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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
INSTITUTO DE PSICOLOGIA
Programa de Pós-Graduação em Psicologia - Mestrado
Área de Concentração: Psicologia Aplicada
SARA CRISTINA DE ASSUNÇÃO MELO
BEM-ESTAR SUBJETIVO E BEM-ESTAR NO TRABALHO: UM
ESTUDO COM IDOSOS QUE TRABALHAM
UBERLÂNDIA
2007
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SARA CRISTINA DE ASSUNÇÃO MELO
BEM-ESTAR SUBJETIVO E BEM-ESTAR NO TRABALHO:
UM ESTUDO COM IDOSOS QUE TRABALHAM
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Psicologia - Mestrado, do Instituto de
Psicologia da Universidade Federal de Uberlândia, como
requisito parcial à obtenção do Título de Mestre em
Psicologia Aplicada.
Área de Concentração: Psicologia Aplicada
Orientadora: Profª D Maria do Carmo Fernandes
Martins
Co-orientadora: Profª Drª Sueli Aparecida Freire
UBERLÂNDIA
2007
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
M528b
Melo, Sara Cristina de Assunção, 1982-
Bem-estar subjetivo e bem-estar no trabalho : um estudo com
idosos que trabalham / Sara Cristina de Assunção Melo. - 2007.
91 f. : il.
Orientadora : Maria do Carmo Fernandes Martins.
Co-orientadora : Sueli Aparecida Freire.
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Uberlândia,
Programa de Pós-Graduação em Psicologia.
1. Satisfação no trabalho - Teses. 2. Idosos. 3. Voluntários -
Teses I. Martins, Maria do Carmo Fernandes. II. Freire, Sueli Apa-
recida. III. Universidade Federal de Uberlândia. Programa de Pós-
Graduação em Psicologia. IV. Título.
CDU: 159.944
Elaborado pelo Sistema de Bibliotecas da UFU / Setor de Catalogação e Classificação –
mg-03/07
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SARA CRISTINA DE ASSUNÇÃO MELO
BEM-ESTAR SUBJETIVO E BEM-ESTAR NO TRABALHO: UM
ESTUDO COM IDOSOS QUE TRABALHAM
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Psicologia - Mestrado, do Instituto
de Psicologia da Universidade Federal de
Uberlândia, como requisito parcial à obtenção do
Título de Mestre em Psicologia Aplicada.
Área de Concentração: Psicologia Aplicada
Orientador(a):Profª Drª Maria do Carmo Fernandes
Martins
Co-orientadora: Profª Drª Sueli Aparecida Freire
Banca Examinadora:
Uberlândia, 28 de Fevereiro de 2007.
Profª Drª Maria do Carmo Fernandes Martins - UFU
Profª Drª Marineia Crosara de Resende – Unitri
Profª Drª Geni de Araújo Costa – UFU
UBERLÂNDIA
2007
4
Dedico esse trabalho ao meu querido esposo,
aos meus carinhosos pais e aos meus amados irmãos.
5
AGRADECIMENTOS
Ao meu Deus, minha gratidão, por tudo o que tem feito por mim, por tudo o que vai
fazer, por me dar mais esta conquista. A Ti, Senhor, toda honra e toda glória.
Aos meus pais, Remi e Lúcia, por me ajudarem a trilhar caminhos que me levaram ao
mestrado, meus agradecimentos pela oportunidade de acesso ao conhecimento, pelo amor,
carinho e cuidado comigo.
Ao meu esposo, Júnior, por dar-me tanta felicidade. Obrigada por ser meu
incentivador amoroso, meu companheiro de cada dia, por cuidar de mim e torcer pelo meu
sucesso.
Aos meus irmãos queridos, Thaíza e Remi Humberto, pelo incentivo e apoio
prestados.
Aos meus familiares, por desejarem a minha vitória nesse mestrado.
Aos meus sogros e cunhados, pelo empenho em encontrar idosos para a pesquisa.
Obrigada a vocês José Alves, Marta, Wellington, Denise e Eduardo.
À querida Sueli, minha orientadora e amiga, minha sincera gratidão pelas orientações
e conselhos que extrapolaram os limites da formação acadêmica, demonstrando a grande
educadora que é. Obrigada pelas conversas, por me mostrar a realidade das pessoas e do
mundo, por discutir assuntos de meu interesse pessoal, por fazer parte da minha vida. As
lembranças desses cinco anos de relacionamento ficarão guardadas, com muita saudade, no
meu coração.
À minha orientadora Maria do Carmo pela disposição e pela especial atenção na
orientação desse trabalho.
6
As minhas caríssimas amigas, Cíntia, Marcela, Alessandra e Chrystiane pelo convívio
durante tantos anos, vocês são maravilhosas!
À Universidade Federal de Uberlândia, especialmente a Faculdade de Psicologia e ao
Programa de Pós-graduação, por possibilitar meu crescimento e desenvolvimento
profissional.
À querida Marineide, secretária do programa de pós-graduação, pelo tratamento
sempre carinhoso comigo, por me lembrar das datas e dos documentos que precisavam ser
entregues.
A professora Geni, coordenadora do curso de Educação Física da Universidade
Federal de Uberlândia, pelas valiosas sugestões e por contribuir para a realização do meu
estágio em docência.
A professora Marineia pelos importantes apontamentos no anteprojeto e nesta
dissertação.
Aos idosos que participaram voluntariamente do estudo e possibilitaram a
concretização desse sonho.
À CAPES, pelo apoio financeiro fundamental para que eu cursasse o mestrado.
7
“Porque desde a antiguidade não se ouviu
nem com ouvidos se percebeu, nem com os
olhos se viu Deus além de ti, que trabalha para
aquele que nele espera”. Is 64:4
8
RESUMO
O objetivo deste estudo foi verificar se diferenças entre idosos voluntários e trabalhadores
formais quanto ao nível de bem-estar subjetivo (BES), medido por duas escalas (Satisfação
Geral com a Vida e Ânimo Positivo e Negativo) e de bem-estar no trabalho (BET), medido
pelas escalas de Indicadores de BET. A amostra foi composta por 53 pessoas (25 voluntários
e 28 trabalhadores formais). A idade média dos voluntários foi de 65 anos e a dos
trabalhadores formais foi de 64 anos. Os resultados indicaram um alto nível de BES entre
todos participantes com nível maior entre os voluntários. Estes também mostraram nível
significativamente maior de BET. Os dados ainda apontaram uma relação alta e positiva entre
BES e BET.
Palavras-chave: Idosos, Bem-estar Subjetivo, Bem-estar no Trabalho.
9
ABSTRACT
The objective of this study was to verify if there is any difference between aged volunteers
and formal aged workers concerning the level of subjective well-being (SWB), measured by
two scales (General Satisfaction with Life and Positive and Negative Mood) and to the level
of well-being at work (WBW), measured by the WBW Pointers' scales. The sample was
composed of 53 people (25 volunteers and 28 formal workers). The average age of the
volunteers was 65 and that of the formal workers was 64. The results indicated a high level of
SWB among all participants holding a higher level among the volunteers. They also showed a
significantly higher level of WBW. The data had also pointed to a high and positive
relationship between SWB and WBW.
Key-words: Aged, Subjective Well-Being, Well-Being at Work.
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Caracterização do grupo de voluntários.
45
Tabela 2. Caracterização do grupo de trabalhadores formais.
47
Tabela 3. Resultados da ANOVA calculada para verificar diferenças entre os
grupos quanto à satisfação geral com a vida (SGV), ânimo positivo, ânimo
negativo, envolvimento com o trabalho, fatores de satisfação no trabalho e
comprometimento organizacional afetivo.
55
Tabela 4. Tipo de trabalho, médias e desvios-padrão de satisfação geral com a vida,
ânimo positivo e ânimo negativo.
57
Tabela 5. Médias e desvios-padrão das dimensões de satisfação no trabalho.
60
Tabela 6. Tipo de trabalho, médias e desvios padrão de Bem-estar no Trabalho. 64
11
SUMÁRIO
Apresentação 13
Capítulo I - Introdução 16
Capítulo II - Bem-estar subjetivo e bem-estar no trabalho 25
Bem-estar subjetivo 26
Bem-estar subjetivo e idade 29
Bem-estar subjetivo e trabalho na velhice 30
Satisfação com a vida e satisfação com o trabalho 35
Bem-estar no trabalho 39
Objetivos 41
Capítulo III - Método 43
Participantes 43
Instrumentos 47
Procedimento - Coleta de dados 49
Procedimento - Análise de dados 51
Capítulo IV - Resultados e Discussão 54
Capítulo V - Considerações finais 70
Referências Bibliográficas 72
Apêndices
Apêndice 1. Ficha de Informações Sócio-Demográficas. 81
Apêndice 2. Escala de Satisfação Geral com a Vida - ESGV. 82
Apêndice 3. Escala de Ânimo Positivo e Negativo. 83
Apêndice 4. Escala de Envolvimento com o Trabalho. 84
Apêndice 5. Escala de Satisfação no Trabalho. 85
12
Apêndice 6. Escala de Comprometimento Organizacional Afetivo. 86
Apêndice 7. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. 87
Apêndice 8. Esclarecimentos sobre a Pesquisa. 89
Apêndice 9. Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa 91
13
APRESENTAÇÃO
Nos dias atuais tem sido observado um crescimento acelerado da população idosa em
todo o mundo, mas de forma mais acentuada nos países em desenvolvimento. O aumento do
número de pessoas mais velhas é conhecido como fenômeno do envelhecimento populacional
e o Brasil acompanha essa tendência mundial. Segundo o Censo de 2000 a proporção de
idosos brasileiros, no início da década, era de 8,6% do total da população demonstrando uma
parcela bastante elevada de pessoas com 60 anos ou mais de idade e uma propensão de
crescimento desse segmento para os próximos anos com projeções que indicam para o ano de
2020 que 13% da população brasileira será formada por pessoas idosas (Mori, 2006).
Com o envelhecimento populacional diversos setores da sociedade mobilizam-se, seja
buscando informações e conhecimentos sobre o envelhecimento e a velhice seja
implementando ações concretas para atender às demandas surgidas nesse contexto. Diante da
nova realidade é importante pensar, discutir e administrar questões sobre idade, gênero,
trabalho e lazer na última fase da vida (Debert, 1999).
A proposta do presente estudo é contribuir para a ampliação de conhecimentos sobre a
participação do idoso no mercado de trabalho formal e no exercício de atividades voluntárias.
Além disso, pretende-se que as questões aqui discutidas possam ser utilizadas como forma de
reflexão e aprimoramento da prática de profissionais que atuam com essa população e,
também, auxiliar o idoso que vivencia as realidades expostas nessa discussão.
Neri (2002 apud Mori, 2006) aponta que os idosos têm muito para oferecer à
sociedade, contrapondo o mito de que eles não têm nenhuma contribuição a dar. Ao contrário
do que alguns acreditam, a pessoa mais velha pode ser produtiva trabalhando no mercado
formal ou informal, realizando trabalhos voluntários na comunidade, através de ONGs ou
14
informalmente, além de contribuir na divisão das tarefas e afazeres da família como cuidar de
netos, da casa, de pessoas doentes e de outros idosos.
Nesse sentido, essa dissertação foi estruturada de modo a responder aos seguintes
questionamentos:
O idoso que trabalha apresenta alto nível de satisfação com a vida?
Existe diferença entre idosos trabalhadores formais e voluntários, quanto ao nível de
Bem-estar Subjetivo?
A satisfação com a vida pode estar relacionada com a satisfação com o trabalho na
velhice?
Existe diferença entre idosos trabalhadores formais e voluntários, quanto ao nível de
Bem-estar no Trabalho?
Dessa forma, este estudo foi organizado em capítulos que discorrem sobre os temas
necessários a compreensão das questões aqui levantadas.
O Capítulo 1 traz uma breve explanação sobre o envelhecimento populacional, aponta
como tem sido estudada a velhice e descreve as contribuições de diferentes áreas da
Psicologia para o campo do envelhecimento.
O Capítulo 2 inicia definindo o Bem-estar Subjetivo, aponta sua relação com a idade e
com o trabalho na velhice e apresenta estudos e pesquisas relacionados com esse tema. Em
seguida, expõe o conceito de satisfação com o trabalho e sua relação com a satisfação com a
vida; descreve a falta de clareza relacionada a aspectos da satisfação com o trabalho e explica
o construto Bem-estar no Trabalho. Por último apresenta os objetivos de pesquisa.
O Capítulo 3 trata do método de investigação utilizado no estudo, caracteriza os
participantes, descreve os instrumentos e os procedimentos para coleta e análise dos dados.
O Capítulo 4 é dedicado à descrição e discussão dos resultados encontrados
concomitantemente.
15
O Capítulo 5 aborda as considerações finais, onde são indicadas as limitações da
pesquisa e recomendadas outras possibilidades de investigação, enfatizando a importância de
se continuar os estudos sobre a temática Bem-estar Subjetivo e Bem-estar no Trabalho com a
população idosa.
16
CAPÍTULO I
___________________________________________________________________________
INTRODUÇÃO
O crescimento acelerado do número de pessoas na velhice tem atraído a atenção de
todos os setores da sociedade para a realidade do envelhecimento populacional. Este
fenômeno mundial configura-se em nosso país em decorrência das transformações na
estrutura etária, resultantes da combinação do declínio da mortalidade infantil, redução da
natalidade, aumento da sobrevivência em coortes adultas sucessivas e aumento da expectativa
de vida na velhice (Neri, 2004; Papaléo Netto, 2002).
As estatísticas apontam que o segmento que mais aumentará no período entre os anos
de 2000 e 2020 será o de pessoas acima de 50 anos de idade, quando o contigente de idosos
corresponderá a 13% da população brasileira. Em São Paulo, cidade com 21% da população
brasileira, o número de idosos apresentou um acréscimo significativo no período entre os anos
de 2000 e 2005, chegando a 510 mil pessoas com idade acima de 60 anos, segundo os dados
da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados - Seade e o Censo demográfico do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (Demografia, 2005).
As transformações advindas desse fenômeno desafiam governantes, estudiosos e
profissionais que atuam no campo do envelhecimento. À medida que o contingente de idosos
torna-se mais numeroso, fortes impactos são percebidos no sistema previdenciário, que, a
proporção de pessoas economicamente ativas tem diminuído gerando grandes déficits de
contribuição e no sistema de saúde, cujas instituições não estão devidamente equipadas para
um aumento de demanda. Nesse contexto, torna-se urgente o repensar de questões como idade
para a aposentadoria, manutenção desse benefício, modelo de contribuição e planos de
carreiras voltados para pessoas mais velhas (Camarano, 2001; Neri,1995; Rodrigues & Rauth,
2002).
17
Em geral, as investigações acerca do crescimento da população idosa estão mais
focadas nas conseqüências negativas decorrentes desse fenômeno. Uma explicação para isto
está na crença de que o envelhecimento só trás perdas, representando um processo de
decadência e degradação culminando na velhice freqüentemente associada à doença (Freire,
2001).
Nesse contexto, a Psicologia do Envelhecimento ganha destaque ao ampliar os estudos
sobre a velhice e o processo de envelhecer, demonstrando os ganhos que ocorrem na última
fase da vida e as diferentes experiências de envelhecimento. Assim, essa área da Psicologia
tem muito a contribuir para a promoção de um envelhecimento saudável e com qualidade de
vida, apresentando a possibilidade das pessoas planejarem sua velhice e desenvolvendo ações
preventivas como promoção em saúde, treino de habilidades sociais e planejamento de
carreira, voltadas a população que está envelhecendo.
Estruturada na década de 50, a Psicologia do Envelhecimento estendeu os estudos
sobre o desenvolvimento humano através de um olhar atento às primeiras experiências do
indivíduo e suas conseqüências nas fases seguintes, e também na direção contrária,
levantando indagações acerca dos precursores da velhice e elementos determinantes para as
diferentes experiências da última etapa da vida. A preocupação em conhecer mais sobre o
desenvolvimento adulto e a velhice expandiu e acrescentou novos contextos pesquisados,
abrangendo áreas como o trabalho, o lazer, estudos em instituições de longa permanência,
entre outros (Neri, 1995).
Os avanços nessa área permitiram entender que a manifestação das alterações do
envelhecimento, resultantes da interação de eventos biológicos, ecológicos, psicológicos e
socioculturais, não ocorre de forma homôgenea para todos os idosos, segundo o critério da
idade cronológica. Isso significa dizer que nem todos os idosos vivem a mesma experiência de
velhice, pois uma variabilidade no decorrer do processo de envelhecer em conseqüência da
18
combinação de fatores intrínsecos e extrínsecos (dieta, exercícios físicos e causas
psicossociais) de cada indivíduo (Goldstein & Siqueira, 2000; Papaléo Netto, 2002). Dessa
forma, pensar na velhice de forma homogênea é reduzir a visão da atenção ao idoso e não
oferecer atendimento adequado às necessidades dessa parcela da população.
Os pesquisadores têm indicado que é possível envelhecer de diferentes formas,
trazendo com isso diferentes experiências de velhice, que podem ser classificadas como
normal ou satisfatória, patológica e bem-sucedida ou ótima. É interessante apresentar essas
diferentes formas de envelhecimento, como têm sido descritas na literatura (Goldstein &
Siqueira, 2000; Neri & Yassuda, 2004; Papaléo Netto, 2002).
No envelhecimento normal, vivenciado pela maioria das pessoas, ocorrem
transformações consideradas usuais no processo, como o declínio progressivo de diversas
funções orgânicas e o aumento da probabilidade do indivíduo morrer. Estas mudanças podem
ser intensificadas quando associadas a fatores extrínsecos como sedentarismo, dieta
desequilibrada e estresse. O indivíduo que envelhece desse modo pode ser acometido por
doenças, mas geralmente consegue administrar bem suas conseqüências e prejuízos,
empregando diferentes estratégias de enfrentamento e adaptação, havendo pouca perda de sua
funcionalidade (Neri &Yassuda, 2004; Papaléo Netto & Ponte, 1996).
Quando os efeitos do envelhecimento normal são mínimos e a ação de fatores
extrínsecos é reduzida, fala-se em envelhecimento bem-sucedido ou ótimo. Os critérios para
definir o envelhecimento ótimo envolvem a distância das características do envelhecimento
normal e patológico e o: a ausência de doenças crônicas e de fatores de risco, manutenção
do funcionamento do indivíduo, estilo saudável de vida, atividade e envolvimento social (Neri
& Yassuda, 2004; Papaléo Netto & Ponte, 1996; Rowe & Kahan, 1998).
Idosos que têm um envelhecimento bem-sucedido preservam seu potencial para se
desenvolver, minimizando os prejuízos decorrentes das perdas normais e mantendo seu
19
desempenho dentro dos limites de sua plasticidade individual. Porém, poucas são as pessoas
que desfrutam desse padrão, que é necessária a interação entre elementos como o estilo de
vida, condições sócio-econômicas e culturais e, ainda, a atuação decisiva da genética para a
caracterização do processo (Neri & Cachioni, 1999; Neri & Yassuda, 2004). No entanto, é
importante estudar os efeitos desse tipo de envelhecimento para veicular informações e
executar ações que facilitem uma velhice com qualidade de vida para um número maior de
pessoas.
O envelhecimento patológico é caracterizado pela perda da funcionalidade do
indivíduo. Este está mais vulnerável e fragilizado, com maiores dificuldades de adaptação,
mais propenso ao aparecimento e agravamento de doenças que levam a incapacitação e a
perdas irreversíveis (Neri & Yassuda, 2004).
É interessante destacar que as transformações ocorridas durante o processo de
envelhecimento abrangem os veis biológico, psicológico e social e que as características de
cada experiência de velhice ocorrerão de forma variável conforme a interação das mudanças
surgidas durante todo ciclo de vida do indivíduo, sua história pessoal, sua personalidade e
suas experiências sociais mais importantes (Goldstein & Siqueira, 2000).
Levando-se em conta as conseqüências do envelhecimento populacional para o
indivíduo e para a sociedade, a própria heterogeneidade da velhice e a distinção dos padrões
de envelhecimento torna-se necessário ampliar os conhecimentos dos fatores que facilitam a
boa velhice de forma a criar condições de sua ocorrência para um número cada vez maior de
pessoas.
Nesse sentido, a Psicologia da Saúde pode trazer importante contribuição para a
promoção do envelhecimento saudável e da boa qualidade de vida na velhice. Essa área de
estudo foi fundada no final da década de 70 como a Divisão 38 da Associação Americana de
Psicologia e, de acordo com Matarazzo (1982 apud Marks, 2002, p. 12) ela
20
...agrega o conhecimento educacional, científico e profissional da disciplina
Psicologia para utilizá-lo na promoção e na manutenção da saúde, na prevenção e no
tratamento da doença, na identificação da etiologia e no diagnóstico relacionados à
saúde, à doença e às disfunções, bem como no aperfeiçoamento do sistema de política
da saúde.
Após 25 anos de criação dessa Divisão, os psicólogos da saúde, ancorados em um
modelo biopsicossocial e atentos aos componentes objetivos e subjetivos do processo saúde
doença, têm conseguido progressos na difusão da contribuição potencial da pesquisa e da
prática psicológica no cuidado à saúde física, e no reconhecimento de que experiências
psicológicas e comportamentos sociais estão relacionados aos processos biológicos, existindo
uma interdependência entre saúde física e saúde mental (Brito & Litvoc, 2004; Nicassio,
Meyerowitz & Kerns, 2004; Smith & Suls, 2004).
A necessidade de pesquisar os vários determinantes do processo saúde-doença foi
impulsionada pela divulgação da noção de saúde da Organização Mundial de Saúde (OMS),
que a definiu “como o completo bem-estar físico, mental e social, e não somente ausência de
doença” (Angerami-Camon, 2004, p.8). Nesse sentido, tal autor considera que a ação da
Psicologia da Saúde deve estar voltada para uma prática multi e interdisciplinar que conduza
o indivíduo à busca do bem-estar físico, mental e social.
Assim, nas questões relacionadas à saúde na velhice, os psicólogos podem propor
ações que atendam às demandas dos idosos e que promovam o envelhecimento saudável,
veiculando informações atualizadas sobre o processo saúde - doença e desenvolvendo ações
direcionadas à preservação da autonomia funcional e à manutenção da boa qualidade de vida,
além de adequadas à realidade vivida por essa camada da população. As ações no campo da
Psicologia da Saúde podem, também, ser voltadas aos profissionais, cuidadores e familiares,
instrumentalizando-os para melhor atender as necessidades dos idosos. Daí a importância de
21
se proporcionar subsídios para a implementação de programas de intervenção e pesquisa, e
para a criação de estruturas de apoio visando o atendimento nas áreas de saúde, lazer e
recreação (Freire, 2001).
Como a Psicologia da Saúde pode enfocar diversos campos, a saber o clínico, o
comunitário e o público, e pode desenvolver uma prática preventiva nos níveis primário,
secundário e terciário, é útil pensar em quais poderiam ser suas ações na área da
psicogerontologia.
De acordo com Freire, Sommerhalder e Silveira (2003) e Freire (2004), no campo
clínico, as ações poderiam ser dirigidas ao atendimento dos idosos doentes, esclarecendo as
possíveis causas de sua doença, sintomatologia e efeitos da medicação, auxiliando-os a
compreender sua enfermidade e lidar com as limitações e sofrimentos decorrentes de sua
condição. O trabalho com o cuidador e a família complementaria a atuação do psicólogo ao
analisar e discutir as mudanças que ocorrem nas relações interpessoais dos indivíduos e
ajudando-os a encontrar estratégias para enfrentar as dificuldades da vida cotidiana. A ação
com a equipe de saúde também seria importante, uma vez que, estereótipos, crenças e medos
em relação à velhice, que eventualmente interferem no desenvolvimento de seu trabalho,
poderiam ser analisados e modificados.
De acordo com Freire (2004), no campo da saúde comunitária poderiam ser
desenvolvidos programas em escolas, associações, clubes e locais de trabalho para veicular
informações acerca do processo de envelhecimento, visando diminuir a incidência de
comportamentos de risco como fumar e beber em excesso, modificar hábitos alimentares e
promover o envelhecimento saudável. Além disso, também seria importante a criação de
projetos que incentivem a colaboração entre jovens e idosos, facilitando assim o
desenvolvimento de relações intergeracionais.
22
Outro tipo de ação educativa poderia ser desenvolvido com grupos específicos de
adultos mais velhos e idosos, como os de diabéticos e de hipertensos, auxiliando na
reabilitação e controle dessas doenças, bem como promovendo o desenvolvimento e
manutenção de hábitos saudáveis que contribuiriam para a velhice satisfatória, apesar da
presença dessas doenças crônicas. A atuação em grupos temáticos abordando temas como
preparação para a aposentadoria, ocupação do tempo livre e reformulação de metas, também
poderiam ser realizados (Freire, 2004).
a Psicologia da Saúde crítica pode auxiliar as investigações e avaliações acerca da
efetividade social dos programas de acordo com as demandas das pessoas idosas, das
intervenções no vel individual e nível comunitário, de políticas públicas e de ações
interdisciplinares e multidisciplinares (Stuart-Hamilton, 2002).
Feitas as considerações sobre as ações dentro da Psicologia da Saúde cabe ressaltar os
avanços nos estudos e pesquisas desse campo. Dentro da literatura sobre envelhecimento e
saúde, percebe-se a preocupação com temas relacionados aos tratamentos e serviços de saúde,
gastos com a previdência, a situação do idoso e sua família entre outros. Entretanto, alguns
estudiosos têm enfatizado a necessidade de discutir temas como qualidade de vida e bem-estar
dos idosos, além de investigar a experiência positiva dos indivíduos e os determinantes de
uma boa vida (Paschoal, 2002; Seligman & Csikszentmihalyi, 2000).
Nesse contexto, um movimento que em anos recentes ganhou atenção especial dos
psicólogos, a Psicologia Positiva, tem oferecido contribuições com o estudo do
funcionamento de pessoas normais em detrimento do modelo de doença do funcionamento
humano e tem como objetivo melhorar a qualidade de vida das pessoas e a prevenção de
patologias. Embora amplamente divulgado a partir de 1999, a Psicologia Positiva tem
crescido rapidamente e conquistado muitos adeptos interessados em investigar, inclusive,
23
assuntos antes negligenciados ou raramente estudados (Seligman & Csikszentmihalyi, 2000;
Simonton & Baumeister, 2005).
O campo de estudo da Psicologia Positiva compreende três níveis de pesquisa sobre a
experiência psicológica que destacam a experiência subjetiva positiva no vel subjetivo; o
conhecimento de traços pessoais positivos no nível individual; e as investigações de
instituições positivas no nível grupal. Como exemplo de temas característicos de cada nível
podem ser citados o estudo sobre o bem-estar, as habilidades interpessoais e as virtudes
cívicas respectivamente (Seligman & Csikszentmihalyi, 2000).
Pode-se dizer que o interesse do movimento está em conhecer e otimizar o
funcionamento de pessoas normais, atuando para que estas sejam fortes, mais produtivas e
atinjam um alto potencial, vivenciando uma boa vida. Assim, os estudos acerca do que seja
boa qualidade de vida e bem-estar, bem como de seus determinantes, poderiam ser
considerados como pertencendo também ao campo da Psicologia Positiva.
Discussões acerca dos determinantes de uma boa vida e de uma boa sociedade são
numerosas entre os estudiosos e estão presentes na literatura desde a época de conhecidos
filósofos como Aristóteles e Emmanuel Kant. As definições de qualidade de vida baseiam-se
em diferentes abordagens filosóficas que consideram a boa vida relacionada a indicadores
sociais tradicionais ou circunstâncias objetivas e medidas subjetivas (Diener & Suh, 1997).
Uma concepção da boa vida caracteriza-a como uma conduta adequada aos padrões
definidos pela norma social e ditada pela religião, pela filosofia e outros sistemas. Outra
concepção é aquela que a relaciona com a satisfação das preferências do indivíduo e a
obtenção das coisas por ele desejadas. Há, ainda, a definição de uma vida boa relacionada aos
sentimentos individuais experimentados como alegria e satisfação com a vida, mais
estreitamente ligada à idéia de bem-estar. Dessa forma, percebe-se que não existe um
24
consenso na definição de qualidade de vida, sendo possível concebê-la e estudá-la a partir de
diferentes visões (Diener & Suh, 1997; Diener, Suh, Lucas & Smith, 1999).
25
CAPÍTULO II
___________________________________________________________________________
BEM-ESTAR SUBJETIVO E BEM-ESTAR NO TRABALHO
O interesse em estudos sobre qualidade de vida vem crescendo nos últimos anos e essa
preocupação é verificada em diferentes áreas do saber. Temas como qualidade de vida no
trabalho, felicidade, satisfação com a vida, qualidade da boa morte, satisfação com o trabalho
são encontrados com freqüência na literatura.
Apesar de haver divergências quanto à definição de uma boa vida, os estudiosos têm
reconhecido que os indicadores sociais são insuficientes para definir e discutir a qualidade de
vida, sendo necessário incluir as concepções do próprio indivíduo, ou seja, o elemento
subjetivo (Diener & Suh, 1997; Diener et al., 1999).
Lawton (1991) definiu qualidade de vida como um construto que contempla múltiplas
dimensões, objetivas e subjetivas, que se relacionam entre si, cuja avaliação abarca critérios
intrapessoais e sócio-normativos, observados na relação do indivíduo com seu ambiente físico
e social, na sua história presente, passada e futura.
Dentro desse modelo teórico, a investigação da qualidade de vida é feita a partir de
quatro setores:
a) Competência comportamental - refere-se ao desempenho do indivíduo nas várias
situações da vida e representa a avaliação que ele faz de sua saúde, funcionalidade
física, cognição, comportamento social e utilização do tempo;
b) Condições ambientais - refere ao ambiente ecológico em que vive o indivíduo que
deve oferecer condições de vida adequadas, tendo relação direta com sua competência
comportamental;
26
c) Qualidade de vida percebida - resulta da avaliação que o próprio indivíduo faz sobre
seu funcionamento em qualquer domínio de suas competências comportamentais e das
condições do ambiente em que vive ;
d) Bem-estar Psicológico - refere-se à avaliação das competências pessoais e da
qualidade de vida percebida em todos os domínios da vida atual. Implica em uma
interpretação subjetiva sobre todos os aspectos das experiências passada, presente e
futura. Pessoas com bem-estar psicológico têm habilidades para adaptar-se às perdas e
para assimilar informações positivas sobre o self. Os indicadores do bem-estar
psicológico incluem a saúde mental, os julgamentos cognitivos (satisfação com a vida)
e as experiências emocionais positivas ou negativas (afetos positivos e negativos)
(Lawton, 1991).
No presente estudo será investigada a satisfação com a vida e os afetos, dois dos
indicadores do bem-estar psicológico, de acordo com a proposta de Lawton (1991) em seu
modelo teórico de qualidade de vida.
1. Bem-estar subjetivo
A literatura trata tais indicadores como medidas de bem-estar subjetivo (BES), tema
bastante investigado por estudiosos e pesquisadores empenhados na compreensão do que seja
uma existência feliz e na descoberta de quais são os determinantes da boa vida.
Pesquisado em campos científicos como Psicologia, Economia e Gerontologia, e sob
diferentes nomeações tais como felicidade, satisfação e afeto positivo, o estudo do BES
ampliou a idéia de saúde e qualidade de vida e constituiu uma das áreas focadas no
funcionamento humano positivo, reforçando o movimento da Psicologia Positiva e
estabelecendo-se como recurso importante nas avaliações relacionadas à Psicologia da Saúde.
27
A investigação do BES adquiriu importância por ser uma medida subjetiva que avalia
a qualidade de vida de indivíduos e sociedade e complementa as avaliações objetivas baseadas
em indicadores sociais como renda per capita, índices econômicos, e índices de violência.
Além disso, através da medida do BES é possível conhecer pelo próprio relato do indivíduo o
que é bom para sua vida podendo, assim, efetivar intervenções para que suas demandas sejam
assistidas (Diener, Oishi & Lucas, 2003; Giacomoni, 2004).
O termo bem-estar subjetivo foi criado por Diener em 1984, após uma revisão de
estudos sobre bem-estar e felicidade. O autor delimitou e distinguiu o conceito a partir de três
características fundamentais: a subjetividade, medidas positivas e uma avaliação global. A
subjetividade refere-se a uma experiência consciente do indivíduo que não pode ser avaliada
mediante condições externas e sim a partir do auto-relato do indivíduo que se baseia em seus
padrões, valores e crenças para determinar o que é a vida feliz. A segunda característica
expressa que a medida de afetos positivos é predominante no estudo do BES o que não
implica a ausência de afetos negativos, mas a preponderância daqueles. O terceiro aspecto
significa que o BES inclui uma ênfase na avaliação global dos diferentes aspectos da vida da
pessoa, apesar da possibilidade de poder avaliar o afeto e a satisfação com domínios
específicos da vida.
O BES caracteriza-se por ser um construto multidimensional que abrange uma
dimensão afetiva e uma dimensão cognitiva. A primeira trata das experiências emocionais
positivas e negativas e do equilíbrio entre o afeto negativo, caracterizado por emoções
desagradáveis, e o afeto positivo manifestado em sentimentos de prazer e contentamento. Já a
segunda, trata do julgamento do indivíduo sobre sua satisfação com a vida, geral ou
referenciada a domínios como trabalho, casamento e saúde, e abrange a satisfação com o
passado, com a vida atual e com a vida futura (Diener & Suh, 1997; Freire, 2001; Neri, 2001).
28
As pesquisas nesse campo destinam-se a investigar os determinantes do BES e os
fatores que influenciam o aumento ou diminuição de seu nível. Segundo Diener e Suh,
(1997), as investigações são feitas a partir da avaliação de uma de suas dimensões ou das duas
em conjunto. Segundo Giacomoni (2004), recentemente foram disponibilizados diversos
métodos de avaliação do BES, que têm sido utilizados em pesquisas, como: escores de
descritores qualitativos da vida das pessoas; medição das reações a estímulos emocionais
ambíguos; registros de lembranças de eventos bons e ruins das pessoas; freqüência de
sorrisos; habilidade de lembrar acontecimentos agradáveis ou desagradáveis que ocorreram na
vida do indivíduo; relatos de familiares e/ou amigos sobre os níveis de satisfação e felicidade
da pessoa; medidas fisiológicas que incluem os níveis de cortisol salivar e medidas
eletrofisiológicas obtidas através de eletroencefalografias.
A investigação sobre o BES, que teve seu início nos Estados Unidos, tenta relacioná-
lo com diversas variáveis como religião, estado civil, diferenças de gênero entre outras.
Muitos estudos buscaram verificar o papel da cultura e os fatores responsáveis pela
variabilidade dos níveis desse construto em diferentes países. Nesse caso, não houve consenso
com relação ao quanto o nível de BES é determinado por causas individuais ou culturais, mas
os estudos indicaram diferenças entre as nações (Albuquerque & Tróccoli, 2004; Diener et al.,
2003).
Estudos transculturais sobre a relação entre renda e BES mostraram que a riqueza
pode contribuir para o BES por possibilitar a satisfação das necessidades básicas do
indivíduo. a pobreza pode afetar o BES na medida em que necessidades como abrigo,
alimento e cuidado a saúde não são atendidas. Além disso, de acordo com essas pesquisas,
quando as pessoas valorizam mais o dinheiro que outros objetivos de vida, mostram-se menos
satisfeitas. Entretanto, as pesquisas não são conclusivas e indicam a necessidade de maior
29
investigação sobre a relação entre essas variáveis (Albuquerque & Tróccoli, 2004; Diener et
al., 1999; Richinis & Dawson, 1992).
Em outros estudos foi investigada a relação entre BES e variáveis como saúde (Diener
et al., 1999), relações sociais (Diener & Seligman, 2002), desemprego (Diener et al., 1999) e
satisfação com o trabalho (Diener et al., 1999). Tais estudos indicaram que o nível de BES é
influenciado por essas variáveis. O impacto da saúde sobre o BES depende mais da percepção
que o indivíduo tem de sua saúde do que das condições objetivas de saúde. No entanto, a
presença de problemas múltiplos ou crônicos que interferem em objetivos importantes da
pessoa pode influenciar negativamente o BES (Diener et al., 1999). Boas relações sociais
parecem ser uma condição necessária para a alta felicidade e pessoas muito felizes têm ricos e
satisfatórios relacionamentos com os outros (Diener & Seligman, 2002). Diener et al. (1999)
apontaram autores que discorrem sobre as conseqüências do desemprego: um alto nível de
estresse e baixa satisfação com a vida, gerando um baixo nível de BES. Esses autores
indicaram outros estudos que demonstraram uma correlação entre satisfação com o trabalho e
satisfação com a vida, mas não foi encontrada a direção causal dessa relação.
2. Bem-estar subjetivo e idade
Diener et. al (1999) discorreram sobre a relação entre idade e BES e apontaram que
satisfação com a vida e a experiência de desprazer ou afeto negativo não declinam com a
idade, apesar de haver um declínio de afeto positivo. Esses achados divergiram de revisões
anteriores que consideravam a juventude um preditor da felicidade. Uma explicação para a
discrepância entre os achados está no fato de que, mesmo com perdas como a morte do
cônjuge e mudanças de renda, os idosos atuais usufruem de mais saúde e permanecem
envolvidos em atividades nos diferentes setores da vida, quando comparados às gerações
anteriores.
30
Em outro estudo (Mroczek & Spiro III, 2005), os achados indicaram uma associação
curvilínea (U-invertido) entre idade e satisfação com a vida sendo que houve um aumento do
nível de satisfação entre as idades de 65 e 70 anos, aproximadamente, e depois um declínio.
Nesse estudo, houve diferenças individuais significativas mostrando que nem todos os
participantes apresentaram mudanças no vel de satisfação com a vida. Os autores
consideraram que essa associação curvilínea pode ser decorrente do próprio envelhecimento,
que esse processo traz ganhos e perdas e existe evidência de que o bem-estar diminui
consideravelmente após os 85 anos de idade. Foi, também, considerada a influência de
circunstâncias históricas vivenciadas pelos participantes.
Giacomoni (2004) aponta, porém, que quando são considerados todos os fatores
demográficos em conjunto, eles não produzem muitos efeitos para a variância do bem-estar
subjetivo.
3. Bem-estar subjetivo e trabalho na velhice
Com relação à variável trabalho, as investigações indicam uma relação positiva com o
BES. O trabalho, inclusive, é apontado como um dos componentes da felicidade humana,
especialmente nas sociedades capitalistas, nas quais tal atividade ocupa o papel central na
vida dos indivíduos. O grande interesse pelo estudo da relação entre trabalho e BES é
justificado pelo fato de que o trabalho está presente na vida do indivíduo durante todo o seu
desenvolvimento, desde os sonhos infantis sobre o futuro profissional até o planejamento feito
pelo adulto mais velho em relação ao período de vida após a aposentadoria (Diener et al,
1999; Martinez, Paraguay & Latorre, 2004; Papalia & Olds, 2000).
A palavra e o conceito de trabalho foram entendidos e caracterizados com sentidos
variados em diferentes épocas da história da humanidade. Sinônimo de fardo na Grécia
antiga; significando dor e escravidão na Grécia moderna; compreendido como punição de
31
Deus pela desobediência, no Velho Testamento bíblico e posteriormente, influenciado pelas
idéias de Martin Lutero, considerado como santo e um caminho para adorar a Deus, o trabalho
ganhou novos significados nos tempos contemporâneos. Hoje, ele é altamente valorizado pela
sociedade e o desemprego é relacionado com aflição e depressão (Iacovides, Fountoulakis,
Kaprinis & Kaprinis, 2003).
Mori (2006) apresenta em seu estudo algumas definições de outros autores sobre o
trabalho e diz que, de uma forma ampla, essa atividade é vista como uma tarefa de
transformação da matéria natural em um produto com o objetivo de satisfazer as necessidades
humanas, demonstrando a necessidade de um esforço e um conseqüente resultado.
Acrescenta, também, o conceito de trabalho como uma atividade específica do homem focada
na execução de projetos que alteram o ambiente e produz algo de valor para as pessoas. O
autor aponta ainda que, para muitos estudiosos da atualidade, o trabalho é considerado toda e
qualquer atividade realizada pelas pessoas assalariadas ou não.
Silva (2004) apresenta o conceito de trabalho como uma atividade coordenada, de
caráter físico e ou intelectual, necessária à realização de qualquer tarefa, serviço ou
empreendimento, demonstrando a realidade da divisão do trabalho observada pela
diferenciação entre as ocupações de trabalho intelectual (comando) e manual (execução).
A investigação da atividade laborativa nesse estudo pressupõe o conceito de trabalho
como a execução de uma ou mais tarefas que resultem em algo valoroso para a pessoa que
produz, com ou sem retorno financeiro para as mesmas.
O trabalho proporciona ao indivíduo status social e possibilidade de realização
pessoal, bem como serve de via de controle e sentido de segurança, além de ser uma
alternativa para o alcance de objetivos pessoais e profissionais. A atividade produtiva permite
o desenvolvimento de habilidades e o aumento de conhecimento, configurando-se como um
espaço para que relações interpessoais sejam estabelecidas. Quando é fonte de prazer, o
32
trabalho ganha importância para o sujeito e faz com que ele deseje permanecer produzindo,
porém se as condições de trabalho forem inadequadas, pode se transformar em uma atividade
que gera sofrimento (Mendes & Morrone, 2002; Traverso-Yépez, 2002).
É sabido que o estudo dessa atividade é complexo, pois o trabalho é uma área ampla
que sofre interferência de elementos diversos como variações culturais, diferenças de faixa
salarial, tipo de cargos, status entre outros. Todavia, não foi proposta da presente pesquisa
aprofundar o estudo sobre a relação do trabalho com esses elementos nem esgotar todos os
aspectos relacionados ao trabalho.
No entanto, reunir um maior número de conhecimentos acerca do papel do trabalho na
vida das pessoas e sua interferência na saúde e bem-estar, torna-se importante para evidenciar
alternativas que promovam qualidade de vida para trabalhadores e sociedade. Isso porque,
contribuindo para o bem-estar do indivíduo, pode-se evitar ou minimizar os efeitos de
conseqüências negativas em sua vida pessoal, no trabalho e repercussões na sociedade em que
ele vive. Além disso, atentando-se para o fenômeno do envelhecimento populacional, a maior
longevidade e o envelhecimento de boa parte dos trabalhadores, é necessário propor ações que
atendam as demandas dessa parcela da população e efetivar esforços para reduzir o impacto
das transformações que se configuram nesse contexto (Flap & Volker, 2001; Giatti & Barreto,
2003; Guibel & Klijn, 2003; Moulin, Wenichi & Reis, 2003; Papalia & Olds, 2000).
Na cultura ocidental observa-se que, à medida que o indivíduo envelhece, ele tende a
ser descartado do mercado de trabalho, seja através da aposentadoria, do desemprego ou do
trabalho informal. Se o idoso confere ao trabalho um papel central em sua vida, perceberá a
aposentadoria como um momento de perdas e mudanças importantes, tais como perda de
independência financeira, já que a aposentadoria muitas vezes é insuficiente, perda da
identificação, e mudanças na rotina, que podem conduzir a baixa satisfação com a vida e
riscos à saúde psicológica (Giatti & Barreto, 2003; Wu, Tang & Yan, 2005).
33
Em uma pesquisa, com 583 idosos do sul do país, entre os grupos que apresentaram
médias estatisticamente maiores de sintomas depressivos estava o grupo de indivíduos mais
velhos, com 75 anos ou mais de idade, com menor escolaridade e sem trabalho remunerado
(Gazalle, Lima, Tavares & Hallal, 2004).
Quando os idosos conseguem continuar trabalhando após os 65 anos, os tipos de
trabalho realizados encontrados no estudo de Giatti e Barreto (2003) incluem o trabalho
informal (sem carteira assinada ou contribuição para a previdência), trabalho autônomo,
trabalhos domésticos, cargos públicos entre outros empregos. As atividades concentram-se em
áreas como prestação de serviço, comércio, indústria de construção, atividades agrícolas, setor
social e indústria de transformações.
Um crescimento das pessoas mais velhas entre a população ocupada vem sendo
apontado em pesquisas realizadas pelo IBGE. Segundo a Pesquisa Mensal de Empregos em
seis regiões metropolitanas brasileiras, os trabalhadores com faixa etária acima de 50 anos
representavam 18,1% da população ocupada e foi a única faixa de idade que mostrou em
aumento de 2,7 pontos percentuais na participação no mercado de trabalho entre os meses de
Maio de 2002 a Maio de 2006. Com relação às pessoas com 60 anos ou mais, as estatísticas
apontaram que eles representavam mais da metade (52,7%) das pessoas com na faixa de idade
de 50 ou mais anos (dados referentes ao mês de Maio de 2006) e que 18,8% deles
trabalhavam (Cresce, 2006).
Wajnman, Oliveira e Oliveria (2004) apontaram que os idosos mais disponíveis para o
trabalho são aqueles que mais dependem dos ganhos econômicos dessa atividade e são
predominantemente homens, negros, chefes de família ou de renda familiar baixa, não-
aposentados e trabalhadores das ocupações manuais.
Para Bulla e Kaefer (2003) o homem, principalmente em uma sociedade capitalista,
cresce preparando-se para o trabalho e este é muito importante para o desenvolvimento do
34
indivíduo, para sua subsistência e uma forma de reconhecimento social, surgindo daí
dificuldades para o idoso desvincular-se através da aposentadoria.
Kim e Moen (2001) afirmam que os dados sobre a relação entre BES e aposentadoria
são inconsistentes. Os autores salientam que três fatores contribuem para o BES de
aposentados: recursos financeiros, relações sociais e características pessoais. Primeiramente,
os desajustes e insatisfações dos idosos com a aposentadoria são mais prováveis de acontecer
quando os recursos financeiros são incompatíveis com suas despesas. Em segundo lugar, as
relações sociais positivas que os aposentados mantêm com familiares e amigos têm um
importante papel para o BES. Finalmente, fatores como alto nível de instrução, boa saúde e
características de personalidade (auto-eficácia e auto-estima) facilitam o ajustamento e
melhoram a satisfação com a aposentadoria.
Todavia, os indivíduos podem melhorar seu bem-estar ao se envolverem em novas
atividades e aprenderem a usufruir de seu tempo com lazer, família, novos interesses, entre
outros. Nesse sentido, o voluntariado aparece como uma das maneiras que o aposentado tem
para investir seu tempo livre. Com o envelhecimento global e as melhores condições de saúde
das pessoas mais velhas, observa-se um aumento do número de idosos voluntários. Quando se
compara os grupos de idosos voluntários e idosos não-voluntários, os resultados mostram que
os primeiros tendem a registrar um ajustamento positivo com a aposentadoria, níveis mais
altos de satisfação com a vida e menos sintomas depressivos. O trabalho voluntário
proporciona aos idosos a oportunidade de enfrentar as perdas relacionadas à aposentadoria,
pois podem aprender novas atividades, exercer sua vocação, ajudar outras pessoas e manter
um papel ativo na sociedade (Giatti & Barreto, 2003; Wu et. al., 2005).
35
4. Satisfação com a vida e satisfação com o trabalho
Variáveis individuais e organizacionais têm sido investigadas por estudiosos
interessados em encontrar possíveis influências do trabalho na vida das pessoas e vice-versa.
Algumas pesquisas têm revelado relações entre a satisfação com a vida e a satisfação com o
trabalho.
Guibel e Klijn (2003) apontaram que a satisfação com o trabalho constitui um preditor
da longevidade e do comprometimento com a organização, e contribui para a melhoria da vida
dentro e fora do local de trabalho, influenciando os relacionamentos sociais e familiares.
Near, Rice e Hunt (1980) discutiram em seu estudo a importância de investigar a
relação entre trabalho e a vida, uma vez que eles defendem a visão de que estes domínios
estão entrelaçados e as atitudes e comportamentos que ocorrem em um podem afetar o outro.
Dessa forma, a melhoria na qualidade de vida no trabalho afetaria a qualidade de vida geral do
indivíduo e vice-versa. Os autores citam estudos em que foram pesquisados os efeitos da
natureza do trabalho sobre a vida do indivíduo. Em um deles o método utilizado para
investigar os efeitos do trabalho na satisfação com a vida das pessoas envolvia a resposta a
pergunta: Quão importante é o trabalho para sua satisfação geral com a vida? (Dubin, 1956
apud Near et al., 1980).
Os achados de alguns estudos indicam que o trabalho tem uma relativa importância em
outras atividades da vida e que tarefas com altos níveis de responsabilidade e desafio para o
trabalhador podem aumentar seu nível de satisfação fora do trabalho. Foi encontrada, ainda,
correlação entre a satisfação geral com a vida e características do trabalho como tipo de
ocupação, prestígio da ocupação e estabilidade no emprego (Near et al., 1980). Siqueira e
Padovam (2004) encontraram relação entre o BES de trabalhadores com a percepção de
suporte no trabalho e com o suporte social.
36
A direção da relação entre características do trabalho e satisfação com a vida ainda não
é clara, não havendo consenso entre os pesquisadores que debatem a existência ou não da
mediação da satisfação com o trabalho nessa relação. Dessa forma, a relação trabalho/vida
seria descrita pelo seguinte esquema: estruturas do trabalho (pagamento, natureza do trabalho)
satisfação no trabalho satisfação geral com a vida (Near et al, 1980). Tais autores não
consideraram a interferência das características individuais, grupais e organizacionais nessa
relação.
Siqueira e Gomide Jr (2004) ponderaram que, de modo geral, as condições de trabalho
e as características individuais como traços de personalidade, estado de ânimo, características
biográficas e fatores genéticos têm sido apontadas como antecedentes de satisfação pela
literatura, apesar dessas associações carecerem de uma proposta teórica mais sólida.
Considerando os antecedentes indicados por Siqueira e Gomide Jr (2004) e a proposta
de Near et al (1980) pode-se apresentar como representação para a relação entre satisfação
com o trabalho e satisfação com a vida o seguinte esquema: Condições de trabalho,
características individuais satisfação no trabalho satisfação geral com a vida.
Diener et al. (1999) salientaram que os achados de correlação entre satisfação no
trabalho e satisfação com a vida não oferecem uma direção causal entre essa relação. Siqueira
e Gomide Jr (2004) concordam com a idéia de que as pessoas satisfeitas com o trabalho
tendem a levar isso para outros domínios da vida, mas o contrário não é observado. Afirmam
que a satisfação do indivíduo com o trabalho pode levá-lo a uma maior integração com outras
pessoas, maior bem estar e saúde.
Dessa forma, a evolução das investigações instiga a busca de respostas para questões
como: Existe relação entre o BES e a satisfação com o trabalho? A satisfação com o trabalho
aumenta a satisfação com a vida? Para clarear essas questões é necessário entender os estudos
sobre a satisfação no trabalho.
37
A satisfação com o trabalho é um fenômeno complexo e de difícil definição que
desafia os pesquisadores e gera desavenças no entendimento de seus determinantes,
correlatos, conseqüências e instrumentos para sua medida. A ênfase dada ao estudo desse
fenômeno decorre da suposição de alguns pesquisadores e industriais de que a satisfação com
o trabalho influencia outras condutas dos trabalhadores tais como rotatividade, absenteísmo e
desempenho no trabalho. Além do interesse econômico, o estudo da satisfação foi
impulsionado pela hipótese de que a satisfação do trabalhador extrapolaria o ambiente
organizacional, interferindo em seu comportamento social, sua saúde mental e o seu
relacionamento com a família (Siqueira, 1995).
O debate atual entre os estudiosos reside na discussão da natureza psicológica do
fenômeno, se é afetiva ou cognitiva, havendo uma tendência dos pesquisadores para aceitar a
satisfação no trabalho como uma experiência de natureza afetiva (Siqueira & Gomide Jr,
2004).
Outras divergências entre os estudiosos dizem respeito às dimensões de satisfação no
trabalho e as técnicas usadas para sua medida. Alguns defendem a multidimensionalidade do
construto considerando que diferentes componentes do trabalho desencadeiam diferentes
graus de satisfação no indivíduo. Nesse caso, a medida de satisfação seria feita através do
somatório de avaliações específicas de cada um dos aspectos do trabalho. O resultado
apresentaria, separadamente, o grau de satisfação do trabalhador em cada uma dessas
dimensões. Por outro lado, Siqueira e Gomide Jr (2004) apontam que existem estudiosos que
consideram a satisfação como uma reação geral do trabalhador frente ao trabalho e por isso
não haveria necessidade de avaliar as atitudes para cada aspecto específico. Assim, a
mensuração do construto é obtida por uma avaliação geral de aspectos do trabalho
considerados relevantes pelo pesquisador.
38
No Brasil, os estudiosos (Martins, 1984; Pasquali & Nogueira, 1981; Siqueira,
1978;1995) têm apresentado instrumentos que reforçam a multimensionalidade do construto.
Xavier (2005) indicou diversas pesquisas que buscaram relacionar a satisfação com o trabalho
com variáveis como falta de descanso, processo de motivação, relações interpessoais,
condições de trabalho, salário, estabilidade, status, supervisão, política e administração da
empresa, e características sócio-demográficas.
Siu, Spector, Cooper e Donald (2001) citaram estudos sobre a correlação desse
fenômeno com a idade, cujos resultados distinguiram duas formas de relação: linear ou
curvilínea. Dados de alguns estudos indicaram que os trabalhadores mais velhos eram mais
satisfeitos com o trabalho do que seus colegas jovens, fato explicado pela constatação de que
os trabalhadores mais velhos tinham melhores trabalhos, mais habilidades para enfrentar as
demandas deste, melhor congruência entre suas aspirações e a realidade e melhores salários.
Groot e Brink (1999) realizaram um estudo com trabalhadores entre as idades de 43 e
63 anos para avaliar a satisfação ou insatisfação dessas pessoas quanto a aspetos específicos
do trabalho como: conteúdo, carga horária, condições de trabalho entre outras e, também, com
uma avaliação unidimensional através da pergunta: “De modo geral, quão satisfeito você está
com seu trabalho?” e encontraram resultados interessantes. Em relação a gênero e satisfação
no trabalho os homens mostraram-se mais satisfeitos. Quando o salário foi controlado, os
trabalhadores com níveis educacionais melhores estavam menos satisfeitos com seu trabalho
do que trabalhadores com baixo nível educacional. O fator mais importante que influenciou a
satisfação com o trabalho foi o conteúdo do trabalho, seguido de satisfação com os colegas,
com o supervisor, com a carga de trabalho e com os arranjos de aposentadoria. Variáveis
como a história de empregos, a discrepância entre a qualificação e as exigências do cargo e
salário não tiveram efeitos significativos na satisfação com o trabalho. O status de saúde
influenciou a satisfação com o trabalho pois trabalhadores que registram sua saúde como boa
39
mostraram-se mais satisfeitos. O nível de satisfação decresceu quando relacionado à
quantidade de horas trabalhadas. Os empregados que trabalhavam meio período estavam mais
satisfeitos com seu trabalho do que aqueles que trabalhavam em tempo integral.
Martinez et al. (2004) salientaram que, de modo geral, não são claros os mecanismos
para entender a associação entre satisfação no trabalho, antecedentes e conseqüentes, pois este
é um fenômeno sujeito a influências internas e externas do ambiente de trabalho. O que pode
dizer é que existe uma incerteza sobre os fatores que afetam esse conceito e que falta clareza
na definição do construto (Siqueira & Gomide Jr, 2004).
Devido às diferentes conceituações e à falta de consenso acerca da satisfação no
trabalho, Siqueira (2004) sugeriu um construto psicológico multidimensional que permitisse a
investigação do bem-estar do trabalhador no contexto organizacional.
5. Bem-estar no trabalho
O conceito de bem-estar no trabalho (BET) foi pensado a partir do modelo de Diener
sobre a estruturação do BES. Ele é integrado por três componentes, a saber: satisfação no
trabalho, envolvimento com o trabalho e comprometimento organizacional afetivo, que
representam vínculos afetivos positivos com o trabalho e com a organização (Siqueira, 2004).
As definições dos três integrantes do conceito de BET serão apresentadas a seguir.
Como foi colocado anteriormente, não um consenso entre os estudiosos acerca
do conceito de satisfação no trabalho. Nesse modelo, a satisfação no trabalho é definida a
partir de Locke (1976 apud Meleiro, 2005, p.14) como “... um estado de prazer emocional que
resulta da avaliação de um trabalho ou de experiências de trabalho”.
As medidas de satisfação freqüentemente envolvem avaliações de aspectos específicos
do trabalho como satisfação obtida na relação com a chefia e com os colegas de trabalho,
oportunidade de promoção, salário e a própria tarefa realizada (Siqueira & Gomide Jr, 2004).
40
O envolvimento com o trabalho, segundo integrante do modelo de Bem-estar no
trabalho, é entendido conforme Lodahl e Kejner (1965 apud Siqueira, 2004, p 17) como “... o
grau em que o desempenho de uma pessoa no trabalho afeta sua auto-estima”. Para a
compreensão desse componente, Siqueira (2004) propõe a inclusão da idéia apresentada por
Csikszentmihalyi (1999)
1
de estado de fluxo. Trata-se do momento em que ocorre uma
harmonia entre sentimentos, desejos e pensamentos do indivíduo. As atividades de fluxo
acontecem quando a energia da pessoa está concentrada na experiência e não preocupação
com o avançar das horas. Tais atividades ocorrem em três situações: quando concentração
em metas; quando feedback imediato e quando as pessoas utilizam suas habilidades para
responderem aos desafios. O trabalho produz a experiência de fluxo quando o sujeito
concentra-se na ação, atenta para os desafios e metas e tem um feedback claro e imediato em
suas tarefas (Siqueira & Gomide Jr, 2004).
O terceiro componente, o comprometimento organizacional afetivo, de acordo com
Mowday, Steers e Porter (1979, p 225) refere-se a um “... estado, no qual, um indivíduo se
identifica com uma organização particular e com seus objetivos, desejando manter-se afiliado
a ela com vista a realizar tais objetivos”.
Percebe-se, então, uma ligação psicológica afetiva do indivíduo com a organização,
estabelecendo o desejo de permanecer trabalhando visando atingir os objetivos desta
organização (Meleiro, 2005).
As pesquisas investigando o BET ainda são recentes e em pequeno número. O estudo
de Meleiro (2005) pode ser citado como exemplo de uma pesquisa sobre os impactos do
suporte do supervisor e da liderança sobre o bem-estar no trabalho. Trabalhos que relacionem
outras variáveis com o construto do bem-estar no trabalho são importantes para a ampliação
dos conhecimentos nesse campo.
1
Csikszentmihalyi, M. A descoberta do fluxo: a psicologia do envolvimento com a vida cotidiana. Rio de
Janeiro: Rocco, 1999
41
As alterações trazidas pelo aumento acelerado do número de idosos representam um
campo promissor na investigação do BET. Com o envelhecimento da população ativa e as
propostas de mudanças na previdência, que forçam o trabalhador a ficar mais tempo no
mercado de trabalho, serão necessários estudos e ações voltadas para a população madura no
contexto organizacional. As empresas e a sociedade terão que se preparar para aproveitar o
potencial dos trabalhadores mais velhos. Além disso, é fundamental garantir que as pessoas
tenham um envelhecimento saudável oferecendo condições para que elas permaneçam
produtivas e exercendo sua vocação. Assim, diferentes setores da sociedade são desafiados a
promover ações que atendam as demandas do trabalhador idoso visando seu bem-estar no
contexto do trabalho e em outros domínios da vida.
Partindo dessas considerações acerca do envelhecimento populacional, do bem-estar
subjetivo e do bem-estar no trabalho o presente estudo teve os seguintes objetivos:
GERAL
Investigar o nível de bem-estar subjetivo e de bem-estar no trabalho de idosos que
exercem trabalho formal ou que atuem como voluntários.
ESPECÍFICOS:
1) Verificar se existem diferenças entre idosos que realizam trabalho formal e idosos que
fazem trabalho voluntário em relação a:
a) nível de bem-estar subjetivo, medido pela satisfação geral com a vida e pelos afetos
positivo e negativo;
b) nível de bem-estar no trabalho (formal ou voluntário), avaliado através de três
indicadores: satisfação no trabalho, envolvimento com o trabalho e comprometimento
organizacional afetivo.
2) Verificar se há relação entre bem-estar subjetivo e bem-estar no trabalho
42
O modelo teórico abaixo representa as relações das variáveis que foram analisadas.
Antecedentes
Intervenientes
Conseqüentes
Idade
Tipo de trabalho BES e BET
43
CAPÍTULO III
___________________________________________________________________________
MÉTODO
1. Participantes
A amostra do estudo foi idealizada no projeto de pesquisa como sendo constituída por
110 participantes com idade igual ou maior que 60 anos, escolaridade de, no mínimo, ensino
fundamental completo, voluntários ou trabalhadores do mercado formal. O número de sujeitos
foi, inicialmente, definido para atender às exigências das análises de regressão que se
pretendia realizar. Entretanto, não foi encontrado o número de participantes proposto no
projeto, não sendo possível, portanto, realizar a análise inicialmente prevista para verificar a
antecedência/conseqüência entre BES e BET. Os critérios de inclusão dos participantes
referentes à escolaridade e à participação no mercado de trabalho formal contribuíram para
não obter a amostra necessária e cumprir as exigências estatísticas.
O grau de escolaridade mínimo equivalente ao ensino fundamental completo foi
estabelecido em função da necessidade dos participantes compreenderem os instrumentos e a
forma de respondê-los, uma vez que são escalas auto-aplicáveis. No decorrer da pesquisa, a
forma de realizar a coleta de dados foi sendo adaptada às condições dadas pelas empresas e
instituições, ou ao pedido de muitos participantes para que os instrumentos fossem lidos em
voz alta pela pesquisadora, que então anotava a resposta que eles davam.
Por outro lado, percebeu-se que o grau de escolaridade determinado nos critérios de
inclusão da pesquisa estava discrepante da realidade da população encontrada, limitando o
número de pessoas que poderiam participar do estudo. Camarano, Kanso e Leitão e Mello
(2004) citaram que apesar de importantes avanços nos níveis educacionais da população
brasileira e de ganhos de escolaridade entre os idosos, os dados do IBGE/Censos
44
Demográficos de 2000, mostraram que as pessoas mais velhas têm, em média, cinco anos de
estudo, ou seja, o ensino fundamental incompleto.
Dessa forma, considerando que a coleta era, na maioria das vezes, feita pela própria
pesquisadora, e percebendo a dificuldade de encontrar idosos com a escolaridade exigida no
estudo, o critério de inclusão referente ao nível de instrução foi modificado passando-se a
convidar para a pesquisa as pessoas com, no mínimo, a 4ª série do Ensino Fundamental.
Assim, a amostra de conveniência do estudo foi composta por trabalhadores da cidade
de Uberlândia e região que atendiam aos seguintes critérios de inclusão para participação na
pesquisa: idade igual ou acima de 60 anos; grau de instrução equivalente a ensino
fundamental incompleto; estar atuando no mercado de trabalho formal (como profissionais
liberais ou empregados em instituições ou empresas públicas, privadas ou filantrópicas) ou
como voluntário em organizações não - governamentais (ONGs), hospitais ou outras
instituições com programa formal de voluntariado; residir na cidade de Uberlândia e região.
Foram consideradas como atividades voluntárias aquelas atividades não remuneradas,
mantidas sem vínculo empregatício, com ou sem contrato específico de prestação de serviços
voluntários, oferecidas pelo indivíduo em uma entidade pública ou instituição privada, sem
fins lucrativos, com objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de
assistência social, conforme a Lei do Voluntariado (Brasil, 1998).
Já, como trabalho formal, foram considerados os empregos mantidos através de algum
tipo de vínculo trabalhista ou contrato de trabalho, por prazo determinado ou indeterminado,
regidos pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), ou por estatuto da administração
pública federal, estadual ou municipal, direta ou indireta (Fundação Carlos Chagas, 2005).
Participaram do estudo 53 pessoas da cidade de Uberlândia e região, sendo 25
voluntários (47%) e 28 atuando no mercado de trabalho formal (53%), distribuídos em
instituições públicas (57%) e empresas privadas (39%).
45
O grupo de voluntários foi formado por quatro homens (16%) e 21 mulheres (84%),
com idade média de 65 anos (DP= 4,6). A maioria das pessoas era casada (64%), com
escolaridade equivalente ao ensino médio completo e superior (56%).
A maioria das tarefas realizadas pelos voluntários envolvia atividades operacionais
(64%), como preparação de lanches, costura e artesanato. O tempo médio de voluntariado foi
de 3,5 anos (DP=3,2) e a carga horária de trabalho semanal foi de 5,2 horas (DP= 3,0). A
caracterização do grupo de voluntários está detalhada apresentada na Tabela 1.
Tabela 1. Caracterização do grupo de voluntários (n=25).
*As atividades categorizadas em Cargos operacionais referem-se costura, lanche, artesanato e auxílio
fisioterapia. Os cargos categorizados em Administrativo médio referem-se à recepção, vendas e brinquedoteca e
a categoria Outros se refere a atividades religiosas.
Variáveis f %
Masculino 4 16,0
Sexo
Feminino 21 84,0
Casado 16 64,0
Solteiro 1 4,0
Viúvo 7 28,0
Estado Civil
Desquitado, divorciado,
separado.
1 4,0
Ens. Fundamental completo 7 28,0
Ens. Médio incompleto 4 16,0
Ens. Médio completo 5 20,0
Superior incompleto 1 4,0
Superior completo 7 28,0
Grau de instrução
Pós-graduação 1 4,0
Professor 1 4,0
Cargos Operacionais 16 64,0
Administrativo médio 4 16,0
Função na
Instituição
Coordenação
Outros
3
1
12,0
4,0
46
o grupo de trabalhadores formais foi constituído por 19 homens (68%) e nove
mulheres (32%), com idade média de 64 anos (DP=3,7), sendo a maioria casada (67,8%) e
com escolaridade equivalente ao ensino médio completo e superior (46,4%).
A maior parte dos empregados ocupava cargos operacionais (42,9%). O tempo médio
de trabalho entre eles foi de 17 anos com uma alta variação (DP=13) e a carga horária de
trabalho semanal teve média igual a 35 horas (DP= 10).
Quando questionados sobre a existência de programa de preparação para
aposentadoria, 50% dos empregados responderam que as empresas e instituições onde
trabalhavam não ofereciam esse programa. A caracterização do grupo de trabalhadores
formais está detalhada na Tabela 2.
47
Tabela 2 .Caracterização do grupo de trabalhadores formais (n=28)
*As atividades categorizadas em Cargos operacionais referem-se a motorista, serviços gerais, mecânico, copeira
e vigilante. Os cargos categorizados em Administrativo médio referem-se a auxiliar administrativo e arquivista e
a categoria Outros se refere a atividades de assistente social e monitora de ofício.
2. Instrumentos
Os dados foram coletados por meio de uma ficha de informações sócio-demográficas e
de cinco escalas auto-aplicáveis, descritas a seguir:
a) Ficha de Informações Sócio - Demográficas: Trata-se de uma ficha para levantamento
de informações para caracterização dos sujeitos (como idade, sexo, escolaridade) e do
trabalho (como tipo de trabalho, tipo de instituição, número de horas diárias
Variáveis f %
Masculino 19 68,0
Sexo
Feminino 9 32,0
Casado 19 67,8
Solteiro 1 3,6
Viúvo 7 25,0
Estado Civil
Desquitado, divorciado,
separado.
1 3,6
Ens. Fundamental incompleto 6 21,4
Ens. Fundamental completo 8 28,6
Ens. Médio incompleto 1 3,6
Ens. Médio completo 3 10,7
Superior incompleto 1 3,6
Superior completo 4 14,2
Grau de Instrução
Pós-graduação 5 17,9
Professor 5 17,8
Cargos Operacionais 12 42,9
Administrativo médio 5 17,8
Radiologista 1 3,6
Procurador 1 3,6
Coordenação:gerente contábil 1 3,6
Função na
Instituição
Outros 3 10,7
48
trabalhadas) elaborada para este estudo. Um exemplar da Ficha pode ser visto no
Apêndice 1.
b) Escala de Satisfação Geral com a Vida: Trata-se de uma medida unifatorial de
satisfação com a vida como um todo, composta de 15 itens ou aspectos que deverão
ser avaliados a partir de uma escala tipo Likert de cinco pontos (1=muito satisfeito; 2=
insatisfeito; 3= nem satisfeito nem insatisfeito; 4= satisfeito; 5= muito satisfeito). Esse
instrumento, construído e validado por Siqueira, Gomide Jr e Freire (1996), com
índice de precisão de alpha de Cronbach igual a 0,84, encontra-se no Apêndice 2.
c) Escala de Ânimo Positivo e Negativo: Trata-se de um instrumento bifatorial,
composto por 14 palavras que representam sentimentos e emoções, sendo oito
referentes ao ânimo negativo (1,5,6,8,9,11,12 e 14) e seis referentes ao ânimo positivo
(2,3,4,7,10 e 13). As respostas são dadas através de uma escala tipo Likert de cinco
pontos (1= nada; 2= pouco; 3= mais ou menos; 4= muito; 5= extremamente). Esse
instrumento (Apêndice 3) foi construído e validado por Siqueira, Martins e Moura
(1999), tendo como índice de precisão um valor de alpha de Cronbach igual a 0,87
para o fator 1 (afetos positivos) e 0,88 para o fator 2 (afetos negativos).
d) Escalas de Indicadores de Bem-estar no Trabalho: esta variável será avaliada por três
escalas construídas por Siqueira (1995):
d.a) Escala de Envolvimento com o Trabalho (Apêndice 4): Trata-se de uma escala
com índice de precisão calculada por meio do alpha de Cronbach igual a 0,78, que avalia
o quanto o trabalhador está envolvido com o seu trabalho. É uma medida unifatorial,
composta de cinco frases referentes ao trabalho atual do sujeito. As respostas são obtidas
através de uma escala tipo Likert de sete pontos (1= Discordo totalmente; 2=Discordo
moderadamente; 3= Discordo levemente; 4= Nem concordo nem discordo; 5= Concordo
levemente; 6= Concordo moderadamente; 7= Concordo totalmente).
49
d.b) Escala de Satisfação no Trabalho (Apêndice 5): Trata-se de um instrumento
multifatorial, composto por 15 itens, que avalia o grau de satisfação do trabalhador em
relação a cinco aspectos do trabalho: satisfação com os colegas, avaliada através dos itens
1, 4 e 14 (índice de precisão=0,81); satisfação com o salário, avaliada através dos itens 3,
6 e 11 (índice de precisão = 0,90); satisfação com a chefia avaliada, através dos itens 10,
12 e 15 (índice de precisão =0,89); satisfação com a natureza do trabalho, avaliada através
dos itens 5, 8 e 13 (índice de precisão =0,77); satisfação com promoções, avaliada através
dos itens 2, 7 e 9 (índice de precisão=0,81). Estes índices de precisão também foram
calculados por meio do alpha de Cronbach. As respostas são obtidas através de uma
escala tipo Likert de sete pontos (1= Totalmente insatisfeito; 2= Muito insatisfeito; 3=
Insatisfeito; 4= Indiferente; 5= Satisfeito; 6= Muito satisfeito; 7= Totalmente satisfeito).
d.c) Escala de Comprometimento Organizacional Afetivo (Apêndice 6): Trata-se de
uma escala com índice de precisão igual a 0,93 (alpha de Cronbach) que avalia o
sentimentos e emoções do trabalhador para com a empresa onde ele trabalha. É uma
medida unifatorial, composta de cinco itens e de uma escala tipo Likert de cinco pontos
(1= nada; 2= pouco; 3= mais ou menos; 4= muito; 5= extremamente).
3. Procedimentos:
a) Para coleta de dados
Após a aprovação do trabalho pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Federal de Uberlândia (Apêndice 9), a pesquisadora entrou em contato com três diferentes
instituições da cidade de Uberlândia nas quais havia um programa de voluntariado formal e
com diversas empresas e instituições públicas que tinham pessoas com idade acima de 60
anos em seu quadro de empregados e funcionários.
50
Os coordenadores dos voluntários solicitaram uma cópia do projeto de pesquisa para
verificação dos objetivos e dos instrumentos que seriam utilizados na coleta dos dados. Após
a apreciação do projeto foi assinado o Termo de Autorização (Apêndice 8) pelos responsáveis
e dada a liberação para acessar dados dos voluntários como nome, idade e horário das
atividades semanais. Em seguida, realizou-se visita diária nas instituições de acordo com os
horários das atividades do voluntário idoso, o qual recebia o convite para participar da
pesquisa.
Os participantes eram esclarecidos sobre os objetivos e forma de coleta dos dados do
estudo; o caráter voluntário da participação e a possibilidade de retirada do consentimento a
qualquer momento da pesquisa; o respeito ao anonimato dos sujeitos; a possibilidade de
divulgação dos resultados do trabalho em publicações escritas e/ou apresentações orais e
sobre os instrumentos utilizados para coletas os dados e eram convidados a participarem
mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice 7).
Muitos voluntários preferiram responder os instrumentos juntamente com a
pesquisadora sob a forma de entrevista, outros escolheram ficar com os questionários e
devolverem preenchidos após uma semana.
Algumas empresas e instituições contatadas também solicitaram uma cópia do projeto
de pesquisa para verificação dos objetivos e dos instrumentos que seriam utilizados na coleta
dos dados. Nestas foi necessário aguardar o exame do projeto pelo departamento de recursos
humanos para conseguir a liberação dos dados dos trabalhadores idosos e a assinatura do
Termo de Autorização pelo responsável. Nas outras empresas a autorização para coleta dos
dados era conseguida após uma reunião com a pesquisadora que esclarecia os objetivos da
pesquisa.
51
A maior parte das empresas optou para que a pesquisadora realizasse uma entrevista
com o funcionário no próprio local de trabalho e, dessa forma, eram agendados os horários
para visitas durante ou após o término do expediente.
Os trabalhadores do mercado formal também receberam os esclarecimentos sobre a
pesquisa já descritos acima.
Os benefícios do estudo são indiretos, uma vez que os resultados da pesquisa poderão
contribuir para a ampliação dos conhecimentos sobre a população idosa que se mantém
atuando no mercado de trabalho formal ou voluntário, bem como sobre a influência do
trabalho na vida do idoso, o que poderá auxiliar na implementação e no aperfeiçoamento de
ações para a promoção do bem-estar de trabalhadores mais velhos.
À medida que a pesquisa foi sendo realizada os próprios participantes indicavam
pessoas que se enquadravam nos critérios de inclusão, que eram contatadas, seguindo-se,
então, o mesmo procedimento descrito para esclarecimento sobre a pesquisa e convite à
participação.
O tempo médio para responder os instrumentos era de 30 minutos. Entretanto, quando
o participante respondia aos instrumentos enquanto realizava suas tarefas no local de trabalho,
ou quando a pesquisadora lia os instrumentos e anotava as respostas, esse tempo variava para
mais ou para menos.
b)Para análise de dados
Foi criado um banco de dados gerais com indicadores numéricos representando os
dados coletados que foram processados e analisados no programa Statistical Package for the
Social Science (SPSS) versão 12.0 para Windows.
Foram criados, também, outros dois bancos de dados que correspondiam aos grupos de
trabalhadores: formais e voluntários.
52
Para o banco de dados dos voluntários não foram considerados os fatores satisfação
com o salário e satisfação com promoções presentes na Escala de Satisfação no Trabalho,
primeiramente, porque o trabalho voluntário não é remunerado e não está sujeito a
promoções, e ainda porque a Escala possui fatores independentes entre si (foi validada por
análise fatorial com rotação ortogonal Varimax).
Os dados foram submetidos a estatísticas descritivas, análises de correlações (r de
Pearson e rho de Spearman) para testar a relação entre BET em BES e a relação entre dados
funcionais da amostra com a satisfação com o trabalho e análise de variância visando
comparar os grupos de trabalho voluntário e trabalho formal. Na análise de variância
(ANOVA) o nível de significância utilizado para verificar as diferenças entre os grupos foi
p<0,05.
As respostas da questão aberta de número nove da Ficha de Informações Sócio-
demográficas foram submetidas à análise de conteúdo conforme proposta por Franco (2003) a
partir de Bardin (1977). A análise de conteúdo consiste ... em um conjunto de técnicas de
análise de comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do
conteúdo das mensagens” (Bardin, 1977, p. 38).
Inicialmente a pesquisadora verificou todas as respostas dos participantes e listou-as
separadamente considerando aqueles que preencheram os instrumentos sozinhos e aqueles
que foram entrevistados, visando identificar possíveis diferenças nas emissões. Foi
encontrado que 60% das pessoas que preencheram as escalas sozinhas não registraram se o
trabalho contribuía para sua satisfação com a vida, elas responderam apenas o porquê ou
como o trabalho contribuía com a satisfação.
Dessa forma, a pesquisadora optou por analisar somente à parte da resposta que se
referia a como e porque o trabalho contribuía para a satisfação com a vida. A análise temática
ocorreu conforme a seguinte seqüência:
53
a) Leitura flutuante das respostas dos participantes visando identificar, selecionar e reunir as
emissões mais significativas.
b) Construção da unidade de análise que, nesse estudo, foram consideradas as expressões
mais significativas dos participantes sobre a contribuição do trabalho para a sua satisfação
geral com a vida. Todas as emissões foram transcritas em conjunto para melhor
visualização das respostas.
c) A pesquisadora e um juiz atuaram separadamente analisando o material e buscando
categorizar as respostas.
d) Foram criadas sete categorias a partir das quais buscou-se o tema mais geral que
englobassem as categorias que remetiam ao mesmo domínio de significado.
54
CAPÍTULO IV
___________________________________________________________________________
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Essa seção descreve os resultados das análises descritivas contendo as médias e os
desvios-padrão dos participantes nos componentes de BES e nos integrantes de BET,
comparando os grupos quanto às variáveis do estudo. Apresenta, também, resultados da
ANOVA calculada para testar a diferença entre os grupos de voluntários e trabalhadores
formais, além das correlações entre BES e BET, dados funcionais e sócio-demográficos dos
trabalhadores com a satisfação no trabalho e entre estado de ânimo e gênero.
a) Diferença entre os grupos
Uma análise de variância foi calculada para verificar as diferenças entre os grupos de
voluntários e trabalhadores formais. A Tabela 3 mostra que as médias entre os grupos são
significativamente diferentes quanto à satisfação geral com a vida, satisfação com os colegas,
satisfação com a chefia, satisfação com a natureza do trabalho e comprometimento
organizacional afetivo (ver Tabela 3).
55
Tabela 3. Resultados da ANOVA calculada para verificar diferenças entre os grupos quanto à
satisfação geral com a vida (SGV), ânimo positivo, ânimo negativo, envolvimento com o
trabalho, fatores de satisfação no trabalho e comprometimento organizacional afetivo.
Média dos quadrados Graus de
liberdade
F
SGV
1,15 1 4,14*
Ânimo positivo
0,64 1 1,24
Ânimo negativo
0,11 1 0,36
Envolvimento com o trabalho
0,00 1 0,00
Satisfação com colegas
14,76 1 16,27**
Satisfação com chefia
9,79 1 11,93**
Satisfação com natureza do trabalho
8,68 1 12,03**
Comprometimento organizacional
afetivo
11,29 1 33,36**
* p 0,05 ** p 0,01
Em função destes dados, decidiu-se proceder às outras análises separadamente para os
grupos de trabalhadores voluntários e formais. Os resultados serão relatados por variável,
destacando-se para cada uma as características de cada grupo.
b) Idade
Os resultados referentes à idade indicaram Média de 65 anos e DP=4,6 para os
voluntários, com variação entre 60 e 78 anos. para os trabalhadores formais, a idade média
foi de 64 e DP=3,7 com variação entre 60 e 73 anos. Percebe-se também que houve uma
grande concentração, nos dois grupos, de pessoas na faixa de idade correspondente a 60-65
anos, com 64% dos voluntários e 82% dos trabalhadores formais.
Dessa forma, constata-se que a grande maioria dos participantes está na velhice inicial
que é o período compreendido entre 60 e 80 anos, conforme os parâmetros populacionais para
56
países em desenvolvimento. Por outro lado, estudiosos têm utilizado parâmetros individuais
para definir o idoso jovem, distinguindo-o como a pessoa que tem potencial positivo para uma
boa qualidade de vida (Baltes & Smith, 2006). Nesse sentido, é possível que os participantes
do estudo considerem-se aptos para envolverem-se em atividades sociais e/ou para manterem-
se no mercado de trabalho.
Pode ser que a condição de saúde desses idosos tenha influenciado esse achado, uma
vez que, as pesquisas têm apontado boas perspectivas para os adultos mais velhos com ganhos
em competência física e mental e um maior número de pessoas envelhecendo bem, além do
aparecimento ou o agravamento de doenças com o avançar dos anos que acabam por impedir
que as pessoas permaneçam ativas (Baltes & Smith, 2006)
Camarano et al. (2004) indicaram que a pessoa mais velha, mesmo após a
aposentadoria, pode retornar ao mercado de trabalho ou permanecer exercendo suas
atividades para manter sua autonomia física e mental, ter uma renda maior ou para encontrar
integração social.
Wajnman et al. (2004) apontou uma maior participação no mercado de trabalho de
pessoas com idade entre 60-64 que totalizavam 45% da PEA de 60 anos em diante.
c) Bem-Estar Subjetivo (BES)
O nível de BES foi investigado através do seu componente cognitivo, satisfação geral
com a vida, e do seu componente afetivo, ânimo positivo e ânimo negativo.
Os valores dessas variáveis para os dois grupos de idosos estão detalhados na Tabela
4.
57
Tabela 4. Tipo de trabalho, médias e desvios-padrão de satisfação geral com a vida, ânimo
positivo e ânimo negativo.
A média dos grupos em relação à satisfação geral com a vida ficou acima do ponto
médio da escala de respostas (valor 3) sinalizando que esses idosos possuem um alto nível de
BES.
O alto nível de BES encontrado nesse estudo confirma outros estudos já citados
(Diener et. al, 1999; Wu et. al., 2005) encontrados na literatura internacional, que apontam
uma relação positiva entre trabalho e BES e a manutenção de bons índices de satisfação com a
vida de idosos que optam pelo voluntariado. Harlow e Cantor (1996) salientaram que as
pessoas mais velhas desejam encontrar satisfação em suas vidas e por isso buscam envolver-
se em atividades, o que pode ser benéfico para elas.
Além disso, nos resultados da análise de variância foi encontrada uma diferença
significativa na satisfação geral com a vida dos dois grupos. Os voluntários mostraram-se
levemente mais satisfeitos (F=4,14 e p<0,05) com a vida como um todo.
Talvez fatores como os contatos sociais do ambiente de trabalho, uma disponibilidade
maior de tempo para realizar outras atividades, dispor de uma renda para suprir necessidades
básicas e a satisfação com o trabalho podem ter contribuído para uma maior satisfação geral
com a vida dos voluntários. Entretanto, tais explicações são especulações e necessita-se de
Tipo de Trabalho Média Desvio Padrão
Formal
4,01
0,50
Satisfação geral com
a vida
Voluntário 4,31 0,56
Formal
3,78
0,70
Ânimo Positivo
Voluntário 4,01 0,74
Formal
1,73
0,58
Ânimo Negativo
Voluntário 1,64 0,50
58
mais estudos que encontrem uma maior satisfação com a vida nos voluntários e identifiquem
possíveis causas para essa constatação. Deps (1993) expôs que fatores como a liberdade de
escolha, uma maior disposição de tempo livre e a menor obrigação com responsabilidades
impostas contribuem para a satisfação pessoal dos idosos.
Estudos com pessoas mais velhas indicaram que atuar como voluntário e oferecer-se
para o voluntariado foram positivamente correlacionados com a satisfação com a vida (Bond,
1982 apud Nagel, Cimbolic & Newlin, 1988; Wheeler et. al., 1998 apud Wilson, 2000). Além
disso, a prática da atividade voluntária aumenta a satisfação com a vida para indivíduos com
idade maior que 60 anos (Thoits & Hewitt, 2001).
Muitos estudiosos (Harlow & Cantor, 1996; Steverink & Lindenberg, 2006; Wilson,
2000) investigaram os ganhos obtidos com o trabalho voluntário por pessoas mais velhas. De
modo geral, a prática dessa atividade supre a necessidade de sentir-se útil e de realizar coisas
boas; possibilita uma integração social e o desenvolvimento de habilidades cívicas; contribui
para a manutenção da auto-estima elevada; protege de perdas decorrentes da aposentadoria,
do declínio físico e da inatividade. A vivência desses benefícios contribui para que os idosos
experimentem níveis mais elevados de satisfação geral com a vida.
Os achados referentes a maior satisfação com a vida entre os voluntários reforçam os
dados encontrados por Harlow & Cantor (1996) numa pesquisa entre adultos mais velhos com
idade média de 65 anos, cujos resultados indicaram como antecedente da satisfação geral com
a vida a participação em atividades de serviço à comunidade.
Outras evidências empíricas demonstram que quando o idoso permanece ativo,
desenvolvendo papéis na sua comunidade como atividades voluntárias em associações
formais ou informais, apresenta maiores níveis de bem-estar físico e psicológico, pode ter
benefício social geral e parece melhorar a saúde (Steverink & Lindenberg, 2006; Young &
Glasgow, 1998).
59
Em relação ao componente afetivo de BES, o cálculo do balanço do ânimo foi obtido
através da diferença aritmética entre ânimo positivo (AP) e ânimo negativo (AN) para cada
grupo. Os dados sugerem que os dois grupos possuem estado de ânimo similar e que a grande
maioria teve o predomínio de AP. Apenas dois sujeitos apresentaram leve predomínio de AN,
sendo um representante de cada grupo.
Os resultados relacionados à alta vivência de experiências emocionais positivas e à
baixa freqüência de ânimo negativo para a grande maioria da amostra corroboram as
considerações feitas por Fiquer (2006) ao apontar que os idosos tendem a maximizar os afetos
positivos e minimizar os afetos negativos, o que ocorre através do maior ajustamento aos
eventos de vida.
A análise de variância revelou que os grupos não diferiam significativamente quanto
ao ânimo (F= 1,13, p > 0,05). As médias dos grupos foram 3,04 com DP igual a 0,75 para os
trabalhadores formais e 3,34 com DP igual a 0,70 para os voluntários. Diante disso,
constatou-se uma vivência de experiências emocionais com intensidade mediana entre os
participantes.
d) Bem-estar no Trabalho (BET)
O nível de BET foi investigado através dos seus três integrantes: satisfação com o
trabalho, envolvimento com o trabalho e comprometimento organizacional afetivo.
Em relação à satisfação no trabalho, os resultados apontaram uma diferença
significativa entre os grupos quanto à satisfação com os colegas de trabalho, satisfação com a
chefia e a satisfação com a natureza do trabalho, sendo que os voluntários mostraram-se mais
satisfeitos em todas essas dimensões. Os índices estão detalhados na Tabela 5.
60
Tabela 5. Médias e desvios-padrão das dimensões de satisfação no trabalho.
Tipo de trabalho Média Desvio Padrão
Formal
5,16
1,09
Satisfação com os colegas
Voluntário 6,23 0,79
Formal
5,62
1,06
Satisfação com a chefia
Voluntário 6,51 0,70
Formal
5,22
0,80
Satisfação com a natureza
do trabalho Voluntário 6,04 0,90
Satisfação com o salário
Formal
4,69
1,50
Satisfação com as
promoções
Formal
4,08
1,20
As análises estatísticas para os fatores satisfação com o salário e satisfação com as
promoções do grupo de trabalhadores formais apontaram médias que sofreram impacto de
altos desvios-padrão, o que revelava que havia pessoas muito satisfeitas e muito insatisfeitas.
Dessa forma, para retratar mais fielmente as respostas dos participantes, foram
calculadas a moda e a mediana para essas variáveis. A Moda foi igual a 3,0 e a Mediana igual
a 4,8 para satisfação com o salário. Para o fator para satisfação com as promoções, a Moda foi
de 5,0 e a Mediana de 4,25. Estes resultados demonstraram que a maioria das pessoas estava
insatisfeita com o salário e a maior parte estava satisfeita com as promoções.
Calculou-se ainda um índice de satisfação geral com o trabalho por meio da média dos
cinco fatores de satisfação para os trabalhadores formais e de apenas três para os voluntários
(excluindo-se satisfação com o salário e satisfação com as promoções, que estes
trabalhadores não eram empregados formais). Uma ANOVA revelou que os trabalhadores
voluntários apresentaram satisfação significativamente maior (F=28,39, p<0,01). As médias
dos grupos foram de 6,25 com DP de 0,69 para os voluntários e de 5,04 com DP de 0,93 para
formais.
61
Esses resultados apontam que os idosos voluntários parecem ser mais satisfeitos com o
trabalho que realizam. Tal constatação pode ser compreendida quando se observa que o
exercício de uma atividade voluntária é resultante da própria escolha do indivíduo por
atividades que lhe são agradáveis. É possível que os fatores apresentados por Deps (1993)
citados anteriormente possam estar contribuindo, também, para a maior satisfação no trabalho
dos voluntários.
Além disso, os voluntários parecem sofrer menor pressão e menor cobrança de
resultados quando comparados a trabalhadores do mercado formal que devem atender as
exigências de lucratividade requeridas pela empresa.Talvez isso contribua para maior
satisfação dos voluntários.
Ao verificar as dimensões significativamente diferentes entre os grupos é importante
dar destaque à satisfação, significativamente, maior dos voluntários com os colegas de
trabalho. Pode ser que os relacionamentos interpessoais desenvolvidos nas instituições com
programa de voluntariado ofereçam suporte social para esses idosos, o que acaba por
influenciar o seu bem-estar.
Lum e Lightfoot (2005) apontaram que a opção pelo voluntariado entre as pessoas
mais velhas vem crescendo nos últimos anos. Diante disso, pode ser que muitos idosos atuem
com colegas da mesma faixa de idade em instituições com programa de voluntariado.
Deps (1993) salienta que o desenvolvimento de atividades grupais com pessoas da
mesma geração contribui para o bem-estar do idoso, pois favorece a emergência de
significados comuns e maior aproximação interpessoal.
Quando se observa a alta satisfação em relação aos colegas de trabalho pode-se
verificar a importância dos relacionamentos sociais para o voluntário idoso. Steverink e
Lindenberg (2006) indicaram vários estudos que investigaram a relação entre relacionamentos
interpessoais e saúde física, saúde mental e bem-estar psicológico e apontaram que entre
62
idosos os contatos sociais são muito importantes para um envelhecimento bem-sucedido
apesar de haver um decréscimo deles com o avançar da idade.
Os achados também indicaram uma satisfação significativamente maior dos
voluntários com a chefia e com a natureza do trabalho. Uma explicação para esse resultado
pode ser obtida ao se considerar que em muitas instituições com programas de voluntariado
são os próprios voluntários que escolhem sua chefia, que desempenha uma função de
coordenação do trabalho. Além disso, a livre escolha pela atividade voluntária possibilita à
pessoa a opção por funções que lhe sejam agradáveis ou interessantes. É possível, também,
que o fato da pessoa escolher o programa no qual irá se inserir, conhecendo seus princípios e
normas faça com que se esforce para cumprir suas exigências.
Apesar da constatação de maior satisfação no trabalho entre os voluntários, a média
(M=5,04 e DP=0,93) do grupo de idosos do mercado formal mostrou-se acima do nível médio
(valor 4) revelando que esse grupo está satisfeito com o seu trabalho, e tendem a uma maior
satisfação com a chefia, seguida de satisfação com a natureza do trabalho e com os colegas e
uma inclinação a satisfação com o salário e com as promoções. Esses resultados assemelham-
se, aos encontrados por Guibel e Klijn (2003) que acharam em uma amostra composta de
enfermeiras com idade acima de 41 anos, níveis leves de satisfação com o trabalho, com a
chefia e com os colegas de trabalho, mas uma insatisfação com as promoções e com os
salários.
no estudo de Xavier (2005) realizado com 202 trabalhadores com idades variando
entre 18 e 45 anos, foram encontradas menor satisfação com as promoções e com o salário, e
os maiores níveis de satisfação em relação aos colegas, seguido de satisfação com a natureza
do trabalho e satisfação com a chefia.
63
De forma geral, os trabalhadores formais mostraram-se mais satisfeitos com suas vidas
do que com os seus trabalhos. No estudo de Guibel e Klijn (2003) a amostra de enfermeiras
também apresentou nível de satisfação com a vida maior do que de satisfação com o trabalho.
Em relação ao envolvimento com o trabalho, os grupos apresentaram média acima do
ponto médio da escala de respostas (ponto médio=4), podendo-se afirmar que ambos os
grupos eram envolvidos com o trabalho. A média foi de 4,95 para os trabalhadores formais e
4,94 para os voluntários.
Esses resultados conformam os de Siqueira e Gomide Jr (2004) que apontam uma
correlação positiva significativa entre satisfação, envolvimento e comprometimento com o
trabalho.
Embora os participantes digam que estão satisfeitos com os seus trabalhos isso não
significa dizer que eles encontram satisfação nessa atividade. Os voluntários, por exemplo,
por dedicarem um número menor de horas semanais, pode ser que obtenham satisfação de
outras atividades como com a família, o lazer, as reuniões religiosas, entre outras,
desenvolvidas no tempo em que estão fora das instituições onde atuam.
Os resultados referentes ao comprometimento organizacional afetivo indicaram média
de 3,75 e DP=0,73 para o grupo de trabalhadores formais, e média de 4,96 e DP=0,34 para o
grupo de voluntários. A análise de variância (ver Tabela 3) mostrou que existe diferença
significativa entre os grupos (p<0,01), sendo que os idosos voluntários revelaram ser mais
comprometidos afetivamente com a instituição onde atuam.
Diante disso, pode-se considerar que os idosos voluntários além de satisfeitos com o
trabalho que realizam, demonstram que fazem suas tarefas porque querem e têm a intenção de
continuar exercendo-as nas instituições. Siqueira e Gomide Jr (2004) afirmam que “...o
comprometimento organizacional afetivo (COA) é a aceitação dos objetivos e valores
64
organizacionais, a disposição para se esforçar a favor da organização e o desejo de
permanecer na mesma”(Siqueira & Gomide Jr, 2004, p 316).
A alta satisfação dos voluntários com a chefia pode ter contribuído para o nível de
COA, uma vez que, como salienta Borges-Andrade (1994) a comunicação com o líder está
entre os antecedentes mais fortes associados a esse vínculo organizacional. Além disso, o
COA aparece relacionado com o desenvolvimento de relacionamentos interpessoais
favoráveis, ou seja, quando a pessoa encontra relações sociais favoráveis tenderá a um maior
comprometimento (Xavier, 2005). Assim, o alto nível de satisfação com os colegas pode,
também, ter contribuído para um maior comprometimento dos voluntários.
Quanto ao BET, a análise de variância mostrou que existe diferença significativa entre
os grupos, com maior resultado para o grupo de pessoas voluntárias (Ver Tabela 3). Os dados
relativos às médias e desvios-padrão de BET estão detalhados na Tabela 6.
Tabela 6. Tipo de trabalho, médias e desvios-padrão de Bem-estar no Trabalho.
Tipo de trabalho Média Desvio Padrão
Formal
4,58
0,71
BET
Voluntário 5,29 0,41
Dessa forma, o objetivo de comparar o nível de BET dos grupos foi atingido,
constatando-se que os idosos voluntários parecem ter um maior bem-estar no trabalho.
Não foram encontrados registros na literatura que permitam dialogar com os
resultados obtidos nessa variável, talvez pelo fato da proposta desse estudo ser inovadora por
investigar o BET de trabalhadores e voluntários idosos.
65
e) Correlação entre BES e BET
Para analisar a relação entre BES e BET foi calculada a correlação de Pearson (r=
0,40, p< 0,01) que se mostrou alta e positivamente significante.
Amaral (2001 apud Siqueira & Gomide Jr, 2004) demonstrou que a variável satisfação
com o trabalho, integrante de BET, é forte correlato das variáveis satisfação geral com a vida
e estado de ânimo, integrantes de BES. Outros trabalhos (Liou, Sylvia & Brunk, 1990)
também apontam relação entre satisfação geral com a vida e satisfação com o trabalho.
f) Correlação entre dados funcionais da amostra e satisfação com o trabalho
Com o objetivo de aprofundar as análises descritivas dos dados e verificar resultados
descritos na literatura, foram feitas correlações entre dados funcionais da amostra como tempo
de trabalho, carga horária, existência de programas de preparação para aposentadoria,
escolaridade e a variável satisfação com o trabalho.
Para o grupo de trabalhadores formais não foi encontrada correlação entre a carga
horária (r de Pearson= 0,18 e p>0,05), o tempo de trabalho (r de Pearson= 0,26 e p>0,05) e
existência de programas de preparação para aposentadoria (r de Pearson= 0,12 e p>0,05) com
a satisfação com o trabalho. Já o grupo de voluntários mostrou correlação alta e inversa em
relação à carga horária e a satisfação com o trabalho (r de Pearson= -0,49 e p<0,05), não
apresentando correlação entre tempo de trabalho e satisfação com o trabalho (r de Pearson=
0,09 e p>0,05).
A correlação encontrada no grupo de voluntários entre carga horária e satisfação com
o trabalho indica que um maior número de horas trabalhadas pode conduzir a uma menor
satisfação. Esse resultado deve relacionar com o fato de que um tempo mais longo gasto com
o trabalho pode ser mais cansativo e impedir a pessoa de realizar outras tarefas que também
lhe são importantes.
66
Lum e Lightfoot (2005) indicaram estudos nos quais foi constatado que oferecer
muitas horas de atividades voluntárias pode levar a pessoa a experimentar maior tensão no
trabalho e, por isso, ela tenderá a obter menores benefícios para sua saúde física e mental.
Em relação à satisfação com o trabalho e escolaridade média, a correlação de Pearson
não se mostrou significante com r =0,03 e p>0,05.
g) Correlação entre ânimo e gênero
Baseando-se na literatura também foi realizada a correlação entre o estado de ânimo e
o gênero e não foram encontrados valores significativos na prova estatística entre essas
variáveis, com rho de Spearman=0,15 e p>0,05 para ânimo positivo e rho de Spearman=0,01
e p>0,05 para ânimo negativo.
A relação entre afeto positivo e gênero com o avançar dos anos foi verificada em
estudos que apontaram uma relação linear positiva para os homens e de U invertido para as
mulheres (Argyle, 1987 apud Fiquer, 2006; Mroczek & Kolarz, 1998).
Um estudo britânico realizado por Warr e Prayne (1982 apud Fiquer, 2006) indicou
que não ocorreram diferenças na freqüência de afetos em função do gênero. As divergências
entre os achados dos estudos sobre gênero e estado de ânimo demonstram a necessidade de
mais investigações nessa área (Türkün, 2005).
h) Análise de Conteúdo
Baseando-se na análise das respostas, na categorização inicial e na literatura, foram
elaboradas sete categorias que estão apresentadas a seguir:
Tema 1. O trabalho contribuindo para o sustento e produtividade:
67
Esse núcleo temático compreendeu emissões referentes a ganhos financeiros e de
sentimento de utilidade advindos do trabalho. Contém duas categorias:
1.1) Sustento: consiste em repostas referentes à obtenção de condições financeiras e
complementação da renda que possibilita ajudar às pessoas da família. Exemplo:
“É importante porque crio a família e estou estudando os filhos”.
1.2) Produtividade: refere-se a sentimentos de utilidade e produtividade. Exemplo:
“Faz-me sentir útil para alguém, é muito importante para mim”, “... é importante
porque eu não fico ocioso, principalmente o homem, ficar ocioso adoece”.
Tema 2. O trabalho contribuindo para ganhos pessoais
Refere-se à satisfação pessoal, auto-realização e ganhos como auto-estima e
motivação. Dele emergiram três categorias:
2.1) Satisfação Pessoal: agrega respostas referentes a sentimentos positivos em relação
ao trabalho, como o prazer dado pelo trabalho e gostar do que faz. Exemplos: “A
satisfação é muito grande, a gente aprende a viver, a contornar os problemas
cotidianos e dar mais valor à vida”, “Faço o que gosto”.
2.2) Auto-realização: diz respeito a afirmativas de realização pessoal e sentimentos de
preenchimento. Exemplos: “O trabalho é a minha realização pessoal”, “O trabalho
preenche por completo o vazio que eu estava sentindo”.
68
2.3) Qualidade Pessoal: afirmativas de que o trabalho contribui para o aumento de
atributos pessoais como a auto-estima e a motivação. Exemplo: “Meu trabalho
complementa minha auto-estima”.
Tema 3. O trabalho contribuindo para relacionar-se com os outros
Esse núcleo abarca respostas relacionadas ao envolvimento do trabalhador com outras
pessoas. Duas categorias foram derivadas das emissões:
3.1) Orientação ao bem-estar dos semelhantes: são emissões referentes a oferecer
ajuda e doar seu tempo para outras pessoas. Exemplos: “... gosto de ajudar o
próximo”. “É importante para eu poder contribuir e fazer as pessoas felizes”. “É
bom doar o meu tempo”.
3.2) Relações sociais positivas: diz respeito a respostas que valorizam os
relacionamentos sociais. Exemplo: “O trabalho é importante por causa do meu
ciclo de amizades”.
Considerando as respostas mencionadas pelos idosos, 47,8% da amostra indicou o
tema o trabalho contribuindo para ganhos pessoais como importante para a satisfação geral
com a vida. Em segundo lugar os participantes apontaram os ganhos referentes ao tema
sustento e produtividade e por último, a possibilidade de relacionar-se com o outro.
Dentre as categorias do tema O trabalho contribuindo para ganhos pessoais, a auto-
realização destacou-se como a mais citada, pois 22,8% da amostra a mencionou. Em seguida,
apareceu a satisfação pessoal com 20,4% e depois, a categoria qualidade pessoal com 4,6%.
Para o tema O trabalho contribuindo para o sustento e produtividade as categorias tiveram
freqüências iguais com 13,6% cada uma. Em O trabalho contribuindo para relaciona-se com
69
os outros a categoria mais freqüente foi orientação ao bem-estar dos semelhantes com 20,4%
e a categoria relações sociais positivas foi mencionada por 4,6% da amostra.
A literatura apresenta estudos que exploram temas como os sentidos do trabalho
(Morin, Tonelli & Pliopas, 2003); os motivos para as pessoas engajarem-se em atividades
voluntárias (Okun & Schultz, 2003) e concepções acerca do trabalho (Borges, 1999). Tais
investigações revelam valores e ideologias referentes à atividade laborativa, a utilidade do
trabalho na visão das pessoas e contribuições advindas do voluntariado como o aumento da
auto-estima; a redução de sentimentos negativos e o fortalecimento de relacionamentos
sociais.
70
CAPÍTULO V
___________________________________________________________________________
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por ser um importante referencial na área da saúde o Bem-estar Subjetivo têm sido
investigado em muitos estudos, nacionais e internacionais, que incluem explorações no campo
do envelhecimento. Pesquisas sobre o Bem-estar no Trabalho, também têm sido realizadas em
anos recentes, principalmente na área da Psicologia Organizacional e do Trabalho. No
entanto, publicações de achados sobre esses temas com pessoas idosas não são encontradas na
literatura e a bibliografia sobre trabalho formal e trabalho voluntário é limitada, abrindo
caminho para especulações e descobertas nesse campo.
O objetivo proposto nesse estudo, investigar o nível de bem-estar subjetivo e de bem-
estar no trabalho de idosos que exercem trabalho formal ou que atuem como voluntários, foi
alcançado, e os resultados e a discussão dos dados reforçam a relevância de pesquisas nessa
área do conhecimento.
O desafio do envelhecimento traz exigências para que os anos prolongados sejam
vividos com satisfação e qualidade. Pesquisas sobre como as pessoas mais velhas utilizam o
seu tempo são importantes, principalmente em se tratando das pessoas que estão na velhice
inicial, que esse grupo tem um potencial valioso para ser empregado nas comunidades e
organizações voluntárias.
Nesse sentido, o voluntariado aparece como uma boa atividade para idosos e
sociedade, pois contribuiu para a promoção da boa velhice, para a satisfação com a vida,
promovendo contatos sociais e possibilitando a realização de tarefas prazerosas. Além disso,
favorece instituições a manter e expandir serviços, que muitas delas dependem da ajuda de
voluntários para cumprirem sua missão.
71
Diante disso, é necessário que governantes e profissionais da área do envelhecimento
preocupem-se tanto em criar condições para que a população envelhecida permaneça no
mercado de trabalho quanto em recomendar ou apresentar o voluntariado como uma opção
para o idoso, indicando os benefícios que podem ser conseguidos com essa prática.
Os resultados desse estudo caracterizam a realidade de uma parcela da população da
cidade de Uberlândia e região, mas acredita-se que essas questões possam extrapolar limites
regionais e indicar caminhos para pesquisas futuras, incentivando a descoberta dos efeitos do
trabalho formal e voluntário sobre a vida dos idosos brasileiros, incluindo a comparação entre
as regiões do país.
Uma limitação desta pesquisa foi o número reduzido de participantes que dificultou a
análise estatística mais rigorosa dos dados e, conseqüentemente de se chegar a conclusões
quanto à direção causal de BES e BET. Outros trabalhos poderão verificar com maior
precisão essa relação.
Sugere-se que futuros estudos também considerem aspectos como faixa salarial, tipo
de ocupação, religiosidade e condições de saúde na investigação de BES e BET de idosos.
De modo geral, pesquisas sobre a população madura no contexto do trabalho ou em
outras opções de atividades o importantes dentro da realidade do envelhecimento
populacional e esses achados poderão contribuir para uma maior qualidade de vida e bem-
estar dessa parcela da sociedade.
72
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80
APÊNDICES
81
APÊNDICE 1 - FICHA DE INFORMAÇÕES SÓCIO - DEMOGRÁFICAS
Por favor, preencha com seus dados pessoais
1- Idade:______________
2- Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino
3- Grau de Instrução
( ) Ensino Fundamental Incompleto (4ª série)
( ) Ensino Fundamental Completo (1º Grau)
( ) Ensino Médio Incompleto (2º Grau incompleto)
( ) Ensino Médio Completo (2º Grau)
( ) Superior Incompleto (Faculdade incompleta)
( ) Superior Completo ( Faculdade completa)
( ) pós-graduação
4- Estado civil:
( ) Casado
( ) Solteiro
( ) Viúvo
( ) Desquitado, divorciado, separado
5- Cargo ou função na Instituição:
6- Tipo de trabalho
6.1- ( ) Trabalho formal
6.1.1-Regime de trabalho
( ) estatutário
( ) celetista
6.1.2- Carga horária semanal de trabalho:
6.2- ( ) Trabalho voluntário
6.2.1- Atividades realizadas:
6.2.2- Carga horária semanal de trabalho:
7- Somente para os trabalhadores do mercado formal: Existe programa de preparação
para aposentadoria na empresa em que você trabalha?
( ) sim ( ) não
8- Há quanto tempo você trabalha nessa instituição ou que faz atividades voluntárias?
9- Pensando no seu nível de satisfação com sua vida como um todo, qual é a contribuição
dada pelo trabalho para tal nível?
82
APÊNDICE 2 - ESCALA DE SATISFAÇÃO GERAL COM A VIDA – ESGV
Abaixo estão listados alguns aspectos relativos a sua vida. Indique o quanto você está
satisfeito ou insatisfeito com cada um deles utilizando a escala abaixo. suas respostas
anotando, nos parênteses que antecedem cada frase, um numero de 1 a 5, que melhor
representa sua resposta.
1 = muito insatisfeito
2 = insatisfeito
3 = nem satisfeito nem insatisfeito
4 = satisfeito
5 = muito satisfeito
EU ME SINTO...
1. ( ) Com a minha disposição física
2. ( ) Com o relacionamento atual que tenho com minha família
3. ( ) Com a forma como as pessoas me tratam atualmente
4. ( ) Com o meu atual padrão de vida: as coisas que posso comprar e fazer
5. ( ) Com a minha capacidade de fazer as coisas que quero
6. ( ) Com as coisas que faço agora para me distrair
7. ( ) Com o que o futuro parece reservar para mim.
8. ( ) Com a minha aparência física atual
9. ( ) Com o meu trabalho atual
10. ( ) Com a minha vida afetiva no presente momento
11. ( ) Com a roupa que tenho condições de comprar atualmente
12. ( ) Com as minhas atuais obrigações diárias
13. ( ) Com o tempo que tenho atualmente para descansar
14. ( ) Com o dinheiro que disponho atualmente para suprir minhas necessidades
15. ( ) Com o que eu já consegui realizar em toda minha vida
83
APÊNDICE 3 - ESCALA DE ÂNIMO POSITIVO E NEGATIVO
GOSTARÍAMOS DE SABER COMO VOCÊ SE SENTE NO SEU DIA-A-DIA. Foi feita
uma lista de 14 palavras que representam sentimentos e emoções. Dê suas respostas anotando,
nos parênteses que antecedem cada palavra, aquele número (de 1 a 5) que melhor representa
a intensidade de seus sentimentos, de acordo com a escala abaixo:
1=Nada 2=Pouco 3=Mais ou mentos 4=Muito 5=Extremamente
NO MEU DIA-A-DIA EU ME SINTO...
1. ( ) Irritado
2. ( ) Feliz
3. ( )Alegre
4. ( )Animado
5. ( )Desmotivado
6. ( )Angustiado
7. ( )Bem
8. ( )Deprimido
9. ( )Chateado
10. ( )Satisfeito
11. ( )Nervoso
12. ( )Triste
13. ( )Contente
14. ( ) Desanimado
84
APÊNDICE 4 - ESCALA DE ENVOLVIMENTO COM O TRABALHO
A seguir estão cinco frases referentes ao seu trabalho atual. INDIQUE O QUANTO VOCÊ
CONCORDA OU DISCORDA DE CADA UMA DELAS. suas respostas anotando, nos
parênteses que antecedem cada frase, aquele mero (de 1 a 7), que melhor representa sua
resposta.
1= Discordo totalmente
2= Discordo moderadamente
3= Discordo levemente
4= Nem concordo nem discordo
5= Concordo levemente
6= Concordo moderadamente
7= Concordo totalmente
1.( ) As maiores satisfações de minha vida vêm do meu trabalho.
2.( ) As horas que passo trabalhando são as melhores horas do meu dia.
3.( ) As coisas mais importantes que acontecem em minha vida envolvem meu trabalho.
4.( ) Eu como, vivo e respiro o meu trabalho.
5.( ) Eu estou pessoalmente muito ligado ao meu trabalho.
85
APÊNDICE 5 - ESCALA DE SATISFAÇÃO NO TRABALHO
As próximas frases falam a respeito de alguns aspectos do seu trabalho atual. INDIQUE O
QUANTO VOCÊ SE SENTE SATISFEITO OU INSATISFEITO COM CADA UM DELES.
suas respostas anotando, nos parênteses que antecedem cada frase, aquele número ( de 1 a
7), que melhor representa sua resposta.
1= Totalmente insatisfeito
2= Muito insatisfeito
3= Insatisfeito
4= Indiferente
5= Satisfeito
6= Muito satisfeito
7= Totalmente satisfeito
NO MEU TRABALHO ATUAL SINTO-ME
1.( ) Com o espírito de colaboração dos meus colegas de trabalho.
2.( ) Com o número de vezes que já fui promovido nessa empresa.
3.( ) Com o meu salário comparado com o quanto eu trabalho.
4.( ) Com o tipo de amizade que meus colegas demonstram por mim.
5.( ) Com o grau de interesse que minhas tarefas me despertam.
6.( ) Com o meu salário comparado à minha capacidade profissional.
7.( ) Com a maneira como esta empresa realiza promoções de seu pessoal
8.( ) Com a capacidade do meu trabalho absorver-me.
9.( ) Com as oportunidades de ser promovido nessa empresa.
10.( ) Com o entendimento entre mim e meu chefe.
11.( ) Com meu salário comparado aos meus esforços no trabalho.
12.( ) Com a maneira como meu chefe trata-me.
13.( ) Com a variedade de tarefas que realizo.
14.( ) Com a confiança que eu posso ter em meus colegas de trabalho.
15.( ) Com a capacidade profissional do meu chefe.
86
APÊNDICE 6 - ESCALA DE COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL AFETIVO
Abaixo estão listados vários sentimentos e emoções que alguém poderia ter em relação à
empresa onde trabalha. INDIQUE O QUANTO VOCÊ SENTE ESTES SENTIMENTOS E
EMOÇÕES. suas respostas anotando, nos parênteses que antecedem cada frase, aquele
número ( de 1 a 5 ) que melhor representa sua resposta.
1= nada 2= pouco 3= mais ou menos 4= muito 5= extremamente
A EMPRESA ONDE TRABALHO FAZ-ME SENTIR.....
1.( ) Orgulhoso dela.
2.( ) Contente com ela.
3.( ) Entusiasmado com ela.
4.( ) Interessado por ela.
5.( ) Animado com ela.
87
APÊNDICE 7 - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Informações sobre a pesquisa - Bem-Estar Subjetivo e Bem-Estar no Trabalho:
Um estudo com idosos que trabalham.
Meu nome é Sara Cristina de Assunção Melo. Sou aluna do curso de mestrado em
Psicologia da Universidade Federal de Uberlândia e estou estudando os efeitos do trabalho
formal e do trabalho voluntário para pessoas com idade de 60 anos ou mais. O objetivo de
meu estudo é investigar os níveis de bem-estar subjetivo e bem-estar no trabalho de idosos
trabalhadores. É importante aumentar os conhecimentos acerca do envelhecimento e da
velhice para atender as necessidades da população que esta envelhecendo e criar condições
para que essas pessoas desfrutem de uma velhice com saúde e bem-estar.
Para atingir meu objetivo preciso saber alguns dados sobre a pessoa que está
respondendo (como idade e escolaridade), local e tipo de trabalho que realiza, seu nível de
satisfação com a vida e outras informações semelhantes, que obterei através de questionários
e fichas a serem preenchidas pela própria pessoa.
Você está sendo convidado(a) para participar voluntariamente desta pesquisa. Pode
pedir quaisquer esclarecimentos que desejar para tomar sua decisão e mesmo depois de ter
aceitado participar, poderá pedir maiores esclarecimentos e até desistir de continuar
participando. Em caso de recusa, vonão será penalizado(a) de forma alguma. No caso de
aceitar participar, você não obterá nenhum tipo de benefício direto (sob forma de pagamento,
por exemplo).
As respostas dos participantes aos instrumentos da pesquisa serão analisadas em
conjunto, não sendo possível fazer um estudo individualizado. Além disso, não serão
coletadas informações que permitam identificar os participantes ou seu local de atuação.
Após sentir-se esclarecido(a) sobre a pesquisa, e tendo optado por participar dela,
assine o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido que está na página seguinte. Uma via
desse termo ficará com o participante e a outra com a pesquisadora. (COLOQUE CIDADE,
DATA, ASSINE)
88
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Eu, ____________________________________________________ abaixo assinado,
recebi informações sobre a pesquisa intitulada Bem-Estar Subjetivo e Bem-Estar no
Trabalho: Um estudo com idosos que trabalham” que será realizada por Sara Cristina de
Assunção Melo, aluna de mestrado em Psicologia da Universidade Federal de Uberlândia.
Estou ciente que:
a) o objetivo da pesquisa é investigar os níveis de bem-estar subjetivo e bem-estar no trabalho
de idosos que trabalhem ou que atuem como voluntários;
b) responderei a questionários elaborados especialmente para essa pesquisa;
c) o tempo médio para responder aos questionários será de 20 minutos;
d) a coleta de informações será feita no local de trabalho ou na minha residência em horário
combinado antecipadamente;
e) caso eu não queira participar desta pesquisa ou deseje sair dela antes de seu término, não
sofrerei nenhum tipo de represália por parte da pesquisadora e não serei prejudicado no meu
local onde trabalho;
f) os resultados da pesquisa poderão ser apresentados e/ou publicados em congressos e
revistas científicos, garantindo-se o sigilo em relação à minha pessoa e o caráter confidencial
das informações relacionadas à minha privacidade;
g) não corro nenhum tipo de risco ao participar deste estudo e não terei benefícios diretos.
Concordo em participar desta pesquisa, declarando conhecer seus termos, e afirmo que
minha participação é totalmente voluntária e livre.
_______________________,_______ de _______________, de 200__.
Assinatura do participante: ________________________________________
RG nº : ___________________________
Assinatura da pesquisadora: ______________________________________
Comitê de Ética em Pesquisa, da Universidade Federal de Uberlândia, Campus Santa Mônica
– Bloco “J”. Fone: 3239-4131
89
APÊNDICE 8 - ESCLARECIMENTOS SOBRE A PESQUISA
Informações sobre a pesquisa - Bem-Estar Subjetivo e Bem-Estar no Trabalho:
Um estudo com idosos que trabalham.
Meu nome é Sara Cristina de Assunção Melo. Sou aluna do curso de mestrado em
Psicologia da Universidade Federal de Uberlândia e estou estudando os efeitos do trabalho
formal e do trabalho voluntário para pessoas com idade de 60 anos ou mais. O objetivo de
meu estudo é investigar os níveis de bem-estar subjetivo e bem-estar no trabalho de idosos
trabalhadores. É importante aumentar os conhecimentos acerca do envelhecimento e da
velhice, já que, nos últimos anos, o país tem presenciado um crescimento acelerado do
número de idosos que tem causado diversas transformações em toda sociedade, tornando-se
necessário divulgar informações que auxiliem no atendimento das demandas dessas pessoas e
criar condições para que estas envelheçam com saúde e bem-estar.
Para atingir meu objetivo preciso saber alguns dados que serão obtidos através de
questionários e fichas a serem preenchidas pela própria pessoa. A aplicação dos questionários
poderá ser feita na residência do participante ou em outro local previamente combinado com o
mesmo. O tempo médio para responder aos questionários é de 20 minutos. Não serão
utilizadas informações que permitam identificar os participantes, como nome e endereço e
fica assegurado o sigilo em relação às respostas dadas.
O participante poderá esclarecer qualquer dúvida em relação ao estudo que está sendo
feito em qualquer momento e poderá deixar de participar dele, caso deseje, no que será
prontamente atendido. A pessoa que não quiser participar desta pesquisa ou desejar sair dela
antes de seu término não sofrerá nenhum tipo de represália por parte da pesquisadora e não
será prejudicada no seu trabalho. O participante autorizará a apresentação e publicação das
informações que fornecer para este estudo, em congressos e revistas científicos, garantidos o
sigilo em relação à sua pessoa e o caráter confidencial das informações relacionadas com sua
privacidade. Os sujeitos não sofrerão riscos com a pesquisa e sua participação será voluntária.
Os benefícios deste estudo são indiretos, que, a pesquisa contribuirá para a
ampliação dos conhecimentos sobre a população madura no contexto organizacional e para
aumentar o conhecimento sobre a influência do trabalho na vida do idoso podendo auxiliar
futuramente o aperfeiçoamento e a implementação de ações que promovam o bem-estar de
pessoas mais velhas.
Após sentir-se esclarecido(a) sobre a pesquisa, e tendo optado por participar dela,
assine o Termo de Autorização que está na página seguinte. Uma via desse termo ficará com o
participante e a outra com a pesquisadora. (COLOQUE CIDADE, DATA, ASSINE)
90
Termo de Autorização
Eu, ____________________________________________________ abaixo assinado,
recebi informações sobre a pesquisa intitulada Bem-Estar Subjetivo e Bem-Estar no
Trabalho: Um estudo com idosos que trabalham”, a ser desenvolvida pela pesquisadora
Sara Cristina de Assunção Melo, aluna de mestrado em Psicologia da Universidade Federal de
Uberlândia. Estou ciente dos objetivos e forma de coleta dos dados do estudo; do caráter
voluntário da participação e da possibilidade de retirada do consentimento do participante a
qualquer momento da pesquisa; do respeito ao anonimato dos sujeitos; da possibilidade de
divulgação dos resultados do trabalho em publicações escritas e/ou apresentações orais; dos
instrumentos utilizados para coletar os dados e do caráter sigiloso no tratamento das
informações relacionadas a esta empresa (instituição).
Autorizo a pesquisadora a entrar em contato com pessoas desta empresa (instituição)
que se enquadram nos critérios de inclusão no estudo que são a idade igual ou acima de 60
anos; grau de instrução equivalente a ensino fundamental completo; estar mercado de trabalho
formal ou exercer trabalho voluntário; residentes na cidade de Uberlândia e região; atuarem
como profissionais liberais, empregados de instituições ou empresas públicas, privadas,
filantrópicas, ou voluntários em organizações não - governamentais (ONGs), hospitais ou
outras instituições que tenham programa formal de voluntariado.
___________________________________, _____ de ________________________ de 200 .
Assinatura do responsável pelas informações: ______________________________________
RG nº ___________________________
Empresa (Instituição): ________________________________________________________
Assinatura da pesquisadora: ______________________________________
Comitê de Ética em Pesquisa, da Universidade Federal de Uberlândia, Campus Santa Mônica
– Bloco “J”. Fone: 3239-4131
91
APÊNDICE 9- APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA
Livros Grátis
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