Download PDF
ads:
Universidade de Bras´ılia - UnB
Intituto de Ciˆencias Exatas
Departamento de Matem´atica
Sobre os primeiros autovalores do operador
Laplaciano em dom´ınios limitados de R
n
e
em variedades Riemannianas compactas.
por
Neiton Pereira da Silva
Bras´ılia, Junho de 2005.
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
Agradecimentos
Agrade¸co a Deus por ter me concedido a oportunidade desta conquista e por tudo de
bom que a houve em minha vida.
Aos meus pais, Romilda (in memorian) e Albino, pela motivao em todos os aspectos
e por estarem comigo em mais uma conquista.
A minha noiva, Rosana, pelo amor, carinho e compreens˜ao durante os momentos de
grande afli¸ao minha.
Ao meu irm˜ao, abio, que me motivou a entrar na Universidade.
Aos meus tios mais queridos, em especial a tia Vera, por ser para mim como uma
segunda ae.
`
A meu orientador e professor, Prof
o
Xia Chang Yu pela orienta¸ao e principalmente
pela paciˆencia durante a realiza¸ao desse trabalho.
Aos amigos de Bras´ılia, Marcelo, Andr´e, Tiago.
A todos os meus amigos da UnB que acreditaram, confiaram e ainda confiam na
minha capacidade acadˆemica. Em especial Let´ıcia, Allan, Rosˆangela, ania, Adail, elio,
Sandra, Alb´erico, Jander, Leonardo e outros.
Aos meus professores do Departamento de Matem´atica da Universidade Federal de
Uberlˆandia. Em especial: Geraldo, Sato, Valdair e Antˆonio Carlos.
Ao professor Caio, pelas sugest˜oes para a finaliza¸ao deste trabalho.
Agrade¸co aos demais professores, funcion´arios e colegas do Departamento de Matem´atica
da Universidade de Bras´ılia, que de alguma forma contribu´ıram para a realiza¸ao desse
trabalho. Especialmente, Professor Jos´e Alfredo, Professora Liliane, ania Sert˜ao e Gari.
Finalmente, agrade¸co ao CNPq pelo apoio financeiro.
ads:
Resumo
Um problema com arias aplica¸oes f´ısicas ´e es timar os primeiros autovalores do operador
Laplaciano. Em particular, a conjectura de Payne-P´olya-Weinberger afirma que a raz˜ao
dos dois primeiros autovalores (λ
2
1
) do problema de Dirichlet em um dom´ınio limitado
R
n
atinge seu valor aximo quando ´e uma bola em R
n
. Nesta disserta¸ao apre-
sentaremos uma prova desta conjectura publicada por S. Ashbaugh e Rafael D. Benguria
em 1992. Apresentaremos tamem uma prova diferente para o teorema de Lichnerowicz-
Obata, o qual fornece um limite inferior para o primeiro autovalor do operador Laplaciano
em uma variedade riemanniana compacta n-dimensional.
ii
Abstract
A problem with many applications in physics, is to estimate the first eigenvalues of the
Laplacian operator. In particular, the Payne-P´olya-Weinberger conjecture affirms that
the ratio of the first two eigenvalues (λ
2
1
) of Dirichlet problem in a bounded domain
R
n
attains its biggest value when is a ball in R
n
. In this work we will present a
prove of this conjecture published by S. Ashbaugh e Rafael D. Benguria in 1992. We will
also present a different prove to the Lichnerowicz-Obata theorem, that gives a low limit
to the first eigenvalue of the Laplacian operator in n-dimensional compact Riemannian
manifolds.
iii
Sum´ario
Introdu¸ao 1
1 Resultados Preliminares 4
1.1 Gradiente, divergˆencia e laplaciano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.2 O Teorema da Divergˆencia e as ormulas de Green . . . . . . . . . . . . . 7
1.3 Fatos asicos sobre problemas de autovalor. . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2 Demonstra¸ao da conjectura de Payne-P´olya-Weinberger 14
3 O Teorema de Lichnerowicz-Obata 25
3.1 O Teorema de Compara¸ao de Bishop-Gromov . . . . . . . . . . . . . . . . 32
3.2 O Teorema de Lichnerowicz-Obata . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
4 Os Autovalores do Operador Laplaciano na Esfera 43
Apˆendice 46
Referˆencias Bibliogr´aficas 49
Introdu¸ao
Considere um dom´ınio limitado R
n
, dizemos que o n´umero real λ ´e um autovalor
de Dirichlet para se existe uma fun¸ao, ao trivial, u C
2
(Ω) C
0
(Ω) (C
k
(Ω) ´e o
conjunto das fun¸oes reais definidas em tais que a derivada de ordem k ´e uma fun¸ao
cont´ınua), chamada autofun¸ao de Dirichlet, satisfazendo o seguinte problema de auto-
valor de Dirichlet:
u = λu em
u = 0 em
(1)
onde ´e o operador de Laplace, isto ´e, =
2
i=1
2
x
2
i
.
Em R
2
, os autovalores de Dirichlet foram introduzidos no estudo de vibra¸oes de
membranas com fronteiras fixas no s´eculo XIX. Isto se deve ao fato de que os autovalores
de Dirichlet ao proporcionais ao quadrado da autofreq¨encia da membrana com fronteiras
fixas e as autofun¸oes representam a maneira como a membrana vibra, de acordo com
Kuttler e Sigillito em [17].
Um resultado muito importante que caracteriza os autovalores de Dirichlet ´e o Teorema
do M´ınimo-M´aximo, que apresentaremos no Cap´ıtulo 1. A grosso modo podemos dizer
que o Teorema do M´ınimo-M´aximo fornece o valor exato para o k-´esimo autovalor λ
k
atrav´es de uma express˜ao ao muito simples.
´
E importante destacar que o Teorema do
M´ınimo-M´aximo ´e alido no caso mais geral, quando ´e uma variedade riemanniana
compacta.
No caso em que R
n
, Weyl em [27] e [28] estimou o valor de λ
k
para valores
suficientemente grandes de k, com a seguinte express˜ao
λ
k
4π
2
k
2/n
(C
n
||)
2/n
onde || e C
n
ao respectivamente o volume de e da bola unit´aria em R
n
.
1
Introdu¸ao
Para qualquer dom´ınio plano coberto (isto ´e, um dom´ınio que pode ser usado para
“ladrilhar o plano ao deixando brechas nem dobras”, atrav´es de rota¸oes, transla¸oes e
reflex˜oes de si mesmo), olya em [25] provou que
λ
k
4πk
A
,
onde A denota a ´area do dom´ınio. Al´em disso, olya conjecturou o mesmo limite para
qualquer dom´ınio limitado em R
n
. Na verdade a conjectura de olya em R
n
´e equivalente
a dizer que a estimativa de Weyl para λ
k
´e um limite inferior para λ
k
, ou seja,
λ
k
4π
2
k
2/n
(C
n
||)
2/n
para k = 1, 2, . . . .
Em 1955 e 1956 Payne, olya e Wemberger (PPW), em [20] e [21], consideraram o
problema de limitar a raz˜ao entre os dois primeiros autovalores de Dirichlet (em R
2
) e
mostraram que:
λ
2
λ
1
3, (2)
al´em disso, eles conjecturatam que a raz˜ao λ
2
1
assume valor aximo quando ´e um
disco em R
2
, isto ´e,
λ
2
λ
1
(Ω)
λ
2
λ
1
(Ω
b
) 2, 539, (3)
onde
b
denota um disco em R
2
.
Mais tarde, Thompson [26] generalizou o resultado (2) de PPW para o espa¸co R
n
:
λ
2
λ
1
1 +
4
n
.
Thompson [26] tamb´em generalizou a conjectura (3) de PPW, isto ´e,
λ
2
λ
1
(Ω)
λ
2
λ
1
(Ω
b
) =
j
n/2,1
j
n/21,1
2
, (4)
neste caso
b
denota uma bola em R
n
e a nota¸ao j
p,k
denota o k-´esimo zero positivo da
fun¸ao de Bessel j
p
(x).
Subseq¨uente ao trabalho de PPW, arios autores tentaram provar a conjectura (3),
entretanto esses autores conseguiram apenas melhorar a constante 3 na desigualdade (2).
2
Introdu¸ao
Em 1964, Brands [7] obteve a constante 2,686; ent˜ao em 1967, Vries [14] obteve 2,658 e
finalmente, em 1983, Chiti [13] obteve 2,586.
A conjectura de PPW tamb´em deu origem a outros desenvolvimentos como a extens˜ao
de seus limites para operadores de Schrodinger com potenciais positivo e outros problemas
de autovalores el´ıpticos.
Os problemas de encontrar um limite preciso para a raz˜ao entre os dois primeiros
autovalores tamb´em ao estudados em ambientes mais gerais como variedades Riemanni-
anas compactas. Por exemplo, em [5] Ashabaugh e Benguria consideraram o problema
de limitar a raz˜ao dos dois primeiros autovalores de Dirichlet em um dom´ınio contido em
um hemisf´erio de S
n
. Mais precisamente, Ashbaugh e Benguria mostraram que λ
2
1
(Ω)
assume seu valor aximo quando ´e uma bola geoesica em S
n
.
O objetivo desta disserta¸ao ´e fornecer uma material did´atico `a respeito da prova da
desigualdade (4) tomando como base o trabalho de Ashbaugh e Benguria em [4].
A disserta¸ao est´a organizada da seguinte forma: No Cap´ıtulo 1, apresentaremos uma
vers˜ao mais geral do problema de autovalores de Dirichle t juntamente com o teorema que
mostra que o Laplaciano de Dirichlet tem um espe ctro discreto de infinitos autovalores
positivos com nenhum ponto de acumula¸ao finito, ou seja, os autovalores de Dirichlet
satisfazem:
0 < λ
1
< λ
2
λ
3
. . . ,
onde λ
k
quando k . No Cap´ıtulo 2, apresentaremos a parte mais importante
desta disserta¸ao, que ´e uma prova da desigualdade (4). Finalmente, no Cap´ıtulo 3
consideraremos o problema de autovalores em variedades Riemannianas e apresentaremos
uma demonstra¸ao do teorema de Lichnerowicz-Obata, usando o teorema do diˆametro
aximo de Cheng, cuja prova ser´a baseada no teorema de Bishop-Gromov.
3
Cap´ıtulo 1
Resultados Preliminares
Neste cap´ıtulo apresentaremos alguns conceitos e resultados em variedades Riemanniana
que ser˜ao ´uteis nos pr´oximos Cap´ıtulos. Para a conjectura de PPW, cap´ıtulo 2, podemos
pensar em como um dom´ınio limitado da variedade Riemanniana R
n
. No Cap´ıtulo 3
trabalharemos c om variedades Riemanniana.
Denotaremos por M uma variedade Riemanniana de dimens˜ao n, (n 1), conexa e
C
. Assumiremos que M ´e orientada e que sua fronteira M ´e tamb´em C
. E para
cada p M, T
p
M denotar´a o espa¸co tangente `a M em p, enquanto que T M denotar´a o
fibrado tangente, isto ´e, a uni˜ao de todos os espa¸cos tangentes munidos com a estrutura
diferenci´avel natural.
1.1 Gradiente, divergˆencia e laplaciano
Defini¸ao 1.1. Seja p M e f uma fun¸ao real definida em uma vizinhan¸ca de p em
M, enao para cada ξ T
p
M associamos a derivada direcional de f em p na dirao ξ,
denotada por ξf e definida por:
ξf = (f c)
(0),
onde c : (ε, ε) M ´e qualquer caminho em M satisfazendo c(0) = p e c
(0) = ξ e
denota a derivada com respeito a t.
Observao 1.1. ao ´e dif´ıcil verificar que a aplica¸ao Ψ : C
1
(M) × T
p
M R dada
por Ψ(f, ξ) = ξf ´e linear na primeira (e segunda) entrada, onde C
k
(M) (k 1) denota o
conjunto das fun¸oes reais de classe C
k
definidas em M.
Al´em disso, para fun¸oes reais f e h em C
1
(M), temos:
ξ(fh) = h(ξf) + f(ξh). (1.1)
4
Cap´ıtulo 1. Resultados Preliminares
De fato, sejam p M, ent˜ao, em p, temos:
ξ(fh) = ((fh) c)
(0) =
d
dt
[f (c(t)) h (c(t))]
t=0
= (f c)
(0)h (c(0)) + (h c)
(0)f (c(0))
= h(ξf) + f(ξh),
onde c : (ε, ε) M ´e um caminho em M tal que c(0) = p e c
(0) = ξ.
A etrica Riemanniana associa para cada p M, um produto interno em T
p
M, o
qual denotaremos por , . E a norma associada denotaremos por | · |.
Defini¸ao 1.2. Dada f C
k
(M), definimos o gradiente de f, f, como sendo o campo
de vetores em M tal que:
∇f, ξ = ξf = Ψ(f, ξ)
para todo ξ T M.
Observao 1.2. Em virtude da linearidade da aplica¸ao Ψ (observao 1.1) e da equa¸ao
(1.1), temos:
1. (f + h) = f + h
2. (fh) = f(h) + h(f),
onde f, h C
1
(M).
No que segue denotaremos por χ(M) o conjunto dos campos de vetores de classe C
definidos em M.
Defini¸ao 1.3. Para cada p M, ξ T
p
M e X χ(M), definimos a derivada covariante
de X com respeito a ξ como sendo o campo de vetores
ξ
X que satisfaz:
1.
ξ
(X + Y ) =
ξ
X +
ξ
Y
2.
ξ
(fX) = (ξf)X(p) + f(p)
ξ
X
3.
fX+ gY
Z = f
X
Z + g
Y
Z,
onde, X, Y Z est˜ao em χ(M) e f e g pertencem a C
1
(M).
A dife rencia¸ao de campos de vetores ao ´e naturalmente determinada pois envolve
a escolha da conex˜ao, isto ´e, a regra que associa cada p M, ξ T
p
M e X `a
ξ
X.
A etrica Riemanniana em M determina uma ´unica conex˜ao, chamada a conex˜ao de
Levi-Civita, para a qual vale:
5
Cap´ıtulo 1. Resultados Preliminares
1.
X
Y
Y
X = [X, Y ] ,
2. ξ X, Y = ∇
ξ
X, Y + X,
ξ
Y ,
onde [X, Y ] = XY Y X ´e o colchete de X e Y com X e Y em χ(M). A demonstra¸ao
deste fato pode ser encontrada em [9].
Defini¸ao 1.4. Seja X um campo de vetores em χ(M), definimos a diverencia de X,
divX, como sendo uma fun¸ao em C
(M) tal que:
(divX)(p) = tra¸co(ξ −
ξ
X),
onde ξ varia em T
p
M.
Observao 1.3. Nas defini¸oes de derivada covariante e divergˆencia podemos aplicar
campos de vetores que ao pelo menos de classe C
1
em M. Al´em disso na defini¸ao de
divergˆencia, para f C
1
(M) e X e Y em χ(M), temos:
1. div(X + Y ) = divX + divY,
2. div(fX) = f(divX) + ∇f, X.
De fato, dado p M e ξ variando em T
p
M, temos:
(div(X + Y )) (p) = tra¸co(ξ −
ξ
(X + Y ) =
ξ
X +
ξ
Y )
= tra¸co(ξ −
ξ
X) + tra¸co(ξ −
ξ
Y )
= (divX) (p) + (divY ) (p).
E para o item 2, temos:
(div(fX)) (p) = tra¸co (ξ −
ξ
(fX) = (ξf)X(p) + f(p)
ξ
X)
= tra¸co (ξ − ∇f, ξX(p)) + tra¸co (ξ − f(p)
ξ
X)
= ∇f, X(p) + (f(divX) (p).
Defini¸ao 1.5. Seja f C
k
(M), (k 2), definimos o Laplaciano de f, f, por:
f = div(f).
Observao 1.4. Em virtude das observoes 1.2 e 1.1, temos:
1. ∆(f + g) = f + g,
2. div(hf) = h(∆f) + ∇h, f ,
3. ∆(fh) = h(∆f) + 2 ∇f, h + f(∆h).
6
Cap´ıtulo 1. Resultados Preliminares
Com efeito,
∆(f + g) = div((f + g)) = div(f + h)
= div(f) + div(h) = f + h,
div(h(f)) = h(div(f)) + ∇h, f
= hf + ∇h, f e
∆(fg) = div(fh) = div(h(f)) + div(f(h))
= h(∆f) + 2 ∇f, h + f(∆h).
Observao 1.5. Os operadores: gradiente, divergˆencia e laplaciano podem ser expressos
em coordenadas locais, o leitor interessado em tais express˜oes pode encontra-l´as em [10].
1.2 O Teorema da Divergˆencia e as ormulas de Green
Nesta se¸ao introduziremos brevemente a teoria de integra¸ao para variedades Rieman-
nianas, atrav´es da qual enunciaremos duas vers˜oes do teorema da divergˆencia para var-
iedades Riemannianas.
´
E coveniente come¸carmos com o conceito de parti¸ao da unidade.
Antes disto, necessitaremos de alguns conceitos asicos.
Defini¸ao 1.6. Uma fam´ılia de abertos V
α
M com
α
V
α
= M ´e localmente finita se
todo ponto p M possui uma vizinha¸ca U tal que U
V
α
= apenas para um n´umero
finito de ´ındices. E o suporte de uma fun¸ao f : M R ´e o fecho do conjunto dos
pontos onde f ´e diferente de zero, isto ´e, suptf = {x R; f(x) = 0}.
Defini¸ao 1.7. Dizemos que uma fam´ılia {f
α
} de fun¸oes diferenci´aveis f
α
: M R ´e
uma parti¸ao diferenci´avel da unidade se:
1. Para todo α, f
α
0 e o suporte de f
α
est´a contido em uma vizinhan¸ca coordenada
V
α
= x
α
(U
α
) de uma estrutura diferenci´avel {(U
α
, x
α
)} de M.
2. A fam´ılia {V
α
} ´e localmente finita.
3. Σ
α
f
α
(p) = 1, para todo p M (notemos que esta condi¸ao faz sentido, pois para
cada p, f
α
(p) = 0 apenas para um n´umero finito de ´ındice s).
´
E comum dizer que a parti¸ao f
α
da unidade est´a subordinada `a cobertura {V
α
}.
O pr´oximo teorema garante a existˆencia de parti¸ao da unidade sob certas condi¸oes
topol´ogicas da variedade M. Estas quest˜oes topol´ogicas ao:
7
Cap´ıtulo 1. Resultados Preliminares
Axioma de Hausdorff : Dados dois pontos distintos de M existem vizinhan¸cas destes dois
pontos que ao se intersectam.
Axioma da base enumer´avel : M pode ser coberta por uma quantidade enumer´avel de
vizinhan¸cas coordenadas (dizemos enao que M tem base enumer´avel).
Teorema 1.1. Uma variedade dife renci´avel M possui uma parti¸ao diferenci´avel da
unidade se e o se toda componente conexa de M ´e de Hausdorff e tem base enumer´avel.
Uma demonstra¸ao pode ser encontrada em [8].
Finalmente, associada a m´etrica Riemanniana, temos uma teoria de integra¸ao na
qual:
1. A fun¸ao f : M R ´e mensur´avel se, para todo sistema de coordenadas x : U
R
n
M, f x ´e mensur´avel em U R
n
.
2. Para toda cobertura {x
α
: U
α
R
n
; α I}, (onde I ´e algum subconjunto de
R) de M por sistemas de coordenadas com a parti¸ao da unidade subordinada
{φ
α
: α I}, a medida Riemanniana em M ´e dada pela densidade:
dV =
α
φ
α
g
α
dx
1
α
···dx
n
α
,
onde dx
1
α
···dx
n
α
´e a densidade da medida de Lebesgue em x
1
α
(U
α
) R
n
e g
α
´e
dado por:
g
α
= det(g
ij
) com g
ij
=
x
i
,
x
j
para o sistema de coordenadas x
α
, onde
x
i
; i = 1, . . . , n
´e uma base de T
p
M.
Neste caso,
x(U)
fdx =
x
1
(U)
f xdV.
Um fato importante ´e que a densidade
gdx
1
α
···dx
n
α
no dom´ınio U ´e independente do
sistema de coordenadas x. A parti¸ao da unidade ´e portanto uma ferramenta que deter-
mina globalmente a medida em M. Com esta breve teoria de integra¸ao em variedade
Riemannianas, estamos em condi¸oes de enunciar o teorema da divergˆencia e as ormulas
de Green.
Teorema 1.2 (da Divergˆencia I). Se X ´e um campo de vetores C
1
em M com suporte
compacto, enao:
M
(divX)dV = 0 (1.2)
8
Cap´ıtulo 1. Resultados Preliminares
Para uma demonstra¸ao veja [10].
Teorema 1.3 (F´ormulas de Green I). Sejam h C
1
(M) e f C
2
(M) fun¸oes reais
tais que f(h) tem suporte compacto. Enao:
M
(hf + ∇h, f) dx = 0. (1.3)
Al´em disso, se h C
2
(M) e f e h tiverem suporte compacto, ent˜ao:
M
(hf fh) dx = 0. (1.4)
Demonstra¸ao: Aplicando o item 2 da Observao 1.4 ao campo de vetores X =
h (f) e em seguida aplicando o Teorema 1.2, obtemos a equa¸ao (1.3). Procedendo de
forma an´aloga com o campo de vetores Y = f (h),obtemos:
M
(fh + ∇h, f) dx = 0. (1.5)
Subtraindo a equa¸ao (1.5) da equa¸ao (1.3), obtemos a equa¸ao (1.4).
Agora suponhamos que M tenha fronteira M, com a etrica Riemanniana induzida
e mensur´avel, a densidade de medida para M ser´a denotada por dA. Enao temos uma
vers˜ao mais geral para o teorema 1.2.
Teorema 1.4 (da Divergˆencia II). Seja X um campo de vetores de classe C
1
em M
com suporte compacto. Ent˜ao:
M
divXdV =
M
X, ηdA (1.6)
onde η ´e um vetor unit´ario normal e exterior a M.
De forma an´aloga ao teorema 1.2, do teorema 1.4 temos uma vers˜ao mais geral para
a ormula de Green.
Teorema 1.5. Sejam h C
1
(M) e f C
2
(M) tais que h(f) tem suporte compacto
em M. Enao:
M
(hf + ∇h, f) dV =
M
h(ηf)dA. (1.7)
Se suponhamos que h C
2
(M) e f, h ambos em suporte compacto em M, enao:
M
(hf fh) dV =
M
(h(ηf) f(ηh)) dA. (1.8)
Demonstra¸ao: Para demonstrarmos a equa¸ao (1.7), basta aplicarmos o Teorema
1.4 ao campo X = h(f) e usarmos o item 2 da Observao 1.4 e a Defini¸ao 1.2. E
fazendo o mesmo processo para o campo Y = f(h) obtemos a equa¸ao:
M
(fh + ∇h, f) dV =
M
f(ηh)dA, (1.9)
subtraindo a equa¸ao (1.9) da equa¸ao (1.7) obtemos a equa¸ao (1.8).
9
Cap´ıtulo 1. Resultados Preliminares
1.3 Fatos asicos sobre problemas de autovalor.
Nesta se¸ao apresentaremos quatro tipos de problemas de autovalores, bem como um
teorema que al´em de garantir a existˆencia dos autovalores, mostra que cada um dos
quatro problema citados tem o mesmo espectro de autovalores, isto ´e, os autovalores,
basicamente, formam uma seq¨encia ao decrescente de n´umeros reais onde todos os
termos ao positivos.
Denotaremos por L
2
(M) o espa¸co das fun¸oes definidas em M, para as quais:
M
|f|
2
dx < +.
Podemos munir o espa¸co L
2
(M) de um produto interno, o qual induz uma norma, ambos
dados por:
(f, h) =
M
fhdx
e
f
2
= (f, f) ,
onde f, h L
2
(M).
Observao 1.6. O espa¸co L
2
(M), munido do produto interno acima, ´e um espa¸co de
Hilbert.
Os principais problemas de autovalores ao:
Problema Fechado: Supondo que M ´e compacta e conexa, este problema consiste em
encontrar todos os n´umeros reais λ para os quais existe uma solu¸ao ao trivial
φ C
2
(M) tal que:
φ + λφ = 0.
Problema de Neumann: Para M = , M compacta e conexa, encontrar todos os n´umeros
reais λ para os quais existe uma solu¸ao ao trivial φ C
2
(M)C
1
(M) que satisfa¸ca
a equa¸ao (1.3) e a condi¸ao de fronteira:
ηφ = 0 em M,
onde η ´e um campo de vetores unit´ario normal e exterior a M.
