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AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DA
MADEIRA NA HABITAÇÃO UTILIZANDO
ABORDAGENS DE SISTEMAS
RICARDO PEDRESCHI
2004
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RICARDO PEDRESCHI
AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DA MADEIRA NA HABITAÇÃO
UTILIZANDO ABORDAGENS DE SISTEMAS
Dissertação apresentada à Universidade Federal
de Lavras como parte das exigências do Curso de
Mestrado em Engenharia Agrícola, área de
concentração em Construções Rurais e
Ambiência, para a obtenção do título de
“Mestre”.
Orientador
Prof. Dr. Francisco Carlos Gomes
LAVRAS
MINAS GERAIS - BRASIL
2004
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Ficha Catalográfica Preparada pela Divisão de Processos Técnicos da
Biblioteca Central da UFLA
Pedreschi, Ricardo
Avaliação do desempenho da madeira na habitação utilizando
abordagens de sistemas / Ricardo Pedreschi. -- Lavras : UFLA, 2004.
132 p. : il.
Orientador: Francisco Carlos Gomes.
Dissertação (Mestrado) – UFLA.
Bibliografia.
1. Madeira. 2. Pesquisa de opinião. 3. Abordagem de sistema. 4. Construção
civil. I. Universidade Federal de Lavras. II. Título.
CDD-634.98
-691.1
RICARDO PEDRESCHI
AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DA MADEIRA NA HABITAÇÃO
UTILIZANDO ABORDAGENS DE SISTEMAS
Dissertação apresentada à Universidade Federal
de Lavras como parte das exigências do Curso de
Mestrado em Engenharia Agrícola, área de
concentração em Construções Rurais e
Ambiência, para a obtenção do título de
“Mestre”.
APROVADA em 01 de outubro de 2004
Prof. Dr Sebastião Pereira Lopes UFLA
Prof. Dr. Tadayuki Yanagi Junior UFLA
Prof. Dr. Lourival Marin Mendes UFLA
Prof. Dr. Francisco Carlos Gomes
UFLA
(Orientador)
LAVRAS
MINAS GERAIS – BRASIL
Dedico
À memória de minha querida mãe, Maria Amélia, e à memória de meus
avós, pelo carinho e amor que sempre me deram.
Homenageio
Ao meu pai, Octavio, pois sempre tento seguir seu exemplo de honestidade e
perseverança; ao meu irmão Paulo César por estar sempre presente e, à
minha Madrinha Lea, por todo o carinho e dedicação
Ofereço
À Sílvia, minha esposa e cúmplice, por dividir comigo responsabilidades e
trabalho.
Ao Rafael e à Amanda, meus filhos e razão de minha alegria.
AGRADECIMENTOS
A Deus, pelas oportunidades, por tudo e por todas as pessoas que tem
colocado no meu caminho.
A todas as pessoas que, de alguma forma, auxiliaram ou contribuíram
direta ou indiretamente para a realização deste trabalho.
A meu sogro Jaime F. Pimenta e minha sogra Maria Aparecida T. Pimenta,
pelo apoio em todos os sentidos e pelo incentivo constante.
Agradeço:
- ao Professor Francisco Carlos Gomes, pelas oportunidades e orientação;
- ao Professor Lourival Marin Mendes, pela orientação;
- aos Professores Sebastião Pereira Lopes, Edgard Alencar, Ângelo
Constâncio Rodrigues, José Tarcísio Lima, Tadayuki Yanagi Junior e todos
os professores do curso de mestrado, pelas contribuições e preciosos
ensinamentos.
Aos funcionários do Departamento de Engenharia e Departamento de
Engenharia Florestal pela boa vontade e auxílio.
Arquitetura
Estava no meio do campo
Senti ao meu redor a esfera do meu próprio eu
Consegui imaginar uma redoma
É a forma que se toma ao redor do espaço
Arquitetei um traço
Desenhei, senti o vazio...
Enclausurei o espaço
Não o concreto
Não o construído
Sim a idéia
O imaginário
Arquitetura é arte de mostrar o espaço
O vazio que há entre dois passos
Mostra o que não está
Entende o que será
É o estado-da-arte da mente
Passeia nos pensamentos
Às vezes mente
Outras vezes sente ...
Não sei se é o interior ou
Se é apenas o que se vê
É a escrita do ausente
Que se torna presente através da forma.
É ação, performance irreverente do pensamento
não é forma, não é função
é apenas uma semente.
A arquitetura está na mente
Arquitetura está no chão
Arquitetura é o espaço que a gente sente.
Será arquitetura então a ciência da arte
ou a arte em forma de ciência...
“espaçamente”
é o espaço que faz a mente
é escrita nas entre linhas
de um texto incoerente,
alguns poucos a entendem
outros indiferentes
passam ao seu lado
vêem o invisível,
o imensurável e não percebem, ........ surpreendente !!!
(Ricardo Pedreschi)
SUMÁRIO
RESUMO ....................................................................................................i
ABSTRACT ...............................................................................................ii
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................1
2 REVISÃO DE LITERATURA ...............................................................2
2.1 Abordagem de sistemas........................................................................2
2.1.1 A diversidade dos meios do funcionalismo.......................................3
2.1.2 Função e sistema ...............................................................................5
2.1.2.1 Caracterírticas da função................................................................5
2.1.2.2 A noção matemática da função ......................................................6
2.1.2.3 A natureza de um sistema...............................................................7
2.1.2.4 Implicações dos sistemas adequadas a problemas
arquitetônicos .............................................................................................8
2.1.2.5 A tomada de decisão e a abordagem de sistemas...........................9
2.1.2.6 O sistema arquitetônico................................................................11
2.1.2.7 O conceito de performance...........................................................12
2.1.2.7.1 As performances........................................................................14
2.1.2.7.2 A estrutura de conceitos de sistemas arquitetônicos .................19
2.1.2.8 Os subsistemas arquitetônicos......................................................22
2.2. Metodologia de pesquisa...................................................................26
2.2.1 Pesquisa operacional e pesquisa mercadológica .............................26
2.2.2 A pesquisa e o conhecimento ..........................................................27
2.2.3 A pesquisa mercadológica...............................................................30
2.2.3.1 Classificação da pesquisa.............................................................30
2.2.3.2 O levantamento.............................................................................30
2.2.4 Tipos de pesquisa e classificação ....................................................31
2.2.5 Amostragem ....................................................................................32
2.2.6 Tipos de análise de dados................................................................32
2.3 A madeira como material construtivo ................................................33
2.3.1 Características da madeira...............................................................33
2.3.1.1 Caracterização da rigidez da madeira...........................................37
2.3.1.2 Critérios de dimensionamento......................................................42
2.3.2.Tratamento e preservação da mdeira...............................................48
2.3.2.1 Classificação da madeira com relação às situações de
utilização .................................................................................................48
2.3.2.2 Agentes destruidores da madeira..................................................53
2.3.3 Preservação......................................................................................54
2.3.3.1 A classificação dos preservativos.................................................54
2.3.3.2 Métodos de preservação ...............................................................56
2.3.3.3 Retardantes de fogo......................................................................57
2.3.4 Sistemas construtivos ......................................................................58
2.3.4.1 Sistemas com painéis de madeiera ...............................................59
2.3.4.1.1 Painéis de madeira - OSB..........................................................61
2.3.4.1.2 Paineis de madeira - MDF.........................................................64
2.3.4.2 Classificação dos sistemas construtivos.......................................64
2.3.4.2.1 Classificação dos sistemas construtivos em madeira na literatura
internacional .............................................................................................67
2.3.4.2.1.1 Sistemas consttrutivos norte-americanos ...............................67
2.3.4.2.1.2 Sistemas construtivos de países latinos..................................71
2.4 Certificação da madeira de florestamento..........................................73
2.4.1 Objetivos e atividades do FSC ........................................................74
2.4.2 O propósito de FSC .........................................................................74
2.4.3 Atuação do FSC...............................................................................75
2.4.4 Verificação da certificação..............................................................75
2.4.5 Certificação de florestas ..................................................................76
2.4.6 O Credenciamento...........................................................................77
2.4.7 Compradores de produtos certificados............................................77
2.4.8 A rede SmartWood..........................................................................78
3 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................82
3.1 Características da pesquisa.................................................................82
3.1.1 Formulação do problema.................................................................82
3.1.2 Construção da hipótese....................................................................82
3.1.3 Tipo de pesquisa..............................................................................83
3.2 Elaboração de questionários e justivicativas de questões ..................85
3.2.1 Questionário geral ...........................................................................85
3.2.2 Questionário para marceneiros e carpinteiros .................................87
3.2.3 Questionário para arquitetos e engenheiros.....................................88
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES........................................................90
4.1 Análise de questionários.....................................................................90
4.1.1 Questionário geral ...........................................................................90
4.1.1.1 Percepção das características dos materiais .................................90
4.1.1.2 Madeira de florestamento.............................................................92
4.1.2 Questionário para engenheiros e arquitetos.....................................93
4.1.2.1 Percepção das características dos materiais .................................94
4.1.2.2. Justificativa de utilização dos materiais ......................................97
4.1.2.3 Ambiente adequado paara construção em madeira....................100
4.1.2.4 Sistemas construtivos .................................................................102
4.1.2.5 Espécies de madeira utilizadas na construção civil....................103
4.1.3 Questionário para marceneiros e carpinteiros ...............................104
4.1.3.1 Percepção das características dos materiais ...............................104
4.1.3.2 Produtos de madeira utilizados no mercado...............................106
4.1.3.3 Madeira de florestamento...........................................................106
4.2 Pontuação das necessidades baseadas nos questionários .................108
4.3 Levantamento das expectativas com relação à madeira...................109
5 CONCLUSÕES...................................................................................113
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................115
7 ANEXOS ............................................................................................118
7.1 Questionários....................................................................................119
7.1.1 Questionário geral .........................................................................120
7.1.2 Questionário para engenheiros e arquitetos...................................125
7.1.3 Questionário para marceneiros e carpinteiros ...............................129
i
PEDRESCHI, Ricardo. Avaliação do desempenho da madeira na habitação
utilizando abordagens de sistemas. 2004. 132p. Dissertação (Mestrado em
Engenharia Agrícola)-Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG.*
RESUMO: A construção civil é considerada um dos principais mercados para a
indústria madeireira, em países desenvolvidos e em desenvolvimento. A maior
parte da madeira produzida no Brasil é consumida para uso energético,
seguindo-se o uso para celulose e em terceiro a madeira processada
mecanicamente para ser usada na forma sólida. O uso da madeira proveniente de
florestas plantadas conduz a uma forma racional de uso dos recursos naturais
renováveis, e, conseqüentemente, no aumento da sustentabilidade da atividade
florestal de várias regiões do país. Pode-se observar o desempenho da madeira
sob vários pontos de vista: performance simbólica, técnica e econômica do
material, conduzido pelo método da abordagem de sistemas. Nesse sentido, são
delineados os usos da madeira relacionados às performances desse material, com
a redefinição de parâmetros de uso, elaborando uma nova cultura ligada a novas
tecnologias. O presente trabalho visou o diagnóstico da utilização da madeira na
construção civil, com base na análise de sistemas. Por meio desta pesquisa
relacionou-se a aceitação do uso da madeira com as possibilidades de utilização
de acordo com as suas propriedades fundamentais aparência e estética,
desempenho e pós-ocupação dos ambientes construídos. A partir dos resultados
obtidos relacionados à cultura e ao conhecimento sobre a utilização da madeira
nativa e de reflorestamentos, pôde-se concluir que existem deficiências na
aplicação do material madeira em função do seu desempenho, sendo necessária a
criação de um sistema de informações para os profissionais da área e usuários.
Palavras-chave: madeira, pesquisa de opinião, abordagem de sistemas,
construção civil
* Comitê Orientador: Francisco Carlos Gomes – UFLA (Orientador), Lourival
Marin Mendes – UFLA
ii
PEDRESCHI, Ricardo. Evaluation of wood performance in building
construction using systems approach. 2004. 132p. Dissertation (Master
Program in Agricultural Engineering) – Universidade Federal de Lavras, M.G.*
ABSTRACT: Building construction is considered to be the leading market for
the wood industry, in developed and developing countries. The greatest amount
of wood produced in Brazil is consumed as firewood and energy, followed by
production of cellulose and third as machined wood. The use of wood from
planted forests can be increased. This would lead to a better use of natural
resources, and consequently in the increase of sustainability of forest activity in
many regions of the country. The performance of wood can be observed from
many different insights: symbolic performance, technical performance and
economical performance, conducted by the method of systems approach to
architecture. Usages of wood related to the performances of the material, with
the redefinition of parameters of use, elaborating a new culture linked to new
technologies were outlined. This work aims to diagnose the usage of wood in
building construction based in system analysis. Through an opinion research
related to the acceptation of the use of wood we observe the possibilities of
utilization according to physical and mechanical proprieties, aesthetics and
appearance performance and post-occupation. From the results obtained related
to the culture and knowledge about the use of wood from forestation, we can
conclude that there is a deficiency in this matter, and it is necessary to create an
information system for professionals and people in general.
Keywords: wood, opinion research, systems approach, building construction
* Guidance Committee: Francisco Carlos Gomes – UFLA (Advisor), Lourival
Marin Mendes – UFLA
1
1 INTRODUÇÃO
Sabe-se que existe interesse pelas construções em madeira, porém, existe
também desconhecimento quanto à utilização racional da madeira como material
construtivo. Esta falta de conhecimento pode ser fruto de processos culturais
remanescentes desde a colonização, ou seja, idéias sobre utilização, processos de
produção do material, conservação e técnicas que não evoluíram na prática e
principalmente, no imaginário e na memória das pessoas.
De maneira geral, as construções em madeira são avaliadas, no Brasil,
com certa suspeita em relação a vários fatores: primeiramente, quanto à questão
de respeito ao ambiente, relacionada à utilização da madeira como matéria-
prima extraída de florestas, associada ao desmatamento, incêndios e
transformação de áreas em desertos; segundo, com relação às características de
durabilidade, quando a madeira é utilizada de forma inadequada, devido à falta
de conhecimento técnico e acaba gerando construções que não atingem a vida
útil esperada; terceiro, no que diz respeito ao preço, à qualidade e a outras
características peculiares do material, tais como resistência, facilidade de
trabalho e manuseio, disponibilidade de mão de obra de projeto, execução, de
serviços e manutenção, aparentemente deficientes.
Pode-se afirmar que estes aspectos não estão claramente definidos, tanto
para profissionais quanto para clientes. O objetivo deste trabalho é ressaltar
algumas informações por meio da abordagem de sistemas, com a finalidade de
analisar a possibilidade de aprimoramento dos produtos de madeira e serviços, e
reforçar as alternativas de uso desse material, no sentido de dirimir e reduzir
dúvidas relacionadas ao desempenho da madeira na construção civil,
especificamente na habitação, bem como sistematizar informações sobre a teoria
de abordagem de sistemas em edificações para uso de profissionais da área de
engenharia, usando-as na avaliação do desempenho da madeira.
2
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Abordagem de sistemas
A abordagem de sistemas é uma ciência que busca na observação,
possibilidades de soluções para objetos e ações a partir de necessidades e
características definidas por usuários dos sistemas criados. As soluções são
baseadas em performances que são adotadas como instrumentos de avaliação.
Alguns conceitos básicos são importantes para compreender esse processo de
abordagem.
A arquitetura se desenvolveu em uma área notável do esforço humano e,
acompanhada por tentativas de organização, desenvolveu regras e técnicas,
princípios e dogmas. Novas ideologias se ergueram e o chamado movimento
moderno em arquitetura teve sua própria maneira de tentar simplificar e unificar
as complexidades.
As origens do movimento se deram em torno do conceito de
funcionalismo. Não é um fenômeno moderno, é a consideração do
funcionamento de edificações em relação ao terreno que se tornou a maior força
em arquitetura durante a primeira metade do século XX. O desenvolvimento
tecnológico, as novas necessidades humanas, os novos tipos de edifícios, as
novas idéias, tudo influenciou o movimento funcional (Handler, 1970).
Avanços tecnológicos levando ao uso estrutural do ferro após 1775 e aço
após 1884, são marcos do Funcionalismo na arquitetura. Houve uma quebra dos
princípios de projeto do passado, para os quais a operação de sistemas
estruturais era a influência determinante no projeto, edifícios sem ornamentação
nos quais os materiais usados eram claramente delineados e expostos para
formar parte integrante do projeto.
Com a Revolução Industrial surgiram materiais para o conforto humano
e novas necessidades, com aquecimento, iluminação, encanamentos e outras
3
instalações de conforto; conseqüentemente ocorreu a emergência de edifícios
estritamente utilitários. Como os efeitos da revolução tecnológica se estenderam
por toda a sociedade, apareceu uma corrente contínua de novos problemas com
edifícios para princípios que eram previamente aceitos e irrelevantes, surgindo
então a corrente do movimento utilitarista.
O Utilitarismo enfatizou o bem-estar material, com a utilidade como
uma medida de valor, racionalmente baseada, determinada factualmente, testada
por conseqüências e envolvendo uma abordagem científica e analítica para a
prosperidade humana. Como o Utilitarismo, o movimento funcional na
arquitetura estava pronto para romper com o passado e lidar com problemas
atuais e com os processos de integrar tecnologias construtivas e estética com as
funções do edifício.
2.1.1 A diversidade dos meios do Funcionalismo
As ideologias funcionalistas romperam com os cânones de beleza e
proporção absolutas. Uma nova doutrina e expressão arquitetônica emergiram. É
difícil encontrar no movimento funcional um conjunto de princípios unificados.
Para alguns, o Funcionalismo se compara com outros movimentos, escolas e
estilos arquitetônicos. Todos interagindo entre si.
O Funcionalismo se compara ao Utilitarismo quando observa o uso do
objeto para definir o projeto. Para o Construtivismo, a forma é derivada das
condições de construção e materiais utilizados. No Expressionismo, porém, o
propósito do edifício deve ficar claro e deve-se ilustrar suas formas
simbolicamente. No movimento Geométrico, a forma precede a função e os
edifícios devem apresentar formas geométricas fundamentais. Para o movimento
Orgânico, trabalhar com a natureza e não contra ela é parte do processo para
encaixar o edifício com o entorno, utilizando materiais em seu estado natural. O
Funcionalismo e a busca do eficaz ou mecânico têm em comum a abordagem
4
direta com a economia de meios, enfatizando processos racionais e lógica
interna do projeto para chegar à solução construtiva.
Todos esses significados de Funcionalismo e relações com movimentos
e estilos parecem ter pouco em comum ou serem até contraditórios. Por
exemplo: o que pode ser mais oposto que se dizer que a forma segue a função,
precede a função e ao mesmo tempo é idêntica a ela?
Não é simplesmente um conjunto de regras ou princípios. Nem é um
conjunto comum de objetivos e sim uma predisposição à abordagem
arquitetônica a partir de uma certa perspectiva. É pensar e sentir os edifícios em
termos da maneira como trabalham. É a preocupação como os edifícios
funcionam, atuam na prática, sendo, em última instância, o funcionamento dos
edifícios. Este funcionamento é relacionado a:
usos humanos de edifícios;
elementos estruturais;
o terreno e seu entorno.
A função se refere à maneira como os edifícios trabalham como um
todo, ou seus componentes trabalham como meios arquitetônicos em
concordância com as leis naturais para conseguir os resultados desejados.
O Funcionalismo enfatiza o funcionamento do edifício como um todo e
seus componentes em apropriada interação, observando a ênfase no método e no
processo para chegar a soluções arquitetônicas.
O Funcional como Operacional
O que faz o movimento Funcional tão completamente moderno e o que o
faz tão idêntico ao movimento Moderno em arquitetura é a preocupação com o
funcionamento do edifício (Handler, 1970)
O conceito funcional diz que a arquitetura deve ser abordada em termos
das operações a serem executadas. Somente quando este conceito é perseguido,
5
do ponto de vista de especificação dessas operações pode este ser posto a
funcionar eficientemente. Têm-se aqui a importância do funcionamento e
operação do edifício e como os materiais construtivos podem interferir neste
processo.
2.1.2 Função e sistema
Conforme Handler (1970), a idéia de sistema está intimamente ligada ao
conceito funcional. A função é ação característica de alguma coisa. Um sistema
é uma montagem de partes, de tal forma conectadas, para constituir um todo
complexo. Se o objetivo for explicar a função, precisa-se observá-la como um
sistema. Um edifício funciona da forma como funciona porque suas partes
possuem certos atributos e porque um certo conjunto de relacionamentos existe
entre eles.
2.1.2.1 Características da função
A função pode ser caracterizada de várias formas:
Função é processo
Pessoas fazendo coisas no edifício, certos componentes executando
determinadas tarefas, partes estruturais interagindo entre si, materiais
depreciando, o edifício interagindo com o ambiente natural e com o ambiente
feito pelo homem, pessoas engajadas em transações perceptivas com o edifício.
Uma abordagem arquitetônica lidaria com cada um desses aspectos de forma
dinâmica.
Função é propósito
Quando se fala da função de um edifício, comumente está-se referindo
ao propósito para o qual ele foi construído. Observam-se as funções dos
componentes do edifício considerando-se objetivos como manter o clima,
6
proporcionando espaços obstruídos de tamanhos determinados ou permitindo a
passagem de luz ou ar.
Função é totalidade
A totalidade de uma função reside no seu processo completo.
Função é comportamento
Do resultado das qualidades de um objeto derivam suas características de
comportamento. As partes determinam a qualidade do objeto e como trabalha ou
se comporta. Os materiais são importantes somente por determinarem o
comportamento; é como os objetos trabalham de acordo com as atividades e
percepção humanas quando postos em uso.
Função é conexão
Não é somente porque as partes e componentes têm certos atributos,
mas, porque o colocadas juntas de uma certa maneira é que o edifício como
um todo tem certas qualidades. Características e funções são interconectadas.
Função é necessidade
Atributos, qualidades e características estão conectados de uma certa
maneira. A necessidade de conexões não é na natureza das coisas, é na natureza
da função. A necessidade reside no fato de que sem a conexão não pode haver
função e que a função consiste somente das propriedades e conexões necessárias
para sua operação.
2.1.2.2 A noção matemática de uma função
Na abordagem de sistemas, a função não lida particularmente com coisas
ou eventos, mas com as propriedades das coisas e com as formas dos eventos. O
conceito funcional implica em um conjunto de procedimentos para atacar
problemas arquitetônicos:
7
em primeiro lugar, necessita-se da redução da ênfase no concreto
favorecendo o abstrato. Para colocá-la como conceitos absolutos
tendo valor em si mesma confundem-se os meios com os fins;
o conceito funcional requer um alto grau de clareza, bem como as
variáveis significativas e a natureza das relações entre elas. A
atividade deve ficar claramente identificada. Não é necessário
especificar quais atividades estão relacionadas, como também é
necessário saber exatamente como elas afetam umas as outras;
o funcional requer também uma clareza de percepção das
totalidades. O que é significante em uma função não é tanto a
variável isolada a partir do todo do qual ela faz parte; é seu papel em
um processo, suas conexões com outras variáveis e seu
comportamento com relação a elas.
2.1.2.3 A natureza de um sistema
Segundo Handler (1970), se existe uma verdadeira distinção entre uma
função e um sistema, ela reside na complexidade, porque um sistema é
normalmente composto de diversas funções. Quando se pensa em um sistema,
refere-se às partes de um todo e na maneira na qual elas se comportam, umas
com relação às outras.
Somente quando as partes podem ser diferenciadas dentro de um todo
então pode ser tratado como um sistema. Estes componentes podem ser
considerados como todos (menores) com suas próprias partes ordenadas. A
análise de sistemas consiste em entender claramente os componentes do sistema
e seus próprios subcomponentes e visualizar operações individuais dentro do
sistema à luz de suas implicações para o sistema como um todo.
8
Condições patológicas existem quando os objetivos não podem ser
atingidos, tanto por razões de falha nos trabalhos internos de um sistema, quanto
a falhas de ajuste deste com seu meio ambiente.
Diferente de sistemas orgânicos, edifícios e seus processos de criação e
localização são sistemas feitos pelo homem com objetivos definidos
humanamente. A análise de sistemas pode ser uma ferramenta poderosa para
encontrar soluções arquitetônicas.
Isto envolve não somente a organização do trabalho, mas também uma
organização intelectual dos sistemas e seus inter-relacionamentos.
2.1.2.4 Implicações dos sistemas adequadas a problemas arquitetônicos
O todo é primário, as partes são secundarias.
O todo é o ponto de partida, e dele as partes e suas relações devem
se desenvolver.
O todo é uma unidade, independentemente de sua complexidade.
As partes exercem um papel de acordo com o propósito para o qual
o todo existe.
A natureza e a função das partes são derivadas de suas posições com
relação ao todo e seu comportamento é regulado pelo
relacionamento todo-parte.
As partes constituem assim um todo indissolúvel em que nenhuma
parte pode ser afetada sem que as outras partes também o sejam.
Partes maiores devem ser capazes de subservir todas as partes
elementares.
As partes devem ser bem definidas a ponto de indicar sua relação
funcional umas com as outras e com relação ao todo, e não
meramente ser um conjunto de categorias para classificarem
variáveis.
9
Um edifício é um sistema, um complexo interconectado de componentes
relacionados funcionalmente, sendo projetado para alcançar um objetivo
particular. Ele deve ter um propósito ou objetivo e estabelecer um arranjo das
partes.
Havendo uma mudança das circunstâncias, o projetista deve avaliar seus
efeitos com relação à solução. Para tanto, ele deve entender os componentes
detalhadamente e também o processo envolvido. Ele tem que desenvolver
critérios objetivos para relacioná-los. Ver a arquitetura como um sistema é ver o
processo arquitetônico numa perspectiva objetiva. O arquiteto seria um
projetista-analista, necessário para atuar como identificador das características
ou componentes do sistema arquitetônico juntamente com suas propriedades.
Em arquitetura, a conceituação de sistemas não é direcionada para um caso
particular como sendo um fenômeno individual, mas sim com relação a um
padrão total de fenômenos que criam um ambiente.
2.1.2.5 A tomada de decisão e a abordagem de sistemas
A tomada de decisão tem relevância não para o processo de
planejamento, projeto e produção de edifícios, mas também para o edifício por si
mesmo, concebido como uma organização. Handler (1970) afirma que o
desenvolvimento do processo de tomada de decisões usando a abordagem de
sistemas é conhecido como Pesquisa de Operações.
É sobre o processo de tomada de decisões que a Pesquisa de Operações
se concentra. O problema é quebrado em segmentos manejáveis os quais são
formalmente reestruturados para a solução. Torna-se necessário encontrar
soluções que equilibrem componentes e objetivos gerais. O propósito da
Pesquisa Operacional não é meramente a busca de uma melhor solução do que
existe atualmente, mas sim a busca da melhor solução possível.
10
Uma vez que a maioria dos problemas de coordenação tem aspectos
físicos, biológicos, psicológicos, sociológicos, econômicos e de engenharia, o
único modo de examinar cada um desses aspectos é juntamente com um grupo
de especialistas.
Os projetistas têm tradicionalmente chegado a suas decisões por meio de
procedimentos heurísticos. Ou seja, resolvem problemas arquitetônicos pelo
auto-aprendizado na base de tentativa e erro. Trabalham com objetivos definidos
de forma errônea e critérios definidos também de forma desvirtuada, pelo fato de
escolherem, dentre alternativas disponíveis, dependendo de fontes intuitivas e
com poucas informações para gerar, testar e declarar soluções razoáveis.
Isto não é uma negação aos procedimentos heurísticos. Um
embasamento em experiências práticas pode conduzir e usualmente conduz a
resultados incompletos, inconclusivos e ambíguos.
O que a análise de sistemas faz é colocar a tentativa e erro dentro de um
contexto mais formal, ancorando os elementos críticos em relacionamentos
apropriados ao problema.
Com o propósito de entender o processo, é necessário identificar suas
entradas (inputs) e suas saídas (outputs), especificar as propriedades das mesmas
e caracterizar os relacionamentos que os mantêm juntos. Para controlar o
processo, critérios são necessários para comparar as resultados (outputs) com os
objetivos. Aqui tem-se a formulação básica para a tomada de decisão utilizando
a abordagem de sistemas. As entradas (inputs) podem ser tidas como os
estímulos que energizam o sistema e proporcionam material para sua operação.
As saídas (outputs) são resultados do processo. Objetivos são fins para os quais
o processo está direcionado, o propósito para o qual o sistema foi organizado e
para onde tudo está orientado.
Como tal, elas estão sujeitas às circunstâncias do meio ambiente as quais
impõem limitações em como os objetivos devem ser atingidos. Estas restrições
11
definem as limitações do sistema e determinam as condições sob as quais são
intencionalmente operadas. O processo em que os resultados (outputs) são
comparados com os padrões ou critérios é chamado de realimentação do sistema
(feedback).
Na abordagem de sistemas ocorre a integração dos procedimentos de
tentativa e erro dos métodos heurísticos na tentativa de solução de problemas.
Soluções processuais orientadas apontam não somente para um resultado
máximo, mas também para resultados intermediários.
Dentro da perspectiva genérica, decisões têm que ser tomadas com bases
em modelos simplificados, os quais capturam as características principais de um
problema em todas as suas complexidades. Se os modelos são complexos, então
são difíceis de se entender e seguir, e os limites dos subsistemas são mal
definidos.
Finalmente, se o custo de uso de um edifício ou qualquer de suas partes
for muito elevado, não será utilizado. A utilidade derivada a partir deles precisa
ser sempre equilibrada com relação a seus custos.
2.1.2.6 O sistema arquitetônico
O trabalho básico do projetista é preparar plantas, elevações, cortes,
detalhamentos e especificações que dizem ao construtor o que usar e que partes
se juntam. O sistema arquitetônico tem que ser considerado como processo
totalmente exclusivo, contemplando o edifício do momento em que ele é mais
do que um significado aos olhos de alguém até o momento em que termina sua
vida útil. O projeto arquitetônico, para ser realmente efetivo, não pode deixar de
realizar pelo menos isso.
Deve estar impelido a demonstrar como as partes estão relacionadas
umas com as outras e com o todo. Sem as partes não haveria totalidade. O todo
existe através das partes e da maneira pela qual elas estão relacionadas. Neste
12
sentido é pluralista e relativo. Os resultados podem ser checados e modificações
serem feitas por meio de um processo de autocorreção sistemático.
2.1.2.7 O conceito de performance
Handler (1970) expõe conceitos importantes sobre performance: O
conceito básico da Pesquisa de Operações é a utilização dos critérios de
avaliação, por meio dos quais os sistemas atingem efetivamente seus objetivos,
através de suas operações, ou seja, a observação das performances.
É função dos padrões de performance atuar como testes para
preferências sobre tipos de entradas (inputs). Tais padrões são derivados do
conhecimento especializado e científico. Os padrões de performance estão
intimamente ligados aos objetivos. Os objetivos tendem a ser gerais e
imprecisos, enquanto que os padrões têm que ser definidos em termos
mensuráveis.
O papel da realimentação (feedback) é discernir as discrepâncias entre as
saídas (outputs) e os objetivos com perspectivas de corrigi-los. Centrais a toda a
função de realimentação (feedback) estão os critérios ou padrões de
performance.
O que a abordagem de sistemas faz quando são aplicados padrões é
tornar os objetivos explícitos, restrições específicas e permitir que equipamentos
de controle sistêmico do feedback possam substituir os métodos puramente
heurísticos. Esses equipamentos testam primeiramente a correspondência entre
as saídas e os objetivos, por meio da demonstração da extensão da diferença,
avaliando sua significação e formulando conclusões ou um curso de ação.
O objetivo do controle de feedback é modificar as entradas (inputs) de tal
forma que se produza a melhor solução sob as circunstâncias, levando todas as
coisas em consideração. Pode ser possível atingir-se uma perfeita
correspondência entre saídas (outputs) e objetivos somente a um alto custo.
13
Alguns conceitos aplicados na abordagem de sistemas aqui são descritos
e comparados para melhor entendimento.
“Utilização” e “Utilidade”
Para Ryle (1974), as pessoas se inclinam a interpretar ‘utilização’
segundo uma das maneiras que a língua portuguesa certamente autoriza, a saber,
como sinônimo de ‘utilidade’ e serventia’. Essas pessoas supõem, então, que
examinar a utilização de uma expressão significa examinar para o que ela é útil
ou quão útil ela é. É fácil constatar, no entanto, que discutir a utilização [versus
utilidade] de alguma coisa é bem diferente de discutir sua utilização [versus
utilização (misuse)], isto é, o modo, método ou maneira de utilizar a coisa em
questão.
Para efeito de entendimento deste trabalho, o conceito de utilização está
relacionado ao modo, método ou maneira de utilizar o material construtivo, e
não qual sua utilidade.
“Utilização” e “Uso”
Mais insidiosa do que a confusão acima entre o modo de operar com
alguma coisa e sua utilidade é a confusão entre ‘utilização’ (‘use’), isto é, um
modo de operar alguma coisa, e um ‘uso’ (‘usage’).
Um uso é um costume, uma prática, uma moda ou uma voga. Pode ser
local ou largamente disseminado, obsoleto ou corrente, rural ou urbano, vulgar
ou acadêmico.
Em contraste com isso, um modo de operar um objeto constitui uma
técnica, uma habilidade ou um método. Aprender tal modo de operar é aprender
como fazer a coisa e não descobrir quaisquer generalidades sociológicas, nem
mesmo certas generalidades sociológicas referentes a outras pessoas que fazem
coisas semelhantes ou diferentes com os objetos referidos, (Ryle, 1974).
14
‘Utilização’ e ‘uso’, para muitos, são sinônimos, porém, o ‘uso’ está
ligado diretamente à cultura; é um costume, uma moda ou hábito. Enquanto
‘utilização’ é uma maneira ou método de utilizar.
‘Utilização’ e ‘uso’ serão as palavras usadas neste trabalho para
caracterizar o emprego da madeira na construção civil. De um lado, a maneira
ou método de utilização, de outro lado, o costume e o hábito de emprego da
madeira.
2.1.2.7.1 As performances
- As performances técnicas e ambientais.
As performances técnicas e ambientais referem-se à extensão, à
eficiência com a qual os componentes dos edifícios e aos elementos físicos que
executam as funções designadas a eles estruturas, materiais e sistemas
mecânicos. O problema é escolher o que vai ao encontro das necessidades
tecnológicas e irá fazê-lo de forma mais eficiente, sob condições existentes.
- A performance humana
A performance humana é a razão para os objetivos e para os padrões da
performance técnica.
A performance humana pode ser medida de várias formas, dependendo
de objetivos fundamentais:
a saúde temperatura corporal, variação metabólica, pressão
arterial, pulsação e batimentos cardíacos, respiração e contagem
sangüínea;
bem-estar – sentido de conforto térmico, visual, auditivo e olfativo;
alerta – eficiência corpórea e perceptual humanas;
15
efetividade em tarefas este objetivo refere-se a quão bem as
pessoas podem realizar tarefas e atividades nas quais estão
engajadas;
Os equipamentos proporcionam entradas (inputs) para a criação de
saídas (outputs) ambientais que, por sua vez, constituem entradas (inputs) para
saídas (outputs) humanas.
- A performance simbólica
A performance simbólica está relacionada com a percepção lúdica que
por sua vez está relacionada ao imaginário, sendo abstrata e subjetiva. As formas
de medir e avaliar esta performance são da mesma forma abstratas e subjetivas.
É relacionada com a percepção, a experiência e os sentimentos que os usuários
têm em relação aos espaços construídos.
Para Bachelard (1974), a casa é um corpo de imagens que ao homem
razões ou ilusões de estabilidade. Reimagina-se constantemente sua realidade:
distinguir todas as imagens seria revelar a alma da casa; seria desenvolver uma
verdadeira psicologia da casa.
Nesta visão do autor, tem-se a idéia de como a casa tem diversos valores
representativos no universo imaginário do homem; é um símbolo de
estabilidade, segurança, abrigo e posição social. A casa está envolvida por uma
série de conceitos inter-relacionados na sua imagem psicológica, ou seja, aquela
que é formada na mente do homem.
Para pôr em ordem essas imagens, segundo Bachelard (1974), é preciso
enfocar dois temas principais de ligação:
1. a casa é imaginada como um ser vertical. Ela se eleva. Ela se
diferencia no sentido de sua verticalidade. É um dos apelos à nossa
consciência de verticalidade;
16
2. a casa é imaginada como um ser concentrado. Ela nos convida a
uma consciência de centralidade.
A madeira sugere uma gama de símbolos, conceitos e imagens ainda
maior, pois é um material da natureza, utilizado muitas vezes da mesma forma
que é extraído. Suas características naturais podem ser valorizadas e
intensificadas e, como material construtivo, carrega uma bagagem de conceitos,
pré-conceitos e idéias preestabelecidas vasta e variada. Esta característica da
madeira é ainda mais acentuada conforme se observam as diversas espécies de
madeira existentes. Pode-se relacionar o apelo da verticalidade à própria
verticalidade do tronco da árvore. O sentido de centralidade pode ser relacionado
com o sentido de abrigo e aconchego, possível de estar relacionado com a
construção feita de madeira.
Tem-se a necessidade de conceituar a idéia de casa como habitação. Para
Bachelard (1974), todo espaço verdadeiramente habitado traz a essência da
noção de casa. Pode-se ver como a imaginação trabalha nesse sentido quando o
ser encontrou o menor abrigo: pode-se ver a imaginação construir “paredes”
com sombras impalpáveis, reconfortar-se com ilusões de proteção ou,
inversamente, tremer atrás de um grande muro, duvidar das mais sólidas
muralhas. Em suma, na mais interminável dialética, o ser abrigado sensibiliza os
limites de seu abrigo. Vive a casa em sua realidade e sua virtualidade, por meio
do pensamento e dos sonhos.
Pode-se analisar a posição de Bachelard (1974) como uma definição da
dialética que sempre está presente na mente do usuário do espaço a ser habitado.
A casa tem um sentido de abrigo, deve expressar segurança, solidez, proteção e
ao mesmo tempo, têm-se dúvidas a respeito das estruturas mais sólidas. A
madeira possui características que estão diretamente relacionadas a esses
conceitos de dialética. É um material orgânico (da natureza) que possui uma
17
grande capacidade estrutural, mas com uma série de pré-conceitos culturais que
podem interferir na sua caracterização real. Estórias infantis, como a fábula dos
três porquinhos, criam no pensamento a idéia de que a madeira não é um
material seguro para uma construção sólida. Então um cabedal de
informações diversas, diversificadas e, às vezes, contraditórias. É necessário
determinar um ponto em comum para traçar uma estratégia de observação do
uso do material, tudo isso baseado no pensamento e nos sonhos relativos à
realidade e à virtualidade da casa.
Por conseqüência, todos os abrigos, todos os refúgios, todos os
aposentos têm valores de onirismo consoante. Não é mais em sua positividade
que a casa é verdadeiramente “vivida”, não é na hora presente que se
reconhecem seus benefícios. O verdadeiro bem-estar tem um passado. Todo o
passado vem viver, pelo sonho, numa casa nova. E o devaneio se aprofunda a tal
ponto que um domínio imemorial, para além da mais antiga memória, se abre
para o sonhador do lar. Nessa região longínqua, memória e imaginação não se
deixam dissociar. Uma e outra trabalham para seu aprofundamento mútuo. Uma
e outra constituem, na ordem dos valores, a comunhão da lembrança e a imagem
(Bachelard, 1974).
Neste trecho pode-se perceber a importância da memória e da
imaginação na elaboração do imaginário do habitante dos espaços construídos.
Os materiais têm grande importância na definição dos espaços. São eles que
retratam todas as expectativas e as necessidades dos usuários dos espaços
projetados, e lembranças e imagens mutuamente contribuem para a elaboração
uma da outra.
De acordo com Handler (1970), a avaliação na abordagem de sistemas é
feita em termos de efeitos de equipamentos e ambiente sobre as pessoas, não
como efetivamente eles funcionam, mas sim no significado que deriva de sua
percepção e experiência com o edifício. Um edifício performa (atua)
18
simbolicamente quando ele aponta para alguma coisa além da existência física
concreta e parece incorporar o princípio da validade universal.
O significado simbólico não está em abstrações como religião, educação,
justiça ou comunidade. Pode significar apenas tipos particulares dessas
entidades. Seu significado simbólico nunca é conduzido literalmente, não pode
ser por causa de sua abstração e caráter universal.
Nesse sentido, o esforço humano e a performance social tendem a ser
igualados com performances simbólicas.
Tal propósito pertence intrinsecamente a todos os objetivos do edifício.
Define as necessidades humanas e sua performance, condicionando não somente
o que está dentro de um edifício, mas também como estão no edifício. Quanto
mais claramente os propósitos do edifício são entendidos e mais explícitos eles
podem ser definidos, melhor a chance que se tem de se desenvolver cnicas
para assegurar que podem permear todo o processo de projeto.
- Performance econômica
Esta performance refere-se ao problema de como melhor alocar recursos
entre usos alternativos. Uma vez que sempre se opera em condições de escassez,
escolhas sempre têm que ser feitas sobre quanto dos diferentes tipos de recursos
deveriam ser devotados às várias alternativas. Por isso, a efetividade, com a qual
edifícios e seus componentes performam (atuam) economicamente, dependem
de como os recursos devotados a eles foram alocados.
O problema da avaliação tem três aspectos:
como alocar recursos com respeito a um edifício em particular?;
devem-se alocar recursos para um tipo de edifício determinado
ou para qualquer tipo de edifício?;
devem-se alocar recursos para todos os usos ou para alguns
usos?
19
Para o investidor privado, o critério de performance é lucratividade. Isto
depende da exigência efetiva para edifícios e seus serviços e da eficiência da
utilização dos recursos em sua construção e operação. O critério de
custo/benefício se aplica tanto para investidores públicos quanto privados.
O bem-estar econômico e material humano estão intimamente associados
com os edifícios, porque estes são bens capitais que exercem um papel
significativo na capacidade produtiva da economia e no padrão de vida das
pessoas. O padrão da performance econômica é sempre em termos da relação
entre entradas (inputs) e saídas (outputs). Sem a escassez de recursos terra,
trabalho, materiais e capital não problema econômico. Com escassez, o
problema de alocação logo é levantado. Conseqüentemente, os objetivos a serem
realizados dependem das entradas requeridas para alcançá-las, por exemplo, de
benefícios com relação ao custo.
2.1.2.7.2 A estrutura de conceitos de sistemas arquitetônicos
A estrutura conceitual de uma abordagem de sistemas com relação a
problemas pode ser resumida em uma fórmula simples:
entrada processo saída
(input) (output)
As entradas vêm de fora do sistema, mas tornam-se parte e parcela deste
quando entram no processo que constitui o sistema. O sistema constitui-se de
ligações, e, pelo fato de o sistema consistir no projeto, ele possui características
comportamentais. Na Figura 1 observam-se as relações internas dos sistemas.
20
Objetivos
Padrões de performance
Restrições
Entradas (inputs) Processos Saídas (outputs)
Correções Correspondência
Modelo de controle de
feedback
FIGURA 1 Esquema ilustrativo das relações internas dos sistemas.
Fonte: adaptado de Handler (1970).
Uma vez que todo sistema opera em um dado ambiente e sob
determinadas condições, estes constituem restrições que são também
inseparáveis de seu processo.
Os objetivos, padrões de performance e limitações, tomados juntos,
constituem restrições do sistema. Constituem um modelo para o mecanismo de
feedback para comparar objetivos com saídas (outputs), para que a extensão, à
qual modelo e saídas correspondem, possa ser determinada e uma ação possa ser
feita para diminuir a defasagem entre eles. Restrições tanto limitam quanto
fazem os objetivos manejáveis.
Desde que um sistema é feito de componentes, estes por sua vez se
constituem todos com suas próprias ordenações de partes. São os subsistemas.
21
entrada processo saída
entrada processo saída
ou
entrada processo saída
entrada processo saída
entrada processo saída
Em arquitetura, o subsistema principal pode ser imediatamente
identificado se definirmos arquitetura como o projeto de edifícios ou instalações
(“facilities”) para a provisão de ambientes utilizáveis.
