Salvador Rodrigues Gonçalves nasceu em dez de dezembro de 1931, em
Concórdia, então distrito de Cruzeiro, atual Joaçaba. Seus pais, Pedro Gonçalves e
Maria Rodrigues, ambos de origem cabocla, conheceram-se em Nonoai, mas
moraram por muito tempo em um local conhecido por Toldo dos Bugres, em
Chapecó, vindo, mais tarde, para Concórdia. Seu pai, Pedro Gonçalves, teve sete
filhos de um primeiro casamento, dois quais Salvador conheceu apenas três, sem
se lembrar, atualmente, do nome de nenhum. Da união com Maria Rodrigues, sua
mãe, nasceram Silvia, Vitória, Aparício, Gumercindo, Manoel, Artur e Salvador.
Quando Salvador estava com seis anos de idade, sua família foi morar no
Faxinal dos Guedes, em Santa Catarina, mudando-se de lá para Porto União para
retornar, novamente, à Concórdia. Em 1948, aos dezessete anos de idade, Salvador
Gonçalves conheceu a atividade balseira, quando foi convidado para tal, por
Aparício, seu irmão, que já fizera três viagens, por um primo e pelo o dono da balsa,
Nelson Arns. Na ocasião, o rio estava cheio e a balsa, pronta, faltando apenas um
cozinheiro, Salvador, tranqüilizado pelos companheiros, prontificou-se a seguir
viagem. A balsa partiu do porto de Rancho Grande, próximo à Concórdia, com cento
e vinte toras de madeira de grápia e vinte quatro de dúzia de tábuas.
A primeira situação que ensejou forte medo a Salvador foi o ressorjo do Uvá,
em Itá, onde as balsas eram tradicionalmente
sugadas
. Por isso, era necessário
passar muito próximo ao barranco do rio Uruguai, para desviar-se do redemoinho.
No decorrer da viagem, encontraram ainda ilhas, peraus e o Salto Grande, que
causou grande pavor ao balseiro neófito. Segundo ele, ao chegar nesse local, todos
soltaram os remos e agarraram-se às tora já que, devido à pressão da água, a balsa
foi fundou sob as água para, a seguir, retornar à superfície do rio.
Ao chegar a São Borja, Salvador permaneceu doze dias em cima das balsas,
aguardando o patrão que havia viajado até San Tomé, na Argentina, para vendê-las.
Salvador recorda, com certo exagero, que recebeu 3.000$000 (três contos de réis)
por dia, o que representava uma grande quantia. Com tal soma, poderia ter
comprado uma casa ou mesmo um carro, embora só tivesse visto automóvel em