Problema de Dirichlet: Para M = , M compacta e conexa, encontrar todos os n´umeros
reais λ para os quais existe um solu¸ao ao trivial φ C
2
(M)C
0
(M), satisfazendo
a equa¸ao (1.3) e a condi¸ao de fronteira:
φ = 0 em M.
10
Cap´ıtulo 1. Resultados Preliminares
Problema misto: Para M = , M compacta e conexa, N uma subvariedade aberta de
M, encontrar todos os n´umeros reais λ para os quais existe uma solu¸ao ao trivial
φ C
2
(M) C
1
(M N) C
0
(M), satisfazendo a equa¸ao (1.3) e a condi¸ao de
fronteira:
φ = 0 em M N, ηφ = 0 em N.
Os n´umeros reais λ nos problemas descritos acima ao conhecidos como autovalores de
e o espa¸co vetorial das solu¸oes destes problemas para um autovalor λ dado (a equa¸ao
(1.3) ´e linear) ´e o autoespco associado a λ. Os elementos de cada autoespa¸co ao as
chamadas autofun¸oes.
Teorema 1.6. Nos problemas de autovalores descritos acima, o conjunto de autovalores
consiste de uma seq¨encia crescente de n´umeros reais
0 λ
1
< λ
2
< . . . +
e cada autoespa¸co associado tem dimens˜ao finita. Autoespa¸cos associados a diferentes
autovalores ao ortogonais em L
2
(M) e L
2
(M) ´e a soma direta de todos os autoespa¸cos.
Al´em disso, cada autofun¸ao ´e C
em M.
Demonstra¸ao: Primeiramente, notemos que se φ C
2
(M) C
0
M
´e uma auto-
fun¸ao, enao seu autovalor associado, λ, ´e positivo. De fato, tomando f = h = φ na
equa¸ao (1.3) no teorema 1.3, temos:
M
φ (λφ) + |∇φ|
2
dx = 0,
donde obtemos:
λ =
M
|∇φ|
2
dx
φ
2
0 (1.10)
Agora observemos que se λ = 0 na equa¸ao (1.10), ent˜ao φ = 0 o que implica em φ
ser uma aplica¸ao constante (M ´e conexa). Entretanto, se φ for constante e solu¸ao do
problema de Dirichlet ou do problema misto enao φ 0. Portanto todos os autovalores
do problema de Dirichlet e do problema misto ao positivos.
A ortogonalidade de autofun¸oes associadas a diferentes autovalores segue da equa¸ao
(1.4). Com efeito, sejam φ e ψ autofun¸oes associadas a diferentes autovalores, λ e α,
respectivamente. Enao:
0 =
M
(φψ ψφ) dx = (λ α)
M
φψdx. (1.11)
A dimens˜ao de cada autoespa¸co ´e a multiplicidade do seu autovalor. Sendo assim, ´e
conveniente listarmos os autovalores como:
0 λ
1
λ
2
. . . +
11
Cap´ıtulo 1. Resultados Preliminares
com cada autovalor repetido de acordo com sua multiplicidade.
Se φ
1
, φ
2
, . . . ´e uma seq¨encia ortonormal, em L
2
(M), de autofun¸oes tais que φ
j
´e
uma autofun¸ao de λ
j
para cada j = 1, 2, . . . , ent˜ao {φ
1
, φ
2
, . . . } ´e uma base ortonormal
de L
2
(M). Em particular, para f L
2
(M), temos:
f =
j=1
(f, φ
j
) φ
j
em L
2
(M).
O pr´oximo teorema ´e um dos principais resultados necess´arios para a prova da con-
jectura de PPW.
Teorema 1.7 (Desigualdade de Rayleigh). Considere o problema de Dirichlet e seus
autovalores:
0 < λ
1
λ
2
. . . , (1.12)
onde cada autovalor ´e repetido o n´umero de vezes igual a sua multiplicidade. Ent˜ao para
qualquer f no completamento de C
(M), f = 0, temos:
λ
1
|∇f|
2
dx
f
2
dx
, (1.13)
onde a igualdade ocorre se e somente se f ´e uma autofun¸ao de λ
1
. Al´em disso, se
{φ
1
, φ
2
, . . . } ´e uma base ortonormal de L
2
(Ω) tais que φ
j
´e uma autofun¸ao de λ
j
para
cada j = 1, 2, . . . , e f ´e uma fun¸ao em C
(Ω), com f = 0, satisfazendo:
fφ
1
dx = ··· =
fφ
k1
dx = 0. (1.14)
Enao:
λ
k
|∇f|
2
dx
f
2
dx
, (1.15)
onde a igualdade ocorre se e somente se f ´e uma autofun¸ao de λ
k
.
Uma demonstra¸ao deste teorema se encontra em [8].
Teorema 1.8 (Teorema do M´ınimo-M´aximo). Dados φ
1
, . . . , φ
k1
L
2
(M), seja
µ = inf
|∇f|
2
dx
f
2
dx
, (1.16)
onde f varia sobre o subespa¸co (menos a origem) do no completamento de C
(M) or-
togonal a φ
1
, . . . , φ
k1
L
2
(M). Enao, para os autovalores dados em 1.12, temos:
12
Cap´ıtulo 1. Resultados Preliminares
µ λ
k
. (1.17)
´
E claro que se φ
1
, . . . , φ
k1
ao ortonormais, com cada φ
l
sendo uma autofun¸ao de λ
l
,
l = 1, . . . , k 1, ent˜ao µ = λ
k
.
Observao 1.7. A desigualdade de Rayleigh e o Teorema do M´ınimo-M´aximo tamb´em
ao alidos no problema fechado, Neumann e Misto. O leitor interessado pode encontrar
uma vers˜ao mais geral do Teorema 1.7 e 1.8 em [8].
13
Cap´ıtulo 2
Demonstra¸ao da conjectura de
Payne-P´olya-Weinberger
Este ´e o Cap´ıtulo principal desta disserta¸ao. Ele faz uso de todos os c onceitos e resultados
encontrados no cap´ıtulo 1 e no apˆendice.
Um resultado importante para a prova da conjectura de PPW ´e a compara¸ao de
Chiti que apresentaremos neste cap´ıtulo. Outros resultados que foram essenciais neste
cap´ıtulo ao a desigualdade de Rayleigh-Ritz, o Teorema do Ponto Fixo de Brouwer, as
propriedades especiais das fun¸oes de Bessel e seus zeros e as propriedades das apre-
senta¸oes esf´ericas das autofun¸oes do problema de Dirichlet, as quais ser˜ao apresentadas
ao longo deste cap´ıtulo.
Teorema 2.1 (A Conjectura de Payne-P´olya-Weinberger, [4]). A raz˜ao dos dois
primeiros autovalores do problema de Dirichlet em um dom´ınio limitado R
n
satisfaz:
λ
2
λ
1
λ
2
λ
1
= bola em R
n
=
j
n/2,1
j
n/21,1
2
.
Al´em disso, a igualdade ocorre se e somente se ´e um disco.
Demonstra¸ao:
Iniciemos a demonstra¸ao provando que, depois de escolhermos a origem propriamente,
vale:
P
i
u
2
1
dx = 0, (2.1)
onde P
i
≡ 0 com i = 1, 2, . . . , n. Aqui, dx denota a medida de Lebesgue padr˜ao em R
n
;
14
Cap´ıtulo 2. Demonstra¸ao da conjectura de Payne-P´olya-Weinberger
u
1
denota a autofun¸ao normalizada para o autovalor λ
1
. Mais geralmente, λ
1
, λ
2
, λ
3
, . . .
ser˜ao usados para denotarem os autovalores (positivos) do problema de Dirichlet (com
as multiplicidades inclusas) e u
1
, u
2
, u
3
, . . . ir˜ao denotarem uma sequˆencia ortonormal de
autofun¸oes correspondentes. E P
i
´e definido por:
P
i
(x) = g(r)
x
i
r
, i = 1, . . . , n, . (2.2)
onde g(r) ´e uma fun¸ao ao negativa na vari´avel radial r = |x| e x
i
denota a i-´esima
vari´avel cartesiana padr˜ao. A fun¸ao g ser´a definida, mais adiante, de modo a ser cont´ınua
e limitada em (0, ).
Para provar a equa¸ao (2.1), defina:
F (x
0
) =
g(|x x
0
|)
x x
0
|x x
0
|
u
2
1
(x)dx,
onde B ´e uma bola contendo Ω. De acordo com o Teorema do Ponto Fixo de Brouwer,
se F
B
aponta para o interior da bola B, enao existe y
0
B tal que F (y
0
) = 0 R
n
.
Portanto, devemos verificar se F
B
aponta para o interior da bola B.
Temos, se x
0
B e y
0
´e o centro de B:
F (x
0
); y
0
x
0
=
g(|x x
0
|)
x x
0
; y
0
x
0
|x x
0
|
u
2
1
(x)dx. (2.3)
Como o ˆangulo entre os vetores x x
0
e y
0
x
0
´e menor que π/2 e a fun¸ao g ´e ao
negativa, segue que o segundo membro da equa¸ao (2.3) ´e positivo. Enao, F
B
aponta
para o interior da bola B. Logo, existe z
0
B tal que F (z
0
) = 0, ou seja:
g(|x z
0
|)
x z
0
|x z
0
|
u
2
1
(x)dx = 0.
Tomando z
0
como sendo a origem obtemos a equa¸ao (2.1).
Agora vamos usar a Desigualdade de Rayleigh-Ritz para provar que:
λ
2
λ
1
|∇P
i
|
2
u
2
1
dx
P
2
i
u
2
1
dx
. (2.4)
Com efeito, para toda fun¸ao u que satisfaz:
uu
1
= 0, u ≡ 0
15
Cap´ıtulo 2. Demonstra¸ao da conjectura de Payne-P´olya-Weinberger
temos:
λ
2
|∇u|
2
dx
u
2
dx
. (2.5)
Como P
i
≡ 0 e a equa¸ao (2.1) ocorre, podemos tomar u = P
i
u
1
para aplicar a desigual-
dade (2.5). Entretanto, antes conv´em usarmos o Teorema da Divergˆencia para concluir
que na equa¸ao (2.5):
|∇u|
2
dx =
uudx. (2.6)
De acordo com o Teorema da Divergˆencia, temos:
div Xdx =
X, ηdx, (2.7)
onde X ´e um campo vetorial em e η ´e um vetor normal unit´ario exterior a Ω.
Se g C
1
(Ω) e f C
2
(Ω) ao tais que X = gf, ent˜ao a equa¸ao (2.7) pode ser escrita
como:
(∇g, f+ gf) dx =
g ∇f, ηdx.
Agora tomando f g, temos:
|∇f|
2
dx +
ffdx =
f ∇f, ηdx.
Portanto, se f
= 0 obtemos:
|∇f|
2
dx =
ffdx. (2.8)
Como u
= 0, basta tomar u f na equa¸ao (2.8) para obtermos a equa¸ao (2.6).
Agora usando a equa¸ao (2.6) e a desigualdade (2.5) com u P
i
u
1
temos:
λ
2
(P
i
u
1
)
(∆P
i
) u
1
+ 2 ∇P
i
u
1
+ P
i
u
1
dx
P
2
u
2
1
dx
. (2.9)
Desenvolvendo o segundo membro da equa¸ao (2.9) obtemos:
16
Cap´ıtulo 2. Demonstra¸ao da conjectura de Payne-P´olya-Weinberger
λ
2
u
2
1
P
i
P
i
dx
1
2
∇P
2
i
, u
2
1
dx
P
2
i
u
1
u
1
dx
P
2
i
u
2
1
dx
. (2.10)
Usando o Teorema da Divergˆencia novamente para a fun¸ao u
2
1
P
2
i
e observando que
u
1
= 0, obtemos:
P
2
i
, u
2
1
dx =
P
2
i
u
2
1
dx.
Assim, a desigualdade (2.10) pode ser escrita como:
λ
2
u
2
1
P
i
P
i
dx +
1
2
(∆P
2
i
) u
2
1
dx +
P
2
i
u
1
λ
1
u
1
dx
P
2
i
u
2
1
dx
. (2.11)
Enao, observando que:
P
2
i
u
2
1
dx =
2P P
i
+ 2|∇P
i
|
2
u
2
1
dx
a desigualdade (2.11) pode ser escrita como:
λ
2
|∇P
i
|
2
u
2
1
dx + λ
1
u
2
1
P
2
i
dx
u
2
1
P
2
i
dx
. (2.12)
Facilmente podemos ver que a equa¸ao (2.12) ´e equivalente a equa¸ao (2.4).
