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desempenharem suas tarefas. Logo, este tema teve mais impacto no caso dos
teletrabalhadores casados e com filhos. Neste sentido, muitos entrevistados
atestam que tiveram que aprender a conviver melhor com os demais membros
da família.
O terceiro aspecto desta categoria é justamente o compartilhamento do
espaço físico utilizado para realizar o teletrabalho com os demais membros da
casa do teletrabalhador. Este foi um dos itens que foram apontados como mais
relevantes nesta categoria e pode ser evidenciado pelas passagens que
seguem:
“Porque, como o escritório é usado às vezes pela minha esposa, que tem um outro
computador de mesa, eu fiz duas bancadas, anexadas à estante, na qual, de um
lado, fica o meu computador pessoal, e, do outro lado, fica o computador da Shell.
Durante o dia, existindo uma televisão, é lógico que cada um dos meus filhos tem
uma televisão em casa, e eu me preocupei de colocar uma em cada quarto para
que eles não usassem o escritório no momento em que eu estivesse fazendo
home-office em casa. O mais velho já tem um computador no quarto dele, e o
menor, que tem 8 anos, usa o computador do irmão e eles sabem... Primeiro, que
eles têm muitas atividades. Eu acho que todos os filhos, hoje em dia, têm muita
atividade, passam o dia inteiro fora de casa em colégio, curso, esporte etc. Então,
faz com que eles não fiquem atrapalhando o meu dia- a-dia.(...)Nenhuma criança
respeita o espaço quando o pai está em casa: “Ah, o meu filho me respeita, não
entram...”. Eles sempre entram... É lógico que, quando estou no telefone, eles têm
o discernimento de que não podem falar. Eles podem entrar e, quando vêem que
eu estou no telefone, fecham a porta etc e tal...”(entrevistado 5).
“Na verdade eu tinha exclusivo para mim, mas agora eu tive que dividir com meu
filho, com Lucas, metade para cada. Na verdade, quando eu estou lá, só fico eu lá,
é um quarto separado que eu fiz o escritório, adequei, com, além dessa verba, eu
adequei para meu uso diário no trabalho, botei mesa, enfim, comprei cadeira e
montei um escritório mesmo dentro de casa. Enfim, quando eu estou lá só eu
estou lá. Na verdade, então meu filho não está brincando lá, vai brincar em outro
lugar da casa, não tem problema nenhum. E quando eu não estou lá, estou no
campo ou estou na Shell, ele usa para brincar. Mas é bem dividido a área dele e a
minha área” (entrevistado 2).
“No entanto, única coisa que hoje eu entendo como sendo negativa no meu
trabalho e isso é uma coisa que realmente não tem como resolver é a questão de
eu trabalhar no meio da minha sala e eu ter os meus filhos, principalmente no
período da manhã, eu tenho os meus filhos em casa e é muito difícil eu administrar
a minha necessidade de trabalhar, de estar ao telefone conversando com o,
cortou, cara, conversando com muitas vezes com o meu supervisor, com clientes,
muitas vezes com estranhos ao telefone que são potenciais clientes ou
fornecedores e, poxa, é cachorro latindo, é filho berrando, querendo conversar
com você. Então isso atrapalha a rotina de trabalho”(entrevistado 4).
Nota-se que os teletrabalhadores têm mais ou menos dificuldade de dividir
o seu espaço físico de trabalho com suas respectivas famílias. Isto depende do
número de membros da família, do tamanho da residência, do estilo de vida de
cada membro da família e do relacionamento que existe entre cada membro. O
entrevistado 5 possui dois filhos entrando na adolescência e que praticam várias
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