Download PDF
ads:
JULIANA KRETZER
CARACTERIZAÇÃO BIOMECÂNICA DE CRIANÇAS COM PÉS
PLANOS FLEXÍVEIS E OS EFEITOS DA APLICAÇÃO DE UM
PROGRAMA TERAPÊUTICO PROFILÁTICO
FLORIANÓPOLISSC
2007
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA - UDESC
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE E DO ESPORTE - CEFID
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIENCIAS DO MOVIMENTO HUMANO
JULIANA KRETZER
CARACTERIZAÇÃO BIOMECÂNICA DE CRIANÇAS COM PÉS
PLANOS FLEXÍVEIS E OS EFEITOS DE UM PROGRAMA
TERAPÊUTICO PROFILÁTICO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ciências do Movimento
Humano do Centro de Ciências da Saúde e do
Esporte, da Universidade do Estado de Santa
Catarina como requisito para obtenção do
grau de mestre.
Orientadora: Profª Drª. Deyse Borges Koch.
FLORIANÓPOLIS – SC
2007
ads:
JULIANA KRETZER
CARACTERIZAÇÃO BIOMECÂNICA DE CRIANÇAS COM PÉS PLANOS
FLEXÍVEIS E OS EFEITOS DA APLICAÇÃO DE UM PROGRAMA
TERAPÊUTICO PROFILÁTICO
Dissertação aprovada como requisito para obtenção do grau de Mestre em Pós-Graduação
em Ciências do Movimento Humano, da Universidade do Estado de Santa Catarina.
Banca Examinadora:
Orientadora:
________________________________________
Prof.ª Dr. ª Deyse Borges Koch (UDESC)
Co-orientador:
________________________________________
Prof. Dr. Ruy Jornada Krebs (UDESC)
Membro:
_________________________________________
Prof.ª Dr.ª Eliane Fátima Manfio (UNESA)
Membro:
_________________________________________
Prof. Dr. Sebastião Iberes Lopes Melo (UDESC)
Florianópolis, 06 de junho de 2007
Dedico esta pesquisa a minha preciosa filha
“Larissa”, que com seu lindo sorriso me
fortificou ao longo desta caminhada.
AGRADECIMENTOS
Agradeço, inicialmente, a Deus por me proporcionar saúde e, principalmente, fé
para que eu acreditasse em mim mesma.
À Gloriosa Maria por me iluminar nos momentos mais difíceis.
A minha preciosa filha, Larissa, pela sua existência, pelo seu sorriso, pelo seu amor
tão sincero, pela sua compreensão. Tão pequenina, mas tão inteligente, com apenas dois
anos, soube da importância de me permitir momentos de concentração e estudos no
computador. Junto ao agradecimento vai um pedido de desculpas pelas manhãs que não
pude estar consigo, pelas noites que não pude fazê-la dormir, pelos momentos que não
compartilhei consigo e pelas vezes que ouvi sem questionar: “minha mãe faz um trabalho
muito chato no computador”, ou ainda “minha mãe está fazendo o seu projeto....”
Ao meu esposo, Marcus, que vem me acompanhando nesta árdua jornada de
estudos. Soube compreender minha ausência, minha instabilidade de humor, meu cansaço.
Fortalecendo-me com seu amor, apoiando-me sempre e contribuindo para a realização de
mais este projeto de vida.
Aos meus pais, Luiz e Ibrantina, pela minha formação, pelos meus princípios, pela
minha sensatez e pela minha dedicação em tudo que realizo.
A minha irmã, Karoliny, “Dinda” e “Dadá” da minha filhota e a minha sogra e ao
meu sogro, pela força e dedicação com minha filha, pelos cuidados, principalmente quando
bebê, ou quando não tinha creche, ou ainda quando ela estava doentinha. Certamente, sem
vocês tudo teria sido ainda mais difícil.
À professora Deyse, por ter sido minha orientadora e amiga, por ter acreditado em
meu potencial, por ter minimizado as minhas ansiedades, e por sempre me fazer crer que
tudo ia dar certo. E principalmente, por ter sido presente mesmo quando estava a kilômetros
de distância daqui.
A minha amiga Ana Cláudia, pelo companheirismo, pela prontidão em querer
sempre ajudar, pelo compartilhamento das dúvidas, dos estudos e dos momentos difíceis.
Mas também pelos bons momentos, pelas risadas, pelos almoços......Agradeço lhe pelo
carinho e por esta sincera amizade que surgiu de repente. Sem você tudo teria sido bem
mais complicado.....
As “nossas” crianças, dos 2º período matutino, por terem participado das coletas e
do desenvolvimento do projeto. Pela alegria contagiante e pela disposição. Sem elas o
trabalho não estaria aqui.
À direção da escola onde o projeto foi desenvolvido, aos professores e auxiliares,
pela compreensão pelos transtornos, por ceder as crianças no horário de aula para as
coletas, enfim, pela mudança na rotina que muitas vezes era inevitável,
Ao professor Ruy, ter aceitado ser meu co-orientador e responsável pela minha
pesquisa no período em que a professora Deyse estivesse ausente, além das sugestões feitas
na qualificação.
À professora Eliane e ao professor Sebastião, por terem aceitado participar desta
banca.
Ao professor Mário, e aos demais integrantes do Laboratório de Biomecânica do
Cefid.
E finalmente, agradeço a todos que, diretamente ou indiretamente, contribuíram
para o desenvolvimento deste projeto.
“......as crianças são nossos melhores
mestres. Elas já sabem como crescer, se
desenvolver, como aprender, como rir,
chorar, amar e ser alegres.......”
Oaklander
RESUMO
Título: Caracterização Biomecânica de Crianças com Pés Planos Flexíveis e os Efeitos da
Aplicação de um Programa Terapêutico Profilático.
Autora: Juliana Kretzer
Orientadora: Deyse Borges Koch
A presença de um pé plano durante a primeira infância é extremamente freqüente e considerada
como uma condição fisiológica normal, entretanto, necessita de esclarecimentos, pois é o maior
causador de consultas em ortopedia pediátrica. Desta forma, esta pesquisa teve como objetivo
principal avaliar o comportamento de características clínicas e biomecânicas dos pés de
crianças com pés planos flexíveis e compará-las com crianças com pés normais. Além de
verificar os efeitos da aplicação de um programa terapêutico profilático que estimulasse a
formação de um arco neutro. Os sujeitos pesquisados totalizaram 26 crianças, de ambos os
sexos, com média de idade igual a 4 anos e 8 meses, separados em um grupo com pés planos
idiopáticos, composto por 17 crianças, e outro grupo com pés normais, composto por 9
crianças. A pesquisa caracterizou-se como do tipo descritiva – exploratória e experimental, e as
coletas de dados foram desenvolvidas nas dependências físicas do Ginásio de uma Escola
Estadual, onde os sujeitos estudavam. Quantos aos aspectos clínicos, todos os sujeitos foram
considerados hipermóveis e encontrou-se uma correlação significante entre a presença dos pés
planos e a postura em valgo dos tornozelos. A variável antropométrica, altura do navicular foi
considerada menor no grupo de crianças com pés planos. A distribuição de pressão plantar,
mensurada através do Sistema Emed, foi avaliada durante o movimento da caminhada e da
corrida. Verificou-se que as crianças com pés planos apresentavam o índice do arco plantar
maiores, assim como uma maior área de contato da região do mediopé medial e na menor
região do mediopé lateral e antepé lateral. Quanto aos picos de pressão, estes foram menores
sob o antepé lateral e maiores sob o hálux e 2º dedo. O grupo com pés planos apresentou
também maiores cargas relativas sob mediopé medial, hálux, e 2º dedo e menores cargas sob o
antepé lateral. Dividiram-se as crianças com pés planos em um grupo experimental e outro
controle. Após 18 semanas de aplicação do programa ambos, evoluíram quanto à classificação
clínica dos pés, em virtude do concomitante desenvolvimento físico e motor ocorrido, tendo em
vista ainda a faixa etária e o fato de possuírem pés planos considerados fisiológicos. Em relação
as variáveis da distribuição de pressão plantar, a maioria delas evoluiu aproximando-se dos
valores encontrados nas crianças com pés normais. Os efeitos da aplicação do programa
terapêutico profilático, nos sujeitos com pés planos do grupo experimental, apesar de não serem
representados claramente em todas as variáveis biomecânicas, vão além da estatística
meramente quantitativa. Ressalta-se a importância da proposta do programa, bem como o
desenvolvimento de estudos intervencionistas que proporcionem uma oportunidade similar.
PALAVRAS-CHAVE: Biomecânica. Criança. Pés Planos. Reabilitação.
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE E DO ESPORTE – CEFID
PROGRAMA DE PÓS-GRADUACAO EM CIÊNCIA DO MOVIMENTO HUMANO
Dissertação de Mestrado em Ciências do Movimento Humano – Biomecânica
Florianópolis, SC, 06 de junho de 2007.
ABSTRACT
Title: Biomechanical Characterization of Children’s Flexible Flat Feet and the Effect of the
Application for a Profilatical and Therapeutic Program.
Author: Juliana Kretzer
Adviser: Deyse Borges Koch
The presence of flat foot during infancy is very frequent and is considered a physiological normal
condition. However, it needs to be clarified, since it is the most frequent in pediatric orthopaedics
consultations. Therefore, this study has the main goal to evaluate the “behavior” of clinical and
biomechanical characteristics of children with and without flexible flat foot. At the same time a
profilatical and therapeutic program should be proposed to estimulate formation of a neutral arch.
Subjects were 26 children, both genders, with mean age of 4 years and 8 months. They were divided
in two groups: 17 children with idiopatyc flat feet and 9 children with normal feet. The research was
a descriptive, exploratory and experimental one. Data collection were at the gym area of a state
school were the kids belong. Regarding the clinical aspects, all subjects were considered
hypermobile and there was a high correlation between the presence of flat foot and the postural
condition in valgus ankle. The anthropometrical variable height of the navicular bone was
considered lower in flated foot children’s group. The plantar pressure distribution was measured
during walking and running conditions. It was verified that children with flat foot had larger plantar
arch index values as well as a larger contact area of the midfoot and a smaller contact area at lateral
midfoot and lateral forefoot. Looking at the peak pressure values, these were lower at the lateral
forefoot and higher at the hallux and second toe. The flat foot group showed also higher relative
load values for the medial midfoot, hallux and second toe and lower values for the lateral forefoot.
Children with flat foot were divided in an experimental and a control group. After 18 weeks of
application of a profilatical and therapeutic program this children showed the evolution in their
clinical foot classification due also to the concomitant physical and motor development, regarding
their age and the fact that they have feet that are considered physiological flat feet. In relation to the
plantar pressure distribution most of them showed a development showing values closed to the
children’s normal feet values for this age group. The effects of the profilatical and therapeutic
program although not always clearly represented in the biomechanical parameters “went further”
than the pure quantitative statistics appreciation. It is to highlight the importance of the program’s
proposal as well as the development of intervention studies that contribute for a similar opportunity
in the area of human movement science.
Key-words: Biomechanics. Flat Feet. Children. Rehabilitation.
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIENCIAS DA SAÚDE E DO ESPORTE – CEFID
PROGRAMA DE PÓS-GRADUACAO EM CIÊNCIA DO MOVIMENTO HUMANO
Master Dissertation on Human Movement Science – Biomechanics
Florianopolis, SC, June 6
th
2007.
LISTA DE SÍMBOLOS
cm : centímetros
cm
2
: centímetro quadrado
IMC: índice de massa corpórea
kg: kilogramas
kg/m
2
: kilogramas por metro quadrado
kPa: kiloPascal
S: Desvio padrão
%: porcentagem
: Média
x
LISTA DE ABREVIATURAS
AC: área de contato
CR: carga relativa
D/ E: pé direito/ pé esquerdo
fa: freqüência absoluta
fr: freqüência relativa
G1: grupo 1 com pés planos flexíveis
G2: grupo 2 com pés normais, em relação a presença do arco longitudinal medial plantar
GC: grupo controle com pés planos
GE: grupo experimental com pés planos
IAP: índice do arco plantar
JF: postura de joelho em flexão
JR: postura de joelho em recurvatum
x: valor máximo
Mín: valor mínimo
M01: região do calcanhar medial
M02: região do calcanhar lateral
M03: região do mediopé medial
M04: região do mediopé lateral
M05: região da cabeça do 1º metatarso
M06: região das cabeças do 2º metatarso
M07: região das cabeças do 3º, 4º e 5º metatarsos
M08: região do hálux
M09: região do 2º dedo
M10: região dos 3º, 4º e 5º dedos
PP: pico de pressão plantar
W: tarefa dinâmica do caminhar
R: tarefa dinâmica do correr
LISTA DE FIGURAS
Figura 1– Instrumentos: Brannock, fita métrica e goniômetro sobre a superfície de
madeira....................................................................................................................................65
Figura 2 – Plataforma capacitiva do Sistema Emed (Novel, Gmbh). .................................66
Figura 3 - Registro da estatura..............................................................................................74
Figura 4 - Registro da massa corpórea.................................................................................74
Figura 5 – Criança posicionando o pé direito sobre o Brannock.......................................75
Figura 6 – Pé normal..............................................................................................................75
Figura 7 – Pé plano médio. ....................................................................................................75
Figura 8 – Pé plano moderado. .............................................................................................76
Figura 9 – Pé plano severo.....................................................................................................76
Figura 10 – Verificação do arco plantar com os pés pendentes.........................................77
Figura 11 - Verificação do arco plantar com o teste de elevação do hálux.......................77
Figura 12 – Registro da postura dos membros inferiores no plano frontal vista posterior.
..................................................................................................................................................78
Figura 13 – Plataforma de DPP posicionada entre a passarela de emborrachado de
EVA..........................................................................................................................................79
Figura 14 - Coleta de dados durante o caminhar................................................................80
Figura 15 – Dois sujeitos do estudo exibindo suas lembranças após a coleta de dados. ..81
Figura 16 - Subdivisão da superfície plantar, conforme a PRC.MSK..............................82
Figura 17 - Representação do índice do arco plantar. ........................................................83
Figura 18 – Fluxograma resumindo o tratamento estatístico.............................................85
Figura 19 – Distribuição de freqüências relativas dos tipos de pés (n = 26). ....................88
Figura 20 - Distribuição de freqüências relativas do escore de hipermobilidade articular,
do grupo 1 com pés planos flexíveis, e grupo 2 com pés normais. .....................................90
Figura 21 - Distribuição de freqüências relativas do alinhamento postural dos joelhos ao
final dos dois anos de idade, segundo a percepção dos pais (n = 23). ................................93
Figura 22 - Distribuição de freqüências relativas da presença do fator hereditário seja
pai ou mãe, quanto aos pés planos (n = 23)..........................................................................94
2
Figura 23 – Distribuição de freqüências relativas para a presença de dor ou desconforto
nos pés (n = 23)........................................................................................................................95
Figura 24 - Distribuição de freqüências relativas da percepção dos pais quanto à
presença de desgaste irregular do calçado (n = 23).............................................................96
Figura 25 – Distribuição de freqüências relativas dos tipos de superfícies que entram em
contato com os pés descalços..................................................................................................98
Figura 26 – Distribuição de freqüências relativas dos tipos de calçados usualmente mais
utilizados pelas crianças.........................................................................................................99
Figura 27 – Distribuição de freqüências relativas das atividades de lazer mais praticadas
pelas crianças..........................................................................................................................99
Figura 28 - Distribuição de freqüências relativas da prática de atividade física extra-
curricular (n = 23). ..............................................................................................................100
Figura 29 – Média dos valores do índice do arco plantar dos pés, direito (IAPWD) e
esquerdo (IAPWE), durante o caminhar, para os grupos 1, com pés planos flexíveis e
grupos 2, com pés normais...................................................................................................105
Figura 30 – Média dos valores do índice do arco plantar dos pés, direito (IAPRD) e
esquerdo (IAPRE), durante o correr, para os grupos 1, com pés planos flexíveis e grupos
2, com pés normais. ..............................................................................................................105
Figura 31Média da área de contato (cm
2
) dos pés, por regiões, durante o caminhar,
para os grupos 1 (n= 17) e 2 (n= 9), para ambos os pés. ...................................................107
Figura 32 – Média da área de contato (cm
2
) dos pés por regiões, durante o correr, para
os grupos 1 (n= 17) e 2 (n= 9), para ambos os pés. ............................................................110
Figura 33 – Média dos picos de pressão (kPa) dos pés, durante o caminhar, para os
grupos 1 (n= 17) e 2 (n= 9), para ambos os pés..................................................................113
Figura 34 – Média dos picos de pressão (kPa) dos pés, durante o correr, para os grupos
1 (n= 17) e 2 (n= 9), para ambos os pés...............................................................................118
Figura 35 - Média das cargas relativas (%) dos pés durante o caminhar, para os grupos
1 (n= 17) e 2 (n= 9), para ambos os pés...............................................................................121
Figura 36 – Média das cargas relativas (%) dos pés, durante o correr, para os grupos 1
(n= 17) e 2 (n= 9), para ambos os pés..................................................................................125
3
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Perfil antropométrico geral dos sujeitos com valores de média, desvio padrão,
valor máximo (Máx) e valor mínimo (Mín) (n = 26). ..........................................................59
Tabela 2 – Pontos de corte internacionais do IMC, para sobrepeso e obesidade, por sexo,
na idade de 4,5 anos................................................................................................................59
Tabela 3 – Valores de média e desvio padrão do perfil antropométrico dos grupos com
pés planos e pés normais, G1 (n = 17) e G2 (n = 9), respectivamente................................61
Tabela 4 – Valores de média, desvio padrão, das características antropométricas gerais
do GE e GC, pré e pós programa (GE n = 8, GC n = 8). ....................................................61
Tabela 5 - Variáveis antropométricas indiretas dos pés direito (D) e esquerdo (E) do GE
e GC, com valores de média e desvio padrão, pré e pós programa, em cm (GE n = 8, GC
n = 8). .......................................................................................................................................62
Tabela 6 – Resumo das características da plataforma emed-At........................................67
Tabela 7 - ADM dos tornozelos direito (D) e esquerdo (E) para dorsiflexão e
plantiflexão, com valores de média, desvio padrão, em graus ( º ) para o G1 e G2..........89
Tabela 8 - Distribuição de freqüências absolutas (fa) e relativas (fr) das características
posturais dos joelhos dos sujeitos no plano frontal (n = 26)...............................................91
Tabela 9 – Distribuição das freqüências absolutas e relativas da presença do valgismo de
joelhos relacionando o tipo de pés (n = 26)...........................................................................91
Tabela 10 - Distribuição de freqüências absolutas (fa) e relativas (fr) das características
posturais dos joelhos dos sujeitos no plano sagital (n = 26)................................................92
Tabela 11 – Distribuição das freqüências absolutas e relativas da presença do valgismo
de tornozelos relacionando o tipo de pés (n = 26)................................................................92
Tabela 12 – Distribuição das freqüências absolutas e relativas da presença do fator
hereditário para os pés planos, por tipo de pés (n = 23). ....................................................95
Tabela 13 – Distribuição das freqüências absolutas e relativas da presença de dor ou
desconforto nos pés, por tipo de pés (n = 23). ......................................................................96
Tabela 14 – Distribuição das freqüências absolutas e relativas da prática de atividade
física extra-curricular, por tipo de pés (n = 23).................................................................100
Tabela 15 - Variáveis antropométricas dos pés direito (D) e esquerdo (E), do grupo 1
(G1) com pés planos flexíveis e grupo 2 (G2) com pés normais, com valores de dia e
desvio padrão, em cm (G1 n = 17, G2 n = 9)......................................................................101
Tabela 16 – Variável Índice do Arco Plantar (IAP) dos pés direito (D) e esquerdo (E),
durante o caminhar (W) do G1 e G2, com valores de dia e desvio padrão (G1 n = 17,
G2 n = 9). ...............................................................................................................................103
4
Tabela 17 – Variável Índice do Arco Plantar (IAP) dos pés direito (D) e esquerdo (E),
durante o correr (R) do G1 e G2, com valores de média e desvio padrão (G1 n = 17, G2 n
= 9)..........................................................................................................................................103
Tabela 18 – Variável área de contato (AC) total e respectivas áreas dos pés direitos (D) e
esquerdos (E), durante o caminhar (W), do grupo 1 (G1) e 2 (G2) com valores de média
e desvio padrão em cm
2
(G1 n = 17, G2 n = 9)...................................................................106
Tabela 19 – Variável área de contato (AC) total e respectivas áreas dos pés direitos (D) e
esquerdos (E), durante o correr (R), do grupo 1 (G1) e 2 (G2) com valores de média e
desvio padrão em cm
2
(G1 n = 17, G2 n = 9)......................................................................109
Tabela 20 – Variável pico de pressão plantar (PP) total e respectivas áreas dos pés
direitos (D) e esquerdos (E), durante o caminhar (W), do grupo 1 (G1) e 2 (G2) com
valores de média e desvio padrão em kPa (G1 n = 17, G2 n = 9).....................................112
Tabela 21- Variável pico de pressão plantar (PP) total e respectivas áreas dos pés
direitos (D) e esquerdos (E), durante o correr (R), do grupo 1 (G1) e 2 (G2) com valores
de média e desvio padrão em kPa (G1 n = 17, G2 n = 9). .................................................116
Tabela 22 – Variável carga relativa (CR) para respectivas áreas dos pés direitos (D) e
esquerdos (E), durante o caminhar (W), do grupo 1 (G1) e 2 (G2) com valores de média
e desvio padrão em (%) (G1 n = 17, G2 n = 9)...................................................................120
Tabela 23 – Variável carga relativa (CR) para respectivas áreas dos pés direitos (D) e
esquerdos (E), durante o correr (R), do grupo 1 (G1) e 2 (G2), com valores de média e
desvio padrão, em (%) (G1 n = 17, G2 n = 9).....................................................................124
Tabela 24 – Variável Índice do Arco Plantar (IAP) dos pés direitos (D) e esquerdos (E),
durante o caminhar (W), do grupo experimental (GE) e controle (GC), com valores de
média e desvio padrão pré e pós- programa.......................................................................128
Tabela 25 – Variável Índice do Arco Plantar (IAP) dos pés direitos (D) e esquerdos (E),
durante o correr (R), do grupo experimental (GE) e controle (GC), com valores de
média e desvio padrão pré e pós- programa.......................................................................129
Tabela 26 – Variável área de contato (AC) total e respectivas áreas dos pés direitos (D),
durante o caminhar (W), do GE e GC, pré e pós-programa, com valores de média e
desvio padrão em cm
2
...........................................................................................................130
Tabela 27 – Variável área de contato (AC) total e respectivas áreas dos pés esquerdos
(E) durante o caminhar (W), do GE e GC, pré e pós-programa, com valores de média e
desvio padrão em cm
2
...........................................................................................................132
Tabela 28 – Variável área de contato (AC) total e respectivas áreas dos pés direitos (D)
durante o correr (R), do GE e GC, pré e pós-programa com valores de média e desvio
padrão em cm
2.
..............................................,,,,,,..................................................................134
Tabela 29 – Variável área de contato (AC) total e respectivas áreas dos pés esquerdos
(E), durante o correr (R), do GE e GC, pré e pós-programa, com valores de média e
desvio padrão em cm
2
...........................................................................................................135
5
Tabela 30 – Variável pico de pressão plantar (PP) total e respectivas áreas dos pés
direitos (D), durante o caminhar (W), do GE e GC, pré e pós-programa, com valores de
média e desvio padrão em kPa.............................................................................................137
Tabela 31 – Variável pico de pressão plantar (PP) total e respectivas áreas dos pés
esquerdos (E), durante o caminhar (W), do GE e GC, pré e pós-programa, com valores
de média e desvio padrão em kPa........................................................................................139
Tabela 32 - Variável pico de pressão plantar (PP) total e respectivas áreas dos pés
direitos (D), durante o correr (R), do GE e GC, pré e pós-programa, com valores de
média e desvio padrão em kPa.............................................................................................140
Tabela 33 – Variável pico de pressão plantar (PP) total e respectivas áreas dos pés
esquerdos (E), durante o correr (R), do GE e GC, pré e pós-programa, com valores de
média e desvio padrão em kPa.............................................................................................142
Tabela 34 – Variável carga relativa (CR) para respectivas áreas dos pés direitos (D),
durante o caminhar (W), do GE e GC, pré e pós-programa, com valores de média e
desvio padrão em (%)...........................................................................................................144
Tabela 35 – Variável carga relativa (CR) para respectivas áreas dos pés esquerdos (E)
durante o caminhar (W), do GE e GC, pré e pós-programa, com valores de média e
desvio padrão em (%)...........................................................................................................145
Tabela 36 – Variável carga relativa (CR) para respectivas áreas dos pés direitos (D),
durante o correr (R), do GE e GC, pré e pós-programa, com valores de média e desvio
padrão em (%)......................................................................................................................147
Tabela 37 – Variável carga relativa (CR) para respectivas áreas dos pés esquerdos (E),
durante o correr (R), do GE e GC, pré e pós-programa, com valores de média e desvio
padrão em (%)......................................................................................................................149
6
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................18
1.1 PROBLEMA ..................................................................................................................18
1.2 OBJETIVOS...................................................................................................................20
1.2.1 Objetivo Geral .........................................................................................................20
1.2.2 Objetivos Específicos:.............................................................................................20
1.3 JUSTIFICATIVA...........................................................................................................21
1.4 DEFINIÇÃO CONCEITUAL E OPERACIONAL DE VARIÁVEIS ..........................22
1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO.....................................................................................24
1.6 DEFINIÇÃO DOS TERMOS ........................................................................................24
2 REVISÃO DE LITERATURA.......................................................................................26
2.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS ANATÔMICAS E BIOMECÂNICAS DO PÉ
HUMANO E DO ARCO LONGITUDINAL MEDIAL PLANTAR...................................26
2.2 DESENVOLVIMENTO E O CRESCIMENTO DO PÉ INFANTIL............................30
2.3 CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS E ESTRUTURAIS DOS PÉS INFANTIS34
2.4 CARACTERÍSTICAS DAS HABILIDADES LOCOMOTORAS E A FUNÇÃO DOS
PÉS NO DESEMPENHO DESTAS ....................................................................................35
2.4.1 Caminhar .................................................................................................................38
2.4.2 Correr.......................................................................................................................41
2.5 ALINHAMENTO POSTURAL INFANTIL DOS MEMBROS INFERIORES ...........43
2.6 OS PÉS PLANOS INFANTIS .......................................................................................46
2.7 AVALIAÇÃO BIOMECÂNICA DO DESENVOLVIMENTO DO ARCO PLANTAR
..............................................................................................................................................50
2.8 AVALIAÇÃO BIOMECÂNICA DA DISTRIBUIÇÃO DE PRESSÃO PLANTAR EM
CRIANÇAS..........................................................................................................................52
3 METODOLOGIA............................................................................................................57
3.1 CARACTERÍSTICAS DA PESQUISA.........................................................................57
3.2 SUJEITOS DA PESQUISA ...........................................................................................57
3.2.1 Seleção dos sujeitos.................................................................................................57
7
3.2.2 Caracterização dos sujeitos......................................................................................58
3.2.2.1 Caracterização dos grupos G1 e G2 .....................................................................60
3.2.2.2 Caracterização dos grupos experimental e controle.............................................61
3.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS.............................................................63
3.3.1 Questionário dirigido aos pais.................................................................................63
3.3.2 Ficha de avaliação clínica e antropométrica............................................................64
3.3.3 Ficha de avaliação postural qualitativa....................................................................64
3.3.4 Balança e Trena .......................................................................................................64
3.3.5 Goniômetro..............................................................................................................65
3.3.6 Fita métrica..............................................................................................................65
3.3.7 Brannock..................................................................................................................65
3.3.8 Tabelas sobre a seqüência de desenvolvimento dos movimentos locomotores
fundamentais de Gallahue ................................................................................................66
3.3.9 Câmera filmadora....................................................................................................66
3.3.10 Plataforma capacitiva ............................................................................................66
3.4 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL.........................................................................67
3.5 PROTOCOLO EXPERIMENTAL – PROGRAMA TERAPÊUTICO PROFILÁTICO
..............................................................................................................................................68
3.6 CONTROLE DE VARIÁVEIS......................................................................................72
3.7 PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS.............................................................73
3.8 PROCESSAMENTO DOS DADOS..............................................................................81
3.9 TRATAMENTO ESTATÍSTICO ..................................................................................83
3.10 LIMITAÇÕES DA PESQUISA...................................................................................85
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS..........................................87
4.1 CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DOS PÉS ...............................................................87
4.2 CARACTERÍSTICAS POSTURAIS.............................................................................90
4.3 CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS RELACIONADAS À FORMAÇÃO DO
ARCO PLANTAR................................................................................................................93
4.4 CARACTERÍSTICAS ANTROPOMÉTRICAS DOS PÉS.........................................101
4.5 CARACTERÍSTICAS BIOMECÂNICAS DA DISTRIBUIÇÃO DE PRESSÃO
PLANTAR..........................................................................................................................102
4.5.1 Índice do arco plantar............................................................................................103
4.5.2 Área de Contato.....................................................................................................106
8
4.5.3 Pico de Pressão Plantar..........................................................................................111
4.5.4 Carga Relativa........................................................................................................120
4.6 EFEITOS DO PROGRAMA SOBRE A CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA DOS PÉS ...127
4.7 EFEITOS DO PROGRAMA SOBRE AS CARACTERÍSTICAS DE DISTRIBUIÇÃO
DE PRESSÃO PLANTAR.....................................................................................................128
4.7.1 Índice do arco plantar............................................................................................128
4.7.2 Área de contato.....................................................................................................130
4.7.3 Pico de pressão plantar..........................................................................................136
4.7.4 Carga relativa........................................................................................................143
5 CONCLUSÕES................................................................................................................. 151
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................156
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................... 158
APÊNDICES..........................................................................................................................165
ANEXOS................................................................................................................................191
1 INTRODUÇÃO
A pesquisa presente descreverá a avaliação do comportamento de características
clínicas e biomecânicas, dos pés de crianças, com os pés planos flexíveis e idade entre 4 e 5
anos, comparando-as com as características de crianças com pés normais, em relação à
presença do arco longitudinal medial plantar. Além de verificar os efeitos da aplicação de um
programa terapêutico-profilático, que vise a formação do arco longitudinal medial plantar
neutro.
1.1 PROBLEMA
Os pés infantis apresentam características peculiares comparados com os pés dos
adultos, em relação à dimensão e às estruturas de formação. Sabe-se que as crianças têm
aproximadamente 1/3 dos picos de pressão plantar encontrados nos adultos. Exceto sob a
região do mediopé, onde os picos são de mesma ordem de magnitude (HENNIG,
ROSENBAUM, 1991). Essa caracterização ocorre, não somente, em virtude das crianças
possuírem uma grande dimensão dos pés por kilograma de massa corpórea (HENNIG,
STAATS, ROSENBAUM, 1994), mas, principalmente, porque ao contrário do pé adulto, o pé
infantil ainda se encontra em desenvolvimento, além de ser composto por tecido músculo-
esquelético diferenciado (BORGES MACHADO, HENNIG, RIEHLE, 2001).
Durante a primeira infância, a presença de um pé plano é extremamente freqüente e
considerada como uma condição fisiológica normal (GOULD et al.,1989; FORRIOL,
PASCUAL, 1990). Nesta fase o arco longitudinal medial ainda se encontra em formação e
alguns fatores são determinantes para esta condição.
Como por exemplo, os ossos navicular e cuneiforme que formam o ápice do arco,
ainda, estão em processo de ossificação (DONATELLI, 1996), os músculos e ligamentos dos
pés, que também auxiliam na sustentação e manutenção do arco longitudinal, estão em
desenvolvimento (CAILLIET, 1989). Existe inclusive, a presença do coxim adiposo, que
serve de proteção a sensível estrutura cartilaginosa dos ossos do tarso e vai ser absorvido,
durante os primeiros 4 e 5 anos de vida (BERTSCH, 2004). Além da presença de um genu
valgum fisiológico da articulação dos joelhos e tornozelo, que somente será corrigido entre os
5 e 6 anos, conforme Forriol, Pascual (1990).
Portanto, aproximadamente aos 6 anos de idade, os fatores supra citados já não são tão
19
influentes, e a constituição tecidual do pé infantil torna-se mais similar a do adulto (HENNIG,
ROSENBAUM, 1991), quando também o arco longitudinal medial plantar completa o seu
desenvolvimento (HENNIG, STAATS, ROSENBAUM, 1994).
Desta forma então, o pé plano em si não é uma deformidade ou doença, mas sim uma
condição fisiológica dentro de uma determinada faixa etária (LIN et al. 2001). Entretanto, a
avaliação da morfologia do arco deve ser utilizada como forma de controle e diferenciação de
uma condição fisiológica ou patológica.
Buscando este esclarecimento, alguns estudos biomecânicos têm buscado caracterizar
a morfologia do arco longitudinal plantar de crianças. Gould et al. (1989) monitoraram o
desenvolvimento dos membros inferiores, do arco longitudinal medial dos pés e o uso de
calçados com suporte para o apoio do arco medial, por cerca de 4 anos. Concluindo que o
desenvolvimento do arco neutro ocorre indiferentemente do tipo de calçado utilizado, e
estatisticamente não se encontrou diferença entre os diferentes grupos, na incidência de pés
planos, de acordo com o calçado utilizado.
Forriol, Pascual (1990) também analisaram o arco longitudinal medial plantar de
crianças, relacionando o crescimento e o sexo. Verificando então, que entre as crianças mais
jovens a queda do arco longitudinal era mais freqüente e o surgimento do arco foi acentuado
aos 9 anos, em ambos os sexos.
Seguindo estes objetivos, Lin et al. (2001), avaliaram a cinemática da marcha de
crianças, entre 2 e 6 anos de idade, comparando crianças com e sem os pés planos e
concluíram que a presença dos pés planos não somente causa problemas no alinhamento
estático entre o pé e o tornozelo, mas também provoca uma dinâmica funcional anormal dos
membros inferiores.
Sabendo que a análise dos parâmetros relacionados à distribuição de pressão plantar
pode melhorar a compreensão da maturação fisiológica dos membros inferiores, além de
facilitar a diferenciação de condições patológicas comuns nesta população, o padrão de
distribuição de pressão plantar normal durante tarefas locomotoras tem sido investigado por
autores como Hennig, Rosenbaum (1991), Hennig, Staats, Rosenbaum (1994), Kellis (2001),
Borges Machado, Hennig, Riehle (2001) e Bertsch et al. (2004). Assim como estudos como
de Bertani et al. (1999), Oeffinger, Pectol, Tylkowski (2000), Manfio, Mayer, Ávila (2001) e
Chang, Miller, Schuyler (2002) têm avaliado características biomecânicas de pés valgos e
planos patológicos extremos, e alguns compararam a eficiência de técnicas cirúrgicas
corretivas.
Além destas avaliações, biomecânicas sob o âmbito quantitativo, as avaliações sob o
20
âmbito qualitativo devem ser consideradas, tendo em vista, a importância de alguns fatores
clínicos relacionados à condição dos pés planos. Como por exemplo, a presença de dor e a
frouxidão ligamentar (BERTANI et al., 1999; OEFFINGER, PECTOL, TYLKOWSKI, 2000;
LIN et al., 2001), bem como os desvios posturais de membros inferiores, principalmente, de
joelhos e tornozelos (HENNIG, STAATS, ROSENBAUM, 1994).
Considerando os fatos supracitados, levantam-se os seguintes questionamentos: As
características clínicas e biomecânicas, dos pés de crianças, entre a idade de 4 e 5 anos,
diferem em função da presença do pé plano flexível? Um programa terapêutico-profilático
pode interferir positivamente na formação do arco longitudinal medial plantar neutro nesta
idade?
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo Geral
Avaliar o comportamento de características clínicas e biomecânicas, dos pés de
crianças, com os pés planos flexíveis e idade entre 4 e 5 anos, comparando-as com as
características de crianças com pés normais, em relação à presença do arco longitudinal
medial plantar. Além de verificar os efeitos da aplicação de um programa terapêutico-
profilático, que vise à formação do arco longitudinal medial plantar neutro.
1.2.2 Objetivos Específicos:
Descrever e analisar as características clínicas, de crianças com pés planos flexíveis e
crianças com pés normais;
Identificar, qualitativamente, as características posturais dos membros inferiores destas
crianças, e verificar a relação entre a presença dos pés planos e o valgismo de joelhos e de
tornozelos;
Descrever e analisar, qualitativamente, variáveis intrínsecas e extrínsecas, relacionadas
com a formação do arco longitudinal medial plantar das crianças;
Descrever e comparar as características antropométricas, dos pés das crianças com pés
planos flexíveis e crianças com pés normais;
Descrever e comparar as variáveis biomecânicas de distribuição de pressão plantar:
índice do arco plantar, área de contato, picos de pressão plantar e carga relativa, durante as
tarefas dinâmicas, do caminhar e do correr, dos pés das crianças com pés planos flexíveis e
21
crianças com pés normais;
Comparar as características, de classificação clínica qualitativa e as variáveis
biomecânicas, dos pés das crianças, com pés planos flexíveis, antes e após a aplicação do
programa terapêutico profilático.
1.3 JUSTIFICATIVA
Primeiramente, justifica-se a realização deste estudo, pela necessidade de um maior
entendimento, em relação à funcionalidade do pé plano flexível idiopático, do ponto de vista
da quantificação biomecânica. Desta forma, pesquisando crianças com pés planos
fisiológicos, serão disponibilizados resultados e referências para possíveis comparações
futuras, diferenciando os pés planos patológicos dos fisiológicos. Contribuindo, assim, para o
enriquecimento de profissionais da área da saúde, bem como da educação, acerca de um tema
pouco explorado nesse contexto.
Estudos biomecânicos descritivos, sobre a morfologia do arco longitudinal medial
plantar, têm retratado a alta incidência de pés planos na primeira infância (GOULD, 1989;
FORRIOL, PASCUAL, 1990; LIN et al. 2001). Observa-se então, que ainda existe uma
lacuna quanto aos estudos experimentais intervencionistas e terapêuticos para crianças com
pés planos.
Considerando-se a importância da realização de um estudo com caráter experimental
terapêutico-profilático, a presente pesquisa contribuirá para elucidar aspectos relacionados à
função clínica e biomecânica no pé plano funcional, diferenciando-o de um pé patológico e
auxiliando na sua correção de modo conservador. Já que após buscas bibliográficas, verificou-
se a carência existente na literatura em relação ao tratamento conservador para os pés planos.
Logo, sabendo-se que a indicação cirúrgica, para os pés planos sintomáticos, é determinada
somente após aproximadamente os 8 anos de idade (BRUSCHINI, 1993), acredita-se num
projeto diferenciado, aplicado em crianças com idade pré-escolar, idade esta em que o arco
ainda encontra-se em formação.
Desta maneira, a pesquisa presente apresenta grande importância, em razão de ter um
caráter intervencionista, além do caráter descritivo. Propiciando inclusive informações aos
pais e educadores, a respeito da temática.
Sabe-se que até, aproximadamente, aos 6 anos, o pé plano pode ser considerado
fisiologicamente normal, mas verifica-se a necessidade de maiores esclarecimentos, pois de
qualquer maneira, uma criança com pé plano, preocupa os pais e familiares, a ponto de ser a
22
maior causa de consulta em ortopedia pediátrica (HEBERT, XAVIER, 1992).
Desta forma, entre as idades de 4 e 6 anos, torna-se extremamente importante o
acompanhamento e a identificação de um pé plano patológico ou de um pé plano fisiológico,
bem como a intervenção terapêutica em idade precoce. Pois, o tratamento conservador-
terapêutico, por meio de exercícios lúdicos, foi aplicado por alguns autores europeus
(SCHARLL, 1990; KÖHLER, REBER, 1998; LARSEN, MEIER, WICKIHALTER, 2002),
surtindo efeitos positivos. Entretanto, as referências nacionais neste âmbito não são
específicas para crianças, nem tão pouco são lúdicas.
Aponta-se, deste modo, que um programa terapêutico profilático possa vir a sanar a
falta de informação dos pais e educadores, sobre o assunto, e auxiliá-los sobre o que pode ser
feito conservadoramente, para favorecer a formação de um arco neutro dos pés, bem como o
desenvolvimento dos pés de modo mais saudável, preparado-os assim para melhores respostas
às futuras sobrecargas advindas seja intrínseca ou extrinsecamente.
1.4 DEFINIÇÃO CONCEITUAL E OPERACIONAL DE VARIÁVEIS
ANTROPOMÉTRICAS
ESTATURA: medida linear no sentido vertical, entre a região plantar e o vértex do
crânio (NORTON, OLDS, 2005). Operacionalmente foi obtida através de uma fita métrica e
expressa em centímetros (cm).
MASSA CORPÓREA: medida antropométrica que representa a dimensão de um
corpo (NORTON, OLDS, 2005). Operacionalmente foi obtida através de uma balança digital
e expressa em kilogramas (kg).
INDICE DE MASSA CORPORAL: É a relação entre a massa corpórea e o quadrado
da estatura (NORTON, OLDS, 2005). Operacionalmente foi calculado e expressa em
kilogramas por metro quadrado (kg/m
2
).
COMPRIMENTO DO PÉ: é a distância longitudinal entre o ponto mais proeminente
da região da tuberosidade do calcâneo até o mais proeminente na região da tuberosidade da
falange distal do hálux (INFOOT, 2004). Operacionalmente foi obtido por uma medida direta
utilizando uma fita métrica, como também foi obtido indiretamente por meio da distribuição
de pressão plantar e expresso em cm.
LARGURA DO ANTEPÉ: é a distância medida desde a região da primeira e a quinta
articulação metatarso-falangiana (INFOOT, 2004). Operacionalmente foi obtida por uma
medida direta utilizando uma fita métrica, como também foi obtido indiretamente por meio da
23
distribuição de pressão plantar e expressa em cm.
LARGURA DO CALCANHAR: é a distancia medida da região do retropé (INFOOT,
2004). Operacionalmente foi obtido indiretamente por meio da distribuição de pressão plantar
e expressa em cm.
ALTURA MALEOLAR LATERAL: é a altura do ponto mais lateral do maléolo
lateral da fíbula (INFOOT, 2004). Operacionalmente foi obtida por uma medida direta
utilizando um goniômetro na posição vertical e expressa em cm.
ALTURA MALEOLAR MEDIAL: é a altura do ponto mais medial do maléolo medial
da tíbia (INFOOT, 2004). Operacionalmente foi obtida por uma medida direta utilizando um
goniômetro na posição vertical e expressa em cm.
ALTURA DO NAVICULAR: é a altura do ponto mais proeminente medialmente do
osso navicular (INFOOT, 2004). Operacionalmente foi obtida por uma medida direta
utilizando um goniômetro na posição vertical e expressa em cm.
PERÍMETRO DO ANTEPÉ: é o perímetro da seção vertical do pé na linha da
articulação metatarso falangeana (INFOOT, 2004). Operacionalmente foi obtido por uma
medida direta utilizando uma fita métrica e expresso em cm.
DISTRIBUIÇÃO DE PRESSÃO PLANTAR
ÍNDICE DO ARCO PLANTAR: é definido como a razão entre as áreas de contato das
diferentes partes da impressão plantar, com exceção dos dedos. É um índice largamente
utilizado para mensurar a altura do arco longitudinal medial plantar, calculado através da
divisão da área do médiopé pela área total (mediopé, retropé e antepé sem dedos)
(CAVANAGH, RODGERS, 1987). Operacionalmente foi obtido por meio do Sistema Emed
(Novel, Gmbh).
ÁREA DE CONTATO: representa a área calculada no período em que o sensor foi
ativado, ou seja, pressionado (NOVEL, 2001). Operacionalmente foi obtida por meio do
Sistema Emed (Novel, Gmbh) e expressa em cm
2
.
PICO DE PRESSÃO PLANTAR: é o valor máximo de pressão que ocorre em
determinada região plantar. A análise dos picos de pressão revela informações sobre as mais
altas pressões que atingem a superfície plantar durante a sustentação de peso, tanto em
situação estática quanto dinâmica, bem como a exata região do pé em que elas ocorrem
(HENNIG, ROSENBAUM, 1991; HENNIG, STAATS, ROSENBAUM, 1994; BORGES
MACHADO, HENNIG, RIEHLE, 2001; BERTSCH et al, 2004). Operacionalmente foi
obtido por meio do Sistema Emed (Novel, Gmbh) e expresso em kiloPascal (kPa).
24
CARGA RELATIVA: é calculada a partir da relação dos impulsos locais de uma
determinada região anatômica e o somatório do impulso de todas as regiões. Portanto, a carga
relativa é obtida através da integral de força-tempo (N.s) - o impulso, ou seja, a quantidade de
força, aplicada perpendicularmente a uma área durante um intervalo de tempo (HENNIG,
STAATS, ROSENBAUM, 1994). Operacionalmente foi obtido o impulso por meio do
Sistema Emed (Novel, Gmbh) e calculada a carga relativa, por meio do Excel, sendo expressa
em termos percentuais (%).
1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO
O presente estudo delimitou-se em avaliar o comportamento de características clínicas
e biomecânicas, quanto à antropometria e a distribuição de pressão plantar, dos pés de
crianças entre 4 e 5 anos, de ambos os gêneros. Tendo como critério de exclusão o pé plano
rígido, ou seja, não flexível. Clinicamente classificaram-se os pés, quanto ao arco longitudinal
plantar, como normais, médios, moderados e severos, além de avaliar sua flexibilidade bem
como, a amplitude de movimentos de dorsiflexão e plantiflexão dos tornozelos. As variáveis
de distribuição de pressão plantar analisadas foram: índice do arco plantar, área de contato,
picos de pressão plantar e carga relativa, e as variáveis antropométricas foram: comprimento
do pé, largura do antepé, largura do calcanhar, perímetro do antepé, altura do navicular, altura
maleolar lateral e medial.
As avaliações e as intervenções foram realizadas nas dependências do Ginásio de
Esporte do Instituto Estadual de Educação (IEE), em Florianópolis- SC, no período de março
a setembro de 2006, e aplicadas pela própria pesquisadora.
1.6 DEFINIÇÃO DOS TERMOS
PÉ PLANO: É a diminuição ou desaparecimento do arco longitudinal medial plantar,
sendo considerado uma condição fisiológica em crianças, e não uma deformidade ou doença
(HEBERT, XAVIER, 1992).
PÉ PLANO FLEXÍVEL: O pé plano é considerado flexível quando: desaparece na
posição sentada com pés pendentes sem apoio; desaparece no teste de elevação dorsal do
hálux; e quando o tendão de Aquiles é flexível o suficiente para permitir 10º a 15º de
dorsiflexão além da posição neutra (BERTANI et al.,1999).
PÉ NORMAL: nesta pesquisa é citado como o pé que já apresenta o arco longitudinal
medial plantar formado, ou seja, sem queda do arco plantar.
25
POSIÇÃO EM GARRA: usada nos exercícios do programa, onde os dedos ficam
flexionados e os tornozelos permanecem em posição neutra (SCHARLL, 1990; KÖHLER,
REBER, 1998).
PRÉ-ESCOLARES: Crianças com idades compreendidas entre 03 e 06 anos
(BRASIL, Lei nº. 7.676, de 6 de fevereiro de 2006).
PROGRAMA TERAPÊUTICO-PROFILÁTICO: integrou a intervenção terapêutica,
constituindo-se de uma série de exercícios lúdicos envolvendo os pés das crianças, e a
abordagem profilática, considerando a avaliação precoce, além do contato com os educadores
escolares e pais apresentando parte da pesquisa, sua importância e orientação de atividades
profiláticas, com objetivo de estimular a formação do arco longitudinal plantar neutro.
2 REVISÃO DE LITERATURA
Com o objetivo de embasar, teoricamente, esta pesquisa e as variáveis que compõe o
problema, o capítulo 2 foi subdividido em tópicos para fins didáticos e melhor compreensão
do leitor. A primeira seção aborda algumas características gerais anatômicas e biomecânicas
do pé humano e do arco longitudinal, seguido de algumas peculiaridades do desenvolvimento
e crescimento do pé infantil, bem como as características morfológicas e estruturais destes.
Descreveu-se, também, sobre as características das habilidades locomotoras que serão
avaliadas e a função dos pés nestas, bem como sobre o alinhamento postural infantil e a
condição dos pés planos. Por fim, abordou-se a avaliação biomecânica relacionada ao
desenvolvimento do arco plantar e a distribuição de pressão plantar.
2.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS ANATÔMICAS E BIOMECÂNICAS DO PÉ
HUMANO E DO ARCO LONGITUDINAL MEDIAL PLANTAR
Nesta seção, inicialmente, será feita uma descrição das principais estruturas
anatômicas, e de algumas características biomecânicas do pé humano, de um modo geral,
abordando, mais profundamente, algumas características do arco longitudinal medial plantar.
O conhecimento das estruturas anatômicas do pé, e das articulações que o compõe, é
essencial, para a realização de uma adequada avaliação clínica da morfologia do arco
longitudinal medial plantar, além de possibilitar uma melhor compreensão do movimento, e
principalmente, servir como base para a fundamentação teórica do programa terapêutico como
o que se propõe neste estudo.
Primeiramente, é de fundamental importância ressaltar que o pé humano compreende
uma das mais complexas articulações do corpo humano, sendo composto, conforme Rasch
(1991), por 33 articulações e 26 ossos, agrupados: os sete ossos do tarso (talus, calcâneo,
navicular, cubóide e cuneiformes medial, intermédio e lateral), cinco ossos do metatarso
(numerados do medial para o lateral) e 14 falanges (três para cada um dos dedos, exceto o
hálux, que tem apenas duas).
27
Outros autores como Donatelli (1996), para melhor compreensão anatômica, preferem
dividir o pé em três segmentos: o retropé, formado pelo talus e calcâneo, o mediopé, formado
pelo navicular, cubóide e os cuneiformes, e o antepé, formado pelos metatarsos e falanges.
Descrevendo na seqüência as inúmeras articulações que compõe o pé humano,
Palastanga, Field, Soames (2000), dividem as mesmas em quatro grupos: intertársicas,
tarsometatársicas e intermetatársicas, metatarsofalângicas e interfalângicas. As articulações
intertársicas compreendem a articulação subtalar, a talocalcaneonavicular, a
calcaneocubóidea, as intercuneiformes e a cuneocubóidea.
A grande articulação do tornozelo, a tibiotalar, também deve ser analisada quando se
avalia o alinhamento do pé. Estruturas como os maléolos lateral e medial servem como
referência e controle antropométrico do pé. Além disto, o ligamento deltóide, conforme cita
Cailliet (1989), sustenta a porção medial do tornozelo, sendo, portanto, um responsável
componente da constituição do arco longitudinal medial.
Convém ressaltar que alguns autores como Kapandji (2000) e Palastanga, Field,
Soames (2000), descrevem a presença de três arcos plantares. O arco anterior, o mais curto e
baixo, se localiza entre os pontos de apoio anteriores, correspondente à cabeça do primeiro
osso metatarso e à cabeça do quinto osso metatarso. O arco longitudinal lateral, de longitude e
altura intermediárias, se localiza entre os pontos de apoio externos, correspondente à cabeça
do quinto osso metatarso e às tuberosidades posteriores do calcâneo. E o arco longitudinal
medial, o mais longo e alto, se localiza entre os pontos de apoio internos, correspondente às
tuberosidades posteriores do calcâneo e à cabeça do primeiro osso metatarso.
Entretanto, Hennig, Rosenbaum (1991) apresentam resultados que claramente
contradizem o conceito de existência deste arco transversal funcional. Pois eles encontraram
elevados valores de carga relativa sob a região da cabeça do terceiro metatarso, tanto para os
adultos (22,1 %) quanto para as crianças (16,3 %). Contrapondo valores mais baixos na região
das cabeças do 1º metatarso e 5º metatarso, o equivalente à 17,8 % e 12 % para os adultos e
15,9 % e 13,5 % para as crianças. Se esse arco existisse encontrar-se-ia o decréscimo das
cargas relativas na região medial dos metatarsos (cabeça do terceiro metatarso).
Os músculos, assim como os ossos e as articulações, também são importantes
componentes da arquitetura e do alinhamento do pé, além de serem fundamentais para
realização do movimento. Autores como Cailliet (1989) e Hall (2000), classificam os
músculos do pé como extrínsecos e intrínsecos. Sendo extrínsecos aqueles que cruzam o
tornozelo, e intrínsecos aqueles que ambas as inserções estão dentro do pé.
28
Autores como Smith, Weiss, Lehmkuhl (1997), dividem os músculos que atuam sobre
o tornozelo e os dedos, segundo sua localização: posterior, lateral e anterior. O grupo
muscular posterior é composto pelos músculos gastrocnêmios, sóleo, tibial posterior, flexor
longo dos dedos e flexor longo do hálux. O grupo lateral possui dois músculos, o fibular
longo e o fibular curto. O grupo muscular anterior é constituído pelo tibial anterior, extensor
longo do hálux, extensor longo dos dedos e fibular terceiro. Estes músculos citados
correspondem aos músculos extrínsecos.
