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SABRINA DE OLIVEIRA SANCHES
CONTROLE MOTOR, DOR E DEPRESSÃO EM MULHERES COM
SÍNDROME DA FIBROMIALGIA
Dissertação
FLORIANÓPOLIS - SC
2007
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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA
CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA, FISIOTERAPIA E DESPORTOS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO-SENSU EM CIÊNCIAS
DO MOVIMENTO HUMANO
SABRINA DE OLIVEIRA SANCHES
CONTROLE MOTOR, DOR E DEPRESSÃO EM MULHERES COM
SÍNDROME DA FIBROMIALGIA
Dissertação apresentada como requisito para a
obtenção do grau de mestre em Ciências do
Movimento Humano, na subárea de Desenvolvimento
e Aprendizagem Motora do Programa de Pós-
graduação em Ciências em do Movimento Humano,
da Universidade do Estado de Santa Catarina.
Orientador: Dr. Alexandro Andrade
FLORIANÓPOLIS - SC
2007
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SABRINA DE OLIVEIRA SANCHES
CONTROLE MOTOR, DOR E DEPRESSÃO EM MULHERES COM
SÍNDROME DA FIBROMIALGIA
Dissertação apresentada como requisito para a obtenção do grau de Mestre em
Ciências do Movimento Humano, na área de concentração “Desenvolvimento e
Aprendizagem Motora”, no Curso de Pós–Graduação em Ciências do Movimento Humano da
Universidade do Estado de Santa Catarina.
BANCA EXAMINADORA:
Orientador: ______________________________________________________________
Prof. Dr. Alexandro Andrade
Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC
Membro _______________________________________________________________
Prof. Phd. Ruy Jornada Krebs
Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC
Membro _______________________________________________________________
Prof. Dr. Gilmar Moraes Santos
Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC
Membro _______________________________________________________________
Prof. Dr. Roberto Moraes Cruz
Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC
Membro _______________________________________________________________
Prof. Dra. Kátia Rúbio
Universidade de São Paulo - USP
Florianópolis, 08 de Março de 2007
Encerro este trabalho com muitas dúvidas
e apenas uma certeza:
ainda não terminou ...
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus queridos:
Irmã, Sarita de Oliveira Sanches Lemos
Pai, Wilson Roberto Sanches
E a minha mãe Claudenice de Oliveira Sanches (In memoriam).
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer a todos que direta ou indiretamente colaboraram para a
realização deste trabalho. Não é possível citar todos os nomes, mas alguns merecem destaque
especial. Agradeço ...
À Deus por ter me concedido mais essa oportunidade.
Aos familiares: meus queridos avós Mercedes e Aristides Sanches, ao meu cunhado
Humberto Lemos e principalmente à minha irmã Sarita, ao meu pai Wilson e à minha mãe
Claudenice, que mesmo não estando presente continua sendo minha fonte de inspiração para
superar as etapas da vida. Obrigada por todo amor, confiança e apoio. Amo muito vocês!
Ao meu namorado Gilmar Staviski. Obrigada por sempre me lembrar do verdadeiro
sentido da vida!
Aos companheiros e amigos do LAPE: Maick Viana, Ricardo Brandt, Thiago Matias,
Whylerton Cruz e Luciana Segato e principalmente às amigas: Caroline Luft, Viviane
Gonçalves, Martina Rolim e Alessandra Bertinatto, cada um de vocês contribuiu de uma
maneira peculiar e especial para a realização deste trabalho. Obrigada pelo carinho e amizade
de todos! Adoro vocês!!
Quero agradecer às amigas que conheci no LAPE, mas que acabaram seguindo outros
caminhos: à Evanea Scopel por toda nossa amizade e trabalho em conjunto e à Suzana Xavier
e Daniela Szenészi. Obrigada por sempre estarem dispostas a me ajudar!
Ao pessoal do projeto de extensão: Janaina Bueno, Kerle Klein, Leonardo Schneider,
Daniela Lobo, Maria Virgilina Ramos e Christiane Ferreira. Obrigada por terem me ensinado
a aprender com as diferenças!
Ao meu orientar Prof. Alexandro Andrade. Obrigada pela paciência, dedicação e
carinho!
Aos Profs. Ruy Jornada Krebs, Roberto Moraes Cruz e Kátia Rúbio. Obrigada pela
pelas orientações!
A Solange Remor e ao Nivaldo da Silva, funcionários do CEFID. Obrigada por
sempre estarem dispostos a nos atender e ajudar!
7
Às professoras Lisandra Konrad, Kariny Velasquez e Patrícia Cossettin e aos
funcionários da clínica de fisioterapia do CEFID/UDESC. Obrigada pela colaboração de
vocês!
E a todas as mulheres que participaram deste estudo. Muito obrigada!
RESUMO
Este estudo objetivou investigar a relação entre controle motor, dor e depressão em mulheres
com síndrome de fibromialgia (SFM). Participaram desta pesquisa 28 mulheres com idade
média de 47 anos e diagnóstico clínico de SFM. Para a caracterização da amostra foi utilizado
o Questionário Sócio-demográfico e Clínico (KONRAD, 2005) adaptado para esta pesquisa.
A avaliação das características da dor foi feita por meio dos itens III e IV do Questionário
McGill de Dor adaptado por Castro (1999). O Inventário de Depressão de Beck (BECK,
RUSH e SHAW, 1961) foi utilizado para mensurar a percepção de sintomas depressivos. O
controle motor foi avaliado por meio do Software de avaliação da aprendizagem e controle de
habilidades motoras finas (ANDRADE et al., 2003) e do Software de avaliação do tempo de
reação (ANDRADE et al., 2002). Os dados foram tratados com estatística descritiva (média,
freqüência e desvio padrão) e inferencial (correlação de Pearson e Spearman e teste de Mann-
Whitney). Foram encontradas correlações positivas entre a percepção de sintomas depressivos
e a percepção geral da dor (r= 0,530, p=0,004) e entre a percepção de sintomas depressivos e
as dimensões da dor: afetiva (r=0,649, p<0,001), subjetiva (r=0,529, p=0,004) e mista
(r=0,431, p=0,022). Identificou-se correlação positiva entre a avaliação sensorial da dor e a
quantidade de erro apresentada pelas participantes na última subtarefa do teste de avaliação do
controle de habilidades motoras finas (r=0,383, p=0,044). As mulheres que queixaram-se de
dor durante a avaliação do controle de habilidades motoras finas apresentaram resultados
significativamente piores nas três subtarefas do teste, se comparadas aquelas que não
relataram dor (1ª. subtarefa, p= 0,004; 2ª. subtarefa, p=0,037 e 3ª. subtarefa, p=0,001).
Verificou-se correlações positivas entre a percepção de sintomas depressivos e o desempenho
no TR simples com estímulo visual (r=0,527, p=0,004), no TR simples com estímulo auditivo
( r=0,604, p=0,001) e no TR de discriminação (r=0,419, p=0,026). Não ocorreu correlação
significativa entre a percepção de sintomas depressivos e o desempenho nas habilidades
motoras finas. Tais resultados indicam que os sintomas de dor e depressão podem
comprometer o controle motor de mulheres fibromiálgicas de diferentes maneiras: os
sintomas depressivos podem estar associados à diminuição da velocidade do processamento
de informação, enquanto a sensação de dor pode comprometer o desempenho de mulheres
com SFM em habilidades motoras finas.
Palavras-Chave: Controle motor. Dor. Depressão. Fibromialgia.
ABSTRACT
This study aimed to identify the relation between pain, depression and motor control in
women with FMS. Twenty-eight women with mean age of 47 years (SD=11,4) and clinical
diagnosis of FMS were evaluated. The characteristics of the sample were assessed by Clinical
and Social-demographic Questionnaire (KONRAD, 2005) adapted for this research. The
perception of depressive symptoms was identified through the Beck Depression Inventory
(BECK, RUSH and SHAW, 1961). The assessment of pain characteristics was identified
through the items III and IV of the McGill Pain Questionnaire adapted by Castro (1999). The
motor control was evaluated through the Reaction Time Assessment Software developed by
Andrade et al. (2002) and the Learning and Fine Motor Control Assessment Software
(ANDRADE et al. 2003). The data was treated by descriptive statistics (mean, frequency and
standard deviation) and inference (Pearson and Spearman correlations and Mann-Whitney
test). It was verified positive correlation between overall pain perception and perception of
depressive symptoms (r= 0,530, p=0,004) and between perception of depressive symptoms
and pain dimensions: affective (r=0,649, p=0,000), subjective (r=0,529, p=0,004) and mixed
(r=0,431, p=0,022). It was identified correlation between sensory pain and performance in the
last task of the fine motor skills control evaluation (r=0,383, p=0,044). Women who reported
pain during the fine motor skills evaluation showed worse performance in this task when
compared to women who did not report pain (1
st
. subtask, p= 0,004; 2
nd
. Subtask, p=0,037 e
3
rd
. subtask, p=0,001). The perception of depressive symptoms was also correlated with
simple visual RT (r=0,527, p=0,004), simple auditory RT (r=0,604, p=0,001) and
discriminative RT (r=0,419, p=0,026). There was no correlation between perception of
depressive symptoms and fine motor skills performance. Such results indicate that pain and
depression can impair the motor control of these women from two ways: depression can
impair the speed processing of information and pain can impair the fine motor skills
performance of the women with FMS.
Key-Words: Motor Control. Pain. Depression. Fibromyalgia
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1. Ilustracão retirada do estudo de Wolfe, Smythe e Yunus (1990).................... 24
Figura 2. Primeira subtarefa do teste de avaliação do controle de habilidades motoras
finas, denominada “movimento inclinado ascendente à direita”.................... 48
Figura 3. Segunda subtarefa do teste de avaliação do controle de habilidades motoras
finas, denominada “movimento horizontal à direita”...................................... 48
Figura 4. Terceira subtarefa do teste de avaliação do controle de habilidades motoras
finas, denominada “movimento sagital póstero-anterior”............................... 49
ÍNDICE DE GRÁFICOS
Gráfico 1. Intensidade da dor sentida geralmente e desempenho das mulheres com SFM
no teste de avaliação do controle de habilidades motoras finas...................... 68
Gráfico 2. Intensidade da dor referida no dia da avaliação e desempenho das mulheres
com SFM no teste de avaliação do controle de habilidades motoras finas..... 69
Gráfico 3. Intensidade da dor sentida geralmente e desempenho das mulheres com SFM
no teste de tempo de reação (TR)....................................................................... 72
Gráfico 4. Intensidade da dor referida no dia da avaliação e desempenho das mulheres
com SFM no teste de tempo de reação (TR)..................................................... 73
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1. Caracterização das mulheres com SFM quanto ao estado civil, nível
educacional, profissão, fonte de renda, renda mensal familiar, utilização de
computador, realização de habilidades manuais e dominância manual........ 54
Tabela 2. Data do início dos sintomas e do diagnóstico clínico da síndrome da
fibromialgia referidas pelas mulheres com SFM.............................................. 55
Tabela 3. Sintomas da síndrome da fibromialgia citados pelas mulheres com SFM..... 56
Tabela 4. Relação dos fatores desencadeantes da síndrome citados pelas mulheres com
SFM e suas respectivas ordens de prioridade................................................... 57
Tabela 5. Diagnóstico médico de outras doenças referidas pelas mulheres com SFM. 58
Tabela 6. Tratamentos utilizados pelas mulheres com SFM para alívio dos sintomas da
síndrome............................................................................................................... 59
Tabela 7. Aspectos relacionados à prática de atividade física como: quantidade de
modalidades, freqüência, duração e tempo de prática referidos pelas
mulheres com SFM.............................................................................................. 59
Tabela 8. Características relacionadas à qualidade e tempo de alteração do sono e
associação com os sintomas da síndrome referidos pelas mulheres com SFM.
............................................................................................................................... 60
Tabela 9. Fatores relacionados à depressão como: diagnóstico clínico, tempo de
diagnóstico e percepção dos sintomas depressivos referidos pelas mulheres
com SFM............................................................................................................... 61
Tabela 10. Intensidade da dor referida pelas mulheres com SFM em diferentes
situações:
g
eralmente, no dia da avaliação, quando a dor é máxima e mínima.
............................................................................................................................... 62
Tabela 11. Fatores moduladores da dor referidos pelas mulheres com SFM.................. 63
13
Tabela 12. Escore médio do desempenho das mulheres com SFM no teste de avaliação
do controle de habilidades motoras finas...........................................................64
Tabela 13. Desempenho das mulheres com SFM no teste de avaliação do controle de
habilidades motoras finas com o valor médio calculado a partir da 3ª.
tentativa.................................................................................................................66
Tabela 14. Desempenho das mulheres com SFM no teste de TR com o valor médio
calculado a partir da 2ª. tentativa. 67
Tabela 15. Desempenho das mulheres com SFM que relataram ou não queixa de dor
durante o teste de avaliação do controle de habilidades motoras finas...........70
Tabela 16. Desempenho no teste de TR das mulheres com SFM que relataram ou não
queixa de dor durante o teste de avaliação do controle de habilidades motoras
finas........................................................................................................................
71
Tabela 17. Percepção de sintomas depressivos das mulheres com SFM que relataram ou
não queixa de dor durante a realização do teste de avaliação do controle de
habilidades motoras finas....................................................................................74
Tabela 18. Tempo de diagnóstico clínico de depressão e desempenho no TR de
discriminação apresentados pelas mulheres com SFM.....................................74
Tabela 19. Qualidade do sono, percepção geral da dor e depressão apresentados pelas
mulheres com SFM...............................................................................................75
Tabela 20. Qualidade do sono e percepção afetiva da dor referidas pelas mulheres com
SFM........................................................................................................................
76
Tabela 21. Qualidade do sono e desempenho geral nos testes de avaliação do controle
motor apresentados pelas mulheres com SFM..................................................
76
Tabela 22. Freqüência de realização de habilidades manuais e desempenho geral nos
testes de avaliação do controle motor apresentados pelas mulheres com SFM
................................................................................................................................77
LISTA DE SIGLAS
ACR – Colégio Americano de Reumatologia (American College of Medicine)
MHD – Movimento Horizontal à Direita
MIAD – Movimento Inclinado Ascendente à Direita
MSPA – Movimento Sagital Póstero-anterior
SFM – Síndrome da Fibromialgia
SM – Salários Mínimos
SNC – Sistema Nervoso Central
TM – Tempo de Movimento
TR – Tempo de Reação
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 18
1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA........................................................18
1.2. OBJETIVOS..........................................................................................................20
1.2.1. Objetivo Geral ..................................................................................................20
1.2.2. Objetivos específicos........................................................................................21
1.3. JUSTIFICATIVA ..................................................................................................21
1.4. DELIMITAÇÃO DO ESTUDO............................................................................22
2 REVISÃO DA LITERATURA 23
2.1. SINDROME DA FIBROMIALGIA......................................................................23
2.1.1. Etiologia e Fisiopatologia da síndrome da Fibromialgia..................................26
2.2. DOR CRÔNICA....................................................................................................28
2.2.1. Aspectos fisiológicos da dor...............................................................................29
2.3. DEPRESSÃO ........................................................................................................32
2.3.1. Aspectos neurofisiológicos da depressão. ........................................................34
2.4. CONTROLE MOTOR...........................................................................................36
2.4.1. Tempo de Reação .............................................................................................39
3 MÉTODO 42
3.1. CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA................................................................42
3.2. PARTICIPANTES DA PESQUISA......................................................................42
3.3. VARIÁVEIS DO ESTUDO ..................................................................................43
3.4. INSTRUMENTOS ................................................................................................43
3.4.1. Questionário Sócio-demográfico e Clínico (ANEXO B):................................44
3.4.2. Questionário McGill de Dor (ANEXO C):.......................................................44
3.4.3. Inventário de Depressão de Beck (BDI) (ANEXO D):....................................45
3.4.4. Controle Motor .................................................................................................46
3.4.4.1. Software de avaliação do tempo de reação......................................................46
16
3.4.4.2. “Software de avaliação da aprendizagem e controle motor de
habilidades motoras finas”. ..............................................................................47
3.5. COLETA DE DADOS ..........................................................................................49
3.6. TRATAMENTO DOS DADOS............................................................................51
4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 53
4.1. CARACTERIZAÇÃO DO PERFIL SÓCIO-DEMOGRÁFICO DAS
PARTICIANTES..........................................................................................................53
4.2. ASPECTOS CLÍNICOS DA SFM ........................................................................55
4.3. ASPECTOS PSICOLÓGICOS..............................................................................60
4.4. AVALIAÇÃO DA DOR .......................................................................................61
4.5. CONTROLE MOTOR...........................................................................................64
4.5.1. Desempenho das mulheres com SFM no teste de avaliação do controle
de habilidades motoras finas. ............................................................64
4.5.2. Desempenho das mulheres com SFM no teste de tempo de reação (TR). .......66
4.6. RELAÇÕES ENTRE AS VARIÁVEIS DO ESTUDO.........................................67
4.6.1. Avaliação da Dor e Depressão .........................................................................67
4.6.2. Controle Motor e Avaliação da Dor .................................................................68
4.6.3. Controle Motor e Depressão.............................................................................73
4.7. OUTRAS RELAÇõES...........................................................................................75
5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 79
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 91
7 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 93
APÊNDICE A - Cálculo do coeficiente de variação acumulado e análise dos dados do
estudo piloto referente às etapas do teste de TR 107
APÊNDICE B - Desempenho das participantes nas 6 subtarefas do teste de avaliação do
controle de habilidades motoras finas realizadas no estudo piloto 109
APÊNDICE D - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 119
APÊNDICE E - Cálculo do coeficiente de variação acumulado das 10 tentativas de cada
subtarefa do teste de avaliação do controle de habilidades motoras finas 121
APÊNDICE F - Cálculo do coeficiente de variação acumulado das 7 tentativas de cada
etapa do teste de tempo de reação (TR) 123
17
ANEXO A – Aprovação Comitê de Ética em Pesquisas em Seres Humanos 125
ANEXO B – Questionário Sócio-Demográfico e Clínico 127
ANEXO C – Questionário McGill de Dor 132
ANEXO D – Inventário de Depressão de Beck 135
18
1 INTRODUÇÃO
1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA
Nos últimos anos, a síndrome da fibromialgia tem sido foco de pesquisas em diversas
áreas. A busca por uma melhor compreensão dos mecanismos envolvidos na fibromialgia
ocorre, principalmente, pela característica crônica e pela gravidade dos sintomas que traz
sofrimento e comprometimento em diferentes aspectos da vida dos indivíduos que apresentam
esta síndrome.
Cavalcante et al. (2006) desenvolveram uma revisão de literatura que aponta dados
epidemiológicos de fibromialgia em diferentes países. Estes autores identificaram que esta
síndrome acomete entre 0,66 e 4,4% da população, sendo mais prevalente em mulheres,
especialmente na faixa etária entre 35 e 60 anos. Segundo Marques (2004) poucos estudos
epidemiológicos sobre a prevalência de dor crônica e fibromialgia têm sido desenvolvidos em
países considerados “em desenvolvimento”. No Brasil, um estudo desenvolvido na Unidade
de Triagem da Clínica de Dor do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo,
demonstrou que das 485 pessoas entrevistadas com queixa de dor difusa, 68,8% dos casos
eram de fibromialgia e dentre estes, 86,8% foram detectados em mulheres e 13,2% em
homens (TEIXEIRA et al., 2001).
O conceito de Fibromialgia foi definido em 1990, pelo Colégio Americano de
Reumatologia (ACR) com base em um estudo desenvolvido por Wolfe e colaboradores. De
acordo com este estudo a Fibromialgia pode ser definida como uma “síndrome de dor difusa e
crônica, caracterizada pela presença de pelo menos 11 dos 18 pontos anatomicamente
específicos chamados de tender points, dolorosos à palpação de cerca de 4 kgf” acompanhada
de outros sintomas como: rigidez, fadiga e distúrbios do sono (WOLFE, SMYTHE e
YUNUS, 1990). Em 1993, Croft e colaboradores desenvolveram um estudo para verificar a
prevalência de dor difusa conforme os critérios sugeridos pelo ACR em pacientes
fibromiálgicos e constataram que a prevalência de dor crônica e difusa estava associada com
outros sintomas como: cansaço, depressão e ansiedade.
Após o reconhecimento da síndrome da fibromialgia (SFM) como uma condição
clínica significativa que afeta parte da população, muitos estudos têm sido desenvolvidos e
19
demonstram que os sintomas desta síndrome causam impacto negativo na vida dos indivíduos
fibromiálgicos. Pesquisas sobre SFM têm apontado que os indivíduos com este tipo de
síndrome apresentam prejuízos em diversos aspectos da qualidade de vida (MARTINEZ et
al., 1999; BERBER, 2004), em aspectos sociais, emocionais (BERNARD, PRINCE e
EDSALL, 2000; OKIFUJI, TURK e SHERMAN, 2000; PAGANO et al., 2004) e cognitivos
(GRACE et al., 1999). No entanto, pouco tem sido estudado a respeito da motricidade.
A dor crônica, uma das principais características da SFM, está relacionada à
diminuição da capacidade funcional e alterações emocionais que influenciam na vida das
pessoas (KAPLAN, SCHMIDT e CRONAN, 2000). Graven-Nielsen et al. (1997)
demonstraram que pessoas com dor muscular apresentam diminuição da capacidade de
contração e força dos músculos doloridos, o que ao longo do tempo pode comprometer a
execução de atividades diárias.
Indivíduos com SFM podem diminuir sua movimentação devido ao receio de que sua
sensação dolorosa seja intensificada (DE GIER, PETERS e VLAEYEN, 2003; TURK,
ROBINSON e BURWINKLE, 2004). Além disso, eles passam a apresentar um recrutamento
muscular diferente daqueles utilizados por pessoas com ausência de sintomas dolorosos, o que
resulta em programas motores diferentes (PIERRYNOWSKI, TIIDUS e GÁLEA, 2005).
Alterações no programa de recrutamento muscular comprometem o adequado sinergismo dos
músculos podendo levar a fadiga, incoordenação motora (STERLING, JULL e WRIGHT,
2001; PIERRYNOWSKI, TIIDUS e GÁLEA, 2005) e, conseqüentemente, aumento da
sensação dolorosa.
Assim, percebe-se que o processo de sensação dolorosa pode interferir na capacidade
das pessoas de realizar movimentos. Contudo, a ausência de alterações na estrutura e
fisiologia muscular de pessoas com SFM, em estudos que utilizaram biópsias e exames
eletromiográficos (YUNUS et al., 1989; YUNUS e KALYAN-RAMAN, 1989; ZIDAR et al.,
1990; SIMMS, 1996; LE GOFF, 2006), indicam que o comprometimento motor em pessoas
fibromiálgicas pode estar associado a alterações no processamento central. Embora, a
definição de critérios diagnósticos estabelecidos pelo ACR tenha dado muita importância à
questão muscular, a dor crônica característica dessa síndrome parece estar envolvida com
alterações no processamento central de informação da dor (GRACELY et al., 2002; COOK et
al., 2004; JULIEN et al., 2005).
Pesquisas de neuroimagem em pessoas fibromiálgicas têm demonstrado que este tipo
de doença provoca diminuição do limiar da dor e alterações em diversas regiões do cérebro
que estão envolvidas não só com a sensação, mas também com a cognição, emoção e
20
movimento (GRACELY et al., 2002; GIESECKE et al., 2004). Considerando que a
programação e execução de um movimento voluntário dependem do trabalho cooperativo de
diversas estruturas e funções do sistema nervoso (SHUMWAY-COOK e WOOLLACOTT,
2003), as alterações no funcionamento cerebral de pessoas com SFM podem comprometer o
controle motor.
Entretanto, é importante ressaltar que as alterações na atividade cerebral características
da SFM podem estar relacionadas a disfunções dos sistemas de neurotransmissores como:
serotonina e noradrenalina. Alterações destes neurotransmissores não são exclusivas da SFM,
elas são evidenciadas tanto em pessoas com dor crônica (CALVINO e GRILO, 2005) como
em pessoas depressivas (MALHI, PARKER e GREENWOOD, 2005).
Esses neurotransmissores além de participarem do mecanismo de inibição central da
dor também estão envolvidos com a regulação das concentrações do neurotransmissor
dopamina (MALHI, PARKER e GREENWOOD, 2005) que está diretamente envolvido com
as funções psicomotoras do organismo. Devido ao mau funcionamento destes
neurotransmissores, pessoas depressivas podem apresentar comprometimento tanto das
funções cognitivas (BRODY et al., 2001) como psicomotoras (WIDMER et al., 1998;
BENAZZI, 2002).
Dessa forma, a investigação do controle motor em mulheres com SFM deve levar em
consideração a gravidade dos sintomas de dor e depressão característicos dessa síndrome.
Devido aos fatores expostos, a questão problema desta pesquisa é: qual a relação entre o
controle motor, dor e depressão em mulheres com síndrome da fibromialgia?
1.2. OBJETIVOS
1.2.1. Objetivo Geral
Avaliar a relação entre controle motor, dor e depressão em mulheres com síndrome da
fibromialgia.
21
1.2.2. Objetivos específicos
Caracterizar as mulheres com síndrome da fibromialgia quanto ao perfil sócio-
demográfico, aspectos clínicos da síndrome, prática de atividade física e qualidade do
sono;
Identificar a percepção de sintomas depressivos em mulheres com síndrome da
fibromialgia;
Identificar a percepção e intensidade da dor em mulheres com síndrome da
fibromialgia;
Verificar o desempenho de mulheres com síndrome da fibromialgia em habilidades
motoras finas;
Verificar o tempo de reação de mulheres com síndrome da fibromialgia;
Verificar a relação entre controle motor, dor e depressão em mulheres com síndrome
da fibromialgia.
