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coletiva e individual ao mesmo tempo e que requer a intervenção do professor. Sob
essa ótica, uma professora retrata seu trabalho com as seguintes palavras:
Quando a gente pensa em mesclar métodos, na verdade nós
partimos de uma concepção construtivista a meu ver, que é trabalhar
a idéia de contexto, de globalizar o conhecimento, de considerar o
aluno como sujeito do conhecimento. Mas, a construção desse
conhecimento não se faz sozinha, só no aluno; caso contrário vira
espontaneísmo. Quer dizer, é uma construção que precisa da
interferência sistemática do professor também como sujeito dessa
construção do conhecimento. Então, o professor está interagindo
com uma realidade, está aprendendo com essa realidade; porque
cada turma de alfabetização é uma turma totalmente diferente do ano
anterior. Você tem um caminho, mas você reconstrói esse caminho a
cada aula, a cada desafio. A heterogeneidade da turma que você
está lidando nesse ano, faz você lançar mão de uma série de
estratégias que, ao meu ver, faz parte a questão da consciência
fonológica. Mas, o contexto da alfabetização tem que fazer sentido
tanto para quem está alfabetizando, quanto para quem está sendo
alfabetizado. A idéia que a gente tem de alfabetização contínua,
porque isso é para a vida inteira, nós estamos passando por um
processo das crianças num início da escolarização, é a idéia de
letramento, a idéia do processo ser contínuo.
Para a mesma professora o trato com a alfabetização não está
apartado dos usos sociais, seja com relação à língua falada, seja com relação à
escrita. A escola é essencialmente um espaço privilegiado de encontros, onde a
criança terá oportunidade de vivenciá-los. Ela expõe:
[...] a escola é um espaço para a gente estar fazendo as rimas, que a
consciência fonológica passa por isso, passa por letra, passa por
sílaba, passa por palavra e daí vai pro texto e daí teria assim,
palavra, som, texto e o contrário também. Enquanto educadora a
gente está num espaço na escola que a gente tem que provocar isso.
Por exemplo, quando estou trabalhando no Acompanhamento de
Aprendizagem algumas palavras terminadas com a sílaba “to”, eu
tenho a palavra “gato” e peço para os alunos falarem outras palavras
que terminem com “to”, eu estou trabalhando a oralidade, as minhas
crianças estão visualizando mentalmente “gato”, visualizando a
palavra escrita “gato”, e aí eu peço que elas me falem outras
palavras. A escola é o único espaço que a gente tem para fazer isso.
Então, eu acho que a gente tem que estar estudando mais, se
aperfeiçoando mais; tenho conversado sobre isso com colegas, o
tanto que faz falta a gente estar se instrumentalizando porque a
gente vê, a gente está lendo que, com isso, a gente tem mais
sucesso, que isso dá certo. Como professora de Acompanhamento a
gente vê que tomando essa linha, tomando essa sistemática de estar
trabalhando o visual, de estar trabalhando o som, de estar
trabalhando com a imagem, dá certo.