEIRA, 1980):
k= 1 + 3,22log n Equação [4]
onde:
k: número de classes
n: é o número de dados
4.5.4. Escoamento
Para estudar as características de escoamento do GLE- amido, GLE- celulose e
GLE- lactose, utilizou-se o equipamento Granulate Flow tester Erweka
®
(GWF), que mede
Metodologia_____________________________________________________________36
Nelson Pereira da Silva Jr
o ângulo de escoamento e o tempo necessário para o material escoar. Foram utilizados os
diâmetros de abertura de 12 mm e 9 mm. Para estudar as características de escoamento do
GLJ- amido utilizou-se somente o diâmetro de abertura do funil de 12 mm.
4.5.5. Densidades aparentes bruta e compactada, índice de compressibilidade
percentual e fator de Hausner
As densidades aparentes do GLE- amido, GLE- celulose, GLE- lactose e GLJ-
amido foram determinadas, indiretamente, através das medidas de seus volumes aparentes.
Para o ensaio da densidade aparente bruta, o material foi colocado em uma proveta
de 250 mL do equipamento Tapped Volumeter Erweka
®
(SVM 12), determinando-se a
massa em balança semi-analítica Ohaus
®
, modelo PL 400 (HANCOCK et al., 2001). A
densidade aparente bruta foi calculada através da equação 5:
Vb
m
db =
Equação [5]
onde:
db = densidade bruta
m = massa (g)
Vb = volume bruto (mL)
Para a determinação da densidade aparente compactada, procedeu-se da seguinte
forma: o material foi colocado em uma proveta de 250mL do equipamento Tapped
Volumeter (Erweka
®
SVM 12); após a colocação do material na proveta, esta foi inserida
no equipamento. A cada 1250 batidas, realizou-se a leitura do volume ocupado pelo
Metodologia_____________________________________________________________37
Nelson Pereira da Silva Jr
material. Este procedimento foi repetido até que o volume aparente sofresse uma redução
inferior a 2%, considerando-se volume compactado aquele lido na penúltima determinação
e determinando-se a massa em balança semi-analítica Ohaus
®
, modelo PL 400
(HANCOCK et al., 2001). A densidade aparente compactada foi calculada através da
seguinte equação 6:
Vc
m
dc =
Equação [6]
onde:
dc = densidade compactada (g/ml)
m = massa (g)
Vc = volume compactado (ml)
A partir dos valores de densidades aparentes brutas e compactadas, foi possível
calcular o índice de compressibilidade percentual, IC%, através da equação 7 (VACHON e
CHULIA, 1998).
100IC% =
dc
dc - db
Equação [7]
onde: IC% = Índice de Compressibilidade Percentual (%)
dc = densidade aparente compactada (g/mL)
db = densidade aparente bruta (g/mL)
Metodologia_____________________________________________________________38
Nelson Pereira da Silva Jr
Segundo a metodologia referendada por Guo (1985), o fator de Hausner foi
determinado através do quociente entre as densidades de compactação e bruta, conforme
equação 8:
db
dc
FH =
Equação [8]
onde: FH = fator de Hausner
dc = densidade aparente compactada (g/mL)
db = densidade aparente bruta (g/mL)
4.5.6. Difração de raios X do GLJ- amido
A identificação da estrutura cristalina do paracetamol, da β-CD, da mistura física e
do GLJ- amido foi realizada por difração de raios-X. Os difratogramas foram obtidos em
um difratômetro de raios-X para policristais Siemens
®
D-5000, radiação CuKα
monocromatizada por cristal grafite. Os dados foram tratados usando-se o programa
Winmetric
e o refinamento dos parâmetros cristalográficos foi feito a partir dos dados de
difração (2θ e intensidade). A velocidade de varredura usada foi de 0,3 segundos a cada
0,02º em um intervalo de 20º até 120º.
4.5.7 Obtenção das curvas de DSC do GLJ- amido
Aproximadamente 2,6mg de paracetamol, β-CD, amido, mistura física e GLJ-
amido foram colocados em cadinho de alumínio selado (DSC 50-SHIMADZU
®
). As curvas
foram obtidas sob atmosfera de nitrogênio e razão de aquecimento de 10º C/min.
Metodologia_____________________________________________________________39
Nelson Pereira da Silva Jr
4.6. Avaliação dos comprimidos obtidos a partir dos processos I e II
4.6.1. Aspecto
Foram observados os caracteres visuais da forma farmacêutica obtida em relação à
forma geométrica, superfície, coloração e presença de partículas ou material estranho à
formulação.
4.6.2. Variação do peso
Foram pesados 20 comprimidos em balança analítica Ohaus
®
(modelo AS 200) e
calculados a média e o desvio padrão.
4.6.3. Espessura
A espessura dos comprimidos foi medida em Micrômetro digital Mitutoyo
®
(precisão de 0,001 mm) em 20 unidades, em triplicata.
4.6.4. Resistência mecânica
Para avaliar a resistência mecânica dos comprimidos à pressão radial, mediu-se a
dureza de 20 comprimidos através do Durômetro Schleuniger Pharmatron
®
(modelo 6D).
Para o teste de friabilidade empregou-se friabilômetro tipo Roche, Erweka
®
(modelo TA
20). O teste foi realizado através da determinação do peso de 20 comprimidos isentos de pó
e estes são submetidos a 100 quedas livres de uma altura de cerca de 13 cm dentro do
tambor rotativo do equipamento. Depois do rolamento, determinou-se o peso dos
comprimidos isentos de pó, exprimindo-se a friabilidade em função da percentagem de pó
separado (Farmacopéia Brasileira, 1988).