1.3. JUSTIFICATIVA
A fibromialgia é uma síndrome caracterizada por dor crônica músculo-esquelética
generalizada e por um conjunto de outros sintomas, que, devido ao caráter crônico, podem
trazer sérias conseqüências para vida dos indivíduos fibromiálgicos. No entanto, o fato de
pessoas com este tipo de síndrome não apresentarem lesões externas que justifiquem a
intensidade dos sintomas relatados, faz com que, muitas vezes, sejam discriminadas e mal
interpretadas em relação às suas condições físicas.
De acordo com Bennet (1996) pessoas com SFM podem apresentar dificuldades em
manter a realização de tarefas motoras repetitivas. Entretanto, este mesmo autor comenta que
a inaptidão física em pessoas com dor crônica é resultado de uma complexa integração entre
experiências passadas, tipo de ocupação profissional, atividades de vida diária, fadiga e/ou
cansaço, nível educacional, condições financeiras, auto-estima, alterações emocionais como
ansiedade e depressão entre outros fatores. Estes dados demonstram que o ser humano é
essencialmente um ser bio-psico-social, pois da mesma forma que os fatores citados podem
interferir no controle motor de pessoas com SFM, o fato destas apresentarem dificuldades
motoras também pode ter implicações sociais e consequentemente emocionais em suas vidas,
pois, às vezes, as pessoas deixam de realizar atividades profissionais e/ou do cotidiano e
22
ficam abaladas emocionalmente por isso, este abalo, por sua vez, pode piorar suas condições
físicas e assim por diante como um “ciclo vicioso”.
Tais aspectos demonstram a necessidade do desenvolvimento de pesquisas que
esclareçam as condições do controle motor de mulheres com SFM e a relação deste com os
sintomas da síndrome. Neste contexto, este estudo buscou contribuir, especificamente, para o
esclarecimento da relação entre controle motor e os sintomas de dor e depressão em mulheres
com SFM. Esta pesquisa se insere no modelo de estudos desenvolvidos no Laboratório de
Psicologia do Esporte e exercício – LAPE que busca compreender o ser humano em sua
totalidade. Assim, os resultados deste estudo poderão fornecer, aos profissionais da área da
saúde, subsídios para recuperação de pessoas com SFM, de forma que os efeitos negativos
dos sintomas da síndrome possam ser reduzidos e a performance motora otimizada. Além
disso, esses resultados permitirão que o grupo de mulheres estudado possa ter maior
conhecimento sobre seu comportamento motor.
Esta pesquisa ainda pretende colaborar para a linha de pesquisa em Desenvolvimento e
Aprendizagem Motora do Programa de Mestrado em Ciências do Movimento Humano do
qual faço parte e contribuir para o meio cientifico fornecendo maior entendimento sobre o
controle motor de mulheres com fibromialgia e sua relação com os sintomas de dor e
depressão característicos da síndrome.
1.4. DELIMITAÇÃO DO ESTUDO
Este estudo se delimitou a investigar a relação entre controle motor, dor e depressão
em mulheres com síndrome de fibromialgia. Para tanto, 28 mulheres com diferentes tipos de
ocupações nas atividades de vida diária, idade acima de 18 anos e diagnóstico clínico de SFM
foram avaliadas por meio de instrumentos que mensuram: a percepção de sintomas
depressivos; características da dor e aspectos do controle motor, além de um instrumento
utilizado para caracterização do perfil das participantes. A coleta dos dados ocorreu no
período de outubro e novembro de 2006, sendo que as avaliações foram realizadas no
Laboratório de Psicologia do Esporte e do Exercício – LAPE, localizado no Centro de
Educação Física, Fisioterapia – CEFID da Universidade do Estado de Santa Catarina -
UDESC e em locais adequados sugeridos pelas mulheres a serem avaliadas. Todas as
mulheres participaram da pesquisa como voluntárias cientes do sigilo quanto à identificação.
23
2 REVISÃO DA LITERATURA
Este capítulo aborda a fundamentação teórica dos seguintes tópicos: Síndrome da
Fibromialgia, Dor Crônica, Depressão e Controle Motor com o intuito de dar suporte à
compreensão da inter-relação entre as variáveis deste estudo.
2.1. SINDROME DA FIBROMIALGIA
Muitas foram as denominações empregadas ao longo dos tempos para discriminar os
sintomas característicos da fibromialgia. Segundo Helfenstein e Feldman (2002), desde a
antiguidade, essa condição reumática que envolve sintomatologia musculoesquelética crônica
entre outras manifestações clínicas, vem sendo responsável por relatos de dores profundas.
Segundo Bennet citado por Fernandes (2003), após a criação do termo “reumatismo”
para caracterizar os sintomas referentes à artrite, no século XIX, foi identificada uma divisão
entre reumatismo articular e reumatismo muscular, de forma que o reumatismo muscular
poderia estar associado a focos de inflamações musculares, que mais tarde foram associados a
pontos de dores sensíveis à palpação em diferentes locais do corpo.
Devido a suspeita de inflamação, Gowers em 1904, estabeleceu o termo fibrosite para
caracterizar pontos específicos de dor nos músculos característicos de síndromes dolorosas
crônicas (KAZIYAMA, YENG e TEIXEIRA, 2003). Entretanto, Kaziyama, Yeng e Teixeira
(2003) comentam que este termo passou a ser utilizado indiscriminadamente para descrever
um conjunto de entidades clínicas relacionadas à algias nas partes moles do corpo, assim,
mesmo na ausência de indícios de inflamação a fibrosite passa a caracterizar uma associação
de sintomas como: dores localizadas ou difusas, cansaço, fadiga, distúrbios do sono e mal
estar generalizado.
Até a metade do século XX, diferentes terminologias como neuroastenia, reumatismo
muscular, fibromiosite nodular, miofasceite, miofibrosite, mialgia reumática, reumatismo
psicogênico entre outras, foram utilizadas para descrever a associação de sintomas que
caracterizam a fibromialgia (FERNANDES, 2003).
Em 1981, Yunus e colaboradores propuseram o termo “fibromialgia”, em substituição
ao termo “fibrosite”, para caracterizar dor muscular difusa sem indícios de inflamação
tecidual relacionada a outras anormalidades do sistema nervoso central (KAZIYAMA, YENG
24
e TEIXEIRA, 2003). Contudo, segundo Starlanyl e Copeland citados por Chairow (2002),
somente em 1987, a fibromialgia foi reconhecida como uma síndrome distinta pela American
Association, ainda que naquela época não houvesse um conhecimento tão detalhado e claro
quanto à definição atual, geralmente aceita, do American College of Rheumatology (ACR).
Com base nos estudos desenvolvidos por Wolfe, Smythe e Yunus (1990), o ACR
definiu os seguintes critérios diagnósticos para a síndrome da fibromialgia: presença de dor
difusa há pelo menos três meses consecutivos caracterizada por dor no lado esquerdo e lado
direito do corpo, dor acima e abaixo da linha da cintura, acompanhada de dor no esqueleto
axial (seguimento cervical, torácico ou lombar da coluna vertebral); dor à palpação de
aproximadamente 4 kg/cm2 em pelo menos 11 dos 18 pontos dolorosos anatomicamente
padronizados, sendo eles: inserção dos músculos occipitais, coluna cervical baixa (C5-C6),
músculo trapézio, borda medial da espinha da escápula, quadrantes externos superiores das
nádegas, proeminências dos trocânteres maiores do fêmur, segunda junção costocondral,
epicôndilo lateral do cotovelo, coxim adiposo medial do joelho (junto ao tendão da pata de
ganso) como mostra a figura 1.
Ilustração retirada do estudo de Wolfe, Smythe e Yunus (1990).
Embora a SFM tenha como principal característica a presença de dor crônica
generalizada, por se tratar de uma síndrome, geralmente apresenta outros sintomas associados
como: fadiga persistente, rigidez matinal generalizada e sono não reparador, além de outros
25
aspectos como: cefaléia, extrema sensibilidade ao frio, dismenorréia e um possível
componente psicológico representado freqüentemente por altos níveis de ansiedade e
depressão, entre outros sintomas (CHAITOW, 2002).
Considerando os sintomas associados à fibromialgia, Berber (2004) afirma que os
critérios diagnósticos propostos pelo ACR acabam sendo muito precisos e restritos, pelo fato
da SFM ser uma condição caracterizada por diversas manifestações clínicas com diferentes
graus de intensidade e gravidade. Para Chaitow (2002), os limites de parâmetros para o
diagnóstico da SFM, são de difícil controle, pois muitas vezes alguns pacientes não
respondem ao critério de 11 dos 18 pontos dolorosos sugeridos pelo ACR, porém, apresentam
todos os outros sintomas correspondentes à síndrome. Conforme Berber (2004) a presença de
pontos dolorosos pode estar associada também à existência de depressão, fadiga e má
qualidade do sono, sugerindo que esses pontos dolorosos podem indicar uma medida de
estresse geral.
Com o intuito de verificar se os critérios diagnósticos para SFM de acordo com ACR
são validos para a população brasileira, Haun, Ferraz e Pollak (1999) verificaram que os
sintomas: sono não restaurador e fadiga estavam presentes na maioria dos casos (80%),
corroborando com os resultados encontrados no estudo do comitê do ACR. Enquanto que, os
sintomas: rigidez matinal, dismenorréia e urgência miccional não apresentaram resultados
significativos na população brasileira. Quanto aos pontos dolorosos, este estudo verificou que
os melhores critérios para a classificação da síndrome foram dor difusa em 9 ou mais dos 18
pontos dolorosos possíveis, diferentemente dos 11 ou mais pontos dolorosos sugeridos pelos
critérios de classificação do ACR. Contudo, devido à pequena diferença encontrada entre este
estudo e os critérios sugeridos pelo ACR, Haun, Ferraz e Pollak (1999) sugerem que a mesma
metodologia seja utilizada no Brasil.
No que diz respeito à incidência, dependendo do estudo, a prevalência da SFM pode
variar entre 2% a 5% da população, sendo mais comum em mulheres (de 30 a 60 anos), numa
proporção de 20 mulheres para cada homem (CHAITOW, 2002; D’ARCY e McCARBERG,
2005).
Um estudo desenvolvido nos USA por Wolfe et al. (1995) demonstrou que a
fibromialgia acomete 2% da população geral (3,4% de mulheres e 0,55% de homens). White
et al. (1999) identificaram que, em Londres, a prevalência de Fibromialgia é de 3,3,% da
população adulta geral, afetando 4,9% das mulheres e 1,6% dos homens.
No Brasil, embora não tenham sido desenvolvidos estudos epidemiológicos, pesquisas
realizadas em centros médicos também demonstram que a incidência da fibromialgia é
26
sempre maior em mulheres (TEIXEIRA et al., 2001; HELFENSTEIN e FELDMAN, 2002).
Schochat e Beckmann (2003) consideram que a prevalência da síndrome em mulheres
provavelmente esteja relacionada a aspectos hormonais característicos do sexo feminino.
2.1.1. Etiologia e Fisiopatologia da síndrome da Fibromialgia
Uma causa exata responsável pelo desenvolvimento da SFM ainda não foi
identificada. A SFM parece surgir de uma série de fatores associados com difícil distinção em
relação a sua função de causa ou efeito, uma vez que a falta de uma etiologia específica
dificulta diferenciar o que é sintoma do que é fator desencadeante do quadro clínico da
síndrome. Além disso, segundo Haun, Ferraz e Pollak, (1999), o fato da SFM não ter um
substrato anatômico patológico definido e não apresentar alterações em exames bioquímicos
ou de imagens que auxiliem o seu diagnóstico, este, freqüentemente é baseado em critérios
clínicos.
Chaitow (2002) reuniu pesquisas de diversos autores na tentativa de agrupar os
principais fatores relacionados à SFM e destacou a presença de: alergias, hiperventilação,
ansiedade, depressão, síndrome do colón irritável, fadiga e dor muscular, distúrbios do sono,
distúrbios da tireóide e má regulação das funções cerebrais. Esses fatores estão presentes na
maioria dos quadros de SFM e apresentam uma complexa interação, sendo que alguns
representam uma parcial ligação causal com a síndrome, enquanto outros surgem como
conseqüência dos fatores etiológicos.
Dessa forma, diferentes fatores isolados ou combinados podem favorecer o surgimento
da SFM (KONRAD, 2005). Conforme Yunus (1994) a fisiopatologia da SFM está associada a
uma seqüência de aspectos inter-relacionados como: fatores periféricos, centrais e inter-
relações entre múltiplos aspectos, incluindo os endócrinos e psicológicos. Neste contexto,
entende-se fatores periféricos como traumas físicos ou lesões ósteo-musculares por esforço
exagerado ou repetitivo.
De acordo com Masi, White e Pilcher (2002) as causas associadas à SFM podem ser
melhor compreendidas apenas quando a avaliação do indivíduo fibromiálgico parte do ponto
de vista biopsicossocial, ou seja, a compreensão das causas da SFM deve considerar
características únicas individuais (bioquímicas, biomecânicas e psicossociais), além do estado
emocional e do ambiente ou contexto sócio-cultural ao qual o indivíduo está inserido.
27
Para Helfenstein e Feldman (2002) a SFM poderia ser identificada como um distúrbio
funcional relacionado a respostas biológicas do organismo ao estresse em indivíduos que são
mais propensos ao mesmo. Assim, tanto a experiência de uma situação traumatizante ou a
exposição contínua do indivíduo a pequenos estímulos estressantes, ao longo do tempo,
podem levar a saturação dos mecanismos de defesa e de adaptação do organismo ao estresse
(BLACKBURN-MUNRO e BLACKBURN-MUNRO, 2001), propiciando a instalação dos
sintomas da síndrome (CHAITOW, 2002; MASI, WHITE E PILCHER, 2002).
Goldstein, citado por Chaitow (2002), desenvolveu o que foi chamado de “Hipótese
neurossomática”, na qual ele defende que vários aspectos durante o decorrer da vida
colaboram para que ocorram mudanças na plasticidade neural que posteriormente prejudicam
as funções do organismo. Este autor atribui o desencadeamento da SFM a disfunções do
sistema nervoso central (SNC). Assim, segundo a teoria de Goldstein, os sintomas associados
à SFM, como dor crônica, fadiga, disfunções afetivas, distúrbios do sono, entre outros, estão
envolvidos com alterações das funções cerebrais, apresentando tanto interações de causa e
conseqüência entre si, como de agravamento uns dos outros.
Neste contexto, observa-se que diversas teorias já foram desenvolvidas no intuito de
identificar os fatores relacionados à SFM. No entanto, embora, a fisiopatologia da síndrome
ainda não seja completamente compreendida, a sensação dolorosa, principal característica da
SFM, tem sido associada a alterações no processamento central da dor, sugerindo uma base
neurobiológica na etiologia da doença (COOK et al., 2004; JULIEN et al. 2005).
O mecanismo de alteração central no processamento da dor tem sido o que melhor
contribui para a compreensão dos sintomas característicos desta síndrome, uma vez que os
estudos que investigam possíveis alterações na estrutura muscular de pacientes fibromiálgicos
não têm apresentado resultados consistentes (KAZIYAMA, YENG e TEIXEIRA, 2003). Le
Goff (2006) afirma que as alterações identificadas nos músculos de pacientes fibromiálgicos
como: alterações na organização da banda Z, diminuição do número de mitocôndrias ou da
quantidade de ATP, podem até colaborar para explicação de sintomas da SFM como a fadiga.
Entretanto, estas anormalidades não explicam todo o quadro clínico da síndrome.
Segundo Henriksson citado por Chaitow (2002) muitas pesquisas têm sido
desenvolvidas com o objetivo de detectar alterações morfológicas, bioquímicas e fisiológicas
nos tecidos moles de pessoas com fibromialgia, mas o que desencadeia estas condições ainda
não foi explicado. Para este autor, todas as teorias que tentam explicar a SFM apresentam uma
coisa em comum: o esforço de desenvolver um modelo que associe um conjunto de possíveis
28
aspectos etiológicos que influenciem negativamente os sistemas: imune, neural, endócrino,
circulatório entre outros, com uma convergência final para os sintomas da SFM.
2.2. DOR CRÔNICA
De acordo com a Associação Internacional de Estudos da Dor – IASP
(CAVALCANTE, 2005, p. 23), a dor é definida como “uma experiência sensorial e
emocional desagradável associada a lesões reais ou potenciais, ou descrita em termos destas
lesões”. Segundo Melzack e Wall (1982) inicialmente, atribuía-se a sensação de dor apenas
em resposta a lesões físicas. Contudo, hoje sabe-se que a dor além de estar relacionada a
características sensoriais, está também associada a propriedades emocionais e motivacionais
dos indivíduos que a sentem. Sendo assim, embora muitas vezes a dor ocorra devido a uma
estimulação nociva intensa, por vezes, ela pode ocorrer sem causa aparente, ou seja, “a
relação entre dor e lesão é altamente variável: a lesão pode ocorrer sem dor e a dor sem lesão”
(MELZACK e WALL ,1982, p. 15).
Isso faz com que a relação entre lesão tecidual e dor não seja exclusiva ou direta como
sugeriam as primeiras definições (PIMENTA, 2000), de forma que, a intensidade de sensação
dolorosa pode não corresponder à extensão e natureza do ferimento (HELMAN, 2003;
CALVINO e GRILO, 2005).
A percepção da intensidade ou tolerância à dor está relacionada a aspectos sensitivos e
emocionais como sensibilidade individual, estados de humor e experiências passadas,
podendo ser influenciada pelo ambiente em que ocorre, bem como pelas crenças, significados
e a importância que se atribuem a ela (HELMAN, 2003). Dessa forma, a condição da dor
pode diferir de paciente para paciente (BASBAUM, 1996; PIMENTA, 2000), sendo que, um
determinado fenômeno em determinadas condições pode significar um estímulo doloroso para
alguns, enquanto que para outros não.
A dor, inicialmente, pode ser considerada um processo de proteção e defesa do
organismo que alerta para situações danosas (BEAR, CONNORS e PARADISO, 2002).
Nesse caso, a dor é considerada aguda, pois apresenta curta duração, cessando com a
interrupção do estímulo doloroso (LENT, 2004). Esse tipo de dor consiste em um sistema
rápido de sinalização associado à respostas neurovegetativas do organismo como: elevação da
pressão arterial, taquicardia, taquipnéia, entre outras e a capacidade de ativar reflexos de
proteção (PIMENTA, 2000; LENT, 2004).
29
No entanto, a dor pode persistir para além da utilidade fisiológica e se tornar crônica,
atuando, dessa forma, como um agente estressante ao organismo (BLACKBURN-MUNRO e
BLACKBURN-MUNRO, 2001). Neste caso, a dor já não tem mais a função biológica de
alerta, sendo associada a processos patológicos crônicos que causam dor contínua e
recorrente, mal delimitada no tempo e no espaço com respostas emocionais de sofrimento do
indivíduo relacionadas à ansiedade e depressão (PIMENTA, 2000; CALVINO e GRILO,
2005).
2.2.1. Aspectos fisiológicos da dor
A sensação e percepção dolorosa estão associadas a uma gama de eventos que
envolvem mecanismos tanto centrais como periféricos do organismo humano. Segundo
Drummond (2006) entre o estímulo nociceptivo e a percepção subjetiva da dor, ocorrem
complexos processos químicos e elétricos que ainda não são totalmente compreendidos.
Dessa forma, o mecanismo de sensação dolorosa pode ser dividido didaticamente em quatro
diferentes processos, sendo eles: transdução, transmissão, modulação e percepção da dor.
O primeiro fenômeno, conhecido como transdução, é responsável pela transformação
de estímulos ambientais em potenciais de ação nos nociceptores situados em diversas partes
do corpo como: pele, músculos, articulações e vísceras (TEIXEIRA, 2003). Nociceptores
são terminações nervosas livres capazes de detectar estímulos nocivos de origem mecânica,
térmica e física. Lesões teciduais geralmente estão associadas a respostas inflamatórias que
liberam substâncias químicas (bradicinina, histamina, prostaglandinas, substâncias P, entre
outras) que atuam na excitação de fibras nervosas responsáveis pela condução de dor
(PIMENTA, 2000). Assim, os nociceptores podem ser ativados diretamente por um estímulo
externo ou pela liberação de substâncias relacionadas à inflamação (CALVINO e GRILO,
2005).
Os nociceptores estão presentes nas fibras nervosas periféricas A-δ e C que, por sua
vez, são responsáveis pela condução dos estímulos nocivos ao SNC, constituindo assim, o
processo de transmissão da dor (DRUMMOND, 2006). Os estímulos dolorosos são
conduzidos através da medula por conjuntos de fibras chamados “tractos”. Estes tractos
encaminham, de forma organizada, os estímulos nocivos a diferentes partes do cérebro
permitindo que ocorra o processo de percepção da dor.
30
No cérebro, várias áreas tanto corticais como subcorticais são responsáveis pela
representação da dor, resultando nas diferentes dimensões: sensitiva-discriminativa, afetiva-
emocional, cognitiva avaliativa e comportamental, que estão envolvidas nas diversas
respostas relacionadas ao processo doloroso (PIMENTA, 2000; FERREIRA, 2004;
CALVINO e GRILO, 2005). Assim, a compreensão do funcionamento das estruturas
cerebrais envolvidas no processo de sensação dolorosa colabora para o entendimento dos
diferentes tipos e características da dor, bem como das implicações e complicações que
podem estar associadas a ela.
O estudo do comportamento cerebral de indivíduos com dor crônica utilizando
imagens de ressonância magnética funcional, mostrou que a experiência de dor está associada
ao aumento da atividade do córtex somatossensorial, córtex cingulado anterior, córtex pré-
frontal e a diminuição da atividade do tálamo (DERBYSHIRE et al., 2004; LEEUW, et al.,
2005). Dessa forma, o córtex somatossensorial está envolvido na percepção espacial, temporal
e na intensidade do estímulo doloroso, enquanto o tálamo desempenha função de um sistema
de transmissão multifuncional. O córtex frontal, a insula e o córtex cingulado anterior estão
relacionados ao complexo processo de resposta emocional à dor (LEEUW et al., 2005;
CALVINO e GRILO, 2005).
Entretanto, deve-se considerar que o organismo humano possui um mecanismo natural
de modulação da dor, isto é, um estímulo doloroso pode ser bloqueado por mecanismos
inibidores centrais que atuam tanto a nível medular como nos centros superiores. O
mecanismo de modulação da dor é mediado por substâncias químicas (principalmente
serotonina e noradrenalina) que trabalham num sistema de feedback negativo colaborando
para a supressão da dor (CALVINO e GRILO, 2005). Assim, a sensação dolorosa ocorre em
conseqüência do desequilíbrio desse sistema, ou seja, quando existe um aumento dos
impulsos nociceptivos ou diminuição dos mecanismos de modulação da dor (PIMENTA,
2000).
Segundo Teixeira (2003), a presença de estímulos dolorosos persistentes podem tornar
o sistema de supressão da dor insuficiente; além disso, os estímulos persistentes podem ser
responsáveis pela cronificação da sensação dolorosa. O processo de cronificação da dor
envolve um conjunto de reações químicas que modificam a fisiologia e morfologia das células
(tanto periféricas como centrais) responsáveis pela transmissão dolorosa, causando o que pode
ser chamado de sensibilização neural. Essa sensibilização é caracterizada pela amplificação
dos receptores e otimização sináptica que promovem a facilitação e manutenção da sensação
dolorosa mesmo na ausência de estímulos nocivos (TEIXEIRA, 2003; DRUMMOND, 2006).
31
Com isso, a sensibilização é responsável pelas sensações de hiperalgesia (sensação
exacerbada de dor) e alodínea: sensação de dor em resposta a estímulos considerados não
nocivos, além de causar dor espontânea (TEIXEIRA, 2003).
A compreensão dos mecanismos fisiológicos envolvidos no processo de sensação
dolorosa colabora para o entendimento da dor crônica característica da SFM, uma vez que a
fisiopatologia da SFM parece estar relacionada a anormalidades no SNC, ligadas
principalmente ao processo sensitivo e interpretativo da dor (KAZIYAMA, YENG e
TEIXEIRA, 2003; JULIEN et al., 2005). Tais anormalidades estão associadas à diminuição
endógena do mecanismo de inibição central da dor. Alterações na inibição descendente
prejudicam a diminuição da sensação dolorosa, permitindo que substâncias amplificadoras da
dor atuem exacerbando a sensação (D’ARCY e McCARBERG, 2005; JULIEN et al. 2005).
Isso faz com que, indivíduos com SFM percebam como dolorosos estímulos que para
indivíduos saudáveis são considerados inofensivos.
O sistema descendente de inibição da dor pode ser ativado pela estimulação de
neurotransmissores como serotonina e noradrenalina (KESIM, et al. 2005), que apresentam-se
diminuídos em pacientes com fibromialgia (WEIDEBACH, 2002; D’ARCY e
McCARBERG, 2005). Por outro lado, substâncias excitatórias (substância P, glutamato,
bradicinina e outros peptídeos) responsáveis pelo aumento da sensação da dor apresentam-se
em concentrações elevadas (HELFENSTEIN E FELDMAN, 2002). Assim, alterações no
metabolismo dos neurotransmissores serotonina, noradrenalina e substância P podem ser
responsáveis pelas disfunções de origem central desencadeadoras da sensação dolorosa na
SFM (RUSSELL et al., 1998; STRATZ et al., 2004).
A substância P é um neurotransmissor que está diretamente envolvido no processo de
sensação dolorosa (SCHWARZ, 1999). Elevados níveis de substância P no fluido cérebro-
espinhal têm sido verificados em pacientes com SFM (RUSSELL et al., 1998). Tal fato pode
estar associado à diminuição de serotonina encontrada neste tipo de paciente, que proporciona
o aumento da sensação dolorosa característico desta síndrome (STRATZ et al., 2004).
A serotonina é responsável pelo controle (inibição) das concentrações de substância P.
Em condições normais altos níveis de substância P em regiões cerebrais provocam o aumento
de serotonina que por sua vez inibe a liberação (ação) de substância P na medula espinhal
(SCHWARZ, 1999). Este mecanismo pode ser interpretado como um feedback negativo.
Assim, a serotonina apresenta uma correlação negativa em relação à substância P uma vez que
o aumento da substância P pode ser considerado proporcional à diminuição de serotonina
(SCHWARZ, et al. 1999).
32
A diminuição nos níveis de serotonina, noradrenalina e dopamina têm sido associadas
não só a sensação dolorosa como também a sintomas depressivos em pacientes com
fibromialgia (D’ARCY e McCARBERG, 2005; SCHWARZ, 1999). O neurotransmissor
serotonina desempenha um importante papel no mecanismo patológico da SFM, uma vez que
está associado tanto a modulação da dor, quanto a regulação dos estados de humor, cognição e
funções motoras (HEILS et al., 1996).
2.3. DEPRESSÃO
No decorrer da vida todo ser humano pode apresentar flutuações de humor e afeto
mediante algumas situações. Contudo, em algumas pessoas estas flutuações ultrapassam os
limites considerados adequados e resultam em distúrbios afetivos, sendo o mais comumente
encontrado, conhecido como depressão (GUIMARÃES, 1996).
Depressão é um problema de saúde mental que pode comprometer as capacidades
funcionais dos indivíduos, trazendo sérias conseqüências as suas vidas (BEEVERS, 2005).
Segundo Guimarães (1996), a depressão pode ser definida como uma síndrome psiquiátrica
acompanhada de componentes biológicos e psicológicos, caracterizada por sintomas
emocionais, motivacionais e físicos com grande repercussão na qualidade de vida do
indivíduo.
De acordo com Diagnostic and Statiscal Manual of Mental Disorders (DSM-IV)
dependendo da sintomatologia, duração e gravidade, os transtornos depressivos podem ser
classificados em: depressão maior (unipolar), distimia e transtorno depressivo sem outra
especificação. Sendo que, a depressão maior ainda pode ser dividida em melancólica e
psicótica (GUIMARÃES, 1996).
Assim, os critérios diagnósticos conforme a classificação do DSM-IV incluem os
seguintes sintomas:
1. humor deprimido a maior parte do tempo na maioria dos dias;
2. diminuição marcante no interesse ou prazer em todas ou quase todas as
atividades (anedonia);
3. aumento ou diminuição marcados de peso ou apetite;
4. insônia ou excesso de sono quase todos os dias;
5. agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias;
6. fadiga ou falta de energia quase todos os dias;
33
7. sentimentos de desvalia ou culpa excessiva;
8. diminuição na habilidade de concentração e pensamento;
9. pensamentos recorrentes de morte ou idéias e tentativas de suicídio;
10. sentimentos de desesperança.
Para diagnóstico de depressão maior, o indivíduo precisa apresentar os sintomas 1 e/ou
2 e pelo menos quatro dos sintomas associados aos números de 3 a 9, com duração mínima de
2 semanas. Para o diagnóstico de distimia é necessária a presença de humor deprimido por no
mínimo dois anos acompanha de pelo menos 2 dos sintomas presentes nos números 3, 4, 6, 7,
8 ou 10 (DSM-IV, 2002).
A depressão maior ainda recebe uma subclassificação diferenciada em melancólica e
psicótica (GUIMARÃES, 1996; MALHI, PARKER e GREENWOOD, 2005). Considerando
que tanto a depressão melancólica como a psicótica são caracterizadas pelos sintomas da
depressão maior, a depressão melancólica ainda possui sintomas de anedonia, piora regular
dos sintomas pela manhã, insônia matinal, agitação ou retardo psicomotor observáveis,
anorexia ou perda de peso, entre outros sintomas. Enquanto que os indivíduos com depressão
psicótica apresentam as características da depressão maior associados a idéias delirantes de
perseguição (GUIMARÃES, 1996).
Muitos estudos têm demonstrado alta prevalência de depressão em pessoas
fibromiálgicas quando comparadas a grupos controles (MARTINEZ et al., 1995; TURK et al.,
1996; BIGATTI E CRONAN, 2002; LANDIS, et al. 2004; BERBER, 2004; GUVEN, KUL
PANZA e GUNDUZ, 2005; KURLAND et al., 2006). Entretanto, Kaziyama, Yeng e Teixeira
(2003) comentam que a ocorrência de depressão não é exclusiva em pacientes com SFM, pois
este tipo de disfunção psicológica geralmente acomete indivíduos com outras doenças
caracterizadas por dor crônica. De acordo com Silveira (2001), dentre as pessoas com alguma
enfermidade física, 20% a 25% apresentam sintomas depressivos na vigência da doença. Os
sintomas depressivos, na maioria das vezes, são responsáveis pelo agravamento do quadro
clínico e aumento da dor, bem como pela diminuição de aderência a tratamentos
(DIMATTEO et al., 2000; KATON SULLIVAN e WALKER, 2001; ELLIOT, RENIER e
PALCHER, 2002).
Conforme Cole citado por Berber (2004), da mesma forma que acontece com a SFM, a
incidência de depressão é maior entre as mulheres, sendo a melancólica o tipo mais comum
(GUIMARÃES, 1996).
Na fibromialgia, a depressão não está associada a todos os casos, porém, quando
presente, a depressão parece intensificar os sintomas da síndrome, aumentando as
34
conseqüências negativas da doença. Berber (2004) identificou que a prevalência de depressão
entre os pacientes de fibromialgia é de 32,9% para depressão leve, 21,4% para depressão
moderada e 12,9% para depressão severa. Neste estudo, a depressão mostrou-se responsável
pela queda estatisticamente significativa da qualidade de vida relacionada aspectos de
condicionamento físico, funcionalidade física, percepção da dor, funcionalidade social, saúde
mental, funcionalidade emocional e percepção da saúde em geral.
Um estudo de Okifuji, Turk e Sherman (2000), que objetivou investigar os sintomas
de pessoas fibromiálgicas com ou sem depressão, verificou que a depressão não interferiu nas
características da síndrome nem na intensidade e sensibilidade à dor. Contudo, a depressão
esteve associada à maneira negativa como as pessoas encaram os sintomas da síndrome, o que
resulta em maior implicação destes na vida destas pessoas.
A relação entre fibromialgia e depressão ainda não é totalmente compreendida
enquanto algumas pesquisas apontam a depressão como uma das possíveis causas
relacionadas ao desencadeamento da SFM, outras associam a depressão como conseqüência
do conjunto de sintomas característicos da síndrome (CHAITOW, 2002). Além disso, existe a
hipótese de que as duas doenças (fibromialgia e depressão) possam apenas compartilhar um
fator etiológico comum, sem relações de causa e feito (HUDSON e POPE, 1996; KASSAM e
PATTEN, 2006).
McBeth et al. (2002) afirmam que uma relação de causa e efeito é pouco provável.
Esses autores defendem a existência de um fator comum que seja responsável pela origem dos
dois problemas. De forma que, este fator comum provavelmente esteja relacionado às
alterações no funcionamento dos sistemas de neurotransmissores e conseqüentemente da
atividade cerebral comum a estes dois tipos de doença. Conforme Pizzorno citado por Berber
(2004) à medida que a bioquímica cerebral for melhor compreendida o mesmo acontecerá
coma a fisiopatologia de algumas doenças.
2.3.1. Aspectos neurofisiológicos da depressão.
Para melhor entender os sintomas conseqüentes da depressão, é necessário
compreender seu mecanismo de ação no cérebro. A depressão está associada a muitas
alterações tanto nas estruturas neuroanatômicas quanto no funcionamento dos sistemas de
neurotransmissores (TREMBLAY et al. 2005). Os neurotransmissores noradrenalina,
serotonina, dopamina, glutamato, entre outros apresentam concentrações alteradas em certas
35
regiões cerebrais de pessoas depressivas (MALHI, PARKER e GREENWOOD, 2005;
MATHEW, KEEGAN e SMITH, 2005). No entanto, as alterações da função dos sistemas de
neurotransmissores podem ocorrer devido à mudança na sensibilidade de receptores pré e pós-
sinápticos, sem alteração da quantidade do próprio neurotransmissor (LAFER e VALLADA
FILHO, 1999).
Tais neurotransmissores são distribuídos por várias áreas cerebrais incluindo o córtex,
tálamo, hipotálamo, hipocampo, amígdala e cerebelo (MALHI, PARKER e GREENWOOD,
2005). Eles exercem efeitos de modulação e integração sobre atividades corticais e
subcorticais e estão envolvidos na função de regulação da atividade psicomotora, apetite, sono
e humor (LAFER e VALLADA FILHO, 1999).
Alterações no sistema de neurotransmissores como a falta de serotonina ou excesso de
glutamato interferem no funcionamento cerebral de pessoas depressivas. Tais alterações
implicam em menor adaptação ao estresse crônico, maior interpretação de estímulos como
ameaçadores (JOCA, PADOVAN e GUIMARÂES, 2003), aumento do medo e de respostas
aversivas (MITSUKAWA, et al. 2005), além da diminuição de funções neuroprotetoras do
cérebro e conseqüentes desordens fisiológicas (MATHEW, KEEGAN e SMITH, 2005) que
propiciam o aparecimento de doenças.
As concentrações de dopamina também apresentam-se alteradas em pessoas
depressivas (TREMBLAY, et al. 2005). A falta de dopamina compromete, entre outras, a
função motora (TREMBLAY, et al., 2005; KREITZER e MALENKA, 2005), estando
relacionada também a anedonia e falta de motivação (MALHI, PARKER e GREENWOOD,
2005).
Dessa forma, percebe-se que a depressão está associada a um conjunto de mudanças
bioquímicas que implicam em alterações do funcionamento de estruturas cerebrais. Estudos
de neuroimagem com pessoas depressivas têm identificado anormalidades em algumas áreas
cerebrais como: região orbital e medial do córtex pré-frontal, amígdala, tálamo e estriado.
Estas áreas são responsáveis pela modulação do comportamento emocional e resposta ao
estresse e estão comprometidas na depressão (DREVETS, 2000).
Steffens e Krishnan (1998), examinando o funcionamento de regiões corticais e
subcorticais que poderiam estar envolvidas na depressão, identificaram que as estruturas que
compõem o estriado (caudato e putamem) encontram-se em tamanho reduzido em pessoas
depressivas. Tais regiões parecem estar associadas a capacidades cognitivas e principalmente
a funções de planejamento motor.
36
Outro estudo de imagem funcional desenvolvido por Brody et al. (2001) comparou
pessoas com depressão maior e pessoas sem a mesma doença e mostrou que nos primeiros a
atividade do córtex pré-frontal dorsolateral tem sido encontrada diminuída, enquanto que a
ventrolateral aumentada. Além disso, outras regiões como giro ou córtex cingulado anterior,
lobo temporal e gânglios da base também têm demonstrado alterações de funcionamento em
pessoas depressivas. Estes achados permitem associações com sintomas clínicos da depressão
como tristeza, ansiedade, falhas de memória, diminuição de sustentação da atenção e retardo
psicomotor.
2.4. CONTROLE MOTOR
A motricidade não é exclusividade da espécie humana, todos os animais desenvolvem
algum tipo de movimento, uns mais elaborados, outros menos, mas que, de modo geral,
contribuem para a sobrevivência das espécies (LENT, 2004). No entanto, a motricidade
humana atingiu um alto grau de desenvolvimento, que permite a realização de movimentos
muito delicados com alta precisão que colaboram para a evolução da espécie.
O sistema de controle motor envolve um processo complexo de estruturas localizadas
tanto no sistema nervoso central como periférico (MAGILL, 1984), sendo o sistema motor
central organizado em níveis hierárquicos de controle.
Segundo Shumway-Cook e Woollacott (2003), o controle do movimento é resultado
do trabalho cooperativo de diferentes estruturas cerebrais cujo funcionamento pode ser
organizado de forma hierárquica e paralela. Por organização hierárquica do movimento
entende-se todo o processo que ocorre desde a capitação de estímulos sensoriais que chegam
ao SNC pelas vias ascendentes e atingem os sistemas de percepção e programação de ações
como respostas. No entanto, estas autoras destacam que o mesmo sinal pode ser processado
por diversas estruturas cerebrais representando o sistema de funcionamento paralelo do
controle de movimentos.
O controle motor de movimentos voluntários está relacionado a atividades de áreas do
córtex cerebral, localizadas anteriormente ao sulco central, ocupando aproximadamente o
terço posterior do córtex frontal. Tais áreas formam o córtex motor e podem ser divididas em
córtex motor primário, área pré-motora e área motora suplementar (GUYTON e HALL,
2002).
37
O comando da execução dos movimentos é feito pelo córtex motor primário por meio
do tracto corticoespinal, que constitui uma via direta para controle de movimentos
relacionados principalmente aos movimentos distais dos membros (GUYTON e HALL, 2002;
LENT, 2004). No entanto, para que o córtex motor primário possa dar o comando de
execução dos movimentos, antes, necessita do planejamento motor que está relacionado às
funções das áreas pré-motoras.
Para que uma habilidade motora ocorra com sucesso desejado, estruturas subcorticais
como cerebelo e gânglios basais trabalham em conjunto com o córtex motor. Embora essas
estruturas não estejam envolvidas com a execução de movimentos, propriamente dito, elas
participam no controle e coordenação de habilidades motoras (GUYTON e HALL, 2002;
KOLB e WHISHAW, 2002; LENT, 2004).
O cerebelo interage com várias áreas cerebrais e conseqüentemente participa de
diferentes formas no controle motor. Essas interações permitem que o cerebelo atue tanto no
controle do sinergismo muscular e de forças necessárias para a realização da tarefa, como na
detecção e correção de erros de movimentos específicos, além de colaborar diretamente com o
planejamento prévio de movimentos por meio da troca de informações com regiões corticais
(KOLB e WHISHAW, 2002; GUYTON e HALL, 2002; LENT, 2004).
Outra estrutura importante na programação do movimento são os gânglios da base. Os
gânglios basais são constituídos pelo estriado (putamen e caudato), globo pálido, núcleos
subtalâmicos e substância negra (GUYTON e HALL, 2002). Tais núcleos estão distribuídos
nas regiões telencefálicas, diencefálicas e mesencefálicas do cérebro e suas funções estão
relacionadas, principalmente, com o controle do movimento, ou seja, com a velocidade,
intensidade e direção do movimento (LENT, 2004).
Pelo fato dos gânglios basais estarem distribuídos em uma ampla área cerebral, alguns
núcleos como o caudato mantém contato com estruturas sensório-motoras, parietais,
occipitais, pré-frontais e associativas. Isso faz com que o caudato interaja com informações
motoras e sensoriais que se transformam em padrões de pensamentos passiveis de uso
(GUYTON e HALL, 2002). Tais contatos permitem que os gânglios da base atuem no
controle cognitivo da atividade motora, colaborando subconscientemente para o planejamento
de padrões e seqüências de movimentos para posterior execução de movimentos complexos
(LENT, 2004).
Pesquisas sobre o fluxo sanguíneo cerebral de pacientes fibromiálgicos têm
demonstrado diminuição de fluxo no núcleo caudato, regiões do tálamo (MOUNTZ et al.,
1995) e tegumento (KWIATEK et al., 2000), indicando que estas regiões, além de estarem
38
relacionadas ao planejamento motor, também podem estar associado ao processamento da
dor.
Gracely et al (2002) utilizaram imagens de ressonância magnética funcional para
investigar funções do cérebro de pessoas com SFM, mediante duas formas diferentes de
aplicação do estímulo doloroso. Primeiramente foi dado um estímulo doloroso padrão em
ambos os grupos (SFM e controle), sendo que para o grupo de SFM, este estímulo foi
considerado doloroso e 12 regiões do cérebro tiveram sua atividade aumentada enquanto que
para o grupo controle, o mesmo estímulo, foi considerado quase inofensivo e interferiu na
atividade de apenas duas áreas cerebrais. Na segunda parte do estudo, a intensidade do
estímulo doloroso não foi padronizada, mas regulada de acordo com a sensação dolorosa
subjetiva dos dois grupos. Assim, verificou-se que a estimulação considerada dolorosa para o
grupo de fibromialgia, provocou o aumento da atividade do córtex somatossensorial primário
contralateral, córtex somatossensorial secundário, lobo inferior do córtex parietal, giro
temporal superior, insula, putamem e cerebelo e diminuição da ativação no córtex
somatossensorial primário ipsilateral. Já, no grupo controle, o estímulo com intensidade
necessária para causar sensação dolorosa, ativou algumas áreas diferentes do grupo de
pacientes, pois houve ativação de mais áreas relacionadas às funções motoras incluindo a área
motora suplementar contralateral, núcleo caudato e globo pálido, além da ativação da região
ventro-lateral do núcleo talâmico também relacionado a funções motoras. Tais dados
evidenciam que pessoas com fibromialgia apresentam limiar de dor reduzido e que o
processamento de sensação dolorosa pode ter implicações em diversas áreas cerebrais
inclusive em algumas associadas ao planejamento motor.
Salerno et al. (2000) estudaram o comportamento do córtex motor de pacientes com
SFM e verificaram que estes apresentam disfunções motoras corticais que envolvem tanto
mecanismos excitatórios quanto inibitórios. No entanto, os autores identificaram que o
comprometimento motor não está relacionado ao córtex motor em si, mas ao
comprometimento dos gânglios basais, que interfere nos mecanismos inibitórios do sistema
motor.
O mecanismo inibitório do sistema motor é modulado principalmente pelo
neurotransmissor GABA. De acordo com Salerno et al. (2000) a redução da inibição pode ter
sido originada pela diminuição do metabolismo do neurotransmissor GABA decorrentes das
disfunções do gânglio basal e influenciada por outros neurotransmissores que também estão
relacionados ao controle motor como: substância P, glutamato, dopamina e serotonina.
39
Loubinoux et al. (2005), desenvolveram um estudo com indivíduos saudáveis e
verificaram que o uso crônico (um mês) de um medicamento que aumenta as concentrações
cerebrais de serotonina colabora na modulação do funcionamento de regiões sensório-
motoras. Isso pode ser observado pelo fato dos sujeitos da pesquisa ter apresentado maior
eficiência e performance motora após o uso do medicamento, quando comparados ao
desempenho apresentado antes do tratamento. Tal resultado demonstra a importância do
neurotransmissor serotonina para o planejamento e controle motor.
O movimento voluntário, principalmente aqueles relacionados a movimentos finos
altamente especializados, é um comportamento complexo do organismo humano que requer a
participação de muitas regiões do cérebro (COHEN, 2001). A sensação dolorosa, associada a
outros sintomas da SFM, está relacionada a alterações dos sistemas de neurotransmissores e
conseqüentemente no funcionamento de regiões cerebrais, podendo ter implicações no
controle de habilidades motoras finas e tempo de reação dos indivíduos acometidos pela
síndrome.
2.4.1. Tempo de Reação
O tempo de reação (TR) é o intervalo de tempo entre o disparo de um estímulo e o
início de uma resposta motora (MAGILL, 2000). De acordo com Teixeira (2006) “o TR
corresponde ao tempo de latência para importantes processos neurais que antecedem a
produção de movimentos”. Dessa forma, o TR pode ser entendido como a velocidade da
tomada de decisão, portanto quanto menor o TR, menor o tempo de processamento da
informação e conseqüentemente maior a eficiência dos mecanismos relacionados à ação
motora.
Segundo Magill (1984) as habilidades motoras humanas resultam de uma série de
processamentos mentais que ocorrem entre o aparecimento do estímulo significativo e o início
do movimento. Dessa forma, alguns pesquisadores têm utilizado o TR como sendo um
indicador da velocidade de processamento de informação (SCHMIDT e WRISBERG, 2001;
MAGILL, 2000).
Testes que envolvem tempo de reação (TR) têm sido utilizados em diversas pesquisas
para avaliar capacidades de atenção (MACDONALD e MECK, 2004; LENT, 2004; WIECH
et al., 2005; WILLISON e TOMBAUGH, 2006). De acordo com Spirduso (2005) a atenção é
um dos estágios necessários para o processamento de informação prévio a ação de uma
40
habilidade motora ou cognitiva. Assim, o TR pode ser considerado como uma variável
relacionada tanto a funções cognitivas (atenção e ativação) como a funções motoras (NAITO,
et al. 2000).
É importante diferenciar TR de tempo de movimento (TM). O TM é a quantidade de
tempo consumida pelo movimento independente do tempo utilizado para reagir ao estímulo
(SPIRDUSO, 2005). O intervalo de tempo decorrente desde a percepção do estímulo até o
final da resposta (TR + TM) é conhecido como tempo de resposta motora (MAGILL, 2000).
O tempo de reação pode ser considerado simples quando existe apenas um tipo de
estímulo e uma opção para resposta (MAGILL, 2000). Além do TR simples, existe também o
TR de discriminação e o TR de escolha. O TR de discriminação pode ser definido como o
tempo existente entre a percepção de mais de um estímulo e o início de uma única resposta
(MAGILL, 2000). Já o TR de escolha ocorre quando o indivíduo possui diferentes opções de
respostas para um determinado estímulo que possui apenas uma resposta correta (MAGILL,
2000).
Tarefas relacionadas ao TR de escolha exigem um aumento da complexidade do
processamento neural que pode atrasar o tempo de processamento de informação e
conseqüentemente o tempo de reação, diferentemente do TR simples que devido à facilidade
da tarefa tende a ter respostas mais rápidas (SPIRDUSO, 2005).
Segundo Teixeira (1996), o período de atraso para se reagir a estimulação sensorial
está relacionado a importantes subjacentes do processamento de informações no controle de
habilidades motoras. Conforme se aumenta à complexidade do programa motor, aumenta-se
paralelamente o período entre o estímulo e a resposta ou reação para o início do movimento,
fazendo com que esse período varie em função do número de componentes da resposta
programada. Porém, quanto mais informações o sujeito possui a respeito do movimento a ser
realizado, mais rápida será sua resposta.
Assim, dependendo da quantidade e complexidade dos estímulos e das respostas, a
tarefa apresentará um menor ou maior grau de dificuldade que influenciará na velocidade do
TR. Contudo, a familiaridade do indivíduo com a tarefa pode favorecer o melhor desempenho
do TR (MAGILL, 2000; SCHMIDT e WRISBERG, 2001).
O desempenho do TR está associado não só a características das tarefas como também
a características do contexto e do indivíduo (MAGILL, 1984). Dessa forma, outras variáveis
como idade, doenças e alterações dos estados emocionais também podem interferir nos
escores do TR (PIER, HULSTIJN e SABBE, 2004; TEIXEIRA, 2006). De acordo com
41
Bonin-Guilaume, Blin e Hasbroucq (2004), pessoas depressivas geralmente apresentam
alterações no processamento de informação e capacidade de gerar respostas.
Paelecke-Habermann, Pohl e Leplow (2005) verificaram que indivíduos deprimidos
apresentam dificuldades na realização de tarefas que envolvam atenção, concentração,
memória, velocidade de resposta e outras habilidades executivas quando comparados ao
grupo controle, contudo esse comprometimento é proporcional à duração e/ou freqüência de
episódios da depressão.
Pelo fato do TR estar diretamente associado à capacidade de ativação cerebral,
disfunções afetivas podem interferir na atividade cerebral e conseqüentemente influenciar o
TR. Além disso, o melhor desempenho do TR depende da capacidade de atenção do
indivíduo, a qual parece estar prejudicada em pessoas com dor crônica (BUFFINGTON,
HANLON e MCKEOWN, 2005). Grigsby, Rosenberg e Busenbark (1995) identificaram que
pessoas com dor crônica apresentam comprometimento em tarefas cognitivas que dependem
da velocidade do processamento de informação.
Uma pesquisa desenvolvida por Suhr (2003) identificou que pacientes com SFM
relatam maior queixa de prejuízos cognitivos, bem como maiores índices de depressão, dor e
fadiga quando comparados ao grupo controle e a pacientes com outros tipos de doenças
caracterizadas por dor crônica. De forma que, os sintomas de depressão estiveram
relacionados ao comprometimento da memória, enquanto que, os sintomas de fadiga
estiveram associados a menor velocidade do processamento de informação.
Neste contexto, entende-se que o TR depende tanto das características da tarefa e do
contexto nos quais as tarefas são desempenhadas, bem como das características individuais
dos sujeitos que as realizam.
42
3 MÉTODO
Neste capítulo estão descritos a caracterização da pesquisa, a descrição das
participantes, os instrumentos utilizados, os procedimentos para a coleta e o tratamento
utilizado para a análise dos dados. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisada da UDESC sob no. de registro 022/06 (ANEXO A).
3.1. CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA
Esta pesquisa é caracterizada como um estudo exploratório transversal de caráter
descritivo correlacional (THOMAS e NELSON, 2002), uma vez que visa investigar a relação
entre controle motor, dor e depressão em mulheres com síndrome da fibromialgia.
Estudos transversais descrevem características de indivíduos que podem apresentar
relações entre si em um determinado momento histórico da vida (VIEIRA e HOSSNE, 2001).
Segundo Thomas e Nelson (2002), pesquisas correlacionais visam determinar relações entre
duas ou mais variáveis, bem como gerar previsões.
3.2. PARTICIPANTES DA PESQUISA
Participaram desta pesquisa 28 mulheres residentes da grande Florianópolis com idade
média de 47 anos e diferentes ocupações nas atividades de vida diária, todas com diagnóstico
clínico de síndrome da fibromialgia.
O convite para participação da pesquisa foi feito às mulheres que freqüentam projetos
de Universidades destinados ao atendimento de pessoas com este tipo de síndrome ou
indicadas por médicos especialistas no assunto. As participantes foram selecionadas de
maneira intencional, de acordo com os seguintes critérios de inclusão: sexo feminino,
diagnóstico clínico de síndrome da fibromialgia, disposição para participar da pesquisa, idade
acima de 18 anos e capacidade para realizar as avaliações propostas no estudo.
A escolha de avaliar somente mulheres se deu pelo fato de que estudos nesta área têm
demonstrado que a SFM é mais comum no sexo feminino (WOLFE et al., 1995; WHITE et
43
al., 1999; TEIXEIRA et al., 2001; CAVALCANTE et al., 2006) e pela disponibilidade de
mulheres com SFM na região.
3.3. VARIÁVEIS DO ESTUDO
• Controle motor – Segundo Teixeira (2006, p.13) “o comportamento motor, desde o
movimento mais simples até a ação mais complexa, gera uma infinidade de informações sobre
como controlamos nossos movimentos”. Cada ação motora pode ser avaliada por uma série de
fatores que fornecem informações particulares sobre o controle do movimento produzido.
Neste estudo o controle motor foi avaliado por meio do tempo de reação e do desempenho em
habilidades motoras finas.
• Depressão – pode ser definida como uma síndrome psiquiátrica acompanhada de
componentes biológicos e psicológicos, caracterizada por sintomas emocionais, motivacionais
e físicos com grande repercussão na qualidade de vida do indivíduo (GUIMARÃES, 1996). A
depressão foi avaliada por meio da percepção de sintomas depressivos apresentada pelas
participantes da pesquisa.
• Dor – conforme a Associação Internacional de Estudos da Dor – IASP
(CAVALCANTE, 2005, p. 23) a dor pode ser definida como “uma experiência sensorial e
emocional desagradável associada a lesões reais ou potenciais, ou descrita em termos destas
lesões”. Nesta pesquisa, a dor foi avaliada por meio da identificação da intensidade e
percepção das características da dor apresentada pelas mulheres com SFM.
3.4. INSTRUMENTOS
Esta pesquisa utilizou 5 instrumentos para coleta de dados, sendo eles: Questionário
Sócio-Demográfico e Clínico; Questionário McGill de Dor; Inventário de Depressão de Beck;
Teste de Avaliação do controle de Habilidades Motoras finas e Teste de Tempo de Reação.
44
3.4.1. Questionário Sócio-demográfico e Clínico (ANEXO B):
Para a caracterização do perfil das participantes foi utilizado o questionário sócio-
demográfico e clínico elaborado por Konrad (2005) e devidamente adaptado, em um estudo
piloto, para esta pesquisa. Tal questionário é constituído de perguntas sobre dados pessoais:
idade, estado civil, escolaridade, profissão e aspectos clínicos da doença como: tempo de dor,
diagnóstico, tratamento, uso de medicação, terapia complementar, causas, sintomas, fatores
moduladores e outras condições clínicas associadas à SFM.
Para esta pesquisa, foram adicionadas ao questionário as questões: 4, 5, 7 a 10, 15, 16
e 22 a 29, referentes a ocupação e atividades de vida diárias, situação sócio-econômica,
diagnóstico médico de depressão, prática de atividade física e qualidade do sono. Estas
questões são necessárias para melhor caracterização das participantes em relação aos aspectos
que podem estar relacionados às variáveis do estudo.
3.4.2. Questionário McGill de Dor (ANEXO C):
A avaliação da dor foi feita por meio da utilização dos itens III e IV do Questionário
McGill de Dor adaptado por Castro (1999). Dessa forma, a percepção de dor foi avaliada por
meio do índice de avaliação da dor que corresponde à pontuação final do item III deste
Questionário. Este item é relacionado à descrição da dor e compreende 20 subclasses que
caracterizam a dor em 4 categorias: sensorial, afetiva, subjetiva e mista. Cada subclasse
contém palavras específicas que devem ser escolhidas conforme melhor caracterização da
sensação dolorosa. Não é preciso escolher palavras em todas as subclasses. Cada palavra
recebe uma pontuação que aumenta conforme a intensidade da sensação de dor. Assim, dentro
de cada subclasse, atribui-se o valor 1 para a palavra que indica menor dor, o valor 2 para a
próxima e assim por diante. Os valores numéricos das palavras escolhidas em cada subclasse
devem ser somados para se obter uma pontuação para cada categoria: sensorial, afetiva,
subjetiva e mista, sendo que a pontuação total das categorias corresponde ao índice de
avaliação da dor.
O item IV do questionário McGill diz respeito à intensidade da dor. Neste, o
respondente deve classificar sua sensação dolorosa em: 0) sem dor; 1) fraca; 2) moderada; 3)
forte; 4) violenta; 5) insuportável, diante as seguintes perguntas: “Que palavra melhor
45
descreve sua dor geralmente?”, “Que palavra melhor descreve sua dor agora?”, “Que palavra
descreve sua dor quanto ela é máxima e quando ela é mínima?”. Contém ainda uma questão
sobre tolerância à dor.
O item III deste instrumento corresponde ao “questionário de dor McGill”, construído
por Melzack em 1975 (SILVA, 2005). Este questionário já passou por modificações e
atualizações sendo um dos instrumentos mais utilizados para avaliação da dor em pesquisas
(TEIXEIRA, et al., 1999; SOUSA e SILVA, 2005). No caso da avaliação de dor em pessoas
com síndrome da fibromialgia, algumas pesquisas já utilizaram este questionário. Marques et
al. (2001) compararam as características da dor de pessoas com SFM e de pessoas com outras
doenças caracterizadas por dor crônica; Ferreira et al. (2002) e Marques (2004) verificaram as
diferenças na percepção de dor de pessoas com SFM e grupo controle e Li et al. (2006)
testaram os efeitos da acupuntura sobre os sintomas da fibromialgia utilizando o questionário
de dor McGill como um dos instrumentos de investigação na pesquisa.
3.4.3. Inventário de Depressão de Beck (BDI) (ANEXO D):
A percepção de sintomas depressivos foi avaliada por meio do Inventário de
Depressão de Beck, desenvolvido por Beck, Rush e Shaw (1961). Este inventário consiste em
uma escala composta de 21 itens, cuja pontuação de cada varia de 0 a 3 pontos. Tais itens são
referentes a sintomas e atitudes como: tristeza, pessimismo, sensação de fracasso, falta de
satisfação, sensação de culpa, sensação de punição, auto-depreciação, auto-acusações, idéias
suicidas, crises de choro, irritabilidade, retração social, indecisão, distorção de imagem
corporal, inibição para o trabalho, distúrbios do sono, fadiga, perda de apetite, perda de peso,
preocupação somática e perda da libido. Somados todos os itens, este inventário fornece uma
pontuação final que pode variar de 0 a 63 pontos, sendo que quanto maior a pontuação, maior
o indicativo de sintomas depressivos.
A versão em português deste instrumento foi analisada em um estudo desenvolvido
por Gorestein e Andrade (1998), apresentando índice de confiabilidade de 0,81. Este
questionário já foi utilizado em outras pesquisas para avaliar sintomas depressivos em pessoas
com síndrome da fibromialgia. Guven, Kul Panza e Gunduz (2005) verificaram a freqüência
de depressão, grau de dor e as relações entre estes aspectos em mulheres fibromiálgicas.
Ofluoglu et al. (2005) compararam a qualidade de vida e aspectos psicológicos de pessoas
com SFM e pessoas com artrite reumatóide. Burckhardt et al. (1994) após a utilização de
46
diferentes instrumentos concluíram que o Inventário de Depressão de Beck é o mais sensível
para avaliar depressão em pessoas fibromiálgicas. Marques (2004) confirmou o poder de
discriminação do Inventário de Depressão de Beck para avaliar pessoas com síndrome da
fibromialgia.
3.4.4. Controle Motor
Neste estudo o controle motor foi avaliado por meio da utilização de dois softwares
designados para avaliar o tempo de reação (TR) e o controle de habilidades motoras finas.
3.4.4.1. Software de avaliação do tempo de reação
Este instrumento compatível ao sistema operacional Windows foi desenvolvido por
Andrade et al. (2002) e mede o tempo de reação simples com estímulo visual, o tempo de
reação simples com estímulo auditivo, tempo de reação associativo (visual e auditivo) e
tempo de reação de discriminação (visual ou auditivo). A medida é feita em milésimos de
segundos (ms). O software permite a tomada do tempo de reação para os diferentes estímulos
e possibilita nomear a base de dados onde são gravados os registros; identificar o indivíduo;
identificar o registro; utilizar campos auxiliares de identificação; configurar o tempo de
preparação em milésimos de segundos; configurar o tempo mínimo e tempo máximo de
sorteio (rdm) e configurar o número de tentativas para cada uma das 4 etapas do teste (TR
simples com estímulo visual, TR simples com estímulo auditivo, TR associativo e TR
discriminativo). Para aplicação do software de avaliação do tempo de reação foi utilizado um
notebook.
Palafox e Cavasini (1985) demonstraram a padronização, objetividade e
reprodutibilidade do teste por computador de tempo de reação óculo-manual, concluindo que
o teste do tempo de reação por microcomputador satisfaz os critérios de confiabilidade
(reprodutibilidade e objetividade).
Nesta pesquisa, o tempo de reação foi avaliado em quatro etapas que se diferenciam
pelo tipo de estímulo. Cada etapa do teste foi constituída por 7 tentativas. A definição da
quantidade de tentativas em cada etapa do teste foi feita de acordo com os resultados
encontrados no estudo piloto (APÊNDICE A) e baseado no método de outros estudos que
fizeram uso do mesmo instrumento de avaliação (PORTELA, 2005; ANDRADE et al., 2005;
LUFT et al. 2005; SILVA et al., 2005; HANNIBAL et al., 2005; VASCONCELLOS et al.,
47
2005; ANDRADE e PORTELA, 2005; VIANA, ANDRADE e BELMONTE, 2005;
STAVISKI et al. 2006).
3.4.4.2. “Software de avaliação da aprendizagem e controle motor de habilidades motoras
finas”.
Para a mensuração do controle de habilidades motoras finas foi utilizado o “Software
de avaliação da aprendizagem e controle motor” com aplicação para habilidades motoras finas
discretas e fechadas de membros superiores, desenvolvido por Andrade et al. (2003).
Este software funciona em um microcomputador (notebook) e depende da utilização
de um periférico adaptado (mesa digitalizadora). O software tem a função de controlar e
monitorar a utilização do periférico adaptado, gerando uma linha de deslocamento do cursor
através da movimentação da caneta (componente da mesa digitalizadora). A escolha da mesa
digitalizadora, como periférico adaptado, ocorreu devido à adaptação de todas as participantes
ao uso da caneta, enquanto que, o uso do mouse poderia beneficiar as mulheres mais
adaptadas à utilização de computadores. A tarefa consiste em movimentar a caneta com o
objetivo de levar o cursor do ponto inicial até o ponto final de uma linha pré-estabelecida na
tela. O software calcula o tempo para realização da tarefa e a quantidade de erros medindo a
diferença entre o comprimento total da linha gerada e o comprimento total da linha reta entre
o ponto inicial e o ponto final predefinido e armazena as informações em uma base de dados.
A medida do tempo é representada em “segundos” e a quantidade de erro em “pixel”.
Este software de avaliação foi desenvolvido com base nos estudos de Guzman (1987),
Andrade e Milazzo (1995) e Andrade e Haupenthal (2001) que reúnem teorias sobre
aprendizagem e controle motor garantindo validade teórica e experimental ao instrumento,
sendo que no último estudo citado foram verificados detalhes necessários para conferir
confiabilidade da transmissão do periférico adaptado ao microcomputador, bem como
fidedignidade, exatidão, precisão e reprodutibilidade. A validade empírica deste instrumento
foi realizada no estudo piloto.
Nesta pesquisa, o protocolo de aplicação do software consistiu na realização de 3
subtarefas com diferentes níveis de dificuldade. Em cada subtarefa as participantes realizaram
10 tentativas.
A quantidade de tentativas em cada subtarefa e o nível de dificuldade foram definidos
de acordo com os resultados do estudo piloto. No estudo piloto as participantes realizaram 6
subtarefas caracterizadas por diferentes posições e direções. Dessa forma, a subtarefa em que
as participantes apresentaram pior desempenho, representado pela maior média do erro, foi
48
considerada a subtarefa mais difícil. A subtarefa em que elas apresentaram melhor
desempenho ou menor média de erro foi a considerada mais fácil e a subtarefa em que as
participantes apresentaram desempenho intermediário foi considerada com grau médio de
dificuldade (APÊNDICE B). A ordem de realização das subtarefas foi equivalente à realizada
no estudo piloto, dessa forma, as subtarefas foram realizadas em ordem decrescente de
dificuldade.
A primeira subtarefa a ser realizada, com maior grau de dificuldade, foi representada
pelo movimento inclinado ascendente à direita (MIAD) conforme mostra a figura 2.
Primeira subtarefa do teste de avaliação do controle de habilidades motoras finas, denominada
“movimento inclinado ascendente à direita”.
A segunda subtarefa, com grau de dificuldade intermediário, foi representada pelo
movimento horizontal à direita (MHD) demonstrada na figura 3.
Segunda subtarefa do teste de avaliação do controle de habilidades motoras finas, denominada
“movimento horizontal à direita”.
A última subtarefa, considerada com menor grau de dificuldade, foi caracterizada pelo
movimento sagital póstero-anterior (MSPA) conforme mostra a figura 4.
49
Terceira subtarefa do teste de avaliação do controle de habilidades motoras finas, denominada
“movimento sagital póstero-anterior”.
A definição de 10 tentativas em cada subtarefa foi feita com base no cálculo do
coeficiente de variação acumulado (APÊNDICE C). A análise do coeficiente de variação
acumulado permitiu observar que o desempenho das participantes estabilizou-se
principalmente entre a 3ª. e 4ª. tentativas na maioria das tarefas, apresentando uma importante
queda no valor do erro a partir da terceira tentativa. Para verificar se as 10 tentativas eram
necessárias para a avaliação do controle de habilidades motora finas comparou-se a média de
erro da 3ª. a 6ª. tentativas com a média de erro da 7ª. a 10ª. tentativas em cada uma das
subtarefas do teste, não apresentando diferenças significativas (p>0,05). Embora, os
resultados encontrados no estudo piloto demonstrem que apenas 6 tentativas seriam
suficientes para avaliar o controle motor fino, optou-se por continuar utilizando 10 tentativas
em cada uma das subtarefas do teste devido ao caráter exploratório do estudo.
3.5. COLETA DE DADOS
Neste tópico, são descritos os procedimentos para a aplicação dos instrumentos desta
pesquisa: Questionário Sócio-demográfico e clínico, questionário McGill de dor, Inventário
de Depressão de Beck, Software de avaliação do tempo de reação e Software de avaliação da
aprendizagem e controle de habilidades motoras finas.
Inicialmente um contato prévio, pessoal ou por telefone, foi feito com mulheres que
apresentam diagnóstico clínico de síndrome de fibromialgia. Neste momento foram fornecidas
informações sobre a pesquisa como: o objetivo do estudo, relevância, procedimentos das
coletas de dados, bem como a garantia do total sigilo de identificação na participação da
pesquisa. Assim, as mulheres que aceitaram participar como voluntárias do estudo assinaram
o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE D).
50
As participantes foram avaliadas individualmente nas dependências do Laboratório de
Psicologia do Esporte e do Exercício – LAPE no Centro de Educação Física e Fisioterapia –
CEFID da Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC e em outros lugares,
conforme necessidade e/ou comodidade das participantes. Os locais para as coletas dos dados
garantiam conforto, privacidade e silêncio para que as participantes pudessem se concentrar
nas avaliações.
A duração de cada avaliação foi em média de 1 hora. Os horários de avaliação foram
decididos entre pesquisadores e participantes da pesquisa, também para maior comodidade
das últimas. Dessa forma, a coleta dos dados aconteceu na seguinte ordem: primeiramente foi
realizada a avaliação do controle de habilidades motoras finas, seguida do teste de tempo de
reação (TR) e posteriormente foram respondidos os questionários: Questionário sócio-
demográfico e clínico, Questionário McGill de Dor e Inventário de Depressão de Beck. A
coleta foi estabelecida nesta ordem a fim de evitar que fatores como cansaço ou algum tipo de
aflição interferissem nos resultados da avaliação do controle motor.
Software de avaliação da aprendizagem e controle de habilidades motoras
finas:
Para a avaliação do controle de habilidades motoras finas as participantes foram
instruídas para estarem de óculos, caso façam uso, e para que não passarem cremes nas mãos
no dia da coleta, esses cuidados foram necessários para evitar interferências no desempenho
do teste.
Anteriormente a realização dessa avaliação as participantes foram orientadas a
permanecer em posição confortável, podendo escolher a melhor forma de adaptar seu membro
superior dominante para a execução do teste. As participantes tiveram a oportunidade de
realizar duas tentativas “treino” antes de iniciar as 10 tentativas em cada subtarefa do teste.
Este procedimento foi necessário para maior familiarização das mulheres ao instrumento de
medida. Neste teste, cada subtarefa é caracterizada por um movimento específico, porém, em
todas as subtarefas, as participantes foram instruídas a traçar (com a caneta na base da mesa
digitalizadora) uma linha, o mais reta possível, ligando o ponto inicial ao ponto final, podendo
para isto, seguir o modelo pré-existente na tela.
Software de avaliação do tempo de reação
Para a avaliação do TR as participantes também foram orientadas a permanecer em
posição confortável, concentrando-se no teste. Anteriormente a cada etapa do teste as
participantes receberam explicações sobre o tipo de estímulo que caracterizava a respectiva
etapa e instruções para responder o mais rápido possível aos estímulos apertando uma tecla
51
específica do computador, para tanto elas poderiam manter o membro superior dominante
bem próximo à tecla. Em cada etapa as participantes realizaram sete tentativas.
Questionário Sócio-Demográfico e Clínico
O primeiro questionário a ser respondido foi o Sócio-demográfico e clínico. Neste
questionário as participantes deveriam responder questões sobre dados pessoais, aspectos
clínicos da síndrome e aspectos da vida diária.
Questionário McGill de Dor
Em seguida, era respondido o Questionário McGill de dor. Na avaliação sobre a
percepção de dor (item III), as participantes eram instruídas a escolher, em cada subclasse, a
palavra que melhor classificasse sua sensação de dor, lembrando que não é necessário
escolher palavras em todas as subclasses. Em caso de identificação com mais de uma palavra
por subclasse, as participantes deveriam enumerar, em ordem de prioridade, as palavras
escolhidas, sendo que somente a 1ª. opção foi considerada na análise dos resultados.
Na avaliação da intensidade de dor (item IV), as mulheres eram orientadas para
classificar sua sensação de dor em: 0) sem dor; 1) fraca; 2) moderada; 3) forte; 4) violenta; 5)
insuportável, diante das seguintes perguntas: “Que palavra melhor descreve sua dor
geralmente? Que palavra melhor descreve sua dor agora?”, “Que palavra descreve sua dor
quanto ela é máxima e quando ela é mínima? Depois elas respondiam uma questão sobre
tolerância à dor.
Inventário de Depressão de Beck
No Inventário de depressão de Beck as participantes eram instruídas a pensar sobre
suas sensações e sentimentos, principalmente no último mês e responder de maneira sincera
as perguntas.
Os pesquisadores estiveram presentes o tempo todo para sanar possíveis dúvidas e
solucionar qualquer situação inesperada que pudesse ocorrer durante a coleta dos dados.
3.6. TRATAMENTO DOS DADOS
Primeiramente, os dados foram tratados com estatística descritiva (média e desvio
padrão, freqüência e percentual). Para a estatística inferencial, a normalidade e distribuição
dos dados foram previamente verificadas por meio de histogramas. Assim, para os dados em
que a normalidade não foi verificada utilizou-se testes não-paramétricos e para os dados nos
quais a normalidade foi verificada, utilizou-se os testes paramétricos. As variáveis do estudo:
52
percepção da dor, percepção de sintomas depressivos e desempenho das participantes nos
testes de controle motor foram relacionadas utilizando teste de Pearson (dados paramétricos) e
Spearman (dados não-paramétricos).
A comparação entre as médias da 3ª a 6ª tentativas e as médias da 7ª a 10ª tentativas de
cada uma das subtarefas do teste de avaliação do controle de habilidades motoras finas foi
feita utilizando-se o teste de Wilcoxon. Para o restante das comparações de média entre duas
variáveis utilizou-se o teste de Mann-Whitney e para as comparações entre mais de duas
variáveis utilizou-se o teste de Kruskal-Wallis.
O intervalo de confiança adotado para todos os procedimentos foi de 95%.
Os dados referentes às tentativas de cada subtarefa do teste de avaliação do controle de
habilidades motoras finas e das etapas do teste de TR, foram previamente analisados por meio
do cálculo do coeficiente de variação acumulado. Este cálculo foi utilizado para identificar a
partir de qual tentativa as participantes estabilizavam seu desempenho a fim de detectar quais
valores deveriam ser considerados na média dos dados referentes às subtarefas ou etapas dos
testes de controle motor.
53
4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Neste capítulo foram apresentados a caracterização do perfil sócio-demográfico,
aspectos clínicos da síndrome da fibromialgia, aspectos psicológicos e avaliação da dor das
participantes, além das relações entre as variáveis do estudo: dor e depressão, dor e controle
motor, depressão e controle motor.
4.1. CARACTERIZAÇÃO DO PERFIL SÓCIO-DEMOGRÁFICO DAS PARTICIANTES
Inicialmente, 30 mulheres participaram das avaliações deste estudo. Entretanto, duas
não fizeram parte da análise dos resultados por diferentes motivos. A primeira por ser
analfabeta e apresentar dificuldade para compreender o significado dos adjetivos que compõe
o questionário McGill de Dor, entre outras questões do restante dos questionários utilizados.
Dessa forma, suas respostas não puderam ser consideradas fidedignas para a pesquisa. A outra
mulher foi retirada do estudo, pois ainda não havia recebido confirmação médica do
diagnóstico de síndrome da fibromialgia.
Assim, participaram da pesquisa 28 mulheres com idade média de 47 anos (s=11,4,
m
d
=49,5) e faixa etária de 27 a 65 anos. O restante dos resultados referentes à caracterização
das participantes está exposto na
Tabela 1.
Quanto ao nível educacional, dentre as 8 mulheres que possuem curso superior, 2
apresentam formação em pedagogia, 2 em administração e 4 apresentam formações em
diferentes cursos, sendo eles: economia, biologia, letras e serviço social.
No que diz respeito à profissão, 10 participantes apresentam diferentes profissões
sendo elas: economista, autônoma, fotógrafa, técnica em gestão previdenciária, estudante,
funcionária pública, telefonista, promotora de uma linha de cosméticos, artista plástica e
operadora de telecomunicações.
Atualmente 10 participantes não exercem suas profissões por motivos relacionados aos
sintomas da síndrome, sendo que, 5 mulheres estão afastadas do emprego, 2 se aposentaram, 2
pararam de trabalhar e uma foi readaptada na sua função de trabalho.
54
Tabela 1. Caracterização das mulheres com SFM quanto ao estado civil, nível educacional, profissão, fonte de
renda, renda mensal familiar, utilização de computador, realização de habilidades manuais e
dominância manual.
Variável Categoria n %
Estado civil
Casada
Solteira
Divorciada
Viúva
outro
Total
15
6
5
1
1
28
53,6
21,4
17,9
3,6
3,6
100
Nível educacional
Primário completo/ginásio incompleto
Colegial completo/superior incompleto
Superior completo
Pós-graduação
Total
7
13
5
3
28
25,0
46,4
17,9
10,7
100
Profissão
Dona de casa
Vendas e tele-marketing
Professora
Bancária
Faxineira
Outras
Total
7
3
3
3
2
10
28
25,0
10,7
10,7
10,7
7,1
35,7
100
Fonte de renda
Dependente do marido
Auxílio doença
Salário do emprego
Aposentadoria
Pensão
Outros
Total
6
5
5
4
3
5
28
21,4
17,9
17,9
14,3
10,7
17,9
100
Renda mensal familiar
Até 5 SM
5-10 SM
10-20 SM
Mais que 20 SM
Total
12
7
7
2
28
42,9
25,0
25,0
7,1
100
Utilização de computador
Sim
Não
Às vezes
Total
16
9
3
28
57,1
32,1
10,7
100
Realização de habilidades
manuais
Não
Sim
Esporadicamente
Realizava, mas parei devido às dores
Total
12
10
3
3
28
42,9
35,7
10,7
10,7
100
Dominância manual
Destra
Canhota
Total
25
3
28
89,3
10,7
100
55
Dentre as 5 mulheres que estão afastadas do emprego, 2 trabalham com vendas e tele-
marketing, uma é telefonista, uma é fotógrafa e uma bancária. Das 2 mulheres que se
aposentaram devido aos sintomas da SFM, uma era bancária e outra trabalhava com vendas e
tele-marketing. Uma das participantes que parou de trabalhar era faxineira, a outra mulher que
parou de trabalhar e a que foi readaptada no setor de serviço são pedagogas que trabalhavam
como professoras de séries iniciais. Estes resultados indicam que estas profissões podem, de
certa forma, estar relacionadas aos sintomas da síndrome, pois nestas profissões as mulheres
podem estar sujeitas a sobrecarga física (esforço exagerado ou movimentos repetitivos) e/ou
mental (pressão psicológica).
4.2. ASPECTOS CLÍNICOS DA SFM
Metade das participantes (n=14) recebeu o primeiro diagnóstico clínico de SFM de
reumatologistas, 9 receberam o diagnóstico de ortopedistas, 2 de neurologistas, 2 de clínico
geral e uma mulher recebeu o diagnóstico de um médico especialista em dor.
As datas (estimativa em anos) do início dos sintomas e do diagnóstico clínico de SFM,
referidas pelas participantes podem ser verificadas na Tabela 2.
Tabela 2. Data do início dos sintomas e do diagnóstico clínico da síndrome da fibromialgia referidas pelas
mulheres com SFM.
Categoria n %
Início dos sintomas da SFM
<5 anos
5-10 anos
>10 anos
Total
12
9
7
28
42,9
32,1
25
100
Data do diagnóstico clínico
da SFM
<5 anos
5-10 anos
Total
20
8
28
71,4
28,6
100
A análise dos dados referentes às datas do início dos sintomas e do diagnóstico clínico
de SFM permite identificar uma discrepância entre o período destas datas, pois, enquanto 16
mulheres sentem os sintomas há mais de 5 anos, a maioria (n=20) recebeu o diagnóstico
clínico há menos de 5 anos (Tabela 2). Estes resultados demonstram que pessoas
fibromiálgicas demoraram a receber confirmação médica do diagnóstico da síndrome. No
entanto, analisando os dados qualitativamente observou-se que 6 mulheres apresentaram
semelhanças nas datas referentes ao início dos sintomas e diagnóstico clínico da síndrome.
56
Atualmente, 17 mulheres fazem tratamento com mais de um especialista médico, de
forma que, 13 fazem tratamento com reumatologistas, 9 com ortopedistas, 7 com clínicos
gerais, 7 com psiquiatras, 4 com cardiologistas, 3 com neurologistas 3 com médicos
especialistas em dor, 2 com geriatras, 2 com ginecologistas, uma com endocrinologista, uma
com médico da família e 8 mulheres fazem tratamentos com outros especialistas como:
fisioterapeutas (4), psicólogos (3) e terapeuta artístico (1). Apenas uma mulher, atualmente,
não faz tratamento com nenhum profissional da área da saúde.
Os principais sintomas da SFM relatados pelas participantes podem ser verificados na
Tabela 3.
Tabela 3. Sintomas da síndrome da fibromialgia citados pelas mulheres com SFM.
Sintomas Freqüência
Cansaço 25
Dor localizada 25
Falha de memória 22
Sono restaurador 21
Formigamento 20
Fadiga 19
Ansiedade excessiva 18
Rigidez articular 17
Dificuldade de concentração 17
Dor generalizada 16
Pernas inquietas 15
Tontura 14
Mau humor 11
Dores de cabeça freqüentes 9
Dor na face 9
Outros sintomas 8
Outros sintomas citados pelas participantes foram: tristeza (2), carência (1),
taquicardia (1), baixa auto-estima (1), insônia (1), hipersensibilidade cutânea (1), dormências
(1) e perda de apetite (1), enjôos (1).
Quanto ao desencadeamento da SFM, os fatores que as participantes associam ao
início dos sintomas da síndrome estão expostos, em ordem de prioridade, na Tabela 4.
57
Fator associado ao
desencadeamento da SFM
Freqüência Ordem de prioridade n
Trauma emocional 20
Primeiro
Segundo
Terceiro
Quarto
Quinto
Total
12
3
1
3
1
20
Mudança estilo de vida 15
Primeiro
Segundo
Terceiro
Quarto
Quinto
Total
3
5
3
3
1
15
Depressão 15
Primeiro
Segundo
Terceiro
Quarto
Quinto
Total
2
4
5
1
3
15
Esforço físico exagerado 14
Primeiro
Segundo
Terceiro
Quarto
Total
4
5
3
2
14
Doença ocupacional 10
Primeiro
Segundo
Quarto
Total
4
4
2
10
Herança genética 7
Segundo
Terceiro
Quarto
Quinto
Sétimo
Total
1
3
1
1
1
7
Variação climática 4
Segundo
Sexto
Oitavo
Total
1
2
1
4
Cirurgia 3
Segundo
Terceiro
Total
1
2
3
Infecção 2
Primeiro
Sexto
Total
1
1
2
Tabela 4. Relação dos fatores desencadeantes da síndrome citados pelas mulheres com SFM e suas respectivas
ordens de prioridade.
58
Observa-se que o fator mais citado como principal causa da SFM (ordem de
prioridade) foi o trauma emocional (n=12). Os fatores: depressão e mudança no estilo de vida,
embora citados com freqüência, não necessariamente foram apontados como uma das causas
principais (Tabela 4). Os fatores: exposição tóxica, uso de medicamentos e trauma físico
existentes no questionário não foram citados. Por outro lado, das 4 participantes que
preencheram o item “outros fatores associados”, 3 relataram o estresse como um dos fatores
responsável pelo desencadeamento da SFM.
Com relação ao diagnóstico de outras doenças, as principais citadas pelas participantes
estão expostas na Tabela 5.
Tabela 5. Diagnóstico médico de outras doenças referidas pelas mulheres com SFM.
Doenças/diagnóstico Freqüência
Artrose 8
Pressão alta 7
Síndrome do cólon irritável 6
Hipotiroidismo 5
Doença cardíaca 3
Síndrome do túnel do carpo 3
Osteopenia 3
Diabetes 1
Artrite reumatóide 1
Osteoporose 1
Além dessas, outras doenças foram citadas pelas participantes como: lupus
eritematoso (1), colesterol alto (1), instabilidade da pressão arterial (1), rinite alérgica (1) e
problemas ortopédicos: hérnia de disco cervical (1), tendinite nos ombros (1), tendinopatia do
supra espinhoso (1), degeneração de meniscos do joelho (1) e de discos vertebrais (1).
No que diz respeito aos tratamentos utilizados para alívio dos sintomas da síndrome,
19 mulheres utilizam outros tipos de tratamentos além do medicamentoso. Apenas uma
participante não faz nenhum tipo de tratamento. Os dados referentes aos tipos de tratamentos
utilizados pelas participantes para alívio dos sintomas da SFM estão descritos na Tabela 6.
Além dos medicamentos citados, 11 mulheres utilizam outros tipos como: soníferos
(n=5), ansiolítico (n=4), remédios para a disfunção da tiróide (n=3) e para controle da pressão
arterial (n=3) e anticonvulsivante (n=1).
59
Tabela 6. Tratamentos utilizados pelas mulheres com SFM para alívio dos sintomas da síndrome.
Tratamentos Categorias Freqüência
Medicamentoso
Analgésico
Antidepressivo
Relaxante muscular
Anti-inflamatório
Tranqüilizante
Outros
20
18
15
13
8
11
Outras Terapias
Fisioterapia
Psicoterapia
Acupuntura
Massagem
Yoga
Terapias alternativas
(florais/cromoterapia)
Hidroterapia
Watsu
8
5
4
4
4
3
3
2
Embora, algumas mulheres tenham classificado o yoga e a hidroterapia tanto como
tratamento, quanto como um tipo de prática de atividade física, estes fatores foram
considerados somente como uma forma de tratamento para os sintomas da SFM.
Com relação à atividade física, 15 mulheres praticam regularmente, sendo que a
principal modalidade praticada é a atividade aeróbia oferecida em programas específicos
(n=11), seguida da caminhada (n=9) e natação (n=1). Outras informações a respeito da prática
de atividade física podem ser verificadas na Tabela 7.
Tabela 7. Aspectos relacionados à prática de atividade física como: quantidade de modalidades, freqüência,
duração e tempo de prática referidos pelas mulheres com SFM.
Variável Categoria n
Quantidade de modalidades praticadas
Uma
duas
Total
9
6
15
Freqüência semanal de prática
2 x por semana
3 x por semana
4 ou mais x por semana
Total
1
5
9
15
Duração semanal de prática
< 5 horas por semana
5-10 horas por semana
Total
7
8
15
Tempo de prática
<1 ano
1-5 anos
6-10 anos
Não respondeu
Total
4
6
3
2
15
60
No que diz respeito à qualidade do sono, observa-se que a maioria das mulheres
(n=24) apresenta alguma alteração no sono, pois classificaram sua qualidade como média
(n=12), ruim (n=8) e péssima (n=4). (Tabela 8). As informações sobre o sono referidas pelas
participantes estão descritas na Tabela 8.
Tabela 8. Características relacionadas à qualidade e tempo de alteração do sono e associação com os sintomas
da síndrome referidos pelas mulheres com SFM.
Variável Categoria n %
Qualidade do sono
Péssima
Ruim
Média
Boa
excelente
Total
4
8
12
3
1
28
14,3
28,6
42,9
10,7
3,6
100
Tempo de alteração do
sono
<5 anos
5 – 10 anos
>10 anos
Não respondeu
Total
11
5
10
2
28
39,3
17,9
35,7
7,1
100
Associação da alteração
do sono com sintomas da
fibromialgia
Sim
Sim, mas outros aspectos também
Não
Não sei
Total
15
7
4
1
28
53,6
25,0
14,3
3,6
100
No caso de 10 mulheres as alterações no sono existem há mais de 10 anos (desde a
infância para 3 participantes). Analisando os dados qualitativamente verificou-se que 6
participantes apresentaram coincidência entre o início das alterações do sono e início dos
sintomas da SFM.
4.3. ASPECTOS PSICOLÓGICOS
A maioria das mulheres com SFM (n=22) já recebeu diagnóstico clínico de depressão,
sendo que destas, apenas uma não fez uso de medicação antidepressiva. Das 22 mulheres que
receberam diagnóstico médico de depressão, 4 receberam o diagnóstico antes do início dos
sintomas da SFM. No caso de 7 mulheres, a data do diagnóstico médico de depressão
coincidiu com a data do diagnóstico clínico de SFM. Para 2 participantes, o diagnóstico de
depressão coincidiu com o início dos sintomas da SFM, porém a síndrome foi diagnosticada
posteriormente.
61
O valor médio da percepção dos sintomas depressivos mensurado pelo BDI, foi de 13
(s=9,33, m
d
=14), variando de 0 a 37 pontos, o que demonstra alta variação na percepção dos
sintomas depressivos apresentados pelas mulheres fibromiálgicas. Os dados referentes ao
diagnóstico clínico de depressão e a percepção de sintomas depressivos estão expostos na
tabela 9.
Tabela 9. Fatores relacionados à depressão como: diagnóstico clínico, tempo de diagnóstico e percepção dos
sintomas depressivos referidos pelas mulheres com SFM.
Variáveis Categoria n
Média da
percepção de
sintomas
depressivos
Desvio padrão
Diagnóstico clínico
de depressão
Sim
Não
Total
22
6
28
18,09
5,67
10,21
3,93
Tempo do
diagnóstico
<5 anos
5-10 anos
>10 anos
Não receberam
Total
13
6
3
6
28
17,54
18,83
19,00
5,67
11,57
5,04
14,93
3,93
Ainda sofre de
depressão
Tenho crises
ocasionalmente
Sim
Não
Não tenho
Total
10
6
6
6
28
16,80
25,50
12,83
5,67
9,41
9,35
9,41
3,93
Observa-se que os resultados do BDI foram coerentes com o diagnóstico clínico, pois
as mulheres com diagnóstico de depressão apresentaram percepção de sintomas depressivos
significativamente maior, se comparadas às mulheres que não receberam o mesmo
diagnóstico (p=0,003). As mulheres com diagnóstico do transtorno que ainda se consideram
depressivas ou que apresentam crises ocasionalmente também apresentaram percepção de
sintomas depressivos significativamente maior, do que àquelas que consideram-se curadas ou
que não apresentam diagnóstico clínico de depressão (p=0,009) (
Tabela 9).
4.4. AVALIAÇÃO DA DOR
Todas as participantes apresentaram percepção de dor, sendo que a média do índice de
avaliação geral da dor apresentada pelas mulheres foi de 34,36 (s=11,93, m
d
= 37,50)
variando de 2 a 51 pontos. Em relação às dimensões da dor, as participantes apresentaram os
62
seguintes resultados: na avaliação sensorial o valor médio foi de 17,86 (s=6,28, m
d
= 19) com
a pontuação variando de 2 a 28; na avaliação afetiva a média foi de 8,64 (s= 3,79, m
d
= 9,50),
variando de 0 a 13 pontos; na avaliação subjetiva as participantes apresentaram média de 2,57
(s=1,23, m
d
= 2) variando de 0 a 5 pontos e na avaliação mista da dor, observou-se média de
5,29 (s=2,34, m
d
=5,50), com resultados variando de 0 a 9 pontos. Esses dados indicam que
algumas participantes percebem pouca ou nenhuma dor em algumas das dimensões. No
entanto, considerando que apenas uma participante apresentou pontuação “zero” na dimensão
afetiva e duas participantes apresentaram o mesmo valor (0) na dimensão subjetiva e mista da
dor, verifica-se que a maioria das mulheres com SFM apresenta percepção de todas as
dimensões da dor.
Quanto à intensidade da dor, as informações referidas pelas participantes estão
descritas na Tabela 10.
Tabela 10. Intensidade da dor referida pelas mulheres com SFM em diferentes situações: geralmente, no dia da
avaliação, quando a dor é máxima e mínima.
Que palavra melhor descreve sua dor Categoria n %
Geralmente
Sem dor
Fraca
Moderada
Forte
Violenta
Insuportável
Total
2
2
11
8
3
2
28
7,1
7,1
39,3
28,6
10,7
7,1
100
No dia da avaliação
Sem dor
Fraca
Moderada
Forte
Insuportável
Total
5
4
14
4
1
28
17,9
14,3
50,0
14,3
3,6
100
Quando ela é máxima
Moderada
Forte
Violenta
Insuportável
Total
2
3
5
18
28
7,1
10,7
17,9
64,3
100
Quando ela é mínima
Sem dor
Fraca
Moderada
Total
2
17
9
28
7,1
60,7
32,1
100
63
Verifica-se que a intensidade de dor “moderada” foi a mais indicada pelas
participantes tanto geralmente (n=11) quanto no dia da avaliação (n=14). Quando solicitou-se
às participantes que relatassem a palavra que melhor descreve sua dor quando ela é máxima
observou-se que, 18 mulheres escolheram a palavra “insuportável”, enquanto que, nenhuma
optou pela intensidade de dor “fraca”. Na descrição sobre a palavra que melhor caracteriza a
dor quando ela é mínima, apenas 2 mulheres escolheram a opção “sem dor” (Tabela 10).
Essas duas últimas mulheres citadas foram as mesmas que relataram geralmente não sentir
dor. Elas comentam que, apesar do diagnóstico clínico, não sentem mais todos os sintomas da
SFM, uma pelo fato da eficácia do tratamento medicamento e outra por considerar que
mudanças em outros aspectos da sua vida refletiram na melhora dos sintomas da síndrome.
Esses dados indicam que os sintomas da SFM podem ser controlados e minimizados
dependendo de diversos fatores da vida de cada pessoa. Entretanto, essas mulheres, mesmo
não apresentando todos os sintomas da síndrome, foram consideradas no estudo justamente
pelo fato de que um dos objetivos é investigar a relação entre a intensidade dos sintomas da
SFM e o controle motor destas mulheres.
No que diz respeito aos fatores que alteram a intensidade da dor, observou-se que os
mais indicados foram: esforço físico exagerado (n=26) e estado emocional alterado (n=25),
conforme mostra a Tabela 11.
Tabela 11. Fatores moduladores da dor referidos pelas mulheres com SFM.
Fatores moduladores da dor Freqüência
Esforço físico exagerado 26
Estado emocional alterado 25
Eventos estressantes 23
Variação climática 19
Período noturno 12
Outros fatores 4
Outros fatores responsáveis pela alteração na intensidade da dor citados por 5
participantes foram: barulho (1), exercícios (1), tensão pré-menstrual (1), ansiedade (1) e
preocupação e medo (1).
Quanto à tolerância a dor, a maioria das mulheres (n=20) afirmou que suporta bem as
dores, 3 consideraram que suportam mais ou menos, 3 acham que suportam e 2 mulheres
relataram que suportam a dor dependendo da intensidade.
64
4.5. CONTROLE MOTOR
Este tópico descreve o desempenho das participantes nos dois testes utilizados para a
avaliação do controle motor.
4.5.1. Desempenho das mulheres com SFM no teste de avaliação do controle de
habilidades motoras finas.
O teste de avaliação do controle de habilidades motoras finas é constituído de 3
subtarefas (cada uma com 10 tentativas) que obedecem um grau decrescente de dificuldade
estabelecido de acordo com os dados do estudo piloto, como descrito no método. Assim, a
primeira subtarefa, considerada mais difícil é caracterizada por um movimento inclinado
ascendente à direita (MIAD); a segunda subtarefa, com grau intermediário de dificuldade, é
representada por um movimento horizontal à direita (MHD) e a última subtarefa, com menor
grau de dificuldade, é caracterizada por um movimento sagital postero-anterior (MSPA).
Este teste fornece dois índices como resultados, um referente à quantidade do erro e
outro à quantidade de tempo necessário para realizar a tarefa. A média geral
1
, a média do erro
e a média do tempo apresentadas pelas participantes em cada subtarefa do teste de avaliação
de habilidades motoras finas estão descritas na Tabela 12.
Tabela 12. Escore médio do desempenho das mulheres com SFM no teste de avaliação do controle de
habilidades motoras finas.
Subtarefas do teste de habilidades motoras
finas
Mínimo Máximo Média Mediana
Desvio
padrão
Média geral erro 12 128 40 34 26,31
Média geral tempo 5 31 12 10 6,36
Media erro 1ª. subtarefa (MIAD) 20 131
53
48 32,19
Média tempo 1ª. subtarefa (MIAD) 5 37 12 10 6,97
Media erro 2ª. subtarefa (MHD) 7 135
36
26 29,08
Média tempo 2ª. subtarefa (MHD) 5 42 12 10 7,85
Media erro 3ª. subtarefa (MSPA) 7 117
31
26 23,54
Média tempo 3ª. subtarefa (MSPA) 5 32 11 10 6,32
1
média geral do desempenho no teste de avaliação do controle de habilidades motoras finas incluindo a
média de erro e do tempo das três subtarefas existentes no teste (MIAD, MHD e MSPA).
65
Observa-se que as participantes apresentaram valor médio do erro proporcional ao
grau de dificuldade das subtarefas do teste (Tabela 12). Com relação aos valores referentes ao
tempo, identificou-se que, em geral, o tempo gasto pelas mulheres para realizar o teste foi
proporcional à quantidade erro (r= 0,878, p<0,001), de forma que a quantidade de tempo
compartilha 77% da variância com a quantidade de erro apresentada pelas mulheres no
desempenho geral do teste de avaliação do controle de habilidades motoras finas. Isso é valido
também para as subtarefas do teste: 1ª. subtarefa - MIAD, (r= 0,905, p=0,000); 2ª. subtarefa
- MHD (r= 0,834, p= 0,000); 3ª. subtarefa MSPA (r= 0,757, p= 0,000), sendo que a
quantidade de tempo necessária para realizar a 1ª. subtarefa compartilhou 82% da variância
com a quantidade de erro apresentada pelas participantes, já na 2ª. e 3ª. subtarefas a
quantidade de tempo compartilhou 70% e 57%, respectivamente, da variância com a
quantidade de erro apresentada pelas mulheres com SFM.
Embora, os resultados das correlações demonstrem que a quantidade de erro foi
proporcional a quantidade de tempo gasto pelas participantes para realizar o teste de avaliação
do controle de habilidades motoras finas, observa-se que, em média, a quantidade de tempo
quase não variou entre as subtarefas (Tabela 12). Devido ao caráter constante da variável
tempo, esta não interferiu nos resultados do estudo, dessa forma, o restante das analises
referentes à avaliação do controle de habilidades motoras finas foram apresentadas com
referência somente à quantidade de erro.
Com o intuito de verificar em qual tentativa do teste as participantes apresentaram
estabilização no desempenho foi realizado o cálculo do coeficiente de variação acumulado
entre as 10 tentativas de cada uma das subtarefas do teste (APÊNDICE E). Após a análise do
cálculo observou-se uma queda no valor médio do erro a partir da segunda tentativa em todas
as subtarefas. Entretanto, em todas as subtarefas, ocorreu uma elevação no valor médio do
erro entre a 5ª., 6ª. e 7ª. tentativas. Devido a este fato, comparou-se a média dos valores da 3ª.
a 6ª. tentativas e a média dos valores da 7ª. a 10ª. tentativas em cada uma das subtarefas do
teste. Os resultados referentes às comparações não apresentaram diferenças significativas
(p>0,05), dessa forma, o valor médio do erro de cada subtarefa foi calculado a partir da 3ª.
tentativa, considerando assim, as 8 últimas.
O desempenho das participantes representado pela média geral e pela média do erro a
partir da 3ª. tentativa em cada uma das subtarefas do teste de avaliação do controle de
habilidades motoras finas estão expostos na Tabela 13.
66
Tabela 13. Desempenho das mulheres com SFM no teste de avaliação do controle de habilidades motoras finas
com o valor médio calculado a partir da 3ª. tentativa.
Subtarefas do teste de habilidades
motoras finas
Mínimo Máximo Média Mediana
Desvio
padrão
Média geral erro 12 127 39 31 26,10
Média do erro 1ª. subtarefa (MIAD) 18 130
52
42 33,66
Media do erro 2ª. subtarefa (MHD) 5 124 34 26 26,41
Média do erro 3ª. subtarefa (MSPA) 7 126
30
23 24,85
Ao analisar os dados referentes ao desempenho das participantes na avaliação do
controle de habilidades motoras finas observa-se um alto valor do desvio padrão,
demonstrando que as mulheres com SFM apresentaram alta variabilidade no valor do erro em
cada subtarefa do teste. Observa-se também que as participantes apresentaram valor médio
do erro proporcional ao grau de dificuldade das subtarefas do teste, pois as mulheres
apresentaram pior desempenho na 1ª. subtarefa (MIAD), representado pelo maior valor médio
do erro e melhor desempenho na última subtarefa (MSPA), representado pela menor média do
erro. Estes resultados eram esperados devido ao grau de dificuldade das subtarefas do teste.
4.5.2. Desempenho das mulheres com SFM no teste de tempo de reação (TR).
Com o intuito de verificar em qual tentativa do teste de TR as participantes
apresentaram estabilização no desempenho foi realizado o cálculo do coeficiente de variação
acumulado entre as 7 tentativas de cada etapa do teste de TR (APÊNDICE F). Após a análise
do coeficiente de variação acumulado pôde-se notar que as participantes apresentaram
melhora no desempenho a partir da 2ª tentativa nas etapas do teste de TR, exceto no TR de
discriminação, no qual as participantes apresentaram desempenhos mais variados. Dessa
forma, os valores médios de cada etapa do teste foram calculados a parir da 2ª. tentativa,
sendo a 1ª. excluída. O desempenho das participantes representado pela média geral do TR e
pela média em cada uma das etapas do teste estão expostos na Tabela 14.
67
Tabela 14. Desempenho das mulheres com SFM no teste de TR com o valor médio calculado a partir da 2ª.
tentativa.
Etapas do teste de TR nimo Maximo Média Mediana
Desvio
padrão
TR Geral 264 641 359 336 81,92
TR Visual 269 648 405 383 92,39
TR Auditivo 232 620 333 303 98,03
TR Associativo 212 684 307 299 87,96
TR de Discriminação 277 653 392 370 87,46
Percebe-se que as participantes apresentaram melhor desempenho no TR associativo
representado pelo menor valor da média. No TR de discriminação e no TR simples com
estímulo visual as mulheres apresentaram piores desempenhos. Tais resultados podem estar
associados à complexidade do TR de discriminação e ao fato do TR simples com estímulo
visual ter sido a primeira etapa do teste.
4.6. RELAÇÕES ENTRE AS VARIÁVEIS DO ESTUDO
Neste tópico estão descritas as relações entre: dor e depressão, dor e controle motor e
depressão e controle motor.
4.6.1. Avaliação da Dor e Depressão
A percepção de sintomas depressivos esteve significativamente correlacionada com
percepção geral de dor (r= 0,530, p=0,004) e com a percepção das dimensões: afetiva
(r=0,649, p<0,001), subjetiva (r=0,529, p=0,004) e mista da dor(r=0,431, p=0,022). Os
valores das correlações indicam que a percepção de sintomas depressivos compartilha 28% da
variância com a percepção geral de dor, 42% com a percepção de dor afetiva, 28% com a
subjetiva e 19% com a percepção mista de dor. A única correlação que não foi significativa
foi entre percepção de depressão e avaliação sensorial da dor (r=0,369; p=0,053). Esses
resultados levantam a hipótese de que quanto maior a percepção de sintomas depressivos,
maior a percepção de dor subjetiva, mista e principalmente afetiva das mulheres com SFM.
Quanto à intensidade da dor, quando comparou-se a média da percepção de sintomas
depressivos em função da intensidade de dor, não foram identificados resultados
68
significativos entre a percepção de sintomas depressivos e a intensidade de dor referida
geralmente (p=0,074) e no dia da avaliação (p= 0,206) pelas mulheres com SFM.
4.6.2. Controle Motor e Avaliação da Dor
A percepção geral de dor não esteve significativamente correlacionada com o
desempenho geral das participantes no teste de avaliação do controle de habilidade motoras
finas (r=0,214, p=0,273), e com o desempenho nas subtarefas deste teste: 1ª. subtarefa –
MIAD (r=0,146, p=0,457); 2ª. subtarefa - MHD (r= 0,218, p=0,265); 3ª, subtarefa – MSPA
(r=0,247, p=0,205).
No entanto, identificou-se correlação positiva entre a percepção de dor sensorial e a
quantidade de erro apresentada pelas participantes na 3ª. subtarefa (MSPA) da avaliação do
controle de habilidades motoras finas (r=0,383, p=0,044), de forma que, o valor da correlação
indicou que percepção de dor sensorial compartilha 15% da variância com o desempenho das
participantes na 3ª. subtarefa (MSPA) do teste. Esse resultado indica que as mulheres com
maior sensação de dor sensorial, apresentaram maior dificuldade na realização da última
subtarefa da avaliação do controle de habilidades motoras finas.
Os dados referentes à intensidade da dor sentida geralmente e o desempenho das
participantes no teste de controle de habilidades motoras finas estão expostos no Gráfico 1.
0
10
20
30
40
50
60
70
sem dor fraca moderada forte violenta insuportável
Intensidade da dor
Média do erro
média geral do erro média do erro na 1a. Subtarefa (MIAD)
média do erro na 2a. Subtarefa (MHD) média do erro na 3a. Subtarefa (MSPA)
Gráfico 1. Intensidade da dor sentida geralmente e desempenho das mulheres
com SFM no teste de avaliação do controle de habilidades motoras
finas.
69
Não foram identificadas diferenças significativas entre a intensidade da dor sentida
geralmente o desempenho geral das participantes no teste de habilidades motoras finas
(p=0,497), bem como entre a intensidade de dor sentida geralmente e o desempenho nas
subtarefas do teste: 1ª. subtarefa – MIAD (p=0,604); 2ª. subtarefa – MHD (p=0,813) e 3ª.
subtarefa – MPSA (p=0,210). Entretanto, observa-se que independente da intensidade de dor
referida, as participantes apresentaram desempenhos coerentes com o grau de dificuldade das
subtarefas do teste de habilidades motoras finas, uma vez que a média de erro na 1ª. subtarefa
(MIAD) foi maior que a média de erro na 2ª. subtarefa (MHD) e na 3ª. subtarefa (MPSA)
respectivamente. Além disso, percebe-se que as participantes que geralmente apresentam
menor intensidade de dor (sem dor e fraca) demonstraram maior facilidade para realizar todas
as subtarefas do teste (Gráfico 1).
Os dados referentes à intensidade de dor no dia da avaliação e o desempenho no teste
de habilidades motoras finas apresentados pelas participantes podem ser verificados no
gráfico 2.
0
10
20
30
40
50
60
70
sem dor fraca moderada forte insuportável
Intensidade da dor
Média do err
média geral do erro média erro do erro na 1a. Subtarefa (MIAD)
média do erro na 2a. subtarefa média do erro na 3a. subtarefa
Gráfico 2. Intensidade da dor referida no dia da avaliação e desempenho das
mulheres com SFM no teste de avaliação do controle de habilidades
motoras finas.
Observa-se que as mulheres que referiram intensidade de dor “moderada”, “forte” e
“insuportável”, no dia da avaliação, foram as que apresentaram piores desempenhos no teste
de controle de habilidades motoras finas, enquanto, as mulheres que não relataram dor ou que
referiram intensidade “fraca” apresentaram melhores desempenhos no teste. Estes resultados
indicam que a intensidade de dor sentida na hora da avaliação pode interferir no desempenho
das participantes no teste de avaliação do controle de habilidades motores finas. Contudo, não
foram identificadas diferenças significativas entre o desempenho geral das participantes no
teste de avaliação do controle de habilidades motoras finas em função da intensidade de dor
70
referida no dia da avaliação (p=0,274), bem como entre a intensidade de dor referida e o
desempenho nas subtarefas do teste: 1ª. subtarefa – MIAD (p=0,245); 2ª. subtarefa – MHD
(p= 0,287) e 3ª. subtarefa – MSPA (p=0,212) (Gráfico 2).
A análise dos dados permite verificar que, exceto a percepção de dor sensorial, que
apresentou relação com o desempenho das participantes na 3ª. subtarefa (MSPA) do teste,
tanto a percepção geral quanto a intensidade de dor não interferiram, de maneira significativa,
no desempenho das participantes no teste de avaliação do controle de habilidades motoras
finas. Devido à subjetividade dos dados referentes à avaliação da dor, durante a realização da
avaliação do controle de habilidades motoras finas, investigou-se a ocorrência e/ou aumento
da sensação de dor referido pelas participantes em conseqüência à realização do teste. O
desempenho das participantes que relataram ou não queixa de dor durante a avaliação do
controle de habilidades motoras finas está exposto na Tabela 15.
Tabela 15. Desempenho das mulheres com SFM que relataram ou não queixa de dor durante o teste de avaliação
do controle de habilidades motoras finas.
Subtarefas do teste de
habilidades motoras
finas
Queixa de dor
durante a avaliação
n Média do erro Desvio padrão
Média geral
Sim
Não
Total
13
15
28
53
26
29,55
14,15
1ª. subtarefa
(MIAD)
Sim
Não
Total
13
15
28
71
34
38,48
15,37
2ª. subtarefa
(MHD)
Sim
Não
Total
13
15
28
45
25
30,31
18,75
3ª. subtarefa
(MSPA)
Sim
Não
Total
13
15
28
43
19
29,57
12,46
As mulheres que sentiram dor ou aumento da sensação dolorosa durante a execução do
teste do controle de habilidades motoras finas apresentaram médias de erro significativamente
maiores se comparadas às participantes que não relataram dor, tanto no desempenho geral (p=
0,002), quanto nas subtarefas do teste: 1ª. subtarefa – MIAD (p= 0,004), 2ª. subtarefa – MHD
(p=0,037) e 3ª. subtarefa – MSPA (p=0,001). Estes resultados demonstram que a existência de
dor pode estar associada ao desempenho de mulheres com SFM em habilidades motoras finas.
71
É importante ressaltar que dentre as 13 participantes que relataram dor durante a
realização do teste de habilidades motoras finas, 10 apresentavam, além da fibromialgia,
diagnóstico clínico de outras doenças como: tendinite nos ombros (n=4), síndrome do túnel do
carpo (n=2), tendinopatia nos membros superiores (n=1), epicondilite (n=1), hérnia de disco
cervical (n=1) e lupus eritematoso (n=1). Dentre estas 10 mulheres, 4 relataram a existência
de outra doença somente quando questionadas no momento da avaliação motora, de forma
que não mencionaram o problema na questão sobre “doenças associadas” existente no
questionário Sócio-demográfico e Clínico.
Não foram identificadas diferenças significativas entre a percepção de dor das
mulheres que apresentaram ou não queixa de dor durante a realização da avaliação do
controle de habilidades motoras finas (percepção geral da dor, p=0,892; avaliação sensorial,
p=0,274; avaliação afetiva, p=0,555; avaliação subjetiva, p=0,856 e avaliação mista da dor,
p=0,892).
Quanto ao tempo de reação, verificou-se que as mulheres que se queixaram de dor
durante a avaliação do controle de habilidades motoras finas, apresentaram piores resultados
em todas as etapas do teste de TR como mostra a Tabela 16.
Tabela 16. Desempenho no teste de TR das mulheres com SFM que relataram ou não queixa de dor durante o
teste de avaliação do controle de habilidades motoras finas.
Etapas do teste de TR
Queixa de dor
durante a avaliação
n Média Desvio padrão
TR Geral
Sim
Não
Total
13
15
28
381
341
96,13
65,05
TR visual
Sim
Não
Total
13
15
28
432
382
86,31
94,00
TR auditivo
Sim
Não
Total
13
15
28
357
313
31,93
20,32
TR associativo
Sim
Não
Total
13
15
28
321
295
117,24
52,94
TR de discriminação
Sim
Não
Total
13
15
28
413
374
97,41
76,55
72
Esses resultados indicam que a presença de dor pode estar associada ao tempo de
reação de mulheres com SFM, embora não tenham sido identificadas diferenças significativas
entre o desempenho no teste de TR das mulheres que relataram ou não queixa de dor durante
a realização da avaliação do controle de habilidades motoras finas (TR geral, p=0,185; TR
simples com estímulo visual, p=0,072; TR simples com estímulo auditivo, p= 0,363; TR
associativo, p=0,555 e TR de discriminação, p=0,217) (Tabela 16).
No que diz respeito à percepção geral de dor apresentada pelas participantes, esta não
esteve significativamente correlacionada com o desempenho geral no teste de tempo de
reação (TR) (r=0,188, p=0,338), e com o desempenho nas etapas do teste: TR simples com
estímulo visual (r=0,190, p=0,334), TR simples com estímulo auditivo (r=0,170, p=0,388),
TR associativo (r=0,033, p=0,868) e TR de discriminação (r=0,230, p=0,240). Estes
resultados indicam que a percepção de dor não apresentou relação com tempo de reação das
mulheres com SFM.
Os dados referentes à intensidade de dor sentida geralmente e o desempenho das
participantes no teste de tempo de reação podem ser verificados no Gráfico 3.
0
100
200
300
400
500
600
sem dor fraca moderada forte violenta insuportável
Intensidade da dor
Média do erro
TR geral média TR com estímulo visual
média TR com estímulo auditivo média TR com estímulo associativo
média TR de discriminação
Gráfico 3. Intensidade da dor sentida geralmente e desempenho das mulheres
com SFM no teste de tempo de reação (TR).
Não houve diferenças significativas entre a intensidade de dor sentida geralmente e o
desempenho geral das participantes no teste de TR (p=0,418), bem como entre a intensidade
da dor referida e o desempenho nas etapas do teste de TR (TR simples com estímulo visual,
p=0,588; TR simples com estímulo auditivo, p=0,736; TR associativo, p= 0,090 e TR de
discriminação, p=0,162) (Gráfico 3).
Os dados referentes à intensidade de dor sentida no dia da avaliação e o desempenho
no teste de TR apresentado pelas participantes estão expostos no Gráfico 4.
73
.
0
100
200
300
400
500
600
sem dor fraca moderada forte insuportável
Intensidade da dor
dia do erro
TR geral média TR com estímulo visual
média TR com estímulo auditivo média TR com estímulo associativo
média TR de discriminação
Gráfico 4. Intensidade da dor referida no dia da avaliação e desempenho das
mulheres com SFM no teste de tempo de reação (TR).
Não foram identificas diferenças significativas entre a intensidade de dor referida no
dia da avaliação e o desempenho geral das participantes no teste de TR (p= 0,195), bem como
entre a intensidade da dor referida e o desempenho no TR simples com estímulo visual
(p=0,148), no TR simples com estímulo auditivo (p=0,236), no TR associativo (p=0,385) e no
TR de discriminação (p=0,456) (Gráfico 4).
Tais resultados indicam que a intensidade da dor sentida geralmente e no dia da
avaliação não demonstraram relações significativas com o desempenho das participantes no
teste de TR.
4.6.3. Controle Motor e Depressão
A percepção de sintomas depressivos não esteve significativamente correlacionada
com o desempenho geral das participantes na avaliação do controle de habilidades motoras
finas (r=-0,018, p=0,928), e com o desempenho nas subtarefas do teste: 1ª. subtarefa - MIAD
(r=-0,092, p=0,640), 2ª. subtarefa - MHD (r=0,008, p=0,967) e 3ª.subtarefa - MSPA (r=0,097,
p=0,622). Estes resultados indicam que a percepção de sintomas depressivos não esteve
associada ao desempenho das mulheres com SFM em habilidades motoras finas.
Não houve diferenças significativas entre a percepção de sintomas depressivos das
mulheres que relataram ou não queixa de dor durante a realização da avaliação do controle de
habilidades motoras finas (p=0,964) como pode ser observado na Tabela 17. Isto significa que
74
as mulheres apresentaram dor durante a avaliação do controle de habilidades motoras finas
independente da percepção de depressão.
Tabela 17. Percepção de sintomas depressivos das mulheres com SFM que relataram ou não queixa de dor
durante a realização do teste de avaliação do controle de habilidades motoras finas.
Queixa de dor durante a
avaliação motora
n
Média da percepção de
sintomas depressivos
Desvio padrão
Sim 13 15,69 11,34
Não 15 15,20 10,18
Total 28
No que diz respeito à relação entre a percepção de sintomas depressivos e o
desempenho das participantes no teste de TR, foram encontradas correlações positivas entre a
percepção de depressão e TR geral (r=0,522, p=0,004), bem como entre a percepção de
sintomas depressivos e as etapas do teste: TR simples com estímulo visual (r=0,527,
p=0,004), TR simples com estímulo auditivo (r=0,604, p=0,001) e TR de discriminação
(r=0,419, p=0,026). Tais resultados indicam que a percepção de sintomas depressivos
compartilha 27% da variância com o desempenho geral das participantes no teste de TR, 28%
com o desempenho no TR com estímulo visual, 36% com o desempenho no TR com estímulo
auditivo e 17% da variância com o desempenho das participantes no TR de discriminação.
Apenas na correlação entre a percepção de depressão e o desempenho no TR associativo não
foi identificado resultado significativo (r=0,302, p=0,118). Tais resultados indicam que a
percepção de sintomas depressivos pode interferir no tempo de reação de mulheres com SFM.
Verificou-se que as participantes com maior tempo de diagnóstico clínico de
depressão apresentaram desempenho significativamente pior no TR de discriminação
(p=0,044) como mostra a Tabela 18.
Tabela 18. Tempo de diagnóstico clínico de depressão e desempenho no TR de discriminação apresentados pelas
mulheres com SFM.
Tempo de diagnóstico clínico de
depressão
n Média TR de Discriminação
Desvio
Padrão
<5 anos
5-10 anos
>10 anos
Não receberam
Total
13
6
3
6
28
382
351
572
367
67,67
56,94
71,18
51,76
75
Esses resultados levantam a hipótese de que o tempo de diagnóstico clínico de
depressão pode estar associado ao desempenho das mulheres com SFM no TR de
discriminação.
4.7. OUTRAS RELAÇÕES
Neste tópico foram apresentadas relações entre as principais variáveis do estudo:
percepção de dor, percepção de sintomas depressivos, controle motor (desempenho em
habilidades motoras finas e tempo de reação) e outras variáveis como: qualidade do sono,
prática de atividade física, tempo de sensação dos sintomas da síndrome, dominância manual,
utilização de computadores, realização de habilidades manuais, medicamentos utilizados,
idade e nível educacional.
No que diz respeito à qualidade do sono, as participantes que relataram qualidade de
sono “péssima” ou “ruim” apresentaram maior percepção de sintomas depressivos e
percepção de dor, se comparadas àquelas que avaliaram a qualidade do sono como “média”,
“boa” ou “excelente”, embora os resultados não tenham sido significativos (percepção da dor,
p=0,191 e depressão p=0,089). Estes resultados sugerem que a qualidade do sono pode estar
associada à percepção geral da dor e de sintomas depressivos apresentados pelas mulheres
com SFM (Tabela 19).
Tabela 19. Qualidade do sono, percepção geral da dor e depressão apresentados pelas mulheres com SFM.
Qualidade do sono n
Média da
Depressão
Desvio
Padrão
Média do Índice
de Avaliação da
Dor
Desvio
Padrão
péssima
ruim
média
boa
excelente
Total
4
8
12
3
1
28
18,00
20,38
13,67
11,00
0
8,76
5,24
13,51
2,00
-
38,50
40,88
30,58
33,00
15,00
3,109
8,509
14,337
6,56
-
Quanto à percepção específica de cada uma das dimensões da dor, identificou-se
diferenças significativas entre a percepção de dor afetiva em função da qualidade do sono
referida pelas participantes (p=0,024) como mostra a Tabela 20.
76
Tabela 20. Qualidade do sono e percepção afetiva da dor referidas pelas mulheres com SFM.
Qualidade do sono n
Média da avaliação
afetiva da dor
Desvio
Padrão
péssima
ruim
média
boa
excelente
Total
4
8
12
3
1
28
10,75
11,38
7,25
6,00
3
2,630
1,685
4,048
2,65
-
Estes resultados sugerem a hipótese clínica de que quanto pior a qualidade do sono
maior a percepção de dor afetiva apresentada pelas mulheres com SFM (Tabela 20).
Os dados referentes à qualidade do sono e ao controle motor apresentado pelas
participantes estão descritos na Tabela 21.
Tabela 21. Qualidade do sono e desempenho geral nos testes de avaliação do controle motor apresentados pelas
mulheres com SFM.
Qualidade do sono n
Média geral do
erro na
avaliação de
habilidades
motoras finas
Desvio
Padrão
Média geral do
TR
Desvio
Padrão
péssima
ruim
média
boa
excelente
Total
4
8
12
3
1
28
29
27
54
27
15
8,50
19,40
30,16
7,29
-
397
339
376
310
275
165,59
54,33
71,35
19,93
-
Verificou-se que a qualidade do sono está significativamente relacionada ao
desempenho geral das participantes em habilidades motoras finas (p=0,038). Contudo, não
foram identificadas diferenças significativas entre o desempenho geral no teste de TR em
função da qualidade do sono referida pelas participantes (p= 0,453).
Os resultados referentes ao controle motor e à freqüência com que as mulheres
realizam habilidades manuais estão expostos na Tabela 22.
77
Tabela 22. Freqüência de realização de habilidades manuais e desempenho geral nos testes de avaliação do
controle motor apresentados pelas mulheres com SFM.
Realização de habilidades
manuais
n
Média geral do
erro na avaliação
de habilidades
motoras finas
Desvio
Padrão
Média geral do
TR
Desvio
Padrão
não
sim
esporadicamente
realizava, mas parei devido as
dores
Total
12
10
3
3
28
46
36
25
33
35,26
17,83
8,87
13,99
353
322
374
495
49,78
67,32
70,71
129,04
As mulheres que costumam realizar habilidades manuais como tricô, crochê, bordados
entre outras apresentaram melhor desempenho geral no tempo de reação se comparadas às
mulheres que não costumam realizar habilidades manuais (p=0,026). Entretanto, a freqüência
de realização de habilidades manuais não esteve significativamente relacionada com o
desempenho geral das participantes no teste de avaliação do controle de habilidades motoras
finas (p= 0,822) (Tabela 22).
O fato das participantes utilizarem computador com freqüência não mostrou relação
com desempenho geral das participantes no teste de avaliação do controle de habilidades
motoras finas (p=0,395) e no teste de TR (p=0,208). A dominância manual também não
esteve significativamente relacionada ao desempenho geral apresentado pelas participantes no
teste de avaliação de habilidades motoras finas (p=0,192) e no teste de TR (p=0,351).
A prática de atividade física não esteve significativamente relacionada com a
percepção geral da dor (p= 0,555) e percepção de sintomas depressivos (p=0,928)
apresentadas pelas mulheres com SFM. Também não foram identificadas diferenças
significativas entre a prática de atividade física e o desempenho geral das participantes na
avaliação do controle de habilidades motoras finas (p= 0,683) e o no teste de TR (p=0,555).
O tempo de sensação dos sintomas da SFM não esteve significativamente relacionado
com a percepção de sintomas de depressivos (p=0,416), percepção geral da dor (p=0,762),
bem como com o controle motor das mulheres com SFM, pois não foram identificadas
diferenças significativas no desempenho geral das participantes na avaliação do controle de
habilidades motoras finas (p=0,474) e no teste de TR (p=0,778) em função do tempo de
sensação dos sintomas da síndrome.
Não foram identificadas diferenças significativas entre o desempenho geral em
habilidades motoras finas das mulheres que fazem ou não uso de anti-depressivos (p=0,981),
analgésicos (p=0,784), relaxante muscular (p=0,525) e tranqüilizantes (p=0,258), bem como
78
entre o desempenho geral no tempo de reação das participantes que fazem ou não uso de anti-
depressivos (p=0,654), analgésicos (p=0,823), relaxante muscular (p=1,0) e tranqüilizantes
(p=0,150). A quantidade de medicamentos utilizados também não esteve significativamente
relacionada ao desempenho geral das participantes no teste de avaliação do controle de
habilidades motoras finas (p=0,960) e no teste de TR (p=0,808). Estes resultados indicam que
o tipo e quantidade de medicamentos utilizados pelas participantes não apresentaram relação
com o desempenho nos testes de avaliação do controle motor utilizados neste estudo.
O nível educacional não esteve relacionado às percepções de dor (p=0,253) e de
sintomas depressivos (p=0,921) e ao desempenho das mulheres com SFM na avaliação do
controle de habilidades motoras finas (p= 0,434) e no teste de TR (p= 0,928). E por fim, a
idade das participantes também não interferiu nos resultados da pesquisa, uma vez que não
foram encontradas correlações significativas entre a idade e as seguintes variáveis do estudo:
percepção geral da dor (r= -0,188, p=0,338); percepção de sintomas depressivos (r= -0,329,
p=0,087); desempenho geral no teste de avaliação do controle de habilidades motoras finas
(r= -0,028, p=0,887) e no teste de TR (r= -0,200, p=0,309).
79
5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Neste capítulo estão expostos os principais resultados encontrados na pesquisa
referentes à caracterização do perfil sócio-demográfico, aspectos clínicos da síndrome,
avaliações da dor, estados emocionais e aspectos do controle motor apresentados pelas
participantes, bem como as relações entre as variáveis do estudo. Os resultados são seguidos
de interpretações e discussões conforme os dados encontrados na literatura referentes aos
assuntos.
No que diz respeito à idade média apresentada pelas mulheres avaliadas, esta foi
similar à divulgada na pesquisa de Marques (2004), entretanto, os estudos desenvolvidos no
Brasil têm demonstrado resultados bem variados em relação à faixa etária de pessoas com
SFM (MARTINEZ et al., 1999; HAUN, FERRAZ e POLLAK, 1999; MARTINEZ et al.,
2002; BERBER, 2004, KONRAD, 2005; DA COSTA et al. 2005). Neste estudo, e em outros,
como os desenvolvidos por Martinez et al. (1999), Haun, Ferraz e Pollak (1999) e Fernandes
(2003) identificou-se que o valor da idade mínima variou entre 20 e 30 anos, indicando que,
no Brasil, os sintomas da SFM são freqüentes em pessoas mais jovens, uma vez que na
população em geral, Cavalcante et al. (2006) identificaram que os sintomas da fibromialgia
costumam surgir especialmente a partir dos 35 anos de idade.
As informações referentes ao nível educacional foram similares aos resultados
encontrados em estudos recentes desenvolvidos em Florianópolis (BERBER, 2004;
KONRAD, 2005). No entanto, o mesmo não ocorreu com os dados referentes às ocupações e
condição sócio-econômicas. Konrad (2005) identificou que a maioria das mulheres avaliadas
apresentou nível sócio-econômico médio e alto, diferente dos resultados deste estudo, no qual
as participantes apresentaram condições econômicas inferiores (Tabela1). Quanto à ocupação,
Berber (2004) e Konrad (2005), demonstraram que aproximadamente 40% da amostra eram
donas de casa, enquanto, neste estudo, apenas 25% das mulheres avaliadas apresentavam a
mesma ocupação, sendo que a maioria exercia outras diferentes profissões (Tabela 1).
Concordando com resultados de Konrad (2005), identificou-se que parte das mulheres
com SFM estavam afastadas do emprego devido aos sintomas da síndrome. Embora, a
síndrome da fibromialgia não seja considerada uma doença incapacitante, alguns estudos têm
demonstrado que seus sintomas podem interferir na capacidade de trabalho de pessoas
80
fibromiálgicas (HENRIKSSON e BURCKHARDT, 1996; BENNET, 1996; MARTINEZ et
al., 1995 b, 1999, 2002; KASSAM e PATTEN, 2006).
No que diz respeito aos aspectos clínicos da SFM, a maioria das participantes recebeu
o diagnóstico médico de SFM, anos após o início da sensação dos sintomas (Tabela 2). A
demora para a conclusão do diagnóstico clínico de SFM pode ser decorrente da diversidade
dos sintomas característicos desta síndrome que podem estar relacionados a outras condições
clínicas. Dessa forma, o fato das pessoas com a SFM geralmente não apresentarem alterações
em exames subsidiários faz com que seu diagnóstico seja baseado em aspectos de natureza
clínica e na exclusão de outras doenças (MARTINEZ et al., 1999; HAUN, FERRAZ e
POLLAK, 1999; MARTINEZ et al., 2002). Com isso, Helfenstein e Feldman (1998)
comentam que pessoas com este tipo de síndrome geralmente passam por diversas
especialidades médicas até receberem a confirmação clínica do diagnóstico. Entretanto, o fato
de algumas participantes ter recebido a confirmação do diagnóstico médico de SFM logo após
o início dos sintomas indica que os profissionais da área da saúde estão mais informados a
respeito desta condição clínica, o que também não descarta a possibilidade de diagnósticos
precipitados e/ou inadequados.
O fato dos sintomas: cansaço e dor localizada (Tabela 3) terem sido os mais citados
pelas participantes, embora concorde com os estudos de Helfenstein e Feldman (2002) e
Konrad (2005) discorda da literatura que aponta a dor generalizada como principal
característica da síndrome e como pré-requisito para seu diagnóstico conforme os critérios
propostos pelo ACR (WOLF, SMYTHE e YUNUS, 1990). Tais resultados indicam que nem
sempre os diagnósticos médicos de SFM correspondem aos critérios sugeridos pelo ACR,
sendo comumente realizados de forma subjetiva considerando aspectos clínicos da síndrome.
Quanto à etiologia, Kaziyama, Yeng e Teixeira (2003) comentam que indivíduos com
SFM, geralmente não identificam eventos que possam estar relacionados à causa dos
sintomas, porém quando o fazem, referem-se a infecções virais, utilização de certos
medicamentos e traumatismos ou anormalidades emocionais. Neste estudo, um dos fatores
citados como principais causas dos sintomas da SFM foram: a doença ocupacional e esforço
físico exagerado (Tabela 4), concordando com os resultados identificados por Martinez et al.
(2002).
Kaziyama, Yeng e Teixeira (2003) destacam que condições álgicas localizadas como a
tendinite e casos de distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT) podem estar
associados ao desencadeamento dos sintomas da síndrome. Esses autores citam que no Centro
de Dor do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, 25
81
a 32% dos doentes com DORT também apresentam sintomas compatíveis com a SFM. Por
outro lado, Helfenstein e Feldman (1998) comentam que a relação entre trabalho e o
desencadeamento da SFM é muito questionável, embora os desarranjos posturais estáticos ou
sobrecargas dinâmicas, presentes em algumas profissões, possam provocar um aumento da
sensação dolorosa, estes fatores podem justificar o aparecimento de condições dolorosas
locais, mas não de todos os sintomas da SFM. No entanto, esses autores destacam que outros
fatores como: ambiente de trabalho, contexto familiar e social e a predisposição individual,
podem estar associados ao agravamento de condições clínicas locais e levar aos sintomas da
síndrome (HELFENSTEIN e FELDMAN, 1998).
Neste estudo, o principal fator associado ao desencadeamento dos sintomas da SFM
citados pelas participantes foi a ocorrência de um episódio emocional (Tabela 4). Cohen et al.
(2002) demonstraram que sintomas de estresse pós-traumático são comuns em pacientes com
SFM, indicando a possibilidade de que o trauma emocional possa estar associado aos
sintomas da síndrome. Da costa et al. (2005) identificaram que fatores como: problemas
financeiros, desemprego, perda de entes queridos, entre outros acontecimentos, podem estar
associados ao início dos sintomas da síndrome, demonstrando que tais fatores representam
grande impacto biopicossocial na vida destes indivíduos.
Em relação à depressão, embora 4 mulheres tenham recebido o diagnóstico de
depressão antes do início dos sintomas da fibromialgia, nenhuma destas identificou a
depressão como principal causa da síndrome. O fato da depressão ter sido indicada como um
dos fatores desencadeantes dos sintomas da síndrome, mas não como a principal causa
(Tabela 4), sugere que a depressão esteja mais associada a conseqüência do que causa da
SFM. Este fato é destacado por Kaziyama, Yeng e Teixeira (2003) que consideram a
possibilidade de que alterações psicológicas sejam conseqüências da condição de dor crônica
e não representem requisito para o desenvolvimento da SFM. Considerando que os sintomas
depressivos podem surgir em conseqüência a um episódio de estresse pós traumático, bem
como a exposição continua dos indivíduos a um conjunto de pequenos fatores estressantes
(JOCA, PADOVAN e GUIMARÃES, 2003; BERLIN, PERIZZOLO e FLECK, 2003), é
possível que a dor crônica, principal característica da SFM, em conjunto com outros sintomas
persistentes, possam agir como fatores estressantes proporcionando o desencadeamento da
depressão em pessoas com SFM (CHAITOW, 2002). Por outro lado, um estudo desenvolvido
por Walker et al. (1997) identificou que, em 90% dos casos, pacientes com SFM apresentam
um diagnóstico prévio de disfunções afetivas.
82
Segundo Chaitow (2002) a relação entre depressão e fibromialgia ainda não foi
completamente compreendida, pois ainda não existe um consenso a respeito da relação de
causa e conseqüência entre estas duas enfermidades. Contudo, existe a hipótese de que a
depressão e fibromialgia possam compartilhar um fator etiológico em comum, sem,
necessariamente, apresentar relação de causa e efeito (HUDSON e POPE, 1996; McBETH et
al., 2002), uma vez que ambas ocorrem em conseqüência de disfunções neuro-endócrinas,
envolvendo alterações dos sistemas: hipotalâmico, simpático e de neurotransmissores como,
por exemplo, serotonina e noradrenalina (HELFENSTEIN e FELDMAN, 2002; MALHI,
PARKER e GREENWOOD, 2005). Segundo Crofford citado por Marques (2004) o sistema
neuro-endócrino é o responsável pela ligação do sistema nervoso central aos demais sistemas
corporais, essa ligação acontece através do hipotálamo, que libera hormônios para a glândula
pituitária que, por sua vez, possui efeitos sobre diversos tecidos corporais, fazendo a ligação
entre os sinais do córtex e a periferia do corpo.
Entretanto, independente da relação de causa e efeito, diversas pesquisas tem
demonstrado que pessoas com SFM apresentam quadros depressivos associados (TURK et
al., 1996; BIGATTI E CRONAN, 2002; LANDIS, et al. 2004; BERBER, 2004; GUVEN,
KUL PANZA e GUNDUZ, 2005; LEE et al. 2005; KURLAND et al., 2006). Martinez et al.
(1995) identificaram, em uma amostra de 47 pessoas fibromiálgicas, que 80% apresentavam
sintomas depressivos.
Neste estudo, a maioria das mulheres avaliadas recebeu diagnóstico clínico de
depressão. Identificou-se coerência entre a existência de diagnóstico de depressão e a
percepção de sintomas depressivos apresentada pelas participantes (Tabela 9), no entanto, é
importante ressaltar que nem todas as mulheres com SFM apresentam percepção de
depressão. Conforme Okifuji, Turk e Sherman (2000) a depressão não está presente em todos
os casos de fibromialgia, porém, quando presente, os sintomas depressivos podem agravar os
sintomas da síndrome aumentando as conseqüências negativas e implicação destes na vida
destas pessoas.
Tennen, Affleck e Zautra (2006) avaliaram mulheres fibromiálgicas que haviam ou
não sofrido crises depressivas e identificaram que as anteriormente depressivas relatam maior
ocorrência de sintomas depressivos e maior sensação de dor se comparadas àquelas que não
sofreram crises depressivas. Tais resultados concordam com a relação entre percepção de
sintomas depressivos e percepção de dor verificada neste estudo.
Em relação à avaliação da dor, a maioria das mulheres apresentou percepção de dor
sensorial, afetiva, subjetiva e mista, corroborando com estudos de Ferreira et al. (2002) e
83
Marques (2004). Esses autores compararam a avaliação da dor de pessoas fibromiálgicas e
grupos controles e identificaram que pessoas do grupo controle, quando relatavam dor,
referiam-se apenas a categoria de dor sensorial, diferente das pessoas com fibromialgia que
apresentavam percepção de dor em todas as categorias. Esses resultados indicam que pessoas
fibromiálgicas apresentam maior percepção de dor acompanha de componentes emocionais.
Neste estudo, identificou-se relação entre os sintomas depressivos e as percepções:
subjetiva, mista e principalmente afetiva da dor, sendo que o mesmo não ocorreu em relação à
percepção de dor sensorial, estes resultados sustentam a existência de um processamento
emocional da dor paralelo ao processamento sensorial identificado em um estudo
desenvolvido por Gieseke et al. (2005). Esse estudo demonstrou que pessoas fibromiálgicas
com maiores ou menores níveis de depressão não apresentam diferenças na ativação cerebral
das áreas relacionadas à descriminação da dor (córtex somatossensorial primário e
secundário), no entanto, as pessoas fibromiálgicas com maiores níveis de depressão
apresentaram maior ativação de regiões cerebrais associadas aos aspectos afetivos e/ou
emocionais do processamento da dor (amigdala e ínsula anterior contra lateral) (GIESEKE et
al., 2005).
A percepção de dor afetiva também esteve associada à pior qualidade do sono
apresentada pelas participantes (Tabela 20). Conforme Chaitow (2002) a existência de
alterações no sono em pessoas fibromiálgicas é bem estabelecida na literatura. Entretanto,
embora ainda não tenha sido identificada uma relação de causa e efeito entre as alterações no
sono e a SFM, neste estudo, algumas mulheres identificaram coincidência entre o início de
alterações no sono e os sintomas da síndrome.
Com o intuito de compreender a relação entre distúrbios do sono e fibromialgia
Moldofsky (1993) interrompeu estágios do sono de pessoas saudáveis por três noites seguidas
e verificou que elas passaram a apresentar sintomas de: fadiga, dor muscular e
hipersensibilidade cutânea, todos característicos da SFM (CHAITOW, 2002). Esses
resultados levantam a hipótese de que os distúrbios do sono poderiam estar associados ao
desencadeamento dos sintomas da síndrome. No entanto, Donald et al. (1997) afirmam que os
distúrbios do sono, por si só, não são capazes de provocar todos os sintomas da SFM.
De acordo com alguns autores os distúrbios do sono relacionados a condições
dolorosas crônicas sofrem a influência de mecanismos centrais e do sistema neuro-endócrino
(CHAITOW, 2002; MARQUES, 2004). Para Calvino e Grilo (2005) os estímulos de dor
exercem influencia sobre diversas áreas do sistema nervoso central, atingindo regiões
responsáveis pelo controle do sono e vigília e áreas associadas a aspectos afetivos e
84
emocionais. Devido à interação destas estruturas, o mau funcionamento de uma estrutura pode
acarretar comprometimento das outras, por isso, as pessoas fibromiálgicas com distúrbios do
sono acabam apresentando maior percepção de dor, incapacidade funcional e alterações
emocionais como a depressão (JACOBSON, PETERSEN e DANNESKIOLD-SAMSOE,
1993; C-OTE KA e MOLDOFSKY, 1997; ZAMMIT et al., 1999; KAPLAN et al., 2000;
LANDIS et al., 2004; GUVEN, KUL PANZA e GUNDUZ, 2005).
A qualidade do sono também parece estar associada ao desempenho das participantes
no teste de avaliação do controle de habilidades motoras finas (Tabela 21). Embora, pesquisas
demonstrem que as alterações no sono possam estar associadas à incapacidade funcional em
pessoas fibromiálgicas, os dados encontrados neste estudo necessitam de uma investigação
mais aprofundada, com instrumentos apropriados que avaliem especificamente aspectos da
qualidade do sono, pois as mulheres que apresentaram piores resultados na avaliação de
habilidades motoras finas foram as que classificaram como “média” a qualidade do seu sono.
Este resultado pode ter sido influenciado pelo fato da maioria das participantes terem
escolhido esta opção como resposta.
Quanto à depressão, alguns estudos apontam relação entre sintomas depressivos e
incapacidade funcional em pessoas com SFM (OKIFUJI, TURK E SHERMAN, 2000;
BERBER, 2004). Entretanto, neste estudo, não foi verificado relação entre a percepção de
sintomas depressivos e o desempenho de mulheres com SFM em habilidades motoras finas,
porém, identificou-se que os sintomas depressivos estão associados a menor velocidade do
processamento de informação destas mulheres. Estes resultados são coerentes com o estudo
de Pier, Hulstijn e Sabbe (2004), no qual foi identificado que idosos depressivos apresentam
atraso no início e na execução de movimentos se comparados ao grupo controle, entretanto,
não foram verificadas diferenças significativas entre a quantidade de erros apresentada pelos
dois grupos durante a execução das habilidades motoras. Esses resultados indicam que os
sintomas depressivos podem estar associados ao tempo de realização da ação motora, mas não
a sua eficácia em si.
Identificou-se que as mulheres com maior tempo de sintomas depressivos
apresentaram dificuldade na realização do TR de discriminação (Tabela 18). Resultados
similares foram demonstrados por Weiland-Fiedler et al. (2004). Esses autores identificaram
que pessoas com histórico de depressão apresentam piores resultados em tarefas que
envolvam velocidade de processamento visual, performance psicomotora e memória espacial.
Somente na correlação entre sintomas depressivos e TR associativo não foram identificadas
resultados significativas. Este resultado pode estar relacionado ao fato de que, a lentidão no
85
processamento de informação em pessoas depressivas geralmente está associada ao
comprometimento em funções cognitivas como a atenção (PAELECKE-HABERMANN,
POHL e LEPLOW, 2005). Dessa forma, o fato do TR associativo apresentar dois tipos de
estímulos concomitantes pode ter facilitado a execução da tarefa, uma vez que Kohfeld (1971)
afirma que velocidade de resposta do TR pode estar associada à intensidade do estímulo
proporcionado pelo teste.
O atraso no processamento de informação em pessoas depressivas já foi demonstrado
em algumas pesquisas (WEILAND-FIEDLER et al., 2004; PIER, HULSTIJN e SABBE,
2004; EGELAND et al., 2005), entretanto, em pessoas fibromiálgicas, Suhr (2003) identificou
relação entre sintomas depressivos e comprometimento da memória, enquanto que, a
diminuição da velocidade do processamento de informação esteve associada aos sintomas de
fadiga. Esses resultados indicam que diferentes sintomas da SFM podem estar associados ao
tempo de reação em pessoas fibromiálgicas.
Neste estudo, as mulheres que se queixaram de dor durante a avaliação do controle de
habilidades motoras finas apresentaram piores desempenhos no teste de TR, embora os
resultados não tenham sido significativos (Tabela 16), eles sugerem que a sensação de dor
pode estar associada à diminuição da velocidade do processamento de informação e
concordam com os estudos de Taimela et al. (1993) e Venna, Hurri e Alaranta (1994). Estes
autores demonstraram que pacientes com lombalgia crônica são mais lentos em testes de
tempo de reação que envolva o membro superior, se comparados às pessoas sem dor. Taimela
et al. (1993) comentam que o aumento do tempo de reação pode ser um fator relacionado ao
desenvolvimento da lombalgia, ou pode estar associado ao receio de se movimentar e a
alterações psicológicas que geralmente acompanham pessoas com dor crônica.
De Gier, Peters e Vlaeyen (2003) demonstraram que o medo em relação à dor
prejudica o tempo de reação em pessoas fibromiálgicas. Estudos sobre este assunto têm
demonstrado que o medo relacionado ao aumento da intensidade de dor pode estar associado
à incapacidade física de pessoas com dor crônica (CROMBEZ et al., 1999; VLAEYEN e
CROMBEZ, 1999; TURK, ROBINSON e BURWINKLE, 2004). Esses estudos mostram que
pessoas com dor crônica reduzem sua movimentação devido ao receio de que sua sensação de
dor se intensifique, além disso, demonstram que o sentimento de medo está associado ao
aumento da percepção de dor e a presença de alterações psicológicas como depressão.
Contudo, independente dos sintomas da SFM, as participantes apresentaram piores
resultados no TR simples com estímulo visual e no TR de discriminação (Tabela 14). Esses
dados concordam com a literatura, a qual indica que o TR visual tende a ser maior do que o
86
auditivo (MAGILL, 2000), devido à diferença na rota de processamento neural destes
estímulos, uma vez que o trajeto de processamento do estímulo visual é maior do que o
auditivo (TEIXEIRA, 2006). O resultado no TR de discriminação pode estar associado a
maior complexidade da tarefa e/ou cansaço das participantes pelo fato de ser a última etapa do
teste.
Destaca-se que o hábito de realizar habilidades manuais esteve associado ao melhor
tempo de reação das mulheres com SFM, demonstrando que, além dos sintomas da síndrome,
os hábitos motores também estão relacionados à velocidade do processamento de informação
e da resposta motora destas mulheres (Tabela 22).
Quanto à avaliação do controle de habilidades motores finas, identificou-se que as
participantes apresentaram desempenhos coerentes com o grau de dificuldades das tarefas
motoras (Tabela 13), entretanto, as mulheres com maior percepção de dor sensorial
apresentaram dificuldades em finalizar o teste. Estes resultados indicam que mulheres
fibromiálgicas podem apresentar dificuldade para manter a execução de tarefas repetitivas que
envolvam o controle motor fino concordando com os estudos de Svebak, Anjia e Karstad
(1993) e Bennet (1996).
A intensidade de dor no dia da avaliação também esteve associada ao desempenho das
participantes no teste de controle de habilidades motoras finas (Gráfico 2), embora os
resultados não tenham sido significativos, eles concordam com Turk, Okifuji, Sinclair e Starz
(1996), os quais verificaram relação entre a severidade da dor e a percepção de inabilidade e
funcionalidade física em mulheres com SFM.
Verificou-se que as mulheres que apresentaram dor ou aumento da sensação dolorosa
em função da realização da avaliação do controle de habilidades motoras finas apresentaram
piores desempenhos no teste (Tabela 15). A maioria das mulheres que relatou dor durante a
realização do teste apresentava diagnóstico clínico de outros problemas ortopédicos no
membro superior dominante. Este fato não invalida os resultados deste estudo, quanto à
relação entre sintomas da síndrome e controle motor de mulheres com SFM, pois, embora
inicialmente houvesse uma divisão de fibromialgia primária e secundária para diferenciar os
sintomas da SFM que surgiam concomitantes ou não a outras doenças, atualmente, esta
classificação deixou de ser utilizada devido aos resultados encontrados no estudo de Wolfe,
Smythe e Yunus (1990), no qual eles identificaram que independente dos fatores
desencadeantes da síndrome, os pacientes apresentavam os mesmos sintomas. Além disso,
estes resultados indicam que a existência de dor, independente da causa, pode estar associada
ao comprometimento do controle motor.
87
A relação entre dor e sistema de controle motor tem sido verificada em diversos
estudos (SVENSSON, ARENDT-NIELSEN e HOUE 1998; HODGES e RICHARDSON,
1999; MADELEINE et al., 1999; STERLING, JULL e WRIGHT, 2001; PIERRYMOWSKI,
TIIDUS e GÁLEA, 2005), demonstrando que pessoas com dor crônica apresentam
diminuição de força, velocidade e amplitude de movimento nas musculaturas doloridas, bem
como alterações no ritmo dos movimentos em conseqüência de alterações na programação e
recrutamento dos músculos. Tais resultados evidenciam a existência de mudanças no controle
motor central em respostas às aferências nociceptivas. Conforme Lund et al. (1991) e
Svensson, Houe e Arendt-Nielsen (1997), estas mudanças podem estar associadas a
mecanismos de proteção e adaptação do organismo em resposta a sensação de dor.
Esses resultados demonstram que a sensação de dor está associada a mudanças no
processamento de informação central, podendo influenciar respostas motoras. Da mesma
forma que acontece com a dor, os sintomas depressivos também estão associados a mudanças
nas concentrações de sustâncias químicas e funcionamento de estruturas cerebrais (MALHI,
PARKER e GREENWOOD, 2005), que, por sua vez, podem interferir em comportamentos
motores, percepção da dor, entre outras funções no organismo. Neste estudo, não foram
identificadas relações entre os sintomas depressivos e o desempenho em habilidades motoras
finas, talvez pelo fato, da maioria das participantes não apresentar sintomas depressivos tão
agravantes. Entretanto, identificou-se que os sintomas depressivos estão associados ao atraso
no processamento de informação e consequentemente na lentidão de respostas motoras,
enquanto que os sintomas de dor estão associados à dificuldade de realização e/ou
manutenção de tarefas motoras repetitivas. Tais resultados indicam que os sintomas de dor e
depressão podem estar associados ao controle motor de mulheres com SFM.
No entanto, é importante ressaltar que pessoas com fibromialgia, devido à quantidade
sintomas, podem apresentar dificuldades para distinguir suas sensações, dessa forma, durante
a realização da avaliação do controle de habilidades motoras finas, as participantes podem ter
sentido, junto à sensação de dor, sensação de fadiga associada, pois algumas relataram que o
teste foi cansativo. Por isso, uma das limitações deste estudo foi não ter realizado o controle
da variável “fadiga” durante a avaliação do controle motor. Essa limitação fundamenta-se nos
estudos de Suhr (2003) e Martinez et al. (1998). Esses últimos autores identificaram que as
intensidades de dor e fadiga estão diretamente relacionadas à capacidade funcional de pessoas
com SFM (MARTINEZ et al. 1998). Além disso, este estudo apresenta outras limitações, uma
vez que aspectos inerentes a pesquisas com seres humanos como: motivação para a realização
das avaliações propostas e a utilização de um ambiente laboratorial para a coleta de dados, são
88
aspectos de difícil controle que podem ter interferido nas respostas dos questionários e na
performance motora das participantes e conseqüentemente nos resultados da pesquisa.
Quanto à prática de atividade física, embora alguns estudos atribuam à incapacidade
funcional presente em alguns casos de SFM à falta de condicionamento físico característico
de pessoas fibromiálgicas (KAZIYAMA, YENG e TEIXEIRA, 2003), neste estudo, não
foram identificadas relações entre a prática de atividade física e o controle motor de mulheres
com SFM, bem como entre a prática de atividade física e a percepção de dor e sintomas
depressivos destas mulheres.
Estudos sobre atividade física e saúde apontam que a prática de atividade física,
quando realizada adequadamente, pode contribuir para redução de sintomas depressivos e
proporcionar maior bem estar aos indivíduos que a praticam (SILVEIRA, 2001; LAWLOR e
HOPKER, 2001, ANDRADE, 2001; MATTOS, ANDRADE e LUFT, 2004). Dessa forma, o
fato das mulheres fibromiálgicas que praticam atividade física não apresentarem resultados
significativamente diferentes daquelas que não praticam, pode ter ocorrido devido à falta de
assiduidade das pessoas com este tipo de síndrome aos tratamentos. Estas mulheres podem
não estar praticando atividade física na freqüência e forma adequadas para que possam
usufruir de seus benefícios. No entanto, é importante ressaltar que este assunto merece uma
discussão muito mais aprofundada, de forma que este não é o objetivo principal deste estudo.
O tempo de sensação dos sintomas da síndrome também não mostrou relação com a
percepção de dor, de sintomas depressivos e controle motor das mulheres fibromiálgicas. Os
estudos referentes à evolução clínica de pacientes com SFM têm demonstrado resultados
contraditórios, pois enquanto alguns pacientes relatam leve aumento da satisfação com a
saúde (KENNEDY e FELSON, 1996; BERBER, 2004), a maioria dos sintomas tende a
permanecer ao longo dos anos. Ledingham, Doherty e Doherty (1993) e Henriksson (1994)
destacam que a queixa de dificuldade em realizar tarefas motoras permanece entre os
pacientes, indicando que os sintomas da síndrome trazem complicações para a realização das
atividades de vida diária.
Muitos estudos têm apontado a incapacidade funcional como uma das conseqüências
dos sintomas da SFM (JACOBSEN, PETERSEN e DANNESKIOLD-SAMSOE, 1993;
MARTINEZ et al., 1995, 1999; KAPLAN, SCHMIDT e CRONAN, 2000; DA COSTA et al.,
2000; BERBER, 2004). Capacidade funcional pode ser entendida como a capacidade que o
indivíduo tem de realizar atividades físicas e mentais necessárias para manutenção de suas
atividades básicas como, por exemplo, tomar banho, vestir-se, alimentar-se, usar transportes
coletivos, entre outras atividades de vida diária (RAMOS, 2003; GUIMARAES et al., 2004).
89
Conforme Teixeira (2003) a capacidade funcional refere-se ao desempenho de tarefas
cotidianas que, embora dependam do funcionamento físico, estão sujeitas as estratégias de
enfrentamento para sua realização.
Neste contexto, Bennett (1996) questiona a avaliação da capacidade funcional em
pessoas fibromiálgicas, uma vez que esta avaliação, na maioria das vezes, está baseada na
auto-percepção do paciente em realizar suas atividades diárias. Este autor destaca que
geralmente não há uma coerência entre os achados clínicos e as queixas de incapacidades que
estes pacientes alegam, dessa forma, acredita-se que a condição de dor crônica, possa
influenciar na real identificação da capacidade física das pessoas com SFM. Esses dados
demonstram a dificuldade de se identificar as condições de capacidade física em pessoas com
SFM.
Neste estudo foram abordados dois aspectos do controle motor: tempo de reação e
desempenho das mulheres com SFM em habilidades motoras finas. Ciente das limitações
destes aspectos frente ao complexo sistema de controle motor, este estudo não pretendeu obter
um parâmetro da capacidade funcional das mulheres com SFM, apenas buscou verificar o
desempenho destas em tarefas motoras específicas.
Assim, identificou-se que nem todas as mulheres com SFM possuem
comprometimento nos aspectos do controle motor avaliados, no entanto, dependendo das
características dos sintomas da síndrome, mulheres com SFM podem apresentar
comprometimento motor. Este estudo mostrou que os sintomas de dor e depressão podem
afetar o controle motor de mulheres fibromiálgicas, entretanto, outros sintomas como: fadiga
e distúrbios do sono também podem estar associados, demonstrando que existe um sistema
complexo de relação entre os sintomas da síndrome e o controle motor de pessoas com SFM.
Contudo, é importante ressaltar que estes resultados não sustentam a idéia de que a
SFM é uma condição incapacitante. Embora, algumas mulheres com SFM sejam afastadas de
suas atividades profissionais, a maioria não se sente incapacitada. Kaziyama, Yeng e Teixeira
(2003) comentam que a escolha de tarefas compatíveis é essencial para a adequação à
limitação da capacidade funcional nas pessoas com SFM. Além disso, a redução de horas de
trabalho tem feito com que pessoas fibromiálgicas melhorem seu desempenho e satisfação
profissional (HENRIKSSON e BURCKHARDT, 1996).
Esses resultados demonstram que a fibromialgia tem uma repercussão biopsicossocial
na vida dos indivíduos, uma vez que seus sintomas estão associados a alterações de funções
tanto físicas quanto psicológicas que podem comprometer a execução de atividades diárias.
Tal comprometimento pode ter implicações em aspectos profissionais e sociais dessas
90
pessoas, o que, por sua vez, pode acarretar maior abalo psicológico, gravando ainda mais as
implicações dos sintomas da síndrome na vida dos indivíduos fibromiálgicos e assim
conseqüentemente como um ciclo vicioso.
91
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conforme os resultados encontrados, pôde-se verificar que nem todas as mulheres com
síndrome da fibromialgia apresentam percepção de sintomas depressivos, mas todas
apresentam percepção de dor, sendo que, algumas participantes ressaltaram características
mais afetivas como, por exemplo: dor horrível, irritante, torturante, enquanto outras
destacaram características mais sensoriais como: dor em fisgada, latejante, que irradia, entre
outras características. No entanto, aquelas que apresentaram maior percepção de sintomas
depressivos apresentaram também maior percepção de dor, principalmente com características
afetivas, subjetivas e mistas.
Em relação ao controle motor, verificou-se que nem todas as mulheres com SFM
apresentam comprometimento motor, no entanto, a presença de dor e/ou altos níveis de
depressão podem comprometer o controle motor em mulheres com SFM de diferentes formas:
1) a presença de dor pode estar associada à dificuldade de realização e/ou manutenção da
realização de tarefas motoras; 2) os sintomas depressivos podem estar associados à lentidão
da ação motora.
Estes resultados indicam que a SFM não é uma doença incapacitante, mas que,
dependendo das características e intensidade dos sintomas da síndrome, mulheres com SFM
podem apresentam dificuldades para realizar ou manter a realização de tarefas motoras, sendo
que, essas dificuldades devem ser respeitadas pela família, colegas de trabalho e profissionais
da saúde. Dessa forma, considerando que fibromialgia é uma síndrome caracterizada por
períodos de crises com intensificação dos sintomas, sugere-se que as mulheres com SFM
conheçam bem o funcionamento do seu corpo, identificando as atividades que apresentam
maiores dificuldades de realização, para que possam buscar adaptações nas suas funções de
atividades diárias e de trabalho respeitando suas condições físicas e mentais.
Além disso, estes resultados sustentam a idéia de que a fibromialgia é uma síndrome
com características heterogenias, desta forma, sugere-se que o tratamento de pacientes
fibromiálgicos não seja realizado de forma homogenia. O estabelecimento de relações entre os
sintomas e manifestações clínicas da síndrome deve ser averiguado para que o tratamento
possa ser direcionado e melhor sucedido. Assim, a queixa de limitações físicas relatadas por
algumas mulheres com SFM deve ser cuidadosamente investigada e tratada pelos
92
profissionais da saúde, levando-se em consideração a avaliação psicológica destas mulheres, o
tipo de limitação física e suas conseqüências nas atividades profissionais e nas atividades de
vida diária.
Estudos como este pode colaborar para que, cada vez mais, possamos compreender
como os sintomas da síndrome podem afetar diferentes aspectos da vida de pessoas com
SFM, fazendo com que as limitações apresentadas por estas pessoas sejam mais respeitadas
pela sociedade. Sugere-se que, em futuros estudos, outros sintomas da síndrome como: a
fadiga e distúrbios do sono sejam melhor avaliados para que as implicações dos sintomas da
síndrome no controle motor de pessoas fibromlgicas possa ser cada vez melhor entendido.
Recomenda-se também que este estudo seja replicado com um maior número de mulheres e
que os dados sejam comparados a pessoas com outros tipos de doenças caracterizadas por dor
crônica e a pessoas que não apresente nenhum tipo de doença.
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107
APÊNDICE A - Cálculo do coeficiente de variação acumulado e análise dos dados do
estudo piloto referente às etapas do teste de TR.
108
CÁLCULO DO COEFICIENTE DE VARIAÇÃO ACUMULADO E ANÁLISE DOS
DADOS DO ESTUDO PILOTO REFERENTE ÀS ETAPAS DO TESTE DE TR.
TR simples com estimulo visual TR simples com estímulo auditivo
-100,000
0,000
100,000
200,000
300,000
400,000
500,000
0 5 10 15 20 25 30
Valores
Méd_méd
-100,000
0,000
100,000
200,000
300,000
400,000
500,000
0 5 10 15 20 25 30
Valores
Méd_méd
TR associativo (visual + auditivo) TR de discriminação
-100,000
0,000
100,000
200,000
300,000
400,000
500,000
0 5 10 15 20 25 30
Valores
Méd_méd
-100,000
0,000
100,000
200,000
300,000
400,000
500,000
0 5 10 15 20 25 30
Valores
d_méd
Como pode ser observado nos gráficos acima, exceto o TR de discriminação no qual,
as participantes apresentaram desempenhos mais variados, no restante das etapas do teste de
TR os melhores desempenhos foram apresentados entre as 3ª., 4ª. e 5ª. tentativas.
Considerando essas analises e o fato de que a média dos valores das 5ª., 6ª. e 7ª. tentativas não
apresentou diferenças significativas (p>0,05) se comparada à média dos valores das 8ª., 9ª. e
10ª. tentativas de cada etapa do teste, percebe-se que não há necessidade da realização de 10
tentativas em cada uma das 4 etapas do teste de TR. Sendo que, 7 tentativas em cada etapa
demonstraram ser suficientes para a mensuração desta variável do estudo.
109
APÊNDICE B - Desempenho das participantes nas 6 subtarefas do teste de avaliação do
controle de habilidades motoras finas realizadas no estudo piloto
110
DESEMPENHO DAS PARTICIPANTES NAS 6 SUBTAREFAS DO TESTE DE
AVALIAÇÃO DO CONTROLE DE HABILIDADES MOTORAS FINAS REALIZADAS
NO ESTUDO PILOTO.
Subtarefas do teste de avaliação do controle de
habilidades motoras finas
Média do
Erro
Desvio
Padrão
Movimento Inclinado Ascendente à Direita (MIAD)
0,23
0,1439
Movimento Horizontal à Direita (MHD)
0,14
0,1126
Movimento Sagital Antero-posterior (MSAP)
0,12 0,1292
Movimento Inclinado Descendente à Esquerda (MIDE)
0,19 0,1292
Movimento Horizontal à Esquerda (MHE)
0,11 0,0798
Movimento Sagital Póstero-anterior (MSPA)
0,10
0,0768
Movimento Inclinado Ascendente à Direita 2 (MIAD2) 0,14 0,0859
PS: No estudo os valores referentes ao erro, que representa o desempenho das
participantes no teste de avaliação do controle de habilidades motoras finas, foram
apresentados na unidade de medida “centímetros”. Na pesquisa, o valor do erro foi
apresentado em “pixel” que a unidade de medida fornecida pelo software.
111
APÊNDICE C - Cálculo do coeficiente de variação acumulado referente às subtarefas do teste de
avaliação do controle de habilidades motoras finas realizadas no estudo piloto
112
CÁLCULO DO COEFICIENTE DE VARIAÇÃO ACUMULADO REFERENTE ÀS
SUBTAREFAS DO TESTE DE AVALIAÇÃO DO CONTROLE DE HABILIDADES
MOTORAS FINAS REALIZADAS NO ESTUDO PILOTO.
1ª. subtarefa (MIAD) 4ª. subtarefa (MIDE)
0,000
0,050
0,100
0,150
0,200
0,250
0,300
0,350
0,400
0,450
0 5 10 15 20 25 30
Valores
d_d
0,000
0,050
0,100
0,150
0,200
0,250
0,300
0,350
0,400
0,450
0 5 10 15 20 25 30
Valores
Méd_méd
2ª. subtarefa (MHA) 5ª. subtarefa (MHE)
0,000
0,050
0,100
0,150
0,200
0,250
0,300
0,350
0,400
0,450
0 5 10 15 20 25 30
Valores
Méd_méd
0,000
0,050
0,100
0,150
0,200
0,250
0,300
0,350
0,400
0,450
0 5 10 15 20 25 30
Valores
Méd_méd
3ª. subtarefa (MSAP) 6ª. subtarefa (MSPA)
0,000
0,050
0,100
0,150
0,200
0,250
0,300
0,350
0,400
0,450
0 5 10 15 20 25 30
Valores
Méd_méd
0,000
0,050
0,100
0,150
0,200
0,250
0,300
0,350
0,400
0,450
0 5 10 15 20 25 30
Valores
Méd_méd
119
APÊNDICE D - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
120
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA
CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS - CEFID
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Título do Projeto: “Controle motor, Dor e Depressão em Mulheres com Síndrome da
Fibromialgia”
Você está sendo convidada a participar de um estudo que fará uma avaliação de seu
controle motor, nível de depressão e características da sua sensação dolorosa. A
mensuração destas variáveis ocorrerá em um horário previamente estabelecido e para tanto
serão utilizados testes motores (controle motor fino e tempo de reação) e questionários
específicos para avaliação de dor e depressão, além de outro instrumento utilizado para
caracterização geral das participantes. Cada participante será avaliada de forma individual
em apenas uma sessão de aproximadamente 1 hora. Não é obrigatório responder a todas as
perguntas.
Você tem a livre escolha de participar desta pesquisa, podendo sentir-se a vontade
caso queira retirar-se.
Solicitamos a vossa autorização para o uso de seus dados para produção de textos
científicos. A sua identidade será preservada, pois cada indivíduo será identificado por um
código.
Agradecemos a vossa participação e colaboração.
____________________________________
Sabrina de Oliveira Sanches
Contato: (48) 3244 23 24 ramal 252.
TERMO DE CONSENTIMENTO
Declaro que fui informado sobre todos os procedimentos da pesquisa e, que recebi de forma
clara e objetiva todas as explicações pertinentes ao projeto e, que todos os dados a meu respeito
serão sigilosos. Eu compreendo que neste estudo, as medições dos experimentos/procedimentos de
tratamento serão feitas em mim.
Declaro que fui informado que posso me retirar do estudo a qualquer momento.
Nome por extenso _________________________________________________________ .
Assinatura _____________________________________ Florianópolis, ____/____/____ .
121
APÊNDICE E - Cálculo do coeficiente de variação acumulado das 10 tentativas de cada
subtarefa do teste de avaliação do controle de habilidades motoras finas.
122
CÁLCULO DO COEFICENTE DE VARIACAO ACUMULADO DAS 10
TENTATIVAS DE CADA SUBATAREFA DO TESTE DE AVALICAO DO CONTROLE
DE HABILIDADES MOTORAS FINAS.
1ª. subtarefa caracterizada por um movimento inclinado ascendente à direita (MIAD)
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
0 5 10 15 20 25 30
Valores
Méd_méd
2ª. subtarefa caracterizada por um movimento horizontal a direita (MHD).
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
0 5 10 15 20 25 30
Valores
Méd_méd
3ª. subtarefa caracterizada por um movimento sagital póstero-anterior (MSPA).
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
0 5 10 15 20 25 30
Valores
Méd_méd
123
APÊNDICE F - Cálculo do coeficiente de variação acumulado das 7 tentativas de cada
etapa do teste de tempo de reação (TR)
124
CÁLCULO DO COEFICENTE DE VARIACAO ACUMULADO DAS 7
TENTATIVAS DE CADA ETAPA DO TESTE DE TEMPO DE REAÇÃO (TR).
TR simples com estímulo visual TR associativo
-100
0
100
200
300
400
500
600
0 5 10 15 20 25 30
Valores
Méd_méd
-100
0
100
200
300
400
500
600
0 5 10 15 20 25 30
Valores
Méd_méd
TR simples com estímulo auditivo TR de discriminação
-100
0
100
200
300
400
500
600
0 5 10 15 20 25 30
Valores
d_méd
-100
0
100
200
300
400
500
600
0 5 10 15 20 25 30
Valores
Méd_méd
125
ANEXO A – Aprovação Comitê de Ética em Pesquisas em Seres Humanos
126
127
ANEXO B – Questionário Sócio-Demográfico e Clínico
128
Questionário Sócio-demográfico e Clínico
Esse é um instrumento de coleta de dados para um estudo que pretende verificar a
relação entre capacidade psicomotora, dor e depressão de mulheres com Síndrome da
Fibromialgia.
As suas respostas serão mantidas em sigilo. Desde já, agradecemos a sua colaboração!
I.Informações Sócio-Demográficas
1.Idade:_____
2. Estado civil:
1[ ] Solteira 2[ ] Casada 3[ ] Viúva
4[ ] Divorciada ou separada/desquitada 5[ ] Outro
3. Nível educacional:
1[ ] Analfabeto/Primário incompleto 2[ ] Primário completo/Ginásio incompleto
3[ ] Ginasial completo/Colegial incompleto 4[ ] Colegial completo/Superior incompleto
5[ ] Superior completo. Curso:______________ 6[ ] Pós-graduação
4.Qual sua ocupação atualmente:_______________________________________________
5.Qual a principal ocupação você desempenhou ao longo da vida:____________________
6. Você exerce sua profissão atualmente? 1[ ] Sim 2[ ] Não 3[ ] Estou afastada
Se sim, quantas horas por dia você trabalha?____________________________________
7.Qual a sua fonte de renda:__________________________________________________
8. Qual o valor da renda mensal familiar:
1 [ ] até 5 SM 2 [ ] entre 5 e 10 SM 3 [ ] de 10 a 20SM 4 [ ] mais de 20SM
9. Você utiliza computador frequentemente? 1[ ] Sim 2[ ] Não 3[ ] as vezes
10. Você costuma realizar com freqüência habilidades manuais como tricô, crochê,
bordados, entre outras?
[ ] sim [ ] não [ ] esporadicamente [ ] realizava, mas parei devido às dores.
II. Aspectos Clínicos
11. Há quanto tempo você começou a sentir os sintomas da fibromialgia:____________
12. Há quanto tempo foi feito o diagnóstico da fibromialgia: _______________________
129
13. Assinale o especialista médico que primeiro diagnosticou a fibromialgia:
1[ ] reumatologista 2[ ] neurologista
3[ ] ortopedista 4[ ] psiquiatra
5[ ] outro, qual:_________________
14. Assinale o especialista com quem você faz tratamento atualmente. Se necessário
assinale mais de uma resposta:
1[ ] reumatologista 2[ ] neurologista
3[ ] ortopedista 4[ ] psiquiatra
5[ ] outro, qual:_________________
15. Você já recebeu diagnóstico médico de depressão? [ ] sim [ ] não
Em caso afirmativo, há quanto tempo aproximadamente?___________________________
Você utilizou algum remédio para depressão? [ ] não [ ] sim
Qual?___________________________
Ainda sofre de depressão? [ ] sim [ ] não [ ] tem crises ocasionalmente
16. Você associa o início dos sintomas da fibromialgia a algum acontecimento da sua
vida?
[ ] sim [ ] não [ ] não sei
Em caso afirmativo, assinale a causa ou evento que você considera associado ao inicio
da fibromialgia. Se houver mais de uma resposta, enumere em ordem de prioridade.
1[ ] trauma físico (queda/acidente) 2[ ] trauma emocional
3[ ] cirurgia 4[ ] infecção
5[ ] uso de medicamentos 6[ ] exposição tóxica
7[ ] mudança no estilo de vida 8[ ] depressão
9[ ] doença ocupacional 10[ ] esforço físico exagerado
11[ ] variação climática 12[ ] herança genética
13[ ] desconhece 14[ ] outro, qual:____________________
17. Assinale os sintomas da fibromialgia mais presentes:
1[ ] cansaço 2[ ] fadiga
3[ ] dor localizada 4[ ] dor generalizada
5[ ] sono não restaurador 6[ ] formigamento
7[ ] falha de memória 8[ ] dificuldade de concentração
9[ ] rigidez articular 10[ ] dores de cabeça freqüentes
11[ ] ansiedade excessiva 12[ ] mau humor
13[ ] tontura 14[ ] pernas inquietas
15[ ] dor na face 16[ ] outros, quais:____________________
18. Assinale quais os fatores que alteram a intensidade da sua dor:
1[ ] esforço físico exagerado 2[ ] estado emocional alterado
3[ ] eventos estressantes 4[ ] variação climática
5[ ] período noturno 6[ ] outros, quais:____________________
19. Assinale o(s) medicamento(s) de que faz uso:
1[ ] antidepressivo 2[ ] analgésico
3[ ] relaxante muscular 4[ ] antiinflamatório
5[ ] tranqüilizante 6[ ] nenhum
7[ ] outros, quais:____________________
130
20. Assinale o(s) tratamento(s) que você utiliza para amenizar os sintomas da
fibromialgia:
1[ ] psicoterapia 2[ ] fisioterapia
3[ ] acupuntura 4[ ] yoga
5[ ] massagem 6[ ] terapias alternativas(florais/cromoterapia)
7[ ] nenhum 8[ ] outros, quais:____________________
21. Possui alguma outra doença, síndrome ou fator de risco relacionado à saúde?
1[ ] pressão alta 2[ ] diabetes
3[ ] artrose 4[ ] artrite reumatóide
5[ ] osteoporose 6[ ] doença cardíaca
7[ ] hipertiroidismo 8[ ] síndrome do túnel do carpo
9[ ] síndrome do cólon irritável 10[ ] fenômeno de Raynaud
11[ ] outros, quais:____________________
22. Você pratica atividade física regularmente? [ ] Sim [ ] Não
23. Qual(is)?________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
24. Com que freqüência você pratica atividade física? Especificar separadamente se
houver mais
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
25. Qual a duração (em minutos ou horas) da atividade física? Especificar
separadamente se houver mais de uma.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
26. Há quanto tempo você pratica atividade física? Especificar separadamente se houver
mais de uma.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
27. Como você classifica a qualidade do seu sono:
( ) péssima ( ) ruim ( ) média ( ) boa ( ) excelente
28. Há quanto tempo você apresenta alterações na qualidade do sono?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
131
29. Você associa a qualidade do seu sono aos sintomas da Fibromialgia?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Este espaço foi designado para que você tenha a oportunidade de acrescentar
qualquer informação que julgue importante e que não foi questionada anteriormente.
Muito Obrigada!!
132
ANEXO C – Questionário McGill de Dor
133
QUESTIONÁRIO MCGILL DE DOR
III - DESCRIÇÃO DA DOR
Reflita um pouco sobre sua dor, sobre como ela é, com o que ela se parece e responda.
Para cada conjunto (subclasse) de palavras abaixo, escolha aquela que melhor descreve a sua
dor. (Não é preciso escolher palavras em todas as categorias):
01. S. Temporal 02. S. Espacial 03. S. Pressão-Ponto 04. S. Incisão
- que vai e vem
- que pulsa
- latejante
- em pancadas
- que salta aqui e ali
- se espalha em círculos
- que irradia
- pica como uma
agulhada
- é como uma fisgada
- como pontada de faca
- perfura como uma
broca
- corta como navalha
- que dilacera a carne
05. S. Compressão 06. S. Tração 07. S. Calor 08. S. Vivacidade
- como um beliscão
- em pressão
- como uma mordida
- em cãibra/cólica
- que esmaga
- que repuxa
- que arranca
- que parte ao meio
- que esquenta
-queima como água
quente
- queima como fogo
- que coça
- em formigamento
- ardida
- como uma ferroada
09. S. Surdez 10. S. Geral 11. A. Cansaço 12. A. Autonômica
- amortecida
- adormecida
- sensível
- dolorida
- como um machucado
- pesada
- que cansa
- que enfraquece
- fatigante
- que consome
- de suar frio
- que dá ânsia de
vômito
13. A. Medo 14. A. Punição 15. A. Desprazer 16. Aval. Subjetiva
- assustadora
- horrível
- tenebrosa
- castigante
- torturante
- de matar
- chata
- que perturba
- que dá nervoso
- irritante
- de chorar
- leve
- incômoda
- miserável
- angustiante
- inaguentável
17. M. Dor/movimento 18. M. Sensoriais 19. M. de Frio 20. M. Emocionais
- que prende
- que imobiliza
- que paralisa
- que cresce e diminui
- espeta como uma
lança
- que rasga a pele
- fria
- gelada
- que congela
- que dá falta de ar
- que deixa tenso(a)
- cruel
Legendas: S = Sensorial - A = Afetiva Aval. Subj. = Avaliação Subjetiva M = Mistas
134
IV - QUAL É A INTENSIDADE DE SUA DOR PRESENTE?
____ (0) SEM DOR
____ (1) FRACA
____ (2) MODERADA
____ (3) FORTE
____ (4) VIOLENTA
____ (5) INSUPORTÁVEL
Que palavra melhor descreve sua dor geralmente? _____
Que palavra melhor descreve sua dor agora? _____
Que palavra descreve sua dor quanto ela é máxima? _____
Que palavra descreve sua dor quando ela é mínima? _____
Que palavra descreve sua maior dor de dente? _____
Que palavra descreve sua maior dor de estômago? _____
- Você acha que suporta bem as dores?
135
ANEXO D – Inventário de Depressão de Beck
INVENTÁRIO DE DEPRESSÃO DE BECK – BDI
Leia cuidadosamente cada grupo de afirmativas, faça um “X” diante da afirmação que
descreve melhor a maneira como você tem se sentido NOS ÚLTIMOS 7 DIAS (incluindo hoje).
Tome o cuidado de ler todas as afirmações antes de fazer a escolha.
A
0 [ ] Não me sinto triste.
1 [ ] Eu me sinto triste.
2 [ ] Eu estou sempre triste e não consigo
sair disso.
3 [ ] Estou tão triste ou infeliz que não
consigo suportar.
B
0 [ ] Não estou especialmente desanimado
quanto ao futuro.
1 [ ] Eu me sinto desanimado quanto ao
futuro.
2 [ ] Acho que nada tenho a esperar.
3 [ ] Acho o futuro sem esperança e tenho a
impressão de que as coisas não podem
melhorar.
C
0 [ ] Eu não me sinto um fracasso.
1 [ ] Acho que fracassei mais do que uma
pessoa comum.
2 [ ] Quando olho para trás, na minha vida,
tudo o que posso ver é um monte de
fracassos.
3 [ ] Acho que, como pessoa, sou um
completo fracasso.
D
0 [ ] Tenho prazer em tudo como antes.
1 [ ] Não sinto prazer nas coisas como
antes.
2 [ ] Não encontro um prazer real em mais
nada.
3 [ ] Eu estou insatisfeito ou aborrecido com
tudo.
E
0 [ ] Não me sinto especialmente culpado.
1 [ ] Eu me sinto culpado as vezes.
2 [ ] Eu me sinto culpado na maior parte do
tempo.
3 [ ] Eu me sinto culpado sempre.
F
0 [ ] Eu não acho que esteja sendo punido.
1 [ ] Acho que posso ser punido.
2 [ ] Acho que vou ser punido.
3 [ ] Acho que estou sendo punido.
G
0 [ ] Não me sinto decepcionado comigo
mesmo.
1 [ ] Eu me sinto decepcionado comigo
mesmo.
2 [ ] Estou enjoado de mim.
3 [ ] Eu me odeio.
H
0 [ ] Não me sinto de qualquer modo pior
que os outros.
1 [ ] Sou crítico em relação a mim, devido as
minhas fraquezas ou meus erros.
2 [ ] Eu me culpo sempre por minhas falhas.
3 [ ] Eu me culpo por tudo de mal que me
acontece.
I
0 [ ] Eu não tenho quaisquer idéia de me
matar.
1 [ ] Tenho idéias de me matar, mas não as
executaria.
2 [ ] Gostaria de me matar.
3 [ ] Eu me mataria se tivesse oportunidade.
J
0 [ ] Não choro mais que o habitual.
1 [ ] Choro mais agora do que costumava.
2 [ ] Agora, choro o tempo todo.
3 [ ] Costumava ser capaz de chorar, mas
agora não consigo mesmo que o queira.
K
0 [ ] Não sou mais irritado agora do que já fui.
1 [ ] Fico molestado ou irritado mais facilmente
do que costumava.
2 [ ] Atualmente me sinto irritado o tempo todo.
3 [ ] Absolutamente não me irrito com as coisas
que costumavam irritar-me.
L
0 [ ] Não perdi o interesse nas outras pessoas.
1 [ ] Interesso-me menos do que costumava
pelas outras pessoas.
2 [ ] Perdi a maior parte do meu interesse nas
outras pessoas.
3 [ ] Perdi todo o meu interesse nas outras
pessoas.
M
0 [ ] Tomo decisões mais ou menos tão bem
como em outra época.
1 [ ] Adio minhas decisões mais do que
costumava.
2 [ ] Tenho mais dificuldade em tomar decisões
do que antes.
3 [ ] Não consigo mais tomar decisões.
N
0 [ ] Não sinto que minha aparência seja pior do
que costumava ser.
1 [ ] Preocupo-me por estar parecendo velho ou
sem atrativos.
2 [ ] Sinto que há mudanças permanentes em
minha aparência que me fazem parecer sem
atrativos.
3 [ ] Considero-me feio (a).
O
0 [ ] Posso trabalhar mais ou menos tão bem
quanto antes.
1 [ ] Preciso ter um esforço extra para começar
qualquer coisa.
2 [ ] Tenho que me esforçar muito para fazer
qualquer coisa.
3 [ ] Não consigo fazer nenhum trabalho.
P
0 [ ] Durmo tão bem quanto de hábito.
1 [ ] Não durmo tão bem quanto costumava.
2 [ ] Acordo uma ou duas horas mais cedo do
que o hábito e tenho dificuldade para voltar a
dormir.
3 [ ] Acordo várias horas mais cedo do que
costumava e tenho dificuldades para voltar a
dormir.
Q
0 [ ] Não fico mais cansado que de hábito.
1 [ ] Fico cansado com mais facilidade do que
costumava.
2 [ ] Sinto-me cansado ao fazer quase qualquer
coisa.
3 [ ] Estou cansado demais para fazer qualquer
coisa.
R
0 [ ] O meu apetite não está pior do que de
hábito.
1 [ ] Meu apetite não está tão bom quanto
costumava ser.
2 [ ] Meu apetite está muito pior agora.
3 [ ] Não tenho mais nenhum apetite.
S
0 [ ] Não perdi muito peso, se é que perdi algum
ultimamente.
1 [ ] Perdi mais que 2,5 kg.
2 [ ] Perdi mais que 5,0 kg.
3 [ ] Perdi mais que 7,5 kg.
T
0 [ ] Não me preocupo mais que o hábito com
minha saúde.
1 [ ] Preocupo-me com problemas físicos como
dores e aflições ou perturbações no estômago ou
prisão de ventre.
2 [ ] Estou muito preocupado com problemas
físicos e é difícil pensar outra coisa que não isso.
3 [ ] Estou tão preocupado com meus problemas
físicos que não consigo pensar em outra coisa.
U
0 [ ] Não tenho observado qualquer
mudança recente em meu interesse sexual.
1 [ ] Estou menos interessado por sexo que
costumava.
2 [ ] Estou bem menos interessado por sexo
atualmente.
3 [ ] Perdi completamente o interesse por
sexo.
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