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UNESP – UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
CÂMPUS DE BOTUCATU
INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS
Composição, estrutura e diversidade vegetal de uma floresta estacional
semidecídua ribeirinha com influência fluvial permanente (mata de brejo)
em Bauru – SP.
MARINA CARBONI
Botucatu
2007
Dissertação apresentada ao Instituto de
Biociências da Universidade Estadual Paulista,
UNESP Botucatu, para obtenção do título de
Mestre em Ciências Biológicas, Área de
Concentração: Botânica.
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ii
UNESP – UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
CÂMPUS DE BOTUCATU
INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS
Composição, estrutura e diversidade vegetal de uma floresta estacional
semidecídua ribeirinha com influência fluvial permanente (mata de brejo)
em Bauru – SP.
MARINA CARBONI
PROF. DR OSMAR CAVASSAN
Orientador
Botucatu
2007
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iii
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉCNICA DE AQUISIÇÃO E TRATAMENTO
DA INFORMAÇÃO
DIVISÃO TÉCNICA DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - CAMPUS DE BOTUCATU - UNESP
BIBLIOTECÁRIA RESPONSÁVEL: Selma Maria de Jesus
Carboni, Marina.
Composição, estrutura e diversidade vegetal de uma floresta estacional
semidecídua ribeirinha com influência fluvial permanente (mata de brejo) em
Bauru - SP / Marina Carboni. – Botucatu : [s.n.], 2007.
Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual Paulista, Instituto de
Biociências de Botucatu, 2007.
Orientadora: Osmar Cavassan
Assunto CAPES: 20300000
1. Fisiologia vegetal 2. Botânica
CDD 581.1
Palavras-chave: Fitossociologia; Florística; Estratos; Mata de brejo;
Similaridade
iv
Dedico este trabalho aos meus pais,
Reinaldo e Lúcia, por tanto amor,
dedicação, e pelo exemplo de
honestidade.
v
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Osmar Cavassan, pela orientação precisa, confiança, apoio e
amizade de sempre. Eu me orgulho muito de ser sua orientada. Muito obrigada!
À Ana Gabriela Faraco, amiga, companheira de mestrado, de república, de
lamentações e muitas risadas. Meu braço direito desde o trabalho de campo até a
redação final deste trabalho. Obrigada pelo incentivo, pela força e pela
convivência alegre, agüentando minhas perguntas, minhas piadas, pegando
carrapato comigo e rindo muito de minhas quedas. Isso é que é amiga. Obrigada
por tudo Ana!
Ao Prof. Dr. Vinícius Castro Souza, exemplo de excelente profissional.
Obrigada pela gentileza, prontidão e generosidade com que sempre me recebeu
em Piracicaba. Por identificar as minhas plantas, pelos ricos ensinamentos, dicas
e conselhos.
À todos do laboratório do Prof. Vinícius e do Herbário ESA, que me
receberam com carinho e me ajudaram no trabalho de identificação das espécies,
em especial às amigas Daniela Sampaio e Renata Fernandez, pela hospedagem em
Piracicaba e por tantos momentos divertidos.
Ao Luiz Carlos de Almeida Neto, diretor do Jardim Botânico Municipal de
Bauru, por tanta ajuda, apoio, carinho e amizade. Minha eterna gratidão!
Aos funcionários do Jardim Botânico, em especial ao Maurício de Andrade
e Luiz Antônio de Oliveira, sempre dispostos a ajudar. Pela ajuda impagável e
pelos momentos muito divertidos que passamos no brejo, tantos carrapatos,
atoladas, quedas e piadas.
Ao amigo José Carlos Toledo Veniziani Junior (Kiko), que fez os mapas e
trabalhou nas imagens deste trabalho, pela dedicação e paciência com que sempre
vi
me recebeu e à toda sua família, por alegrar muitas de minhas tardes de sábado
com o pequeno Giovani.
À Veridiana de Lara Weiser, por todo apoio, pelas identificações, pelas
dicas e conversas sempre enriquecedoras.
Ao Rodrigo Agostinho, pela ajuda com o GPS e incentivo.
Ao meu irmão Rafael, por tanta ajuda com os computadores, programas e
todos os problemas que eles trazem.
À amiga Clélia Mardegan, pelas fotos, pelas dicas e pela convivência sempre
tão alegre.
À amiga Alzira Politi Bertoncini, pelas sugestões, conversas ricas e
incentivadoras. Pela amizade verdadeira e tantos momentos felizes. Você é um
grande exemplo de pessoa e pesquisadora. Muito obrigada!
Ao Prof. Hélio Grassi, do departamento de solos da Unesp de Botucatu,
que me ajudou, tão gentilmente, na análise dos solos e, com toda paciência e
didática, me fez entender tantos números.
Aos funcionários do IPMET, Adelmo, Zildene e todos que ajudaram com os
dados de clima.
Ao Prof. Dr. Reginaldo Donatelli e a Carol, pela ajuda com o programa de
diversidade e por tantos momentos alegres, chazinhos e biscoitos.
Aos amigos, Poliana Genovez, Kátia Losano, Gisele Areias Nóbrega, Jamile,
Eduardo Vasconcellos, Carlos Eduardo Mello, Milena Ventrichi, Raquel
Domeniconie, Tiago Gliglioti e aos estagiários do herbário UNBA, Mariana, Job,
Bruna e Talita, por toda a ajuda e apoio.
Ao Júlio Domingos de Souza (Babu), por todo apoio, companheirismo e
incentivo sempre.
Ao Marcos Piola, meu professor de inglês e grande amigo, pelos abstracts,
amizade e carinho.
vii
À Maria Tereza Toniato (Matê), por todas as dicas, sugestões, pelo
incentivo, atenção e amizade.
À Ingrid Koch, por ter participado de minha banca de qualificação, pelas
sugestões e por tanta atenção com que sempre me atendeu.
Ao Matheus Leonel, por ter revisado este trabalho tão gentilmente e em
tão pouco tempo.
Aos pesquisadores Ana Maria Tozzi, Angela Borges Martins, Elsie Franklin
Guimarães, Luíza Sumiko Kinoshita, Ingrid Koch, João Semir, João Batista
Baitello, Jeferson Prado, Gisele Areias Nóbrega, Rosangela Simão Bianchini,
Mizué Kirizawa, Letícia Ribes de Lima, Wellington Foster, Maria Cândida
Mamede, Rodrigo A.S. Pereira, Geraldo Franco, João Aurélio Pastore, Marcelo A.
de Pinho Ferreira, Fiorella F. Mazine Capelo, Juan D. Urdampilleta, Mara Rejane
Ritter e Maria Estela Paschoal, pela confirmação ou identificação taxonômica das
espécies.
À Capes e ao Biota/Fapesp pelo apoio financeiro à este trabalho.
À minha família: pai, mãe e Rafa, por tanto amor, pelo apoio incondicional e
por sempre acreditar em mim. Por entender tanta ausência e cuidar com tanto
carinho do meu cachorro, quer dizer, nosso cachorro. E a Claudia Monteiro,
obrigada cunhada por participar de tudo, me apoiar e entender minha usência de
palavras nos momentos de estresse.
Àqueles que neste momento fogem à minha memória, mas, que de alguma
forma, deram a sua contribuição e fazem parte desta história. Obrigada!
À Deus, por tudo!
viii
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS........................................................................................................
x
LISTA DE TABELAS.......................................................................................................
xii
ANEXOS...........................................................................................................................
xiv
INTRODUÇÃO GERAL...................................................................................................
15
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................................
20
CAPITULO 1. Florística e análise de similaridade de uma floresta estacional
semidecídua ribeirinha com influência fluvial permanente (mata de brejo) em
Bauru – SP.
ABSTRACT.......................................................................................................................
26
RESUMO...........................................................................................................................
27
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................
28
2. MATERIAL E MÉTODOS...........................................................................................
30
2.1 Caracterização da área.....................................................................................
30
2.2 Levantamento florístico...................................................................................
35
2.3 Análise de Similaridade...................................................................................
37
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................................................
38
3.1 Caracterização florística..................................................................................
38
3.2 Similaridade florística......................................................................................
52
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................
57
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................
58
CAPÍTULO 2 Fitossociologia de uma floresta estacional semidecídua ribeirinha
com influência fluvial permanente (mata de brejo) em Bauru – SP.
ABSTRACT.......................................................................................................................
67
RESUMO...........................................................................................................................
69
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................
71
2. MATERIAIS E MÉTODOS..........................................................................................
73
2.1 Caracterização da área.....................................................................................
73
2.2 Clima................................................................................................................
76
2.3 Solo..................................................................................................................
77
2.4 Levantamento Fitossociológico.......................................................................
79
2.5 Similaridade.....................................................................................................
81
ix
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................................................
82
3.1 Solo..................................................................................................................
82
3.2 Caracterização fitossociológica........................................................................
84
3.2.1 Estrato superior.................................................................................
84
3.2.2 Estrato inferior..................................................................................
99
3.3 Similaridade entre os estratos..........................................................................
103
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................
108
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................
109
x
LISTA DE FIGURAS
CAPÍTULO 1
Figura 1. Localização do município de Bauru no estado de São Paulo, e da mata de
brejo em estudo (delimitada pelo círculo amarelo) no município. Imagem da Reserva
Legal do Campus de Bauru da Unesp.
32
Figura 2. Área da mata de brejo de Bauru-SP, à direita, com vegetação de campo úmido
no entorno e ao fundo cerradão.
33
Figura 3. Vista do interior da mata de brejo de Baruru SP e de um dos afluentes do
córrego Vargem Limpa que atravessa a mata.
33
Figura 4. Afloramento da camada litólica a poucos metros a jusante da mata de brejo da
de Bauru – SP.
34
Figura 5. Hábitos com maior porcentagem de riqueza em espécies encontradas na mata
de brejo de Bauru – SP.
45
Figura 6. Famílias com maior riqueza em espécies dentre todos os hábitos encontrados
na mata de brejo de Bauru – SP.
47
Figura 7. Famílias com maior riqueza em espécies entre as epífitas encontradas na mata
de brejo de Bauru – SP.
47
Figura 8. Famílias com maior riqueza em espécies entre as trepadeiras encontradas na
mata de brejo de Bauru – SP.
48
Figura 9. Famílias com maior riqueza em espécies entre as árvores e arbustos
encontrados na mata de brejo de Bauru – SP.
50
Figura 10. Famílias com maior riqueza em espécies entre as ervas encontradas na mata
de brejo de Bauru – SP.
51
Figura 11. Dendograma gerado pela classificação por Média de Grupo (UPGMA),
utilizando o coeficiente de similaridade de Jaccard, para estudos florísticos em matas de
brejo do estado de São Paulo e outras formações vegetais na região de Bauru - SP.
55
CAPÍTULO 2
Figura 1. Imagem de mapa com área do Jardim Botânico Municipal de Bauru, Reserva
Legal do Campus de Bauru SP da Unesp (RL), e mata de brejo (MB) em estudo,
delimitadas no mapa. Fonte: Arquivo Jardim Botânico Municipal de Bauru. Imagem:
Luiz Carlos Almeida Neto.
74
Figura 2. Imagem da mata de brejo de Bauru – SP, em diferentes períodos. 75
xi
Figura 3. Balanço hídrico do município de Bauru SP, segundo Walter (1986), para o
período de 1996 a 2006. Fonte: Instituto de Pesquisas Meteorológicas (IPMet), do
Campus de Bauru da Unesp.
77
Figura 4. Esquema da locação das parcelas do levantamento fitossociológico, do estrato
superior, na área estudada da mata de brejo de Bauru – SP.
81
Figura 5 Curva do incremento do número de espécies do estrato superior amostradas
por parcelas, na Mata de Brejo de Bauru - SP.
88
Figura 6. Distribuição dos valores relativos de freqüência, densidade, e dominância
entre as espécies de maior IVI, amostradas no estrato superior da mata de brejo de
Bauru – SP.
89
Figura 7. Famílias com maior riqueza em espécies amostradas no estrato superior da
mata de brejo de Bauru – SP.
91
Figura 8. Distribuição da porcentagem de indivíduos amostrados no estrato superior,
por classes de diâmetro em intervalos de dois centímetros fechados à direita na mata de
brejo de Bauru – SP.
95
Figura 9. Distribuição da porcentagem de indivíduos amostrados no estrato superior,
por classes de altura em intervalos de um metro fechados à direita na mata de brejo de
Bauru – SP.
97
Figura 10. Diagrama de estratificação vertical das espécies amostradas no estrato
superior, na mata de brejo de Bauru – SP.
98
Figura 11. Famílias com maior riqueza em espécies amostradas no estrato inferior da
mata de brejo de Bauru – SP.
101
Figura 12. Espécies com maiores valores de densidade e freqüência amostradas no
estrato inferior da mata de brejo de Bauru – SP.
102
Figura 13. Famílias com maior riqueza em espécies amostradas nos estratos inferior (I)
e superior (S), da mata de brejo de Bauru – SP.
107
xii
LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO 1
Tabela 1. Espécies amostradas na Mata de Brejo de Bauru – SP, famílias, nomes
científicos, hábitos e nomes populares.
40
Tabela 2. Município, autores e formações vegetais, em ordem cronológica, utilizadas
para construção do dendograma da Figura 11.
56
CAPÍTULO 2
Tabela 1. Espécies amostradas no levantamento fitossociológico para os estratos
superior e inferior, na mata de brejo de Bauru – SP. S = superior; I = inferior.
85
Tabela 2. Parâmetros fitossociológicos das espécies amostradas no estrato superior da
mata de brejo de Bauru – SP, por ordem decrescente do índice de valor importância
(IVI). NI = número de indivíduos; DA = densidade absoluta; DoM = dominância
absoluta; FA = freqüência absoluta; DR = densidade relativa; DoR = dominância
relativa; FR = freqüência relativa; IVC = índice de valor de cobertura.
87
Tabela 3. Parâmetros fitossociológicos das famílias amostradas no estrato superior da
mata de brejo de Bauru SP, por ordem decrescente de número de indivíduos. NI =
número de indivíduos; Nspp = número de espécies; DA = densidade absoluta; DoM =
dominância absoluta; FA = freqüência absoluta; DR = densidade relativa; DoR =
dominância relativa; FR = freqüência relativa.
92
Tabela 4. Alguns parâmetros fitossociológicos, critério de inclusão dos indivíduos
arbustivo-arbóreo, e área de amostragem das matas de brejo comparadas no estado de
São Paulo.
94
Tabela 5. Espécies amostradas no estrato superior da mata de brejo de Bauru SP.
al.min = altura mínima, al.max = altura máxima, alt.med = altura média, dm.min =
diâmetro mínimo, dm.max = diâmetro máximo, dm.med = diâmetro médio. Altura (m);
diâmetro (cm).
96
Tabela 6. Densidade absoluta (DA), Densidade relativa (DR), Freqüência absoluta
(FA), Freqüência relativa (FR) das espécies amostradas no estrato inferior da mata de
brejo de Bauru – SP, por ordem decrescente de número de indivíduos (NI).
99
Tabela 7. Parâmetros florísticos e fitossociológicos dos estratos superior e inferior,
amostrados na mata de brejo de Bauru – SP.
103
Tabela 8. Parâmetros fitossociológicos das espécies amostradas nos estratos superior e 105
xiii
inferior da mata de brejo de Bauru – SP, por ordem decrescente dos valores de
densidade do estrato inferior. de ind. = número de indivíduos; DR = densidade
relativa; FR = freqüência relativa; S = estrato superior; I = estrato inferior.
xiv
ANEXOS
Anexo 1 – Análise química de macronutrientes do solo da mata de brejo de Bauru –
SP. M.O. = matéria orgânica; SB = soma de bases; CTC = capacidade de troca
catiônica, V% = saturação de bases.
116
Anexo 2 Análise de química de micronutrientes do solo da mata de brejo de Bauru
SP.
117
Anexo 3 – Análise física, granulométrica, do solo da mata de brejo de Bauru – SP. 118
15
Introdução Geral
O decréscimo de 46,83 % na cobertura vegetal nativa no estado de São Paulo ocorrido
de 1962 a 2001, ainda suscita grandes preocupações quanto ao futuro de muitas espécies
vegetais e animais (Kronka et al. 2003).
As vegetações mais atingidas pela degradação são as formações florestais pertencentes
ao domínio da mata atlântica, incluindo as florestas semidecíduas, localizadas no planalto,
distribuídas de forma descontínua, entremeadas por cerradões e cerrados, campos rupestres e
matas ciliares (Leitão Filho 1982). Kronka et al. (2005) chamam atenção para a drástica
redução, da ordem de 83%, das áreas de cerrado no estado de São Paulo, no período de 1962 a
2000-2001. Com a redução dos cerrados paulistas, geralmente distribuídos nos interflúvios do
interior do Estado, acredita-se que também haja um comprometimento das vegetações
associadas, como as matas ciliares e de brejo.
As “matas de brejo” (Leitão Filho 1982) ou “floresta estacional semidecidual
ribeirinha com influência fluvial permanente” (Rodrigues 2000), estabelecidas sobre solos
hidromórficos, são sujeitas à presença de água superficial em caráter quase permanente.
Ocorrem em rzeas ou planícies de inundação, nascentes ou margens de rios ou lagos
(Ivanauskas et al. 1997), podendo ocorrer também em baixadas ou depressões, onde a
saturação hídrica do solo é conseqüência do afloramento da água do lençol freático. São
consideradas pela Lei 4.771/65, alterada pela Lei 7.803/89 do Código Florestal, florestas
de preservação permanente. Portanto, o fato dessas florestas desempenharem papel importante
na proteção de mananciais hídricos (Joly 1992; Marques 1994), na manutenção de nascentes e
cursos d’água, de impedir o assoreamento e regular o fluxo de água, fez com que estudos
florísticos e estruturais em tais locais fossem intensificados nos últimos anos (Torres et al.
1994; Costa et al.1997; Ivanauskas et al. 1997; Toniato et al. 1998; Paschoal & Cavassan
1999; Spina et al. 2001, Marques et al. 2003; Paschoal 2004 e Teixeira & Assis 2005)
No entanto, a maioria dos estudos florísticos e fitossociológicos, em florestas de todo
o mundo é relativo ao componente arbóreo, que é o principal detentor da biomassa florestal e
se destaca pela importância econômica (Meira-Neto & Martins 2003). Mas, recentemente,
tem-se considerado como importante a contribuição de espécies não arbóreas na diversidade,
sendo que o número de espécies herbáceas e subarbustivas encontradas em florestas e
16
cerrados pode variar de 33 a 52% da riqueza específica (Gentry &Dodson 1987 e Mantovani
& Martins 1993).
Na região de Bauru SP, alguns trabalhos de levantamento florístico e
fitossociológico que consideram o estrato arbustivo-arbóreo foram desenvolvidos por:
Cavassan et al.(1984) Paschoal (1997, 2004), Assis (1999), Christianini (1999), Miranda
(2000), Pinheiro et al. (2002) e Toniato & Oliveira-Filho (2004) em mata estacional
semidecídua; Cavassan (1990), Bertoncini (1996) e Weiser (2007), em cerrado; e Coral et al.
1991 e Paschoal & Montanholli (1997) em áreas de transição entre cerrado e mata estacional
semidecídua. No entanto, ainda são escassos as os levantamentos das comunidades vegetais
que incluem ervas, epífitas e lianas, nesta região. Christianini & Cavassan (1998) e Bertoncini
(1996) estudaram o estrato herbáceo-subarbustivo de fragmentos de cerrado em Bauru SP e
Agudos SP; Paschoal (2004) fez a avaliação da capacidade de regeneração da vegetação
natural em áreas de reflorestamento de Pinus e Eucalyptus no município de Agudos - SP;
Toniato & Oliveira-Filho (2004) estudaram a florística e fitossociologia, dos estratos superior
e inferior, de três áreas de um fragmento de floresta estacional semidecídua em Bauru; Koch
(1994) estudou a família Apocynaceae na região de Bauru, com espécies de diversos hábitos e
Weiser (2007) documentou a diversidade de árvores, arbustos e trepadeiras em Bauru - SP.
Dos trabalhos citados, apenas Paschoal (1997, 2004) e Paschoal & Cavassan (1999) são
relativos a estudos florísticos e estruturais do componente arbustivo-arbóreo de matas de brejo
na região de Bauru, o que demonstra a grande carência de pesquisas neste tipo de vegetação, e
nos demais estratos vegetais, em matas da região centro-oeste do estado de São Paulo.
Nesta região, são poucos os fragmentos remanescentes de florestas nativas, em sua
maior parte sendo atingidos pela perturbação antrópica. O trecho que inclui a Reserva
Ecológica do Instituto “Lauro de Souza Lima”, o Jardim Botânico Municipal de Bauru
(JBMB) e a Reserva Legal do Campus de Bauru da Unesp representam um desses
remanescentes, com dimensões acima de 600ha no estado de São Paulo, onde se encontram
trechos de floresta estacional semidecídua, de cerrado e de matas ribeirinhas, constituindo um
inestimável patrimônio para o município de Bauru e para a humanidade (Pinheiro 2000), mas,
que sofre com a pressão da urbanização, que se aproxima cada vez mais desse remanescente
vegetal, com a ação antrópica de posseiros na área do JBMB e incêndios freqüentes que
atingem todo o continuum vegetacional. O último incêndio aconteceu no dia 31 de outubro de
2006 e atingiu 22ha, aproximadamente, de vegetação de mata e cerrado ao redor da mata de
17
brejo na Reserva Legal da Unesp. A vegetação campestre do entorno da mata de brejo
estudada foi queimada por aquele incêndio, mas, o fogo não invadiu o interior da mesma.
Tal área, além de funcionar como um ambiente de preservação da biodiversidade, por
localizar-se dentro do Campus da Unesp de Bauru, serve de ambiente para atividades
didáticas, de Educação Ambiental e constitui excelente laboratório natural para pesquisa.
Assim, torna-se interessante desenvolver atividades de pesquisa que forneçam
informações a respeito daqueles remanescentes, que justifiquem a tomada de medidas mais
drásticas de preservação do importante material genético existente, além da elaboração de
um plano de manejo visando a sua proteção e a implantação de melhor infra-estrutura para o
desenvolvimento de atividades didáticas, científicas e culturais.
Este trabalho propõe-se a contribuir para o levantamento de informações científicas
básicas a respeito da vegetação e flora dos diferentes estratos vegetais dos ambientes com
fisionomia florestal de brejo que, junto com outros trabalhos desenvolvidos nos ambientes
florestais, campestres e savânicos, constituem o capítulo sobre vegetação e flora do plano de
manejo daquela reserva. Com isso, o primeiro capítulo deste trabalho apresenta a florística da
mata de brejo da Reserva Legal do Campus de Bauru-SP da Unesp e a similaridade com
outras formações vegetais semelhantes e formações adjacentes a este estudo. No segundo
capítulo, fez-se a caracterização fitossociológica dos estratos arbustivo-arbóreo e herbáceo
subarbustivo da mesma mata.
Nomenclatura das Formações Ciliares
Devido à heterogeneidade ambiental das florestas ocorrentes ao longo de cursos
d’água, a nomenclatura usada para a designação dessas formações buscava uma associação da
fisionomia vegetacional com a paisagem regional, o que resultou no uso de termos populares,
muitas vezes regionais, que não expressavam a condição ecológica dominante (Rodrigues
2000). A formação florestal que ocorre nas margens de cursos d’água recebeu as mais
diversas designações, de acordo com as características locais de relevo, solo, declividade,
fisionomia ou posição na paisagem, entre outras (Ivanauskas et al. 1997).
O termo ciliar foi usado, inicialmente, para designar as formações florestais
observadas nos diques marginais de grandes planícies, numa faixa estreita de vegetação,
geralmente isolada da condição de interflúvio por extensas faixas de vegetação herbácea
18
higrófila (várzea) (ACIESP 1997). Ou, ainda citado por autores como sinônimo de formação
arbórea ribeirinha, tendo sido usada nas descrições de algumas formações onde a fisionomia
do interflúvio também era florestada (Veloso & Góes Filho 1982).
Têm-se usado ainda as características edáficas para designação dos termos floresta de
brejo, floresta de várzea, floresta aluvial etc. (Rodrigues 2000). Segundo Leitão Filho (1982),
as matas ciliares constituem-se numa formação vegetal com características próprias,
ocorrendo em locais normalmente sujeitos à influência do lençol freático ou de inundações
periódicas.
O termo “floresta de galeria” é utilizado para referir-se à uma floresta mesofítica, de
qualquer grau de caducidade, que orla um ou dois lados de um curso d’água em uma região
onde a vegetação do interflúvio não é florestal (cerrado, escrube, savana ou campo limpo).
Para as regiões onde a vegetação original do interflúvio também é florestal, o glossário
recomenda o termo floresta ciliar ou floresta de beira d’água (ACIESP 1997).
A classificação do IBGE (Veloso et al. 1991), da vegetação brasileira considera as
formações ribeirinhas segundo o sistema fisionômico ecológico. Nessa classificação, as
formações florestais ribeirinhas foram designadas como uma subdivisão de cada uma das
regiões fitoecológicas brasileiras que possui características ambientais próprias, como forma
de relevo. Nas designações já existentes foi acrescentado o termo “aluvial” no final da
designação, ficando então: Floresta Ombrófila Densa Aluvial, Floresta Ombrófila Mista
Aluvial, Floresta Estacional Aluvial etc.
Rodrigues (2000) faz algumas ressalvas quanto ao termo “aluvial”, acrescido por
Veloso et al. (1991), no nome da região fitoecológica: o termo “aluvial” poderá ser
considerado como uma indicação de que essas formações ribeirinhas ocorreriam, somente,
sobre solos aluviais, o que, segundo o autor, não é verdade. A condição de acumuladora de
recursos minerais e orgânicos ou de encharcamento do ambiente aluvial pode não ser,
necessariamente, relacionada com as particularidades vegetacionais dessas formações
ribeirinhas, mas, sim, com a região fitoecológica precursora dessa formação, com as
alterações climáticas e topográficas proporcionadas pelo ambiente ribeirinho, com sua
condição de ponte ou refúgio biótico do ambiente ribeirinho, com sua diversidade faunística e
de interações etc. (Rodrigues 2000). Sendo assim, Rodrigues (2000) não recomenda a
sinonimização dos termos de uso popular consagrado (floresta/mata ciliar, floresta/mata de
galeria, floresta ripária e floresta de brejo etc.) para definir todas as florestas dessa condição.
19
Sugere que o termo “aluvial” seja substituído por “ribeirinho (a)”, cuja origem vem de
“rivus”, como definição de “vivendo nas margens de rios”, que é a única característica
geográfica comum para os vários tipos de vegetação dessa condição. Propõe, também, o
estabelecimento de mais um nível hierárquico na classificação dessas formações, com o
intuito de dar uma definição informativa e esclarecedora dessas formações, como por
exemplo: formação ribeirinha com influência fluvial permanente – para designar as formações
ribeirinhas cujas características vegetacionais, apesar de estarem relacionadas com a região
fitoecológica, apresentam particularidades em função de estarem sobre solo permanentemente
encharcado, com água superficial, geralmente, em movimento.
O termo floresta paludosa (ou floresta de brejo) deve ser usado para a designação
popular das florestas sobre solo permanentemente encharcado, com fluxo constante de água
superficial dentro de pequenos canais com certa orientação de drenagem mesmo que pouco
definida (Ivanauskas et al. 1997; Torres et al. 1992; Torres et al. 1994).
A denominação adotada neste trabalho foi aquela sugerida por Rodrigues (2000) como
“floresta estacional semidecidual ribeirinha com influência fluvial permanente”, por se
considerar aquela que melhor identifica a formação ribeirinha da área de estudo, sendo que,
no texto, por ser mais prático, adotou-se a designação popular de “mata de brejo”.
20
Referências Bibliográficas
ACIESP. 1997. Glossário de Ecologia. Academia de Ciências do Estado de São Paulo. São
Paulo, SP.
ASSIS, P.F. 1999. Composição florística e estrutura fitossociológica de um remanescente de
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___________________________________________________________________________
Normas Bibliográficas utilizadas: Revista Brasileira de Botânica. Instruções aos autores.
ISSN 1806-9959 versão on line. Acesso 31/01/2007.
25
CAPÍTULO 1
§
§§
§
______________________________________
Florística e análise de similaridade de uma floresta estacional semidecídua
ribeirinha com influência fluvial permanente (mata de brejo) em Bauru –
SP.
MARINA CARBONI
1,2
& OSMAR CAVASSAN
3
§ Baseado no formato de artigo a ser publicado na Revista Brasileira de Botânica
1. Universidade Estadual Paulista (UNESP), Instituto de Biociências, Departamento de
Botânica, Botucatu, SP, Brasil.
2. Autor para correspondência: marina@hospedaria.com.br
3. Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Ciências, Departamento de
Ciências Biológicas, Bauru, SP, Brasil.
26
CARBONI, M. & CAVASSAN. O. 2007. Floristic and similarity of a semideciduous
riverine forest with permanent fluvial influence (swamp forest), in Bauru – SP.
ABSTRACT It was made floristic characterization of a swamp forest in the Legal Reserve
of Unesp’s Bauru Campus, SP, aiming to contribute for the knowledge of the flora of São
Paulo’s state vegetables formation, and of the native flora of Bauru’s region. One still
became, the similarity of this fragment with others similar formation in the State and with
others present types surrounding, in order to argue the contribuition of these formation for the
swamp forest’s floristic composition studied. For floristic characterization, species of trees,
shrubs, and sampled herbs in the plots for later phytosociological analysis had been
considered, increased of the present plants with reproductive material, in that fragment, but
didn’t find in the samples units. In the complementary list, the plants Epiphytes, Climbers,
Hemiepiphytes and Hemiparasites, including Pteridophytes, had been included. 108 species
pertaining to 53 families, among Arboreal, Shrub, Herbs, Epyphites, Climbers,
Hemiepiphytes and Hemiparasites, had been sampled. The families that present the biggest
wealth in species among all the habits had been Orchidaceae and Rubiaceae with nine species,
and Psychotria genera was distinguished among the Rubiaceae with four species. Among the
sampled habits, the trees had showed the biggest wealth in species, with 32 species, followed
for the herbs (24). The studied swamp forest showed the greatest similarity, 38.6% according
to Jaccard, with Rio Claro fragment, and with Ribeirão Pederneiras’swamp forest in Agudos,
38.3% of similarity. The species Calophyllum brasiliense, Cecropia pachystachya,
Dendropanax cuneatus, Magnolia ovata, Styrax pohlii and Tapirira guianensis, had been
found in this work, had been also found in all the swamp forest compared in the State,
therefore they constitute a characteristic set of this vegetable formation type. This fragment
didn’t show floristic similarity with cerrado and surroundings forest formation, what it
demonstrates the little influence of the species of these formations for Bauru swamp forest.
The soaking and species adapting to be fixed in this environment probably are the factors of
greater influence in the flora definition of these types of forest
Key words: Floristic composition, swamp forest, comparation.
27
CARBONI, M. & CAVASSAN, O. 2007. Florística e análise de similaridade de uma
floresta estacional semidecídua ribeirinha com influência fluvial permanente (mata de
brejo) em Bauru – SP.
RESUMO Foi feita a caracterização florística de uma mata de brejo na Reserva Legal do
Campus de Bauru da Unesp, SP, visando a contribuir para o conhecimento da flora dessas
formações vegetais do estado de São Paulo e da flora nativa da região de Bauru. Avaliou-se,
ainda, a similaridade desse fragmento com outras formações semelhantes no Estado e com
demais tipos de vegetação presentes no entorno, a fim de verificar se existe contribuição
dessas formações para a composição florística da mata de brejo estudada. Para a
caracterização florística foram consideradas as espécies de árvores, arbustos e ervas
amostradas nas parcelas para posterior análise fitossociológica, acrescido das plantas
presentes com material reprodutivo, naquele fragmento, mas não encontradas nas unidades
amostrais, incluindo as plantas epífitas, trepadeiras, hemiepífitas, hemiparasitas e pteridófitas.
Ao todo foram amostradas 108 espécies, pertencentes a 53 famílias, dentre as arbóreas,
arbustivas, herbáceas, epífitas, trepadeiras, hemiparasitas e hemiepífitas. As famílias que
apresentaram maior riqueza em espécies, dentre todos os hábitos, foram Orchidaceae e
Rubiaceae com nove espécies e o gênero Psychotria destacou-se entre as Rubiaceae com
quatro espécies. Entre os hábitos amostrados, as árvores apresentaram maior riqueza em
espécies, com 32 espécies, seguida pelas ervas (24). A mata de brejo estudada mostrou maior
similaridade, 38,6% segundo Jaccard, com o fragmento de Rio Claro e com a mata de brejo
do Ribeirão Pederneiras em Agudos (38,3% de similaridade). As espécies Calophyllum
brasiliense, Cecropia pachystachya, Dendropanax cuneatus, Magnolia ovata, Styrax pohlii e
Tapirira guianensis, encontradas nesse trabalho, foram encontradas, também, em todas as
matas de brejo comparadas no Estado, por isso, constituem um conjunto característico deste
tipo de formação vegetal. Este fragmento não apresentou similaridade florística com as
formações de cerrado e mata estacional adjacentes, o que demonstra a pouca influência das
espécies destas formações para a mata de brejo de Bauru. O encharcamento e a adaptação das
espécies para se fixarem neste ambiente, provavelmente, são os fatores de maior influência na
definição da flora desses tipos de mata.
Palavras-chave: Floresta de brejo, composição florística, comparação.
28
1. Introdução
Apesar da crescente preocupação na preservação das formações ciliares para garantir a
manutenção dos recursos hídricos, ainda são poucos os trabalhos desenvolvidos em áreas de
floresta ribeirinha com encharcamento permanente (matas de brejo) ou sazonal no estado de
São Paulo.
As ocorrências de mata de brejo (fisionomia florestal) ou de campo úmido (fisionomia
predominantemente campestre) em solos tipicamente hidromórficos, são definidas por fatores
ainda pouco conhecidos. No entanto, acredita-se que essa diferenciação dá-se por fatores
relacionados com a drenagem local da água, pela presença de impedimentos físicos no solo
e/ou alteração da topografia original. Em áreas onde a água permanece mais tempo no solo, de
forma quase estagnada, desenvolver-se-iam formações vegetais herbáceas, nas áreas onde a
água tem uma movimentação bem definida em canais superficiais, desenvolver-se-iam
formações florestais (Ivanauskas et al.1997).
As matas de brejo distribuem-se de forma restrita no estado de São Paulo devido
principalmente a estarem relacionadas a solos permanentemente encharcados. Segundo
Ivanauskas et al. (1997), os programas de incentivo ao uso agrícola das várzeas contribuíram,
num passado pouco distante, para a redução das matas de brejo no Estado e, ainda hoje, as
hidrelétricas são grande ameaça para essas formações vegetais.
Considerando-se que as espécies vegetais adaptadas a ambientes encharcados têm
distribuição restrita, a magnitude da devastação da flora de matas de brejo pode ser muito
maior. As pesquisas sobre a organização e distribuição da biodiversidade nas comunidades
brejosas são ainda reduzidas. Tais informações são necessárias para avaliar os impactos
causados pela ação antrópica, planejar a criação de unidades de conservação e para a adoção
de técnicas de manejo.
Estudos florísticos e fitossociológicos em florestas tropicais e subtropicais são,
principalmente, direcionados ao componente arbóreo (Gentry 1992, Mantovani & Martins
1993). Entretanto, vem sendo observada a contribuição também das espécies não arbóreas na
diversidade dessas florestas, sendo que, de acordo com Gentry & Dodson (1987), 33 a 52% da
riqueza específica das florestas pertencem a espécies herbáceas e subarbustivas, enquanto as
espécies arbóreas (DAP > 10cm) constituem de 15 a 22%.
29
Espécies herbáceas terrícolas florestais apresentam adaptações estruturais e
fisiológicas associadas ao ambiente em que vivem, por isso, o conhecimento da estrutura e
composição dos estratos inferiores pode fornecer dados para inferir sobre as condições
ambientais e o estado de conservação dessas comunidades florestais (Richards 1952 apud
Muller & Waechter 2001), uma vez que apresentam ciclo de vida mais curto, e são mais
sensíveis a mudanças no ambiente. Segundo Mantovani (1987) o número de espécies
herbáceas dentro de uma floresta é limitado, pois, em condições de ambientes alagados
exigem um alto grau de especialização.
Outros componentes pouco estudados das fisionomias vegetais do estado de São Paulo
são as trepadeiras, um grupo de plantas com importante papel na dinâmica das florestas, tanto
no que se refere às relações com as plantas que as sustentam (forófitos), quanto no
fornecimento de recursos à fauna (Morellato & Leitão Filho 1996). Spina et al. (2001)
desenvolveram trabalho sobre a floração, frutificação e síndrome de disperssão de espécies
arbóreas, arbustivas, subarbustivas, herbáceas e trepadeiras em uma mata de brejo de
Campinas SP. O componente epifítico, também pouco estudado, pode constituir 1/3 de
todas as espécies de plantas vasculares em uma área, contribuindo com grande participação na
florística e ecologia das florestas tropicais úmidas (Gentry & Dodson 1987).
A composição florística de uma comunidade vegetal pode ser fortemente influenciada
pela capacidade de adaptação das espécies ao ambiente edáfico e climático e pela
proximidade de outras formações vegetais. No caso da mata de brejo onde o solo
permanentemente encharcado oferece condições de vida apenas àquelas espécies com
adaptações especiais favoráveis discute-se se tais condições inibem a contribuição da
vegetação do entorno na estrutura florística da comunidade. Assim, a análise da similaridade
entre a lista florística obtida com outras listas de estudos de vegetações semelhantes no estado
de São Paulo e com fragmentos de vegetações diferentes, presentes no entorno, permitirá
avaliar a influência desses fatores na composição florística observada.
Portanto, através da análise florística deste tipo de vegetação, este trabalho teve por
objetivos: contribuir para o conhecimento da flora presente em mata de brejo do estado de São
Paulo e da flora nativa da região de Bauru e discutir a composição florística observada,
avaliando-se qual fator mais influência esse resultado, a capacidade de adaptação das espécies
ao ambiente edáfico ou a contribuição das outras formações vegetais do entorno.
30
2. Material e Métodos
2.1 Caracterização da área
O trabalho foi desenvolvido na mata de brejo da Reserva Legal do Campus de Bauru
SP da Unesp, localizada na região centro-oeste do estado de São Paulo, a 330 km da capital,
próximo das coordenadas 22º 20’S e 49º 01’W, a 560 metros de altitude, na região sudeste da
cidade junto ao perímetro urbano (Figura 1). A reserva legal possui 132,0126 hectares e foi
averbada
em 06/01/1995, segundo Artigo 16 da Lei Federal nº 4771, de 15/09/65.
O marco inicial da reserva legal está junto à cerca do lado esquerdo da Rodovia
Estadual Jaú-Ipaussu (Rodovia Comandante João Ribeiro de Barros SP 225) e faz divisa
com a área pertencente ao Jardim Botânico e Zoológico Municipal de Bauru, administradas
pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Bauru, com área pertencente à própria Unesp
e com os loteamentos Jardim Santos Dumont, Jardim Marambá e Jardim Mary, do município
de Bauru.
Trata-se de uma área bem preservada, com poucos indícios de perturbação recente no
seu interior. Durante os trabalhos de campo foram encontradas algumas árvores cortadas e
indícios de retirada de orquídeas da área. Apesar da proximidade do perímetro urbano e da
rodovia SP 225, a mata de brejo localiza-se em área de difícil acesso por estar encravada em
vegetação de cerrado e mata estacional semidecídua (Figura 2). Nesta mata de brejo ocorre
uma das nascentes do Córrego Vargem Limpa localizadas em área de vegetação nativa da
Reserva Legal do Campus de Bauru SP da Unesp (Figura 3), mais a jusante do córrego
Vargem Limpa. A aproximadamente 100 metros da mata de brejo, uma queda d’água
(Figura 4) de 1,5m de altura, muito procurada por banhistas, que entram de forma ilegal na
reserva. No entanto, a subida do rio e a caminhada dentro da mata de brejo não foram
percebidas, provavelmente, pela dificuldade em caminhar no solo encharcado e com muitas
raízes expostas.
O córrego Vargem Limpa pertence à microbacia do rio Bauru, afluente da margem
esquerda do rio Tietê e pertencente, dentro das Unidades de Gerenciamento dos Recursos
Hídricos do Estado, à Bacia Hidrográfica do Tietê/Jacaré.
O clima da região de Bauru foi definido, segundo a classificação de Köppen, como
sendo do tipo Cwa, clima mesotérmico, com inverno seco (Pinheiro et al. 2002), chuvas de
31
menos de 30mm no mês mais seco, temperatura média acima de 22ºC no mês mais quente e
abaixo de 19ºC no mês mais frio. A precipitação média anual, no período de 1996 a 2006, foi
882,8mm, e a temperatura média anual foi 20,6°C. As médias de temperatura e precipitação
nos meses mais quentes (dezembro, janeiro e fevereiro) foram respectivamente, 22°C e
152mm, e nos meses mais frios ( maio, junho e julho) 18° e 30mm, para o mesmo período ,
segundo dados do Instituto de Pesquisas Meteorológicas do Campus de Bauru da Unesp.
O solo da mata de brejo de Bauru - SP pode ser classificado como solo hidromórfico
do tipo Gleissolo, e distrófico, devido aos valores de saturação por bases (V%) em sua
maioria estarem abaixo de 50% (Prado 1996). A textura revelou-se de média a argilosa e a
acidez (PH entre 4,1 e 5,0), bem como a concentrações de matéria orgânica (M.O. entre 45 e
187 g/dm
3
) mostraram-se altas, segundo analíse químicas e granulométricas feitas pelo
laboratório do Departamento de Ciências do Solo da Faculdade de Ciências Agronômicas da
Universidade Estadual Paulista, Campus de Botucatu – SP.
32
Figura 1. Localização do município de Bauru no estado de São Paulo, e da mata de brejo
em estudo (delimitada pelo círculo amarelo) no município. Imagem da Reserva Legal do
Campus de Bauru da Unesp. Fonte: imagem obtida a partir do software Google Earth
(Neves 2006)– acesso dia 02/12/2006.
33
Figura 2. Área da mata de brejo de Bauru-SP, à direita, com vegetação de campo úmido
no entorno e ao fundo cerradão.
Figura 3. Vista do interior da mata de brejo de Bauru – SP e de um dos afluentes do
córrego Vargem Limpa que atravessa a mata.
34
Figura 4. Afloramento da camada litólica a poucos metros a jusante da mata de brejo de
Bauru – SP.
35
2.2 Levantamento florístico
O levantamento florístico foi realizado considerando-se as espécies amostradas nas 27
parcelas de 100m
2
cada, para posterior análise fitossociológica acrescido das plantas presentes
com material reprodutivo naquele fragmento, mas não encontradas nas unidades amostrais,
incluindo as plantas epífitas, trepadeiras, hemiepífitas, hemiparasitas e pteridófitas.
O hábito de cada espécie, de acordo com o seu desenvolvimento pleno foi definido
baseando-se nas observações de campo e na classificação das espécies conforme segue:
- Árvores: plantas terrícolas de desenvolvimento lenhoso, porte ereto, que apresentam um
estipe ou tronco que se ramifica na parte superior formando uma copa (Ferri et al. 1981).
- Arbustos: plantas lenhosas que apresentam ramificações partindo do solo ou próxima a
estes (Ferri et al. 1981).
- Erva: plantas terrícolas de desenvolvimento não lenhoso.
- Trepadeiras: indivíduos terrícolas, lenhosos ou herbáceos, cujo crescimento em altura
depende da sustentação mecânica fornecida por outras plantas (Morellato & Leitão-Filho
1996, 1998; Venturi 2000; Udulutsh et al. 2004).
- Epífitas: indivíduos que desenvolvem todo o seu ciclo de vida sobre outros vegetais, sem
dependência de nutrição e sem causar contrição sensível nos mesmo (Breier 2005 e
Bernacci & Leitão Filho 1996).
- Hemiepífitas: indivíduos que desenvolvem parte do seu ciclo de vida sobre outros
vegetais, sem dependência de nutrição e sem causar contrição sensível nos mesmo (Breier
2005).
- Hemiparasitas: indivíduos com nutrição dependente de outros vegetais, mas verdes e
fotossintetizantes (Bernacci & Leitão Filho 1996).
- Pteridófitas (Salino 1996, Mickel & Simth 2004, Lorea-Hernández 1995 e Prado 2004).
Todo material coletado foi tratado da forma convencional (IBGE 1992), identificado
através de chaves de identificação, por comparação com exsicatas depositadas em herbários
do estado de São Paulo (ESA Herbário da Esalq USP, BOTU Herbário da Unesp de
Botucatu, UNBA Herbário da Unesp de Bauru e BAUR Herbário da Universidade do
Sagrado Coração) e sempre que necessário, o material coletado foi enviando a especialistas
para confirmação ou determinação.
36
As exsicatas do material botânico tertemunho foram incorporadas nos Herbário UNBA do
Departamento de Ciências Biológicas da Faculdade de Ciências do Campus de Bauru da
Unesp, Herbário BOTU do Instituto de Biociências do Campus de Botucatu da Unesp,
Herbário ESA da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Piracicaba e no Herbário
do Jardim Botânico Municipal de Bauru, além de terem sido doadas aos especialistas que
fizeram a determinação ou confirmação do material.
Os resultados foram organizados em uma lista florística de acordo com a classificação de
APG II (Souza & Lorenzi 2005) e as grafias e autoridades foram conferidas de acordo com a
base de dados nomenclaturais W3TROPICOS (Missouri Botanical Garden 1995).
37
2.3 Análise de Similaridade
Visando comparar a composição florística entre a mata de brejo de Bauru com aquelas
encontradas em outras matas de brejo no estado de São Paulo e estudos feitos na região de
Bauru em vegetações adjacentes a este trabalho, utilizou-se o índice de similaridade de
Jaccard (Mueller-Dombois & Ellemberg 1974). A análise de agrupamento foi feita utilizando-
se o coeficiente de Bray-Curtis com agrupamento por Média de Grupo (UPGMA), através do
programa BioDiversityPro (McAleece 1997). Segundo Muller-Dombois & Ellemberg (1974),
o índice de similaridade expressa a porcentagem de espécies comuns a duas ou mais áreas em
relação ao número total de espécies. O coeficiente baseia-se apenas no conceito de presença e
ausência de espécies, não envolvendo quantidade de indivíduos em cada uma delas.
Para o cálculo de similaridade com outros trabalhos de caracterização florística de
matas de brejo foram utilizados os resultados obtidos por Torres et al. (1994), que realizaram
o levantamento florístico e de estrutura do componente arbóreo de mata de brejo em
Campinas SP; por Costa et al. (1997), que fizeram o levantamento florístico e
fitossociológico de uma mata de brejo em Brotas SP; por Ivanauskas et al. (1997), em um
trecho de floresta de brejo em Itatinga SP; Paschoal & Cavassan (1999) e Paschoal (2004),
em matas de brejo em Agudos SP; por Toniato et al. (1998), que fizeram o levantamento
fitossociológico arbóreo em dois fragmentos de mata de brejo no município de Campinas
SP; por Spina et al. (2001), que desenvolveram trabalho sobre a floração, frutificação e
síndrome de dispersão de uma comunidade de floresta de brejo na região de Campinas SP;
por Marques et al. (2003), que realizaram o levantamento florístico e a estrutura do
componente arbustivo-arbóreo de uma floresta higrófila da bacia do rio Jacaré-Pepira em
Brotas SP; por Teixeira & Assis (2005), que caracterizaram florística e
fitossociologicamente o componente arbustivo-arbóreo de uma mata de brejo no município de
Rio Claro, SP.
Para cálculo da similaridade entre a vegetação em estudo e outras vegetações na região
de Bauru foram utilizados, ainda, os estudos de florística e fitossociologia desenvolvidos
nesta região, tais como: Cavassan et al. (1984), que realizaram o levantamento
fitossociológico da vegetação arbórea da mata da Reserva Estadual de Bauru, atual Estação
Ecológica “Sebastião Aleixo da Silva”; Cavassan (1990), que fez o levantamento florístico e
fitossociológico de um hectare de cerrado no Parque Ecológico de Bauru; Coral et al. (1991),
38
que realizaram um levantamento florístico do estrato arbustivo-arbóreo de uma área de
vegetação nativa na região de Agudos, pertencente à Fazenda Monte Alegre de propriedade
da empresa florestal Duraflora S/A; Bertoncini (1996), que fez os estudos florístico e
fitossociológico em uma área de cerrado pertencente à Companhia Cervejaria Brahma, em
Agudos; Christianini (1999), que desenvolveu um estudo florístico e fitossociológico em um
fragmento de mata mesófila semidecídua, situado na fazenda da Cia. Cervejaria Brahma, no
município de Agudos; Miranda (2000), que realizou o estudo florístico e fitossociológico da
vegetação ribeirinha localizada às margens do rio Batalha, município de Avaí SP; Pinheiro
et al. (2002), que fizeram o levantamento florístico e fitossociológico em um fragmento de
floresta estacional semidecidual na reserva do Jardim Botânico Municipal de Bauru;
Bertoncini (2003), que estudou a estrutura de uma mata estacional semidecídua na terra
indígena de Araribá, Avaí SP; Toniato & Oliveira-Filho (2004), que estudaram a florística e
fitossociologia de três áreas de um fragmento de floresta estacional semidecídua em Bauru;
Paschoal (2004), que avaliou a capacidade de regeneração da vegetação natural em área de
reflorestamento com espécies de Pinus e Eucalyptus, além da composição florística e da
estrutura da vegetação lenhosa nativa do fragmento florestal remanescente das áreas do
entorno, entre elas, a mata de brejo do Ribeirão Pederneiras e mata estacional semidecídua em
Agudos; Weiser (2007), que desenvolveu trabalho sobre diversidade de árvores, arbustos e
trepadeiras em um hectare de cerrado no Jardim Botânico Municipal de Bauru.
3 Resultados e Discussão
3.1 Caracterização florística
Na mata de brejo estudada foram amostradas 108 espécies, pertencente a 53 famílias,
dentre as arbóreas, arbustivas, herbáceas, epífitas e trepadeiras que estão apresentadas na
Tabela 1, obedecendo a ordem alfabética de família, com as indicações de seus hábitos e
nomes populares. As árvores, com 32 espécies (31%), constituíram o grupo de maior riqueza
florística, seguido pelas ervas, com 25 espécies (24%), 18 espécies de trepadeiras (17,3%), 16
de arbustos (15,3%), 11 epífitas (10,5%), uma hemiepífita (0,9%) e uma hemiparasita (0,9%)
(Figura 5). Duas espécies foram identificadas apenas até o nível de família (Rubiaceae), duas
até o nível de gênero (
Gomidesia sp e Heteropterys sp)
e outras duas não foram identificadas.
Heteropterys sp, Morfo sp 3 e Morfo sp 4, não tiveram o hábito determinado por estarem no
39
estágio de plântulas e não ser possível sua identificação. Foram amostradas 15 espécies de
pteridófitas, incluídas na classificação por hábito. Este grupo mostrou-se bem representado
no subosque da mata de brejo estudada.
40
Tabela 1. Espécies amostradas na Mata de Brejo em Bauru SP, famílias, nomes científicos,
hábitos e nomes populares.
Famílias/Espécies Hábito Nome Popular
ANACARDIACEAE
Tapirira guianensis Aubl. Arbóreo Peito-de-pombo
ANNONACEAE
Xylopia emarginata Mart. Arbóreo Pindaíba
APOCYNACEAE
Mandevilla rugosa (Benth.) Woodson Trepador
AQUIFOLIACEAE
Ilex brasiliensis (Spreng.) Loes. Arbóreo
ARACEAE
Anthurium pentaphyllum (Aubl.) G. Don Hemiepifítico
ARALIACEAE
Dendropanax cuneatus (DC.) Decne.& Planch. Arbóreo Maria-mole
ARECACEAE
Geonoma brevispatha Barb. Rodr. Arbóreo Guaricanga
Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman Arbóreo Jerivá
ASTERACEAE
Bidens segetum Mart. ex Colla Herbáceo Picão
Mikania cf campanulata Gardner Trepador
Mikania cf psilostachya DC. Trepador
Mikania micrantha Kunth Trepador
Mikania trachypleura B.L.Rob. Trepador
Vernonia aff tweediana Baker Herbáceo
Vernonia scorpioides (Lam.) Pers. Herbáceo
BLECHNACEAE
Blechnum brasiliense Desv Arbustivo
Blechnum regnellianum (Kunze) C. Chr. Herbáceo
Salpichlaena volubilis (Kaulf.) J.Sm. Trepador
BROMELIACEAE
Acanthostachys strobilaceae (Schult.f.) Klotzsch Epifítico
Tillandsia geminiflora Brongn. Epifítico Gravatá
Continua
41
BURSERACEAE
Protium spruceanum (Benth.) Engl. Arbóreo
CELASTRACEAE
Tontelea micrantha (Mart. ex Schult.) A.C. Sm. Trepador
CHLORANTHACEAE
Hedyosmum brasiliense Mart. Arbóreo Chá-de-bugre
CLUSIACEAE
Calophyllum brasiliense Cambess. Arbóreo Guanandí
COMMELIACEAE
Commelina erecta L. Herbáceo
CONVOLVULACEAE
Ipomoea saopaulista O´Donell Trepador
CYPERACEAE
Pleurostachys cf foliosa Kunth Herbáceo
DENNSTAEDTIACEAE
Lindsaea divaricata Klotzsch Herbáceo
DILLENIACEAE
Doliocarpus dentatus (Aubl.) Standl. Trepador
DIOSCOREACEAE
Dioscorea amaranthoides C. Presl Trepador
Dioscorea polygonoides Humb. & Bopl. Ex Willd. Trepador
DRYOPTERIDACEAE
Cyclodium meniscioides (Willd.) C. Presl Herbáceo
ERYTHROXYLACEAE
Erythroxylum subracemosum Turcz. Arbustivo
EUPHORBIACEAE
Alchornea glandulosa Poepp. Arbóreo Tamanqueira
Hyeronima alchorneoides Allemão Arbóreo Licurana
Pera glabrata (Schott) Poepp. ex Baill. Arbóreo Pimenteira
Sebastiania serrata (Baill. ex Müll. Arg.) Müll. Arg. Arbóreo Branquilho
FABACEAE
Inga vera Willd. Arbóreo Ingá
Machaerium aculeatum Raddi. Arbóreo Jacarandá-de-espinho
Rhynchosia phaseoloides (Sw.) DC. Trepador
Senna pendula
(Humb. & Bonpl. ex Willd.) H.S. Irwin &
Arbustivo Aleluia
Continua
Continuação
42
Barneby
HELICONIACEAE
Heliconia psittacorum L.f. Herbáceo
ICACINACEAE
Citronella paniculata (Mart.) R.A. Howard Arbóreo
LAMIACEAE
Hyptis umbrosa Salzm. ex Benth. Trepador
LAURACEAE
Persea venosa Nees & Mart. Ex Nees Arbóreo
LICOPODIACEAE
Licopodiella camporum B. Ollg. & P.G. Windisch Herbáceo
MAGNOLIACEAE
Magnolia ovata (A.St.- Hil.) Spreng. Arbóreo Pinha-do-brejo
MALPIGHIACEAE
Heteropterys sp Indeterminado
MELASTOMATACEAE
Macairea radula (Bonpl.) DC. Herbáceo
Miconia chamissois Naudin Arbustivo
Miconia theizans (Bonpl.) Cogn. Herbáceo
Tibouchina herbacea (DC.) Cogn. Arbustivo
MELIACEAE
Cedrela odorata L. Arbóreo Cedro-do-brejo
Guarea kunthiana A. Juss. Arbóreo Marinheiro
Guarea macrophylla Vahl Arbóreo Canjarana-do-brejo
MORACEAE
Ficus adhatodifolia Schott ex Spreng. Arbóreo Figueira-do-brejo
Ficus obtusiuscula (Miq.) Miq. Arbóreo Figueira
MYRSINACEAE
Ardisia ambigua Mart. Arbóreo
Cybianthus densicomus Mart. Arbóreo
Rapanea gardneriana (A.DC.) Mez Arbóreo Capororoca
Rapanea guianensis Aubl. Arbóreo Capororoca-vermelha
MYRTACEAE
Eugenia florida DC. Arbustivo Cambuí
Gomidesia sp Arbóreo
Continua
Continuação
43
ORCHIDACEAE
Cranichis candida Bard. Rochr. Herbáceo
Epidendrum latilabre Lindl. Epifítico
Isochilus linearis (Jacq.) R.Br. Epifítico
Microchilus arietinus (Rchb.f. & Warm.) Ormerod Herbáceo
Notylia lyrata S. Moore Epifítico
Oeceoclades maculata (Lindl.) Lindl. Herbáceo
Oncidium pumilum Lindl. Epifítico
Pleurothallis stenoglossa Pabst Epifítico
Polystachya estrellensis Rchb.f. Herbáceo
PASSIFLORACEAE
Passiflora alata Curtis Trepador
PIPERACEAE
Peperomia aff elongata Kunth Epifítico
Piper aff chimonanthifolium Kunth Arbustivo
Piper fuligineum Kunth. Arbustivo
Piper macedoi Yunck. Arbustivo
POACEAE
Oplismenus hirtellus (L.) P. Beauv. Herbáceo
POLYPODIACEAE
Campyloneurum major (Hieron. Ex Hicken) Lellinger Herbáceo
Microgramma lindbergii (Mett. ex Kuhn) de la Sota Epifítico
Pleopeltis pleopeltifolia (Raddi) Alston Epifítico
Pleopeltis polypodioides (.) E.G. Andrews & Windham Epifítico
PTERIDACEAE
Pityrogramma trifoliata (L.) R.M. Tryon Herbáceo
RUBIACEAE
Coccocypselum lanceolatum (Ruiz. & Pav.) Pers. Herbáceo
Emmeorhiza umbellata (Spreng.) K. Schum. Herbáceo
Morfo sp 1 Indeterminado
Morfo sp 2 Indeterminado
Palicourea macrobothrys (Ruiz & Pav.) Roem. & Schult. Arbustivo
Psychotria carthagenensis Jacq. Arbustivo Cafezinho
Psychotria mapoureoides DC. Arbustivo
Psychotria paracatuensis Standl. Arbustivo
Continua
Continuação
44
Psychotria vellosiana Benth. Arbustivo
SANTALACEAE
Phoradendron piperoides (Kunth) Trel. Hemiparasítico
SAPINDACEAE
Paullinia carpopoda Cambess. Trepador
Paullinia elegans Cambess. Trepador
Serjania marginata Casar. Trepador Timbó
SIPARUNACEAE
Siparuna guianensis Aubl. Arbóreo Cafezinho-fedido
SMILACACEAE
Smilax fluminensis Steud. Trepador
SOLANACEAE
Cestrum schlechtendalii G.Don Arbustivo
STYRACACEAE
Styrax pohlii A.DC. Arbóreo Benjoeiro
SYMPLOCACEAE
Symplocos nitens (Pohl) Benth Arbóreo
THELYPTERIDACEAE
Thelypteris conspersa (Schrader) A.R. Sm. Herbáceo
Thelypteris heineri (C.Chr.) C.F.Reed Herbáceo
Thelypteris hispidula (Decne.) C.F. Reed Herbáceo
Thelypteris interrupta (Willd.) K. Iwats. Herbáceo
THYMELAEACEAE
Daphnopsis racemosa Griseb. Arbustivo Uvira
URTICACEAE
Cecropia pachystachya Trécul Arbóreo Embaúba
INDETERMINADA
Morfo sp 3 Indeterminado
Morfo sp 4 Indeterminado
Continuação
Conclusão
45
0 5 10 15 20 25 30 35
% de escies
Árvores
Ervas
Trepadeiras
Arbustos
Epífitas
Hemiepífitas
Hemiparasitas
Hábito
Figura 5. Hábitos com maior porcentagem de riqueza em espécies encontradas na mata
de brejo de Bauru – SP.
Das 53 famílias amostradas, as que apresentaram maior riqueza em espécies, dentre
todos os hábitos, foram Orchidaceae e Rubiaceae, com nove espécies, seguidas por
Asteraceae (7), Euphorbiaceae, Fabaceae, Melastomataceae, Myrsinaceae, Piperaceae,
Polypodiaceae e Thelypteridaceae (4), Blechnaceae, Meliaceae, Sapindaceae (3), Arecaceae,
Bromeliaceae, Dioscoreaceae, Moraceae e Myrtaceae (2) e as demais 35 famílias
apresentaram uma única espécie cada (Figura 6).
Orchidaceae é, provavelmente, a maior das famílias de angiospermas, compreendendo
cerca de 19.500 espécies sendo que, no Brasil, há cerca de 2.500 espécies (Dressler 1993 apud
Batista et al. 2005). A família Orchidaceae possui ampla distribuição em todo o Brasil. No
entanto, foi possível comparar a riqueza em espécies desta família apenas com dois trabalhos:
Spina et al. (2001), que fizeram o levantamento de espécies de forma de vida herbáceas em
mata de brejo de Campinas e Christianini & Cavassan (1998), que fizeram levantamento do
estrato herbáceo-subarbustivo em área de cerradão no município de Bauru. Spina et al. (2001)
amostraram uma espécie, Sauroglossum nitidum (Vell.) Schltr., da família Orchidaceae de
hábito herbáceo. Esta espécie não foi encontrada na mata de brejo de Bauru. Christianini &
Cavassan (1998) encontraram a espécie Oeceoclades maculata (Lindl.) Lindl no estrato
46
herbáceo de um fragmento de cerradão em Bauru. A mesma espécie está presente também na
mata de brejo deste trabalho. Alguns autores como: Citadini-Zanette (1984), Citadini-Zanette
& Baptista (1989) e Müller & Waechter (2001) destacam a ocorrência da família Orchidaceae
na sinúsia herbácea de florestas do norte do Rio Grande do Sul. A alta umidade constante,
causada pela saturação hídrica do solo e conseqüentemente da atmosfera local, parece
favorecer a ocorrência de algumas espécies desta família.
Não foi possível comparar a ocorrência de Orchidaceae epifíticas, hábito com a maior
riqueza em espécies dessa família neste trabalho (Figura 7), pelo desconhecimento de outros
levantamentos florísticos em matas de brejo e formações adjacentes à área de estudo, que
tenham considerado este componente nas amostras.
Ainda no trabalho feito por Spina et al. (2001), em mata de brejo de Campinas, foram
amostradas 134 espécies entre árvores, palmeiras, arbustos, subarbustos, ervas e lianas. Neste
trabalho da mata de brejo em Bauru foram amostradas 95 espécies desses mesmos hábitos. A
presença de 21 espécies comuns aos dois trabalhos não demostra similaridade entre as áreas
(18,3%), segundo índice de Jaccard (Muller-Dombois & Ellenberg 1974). No entanto, a
similaridade entre os componentes arbustivo-arbóreo das duas áreas foi alta: 35% (Muller-
Dombois & Ellenberg 1974).
47
Figura 6. Famílias com maior riqueza em espécies dentre todos os bitos encontrados
na mata de brejo de Bauru – SP.
Figura 7. Famílias com maior riqueza em espécies entre as epífitas encontradas na mata
de brejo de Bauru – SP.
0 5 10 15 20 25 30 35
% de espécies
Outras
RUBIACEAE
EUPHORBIACEAE
MELASTOMATACEAE
PIPERACEAE
THELYPTERIDACEAE
MELIACEAE
ARECACEAE
DIOSCOREACEAE
MYRTACEAE
Famílias
0 10 20 30 40 50
% de espécies
ORCHIDACEAE
POLYPODIACEAE
BROMELIACEAE
PIPERACEAE
Famílias
48
Das 18 espécies de trepadeiras amostradas na mata de brejo de Bauru - SP, cinco
foram comuns ao levantamento feito por Weiser (2007) em área de um hectare de cerrado no
Jardim Botânico Municipal de Bauru, área adjacente a este trabalho: Mikania campanulata,
Doliocarpus dentatus, Rhynchosia phaseoloides, Passiflora alata e Smilax fluminensis. As
trepadeiras constituíram 17,3% das espécies amostradas, porcentagem inferior aos 29%
encontrados por Bertoncini (2003) em mata estacional e aos 20% encontrados em florestas
tropicais por alguns autores (Gentry 1992, Leitão-Filho 1995 e Bernacci & Leitão-Filho
1996). A família com maior riqueza em espécies entre as trepaderias foi Asteraceae, com
26,3% das espécies amostradas, seguida por Sapindaceae (15,7%) e Dioscoreaceae (10,5%)
Figura 8.
0 10 20 30 40 50
% de espécies
Outras
ASTERACEAE
SAPINDACEAE
DIOSCOREACEAE
Famílias
Figura 8. Famílias com maior riqueza em espécies entre as trepadeiras encontradas na
mata de brejo de Bauru – SP.
Foram amostradas neste trabalho 48 espécies de hábito arbóreo e arbustivo, valores de
riqueza condizentes com o que foi encontrado nos trabalhos de matas de brejo, comparados no
estado de São Paulo, onde as riquezas variaram entre 55 espécies em trabalho no município de
Campinas (Toniato et al. 1998) e 28 espécies amostradas na mata à montante do Ribeirão
Pederneiras no município de Agudos SP (Paschoal 2004). A saturação hídrica do solo das
matas de brejo contribui na seleção de poucas espécies que possuem mecanismos adaptativos
49
para se estabelecerem em condições de anoxia ou hipoxia (Marques & Joly 2000, Lobo &
Joly 1995).
As espécies não arbóreas amostradas neste estudo correspondem a 70% de todas as
108 espécies amostradas. Tal dado revela a importância do estudo das comunidades não
arbóreas quando se pretende conhecer a diversidade de um tipo de vegetação.
A espécie Xylopia emarginata, encontrada neste trabalho, merece especial atenção
devido à ocorrência restrita no estado de São Paulo. Foram encontrados registros dessa
espécie por Oliveira Filho & Ratter (2000) em duas áreas do nordeste do Estado, em Agudos
na mata de brejo do Ribeirão do Pelintra e do Ribeirão Pederneiras, por Paschoal & Cavassan
(1999) e Paschoal (2004) no mesmo município, localizado a 22 km de Bauru; um único
indivíduo foi encontrado por Gomes et al. (2004) em Brotas e através de consultas aos dados
dos herbários ESA/ESALQ, FUEL/UEL, IB/USP, BIOTA/FAPESP, IBB/UNESP, IAC,
JBRJ_RB, MBM, SP/IBt, IB/UNICAMP, UPCB, disponíveis na base de dados speciesLink
(2007), foram encontrados registros dessa espécie amostrada em Itirapina.
Segundo Leitão Filho (1982), Annonaceae é uma família típica de áreas alagadas, mas
isto parece estar restrito à região de Veredas no Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais, onde a
espécie Xylopia emarginata Mart. é freqüentemente encontrada (Costa et al. 1997).
As famílias com maior riqueza em espécies amostradas dos hábitos arbustivo-arbóreo
foram Rubiaceae, com cinco espécies, Euphorbiaceae e Myrsinaceae (4), Fabaceae, Meliaceae
e Piperaceae (3), Arecaceae, Melastomataceae, Moraceae e Myrtaceae (2), enquanto que a
maior parte das famílias amostradas com esse hábito (18 famílias) apresentou uma única
espécie cada (Figura 9).
Grande quantidade de famílias com uma única espécie parece ser uma característica de
matas de brejo, conforme também relatadas por Torres et al. (1994); Costa et al. (1997);
Toniato et al. (1998); Paschoal & Cavassan (1999); Marques et al. (2003); Paschoal (2004) e
Teixeira & Assis (2005).
As famílias Euphorbiaceae, Lauraceae, Meliaceae, Moraceae e Myrtaceae foram as
que apresentaram os maiores valores de riqueza em espécies na maioria dos trabalhos de
mesma formação vegetal comparados. No entanto, a família Rubiaceae, que apresentou o
maior número de espécies neste trabalho, juntamente com Orchidaceae, foi bem representada
apenas nos trabalhos em Agudos e Brotas (Paschoal 2004; Marques et al. 2003,
respectivamente). O gênero Psychotria destacou-se entre as Rubiaceae com quatro espécies, o
50
que pode demostrar a alta adaptação desse gênero arbustivo às condições de encharcamento
do solo e baixa luminosidade desta área.
0 5 10 15 20 25 30 35 40
% de espécies
Outras
MYRSINACEAE
PIPERACEAE
FABACEAE
MORACEAE
ARECACEAE
Famílias
Figura 9. Famílias com maior riqueza em espécies entre as árvores e arbustos
encontrados na mata de brejo de Bauru – SP.
Rubiaceae também ocupa posição de destaque em trabalhos desenvolvidos em matas
estacionais semidecíduas (Andrade 1992; Salis et al. 1996; Christianini 1999; Pinheiro et al.
2002; Bertoncini 2003; Toniato & Oliveira-Filho 2004) e em cerrados (Cavassan 1990; Coral
et al. 1991; Mantovani & Martins 1993; Bertoncini 1996; Christianini & Cavassan 1998 e
Weiser 2007). Segundo Christianini & Cavassan (1998), Gandolfi et al. (1995) e Meira Neto
& Martins (2003), espécies da família Rubiaceae tendem a ocorrer com maior riqueza nos
estratos inferiores de formações florestais. Entretanto, essa família mostrou-se rica em
espécies tanto de hábito arbustivo e arbóreo quanto de herbáceas (Figura 10), amostradas
neste estudo.
Entre as 24 espécies amostradas no estrato herbáceo, Orchidaceae e Thelypteridaceae,
apresentaram quatro espécies cada (16,6%). Asteraceae, Melastomataceae e Rubiaceae
apresentaram duas espécies, 8,3% cada e as outras 10 famílias apresentaram uma única
espécie.
51
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
% de espécies
Outras
ORCHIDACEAE
THELYPTERIDACEAE
ASTERACEAE
MELASTOMATACEAE
RUBIACEAE
Famílias
Figura 10. Famílias com maior riqueza em espécies entre as ervas encontradas na mata
de brejo de Bauru – SP.
Foi amostrada, ainda, uma espécie hemiparasita (Phoradendron piperoides), da
família, e uma espécie hemiepífita (Anthurium pentaphyllum), família Araceae.
Apesar da riqueza em espécies das plantas herbáceas ser maior que a das arbustivas,
quando consideradas juntas, as espécies destes hábitos têm menor riqueza que as árvores.
Segundo Müller & Waechter (2001), a baixa diversidade do componente herbáceo está
relacionada à alta umidade do solo, pois, a diversidade do componente herbáceo e arbustivo é
maior em ambientes secos e bem iluminados do que em florestas mais úmidas e bem
preservadas, como é o caso da mata de brejo estudada.
52
3.2 Similaridade florística
As comparações entre fragmentos de mata de brejo remanescentes no estado de São
Paulo têm mostrado grande diferença florística e estrutural, com valores de similaridade muito
baixos, mesmo entre fragmentos de mesma unidade fitogeográfica ou região (Salis et al.
1995; Torres et al. 1994; Ivanauskas et al. 1997). Vários são os fatores promotores da
heterogeneidade florística entre os remanescentes de florestas ciliares, como o tamanho da
faixa ciliar florestada (Metzger et al. 1998), o estado de conservação ou degradação desses
remanescentes (Durigan & Leitão Filho 1995; Toniato et al. 1998), o tipo de vegetação de
origem dessas formações (Oliveira Filho & Ratter 2000), e a matriz vegetacional onde esta
formação florestal ciliar está inserida (Ivanauskas et al. 1997). Outros fatores da
heterogeneidade vegetacional como resultado das características físicas do ambiente ciliar são
as variações topográficas, de inundação do solo, deposição e retirada de sedimentos e fatores
abióticos, que seriam a influência das áreas vegetadas adjacentes e a função de corredores de
vegetação destas áreas e de outros fatores atuantes na seletividade de espécies (Rodrigues
1992; Felfili 1995 e 1998; Oliveria-Filho et al. 1997 e Bertani et al. 2001).
Através do dendograma apresentado na Figura 11 e Tabela 2, onde se comparou a
similaridade florística de vegetações brejosas no estado de São Paulo e formações florestais
adjacentes a este trabalho, pode-se notar a diferenciação em dois grupos: o de cerrados e
matas estacionais semidecíduas (Bauru 1 a Avaí 2) e o de matas de brejo (Avaí 1 a Brotas 2).
Observou-se maior similaridade entre o estudo feito em Avaí 1, por Miranda (2000), em mata
estacional semidecídua ribeirinha, com encharcamento fluvial sazonal, com as matas de brejo
do que com as outras formações florestais, o que vem revelar a influência fluvial sobre as
espécies características desse ambiente. As comparações entre a flora de remanescentes de
matas ciliares têm mostrado que essas áreas são muito diversas, com baixos valores de
similaridade, mesmo entre áreas de grande proximidade (Durigan & Leitão Filho 1995).
Entre as formações de cerrado e mata estacional, pode-se perceber uma maior
similaridade entre fragmentos com maior proximidade geográfica que estão sobre mesma
influência topográfica, edáfica e climática como Bauru 1 (Cavassan et al. 1984) e Bauru 4
(Toniato & Oliveira-Filho 2004) em mata estacional semidecídua da Estação Ecológica
“Sebastião Aleixo da Silva”. Percebe-se, ainda, a presença de grupos influenciados, além das
condições abióticas semelhantes, pela formação vegetal em que se encontram, como: Agudos
53
2 (Bertoncini 1996), Bauru 5 (Weiser 2007) e Bauru 2 (Cavassan 1990), sob formações de
cerrado. A exceção foi o trabalho feito por Bertoncini (2003), em mata estacional
semidecídua, que foi a formação mais dissimilar apresentada no grupo composto pelas matas
estacionais, representadas em azul na Figura 9. O alto grau de perturbação desse fragmento
pode ter influenciado na seleção de espécies que não foram amostradas em outras formações
adjacentes. O trabalho desenvolvido por Pinheiro et al. (2002) em área de mata estacional
semidecídua, no Jardim Botânico Municipal de Bauru SP (Bauru 3), foi o único entre as
áreas de mata estacional que não se aproximou, em similaridade, das outras formações de
Bauru, geograficamente próximas. Tal resultado pode se relacionar ao fato dessa formação
vegetal estar muito próxima a uma área de transição entre mata estacional e cerrado,
influenciando assim, a composição florística deste fragmento e aproximando-o de formações
presentes no município de Agudos.
Considerando-se os dados do fragmento estudado (Bauru 6) e os outros levantamentos,
observa-se que alta similaridade entre este trabalho e os outros de mata de brejo,
entretanto, essa similaridade não se repete para as formações adjacentes e não brejosas. A
mata de brejo da Reserva Legal da Unesp mostrou-se dissimilar apenas ao estudo feito por
Marques et al. (2003) em mata de brejo em Brotas (Brotas 2), que não apresentou
similaridade com nenhum outro trabalho. Segundo os autores, esta situação deve-se,
principalmente, à variação de umidade do solo, que propiciou a ocorrência de várias espécies
de cerrado e matas estacionais semidecíduas, que ocorrem em vegetações adjacentes
(Marques et al. 2003). A mata de brejo estudada mostrou maior similaridade, 38,6% segundo
Jaccard, com o fragmento de Rio Claro (Teixeira & Assis 2005), seguido por Agudos 6
(Paschoal 2004), 38,3%; Campinas 3 (Spina et al. 2001), 35%; e Campinas 2 (Toniato et al.
1998), com 34% de similaridade. A alta similaridade estrutural entre essas formações vegetais
ocorre em função de poucas espécies e foi abordada por alguns autores (Costa et al. 1997 e
Teixeira & Assis 2005) que a atribuem às condições edáficas (saturação hídrica) e a
adaptabilidade de algumas espécies a sobreviver nesses ambientes.
Das 48 espécies de árvores e arbustos amostrados neste trabalho, 15 (31%) não foram
encontradas em outras matas de brejo comparadas, o que confirma a importânica desse
trabalho para ampliação do conhecimento sbre as mtas de brejo. Dessas 15 espécies não
encontradas em outras matas de brejo, apenas sete (14%), ocorreram em formações de
cerrados e matas estacionais semidecíduas adjacentes à mata de brejo, e oito espécies (17%)
54
não foram encontradas em nenhum outro trabalho dos listados na Tabela 2: Cestrum
schlechtendalii, Citronella paniculata, Daphnopsis racemosa, Piper aff chimonanthifolium,
Piper fuligineum, Piper macedoi, Psychotria mapoureoides e Psychotria paracatuensis. Tais
espécies pode não ter sido incluídas nas listas florísticas de estudos em matas de brejo por
tratarem-se de espécies arbustivas e não terem sido incluídas no critário de amostragem.
Apenas seis espécies (12%) foram comuns à todos os trabalhos feitos em matas de brejo:
Tapirira guianensis, Dendropanax cuneatus, Cecropia pachystachya, Calophyllum
brasiliense, Magnolia ovata e Styrax pohlii. Essas espécies, encontradas em todas as áreas de
mata de brejo do interior paulista, constituem um importante grupo, que define uma estrutura
semelhante entre as matas de brejo do Estado, caracterizadas pela existência de poucas
espécies que concentram muitos indivíduos na comunidade (Teixeira & Assis 2005).
Tapirira guianensis foi a espécie com maior freqüência, 86%, entre os 21 trabalhos de
mata estacional semidecídua, cerrado e mata de brejo, comparados, revelando-se uma espécie
generalista nesta região (Marques et al. 2003). Além dessa espécie, Cecropia pachystachya,
Calophyllum brasiliense, Dendropanax cuneatus, Guarea macrophylla, Machaerium
aculeatum, Magnolia ovata, Styrax pohlii e Syagrus romanzoffiana, as quais foram
amostradas na mata de brejo de Bauru, estão entre as espécies com ocorrência em mais de
50% de todos os trabalhos comparados. Segundo Rodrigues & Nave (2000), estas estão entre
as espécies com grande ocorrência em formações ribeirinhas.
Pode-se sugerir, que as formações adjacentes às matas de brejo pouco contribuem com
a riqueza de espécies dessas comunidades, o que refoça o caráter único dessas formações. As
espécies de mata de brejo são selecionadas, principalmente, pela adaptabilidade à saturação
hídrica do solo e à capacidade de germinação dessas espécies em solos encharcados (Marques
& Joly 2000, Lobo & Joly 1995).
55
Figura 11. Dendograma gerado pela classificação por Média de Grupo (UPGMA), utilizando o coeficiente de similaridade de
Jaccard, para estudos florísticos em matas de brejo do estado de São Paulo e outras formações vegetais na região de Bauru - SP.
Identificação das áreas na Tabela 2.
-
matas de brejo
-
mata estacional semidecídua ribeirinha
-
mata estacional semidecídua
-
transição cerrado-mata
-
cerrado
56
Tabela 2. Município, autores e formações vegetais, em ordem cronológica, utilizadas
para construção do dendograma da Figura 11.
Município Autores Formações vegetais
Bauru 1 Cavassan et al. 1984 mata estacional semidecídua
Bauru 2 Cavassan 1990 cerrado
Agudos 1 Coral et al. 1991 transição cerrado-mata
Campinas 1 Torres et al. 1994 mata de brejo
Agudos 2 Bertoncini 1996 cerrado
Brotas 1 Costa et al. 1997 mata de brejo
Itatinga Ivanauskas et al. 1997 mata de brejo
Campinas 2 Toniato et al. 1998 mata de brejo
Agudos 3 Christianini 1999 mata estacional semidecídua
Agudos 4 Paschoal e Cavassan 1999 mata de brejo
Avaí 1 Miranda 2000 mata estacional semidecídua ribeirinha
com influência fluvial sazonal
Campinas 3 Spina et al. 2001 mata de brejo
Bauru 3 Pinheiro et al. 2002 mata estacional semidecídua
Avaí 2 Bertoncini 2003 mata estacional semidecídua
Brotas 2 Marques et al. 2003 mata de brejo
Agudos 5 Paschoal 2004 mata estacional semidecídua
Agudos 6 Paschoal 2004 mata de brejo
Bauru 4 Toniato & Oliveira-Filho 2004
mata estacional semidecídua
Rio Claro Teixeira & Assis 2005 mata de brejo
Bauru 5 Weiser 2007 cerrado
Bauru 6 Carboni 2007 mata de brejo
57
4. Considerações finais
- A comparação da mata de brejo estudada e outros fragmentos de mesma formação vegetal
no estado de São Paulo revelou uma alta similaridade, considerando-se as espécies
arbustivas e arbóreas, tais como: Calophyllum brasiliense, Cecropia pachystachya,
Dendropanax cuneatus, Magnolia ovata, Styrax pohlii e Tapirira guianensis, que
constituem um conjunto característico deste tipo de formação vegetal.
- Com o estudo de similaridade entre as matas de brejo e formações adjacentes, pode-se
concluir que as formações florestais do entorno das matas de brejo exercem pouca
influência sobre a florística destes fragmentos. O encharcamento e a adaptação das
espécies para se fixarem nesse ambiente, provavelmente, são os fatores de maior
influência na definição da flora desses tipos de mata, o que confirma a peculiaridade desse
ecossistema.
- Através da alta freqüência de trabalhos, com riqueza em espécies arbustivas e arbóreas da
família Rubiaceae, pode-se concluir que esta família possui espécies bem adaptadas às
condições de sub-bosque e encharcamento, como no caso da mata de brejo estudada. Este
trabalho sugere que sejam feitos estudos com tais espécies a fim de entender estas
possíveis adaptações.
- Do total de 108 espécies amostradas, 70% correspondem a formas de vida não arbóreas.
Assim, fica evidente que quando se interessa estudar a diversidade de um tipo de
vegetação, o estudo apenas do correspondente arbóreo irá suberstimar tal característica.
58
5. Referências bibliográficas
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___________________________________________________________________________
Normas Bibliográficas utilizadas: Revista Brasileira de Botânica. Instruções aos autores.
ISSN 1806-9959 versão on line. Acesso 31/01/2007.
66
CAPÍTULO 2
§
§§
§
______________________________________
Fitossociologia de uma floresta estacional semidecídua ribeirinha com
influência fluvial permanente (mata de brejo), em Bauru – SP.
MARINA CARBONI
1,2
& OSMAR CAVASSAN
3
§ Baseado no formato de artigo a ser publicado na Revista Brasileira de Botânica
1 Universidade Estadual Paulista (UNESP), Instituto de Biociências, Departamento de
Botânica, Botucatu, SP, Brasil.
2 Autor para correspondência: [email protected]
3 Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Ciências, Departamento de
Ciências Biológicas, Bauru, SP, Brasil.
67
CARBONI, M. & CAVASSAN. O. 2007. Phytosociological of a semiciduous riverine
forest with permanent fluvial influence (swamp forest), in Bauru – SP.
ABSTRACT - It was made phytosociological characterization of a swamp forest area in the
Legal Reserve of Unesp’s Bauru Campus, having considered the shruby-tree layer
composition and herb-shrub layer, aiming to argue the inferior layer contribution for the forest
evolution. For this study, 27 plots of 100m² had been installed and all the individuals of the
herb-tree layer had been sampled. For the herb-shrub layer 27 subplots of 4m² had been used,
placed in the center of the plots of phytosociological sample of the shruby-tree component
and sampled the terrestrial´s individuals, with height superior 0,20cm and they hadn’t been
sampled in the superior layer. It was made the similarity calculation between 2 layers too.
Parameters of abundance had been gotten through the Fitopac program and through of the
BiodiversityPro program. The similarity was gotten through Jaccard index. In 0,27 ha had
been sampled 1.626 individuals, pertaining to 21 families, 24 genera and 27 species shruby-
tree layer. Species that presented greater importance index were Calophyllum brasilienses,
Magnolia ovata and Xylopia emarginata, that together, had been responsible for 71, 95% of
the sampled individuals sampled. Xylopia emarginata, that was the specie with third greater
value of importance in this study, showed a restricted distribution in the state of São Paulo,
occurring in pieces of northeast of the State, in Agudos, Brotas and Itirapina. Shannon
diversity index was H 1,9, the lowest among the compared works in the State. For the herb-
shrub layer, 495 individuals of 27 families, 36 generas and 38 species had been sampled, in
0,0108ha. Species that had presented greater relative density and relative frequency had been
Anthurium pentaphyllum, Calophyllum brasiliense and Protium spruceanum. Shannon
diversity index (h) for this layer was 2,92. The similarity between layers, according to
Jaccard, was 54%. From the sampled species in the shruby-tree layer, with bigger values of
frequency and density, only Calophyllum brasiliense, Xylopia emarginata, Protium
spruceanum, Dendropanax cuneatus and Rapanea gardneriana had been sampled in the herb-
shrub layer too. Such results allow us to suggest that these species seem to be enlisting their
descendants in the satisfactory form. However, species as Magnolia ovata, Tapirira
guianensis and Styrax pohlii, that had revealed important in the superior layer, didn’t have
important frequency and density values in the inferior layer, being that, Cedrela odora hadn’t
been found. These species will be able, not to be represented in the future with the same
values of importance that had been found in this study.
68
Key words: Estructure, swamp forest, higher layer, lower layer.
69
CARBONI, M. & CAVASSAN, O. 2007. Fitossociologia de uma floresta estacional
semidecídua ribeirinha com influência fluvial permanente (mata de brejo), em Bauru
SP.
RESUMO Foi feita a caracterização fitossociológica de uma área de mata de brejo da
Reserva Legal do Campus de Bauru da Unesp, considerando-se a composição do estrato
superior e inferior, visando discutir a contribuição dos estratos inferiores para a evolução da
mata. Para este estudo, foram instaladas 27 parcelas contíguas de100m
2
e amostrados todos os
indivíduos do estrato superior. Para o estrato inferior foram utilizadas 27 subparcelas de 4m²
alocadas no centro das parcelas da amostra fitossociológica do componente arbustivo-arbóreo
e amostrados os indivíduos terrícolas, com altura superior a 0,20cm e que não foram
amostrados no estrato superior. Foi feito também, o cálculo da similaridade entre esses dois
estratos. Os parâmetros de abundância foram obtidos através do programa Fitopac e através
do programa BiodiversityPro. A similaridade foi obtida através do índice de Jaccard. Em
0,27ha foram amostrados 1.626 indivíduos, pertencentes a 21 famílias, 24 gêneros e 27
espécies, do estrato superior. As espécies que apresentaram maior índice de importância
foram Calophyllum brasilienses, Magnolia ovata e Xylopia emarginata, que, juntas, foram
responsáveis por 71, 95% da abundância dos indivíduos amostrados. Xylopia emarginata,
que foi a espécie com o terceiro maio valor de importância neste estudo, mostrou uma
distribuição restrita no estado de São Paulo, ocorrendo em fragmentos do nordeste do Estado,
em Agudos, Brotas e Itirapina. O índice de diversidade de Shannon foi de H’ 1,9, o mais
baixo entre os trabalhos comparados no Estado. Para o estrato inferior, foram amostrados 495
indivíduos, de 27 famílias, 36 gêneros e 38 espécies, em 0,0108ha. As espécies que
apresentaram maior densidade e freqüência relativas foram Anthurium pentaphyllum,
Calophyllum brasiliense e Protium spruceanum.O índice de diversidade de Shannon (H’) para
este estrato foi de 2,92. A similaridade entre os estratos, segundo Jaccard, foi de 54%. Das
espécies amostradas no estrato superior com maiores valores de freqüência e densidade,
apenas Calophyllum brasiliense, Xylopia emarginata, Protium spruceanum, Dendropanax
cuneatus e Rapanea gardneriana também foram amostradas no estrato inferior. Tais
resultados permitem sugerir que essas espécies parecem estar recrutando seus descendentes de
forma satisfatória. No entanto, espécies como Magnolia ovata, Tapirira guianensis e Styrax
pohlii, que se mostraram importantes no estrato superior, não tiveram valores de freqüência e
densidade relevantes no estrato inferior onde Cedrela odora não foi encontrada. Essas
70
espécies poderão, então, não ser representadas no futuro com os mesmos valores de
importância que foram encontrados neste estudo.
Palavras-chave: Estrutura, mata paludosa, estrato superio, estrato inferior.
71
1 Introdução
Uma das primeiras menções a mata de brejo no Estado foi feita por Leitão Filho
(1982) e agrupava as fisionomias florestais em três tipos de formações: florestas latifoliadas
perenifólias (mata atlântica), florestas latifoliadas semicaducifolia (matas de planalto) e
florestas latifoliadas higrófilas (matas ciliares e de brejo). De acordo com Torres et al. (1992),
as matas ciliares diferenciam-se das de brejo pelo maior tempo de permanência da água no
solo no segundo tipo. Estas matas apresentam, em relação às demais formações florestais
paulistas, menor diversidade e menor altura média das árvores. Os autores acrescentam ainda,
que este tipo particular de vegetação pode ser incluído no grupo das peculiares, que são
características desses lugares e não ocorrem em locais mais secos e as complementares, que
podem aparecer nos brejos, mas, ocorrem, preferencialmente, em solo com encharcamento
temporário e até em florestas mais secas, onde nunca ocorre o encharcamento.
As “matas de brejo” (Leitão Filho 1982) ou “floresta estacional semidecidual
ribeirinha com influência fluvial permanente” (Rodrigues 2000), estabelecidas sobre solos
hidromórficos, são sujeitas à presença de água superficial em caráter quase permanente.
Ocorrem em várzeas ou planícies de inundação, nascentes, margens de rios ou lagos
(Ivanauskas et al. 1997), podendo ocorrer, também, em baixadas ou depressões, onde a
saturação hídrica do solo é conseqüência do afloramento da água do lençol freático. Portanto,
são consideradas pela Lei 4.771/65, alterada pela Lei 7.803/89 do Código Florestal,
florestas de preservação permanente. O fato destas florestas desempenharem papel importante
na proteção de mananciais hídricos (Marques 1994), na manutenção de nascentes e cursos
d’água por impedir o assoreamento e regular o fluxo de água, tem feito com que estudos
florísticos e estruturais em tais locais fossem intensificados no últimos anos.
No entanto, a maioria dos estudos florísticos e fitossociológicos em florestas de todo o
mundo é relativo ao componente arbóreo, que é o principal detentor da biomassa florestal e
destaca-se pela importância econômica (Meira-Neto & Martins 2003).
Todos os estratos devem ser incluídos em estudos sobre a estrutura vegetacional de
florestas. Estas informações são importantes para a caracterização geral, tanto florística
quanto fitossociológica e para o entendimento do comportamento das várias espécies.
Dependendo do estrato em que aparecem, podem indicar que o processo reprodutivo tem sido
bem sucedido nestas espécies, com uma tendência no avanço sucessional (Bernacci 1992).
72
Estudos sobre a composição e estrutura dos indivíduos jovens de espécies arbóreas e
sua interação com outros elementos, que compartilham nichos semelhantes, indicam que eles
podem oferecer informações mais diretas e precisas sobre a dinâmica das formações florestais
do que as obtidas, somente, com estudos do componente arbóreo (Bernacci 1992). Segundo
Mantovani (1987), o mero de espécies herbáceas dentro de uma floresta é limitado, pois,
estas condições ambientais peculiares exigem um alto grau de especialização. Vem se criando
uma expectativa de valorização do estrato herbáceo com os novos trabalhos, pois ele constitui
um banco genético com grande número de espécies e, particularmente, com grande variedade
de formas de vida (Zickel 1995).
Considerando-se que as espécies vegetais adaptadas à ambientes encharcados têm
distribuição restrita, a magnitude da devastação da flora de mata de brejo pode ser muito
maior. As pesquisas sobre a organização e distribuição da biodiversidade nas comunidades
brejosas são ainda reduzidas. Tais informações são necessárias para avaliar os impactos
causados pela ação antrópica, planejar a criação de unidades de conservação e para a adoção
de técnicas de manejo.
A fitossociologia é um estudo quantitativo, cujos métodos são usados para descrever e
interpretar todas as formas de vida das plantas da comunidade, reconhecer os fatores
endógenos e exógenos e determinar a ordem espacial e temporal da mesma. Os métodos
demográficos baseiam-se nas análises de muitas espécies em diferentes ambientes, sendo
usados para o estabelecimento de normas ou leis de uma população dinâmica. A
fitossociologia, apesar de dar uma visão global, pode incorporar resultados da demografia,
que é uma interpretação mais pontual, dentro do próprio contexto (Wilmanns 1985).
O objetivo deste trabalho é caracterizar fitossociologicamente, considerando-se a
composição do estrato superior e inferior, uma mata de brejo localizada na Reserva Legal do
Campus de Bauru SP da Unesp, assim como discutir a contribuição dos estratos inferiores
para o crescimento da mata.
73
2. Material e Métodos
2.1 Caracterização da área
O trabalho foi desenvolvido na mata de brejo da Reserva Legal do Campus de Bauru -
SP da Unesp localizada na região centro-oeste do estado de São Paulo, a 330 km da capital,
próximo das coordenadas 22º 20’S e 49º 01’W, a 560 metros de altitude, na região sudeste da
cidade junto ao perímetro urbano (Figura 1, Capítulo 1). A reserva legal possui 132,0126
hectares e foi averbada
em 06/01/1995, segundo Artigo 16 da Lei Federal nº 4771, de
15/09/65, acrescido do parágrafo segundo da Lei Federal nº 7803, de 18/07/89.
O marco inicial da reserva legal está junto à cerca do lado esquerdo da Rodovia
Estadual Jaú-Ipaussu (Rodovia Comandante João Ribeiro de Barros SP 225) e faz divisa
com a área pertencente ao Jardim Botânico e Zoológico Municipal de Bauru, administrados
pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Bauru, com área pertencente à própria Unesp
e com os loteamentos Jardim Santos Dumont, Jardim Marambá e Jardim Mary, do município
de Bauru (Figura 1).
Por meio da análise da Figura 2, onde são apresentadas imagens aéreas da mata de
brejo nos anos 1972, 2002 e 2005, pode-se notar uma sensível diminuição na área da mata de
brejo. Segundo medições feitas através do software AutoCAD (2004), verifica-se uma
redução em aproximadamente 0,7 ha em 33 anos, no entanto, o interior da mata revelou-se
como uma área bem preservada, com poucos indícios de perturbação recente.
Durante os trabalhos de campo, foram encontradas algumas árvores cortadas e indícios
de retirada de orquídeas da área. Apesar da proximidade do perímetro urbano e da rodovia SP
225, a mata de brejo localiza-se em área de difícil acesso, por estar encravada em vegetação
de cerrado e mata estacional semidecídua (Figura 2, Capítulo1). Nesta mata de brejo ocorre
uma das nascentes do Córrego Vargem Limpa, localizadas em área de vegetação nativa da
Reserva Legal do Campus de Bauru SP da Unesp, mais a jusante do córrego Vargem
Limpa. A aproximadamente 100 metros da mata de brejo há uma queda d’água de 1,5m de
altura muito procurada por banhistas que entram ilegalmente na reserva legal, no entanto a
subida do rio e a caminhada dentro da mata de brejo não foram percebidas provavelmente
pela dificuldade em caminhar no solo encharcado e com muitas raízes expostas.
74
O córrego Vargem Limpa pertence à microbacia do rio Bauru, afluente da margem
esquerda do rio Tietê e pertencente, dentro das Unidades de Gerenciamento dos Recursos
Hídricos do Estado, à Bacia Hidrográfica do Tietê/Jacaré.
Figura 1. Imagem de mapa com área do Jardim Botânico Municipal de Bauru, Reserva
Legal do Campus de Bauru SP da Unesp (RL), e mata de brejo (MB) em estudo,
delimitadas no mapa. Fonte: Arquivo Jardim Botânico Municipal de Bauru. Imagem:
Luiz Carlos Almeida Neto.
RL
MB
75
Figura 2. Imagem da mata de brejo de Bauru – SP, em diferentes períodos.
76
2.2 Clima
A partir de dados obtidos junto ao Instituto de Pesquisas Meteorológicas do Campus
de Bauru da Unesp, o clima da região de Bauru pôde ser definido, segundo a classificação de
Köppen, como sendo do tipo Cwa, clima mesotérmico, com inverno seco (Pinheiro et al.
2002), chuvas de menos de 30mm no mês mais seco, temperatura média acima de 22ºC no
mês mais quente e abaixo de 19ºC no mês mais frio. Observando-se os dados de precipitação
e temperatura para o período de 1996 a 2006, apresentados na Figura 4, constata-se um
excedente hídrico culminando nos meses de janeiro e dezembro, onde ocorrem os maiores
índices de pluviosidade mensal (190,5mm e 148,8 mm, respectivamente). Os meses de junho
a setembro foram os que apresentaram menor precipitação média mensal (17,9mm e 34,9mm,
respectivamente), resultando em deficiência hídrica neste período. A partir de outubro, as
chuvas provocam o período de reposição hídrica. A precipitação média anual, no período de
1996 a 2006, foi 882,8mm, e a temperatura média anual foi 20,6°C. As médias de temperatura
e precipitação nos meses mais quentes (dezembro, janeiro e fevereiro) foram,
respectivamente, 22°C e 152mm, e nos meses mais frios ( maio, junho e julho) 18° e 30mm,
para o mesmo período.
77
Figura 3. Balanço hídrico do município de Bauru SP, segundo Walter (1986), para o
período de 1996 a 2006. Fonte: Instituto de Pesquisas Meteorológicas (IPMet), do
Campus de Bauru da Unesp.
2.3 Solo
A fim de verificar as características do solo presentes na área de estudo foram
coletadas, utilizando-se um trado, 28 amostras de solo compostas por 8 subamostras em cada
parcela e em duas profundidades 0-20cm e 20-40cm, segundo orientação do professor Dr.
Hélio Grassi do Departamento de Solos do Campus de Botucatu SP da Unesp. As amostras
foram coletas nas parcelas ímpares das parcelas contíguas numeradas de 1 a 27.
Aproximadamente 500g de cada amostra foram ensacadas e levadas aos laboratórios
do Departamento de Ciências Biológicas do Campus de Bauru da Unesp, onde foram secas
em estufa e peneiradas em peneira de 2mm de malha. As amostras foram enviadas para o
laboratório do Departamento de Ciências do Solo da Faculdade de Ciências Agronômicas da
Universidade Estadual Paulista, Campus de Botucatu. Em laboratório, foram definidas a
granulometria (areia, silte e argila), densidade do solo, densidade de partículas e textura e
Excedente
hídrico
Reposição
hídrica
Deficiência
hídrica
°C
mm
78
realizadas as análises químicas de macro e micro nutrientes, tendo sido calculados os teores
de matéria orgânica (M.O.), fósforo (P), hidrogênio + alumínio (H + Al), potássio (K), cálcio
(Ca), magnésio (Mg), soma de bases (SB), capacidade de troca catiônica (CTC), saturação por
bases (V%) e acidez (PH), além de boro, cobre, ferro, manganês e zinco.
Os procedimentos laboratoriais utilizados para as análises químicas foram os
recomendados por Raji et al. (2001) e as análises físicas conforme descrito no Manual de
Métodos de Análise de Solo (Embrapa 1997).
79
2.4 Levantamento fitossociológico
A análise fitossociológica foi realizada para os indivíduos dos estratos inferior e
superior. Para a amostragem do componente arbustivo-arbóreo, o método utilizado foi o de
parcelas múltiplas (Mueller-Dombois & Ellenberg 1974), contíguas, distribuídas,
sistematicamente, ao longo de uma linha paralela à margem direito do córrego Vargem Limpa
e distantes 3m do curso d’água.
Segundo Martins (1979), este método permite avaliar quantitativamente a
variabilidade dos parâmetros estimados e, também, pode fornecer informações sobre o padrão
espacial de distribuição de indivíduos em cada população.
Foram instaladas 27 parcelas contíguas de10m x 10m (Figura 3) e amostrados todos os
indivíduos do estrato arbustivo-arbóreo: indivíduos terrícolas com caule lenhoso ou estipe,
porte ereto, com altura > 1,3m e diâmetro a altura do peito (DAP = 1,30m do solo) igual ou
maior a 4,79cm, ou 15cm de circunferência. Cada indivíduo amostrado foi identificado com
uma plaqueta de alumínio numerada e teve registrado seu PAP (perímetro a altura do peito =
1,30m de altura), medido com fita métrica e altura total estimada através de comparação com
uma vara de altura conhecida.
A escolha da área de amostragem dentro da mata de brejo foi baseada na largura da
mata a partir do curso d’água até a borda, onde a vegetação muda de fisionomia. A margem
direita do córrego Vargem Limpa mostrou-se mais larga do que a margem esquerda e, por
isso, foi a escolhida para a instalação das parcelas que permaneceram ainda distantes da borda
da mata.
Indivíduos mortos, ainda em pé, foram amostrados e incluídos em um grupo à parte,
devido à impossibilidade de identificação taxonômica destes e considerados um táxon para
fim de análise fitossociológica.
Indivíduos com ramificações no caule, acima do solo, foram considerados como um
único indivíduo. Indivíduos de localização próxima, mas cujos caules ramificavam abaixo do
solo, foram considerados indivíduos distintos.
A caracterização do estrato herbáceo-subarbustivo foi feita utilizando-se 27
subparcelas de 4m², alocadas no centro das parcelas da amostra fitossociológica do
componente arbustivo-arbóreo (10m x 10m). Foram amostrados os indivíduos terrícolas que
80
apresentaram caule ou estipe lenhoso ou não lenhoso, ereto ou escandente, com altura
superior a 20cm e perímetro < 15cm.
Cada indivíduo amostrado foi identificado com uma fita adesiva numerada e teve
registrada sua altura, medida através de fita métrica ou estimada por comparação, com uma
vara de altura conhecida.
Todo material coletado foi tratado da forma convencional (IBGE 1992), identificado
através de chaves de identificação e incorporado ao Herbário UNBA do Departamento de
Ciências Biológicas da Faculdade de Ciências do Campus de Bauru da Unesp e Herbário
BOTU do Instituto de Biociências do Campus de Botucatu da Unesp. Sempre que necessário,
o material coletado foi enviando aos especialistas de outros herbários para confirmação ou
determinação. Os resultados foram organizados em uma lista florística de acordo com a
classificação de APG II (Souza & Lorenzi 2005) e as grafias e autoridades foram conferidas
através de consultas ao site do Missouri Botanical Garden (1995).
Foram avaliados os parâmetros fitossociológicos, com base em Mueller-Dombois &
Ellenberg (1974) e Martins (1991) e calculados os índices de freqüência, densidade,
dominância relativa e absoluta, diversidade de Shannon (H') e a eqüabilidade (J), de acordo
com Pielou (1975), utilizando-se o programa Fitopac (Shepherd 1995), para as espécies do
estrato arbustivo-arbóreo.
Para as espécies do estrato herbáceo-subarbustivo, foram calculados os índices de
freqüência e densidade absolutas e relativas, com base em Mueller-Dombois & Ellenberg
(1974) e Martins (1991). E os índices de diversidade de Shannon (H´) e a eqüabilidade de
Jaccard, através do programa BiodiversityPro (McAleece 1997).
81
Figura 4. Esquema da locação das parcelas do levantamento fitossociológico, do estrato
arbustivo-arbóreo, na área estudada da mata de brejo de Bauru – SP.
2.5 Similaridade
Com o intuito de comparar as espécies que ocorreram no estrato arbustivo-arbóreo e
no herbáceo-subarbustivo na mata de brejo da Reserva Legal da Unesp, utilizou-se o índice de
similaridade de Jaccard (Mueller-Dombois & Ellemberg 1974). Segundo estes autores, o
índice expressa a porcentagem de espécies comuns a duas ou mais áreas em relação ao
número total de espécies. O coeficiente baseia-se, apenas, no conceito de presença e ausência
de espécies, não envolvendo quantidade de indivíduos em cada uma delas.
82
3. Resultados e Discussão
3.1 Solo
O solo da região de Bauru é proveniente do Arenito Bauru, pertencente ao Cretáceo
Superior. Apresenta ausência de cimento calcário e baixas concentrações de matéria orgânica
e há ainda o predomínio de areia em relação à argila (Cavaguti 1970).
No entanto, o solo da mata de brejo em estudo mostrou características bem distintas
das citadas acima, por tratar-se de um solo em área ribeirinha, com encharcamento
permanente. Nessas áreas, desenvolvem-se, principalmente, os organossolos (solos orgânicos)
e em menor proporção os gleissolos e os neossolos quartzarênico hidromórficos (areias
quartzosas hidromórficas) (Jacomine 2000).
O solo da área estudada pode ser classificado como solo hidromórfico, do tipo
Gleissolo, que são solos que, devido à intensa influência do nível do lençol freático,
apresentam o horizonte glei (cinza) a menos de 40 cm de profundidade e distrófico, devido
aos valores de saturação por bases (V%), (Anexo 1), em sua maioria, estarem abaixo de 50%
(Prado 1996). Outra evidência do solo hidromórfico é dada pela presença da própria mata de
brejo, pois, uma ligação bastante estreita entre a existência dessas matas com esse tipo de
solo (Torres et al. 1994; Ivanauskas et al.1997; Toniato et al. 1998). Este encharcamento do
solo na área estudada deu-se ao represamento da água do lençol freático que está superficial
nesta área, por uma barreira natural litólica, que aflora a poucos metros da mata de brejo e
pode ser visto em uma queda d’água (Figura 4, Capítulo 1).
Os Anexos 1, 2 e 3 mostram os resultados das análises químicas e granulométricas do
solo em duas profundidades, 0-20cm e 20-40cm, da mata de brejo da reserva legal da Unesp.
O Anexo 3 apresenta a análise granulométrica do solo, onde são separadas as frações
de argila, silte e areia (Raij 1983), evidenciando que a textura do solo em estudo é de média a
argilosa.
A análise química de macronutrientes (Anexo1) demostram, ainda, alta acidez em
todas as amostras com PH variando de 4,1 a 5,0, característica comum à outras matas de brejo
(Torres et al. 1994; Toniato et al. 1998; Paschoal & Cavassan 1999; Spina et al. 2001;
Marques et al. 2003; Paschoal 2004 e Teixeira & Assis 2005).
83
Além da acidez, a alta concentração de matéria orgânica e a baixa saturação por bases,
(V%) encontradas na mata de brejo em estudo, também foram relatadas por Toniato et al.
(1998); Paschoal & Cavassan (1999); Spina et al. (2001) e Paschoal (2004) em estudos de
mesma formação vegetal no estado de São Paulo.
Nota-se que as altas concentrações de matéria orgânica (M.O.), entre 45 e 187 g/dm
3
(Anexo 1), são superadas apenas pela mata de brejo do Ribeirão do Pelintra em Agudos, onde
Paschoal & Cavassan (1999) registraram índices superiores a 200 g/dm
3
em 64% das
amostras. Entretanto, a quantidade de matéria orgânica dos trabalhos comparados para os
quais existem análise de solo disponível, em mesma formação vegetal do Estado, não
ultrapassam 108 g/dm
3
, encontrado em Campinas por Toniato et al. (1998).
Quanto às grandes concentrações de alumínio, ferro, manganês e zinco que poderiam
ser uma condição limitante para o desenvolvimento das plantas, estes nutrientes ficam retidos
na matéria orgânica não decomposta, que age como um reservatório de nutrientes para as
plantas, fornecendo-os à medida que se decompõem (Mello et al. 1989). Nas últimas parcelas
onde foram coletadas as amostras de número 21 a 28 (Anexo 1), podemos observar a maior
concentração de M.O. São estas as parcelas mais próximas às nascentes do afluente, em
estudo, do córrego Vargem Limpa e onde estão as parcelas com maior saturação hídrica. Tal
dado denota a relação da distribuição da M.O. na mata, com a saturação hídrica do solo. A
M.O. retém os micronutrientes, assim como o alumínio, não os disponibilizando totalmente
para as plantas (H. Grassi, com. Pessoal). Além da grande quantidade de M.O., outros
elementos presentes em alta concentração contribuem para o desenvolvimento da mata, como
o Cálcio (Ca) e o Magnésio (Mg). Todos os micronutrientes (Anexo2), (Bo, Cu, Fe, Mn)
apresentam-se na faixa média ou alta de concentração no solo. O Boro (Bo) está distribuído,
uniformemente em toda a área. Os altos valores de Capacidade de Troca Catiônica (CTC)
mostram um solo pesado, argiloso e muito fértil, com valores que chegam a 200 de CTC.
Através da análise de solo desta área de estudo e de outras matas de brejo comparadas,
pode-se dizer que a acidez, teor de alumínio e matéria orgânica elevados, além da saturação
hídrica e a baixa saturação por bases, são fatores edáficos que influenciam a existência dessas
matas em diferentes locais. Segundo Jacomine (2000), as matas de brejo, vegetações
estabelecidas em Gleissolos, pertencem a um ecossistema muito delicado e frágil que, quando
incorporados ao processo produtivo, alteram, rapidamente, o ambiente, levando-o à sua
degradação.
84
3.2 Caracterização fitossociológica
3.2.1 Estrato superior
Em 0,27ha foram amostrados 1.626 indivíduos, pertencentes a 26 espécies vivas, 23
gêneros e 20 famílias (Tabela 1). Uma espécie amostrada no estrato superior foi identificada
até o nível de gênero (Gomidesia sp).
As árvores mortas perfizeram um total de 58 indivíduos e foi o quarto táxon com
maior valor de importância (IVI), influenciado, principalmente, pelo alto valor de dominância
dos indivíduos mortos amostrados (Tabela 2). Tais indivíduos chegaram a apresentar 16m de
altura e 60,5 cm de diâmetro. A porcentagem de indivíduos mortos (3,57%) foi inferior aos
valores encontrados por Ivanauskas et al. (1997), em Itatinga (5,19%); Costa et al (1997), em
Brotas (7,09%); Toniato et al (1998), em Campinas (5,34%) e Paschoal (1997), em Agudos
(15%).
Das 26 espécies amostradas neste estrato, cinco (Alchornea glandulosa, Guarea
macrophylla, Symplocos nitens, Geonoma brevispatha e Gomidesia sp) ocorreram com um
único indivíduo, perfazendo um total de 0,3% entre todos os indivíduos amostrados.
Geonoma brevispatha é uma espécie que ocorre com grande freqüência em matas de brejo
(Toniato et al. 1998, Pachoal & Cavassan 1999, Paschoal 2004 e Teixeira & Assis 2005), no
entanto, esta palmeira possui pequeno diâmetro, o que reduz sua chance de ser incluída na
amostragem deste estrato, pelos critérios de inclusão deste estudo.
O número de espécies amostradas nas parcelas (26) foi bastante inferior ao encontrado
no levantamento florístico (48 espécies) (Capítulo 1). No entanto, para os indivíduos com
hábito arbustivo-arbóreo, constatou-se que as espécies encontradas fora das parcelas de
amostragem, ocorreram como indivíduos isolados ou não se enquadravam nos critérios
adotados para fitossociologia para este estrato.
85
Tabela 1. Espécies amostradas no levantamento fitossociológico para os estratos
superior e inferior, na mata de brejo de Bauru – SP. S = superior; I = inferior.
Família/Espécie Hábito Nome Popular
Estrato de
Ocorrência
ANACARDIACEAE
Tapirira guianensis Aubl. Arbóreo Peito-de-
pombo
S/I
ANNONACEAE
Xylopia emarginata Mart. Arbóreo Pindaíba-preta
S/I
AQUIFOLIACEAE
Ilex brasiliensis (Spreng.) Loes. Arbóreo S/I
ARACEAE
Anthurium pentaphyllum (Aubl.) G. Don Hemiepifítico
I
ARALIACEAE
Dendropanax cuneatus (DC.) Decne. &
Planch.
Arbóreo Maria-mole S/I
ARECACEAE
Geonoma brevispatha Barb. Rodr. Arbóreo Guaricanga S/I
BURSERACEAE
Protium spruceanum (Benth.) Engl. Arbóreo S/I
CHLORANTHACEAE
Hedyosmum brasiliense Mart. Arbóreo Chá-de-bugre
S/I
CLUSIACEAE
Calophyllum brasiliense Cambess. Arbóreo Guanandí S/I
EUPHORBIACEAE
Alchornea glandulosa Poepp. Arbóreo Tamanqueira S
Pera glabrata (Schott) Poepp. ex Baill. Arbóreo Pimenteira I
Sebastiania serrata (Baill. ex Müll. Arg.)
Müll. Arg.
Arbóreo Branquilho I
FABACEAE
Inga vera Willd. Arbóreo Ingá S
Machaerium aculeatum Raddi. Arbóreo Jacarandá-de-
espinho
S
HELICONIACEAE
Heliconia psittacorum L.f. Herbáceo I
ICACINACEAE
Citronella paniculata (Mart.) R.A. Howard Arbóreo I
MAGNOLIACEAE
Magnolia ovata (A.St.- Hil.) Spreng. Arbóreo Pinha-do-brejo
S/I
MALPIGHIACEAE
Heteropterys sp Indeterminado
I
MELASTOMATACEAE
Miconia chamissois Naudin Arbustivo S/I
MELIACEAE
Cedrela odorata L. Arbóreo Cedro-do-brejo
S
Continua
86
Guarea kunthiana A. Juss. Arbóreo Marinheiro S/I
Guarea macrophylla Vahl Arbóreo Canjarana S/I
MORACEAE
Ficus adhatodifolia Schott ex Spreng. Arbóreo Figueira-do-
brejo
S
Ficus obtusiuscula (Miq.) Miq. Arbóreo Figueira S/I
MYRSINACEAE
Ardisia ambigua Mart. Arbóreo I
Cybianthus densicomus Mart. Arbóreo I
Rapanea gardneriana (A.DC.) Mez Arbóreo Capororoca S/I
Rapanea guianensis Aubl. Arbóreo Capororoca-
vermelha
S
MYRTACEAE
Eugenia florida DC. Arbustivo Cambuí S/I
Gomidesia sp Arbóreo S
PIPERACEAE
Peperomia aff elongata Kunth Trepador I
Piper fuligineum Kunth. Arbustivo I
RUBIACEAE
Emmeorhiza umbellata (Spreng.) K. Schum. Herbáceo I
Morfo sp 1 Indeterminado
I
Morfo sp 2 Indeterminado
I
Palicourea macrobothrys (Ruiz & Pav.)
Roem. & Schult.
Arbustivo I
Psychotria carthagenensis Jacq. Arbustivo Cafezinho I
Psychotria mapourioides DC. Arbustivo S/I
SAPINDACEAE
Paullinia elegans Cambess. Trepador I
Serjania marginata Casar. Trepador Timbó I
STYRACACEAE
Styrax pohlii A.DC. Arbóreo Benjoeiro S/I
SYMPLOCACEAE
Symplocos nitens (Pohl) Benth Arbóreo S
THYMELAEACEAE
Daphnopsis racemosa Griseb. Arbustivo Uvira I
URTICACEAE
Cecropia pachystachya Trécul Arbóreo Embaúba S
INDETERMINADA
Morfo sp 3 Indeterminado
I
Morfo sp4 Indeterminado
I
Continuação
87
Tabela 2. Parâmetros fitossociológicos das espécies amostradas no estrato superior da mata de brejo de Bauru – SP, por ordem
decrescente do índice de valor importância (IVI). NI = número de indivíduos; DA = densidade absoluta; DoM = dominância
absoluta; FA = freqüência absoluta; DR = densidade relativa; DoR = dominância relativa; FR = freqüência relativa; IVC = índice
de valor de cobertura.
Espécie NI. NP. FA DA DoM DR DoR FR IVI IVC
Calophyllum brasiliense Cambess. 703 27 100.00 2603.70 .0077 43.23 32.78 10.23 86.24 76.01
Magnolia ovata (A. St.-Hil.) Spreng 319 27 100.00 1181.48 .0094 19.62 18.35 10.23 48.20 37.97
Xylopia emarginata Mart. 148 26 96.30 548.15 .0102 9.10 9.18 9.85 28.13 18.28
Morta 58 22 81.48 214.81 .0331 3.57 11.69 8.33 23.59 15.26
Cedrela odorata L. 35 18 66.67 129.63 .0537 2.15 11.45 6.82 20.42 13.60
Tapirira guianensis Aubl. 107 24 88.89 396.30 .0067 6.58 4.37 9.09 20.04 10.95
Protium spruceanum (Benth.) Engl. 71 22 81.48 262.96 .0141 4.37 6.11 8.33 18.81 10.48
Dendropanax cuneatus (DC.) Decne.& 51 19 70.37 188.89 .0053 3.14 1.65 7.20 11.99 4.79
Rapanea gardneriana (A.DC.) Mez 26 15 55.56 96.30 .0070 1.60 1.11 5.68 8.39 2.71
Styrax pohlii A.DC. 34 12 44.44 125.93 .0049 2.09 1.02 4.55 7.66 3.11
Cecropia pachystachya Trécul 23 14 51.85 85.19 .0061 1.41 .85 5.30 7.57 2.26
Miconia chamissois Naud 11 6 22.22 40.74 .0043 .68 .29 2.27 3.24 .96
Guarea kunthiana A. Juss. 9 6 22.22 33.33 .0038 .55 .21 2.27 3.04 .76
Ilex brasiliensis (Spreng.) Loes. 5 5 18.52 18.52 .0035 .31 .11 1.89 2.31 .41
Ficus obtusiuscula (Miq.) Miq. 6 4 14.81 22.22 .0049 .37 .18 1.52 2.06 .55
Machaerium aculeatum Raddi. 3 2 7.41 11.11 .0099 .18 .18 .76 1.12 .36
Hedyosmum brasilense Mart. 2 2 7.41 7.41 .0046 .12 .06 .76 .94 .18
Ficus adhatodifolia Schott ex Spren 2 2 7.41 7.41 .0043 .12 .05 .76 .93 .18
Eugenia florida DC. 2 2 7.41 7.41 .0028 .12 .03 .76 .91 .16
Psychotria mapourioides DC. 2 2 7.41 7.41 .0022 .12 .03 .76 .91 .15
Inga vera Willd. 2 1 3.70 7.41 .0124 .12 .15 .38 .65 .27
Rapanea guianensis Aubl. 2 1 3.70 7.41 .0042 .12 .05 .38 .55 .17
Alchornea glandulosa Poepp. 1 1 3.70 3.70 .0077 .06 .05 .38 .49 .11
Guarea macrophylla Vahl 1 1 3.70 3.70 .0035 .06 .02 .38 .46 .08
Symplocos nitens (Pohl) Benth 1 1 3.70 3.70 .0023 .06 .01 .38 .45 .08
Geonoma brevispatha Barb. Rodr. 1 1 3.70 3.70 .0020 .06 .01 .38 .45 .07
Gomidesia sp 1 1 3.70 3.70 .0019 .06 .01 .38 .45 .07
88
Através da curva de suficiência amostral (curva espécie-área), na ordem aleatória de
amostragem (por sorteio), podemos verificar o aumento gradativo do número de espécies em
quatro pontos: parcelas 1, 14, 19 e 24. Até a sétima parcela (700m
2
), foram amostradas 20
espécies: 74% de todas as espécies (Figura 5). A segunda inclusão, de quatro espécies (15%),
aconteceu com o aumento em 900m
2
de área. Para a inclusão de mais duas novas espécies
(7%), até a parcela 19, foi necessário o aumento em 400m
2
de área. E, finalmente, para
inclusão de mais uma espécie (4%), até a parcela 24, número inalterado até a última parcela,
foi necessária a amostragem de mais 500m
2
.
Os platôs, apresentados nesta curva, constituem um indicador de que as espécies que
ocorreram em maior densidade na área foram incluídas na amostragem e que seria necessário
um grande aumento na área amostral para que fossem incluídas novas espécies. O aumento da
área amostral foi inviável, uma vez que, além das parcelas terem sido instaladas em quase
toda extensão da mata (Figura 3), as últimas amostragens foram feitas em áreas das nascentes
do córrego, local alagado que impossibilitou a instalação de novas parcelas.
Figura 5 Curva do incremento do número de espécies do estrato superior amostradas
por parcelas, na Mata de Brejo de Bauru - SP.
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27
de parcelas
de espécies
89
A espécie com maior valor de importância (IVI) e de cobertura (IVC) foi
Calophyllum
brasiliense Cambess, seguida por
Magnolia ovata (A.St.- Hil.) Spreng. e Xylopia emarginata
Mart. Essas três espécies ocupam as mesmas posições em relação aos parâmetros de
densidade, e freqüência relativas. Para dominância,
Calophyllum brasiliense e
Magnolia ovata
continuam as duas espécies mais dominantes, seguidas pelas mortas e por Cedrela odorata.
Xylopia emarginata ficou na quinta colocação dentre as espécies com maior dominância.
As espécies classificadas com maior IVI neste estudo (Calophyllum brasiliense,
Magnolia ovata, Xylopia emarginata, Cedrela odorata, Tapirira guianensis, Protium
spruceanum, Dendropanax cuneatus, Rapanea gardneriana, Styrax pohlii e Cecropia
pachystachya) (Figura 6), ocorreram com posições variadas entre as comunidades de mata de
brejo estudadas no Estado, com exceção de X. emarginata, que foi encontrada em duas
matas de brejo em Agudos por Paschoal & Cavassan (1999), no Ribeirão do Pelintra e
Paschoal (2004), no Ribeirão Pederneiras e ficou, respectivamente, na e 23ª colocação do
IVI para as duas matas.
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
IVI
Calophyllum brasiliense
Magnolia ovata
Xylopia emarginata
Morta
Cedrela odorata
Tapirira guianensis
Protium spruceanum
Dendropanax cuneatus
Rapanea garderiana
Styrax pohlii
outros
Espécies
FR(%) DR (%) DoR(%)
Figura 6. Distribuição dos valores relativos de freqüência, densidade, e dominância
entre as espécies de maior IVI, amostradas no estrato superior da mata de brejo de
Bauru – SP.
90
as espécies Calophyllum brasiliense, Magnolia ovata e Protium sprucenum
apareceram em todos os trabalhos comparados, entre as 10 espécies com maior IVI. (Torres et
al. 1994; Costa et al. 1997; Ivanaukas et al. 1997; Toniato et al. 1998; Paschoal 1997,
Marques et al. 2003; Paschoal 2004 e Teixeira & Assis 2005). São espécies que crescem,
normalmente, em solo inundados, com ampla distribuição nos neotrópicos, porém,
pontualmente, localizadas em áreas sujeitas à inundação constante (Lobo & Joly 2000).
Calophyllum brasilienses foi a espécie mais importante nos trabalhos feitos em matas
de brejo em Brotas (Costa et al. 1997 e Marques et al. 2003), Campinas (Toniato et al. 1998),
Itatinga (Ivanauskas et al. 1997) e Agudos (Paschoal & Cavassan 1999). O sucesso adaptativo
dessa espécie deve-se à dispersão, que ocorre, principalmente, na estação úmida, à capacidade
de germinar após 10 semanas de submersão, embora, enquanto inundadas, as sementes não
germinaram. Suas plantas também crescem normalmente, tanto em solo inundado quanto
drenado, e são capazes de ocupar novos ambientes devido ao fato de suas sementes serem
dispersas por morcegos, com ampla área de ocorrência (Marques & Joly 2000).
Magnolia ovata, espécie com o segundo maior valor de IVI, devido, principalmente,
aos altos valores de densidade e dominância apresentados, é uma espécie cujas sementes são
dispersas no final da estação seca e germinam mesmo após 30 dias de submersão, mas, assim
como Calophyllum brasiliense, não germinam submersas (Lobo & Joly 1995, 1996).
Nas formações florestais não brejosas adjacentes a este trabalho, Calophyllum
brasilienses foi encontrada em Agudos (Paschoal 2004), em mata estacional semidecídua e
em Bauru (Pinheiro et al. 2002), também em mata estacional semidecídua em área do Jardim
Botânico Municipal de Bauru. Portanto, essa espécie não deve ser enquadrada como sendo
peculiar, segundo o critério estabelecido por Torres et al. (1992), que classifica como peculiar
as espécies características de ecossistemas encharcados e que não ocorrem em locais mais
secos, mas, pode ser classificada como uma espécie peculiar não exclusiva que, segundo
Ivanauskas et al. (1997), são espécies que apresentam destaque em matas de brejo e ocorrem
em matas secas, mas não em destaque.
As matas de brejo são mais semelhantes com relação à densidade dos indivíduos
comuns a essas áreas do que, propriamente, à similaridade florística entre elas, que pode ser
fortemente influenciada pelas formações vegetais do entorno (Toniato et al. 1998). Segundo
Marques et al. (2003), espécies generalistas, que são indiferentes em relação à umidade do
91
solo, aumentam a riqueza da floresta. Já as espécies de solo encharcado são importantes na
definição da dominância e densidade dessas florestas.
A família com maior riqueza em espécies foi Meliaceae, com três espécies, seguida
por Fabaceae, Moraceae, Myrsinaceae e Myrtaceae (2 espécies). As demais famílias
apresentaram apenas uma espécie (Figura 7). Clusiaceae apresentou os maiores IVI e IVC,
seguida pela família Magnoliaceae. Isso porque as espécies Calophyllum brasiliense e
Magnolia ovata, únicas espécies pertencentes à essas famílias amostradas na mata de brejo,
são as mais importantes entre aquelas amostradas, devido, principalmente, aos altos valores de
dominância e densidade apresentados (Tabela 3).
0 10 20 30 40 50 60 70 80
% de espécies
Outras
MELIACEAE
FABACEAE
MORACEAE
MYRSINACEAE
MYRTACEAE
Famílias
Figura 7. Famílias com maior riqueza em espécies amostradas no estrato superior da
mata de brejo de Bauru – SP.
92
Tabela 3. Parâmetros fitossociológicos das famílias amostradas no estrato superior da
mata de brejo de Bauru SP, por ordem decrescente de número de indivíduos. NI =
número de indivíduos; Nspp = número de espécies; DA = densidade absoluta; DoM =
dominância absoluta; FA = freqüência absoluta; DR = densidade relativa; DoR =
dominância relativa; FR = freqüência relativa.
Família NI Nspp DR DoR FR IVI IVC
CLUSIACEAE 703 1 43.23 32.78 10.51 86.52 76.01
MAGNOLIACEAE 319 1 19.62 18.35 10.51 48.47 37.97
ANNONACEAE 148 1 9.10 9.18 10.12 28.39 18.28
ANACARDIACEAE 107 1 6.58 4.37 9.34 20.29 10.95
BURSERACEAE 71 1 4.37 6.11 8.56 19.04 10.48
MORTA 58 1 3.57 11.69 8.56 23.82 15.26
ARALIACEAE 51 1 3.14 1.65 7.39 12.18 4.79
MELIACEAE 45 3 2.77 11.68 7.78 22.23 14.45
STYRACACEAE 34 1 2.09 1.02 4.67 7.78 3.11
MYRSINACEAE 28 2 1.72 1.16 6.23 9.11 2.88
URTICACEAE 23 1 1.41 .85 5.45 7.71 2.26
MELASTOMATACEAE 11 1 .68 .29 2.33 3.30 .96
MORACEAE 8 2 .49 .23 1.95 2.67 .72
FABACEAE 5 2 .31 .33 1.17 1.81 .64
AQUIFOLIACEAE 5 1 .31 .11 1.95 2.36 .41
MYRTACEAE 3 2 .18 .05 .78 1.01 .23
RUBIACEAE 2 1 .12 .03 .78 .93 .15
CHLORANTACEAE 2 1 .12 .06 .78 .96 .18
SYMPLOCACEAE 1 1 .06 .01 .39 .46 .08
EUPHORBIACAE 1 1 .06 .05 .39 .50 .11
ARECACEAE 1 1 .06 .01 .39 .46 .07
93
O índice de diversidade de Shannon (H’=1,9) para a mata de brejo da Reserva Legal
da Unesp foi o mais baixo dentre os trabalhos de mesma formação vegetal, comparados no
estado de São Paulo (Tabela 4). Tal resultado foi fortemente influenciado pela alta
ineqüabilidade (0,58), onde apenas três espécies (Calophyllum brasiliense, Magnoli ovata e
Xylopia emarginata) foram responsáveis por 71, 95% da abundância dos indivíduos
amostrados.
Apesar da grande diversidade, em geral, das floras das formações ribeirinhas
(Rodrigues & Naves 2000), aquelas sujeitas à maior freqüência do alagamento tendem a
apresentar menor riqueza e diversidade que as pouco inundadas (Metzger et al. 1998). Isso se
deve ao fato da inundação restringir a ocorrência de muitas espécies, que não toleram a
hipoxia do solo (Leitão-Filho 1982, Joly 1991, Marques & Joly 2000). Assim, embora não
medido, diferenças na intensidade de inundação do solo, nos diferentes ambientes, podem
estar relacionadas aos valores obtidos.
A estimativa de densidade para um hectare da mata de brejo foi de 6.022 indivíduos.
Esse dado para a mata de brejo de Bauru foi o mais elevado entre os estudos comparados no
estado de São Paulo. Ivanauskas et al. (1997) obteve a menor densidade (1.310 ind.ha
-1
), em
trabalho feito em Itatinga e a maior densidade (5.073 ind.ha
-1
) em mata de brejo no Estado foi
registrada por Paschoal (1997), em Agudos, no Ribeirão do Pelintra (Tabela 4). A alta
densidade e baixa diversidade dessa mata de brejo indicam a alta adaptabilidade de poucas
espécies a esse ambiente.
O alto valor da área basal (60,82 m
2
.ha
-1
)do fragmento estudado também foi o maior
entre os trabalhos comparados no Estado, superando o valor encontrado por Paschoal (1997),
em Agudos de 56,54 m
2
.ha
-1
, o mais alto valor de área basal encontrado em matas de brejo até
então.Tal resultado foi influenciado pela elevada densidade total por área, uma vez que, para
se discutir a respeito do diâmetro dos caules, são necessários dados de área basal média,
indisponíveis para outros trabalhos.
A Figura 8 apresenta as classes de diâmetro para as espécies amostradas na mata de
brejo e pode-se notar que a maior porcentagem dos indivíduos (73,2 %) possui entre 4,75 e 11
cm de diâmetro. O número de indivíduos por unidade de área e por intervalo de classes de
diâmetro pode explicar a estrutura de uma floresta (O’Brien & O’Brien 1995). As menores
classes diamétricas apresentam a maior freqüência de indivíduos e esta diminui à medida que
aumenta as classes de diâmetro (Carvalho 1981). Este tipo de distribuição dos indivíduos nas
94
menores classes de diâmetro mostra um padrão típico de florestas tropicais estáveis, com
abundância de indivíduos no componente da regeneração natural (Scolforo 1998).
Os dados de densidade total, mais os valores de classes de altura e classes de diâmetro
(Tabela 5), mostram uma mata muito densa, com indivíduos de pequeno diâmetro e, em
média, mais altos do que as formações adjacentes. Na mata estacional semidecídua amostrada
por Pinheiro et al. (2002), a maior parte das espécies encontra-se entre seis e oito metros de
altura, enquanto que no cerrado pertencente ao Campus de Bauru da Unesp, Faraco (2007),
encontrou indivíduos com altura média de 4, 42 m.
Tabela 4. Alguns parâmetros fitossociológicos, critério de inclusão dos indivíduos
arbustivo-arbóreo, e área de amostragem das matas de brejo comparadas no estado de
São Paulo.
Município
Autor
Critério de
inclusão
Amostragem
(ha)
Diversidade
(H')
Densidade
(ind. ha
-1
)
N° de
espécies
Campinas
Torres et al
(1994)
DAP>5cm 0,87 2,45 1074 33
Itatinga
Ivanauskas
et al (1997)
PAP>15cm
1 2,75 1310 39
Brotas
Costa et al
(1997)
PAP>15cm
0,2 2,52 2680 33
Campinas
Toniato et al
(1998)
PAP>10cm
0,2 2,8 4775 55
Agudos
Paschoal e
Cavassan
(1999)
PAP>15cm
0,22 2,6 5073 38
Brotas
Marques et
al (2003)
DAP>5cm 0,36 2,81 2042 51
Agudos
Paschoal
(2004)
PAP>15cm
0,18 2,72 2555 28
Rio Claro
Teixeira
(2004)
PAP>15cm
0,45 2,1 3669 49
Bauru
Carboni
(2006)
PAP>15cm
0,27 1,92 6022 27
95
Figura 8. Distribuição da porcentagem de indivíduos amostrados no estrato superior,
por classes de diâmetro em intervalos de dois centímetros fechados à direita na mata de
brejo de Bauru – SP.
Cedrela odorata, além de ser a espécie com maior altura (25m) encontrada na mata de
brejo, foi também a que apresentou o maior diâmetro (63,7 cm) (Tabela 5). Assim, seus
valores de área basal só não foram maiores do que os de Calophyllum brasiliense e Magnolia
ovata, estas foram as dominantes devido à alta densidade com que as últimas ocorreram.
Na mata de brejo estudada, a altura máxima atingida pelas árvores foi de 25m,
enquanto a maior porcentagem dos indivíduos (48%) possui entre 7 e 10 metros de altura
(Figura 9). Destacaram-se como emergentes as espécies de Cedrela odorata, Magnolia ovata,
Xylopia emarginata, Calophyllum brasiliense e Protium spruceanum, com os mais altos
valores de altura (Figura 10).
0
5
10
15
20
25
30
35
4-6 8-10 12-14 16-18 20-22 24-26 28-30 32-34 36-38 40-42 44-46 48-50 52-54 56-58 60-62 64-66
Classes de dmetro (cm)
% de indivíduos
96
Tabela 5. Espécies amostradas no estrato superior da mata de brejo de Bauru SP.
al.min = altura mínima, al.max = altura máxima, alt.med = altura média, dm.min =
diâmetro mínimo, dm.max = diâmetro máximo, dm.med = diâmetro médio. Altura (m);
diâmetro (cm).
Especie al.min al.max al.med dm.min dm.max dm.med
Calophyllum brasiliense
2.0 18.0 8.8 1.8 47.7 8.6
Magnolia ovata
3.0 20.0 8.4 4.8 46.8 9.3
Xylopia emarginata
1.5 18.0 10.3 4.8 60.2 9.5
Morta 1.7 16.0 5.6 4.8 60.5 15.8
Cedrela odorata 7.5 25.0 13.4
4.8 63.7 20.7
Tapirira guianensis
4.0 14.0 9.2 4.8 31.2 8.5
Protium spruceanum
3.5 17.0 9.4 4.8 32.1 11.7
Dendropanax cuneatus 4.0 12.0 7.2 4.8 18.5 7
.7
Rapanea garderiana
2.5 16.5 7.6 4.8 21.3 8.6
Styrax pohlii
4.0 13.0 8.9 4.8 15.3 7.6
Cecropia pachystachya
3.5 12.0 8.7 4.8 16.1 8.3
Miconia chamissois
2.0 5.5 4.3 4.8 12.6 6.9
Guarea kunthiana
2.5 9.0 5.7 5.1 10.0 6.8
Ilex brasiliensis
7.5 12.0 9.1 6.4 7.6 6.7
Ficus obtusiuscula
4.0 12.0 6.8 4.9 11.0 7.6
Machaerium aculeatum
9.0 13.5 10.7 5.1 16.2 10.2
Hedyosmum brasilense
3.5 6.0 4.8 7.0 8.3 7.6
Ficus adhatodifolia 7.0 7.0 7.0
6.4 8.3 7.3
Eugenia florida
5.5 11.0 8.3 5.4 6.4 5.9
Psychotria mapourioides
3.0 7.0 5.0 4.9 5.7 5.3
Inga vera 7.0 12.0 9.5 8.5 15.6
12.1
Rapanea guianensis
8.0 10.0 9.0 5.7 8.6 7.2
Alchornea glandulosa
5.0 5.0 5.0 9.9 9.9 9.9
Guarea macrophylla
5.5 5.5 5.5 6.7 6.7 6.7
Symplocos nitens
7.0 7.0 7.0 5.4 5.4 5.4
Geonoma brevispatha
6.0 6.0 6.0 5.1 5.1 5.1
Gomidesia
sp 6.5 6.5 6.5 4.9 4.9 4.9
97
Figura 9. Distribuição da porcentagem de indivíduos amostrados no estrato superior,
por classes de altura em intervalos de um metro fechados à direita na mata de brejo de
Bauru – SP.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
% de indivíduos
1-2 3-4 5-6 7-8 9-10 11-12 13-14 15-16 17-18 19-20 21-22 23-24
Classes de altura (m)
98
Figura 10. Diagrama de estratificação vertical das espécies amostradas no estrato
superior, na mata de brejo de Bauru – SP.
Relação de espécies da Figura 10
1
Alchornea glandulosa Poepp. 15
Inga vera Willd.
2
Calophyllum brasiliense Cambess. 16
Machaerium aculeatum Raddi.
3
Cecropia pachystachya Trécul 17
Magnolia ovata (A. St.-Hil.) Spreng.
4
Cedrela odorata L. 18
Miconia chamissois Naud
5
Dendropanax cuneatus (DC.) Decne.& Planch.
19
Protium spruceanum (Benth.) Engl.
6
Eugenia florida DC. 20
Psychotria mapourioides DC.
7
Ficus adhatodifolia Schott ex Spreng. 21
Rapanea gardneriana (A.DC.) Mez
8
Ficus obtusiuscula (Miq.) Miq. 22
Rapanea guianensis Aubl.
9
Geonoma brevispatha Barb. Rodr. 23
Styrax pohlii A.DC.
10
Gomidesia sp 24
Symplocos nitens (Pohl) Benth
11
Guarea kunthiana A. Juss. 25
Tapirira guianensis Aubl.
12
Guarea macrophylla Vahl 26
Xylopia emarginata Mart.
13
Hedyosmum brasilense Mart. 27
Morta
14
Ilex brasiliensis (Spreng.) Loes.
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14 15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
0
5
10
15
20
25
30
Espécies
Altura (m)
alt. min alt. max alt. med
99
3.2.2 Estrato inferior
Para o estrato inferior utilizou-se uma área de 0,0108 ha onde foram amostrados 474
indivíduos vivos, de 26 famílias, 35 gêneros e 37 espécies (Tabela 6). Duas espécies
encontradas no estrato inferior foram identificadas até família (Rubiaceae Morfo sp1 e
Morfo sp2) e outras duas não foram identificadas (Morfo sp3 e Morfo sp4) (Tabela 1). A
maior parte dos indivíduos amostrados eram plântulas que se encontravam em estágio
vegetativo, o que dificultou a identificação.
Os 21 indivíduos mortos amostrados (Tabela6) foram considerados como um grupo
próprio na análise e representaram 4,2% do total, com o quinto maior valor de densidade e
freqüência relativas. As altas taxas de mortalidade entre vegetais jovens devem-se à
vulnerabilidade a ataques de predadores e doenças, o que torna comum a ocorrência de
indivíduos mortos de pequeno porte em ecossistemas florestais (Müller-Dombois 1995).
Das 37 espécies amostradas neste estrato, seis (15,7% das espécies), mais quatro
Morfo sp, foram encontradas com um único indivíduo (Pera glabrata, Miconia chamissois,
Emmeorhiza umbellata, Palicourea macrobothrys, Paullinia elegans, Daphnopsis racemosa).
Tabela 6. Densidade absoluta (DA), Densidade relativa (DR), Freqüência absoluta (FA),
Freqüência relativa (FR) das espécies amostradas no estrato inferior da mata de brejo
de Bauru – SP, por ordem decrescente de número de indivíduos (NI).
Família Nome científico NI DA DR FA FR
CLUSIACEAE Calophyllum brasiliense 81 7500 16,36 92,59 10,12
ARACEAE Anthurium pentaphyllum 65 6018 13,13 88,88 9,71
BURSERACEAE Protium spruceanum 55 5092 11,11 66,66 7,28
MYRSINACEAE Ardisia ambigua 34 3148 6,86 62,96 6,88
ARECACEAE Geonoma brevispatha 32 2962 3,03 33,33 3,23
MELIACEAE Guarea kunthiana 25 2314 3,83 40,74 4,85
Morta 21 1944 6,64 48,14 3,64
RUBIACEAE Psychotria mapourioides 19 1759 4,24 44,44 5,26
ANNONACEAE Xylopia emarginata 17 1574 5,05 44,44 4,45
ARALIACEAE Dendropanax cuneatus 17 1574 3,23 33,33 3,23
MORACEAE Ficus obtusiuscula 16 1481 2,22 29,62 3,64
100
MAGNOLIACEAE Magnolia ovata 15 1388 2,42 29,62 4,04
MYRSINACEAE Rapanea gardneriana 12 1111 3,43 37,03 4,85
ANACARDIACEAE Tapirira guianensis 11 1018 3,43 33,33 3,64
STYRACACEAE Styrax pohlii 8 740 1,61 25,92 2,83
MYRTACEAE Eugenia florida 8 740 1,01 14,81 1,21
HELICONIACEAE Heliconia psittacorum 7 648 1,61 22,22 1,61
MALPIGHIACEAE Heteropterys sp 5 462 1,01 14,81 1,61
EUPHORBIACEAE Sebastiania serrata 5 462 0,8 14,81 1,61
SAPINDACEAE Serjania marginata 5 462 0,8 11,11 1,61
MELIACEAE Guarea macrophylla 4 370 1,41 14,81 2,42
PIPERACEAE Piper fuligineum 4 370 1,01 14,81 1,61
AQUIFOLIACEAE Ilex brasiliensis 4 370 0,8 14,81 1,61
PIPERACEAE Peperomia aff elongata 4 370 0,8 11,11 0,8
RUBIACEAE Psychotria carthagenensis
4 370 0,4 7,4 0,8
MYRSINACEAE Cybianthus densicomus 3 277 0,8 11,11 1,21
ICACINACEAE Citronella paniculata 2 185 0,6 7,4 1,21
CHLORANTHACEAE Hedyosmum brasiliense 2 185 0,4 7,4 0,8
EUPHORBIACEAE Pera glabrata 1 92 0,2 3,7 0,4
MELASTOMATACEAE
Miconia chamissois 1 92 0,2 3,7 0,4
RUBIACEAE Emmeorhiza umbellata 1 92 0,2 3,7 0,4
RUBIACEAE Morfo sp 1 1 92 0,2 3,7 0,4
RUBIACEAE Morfo sp 2 1 92 0,2 3,7 0,4
RUBIACEAE Palicourea macrobothrys 1 92 0,2 3,7 0,4
SAPINDACEAE Paullinia elegans 1 92 0,2 3,7 0,4
THYMELAEACEAE Daphnopsis racemosa 1 92 0,2 3,7 0,4
Indeterminada Morfo sp 3 1 92 0,2 3,7 0,4
Indeterminada Morfo sp 4 1 92 0,2 3,7 0,4
A família com maior riqueza em espécies foi Rubiaceae (6 espécies), seguida por
Myrsinaceae(3), Sapindaceae, Piperaceae, Meliaceae e Euphorbiaceae (2). As outras 17
famílias apresentaram uma única espécie cada (Figura 11).
101
Rubiaceae também ocupa posição de destaque em trabalhos desenvolvidos em matas
(Andrade 1992; Salis et al. 1996; Christianini 1999; Pinheiro et al. 2002; Bertoncini 2003;
Toniato & Oliveira-Filho 2004) e em cerrados (Cavassan 1990; Coral et al. 1991; Mantovani
& Martins 1993; Bertoncini 1996; Christianini & Cavassan 1998 e Weiser 2007). Segundo
Christianini & Cavassan (1998) e Gandolfi et al. (1995), espécies da família Rubiaceae
tendem a ocorrer com maior riqueza nos estratos inferiores de formações florestais.
0 10 20 30 40 50 60 70 80
% de espécies
OUTRAS
RUBIACEAE
MYRSINACEAE
MELIACEAE
EUPHORBIACEAE
PIPERACEAE
SAPINDACEAE
Famílias
Figura 11. Famílias com maior riqueza em espécies amostradas no estrato inferior da
mata de brejo de Bauru – SP.
As espécies que apresentaram maior densidade e freqüência relativas foram:
Calophyllum brasiliense, Anthurium pentaphyllum, Protium spruceanum, Ardisia ambigua,
Morta, Xylopia emarginata, Psychotria mapourioides, Geonoma brevispatha, Guarea
kunthiana e Dendropanax cuneatus (Figura 12).
O trabalho realizado com Calophyllum brasiliense por Marques & Joly (2000)
mostrou que se trata de uma espécie capaz de germinar após vários meses de submersão, ao
contrário da maioria das espécies florestais que perdem a viabilidade de suas sementes em
pouco tempo se submersas. Talvez, esta adaptação à sobrevivência das sementes possa
explicar os altos valores de densidade e freqüência destas espécies na mata estudada.
102
O índice de diversidade de Shannon (H’) para o estrato inferior foi de 2,92 e a eqüabilidade
segundo Jaccard foi 0,8. A densidade total foi de 45.833 ind.ha
-1
.
Apesar da diversidade para o estrato inferior (H’=2,92) ser, consideravelmente, maior
do que a apresentada para o estrato superior (H’=1,92), as espécies de forma de vida
herbáceas foram pouco expressivas nesta amostragem em número de espécies, comparadas
com as árvores e arbustos. Tal resultado era esperado uma vez que, neste estrato, encontram-
se tanto aquelas espécies adaptadas a ambientes umbrófilos em seu pleno desenvolvimento,
quanto àquelas plântulas de espécies, potencialmente, capazes de atingir os estratos superiores
quando adultas.
0 5 10 15 20 25 30
Valores de densidade e freqüência
Calophyllum brasiliense
Anthurium pentaphyllum
Protium spruceanum
Ardisia ambigua
Morta
Xylopia emarginata
Psychotria mapourioides
Guarea kunthiana
Rapanea gardneriana
Tapirira guianensis
Espécies
DR FR
Figura 12. Espécies com maiores valores de densidade e freqüência amostradas no
estrato inferior da mata de brejo de de Bauru – SP.
103
3.3 Similaridade entre os estratos
Neste estudo foram amostradas 26 espécies no estrato superior e 37 espécies no
inferior, uma diferença de 11 espécies (16,9%) que demonstra a maior riqueza do estrato
inferior. A densidade total também foi superior na amostragem do estrato inferior (45.833
ind.ha
-1
) do que no superior (6.022 ind.ha
-1
) (Tabela 7).
Tabela 7. Parâmetros florísticos e fitossociológicos dos estratos superior e inferior,
amostrados na mata de brejo de Bauru – SP.
Superior Inferior
Número de parcelas 27 27
Área das parcelas 100m
2
4m
2
Área total da amostra 0,27ha 0,0108ha
Densidade total (ha) 6.022 45.833
Número de espécies 26 37
Diversidade Shannon (H´) 1,92 2,92
Eqüabilidade Jaccard (J) 0,58 0,8
No entanto, se compararmos as espécies amostradas nos dois estratos, quanto às suas
formas de vida, podemos obter o resultado inverso, onde as espécies lenhosas (árvores e
arbustos) somam 28 espécies das 37 amostradas no estrato inferior. Isso pode indicar que as
espécies lenhosas são as mais adaptadas para sobrevivência nas condições de encharcamento
permanente da mata de brejo. Segundo Mantovani & Martins (1993), espécies do componente
herbáceo são mais sensíveis às mudanças de clima, solo, queimadas e diversos outros fatores
que atuam na região, o que gera maior variação do componente herbáceo do que do arbustivo.
Quando se comparam as famílias presentes nos estratos amostrados (Figura 13), pode-
se notar que estas tiveram valores de riqueza específica diferentes para os dois estratos.
Rubiaceae foi, consideravelmente, mais expressiva no estrato inferior, com 16,7% das
espécies, do que no estrato superior, onde foi a família responsável por 3,7% das espécies
amostradas. Isto se deve à grande quantidande de espécies dessa família, de forma de vida
arbustiva, presentes no subosque da mata. No entanto, o estrato superior não apresentou
grandes diferenças na riqueza específica das famílias nele amostradas. Meliaceae, com três
104
espécies (11%), foi a família com maior riqueza em espécies, não sendo representada no
estrato inferior pela espécie Cedrela odorata.
A maior riqueza em espécies das famílias amostradas no estrato inferior reflete a
maior diversidade encontrada neste estrato (H’ 2,92), em relação à diversidade do estrato
superior (H’ 1,92).
A similaridade calculada entre o estrato superior e o inferior foi de 54%, segundo
Jaccard. Este resultado destacou a alta similaridade qualitativa entre os estratos e revela ainda
o bom recrutamento de plântulas pelas espécies adultas.
A alta similaridade entre os dois estratos demostra que o estrato inferior é,
praticamente, constituído por indivíduos jovens do estrato superior, como indicaram Salis
et al. (1994) em trabalho com mata ciliar em Brotas - SP e Zickel (1995), em trabalho com o
estrato herbáceo com fragmentos de mata ciliar e mata de planalto em Brotas e Campinas
SP.
Através dos parâmetros fitossociológicos apresentados na Tabela 8 para as espécies
amostradas nos dois estratos, pode-se observar que das espécies amostradas no estrato
superior, com maiores valores de freqüência e densidade, apenas Calophyllum brasiliense,
Xylopia emarginata, Protium spruceanum, Dendropanax cuneatus e Rapanea gardneriana
também foram amostradas no estrato inferior entre os maiores valores para os mesmos
parâmetros. Tais resultados nos permitem sugerir que essas espécies parecem estar recrutando
seus descendentes de forma satisfatória. No entanto, espécies como Magnolia ovata, Tapirira
guianensis e Styrax pohlii, que se mostraram importantes no estrato superior, não tiveram
valores de freqüência e densidade relevantes no estrato inferior, podendo então não ser
representadas no futuro com os mesmos valores de importância.
Entretanto, as espécies Psychotria mapourioides, Guarea kunthiana, Geonoma
brevispatha, Ficus obtusiuscula, Guarea macrophylla e Eugenia florida, representadas com
pouca expressividade através dos valores de densidade e freqüência no estrato superior,
mostraram-se melhor representadas, com os mesmos parâmetros, no estrato inferior, o que
pode sugerir a melhora no recrutamento dos indivíduos jovens dessas espécies que poderão
estar mais bem representadas no futuro, neste mesmo fragmento.
105
Tabela 8. Parâmetros fitossociológicos das espécies amostradas nos estratos superior e
inferior da mata de brejo de Bauru SP, por ordem decrescente dos valores de
densidade do estrato inferior. N° de ind. = número de indivíduos; DR = densidade
relativa; FR = freqüência relativa; S = estrato superior; I = estrato inferior.
N° de ind.
DR FR
Espécies comuns aos dois estratos S
I
S
I
S
I
Calophyllum brasiliense 703
81
43,23
16,36
10,23
10,12
Protium spruceanum 71
55
4,37
11,11
8,33
7,28
Xylopia emarginata 148
17
9,1
5,05
9,85
4,45
Psychotria mapourioides 2
19
0,12
4,24
0,76
5,26
Guarea kunthiana 9
25
0,55
3,83
2,27
4,85
Tapirira guianensis 107
11
6,58
3,43
9,09
3,64
Rapanea gardneriana 26
12
1,6
3,43
5,68
4,85
Dendropanax cuneatus 51
17
3,14
3,23
7,2
3,23
Geonoma brevispatha 1
32
0,06
3,03
0,38
3,23
Magnolia ovata 319
15
19,62
2,42
10,23
4,04
Ficus obtusiuscula 6
16
0,37
2,22
1,52
3,64
Styrax pohlii 34
8
2,09
1,61
4,55
2,83
Guarea macrophylla 1
4
0,06
1,41
0,38
2,42
Eugenia florida 2
8
0,12
1,01
0,76
1,21
Ilex brasiliensis 5
4
0,31
0,8
1,89
1,61
Hedyosmum brasiliense 2
2
0,12
0,4
0,76
0,8
Miconia chamissois 11
1
0,68
0,2
2,27
0,4
A espécie Cedrela odorata foi a quarta espécie mais importante, segundo
levantamento fitossociológico do estrato superior (Figura 5), e não foi amostrada no estrato
inferior. O alto valor de importância desta espécie no estrato superior deve-se principalmente
à sua alta dominância, haja visto que os indivíduos desta espécie amostrados no levantamento
fitossociológico apresentaram os maiores valores de diâmetro, mas, representaram apenas
2,15% de todas as espécies amostradas. Além do baixo recrutamento de plântulas,
Cedrela
odorata é
uma espécie com alto valor econômico, procurada para corte e utilização de sua
madeira e com isso, mostrou-se uma espécie com a sobrevivência ameaçada nesta área.
Durante o trabalho de levantamento de dados em campo, foram encontrados, pelo menos, dois
indivíduos de Cedrela odorata, de grande diâmetro, cortados.
Algumas espécies de hábito arbóreo, foram amostradas no estrato inferior: Pera
glabrata, Sebastiana serrata, Citronella paniculata e Cybianthus densicomus. Tais espécies
106
apresentaram baixos valores de densidade (0,2 a 0,8) e freqüência (0,4 a 2,4) relativas (Tabela
6), o que pode revelar que essas espécies não se estabelecem nesse ambiente ou são plântulas
recém introduzidas, naturalmente, no fragmento e ainda não chegaram à fase adulta. Destas
espécies, apenas Pera glabrata foi encontrada em trabalhos de fragmentos de mata estacional
e cerrados adjacentes à mata de brejo em estudo (Cavassan 1990, Christianini 1999, Pinheiro
et al. 2002, Paschoal 2004 e Weiser 2007). Sebastiana serrata e Cybianthus densicomus
foram amostradas em matas de brejo de Itatinga (Ivanauskas et al. 1997) e Campinas (Spina
et al. 2001), respectivamente. Entretanto, Citronella paniculata foi uma espécie que não foi
amostrada nos trabalhos de mata de brejo do estado de São Paulo e nem nas matas estacionais
semidecíduas e cerrados adjacentes à área de estudo, listados na Tabela 2, Capítulo 1.
107
0 5 10 15 20
n° de espécies
OUTRAS
RUBIACEAE
MYRSINACEAE
MELIACEAE
EUPHORBIACEAE
PIPERACEAE
SAPINDACEAE
MYRTACEAE
MORACEAE
FABACEAE
Famílias
I S
Figura 13. Famílias com maior riqueza em espécies amostradas nos estratos inferior (I) e
superior (S), da mata de brejo de Bauru – SP.
108
4 Considerações finais
- A diversidade da mata de brejo estudada mostrou-se a mais baixa entre todas as matas de
brejo comparadas no estado de São Paulo. Isso se deve, principalmente, à baixa eqüabilidade
apresentada pela mata, onde apenas três espécies (Calophyllum brasiliense, Magnolia ovata e
Xylopia emarginata) foram responsáveis por 71, 95% da abundância dos indivíduos
amostrados.
- Embora o estrato superior seja, fisionomicamente, dominante na comunidade, este não
apresentou a maior riqueza em espécies deste tipo de mata. O estrato inferior deste fragmento
estudado é caracterizado por uma riqueza em espécie de plântulas maior do que a riqueza em
espécies do estrato superior.
- As espécies Calophyllum brasiliense, Xylopia emarginata, Protium spruceanum e
Dendropanax cuneatus foram amostradas com freqüência e densidade elevadas nos dois
estratos o que revela o sucesso do recrutamento de seus descendentes.
- Não apresentaram tanto sucesso no recrutameto dos descendentes as espécies Magnolia
ovata, Tapirira guianensis, Rapanea gardneriana e Styrax pohlii, que foram encontradas com
baixos valores de abundância no estrato inferior, ao contrário do estrato superior. Cedrela
odorata, no entanto, não foi encontrada no estrato inferior, apesar de seu alto valor de
importância no estrato superior, o que indica uma possível diminuição na abundância dessa
espécie.
- Os resultados obtidos reforçam a necessidade de se incluir matas de brejo do interior do
estado de São Paulo como áreas prioritárias de conservação. A possibilidade da definição
segura de um conjunto característico e a indicação de que tais ambientes podem abrigar
espécies endêmicas como parece ser o caso de Xylopia emarginata, reforçam tal necessidade.
109
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___________________________________________________________________________
Normas Bibliográficas utilizadas: Revista Brasileira de Botânica. Instruções aos autores. ISSN 1806-9959 versão
on line. Acesso 31/01/2007.
116
ANEXO
Anexo 1 Análise química de macronutrientes do solo da mata de brejo de Bauru SP.
.M.O. = matéria orgânica; SB = soma de bases; CTC = capacidade de troca catiônica,
V% = saturação de bases.
AMOSTRA(S)
pH M.O. P
resina
Al
3+
H+Al
K Ca Mg SB CTC
V%
CaCl
2
g/dm
3
mg/dm
3
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
mmol
c
/dm
3 _ _ _ _ _
1 4,6 87 17 3 90 2,5
59 15 76 166
46
2 4,6 67 32 4 92 1,3
37 11 49 141
35
3 4,6 87 13 4 91 2,6
46 14 63 154
41
4 4,7 46 2 4 57 1,3
24 9 34 91 37
5 4,4 77 7 ---
95 2,8
23 10 36 131
28
6 4,4 45 2 8 73 1,0
15 6 22 95 23
7 4,5 62 8 6 83 2,6
25 11 38 121
32
8 4,4 73 7 10 89 2,1
16 8 27 116
23
9 4,8 91 17 3 75 4,0
49 16 69 144
48
10 4,3 138 11 13 136
3,9
39 17 60 196
30
11 4,8 134 11 4 80 3,9
41 16 61 140
43
12 4,4 134 5 11 114
3,1
24 14 41 155
27
13 5,0 116 10 2 59 3,2
49 12 64 123
52
14 4,7 120 8 4 83 3,5
52 15 70 153
46
15 4,7 101 8 4 80 3,1
30 11 45 125
36
16 4,5 102 4 8 78 1,9
18 8 29 106
27
17 4,6 88 9 6 82 2,6
27 11 41 123
33
18 4,3 110 6 19 132
2,1
27 12 42 174
24
19 4,6 79 10 4 60 1,8
20 7 28 88 32
20 4,2 57 10 12 90 1,2
13 5 19 109
17
21 4,4 145 19 7 105
3,6
39 14 56 161
35
22 4,4 124 14 9 108
2,2
29 11 43 151
28
23 4,6 130 16 4 79 3,8
54 16 74 153
48
24 4,6 122 15 5 104
3,1
53 18 75 178
42
25 4,5 147 20 9 121
5,7
42 17 65 186
35
26 4,1 116 12 24 166
4,6
18 11 34 200
17
27 4,3 95 9 13 114
2,2
24 11 37 151
25
28 4,7 187 23 5 87 6,4
65 21 93 179
52
117
ANEXO
Anexo 2 Análise de química de micronutrientes do solo da mata de brejo de Bauru
SP.
BORO COBRE FERRO MANGANÊS ZINCO
Amostras
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
mg/dm
3 _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
1 0,52 4,7 452 16,7 2,2
2 0,07 9,3 460 17,2 2,9
3 0,39 5,2 492 16,2 2,2
4 0,17 6,8 557 17,2 1,0
5 0,25 0,8 609 1,6 0,3
6 0,17 4,2 466 9,1 1,3
7 0,19 2,7 491 11,5 2,1
8 0,30 0,6 583 2,7 0,02
9 0,27 1,8 604 5,0 1,6
10 0,38 2,9 559 1,4 1,1
11 0,31 0,3 632 3,4 0,1
12 0,26 0,4 570 1,8 0,02
13 0,30 1,5 607 3,4 1,0
14 0,22 1,8 600 1,1 0,5
15 0,30 1,2 622 2,3 0,8
16 0,29 1,1 601 1,7 0,3
17 0,30 0,5 616 2,0 0,2
18 0,38 1,3 544 1,4 0,2
19 0,32 1,1 604 6,2 1,0
20 0,35 1,2 633 1,1 0,6
21 0,36 1,4 615 2,2 0,5
22 0,25 2,1 586 1,8 1,0
23 0,37 1,3 621 2,3 0,4
24 0,27 2,2 577 1,2 0,7
25 0,50 0,5 592 3,0 0,04
26 0,32 1,3 508 1,1 0,3
27 0,28 3,1 564 0,8 0,5
28 0,79 0,6 607 3,6 0,1
118
ANEXO
Anexo 3 – Análise física, granulométrica, do solo da mata de brejo de Bauru – SP.
AMOSTRAS
AG AF Areia/T Argila Silte Arg. Nat.
Textura
g/Kg do Solo
1 ---- ---- 525 225 250 ----- Média
2 ---- ---- 590 277 133 ----- Média
3 ---- ---- 474 302 224 ----- Média
4 ---- ---- 714 163 123 ----- Média
5 ---- ---- 595 239 166 ----- Média
6 ---- ---- 796 127 77 ----- Arenosa
7 ---- ---- 571 299 130 ----- Média
8 ---- ---- 613 285 102 ----- Média
9 ---- ---- 687 195 118 ----- Média
10 ---- ---- 341 342 317 ----- Média
11 ---- ---- 299 378 323 ----- Argilosa
12 ---- ---- 350 303 347 ----- Média
13 ---- ---- 243 296 461 ----- Média
14 ---- ---- 202 413 385 ----- Argilosa
15 ---- ---- 376 275 349 ----- Média
16 ---- ---- 199 454 347 ----- Argilosa
17 ---- ---- 767 164 69 ----- Média
18 ---- ---- 395 426 179 ----- Argilosa
19 ---- ---- 793 160 47 ----- Média
20 ---- ---- 607 274 119 ----- Média
21 ---- ---- 468 280 252 ----- Média
22 ---- ---- 341 401 258 ----- Argilosa
23 ---- ---- 349 239 412 ----- Média
24 ---- ---- 228 357 415 ----- Argilosa
25 ---- ---- 338 280 382 ----- Média
26 ---- ---- 139 460 401 ----- Argilosa
27 ---- ---- 422 228 350 ----- Média
28 ---- ---- 231 402 367 ----- Argilosa
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