Metodologia_____________________________________________________________40
Nelson Pereira da Silva Jr
4.6.5. Tempo de desintegração
Determinou-se o tempo necessário para os comprimidos desintegrarem. Foram
analisadas 18 unidades em aparelho para medir tempo de desintegração Erweka
®
(modelo
ZT-502), de acordo com os critérios estabelecidos pela Farmacopéia Brasileira, 1988. O
equipamento é constituído por 6 tubos de vidro com 7,5 cm de comprimento, abertos e
fixos em redes de 10 “mesh” no fundo dos mesmos. Para determinar o tempo de
desintegração, colocou-se um comprimido em cada tubo e o suporte dos cestos foi
mergulhado num recipiente de 1 litro com água, a 37ºC ± 1º C de modo que os
comprimidos permanecessem 2,5 cm abaixo da superfície do líquido durante o seu
movimento ascendente não se aproximando mais do que 2,5 cm do fundo do recipiente.
4.7. Análise estatística
Os resultados foram expressos estatisticamente por meio da análise de variância,
Teste F e Teste Tukey utilizando o programa Sisvar, desenvolvido pelo Departamento de
Ciências Exatas, Universidade Federal de Lavras (UFLA).
Resultados e discussão____________________________________________________41
Nelson Pereira da Silva Jr
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1. Metodologia analítica
A metodologia analítica empregada foi a espectrofotometria sendo que a Figura 14
mostra que o comprimento de onda de máxima absorção do paracetamol foi de 243nm,
resultado obtido a partir de uma varredura de uma solução aquosa de paracetamol de
concentração 20 µg/ml em espectrofotômetro na faixa de comprimento de onda de 200 a
400nm.
Figura 14: Espectro de absorção do paracetamol em solução aquosa na região do UV.
Através da análise dos valores de absorvâncias correspondentes às concentrações
conhecidas de paracetamol em água destilada, expressos na Tabela 5, foi construída a curva
analítica do paracetamol como mostra a Figura15, em 243 nm, que corresponde ao comprimento
de onda de máxima absorção do paracetamol na região do UV.
Intensidade (u.a)
Comprimento de onda (nm)
Resultados e discussão____________________________________________________42
Nelson Pereira da Silva Jr
Tabela 5. Valores das absorvâncias das soluções aquosa do paracetamol obtidas por
espectrofotometria no λ = 243 nm .
Concentração
(µg/ml)
Abs 1
Abs 2
Abs 3
x
σ
CV
2,5 0,1552 0,1605 0,1624 0,159 0,0037 2,327
5,0 0,3240 0,3173 0,3108 0,317 0,0066 2,082
7,5 0,4668 0,4578 0,4995 0,475 0,0219 4,611
10,0 0,6295 0,6347 0,6153 0,627 0,0100 1,595
12,5 0,7540 0,7682 0,7634 0,762 0,0072 0,944
15,0 0,9075 0,9017 0,9072 0,906 0,0033 0,364
Figura 15: Curva analítica do paracetamol em água destilada (equação da
reta: y = 0,06469x + 0,00536, r
2
= 0,9997)
5.2. Determinação da solubilidade do paracetamol em solução aquosa de β-CD.
A determinação da solubilidade do paracetamol em soluções aquosas de
concentrações crescentes foi útil para avaliar a influência da β-CD na quantidade de
fármaco solubilizado.
Resultados e discussão____________________________________________________43
Nelson Pereira da Silva Jr
Na Figura 16, está representada uma isoterma de solubilidade, sendo evidente o
aumento da concentração de paracetamol em água com o concomitante aumento da
concentração de β -CD, indicando que as moléculas estão interagindo. Baseado nos dados
da literatura, o aumento da solubilidade do paracetamol foi verificado até valores próximos
ao limite de solubilidade da β-CD em água, que é de cerca de 16mM (FROMMING e
SZEJTLI, 1994). A análise deste experimento evidencia uma isoterma do tipo A
P
, com um
discreto desvio positivo de linearidade que ocorre próximo ao limite de solubilidade da β-
CD em água, sugerindo que mais de uma molécula de CD é complexada com uma
molécula-hóspede.
Figura 16: Isoterma de solubilidade
A Tabela 6 apresenta os resultados das concentrações do paracetamol em soluções
aquosas de concentrações crescentes de β-CD. Verificou-se um aumento aproximadamente
de 46% no valor da solubilidade do paracetamol em solução aquosa de β-CD 16 mM em
relação à solubilidade do paracetamol em água.
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
80
90
100
110
120
130
Concentração paracetamol (mM)
Concentração
β
- CD (mM)
Resultados e discussão____________________________________________________44
Nelson Pereira da Silva Jr
Tabela 6: Influência da β-CD na solubilidade do paracetamol
Concentração de β-CD
(mM)
Concentração paracetamol
(mM)
0 83,3
3 88,0
6 95,11
9
101,20
16
122,16
5.3. Avaliação do granulado obtido pelo processo I
A análise dos resultados da quantidade da dispersão líquida de β-CD/paracetamol
utilizada nos excipientes para obtenção do granulado e secagem em leito estático, Tabela 2
(p.29), demonstra que uma vez fixados 50ml de dispersão líquida de β-CD/paracetamol
como líquido granulante, verificou-se a possibilidade de incorporar um volume maior de
líquido para umedecimento tanto do amido quanto da celulose no que diz respeito ao ponto
de granulação. Assim, foram adicionados 40 ml e 30 ml de água destilada,
respectivamente, para completar o umedecimento do amido e da celulose. Por sua vez, o
mesmo volume da dispersão líquida de β-CD/paracetamol (50 ml) foi considerado
excessivo para umedecer 150g de lactose; experimentalmente, verificando-se para este
volume de dispersão líquida de β-CD/paracetamol eram necessários 250g de lactose. A
substituição da quantidade de água utilizada para se obter a massa para granulação pela
dispersão líquida de β-CD/paracetamol no amido (40ml) e na celulose (30ml), implica em
que tanto o amido quanto a celulose permitiriam mais fármaco incorporado.