Quanto aos músculos intrínsecos, estes são divididos em quatro camadas, camada I,
abdutor do hálux, flexor curto dos dedos e abdutor do dedo mínimo; camada II, quadrado
plantar e lumbricais; camada III, flexor curto do hálux, adutor do hálux e flexor do dedo
mínimo e camada IV interósseos dorsais e plantares (SMITH, WEISS, LEHMKUHL, 1997).
A descrição dos músculos atuantes na articulação do pé e tornozelo possibilita a
associação dos músculos responsáveis pelos movimentos do pé. Conforme Hall (2000), os
movimentos do pé compreendem a flexão e extensão dos dedos, a dorsiflexão, plantiflexão,
inversão, eversão, pronação e supinação. Já Donatelli (1996), considera que o pé e o tornozelo
realizam movimentos triplanares, nos três planos do corpo, simultaneamente. A supinação é a
combinação da inversão (plano frontal), flexão plantar (plano sagital) e adução do pé (plano
transverso). Opostamente a pronação é a combinação da eversão, flexão dorsal e abdução do
pé.
O movimento de dorsiflexão é realizado, principalmente, pelos músculos fibular
anterior e tibial anterior e secundariamente, pelo extensor longo dos dedos. Enquanto que a
plantiflexão é realizada, primariamente, pelos músculos sóleo, gastrocnêmio e plantar e,
secundariamente, pelo tibial posterior, fibular longo e curto (KENDALL, MCCREARY,
PROVANCE, 1995). Smith, Weiss, Lehmkuhl (1997), trazem uma média de 13º para
dorsiflexão, e 56º para plantiflexão, obtidos através de um estudo com pacientes sadios com
idade entre 18 meses e 54 anos.
Os flexores dos dedos incluem o flexor longo dos dedos, o flexor curto dos dedos, o
quadrado plantar, os lumbricais e os interósseos. Os flexores longo e curto do hálux produzem
flexão do hálux. Inversamente, o extensor longo do hálux, o extensor longo dos dedos e o
extensor curto dos dedos, são responsáveis pela extensão dos dedos. O tibial posterior e o
tibial anterior são os principais músculos envolvidos na inversão, enquanto, o fibular longo e
o fibular curto são os principais músculos envolvidos na eversão (HALL, 2000).
Kendall, Mccreary, Provance (1995) trazem uma abordagem das provas e funções dos
músculos do pé, e relacionam a fraqueza ou contratura de alguns músculos com o alinhamento
29
postural do pé e a manutenção do arco longitudinal medial. Conforme este autor, a fraqueza
do abdutor do hálux possibilita o deslocamento medial do navicular, assim como a fraqueza
do flexor curto do hálux ou do flexor curto dos dedos reduz a estabilidade do arco
longitudinal. Ainda, citam que o colapso do arco longitudinal acompanha a fraqueza dos
extensores longo e curto dos dedos. Associam também a queda parcial do pé e a tendência à
pronação com a fraqueza de tibial anterior e tibial posterior. Já a contratura dos fibulares
longo e curto, pode resultar em posição valga do pé.
Nordin, Frankel (2003) também citam o músculo tibial posterior como sendo um
suporte dinâmico do arco longitudinal medial
Entretanto, a integridade muscular não é a única responsável pela manutenção dos
arcos plantares, além das forças produzidas pelas contrações musculares e da estrutura forte
dos ligamentos plantares, conforme Gould et al. (1989), a arquitetura dos ossos tarsais e a
orientação das articulações e ligamentos são determinantes.
As principais estruturas responsáveis pela manutenção dos arcos plantares já foram
descritos, a estrutura óssea, ligamentar e muscular, entretanto, a definição de quais delas é a
mais importante para a manutenção e funcionalidade dos arcos plantares varia conforme os
diversos autores.
Segundo Rasch (1991), os arcos estruturais, juntamente com um sistema
extremamente complexo de ligamentos e num menor grau de músculos, fornecem sustentação
interna ao pé. Além desta função os arcos ainda contribuem para a força, estabilidade,
mobilidade e elasticidade do pé.
Smith, Weiss, Lehmkuhl (1997), apontam que a capacidade do pé de altera-se de uma
estrutura flexível para rígida, dentro de um único passo, é dependente igualmente da estrutura
óssea dos três arcos do pé, do suporte estático ligamento-fascial, e da contração muscular
dinâmica.
Conforme Kapandji (2000), um aplainamento da curvatura plantar, o pé chato, pode
dever-se tanto a uma insuficiência das formações ligamentares ou musculares plantares,
quanto a um tônus exagerado dos músculos anteriores ou posteriores.
Entretanto, para Palastanga, Field, Soames (2000), no arco longitudinal medial os
ligamentos são importantes, mas por si próprios não são capazes de manter o arco. A
aponeurose plantar é o ligamento mais importante esticado entre os pilares de sustentação do
arco. O ligamento calcâneo navicular e os ligamentos interósseos também auxiliam na
manutenção do arco medial, assim como os músculos. Se os músculos ficarem enfraquecidos,
os ligamentos tornam-se progressivamente estirados e resulta em pé chato. O flexor longo do
30
hálux é o suporte muscular mais eficiente, mas o abdutor do hálux e o flexor longo dos dedos
também ajudam a manter esse arco.
Apontando ainda aspectos funcionais do arco longitudinal medial, Hamill, Knutzen
(1999), colocam que este é o mais dinâmico dos três, por ser muito mais flexível e móvel,
além, de ter um papel significativo na absorção de choque, após o contato com o solo. Embora
seja muito ajustável, ele geralmente não faz contato com o solo, a menos que seja um pé plano
funcional.
A arquitetura do pé é um fator que influência o padrão de sobrecarga. De acordo com
Hall (2000), uma condição de pé plano tende a reduzir a carga sobre o antepé, e um pé cavo
tende a aumentar de maneira significativa a carga imposta ao antepé. Para Tokars et al.
(2003), durante o apoio estático ou dinâmico, o pé cavo não faz qualquer contato com o
mediopé, não apresenta inversão ou eversão durante o apoio e não é suficiente na absorção de
choque. No entanto, o pé plano, hipermóvel, faz contato da maior parte de sua superfície
plantar, mas enfraquece a face medial e faz pronação excessiva durante a marcha.
Hennig, Rosenbaum (1991) colocam que a presença do arco longitudinal medial em
adultos provoca uma carga relativa baixa na região de mediopé, em torno de 2,4 %, enquanto
que em crianças onde o arco ainda não está formado, essa carga é elevada representando 6,7
% e sendo estatisticamente significante essa diferença.
Finalizando alguns aspectos anatômicos e funcionais do pé humano, de modo geral, a
seguir serão abordados alguns aspectos específicos da população em estudo.
2.2 DESENVOLVIMENTO E O CRESCIMENTO DO PÉ INFANTIL
Neste subtópico serão abordadas algumas características peculiares do
desenvolvimento, da biomecânica do pé infantil, assim como do seu crescimento físico.
O desenvolvimento do pé infantil inicia-se durante o período gestacional. Quando
conforme Turek (1991), o embrião, nas primeiras semanas de vida uterina, passa através dos
estágios de blástula e gástrula e começa gradativamente a tomar forma, desenvolvendo a
cabeça, tronco e as saliências externas designadas como brotos de membros.
A formação do sistema músculo-esquelético ocorre durante o período embrionário, da
2ª a 8ª semana após a concepção. Sendo que, o broto dos membros surge de células
mesenquimais e aparece durante a quarta semana. Os membros inferiores desenvolvendo-se
dois dias depois dos superiores (STANGER, 2002). O broto do membro inferior aparece
31
quando o embrião tem de 3 a 6 mm de comprimento coronoglúteo, monstrando-se sob a
forma de um broto diminuto que se alonga e desenvolve-se em direção proximal para distal
(TACHDJIAN, 1995).
Portanto, de acordo com Tachdjian (1995) e Stanger (2002), o pé é visualizado pela
primeira vez com quatro semanas e meia, após a concepção. Logo depois, três ou quatro
prolongamentos digitais podem ser observados.
Ainda segundo Stanger (2002), quatro ou cinco dias após a formação do broto, as
células mesenquimais começam a diferenciar-se em cartilagem. Ocorre, então, rapidamente a
formação do esqueleto cartilaginoso e é completada no primeiro mês fetal.
Neste processo os ossos do pé condrificam-se em seqüência definitiva, conforme
Tachdjian (1995), iniciando do segundo ao quarto metatarso, seguidos pelo cubóide e quinto
metatarso, sendo o osso navicular o último osso do tarso a se condrificar. Nos dedos a
condrificação prossegue em direção proximal para caudal, com a falange distal do quinto
artelho sendo a última a condrificar.
A invasão vascular do tarso, prenunciando a aproximação da ossificação, começa
primeiro no talo. A invasão vascular a seguir prossegue no calcâneo, navicular, cubóide,
cuneiformes metatarsianos e falanges (TACHDJIAN, 1995).
Desta forma, o molde de cartilagem começa a ser substituído por osso com o
aparecimento de centros de ossificação primária na diáfise dos ossos longos. E os centros de
ossificação secundária aparecem perto do final do desenvolvimento fetal e permanecem até a
puberdade, quando o crescimento esquelético está completo (STANGER, 2002).
Este processo de substituição da cartilagem pelo tecido ósseo, chamado ossificação,
inicia-se entre o quinto e sexto mês de gestação. O primeiro osso do tarso a iniciar a
ossificação é o calcâneo, por volta do sexto mês gestacional. O talus é o segundo, por volta do
oitavo mês gestacional (TACHDJIAN, 1995; DONATELLI, 1996).
Ainda segundo os mesmos autores, os centros de ossificação primária do 1º metatarso
surge com 12 semanas gestacional, do 2º e 3º metatarsos com 9 semanas e o 4º e 5º com 10
semanas gestacional e entre a 8ª e 10ª semana de vida. O processo de ossificação do cubóide
tem início do nascimento até cerca de 21 dias de vida. As falanges intermédias iniciam com
15 semanas gestacional, as proximais entre 1 e 2 anos e as distais entre 2 e 5 anos de idade. O
período médio de ossificação do cuneiforme lateral é entre quatro e vinte meses, do
cuneiforme medial é aos dois anos, e do cuneiforme intermédio aos três anos. E o navicular é
o osso do tarso que começa a se ossificar mais tarde, entre os 2 e 5 anos de idade.
32
Estudos como de Gould et al. (1989) encontraram que em 84,6% das 52 crianças com
idade de 5 anos o navicular estava ossificado, mas somente em 7,7% tinham ossificação
completa do sustentáculo do talus. Os autores concluíram que a ossificação do sustentáculo do
talus inicia-se aos 5 anos, porém, não se completa provavelmente com pelo menos 1 ou 2
anos. A criança mais nova examinada com ossificação do sustentáculo tinha 60 meses (5
anos) e a mais velha tinha 72 meses (6 anos) a menina e 74 meses (6 anos e 2 meses) o
menino.
Ao nascimento, a estrutura óssea da criança ainda está em formação (TECKLIN,
2002). As radiografias dos pés de recém-nascidos mostram que, somente, a diáfise das
falanges, dos metatarsos, e os núcleos do calcâneo e do talus são visíveis (CAILLIET, 2005).
Durante os primeiros anos de vida, ocorre uma rápida substituição da cartilagem pelo
tecido ósseo, especialmente quando o pé passa a suportar carga mecânica no momento em que
a criança começa a andar (HENNIG, STAATS, ROSENBAUM, 1994). Apenas o calcâneo e o
talus e ocasionalmente o cubóide estão ossificados ao nascimento, os ossos restantes são ainda
cartilagem (DONATELLI, 1996).
O padrão de crescimento longitudinal do pé foi estudado por Blais, Green e Anderson
em 1956, através de medidas consecutivas do comprimento dos pés de 512 crianças com
idades entre 1 e 18 anos. Os principais resultados e conclusões deste estudo são citados por
Tachdjian (1995). E de acordo com os autores, os pés dos meninos e das meninas crescem a
uma velocidade nitidamente decrescente, desde a lactância até a idade de cinco anos. A
seguir, dos cinco aos doze anos de idade nas meninas e dos cinco aos quatorze anos nos
meninos, o aumento médio no comprimento do pé é de 0,9 cm por ano. Essa velocidade de
crescimento diminui acentuadamente, após os doze anos nas meninas e após os quatorze anos
nos meninos. Enquanto, que Donatelli (1996) coloca que na idade de cinco a dez anos nas
meninas e cinco a doze anos nos meninos o pé cresce 0,9 cm por ano.
Em relação ao tamanho e as proporções do pé infantil, sabe-se que o comprimento do
pé depende do comprimento corporal e do peso. Conforme citado por Baumgartner, Stinus
(2001), o comprimento do pé de um recém nascido varia entre 65 e 95 mm, de acordo com o
tamanho corporal.
Sendo que na idade de um ano em meninas e de um ano e meio em meninos, o pé já
alcançou a metade do seu comprimento maduro (TACHDJIAN, 1995). E aos 10 e 12 anos
para meninas e meninos, respectivamente, o pé tem 90% do tamanho do pé adulto
(DONATELLI, 1996), atingindo enfim seu comprimento maduro na idade média de quatorze
anos nas meninas e dezesseis anos nos meninos (TACHDJIAN, 1995).
33
Pode-se perceber que o pé é um órgão com uma velocidade de crescimento
relativamente rápida e que durante o crescimento físico mantém um tamanho muito próximo
do seu tamanho quando adulto. Conforme coloca Tachdjian (1995), durante todo período de
crescimento, o tamanho do pé está relativamente mais próximo do seu tamanho adulto do que
estão à altura total ou o comprimento do fêmur e da tíbia do mesmo indivíduo.
Gould et al. (1990), realizaram um estudo sobre o crescimento do pé infantil
monitorando 107 crianças entre 1 e 5 anos de idade. E encontraram diferenças significativas
em relação ao gênero, sendo que os pés dos meninos são mais compridos e mais largos em
comparação com os das meninas da mesma idade. Concluíram também que as crianças
menores de 15 meses necessitam de mudanças no número do calce em menos de 2 meses (a
cada 5 ou 6 semanas). Entre 15 meses e 2 anos esta mudança deve ser feita a cada 2 ou 3
meses, podendo variar muito a velocidade de crescimento nesta idade. Entre 2 e 3 anos de
idade a cada 3 ou 4 meses, e entre 3 e 5 anos a cada 4 meses. Verificando nesta fase uma
baixa velocidade de crescimento do tamanho do pé.
Mais recentemente, Sá et al. (2001) apresentaram um estudo descritivo
antropométrico, dos pés de 302 crianças entre 3 e 10 anos de idade, e não encontram
diferenças significativas entre os gêneros. Estes autores avaliaram o crescimento relativo do
pé em comprimento (comprimento do pé em relação à estatura), com o objetivo de identificar
a dependência deste com o crescimento total do corpo. E concluíram que aparentemente, o
desenvolvimento do pé antecede ao do corpo todo, sendo o crescimento, em comprimento,
mais acelerado no início da infância e posteriormente na fase pré-púbere.
Esse tamanho relativamente grande do pé durante a infância é importante, segundo
Nordin, Frankel (2003), para prover uma base larga, na qual pode compensar às vezes a falta
de força muscular e de coordenação da criança.
É importante concluir, ao final deste subtópico, que as crianças irão apresentar um
padrão de distribuição plantar sob os pés diferenciado dos adultos, assim como, a magnitude
destes picos, não somente em razão da grande dimensão dos seus pés, em relação à massa
corpórea, mas principalmente, por essa condição de estruturas músculo-esqueléticas e
teciduais diferenciadas e em formação, que serão descritas a seguir.
34
2.3 CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS E ESTRUTURAIS DOS PÉS INFANTIS
Os pés infantis apresentam grandes diferenças morfológicas em comparação com os
pés de adultos, principalmente na primeira infância, quando ocorre a maturação do padrão da
marcha (HENNIG, STAATS, ROSENBAUM, 1994). Essas diferenças ocorrem
principalmente, porque ao contrário do pé adulto, o pé infantil ainda se encontra em
desenvolvimento, além de ser composto por tecido músculo-esquelético diferenciado
(BORGES MACHADO, HENNIG, RIEHLE, 2001).
Ao nascimento, a estrutura óssea da criança ainda está em formação (STANGER,
2002). E durante os primeiros anos de vida, ocorre uma rápida substituição da cartilagem pelo
tecido ósseo, especialmente quando o pé passa a suportar carga mecânica, no momento em
que a criança começa a andar (HENNIG, STAATS, ROSENBAUM, 1994).
Durante a primeira infância, o pé parece ser excessivamente plano. Mas a presença de
um pé plano é extremamente freqüente e considerada como uma condição fisiológica normal
(GOULD et al.,1989; FORRIOL, PASCUAL, 1990). Nesta fase o arco longitudinal medial
ainda encontra-se em formação e alguns fatores são determinantes para esta condição.
O sistema músculo-esquelético dos pés nesta idade encontra-se imaturo. O osso
navicular e o cuneiforme, que formam o ápice do arco ainda estão em processo de ossificação
(DONATELLI, 1996), e os músculos e ligamentos do pé, que também auxiliam na
sustentação e manutenção do arco longitudinal, estão em desenvolvimento (CAILLIET,
2005).
O arco longitudinal existente ainda está mascarado, por um coxim adiposo
pronunciado, e localizado principalmente na planta dos pés, em médio pé, durante a primeira
infância (CAILLIET, 1989; DONATELLI, 1996). Este coxim aumenta a superfície plantar,
protege a sensível estrutura cartilaginosa dos ossos do tarso, e vai sendo absorvido durante os
primeiros 4 e 5 anos de vida (BERTSCH et al.,2004).
Além dos músculos e ligamentos estarem em desenvolvimento, existe a presença de
um genu valgum fisiológico da articulação do tornozelo, que somente será corrigido entre os 5
e 6 anos, conforme Forriol, Pascual (1990).
Aproximadamente aos 6 anos de idade, quando os fatores supra citados já não são tão
influentes, a constituição tecidual do pé infantil torna-se mais similar a do adulto (HENNIG,
ROSENBAUM, 1991) e o arco longitudinal medial completa o seu desenvolvimento
(HENNIG, STAATS, ROSENBAUM, 1994).
35
Tendo-se conhecimento de que a criança apresenta estas peculiaridades em relação aos
pés, a seguir serão descritos a funcionalidades destes, relacionando o desenvolvimento, bem
como as características dos movimentos locomotores estudados posteriormente.
2.4 CARACTERÍSTICAS DAS HABILIDADES LOCOMOTORAS E A FUNÇÃO DOS
PÉS NO DESEMPENHO DESTAS
Sabendo-se que a pesquisa presente envolverá a população infantil, bem como terá
uma etapa experimental, onde o crescimento físico e o desenvolvimento motor poderão
interferir nas variáveis em estudo, optou-se por descrever sobre algumas características do
desenvolvimento motor e das habilidades locomotoras que serão avaliadas, caminhada e
corrida, para distribuição de pressão plantar. Iniciando com a definição de alguns termos,
como o desenvolvimento motor, o crescimento físico e maturação.
Segundo Haywood, Getchell (2004), o desenvolvimento motor é um processo
contínuo, seqüencial e relacionado à idade, pelo qual o comportamento motor se modifica ao
longo da vida. É considerado contínuo de mudanças na capacidade funcional, pois os
organismos estão sempre em desenvolvimento, mas a quantidade de mudanças pode ser mais
ou menos observável nos diversos períodos da vida. Está relacionado à idade, pois à medida
que o desenvolvimento acontece, a idade avança. Portanto, ele pode ser mais rápido ou mais
lento em diferentes períodos. E por último, é uma mudança seqüencial, pois um passo leva ao
passo seguinte de maneira irreversível e ordenada. Essa mudança é o resultado de interações
dentro do indivíduo e de interações entre o indivíduo e o ambiente.
Logo, normalmente, associa-se o desenvolvimento ao crescimento. Conforme os
mesmos autores, o crescimento físico é um aumento quantitativo da magnitude do tamanho ou
da massa corporal. Os organismos vivos têm um período de crescimento do tamanho físico.
Para os seres humanos, esse período começa com a concepção e termina no final da
adolescência ou no início da segunda década de vida. Mudanças no tamanho dos tecidos após
o crescimento também podem acontecer, no entanto, são designadas com outros termos, não
se deve confundir com crescimento físico. Pois, a fase de crescimento e desenvolvimento
inclui mudanças no tamanho e na capacidade funcional. Pode-se associar o crescimento a
mudanças quantitativas e o desenvolvimento a mudanças mais qualitativas.
O termo maturação, também, é comumente associado ao termo crescimento, mas isso
não é o mesmo que desenvolvimento. Pois, maturação denota o progresso em direção à
maturidade física, o estado ótimo de integração funcional dos sistemas corporais de um
36
indivíduo e a capacidade de reprodução. Já o desenvolvimento continua mesmo depois que se
atinge a maturidade física (HAYWOOD, GETCHELL, 2004).
Para Gallahue, Ozmun (2003), o desenvolvimento pode ser estudado tanto como um
processo quanto como um produto. Como processo, o desenvolvimento motor envolve as
necessidades biológicas subjacentes, ambientais e ocupacionais, que influenciam o
desempenho motor e as habilidades motoras dos indivíduos desde o período neonatal até a
velhice. Como produto, o desenvolvimento motor pode ser considerado como descritivo ou
normativo, sendo analisado por fases (período neonatal, infância, adolescência e idade adulta).
Estes autores, ainda, colocam que o desenvolvimento motor é a mudança progressiva
na capacidade motora de um individuo desencadeada pela interação deste individuo com seu
ambiente e com a tarefa em que ele esteja engajado. Em outras palavras, as características
hereditárias de uma pessoa, combinadas com condições ambientais específicas (como por
exemplo, oportunidades para prática, encorajamento e instrução) e os próprios requerimentos
da tarefa que o individuo desempenha, determinam a quantidade e a extensão da aquisição de
destrezas motoras e a melhoria da aptidão dessa pessoa.
Segundo Gallahue, Ozmun (2003) um padrão motor caracteriza-se por uma série
organizada de movimentos relacionados usados para desempenhar uma tarefa especifica. Os
movimentos fundamentais podem ser classificados por estágio de desenvolvimento inicial,
elementar e maduro. O estágio inicial elementar representa as primeiras tentativas da criança
orientadas para o objetivo de desempenhar uma habilidade fundamental. O movimento, em si,
é caracterizado por elementos que faltam ou que são – de forma imprópria – marcadamente
seqüenciados e restritos, pelo uso exagerado do corpo e por fluxo rítmico e coordenação
deficiente. O estágio elementar envolve maior controle e melhor coordenação rítmica dos
movimentos fundamentais. Aprimora-se a sincronização dos elementos temporais e espaciais
do movimento, porém, os padrões de movimento nesse estágio são ainda geralmente restritos
ou exagerados, embora mais bem coordenados. O estágio maduro nos movimentos
fundamentais é caracterizado por desempenhos mecanicamente eficientes, coordenados e
controlados. A maioria dos dados disponíveis sobre a aquisição de habilidades motoras
fundamentais sugere que as crianças podem e devem atingir o estágio maduro aos cinco ou
seis anos de idade. Embora algumas crianças possam atingir esse estágio basicamente pela
maturação e com um mínimo de influências ambientais, a grande maioria precisa de
oportunidades para a prática, o encorajamento e a instrução e um ambiente que promova o
aprendizado.
37
Não se pode confiar apenas na maturação para que a criança atinja o estágio
amadurecido de suas habilidades motoras fundamentais. Condições ambientais incluindo
oportunidades para a prática, o encorajamento e a instrução são cruciais para o
desenvolvimento de padrões amadurecidos de movimentos fundamentais. As crianças não
progridem de forma igual no desenvolvimento de suas habilidades fundamentais. As
brincadeiras e as experiências instrutivas influenciam grandemente. A seqüência de
progressão ao longo dos estágios iniciais, elementar e amadurecido é mesma para a maioria
das crianças. O ritmo, entretanto, variará, dependendo tanto dos fatores ambientais quanto dos
fatores hereditários. As diferenças de padrão são observadas em todas as crianças. Uma
criança pode estar no estágio inicial, em algumas tarefas motoras; em outras, no estágio
elementar e nas demais, no estágio amadurecido. Pode ainda a criança apresentar uma
combinação de elementos em diferentes estágios. Por isso, no arremesso, a ação do braço
pode estar no estágio elementar, a ação das pernas, no estágio de amadurecido, e a ação do
tronco, no estágio inicial (GALLAHUE, OZMUN, 2003).
Sendo assim, um padrão de movimento fundamental refere-se ao desempenho
observável de movimentos básicos locomotores, manipulativos e estabilizadores. Os padrões
de movimentos fundamentais envolvem a combinação de dois ou mais seguimentos corporais.
Correr, pular, derrubar, arremessar, girar, e virar são exemplos de padrões de movimentos
fundamentais.
Conforme Gallahue, Ozmun (2003), a estabilidade é o aspecto mais fundamental do
aprendizado de movimentar-se. Pela estabilidade, as crianças obtêm e mantêm um ponto de
origem para as explorações que fazem no espaço. Ela envolve a disposição de manter em
equilíbrio a relação entre o individuo e a força da gravidade.
Experiências motoras projetadas para melhorar as habilidades estabilizadoras das
crianças possibilitam-lhes desenvolver flexibilidades nos ajustes da postura, quando se
movimentam de maneira variada e, frequentemente, incomum, em relação aos centros e linhas
de gravidade e em relação as suas próprias bases de apoio. A habilidade de sentir determinada
mudança na relação existente entre regiões do corpo, que altera o equilíbrio do individuo é
necessária para a estabilidade eficiente (HAYWOOD, GETCHELL, 2004).
A categoria motora estabilidade engloba esses termos, mas implica, mais
minuciosamente, a manutenção da postura corporal em movimentos que favoreçam o
equilíbrio. Todo movimento envolve um elemento de estabilidade, quando analisado da
perspectiva do equilíbrio. Sendo assim, todas as atividades locomotoras e manipulativas são,
em parte, movimentos estabilizadores (GALLAHUE, OZMUN, 2003).
38
A categoria de movimentos locomotores refere-se aos movimentos que indicam um
deslocamento no espaço em relação a um ponto fixo. Envolve a projeção do corpo em um
espaço externo pela mudança de posição do corpo em relação a um ponto fixo da superfície.
Assim, caminhar, correr, saltar, pular ou saltitar são exemplos de tarefas locomotoras
(GALLAHUE e OZMUN, 2003).
Em virtude, da pesquisa presente ter como objetivo avaliar a distribuição de pressão
plantar durante os movimentos locomotores do caminhar e do correr, os mesmos serão
descritos a seguir.
2.4.1 Caminhar
O caminhar ou o marchar é definido como a maneira ou o estilo de andar (SMITH,
WEISS, LEHMKUHL, 1997). Sob o ponto de vista biomecânico, exige estabilidade para
proporcionar apoio antigravitacional para o peso corporal, mobilidade para permitir o
movimento suave e controle motor para dar seqüência aos múltiplos segmentos, enquanto,
ocorre a transferência de peso de um membro para outro (ROSE, GAMBLE, 1998). Para
Gallahue, Ozmun (2003), sob o ponto de vista desenvolvimental, tem sido definida como o
processo de perder e de recuperar o equilíbrio continuamente, enquanto nos movimentos para
frente, em posição ereta.
Conforme Vaughan, Davis, O’Connor (1992), a maior unidade empregada na
descrição da marcha é o ciclo da marcha. Em uma marcha normal o ciclo começa quando o
calcanhar do membro de referência contacta a superfície de sustentação, e termina quando o
calcanhar do mesmo membro contacta novamente o solo. O ciclo da marcha é dividido em
duas fases: apoio e balanço, e dois períodos de dupla sustentação. Em virtude da fase de
balanço ser mais curta que a fase de apoio, há um período de tempo em que ambos os pés
estão em contato com o chão, chamado dupla sustentação.
Na marcha normal, a fase de apoio, constitui 60% do ciclo, é definida como o
intervalo em que o pé do membro de referência está em apoio com o solo. Podendo ser
dividida em contato inicial, resposta à carga, apoio médio, contato terminal e pré-balanço. A
fase de balanço constitui 40% do ciclo, é aquela porção do ciclo em que o membro de
referência não contacta o solo, podendo ser dividida em balanço inicial, médio e terminal
(VAUGHAN, DAVIS, O’CONNOR, 1992).
É importante saber que para o desenvolvimento de uma marcha normal, o pé precisa
exercer as cinco funções seguintes: servir como base de apoio durante a resposta de carga,
39
proporcionar uma estrutura macia e adaptável para o contato do calcanhar com o chão, ajudar
a atenuar o impacto das forças no início da fase de apoio, proporcionar uma base de
sustentação firme e rígida no final da fase de posição em pé, e finalmente, permitir a rotação
do membro inferior no plano transverso, estando o pé apoiado sobre a base de sustentação
(MANOLE, MCPOIL, NITZ, 2000).
Neste contexto, o conhecimento dos movimentos do pé e do tornozelo durante o
caminhar torna-se relevante. Durante os primeiros 15% da fase de apoio o membro inferior
gira internamente. Do toque do calcanhar até o pé-plano a articulação subtalar se everte, o pé
prona, e a parte dianteira do pé fica flexível para absorver choque e adaptar-se às
irregularidades na superfície do solo. A articulação subtalar everte em parte, porque o ponto
de contato do calcanhar é lateral ao centro da articulação do tornozelo, produzindo assim um
valgo forçado na articulação subtalar. No meio da fase de apoio, onde ocorre após o contato
máximo, o primeiro impulso (KAPANDJI, 2000), o membro inferior começa a inverter e girar
externamente à mediada que a articulação subtalar se inverte. Com inversão da subtalar e a
supinação do pé, o mesmo é transformado em uma estrutura rígida capaz de realizar a
propulsão, o segundo impulso motor (KAPANDJI, 2000; NORDIN, FRANKEL, 2003).
Quando se avalia a distribuição de pressão plantar sob os pés, obtêm-se informações
da resposta de cargas realizadas durante toda a fase de contato dos pés, seja no movimento Do
caminhar ou do correr.
Desta forma, com este intuito o padrão de distribuição de pressão plantar, durante o
caminhar, tem sido extensamente estudado em bebês (HENNIG, ROSENBAUM, 1991,
BERTSCH et al., 2004), crianças (HENNIG, STAATS, ROSENBAUM, 1994; PISCIOTTA,
et al. 1994; BORGES MACHADO, HENNIG, RIEHLE, 2001) e adultos (MORAG,
CAVANAGH, 1999). Bertsch et al. (2004) colocam que o desenvolvimento dos pés dos bebês
é fortemente influenciado a partir do momento em que os mesmo iniciam a permanência em
pé e iniciam o caminhar.
Gallahue, Ozmun (2003) citam que uma vez que o caminhar independente tenha sido
atingido, a criança progride rapidamente para o estágio elementar e amadurecido. Pisciotta et
al. (1994) encontraram em seu estudo uma média de início do caminhar de 11,7 meses,
enquanto Bertsch et al (2004) encontraram 13,5 meses, com variação entre 10 e 17 meses.
Pisciotta et al. (1994) concluíram que o padrão da distribuição de pressão dos pés nas
crianças parece progredir através de um padrão de desenvolvimento similar a outras
habilidades neuromusculares. Entretanto, o desenvolvimento do padrão de distribuição de
40
pressão maduro parece ocorrer aproximadamente os 4 anos de idade, antes do início do
padrão maduro do marcha.
Haywood, Getchell (2004), colocam que as crianças comumente atingem cedo as
mudanças desenvolvimentais no caminhar, aos dois anos, a maioria delas tem os ingredientes
essenciais de um caminhar avançado. No estágio inicial do caminhar a criança dá pequenos
passos com pequena extensão de joelhos e quadril. Pisa com o pé aplainado e aponta os dedos
dos pés para fora. A criança coloca seus pés bem afastados um do outro, quando em pé para
melhorar o equilíbrio lateral. Não utiliza nenhuma rotação de tronco, mantém os braços
levantados em guarda (mãos para o alto em uma posição flexionada). Essas características
proporcionam nessa fase um equilíbrio melhorado. À medida que a criança continua a se
desenvolver seus braços caem ao nível da cintura e depois para uma posição estendida nas
laterais, mas ainda não balançam. E quando as crianças começam a usar o balanço dos braços,
este muitas vezes é desigual e irregular.
Desta forma, os sinais de um amadurecimento progressivo do caminhar vão ocorrendo
nesta seqüência: as crianças exibem rotação pélvica com uma idade média de 13 meses e 24
dias, flexão de joelho a meio apoio com 16 meses e 9 dias, contato do pé dentro de uma base
de apoio da largura do tronco com 17 meses, balanço sincrônico do braço com 18 meses e
pisada calcanhar-ponta do pé com 18 meses e meio (HAYWOOD, GETCHELL, 2004). As
crianças aumentam o período de tempo em que um pé sustenta o peso corporal, enquanto, o
outro balança para frente, especialmente de 1 a 2 anos e meio (SUTHERLAND, et al. 1980).
O comprimento da passada aumenta durante a metade da adolescência, devido à amplitude de
movimento mais completa nos quadris, joelhos e tornozelos e ao aumento no comprimento
das pernas. A velocidade do caminhar aumenta especialmente entre 1 e 3 anos e meio de
idade (SUTHERLAND, et al. 1980). Para Eckert (1993), a freqüência do andar tende a se
estabilizar em aproximadamente 170 passos por minuto entre as idades de 18 meses (1,5
anos).
A criança aos 3 anos já desenvolveu uma boa parte de uniformidade de comprimento,
altura e largura de passos, com a transferência do peso do calcanhar-dedo estando melhor
estabelecida. Em torno dos 4 anos, a criança tem quase adquirido um estilo adulto de andar
em passada natural, desembaraçada, rítmica e na transferência do peso mais suaves ao
percorrer uma linha reta ou ao contornar um ângulo fechado. Desta maneira, o ritmo e a
coordenação do caminhar de uma criança melhoram de forma visível até mais ou menos a
idade de 5 anos. Após esta idade, melhoras no padrão são sutis (ECKERT, 1993).
41
Através da seqüência de desenvolvimento para o caminhar, proposta por Gallahue,
Ozmun (2003), observam-se algumas características que possibilitam a classificação deste
movimento em estágio inicial, elementar e maduro. No estágio inicial, as crianças apresentam:
dificuldade de manter a postura ereta, perda de equilíbrio imprevisível, pernas rígidas e
hesitantes, passos curtos, pé inteiro entra em contato com a superfície, os dedos virados para
fora, a base de apoio é alargada, o joelho flexionado ao contato, seguindo de rápida extensão
da perna.
No estágio elementar do caminhar apresentam: suavização gradual do padrão,
aumento da extensão do passo, o contato calcanhar-dedo, os braços soltos nas laterais com
oscilação limitada, a base de apoio dentro das dimensões laterais do tronco, tendência de
dedos para fora reduzida ou eliminada, balanço pélvico irregular melhorado e elevação
vertical aparente.
Enquanto no estágio maduro apresentam: oscilação dos braços automática, base de
apoio reduzida, passo relaxado e alongado, elevação vertical mínima, e o contato calcanhar-
dedo definido (GALLAHUE, OZMUN, 2003).
Para Eckert (1993), o caminhar amadurecido é atingido entre os 4 e os 7 anos de
idade. Conforme Gallahue, Ozmun (2003), esse estágio é alcançado entre os 4 e 5 anos de
idade. Corroborando com a colocação de Pisciotta et al. (1994).
2.4.2 Correr
Correr é uma habilidade motora mais avançada que o caminhar, mas os dois padrões
têm muitas características em comum. Em ambos, os membros do individuo se movem em
simetria. Há diferenças também entre eles, o caminhar tem um período de duplo apoio, como
foi citado anteriormente, quando ambos os pés estão em contato com o solo. Essa fase não
ocorre no correr, onde existe uma fase aérea, quando nenhum dos pés está em contato com o
solo (HAYWOOD, GETCHELL, 2004).
Corroborando também com o descrito por Nordin, Frankel (2003). Que colocam que
no correr a fase de dupla sustentação, descrita anteriormente, desaparece e uma fase de
flutuação desenvolve-se, na qual ambos os pés estão fora do solo.
Em geral, as crianças começam a correr por volta de seis ou sete meses após terem
começado a caminhar (CLARK, WHITALL, 1989). As tentativas de corridas iniciais em uma
criança são, na realidade, caminhadas rápidas. Uma criança correndo pela primeira vez pode
42
exibir algumas das características de um caminhar inicial, mesmo que ela não use mais essas
características (HAYWOOD, GETCHELL, 2004).
Ao começar aprender a correr, a criança pode adotar ampla base de apoio, contato
horizontal do pé com o solo, extensão da perna de apoio e posição do braço em guarda alta.
Essa regressão provavelmente reflete uma tentativa, por parte da criança, de simplificar a
tarefa, até que adquira mais experiência. Conforme a criança pratica a passada de corrida e se
acostuma a suas demandas de equilíbrio, coloca o balanço de volta no padrão de movimento.
As características iniciais do correr refletem as mudanças na velocidade entre
caminhar e correr. Existe um breve período de vôo, mas as pernas ainda têm um alcance
limitado de movimento. A perna traseira não se estende por completo conforme a criança
empurra o solo. Conforme a perna impulsionada vai a frente, a coxa se recupera move-se com
aceleração suficiente para carregar a coxa a um nível paralelo ao solo no fim do balanço da
perna. Enfim, a amplitude de movimento é limitada, e o comprimento da passada é curto. Os
braços balançam para acompanhar a rotação do tronco ao invés de serem levados para frente e
para trás. Os cotovelos se estendem quando balançam para trás, o que é um movimento
desnecessário (HAYWOOD, GETCHELL, 2004). No correr proficiente é possível identificar
as mudanças desenvolvimentais vistas no corredor iniciante. O comprimento da passada
aumenta, indicando que o corredor esta aplicando mais força.
O correr também está classificada dentro das categorias dos movimentos locomotores,
e o estágio inicial do padrão de corrida não depende da caminhada amadurecida
(GALLAHUE, OZMUN, 2003). Muitas crianças pequenas começam a correr antes de
dominar o padrão amadurecido do caminhar. Os mesmos autores colocam que o padrão
amadurecido do correr é fundamental para a participação bem-sucedida em muitas atividades
relacionadas aos esportes.
Com embasamento na seqüência de desenvolvimento para o correr apresentada por
Gallahue, Ozmun (2003) observam-se algumas características que possibilitam a classificação
deste movimento em estágio inicial, elementar e maduro. No estágio inicial as crianças
apresentam: jogo de pernas pequeno e limitado, passos largos irregulares e rígidos, a fase de
vôo não observável, a extensão incompleta da fase de apoio, movimento curto e rígido com
graus variados de flexão do cotovelo, braços tendendo a balançar em direção externa e
horizontalmente, balanço da perna tende para fora do quadril, balanço do pé com dedos para
fora e a base de apoio larga.
No estágio elementar da corrida as crianças apresentam: aumento da extensão da
passada, do balanço do braço e da velocidade, fase de vôo limitada, mas observável, extensão
43
mais completa da perna de apoio no impulso, aumento da oscilação do braço, balanço
horizontal do braço reduzido no movimento para trás e o pé de trás cruza linha mediana da
altura.
Enquanto que no estágio maduro as crianças apresentam: máxima extensão da passada
e de velocidade, fase de vôo definida, extensão completa da perna de apoio, coxa de trás
paralela ao solo, oscilação vertical dos braços em oposição de pernas, braços dobrados em
ângulos aproximadamente retos e a máxima ação de rotação do pé e da perna de trás
(GALLAHUE e OZMUN, 2003).
2.5 ALINHAMENTO POSTURAL INFANTIL DOS MEMBROS INFERIORES
Neste subtópico, será dissertado sobre o alinhamento postural dos membros inferiores
das crianças, bem como sugerido uma possível avaliação que será utilizada na metodologia do
trabalho presente, em virtude de estar se considerando importante a avaliação postural não
somente dos pés mas abrangendo todo o membro inferior.
Sabe-se que o desenvolvimento músculoesquelético normal inclui mudanças, ditas
como fisiológicas, no alinhamento rotacional dos ossos e das articulações (BURNS,
MACDONALD, 1999). Esses processos considerados normais durante o desenvolvimento do
membro inferior podem ser alterados por forças musculares ou de sustentação de peso.
Consequentemente, as incapacidades que causam impacto na função, com freqüência,
resultam da combinação de forças anormais no desenvolvimento do sistema esquelético. Os
ossos permanecem suscetíveis às forças deformantes até que o crescimento esteja completo,
podendo então as capacidades se tornarem mais graves com o passar do tempo (STANGER,
2002).
Também chamadas de deformidades pós-natais ou posicionais, como citam HEBERT,
Xavier (1992), em sua grande maioria, são absolutamente fisiológicas ou posturais. Ao
nascer, a criança apresenta um abaulamento dos membros inferiores, como se fossem joelhos
em varo, pernas em varo. Tanto maior será esta deformidade quanto maior for o recém-
nascido em proporção à bacia e ao tamanho do útero da mãe. Portanto, poderá representar
uma deformidade por compressão nos últimos meses da gestação (HEBERT, XAVIER,
1992). A criança assim evolui, diminuindo esta deformidade, até que, em torno de um ano de
idade, os membros inferiores já demonstram certa retificação, em razão do suporte de peso
que se iniciou a partir da caminhada independente. Poderá, entretanto, prolongar-se até dois
44
anos e meio, quando os joelhos passam a uma posição contrária, de genu valgo.
Permanecendo assim até aproximadamente os 6 anos de idade. Gould et al. (1989),
encontraram uma alta incidência (92,3%) nas crianças com idade de 5 anos, considerados
desta forma normais.
Portanto, o alinhamento postural dos joelhos de um bebê recém-nascido até os dois
anos de idade, aproximadamente, apresenta um varismo fisiológico, e a partir, desta idade o
alinhamento deve-se normalizar para posteriormente passar a um valgismo fisiológico que
deverá ser normalizado até aproximadamente aos 6 anos de idade (BEAUCHAMP, 1987;
TACHDJIAN, 1995).
Alguns fatores podem estar favorecendo essa correção. Conforme HEBERT, Xavier
(1992), além de apresentar um desenvolvimento neuropsicomotor normal, a criança deve
praticar atividades simples como correr, brincar, pular e até mesmo praticar esportes.
Entretanto, fatores intrínsecos, como a hereditariedade e a frouxidão ligamentar, devem ser
considerados como preponderantes a determinação da postura dos joelhos (BURNS,
MACDONALD, 1999).
Acredita-se inclusive que a postura habitual em decúbito ventral para dormir, com as
tíbias mantidas em rotação externa, e o hábito de sentar com as pernas em “W” favorecem o
valgismo dos joelhos (BURNS, MACDONALD, 1999; HEBERT, XAVIER, 1992). Torna-se
importante a orientação aos pais dos prejuízos desse hábito postural.
Fala-se muito em relação ao valgismo dos joelhos, por ser mais freqüente, entretanto,
o varismo de joelhos, após os 2 anos e meio de idade, deve ser igualmente ou mais ainda
importante de ser acompanhar. Ao se verificar que a criança apresenta angulação anormal,
com tendência a agravamento, precisa-se alertar a necessidade de uma consulta com um
ortopedista. Além disso, conforme (BURNS, MACDONALD, 1999), alguns casos raros de
joelho varo ou valgo pode ser devido a uma doença metabólica ou à displasia óssea.
Por isso, apesar de serem consideradas normais, na maioria das vezes, estas posturas
exigem acompanhamento e diagnóstico preciso. Para tanto, um completo exame postural deve
estar sendo realizado. Segundo Stanger (2002), o alinhamento das extremidades inferiores das
crianças deve ser avaliado pelas perspectivas sagital anterior e posterior, observando a
simetria da altura pélvica, as variações rotacionais das extremidades inferiores, tais como o
posicionamento dos pés e joelhos, rodados internamente ou externamente, e ainda uma
posição vara ou valgo dos pés ou joelhos.
45
Encontrou-se na literatura que o controle destes desvios devem ser controlados através
do registro da distância intercondilar, quando em varo, e da distância intermaleolar, quando
em valgos. Com um valor de referência igual a 2 cm para confirmação do desvio excessivo
(TACHDJIAN, 1995; BURNS, MACDONALD, 1999; LIN et al. 2001, STANGER, 2002).
Entretanto, percebeu-se a carência de uma avaliação postural dos membros inferiores,
voltada para a população infantil. Sendo assim utilizou-se de referenciais como Bienfait
(1995) e Santos (2001).
Bienfait (1995) afirma que o exame da cintura pélvica é o ponto de partida do exame
estático. Os desequilíbrios pélvicos nunca são primários, sendo em conseqüência de uma
causa acima, compensando um desequilíbrio lombar, ou abaixo, compensando um
desequilíbrio de ambos os membros inferiores.
Deve-se realizar este exame com os dois membros inferiores equilibrados, com o
paciente em pé, e o avaliador atrás deste, colocar as mãos horizontalmente estendidas, com os
indicadores sobre as cristas ilíacas, determina-se se há desequilíbrio frontal pélvico para a
direita ou para a esquerda. No plano frontal, ainda, pode-se avaliar quanto ao equilíbrio
horizontal pélvico, o avaliador posiciona-se a frente e apoiando a polpa dos polegares contra
as espinhas ilíacas ântero-superiores do paciente. Os polegares devem encontrar-se em uma
mesma linha horizontal, caso contrário determina-se o desequilíbrio para a direita ou para a
esquerda.
No plano sagital, após localizar as espinhas ilíacas ântero-superior e póstero-superior,
com os indicadores, determina-se se há equilíbrio sagital pélvico. Pode-se tolerar diferenças
de até 1 cm de inclinação à frente na mulher, e 1 cm para trás no homem. Se o indicador
encontrar-se mais caudal à frente, diz-se que a pelve está em anteversão, se encontrar-se mais
caudal atrás, diz-se que a pelve está em retroversão (BIENFAIT, 1995; SANTOS, 2001).
Em relação ao alinhamento dos joelhos, este deve ser examinado no plano sagital,
observando a linha entre o trocânter maior femoral, o côndilo femoral externo e o centro do
maléolo. Pode-se utilizar um goniômetro, e a angulação ideal é entre 175 a 170 graus. Se for
menor o joelho encontra-se em recurvatum, se maior que 180, o joelho está em flexo.
No plano frontal, para Santos (2001), a distância entre os côndilos e entre os maléolos
deve ser zero, o que dificilmente se encontra. Conforme Tachdjian (1995) e Burns,
Macdonald (1999) a distância limite é de 2 cm. Observa-se também a rotação externa da tíbia,
verificando a rotação interna dos côndilos femorais, os mesmos não devem estar
excessivamente visíveis no plano frontal posterior (SANTOS, 2001).
46
Acredita-se que o exame qualitativo dos pés tem grande importância, de modo a
complementar um exame mais quantitativo como, por exemplo, a distribuição de pressão
plantar.
Quanto às saliências do bordo interno, observa-se se o bordo é retilíneo e o hálux está
em seu prolongamento, estando em situação normal. A protuberância da cabeça do primeiro
metatarso é acompanhada por um desvio do hálux para o eixo do pé e corresponde a um hálux
valgo. Uma protuberância no bordo interno sob o maléolo medial corresponde ao sustentáculo
do talus, normalmente advindo de um grave retropé valgo além dos pés planos severos. Uma
protuberância no bordo interno aproximadamente três dedos à frente do maléolo medial
corresponde a tuberosidade do osso navicular, também acompanhado da queda do arco
longitudinal medial plantar. Posteriormente, deve-se observar também o alinhamento do
tendão de Aquiles, classificando-o como na posição neutra, valgo ou em varo (SANTOS,
2001).
Gould et al. (1989), encontraram uma elevada incidência (77,9%) de tornozelos valgos
nas crianças com idade de 5 anos. Todavia, esta condição é considerada fisiologicamente
normal e compatível com a idade, sendo corrigida entre os 5 e 6 anos. Sendo também um dos
fatores que justificam a presença dos pés planos nesta idade, conforme Forriol, Pascual
(1990).
2.6 OS PÉS PLANOS INFANTIS
O pé plano é caracterizado pela diminuição exagerada ou o desaparecimento do arco
longitudinal medial plantar (OEFFINGER, PECTOL, TYLKOWSKI, 2000). O pé plano em si
não é uma deformidade ou doença, mas sim uma condição fisiológica dentro uma
determinada faixa etária (LIN et al. 2001). Conforme Gould et al. (1989) e Forriol, Pascual
(1990), durante a primeira infância, a presença de um pé plano é extremamente freqüente e
considerada como uma condição fisiológica normal. Pois, nesta fase o arco longitudinal
medial ainda se encontra em formação e alguns fatores são determinantes para esta condição.
Por exemplo, os ossos navicular e cuneiforme que formam o ápice do arco ainda estão
em processo de ossificação (DONATELLI, 1996), os músculos e ligamentos do pé, que
também auxiliam na sustentação e manutenção do arco longitudinal, estão em
desenvolvimento (CAILLIET, 1989).
Existe ainda, a presença do coxim adiposo, que serve para aumentar a área de
superfície de contato, reduzindo assim a pressão e as cargas, na tentativa de proteger o
47
sensível esqueleto cartilaginoso dos pés das crianças. Este coxim vai ser absorvido durante os
primeiros 4 e 5 anos de vida (BERTSCH, 2004).
Outro fator contribuinte para a postura dos pés planos durante a primeira infância é
presença de um genu valgum fisiológico da articulação do tornozelo, já citado anteriormente,
que somente será corrigido entre os 5 e 6 anos, conforme Forriol, Pascual (1990).
Portanto, aproximadamente aos 6 anos de idade, os fatores supra citados já não são tão
influentes, e a constituição tecidual do pé infantil torna-se mais similar a do adulto (HENNIG,
ROSENBAUM, 1991) quando também o arco longitudinal medial plantar completa o seu
desenvolvimento (HENNIG, STAATS, ROSENBAUM, 1994).
Apesar do conhecimento destas etapas fisiológicas, torna-se importante o
acompanhamento profilático, principalmente, no momento antecedente a esta conclusão da
formação do arco longitudinal medial plantar.
É imprescindível a distinção entre um pé plano flexível e um pé plano patológico ou
rígido. A primeira evidência é que a maioria das crianças apresenta o pé plano flexível ou
fisiológico. Sendo flexível quando: desaparece na posição sentada com pés pendentes sem
apoio; desaparece no teste de elevação dorsal do hálux; e quando o tendão de Aquiles é
flexível o suficiente para permitir 10º a 15º de dorsiflexão além da posição neutra (BERTANI,
et al.,1999).
Diferentemente, o pé plano rígido é causado por anomalias estruturais, como o talus
vertical congênito, ou anomalias neuromusculares, como mielomeningocele, artrogripose,
síndrome de Donw ou paralisia cerebral. Nestes casos, existe a presença de um tendão de
Aquiles tenso, devido à hipertonia dos músculos da panturrilha, capaz de provocar o desvio
externo do calcâneo, acompanhado por pronação nas articulações subtalar e metatarsiana
(BURNS, MACDONALD, 1999). Conforme HEBERT, Xavier (1992), também podem
causados por seqüelas de fraturas, doenças inflamatórias ou ainda por ruptura do tendão tibial
posterior.
Fatores intrínsecos como a hereditariedade e a frouxidão ligamentar estão intimamente
relacionados à postura dos pés planos. Walker (1994) cita que normalmente crianças com os
pés flexíveis em condições severas apresentam pais ou mães com as mesmas características.
Sendo assim o fator hereditário influencia no desenvolvimento postural das crianças
(HEBERT, XAVIER, 1992).
Os pés das crianças, até o três anos de idade, têm uma elasticidade peculiar em razão
do início da vida e das condições intra-uterinas, que lhe proporcionam maior grau de
mobilidade em relação ao pé do adulto (BRUSCHINI, 1993).
48
A diminuição gradual da frouxidão das articulações que ocorre durante a infância é um
fator contribuinte para o aparecimento do arco longitudinal (BURNS, MACDONALD, 1999).
Percebe-se que em crianças, com frouxidão ligamentar aumentada, o pé plano valgo
hipermóvel é comum, assim como o aumento das outras articulações (LIN et al., 2001).
Lin et al. (2001), pesquisaram 377 crianças pré-escolares, classificando estaticamente
os pés, em relação a presença do arco plantar, como: normais, médios, moderados ou severos.
Os pés normais apresentavam o arco longitudinal medial plantar já presente, os médios
esboçavam o arco, mas o mesmo ainda não estava completamente formado. Os moderados
eram os pés planos propriamente ditos sem a presença do arco e com contato da região medial
do pé com o solo, e os severos apresentavam a borda medial do pé convexa e com o
sustentáculo do talus, proeminente próximo ao maléolo medial.
Os autores concluíram que a presença dos pés planos não somente causa problema no
alinhamento estático entre o pé e o tornozelo, mas também provoca uma dinâmica funcional
anormal dos membros inferiores.
Conforme Oeffinger, Pectol, Tylkowski (2000), o pé plano representa uma séria
problemática quando apresenta dor, calos ou ulcerações, dificuldade em usar calçados,
dificuldade em usar órteses, ou a combinação destes sintomas. Bertani et al. (1999)
acrescentam fatores clínicos como a dor durante a realização de atividades de vida diária, a
prática de esportes, instabilidade do complexo pé-tornozelo, podendo levar a entorses
cápsulo-ligamentosos, retropé valgo e supinação do antepé. Entretanto, os pés planos
normalmente são assintomáticos (HEBERT, XAVIER, 1992; BURNS, MACDONALD,
1999), quando não devem ser tratados.
Durante muitos anos acreditou-se no uso indiscriminado de botas ortopédicas e
palmilhas, que eram “receitados” por profissionais da área ortopédica. Pergunta-se quem não
conhece alguma criança que ainda no século XX tenha usado esse tipo de recurso? Como
coloca Herbet e Xavier (1992, p.130), “felizmente a maioria, destes recursos foram isentos do
efeito de cura, apenas ocasionaram lesão na economia dos pais”. Simplesmente porque não
existiram trabalhos científicos que comprovassem a sua eficácia. Outro problema é que como
eram calçados altos, duros, reforçados e geralmente muito pesados, não permitiam mobilidade
dos pés, nem tão pouco uma marcha normal.
Percebeu-se, que espontaneamente a postura dos pés planos regredia e pesquisas
científicas vieram a colaboram com estes achados, como por exemplo, o estudo de Gould et
al. (1989) que monitoraram, por cerca de 4 anos, o desenvolvimento dos membros inferiores,
do arco longitudinal medial do pé para determinar se o uso ou não de calçado com suporte
49
para o arco afeta o desenvolvimento do arco neutro em crianças. Estatisticamente não se
encontrou diferença na incidência de pés planos entre os diferentes grupos.
Entretanto, ainda assim, a postura dos pés planos, preocupa os pais e familiares, a
ponto de ser a maior causa de consulta em ortopedia pediátrica (HEBERT, XAVIER, 1992;
LIN et al. 2001).
Quanto ao tratamento indicado em casos sintomáticos, Hebert, Xavier (1992) colocam
que as palmilhas apenas auxiliam na diminuição da tensão sob as estruturas plantares e
consequentemente diminuem o quadro doloroso.
Bruschini (1993) acrescenta que os tratamentos conservadores que possam fortalecer
as estruturas músculo-ligamentares dos pés, devem ser indicados até aproximadamente os 8
anos de idade.
No entanto, a literatura relacionada ao fortalecimento das estruturas plantares é um
tanto escassa e convencional, abordando poucos exercícios. Com esse foco, encontraram-se
intervenções terapêuticas, de autores europeus como Scharll (1990), Köhler, Reber (1998) e
Larsen, Meier, Wickihalter (2002), com exercícios lúdicos envolvendo os pés das crianças,
visando não somente o fortalecimento e a formação do arco longitudinal medial plantar, mas
também um desenvolvimento mais saudável dos pés infantis.
Após a idade dos 8 anos, se não houver correção desta postura, deve ser orientado o
tratamento cirúrgico, indicado para crianças em torno de 10 anos de idade, as quais
apresentam pés sintomáticos (BRUSCHINI, 1993).
Dentre os procedimentos cirúrgicos defendidos para correção dos pés planos estão a
artrodese de uma ou múltiplas articulações, a osteotomia, a transferência de tendões
(TACHDJIAN, 1995). Algumas pesquisas têm avaliado a eficácia de alguns procedimentos
cirúrgicos. Manfio, Mayer e Ávila (2001), confirmaram a eficácia da Técnica de Cavalier, sob
o aspecto clínico, radiológico e da análise da distribuição de pressão plantar, utilizando para
esta última o Sistema F-Scan. Após 18 meses, do procedimento, os autores encontraram um
aumento da área de contato do pé, o qual diminuiu a pressão plantar em determinadas regiões,
como no mediopé e na parte anterior, principalmente, sob a cabeça do 1º e 2º metatarsos,
demonstrando um padrão de distribuição de pressão central.
Oeffinger, Pectol, Tylkowski (2000), avaliando, também crianças, quanto a eficácia da
Técnica de Alongamento da Coluna Lateral encontraram uma forte relação entre os
parâmetros radiográficos e de distribuição de pressão plantar, juntamente com uma
diminuição da área de contato de mediopé medial e um aumento no mediopé lateral.
Neste contexto em relação à avaliação biomecânica do arco longitudinal, dar-se-á
50
continuidade aos métodos de avaliação do arco longitudinal medial plantar no tópico a seguir.
2.7 AVALIAÇÃO BIOMECÂNICA DO DESENVOLVIMENTO DO ARCO PLANTAR
O estudo de métodos objetivos para avaliação da morfologia do arco longitudinal
medial plantar e conseqüente forma de classificação do tipo de pé têm sido investigado, desde
o século passado, inicialmente com medidas mais indiretas como o “footprint angle” e mais
atualmente com índices mais precisos.
O ângulo do arco longitudinal medial, “footprint angle”, foi descrito primeiramente
por Schwartz et al. em 1928, como sendo um ângulo entre a linha da borda medial da
impressão plantar e a linha da cabeça dos metatarsos (FORRIOL, PASCUAL, 1990). Clarke
em 1933, introduziu uma modificação neste ângulo, acrescentando uma linha entre o ponto do
ápice da concavidade do arco e o ponto mais medial da cabeça dos metatarsos, e avaliando
uma população de sujeitos normais encontrou um ângulo médio de 42 º, segundo Mathews
(1980).
Jaworski, Puch em 1987, definiram uma classificação individual para os diferentes
tipos de arcos longitudinais, através do “footprint angle” e “Chippaux-Smirak Index”. Estes
autores assumiram o ângulo de 42º como sendo o ângulo mais baixo dentro do limite de
normalidade do arco longitudinal medial (footprint angle). Valores do arco de 0º até 29,9º,
foram classificados como um pé plano, de 30 até 34,9º como um pé com queda leve do arco,
35º até 41,9º, como um pé intermediário, e acima de 42º como um pé considerado
morfologicamente normal (RAZEGHI, BATT, 2002).
Para o Índice de Chippaux-Smirak, os autores descreveram cinco categorias. Valores
de 0% foram classificados como arco alto, entre 0,1 e 29,9 como pés normais, entre 30 e
39,9% como pés intermediários, entre 40 e 44% como pés com queda leve do arco, e 45% ou
mais como pés morfologicamente planos.
Cavanagh, Rodgers (1987), realizaram um estudo utilizando o índice do arco plantar
como método de classificação do tipo do pé. A avaliação foi realizada em 107 sujeitos durante
as tarefas estática, caminhada e corrida. Observou-se um aumento do índice do arco entre os
mesmos sujeitos para as diferentes tarefas, sendo que a ordem crescente dos valores foi para
as tarefas estática, caminhada e corrida. Ao final da pesquisa os autores, propuseram a
seguinte classificação do tipo do pé: Índice do arco 0.21, corresponde ao arco elevado;
Índice do arco entre 0.21 e 0.26, corresponde ao arco normal; Índice do arco 0.26,
corresponde ao arco plano.
51
A avaliação da morfologia do arco longitudinal medial plantar pode ser utilizada como
forma de controle e diferenciação entre uma condição fisiológica e patológica. Alguns estudos
biomecânicos têm buscado caracterizar a morfologia do arco longitudinal plantar de crianças.
Gould et al. (1989) tiveram como propósito monitorar, por cerca de 4 anos, o
desenvolvimento dos membros inferiores, do arco longitudinal medial do pé e determinar se o
uso ou não de calçado com suporte para o arco afeta o desenvolvimento do arco neutro em
crianças. Um total de 125 crianças iniciou a pesquisa, mas somente 52 completaram o estudo.
No início da pesquisa, elas tinham entre 11 e 14 meses de idade e a totalidade delas
apresentavam queda do arco plantar.
Os métodos utilizados por Gould et al. foram: análise do raio –x, para registro dos
ângulos do 1º metatarso-talus e talus-clacâneo e ossificação dos ossos do metatarso pela visão
de Harris, pedografia, exame clínico dos membros inferiores e questionário para verificar a
aceitação do calçado. Estatisticamente não se encontrou diferença na incidência de pés planos
entre os diferentes grupos. E os autores concluíram para esta pesquisa que o desenvolvimento
do arco neutro ocorreu indiferentemente do tipo de calçado utilizado.
Forriol, Pascual (1990), analisaram o arco longitudinal medial plantar de 1676
crianças, com idade entre 3 e 17 anos, através da análise da impressão plantar, utilizando as
classificações do estudo de Jaworski e Puch. A amostra foi dividida em cinco grupos de
acordo com a idade: entre 3 e 4, entre 5 e 8, entre 9 e 11, entre 12 e 14, e entre 15 e 17 anos. O
objetivo do estudo foi investigar o desenvolvimento da impressão plantar com o crescimento
e o sexo.
Os autores observaram que, entre as crianças mais jovens a queda do arco longitudinal
foi mais freqüente, e o surgimento do arco foi acentuado aos 9 anos em ambos os sexos.
Diferenças estatisticamente significativas foram encontradas para o “footprint angle” e
“Chippaux-Smirak Index” em ambos os pés e ambos os sexos entre o 1º e o 2º grupo e entre o
2º e 3º grupo. No grupo mais jovem encontraram elevadas porcentagens de arcos planos e o
contrário foi observado nos grupos com mais idade.
Para o grupo com idade similar a população deste estudo, entre 5 e 8 anos, Forriol,
Pascual (1990) encontraram uma média e desvio padrão para o índice de Chippaux-Smirak
de 32,42% (+14,94) e 29,18% (+16,63), para os pés direito e esquerdo respectivamente no
grupo feminino e 38,09 (+13,79) e 36,78 (+14,89) para os pés direito e esquerdo
respectivamente no grupo masculino.
Para o ângulo da impressão plantar os resultados foram uma média e desvio padrão
32,42% (+14,94) e 29,18% (+16,63), para os pés direito e esquerdo respectivamente no grupo
52
feminino e 38,09 (+13,79) e 36,78 (+14,89) para os pés direito e esquerdo respectivamente no
grupo masculino.
Os resultados da pesquisa de Forriol, Pascual (1990) demonstraram que os valores do
ângulo da impressão plantar aumentam e os valores do índice diminuem até a idade de 9 anos
em ambos os sexos e ambos os pés.
Sá et al. (2001), analisando as crianças de 4 anos de idade obtiveram média de valores
para o índice do arco iguais a 0,30 (+ 0,04) e 0,30 (+ 0,05) para os pés direito e esquerdo.
Ainda cabe ressaltar que os autores observaram que o índice teve uma tendência de diminuir
com o aumento da idade, comparando com os demais grupos de diferentes idades. Por
exemplo, para a idade de 5 anos, eles encontraram valores médios iguais a 0,26 (+ 0,06) e
0,25 (+ 0,06).
Rodriguez, Sacco, Amadio (1997) reportam valores médios iguais a 0,22 (
+ 0,02) e
0,22 (
+0,01) para os pés direito e esquerdo de um grupo controle de 20 adultos, valor de 0,29
(+ 0,01) para ambos os pés de um grupo de 8 crianças com média de idade de 9 anos,
consideradas não obesas e urbanas, valor de 0,31 (+0,02) para ambos os pés de 6 crianças com
média de idade de 8 anos, consideradas obesas, e surpreendentemente 0,18 (+ 0,01) e 0,19 (+
0,02) para um grupo de 17 crianças com média de idade de 8,6 anos, consideradas “nativas”,
com o hábito freqüente de andar sem calçado. Apresentando o arco plantar já formado
semelhante a um adulto e com tendências a um tipo de pés cavos.
2.8 AVALIAÇÃO BIOMECÂNICA DA DISTRIBUIÇÃO DE PRESSÃO PLANTAR EM
CRIANÇAS
A análise da distribuição de pressão plantar pode servir para a mensuração de forças
geradas pelo corpo e a reposta ou carga em diferentes condições e movimentos (AMADIO,
1996).
Para a população infantil, a análise dos parâmetros relacionados à DPP pode melhorar
a compreensão da maturação fisiológica dos membros inferiores, além de facilitar a
diferenciação de condições patológicas comuns nesta população.
Alguns fatores quanto à morfologia e a estrutura dos pés devem ser levados em
consideração em relação à distribuição de pressão plantar em crianças.
O coxim adiposo pronunciado, presente no médio pé durante a primeira infância,
aumenta a superfície plantar, diminuindo, portanto, a carga aplicada na planta dos pés infantis,
53
e, consequentemente, protegendo a sensível estrutura cartilaginosa dos ossos do tarso
(BERTSCH et al., 2004).
E ainda os ossos, tendões, ligamentos, cartilagem e músculos das crianças que se
encontram em formação, apresentam maior mobilidade. Desta maneira, conforme Borges
Machado, Hennig, Riehle (2001), reagem às forças aplicadas sobre a sua estrutura conforme
as suas propriedades viscoelásticas diferenciadas.
Em virtude das diferentes dimensões dos pés, segundo Hennig, Staats, Rosenbaum
(1994) os picos de pressão sob os pés das crianças são consideravelmente menores,
correspondem a cerca de 1/3 dos correspondentes valores em população adulta em virtude das
maiores dimensões do pé por kg de massa corpórea em comparação com os adultos.
Sabendo desta diferenciação entre a população adulta e infantil o padrão de
distribuição de pressão plantar normal durante tarefas locomotoras tem sido investigado por
autores como Hennig, Rosenbaum (1991), Hennig, Staats e Rosenbaum (1994), Pisciotta
(1994), Kellis (2001), Machado, Hennig e Riehle (2001), Nielsen et al (2002), Bertsch, et al
(2004), e Hallemans (2006) utilizando plataformas ou palmilhas capacitivas. Os picos de
pressão e a carga relativa foram as principais variáveis estudadas.
Hennig, Rosenbaum (1991) compararam os parâmetros de DPP durante a marcha de
um grupo de 15 crianças, com idade entre 14 e 34 meses, com um grupo de 111 adultos, e
concluíram que existem diferenças expressivas entre os valores dos picos de pressão das duas
populações.
Com relação à localização destes picos nas diferentes regiões plantares, para ambos os
grupos, o maior pico de pressão foi registrado no hálux, já o menor foi encontrado na região
do mediopé. Para as crianças, os valores de pressão plantar encontrados, na região do
calcanhar, foram levemente menores e revelaram ser, maiores medial do que lateralmente
(HENNIG, ROSENBAUM, 1991).
Com relação à carga relativa, as crianças apresentaram, durante a marcha, uma
distribuição de carga mais equilibrada que os adultos. E o alto valor de carga relativa (19.9%)
que ocorreu no hálux, revelou a importância da função dessa estrutura anatômica durante a
fase de impulso e retirada dos artelhos na marcha, como acontece com os adultos. As cabeças
dos metatarsos mostraram uma distribuição de carga semelhante, 15.9 %, 16.3% e 13.5% para
cabeça do 1°, 3º e 5º metatarsos respectivamente o que se deve, segundo os autores, à
ausência do arco transverso plantar nas crianças desta faixa etária (14 a 32 meses). O típico pé
plano infantil foi manifestado pelo valor significativamente alto de carga relativa encontrado
no mediopé - 6.7% contra 2.4% dos adultos. De modo similar aos adultos, no calcanhar, os
54
valores de carga relativa são mais altos medialmente (14.6% versus 13.1%) (HENNIG,
ROSENBAUM, 1991).
A análise de carga relativa revelou diferenças nos mecanismos do pé infantil em
comparação com o adulto. A alta carga relativa encontrada na região do mediopé e a
distribuição regular vista entre as cabeças do 1º , 3º e 5º metatarsos revelou que o pé infantil
ainda não possui, a esta idade, a arquitetura anatômica de um pé adulto (HENNIG,
ROSENBAUM, 1991).
Os autores também compararam a distribuição de pressão plantar e das cargas
relativas das 14 crianças entre o movimento da caminhada e da corrida, verificando a
existência de picos significativamente mais elevados sob o calcanhar medial e o mediopé
durante a corrida em relação a caminhada. Assim como cargas significativamente maiores sob
o hálux e menores sob o antepé. Encontrando também sob o calcanhar medial e lateral valores
iguais 15.4 e 13.6%, para caminhada versus 12.2 e 14.1% para corrida.
Posteriormente, Hennig, Staats, Rosenbaum (1994), compararam os padrões de DPP
entre jovens escolares e adultos. Foram avaliadas 125 crianças com idades entre 6 e 10 anos
(64 meninos e 61 meninas) e 111 adultos. A marcha em baixa e alta velocidade foram as
atividades analisadas, com a utilização de uma plataforma de pressão com sensores
capacitivos. Os picos de pressão das crianças foram cerca de 40 a 50% menores, para região
de antepé e hálux, e cerca de 10 a 20% menores, para a região do calcanhar, comparando com
os adultos.
Os autores, concluíram ainda que, com o aumento da idade a uma mudança da carga
medial para o antepé. Encontraram um aumento da carga relativa mediolateral no calcanhar
em 3,1% para as mais jovens e 1,9% para as mais velhas, indicando que as crianças mais
velhas realizavam menor pronação. Para o grupo de crianças mais velhas, encontraram
valores significativamente mais altos na região da cabeça do 1º metatarso, em contraste com
os menores valores encontrados na cabeça do 5º metatarso. A redução da carga sob a cabeça
do 5º metatarso foi atribuída, nas crianças mais jovens a condição de joelhos valgos e pés
hiperpronados.
Hennig, Staats, Rosenbaum (1994) encontraram correlação significantemente negativa
entre a idade e a carga relativa sob a região do mediopé, assim como uma correlação positiva
entre a idade e a carga sob a cabeça do 3º metatarso.
A não redução das pressões sob a região medial, com o aumento da idade, sugere que
o desenvolvimento do arco está quase completo antes dos 6 anos (HENNIG, STAATS,
ROSENBAUM, 1994).
55
Pisciotta et al. (1994) observou a distribuição de pressão plantar durante a marcha de
diferentes grupos de crianças entre 1 e 5 anos de idades, com um n amostral igual a 168.
No grupo de crianças de 1 e 2 anos, as maiores pressões se apresentaram na região
medial do pé, com início do apoio pela primeira cabeça seguido dos ossos metatarsais laterais,
o que é atípico de um padrão adulto.
No grupo de 3 e 4 anos, o calcanhar apresentou no total valores mais altos de pressão
que na região metatarsiana, também foram identificados altos valores na primeira cabeça,
enquanto que os valores de pressão na quinta cabeça e na região lateral do pé ainda foram
comparativamente baixos.
Já as características do grupo de 4 e 5 anos apresentaram um padrão se distribuição de
pressão plantar semelhante ao de adultos, porém os picos de pressão são menores em
magnitude (PISCIOTTA et al., 1994). Os autores também concluíram que o padrão da
distribuição de pressão dos pés nas crianças parece progredir através de um padrão de
desenvolvimento similar a outras habilidades neuromusculares. Entretanto, o padrão de
distribuição maduro parece ocorrer ligeiramente aproximadamente os 4 anos de idade, antes
do início do padrão maduro do marcha.
Kellis (2001) avaliou 14 meninos saudáveis com idade de 3 anos, controlando
diferentes tarefas motoras: parado sobre o pé direito, parado sobre o pé esquerdo, parado
sobre os dos pés, saltando e caminhando. Os maiores picos de pressão foram obtidos durante
o salto e a marcha, nas regiões de calcanhar e hálux.
No estudo de Borges Machado, Hennig, Riehle (2001), foram avaliadas 38 crianças
com idade entre 8 e 11 anos, controlando atividades de caminhada, corrida em linha reta e
corrida com mudança da direção comparando três tipos de calçados com diferentes
flexibilidade. Para o controle dos parâmetros de pressão plantar foi utilizado o Sistema Pedar
(Novel, Gmbh).
Os picos de pressão durante o caminhar foram consideravelmente menores
comparados ao correr. Ambas as corridas, em linha reta e com mudança de direção, tiveram
picos de pressão em magnitudes similares. No entanto, na primeira os maiores picos foram em
retropé, enquanto que na segunda foram em mediopé.
Os autores observaram que durante a marcha e a corrida, o pé reage com diminuição
de carga na região do mediopé, confirmando a estabilidade do arco longitudinal medial
plantar para essa idade (BORGES MACHADO, HENNIG, RIEHLE, 2001).
Nielsen et al (2002) analisaram a distribuição de pressão plantar em crianças em
diferentes idades. Foram avaliadas 141 crianças entre 5 a 15 anos de idade durante atividades
56
de marcha. Os picos de pressão mostraram um decréscimo dos valores na lateral do antepé
com o aumento da idade, ao mesmo tempo um aumento no antepé medial e central foi
observado, evidenciando um padrão de distribuição de pressão mais maduro.
Em idade jovem o pico de pressão para a região do calcanhar foi mais alta que no
hálux, mudando essa relação durante o crescimento aumentando a pressão no hálux e
diminuindo no calcanhar (NIELSEN et al., 2002).
Bertsch et al. (2004) avaliaram o desenvolvimento do pé durante o primeiro ano de
marcha independente, com 42 crianças, sendo o estudo com longitudinal. O desenvolvimento
do arco longitudinal foi correlacionado com a redução de carga em mediopé. Houve um
aumento da área de contato, do pico de força, do pico de pressão e da carga relativa em quase
todas as regiões plantares. A exceção novamente foi encontrada na área do mediopé.
Hallemans et al. (2006) apresentaram os resultados de um estudo, também
longitudinal, com 10 crianças, onde foram avaliadas as mudanças funcionais dos pés durante
os cinco primeiros meses marcha independente. Encontrando mudanças significativas no
padrão de contato do pé e oscilação do centro de pressão. Entretanto, os resultados sugerem
que o desenvolvimento do padrão de contato “calcanhar-dedos” ocorra após um ano de
marcha independente.
Através da impressão plantar pode-se determinar a área de contato total, ou por
regiões durante o movimento. Klavdianos, Manfio, Avila (1997) compararam a distribuição
de pressão plantar entre crianças normais e obesas, sendo 9 normais e 10 obesas e
encontraram valores da razão entre peso e área de contato do pé significativamente mais
elevado nos obesos, assim como maiores picos de pressão sob os pés dos obesos.
Em relação a variável área de contato total tem-se na literatura para a idade de 9 anos
média de valores iguais a 75,13 cm
2
para sujeitos normais e 85,59 cm
2
para sujeitos obesos
(KLAVDIANOS, MANFIO, AVILA, 1997), e 73,9 cm
2
e 78,8 cm
2
também para sujeitos
normais (RODRIGUEZ, SACCO, AMADIO, 1997).
3 METODOLOGIA
A metodologia deste estudo foi selecionada procurando atender, da melhor forma, os
objetivos da pesquisa. O presente capítulo apresenta as características da pesquisa, descreve
os sujeitos do estudo, os instrumentos de coleta de dados, o delineamento experimental, assim
como, o protocolo experimental, o controle de variáveis, os procedimentos de coleta de dados.
Finalizando com o processamento e o tratamento dos dados, bem como as limitações da
pesquisa presente.
3.1 CARACTERÍSTICAS DA PESQUISA
Esta pesquisa compreende uma fase descritiva-exploratória e outra experimental,
conforme Gil (1991) e Cervo, Bervian (1996). A primeira fase, que consiste da descrição e
comparação das características de crianças com pés planos flexíveis e crianças com os pés
normais, ou seja, com o arco já presente, tem características de pesquisas descritivas-
exploratórias. Pois, conforme Gil (1991) tem como objetivo primordial a descrição das
características de determinada população ou fenômeno, e o aprimoramento de idéias ou a
descoberta de intuições. Enquanto que a segunda fase, que consiste na verificação da
influencia de dois programas na distribuição de pressão plantar e formação do arco plantar em
crianças com os pés planos flexíveis, é experimental. Portanto, os objetivos consistem em
determinar um objeto de estudo, selecionar as variáveis, que seriam capazes de influenciá-lo,
e definir as formas de controle e de observação dos efeitos, que a variável produz no objeto.
Além disso, Cervo, Bervian (1996) complementam que este tipo de pesquisa caracteriza-se
por manipular diretamente as variáveis relacionadas com o objeto de estudo, contemplando
assim, o último objetivo específico da pesquisa presente.
3.2 SUJEITOS DA PESQUISA
3.2.1 Seleção dos sujeitos
58
Primeiramente, foi realizado o contato com a direção da escola, para apresentação do
Projeto de Pesquisa, no início do ano letivo de 2006. Mediante a aceitação da direção, foi
enviada uma carta informativa, para os pais e responsáveis dos alunos, das duas turmas de 2º
período matutino. Essa continha os objetivos e a importância do estudo, esclarecendo também
que o mesmo seria desenvolvido na Escola, e principalmente, durante as aulas curriculares de
Educação Física. Juntamente com a carta, havia duas vias do termo de consentimento livre e
esclarecido.
Conforme a Lei Nacional nº. 11.274, de 6 de fevereiro de 2006, a turma, designada
como 2º período, compreendia crianças com idade entre 4 e 5 anos. Por esta razão, conforme
os objetivos da pesquisa, esta turma foi selecionada para o desenvolvimento do estudo.
Nesta escola existiam duas turmas matutinas de 2º período, a turma 1 e a turma 2.
Inicialmente, em Março de 2006 havia 20 alunos matriculados no 2º período 1, e 19 alunos no
2º período 2, num total de 39 crianças. Destes foram autorizadas à participação, de 15 alunos
da turma 1, e 13 alunos da turma 2, totalizando 28. Porém, a partir do primeiro contato com as
crianças, observou-se que um dos sujeitos autorizados da turma 1 tinha o pé plano pouco
flexível. Tomou-se a decisão de avaliá-lo separadamente, e não incluí-lo no n amostral. Outra
criança da turma 2 foi excluída pela falta de assiduidade às aulas, inclusive no período de
avaliação. Portanto, chegou-se ao n amostral de 26 sujeitos para a primeira avaliação, sendo
14 sujeitos da turma 1 e 12 sujeitos da turma 2. Para a segunda avaliação, houve uma perda
amostral de um sujeito, pois o mesmo faltou nos dias das reavaliações.
A amostragem foi do tipo não-probabilística intencional, conforme Barbetta (1994),
pois não se fez uso de uma forma aleatória de seleção, sendo constituída e selecionada
voluntariamente. Sendo assim, os sujeitos participantes foram crianças, cujos pais tiveram
interesse e consentiram à participação de seus filhos no estudo.
3.2.2 Caracterização dos sujeitos
Os sujeitos pesquisados totalizaram 26 crianças, sendo 18 do gênero feminino e 8 do
gênero masculino, com média de idade de 4,66 anos, ou seja, 4 anos e 8 meses, com média de
massa corpórea de 18,96 kg e média de estatura de 107,59 cm (Tabela 1). Eram alunos
regulares no ano de 2006, do 2º período matutino, da Educação Infantil, do Instituto Estadual
de Educação, uma Escola da Rede Pública Estadual, localizada em Florianópolis – Santa
Catarina. As crianças foram consideradas sadias, ausentes de patologias ou disfunções
59
músculos - esqueléticas, admitindo-se apenas a presença do pé plano flexível. Portanto,
obteve-se como critério de exclusão a presença do pé plano rígido, ou seja, não flexível.
Tabela 1- Perfil antropométrico geral dos sujeitos com valores de média ( ), desvio padrão (S), valor
ximo (Máx) e valor mínimo (Mín) (n = 26).
Idade (anos) Massa Corpórea (kg) Estatura (cm) IMC (kg/m
2
)
(S)
4,66 (+
0,27) 18,96 (+3,17) 107,59 (+4,81) 16,37 (+2,26)
Máx
5,25 27,00 119,00 22,8
Mín
4,16 14,00 96,90 13,15
A média do índice de massa corpórea (IMC) geral dos sujeitos foi 16,37 kg/m
2
, e dos
grupos foi 16,52 kg/m
2
, valores este considerado normal para a idade de 4,5 anos, segundo a
Organização Mundial de Saúde (WHO). No Workshop de Obesidade Infantil realizado em
1997 e organizado pela International Obesity Task Force (IOTF), concluiu-se que o índice de
massa corporal (IMC) é uma medida razoável de determinação de gordura em crianças e
adolescentes e que os padrões usados para identificar sobrepeso e obesidade deveriam seguir
os padrões de população adulta, onde o IMC > 25 kg/m
2
indica sobrepeso e > 30 kg/m
2
obesidade (BELLIZZI, DIETZ, 1999). A partir dessa conclusão e com base em estudo
realizado em seis países, inclusive no Brasil, Cole et al. (2000) propuseram os valores
correspondentes ao IMC 25 kg/m
2
como indicativo de sobrepeso e 30 kg/m
2
para caracterizar
a obesidade em crianças, a partir de dois anos de idade. Os valores dos pontos de corte
internacionais do IMC, para diagnóstico de sobrepeso e obesidade, na idade de 4,5 anos,
conforme Cole et al. (2000), encontra-se na Tabela 2.
Tabela 2 – Pontos de corte internacionais do IMC, para sobrepeso e obesidade, por sexo, na idade de 4,5
anos.
Idade (anos)
Sobrepeso (kg/m
2
) Obesidade (kg/m
2
)
Meninos Meninas Meninos Meninas
4,5
17,5 17,2 19,3 19,1
Fonte: Adaptado de Cole et al. (2000).
Analisando individualmente o IMC dos sujeitos e utilizando os valores de referência
da Tabela acima, encontrou-se no grupo amostral geral 21 sujeitos, representando uma
freqüência relativa igual a 0,80, dentro da normalidade, três sujeitos sobrepesos (0,11) e dois
x
x
60
obesos (0,09), todos do sexo feminino. Dois obesos e um sobrepeso pertenciam ao G1 e dois
sobrepesos pertenciam ao G2.
Realizou-se, como medida de controle, uma avaliação qualitativa dos padrões motores,
dos 26 sujeitos, baseando-se na seqüência de desenvolvimento dos movimentos locomotores
fundamentais, para o caminhar e para o correr, proposta por Gallahue, Ozmun (2003). Para o
caminhar, o estágio motor predominante, nesta amostra, foi o maduro com uma freqüência
relativa igual a 0,96, contra 0,04 para o elementar, que representava apenas um sujeito.
Entretanto, no correr, o estágio motor predominante foi o elementar com uma freqüência
relativa de 0,92, apresentando ainda 0,04 para o elementar e 0,04 para o inicial.
Estes resultados corroboram em parte, com relação ao correr, com os encontrados por
Paim (2003). Onde em seu estudo sobre o desenvolvimento motor de pré-escolares com idade
entre 5 e 6 anos, também realizou uma avaliação motora através da análise dos movimentos
fundamentais da matriz de Gallahue, e encontrou como resultado que as crianças com 5 anos
de idade encontram-se no estágio elementar para os padrões de movimentos locomotores
fundamentais.
Demonstrando então que os sujeitos da pesquisa presente apresentavam-se dentro do
estágio motor esperado para a faixa etária, quanto ao correr. Entretanto, para o caminhar já se
apresentavam num estágio mais desenvolvido que era o maduro.
3.2.2.1 Caracterização dos grupos G1 e G2
Para a primeira etapa da pesquisa, dividiu-se os 26 sujeitos, a partir da classificação
clínica qualitativa dos pés, em um grupo 1 (G1) e um grupo 2 (G2), conforme descrito adiante
no procedimento de coleta de dados. O G1 foi composto por 17 sujeitos, sendo 14 do gênero
feminino e 3 do gênero masculino, com pés planos flexíveis, e o G2 composto por 9 sujeitos,
sendo 6 do gênero feminino e 3 do gênero sexo masculino, com pés normais, quanto à
formação do arco longitudinal medial plantar.
Desta maneira, a Tabela 3 próxima apresenta os valores de média e desvio padrão, do
perfil antropométrico dos grupos 1 e 2, demonstrando equivalência entre ambos. Exceto para
a variável massa corpórea, pois o grupo 1 apresentou significativamente menor massa
corpórea em relação grupo 2.
A média do índice de massa corpórea (IMC) dos grupos foi 16,52 kg/m
2
para o G1, e
16,09 kg/m
2
para o G2, valores estes também considerados normais para a idade de 4,5 anos,
segundo a Organização Mundial de Saúde (WHO).
61
Tabela 3 – Valores de média e desvio padrão do perfil antropométrico dos grupos com pés planos e pés
normais, G1 (n = 17) e G2 (n = 9), respectivamente.
Idade (anos) Massa Corpórea (kg) Estatura (cm) IMC (kg/m
2
)
G1
4,66 (+
0,28) 18,71
×
(+ 3,53) 106,42 (+ 3,99) 16,52 (+ 2,52)
G2
4,66 (+
0,24) 19,44
×
(+ 2,01) 109,79 (+ 5,18) 16,09 (+ 1,42)
×
p < 0,05 (diferenças significativas intergrupos)
3.2.2.2 Caracterização dos grupos experimental e controle
Para a segunda etapa da pesquisa, subdividiu-se o grupo 1, formado por 17 crianças
com os pés planos flexíveis, em um grupo experimental (GE) e outro grupo controle (GC). O
GE foi composto por 8 crianças, sendo 5 do gênero feminino e 3 do gênero masculino, e o GC
foi composto por 8 crianças sendo 7 do sexo feminino e 1 do sexo masculino, todas
apresentavam os pés planos flexíveis. As características antropométricas gerais dos
subgrupos, nos momentos pré e pós-aplicação do protocolo, que se encontram na Tabela 4,
demonstram que eles eram similares, apresentando apenas diferenças significativas no
momento pré-aplicação, em relação à estatura (
×
).
Tabela 4 – Valores de média ( ), desvio padrão (S), das características antropométricas gerais do GE e
GC, pré e pós- programa (GE n = 8, GC n = 8).
Grupos Idade (anos) Massa Corpórea (kg) Estatura (cm) IMC (kg/m
2
)
GE Pré
4,63 (+
0,16) 20,13 (+ 3,41)* 108,88 (+ 3,17) *
×
16,96 (+ 2,44)
GE Pós
5,13 (+
0,16) 20, 78 (+ 3,53)* 112,00 (+ 3,61)* 16,60 (+ 2,53)
GC Pré
4,72 (+
0,36) 17,88 (+ 3,06)* 105,16 (+ 2,18)
*
×
16,24 (+ 2,67)
GC Pós
5,22 (+
0,36) 18,89 (+ 2,84)* 108,63 (+ 2,23)* 16,16 (+ 2,19)
×
p < 0,05 (diferenças significativas intergrupos: GE pré x GC pré; GE pós x GC pós)
* p <
0,05 (diferenças significativas intragrupo: GE pré x GE pós; GC pré x GC pós)
Analisando as mudanças intragrupo, percebe-se que tanto o GE quanto o GC
aumentaram significativamente ( * ) os valores de massa corpórea e estatura após a aplicação
do protocolo.
x
62
Como medida de controle, as variáveis antropométricas dos pés: comprimento, largura
do antepé e largura do calcanhar foram mensuradas indiretamente através da distribuição de
pressão plantar dos grupos GE e GC e estão descritas a seguir, na Tabela 5.
Tabela 5 - Variáveis antropométricas indiretas dos pés direito (D) e esquerdo (E) do GE e GC, com
valores de média ( ) e desvio padrão (S), pré e pós- programa, em cm (GE n = 8, GC n = 8).
Variáveis
(S)
GE Pré
(S)
GE Pós
(S)
GC Pré
(S)
GC Pós
Comprimento do pé D
18,14 (+
0,67) 18,46 (+ 0,82)* 17,77 (+ 0,58) 17,89 (+ 0,78)
Comprimento do pé E
18,29 (+
0,78) 18,44 (+ 0,55) 17,63 (+ 0,65) 18,00 (+ 0,67)*
Largura do antepé D
7,15 (+
0,46) 7,16 (+ 0,52) 6,75 (+ 0,30) 6,95 (+ 0,46)*
Largura do antepé E
7,18 (+
0,39) 7,30 (+ 0,41) 6,83 (+ 0,40) 7,11 (+ 0,68)*
Largura do calcanhar D
4,30 (+
0,24) 4,31 (+ 0,23) 4,31 (+ 0,37) 4,32 (+ 0,34)
Largura do calcanhar E
4,35 (+
0,35) 4,41 (+ 0,18) 4,30 (+ 0,37) 4,30 (+ 0,34)
* p < 0,05 (diferenças significativas intragrupo: pré x pós)
Observa-se que o grupo experimental e controle possuíam características
antropométricas dos pés semelhantes e não existiam diferenças significativas entre eles.
Percebe-se que analisando as mudanças intragrupo, o GE apresentou um pequeno aumento
das variáveis, sendo significativo apenas para o comprimento dos pés direitos. O GC
igualmente apresentou um pequeno aumento, sendo este significativo para o comprimento dos
pés esquerdos e largura dos antepés direitos e esquerdos.
Realizou-se, além da avaliação antropométrica, uma avaliação dos padrões motores
baseando-se na seqüência de desenvolvimento dos movimentos locomotores fundamentais,
caminhar e correr, proposta por Gallahue, Ozmun (2003), para se controlar desenvolvimento
motor dos sujeitos durante a pesquisa. No momento que antecedeu a aplicação do protocolo,
no GE todas as crianças encontravam-se no estágio maduro para o caminhar, enquanto que
para o correr as mesmas crianças encontravam-se no estágio elementar. No GC sete crianças
encontravam-se no estágio maduro e somente uma no estágio elementar para o caminhar,
enquanto que para o correr essa se encontrava no estágio inicial e as sete demais no estágio
elementar, como no GE.
Após a aplicação do protocolo, elas foram reavaliadas, sendo que para o caminhar,
todas as crianças já se encontravam no estágio maduro desde a 1ª avaliação, e a única criança
do GC que se encontrava no estágio elementar não demonstrou nenhum progresso,
x x xx
x
63
permanecendo classificada como no estágio elementar. Entretanto, para o correr no GE das
oito crianças, três apresentaram grandes modificações nos padrões do correr, os braços
estavam mais coordenados com os membros inferiores e a fase de vôo era melhor observada,
evoluindo para um estágio maduro. Nas demais crianças também se observaram uma melhora
no padrão de movimento, porém ainda dentro do estágio elementar. No GC também das oito
crianças, três apresentaram mesmas modificações nos padrões do correr, uma evoluiu para o
estágio elementar e duas para o estágio maduro. Desta forma então, na segunda avaliação para
o movimento do correr o GE possuía três crianças no estágio maduro e cinco no estágio
elementar, enquanto o GC possuía duas crianças no estágio maduro e seis no estágio
elementar.
3.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS
Os instrumentos de coleta de dados foram: um questionário dirigido aos pais, uma
ficha para avaliação clínica e antropométrica, uma ficha para avaliação postural, uma balança,
uma trena, uma fita métrica, um goniômetro, o brannock, as Tabelas sobre a seqüência de
desenvolvimento de Gallahue, uma câmera fotográfica, uma câmera filmadora e uma
plataforma capacitiva.
3.3.1 Questionário dirigido aos pais
O questionário utilizado nesta pesquisa foi desenvolvido por Kretzer (2005) (Apêndice
B), pela inexistência de um instrumento específico, para a população em estudo. Após a
construção do instrumento, o mesmo foi avaliado, conforme Melo (1984), quanto a validade
de conteúdo e constructo, por 10 Doutores do Programa de Pós Graduação em Ciências do
Movimento Humano, das linhas de pesquisa em Biomecânica e Desenvolvimento e
Aprendizagem Motora, obtendo os índices de 0,96 e 0,94, para validade de conteúdo e
constructo, respectivamente (Apêndice C). Sendo posteriormente, após ajustes, avaliado
quanto à clareza por 10 pais, que apresentavam características semelhantes aos da amostra do
estudo, obtendo o índice de 0,95 para clareza (Apêndice C).
O instrumento, que é dirigido aos pais, tem como objetivo geral analisar variáveis que
interferem na formação do arco longitudinal medial plantar. Este instrumento é formado por
12 questões fechadas e 4 questões semi-fechadas, totalizando 16 questões. Da questão 1 a 9
identificam-se fatores intrínsecos, que interferem na formação do arco longitudinal medial
plantar, como por exemplo, a história sobre o alinhamento dos joelhos (questões 1 e 2),
64
hereditariedade (questões 3 e 4), história de lesão ou trauma nos membros inferiores (questões
5 e 6), dor nos pés (questão 7), pontos de pressão nos pés (questão 8) e desgaste do calçado
(questão 9). Da questão 10 a 16 identificam-se fatores extrínsecos, que interfiram na formação
do arco longitudinal medial plantar, como por exemplo, o uso de palmilhas corretivas
(questão 10), o andar descalço (questão 11), o tipo de superfície em que a criança entra em
contato (questão 12), o tipo de calçado mais usado (questão 13), as atividades de lazer que
realiza (questão 14), a prática de atividade física curricular (questão 15), e a prática de
atividade física extracurricular (questão 16). O questionário ainda apresenta uma parte
introdutória, onde os pais completarão informações para o reconhecimento da criança, em
relação ao nome completo, data de nascimento, idade, nome dos pais, endereço e telefone
para contato.
3.3.2 Ficha de avaliação clínica e antropométrica
A ficha de avaliação (Apêndice D) teve como objetivo principal o registro e o controle
de variáveis antropométricas, de testes de flexibilidade dos pés planos, do alinhamento dos
membros inferiores e de registro para os testes de hipermobilidade articular. Além de servir
para o controle e registro das tentativas das avaliações dinâmicas da distribuição de pressão
plantar.
3.3.3 Ficha de avaliação postural qualitativa
A ficha de avaliação postural (Apêndice E) teve por objetivo controlar
qualitativamente o alinhamento de membros inferiores, no plano frontal e sagital. E foi
adaptada baseada em autores como Bienfait (1995) e Santos (2001).
3.3.4 Balança e Trena
Para o controle das medidas de massa corpórea e estatura, foi utilizada uma balança
digital da marca Filizzola, com precisão de 100 g e amplitude de medida até 200 kg, e uma
trena da marca Seca, fixada à parede, com amplitude de medida até 2 m e escala de 1 mm.
65
3.3.5 Goniômetro
Para mensuração da amplitude de movimento do tornozelo e para mensuração das
variáveis antropométricas de altura de navicular, altura maleolar lateral e medial, foi utilizado
um goniômetro da marca Carci, com escala de 1º e amplitude de medida até 180º (Figura 1).
Convém ressaltar que não foi utilizado um traçador de altura, para mensuração destas
variáveis, pois não se queria oferecer risco à população em estudo.
3.3.6 Fita métrica
Para mensuração da antropometria, quanto ao comprimento dos pés, largura da
articulação metatarso falangeana e perímetro do antepé, foi utilizada uma fita métrica, com
graduação em centímetros, com amplitude de medida até 1,5 m e escala de 1 mm (Figura 1).
3.3.7 Brannock
O “Genuine Brannock Device é um instrumento que serve para a mensuração dos
pés, quanto ao comprimento calcanhar-hálux, comprimento do arco e largura dos pés, de
modo estático. Entretanto, nesse estudo apenas serviu de auxílio, juntamente com o apoio de
madeira (Figura 1), para a mensuração antropométrica direta dos pés.
Figura 1– Instrumentos: Brannock, fita trica e goniômetro sobre a superfície de madeira.
Fonte: Dados da autora.
66
3.3.8 Tabelas sobre a seqüência de desenvolvimento dos movimentos locomotores
fundamentais de Gallahue
Para avaliação do desenvolvimento motor das crianças em estudo, para as tarefas da
caminhada e da corrida, utilizou-se a seqüência de desenvolvimento motor para os
movimentos locomotores fundamentais proposta por Gallahue, Ozmun (2003) (Anexo 1). A
partir destas referências, classificaram-se as crianças, pelo estágio de desenvolvimento, em
estágio inicial, elementar e maduro.
3.3.9 Câmera filmadora
Para controle da avaliação motora realizada, utilizou-se uma câmera filmadora da
marca Sony.
3.3.10 Plataforma capacitiva
Para obtenção dos parâmetros de distribuição de pressão plantar, da caminhada e da
corrida, foi utilizada a plataforma capacitiva, do Sistema Emed (Novel, Gmbh) (Figura 2),
optando-se por uma freqüência de aquisição igual a 50 Hz. A plataforma de pressão tinha uma
resolução de 2 sensores/cm
2
. Seus 1377 sensores estavam arranjados numa área de 360 x 190
mm, e a dimensão total da plataforma eram de 582 x 340 x 20 mm.
Figura 2 – Plataforma capacitiva do Sistema Emed (Novel, Gmbh).
Fonte: Dados da autora.
67
A plataforma caracterizava-se por ser um sistema de mensuração de pressão capacitiva
do pé, de modo estático ou dinâmico. Sendo a sua utilização feita, através de um computador
ou notebook, em ambiente Windows, e possuindo um software do usuário, para
processamento e análise dos dados.
A seguir, apresenta-se a Tabela 6, com um resumo das informações sobre a plataforma
emed-At (NOVEL Gmbh, 2005).
Tabela 6 – Resumo das características da plataforma emed-At.
Plataforma Emed-at
Dimensão (mm) 582x340x20
Área de sensores (mm) 360x190
Número de sensores 1377
Resolução (sensores/cm
2
) 2
Freqüência (Hz) 25/30/50
Limite de pressão (kPa) 10-990
Mínima pressão captada (kPa) 10
Acurácia +
7% ZAS
Histerese < 3%
Limite de temperatura (ºC) 10-40
Força máxima total (N) 67.000
Conversa transversal (db) - 40
Comprimento do cabo (m) 5
Fonte: Novel Gmbh, 2005.
3.4 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL
A fase descritiva-exploratória desta pesquisa desenvolveu-se descrevendo e
comparando as características entre o grupo 1 (G1) e o grupo 2 (G2). Sendo o G1 formado por
17 sujeitos com pés planos flexíveis, agrupando os pés planos severos e os moderados, de
acordo com a avaliação clínica qualitativa dos pés, descrita nos procedimentos de coleta de
dados (3.7). E o G2 formado por nove sujeitos com pés normais, em relação à presença do
arco longitudinal medial plantar, agrupando os pés planos médios e os pés normais.
Para a realização da fase experimental subdividiu-se o grupo 1, com pés planos
flexíveis, em um grupo experimental (GE) e outro grupo controle (GC). Desta forma então,
ambos os grupos experimental e controle foram constituídos por oito crianças cada um, pois
68
houve a perda amostral de um sujeito. Os sujeitos pertencentes à turma 1 foram selecionados
intencionalmente como grupo experimental, e aqueles da turma 2 como grupo controle. Em
virtude dos seguintes critérios: 1- A turma 1 apresentava o maior número de participantes
autorizados para o projeto; 2- O sujeito excluído, por possuir os pés planos pouco flexíveis,
encontrava-se na turma 1 e poderia ser beneficiado pela aplicação do programa, apesar de não
ser incluído nas análises dos resultados.
3.5 PROTOCOLO EXPERIMENTAL – PROGRAMA TERAPÊUTICO PROFILÁTICO
O protocolo experimental envolveu a aplicação do programa terapêutico profilático no
grupo experimental. O programa terapêutico profilático integrou a intervenção terapêutica,
constituindo-se de uma série de exercícios lúdicos envolvendo os pés das crianças, e a
abordagem profilática, considerando a avaliação precoce, além do contato com os educadores
escolares e pais apresentando parte da pesquisa, sua importância e orientação de atividades
profiláticas.
Esse programa foi construído e adaptado, a partir intervenções terapêuticas, de autores
europeus como Scharll (1990), Köhler, Reber (1998) e Larsen, Meier, Wickihalter (2002), e
outros relacionadas à Educação Física pré-escolar dentro dos objetivos previstos no
Referencial nacional para educação infantil do Ministério da Educação (1998).
As atividades do programa eram direcionadas aos membros inferiores voltadas,
principalmente, aos pés, com exercícios de fortalecimento, que auxiliavam no
desenvolvimento do arco longitudinal medial plantar. Atividades de coordenação motora
generalizada também foram incluídas no programa, utilizando-se de situações onde as
crianças se movimentavam através de diferentes estratégias, e com a utilização de vários tipos
de materiais. Todas as atividades realizadas no programa podem e devem fazer parte dos
programas curriculares da disciplina de Educação Física, principalmente, nos primeiros anos
escolares, onde as crianças precisam de um ambiente que aumente o número de experiências
corporais que possam ser vivenciadas. Gallahue, Ozmun (2003) relatam que as crianças
devem envolver-se em muitas experiências coordenadas e na perspectiva desenvolvimentista
saudáveis, projetadas para aumentar o conhecimento do corpo e do seu potencial para o
movimento.
O programa constituiu-se de sessões de 45 minutos, desenvolvidas durante o horário
estabelecido para as aulas de Educação Física curricular, com a freqüência de três vezes por
semana, durante um período de 18 semanas. Sendo aplicado pela própria autora desta
69
pesquisa, que é fisioterapeuta, em conjunto com a professora de Educação Física das turmas,
também pesquisadora e idealizadora deste projeto. A aplicação do programa encontra-se
ilustrada e exemplificada no Apêndice 1.
O grupo controle participou das aulas de Educação Física curricular, que aconteceram
no mesmo período, com a mesma freqüência e duração das sessões, que a aplicação do
programa no grupo experimental. As aulas do grupo controle envolviam atividades motoras
generalizadas e alguns fundamentos da ginástica geral. As crianças do grupo controle
realizaram como no grupo experimental atividades de diferentes naturezas, porém as
atividades específicas do programa não foram desenvolvidas neste grupo. As aulas de
educação física do grupo controle, foram elaboradas seguindo o que é previsto no Referencial
Nacional para Educação Infantil, seguindo os princípios de que os diversos repertórios de
cultura corporal são expressos em brincadeiras, jogos, danças atividades esportivas e outras
práticas sociais, condições necessárias para que o processo de desenvolvimento global da
criança ocorra.
O programa, assim como as aulas de Educação Física, para os dois grupos, foi
realizado no mesmo local, na quadra de ginástica da escola. As crianças realizavam as
atividades descalças ou de meias, pelo fato da quadra ser coberta por tapetes e não ser
permitido o acesso com calçados. Para a realização das atividades do programa, as crianças do
grupo experimental necessitariam estar mesmo nestas condições, porém o grupo controle não
precisaria realizar as atividades sem os calçados, mas isto não pôde ser evitado já que era
proibido o uso de calçado no local.
Após o esclarecimento e reprodução dos exercícios pelas pesquisadoras, foi feita uma
classificação, de acordo com o grau de dificuldade.
O programa do protocolo experimental foi composto por 3 níveis:
Nível 1
Constitui-se de atividades introdutórias e de baixa complexidade, fundamentando os
primeiros contatos e envolvendo:
Apresentação dos pés às crianças, citando as estruturas anatômicas,
estimulando o toque e o contato, demonstrando a importância da participação no programa e a
consciência do alinhamento corporal correto.
Experimentação do contato dos pés com superfícies diferenciadas, como
espuma, carpete, EVA, piso de cerâmica e madeira.
Introdução dos movimentos básicos dos exercícios com os pés. Primeiramente,
realizando com as mãos, para posterior repetição com os pés.
70
Introdução da manipulação com os pés. Pegando diversos objetos com os pés
como lápis, bolas de gude, formas de letras em EVA, papel celofane e balões.
Exemplos de atividades do nível 1 sem o uso de materiais:
1. Realizar exercícios de flexão e extensão dos dedos (mantendo por 10 segundos
cada movimento, por três vezes);
2. Realizar exercícios de plantiflexão e dorsiflexão (mantendo por 10 segundos
cada movimento, por três vezes);
3. Realizar exercícios mantendo os pés em posição em garra (dedos flexionados e
tornozelo em posição neutra);
4. Realizar preensão plantar na borda de uma superfície;
5. Manipular com os pés pequenos objetos;
6. Massagear seus próprios pés e também os pés de um colega;
7. Caminhar com o apoio sobre os dedos (em meia ponta);
8. Movimentar os pés sobre variadas superfícies e ouvir os diferentes sons
causados pelos movimentos;
9. Friccionar um pé sobre o outro, sentindo com a planta do pé o dorso do outro
pé mantendo o movimento de garra;
10. Caminhar procurando manter o alinhamento correto dos pés durante o contato
com o solo.
Exemplos de atividades do nível 1 com o uso de materiais:
1. Caminhar na ponta dos pés, enquanto o terapeuta posiciona um objeto em uma
altura maior que a criança, fazendo com que ela tenha que posicionar-se na ponta dos pés,
para alcançar o objeto;
2. Agarrar e levantar objetos utilizando os pés, na posição sentada depois em pé;
3. Agarrar objetos com os pés e realizar deslocamentos;
4. Arremessar uma bola com os pés;
5. Puxar com os dedos uma toalha estendida no chão, em seguida, pode-se
colocar algum peso sobre a toalha aumentando o grau de dificuldade do exercício;
6. Desenhar e pintar com os pés.
Nível 2
Constitui-se de atividades de complexidade intermediária.
Exemplos de atividades do nível 2 sem o uso de materiais:
1. Imitar movimentos de bichos (elefante, sapo, coelho, cegonha, pato);
2. Realizar movimento de abdução e adução dos dedos;
71
3. Caminhar com apoio sobre os calcanhares;
4. Realizar movimento de “balançinho”, fazendo a transferência do peso dos
calcanhares para as pontas dos pés;
5. Realizar em duplas: o afastamento antero-posterior, uma criança oferece
resistência e a outra empurra no sentido contrário;
6. Realizar em duplas: uma criança se posiciona em frente de outra no solo,
encostando seus pés e fazendo movimento de pedalada, similar a uma bicicleta.
