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Eu acho assim, que o coral é, acima de tudo, um trabalho difícil, por melhor que
ele traga pro coralista, pro componente, por que é acima de tudo uma
responsabilidade, que tu assume, né. Que tu veste a camisa, como a gente diz,
né. É um trabalho que se torna difícil porque... num ano tu tem aquela turma
firme, principalmente porque o coral é de escola, então alguns se formam,
alguns vão embora, e daí, no outro ano, como vai tar o nível do coral, né?
Decai, com certeza, porque entram pessoas novas. Daí tem uns que já estão
um pouquinho acima no nível de conhecimento e daí pra ter paciência, pra
segurar, né? Ah!!! Vamos começar tudo de novo, daí fica uma repetição, então
se torna um trabalho difícil. Por mais que seja prazeiroso estar ali, né, mas é
uma coisa que se torna difícil e ao mesmo tempo um desafio. Porque o desafio
do coral, que eu vejo, todos os anos é chegar a um nível bom no final do ano,
não interessa quem entre, sabe. Acho que foi sempre um desafio maior pra ti,
né, Bruno (AP, CP5, p.17).
A constante renovação de cantores, de um ano para outro, é uma das
características do coro Mãe de Deus. Acredito que outros coros devem partilhar deste
caso, visto que, em contato com regentes e pessoas ligada ao canto coral, sempre
ouço relatos de coros que, de um ano para outro, tiveram renovação em termos de
cantores quase que totalmente. Acredito que esta renovação é sempre saudável, pois
expande o acesso a esta atividade a mais pessoas e dá a oportunidade a elas de
conviverem com seus colegas e vivenciarem a música. Todavia, os novos cantores
passam por um trabalho de adaptação desde o início, incluindo aí adaptação vocal, de
convivência com um grupo novo e este trabalho é um desafio para o regente, visto que
os cantores que ficam, encontram-se em outros níveis de desenvolvimento vocal e de
interação com os demais do grupo.
Considero esta característica mais comum em coros escolares. Como
sabemos, na escola, todos os anos, alunos concluem seus estudos, outros são
transferidos para outras escolas, outros simplesmente desistem das atividades que
participam. Para que o grupo contasse com um número bom de cantores e
consequentemente a manutenção de um trabalho musical é que optei pelo coro-escola.
Para componentes mais antigos, como Ana Paula, portanto, este fato chama muito a
atenção. Outros dois fatos marcantes para a corista foram o primeiro solo realizado e o
primeiro festival da canção:
A primeira vez que tu me botou pra fazer solo, fiquei apavorada!! Cantei a
música “Isto aqui o que é”, foi no encontro de coros. Eu fiquei feliz e ao mesmo
tempo assustada. [...] aquele encontro foi inesquecível, não só pelo solo, mas