Teor de umidade
Trata-se de uma determinação importante, pois, a ausência total de umidade e o
excesso podem dificultar a compressão do granulado. Os valores de umidade encontrados
Resultados e discussão____________________________________________________45
Nelson Pereira da Silva Jr
no GLE- amido, GLE- celulose e GLE- lactose foram respectivamente, 1,29%; 4,3% e
0,5%. O tempo e a temperatura de secagem foram fixados em 24 horas a 30º C.
Análise morfológica
As Figuras 17, 18 e 19 mostram que os granulados obtidos do GLE- amido, GLE-
celulose e do GLE-lactose apresentam homogeneidade de formas de grânulos.
Figura 17: Fotomicrografia do GLE-amido (aumento 80x)
Figura 18: Fotomicrografia do GLE-celulose (aumento 80x)
Resultados e discussão____________________________________________________46
Nelson Pereira da Silva Jr
Figura 19: Fotomicrografia do GLE-lactose (aumento 80x)
Distribuição Granulométrica
A análise granulométrica do GLE-amido, GLE-celulose e GLE-lactose foi realizada
através do processo de tamisação. É um dos processos mais simples e provavelmente, o
mais utilizado para a determinação de tamanho de partículas por ser econômico e rápido,
embora o limite de aplicação seja normalmente considerado 50µm, tamises com
micromalhas estão disponíveis no mercado permitindo analisar partículas com menores
dimensões (PARROT, 2001).
Como se vê na Figura 20, o GLE- amido, GLE- celulose e GLE- lactose
apresentaram a mesma tendência de distribuição de tamanho, com maior porcentagem de
grânulos retidos na faixa granulométrica acima de 250 µm
O GLE- amido apresentou a maior porcentagem de partículas com tamanhos
maiores que 250 µm ( 92,94%), o GLE- lactose apresentou um percentual de 88,30% e o
GLE- celulose em torno de 66,50%. Segundo Staniforth (2005), partículas com tamanhos
maiores que 250 µm apresentam, normalmente, características de escoamento livre.
Resultados e discussão____________________________________________________47
Nelson Pereira da Silva Jr
Figura 20: Distribuição do tamanho de partículas do GLE- amido,GLE- celulose e GLE- lactose
Características de escoamento
As características de escoamento do GLE- amido, GLE- celulose e GLE- lactose
foram avaliadas através das medidas da cotangente do ângulo de escoamento (Figura 21) e
da velocidade de escoamento (Figura 22). Quanto menor é a cotangente do ângulo de
escoamento e, portanto, maior o ângulo, melhor é o escoamento do material. Os GLE-
amido, GLE- celulose e GLE- lactose apresentaram um escoamento livre e ininterrupto
quando se utilizou abertura do funil de escoamento diâmetro de 12 mm. Um dos objetivos
da granulação é, promover melhoria nas características de escoamento de materiais
Massa retida (%)
0
20
40
60
80
0
20
40
60
80
<177 177 250 297 590 840
0
20
40
60
80
amido
celulose
lactose
Abertura da malha (µm)
Massa retida (%)
0
20
40
60
80
0
20
40
60
80
<177 177 250 297 590 840
0
20
40
60
80
amido
celulose
lactose
Abertura da malha (µm)
Resultados e discussão____________________________________________________48
Nelson Pereira da Silva Jr
particulados. Pós muito finos são comumente coesivos e, por esta razão, costumam
apresentar dificuldade para escoar.
Figura 21: Cotangente do ângulo de escoamento: GLE- amido, GLE- celulose e GLE-lactose.
Abertura do funil de escoamento: 9mm.Valores médios (n=3) e desvio-padrão (barra de erro).
Comparativamente, pode-se dizer que os granulados GLE- lactose apresentaram o
melhor escoamento,isto é, maior velocidade (16,76 g/s) e menor cotangente do ângulo de
escoamento seguido do amido e da celulose. Este fato pode estar relacionado com dois
fatores: umidade dos granulados (0,5% para o GLE- lactose, 1,29% para o GLE- amido e
4,3% para o GLE- celulose) e como se verá a seguir, a maior densidade dos granulado do
GLE- lactose. Considerando-se que uma umidade residual nos granulados pode, dentro de
certos limites, auxiliar a aglutinação das partículas no momento da compressão assim
como o excesso de umidade pode prejudicar a habilidade para escoar.
cotangente do ângulo de escoamento
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
GLE- amido
GLE- celulose
GLE- lactose
Resultados e discussão____________________________________________________49
Nelson Pereira da Silva Jr
Os resultados obtidos na análise da velocidade de escoamento (Figura 22)
confirmam os resultados da cotangente do ângulo de escoamento (Figura 21).
Figura 22: Velocidade de escoamento: GLE- amido, GLE- celulose e GLE- lactose.
Abertura do funil de escoamento:12mm.Valores médios (n=3) e desvio-padrão (barra de erro).
As Figuras 23 e 24 mostram os valores da cotangente do ângulo de escoamento e a
velocidade de escoamento do GLE- amido, GLE- celulose e GLE- lactose,
respectivamente, utilizando a abertura do funil de 9mm. A diminuição na abertura do funil
de escoamento implicou em queda da velocidade de escoamento e brusco aumento da
cotangente do ângulo de escoamento assim como diminuição nos valores do ângulo de
escoamento. Todos os granulados secos em estufa, quando testados quanto ao escoamento
na abertura do funil de 9mm, apresentaram velocidades de escoamento menores que 4g/s,
porém o escoamento ainda foi livre e sem momentos de bloqueio.
A
B
C
velocidade de escoamento (g/s)
0
5
10
15
20
25
GLE- amido
GLE- celulose
GLE- lactose
Resultados e discussão____________________________________________________50
Nelson Pereira da Silva Jr
Figura 23: Cotangente do ângulo de escoamento: GLE- amido, GLE- celulose e GLE-lactose.
Abertura do funil de escoamento: 9mm.Valores médios (n=3) e desvio-padrão (barra de erro).
Figura 24: Velocidade de escoamento: GLE- amido, GLE- celulose e GLE- lactose. Abertura do
funil de escoamento:9mm.Valores médios (n=3) e desvio-padrão (barra de erro).
velocidade de escoamento (g/s)
0
1
2
3
4
5
GLE- amido
GLE- celulose
GLE- lactose
cotangente do ângulo de escoamento
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
GLE- amido
GLE- celulose
GLE- lactose
Resultados e discussão____________________________________________________51
Nelson Pereira da Silva Jr
Densidades aparentes bruta e compactada
Os resultados das densidades do GLE- amido, GLE- celulose e GLE- lactose a
seguir (Tabelas 7 e 8), confirmam os resultados de velocidade de escoamento (Figura 22).
Os granulados do GLE- lactose apresentaram a maior velocidade de escoamento o que
condiz com os dados de densidades pois é sabido que o escoamento de um pó ou granulado
ocorre sob a influência da força gravitacional e as partículas densas são normalmente
menos coesivas que as partículas de menor densidade, porém, de mesmo tamanho e forma
(STANIFORTH, 2005).
Tabela 7: Densidade aparente bruta do GLE- amido, GLE- celulose e GLE- lactose
DENSIDADE APARENTE BRUTA (g/ml)
AMOSTRA GLE- AMIDO GLE- CELULOSE GLE- LACTOSE
1 0,3516 0,2550 0,4815
2 0,3568 0,2661 0,4870
3 0,3538 0,2726 0,4908
x
0,354 0,265 0,486
σ
0,0026 0,0089 0,0047
Tabela 8: Densidade aparente compactada do GLE- amido, GLE- celulose e GLE- lactose.
DENSIDADE APARENTE COMPACTADA (g/ml)
AMOSTRA GLE- AMIDO GLE- CELULOSE GLE- LACTOSE
1 0,4107 0,2951 0,5279
2 0,4168 0,3108 0,5339
3 0,4293 0,3185 0,5381
x
0,419 0,308 0,533
σ
0,0095 0,0119 0,0051
Resultados e discussão____________________________________________________52
Nelson Pereira da Silva Jr
Determinação do fator de Hausner e índice de compressibilidade percentual.
Através dos resultados de densidades aparente bruta e densidade aparente
compactada mostrados nas Tabelas 7 e 8 calculou-se o índice de compressibilidade (IC%)
e o fator de Hausner (FH). Segundo Marshall (2001), valores de índice de
compressibilidade inferiores a 15% refletem, normalmente, um escoamento fácil das
partículas da amostra, enquanto que, valores superiores a 25% são obtidos com materiais
cujas características de compressão são inadequadas. O GLE- amido, GLE- celulose e
GLE- lactose apresentaram valores para o índice de compressibilidade menores que 25%,
indicando que os granulados apresentam boas características de compressão.
Os valores calculados do fator de Hausner (FH) e do índice de compressibilidade
(IC%) para o GLE- amido, GLE- celulose e GLE- lactose são mostrados na Tabela 9. Para
Hausner, a razão entre a densidade aparente compactada e a densidade aparente bruta
estava relacionada com o atrito entre as partículas (STANIFORTH, 2005). Pós em que o
atrito é mínimo apresentam razões de densidades aproximadamente 1,2; enquanto que pós
de maior coesividade apresentam razões de Hausner superiores a 1,6. Aceita-se que
valores menores que 1,25 indicam um bom escoamento enquanto valores maiores que 1,25
indicam que o material apresenta dificuldade para escoar. O GLE- amido, GLE- celulose e
GLE- lactose apresentaram fator de Hausner inferior a 1,25 o que está de acordo com os
resultados obtidos com o índice de compressibilidade e com velocidade, ângulo e
cotangente do ângulo de escoamento, sugerindo que os granulados apresentam um
escoamento adequado e são compressíveis. Mais uma vez, os resultados apontam para uma
vantagem na lactose sobre os demais excipientes.
Resultados e discussão____________________________________________________53
Nelson Pereira da Silva Jr
Tabela 9: Índice de compressibilidade percentual e fator de Hausner do GLE- amido,
GLE- celulose e GLE- lactose
GRANULADOS IC (%) FATOR DE HAUSNER
GLE- AMIDO
15,48 1,18
GLE- CELULOSE
14,14 1,16
GLE- LACTOSE
8,70 1,10
5.4. Compressão do granulado obtido pelo processo I
O peso teórico estabelecido para os comprimidos foi 500mg. Quando submetido à
compressão, o GLE- lactose originou comprimidos com capping. Capping ou
descabeçamento é o termo usado para descrever a separação parcial ou completa das
coroas superior ou inferior do resto do comprimido. Laminação significa a divisão do
comprimido em duas ou mais camadas distintas. Normalmente, estes problemas de
processamento são detectados imediatamente após a compressão; no entanto, o
descabeçamento ou laminação pode ocorrer horas ou mesmo dias após a formação do
comprimido. O fenômeno tem sido descrito como resultante da retenção de ar no
comprimido, o qual pode estar sob pressão aproximadamente igual à da pressão de
compressão, o que durante a ejeção do comprimido poderia ocasionar a quebra das
ligações formadas entre as partículas. A retenção de ar tem tendência a ocorrer, sobretudo
quando se usam materiais que tenham partículas de dimensões reduzidas (MARSHALL,
2001).
Uma recuperação elástica acentuada, que permita liberar as várias tensões
existentes num comprimido quando associada a um material com ligações fracas, é outro
fator importante. Alguma solução que permita reduzir a elasticidade do material deve ser
utilizada, como a inclusão de excipientes na formulação que aumentem a força de ligação
entre as partículas e que proporcione ao material em compressão um componente que se
Resultados e discussão____________________________________________________54
Nelson Pereira da Silva Jr
deforme plasticamente, libertando as tensões que surgem. Redução da força de
compressão, velocidades mais lentas de compressão e teor de umidade adequado são
alguns fatores que permitem minimizar ou eliminar o problema de descabeçamento
(MARSHALL, 2001).
As causas do descabeçamento nos comprimidos do GLE- lactose podem estar
relacionadas à excessiva força de compressão que foi utilizada, cujo valor na escala
arbitrária do equipamento foi de 10 e à baixa umidade residual do granulado cujo valor foi
de 0,5% . Segundo Prista e colaboradores (2002), como regra geral, os valores de umidade
dos granulados devem estar entre 1 a 3%, sendo que um teor de umidade muito alto
favorece a aglomeração das partículas, desfavorecendo o fluxo na máquina de comprimir e
valores inferiores a 1% podem afetar o comportamento desses materiais e do produto final,
provavelmente impedindo a formação de pontes líquidas entre as partículas e
conseqüentemente a não consolidação do compacto.
O GLE- amido apresentou o valor de umidade de 1,29%, o qual se encontra na
faixa sugerida por Prista e colaboradores (2002), favorecendo a formação de pontes
líquidas entre as partículas e contribuindo na formação do compacto. O GLE- celulose
apresentou valor de 4,3% de umidade, sugerindo que mesmo um valor acima de 3% pode
não prejudicar a formação do compacto.
O valor teórico de paracetamol incorporado em cada comprimido do GLE- amido e
GLE- celulose, foi de aproximadamente 3,08mg sendo que para massas iguais de amido e
celulose foram utilizados a mesma quantidade de dispersão líquida β-CD/paracetamol
(50ml). Em cada comprimido do GLE- lactose o valor teórico de paracetamol incorporado
é de aproximadamente 1,85 mg, sendo que para um volume de 50 ml de dispersão líquida
de β-CD/paracetamol foram necessários 250g de lactose. É importante ressaltar que, se a
quantidade de água utilizada fosse substituída por uma mesma quantidade de dispersão
Resultados e discussão____________________________________________________55
Nelson Pereira da Silva Jr
líquida β-CD/paracetamol, o amido e a celulose seriam os excipientes que possibilitariam a
incorporação de mais fármaco.
5.5. Avaliação do granulado obtido pelo processo II
A quantidade da dispersão líquida de β-CD/paracetamol utilizada no excipiente
para obtenção do granulado em leito de jorro foi 250 ml da dispersão líquida de β-
CD/paracetamol em 200g de amido. Esta quantidade de dispersão líquida de β-
CD/paracetamol foi necessária para obtenção de uma dispersão β-CD/paracetamol /amido
para que o sistema, controlado por uma bomba peristáltica digital, conseguisse introduzir
através de gotejamento a referida dispersão no leito de jorro.
Teor de umidade
O valor de umidade encontrado no GLJ- amido foi de 3,6%. Conforme já discutido,
este teor de umidade, se não prejudicar o escoamento, pode auxiliar a compressão do
material.
Análise morfológica da CD, paracetamol e GLJ- amido
A Figura 25 mostra a forma cristalina do paracetamol. O paracetamol apresenta um
sistema cristalino monoclínico e prismático (MERCK INDEX, 2001). A Figura 26 mostra
os cristais típicos de β- CD. Tais cristais possuem dimensões de algumas dezenas de micra,
superfície lisa e contornos bem definidos (JESUS, 2006).
Resultados e discussão____________________________________________________56
Nelson Pereira da Silva Jr
‘ Figura 25: Fotomicrografia do paracetamol (aumento 750x)
Figura 26: Fotomicrografia da β-CD (aumento 750x)
Summers e Aulton (2005), que reportam que grânulos produzidos em leito
fluidizado são semelhantes aos produzidos a partir de granulação por tamisação, porém são
mais porosos. O que se vê nas Figuras 27 e 28 são grânulos bastante regulares quanto à
forma e ao tamanho e de superfície pouco rugosa.
Resultados e discussão____________________________________________________57
Nelson Pereira da Silva Jr
Figura 27: Fotomicrografia do GLJ- amido (aumento 750x)
Figura 28: Fotomicrografia do GLJ-amido (aumento 3500x)
Distribuição Granulométrica
A Figura 29 apresenta a distribuição do tamanho de partículas do GLJ- amido.
Através desta análise, foi possível verificar que a totalidade das amostras apresentou
distribuição do tamanho de partículas praticamente uniforme, pois mais de 80% do
material apresentou diâmetro de Feret, que é a distância entre duas tangentes traçadas nas
extremidades da partícula e que são paralelas a uma direção previamente especificada
(PRISTA et al., 2002), compreendido entre 3 e 11,0 µm.
Resultados e discussão____________________________________________________58
Nelson Pereira da Silva Jr
Considerando o ponto médio das classes de freqüência de tamanho de partículas,
podemos observar que os valores de moda que é o evento ou categoria de eventos que
ocorre com maior freqüência e mediana, que é o valor da variável aleatória a partir do qual
metade dos casos se encontra acima do valor e metade se encontra abaixo, foi de 9 (nove).
A média aritmética pode ser considerada um resumo de distribuição como um todo dos
valores foi de 8,7. A proximidade dos valores observados de moda, mediana e média
aritmética confirma uma distribuição do tamanho de partículas bem uniforme.
Figura 29: Distribuição do tamanho de partículas do GLJ- amido
A uniformidade do tamanho de partículas apresentada é uma característica
extremamente importante, pois origina maior uniformidade na velocidade de dissolução
das partículas levando conseqüentemente a uma velocidade de liberação mais uniforme do
fármaco (ANSEL et al., 2000).