Exemplos de atividades do nível 2 com o uso de materiais:
1. Andar sobre uma corda estendida no chão (a corda deve descrever formas
variadas);
2. Guardar objetos dentro de uma caixa utilizando os pés;
3. Passar objetos de um pé para o outro;
4. Utilizar os pés para encaixar peças em uma caixa com formatos específicos;
5. Posicionar um objeto entre os pés e simular um barquinho realizando
movimentos de extensão e flexão dos joelhos, na posição sentada;
6. Passar uma bola de uma criança para a outra, utilizando os pés para receber e
para passar a bola, sentada em posição de “borboleta”;
7. Passar um pequeno objeto de uma criança para outra utilizando os pés,
sentadas formando um círculo;
8. Andar sobre uma barra (de frente / de lado);
9. Caminhar sobre os calcanhares segurando um balão entre os dedos;
10. Permanecer em cima de uma bola de areia, ou objetos que estimule a
propiocepção, como o balançinho de equilíbrio.
Nível 3
Constitui-se de atividades de alta complexidade, que exigiam um maior treinamento e
habilidade.
Exemplos de atividades do nível 3 sem o uso de materiais:
1. Ficar posicionado por um período de tempo em apoio unipodal (posição da
árvore);
2. Fazer movimento de barco a vela, mantendo o contato dos pés, estendendo e
flexionando os joelhos;
3. Brincar de espelho: o terapeuta realiza movimentos dos membros inferiores que
devem ser imitados pela criança em forma de espelhos;
Exemplos de atividades do nível 3 com o uso de materiais:
72
1. Colocar moedas dentro de um cofrinho com os dedos dos pés;
2. Discar um telefone com os dedos dos pés;
3. Cortar papéis utilizando os dedos dos pés;
4. Tocar instrumentos musicais utilizando os dedos dos pés;
5. Folhear livros utilizando os dedos dos pés.
Propõem-se também atividades onde as crianças possam passar por diferentes
experiências motoras através de atividades de circuitos. Estes eram realizados, por meio de
diferentes materiais, contendo várias estações distribuídas de maneira lúdica, onde as crianças
exploravam de diversas formas os membros inferiores, através de atividades como saltar por
cima de objetos, caminhar sobre cordas estendidas no chão, pular cordas, saltar dentro de
arcos, correr em diferentes trajetórias e direções, caminhar sobre bancos e sobre a trave de
equilíbrio em diferentes direções, etc.
As diversas atividades desenvolvidas no programa terapêutico-profilático encontram-
se ilustradas no Apêndice A.
3.6 CONTROLE DE VARIÁVEIS
As variáveis controladas no estudo para maior conhecimento dos sujeitos e para o
controle de possíveis influências nos resultados foram:
A flexibilidade dos pés planos. Quando o pé plano estava presente, o mesmo
era testado quanto a sua flexibilidade. Primeiramente, na posição sentada com os pés
pendentes, na seqüência com o teste de elevação dorsal do hálux, após era feita a verificação
da amplitude de movimento de dorsiflexão do tornozelo;
O alinhamento de membros inferiores. Este foi controlado, através de uma
minuciosa avaliação postural qualitativa, no plano frontal e sagital, seguindo a ficha em
apêndice E. A criança usava vestes adequadas, que possibilitassem a visualização das
principais articulações dos membros inferiores. A mesma era orientada para permanecer na
posição estática, com apoio bipodal. Optou-se por respeitar o afastamento dos pés em que a
criança adquiria naturalmente, com o objetivo de observar sua postura habitual;
A hipermobilidade articular. Esta foi controlada através da aplicação do teste
de Escores de Beighton (Anexo 2), e encontra-se detalhada no procedimento de coleta de
dados a diante;
O estágio do desenvolvimento motor. A avaliação motora dos sujeitos, em
relação aos movimentos locomotores fundamentais da caminhada e da corrida, foi controlada
73
através das Tabelas de seqüência de desenvolvimento, para a caminhada e a corrida de
Gallahue, Ozmun (2003);
As aulas de educação física curricular dos sujeitos do grupo controle. Estas
foram acompanhadas, portanto, tinha-se controle das atividades que foram realizadas com este
grupo;
As avaliações também foram realizadas pelos mesmos avaliadores, assim como
o processamento dos dados.
3.7 PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS
O projeto de pesquisa foi previamente aprovado, pelo Comitê de Ética e Pesquisa da
UDESC (Anexo 3), sob o protocolo nº 162/05, incluindo termo de consentimento (Anexo 4).
A coleta de dados foi realizada nas dependências do Ginásio de Esporte da Escola.
Após autorização prévia dos pais ou responsáveis e a assinatura do termo de consentimento,
foi feita uma listagem das crianças autorizadas a participar da pesquisa, sendo excluída a que
não possuía os pés flexíveis, portanto, não se enquadrava nos critérios de seleção.
O questionário dirigido aos pais (Apêndice B), juntamente com a carta informativa
(Apêndice F), foi enviado para casa dentro da agenda escolar das crianças. Solicitou-se que os
pais o retornassem, a escola, no prazo de três dias. Em virtude de alguns pais não devolverem
o questionário, foi enviado uma segunda via, e ainda assim faltaram as informações de três
crianças.
Para que a coleta de dados acontecesse de maneira mais organizada, foi combinado
com as professoras das turmas, que as avaliações seriam realizadas com três crianças por vez,
sendo estas retiradas e devolvidas na sala de aula, durante o horário curricular. No período de
coleta de dados, foi enviado para casa um bilhete, solicitando que o aluno trouxesse
vestimentas adequadas para as avaliações posturais, como tops e shorts apropriados.
A coleta de dados foi constituída das seguintes etapas:
Etapa 1 - Registro da estatura e massa corpórea. Para registro da estatura foi
utilizada a técnica livre em pé (NORTON, OLDS, 2005), permanecendo o sujeito com os pés
juntos, e os calcanhares, as nádegas e a parte superior das costas encostadas na trena. Para
estas mensurações, as crianças foram orientadas a permanecer na postura ereta com os braços
relaxados ao longo do corpo, olhando na direção anterior (Figuras 3 e 4).
74
Figura 3 - Registro da estatura.
Figura 4 - Registro da massa corpórea.
Etapa 2 - Mensuração antropométrica dos pés. Esta etapa foi realizada com a
criança permanecendo em postura bípede e estática, iniciando sempre pelo pé direito. Para
medida do comprimento do pé e da largura da articulação metartarso-falangiana, a criança era
posicionada sobre o brannock (Figura 5), onde era feita uma marcação com uma caneta,
referente às variáveis analisadas. Após a saída da criança sobre o brannock, era realizada a
verificação da medida da distância com o uso de uma fita métrica. Para a avaliação das
variáveis de altura do navicular e altura maleolar lateral e medial, foi utilizado um
goniômetro.
75
Figura 5 – Criança posicionando o pé direito sobre o Brannock.
Etapa 3 - Classificação clínica qualitativa dos pés. Os pés foram avaliados em
postura bípede e estática, quanto à presença do arco longitudinal medial plantar, sendo que
estes foram avaliadas pelo menos duas vezes pelo mesmo avaliador. Foi registrada uma
fotografia dos pés de cada sujeito, com identificação de códigos, para posterior análise.
Segundo a graduação de Lin, et al. (2001), os pés podiam ser classificados como: normais,
médios, moderados ou severos.
A seguir, podem ser comparadas as figuras, que exemplificam a classificação dos
diferentes tipos de pés encontrados no estudo. OBS: O ponto preto representa a altura do
navicular, que era demarcado durante a aferição antropométrica dos pés.
A figura 6 abaixo representa o pé tipo normal, onde o arco longitudinal medial plantar
encontra-se presente e formado.
Figura 6 – Pé normal.
Fonte: Dados da autora.
A figura 7 abaixo representa o pé tipo médio, que esboça o arco, mas o mesmo ainda
não está completamente formado. Esta classificação tende a tornar-se normal.
Figura 7 – Pé plano médio.
Fonte: Dados da autora.
76
A figura 8 próxima representa o pé plano tipo moderado, que é o pé plano
propriamente dito, com queda do arco longitudinal medial plantar, e com contato da região
medial do pé com o solo.
Figura 8 – Pé plano moderado.
Fonte: Dados da autora.
A figura 9, a seguir, representa o pé plano tipo severo, que apresenta a borda medial do
pé convexa e com o sustentáculo do tálus, projeção medial do corpo do tálus, proeminente
próximo ao maléolo medial.
Figura 9 – Pé plano severo.
Fonte: Dados da autora.
Em virtude das características semelhantes Lin, et al. (2001) uniram os grupos de pés
normais e médios para análise estatística. Portanto, para fins metodológicos e estatísticos,
optou-se, na pesquisa presente, por agrupar os tipos moderados e severos, categorizando-os
como grupo 1 (G1), formado por 17 crianças, com pés planos flexíveis, e grupo 2 (G2),
formado por 9 crianças, com pés normais, em relação a presença do arco longitudinal medial
plantar, agrupando os tipos médios e normais. Visando inclusive, a descrição e a comparação
entre as características antropométricas e biomecânicas, entre as crianças com pés planos e as
crianças com pés normais, de acordo com os objetivos especificados no primeiro capítulo.
Etapa 4 - Avaliação clínica quanto à flexibilidade dos pés planos. Os pés foram
avaliados, conforme Bertani et al. (1999), quanto a flexibilidades dos pés planos. Verificou-se
se o arco fazia-se presente, primeiramente, com a criança na posição sentada com pés
77
pendentes sem apoio (Figura 10), e na seqüência na posição bípede e estática com o teste de
elevação dorsal do hálux (Figura 11). Além disso, era necessária a mensuração da amplitude
de movimento (ADM) da articulação do tornozelo, em dorsiflexão e plantiflexão. Onde a
criança permanecia em decúbito dorsal com os joelhos estendidos sobre um colchonete, de
aproximadamente 30 centímetros. Registrou-se o arco de movimento, com o centro do
goniômetro posicionado sobre o maléolo lateral, tendo a perna como referência para a haste
fixa do goniômetro e o quinto metatarso para a haste móvel.
Figura 10 – Verificação do arco plantar com os pés pendentes.
Fonte: Dados da autora.
Figura 11 - Verificação do arco plantar com o teste de elevação do hálux.
Fonte: Dados da autora.
Etapa 5 - Avaliação da hipermobilidade articular. Esta avaliação foi feita seguindo
os escores de Beighton (LAMARI, CHUEIRE, CORDEIRO, 2005), apresentados no Anexo
2, e registrada na ficha de avaliação em Apêndice D. Marcou-se um ou zero para cada critério,
avaliando os lados direito e esquerdo com a criança na posição bípede. Teste 1: Extensão
passiva do 5º dedo (se maior que 90º = 1), teste 2: Extensão passiva do polegar ao antebraço
(se tocar = 1), teste 3: Extensão ativa do cotovelo (se maior que 180º = 1), teste 4: Extensão
78
ativa do joelho (se maior que 180º = 1), teste 5: Flexão anterior do tronco com os joelhos
estendidos (se tocar o solo = 1). Ao final somaram-se os pontos e obtiveram-se os escores.
Considerou-se hipermóvel o escore > 4.
Etapa 6 - Avaliação postural qualitativa dos membros inferiores. Foi realizada no
plano sagital e frontal, na posição estática, e com a base de apoio habitual da criança
(Apêndice E). Fez-se um registro fotográfico no plano frontal vista posterior de cada sujeito
para controle (Figura 12).
Figura 12 – Registro da postura dos membros inferiores no plano frontal vista posterior.
Fonte: Dados da autora.
Etapa 7 - Avaliação Motora. A avaliação motora foi aplicada com o objetivo de
acompanhar o desenvolvimento motor das crianças, durante o período da pesquisa. Esta foi
realizada com a utilização da seqüência de desenvolvimento motor para os movimentos
locomotores fundamentais, proposta por Gallahue, Ozmun (2003). As crianças foram
filmadas, durante a realização das mesmas tarefas que seriam coletados os dados de
distribuição de pressão plantar que eram o caminhar e o correr, em velocidade auto-
selecionada, pelo menos três vezes. Este procedimento de filmagem foi realizado com os
grupos 1 e 2, e posteriormente a aplicação do protocolo experimental foi repetido, nos grupos
experimental e controle. Além das observações feitas através das filmagens, foi também
analisado todo o processo de desenvolvimento durante o período em que se trabalhou com as
crianças. A partir desta avaliação, tornou-se possível classificar as crianças pelo estágio de
desenvolvimento que apresentavam em cada tarefa. Classificando-as em estágio inicial,
elementar e maduro.
79
Etapa 8 - Aquisição dos parâmetros de distribuição de pressão plantar (DPP).
Esta etapa ocorreu durante todo período de contato dos pés no momento da fase de apoio
durante as tarefas dinâmicas, de caminhada e corrida, realizadas na velocidade habitual da
criança. Optou-se por não controlar a velocidade, primeiramente, porque a área sensorizada da
plataforma é relativamente pequena, portanto, a necessidade de alvejar esta área com o pé,
durante o movimento, a uma velocidade pré-determinada é um problema e pode conduzir a
resultados distorcidos do movimento padrão (HENNIG, ROSENBAUM, 1991). Além disso,
os autores colocam que mesmo um aumento substancial na velocidade da caminhada de
1,33m/s para 1,79m/s (aumento de 33%) resulta em um aumento dos valores da pressão, em
todas as regiões do pé, de somente 7,2%. Concluiu-se que as pressões sob os pés não são
muito sensíveis à velocidade da marcha, e permitiu-se então que as crianças usassem seus
próprios ritmos. Sendo que elas auto-selecionaram uma média aproximada de 1,3 m/s para o
caminhar e 2,4 m/s para o correr. Essas médias foram determinadas através da razão entre a
distância percorrida e o tempo, bem como pelo controle do tempo de contato registrado pela
plataforma durante o movimento.
Inicialmente, foi feita uma apresentação do equipamento para as crianças, onde elas
podiam tocar sobre o mesmo, evidenciando que este não representava perigo. A plataforma de
DPP foi posicionada entre uma passarela, com aproximadamente 8,5 metros de comprimento
e 0,57 metros de largura, de emborrachado de EVA (Copolímero de Etileno-Acetato de
Vinila), posicionado para não haver diferenças de altura entre o chão e a plataforma (Figura
13).
Figura 13 – Plataforma de DPP posicionada entre a passarela de emborrachado de EVA.
Fonte: Dados da autora.
80
As crianças eram orientadas em relação ao movimento a ser executado, sendo este
demonstrado previamente pelos avaliadores. Foi permitido um período de familiarização da
criança, e somente a partir do momento, em que se percebia a adaptação da mesma ao
equipamento era dado início à aquisição dos dados. Essa acomodação era percebida por
alguns indicativos, como a dissociação das cinturas escapulares e pélvicas, as mãos ficavam
livres ao longo do corpo, a criança não olhava para baixo e não reduzia a velocidade do
caminhar ou do correr ao pisar na plataforma, ou seja, não modificava o seu padrão de
movimento natural. Também foi utilizado, como critério para consideração da tentativa
válida, a seleção das curvas de força, que se apresentavam como esperado para o movimento
(em forma de M). Foram coletadas dez tentativas válidas para as tarefas do caminhar (Figura
14) e dez para o correr, sendo cinco para o pé direito e cinco para o pé esquerdo.
Figura 14 - Coleta de dados durante o caminhar.
Fonte: Dados da autora.
Durante a aquisição dos dados era tomado o cuidado para que a criança não ficasse
cansada durante esse procedimento, se esta demonstrasse algum sinal de fadiga era feito um
pequeno intervalo de tempo, até que a criança se mostrasse disposta novamente. Ao final da
sessão de coleta de dados, as crianças ganhavam uma lembrança como forma de
agradecimento pela participação no estudo (Figura 15).
As etapas 3, 7 e 8 foram repetidas, após a aplicação do protocolo experimental,
aproximadamente 5 meses, nas crianças do grupo 1, que formaram o grupo experimental e o
grupo controle.
81
Figura 15 – Dois sujeitos do estudo exibindo suas lembranças após a coleta de dados.
Fonte: Dados da autora.
3.8 PROCESSAMENTO DOS DADOS
O processamento e tratamento dos dados passaram por diferentes etapas, de acordo
com a característica dos dados.
Os parâmetros qualitativos, obtidos através do questionário dirigido aos pais, bem
como, os parâmetros de controle obtidos por meio da avaliação clínica, foram tabulados e
descritos estatisticamente e graficamente, através do Programa Microsoft Excel 2003 do
Windows xp.
Os parâmetros antropométricos dos pés foram descritos estatisticamente e
graficamente, bem como, os dados de massa corpórea, estatura e IMC, através do Programa
Microsoft Excel 2003 pertencente ao Windows xp.
Os parâmetros biomecânicos da DPP foram processados através de diferentes
aplicativos dos programas, de tratamento de dados da Novel GmbH. Foram editados em
grupos de acordo com a tarefa motora, grupo controle e grupo experimental e o período em
que os dados foram coletados (pré e pós a aplicação do programa). Utilizaram-se as cinco
tentativas válidas para cada sujeito, durante o processamento, admitindo a variabilidade dos
dados intra-sujeito. Analisaram-se separadamente os pés direitos e esquerdos, utilizando cinco
tentativas válidas para o pé direito e cinco para o esquerdo.
Com o programa Novel criou-se no momento da coleta de dados os arquivos brutos
com extensão *dat que precisaram ser transformados em arquivos com extensão *lst e *sta
para futura análise estatística. Para tal precisaram-se seguir os seguintes procedimentos:
1- Organizaram-se os grupos no group editor localizado no aplicativo do Novel
Multimask; iniciando com a identificação do grupo por tarefa, na seqüência foram escolhidos
os arquivos dos dados brutos, informou-se a massa corpórea de cada sujeito, selecionou-se a
82
máscara (mask) a ser utilizada, e salvou-se o arquivo com um nome e extensão *par. Neste
estudo foi utilizada a máscara chamada PRC.MSK (Figura 16), que divide o pé em 10
regiões: calcanhar medial (M01) e lateral (M02), mediopé medial (M03) e lateral (M04),
antepé constituído pela 1ª (M05), 2ª (M06) e 3ª, 4ª e 5ª (M07) cabeças dos metatarsos, hálux
(M08), 2º dedo (M09), 3º 4º e 5º dedos (M10) (NOVEL, 2001).
2- Através do aplicativo group mask evaluation, também do software Multmask abriu-
se cada arquivo *par, selecionado-se as variáveis utilizadas no estudo; salvaram-se os
arquivos com a extensão *sta (valores médios de todas as tentativas) e *lst (valores
individuais de todas as tarefas).
3- Abriram-se estes arquivos no Excel, através do Windows Ansi, selecionando as
variáveis de interesse no estudo e construindo as planinhas finais, que foram utilizadas na
análise estatística.
Figura 16 - Subdivisão da superfície plantar, conforme a PRC.MSK
Fonte: Dados da Autora.
M 04 - mediopé lateral
M 02 - calcanhar lateral
M
01 - calcanhar
medial
M 03 - mediopé medial
M 05 - cabeça do 1º
metatarso
M 06 - cabeça do 2º metatarso
M 07 - cabeças dos 3 º, 4º e 5 º metatarsos
M 08 - hálux
M 09 - 2º dedo
M 10 - 3º, 4º e 5º dedos
83
Optou-se ainda em rodar arquivos com extensão *ave no aplicativo Average, a partir
dos arquivos de extensão *par. Neste aplicativo obteve-se isobárica da DPP utilizada nos
relatórios individuais.
Para obtenção da variável índice do arco plantar, comprimento do pé, largura do
antepé e do calcanhar, de modo indireto (Figura 17) abriram-se os arquivos com extensão
*par no aplicativo Geometry, solicitando o cálculo das variáveis esperadas, e salvaram-se os
novos arquivos com extensão *lst, para posterior visualização e tabulação no Excel.
Finalmente, após o processamento dos dados no software de aquisição, os dados foram
editados no Microsoft® Excel 2003 e o software estatístico utilizado foi o StatView for
Windos Version 5.0.1 (SAS Institute Inc.).
Figura 17 - Representação do índice do arco plantar.
Fonte: Cavanagh, Rodgers, 1987.
3.9 TRATAMENTO ESTATÍSTICO
A utilização da estatística na pesquisa científica é tema de discussão nas diferentes
áreas de conhecimento. Para Box, Hunter, Hunter (1978) a pesquisa científica é um processo
de aprendizado dirigido. Portanto, o objetivo dos métodos e tratamentos estatísticos é tornar
este processo o mais eficiente possível.
Pode-se utilizar de métodos quantitativos e qualitativos. Através da quantificação de
parâmetros de expressão do movimento humano obtemos a caracterização numérica das
variáveis dependentes ou independentes segundo os mais distintos objetivos de estudo.
Desta forma então, a estruturação do tratamento estatístico está vinculado não somente
a metodologia da pesquisa, mas também a caracterização da problemática e do objetivo do
84
estudo abordados desde o início até o final do processo de desenvolvimento da pesquisa
cientifica.
A estatística pode auxiliar na organização, apresentação, análise e interpretação dos
resultados, sejam eles de natureza numérica ou não, com o objetivo de tomar decisões acerca
dos resultados amostrais e prováveis vínculos destes com uma população.
Dentro as diversas expressões da estatística descritiva foram utilizadas parâmetros que
descrevem a amostra através de expressões qualitativas (nominais e ordinais) e quantitativas
(discretas e contínuas). Para tal os dados brutos foram processados como dados elaborados.
Os dados primários oriundos dos protocolos experimentais foram associados a dados
secundários existentes provenientes da literatura.
Para descrição das variáveis qualitativas, utilizou-se a estatística descritiva, bem como,
as distribuições de freqüências absolutas e relativas, utilizando os recursos gráficos do
Microsoft® Excel 2003. Para apresentação das distribuições conjuntas de freqüências, usou-
se a Tabela de dupla entrada ou dupla classificação, conforme Barbetta (1994). Para testar a
significância da associação entre duas variáveis qualitativas, utilizou-se o Teste de associação
Qui-Quadrado, e os resultados com diferenças significantes encontram-se no Anexo 5.
Para a descrição das variáveis quantitativas em estudo, também se utilizou da
estatística descritiva, observando as seguintes medidas: média aritmética, desvio padrão, além
dos recursos gráficos do Microsoft® Excel 2003. Para os dados da distribuição de pressão
plantar utilizaram-se as cinco tentativas válidas para cada pé separadamente, não utilizando
média intra-sujeito, considerando assim a variabilidade dos dados. Apesar de não se encontrar
diferenças estatisticamente significantes entre os pés direito e esquerdo, manteve-se a análise
desta forma com o intuito de se conhecer os resultados separadamente.
Em virtude do n amostral reduzido e pelo fato dos histogramas de freqüências das
variáveis contínuas não apresentarem uma distribuição normal, definiu-se a aplicação de
testes estatísticos não paramétricos.
Na interpretação das diferenças foi adotado, para a conclusão na determinação da
igualdade ou desigualdade, de modo geral o nível de significância de 95% (p < 0,05). Sendo
que quando se encontrou p < 0,01 ou p < 0,001 este p foi identificado, para análise de maior
significância.
Para comparação dos dados não pareados, independentes, entre diferentes grupos
como o G1 e G2, ou GE (experimental) e GC (controle), utilizou-se o Teste de Kolmogorov –
Smirnov (TOMAS, NELSON, 2002), onde os resultados com diferenças significativas
encontram-se no Anexo 5.
85
Para comparação dos dados pareados, entre os mesmos grupos antes e depois da
aplicação do programa, utilizou-se o Teste de Wilcoxon Signed Rank (TOMAS, NELSON,
2002), onde os resultados com diferenças significativas também se encontram no Anexo 5.
A Figura 18 apresenta um fluxograma, onde se resume o tratamento estatístico
aplicado na pesquisa presente.
Utilizou-se além desses testes a diferença entre as médias expressa em porcentagem.
Dividiu-se a diferença entre as médias pela média de menor valor e mutiplicou-se por 100
(VIEIRA, 1999).
Figura 18 – Fluxograma resumindo o tratamento estatístico.
3.10 LIMITAÇÕES DA PESQUISA
Aspectos, como o desenvolvimento motor e a própria maturação fisiológica do sistema
músculo-esquelético da criança, ocorreram concomitantemente às avaliações e às
intervenções, podendo ter diminuído a validade interna da pesquisa, tornando-a assim mais
limitada. Por esta razão adotou-se a avaliação de um grupo controle.
Além disso, a rigorosidade dos procedimentos de coleta de dados exigia que se
obtivessem cinco tentativas válidas para cada pé, sendo 10 totais por sujeito. Isto,
Resultados
Qualitativos Quantitativos
Teste Qui-Quadrado
Chi-Square Tests
Estatística descritiva
Teste pareado Teste não pareado
Teste de Wilcoxon
Estatística
Nao-paramétrica
(Teste K-S)
Kolmogorov-Smirnov
G1 x G2
GE Pré x GCPré
GE Pós x GCPós
GE Pré x GE Pós
GC Pré x GC Pós
86
considerando ainda a necessidade de acerto do pé na plataforma, aumenta o grau de
dificuldade da tarefa e em conseqüência prorroga o tempo de coleta de dados. Para minimizar
esta limitação as coletas foram separadas em etapas e realizadas em dias distintos.
Outro fator relevante foi que o grupo controle, apesar de não participar do programa,
realizou atividade física curricular de modo descalço, característica comum com o grupo
experimental. Este fator pode ter influenciado de maneira a estimular também a formação do
arco plantar no grupo controle, e não pôde ser evitado.
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
O atual capítulo apresentará a apresentação e discussão dos resultados das variáveis
em estudo, conforme os objetivos específicos descritos no capítulo 1. Inicialmente será
dissertado sobre a fase descritiva-exploratória desta pesquisa, e na seqüência sobre os efeitos
da aplicação do programa terapêutico profilático, que constituirá a fase experimental da
pesquisa.
4.1 CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DOS PÉS
Teve-se como primeiro objetivo específico a descrição e análise das características
clínicas, dos pés de crianças, com pés planos flexíveis (G1) e crianças com pés normais (G2),
quanto à presença do arco longitudinal medial plantar. Essas características abrangiam a
classificação qualitativa em relação ao tipo de pés, a verificação da flexibilidade dos pés
planos flexíveis, a avaliação da amplitude de movimento articular dos tornozelos, para
dorsiflexão e plantiflexão, bem como a avaliação da hipermobilidade articular.
Desta forma, os pés dos 26 sujeitos foram qualitativamente e estaticamente
classificados, quanto à presença do arco longitudinal medial plantar, conforme estudo de Lin
et al. (2001) e a metodologia descrita anteriormente. De acordo com esta classificação,
encontraram-se cinco sujeitos com os pés normais, quatro médios, dez moderados e sete
severos, representando uma freqüência relativa de 0,19; 0,15; 0,39 e 0,27, respectivamente,
como demonstrado na Figura 19.
Lin et al. (2001), possuindo um n igual a 105 sujeitos, encontraram que 72% deles
possuíam os pés normais ou médios, 24% moderados e 4 % severos, para indivíduos da
mesma idade, representando uma elevada incidência de pés normais.
Comparando os resultados, verifica-se na presente pesquisa uma alta incidência de pés
planos moderados ou severos, somatizando 0,66 (0,39 + 0,27) em termos relativos, versus a
baixa incidência de pés normais ou médios igual a 0,34 (0,19 + 0,15). Resultado este
considerado fisiologicamente normal e compatível com a idade (GOULD et al.,1989;
FORRIOL, PASCUAL,1990).
88
0,19
0,15
0,39
0,27
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
Freqüência
Normais Médios Moderados Severos
Tipos
Classificação qualitativa dos tipos de pés (
n
= 26)
Figura 19 – Distribuição de freqüências relativas dos tipos de pés (n = 26).
Convém relembrar que os pés normais apresentavam o arco longitudinal medial
plantar já presente, os médios esboçavam o arco, mas o mesmo ainda não estava
completamente formado. Os moderados eram os pés planos propriamente ditos sem a
presença do arco e com contato da região medial do pé com o solo, e os severos apresentavam
a borda medial do pé convexa e com o sustentáculo do talus, proeminente próximo ao
maléolo medial.
Optou-se, para fins metodológicos e estatísticos, por agrupar os tipos moderados e
severos, categorizando-os como grupo 1 (G1), formado por 17 sujeitos, com pés planos
flexíveis. Assim como, optou-se por agrupar os tipos médios e normais, categorizando-os
como grupo 2 (G2), composto por 9 sujeitos, com pés normais, em relação a presença do arco
longitudinal medial plantar.
Todos os sujeitos do grupo 1 apresentavam os pés planos flexíveis, ou seja, não
patológicos, conforme o critério de inclusão no estudo. Para esta confirmação, os pés planos
foram avaliados quanto à flexibilidade. Para tal verificaram-se os testes na posição sentada e
com elevação dorsal do hálux, além da avaliação da amplitude de movimento (ADM) de
tornozelo, que deveria ter o tendão de Aquiles flexível o suficiente para permitir de 10º a 15º
de dorsiflexão, além da posição neutra (BERTANI et al., 1999). Fator este que todos os pés
apresentavam.
Para ambos os grupos avaliaram-se a ADM dos tornozelos, para dorsiflexão e
plantiflexão. Pretendia-se identificar se esta ADM diferenciava-se entre os grupos em razão
89
da presença dos pés planos flexíveis. Mas esta relação não foi confirmada, conforme a Tabela
5, pode-se observar os valores médios da ADM dos tornozelos, direito e esquerdo, para os
grupos 1 e 2. Verificam-se média de valores semelhantes, tendo ainda o G2 valores mais
elevados em relação ao G1. Portanto, não foram encontradas diferenças estatisticamente
significativas, entre os valores dos grupos G1 e G2, quanto à ADM de tornozelos, direito e
esquerdo, tanto para plantiflexão e dorsiflexão.
As médias dos valores encontradas em G1 e G2 estão dentro da normalidade, levando-
se em consideração os padrões para ADM articular proporcionados pelo Manual de Academia
Americana de Cirurgiões Ortopedistas (TACHDJIAN, 1995). Além disso, os valores mais
elevados de ADM em crianças justifica-se em decorrência da maior frouxidão articular
encontrada, nesta população (STANGER, 2002). Os valores encontrados corroboram com os
da literatura, pois Smith, Weiss, Lehmkuhl (1997), trazem uma média de 13º para dorsiflexão,
e 56º para plantiflexão, obtidos através de um estudo com sujeitos sadios, com idade entre 18
meses e 54 anos.
Tabela 7 - ADM dos tornozelos direito (D) e esquerdo (E) para dorsiflexão e plantiflexão, com valores de
média ( ), desvio padrão (S), em graus ( º ) para o G1 e G2.
Dorsiflexão D ( º ) Dorsiflexão E ( º ) Plantiflexão D ( º ) Plantiflexão E ( º )
G1
15,94 (+
4,76) 14,76 (+5,33) 47,00 (+7,65) 48,70 (+6,99)
G2
16,55 (+
5,17) 15,44 (+ 3,94) 50,22 (+ 6,64) 53,33 (+ 6,78)
Em relação à hipermobilidade articular, todas as crianças, tanto do G1 quanto do G2,
foram consideradas hipermóveis, apresentando escores >
4, conforme demonstrado na Figura
20. Logo, não se encontrou diferença estatisticamente significativa, entre G1 e G2, quanto a
esta variável. Entretanto, o escore máximo de 9 pontos foi o mais freqüente, entre o grupo 1,
com uma freqüência relativa igual à 0,53, enquanto no grupo 2, o mais freqüente foi o escore
5, com freqüência relativa igual à 0,44.
Convém relembrar que a hipermobilidade articular foi um fator controlado através do
escore de Beighton (Anexo 2), que podia variar de 0 a 9 pontos. Caracterizou-se como
hipermóvel a criança que pontuou escore > 4, de acordo com estudo de Lamari, Chueire e
Cordeiro (2005). Estes autores também encontraram uma alta incidência (64,6 %) de
hipermobilidade articular em crianças pré-escolares. Além de associar os maiores escores com
as menores idades. Em virtude disto, pode-se justificar a alta incidência de crianças com
x
90
escore máximo nesta pesquisa, já que a hipermobilidade articular é uma condição comum
nesta faixa etária.
Contudo, investigou-se a hipermobilidade articular em virtude dela estar
frequentemente associada à postura dos pés planos (WALKER, 1994). Os resultados
encontrados corroboram com a literatura, já que se verificou uma alta incidência do escore
máximo no grupo 1, com pés planos. Fato este que não se repetiu no grupo 2, com pés
normais.
F
reqüências relativas dos escores de
hipermobilidade articular
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
456789
Escore
Freqüência
G1
G2
Figura 20 - Distribuição de freqüências relativas do escore de hipermobilidade articular, do grupo 1 com
pés planos flexíveis, e grupo 2 com pés normais.
4.2 CARACTERÍSTICAS POSTURAIS
Buscou-se a identificação das características posturais, dos membros inferiores, dos 26
sujeitos, avaliando, principalmente, o alinhamento dos joelhos e tornozelos, a partir da ficha
de avaliação (Apêndice E), adaptada de Bienfait (1995) e Santos (2001). Além disso,
verificou-se a relação entre a presença dos pés planos e o valgismo de joelhos e de tornozelos.
Os dados serão apresentados a seguir, através das distribuições de freqüências absolutas (fa) e
relativas (fr), bem como por meio das Tabelas de dupla classificação.
Quanto à postura dos joelhos no plano frontal, observou-se o valgismo e o varismo dos
joelhos sempre bilateralmente. Na Tabela 8 encontra-se a distribuição das freqüências destes
desvios.
91
Tabela 8 - Distribuição de freqüências absolutas (fa) e relativas (fr) das características posturais dos
joelhos dos sujeitos no plano frontal (n = 26).
Normal Valgo Varo
fa fr fa fr fa fr
6 0,22 18 0,70 2 0,08
Demonstrando então, a alta incidência de joelhos valgos, entre os sujeitos, 18 casos,
freqüência relativa igual a 0,70. Gould et al. (1989), também encontraram uma alta incidência
(92,3%) nas crianças com idade de 5 anos. Sendo, no entanto, aparentemente considerados
fisiologicamente normais e compatíveis com a idade. Ao contrário do varismo, que
apresentou apenas duas ocorrências (0,08), contudo, considerado de forma mais preocupante
por não ser avaliado como um desvio normal nesta faixa etária (BEAUCHAMP, 1987;
TACHDJIAN, 1995).
Associou-se a presença dos joelhos valgos e o tipo de pés através da Tabela 9 de dupla
classificação, e não se encontrou uma associação estatisticamente significante.
Tabela 9 – Distribuição das freqüências absolutas e relativas da presença do valgismo de joelhos
relacionando o tipo de pés (n = 26).
Presença dos
Tipo de Pés Total
joelhos valgos Plano Normal
fa fr fa fr fa fr
Sim 11 0,43 7 0,27 18 0,70
Não 6 0,22 2 0,08 8 0,30
Total 17 0,65 9 0,35 26 1,00
Ainda em relação à postura dos joelhos no plano frontal, observou-se a rotação
interna dos joelhos. Este desvio teve 13 sujeitos (0,50) com ocorrências positivas, metade
deles, sendo que dez apresentavam essa rotação bilateralmente e três não.
Quanto à postura dos joelhos no plano sagital, identificaram-se os desvios de joelho
recurvatum (JR) e joelho flexo (JF). Conforme a Tabela 10 pode-se verificar a distribuição das
freqüências destes desvios.
92
Tabela 10 - Distribuição de freqüências absolutas (fa) e relativas (fr) das características posturais dos
joelhos dos sujeitos no plano sagital (n = 26).
Normal JR JF
fa fr fa fr fa fr
2 0,08 18 0,70 6 0,22
Evidenciando alta incidência de sujeitos com joelhos recurvatum, 18 sujeitos (0,70),
sendo 14 bilaterais e 4 unilaterais. Enquanto, houve uma baixa incidência de sujeitos com
joelhos flexos, apenas 6 (0,22), todos unilaterais.
Convém ressaltar que a postura de joelhos recurvatum está associada à frouxidão
ligamentar, ou hipermobilidade articular (WALKER, 1994). Justificando assim, a alta
incidência dessa postura pelo fato de todos os sujeitos serem considerados hipermóveis.
Quanto à postura dos tornozelos, no plano frontal posterior, identificaram-se 14
sujeitos com os tornozelos valgos, representando uma freqüência relativa igual a 0,54, ou seja,
mais da metade dos sujeitos. Gould et al. (1989), também encontraram uma elevada
incidência (77,9%) de tornozelos valgos nas crianças com idade de 5 anos. Todavia, esta
condição é considerada fisiologicamente normal e compatível com a idade, sendo corrigida
até os seis anos de idade (GOULD et al., 1989; FORRIOL, PASCUAL, 1990). No entanto, a
postura dos tornozelos em valgo é um dos fatores que justificam a presença dos pés planos
nesta idade, conforme Forriol, Pascual (1990). A postura de tornozelo em varo não foi
encontrada nestes sujeitos.
Associou-se, através da Tabela 11, a presença dos tornozelos valgos ao tipo de pés.
Entre os 14 sujeitos que apresentavam os tornozelos valgos, 12 apresentavam os pés planos.
Esta associação teve significância estatística, com p <
0,05. Corroborando assim com as
afirmações de Gould et al. (1989) e Forriol, Pascual (1990). Confirmando assim, a forte
associação existente entre a postura em valgo dos tornozelos e a presença dos pés planos.
Tabela 11 – Distribuição das freqüências absolutas e relativas da presença do valgismo de tornozelos
relacionando o tipo de pés (n = 26).
Presença
Tipo de Pés Total
d
os tornozelos valgos Plano Normal
fa fr fa fr fa fr
Sim 12 0,45*
2 0,08* 14 0,53*
Não 5 0,20 7 0,27 12 0,37
Total 17 0,65 9 0,35 26 1,00
* p < 0,05
93
Ainda se verificou que oito sujeitos, dentre os 26, apresentavam o antepé em postura
plana. Todos possuíam os pés planos, cinco eram moderados e três severos. Três sujeitos,
também com os pés planos, apresentavam o hálux valgo, um era moderado e dois eram
severos.
4.3 CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS RELACIONADAS À FORMAÇÃO DO
ARCO PLANTAR
Investigaram-se, qualitativamente, variáveis intrínsecas e extrínsecas, que pudessem,
direta ou indiretamente, interferir na formação do arco longitudinal medial plantar dos 26
sujeitos da pesquisa. A análise ocorreu, segundo a percepção dos pais ou responsáveis, a partir
da aplicação do questionário. A seguir encontram-se os resultados de 23 questionários, em
virtude do não retorno de três deles, sendo que 15 sujeitos são do grupo 1, com pés planos, e 8
do grupo 2, com pés normais.
Os dados serão apresentados através das distribuições de freqüências absolutas (fa) e
relativas (fr), bem como por meio das Tabelas de dupla classificação.
Inicialmente, quanto aos fatores intrínsecos buscou-se saber como era o alinhamento
postural dos joelhos dos sujeitos ao final dos dois anos de idade (Figura 21).
0,61
0,04
0,09
0,26
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
Freqüência
normal valgo varo não recorda
A
linhamento postural dos joelhos
A
linhamento postural dos joelhos ao final dos 2
anos, segundo a percepção dos pais
(n = 23)
Figura 21 - Distribuição de freqüências relativas do alinhamento postural dos joelhos ao final dos dois
anos de idade, segundo a percepção dos pais (n = 23).
Segundo a percepção dos pais, 14 sujeitos, com freqüência relativa igual a 0,61, ou
seja, a maioria, já apresentavam o alinhamento normal nesta idade, o que era esperado
conforme o desenvolvimento fisiológico da postura dos joelhos (BEAUCHAMP, 1987;
94
TACHDJIAN, 1995). Em dois sujeitos (0,09) o varismo persistia, e apenas um (0,04)
apresentava valgismo. Convêm relacionar que este sujeito apresenta atualmente uma
acentuada postura em valgo dos joelhos associada ainda ao sobrepeso, e aos pés planos
moderados. Seis pais (0,26) relataram não recordar da postura dos joelhos dos seus filhos ao
final dos dois anos de idade.
Observou-se esse fator em razão da postura em valgo de joelhos estar relacionada com
a postura do pé plano. Tendo em vista ainda que segundo a literatura, o alinhamento postural
dos joelhos de um bebê recém-nascido até os dois anos de idade representa um varismo
fisiológico e a partir desta idade o alinhamento deve-se normalizar para posteriormente passar
a um valgismo fisiológico que deverá ser normalizado até aproximadamente aos 6 anos de
idade (BEAUCHAMP, 1987; TACHDJIAN, 1995).
Analisando quanto à hereditariedade para o valgismo dos joelhos, encontrou-se que
quatro sujeitos (0,17) apresentavam pais ou mães com este alinhamento, destes, três eram os
pais e um era a mãe. Relacionando com a avaliação postural realizada com esses sujeitos
observa-se que desses quatro sujeitos, dois apresentavam uma acentuada postura em valgo dos
joelhos.
Considerando a hereditariedade para os pés planos, observou-se que em termos
absolutos oito sujeitos (0,35) apresentavam pai ou mãe com os pés planos destes, seis eram os
pais e dois eram as mães (Figura 22). Também relacionando com a avaliação postural
realizada, verificou-se que destes oito sujeitos, seis possuíam o fator hereditário positivo e
apresentavam os pés planos, sendo que dois são severos. Averiguou-se o fator hereditário por
ele estar intimamente relacionado com o desenvolvimento postural das crianças (HEBERT,
XAVIER, 1992).
0,35
0,65
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
Freqüência
Sim Não
P
resença do fator hereditário (pai ou mãe) quanto
aos pés planos (
n
= 23)
Figura 22 - Distribuição de freqüências relativas da presença do fator hereditário seja pai ou mãe, quanto
aos pés planos (n = 23).
95
A Tabela 12, de dupla classificação, faz uma associação entre a presença do fator
hereditário e a classificação do tipo dos pés, apesar de não ter ser encontrado significância
estatística, entre esta relação.
Tabela 12 – Distribuição das freqüências absolutas e relativas da presença do fator hereditário para os pés
planos, por tipo de pés (n = 23).
Presença
Tipo de Pés Total
do fator hereditário Plano Normal
fa fr fa fr fa fr
Sim 6 0,26 2 0,09 8 0,35
Não 9 0,39 6 0,26 15 0,65
Total 15 0,65 8 0,35 23 1,00
Quanto à queixa de dor ou desconforto nos pés, observou-se em termos absolutos que
seis dos 23 sujeitos (0,26) apresentam queixa de dor ou desconforto nos pés, destes, dois
(0,33) apresentavam os pés normais e quatro (0,67) apresentavam os pés planos. Entretanto,
dentre os 17 (0,74) que não se queixavam havia 11 (0,64) sujeitos com os pés planos e seis
(0,36) com os pés normais (Figura 23).
0,26
0,74
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
Freqüência
Sim Não
Presença de dor ou desconforto nos pés (
n
= 23)
Figura 23 – Distribuição de freqüências relativas para a presença de dor ou desconforto nos pés (n = 23).
Observou-se esse fator intrínseco, em razão da dor ser um condicionante de gravidade
da postura dos pés planos. Tanto que, segundo Bertani et al. (1999), a maioria dos pés planos
sintomáticos é selecionada, dependendo também da gravidade postural, para intervenção
cirúrgica após os oito anos de idade.
96
A Tabela 13 de dupla classificação faz uma associação entre a presença da dor e a
classificação dos pés, apesar de não ter se encontrado significância estatística.
Tabela 13 – Distribuição das freqüências absolutas e relativas da presença de dor ou desconforto nos pés,
por tipo de pés (n = 23).
Presença
Tipo de Pés Total
de dor ou desconforto Plano Normal
fa fr fa fr fa fr
Sim 4 0,17 2 0,09 6 0,26
Não 11 0,48 6 0,26 17 0,74
Total 15 0,65 8 0,35 23 1,00
Em relação à percepção de desgaste de modo irregular na sola dos calçados dos
sujeitos, em termos absolutos sete (0,3) pais afirmaram haver desgaste irregular nos calçados
de seus filhos, nove (0,4) negaram, enquanto sete (0,3) relataram que não costumavam
observar (Figura 24). Desses sete sujeitos que os pais responderam positivamente, cinco
apresentavam os pés planos, e dois os pés normais. A presença de pontos de pressão ou bolhas
nos pés dos sujeitos não foi relatada pelos pais.
0,3
0,4
0,3
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
Freqüência
sim não não costuma
observar
P
ercepção dos pais quanto ao desgaste
irregular do calçado (
n
= 23)
Figura 24 - Distribuição de freqüências relativas da percepção dos pais quanto à presença de desgaste
irregular do calçado (n = 23).
Questionaram-se esses dois últimos fatores em virtude de Köhler, Reber (1998) e
Larsen, Meier, Wickihalter (2002) descreverem como sendo uma análise necessária e
fundamental para investigação da sobrecarga de determinadas regiões dos pés.
97
De acordo com os critérios de inclusão no estudo, os sujeitos não apresentavam
história recente de trauma ou lesão nos membros inferiores. Somente, um dos sujeitos teve
entorse de tornozelo há mais de um ano, e outro teve uma fratura de hálux há dois anos.
Em relação à percepção dos pais quanto ao equilíbrio corporal e ao desenvolvimento
dos seus filhos, encontrou-se que os sujeitos não tropeçavam freqüentemente. Apenas dois
relataram o oposto. Este resultado foi de certa forma discrepante em relação ao observado
durante as coletas de dados e durante a própria aplicação do programa, onde os sujeitos que se
encontravam ainda numa fase de desenvolvimento das habilidades motoras tropeçavam com
muita freqüência e demonstravam certo desequilíbrio corporal diante de algumas atividades
propostas. Desta forma supõe-se que os pais têm dificuldade em avaliar o equilíbrio corporal
de seus filhos.
Investigando os fatores extrínsecos influentes na formação do arco plantar, verificou-
se que nenhum sujeito do estudo fez uso de palmilhas corretivas para os pés.
Questionou-se também se os sujeitos andavam ou permaneciam descalços ou apenas
de meias freqüentemente, e obteve-se a resposta afirmativa em 14 dos 23 sujeitos, ou seja, a
maioria (0,61). Entretanto, convém ressaltar que sete dos nove sujeitos (0,39), que os pais
responderam negativamente, tinham os pés planos moderados ou severos, ou seja, dos 15
sujeitos com pés planos, 7 não tinham esse hábito. Para estes sujeitos esse fator é de
fundamental importância, pois a ação de andar descalço favorece o desenvolvimento do arco
plantar (KÖHLER, REBER, 1998; LARSEN, MEIER, WICKIHALTER, 2002).
A pesquisa de Rodrigues, Sacco, Amadio (1997) corrobora com esta afirmação. Os
autores compararam um grupo de crianças nativas, cujo hábito do não uso de calçados era
freqüente, com um grupo de crianças controle, urbanas e não-obesas, e encontraram
diferenças estatisticamente significativas em relação a variável índice do arco plantar.
Demonstrando que as crianças nativas tinham índices menores, que evidenciavam a presença
do arco plantar, semelhante ao encontrado em adultos com os pés normais.
Quanto ao tipo de superfície que normalmente os sujeitos entravam em contato quando
andavam descalço, os pais citaram sempre mais de uma superfície, totalizando 30 citações.
Verificou-se que a superfície mais citada foi o piso de cerâmica com 19 ocorrências, em
termos relativos igual a 0,63, enquanto, a segunda maior ocorrência foi da grama (0,14) e do
carpete (0,14), e na seqüência o piso de madeira teve pouca citação (0,06). A superfície menos
citada com somente uma freqüência foi a areia (0,03) (Figura 25).
98
Distribuição de freqüências dos tipos de
s
uperfícies que as crianças entram em contato
com os pés descalços
0,63
0,14
0,03
0,14
0,06
piso de cerâmica
grama
areia
carpete
piso de madeira
Figura 25 – Distribuição de freqüências relativas dos tipos de superfícies que entram em contato com os
pés descalços.
Este resultado reflete que as crianças atualmente estão se desenvolvendo em um meio
cada vez mais urbanizado e com menos contato com o natural. Köhler, Reber (1998) e Larsen,
Meier, Wickihalter (2002) reforçam a importância de se propiciar a criança em
desenvolvimento o contato com diferenciadas superfície, somatizando experiências e
estimulando a sensibilidade dos pés infantis.
Em relação ao tipo de calçado usualmente utilizado, encontrou-se entre 50 citações o
tênis como o mais freqüente com 21 ocorrências (0,42), seguido do chinelo com 15
ocorrências (0,30) (Figura 26). Em terceiro lugar a sandália teve 10 ocorrências (0,20) e os
menos citados foram bota ou sapato. Ainda assim, obtiveram cinco ocorrências (0,10),
levando em consideração que não são os mais indicados, pois normalmente restringem os
movimentos e não favorecerem o desenvolvimento adequado dos pés. Hennig (2006)
afirmou, durante o V Simpósio Brasileiro de Biomecânica do Calçado, que os calçados
infantis deveriam ser macios e flexíveis suficientes para permitir o movimento do pé. O autor
ainda ressaltou que calçados formais e rígidos para crianças deveriam ser proibidos. Sendo
mais conveniente para o desenvolvimento das crianças que as mesmas andassem descalças.
Investigaram-se também quais eram as atividades de lazer praticadas pelos sujeitos
durante o tempo livre (Figura 27). Encontraram-se, dentre 50 citações, as atividades de correr
e jogar futebol como as mais freqüentes com 12 ocorrências (0,24). Seguida das atividades de
andar de bicicleta, brincar no parque ou no pátio e brincar dentro de casa, com jogos ou
bonecas, com 10 ocorrências (0,20) cada. As menos citadas foram jogar vídeo game ou
computador e assistir televisão com oito ocorrências (0,16). Pôde-se observar que os sujeitos
99
eram dinamicamente ativos, o que contribui positivamente para a formação do arco plantar
(KÖHLER, REBER, 1998; LARSEN, MEIER, WICKIHALTER, 2002).
D
istribuição de freqüências dos tipos de calçados
usualmente mais utilizados
0,42
0,3
0,2
0,1
tênis
chinelo
sandália
bota ou sapato
Figura 26 – Distribuição de freqüências relativas dos tipos de calçados usualmente mais utilizados pelas
crianças.
D
istribuição de freqüências das atividades de lazer mais
praticadas
0,24
0,2
0,2
0,2
0,16
correr ou jogar futebol
andar de bicicleta
brincar no parque ou no pátio
brincar dentro de casa (jogos,
boneca...)
jogar video game ou
computador e assistir TV
Figura 27 – Distribuição de freqüências relativas das atividades de lazer mais praticadas pelas crianças.
Quanto à prática de atividade física extracurricular, observou-se que somente sete
sujeitos (0,30) praticavam atividade física extracurricular com a freqüência de duas vezes por
semana, e entre as atividades citadas estavam a ginástica, o ballet e a natação. Dentre esses
sete sujeitos, seis tinham os pés planos moderados ou severos e dois tinham normais.
Portanto, 16 (0,70) dos 23 sujeitos, ou seja, a maioria não praticava atividade fora do período
escolar (Figura 28). Dentre estes, 10 tinham os pés planos moderados ou severos, e seis
tinham normais.
100
0,3
0,7
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
Freqüência
Sim o
P
rática de atividade física
extra-curricular (n = 23)
Figura 28 - Distribuição de freqüências relativas da prática de atividade física extra-curricular
(n = 23).
Levou-se em consideração esse fator em função de que a prática regular de esportes
pode contribuir para o alinhamento postural mais adequado, conforme ressaltam Hebert,
Xavier (1992), além de estimular a formação do arco longitudinal medial plantar (KÖHLER,
REBER, 1998; LARSEN, MEIER, WICKIHALTER, 2002) .
A Tabela 14 de dupla classificação, abaixo, faz uma associação entre a prática de
atividade física extra-curricular e a classificação dos pés, apesar de não ter se encontrado
significância estatística.
Tabela 14 – Distribuição das freqüências absolutas e relativas da prática de atividade física extra-
curricular, por tipo de pés (n = 23).
Prática de atividade
Tipo de Pés Total
física extra-curricular Normal Plano
fa fr fa fr fa fr
Sim 2 0,09 5 0,22 7 0,30
Não 6 0,26 10 0,43 16 0,70
Total 8 0,35 15 0,65 23 1,00
101
4.4 CARACTERÍSTICAS ANTROPOMÉTRICAS DOS PÉS
A partir do tópico corrente, as características biomecânicas, de antropometria dos pés e
de distribuição de pressão plantar, serão apresentadas e analisadas dividindo o n amostral em
grupo 1 (G1), com pés planos flexíveis e grupo 2 (G2) com pés normais.