Escrevendo a desigualdade (2.4) como:
(λ
2
λ
1
)
P
2
i
u
2
1
dx
|∇P
i
|
2
u
2
1
dx
e somando em i com i = 1, . . . , n, obtemos:
(λ
2
λ
1
)
n
i=1
P
2
i
u
2
1
dx
n
i=1
|∇P
i
|
2
u
2
1
dx, (2.13)
a equa¸ao (2.13) pode s er esc rita como:
λ
2
λ
1
(
n
i=1
|∇P
i
|
2
) u
2
1
dx
(
n
i=1
P
2
i
) u
2
1
dx
. (2.14)
17
Cap´ıtulo 2. Demonstra¸ao da conjectura de Payne-P´olya-Weinberger
Da equa¸ao (2.2), ´e claro que:
n
i=1
P
2
i
= g
2
(r). (2.15)
Ainda da equa¸ao (2.2), temos:
P
i
x
j
=
g(r)
r
x
i
x
j
r
+ δ
ij
g(r)
r
,
onde
denota a derivada da fun¸ao com rela¸ao a r, enao:
P
i
=
n
i=1
e
j

g(r)
r
x
i
x
j
r
+ δ
ij
g(r)
r
e calculando a norma do vetor P
i
, temos:
|∇P
i
|
2
=
n
j=1

g(r)
r
x
i
x
j
r
+ δ
ij
g(r)
r
2
=
n
j=1

g(r)
r
2
x
2
i
x
2
j
r
2
+ 2
g(r)
r
x
i
x
j
r
δ
ij
g(r)
r
+ δ
2
ij
g
2
(r)
r
2
=

g(r)
r
2
x
2
i
r
2
n
j=1
x
2
j
+ 2
g(r)
r
g(r)
r
2
x
2
i
+
g
2
(r)
r
2
=
g
r
2
x
2
i
+
g
2
r
2
g
2
r
4
x
2
i
(2.16)
Portanto
n
i=1
|∇P
i
|
2
= (g
)
2
+ (n 1)
g
2
r
2
.
Assim, de acordo com a desigualdade (2.14) e da equa¸ao (2.15), podemos escrever
18
Cap´ıtulo 2. Demonstra¸ao da conjectura de Payne-P´olya-Weinberger
λ
2
λ
1
(g
(r))
2
+ (n 1)
g
2
(r)
r
2
u
2
1
dx
g
2
(r)u
2
1
dx
. (2.17)
Como a equa¸ao (2.17) ao depende mais dos P
i
s, estamos agora em condi¸ao de
definir a fun¸c ˜ao g. A id´eia ´e tomar a fun¸ao g como sendo uma raz˜ao apropriada de
fun¸oes de Bessel de forma que a igualdade em (2.17) ocorra se for uma bola fechada
em R
n
. Isto motiva a escolha de:
g(r) = ω(γr), (2.18)
onde
ω(x) =
j
n/2
(βx)
j
n/21
(αx)
, se 0 x < 1,
ω(1) lim
x1
ω(x), se x 1,
(2.19)
com α = j
n/21,1
, β = j
n/2,1
e γ =
λ
1
. Assim, g ´e uma fun¸ao, cont´ınua e limitada
em (0, ).
Afirma¸ao 2.1. A igualdade ocorre em (2.17) quando ´e uma bola fechada com λ
1
como o primeiro autovalor do problema de Dirichlet e g ´e dada por (2.18).
De fato, se S
1
´e a bola fechada de R
n
de raio apropriado e de centro 0 na qual o
problema:
z = λz em S
1
z = 0 em S
1
(2.20)
tem λ
1
como seu primeiro autovalor, ent˜ao:
S
1
= {x R
n
; |x| α/
λ
1
= 1}.
O segundo autovalor do problema (2.20) ´e
λ
2
=
β
2
α
2
λ
1
. A primeira autofun¸ao de S
1
´e:
z(x) = cr
1n/2
j
n/21
(
λ
1
r),
19
Cap´ıtulo 2. Demonstra¸ao da conjectura de Payne-P´olya-Weinberger
e as autofun¸oes correspondentes a
λ
2
ao:
f
i
(x) = cr
1n/2
j
n/2
(
λ
2
r)
x
i
r
, i = 1, . . . , n,
onde c ´e uma constante, ao nula.
Seja
Q(r) =
j
n/2
λ
2
r
j
n/21
(
λ
1
r)
, se 0 r < 1,
lim
r1
j
n/2
λ
2
r
j
n/21
(
λ
1
r)
, se x 1,
observamos que Q(r) = ω(γr) = g(r) e sejam
Q
i
(x) = Q(|x|)
x
i
|x|
= g(r)
x
i
r
,
enao
S
1
Q
i
z
2
dx = 0, i = 1, . . . , n.
e Q
i
z ao autofun¸oes de
λ
2
. Portanto, temos que:
λ
2
=
|∇(Q
i
z)|
2
dx
(Q
i
z)
2
dx
, i = 1, . . . , n.
Usando a demonstra¸ao da desigualdade (2.17), temos que:
λ
2
λ
1
=
(g
(r))
2
+ (n 1)
g
2
(r)
r
2
z
2
dx
g
2
(r)z
2
dx
. (2.21)
Portanto a Afirma¸ao 2.1 vale.
Substuindo a equa¸ao (2.18) na desigualdade (2.17), obtemos:
λ
2
λ
1
λ
1
B(γr)u
2
1
dx
α
2
ω
2
(γr)u
2
1
dx
, (2.22)
onde
B(x) = (ω
(x))
2
+ (n 1)
ω
2
(x)
x
2
.
20
Cap´ıtulo 2. Demonstra¸ao da conjectura de Payne-P´olya-Weinberger
Agora definiremos o conceito de apresenta¸ao esf´erica que ´e essencial para obtermos al-
gumas desigualdades a partir da desigualdade (2.22).
Defini¸ao 2.1. Seja f uma fun¸ao mensur´avel definida em R
n
. A apresenta¸ao
esf´erica decrescente f
´e uma fun¸ao definida na bola fechada
centrada na origem
e tendo a mesma medida de Ω, tal que f
depende somente da distˆancia da origem.
Al´em disso, f
´e decrescente e equimensur´avel com f, isto ´e, f e f
tˆem a mesma
fun¸ao distribui¸ao. (A fun¸ao distribui¸ao µ
f
(t) da fun¸ao f ´e definida por µ
f
(t) =
|{x Ω; |f(x)| > t}| ). A apresenta¸ao esf´erica crescente f
de f ´e definida analoga-
mente.
Observao 2.1. Como f
e f
ao fun¸oes que dependem apenas de r = |x|, abusaremos
da nota¸ao ocasionalmente e escreveremos f
(r) e f
(r), respectivamente.
Observao 2.2. Os fatos relevantes sobre reapresenta¸ao esf´erica ao:
i) Se f = f(r) ´e uma fun¸ao ao negativa e decrescente (resp. crescente) para x Ω,
enao f
(r) f(r) (resp. f
(r) f(r)) para r entre 0 e o raio de
;
ii) Se f e g ao fun¸oes ao negativas, ent˜ao:
f
g
dx
fgdx
f
g
dx.
Pelo Teorema 4.1 e Corol´ario 4.1 (no apˆendice), sabemos que ω(x) ´e crescente e B(x)
´e decrescente. Al´em disso, ω
(x) e ω(x)/x ao positivas e decrescentes.
Assim temos:
B(γr)u
2
1
dx
B(γr)
u
2
1
dx
B(γr)u
2
1
dx
S
1
B(γr)z
2
dx (2.23)
e
ω(γr)
2
u
2
1
dx
ω(γr)
2
u
2
1
dx
ω(γr)
2
u
2
1
dx
S
1
ω(γr)
2
z
2
dx, (2.24)
onde a primeira desigualdade em (2.23) e (2.24) ocorre devido a ii), enquanto a segunda
desigualdade em (2.23) e (2.24) ocorre devido a i), sabendo que B ´e positiva e decrescente
e ω ´e crescente e ao-negativa. Para a ´ultima desigualdade em (2.23) e (2.24) precisamos
do resultado de compara¸ao de Chiti: se c for escolhido de forma que:
u
2
1
dx =
u
2
1
dx =
S
1
z
2
dx, (2.25)
21
Cap´ıtulo 2. Demonstra¸ao da conjectura de Payne-P´olya-Weinberger
enao existe um ponto r
1
(0, 1) tal que:
u
1
(r) z(r) para 0 r r
1
,
u
1
(r) z(r) para r
1
r 1.
(2.26)
O resultado de compara¸ao de Chiti faz uso da desigualdade de Faber-Krahn [15], [16],
a qual mostra que S
1
(portanto 1 r
) e S
1
´e um subconjunto pr´oprio de
,
exceto quando ´e uma bola fechada.
A ´ultima desigualdade em (2.23) e (2.24) s egue do fato que:
f(r)u
2
1
dx
S
1
f(r)z
2
dx, se f ´e crescente (2.27)
e a desigualdade inversa ´e ocorre quando f ´e decrescente. Para mostrar a desigualdade
(2.27), tomemos f sendo uma fun¸ao crescente e denotaremos o raio de
por r
,
ω
r
= {x R
n
/|x| = r},
e
ω
1
= {x R
n
/|x| = 1}.
Sabendo que
´
Area(ω
1
) = nC
n
e
´
Area(ω
r
) = r
n1
nC
n
, onde C
n
´e o volume da bola unit´aria
em R
n
, temos:
S
1
f(r)z
2
dx
f(r)u
2
1
dx
=
1
0
ω
r
f(r)z
2
r
dr
r
0
ω
r
f(r)u
2
1
r
dr
=
1
0
f(r)z
2
r
n1
nC
n
dr
r
0
f(r)u
2
1
r
n1
nC
n
dr
= nC
n
r
1
0
f(r)
z
2
u
2
1
r
n1
dr
+
1
r
1
f(r)
z
2
u
2
1
r
n1
dr
r
1
f(r)u
2
1
r
n1
dr
22
Cap´ıtulo 2. Demonstra¸ao da conjectura de Payne-P´olya-Weinberger
nC
n
f(r
1
)
r
1
0
z
2
u
2
1
r
n1
dr
+f(r
1
)
1
r
1
z
2
u
2
1
r
n1
dr
f(r
1
)
r
1
u
2
1
r
n1
dr
= f(r
1
)
S
1
z
2
dr
u
2
1
dr
= 0, (2.28)
onde
r
´e o elemento de ´area de ω
r
, a segunda igualdade ocorre pelo fato de que as
fun¸oes f(r)z
2
e f(r)u
2
1
ao dependem da vari´avel ω
r
, a desigualdade ocorre devido a
f ser crescente e devido a (2.26) e a ´ultima igualdade ocorre devido a equa¸ao (2.25).
Isto prova a desigualdade (2.27) e a prova da desigualdade inversa ´e an´aloga, tomando f
decrescente.
Finalmente, podemos combinar as desigualdades (2.23) e (2.24) com a desigualdade
(2.22) para obtermos a desigualdade:
λ
2
λ
1
λ
1
S
1
B(γr)z
2
dx
α
2
S
1
ω
2
(γr)z
2
dx
=
λ
1
1
0
ω
r
B(γr)z
2
r
dr
α
2
1
0
ω
r
ω
2
(γr)z
2
r
dr
=
λ
1
1
0
B(γr)j
2
n/21
(
λ
1
r)rdr
α
2
1
0
ω
2
(γr)j
2
n/21
(
λ
1
r)rdr
=
λ
1
α
2
1
γ
2
1
0
g
(r)
2
+ (n 1)
g
2
(r)
r
2
j
2
n/21
(
λ
1
r)rdr
1
0
g
2
(r)j
2
n/21
(
λ
1
r)rdr
, (2.29)
onde a segunda igualdade ocorre pelo fato de que as fun¸oes B(γr)j
2
n/21
(
λ
1
r)r e
ω
2
(γr)j
2
n/21
(
λ
1
r)r ao depende de ω
r
, enquanto para a terceira igualdade utilizamos
o fato que B(γr) =
1
γ
2
g
(r)
2
+ (n 1)
g
2
(r)
r
2
. (Lembrando que γ =
λ
1
, onde
α = j
n/21,1
e β = j
n/2,1
). E pela igualdade (2.21), temos que:
23
Cap´ıtulo 2. Demonstra¸ao da conjectura de Payne-P´olya-Weinberger
λ
2
λ
1
=
1
0
ω
r
g
(r) + (n 1)
g
2
(r)
r
2
z
2
(r)
r
dr
1
0
ω
r
g
2
(r)z
2
(r)
r
dr
=
1
0
g
(r)
2
+ (n 1)
g
2
(r)
r
2
j
2
n/21
(
λ
1
r)rdr
1
0
g
2
(r)j
2
n/21
(
λ
1
r)rdr
(2.30)
Como
λ
2
=
β
2
α
2
λ
1
, sabemos de (2.29) e (2.30) que:
λ
2
λ
1
λ
1
α
2
1
γ
2
(
λ
2
λ
1
)
=
λ
1
α
2
α
2
λ
1
β
2
α
2
λ
1
λ
1
=
λ
1
α
2
(β
2
1),
isto ´e,
λ
2
λ
1
β
2
α
2
=
j
2
n/2,1
j
2
n/21,1
.
Isto completa a demonstra¸ao do Teorema 2.1.
24
Cap´ıtulo 3
O Teorema de Lichnerowicz-Obata
Seja M uma variedade Riemanniana compacta, conexa tal que M = . Considere o
problema de autovalores,
u = λu em M. (3.1)
O objetivo deste cap´ıtulo ´e apresentar o teorema de Lichnerowicz-Obata, o qual fornece
um limite inferior para o primeiro autovalor do problema (3.1), sob certas hip´oteses a
respeito da topologia da variedade e sua curvatura de Ricci. Vamos apresentar uma
demonstra¸ao diferente para o teorema de Lichnerowicz-Obata. Por isso, precisamos
entre outros resultados, do teorema da compara¸ao de Laplace, de Bishop-G romov e por
´ultimo do teorema de Cheng, os quais ser˜ao demonstrados com detalhes.. No que segue,
M denotar´a uma variedade Riemanniana n-dimensional.
Defini¸ao 3.1. Sejam M uma variedade, p M, v T
p
M e f C
2
(M) definimos a
hessiana de f em p,
2
f : T
p
M × T
p
M R, por:
2
f
(v, v) = (V V f (
V
V f))
p
,
onde V ´e uma extens˜ao local de v, (ent˜ao V (p) = v).
Observao 3.1. (V V f (
V
f))
p
= V,
V
f
p
.
De fato, temos que V, f
p
= (V f)(p), enao, em p:
V V f = V V, f = ∇
V
V, f + V,
V
f,
portanto
(V V f (
V
V )f)
p
= V,
V
f
p
.
25
Cap´ıtulo 3. O Teorema de Lichnerowicz-Obata
Afirma¸ao 3.1. Sejam M uma variedade completa e f C
2
(M). Dado p M, seja
{v
i
}
n
i=1
uma base ortonormal de T
p
M e V
i
uma extens˜ao local de v
i
, com v
i
, v
j
= δ
ij
,
i, j = 1, . . . , n. Ent˜ao,
f(p) =
n
i=1
(
2
f)(v
i
, v
i
)
.
De fato, de acordo com a defini¸ao do operador Laplaciano dada no Cap´ıtulo 1, temos
f = div(f) = tra¸co(T ),
onde T : T M T M ´e dada por
T (Y ) =
Y
f,
para todo Y χ(M). Para x em uma vizinhan¸ca de p, temos:
f(x) =
n
i=1
f
i
(x)V
i
(x).
Sabemos que:
tra¸co(T ) =
n
j=1
T (V
j
), V
j
,
onde
T (V
j
) =
V
j
f =
V
j
n
i=1
f
i
V
i
=
n
i=1
f
i
V
j
V
i
+
n
i=1
V
j
(f
i
)V
i
.
Portanto
tra¸co(T ) =
n
j=1
n
i=1
f
i
V
j
V
i
, V
j
+
n
j=1
n
i=1
V
j
(f
i
)V
i
, V
j
=
n
i,j=1
f
i
V
j
V
i
, V
j
+
n
j=1
V
j
(f
j
)
=
n
i,j=1
f
i
V
i
,
V
j
V
j
+
n
j=1
V
j
∇f, V
j
=
n
j=1
n
i=1
f
i
V
i
,
V
j
V
j
+
n
j=1
V
j
V
j
f
=
n
j=1
f,
V
j
V
j
+
n
j=1
V
j
V
j
f
=
n
j=1
V
j
V
j
f
V
j
V
j
f
.
26
Cap´ıtulo 3. O Teorema de Lichnerowicz-Obata
Logo,
f(p) =
n
j=1
V
j
V
j
f
V
j
V
j
f
(p) =
n
i=1
(
2
f)(v
i
, v
i
).
Defini¸ao 3.2. Sejam M uma variedade completa, conexa e p
0
M, definimos a fun¸ao
distˆancia r : M R por r(x) = d(x, p
0
) = o ´ınfimo dos comprimentos de todas as
curvas ligando x `a p
0
.
Observao 3.2. Pode-se verificar que a fun¸ao distˆancia r restrita ao dom´ınio M
{p
0
C
p
0
} ´e de classe C
(M), onde C
p
0
´e o lugar dos pontos m´ınimos de p
0
.
O pr´oximo resultado simplifica a express˜ao da hessiana da fun¸ao r.
Proposi¸ao 3.1. Sejam M uma variedade completa, conexa. Considere a fun¸ao distˆancia
r `a partir de p
0
. Dados p M {p
0
C
p
0
} e v T
p
M, sejam γ : [0, l] M a ´unica
geod´esica minimizante de p
0
`a p e J o campo de Jacobi ao longo de γ tal que J(0) = 0 e
J(l) = v. Ent˜ao,
2
r
(v, v) = J, J
(l). (3.2)
Demonstra¸ao: Como J ´e um campo de Jacobi, existe uma f am´ılia de geoesicas
{γ
s
}
s(ε,ε)
que ´e uma varia¸ao de γ tal que
γ
s
s
s=0
= J.
Seja f : (ε, ε) × [0, l] M tal varia¸ao, isto ´e,
f(s, t) = γ
s
(t),
enao J(t) =
f
s
(0, t) e γ
(t) =
f
t
(0, t). Atraes da varia¸ao f definimos o campo de
Jacobi J em uma vizinhan¸ca de p. Portanto J extende v. De acordo com a Observao
3.1, temos
2
r
(v, v) = J,
J
r(l).
Para mostrarmos a igualdade (3.2), precisamos das duas afirma¸oes seguintes.
Afirma¸ao 3.2. [J, r]
γ
= 0.
De fato, temos:
[J, r]
γ
=
f
s
(0, t),
f
t
(0, t)
=
df
(0,t)
s
, df
(0,t)
t

= df
(0,t)

s
,
t

= 0. (3.3)
27
Cap´ıtulo 3. O Teorema de Lichnerowicz-Obata
Uma justificativa para a terceira igualdade em (3.3) pode ser encontrada em [11].
Afirma¸ao 3.3. r
γ
= γ
.
De fato, dado t
0
[0, l] e escrevendo γ(t
0
) = q, temos que u T
q
M tal que
u, γ
(t
0
) = 0 vale: ∇r(q), u = 0. Pois seja S = {x M; d(x, p
0
) = t
0
}, p elo Lema
de Gauss (o qual pode ser encontrado em [9]), segue que γ
(t
0
) ´e ortogonal a T
q
S. C omo
u T
q
M, existe c : (δ, δ) S tal que c(0) = q e c
(0) = u. Assim
∇r(q), u = (ur)(q) =
d
dt
r(c(t))
t=0
=
d
dt
t
0
t=0
= 0.
Portanto γ
(t
0
) ´e paralelo a r(q), isto ´e, r(q) =
(t
0
). Vamos mostrar que a = 1.
Temos
a = ∇r(q), γ
(t
0
)
= (γ
(t
0
)r) (q)
=
d
ds
r(γ(s))
s=0
=
d
ds
(s + t
0
)
= 1,
onde γ(s) = γ(t
0
+ s). Portanto r
γ
= γ
.
Usando as Afirma¸oes 3.2 e 3.3 e a simetria da conex˜ao, s eque que:
(
J
r)
γ
= (
r
J + [J, r])
γ
= (
r
J)
γ
=
γ
J.
Portanto
2
r
(v, v) = J,
γ
J = J, J
(l).
Se q M {p
0
C
p
0
} e v T
q
M com |v| = 1, seja γ : [0, l] M uma geoesica
minımizante normalizada tal que γ(0) = p
0
, γ(l) = q e γ
(l) linearmente independente a
v. a sabemos que:
2
r
(v, v) = J, J
(l),
onde J ´e um campo de Jacobi com J(0) = 0 e J(l) = v.
Agora, seja {v
1
, . . . , v
n1
} uma base de T
q
M = {v T
q
M; v, γ
(l) = 0}. Sabemos
que:
r(q) =
n1
i=1
2
r
(v
i
, v
i
) +
2
r
(γ
(l), γ
(l)),
28
Cap´ıtulo 3. O Teorema de Lichnerowicz-Obata
observando que
2
r
(γ
(l), γ
(l)) = (γ
γ
r (
γ
γ
)r) (l)
=
d
2
dt
r(γ(t))
t=l
0
=
d
2
dt
t
t=l
= 0
Podemos escrever
(∆r) (q) =
n1
i=1
2
r
(v
i
, v
i
) =
n1
i=1
J
i
(l), J
i
(l),
onde J
i
ao campos de Jacobi com J
i
(0) = 0 e J
i
(l) = v
i
, i = 1, . . . , n 1.
Suponhamos que a curvatura seccional de M ´e constante igual a k. Para todo v
ortogonal a γ
(l), com |v| = 1 podemos tomar V (t) o seu traporte paralelo ao longo de γ.
Seja f a solu¸ao do seguinte problema
f

+ kf = 0
f(0) = 0, f (l) = 1.
(3.4)
Enao, ao ´e dif´ıcil verificar que o campo vetorial J(t) = f(t)V (t) ´e um campo de
Jacobi, com J(0) = 0 e J(l) = v. Tamb´em ao ´e dif´ıcil verificar pelo problema (3.4) que:
f(t) =
sen(
kt)
sen(
kl)
, se k > 0
t
l
, se k = 0
senh(
kt)
senh(
kl)
, se k < 0.
(3.5)
Portanto quando a curvatura seccional da variedade ´e constante igual a k, temos:
29
Cap´ıtulo 3. O Teorema de Lichnerowicz-Obata
r(q) =
n1
i=1
J
i
(l), J
i
(l)
=
n1
i=1
f(l)f
(l)
= (n 1)f(l)f
(l)
= (n 1)f
(l).
Antes de enunciarmos o Teorema de Compara¸ao de Laplace conv´em apresentar o
Lema do ´ındice.
Lema 3.1 (Lema do
´
Indice). Seja γ : [0, l] M uma geoesica sem pontos conjuga-
dos a γ(0) no intervalo [0, l]. Seja J um campo de Jacobi ao longo de γ, com J, γ
= 0,
e seja V um campo de vetores diferenci´avel por partes ao longo de γ, com V, γ
= 0.
Suponhamos que J(0) = V (0) = 0 e que J(t
0
) = V (t
0
), t
0
(0, a]. Ent˜ao
I
t
0
0
(J, J) I
t
0
0
(V, V )
e a igualdade ocorre se e o se V = J em [0, t
0
], onde
I
t
0
0
(V, V ) =
t
0
0
{V
, V
R(γ
, V )γ
, V }dt.
Uma demonstra¸ao deste lema se encontra em [9].
Teorema 3.1 (Compara¸ao de Laplace). Seja M uma variedade completa, γ : [0, l]
M uma geoesica normalizada sem pontos m´ınimos. Suponha que Ric(γ
(t), γ
(t))
(n1)k, onde k ´e uma constante, e considere a fun¸ao distˆancia a partir de p
0
= γ(0) M,
r : M {p
0
C
p
0
} R, r(x) = d(x, p
0
), enao:
r(γ(t)) r
k
(t), t [0, l] (3.6)
onde
r
k
(t) = (n 1)
k cot(
kt), se k > 0
1
t
, se k = 0
k coth(
kt), se k < 0.
Al´em disso, se r(γ(l)) = r
k
(l), ent˜ao:
30
Cap´ıtulo 3. O Teorema de Lichnerowicz-Obata
i) Para todo t [0, l] e todo π T
γ(t)
M com γ
(t) π, temos:
K(π) = k.
ii) Para todo campo de Jacobi pr´oprio J com J(0) = 0, temos J(t) = f(t)E(t) onde E(t)
´e um campo de vetores paralelo ao longo de γ.
Demonstra¸ao: Observamos que basta considerar t = l, para mostrar a validade do
teorema para t (0, l]. Sabemos que
r(γ(l)) =
n1
i=1
(
2
r)(v
i
, v
i
) =
n1
i=1
J
i
(l), J
i
(l) =
n1
i=1
I
l
0
(J
i
, J
i
)
onde {v
i
}
n1
i=1
´e uma base ortonormal de T
q
M = {v T
q
M; v, γ
(l) = 0} e J
i
ao
campos de Jacobi ao longo de γ tais que J
i
(0) = 0 e J
i
(l) = v
i
para i = 1, 2, . . . , n 1.
Seja W
i
(t) = f(t)V
i
(t), onde V
i
´e um campo vetorial paralelo ao longo de γ com V
i
(l) =
v
i
e f(t) ´e solu¸ao do problema 3.4. Ent˜ao W
i
(0) = 0 e W
i
(l) = J
i
(l). Al´em disso
W
i
, γ
(l) = J
i
, γ
(l) = 0.
Enao, de acordo com o Lema do
´
Indice, temos:
I
l
0
(J
i
, J
i
) I
l
0
(W
i
, W
i
)
e a igualdade ocorre se e somente se J
i
= W
i
. Assim temos,
r(q) =
n1
i=1
I
l
0
(J
i
, J
i
)
n1
i=1
I
l
0
(W
i
, W
i
)
=
n1
i=1
l
0
| W
i
|
2
R(γ
, W
i
)γ
, W
i
)
dt
=
n1
i=1
l
0
(f
)
2
f
2
R(γ
, V
i
)γ
, V
i
dt
=
l
0
(n 1)(f
)
2
f
2
i
R(γ
, V
i
)γ
, V
i
dt
= (n 1)
l
0
f
df
l
0
f
2
Ric(γ
, γ
)dt
31
Cap´ıtulo 3. O Teorema de Lichnerowicz-Obata
(n 1)ff
l
0
(n 1)
l
0
ff

dt
l
0
f
2
(n 1)kdt
= (n 1)f
(l) = r
k
(l),
onde a express˜ao de f ´e dada em (3.5). Isto prova a primeira parte do teorema.
Agora, se r(γ(l)) = r
k
(l) ent˜ao as desigualdades acima se tornam igualdades o que
implica que J
i
(t) = f (t)V
i
(t), t [0, l] e i = 1, . . . , n 1. Como {v
i
}
n1
i=1
´e uma base
ortonormal arbitr´aria de T
q
M segue que para qualquer campo de Jacobi com J(0) = 0,
tem-se J(t) = f(t)E(t). Isto prova a afirma¸ao (ii).
Para provarmos a afirma¸ao (i), sejam t
0
(0, l] e ω π tal que | ω |= 1 e ω, γ
(t
0
) =
0. Sejam E(t) o transporte paralelo de ω ao longo de γ e J um campo de Jacobi tal que
J(0) = 0 e J(l) = E(l) ent˜ao pela afirma¸ao (ii) J(t) = f(t)E(t). Portanto, usando a
equa¸ao de Jacobi e a express˜ao de f, obtemos em t
0
:
K(E γ
) = K(J γ
)
=
R(γ
, J)γ
, J
| J |
2
=
J

, J
| J |
2
=
f

f
f
2
= k.
Logo K(ω γ
(t
0
)) = k. Isto prova a afirma¸ao (i) devido a arbitrariedade de t
0
(0, l].
3.1 O Teorema de Compara¸ao de Bishop-Gromov
Antes de enunciarmos o Teorema de Compara¸ao de Bishop-Gromov, apresentaremos
alguns resultados que ser˜ao essenciais para sua demonstra¸ao.
Teorema 3.2 (Bonnet-Myers). Seja M uma variedade completa n-dimensional. Suponha
que a curvatura de Ricci de M satisfaz
Ric
p
(v)
n 1
r
2
> 0,
para todo p M e todo v T
p
M. Enao M ´e compacta e o seu diˆametro diam(M) πr.
32
Cap´ıtulo 3. O Teorema de Lichnerowicz-Obata
Uma prova deste teorema se encontra em [9].
Agora apresentaremos algumas defini¸oes que mostram como podemos integrar uma
fun¸ao real definida em uma variedade.
Defini¸ao 3.3. Sejam M uma variedade, p M, v T
p
M e {v
1
, . . . , v
n1
} uma base de
T
p
M, definimos
|v
1
··· v
n1
| =
det (v
i
, v
j
) ,
onde 1 i, j n 1.
Defini¸ao 3.4. Sejam M uma variedade, p M, v T
p
M, {v
1
, . . . , v
n1
} uma base de
T
p
M. Considere a aplica¸ao exponencial exp
p
: T
p
M M, e sua diferencial (dexp
p
)
v
:
T
v
(T
p
M) T
p
M T
p
M, definimos
|det(dexp
p
)
tv
| =
|(dexp
p
)
tv
(tv
1
) ··· (dexp
p
)
tv
(tv
n1
)|
t
n1
|v
1
··· v
n1
|
.
Observao 3.3. Sejam J
1
(t, v), . . . , J
n1
(t, v) campos de Jacobi ao longo de γ(t) =
exp
p
(tv) com J
i
, γ
= 0, J
i
(0) = 0, J
i
(0) = v
i
, i = 1, . . . , n 1, ent˜ao
|det
dexp
p
tv
| =
|J
1
(t, v) ··· J
n1
(t, v)|
t
n1
|J
1
(0) ··· J
n1
(0)|
Defini¸ao 3.5. Sejam M uma variedade, f : M R uma fun¸ao mensur´avel com
suporte compacto, W M uma regi˜ao limitada e p W . Definimos a integral de f em
W por:
W
fdW =
exp
1
p
(W )
f
exp
p
(tv)
|det(dexp
p
)
tv
|dx
1
···dx
n
, (3.7)
onde dW ´e o elemento de volume em W , exp
p
: Σ(p) T
p
M M ´e a conhecida
aplica¸ao exponencial com Σ(p) sendo a regi˜ao axima, aberta e estrelada tal que exp
p
:
Σ(p) T
p
M exp
p
(Σ(p)) W ´e um difeomorfismo.
Observao 3.4. Pode-se mostrar que dV
R
n
= t
n1
dtdµ
S
n1
, onde dV
R
n
e
S
n1
ao os
elementos de volume em R
n
e S
n1
= {x R
n
; |x| = 1}, respectivamente.
Agora apresentaremos dois lemas fundamentais para a demonstra¸ao do Teorema de
Bishop-Gromov.
Lema 3.2. Sejam M uma variedade, e J
1
(t, v), . . . , J
n1
(t, v) campos de Jacobi ao longo
da geod´esica γ(t) = exp
p
(tv).
Defina
ϕ(t, v) =
|J
1
(t, v) ··· J
n1
(t, v)|
|J
1
(0) ··· J
n1
(0)|
33
Cap´ıtulo 3. O Teorema de Lichnerowicz-Obata
e
ϕ
k
(t) =
sen(
kt)
k
n1
se k > 0
t
n1
se k = 0
senh(
kt)
k
n1
se k < 0.
Suponha que Ric
M
(n 1)k. Ent˜ao
ϕ(t)
ϕ
k
(t)
´e decrescente.
Demonstra¸ao: Temos que
ϕ
ϕ
k
´e decrescente se, e somente se
ϕ
ϕ
ϕ
k
ϕ
k
. (3.8)
onde
ϕ
ϕ
=
1
2
(ϕ
2
)
ϕ
2
=
1
2
(|J
1
(t, v) ··· J
n1
(t, v)|
2
)
|J
1
(t, v) ··· J
n1
(t, v)|
2
.
Para mostrarmos a desigualdade (3.8), basta mostrarmos que tal desigualdade ocorre
em t = l. Tomando t = l e J
1
(l, v), . . . , J
n1
(l, v) ortonormais, pode-se verificar que
(|J
1
(t, v) ··· J
n1
(t, v)|
2
)
= 2
n1
i=1
J
i
, J
i
(l).
Enao, usando o teorema de compara¸ao de Laplace, temos
ϕ
ϕ
(l) =
n1
i=1
J
i
, J
i
(l) = r(γ(l)) r
k
(l) =
ϕ
k
ϕ
k
(l).
Vamos denotar por M
n
(k) uma variedade simplesmente conexa de curvatura seccional
k.
Observao 3.5. Se M = M
n
(k) enao S
t
= S
n1
, onde S
t
= {v S
n1
p
; tv Σ(p)} e
S
n1
p
= {u T
p
M; |u| = 1}.
34
Cap´ıtulo 3. O Teorema de Lichnerowicz-Obata
Lema 3.3. Suponha que Ric
M
(n 1)k, enao a fun¸ao
p(t) =
S
t
ϕ(t, v)dv
S
t
ϕ
k
(t)dv
´e decrescente.
Demonstra¸ao: Seja t
2
> t
1
, enao S
t
2
S
t
1
.
Vamos mostrar que p(t
2
) p(t
1
), para isto vamos usar o Lema 3.2, temos
S
t
2
ϕ(t
2
, v)dv
S
t
2
ϕ
k
(t
2
)dv
S
t
1
ϕ(t
2
, v)dv
Vol(S
n1
)ϕ
k
(t
2
)
=
S
t
1
ϕ(t
2
, v)
ϕ
k
(t
2
)
dv
Vol(S
n1
)
S
t
1
ϕ(t
1
, v)
ϕ
k
(t
1
)
dv
Vol(S
n1
)
=
S
t
1
ϕ(t
1
, v)dv
S
t
1
ϕ
k
(t
1
)dv
.
Portanto, p(t
2
) p(t
1
).
Teorema 3.3 (Teorema de compara¸ao de Bishop-Gromov). Sejam M uma va-
riedade completa e p M. Suponha que Ric
M
(n 1)k, onde k ´e uma constante.
Enao:
(i) A fun¸ao g(r) =
vol[B
r
(p)]
vol[B
k
r
]
´e ao crescente.
(ii) Quando k > 0 vol[M] vol[S
n
(k)] e vol[M] = vol[S
n
(k)] se e somente se M ´e
isom´etrica a S
n
(k).
Onde B
r
(p) = {x M; d(x, p) < r}, B
k
r
= {y M
n
(k); d(y, y
0
) < r} e S
n
(k) ´e a esfera
de curvatura seccional k.
Demonstra¸ao: Temos:
vol[B
r
(p)]
vol[B
k
r
]
=
r
0
S
t
ϕ(t, v)dv
dt
r
0
S
t
ϕ
k
(t)dv
dt
,
35
Cap´ıtulo 3. O Teorema de Lichnerowicz-Obata
onde S
t
= {v S
n1
p
; tv Σ(p)} com S
n1
p
= {u T
p
M; u = 1} e ϕ(t, v) =
t
n1
|det{(dexp
p
)
tv
}|.
Pelo lema 3.3 sabemos que:
g(t) =
S
t
ϕ(t, v)dv
S
t
ϕ
k
(t)dv
´e uma fun¸ao decrescente. Assim, a afirma¸ao (i) segue ime diatamente do seguinte lema:
Lema 3.4. Sejam f(t), g(t) 0 fun¸oes reais tais que o quo ciente f(t)/g(t) ´e uma fun¸ao
decrescente. Ent˜ao, visto como uma fun¸ao de r, o quociente
r
0
f(t)dt
r
0
g(t)dt
´e uma fun¸ao decrescente.