Tamanho de partículas (µ
µµ
µm)
2]-4 4]-6 6]-8 8]-10 10]-12 12]-14 14]-16 16]-18
Frequência (%)
0
5
10
15
20
25
30
Fre
q
uência acumulada
(
%
)
0
20
40
60
80
100
120
Resultados e discussão____________________________________________________59
Nelson Pereira da Silva Jr
Características de escoamento
A habilidade de escoamento do GLJ- amido foi avaliada nas mesmas condições dos
granulados secos em estufa. Verificou-se que o GLJ- amido não escoa na abertura de 12
mm. A coesão e a adesão são fenômenos que ocorrem na superfície e, por isso, o tamanho
de partícula influi no escoamento. Segundo Staniforth (2005), a medida que o tamanho de
partícula torna-se menor que 100 µm, os pós tendem a serem coesivos e os problemas de
fluxo surgem com maior probabilidade. A Figura 29 mostra que, na distribuição do
tamanho de partículas do GLJ- amido mais de 80% das partículas apresentam entre 3 e
11,0 µm o que pode justificar a dificuldade do material escoar.
Lin e Kao (1989) obtiveram partículas sólidas de β-CD e paracetamol utilizando a
técnica do spray-drying. Os autores reportam que as partículas apresentaram tamanho em
torno de 9,6 µm e elevada porosidade, ocasionando um escoamento ruim.
Densidades aparentes bruta e compactada
As Tabelas 10 e 11 mostram resultados de densidades aparente bruta e densidade
aparente compactada do GLJ- amido e esses resultados também foram empregados para o
cálculo do índice de compressibilidade (IC) e do fator de Hausner (FH) apresentados na
Tabela 12.
Tabela 10: Densidade aparente bruta do GLJ- amido
DENSIDADE APARENTE BRUTA (g/ml)
AMOSTRA GLJ- AMIDO
1 0,4499
2 0,4566
3 0,4568
x
0,454
σ
0,0040
Resultados e discussão____________________________________________________60
Nelson Pereira da Silva Jr
Tabela 11: Densidade aparente compactada do GLJ- amido
DENSIDADE APARENTE COMPACTADA (g/ml)
AMOSTRA GLJ- AMIDO
1 0,5328
2 0,5136
3 0,5139
x
0,520
σ
0,0110
Determinação do fator de Hausner e índice de compressibilidade percentual
Observa-se que o GLJ- amido apresentou valor para o IC (%) menores que 15% e
valor de FH inferior a 1,25 indicando também que o granulado apresenta boas
características de compressão.
Tabela 12: Índice de compressibilidade percentual e fator de Hausner do GLJ- amido.
MATERIAL IC (%) FATOR DE HAUSNER
GLJ- AMIDO
12,71 1,15
Difração de raios X
As análises de difração de raios X podem ser utilizadas para avaliar qualquer
mudança no grau de cristalinidade das substâncias. A Figura 30 apresenta os difratogramas
de raios X das amostras de paracetamol, β-CD e GLJ- amido. O paracetamol é um fármaco
que se apresenta na forma cristalina e o difratograma apresenta picos finos de grande
intensidade em 2θ = 23˚, 2θ = 24˚ e 2θ= 26˚, bem como a β-CD, que apresenta um pico de
crescimento preferencial da estrutura cristalina com grande intensidade em 2θ = 19˚. No
difratograma observamos que o GLJ- amido não apresenta picos finos, indício de sua
natureza amorfa.
Resultados e discussão____________________________________________________61
Nelson Pereira da Silva Jr
Figura 30: Difratograma do paracetamol , β-CD e GLJ- amido
Na Figura 31, verificamos a presença nos difratogramas da mistura física dos picos
característicos do paracetamol e β-CD e no GLJ-amido uma mudança na intensidade dos
picos na faixa de absorção padronizada. Esses picos são menos intensos e mais largos no
GLJ-amido o que poderia ser um indicativo da ocorrência de uma diluição. No entanto, os
resultados expressos nas Tabelas 13 e 14 demonstram que meia altura de determinados
picos no difratograma do GLJ- amido é maior que a largura à meia altura dos picos no
difratograma da mistura física. De acordo com a equação de Scherrer (Equação 2, pág. 16),
a largura à meia altura e o tamanho do cristal são grandezas inversamente proporcionais.
Como o tamanho do cristal está relacionado com a extensão do grau de cristalinidade,
quanto maior o tamanho do cristal, maior o número de planos cristalográficos nas direções
hkl e, portanto, maior o grau de cristalinidade. Este fato sugere que o difratograma do GLJ-
amido por apresentar picos em que a largura à meia altura são maiores, apresenta cristais
com dimensões menores e conseqüentemente, um menor grau de cristalinidade (KLUG e
ALEXANDER, 1974). Com esses resultados, descarta-se a ocorrência de diluição.
20 30
0
300
600
900
1200
1500
10 20 30 40 50 60 70
0
10
20
30
40
24
2323
26
18
15
GLJ-amido
paracetamol
ciclodextrina
Intensidade (u.a.)
2θ/(°)
24
23
18
15
Intensidade (u.a.)
2θ/(°)
Resultados e discussão____________________________________________________62
Nelson Pereira da Silva Jr
Figura 31: Difratograma da mistura física e do GLJ- amido
Tabela 13. Medidas da largura em determinados ângulos do difratograma (mistura física)
MISTURA FÍSICA
(2θ) LARGURAS (Å)
15,536 0,21652
18,050 0,59435
23,487 1,0974
Tabela 14. Medidas da largura em determinados ângulos do difratograma (GLJ-amido)
GLJ- amido
(2θ) LARGURAS (Å)
15,208 1,4276
18,013 1,1837
23,296 1,5441
Obtenção das curvas de DSC
Em uma revisão sobre análises térmicas de CDs e complexos de inclusão, Giordano
e colaboradores (2001) mostraram que um termograma da β-CD pode ser dividido em 3
partes: (1) um primeiro pico referente à perda de moléculas de água de solvatação para o
Resultados e discussão____________________________________________________63
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ambiente, em temperaturas até 120 ºC; (2) um segundo pico onde ocorre a degradação
térmica, acompanhada de oxidação pelo ar, e que se inicia em temperaturas acima de
250ºC no estado sólido e continua no estado líquido (após a fusão, que ocorre próximo a
300ºC) e (3) combustão, em temperaturas acima de 300ºC.
O termograma da β-CD, entre 50ºC e 250ºC está representado na Figura 32, onde é
possível observar um pico em 88,60ºC, provavelmente relativo à perda das águas de
solvatação da cavidade.
Observando-se a curva DSC do paracetamol, verificamos um pico endotérmico em
169,45ºC, correspondente ao ponto de fusão do fármaco. A curva DSC do amido, mostra
um pico endotérmico largo entre 40 e 150 ºC, referente à desidratação.
O desaparecimento do pico endotérmico do paracetamol no GLJ- amido em relação
à mistura física pode ser atribuído a mudança do estado cristalino do paracetamol para o
estado amorfo, dados que estão em concordância com os resultados da difração de raios-X.
Figura 32: Curvas DSC do amido, β-CD, paracetamol, mistura física e GLJ-amido.
Resultados e discussão____________________________________________________64
Nelson Pereira da Silva Jr
5.6. Compressão do granulado obtidos pelo processo II
O peso teórico estabelecido para os comprimidos do GLJ- amido também foi de
500mg. Para a compressão do GLJ- amido, o equipamento foi ajustado no nível 8 da escala
de compressão o que, aliado a um teor de umidade de 3,6%, provavelmente possibilitou a
formação de pontes líquidas entre as partículas e contribuiu na formação do compacto.
O valor teórico da quantidade de paracetamol incorporado em cada comprimido do
GLJ- amido foi de aproximadamente 11,6mg; lembrando que para uma massa de amido de
200g, foram utilizados 250 ml da dispersão líquida β-CD/paracetamol.
5.7. Avaliação dos comprimidos obtidos a partir do processo I e II
Aspecto
No que diz respeito ao aspecto dos comprimidos como se observa nas Figuras 33,
34 e 35, apresentaram as seguintes características: superfícies lisas e sem rugosidades,
coloração branca, circulares, planos e isentos de material estranho. Na Figura 36
observamos os comprimidos do MLE- lactose que apresentaram
capping, como citado no
item 5.4.
Figura 33: Comprimidos obtidos do GLE-amido
Resultados e discussão____________________________________________________65
Nelson Pereira da Silva Jr
Figura 34: Comprimidos obtidos do GLE-celulose
Figura 35: Comprimidos obtidos do GLJ-amido
Figura 36: Comprimidos obtidos do GLE-lactose
Resultados e discussão____________________________________________________66
Nelson Pereira da Silva Jr
Variação de peso
A Figura 37, mostra a variação de peso dos comprimidos. O peso médio dos
comprimidos do GLE- amido foi de 0,495 g e o peso médio dos comprimidos do GLE-
celulose de 0,510 g. Esses valores não ultrapassaram 5% em relação ao peso teórico (0,500
g), atendendo às especificações da Farmacopéia Brasileira (1988). Tal comportamento vem
em concordância com as características de escoamento destes materiais, já que um
escoamento adequado deve permitir um preenchimento homogêneo da câmara de
compressão e, conseqüentemente, originar comprimidos com grande homogeneidade de
peso.
Por sua vez, os comprimidos obtidos com o GLJ- amido apresentaram peso médio
de 0,514 mg, ou seja, também não apresentaram variação de peso acima de 5% em relação
ao peso teórico, dados que estão em concordância com o IC e FH (Tabela 9). Sendo assim,
todas as unidades testadas encontram-se dentro dos limites estabelecidos, isto é, variação
máxima de ± 5% em relação ao peso teórico.
Vale lembrar que a Farmacopéia Brasileira (1988) leva em consideração o peso
médio das unidades. Além disto, pode-se tolerar duas unidades fora dos limites
especificados desde que nenhuma esteja acima ou abaixo do dobro das porcentagens
indicadas.
Resultados e discussão____________________________________________________67
Nelson Pereira da Silva Jr
Figura 37: Variação de peso dos comprimidos: GLE- amido, GLE- celulose e
GLJ- amido. Valores médios (n=20) e desvio-padrão (barra de erro).
Espessura e Dureza
A dureza de um comprimido, tal como sua espessura, é função do enchimento da
matriz e da força de compressão empregada (BANKER e ANDERSON, 2001). Os
resultados apresentados na Figura 39 demonstram que a dureza dos comprimidos aumenta
e obviamente a espessura diminui (Figura 38).
Os comprimidos obtidos a partir do GLE- amido apresentaram valores de dureza
superiores ao GLJ- amido, sendo que utilizou-se uma força maior na compressão
correspondente ao nível 10 da escala do equipamento para o GLE- amido, enquanto que
para o GLJ- amido foi utilizada uma força correspondente ao nível 8 na escala do
equipamento. Os comprimidos de ambos os materiais apresentaram valores de dureza
adequados que denotam a formação de compactos coesivos. Com GLE- celulose não foi
possível a obtenção de comprimidos de dureza adequada.
peso médio (g)
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
GLE- amido
GLE- celulose
GLJ- amido
Resultados e discussão____________________________________________________68
Nelson Pereira da Silva Jr
Os comprimidos GLE- amido e GLJ- amido apresentaram valores de dureza
maiores que 30N, o que está de acordo com o valor preconizado pela Farmacopéia
Brasileira (1988).Os comprimidos do GLE- celulose apresentaram resultados de espessura
maiores, coerentemente com os resultados de dureza.
Figura 38: Espessura dos comprimidos: GLE- amido, GLE- celulose e GLJ- amido. Valores
médios (n=20) e desvio-padrão (barra de erro).
Figura 39: Dureza dos comprimidos: GLE- amido, GLE- celulose e GLJ- amido. Valores médios
(n=20) e desvio-padrão (barra de erro)
espessura (mm)
0
1
2
3
4
5
6
7
GLE- amido
GLE- celulose
GLJ- amido
A
B
C
dureza (N)
0
20
40
60
80
100
GLE- amido
GLE- celulose
GLJ- amido
Resultados e discussão____________________________________________________69
Nelson Pereira da Silva Jr
Friabilidade
O teste de friabilidade reflete a resistência dos comprimidos a choques, rolamentos
e atritos produzidos por processos de agitação ou rolamento e queda. Segundo a
Farmacopéia Brasileira (1988), são considerados adequados os comprimidos que perdem
menos que 1,5% de seu peso inicial. Os comprimidos GLE- amido e GLE- celulose
apresentaram friabilidade excessiva com valores de 2,45% e 10,95%, respectivamente.
Para os comprimidos obtidos com GLJ- amido o valor encontrado foi de 1,67% sendo o
lote de comprimidos que apresentou as melhores características físicas durante o processo
de compactação.
Tempo de desintegração
Como se vê na Figura 40, os comprimidos obtidos a partir do GLE- celulose
apresentam um tempo de desintegração extremamente curto. Tal comportamento vem em
concordância com os baixos valores de dureza (Figura 39). Os comprimidos do GLE-
amido e GLJ- amido desagregaram rapidamente (menos que 100 segundos). A rápida
desintegração deve ser atribuída ao amido que favorece a penetração de água no
comprimido, provavelmente como resultado da hidratação dos grupos hidroxi das
moléculas de amido, sendo assim eficaz como agente desintegrante, mesmo nos
comprimidos do GLE- amido que apresentaram valores de dureza mais altos.
Resultados e discussão____________________________________________________70
Nelson Pereira da Silva Jr
Figura 40: Tempo de desintegração dos comprimidos: GLE- amido, GLE- celulose e GLJ-
amido. Valores médios (n=18) e desvio-padrão (barra de erro).
5.8. Análise estatística
As Tabelas 15, 16, 17 e 18 apresentam respectivamente a análise de variância para
o peso, espessura, dureza e desintegração dos comprimidos do GLE- amido, GLE- celulose
e GLJ- amido. Os valores obtidos de CV (%) para o peso, espessura, dureza e
desintegração dos comprimidos, foram de 1,57; 5,76; 11,98 e 9,85 % respectivamente e
através destes dados conclui-se que o experimento teve uma boa precisão. Pelo teste F,
rejeita-se a hipótese de que os tratamentos são iguais, isto é, existe pelo menos um
tratamento que se difere dos demais.
Tabela 15: Análise de variância para peso
FV GL SQ QM Fc
PESO 2 0,003799 0,001900 30,124
erro 57 0,003594 0,000063
Total corrigido 59 0,007393
Tabela 16: Análise de variância para espessura
FV GL SQ QM Fc
ESPESSURA 2 89,37 44,68 636,08
erro 57 4,01 0,07
Total corrigido 59 93,37
ABC
tempo de desintegração (s)
0
20
40
60
80
100
120
GLE- amido
GLE- celulose
GLJ- amido
Resultados e discussão____________________________________________________71
Nelson Pereira da Silva Jr
Tabela 17: Análise de variância para dureza
FV GL SQ QM Fc
DUREZA 2 64675,03 32337,52 996,51
erro 57 1849,70 32,45
Total corrigido 59 66524,73
Tabela 18: Análise de variância para tempo de desintegração
FV GL SQ QM Fc
DESINTEGRAÇÃO 2 76054,48 38027,24 1372,97
erro 51 1412,56 27,7
Total corrigido 53 77467,04
A Tabela 19 indica que as médias seguidas de mesma letra não diferem entre si
pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Verificamos que o peso dos comprimidos do
GLE-celulose e GLJ- amido não apresentaram diferenças estatisticamente significativas e
superiores ao peso dos comprimidos do GLE- amido. Em relação à dureza, os valores de
dureza dos comprimidos do GLE- amido são superiores aos demais.
No presente trabalho constatamos que a espessura dos comprimidos do GLE-
celulose foi superior as demais e que o tempo de desintegração dos comprimidos do GLE-
amido foi superior as demais.
Tabela 19: Valores médios
Tratamentos Médias peso Médias dureza Médias
espessura
Médias
desintegração
GLE- AMIDO
0,495714 a 90,05 a 3,59 a 97,50 a
GLE- CELULOSE
0,510000 b 10,10 b 6,32 b 5,78 b
GLJ- AMIDO
0,514000 b 42,55 c 3,89 c 56,94 c
Conclusões______________________________________________________________72
Nelson Pereira da Silva Jr
6. CONCLUSÕES
No processo que envolve a incorporação da dispersão líquida de β-
CD/paracetamol em excipientes, obtenção do granulado e secagem em leito
estático (estufa), tanto o amido e a celulose são os excipientes que
possibilitariam a incorporação de quantidade maior de fármaco.
Todos os granulados obtidos com os excipientes, amido, celulose ou lactose
pelo processo de incorporação da dispersão líquida de β-CD/paracetamol e
secagem em leito estático, apresentaram boas características de escoamento
e os granulados obtidos com amido e celulose mostraram-se compressíveis
O processo que envolveu a incorporação da dispersão líquida de β-
CD/paracetamol em excipiente e secagem em leito fluidizado (leito de jorro)
originou granulados com boas características de compressibilidade.
Os comprimidos obtidos a partir do granulado preparado pelo processo que
envolveu a incorporação da dispersão líquida de β-CD/paracetamol em
amido e secagem em leito de jorro, apresentaram as melhores características
físicas durante o processo de compactação.
Concluiu-se que ambos processos representam uma estratégia
tecnologicamente viável para obtenção de comprimidos contendo β-CD.
Referências Bibliográficas____________________________________________________73
Nelson Pereira da Silva Jr
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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