Download PDF
ads:
Centro Universitário Hermínio
Ometto
UNIARARAS
GERMANA DE SOUZA FURTADO GOMES
Avaliação dos métodos de
biossegurança utilizados nos
consultórios de ortodontia
ARARAS/SP
MARÇO/2007
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
1
Centro Universitário Hermínio
Ometto
UNIARARAS
GERMANA DE SOUZA FURTADO GOMES
germana_furtado@yahoo.com.br
Avaliação dos métodos de
biossegurança utilizados nos
consultórios de ortodontia
Assessment of the biosecurity
methods used at the orthodontics
clinics
Dissertação apresentado ao Centro
Universitário Hermínio Ometto
UNIARARAS, para obtenção do Título
de Mestre em Odontologia, Área de
Concentração em Ortodontia.
Orientador: Prof. Dr. Paulo César
Raveli Chiavini.
Co-orientador: Prof. Dra. Sílvia Amélia S.
Vedovello.
e-mail: [email protected]om.br
ARARAS/SP
MARÇO/2007
ads:
2
Campus Universitário “Duse Rüegger Ometo”.
UNIARARAS
CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO OMETTO
FOLHA DE APROVAÇÃO
A Dissertação intitulada:
Avaliação dos métodos de biossegurança utilizados nos
consultórios de ortodontia
, apresentada a UNIARARAS Centro Universitário
Hermínio Ometto, para obtenção do grau de Mestre em Odontologia área de
concentração em Ortodontia em 13 de abril de 2007, à Comissão Examinadora
abaixo nominada, foi aprovada após liberação pelo orientador.
Prof. Dr. Paulo César Raveli Chiavini – Presidente (Orientador)
Prof. Dr. Mário Vedovello Filho – 1º Membro
Prof. Dr. Luiz Valdrighi – 2º Membro
3
DEDICATÓRIA
Ao meu filho Thiago e ao meu
esposo Fernando, pelo apoio, carinho e
compreensão dispensados durante o
curso.
Aos meus pais Maria Amélia e
Geraldo pelos ensinamentos básicos
que me fizeram chegar até aqui.
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, pela vida.
Aos irmãos Geovanne e Gardenia, pelos exemplos demonstrados.
Aos amigos Adriana e Eduardo Vitorino pela acolhida em vossa residência.
Ao Centro Universitário Hermínio Ometto; à Magnífica Reitora Prof. Dra. Miriam
de Magalhães Oliveira Levada; e ao Magnífico Pró-Reitor de Pós-Graduação e
Pesquisa Prof. Dr. Marcelo Augusto Marretto Esquisatto, pela oportunidade de
nos aperfeiçoarmos nos estudos.
Ao Prof. Dr. Mário Vedovello Filho, Coordenador do Programa de Mestrado da
Uniararas, pela oportunidade da realização desse trabalho.
Meu muito obrigado aos mestres, e em especial ao meu orientador Prof. Dr.
Paulo César Raveli Chiavini.
Aos funcionários do Centro de Pós-Graduação e Pesquisa do Centro
Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, pelo carinho nos dedicado.
Aos colegas de curso, pela ajuda oferecida.
5
RESUMO
Os profissionais da Ortodontia podem ser acometidos por cerca de 40
tipos diferentes de doenças infecto-contagiosas, quando em procedimentos
clínicos rotineiros. O objetivo do presente trabalho foi realizar um estudo
baseado na literatura sobre a avaliação dos métodos de biossegurança
utilizados nos consultórios de ortodontia. Concluiu-se que a esterilização é
aceitável quando realizada em autoclave (calor úmido sob pressão). Para a
desinfecção, o álcool é muito utilizado, porém é um bactericida de baixa
potência, além de ressecar materiais plásticos. A melhor opção é o
glutaraldeído a 2%, eficiente contra todos os microorganismos e o vírus da
hepatite B. Bancadas e superfícies devem ser encapadas com filme de PVC, e
em relação às moldagens de alginato, é importante que sejam desinfetadas
com hipoclorito de sódio a 1%, e previamente a elas o bochecho com
clorexidina a 0,12% é efetivo na redução de microorganismos na cavidade
bucal.
Palavras-chave: desinfecção / esterilização / ortodontia.
6
ABSTRACT
The Orthodontics professionals can suffer from approximately 40
different types of infectious-contagious diseases, when in ordinary clinical
procedures. The aim of the present assignment was to perform a study based
on the literature about the evaluation of the most effective methods on
biosecurity used at the orthodontics clinics. From this assignment it was
concluded that sterilization is acceptable when performed in autoclave (humid
heat under pressure). For disinfection, the alcohol is very much used; however
it is a of low potency bactericide, besides drying up plastic material. The best
option is the 2% glutaraldehyde, efficient against all the microorganisms and the
hepatitis B virus. Supporting desks and surfaces must be covered with PVC
film, and concerning the alginate moldings, it is important that they be
disinfected with 1% sodium hypochlorite, and previously to them, rising the
mouth with 0,12% clorexidine is effective in the reduction of microorganisms in
the buccal cavity.
Key words: disinfection, sterilization, orthodontics.
7
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
˚C ................................................................símbolo que expressa graus Celsius
%......................................................................................................porcentagem
............................................................................................................polegadas
HIV ................................................................Vírus da Imunodeficiência Humana
HBV....................................................................................... Vírus da Hepatite B
˚GL ......................................... indica a densidade e porcentagem de álcool puro
mm .............................................................................................indica milímetros
h........................................................................................................indica horas
s ..................................................................................................indica segundos
ml ..................................................................................................indica mililitros
QAC .......................................................................................amônio quaternária
PVC........................................................................................policloreto de vinila
PSI ........................................................................................unidade de pressão
APCD ............................................... associação paulista de cirurgiões-dentistas
BPS.................................................................barreira de proteção de superfície
EPI ...............................................................equipamento de proteção individual
PVP..........................................................................................polivinilpirrolidona
PVP-I...............................................................................polivinilpirrolidona- iodo
UFRJ..................................................... Universidade Federal do Rio de Janeiro
UGF..............................................................................Universidade Gama Filho
UFF .................................................................Universidade Federal Fluminense
Unig............................................................................ Universidade Nova Iguaçu
AFE ................................................................Associação Fluminense de Ensino
UERJ....................................................Universidade Estadual do Rio de Janeiro
ADA.........................................................................American Dental Association
CDC ......................................................................... Centers for Disease Control
8
SUMÁRIO
Resumo.............................................................................................................. 5
Abstract.............................................................................................................. 6
Lista de Abreviaturas e Símbolos....................................................................... 7
Introdução .......................................................................................................... 9
Objetivo............................................................................................................ 11
Revisão da Literatura ....................................................................................... 12
Discussão......................................................................................................... 30
Conclusão ........................................................................................................ 34
Considerações finais........................................................................................ 35
Referências Bibliográficas................................................................................ 36
9
INTRODUÇÃO
Biossegurança em odontologia é definida como um conjunto de medidas
preventivas que envolvem a desinfecção do ambiente, a esterilização do
instrumental e o uso de equipamentos de proteção individual pelo profissional e
equipe (GUANDALINI, 1997).
Atualmente os profissionais da área de saúde, dentre eles os
ortodontistas, estão susceptíveis às doenças infecto-contagiosas, que podem
resultar até em incapacitação profissional.
Segundo WOO et al. (1992) a ortodontia trabalha com pacientes de
baixa idade, sendo 21% crianças (1 a 10 anos), 52% adolescentes (11 a 18
anos) e 27% adultos (maiores de 18 anos), portanto pode-se constatar que não
crianças freqüentam clínicas ortodônticas, mas, também, adolescentes e
adultos, sendo estes a maioria. De acordo com HOVIUS (1994), estima-se que
profissionais da ortodontia podem estar em contato com cerca de 40 doenças
infecto-contagiosas, quando em procedimentos clínicos rotineiros. O contato
com seus pacientes (proximidade física), além do contato das mãos do
especialista com sangue e saliva contaminados, são condições necessárias e
suficientes para facilitar a penetração de agentes infecciosos através de
mínima solução de continuidade da pele ou mucosa íntegra. Em contrapartida,
o ortodontista sofre traumas nos dedos e mãos, implicando em
microssangramentos que podem contaminar a mucosa oral de seus pacientes
(CASH, 1988). O especialista e toda a equipe de apoio ortodôntico devem
reconhecer sua vulnerabilidade frente a muitas doenças infecciosas no
exercício profissional, sendo um dos exemplos mais rotineiros que
proporcionam índices de infecções respiratórias maiores que a média
populacional. Atualmente, porém, duas enfermidades mostram-se
sobremaneira importantes quanto à gravidade e transmissibilidade em
consultórios ortodônticos: AIDS e Hepatite B. Todos os pacientes devem ser
tratados como se fossem potencialmente infectivos, isto porque grande parte
dos portadores de HBV e do HIV é assintomática e, podem disseminar o vírus
para outros dentro do consultório.
10
Segundo CAMPBELL; PHENIX (1986) embora a ortodontia não invada
tecidos, os pacientes carregam germes infecciosos que podem ser
transmitidos. Uma nova visão sobre a transmissão de doenças em consultório
ortodôntico vem sendo levantada no que diz respeito à responsabilidade
jurídica imputada ao profissional devido às falhas na ergonomia e no controle
de infecção, podendo levá-lo a interrupção permanente de suas atividades.
Devido aos ortodontistas serem mais negligenciosos no controle de
infecção do que os clínicos gerais, existe a importância de analisarmos os
melhores métodos de desinfecção de materiais. Assim, o presente trabalho
propôs-se revisar a literatura com intuito de estudar as normas de
biossegurança empregadas dentro da clínica ortodôntica.
11
OBJETIVO
A proposta deste trabalho foi realizar uma revista na literatura no que diz
respeito aos todos de esterilização e desinfecção mais eficazes nos
consultórios de ortodontia para:
instrumentais ortodônticos e alicates;
materiais não autoclaváveis;
moldagens;
bancadas.
12
REVISÃO DA LITERATURA
No trabalho de CAMPBELL; PHENIX (1986) foram relatados meios de
esterilização e desinfecção de instrumentais e acessórios ortodônticos,
utilizando-se autoclave, Pulpdent (esterilizador de contas de vidro) e solução de
glutaraldeído. Baseado na experiência clínica, os autores sugeriram que: a
autoclave é indicada para os instrumentais como bandejas e tudo que a mão
instrumenta. A bolsa lacrada não é aberta até que o indivíduo esteja sentado
no operador. A autoclave é viricidal contra hepatite B, gripe e vírus de pólio
quando usada nos tempos prescritos. O Pulpdent é utilizado para alicates e
cortadores que são lavados e inseridos durante 5 segundos a 233 ° C (450 ° F).
Este é um método para esterilizar instrumento que não podem ser
autoclavados. O esterilizador de contas de vidro foi mostrado para matar
bactérias e vírus, inclusive o da hepatite B. O Glutaralddo pode ser aplicado
para afastadores de língua e lábio, espelhos fotográficos, potes dappen, lápis
marcadores, ligaduras elásticas em cadeia e alicates removedores de bandas.
Eles devem ser imersos pelos menos 10 horas em uma solução alcalina de 2%
de glutaraldeído. Os autores ressaltaram, também, que o ortodontista e
auxiliares são fundamentais na contaminação secundária em cadeia e, a
medida mais importante é que as mãos sejam esfregadas por um mínimo de 30
segundos com germicida, sabão com escova de mão e água. É necessária a
troca de luvas a cada paciente.
SEKIJIMA (1987) demonstrou por meio de uma revisão de literatura que
existem no consultório odontológico três veículos de contaminação, os quais
devem ser esterilizados e desinfetados efetivamente: instrumentos
contaminados com sangue ou saliva, superfícies contaminadas com sangue ou
saliva e as mãos do profissional e auxiliar. Os instrumentos que requerem
esterilização incluem os espelhos, bandejas, pinças, alicates, instrumentos de
bandagem e colagem, aplicadores de amarrilho e demais instrumentais
clínicos. As superfícies que não podem ser esterilizadas devem ser
desinfetadas efetivamente. Incluem estas superfícies a seringa de ar/água,
cuspideiras, bandejas para braquetes, cabo do sugador de saliva, botões de
controle da cadeira, apoio da cabeça do paciente, braços da cadeira, refletor,
13
torneiras e gavetas. Alguns elementos como cadeira e refletor com comando
de pé, pias automáticas e dispensadores de sabão reduzirão o mero de
superfícies a serem desinfetadas. Segundo o autor, a mão é a ligação mais
comum na cadeia de contaminação, devendo ser lavada com sabão
antimicrobiano efetivo que tenha ação residual por causa do ambiente quente e
úmido que as luvas proporcionam e estas devem ser usadas no tratamento de
todos os pacientes. É recomendado o uso de scara e óculos de proteção
para se precaver dos aerossóis e partículas provenientes de cortes e
polimentos.
KIRCHHOFF (1987) realizou um trabalho na clínica de ortodontia da
Faculdade de Odontologia de Missouri na cidade de Kansas City, sobre os
meios eficazes de esterilização. Segundo o autor, os ortodontistas têm a mais
alta incidência de hepatite B entre os profissionais da odontologia, pois a saliva
é um meio tão infeccioso quanto o sangue. A incidência crescente da AIDS,
como também da hepatite B, alertou ortodontistas sobre a necessidade de
descontaminar instrumentos e superfícies. Segundo os autores os métodos
eficazes de esterilização são: esterilizador de pressão à vapor, que deve ser
usado à 121˚C a 15 psi durante 15 minutos. Este tempo pode ser reduzido a 3
minutos elevando-se a pressão a 30 psi e a temperatura para 132,2˚C, sendo
que para cargas pesadas embrulhadas o tempo requerido é maior. Esterilizador
de vapor químico o qual se usa formaldeído, álcoois e água. Estando os
instrumentos limpos e secos são embrulhados em uma bandeja na câmara, e a
unidade é fixa a 132,2˚C a 20-40 psi durante 20 minutos. Fornos de vapor seco
requerem 1 hora a 160-171˚C para esterilização, aumentando o número de
instrumentos o tempo deve ser também aumentado. Mídia de transferência de
calor (sal ou esterilizador de contas de vidro) foi efetivo contra a maioria dos
organismos e esporos. A recomendação é de 232,2˚C durante 15 segundos.
Algumas substâncias podem ser desinfetantes ou esterilizantes de acordo com
tempo utilizado, são elas: QAC (amônio quaternária), fenóis, álcool, cloro e
iodo.
Um estudo feito por MOLINARI (1987) comprovou que a água é melhor
do que o álcool para remoção de sangue e matéria orgânica, sendo o álcool
inadequado para a remoção de camadas de saliva dos instrumentos. A
esterilização com óxido de etileno é recomendada para instrumentos que são
14
propensos à corrosão ou danos de calor. Para este método são requeridas 12
horas a temperatura de quarto e 4 horas a 56°C.
CASH (1988) realizou uma pesquisa com 162 ortodontistas da Geórgia,
os quais responderam um questionário a fim de informar os meios de
esterilização e desinfecção utilizados em seus consultórios, avaliando os riscos
de não promovê-los. O autor encontrou como resultados que: os ortodontistas
se feriram pelo menos uma vez por semana; vêem sangue na cavidade oral
14,9 vezes por semana e nas moldagens 4,8 vezes por semana, num total de
173,4 pacientes atendidos. 6% conheceram algum paciente com HBV, 3%
conheceram pacientes com HIV. Para alicates 1% usam água e sabão, 29%
usam álcool, 51% usam esterilização fria, 7% usam autoclave e 3% não usam
nada; somente 7% desinfetam moldagens. Com estes dados, o autor concluiu
que os ortodontistas da Geórgia não utilizam as normas preconizadas pela
ADA e CDC.
PAYNE (1988) realizou um estudo para avaliar a efetividade da solução
de Glutaraldeído 2% como meio de desinfecção e esterilização no consultório
ortodôntico. Para tal, imergiram na solução, materiais termo resistentes e
materiais senveis ao calor (os elásticos) por 30 minutos no mínimo para a
desinfecção e 10 horas para a esterilização. O autor concluiu que a solução de
Glutaraldeído 2% em temperatura ambiente é efetiva na destruição de formas
vegetativas de organismos patogênicos, entero viroses e bacilos da
tuberculose quando imersos por 10 a 30 minutos, e para esporos resistentes é
necessário um período de 6 a 10 horas. Concluiu ainda que, a água, a saliva e
compostos de peróxido, que produzem radicais livres, podem acelerar a quebra
da cadeia molecular do material das ligaduras elásticas e que é possível que a
desinfecção ou a esterilização com o Glutaraldeído, possam provocar efeitos
similares nas ligaduras elásticas não preocupantes.
De acordo com MOAWAD; LONGSTAFF; POLLACK (1988) as barreiras
são os métodos de controle de infecção mais efetivos na contaminação
secundária. Jalecos de proteção deveriam ser usados ao longo do dia de
trabalho e deixados no consultório. As mãos deveriam ser esfregadas com
sabão antimicrobiano ao entrar no consultório, calçando, então luvas de látex,
devendo ser trocadas a cada paciente, sem jamais serem lavadas e
reaproveitadas. Deveriam ser usadas máscaras descartáveis para proteger o
15
nariz de pingos de sangue e borrifadas de saliva que eventualmente
acontecem, devendo ser trocadas sempre que estiverem úmidos ou sujos.
Qualquer profissional que não use óculos normalmente deveria usar óculos de
proteção ao atender. A cobertura de superfícies provê 100% de proteção de
contaminação secundária, enquanto que uma superfície a ser esfregada
raramente provê mais de 80% de proteção. Pode ser coberto o encosto da
cabeça do paciente, manivelas da cadeira, bandeja do equipo, peças de mão,
sugador, seringa ar/água e tubulação das mangueiras. Materiais que não
podem ser esterilizados por causa de sensibilidade ao calor, ou simplesmente
não são reutilizáveis devem ser de uso único, estes incluem as escovas de
dente, babadores, sugadores descartáveis e copos de bochechos de profilaxia.
Antes de cada tratamento, todos os pacientes deveriam escovar com uma
escova de dente disponível e bochechar com um líquido antimicrobiano para
limpeza bucal. Isto reduziria os microorganismos, mas não eliminaria ainda a
contaminação secundária durante o tratamento. Todos os materiais da área de
trabalho deveriam ser cobertos ou embalados separadamente. Materiais como
rolos de algodão, arcos e ligaduras deveriam ser armazenados em caixas com
tampa ou em gavetas prevenindo de serem espirrados com saliva, sangue ou
escombros. Os instrumentos deveriam ser mantidos ensacados em
organizações de bandejas esterilizadas até que sejam usados. Por exemplo,
deveriam ser utilizadas pinças de algodão ao invés do dedo para que não se
contamine toda a caixa. Tudo que for necessário para um determinado
procedimento deveria ser separado anteriormente para que não seja
contaminado.
VIGNARAJAH (1991), em um trabalho desenvolvido durante seis meses
num controle simplificado de infecção cruzada, observou que entre cada
paciente, o profissional demora de 20-25 segundos para realizar a lavagem das
mãos com clorexidina; a cada hora a hora e meia, se utilizava um novo par de
luvas, e as superfícies de trabalho eram desinfetadas com clorexidina 1% ou a
glutaraldeído 2%; a cada hora a hora e meia, os instrumentais tinham de ser
autoclavados para os demais pacientes. Em média, o custo dos materiais por
paciente foi de 50 centavos de dólar e o tempo de atendimento de 8-9 minutos.
Ao final da experiência, os procedimentos para o controle da infecção cruzada
foram julgados adequados para o uso em clínicas dentárias públicas,
16
demonstrando que são necessárias orientações e boa vontade, para que a
odontologia atinja níveis mais qualificados nos atendimentos.
MAGRO FILHO; MELO; MARTIN; (1991) verificaram a aplicação das
normas básicas de esterilização, desinfecção e a paramentação utilizada
rotineiramente pelo cirurgião-dentista e auxiliar no consultório odontológico.
Para tanto, formularam um questionário aplicado a 107 cirurgiões-dentistas,
praticantes privados, escolhidos a partir da listagem doscios contribuintes da
APCD regional de Araçatuba e Birigui, estado de São Paulo. Este questionário
foi enviado pelos Correios, já postados para devolução, aos endereços obtidos.
Os questionários respondidos foram remetidos sem identificação de remetente,
para que os profissionais ficassem desinibidos para responder com sinceridade
cada questão. Os resultados foram os seguintes: - em relação ao tipo de
paramentação utilizada, 85% utilizam máscara, 75% óculos, 30% jaleco e 24%
gorro. 86% dos profissionais fazem o uso de luvas e 14% não o fazem. - 75%
dos profissionais pesquisados possuem auxiliares e 25% não possuem. - 94%
dos cirurgiões-dentistas desinfetam o consultório entre um paciente e outro e
6% não o fazem. Os meios de esterilização mais utilizados pelos profissionais
são: 95% utilizam a estufa, 60% utilizam substâncias químicas, 10% utilizam a
radiação ultravioleta e 5% utilizam a autoclave.
HOVIUS (1992) realizou um trabalho na Escola de Higiene Dental no
Centro Acadêmico de Odontologia em Amsterdã no qual desinfecção e
esterilização receberam atenção considerável devido ao aumento dos casos de
AIDS nos últimos anos. O autor avaliou que um baixo risco de
transmissão ocupacional de AIDS, porém o mesmo não acontece com outras
doenças transmissíveis, estando o profissional de ortodontia em contato com
40 doenças infecto-contagiosas nos procedimentos clínicos rotineiros. O autor
concluiu que desinfecção e limpeza são importantes no controle de infecção
cruzada, e que toda a equipe odontológica é responsável por isto. Desinfecção
das mãos, superfícies, materiais de impressão, unidades de radiografia,
esterilização de instrumentais e unidades de sucção são necessárias. Além
disso, são consideradas esterilização e controle de higiene da área de
recepção, enfatizando os deveres e as responsabilidades da equipe
odontológica.
17
WOO et al. (1992) realizaram uma pesquisa com ortodontistas da
Califórnia através de um questionário com perguntas sobre esterilização e
procedimentos de desinfecção. Concluíram que os ortodontistas utilizavam
barreiras de proteção, desinfecção e esterilização com uma freqüência menor
do que o clínico geral, pensando ser seus pacientes mais jovens e por tanto
apresentarem menor risco para vírus HIV e HBV. Obtiveram como resposta
que os ortodontistas vêem sangue na cavidade bucal em média 10 vezes por
semana, contra os clínicos gerais que vêem umas 40 vezes por semana,
considerando, portanto a ortodontia uma especialidade também invasiva.
SCHNEEWEISS (1993) discutiu em seu trabalho a dificuldade de evitar
a contaminação cruzada pelo uso das ligaduras elásticas. O autor citou que os
fabricantes dispõem muitas ligaduras elásticas em cada bengala, dificultando a
esterilização. O autor utilizou tubos de PVC transparentes com diâmetro de
5/16, cortados em 3-4 segmentos e esterilizados quimicamente, e dentro
destes tubos são colocadas as ligaduras elásticas em bengala suficiente para
cada paciente. Durante o uso, na colocação das ligaduras elásticas, se tem
contato com o lado de fora do tubo de PVC. As ligaduras elásticas que tiverem
contato com outros dentro do tubo, são cortadas fora e descartadas. Concluiu
que este método desenvolvido por ele próprio foi eficiente para evitar a
contaminação cruzada na rotina do consultório.
CHINELLATO; SCHEIDT (1993) realizaram um trabalho com 25
cirurgiões-dentistas de várias especialidades, no qual foram avaliados
dispositivos de biossegurança, como máscaras faciais, máscaras retangulares
e ovais, óculos de proteção e luvas existentes no mercado nacional. As luvas
foram avaliadas com relação à incidência de micro-perfurações e localização
dessas por horas de trabalho, e os outros dispositivos foram avaliados em
relação à eficiência, visibilidade e comodidade. Os óculos m sua importância
não em presença de aerossol, como onde partículas podem ser projetadas.
As máscaras testadas foram consideradas eficientes, de fácil utilização e
cômodas. As luvas não mostraram diferença significativa entre as marcas
testadas, e evidenciaram que possuem maior tendência à perfuração após 2
horas de uso, sugerindo que os professores das escolas de Odontologia
incentivem o seu uso.
18
O DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO DE O PAULO (1995), publicou a
portaria CVS-11 de 04-07-95 determinando que equipamentos, instrumentos,
utensílios e inclusive a própria equipe odontológica e os pacientes deverão ser
submetidos a: limpeza (remoção menica e/ou química dos resíduos
orgânicos), desinfecção (processo em que o destruídos os microorganismos
em forma vegetativa), esterilização (processo de destruição de todas as formas
de vida microbiana), anti-sepsia (eliminação de microorganismos presentes em
tecidos vivos, por meio de substâncias microbicidas e microbiostáticas). Artigos
não-críticos, como superfícies dos equipamentos, móveis e instalações
receberão hipoclorito de sódio 1% semanalmente, diariamente e até em alguns
casos, após cada procedimento. O prazo para que fosse cumprido o disposto
na Resolução era de 180 dias após a publicação.
Segundo SAMARANAYAKE; FLEMMING; COTTONE (1995), a
esterilização pode ser definida como o processo que mata ou remove todos os
tipos de microorganismos, inclusive os esporos bacterianos, desta forma é
importante saber quando a esterilização é necessária. O procedimento não
deve causar danos apreciáveis nos instrumentos dentais, sendo que a
temperatura de esterilização é muito importante assim como o período no qual
o instrumento é mantido nela. Na Odontologia, a esterilização geralmente é
obtida por três meios principais: 1- calor úmido (vapor d’água sob pressão), 2-
calor seco e 3- gases químicos (quimiclave e gás de óxido de etileno). A
desinfecção pode ser definida como a destruição dos micróbios, mas não de
esporos bacterianos. A atividade antimicrobiana de um desinfetante químico cai
drasticamente na presença de restos orgânicos, entretanto a escolha do
desinfetante deve ser feita cuidadosamente, pois o desinfetante usado para
uma finalidade pode não ser efetivo para outra. Para que um desinfetante
tenha efetividade é necessário um contato satisfatório com a superfície, que
ocorra neutralização, seja concentrado e estável, tenham velocidade e variação
de ação, sejam não tóxicos e inodoros e custo acessível com o resultado. O
autor conclui que a esterilização deve ser empregada para todos os
instrumentos sempre que possível e que as soluções químicas frias devem ser
usadas para tal finalidade como última alternativa. E ainda que a armazenagem
adequada dos instrumentos seja tão importante quanto o processo de
esterilização realizado.
19
GONÇALVES; TRAVASSOS; SILVA (1996) em um trabalho de revisão
de literatura observaram o aumento do interesse na prevenção de doenças
infecto-contagiosas entre os cirurgiões-dentistas após o aparecimento da AIDS,
tornando-se também um preocupação da Vigilância Sanitária, a qual institui
normas de biossegurança a serem seguidas. Os autores avaliaram neste
trabalho a demanda de tempo, custo adicional e a necessidade de pessoal
auxiliar, fatores dificultantes para a aplicação destas normas. Os autores
concluíram que a aplicação das medidas preconizadas pela Portaria CVS-11
pode ser questionado no serviço público, no particular e nas faculdades de
Odontologia. O custo gerado pelos procedimentos nem sempre poderá ser
repassado ao paciente, ficando a cargo do profissional. Salienta, ainda, que a
Universidade é a responsável pela formação do profissional, orientando sobre a
adoção de medidas de biossegurança e em relação às condições de trabalho
que irão encontrar no mercado de trabalho.
GANDINI JUNIOR et al. (1997), realizaram um trabalho de revisão de
literatura, no qual avaliaram o controle da infecção cruzada em Ortodontia, com
ênfase na Hepatite B, desinfecção e aparatologia pessoal. Os autores
salientam que a ortodontia se diferencia das demais especialidades pelo maior
número de pacientes atendidos em um dia, e que os profissionais negligenciam
as normas em razão do tempo e dinheiro gastos, perdendo a eficácia do
consultório. Conclui que toda superfície tocada deve ser desinfetada, bem
como todo material que não pode ser esterilizado. Ressalta que o forramento
de superfícies, comparada com a desinfecção, é um ganho de tempo no
consultório, am de ser mais seguro no controle da infecção. Quanto ao uso
dos ligaduras elásticas, o ideal é que fossem usados fora da bengala, pegos
com pinça mosquito e levados ao braquete, e os elásticos em corrente devem
ser cortados no tamanho certo e levados à boca presos à pinça.
GUANDALINI (1997), em seu trabalho sobre os métodos de desinfecção
e esterilização em odontologia, ressaltou o risco de contaminação através do
sangue e saliva de vários microorganismos como o vírus da Hepatite B, herpes
rubéola entre outros. O autor descreve que a desinfecção do ambiente e dos
equipamentos deve acontecer entre a troca de pacientes, e que a mais usada é
a esterilização química, a qual tem como desvantagens o alto custo, tempo,
toxicidade, corrosão de materiais e menor eficiência. O autor recomenda a
20
autoclave como a primeira escolha, desde que seja feita a manutenção
periódica e o controle dos testes biológicos.
NAVARRO (1998) realizou um trabalho com o propósito de avaliar a
efetividade dos métodos de controle de infecção, em alicates ortodônticos para
Estreptococus orais. Utilizou-se 3 grupos de alicates, que após seu uso clínico,
foram submetidos à tais condutas: Grupo A exposição ao ar por 2 h; Grupo D
desinfecção em álcool 70% iodado; Grupo E esterilização em autoclave. A
avaliação microbiológica constitui em semeadura da ponta ativa do alicate em
meio seletivo para Estreptococus bucais (caldo mitis salivarius) e, após a
incubação, verificou-se a presea ou não desses microorganismos. Através
dos resultados, pôde-se concluir que os grupos A, D e E apresentaram
respectivamente 93,55%, 24,14% e 0% de contaminação. Houve diferença
significativa em os três grupos. A autora concluiu que, a efetividade dos
métodos de controle de infecção utilizados foi aceitável quando a esterilização
(por calor úmido sob pressão) foi realizada. A divulgação da importância dos
resultados encontrados deve suportar que a esterilização de alicates ou
qualquer outro instrumental deve ser sempre realizada.
MEDEIROS; CARDOSO; FERREIRA (1998) avaliaram se alunos do
último período de odontologia de seis faculdades do Rio de Janeiro (UFRJ,
UERJ, UFF, UGF, UNIG, AFE) estariam realizando corretamente as medidas
de controle de infeão. Neste trabalho foi aplicado um questionário de 20
questões abertas e fechadas sobre normas de controle de infecção
recomendadas pelos órgãos de competência nacional e internacional. Quanto
ao uso de luvas, dos alunos pesquisados 97,4% as utilizam para todos os
pacientes, e 100% deles descartam-nas após o uso. Antes de reutilizar as
brocas, 43,7% lavam, secam e esterilizam na estufa e 37,7% as lavam, secam
e colocam em imersão desinfetante. A maioria dos alunos, 63,6% seca as
mãos com toalha de papel descartável, e ainda 59,6% lavam as mãos com
sabão quido. O método de esterilização mais utilizado é a estufa com 84,8%.
Apenas 3,3% utilizam a autoclave para esterilização. A maioria dos alunos
58,3% desinfeta as peças de mão entre o pacientes. Apenas 2,6% esterilizam
as peças de mão. O descarte de material pérfuro-cortante é realizado em um
recipiente sólido com tampa por 68,2% dos alunos. Para os métodos de
proteção das superfícies, 57% utilizam um material permeável à água, seguida
21
de 29,1% dos alunos que limpam as superfícies com substâncias químicas.
Quanto às moldagens, 92,1% apenas lavam, secam e vazam o gesso, sem
processo de desinfecção antes de enviá-la ao laboratório. Os restos de
amálgama são jogados fora erroneamente por 49% dos alunos, apenas 6,6%
dos alunos depositam em recipiente com água. Os autores concluíram que os
alunos pesquisados não estão seguindo corretamente as normas de controle
de infecção.
BENCESCU; BARRET (1999) realizaram em Bucareste na Romênia em
trabalho de pesquisa através de um questionário contendo perguntas sobre os
tipos de esterilização e embalagens. O questionário foi entregue a 61
consultórios os quais realizavam clínica geral e ortodontia, dentre estes 32
particulares e 29 públicos, paralelo ao questionário foi realizado um teste de
esterilidade biológica de instrumentos contaminados com esporos bacterianos
e aplicado em 85 estufas e 28 autoclaves. De acordo com os resultados, os
procedimentos de controle de infecção se diferem muito pouco dos consultórios
particulares para os públicos. Quanto aos testes de esterilidade, 7,1% das
autoclaves e 1,2% das estufas não destruíram os esporos. Baseado nestes
dados, concluiu-se ser a estufa o método de desinfecção física o mais eficiente.
SOARES et al. (2000) realizaram um trabalho através de um
questionário com estudantes de Odontologia da Universidade Estadual de
Feira de Santana, sobre o controle de doenças infecto contagiosas, devido ao
constante contato com fluidos possivelmente contaminados. Os resultados
mostraram o pouco conhecimento dos meios de transmissão e prevenção,
principalmente sobre o vírus da Hepatite B. Os autores concluíram que são
necessárias mais informações a respeito de transmissão e prevenção de
doenças, formando profissionais mais preparados para a prática odontológica
segura.
GALLITO (2000) realizou uma pesquisa através de um questionário na
UERJ e na ABO do Rio de Janeiro, com 170 profissionais, a respeito da
desinfecção de moldes e modelos da clínica. O autor obteve 110 respostas, e
como resultado 84,54% dos profissionais conheciam o assunto abordado e
15,45% não o conheciam; 90,90% consideraram que os moldes e modelos são
vias de contaminação e 9,09% não consideraram; 40 % executam a
desinfecção e 60% não executam. O desinfetante utilizado por 61,63% foi o
22
glutaraldeído a 2%; por 22,27% o hipoclorito de sódio em várias concentrações,
4,54% utiliza a clorexidina e 11,36% não disseram o desinfetante utilizado.
Concluiu-se que este assunto ainda não faz parte da realidade dos consultórios
dos profissionais entrevistados.
Ministério da Saúde do Brasil (2000) determinou um conjunto de
medidas para o controle de infecções e a prática odontológica em tempos de
AIDS, as quais devem obedecer a quatro princípios básicos: 1- Os profissionais
devem tomar medidas para proteger a sua saúde e da sua equipe, com
imunização (vacina da hepatite B), lavagem e desinfecção das mãos com
Digluconato de Clorexidina a 2% ou 4% e soluções com polivinilpirrolidona-iodo
(PVP-I solução aquosa), solução alcoólica de iodo a 1% (álcool iodado) e álcool
isopropílico a 70% são indicados para anti-sepsia das mãos e área operatória e
evitar acidentes não reencapando agulhas e materiais rfuro-cortantes, e as
brocas usadas devem ser removidas imediatamente após o uso. 2- Os
profissionais devem evitar o contato direto com matéria orgânica com o uso de
barreiras de proteção obrigatórias durante o atendimento (luvas, scaras,
óculos, gorro e avental); 3 - Os profissionais devem evitar a propagação de
microorganismos com a preparação do ambiente, onde o que não pode ser
descontaminado deve ser encapado; 4 - Os profissionais devem tornar seguro
o uso de artigos, peças anatômicas e superfícies, não desinfetando o que pode
ser esterilizado. Testar a eficácia da esterilização com testes físicos, químicos
e biológicos semanalmente.
CARMO (2001) realizou um trabalho de revisão de literatura, no qual
avaliou a necessidade do uso de EPI, constituído por gorro, óculos de
proteção, máscara, avental, luvas e sapatos de uso exclusivo no consultório
não para o profissional como para a equipe auxiliar. Os óculos e scara
devem se adaptar de maneira confortável ao rosto do profissional, as luvas
devem ser usadas em todos os procedimentos, devendo o profissional
habituar-se a calçar uma sobre luva para realização de atividade paralela. As
mãos devem ser lavadas com anti-séptico detergente e secas com toalhas
descartáveis, pois o uso de toalhas em tecido são fontes potenciais de
contaminação. Nos atendimentos críticos, os equipamentos de proteção
individual devem ser autoclavados ou caso sejam descartáveis, devem ser
estéreis e de uso único. Os profissionais que circularem em ambientes públicos
23
com as mesmas roupas dos atendimentos clínicos, são transportadores de
microorganismos, colocando em risco a saúde da própria família. Segunda a
autora, os procedimentos mencionados foram julgados adequados para o uso
em clínicas públicas, demonstrando que são necessários orientação e boa
vontade para que a odontologia atinja veis mais qualificados nos
atendimentos.
SANTOS (2001) avaliou a desinfecção de moldes de alginato tipo I
(presa rápida) e de modelos de gesso pedra tipo III por solução de hipoclorito
de sódio a 1%. A contaminação dos moldes foi realizada com 0,1 ml de
culturas de Staphylococcus aureus, Escherichia coli, Bacillus subtillis e Cândida
albicans e a desinfecção foi realizada nos moldes, modelos e em ambos por 10
e 30 minutos. Os modelos foram avaliados visualmente através do rugosímetro,
para verificação da textura superficial. Os resultados foram submetidos à
análise estatística pelo método da distribuão normal p £ 0,05. A desinfecção
foi eficiente, exceto para o grupo desinfetado por 10 minutos, ocorrendo
desenvolvimento de microorganismos. Na análise dimensional os piores
resultados foram do grupo molde/modelo por 30 minutos e os melhores no
grupo de 10 minutos. O autor concluiu que a desinfecção de moldes de alginato
por imersão em solução de hipoclorito a 1% foi eficiente.
SILVA; JORGE (2002) realizaram um trabalho com o objetivo de analisar
a ação de quatro desinfetantes utilizados em Odontologia: álcool etílico a 77
GL, composto fenólico (Duplofen), iodóforo (PVP-I) e solução de álcool etílico a
77 GL com 5% de clorexidina para desinfecção de superfície. Foram
analisados quatro pontos em cada equipamento (“carter”, pia de lavagem de
mãos, encosto de cabeça e superfície frontal do refletor), utilizando-se a
técnica de “spray-wipe-spray”. Foram coletadas amostras utilizando-se placas
de superfície contendo Agar Mitis Salivarius bacitracina sacarose, ágar
Sabouraud Dextrose com clorafenicol, ágar MacConkey e ágar-sangue para
contagem de estreptococos do grupo mutans, leveduras do gênero Cândida,
bactérias gram-negativas e contagem total de microorganismos,
respectivamente. O desinfetante mais efetivo na redução microbiana foi a
solução alcoólica de clorexidina, principalmente para bactérias gram-positivas.
O iodo e o composto fenólico mostraram ser bastante eficazes na redução
microbiana. O álcool a 77 GL foi o menos eficaz dos quatro desinfetantes
24
analisados, mas apesar de não ser indicado como desinfetante de superfície,
mostrou, no presente trabalho, redução microbiana estatisticamente importante
após o processo de desinfecção.
SILVA; PATROCÍNIO; NEVES (2002) realizaram um questionário
especialmente elaborado para alunos do último ano da graduação do curso de
Odontologia da Universidade de Taubaté, no qual verificaram a assimilação
destes alunos com as normas de biossegurança (EPI- equipamento de
proteção individual e BPS- barreira de proteção de superfície). Foram avaliados
49 alunos, 36 do gênero feminino e 13 do gênero masculino durante o
atendimento realizado à pacientes nas diversas clínicas do ambulatório do
curso de Odontologia. Os autores concluíram que, quanto ao uso de EPI
estavam sendo utilizados de maneira eficaz nos dois gêneros, com exceção
dos óculos de proteção que não estão sendo usados por alguns alunos (12,2%-
sexo feminino; 30,8%-sexo masculino); e com relação às BPS, os alunos do
gênero masculino estão seguindo adequadamente as regras de biossegurança,
entretanto 61,5% dos alunos as utilizem incorretamente nas pontas (seringa
tríplice, micro motor e alta rotação) e na mesa auxiliar, e 46,2% não as utilizam
na mesa auxiliar. os do gênero feminino, embora façam o uso das BPS,
alguns o o fazem (33,3%) e outros o fazem de maneira incorreta (57,2%-
pontas; 63,9%-mesa auxiliar); 100% dos alunos, ambos o gêneros, não
utilizavam as BPS no encosta da cadeira e no encaixe das pontas, mostrando a
necessidade de se instituir reforço dos conceitos de biossegurança
relacionados com essas barreiras, desempenhando papel significativo na
melhoria do controle de infecção pela classe odontológica.
BASTOS et al. (2002) realizaram uma pesquisa de campo, baseada em
um questionário aplicado na região metropolitana do Rio de Janeiro, o qual
consistia de 21 perguntas abertas e fechadas. O objetivo deste estudo foi
avaliar os conhecimentos dos usuários de serviço odontológico, público e
privado, com relação a doenças passíveis de transmissão pelo sangue, com
ênfase na AIDS e Hepatite B e a utilização por dentistas de equipamentos e
procedimentos que visem o controle de infecção e biossegurança. O autores
concluíram com este trabalho que é insuficiente o conhecimento da população
em relação à doenças passíveis de transmissão cruzada ou direta no
consultório, existindo a necessidade de esclarecimento deste grupo a respeito
25
de doenças como a AIDS e Hepatite B, ao controle de infecção e à
biossegurança.
KNORST et al. (2003) realizaram um trabalho de pesquisa no qual
avaliou as condições de biossegurança e de facilidade de manuseio oferecidas
pelo desinfetante de superfície e de instrumentais Bacti Buster, StePac L.A.
Ltd., de acordo com a preconização do fabricante, em alicates e superfícies
previamente contaminadas com sangue de paciente com Hepatite B aguda
(HBSAg +), ao qual foi adicionado Staphylococus aureus meticilino_resistente.
O experimento foi realizado com 32 alicates da clínica ortontica da
FIOCRUZ, de marcas variadas, esterilizados em forno a 200˚C por 2h,
divididos em 4 grupos de 8 alicates. No e 2˚ grupo foi testada a ação do
lenço após 10s de fricção sobre o alicate, no 3˚ e 4˚ grupo foi testada a ação do
lenço após 30s de fricção sobre o alicate. Para o experimento em superfícies
do mobiliário, utilizou-se 30 ml de sangue com marcador para o vírus da
Hepatite B, ao qual foi adicionado 105 bacts/ml da citada bactéria, sendo esta a
solução mãe do experimento. Após a contaminação, os alicates sofreram
processo de repouso, lavagem, secagem e a ação do lenço por 10s ou por 30s.
Os testes também foram realizados em superfícies do mobiliário onde foi
utilizado o lenço e álcool etílico 98˚ GL. Os resultados indicaram que o lenço
Bacti Buster apresentou ótimas facilidades de manuseio sendo mais ativo para
a bactéria do que para o vírus da Hepatite B. Conclui-se com este trabalho que
o lenço testado é um bom método alternativo para desinfecção contra o vírus
da Hepatite B e a bactéria staphylococcus aureus MARSA, porém a aplicação
do lenço em alicates o é segura devido à dificuldade de acesso às suas
reentrâncias. O lenço está indicado para superfícies lisas do mobiliário dos
consultórios e que quando associado à clorexidina o álcool etílico foi mais
eficaz do que o álcool etílico 98˚ GL em superfícies do mobiliário.
BAMBACE et al. (2003) realizaram um trabalho com o objetivo de
avaliarem a eficácia das soluções aquosas de clorexidina na desinfecção de
superfícies nas concentrações de 0,5%, 1%, 2%,3% e 4%, comparando com a
do álcool 70% gel e líquido, como verificar a sua viabilidade econômica. Foram
semeadas cepas de Streptococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa, Cândida
albicans e klebsiella pneumoniae em meios específicos para cultura de 24
horas. Foram contaminadas superfícies de couro, fórmica e aço inoxidável e
26
então realizada a desinfecção utilizando a técnica “spray wipe spray” com cada
solução. Após a desinfecção foram feitas as coletas usando placas de plástico
de superfície (RODAC) contendo ágar BHI, incubadas e as ufc/placa contada.
Soluções aquosas de clorexidina a partir de 1% demonstraram maior eficácia
quando comparadas com solução aquosa de clorexidina a 0,5%, álcool elico
70% gel e líquido. Dentre as substâncias testadas a clorexidina a 1%
apresentou melhor relação entre custo e eficácia para a desinfecção de
superfícies.
Segundo VARALDO (2203), a transmissão do vírus da hepatite C
acontece pelo sangue, seja por transfusões, contato direto ou
compartilhamento de seringas. Os trabalhadores dos serviços médicos e de
laboratórios de exames podem ser infectados acidentalmente; as pessoas que
fizeram tratamentos médicos e odontológicos invasivos; os pacientes
submetidos a hemodiálises; as pessoas que perfuraram o corpo para colocar
piercings fizeram acupuntura com agulhas usadas ou as que compartilharam
navalhas, escovas de dente, cortadores de unha, e; as pessoas em que se
fizeram tatuagens ou que trataram as mãos e os pés com manicures, usando
equipamento não-esterilizado corretamente. O exame de sangue chamado de
Anti-HCV confirma se houve contaminação ou não, pois os portadores do vírus
apresentam-se ssintomáticos por muitos anos. Como prevenção desde a
década de 1980 foi extintas as seringas de injeção de vidro – todas as seringas
e agulhas de injeção hoje são descartáveis e as pistolas de vacinação foram
aposentadas, e isso, contribuiu enormemente para a diminuição da incidência
de contaminações. Em geral, é de se supor que todos os profissionais da área
odontológica sigam as normas e recomendações dos conselhos de
odontologia, sob as quais o contágio de qualquer doença torna-se bastante
improvável, incluindo-se o tratamento dentário. É de se supor também que
todos os instrumentos, inclusive a base do micromotor, sejam esterilizados em
autoclave para cada novo paciente. Porém, um dos fatores de contaminação
pode estar na asa do foco de luz, o qual deve ser encapado com protetor
descartável, trocado a cada novo paciente. Algumas pessoas levam o rus na
circulação sangüínea durante toda a vida e podem permanecer como agentes
de contágio por anos.
27
WICHELHAUS et al (2004) realizaram um trabalho no departamento de
Ortodontia e Pediatria da Universidade de Basle na Suíça, a fim de investigar a
resistência de corrosão nos alicates de ortodontia de vários fabricantes,
esterilizados de formas diferentes, isto é, esterilização de calor e o uso de um
agente desinfetante (Sekusept N Extra em um banho ultra-sônico). Foram
utilizados dez alicates de corte distal e dez alicates de Weingart fabricados por
Aesculap, ETM e Hu-Friedy, examinados no microscópio eletrônico para
evidenciar a corrosão após 500 ciclos de esterilização. Os dados de corrosão
foram registrados fotograficamente e graficamente. A avaliação microscópica
mostrou que a esterilização de calor e a desinfecção causaram mudanças
corrosivas nos alicates, porém o tipo de corrosão diferiu entre os dois métodos.
O principal tipo de corrosão com o Sekuspt N Extra foi o aparecimento de
marcas mais importantes e com a esterilização de calor foi a corrosão de
superfície. Os autores concluíram que a esterilização de calor conduz a menor
corrosão do que a desinfecção fria, e que estes alicates podem ser polidos
restabelecendo o seu uso, entretanto, é importante que as instruções para o
cuidado sejam estritamente seguidas.
CARVALHO; SALGADO; ARESTRUP (2004) realizaram um trabalho
com o objetivo de controlar a infecção cruzada com as moldagens, avaliando o
bochecho com clorexidina a 0,12%. Foram submetidos a duas moldagens 15
indivíduos, sendo a primeira realizada sem qualquer anti-sepsia prévia da
cavidade e a segunda moldagem após o bochecho com a clorexidina por um
minuto. A saliva proveniente das moldagens, como também da região
sublingual da cavidade bucal pré e pós bochechos foi depositada, com o auxílio
de um “swab” estéril de algodão, em lâminas de vidro e após serem coradas
pelo método Gram, foram comparadas quanto ao número e diversidade de
microorganismos. Os autores concluíram que o bochecho com 10 ml de
clorexidina é eficaz na redução do número de microorganismos gram-positivos
e gram-negativos da superfície das mesmas.
YOUNG et al. (2005) por meio de revisão de literatura analisaram a
eficácia dos métodos físicos e químicos na desinfecção e esterilização de
material e instrumental utilizados em procedimentos ortodônticos. Pôde-se
concluir que a eficiência do método físico de controle de infecção analisado,
somente foi aceitável quando realizado pela autoclave. Em relação aos
28
métodos químicos para a desinfecção, foram analisados o glutaraldeído à 2%,
mostrando-se efetivo contra todos os microorganismos, inclusive o da Hepatite
B. O hipoclorito de sódio à 1% mostrou-se apropriado para a desinfecção de
superfícies e ambientes, porém por ser corrosivo deve-se proceder a lavagem
e a secagem do instrumental. O álcool etílico é muito usado, mas é um
bactericida de baixa potência, e a solução de digluconato de clorexidina à
0,12% mostrou ser um desinfetante de alta eficácia na desinfecção de
superfícies contaminadas com sangue, saliva e secreções.
DOWSING; BENSON (2006) realizaram um trabalho de pesquisa
composto de um questionário enviado a 204 especialistas, selecionados ao
acaso, em Ortodontia do Reino Unido a fim de determinar o padrão de controle
de infecção. Entre 92 e 100% dos especialistas esterilizam o instrumental de
ortodontia; 90% usam habitualmente bandas de molar, dentre estes 95% as
reutilizam depois de experimentar em outro paciente e não servir; 5% as
descartam, dizendo estarem danificadas. 92% dos profissionais esterilizam as
bandas antes de reutilizá-las. Com este trabalho conclui-se que os
especialistas, que responderam ao questionário, do Reino Unido estão
aderindo aos procedimentos de desinfecção aprovados. Entretanto, a grande
diversidade de procedimentos para desinfecção de instrumentos, sugere que
sejam criadas normas para a aplicação dos métodos mais efetivos.
ELERES et al. (2006) por meio de um trabalho de revisão de literatura
citaram que o único meio de prevenir a transmissão de doenças em
consultórios é o emprego de medidas de controle de infecção que incluem o
uso de EPI´s, esterilização de instrumental, desinfecção do ambiente e anti-
sepsia da boca do paciente. A partir de então, a biossegurança em Odontologia
pode ser entendida como um conjunto de procedimentos que adaptados ao
consultório dão proteção e segurança ao paciente e à equipe odontológica
conseguindo interferir na cadeia de infecção reduzindo o número de
microorganismos. De modo geral o trabalho buscou incentivar os profissionais
e acadêmicos de odontologia a colocar em prática a implantação das barreiras
de proteção a fim de um atendimento livre de riscos ao paciente e à equipe,
refletindo sobre a sua responsabilidade na prevenção de doenças.
FREITAS et al. (2006) realizaram um trabalho de revisão de literatura
no qual afirmaram que a partir da década de 80 se deu maior atenção ao
29
controle da infecção cruzada e criaram um protocolo básico de biossegurança
na clínica ortodôntica. Para a proteção pessoal do paciente e profissional as
autoras recomendaram o uso de equipamentos de proteção individual incluindo
jaleco, óculos, gorro, máscara, como também a lavagem e secagem das mãos
antes e após cada atendimento, o bochecho do paciente com anti-séptico
clorexidina 0,12% e a vacinação contra hepatite B, sarampo, caxumba, rubéola
e tétano. Para a descontaminação do ambiente de trabalho foi recomendado
lavagem com água e sabão neutro com fricção forte e desinfecção com
hipoclorito a 2% para bancadas, pias, pisos, cadeira, mocho e cuspideira. Para
as canetas de alta rotação, seringa de ar/água, aparelho fotopolimerizador,
refletor, ultra-som e aparelho de RX recomendaram lavagem com hipoclorito a
2%, desinfecção com álcool etílico a 70%, hipoclorito a 2% ou glutaraldeído. Os
reservatórios de água do equipo deveriam ser removidos, lavados com água,
escova e sabão neutro, e depois cheios com hipoclorito de sódio a 1% por 30
minutos e enxaguados para serem cheios com água destilada. Para os
instrumentais e materiais utilizados a autoclave foi recomendada para:
afastador para colagem, afastador para fotografia, algodão, alicates metálicos,
calcadores, gaze, moldeiras metálicas, mordedores e demais instrumentais
clínicos. A estufa foi eleita para esterilizar: bandas, bandejas, brocas, cinzéis,
compasso de ponta seca, espátula de inserção e de manipulação, espelho
bucal, estrela de boone, pinça porta-agulha e tesoura. O glutaraldeído foi
recomendado para alicates com cabo plástico moldeiras plásticas e taças de
borracha. Concluíram que as condutas para evitar a contaminação cruzada
dependem de bom senso e treinamento da equipe, pois representam
mudanças de comportamento.
30
DISCUSSÃO
Segundo GANDINI JUNIOR et al. (1997), a partir da década de 80 deu-
se maior atenção ao controle da infecção cruzada dentro do consultório
odontológico. A ortodontia está em lugar entre as especialidades
odontológicas em contaminação pelo vírus da Hepatite B, por ser uma
especialidade relapsa no controle da infecção cruzada. Para que se possa
mudar esta realidade é necessário a utilização de medidas sicas de
esterilização e desinfecção nos consultórios ortodônticos, evitando a
contaminação da equipe ortodôntica pelos pacientes, dos pacientes pela
equipe ortodôntica e de um paciente para outro.
Toda superfície que foi tocada, tanto pela equipe ortodôntica como pelo
paciente deve sofrer uma desinfeão, como também todo aquele instrumental
que não pode ser esterilizado. As superfícies que não podem ser esterilizadas
devem ser efetivamente desinfetadas. Estas superfícies incluem bandejas para
braquetes, seringa tríplice, cabo do sugador de saliva, botões de controle da
cadeira, pias para manejo do instrumental, gavetas acessórias ou qualquer
outra superfície que o ortodontista julgar necessário. Cabe ressaltar que o
forramento de superfícies, comparada com a desinfecção, é um ganho de
tempo dentro do consultório, além de ser bem mais seguro no controle da
infecção cruzada (SEKIJIMA, 1987; MOAWAD; LONGSTAFF; POLLACK,
1988; GANDINI 1997; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2000; ELERES, 2006;
FREITAS, 2006).
A água é melhor do que o álcool para a remoção de sangue e matéria
orgânica, sendo o álcool inadequado para remoção de camadas de saliva dos
instrumentos. (MOLINARI, 1987)
O álcool é o desinfetante mais utilizado, mas é o menos efetivo. Ele é
classificado como ineficiente por ter efeito mais bacteriostático que bactericida
contra formas vegetativas. Outra desvantagem que o classifica com um
desinfetante moderado, é que ele possui uma rápida evaporação, sendo seu
tempo de ação muito curto. Todas estas características fazem com que o álcool
não seja aceito pela ADA como um material de desinfecção de instrumentos.
31
A solução que pode ser de melhor escolha é o iodofórmio, que é barato,
fácil de usar e estocar. Toda superfície tocada deve ser desinfetada com
iodofórmio. Uma das vantagens das soluções de iodo, é que ela tem um
indicador de atividade antimicrobiana, tornando-se mais claras no fim de sua
ação. Como desvantagem, o iodo pode ter reação alérgica na pele de algumas
pessoas, e também pode manchar as superfícies claras após uso repetido. As
superfícies contaminadas podem ser friccionadas com uma gaze embebida
nessa solução, como forma de minimizar essa desvantagem, após a ação
(mudança de tonalidade para mais claro), se pega outra gaze embebida em
uma solução de álcool 70% e passa-se em cima do iodo para remoção deste
(PAYNE, 1988).
A Portaria CVS-11 de 04-07-1995 determina que equipamentos,
instrumentos, utensílios e inclusive a própria equipe odontológica e os
pacientes deverão ser submetidos aos seguintes processos: limpeza,
desinfecção, esterilização e anti-sepsia após o seu uso. Também é
preconizada uma descontaminação prévia nos instrumentos.
VIGNARAJAH (1991) afirmou em seu trabalho que os procedimentos
utilizados para o controle da infecção cruzada foram adequados para o uso em
clínicas dentárias públicas. GONÇALVES; TRAVASSOS; SILVA (1996),
afirmaram que o profissional do serviço público, na maioria das vezes trabalha
sem auxiliar e que no cumprimento das normas o tempo gasto seria
impraticável pelo número de procedimentos a cumprir.
Segundo WOO et al. (1992), os ortodontista vêem sangue nas
moldagens numa média de 3 vezes por semana. Isto no mostra a necessidade
de preocuparmos em desinfectá-las. Entretanto GALLITO (2000) mostrou em
seu trabalho que a maioria dos profissionais desconhece ou o faz de maneira
incorreta. Com a mesma linha de raciocínio, SANTOS (2001) afirmou que a
desinfecção dos moldes de alginato por imersão em solução de hipoclorito de
sódio a 1% foi eficiente contra os microorganismos testados.
CARVALHO; SALGADO; ARESTRUP (2004); FREITAS (2006);
MOAWAD; LONGSTAFF; POLLACK (1988) com a intenção de minimizar a
contaminação das moldagens, afirmaram ser o bochecho com 10 ml de
clorexidina a 0,12% eficiente na redução do número de microorganismos.
32
Fenóis não são usados como desinfetante, mas dele são derivados
muitos desinfetantes. Em alta concentração, o fenol é um veneno rápido que
penetra nas formas vegetativas. Porém a ADA não recomenda álcoois, QACs
ou compostos fenólicos para uso em odontologia, pois o não esporocidal e
ineficazes contra o vírus da hepatite B. Cloro em soluções aquosas é
rapidamente bactericida. O cloro é efetivo contra um largo espectro de
bactérias, entero-vírus e esporos, mas soluções de cloro são instáveis e devem
ser preparadas diariamente. O iodo é um desinfetante mais rápido que um
QAC ou cloro. O iodo livre forma sais com a protna bacteriana, destruindo a
célula. O iodo é efetivo contra bactérias vegetativas, esporos, fungos e certos
vírus KIRCHHOFF (1987). SILVA; JORGE (2002), disseram que o
desinfetante mais efetivo é a solução alcoólica de Clorexidina.
Desta forma, o uso de EPI é indicado para a proteção da equipe de
saúde e dos pacientes. O avental é importante para proteger a roupa do
profissional, o gorro, uma vez que aerossol e gotículas são lançados da boca
do paciente quando do uso de peças de mão. A scara para proteção da
boca e nariz protegendo de inalação ou ingestão de aerossóis e óculos
protegendo de traumas mecânicos, substâncias químicas e contaminação
microbiana e as luvas tem papel fundamental contra saliva e sangue
(CHINELLATO; SCHEIDT, 1993; GUANDALINI, 1997; MEDEIROS;
CARDOSO; FERREIRA 1998; ELERES et al. 2006; MOAWAD; LONGSTAFF;
POLLACK, 1988; SEKIJIMA, 1987; FREITAS et al 2006).
Os autores GUANDALINI, 1997; NAVARRO, 1998; VIGNARAJAH 1991;
YOUNG et al, 2005; WICHELHAUS et al. 2004; FREITAS, 2006 estudaram
sobre a efetividade dos métodos de controle de infeão e, somente foi
aceitável quando a esterilização de instrumentais foi realizada por autoclave,
desde que realizados os testes semanalmente.
CAMPBELL; PHENIX (1986); PAYNE (1988) e FREITAS (2006)
afirmaram que os materiais que não podem ser esterilizados ao calor, devem
ser imersos em solução alcalina de glutaraldeído 2% por 30 minutos para
desinfecção e 10 horas para esterilização. BAMBACE et al. (2003) comprovou
que a solução aquosa de clorexidina a partir de 1% demonstrou maior eficácia
quando comparadas com a solução aquosa de clorexidina a 0,5%, álcool etílico
70% gel e líquido.
33
E em relação à população BASTOS et al. (2002) afirmou um grande
desconhecimento em relação às doenças passíveis de transmissão no
consultório odontológico.
PAYNE (1988) afirmou que as ligaduras elásticas devem ser
desinfetadas ou esterilizadas em glutaraldeído 2%, pois o efeito que a água e a
saliva provocam nas ligaduras elásticas seria similar aos do produto, ou seja,
não preocupantes.
34
CONCLUSÃO
Com a revista da literatura sobre os métodos mais eficazes de
desinfecção e esterilização, conclui-se que:
Para a esterilização de instrumentais e alicates a autoclave é a mais
eficiente, desde que realizados os testes biológicos e a manutenção periódica
do equipamento.
A desinfecção dos materiais não autoclaváveis deve ser realizada com
solução de glutaraldeído a 2%, a qual é eficiente contra todos os
microorganismos, inclusive o vírus da hepatite B, devendo ser imersos por no
mínimo 30 minutos para desinfecção e 10 horas para a esterilização.
Para as moldagens de alginato é recomendada a imersão na solução de
hipoclorito de sódio a 1 % por 30 minutos.
Bancadas e superfícies tocadas pela equipe ortodôntica ou pelo
paciente devem ser cobertas com filme de PVC, diante da impossibilidade de
tal procedimento deveriam ser efetivamente desinfetadas com clorexidina 2%.
35
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com relação à pesquisa para este trabalho e a experiência prática da
realização destes procedimentos de controle de infecção cruzada
,
concluí que
para a esterilização, a autoclave é o método mais eficaz e estando os materiais
embalados, torna-se mais prático o seu uso.
Para os materiais não autoclaváveis, a imersão em glutaraldeído é prática
e de custo acessível, devendo ser enxaguados posteriormente.
Para bancadas, superfícies e equipamentos do consultório, a cobertura
com filme de PVC é mais segura e de menor custo, já que a clorexidina 2% têm
custo elevado.
E que para proteção do profissional é imprescindível o uso de
equipamentos de proteção individual em todos os procedimentos.
36
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAMBACE, A. M. J. et al. Eficácia de soluções aquosas de clorexidina para
desinfecção de superfícies [dissertação]. Taubaté: Universidade de Taubaté,
2003.
BASTOS, G. K. et al. Aids e controle de infecção conhecimentos e atitudes dos
pacientes, 2002. Disponível em
www.odontologia.com.br/artigos.asp?id=87&idesp=12ler=s.
BENCESCU, A. A.; BARRET, E. D. Infection control practices and to national
recommendations among dentists in Romênia. Int Dent J, London, 1999; 49
(5), 260-8.
CAMPBELL, P. M.; PHENIX, N. Sterilization in the orthodontic office. J Clin
Orthod, Boulder, v.20, n.10, 684-686, Oct. 1986.
CARMO, M. R. C. Equipamentos de proteção individual-EPI Disponível em <
http: /www.saudeemodontologia.com.br > acesso em 18/11/2006.
CASH, R. G. Sterilization and disinfection procedures. A survey of Georgia
orthodontists. J Clin Orthod, Boulder, v.22, n.1, 22-8, Jan. 1988.
CARVALHO, A. A.; SALGADO, I. O.; ARESTRUP, F. M. Eficácia do
bochecho de clorexidina à 0,12% na redução do número de
microorganismos da superfície de moldagens dentárias.[dissertação]. Juiz
de Fora. Universidade de Juiz de Fora, 2004.
CHINELLATO, L. E. M.; SCHEIDT, W. A. Estudo e avaliação dos meios de
biossegurança para o cirurgião-dentista e auxiliares contra doenças infecto-
contagiosas no consultório odontológico. Rev FOB, v.1, n.1/4, 60-66, 1993.
DOWSING, P.; BENSON, P. E. Molar band re-use and decontamination: a
survey of specialists. J Clin Orthod, Boulder, 33 (1):30-7; discussion 28, 2006
Mar.
ELERES, E. C. C.; GREGÓRIO, R. S.; ARAÚJO, M. V. A; ARAÚJO, I. C.
Biossegurança; prevenir é necessário! 2006.Disponível Em
www.odontologia.com.br/imprimir.asp?id=661&idesp=12&ler=s.
FREITAS, M. P. M. et al. Protocolo básico de biossegurança na clínica
ortodôntica. Rev. Clínica de Ortodontia Dental Press, Maringá, v. 5, n. 2, abr-
maio 2006.
GALLITO, M. A. A desinfecção de moldes e modelos na clínica
odontológica. [dissertação]. Rio de janeiro. Faculdade de Odontologia da
Universidade Estadual do Rio de Janeiro, 2000.
37
GANDINI JUNIOR L. G. et al. Controle da infecção cruzada em ortodontia. Rev.
Dent Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, Maxilar 1997, mar-abr; vol. 2, n.2:
77-82.
GUANDALINI, S. L. Biossegurança. J Bras Odontol Clin, Curitiba, 1997; 1:9-
11.
GONÇALVES, A. C. S.; TRAVASSOS, D. V.; SILVA, M. Biossegurança do
exercício da odontologia. RPG, v.3, n.3, 242-245,1996.
HOVIUS, M. Disinfection and sterilization: the duties and responsibilities of
dentists and dental hygienists. Int Dent J, London, v.42, n.4, 241-244, nov
1992.
KIRCHHOFF, S. T. Sterilization in orthodontic Part 1: sterilization and
disinfection. J Clin Orthod, Boulder, v.21, n.5, 327-328, May 1987.
KNORST, M. E. et al. Desinfecção em Ortodontia: estudo de um método
alternativo utilizando o lenço Bacti Buster Stepac L.A. em alicates ortodônticos
e em superfície do mobiliário contra o rus da Hepatite B e a bactéria
Staphylococcus aureus meticilino resistente. JBO, 2003, v. 21, 267-270.
MAGRO FILHO, O.; MELO, M. S.; MARTIN, S. C. Métodos de esterilização,
desinfecção e paramentação utilizados pelo cirurgião-dentista e auxiliar no
consultório odontológico. Levantamento entre os profissionais. APCD, v.45,
n.5, 589-592, set./out.1991.
MEDEIROS, U. V.; CARDOSO A. S.; FERREIRA S. M. S. Uso das normas de
controle de infecção na prática odontológica. RBO, v.55, n.1, 209-215, 1998.
MOAWAD K.; LONGSTAFF C.; POLLACK R. Barrier Controls in the
Orthodontic Office. J Clin Orthod, Boulder, 1988 fev., 89-91.
MOLINARI, J. A. Comparisons of dental surface disinfectants. Gen Dent,
Chicago, May-Jun. 1987.
NAVARRO, C. A. Avaliação da efetividade de métodos de controle de
infecção em alicates ortodônticos [dissertação]. Rio de Janeiro:
Universidade do Estado do Rio de Janeiro; 1998.
PAYNE, G. S. Sterilization and disinfection in the orthodontic office: a practical
approach. Am J Orthod, Saint Louis, 1988; 91:250-2.
SAMARANAYAKE, L. P.; FLEMMING, S.; COTTONE, J. A. Controle da
infecção para a equipe odontológica. 2ª ed. Cap 6, 67-85. Ed Santos, 1995.
SÃO PAULO (estado). Portarias CVS-11, de 4 de julho de 1995.Regras e
instruções sobre biossegurança no estado de São Paulo. Diário Oficial do
Estado de São Paulo, São Paulo, v. 105, n. 126, p. 11-12, 5 jul. 1995.
38
SANTOS, E. M. Desinfecção de moldes e modelos com hipoclorito de
sódio. [dissertação]. o Paulo: Faculdade de Odontologia de São José dos
Campos_ UNESP; 2001.
SOARES, E. S. et al. Conhecimentos e atitudes de estudantes de odontologia
da Universidade Estadual de Feira de Santana com relação a doenças infecto-
contagiosas. Rev Fac Odontol Univ Fed Bahia, Salvador, 2000, (86): 22-3.
SCHNEEWEISS, D. M. Avoiding cross-contamination of elastomeric ligatures. J
Clin Orthod, Boulder, 1993; 27 (10):538.
SEKIJIMA, R. K. Sterilization in the orthodontic. Part 2: Contamination vehicles.
J Clin Orthod, Boulder, 1987; 21:329-30.
SILVA, P. E. B.; PATROCÍNIO, M. C.; NEVES, A. C. C. Avaliação da conduta
de biossegurança em clínicas de graduação [dissertação]. Taubaté:
Universidade de Taubaté; 2002.
SILVA, C. R. G.; JORGE, A. O. C. Avaliação de desinfetantes de superfície
utilizados em Odontologia. Pesquisa Odontológica Brasileira, 2002, v. 16 n2 p.
107-114.
VARALDO, C.; Manual de convivência - Convivendo com a hepatite C, 2003.
Disponível em http://hepato.com/p-transmissao-contagio/livro-ransmissao.html.
VIGNARAJAH, S. Simplified cross- infection control: a study of cost, time and
patient flow in Antigua. Dent J, Ottawa, 1991; 41:335-40.
WICHELHAUS A. et al. Corrosion of orthodontic pliers using different
sterilization procedures. J Orafac Orthop; 65(6):501-11, 2004 Nov.
WOO, J. et al. Compliance with infection control procedures among California
orthodontists. Am J Orthod Dentofacial Orthop, Saint Louis, 1992; 102: 68-
75.
YOUNG,l. Desinfecção e esterilização em ortodontia: a eficácia de métodos
físicos e químicos em materiais e instrumentais usados na Ortodontia. RGO, 53
(4):335-338, out.-dez. 2005.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo