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cultivares brasileiras de soja, usando microssatélites como marcadores, demonstrou uma
estreita base genética em seu germoplasma (Priolli et al., 2002). Além disso, a fonte de
recursos genéticos, representada por espécies afins, também é inacessível para soja, devido
à incompatibilidade sexual dos cruzamentos interespecíficos e intergenéricos (Hu &
Bodanese-Zanettini, 1995).
Por esses motivos, a eficiência dos métodos tradicionais de cruzamento tem sido
bastante limitada, fazendo com que as pesquisas tenham sido direcionadas à utilização de
técnicas moleculares de transferência de genes. Sendo assim, a manipulação genética abriu
a perspectiva de que genes derivados de plantas, relacionadas ou não, e mesmo de
organismos de outros reinos, possam ser utilizados em programas de melhoramento da
soja. Diferentes técnicas para a transformação genética de plantas foram estabelecidas com
o desenvolvimento da cultura de tecidos e da engenharia genética (para revisão ver
Brasileiro & Lacorte, 1998; Bodanese-Zanettini & Pasquali, 2004).
Os cultivos de plantas transgênicas em geral registraram o segundo maior
crescimento em 2004, alcançando 81 milhões de hectares (200 milhões de acres). De
acordo com estudo divulgado pelo Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações
em Agrobiotecnologia (ISAAA), a área global cultivada com transgênicos cresceu 20% em
2004, representando um aumento de 13,3 milhões de hectares (James, 2004). No Brasil,
por exemplo, dados apontam crescimento de 66% da área com soja transgênica RR (Round
up Ready; Suzuki S & Yuyama, 2005).
Vários métodos de transferência de genes para tecidos-alvo já foram empregados
para a produção de soja transgênica. Os primeiros trabalhos de transformação por
bombardeamento de partículas utilizaram meristemas apicais (McCabe et al., 1988) e
culturas embriogênicas em suspensão (Finer & McMullen, 1991). Pelo sistema de
transferência mediada por Agrobacterium foram utilizados como alvo cotilédones imaturos
(Parrott et al., 1989; Yan et al., 2000), culturas embriogênicas em suspensão (Trick &
Finer, 1998) e tecido meristemático axilar localizado em nodos cotiledonares de plântulas
(Hinchee et al., 1988).
O sucesso dos métodos de transformação genética da soja, no entanto, não tem
correspondido às expectativas, o que pode ser atribuído à ineficiência das técnicas de
transferência de genes e, principalmente, da regeneração de plantas in vitro. Uma vez que o
gene tenha sido introduzido no tecido-alvo, é necessário que as células ou tecidos