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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO
FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PERNAMBUCO
MICHELLE MARIE TINÉ OLIVEIRA BORBA
ANSIEDADE, DOR E DESCONFORTO RELACIONADO À
SAÚDE BUCAL EM CRIANÇAS MENORES DE 5 ANOS NA
CIDADE DO RECIFE.
CAMARAGIBE
2006
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2
MICHELLE MARIE TINÉ OLIVEIRA BORBA
ANSIEDADE, DOR E DESCONFORTO RELACIONADO À
SAÚDE BUCAL EM CRIANÇAS MENORES DE 5 ANOS NA
CIDADE DO RECIFE
Dissertação apresentada ao curso de pós-
graduação ao programa de odontologia,
nível mestrado da Faculdade de Odontologia
de Pernambuco, como requisito parcial
para obtenção do grau de Mestre. Área
de concentração: Odontopediatria
ORIENTADORA: Prof° Dra. Viviane Colares.
CAMARAGIBE
2006
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3
AGRADECIMENTOS
4
AGRADECIMENTOS
Te agradeço senhor Jesus pela graça
que me concedeu em concluir o
mestrado. Obrigada pela garra, força
de vontade, saúde, fé e determinação
para que nunca desistisse, mesmo nos
momentos mais diceis do curso.
Agradeço de forma especial ao meu
esposo, Roberto Borba, que
esteve do meu lado em
todas as etapas deste curso
e a minha família, pelo
incentivo desta longa caminhada.
Agradeço de coração a minha
orientadora, prof° Dr. Viviane Colares,
que com sua doçura e dedicação
me ensinou a aprender com os erros
e a seguir em frente nesta trajetória
acadêmica.
Agradeço a Ana Carla e a
Kildare,pela gentileza
da
imagem de seu filho,
Lucas,em minha
dissertação.
5
Agradeço com carinho
as professoras, Cíntia Katz
e Thayza Stamford pela ajuda
na dissertação.
Agradeço a colaboração da
Secretaria de Saúde do
Estado de Pernambuco
pelo consentimento para a
realização deste projeto.
Agradeço as crianças
e os responsáveis pela
participação na coleta de
dados, durante a campanha
de vacinação/ 2006.
Agradeço as minhas orientadas
Amanda Campioni e
Lenilda Fabrícia
pela ajuda na dissertação.
Agradeço também a todos
os alunos de Graduação da FOP
que contribuíram nesta coleta de dados.
6
RESUMO
7
RESUMO
Este trabalho teve como objetivo avaliar a ansiedade e/ ou medo, dor e/ ou
desconforto relacionado á saúde bucal em crianças menores de 5 anos. Esta pesquisa foi
realizada durante a Campanha Nacional de Vacinação de 2006. A amostra constou de 2735
crianças, de ambos os sexos, que compareceram para receber a vacina nos postos de saúde
na cidade de Recife. Os dados foram obtidos através da aplicação de um questionário em
forma de entrevista com os responsáveis pelas crianças e observação do comportamento da
criança durante exame clínico odontológico em posição joelho-joelho. Com relação ao medo
e/ou ansiedade, utilizou-se o Dental Anxiety Question (DAQ) para avaliar a ansiedade da
criança e do responsável. Com relação ao comportamento da criança, registrou-se
manifestações comportamentais como choro, movimentos de recusa, movimentos de fuga,
expressões verbais de medo e/ou ansiedade, expressões faciais de medo e/ou ansiedade,
entre outros. Verificou-se, um percentual de 9,1% de histórico de odontalgia e 34,75% de
medo odontológico na população estudada, havendo associação entre essas duas variáveis
(p <0,0001). Um percentual significativo dos responsáveis afirmou ter medo relacionado à
experiência odontológica (26,9%); observando-se associação entre ansiedade materna e
ansiedade da criança em relação ao tratamento odontológico (p= 0,0051). A ansiedade
odontológica da criança também esteve associada ao seu comportamento durante o exame
odontológico (p< 0,0001). Entre os comportamentos observados, os mais freentes foram:
choro (21,38%), movimento de recusa (14,2%) e movimento de fuga (10,76%). Conclui-se
que o medo odontológico esteve associado ao histórico de odontalgia, assim como ao
comportamento não cooperativo durante exame clínico entre as crianças menores de 5 anos
de idade.
Descritores: Ansiedade ao tratamento odontológico. Odontalgia. Criança
Normas da Abnt- NBR 6028- Nov 2003.
8
ABSTRACT
9
ABSTRACT
The purpose of this study was to evaluate anxiety, pain and / or to
discomfort related to oral health in children under the age of five years. This study
was carried out during the 2006 National Childrens Vaccination Campaign. The
sample consisted of 2735 children, of both sexos, who received the vaccine at
health posts in the city of Recife. The data were obtained through the application
of a questionnaire in the form of an interview with childs the parent or guardian
and observation of its behavior during the dental examination in the knee-knee
position. With relation to fear and / or anxiety, the Dental Anxiety Question (DAQ)
was used to evaluate the anxiety of the child and that of the parent or guardian
with relation to the childs behavior, behavioral manifestations such as crying,
movements of refusal, movements of escape, verbal expressions of fear and / or
anxiety, facial expressions of fear and / or anxiety, among others. A history of
dental pain and of dental fear were found in 9,1% and 34,75% respectively, of the
sample studied and there was an association between these two variables (p<
0,0001). A significant percentage of the parents or guardians stated that they
experienced fear related to the dental experience (26,9%) and an association was
observed between the parent or guardians anxiety and that of the child in relation
to dental treatment (p= 0,0051). The childs anxiety was also associated with its
behavior during the dental examination (p< 0,0001). The most frequently observed
behaviors were crying (21,38%), movement of refusal (14,2%) and movement of
escape (10,7%). It was concluded that dental fear was associated with a history of
toothache, as well as uncooperative behavior during the dental examination
among children under five years of age.
Keywords: Dental anxiety. Toothache. Children
10
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
11
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Quadro 01- Distribuição dos estudos nacionais e internacionais sobre a prevalência
da ansiedade odontológica............................................................................ p.
28
Quadro 02- Distribuição dos estudos sobre prevalência de odontalgia........................... p. 33
Quadro 03- Unidades de sde selecionada para o dia 10 de junho................................ p. 41
Quadro 04- Unidades de saúde selecionada para o dia 26 de agosto............................... p.
42
Figura 01- Mapa das regiões político-administrativas (RPAs)....................................... p. 39
Figura 02- Entrevista com o responvel......................................................................... p.
44
Figura 03- Criança durante o exame clínico intrabucal................................................... p. 45
Figura 04- Comportamento de choro durante o exame.................................................... p.
56
Figura 05- Comportamento da criança antes e durante o exame clínico......................... p. 56
12
Normas da Abnt- NBR 14724- DEZ 2005.
LISTA DE TABELAS
13
LISTA DE TABELAS
Tabela 01- Distribuição dos estabelecimentos de saúde e doses aplicadas da vacina de
poliomielite em crianças de zero a 4 anos de acordo com as RPAs da
cidade do Recife, no ano de 2005...................................................................p.
40
Tabela 02- Distribuição das crianças pesquisadas segundo as variáveis: idade, sexo, renda
familiar (salário mínimo) e responsável..........................................................p.
49
Tabela 03- Distribuição das crianças e de seus responsáveis segundo a variável medo
odontológico...................................................................................................p.
50
Tabela 04- Distribuição das crianças segundo a associação entre o medo odontológico da
criança e do responvel..................................................................................p.
50
Tabela 05- Associação entre o medo odontológico da criança com a faixa etária, sexo e
renda familiar..................................................................................................p.
51
Tabela 06- Distribuição das crianças segundo a justificativa ou ausência ao dentista.....p. 52
Tabela 07- Distribuição das crianças segundo a associação entre o medo odontológico da
criança e comportamento da criança durante o exame intrabucal..................p.
53
Tabela 08- Distribuição das crianças segundo o comportamento durante o exame clínico
14
intrabucal........................................................................................................p.
54
Tabela 09- Distribuição das crianças segundo a associação entre o medo odontológico da
criança e a odontalgia......................................................................................p.
54
Tabela10- Distribuição das crianças segundo a experiência de odontalgia relacionando
faixa etária, sexo, renda familiar e avaliação pelo responvel da saúde bucal da
criança..............................................................................................................p.
55
Tabela 11- Distribuição das crianças segundo o comportamento durante o exame intrabucal
relacionado a odontalgia.................................................................................p.
57
Normas da Abnt- NBR 14724- Dez 2005.
15
SUMÁRIO
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................................................p.
17
2 REVISTA DA LITERATURA................................................................................... p.
19
2.1 OS PRIMEIROS ANOS DA INNCIA..............................................................p.
19
2.2 AS EMOÇÕES DA CRIANÇA NO CONSULRIO ODONTOLÓGICO........p. 22
2.2.1 Ansiedade e/ ou medo associado ao tratamento odontológico................p.
22
16
2.2.2 Ansiedade infantil X Ansiedade materna................................................ p.
25
2.2.3 Prevalência da ansiedade odontológica................................................... p.
28
2.3 A DOR NOS PRIMEIROS ANOS DA INFÂNCIA............................................ p.
30
2.3.1 Dor associado ao tratamento odontológico..............................................p.
32
2.3.2 Prevalência da odontalgia nos primeiros anos da infância....................,p.
33
2.4 O MEDO DA DOR EM ODONTOLOGIA.......................................................... p.
34
3 PROPOSIÇÃO.............................................................................................................p.
37
3.1 OBJETIVO GERAL........................................................................................p.
37
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS..........................................................................p.
37
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS............................................................ p.
39
4.1 ÁREA DE ESTUDO...................................................................................... p.
39
4.2 POPULAÇÃO DE ESTUDO E PERÍODO DE REFERÊNCIA....................p.
40
4.3 TAMANHO DA AMOSTRA.........................................................................p.
41
4.4 CRITÉRIOS DE EXCLUO........................................................................p.
42
4.5 DESENHO DE ESTUDO.............................................................................. p.
43
4.6 COLETA DE DADOS....................................................................................p.
17
43
4.7 DINÂMICA NO DIA DA VACINAÇÃO......................................................p.
43
4.8 INSTRUMENTOS DE COLETAS DE DADOS............................................p.
45
4.9 PROCESSAMENTO DE DADOS E ALISE ESTATÍSTICA................. p.
46
4.10 ESTUDO PILOTO........................................................................................p.
47
4.11 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS.......................................................................p.
47
5 RESULTADOS.............................................................................................................p.
49
6 DISCUSSÃO.................................................................................................................p.
59
7 CONCLUSÕES............................................................................................................p.
64
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................p.
66
ANEXOS.......................................................................................................................p.
73
18
Normas da Abnt- NBR 6027- Maio 2003.
19
INTRODUÇÃO
1 INTRODUÇÃO
A odontologia com seu visível avanço nos últimos anos caracteriza-se por oferecer
aos pacientes tratamento rápido e indolor, mas ainda é vista como a especialidade que
acarreta aos pacientes sensações de ansiedade, medo, dor e desconforto.
A ansiedade infantil, que em geral, acompanha o tratamento odontológico, tem sido
objeto de estudo, por sua complexa e multifatorial etiologia. A ansiedade varia
quantitativamente e qualitativamente de criança para criança, pois cada indivíduo tem sua
história individual, sujeito a experiências odontológicas anteriores, contexto
sócio-econômico e cultural. Os pacientes não temem em ir ao consultório por causa do
dentista, mas porque este pode produzir ou induzir a dor. Desse modo, quando o medo e a
ansiedade são modificados também se modifica a percepção da dor (COSTA RANK et al,
2005).
20
A dor é um fenômeno altamente complexo, possuindo interações físicas, químicas,
humorais, afetivas, cognitivas, psicológicas, comportamentais e de elementos sociais. A dor
de dente e seu impacto psicossocial podem ser valiosos indicadores de saúde por meio de
uma visão subjetiva e comportamental (BARRÊTO; FERREIRA & FERREIRA;
PORDEUS, 2005).
A criança é constantemente tratada como uma miniatura de adulto, um ser
imaturo ou indefeso. Entretanto Josgrilberg; Cordeiro (2005) a definiram como um ser
humano de pouca idade, menino ou menina, o que implica numa complexidade muito
maior. Cada criança é um indivíduo único que vive de forma diferente suas experiências,
com condições de superar dificuldades durante o seu amadurecimento. É essencial
compreender a criança de forma dinâmica, conforme a fase do desenvolvimento, com
mudanças constantes quanto à capacidade de entender e reagir a estímulos; avaliando seu
grau de aprendizagem e raciocínio, de forma a entender sua capacidade de se adaptar às
mais diversas situações.
Considerando a carência de informões no que diz respeito à ansiedade e dor
relacionados ao tratamento odontológico infantil, em especial nos primeiros anos de vida; o
presente estudo tem como objetivo avaliar a ansiedade, dor e/ ou desconforto associado à
saúde bucal em crianças menores de 5 anos na cidade do Recife.
21
REVISTA DA
LITERATURA
2 REVISTA DA LITERATURA
A presente pesquisa bibliográfica foi desenvolvida através da análise documental da
produção bibliográfica, obtida através das bases de dados LILACS e MEDLINE,
vinculados à biblioteca virtual bireme (http://www.bireme.br). Foram utilizados os seguintes
descritores: ansiedade ao tratamento odontológico e odontalgia. Como limites do tema,
adotaram-se as citações com resumo, para que se pudesse fazer a primeira análise dos
artigos. Os critérios para inclusão dos estudos foram: discorrer sobre a ansiedade
odontológica e dor de dentes em crianças menores de 5 anos; terem sido escritos nos
idiomas inglês, português ou espanhol; e publicados no período de 1994 a 2006. Este
trabalho ainda teve o suporte de livros que tratam dos assuntos relacionados ao tema
proposto. Foram encontradas 1506 referências e selecionados 40 trabalhos publicados.
22
Na base de dados LILACS, encontrou-se 92 referências utilizando-se o descritor
ansiedade ao tratamento odontológico, porém ao utilizar a palavra criança para refinar a
busca, chegou-se a 25 referências. Com o descritor odontalgia, encontrou-se 63
referências, porém ao refinar a busca com a palavra criança não foi encontrado nenhum
estudo. Na MEDLINE, encontrou-se 794 referências utilizando-se o descritor ansiedade
ao tratamento odontológico, porém ao utilizar a palavra criança para refinar a busca,
encontrou-se 293 referências, das quais 12 apresentavam resumo e temática do estudo. Com
o descritor odontalgia, encontrou-se 557 referências, porém ao refinar a busca com a
palavra criança, encontrou-se 86 referências, das quais 3 apresentavam resumo e temática
do estudo.
Como primeira análise, pode-se considerar que o tema proposto está pouco
explorado na literatura científica, em especial na faixa etária investigada.
2.1 OS PRIMEIROS ANOS DA INFÂNCIA
Designa-se primeira infância o período que vai do nascimento até o 3º ano de vida.
No final desse período, as emoções vão estar no auge de sua maturidade. Ao nascer, o bebê
possui um mecanismo emocional pobre, sem ou com pouca atividade no lóbulo frontal do
cérebro. Inicialmente, nos primeiros anos, o sistema límbico do cérebro, responsável pelas
emoções, ainda encontra-se em pleno desenvolvimento e a imaturidade do sistema nervoso
infantil caracteriza as reações da criança ao mundo exterior. Posteriormente, iocorrer a
maturação do córtex cerebral, sendo que a principal diferenciação das células nervosas é
feita até os três anos de idade. Em paralelo a esse desenvolvimento, ocorre o aprendizado da
linguagem e, com isso, a comunicação se torna mais organizada e coerente e seus
sentimentos podem ser expressos verbalmente (CORRÊA, ULSON, 2002).
O desenvolvimento da criança não ocorre de forma regular, caracterizando-se por
períodos de transformação lenta e gradual em que mudanças ocorrem subitamente. Pinkham
(1996) denominou esses períodos de mudanças súbitas de crises de desenvolvimento,
sendo que a primeira crise ocorre em torno do final do primeiro ano; a segunda crise, em
torno do final do terceiro ano, e a terceira crise, em torno do final do sétimo ano de vida da
criança.
23
Em cada etapa, a criança apresenta a atividade determinante das principais
características psíquicas daquela fase, em que: no primeiro ano, a atividade principal é a
relação emocional com o adulto. Na primeira infância, a atividade com objetos predomina e,
na fase pré-escolar, é lúdica (COLARES; ROSENBLATT, 1998).
No primeiro ano de vida, a percepção da realidade da criança gira em torno dela
mesma e do que pode ver ou tocar, esse é um estágio de simbiose com a mãe, durante o
qual, os limites entre a mãe e o bebê são indistintos. Esta interação é muito positiva e crucial
no processo de ligação bidirecional conhecida como vínculo (COLARES et al, 2002).
Crianças com idade entre 1 e 2 anos não possuem um efetivo mecanismo de controle
interno, sendo as crises de birra normais. Aos 3 anos, a criança gosta de usar a palavra
não, quando quer se opor a determinada orientação dos adultos. (PINKHAM, 1996).
Ao final dos 3 anos, a criança passa a elaborar muitas perguntas utilizando como e
porque, assim como apresenta alguma facilidade para interagir com outros adultos, além
dos pais, e as interações sociais são fortalecidas (COLARES et al, 2002).
Existem evidências de que os recém-nascidos podem experimentar sensações de dor,
toque e mudanças na posição do corpo. Como uma regra geral, no primeiro ano de vida de
uma criança, os adultos atribuem as emoções da criança, segundo a sua própria emão,
levando a uma grande variedade de interpretações. Porém, os bebês são capazes de
apresentar comportamento medroso, assim como raiva ou frustração. À medida que a
criança se aproxima de seu primeiro ano de vida, pode-se observar tristeza pela separação
dos pais. A certeza e a insegurança são um par de elementos que emergem cedo na infância
e podem levar ao medo ou à falta deste (PINKHAM, 1996).
É válido ressaltar, que durante muito tempo, pensava-se que os recém-nascidos não
sentiam dor da mesma forma que as crianças mais velhas e os adultos, por terem o sistema
nervoso central imaturo, além de não terem o mesmo tipo de dor severa ou crônica como os
adultos. Essas concepções mudaram e, atualmente, sabe-se que os recém-nascidos e crianças
pequenas sentem dor. Os centros cerebrais vitais estão desenvolvidos o suficiente até mesmo
no neonato imaturo, para manter a função do sistema nervoso central. Mas, em qualquer
que seja a situação, a dor é maior do que um simples processo neurofisiológico, havendo a
interferência de fatores sociais, psicológicos e culturais (BARBOSA et al, 2005).
A criança, ao expressar os medos, pode concretizar uma maneira de pedir ajuda.
24
Sentir medo é parte da infância normal, sendo a expressão da necessidade de depenncia,
que ocorre em determinadas épocas da vida e está ligada às quatro dimensões do
desenvolvimento da criança: a físico-motora, a cognitiva, a emocional e a social
(KLATCHOIAN; TOLEDO, 2005; COLARES et al, 2002).
Os medos apresentados nos primeiros doze meses de vida têm como base dois
elementos: vulnerabilidade e biologia. Esses medos fundamentam-se na necessidade que o
bebê tem de estar próximo da mãe, ou da pessoa que dele cuida. A tarefa de distinguir a mãe
do pai e dos outros começa cedo, entre 7 e 12 meses de idade e constitui as primeiras
demonstrações dos bebês de identificar as pessoas importantes na sua vida (PINKHAM,
1996).
A ansiedade da separação é facilmente controlada pela maioria das crianças por volta
dos 32 a 40 meses de idade (PINKHAM, 1996).
Durante o segundo ano de vida, a criança poderá ter medo do escuro, ruídos altos,
como caneta de alta rotação, sirenes, aspiradores de pó, trovões. Persistem ainda os medos
da separação, estranhos, podendo surgir medo de animais, pediatra e odontopediatra. É
preciso que os pais ofereçam segurança e limites à criança. Por exemplo, a experiência com
o dentista poderá ser assustadora, mas os pais poderão ajudar a criança a readquirir
confiança, fazendo com que ela supere os medos (KLATCHOIAN; TOLEDO, 2005).
Os medos no terceiro ano de vida evoluem paralelamente ao desenvolvimento da
criança em suas quatro dimensões do desenvolvimento (a físico-motora, a cognitiva, a
emocional e a social). A criança está testando o seu poder, usando a imaginação para brincar
e usando o não. Persistem ainda os medos frente ás mudanças, animais, separação dos
pais, estranhos, uso do banheiro, sendo que a causa do medo poderá mudar a qualquer
instante (KLATCHOIAN; TOLEDO, 2005).
A idade de três a seis anos, freqüentemente, é referida em nossa sociedade como o
período pré-escolar. Do ponto de vista cognitivo, estes anos representam uma fase de
mudanças enormes, quando a capacidade de racionio cresce de maneira substancial. A
criança adquire a habilidade de pensar simbolicamente e representá-la em forma de imagens
(PINKHAM, 1996).
O medo de estranhos, separação dos pais e novas experiências diminuem ao redor
dos três anos de idade até o ponto em que a criança pode enfrentar novas situações sociais e
25
suas conseqüências emocionais. O processo de autocontrole e controle das emões, como
a frustração e o medo, desenvolve-se de forma dramática na fase pré-escolar, e é paralela a
um processo de socialização igualmente dramática. Uma diferença importante entre a
criança na primeira infância, até 3 anos de idade, e a fase pré-escolar é o desenvolvimento
do autocontrole (PINKHAM, 1996).
2.2 AS EMOÇÕES DA CRIANÇA NO CONSULTÓRIO ODONTOLÓGICO
2.2.1 Ansiedade e/ ou medo associado ao tratamento odontológico.
A ansiedade é entendida como uma resposta a situações nas quais a fonte de ameaça
ao indiduo não está bem definida, é amgua ou não está objetivamente presente. A
ansiedade implica na ocorrência de uma condição aversiva ou penosa, algum grau de
incerteza ou dúvida e alguma forma de impotência do organismo em uma dada conjuntura
(SINGH; MORAES; BOVI AMBROSANO, 2000). A ansiedade também agrava o
sofrimento psicológico causado pela dor (KANEGANE et al, 2003).
O medo é uma emoção primária e poderosa que alerta sobre o perigo iminente, em
relação a um objeto ou situação. Quando o perigo é reconhecido, o indivíduo reage com um
conjunto de respostas comportamentais e neurovegetativas acompanhadas de uma
experiência desagradável. No entanto, o medo e a ansiedade são tão íntimos que não podem
ser separados (KANEGANE et al, 2003).
A ansiedade é um fenômeno que pode ser caracterizado por sentimentos subjetivos
de tensão, apreensão, nervosismo e preocupação que são experimentados por um indivíduo
em um momento particular. Um dos atributos da ansiedade é seu caráter de resposta a
alguma ameaça, e neste sentido, está intimamente relacionada ao medo, sendo que a
diferença entre o medo e a ansiedade parece ser apenas a intensidade (FERREIRA et al,
2004).
No Brasil, o medo relacionado à saúde bucal precisa ser melhor discutido,
principalmente em vel de saúde pública, devido ao fato de não ter estudos nessa área.
Quando o medo não é avaliado precocemente, pode levar o adulto a evitar o
26
cirurgião-dentista, além de transmitir esse medo aos seus familiares, podendo resultar em
danos à saúde oral, levando o indivíduo ao desconforto, dor, desordens funcionais, além de
abalar seu equibrio estético (QUELUZ, 1999; GONÇALVES et al, 2003).
O impacto emocional, os medos e as fantasias gerados pelo atendimento
odontológico devem ser considerados pelo profissional, pois a forma pela qual a criança
elabora internamente essa experiência é decisiva na formação de suas futuras expectativas e
reações frente à situação odontológica. A ansiedade pode ser caracterizada como um estado
de medo, mal-estar, insegurança e, freqüentemente, com a sensação de que algo
desagradável pode ocorrer (CARACIOLO; COLARES, 2004).
O medo e a ansiedade estão presentes em diferentes graus e em mais da metade dos
pacientes infantis, e são responsáveis, em grande parte, pela falta de cuidado da saúde oral
(OLIVEIRA et al, 2003).
Borges (2002) afirmou que as pessoas não nascem com medo do dentista, a
associação de medo e odontologia desenvolve-se ao longo do processo de socialização e das
experiências de aprendizagem. Na busca da etiologia do medo odontológico, o mesmo
autor verificou que as experiências anteriores negativas no consultório odontológico
representam o fator mais significativo do medo odontológico. Considerando como
experiência negativa, a ocorrência de dor intensa ou de uma situação alarmante ou mesmo
de uma relação negativa com o profissional.
Uma criança medrosa ou dominada pela ansiedade, com a perspectiva de uma visita
desagradável, provavelmente vivenciará a experiência odontológica de modo diferente de
uma criança com baixo nível de medo ou ansiedade. A ansiedade e o medo afetam o
comportamento e, de certo modo, determinam o sucesso da consulta odontológica
(FEITOSA; COLARES, 2003).
Vários estudos têm demonstrado diferenças nas prevalências da ansiedade
odontológica entre os sexos, sendo que as meninas normalmente são mais ansiosas que os
meninos; e que a ansiedade declina com o passar dos anos. De modo geral, é aceito que o
medo da dor, a partir de uma experiência desconfortável no passado, é o fator principal da
causa da ansiedade odontológica e é responsável pela maioria dos casos de pacientes que
evitam o tratamento odontológico (FERREIRA et al, 2004).
Considerada uma síndrome psicossomática, o medo e/ ou ansiedade vem
27
acompanhada de manifestações fisiológicas (náusea, vômitos, palpitações, tremores,
sudorese, dor abdominal, enurese e rubor facial), comportamentais (esquiva ou
comportamentos de fuga, choro, voz trêmula, roer as unhas e sucção digital) e cognitivas
(expreso verbal de medo) (CARACIOLO; COLARES, 2004).
O medo de dentista pode aumentar a duração do tratamento odontológico e produzir
resultados aquém do esperado. As crianças exibem comportamentos de fuga ou esquiva que
podem estar relacionadas à situação de tratamento odontológico. Estudo realizado por
Moraes et al (2004) investigou as principais fontes de medo na infância, inclusive medo de
dentista, utilizando-se uma versão adaptada do Childrens Fear Survey Schedule
(CFSS-R). O instrumento foi aplicado a 549 crianças divididas em três grupos: G1- crianças
de escola particular, G2- crianças de escola pública e G3- crianças de escola pública que
foram avaliadas durante o tratamento odontológico. Observaram-se escores mais elevados
de medo para meninas, quando comparados a meninos. Considerando todos os grupos, a
injeção foi o quinto estímulo de medo para G3, o oitavo para G1 e o décimo quarto para
G2. Itens de relações familiares, como discussão entre os pais, pais que gritam com a
criança e ouvindo meus pais discutindo, foram considerados geradores de medo. Com
relação ao medo de dentista, observou-se que crianças que estavam em tratamento
odontológico, apresentaram medo mais elevado quando comparado as crianças que não
estavam realizando tratamento. Os autores sugeriram que conflitos familiares podem
contribuir para o desenvolvimento de transtornos emocionais nas crianças.
No bebê, o choro é um comportamento adaptativo universal, além da mais eficiente
forma de comunicação de que dispõe. Existem pelo menos seis tipos de choro na criança
muito nova: fome, dor, cólicas, tédio, desconforto e desabafo depois de um dia estressante.
No consultório odontológico, o choro poderá ter várias causas, como apreensão (tensão),
birra, medo do tratamento ou desconhecido (KLATCHOIAN; TOLEDO, 2005).
Em relação à odontologia, o medo e a ansiedade podem trazer várias conseqüências
negativas resultando em visitas irregulares ou, até mesmo, no não comparecimento ao
atendimento odontológico, podendo também interferir no tratamento odontológico
(CARACIOLO; COLARES, 2004).
2.2.2 Ansiedade infantil x Ansiedade materna
28
Muitos fatores podem influenciar o comportamento da criança no consultório
odontológico, como idade, sexo, posição na escala de filhos, nível socioeconômico, saúde
bucal, entre outros. De acordo com Feitosa; Colares (2003) observam-se uma associação
significativa entre o comportamento negativo da criança no consultório odontológico e as
variáveis: idade da criança, educação dos pais ou responsáveis, problemas comportamentais
ou de aprendizagem, ansiedade dos pais ou responsáveis, saúde bucal, problemas gerais de
saúde, história de hospitalização e histórico odontológico.
Faraco; Delbem; Percinoto (1994) através de um estudo com relação à influência do
acompanhante, concluíram que crianças, na faixa etária de dois a cinco anos, mantêm uma
dependência da mãe, quando sua presença na sala clínica trará mais segurança,
permanecendo como elemento de apoio psicológico.
Com poucas exceções, a maioria das pesquisas estabelece uma significativa
correlação entre ansiedade materna e comportamento cooperador da criança na primeira
consulta. Os dados científicos revelam que crianças de todas as idades podem ser afetadas
pela ansiedade materna, mas o efeito é maior naquelas com menos de 4 anos de idade. Isto
pode ser justificado à estreita simbiose criança-genitor, que começa na infância e diminui
gradualmente com o passar do tempo. A ansiedade materna e a presença de dor são fatores
que mais influenciam o comportamento da criança na primeira consulta (FEITOSA;
COLARES, 2003).
A ansiedade materna é caracterizada pela preocupação exagerada e constante pelo
bem-estar físico da criança. Os pais atribuem gravidade a qualquer leve sinal de mal-estar
que a criança manifeste. A ansiedade vem sempre acompanhada por atitudes de
superproteção com dominação. Esses pacientes no consultório resistem ao tratamento
odontológico, e reagem com agressividade ou com muito choro, manhas e dengos, com o
intuito de dominar o profissional, podendo até mesmo xingar e agredir fisicamente o
profissional (KLATCHOIAN; TOLEDO, 2005).
Os profissionais de saúde não podem eliminar o estresse das crianças e dos pais, mas
podem auxiliá-los a lidar com ele. Devem-se maximizar os recursos disponíveis para a
diminuição da ansiedade e o alívio da dor. Assim como o diagnóstico e o plano de
tratamento devem ser discutidos com os pais que devem ser encorajados a conversar com
29
seus filhos (GARCIA, 1996).
Ramos- Jorge (2000) realizou uma pesquisa nas cidades de Betim e Belo Horizonte
com 118 crianças, sem qualquer experiência odontológica prévia, com idade entre 48 e 68
meses, com o objetivo de verificar os fatores potencialmente capazes de auxiliar o dentista a
fazer uma predição do comportamento infantil no ambiente odontopediátrico. O
comportamento infantil foi avaliado utilizando-se a escala de Frankl durante os
procedimentos de exame clínico e de profilaxia e a ansiedade foi avaliada pelo Venham
Picture Test (VPT). Todas as mães das 118 crianças investigadas responderam a um teste
para avaliar a sua ansiedade (Manifest Anxiety Scale-MAS), a um questionário pré-consulta
e a uma anamnese. Os resultados revelaram associações estatisticamente significante entre
ansiedade da criança, predição do comportamento infantil pelas mães, comportamento
infantil na experiência médica anterior, experiência de dor de dente, nível socioeconômico e
comportamento infantil na primeira consulta odontológica. Esses resultados mostram que o
profissional pode verificar a existência de fatores influenciadores do comportamento infantil
na primeira consulta da criança, antes de iniciar o exame clínico. A inclusão, na anamnese,
de questões relativas à predição da mãe sobre o comportamento do filho, ao comportamento
da criança nas experiências médicas anteriores, à experiência de dor de dente e a adoção do
teste VPT para analisar a ansiedade infantil e o teste MAS para avaliar a ansiedade materna
podem contribuir para uma melhor abordagem inicial pelo odontopediatra de seus pacientes.
Tollara et al (1999) realizaram um estudo em clínicas odontológicas em São Paulo,
através de questionários aplicados com 30 mães de crianças com idade variando de 1 a 3
anos numa clínica pública e com 30 mães de crianças da mesma idade em clínica privada. Os
questionários constaram de: segurança na odontopediatria; aceitabilidade dos tratamentos
propostos pela equipe odontológica; conceitos com relação aos efeitos psicológicos do
tratamento na criança; comportamento das crianças durante o tratamento e a ansiedade
materna em relação ao tratamento. As maiorias das mães (70%) daquelas crianças tratadas
na clínica pública eram ansiosas durante o tratamento odontológico comparado a 30% das
mães de crianças tratadas na clínica privada. Os resultados sugerem que as diferenças nos
comportamentos e atitudes maternas com relação aos cuidados dentários das crianças
devem ser relacionados às classes sociais.
Colares et al (2004) realizaram um estudo com a participação de 558 responsáveis
30
por crianças com 5 anos de idade, de ambos os sexos, matriculadas em escolas públicas e
particulares da cidade do Recife. Os dados foram coletados através da aplicação de um
formulário em forma de entrevista, com questões referentes ao medo e/ ou ansiedade, tanto
da criança quanto do responsável. Após a análise dos dados, pode-se constatar que 69,39%
dos pesquisados, relataram que o fato do paciente infantil apresentar medo e/ ou ansiedade
quando vai ao dentista gera um sentimento de desconforto. Quando questionados sobre seu
próprio medo com relação à experiência odontológica, um percentual significativo dos
responsáveis (23%) informou que já faltou ou adiou a consulta odontológica devido ao
medo e/ ou ansiedade. Os autores sugeriram que estas pessoas vivenciaram um maior
número de experiências odontológicas com a doença instalada e conseqüentemente, serviços
curativos invasivos e dolorosos. Tais serviços provocam dor ou desconforto, favorecendo a
exacerbação de medo e/ ou ansiedade, provavelmente adquirido no período da infância.
2.2.3 Prevalência da ansiedade odontológica
As pesquisas que avaliaram a prevalência de ansiedade relacionada ao tratamento
odontológico podem ser observadas, de forma sumarizada, no quadro 1 que se segue;
31
Armifield; Spencer;
Stewart
(2006)
Austrália 7312 5
16,1
Entrevista
por telefone
Hosey et al
(2006)
Escócia
407 2,3-14,8
24,2
MCDAS** /
MDAS***
Majstorovic;
Veerkamp
(2004)
Croácia 2865 4-6
7-9
10-11
19
11
CFSS-DS*
Baier
et al
(2004)
Canadá 421 2,8-6,8 20
CFSS-DS*
Versão dos pais
Caraciolo;
Colares
(2004)
Brasil 358 5 41,1 Formurio
em forma de
entrevista
França
(2003)
Brasil 60 3-12 53 Formurio
em forma de
entrevista
Bolim
(1997)
Suécia 3200 5-12 50 Questionári
o
padronizado
Klingberg
et al
(1995)
Suécia 4505 4-6
9-11
61 CFSS-DS*
AUTOR
(ano)
PAÍS AMOSTRA
(n)
IDADE
(anos)
PREVALÊNCI
A
(%)
MÉTODO
DE
AVALI
ÃO
* Dental Subscale of Childrens Fear Survey Schedule
** Modified Child Dental Anxiety Scale
*** Modified Dental Anxiety Scale
Quadro 1- Distribuição dos estudos nacionais e internacionais sobre a prevalência
da ansiedade odontológica.
32
França (2003) realizou um estudo em Recife, Brasil, com 53 responsáveis por 60
crianças na faixa etária de três a doze anos, de ambos os sexos. Os dados foram coletados
através da aplicação de um formulário em forma de entrevista. As a análise dos dados,
de-se constatar que a maioria dos responsáveis informou apresentar medo e/ ou ansiedade
relacionados à visita ao dentista (60%), o mesmo ocorrendo com suas crianças (53%).
Baier et al (2004) realizaram um estudo com 421 crianças matriculadas em escola
privada, no Canadá, na faixa etária de 0,8 anos a 12,8 anos. O medo odontológico foi
medido usando a escala Dental Subscale of Childrens Fear Survey Schedule (CFSS-DS)-
versão dos pais e o comportamento da criança durante a consulta odontológica através da
escala de Frankl. A proporção de crianças com medo odontológica foi de 20% e a
proporção de crianças que apresentaram comportamento negativo durante a consulta foi de
21%.
Majstorovic; Veerkamp (2004) realizaram um estudo na Holanda com 2865
crianças, na faixa etária de 4 a 11 anos de idade, de ambos os sexos. As crianças foram
divididas em 3 grupos (4-6 anos; 7-9 anos e 10-11 anos). Os dados foram coletados através
da escala de medo odontológico CFSS-DS. Após a análise dos dados, observou-se que a
ansiedade diminuía na proporção que a idade aumentava, ou seja, crianças de 4 a 6 anos
apresentavam 19%; enquanto que crianças de 10 a 11 anos apresentavam uma prevalência
de 11%.
Klingberg et al (1995) realizaram um estudo com 3204 crianças Suecas, na faixa
etária de 4 a 6 anos e 9 a 11 anos. Foi aplicada a escala CFSS-DS para avaliação da
ansiedade odontológica e um questionário onde observou-se medo generalizado, medo
odontológico dos pais, emprego dos pais, entre outros. Os resultados mostraram uma
associação entre medo odontológico e condutas de comportamento inadequado. A
proporção de 27% das crianças com comportamento inadequado tiveram medo
odontológico; enquanto 61% das crianças com medo odontológico também apresentaram
condutas inadequadas de comportamento.
Hosey et al (2006) realizaram um estudo na Escócia com 407 crianças, na faixa
etária de 2,3 a 14,8 anos. Foram aplicadas as escalas Modified Child Dental Anxiety
(MCDAS) e a Modified Dental Anxiety Scales (MDAS) para as crianças e seus
responsáveis. A média dos níveis de ansiedade odontológica das crianças foi de 24,2%,
33
enquanto 21% dos responsáveis apresentaram veis de moderado a severo com relação a
ansiedade odontológica.
Armifield; Spencer; Stewart (2006) realizaram um estudo com 7312 indiduos numa
ampla faixa etária que variaram de 5 à 80 anos, residentes na Austrália, através de entrevista
por telefone, obtendo uma prevalência de 16,1% de medo odontológico.
Caraciolo; Colares (2004) realizaram um estudo com a participação de 358 crianças
com 5 anos de idade, de ambos os sexos, matriculadas em escolas públicas e particulares da
cidade do Recife. Os dados foram coletados através da aplicação de um formulário em
forma de entrevista com os responsáveis. Uma parcela significativa dos responsáveis relatou
que suas crianças apresentavam medo e/ ou ansiedade relacionados à visita ao dentista
(41,1%) sendo mais alta a prevalência entre os pré-escolares da rede pública de ensino
(55,3%).
2.3 A DOR NOS PRIMEIROS ANOS DA INFÂNCIA.
A dor é subjetiva, pessoal, e universal, representando uma categoria de experiências
únicas para cada indiduo. Essas experiências são comunicadas através da linguagem verbal
e não verbal (ANAND; CRAIG, 1996).
A dor, segundo a Associão Internacional para Estudos da Dor (IASP), é uma
experiência sensorial e emocional desagradável, que resulta em lesão real ou potencial.
Possui dois momentos: a sensação dolorosa propriamente dita (designada de nocicepção) e
a reação emocional que é absolutamente individual e dependem de características
psicológicas, experiências anteriores e fatores culturais, sociais e ambientais (PEREIRA;
RAMOS; CROSATO, 1995; JOSGRILBERG; CORDEIRO, 2005; HACK COMUNELLO;
MICHEL-CROSATO, 2005).
Durante muito tempo, pensava-se que os recém nascidos não sentiam dor da mesma
forma que as crianças mais velhas e os adultos sentem, por terem o sistema nervoso central
imaturo, além de não terem o mesmo tipo de dor severa ou crônica como os adultos. Essas
concepções mudaram, e, atualmente, sabe-se que recém nascidos e crianças sentem dor
(CRAIG et al, 1993).
Anand; Craig (1996); Anand; Carr (1989); Craig et al (1993) demonstraram que os
34
sistemas anatômicos, sensoriais e neuro-químicos estão suficientemente desenvolvidos no
nascimento para permitirem a percepção da dor através de respostas cardio-respiratórias,
hormonais e comportamentais. As vias de dor e os centros corticais e subcorticais
necessários para a percepção da dor, já estão desenvolvidos ao final da gestação.
Acreditava-se, também, que os profissionais de saúde não tinham como medir a dor
nas crianças, mas o desenvolvimento de métodos para a avaliação da dor em crianças,
baseados em estudos de Matheus et al (1993); Mc Grath (1978) em medidas fisiológicas
(mudanças cardiorespiratórias, metabólicas e hormonais), comportamentais (respostas
motoras simples, expressões faciais, choro, estado comportamental), e auto relato
(instrumentos utilizados no sentido de ajudar as crianças a qualificar suas experiências de
dor) derrubou esse ponto de vista.
Anand; Craig (1996) propõem que as alterações comportamentais desencadeadas
pela dor sejam consideradas ao invés da forma infantil do relato verbal de dor, cuja natureza
depende do repertório pessoal associado a cada estágio do desenvolvimento da criança e
que possui significado próprio, no contexto do comportamento do recém nascido, e em
todas as etapas de seu desenvolvimento.
De acordo com Ready; Thomas (1997) o fator que mais influencia a experiência de
dor de uma criança é o seu nível de desenvolvimento. Para cada etapa do desenvolvimento,
a criança reage à dor de diferentes maneiras, e os instrumentos utilizados para avaliar a dor
dependem da sua idade e da sua capacidade cognitiva.
Craig et al (1993) afirmaram que é um desafio para adultos entender o que as
crianças sentem. Adultos não pensam, nem sentem, como crianças. Parece haver
culturalmente uma indiferença em relação à dor dos recém nascidos e crianças.
Durante a avaliação da dor deve-se diferenciar, por exemplo, dor de desconforto,
além de outras situações que podem também alterar a resposta da criança frente ao estímulo
nociceptivo (PEREIRA e SILVA et al, 2004).
A dor é essencial para manutenção da integridade do organismo, pois atua como
sistema de defesa, alertando quando ocorrem agressões contra o mesmo. Porém, deve ser
pasvel de controle quando é causa de sofrimento no ser humano (LIA; TOLEDO, 2005).
Christoffel; Santos (2001) realizaram um estudo com objetivo de analisar as
representações, em relação à dor, das enfermeiras que cursavam a especialização em saúde
35
da criança e enfermagem neonatal na cidade do Rio de Janeiro, através de uma entrevista
semi-estruturada. Os resultados evidenciaram que as enfermeiras apresentavam uma
representação subjetiva em relação à dor, influenciada por sua própria experiência de vida, e
que esses fatores interferem em sua postura profissional na avaliação das reações de dor do
recém-nascido e da criança submetidos a um procedimento doloroso.
2.3.1 Dor associado ao tratamento odontológico
Na clínica odontopediátrica, para o manejo da dor é fundamental o conhecimento
dos fatores que influenciam a percepção e reação à dor. Muitas vezes a tentativa de controle
do comportamento da criança durante o atendimento odontológico é frustrada quando esses
fatores não são identificados pelo profissional. Para tanto é necessário conhecer a
localização, intensidade, qualidade, duração e freqüência da dor. A compreensão e a
expectativa da criança, variáveis em função da idade, e as experiências dolorosas
anteriormente vivenciadas associadas ao ambiente familiar e ao próprio ambiente de
atendimento comem os fatores cognitivos que influenciam a percepção e resposta à dor.
Respostas emocionais poderão estar presentes como frustração, medo, raiva, tristeza,
ansiedade. Além disso, há um conjunto de manifestações fisiológicas (aumento da pressão
arterial, aumento da freqüência cardíaca, sudorese, vasoconstricção periférica),
comportamentais (queixas, choro, gritos, gemidos) e motoras (agitação, imobilidade,
proteção da área afetada) que acompanham a dor (LIA; TOLEDO, 2005).
É importante ressaltar que a percepção das sensações dolorosas e as reações a essa
percepção variam de indiduo para indiduo, particularmente nas crianças, assim como
variam de um momento para outro, em um mesmo indiduo. No controle da dor, em
odontopediatria, também se deve considerar que as crianças nem sempre são capazes de
descrever claramente as sensações e experiências pessoais; e que essa capacidade fica
bastante prejudicada quando estão atemorizadas ou sentindo dor (LIA; TOLEDO, 2005).
Feitosa; Colares; Pinkham (2005) realizaram um estudo cujo objetivo foi analisar as
repercussões psicossociais da cárie severa em crianças aos quatro anos de idade na cidade
do Recife. O exame clínico foi realizado por uma examinadora com o objetivo de selecionar
crianças com cárie severa e livre de cárie (kappa= 1). Das 861 crianças examinadas, 77
36
crianças (8,1%) eram portadoras de cárie severa e 225 crianças (23,6%) eram livres de
cárie. Os dados foram coletados por meio da aplicação de questionários validados,
respondidos pelos responsáveis. Verificou-se que a maioria dos responsáveis pelas crianças
portadoras de cárie severa relatou que suas crianças reclamavam de dor de dente (72,7%),
uma parcela significativa afirmou que as crianças tiveram problemas para comer certos
alimentos (49,4%) e faltaram às aulas (26,0%) por causa dos dentes. A maioria dos
responsáveis pelas crianças portadoras de cárie severa (68,8%) relataram que a saúde oral
das crianças afetava a vida delas em geral, enquanto o mesmo foi relatado por 9,8% dos pais
ou responsáveis pelas crianças livres de cárie. Conclui-se que a cárie severa teve um impacto
negativo na qualidade de vida relacionada à saúde.
2.3.2 Prevalência da odontalgia nos primeiros anos da infância
Existem poucos estudos que retratem a dor de dente na primeira infância e na fase
pré-escolar; bem como a sua prevalência. Os estudos encontrados sobre a prevalência de
odontalgia em crianças com 5 anos de idade ou menos, estão apresentados no quadro 2.
Feitosa;
Colares;
Pinkham
(2005)
Brasil
77*
4 72,7
Nalweyiso
et
al
(2004)
Uganda 236 5-7
12
36,5
Tickle et al
(2002)
Inglaterra 677 5-14 11,7
Levine; Pitts;
Nugent
(2002)
Inglaterra 481 1-12 12
Slade
et al
(1996)
Austrália 9690
5 11,8
AUTOR
(ano)
PAÍS AMOSTRA
(n)
IDADE
(anos)
PREVALÊNCIA
(%)
* crianças portadoras de cárie severa.
37
Quadro 2- Distribuição dos estudos sobre prevalência de odontalgia.
Tickle et al (2002) realizaram um estudo com 677 crianças de 5 a 14 anos que
receberam cuidado odontológico. Foram analisados 4056 dentes, destes 44,1% foram
extrdos; dos quais 11,7% foram extraídos por dor ou problemas sistêmicos.
Slade et al (1996) realizaram um estudo com 9690 crianças de 5 a 15 anos de idade.
Os dados foram coletados através da aplicação de questionários com os responsáveis.
Observou-se que existia uma alta prevalência de cárie em dentes decíduo comparado aos
permanentes. Os resultados mostram que 11,8% aos 5 anos de idade e 31,8% aos 12 anos
de idade tiveram história de dor de dente.
Feitosa; Colares; Pinkham (2005) realizaram um estudo com 861 crianças com 4
anos de idade, onde foi aplicado um questionário em forma de entrevista aos responsáveis.
Das crianças examinadas 77 (8,1%) apresentaram cárie severa e destas 72,7% apresentaram
dor de dente. Entre as crianças livres de cárie (23,6%), 7,1% dos responsáveis informaram
que sua criança já havia tido dor de dente.
Nalweyiso et al (2004) realizaram um estudo com 236 crianças na faixa etária de 5 a
7 anos e 202 crianças aos 12 anos de idade. O objetivo foi avaliar a condição dentária e a
necessidade de tratamento. Das crianças de 5 a 7 anos, 52,5% necessitavam de tratamento
restaurador e um terço das crianças necessitavam de exodontia. A dor de dente foi avaliada
por 4 semanas e constatou-se uma prevalência de 36,5%; enquanto 30,2% necessitavam de
tratamento restaurador e 6,4% tratamento cirúrgico de um ou mais elementos.
Levine; Pitts; Nugent (2002) avaliaram 481 crianças na faixa etária de 1 a 12 anos.
Através do exame clínico encontrou-se 1587 dentes decíduos com lesão cariosa; desse total,
190 dentes (12%) foram submetidos a exodontia devido à dor; houve relato de sensibilidade
em 60 dentes (4%) e foram restaurados e 1337 (84%) destes elementos dentários tiveram
sintomas leves.
2.4 O MEDO DA DOR EM ODONTOLOGIA
De acordo com Moraes (2003), lidar com a dor significa lidar com o medo. E quanto
maior a ansiedade do paciente, maior será sua sensibilidade à dor.
A dor e o medo são os principais fatores responsáveis pelo comportamento do
38
paciente frente ao tratamento odontológico. Embora a dor seja um fenômeno sensorial,
recebe influências psicológicas e culturais, que caracterizam a subjetividade dessa
experiência. Portanto, cada indiduo apresenta uma particular percepção e resposta
comportamental à dor (LIA; TOLEDO, 2005).
Crianças de 1 ano e meio a 7 anos de idade, em geral, apresentam indicadores de dor
e medo, como cerrar os lábios, balançar-se, esfregar-se, fechar os olhos, comportamentos
agitados ou agressivos, como espernear, bater ou morder. A esses indicadores associam-se,
dependendo da idade da criança, algumas verbalizações sob a forma de reclamação, apelos e
por vezes, outros indicadores mais explícitos, como suspiros, resmungos, choros e até gritos
(OLIVEIRA et al, 2003).
As primeiras experiências odontológicas, ainda na infância, são de grande
importância no plano psicológico. Quando associados com sensações de dor contribuem
decisivamente para a formação do sentimento de medo e para as posteriores resistências aos
procedimentos odontológicos. Associar as experiências traumatizantes com mensagens
vinculando-as à punição por comportamento inadequado parece contribuir também para
agravar o sentimento de medo (CÉSAR et al, 1999).
De acordo com Costa Rank et al (2005), O consultório odontológico não induz
medo ao paciente, no entanto o paciente teme a sensação de dor ou desconforto causada
pelo dentista. Assim, quando o medo e a ansiedade são modificados também se modifica a
percepção da dor. Assim como a ansiedade também agrava o sofrimento psicológico
causado pela dor (Kanegane et al, 2003).
O medo odontológico pode ser gerado através da experiência negativa vivenciada
pela criança durante o tratamento odontológico e/ ou por ocorrência de dor intensa ou de
uma situação alarmante ou até mesmo de uma relação negativa com o profissional
(BORGES, 2002). Esses fatores são responsáveis pela maioria dos casos de pacientes que
evitam o tratamento odontológico (FERREIRA et al, 2004).
Lia; Toledo (2005) relataram a dificuldade da criança em descrever claramente as
sensações e experiências pessoais e que este sentimento é prejudicado quando estão
atemorizadas ou sentindo dor.
39
Normas da Abnt- NBR 10520-AGO 2002.
PROPOSIÇÃO
40
3 PROPOSIÇÃO
3.1 OBJETIVO GERAL
Este estudo teve como objetivo geral avaliar a ansiedade e/ ou medo, dor e/ ou
desconforto associado à saúde bucal em crianças menores de 5 anos de idade.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
a) Determinar o percentual de crianças que apresentavam ansiedade e/ ou medo relacionado
ao atendimento odontológico na população estudada;
b) Determinar o percentual de crianças com histórico de odontalgia na população estudada;
c)Determinar o percentual de crianças que já haviam visitado o dentista, considerando o
motivo;
d)Determinar o percentual de responsáveis pelas crianças pesquisadas que apresentavam
ansiedade e/ ou medo relacionada ao atendimento odontológico;
e) Verificar o comportamento da criança durante o exame clínico;
f)Relacionar as variáveis: idade, gênero da criança, renda familiar, visita ao dentista e
avaliação da saúde bucal da criança pelo responsável.
g) Relacionar a ansiedade e/ ou medo relacionado ao atendimento odontológico do
responsável com a ansiedade e/ ou medo da criança relacionada ao atendimento
odontológico e odontalgia;
h)Verificar a associação entre ansiedade e/ ou medo e odontalgia na população estudada;
41
i) Verificar a associação entre ansiedade odontológica da criança e o histórico de odontalgia
relacionado ao comportamento da criança durante o exame clínico.
PROCEDIMENTOS
METODOLÓGICOS
42
RPA 3 Noroeste - 29 Bairros
RPA 4 Oeste - 12 Bairros
RPA 5 Sudoeste - 16 Bairros
RPA 2 Norte - 18 Bairros
RPA 6 Sul - 08 Bairros
RPA 1 Centro - 11 Bairros
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
4.1 ÁREA DE ESTUDO
Este estudo foi realizado na cidade do Recife, capital do estado de Pernambuco,
situado na região Nordeste do Brasil, com uma área de 217 km² e uma população de
1.501.008 habitantes (IBGE, 2005).
Segundo a Secretaria de Educação da Prefeitura do Recife, a cidade é dividida em seis
Regiões Polítido-Administrativas (RPAs), (Figura 1).
FIGURA 1- Mapa das regiões político-administrativas (RPAs)
43
Fonte: Secretaria de Educação de Prefeitura da Cidade do Recife (2005)
4.2 POPULAÇÃO DE ESTUDO E PERÍODO DE REFERÊNCIA
A população desse estudo foram crianças menores de 5 anos de idade, de ambos os
sexos, residentes na cidade do Recife, sem necessidades especiais e com saúde geral boa,
atendidas na Campanha Nacional de Vacinação nos dias 10 de junho e 26 de agosto de
2006.
É importante ressaltar a heterogeneidade desta população em relação a sua
distribuição social, uma vez que a Campanha Nacional de Vacinação abrange crianças de
todas as classes sociais.
Segundo a Secretaria de Saúde do Estado, Pernambuco foi o único estado brasileiro a
atingir 100% de cobertura vacinal no ano de 2005. De fato, Pernambuco atingiu o
percentual de 101,7% de cobertura vacinal por receber também crianças de outros estados.
Na tabela I encontra-se a distribuição dos estabelecimentos de saúde da cidade do
Recife e a freqüência de doses de vacina da poliomielite aplicadas em crianças de zero a 4
anos de acordo com as seis Regiões Político Administrativas (RPAs).
TOTAL 131 100,0 133797 100,0
6 25 19,0 30994 23,1
5 24 18,3 24415 18,2
4 23 17,5 22428 16,7
3 27 20,6 29235 21,8
2 20 15,2 19490 14,5
1 12 9,1 7235 5,4
n % n %
RPA
ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE
DOSES APLICADAS
FONTE: Secretaria de Saúde do Estado de Pernambuco
44
Tabela 1: Distribuição dos estabelecimentos de saúde e doses aplicadas da vacina de
poliomielite em crianças de zero a 4 anos de acordo com as Regiões Político Administrativas
(RPAs) da cidade do Recife, no ano de 2005.
4.3 TAMANHO DA AMOSTRA
A partir de uma população de 133.797 crianças de zero a quatro anos de idade
vacinadas em Recife no ano de 2005 (tabela 1), adotando-se um percentual de precisão de
2,5%, um percentual de 95% de confiabilidade e uma prevalência de ansiedade esperada de
40%(Caraciolo; Colares, 2004), calculou-se uma amostra de 1460 crianças, distribuídas em
20 unidades de saúde na cidade de Recife. As unidades de saúde foram selecionadas por
terem consultório odontológico, segundo a Secretaria de Saúde do Estado de Pernambuco
(campanha de vacinação/ 2005).
Com a finalidade de evitar duplicidade dos dados e de não incorrer em erros de
seleção, as 14 unidades de saúde do dia 26 de agosto foram diferentes das 6 unidades de
saúde do dia 10 de junho, com isto abrangendo uma porção maior da população.
As unidades de saúde selecionados para esse estudo da campanha de vacinação no dia
10 de junho de acordo com as RPAS, estão apresentadas no Quadro 3.
VI
Centro de saúde Vereador Romildo
José Ferreira Gomes/ Geraldão
V
Centro de saúde Bongi- Boa idéia
IV Centro de saúde
Lessa de
Andrade
III Centro de saúde Clementino
Fraga
II Centro de saúde Monteiro de
Moraes
I Policlínica Gouveia de Barros
RPAS UNIDADES DE SÁUDE
45
Quadro 3- Unidades de saúde selecionada para o dia 10 de junho
As unidades de saúde selecionadas para esse estudo para a campanha de vacinação no
dia 26 de agosto de acordo com as RPAS, estão apresentadas no Quadro 4.
VI
* Unidade de Saúde Bernardo Van
Leer
* Unidade de Saúde do Pina
V
*Centro de Saúde Fernando
Figueira
* Unidade de Saúde da
Família Jardim Uchoa
IV
*Unidade de Saúde Olinto Oliveira
* Unidade de Saúde da
Família Emocy Krause
*Centro de Saúde Professor
José Dustan
* Unidade de Saúde da
Família Engenho do Meio
III
*Unidade de Saúde Francisco
Pignatari
*Centro de Saúde de Albert
Sabin
II
*Unidade de Saúde da Família Alto
dos Coqueiros/ Córrego da jaqueira
*Unidade de Saúde da Família
José Severiano da Silva
I
*Policlínica Waldemar de Oliveira
*Unidades de Saúde da
Família Coelhos II
RPAS UNIDADES DE SAÚDE
Quadro 4- Unidades de saúde selecionada para o dia 26 de agosto
46
4.4 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
Foram adotados os seguintes critérios de exclusão:
a) Crianças cujos pais não autorizaram a participação na pesquisa (não assinaram o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido);
b) Crianças portadoras de necessidades especiais;
c) Crianças com saúde geral comprometida.
4.5 DESENHO DE ESTUDO
Foi realizado um estudo do tipo epidemiogico transversal.
4.6 COLETA DE DADOS
Esta pesquisa faz parte de um estudo maior, Avalião da saúde bucal em crianças
menores de 5 anos na cidade do Recife, realizado durante a campanha nacional de
vacinação, com 3886 crianças menores de 5 anos de idade, no qual foram obtidos através de
exame clínico, alguns dados como: índice ceo, trauma dentário, hábitos, oclusão, além dos
dados sócio-demográficos, dados referentes ao medo odontológico e a odontalgia, entre
outros.
A equipe de trabalho envolvida com o trabalho maior, foi composta por 3
professores de Odontopediatria, 14 alunos de pós-graduação e 123 alunos de graduação em
Odontologia da Universidade de Pernambuco, que estavam cursando ou já haviam cursado
a disciplina de Odontopediatria I (alunos do 6°, 7º, 8º, 9º e 10º períodos). Deste grupo
foram compostas 20 equipes de trabalho, compostas por 32 examinadores, 32 anotadores e
59 entrevistadores.
Foi realizado um treinamento dos examinadores, anotadores e entrevistadores
(estudantes de graduação) nos meses de abril a maio, com aulas semanais de 6 horas de
duração, perfazendo uma carga horária teórica total de 48 horas.
47
Para o treinamento foram utilizados material didático escrito com o conhecimento
científico-trico necessário, assim como orientação para o preenchimento das fichas
clínicas apropriadas para a leitura eletnica. Este treinamento consistiu de duas etapas: uma
trica e outra prática.
4.7 DIMICA NO DIA DA VACINAÇÃO
No dia da vacinação, os professores foram responsáveis pela visitação dos postos com
o intuito de resolver qualquer intercorrência, durante a coleta de dados; enquanto os alunos
de pós-graduação eram responsáveis por cada unidade de saúde, supervisionando as equipes
de alunos de graduação, responsáveis pela coleta dos dados.
O entrevistador convidava a criança e o seu responsável, que estavam na fila de
vacinação para participarem do levantamento (Figura 2). Aqueles que concordavam,
preenchiam o termo de consentimento livre e esclarecido (Anexo A) e eram entrevistados,
sendo logo em seguida encaminhados para as salas onde seriam realizados os exames
clínicos intrabucais (Figura 3). Nos casos em que o responsável não concordava em
participar da pesquisa, a criança seguinte na fila era então convidada, e assim
sucessivamente.
48
Figura 2- Entrevista com o responsável.
Figura 3- Criança durante exame clínico intrabucal.
4.8 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS
49
Na entrevista foram obtidos os dados referentes à idade e sexo da criança, assim
como renda familiar e o grau de parentesco do responsável pela criança. A questão referente
a ansiedade (questão 9 e 10 do anexo) foi obtida utilizando Dental Anxiety Question (DAQ)
(Neverlien, 1989) tanto para avaliar a ansiedade da criança quanto do responsável. Assim,
questionou-se Você acha que sua criança tem medo de ir ao dentista?, com possibilidade
de quatro respostas: Não, um pouco, sim, tem medo e sim, muito medo.
No que diz respeito a odontalgia, o responsável foi questionado se sua criança já
havia tido dor de dente alguma vez na vida.
Além das questões referentes à ansiedade, desconforto, experiência odontológica da
criança e medo odontológico do responsável, anotou-se também o comportamento da
criança durante o exame clínico realizado. Dessa forma, registrou-se as seguintes
manifestações comportamentais: choro, movimentos de fuga, movimentos de recusa, náusea
/ vômito, tremores, expressões verbais de medo/ desconforto ou expressões faciais de medo/
desconforto.
Questionou-se também se a criança já havia feito alguma visita ao dentista,
investigando o motivo da ida ou não ao dentista. Assim como solicitou-se que o responsável
avaliasse a saúde bucal da criança, numa escala de péssima a excelente.
Os dados coletados para esse estudo foram obtidos através da aplicação de um
questionário em forma de entrevista com o responsável pela criança. Todas as informações
foram anotadas no cartão de dados (Anexo B).
O cartão de dados consistiu em uma ficha elaborada a partir do modelo adotado pelo
Forsyth Institute Boston, elaborado em São Paulo, para leitura óptica.
4.9 PROCESSAMENTO DOS DADOS E ALISE ESTATÍSTICA
A leitura das informações dos cartões de dados foi realizada pela máquina Opscan 5
com impressora de transporte e cabeçote duplo, conectado ao microcomputador pela
COMZ, velocidade 38400, data bis 7, stop bits 2.
50
No momento da leitura os formulários foram impressos com um número seqüencial
iniciado por 100.001, 200.001, 300.001, 400.001 500.001 e 600.001, correspondendo
respectivamente a uma região (RPAS) da cidade do recife; pois caso ocorresse falha na
leitura dos dados, era possível a correção da mesma.
O software utilizado na leitura dos dados foi Stantools versão 1.4, fabricante
National Computer Systems, é utilizado para desenhos de aplicação, leitura das marcas,
edição de erros em tempo de leitura, geração de arquivo texto com os dados dos
formulários óticos.
Na análise estatística dos dados foram obtidos através de distribuições univariadas e
bivariadas e Técnicas de estatística descritiva; e utilizados os testes estatísticos:
Qui-quadrado de Pearson, Qui-quadrado de igualdade de proporções ou teste Exato de
Fisher quando as condições para utilização dos testes Qui-quadrado não foram verificadas,
teste t-Student para amostras independentes com variâncias desiguais.
Os dados foram digitados na planilha Excel e o software estatístico utilizado para a
obtenção dos cálculos estatísticos foi SAS (Statistical Analysis System) na versão 8.0. O
vel de significância utilizado nas decies dos testes estatísticos foi de 5,0%.
4.10 ESTUDO PILOTO
A amostra do estudo piloto contou com a participação de crianças menores de 5 anos
de idade, de ambos os sexos, matriculadas na creche Professor Francisco do Amaral Lopes,
no bairro de Santo Amaro. No período do desenvolvimento do estudo piloto, de junho a
setembro de 2006, haviam 100 crianças matriculadas na creche, em tempo integral; no
entanto apenas 83 crianças estavam presentes no período de coleta de dados.
A coleta de dados foi realizada através da aplicação do questionário em forma de
entrevista com o responsável pela criança. Três pesquisadoras; sendo duas alunas de
graduação e uma aluna da pós-graduação, entrevistaram os responsáveis nos momentos de
entrada e saída das crianças da creche. Foi realizada a validação de face do questionário
utilizado, assim como o teste-reteste, no intuito de verificar a concordância inter-
examinadores (Kappa= 0,79) e intra-examinadores (Kappa= 0,80).
51
4.11 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS
Todos os responsáveis assinaram o termo de Consentimento Livre e Esclarecido e as
crianças pesquisadas que necessitavam de tratamento odontológico, receberam uma ficha de
encaminhamento para a Faculdade de Odontologia de Pernambuco para realização do
tratamento.
Este estudo foi aprovado pelo comitê de Ética (Anexo C) da Universidade de
Pernambuco (protocolo nº 044/06).
52
RESULTADOS
5 RESULTADOS
Das 3886 crianças pesquisadas no estudo maior, os dados referentes a essa pesquisa
foram obtidos de 2735 crianças, pois existiu alguns dados que não houve o preenchimento
das caselas, o que corresponde a quase o dobro da amostra inicialmente calculada.
A maioria das crianças pesquisadas estava na faixa etária de 36 a 47 meses, com
distribuição semelhante entre os sexos. A maioria dos responsáveis entrevistados
apresentavam renda familiar de 1 salário mínimo e dentre esses, a mãe apareceu em maior
percentagem (Tabela 2).
Tabela 2- Distribuição das crianças pesquisadas segundo as variáveis: idade, sexo,
renda familiar (salário mínimo) e responsável.
53
(1) Para 5 pesquisados não se dispõe desta informação.
TOTAL 2730 100,0
Outro 124 4,5
Tia(o) 227 8,3
Avó(ô) 194 7,1
Pai 397 14,5
Mãe 1788 65,5
· Responsável
(1) Para 179 pesquisados não se dispõe desta informação.
TOTAL 2556 100,0
7 ou mais 303 11,9
6 77 3,0
5 132 5,2
4 175 6,9
3 231 9,0
2 424 16,6
1 1214 47,5
· Renda familiar (em salários mínimos)
(1)- Para 880 pesquisados não se dispõe desta informação.
TOTAL 1855 100,0
Masculino 975 52,6
Feminino 880 47,4
· Sexo
TOTAL 2735 100,0
De 48 a 59 791 28,9
De 36 a 47 797 29,1
De 24 a 35 753 27,5
De 18 a 23 394 14,4
· Idade (em meses)
Variável n %
Com relação ao medo odontológico, dentre os responsáveis entrevistados; 34,7%
relataram que suas crianças têm medo de ir ao dentista e 26,9% desses responsáveis,
também informaram ter medo na ida ao dentista (Tabela 3).
Tabela 3- Distribuição das crianças e de seus responsáveis segundo a variável medo
odontológico.
54
(1) Para dois pesquisados não se dispõe desta informação.
TOTAL 2733 100,0
Sim, muito medo 338 12,4
Sim, tenho medo 209 7,7
Um pouco 186 6,8
Não 2000 73,2
· Medo odontológico do responsável
(1) Para 228 pesquisados não se dispõe desta informação.
TOTAL 2507 100,0
Sim, muito medo 240 9,6
Sim, tenho medo 316 12,6
Um pouco 314 12,5
Não 1637 65,3
· Medo odontológico da criança
Variável n %
Verificou-se associação estatisticamente significante entre ansiedade e/ ou medo
odontológico da criança e do responsável (Tabela 4).
Tabela 4- Distribuição das crianças segundo a associação entre o medo odontológico
da criança e do responsável.
Grupo total 1635 65,3 314 12,5 316 12,6 240 9,6 2505 100,0
Sim, muito medo 168 55,3 45 14,8 48 15,8 43 14,1 304 100,0
Sim, tenho medo 113 68,1 23 13,9 22 13,3 8 4,8 166 100,0
Um, pouco 131 66,2 18 9,1 28 14,1 21 10,6 198 100,0
Não 1223 66,6 228 12,4 218 11,9 168 9,1 1837 100,0 p
(1)
= 0,0051*
N % N % N % n % n %
Medo do responsável Não Um, pouco Sim, tenho
medo
Sim, muito
medo
TOTAL Valor de p
Medo da criança
(*)- Associação significante ao nível de 5,0%.
(1)- Através do teste Qui-quadrado de Pearson.
Observou-se que crianças de 24 a 35 meses e baixa renda familiar apresentaram
maiores percentuais de medo odontológico. No entanto, não houve diferença em relação ao
gênero (Tabela 5).
Tabela 5- Associação entre o medo odontológico da criança com a faixa etária, sexo
e renda familiar.
55
Grupo total 1531 65,3 290 12,4 301 12,8 222 9,5 2344 100,0
Quatro ou mais 470 70,7 63 9,5 89 13,4 43 6,5 665 100,0
Três 144 64,4 31 14,1 24 10,9 21 9,6 220 100,0
Dois 254 65,0 51 13,0 48 12,3 38 9,7 391 100,0
Um 663 62,1 145 13,6 140 13,1 120 11,2 1068 100,0 p
(1)
= 0,0092*
· Renda familiar
(salários mínimos)
Grupo total 1637 65,3 314 12,5 318 12,6 240 9,6 2507 100,0
48 a 59 525 71,1 73 9,9 72 9,8 68 9,2 738 100,0
36 a 47 491 66,4 77 10,4 108 14,6 64 8,7 740 100,0
24 a 35 405 59,7 104 15,4 99 14,6 70 10,3 678 100,0
18 a 23 216 61,5 60 17,1 37 10,5 38 10,8 351 100,0 p
(1)
< 0,0001*
· Faixa etária (meses)
Grupo total 1078 65,6 219 13,3 202 12,3 145 8,8 1644 100,0
Feminino 500 65,0 104 13,5 103 13,4 62 8,1 769 100,0
Masculino
578
66,1
115 13,1
99 11,3 83 9,5 875 100,
0
p¹= 0,4766
· Sexo
n % n % n % n % n %
Variável Não Um, pouco Sim, tenho
medo
Sim, muito
medo
TOTAL Valor de p
Medo odontológico da criança
(*) Associão significante ao nível de 5,0%.
(1) Para 10 crianças pesquisadas não se dispõe desta informação.
(2) Através do teste Qui-quadrado de Pearson.
A maioria das crianças pesquisadas (59,8%) nunca tinha visitado o dentista, porém a
prevenção foi o principal motivo daqueles (40,2%) que levaram sua criança ao
dentista(Tabela 6).
Tabela 6- Distribuição das crianças segundo a justificativa para a ida ou não ao
dentista.
56
BASE
(1)
1629 -
Outro motivo 858 52,7
Medo e /ou ansiedade 37 2,3
Dificuldade financeira 52 3,2
Dificuldade de acesso 284 17,4
o tem tempo 345 21,2
· Motivo de nunca ter ido ao dentista
BASE
(1)
1096 -
Outro motivo 95 8,7
Dor 53 4,8
Trauma 89 8,1
Prevenção 735 67,1
Cárie 148 13,5
· Motivo da ida ao dentista
Justificativa n %
(1) Considerando que um mesmo pesquisado poderia citar mais de um motivo registra-se apenas a base para
o cálculo dos percentuais e não total.
A maioria das crianças (91,6%) apresentou alguma manifestação de medo e/ ou
ansiedade com comportamento não cooperativo (Tabela 7).
Tabela 7- Distribuição das crianças segundo a associação entre o medo odontológico
da criança e comportamento da criança durante o exame intrabucal.
57
Grupo total 1637 65,3 314 12,5 316 12,6 240 9,6 2507 100,0
Não 1541 66,2 280 12,0 290 12,5 218 9,4 2329 100,0
Sim 96 53,9 34 19,1 26 14,6 22 12,4 178 100,0 p
(1)
= 0,0057*
· Expressões faciais de
medo/desconforto
Grupo total 1637 65,3 314 12,5 316 12,6 240 9,6 2507 100,0
Não 1606 65,7 300 12,8 307 12,6 230 9,4 2443 100,0
Sim 31 48,4 14 21,9 9 14,1 10 15,6 64 100,0 p
(1)
= 0,0180*
· Expressões verbais de
medo/desconforto
Grupo total 1637 65,3 314 12,5 316 12,6 240 9,6 2507 100,0
Não 1635 65,4 312 12,5 315 12,5 239 9,6 2501 100,0
Sim 2 33,3 2 33,3 1 16,7 1 16,7 6 100,0 p
(2)
=0,1261
· Tremores
Grupo total 1637 65,3 314 12,5 316 12,6 240 9,6 2507 100,0
Não 1633 65,3 312 12,5 314 12,6 240 9,6 2499 100,0
Sim 4 50,0 2 25,0 2 25,0 - - 8 100,0 p
(2)
= 0,2383
· Náusea / vômito
Grupo total 1637 65,3 314 12,5 316 12,6 240 9,6 2507 100,0
Não 1449 67,4 248 11,5 265 12,3 189 8,8 2151 100,0
Sim 188 52,8 66 18,5 51 14,3 51 14,3 356 100,0 p
(1)
< 0,0001*
· Movimento de recusa
Grupo total 1637 65,3 314 12,5 316 12,6 240 9,6 2507 100,0
Não 1492 66,7 263 11,8 276 12,3 206 9,2 2237 100,0
Sim 145 53,7 51 18,9 40 14,8 34 12,6 270 100,0 p
(1)
= 0,0002*
· Movimento de fuga
Grupo total 1637 65,3 314 12,5 316 12,6 240 9,6 2507 100,0
Não 1374 69,7 199 10,1 242 12,3 156 7,9 1971 100,0
Sim 263 49,1 115 21,5 74 13,8 84 15,7 536 100,0 p
(1)
< 0,0001*
· Choro
criança n % n % n % n % n %
Comportamento da Não Um, pouco Sim, tenho
medo
Sim, muito
medo
TOTAL Valor de p
Medo da criança
(*)- Associação significante ao nível de 5,o%.
(1)- Através do teste Qui-quadrado de Pearson
(2)- Através do teste Exato de Fisher.
A maioria das crianças apresentou comportamento de choro durante o exame clínico
(Tabela 8).
58
Tabela 8- Distribuição das crianças segundo o comportamento durante o exame
clínico.
Grupo Total 2507 100,0
Expressões faciais de medo/ desconforto 178 7,10
Tremores
Expressões verbais de medo/
desconforto
06
64
0,23
2,55
Náusea/ vômito 08 0,31
Movimento de recusa 356 14,2
Movimento de fuga 270 10,76
Choro 536 21,38
Comportamento n %
(1)- Para 1089 crianças não se dise das informações.
Verificou-se associação estatisticamente significante entre medo odontológico da
criança e a odontalgia (Tabela 9).
Tabela 9- Distribuição das crianças segundo a associação entre medo odontológico
da criança e a odontalgia.
Grupo total 1630 65,2 314 12,6 315 12,6 240 9,6 2499 100,0
Não 1503 66,3 282 12,4 287 12,7 195 8,6 2267 100,0
Sim 127 54,7 32 13,8 28 12,1 45 19,4 232 100,0 p
(1)
< 0,0001*
N % N % N % n % n %
Odontalgia Não Um pouco Sim, tenho
medo
Sim, muito
medo
TOTAL Valor de p
Medo da criança
(*)- Associação significante ao nível de 5,o%
(1)- Através do teste Qui-quadrado de Pearson.
Das 2727 crianças pesquisadas, 247 (9,1%) haviam tido experiência de dor de dente.
Verificou-se associação entre histórico de dor de dente e idade, renda familiar e
avaliação da saúde bucal pelo responsável (Tabela 10). Onde quanto mais velha a criança e
menor a renda, mais freqüente o relato de odontalgia. Assim como quanto pior a avalião
da saúde bucal da criança pelo responsável, maior o percentual de relato de dor. No entanto,
não houve diferença em relação ao gênero.
59
Tabela 10- Distribuição das crianças segundo a experiência de odontalgia
relacionando faixa etária, renda familiar, sexo e avaliação pelo responsável da saúde bucal
da criança.
Grupo total
(1)
247 9,1 2478 90,9 2725 100,0
Péssima 13 48,2 14 51,8 27 100,0
Ruim 33 32,7 68 67,3 101 100,0
Regular 93 14,7 541 85,3 634 100,0
Boa 91 5,8 1469 94,2 1560 100,0
Excelente 17 4,2 386 95,8 403 100,0 p
(1)
< 0,0001*
· Avaliação da saúde bucal
Grupo total
(1)
234 9,2 2315 90,8 2549 100,0
Quatro ou mais 30 4,4 653 95,6 683 100,0
Três 20 8,7 210 91,3 230 100,0
Dois 35 8,3 387 91,7 422 100,0
Um 149 12,3 1065 87,7 1214 100,0 p
(1)
< 0,0001*
· Renda familiar
(salários mínimos)
Grupo total
(1)
247 9,1 2480 90,9 2727 100,0
48 a 59 142 18,0 646 82,0 788 100,0
36 a 47 66 8,3 730 91,7 796 100,0
24 a 35 34 4,5 718 95,5 752 100,0
18 a 23 5 1,3 386 98,7 391 100,0 p
(1)
< 0,0001*
· Faixa etária (meses)
Grupo total
(1)
170 9,2 1681 90,8 1851 100,0
Feminino 80 9,1 797 90,9 877 100,0
Masculino 90
9,2 884 90,8 974 100,0 p¹= 0,9299
· Sexo
n % N % n %
Variável Sim Não TOTAL Valor p
Odontalgia
(*) Associação significante ao nível de 5,0%.
(1) Através do teste Qui-quadrado de Pearson.
Dentre os comportamentos observados durante o exame intrabucal, verificou-se que
o choro (Figura 4), movimentos de fuga, movimentos de recusa (Figura 5) e expressões
faciais de medo/ desconforto apresentaram associação significante com o relato de
odontalgia (Tabela 11).
60
Figura 4- Comportamento de choro durante o exame.
Figura 5- Comportamento da criança antes e durante o exame clínico.
Tabela 11- Distribuição das crianças segundo o comportamento durante o
exame intrabucal relacionado a odontalgia.
61
Grupo total
(1)
247 9,1 2480 90,9 2727 100,0
Não 239 9,4 2299 90,6 2538 100,0
Sim 8 4,2 181 95,8 198 100,0 p
(2)
= 0,0166*
de medo/ desconforto
· Expressões faciais
Grupo total
(1)
247 9,1 2480 90,9 2727 100,0
Não 243 9,1 2418 90,9 2661 100,0
Sim 4 6,1 62 93,9 66 100,0 p
(2)
= 0,3905
de medo/ desconforto
· Expressões verbais
Grupo total
(1)
247 9,1 2480 90,9 2727 100,0
Não 247 9,1 2472 90,9 2719 100,0
Sim - - 8 100,0 8 100,0 p
(3)
= 1,0000
· Tremores
Grupo total
(1)
247 9,1 2480 90,9 2727 100,0
Não 246 9,1 2472 90,9 2717 100,0
Sim 1 11,1 8 88,9 9 100,0 p
(3)
= 0,8071
· Náusea/ vômito
Grupo total
(1)
247 9,1 2480 90,9 2727 100,0
Não 233 10,0 2096 90,0 2329 100,0
Sim 14 3,5 384 96,5 398 100,0 p
(2)
< 0,0001*
· Movimento de recusa
Grupo total
(1)
247 9,1 2480 90,9 2727 100,0
Não 237 9,8 2191 90,2 2428 100,0
Sim 10 3,3 289 96,7 299 100,0 p
(2)
= 0,0003*
· Movimentos de fuga
Grupo total
(1)
247 9,1 2480 90,9 2727 100,0
Não 218 10,2 1915 89,8 2133 100,0
Sim 29 4,9 565 95,1 594 100,0 p
(2)
< 0,0001*
· Choro
n % N % n %
Comportamento Sim Não TOTAL Valor p
Odontalgia
(*) Associação significante ao nível de 5,0%.
(**) Não foi determinado devido à ocorrência de freqüência muito baixa.
(1) Para 8 crianças não se dispõe das informações.
(2) Através do teste Qui-quadrado de Pearson.
(3) Através do teste Exato de Fisher.
62
DISCUSSÂO
63
6 DISCUSSÃO
Observou-se que a cada 10 crianças pesquisadas aproximadamente, três
apresentaram medo odontológico na visita ao dentista, ou seja, 34,7%. Resultado
semelhante foi observado por Caraciolo; Colares (2004) quando encontraram em seu estudo
com crianças de 5 anos de idade, uma prevalência de 41,1% de medo odontológico; dessa
prevalência a mais alta (55,3%) foi encontrado em pré-escolares da rede pública de ensino,
ou seja, em crianças com vel socioeconômico baixo. Neste estudo, entre as crianças cujos
pais relataram renda até 1 salário mínimo encontrou-se 37,9% de medo odontológico,
enquanto entre aquelas cujos pais relataram renda superior a 4 salários, observou-se 29,4%
de medo. Foi verificado também, que crianças menores de 35 meses e renda familiar de 1
salário mínimo apresentaram maiores percentuais de medo odontológico; assim como o
medo odontológico declinou com o aumento da idade. Resultado semelhante foi observado
por Ferreira et al (2004) quando relataram que a ansiedade declina com o passar dos anos,
pois com o aumento da idade a criança torna-se mais segura, independente, diminuindo o
elo de ligação entre a mãe e a criança.
Apesar do estudo de Ferreira et al (2004) relatar que as meninas normalmente são
mais ansiosas em relação aos meninos, não foi observada diferença entre os gêneros no
presente estudo.
Verificou-se que quase 10% das crianças pesquisadas apresentaram fobia
odontológica. Queluz (1999) relatou que o medo associado com o tratamento odontológico
é o décimo entre os medos mais intensos (fobia) na população em geral e Milgron (1988)
realizou um estudo com 1019 entrevistados obtendo um percentual semelhante de alto medo
odontológico (7,3%).
A maioria das crianças pesquisadas nunca tinha visitado o dentista e dentre as
justificativas, a falta de tempo foi mencionada por 21,2% dos responsáveis seguido da
dificuldade de acesso (17,4%). No entanto, a maioria dos entrevistados (52,7%), relatou
outro, o motivo de nunca ter ido ao dentista, necessitando assim de uma posterior
investigação para melhor esclarecer essa questão.
Observou-se uma associação estatisticamente significante entre ansiedade da criança
64
(34,7%) e ansiedade materna (26,9%) relacionada ao tratamento odontológico; o que está
de acordo com os resultados de Ramos (2000); Faraco; Delbem; Percinoto (1994); Hosey et
al (2006); Tollara et al (1999) e Colares et al (2004), que também observaram associação
entre ansiedade da criança e ansiedade materna, podendo influenciar o comportamento da
criança durante o atendimento odontológico, assim como a ansiedade odontológica pode
levar ao o adiamento da consulta odontológica tanto da criança como do responsável
(CARACIOLO; COLARES, 2004).
A maioria das crianças (91,6%) apresentou manifestações comportamentais de medo
e/ ou desconforto durante o exame clínico, sendo mais freqüentes: o choro (21,38%),
movimentos de recusa (14,2%), movimentos de fuga (10,76%) e expressões faciais de
medo/ desconforto (7,10%). Mc Grath (1990) relatou em seu estudo as várias reações da
criança à dor como o choro, os movimentos corporais difusos e desorganizados que são
observados no recém nascido. À medida que a criança se desenvolve, respostas mais
específicas à dor; como a capacidade de agredir, fugir ou adiar as situações dolorosas
surgem.
Nesse estudo foi verificado associação estatisticamente significante, entre
manifestações de choro, movimento de fuga, movimento de recusa, expressões verbais e
faciais de medo/ desconforto durante o exame com histórico de odontalgia e medo e/ ou
ansiedade ao tratamento odontológico; enquanto que as manifestações significantes com
histórico de odontalgia encontrou-se choro, movimento de fuga, movimento de recusa e
expressões faciais de medo/ desconforto. Baier et al (2004) observaram em seu estudo uma
proporção de 20% de crianças com medo odontológico e que apresentaram comportamento
negativo durante a consulta. Feitosa; Colares (2003); Oliveira et al (2003) e Borges (2002)
ainda comentaram que o medo e a ansiedade estão presentes em diferentes graus e que uma
criança medrosa ou dominada pela ansiedade, provavelmente vivenciará a experiência
odontológica de modo diferente de uma criança com baixo nível de medo e/ ou ansiedade.
Experiências anteriores negativas no consultório odontológico, associado à ocorrência de
dor intensa ou de uma situação alarmante ou mesmo uma relação negativa com o
profissional são fatores em potencial causadores de comportamento negativo de crianças,
durante o atendimento odontológico.
Verificou-se que 45,3% das crianças que tem medo odontológico tiveram
65
experiência de dor de dente; observando uma associação estatisticamente significante entre
essas duas variáveis. Esse resultado corrobora aquele encontrado por Moraes (2003), que
relatou que quanto maior a ansiedade da criança, maior será a sua sensibilidade à dor. Lia;
Toledo (2005); Queluz (1999); Gonçalves et al (2003) também concordaram com essa
afirmação, ao relatar que o medo odontológico pode resultar em danos à saúde oral,
levando o indivíduo ao desconforto, dor; além de alterar a qualidade de vida da criança.
Encontrou-se um percentual significativo de responsáveis (9,1%) que relataram que
suas crianças já haviam tido histórico de odontalgia. Resultados semelhantes foram
encontrados por Slade et al (1996); Tickle et al (2002); Levine; Pitts e Nugent (2002).
Considerando que a faixa etária estudada é de menores de 5 anos, ou seja, crianças muito
jovens, a experiência de dor pode ser preocupante. Essa fase precoce da vida compreende
crescimento e desenvolvimento físico, cognitivo, emocional e social, que podem sofrer
interferência negativa de experiências desagradáveis e dolorosas. Deste modo, sugere-se
atenção especial a essa faixa etária, no que diz respeito a promoção de saúde e a um
diagnóstico precoce de cárie dentária, a fim de evitar experiências de dor e desconforto.
Observou-se uma associação significante entre odontalgia, idade, renda familiar e
avaliação pelo responsável da saúde bucal da criança; onde quanto mais velha a criança e
menor a renda familiar, mais freqüente o relato de odontalgia. Verificou-se também que
quanto pior a avaliação da saúde bucal da criança pelo responsável, maior o relato de
histórico de dor. Entre aqueles que consideraram a saúde bucal da criança boa ou excelente,
em torno de 95% não relatou experiência de dor, enquanto que entre aqueles que
consideraram a saúde péssima, quase 50% relatou dor. No entanto, não foi observado
diferença entre os gêneros no estudo presente.
Identificou-se também uma associação estatisticamente significante entre histórico de
odontalgia e manifestações comportamentais negativas durante o exame intrabucal. Dentre
as manifestações, observou-se que o choro, movimento de recusa, movimento de fuga e
expressão facial de medo/ desconforto foram os mais associados à dor de dente. O que está
de acordo com Oliveira et al (2003) quando relatam que o choro, o resmungo, o grito e
algumas verbalizações são indicadores de odontalgia em crianças pequenas. César et al
(1999) relataram que as primeiras experiências odontológicas associadas à sensação de dor
e/ ou desconforto contribuem decisivamente para um comportamento inadequado.
66
Observou-se percentuais preocupantes de medo e/ ou ansiedade relacionado à
odontologia, assim como histórico de odontalgia em uma população tão jovem. A
associação entre essas duas variáveis indica a formação do medo da dor como um fator
relevante a ser considerado, pesquisado e controlado na prática odontológica, em especial
em Odontopediatria, visto que essa estabelece as primeiras impressões relacionadas à
promoção de saúde bucal.
67
CONCLUSÕES
68
7 CONCLUSÕES
As análise dos dados, pode-se concluir que:
*A maioria das crianças nunca tinha visitado o dentista e que a cada 10 crianças pesquisadas
aproximadamente, ts apresentavam medo relacionado a odontologia; *Crianças menores e
de menor renda familiar apresentaram maior percentual de medo odontológico;
*Verificou-se associação entre ansiedade materna e ansiedade da criança relacionada ao
tratamento odontológico;
* Quase 10% das crianças pesquisadas apresentaram histórico de dor de dente e quanto
mais velho a criança e menor a renda familiar, mais freqüente o relato de odontalgia; assim
como também quanto pior a avaliação da saúde bucal da criança pelo responsável, maior o
relato de dor de dente;
*O medo odontológico esteve associado ao histórico de odontalgia, assim como ao
comportamento não cooperativo durante exame clínico entre as crianças menores de cinco
anos de idade.
69
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