Demonstra¸ao do Lema 3.4:
Fixemos r
2
> r
1
> 0. Precisamos provar que:
r
2
0
f(t)dt
r
2
0
g(t)dt
r
1
0
f(t)dt
r
1
0
g(t)dt
(3.9)
ou
r
2
0
f(t)dt
r
1
0
g(t)dt
r
2
0
g(t)dt
r
1
0
f(t)dt. (3.10)
Como r
2
> r
1
> 0, a desigualdade (3.10) pode ser escrita como:
r
1
0
f(t)dt
r
1
0
g(t)dt +
r
2
r
1
f(t)dt
r
1
0
g(t)dt
r
1
0
g(t)dt
r
1
0
f(t)dt +
r
2
r
1
g(t)dt
r
1
0
f(t)dt. (3.11)
Portanto a desigualdade (3.10) ´e equivalente a seguinte desigualdade:
r
2
r
1
f(t)dt
r
1
0
g(t)dt
r
2
r
1
g(t)dt
r
1
0
f(t)dt. (3.12)
36
Cap´ıtulo 3. O Teorema de Lichnerowicz-Obata
Vamos provar a desigualdade (3.12). Seja h(t) = f(t)/g(t) 0, ent˜ao de acordo com as
hip´otese, para t [r
1
, r
2
], temos h(t) h(r
2
) e h(t) h(r
1
). Assim
r
2
r
1
f(t)dt
r
1
0
g(t)dt =
r
2
r
1
h(t)g(t)dt
r
1
0
g(t)dt
r
2
r
1
h(r
1
)g(t)dt
r
1
0
g(t)dt
=
r
2
r
1
g(t)dt
r
1
0
h(r
1
)g(t)dt
r
2
r
1
g(t)dt
r
1
0
h(t)g(t)dt
=
r
2
r
1
g(t)dt
r
1
0
f(t)dt,
onde a ´ultima desigualdade em (3.1) segue do fato que para t [0, r
1
] temos h(r
1
) h(t).
Portanto a desigualdade (3.1) vale.
Agora vamos provar o item (ii) do Teorema de Compara¸ao de Bishop-Gromov.
Como Ric (n 1)k, pelo teorema de Bonnet-Myers sabemos que d(x, y) π/
k,
x, y M. Portanto B
π/
k
(p) = M e da´ı vol(M) = vol(B
π/
k
(p)). Pelo ´ıtem (i) deste
teorema, r < π/
k, temos:
vol(B
r
(p))
vol(B
k
r
)
vol(B
π/
k
(p))
vol(B
k
π/
k
)
=
vol(M)
vol(S
n
(k))
.
Portanto
vol(M)
vol(S
n
(k))
lim
r0
vol(B
r
(p))
vol(B
k
r
)
= lim
r0
S
t
ϕ(r, v)dv
S
r
ϕ
k
(r)dv
.
Observamos que se r ´e suficientemente pequeno, enao S
r
= S
n1
p
. Assim:
37
Cap´ıtulo 3. O Teorema de Lichnerowicz-Obata
lim
r0
S
t
ϕ(r, v)dv
S
r
ϕ
k
(r)dv
= lim
r0
S
n1
p
ϕ(r, v)
ω
n1
ϕ
k
(r)
dv
=
S
n1
p
lim
r0
ϕ(r, v)
ω
n1
ϕ
k
(r)
dv
=
1
ω
n1
S
n1
p
lim
r0
ϕ(r, v)
ϕ
k
(r)
dv
onde ω
n1
denota o volume da esfera unit´aria (n 1) - dimensional. Como
lim
r0
ϕ(r, v)
ϕ
k
(r)
= 1,
temos:
1
ω
n1
S
n1
p
lim
r0
ϕ(r, v)
ϕ
k
(r)
dv =
1
ω
n1
S
n1
p
dv =
ω
n1
ω
n1
= 1.
Portanto
vol(M) vol(S
n
(k)).
Se
vol(M) = vol(S
n
(k)),
enao
1 =
vol(B
π/
k
(p))
vol(B
k
π/
k
)
vol(B
r
(p))
vol(B
k
r
)
1
e da´ı segue que
vol(B
r
(p))
vol(B
k
r
)
= 1 r π/
k.
Portanto B
r
(p) ´e isom´etrica a B
k
r
, para todo r π/
k.
Agora estamos em condi¸oes de apresentar o teorema de Cheng.
Teorema 3.4 (Teorema de Cheng). Seja M uma variedade completa. Suponha que
Ric
M
(n 1)k. Se diam(M) = π/
k, ent˜ao M ´e isom´etrica a S
n
(k).
Demonstra¸ao: Como
diam(M) = π/
k
existem p, q M tais que
d(p, q) = π/
k.
38
Cap´ıtulo 3. O Teorema de Lichnerowicz-Obata
Portanto, r (0, π/
k) temos B
r
(p) B
π/
kr
(q) = . Enao
vol(M) vol(B
r
(p)) + vol(B
π/
kr
(q)).
Como
vol(B
r
(p))
vol(B
k
r
)
vol(B
π/
k
)(p)
vol(S
n
(k))
segue que
vol(B
r
(p)) + vol(B
π/
kr
(q))
vol(B
π/
k
)(p)
vol(S
n
(k))
vol(B
k
r
) +
vol(B
π/
k
)(q)
vol(S
n
(k))
vol(B
k
π/
kr
)
=
vol(M)
vol(S
n
(k))
(vol(B
k
r
) + vol(B
k
π/
kr
))
=
vol(M)
vol(S
n
(k))
vol(S
n
(k))
= vol(M).
Enao para todo r (0, π/
k),temos
vol(B
r
(p))
vol(B
k
r
)
=
vol(M)
vol(S
n
(k))
.
Portanto
vol(M)
vol(S
n
(k))
= lim
r0
vol(B
r
(p))
vol(B
k
r
)
= 1.
E pelo teorema de compara¸ao de Bishop-Gromov segue que M ´e isom´etrica a S
n
(k).
3.2 O Teorema de Lichnerowicz-Obata
Finalmente, voltamos ao principal interesse desta disserta¸ao: os primeiros autovalores
do problema de Dirichlet em dom´ınios limitados de R
n
e em variedades riemanninas.
O teorema de Lichnerowicz-Obata fornece um limite inferior para o primeiro autovalor
do operador Laplaciano em variedades riemannianas compactas. Para sua demonstra¸ao
precisamos do lema de Hopf.
Lema 3.5 (Lema de Hopf). Considere o problema (3.1) e sejam M uma variedade
compacta com M = e g : M R, tal que g 0, ent˜ao g ´e uma fun¸ao constante.
Demonstra¸ao: Pelo teorema da divergˆencia, temos:
0 =
M
gdx
M
0dx,
39
Cap´ıtulo 3. O Teorema de Lichnerowicz-Obata
enao g = 0. Assim,
0 =
M
1
2
g
2
dx =
M
gg+ | g |
2
dx =
M
| g |
2
dx,
segue da´ı, que | g |= 0. Portanto g ´e uma fun¸ao constante.
Teorema 3.5 (Teorema de Lichnerowicz - Obata). Seja M uma variedade n - di-
mensional, completa com Ric (n 1)c > 0. Enao λ
1
(M) nc e λ
1
(M) = nc se e
somente se M ´e isom´etrica a S
n
(c). Onde λ
1
(M) denota o primeiro autovalor positivo de
∆.
Demonstra¸ao: Suponha que c = 1. Seja f a auto-fun¸ao correspondente a λ
1
. Isto
´e:
f = λ
1
f (3.13)
Por Bochner-Lichnerowicz, sabemos que se f C
(M) ent˜ao:
1
2
| f |
2
=|
2
f |
2
+ ∇f, (∆f) + Ric(f, f ). (3.14)
Onde
|
2
f |
2
=
i,j
(
2
f(e
i
, e
j
))
2
, (3.15)
com {e
i
}
n
i=1
sendo uma base ortonormal.
Portanto usando a igualdade (3.13) e a (3.15) na equa¸ao (3.14), temos:
1
2
| f |
2
=
i,j
(
2
f(e
i
, e
j
))
2
λ
1
| f |
2
+Ric(f, f)
i
(
2
f(e
i
, e
i
))
2
λ
1
| f |
2
+Ric(f, f)
1
n
i
2
f(e
i
, e
i
)
2
λ
1
| f |
2
+Ric(f, f)
=
1
n
(∆f)
2
λ
1
| f |
2
+Ric(f, f)
=
1
n
λ
2
1
f
2
λ
1
| f |
2
+Ric(f, f)
1
n
λ
2
1
f
2
λ
1
| f |
2
+(n 1) | f |
2
.
40
Cap´ıtulo 3. O Teorema de Lichnerowicz-Obata
Portanto, pelo Lema de Hopf, podemos escrever
0 =
1
2
M
| f |
2
dx
M
1
n
λ
2
1
f
2
λ
1
| f |
2
+(n 1) | f |
2
dx. (3.16)
Pelo teorema da divergˆencia sabemos que:
0 =
M
div(ff)dx =
M
(| f |
2
+ff)dx =
M
(| f |
2
λ
1
f
2
)dx.
Enao de (3.16) obtemos:
0
M
1
n
λ
2
1
f
2
λ
2
1
f
2
+ (n 1)λ
1
f
2
dx.
Portanto
1
n
λ
2
1
λ
2
1
+ (n 1)λ
1
0.
Logo λ
1
n.
Se λ
1
= n enao todas as desigualdades acima se reduzem a igualdades. E isto implica
que:
2
f(e
i
, e
j
) = 0
para i = j. Assim temos:
2
f(e
1
, e
1
) =
2
f(e
2
, e
2
) = ··· =
2
f(e
n
, e
n
) =
1
n
f =
1
n
(λ
1
f) = f.
Calculando
1
2
∆(| f |
2
), temos:
1
2
∆(| f |
2
) =
1
n
(∆f)
2
n | f |
2
+(n 1) | f |
2
= nf
2
n | f |
2
+(n 1) | f |
2
= nf
2
| f |
2
.
Como
1
2
f
2
= ff+ | f |
2
= nf
2
+ | f |
2
41
Cap´ıtulo 3. O Teorema de Lichnerowicz-Obata
Concluimos que:
1
2
∆(| f |
2
+f
2
) = 0.
Usando o lema de Hopf, temos que | f |
2
+f
2
´e constante. Podemos supor, sem perda
de generalidade, que:
| f |
2
+f
2
= 1.
Agora, sejam p, q M, tais que f(p) = maxf(x) e f(q) = minf (x), ent˜ao f(p) = 0
e f (q) = 0, portanto f(p) = 1 e f(q) = 1. Seja γ : [0, l] M uma geod´esica
minimizante normalizada tal que γ(0) = q e γ(l) = p, ent˜ao d(p, q) = l. Al´em disso,
l
0
(arc sen(f γ))
dt = arc sen(f(γ(l))) arc sen(f(γ(0))) = π
Por outro lado,
l
0
(arc sen(f γ))
dt
=
l
0
(f γ)
dt
1 (f γ)
2
dt
=
l
0
∇f(γ(t)), γ
(t)
1 (f γ)
2
dt
l
0
|∇f(γ(t))|
1 (f γ)
2
dt
=
l
0
1dt
= l.
Portanto d(p, q) = l π. E p elo Teorema de Bonnet-Myers sabemos que d(p, q) π.
Finalmente, usando o teorema de Cheng conclu´ımos que M = S
n
(1).
42
Cap´ıtulo 4
Os Autovalores do Operador
Laplaciano na Esfera
O objetivo deste cap´ıtulo ´e calcular, usando coordenadas esf´ericas, os autovalores e as
autofun¸oes do Laplaciano na es fera.
Denotaremos por S
n
r
= {x R
n+1
; |x| = r} e S
n
= S
n
1
. Vamos introduzir coordenadas
esf´ericas P : [0, ) × S
n
R
n+1
em R
n+1
, por
x = P(r, ξ) = rξ
onde ξ = ξ(u
1
, . . . , u
n
). Em R
n+1
{0} temos a aplica¸ao inversa Q : R
n+1
{0}
(0, ) × S
n
dada por
Q(x) = (|x|, x/|x|)
e se u : U S
n
R
n
´e qualquer sistema de coordenadas em S
n
, um sistema de
coordenadas v ´e determinado em P ((0, ) × U) R
n+1
pela ormula
v(x) = (|x|, u(x/|x|)) = (r, u(ξ)).
Para o alculo do Laplaciano de R
n+1
em coordenadas esf´ericas, observamos que
x
r
= ξ e
x
u
j
= r
ξ
u
j
.
Enao
x
r
= 1 e como
x
r
(p) T
p
S
n
e
ξ
u
j
(p) T
p
S
n
, p S
n
temos
43
Cap´ıtulo 4. Os Autovalores do Operador Laplaciano na Esfera
x
r
,
ξ
u
j
= 0 para j = 1, . . . , n e
x
u
j
,
x
u
k
= r
2
ξ
u
j
,
ξ
u
k
para j, k = 1, . . . , n. Assim se G ´e a matriz da m´etrica Riemanniana em R
n+1
associada
ao sis tema de coordenadas v, e H ´e a matriz associada ao sistema de coordenadas u em
S
n
, enao:
g
rr
= 1, g
rj
= 0, g
jk
(ξ) = r
2
h
jk
(ξ)
e
g(rξ) = r
2
h(ξ)
onde g(rξ) = det {g
ij
(rξ)} e h(ξ) = det {h
ij
(ξ)}.
Utilizando a express˜ao do Laplaciano de R
n+1
em coordenadas locais [10], sabemos
que se F C
2
(M), ent˜ao
R
n+1
F =
1
g
j,k
j
(g
jk
g
k
F )
Assim,
R
n+1
F =
1
g
r
(g
jk
g
r
F ) +
1
g
j,k
j
(g
jk
g
k
F )
= r
n
(r
n
r
F ) + r
2
1
h
j,k
j
(h
jk
h∂
k
F )
= r
n
r
(r
n
r
F ) + r
2
S
n
(F |
S
n
r
)
onde
R
n+1
e
S
n
denotam os Laplacianos nas variedades Riemannianas indicadas e
S
n
(F |
S
n
r
) denota o Laplaciano na esfera S
n
(calculado com respeito a m´etrica Rieman-
niana de S
n
) da restri¸ao de F na esfera S
n
r
.
Assim se F tem a forma
F (x) = R(r)G(ξ)
enao
R
n+1
F = r
n
(r
n
R
(r))
G(ξ) + r
2
R(r)∆
S
n
G(ξ).
Em particular, se para algum inteiro ao negativo k
F (x) = r
k
G(ξ)
44
Cap´ıtulo 4. Os Autovalores do Operador Laplaciano na Esfera
temos
R
n+1
F = r
k2
(∆
S
n
G + k(n + k 1)G) .
Portanto F ´e harmˆonica em R
n+1
se e somente se G ´e uma autofun¸ao em S
n
com
autovalor k(n + k 1). Quando G ´e considerada como uma fun¸ao em S
n
r
, enao G ´e uma
autofun¸ao de
S
n
r
com autovalor k(n + k 1).
Todas as autofun¸oes da esfera ao obtidas desta maneira. Mais precisamente, o espa¸co
dos polinˆomios homogˆeneos harmˆonicos em R
n+1
de grau k, quando restrito a S
n
, constitui
o autoespa¸co do kesimo autovalor distinto
˜
λ
k
= k(n + k 1)
onde, agora k = 0, 1, . . . , isto ´e,
˜
λ
0
= 0. Portanto podemos enunciar o seguinte resultado.
Proposi¸ao 4.1. Uma L
2
(S
n
)-base ortogonal do autoespa¸co de
˜
λ
1
(S
n
) = n ´e dada pelas
R
n+1
-fun¸oes coordenadas
x
A
|
S
n
; A = 1, . . . , n + 1
.
45
Apˆendice
Neste cap´ıtulo provaremos que B(γr) ´e decrescente e ω(γr) ´e crescente. Estes resultados
foram usados no Cap´ıtulo 2. Antes de provarmos tais resultados precisamos de alguns
Lemas preliminares.
Fixado p 1/2, consideremos as fun¸oes de Be ssel j
p
(x) e j
p+1
(x) e denotemos seus
zeros por {α
m
}
m=1
e {β
m
}
m=1
, respectivamente. Ou seja, α
m
= j
p,m
e β = j
p+1,m
segundo
a nota¸ao de Abramowitz e Stegun [1]. Com rela¸ao a conjectura de PPW, o parˆametro
p ´e relativo a dimens˜ao do espa¸co que cont´em Ω, (Ω R
n
) por:
p =
n
2
1
Consideremos as fun¸oes:
ω(x)
j
p+1
(β
1
x)
j
p
(α
1
x)
,
B(x) [ω
(x)]
2
+ (n 1)
ω
2
(x)
x
2
e
A(x)
ω
(x)
ω(x)
= β
1
j
p+1
(β
1
x)
j
p+1
(β
1
x)
α
1
j
p
(α
1
x)
j
p
(α
1
x)
. (4.1)
onde 0 < x 1. Al´em disso, denotaremos os zeros de j
p
(α
1
x) e j
p+1
(β
1
x) por { ˜α
m
}
m=1
e
˜
β
m
m=1
. Assim, temos:
˜α
m
=
α
m
α
1
=
j
p,m
j
p,1
e
˜
β
m
=
β
m
β
1
=
j
p+1,m
j
p+1,1
.
Com essas nota¸oes preliminares podemos introduzir alguns resultados.
46
Apˆendice
Lema 4.1. Para p 1/2, a desigualdade
˜α
m
˜
β
m
com m = 1, 2, 3, . . .
ocorre entre os zeros de j
p
(α
1
x) e j
p+1
(β
1
x). Al´em disso, a igualdade ocorre se e somente
se m = 1.
Uma demonstra¸ao deste Lema se encontra em [4].
Lema 4.2. Para p 1/2 e 0 < x < 1,
0 < A(x) < 1/x
e
A
(x) 1/x
2
.
Uma demonstra¸ao deste Lema se encontra em [4].
Teorema 4.1. Para p 1/2 e 0 < x < 1, ω(x) ´e uma fun¸ao crescente e ω
(x) e ω(x)/x
ao crescentes. Ou seja,
ω
(x) 0, ω

(x) 0 e [ω(x)/x]
0.
Demonstra¸ao: Por (4.1), sabemos que:
ω
(x) = A(x)ω(x)
e pelo Lema 4.2 temos que A(x) > 0 para 0 < x < 1. Como ω(x) > 0, segue que ω
(x) > 0
para 0 < x < 1 e portanto ω(x) ´e crescente. Para verificarmos que ω(x)/x ´e decrescente
em (0, 1), basta observarmos que:
[ω(x)/x]
=
(x) ω(x)
x
2
=
xA(x)ω(x) ω(x)
x
2
=
A(x)
1
x
ω(x)
x
< 0
de acordo com o Lema 4.2. E para verificarmos que ω
(x) ´e decrescente em (0, 1) basta
avaliarmos a derivada de ω
(x) = A(x)ω(x). Temos:
ω

(x) = A(x)ω
(x) + A
(x)ω(x) =
A
2
(x) + A
(x)
ω(x) < 0 em (0, 1),
novamente, pelo Lema 4.2.
47
Apˆendice
Corol´ario 4.1. Para p 1/2 e 0 < x < 1, B(x) = [ω
(x)]
2
+ [ω(x)/x] ´e decrescente.
Demonstra¸ao: Temos:
1
2
B
(x) = ω
(x)ω

(x) +
ω(x)
x
ω(x)
x
< 0,
pelo Teorema 4.1 e pelo fato que ω(x) > 0 em (0, 1).
48
Referˆencias Bibliogr´aficas
[1] M.ABRAMOWITZ and I. A.STEGUM, eds., Handbook of Mathematical Functions,
National Bureau of Standards Applied Math. Series 55, U. S. Government Printing
Office, Washington, D.C., 1964.
[2] M. S.ASHBAUGH and R.D.BENGURIA, Proof of the Payne-P´olya-Weinberger con-
jecture, Bull. of A. M. S.25 (1991) , 19-29.
[3] M. S.ASHBAUGH and R.D.BENGURIA,Universal inequalities for eigenvalues, in
Maximum Principles and Eigenvalue Problems in Partial differential Equations, P. W.
Schaefer, ed., Pitman Research Notes in Math. Series 175, Longman Scientific and
Technical, Harlow, Essex, 1988,pp.111-120.
[4] M. S. ASHBAUGH and R. D. B ENGURIA, A Sharp B ound for the Ratio of the First
Two Eigenvalues of Dirichlet Laplacians and Extensions, Ann. Math. 135, 601-628
(1992).
[5] M. S. ASHBAUGH and R. D. B ENGURIA, A Sharp B ound for the Ratio of the First
Two Dirichlet Eigenvalues of a Domain in a Hemisphere of S
n
, Transactions of the
American Mathematical Society, 353, 1055-1087 (2001).
[6] R.D. BENGURIA, Dirichlet Eigenvalue, in Encyclopaedia of Mathematics, Supple-
ment III, Managing Editor: M. Hazewinkel, Kluwer Academic Publishers, pp. 130-132,
(2001).
[7] J. J. A. M. BRANDS, Bounds for the ratios of the first three membrane e igenvalues,
Arch.Rat.Mech. Anal. 16 (1964), 265-268.
[8] F. BRICKELL and R. S. CLARK, Diferentiable Manifolds, Van Nostrand Reinhold
Co., London 1970, Chap.3.
[9] M.P.CARMO, Geometria Riemanniana,Instituto de Matem´atica Pura e Aplicada, Rio
de Janeiro, 1988 - 2
a
. ed..
[10] I. CHAVEL, Eigenvalues in Riemannian Geometry, Academic Press, New York, 1984.
[11] J. CHEEGER and D. EBIN, Comparison Theorems in Riemannian Geometry, Am-
sterdam : North-Holland, 1975.
49
Apˆendice
[12] S.-Y.CHENG, Eigenfunctions and eigenvalues of Laplacian, in Differential Geometry,
S. S. Chern and R. Osserman, eds., Proc. Symp. Pure Math. 27, part 2, A. M. S.,
Providence, 1975, pp. 185-193.
[13] G.CHITI, A bound for the ratio of the first two eigenvalues of a membrane, SiAM J.
Math. Anal. 14 (1983), 1163-1167.
[14] H. L. DE VRIES, On the upper bound for the ratio of the first two membrane
eigenvalues, Zeitschrift fur Naturforschung 22A (1967), 152-153.
[15] G. FABER, BEWEIS, dass unter allen homogenen Membranen von gleicher Fl¨ache
und gleicher Spannung die kreisformige den tiefsten Grundton gibt, Sitzungberichte der
mathematisch-physikalischen Klasse der Bayerischen Akademie der Wissenschaften zu
M¨unchen Jahrgang, 1923, pp. 169-172.
[16] E.KRAHN,
¨
Uber Minimaleigenschaften der Kugel in drei und mehr Dimensionen,
Acta Comm. Univ. Tartu (Dorpat), 1926.
[17] J.R.KUTTLER and V.G.SIFILLITO, Eingenvalues of the Laplacian in two dimen-
sions, SIAM Review 26 (1984), 163-193.
[18] LIMA, E,Curso de An´alise Vol. 2 , Instituto de Matem´atica Pura e Aplicada, Rio de
Janeiro, 2000 - 6
a
. ed.
[19] R. OSSERMAN, The isoperimetric inequality, Bull.of A.M. S. 84 (1978), 1182-1238.
[20] L. E. PAYNE, G. P
´
OLYA and H. F. WEINBERGER, Sur le quotient de deux
fr´equences propres cons´ecutives, Comptes Rendus Acad. Sci. Paris 241 (1955), 917-
919.
[21] L. E. PAYNE, G. P
´
OLYA and H. F. WEINBERGER, On the ratio of consecutive
eigenvalues, J. Math. and Phys. 35 (1956), 289-298.
[22] P.LI, Eigenvalue estimates on homogeneous manifolds, Comment. Math. Helvetici 55
(1980), 347-363.
[23] P.C. YANG and S.-T. YAU, Eigenvalues of the Laplacian of compact Riemann sur-
faces and minimal submanifolds, Ann. Scuola Norm. Sup. Pisa Cl. Sci. (4) 7 (1980),
55-63.
[24] POCKELS, F.:
¨
Uber die patielle Differentialgleichung u + k
2
u = 0 und deren
Auftreten in die mathematischen Physik, S. Math. Physik 37 (1892),100-105.
[25] POLYA, G.: On the eigenvalues of vibrating membranes, Pro c. London Math. Soc.
(3) 11 (1961), 419-433.
[26] C.J.THOMPSON, On the ratio of consecutive eigenvalues in N-dimensions, Stud.
Appl. Math. 48 (1969), 281-283.
50
Apˆendice
[27] WEYL, H.: Ramifications, old and new, of the eigenvalue problem. Bull. Amer.
Math. Soc. 56 (1950), 115-139.
[28] WEYL, H.: Das asymptotische Verteilungsgesetz der Eigenwerte linearer partieller
Differentialgleichungen, Math. Ann. 71 (1911),441-479.
51
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo