Download PDF
ads:
ESTIMAÇÃO DE PARÂMETROS DE
COMPETIÇÃO ENTRE PLANTAS DO
FEIJOEIRO
VANESSA MARIA PEREIRA E SILVA
2007
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
VANESSA MARIA PEREIRA E SILVA
ESTIMAÇÃO DE PARÂMETROS DE COMPETIÇÃO
ENTRE PLANTAS DO FEIJOEIRO
Dissertação apresentada à Universidade Federal de
Lavras como parte das exigências do Programa de
Pós-graduação em Agronomia, área de concentração
em Genética e Melhoramento de Plantas, para a
obtenção do título de "Mestre".
Orientador
Prof. Dr. Magno Antonio Patto Ramalho
LAVRAS
MINAS GERAIS - BRASIL
2007
ads:
Ficha Catalográfica Preparada pela Divisão de Processos Técnicos da
Biblioteca Central da UFLA
Silva, Vanessa Maria Pereira
Estimação de parâmetros de competição entre plantas do feijoeiro / Vanessa
Maria Pereira Silva. - Lavras
: UFLA, 2007.
59 p. : il.
Orientador:
Magno Antonio Patto Ramalho.
Dissertação (Mestrado) - UFLA.
Bibliografia.
1. Feijão. 2. Competição. 3. Multilinhas. I. Universidade Federal de Lavras. II.
Título.
CDD-635.652
VANESSA MARIA PEREIRA E SILVA
ESTIMAÇÃO DE PARÂMETROS DE COMPETIÇÃO
ENTRE PLANTAS DO FEIJOEIRO
Dissertação apresentada à Universidade Federal de
Lavras como parte das exigências do Programa de
Pós-graduação em Agronomia, área de concentração
em Genética e Melhoramento de Plantas, para a
obtenção do título de "Mestre".
APROVADA em 09 de fevereiro de 2007
Prof. Dr. Aluízio Borém - UFV
Prof. Dr. José Eustáquio de Souza Carneiro - UFV
Prof. Dr. Magno Antonio Patto Ramalho
UFLA/DBI
(Orientador)
LAVRAS
MINAS GERAIS – BRASIL
A Deus,
luz da minha vida.
OFEREÇO
Aos meus pais, Zélio e Petronilha, pelo amor,
educação, confiança, exemplo constante e apoio em
todas as etapas da minha vida e a minha irmã, Talise,
pelo carinho, amizade e alegria.
DEDICO
AGRADECIMENTOS
A Deus, pelo dom da vida e por estar sempre iluminando meu caminho.
Aos meus pais, pelo incentivo, amor e dedicação.
A minha irmã, Talise, pelo otimismo e alegria com que conduz a vida,
carinho e grande amizade.
À Universidade Federal de Lavras e ao Departamento de Biologia, pela
oportunidade de realização da graduação e do curso de mestrado.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq), pela concessão da bolsa de estudos.
Ao Professor Magno Antonio Patto Ramalho, pela orientação,
ensinamentos transmitidos, paciência, disponibilidade e exemplo de profissional.
À Pesquisadora Dr. Ângela de Fátima Barbosa Abreu, pela co-
orientação, valiosas sugestões, apoio na condução dos experimentos e amizade.
Aos membros da banca, Professor Aluízio Borém e Professor José
Eustáquio de Souza Carneiro, pela disponibilidade e sugestões para o
enriquecimento deste trabalho.
Aos professores do programa de Pós Graduação em Genética e
Melhoramento de Plantas, em especial ao João Bosco, João Cândido e César
Brasil, pelos ensinamentos, agradável convivência e contribuição em minha
formação.
Ao professor Daniel Furtado Ferreira, pelas preciosas sugestões nas
análises estatísticas.
Ao José Ângelo pelo carinho, paciência e apoio em todos os momentos,
demonstrando ser um grande companheiro, estando sempre a meu lado.
As minhas avós, em especial a vó Delba, pelas orações e amor, sendo
para mim uma segunda mãe.
Aos meus tios do coração Ana e Messias, pelo incentivo e sábios
conselhos a mim transmitidos.
A Flavinha, pela grande amizade que cultivamos nesses anos de
convivência e que, tenho certeza, permanecerá pela vida inteira.
Aos amigos do GEN: Juarez, José Luis, Adriano, Josiane, Alex, Dheyne,
Fabrício, Aisy, Diego, Graciele, Flávia, Paula, Isabela, Lívia, Francine, Quélen,
Helton, Eduardo, Marciane, Ana Luiza, Renato, Mônica, César, Marcelo
(Jacaré), Ranoel, Matheus, Rafael e Ricardo. Valeu a colaboração, a
descontração e os grandes momentos que passamos juntos. A amizade é
imprescindível!
Aos funcionários do DBI, Zélia, Rafaela, Irondina e Renata, pela
prazerosa convivência e disponibilidade.
À secretária Elaine, pela atenção e ajuda ao longo dessa caminhada.
Aos funcionários de campo, Léo e Lindolfo, pela indispensável ajuda na
condução dos experimentos e grande amizade.
A todos aqueles que fazem parte da minha vida, e de alguma forma,
contribuíram para realização deste trabalho.
MUITO OBRIGADA!
SUMÁRIO
Página
RESUMO...................................................................................................... i
ABSTRACT.................................................................................................. ii
1 INTRODUÇÃO......................................................................................... 1
2 REFERENCIAL TEÓRICO...................................................................... 3
2.1 Capacidade de competição entre plantas................................................. 3
2.2 Metodologias para avaliar a capacidade de competição......................... 6
2.3 Capacidade de competição entre plantas cultivadas............................... 10
2.4 Estudos da capacidade de competição no feijoeiro................................. 11
3 MATERIAL E MÉTODOS....................................................................... 19
3.1 Local........................................................................................................ 19
3.2 Linhagens avaliadas................................................................................ 19
3.3 Condução dos experimentos................................................................... 20
3.4 Características avaliadas......................................................................... 22
3.5 Análise dos dados.................................................................................... 22
4 RESULTADOS.......................................................................................... 27
5 DISCUSSÃO............................................................................................. 47
6 CONCLUSÕES......................................................................................... 52
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................... 53
ANEXO......................................................................................................... 56
i
RESUMO
SILVA, Vanessa Maria Pereira. Estimação de parâmetros de competição
entre plantas do feijoeiro. 2007. 59 p. Dissertação (Mestrado em Genética e
Melhoramento de Plantas) – Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG,
Brasil.
*
O objetivo do presente trabalho foi o de comparar a auto e
alocompetição ao nível de plantas; estimar parâmetros relacionados à capacidade
de exercer ou tolerar a competição e identificar linhagens promissoras para a
obtenção de multilinhas. Os experimentos foram conduzidos em três safras, com
semeadura em julho de 2005, novembro de 2005 e fevereiro de 2006. Foram
utilizadas oito linhagens de feijão, com grãos tipo carioca, de diferentes origens.
Em cada época foram conduzidos oito experimentos, diferindo apenas na
linhagem exercendo competição. Em cada experimento, a disposição das plantas
foi realizada de modo a se ter um sistema de nove covas, sendo a central (teste)
utilizada para tomada dos dados e as oito restantes da mesma linhagem
exercendo competição. Em cada linha, a cova sob teste foi repetida oito vezes. O
espaçamento entre linhas foi de 30 cm; a mesma distância foi mantida entre
covas dentro da linha. Na semeadura foram colocadas três sementes por cova e,
após o desbaste, deixada apenas uma planta. As plantas sob competição foram
colhidas individualmente. De cada planta foram obtidos o número de vagens, o
número de grãos e o peso dos grãos (g/planta). Com os dados médios, utilizando
modelo semelhante ao dos cruzamentos dialélicos, foram estimados os
parâmetros associados à competição: capacidade geral de exercer competição
(c
i
), capacidade de tolerar a competição (t
j
), capacidade específica de competição
(s
ij
) e o desempenho per se da linhagem (a
j
). A performance média das
linhagens em autocompetição foi semelhante à alocompetição, contudo, as
linhagens diferiram na resposta à alocompetição. Constatou-se que ela foi
positiva no caso da Pérola e negativa com a Majestoso e Talismã. A associação
entre as estimativas dos parâmetros que avaliam o desempenho per se (a
j
) com a
capacidade de competição (c
i
) foi positiva e com a capacidade de tolerância à
competição foi negativa e alta. Nenhuma linhagem associou baixa capacidade de
exercer competição (c
i
alto) e alta capacidade de tolerar a competição (t
j
alto). A
linhagem Majestoso apresentou a maior estimativa de a
j
e c
i
, sendo, portanto,
recomendada para se obter linhas isogênicas em um programa de síntese de
multilinhas.
*Comitê orientador: Magno Antonio Patto Ramalho – UFLA (Orientador); Ângela de
Fátima Barbosa Abreu – Embrapa Arroz e Feijão/UFLA (Co-orientadora)
ii
ABSTRACT
SILVA, Vanessa Maria Pereira. Estimation of competition parameters in
common bean plants. 2007. 59 p. Dissertation (Master’s degree in Genetics and
Plant breeding) – Federal University of Lavras, Lavras, MG, Brazil.
*
The objective of this study was to compare the auto and allo-competition
at the plant level; to estimate parameters related to the capacity of competing or
competition tolerance; and to identify promising lines to develop multilines. The
experiments were conducted in three growing seasons (sowing in July 2005,
November 2005 and February 2006). Eight common bean lines from different
origins with carioca type grains were used. Eight experiments were conducted in
each season, which differed only in the line in competition. In each experiment,
the plants were arranged in a system of nine hills; data were collected from the
central plant (test) while the others of the same line exerted competition. In each
row, the test hill was replicated eight times. The spacing between rows and
between hills in the row was 30 cm. Three seeds per hill were sown and thinned
to just one plant. The competing plants were harvested individually. The number
of pods, number of grains and grain weight (g/plant) of each plant was
evaluated. The following competition-related parameters were estimated with
the mean data, using a model similar to the diallel: general competition ability
(c
i
), competition tolerance (t
j
), specific competition ability (s
ij
) and the per se
performance of the line (a
j
). The mean performance of the lines in
autocompetition was similar to the allo-competition, whereas the response to
allo-competition differed in the lines. In the case of Pérola it was positive and
negative for Majestoso and Talismã. The association of the parameter estimates
related to per se performance (a
j
) with the competing ability (c
i
) was positive
while the association with the competition tolerance capacity was negative and
high. None of the lines associated low competing ability (c
i
high) with high
competition tolerance capacity (t
j
high). The highest estimate of a
j
and c
i
was
observed in line Majestoso and it can therefore be recommended for the
development of isogenic lines in a multiline synthesis program.
*Advisor committee: Magno Antonio Patto Ramalho – UFLA (Advisor); Ângela de
Fátima Barbosa Abreu – Embrapa Arroz e Feijão/UFLA (Co-advisor).
1
1 INTRODUÇÃO
Especialmente os agricultores de subsistência no Brasil, não adquirem
sementes regularmente e utilizam para plantio os grãos colhidos na safra
anterior. Tem sido constatado que as suas “cultivares” em realidade são uma
mistura de várias linhagens. Essas misturas, ao que tudo indica, proporcionam
algumas vantagens, entre elas a maior estabilidade (Becker & Léon, 1988; Bruzi,
2006).
Outra vantagem apregoada às misturas seria uma maior produtividade
devido ao melhor desempenho das plantas em alocompetição, isto é, competição
entre plantas de genótipos diferentes, em relação à autocompetição (Donald,
1963). Essa comparação foi tema de várias pesquisas por algumas décadas
(Cardoso & Vieira, 1971; Guazzelli, 1975; Bisognin, 1995; Bos & Caligari,
1995; Mastrantonio, 2004). As vantagens das misturas ficaram comprovadas em
algumas situações, tais como em feijão (Federer et al., 1982), soja (Gizlice et al.,
1989) e aveia (Helland & Holland, 2001).
Os programas de melhoramento do feijoeiro no Brasil têm obtido
inúmeras linhagens de feijão tipo carioca, isto é, creme com estrias marrons. Se
algumas delas forem misturadas, não haverá nenhuma restrição em termos de
comercialização, uma vez que os grãos são semelhantes. Porém, é importante
verificar se essa estratégia é realmente vantajosa. Estimar parâmetros associados
à capacidade de exercer ou tolerar a competição, em nível de plantas,
envolvendo linhagens de feijão tipo carioca, poderia mostrar a vantagem da
mistura e, ainda, demonstrar quais as linhagens mais promissoras para um
programa de multilinhas.
Nesse contexto, o presente trabalho foi realizado com os objetivos de
comparar a auto e a alocompetição, estimar parâmetros relacionados à
2
capacidade de exercer ou tolerar competição e, identificar linhagens promissoras
para a obtenção de multilinhas.
3
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Capacidade de competição entre plantas
A capacidade de competição entre plantas tem despertado a atenção da
pesquisa há longo tempo. Uma extensa revisão a esse respeito foi publicada por
Donald (1963), cujo enfoque foi, principalmente, na competição entre plantas de
espécies diferentes, com ênfase no caso de pastagens. Também recebeu muita
atenção, em vários países, o estudo da competição visando o cultivo
consorciado, especialmente milho–feijão e feijão–café, entre outros casos
(Stoffel, 1999; Brummer & Baker, 2006).
O que mais interessa nessa revisão é a competição entre plantas da
mesma espécie, porém, de constituição genética diferente. Esse tipo de pesquisa
tem com objetivo algumas estratégias, tais como: a produção de multilinhas e a
maior estabilidade de produção. Nesse contexto, há evidências de que a mistura
de genótipos tem maior estabilidade que os respectivos monocultivos das
linhagens (Becker & Léon, 1988). Inclusive, argumenta-se, no caso do feijão
que as linhagens dos agricultores (“landraces”) são constituídas por uma mistura
de linhagens com ampla variabilidade genética (Santos, 2001). Essa
variabilidade genética seria responsável pela maior estabilidade de produção.
O que se deseja, contudo, é a comparação da autocompetição, que
consiste na competição entre plantas de mesma linhagem, com a alocompetição,
que é a competição entre plantas de linhagens diferentes. Considerando, por
exemplo, duas espécies A e B, Donald (1963), por meio de um modelo, discutiu
os efeitos da competição entre espécies (Tabela 1). Segundo ele, a mistura de A
e B pode em algumas situações, ser superior a um ou ambos os monocultivos.
Esse autor comenta que, se as duas espécies são contrastantes com relação ao
4
hábito de crescimento, distribuição das folhas, ramos, raiz e exploração da água
e nutrientes do solo, elas podem explorar o ambiente mais efetivamente, quando
em mistura que em monocultivos, aumentando assim a produção. Uma linhagem
pode ter mais sucesso que outra, assegurando mais luz, água ou nutrientes e,
como conseqüência, a produção por planta pode ser aumentada, enquanto a
produção por planta da outra espécie pode ser diminuída, tal o significado geral
de dominância e supressão. Pode-se observar que a espécie A é mais produtiva
que a espécie B quando em monocultivo. Entretanto, quando misturadas, a
espécie A tem maior produção por planta, aumentando, assim, a produção por
área da mistura (A + B).
TABELA 1. Produção por planta e por área de duas espécies em mistura e em
monocultivo.
Espécie A Espécie B Espécie A + B
Produção por planta 10 5 A = 14
B = 3
Produção por área 40 20 34
Fonte: Donald, 1963.
5
Em um dos primeiros trabalhos com misturas, Stringfield (1959)
associou pares de híbridos de milho para obter a mistura e observou que a
produção de grãos na mistura foi igual à média da produção dos dois híbridos,
quando cultivados separadamente.
O comportamento em mistura e monocultivo também foi estudado por
Pendleton & Seif (1962), que conduziram experimentos com duas linhagens de
milho, diferindo em altura. Como resultado, observaram que a linhagem
braquítica, quando semeada em mistura com a linhagem normal, teve uma perda
em produção de 19,4%. Esta redução foi maior que a vantagem oriunda da
planta normal, sugerindo a desvantagem da mistura (Tabela 2).
TABELA 2. Produção em bushels/acre de duas linhagens de milho em mistura
e em monocultivo.
Linhagens Monocultivo Mistura Variação (%)
Normal US-13 91,1 96,6 +5,1
Braquítico US-13 63,5 44,1 -19,4
6
No livro “Selection Methods in Plant Breeding” (Bos & Caligari, 1995),
há um capítulo exclusivo a respeito da auto e alocompetição nos programas de
melhoramento. Os autores comentam que a interferência de uma planta em seu
vizinho pode ser favorecida pela competição por água, luz e nutrientes.
Conforme aumenta a densidade das plantas, a competição tende a aumentar. É o
que ocorre em cultivos comerciais que, geralmente, apresentam forte
autocompetição. Enfatizam, ainda, que plantas com genótipos relacionados,
quando em monocultivo, tendem a competir mais fortemente e, com isso, a
autocompetição acarreta efeitos mais severos que a alocompetição,
influenciando na adaptabilidade, na proporção de sobrevivência das plantas e no
número de sementes viáveis produzidas.
Muitos outros trabalhos foram realizados posteriormente a respeito das
vantagens ou não de misturas. Alguns desses trabalhos serão comentados após o
tópico que se refere às metodologias que podem ser utilizadas na avaliação da
capacidade de competição.
2.2 Metodologias para avaliar a capacidade de competição
Para avaliar a competição, várias metodologias têm sido propostas. A
maioria dessas metodologias dá ênfase ao estudo da capacidade de competição.
Por isso, em algumas situações, tem sido proposto método semelhante ao dos
cruzamentos dialélicos. Nesse contexto, Federer et al. (1982) utilizaram o
seguinte modelo:
ijkijjijikijk
esccttbY
+
+
+
+
+++
=
2/)(
µ
em que:
ijk
Y
: observação referente à linhagem i, em mistura com a linhagem j, avaliada
no bloco k;
7
µ
: média geral;
k
b
: efeito do bloco k, k=1, 2,..., r;
i
t
: efeito da linhagem i, quando em cultura pura, i=1, 2,..., n;
j
t : efeito da linhagem j, quando em cultura pura, j=1, 2,..., l;
i
c
: efeito geral de competição da linhagem i, quando em mistura;
j
c
: efeito geral de competição da linhagem j, quando em mistura;
ij
s
: efeito específico de competição da linhagem i e j, para i<j = 2,..., n, com
ij
s
=
ji
s
e
i
i
s
= 0;
ijk
e
: erro experimental associado à observação
ijk
Y
.
Quando em monocultura o modelo seria:
ikikik
etbY +++
=
µ
em que:
ik
Y
: observação referente à linhagem i, quando em monocultura e avaliada no
bloco k;
µ
: média geral;
k
b
: efeito do bloco k, k=1, 2,..., r;
i
t
: efeito da linhagem i em monocultura, i=1, 2,..., n;
ik
e
: erro experimental associado à observação
ik
Y
.
As restrições referentes ao modelo são:
0,0,0
1
111
===
===
ij
n
j
j
i
v
i
k
r
k
stb
.
Os estimadores para os componentes do modelo seriam:
rnYY /
ˆ
..
..
==
µ
8
rrYt
ii
/)
ˆ
(
ˆ
.
µ
=
)2(/)]1/(2)2(2[
ˆ
....
= nrnYYnYc
ii
....1
)1(2
ˆ
)1()1( YnYcnrcnnr
i
n
==
rccttrrYs
ji
j
i
ij
ij
/]2/)
ˆˆ
ˆˆ
(
ˆ
[
ˆ
.
+++=
µ
)1(/])1(
ˆ
)1(2[
ˆ
...
++= nncnnnnYb
k
k
µ
O parâmetro
c
é usado para descrever a diferença média entre o
desempenho das linhagens em monocultura e mistura.
Quando somente os valores da mistura são disponíveis, podem-se obter
soluções para as somas
c
+
µ
e
ii
ct
+
, mas não se podem estimar os
componentes individuais desta soma.
O modelo descrito anteriormente é aplicado quando a produção da
linhagem individual não pode ser separada dentro da mistura. Assim, somente a
produção da monocultura e a combinação da resposta da mistura são disponíveis
para análises estatísticas. Foi mencionado um segundo modelo, ou modelo
alternativo, considerado quando a resposta individual de cada cultivar na mistura
é disponível, o qual possibilita a estimação de um maior número de parâmetros.
As equações utilizadas neste segundo modelo para monocultura
permanecem as mesmas citadas no primeiro modelo. Para mistura as equações
são alteradas:
)()()(
2/)(
jikjiiikjik
esctbY
+
+
+
++=
µ
e
)()()(
2/)(
ijkijjjkijk
esctbY
+
+
+
++=
µ
em que:
9
ijk
Y : produção da linhagem i, quando em mistura com a linhagem j, avaliada no
bloco k;
µ
: média geral;
k
b
: efeito do bloco k, k=1, 2,..., r;
i
t
: efeito da linhagem i, quando em monocultura, i=1, 2,..., n;
j
t
: efeito da linhagem j, quando em monocultura, j=1, 2,..., l;
i
c
: efeito geral de competição da linhagem i, quando em mistura;
j
c
: efeito geral de competição da linhagem j, quando em mistura;
)( ji
s
: efeito específico de competição da linhagem i e j, quando juntas em
mistura, (i = 1, 2,..., n; j
i) e
i
s = 0;
)(ij
s
: efeito específico de competição da linhagem i e j, quando juntas em
mistura, (j = 1, 2,..., l; i
j) e
j
s
= 0;
ijk
e
: erro experimental associado à observação
ijk
Y
.
Outro método para avaliar a capacidade de competição foi proposto por
Antunes et al. (2002), denominado Coeficiente de Interferência (I) e seu
estimador é:
i
i
i
P
M
I =
em que:
I
i
:
coeficiente de interferência da linhagem i;
M
i
: produtividade de grãos da linhagem i, quando em mistura;
P
i
: produtividade de grãos da linhagem i, quando em monocultura.
Quando o I é maior que 1 significa que a influência das linhagens em
mistura será positiva sobre a linhagem analisada, promovendo um melhor
10
desempenho em relação à monocultura. Quando o I é menor que 1, o efeito das
linhagens em mistura será negativo, ou seja, a produção será menor que em
monocultura e, quando I é igual a 1, revela a neutralidade dos efeitos das
linhagens na mistura.
2.3 Capacidade de competição entre plantas cultivadas
Numerosos estudos têm quantificado o desempenho de multilinhas ou
misturas em várias espécies cultivadas, porém, poucas cultivares “multilinhas”
têm sido liberadas para utilização pelos agricultores. Uma razão seria a falta de
um método eficiente para a identificação de linhagens que aumentem o
desempenho das misturas. Devido a esse fato, visando avaliar um método
prático que descreva o relativo valor de linhagens em misturas, foram feitas
várias aplicações do método proposto por Federer et al. (1982).
Em um desses trabalhos, Gizlice et al. (1989) avaliaram oito linhagens
de soja em monocultivo e todas as possíveis combinações em misturas duas a
duas, em igual proporção, totalizando 28 misturas. A maioria dessas linhagens
diferia quanto à cor da flor e da pubescência, podendo ser distinguidas,
visualmente, no florescimento ou maturidade. Os autores verificaram que alguns
genótipos se beneficiaram na mistura e que esses deveriam ser identificados para
a obtenção de misturas com melhor performance.
Em trabalho semelhante com aveia, Helland & Holland (2001)
observaram que a mistura de linhagens permite uma maior produção e
estabilidade em relação à monocultura. Concluíram, em um dos experimentos,
que a produção média de grãos nas misturas avaliadas foi, em média, 3%
superior a média das linhas puras. Evidenciaram também que as misturas foram
mais estáveis que a monocultura. No outro experimento, o desempenho das
misturas em relação às linhas puras não diferiu significativamente.
11
Estudos entre a relação da capacidade de competição e alguns caracteres
agronômicos foram feitos em arroz. Foram utilizadas duas linhagens, Honen-
wase e Tamasari 1, e suas progênies F
2
e F
3
, para investigar a herança da
capacidade de competição e a relação com outros caracteres (Akihama, 1968).
Constatou-se que a seleção da capacidade de competição influenciou na seleção
indireta de outros caracteres agronômicos. Uma correlação negativa foi
encontrada entre a capacidade de competição e o peso, e a capacidade de
competição e o comprimento da panícula de arroz. Outros estudos da capacidade
de competição em arroz foram feitos por Jennings & Herrera (1968) e Wolfe
(2000).
Estudando a competição intergenotípica em soja, Bisognin et al. (1995)
utilizaram cinco linhagens que foram plantadas em monocultivo e em quatro
misturas. Entre essas misturas, as da linhagem Bragg com IAS 5 e Bragg com
BR8-Pelotas obtiveram ganhos de rendimento, em relação à média dos
componentes (9,04% e 8,59%, respectivamente). Com os resultados obtidos, os
autores verificaram que a competição intergenotípica pode ser explorada no
melhoramento da soja.
2.4 Estudos da capacidade de competição no feijoeiro
A avaliação da capacidade de competição na cultura do feijoeiro já foi
realizada em alguns trabalhos. A maioria deles tinha como objetivo verificar a
sobrevivência de linhagens em mistura. Assim, por exemplo, Cardoso & Vieira
(1971) obtiveram misturas de linhagens de feijão, diferindo na cor e tamanho
dos grãos, formando vários tipos de compostos. Entre eles, o composto I, que
envolvia as linhagens: Rico 23 (grãos pretos), Manteigão Fosco 11 (grãos
creme), Small White 59 (grãos brancos); o composto II, com as linhagens:
Manteigão Preto 20 (grãos pretos), Manteigão Fosco 11 (grãos creme); o
12
composto III, com duas linhagens: 37-R (grãos vermelhos) e Preto 40 (grãos
pretos) e, por fim, o composto IV, que incluía as linhagens Rico 23 (grãos
pretos), Vi. 982 (grãos creme) e Vi. 1013 (grãos creme).
Essas misturas e seus componentes foram avaliados em quatro safras
sucessivas. No primeiro plantio, os compostos possuíam igual número de
sementes de cada componente; no segundo, terceiro e quarto plantios, as
misturas eram semeadas na mesma proporção que apresentavam na colheita
anterior. Na colheita, as linhagens eram separadas de acordo com a cor e o
tamanho de grãos. Verificou-se que, em cada composto, uma das linhagens
predominava rapidamente. Por exemplo, no composto I, em que a linhagem Rico
23 dominou as outras duas a partir da segunda semeadura (Figura 1). Apenas em
um dos compostos, o de número II, houve equilíbrio entre os componentes. No
primeiro plantio o composto I produziu 18,6% a mais que a média de seus
componentes. Os autores enfatizaram que, a linhagem mais produtiva na
mistura predominava rapidamente. Em três ou quatro safras sucessivas, a
mistura se desfaz, restando praticamente uma única linhagem (Cardoso &
Vieira, 1971).
13
Posteriormente, foram obtidos outros compostos de misturas de feijão,
utilizando um maior número de linhagens. O composto V, por exemplo, era
constituído pelas seguintes linhagens: 37-R (grãos vermelhos), Rico 23 (grãos
pretos), Small White 59 (grãos brancos), Ricopardo 896 (grãos pardos), Vi. 1009
(grãos creme) e Carioca 1030 (grãos creme com estrias marrons) e o composto
VI continha as linhagens Manteigão Fosco 11 (grãos creme), Manteigão
Brilhante 13 (grãos creme), Rico 23 (grãos pretos), 37-R (grãos vermelhos),
Manteigão 977 (grãos rajados) e Vi. 983 (grãos creme). Com os plantios
sucessivos, num total de seis, a composição das linhagens nas misturas foi
modificando, e as linhagens mais produtivas e com sementes pequenas tiveram
melhor capacidade de competição em mistura (Cardoso & Vieira, 1976).
FIGURA 1. Modificação da constituição do composto I, ao longo das safras.
Fonte: Cardoso & Vieira (1971).
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Rico 23
Small White 59
Manteigão Fosco 11
“Águas”
68/69
“Seca”
68/69
“Águas
69/70
“Seca”
69/70
% de
sementes
14
Os componentes do composto V apresentavam sementes do mesmo
tamanho, com exceção da Small White 59 que tem grãos muito pequenos. Neste
composto, Small White 59, Carioca 1030 e Vi. 1009 foram, pouco a pouco,
sendo dominadas. Inicialmente, 37-R e Rico 23 predominavam na mistura, mas,
a partir do quarto plantio, a linhagem Ricopardo 896 passou a sobressair-se
(Figura 2). Vale ressaltar que a linhagem Rico 23 mostrou ser boa competidora,
enquanto a 37-R teve seu comportamento alterado na presença de outro forte
competidor, a linhagem Ricopardo 896. Nesta mistura a linhagem, Ricopardo
896 foi mais produtiva e começou a dominar quando passou a competir apenas
com as linhagens 37-R e Rico 23. Os autores comentam que a intensidade de
dominância de uma linhagem sobre a outra é influenciada pelos outros
componentes da mistura. No composto VI, as linhagens Rico 23 e 37-R
mostraram ser fortes competidoras (Figura 3) e, no quinto plantio, haviam
dominado as demais (Cardoso e Vieira, 1976).
FIGURA 2. Modificação da constituição do composto V, ao longo das safras.
Fonte: Cardoso & Vieira (1976).
15
Estudando homeostase de populações de feijoeiro com diferentes
estruturas genéticas, Bruzi (2006) utilizou oito linhagens, a mistura em igual
proporção destas linhagens (MP) e a geração F
2
do híbrido múltiplo (HM) obtido
utilizando cruzamentos artificiais entre as linhas puras. O HM e a MP
demonstraram ter boa produtividade média. A mistura apresentou
comportamento semelhante a algumas linhagens já recomendadas, contudo,
constatou-se que o HM e a MP foram mais estáveis, embora algumas linhagens
fossem comparáveis à mistura. O autor comenta que a população contendo uma
mistura de linhas puras ou de locos em heterozigose é mais estável por possuir
tamponamento individual e populacional como preconizado por Allard &
Bradshaw (1964).
Avaliação da capacidade de competição, por meio de um modelo
semelhante ao dialelo, foi realizada por Federer et al. (1982), com a cultura do
FIGURA 3. Modificação da constituição do composto VI, ao longo das safras.
Fonte: Cardoso & Vieira (1976).
16
feijão, utilizando oito linhagens que diferiam quanto à cor, à forma, ao tamanho
do grão e ao tipo de planta. O espaçamento entre linhas utilizado (0,80 m) foi
suficiente para eliminar ou reduzir a competição entre linhas e, desse modo, a
competição foi somente dentro da linha. As linhagens foram misturadas duas a
duas, como em um esquema dialélico, totalizando 28 misturas. Foram avaliadas
também as 8 monoculturas correspondentes a cada uma das linhagens,
resultando assim em 36 tratamentos (28 misturas + 8 monoculturas). As
sementes de cada mistura foram colocadas na proporção de 1:1 (50 sementes de
cada linhagem), e na colheita, obteve-se a produção para cada linhagem nas 28
misturas. Os autores concluíram que o efeito da linhagem e a capacidade
específica de competição podem depender de condições climáticas, entretanto,
cada local deve ter uma mistura de linhagens que se adapte melhor. As
informações obtidas podem ser usadas na identificação de linhagens que
apresentam um melhor comportamento quando em misturas.
Visando estimar a interferência, Mastrantonio et al. (2004) realizaram
um estudo com três linhagens de feijão (Carioca, Guateian 6662 e Tayhú), as
quais apresentavam diferenças na coloração das sementes, sendo creme com
estrias marrons, pretas e rosadas, respectivamente, facilitando a identificação na
colheita. O experimento continha cinco tratamentos formados pela monocultura
das três linhagens e duas misturas, uma equivalente a uma população de 240 mil
plantas/ha (população A) e outra a 120 mil plantas/ha (população B). Nas
parcelas com misturas, em cada uma das fileiras, foram semeadas, na seqüência,
sementes de Carioca, Guateian 6662 e Tayhú, repetidamente. Observaram que a
população A foi, em geral, superior à B, revelando que a compensação na
produção de cada planta, resultante de uma menor população, não foi suficiente
para conduzir a um patamar equivalente ao observado na maior densidade de
semeadura. A análise com base na estimativa de I revela que a linhagem Tayhú
teve a produtividade estimulada quando em mistura, sendo esse efeito mais
17
pronunciado na maior densidade, caracterizando a presença de efeitos positivos
de interferência e constatando que a mistura de linhagens de feijão pode
estimular a produtividade de grãos (Tabela 3).
TABELA 3. Coeficientes de interferências (I) para as linhagens Carioca,
Guateian 6662 e Tayhú, em Canguçu (RS) e Passo Fundo (RS).
Linhagens Pop. A
240 mil plantas/ha
Pop. B
120 mil plantas/ha
Canguçu 1992/1993
Carioca
1,09 0,83
Guateian 6662
0,75 0,77
Tayhú
1,40 0,82
Canguçu 1993/94
Carioca
0,79 0,86
Guateian 6662
1,06 0,98
Tayhú
1,22 1,09
Passo Fundo 1993/94
Carioca
0,81 0,86
Guateian 6662
0,93 0,93
Tayhú
1,12 1,03
Coeficiente Médio/Misturas
Carioca
0,90 0,85
Guateian 6662
0,91 0,90
Tayhú
1,24 0,98
Fonte: Mastrantonio et al., 2004.
18
Em todos esses trabalhos foi avaliado o efeito de mistura de linhagens e
não a competição, em nível de plantas, propriamente dita. O único trabalho
encontrado a esse respeito com a cultura do feijoeiro foi o de Guazzelli (1975).
Ele utilizou quinze linhagens de feijão preto (San Fernando, Costa Rica, Rico
23, Porto Alegre, Veranic 2, Col 123 N, Cuva 168 N, Preto Uberabinha, Preto
G
1
, Iguassu, Preto Marico, Preto Catarinense, Preto EEP 551, Jamapa e B.H.
4935) semeadas em monocultura e em mistura. Foi utilizado um sistema de nove
covas espaçadas de 0,30 m e a avaliação da competição foi feita na linhagem
situada na cova central, sob a influência da mistura de linhagens dispostas nas
oito covas circundantes. O autor observou que a produtividade média em mistura
foi 8,35% superior à monocultura, e que as linhagens diferiram na capacidade de
tolerarem a competição. Entre elas, destacaram-se Preto G
1
, Rico 23, Costa Rica
e Preto Uberabinha. Constatou-se também que a produtividade das linhagens em
mistura foi mais variável que em monocultura.
19
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Local
Os experimentos foram conduzidos na área experimental do
Departamento de Biologia da Universidade Federal de Lavras, no município de
Lavras, localizado na região Sul do estado de Minas Gerais, a 918 metros de
altitude, 21
o
58’ de latitude Sul e 45
o
22’ de longitude Oeste.
3.2 Linhagens avaliadas
Foram utilizadas oito linhagens todas com grãos tipo carioca, isto é, de
cor creme e rajas marrons. A relação das linhagens utilizadas e o fenótipo de
algumas características estão apresentados na Tabela 4. Observa-se que elas
diferem em hábito de crescimento, resistência a patógenos, ciclo e peso dos
grãos.
20
TABELA 4. Caracterização fenotípica das linhagens utilizadas no experimento.
Reação a doenças
Linhagens Tipo de
planta
1/
Porte A. M.A. PCS
Ciclo
(dias)
Pérola II/III Semi-ereto a
prostrado
S I 25g 90
VC 3 III Prostrado R I 27g 85
Majestoso II/III Semi-ereto a
prostrado
R I 25g 87
Magnífico III Semiprostrado R - 22g 90
IAPAR 81 II Ereto I S 25g 92
Carioca III Prostrado S S 25g 90
Carioca MG II Ereto R S 24g 90
Talismã III Prostrado R I 27g 85
1/
II - hábito de crescimento indeterminado tipo II; III - indeterminado tipo III.
PCS - peso de cem sementes; R - resistente; S - suscetível; I - intermediário.
A. - antracnose; M.A. - mancha angular.
3.3 Condução dos experimentos
Os experimentos foram conduzidos nas três safras de cultivo do feijão
na região: inverno, semeadura em julho de 2005; “águas”, semeadura em
novembro de 2005 e “seca”, semeadura em fevereiro de 2006.
Na semeadura adotou-se esquema apresentado na Figura 4. Foram
conduzidos oito experimentos distintos, alterando-se apenas a linhagem
exercendo competição, identificada com um “x” no esquema. Veja que, em cada
experimento, as oito linhagens foram submetidas à competição das mesmas
linhagens. A disposição das plantas foi realizada de modo a se ter um sistema de
nove covas, sendo a central (teste) utilizada para a tomada dos dados e as oito
restantes a mesma linhagem exercendo competição. Em cada linha, a cova sob
teste foi repetida oito vezes.
21
A distância entre as covas foi sempre de 30 cm. Para se obter um mesmo
espaçamento entre as covas, foi aberto um sulco de semeadura a 30 cm de
distância e, posteriormente, por meio de uma régua marcada a cada 30 cm, foi
identificado o local das covas. A cova sob teste foi previamente identificada na
régua, para facilitar a semeadura. Foram sempre colocadas três sementes por
cova e, após o desbaste, realizado com aproximadamente 15 dias após a
semeadura, deixada uma planta. Só foram consideradas as plantas sob
competição que possuíam as oito covas vizinhas sem falhas.
1 x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x
2 x
1 x x x 1 x x x 1 x x x 1 x x x 1 x x x 1 x x x 1 x x x 1 x x x x x
3 x x x
2 x x x 2 x x x 2 x x x 2 x x x 2 x x x 2 x x x 2 x x x 2 x x x
4 x
3 x x x 3 x x x 3 x x x 3 x x x 3 x x x 3 x x x 3 x x x 3 x x x x x
5 x x x
4 x x x 4 x x x 4 x x x 4 x x x 4 x x x 4 x x x 4 x x x 4 x x x
6 x
5 x x x 5 x x x 5 x x x 5 x x x 5 x x x 5 x x x 5 x x x 5 x x x x x
7 x x x
6 x x x 6 x x x 6 x x x 6 x x x 6 x x x 6 x x x 6 x x x 6 x x x
8 x
7 x x x 7 x x x 7 x x x 7 x x x 7 x x x 7 x x x 7 x x x 7 x x x x x
9 x x x
8 x x x 8 x x x 8 x x x 8 x x x 8 x x x 8 x x x 8 x x x 8 x x x
10 x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x
FIGURA 4. Esquema de um dos experimentos envolvidos no estudo da
competição entre plantas do feijoeiro, em que, o “x” representa a
linhagem exercendo competição. Em cada experimento, foi
utilizada uma das oito linhagens. Os números em negrito
correspondem às linhagens sofrendo competição, sendo que cada
número corresponde a uma linhagem diferente.
22
A adubação foi realizada no sulco de semeadura, tendo sido aplicado o
equivalente a 300 kg/ha da fórmula 8-28-16 de N, P
2
O
5
e K
2
O mais Zn. Em
cobertura, foram aplicados 150 kg/ha de sulfato de amônio. Nas safras da “seca”
e de inverno, a cultura foi irrigada por aspersão. O controle das plantas daninhas
foi efetuado por meio dos herbicidas pós-emergentes Fomesafen e Fluazifop-p-
butil. Os demais tratos culturais foram os normalmente adotados para a cultura
na região.
3.4 Características avaliadas
As plantas sob competição foram colhidas individualmente. De cada
planta foram obtidos o número de vagens, o número de grãos e o peso dos grãos
(g/planta).
3.5 Análise dos dados
Os dados por planta foram submetidos à análise de variância, sendo
aqueles referentes à contagem transformados pela
x
. Procedeu-se,
inicialmente, à análise por época de semeadura e por experimento, utilizando-se
o seguinte modelo:
hqhhq
etmY ++
=
em que:
hq
Y
: observação referente à linhagem h sob competição, na repetição q;
m : média geral do experimento;
h
t
: efeito da linhagem h, h = 1, 2,..., 8;
hq
e
: erro experimental associado à observação
hq
Y
, com
hq
e
N ( 0,
2
σ
),
sendo q o número de repetições (q = 1, 2,..., 8).
23
As análises conjuntas dos oito experimentos em cada safra foram
realizadas no PROC GLM do SAS (SAS, 2000), adotando-se o seguinte modelo
estatístico:
hkqhkkhhkq
etaatmY
+
+++
=
)(
em que:
hkq
Y
: observação referente à competição exercida pela linhagem k
(experimento), sob a linhagem h na repetição q;
m : média geral do experimento;
h
t
: efeito da linhagem h sob competição, h = 1, 2,..., 8;
k
a
: efeito da linhagem k exercendo competição (experimento), k = 1, 2,..., 8;
hk
ta)(
: efeito da interação entre a linhagem h sob competição e a linhagem k
que exerce competição;
hkq
e : erro experimental associado à observação
hkq
Y , com
hkq
e
N ( 0,
2
σ
),
sendo q o número de repetições (q = 1, 2,..., 8).
Posteriormente, foi realizada uma análise de variância conjunta das três
safras, utilizando o PROC GLM do SAS (SAS, 2000), empregando-se o seguinte
modelo:
hklqhklklhllhkkhhklq
etavavtvvtaatmY +
+
+
+
+
+++
=
)()()()(
em que,
hklq
Y
: observação referente à competição exercida pela linhagem k
(experimento), sob a linhagem h, na safra l e na repetição q;
m : média geral do experimento;
h
t
: efeito da linhagem h sob competição, h = 1, 2,..., 8;
k
a
: efeito da linhagem k exercendo competição (experimento), k = 1, 2,..., 8;
24
hk
ta)(
: efeito da interação entre a linhagem h sob competição e a linhagem k
que exerce competição;
l
v
: efeito da safra l, l = 1, 2, 3;
hl
tv)(
: efeito da interação entre a linhagem h sob competição e a safra l;
kl
av)(
: efeito da interação entre a linhagem k exercendo competição e a safra l;
hkl
tav)(
: efeito da interação entre a linhagem h sob competição, a linhagem k
exercendo competição e a safra l;
hklq
e
: erro experimental associado à observação
hklq
Y
, com
hklq
e
N ( 0,
2
σ
),
sendo q o número de repetições (q = 1, 2,..., 8).
Com os dados médios foram estimados os parâmetros de competição,
inicialmente por safra, utilizando-se o seguinte modelo:
ijijji
ij
eszcmY ++++=
em que:
ij
Y
: média por planta da linhagem j sofrendo competição da linhagem i;
m : média geral;
i
c
: capacidade de exercer competição da linhagem i;
j
z
: tolerância à competição da linhagem j, esse componente envolve o efeito
per se da linhagem sob competição
)(
j
a
e o efeito de tolerância à competição
propriamente dito (
j
t
), ou seja,
jjj
taz
+
=
. Para estimar o
j
a
considerou-se
i=j, ou seja, a linhagem i exercendo competição sob si mesma, sendo, portanto,
os valores da diagonal da matriz (Tabela 5). Assim,
..
ˆ
YYa
jj
j
=
25
i
j
jj
j
azt
ˆ
ˆ
ˆ
=
ij
s
: é a capacidade específica de competição do par de linhagens i e j;
ij
e
: erro experimental associado à média
ij
Y , com
ij
e
N ( 0,
2
σ
).
TABELA 5. Matriz representando as combinações das linhagens utilizadas
para estimar os parâmetros de competição. Nas colunas, estão as
linhagens sob competição (j) e, nas linhas, as linhagens exercendo
competição (i).
1 2 3 4 5 6 7 8 Y
i.
1
11
12 13 14 15 16 17 18 Y
1.
2 21
22
23 24 25 26 27 28 Y
2.
3 31 32
33
34 35 36 37 38 Y
3.
4 41 42 43
44
45 46 47 48 Y
4.
5 51 52 53 54
55
56 57 58 Y
5.
6 61 62 63 64 65
66
67 68 Y
6.
7 71 72 73 74 75 76
77
78 Y
7.
8 81 82 83 84 85 86 87
88
Y
8.
Y
.J
Y
.1
Y
.2
Y
.3
Y
.4
Y
.5
Y
.6
Y
.7
Y
.8
Y
..
26
Para se estimar os parâmetros c
i
, z
j
e s
ij
foi empregado o método dos
quadrados mínimos, conforme a seguinte expressão:
YXXX
'1'
)(
ˆ
=
β
em que:
β
ˆ
: vetor dos parâmetros a serem estimados;
X
: matriz dos coeficientes do modelo;
Y
: vetor das observações.
Como a matriz
)(
'
XX
não possui inversa única, para proceder à
inversão, foi necessário utilizar uma restrição (Ramalho et al., 2005).
Para a resolução do sistema, foi utilizado o PROC IML do SAS (SAS,
2000).
27
4 RESULTADOS
Os resumos das análises de variância por linhagens exercendo
competição, o que doravante será denominado de experimento, nas diferentes
safras, estão apresentados nas Tabelas 1A, 2A e 3A. Foram detectadas
diferenças significativas (P0,05) entre os tratamentos sob competição, quando
os experimentos foram as linhagens VC 3 e Carioca para os três caracteres e o
experimento referente à linhagem IAPAR 81 somente para número de grãos por
planta, na safra de inverno. Já para a segunda safra (“águas”), ocorreu diferença
significativa (P0,01) em todos os experimentos para os três caracteres. Na safra
da “seca”, quando a competição foi exercida pelas linhagens Magnífico, Pérola,
Talismã e Majestoso, detectaram-se diferenças significativas (P0,05) entre as
linhagens sob competição; já para o experimento com a VC 3, foi detectada
diferença significativa entre os tratamentos sob competição para a produtividade
de grãos e, para o experimento com a Carioca, a diferença foi para número de
grãos por planta.
Os resumos da análise conjunta envolvendo todos os experimentos e
safras estão apresentados na Tabela 6, na qual observa-se que ocorreram
diferenças significativas (P0,01) entre safras para os três caracteres. As médias
para os três caracteres foram menores na safra das “águas”. Já na safra de
inverno e da “seca”, os valores médios foram semelhantes (Tabela 7).
Constataram-se também diferenças significativas (P0,01) entre tratamentos,
combinações das oito linhagens exercendo e sofrendo competição, para os três
caracteres. Chama a atenção a significância das interações safras x tratamentos,
indicando que o comportamento das linhagens sob competição não foram
coincidentes nas diferentes safras. Todas as fontes de variação envolvendo a
capacidade geral de exercer competição (CGC), capacidade de tolerar a
28
competição (CTC) e capacidade específica de competição (CEC) foram
significativas (P0,01) (Tabela 6).
Considerando o efeito de competição nas três safras, verifica-se que o
teste de F só não foi significativo para a CEC na safra de inverno, para os três
caracteres e na safra da “seca” apenas para produtividade de grãos. Depreende-
se que, independente das safras, as linhagens diferiram quanto à capacidade de
exercerem (CGC) ou sofrerem (CTC) competição (Tabela 7).
Para facilitar a compreensão, quando for colocado o par de linhagens, a
citada em primeiro lugar será a que está sob competição e a segunda a que
exerce competição (o experimento). Por exemplo, na safra de inverno, a
produtividade de grãos foi menor no par Majestoso e IAPAR 81, ou seja, a
linhagem Majestoso sofreu a competição e a IAPAR 81 exerceu competição.
Nessa mesma condição, o maior valor foi obtido pela Talismã quando em
competição com ela mesma. Resultados semelhantes foram observados para
número de grãos e vagens (Tabelas 8, 9 e 10).
O par que mais se destacou na safra das “águas”, para os três caracteres,
foi IAPAR 81 e Majestoso; a menor média foi observada no par Carioca e
Talismã. Já na safra da “seca”, IAPAR 81 e Talismã apresentaram maior média
e a Pérola, quando em competição com ela mesma, obteve menor média
(Tabelas 8, 9 e 10).
Na média das três safras, a produtividade de grãos foi maior quando a
linhagem Majestoso apareceu em autocompetição e a menor média foi do par
Talismã e Magnífico (Tabela 11). Para o caráter número de grãos, o melhor par
foi Magnífico e Majestoso e o pior Majestoso e IAPAR 81. Observa-se que, para
o número de vagens, a maior média foi apresentada pelos pares IAPAR 81 e
Carioca MG, e IAPAR 81 e Majestoso e a menor média pelo par Majestoso e
IAPAR 81 (Tabela 11).
29
Para produtividade média de grãos, na safra de inverno, o melhor
desempenho ocorreu quando a competição foi exercida pela Talismã e o menor
quando a competição foi exercida pela Pérola. A linhagem sob competição que
apresentou maior média foi a Pérola e a que apresentou menor média foi VC 3.
Para os outros caracteres, os resultados foram semelhantes (Tabelas 8, 9 e 10).
Na safra das “águas”, para os três caracteres, a maior média foi obtida
quando a linhagem Majestoso exercia competição e, no outro extremo, a
Talismã. Para as linhagens sob competição, a VC 3 apresentou maior média, em
g/planta e grãos/planta. Já Carioca apresentou menor média para os três
caracteres (Tabelas 8, 9 e 10).
A produtividade de grãos na safra da “seca” foi maior quando a
competição foi exercida pela Talismã e menor, quando pela VC 3. Para número
de grãos e vagens, a média de maior magnitude foi observada com a Majestoso e
a de menor magnitude com VC 3. Para os três caracteres, a linhagem que
apresentou maior média sob competição foi Majestoso; a menor média para
produtividade de grãos e número de grãos foi observada na Talismã (Tabelas 8,
9 e 10).
Vale ressaltar que, na média geral, a menor competição foi exercida pela
Majestoso e a maior pela IAPAR 81. Quanto à capacidade de tolerar a
competição, na média geral, a mais tolerante foi a IAPAR 81 e a menos tolerante
a Talismã (Tabela 11).
Foram estimados quatro parâmetros para avaliar o efeito de competição,
isto é, o desempenho per se da linhagem (a
j
), a capacidade geral de exercer
competição (c
i
), a capacidade de tolerar a competição (t
j
) e a capacidade
específica de competição (s
ij
). Para as estimativas de a
j
, observa-se que a
linhagem Majestoso foi a que apresentou melhor desempenho per se. As
estimativas foram sempre positivas nas diferentes safras e na média,
evidenciando ser uma linhagem com boa performance quando em
30
autocompetição. No extremo oposto, o destaque foi Carioca, cuja estimativa de
a
j
foi sempre negativa e de maior magnitude, indicando que ela sofre muito com
a autocompetição (Tabela 12).
Quanto menor o valor de c
i
, mais competitiva é a linhagem, isto é, ela
reduziu mais acentuadamente o desempenho do tratamento sob competição. Para
os três caracteres nas diferentes safras, a linhagem mais competitiva foi IAPAR
81. Por seu turno, a menos competitiva, estimativa positiva de c
i
, foi Majestoso
(Tabela 13).
Já a estimativa de t
j
,
como já mencionado, estima a capacidade de tolerar
a competição, que também variou entre as linhagens. É importante salientar que
quando o valor é positivo, indica que a linhagem é mais tolerante. A Carioca foi
a que sofreu menos competição (mais tolerante) e a Majestoso foi a menos
tolerante, para os três caracteres. Na média dos ambientes para produtividade de
grãos, Majestoso também foi a menos tolerante (t
j
= -9,3); o contrário ocorreu
com a linhagem Carioca (t
j
= 4,4). Resultados semelhantes foram observados
para número de grãos e vagens (Tabela 14).
As correlações entre as estimativas dos parâmetros de competição estão
apresentadas na Tabela 15, nas quais ocorreu boa concordância entre as safras.
Constatou-se que as estimativas entre a e c foram, na maioria dos casos,
significativas e de alta magnitude, indicando, em princípio, que a
autocompetição (a) e a alocompetição (c) correlacionam-se positivamente. O
contrário ocorre nas estimativas de a e t, e c e t, indicando, que a maior
capacidade de tolerância à competição ocorre nas linhagens com pior
desempenho per se e maior capacidade de exercer competição.
Para a capacidade específica de competição, quando o valor é negativo,
indica que o par de linhagens não possui uma boa combinação. O contrário
ocorre para os valores positivos. Nesse contexto, o destaque foi o par Magnífico
31
e Carioca, que apresentou bom desempenho, nos três caracteres, quando
combinadas (Tabela 16, 17 e 18).
Na estimativa de s
ij
, na média das três safras, novamente o par
Magnífico e Carioca e também o par VC 3 e Magnífico apresentaram bom
desempenho. Já os pares que não possuem boa combinação foram Magnífico e
Talismã, e Carioca e Majestoso, para os três caracteres (Tabela 19).
Observa-se que os valores de s
ii
da linhagem com ela mesma foram
positivos em alguns casos e negativos em outros. Quando positivo, indica que a
autocompetição é favorável, pois a linhagem apresenta melhor desempenho em
monocultivo do que em misturas (alocompetição). Os destaques foram
Majestoso, Talismã e Magnífico, com s
ii
positivo e mais alto que os demais. Já a
que mais sofreu com a autocompetição na média das três safras foi a Pérola
(Tabela 19).
As médias da autocompetição e alocompetição para produtividade de
grãos (g/planta) estão apresentadas na Tabela 20. Observa-se que, na média
geral, os dois valores foram bem próximos, sendo de 25,8 quando em
autocompetição e 24,9, em alocompetição. Entretanto, quando se observa a
média para cada linhagem, verifica-se que os valores são diferentes. Esse fato
confirma o que já foi comentado em termos de s
ii
, ou seja, a Majestoso, Talismã
e Magnífico apresentaram menor efeito de autocompetição do que
alocompetição, já com a Pérola ocorreu o contrário.
32
TABELA 6. Resumo da análise de variância conjunta envolvendo todos os
experimentos e safras para os caracteres produtividade de grãos
(w), número de grãos por planta (y) e número de vagens por planta
(x). Lavras, MG, 2006.
FV GL QM
w y x
Safras (S) 2 30518,72
**
1119,87
**
188,39
**
Tratamentos (T) 63 415,03
**
26,75
**
4,29
**
CGC
1\
7 923,38
**
66,17
**
9,49
**
CTC
2\
7 598,81
**
44,53
**
8,73
**
CEC
3\
49 316,12
**
15,43
**
2,93
**
S x T 126 446,56
**
26,41
**
4,09
**
CGC x S 14 1173,41
**
75,52
**
10,68
**
CTC x S 14 1210,26
**
78,11
**
11,59
**
CEC x S 98 233,62
**
12,22
**
2,09
**
Erro 1148 122,76 5,96 0,87
Média 25,18 9,65 4,30
**
Significativo, a 1% de probabilidade, pelo teste de F.
1\
,
2\
,
3\
Capacidade geral de exercer competição, capacidade de tolerar a
competição e capacidade específica de competição.
33
TABELA 7. Resumo da análise da capacidade de competição para
produtividade de grãos (w), número de grãos por planta (y) e
número de vagens por planta (x), nas diferentes safras. Lavras,
MG, 2006.
Safras FV GL QM
w y x
Tratamentos 63 472,37
**
16,93
**
2,55
**
Inverno
CGC
1\
7 1115,25
**
33,99
**
4,77
**
2005
CTC
2\
7 1180,94
**
54,01
**
7,29
**
CEC
3\
49 279,30
ns
9,19
ns
1,56
ns
Erro 414 219,84 7,40 1,19
Média 32,21 10,63 4,75
Tratamentos 63 493,77
**
43,74
**
7,29
**
“Águas”
CGC 7 1606,00
**
148,16
**
22,32
**
2005/2006
CTC 7 1337,36
**
124,23
**
20,34
**
CEC 49 214,37
**
17,32
**
3,28
**
Erro 349 41,28 3,33 0,57
Média 16,08 7,82 3,55
Tratamentos 63 134,18
ns
14,05
**
2,20
**
“Seca”
CGC 7 511,41
**
22,53
**
2,20
**
2006
CTC 7 477,73
**
15,93
**
3,07
**
CEC 49 31,21
ns
12,57
**
2,08
**
Erro 385 107,17 5,05 0,85
Média 27,26 10,49 4,59
**
Significativo, a 1% de probabilidade, pelo teste de F.
1\
,
2\
,
3\
Capacidade geral de exercer competição, capacidade de tolerar a
competição e capacidade específica de competição, respectivamente.
34
TABELA 8. Produtividade média de grãos (g/planta) obtida nos experimentos de competição envolvendo as linhagens
que exercem (experimentos) e que sofrem a competição. Lavras, MG, 2006.
Linhagens sob competição
Experimentos
VC3 IAPAR 81 Carioca MG Magnífico Carioca Pérola Talismã Majestoso Média
VC3
25,9 33,4 46,1 41,4 30,5 37,4 28,3 20,8 33,0
IAPAR 81
19,8 34,7 33,9 36,4 29,4 39,3 26,8 17,8 29,8
Carioca MG
38,3 34,7 33,3 34,8 42,4 36,5 26,4 26,5 34,2
Magnífico
18,4 25,0 31,1 33,7 34,8 35,0 18,8 27,6 28,1
Carioca
24,5 35,4 35,2 47,3 26,8 35,6 32,6 20,0 32,2
Pérola
20,5 21,7 35,2 30,8 27,6 26,8 21,1 31,6 26,9
Talismã
26,6 47,7 39,3 31,4 49,2 43,5 49,3 39,9 40,8
Inverno
2005
Majestoso
25,3 28,3 28,8 39,1 27,7 43,5 33,5 36,3 32,8
Média
25,0 32,6 35,4 36,9 33,5 37,2 29,5 27,6
VC3
21,2 18,9 20,3 7,1 10,0 14,9 16,8 13,6 15,4
IAPAR 81
17,9 8,6 8,0 5,1 10,3 7,5 15,8 5,0 9,8
Carioca MG
24,4 28,8 13,1 9,3 11,5 19,2 9,1 10,3 15,7
Magnífico
41,0 26,0 10,2 25,8 15,1 7,8 12,8 25,4 20,5
Carioca
14,1 14,1 17,0 13,8 9,2 11,7 11,3 8,6 12,5
Pérola
32,7 29,2 27,1 6,4 16,0 15,1 21,7 24,2 21,5
Talismã
10,4 9,5 19,6 6,5 3,4 5,3 5,8 10,6 8,9
“Águas”
2005/2006
Majestoso
37,6 42,1 23,4 17,6 15,3 14,7 20,5 21,2 24,1
Média
24,9 22,1 17,3 11,5 11,4 12,0 14,2 14,9
VC3
19,3 23,9 19,0 19,6 20,2 29,9 21,9 28,9 22,9
IAPAR 81
24,2 30,8 29,4 27,4 23,7 21,6 17,7 32,8 26,0
Carioca MG
22,7 29,6 35,0 26,0 36,6 28,2 19,6 30,6 28,6
Magnífico
33,9 31,9 23,9 31,5 19,4 15,6 20,8 33,4 26,3
Carioca
19,6 17,0 35,4 28,4 24,6 28,2 25,2 25,7 25,5
Pérola
26,9 31,2 28,6 26,5 21,2 16,2 19,1 38,6 26,0
Talismã
39,0 46,4 24,9 25,4 37,7 31,7 28,8 20,0 31,7
“Seca”
2006
Majestoso
24,1 28,7 28,1 34,4 22,5 40,4 25,1 46,1 31,2
Média
26,2 30,0 26,0 27,4 25,7 26,5 22,3 32,0
34
35
TABELA 9. mero médio de grãos por planta obtido nos experimentos de competição envolvendo as linhagens que
exercem (experimentos) e que sofrem a competição. Lavras, MG, 2006.
Linhagens sob competição
Experimentos
VC3 IAPAR 81 Carioca MG Magnífico Carioca Pérola Talismã Majestoso Média
VC3
9,7 10,4 13,7 12,2 10,5 10,9 9,8 7,9 10,6
IAPAR 81
8,3 11,0 11,5 11,9 9,4 12,1 9,6 7,6 10,2
Carioca MG
11,4 10,8 11,0 11,6 12,6 11,8 10,0 9,4 11,1
Magnífico
7,5 8,8 10,3 11,7 10,7 10,6 8,5 9,5 9,7
Carioca
9,6 10,1 11,6 13,4 10,0 10,9 11,1 7,8 10,6
Pérola
8,6 8,5 11,8 10,8 10,1 9,5 9,0 10,7 9,9
Talismã
9,5 13,3 12,3 11,3 13,0 11,9 13,5 11,7 12,1
Inverno
2005
Majestoso
9,6 9,5 10,6 12,9 10,3 12,2 11,2 11,3 10,9
Média
9,3 10,3 11,6 12,0 10,8 11,2 10,4 9,5
VC3
9,8 9,4 9,6 5,2 5,9 7,2 7,9 7,2 7,8
IAPAR 81
8,7 5,6 6,3 3,8 5,9 4,5 7,6 3,2 5,7
Carioca MG
10,4 11,5 8,0 6,1 7,2 9,2 5,6 6,2 8,0
Magnífico
12,8 11,3 6,8 11,3 7,9 5,2 7,4 10,5 9,1
Carioca
7,8 8,2 8,5 7,4 5,7 6,0 6,4 5,4 6,9
Pérola
11,8 11,7 12,0 4,7 7,8 7,5 9,7 10,0 9,4
Talismã
6,8 6,4 10,4 4,8 2,1 3,6 3,9 3,3 5,5
“Águas”
2005/2006
Majestoso
12,7 14,2 10,3 10,3 7,9 7,6 8,7 9,5 10,1
Média
10,1 9,8 9,0 6,7 6,3 6,4 7,1 7,3
VC3
8,7 9,9 9,6 9,1 9,0 11,4 10,3 10,9 9,9
IAPAR 81
9,9 10,8 10,6 11,2 9,6 9,7 8,6 11,7 10,3
Carioca MG
8,8 11,2 11,4 10,8 12,2 10,9 9,2 11,2 10,7
Magnífico
12,1 11,1 9,9 11,8 8,0 7,4 9,4 11,1 10,1
Carioca
8,5 7,9 10,7 12,0 9,8 10,6 10,4 10,2 10,0
Pérola
10,1 10,8 10,5 11,5 9,2 8,3 8,6 12,5 10,2
Talismã
12,2 13,8 9,3 10,5 12,3 11,8 11,8 8,9 11,3
“Seca”
2006
Majestoso
9,6 10,9 12,1 12,2 9,9 13,1 10,8 13,7 11,5
Média
10,0 10,8 10,5 11,1 10,0 10,4 9,9 11,3
35
36
TABELA 10. Número médio de vagens por planta obtido nos experimentos de competição envolvendo as linhagens que
exercem (experimentos) e que sofrem a competição. Lavras, MG, 2006.
Linhagens sob competição
Experimentos
VC3 IAPAR 81 Carioca MG Magnífico Carioca Pérola Talismã Majestoso Média
VC3
4,1 4,8 5,9 5,3 5,0 4,9 4,5 3,7 4,8
IAPAR 81
3,8 5,1 4,9 5,1 4,1 5,1 4,6 3,6 4,6
Carioca MG
4,9 5,1 5,1 4,8 5,7 5,2 4,8 4,1 5,0
Magnífico
3,6 4,3 4,4 4,9 4,7 4,9 4,1 4,6 4,4
Carioca
4,2 4,9 5,3 5,7 4,4 5,0 5,3 3,6 4,8
Pérola
3,9 4,1 5,0 4,7 4,6 4,1 4,1 4,8 4,4
Talismã
4,1 5,9 5,1 4,9 5,7 5,1 6,1 5,1 5,2
Inverno
2005
Majestoso
4,2 4,5 4,6 5,2 4,8 5,2 5,1 5,0 4,8
Média
4,1 4,8 5,0 5,1 4,9 4,9 4,8 4,3
VC3
4,3 4,1 4,6 2,4 2,9 3,5 3,7 3,3 3,6
IAPAR 81
4,0 2,8 2,8 1,7 2,7 2,2 3,6 1,7 2,7
Carioca MG
4,4 5,4 3,6 3,0 3,2 4,3 2,7 2,9 3,7
Magnífico
5,4 5,1 2,8 4,8 3,4 2,8 2,5 4,7 4,1
Carioca
3,4 3,7 3,7 3,5 2,9 2,8 3,2 2,5 3,2
Pérola
5,1 5,1 4,9 2,2 3,4 3,2 4,3 4,6 4,1
Talismã
3,1 3,2 5,0 2,3 1,2 1,7 2,0 2,9 2,7
“Águas”
2005/2006
Majestoso
5,3 6,1 4,5 4,3 3,8 3,4 4,3 4,0 4,5
Média
4,4 4,4 4,0 3,0 2,9 3,0 3,4 3,3
VC3
4,1 4,6 4,4 4,2 4,0 4,8 4,5 4,9 4,4
IAPAR 81
4,4 5,0 4,7 4,6 4,2 4,2 4,0 4,9 4,5
Carioca MG
4,0 5,0 5,2 4,5 5,2 4,5 4,2 5,0 4,7
Magnífico
5,1 5,0 4,2 5,5 3,5 3,3 4,3 4,7 4,5
Carioca
4,7 3,6 5,1 5,0 4,0 5,3 4,5 4,4 4,6
Pérola
4,4 4,7 4,7 4,8 4,2 3,3 3,9 5,2 4,4
Talismã
5,1 5,8 4,1 4,2 5,1 4,8 4,7 4,2 4,7
“Seca”
2006
Majestoso
4,2 4,9 4,9 5,6 4,0 5,4 4,9 5,8 5,0
Média
4,5 4,8 4,7 4,8 4,3 4,5 4,4 4,9
36
37
TABELA 11. Médias das três safras, para produtividade de grãos, número de grãos e número vagens, obtidas nos
experimentos de competição envolvendo as linhagens que exercem (experimentos) e que sofrem a
competição. Lavras, MG, 2006.
Linhagens sob competição
Experimentos
VC3 IAPAR 81 Carioca MG Magnífico Carioca Pérola Talismã Majestoso dia
VC3
22,1 25,4 28,5 22,7 20,2 27,4 22,3 21,1 23,7
IAPAR 81
20,6 24,7 23,8 23,0 21,1 22,8 20,1 18,5 21,8
Carioca MG
28,8 31,0 27,1 23,4 30,2 28,0 18,4 22,5 26,2
Magnífico
31,1 27,7 21,7 30,3 23,1 19,4 17,4 28,8 24,9
Carioca
19,4 22,2 29,2 29,8 20,2 25,2 23,0 18,1 23,4
Pérola
26,7 27,4 30,3 21,2 21,6 19,3 20,6 31,5 24,8
Talismã
25,3 34,5 27,9 21,1 30,1 26,8 28,0 23,5 27,1
Produtividade de
grãos
Majestoso
29,0 33,1 26,7 30,4 21,8 32,9 26,8 34,5 29,4
Média
25,4 28,2 26,9 25,2 23,5 25,2 22,1 24,8
VC3
9,4 9,9 11,0 8,8 8,5 9,8 9,4 8,6 9,4
IAPAR 81
9,0 9,1 9,5 9,0 8,3 8,8 8,6 7,5 8,7
Carioca MG
10,2 11,2 10,1 9,5 10,7 10,6 8,3 8,9 9,9
Magnífico
10,8 10,4 9,0 11,6 8,9 7,7 8,5 10,4 9,6
Carioca
8,7 8,7 10,2 11,0 8,5 9,2 9,3 7,8 9,2
Pérola
10,2 10,4 11,4 9,0 9,0 8,4 9,1 11,1 9,8
Talismã
9,5 11,1 10,7 8,9 9,1 9,1 9,5 9,0 9,6
Número de grãos
por planta
Majestoso
10,7 11,5 11,0 11,8 9,3 11,0 10,2 11,5 10,9
Média
9,8 10,3 10,4 9,9 9,0 9,3 9,1 9,3
VC3
4,2 4,5 5,0 4,0 4,0 4,4 4,2 4,0 4,3
IAPAR 81
4,1 4,3 4,2 3,8 3,7 3,8 4,1 3,4 3,9
Carioca MG
4,4 5,2 4,6 4,1 4,7 4,7 3,9 4,0 4,5
Magnífico
4,7 4,8 3,9 5,1 3,8 3,7 4,0 4,7 4,3
Carioca
3,8 4,1 4,7 4,8 3,8 4,1 4,3 3,5 4,1
Pérola
4,5 4,6 4,9 3,9 4,0 3,6 4,1 4,9 4,3
Talismã
4,1 5,0 4,7 3,8 4,0 3,9 4,3 4,1 4,2
Número de
vagens por
planta
Majestoso
4,6 5,2 4,7 5,0 4,2 4,7 4,8 4,9 4,8
Média
4,3 4,7 4,6 4,3 4,0 4,1 4,2 4,2
37
38
TABELA 12. Estimativa do desempenho per se das linhagens (a
j
), para produtividade de grãos (w), número de grãos
por planta (y) e número de vagens por planta (x). Lavras, MG, 2006.
Inverno 05 “Águas” 05/06 “Seca” 06 Média das safras
Linhagens
w y x w y x w y x w y x
VC3
-7,5 -1,3 -0,8 6,2 2,1 0,9 -9,7 -2,1 -0,6 -3,7 -0,4 -0,2
IAPAR 81
1,4 0,0 0,3 -6,4 -2,0 -0,6 1,8 0,0 0,3 -1,1 -0,7 0,0
Carioca MG
-0,1 0,0 0,3 -1,9 0,4 0,1 6,0 0,7 0,5 1,3 0,4 0,3
Magnífico
0,4 0,7 0,1 10,8 3,6 1,3 2,4 1,0 0,8 4,5 1,8 0,7
Carioca
-6,5 -1,0 -0,4 -5,8 -1,9 -0,6 -4,5 -1,0 -0,7 -5,6 -1,3 -0,6
Pérola
-6,6 -1,4 -0,8 0,1 -0,2 -0,3 -12,9 -2,5 -1,4 -6,5 1,3 -0,8
Talismã
15,9 2,6 1,2 -9,2 -3,8 -1,5 -0,2 1,0 -0,0 2,2 -0,2 -0,1
Majestoso
2,9 0,3 0,2 6,2 1,8 0,5 17,1 2,9 1,1 8,7 1,7 0,6
38
39
TABELA 13. Estimativa da capacidade geral de exercer competição (c
i
), para produtividade de grãos (w), número de
grãos por planta (y) e número de vagens por planta (x). Lavras, MG, 2006.
Inverno 05 “Águas” 05/06 “Seca” 06 Média das safras
Linhagens
w y x w y x w y x w y x
VC3
0,8 0,0 0,0 -0,7 0,0 0,0 -4,4 -0,6 -0,2 -2,5 -0,2 0,0
IAPAR 81
-2,5 -0,5 -0,2 -6,3 -2,1 -0,9 -1,3 -0,2 -0,1 -3,2 -0,9 -0,4
Carioca MG
2,0 0,5 0,2 -0,3 0,2 0,1 1,3 0,2 0,1 1,1 0,3 0,2
Magnífico
-4,2 -0,9 -0,3 4,5 1,3 0,5 -1,0 -0,4 -0,2 -0,1 0,0 0,0
Carioca
0,0 -0,1 0,1 -3,6 -0,9 -0,3 -1,8 -0,5 0,0 -1,6 -0,5 -0,2
Pérola
-5,3 -0,8 -0,3 5,5 1,6 0,6 -1,2 -0,3 -0,2 -0,2 0,2 0,0
Talismã
8,6 1,4 0,5 -7,2 -2,3 -0,9 4,5 0,8 0,2 2,1 0,0 -0,1
Majestoso
0,6 0,3 0,1 8,0 2,3 0,9 3,9 1,0 0,4 4,4 1,2 0,5
Erro das estimativas
1,79 0,33 0,13 0,84 0,24 0,10 1,29 0,28 0,11 1,38 0,31 0,12
39
40
TABELA 14. Estimativa da capacidade de tolerar a competição (t
j
), para produtividade de grãos (w), número de grãos
por planta (y) e número de vagens por planta (x). Lavras, MG, 2006.
Inverno 05 “Águas” 05/06 “Seca” 06 Média das safras
Linhagens
w y x w y x w y x w y x
VC3
-0,5 -0,2 0,1 2,6 0,0 -0,1 8,5 1,5 0,5 3,7 0,4 0,1
IAPAR 81
-1,8 -0,6 -0,3 13,3 4,2 1,6 1,0 0,3 -0,1 4,3 1,3 0,4
Carioca MG
2,7 0,8 0,0 4,3 1,1 0,5 -4,9 -0,6 -0,4 0,9 0,4 0,0
Magnífico
4,3 0,7 0,3 -14,7 -4,5 -1,8 -2,0 -0,3 -0,6 -3,9 -1,4 -0,7
Carioca
8,1 1,3 -0,3 1,2 0,5 0,0 3,0 0,5 0,4 4,4 0,7 0,3
Pérola
12,5 2,2 1,0 -4,6 -1,4 -0,4 12,1 2,4 1,3 5,5 -1,0 0,6
Talismã
-17,8 -2,7 -1,1 6,5 2,8 1,2 -5,5 -1,7 -0,3 -5,4 -0,4 0,5
Majestoso
-7,4 -1,4 -0,6 -8,6 -2,7 -0,9 -12,4 -2,2 -0,8 -9,3 -2,1 -0,8
Erro das estimativas
1,85 0,34 0,14 0,86 0,24 0,10 1,33 0,29 0,12 1,43 0,31 0,12
40
41
TABELA 15. Estimativa das correlações entre o desempenho per se da
linhagem (a), a capacidade geral de exercer competição (c) e a
capacidade de tolerar a competição (t), para produtividade de
grãos (w), número de grãos por planta (y) e número de vagens
por planta (x), nas três safras. Lavras, MG, 2006.
Correlações
Safras Caracteres a e c a e t c e t
Inverno 05 w
0,70
*
-0,87
**
-0,81
*
y
0,62
ns
-0,77
*
-0,72
*
x
0,62
ns
-0,77
*
-0,80
*
“Águas” 05/06 w
0,80
*
-0,80
*
-0,84
**
y
0,79
*
-0,82
**
-0,89
**
x
0,70
*
-0,78
*
-0,86
**
“Seca” 06 w
0,68
ns
-0,95
**
-0,81
*
y
0,78
*
-0,96
**
-0,84
**
x
0,54
ns
-0,97
**
-0,61
ns
Média das w
0,73
*
-0,93
**
-0,85
**
safras y
0,74
*
-0,89
**
-0,83
**
x
0,49
ns
-0,85
**
-0,67
ns
**
,
*
Significativo, a 1% e 5% de probabilidade, pelo teste de t.
42
TABELA 16. Estimativa dos parâmetros da capacidade específica de competição (s
ij
) para produtividade de grãos.
Lavras, MG, 2006.
Linhagens sob competição
Experimentos
VC3 IAPAR 81 Carioca MG Magnífico Carioca rola Talismã Majestoso
VC3
0,9 0,9 10,5 3.8 -4,1 -1,6 -2,8 -7,7
IAPAR 81
-2,0 5,4 1,6 2,0 -1,9 3,5 -1,1 -7,5
Carioca MG
13,1 0,9 -3,5 -4,1 6,6 -3,7 -6,0 -3,3
Magnífico
-1,6 2,6 0,5 1,0 5,2 1,0 -7,4 4,0
Carioca
0,4 3,7 0,4 10,4 -6,9 -2,5 2,3 -7,7
Pérola
1,6 -4,7 5,7 -0,8 -0,9 -6,1 -3,9 9,1
Talismã
-6,3 7,3 -4,2 -14,1 6,8 -3,3 10,3 3,5
Inverno
2005
Majestoso
0,5 -4,0 -6,6 1,6 -6,7 4,8 2,6 7,9
VC3
-3,0 -3,4 2,6 -4,3 -0,7 4,1 4,1 0,6
IAPAR 81
-0,7 -8,1 -4,2 -0,7 5,2 2,3 8,7 -2,5
Carioca MG
-0,2 6,1 -5,0 -2,4 0,5 8,0 -3,9 -3,1
Magnífico
11,7 -1,4 -12,7 9,2 -0,8 -8,2 -5,0 7,2
Carioca
-7,2 -5,3 2,1 5,3 1,4 3,8 1,5 -1,6
Pérola
2,3 0,7 3,2 -11,2 -0,9 -1,9 2,8 5,0
Talismã
-7,3 -6,4 8,3 1,6 -0,9 1,0 -0,4 4,1
“Águas”
2005/2006
Majestoso
4,8 11,1 -3,1 -2,5 -4,1 -4,8 -0,9 -0,5
VC3
-20,3 -1,8 -4,5 -3,7 -1,3 7,8 4,7 1,4
IAPAR 81
-0,5 2,1 2,4 1,0 -0,8 -3,6 -2,6 2,2
Carioca MG
-4,6 -1,8 5,4 -3,0 9,4 0,4 -3,3 -2,6
Magnífico
8,9 2,8 -3,5 4,7 -5,6 -10,0 0,1 2,4
Carioca
-4,7 -11,3 8,9 2,5 0,5 3,4 5,3 -4,5
Pérola
2,1 2,4 1,5 0,0 -3,5 -9,1 -1,3 7,9
Talismã
8,5 11,9 -7,9 -6,8 7,3 0,7 2,8 -16,5
“Seca” 2006
Majestoso
-5,8 -5,3 -4,2 2,8 -7,3 10,0 -0,4 10,2
42
43
TABELA 17. Estimativa dos parâmetros da capacidade específica de competição (s
ij
) para número de grãos por planta.
Lavras, MG, 2006.
Linhagens sob competição
Experimentos
VC3 IAPAR 81 Carioca MG Magnífico Carioca Pérola Talismã Majestoso
VC3
0,6 0,3 2,2 0,2 -0,4 -0,6 -0,7 -1,6
IAPAR 81
-0,4 1,4 0,5 0,3 -1,0 1,1 -0,5 -1,5
Carioca MG
1,9 0,3 -0,9 -0,9 1,3 -0,1 -0,9 -0,6
Magnífico
-0,7 -0,3 -0,3 0,6 0,7 0,1 -1,1 0,9
Carioca
0,6 0,1 0,2 1,5 -0,9 -0,4 0,6 -1,7
Pérola
0,2 -0,8 1,1 -0,5 -0,1 -1,2 -0,8 2,0
Talismã
-1,1 1,8 -0,6 -2,1 0,7 -1,0 1,6 0,8
Inverno
2005
Majestoso
0,2 -0,9 -1,2 0,6 -1,0 0,5 0,4 1,5
VC3
-0,2 -0,5 0,3 -1,7 -0,4 1,1 1,1 0,3
IAPAR 81
0,8 -2,2 -0,9 -1,0 1,7 0,4 2,8 -1,6
Carioca MG
0,2 1,4 -1,5 -1,1 0,6 2,8 -1,5 -0,9
Magnífico
1,5 0,0 -3,9 3,0 0,2 -2,4 -0,8 2,3
Carioca
-1,3 -0,9 0,0 1,4 0,3 0,7 0,4 -0,6
Pérola
0,2 0,2 1,1 -3,8 -0,2 -0,3 1,3 1,5
Talismã
-0,9 -1,3 3,3 0,2 -2,0 -0,3 -0,7 1,7
“Águas”
2005/2006
Majestoso
0,3 1,9 -1,3 1,1 -0,8 -0,9 -0,5 0,2
VC3
-0,6 -0,3 -0,2 -1,5 -0,4 1,6 1,1 0,2
IAPAR 81
0,3 0,2 0,4 0,2 -0,2 -0,5 -1,0 0,6
Carioca MG
-1,4 0,2 0,7 -0,6 2,0 0,3 -0,8 -0,3
Magnífico
2,5 0,7 -0,2 0,9 -1,6 -2,6 0,0 0,2
Carioca
-0,9 -2,5 0,7 1,3 0,3 0,7 1,1 -0,6
Pérola
0,5 0,4 0,3 0,6 -0,5 -1,8 -0,9 1,5
Talismã
1,4 2,2 -2,0 -1,5 1,4 0,6 1,1 -3,2
“Seca” 2006
Majestoso
-1,3 -0,9 0,5 0,0 -1,2 1,6 -0,1 1,4
43
44
TABELA 18. Estimativa dos parâmetros da capacidade específica de competição (s
ij
) para número de vagens por
planta. Lavras, MG, 2006.
Linhagens sob competição
Experimentos
VC3 IAPAR 81 Carioca MG Magnífico Carioca Pérola Talismã Majestoso
VC3
0.0 0,0 0,9 0,2 0,1 -0,1 -0,4 -0,7
IAPAR 81
0,0 0,6 0,1 0,2 -0,6 0,3 -0,1 -0,5
Carioca MG
0,6 0,1 -0,1 -0,5 0,6 0,0 -0,3 -0,4
Magnífico
-0,1 0,0 -0,3 0,2 0,1 0,2 -0,5 0,6
Carioca
0,1 0,1 0,3 0,6 -0,5 0,0 0,3 -0,8
Pérola
0,3 -0,3 0,3 0,0 0,0 -0,5 -0,5 0,8
Talismã
-0,4 0,7 -0,4 -0,7 0,3 -0,4 0,7 0,3
Inverno
2005
Majestoso
0,1 -0,4 -0,5 0,0 -0,2 0,1 0,2 0,6
VC3
-0,1 -0,5 0,4 -0,7 -0,1 0,6 0,3 0,1
IAPAR 81
0,5 -0,8 -0,4 -0,5 0,6 0,1 1,1 -0,6
Carioca MG
-0,1 0,8 -0,7 -0,3 0,1 1,3 -0,7 -0,4
Magnífico
0,6 0,1 -1,8 1,2 -0,1 -0,7 -0,3 1,0
Carioca
-0,6 -0,5 -0,1 0,7 0,3 0,2 0,2 -0,3
Pérola
0,3 0,0 0,2 -1,5 -0,1 -0,3 0,4 0,9
Talismã
-0,4 -0,4 1,7 0,1 -0,8 -0,3 -0,5 0,6
“Águas”
2005/2006
Majestoso
0,1 0,7 -0,6 0,3 -0,1 -0,4 0,1 -0,1
VC3
-0,2 -0,1 -0,1 -0,5 -0,1 0,5 0,4 0,2
IAPAR 81
0,0 0,3 0,1 -0,1 0,0 -0,1 -0,3 0,1
Carioca MG
-0,5 0,1 0,4 -0,5 0,8 0,0 -0,2 0,0
Magnífico
0,7 0,4 -0,4 0,8 -0,7 -1,0 0,1 0,0
Carioca
0,3 -1,2 0,4 0,2 -0,3 0,9 0,2 -0,5
Pérola
0,1 0,1 0,2 0,2 0,1 -0,9 -0,3 0,5
Talismã
0,5 0,8 -0,7 -0,8 0,7 0,2 0,2 -0,8
“Seca” 2006
Majestoso
-0,7 -0,3 -0,2 0,4 -0,7 0,6 0,2 0,6
44
45
TABELA 19. Estimativa dos parâmetros da capacidade específica de competição (s
ij
) para produtividade de grãos,
número de grãos e número de vagens, na média das safras. Lavras, MG, 2006.
Linhagens sob competição
Experimentos
VC3 IAPAR 81 Carioca MG Magnífico Carioca Pérola Talismã Majestoso
VC3
-0,3 -0,3 3,8 -0,4 -1,0 -4,2 3,1 -0,8
IAPAR 81
-1,2 -0,4 -0,3 0,5 0,6 1,9 1,5 -2,7
Carioca MG
2,7 1,6 -1,2 -3,4 5,3 2,8 -4,6 -3,1
Magnífico
6,2 -0,5 -5,4 4,8 -0,6 -4,6 -4,3 4,4
Carioca
-4,0 -4,5 3,6 5,9 -1,9 2,7 2,9 -4,7
Pérola
1,9 -0,7 3,3 -4,2 -2,0 -4,6 -1,0 7,2
Talismã
-1,8 4,1 -1,4 -6,7 4,2 0,6 4,1 -3,1
Produtividade
de grãos
Majestoso
-0,4 0,4 -4,9 0,4 -6,3 4,4 0,6 5,7
VC3
-0,1 -0,2 0,8 -1,0 -0,4 0,7 0,5 -0,4
IAPAR 81
0,2 -0,2 0,0 -0,2 0,2 0,3 0,5 -0,8
Carioca MG
0,2 0,6 -0,6 -0,9 1,3 1,0 -1,1 -0,6
Magnífico
1,1 0,1 -1,5 1,5 -0,2 -1,6 -0,6 1,1
Carioca
-0,6 -1,1 0,3 1,4 -0,1 0,3 0,7 -1,0
Pérola
0,3 -0,1 0,8 -1,2 -0,2 -1,1 -0,1 1,7
Talismã
-0,2 0,9 0,3 -1,2 0,1 -0,2 0,5 -0,2
Número de
grãos por
planta
Majestoso
-0,3 0,0 -0,7 0,5 -1,0 0,4 0,0 1,0
VC3
-0,1 -0,2 0,4 -0,4 0,0 0,3 0,1 -0,2
IAPAR 81
0,2 0,0 -0,1 -0,2 0,0 0,1 0,3 -0,4
Carioca MG
0,1 0,3 -0,1 -0,4 0,5 0,4 -0,4 -0,3
Magnífico
0,4 0,1 -0,8 0,7 -0,2 -0,5 -0,2 0,5
Carioca
-0,3 -0,5 0,3 0,6 -0,1 0,2 0,3 -0,5
Pérola
0,2 -0,1 0,3 -0,5 0,0 -0,5 -0,1 0,7
Talismã
-0,1 0,3 0,2 -0,5 0,0 -0,2 0,2 0,0
Número de
vagens por
planta
Majestoso
-0,1 0,0 -0,4 0,2 -0,3 0,1 0,1 0,4
45
46
TABELA 20. Médias da autocompetição e da alocompetição para
produtividade de grãos (g/planta), nas três safras, na média geral
e para cada linhagem separadamente. Lavras, MG, 2006.
Safras Autocompetição Alocompetição
Inverno 05
33,4 32,1
“Águas” 05/06
15,0 16,23
“Seca” 06
29,04 27,00
Média das três safras
25,8 24,9
Linhagens Autocompetição Alocompetição
VC3 22,1 22,7
IAPAR 81 24,7 28,7
Carioca MG 27,1 26,9
Magnífico 30,3 24,5
Carioca 20,2 24,0
Pérola 19,3 26,0
Talismã 28,0 21,3
Majestoso 34,5 23,4
47
5 DISCUSSÃO
Neste trabalho, procurou-se estudar o efeito de competição entre
linhagens, a partir do comportamento das plantas, considerado individualmente.
Para isso foi usado um sistema de nove covas (planta), sendo a central a planta
sob competição e as oito restantes de uma mesma linhagem exercendo
competição. Desse modo, foi possível avaliar a competição exercida e a
tolerância à competição, por meio de um sistema semelhante ao das análises dos
cruzamentos dialélicos.
Os estudos envolvendo competição entre plantas vêm sendo realizados
há longo tempo. A maioria desses trabalhos, envolvendo uma mesma espécie,
enfocou a mistura de duas ou mais linhagens em iguais proporções, e, por meio
do desempenho de cada linhagem na mistura era avaliada a capacidade de
competição (Cardoso & Vieira, 1971; Federer et al., 1982; Helland & Holland,
2001). Para isso, foram desenvolvidas algumas metodologias, sobretudo de
estimativas de competição (Federer et al., 1982; Antunes et al., 2002).
Não foram encontrados relatos de metodologia igual à empregada no
presente trabalho. O procedimento semelhante ao de análise de competição em
nível de plantas foi realizado por Guazzelli (1975), porém, ele estimou a
competição de modo diferente.
Na condução deste trabalho houve a necessidade de se ter rigor no
estabelecimento do espaçamento entre linhas e também entre plantas nas linhas.
Para forçar a competição, utilizou-se o mesmo espaçamento entre e dentro das
linhas. Além do mais, procurou-se evitar ao máximo a perda de plantas, pois
cada planta representa uma repetição. Apesar de terem ocorrido falhas, o número
de repetições, por linhagens sob competição, nunca foi inferior a cinco. Outro
cuidado que se teve foi o de realizar os experimentos nas três safras comuns à
48
cultura do feijoeiro na região (Vieira, 2004), podendo, assim, tornar mais segura
a generalização dos resultados.
Outro aspecto importante em trabalho dessa natureza são as linhagens
envolvidas. Procurou-se utilizar linhagens com o mesmo tipo comercial de
grãos, carioca no caso, porém, obtidas por diferentes instituições (Tabela 4).
Além do mais, são linhagens que foram ou estão em processo de recomendação.
Buscaram-se, também, linhagens que diferissem na arquitetura da planta, no
tamanho de grãos e que apresentassem alguma diferença de ciclo e de
suscetibilidade a patógenos. Essas diferenças foram fundamentais para que se
detectasse diferença significativa entre elas e possibilitasse estimar os
parâmetros de competição.
Os três caracteres avaliados, produtividade por planta, número de grãos
por planta e número de vagens por planta, normalmente apresentam correlações
alta e positiva (Ramalho et al., 1993). Constatou-se também, neste trabalho, que
o comportamento das linhagens foi muito semelhante nos três caracteres; por
essa razão, na discussão, a ênfase irá se concentrar na produtividade de grãos por
planta.
As condições ambientais nas diferentes épocas de semeadura (safras)
foram bem distintas. Na safra das “águas”, semeadura em novembro, a
precipitação foi grande, as temperaturas mais altas e ocorreu maior incidência de
plantas daninhas. Na safra da “seca”, semeadura em fevereiro, as temperaturas
foram relativamente altas no início do desenvolvimento da planta e foram
reduzindo com o tempo. Ocorreram algumas precipitações, porém, toda vez que
houve escassez, a cultura foi irrigada. Já na semeadura em julho, safra de
inverno, as condições foram mais favoráveis ao desenvolvimento. Essa diferença
no ambiente possibilitou que fosse detectada diferença significativa entre safras.
Em média, o experimento de inverno apresentou produtividade de grãos 50,0%
superior ao das “águas” e 15,4% ao da “seca” (Tabela 7). O melhor desempenho
49
da cultura do feijão, na região, na safra de inverno é frequentemente relatada na
literatura (Silva, 2003; Moreto, 2005; Sena, 2006).
Também foi detectada diferença significativa para a interação
tratamentos x safras (Tabela 6). A ocorrência da interação genótipos x ambientes
na cultura do feijoeiro na região é freqüente (Carneiro, 2002; Silva, 2003;
Moreto, 2005). Muito embora a interação tenha sido significativa, não ocorreu
diferença muito expressiva em termos das estimativas dos parâmetros de
competição. Por essa razão, os comentários irão se concentrar no desempenho
médio das três safras.
Por esses experimentos foi possível avaliar o efeito da autocompetição,
ou seja, competição da linhagem com ela mesma (diagonal das Tabelas 8, 9, 10
e 11) e da alocompetição, a competição exercida por plantas de linhagens
diferentes (valores fora da diagonal). Na média das safras, e das oito linhagens,
as plantas sob autocompetição produziram 3,5% mais grãos que a
alocompetição, ou seja, valores muito semelhantes. Na literatura, com outras
espécies, há relatos de que a autocompetição e a alocompetição também foram
semelhantes, como ocorreu neste trabalho (Stringfield, 1959).
Em outro estudo com linhagens de milho, observou-se que o
monocultivo apresentou maior vantagem que a mistura (Pendleton & Seif,
1962). Contudo, há vários relatos nos quais a mistura foi superior ao
monocultivo, como observado por Guazzelli (1975), em que a produtividade
média da mistura foi 8,35% superior à monocultura. Nesse mesmo sentido,
Mastrantonio et al. (2004) constataram que a mistura de linhagens de feijão pode
estimular a produtividade de grãos. Em outras culturas, como as de soja e aveia,
observaram-se ganhos das misturas em relação ao monocultivo (Bisognin et al.,
1995; Helland & Holland, 2001). Como já salientado, as metodologias utilizadas
foram diferentes da empregada neste trabalho.
50
Ocorreu diferença entre as linhagens em auto e alocompetição. A
Majestoso, em autocompetição, por exemplo, apresentou produtividade de grãos
por planta 32,2% superior à obtida sob alocompetição. O contrário ocorreu com
a Pérola, cujo desempenho em alocompetição foi 25,8% superior ao em
autocompetição (Tabela 20). De modo análogo, as linhagens que mais se
sobressaíram, sob alocompetição, em trabalho realizado por Guazzelli (1975)
foram Preto G
1
, Rico 23, Costa Rica e Preto Uberabinha.
Estimativas dos parâmetros de competição fornecem informações que
possibilitam complementar o que já foi discutido. Deve-se observar que a
estimativa de c
i
da Majestoso foi superior às demais, indicando que essa é uma
linhagem que exerce pouca competição. Por outro lado, a sua estimativa de t
j
foi
negativa e alta, indicando que ela tolera pouco a competição. O mesmo ocorreu
com a Talismã. A Pérola apresentou estimativa de t
j
positiva e alta e de c
i
praticamente nula; com a Carioca, o t
j
foi positivo e c
i
negativo. As estimativas
da correlação entre c e t, em todas as safras, foram negativa e alta, confirmando
essa observação. Depreende-se que será difícil identificar linhagens que exerçam
pouca competição, c
i
positivo e alto, e sofram menos competição, t
j
positivo e
alto.
Um último comentário a ser feito refere-se a associação entre o
desempenho per se e as estimativas de competição. As correlações entre as
estimativas de a e t foram sempre negativas, isto é, linhagem com maior
potencial produtivo toleram menos a competição (Tabela 15). Já as correlações
entre a e c foram sempre positivas, ou seja, as linhagens mais produtivas per se
exerceram pouca competição. Isso porque, como elas competem muito entre si
(autocompetição), elas deixaram os seus vizinhos proporcionalmente produzirem
mais.
A multilinha é uma estratégia que os melhoristas utilizam visando
aumentar a durabilidade da resistência aos patógenos (Mundt, 2002). Na
51
proposta original, são misturadas linhas isogênicas contendo diferentes alelos de
resistência. Nesse contexto, a Majestoso seria uma linhagem indicada para se
obter linhas isogênicas, uma vez que ela exerce pouca competição e tem o
desempenho em autocompetição melhor que em alocompetição. Contudo, se a
multilinha envolver uma mistura de linhagens, não isogênicas, contendo
diferentes alelos de resistência aos patógenos, visando não só resistência
duradoura como maior estabilidade de produção de grãos (Becker & Léon, 1988;
Bruzi, 2006), as linhagens a serem misturadas devem associar alto a
j
, c
i
e t
j
, o
que não será fácil de ser obtido. A melhor opção, em princípio, é obter diferentes
misturas destas linhagens e avaliar o desempenho da mistura, em vez de apenas
uma combinação de duas linhagens.
52
6 CONCLUSÕES
A performance média das linhagens em autocompetição foi semelhante
à da alocompetição, contudo, as linhagens diferiram na resposta à
alocompetição. Ela foi positiva no caso da Pérola e negativa com a Majestoso e
Talismã.
A associação entre as estimativas dos parâmetros que avaliam o
desempenho per se (a
j
) com a capacidade de competição (c
i
) foi positiva e com a
capacidade de tolerância à competição (t
j
) foi negativa e alta.
Nenhuma linhagem associou baixa capacidade de exercer competição (c
i
alto) e alta capacidade de tolerar a competição (t
j
alto).
A linhagem Majestoso apresentou a maior estimativa de a
j
e c
i
, sendo,
portanto, recomendada para se obter linhas isogênicas em um programa de
síntese de multilinhas, visando à resistência mais duradoura a patógenos, por
exemplo.
53
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AKIHAMA, T. Inheritance of the competitive ability and efects of its selection
on agronomic characters. Japonese Journal of Breeding, Tokyo, v. 18, p. 12-
14. 1968
ALLARD, R. W.; BRADSHAW, A. D. Implications of genotype-enviromental
interactions in applied plant breeding. Crop Science, Madison, v. 4, n. 5, p. 503-
508, Sept./Oct. 1964.
ANTUNES, I. F.; MASTRANTONIO, J. J. S.; EMYGDIO, B. M.; SILVEIRA,
E. P. Coeficient of interference – a new tool for interpopulation studies. Bean
Improvement Cooperative, Fort Collins, v. 45, p. 208-209, 2002.
BECKER, H. C.; LÉON, J. Stability analysis in plant breeding. Plant Breeding,
Berlin, v. 101, n. 1, p. 1-23, Apr. 1988.
BISOGNIN, D. A.; VERNETTI, F. de J.; GASTAL, M. F. da C.; ZONTA, E. P.
Competição intergenotípica em soja. Pesquisa Agropecuária Brasileira,
Brasília, v. 30, n. 7, p. 947-955, jul. 1995.
BOS, I.; CALIGARI, P. Selection methods in plant breeding. London:
Chapman & Hall, 1995. v. 2, 347 p.
BRUMMER, E. C.; BAKER, R. F. Breeding for cropping systems. Plant
Breeding. In: INTERNATIONAL SYMPOSIUM PLANT BREEDING, 2006, p.
97-106.
BRUZI, A. T. Homeostase de populações de feijoeiro com diferentes
estruturas genéticas. 2006. 69 p. Dissertação (Mestrado em Genética e
Melhoramento de Plantas) - Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG.
CARDOSO, A. A.; VIEIRA, C. Comportamento de duas misturas de seis
variedades de feijão (Phaseolus vulgaris L.) Revista Ceres, Viçosa, v. 23,
n.126, p. 142-149, mar./abr. 1976.
CARDOSO, A. A.; VIEIRA, C. Progressos nos estudos sobre misturas varietais
de feijão (Phaseolus vulgaris L.). Revista Ceres, Viçosa, v. 18, n.100, p. 465-
477, nov./dez. 1971.
54
CARNEIRO, J. E. de S. Alternativas para obtenção e escolha de populações
segregantes no feijoeiro. 2002. 134 p. Tese (Doutorado em Genética e
Melhoramento de Plantas) - Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG.
DONALD, C. M. Competition among crop and pasture plants. Advances in
Agronomy, New York, v. 15, p 1-118, 1963.
FEDERER, W. T.; CONNIGALE, J. C.; RUTGER, J. N.; WIJESINHA, A.
Statical analyses of yields from uniblends and biblends of eight dry bean
cultivars. Crop Science, Madison, v.22, n. 1, p. 111-115, Jan./Feb. 1982.
GIZLICE, Z.; CARTER, T. E.; JR.; BURTON, J. W.; EMIGH, T. H.
Partitioning of blending ability using two-way blends and component lines of
soybean. Crop Science, Madison, v. 29, n. 4, p. 885-889, July/Aug. 1989.
GUAZZELLI, J. R. Competição intergenotípica em feijão (Phaseolus
vulgaris L.): Estimação da capacidade competitiva. 1975. 60 p. Dissertação
(Genética e Melhoramento de Plantas) – Escola Superior de Agricultura Luiz de
Queiroz, Piracicaba, SP.
HELLAND, S. J.; HOLLAND, J. B. Blend response and stability and cultivar
blending ability in oat. Crop Science, Madison, v. 41, p. 1689-1696, Nov./Dec.
2001.
JENNINGS, P. R.; HERRERA, R. M. Studies on competition in rice. II.
Competition in segregating populations. Evolution, Washington, v. 22, n. 2, p.
332-336, June 1968.
MASTRANTONIO, J. J. S.; ANTUNES, I. F.; ZONTA, E. P.; EMYGDIO, B.
M.; COSTA, C.; LOBATO, L.; SILVA, S. D. dos A.; SILVEIRA, E. P.
Interferência em misturas de feijão. Ciência Rural, Santa Maria, v. 34, p. 373-
377, mar./abr. 2004.
MORETO, A. L. Componentes da variância fenotípica em feijoeiro
utilizando o método genealógico. 2005. 75 p. Dissertação (Genética e
Melhoramento de Plantas) – Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG.
MUNDT, C. C. Use multiline cultivars and cultivar mixtures for disease
management. Annual Review of Phytopathology, Palo Alto, v. 40, p. 381-410,
2002.
55
PENDLETON, J. W.; SEIF, R. D. Role of height in corn competition. Crop
Science, Madison, v. 2, n. 2, p. 154-156, Mar./Apr. 1962.
RAMALHO, M. A. P.; FERREIRA, D. F.; OLIVEIRA, A. C. Experimentação
em genética e melhoramento de plantas. 2. ed. Lavras: UFLA, 2005. 326 p.
RAMALHO, M. A. P.; SANTOS, J. B.; ZIMMERMANN, M. J. O. Genética
quantitativa em plantas autógamas: aplicações ao melhoramento do feijoeiro.
Goiânia, 1993. 271 p.
SANTOS, P. S. J. dos. Seleção de linhas puras na cultivar de feijão carioca.
2001. 59 p. Dissertação (Mestrado em Genética e Melhoramento de Plantas)-
Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG.
SAS INSTITUTE. SAS/STAT User’s Guide: Version 8. Cary, 2000.
SENA, M. R. Melhoramento participativo na cultura do feijoeiro. 2006. 57
p. Dissertação (Genética e Melhoramento de Plantas) – Universidade Federal de
Lavras, Lavras, MG.
SILVA, N. O. Seleção natural e a decisão do melhorista sobre o melhor
momento de abrir o “bulk” na cultura do feijoeiro. 2003. 56 p. Dissertação
(Genética e Melhoramento de Plantas) – Universidade Federal de Lavras,
Lavras, MG.
STOFFEL, D. Consórcio milho-feijão: Efeitos de populações de milho e
variedades de feijão. 1999. 53 p. Dissertação (Fitotecnia) – Universidade
Federal de Viçosa, Viçosa, MG.
STRINGFIELD, G. H. Performance of corn hybrids in mixtures. Agronomy
Journal, Madison, v.51, n. 8, p. 472-473, Aug. 1959.
VIEIRA, C. Métodos culturais. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 25,
n. 223, p. 57-60, 2004.
WOLFE, M. S. Crop strength through diversity. Nature, London, v. 406, n.
6797, p. 681-682, Aug. 2000.
56
ANEXO
ANEXO A Página
TABELA 1A Resumo das análises de variância por experimentos, para
produtividade de grãos (w), número de grãos por planta
(y) e número de vagens por planta (x). Lavras, MG, safra
de inverno 2005..................................................................
57
TABELA 2A Resumo das análises de variância por experimentos, para
produtividade de grãos (w), número de grãos por planta
(y) e número de vagens por planta (x). Lavras, MG, safra
das “águas” 2005/2006.......................................................
58
TABELA 3A Resumo das análises de variância por experimentos, para
produtividade de grãos (w), número de grãos por planta
(y) e número de vagens por planta (x). Lavras, MG, safra
da “seca” 2006....................................................................
59
57
TABELA 1A. Resumo das análises de variância por experimentos, para
produtividade de grãos (w), número de grãos por planta (y) e
número de vagens por planta (x). Lavras, MG, safra de inverno
de 2005.
Linhagens FV GL QM
w y x
VC 3 Entre linhagens 7 534,21
*
22,66
**
3,71
**
Dentro 54 212,41 6,85 1,04
IAPAR 81 Entre linhagens 7 463,07
ns
21,44
*
2,83
ns
Dentro 52 257,96 8,46 1,43
Carioca MG Entre linhagens 7 226,83
ns
7,71
ns
1,56
ns
Dentro 49 194,63 5,76 0,84
Magnífico Entre linhagens 7 323,14
ns
13,53
ns
1,46
ns
Dentro 50 176,14 6,55 0,90
Carioca Entre linhagens 7 513,52
*
19,92
**
3,58
**
Dentro 48 171,00 4,51 0,98
Pérola Entre linhagens 7 221,60
ns
9,96
ns
1,16
ns
Dentro 50 193,08 8,67 1,48
Talismã Entre linhagens 7 560,93
ns
13,29
ns
3,18
ns
Dentro 56 336,41 10,27 1,57
Majestoso Entre linhagens 7 309,94
ns
11,22
ns
1,03
ns
Dentro 55 201,51 7,65 1,19
**
,
*
Significativo a 1% e 5% de probabilidade pelo teste de F.
58
TABELA 2A. Resumo das análises de variância por experimentos, para
produtividade de grãos (w), número de grãos por planta (y) e
número de vagens por planta (x). Lavras, MG, safra das “águas”
2005/2006.
Linhagens FV GL QM
w y x
VC 3 Entre linhagens 7 160,32
**
19,48
**
3,41
**
Dentro 46 45,90 4,57 0,76
IAPAR 81 Entre linhagens 7 153,06
**
22,60
**
4,63
**
Dentro 43 14,33 1,84 0,40
Carioca MG Entre linhagens 7 339,48
**
28,12
**
5,23
**
Dentro 42 28,23 3,75 0,60
Magnífico Entre linhagens 7 725,17
**
42,73
**
6,61
**
Dentro 44 78,46 5,18 0,80
Carioca Entre linhagens 7 54,65
**
9,68
**
1,39
**
Dentro 47 17,79 1,92 0,35
Pérola Entre linhagens 7 434,21
**
38,12
**
6,63
**
Dentro 42 64,72 3,45 0,65
Talismã Entre linhagens 7 134,33
**
33,95
**
7,22
**
Dentro 40 10,65 2,25 0,42
Majestoso Entre linhagens 7 744,24
**
37,06
**
5,49
**
Dentro 45 58,65 3,61 0,64
**
,
*
Significativo a 1% e 5% de probabilidade pelo teste de F.
59
TABELA 3A. Resumo das análises de variância por experimentos, para
produtividade de grãos (w), número de grãos por planta (y) e
número de vagens por planta (x). Lavras, MG, safra da “seca”
2006.
Linhagens FV GL QM
w y x
VC 3 Entre linhagens 7 140,79
*
6,89
ns
0,77
ns
Dentro 51 52,56
3,46
0,63
IAPAR 81 Entre linhagens 7 176,80
ns
6,93
ns
0,96
ns
Dentro 49 109,46
5,67
0,74
Carioca MG Entre linhagens 7 228,29
ns
6,62
ns
1,40
ns
Dentro 47 121,87
6,02
0,85
Magnífico Entre linhagens 7 379,02
*
20,72
*
4,17
**
Dentro 49 136,51
7,65
1,22
Carioca Entre linhagens 7 199,71
ns
10,12
*
2,14
ns
Dentro 45 92,71
4,30
1,44
Pérola Entre linhagens 7 319,44
*
13,36
*
2,33
**
Dentro 48 110,13 5,16
0,75
Talismã Entre linhagens 7 514,04
**
17,99
**
2,14
**
Dentro 48 103,74
3,58
0,58
Majestoso Entre linhagens 7 506,08
**
15,59
**
3,00
**
Dentro 48 132,55
4,56
0,63
**
,
*
Significativo a 1% e 5% de probabilidade pelo teste de F.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo