A fim de que esses germes de dissolução do sistema feudal contaminassem
todo o seu organismo, a ponto de matá-lo, para que as forças
modernizadoras do modo de produção capitalista desabrochassem por
completo, livres de qualquer entrave, faltava algo a mais, e esse algo a mais
chamava-se revolução. A experiência histórica inglesa demonstrou, então,
que somente uma revolução política poderia abrir espaço para uma
revolução industrial, completando um longo período de transição do capital
comercial para o capital industrial, pondo uma pá de cal sobre as relações
pré-capitalistas e seu “antigo regime econômico”, parindo de forma
arrebatadora o capitalismo e seu “novo regime econômico”. (MONDAINI,
2003, p.119, grifos do autor)
Enfim, esse período é marcado por grandes transformações, pois foi o
período das revoluções sociais, do desenvolvimento das ciências, das inovações
artísticas, da busca da liberdade de pensamento e da igualdade entre os seres
humanos. Com a crescente urbanização, houve profundas alterações sociais e
retoma-se o ideal de igualdade entre os cidadãos. Pinsky e Pedro (2003) afirmam
que esse período é marcado, especialmente, pelo desenvolvimento das ciências,
pela disseminação do conhecimento, pela busca da liberdade de pensamento.
O iluminismo abria perspectivas, possibilitando uma nova abordagem da
arena pública (e, conseqüentemente, da questão da cidadania), ao afirmar
ser cada indivíduo possuidor de direitos inalienáveis, Em contraste com as
teorias sociais mais antigas, que apresentavam a hierarquia e a
desigualdade como necessárias e inevitáveis, na época das Luzes, um
conjunto de suposições filosóficas afirmava a igualdade entre os indivíduos
e as vantagens de reformar, aperfeiçoar a sociedade por meio das
aplicações de princípios fundados mais na razão do que nos costumes.
(PINSKY; PEDRO, 2003, p. 266)
Para contestar as injustiças ocasionadas pelo clero e pela nobreza, a
burguesia, que detinha o poder econômico, passou a incentivar a autonomia de
pensamento aos homens comuns. Essas inovações de pensamento preocupavam-
se com a garantia dos direitos civis, políticos e econômicos aos cidadãos. Além
disso, a liberdade plena, existente na época, ou seja, a consciência da existência
não só dos deveres, mas também de direitos.
Um dos acontecimentos mais significativos dessa passagem deu-se
justamente com o desenvolvimento de uma consciência histórica da
desigualdade. [...] Essa historicização da desigualdade servirá de pano de
fundo para uma das mais importantes transformações levadas a cabo na
trajetória da humanidade: a do citadino/súdito para o citadino/cidadão. O
fato de habitar uma cidade (ser citadino) não basta mais ao homem. Os
novos tempos exigem que este passe a ter também direitos nessa mesma
cidade e não mais somente deveres. A obscuridade de uma Era de Deveres
abre espaço para uma promissora Era de Direitos. (MONDAINI, 2003, p.
116)