Existem quatro subsistemas implícitos: projeto, construção, um edifício e
o sistema bionômico humano.
- Processo de projeto
O sistema arquitetônico - Processo de construção
- Operação do edifício
- Processo bionômico humano
Embora a preocupação do projetista seja com o primeiro subsistema, ele
não pode se separar dos problemas do construtor, dos operadores do edifício e
dos usuários.
22
Entrada Projeto Especificações
(inputs) de projeto
+
Outras Construção Instalação ou
entradas edifício
+
Outras Operação das Ambiente
entradas instalações físico
+
Outras Processo Comportamento
entradas bionômico humano
humano
FIGURA 2 As relações internas do sistema arquitetônico
Fonte: adaptado de Handler (1970)
2.1.2.8 Os subsistemas arquitetônicos
Handler (1970) apresenta a seguinte divisão para os quatro subsistemas
arquitetônicos:
Projeto
O processo de projeto compõe-se de cinco passos: conceituação,
programação, análise, seleção e integração.
A entrada básica deste processo é o conhecimento (know-how)
competência e visão profissional e técnica.
23
Voltando às restrições do subsistema de projeto restrições, objetivos,
critérios de performance –, o projetista tem que encontrar todas aquelas que
podem ser explicitadas fora do subsistema.
As necessidades humanas são desejos tanto quanto os objetivos
simbólicos e sociais. O projetista precisa conseguir fazer os objetivos do
subsistema bionômico humano de acordo com o critério de performance humana
que é usado e vem desse subsistema. O ambiente e os critérios de performance
ambiental são os subsistemas de operação do edifício. Os objetivos componentes
do edifício juntamente com seus critérios de performances técnicas são
derivados do subsistema de construção. Características físicas, sociais e outras
dos futuros usuários do edifício atuam como restrições no subsistema bionômico
humano.
O sistema de projeto tem que ser elaborado fora dele. Para que o
subsistema de projeto possa operar, conhecimentos dos outros subsistemas
devem ser absorvidos por ele.
Construção
A preparação do terreno, o manejo de materiais e componentes, colocá-
los no lugar e juntá-los são as funções da construção. As saídas desse processo
são os materiais, componentes, dimensões e arranjos que juntos fazem um
edifício.
As restrições do subsistema de construção são tecnológicas,
institucionais, econômicas e climáticas. Como o processo de construção é
conduzido, é limitado pelo que a tecnologia da indústria permite, pelas
tecnologias práticas da área e pela tecnologia praticável para a escala da
operação particular. Restrições também são impostas por fatores institucionais
(estrutura da empresa, gerenciamento etc.). Condições climáticas também são
determinantes. Os critérios de performance do subsistema de construções são
24
totalmente técnicos e econômicos. O critério técnico tem relação com a força
estrutural, resistência a intempéries. O critério básico econômico, por sua vez, é
a relação custo-benefício mais efetiva.
O processo construtivo é dividido, na prática, em: terreno, estrutura,
materiais e subsistemas mecânicos.
A operação do edifício
Este processo tem a ver com o uso dos edifícios e sua vida útil. Um
edifício é como uma máquina. As entradas do processo de operação de um
edifício são:
as saídas do processo de construção;
recursos energéticos;
o trabalho para operação e manutenção;
os usuários.
A saída do processo é um ambiente sico tendo características térmicas,
luminosas, acústicas, espaciais e visuais. As restrições são de ordem econômica.
Altos níveis de performance ambiental podem ser atingidos, mas a um
certo custo. Leva-se em consideração o que é praticamente e economicamente
factível. Como resultado, os critérios de custo-efetividade entram em cena tanto
para a escolha do edifício como para sua operação.
Segundo Coelho Netto (1980), a mensagem é um grupo ordenado de
elementos de percepção extraídos de um repertório e reunidos numa determinada
estrutura. Entende-se por repertório uma espécie de vocabulário, um estoque de
signos conhecidos e utilizados por um indivíduo.
Se a mensagem percebida pelo usuário é dependente do repertório que
este possui, então o aprimoramento desse repertório pode melhorar também a
percepção que os usuários têm com relação aos materiais, sua utilização e a
performance que terão no edifício.
25
Ainda de acordo com Coelho Netto (1980), a primeira conseqüência
extraída dessa descrição de repertório e da distinção entre repertório ideal e real
é que, neste caso, uma mensagem será ou não significativa (produzirá ou não
mudanças de comportamento), conforme o repertório dessa mensagem pertencer
ou não ao repertório do receptor.
O repertório da mensagem da caracterização da madeira é aquele dado
pela cultura comum e é nessa cultura comum que as pessoas buscam o seu
repertório para interpretação e julgamento das características do objeto em
estudo. A utilização da madeira gera uma cultura que será utilizada na própria
definição da continuidade da utilização da própria madeira como material.
O repertório de uma determinada população pode ser conhecido
mediante um levantamento feito com esta população, com questões relativas às
informações que se quer obter podendo-se compilar um “vocabulário” de
termos, idéias e impressões dessa população. Tendo-se em mãos este repertório,
podem-se perceber as lacunas que se formam entre o que as pessoas têm sob a
forma de estoque de signos e o que se esperava que tivessem, diferenciando-se
assim o repertório real e o ideal. A interpretação das deficiências pode levar a
uma aproximação positiva do real até o ideal, objetivo primordial de qualquer
ciência que tem por fim o bem-estar do ser humano. No âmbito geral deste
trabalho, a análise de sistemas em arquitetura é o caminho para essa
aproximação, para que se possa fazer uma análise do relacionamento do usuário
(ser humano) com o espaço construído e o ambiente.
Processo bionômico humano
Esses processos referem-se às interações entre o ambiente físico e o
organismo humano. É a saída do subsistema de operações do edifício – ambiente
físico. Não somente os aspectos sicos do organismo humano são importantes,
mas também os aspectos comportamentais. As saídas são as formas como os
26
indivíduos e os grupos se comportam. Consistem em performances físicas e
psicológicas dos organismos, performances perceptivas, comportamento grupal
resultados de trabalhos e sentimentos subjetivos.
Os objetivos são a saúde e o bem-estar das pessoas, o estado de alerta e a
efetividade com que realizam suas tarefas. As restrições são as condições
climáticas e o ambiente criado pelo edifício, incluindo qualquer interação
existente entre eles.
Pelo fato da complexidade dos objetivos ser muito grande e na maioria
dos problemas arquitetônicos existir grande possibilidade de conflito entre eles,
o controle do feedback é particularmente importante.
Ligações cruciais entre os subsistemas:
Critérios de Critérios de Critérios de
performance
performance
performance
humana ambiental técnica
Começando pelo subsistema bionômico humano e voltando para trás um
conjunto de critérios determina o próximo até que todos sejam trazidos
juntamente no processo de projeto.
2.2 Metodologia de pesquisa
2.2.1 Pesquisa operacional e pesquisa mercadológica
Para Handler (1970), a pesquisa de operação é importante para a tomada
de decisão. É a forma como se pode chegar aos objetivos do sistema por meio de
suas operações. A pesquisa de operação é um processo particularizado e
individual, sendo realizada para cada sistema e para cada projeto observando-se
suas características individuais.
A pesquisa de marketing, por sua vez, é genérica e abrangente, não
possuindo um usuário individual e específico. As características levantadas e as
27
operações determinadas são generalizadas e proporcionam uma forma de análise
e abordagem geral.
É importante que se tenha uma visão mercadológica da madeira, uma
noção de como está o “marketing” desse material, como pode ser ativado,
melhorado, aprimorado e ampliado.
Segundo Padilha (2001), marketing é, simplesmente, “o conjunto de
pesquisas, estudos, planejamentos e ações de uma organização, destinados à
conquista e manutenção dos clientes em um mercado, através da satisfação de
seus desejos, necessidades e anseios.” Assim, é essencial saber, por meio de
pesquisas, o que as pessoas pensam sobre a madeira, sua utilização e
desempenho. Sendo uma atividade integrada, o marketing tem a função de
despertar interesses adormecidos, conhecendo o mercado, ou seja, os clientes, os
fornecedores, prestadores de serviço e, principalmente, os concorrentes (no caso
da madeira, os outros materiais).
2.2.2 A pesquisa e o conhecimento
É importante elucidar a diferença entre conhecimento puro e
conhecimento empírico. Para Kant (1974), não dúvida de que todo o
conhecimento começa com a experiência; do contrário, por meio de quê deveria
o poder de conhecimento ser despertado para o exercício, senão através de
objetos que impressionam os nossos sentidos e que, em parte produzem, por si
próprios, representações e, em parte põem em movimento a atividade do nosso
entendimento a fim de compará-las, conectá-las ou separá-las e, deste modo,
trabalhar a matéria bruta das impressões sensíveis com vistas a um
conhecimento dos objetos que se chama experiência? Segundo o tempo,
portanto, nenhum conhecimento precede em nós a experiência e todo o
conhecimento começa com ela.
28
Essa questão e posterior afirmativa levantada por Kant permitem
observar que existe uma forma de experimentação do espaço construído e como
os materiais podem revelar impressões e sensibilizar o usuário desses espaços.
Por vezes, além das experiências diretas, existem também aquelas pertencentes
ao entendimento comum.
Mas, embora todo o nosso conhecimento comece com a experiência,
nem por isso se origina todo ele justamente da experiência. Pois bem, poderia
acontecer que mesmo o nosso conhecimento de experiência fosse um composto
do que se recebe por meio de impressões e do que o nosso próprio poder de
conhecimento (apenas provocado por impressões sensíveis) fornece de si mesmo
– cujo aditamento não se distingue daquela matéria-prima (Kant, 1974).
Nesse trecho, Kant expõe a possibilidade do conhecimento puro e do
conhecimento empírico e segue a argumentação no trecho a seguir.
Não pode resolver-se à primeira vista, se existe um tal conhecimento
independente da experiência e inclusive de todas as impressões dos sentidos.
Tais conhecimentos denominam-se a priori e distinguem-se dos conhecimentos
empíricos que possuem suas fontes a posteriori , ou seja, na experiência (Kant,
1974).
O que se pode concluir é que o conhecimento que se tem de um objeto
ou fenômeno está relacionado tanto com a experiência que se tem com esse
objeto ou fenômeno bem como com o conhecimento puro, que pode ser
possuído a priori a partir de um entendimento comum que, por sua vez, não
está desprovido destes mesmos conhecimentos a priori.
O objetivo de observar os conceitos de conhecimento é tentar entender
como a madeira é considerada como objeto e mesmo como um fenômeno que
ocorre na natureza, as impressões que os usuários têm a priori e a experiência
que têm com espaços construídos em madeira. É necessário separar, para uma
melhor observação da caracterização da madeira como material construtivo, o
29
que é fato e conhecimento devido à experiência e o que difere destes sendo
considerados como conhecimento a priori. Neste ponto o conceito de juízo é
importante.
Para Kant (1974), o juízo pode ser considerado, como mera faculdade de
refletir, segundo um certo princípio, sobre uma representação dada, em função
de um conceito tornado possível através disso, ou como uma faculdade de
determinar um conceito que está no fundamento, por uma representação
empírica dada.
O que pode ser ressaltado sobre a afirmativa de Kant é que o juízo é a
reflexão baseada num certo princípio, sendo este um conhecimento anterior.
Como é necessário, na caracterização da utilização da madeira como material, o
juízo que as pessoas têm, é necessário observar nessa caracterização os
princípios que levam as pessoas a fazerem um determinado julgamento.
Pode-se dizer que a utilização de um material na construção civil deve-se
a uma determinada mensagem que este passa para o usuário (mensagem com
teor técnico, econômico ou de relacionamento do usuário com o material e o
espaço projetado), baseada num repertório adquirido durante a vida desse
usuário.
Para Dewey (1974), a experiência ocorre continuamente, porque a
interação da criatura viva com as condições que a rodeiam está implicada no
próprio processo da vida. Sob condições de resistência e conflito, aspectos e
elementos do eu e do mundo implicados nessa interação qualificam a
experiência com emoções e idéias, de maneira tal que emerge a intenção
consciente. Com freqüência, entretanto, a experiência que se tem é incompleta.
As coisas são experimentadas, mas não de modo tal que se componham em uma
experiência. distração e dispersão; o que se observa e o que se pensa, o que
se deseja e o que se alcança permanecem desirmanados um do outro.
30
Para Dewey (1974), é difícil que uma experiência se realize por inteiro, o
que pode acontecer, porém raramente. Este é um problema que pode incorrer na
interpretação errônea dos objetos e fenômenos observados, complicando ainda
mais a passagem de uma mensagem ou informação. Então, o repertório das
pessoas pode estar repleto de lacunas e falhas, dificultando a percepção que têm
sobre o uso de materiais na construção.
2.2.3 A pesquisa mercadológica
Gil (1989) afirma que duas razões para se realizar uma pesquisa e são
elas de ordem intelectual e de ordem prática. As primeiras decorrem do desejo
de conhecer pela própria razão de conhecer. As últimas decorrem do desejo de
conhecer, com vistas a fazer algo de maneira mais eficiente ou eficaz. De acordo
com o autor, deve-se formular o problema, construir uma hipótese e abrir um
debate, componentes que são básicos para a condução de uma pesquisa.
2.2.3.1 Classificação da pesquisa
O tipo de pesquisa que se aplica é a pesquisa descritiva. As pesquisas
descritivas têm como objetivo primordial a descrição das características de uma
determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações
entre variáveis. São incluídas neste grupo as pesquisas que têm por objetivo
levantar as opiniões, atitudes e crenças de uma população.
2.2.3.2 O levantamento
As pesquisas deste tipo são caracterizadas pela interrogação direta das
pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Basicamente, procede-se a
solicitação de informações a um grupo significativo de pessoas acerca do
31
problema estudado, para, em seguida, mediante análise quantitativa, obterem-se
as conclusões correspondentes aos dados coletados (Gil, 1989).
Este tipo de pesquisa tem a função de coletar dados dos entrevistados
caracterizados pelos usuários finais, observando suas opiniões e atitudes com
relação ao desempenho da madeira.
2.2.4 Tipos de pesquisa e classificação
Visto que este trabalho trata do desempenho e utilização da madeira
como um material construtivo e sendo a construção uma atividade comercial e
de prestação de serviços, pode-se relacionar a pesquisa de opinião à “pesquisa de
marketing”. Foram considerados os indivíduos entrevistados como potenciais
compradores de serviços e materiais.
Para Malhotra (2001), a pesquisa de marketing é a identificação, coleta,
análise e disseminação de informações de forma sistemática e objetiva e seu uso,
visando melhorar a tomada de decisões relacionadas à identificação e soluções
de problemas (e oportunidades) em marketing.
De acordo com considerações de Malhotra (2001), a pesquisa do tipo
descritiva, que é um tipo de pesquisa conclusiva, tem como objetivo principal a
descrição de algo, normalmente características ou funções do mercado, realizada
pelas seguintes razões:
descrever as características de grupos relevantes, como consumidores,
vendedores, organizações ou áreas de mercado;
estimar porcentagens de unidades numa população específica que exibe
um determinado comportamento;
determinar as percepções de características de produtos;
determinar o grau até o qual as variáveis de marketing estão associadas;
fazer previsões específicas.
32
2.2.5 Amostragem
Quanto à técnica de amostragem, a pesquisa deste trabalho pode ser
classificada como não probabilística, ou seja, que confia no julgamento pessoal
do pesquisador e não na chance de selecionar os elementos amostrais, que quer
dizer que as estimativas obtidas não são estatisticamente projetáveis sobre a
população, não utilizando seleção aleatória. Dentro da amostragem não
probabilística podem-se utilizadas duas técnicas:
amostragem por conveniência procura obter uma amostra de
elementos convenientes;
amostragem por julgamento é uma amostragem por conveniência em
que os elementos da população são selecionados com base no
julgamento do pesquisador.
2.2.6 Tipos de análise de dados
É importante definir o objetivo de uma pesquisa, o que se quer conhecer,
e para que servirão as informações coletadas. Segundo Mattar (1996), dois
tipos básicos de análises que podem ser feitos: descrição de dados e inferência a
partir dos dados.
Métodos descritivos têm o objetivo de proporcionar informações
sumarizadas dos dados contidos no total de elementos das amostras estudadas.
Os métodos são:
medidas de posição – para caracterizar o que é “típico” no grupo;
medidas de dispersão para medir como os indivíduos estão
distribuídos no grupo;
Gil (1989) afirma que dentro do grupo das pesquisas descritivas estão
incluídas as pesquisas que têm por objetivo levantar as opiniões, atitudes e
crenças de uma população, denominando-as de levantamentos. As pesquisas
33
desse tipo caracterizam-se pela interrogação direta das pessoas cujo
comportamento se deseja conhecer. Basicamente, procede-se à solicitação de
informações a um grupo significativo de pessoas acerca do problema estudado
para, em seguida, mediante análise qualitativa, obterem-se as conclusões
correspondentes aos dados coletados.
Determinação do tamanho da amostra
Segundo Rea & Parker (2000), para se obter um nível de confiança de
95% com margem de erro de + 10% (que em termos estatísticos corresponde a
dois desvios-padrões), tendo-se uma amplitude de população (universo) de
100.000 indivíduos a infinito, na hipótese de p = 0,5 (p = proporção dos
elementos portadores do caráter considerado), a amplitude da amostra
aconselhável é de 100 indivíduos.
2.3 A madeira como material construtivo
2.3.1 Características da madeira
A utilização e escolha da madeira como material construtivo depende e
pode variar de acordo com as propriedades intrínsecas desse material. São várias
as propriedades que devem ser consideradas no momento de tomada de decisão.
Uma ou mais características, qualidades ou propriedades devem auxiliar e
determinar quando e como usar os diversos tipos e espécies de madeira. Podem-
se enumerar essas propriedades ou características como segue:
densidade;
dureza;
resistência à flexão;
resistência à flambagem;
34
rigidez;
facilidade de trabalho;
contração, inchaço e empenamento;
acabamento e pintura (superfície);
capacidade de retenção de pregos, parafusos;
capacidade de retenção de conectores dentados estampados (CDE);
resistência a insetos e fungos;
aparência e desenho;
odor;
tenacidade.
Densidade
Densidade de um material é a relação entre a massa e o volume desse
material, dada pela fórmula:
D = M .
V
(D = densidade; M = massa; V = volume)
Para a madeira tem-se como parâmetro a densidade básica, que é obtida
pela relação da massa absolutamente seca e o volume de madeira verde, dada
pela fórmula:
Db = Mas .
Vv
(Db = densidade básica; Mas = massa absolutamente seca ; Vv = volume
verde)
Uma peça de madeira pesada é geralmente mais resistente do que uma
peça mais leve na mesma umidade, tanto da mesma espécie como de espécies
diferentes. A umidade é fator importante na comparação da massa, que deve ser
feita com umidade uniforme. A densidade tem efeito na transmissão de calor, ou
35
seja, quanto menos densa a madeira, melhor é a capacidade de isolamento. A
trabalhabilidade, a secagem e a retratibilidade são propriedades diretamente
relacionadas à densidade. A densidade (peso maior) pode afetar também os
custos de transporte e manipulação do material.
Dureza
Dureza é uma qualidade importante em pisos, móveis, batentes e
soleiras. A dureza determina a resistência da superfície ao corte, riscamento e
indentação. Madeiras mais duras resistem ao desgaste, sofrendo menos
esmagamento sob pressão e recebem melhor o polimento. Como desvantagens
de madeiras duras têm-se a dificuldade de corte e a utilização de pregos e
parafusos, com grande probabilidade de rachaduras nesses procedimentos.
Resistência à flexão
A resistência à flexão é a capacidade que peças de madeira na posição
horizontal ou moderadamente inclinadas e apoiadas têm de suportar cargas,
sendo apoiadas em dois ou mais suportes. São elas: vigas de piso e telhado,
vergas, barrotes, caibros, etc.
Resistência a flambagem
A flambagem é caracterizada pela deformação causada em peças de
madeira submetidas à compressão no sentido do comprimento. Estas peças são,
geralmente, pilares e membros verticais de secção circular, retangular ou
quadrada. Deve-se, portanto, dimensionar peças muito longas e delgadas não
somente pela resistência à compressão, mas também pela rigidez e flambagem.
36
Rigidez
A medida da resistência à deformação por flexão sob uma carga é
chamada de rigidez. Em vigas e barrotes de piso e de forro, a rigidez deve ser
considerada, pois a deflexão, ou selamento, entre os materiais deve ser mantida
ao mínimo, para evitar trincas em gesso e estuque ou vibrações do assoalho. Em
vigas esbeltas, laterais de escadas e prateleiras, a rigidez também deve ser
observada.
Facilidade de trabalho
Embora madeiras mais duras e densas tenham maior resistência,
apresentam também maior dificuldade de trabalho. Uma boa equipe de
carpinteiros e marceneiros e ferramentas adequadas são condições que podem
melhorar o aproveitamento e otimizar as propriedades e características com
relação às necessidades impostas ao uso. Devem-se evitar madeiras
excessivamente difíceis de trabalhar ou madeiras de crescimento anormal, como
madeira de reação.
De acordo com Burger & Richter (1991), árvores que se desenvolvem
sob efeito de esforços externos contínuos formam tipos especiais de lenho,
provavelmente devido a um estímulo assimétrico de hormônios de crescimento,
visando compensar o esforço imposto. Este tipo especial de lenho tem o nome
genérico de lenho de reação (ou madeira de reação). Nas gimnospermas, o lenho
de reação surge sempre na porção sujeita à compressão, (lenho de compressão),
enquanto que nas angiospermas dicotiledôneas este se localiza na zona
tracionada (lenho de tração).
Em vários países, são utilizadas na construção de casas, madeiras de
coníferas que são, em geral, mais fáceis de trabalhar. Porém, a facilidade de
trabalhar com a madeira depende das espécies e das características intrínsecas
das mesmas, o se podendo generalizar. Para diversos usos, a facilidade de
37
trabalho não é tão importante, porém, para outros a madeira mais difícil de
trabalhar pode afetar a qualidade e o custo do trabalho.
2.3.1.1 Caracterização da rigidez da madeira
A caracterização completa da rigidez da madeira é feita por meio da
determinação dos seguintes valores, que devem ser referidos à condição padrão
de umidade (U=12%, umidade alcançada segundo normas em condições de 20ºC
e 65% UR – umidade relativa), com a realização de pelo menos dois ensaios:
Valor médio do módulo de elasticidade na compressão paralela (E
c0,m
).
Valor médio do módulo de elasticidade na compressão normal (E
c90,m
).
Caracterização simplificada
É importante conhecer as características físicas e mecânicas para um
melhor e mais adequado aproveitamento desse material. De acordo com a NBR
7190:1997 a caracterização simplificada pode ser feita apenas na compressão
paralela às fibras:
Valor médio do módulo de elasticidade na compressão paralela (E
c0,m
).
Na direção normal vale a relação: E
c90,m
= (1/20) E
c0.
Caso não seja possível a realização de ensaios de compressão paralela,
podem-se adotar correlações com valores do módulo de elasticidade na flexão.
Visando a padronização das propriedades da madeira, a norma adota o
conceito de classes de resistência, propiciando, assim, a utilização de várias
espécies com propriedades similares em um mesmo projeto. Para isso, o lote de
madeira deverá ser classificado e o revendedor deverá apresentar certificados de
laboratórios idôneos, que provem as propriedades do lote dentro de uma das
classes de resistência.
38
TABELA 1 Classes de resistência das coníferas
Coníferas (Valores na condição padrão de referência U-12%)
Classe f
cok
(MPA)
f
vk
(MPA)
E
co,m
(MPA)
bas
(kg/m
3
)
aparente
(kg/m
3
)
C 20
C 25
C 30
20
25
30
4
5
6
3.500
8.500
14.500
400
450
500
500
550
600
Fonte: ABNT adaptada da NBR 7190:1997
TABELA 2 Classes de resistência das dicotiledôneas
Dicotiledôneas (Valores na condição padrão de referência U-12%)
Classe f
cok
(MPA)
f
vk
(MPA)
E
co,m
(MPA)
bas
(kg/m
3
)
aparente
(kg/m
3
)
C 20
C 30
C 40
C 60
20
30
40
60
4
5
6
8
9.500
14.500
19.500
24.500
500
650
750
800
650
800
950
1.000
Fonte: ABNT adaptada da NBR 7190:1997
Sendo:
f
cok =
Compressão paralela característica
f
vk =
Cisalhamento paralelo característico
E
co,m =
Módulo de elasticidade
bas =
Densidade básica
aparente =
Densidade aparente
No caso da utilização de uma espécie em particular, com sua
identificação correta, e não sendo possível a classificação do lote para obtenção
39
das propriedades, podem-se utilizar os valores apresentados na Tabela 3., onde
podem se observar valores médios usuais de resistência e rigidez de algumas
madeiras nativas e de florestamento.
TABELA 3 Valores médios de resistência e rigidez madeiras nativas e de
florestamento
Nome comum
Nome científico
apt
(12%)
(kg/m
3
)
f
c0
(MPa)
f
t0
(MPa)
f
t90
(MPa)
f
v
(MPa)
E
c0
(MPa)
n
Angelim Araroba Votaireopsis
araroba
688 50,5 69,2 3,1 7,1 12876 15
Angelim Ferro Hymenolobium ssp
1170 79,5 117,8 3,7 11,8 20827 20
Angelim Pedra Hymenolobium
petrtaeum
694 59,8 75,5 3,5 8,8 12912 39
Angelim Pedra
Verdadeiro
Dinizia excelsa
1170 76,7 104,9 4,8 11,3 16694 12
Branquilho Termilalia ssp
803 48,1 87,9 3,2 9,8 13841 10
Cafearana Andira ssp
677 59,1 79,7 3,0 5,9 14098 11
Canafistula Cassia ferruginea
871 52,0 84,9 6,2 11,1 14613 12
Casca Grossa Vochysia ssp
801 56,0 120,2 4,1 8,2 16224 31
Castelo Gossypiospermum
praecox
759 54,8 99,5 7,5 12,8 11105 12
Cedro Amargo Cedrella odorata
504 39,0 58,1 3,0 6,1 9839 21
Cedro Doce Cedrella ssp
500 31,5 71,4 3,0 5,6 8058 10
Champagne Dipterys odorata
1090 93,2 133,5 2,9 10,7 23002 12
Cupiúba Goupia glabra
838 54,4 62,1 3,3 10,4 13627 33
Catiúba Qualea paraensis
1221 83,8 86,2 3,3 11,1 19426 13
E. Alba Eucapyptus alba
705 47,3 69,4 4,6 9,5 13409 24
E. Camaldulensis Eucapyptus
camaldulensis
899 48,0 78,1 4,6 9,0 13286 18
E. Citriodora
Eucapyptus
citriodora
999 62,0 123,6 3,9 10,7 18421 68
E. Cloeziana
Eucapyptus
cloenziana
822 51,8 90,8 4,0 10,5 13963 21
E. Grandis
Eucapyptus grandis
640 40,3 70,2 2,6 7,0 12813 10
3
E. Maculata
Eucapyptus
maculata
931 63,5 115,6 4,1 10,6 18099 53
E. Maidene
Eucapyptus maidene
924 48,3 83,7 4,8 10,3 14431 10
E. Microcorys
Eucapyptus
microcorys
929 54,9 118,6 4,5 10,3 16782 31
E. Paniculata
Eucapyptus
paniculata
1087 72,7 147,4 4,7 12,4 19881 29
(...continua...)
40
TABELA 3, Cont.
Nome comum
Nome científico
apt
(12%)
(kg/m
3
)
f
c0
(MPa)
f
t0
(MPa)
f
t90
(MPa)
f
v
(MPa)
E
c0
(MPa)
n
E. Propinqua
Eucapyptus
propinqua
952 51,6 89,1 4,7 9,7 15561 63
E. Punctata
Eucapyptus
punctata
948 78,5 125,6 6,0 12,9 19360 70
E. Saligna
Eucapyptus saligna
731 46,8 95,5 4,0 8,2 14933 67
E. Tereticornis
Eucapyptus
tereticornis
899 57,7 115,9 4,6 9,7 17198 29
E. Triantha
Eucapyptus triantha
755 53,9 100,9 2,7 9,2 14617 08
E. Umbra
Eucapyptus umbra
889 42,7 90,4 3,0 9,4 14577 08
E. Urophylla Eucapyptus
urophylla
739 46,0 85,1 4,1 8,3 13166 86
Garapa Roraima Apuleia leiocarpa
892 78,4 108,0 6,9 11,9 18359 12
Guaiçara Luetzelburgia ssp
825 71,4 115,6 4,2 12,5 14624 11
Guarucaia Peltophorum
vogelianum
919 62,4 70,9 5,5 15,5 17212 13
Ipê Tabebuia
serratifolia
1068 76,0 96,8 3,1 13,1 18011 22
Jatobá Hymenaea ssp
1074 93,3 157,5 3,2 15,7 23607 20
Louro Preto Ocotea ssp
684 56,5 111,9 3,3 9,0 14185 24
Maçaranduba Manilkara ssp
1143 82,9 138,5 5,4 14,9 22733 12
Mandioqueira Qualea ssp
856 71,4 89,1 2,7 10,6 18971 16
Oiticica Amarela Clarisia racemosa
756 69,9 82,5 3,9 10,6 14719 12
Pinus caribea Pinus caribea var.
caribea
579 35,4 64,8 3,2 7,8 8431 28
Pinus bahamensis Pinus caribea var.
bahamensis
537 32,6 52,7 2,4 6,8 7110 32
Pinus hondurensis Pinus caribea var.
hondurensis
535 42,3 50,3 2,6 7,8 9868 99
Pinus elliottii Pinus elliottii var.
elliottii
560 40,4 66,0 2,5 7,4 11889 21
Pinus oocarpa Pinus oocarpa
shiede
538 43,6 60,9 2,5 8,0 10904 71
Pinus taeda Pinus taeda L.
645 44,4 82,8 2,8 7,7 13304 15
Quarubarana Erisma uncinatum
544 37,8 58,1 2,6 5,8 9067 11
Sucupira Diplotropis ssp
1106 95,2 123,4 3,4 11,8 21724 12
Tatajuba Bagassa guianensis
940 79,5 78,8 3,9 12,2 19583 10
Fonte: ABNT adaptada da NBR 7190:1997
Sendo:
apt
(12%) (kg/m
3
) = massa específica aparente a 12% de umidade
f
c0
(MPa) = resistência à compressão paralela às fibras
f
t0
(MPa) = resistência à tração paralela às fibras
f
c90
(MPa) = resistência à tração normal às fibras
f
v
(MPa) = resistência ao cisalhamento
E
c0
(MPa) = módulo de elasticidade longitudinal (obtido no ensaio de
compressão paralelo às fibras)
n = número de corpos de prova ensaiados
41
Os valores apresentados na Tabela 3 são valores médios das
propriedades. Os valores foram obtidos de ensaios realizados no Laboratório de
Madeiras e Estruturas de Madeira (LaMEM) da Escola de Engenharia de São
Carlos (EESC) da Universidade de São Paulo.
Com base nos dados e informações das tabelas anteriores, é possível
orientar a escolha da madeira de acordo com o tipo de uso. As variações dos
valores de resistência à tração, compressão, cisalhamento e módulo de
elasticidade consideram a direção dos esforços aplicados. Observa-se, na Tabela
3, que madeiras da mesma família, porém, de espécies diferentes, apresentam
características muito diferentes.
Pode-se observar na Tabela 3 que a madeira de E. Grandis e a de
E. Paniculata (da mesma família, porém de espécies diferentes), apresentam
massas específicas muito diferentes, 640 kg/m
3
e 1087 kg/m
3
, respectivamente.
Na mesma tabela, pode-se observar que, embora os valores de massa específica
não variem muito, existe grande variação de espécie para espécie na família
Pinus para resistência à compressão e à tração, tanto paralela quanto normal às
fibras. Dessa forma, a madeira pode ser direcionada tendo como base as
características das espécies dentro de uma mesma família, para o uso adequado
que solicita a madeira de forma específica de acordo com suas propriedades.
Todos os fatores relacionados nas tabelas têm papel importante no
cálculo de estruturas, onde aparecem como índices de segurança e interferem na
determinação dos vãos e seções dos componentes dessas estruturas.
Se, por um lado, as características acima são determinantes no cálculo
estrutural, as classes de carregamento também interferem no cálculo e escolha da
madeira, tipo de estrutura, seções e vãos.
42
A qualidade da madeira é definida pela combinação das características
anatômicas, químicas, físicas e mecânicas de uma tora comercial ou parte dela,
que levam a um melhor aproveitamento, ou uso final.
2.3.1.2 Critérios de dimensionamento
Serão tratados aqui alguns itens importantes que devem ser observados
no dimensionamento de estruturas das peças de madeira. É essencial observar-se
aspectos relacionados a segurança, agentes destruidores, tratamentos,
preservação e sistemas construtivos. Adotam-se nas normas, como princípio,
algumas hipóteses para orientação do calculista. Como referência, no Brasil a
ABNT, na NBR 7190:1997, considera:
- hipótese básica de segurança: são chamados estados limites os estados
assumidos pela estrutura, a partir dos quais apresenta desempenhos inadequados
às finalidades da construção;
- estados limites últimos: estados que por sua simples ocorrência,
determinam a paralisação, no todo ou em parte, do uso da construção;
- estados limites de utilização: estados que, por sua ocorrência, repetição
ou duração, causam efeitos estruturais que não respeitam as condições
especificadas para o uso normal da construção, ou que são indícios de
comprometimento da durabilidade da construção;
43
- ações: a norma brasileira NBR 8681:2003 (ações e segurança nas
estruturas) define ações como as causas que provocam esforços ou deformações
nas estruturas. As ações podem ser de três tipos:
ações permanentes: são aquelas que apresentam pequena variação
durante praticamente toda a vida da construção;
ações variáveis: ao contrário das ações permanentes, as ações
variáveis apresentam variação significativa durante a vida da
construção, como por exemplo, o vento;
ações excepcionais: são aquelas que apresentam duração
extremamente curta e com baixa probabilidade de ocorrência,
durante a vida da construção.
Para a elaboração de projetos, as ações devem ser combinadas, com a
aplicação de coeficientes sobre cada uma delas, para levar em conta a
probabilidade de ocorrência simultânea. A aplicação das ações deve ser feita de
modo a se conseguirem as situações mais críticas para a estrutura.
- classes de carregamento: é importante saber o tipo de carga ou
carregamento que será aplicado ou será suportado pela estrutura. As classes de
carregamento de qualquer combinação de ações são definidas pela duração
acumulada prevista para a ação variável tomada como principal na combinação.
As classes de carregamento estão especificadas no Quadro 1.
44
QUADRO 1 Classes de carregamento
Ação variável principal da combinação
Classe de
carregamento
Duração acumulada
Ordem de grandeza da
duração acumulada da
ação característica
Permanente
Longa duração
Média duração
Curta duração
Duração instantânea
Permanente
Longa duração
Média duração
Curta duração
Duração instantânea
Vida útil da construção
Mais de 6 meses
1 semana a 6 meses
Menos de 1 semana
Muito curta
Fonte: ABNT. Adaptado de NBR 7190:1997
Tipos de carregamentos
Carregamento normal
Um carregamento é normal quando inclui apenas as ações decorrentes do
uso previsto para construção; é considerado de longa duração e deve ser
verificado nos estados limites últimos e de utilização.
Como exemplo citam-se, para coberturas, a consideração do peso
próprio e do vento e, para pontes, o peso próprio juntamente com trem-tipo.
Carregamento especial
Neste carregamento estão incluídas as ações variáveis de natureza ou
intensidade especiais, superando os efeitos considerados para um carregamento
normal. Como, por exemplo, o transporte de um equipamento especial sobre
uma ponte que supere o carregamento do trem-tipo considerado.
A classe de carregamento é definida pela duração acumulada prevista
para a ação acumulada variável especial.
45
Carregamento excepcional
Na existência de ações com efeitos catastróficos, o carregamento é
definido como excepcional e corresponde à classe de carregamento de duração
instantânea. Como exemplo, tem-se a ação de um terremoto.
Carregamento de construção
Outro caso particular de carregamento é o de construção, em que os
procedimentos de construção podem levar a estados limites últimos, como por
exemplo, o içamento de uma treliça.
Determina-se a classe de carregamento pela duração acumulada da
situação de risco.
Situações de projeto
São três as situações de projeto que podem ser consideradas: duradouras,
transitórias e excepcionais.
Nas situações duradouras são verificados os estados limites últimos e de
utilização, devem ser consideradas em todos os projetos e têm a duração igual ao
período de referência da estrutura. Para os estados limites últimos, consideram-
se as combinações normais de carregamento, enquanto que, para os estados
limites de utilização, devem ser verificadas as combinações de longa ou média
duração.
Quando a duração for muito menor que o período de vida da construção,
tem-se uma situação transitória. Deve ser verificada quando existir um
carregamento especial para a construção e, na maioria dos casos, pode-se
verificar apenas estados limites últimos. Caso seja necessária a verificação dos
46
estados limites de utilização, ela deve ser feita com combinações de média e
curta duração.
As situações com duração extremamente curta o consideradas
excepcionais e somente são verificadas para os estados limites últimos.
Coeficientes de modificação
Os coeficientes de modificação afetam os valores de cálculos de
propriedades da madeira em função da classe de carregamento da estrutura, da
classe de umidade e da qualidade da madeira utilizada.
O coeficiente de modificação é determinado pela expressão a seguir:
Kmod = Kmod,1 . Kmod,2 . Kmod,3
Na Tabela 4 estão apresentados os coeficientes de modificação Kmod,1 ,
que levam em conta a classe de carregamento e o tipo de material empregado.
TABELA 4 Valores dos coeficientes de modificação Kmod,1
TIPOS DE CARREGAMENTO
Classes de
carregamento
Madeira serrada
Madeira laminada colada
Madeira compensada
Madeira recomposta
Permanente 0,60 0,30
Longa duração 0,70 0,45
Média duração 0,80 0,65
Curta duração 0,90 0,90
Instantânea 1,10 1,10
Fonte: ABNT. Adaptado de NBR 7190:1997
Na Tabela 5 estão apresentados os coeficientes de modificação Kmod,2 ,
que levam em conta a classe de umidade e o tipo de material empregado.
47
TABELA 5 Valores dos coeficientes de modificação Kmod,2
TIPOS DE CARREGAMENTO
Classes de umidade
Madeira serrada
Madeira laminada colada
Madeira compensada
Madeira recomposta
(1) e (2)
(3) e (4)
1,0
0,8
1,0
0,9
Fonte: ABNT. Adaptado de NBR 7190:1997
As classes de umidade estão listadas na Tabela 6.
TABELA 6 Classes de umidade
Classes de umidade
Umidade relativa do
ambiente (Uamb)
Umidade de equilíbrio
da madeira (Ueq)
1 < 65% 12%
2 65% < Uamb < 75% 15%
3 75% < Uamb < 85% 18%
4 Uamb > 85%
durante longos períodos
> 25%
Fonte: ABNT. Adaptado de NBR 7190:1997
O coeficiente de modificação Kmod,3 leva em conta a categoria da
madeira utilizada. Para madeira de primeira categoria, ou seja, aquela que
passou por classificação visual para garantir a isenção de defeitos e por
classificação mecânica para garantir a homogeneidade da rigidez, o valor de
48
Kmod,3 é 1,0. Caso contrário, a madeira é considerada como de segunda
categoria e o valor de Kmod,3 é 0,8.
Para o caso particular das coníferas, deve-se adotar o valor de 0,8 para
levar-se em conta a presença de nós não detectáveis pela inspeção visual.
2.3.2. Tratamento e preservação da madeira
2.3.2.1 Classificação da madeira com relação às situações de utilização
Na natureza (ao ar livre) a madeira é sempre degradável e apenas o ritmo
de deterioração e a maneira como isso acontece são diferentes para as diferentes
espécies de madeira (Van Acker & Stevens, 1997). As árvores têm mecanismos
de proteção que evitam a degradação da madeira enquanto vivas, são inseticidas
e fungicidas naturais, quimicamente denominados de extrativos, que impregnam
as células e os tecidos que formam a madeira. Estes são mais concentrados no
cerne e são, muitas vezes altamente tóxicos e promovem a proteção da madeira
de forma muito eficaz. A madeira de árvores vivas é mantida num nível de
saturação máximo que dificulta a proliferação de agentes degradantes. A casca
das árvores também tem função protetora.
Diferentes espécies apresentam características particulares quanto à
durabilidade diante de agentes degradantes. A resistência a fungos e insetos
varia de espécie para espécie, determinando o grau de durabilidade natural e os
níveis de resistência ao apodrecimento. Os riscos potenciais, ou seja, as
condições adversas em que a madeira pode se encontrar em diferentes situações,
são o segundo fator determinante da resistência da madeira contra os agentes
degradantes. A combinação de ambos os fatores demanda a escolha de espécies
propícias e que tenham as melhores características adequadas a essas exigências.
Uma chave para o uso satisfatório da madeira como material de
construção é a compreensão dos agentes e das condições que podem levar à
49
deterioração. Construções de madeira, quando corretamente projetadas e
construídas, podem durar por centenas de anos (Haygreen & Bowyer, 1989).
Considerando-se que o processo de análise pode proporcionar um
direcionamento, entender que a complexidade envolvendo a durabilidade natural
das diversas espécies de madeira, os diferentes riscos de deterioração de acordo
com as características do uso e as diferentes formas de tratamento preservativo
da madeira, sugere a criação de uma metodologia que permita a tomada de
decisões para a seleção e tratamentos adequados aos eventuais usos.
O Quadro 2 apresenta as classes de durabilidade da madeira, de acordo
com a norma européia EN 350-2:1994, na qual se pode observar as diferentes
classes de durabilidade.
QUADRO 2 Classificação para durabilidade natural da madeira
Estimativa da vida útil em zonas
temperadas considerando apenas o
apodrecimento por fungos
Classe de
durabilidade
Descrição
Em contato com o
solo
Fora do contato
com o solo
1 Muito durável Mais de 25 anos Mais de 50
anos
2 Durável 15 a 25 40 a 50
3 Moderadamente
durável
10 a 15 25 a 40
4 Não durável 5 a 10 12 a 25
5 Perecível Menos de 5 anos 6 a 12 anos
Fonte: Norma Européia - (EN 350-2:1994). Adaptado de Ponce (1997).
50
Pode-se observar que a diferença entre a durabilidade da madeira em
contato com o solo e outra que não esteja em contato com o solo é de
aproximadamente o dobro, significando que este fato é relevante para a
determinação da classe de durabilidade.
No Quadro 3 podem-se observar as situações de risco, que são divididas
em cinco classes de acordo com as condições de uso.
QUADRO 3 Classes de risco e situações de uso
Classes de risco Situações gerais de uso
1 Livre de contato com o solo, sob cobertura e seco
2 Livre de contato com o solo, sob cobertura, risco de
umedecimento
3 Livre de contato com o solo, ao ar livre
4 Em contato com o solo ou água doce
5 Em contato com água salgada
Fonte: Norma Européia (EN 335-11:2002). Adaptado de Ponce (1997).
A madeira pode apresentar mais ou menos risco de ser atacada conforme
as condições de uso. Com relação à classe 5, que é a de maior risco, a madeira
está em contato com a água salgada apresentando risco de ataque por brocas
marinhas, além do ataque de fungos na linha d’água. Na classe 4, o risco ocorre
não devido à exposição da madeira à água, mas sim à intermitência desse
contato. A linha de terra ou linha d’água é o ponto de maior propensão de
ocorrência de ataque de fungos e insetos e conseqüente deterioração. Na classe
3, embora não estando em contato direto com o solo, a exposição ao ar livre, sob
a ação do sol e da chuva e condensação de vapor, coloca a madeira num
ambiente instável que proporciona a alteração da umidade e conseqüente ataque.
51
Embora sujeita a possíveis umedecimentos, na classe 2 a madeira está livre do
contato com o solo, o que seria um item relevante na susceptibilidade ao ataque
de agentes deteriorantes. A classe 1 é a de menor risco, na qual a madeira está
livre de contato com o solo e livre de umedecimentos quaisquer. Nestas
condições, as possibilidades de apodrecimento são praticamente inexistentes.
Devem-se buscar estas condições para que se possa ter o melhor desempenho da
madeira como material. Faz-se necessária a combinação das duas classificações,
o que permite uma tomada de decisão mais apropriada. O Quadro 4 apresenta
esta classificação combinada.
52
QUADRO 4 Guia de classes de durabilidade para usos nas várias classes de
risco.
Classes de durabilidade Classes de
risco
1 2 3 4 5
1 0 0 0 0 0
2 0 0 0 (0) (0)
3 0 0 (0) (0) – (X) (0) – (X)
4 0 (0) (X) X X
5 0 (X) (X) X X
CHAVE
0 Durabilidade natural é suficiente.
(0) Durabilidade natural é normalmente suficiente, mas para certos
usos, o tratamento pode ser recomendável.
(0) – (x) Durabilidade natural pode ser suficiente, mas dependendo da
espécie da madeira, sua permeabilidade e uso final, o tratamento
preservativo pode ser necessário.
(x) Tratamento preservativo é normalmente recomendável, mas para
certos usos finais, a durabilidade natural pode ser suficiente.
x Tratamento preservativo é necessário.
Fonte: Norma Européia (EN 460:1994). Adaptado de Ponce (1997).
Pode-se observar, por meio dos dados do Quadro 4, que a utilização da
madeira de todas as classes de durabilidade é possível, inclusive sem tratamento,
nas classes de menor risco. O projeto nesse sentido pode permitir a alteração da
53
exposição da madeira a condições adversas como, por exemplo, contato com o
solo, permitindo que a situação de risco seja a menor possível.
A proteção química ou preservação da madeira somente deve ser
considerada quando útil e necessária e não quando é uma possibilidade, (Van
Acker & Stevens, 1997). Deve-se conhecer todos os riscos e as propriedades das
madeiras, e de cada espécie em particular, para que os tratamentos preservativos
sejam empregados somente quando realmente necessários, pois podem causar
efeitos colaterais ao homem e ao ambiente. Alternativas de proteção mecânica
como, por exemplo, o envelopamento superficial quando existe contato com o
solo e a utilização de coberturas e acabamentos superficiais são alternativas ao
uso de preservativos, com tanta ou maior eficácia dependendo do risco.
2.3.2.2 Agentes destruidores da madeira
Além do fogo, que não necessariamente é o fator mais catastrófico de
destruição da madeira, existem outros fatores químicos e mecânicos que
contribuem para o intemperismo da superfície exposta. Luz ultravioleta, abrasão
mecânica, agentes químicos e produtos de corrosão de metais podem causar a
degradação da madeira ao redor de pregos e outros conectores metálicos, por
exemplo.
Fungos
Componentes como carboidratos e lignina são alimento para uma
enorme quantidade de fungos, seres que não são capazes de produzir sua própria
alimentação pois não possuem clorofila. De acordo com as características dos
danos causados a madeira, os fungos podem ser divididos em três classes
principais: apodrecedores, manchadores e emboloradores. Tanto os fungos
emboloradores, quanto os manchadores, não têm efeito muito importante sobre a
resistência e integridade sica da madeira, prejudicando principalmente a
54
aparência. Porém fungos apodrecedores causam danos irreparáveis a estrutura
celular dos tecidos comprometendo as propriedades físicas e mecânicas da
madeira, devido principalmente ao amolecimento e enfraquecimento,
conseqüentes da perda de densidade. A temperatura e a umidade são fatores
intrínsecos ao desenvolvimento e proliferação desses agentes.
Insetos
Três categorias de insetos podem ser enumeradas que causam problemas
e atacam a madeira: os térmitas ou cupins, os coleópteros ou besouros e as
formigas carpinteiras.
Xilófagos marinhos
Os organismos deterioradores marinhos são divididos em dois grupos: os
incrustantes e os perfurantes, caracterizados por crustáceos e moluscos.
2.3.3 Preservação
De acordo com Haygreen & Bowyer (1989), existem diversas
características e exigências para produtos preservativos: toxidez para a maior
abrangência de organismos degradadores, alto grau de permanência (baixa
volatilidade, resistência à lixiviação e estabilidade química), habilidade para
penetrar na madeira, não corrosivo, seguro para manusear e ser economicamente
viável.
2.3.3.1 Classificação dos preservativos
A classificação dos preservativos segue os seguintes padrões:
Preservativos oleosos
O creosoto é o mais importante dos preservativos oleosos. Dois são os
tipos segundo a origem: creosoto de alcatrão de hulha e creosoto de madeira. O
55
creosoto de hulha pode ser considerado o mais eficiente para a preservação da
madeira contra todos os organismos xilófagos. Porém, esta sendo ameaçado
por preservativos mais recentes. A alta toxicidade para organismos destruidores
da madeira, relativa insolubilidade em água e baixa volatilidade, ser fácil de
aplicar e de verificar sua penetração e custo relativamente baixo, são as
vantagens mais relevantes do creosoto. O cheiro intenso e a dificuldade de se dar
acabamento à madeira impregnada são desvantagens da utilização do creosoto.
Para fundações, vigamentos inferiores ou externos onde esses efeitos
inconvenientes não são prejudiciais, justifica-se sua utilização. O creosoto de
madeira é pouco empregado devido à pouca disponibilidade do produto.
Preservativos oleossolúveis
São produtos químicos que requerem dissolução em óleo. O
pentaclorofenol é o mais importante, porém sua toxidez e persistência no
ambiente não justificam o seu uso. No Brasil este produto já caiu no desuso. O
óxido de Bis (tributil-estano) TBTO é um fungicida geralmente dissolvido em
solventes orgânicos leves, tem um custo muito alto, mas é bastante eficiente.
Preservativos hidrossolúveis
Atualmente são utilizados preservativos compostos por várias
substâncias. Os mais comuns são: arseniato de cobre amoniacal (ACA), cromato
ácido de cobre (ACC), cloreto cromatado de zinco (CZC) e arseniato cromatado
de cobre (CCA), que são considerados como mais resistentes do que outros
preservativos hidrossolúveis, pois, reagem com substâncias da madeira após o
tratamento, formando compostos resistentes à lixiviação. O CCA é um dos
preservativos mais utilizados atualmente, havendo várias composições de acordo
com os vários fabricantes. Tem coloração esverdeado-claro, permite pintura e,
após a fixação na madeira, apresenta boa estabilidade e permanência.
56
Os compostos de boro, ou boratos, além de propriedades fungicidas e
inseticidas, possuem também propriedades ignífugas. Não é muito resistente à
lixiviação, não devendo ser utilizado em contato com o solo. Os boratos
aplicados com tratamentos sob pressão estão em larga utilização em diversos
países.
Mudanças nos inseticidas estão sendo motivadas por razões de controle
ambiental ou por efeitos tóxicos em geral. Produtos como o DDT, Aldrin e BHC
foram retirados do mercado devido à sua toxicidade. Recentemente também
foram excluídos os organoclorados.
Novos tipos de preservativos surgiram, ultimamente, com características
de menor toxicidade para mamíferos. Os piretróides, originariamente baseados
no extrato natural de crisântemo, atualmente são produzidos sinteticamente.
Os boratos
As toras e componentes de madeira podem ser tratados sob alta pressão e
borato de sódio (aprovado pela (Environmental Protection Agency agência de
proteção ambiental EPA/EUA ). Com adequação ambiental, sem odor e sem
coloração, é um produto de preservação utilizado industrialmente.
Este processo de tratamento proporciona tratamento para madeira com
relação à decomposição e ataque insetos
2.3.3.2 Métodos de preservação
A eficácia do tratamento e preservação depende do método utilizado,
uma vez tendo o preservativo como suficientemente tóxico para o fim desejado.
Os métodos utilizados para aplicar preservativos químicos líquidos podem variar
em simplicidade e eficácia, desde o pincelamento até processos de vácuo e
pressão.
57
Os tratamentos do tipo banho de imersão, pincelamento e pulverização
são os menos efetivos, porém, podem ser adequados para certas condições de
risco e uso, por permitirem penetração apenas superficial.
Os métodos de tratamento comercialmente mais utilizados são os que
usam pressão e vácuo. Estes tratamentos exigem equipamentos específicos, tais
como autoclave, bomba de transferência, bomba de pressão e bomba de vácuo.
São necessários tanques reservatórios, tubulações, instrumentos de controle e
instalações construídas adequadamente para evitar contaminação do solo e das
águas. Existem dois tipos básicos de tratamento, os de “célula cheia” e os de
“célula vazia”, e se referem à quantidade de líquido preservativo que permanece
na madeira tratada após o tratamento.
2.3.3.3 Retardantes de fogo
Existem dois métodos disponíveis para tratamento de retardamento de
fogo: impregnação e recobrimento. O método de impregnação é mais efetivo e
duradouro. A impregnação é usada no tratamento de madeiras permeáveis, antes
da construção e o método de recobrimento é usado em estruturas existentes ou
com madeiras não permeáveis.
No tratamento de impregnação, soluções aquosas são injetadas por
pressão usando-se o método de lula cheia, por meio dos mesmos
equipamentos dos tratamentos preservativos. Para que a madeira seja
considerada igual a materiais “não combustíveis”, o retardante deve penetrar
completamente em toda a seção (Koch, 1972).
Os principais produtos retardantes de fogo são: cloreto de amônia,
fosfato de amônio, tetraborato de sódio, ácido bórico, cloreto de magnésio,
fosfato de magnésio, cloreto de zinco, dicromato de sódio, fosfato diamônico e
diversas misturas entre eles.
58
Os produtos de recobrimentos apresentam-se solúveis em água e em
óleo. Serão empregados conforme o uso e o tipo de acabamento a ser aplicado
sobre a superfície.
2.3.4 Sistemas construtivos
De acordo com informações do Projeto Habitar da UFMG (2004), que é
composto por um banco de dados que sistematiza e avalia conhecimentos sobre
materiais e processos e sistemas construtivos, chama-se Sistema Construtivo ao
conjunto de materiais, técnicas, componentes e elementos empregados na
construção de edifícios.
Sistemas construtivos abertos são aqueles desenvolvidos a partir de um
elenco de elementos e componentes da construção (paredes, lajes, coberturas,
janelas, portas), os quais podem ser combinados em diferentes soluções
arquitetônicas em que se variam a quantidade, dimensões e disposição dos
diversos cômodos.
Sistemas construtivos convencionais são sistemas em que seus principais
elementos (paredes, lajes e coberturas) são executados no canteiro de obras e
utilizam-se de técnicas e materiais construtivos convencionais, como tijolos,
concreto, madeira, telhas cerâmicas e telhas de fibrocimento.
Sistemas construtivos fechados são aqueles desenvolvidos a partir de um
projeto arquitetônico único, que lhe serve de modelo. Os sistemas fechados não
permitem variações na disposição e nas dimensões dos modos, das janelas,
das portas ou de qualquer componente da moradia. Podem ser:
racionalizados: são sistemas em que um ou mais elementos que
compõem a obra são industrializados, isto é, vêem prontos de
fábrica, mas que no entanto têm como característica
predominante o uso de materiais e modo de execução
convencionais;
59
Industrializados: são sistemas totalmente fabricados fora do
canteiro e ali transportados para montagem e acabamento final.
No Brasil existem poucos sistemas construtivos industrializados,
além das tradicionais casas de madeira;
2.3.4.1 Sistemas com painéis de madeira
Descrição geral
Trata-se de um sistema construtivo com painéis tipo wood wall panel
(painel de parede de madeira), constituídos de miolo de madeira sarrafeada,
contraplacado em ambas as faces por lâminas de madeira ou chapas lisas
prensadas de fibrocimento, ou chapas de madeira recomposta.
Tais painéis podem ser ou não estruturais, possibilitando sua utilização
com perfis (pilares ou vigas) metálicos, de madeira ou concreto. As juntas entre
os painéis podem ser aparentes ou então dissimuladas.
Os painéis são produzidos pelo de processo de prensagem à alta
temperatura, utilizando resina fenólica.
As edificações usualmente possuem apenas um pavimento, podendo
chegar ao máximo de três.
Características
Fundações
As fundações podem ser de diversos tipos, conforme características do
terreno onde a obra será executada, em brocas, sapatas, etc., interligadas por
vigas baldrame.
Em edificações de menor porte, pode ser adotada fundação em laje do
tipo radier de concreto ou sapata corrida, prevendo-se concreto impermeável ou
proteções impermeabilizantes adequadas.
60
Estrutura
A estrutura é composta pelos painéis, com função estrutural ou por perfis
(pilares e vigas) metálicos, de concreto ou de madeira.
Os perfis e as vigas metálicas podem ser de chapa dobrada de aço
galvanizado ou perfilada pintada com tinta eletrostática em pó, alumínio
extrudado anodizado, madeira de alta resistência natural ou tratada ou, ainda,
concreto moldado "in loco" ou pré-moldado.
Instalações hidro-sanitárias e elétricas
Os tubos e conexões hidráulicos são embutidos em uma parede
hidráulica dupla removível tipo shaft (poço/coluna) ou aparentes.
As instalações elétricas, no sentido vertical, são embutidas nos painéis,
que possuem canaletas específicas para esse fim. No sentido horizontal, são
instaladas sobre o forro, dentro de eletrodutos. As ligações a partir do piso
podem ser previstas no projeto.
As instalações podem ser embutidas nos perfis de piso e teto, além dos
perfis verticais de união entre os painéis. Podem ser aparentes, embutidas ou em
eletrodutos de PVC específico.
Cobertura
A cobertura possui estrutura em tesouras pré-fabricadas (madeira ou
metálica) ou executada "in loco", fixadas por meio de cantoneiras nos próprios
painéis das paredes ou em estruturas auxiliares (vigas e cintas).
O telhado é executado em telhas de fibrocimento ou de barro.
Revestimento
Os painéis podem receber diversos tipos de revestimento. Nas áreas
molháveis deve haver proteções hidrofugantes, revestimento de pintura epóxi ou
azulejos.
61
2.3.4.1.1 Painéis de madeira – OSB
Segundo Ford-Robertson (1991) e Maloney (1996), OSB é um painel de
partículas de madeira orientadas e coladas com resina à prova d’água.
Oriented Strand Board (OSB) é um painel de madeira com uma liga de
resina sintética, feita de três camadas prensadas com tiras de madeira ou
"strands", alinhados em escamas, de acordo com a EN 300 OSB (Norma
Européia).
Conforme indicações do Portal Metálica (2003), soluções construtivas
mais eficientes sobre OSB (chapas de madeira recomposta de partículas
orientadas) são exigidas e isto significa:
menor custo;
mais qualidade;
rapidez e controle de execução das obras;
flexibilidade;
aproveitamento dos materiais;
redução de perdas;
produtos ecologicamente corretos.
A tendência é avançar por meio de sistemas construtivos cada vez mais
industrializados, nos quais os custos e tempo de execução estão absolutamente
sob controle. O OSB é um material que, em conjunto com perfis metálicos, e
outras tecnologias integradas já presentes no Brasil, possibilita a execução de um
inovador sistema de construção que é aplicado em todo o mundo, tanto para
residências de alto padrão quanto para casas populares, bem como para
construções comerciais leves.
62
Propriedades do material
Feitos predominantemente de madeira reflorestada, os painéis altamente
selecionados podem ser usados para determinados tipos de usos e variadas
aplicações.
O método especial de processamento dos strands (partículas alongadas
de madeira) e o alto nível de orientação dos strands com o grão nas camadas de
cima asseguram propriedades técnicas superiores. Dependendo do tipo da liga, o
OSB pode ser usado em condições secas (OSB/2) ou úmidas (OSB/3 e OSB 4),
de acordo com o DIN 68800-2 (Norma Alemã) (preservação da madeira).
A aplicação de cola líquida assegura um equilíbrio do conteúdo de
umidade similar à umidade predominante de 8 +/- 3%. Na Figura 3 pode-se
observar a utilização de painéis do tipo OSB na construção de habitações.
FIGURA 3 Painéis de madeira fixados em estrutura metálica
Matéria-prima
Madeira reflorestada e, principalmente, espécies florestais de rápido
crescimento, emulsão de parafina, resina de MUPF (resina fenólica, uréia formol
e melamina), água.
63
Vantagens
A engenharia do OSB foi concebida para oferecer uma resistência
mecânica superior, maior versatilidade de uso, grande durabilidade e uma
inquestionável trabalhabilidade.
O OSB é trabalhado como qualquer outro tipo de madeira: é fácil de
manusear e não exige tratamentos especiais, somente os cuidados exigidos por
outros painéis de madeira. Além disso, apresenta bom desempenho na maioria
das aplicações nas quais se usam os compensados de madeira. O OSB torna-se
uma escolha obrigatória em grande quantidade de aplicações, pela série de
vantagens que oferece.
A engenharia estrutural do OSB, além de sua excelente qualidade visual
e de superfície, permite uma ampla variedade de usos construtivos, tais como:
paredes e tetos;
base de pisos para a aplicação de carpetes, pisos de madeira, ladrilhos ou
azulejos;
tapumes e barracões de obras.
Um painel construtivo isolante estrutural é um produto projetado que
consiste de duas superfícies externas, geralmente OSB, com uma camada
interior de poliestireno. Separadamente, estes componentes não são estruturais,
até que sejam laminados sob pressão.
O conceito de construção com painéis, já existe desde 1930, e tem se
mostrado eficiente desde então. Na Figura 4, observa-se a construção com
painéis estruturais com reforços de pilares e vigas de madeira. Este tipo de
material pode ser usado em várias fases da construção como se pode observar na
Figura 4.
64
Paredes Pisos Junção da parede Forros/ telhados
FIGURA 4 Aplicações das placas de OSB
2.3.4.1.2 Painéis de madeira – MDF
O Medium Density Fiberboard (MDF) ou chapa de média densidade, é
um produto formado por processo seco, a partir de fibras lignocelulósicas
combinadas com resina sintética, ou outro tipo de adesivo. Os painéis são
produzidos por meio de uma prensagem a quente, produzindo uma densidade na
faixa entre 0,5 e 0,8 (Maloney, 1996)
2.3.4.2 Classificação dos sistemas construtivos
São diversos os sistemas construtivos existentes para habitação, sendo
vários os critérios para classificá-los.
65
Segundo o pesquisador Trigo (1978), existem alguns critérios que
classificam soluções construtivas, como se observam no Quadro 5, a seguir.
QUADRO 5 Critérios de classificação de soluções construtivas
Critério I – Grau de industrialização segundo Lewick (1965), citado por
trigo(1978)
Em ordem crescente de
grau de industrialização:
construção primitiva
construção tradicional artesanal
construção tradicional racionalizada
construção realizada com formas
industrializadas
construção por grandes elementos pré-
fabricados
Critério II – Material utilizado nas paredes
Critério baseado no material
adotado para a parede tendo em
vista o seu volume representativo
na edificação
madeira
pedra
tijolo
blocos de concreto
outros
Critério III – Tipologia da estrutura resistente
Critério que ressalta o tipo
estrutural resistente
estrutura reticulada
estrutura parede
Critério IV – Construção pesada, semi-leve e leve
Critério relacionado com o
peso do material empregado,
tanto na estrutura quanto nas
vedações
construção pesada: concreto
Construção leve: madeira e seus
derivados
(metal, plástico, gesso e fibrocimento,
podem ser enquadrados como materiais
leves)
Fonte: Trigo (1978)
No Quadro 5, os quatro critérios mostram que a madeira pode se
encaixar em todas as classificações, como sistema leve, estrutura resistente ou
66
como material de parede. Do ponto de vista de produção, os sistemas podem ser
classificados também segundo o critério de grau de industrialização (Quadro 6).
QUADRO 6 Classificação das soluções construtivas misturando os critérios
III e IV
Sistemas estruturais pesados com
estrutura reticulada
estrutura moldada em obra
estrutura pré-fabricada
sistema “lifting”
Sistemas estruturais pesados com
estrutura parede
alvenarias resistentes
estrutura moldada em obra
painéis pesados pré-fabricados
caixões pré-fabricados
Soluções mistas de construção pesada
Sistemas leves
Fonte: Trigo (1978)
No Quadro 7 estão descritos os critérios de métodos de pré-fabricação
para sistemas construtivos.
QUADRO 7 Critérios de Métodos de Pré-fabricação
Construção em tramado ou em
esqueleto
É formada por um esqueleto portante,
contraventada por diagonais e
fechamento de capa dupla ou maciça.
Construção em painéis compostos
Paredes portantes formadas por
painéis sanduíche ou por placas
compostas.
Construção em placas maciças
Paredes maciças, autoportantes,
montadas com gruas.
Construção em peças tridimensionais
É formado por peças volumétricas
completas, com pouca montagem
(exemplo: mobile-homes)
Fonte: Trigo (1978)
67
Esta classificação, feita em função de diferentes métodos de pré-
fabricação, pode ser aplicada diretamente às construções de madeira. A
seqüência apresentada na Quadro 7, em geral, corresponde à ordem crescente de
grau de industrialização, com algumas ressalvas nos métodos 2 e 3.
Existem vários critérios de quantificação de grau de industrialização,
pois há pontos de vistas subjetivos, sendo impossível atingir a objetividade
absoluta.
2.3.4.2.1 Classificação dos sistemas construtivos em madeira na literatura
internacional
A classificação dos sistemas construtivos é relativa à tradição construtiva
de cada país e ao estágio tecnológico. Sendo assim, cada país apresenta uma
classificação baseada em diferentes critérios e, muitas vezes, sem um critério
definido, apenas agrupando as diversas formas de construção em madeira
existentes no mercado. Esta compilação das classificações encontradas é
importante no sentido de reunir uma gama de sistemas construtivos existentes
internacionalmente.
2.3.4.2.1.1 Sistemas construtivos norte-americanos
O sistema mais conhecido nos Estados Unidos é o sistema entramado,
constituído por peças serradas de seção padronizada, unidas por pregos, processo
este desenvolvido para facilitar a construção tradicional. Apresenta-se em duas
versões : “Platform” e “Balloon Frame”.
Sistema Platform Frame
O sistema Platform Frame (Figura 5) é o sistema mais comum em casas
com armação entremeada de madeira. Nesse sistema, a primeira estrutura
construída sobre a fundação é o piso. Os construtores utilizam este piso como
uma plataforma sobre a qual fabricarão o primeiro andar de paredes sarrafeadas
68
que são erguidas e a próxima plataforma de piso é então construída sobre elas e
assim por diante, até que finalmente o telhado é encaixado no topo da última
parede de sarrafos.
FIGURA 5 Sistema Platform Frame
69
Sistema Ballon Frame
Este sistema de construção com molduras de madeira de seções
pequenas, geralmente tábuas de 5 cm por 10 cm pregadas possui sarrafos
contínuos. As estruturas de piso são penduradas nesses sarrafos. Este sistema
que substituiu a construção do tipo pilar-viga tornou-se possível pela
disponibilidade de madeira serrada em tamanhos uniformes bem como a
possibilidade de transporte das mesmas. O sistema Balloon Frame (Figura 6)
pode ser erguido mais rapidamente que o sistema pilar-viga, com o emprego de
mão-de-obra menos especializada, sendo o resultado final mais resistente.
FIGURA 6 Sistema Balloon Frame
70
Do ponto de vista do grau de industrialização, o Sistema Platform se
apresenta mais propício. Pode ser pré-fabricado, em painéis portantes, chegando
até a estruturas volumétricas, o conhecido sistema Mobile Home. Nos três
sistemas, a parede resultante funciona como parede estrutural, recebendo
esforços verticais e horizontais em toda a sua extensão. Na Figura 7 observa-se o
sistema Platform Frame (para residências de 1 piso).
FIGURA 7 Sistema Platform Frame (residência de 1 piso)
O sistema Mobile Home é caracterizado pela montagem de módulos em
estruturas to tipo Platform Frame desde a fabricação. Os módulos são pré-
montados na fábrica e montados e acoplados no local da construção.
71
2.4.2.1.2 Sistemas construtivos de países latinos - Acordo de Cartagena
No manual editado pelo Grupo Andino (1984) destinado a projetos de
madeira, é apresentada uma classificação com dois enfoques, estrutural e
produtivo. Nas Figuras 8, 9 e 10 está caracterizado o sistema construtivo do tipo
viga-pilar.
FIGURA 8 Sistema viga-pilar
O sistema construtivo viga-pilar é caracterizado pela montagem da
estrutura no próprio local e é predominantemente semi-industrializado, no que se
72
refere à pré-fabricação. Requer mão de obra mais especializada, que às vezes
não está disponível
FIGURA 9 Sistema viga-pilar (1 andar)
FIGURA 10 Sistema viga-pilar (com cobertura)
73
2.4 Certificação da madeira de florestamento
O termo florestamento, segundo Rocha (1999), é caracterizado pela
atividade de plantio de florestas em qualquer lugar, especialmente em locais
onde a aptidão das terras é propícia para tal.
O termo reflorestamento deriva do ato ou ação de reflorestar que pode
ser entendido como plantar árvores para formar florestas (em lugar onde foi
derrubada uma floresta).
Conforme informações do Forest Stewardship Council FSC (2003), ou
Conselho de Administração de Florestas, a certificação da madeira de
florestamento é importante, pois permite a utilização desse material de forma
contínua, sustentável, economicamente e ambientalmente viável. O FSC é uma
organização internacional, independente, sem fins lucrativos, fundada em 1993,
para certificação de florestas de todo o mundo.
A certificação florestal visa atestar que determinada empresa ou
comunidade obtém seus produtos manejando área florestal, segundo
determinados princípios e critérios. O certificado é entregue à empresa e serve
de garantia para o comprador de que o produto vem de uma área manejada de
forma ambientalmente adequada, socialmente justa e economicamente viável. É
uma associação de membros consistindo de diversos grupos representativos de
grupos sociais e ambientais, do mercado de madeira e profissionais da área
florestal, organizações de povos indígenas, grupos de comunidades florestais e
organizações de certificação de produtos florestais de todo o mundo. A
associação está aberta a todos que estão envolvidos com o cultivo florestal ou
ligados a produtos florestais e compartilham os mesmos objetivos da
organização.
74
2.4.1 Objetivos e atividades do FSC
As principais atividades do FSC são o desenvolvimento do manejo de
florestas e padrões relacionados, comunicação e educação, e por meio de um
programa separado, realizar o reconhecimento, aprovação e monitoramento de
órgãos de certificação que trabalhem sob os seus padrões. Baseado nesses
padrões, o FSC desenvolveu um esquema de certificação internacional para
produtos florestais. Dessa forma, proporciona um incentivo no mercado para
uma boa administração florestal. As inspeções nas florestas são feitas por órgãos
credenciados para certificação do FSC, os quais são avaliados e monitorados
para garantir sua competência e credibilidade. O conselho também suporta o
desenvolvimento de padrões nacionais e locais que implementam os princípios
internacionais e critérios de administração florestal local. Estes padrões são
desenvolvidos por grupos de trabalho regionais e nacionais, os quais trabalham
para alcançar um consenso entre a vasta gama de pessoas e organizações
envolvidas no manejo e conservação de florestas em cada parte do mundo. O
FSC elaborou diretrizes para o desenvolvimento de padrões de certificação para
orientar os grupos de trabalho nesse processo.
2.4.2 O propósito do FSC
Existe uma preocupação muito grande sobre a destruição de florestas
mundiais. Cada vez mais as pessoas exigem e demandam produtos originários
de madeira de florestamento. Essa demanda conduziu a diferentes rotulações de
produtos florestais, criando reivindicações como: “para cada árvore abatida pelo
menos duas são plantadas”. Muitas dessas reivindicações são irrelevantes ou
enganosas. O FSC procura esclarecer a confusão, proporcionando um esquema
de rotulação acreditável e de âmbito internacional e independente para madeira e
produtos derivados da madeira. Isto proporcionará ao consumidor uma garantia
de que o produto teve origem em uma floresta que foi avaliada e certificada
75
como tendo manejo de acordo com padrões sociais, econômicos e ambientais
adequados.
2.4.3 Atuação do FSC
O FSC desenvolveu procedimentos e padrões rigorosos para avaliar se
organizações (de certificação) podem proporcionar uma avaliação (certificação)
independente e competente. Este processo é conhecido como “accreditation”, ou
seja, credenciamento. Os órgãos credenciados pelo FSC são necessários para
avaliar todas as florestas com o objetivo de certificá-las de acordo com os
princípios e critérios de administração de florestas. Os órgãos de certificação
credenciados podem operar internacionalmente e executar avaliações em
qualquer tipo de floresta. As florestas certificadas são visitadas regularmente
para garantir a continuidade da relação com os princípios e critérios. A atuação
dos órgãos de certificação é monitorada de perto pelo FSC. Produtos originários
de florestas certificadas pelos órgãos credenciados são qualificados e têm a
permissão de utilizar o logotipo do FSC, se a cadeia de distribuição do produto
(o caminho que a madeira segue da floresta ao distribuidor final) foi
acompanhada e checada.
2.4.4 Verificação da certificação
Uma vez encontrado o logotipo, pode-se ter certeza de que o produto é
proveniente de uma floresta corretamente administrada. Comprando estes
produtos, o usuário es fomentando a correta gestão de florestas e
proporcionando o incentivo para encorajar outras organizações a melhorarem
sua gestão. Na Figura 11 tem-se a forma de certificação dada pelo logotipo do
FSC impresso no lote de madeira.
76
FIGURA 11 Identificação de carga certificada
Quanto mais clientes solicitarem produtos de florestas certificadas,
maior é o incentivo para donos de florestas em proporcioná-los. Dessa forma,
pessoas físicas, empresas e organizações podem exercer e direcionar influência
positiva para o melhoramento da administração das florestas de todo o mundo.
2.4.5 Certificação de florestas
O FSC o certifica operações florestais ou fabricantes. Este importante
passo é feito pelos órgãos credenciados pelo FSC. Isto mantém a independência
do FSC e dos padrões de certificação de órgãos credenciados. Existem vários
tipos de certificados disponíveis nos órgãos certificadores: certificados de gestão
de florestas se aplicam à administração de áreas florestais; certificados de cadeia
de distribuição se aplicam ao caminho percorrido e ao processo de distribuição
da madeira, para que possa ser confirmado cada um dos passos seguidos pelos
77
produtos durante a produção. Certificados de gestão e distribuição (juntos) estão
também disponíveis. Todos os certificados podem ser emitidos para operações
individuais ou para grupos.
2.4.6 O credenciamento
O credenciamento é um processo pelo qual um órgão oficial competente
reconhece formalmente que uma pessoa ou órgão é competente para executar
tarefas específicas.
O FSC opera uma entidade independente chamada FSC Accreditation
Business Unit (Unidade de Credenciamento), a qual proporciona serviços de
credenciamento de órgãos de credenciamento e iniciativas nacionais. O
programa de credenciamento é baseado em normas internacionais, tais como
ISO/IEC – Guia 61, ISO/IEC Guia 65 e normas e padrões específicos do setor
elaborados pelo FSC.
As unidades de credenciamento proporcionam:
credenciamento de órgãos de certificação
credenciamento de iniciativas nacionais do FSC
credenciamento de normas e padrões nacionais.
2.4.7 Compradores de produtos certificados
Várias entidades recomendam a certificação do FSC. Em diversos
países, existem grupos de compradores interessados em produtos certificados
pelo FSC. Empresas e até mesmo órgãos públicos têm a intenção de
comercializar ou utilizar produtos de madeira certificada em seus processos
produtivos. Dependendo da disponibilidade da oferta, as empresas compradoras
assumem compromissos para adquirir, a médio ou longo prazo, apenas produtos
com o selo do FSC. As empresas participantes do grupo assinam um termo por
78
meio do qual assumem o compromisso de oferecer a seus consumidores
produtos fabricados com matéria-prima certificada pelo FSC. O prazo e a
quantidade de produtos a serem oferecidos são objeto de definição entre a
empresa e o grupo, de acordo com as exigências da empresa e as condições do
mercado. existem grupos de compradores de vários países da Europa, Ásia e
América do Norte, Central e Sul.
A entidade Amigos da Terra Amazônia Brasileira foi indicada por
várias instituições para criar, organizar e administrar o grupo compradores de
produtos florestais certificados no Brasil e é afiliada a rede de Amigos da Terra
Internacional, desde 1989. Assim, como internacionalmente, o FSC é
representado no Brasil por representantes de três setores (empresarial, ambiental
e social). No Brasil, o WWF-Brasil foi escolhido para exercer a secretaria
executiva. Em meados de 2001 foi criado, e oficialmente reconhecido o
Conselho Brasileiro de Manejo Florestal, organização não governamental que
representa o FSC no Brasil.
2.4.8 A rede SmartWood
Para facilitatar a execução de avaliações, monitoramento e certificação
com credibilidade e baixo custo em todos os tipos de florestas, o SmartWood
desenvolveu a rede SmartWood, composta de organizações colaboradoras, sem
fins lucrativos, em todo o mundo. Essa rede, em constante expansão, possui
representantes na América Central, na América do Sul (Bolívia, Brasil, Costa
Rica, Guatemala, Honduras e México) e em seis regiões dos Estados Unidos e
está expandindo sua cobertura na Europa, Ásia e África. Os representantes da
rede SmartWood oferecem uma completa gama de serviços, incluindo
certificação de florestas e cadeia de custódia e distribuição de produtos e acesso
ao internacionalmente reconhecido selo SmartWood (Figura 12). As vantagens
da certificação por uma entidade sem fins lucrativos do SmartWood incluem:
79
alta credibilidade e aceitação por grupos ambientais locais, cientistas,
governos e indústria madeireira; assim reduzindo o risco ambiental e
corporativo e promovendo relacionamentos locais positivos;
serviços de monitoramento e certificação de baixo custo, acesso
imediato e em vários idiomas aos representantes do programa
SmartWood;
acesso e entendimento de mercados de produtos florestais certificados
em todo o mundo;
representação e cobertura internacionais.
80
A logomarca do FSC identifica produtos que contêm a madeira
proveniente de florestas bem manejadas certificadas e forma
independente de acordo com os princípios e critérios do Forest
Stewardship Council A.C.
FIGURA 12 O selo de certificação SmartWood
81
Ambos os selos da Figura 12 podem ser afixados ou estampados nos
produtos.
A única garantia de que a madeira foi obtida de forma ambientalmente
correta é o fato dela ter a certificação do FSC. Esta pode ser obtida tanto para
madeira oriunda de florestamento quanto de florestas nativas manejadas. As
empresas participantes podem contar com a orientação e acompanhamento do
grupo para ter acesso ao mercado de produtos florestais certificados, bem como
no eventual processo de certificação de suas unidades industriais ou de suas
empresas fornecedoras. Numa fase em que o acesso aos produtos florestais
certificados pode ser ainda limitado, os integrantes do grupo poderão mostrar ao
público que estão na frente das tendências, por fazer parte do grupo de
compradores de produtos florestais certificados. As certificadoras credenciadas
realizam, periodicamente, auditorias anuais e aleatórias (sem aviso prévio) nas
unidades de manejo e linhas de produção certificadas. Por sua vez, as
certificadoras são também auditadas periodicamente pelo FSC. Estes
procedimentos garantem a lisura do processo de certificação, fazendo com que a
marca FSC seja reconhecida internacionalmente como o selo de certificação de
maior credibilidade.
82
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Características da pesquisa
Analisou-se, por meio de pesquisas de opinião, ou seja, de marketing, o
desempenho da madeira como material construtivo, observando conceitos,
opiniões e conhecimento de diversos grupos de pessoas.
3.1.1 Formulação do problema
Colocou-se como problema a ser observado a utilização da madeira na
construção civil e na arquitetura, seu desempenho como material construtivo e as
relações entre expectativas dos usuários de espaços arquitetônicos que têm a
madeira em sua constituição, seja como estrutura, isolamento ou vedação,
revestimento e acessórios decorativos, com as performances que o material
apresenta, diretamente relacionadas à performance econômica, simbólica e
técnica.
3.1.2 Construção da hipótese
Se existe uma forma, ou diversas formas, de utilização da madeira como
material construtivo, como é possível visualizar, por meio das pesquisas, essas
possibilidades de utilização de forma a otimizá-las e proporcionar um melhor
aproveitamento das performances relacionadas a elas? Para tanto, definiram-se
as necessidades, expectativas e conceitos preestabelecidos ligados às diversas
formas de utilização da madeira, para ser traçado um perfil do uso e desempenho
esperado dela como material.
Com a presença de profissionais ligados à área de engenharia e
arquitetura e profissionais ligados às ciências da madeira, em um debate sobre as
características do material e das expectativas possíveis de utilização e
83
desempenho, elaborou-se um relatório de diretrizes para a concepção das
questões que fizeram parte de pesquisa.
Como justificativa às questões elaboradas, tem-se a busca de um sistema
cultural que envolva a utilização da madeira. As questões não apresentam um
cunho simplesmente técnico. Por meio delas,tentou-se, observar as diversas
performances da madeira, tanto na visão técnica, quanto na visão simbólica, a
relação do homem com o ambiente e a performance econômica do material.
A pesquisa principal foi direcionada ao público em geral, sendo as
pesquisas feitas com profissionais de projeto (engenheiros e arquitetos) e
profissionais de produção (marceneiros e carpinteiros), complementares.
3.1.3 Tipo de pesquisa e forma de amostragem
Conforme as considerações anteriores, definiu-se a pesquisa deste
trabalho como sendo do tipo descritiva. Em termos de amostragem, a pesquisa é
classificada como não probabilística, utilizando amostragem por conveniência e
julgamento. O método de análise de dados utilizado foi o de medida de posição.
Tomando como base a teoria de amostragem, a amplitude da amostra
aconselhável foi de 100 indivíduos. Foram consideradas cinco cidades da região
do Sul de Minas Gerais para a amostra, sendo a amplitude de população
aproximadamente de 442.751 indivíduos. A amostra foi feita com 112
indivíduos, permitindo um acerto maior.
Devido à especificidade de caráter relacionada à profissão (arquitetos,
engenheiros, marceneiros e carpinteiros), a amplitude da amostra pôde ser
reduzida, visto que todos os indivíduos são portadores do caráter considerado,
dentro de uma amostra selecionada, considerando a aplicação da hipótese da
normalidade na população (p>0,5). A amostra totalizou 87 indivíduos, com
profissionais de estado de Minas Gerais e também outros estados (profissionais
84
do curso de pós-graduação lato sensu em Gestão e Inovações Tecnológicas na
Construção).
As amostras da pesquisa foram distribuídas de acordo com as Tabelas 7,
8 e 9.
Para o questionário geral, com uma população 112 indivíduos, tem-se a
seguinte distribuição descrita na Tabela 7.
TABELA 7 Cidades Pesquisadas do Sul de Minas Gerais
Cidade Número de Indivíduos População (*)
Campo Belo 13 49.187
Itajubá 09 84.135
Lavras 33 78.772
Patos de Minas 26 123.881
Pouso Alegre 30 106.776
Fonte: censo IBGE 2000. (*)
Para o questionário aplicado a engenheiros e arquitetos com uma
população de 67 indivíduos, a distribuição foi a constante da Tabela 8.
TABELA 8 Número de arquitetos e engenheiros por estado
Estado Número de indivíduos
Distrito Federal 07
Goiás 06
Mato Grosso do Sul 06
Minas Gerais 27
Pará 01
Paraná 01
Pernambuco 02
Rio Grande do Sul 01
Santa Catarina 03
São Paulo 09
Sergipe 01
Tocantins 01
85
Para o questionário para marceneiros e carpinteiros, com uma população
de 20 indivíduos, a distribuição foi como consta da Tabela 9
TABELA 9 Número de carpinteiros e marceneiros por cidade
Cidades Número de indivíduos
Lavras 16
Pouso Alegre 04
3.2 Elaboração dos questionários e justificativas das questões
3.2.1 Questionário geral
As questões 1 e 2 foram elaboradas com o propósito de verificar a
relação existente entre o emprego do material em vários itens da
construção e também a interferência de conceitos como fundação,
estrutura, conforto térmico e acústico, observando-se a memória ou o
conhecimento acumulado dos entrevistados.
A questão 3 foi relacionada à resistência e ao desempenho, ou seja, à
resposta técnica do material. Pôde-se, por meio desta questão, posicionar
a madeira com relação a outros materiais, em termos de suas
características físicas.
Na questão 4, pôde-se comparar a performance econômica dos
materiais, considerando a opinião prévia e os conceitos pré-concebidos
dos entrevistados. A comparação foi feita em pares para poder-se
identificar a performance econômica da madeira com relação aos outros
materiais.
Nas questões 5 e 6, pôde-se observar a opinião dos entrevistados com
relação à performance simbólica (aparência do material) e técnica
(durabilidade) intimamente ligada ao conceito simbólico de segurança.
86
A questão 7 permitiu a confirmação das questões anteriores, no sentido
em que deu a liberdade ao entrevistado de fazer uso da madeira como
material construtivo, com relação à manutenção desse material.
Nos 10 itens da questão 8 pôde-se observar a comparação da madeira
com outros materiais quanto à facilidade de revestimento, pintura,
conservação, reposição de partes, capacidade de trabalho do material,
resistência a intempéries, ataque de insetos e fungos, resistência
química, resistência ao fogo e resistência mecânica, características da
performance técnica.
Nas questões 9, 10 e 11 observou-se a relação que o entrevistado tem
com o material considerando-se a performance econômica (preços) e a
performance técnica, ambas ligadas à mão-de-obra e à prestação de
serviços em todos os níveis, desde a concepção até a execução do
projeto.
As questões de 12 a 15 permitiram a observação do conhecimento e
interação do entrevistado a respeito da madeira de florestamento e sua
certificação. Pôde-se, através destas questões, medir o quanto a
população conhece o assunto e quanto se importa com relação ao uso de
madeira certificada de florestamento. O termo reflorestamento foi
aplicado neste trabalho devido à falta de conhecimento por parte das
pessoas entrevistadas. O termo correto seria florestamento, conforme
abordado no item 2.4.
Na questão 16, o objetivo foi avaliar a capacidade de distinção entre
madeira certificada e madeira não certificada, relacionadas à origem e
documentação da certificação.
87
3.2.2 Questionário para marceneiros e carpinteiros
Com o objetivo de avaliar os profissionais da área de produção
(produtos acabados) ligada à madeira, o questionário foi elaborado para
detectar posições relacionadas à visão mercadológica da madeira como
material (o marketing da madeira sob o ponto de vista de prestadores de
serviços)
A questão 1 teve como propósito observar a opinião de marceneiros e
carpinteiros quanto ao uso geral da madeira na construção civil,
performance técnica e simbólica do material.
As questões 2 e 3 foram ligadas à performance técnica do material,
como a madeira se comporta como material construtivo, relacionando a
performance técnica e a visão do mercado e aceitação por parte de
clientes e usuários.
A questão 4 teve a função de confirmar a preferência por parte dos
profissionais e técnicos sobre a performance econômica, retorno de
investimentos e lucros sobre os serviços prestados em diversos níveis.
Com a questão 5, teve-se uma idéia da forma que os profissionais
consultados consideram como sendo a mais apropriada para se ganhar
dinheiro com a madeira.
As questões 6 a 11 permitiram uma análise quanto ao posicionamento
em relação ao uso da madeira de florestamento e conseqüente detecção
das deficiências de informações sobre esse assunto. Informações como
preço, qualidade e certificação foram avaliadas nesta questão. O termo
reflorestamento foi aplicado neste trabalho devido à falta de
conhecimento por parte das pessoas entrevistadas. O termo correto seria
florestamento, conforme abordado no item 2.4.
88
A questão 12 foi relacionada à percepção de como os estilos
construtivos podem influenciar a escolha do material.
A questão 13 visou à coleta de dados relacionados à performance
técnica do material, formas construtivas e possíveis problemas
construtivos em termos de ligações, colagem, formas de conexões, etc.
Na questão 18 puderam-se avaliar as espécies que são utilizadas pelos
profissionais.
3.2.3 Questionário para arquitetos e engenheiros
As questões de 1 a 3 tiveram como forma de avaliação, perguntas
relacionadas à preferência de utilização dos materiais. Pôde-se,
conseqüentemente, medir o nível de influência que os profissionais de
projeto podem exercer sobre os clientes e usuários. Na questão 1,
observa-se a performance técnica; na questão 2, observaram-se os
entrevistados quanto à performance simbólica. Na questão 3, a
interferência mercadológica do material pôde ser detectada.
Na questão 4, a análise foi relacionada ao desempenho também em
termos técnicos, porém, avaliando questões sobre a justificativa de
utilização do material.
A idade dos materiais foi comparada na questão 5. Pôde-se ter uma
noção de durabilidade (tempo) que os materiais têm para os
profissionais.
A questão 5 confirmou a conhecimento sobre formas de preservação da
madeira e como os profissionais a consideram em termos de
durabilidade. Com essa questão , pôde-se observar o relacionamento dos
profissionais de projeto com os prestadores de serviços das diversas
áreas.
89
Na questão 6, a disponibilidade de mão-de-obra especializada foi
avaliada pelos profissionais, itens que podem definir o uso do madeiral.
As questões 7 e 8 foram elaboradas com o propósito de observar a
performance simbólica do material ligada diretamente à opinião pessoal.
Avaliar a opinião sobre a “construção ecologicamente correta” foi o
objetivo da questão 9.
As questões de 10 a 14 permitiram uma análise quanto ao
posicionamento em relação ao uso da madeira de florestamento e
conseqüente detecção das deficiências de informações sobre esse
assunto. Informações como preço, qualidade e certificação foram
avaliadas nesta questão. O termo reflorestamento foi aplicado neste
trabalho devido à falta de conhecimento por parte das pessoas
entrevistadas. O termo correto seria florestamento, conforme abordado
no item 2.4.
As questões de 15 a 17 visaram à coleta de dados relacionados à
performance técnica do material, formas construtivas e possíveis
problemas construtivos em termos de ligações, colagem, formas de
conexões, etc.
Na questão 18 puderam-se avaliar as espécies que são utilizadas pelos
profissionais.
90
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 Análise dos questionários
A análise dos questionários e a comparação de alguns resultados podem
levar a identificar pontos de deficiência de informação, ausência de orientação e
a aplicação de uma cultura de conceitos preestabelecidos.
4.1.1 Questionário geral
Questionário aplicado a uma amostra da população da região
determinada, sem distinção de idade, sexo, escolaridade, profissão e renda.
4.1.1.1 Percepção das características dos materiais
A partir do questionário geral, pôde-se observar que os usuários não
escolheram um material específico de forma exagerada, mostrando equilíbrio
para a utilização da madeira nas diversas fases da construção, conforme pode se
observar na Figura 13.
FIGURA 13 Utilização da madeira na construção civil.
18%
18%
23%
19%
22%
fundação e
paredes
andaimes e
suportes
esquadrias
pisos e forros
telhados e
paredes internas
decoração e
móveis
91
Em termos de segurança, a madeira foi escolhida para cercas e pisos
externos, revestimentos e, principalmente, para madeiramento (estrutura) de
telhados, conforme a Figura 14.
FIGURA 14 Possibilidade de utilização da madeira e segurança.
O custo da madeira teve 53% de indicação como sendo mais caro que
outros materiais. É importante ressaltar que a madeira teve 27% de indicação
contra 19% da pedra, 11% do metal e 16% da alvenaria com relação à
durabilidade.
A aparência pode ser o item mais importante no momento da escolha de
materiais. Teve-se uma indicação de 66% para a madeira como material de
melhor aparência, ou seja, mais bonito.
Para reformas, considerando consertos, trocas e reformulação de
espaços, a madeira teve indicação de 48% contra 30% da alvenaria.
Itens como, facilidade de revestimento sobre a superfície, facilidade de
pintura, conservação do material, troca e reposição de partes, capacidade de
4%
18%
18%
42%
18%
fundações
estruturas
cercas, pisos
externos
estrutura de
telhados
revestimento pisos
e paredes
92
trabalho do material (corte e maleabilidade), resistência a intempéries,
resistência a fungos e insetos, resistência química (corrosão e oxidação)
resistência ao fogo, disponibilidade de mão-de-obra especializada e de empresas
de fornecimento e por último, durabilidade do material, tiveram indicação
praticamente equilibrada, com pouca variação de porcentagem. Pode-se concluir
que, para o público em geral, a madeira caracteriza-se como um material
semelhante aos outros materiais.
4.1.1.2 Madeira de florestamento
Um índice de 51% dos entrevistados afirmou saber a diferença entre
madeira nativa e madeira de florestamento, contra 44% que afirmaram não saber
a diferença. Não se interessam sobre informações quanto à utilização da madeira
de florestamento 72% dos entrevistados, enquanto que 23% destes afirmam ter
interesse.
Comparando qualidade e preço da madeira com a qualidade e preço de
outros materiais, que pode permitir uma avaliação do custo e benefício, têm-se
os seguintes dados, conforme se observa nos gráficos da Figura 15 e 16,
respectivamente.
FIGURA 15 Qualidade da madeira de florestamento
21%
41%
38%
melhor
pior
igual
93
FIGURA 16 Preço da madeira de florestamento e madeira nativa
Pode-se afirmar que a madeira de florestamento é cotada como a mais
barata, porém tem-se a idéia de que ela é de qualidade inferior ou igual à
madeira nativa, tendo em vista os índices de 41% para qualidade pior e 60%
para preço inferior, para a madeira de florestamento. Deve-se levar em
consideração que 44% das pessoas não sabem a diferença entre os dois tipos de
madeira e 72% não se preocupam em se informar sobre o assunto.
4.1.2 Questionário para engenheiros e arquitetos
O questionário foi aplicado a uma amostra da população determinada
sem discriminação de idade, sexo e renda, sendo especificamente definida para
profissionais da área de arquitetura e engenharia.
60%
22%
18%
< preço
> preço
igual
94
4.1.2.1 Percepção das características dos materiais
Embora os materiais considerados na avaliação sejam madeira, concreto
e alvenaria, metal, vidro e pedra, são expostos os dados relativos principalmente
à madeira e ao concreto e alvenaria, que foram os mais indicados.
Quando perguntados sobre preferência de utilização dos materiais nas
diversas fases da construção, obtiveram-se os dados observados nos gráficos da
Figura 17 e Figura 18.
FIGURA 17 Preferência de utilização da madeira
21%
1%
13%
37%
28%
0%
estrutura
fundação
vedação
acabamento
acessório
outros
95
FIGURA 18 Preferência de utilização dos materiais na construção civil.
Acabamento, com 37% e acessórios, com 28%, foram os itens mais
indicados para utilização da madeira. O item estrutura, com 21%, mostra que os
profissionais têm conhecimento sobre esta possibilidade do material, mas
utilizam o material de maneira acanhada. Considerando vedação como forma de
construir paredes, forros, divisórias elementos espaciais, e tendo este item
apenas 13% de indicação, verificou-se que ainda é deficiente o uso da madeira
nessa fase da construção.
No momento de projeto e criação, a predominância dos materiais está
descrita nos gráficos da Figura 19 e da Figura 20, tanto para madeira quanto para
alvenaria.
34%
35%
24%
6%
1%
0%
estrutura
fundação
vedação
acabamento
acessório
outros
96
FIGURA 19 Predominância de utilização da madeira em projetos
FIGURA 20 Predominância de materiais (madeira e concreto/alvenaria) nos
projetos.
22%
1%
5%
50%
22%
0%
estrutura
fundação
vedação
acabamento
acessório
outros
34%
35%
24%
6%
1%
0%
estrutura
fundação
vedação
acabamento
acessório
outros
97
Pode-se observar que a predominância de utilização dos materiais é
semelhante à preferência de utilização. Observou-se que a formação dos
profissionais, suas preferências e conceitos interferem no momento de projeto.
Um número extremamente reduzido de profissionais teve discrepância entre os
dois assuntos questionados.
Quando perguntados sobre a predominância de utilização dos materiais
em suas próprias residências, os profissionais indicaram concreto e alvenaria
perfazendo um total de 86% contra 8% de indicação de madeira.
4.1.2.2 Justificativa de utilização dos materiais
Para justificar os usos dos materiais, os profissionais foram questionados
sobre segurança, conforto térmico, conforto acústico, durabilidade e resistência,
conforto visual e respeito ao meio ambiente.
Na Figura 21 têm-se os dados relacionados às justificativas quanto ao
uso da madeira e concreto / alvenaria.
98
FIGURA 21 Justificativa de utilização dos materiais (madeira e concreto /
alvenaria)
O ponto mais fraco considerado pelos profissionais para a madeira é a
segurança, com apenas 3% de indicação. Conforto térmico, conforto acústico e
3%
30%
17%
9%
29%
12%
segurança
coforto térmico
conforto
acústico
durabilidade e
resistência
conforto visual
respeito ao
ambiente
33%
9%
14%
32%
7%
5%
segurança
coforto térmico
conforto
acústico
durabilidade e
resistência
conforto visual
respeito ao
ambiente
Alvenaria
Madeira
99
conforto visual totalizaram 76% das indicações, demonstrando que as
características peculiares da madeira são o maior motivo para sua utilização.
Durabilidade e resistência, com apenas 9%, demonstram que itens como
preservação, utilização de madeira com características adequadas ao uso,
tratamento e utilização de madeira de florestamento com propriedades
melhoradas não fazem parte do repertório dos profissionais.
O item respeito ao ambiente, com apenas 12% de indicação, denota a
pouca familiaridade que os profissionais têm com o assunto. A madeira de
florestamento pode ser considerada como o material que mais promove o
respeito ao ambiente, com o seqüestro de carbono da atmosfera e seu alto grau
de sustentabilidade, levando em conta geração de empregos, aproveitamento e
reciclagem de materiais e melhoramento genético de espécies, com crescente
aproveitamento de área e tempo de produção.
Em contraposição, o concreto e a alvenaria suprem as supostas
deficiências da madeira e outros materiais quanto à segurança, com indicação de
33% e durabilidade e resistência, com 32% de indicação.
A durabilidade dos materiais, conforme mostrado na Figura 22,
demonstra como os precedentes culturais influenciam na definição da
performance desses materiais. A madeira teve uma média de 37 anos como
tempo de duração. O concreto e a alvenaria, seguidos do metal, tiveram 75 anos
e 72 anos de duração, respectivamente. Tem-se, novamente, transparecendo a
cultura já estabelecida sobre a durabilidade dos materiais.
100
FIGURA 22 Durabilidade dos materiais
De acordo com o item 2.3.2.1, os dados da referência mostram
divergência com relação aos valores apresentados pelos entrevistados
4.1.2.3 Ambiente adequado para construção em madeira
Os ambientes mais adequados para construção em madeira o o campo
e a montanha, com 73%, seguidos de praia, com 22% e apenas 5% para área
urbana. Para o tipo de área da cidade, 80% afirmaram poder se construir em
qualquer área, 13% em área nobre e 7% em áreas da periferia. A performance
simbólica está invariavelmente constatada neste item. Idéias como casa de
campo e casa de praia de madeira já fazem parte do imaginário geral e coletivo
da cultura brasileira.
Para o item “construção ecologicamente correta”, tem-se 41% de
indicação para a madeira. O concreto e a alvenaria obtiveram 12% e 30%,
respectivamente, e um total de 42%. Cabe aqui fazer um aprofundamento da
pesquisa para se tentar entender como o concreto e a alvenaria contribuem
significativamente para uma construção ecologicamente correta, fazendo
questionários somente sobre este assunto.
37
75
72
191
madeira
concreto/alvenaria
metal
pedra
101
Comparando-se qualidade e preço, o que pode permitir uma avaliação do
custo e benefício, têm-se os dados do gráfico da Figura 23.
FIGURA 23 Preço comparativo da madeira com relação a outros materiais
FIGURA 24 Qualidade e preço da madeira de florestamento e madeira nativa
23%
9%
68%
melhor
pior
igual
30%
13%
3%
mais barata
mais cara
igual
não sabe
54%
102
Observou-se que para 54% dos profissionais a madeira de florestamento
é mais barata e para 13% os preços são iguais. Porém, é significativo que 30%
tenham a madeira de florestamento como uma alternativa mais cara. Em termos
de qualidade, a madeira de florestamento tem uma boa representação. Somando
91%, têm-se qualidade igual e melhor com índices de 68% e 23%,
respectivamente. Apenas 9% dos entrevistados indicaram a madeira de
florestamento como pior que a nativa.
Em questões que envolvem o conhecimento a respeito da madeira de
florestamento, 83% dos profissionais afirmaram não saber ou o ter
conhecimento sobre o processo de utilização da madeira, contra apenas 15% que
afirmaram conhecer este processo.
Com relação aos estilos de construção relacionados à madeira, 54% dos
entrevistados afirmaram que a madeira pode ser utilizada em qualquer estilo ou
nenhum estilo em particular. Para o estilo rústico 37% afirmam que a madeira é
o material apropriado. Novamente, a performance simbólica atua no sentido de
determinar parte da decisão no momento de escolha do material.
4.1.2.4 Sistemas construtivos
Os sistemas construtivos apresentados estão indicados no Quadro 8.
QUADRO 8 Tipos de sistemas construtivos em madeira
(a) Sistema de vigas e pilares em madeira e vedação de paredes com toras
rústicas (estrutura e vedação toda em madeira)
(b) Sistema de vigas e pilares em madeira e vedação de paredes com toras com
acabamento e aparelhagem (igualadas com encaixe macho-fêmea) (estrutura e
vedação toda em madeira)
(c) Sistema de vigas e pilares em madeira e vedação de paredes simples com
tábuas serradas e aparelhadas (estrutura e vedação toda em madeira)
(d) Sistema de vigas e pilares em madeira e vedação de paredes com tábuas
serradas e aparelhadas sistema sanduíche (com câmara para instalação de
tubulações de hidráulica e elétrica) (estrutura e vedação toda em madeira)
103
De acordo com o Quadro 8, o sistema construtivo mais indicado foi o (d)
- sistema de vigas e pilares em madeira e vedação de paredes com tábuas
serradas e aparelhadas, sistema sanduíche (com câmara para instalação de
tubulações de hidráulica e elétrica) (estrutura e vedação toda em madeira), com
um índice de 71%.
Este sistema é o mais indicado, porém, o mais praticado é o (c), devido
às condições climáticas brasileiras, à cultura e à relação custo/benefício, em que
as três performances básicas (simbólica, econômica e técnica) diretamente
ligadas ao processo bionômico estão inter-relacionadas. O quarto sistema
construtivo da tabela é utilizado em países como Estados Unidos, Canadá e na
Europa.
4.1.2.5 Espécies de madeira utilizadas na construção civil
Existem diversas aplicações para a madeira, quando se trata de
construção. Devido a este fato, vários tipos de madeira podem se adequar a
diferentes tipos de uso. Têm-se, na Figura 25, as informações sobre este aspecto.
FIGURA 25 Utilização de espécies de madeira.
16%
26%
31%
5%
6%
15%
1%
pinus
eucalipto
peroba
araucária
mogno
outros
não sabe
104
A peroba teve o maior índice de indicação, totalizando 31%; o eucalipto
ficou com 26% das indicações e a madeira de pinus com 16%. As duas espécies
que são largamente produzidas pelo florestamento não tiveram valores
significativamente altos de indicação. O item “outros”, com 15%, refere-se à
utilização de madeiras diversas, característica da biodiversidade de nossas
florestas, porém, sem um aproveitamento controlado. Várias espécies foram
citadas.
4.1.3 Questionário para marceneiros e carpinteiros.
Um questionário foi aplicado a uma amostra da população determinada,
sem discriminação de idade, sexo e renda, sendo especificamente definida para
profissionais da área de prestação de serviços de marcenaria e carpintaria.
4.1.3.1 Percepção das características dos materiais
As fases apontadas são acessórios e acabamentos, com 32%; estrutura de
telhados, com 31%, estruturas, com 18% e forros e pisos, com 11%, ficando
fundações com 8% do total. Estes índices diferem enormemente dos índices
indicados pelos arquitetos e engenheiros para características semelhantes, como
se pode observar na Figura 26.
105
FIGURA 26 Utilização da madeira na construção
8%
18%
0%
11%
31%
32%
fundações
estruturas
paredes
forros e pisos
telhados
acessorios/acaba
mento
Marceneiros e carpinteiros
21%
1%
13%
37%
28%
0%
estrutura
fundação
vedação
acabamento
acessório
outros
Engenheiros e arquitetos
106
A opinião e a percepção das características por parte de prestadores de
serviço nas áreas de marcenaria e carpintaria podem influenciar na tomada de
decisão e na escolha de materiais.
4.1.3.2 Produtos de madeira utilizados no mercado
Madeira natural (rústica) e madeira serrada, com índices de 22% e 54%,
respectivamente, dominam a preferência de comercialização e utilização. É
importante ressaltar que OSB e MDF tiveram zero e 6%, valores
significativamente baixos para materiais que estão em crescente
desenvolvimento tecnológico e utilização no mercado mundial.
Questionados sobre qual é uma boa forma de se ganhar dinheiro, os
profissionais apontarem revenda, fabricação utilizando madeira maciça e
reforma de espaços instalados como as melhores formas, o que reflete
diretamente na questão de uso e comercialização.
4.1.3.3. Madeira de florestamento
Apesar de 95% dos entrevistados saberem a diferença entre madeira de
florestamento e madeira nativa, apenas 48% se preocupam em se informar mais
sobre o assunto, contra 38% que não se preocupam e 14% das pessoas não
apresentarem interesse pelo assunto.
Considerando-se qualidade e preço da madeira de florestamento,
observam-se Os dados da Figura 27 e da Figura 28 consideram a qualidade e o
preço da madeira de florestamento.
107
FIGURA 27 Preço da madeira de florestamento
FIGURA 28 Qualidade e preço da madeira de florestamento e madeira nativa
Se por um lado, 76% das pessoas apontam a madeira de florestamento
como tendo qualidade pior que a madeira nativa, contra apenas 5% indicando a
85%
5%
10%
< preço
> preço
igual
5%
76%
19%
melhor
pior
igual
108
madeira de florestamento como tendo melhor qualidade, motivo para
investigação, tem-se, por outro lado, 85% dos mesmos profissionais indicando a
madeira de florestamento como sendo mais barata que a nativa.
Talvez a explicação para este fato seja conseqüência do item sobre o
funcionamento do processo de utilização de madeira de florestamento, para o
qual 29% das pessoas declararam ter conhecimento e 71% dos profissionais
declararam não ter conhecimento sobre o assunto.
4.2 Pontuação das necessidades, baseada nos questionários
De maneira geral, percebe-se, a partir das respostas aos questionários,
que as informações, quando não são meramente insuficientes ou equivocadas, na
maioria das vezes não existem.
A cultura do concreto e da alvenaria se sobrepuja a qualquer outra forma
de utilização de materiais na construção de habitações e construções em geral.
É óbvio que a falta de informação é o ponto principal em termos de
necessidade e expectativa por parte tanto dos profissionais ligados a projeto e
produção quanto do público em geral. Porém, nos três tipos de população, boa
parte das pessoas afirmaram não ter interesse no assunto.
Pode-se verificar que não a divulgação e a disseminação da
informação sobre assuntos relacionados à utilizaçãoe “uso” da madeira, de
forma geral e particularmente sobre madeira de florestamento, onde se
encontram os maiores equívocos, é necessária, mas também são necessários
programas de estímulo à busca de informações. O marketing da madeira, como
material construtivo, pode ser aprimorado. Uma cultura que se iniciou no tempo
da colonização do país e que, devido a essa própria colonização, se enraizou na
maioria dos estados brasileiros, com algumas exceções (Paraná e Santa Catarina,
109
onde se constroem casas populares, igrejas e edifícios públicos em madeira)
precisa ser atualizada.
4.3 Levantamento das expectativas com relação à madeira
Questionários dirigidos ao público em geral
Embora nenhuma fase de construção utilizando a madeira tenha tido um
valor muito diferenciado, sabe-se que o público em geral prefere a madeira para
móveis, esquadrias, telhados e paredes internas, somando estes itens 64%. Os
usuários apresentaram, por este motivo, a necessidade de orientação sobre o uso
da madeira em fundações e paredes e estruturas em geral.
Quanto à segurança, a idéia de utilização está voltada basicamente para
estrutura de telhados. Outras formas de utilização necessitam ser exploradas e
divulgadas, tais como paredes, fundações e estruturas diversas.
Itens, como custo alto e menor durabilidade com relação a outros
materiais (pedra, metal e alvenaria), precisam ser mais esclarecidos.
Em aparência, a madeira se sobressai com relação aos outros materiais,
podendo ter uma forma mais adequada de se explorar sua utilização. Em
reformas, trocas de partes e reformulação de espaços, a indicação da madeira foi
alta, podendo ser orientadas novas “utilizações” e “usos”.
Parece haver certa indiferença quanto ao uso da madeira quando
relacionado à facilidade de revestimento, pintura e conservação, capacidade de
trabalho do material, resistência a intempéries, ao fogo, disponibilidade de mão-
de-obra e, por fim, durabilidade.
A cultura relativa à madeira de florestamento parece apresentar
deficiências conceituais, o que denota que grande falta de informação, tanto
relativa à qualidade da madeira, quanto ao preço (comparado com a madeira
nativa) e também com o processo de certificação de madeira de florestamento.
110
O somatório de 72% de pessoas que não sabem ou não se interessam
pelo assunto relativo à madeira de florestamento marca a necessidade de se
realizar programas de incentivo que despertem o interesse por essa questão.
Questionários dirigidos a arquitetos e engenheiros
Os índices mostrados nas Figuras 13 e 14 indicam a deficiência de
informação quanto ao uso da madeira, principalmente em estruturas, fundações e
vedações.
O concreto, em contraposição, ocupa exatamente as formas de utilização
não indicadas para a madeira. É uma deficiência de informação e cultura que
está voltada para a construção em alvenaria e concreto, inclusive historicamente
na maioria dos estados brasileiros.
O profissional, no momento da elaboração do projeto, já tem o
pensamento voltado para a construção em concreto e alvenaria, como pode ser
observado nas Figuras 19 e 20. Há, neste processo, a necessidade da formação
do profissional para que tenha em mente a possibilidade de uso de outros
materiais. O projeto é o reflexo da cultura formada anteriormente pelos
profissionais. Em algum ponto da formação escolar, e mesmo no momento da
atuação do profissional, deveria haver uma forma de se divulgar e explorar a
utilização de materiais alternativos ao concreto e a alvenaria, incluindo-se nestes
a madeira.
Como justificativa de utilização da madeira predominaram os itens de
conforto visual, térmico e acústico. Durabilidade, segurança e respeito ao
ambiente, com índices baixos, mostram que a falta de informação mais uma vez
está presente.
Os dados de justificativa de utilização relativos ao concreto são
complementares aos índices apontados para a madeira, confirmando que a
desinformação é geral para todos os materiais.
111
Os dados sobre a idade de construções com os diversos materiais
retratam que a madeira é o menos durável, conseqüência da falta de informação
sobre os processos de preservação e manutenção e adequação de tipos e espécies
de madeiras aos usos.
Quanto ao item ambiente adequado para construção em madeira, a
grande maioria afirmou que o lugar apropriado é o campo. No Brasil, a cultura
da casa de campo é indiscutível. Se, por um lado, 80% das pessoas não
escolheram uma área específica dentro da cidade, por outro, não se vêem muitas
construções em madeira dispersas pelas cidades. necessidade de maiores
informações sobre sistemas construtivos e construção urbana em madeira, assim
como legislação municipal adequada e que favoreça o desenvolvimento também
do uso da madeira como material.
O conhecimento sobre madeira de florestamento por parte dos
profissionais de projeto é ainda muito insuficiente. Não muita disseminação
de informações corretas e adequadas sobre florestamento.
Os sistemas construtivos em madeira são pouco conhecidos pelos
profissionais de projeto de maneira geral. O sistema mais indicado (sistema de
vigas e pilares em madeira e vedação de paredes simples com tábuas serradas e
aparelhadas - estrutura e vedação toda em madeira) é o que caracteriza a
construção em madeira no país. O sistema sanduíche (sistema de vigas e pilares
em madeira e vedação de paredes com tábuas serradas e aparelhadas com
câmara para instalação de tubulações e hidráulica e elétrica – estrutura e vedação
toda em madeira) é característico de países de clima frio, e poderia ser usado no
Brasil caso fosse mais divulgado, principalmente para habitação urbana.
As espécies de madeira conhecidas pelos profissionais não são muito
variadas; algumas pessoas apontaram espécies nativas para utilização na
construção (peroba). Pinus e Eucaliptus, que são madeiras de florestamento,
112
perderam para a Peroba demonstrando que o conhecimento sobre espécies de
madeira é insuficiente.
Questionários dirigidos a marceneiros e carpinteiros
Os profissionais de serviços o indicaram paredes, forros e pisos de
forma significativa. Acabamento e acessórios foram os itens mais indicados,
tendo vedação pequena indicação.
Produtos de madeira reconstituída, como OSB e MDF, tiveram baixos
valores de porcentagem de indicação, demonstrando a alta deficiência de
informação e até mesmo de formação desses profissionais.
A utilização da madeira maciça é preferência. Revenda e reforma de
espaços instalados foram indicadas como formas de se ganhar dinheiro, do que
se pode observar que a madeira de florestamento, chapas de madeira e madeira
recomposta são pouco conhecidas ou utilizadas.
Dos entrevistados, 85% consideraram a madeira de florestamento mais
barata e 76% consideraram que têm qualidade inferior em relação à nativa. Mais
uma vez a falta de informação pode levar a equívocos, mas 71% atestaram não
ter conhecimento sobre o assunto. Há necessidade de estímulo e divulgação.
113
5 CONCLUSÕES
A abordagem de sistemas mostrou-se uma ferramenta adequada para o
processo de análise do desempenho da madeira como material construtivo.
Foram feitas considerações sobre as performances do material, tais como
técnicas e ambientais, humanas, simbólicas e econômicas. As performances
técnicas e ambientais são relativas a estabilidade das estruturas, preservação e
conservação, bem como as características físicas relacionadas a conforto térmico
e acústico. A performance humana, relacionada ao bem-estar e à saúde, é o
objetivo principal da abordagem. A performance simbólica é basicamente
subjetiva e está relacionada à imagem geral que as pessoas possuem com relação
à madeira como material. Quanto à performance econômica, foram manifestadas
opiniões que podem orientar a avaliação com relação ao custo da casa de
madeira e da casa de alvenaria e mesmo outros materiais, percebendo-se que
existem várias idéias e conceitos preestabelecidos.
As performances como critérios de avaliação não devem ser esquecidas
no processo de elaboração de soluções de projeto, bem como durante a execução
da obra e posterior utilização do espaço projetado, visando o conhecimento
sobre desempenho da madeira na construção civil e na habitação.
Levando-se em consideração as performances técnica, humana,
simbólica e econômica, que são determinantes e servem de pontos de avaliação e
reavaliação da abordagem de sistemas, percebe-se pela análise dos questionários
feitos tanto com o público em geral quanto com profissionais ligados à área de
projeto e produção, que a maior deficiência reside na cultura que se formou ao
longo do tempo. Por outro lado e para agravar ainda mais esse fato, grande parte
das pessoas não se interessa por saber ou desejam se informar sobre assuntos
ligados à madeira. A performance simbólica ligada a características (técnicas) de
conforto mostrou-se como as formas mais apropriadas de se abordar a utilização
114
da madeira, principalmente num primeiro contato com o futuro usuário dos
espaços projetados. A performance econômica ligada inclusive à possibilidade
da utilização da madeira de florestamento deve ser mais difundida, pois os
resultados experimentais nos conduzem à sua aplicação nos mais diversos
campos da construção civil.
O conforto térmico, o conforto acústico e o conforto visual são
qualidades para o suporte na tomada de decisão, característica básica do
processo de análise de sistemas.
Devido à deficiência de informação sobre vários assuntos ligados à
madeira como material construtivo e, principalmente, com relação à madeira de
florestamento, sugere-se a criação e divulgação de um sistema de informações.
Não dúvidas de que o ser humano tem um relacionamento com a
madeira (como material) diferente daquele que tem com outros materiais
construtivos. É um material da natureza e remete a uma simbologia que varia de
país para país, de região para região e pode ser mais explorada.
115
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estruturas de madeira: NBR7190. Rio de Janeiro, 1997. 121p.
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118
7 ANEXOS
119
7.1 Questionários
Os questionários foram estruturados como segue:
Na primeira parte, os participantes da pesquisa foram questionados sobre
dados pessoais.
Dados pessoais:
Idade: ___ anos Sexo: ( ) masculino ( ) feminino
Escolaridade:
( ) Ensino Fundamental – (1ª. a 8ª. ) – incompleto
( ) Ensino Fundamental – (1ª. a 8ª. ) – completo
( ) Ensino Médio ( 1ª. a 3ª. – colegial) – incompleto
( ) Ensino Médio ( 1ª. a 3ª. – colegial) – completo
( ) Ensino Superior – incompleto
( ) Ensino Superior – completo
( ) Pós-Graduação
( ) Mestrado
( ) Doutorado
( ) Pós- doutorado
Profissão: _______________________
Residência:
Cidade: ___________ Estado: ________
Por favor, indique a categoria que melhor representa sua renda familiar
(ANUAL) total.
( ) abaixo de R$ 10.000
( ) R$ 10.000 e abaixo de R$ 20.000
( ) R$ 20.000 e abaixo de R$ 30.000
( ) R$ 30.000 e abaixo de R$ 40.000
( ) R$ 40.000 e abaixo de R$ 50.000
( ) R$ 50.000 e abaixo de R$ 75.000
( ) acima de R$ 75.000
120
7.1.1 Questionário Geral
Questões específicas
1) Em quais fases da construção civil a madeira pode ser utilizada? (assinale 3
alternativas numerando-as em ordem de importância).
a. ( ) estruturas de fundação e paredes incluindo pilares e vigas
b. ( ) fôrmas e andaimes e suportes para construção de alvenaria em geral
c. ( ) esquadrias, molduras de portas,entalhes, pisos e forros
d. ( ) madeiramento de telhados e estruturas de paredes internas
e. ( ) elementos decorativos, móveis e armários
2) Como você utilizaria a madeira se fosse construir uma casa neste momento
(assinale 3 alternativas numerando-as em ordem de importância).
a. ( ) estruturas de fundação e paredes incluindo pilares e vigas
b. ( ) fôrmas e andaimes e suportes para construção de alvenaria em geral
c. ( ) esquadrias, molduras de portas,entalhes, pisos e forros
d. ( ) madeiramento de telhados e estruturas de paredes internas
e. ( ) elementos decorativos, móveis e armários
3) Em termos de segurança, em quais áreas da construção civil você acha
que é possível utilizar a madeira:
a. ( ) fundações
b. ( ) estruturas (vigas e pilares)
c. ( ) cercas, decks, pisos externos
d. ( ) estruturas de telhados e coberturas
e. ( ) revestimento de pisos e paredes.
4) Comparando a madeira em termos de custo com os materiais listados,
coloque um X no que é mais caro do par considerado.
( ) madeira ( ) metal
( ) madeira ( ) alvenaria
( ) madeira ( ) vidro
( ) madeira ( ) plástico
( ) madeira ( ) pedra
5) Em termos de durabilidade, marque com um X qual o material mais
durável?
( ) madeira ( ) metal
( ) madeira ( ) alvenaria
121
( ) madeira ( ) vidro
( ) madeira ( ) plástico
( ) madeira ( ) pedra
6) Em termos de aparência (estética) qual é o material mais atraente, ou que
tem melhor aparência ou é mais bonito?
( ) madeira ( ) metal
( ) madeira ( ) alvenaria
( ) madeira ( ) vidro
( ) madeira ( ) plástico
( ) madeira ( ) pedra
7) Para reformar uma casa construída com predominância de um desses
materiais, qual seria o mais conveniente em termos de reposição,
consertos, troca e reformulação de espaços?
a. ( ) metal
b. ( ) alvenaria
c. ( ) vidro
d. ( ) plástico
e. ( ) pedra
f. ( ) madeira
8) De notas de 1 a 5 para os materiais abaixo de acordo com o item
questionado:
a. Facilidade de revestimento sobre a superfície
( ) metal
( ) alvenaria
( ) vidro
( ) plástico
( ) pedra
( ) madeira
b. Facilidade de pintura sobre a superfície do material
( ) metal
( ) alvenaria
( ) vidro
( ) plástico
122
( ) pedra
( ) madeira
c. Conservação do material
( ) metal
( ) alvenaria
( ) vidro
( ) plástico
( ) pedra
( ) madeira
d. Troca e reposição de partes
( ) metal
( ) alvenaria
( ) vidro
( ) plástico
( ) pedra
( ) madeira
e. Capacidade de trabalho do material (corte, maleabilidade)
( ) metal
( ) alvenaria
( ) vidro
( ) plástico
( ) pedra
( ) madeira
f. Resistência à ação de intempéries
( ) metal
( ) alvenaria
( ) vidro
( ) plástico
( ) pedra
( ) madeira
g. Resistência a ataque de fungos e insetos
( ) metal
( ) alvenaria
( ) vidro
( ) plástico
( ) pedra
( ) madeira
123
h. Resistência química (oxidação, corrosão)
( ) metal
( ) alvenaria
( ) vidro
( ) plástico
( ) pedra
( ) madeira
i. Resistência ao fogo
( ) metal
( ) alvenaria
( ) vidro
( ) plástico
( ) pedra
( ) madeira
j. Durabilidade e resistência mecânica
( ) metal
( ) alvenaria
( ) vidro
( ) plástico
( ) pedra
( ) madeira
9) Classifique dando uma nota de 1 a 5, a disponibilidade de mão de obra
qualificada para projeto, execução e manutenção para cada material:
( ) metal
( ) alvenaria
( ) vidro
( ) plástico
( ) pedra
( ) madeira
10) Classifique dando uma nota de 1 a 5, a atuação e qualidade de empresas
para fornecimento de matéria prima, serviços de execução e manutenção
para cada material:
( ) metal
( ) alvenaria
( ) vidro
( ) plástico
124
( ) pedra
( ) madeira
11) Numere de 1 a 6 os itens abaixo, colocando em ordem de valores de
projeto, execução de serviços e manutenção para cada material:
(do mais caro = 1, para o mais barato = 6)
( ) metal
( ) alvenaria
( ) vidro
( ) plástico
( ) pedra
( ) madeira
12) Você sabe a diferença entre “madeira nativa” e “madeira de
reflorestamento” ?
( ) sim ( ) não ( ) não me interesso pelo assunto
13) Você já teve a preocupação de se informar sobre a utilização de madeira
de reflorestamento?
( ) sim ( ) não ( ) não me interesso pelo assunto
14) A madeira de reflorestamento tem qualidade:
( ) melhor que a nativa
( ) pior que a nativa
( ) igual a nativa
15) A madeira de reflorestamento é:
( ) mais barata que a nativa
( ) mais cara que a nativa
( ) igual a nativa
16) Como é possível saber se a madeira é de reflorestamento. (marque
quantas quiser)
( ) através de um carimbo na madeira
( ) sabendo a origem e o fornecedor
( ) através de um certificado
( ) pelo tipo e espécie da madeira
( ) pelas características e propriedades
da madeira (fim das
questões)
125
7.1.2 Questionário para engenheiros e arquitetos
Questões específicas
1. Qual sua preferência considerando a ordem de utilização para os seguintes
materiais: (marcar com um X a alternativa escolhida)
Material
estrutura fundação vedação acabamento acessórios
Madeira
Concreto
alvenaria
Metal
Vidro
Pedra
Outros
especificar
2. Qual a predominância desses materiais nos seus projetos até hoje?
(marcar com um X a alternativa escolhida)
Material
estrutura fundação vedação acabamento acessórios
Madeira
Concreto
alvenaria
Metal
126
Vidro
Pedra
Outros
especifica)
3. Como profissional, se você fosse sugerir materiais construtivos
quais seriam em ordem de preferência:
a. ( ) madeira
b. ( ) metal
c. ( ) concreto
d. ( ) alvenaria
4. Quais os itens que justificam a utilização dos materiais?
(marque três itens por material com um X)
Material
Segurança Conforto
térmico
Conforto
acústico
Durabilidade
e resistência
Conforto
visual
Respeito
ao
Ambiente
Madeira
Concreto
alvenaria
Metal
Vidro
Pedra
5. Quantos anos, em média, dura uma edificação feita de:
a. madeira: _____ anos
b. concreto / alvenaria: _____ anos
c. metal: _____ anos
d. pedra: _____ anos
6. Considerando mão de obra especializada (disponibilidade e
qualidade), uma nota de 1 a 10 para cada um dois materiais
utilizados em construções:
a. madeira : ______
127
b. concreto: ______
c. alvenaria: ______
d. metal: ______
e. plástico: ______
f. vidro: ______
g. pedra: ______
7. Sua casa é predominantemente construída de:
a. ( ) madeira
b. ( ) metal
c. ( ) concreto
d. ( ) alvenaria
e. ( ) vidro
8. O ambiente mais adequado para construção de casas de madeira é:
(escolha um de cada coluna)
( ) praia
( ) área urbana
( ) campo / montanha
( ) área nobre
( ) bairros afastados de periferia
( ) qualquer área
9. Quais dos materiais abaixo proporcionam uma Construção
Ecologicamente Correta ? (marque mais de um se necessário)
a. ( ) madeira
b. ( ) metal
c. ( ) concreto
d. ( ) alvenaria
e. ( ) vidro
10. Você teve a preocupação de se informar sobre a utilização de madeira
de reflorestamento?
( ) sim ( ) não ( ) não me interesso pelo assunto
11. A madeira de reflorestamento tem qualidade:
( ) melhor que a nativa
( ) pior que a nativa
( ) igual a nativa
12. A madeira de reflorestamento é:
( ) mais barata que a nativa
( ) mais cara que a nativa
( ) igual a nativa
128
13. Como é possível saber se a madeira é de reflorestamento. (marque
quantas quiser)
( ) através de um carimbo na madeira
( ) sabendo a origem e o fornecedor
( ) através de um certificado
( ) pelo tipo e espécie da madeira
( ) pelas características e propriedades
da madeira
14. Você sabe como funciona o processo de utilização de madeira de
reflorestamento e com certificação:
a. ( ) sim
b. ( ) não
c. ( ) não conheço nada sobre o assunto
d. ( ) não me importo com o fato da madeira ser
certificada.
15. Que estilo de construção está relacionado com o uso da madeira?
a. ( ) rústico
b. ( ) clássico
c. ( ) alto padrão
d. ( ) casa popular
e. ( ) nenhum estilo em particular
f. ( ) pode ser usado em qualquer estilo
16. Que tipo de ligação para peças de madeira é mais adequado:
a. ( ) ligações com pregos
b. ( ) ligações com parafusos
c. ( ) ligações com cavilhas de madeira
d. ( ) ligações metálicas
e. ( ) ligações com cola
f. ( ) entalhes
g. ( ) chapa de dentes estampados (gang-nail)
17. Existem diversos sistemas construtivos para casas de madeira.
Assinale o que em sua opinião é o melhor.
a. ( ) sistema de vigas e pilares em madeira e vedação de paredes
com toras rústicas (estrutura e vedação toda em madeira)
b. ( ) sistema de vigas e pilares em madeira e vedação de paredes
com toras com acabamento e aparelhagem (igualadas com
encaixe macho-fêmea) (estrutura e vedação toda em madeira)
129
c. ( ) sistema de vigas e pilares em madeira e vedação de paredes
simples com tábuas serradas e aparelhadas (estrutura e
vedação toda em madeira)
d. ( ) sistema de vigas e pilares em madeira e vedação de paredes
com tábuas serradas e aparelhadas sistema sanduíche (com
câmara para instalação de tubulações de hidráulica e elétrica)
(estrutura e vedação toda em madeira)
e. ( ) outro sistema : (especificar)
_________________________________________________
18. Qual das espécies abaixo é a mais adequada para utilização na
construção de residências?
a. ( ) Pinus...........(Pinus ssp)
b. ( ) Eucalipto.....(Eucalyptus ssp)
c. ( ) Peroba........(Aspidosperma ssp)
d. ( ) Araucária....(Araucaria angustifolia)
e. ( ) Mogno........(Switema macrophylla)
f. ( ) outras espécies –
especificar ________________
7.1.3 Questionário para marceneiros e carpinteiros
Tipo de marcenaria: ______________________________
Tipo de serviço prestado: _________________________
Presta serviços para construção civil: ( ) sim ( ) não
Questões específicas
1. Em quais fases da construção a madeira é mais utilizada?
a. ( ) fundações
b. ( ) estruturas
c. ( ) vedação de paredes
d. ( ) forros e pisos
e. ( ) estrutura e madeiramento de telhados
f. ( ) acessórios e acabamentos
130
2. Qual é a maior dificuldade no uso da madeira
(assinale 3 alternativas mais importantes)
a. ( ) qualidade do material
b. ( ) variabilidade de características (não
uniformidade do material)
c. ( ) resistência (fungos, bactérias, insetos e
intempéries)
d. ( ) necessidade de equipamentos específicos
para trabalhar
e. ( ) preço do material
f. ( ) aceitação do material pelos clientes
g. ( ) outros
(especificar)____________________
3. Qual dos itens é mais importante para qualidade dos serviços e
produtos?
(marque com números de 1 a 5 em ordem de importância)
a. ( ) origem da madeira
b. ( ) serraria
c. ( ) armazenagem
d. ( ) secagem
e. ( ) transporte
f. ( ) outros
(especificar) ____________________
4. Pode-se ganhar dinheiro com:
(selecione 3 opções)
a. ( ) revenda de produtos de madeira acabados
b. ( ) fabricação de produtos de madeira maciça
c. ( ) fabricação de produtos de laminados de
madeira
d. ( ) fabricação de produtos de madeira
aglomerada
e. ( ) reforma de produtos já instalados
f. ( ) outros
(especificar) ____________________
5. Quais dos produtos de madeira são mais comercializados ou utilizados
no mercado?
a. ( ) madeira em estado natural (rústica)
131
b. ( ) madeira serrada e aparelhada
c. ( ) madeira laminada colada (MLC)
d. ( ) madeira aglomerada
e. ( ) chapas de OSB
f. ( ) chapas de MDF
g. ( ) compensado naval
6. Você sabe a diferença entre “madeira nativa” e “madeira de
reflorestamento” ?
( ) sim ( ) não ( ) não me interesso pelo assunto
7. Você teve a preocupação de se informar sobre a utilização de madeira
de reflorestamento?
( ) sim ( ) não ( ) não me interesso pelo assunto
8. A madeira de reflorestamento tem qualidade:
( ) melhor que a nativa
( ) pior que a nativa
( ) igual a nativa
9. A madeira de reflorestamento é:
( ) mais barata que a nativa
( ) mais cara que a nativa
( ) igual a nativa
10. Como é possível saber se a madeira é de reflorestamento. (marque
quantas quiser)
( ) através de um carimbo na madeira
( ) sabendo a origem e o fornecedor
( ) através de um certificado
( ) pelo tipo e espécie da madeira
( ) pelas características e propriedades
da madeira
11. Você sabe como funciona o processo de utilização de madeira de
reflorestamento e com certificação:
a. ( ) sim
b. ( ) não
132
c. ( ) não conheço nada sobre o assunto
d. ( ) não me importo com o fato da madeira ser
certificada.
12. Que estilo de construção está relacionado com o uso da madeira?
a. ( ) rústico
b. ( ) clássico
c. ( ) alto padrão
d. ( ) casa popular
e. ( ) nenhum estilo em particular
f. ( ) pode ser usado em qualquer estilo
13. Que tipo de ligação para peças de madeira é mais adequado:
a. ( ) ligações com pregos
b. ( ) ligações com parafusos
c. ( ) ligações com cavilhas de madeira
d. ( ) ligações metálicas
e. ( ) ligações com cola
f. ( ) entalhes
g. ( ) chapa de dentes estampados (gang-nail)
14. Qual das espécies abaixo é a mais adequada para utilização na
construção de residências?
a. ( ) Pinus
b. ( ) Eucalipto
c. ( ) Peroba
d. ( ) Araucária (pinheiro do Paraná)
e. ( ) Mogno
f. ( ) outras espécies –
(especificar) __________________
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