Buscou-se descrever e comparar as características antropométricas dos pés dos sujeitos
mensurados de modo direto, conforme a metodologia já descrita. Através da Tabela 15, pode-
se observar a descrição das variáveis analisadas, para os G1 e G2, demonstrando uma grande
simetria entre as médias dos pés direito e esquerdo de cada grupo.
Tabela 15 - Variáveis antropométricas dos pés direito (D) e esquerdo (E), do grupo 1 (G1) com pés planos
flexíveis e grupo 2 (G2) com pés normais, com valores de média ( ) e desvio padrão (S), em cm (G1 n =
17, G2 n = 9).
Variáveis
(S)
G1
(S)
G2
Comprimento do pé D
17,20 (+
0,55) 17,66 (+ 1,28)
Comprimento do pé E
17,01 (+
0,58) 17,51 (+ 1,19)
Largura do antepé D
7,09 (+
0,48) 7,45 (+ 1,07)
Largura do antepé E
7,07 (+
0,58) 7,45 (+ 1,04)
Perímetro do antepé D
17,67 (+
0,97) 18,36 (+ 0,98)
Perímetro do antepé E
17,63 (+
0,94) 18,28 (+ 0,94)
Altura do navicular D
3,24 (+
0,33)
×
3,73 (+ 0,35)
×
Altura do navicular E
3,27 (+
0,34) 3,67 (+ 0,30)
Altura maleolar lateral D
4,80 (+
0,32) 5,06 (+ 0,50)
Altura maleolar lateral E
4,80 (+
0,29) 5,14 (+ 0,52)
Altura maleolar medial D
5,22 (+
0,40) 5,44 (+ 0,30)
Altura maleolar medial E
5,16 (+
0,37) 5,42 (+ 0,32)
×
p < 0,05 (diferenças significativas intergrupos)
De modo geral a média dos valores são semelhantes entre os grupos, sendo que os
valores do G2 são sempre maiores, em comparação ao G1, exceto para as variáveis alturas do
navicular direito e esquerdo. O G1 apresenta média de valor igual a 3,24 cm (+ 0,33) e 3,27
cm (+ 0,34), enquanto o G2 apresenta 3,73 cm (+ 0,35) e 3,67 cm (+ 0,30) para os pés direito
x x
x
102
e esquerdo, respectivamente. Este resultado era esperado em razão do G1 apresentar os pés
planos enfatizando assim a queda do arco longitudinal medial plantar. No entanto, somente
para variável altura do navicular direito encontraram-se diferenças estatisticamente
significativas entre os grupos G1 e G2.
Sá et al. (2001) estudaram um grupo de 48 crianças com 5 anos de idade e médias de
massa corpórea e estatura próximas aos dos sujeitos da pesquisa presente, o equivalente a
20,02 Kg e 110,11 cm. Os autores encontraram média de valores para a variável perímetro do
antepé igual a 17,36 cm para o direito e 17,37 cm para o esquerdo. Nesta pesquisa a média
dos valores encontrados foram muito semelhantes, sendo 17,67 cm (+ 0,97) para o direito e
17,63 cm (+ 0,94) para o esquerdo no G1 e 18,36 cm (+ 0,98) para o direito e 18,28 cm (+
0,94) para o esquerdo do G2. Entretanto, comparando as variáveis, comprimento e largura do
antepé dos pés, a média dos valores médios apresentados são superiores aos descritos na
pesquisa de Sá et al. (2001) que foram 16,14 cm para o comprimento dos pés direito e
esquerdo e 6,02 para a largura do antepé dos pés direito e esquerdo. O G1 apresentou 17,20
cm (+ 0,55) e 17,01 cm (+ 0,58) e o G2 que apresentou 17,66 cm (+ 1,28) e 17,51 cm (+ 1,19)
para o comprimento dos pés direito e esquerdo respectivamente. E para variável largura do
antepé o G1 apresentou 7,09 cm (+ 0,48) e 7,07 cm (+ 0,58), enquanto o G2 que apresentou
7,45 (+ 1,07) e 7,45 (+ 1,04) para os pés direito e esquerdo, respectivamente.
4.5 CARACTERÍSTICAS BIOMECÂNICAS DA DISTRIBUIÇÃO DE PRESSÃO
PLANTAR
O estudo da distribuição de pressão plantar (DPP) pode servir para mensurar as forças
geradas pelo corpo, assim como a reposta ou a carga obtida em regiões específicas dos pés
durante a realização de diferentes movimentos, como, por exemplo, o caminhar e a correr
(AMADIO, 1996).
Para a população infantil, a análise dos parâmetros relacionados à DPP pode contribuir
para compreensão da maturação fisiológica dos membros inferiores, além de facilitar a
diferenciação de condições patológicas comuns nesta população.
Sendo assim, a partir da análise da distribuição de pressão plantar, observaram-se o
comportamento de algumas variáveis primárias como a área de contato e o pico de pressão
máxima plantar. Incluindo também, variáveis derivadas como o índice do arco plantar e a
carga relativa. Estas serão descritas na seqüência, descrevendo os valores encontrados em
cada uma das dez áreas da superfície plantar: calcanhar medial (M01) e lateral (M02),
mediopé medial (M03) e lateral (M04), antepé constituído pela 1ª (M05), 2ª (M06) e 3ª, 4ª e
103
5ª (M07) cabeças dos metatarsos, hálux (M08), 2º dedo (M09), 3º 4º e 5º dedos (M10).
Somente não será descrito assim, para variável índice do arco plantar em virtude desta ser
uma razão. Os valores sempre serão expostos para os grupos 1 e 2, com pés planos flexíveis e
pés normais, respectivamente, comparando-os, durante as tarefas dinâmicas, do caminhar e
correr.
4.5.1 Índice do arco plantar
O índice do arco plantar (IAP) é uma variável derivada obtida pela razão calculada
entre a área do mediopé e a área total do pé, excluindo os dedos (CAVANAGH, RODGERS,
1987). Neste primeiro momento, ele foi calculado para os grupos 1, com pés planos flexíveis,
e 2, com pés normais, durante as tarefas dinâmicas, do caminhar e do correr, conforme se
pode observar nas Tabelas seguintes.
Tabela 16 – Variável Índice do Arco Plantar (IAP) dos pés direito (D) e esquerdo (E), durante o caminhar
(W) do G1 e G2, com valores de média ( ) e desvio padrão (S) (G1 n = 17, G2 n = 9).
Variáveis
(S)
G1
(S)
G2
IAPWD
0,27 (+
0,04) 0,24 (+ 0,06)
IAPWE
0,26 (+
0,05)
××
0,23 (+ 0,05)
××
×
×
p < 0,01 (diferenças significativas intergrupos)
Tabela 17 – Variável Índice do Arco Plantar (IAP) dos pés direito (D) e esquerdo (E), durante o correr (R)
do G1 e G2, com valores de média ( ) e desvio padrão (S) (G1 n = 17, G2 n = 9).
Variáveis
(S)
G1
(S)
G2
IAPRD
0,30 (+
0,03)
××
0,27 (+ 0,04)
××
IAPRE
0,30 (+
0,04)
××
0,27 (+ 0,03)
××
×
×
p < 0,05 (diferenças significativas intergrupos)
Para o caminhar, o grupo 1, com pés planos flexíveis, apresentou a média do índice do
arco plantar igual a 0,27 e 0,26, para os pés direito e esquerdo respectivamente, enquanto o
grupo 2, com pés normais, apresentou 0,24 e 0,23. Os valores dos pés esquerdos do G1 foram
considerados estatisticamente mais elevados que os do G2, para o caminhar. Durante o correr
o G1, obteve a média igual 0,30 e o grupo 2 a 0,27 para ambos os pés. Os valores do índice do
x
x
x x
x x
104
arco plantar, na condição do correr, do G1, com pés planos, para ambos os pés, foram
considerados estatisticamente mais elevados em relação aos do G2, com pés normais.
Comparando os pés direito e esquerdo intragrupos, encontrou-se um valor médio semelhante,
para ambas as tarefas. Houve uma tendência dos índices serem maiores para o movimento do
correr, inclusive quando analisado intragrupo. Pode-se atribuir este resultado ao fato desse
movimento ser caracterizado como estando num estágio elementar para os sujeitos em estudo,
diferentemente do caminhar onde a grande maioria já se encontrava num estágio maduro.
Corroborando ainda com os resultados encontrados por Cavanagh, Rodgers (1987),
que observaram um aumento do índice entre os mesmos sujeitos para as diferentes tarefas,
sendo que a ordem crescente dos valores foi para as tarefas estática, caminhada e corrida.
Esses autores propuseram uma classificação do tipo de pé através do índice do arco
plantar, onde o índice <
a 0,21 corresponde ao arco elevado, o índice entre 0,21 e 0,26
corresponde ao normal, e >
a 0,26 corresponde ao arco plano.
De acordo com esta classificação, para o caminhar, a média dos valores sugerem que
os pés dos sujeitos do grupo 1 sejam planos, pois são maiores ou iguais que 0,26, enquanto os
do grupo 2 sejam normais, pois são menores que 0,26. Entretanto, essa classificação foi
avaliada em sujeitos adultos, não sendo considerada adequada para classificação dos pés de
crianças.
As médias dos valores do IAP para as tarefas do caminhar e do correr encontram-se
ilustrados nas Figuras 29 e 30, respectivamente.
As médias dos valores encontradas nesta pesquisa, para o caminhar, são menores que
os observados por Sá et al. (2001), num estudo com crianças de idade equivalente. Os autores
obtiveram média de valores iguais a 0,30 (+ 0,04) e 0,30 (+ 0,05) para os pés direito e
esquerdo. Ainda cabe ressaltar que esses autores observaram que o índice teve uma tendência
de diminuir com o aumento da idade, comparando com os demais grupos de diferentes idades.
Por exemplo, para a idade de 5 anos, encontraram valores médios iguais a 0,26 (+ 0,06) e 0,25
(+ 0,06), aproximando-se mais dos resultados presentes.
Rodriguez, Sacco, Amadio (1997) reportam média de valores iguais a 0,22 (+ 0,02) e
0,22 (+0,01) para os pés direito e esquerdo, de um grupo controle de 20 adultos; valor de 0,29
(+ 0,01) para ambos os pés, de um grupo de 8 crianças, com média de idade de 9 anos,
consideradas não obesas e urbanas; valor de 0,31 (+0,02) para ambos os pés de 6 crianças,
com média de idade de 8 anos, consideradas obesas; e surpreendentemente 0,18 (
+ 0,01) e
0,19 (
+ 0,02) para um grupo de 17 crianças, com média de idade de 8,6 anos, consideradas
105
“nativas”, com o hábito freqüente de andar sem calçado. Apresentando o arco plantar já
formado, semelhante a um adulto e com tendências a um tipo de pés cavos.
M
édia do índice do arco plantar (IAP) durante o
caminhar (W) para G1 e G2
0,00
0,08
0,16
0,24
0,32
G1 G2
IAP
direito
esquerdo
Figura 29 – Média dos valores do índice do arco plantar dos pés, direito (IAPWD) e esquerdo (IAPWE),
durante o caminhar, para os grupos 1, com pés planos flexíveis e grupos 2, com pés normais.
p < 0,01
M
édia do índice do arco plantar (IAP) durante o
correr para G1 e G2
0,00
0,08
0,16
0,24
0,32
0,40
G1 G2
IAP
direito
esquerdo
Figura 30 – Média dos valores do índice do arco plantar dos pés, direito (IAPRD) e esquerdo (IAPRE),
durante o correr, para os grupos 1, com pés planos flexíveis e grupos 2, com pés normais.
p < 0,01
106
4.5.2 Área de Contato
A variável área de contato representa a área calculada no período em que o sensor foi
ativado, ou seja, pressionado, pelo contato do pé com a plataforma, sendo essa variável
expressa em cm
2
(NOVEL, Gmbh 2001). A pressão plantar sob uma região dos pés está
inversamente relacionada com a área de contato desta região, em razão de ser definida como a
razão entre a força e a área de contato. Desta forma então, uma área de contato maior
proporciona uma melhor distribuição das cargas, evitando desta maneira a sobrecarga em
determinadas regiões.
Na Tabela 18, a seguir, estão as médias e os desvios padrão da variável área de
contato, dos pés direitos e esquerdos, para os grupos 1, com pés planos flexíveis e 2, com pés
normais, durante o caminhar.
Tabela 18 – Variável área de contato (AC) total e respectivas áreas dos pés direitos (D) e esquerdos (E),
durante o caminhar (W), do grupo 1 (G1) e 2 (G2) com valores de média ( ) e desvio padrão (S) em cm
2
(G1 n = 17, G2 n = 9).
Variáveis
W
(S)
G1 D
(S)
G2 D
(S)
G1 E
(S)
G2 E
ACTotal
70,98 (+
8,85) 70,05 (+ 11,24) 70,23 (+ 7,98) 68,48 (+ 7,88)
ACM01
8,53 (+
1,10) 8,80 (+ 1,21) 8,37 (+ 1,32)
××
9,11 (+ 1,00)
××
ACM02
8,44 (+
1,57)
×
8,92 (+ 0,82)
×
8,55 (+ 1,20) 8,70 (+ 0,92)
ACM03
6,03 (+
3,61)
×
3,84 (+ 2,88)
×
5,73 (+ 3,09)
×××
3,04 (+ 1,68)
×××
ACM04
10,46 (+
2,41)
×
10,91 (+ 3,71)
×
10,16 (+ 2,73) 10,69 (+ 3,87)
ACM05
7,5 (+
2,16) 7,53 (+ 2,18) 7,68 (+ 2,21) 6,89 (+ 1,84)
ACM06
6,57 (+
1,94) 6,51 (+ 1,34) 7,05 (+ 2,41)
××
6,13 (+ 1,28)
××
ACM07
12,37 (+
2,88)
×
13,35 (+1,84)
×
11,75 (+ 2,86)
××
13,40 (+ 2,86)
××
ACM08
5,72 (+
1,25) 5,38 (+ 1,71) 5,48 (+ 1,71) 5,21 (+ 1,25)
ACM09
1,88 (+
0,73) 1,59 (+ 0,60) 1,82 (+ 0,75) 1,84 (+ 0,70)
ACM10
3,45 (+
1,56) 3,18 (+ 1,84) 3,57 (+1,64) 3,39 (+ 1,56)
×
p < 0,05 (diferenças significativas intergrupos)
××
p < 0,01 (diferenças significativas intergrupos)
×××
p < 0,001 (diferenças significativas intergrupos)
Analisando as médias dos valores para área de contato, durante o movimento do
caminhar, o grupo 1, com pés planos flexíveis, apresentou valores mais elevados, para os pés
x
x x x x
107
direitos e esquerdos, para as áreas de mediopé medial (M03), cabeça do 2º metatarso (M06),
hálux (M08), região dos 3º, 4º e 5º dedos (M10) e área de contato total, em relação ao grupo
2, com pés normais.
Sendo os valores considerados diferentes, estatisticamente significantes, em 2º
metatarsos (M06), para os pés esquerdos, e em mediopé medial (M03), para ambos os pés.
Atribui-se esse resultado as características posturais e clínicas do grupo 1, juntamente a
tendência de hiperpronação.
Enquanto, que para as áreas do calcanhar (M01 e M02), mediopé lateral (M04) e
antepé lateral (M07) as médias dos valores do G1 foram menores em comparação ao G2.
Apresentando diferenças, estatisticamente significantes, para os valores em M02, M04 e M07
para os pés direitos; M01, M07 para os esquerdos. Evidenciando, novamente, a tendência que
o G1, com pés planos, tinham de maior contato com a parte medial do pé, tendo o contato da
região lateral do mediopé (M04) e do antepé diminuído (M07).
Em virtude, dos pés direitos e esquerdos, de cada grupo, não serem considerados
estatisticamente diferentes, ilustrou-se as médias das áreas de contato por regiões, para ambos
os pés, durante o caminhar. Desta maneira, através da Figura 30, pode-se observar que para
ambos os pés, o grupo 1, com pés planos flexíveis, apresenta área de contato
significantemente maior em mediopé medial (M03) e significativamente menor em antepé
lateral (M07) em relação ao grupo 2, com pés normais.
M
édia da área de contato dos pés por regiões
durante o caminhar
0
2
4
6
8
10
12
14
M01 M02 M03 M04 M05 M06 M07 M08 M09 M10
cm2
G1
G2
Figura 31Média da área de contato (cm
2
) dos pés, por regiões, durante o caminhar, para os grupos 1
(n= 17) e 2 (n= 9), para ambos os pés.
diferenças estatisticamente significativas
108
Verifica-se, conforme a Figura 31, que durante o caminhar as maiores áreas de contato
para o grupo 1, com pés planos flexíveis, para ambos os pés, encontram-se na região das
cabeças de 3º, 4º e 5º metatarsos (M07), seguida do mediopé lateral (M04), calcanhar medial
e lateral (M01 e M02), cabeça do 1º metatarso (M05), do 2º metatarso (M06) e mediopé
medial (M03). Na seqüência o hálux (M08), os 3º, 4º e 5º dedos (M10) e o 2º dedo (M09)
aparecem com pequenas áreas de contato, para ambos os pés.
O grupo 2, com pés normais, segue o mesmo padrão até a ordem de M06, quando na
seqüência vem o hálux (M08), seguido de mediopé medial, os 3º, 4º e 5º dedos (M10) e o 2º
dedo (M09), para ambos os pés.
De acordo com a Tabela 18, as médias dos valores encontrados para área de contato
total dos pés direito e esquerdo, durante o caminhar, foram mais elevados no grupo 1,
equivalendo a 70,98 e 70,23 cm
2
contra 70,05 e 68,48 cm
2
do grupo 2, para os pés direito e
esquerdo, respectivamente. Médias similares foram descritas na literatura para a idade de 9
anos como, 75,13 cm
2
para sujeitos normais e 85,59 cm
2
para sujeitos obesos
(KLAVDIANOS, MANFIO, AVILA, 1997), e 73,9 cm
2
e 78,8 cm
2
(RODRIGUEZ, SACCO,
AMADIO, 1997).
Ainda segundo a Tabela 18, verificam-se algumas tendências. Considerando a região
do mediopé, o grupo com pés planos (G1) apresentou valores significativamente maiores para
M03, mediopé medial direito e esquerdo, sendo 6,03 e 5,73 cm
2
, em relação ao grupo com pés
normais (G2), que apresentou 3,84 e 3,04 cm
2
, respectivamente. O contrário ocorreu em
mediopé lateral (M04) onde o grupo com pés planos (G1) apresentou valores menores, sendo,
10,46 e 10,16 cm
2
para os pés direito e esquerdo, em relação ao grupo com pés normais (G2),
que apresentou 10,91 e 10,69 cm
2
, respectivamente, sendo estatisticamente significantes para
os pés direitos.
Entretanto, para as áreas da cabeça do 1º metatarso (M05) e 2º dedo (M09) não se
constatou tendências muito claras durante o caminhar. Para M05 dos pés direitos os valores
foram semelhantes, enquanto que dos pés esquerdos o grupo 1 apresentou valores mais
elevados em comparação ao grupo 2. Evidenciando também a tendência que o grupo com pés
planos tem em apresentar maior área de contato com a parte medial do pé. Na região de M09,
igualmente a M05 e M09, não se obteve resultados muito claros, os valores foram maiores
para os pés direitos do grupo 1, enquanto que para os esquerdos foram semelhantes.
Comparando com os dados existentes na literatura, Bertsch et al. (2004), descrevem as
médias de valores de distribuição de pressão plantar de 42 crianças, com idade de 2,5 anos,
durante o caminhar, equivalendo a 55 cm
2
para área de contato total, 12,7 cm
2
para região do
109
calcanhar, 14,4 cm
2
para mediopé, 19,8 cm
2
para antepé, 4,5 cm
2
para hálux e 3,7 cm
2
para os
demais dedos. Ao confrontar com os dados do presente estudo, levando-se em consideração as
diferenças de idade e divisão dos pés, observa-se que ambos os grupos, G1 e G2, tem médias
de valores para área de contato total maiores, assim como as demais regiões correspondentes.
Entretanto, para a região de mediopé total (M03 + M04) o grupo 2 tem médias semelhantes ao
estudo citado, sendo iguais a 14,4 e 13,79 cm
2
para os pés direito e esquerdo, enquanto o
grupo 1, com pés planos, tem valores mais elevados em comparação a literatura, equivalente a
16,49 e 15,89 cm
2
, respectivamente.
Considerando o movimento do correr, a Tabela 19, a seguir, reporta as médias e os
desvios padrão da variável área de contato, dos pés direitos e esquerdos, para os grupos 1,
com pés planos flexíveis e 2, com pés normais.
Tabela 19 – Variável área de contato (AC) total e respectivas áreas dos pés direitos (D) e esquerdos (E),
durante o correr (R), do grupo 1 (G1) e 2 (G2) com valores de média ( ) e desvio padrão (S) em cm
2
(G1
n = 17, G2 n = 9).
Variáveis
R
(S)
G1 D
(S)
G2 D
(S)
G1 E
(S)
G2 E
ACTotal
78,21 (+
7,83) 79,41 (+ 11,50) 78,04 (+ 7,69) 77,3 (+ 7,95)
ACM01
8,85 (+
1,50)
×
9,13 (+ 1,07)
×
8,64 (+ 1,31)
××
9,30 (+ 0,94)
××
ACM02
8,88 (+
1,45) 9,11 (+ 1,24) 8,63 (+ 1,19)
×
9,11 (+ 0,93)
×
ACM03
9,36 (+
4,08)
×
6,95 (+ 3,75)
×
8,80 (+ 3,53)
××
6,61 (+ 3,73)
××
ACM04
11,16 (+
2,39)
××
12,33 (+ 1,96)
××
11,47 (+ 2,08) 12,19 (+ 1,62)
ACM05
8,87 (+
2,20) 9,49 (+ 2,61) 8,86 (+ 1,99) 9,13 (+ 3,53)
ACM06
7,41 (+
1,63) 7,61 (+ 1,86) 7,30 (+ 1,09) 6,13 (+ 1,28)
ACM07
13,05 (+
3,23) 14,03 (+ 2,86) 12,76 (+ 2,55)
×
13,40 (+2,86)
×
ACM08
5,21 (+
1,99) 5,09 (+ 2,03) 5,46 (+ 1,56) 5,21 (+ 1,25)
ACM09
1,72 (+
0,93) 1,76 (+ 0,67) 1,78 (+ 0,72) 1,84 (+ 0,70)
ACM10
3,62 (+
1,90) 3,82 (+ 1,58) 4,27 (+1,73) 3,39 (+ 1,56)
×
p < 0,05 (diferenças significativas intergrupos)
××
p < 0,01 (diferenças significativas intergrupos)
A partir, das médias dos valores para área de contato, durante o correr, observou-se
que o grupo 1, com pés planos flexíveis, apresentou, para ambos os pés, médias de valores
mais elevadas para as áreas de mediopé medial (M03), hálux (M08), em relação ao grupo 2,
com pés normais, com significância estatística em M03. Enquanto, que sob as áreas do
x
x x x x
110
calcanhar (M01 e M02), mediopé lateral (M04), cabeça do 1º (M05) e 2º metatarsos (M06),
antepé lateral (M07), e 2º dedo (M09) os valores foram menores em relação ao grupo 2.
Apresentando diferenças, estatisticamente significativas, para área de contato, durante
o correr, em regiões de mediopé medial (M03) para ambos os pés, em calcanhar medial (M01)
para ambos os pés, em mediopé lateral (M04) para os pés direitos, em antepé lateral (M07)
para os esquerdos.
Entretanto, a região dos 3º, 4º e 5º dedos (M10) não apresentou tendências claras,
sendo semelhantes, porém maiores para os pés direitos no grupo 2 e para os pés esquerdos no
grupo 1. Pode-se justificar esses resultados em razão da maior parte dos sujeitos de ambos os
grupos apresentarem pouco ou nenhum contato nessa região.
Diferentemente do caminhar, as regiões de M05, para os pés direitos e esquerdos,
apresentaram-se mais elevadas no grupo 2, podendo-se associar o fato de ambos os grupos
não se encontrarem de modo geral num estágio maduro, e sim num estágio elementar do
desenvolvimento para o movimento da corrida.
Em virtude, dos pés direitos e esquerdos, de cada grupo, não serem considerados
estatisticamente diferentes, ilustrou-se as médias das áreas de contato por regiões, para ambos
os pés, durante o correr. Desta forma, através da Figura 31, pode-se observar que para ambos
os pés, o grupo 1, com pés planos flexíveis, apresenta área de contato significantemente maior
em mediopé medial (M03) e menor em calcanhar medial (M01) em relação ao grupo 2, com
pé normais.
M
édia da área de contato dos pés por região
durante o correr
0
2
4
6
8
10
12
14
M01 M02 M03 M04 M05 M06 M07 M08 M09 M10
cm2
G1
G2
Figura 32 – Média da área de contato (cm
2
) dos pés por regiões, durante o correr, para os grupos 1 (n= 17)
e 2 (n= 9), para ambos os pés.
diferenças estatisticamente significativas
111
Verifica-se, através da Figura 32, que durante o correr as maiores áreas de contato
para o grupo 1 e 2 encontram-se na região das cabeças de 3º, 4º e 5º metatarsos (M07),
seguida do mediopé lateral (M04), calcanhar medial e lateral (M01 e M02), cabeça do 1º
metatarso (M05), mediopé medial (M03), cabeça do 2º metatarso (M06). Na seqüência o
hálux (M08), os 3º, 4º e 5º dedos (M10) e o 2º dedo (M09) aparecem com pequenas áreas de
contato, para ambos os pés.
Conforme a Tabela 19 verifica-se algumas tendências. Considerando a região do
mediopé, o grupo com pés planos (G1) apresentou, igualmente ao movimento do caminhar,
média de valores maiores para mediopé medial direito e esquerdo, sendo 9,36 e 8,80 cm
2
, em
relação ao grupo com pés normais (G2), que apresentou 6,95 e 6,61 cm
2
, respectivamente.
Diferentemente do mediopé lateral (M04) onde o grupo com pés planos (G1) apresentou
valores menores, sendo, 11,16 e 11,47 cm
2
para os pés direito e esquerdo, em relação ao
grupo com pés normais (G2), que apresentou 12,33 e 12,19 cm
2
, respectivamente.
De um modo geral, as médias dos valores, para a variável área de contato, durante o
correr, foram mais elevadas em relação ao caminhar, para ambos os grupos, em virtude da
própria caracterização do movimento. Convém ressaltar, que durante o caminhar a média da
área de contato do mediopé medial (M03) para o grupo 1 foi aproximadamente 71% maior
em relação ao grupo 2. O mesmo não ocorreu durante o correr, sendo também maior, mas em
termos percentuais iguais a aproximadamente 6%. Atribui-se novamente esse resultado ao
fato de ambos os grupos não se encontrarem para o movimento do correr de modo geral num
estágio maduro, e sim num estágio elementar do desenvolvimento, diferentemente do
caminhar que ambos encontravam-se num estágio maduro.
4.5.3 Pico de Pressão Plantar
O pico de pressão plantar representa o valor máximo de pressão, que ocorre em
determinada região plantar. A análise dos picos de pressão revela informações sobre as mais
altas pressões, que atingem a superfície plantar, durante a sustentação de peso, bem como a
exata região do pé em que elas ocorrem, sendo expresso em kiloPascal (kPa) (HENNIG,
ROSENBAUM, 1991, BORGES MACHADO, HENNIG, RIEHLE, 2001).
Na Tabela 20 seguinte estão as médias e os desvios padrão, da variável pico de
pressão plantar, dos pés direitos e esquerdos para os grupos 1, com pés planos flexíveis e 2,
com pés normais durante o caminhar.
112
Analisando as médias dos valores dos picos de pressão máxima plantar, durante o
movimento do caminhar, o grupo 1, com pés planos flexíveis, apresentou valores mais
elevados, para os pés direitos e esquerdos, para as variáveis pico de pressão total nos pés, sob
o calcanhar medial (M01), mediopé medial (M03), hálux (M08), 2º dedo (M09) e 3º, 4º e 5º
dedos (M10). Enquanto que sob as áreas de mediopé lateral (M04), e todo antepé (M05, M06
e M07) os valores foram inferiores em comparação ao grupo 2, com pés normais.
Os picos de pressão foram diferentes, estatisticamente, para ambos os pés, nas regiões
das cabeças do 3º, 4º e 5º metatarsos (M07), hálux (M08) e 2º dedo (M09). Sob a cabeça de 1º
metatarso (M05) foi diferente, significativamente, para os pés direitos e sob a cabeça do 2º
metatarso, para os pés esquerdos, conforme a Tabela 20.
Tabela 20 – Variável pico de pressão plantar (PP) total e respectivas áreas dos pés direitos (D) e esquerdos
(E), durante o caminhar (W), do grupo 1 (G1) e 2 (G2) com valores de média ( ) e desvio padrão (S) em
kPa (G1 n = 17, G2 n = 9).
Variáveis
W
(S)
G1 D
(S)
G2 D
(S)
G1 E
(S)
G2 E
PP Total
344 (+
168,29) 301,66 (+ 89,34) 357,42 (+ 160,48) 301,56 (+ 92,03)
PPM01
305,88 (+
179,55) 284,44 (+ 98,63) 318,88 (+ 161,28) 288,55 (+ 98,07)
PPM02
235,29 (+
127,93) 254,89 (+ 87,69) 265,82 (+ 157,96) 245,22 (+ 80,80)
PPM03
88,17 (+
32,15) 86,33 (+ 39,73) 91 (+ 39,00) 90 (+ 36,97)
PPM04
81,35 (+
29,30) 90,44 (+ 27,67) 83,70 (+ 33,52) 86,11 (+ 28,24)
PPM05
121,70 (+
41,23)
××
139,33 (+ 27,61)
××
126,29 (+ 50,04) 129,33 (+ 43,59)
PPM06
144,23 (+
36,91) 155 (+ 41,53) 145,06 (+ 45,17)
××
166 (+ 50,25)
××
PPM07
133,12 (+
39,84)
×
165,55 (+59,32)
×
132,70 (+ 40,53)
×××
175,11 (+69,18)
×××
PPM08
228,82 (+
95,24)
×
177,55 (+ 70,83)
×
231,41 (+ 123,53)
×××
159,55 (+ 48,67)
×××
PPM09
99,17 (+
52,57)
×
77,44 (+ 31,95)
×
98,94 (+ 46,37)
×××
77,44 (+ 27,17)
×××
PPM10
79,35 (+
36,48) 72,79 (+ 45,24) 83,70 (+43,15) 68,78 (+ 34,62)
×
p < 0,05 (diferenças significativas intergrupos)
××
p < 0,01 (diferenças significativas intergrupos)
×××
p < 0,001 (diferenças significativas intergrupos)
A área do calcanhar lateral (M02) não apresentou uma tendência muito clara tendo
valores mais elevados para os pés direitos no grupo 2, e para os pés esquerdos no grupo 1
(Tabela 20).
As médias dos valores encontrados para todas as regiões, em ambos os grupos, são
mais elevados em relação a estudos anteriores realizados com crianças de idade inferior
(HENNIG, ROSENBAUM, 1991; KELLIS, 2001; BERTSCH et al., 2004). Resultado este
x
x x x x
113
esperado em razão da maior massa corpórea nos sujeitos presentes, corroborando inclusive
com Hennig, Staats, Rosenbaum (1994), que encontraram uma forte dependência entre a
massa corpórea e a quantidade de pressão sob os pés para as crianças.
Em virtude, dos pés direitos e esquerdos, de cada grupo, não serem considerados
estatisticamente diferentes, ilustrou-se as médias dos valores dos picos de pressão plantar por
regiões, para ambos os pés, durante o caminhar. Assim sendo, na Figura 33, a seguir,
encontra-se a representação gráfica da média dos valores dos picos de pressão plantar para
ambos os pés, onde o grupo 1, com pés planos flexíveis, apresenta picos significantemente
mais elevados sob o hálux (M08) e 2º dedo (M09), e inferiores sob o antepé lateral (M07) em
relação ao grupo 2, com pé normais.
Média dos picos de pressão durante o caminhar
0
50
100
150
200
250
300
350
M01 M02 M03 M04 M05 M06 M07 M08 M09 M10
kPa
G1
G2
Figura 33Média dos picos de pressão (kPa) dos pés, durante o caminhar, para os grupos 1 (n= 17) e 2
(n= 9), para ambos os pés.
diferenças estatisticamente significativas
Verifica-se que, durante o caminhar, os maiores picos de pressão para o grupo 1
encontraram-se sob a região do calcanhar medial (M01), calcanhar lateral (M02), hálux
(M08), cabeça do 2º metatarso (M06), 3º, 4º e 5º metatarsos (M07) e 1º metatarso (M05). Na
seqüência vem 2º dedo (M09), mediopé medial (M03) e lateral (M04) e com os menores picos
a região 3º, 4º e 5º dedos (M10), para ambos os pés (Figura 33).
Para o grupo 2, os maiores picos de pressão encontram-se sob a região do calcanhar
medial (M01), calcanhar lateral (M02), hálux (M08), 3º, 4º e 5º metatarsos (M07), cabeça do
2º metatarso (M06) e 1º metatarso (M05). Na seqüência vem 2º mediopé medial (M03) e
lateral (M04), 2º dedo (M09), e com os menores picos a região 3º, 4º e 5º dedos (M10), para
ambos os pés (Figura 33).
114
Conforme observado na Figura 33, elas demonstram elevados picos sob a região do
hálux (M08), em virtude desta região ser a grande responsável pela fase da retirada dos dedos
durante a marcha, diferentemente dos adultos que utilizam mais a região central do antepé
(HENNIG, ROSENBAUM, 1991).
Analisando a região do calcanhar para o caminhar, de acordo com a Tabela 20,
encontrou-se sob a região do calcanhar medial (M01) uma média de 305,88 e 318,88 kPa, nos
pés direitos e esquerdos, respectivamente, para o grupo 1, e 284,44 e 288,55 kPa, para o grupo
2. Valores similares foram descritos por Hennig, Staats, Rosenbaum, (1994) equivalendo à
273 kPa e por Borges Machado, Hennig, Riehle (2001) em torno de 213 e 226 kPa. Para a
região do calcanhar lateral (M02), encontrou-se média de 235,29 e 265,82 kPa, nos pés
direitos e esquerdos, respectivamente, para o grupo 1, e 254,89 e 245,22 kPa, para o grupo 2.
Hennig, Staats, Rosenbaum, (1994) reportam valor igual a 224 kPa e Borges Machado,
Hennig, Riehle (2001) em torno de 205 e 223 kPa.
Considerando a região do mediopé para o caminhar, obteve-se para região do mediopé
medial (M03) a média de 88,17 e 91 kPa, nos pés direitos e esquerdos, respectivamente, para
o grupo 1, e 86,33 e 90 kPa, para o grupo 2. Para mediopé lateral (M04) 81,35 e 83,7 kPa, nos
pés direitos e esquerdos, respectivamente, para o grupo 1, e 90,44 e 86,11 kPa, para o grupo 2.
Observou-se na literatura valores mais inferiores em virtude dos sujeitos dessas pesquisas já
apresentarem o arco longitudinal medial plantar desenvolvido. Portanto, Borges Machado,
Hennig, Riehle (2001) encontraram entre 40 e 55 kPa sob M03 e 52 e 68 kPa sob M04.
Hennig, Staats, Rosenbaum, (1994) descreveram a média do valor correspondente a região
medial total igual a 44 kPa.
O grupo 1 produziu elevadas forças na região de mediopé medial (M03) dos seus pés,
apesar de distribuir essas forças através de uma maior área de contato em relação ao mediopé
lateral e também em relação ao grupo 2, quando caminhavam geraram elevados picos de
pressão plantar sob essa região comparando com o grupo 2. Para condição da corrida, isso não
se repetiu como está dissertado a diante.
Em relação à região do antepé para o a caminhar, encontrou-se para área da cabeça do
1º metatarso (M05), média de valores de 121,70 e 126,29 kPa, nos pés direitos e esquerdos,
respectivamente, para o grupo 1, e 139,33 e 129,33 kPa, para o grupo 2, com diferenças
significantes para os pés direitos. Esses valores são inferiores aos apontados por Hennig,
Staats, Rosenbaum, (1994) que foi 158 kPa, e por Borges Machado, Hennig, Riehle (2001)
que foi entre 141 e 210 kPa. Para a cabeça do 2º metatarso (M06), observou-se uma média de
valores de 144,23 e 145,06 kPa, nos pés direitos e esquerdos, respectivamente, para o grupo 1,
115
e 155 e 166 kPa para o grupo 2, considerados diferentes estatisticamente para os pés
esquerdos. Esses valores estão próximos do referencial descrito por Borges Machado,
Hennig, Riehle (2001) que foi entre 126 e 177 kPa. Para as demais cabeças dos metatarsos
(M07), observou-se uma média de valores de 133,12 e 132,7 kPa, nos pés direitos e
esquerdos, respectivamente, para o grupo 1, e 165,55 e 175,11 kPa, para o grupo 2. Sendo
esses valores superiores ao descrito por Hennig, Staats, Rosenbaum, (1994) que foi 109 kPa, e
aproximando-se dos observados por Borges Machado, Hennig, Riehle (2001) que foi entre
114 e 154 kPa.
Analisando a média dos valores de distribuição de pressão plantar sob o antepé para o
movimento do caminhar, observou-se no grupo 1, com pés planos flexíveis, um padrão com
elevados picos sob a cabeça do 2º metatarso (M06 -144,23 e 145,06 kPa), médios picos sob as
cabeças de 3º, 4º e 5º metatarsos (M07 - 133,12 e 132,70 kPa) e baixos picos sob a cabeça do
1º metatarso (M05 - 121,70 e 126,29 kPa). Com tendências para um padrão central, ou seja,
pressões elevadas sob a cabeça dos 2º e 3º metatarsos, comuns para um pé normal
(CAVANAGH, RODGERS, LIBOSHI, 1987; MANFIO, MOTA, AVILA, 1995).
Corroborando também com o padrão descrito por Hennig, Rosenbaum (1991), para crianças e
adultos onde os elevados picos se encontravam sob a cabeça do 3º metatarso, divergindo em
relação aos médios apontados como sob a cabeça do 1º metatarso e baixos picos sob a cabeça
do 5º metatarso. Diferentemente inclusive do padrão medial/central, que apresenta elevadas
pressões sob a cabeça do primeiro e segundo metatarsos, encontrado por Manfio, Mayer,
Avila (2001) avaliando também crianças com pés planos flexíveis.
Já o grupo 2, com pés normais, não seguiu essa tendência de padrão central, tendo
elevados picos sob as cabeças do 3º, 4º e 5º metatarsos (M07 - 165,55 e 175,11 kPa), médios
picos sob a cabeça do 2º metatarso (M06 - 155 e 166 kPa) e baixos picos sob a cabeça do 1º
metatarso (M05 - 139,33 e 129,33 kPa). Entretanto, estes picos em M05 ainda foram maiores
significativamente em relação aos do grupo 1 dos pés direitos.
Segundo Pisciotta (1994) as crianças diferentemente dos adultos apresentam elevados
picos de pressão sob a cabeça do 1º metatarso (M05). Portanto, elevados picos nesta região
demonstram que possivelmente o grupo 2 tinham um padrão de distribuição ainda não
maduro, ou menos maduro em relação ao grupo 1.
Verificaram-se médias dos picos de pressão sob o hálux (M08) de 228,82 e 231,41
kPa, nos pés direitos e esquerdos, respectivamente, para o grupo 1, enquanto para o grupo 2
encontrou-se 177,55 e 159,55 kPa. Sendo os picos do grupo 1 considerados estatisticamente
mais elevados. Demonstrando que o grupo 1 tinha um padrão menos maduro em relação ao
116
grupo 2. Pois, os adultos não apresentam elevados picos de pressão sob a cabeça do 1º
metatarso (M05), diferentemente das crianças (PISCIOTTA, 1994). Valores semelhantes aos
presentes foram descritos por Hennig, Staats, Rosenbaum, (1994) equivalendo a 245 kPa e
Borges Machado, Hennig, Riehle (2001) em torno de 147 e 204 kPa.
Sob a região do 2º dedo (M09), durante o caminhar, observou-se as médias de 99,17 e
98,94 kPa, nos pés direitos e esquerdos, respectivamente, para o grupo 1, e 77,44 kPa, em
ambos os pés, para o grupo 2, sendo os valores do grupo considerados elevados
significantemente. Valores superiores foram observados por Borges Machado, Hennig, Riehle
(2001) em torno de 112 e 150 kPa.
Sob a região do 3º, 4º e 5º dedos (M10), durante o caminhar observou-se as médias de
79,35 e 83,70 kPa, nos pés direitos e esquerdos, respectivamente, para o grupo 1, e 72,79 e
68,78 kPa, para o grupo 2. Valores similares foram observados por Borges Machado, Hennig,
Riehle (2001) em torno de 85 e 95 kPa.
Em relação ao movimento do correr a Tabela 21, a seguir, reporta os dados das
variáveis pico de pressão para os pés direitos e esquerdos, grupo 1, com pés planos flexíveis e
2, com pés normais.
Tabela 21- Variável pico de pressão plantar (PP) total e respectivas áreas dos pés direitos (D) e esquerdos
(E), durante o correr (R), do grupo 1 (G1) e 2 (G2) com valores de média ( ) e desvio padrão (S) em kPa
(G1 n = 17, G2 n = 9).
Variáveis
R
(S)
G1 D
(S)
G2 D
(S)
G1 E
(S)
G2 E
PPTotal
445,89 (+
209,70) 406,33 (+ 132,81) 454,46 (+ 202,65) 450,00 (+ 176,41)
PPM01
410,47 (+
209,97) 399,11 (+ 137,00) 418,09 (+ 221,65) 440,89 (+ 172,03)
PPM02
364,40 (+
188,17) 362,55 (+ 129,24) 356,07 (+ 188,91) 404,00 (+ 168,43)
PPM03
107,91 (+
37,38) 119,89 (+ 39,06) 105,35 (+ 36,00) 113,44 (+ 33,94)
PPM04
109,22 (+
39,27) 126,55 (+ 50,29) 110,89 (+ 38,93) 130,11 (+ 57,54)
PPM05
164,70 (+
47,21)
××
207,33 (+ 76,95)
××
158,75 (+ 47,04)
×
187,66 (+ 69,18)
×
PPM06
170,53 (+
47,05) 182,66 (+ 64,13) 164,64 (+ 39,69) 196,55 (+ 83,63)
PPM07
163,09 (+
52,89) 185,55 (+80,14) 161,66 (+ 41,84)
×
214,00 (+140,2)
×
PPM08
222,56 (+
137,85) 173,66 (+ 97,66) 231,41 (+ 123,53)
×
159,33 (+ 86,18)
×
PPM09
93,69 (+
50,70) 98,00 (+ 50,88) 98,94 (+ 46,37) 84,44 (+ 44,62)
PPM10
88,09 (+
45,39) 96,66 (+ 55,51) 83,70 (+43,15) 82,00 (+ 46,79)
×
p < 0,05 (diferenças significativas intergrupos)
××
p < 0,01 (diferenças significativas intergrupos)
x x x x
x
117
A partir, das médias dos valores dos picos de pressão máxima plantar, durante o
correr, observou-se que o grupo 1, com pés planos flexíveis, apresentou, para ambos os pés,
médias de valores mais elevadas para as variáveis pico de pressão total nos pés, e sob o hálux
(M08), com diferenças significantes sob M08 para os pés esquerdos. Entretanto, sob as áreas
de mediopé medial (M03), mediopé lateral (M04), e todo antepé (M05, M06 e M07) as
médias dos valores foram inferiores, em relação ao grupo 2, com pés normais. Sendo os
valores diferentes, com significância estatística, sob a cabeça do 1º metatarso (M05), para
ambos os pés, e sob antepé lateral (M07) para os pés esquerdos (Tabela 21).
As áreas de calcanhar medial (M01) e lateral (M02), 2º dedo (M09) e 3º, 4º e 5º dedos
(M10) não apresentaram uma tendência definida, já que para o pé direito um grupo teve
algumas destas áreas mais elevadas e para o pé esquerdo o oposto. Essa alternância
provavelmente ocorreu por não haver diferenças concretas entre os grupos analisados para
estas variáveis.
Os picos de pressão plantar durante o correr foram mais elevados em relação ao
caminhar em virtude do maior impacto e das características do movimento. Semelhante às
comparações feitas por Hennig, Rosenbaum (1991) os picos de pressão são mais elevados
durante a corrida em relação à caminhada, para as regiões de mediopé, calcanhar e cabeça do
1º metatarso, em razão da importância do 1º raio para o movimento da corrida. Entretanto,
não se observou aumento nos valores sob o hálux e nem decréscimo dos valores nas regiões
da cabeça do 3º e 5º metatarsos, conforme referenciavam os autores.
Em razão, dos pés direitos e esquerdos, de cada grupo, não serem considerados
estatisticamente diferentes, ilustrou-se as médias dos picos de pressão plantar por regiões,
para ambos os pés, durante o correr. Desta maneira, através da Figura 34, pode-se observar
que, para ambos os pés, o grupo 1, com pés planos flexíveis, apresenta picos
significantemente inferiores sob a cabeção do 1º metatarso (M05), em relação ao grupo 2,
com pé normais.
Verifica-se que, durante o correr, os maiores picos de pressão para o grupo 1
encontraram-se sob a região do calcanhar medial (M01), calcanhar lateral (M02), hálux
(M08), cabeça do 2º metatarso (M06), 3º, 4º e 5º metatarsos (M07) e 1º metatarso (M05). Na
seqüência vem mediopé lateral (M04), mediopé medial (M03), 2º dedo (M09), e com os
menores picos a região 3º, 4º e 5º dedos (M10) para ambos os pés.
Para o grupo 2, os maiores picos de pressão encontram-se sob a região do calcanhar
medial (M01), calcanhar lateral (M02), cabeça do 1º metatarso (M05), 3º, 4º e 5º metatarsos
(M07) cabeça do 2º metatarso (M06). Na seqüência vem hálux (M08), mediopé lateral (M04),
118
medial (M03), 2º dedo (M09), e com os menores picos a região 3º, 4º e 5º dedos (M10) para
ambos os pés.
De acordo com a Tabela 21, analisando a região do calcanhar para o correr, encontrou-
se sob o calcanhar medial (M01) média dos valores de 410,47 e 418,09 kPa, nos pés direitos e
esquerdos, respectivamente, para o grupo 1, e 399,11 e 440,89 kPa, para o grupo 2. Valores
inferiores foram descritos por Borges Machado, Hennig, Riehle (2001) em torno de 243 e
263 kPa. Para a região do calcanhar lateral (M02), encontrou-se média dos valores de 364,4 e
356,07 kPa, nos pés direitos e esquerdos, respectivamente, para o grupo 1, e 362,55 e 404
kPa, para o grupo 2. Borges Machado, Hennig, Riehle (2001) reportam valores inferiores em
torno de 244 e 265 kPa.
Média dos picos de pressão durante o correr
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
M01 M02 M03 M04 M05 M06 M07 M08 M09 M10
kPa
G1
G2
Figura 34 Média dos picos de pressão (kPa) dos pés, durante o correr, para os grupos 1 (n= 17) e 2 (n=
9), para ambos os pés.
diferenças estatisticamente significativas
Considerando a região do mediopé para o correr, obteve-se para região do mediopé
medial (M03) a média de 107,91 e 105,35 kPa, nos pés direitos e esquerdos, respectivamente,
para o grupo 1, e 119,89 e 113,44 kPa, para o grupo 2. Sob mediopé lateral (M04) 109,22 e
110,89 kPa, nos pés direitos e esquerdos, respectivamente, para o grupo 1 e 126,55 e 130,11
kPa, para o grupo 2. Observou-se na literatura valores mais inferiores em virtude dos sujeitos
dessas pesquisas já apresentarem o arco longitudinal medial plantar desenvolvido. Portanto,
Borges Machado, Hennig, Riehle (2001) encontraram entre 65 e 74 kPa em M03, e 78 e 115
kPa em M04.
119
Em relação à região do antepé para o correr, encontrou-se para área da cabeça do 1º
metatarso (M05), média de 164,70 e 158,75 kPa, nos pés direitos e esquerdos,
respectivamente, para o grupo 1, e 207,33 e 187,66 kPa, para o grupo 2, com diferenças
significativas para ambos os pés. Analisando as médias do grupo 1, estes valores são
inferiores aos apontados por Borges Machado, Hennig, Riehle (2001), que foi entre 205 e 286
kPa, mas são próximos aos do grupo 2. Para a cabeça do 2º metatarso (M06), observou-se
uma média de 170,53 e 164,64 kPa, nos pés direitos e esquerdos, respectivamente, para o
grupo 1, e 182,66 e 196,55 kPa, para o grupo 2. Analisando as médias do grupo 1, estes
valores também são inferiores aos apontados por Borges Machado, Hennig, Riehle (2001),
que foi entre 189 e 240 kPa, mas são próximos aos do grupo 2. Para as demais cabeças dos
metatarsos (M07), observou-se uma média de valores de 163,09 e 161,66 kPa, nos pés direitos
e esquerdos, respectivamente, para o grupo 1, e 185,55 e 214 kPa, para o grupo 2, novamente
com diferenças significativas, porém somente para os pés esquerdos. Analisando as médias do
grupo 1, estes valores também são inferiores aos valores observados por Borges Machado,
Hennig, Riehle (2001), que foi entre 175 e 211 kPa, mas são próximos aos dos grupo 2.
Analisando a média dos valores de distribuição de pressão plantar sob o antepé para o
movimento do correr, observou-se no grupo 1 com pés planos, uma padrão com elevados
picos sob a cabeça do 2º metatarso (M06 -170,53 e 164,64 kPa), médios e baixos picos não
foram bem definidas as regiões. Mas mantendo a tendência para um padrão central, como no
caminhar. Já o grupo 2, com pés normais, não seguiu essa tendência de padrão central, como
também não apresentou durante o caminhar. Demonstrando elevados picos de pressão
significantes sob a cabeça do 1º metatarso em relação ao G1, apesar de G2 terem uma maior
área de contato nesta região.
Verificaram-se médias dos picos de pressão sob o hálux (M08), para o correr, de
222,56 e 231,41 kPa, nos pés direitos e esquerdos, respectivamente, para o grupo 1, enquanto
para o grupo 2, encontrou-se de 173,66 e 159,33 kPa, com diferenças significantes. Valores
semelhantes foram descritos por Borges Machado, Hennig, Riehle (2001) em torno de 190 e
277 kPa.
Sob a região do 2º dedos (M09), durante o correr, observou-se a média de 93,69 e
98,94 kPa, nos pés direitos e esquerdos, respectivamente, para o grupo 1, e 98 e 84,44 kPa,
para o grupo 2. Valores superiores foram observados por Borges Machado, Hennig, Riehle
(2001) em torno de 168 e 200 kPa.
Sob a região do 3º, 4º e 5º dedos (M10), durante o correr observou-se a média de
88,09 e 83,7 kPa, nos pés direitos e esquerdos, respectivamente, para o grupo 1, e 96,66 e 82
120
kPa, para o grupo 2. Valores mais elevados foram observados por Borges Machado, Hennig,
Riehle (2001) em torno de 133 e 155 kPa.
4.5.4 Carga Relativa
A carga relativa fornece uma melhor compreensão sobre o comportamento das cargas
em cada região do pé durante o período de apoio. É uma variável obtida pela divisão dos
valores do impulso, por região, pela soma dos impulsos de toda a região plantar, sendo
expressas em %. Portanto, também pode ser chamada de impulso relativo, onde o impulso
corresponde a integral da força-tempo (N.s), ou seja, a quantidade de força, aplicada
perpendicularmente a uma área durante um intervalo de tempo. As crianças diferentemente
dos adultos demonstram uma melhor distribuição das cargas sob os pés (HENNIG, STAATS,
ROSENBAUM, 1994).
Na Tabela 22, seguinte, estão as médias e os desvios padrão dos pés direitos e
esquerdos, da variável carga relativa, para os grupos1, com pés planos flexíveis e 2, com pés
normais durante o caminhar.
Tabela 22 – Variável carga relativa (CR) para respectivas áreas dos pés direitos (D) e esquerdos (E),
durante o caminhar (W), do grupo 1 (G1) e 2 (G2) com valores de média ( ) e desvio padrão (S) em (%)
(G1 n = 17, G2 n = 9).
Variáveis
W
(S)
G1 D
(S)
G2 D
(S)
G1 E
(S)
G2 E
CRM01
20,14 (+
7,44) 19,71 (+ 6,14) 19,66 (+ 6,12) 20,55 (+ 5,82)
CRM02
14,38 (+
5,89) 16,88 (+ 5,74) 16,01 (+ 5,78) 15,21 (+ 4,95)
CRM03
3,74 (+
2,46)
×
2,47 (+ 2,06)
×
3,69 (+ 2,34)
×××
2,16 (+ 1,50)
×××
CRM04
6,63 (+
3,05) 8,16 (+ 4,93) 6,96 (+ 3,47) 6,77 (+ 3,64)
CRM05
11,90 (+
6,62) 11,49 (+ 4,85) 11,10 (+ 5,51) 11,64 (+ 5,70)
CRM06
11,66 (+
3,23)
×
11,13 (+ 3,81)
×
11,60 (+ 4,34) 12,03 (+ 3,99)
CRM07
16,10 (+
6,41)
×××
20,05 (+ 5,44)
×××
15,67 (+ 6,78)
××
20,62 (+ 7,06)
××
CRM08
10,69 (+
5,22)
×××
7,06 (+3,36)
×××
10,91 (+ 7,54)
××
7,60 (+3,25)
××
CRM09
1,93 (+
1,77)
×××
0,98 (+ 0,52)
×××
1,77 (+ 1,29)
×
1,31 (+ 0,63)
×
CRM10
2,80 (+
2,62)
×
2,04 (+ 2,24)
×
2,59 (+ 2,13) 2,05 (+ 1,94)
×
p < 0,05 (diferenças significativas intergrupos)
××
p < 0,01 (diferenças significativas intergrupos)
×××
p < 0,001 (diferenças significativas intergrupos)
x x x x
121
Analisando as médias da carga relativa, durante o movimento do caminhar, o grupo 1,
com pés planos flexíveis, apresentou valores mais elevados, para os pés direitos e esquerdos,
sob a região do mediopé medial (M03), hálux (M08), 2º dedo (M09) e 3º, 4º e 5º dedos (M10)
(Tabela 22).
Apresentando diferenças, estatisticamente significantes, em mediopé medial (M03),
hálux (M08) e 2º dedo (M09) para ambos os pés, e sob a cabeça do 2º metatarsos (M06) e 3º,
4º e 5º dedos (M10) somente para os pés direitos.
Sob as cabeças dos 3º, 4º e 5º metatarsos (M07) os valores do grupo 1 foram
significantemente menores em comparação ao grupo 2, com pés normais, para ambos os pés.
No entanto, os valores médios sob as áreas da cabeça do 1º (M05) apresentaram-se muito
semelhantes, demonstrando novamente que não há diferenças entre os grupos, nem tão pouco
existe o padrão medial/central para o grupo com pés planos reportado na literatura.
Em virtude, dos pés direitos e esquerdos, de cada grupo, não serem considerados
estatisticamente diferentes, ilustrou-se as médias das cargas relativas por regiões, para ambos
os pés, durante o caminhar. Desta forma, através da Figura 35, pode-se observar que, para
ambos os pés, o grupo 1, com pés planos flexíveis, apresenta picos significantemente mais
elevados sob mediopé (M03), o hálux (M08) e 2º dedo (M09), e inferiores sob o antepé lateral
(M07) em relação ao grupo 2, com pé normais.
Média das cargas relativas durante o caminhar
0
4
8
12
16
20
24
M01 M02 M03 M04 M05 M06 M07 M08 M09 M10
%
G1
G2
Figura 35 - Média das cargas relativas (%) dos pés durante o caminhar, para os grupos 1 (n= 17) e 2 (n=
9), para ambos os pés.
diferenças estatisticamente significativas
Verifica-se, conforme a Figura 35, que durante o caminhar as maiores cargas relativas, para o
grupo 1, encontram-se sob a região do calcanhar medial (M01), 3º, 4º e 5º metatarsos (M07), calcanhar
122
lateral (M02), cabeça do 2º metatarso (M06), cabeça do 1º metatarso (M05), hálux (M08). Na
seqüência vem mediopé lateral (M04), mediopé medial (M03), 3º, 4º e 5º dedos (M10) e com as
menores cargas está o 2º dedo (M09), para ambos os pés.
Para o grupo 2, as maiores cargas relativas encontram-se sob os 3º, 4º e 5º metatarsos (M07),
região do calcanhar medial (M01), calcanhar lateral (M02), cabeça do 2º metatarso (M06), cabeça do
1º metatarso (M05), hálux (M08). Na seqüência vem mediopé lateral (M04), medial (M03), 3º, 4º e 5º
dedos (M10) e com as menores cargas está o 2º dedo (M09), para ambos os pés.
Analisando a região do calcanhar durante o caminhar, de acordo com a Tabela 22, encontrou-
se sob a região do calcanhar medial (M01) média de 20,14 e 19,66 %, nos pés direitos e esquerdos,
respectivamente, para o grupo 1 e 19,71 e 20,55%, para o grupo 2. Valores similares foram descritos
por Hennig, Staats, Rosenbaum, (1994) para crianças de 6 anos equivalendo a 18,5%, e por Borges
Machado, Hennig, Riehle (2001), para crianças com média de idade igual a 9,5 anos e mensuração
dentro do calçado, em torno de 18 e 23%. Para a região do calcanhar lateral (M02), encontrou-se
média de 14,38 e 16,01%, nos pés direitos e esquerdos, respectivamente, para o grupo 1 e 16,88 e
15,21%, para o grupo 2. Hennig, Staats, Rosenbaum, (1994) reportam uma média semelhante igual a
15,4 %, já Borges Machado, Hennig, Riehle (2001) em torno de 19,8 e 23%, sendo mais elevado em
virtude da maior idade, estando as crianças num padrão mais amadurecido, além da diferenciação em
relação a mensuração dentro do calçado.
Considerando a região do mediopé durante o caminhar, obteve-se sob região do mediopé
medial (M03) a média de 3,74 e 3,69%, nos pés direitos e esquerdos, respectivamente, para o grupo 1,
e 2,47 e 2,16%, para o grupo 2, sendo significantemente maiores os valores do G1 em comparação ao
G2, para ambos os pés. Para mediopé lateral (M04) obteve-se 6,63 e 6,69%, nos pés direitos e
esquerdos, respectivamente, para o grupo 1 e 8,16 e 6,77%, para o grupo 2. Observou-se na literatura
valores mais inferiores em virtude dos sujeitos dessas pesquisas já apresentarem o arco longitudinal
medial plantar desenvolvido. Portanto, Borges Machado, Hennig, Riehle (2001) encontraram entre 1,2
e 1,8% em M03 e 3 e 4,2% em M04. Hennig, Staats, Rosenbaum, (1994) descrevem a média do valor
correspondente a região medial total igual a 3,6% para crianças de 6 anos e 3% para crianças de 9
anos. Considerando também essa diferença de idade, Bertsch et al. (2004), encontraram sob a região
do mediopé total uma média de 30,1% para crianças de aproximadamente 1,5 anos e 16,5% para as
mesmas crianças após um ano (+2,5 anos).
Em relação à região do antepé durante o caminhar, encontrou-se sob área da cabeça do 1º
metatarso (M05), média de 11,9 e 11,1%, nos pés direitos e esquerdos, respectivamente, para o grupo
1, e 11,49 e 11,64%, para o grupo 2. Esses valores são inferiores aos apontados por Hennig, Staats,
Rosenbaum, (1994) que foi 13,3% para crianças com 6 anos e 17,7% para crianças com 9 anos. E
também ao de Borges Machado, Hennig, Riehle (2001) que foi entre 15,5 e 18,1%. Sob a cabeça do 2º
metatarso (M06), observou-se uma média de 11,66 e 11,6%, nos pés direitos e esquerdos,
respectivamente, para o grupo 1, e 11,13 e 12,03%, para o grupo 2, sendo os valores dos pés direitos
123
do G1 maiores significativamente em relação ao G2. Esses valores estão bem próximos do referencial
descrito por Borges Machado, Hennig, Riehle (2001) que foi entre 9,9 e 11,2%. Para as demais
cabeças dos metatarsos (M07), observou-se uma média de 16,1 e 15,67%, nos pés direitos e esquerdos,
respectivamente, para o grupo 1, e 20,05 e 20,62% para o grupo 2, sendo significantemente menores
os valores de carga sob essa região do G1 em relação ao G2 . Esses valores são superiores ao descrito
por Hennig, Staats, Rosenbaum, (1994) que foi 11,3% para crianças de 6 anos e 9,4% para as de 9
anos de idade. Aproximando-se mais dos observados por Borges Machado, Hennig, Riehle (2001) que
foi entre 12,7 e 16%.
Analisando a média dos valores de carga sob o antepé para o movimento do caminhar,
observou-se no grupo 1, com pés planos flexíveis, um padrão com elevadas cargas sob as cabeças de
3º, 4º e 5º metatarsos (M07 – 16,1 e 15,6%) em relação às demais cabeças (M05 e M06). Assim como
no grupo 2 que demonstrou o mesmo padrão, porém com valores ainda maiores (M07 – 20 e 20,6%).
Diferenciando do descrito pela literatura, onde esta região normalmente recebe os segundos maiores,
valores em relação às demais regiões do antepé (BORGES MACHADO, HENNIG, RIEHLE, 2001).
No entanto, esse resultado demonstra um padrão de distribuição de cargas mais maduro, já que com o
aumento da idade e do desenvolvimento espera-se um aumento das cargas sob as áreas de antepé
lateral (M07), em função da correlação positiva entre a idade e as cargas laterais (HENNIG, STAATS,
ROSENBAUM, 1994).
Verificaram-se médias de cargas sob o hálux (M08) de 10,69 e 10,91%, nos pés direitos e
esquerdos, respectivamente, para o grupo 1, enquanto que para o grupo 2 encontrou-se 7,06 e 7,6%,
sendo os valores de carga sob o hálux do G1 superiores ao G2 para ambos os pés. Valores superiores
foram descritos por Hennig, Staats, Rosenbaum, (1994) equivalendo a 17,2%, inferiores foram
descritos por Borges Machado, Hennig, Riehle (2001) em torno de 5 e 6,7%. Enquanto que, Bertsch et
al. (2004) encontrou valores próximos iguais a 7,3% para as crianças com 1,5 anos e 8,8% para as
mesmas crianças após um ano. Essas elevadas cargas relativas sob essa região ocorrem porque nas
crianças, diferentemente que nos adultos, o hálux exerce maior importância na retirada dos dedos
(HENNIG, ROSENBAUM, 1991).
Sob a região do 2º dedo (M09), durante o caminhar observou-se a média de valores de 1,93 e
1,77%, nos pés direitos e esquerdos, respectivamente, para o grupo 1, e 0,98 e 1,31% para o grupo 2.
Sendo os valores do G1 significativamente mais levados que os do G2, para ambos os pés. Valores
superiores foram observados por Borges Machado, Hennig, Riehle (2001) em torno de 2,8 e 3,7%.
Sob a região do 3º, 4º e 5º dedos (M10), durante o caminhar observou-se a média de 2,8 e
2,59%, nos pés direitos e esquerdos, respectivamente, para o grupo 1, e 2,04 e 2,05% para o grupo 2.
Os valores do G1 foram elevados significativamente em relação ao G2 para os pés direitos. Valores
similares foram observados por Borges Machado, Hennig, Riehle (2001) em torno de 2,3 e 2,8%.
Bertsch et al. (2004) encontraram valores próximos iguais a 3,5% para as crianças com 1,5
anos e 3,4% para as mesmas crianças após um ano, sob a região total de M09 e M10.
124
Em relação ao movimento do correr a Tabela 23, a seguir, reporta os dados da variável carga
relativa para os pés direitos e esquerdos, grupo 1 e 2.
De acordo com a Tabela 23, observa-se as médias da carga relativa, durante o correr,
em que no grupo 1, com pés planos flexíveis, apresentou cargas mais elevadas sob a região
mediopé medial (M03), cabeça do 2º metatarso (M06), hálux (M08), 2º dedo (M09) e 3º, 4º e
5º dedos (M10), em relação ao grupo 2. Enquanto que sob do calcanhar medial (M01) e
lateral (M02), cabeça do 1º metatarso (M05), e as cabeças do 3º, 4º e 5º metatarsos (M07) os
valores foram menores em comparação ao grupo 2, com pés normais.
Em razão, dos pés direitos e esquerdos, de cada grupo, não serem considerados
estatisticamente diferentes, ilustrou-se as médias das cargas relativas por regiões, para ambos
os pés, durante o correr, através da Figura 36.
Tabela 23 – Variável carga relativa (CR) para respectivas áreas dos pés direitos (D) e esquerdos (E),
durante o correr (R), do grupo 1 (G1) e 2 (G2), com valores de média ( x ) e desvio padrão (S) , em (%)
(G1 n = 17, G2 n = 9).
Variáveis
R
(S)
G1 D
(S)
G2 D
(S)
G1 E
(S)
G2 E
CRM01
14,04 (+
4,62) 14,08 (+ 4,34) 13,61 (+ 6,35)
×
15,11 (+ 4,01)
×
CRM02
10,40 (+
3,58) 10,70 (+ 2,91) 10,06 (+ 4,35)
×
11,20 (+ 2,94)
×
CRM03
5,88 (+
4,53) 4,59 (+ 3,82) 5,38 (+ 3,76)
×
3,52 (+ 2,57)
×
CRM04
9,00 (+
3,58) 9,63 (+ 3,84) 8,74 (+ 3,44) 9,13 (+ 3,15)
CRM05
13,46 (+
5,07)
×
15,68 (+ 5,45)
×
13,53 (+ 4,94) 14,16 (+ 5,60)
CRM06
13,16 (+
3,24) 12,99 (+ 4,18) 13,09 (+ 2,93) 12,81 (+ 4,01)
CRM07
19,05 (+
5,89) 20,37 (+ 6,53) 18,76 (+ 5,91)
××
21,74 (+ 4,01)
××
CRM08
10,01 (+
5,81)
×
7,45 (+4,39)
×
10,73 (+ 6,15) 8,00 (+5,74)
CRM09
1,73 (+
1,34) 1,56 (+ 1,19) 2,11 (+ 1,71) 1,73 (+ 1,40)
CRM10
3,21 (+
2,45) 2,90 (+ 2,34) 3,94 (+ 3,11)
×
2,44 (+ 2,26)
×
×
p < 0,05 (diferenças significativas intergrupos)
××
p < 0,01 (diferenças significativas intergrupos)
Verifica-se que durante o correr as maiores cargas relativas, para o grupo 1,
encontram-se sob a região 3º, 4º e 5º metatarsos (M07), calcanhar medial (M01), cabeça do 1º
metatarso (M05), calcanhar lateral (M02), cabeça do 2º metatarso (M06), hálux (M08). Na
seqüência vem mediopé lateral (M04), medial (M03), 3º, 4º e 5º dedos (M10) e com as
menores cargas está o 2º dedo (M09), para ambos os pés (Figura 36).
Para o grupo 2, as maiores cargas relativas encontram-se sob os 3º, 4º e 5º metatarsos
(M07), região do calcanhar medial (M01), cabeça do 1º metatarso (M05), cabeça do
x x x x
125
metatarso (M06), calcanhar lateral (M02), mediopé lateral (M04). Na seqüência vem, hálux
(M08), mediopé medial (M03), 3º, 4º e 5º dedos (M10) e com as menores cargas estão 2º dedo
(M09), para ambos os pés.
Analisando a região do calcanhar, conforme a Tabela 23, durante o correr, encontrou-
se sob a região do calcanhar medial (M01) média de 14,04 e 13,61%, nos pés direito e
esquerdo, respectivamente, para o grupo 1, e 14,08 e 15,11% para o grupo 2, com diferenças
significativas entre G1 e G2, para os pés esquerdos. Esses valores são menores em relação aos
do caminhar. Resultados similares foram descritos por Borges Machado, Hennig, Riehle
(2001), para crianças de 8 anos, quando a mensuração é realizada dentro do calçado em torno
de 11,4 e 12,1%. Hennig, Rosenbaum, (1991), para crianças com idade entre 1,2 e 2,8 anos,
observaram valores equivalentes a 12,2%, e também inferiores aos do caminhar (15,4%). Para
a região do calcanhar lateral (M02), encontrou-se média de 10,4 e 10,06%, nos pés direito e
esquerdo, respectivamente, para o grupo 1, e 10,7 e 11,2% para o grupo 2, valores
significantemente diferentes entre G1 e G2, para os pés esquerdos, e também inferiores aos do
caminhar. Resultados similares foram observados por Borges Machado, Hennig, Riehle
(2001) entre 11,3 e 12,3%. Hennig, Rosenbaum, (1991), para crianças com idade entre 1,2 e
2,8 anos, observaram valores equivalentes a 14,1%, e novamente inferiores aos do caminhar
(13,6%).
Média das cargas relativas durante o correr
0
4
8
12
16
20
24
M01 M02 M03 M04 M05 M06 M07 M08 M09 M10
%
G1
G2
diferenças estatisticamente significativas
Figura 36 – Média das cargas relativas (%) dos pés, durante o correr, para os grupos 1 (n= 17) e 2 (n= 9),
para ambos os pés.
Considerando a região do mediopé durante o correr, obteve-se sob região do mediopé
medial (M03) a média de 5,88 e 5,38%, nos pés direito e esquerdo, respectivamente, para o
126
grupo 1, e 4,59 e 3,52%, para o grupo 2, somente os valores dos pés esquerdos foram
considerados com diferenças significantes. Para mediopé lateral (M04) obteve-se 9 e 8,74%,
nos pés direito e esquerdo, respectivamente, para o grupo 1, e 9,63 e 9,13%, para o grupo 2,
valores maiores comparados aos do caminhar. Hennig, Rosenbaum, (1991) para crianças com
idade entre 1,2 e 2,8 anos descrevem a média do valor correspondente a região medial total
igual a 6%, também maior que durante o caminhar (5,6%), e inferior aos da pesquisa presente
que corresponderia a uma carga relativa para região total em mediopé em torno de 15% para o
grupo 1 e 12,6 e 14,2% para o grupo 2. Já Borges Machado, Hennig, Riehle (2001)
encontraram entre 2 e 2,3% em M03 e 3,8 e 4,8% em M04, valores estes inferiores em virtude
dos sujeitos dessas pesquisas já apresentarem o arco longitudinal medial plantar desenvolvido
e terem média de idade igual a 9,5 anos.
Em relação à região do antepé para o correr, encontrou-se sob área da cabeça do 1º
metatarso (M05), média de 13,46 e 13,53%, nos pés direito e esquerdo, respectivamente, para
o grupo 1, e 15,68 e 14,16% para o grupo 2, sendo que somente os valores para os pés direitos
apresentaram diferenças significativas, e os valores de carga em M05 foram superiores em
comparação com os do caminhar. Esses valores semelhantes foram descritos por Hennig,
Rosenbaum, (1991) igual a 15,8%, também superior ao do caminhar (15%). Borges Machado,
Hennig, Riehle (2001) encontraram valores mais elevados entre 20,1 e 21,9%, como esperado
também mais elevado que aos do caminhar. Sob a cabeça do 2º metatarso (M06), observou-se
uma média de 13,16 e 13,09%, nos pés direito e esquerdo, respectivamente, para o grupo 1, e
12,99 e 12,81% para o grupo 2, superiores aos encontrados no caminhar. Valores esses
semelhantes aos encontrados por Borges Machado, Hennig, Riehle (2001) que foram entre
12,6 e 14,3%. Para as demais cabeças dos metatarsos (M07), observou-se uma média de 19,05
e 18,76%, nos pés direito e esquerdo, respectivamente, para o grupo 1, e 20,37 e 21,74% para
o grupo 2, valores considerados diferentemente significativos somente para os pés esquerdos.
Os valores em M07 foram mais elevados em relação aos do caminhar. E semelhantes aos
descritos por Borges Machado, Hennig, Riehle (2001) que foi entre 17 e 18,2%, e novamente
mais elevados que os do caminhar.
Analisando a média dos valores de carga sob o antepé para o movimento do correr,
observou-se no grupo 1, com pés planos flexíveis, um padrão com elevadas cargas sob as
cabeças de 3º, 4º e 5º metatarsos (M07 – 18,7 e 19%), médias cargas sob a cabeça do 1º
metatarso (M05 – 13,4 e 13,5%) e baixas cargas sob a cabeça do 2º metatarso (M06 – 13,1%).
Assim como no grupo 2 que demonstrou o mesmo padrão, porém com valores ainda maiores
(M07 – 20,4 e 21,7%; M05 – 14,1 e 15,7%; M06 – 12,8 e 13%). Com tendências para um
127
padrão central, ou seja, cargas sob a cabeça dos 2º e 3º metatarsos, comuns para um pé
normal. Diferenciando, entretanto, quanto ao fato desta região normalmente receber os
segundos maiores valores, após a cabeça do 1º metatarsos, em relação às demais regiões do
antepé (BORGES MACHADO, HENNIG, RIEHLE, 2001).
Verificou-se médias de cargas sob o hálux (M08) elevadas de 10,01 e 10,73%, nos pés
direito e esquerdo, respectivamente, para o grupo 1, enquanto para o grupo 2 encontrou-se
7,45 e 8%, com diferenças significativas somente para os pés esquerdos. Valores semelhantes
foram descritos por Borges Machado, Hennig, Riehle (2001) em torno de 7,7 e 8,4%. Já
Hennig, Rosenbaum, (1991) avaliando crianças mais novas encontraram o equivalente a
28,9%. Justificasse as elevadas cargas relativas sob essa região ocorrem porque nas crianças,
diferentemente que nos adultos, o hálux exerce maior importância na retirada dos dedos
(HENNIG, ROSENBAUM, 1991).
Sob a região do 2º dedo (M09), durante o correr, observou-se a média de 1,73 e
2,11%, nos pés direito e esquerdo, respectivamente, para o grupo 1 e 1,56 e 1,73% para o
grupo 2. Borges Machado, Hennig, Riehle (2001) observaram valores superiores em torno de
3,5 e 6,2%, em virtude da distribuição estar ocorrendo dentro do calçado.
Sob a região do 3º, 4º e 5º dedos (M10), durante o correr observou-se a média de 3,21
e 3,94%, nos pés direito e esquerdo, respectivamente, para o grupo 1 e 2,9 e 2,44% para o
grupo 2, os valores de carga sob M10 foram significativamente mais elevados em G1 somente
para os pés esquerdos. Resultados superiores foram observados por Borges Machado, Hennig,
Riehle (2001) em torno de 5,1 e 5,6%.
4.6 EFEITOS DO PROGRAMA SOBRE A CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA DOS PÉS
O grupo 1, formado por 17 crianças com os pés planos, foi subdividido em um grupo
experimental e um grupo controle. O grupo experimental (GE) foi submetido à participação
do programa terapêutico-profilático, cujo objetivo foi estimular a formação do arco
longitudinal medial plantar, enquanto o grupo controle (GC) recebeu aulas de educação física
curricular. Após o período de 18 semanas, ambos foram reavaliados, quanto à classificação
clínica dos pés, e a distribuição de pressão plantar, para verificação de possíveis resultados.
Os efeitos sobre a classificação clínica dos pés encontra-se a seguir.
Os pés dos sujeitos foram classificados qualitativamente e estaticamente, quanto à
presença do arco longitudinal medial plantar, conforme estudo de Lin et al. (2001) e a
metodologia descrita anteriormente. De acordo com esta classificação, no primeiro momento
da avaliação, encontraram-se no grupo experimental (GE) quatro sujeitos com os pés planos
moderados e quatro severos, já no grupo controle (GC) se encontraram seis sujeitos com os
pés planos moderados e dois severos. Após o protocolo experimental, houve mudanças quanto
a esta representação, algumas crianças apresentaram certa evolução em relação à presença do
arco longitudinal, em virtude do próprio desenvolvimento físico e motor. O GE passou a ter
dois sujeitos com pés médios, cinco moderados e somente um severo. Enquanto que o GC
passou a ter um sujeito médio, seis moderados e também somente um severo. Portanto, a
evolução da classificação clínica dos pés no grupo experimental e controle foi semelhante.
4.7 EFEITOS DO PROGRAMA SOBRE AS CARACTERÍSTICAS DE DISTRIBUIÇÃO
DE PRESSÃO PLANTAR
Os dados das avaliações do grupo experimental (GE) e controle (GC), no momento pré
e pós aplicação do programa terapêutico-profilático, serão apresentadas a seguir em relação as
variáveis biomecânicas: índice do arco plantar, área de contato, pico de pressão plantar e
carga relativa, durante o caminhar e o correr.
4.7.1 Índice do arco plantar
Neste segundo momento da apresentação dos dados, o índice do arco plantar (IAP) foi
descrito, para os grupos experimental (GE) e controle (GC), durante as tarefas dinâmicas, do
caminhar e do correr, conforme se pode observar nas Tabelas 24 e 25 seguintes.
Pode-se observar, através das Tabelas 24 e 25, que no momento pré-aplicação do
programa, durante a condição do caminhar e do correr, os valores dos índices do arco plantar
dos grupos eram semelhantes e não existiam diferenças estatisticamente significativas, entre
os grupos, assim como no momento pós.
Após o protocolo experimental, ambos os grupos apresentaram uma diminuição em
relação ao índice do arco plantar. Diminuindo aproximadamente 0,01 por pé e quando não,
pelo menos diminuindo o valor do desvio padrão. Analisando o caminhar, somente os pés
direitos, diminuíram a média do índice aproximadamente 0,01, por grupo. Já no correr, tanto
os pés direitos quanto os esquerdos, diminuíram igualmente em média esse valor. Para o
caminhar, somente os pés esquerdos do grupo controle passaram de uma classificação de pés
planos para pés normais (índice entre 0,21 e 0,26), segundo a proposta por Cavanagh,
Rodgers (1987).
Essa diminuição dos índices foi resultado da diminuição da área de contato na região
de mediopé medial (M03), para ambos os grupos. Este resultado era esperado e corrobora
com o encontrado na literatura, pois, o próprio desenvolvimento físico e motor
proporcionaram a formação do arco longitudinal medial plantar diminuindo os valores do
índice com o aumento da idade (SÁ et al., 2001) até se estabelecer por volta dos seis anos de
idade (HENNIG, STAATS, ROSENBAUM, 1994).
Para a variável índice do arco plantar, não se encontrou evidências suficientes, nesta
amostra, que demonstrasse influência da aplicação do programa. Uma vez que o grupo
experimental e controle apresentaram resultados semelhantes, e ainda somente o GC, para o
pé direito, apresentou uma diminuição estatisticamente significativa para esta variável, tanto
no caminhar, quanto no correr.
4.7.2 Área de contato
Neste segundo momento da apresentação dos dados, a área de contato (AC) será
descrita para os grupos experimental (GE) e controle (GC), durante as tarefas dinâmicas, do
caminhar e do correr.
A Tabela 26, a seguir, apresenta os dados da variável área de contato, dos pés direitos
para o grupo experimental e controle, durante o caminhar, no momento pré e pós-aplicação do
programa.
No momento pré-aplicação do programa, para a variável área de contato, por regiões
dos pés direitos, durante o caminhar, o grupo experimental apresentou média de valores mais
elevados, em comparação ao grupo controle, sendo que as diferenças dos valores eram
significativas para: área de contato total, área de contato em calcanhar lateral (M02), mediopé
lateral (M04) e cabeça do 2º metatarso (M06). No momento pós-aplicação o GE novamente
apresentou média de valores mais elevados, permanecendo as diferenças significativas para os
valores da área de contato total e cabeça do 2º metatarso (M06), além do mediopé medial
(M03), onde o GC passou a apresentar valores significativamente menores em relação ao GE.
Representando que o GC possuía menor contato nessa região, durante o movimento, em razão
do desenvolvimento do arco longitudinal medial plantar, evidenciado também pela
diminuição significativa no índice do arco plantar, para o pé direito, descrito anteriormente.
Comparando as médias dos valores do grupo experimental (GE) para os pés direitos,
durante o caminhar, pré e pós, observou-se que os valores aumentaram para a área de contato
em calcanhar medial (M01) e lateral (M02), mediopé lateral (M04) e todo antepé (M05, M06,
M07). Sendo o aumento dos valores em antepé lateral (cabeça do 3º, 4º e 5º metatarsos)
considerado estatisticamente significativo. Entretanto, diminuíram a área de contato total, a
área em mediopé medial (M03), hálux (M08) e dedos (M10). Essa diminuição em mediopé
medial, e o aumento em mediopé lateral e antepé lateral estão relacionados com o aumento do
arco longitudinal medial plantar (BERTSCH et al., 2004).
Comparando as médias dos valores do grupo controle (GC) para os pés direitos,
durante o caminhar, pré e pós, observou-se que os valores aumentaram para a área de contato
total, calcanhar medial (M01) e lateral (M02), mediopé lateral (M04) e todo antepé (M05,
M06, M07). Sendo o aumento em calcanhar lateral e mediopé lateral considerados
estatisticamente significativos. Entretanto, os valores diminuíram em mediopé medial (M03),
hálux (M08) e dedos (M09, M10). A diminuição em mediopé medial e aumento em mediopé
lateral e calcanhar lateral, todos significativos estão relacionados com o aumento do arco
longitudinal medial plantar (BERTSCH et al., 2004).
Analisando as mudanças, para os pés direitos no caminhar, entre GE e GC, ambos
tiveram resultados semelhantes em relação ao aumento ou diminuição das médias das áreas de
contato, exceto para as variáveis: área de contato total e região do 2º dedo. A diminuição para
área de contato total do GC possivelmente está relacionada à diminuição significativa de área
de contato de mediopé medial.
A Tabela 27, a seguir, apresenta os dados da variável área de contato, dos pés
esquerdos, para o grupo experimental e controle, durante o caminhar, no momento pré e pós-
aplicação do programa.
No momento pré-aplicação do programa, conforme a Tabela 27, para a variável área
de contato, por regiões dos pés esquerdos, durante o caminhar, o grupo experimental (GE)
apresentava média de valores mais elevados em comparação ao grupo controle, para a maioria
das variáveis, exceto para as variáveis mediopé lateral (M04), hálux (M08), e dedos (M09 e
M10), que eram menores. Sendo que os valores eram significativamente mais elevados para:
área de contato total e área de contato em calcanhar (M01 e M02). No momento pós-aplicação
essas tendências permaneceram, inclusive com as mesmas diferenças significativas. A única
diferença foi para a variável área de contato em hálux, que no momento pós o GC passou a ter
uma média menor em relação ao GE, possivelmente relacionada ao menor contato da área
medial do pé, em conseqüência do aumento do arco, demonstrando maior evolução do GC.
Comparando as médias dos valores, de acordo com a Tabela 27, do grupo
experimental (GE), para os pés esquerdos, durante o caminhar, pré e pós, observou-se que a
média dos valores aumentaram para a área de contato total, área de contato em mediopé
lateral (M04), antepé lateral (cabeça do 3º, 4º e 5º metatarsos), hálux (M08) e 2º dedo (M09).
Entretanto, diminuíram para área de contato em calcanhar lateral (M02), mediopé medial
(M03), cabeça do 1º e 2º metatarsos (M05, M06) e dedos (M10). Para área do calcanhar
medial (M01) as médias permaneceram iguais. A área de mediopé lateral (M04) e antepé
lateral (M07) aumentaram significativamente após o programa refletindo o aumento do arco
longitudinal medial plantar.
Comparando as médias dos valores, do grupo controle (GC), para os pés esquerdos,
durante o caminhar, pré e pós, observou-se que os valores aumentaram para a área de contato
total, calcanhar medial (M01), mediopé lateral (M04) e todo antepé (M05, M06, M07). Sendo
o aumento em calcanhar medial, mediopé lateral e antepé lateral considerados
estatisticamente significativos. Entretanto, os valores diminuíram em calcanhar lateral,
mediopé medial (M03), hálux (M08) e dedos (M09, M10). A diminuição em mediopé medial
e aumento em mediopé lateral e antepé lateral, estes últimos significativos estão relacionados
com o aumento do arco longitudinal medial plantar (BERTSCH et al., 2004).
Analisando a evolução, para os pés esquerdos, no caminhar, entre GE e GC, de modo
geral, demonstraram resultados semelhantes em relação ao aumento ou diminuição das áreas
de contato, exceto para as variáveis: cabeças do 1º e 2º metatarsos (M05, M06), hálux (M08)
e 2º dedo (M09), onde o GE para o pé esquerdo divergiu das tendências. Outro resultado
interessante é em relação ao aumento significativo da área de contato do calcanhar medial
(M01) do grupo controle, refletindo uma pior resposta em comparação ao grupo experimental,
já que se esperava, que com o aumento da idade e aumento do arco, a área de contato na
região medial tendesse a diminuir.
A Tabela 28, adiante, apresenta os dados da variável área de contato, dos pés direitos,
para o grupo experimental e controle, durante o correr, no momento pré e pós-aplicação do
programa.
No momento pré-aplicação do protocolo, conforme a Tabela 28, para a variável área
de contato, por regiões dos pés direitos, durante o correr, o grupo experimental apresentou
média de valores mais elevados em comparação ao grupo controle, para a maioria das
variáveis, exceto em hálux (M08) e 2º dedo (M09). Sendo que as diferenças dos valores eram
significativas para: área de contato total, área de contato em calcanhar medial (M01) e
mediopé lateral (M04). No momento pós-aplicação, o GE novamente apresentou média de
valores mais elevados, exceto na região da cabeça do 1º metatarso (M05), e nenhuma
diferença estatisticamente significativa foi encontrada entre GE e GC.
Comparando as médias dos valores do grupo experimental para os pés direitos,
durante a corrida, pré e pós o protocolo, observou-se que os valores aumentaram para a área
de contato em mediopé lateral (M04), antepé lateral (M07), hálux (M08), e 2º dedo (M09).
Entretanto, diminuíram a área de contato total, a área em calcanhar (M01 e M02), mediopé
medial (M03), cabeças do 1º e 2º metatarso (M05 e M06) e dedos (M10). Essa diminuição em
mediopé medial e calcanhar medial (M01), ambas significativas, e o aumento em mediopé
lateral e antepé lateral estão relacionados com o aumento do arco plantar (BERTSCH et al.,
2004).
Comparando as médias dos valores do grupo controle para os pés direitos, durante o
correr, pré e pós o programa, observou-se que os valores aumentaram para a maioria das áreas
exceto para: calcanhar lateral (M02), mediopé medial (M03) e antepé lateral (M07), que
diminuíram. Sendo que os valores de M03 foram considerados significantemente menores.
Igualmente ao resultado da caminhada, para os pés direitos, a área de contato em calcanhar
medial aumentou significativamente. A diminuição em mediopé medial está relacionado com
o aumento do arco plantar (BERTSCH et al., 2004). No entanto, a diminuição da área de
contato do antepé lateral, assim como do calcanhar lateral, não evidenciam progresso da
resposta da distribuição em função do movimento da corrida quanto a função do arco plantar.
Comparando a evolução, para os pés direitos correndo, entre GE e GC, eles não
tiveram resultados similares em relação ao aumento ou diminuição das médias das áreas de
contato. Divergindo quanto à maioria das variáveis: área de contato total, área de contato em
calcanhar, área de contato em antepé, região dos dedos. O GC obteve ao aumento
significativo da área de contato do calcanhar medial (M01), refletindo uma pior resposta em
comparação ao grupo experimental, já que se esperava que com o aumento da idade e
aumento do arco a área de contato na região medial tendesse a diminuir.
A Tabela 29, a seguir, apresenta os dados da variável área de contato, dos pés
esquerdos, para o grupo experimental e controle, durante o correr, no momento pré e pós-
aplicação do programa.
No momento pré-aplicação do programa, conforme a Tabela 29, para a variável área
de contato, por regiões dos pés esquerdos, durante o correr, o grupo experimental apresentou
média de valores mais elevados em comparação ao grupo controle, para todas as variáveis.
Sendo que as diferenças dos valores eram significativas para: área de contato total, área de
contato em calcanhar lateral (M02). Já no momento pós-aplicação comparando os grupos, o
GE apresentou média de valores inferiores para as variáveis: área de contato em mediopé
medial (M03), cabeça do 1º metatarso (M05), hálux (M08) e dedos (M10).
Comparando as médias dos valores do grupo experimental para os pés esquerdos,
durante o correr, pré e pós, observou-se que os valores aumentaram para a área de contato em
calcanhar (M01 e M02), mediopé lateral (M04), antepé lateral (M07). Entretanto, diminuíram
a área de contato total, a área em mediopé medial (M03), cabeças do 1º e 2º metatarsos (M05
e M06), hálux (M08), e dedos (M09 e M10). Essa diminuição em mediopé medial e cabeça do
1º metatarso, ambas significativas, além do aumento em antepé lateral e mediopé lateral, este
último também significativo estão relacionados com o aumento do arco longitudinal medial
plantar (BERTSCH et al., 2004). A diminuição significativa dos valores da área de contato
total pode estar associada à diminuição significativa em M03, M04 e M05, todas relacionadas
com o aumento do arco plantar.
Comparando as médias dos valores do grupo controle para os pés esquerdos, durante o
correr, pré e pós, observou-se que os valores aumentaram para a maioria das áreas exceto
para: mediopé medial (M03) e dedos (M10), que diminuíram. A diminuição em mediopé
medial e o aumento do contato em antepé lateral, este último significativo, estão relacionados
com o aumento do arco plantar (BERTSCH et al., 2004), no entanto, foram as únicas
variáveis associadas positivamente a formação do arco plantar.
Comparando a evolução, para os pés esquerdos correndo, entre GE e GC, eles não
demonstraram resultados similares em relação ao aumento ou diminuição das médias das
áreas de contato. Divergindo quanto à maioria das variáveis: área de contato total, área de
contato sob a cabeça do 1º e 2º metatarsos, hálux e região dos dedos. O GE obteve mais
variáveis significativas, que refletiam o aumento do arco plantar, durante o movimento do
correr, em comparação ao grupo controle.
4.7.3 Pico de pressão plantar
Neste segundo momento da apresentação dos dados, o pico de pressão plantar será
descrito para os grupos experimental (GE) e controle (GC), durante as tarefas dinâmicas, do
caminhar e do correr.
A Tabela 30, a seguir, apresenta os dados da variável pico de pressão plantar dos pés
direitos, para o grupo experimental e controle, durante o caminhar, no momento pré e pós-
programa.
No momento pré-aplicação, para a variável pico de pressão plantar, por regiões dos
pés direitos, caminhando, o grupo experimental apresentou média de valores inferiores em
comparação ao grupo controle, exceto para as variáveis: sob a cabeça do 1º metatarso (M05) e
2º dedo (M09). No momento pós-aplicação, o GE apresentou média de valores mais elevados,
para as variáveis: pico de pressão total, pico sob a região do calcanhar (M01 e M02), e
novamente sob a cabeça do 1º metatarso (M05). Ainda em relação ao pós-programa o GE
apresentou valores inferiores para as variáveis: sob mediopé (M03 e M04), cabeças do 2º, 3º,
4º, 5º (M06 e M07) metatarsos, 2º (M09) e demais dedos (M10), em relação ao GC. Sendo
significantes para essas duas últimas variáveis. Já sob o hálux (M08) e sob o antepé lateral a
média dos valores entre os grupos foram semelhantes no pós.
Comparando as médias dos valores do grupo experimental para os pés direitos,
durante o caminhar, entre o pré e pós-programa, observou-se que os valores aumentaram para
o pico de pressão total, picos de pressão sob o calcanhar (M01 e M02), mediopé (M03 e M04)
e todo antepé (M05, M06, M07) e diminuíram sob hálux (M08) e os dedos (M09 e M10).
Com diferenças estatisticamente significantes, para as regiões da cabeça do 2º, 3º, 4º e 5º
metatarsos, hálux e dedos. Esse aumento dos picos atribui-se ao próprio aumento significativo
da massa corpórea visto que, conforme Hennig, Staats, Rosenbaum (1994), nas crianças a
massa corpórea tem maior influência sobre a magnitude das pressões sob os pés do que nos
adultos.
Comparando as médias dos valores do grupo controle para os pés direitos, durante o
caminhar, pré e pós-programa, observou-se que os valores dos picos diminuíram para a
maioria das áreas, exceto sob a região das cabeças do 3º, 4º e 5º metatarsos (M07) e 2º
metatarso (M06), que aumentou significativamente em relação ao período pré. Esse aumento
em algumas regiões, novamente, atribui-se ao aumento da massa corpórea, enquanto que, a
diminuição da pressão sob mediopé medial reflete o aumento do arco longitudinal medial
plantar (BERTSCH et al., 2004).
Analisando as mudanças ocorridas após a aplicação do programa, para os pés direitos
durante o caminhar, entre GE e GC, observou-se que ambos os grupos mantiveram o padrão
central de distribuição de pressão plantar, aumentando ainda significativamente os picos sob a
região da cabeça do 2º metatarso. O que confirma, novamente, que os sujeitos analisados não
apresentavam o padrão medial/central comum em sujeitos com pés planos (MANFIO,
MOTA, AVILA, 1995). O grupo experimental obteve uma melhor resposta em relação à
diminuição significativa sob o hálux e dedos. Enquanto que, o grupo controle diminuiu
significativamente somente sob o hálux, mas, no entanto, apresentou diminuição dos picos
sob o mediopé medial, o que não ocorreu no GE.
A Tabela 31, a seguir, apresenta os dados da variável pico de pressão plantar dos pés
esquerdos, para o grupo experimental e controle, durante o caminhar, no momento pré e pós-
aplicação do programa.
No momento pré-aplicação do protocolo, de acordo com a Tabela 31, para a variável
pico de pressão plantar, por regiões dos pés esquerdos, no caminhar, o grupo experimental
apresentou média de valores superiores em comparação ao grupo controle para as variáveis:
pico de pressão total, calcanhares (M01 e M02), mediopé (M03 e M04) e sob a cabeça do 1º
metatarso (M05), sendo significantes para pico de pressão total e calcanhares. As médias de
GE foram inferiores sob a cabeça do 2º, sob hálux (M08) e sob os dedos (M09 e M10), sendo
significantes sob o hálux. No momento pós-aplicação, mantiveram-se essas diferenças,
entretanto, nenhuma delas eram mais significantes estatisticamente, resultados estes que
demonstraram um maior progresso do grupo controle em relação ao grupo experimental.
Comparando as médias dos valores do grupo experimental, para os pés esquerdos,
durante o caminhar, entre o pré e pós, observou-se que os valores aumentaram sob o mediopé
(M04), e sob o antepé (M05, M06, M07), diminuindo para as demais variáveis, inclusive
mediopé medial. Esse aumento em algumas regiões, novamente, atribui-se ao aumento da
massa corpórea, enquanto que, a diminuição da pressão sob mediopé medial reflete o aumento
do arco longitudinal medial plantar, bem como o aumento sob o antepé lateral (BERTSCH et
al., 2004).
Comparando as médias dos valores do grupo controle, para os pés esquerdos, durante
o caminhar, pré e pós, observou-se que os valores dos picos aumentaram para as variáveis:
pico de pressão total, pico sob o calcanhar medial, mediopé lateral (M04), todo antepé (M05,
M06, M07), diminuindo para as demais regiões, inclusive significativamente sob dedos (M09
e M10). Sob a região do mediopé medial as médias apresentaram-se semelhantes. O aumento
em algumas regiões, novamente, atribui-se ao aumento da massa corpórea.
Analisando as mudanças ocorridas após a aplicação do programa, para os pés
esquerdos no caminhar, entre GE e GC, observou-se que ambos os grupos mantiveram o
padrão central de distribuição de pressão plantar, assim como para os pés direitos. O que
confirma, novamente, que os sujeitos analisados não apresentavam o padrão medial/central
comum em sujeitos com pés planos (MANFIO, MOTA, AVILA, 1995). O grupo
experimental apresentou diminuição das médias dos picos de pressão sob o mediopé medial, o
que reflete o aumento do arco longitudinal medial plantar (BERTSCH et al., 2004), o mesmo
não ocorreu com o grupo controle. Ambos diminuíram as médias dos picos sob o hálux e os
dedos, mas somente o GC apresentou diferenças estatisticamente significativas sob os dedos.
A Tabela 32, a seguir, apresenta os dados da variável pico de pressão plantar dos pés
direitos, para o grupo experimental e controle, durante o movimento do correr, no momento
pré e pós-aplicação do programa.
No momento pré-aplicação do programa, para a variável pico de pressão plantar, por
regiões dos pés direitos, no correr, o grupo experimental apresentou média de valores
superiores em comparação ao grupo controle, para as variáveis: pico sob os calcanhares (M01
e M02), mediopé (M03 e M04), cabeça do 2º, 3º, 4º e 5º metatarsos (M06 e M07). Sendo
significantes para o mediopé lateral. Para as demais variáveis as médias de GE eram
inferiores, sendo os valores significativos sob o hálux.
No momento pós-aplicação, o GE apresentou média de valores mais elevados, em
relação ao GC, somente sob o mediopé. Demonstrando que os picos do GE diminuíram e
pareciam melhores distribuídos em relação ao GC. Ainda em relação ao pós-programa o GC
apresentou valores significantemente mais elevados sob a cabeça do 1º metatarso (M05),
representando maior sobrecarga nesta região em comparação ao GE.
Comparando as médias dos valores do grupo experimental para os pés direitos,
durante o correr, entre o pré e pós, observou-se que a média dos valores aumentou somente
sob o antepé (M05, M06 e M07) e hálux (M08). Diminuindo sob as demais regiões, inclusive
sob o mediopé medial. Esse aumento em algumas regiões, novamente, atribui-se ao aumento
da massa corpórea, enquanto que, a diminuição da pressão sob mediopé medial reflete o
aumento do arco longitudinal medial plantar (BERTSCH et al., 2004).
Comparando as médias dos valores do grupo controle para os pés direitos, durante o
correr, pré e pós, observou-se que a média dos valores aumentou igualmente ao GE sob o
antepé (M05, M06 e M07) e hálux (M08), além do mediopé lateral (M04), e 2º dedo (M09).
Diminuindo para as demais regiões, exceto sob a região do mediopé medial, que permaneceu
semelhante. Esse aumento em algumas regiões, novamente, atribui-se ao aumento da massa
corpórea, enquanto que, a não diminuição dos picos sob o mediopé representa pouca evolução
quanto ao desenvolvimento do arco plantar durante o correr.
Analisando as mudanças ocorridas após a aplicação do programa, para os pés direitos
no correr, entre GE e GC, o grupo experimental obteve uma melhor resposta em relação à
distribuição dos picos, pois no momento pós-aplicação diminuiu a média dos picos, em
relação ao GC. Ainda em relação ao pós-programa o GC apresentou valores significantemente
mais elevados sob a cabeça do 1º metatarso (M05), representando maior sobrecarga nesta
região em comparação ao GE. Para os pés direitos, o GE apresentou diminuição dos picos sob
o mediopé, possivelmente em função do aumento do arco plantar durante o correr, no entanto
o mesmo não ocorreu para o GC.
A Tabela 33, a seguir, apresenta os dados da variável pico de pressão plantar dos pés
esquerdos, para o grupo experimental e controle, durante o correr, no momento pré e pós-
aplicação do programa.
No momento pré-aplicação do programa, para a variável pico de pressão plantar, por
regiões dos pés esquerdos, no correr, o grupo experimental apresentou média de valores
superiores em comparação ao grupo controle, para a maioria das variáveis, exceto para cabeça
do 2º metatarso e hálux (M08), que eram semelhantes. No momento pós-aplicação, o GE
apresentou diminuição dos picos sob a maioria das áreas, passando a ter média de valores
mais elevados, em relação ao GC, somente sob o calcanhar medial (M02), mediopé (M03 e
M04) e cabeça do 3º, 4º e 5º metatarsos. Demonstrando que os picos do GE diminuíram e
pareciam melhores distribuídos em relação ao GC, com diferenças significativas para M08,
M09 e M10. Ainda em relação ao pós-protocolo o GC apresentou valores mais elevados sob a
cabeça do 1º metatarso (M05), como nos pés direitos, representando maior sobrecarga nesta
região em comparação ao GE. E o GC apresentou valores significativamente mais elevados
em relação ao GE sob a região lateral: mediopé lateral e cabeça do 3º, 4º e 5º metatarsos.
Comparando as médias dos valores do grupo experimental, para os pés esquerdos,
durante o correr, entre o pré e pós-programa, observou-se que a média dos valores aumentou
somente sob a região lateral: mediopé lateral (M04) e cabeça do 3º, 4º e 5º metatarsos (M07),
sendo estes estatisticamente significantes. Sob as demais regiões os valores diminuíram,
sendo estatisticamente significantes sob hálux (M08) e dedos (M10). Sob o mediopé medial
as médias foram semelhantes. Esse aumento em algumas regiões, novamente, atribui-se ao
aumento da massa corpórea, enquanto que, a não diminuição dos picos sob o mediopé
representa pouca evolução quanto ao desenvolvimento do arco plantar durante o correr.
Comparando as médias dos valores do grupo controle, para os pés esquerdos, durante
o correr, pré e pós, observou-se que a média dos valores sob o antepé (M05, M06 e M07),
hálux (M08), e 2º dedo (M09), sendo significante para M08. Diminuindo para as demais
regiões, inclusive sob a região do mediopé medial. Esse aumento em algumas regiões,
novamente, atribui-se ao aumento da massa corpórea, enquanto que, a diminuição da pressão
sob mediopé medial reflete o aumento do arco longitudinal medial plantar (BERTSCH et al.,
2004).
Analisando as mudanças ocorridas após a aplicação do programa, para os pés
esquerdos, no correr, entre GE e GC, o grupo experimental obteve uma melhor resposta em
relação à distribuição dos picos, pois no momento pós-aplicação diminuiu a média dos picos,
em relação ao GC. Ainda em relação ao pós-programa o GC apresentou valores mais elevados
sob a cabeça do 1º metatarso (M05), representando maior sobrecarga nesta região em
comparação ao GE. Para os pés esquerdos, o GC apresentou diminuição dos picos sob o
mediopé, possivelmente em função do aumento do arco plantar durante o correr, no entanto o
mesmo não ocorreu para o GE.
4.7.4 Carga relativa
Neste segundo momento da apresentação dos dados, a carga relativa será descrita para
os grupos experimental (GE) e controle (GC) durante as tarefas dinâmicas, do caminhar e do
correr.
A Tabela 34, a seguir, apresenta os dados da variável carga relativa dos pés direitos,
para o grupo experimental e controle, durante o caminhar, no momento pré e pós-aplicação do
programa.
No momento pré-aplicação, para a variável carga relativa, por regiões dos pés direitos,
durante o caminhar, o grupo experimental apresentou média de valores superiores em
comparação ao grupo controle, para a maioria das regiões, exceto para: carga sob os
calcanhares (M01 e M02), mediopé medial (M03). Sendo significativa essas diferenças sob a
região do mediopé.
No momento pós-aplicação, ocorreram mudanças e o GE passou a apresentar média de
valores mais elevados, em relação ao GC, sob a região de mediopé medial e sob os dedos
(M09 e M10), entretanto, nenhuma diferença era mais significante.
Comparando as médias dos valores do grupo experimental para os pés direitos,
durante o caminhar, entre o pré e pós, observou-se que a média aumentou somente sob o
antepé (M05, M06 e M07), sendo significativo esse aumento sob a cabeça do 2º metatarso
(M06). Diminuindo sob os calcanhares, mediopé e dedos, com significância sob M10. A
diminuição sob o médiopé está associada à formação do arco plantar, já que Hennig, Staats e
Rosenbaum (1994) encontraram uma correlação negativa entre a idade e a carga sob o
mediopé. Corroborando ainda, Bertsch et al (2004), verificaram diminuição das cargas sob o
mediopé total, de 30,1% para 16,5%, após um ano de acompanhamento com crianças de 1,5
ano de idade.
Comparando as médias dos valores do grupo controle para os pés direitos, durante o
caminhar, pré e pós o programa, observou-se que a média dos valores aumentou igualmente
ao GE sob o antepé (M05, M06 e M07), além do mediopé lateral (M04), e dedos (M09 e
M10), sendo significativo sob a cabeça do 2º, 3º, 4º e 5º metatarsos. Diminuindo para as
demais regiões, com significância estatística sob a região do calcanhar medial, mediopé
medial, e hálux. Essa diminuição nas regiões mediais atribui-se ao aumento do arco plantar,
com menor pronação do pé durante o movimento (HENNIG, STAATS, ROSENBAUM,
1994; BERTSCH et al. 2004).
Avaliando as mudanças em ambos os grupos, para os pés direitos, podem-se observar
sinais de maturação no padrão de distribuição das cargas sob os pés, como aumento das
cargas sob o antepé, e a diminuição de cargas sob as regiões mediais de mediopé e calcanhar,
além do hálux. Também diminuiu a diferença entre as cargas mediais e laterais sob os
calcanhares, como um indicador de menor pronação do pé durante o movimento (HENNIG,
STAATS, ROSENBAUM, 1994). Por exemplo, o GE, para os pés direitos, no pré apresentava
uma diferença de 4,07% entre M01 e M02, no pós essa diferença reduziu para 3%, o GC
apresentava 7,64% reduzido para 4,12% no pós.
Analisando as mudanças ocorridas após a aplicação do programa, para os pés direitos
no caminhar, entre GE e GC, o grupo experimental apresentou uma diminuição de cargas sob
todo o mediopé, enquanto o GC diminuiu somente em mediopé medial, no entanto, essa
diminuição teve significância estatística. O GE também diminuiu as cargas sob os dedos
(M09 e M10), o mesmo não ocorreu com o GC. Entretanto, a diminuição nas regiões mediais
ocorrida no GC foi mais significante em relação ao GE, tanto que, no momento pré o GC
possuíam maiores valores de cargas sob o mediopé medial com diferenças significativas entre
os grupos, no pós o mesmo não se repetiu. Além disso, o GC apresentou maior diminuição
das diferenças entre as cargas mediais e laterais dos calcanhares.
A Tabela 35, a seguir, apresenta os dados da variável carga relativa dos pés esquerdos,
para o grupo experimental e controle, durante o caminhar, no momento pré e pós-aplicação do
programa.
No momento pré-aplicação do programa, para a variável carga relativa, por regiões
dos pés esquerdos, para o caminhar, o grupo experimental apresentou média de valores
inferiores em comparação ao grupo controle, para a maioria das regiões, exceto para: carga
sob os calcanhares (M01 e M02), mediopé medial (M03). Sendo significativa essas diferenças
sob os calcanhares, cabeças do 2º, 3º, 4º, 5º metatarsos (M06 e M07).
No momento pós-aplicação, essa tendência foi diferenciada, pois ocorreram mudanças
e o GE passou a apresentar média de valores mais elevados, em relação ao GC, sob a região
do calcanhar lateral, mediopé (M03 e M04), cabeças do 1º, 3º, 4º, 5º metatarsos (M05 e M07).
Para as demais regiões a média dos valores foi mais inferior, exceto sob a cabeça do 2º
metatarso onde os valores foram semelhantes. Entretanto, neste momento pós, nenhuma
diferença era mais significante.
Comparando as médias dos valores do grupo experimental para os pés esquerdos,
durante o caminhar, entre o pré e pós, observou-se que a média aumentou sob o antepé (M05,
M06 e M07) e mediopé lateral (M04), sendo significativo esse aumento sob a cabeça do 3º, 4º
e 5º metatarsos (M07). Diminuindo sob os calcanhares, mediopé medial, hálux e dedos, com
significância sob o calcanhar lateral. Essa diminuição nas regiões mediais atribui-se ao
aumento do arco plantar, com menor pronação do pé durante o movimento (HENNIG,
STAATS, ROSENBAUM, 1994; BERTSCH et al. 2004).
Comparando as médias dos valores do grupo controle para os pés esquerdos, durante o
caminhar, pré e pós, observou-se que a média dos valores aumentou sob a cabeça de 1º, 3º, 4º
e 5º metatarsos (M05 e M07), além do calcanhar medial (M01) e lateral (M02), o que
demonstrou sobrecarga na região medial e a não diminuição da pronação do pé. Diminuindo
para as demais regiões, inclusive sob o mediopé, hálux dedos, com significância estatística
sob a região do 2º dedo (M09). A diminuição sob o médiopé está associada à formação do
arco plantar, já que Hennig, Staats e Rosenbaum (1994) encontraram uma correlação negativa
entre a idade e a carga sob o mediopé. Corroborando ainda, Bertsch et al (2004), verificaram
diminuição das cargas sob o mediopé total.
Avaliando as mudanças, em ambos os grupos, para os pés esquerdos, podem-se
observar sinais de maturação no padrão de distribuição das cargas sob os pés, como aumento
das cargas sob o antepé, e a diminuição de cargas sob as regiões mediais de mediopé e
calcanhar, além do hálux, com melhores respostas para o grupo experimental. Entretanto, a
diferença entre as cargas mediais e laterais sob os calcanhares, diferentemente dos pés
direitos, não diminuiu.
Analisando as mudanças ocorridas após a aplicação do programa, para os pés
esquerdos, no caminhar, entre GE e GC, o grupo controle apresentou uma diminuição de
cargas sob todo o mediopé, enquanto o GE diminuiu somente em mediopé medial. Ambos
diminuíram as cargas sob o hálux e dedos. Em relação às cargas sob os calcanhares, o GE
diminuiu sob a região medial, enquanto o GC aumentou, o resultado no GE representa menor
pronação dos pés esquerdos durante o caminhar.
A Tabela 36, a seguir, apresenta os dados da variável carga relativa dos pés direitos,
para o grupo experimental e controle, durante o correr, no momento pré e pós-aplicação do
programa.
No momento pré-aplicação do programa, para a variável carga relativa, por regiões
dos pés direitos, para o correr, o grupo experimental apresentou média de valores superiores
em comparação ao grupo controle, para carga sob o calcanhar lateral (M02), mediopé lateral
(M04) e cabeça do 3º, 4º e 5º metatarsos (M07), sendo significativa a diferença sob M04. Sob
o hálux (M08) o GE possui cargas significantemente menores em relação ao GC. No
momento pós-aplicação, permaneceu essa tendência, considerando além dessas que o GC
passou a ter média de carga inferiores sob mediopé medial (M03). E a diferença entre a cargas
sob o mediopé lateral permaneceu significante.
Comparando as médias dos valores do grupo experimental para os pés direitos,
durante o correr, entre o pré e pós, observou-se que a média aumentou sob o antepé (M05,
M06 e M07), hálux (M08) e 2º dedo (M09). Diminuindo sob os calcanhares, mediopé e
dedos, com significância sob o calcanhar medial (M01). A diminuição sob o médiopé está
associada à formação do arco plantar, já que Hennig, Staats e Rosenbaum (1994) encontraram
uma correlação negativa entre a idade e a carga sob o mediopé. Corroborando ainda, Bertsch
et al (2004), que também verificaram diminuição das cargas sob o mediopé total. A
diminuição significativa sob o calcanhar medial representa uma menor pronação do pé
durante o movimento (HENNIG, STAATS, ROSENBAUM, 1994).
Comparando as médias dos valores do grupo controle para os pés direitos, durante o
correr, pré e pós, observou-se que a média dos valores aumentou igualmente ao GE sob as
mesmas áreas, além do mediopé lateral (M04), sendo significativo sob a cabeça do 2º
metatarso. Diminuindo para as demais regiões, com significância estatística sob a região do
mediopé medial (M03). Essa diminuição nas regiões mediais atribui-se ao aumento do arco
plantar, com menor pronação do pé durante o movimento (HENNIG, STAATS,
ROSENBAUM, 1994; BERTSCH et al. 2004).
Avaliando as mudanças em ambos os grupos, para os pés direitos, podem-se observar
sinais de maturação no padrão de distribuição das cargas sob os pés, como aumento das
cargas sob o antepé, e a diminuição de cargas sob as regiões mediais de mediopé e calcanhar.
Também diminuiu a diferença entre as cargas mediais e laterais sob os calcanhares, como um
indicador de menor pronação do pé durante o movimento (HENNIG, STAATS,
ROSENBAUM, 1994). Por exemplo, o GE, para os pés direitos, no pré apresentava uma
diferença de 3,2% entre M01 e M02, no pós essa diferença reduziu para 1,93%, o GC
apresentava 4,54% reduzido para 4,06% no pós. Portanto o GE apresentou maior diminuição
das diferenças entre estas cargas. Igualmente ao ocorrido para os pés direitos, no caminhar, o
grupo experimental apresentou uma diminuição de cargas sob todo o mediopé, enquanto o GC
diminuiu somente em mediopé medial, no entanto, essa diminuição teve significância
estatística.
Comparando com os resultados encontrados por Hennig, Rosenbaum (1991), para o
movimento do correr as cargas diminuíram sob os calcanhares, e aumentaram sob o hálux em
comparação ao caminhar, para ambos os grupos.
A Tabela 37, a seguir, apresenta os dados da variável carga relativa dos pés esquerdos,
para o grupo experimental e controle, durante o correr, no momento pré e pós-aplicação do
programa.
No momento pré-aplicação do protocolo, para a variável carga relativa, por regiões
dos pés esquerdos, para a corrida, o grupo experimental apresentou média de valores
superiores em comparação ao grupo controle, para a maioria das regiões exceto para: carga
sob mediopé medial (M03), cabeça do 1º metatarso (M05), hálux (M08) e dedos (M10). No
momento pós-aplicação, ocorreram mudanças e o GE passou a ter carga mais elevadas para
todas as regiões exceto sob mediopé medial (M03). Sendo significativamente mais elevados
sob meiopé lateral (M04) e antepé lateral (M07).
Comparando as médias dos valores do grupo experimental para os pés esquerdos,
durante a corrida, entre o pré e pós-protocolo, observou-se que a média aumentou sob todas as
regiões, com diferenças significativas sob meiopé lateral (M04) e antepé lateral (M07).
Comparando as médias dos valores do grupo controle para os pés esquerdos, durante a
corrida, pré e pós o protocolo, observou-se que a média dos valores aumentou sob o mediopé
medial (M03), cabeça do 1º, 3º, 4º e 5º metatarsos, hálux (M08) e dedos (M10), sendo
significativo o aumento sob o mediopé medial.
Avaliando as mudanças em ambos os grupos, para os pés esquerdos, observa-se que
diminuiu a diferença entre as cargas mediais e laterais sob os calcanhares, como um indicador
de menor pronação do pé durante o movimento (HENNIG, STAATS, ROSENBAUM, 1994).
Por exemplo, o GE, para os pés esquerdos, no pré apresentava uma diferença de 2,32% entre
M01 e M02, no pós essa diferença reduziu para 1,59%, o GC apresentava 4,93% reduzido
para 2,32% no pós. Portanto, o GC apresentou maior diminuição das diferenças entre estas
cargas.
151
5 CONCLUSÕES
A presente pesquisa avaliou o comportamento de características clínicas e
biomecânicas, dos pés de crianças, com os pés planos flexíveis (G1) e idade entre 4 e 5 anos,
comparando-as com as características de crianças com pés normais (G2), em relação à
presença do arco longitudinal medial plantar. E verificou os efeitos da aplicação de um
programa terapêutico-profilático, que visava à formação do arco longitudinal medial plantar
neutro.
Quanto às características clínicas, em relação ao grau de amplitude de movimento de
dorsiflexão e plantiflexão de tornozelos, e quanto à hipermobilidade articular, não se
encontrou diferenças estatisticamente significantes entre o grupo 1, com pés planos flexíveis e
o grupo 2, com pés normais. Todos os sujeitos, de ambos os grupos, foram considerados,
segundo o Escore de Beighton, hipermóveis, entretanto, o grupo 1 teve o escore máximo,
como o de maior freqüência relativa, e o mesmo não se repetiu no grupo 2.
Através da avaliação postural, observou-se, de um modo geral, elevada incidência de
desvios posturais nos sujeitos, entretanto considerados, na grande maioria, compatíveis com a
idade. Assim, encontrou-se uma alta freqüência de joelhos e tornozelos valgos, com uma
correlação significante entre a presença dos pés planos e a postura em valgo dos tornozelos.
Identificou-se também uma alta freqüência de joelhos recurvatum, atribuídos ao alto índice de
hipermobilidade articular dos sujeitos. Quanto a presença da postura do hálux em valgo a
mesma foi encontrada somente no grupo 1 de crianças com pés planos, associando-se também
às demais características posturais.
Averiguou-se, inclusive, sobre variáveis intrínsecas e extrínsecas que pudessem
interferir na formação do arco longitudinal medial plantar. Considerou-se a hereditariedade
para os pés planos, por ela estar intimamente relacionada com o desenvolvimento postural das
crianças. Entretanto nestes sujeitos, não se encontrou uma associação significativa entre estas
variáveis. A dor foi, também, um fator intrínseco questionado em virtude de ser uma
condicionante de gravidade da postura dos pés planos. Mas como esperado, a mesma teve
uma baixa incidência e uma baixa associação à presença dos pés planos, em razão dos sujeitos
pesquisados possuírem pés planos flexíveis e assintomáticos. Analisando os fatores
extrínsecos, percebeu-se que o hábito de andar descalço ou apenas com meias era mais
152
freqüente entre as crianças com pés normais. Pode-se inferir que este hábito certamente
influenciou no desenvolvimento do arco longitudinal medial plantar destas crianças.
As crianças de uma maneira geral foram consideradas ativas quanto às atividades de
lazer praticadas, no entanto, encontrou-se uma baixa incidência de crianças que praticavam
atividades extra-curriculares. Mas não se pode deixar de considerar, que as mesmas
estudavam em uma escola pública e certamente possuíam uma renda baixa, de modo a não
possibilitar a realização destas atividades.
Analisando as características antropométricas, mensuradas de modo direto, verificou-
se que o grupo 1, de crianças com pés planos flexíveis, apresentou valores superiores em
relação ao grupo 2, de crianças com os pés normais, para a maioria das variáveis, exceto para
a altura do navicular. Resultado esperado e justificado pela característica dos pés planos, no
entanto, somente para a variável altura do navicular direito encontrou-se diferenças
estatisticamente significativas.
Comparando as variáveis da distribuição de pressão plantar para as tarefas dinâmicas,
o grupo 1 apresentou maiores valores do índice do arco plantar, em relação ao grupo 2, com
diferenças estatisticamente significativas para os pés esquerdos durante o caminhar e para
ambos os pés no correr.
O grupo 1, com pés planos flexíveis, apresentou em relação ao grupo 2, para ambos os
pés durante o caminhar, maior área de contato nas áreas de mediopé medial, cabeça do 1º e 2º
metatarsos, hálux e dedos. Sendo significativa essa diferença para mediopé medial.
Opostamente, o grupo 1 apresentou menor área de contato para o mediopé lateral e cabeça do
3º, 4º e 5º metatarsos (antepé lateral), com significância estatística. Refletindo assim as
características posturais e clínicas, além de demonstrar maior área de contato nas regiões
mediais dos pés. Para o movimento do correr, o grupo 1 apresentou significativamente maior
área de contato em mediopé medial e menor área de contato em calcanhar medial. Pode-se
associar ao fato de ambos os grupos ainda não possuírem um padrão de movimento maduro
para o correr, levando a maior variação na pronação do pé tanto no grupo 1 quanto no grupo
2.
Comparando os grupos, durante o caminhar, o grupo 1, com pés planos flexíveis,
apresentou picos de pressão significativamente menores sob a cabeça do 3º, 4º e 5º metatarsos
(antepé lateral), e significativamente maiores sob o hálux e 2º dedo. Demonstrando que o
grupo 1 apresentava picos mais elevados sob estas regiões, em relação ao grupo 2. Sobre os
picos em mediopé medial, no caminhar, eles foram semelhantes entre os grupos, com uma
tendência de serem maiores para o grupo 1, enquanto que no correr as médias foram menores
153
em relação ao grupo 2. Esse menor pico em mediopé medial no correr ocorreu pela maior área
de contato durante este movimento.
Comparando os grupos, durante o correr, encontrou-se que os picos sob a cabeça do 1º
metatarso eram significativamente menores no grupo 1. Demonstrando que o grupo 1 não
apresentava um padrão medial/central referenciado na literatura, e sim um padrão de
distribuição central, considerado normal.
Em relação à distribuição das cargas, observaram-se no grupo 1, com pés planos,
durante o caminhar, que as maiores cargas estavam sob o calcanhar medial, enquanto que no
grupo 2 estavam sob a cabeça do 3º, 4º e 5º metatarsos (antepé lateral). O grupo 1 apresentou
cargas significativamente maiores sob o mediopé medial, hálux, e 2º dedo. E opostamente,
cargas significativamente menores sob a cabeça do 3º, 4º e 5º metatarsos (antepé lateral). No
entanto, para o movimento do correr não se encontraram diferenças estatisticamente
significativas, quanto à carga relativa, sob nenhuma região, comprando os grupos.
A partir da identificação dos sujeitos com pés planos, aplicou-se o programa
terapêutico profilático, num grupo experimental, por um período de aproximadamente 18
semanas. Em relação ao desenvolvimento do programa e seus efeitos qualitativos, concluiu-se
que o mesmo é opção alternativa preventiva, além de servir como uma forma de tratamento,
considerando a importância do fortalecimento e do cuidado com os pés das crianças.
Abordando atividades simples e de baixo custo, os exercícios lúdicos do programa,
provocaram um nítido interesse das crianças na realização das atividades propostas, sendo que
as mesmas demonstravam grande motivação. Percebeu-se uma maior independência das
crianças em relação ao ato do calce das meias e dos calçados. Inicialmente, as crianças
manifestavam certo receio em realizar as atividades descalças, pois estavam acostumadas a
realizar a educação física calçadas. Com o passar das sessões elas tinham a iniciativa de
retirar os calçados no início das sessões, e demonstravam-se alegres livres ao fazê-lo.
Propiciou-se, também, o acesso dos pais a informações relevantes em consideração aos seus
filhos. Puderam-se orientar os pais e os educadores, a respeito da importância destas
atividades. Assim como, esclareceram-se dúvidas em relação à postura dos pés e dos
membros inferiores.
Após a aplicação do programa ambos os grupos, tanto o grupo experimental quanto o
controle, evoluíram, semelhantemente, quanto à classificação clínica dos pés, em virtude do
concomitante desenvolvimento físico e motor ocorrido, tendo em vista a faixa etária pré-
escolar e o fato de possuírem pés planos flexíveis considerados fisiológicos.
154
Considerando as variáveis biomecânicas, para a variável índice do arco plantar, não
encontrou-se evidências suficientes, nesta amostra, que demonstrasse influência da aplicação
do programa. Uma vez que o grupo experimental e o controle apresentaram resultados
semelhantes, e ainda somente o GC, para o pé direito, apresentou uma diminuição
estatisticamente significativa para esta variável, tanto no caminhar, quanto no correr.
Quanto à variável área de contato, no caminhar, em ambos os grupos, após o programa
os resultados foram semelhantes, diminuindo em mediopé medial, e aumentando em mediopé
lateral e antepé lateral, como indicadores do aumento do arco longitudinal medial plantar.
Entretanto, o grupo controle apresentou mais regiões com diferenças estatisticamente
significativas. Desta forma analisando os resultados da área de contato, para o caminhar,
novamente, não se tem indicadores suficientes para afirmar que o programa influenciou a
formação do arco longitudinal medial plantar, nesta amostra.
Já para a área de contato, durante o movimento do correr, encontraram-se evidências
de uma melhor resposta do grupo experimental, em relação ao grupo controle. Pois, no grupo
experimental a área de contato diminuiu significativamente em mediopé medial tanto dos pés
direito quanto dos esquerdos. Diminuiu inclusive significativamente no calcanhar medial do
pé direito, o mesmo não ocorreu no grupo controle. Os dois grupos aumentaram a área de
contato em mediopé lateral, sendo significativamente apenas para os pés esquerdos do grupo
experimental. E ainda, o grupo experimental aumentou a área de contato em antepé lateral, em
ambos os pés, enquanto, o grupo controle aumentou para o pé esquerdo e diminuiu para o pé
direito, não apresentando uma tendência clara. Portanto, analisando os resultados da área de
contato para o correr infere-se que o programa influenciou a formação do arco longitudinal
medial plantar, nesta amostra.
Tendo em vista os resultados encontrados para os pés planos flexíveis e para os pés
normais na primeira parte da pesquisa, esperava-se que os picos de pressão dos grupos
experimental e controle apresentassem uma evolução mais próxima do encontrado no grupo
normal, com o arco já presente. Portanto, durante a caminhada os picos de pressão do grupo
de pés planos eram significantemente maiores sob o hálux e 2º dedo, e menores sob antepé
lateral em relação ao grupo com pés normais. Após o programa, esperava-se uma diminuição
sob hálux e 2º dedo e um aumento sob o antepé lateral. Desta maneira encontraram-se
evidências de uma melhor resposta do grupo experimental em relação ao grupo controle, para
o movimento do caminhar, pois no grupo experimental o pico de pressão plantar diminuiu sob
o hálux e 2º dedo e aumentou sob o antepé lateral, para ambos os pés, sendo significante para
155
todas as regiões do pé direito. No grupo controle ocorreu a mesma tendência, entretanto, com
significância estatística somente sob hálux para o pé direito e antepé lateral esquerdo.
Entretanto, para o movimento da corrida, esperava-se que os picos de pressão
aumentassem em mediopé lateral e cabeça do 1º metatarso para que se tivesse uma evolução
mais próxima do encontrado no grupo normal. Seguindo este padrão, o grupo controle teve
um aumento significativo sob estas regiões, o que não aconteceu com o grupo experimental.
Desta maneira, encontrou-se uma melhor resposta dos picos para o grupo controle, em relação
ao grupo experimental, para o movimento do correr, logo não se tem evidências quanto à
influência do programa, nesta amostra.
Quanto à distribuição das cargas, para o caminhar, esperava-se que a carga relativa
diminuísse sob mediopé medial e hálux e aumentasse sob o antepé lateral para que se tivesse
uma evolução mais próxima do encontrado no grupo normal. Ambos os grupos apresentaram
essas tendências, entretanto, o grupo controle apresentou mais regiões com diferenças
estatisticamente significativas.
Desta forma, analisando os resultados da carga relativa, para o caminhar, não se tem
indicadores suficientes para afirmar que o programa influenciou a formação do arco
longitudinal medial plantar, nesta amostra, e da forma que foi controlada.
Para o movimento do correr, sob a região do mediopé lateral, tanto o grupo
experimental quanto o controle, aumentaram os valores, sendo significativo para os pés
esquerdos do grupo experimental. Para os pés direitos, ambos os grupos diminuíram a carga
sob mediopé medial, sendo significativo no grupo controle. Entretanto, para os pés esquerdos
ambos os grupos aumentaram os valores de carga sob esta região. Logo, os indicadores do
aumento do arco também não foram muito evidentes avaliando a carga relativa para o
movimento do correr, nesta amostra. Atribuíu-se a esses resultados o fato do padrão motor
desta tarefa não ser predominantemente maduro, diferentemente do caminhar.
Apesar dos efeitos da aplicação do programa terapêutico profilático, nos sujeitos com
pés planos do grupo experimental, não serem representados, em todas as variáveis
biomecânicas, os resultados vão além da estatística meramente quantitativa. Ressalta-se a
importância da proposta do programa, que teve um caráter profilático, bem como o
desenvolvimento de um estudo intervencionista.
156
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Primeiramente, convém ressaltar que a pesquisa presente alcançou seus objetivos
iniciais em relação à descrição e comparação de características, clínicas e biomecânicas, entre
crianças com pés planos flexíveis e crianças com pés normais. Estudando crianças com pés
planos flexíveis fisiológicos, disponibilizaram-se resultados e referências para possíveis
comparações futuras, diferenciando os pés planos patológicos dos fisiológicos.
No segundo momento, após buscas bibliográficas, verificou-se a carência existente na
literatura em relação ao tratamento conservador para os pés planos. Sabendo-se que a
indicação cirúrgica, para os pés planos sintomáticos, é determinada somente após
aproximadamente os 8 anos de idade, acreditou-se num projeto inovador, aplicado em
crianças com idade pré-escolar, idade em que o arco ainda encontra-se em formação. Buscou-
se, através de exercícios lúdicos, a estimulação da formação do arco longitudinal medial
plantar e o fortalecimento das estruturas dos pés. Tendo em vista, que estas crianças se
encontravam em fase de desenvolvimento, inclusive quanto à formação de estruturas
músculo-esqueléticas e teciduais diferenciadas, torna-se relevantemente importante essa
preocupação com os pés, que são recentes e carentes, quanto à vivência de experiências e
cargas.
Desta maneira, o programa apresentava grande importância, também, em razão de ter
um caráter intervencionista, além de propiciar informações aos pais e educadores, através do
contato direto e por meio de um relatório individual, que foi desenvolvido. Acredita-se que o
programa deveria ter sido aplicado por um período de tempo maior, mas infelizmente isso não
foi possível em se tratando de um projeto de dissertação, cujo prazo é de dois anos.
Sugere-se que para obtenção de melhores resultados, o mesmo seja desenvolvido de
forma complementar, ou seja, as crianças devem realizar o programa além da participação da
educação física curricular, quando se tratar de um experimento.
O estudo de parâmetros biomecânicos da população infantil representa um verdadeiro
desafio, em virtude das características dos controles que exigem atenção e disposição das
mesmas para realizar as tarefas do protocolo. Por se tratar de uma população peculiar, em que
os pais muitas vezes têm receio em permitir o desenvolvimento de avaliações, o n amostral
normalmente é reduzido. Portanto, sabendo-se da dificuldade de adesão das crianças ao
157
programa, também por questão de conveniência e tempo, buscou-se essa forma de aplicação
integrada a Educação Física curricular.
Possuía-se ciência de que juntamente com o desenvolvimento do protocolo ocorreria
o desenvolvimento físico e motor destas crianças, interferindo também sobre a formação do
arco longitudinal medial plantar, portanto, para amenizar essas interferências pesquisou-se
também um grupo controle, que estivesse em condições semelhantes ao grupo experimental.
Após a aplicação do programa, ambos os grupos, tanto o experimental quanto o
controle, evoluíram quanto à classificação clínica dos pés, tendo em vista que ambos
possuíam os pés planos com caráter fisiológico. Entretanto, os efeitos da aplicação do
programa terapêutico profilático, nos sujeitos com pés planos do grupo experimental, não
foram sempre evidentes, o que não diminui a importância da aplicação de tal. Sabendo-se que
o mesmo proporcionou estímulos e experiências diferenciadas e certamente a sua aplicação
oportunizou outros aspectos positivos que não foram mensurados no estudo presente,
considerando o aumento da sensibilidade, do equilíbrio e força muscular.
Têm-se como perspectivas futuras que o programa tenha continuidade, tanto no âmbito
profilático, sendo vinculado aos programas de Educação Física em pré-escolares, quanto no
âmbito clínico, integrado a um tratamento conservado, não somente para crianças com pés
planos, mas também crianças que se encontram num processo de recuperação de mobilidade,
força muscular, propiocepção e sensibilidade plantar, em razão, por exemplo, de imobilização
pós-trauma.
Entende-se que o desenvolvimento do pé humano, na infância, deve ser abordado de
uma forma mais saudável, assim como deve ser feita a preparação para futuras sobrecargas
advindas seja intrinsecamente, por motivos compensatórios ou decorrentes de sobrepeso, por
exemplo, ou extrinsecamente, por tarefas locomotoras esportivas ou de atividades de vida
diária.
158
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMADIO, A. C. Fundamentos Biomecânicos para Análise do Movimento Humano. São
Paulo: Laboratório de Biomecânica/ EEFUSP, 1996.
BARBETTA, Pedro Alberto. Estatística aplicada às ciências sociais. Florianópolis: Ed. Da
UFSC, 1994.
BAUMGARTNER, René; STINUS, Hartmut Die orthopädietechnische Versorgung des
Fußes. 3. Auflage. Stuttgart: Thieme, 2001.
BEAUCHAMP R. Paediatric Foot and Ankle Problems. Med Sport Sci, vol. 23, p. 128-144,
1987.
BELLIZZI, M.C.; DIETZ, W. H. Workshop on childhood obesity: summary of the
discussion. Am J Clin Nutr. v. 70, p. 173-175, 1987.
BERTANI, A.; CAPPELLO, A.; BENEDETTI, M. G.; SIMONCINI, L.; CATANI, F. Flat
foot functional evaluation using pattern recognition of ground reaction data. Clinical
Biomechanics. v. 14, p. 484-493, 1999.
BERTSCH, Carola, ROSENBAUM, Dieter, WINKELMANN, WINFRIED. Evaluation of
early walking patterns by plantar pressure distribution. In: VIII, emed scientific meeting,
Anais...Kananaskis, Alberta, p. 26, 2002.
BERTSCH, Carola et al. Evaluation of early walking patterns from plantar pressure
distribution measurements. First year results of 42 children. Gait and posture, v.19, p. 235-
242, 2004.
BIENFAIT, Marcel. Os desequilíbrios estáticos: fisiologia, patologia e tratamento
fisioterápico. 3. ed. São Paulo: Summus, 1995.
BORGES MACHADO, D. B; HENNIG, E.; RIEHLE, H. Plantar pressure distribution in
children: movement patterns ant footwear influences. Revista Brasileira de Biomecânica,
São Paulo, ano 2, n. 2, p. 19-25, 2001.
BOX, G.E.P., HUNTER, W.G., HUNTER, J.S. Statistics for Experimenters. Canadá: John
Wiley, 1978.
159
BURNS, Y. R.; MACDONALD, J. Fisioterapia e crescimento na infância. São Paulo:
Santos Ed., 1999.
BRASIL, Lei nº. 7.676, de 6 de fevereiro de 2006. Altera a redação dos arts. 29, 30, 32, 87 da
lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional, dispondo sobre a duração de nove anos para o ensino fundamental, com matrícula
obrigatória a a partir dos seis anos de idade. Diário Oficial da União, Brasília, Seção I, p. 1 e
2, 7 de fev. 2006.
BRUSCHINI S. Ortopedia Pediátrica, São Paulo: Atheneu, 1993.
CAILLIET, R. Pé e tornozelo: síndromes dolorosas. São Paulo: Manole, 1989.
CAILLIET, R. Pé e tornozelo: síndromes dolorosas. São Paulo: Manole, 2005.
CAVANAGH, P. R.; RODGERS, M.M. The arch index: a useful measure from footprints.
Journal of Biomechanics, v. 20, n.5, p. 547-551, 1987.
CAVANAGH, P. R.; RODGERS, M.M.; LIBOSHI, A. Pressure distribution under symton-
free feet during barefoot standing. Foot & Ankle, v. 7, n. 5, 1987.
CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia científica. 4 ed. São Paulo: Makron, 1996.
CHANG, C. H.; MILLER, F.; SCHUYLER, J. Dynamic pedobarograph in evaluation of
varus and valgus foot deformities. Journal of Pediatric Orthopaedics, v. 22, p. 813-818,
2002.
CLARK, J.; WHITALL, J. What is motor development? The lessons of history. Quest,
Champaign, v.41, p.183-202, 1989.
COLE, T.J.; BELLIZI, M.C.; FLEGAL, K.M.; DIETZ, W.H.. Establishing a standard
definition for child overweight and obesity worldwide: international survey. BMJ. v. 320, p.
1240-1243, 2000.
DONTELLI, R. A. The biomechanics of the foot and ankle. 2 ed. Philadelphia: Davis
Company, 1996.
ECKERT, H. Desenvolvimento Motor. São Paulo: Manole, 1993.
160
FORRIOL, F.; PASCUAL, J. Footprint analysis between three and seventeen years of age.
Foot & Ankle, v. 11, n. 2, p. 101-104, Oct. 1990.
GALLAHUE, D.; OZMUN, J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês,
crianças, adolescentes e adultos. São Paulo: Phorte, 2003. 641p.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 2 ed. São Paulo: Atlas, 1991.
GOULD, N.; MORELAND, M.; ALVAREZ, R.; TREVINO, S.; FENWICK, J. Development
of the child’s arch. Foot & Ankle, v.9, n.5, p. 241-245, Apr. 1989.
GOULD, N.; MORELAND, M.; TREVINO, S.; ALVAREZ, R.; FENWICK, J.; BACH, N.
Foot growth in children age to five years. Foot & Ankle, p. 211-213, 1990.
HALL, S. Biomecânica básica. 3 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.
HALLEMANS, A.; CLERCQ, D. D.; DONGER, S. V.; AERTS, P. Changes in foot-function
parameters during the first 5 months after the onset of independent walking: a longitudinal
follow-up study. Gait and Posture, n 23, p. 142-148, 2006.
HAMILL, J.; KNUTZEN, K. M. Bases biomecânicas do movimento humano. São Paulo:
Manole, 1999.
HAYWOOD, K.; GETCHELL, N. Desenvolvimento motor ao longo da vida. 3. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2004.
HEBERT, S.; XAVIER, R. Ortopedia pediátrica: um texto básico. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1992.
HENNIG, E. M.; ROSENBAUM, D. Plantar pressure distribution patterns under the feet of
childrens in comparason whit adults. Foot & Ankle, v.11, n.5, p. 306-311, 1991.
HENNIG, E. M.; STAATS, A.; ROSENBAUM, D. Plantar pressure distribution patterns of
young school children in comparison to adults. Foot & Ankle, v.15. n.1, p. 35-40, 1994.
161
HENNIG, E. M. Pressure under de Feet of Children. V Simpósio Brasileiro de Biomecânica.
2006. Não Publicado.
INFOOT, Compact. Manual. I- Ware Laboratory Co., Ltd, 2004.
KAPANDJI, A. I. Fisiologia Articular. v. 2. São Paulo: Panamericana, 2000.
KELLIS, E. Plantar pressure distribution during barefoot standing, walking and landing in
preschool boys. Gait and posture. v.14, p. 92-97, 2001.
KENDALL, F. P.; McCREARY, E. K.; PROVANCE, P. G. Músculos provas e funções. 4ª
ed. São Paulo: Manole, 1995.
KLAVDIANOS, A. C. D; MANFIO, E. F.; AVILA, A. O. V.Comparação da distribuição de
pressão plantar entre crianças normais e obesas. In: VII Congresso Brasileiro de Biomecânica,
1997, Campinas, Anais....Campinas, p. 301-304, 1997.
KÖHLER, B.; REBER, H. Kinder machen Fußgymnastik. 4. Auflage. Stuttgart: Ferdinand
Enke Verlag, 1998.
KRETZER, J. Questionário Dirigido aos Pais: para crianças com pé plano idiopático, 2005.
Não Publicado.
KROEFF, M. S.; MONTEIRO, S. D. Normas e padrões para trabalhos acadêmicos e
científicos em educação física. Florianópolis: UDESC, 2003.
LAMARI, N. M.; CHUEIRE, A. G.; CORDEIRO, J. A. Analysis of joint mobility patterns
amog preschool children. Jornal Médico de São Paulo, São Paulo. v. 3, p. 119-123, 2005.
LARSEN, C.; MEIER, B.; WICKIHALTER, G. Gesunde Füße für Ihr Kind. Stuttgart:
TRIAS, 2002.
LIN, C. J.; LAI, K. A.; KUAN, T.S.; CHOU, Y. L. Correlating factors and clinical
significance of flexible flat foot in preschool children. Journal of Pediatric Orthopaedics,
v. 21, p. 378-382, 2001.
162
MANFIO, E. F.; MAYER, O. S.; AVILA, A. O. V. Avaliação pré e pós cirúrgica em crianças
submetidas a tratamento cirúrgico mediante técnica de Cavalier. Fisioterapia Brasil, São
Paulo, v. 2, n. 2, p. 116-123, Mar./Abr. 2001.
MANFIO, E. F.; MOTA C. B.; AVILA, A. O. V. Análise da distribuição de pressão plantar
em sujeitos descalços na posição em pé. In: VI Congresso Brasileiro de Biomecânica, 1995,
Brasília. Anais...Brasília, p. 222-229, 1995.
MANOLE, T.; MCPOIL, T.; NITZ, A. J. Fisioterapia em Ortopedia e medicina no
Esporte. São Paulo: Santos, 2000.
MATHEWS, D. Medida e avaliação em educação física. 5 ed. Rio de Janeiro:
Interamericana, 1980.
MELO, S. I. L. Ansiedade e desempenho no atletismo: estudo de efeitos da ansiedade sobre
o desempenho, usando como critérios performances em competições e em testes ergométricos
submáximos. 1984. Dissertação (mestrado)-Universidade Federal de Santa Maria.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO. Referencial curricular nacional para
a educação infantil. v. 03. Brasilia, 1998.
MORAG, E.; CAVANAGH, P. R. Structural and functional predictors of regional peak
pressures under the foot during walking. Journal of Biomechanics, v. 32, p. 359-370, 1999.
NIELSEN, K. Plantar pressure distribution pattern of children in different ages. In: VIII,
Emed scientific meeting, Anais...Kananaskis, Alberta, p. 43, 2002.
NORDIN, M.; FRANKEL, V. Biomecânica básica do sistema musculoequelético. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.
NORTON, K.; OLDS, T. Antropométrica: um livro sobre medidas corporais para o esporte
e cursos da área de saúde. Porto Alegre: Artmed, 2005.
NOVEL gmbh. Ortho. Januar, 2001. Version 9.3.
NOVEL gmbh. Disponível em: <http://www.novel.com.br>. Acesso em: 8 ago. 2005.
163
OEFFINGER D. J.; PECTOL R. W. J.; TYLKOWSKI C. M. Foot pressure and radiographic
outcome measure of lateral column lengthening pes planovalgus deformity. Gait and
Posture, v. 12, p. 189-195, 2000.
PALASTANGA, N.; FIELD, D.; SOAMES, R. Anatomia e movimento humano: estrutura
e função. São Paulo: Manole, 2000.
PAIM, M. C.C. Desenvolvimento motor de crianças pré-escolares entre 5 e 6 anos. Lecturas:
Educación Física e Deportes – Revista Digital. Ano 8. n. 58. Buenos Aires, Mar. 2003.
PISCIOTTA, J; SIMON, S.; QUESADA, S.; LEURGANS, S. Foot Pressure patterns in
children and infants. ISB - International Society of Bimechanics, Symposium on the
Biomechanics of Functional Footwear. Eigth Biennel Conference of the Canadian Society of
Biomechanics Proceedings, Anais… Calagary, p. 8-9, 1994.
RASCH, P. J. Cinesiologia e anatomia aplicada. 7 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
1991.
RAZEGHI, M.; BATT, M. E. Foot type classification: a critical review of current methods.
Gait and Posture, v.15, n. 8, p. 282-291, 2002.
RODRIGUEZ, M. D.; SACCO, I. de C. N.; AMADIO, A. C. Estudo biomecânico do índice
do arco longitudinal plantar em crianças de diferentes grupos experimentais. In: VII
Congresso Brasileiro de Biomecânica, 1997, Campinas, Anais....Campinas, p. 394-400, 1997.
ROSE, J.; GAMBLE, J. G. Marcha Humana. 2 ed. São Paulo: Premier, 1998.
SÁ, M. R.; BRANDINA, K.; COSTA, P. H. L. da; RODRIGUEZ, M. D.; AVILA, A. O. V.;
SERRÃO, J. C.; AMADIO, A. C. Estudo Descritivo de parâmetros Antropométricos dos pés
de crianças de 3 a 10 anos de idade. I Simpósio Brasileiro de Biomecânica do Calçado.
Anais...Gramado, p. 43-47, 2001.
SANTOS, A. Diagnóstico clínico postural: um guia prático. São Paulo: Summus, 2001.
SACCO, I. de C. N.; COSTA, P. H. L.; DENADAI, R. C.; AMADIO, A. C. Avaliação
biomecânica de parâmetros antropométricos e dinâmicos durante a marcha em crianças
obesas. In: VII Congresso Brasileiro de Biomecânica, 1997, Campinas, Anais....Campinas, p.
447-452, 1997.
164
SCHARLL, M. Fußgymnastik mit Kindern. 16. Auflage. Stuttgart: TRIAS, 1990.
SMITH, L. K.; WEISS, E. L.; LEHMKUHL, L. D. Cinesiologia clínica de Brunnstrom. São
Paulo: Manole, 1997.
STANGER, M. Tratamento Ortopédico. In: TECKLIN, J. S. Fisioterapia Pediátrica. 3 ed.
Porto Alegre: Artmed, p. 310-351, 2002.
SUTHERLAND, D. The development of mature gait. The journal of bone and joint sugery,
p. 336-353, 1980.
TACHDJIAN, M. Ortopedia Pediátrica. vol. 4. São Paulo: Manole, 1995.
TOKARS, E.; MOTTER, A. A.; MORO, A. R. P.; GOMES, Z. C. M. A influência do arco
plantar na postura e no conforto dos calçados ocupacionais. Fisioterapia Brasil, v. 4, n. 3, p.
157-162, 2003.
THOMAS, Jerry R.; NELSON, Jack K.. Métodos de pesquisa em atividade física. 3. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2002.
TUREK, S. L. Ortopedia : princípios e sua aplicação.vol 1. São Paulo: Manole, 1991.
VIEIRA, S. Estatística experimental. 2ed. São Paulo: Atlas, 1999.
VAUGHAN, C. L.; DAVIS, B. L.; O’CONOR, J. C. Dynamics of Human Gait. Champaig:
Human Kinetics Publishers, 1992.
WALKER, G. Children’s Feet. The management of the ‘normal’. The Foot, vol.4, p. 180-
185, 1994.
WHO (World Health Organization). Physical status: the use and interpretation of
anthropometry. Geneva, The Organization; 1995.
165
APÊNDICES
166
Apêndice A – Protocolo Experimental
O programa terapêutico profilático
A aplicação das atividades do programa que visava à formação do arco longitudinal
medial plantar foi iniciada após a primeira fase de coleta de dados e sendo desenvolvido
por 18 semanas. Nas primeiras aulas as atividades presentes no programa foram
apresentadas às crianças e foi iniciada uma “discussão lúdica” com as crianças sobre as
funções e a morfologia dos pés e dos membros inferiores, e as crianças mostraram-se bem
participativas desde as primeiras sessões. Essas iniciavam sempre com um aquecimento
generalizado, seguido de um aquecimento articular específico para os pés e tornozelos. Para
então somente iniciar as atividades específicas do programa.
O aquecimento geralmente acontecia com atividades motoras generalizadas, como
jogos de perseguição (Figura 1) como pega-congela, ou com circuitos de atividades
motoras, ou com algumas atividades como pular corda e algumas vezes com atividades que
utilizavam diferentes formas de locomoção (Figuras 2 e 3), como o caminhar imitando
animais (Figura 4), ou sob os calcanhares ou na ponta dos pés.
Figura 1 – Exemplo de aquecimento generalizado, praticando jogos de perseguição
.
167
Figura 2 – Exemplo de aquecimento generalizado, realizando diferentes formas de
locomoção.
Figura 3 – Exemplo de aquecimento generalizado, realizando diferentes formas de
locomoção.
Figura 4 – Exemplo de aquecimento generalizado, imitando um sapo.
168
Após o aquecimento generalizado realizava-se o aquecimento específico para os pés
e tornozelos, com movimentos circulares de tornozelo (Figura 5), abdução e adução dos
dedos, alongamentos dos músculos plantiflexores (Figura 6) e dorsiflexores (Figura 7),
movimentos em garra dos pés (dedos fletidos e tornozelo em posição neutra – Figura 8 e 9).
Os alongamentos como na figura 7 eram feitos em forma de brincadeiras,
estimulados através da contagem de forma que as crianças permanecessem na posição de
alongamento por aproximadamente 30 a 40 segundos.
Levando em consideração que o programa foi aplicado durante as estações de
outono e inverno, em dias de muito frio estimulava-se a massagem dos pés das crianças,
assim como os exercícios de fricção das mãos sob os pés. Encorajando também as crianças
a retirada das meias para melhor desempenho dos exercícios.
Após o aquecimento iniciavam-se as atividades previstas no programa. As mesmas
foram desenvolvidas de acordo com os níveis de complexidade e a resposta das crianças
aos exercícios. Durante as primeiras semanas aplicou-se as atividades do nível 1, passando
posteriormente às do nível 2. As atividades no nível 3 não foram aplicadas no grupo em
razão do tempo de aplicação e por algumas delas dependerem de materiais que não estavam
disponíveis , nem tão pouco era possível a limpeza dos pés após a realização dos mesmos.
Figura 5 – Exemplo de aquecimento específico, realizando movimentos circulares do
tornozelo.
169
Figura 6 – Exemplo de aquecimento específico, alongamento de plantiflexores.
Figura 7 – Exemplo de aquecimento específico, alongamento de dorsiflexores.
Figura 8 – Exemplo de aquecimento específico, movimento em garra com as meias.
170
Figura 9 – Exemplo de aquecimento específico, movimento em garra sem meias.
As atividades eram orientadas verbalmente e reproduzidas juntamente com as
crianças. Primeiramente foram introduzidos os movimentos básicos dos pés como
dorsiflexão, plantiflexão, abdução e adução dos dedos, em garra. Demonstrava-se com as
mãos e repetidos com os pés. Na seqüência realizou-se a introdução da manipulação com os
pés, pegando inicialmente objetos mais fáceis como pedaços de papel celofane (Figura 10).
As atividades eram bem aceitas pelas crianças, principalmente pelo falo de serem
diferentes e inovadoras para elas, pois nunca tinham realizado atividades desta natureza na
escola.
Figura 10 – Manipulação de um pedaço de papel celofane.
Após treino e domínio da manipulação associaram-se outras atividades como o
levantamento com os pés do objeto (Figura 11), brincadeiras de manipulação e alcance em
alvos específicos (Figura 12), passagem de um objeto para os pés de outro colega (Figura
13) e deslocamento mantendo o objeto agarrado (Figura 14).
171
Figura 11 – Manipulação e levantamento de letras de EVA.
Figura 12 – Manipulação e alcance em uma lata.
Figura 13 – Manipulação e passagem de uma bola com os pés.
172
Figura 14 – Manipulação e deslocamento com um balão agarrando com os dedos.
Além dos exercícios exemplificados as crianças realizaram também: preensão
plantar na borda de colchonetes, deslocamento anterior, posterior e lateral com o apoio
sobre os dedos e ainda sobre os calcanhares, movimentos de balanceios fazendo
transferência de peso dos calcanhares para as pontas dos pés alternadamente, caminharam
sobre espumas, colchonetes e cordas (Figura 15) e desenharam com os pés (Figura 16).
As crianças também puderam passar por diferentes experiências motoras através de
atividades de circuitos, estafetas e outras atividades. Os circuitos eram realizados com
diferentes materiais, contendo várias estações distribuídas de maneira lúdica onde as
crianças exploravam de diversas formas os membros inferiores, através de atividades como
saltar por cima de objetos, caminhar sobre cordas estendidas no chão, pular cordas, saltar
dentro de arcos, correr em diferentes trajetórias e direções, caminhar sobre bancos e sobre a
trave de equilíbrio em diferentes direções, etc.
Convém ressaltar que nas aulas iniciais perdiam-se aproximadamente 10 minutos
para colocação dos calçados, inclusive muitas crianças não sabiam coloca-los sozinhas.
Passou-se então a estimulá-los perante a ação do calce e ao fim do programa todas as
crianças já o realizavam sozinhas (Figura 17).
Ao final da aplicação do programa, foi elaborado um relatório individual (Apêndice
G) de cada criança e entregue pessoalmente aos pais que se interessassem. As crianças do
grupo experimental foram reavaliadas quanto à classificação clínica dos pés e a distribuição
173
de pressão plantar, bem como as do grupo controle. Estando os dados apresentados no
próximo item.
Figura 15 – Deslocamento sobre a corda e colchonete.
Figura 16 – Desenhando com os pés.
Figura 17 – Colocando o calçado sozinho.
174
Apêndice B – Questionário dirigido aos pais
Questionário dirigido aos pais
175
176
177
178
179
Apêndice C – Índices de Validação
Questão Índice Conteúdo Índice Constructo Clareza
1
0,97 0,96 0,99
2
0,94 0,99 0,91
3
0,95 0,91 0,97
4
0,96 0,89 0,81
5
0,99 0,99 0,99
6
0,99 0,95 0,93
7
0,94 0,92 0,92
8
0,98 0,96 0,96
9
0,99 0,93 0,97
10
0,99 0,99 0,99
11
0,99 0,97 0,94
12
0,96 0,98 0,95
13
0,99 0,98 0,98
14
0,96 0,92 0,99
15
0,91 0,91 0,97
16
0,91 0,87 0,96
Índice Geral
0,96 0,94 0,95
180
Apêndice D – Ficha de Avaliação
CARACTERIZAÇÃO BIOMECÂNICA DE CRIANÇAS COM PÉ “PLANO” E PROPOSTA
DE UM PROGRAMA TERAPÊUTICO PROFILÁTICO
Ficha de Avaliação
Nome da criança: Data da Avaliação:
ANTROPOMETRIA
Massa Corpórea:
Estatura:
ANTROPOMETRIA PÉS
Variável/Pé Direito Esquerdo
CP
LA
PA
AN
AML
AMM
FLEXIBILIDADE DO PÉ PLANO
Teste Positivo Negativo
Posição sentada
Elevação dorsal do
hálux
ADM TORNOZELO E D
Dorsiflexão
Flexão plantar
HIPERMOBILIDADE ARTICULAR
Teste Score D/E
Extensão passiva do
dedo (>90º)
Extensão passiva do
polegar ao antebraço
Extensão ativa do
cotovelo
Extensão ativa do joelho
Flexão anterior do tronco
EMED
Avaliação Dinâmica:
O Caminhar
Tentativa Tempo
1
2
3
4
5
6
7
8
O Correr
Tentativa Tempo
1
2
3
4
5
6
7
8
181
Apêndice E – Ficha de Avaliação Postural
POSTURA DE MMII
PLANO FRONTAL
JOELHOS
Rotação externa
E D
Valgo
E D
Varo
E D
Normal
E D
RETROPÉ
Valgo
E D
Varo
E D
Normal
E D
ANTEPÉ
Plano
E D
Normal
E D
PLANO SAGITAL
JOELHOS
Recurvatum
E D
Flexo
E D
Normal
E D
HÁLUX
Valgo
E D
Normal
E D
182
Apêndice F – Carta Informativa aos Pais
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA – UDESC
CENTRO DE EDUCAÇÃO FISICA FISIOTERAPIA E DESPORTOS – CEFID
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DO MOVIMENTO
Florianópolis, abril de 2006.
Senhores Pais,
Como é de seu conhecimento seu filho está participando da pesquisa intitulada:
CARACTERIZAÇÃO DE PARÂMETROS BIOMECÂNICOS DE CRIANÇAS COM
QUEDA DO ARCO PLANTAR E PROPOSTA DE UM PROGRAMA TERAPÊUTICO
PROFILÁTICO”
A primeira parte das avaliações já foi realizada, assim que for realizada a segunda
fase das avaliações, que possivelmente será em setembro, e ao final do ano estaremos
encaminhando para casa um relatório individual de cada criança.
Esta pesquisa está diretamente relacionada ao trabalho que está sendo realizado nas
aulas de Educação Física.
Precisamos mais uma vez da sua colaboração no sentido de nos fornecer informações
referentes ao desenvolvimento de seu filho para que possamos realizar uma avaliação mais
criteriosa. Para isso, pedimos que preencham este questionário e entreguem-no no prazo de 03
dias para a professora da turma.
Obrigada,
Fisioterapeuta Juliana e Professora Ana Cláudia
183
Apêndice G – Relatório Individual
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA – UDESC
PROJETO CARACTERÍSTICAS BIOMECÂNICAS DOS PÉS INFANTIS E A
PROPOSTA DE UM PROGRAMA DE ATIVIDADES
RELATÓRIO
2º Período/P1/ 2006
Aluno (a): A. C. .S
Idade: 5 anos
Data das avaliações: Abril-Outubro/ 2006
Os pés infantis apresentam características peculiares comparados com os pés dos
adultos. Essas diferenças não são somente dimensionais, quanto ao tamanho e a proporção,
mas principalmente quanto à morfologia e estrutura. Pois, os pés infantis encontram-se em
desenvolvimento até aproximadamente os 6 anos de idade. Durante a primeira infância a
presença de um pé plano é extremamente freqüente e considerada uma condição fisiológica
normal. Entretanto, a identificação e a intervenção precocemente de fatores que possam afetar
e interferir no desenvolvimento infantil são fundamentais.
Conforme o consentimento dos pais, a criança, participou durante o ano letivo deste
projeto que visava analisar as características dos pés infantis a partir de avaliações além de
desenvolver, durante as aulas de educação física, um programa de atividades que
estimulassem a formação do arco plantar (curva interna do pé).
Segue abaixo as informações sobre as avaliações realizadas:
Antropometria (mensuração dos pés)
Variável (cm)/Pé Direito Esquerdo
Comprimento 17,1 16,5
Largura 7,0 6,9
Altura do osso Navicular 3,0 3,6
Altura do Maléolo Lateral 4,8 4,6
Altura do Maléolo Medial 5,0 5,1
Perímetro do Antepé 17,2 17,4
Exame Biométrico
Período da Avaliação Massa (Kg)
Corpórea
Estatura (m) IMC*
Março de 2006 27 1,09 22,8
Outubro de 2006 27,2 1,11 22,1
*IMC – Índice de massa corpórea
184
De acordo com os dados do NCHS ( National Center for Health Statistics) na faixa
etária em que as crianças se encontram (5-6 anos) o IMC considerado normal é de 14 a 20, o
IMC acima de 20 pode evidenciar risco de sobrepeso e acima de 25 risco de obesidade.
Avaliação Clínica e Postural
Através desta avaliação analisou-se a presença da formação do arco plantar e o
alinhamento dos membros inferiores. Observou-se que a criança apresenta os pés planos,
classificados como Moderados, conforme estudo de Lin et al. (2001). Porém, flexíveis, ou
seja, presentes apenas durante o suporte de peso. Apresenta também uma
boa amplitude de movimento em tornozelos e grande amplitude articular
generalizada. Quanto ao alinhamento postural apresenta os joelhos e os
tornozelos valgos (joelhos muito próximos e o afastamento dos
tornozelos maior que 2 cm). Os joelhos também são rodados
internamente e em posição de recurvatum (extensão excessiva).
Entretanto, vale lembrar que as posturas de joelhos, tornozelos valgos e
os pés planos podem ser normalizados até os seis anos de idade. Após
esta idade estes fatores devem ser acompanhados por um especialista.
Ressalta-se a importância da realização de atividade física para um
melhor alinhamento postural. Recomenda-se que a criança utilize calçados flexíveis e que
permaneça grande parte do tempo descalça, entrando em contato com superfícies
diferenciadas como areia e grama entre outras, favorecendo assim a formação do arco plantar.
Avaliação Biomecânica
A avaliação biomecânica da distribuição de pressão plantar (pressão em baixo dos pés)
foi realizada através de uma plataforma sensorizada onde foram coletados os dados com as
crianças caminhando e correndo, sendo essas situações presentes na rotina diária das crianças.
Caminhando Correndo
Estas figuras podem ser vistas como uma representação da pressão embaixo dos pés da
criança, que apresenta-se de modo geral bem distribuída, com o arco plantar já presente
durante a caminhada e evidenciado pela pequena área de contato na região do médio pé, o que
não pode ser observado durante a corrida, em função deste movimento não apresentar-se
ainda completamente em um estágio maduro Os pontos em vermelho e rosa representam os
maiores picos de pressão localizados na região do calcanhar, e alguns pontos isolados na
região do primeiro dedo e na parte anterior dos pés. A distribuição de pressão sob os dois pés
é semelhante e em relação às situações analisadas observa-se que na corrida estão presentes
maiores picos de pressão em função da própria caracterização do movimento
185
Atividades Realizadas
O programa desenvolvido foi elaborado baseando-se nos métodos propostos por
Scharll (1990), Köhler, & Reber, (1998) e Larsen; Meier, & Wickihalter, (2002). Este
programa foi constituído por atividades onde as crianças puderam explorar os membros
inferiores de formas variadas através de diversos materiais a partir de diferentes estratégias.
As sessões iniciais foram compostas por atividades mais simples partindo gradualmente para
atividades mais complexas.
Inicialmente os pés foram “apresentados” às crianças. De modo simples identificou-se
algumas das estruturas anatômicas dos pés, estimulando o toque e o contato dos mesmos.
Todas as aulas iniciavam com aquecimento, sempre lúdico, em seguida realizavam-se os
alongamentos específicos para os membros inferiores, principalmente os pés; para então o
desenvolvimento de uma série de exercícios manipulativos realizados com os pés, e atividades
de coordenação motora generalizada com ênfase aos membros inferiores.
Considerações Finais
A A. C. S. durante as aulas de Educação Física mostrou-se sempre ativa e
participativa. Apresenta um desenvolvimento motor adequado para sua idade. Porém, deve ser
incentivada pela família a prática de uma atividade física paralela às atividades escolares para
que as habilidades motoras possam ser mais exploradas, principalmente nesta fase da vida
onde a aquisição de habilidades é fundamental para o desenvolvimento posterior das crianças.
Foi uma satisfação trabalhar com a sua filha. E agradecemos a colaboração com o nosso
estudo.
Ana Cláudia Kraeski Juliana Kretzer
Professora de Educação Física Fisioterapeuta
186
Apêndice H
ESTUDO PILOTO
Foram realizados 3 estudos pilotos no Laboratório de Biomecânica do Cefid/Udesc, no
período entre setembro e novembro.
O piloto 1 foi realizado em setembro de 2005 através de uma seqüência coleta de
dados no Infoot. Foram avaliados 9 sujeitos adultos, e o objetivo deste piloto foi para maior
familiarização do avaliador ao protocolo. A partir deste piloto foi determinado que deveria ser
controlado a variável base de suporte de apoio, para maior controle dos dados estáticos.
O piloto 2 foi realizado em 27 de outubro de 2005, com uma criança com as
características da amostra da pesquisa. Após o consentimento dos pais e agendamento prévio
das coletas a criança compareceu no Laboratório de Biomecânica do Cefid/Udesc,
acompanhada da mãe.
Neste piloto seguiu-se uma seqüência completa dos procedimentos de coleta de dados.
A partir deste piloto observou-se que o tempo aproximado para a avaliação foi de 1 hora,
sendo 5 a 10 minutos para os procedimentos inicias de esclarecimento da pesquisa, 15 a 20
minutos para o preenchimento da ficha de avaliação, 5 minutos para o scaneamento dos pés e
25 minutos para a aquisição dos dados de pressão plantar. Determinou-se então que as coletas
de dados deverão ser agendadas com um intervalo de 1 hora e 30 minutos.
O piloto 3 foi realizado em 24 de outubro de 2005, com a mesma criança do piloto 2.
Neste piloto repetiu-se as avaliações de DDP para tarefa estática, devido a modificação
necessária a partir do piloto 2 e aplicou-se o Programa de atividades.
A seguir apresentam-se os dados preliminares do estudo piloto 2 e 3 realizado.
Apresentação do Sujeito
O sujeito deste estudo foi uma criança, do sexo masculino, residente em Florianópolis,
com idade de 7 anos e 14 dias, 22 Kg de massa corpórea e 121 cm de estatura. O sujeito
apresentava integridade do sistema músculo - esquelético e que apresentem pé plano
idiopático.
Apresentação e Análise das Variáveis
Parâmetros Qualitativos
Os dados relacionados ao questionário dirigido aos pais, apresentam parâmetros
qualitativos de análise de atores intrínsecos e extrínsecos influentes na formação do arco
longitudinal medial.
Quanto aos fatores intrínsecos, o sujeito apresenta uma história de alinhamento
normal de ambos os joelhos, entretanto apresenta fator hereditário positivo para queda do
arco plantar. Segundo a mãe o sujeito não tropeça com freqüência e apresentou uma
inflamação importante no músculo da coxa direita aos 5 anos após tomar uma vacina. O
sujeito reclama de dores nas pernas a aproximadamente 6 meses e que se manifesta ao
realizar esforço. O sujeito também não apresenta pontos de bolhas ou pressão nos pés e a
mãe não relata haver desgaste excessivo no calçado de seu filho.
Quanto aos fatores extrínsecos, o sujeito nunca fez uso de palmilhas corretivas e
anda com grande freqüência descalço ou apenas com meias, entrando em contato
principalmente com piso de cerâmica. O calçado que o sujeito mais utiliza é tênis. È uma
criança ativa fisicamente, pratica atividades de lazer como correr, andar de bicicleta,
brincar no pátio e brincar com carrinhos. Pratica atividade física curricular com a
freqüências de 2 vezes por semana e ainda pratica atividade física extracurricular, faz
futsal, com a freqüência de 3 vezes por semana há 8 meses.
187
Parâmetros Clínicos
A partir da avaliação clínica observou-se que o sujeito apresentou os pés planos
flexíveis, conforme Santos (200_), apresentando presente o arco medial na posição sentada
e com a elevação dorsal do hálux, além da ADM de 45º de dorsiflexão para os pés direito e
esquerdo. Verificou-se também score máximo de Beighton igual a 9, evidenciando a
hipermobilidade articular.
Quanto ao alinhamento postural de membros inferiores no plano frontal,
apresenta a pelve direita mais elevada e rodada para direita, com os joelhos pouco valgo e
o esquerdo em rotação externa e o retropé esquerdo valgo. No plano sagital a pelve
encontra-se em retroversão, o joelho esquerdo em recurvatum e o direito flexo.
Evidenciando alterações posturais importantes em membros inferiores.
Parâmetros Biomecânicos
A partir do scaneamento tridimensional dos pés e das avaliações de distribuição de
pressão plantar nas tarefas estáticas e dinâmicas pode-se analisar alguns parâmetros
biomecânicos.
Antropometria dos pés
A tabela abaixo descreve as variáveis antropométricas dos pés do sujeito em
estudo.
Tabela 1 – Variáveis antropométricas dos pés sujeito 1 em estudo
Variável/ Pé Direito Esquerdo
Comprimento do pé (mm) 188,3 188,1
Largura do pé (mm) 78,5 73,2
Altura maleolar lateral 53,7 53,1
Altura maleolar medial 57,7 55,1
Altura do navicular 32,5 34,3
Inclinação do 1º dedo (º) 2,4 4,6
Inclinação do 5º dedo (º) 12 15,9
Distribuição de Pressão Plantar
A partir da análise da distribuição de pressão plantar, observou-se o
comportamento das variáveis, índice do arco plantar e picos de pressão plantar para as
tarefas estáticas e dinâmicas do sujeito em estudo.
Índice do Arco Plantar
Nas tabelas 2 e 3, pode-se observar as variações do índice do arco plantar em
função das tarefas analisadas.
188
Tabela 2 – Índice do arco plantar para as tarefas estáticas
Tarefa/ Pé Direito Esquerdo
Bipodal
0,08 0,16
Unipodal
0,308 (+
0,04) 0,351 (+ 0,04)
Tabela 3 – Variação do índice do arco plantar para as tarefas dinâmicas
Tarefa/ Pé Direito Esquerdo
caminhando
0,262 (+
0,219) 0,262 (+ 0,219)
correndo
0,329 (+
0,01) 0,34 (+ 0,00)
Picos de Pressão Plantar
Nas figuras 1 e2 pode-se observar as variações dos picos de pressão máxima
plantar em função das tarefas dinâmicas analisadas.
Figura 1 – Média e desvio padrão dos Picos de pressão máxima para as dez regiões
na tarefa caminhando.
Figura 2 – Média e desvio padrão dos Picos de pressão máxima para as dez regiões
na tarefa correndo.
Carga Relativa
189
A variável carga relativa posteriormente será calculada a partir da variável
integral força- tempo. Nas figuras 3 e 4, pode-se observar as variações desta variável em
função das tarefas dinâmicas analisadas.
Figura 3 – Media e desvio padrão da Integral forca- tempo para as dez regiões na
tarefa caminhando.
Figura 4 – Media e desvio padrão da Integral forca- tempo para as dez regiões na
tarefa correndo.
Protocolo experimental
A aplicação do Programa Terapêutico Profilático foi realizada em duas intervenções.
A primeira fez parte do piloto 2, a segunda fez parte do piloto 3. A criança demonstrou-se
muito participativa e os pais demonstraram-se interessados em todas as sessões.
A intervenção envolveu compreenderam o nível 1 constituindo-se de atividades
introdutórias e de baixa complexidade.
Na primeira intervenção procurou-se explicar a importância da intervenção aos pais e
a criança, e as atividades realizadas foram:
190
Inicialmente os pés foram “apresentados” ao sujeito. De modo simples foi
indicado algumas das estruturas anatômicas dos pés, estimulando o toque e o
contato;
Foi realizada a experimentação de contato dos pés com superfícies
diferenciadas como EVA, piso de cerâmica.
Realizou-se alongamento de dorsiflexores dos tornozelos direito e esquerdo;
Introduziu-se os movimentos básicos dos exercícios com os pés.
Primeiramente foi realizado com as mãos, para depois com os pés;
Introduziu-se da manipulação com os pés pegando objetos como lápis, pincel,
e bolinhas de gude;
Realizou-se desenhos nos pés do sujeito.
Na segunda intervenção as atividades realizadas foram:
Identificação das estruturais anatômicas dos pés, principalmente do arco
longitudinal medial plantar;
Alongamento de dorsiflexores dos tornozelos direito e esquerdo;
Movimentos em garra com a mão e com os pés, pegando uma bola;
Manipulação com os pés pegando bolinhas de gude, lápis e pincel, com ambos
os pés, posição em pé;
Exercício de extensão dos joelhos, mantendo um pincel com a garra do pé e
visando um alvo que era outro pincel, posição sentado, 2 x 10 cada perna;
Foi solicitado que o sujeito alcançasse um pincel no alto para que o mesmo
ficasse na ponta dos pés;
Nesta postura realizou o deslocamento anterior aproximadamente 5 metros;
Realizou também exercício de preensão plantar na borda da superfície do eva,
posição em pé, 2 x 10 cada pé.
Como tarefa para realizar em casa pelo menos 3 vezes por semana os mesmos
exercícios realizados na sessão, e que o mesmo produzisse 2 desenhos, 1 com o pé direito e
outro com o esquerdo. Recomendou-se também o contato com superfícies diferenciadas, o
andar descalço e que os pais observassem e cuidassem a correção da postura dos membros
inferiores.
Conclusão dos Pilotos
Os estudos pilotos foram realizados em etapas com o intuito de definir os
procedimentos de coleta de dados, o tempo aproximado para a coleta de dados e para maior
familiarização do avaliador ao protocolo. A metodologia empregada nos procedimentos de
coleta de dados e no protocolo experimental foi eficiente. E os resultados apresentados foram
uma versão preliminar dos dados esperados para o estudo proposto.
191
ANEXOS
192
Anexo 1 - Seqüência de desenvolvimento motor para as tarefas analisadas.
CAMINHAR
Quadro 1 - Seqüência de desenvolvimento para o caminhar.
Fonte: Gallahue, Ozmun (2003)
Estágio Características
A- Inicial
1. Dificuldade de manter a postura ereta
2. Perda de equilíbrio imprevisível
3. Pernas rígidas, hesitantes
4. Passos curtos
5. Pé inteiro em contato com a supercie
6. Dedos virados para fora
7. base de apoio alargada
8. joelho flexionado ao contato, seguindo de rápida extensão da perna
B- Elementar
1. Suavização gradual do padrão
2. Aumento da exteno do passo
3. Contato calcanhar-dedo
4. Braços soltos nas laterais com oscilação limitada
5. Base de apoio dentro das dimenes laterais do tronco
6. Tendência de dedos para fora reduzida ou eliminada
7. Balanço pélvico irregular melhorado
8. Elevação vertical aparente
C- Maduro
1. Oscilação dos braços automática
2. Base de apoio reduzida
3. Passo relaxado e alongado
4. Elevação vertical mínima
5. Contato calcanhar-dedo definido
193
CORRER
Quadro 2 - Seqüência de desenvolvimento para o correr.
Fonte: Gallahue, Ozmun (2003)
Estágio Características
A- Inicial
1. Jogo de pernas pequeno, limitado
2. Passos largos irregulares e rígidos
3. Fase de vôo não observável
4. Extensão incompleta da fase de apoio
5. Movimento curto e rígido com graus variados de flexão do cotovelo
6. Braços tendendo a balançar em direção externa e horizontalmente
7. Balanço da perna tende para fora do quadril
8. Balanço do pé com dedos para fora
9. Base de apoio larga
B- Elementar
1. Aumento da exteno da passada, do balanço do braço e da velocidade
2. Fase de vôo limitada, mas observel
3. Extensão mais completa da perna de apoio no impulso
4. Aumento da oscilão do braço
5. Balanço horizontal do braço reduzido no movimento para trás
6. Pé de trás cruza linha mediana da altura
C- Maduro
1. Máxima extensão da passada e de velocidade
2. Fase de vôo definida
3. Extensão completa da perna de apoio
4. Coxa de trás paralela ao solo
5. Oscilação vertical dos braços em oposição de pernas
6. Braços dobrados em ângulos aproximadamente retos
7. Máxima ação de rotação do pé e da perna de trás
194
Anexo 2 – Escore de Beighton
Fonte: Lamari, Chueiree, Cordeiro, 2005.
HIPERMOBILIDADE ARTICULAR
Teste Score D/E
Extensão passiva do 5º
dedo (>90º)
Extensão passiva do
polegar ao antebraço
Extensão ativa do
cotovelo
Extensão ativa do joelho
Flexão anterior do tronco
Fonte: Traduzido de Lamari, Chueiree, Cordeiro, 2005.
195
Anexo 3 – Aprovação do Comitê de Ética
196
Anexo 4
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA
CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS - CEFID
COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA - CEP
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
CARACTERIZAÇÃO DE PARÂMETROS BIOMECÂNICOS DE CRIANÇAS COM
QUEDA DO ARCO PLANTAR E PROPOSTA DE UM PROGRAMA TERAPÊUTICO
PROFILÁTICO
Sobre o que se trata este estudo?
Estamos desenvolvendo um estudo sobre as características dos pés de crianças que apresentam
queda do arco longitudinal medial plantar, conhecido também como pé plano. Para podermos propor
um tratamento terapêutico profilático, constituído de orientações e exercícios lúdicos para os pés.
Quem nós estamos procurando?
Nós estamos procurando crianças saudáveis, ausentes de patologias ou disfunções músculo
esqueléticas, com idade entre 4 e 5 anos, e que apresentem pé com queda do arco plantar.
O que envolve o estudo?
A avaliação será realizada nas Dependências do Ginásio da Escola. No dia da avaliação os
pais receberão um questionário, sobre os pés, no qual não é obrigatório o preenchimento de todas as
questões. Inicialmente será medido o peso e a estatura da criança. Na seqüência será realizada uma
avaliação da postura dos membros inferiores e uma avaliação clínica não-invasiva dos pés. Os pés
serão medidos com uma fita métrica. Então sua criança caminhará e correrá na sua velocidade
habitual, descalça sob uma superfície sensorizada, que nos informará qual parte de seu pé está em
contato com o solo e quanto de pressão é aplicada em cada parte do pé. O estudo ainda tem uma
segunda parte que envolve aplicar um tratamento terapêutico profilático, envolvendo exercícios
lúdicos com os pés. Mas somente participarão desta parte as crianças nas quais os pais tiverem
interesse em participar. Este tratamento será realizado juntamente com a educação física escolar Após
aproximadamente 5 meses esta avaliação será repetida.
Quanto tempo a avaliação irá demorar?
A duração total de uma avaliação leva aproximadamente 1 hora e 30 minutos.
O que a minha criança deve vestir?
A criança será solicitada a vestir roupas confortáveis que permitam flexibilidade para
realização dos movimentos e permitam a avaliação postural dos membros inferiores.
197
Existe algum risco para a minha criança em participar deste estudo?
Os riscos desta avaliação serão mínimos por envolver somente medições não-invasivas. As
tarefas que serão solicitadas à criança são atividades comuns como caminhar ou correr. E os
equipamentos necessários para avaliação são não-invasivos.
Existe alguma vantagem ou benefícios em participar deste estudo?
Você estará contribuindo para o estudo sobre os pés com queda do arco plantar e poderá ter
acesso a um relatório que descreverá estas características. Além de estar realizando uma elaborada
avaliação sobre o alinhamento postural dos membros inferiores especialmente os pés do seu filho, por
uma fisioterapeuta, podendo também esclarecer algumas dúvidas caso elas existam. E poderá se
beneficiar do tratamento terapêutico-profilático visando melhor formação do arco plantar.
Quem estará presente nas avaliações?
Além das crianças a serem avaliadas, estarão presentes no ambiente de coleta de dados
eventualmente a pesquisadora responsável, a fisioterapeuta pesquisadora, a educadora física.
Qual a maneira de manter sob sigilo as fotos, o questionário ou qualquer outro dado a respeito
da minha criança?
A identidade da criança será preservada, pois, cada uma será identificada por um número e o
nome não constará no corpo do trabalho. As fotos apresentarão uma venda sob a face caso sejam
utilizadas. E os dados somente serão manipulados pela pesquisadora.
Posso desistir de participar do estudo após ter iniciado?
Sim. Você deve sentir-se a vontade para desistir a qualquer momento.
SE VOCÊ SE SENTE A VONTADE PARA PARTICIPAR DO ESTUDO, POR FAVOR,
PREENCHA E ASSINE ABAIXO:
TERMO DE CONSENTIMENTO
Declaro que fui informado sobre todos os procedimentos da pesquisa e, que recebi de forma clara e
objetiva todas as explicações pertinentes ao projeto e, que todos os dados a meu respeito serão
sigilosos. Eu compreendo que neste estudo, as medições dos experimentos/procedimentos de
tratamento serão feitas em mim.
Declaro que fui informado que posso me retirar do estudo a qualquer momento.
Nome por extenso _________________________________________________________ .
Assinatura _____________________________________ Florianópolis, ____/____/____ .
PESSOA PARA CONTATO: Juliana Kretzer
NÚMERO DO TELEFONE: 32449451 / 99971027 E-MAIL: [email protected]
ENDEREÇO: Rua Paschoal Simoni, 358, Coqueiros, Florianópolis – SC. CEP: 88080-350
Laboratório de Biomecânica
198
Anexo 5
Resultados dos Testes Estatísticos
199
Diferenças G1 X G2 caminhando
Direito
Kolmogorov-Smirnov Test for ACM02 D A
Grouping Variable: Grupo
DF 2
Count, DOIS 45
Count, UM 85
Maximum Difference ,261
Chi Square 8,044
P-Value ,0358
Kolmogorov-Smirnov Test for ACM03 D A
Grouping Variable: Grupo
DF 2
Count, DOIS 45
Count, UM 85
Maximum Difference ,281
Chi Square 9,296
P-Value ,0192
Kolmogorov-Smirnov Test for ACM04 D A
Grouping Variable: Grupo
DF 2
Count, DOIS 45
Count, UM 85
Maximum Difference ,290
Chi Square 9,911
P-Value ,0141
Kolmogorov-Smirnov Test for ACM07 D A
Grouping Variable: Grupo
DF 2
Count, DOIS 45
Count, UM 85
Maximum Difference ,258
Chi Square 7,805
P-Value ,0404
Kolmogorov-Smirnov Test for PPM05 D A
Grouping Variable: Grupo
DF 2
Count, DOIS 45
Count, UM 85
Maximum Difference ,356
Chi Square 14,879
P-Value ,0012
Kolmogorov-Smirnov Test for PPM07 D A
Grouping Variable: Grupo
DF 2
Count, DOIS 45
Count, UM 85
Maximum Difference ,255
Chi Square 7,647
P-Value ,0437
Kolmogorov-Smirnov Test for PPM08 D A
Grouping Variable: Grupo
DF 2
Count, DOIS 45
Count, UM 85
Maximum Difference ,276
Chi Square 8,953
P-Value ,0227
Kolmogorov-Smirnov Test for PPM09 D A
Grouping Variable: Grupo
DF 2
Count, DOIS 45
Count, UM 85
Maximum Difference ,273
Chi Square 8,785
P-Value ,0247
Kolmogorov-Smirnov Test for RL3 D A
Grouping Variable: Grupo
DF 2
Count, DOIS 45
Count, UM 85
Maximum Difference ,293
Chi Square 10,091
P-Value ,0129
Kolmogorov-Smirnov Test for RL6 D A
Grouping Variable: Grupo
DF 2
Count, DOIS 45
Count, UM 85
Maximum Difference ,258
Chi Square 7,805
P-Value ,0404
Kolmogorov-Smirnov Test for RL7 D A
Grouping Variable: Grupo
DF 2
Count, DOIS 45
Count, UM 85
Maximum Difference ,379
Chi Square 16,913
P-Value ,0004
Kolmogorov-Smirnov Test for RL8 D A
Grouping Variable: Grupo
DF 2
Count, DOIS 45
Count, UM 85
Maximum Difference ,390
Chi Square 17,859
P-Value ,0003
Kolmogorov-Smirnov Test for RL9 D A
Grouping Variable: Grupo
DF 2
Count, DOIS 45
Count, UM 85
Maximum Difference ,378
Chi Square 16,797
P-Value ,0005
Kolmogorov-Smirnov Test for RL10 D A
Grouping Variable: Grupo
DF 2
Count, DOIS 45
Count, UM 85
Maximum Difference ,333
Chi Square 13,077
P-Value ,0029
Esquerdo
Kolmogorov-Smirnov Test for Índ. do Arco Plantar E A
Grouping Variable: Grupo.2
DF 2
200
Count, DOIS 45
Count, UM 85
Maximum Difference ,299
Chi Square 10,546
P-Value ,0103
Kolmogorov-Smirnov Test for ACM01 E A
Grouping Variable: Grupo.2
DF 2
Count, DOIS 45
Count, UM 85
Maximum Difference ,352
Chi Square 14,552
P-Value ,0014
Kolmogorov-Smirnov Test for ACM03 E A
Grouping Variable: Grupo.2
DF 2
Count, DOIS 45
Count, UM 85
Maximum Difference ,421
Chi Square 20,851
P-Value <,0001
Kolmogorov-Smirnov Test for ACM06 E A
Grouping Variable: Grupo.2
DF 2
Count, DOIS 45
Count, UM 85
Maximum Difference ,324
Chi Square 12,369
P-Value ,0041
Kolmogorov-Smirnov Test for ACM07 E A
Grouping Variable: Grupo.2
DF 2
Count, DOIS 45
Count, UM 85
Maximum Difference ,332
Chi Square 12,975
P-Value ,0030
Kolmogorov-Smirnov Test for PPM06 E A
Grouping Variable: Grupo.2
DF 2
Count, DOIS 45
Count, UM 85
Maximum Difference ,306
Chi Square 11,012
P-Value ,0081
Kolmogorov-Smirnov Test for PPM07 E A
Grouping Variable: Grupo.2
DF 2
Count, DOIS 45
Count, UM 85
Maximum Difference ,361
Chi Square 15,319
P-Value ,0009
Kolmogorov-Smirnov Test for PPM08 E A
Grouping Variable: Grupo.2
DF 2
Count, DOIS 45
Count, UM 85
Maximum Difference ,475
Chi Square 26,500
P-Value <,0001
Kolmogorov-Smirnov Test for PPM09 E A
Grouping Variable: Grupo.2
DF 2
Count, DOIS 45
Count, UM 85
Maximum Difference ,392
Chi Square 18,100
P-Value ,0002
Kolmogorov-Smirnov Test for RL3 E A
Grouping Variable: Grupo.2
DF 2
Count, DOIS 45
Count, UM 85
Maximum Difference ,362
Chi Square 15,431
P-Value ,0009
Kolmogorov-Smirnov Test for RL7 E A
Grouping Variable: Grupo.2
DF 2
Count, DOIS 45
Count, UM 85
Maximum Difference ,335
Chi Square 13,180
P-Value ,0027
Kolmogorov-Smirnov Test for RL8 E A
Grouping Variable: Grupo.2
DF 2
Count, DOIS 45
Count, UM 85
Maximum Difference ,323
Chi Square 12,269
P-Value ,0043
Kolmogorov-Smirnov Test for RL9 E A
Grouping Variable: Grupo.2
DF 2
Count, DOIS 45
Count, UM 85
Maximum Difference ,277
Chi Square 9,039
P-Value ,0218
Diferenças G1 X G2 correndo
Direito
Kolmogorov-Smirnov Test for Índ. do Arco Plantar D A
Grouping Variable: Grupo
DF 2
Count, DOIS 45
Count, UM 84
Maximum Difference ,256
Chi Square 7,655
P-Value ,0435
Kolmogorov-Smirnov Test for ACM01 D A
Grouping Variable: Grupo
DF 2
Count, DOIS 45
Count, UM 84
Maximum Difference ,250
Chi Square 7,326
201
P-Value ,0413
Kolmogorov-Smirnov Test for ACM03 D A
Grouping Variable: Grupo
DF 2
Count, DOIS 45
Count, UM 84
Maximum Difference ,283
Chi Square 9,409
P-Value ,0181
Kolmogorov-Smirnov Test for ACM04 D A
Grouping Variable: Grupo
DF 2
Count, DOIS 45
Count, UM 84
Maximum Difference ,322
Chi Square 12,170
P-Value ,0046
Kolmogorov-Smirnov Test for PPM05 D A
Grouping Variable: Grupo
DF 2
Count, DOIS 45
Count, UM 84
Maximum Difference ,293
Chi Square 10,052
P-Value ,0131
Kolmogorov-Smirnov Test for RL5 D A
Grouping Variable: Grupo
DF 2
Count, DOIS 45
Count, UM 84
Maximum Difference ,283
Chi Square 9,357
P-Value ,0186
Kolmogorov-Smirnov Test for RL8 D A
Grouping Variable: Grupo
DF 2
Count, DOIS 45
Count, UM 84
Maximum Difference ,249
Chi Square 7,279
P-Value ,0425
Esquerdo
Kolmogorov-Smirnov Test for Índ. do Arco Plantar E A
Grouping Variable: Grupo.2
DF 2
Count, DOIS 45
Count, UM 84
Maximum Difference ,358
Chi Square 15,017
P-Value ,0011
Kolmogorov-Smirnov Test for ACM01 E A
Grouping Variable: Grupo.2
DF 2
Count, DOIS 45
Count, UM 84
Maximum Difference ,330
Chi Square 12,776
P-Value ,0034
Kolmogorov-Smirnov Test for ACM02 E A
Grouping Variable: Grupo.2
DF 2
Count, DOIS 45
Count, UM 84
Maximum Difference ,285
Chi Square 9,515
P-Value ,0172
Kolmogorov-Smirnov Test for ACM03 E A
Grouping Variable: Grupo.2
DF 2
Count, DOIS 45
Count, UM 84
Maximum Difference ,318
Chi Square 11,872
P-Value ,0053
Kolmogorov-Smirnov Test for ACM07 E A
Grouping Variable: Grupo.2
DF 2
Count, DOIS 45
Count, UM 84
Maximum Difference ,286
Chi Square 9,568
P-Value ,0167
Kolmogorov-Smirnov Test for PPM05 E A
Grouping Variable: Grupo.2
DF 2
Count, DOIS 45
Count, UM 84
Maximum Difference ,277
Chi Square 8,992
P-Value ,0223
Kolmogorov-Smirnov Test for PPM07 E A
Grouping Variable: Grupo.2
DF 2
Count, DOIS 45
Count, UM 84
Maximum Difference ,253
Chi Square 7,513
P-Value ,0467
Kolmogorov-Smirnov Test for PPM08 E A
Grouping Variable: Grupo.2
DF 2
Count, DOIS 45
Count, UM 84
Maximum Difference ,285
Chi Square 9,515
P-Value ,0172
Kolmogorov-Smirnov Test for RL1 E A
Grouping Variable: Grupo.2
DF 2
Count, DOIS 45
Count, UM 84
Maximum Difference ,321
Chi Square 12,110
P-Value ,0047
Kolmogorov-Smirnov Test for RL2 E A
Grouping Variable: Grupo.2
DF 2
Count, DOIS 45
202
Count, UM 84
Maximum Difference ,290
Chi Square 9,836
P-Value ,0146
Kolmogorov-Smirnov Test for RL3 E A
Grouping Variable: Grupo.2
DF 2
Count, DOIS 45
Count, UM 84
Maximum Difference ,256
Chi Square 7,702
P-Value ,0425
Kolmogorov-Smirnov Test for RL7 E A
Grouping Variable: Grupo.2
DF 2
Count, DOIS 45
Count, UM 84
Maximum Difference ,337
Chi Square 13,272
P-Value ,0026
Kolmogorov-Smirnov Test for RL10 E A
Grouping Variable: Grupo.2
DF 2
Count, DOIS 45
Count, UM 84
Maximum Difference ,254
Chi Square 7,560
P-Value ,0456
Diferenças entre GE X GC caminhando
Direito Pré
Kolmogorov-Smirnov Test for GE W ACT D A
Grouping Variable: Grupo W D antes
DF 2
Count, GC 40
Count, GE 40
Maximum Difference ,400
Chi Square 12,800
P-Value ,0033
Kolmogorov-Smirnov Test for GE W ACM02 D A
Grouping Variable: Grupo W D antes
DF 2
Count, GC 40
Count, GE 40
Maximum Difference ,350
Chi Square 9,800
P-Value ,0149
Kolmogorov-Smirnov Test for GE W ACM04 D A
Grouping Variable: Grupo W D antes
DF 2
Count, GC 40
Count, GE 40
Maximum Difference ,325
Chi Square 8,450
P-Value ,0293
Kolmogorov-Smirnov Test for GE W ACM06 D A
Grouping Variable: Grupo W D antes
DF 2
Count, GC 40
Count, GE 40
Maximum Difference ,300
Chi Square 7,200
P-Value ,0446
Kolmogorov-Smirnov Test for GE W RL3 D A
Grouping Variable: Grupo W D antes
DF 2
Count, GC 40
Count, GE 40
Maximum Difference ,375
Chi Square 11,250
P-Value ,0072
Kolmogorov-Smirnov Test for GE W RL4 D A
Grouping Variable: Grupo W D antes
DF 2
Count, GC 40
Count, GE 40
Maximum Difference ,325
Chi Square 8,450
P-Value ,0293
Direito Pós
Kolmogorov-Smirnov Test for ACT D D
Grouping Variable: Grupo W D depois
DF 2
Count, GC 40
Count, GE 40
Maximum Difference ,500
Chi Square 20,000
P-Value <,0001
Kolmogorov-Smirnov Test for ACM01 D D
Grouping Variable: Grupo W D depois
DF 2
Count, GC 40
Count, GE 40
Maximum Difference ,300
Chi Square 7,200
P-Value ,0546
Kolmogorov-Smirnov Test for ACM03 D D
Grouping Variable: Grupo W D depois
DF 2
Count, GC 40
Count, GE 40
Maximum Difference ,300
Chi Square 7,200
P-Value ,0446
Kolmogorov-Smirnov Test for ACM06 D D
Grouping Variable: Grupo W D depois
DF 2
Count, GC 40
Count, GE 40
Maximum Difference ,300
Chi Square 7,200
P-Value ,0446
Kolmogorov-Smirnov Test for PPM09 D D
Grouping Variable: Grupo W D depois
DF 2
Count, GC 40
Count, GE 40
Maximum Difference ,350
Chi Square 9,800
P-Value ,0149
203
Kolmogorov-Smirnov Test for PPM10 D D
Grouping Variable: Grupo W D depois
DF 2
Count, GC 40
Count, GE 40
Maximum Difference ,325
Chi Square 8,450
P-Value ,0293
Esquerdo Pré
Kolmogorov-Smirnov Test for GE WACT E A
Grouping Variable: Grupo W E antes
DF 2
Count, GC 40
Count, GE 40
Maximum Difference ,400
Chi Square 12,800
P-Value ,0033
Kolmogorov-Smirnov Test for GE WACM01 E A
Grouping Variable: Grupo W E antes
DF 2
Count, GC 40
Count, GE 40
Maximum Difference ,325
Chi Square 8,450
P-Value ,0293
Kolmogorov-Smirnov Test for GE WACM02 E A
Grouping Variable: Grupo W E antes
DF 2
Count, GC 40
Count, GE 40
Maximum Difference ,325
Chi Square 8,450
P-Value ,0293
Kolmogorov-Smirnov Test for GE W PPT E A
Grouping Variable: Grupo W E antes
DF 2
Count, GC 40
Count, GE 40
Maximum Difference ,375
Chi Square 11,250
P-Value ,0072
Kolmogorov-Smirnov Test for GE W PPM01 E A
Grouping Variable: Grupo W E antes
DF 2
Count, GC 40
Count, GE 40
Maximum Difference ,325
Chi Square 8,450
P-Value ,0293
Kolmogorov-Smirnov Test for GE W PPM02 E A
Grouping Variable: Grupo W E antes
DF 2
Count, GC 40
Count, GE 40
Maximum Difference ,400
Chi Square 12,800
P-Value ,0033
Kolmogorov-Smirnov Test for GE W PPM08 E A
Grouping Variable: Grupo W E antes
DF 2
Count, GC 40
Count, GE 40
Maximum Difference ,325
Chi Square 8,450
P-Value ,0293
Kolmogorov-Smirnov Test for GE W RL1 E A
Grouping Variable: Grupo W E antes
DF 2
Count, GC 40
Count, GE 40
Maximum Difference ,400
Chi Square 12,800
P-Value ,0033
Kolmogorov-Smirnov Test for GE W RL2 E A
Grouping Variable: Grupo W E antes
DF 2
Count, GC 40
Count, GE 40
Maximum Difference ,375
Chi Square 11,250
P-Value ,0072
Kolmogorov-Smirnov Test for GE W RL6 E A
Grouping Variable: Grupo W E antes
DF 2
Count, GC 40
Count, GE 40
Maximum Difference ,375
Chi Square 11,250
P-Value ,0072
Kolmogorov-Smirnov Test for GE W RL7 E A
Grouping Variable: Grupo W E antes
DF 2
Count, GC 40
Count, GE 40
Maximum Difference ,300
Chi Square 7,200
P-Value ,0446
Esquerdo Pós
Kolmogorov-Smirnov Test for ACT E D
Grouping Variable: Grupo W E depois
DF 2
Count, GC 40
Count, GE 40
Maximum Difference ,375
Chi Square 11,250
P-Value ,0072
Kolmogorov-Smirnov Test for ACM01 E D
Grouping Variable: Grupo W E depois
DF 2
Count, GC 40
Count, GE 40
Maximum Difference ,300
Chi Square 7,200
P-Value ,0546
Kolmogorov-Smirnov Test for ACM02 E D
Grouping Variable: Grupo W E depois
DF 2
Count, GC 40
204
Count, GE 40
Maximum Difference ,325
Chi Square 8,450
P-Value ,0293
Kolmogorov-Smirnov Test for PPM09 E D
Grouping Variable: Grupo W E depois
DF 2
Count, GC 40
Count, GE 40
Maximum Difference ,325
Chi Square 8,450
P-Value ,0293
Kolmogorov-Smirnov Test for PPM10 E D
Grouping Variable: Grupo W E depois
DF 2
Count, GC 40
Count, GE 40
Maximum Difference ,300
Chi Square 7,200
P-Value ,0446
Diferenças GE X GC correndo
Direito Pré
Kolmogorov-Smirnov Test for ACT D A
Grouping Variable: Grupo R D antes
DF 2
Count, GC 39
Count, GE 40
Maximum Difference ,362
Chi Square 10,361
P-Value ,0112
Kolmogorov-Smirnov Test for ACM01 D A
Grouping Variable: Grupo R D antes
DF 2
Count, GC 39
Count, GE 40
Maximum Difference ,445
Chi Square 15,632
P-Value ,0008
Kolmogorov-Smirnov Test for ACM04 D A
Grouping Variable: Grupo R D antes
DF 2
Count, GC 39
Count, GE 40
Maximum Difference ,297
Chi Square 6,988
P-Value ,0408
Kolmogorov-Smirnov Test for PPM04 D A
Grouping Variable: Grupo R D antes
DF 2
Count, GC 39
Count, GE 40
Maximum Difference ,419
Chi Square 13,840
P-Value ,0020
Kolmogorov-Smirnov Test for PPM08 D A
Grouping Variable: Grupo R D antes
DF 2
Count, GC 39
Count, GE 40
Maximum Difference ,394
Chi Square 12,236
P-Value ,0044
Kolmogorov-Smirnov Test for RL4 D A
Grouping Variable: Grupo R D antes
DF 2
Count, GC 39
Count, GE 40
Maximum Difference ,497
Chi Square 19,494
P-Value ,0001
Kolmogorov-Smirnov Test for RL8 D A
Grouping Variable: Grupo R D antes
DF 2
Count, GC 39
Count, GE 40
Maximum Difference ,300
Chi Square 7,109
P-Value ,0472
Direito Pós
Kolmogorov-Smirnov Test for PPM05 D D
Grouping Variable: Grupo R D depois
DF 2
Count, GC 39
Count, GE 40
Maximum Difference ,315
Chi Square 7,825
P-Value ,0400
Kolmogorov-Smirnov Test for RL4 D D
Grouping Variable: Grupo R D depois
DF 2
Count, GC 39
Count, GE 40
Maximum Difference ,323
Chi Square 8,245
P-Value ,0324
Esquerdo Pré
Kolmogorov-Smirnov Test for ACT E A
Grouping Variable: Grupo R E antes
DF 2
Count, GC 39
Count, GE 40
Maximum Difference ,446
Chi Square 15,678
P-Value ,0008
Kolmogorov-Smirnov Test for ACM02 E A
Grouping Variable: Grupo R E antes
DF 2
Count, GC 39
Count, GE 40
Maximum Difference ,344
Chi Square 9,325
P-Value ,0189
Esquerdo Pós
Kolmogorov-Smirnov Test for PPM04 E D
Grouping Variable: Grupo R E depois
DF 2
Count, GC 39
Count, GE 40
205
Maximum Difference ,419
Chi Square 13,882
P-Value ,0019
Kolmogorov-Smirnov Test for PPM07 E D
Grouping Variable: Grupo R E depois
DF 2
Count, GC 39
Count, GE 40
Maximum Difference ,315
Chi Square 7,857
P-Value ,0394
Kolmogorov-Smirnov Test for PPM08 E D
Grouping Variable: Grupo R E depois
DF 2
Count, GC 39
Count, GE 40
Maximum Difference ,360
Chi Square 10,251
P-Value ,0119
Kolmogorov-Smirnov Test for RL4 E D
Grouping Variable: Grupo R E depois
DF 2
Count, GC 39
Count, GE 40
Maximum Difference ,344
Chi Square 9,325
P-Value ,0189
Kolmogorov-Smirnov Test for RL7 E D
Grouping Variable: Grupo R E depois
DF 2
Count, GC 39
Count, GE 40
Maximum Difference ,367
Chi Square 10,657
P-Value ,0097
Diferenças intra-grupo
Diferenças Grupo experimental caminhando direito
(antes x depois)
Wilcoxon Signed Rank Test for ACM07 D A, ACM07 D
D
# 0 Differences 1
# Ties 6
Z-Value -2,247
P-Value ,0247
Tied Z-Value -2,252
Tied P-Value ,0243
Wilcoxon Signed Rank Test for PPM06 D A, PPM06 D
D
# 0 Differences 3
# Ties 11
Z-Value -2,082
P-Value ,0374
Tied Z-Value -2,084
Tied P-Value ,0371
Wilcoxon Signed Rank Test for PPM07 D A, PPM07 D
D
# 0 Differences 3
# Ties 9
Z-Value -1,969
P-Value ,0490
Tied Z-Value -1,971
Tied P-Value ,0487
Wilcoxon Signed Rank Test for PPM08 D A, PPM08 D
D
# 0 Differences 2
# Ties 9
Z-Value -2,103
P-Value ,0355
Tied Z-Value -2,104
Tied P-Value ,0354
Wilcoxon Signed Rank Test for PPM09 D A, PPM09 D
D
# 0 Differences 2
# Ties 10
Z-Value -2,958
P-Value ,0031
Tied Z-Value -2,961
Tied P-Value ,0031
Wilcoxon Signed Rank Test for PPM10 D A, PPM10 D
D
# 0 Differences 2
# Ties 13
Z-Value -3,249
P-Value ,0012
Tied Z-Value -3,251
Tied P-Value ,0012
Wilcoxon Signed Rank Test for RL6 D A, RL6 D D
# 0 Differences 0
# Ties 0
Z-Value -2,285
P-Value ,0223
Tied Z-Value -2,285
Tied P-Value ,0223
Wilcoxon Signed Rank Test for RL10 D A, RL10 D D
# 0 Differences 1
# Ties 0
Z-Value -2,289
P-Value ,0221
Tied Z-Value -2,289
Tied P-Value ,0221
Diferenças Grupo experimental caminhando esquerdo
(antes x depois)
Wilcoxon Signed Rank Test for ACM04 E A, ACM04 E
D
# 0 Differences 6
# Ties 8
Z-Value -2,778
P-Value ,0055
Tied Z-Value -2,783
Tied P-Value ,0054
Wilcoxon Signed Rank Test for ACM07 E A, ACM07 E
D
# 0 Differences 2
# Ties 7
Z-Value -2,212
206
P-Value ,0270
Tied Z-Value -2,216
Tied P-Value ,0267
Wilcoxon Signed Rank Test for RL2 E A, RL2 E D
# 0 Differences 0
# Ties 0
Z-Value -2,729
P-Value ,0064
Tied Z-Value -2,729
Tied P-Value ,0064
Wilcoxon Signed Rank Test for RL7 E A, RL7 E D
# 0 Differences 0
# Ties 0
Z-Value -2,204
P-Value ,0275
Tied Z-Value -2,204
Tied P-Value ,0275
Diferenças Grupo controle caminhando direito (antes
x depois)
Wilcoxon Signed Rank Test for Índ. do Arco Plantar D
A, Índ. do Arco Plantar D D
# 0 Differences 5
# Ties 7
Z-Value -3,775
P-Value ,0002
Tied Z-Value -3,798
Tied P-Value ,0001
Wilcoxon Signed Rank Test for ACM02 D A, ACM02 D
D
# 0 Differences 5
# Ties 5
Z-Value -1,982
P-Value ,0475
Tied Z-Value -2,009
Tied P-Value ,0446
Wilcoxon Signed Rank Test for ACM03 D A, ACM03 D
D
# 0 Differences 3
# Ties 9
Z-Value -4,458
P-Value <,0001
Tied Z-Value -4,469
Tied P-Value <,0001
Wilcoxon Signed Rank Test for ACM04 D A, ACM04 D
D
# 0 Differences 4
# Ties 5
Z-Value -2,066
P-Value ,0388
Tied Z-Value -2,075
Tied P-Value ,0380
Wilcoxon Signed Rank Test for PPM06 D A, PPM06 D
D
# 0 Differences 4
# Ties 8
Z-Value -2,129
P-Value ,0333
Tied Z-Value -2,131
Tied P-Value ,0330
Wilcoxon Signed Rank Test for PPM08 D A, PPM08 D
D
# 0 Differences 1
# Ties 9
Z-Value -2,882
P-Value ,0040
Tied Z-Value -2,883
Tied P-Value ,0039
Wilcoxon Signed Rank Test for RL1 D A, RL1 D D
# 0 Differences 0
# Ties 0
Z-Value -2,675
P-Value ,0075
Tied Z-Value -2,675
Tied P-Value ,0075
Wilcoxon Signed Rank Test for RL3 D A, RL3 D D
# 0 Differences 0
# Ties 0
Z-Value -3,737
P-Value ,0002
Tied Z-Value -3,737
Tied P-Value ,0002
Wilcoxon Signed Rank Test for RL6 D A, RL6 D D
# 0 Differences 0
# Ties 0
Z-Value -2,218
P-Value ,0266
Tied Z-Value -2,218
Tied P-Value ,0266
Wilcoxon Signed Rank Test for RL7 D A, RL7 D D
# 0 Differences 0
# Ties 0
Z-Value -2,514
P-Value ,0120
Tied Z-Value -2,514
Tied P-Value ,0120
Wilcoxon Signed Rank Test for RL8 D A, RL8 D D
# 0 Differences 0
# Ties 0
Z-Value -2,339
P-Value ,0193
Tied Z-Value -2,339
Tied P-Value ,0193
Diferenças Grupo controle caminhando esquerdo
(antes x depois)
Wilcoxon Signed Rank Test for ACM01 E A, ACM01 E
D
# 0 Differences 7
# Ties 4
Z-Value -1,948
P-Value ,0515
Tied Z-Value -1,970
Tied P-Value ,0488
Wilcoxon Signed Rank Test for ACM04 E A, ACM04 E
D
# 0 Differences 1
# Ties 6
207
Z-Value -1,982
P-Value ,0475
Tied Z-Value -1,991
Tied P-Value ,0465
Wilcoxon Signed Rank Test for ACM07 E A, ACM07 E
D
# 0 Differences 1
# Ties 6
Z-Value -3,063
P-Value ,0022
Tied Z-Value -3,078
Tied P-Value ,0021
Wilcoxon Signed Rank Test for PPT E A , PPT E D
# 0 Differences 1
# Ties 9
Z-Value -1,996
P-Value ,0460
Tied Z-Value -1,996
Tied P-Value ,0459
Wilcoxon Signed Rank Test for PPM07 E A, PPM07 E D
# 0 Differences 0
# Ties 13
Z-Value -2,144
P-Value ,0320
Tied Z-Value -2,146
Tied P-Value ,0319
Wilcoxon Signed Rank Test for PPM09 E A, PPM09 E D
# 0 Differences 2
# Ties 9
Z-Value -2,328
P-Value ,0199
Tied Z-Value -2,330
Tied P-Value ,0198
Wilcoxon Signed Rank Test for PPM10 E A, PPM10 E D
# 0 Differences 2
# Ties 9
Z-Value -3,045
P-Value ,0023
Tied Z-Value -3,052
Tied P-Value ,0023
Wilcoxon Signed Rank Test for RL9 E A, RL9 E D
# 0 Differences 0
# Ties 0
Z-Value -2,729
P-Value ,0064
Tied Z-Value -2,729
Tied P-Value ,0064
Diferenças grupo experimental correndo direito
(antes x depois)
Wilcoxon Signed Rank Test for ACM01 D A, ACM01 D
D
# 0 Differences 9
# Ties 4
Z-Value -2,616
P-Value ,0089
Tied Z-Value -2,660
Tied P-Value ,0078
Wilcoxon Signed Rank Test for ACM03 D A, ACM03 D
D
# 0 Differences 2
# Ties 6
Z-Value -1,900
P-Value ,0575
Tied Z-Value -1,906
Tied P-Value ,0567
Wilcoxon Signed Rank Test for RL1 D A, RL1 D D
# 0 Differences 0
# Ties 0
Z-Value -2,863
P-Value ,0042
Tied Z-Value -2,863
Tied P-Value ,0042
Diferenças grupo experimental correndo esquerdo
(antes x depois)
Wilcoxon Signed Rank Test for ACT E A, ACT E D
# 0 Differences 1
# Ties 12
Z-Value -2,065
P-Value ,0389
Tied Z-Value -2,066
Tied P-Value ,0388
Wilcoxon Signed Rank Test for ACM03 E A, ACM03 E
D
# 0 Differences 3
# Ties 10
Z-Value -3,153
P-Value ,0016
Tied Z-Value -3,159
Tied P-Value ,0016
Wilcoxon Signed Rank Test for ACM04 E A, ACM04 E
D
# 0 Differences 2
# Ties 6
Z-Value -3,278
P-Value ,0010
Tied Z-Value -3,291
Tied P-Value ,0010
Wilcoxon Signed Rank Test for ACM05 E A, ACM05 E
D
# 0 Differences 2
# Ties 5
Z-Value -2,792
P-Value ,0052
Tied Z-Value -2,801
Tied P-Value ,0051
Wilcoxon Signed Rank Test for PPM04 E A, PPM04 E D
# 0 Differences 2
# Ties 10
Z-Value -2,712
P-Value ,0067
Tied Z-Value -2,714
Tied P-Value ,0066
Wilcoxon Signed Rank Test for PPM07 E A, PPM07 E D
208
# 0 Differences 1
# Ties 12
Z-Value -3,328
P-Value ,0009
Tied Z-Value -3,330
Tied P-Value ,0009
Wilcoxon Signed Rank Test for PPM08 E A, PPM08 E D
# 0 Differences 1
# Ties 9
Z-Value -1,891
P-Value ,0586
Tied Z-Value -1,892
Tied P-Value ,0485
Wilcoxon Signed Rank Test for PPM10 E A, PPM10 E D
# 0 Differences 1
# Ties 9
Z-Value -1,961
P-Value ,0499
Tied Z-Value -1,962
Tied P-Value ,0498
Wilcoxon Signed Rank Test for RL4 E A, RL4 E D
# 0 Differences 0
# Ties 0
Z-Value -4,086
P-Value <,0001
Tied Z-Value -4,086
Tied P-Value <,0001
Wilcoxon Signed Rank Test for RL7 E A, RL7 E D
# 0 Differences 0
# Ties 0
Z-Value -3,737
P-Value ,0002
Tied Z-Value -3,737
Tied P-Value ,0002
Diferenças Grupo controle correndo direito (antes x
depois)
Wilcoxon Signed Rank Test for Índ. do Arco Plantar D
A, Índ. do Arco Plantar D D
# 0 Differences 8
# Ties 4
Z-Value -2,332
P-Value ,0197
Tied Z-Value -2,350
Tied P-Value ,0188
Wilcoxon Signed Rank Test for ACM01 D A, ACM01 D
D
# 0 Differences 6
# Ties 5
Z-Value -3,189
P-Value ,0014
Tied Z-Value -3,225
Tied P-Value ,0013
Wilcoxon Signed Rank Test for ACM03 D A, ACM03 D
D
# 0 Differences 3
# Ties 6
Z-Value -2,176
P-Value ,0296
Tied Z-Value -2,181
Tied P-Value ,0292
Wilcoxon Signed Rank Test for PPM05 D A, PPM05 D
D
# 0 Differences 2
# Ties 9
Z-Value -2,248
P-Value ,0246
Tied Z-Value -2,249
Tied P-Value ,0245
Wilcoxon Signed Rank Test for PPM06 D A, PPM06 D
D
# 0 Differences 2
# Ties 10
Z-Value -3,802
P-Value ,0001
Tied Z-Value -3,805
Tied P-Value ,0001
Wilcoxon Signed Rank Test for PPM07 D A, PPM07 D
D
# 0 Differences 0
# Ties 11
Z-Value -3,726
P-Value ,0002
Tied Z-Value -3,729
Tied P-Value ,0002
Wilcoxon Signed Rank Test for RL3 D A, RL3 D D
# 0 Differences 0
# Ties 0
Z-Value -2,945
P-Value ,0032
Tied Z-Value -2,945
Tied P-Value ,0032
Wilcoxon Signed Rank Test for RL6 D A, RL6 D D
# 0 Differences 0
# Ties 0
Z-Value -1,996
P-Value ,0460
Tied Z-Value -1,996
Tied P-Value ,0460
Diferenças Grupo controle correndo esquerdo (antes x
depois)
Wilcoxon Signed Rank Test for ACM07 E A, ACM07 E
D
# 0 Differences 4
# Ties 7
Z-Value -2,825
P-Value ,0047
Tied Z-Value -2,833
Tied P-Value ,0046
209
Wilcoxon Signed Rank Test for PPM08 E A, PPM08 E D
# 0 Differences 0
# Ties 10
Z-Value -2,484
P-Value ,0130
Tied Z-Value -2,485
Tied P-Value ,0130
Wilcoxon Signed Rank Test for RL3 E A, RL3 E D
# 0 Differences 0
# Ties 0
Z-Value -2,679
P-Value ,0074
Tied Z-Value -2,679
Tied P-Value ,0074
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo