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Flávia Andrade Ribeiro
Avaliação da duração e impacto do primeiro esquema
anti-retroviral altamente potente em pacientes portadores
da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA) em
acompanhamento no Setor de Imunodeficiências do
Serviço de Doenças Infecciosas e Parasitárias/ Hospital
das Clínicas (DIP/HC) do Centro de Treinamento e
Referência em Doenças Infecciosas e Parasitárias
Orestes Diniz (CTR-DIP/UFMG-PBH) em Belo Horizonte,
Minas Gerais.
BELO HORIZONTE
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
2007
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Flávia Andrade Ribeiro
Avaliação da duração e impacto do primeiro esquema anti-
retroviral altamente potente em pacientes portadores da
Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA) em
acompanhamento no Setor de Imunodeficiências do Serviço de
Doenças Infecciosas e Parasitárias/ Hospital das Clínicas
(DIP/HC) do Centro de Treinamento e Referência em Doenças
Infecciosas e Parasitárias Orestes Diniz (CTR-DIP/UFMG-PBH)
em Belo Horizonte, Minas Gerais.
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Ciências da Saúde: Infectologia e Medicina Tropical do
Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina
da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito
parcial para obtenção do título de mestre em Medicina.
Área de Concentração: Ciências da Saúde: Infectologia e
Medicina Tropical
Orientador: Prof. Dirceu Bartolomeu Greco
Co-orientadora: Profª Marise Fonseca Oliveira
Co-orientador: Prof. Unaí Tupinambás
BELO HORIZONTE
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
2007
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As Cidades Invisíveis – Ítalo Calvino
O inferno dos vivos não é algo que será;
se existe, é aquele que já está aqui,
o inferno no qual vivemos todos os dias,
que formamos estando juntos;
Existem duas maneiras de não sofrer.
A primeira é fácil para a maioria das pessoas:
Aceitar o inferno e tornar-se parte deste
até o ponto de deixar de percebê-lo.
A segunda é arriscada e exige
atenção e aprendizagem contínuas:
Tentar saber quem e o que, no meio do inferno,
não é inferno, e preservá-lo e abrir espaço.”
Aos meus pais e irmãos
Razão de tudo
Ao Leonardo
Pelo amor maior que o amor
Agradecimentos
Ao meu orientador Prof. Dirceu Bartolomeu Greco, pela longa e harmoniosa convivência, pela
contribuição inestimável de seu conhecimento e sabedoria não somente no trabalho realizado,
como também na minha formação pessoal e profissional. Obrigado pela amizade e pelas
oportunidades.
A minha co-orientadora Prof. Marise Fonseca Oliveira, pela amizade sincera, pelo apoio e
dedicação oportunos e pela grande sabedoria e exemplo de humildade.
Ao meu co-orientador Prof. Unaí Tubinambás pela amizade, cooperação e auxílio no
desenvolvimento deste trabalho.
Aos alunos de iniciação científica Leonardo, Luiz Otávio e Lucas e aos ex-alunos e agora colegas
Clarisse, Renata, Luiza, Henrique, Rafael e Fernanda, pelo imenso trabalho, dedicação e por me
ensinarem tanto.
Ao Jéferson, pela amizade, dedicação verdadeira e auxílio incessantes, sem o qual este trabalho
não seria possível. Quem um dia pensei estar ajudando quando na verdade estava sendo ajudada.
Meu sincero obrigado.
À Cíntia, Jenifer e Jerre pela ajuda oportuna , dedicação sincera e paciência.
Aos colegas do Projeto Horizonte, pelo apoio e por compreender os momentos de ausência.
Aos funcionários e colegas do CTR-DIP Orestes Diniz pelo agradável convívio, pela amizade e
ajuda durante o desenvolvimento deste trabalho.
Aos funcionários do SAME pela colaboração na busca e consulta aos prontuários médicos.
Aos meus amigos e familiares por entenderem minha ausência.
Aos meus irmãos, companheiros de profissão e de vida, pelo carinho e apoio.
Ao meu pai, melhor amigo, pelo alicerce, exemplo de vida, coragem e perseverança. Por me
mostrar sempre o melhor caminho. À minha mãe, pela amizade e dedicação integral desde os
meus primeiros passos. Por ter abdicado tantas vezes de seus sonhos para concretizar os meus.
Obrigado a vocês pelo amor incondicional. Esta conquista também é de vocês.
Ao meu marido, Leonardo, por dividir as alegrias e tristezas, por compreender as minhas
ausências e pela paciência. Obrigado pela amizade sincera, pela cumplicidade e pela ajuda
indispensável. Obrigado pelo amor maior que o amor. Este trabalho representa antes uma
conquista nossa e não o mérito de uma pessoa só.
Aos pacientes, início, meio e fim deste estudo
À todos aqueles que de algum modo contribuíram para a realização deste trabalho
Finalmente a Deus, por ter me permitido concluir mais esta etapa da minha vida, pela
oportunidade de crescer pessoalmente e profissionalmente, pelo convívio com pessoas que
contribuíram para minha formação e até mesmo com as pessoas que me mostraram quais
caminhos não devo seguir. Pela força, principalmente quando não parecia mais existir e pela
que deu sentido a tudo.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Perfil sócio-demográfico da população estudada....................................... 44
Tabela 2- Exposição sexual à infecção pelo HIV....................................................... 46
Tabela 3-
Classificação da contagem de linfócitos T CD4+ no início do
Tratamento..................................................................................................
47
Tabela 4- Freqüência dos regimes anti-retrovirais..................................................... 48
Tabela 5- Duração dos oito esquemas mais freqüentes.............................................. 52
Tabela 6- Comparação par a par dos regimes mais freqüentes.................................. 53
Tabela 7- Duração dos esquemas entre as classes IP e ITRN.................................... 54
Tabela 8-
Comparação entre a freqüência das combinações de ITRN entre as
classes IP e ITRN.......................................................................................
57
Tabela 9- Risco relativo de interrupção do tratamento...............................................
60
Tabela 10- Risco de interrupção do tratamento por carga viral antes da terapia..........
64
Tabela 11-
Relação entre o número de consultas mensais e o risco de
Interrupção do tratamento..........................................................................
64
Tabela 12-
Tempo mediano de duração do tratamento por relato de uso da
Medicação..................................................................................................
65
Tabela 13-
Tempo mediano de duração do tratamento por dispensação da
medicação...................................................................................................
65
Tabela 14- Ganho médio de CD4+ por classes de drogas............................................ 67
Tabela 15-
Freqüência dos eventos que resultaram na interrupção ou falha do
regime ........................................................................................................
69
Tabela 16-
Motivos de falha/interrupção do esquema nas classes IP e ITRN.............
70
Tabela 17-
Freqüência das drogas suspeitas de causarem intolerância........................
70
Tabela 18-
Freqüência dos efeitos adversos.................................................................
71
Tabela 19-
Duração por tipo de droga..........................................................................
72
Tabela 20-
Comparação dos motivos de falha/interrupção do tratamento por
tipo de droga..............................................................................................
73
Tabela 21-
Relação entre duração do primeiro regime e óbito.....................................
73
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Fluxograma 1 Seleção de pacientes em uso de TARC como primeiro esquema
anti-retroviral.................................................................................................
43
Gráfico 1 Classificação CDC/93 no início do tratamento............................................. 47
Gráfico 2 Evolução do percentual dos regimes mais freqüentes por ano de
introdução da TARC.....................................................................................
49
Gráfico 3 Evolução do percentual dos regimes que continham IP por ano de
introdução da TARC.....................................................................................
50
Gráfico 4 Duração do primeiro regime anti-retroviral combinado em dias.................. 51
Gráfico 5 Duração dos oito regimes mais freqüentes.................................................... 52
Gráfico 6 Duração dos regimes anti-retrovirais por classes de drogas......................... 54
Gráfico 7 Duração dos regimes anti-retrovirais por classes de drogas em
pacientes com CD4+ <200 células/mm
3
.......................................................
55
Gráfico 8 Duração dos regimes anti-retrovirais por classes de drogas em
pacientes CD4+ ≥200 células/mm
3
.............................................
56
Gráfico 9 Duração dos regimes anti-retrovirais por classes de drogas com a
combinação AZT + 3TC.........................................................
57
Gráfico 10 Duração dos regimes anti-retrovirais por classes de drogas com a
combinação 3TC + d4T..................................................................
58
Gráfico 11 Duração dos regimes anti-retrovirais por classes de drogas com a
combinação AZT + ddI.................................................................................
59
Gráfico 12 Duração dos regimes anti-retrovirais por classes de drogas com a
combinação d4T + ddI...................................................................................
59
Gráfico 13 Duração média da primeira TARC: na média das covariáveis..................... 61
Gráfico 14 Duração do tratamento por contagem de CD4+ no início da terapia............ 62
Gráfico 15 Duração do tratamento por grau de escolaridade.......................................... 63
Gráfico 16 Duração do tratamento por ocupação............................................................ 63
Gráfico 17 Duração do tratamento por relato de uso da medicação................................
66
Gráfico 18 Duração do tratamento por relato de dispensação da medicação.................. 66
Gráfico 19 CD4+ inicial e final por classe de droga dos pacientes com terapia
Eficaz.............................................................................................................
68
Gráfico 20 Duração do tratamento por tipo de droga: EFV e NVP................................ 72
LISTA DE ABREVIATURAS
3TC - Lamivudina
ABC - Abacavir
ACTG - Aids Clinical Trials Group
Aids - Acquired Immunodeficiency Syndrome
APV - Amprenavir
ATV - Atazanavir
ATV/r – Atazanavir/ritonavir
AZT - Zidovudina
CD4+ - Linfócitos T-CD4+
CD8+ 0 Linfócitos T-CD8+
CDC – Center for Diseases Control
COEP - Comitê de Ética em Pesquisas envolvendo Seres Humanos
CTR-DIP – Centro de Treinamento e Referência em Doenças Infecciosas e Parasitárias.
CV - Carga viral
CV – Carga viral ou PCR quantitativo para o HIV
d4T - Estavudina
ddI - Didanosina
DIP – Doenças Infecciosas e Parasitárias
DLV - Delavirdina
DEP - Diretória de Ensino e Pesquisa
EFV -Efavirenz
ENF - Enfuvirtida
FAPEMIG – Fundação de Amparo a Pesquisa de Minas Gerais
HC – Hospital das Clínicas
HIV – Vírus da Imunodeficiência Humana
HOPS - HIV Outpatient Study Investigators
IDV - Indinavir
IDV/r Indinavir/ritonavir
IO - Infecções oportunistas
IP - Inibidores da protease
ITR - Inibidores da transcriptase reversa
ITRN- Inibidores da transcriptase reversa análogos de nucleosídeo e de nucleotídeo
ITRNN- Inibidores da transcriptase reversa não-análogos de nucleosídeo
LPV/r - Lopinavir/ritonavir
MS - Ministério da Saúde
NEP - Núcleo de Ensino e Pesquisa
NFV - Nelfinavir
NVP - Nevirapina
OMS - Organização Mundial de Saúde
PBH – Prefeitura de Belo Horizonte
PN DST/SIDA - Programa Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis e SIDA
PVHA - Pessoas vivendo com HIV/SIDA
RTV - Ritonavir
SAME – Serviço de Arquivo Médico
SIDA – Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
SIM - Sistema de Informação em Mortalidade
SINAN - Sistema de Informação de Agravos de Notificação
SISCEL - Sistema Informatizado de Controle de Exames Laboratoriais
SPSS - Statistical Package for Social Science
SQV- Saquinavir
SQV/r – Saquinavir/ritonavir
SUS -Sistema Único de Saúde
TARC - Terapia anti-retroviral combinada
TDF - Tenofovir
UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais
RESUMO
A terapia anti-retroviral combinada produz melhora substancial do prognóstico dos
portadores da infecção pelo HIV/SIDA. Encontrar o melhor regime para o tratamento anti-
retroviral inicial é uma das estratégias para aumentar o tempo e a qualidade de vida de PVHA.
Foram avaliados 891 pacientes atendidos no CTR-DIP Orestes Diniz com primeiro esquema anti-
retroviral combinado contendo no mínimo três drogas, iniciado entre 1996 e 2007, através da
análise de coorte histórica de portadores da infecção pelo HIV/SIDA. Os pacientes foram
acompanhados por 24 meses ou até a suspensão, abandono, substituição do esquema ou óbito. A
população era predominantemente do sexo masculino, da cor/raça branca, jovens, solteiros e com
baixo grau de escolaridade. Os regimes contendo IP, representaram 61,5% das prescrições.
Notou-se diminuição progressiva do uso de IP no regime inicial ao longo do período,
correspondendo às modificações nas recomendações vigentes no país. Ao final de seis meses
69% dos pacientes permaneceram em uso do primeiro esquema anti-retroviral combinado, 54%
aos 12 meses, 48% aos 18 meses e 39% aos 24 meses. A combinação AZT-3TC e EFV foi o
regime mais prescrito e com menor falha (p<0,05). Os regimes contendo ITRNN apresentaram
duração e eficácia superiores aos regimes contendo IP (p<0,001). A alta freqüência de regimes
sabidamente menos tolerados ou menos eficazes no início do período avaliado, pode ter
influenciado no pior desempenho dos regimes contendo IP. A contagem de linfócitos T-CD4+ <
200células/mm
3
, a dispensação irregular e a ocupação do lar foram fatores de risco para falha
e/ou interrupção do tratamento na análise multivariada. O pequeno número de pacientes que
possuíam CV anterior ao início da TARC não permitiu a análise de sua correlação com a duração
do tratamento. A intolerância/eventos adversos foram o principal motivo para a falha do
esquema, seguido pelo abandono/não aderência e pela falha terapêutica virológica Na
comparação entre as classes de drogas, notou-se diferença significativa entre os motivos da
interrupção da TARC inicial, com maior percentagem de intolerância/eventos adversos para os
pacientes em uso de IP e de falha imunológica para os pacientes em uso de ITRNN. Os regimes
contendo EFV apresentaram maior duração e eficácia que os regimes contendo NVP. Os
pacientes cujo esquema anti-retroviral foi interrompido/ falhou nos primeiros 24 meses de
tratamento apresentaram risco 3,9 vezes maior de falecer até 2006. Apesar do surgimento de
novas drogas com maior potência e melhor tolerabilidade, a aderência a medicação e a alta
taxa de eventos adversos permanecem como principais barreiras para o sucesso prolongado do
tratamento. Este estudo traz informações relevantes sobre a duração e eficácia do primeiro regime
anti-retroviral combinado. Entretanto, novos estudos sobre o tema se fazem necessários, em
especial, para avaliar os regimes contendo IP reforçados com RTV.
Palavras chaves: HIV, SIDA, primeiro regime anti-retroviral combinado, duração, eficácia.
ABSTRACT
The highly active antiretroviral therapy (HAART) improves substantially the prognosis of
HIV infected patients. Finding a better regimen for the first antiretroviral treatment is one of the
strategies used to improve time and quality of life of people living with HIV/AIDS. A total of
891 HIV infected patients assisted at the CTR-DIP Orestes Diniz and treated with first
antiretroviral therapy with at least three drugs initiated between 1996 and 2007, were evaluated
through a longitudinal historical cohort. The patients were followed for 24 months or until
interruption, abandon, changing of the regimen or death. The patients were predominantly males,
white, young, single and with a low level of education. The PI regimens represented 61.5% of the
prescriptions. A progressive decrease in the regimens composed with PI in the first antiretroviral
treatment was observed, in agreement with the modifications recommended by the country
committee. At the end of 6 months 69% of the patients were still being treated with the first
regimen, 54% at 12 months, 48% at 18 months and 39% at 24 months. The combination of AZT-
3TC-EFV was the regimen most prescribed and lesser failure. The regimens composed with
NNRTI showed high efficacy and durability compared to the regimens with PI. The high
frequency of regimens, well known for their less tolerability and efficacy, might be responsible
for the worse results of the regimens composed with PI. The CD4 lymphocyte count < 200cells/
mm
3
, the irregular dispensation of medication and working as housekeeper were risks factors for
failure or interruption of the treatment in the multivariate analyses. The small number of patients
with viral load before the beginning of the HAART impaired the correlation with the treatment
duration. The intolerance/adverse effects were mainly responsible for failure of the regimen,
followed by the abandon/non-adherence and by the virologic failure. When comparing drugs
classes, the results showed a significant difference between the causes of interruption of the first
HAART with the major percentage of intolerance/adverse effects of patients treated with PI
regimens and therapeutic immunologic failure with patients treated with NNRTI. The regimens
composed with EFV showed high durability and efficacy compared to the regimens contained
NVP. The patients which antiretroviral regimen were interrupted or failed in the first 24 months,
showed 3.9 times more chance to die until 2006. Although the advent of more potent and
tolerable drugs, the lack of adherence to the drugs and the high level of adverse effects are still
the most important barriers to the prolonged success of the treatment. This study brings relevant
information about the durability and efficacy of HAART. However, new studies are encouraged,
in special to evaluate ritonavir-boosted PI.
Key-words: HIV, AIDS, HAART, durability, efficacy.
SUMÁRIO
ÌNDICE DE TABELAS.................................................................................................................... vii
ÍNDICE DE FIGURAS..................................................................................................................... viii
LISTA DE ABREVIATURAS......................................................................................................... ix
RESUMO.......................................................................................................................................... xi
ABSTRACT..................................................................................................................................... xii
1. INTRODUÇÃO....................................................................................................................... 01
1.1 Epidemiologia da infecção pelo HIV/Aids..................................................................... 01
1.1.1 Situação da epidemia de HIV/Aids no mundo.................................................... 01
1.1.2 Situação da epidemia de HIV/Aids no Brasil......................................................
02
1.1.3 Situação da epidemia da infecção pelo HIV/Aids no Estado de Minas Gerais e
na cidade de Belo Horizonte ..............................................................................
05
1.2 Política brasileira para assistência aos portadores de HIV/Aids e seu impacto.............. 05
1.3 Terapia anti-retroviral..................................................................................................... 09
1.3.1 Impacto e duração da terapia anti-retroviral combinada..................................... 10
1.3.2 Preditores clínicos e laboratoriais da progressão da infecção pelo HIV e da
resposta a TARC.................................................................................................
12
1.3.3 Início da terapia anti-retroviral............................................................................ 15
1.3.4 Regime anti-retroviral inicial.............................................................................. 18
1.3.5 Toxicidade da terapia anti-retroviral................................................................... 22
1.3.6 Aderência à terapia anti-retroviral.......................................................................
23
1.3.7 Impacto da TARC – morbidade e mortalidade................................................... 25
1.3.8 Recomendações brasileiras para uso da terapia combinada no primeiro regime
anti-retroviral.......................................................................................................
27
1.3.9 Impacto e duração da terapia anti-retroviral no Brasil ....................................... 30
1.4 Desafios........................................................................................................................... 31
2. JUSTIFICATIVA..................................................................................................................... 32
3. OBJETIVOS.............................................................................................................................
33
3.1 Objetivo Principal........................................................................................................... 33
3.2 Objetivos Secundários..................................................................................................... 33
4. METODOLOGIA.................................................................................................................... 34
4.1 População estudada......................................................................................................... 34
4.1.1 Critérios de inclusão............................................................................................ 34
4.1.2 Critérios de exclusão........................................................................................... 35
4.2 Fontes de informação................................................................................................... 35
4.3 Coleta dos dados ..........................................................................................................
36
4.4 Definições para análise.................................................................................................
39
4.5 População avaliada....................................................................................................... 40
4.6 Medida de desfecho..................................................................................................... 40
4.7 Análise dos dados........................................................................................................ 40
4.8 Aprovação do estudo e Aspectos Éticos...................................................................... 41
4.9 Financiamento.............................................................................................................. 42
5.
RESULTADOS .............................................................................................................
43
5.1 Processo de seleção dos pacientes................................................................................ 43
5.2 Caracterísitcas sócio-demográficas e epidemiológicas da população à admissão....... 44
5.2.1 Análise do perfil sócio-demográfico da população.......................................... 44
5.2.2 Análise do perfil sócio-demográfico da população por classe de droga.......... 45
5.2.3 Análise da forma de exposição ao HIV............................................................ 45
5.3 Características clínico-imunológicas da população na introdução da TARC......... 46
5.3.1 Análise da condição clínico-imunológica da população na introdução da
TARC...............................................................................................................
46
5.3.2 Análise da condição imunológica da população no início da TARC por
classes de drogas..............................................................................................
47
5.4 Análise descritiva dos principais regimes e classes de drogas prescritos............ 48
5.4.1
Análise da frequência dos diferentes esquemas anti-retrovirais......................
48
5.4.2 Evolução do percentual dos regimes mais freqüentes por ano de introdução
da TARC..........................................................................................................
48
5.4.3 Evolução do percentual dos regimes que continham IP por ano de
introdução da TARC........................................................................................
49
5.5 Duração da TARC........................................................................................................ 50
5.5.1 Análise da duração do primeiro regime anti-retroviral combinado................. 50
5.5.2 Análise da duração dos diferentes esquemas anti-retrovirais ......................... 51
5.5.3 Análise da duração dos esquemas entre as classes IP e ITRNN...................... 54
5.5.4 Análise da relação entre as combinações de ITRN e a duração
do tratamento anti-retroviral das classes IP e ITRNN......................................
56
5.6 Análise dos fatores, sócio demográficos, epidemiológicos, clínicos e
laboratoriais no início do tratamento e sua correlação com a duração do
primeiro regime anti-retroviral.....................................................................................
60
5.6.1 Variávei s demográficas e laboratoriais de risco para falha do
regime anti-retroviral em 24 meses..................................................................
60
5.6.2 Análise da relação entre a carga viral pré-tratamento e a falha do primeiro
regime anti-retroviral combinado.....................................................................
64
5.6.3 Análise da associação entre o número de consultas e a
e duração do primeiro regime anti-retroviral...................................................
64
5.6.4 Análise da associação entre o relato de uso irregular de anti-retrovirais e a
dispensação irregular da medicação e a falha do primeiro
regime anti-retroviral.......................................................................................
65
5.7 Análise do ganho médio de linfócitos T-CD4+ e entre as classes IP e
ITRNN.........................................................................................................................
67
5.8 Motivos da interrupção/falha do primeiro esquema anti-retroviral............................. 68
5.8.1 Análise dos motivos de interrupção/falha da TARC....................................... 68
5.8.2
Análise dos motivos de interrupção da TARC nas classes IP e ITRNN
69
5.8.3 Análise das drogas suspeitas de causarem intolerância que
levou a interrupção do regime..........................................................................
70
5.8.4 Análise dos eventos adversos mais freqüentemente relatados......................... 71
5.9 Duração e os motivos de interrupção/falha dos regimes que continham
EFV e NVP...................................................................................................................
71
5.9.1 Comparação da duração dos esquemas que continham EFV e
NVP..................................................................................................................
71
5.9.2 Comparação dos motivos de troca entre o EFV e NVP................................... 72
5.10 Relação entre a duração e impacto do primeiro esquema anti-retroviral. combinado
e a mortalidade secundária à infecção pelo HIV na população.............................
73
6. DISCUSSÃO............................................................................................................................
74
6.1 Dificuldades e limitações do estudo............................................................................. 85
6.2 Considerações finais .................................................................................................... 86
7. CONCLUSÃO......................................................................................................................... 87
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................... 88
APÊNDICE
APÊNDICE A................................................................................................................................... 97
APÊNDICE B................................................................................................................................... 103
APÊNDICE C................................................................................................................................... 114
APÊNDICE D................................................................................................................................... 115
ANEXO
1. Introdução
1
1.1 Epidemiologia da infecção pelo HIV/SIDA
1.1.1 Situação da epidemia de HIV/SIDA no mundo
Após pouco mais de duas décadas de seu surgimento, a epidemia da infecção pelo vírus da
imunodeficiência humana/ Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (HIV/SIDA) permanece um
dos maiores problemas de saúde no mundo. Segundo estimativa da Organização Mundial de
Saúde (OMS) de dezembro de 2006, existem 39,5 milhões (34,1 - 47,1 milhões) de pessoas
vivendo com HIV/SIDA (PVHA) no mundo, sendo cerca de 37,2 milhões (32,1 - 44,5 milhões)
de adultos e 2,3 milhões (1,7 3,5 milhões) de crianças com idade inferior a 15 anos. Calcula-se
que a incidência da infecção pelo HIV neste mesmo ano tenha sido de 4,3 milhões, dos quais 3,8
milhões ocorreram em adultos, a maioria em idade produtiva. Esta estimativa engloba todos os
infectados, aqueles que já desenvolveram a doença e os que não apresentaram sinais e sintomas da
síndrome. A distribuição por continentes não se apresenta uniforme, com 24,7 milhões de PVHA
na África subsaariana, representando 63% da prevalência mundial, sendo que 32% da população
mundial infectada pelo HIV reside no sul da África. O continente asiático ocupa o lugar com
prevalência calculada de 8,5 milhões de PVHA, das quais 7,8 milhões vivem no sudeste e sul
asiáticos. O continente americano ocupa o lugar com 3,35 milhões de PVHA, com pouco mais
de 50% desta população vivendo na América Latina, seguido pela Europa que possui 2,44
milhões de pessoas infectadas, com cerca de 2/3 vivendo no leste europeu. Por fim a Oceania
apresenta um total de 81.000 PVHA (1).
Nota-se um crescimento no número de PVHA em todo o mundo, com destaque para o leste
asiático, europeu e a Ásia Central, sendo que nas duas últimas regiões observou-se, em 2006, um
aumento de 70% na incidência da infecção pelo HIV em relação a 2004. De maneira geral,
observa-se contínua mudança no perfil sócio-demográfico, havendo um aumento da proporção de
2
pessoas com baixa renda e baixa escolaridade, mesmo nos países desenvolvidos (1). Quase todos
os países relatam casos da doença e pode-se afirmar que as comunidades ainda não atingidas um
dia a enfrentarão, pois a SIDA até agora não encontrou barreiras que detivessem sua
disseminação.
A SIDA causou aproximadamente 2,9 milhões de óbitos em 2006, sendo 380.000 em
crianças menores de 15 anos de idade. É a principal causa de morte na região subsaariana da
África e a quarta causa de morte no mundo. Nota-se também distribuição desigual entre os
continentes com 34% dos óbitos por SIDA ocorridos na região sul da África em 2006. Dada a
natureza da epidemia e a baixa cobertura de tratamento anti-retroviral nos países
subdesenvolvidos e em desenvolvimento, a mortalidade tem aumentado nos últimos cinco anos
(1).
1.1.2. Situação da epidemia de HIV/SIDA no Brasil
O Brasil ocupa o segundo lugar em notificações de casos de SIDA nas Américas. Desde o
início de 1980 até 30 de junho de 2006 foram notificados ao Ministério da Saúde (MS) 433.067
casos de SIDA, sendo 290.917 em homens e 142.138 em mulheres. No ano de 2005 foram
diagnosticados 33.142 novos casos, correspondendo à taxa de incidência de 19,4 casos por 100
mil habitantes, basicamente devido à persistência da tendência de crescimento entre as mulheres
que, nesse mesmo ano atingiu a taxa de 15,2 casos por 100 mil mulheres. A razão entre os casos
masculinos e femininos continua decrescente, ficando em 15 casos masculinos para cada 10
femininos (ou 1,5:1). Chama ainda a atenção, no sexo masculino, a redução das taxas de
incidência nas faixas etárias de 13 a 34 anos e o crescimento nas faixas posteriores,
principalmente entre 40 e 59 anos. Entre as mulheres, observa-se após 1998, a tendência à
3
estabilidade entre aquelas na faixa de 13 a 24 anos, com crescimento persistente em praticamente
todas as outras faixas etárias (2). A tendência de maior número de mulheres na categoria de
transmissão heterossexual, desde 1992, deve traduzir a maior vulnerabilidade feminina (3). Em
ambos os gêneros verifica-se um aumento proporcional das notificações de pessoas da raça/cor
parda (2). O grau de escolaridade vem diminuindo progressivamente nos últimos anos,
provavelmente refletindo o acometimento de pessoas menos favorecidas economicamente, sob a
hipótese de que a escolaridade é uma variável importante de estratificação social, expondo a
iniqüidade no acesso aos serviços de saúde para diagnóstico e tratamento precoces das
populações mais vulneráveis sócio-economicamente (3, 4).
Entre as regiões brasileiras, a região Sudeste apresenta o maior número de casos notificados
(296.910 casos), perfazendo 62,3% das notificações, seguido pelo Sul (17,9%), Nordeste (11%),
Centro-Oeste (5,6%) e Norte (3,2%). Na região sul observa-se as maiores taxas de incidência,
com diminuição progressiva nos últimos anos. Nota-se estabilização da epidemia na região
sudeste, com crescimento nas regiões Norte e Nordeste. A taxa de incidência na região Centro-
Oeste mantêm-se estável e assemelha-se a taxa brasileira (19,4/ 100.000 hab) (2).
Entre 1980 e 2005, foram registrados 183.074 óbitos no país. A mortalidade por SIDA
mantém-se estabilizada em cerca de 11 mil óbitos anuais desde 1998 e com taxa de seis óbitos
por 100 mil habitantes, embora se observe, ainda, o crescimento nas regiões Norte e Nordeste. A
região sul apresenta a maior taxa de mortalidade com tendência a estabilização nos últimos anos.
Mantém-se a redução da taxa de mortalidade entres os homens e a estabilização entre as
mulheres. Observa-se leve aumento proporcional da mortalidade por SIDA na raça/cor parda
com diminuição proporcional na raça/cor branca, como o observado para os novos casos da
doença (1).
4
No Brasil, a vigilância epidemiológica da SIDA vem sendo realizada tomando-se como
referência sua notificação universal, incluída na relação de doenças e agravos de notificação
compulsória. Em função da variabilidade de manifestações clínicas que ocorrem em
conseqüência da infecção pelo HIV, o Ministério da Saúde estabeleceu critérios de definição de
casos de SIDA em adultos e crianças, para fins de vigilância e notificação (5). Devido ao longo
período de latência da infecção as notificações refletem apenas parte da epidemia. Por isso é
recomendada pela OMS, desde 1993, a vigilância da infecção pelo HIV. Estes dados são obtidos
através de Projetos Sentinelas”, nos quais ocorre coleta sistemática de dados para estabelecer as
tendências espaço-temporais da infecção pelo HIV, em subgrupos populacionais específicos (6).
Em nosso meio, desde 1997, a “população sentinela” compreende pacientes atendidos em clínicas
de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), usuários de serviço de pronto socorro e
parturientes atendidas em maternidades. Com base nos resultados obtidos no último grupo o
Ministério da Saúde estimou que em 2004 havia 644.511 pessoas (IC=68%) entre 15 e 49 anos de
idade infectadas pelo HIV, sendo 208.898 mulheres e 384.889 homens, sendo a taxa de
incidência de 0,80 no sexo masculino e 0,42 no feminino, com taxa total de 0,61 (2,7).
A epidemia mundial da infecção pelo HIV/SIDA é bastante complexa e instável, sendo
constituída de um conjunto de subepidemias de características diversas. Segundo uma das
recentes classificações tipológicas propostas, o Brasil teria uma epidemia do tipo concentrada,
significando que a prevalência da infecção pelo HIV é superior a 5% em uma ou mais
subpopulações com alta susceptibilidade, mas com prevalência entre gestantes atendidas em
clínicas de pré-natal menor do que 5%. Por ser um país de grandes dimensões territoriais e
profundas desigualdades sociais o Brasil possui também diferentes subepidemias (8).
A epidemia no Brasil iniciou-se nas camadas da população de maior nível socioeconômico
para depois disseminar progressivamente para as camadas de vel socioeconômico mais baixo.
5
A diferença entre a proporção de casos com escolaridade mais elevada ou mais baixa entre as
regiões brasileiras deve-se basicamente, aos diferentes estágios da epidemia em cada região. As
maiores proporções de casos com escolaridade mais baixa na região sudeste já no final da década
de 80 confirmam tal afirmativa (9). De maneira geral, a epidemia da infecção pelo HIV vive
atualmente um processo de heterossexualização, feminilização, interiorização e pauperização (8).
1.1.3 Situação da epidemia da infecção pelo HIV/SIDA no Estado de Minas Gerais e na cidade
de Belo Horizonte.
O Estado de Minas Gerais desde 1980 até 30 de junho de 2006 havia notificado 31.488
(13,8%) casos de SIDA, ocupando o quarto lugar em número absoluto de notificações entre os
Estados. Entretanto, dados até novembro de 2005 revelam incidência neste mesmo ano de 14,8
casos/100.000 hab., sendo inferior a média nacional. O Estado contabilizou até dezembro de 2005
um total de 11.781 óbitos por SIDA (2). Em 2006, a cidade de Belo Horizonte, quinta maior
cidade do país em população, ocupava o terceiro lugar em número absoluto de casos notificados
de SIDA (13.733/3,2%) entre os municípios brasileiros, contribuindo com 43,6% das notificações
em Minas Gerais (2).
1.2 Política brasileira para assistência aos portadores de HIV/SIDA e seu impacto.
Além de ser um dos países com a maior prevalência da infecção, o Brasil se destaca no
cenário mundial pela política pioneira do Ministério da Saúde para assistência as PVHA. Em
1988 o Sistema Único de Saúde (SUS) iniciou a distribuição gratuita das drogas para o
tratamento das infecções oportunistas e a partir de 1991, começando pela zidovudina (AZT),
6
passou a disponibilizar os anti-retrovirais. Em 1996 o acesso universal e gratuito a terapia anti-
retroviral no âmbito do SUS foi garantida por lei. Com a criação de uma rede nacional de
laboratórios, foram disponibilizadas a contagem de linfócitos T-CD4+ (CD4+) em 1997, o PCR
quantitativo para o HIV (ou carga viral) em 1998, e em 2002 o teste de genotipagem para
resistência viral. Somada a várias outras iniciativas, entre elas, medidas de prevenção,
monitoramento epidemiológico e desenvolvimento de parcerias com a sociedade civil, esta
estratégia têm determinado impacto semelhante ao verificado nos países desenvolvidos no que
diz respeito à redução das mortes causadas pela SIDA, da ocorrência de infecções oportunistas
(IO), das internações hospitalares e da incidência da infecção (4, 10, 11,12 ).
A redução da ocorrência de infecções oportunistas é um dos resultados mais marcantes da
terapia anti-retroviral combinada (TARC). Em 1998 estimou-se em 13 milhões de reais a
economia com a redução da incidência de pneumonia por P. jiroveci, doença disseminada por M.
avium e meningite criptocócica. Entre 1996 e 1998 houve redução do consumo de 60% de
ganciclovir, droga usada no tratamento da retinite por citomegalovírus, gerando economia de 14
milhões de reais (3). Calcula-se que entre 1997 e 2003, foram evitados pelo menos 60.000 novos
casos de SIDA e 633.200 hospitalizações levando a economia de US$ 1.800.000.000 em gastos
hospitalares e mais de dois bilhões de dólares considerando-se também a economia com cuidados
ambulatoriais e gastos com medicamentos para IO (13). Houve redução de seis vezes da média de
internações por paciente no país (de 1,65 em 1996 para 0,28 em 2001). Em 2004 foram evitadas
cerca de 57mil internações gerando uma economia estimada em US$ 40 milhões (11). Entre 1996
e 2002, houve redução de 50% da mortalidade, sendo 90 mil mortes evitadas (7). Em 1989 a
sobrevida média após o diagnóstico era de cinco meses, 18 meses em 1995, saltando para 58
meses em 1996 (10,14).
7
O Ministério da Saúde tem conseguido obter preços mais baixos para os anti-retrovirais do
que os praticados pela indústria farmacêutica em outros países. Isto é decorrência das compras
em larga escala e da entrada de laboratórios estatais no mercado das drogas anti-retrovirais,
fornecendo medicamentos a custo mais baixo. Além disso, a existência de um “Consenso
Brasileiro para Terapia Anti-retroviral” tem permitido melhor planejamento para a compra de
medicamentos e o uso racional dos mesmos pelos médicos da rede referenciada de assistência as
PVHA (4,15). Além de proporcionar maior sobrevida, a TARC também aumenta a qualidade de
vida, relacionada diretamente com a melhor condição física e emocional do paciente. Os
pacientes que em sua maioria estão em idade economicamente ativa, por isso, podem permanecer
produtivos, sem consumir recursos da Seguridade Social (16). Aos benefícios da terapia anti-
retroviral para os adultos, soma-se a diminuição da morbi-mortalidade da infecção pelo HIV em
crianças e a redução substancial da transmissão materno-fetal. Finalmente, o uso sistemático da
terapia determina possível redução da transmissão sexual do HIV, em conseqüência da redução
da carga viral no sêmen e nas secreções cérvico-vaginais, com um impacto não negligenciável
sobre a dinâmica da epidemia (17). Em 1992 o Banco mundial acreditava que em 2000 o Brasil
possuiria 1.200.000 portadores da infecção pelo HIV/SIDA. Nesta data o país calculava em
600.000 o número de pessoas infectadas, estimativa mantida a última avaliação, realizada em
2005 (4, 10,16).
O compromisso do país em garantir acesso aos anti-retrovirais de forma gratuita, através do
SUS precisa ser avaliado quanto a sua efetividade, dinâmica e sustentabilidade (4). Calcula-se
que em 2005 havia no SUS 170.000 pessoas em tratamento anti-retroviral, sendo disponibilizados
17 medicamentos em 36 apresentações (7).
A sustentabilidade atual do Programa Nacional de DST/AIDS vem sendo ameaçada. O
surgimento de novas medicações, de melhor eficácia e com menor número de comprimidos,
8
representa enorme utilidade pública no controle da epidemia da infecção pelo HIV/SIDA. Além
disso, com o surgimento de resistência aos anti-retrovirais, é muitos vezes inevitável o uso de
novos medicamentos como única possibilidade para buscar o controle da infecção. Como o Brasil
não detêm tecnologia para a produção de tais medicamentos, que possuem muitas vezes preços
abusivos, os gastos com a medicação anti-retroviral tem aumento nos últimos anos. O gasto com
a compra de anti-retrovirais foi calculado em cerca de U$ 416.000.000 em 2005, sendo que
apenas 20% deste montante esteve comprometido com a aquisição dos anti-retrovirais que são
produzidos no Brasil (7, 18). Observa-se, desde 2004 o desabastecimento esporádico dos anti-
retrovirais no SUS (11).
Os avanços tecnológicos e científicos permitiram que a infecção pelo HIV/SIDA
transformasse sua feição rapidamente fatal para evoçução crônica e controlável através de
medicamentos. Entretanto, ainda é grande o seu impacto principalmente na população
economicamente ativa. Desde o início da epidemia uma em cada duas pessoas (46,2%)
acometidas pela SIDA faleceu. Cerca de 50% dos óbitos relacionados à SIDA até 2003 foram de
pacientes não expostos a TARC, a despeito de sua distribuição gratuita, refletindo o acesso tardio
destes pacientes aos cuidados especializados. A disponibilização da TARC nos serviços públicos
de atendimento no Brasil trouxe novo desafio para o tratamento de PVHA, uma vez que apenas
esta medida não assegura a aderência ao TARC. Uma das conseqüências da não aderência a
terapia é a emergência de vírus resistente aos anti-retrovirais, levando a sua ineficácia, o que pode
explicar os óbitos relacionados à SIDA entre os que usam TARC (19). Entre 1980 e 2006, 64,8%
dos casos da doença ocorreram na faixa etária entre 20 e 49 anos. A SIDA foi a quarta causa de
óbito em 1996 neste grupo etário em ambos os sexos no Brasil. Calcula-se que 42.876
falecimentos ocorridos no Brasil entre 1998 e 2001 teriam produzido 37.474 crianças órfãs por
SIDA, 50% delas de mães (20).
9
Estudos recentes mostram que o impacto do acesso universal ao tratamento ainda não é
equânime no âmbito do SUS (15). A interiorização e a pauperização da epidemia da SIDA
desafiam o país sobre a necessidade de garantir que os resultados obtidos nos principais centros
urbanos sejam extensivos a todas as regiões e segmentos sociais (11). O comportamento da
epidemia pode estar evidenciando as desigualdades sociais e as relações de gênero do Brasil,
afetando progressivamente população menos favorecida do ponto de vista socioeconômico com
implicações importantes para as ações de prevenção e assistência (9, 21).
1.3 Terapia anti-retroviral
A evolução natural da infecção pelo HIV caracteriza-se por intensa e contínua replicação
viral em diversos compartimentos anatômicos e celulares, resultando principalmente, na
destruição e disfunção de linfócitos T-CD4+ e de outras células do sistema imune. A perda
progressiva dos linfócitos T-CD4+ leva à imunodeficiência, que em sua forma mais grave
manifesta-se pelo surgimento de infecções oportunistas e neoplasias que caracterizam a SIDA. A
supressão contínua e máxima da replicação viral é desejável para reduzir ou reverter o dano
imunológico, sendo o principal objetivo da terapia anti-retroviral. A alta taxa de replicação viral é
responsável pelo surgimento de mutações que geram resistência aos anti-retrovirais (22). Os
medicamentos disponíveis para uso clínico não conseguem erradicar a infecção pelo HIV (15).
O conhecimento do ciclo viral permitiu o desenvolvimento de drogas anti-retrovirais, que
são divididas em:
a) inibidores da transcriptase reversa (ITR): impedem a formação do DNA viral a partir do RNA
viral. Dividem-se em inibidores da transcriptase reversa análogos de nucleosídeo e de nucleotídeo
10
(ITRN) e inibidores da transcriptase reversa não-análogos de nucleosídeo (ITRNN). Constituem
medicamentos desta classe aprovados para uso no Brasil:
ITRN: abacavir (ABC), didanosina (ddI), estavudina (d4T), lamivudina (3TC), tenofovir
(TDF), zidovudina (AZT)
ITRNN: efavirenz (EFV), nevirapina (NVP)
b) inibidores da protease (IP): impedem a maturação da partícula viral. Constituem medicamentos
desta classe aprovados para uso no Brasil: amprenavir (APV), atazanavir (ATV), indinavir (IDV),
lopinavir/ritonavir (LPV/r), nelfinavir (NFV), ritonavir (RTV), saquinavir (SQV)
c) inibidores da fusão: impedem a fusão da membrana viral com a membrana celular, impedindo
a entrada do vírus na célula hospedeira. Constitui medicamento desta classe aprovado para uso no
Brasil: enfuvirtida (ENF) (22).
1.3.1 Impacto e duração da terapia anti-retroviral combinada.
O tratamento bem sucedido de pacientes infectados pelo HIV depende do entendimento da
história natural da infecção e da intervenção com agentes anti-retrovirais, modalidades
terapêuticas e profiláticas específicas que evitarão ou diminuirão o dano imunológico e reduzirão
a probabilidade de que infecções oportunistas e neoplasias causem morbidade e mortalidade (23,
24, 25, 26).
Vários estudos têm demonstrado que a terapia anti-retroviral produz melhora substancial do
prognóstico e da qualidade de vida dos portadores da infecção pelo HIV/SIDA. Palella e
colaboradores e o grupo HOPS (HIV Outpatient Study Investigators) (1998), apresentaram os
resultados do estudo observacional de 1.255 pacientes em uso de terapia anti-retroviral, com pelo
menos uma contagem de linfócitos T-CD4+ inferior a 100 células/mm3, acompanhados entre
11
janeiro de 1994 e junho de 1997. Foi demonstrada redução na mortalidade independente da raça,
idade, sexo e forma de transmissão do HIV. Notou-se ainda declínio na incidência de pneumonia
por P. jirovecci, micobacteriose por M. avium e retinite por citomegalovirus, de 21,9 casos/100
pessoas-ano de acompanhamento em 1994 para 3.7 casos/100 pessoas-ano em 1997. Concluíram
que a TARC promove supressão viral prolongada e aumento ou estabilização do número de
linfócitos T-CD4+, sendo fator independente de melhora de mortalidade e da morbidade de
PVHA (24). O acompanhamento desta coorte até junho de 2000, num total de 1.769 pacientes,
mostrou a persistente queda nas taxas de mortalidade e morbidade. Foi observado que o sucesso
do tratamento estava associado com a ausência de exposição prévia aos anti-retrovirais e a
velocidade da queda da carga viral após inicio do tratamento. Evidenciou ainda, que o sucesso
terapêutico é maior para o primeiro regime (49%) do que para o segundo (29,6%) ou para os
demais regimes subseqüentes (14,9%), de maneira significativa (p<0,0001) (27). Moore e
colaboradores (1999), mostraram que a TARC tem forte correlação com a diminuição do
surgimento de IO e morte, mesmo considerando-se diferentes níveis de linfócitos T-CD4+ (23).
Detels e colaboradores (2001), em estudo observacional de 2.015 pacientes, entre 1984 e 1998,
compararam as diferentes estratégias de tratamento das PVHA: TARC, terapia dupla,
monoterapia e ausência de anti-retrovirais. Demonstraram que o risco de desenvolver IO
diminuiu, mesmo com a diminuição do uso da profilaxia, coincidindo com o aumento do uso da
TARC (28). O impacto da terapia anti-retroviral inicial tem relação direta com a carga viral e o
grau de imunodeficiência pré-tratamento, a presença de mutações que conferem resistência à
medicação, a potência do esquema, o grau de aderência e tolerância do paciente às drogas; assim
como características farmacocinéticas dos medicamentos (15, 29).
A replicação do HIV constitui-se em processo contínuo e dinâmico, sendo produzidas cerca
de 10
9
a 10
10
partículas virais por dia. A alta taxa de replicação viral é responsável pelo
12
surgimento de mutações que geram resistência aos anti-retrovirais. Por isso recomenda-se que o
tratamento anti-retroviral contenha pelo menos três diferentes drogas ativas pertencentes a no
mínimo duas classes diferentes. O vírus torna-se rapidamente resistente quando se usa
monoterapia ou terapia dupla (15, 22, 30). As “Recomendações para Terapia Anti-retroviral em
Adultos e Adolescentes” do Programa Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis e SIDA
do Ministério da Saúde (PN DST/SIDA MS) vigentes (2006) contra-indicam o uso da
monoterapia e da terapia dupla para tratamento de pessoas infectadas (15).
1.3.2 Preditores clínicos e laboratoriais da progressão da infecção pelo HIV e da resposta à
TARC.
A história natural da infecção pelo HIV é variável entre os indivíduos, sendo a carga viral
(CV) do HIV e a contagem de linfócitos T-CD4+ as variáveis mais importantes que determinam
a taxa de progressão da mesma. A contagem de linfócitos T-CD4+ é indicador da competência
imunológica do paciente e a carga viral prediz o prognóstico clínico. A contagem de linfócitos T-
CD4+ tem relação estreita com as manifestações clínicas da SIDA (31, 32, 33). Mellors e
colaboradores (1997), em estudo multicêntrico do tipo coorte, acompanharam 1.604 pacientes do
sexo masculino infectados pelo HIV para avaliar, entre outras variáveis, o valor preditivo da
carga viral na progressão da infecção para SIDA ou óbito. Observaram que a carga viral elevada
estava fortemente associada com progressão mais rápida da doença. A progressão para SIDA e
óbito em 6 anos em pacientes com carga viral menor que 500 cópias/mL foi de 5.4% e 2,9% e
80% e 69,5% nos pacientes com carga viral maior que 30.000 cópias/mL. A análise conjunta da
carga viral e da contagem de linfócitos T-CD4+ foi mais acurada em determinar a evolução do
que cada variável separadamente, além de fornecer informações úteis para direcionar as decisões
13
de tratamento (34). Murray e colaboradores (1999) através de metanálise de ensaios clínicos,
avaliaram a utilidade da CV como marcador de eficácia do tratamento anti-retroviral.
Observaram que grandes reduções da CV estão associadas ao risco cada vez menor de progressão
clinica da infecção. Concluíram que a manutenção da supressão máxima da CV é preditor
rigoroso da eficácia terapêutica (26). Olsen e colaboradores e o EuroSIDA Study Group (2005),
através da avaliação de 6.814 pacientes, em um total de 22.766 pessoas/ano de acompanhamento,
demonstraram que o linfócitos T-CD4+ e a CV, apesar de possuírem falhas como medidas
substitutivas para avaliar a eficácia da TARC, estão entre os melhores marcadores disponíveis,
sendo preditores bons e independentes da progressão clinica para a SIDA e a morte. Observaram
também, que a taxa de eventos relacionados à SIDA e morte não variou significativamente para
diferentes regimes de tratamento para pacientes com o mesmo linfócitos T-CD4+ e CV,
indicando que podem ser interpretados igualmente, independente do regime em uso (35).
Egger e colaboradores e o Antiretroviral Collaborative Group (2002) estudaram a relação
da contagem de linfócitos T-CD4+ e da CV ao início do tratamento com o tempo para o
surgimento de um evento definidor de SIDA ou óbito, constituindo o primeiro estudo
observacional que estimou a progressão para SIDA e morte em pacientes virgens de tratamento
com diferentes riscos ao início da terapia. Compreendeu a análise de 13 coortes mundiais, num
total de 12.574 pacientes, demonstrando aumento do risco dos eventos SIDA ou óbito
inversamente proporcional ao número de linfócitos T-CD4+. A progressão para SIDA ou morte
mais baixa encontrada após três anos de seguimento foi de 3,4%, em pacientes com menos de 50
anos, não infectados através do uso de droga endovenosa, que iniciaram terapia com linfócitos T-
CD4+ acima de 350 células/mm3 e CV abaixo de 10.000 cópias/mL. Por outro lado, os pacientes
com maior risco (50%) em três anos foram pacientes mais de 50 anos de idade, infectados através
do uso de drogas endovenosas, com linfócitos T-CD4+ inferior a 50 células/mm3 e CV acima de
14
100.000 cópias/mL. As estimativas correspondentes foram de 0,8 a 43% para morte e 2,6 a 30%
para SIDA. Concluíram que o linfócitos T-CD4+ inicial é o fator prognóstico mais forte.
Pacientes que iniciaram o tratamento com linfócitos T-CD4+ inferior a 200 cel/mm3 tiveram
risco muito maior de progressão clinica do que aqueles que iniciam o tratamento em níveis de
linfócitos T-CD4+ maiores. O aumento do risco de progressão clínica ao início do tratamento foi
associado somente se a CV estivesse acima de 100.000 cópias/mL. Outro fator associado com a
progressão clínica foi o diagnóstico prévio de doença definidora de SIDA (CDC/93) (36, 37). O
resultado deste estudo mostrou que o prognóstico da infecção pelo HIV em pacientes virgens de
tratamento que iniciaram TARC pode ser estimado com precisão para grupos de pacientes com
diferentes níveis de linfócitos T-CD4+, CV e outros fatores prognósticos. A comparação destes
resultados com os obtidos na era pré-TARC ilustrou a acentuada melhora do prognóstico dos
pacientes (37). Para todos os níveis de linfócitos T-CD4+ o risco de progressão clinica diminuiu
com a TARC. Este achado foi confirmado por vários estudos (23, 35, 38, 39). Entretanto, em
2003, nova análise desta coorte foi realizada. Os seus objetivos constituíram-se em fornecer
estimativas precisas da probabilidade de progressão clínica para os pacientes virgens de
tratamento, desde o início da TARC, através da avaliação dos marcadores no início do tratamento
e 6 meses após. Foram avaliados 9.323 pacientes que iniciaram TARC como seu primeiro
esquema anti-retroviral, sobreviveram e foram acompanhados por pelo menos seis meses após o
inicio do tratamento. As respostas imunológicas e virológicas iniciais foram os fatores mais
importantes na predição da progressão para SIDA ou morte nos anos subsequentes ao início da
terapia. Os fatores preditivos de pior prognóstico foram a idade acima de 50 anos, a transmissão
através do uso de drogas endovenosas e a manifestação clínica de SIDA antes do tratamento. O
diagnóstico clínico de SIDA (CDC/93) nos seis primeiros meses após o início da TARC foi o
fator de risco especialmente forte para o óbito em pacientes que não apresentaram manifestação
15
clinica da doença até o inicio do tratamento. Em contraste com os resultados anteriores, o
linfócitos T-CD4+ e a CV basais e suas mudanças nos primeiros seis meses de tratamento não
tiveram valor prognóstico quando a medida destes fatores foi realizada após seis meses de
tratamento. Demonstraram ainda, que a relação entre a CV após seis meses do início do
tratamento e a progressão clínica é gradual, sugerindo que a contínua replicação viral acima dos
níveis de indetectabilidade piora o prognóstico de forma dose-dependente. Concluíram que este
achado permite a identificação precoce dos pacientes em alto risco para progressão da doença e
que podem ser beneficiados pela modificação ou intensificação da terapia (40). O surgimento de
novos tipos e classes de medicamentos, entretanto, requer a validação regular destes marcadores
para avaliar a real eficácia das drogas usadas e para predizer a habilidade destes marcadores na
avaliação da progressão clínica (35).
Silverberg, e colaboradores(2006) demonstraram em grande coorte multi-racial com igual
acesso ao serviço de saúde, que não houve diferença na efetividade da terapia anti-retroviral entre
diferentes raças e etnias (41). Patrizio e colaboradores (2001), através do acompanhamento de
277 pacientes com data da soroconversão conhecida mostraram que a duração da infecção pelo
HIV não parece ser uma variável de peso na determinação da resposta virológica e imunológica
(42).
Em geral, primeiro ocorre falha virológica, seguida de imunológica e, por último, clínica. O
intervalo entre elas pode ser de meses ou anos, o que explica, em muitos casos, elevação da carga
viral, sem queda concomitante da contagem de linfócitos T-CD4+ (15).
1.3.3 Início da terapia anti-retroviral
16
Existe controvérsia sobre qual seria o melhor momento para iniciarmos a TARC no que se
refere à contagem de linfócitos T-CD4+ e a CV. Além disso, observamos mudanças contínuas
nas recomendações vigentes, com o avanço dos conhecimentos sobre a história natural da
infecção pelo HIV e sobre a resposta à terapia anti-retroviral (15). Apesar dos estudos
demonstrarem supressão viral e benefícios imunológicos da TARC em todos os níveis de
linfócitos T-CD4+, não estão definidos os benefícios a longo prazo na morbidade e mortalidade
associada à SIDA (32). O potencial benefício da TARC pode ser contrabalançado com seqüelas
indesejadas do início precoce da terapia como o desenvolvimento de anormalidades metabólicas,
a emergência de vírus resistentes, a exaustão dos regimes restantes e o encarecimento proibitivo
do tratamento (43). É fundamental a análise a longo prazo dos pacientes em uso da TARC visto
que os pacientes com altas contagem de linfócitos T-CD4+ possuem pouca probabilidade de
falecer ou desenvolver doença relacionada à SIDA em curto período de tempo em contraste com
aqueles que iniciam a TARC com contagens mais baixas de linfócitos T-CD4+ (44). Outro
desafio para este tipo de avaliação é o curto período no qual a TARC se encontra disponível para
uso em grande escala.
Palella e colaboradores e o grupo HOPS, avaliaram 1.464 PVHA, entre janeiro de 1994 e
março de 2002, para determinar o momento ideal para iniciar a TARC, em relação à contagem de
linfócitos T-CD4+. A análise multivariada mostrou benefício clínico maior para os pacientes que
iniciaram a TARC com linfócitos T-CD4+ entre 200 e 350 células/mm3
comparados àqueles que
iniciaram o tratamento com linfócitos T-CD4+ inferior a 200 células/mm3. Houve uma
tendência ao benefício, sem significância estatística, para o grupo que iniciou a TARC com o
número de linfócitos T-CD4+ entre 351 e 500 células/mm3 comparado com o grupo com menos
de 350 células/mm3. Entre os pacientes com carga viral do HIV disponíveis ao início da terapia,
aqueles com a contagem de linfócitos T-CD4+ entre 200 e 350 células/mm3 demostraram maior
17
probabilidade de alcançar carga viral abaixo de 50 cópias/mL do que aquelea com contagem de
linfócitos T-CD4+ inferiores a 200 células/mm3 (p=0,009 e p=0,03 respectivamente).
Demonstraram também tendência ao maior benefício clínico no grupo que iniciou a TARC com
contagem de carga viral abaixo de 100.000 cópias/mL (44). Este achado foi confirmado por
outros estudos (37, 45, 46, 47).
Sterling e colaboradores (2001) em estudo observacional comparando pacientes que
iniciaram ou não a TARC, demonstraram, após seguimento médio de 22 meses, que a contagem
de linfócitos T-CD4+ é melhor que a CV em predizer quais pacientes deverão ter maior benefício
terapêutico. A taxa de progressão da doença em pacientes com linfócitos T-CD4+ abaixo de 200
células/mm3 em uso da TARC foi menor do que naqueles que não estavam em uso da TARC.
Não houve diferença significativamente estatística na taxa de progressão associada ao uso de
TARC em pacientes com contagens de linfócitos entre 201 e 350 células/mm3 e acima de 350
células/mm3. Este achado confirma outros estudos no qual o risco de morte está aumentado
somente em pessoas que iniciaram a TARC com linfócitos T-CD4+ inferior a 200 células/mm3
(31, 47). Na ausência de tratamento a sobrevivência após a queda da contagem de linfócitos
linfócitos T-CD4+ para níveis iguais ou menores que 200 células/mm3 é em média de 38 a 40
meses (48). Em pessoas em uso de TARC não foi detectada associação entre o nível da CV
anterior a TARC e a subseqüente progressão à doença. A progressão para a doença clínica não ser
predita pela CV, entretanto a probabilidade de supressão com a TARC é maior para níveis
menores de CV (49). Os estudos observacionais e ensaios clínicos randomizados demonstraram
forte evidência de que o uso da TARC é benéfico em pacientes com o linfócitos T-CD4+ abaixo
de 200 cel/mm3. Permanece sem resposta se o início da TARC é benéfico em pacientes
assintomáticos com linfócitos T-CD4+ acima deste limite e CV viral baixa ou intermediária. A
resposta a esta pergunta deve demorar. Um grande ensaio clínico randomizado comparando o
18
tempo de início da TARC tem viabilidade incerta e existe o risco de que seus resultados
desatualizados no momento de sua publicação.
1.3.4 Regime anti-retroviral inicial
Apesar da crescente disponibilidade de novas drogas para uso na terapia de resgate, o
primeiro regime anti-retroviral tem maior chance de alcançar supressão viral eficaz e duradoura
(27, 46, 48, 50). O ideal para a manutenção do controle da replicação viral pelo maior tempo
possível é que o primeiro regime anti-retroviral deve ser potente e durável e simultaneamente
permitir sucesso no regime de resgate caso venha a falhar. Não existe consenso sobre qual classe
de agentes deveria ser usado no primeiro esquema anti-retroviral. A eficácia clínica, virológica e
imunológica dos IP está bem documentada. Além disso, devido à maior barreira genética para o
surgimento de resistência, vários especialistas consideram que estes são os agentes preferenciais
para a terapia inicial. Os pacientes em uso de IP, entretanto, podem apresentar baixas taxas de
aderência ao tratamento, devido a intolerância e ao elevado número de comprimidos diários.
Além disso, causam vários eventos adversos a longo prazo (ex: lipodistrofia, hiperlipidemia e
resistência a insulina). Por outro lado, os ITRNN causam menos destes eventos a longo prazo e
apresentam benefício imunológico e virológico similares aos descritos com o uso dos IP (43, 51).
Entretanto a barreira genética para resistência contra os medicamentos desta classe de drogas é
baixa. Além disso, são agentes úteis como adjuvantes da terapia de resgate, característica
importante para preservar esta classe de droga (46).
Klein e colaboradores (2004), avaliaram 291 pacientes com TARC composta de IP e outros
149 que iniciaram com ITRNN. Observaram que o regime inicial contendo ITRNN parece ser
superior aquele contendo IP para preservar opções futuras de tratamento. No primeiro esquema o
19
uso de ITRNN mostrou-se superior em relação aos IP na duração do regime, hospitalização,
surgimento de doença definidora de SIDA e morte (46). Phillips e colaboradores (2001),
concluíram após seguimento de 336 pacientes com resposta virológica precoce por 3.3 anos,
concluíram que a eficácia anti-viral da TARC para pacientes virgens de tratamento, uma vez
alcançada, pode ser mantida por vários anos se a terapêutica não for interrompida. O maior
desafio é desenvolver regimes que possam ser usados com consistência e segurança por um longo
período de tempo (39).
Foram iniciados entre 1998 e 1999 três grandes estudos clínicos randomizados para avaliar
a eficácia e segurança das diferentes estratégias de tratamento inicial anti-retroviral.
O estudo ACTG (SIDA Clinical Trials Group) 384 comparou seis regimes diferentes em
980 portadores da infecção pelo HIV/SIDA, virgens de tratamento, estratificados pela contagem
da carga viral plasmática do HIV. Os regimes usavam a combinação de AZT e 3TC ou ddI e d4T
com EFV, NFV ou ambos simultaneamente. Após 28 meses de seguimento, o tempo até a
primeira falha virológica foi maior no grupo que usou 3TC, AZT e EFV, independente da CV
basal. Foi demonstrado também que a combinação de ddI e d4T não constitui escolha apropriada
para início da terapia anti-retroviral, devido ao seu perfil de alta toxicidade (52).
No estudo INITIO (2006), 911 pacientes foram randomizados em 3 (1:1:1) grupos para
comparar as estratégias iniciais de tratamento: ddI + d4T + NFV, seguido de AZT + 3TC +ABC
+ EFV se falha terapêutica; ddI + d4T + EFV, seguido de AZT + 3TC +ABC + NFV se falha
terapêutica ou ddI + d4T + EFV + NFV seguido por regime escolhido pelo médico assistente
após teste de resistência viral no caso de falência terapêutica. Os pacientes foram acompanhados
para observação da proporção de pacientes com CV indetectável ao final de três anos de
seguimento e a mudança na contagem de linfócitos T-CD4+ em relação aos níveis pré-
tratamento. A proporção de pacientes com CV inferior 50 cópias/mL foi maior no grupo em uso
20
de EFV, quando comparado com NFV e com, EFV/NFV. Concluíram que iniciar a terapia com
EFV é melhor do que com NFV ou EFV/NFV em termos de supressão viral e duração do regime
inicial. O ganho de linfócitos T-CD4+ não apresentou diferença significativa entre os grupos. A
duração do regime inicial contendo EFV/NFV foi significativamente menor devido a interrupção
precoce e a modificação do regime devido a eventos adversos (53).
No estudo FIRST (2006), foram acompanhados 1.397 pacientes, randomizados em três
(1:1:1) grupos para comparar as estratégias iniciais de tratamento: regimes combinados contendo
IP, ITRNN e IP com ITRNN. Os pacientes iniciaram TARC entre fevereiro de 1999 e janeiro de
2002, sendo acompanhados para comparar os desfechos clínico, imunológico e virológico da
terapia inicial das diferentes estratégias a fim de responder às questões: É melhor iniciar o
tratamento com três classes de drogas do que com duas classes? Qual das duas classes IP ou
ITRNN é melhor como terapia inicial? Como resultado foi demonstrado que o regime de três
classes de medicamentos não ofereceu vantagens sobre os regimes contendo duas classes para os
desfechos clínicos ou imunológicos, além de possuir mais efeitos tóxicos. O início do tratamento
com duas classes de drogas, com IP ou ITRNN resultou em desfechos imunológicos e virológicos
similares após cinco anos. Os desfechos clínico e imunológico são considerados mais apropriados
para um estudo de longo prazo do que a CV, uma vez que o linfócitos T-CD4+ é melhor preditor
de risco de doença nas pessoas em tratamento anti-retroviral. Por outro lado, diferenças na
extensão da supressão da CV são consideradas como o melhor modo de determinar a eficácia de
uma droga ou regime versus outro na maioria dos ensaios clínicos de curto prazo, em especial
para a aprovação de novos medicamentos. Entretanto, como visto no estudo FIRST, mesmo
significativas diferenças nas taxas de supressão viral entre os que iniciaram o tratamento com
ITRNN comparado IP, não resultaram em diferenças no desfecho composto de SIDA e óbito, ou
na mudança média da contagem de linfócitos T-CD4+. Concluíram que começar o tratamento
21
com IP ou ITRNN, mas não os dois simultaneamente, são boas estratégias para o manejo clínico
a longo prazo dos pacientes virgens de tratamento para o HIV e com grande variação do
linfócitos T-CD4+ basal e diferentes características demográficas (45).
Todos os três estudos mostraram aumentos similares na contagem de linfócitos T-CD4+
durante o seguimento nos grupos em estudo e maior supressão viral no grupo em uso de ITRNN
(45, 53, 52).
No estudo 2NN (2004), 1.216 pacientes infectados pelo HIV e sem história de tratamento
anti-retroviral prévio, foram randomizados para receber d4T, 3TC e EFV e/ou NVP. Após 48
semanas de seguimento a porcentagem de pacientes com CV plasmática do HIV inferior a 50
cópias/mL e o aumento médio no número de linfócitos T-CD4+ foi similar em todos os grupos.
Além disso, nenhum benefício adicional foi demonstrado com o uso concomitante dos dois
ITRNN. Comparado ao EFV a NVP é igualmente eficaz e tem impacto mais favorável no perfil
lipídico dos pacientes. Entretanto a NVP está associada a risco maior de toxicidade hepática,
não permitindo excluir que a toxicidade pode provocar uma diferença na eficácia entre as drogas
superior a 10%. Aqueles que receberam simultaneamente ambos ITRNN experimentaram
toxicidade consideravelmente maior sem haver aumento da eficácia em relação ao uso isolado
de cada medicamento (54).
Bartlett e colaboradores (2006), através da metanálise de 53 ensaios clínicos, realizados
entre 1994 e 2004, envolvendo 14.264 pacientes, forneceram dados relevantes sobre o primeiro
esquema anti-retroviral em pacientes virgens de tratamento. Em geral, 55% dos pacientes
atingiram CV plasmática do HIV inferior a50 cópias/mL na 48º semana de seguimento (55). Em
estudo anterior, a metanálise de 23 ensaios clínicos havia demonstrado que somente 47% dos
pacientes atingiram CV plasmática do HIV inferior a 50 cópias/mL (56). Na metanálise atual,
porcentagens significativamente maiores de pacientes com CV plasmática do HIV inferior a 50
22
cópias/mL na 48º semana foram observadas nos regimes contendo IP/r (inibidores da protease
reforçados com ritonavir) (64%) e nos regimes contendo ITRNN (63%) do que nos regimes
contendo IP sem reforço (44%) e terapia tríplice com ITRN (51%) (p< 0,05). Na 48º semana de
acompanhamento, observou-se aumento médio de 179 linfócitos T-CD4+, sendo maior no grupo
contendo IP/r (200 células/mm3) em comparação aos ITRNN (179 células/mm3, p<0,003), IP
(173 células/mm3, p=0,002) e ITRN (161 células/mm3, p<0,001). O número de
comprimidos/cápsulas variou de 3 a 22 por dia, não apresentando na análise de regressão
multivariada associação consistente com os resultados clínico-laboratoriais observados (55).
O uso de regimes com três ITRN sem IP ou ITRNN, tem sua indicação diminuída e até
mesmo contra-indicada após demonstrada eficácia inferior desta combinação (57).
1.3.5 Toxicidade da terapia anti-retroviral
O objetivo maior da TARC é aumentar a qualidade de vida da pessoa infectada pelo HIV.
Entretanto, os eventos adversos associados a medicação interferem na qualidade de vida da
PVHA (23) e representam obstáculo para a aderência necessária para o sucesso do tratamento
(43, 58). LUCAS e colaboradores em estudo retrospectivo de 273 pacientes com terapia inicial
contendo IP, demonstraram taxa de incidência três vezes maior de eventos adversos em estudos
clínicos observacionais em relação aos ensaios clínicos (59). Fellay e colaboradores, em estudo
seccional realizado entre agosto e setembro de 1999, de 1160 pacientes em uso de TARC
observaram eventos adversos clínicos e laboratoriais em 47 e 27% dos pacientes respectivamente.
Foram considerados graves em 9 e 16% dos pacientes, respectivamente (60). A toxicidade da
medicação é apontada em vários estudos como uma das principais, senão a principal razão para a
interrupção ou troca da medicação (7,61, 62, 63). Os eventos adversos mais comuns e sua relação
23
com a medicação ou classe de droga anti-retroviral estão bem descritos na literatura. Em geral a
intolerância gastrointestinal representa a maioria dos eventos adversos com o uso da medicação
anti-retroviral (22, 43).
1.3.6 Aderência à terapia anti-retroviral
A não aderência ao tratamento é uma das causas mais comuns de falência terapêutica (64,
65, 66, 67). Vários fatores podem prejudicar a aderência a TARC, entre eles: regimes complexos,
abuso de drogas, doença psiquiátrica, eventos adversos da medicação, mudanças na rotina diária,
necessidade de restrição alimentar e disponibilidade para comparecer às consultas clínicas
agendadas (68). É necessário alto grau de aderência ao tratamento para atingir e manter a
supressão viral tanto a curto como em longo prazo (69).
As taxas de não aderência variam de 7 a 43% dependendo do tipo de metodologia usada,
da população estudada e da duração do tratamento (64). Paterson e colaboradores (1999)
demonstraram forte correlação entre a resposta virológica e aderência. Evidenciaram a
necessidade de aderência superior a 95% das doses para alcançar supressão viral em 80% dos
casos. Entre os pacientes que apresentaram aderência inferior a 95% o índice de falha virológica
foi superior a 50% (67). Kleeberger e colaboradores (2004) observaram que a ausência de
consulta recente do paciente, idade jovem, depressão e baixo nível de escolaridade representam
variáveis independentes determinantes de baixa aderência ao tratamento após avaliação por 2
anos consecutivos. Concluíram que o episódio atual de não aderência prediz episódios futuros
(68).
Pinheiro e colaboradores (2002), através de estudo transversal realizado no sudeste do
Brasil, com questionário auto-aplicado, observaram em 195 pacientes estudados que 56,9%
24
reportaram aderência ao tratamento nos últimos dois dias maior que 95%. Em análise
multivariada, a convicção no sucesso do tratamento e o número de comprimidos/dia apresentaram
associação independente com a aderência, sendo o primeiro fator mais fortemente associado.
Entre os fatores sócio-demográficos a escolaridade superior a oito anos de estudo foi fator
preditivo positivo para maior aderência (70). Nemes e colaboradores (2004) em pesquisa com
1972 pacientes de 60 serviços de saúde localizados nas diferentes regiões do Brasil, estimou a
aderência ao esquema anti-retroviral em 75,05% (CI=95%). Neste estudo foi demonstrado que o
nível de escolaridade, o número de consultas perdidas e a presença de IP no regime anti-retroviral
são fatores preditivos de não aderência ao tratamento (71). Em alguns estudos, o número de
comprimidos mostrou associação linear com a não aderência (16, 59, 71).
Lignani e colaboradores (2001) em estudo realizado no CTR-DIP Orestes Diniz,
observaram que 74% dos 120 pacientes avaliados eram aderentes ao tratamento. As principais
causas de não aderência foram os eventos adversos da medicação. Em análise multivariada a
escolaridade inferior a 4 anos, idade superior a 40 anos e o maior tempo de uso dos anti-
retrovirais foram fatores preditivios de não aderência (72). Bonolo e colaboradores (2005), em
estudo prospectivo de 306 pacientes recebendo o primeiro esquema anti-retroviral no CTR-DIP
Orestes Diniz e no Hospital Eduardo de Menezes, em Belo Horizonte, observaram incidência
cumulativa de não aderência de 36,9%, com taxa de incidência de 0,21/100 pessoas/dia. A
aderência foi definida como o número de doses prescritas ingeridas durante os três dias anteriores
à avaliação, considerando não aderente o paciente que tomou menos de 95% das doses prescritas.
Mais de três eventos adversos foram reportados em 57,7% dos pacientes. A análise multivariada
indicou que desemprego, uso de álcool no mês anterior a entrevista, regime com mais de 12
comprimidos/dia e o longo tempo entre o diagnóstico e o início da TARC, foram as únicas
25
variáveis associadas com risco aumentado de não aderência. Observaram ainda, que o tempo
médio para a ocorrência do primeiro episódio de não aderência foi de 41 dias (64).
De maneira geral, os estudos mostram que os indivíduos com CV viral indetectável
tomaram 93% das doses prescritas comparados aqueles com CV detectável que tomaram apenas
70% das doses prescritas. O impacto da aderência na mudança da contagem de linfócitos T-
CD4+ tende a ser mais tardio e menos aparente do que o impacto na supressão viral. Aderência
incompleta ao tratamento aumenta a morbidade relacionada a SIDA, o risco de hospitalização e a
morte (69).
1.3.7 Impacto da TARC – morbidade e mortalidade
A informação acurada e atualizada sobre o prognóstico da infecção pelo HIV após início da
TARC é importante para pacientes, médicos e outros profissionais de saúde envolvidos no
tratamento das PVHA.
O prognóstico deve melhorar ao longo do tempo devido a maior experiência dos médicos e
outros profissionais de saúde que cuidam de PVHA, a possibilidade do diagnóstico precoce, o
manejo apropriado das toxicidades associadas e a disponibilidade de novas drogas mais potentes
e menos tóxicas que as anteriores (43). A disponibilização cada vez maior de preparações
combinadas (co- formulações) tem reduzido o número de comprimidos, o que deve facilitar a
aderência do paciente ao tratamento (73). Ao contrário, a emergência de vírus resistentes
circulando na população infectada e as mudanças nas características das pessoas em TARC
podem estar associada a piores desfechos clínicos (74).
O Antiretroviral Therapy Cohort (2006) em estudo envolvendo 12 coortes prospectivos e
mais de 20.000 pacientes na Europa e América do Norte, incluindo imigrantes da África
26
subsaariana, acompanhados até 2004, mostrou que a reposta virológica após o inicio da TARC
vem melhorando desde 1996. Entretanto não houve diminuição correspondente nas taxas de óbito
e doenças associadas à SIDA após um ano de seguimento. Ao contrário, existem algumas
evidências recentes do crescimento das taxas de SIDA. Esta tendência foi acompanhada pela
mudança nas características das pessoas que iniciaram TARC. Nos primeiros anos, a maioria dos
pacientes eram homens que faziam sexo com homens, enquanto a partir de 2002-2003 eram os
que se infectaram por via heterossexual. Neste período a proporção de mulheres entre os
pacientes dobrou. A discrepância entre a nítida melhora observada para a resposta virológica e a
aparente piora das taxas de progressão clínica pode estar relacionada com a mudança das
características dos pacientes, com um número crescente de pacientes de regiões menos
favorecidas socioeconomicamente, e por isso expostos a maior número de doenças, como
tuberculose e com acesso inadequado aos serviços de saúde, apresentando um linfócitos T-CD4+
mais baixo no momento do diagnóstico. São observadas tendências similares entre os pacientes
europeus e norte americanos (75).
Sterne e colaboradores (2005) após seguimento de 7.145 pacientes em uso de TARC em
comparação com 1.276 pacientes em uso de terapia dupla e 2.161 pacientes sem tratamento
clínicos, participantes da Coorte Suíça, demonstraram que a TARC reduz a taxa de progressão
para SIDA ou morte em 86% em pacientes virgens de tratamento e em 51% em comparação com
pacientes em uso de terapia dupla. A comparação entre a TARC e a ausência de terapêutica
revela benefício do tratamento no decorrer do tempo. Este achado é esperado considerando-se
que nos pacientes sem tratamento um declínio progressivo na contagem de linfócitos T-CD4+
e aumento no risco de surgimento de doenças oportunistas. Entretanto a mudança na efetividade
da TARC ao longo do tempo foi menor que a esperada, sendo sugerido que os benefícios da
maior experiência dos médicos e da disponibilidade de medicamentos mais potentes podem ter
27
sido minimizados por fatores como o aumento da prevalência de cepas resistentes aos anti-
retrovirais (76).
Palella e colaboradores (2006) após seguimento de 6.945 pacientes do HOPS,
acompanhados entre 1996 e dezembro de 2005, por 39,2 meses em média, observaram que as
taxas de mortalidade caíram de 7 mortes/100 pessoas-ano de observação em 1996 para 1,3
mortes/100 pessoas-ano de observação em 2004 (p = 0,008). As mortes que incluíam causas
relacionadas à SIDA declinaram de 3,79/100 pessoas-ano de observação em 1996 para 0,32/100
pessoas-ano de observação em 2004 (p = 0,008) (74).
Lampe e colaboradores (2005), avaliaram o risco de falha virológica do esquema anti-
retroviral em 4.143 pacientes de cinco coortes observacionais da Europa e Canadá, que iniciaram
a terapia entre 1996 e 2002. A falha virológica foi definida como CV plasmática do HIV superior
a 500 cópias /mL seis a 12 meses após o início do TARC. Este estudo observou que ao longo dos
anos houve diminuição do risco de falha virológica e aumento da média de linfócitos T-CD4+,
atribuídos à melhora dos regimes ARV disponíveis e da efetividade do seu uso. Entretanto
observou-se que a maior parte das falhas virológicas deveram-se a interrupção do tratamento ou a
perda do seguimento do paciente, sugerindo que persiste a necessidade da busca de regimes de
posologia simples, baixa toxicidade e uma melhoria nas estratégias de suporte e atendimento aos
portadores da infecção pelo HIV/SIDA (64).
1.3.8 Recomendações brasileiras para uso da terapia combinada no primeiro regime anti-
retroviral
O Programa Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids do Ministério da Saúde
(PN-DST/SIDA) criou, em 1994, o Comitê Assessor para Terapia Anti-retroviral de Adultos e
28
Adolescentes, com o objetivo de discutir os avanços na área e assistir o Programa na revisão das
estratégias para o tratamento da infecção pelo HIV em adultos e adolescentes. Em 1996, o então
Grupo de Consenso sobre Terapia Anti-retroviral, através do Consenso Brasileiro de Terapia
Anti-retroviral, incorporou com cautela e pela primeira vez os medicamentos da classe dos IP
como opção para terapia inicial dos pacientes com contagem de linfócitos T-CD4+ abaixo de 100
células/mm3. Os primeiros IP disponibilizados para uso no Brasil foram o SQV e o RTV (77).
Em 1997, em novo documento, a terapia combinada inicial constituída de dois ITRN e IP foi
recomendada como opção para pacientes assintomáticos com linfócitos T-CD4+ abaixo de 200
células/mm3 e CV igual ou superior a 5.000 cópias/mL, assintomáticos com linfócitos T-CD4+
abaixo de 100 células/ mm3 e sintomáticos com linfócitos T-CD4+ abaixo de 200 células/mm3,
independente da CV. O IDV foi acrescentado como novo IP e foi demonstrada a menor potência
do SQV devido a sua menor biodisponibilidade (78). Em 1998 foi disponibilizada a NVP,
marcando a introdução da classe dos ITRNN na terapia anti-retroviral, e em 1999 o EFV. Em
novo consenso, publicado em 1999, a terapia inicial combinada composta de 2 ITRN e 1 ITRNN
foi sugerida como opção para pacientes assintomáticos com linfócitos T-CD4+ igual ou acima
de 500 células/ mm3
e CV igual o acima de 100.000 cópias/mL e para todos os pacientes com
linfócitos T-CD4+ abaixo de 500 células/ mm3, independente da carga viral, observando que o
tratamento poderia ser composto de dois ITRN (terapia dupla) para pacientes com linfócitos T-
CD4+ igual ou acima de 200 células/mm3. A terapia combinada contendo IP foi reservada para
pacientes assintomáticos com linfócitos T-CD4+ abaixo de 350 células/ mm3, independente da
CV, e para pacientes com linfócitos T-CD4+ inferior a 200 células/ mm3. O uso de regimes
contendo IP foi preferido devido a maior experiência com esta classe de drogas. Nos pacientes
sintomáticos a terapia combinada foi recomendada para todos os pacientes, sendo a escolha do
melhor esquema guiada pela contagem de linfócitos T-CD4+ e da CV. Foi sugerido o uso de IP
29
para pacientes com doenças sugestivas de imunodeficiência avançada ou linfócitos T-CD4+
abaixo de 200 células/ mm3. Foi proscrito o uso de SQV como único IP devido a sua baixa
biodisponibilidade. Na opção pelo uso dos ITRNN, a NVP e o EFV foram considerados
medicamentos preferenciais a DLV pela facilidade de administração e pelo melhor perfil de
toxicidade. Nesta ocasião 11 medicamentos se encontravam disponíveis, divididos em três classes
terapêuticas: ITRN (ddI, d4T, 3TC, ddC, AZT, ABC), ITRNN (DLV, EFV, NVP) e IP (IDV,
NFV, SQV, RTV) (79). Em 2000, a terapia combinada foi mantida como opção para o tratamento
inicial de pacientes com linfócitos T-CD4+ abaixo de 500 células/ mm3 e recomendada para
todos os pacientes com linfócitos T-CD4+ abaixo de 350 células/ mm3 ou sintomáticos,
independente da CV. Nesta recomendação foi ressaltado que não havia dados que permitissem
escolher entre esquemas triplos com dois ITRN + ITRNN ou dois ITRN+ IP. O uso do RTV
ficou restrito apenas como adjuvante farmacológico. O ddC e a DLV foram excluídas como
opções de terapia inicial (80). Em 2001, o tratamento anti-retroviral combinado foi indicado para
todos pacientes sintomáticos ou para pacientes assintomáticos que apresentam contagem de
células T-CD4+ abaixo de 200 células/mm3. Para o paciente assintomático com contagem de
células T-CD4+ entre 200 e 350/mm3, o início da TARC foi considerada opção conforme a
evolução dos parâmetros clínicos, imunológicos e virológicos. A terapia dupla foi proscrita como
esquema inicial (81). As indicações para o início da TARC foram mantidas no documento
publicado em 2002, sendo recomendado uso preferencial do EFV para pacientes sintomáticos
e/ou com contagem de linfócitos T-CD4+ inferior a 200 células/mm3, com indicação de terapia
inicial com ITRNN. O uso de IP passou a ter sua indicação mais restrita, sendo recomendado na
terapia inicial apenas para pacientes sintomáticos ou assintomáticos com imunodeficiência grave
(contagem de linfócitos T-CD4+ inferior a 200 células/mm3). Em 2002, de maneira semelhante
ao documento de 2000, foi afirmada ausência de dados comparativos favorecendo o uso de IP ou
30
de ITRNN. Não foi mais recomendado o uso preferencial de IP para pacientes com doença
avançada, ao contrário das versões anteriores do consenso (82). Em 2004, o Comi Assessor
optou por sugerir esquema com ITRNN como primeira opção e esquemas com IP como
alternativa para o início de terapia anti-retroviral em pacientes virgens de tratamento,
independentemente da contagem de linfócitos T-CD4+. Apesar da eficácia semelhante das duas
classes de drogas, a classe dos ITRNN foi preferida devido à posologia mais simples e a menor
freqüência de eventos adversos, particularmente metabólicos, como dislipidemias e resistência à
insulina (83). No consenso em vigor (2006), permanecem as indicações anteriores para início do
tratamento, tendo como alteração a sugestão do uso preferencial de reforço farmacológico com
RTV, na opção pela classe dos IP.
1.3.9 Impacto e duração da terapia anti-retroviral no Brasil
Poucos trabalhos avaliaram a duração e o impacto da TARC no Brasil. Medeiros e
colaboradores (2002) avaliaram a duração da terapia anti-retroviral em coorte retrospectiva de
120 pacientes, com início da terapia anti-retroviral entre 1996 e 2000. Nesta população, 29% dos
pacientes fez uso de terapia dupla. A duração do tratamento foi em média de 12 meses. Apenas
25% dos pacientes permaneceram em uso do primeiro regime anti-retroviral após um ano. Foi
observado que a TARC esteve associada com maior probabilidade de atingir supressão máxima
(84). Casseb e colaboradores (2003), em estudo com 233 pacientes, entre 1993 e 2003, em São
Paulo, observaram que o risco de morte foi significativamente maior nos pacientes com linfócitos
T-CD4+ abaixo de 200 cel/mm3. Mostraram que mesmo quando não há aparente benefício
virológico da TARC, parece haver aumento da sobrevivência dos pacientes (14). Tuboi e
colaboradores (2005) após avaliação de 454 pacientes, com início da TARV entre 1996 e 2004,
31
em Porto Alegre, demonstraram melhor resposta a TARC ao longo dos anos, atribuída a
disponibilização de regimes mais potente e de posologia mais fácil. Observaram ainda, em
análise multivariada, que a não aderência e pouca escolaridade estavam associadas com falha
virológica (85).
1.4 Desafios
Apesar da euforia inicial causada pelo surgimento da terapia anti-retroviral altamente
potente em 1996, até o momento, não é possível obter a cura da infecção. Além disso a grande
velocidade de multiplicação viral e sua diversidade genética dificultam o desenvolvimento de
uma vacina eficaz e duradoura, e vem propiciando resistência à medicação. Como resultado da
resistência cruzada entre drogas pertencentes à mesma classe, existe número limitado de
combinações terapêuticas. O uso prolongado da medicação anti-retroviral tem revelado novos
eventos adversos, alguns potencialmente graves (43). A toxicidade das drogas também possui
similaridades dentro da mesma classe terapêutica, reduzindo também as opções terapêuticas de
regimes de segunda linha. Na prática clínica menos da metade dos pacientes mantém supressão
viral um ano após o início da TARC. Embora a taxas de morte relacionada à SIDA e de infecção
oportunista tenham permanecido baixas, atenção crescente vem sendo dada para o tratamento e
suas conseqüências como a hipertrigliceridemia, lipoatrofia, doença cardiovascular, entre outras.
A percentagem de morte exclusivamente relacionada a doenças não definidoras de SIDA
aumentou de 13,1% em 1996 para 42,5% em 2004 (p <0,001 para tendência), sendo as mais
freqüentes as doenças cardiovasculares, hepáticas, pulmonares e neoplasias não relacionadas à
SIDA(74,38).
2. Justificativa
32
A eficácia da TARC é tema debatido em todo mundo. Encontrar o melhor regime para o
tratamento anti-retroviral inicial é uma das estratégias para aumentar o tempo e a qualidade de
vida de PVHA. Várias questões sobre o tema necessitam de respostas mais consistentes. Mesmo
com o reconhecimento mundial da política de controle da SIDA ainda são poucos os trabalhos
sobre o impacto e a duração do primeiro esquema anti-retroviral combinado no Brasil.
Além disso, o resultado deste estudo poderá permitir melhor conhecimento da população
assistida, das principais drogas utilizadas no primeiro esquema anti-retroviral, de sua efetividade,
eficácia, impacto e duração e da freqüência de eventos adversos, visando a melhoria da
assistência prestada a esta população.
3. Objetivos
33
3.1 Objetivo principal
Avaliar a duração e o impacto do primeiro esquema de terapia anti-retroviral combinada em
pacientes portadores da infecção pelo HIV/SIDA, em acompanhamento no CTR-DIP Orestes
Diniz, por 24 meses ou até a interrupção do tratamento.
3.2 Objetivos secundários
Descrever as características sócio-demográficas, epidemiológicas, clínicas e laboratoriais da
população estudada;
Descrever os principais regimes prescritos e sua evolução temporal
Avaliar os fatores cio-demográficos, epidemiológicos, clínicos e laboratoriais no início do
tratamento e a sua relação com a duração e impacto da terapia anti-retroviral;
Identificar os motivos da interrupção ou substituição do primeiro esquema anti-retroviral
combinado por tipo e classe de droga.
Avaliar a duração e os motivos de interrupção/falha dos regimes que continham EFV e NVP
Avaliar a relação entre a duração e impacto do primeiro esquema anti-retroviral combinado e
a mortalidade secundária a infecção pelo HIV na população estudada.
4. Metodologia
34
Foi realizada uma análise de coorte histórica de pacientes infectados pelo HIV, com
primeiro esquema anti-retroviral combinado contendo no mínimo três drogas, acompanhados por
24 meses ou até a suspensão, abandono ou substituição do esquema ou óbito do paciente.
4.1 População estudada
Pacientes infectados pelo HIV acompanhados no CTR-DIP Orestes Diniz, que iniciaram TARC
entre 1996 e 2005. O Setor de Imunodeficiências do Serviço de Doenças Infecciosas e
Parasitárias/ Hospital das Clínicas (DIP/HC) do Centro de Treinamento e Referência em Doenças
Infecciosas e Parasitárias Orestes Diniz (CTR-DIP/UFMG-PBH) é a unidade de saúde da
Universidade Federal de Minas Gerais em parceria com a Prefeitura de Belo Horizonte, onde é
acompanhado o maior número de pacientes com a infecção pelo HIV/SIDA no Estado de Minas
Gerais. Estima-se que cerca de 4.500 pacientes com a infecção HIV/SIDA estão em
acompanhamento nesta unidade, dos quais aproximadamente 3.000 em tratamento anti-retroviral.
Assim sendo, o CTR-DIP por ser uma unidade comprometida com o ensino e a pesquisa,
cujos pacientes são avaliados por prontuário padronizado e tem exames realizados em laboratório
próprio, foi local indicado para realização desta pesquisa
4.1.1 Critérios de inclusão:
Pacientes com infecção confirmada pelo HIV, com 18 anos ou mais de idade no início do
tratamento;
Pacientes com primeiro esquema anti-retroviral iniciado no CTR-DIP constituído de
regime combinado (TARC) com no mínimo três drogas pertencentes a duas classes de
35
anti-retrovirais, acompanhados por 24 meses ou até a suspensão, abandono ou
substituição do esquema ou óbito.
4.1.2 Critérios de exclusão:
Pacientes com idade inferior a 18 anos ao início do tratamento ou com as seguintes
características:
Exposição prévia a anti-retrovirais;
Uso de monoterapia ou terapia dupla como primeiro regime anti-retroviral;
Cadastrados para recebimento da medicação anti-retroviral no CTR-DIP que são
acompanhados em outro local, que foram transferidos de ou para outro local em uso do
primeiro regime anti-retroviral por período inferior a 24 meses pela impossibilidade de
acesso aos dados necessários para o estudo;
Gestantes, independente do uso profilático e/ou terapêutico da TARC, pelas
especificidades do uso de anti-retrovirais na gestação.
4.2 Fontes de informação
Os dados foram obtidos através de banco de dados das fichas de Triagem do paciente no
serviço, do prontuário médico, dos bancos de dados de carga viral e da contagem de linfócitos
TCD4+/CD8+ do Laboratório de Imunologia Molecular do Setor de Biologia e
Imunodeficiências do Serviço de Doenças Infecciosas e Parasitárias/ Hospital das Clínicas
(DIP/HC) e das fichas de liberação de anti-retrovirais da farmácia do CTR-DIP. Os dados do
SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação), SISCEL (Sistema Informatizado de
36
Controle de Exames Laboratoriais) e SIM (Sistema de Informação em Mortalidade) foram
utilizados para complementar das informações contidas nos formulários.
4.3 Coleta dos dados
Foram criados formulários específicos para a coleta e codificação dos dados do prontuário
médico (APÊNDICE A). Foi feito pré-teste dos instrumentos de coleta a fim de se detectar
possíveis falhas ou deficiências dos mesmos e, logo em seguida, feitas adaptações necessárias.
Um manual de instruções próprio para preenchimento destes instrumentos também foi criado
(APÊNDICE B). Os dados foram coletados por uma equipe formada pela pesquisadora principal
e nove acadêmicos do curso de Medicina da FM/UFMG. A equipe foi treinada para a coleta dos
dados e todos os dados foram revisados pela pesquisadora. Reuniões semanais foram realizadas
para discussão de dúvidas ocorridas durante a coleta. Sempre que necessário a informação foi
novamente coletada.
As informações sócio-demográficas e da forma provável de exposição ao HIV desta
população disponíveis à admissão no serviço foram obtidas através de banco de dados da ficha
de Triagem. As informações contidas na ficha de Triagem foram obtidas através de entrevista
com o paciente, realizada por um profissional do serviço, no momento de sua admissão no
mesmo. As variáveis sócio-demográficas de interesse, incluem:
Data de nascimento.
Procedência, sendo dividida nas categorias que incluem: cidade de Belo Horizonte, cidades
da região metropolitana de Belo Horizonte, demais cidades do Estado de Minas Gerais, outros
estados que não Minas Gerais e outros países que não o Brasil;
37
Cor, categorizada como: branca, parda ou negra, definida segundo avaliação do profissional
que acolheu o paciente;
Estado civil, categorizado como: solteiro, separado e casado (incluindo amasiados) ou viúvo.
Escolaridade categorizada como: analfabeto, ensino fundamental, ensino médioe superior.
Ocupação caracterizada como: do lar, estudante, desempregado,
aposentado/afastado/pensionista e ocupação geradora de renda (independente se empregado ou
autônomo).
A forma de exposição ao HIV foi caracterizada como sexual e não sexual. Em relação à
forma de exposição ao HIV não relacionada à atividade sexual, foram investigadas:
História de transfusão de sangue ou hemoderivados após 1980, com relato da data da
transfusão quando cabível;
Contato com material contaminado comprovadamente ou possivelmente contaminado com o
HIV;
História de uso de droga injetável (atual ou pregressa);
Possível transmissão materno-fetal.
Cada variável acima é dicotômica, sendo possível o achado de mais de uma categoria de
exposição para cada paciente acompanhado.
A atividade sexual foi caracterizada como heterossexual, homossexual ou bissexual, sendo as
categorias excludentes.
Os dados do prontuário no início do tratamento e após 6, 12,18 e 24 meses após foram
coletados em formulário específico dividido em duas partes:
Primeira parte
: constituída da primeira avaliação, ocorrida no momento do início da TARC.
Foram coletadas informações sobre: data da primeira consulta do paciente no serviço, data do
38
início da TARC correspondendo à data da dispensação da medicação pela farmácia, classificação
do CDC/93 (105) ao início no tratamento e esquema anti-retroviral prescrito.
Segunda parte
: constituída das segunda, terceira, quarta e quinta avaliações correspondendo
respectivamente aos períodos até seis, 12, 18 e 24 meses após o início da TARC. Em cada
avaliação foram coletados dados referentes ao:
Número de consultas: consultas eletivas realizadas pelo médico assistente no CTR-DIP e
consultas para avaliação de intercorrências secundárias a infecção pelo HIV/SIDA ou a TARC.
Foram excluídas as consultas realizadas em outras especialidades médicas.
Ocorrência de infecção oportunista (CDC/93) e/ou condições clínicas associadas à
imunodepressão. Somente foram considerados os eventos que surgiram naquele período (evento
novo). Os eventos iniciados previamente a introdução da TARC ou em período anterior ao
estudado, mesmo que ainda presentes não foram considerados.
TARC: foram documentadas a interrupção ou troca do esquema, data da ocorrência e motivo.
O motivo foi caracterizado como abandono/não aderência, interação medicamentosa, adequação
do esquema, falha terapêutica (virológica, imunológica ou clínica), óbito ou intolerância/eventos
adversos. Somente uma categoria foi considerada como motivo da troca ou interrupção. A falha
terapêutica foi documentada como sendo virológica ou imunológica somente na presença de
exames laboratoriais corroborando o fato. Na ausência de exames a falha foi considerada clínica.
Cabe ressaltar, ainda, que a falha terapêutica somente foi considerada motivo da interrupção para
pacientes aderentes ao tratamento. Na constatação de falha terapêutica secundária ao
abandono/não-aderência ao tratamento, o motivo foi atribuído ao último. A ocorrência de
infecção oportunista não foi considerada como critério de falha terapêutica clínica nos pacientes
com contagem de linfócitos T-CD4+ inferior a 200 células/ mm3 uma vez que a ocorrência da
39
mesma pode ser decorrente apenas do quadro de imunossupressão ainda não revertido ou estar
relacionada à reconstituição imunológica parcial logo após a introdução da TARC. No caso de
troca por intolerância/eventos adversos foi(ram) identificada(s) a(s) droga(s) suspeita(s) e o(s)
evento(s) adverso(s). Outras variáveis incluíram tanto o relato de uso irregular da medicação no
prontuário quanto a dispensação irregular dos medicamentos, sendo a última avaliada nas fichas
de dispensação da farmácia do CTR-DIP, definida como a dipensação menor que 95% das doses
no período.
Os dados dos exames de hemograma, contagem de linfócitos T-CD4+/CD8 em números
absolutos e percentuais e sua relação e níveis de CV, realizados imediatamente antes do início do
tratamento e durante o período de seguimento foram obtidos do banco de dados específico, como
descrito anteriormente.
4.4 Definições para análise
Terapia anti-retroviral combinada: regime anti-retroviral composto de no mínimo três
tipos de drogas e duas classes de drogas, nas seguintes combinações: 2 ITRN associados a
1 ITRNN e/ou a pelo menos 1 IP.
Interrupção de um esquema anti-retroviral: interrupção ou substituição de pelo menos
uma droga que compõe o esquema anti-retroviral, ou falha terapêutica do esquema
(clínica e/ou imunológica e/ou virológica). Na análise a interrupção foi considerada falha.
Falha terapêutica clínica: surgimento de infecção oportunista definidora de SIDA
(CDC/93), em pacientes com o nadir de linfócitos T-CD4+ acima de 200 células/mm3.
Nos pacientes com linfócitos T-CD4+ acima de 200 cel/mm3
a ocorrência de infecção
oportunista não foi considerada como critério de falha terapêutica clínica .
40
Falha terapêutica imunológica: redução maior que 25% do número absoluto ou no
percentual dos linfócitos T-CD4+ em pelo menos dois exames consecutivos.
Falha terapêutica virológica: carga viral acima de 400 cópias/mL após 6 meses do início
da TARC (falha virológica primária) ou o retorno de detecção do RNA viral em pelo
menos dois exames consecutivos em pacientes que atingiram supressão viral completa
(falha virológica secundária).
Eficácia: o esquema anti-retroviral foi considerado eficaz quando não foi interrompido no
período de seguimento de 24 meses e não houve falha terapêutica clínica, imunológica ou
virológica.
Duração do anti-retroviral combinado: tempo entre a data de início até a data da
interrupção. Para os indivíduos que não interromperam a sua medicação no período de
seguimento o tempo incluído foi de 24 meses ou 730 dias.
4.5 População avaliada
Foram incluídos no estudo 891 pacientes em uso de terapia combinada como primeiro esquema
anti-retroviral em acompanhamento no CTR-DIP Orestes Diniz.
4.6 Medida de desfecho
Os pacientes foram avaliados até 24 meses do início da terapia anti-retroviral até o óbito,
interrupção do primeiro esquema anti-retroviral, ou abandono do acompanhamento.
4.7 Análise dos dados
41
Os dados obtidos foram digitados no Programa Epi-info 3.3.2 e analisados no Programa SPSS
13.0 (2004). Os dados foram analisados inicialmente de forma descritiva. Para comparação entre
grupos foi utilizado nível de confiança de 5%. Na análise da duração da TARC e dos diferentes
esquemas anti-retrovirais foi feita curva de sobrevivência. O teste de Wilcoxon (Gehan) foi
utilizado para comparação pareada entre os regimes mais freqüentes e para comparação da
duração do tratamento entre as classes de drogas. O teste qui-quadrado foi empregado para
avaliar: a associação entre nível de linfócitos T-CD4+ no início do tratamento e a classe do
medicamento da terceira droga do esquema, os motivos de interrupção/falha por classe de drogas
e o tipo de droga (EFV x NVP) e entre a ocupação, sexo e estado civil e as classes de drogas.
Para avaliar a associação entre as classes de drogas e a escolaridade aplicou-se o teste t para
amostras independentes e para a renda e faixa etária foi usado o teste Mann-Whitney. Na
avaliação do risco relativo de falha do tratamento foi aplicado o modelo de riscos proporcionais
de Cox.
4.8 Aprovação do estudo e Aspectos Éticos
Em 2000, foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da UFMG (parecer 122/00), o
estudo abrangente denominado “Estudo da história natural e morbimortalidade dos portadores da
infecção pelo HIV/SIDA do CTR- DIP/UFMG-PBH” com objetivo avaliar a história natural da
infecção pelo HIV nos pacientes atendidos no CTR-DIP, este projeto sendo parte deste estudo.
Este projeto de pesquisa foi aprovado pelo Núcleo de Ensino e Pesquisa do CTR-DIP
Orestes Diniz (NEP/ CTR-DIP) (Parecer n 007/04) pelo colegiado do Programa de Pós-
42
Graduação em Ciências da Saúde: Infectologia e Medicina Tropical, pelo Departamento de
Clinica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG e pelo Comi de Ética em Pesquisas
envolvendo Seres Humanos da UFMG (COEP/ UFMG) (Parecer n 569/07) (ANEXO A) Foi
também avaliado pela Diretória de Ensino e Pesquisa do Hospital das Clínicas da UFMG
(DEP/HC-UFMG)
A população foi analisada como um grupo, não sendo possível a identificação dos pacientes
e nem dos profissionais que prestaram assistência aos mesmos, sendo portanto, assegurados o
sigilo e a confidencialidade, não havendo risco individual. Soma-se a isto, o fato de ser um estudo
retrospectivo, que avaliará o paciente em sua assistência no serviço, sem interferência na mesma.
O COEP/UFMG e os demais comitês concordaram com a dispensação da aplicação dos
procedimentos para o consentimento livre e esclarecido.
4.9 Financiamento
Não houve financiamento externo. O “Estudo da história natural e morbimortalidade dos
portadores da infecção pelo HIV/SIDA do CTR- DIP/UFMG-PBH” - parecer 122/00 teve
parte da coleta de dados financiada pelo Ministério da Saúde e atualmente é financiado pela
FAPEMIG.
5. Resultados
43
5.1 Processo de seleção dos pacientes
A análise das fichas de dispensação de anti-retrovirais da farmácia do CTR-DIP Orestes
Diniz, entre novembro de 1996 e junho de 2005, revelou que 1.238 pacientes com idade maior ou
igual a 18 anos iniciaram a TARC como primeiro esquema. O fluxograma 1 resume o processo
de seleção, exclusão e perdas da amostra estudada. Entre os 916 pacientes que preenchiam os
critérios de inclusão, houve perda de 25 (2,8%) devido a não localização do prontuário pelo
Serviço de Arquivo Médico (SAME) do HC/UFMG ou por ausência completa de informações
sobre o primeiro regime anti-retroviral no prontuário médico. Assim, a amostra disponível para
este estudo foi compreendida 891 por pacientes.
Fluxograma 1 – Seleção dos pacientes em uso de TARC como primeiro esquema anti-retroviral
1.238 pacientes em uso de terapia combinada como primeiro esquema, com dispensação da medicação no
CTR-DIP Orestes Diniz
916 (74%) pacientes elegíveis
167 (13,5%) gestantes
53 (4,3%) pacientes no serviço privado
25 (2,8%) prontuários não localizados ou
com ausência completa de dados clínicos
75 (6%) pacientes iniciaram TARC em
outro serviço
27 (2,2%) pacientes transferidos para
outro serviço
891 (97,2%) pacientes
44
5.2 Características sócio-demográficas e epidemiológicas da população à admissão.
5.2.1 Análise do perfil sócio-demográfico da população.
Foram analisados dados demográficos de 891 pacientes, como ilustrado na tabela 1. A
maioria dos pacientes era do sexo masculino (69,6%), procedente de Belo Horizonte (63,9%) ou
da região metropolitana (24,8%). Quatrocentos e cinqüenta e cinco (51,1 %) possuíam idade
entre 18 e 35 anos, 353 (39,6%) entre 36 e 50 anos e 65 (7,4%) acima de 51 anos. A média de
idade foi 36,3 anos. Em relação à cor/raça, 418 (46,9%) eram brancos, 288 (32,3%)
pardos/moreno/mulato e 74 (8,3%) negros. Em relação à escolaridade, nota-se que a maioria
possuía ensino fundamenteal (59,5%), seguido do ensino médio (23,2%). Era analfabeta 4,5%
(40 pacientes) da população estudada. Dos 873 pacientes com informação sobre estado civil, 455
(51,1%) eram solteiros e 270 (30,4%) casados/amasiados. Em relação à ocupação, 565 (63,4)
exercerciam atividade geradora de renda, enquanto 164 (18,4%) estavam sem emprego e 45
(5,1%) eram aposentados. .
Tabela 1 - Perfil sócio-demográfico da população estudada
Variáveis
Frequência
Percentual
Feminino 271 30,4
Masculino 620 69,6
Sexo
Total 891 100,0
De 18 a 35 anos 455 51,1
De 36 a 50 anos 353 39,6
Acima de 50anos 65 7,2
Ignorados
19 2,1
Faixa etária
Total 891 100,0
45
Branco 418 46,9
Moreno, mulato, pardo 288 32,3
Negro 74 8,3
Ignorados
111 12,5
Cor
Total 891 100
Analfabeto 40 4,5
1.º grau 530 59,5
2.º grau 207 23,2
Superior 88 9,9
Ignorados
26 2,9
Escolaridade
Total 891 100
Solteiro 455 51,1
Casado/Amasiado 207 30,4
Separado 94 10,5
Viúvo 54 6,1
Ignorados
18 2,0
Estado civil
Total 891 100,0
Do lar 71 8,0
Estudante 13 1,5
Aposentado 45 5,1
Desempregado 164 18,4
Ocupação geradora de renda 565 63,4
Ignorados
33 3,7
Ocupação
Total 891 100,0
Obs: idade média de 36,31 anos (desvio padrão=9,03).
5.2.2 Análise do perfil sócio-demográfico da população por classes de drogas
A população estudada foi dividida em dois grupos principais de regimes anti-retrovirais,
segundo a terceira droga do regime: classe dos IP (2 ITRN + 1 IP) e classe dos ITRNN (2
ITRN + 1 ITRNN). A maioria dos pacientes (548/ 62,5%) usou o regime da classe dos IP. Os
grupos foram semelhantes em relação ao perfil sócio-demográfico (p=0,01). (APÊNDICE C)
5.2.3 Análise da forma de exposição ao HIV
A exposição ao HIV foi dividida em exposição sexual e não sexual. Setecentos e vinte e
46
sete (81,6%) pacientes declararam a atividade sexual como única forma de exposição ao HIV.
Todas as mulheres e a maioria dos homens (53,3%) declararam relações heterossexuais. Trinta e
seis pacientes relataram uso de drogas endovenosas, 89 história pregressa de hemotransfusão
após 1980 e 36 contato com material contaminado, sendo que somente 9 declararam que o
paciente fonte era sabidamente portador da infecção pelo HIV. Todos os pacientes que relataram
exposição não sexual apresentaram também exposição sexual como forma provável de infecção.
Tabela 2 - Exposição sexual à infecção pelo HIV
Atividade sexual Frequência
Percentual
Homossexual
176
19,8
Heterossexual
601
67,5
Bissexual
85
9,5
SI
29
3,2
Total
891
100,0
5.3 Características clínico-imunológicas da população na introdução da TARC.
5.3.1 Análise da condição clínico-imunológica da população na introdução da TARC
Em relação à classificação do CDC/93 foi observado que no início da TARC 65,3% (582)
dos pacientes possuíam contagem de linfócitos T-CD4+ abaixo de 200 células/mm3 (categorias
A3, B3 e C3 do CDC/93) e 31% (266) havia apresentado doença definidora de SIDA (categorias
C1, C2 e C3 do CDC/93), como ilustrado no gráfico 1. Para esta análise foi considerada a
contagem de linfócitos T-CD4+ realizada até 90 dias do início do tratamento.
47
Gráfico 1- Classificação CDC/93 no início do tratamento.
5.3.2 Análise da condição imunológica da população no início da TARC por classes de drogas.
Em relação à contagem de linfócitos T-CD4+ no início da terapia, nota-se que os pacientes
em uso de IP possuíam valores significativamente menores do que os em uso de ITRNN.
Tabela 3 - Classificação da contagem de linfócitos T-CD4+ no início do tratamento
CLASSE DA DROGA
CD4
ITRNN IP
Total p
CD4
200
172 (53,4%) 114 (21,2%)
286 (33,3%)
<0,001
CD4 < 200
154 (46,6%) 424 (78,8%)
578(66,6%)
BASE
322 (100%) 537 (100%)
859(100%)
Teste de independência do qui-quadrado
A
B
C
1
2
3
1 3 6
2 2 5
2 2 1
1 3 8
8 2
3 8
1 6
1 0
0 7
0
5 0
1 0 0
1 5 0
2 0 0
2 5 0
1 2 3
48
5.4 Análise descritiva dos principais regimes e classes de drogas prescritos
5.4.1 Análise da freqüência dos diferentes esquemas anti-retrovirais
Foram prescritas 37 diferentes combinações como primeiro regime anti-retroviral
combinado (APÊNDICE D), sendo que 75% das prescrições compreenderam oito combinações
mais freqüentes, conforme ilustrado na tabela 4. A combinação AZT + 3TC + EFV foi a mais
prescrita, correspondendo a 21,3% dos regimes, seguido pelo AZT + ddI + RTV (12,6%) e pelo
AZT + 3TC + NFV (11,4%).
Tabela 4 - Freqüência dos regimes anti-retrovirais
ESQUEMAS Frequência Percentual
Percentual
Acumulado
AZT - 3TC -EFV
190 21,3
21,3
AZT- ddI -RTV
112 12,6
33,9
AZT - 3TC- NFV
102 11,4
45,3
AZT - ddI - NFV
69 7,7
53
AZT - 3TC - IDV
67 7,5
60,5
AZT - 3TC- NVP
56 6,3
66,8
AZT - 3TC -IDV/r
42 4,7
71,5
AZT - ddI - EFV
30 3,4
74,9
5.4.2 Evolução do percentual dos regimes mais freqüentes por ano de introdução da TARC
Entre os regimes mais prescritos notou-se, entre 1999 e 2001, queda acentuada dos regimes
que continham RTV como único IP, coincidindo como o aumento dos demais regimes, em
especial o regime composto de AZT/3TC e EFV. Nota-se também aumento do uso do NFV entre
os regimes que continham IP.
49
0%
20%
40%
60%
80%
100%
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
AZT-3TC-EFV AZT-ddI-RTV AZT-3TC-NFV AZT-ddI-RTV
AZT-3TC-IDV AZT-3TC-NVP AZT-3TC-IDV/R AZT-ddI-EFV
5.4.3 Evolução do percentual dos regimes que continham IP por ano de introdução da TARC
Foi observado que a proporção do uso de regimes que continham IP como primeiro regime
anti-retroviral diminuiu durante o período avaliado, como ilustrado no gráfico 3.
Gráfico 2– Evolução do percentual dos regimes mais freqüentes por ano de introdução da
TARC
50
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
Gráfico 3 – Evolução do percentual dos regimes que continham IP por ano de introdução da
TARC.
5.5 Duração da TARC
5.5.1 Análise da duração do primeiro regime anti-retroviral combinado
Utilizando a curva de sobrevida, obteve-se que ao final de 6 meses 69% dos pacientes
permaneceram em uso do primeiro esquema anti-retroviral combinado, 54% aos 12 meses, 48%
aos 18 meses e 39% aos 24 meses. Na metade dos pacientes a duração do regime anti-retroviral
inicial foi menor ou igual a 441 dias (14 meses e 21 dias).
51
8006004002000
Duração do tratamento TARC em dias
1,0
0,9
0,8
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0,0
Probabilidade acumulada
Gráfico 4 – Duração do primeiro regime anti-retroviral combinado em dias
5.5.2 Análise da duração dos diferentes esquemas anti-retrovirais
Para análise da duração dos oito esquemas anti-retrovirais mais freqüentes foi feita curva
de sobrevivência para cada um dos esquemas (Graf. 5). A duração dos oito regimes anti-
retrovirais mais freqüentes para cada intervalo de 6 meses está ilustrado na tabela 5.
52
Tabela 5 – Duração dos oito esquemas mais freqüentes
INTERVALO
AZT-
3TC-
EFV
AZT-
ddI-
EFV
AZT-
3TC-
NFV
AZT-
3TC-
IDV
AZT-
3TC-
NVP
AZT-
ddI-
NFV
AZT-
3TC-
IDV/R
AZT-
ddI-
RTV
Início
190
(100%)
30
(100%)
102
(100%)
67
(100%)
56
(100%)
69
(100%)
42
(100%)
112
(100%)
Até 6 meses
154
(81%)
22
(73%)
74
(72%)
44
(65%)
39
(70%)
51
(74%)
21
(50%)
62
(55%)
Mais de 6 e menos
12 meses
134
(70%)
19
(63%)
61
(60%)
36
(54%)
31
(55%)
29
(42%)
14
(33%)
40
(36%)
Mais de 12 e menos
18 meses
131
(69%)
14
(47%)
56
(55%)
32
(48%)
26
(46%)
22
(32%)
11
(26%)
25
(22%)
Mais de 18 e menos
24 meses
123
(65%)
13
(43%)
40
(39%)
25
(37%)
21
(37%)
20
(29%)
08
(19%)
20
(18%)
MEDIANA 730 493 598 509 471 298 180 185
Notou-se que a combinação AZT + 3TC + EFV possuiu duração significativamente maior que as
demais (p<0,001).
8006004002000
Duração dos esquemas anti-retrovirais em dias
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
Probabilidade Acumulada
AZT-ddI-RTV
AZT-ddI-NFV
AZT-ddI-EFV
AZT-3TC-NVP
AZT-3TC-NFV
AZT-3TC-IDV-RTV
AZT-3TC-IDV
AZT-3TC-EFV
Esquemas
Gráfico 5 Duração dos oito regimes anti-retrovirais mais freqüentes em pacientes virgens de
tratamento
53
Na comparação par a par dos 8 regimes mais freqüentes, notou-se que a combinação AZT +
3TC + EFV mostrou falha significativamente menor em comparação com os demais (p<0,05).
Tabela 6 – Comparação par a par dos regimes mais freqüentes
Esquema
anti-retroviral
Esquema
anti-retroviral
p
AZT-3TC-IDV
,000
AZT-3TC-IDV-RTV
,000
AZT-3TC-NFV
,001
AZT-3TC-NVP
,001
AZT-ddI-EFV
,045
AZT-ddI-NFV
,000
AZT-3TC-EFV
AZT-ddI-RTV
,000
AZT-3TC-IDV-RTV ,074
AZT-3TC-NFV ,385
AZT-3TC-NVP ,906
AZT-ddI-EFV ,586
AZT-ddI-NFV ,667
AZT-3TC-IDV
AZT-ddI-RTV
,020
AZT-3TC-NFV
,004
AZT-3TC-NVP ,056
AZT-ddI-EFV
,043
AZT-ddI-NFV ,087
AZT-3TC-IDV-RTV
AZT-ddI-RTV ,925
AZT-3TC-NVP ,485
AZT-ddI-EFV ,962
AZT-ddI-NFV ,099
AZT-3TC-NFV
AZT-ddI-RTV
,000
AZT-ddI-EFV ,667
AZT-ddI-NFV ,479
AZT-3TC-NVP
AZT-ddI-RTV
,014
AZT-ddI-NFV ,274 AZT-ddI-EFV
AZT-ddI-RTV
,014
AZT-ddI-NFV AZT-ddI-RTV
,033
Teste global Wilcoxon (Gehan) χ
2
=64,246, p<0,001.’
54
5.5.3 Análise da duração dos esquemas entre as classes IP e ITRNN
Na comparação entre as principais classes terapêuticas, notou-se falha menor para os
esquemas que continham ITRNN, em todos os intervalos, como demonstrado na tabela 7 e no
gráfico 6.
Tabela 7 – Duração dos esquemas entre as classes IP e ITRNN.
Intervalo ITRNN IP p
Início
329(100%) 548(100%) < 0,001
Até 6 meses 257(78%) 356(64%)
Mais de 6 e menos 12
meses 215(65%) 256(46%)
Mais de 12 e menos 18
meses 197(59%) 207(37%)
Mais de 18 e menos 24
meses 174(52%) 157(28%)
MEDIANA 720 327
Teste global Wilcoxon (Gehan) χ
2
=38,017, p<0,001.’
8006004002000
Duração da TARC em dias
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
Probabilidade Acumulada
IP
ITRNN
Classe das drogas
Gráfico 6 – Duração dos regimes anti-retrovirais por classes de drogas
55
Como foi demonstrado que os pacientes em uso de regimes que continham IP possuíam
contagem de linfócitos T-CD4+ menor no início do tratamento, foi feita a curva de sobrevida dos
regimes que continham ITRNN ou IP ajustada pela contagem de linfócitos T-CD4+. O gráfico 7
mostra a duração da terapia nos pacientes com linfócitos T-CD4+ abaixo de 200 células/mm3 e
o gráfico 8 nos pacientes com linfócitos T-CD4+ iguais ou superores 200 células/mm3.
8006004002000
Duração do tratamento em dias
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
Probabilidade Acumulada
IP
ITRNN
Classe de droga
Linfócitos T-CD4+ < 200 células/mm3
Gráfico 7 - Duração dos regimes anti-retrovirais por classe de droga em pacientes com linfócitos
T-CD4+ abaixo de 200 células/mm
3
.
.
56
8006004002000
Duração do tratamento em dias
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
Probabilidade Acumulada
IP
ITRNN
Classe de droga
Linfócitos T-CD4+ > ou = 200 células/mm3
Gráfico 8 – Duração dos regimes anti-retrovirais por classe de droga em pacientes com linfócitos
T-CD4+ igual ou maior 200 células/mm
3
.
Foi observada diferença significativa (p< 0,001) na comparação da duração entre os
esquemas que continham ITRNN em relação aos que continham IP quando ajustados para a
contagem de linfócitos T-CD4+ ao início do tratamento.
5.5.4 Análise da relação entre as combinações de ITRN e a duração do tratamento anti-retroviral
das classes IP e ITRNN.
As combinações de ITRN mais freqüentes foram: AZT + 3TC = 514 (58,6%), AZT + ddI
= 266 (30,3%) , d4T + ddI = 43 (4,9%), 3TC + d4T = 42 (4,8%). Para avaliar se existiu relação
entre a combinação de ITRN e a duração do tratamento entre as diferentes classes (IP e ITRNN),
foi analisada sua duração segundo as quatro combinações mais freqüentes, como ilustrado nos
gráficos abaixo. Nota-se que o esquema de base que continha AZT-ddI foi significativamente
57
mais freqüente nos pacientes em uso de regimes que continham IP, enquanto o uso da
combinação AZT-3TC foi mais freqüente nos pacientes em uso de regimes que continham
ITRNN (tab 8)
Tabela 8 –
Comparação entre a freqüência das combinações de ITRN entre as classes IP e
ITRNN
Classe da 3 ªdroga
Combinações
de ITRN
ITRNN IP
TOTAL
p
AZT-3TC 245 (74,5%) 269 (49,1%) 514 (58,6%)
0,00
AZT-ddI 50 (15,2%) 216 (39,4%) 266 (30,3%)
0,00
d4T-ddI 20 (6,1%) 23 (4,2%) 43 (4,9%) 0,14
3TC-d4T 13 (4,0%) 29 (5,3%) 42 (4,8%) 0,29
AZT-ddC 0 10 (1,8%) 10 (1,1%) 0,00
3TC-ddI 0 01 (0,2%) 01 (0,1%) 0,36
BASE 329 548 877
A significância é baseada no teste exato da distribuição qui-quadrado.
Observou-se diferença significativa (p<0,001) na comparação da duração entre os
esquemas que continham ITRNN em relação aos esquemas que continham IP quando ajustados
para a combinação AZT + 3TC. (Gráfico 9)
8006004002000
Duração do tratamento em dias
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
Probabilidade Acumulada
IP
ITRNN
Classe de droga
Gráfico 9 – Duração dos regimes anti-retrovirais por classe de droga com a combinação AZT +
3TC Teste global Wilcoxon (Gehan) χ
2
=19,703, p<0,001
58
Não foi observada diferença significativa na comparação da duração entre as classes (IP e
ITRNN) quando ajustados para a combinação 3TC + d4T (Gráfico 10)
8006004002000
Duração do tratamento em dias
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
Probabilidade Acumulada
IP
ITRNN
Classe de droga
Gráfico 10 – Duração dos regimes anti-retrovirais por classe de droga com a combinação 3TC +
d4T. Teste global Wilcoxon (Gehan) χ
2
=0,013, p=0,91
Foi observada diferença significativa (p<0,05) na comparação da duração entre os
esquemas que continham ITRNN em relação aos esquemas que continham IP quando ajustados
para a combinação AZT + ddI. (Gráfico 11).
59
Gráfico 11– Duração dos regimes anti-retrovirais por classe de droga com a combinação
AZT+ddl. Teste global Wilcoxon (Gehan) χ
2
=5,292, p =0,021
Não foi observada diferença significativa na comparação da duração entre os esquemas
que continham ITRNN em relação aos esquemas que continham IP quando ajustados para a
combinação d4T + ddI. ( Gráfico 12)
8006004002000
Duração do tratamento em dias
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
Probabilidade Acumulada
IP
ITRNN
Classe de droga
Gráfico 12– Duração dos regimes anti-retrovirais por classe de droga com a combinação
d4T+ddl.Teste global Wilcoxon (Gehan) χ
2
=0,244, p=0,63
8006004002000
Duração do tratamento em dias
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
Probabilidade Acumulada
IP
ITRNN
Classe de drogas
60
A análise deste resultado revela que para uma mesma combinação de ITRN, encontrou-se
diferença significativa entre as classes ITRNN e IP, em favor da primeira.
5.6 Análise dos fatores, sócio-demográficos, epidemiológicos, clínicos e laboratoriais no início
do tratamento e sua correlação com a duração do primeiro regime anti-retroviral.
5.6.1 Variáveis demográficas e laboratoriais de risco para falha do regime anti-retroviral em 24
meses.
Para avaliar o risco relativo de falha do tratamento foi aplicado o modelo de riscos
proporcionais de Cox. O valor da significância da categoria de base corresponde à significância
do risco da variável como um todo. a significância das demais categorias indica o risco em
relação à categoria de base. Após a exclusão de casos com valores ausentes nas variáveis
demográficas obteve-se o total de 718 casos disponíveis para esta análise, conforme ilustrado na
tabela 9.
Tabela 9 - Risco relativo de interrupção do tratamento
CATEGORIAS N p
EXP(B
)
Maior ou igual a 200
245 ,045 ,814
CD4
+
Menor que 200
473
Feminino 209 ,080 1,228
Sexo
Masculino 509
Analfabeto
21 ,478 ,788
1.º Grau
446 ,588 1,098
2.º Grau
181 ,081 ,717
Escolaridad
e
Superior
70
,004
Solteiro
384 ,047 1,950
Casado
228 ,089 1,772
Separado
82 ,061 1,934
Estado civil
Viúvo
24 ,220
61
Do lar
51
,000
2,102
Aposentado
13 ,651 ,837
Desempregado
144 ,120 ,820
Ocupação
Ocupação geradora de
renda
510
,000
Até 35 anos
390 ,246 1,384
De 36 a 50 anos
300 ,280 1,348
Faixa
etária
Acima de 50 anos
28 ,510
χ
2
=69,73; p<0,001 Fonte: dados da pesquisa.Notas: N é o tamanho da amostra
válida.
p. é significância do teste EXP(B) é o risco proporcional para a categoria em
relação a ultima categoria da referida variável.
Notou-se que pacientes com linfócitos T-CD4+,notou-se que pacientes com linfócitos T-
CD4+ 200células/mm3 possuem risco 19 % menor de falhar o primeiro regime anti-retrovial
combinado (EXP(B)
CD4 abaixo de 200
- 1=-0,81) do que aqueles com linfócitos T-CD4+ abaixo de
200células/mm3. Tal relação pode ser vista comparando os gráficos 13 e 14.
8006004002000
Duração do tratamento TARC
1,0
0,9
0,8
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0,0
Probabilidade Acumulada
Gráfico 13 - Duração média do primeiro tratamento TARV: na média das covariáveis.
62
800,00600,00400,00200,000,00
Duração do tratamento TARC em dias
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
Probabilidade Acumulada
Menor que 200
Maior ou igual a 200
CD4+
Gráfico 14 - Duração do tratamento por contagem de linfócitos T-CD4+ no início da terapia
Não houve diferença no risco para interromper o tratamento em relação ao estado civil, ao
sexo e a faixa etária.
Em relação ao grau de escolaridade observou-se um efeito global significativo da variável.
Entretanto, tomando-se por base o grau superior não foi observada diferença significativa na
comparação entre as categorias. Pode-se afirmar que não existem fortes evidências neste estudo
de que a escolaridade tenha sido um fator relevante na duração do tratamento ao longo dos 24
meses de seguimento desta população.
63
800,00600,00400,00200,000,00
Duração do tratamento em dias
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
Probabilidade Acumulada
Superior
2.º Grau
1.º Grau
Analfabeto
Escolaridade
Gráfico 15 – Duração do tratamento por grau de escolaridade
Em relação à ocupação, tomando-se como base a categoria ocupação geradora de renda, a
paciente do lar possui risco 110% maior de falhar o tratamento. Não houve significância na
comparação com as demais categorias.
Gráfico 16 – Duração do tratamento por ocupação
64
O acréscimo da variável “dispensação irregular” ao modelo de riscos proporcionais de Cox
não alterou os resultados anteriormente descritos, com a ressalva de que para esta análise foram
perdidos dados de 117 pacientes em relação à análise anterior.
5.6.2 Análise da relação entre a carga viral pré-tratamento e a falha do primeiro regime anti-
retroviral combinado.
Apenas 318 (35,7%) pacientes realizaram o exame de carga viral anteriormente ao início
do tratamento. A carga viral pré- tratamento foi dividida em três categorias: até 9.999, de 10.000
a 99.999 e maior que 100.000 cópias/mL. Não houve diferença na falha do tratamento em relação
à carga viral pré tratamento.
Tabela 10 – Risco de interrupção do tratamento por carga viral antes da terapia
CATEGORIAS N p EXP(B)
Até 9.999 cópias/mL
36 ,615 1,126
De 10000 e 99.999
cópias/mL
111 ,190 ,803
Acima de 100000 cópias/mL
171
,292
Base= 318
5.6.3 Análise da associação entre o número de consultas e a duração do primeiro regime
anti-retroviral.
Tabela 11– Relação entre o número de consultas mensais e o risco de interrupção do
tratamento
VARIÁVEIS DF p EXP(B)
Consultas mês
1 ,000 2,583
Base= 797 pacientes.
65
Observa-se que o número de consultas mês foi fator de risco para falha do tratamento. Os
pacientes compareceram em média a 0,72 consultas mês, ou seja, uma consulta a cada 43 dias. O
risco proporcional para cada consulta acima da média é de 158%, ou seja, quem consultou em
média 1,72 vezes ao mês (1 consulta a cada 17 dias (31/1,74) ) tem um risco 158% maior de
falhar o tratamento.
5.6.4 Análise da associação entre o relato de uso irregular de anti-retrovirais e a dispensação
irregular da medicação e a falha do primeiro regime anti-retroviral.
A dispensação e o relato de uso irregular da medicação foram avaliados como medida
indireta da não aderência do paciente à terapia. anti-retroviral. Foi considerado dispensação
irregular da medicação quando, no intervalo avaliado, o paciente buscou quantidade insuficiente
de medicação para o mínimo de 95% das doses previstas para aquele período.
Tabela 12 – Tempo mediano de duração do tratamento por relato de uso da medicação
VARIÁVEL DE CONTROLE N
TEMPO
MEDIANO
p
Uso irregular SIM 627
264 p<0,001
NÃO 203
730
Base=830
Tabela 13 – Tempo mediano de duração do tratamento por dispensação da medicação
VARIÁVEL DE CONTROLE N
TEMPO
MEDIANO
p
Dispensação irregular SIM 425
284 p<0,001
NÃO 352
730
Base= 777
66
8006004002000
Duração do tratamento em dias
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
Probabilidade Acumulada
Regular
Irregular
Uso
Gráfico 17 - Duração do tratamento por relato de uso da medicação
Teste global Wilcoxon (Gehan) χ
2
=18,930, p<0,001
8006004002000
Duração do tratamento em dias
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
Probabilidade Acumulada
Regular
Irregular
Dispensação
Gráfico 18 - Duração do tratamento por relato dispensação da medicação
Teste global Wilcoxon (Gehan) χ
2
=70,332, p<0,001
Ao observar os dois gráficos nota-se que existe diferença significativa entre a duração do
tratamento, o relato de uso irregular e de dispensação irregular da medicação.
67
5.7 Análise do ganho médio de linfócitos T-CD4+ entre as classes IP e ITRNN
Em 348 (39%) pacientes a TARC não falhou durante os primeiros 24 meses. O ganho médio
de linfócitos T-CD4+ destes pacientes foi de 263 células/mm3. Nos pacientes em uso de regimes
que continham IP a contagem média de linfócitos T-CD4+ ao início do tratamento e após 24
meses foi significativamente menor. Nos pacientes com terapia eficaz após dois anos de
seguimento observa-se um ganho médio de linfócitos T-CD4+ de 250 células/mm3 para os
regimes que continham ITRNN e 278 células/mm3 para os regimes que continham IP, não
havendo diferença significativa entre estes grupos.
Tabela 14 – Ganho médio de linfócitos T-CD4+ por classe de droga
CLASSE DE DROGA
VARIÁVEL
ITRNN IP TOTAL
P
CD4+ inicial médio 232 130 184 <0,001
CD4+ final médio 482 409 448 0,001
Ganho médio de CD4+ 250 278 263 0,17
68
131
409
232
482
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
IP ITRNN
CD4+ inicial
CD4+ final
Gráfico 19 – linfócitos T-CD4+ inicial e final por classe de droga dos pacientes com terapia
eficaz
5.8 Motivos da interrupção/falha do primeiro esquema anti-retroviral
5.8.1 Análise dos motivos de interrupção/falha da TARC
Em 543 pacientes houve falha do primeiro regime anti-retroviral no período estudado. Os
motivos da falha e/ou interrupção dos regimes anti-retrovirais de primeira escolha estão
ilustrados na tabela 15. Notou-se que a intolerância/eventos adversos foram o principal motivo
para a falha do esquema (43,6), seguido pelo abandono/não aderência (21,4%) e pela falha
terapêutica virológica (21,2%). Em 12 pacientes o regime anti-retroviral foi substituído para
adequação do esquema, o que não foi considerado como falha na análise.
69
Tabela 15 – Freqüência dos eventos que resultaram na interrupção ou falha do regime
Motivos de interrupção Frequência
Percentual
Intolerância/eventos
adversos
237 43,6
Abandono/não aderência
97 21,4
Falha terapêutica virológica
96 21,2
Falha terapêutica
imunológica
21 3,9
Falha terapêutica clínica
11 2
Óbito
6 1,1
Outros
2 0,4
Ignorados
61 11,2
Total
543
5.8.2 Análise dos motivos de interrupção da TARC nas classes IP e ITRNN.
Em relação às classes de drogas avaliadas, notou-se diferença significativa entre os
motivos da interrupção do esquema, principalmente em relação à falha terapêutica imunológica,
com maior percentagem para os pacientes em uso de ITRNN e em relação aos eventos adversos,
com maior percentagem para os pacientes em uso de regimes que continham IP, como ilustrado
na tabela 16. Em 11 pacientes no grupo dos IP e 1 paciente no grupo dos ITRNN o regime anti-
retroviral foi interrompido para adequação do esquema.
70
Tabela 16 - Motivos de falha/ interrupção do esquema nas classes IP e ITRNN
Motivos de interrupção
ITRNN IP Total SIG
Abandono/não adesão 33 (24%) 62 (18%) 95 (21%) 0,069
Falha Teraupética virológica 30 (22%) 66 (20%) 96 (21,2%) 0,252
Falha Teraupética
imunológica 11 (08%) 08(02%) 19 (4,2%)
0,005
Falha Teraupética clínica 06 (04%) 05 (01%) 11 (2,4%) 0,056
Óbito 0 05 (01%) 5 (1%) 0,192
Intolerância/eventos adversos 54 (39%) 181(54%)
235 (49,5%)
0,012
Outros 02 (01%) (0) 0% (0,4)
BASE 137 338 475
A significância é baseada no teste exato da distribuição qui-quadrado
5.8.3 Análise das drogas suspeitas de causarem intolerância que levou a interrupção do primeiro
regime anti-retroviral.
Foi observado que 237 regimes foram interrompidos devido à intolerância/eventos
adversos. A droga menos tolerada foi o RTV, responsável por 28% das mudanças de
regime terapêutico, seguido pelo AZT (19%) e pelo ddI (18%). A interrupção do regime
anti-retroviral inicial pode ter sido provocada por mais de uma droga.
Tabela 17 – Freqüência das drogas suspeitas de causarem intolerância que levou a
interrupção do primeiro regime anti-retroviral
DROGA ANTI-RETROVIRAL FREQÜÊNCIA PERCENTUAL
RTV 67 28%
AZT 45 19%
ddI 42 18%
IDV 30 13%
NFV 28 12%
EFV 26 11%
NVP 8 3%
d4T 5 2%
SQV 2 1%
LPV 1 0%
SEM INFORMAÇÃO 6 3%
TOTAL 237 100%
71
5.8.4 Análise dos eventos adversos mais freqüentemente relatados
Entre os eventos adversos que levaram a interrupção do primeiro regime anti-retroviral a
intolerância gastrointestinal foi responsável em 61% dos casos, seguida pela anemia (20%) e
pelas alterações neuropsiquiátricas (9%).
Tabela 18 – Freqüência dos eventos adversos
EVENTO ADVERSO
FREQUÊNCI
PERCENTUAL
Intolerância gastrointestinal 121 61%
Anemia 40 20%
Alterações neuropsiquiátricas 17 9%
Farmacodermia 15 8%
Hepatite 10 5%
Reação de hipersensibilidade 9 5%
Neuropatia periférica 7 4%
Pancreatite aguda 6 3%
Nefrolitíase 6 3%
Dislipidemia 4 2%
Lipoatrofia 4 2%
Hiperlactemia 3 2%
Acúmulo de gordura central 3 2%
Acidose láctica 3 2%
Sem informação 37 19%
TOTAL 237 100%
5.9 Duração e os motivos de interrupção/falha dos regimes que continham EFV e NVP
5.9.1 Comparação da duração dos esquemas que continham EFV e NVP
Devido a maior duração encontrada nos regimes que continham ITRNN em relação aos
regimes que continham IP, analisamos a eficácia das drogas que compõem a classe dos ITRNN:
efavirenz (EFV) e nevirapina (NVP).
72
Tabela 19 – Duração do tratamento por tipo de droga
INTERVALO EFV NVP
Início 250 (100%) 79 (100%)
Até 6 meses 200 (80%) 53 (67%)
Mais de 6 e menos 12 meses 185 (74%) 47 (59%)
Mais de 12 e menos 18 meses 175 (70%) 43 (54%)
Mais de 18 e menos 24 meses 168 (67%) 35 (44%)
MEDIANA EM DIAS 730 455
Teste global Wilcoxon (Gehan) χ
2
=12,382, p<0,001.
8006004002000
Duração em dias
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
Probabilidade Acumulada
NVP
EFZ
Droga
Gráfico 20- Duração do tratamento por tipo de droga: EFV e NVP.
Teste global Wilcoxon (Gehan) 
2
=10,52, p<0,001.
Notou-se diferença significativa na duração do esquema entre as duas drogas avaliadas
(p<0,001).
5.9.2 Comparação dos motivos de troca entre o EFV e NVP.
Apesar da diferença significativa da duração do primeiro regime entre o EFV e a NVP, não
73
foi observada diferença significativa na comparação dos motivos que levaram a falha/interrupção
do tratamento.
Tabela 20 -Comparação dos motivos da falha/interrupção do tratamento por tipo de droga
DROGA
MOTIVOS
EFV NVP
TOTA
L
SIG
Abandono/não adesão 22 (23%) 11 (26%) 33 (24%) 0,392
Falha Teraupética virológica 19 (0,2%) 11 (26%) 30 (24%) 0,247
Falha Teraupética imunológica 05 (05%) 06 (14%) 11 (8%) 0,070
Falha Teraupética clínica 05 (05%) 01 (02%) 06 (4%) 0,416
Intolerância/eventos adversos 41 (43%) 13 (31%) 54 (39%) 0,153
Outros 02 (02%) (0) 02 (2%)
BASE 95 42 137
A significância é baseada no teste exato da distribuição qui-quadrado.
5.10 Relação entre a duração e impacto do primeiro esquema anti-retroviral combinado e a
mortalidade secundária a infecção pelo HIV na população estudada.
Até o final do ano de 2006, 69 pacientes haviam falecido, 728 permaneciam vivos e não
havia informação sobre 94 pacientes, como ilustrado na tabela 21. Foi demonstrado risco 3,9
vezes maior de morrer para os pacientes que interromperam o tratamento nos primeiros dois anos
de seguimento (p < 0,001).
Tabela 21- Relação entre duração do primeiro regime e óbito até o ano de 2006
Duração N Não- óbito Óbito p
< 24 meses 411 396 (96%) 15 (4%) <0,001
24 meses 386
332 (87%) 54(13%)
TOTAL 797 728 (91%) 69 (9%)
Existe uma relação de dependência entre as variáveis χ
2
=19,966;
Risco de óbito no caso de abandono (EXP[B])= 3,90.
6. Discussão
74
Com a evolução do conhecimento sobre a infecção pelo HIV/SIDA, a terapia combinada
tornou-se mandatória, mostrando-se eficaz em evitar ou diminuir o dano imunológico e reduzir a
probabilidade de que infecções oportunistas e neoplasias causem morbidade e mortalidade (19,
23, 24, 28, 68, 86). O primeiro regime anti-retroviral deve ser potente e durável e ao mesmo
tempo permitir sucesso no regime de resgate caso venha a falhar (23,46). Vários estudos têm
avaliado a duração e eficácia do primeiro regime anti-retroviral (40, 55, 56, 63, 87). Encontrar o
melhor regime para o tratamento anti-retroviral inicial é uma das estratégias para aumentar o
tempo e a qualidade de vida de PVHA (58). O presente estudo propõe contribuir com a
investigação da efícácia e duração do primeiro regime anti-retroviral combinado em coorte de
pacientes atendidos no CTR-DIP. Neste estudo houve seguimento da população por período
máximo de 24 meses após o início da terapia, para permitir melhor avaliação do primeiro regime.
Além disso, a terapia foi avaliada em pacientes virgens de tratamento para minimizar os efeitos
de confusão associados à exposição prévia aos anti-retrovirais (56).
As características sócio-demográficas da população avaliada são condizentes com as
características brasileiras no que diz respeito aos pacientes portadores de SIDA (2). Notou-se o
predomínio de pessoas do sexo masculino, da cor/raça branca, jovens, solteiros e com baixo grau
de escolaridade. A proporção entre homens e mulheres (2,3:1) foi superior a encontrada no Brasil
(1,5:1), o que pode ser explicado pela incidência crescente da infecção entre as mulheres nos
últimos anos, visto que a maioria da população estudada iniciou o tratamento entre 1997 e 2003
(2). Para fim de análise a escolaridade foi considerada como indicador do nível socioeconômico
dos indivíduos, por mostrar-se parâmetro mais estável ao longo da vida (3, 9, 88). Além disso,
somente 3% dos pacientes não informaram o grau de escolaridade. As características sócio-
demográficas foram semelhantes entre os pacientes em uso de IP ou ITRNN.
75
Em relação à forma de exposição a infecção pelo HIV os resultados se assemelham aos
obtidos na população brasileira, com predomínio do risco sexual de infecção e aumento da
categoria de transmissão heterossexual, refletindo novamente a incidência crescente da infecção
entre as mulheres. Notou-se, entretanto, maior proporção de homens que se declararam
heterossexuais (53,3%) em relação ao descrito no Brasil (28,3%) (2). Esta diferença pode ser
atribuída à dificuldade, por parte de alguns homens, em revelar a sua real atividade sexual.
Notou-se menor número de pacientes com relato de uso de drogas endovenosas (4%). De fato, os
dados brasileiros indicam que o uso de drogas endovenosas foi a forma de exposição em 14,4%
das PVHA, sendo a maioria dos casos pertencentes a região Sul do país, tendo a região Sudeste
um menor índice de contaminação por esta via(2). O relato de hemotransfusão foi dez vezes
maior que o descrito no Brasil (2). Todas as pessoas que relataram passado de hemotransfusão
possuíam, entretanto, risco sexual de contrair a infecção, sendo impossível atribuir à
hemotransfusão a provável forma de contaminação. Não houve diferença significativa entre a
forma de exposição à infecção pelo HIV, na comparação entre os pacientes em uso de regimes
contendo IP versus ITRNN.
A terapia combinada usada como primeiro regime anti-retroviral foi avaliada durante
período de 11 anos, considerando-se o tempo final de avaliação dos pacientes (dois anos após o
início da terapia). No período avaliado 61,5% dos pacientes fizeram uso de esquemas contendo
IP, sendo seu uso preferencial até 2002, com aumento progressivo do uso de regimes contendo
ITRNN desde então. Entre 1997 e 1999 a combinação AZT-ddI-RTV foi o esquema preferencial.
Apesar da recomendação para uso preferencial de IDV, o uso de regimes contendo RTV se
justifica pelo atraso na disponibilização do IDV no SUS, ocorrido neste período. Em 2000 notou-
se queda acentuada do seu uso, não sendo mais prescrito na terapia inicial a partir do segundo
76
semestre de 2001. Entre a classe dos IP o medicamento mais prescrito foi o NFV,
correspondendo a 33,6% das prescrições de IP e 20,9% das prescrições da população estudada. A
partir de 2000 nota-se aumento constante do uso de ITRNN como primeiro esquema,
preferencialmente o EFV, sendo a combinação AZT-3TC-EFV (21,3%) o regime mais prescrito
neste estudo. Foi observado que no momento da introdução do primeiro regime anti-retroviral,
65,3% (582) dos pacientes se encontravam com a contagem de linfócitos T-CD4+ abaixo de 200
células/mm3 e 31% (266) havia apresentado doença definidora de SIDA. Na comparação entre as
classes de drogas foi observada no início do tratamento diferença significativa em relação à
contagem de linfócitos T-CD4+. Foi demonstrada maior proporção do uso de IP em pacientes
com linfócitos T-CD4+ abaixo de 200 células/mm3, o que possivelmente é reflexo da
recomendação da terapia tríplice (com uso preferencial de IP) em pacientes com doença
avançada, vigente no início do período estudado(15, 77-83). As mudanças da terapia anti-
retroviral observadas ao longo do tempo corresponderam às modificações nas recomendações
para o tratamento em adultos e adolescentes infectados pelo HIV no Brasil, apresentadas sob a
forma de consensos, como descrito anteriormente .(15, 77-83).
Ao final de 6 meses 69% dos pacientes permaneceram em uso do primeiro esquema anti-
retroviral combinado, 54% aos 12 meses, 48% aos 18 meses e 39% aos 24 meses. A contagem de
linfócitos T-CD4+ abaixo de 200 células/mm3 e a ocupação do lar foram fatores de risco na
análise multivariado para falha e/ou interrupção do tratamento. Não foi observada diferença na
duração do tratamento em relação ao sexo, estado civil e faixa etária. A escolaridade possui efeito
global significativo, sem diferença no risco de interrupção entre as categorias, o que pode ser
conseqüência do pequeno número de pessoas com os graus de escolaridade analfabeto e superior.
Não existiram fortes evidências de que a escolaridade tenha sido um fator relevante na duração
77
do tratamento neste estudo. Em relação à ocupação, a paciente do lar possuiu risco 110% maior
de falhar o tratamento em relação aos pacientes com ocupação geradora de renda. A ocupação do
lar correspondeu a pequeno número de pacientes (n=51) o que pode ter influenciado o resultado.
Isto inviabilizou novas análises a fim de caracterizar melhor esta subpopulação e buscar
explicação para este resultado.
Este estudo não teve como objetivo avaliar influência da aderência na duração da TARC. A
não aderência, entretanto, foi mensurada de forma indireta, através da sua análise no prontuário
médico e da avaliação da dispensação dos anti-retrovirais na farmácia do CTR-DIP. Notou-se
correlação significativa, em análise univariada, entre estas variáveis e a menor duração do
primeiro esquema anti-retroviral. Apesar das duas medidas terem demonstrado alta associação
com a falha da TARC, notou-se que a dispensação irregular é um marcador mais fiel de falha do
regime inicial, em especial nos primeiros meses de tratamento. Esta diferença supõe que alguns
pacientes omitem ou negam o uso irregular da medicação para o seu médico assistente. Uma
limitação desta análise é o fato de não ser possível assegurar que o paciente que busca a
medicação regularmente na farmácia faz seu uso regular, como foi demonstrado em estudo
anterior realizado no CTR-DIP (64). A dispensação irregular da medicação permaneceu como
fator de risco para falha do tratamento na análise multivaridada, quando esta variável foi
acrescentada ao modelo de riscos proporcionais de Cox, Não houve mudança em relação aos
resultados anteriormente descritos, com a ressalva de que para esta análise foram perdidos dados
de 117 pacientes. Na análise dos motivos abandono/não aderência que levaram a falha do
regime não houve diferença entre as classes de drogas IP e ITRNN.
A contagem da carga viral anterior ao início da terapia, em análise univariada, não foi fator
de risco para a interrupção do tratamento. Dorrucci e colaboradores observaram que a carga viral
elevada ao início do tratamento foi fator de risco para a interrupção do tratamento (87). O’ Brien
78
e colaboradores observaram, em coorte retrospectiva de pacientes em uso de TARC, que a CV
acima de 4 log foi fator de risco para interrupção do tratamento por evento adverso (89). Esta
análise, no presente estudo, foi prejudicada pelo pequeno número de pacientes que realizaram
este exame, dificultando a generalização dos resultados e a comparação com outros estudos.
Entre os oito esquemas mais freqüentes a combinação AZT + 3TC + EFV apresentou
duração maior, que foi confirmada na comparação par a par. Na comparação entre as principais
classes terapêuticas, notou-se falha menor para a classe dos ITRNN, em todos os intervalos de
tempo. Sabe-se que vários fatores podem influenciar este resultado. Os grupos foram semelhantes
em relação às características sócio-demográficas, porém os pacientes no ínicio do tratamento em
uso de regimes que continham IP possuíam contagem de linfócitos T-CD4+ menor do que os que
usavam ITRNN (73% x 27%, p<0,001). Esta condição está associada ao maior risco para falha do
tratamento independente da terapia em uso (27, 44, 50). Para verificar se o resultado obtido
poderia ser atribuído a diferença na contagem inicial de linfócitos T-CD4 + entre as classes. Foi
analisada a duração do tratamento para a mesma categoria de linfócitos T-CD4+. Os regimes que
continham IP possuíram menor duração do tratamento independente da contagem de linfócitos
T-CD4+ inicial. O’ Brien e colaboradores observaram, em coorte retrospectiva de pacientes em
uso de TARC, que linfócitos T-CD4+ inferiores a 200 células/mm3 ao início do tratamento foi
fator de risco para a interrupção do tratamento por evento adverso (89).
As combinações de ITRN que compõem o regime são freqüentemente responsáveis pela
falência do esquema anti-retroviral e vários eventos adversos foram documentados com o uso de
ITRN (15). As combinações de ITRN mais freqüentes na população estudada foram: AZT+3TC
(58,6%), AZT + ddI (30,3%) , d4T + ddI (4,9%) e 3TC + d4T (4,8%). O esquema de base que
continha AZT-ddI foi significativamente mais freqüente nos pacientes em uso de regimes que
continham IP, enquanto o uso da combinação AZT-3TC foi mais freqüente nos pacientes em uso
79
de regimes que continham ITRNN. Esta correlação era esperada, visto que acompanha a evolução
das recomendações para tratamento no Brasil e o avanço do conhecimento sobre os principais
eventos adversos desta classe de drogas (43). Para avaliar se existiu correlação entre a
combinação de ITRN e a duração do tratamento entre as classes IP e ITRNN, a duração dos
regimes foi analisada segundo as quatro combinações de ITRN mais freqüentes. Foi observada
diferença na duração do regime inicial na comparação entre IP e ITRNN, quando ajustada para as
combinações 3TC +AZT e AZT +ddI. Pode-se afirmar que a diferença na duração do tratamento
entre as classes IP e ITRNN ocorre independente da combinação de ITRN do regime (15, 77-83).
Em 543 pacientes houve falha da TARC no período avaliado. A intolerância/eventos
adversos foram o principal motivo para a falha do esquema, seguido pelo abandono/não
aderência e pela falha terapêutica virológica. Notou-se diferença significativa entre os motivos da
interrupção da TARC, na comparação entre as classes de drogas (IP e ITRNN), com maior
porcentagem de intolerância/eventos adversos para os pacientes em uso de IP e de falha
imunológica para os pacientes em uso de ITRNN. Conforme esperado, em relação à falha
terapêutica notou-se proporção maior de falha virológica, seguida pela imunológica e pela
clínica, como descrito vários estudos (24, 27, 37,48). O intervalo entre elas pode ser de meses ou
anos, o que explica, em muitos casos, elevação da carga viral, sem queda concomitante da
contagem de linfócitos T-CD4+ (15).
Foi observado que a droga menos tolerada foi o RTV, sendo responsável por 28% das
mudanças de regime devido a intolerância, seguido pelo AZT (19%) e pelo ddI (18%). A
intolerância gastrointestinal ao RTV, expressa por náuseas, vômitos, diarréia, flatulência,
alteração do paladar e anorexia está bem documentada (43). Na população estudada 151
pacientes fizeram uso de RTV como único inibidor de protease. O uso do RTV atualmente é
80
recomendado em pequenas doses como adjuvante farmacológico, visto que o seu uso isolado
apresenta menor eficácia e maior freqüência de eventos adversos (43,89). A mielossupressão
causada pelo AZT, levando principalmente a anemia e a neutropenia, está bem descrita na
literatura (38). O AZT, entretanto, permanece como droga de escolha para o regime inicial,
devido a larga experiência com o seu uso e sua comprovada potência anti-retroviral (15). O ddI e
o d4T além da intolerância gastrointestinal e da esteatose hepática, podem provocar eventos
adversos graves como pancreatite, acidose lática e neuropatia periférica e também estão
associados à atrofia do tecido subcutâneo nas extremidades do corpo. A combinação ddI e d4T
potencializa estes eventos e deve ser evitada (43). Atualmente ambos são proscritos para uso no
regime inicial, salvo em raras exceções (90,91). Vários eventos adversos são comuns a toda a
classe de anti-retrovirais, limitando as opções futuras de regimes anti-retrovirais (37, 43, 88).
Alguns estudos observacionais corroboram os resultados encontrados. O’ Brien e
colaboradores, em coorte retrospectiva de 345 pacientes, observaram após seguimento médio de
8,1 meses, que 61% dos pacientes interromperam a TARC inicial, com probabilidade cumulativa
de 51% de interromper o tratamento após um ano de seguimento. Os regimes estudados foram
AZT + 3TC + NFV (39%), d4T + 3TC + NFV (22%), AZT + 3TC + EFV (18%), d4T + 3TC +
EFV (18%), AZT + 3TC + IDV (5%), d4T + 3TC + IDV (4%). Os eventos adversos foram a
principal causa de interrupção do tratamento (24%), sendo o mais comum a intolerância
gastrointestinal. A falha terapêutica foi o motivo da interrupção do tratamento em 12% dos
pacientes (89). Os regimes acima relacionados correspoderam a 43,5% das prescrições neste
estudo, no qual foi observado duração média semelhante após um ano de seguimento (54%). Ao
final de dois anos obteve-se 43,5% de falha do esquema devido a eventos adversos/intolerância,
sendo o evento mais observado a intolerância gastrointestinal. A falha terapêutica foi neste
81
estudo o motivo de interrupção em 21,2% dos pacientes, proporção superior a descrita acima,
provavelmente devido ao maior tempo de seguimento (24 meses). Medeiros e colaboradores,
avaliaram a duração e eficácia do primeiro regime anti-retroviral em 120 pacientes, 29% deles em
terapia dupla, que iniciaram o tratamento entre 1996 e 2000 (84). Foi observada duração média
do primeiro regime anti-retroviral de 14,1 meses, sendo a intolerância a principal causa de
interrupção do tratamento (25%). Dos 35 pacientes que apresentaram falha ou interrupção do
regime com três drogas, 21 interromperam o tratamento devido a abandono ou intolerância
enquanto nos pacientes em terapia dupla a falha terapêutica foi responsável pela interrupção no
tratamento em 16 dos 23 pacientes que falharam ou interromperam o tratamento (84). Este estudo
difere do estudo acima por avaliar a duração do tratamento em número maior de pacientes por
tempo maior de seguimento. Além disso, foram avaliados pacientes em uso de terapia
combinada altamente potente. Em ambos os estudos o principal motivo de interrupção do regime
foi a intolerância aos anti-retrovirais. Brito e colaboradores, através de estudo observacional de
498 pacientes em uso de terapia anti-retroviral, no Estado do Rio Grande do Norte, observaram
que 36% dos pacientes interromperam o regime anti-retroviral nos primeiros seis meses de
tratamento. Não foi encontrada associação com as variáveis sexo, categoria de exposição
semelhante ao encontrado neste estudo. Entretanto, o autor não observou correlação entre a
contagem de linfócitos T-CD4+ o tipo de esquema anti-retroviral com a interrupção do
esquema. Houve associação significativa com o uso de drogas endovenosas, tratamento
psiquiátrico, baixo grau de escolaridade e idade de 25 a 34 anos (92). Dorrucci e colaboradores
avaliaram o uso de terapia combinada como primeiro esquema, iniciada entre 1997 e 2000, para
comparar a probabilidade de interromper o tratamento entre os pacientes em uso de IP e de
ITRNN. O tempo médio de seguimento dos pacientes foi de 9,7 meses. A maioria dos pacientes
fez uso de regimes que continham IP (85,4%). A duração média do seguimento foi de 11 e 5,6
82
meses para os pacientes em uso de IP e de ITRNN, respectivamente. No período deste estudo 857
pacientes interromperam o primeiro regime anti-retroviral, sendo 777 (45,5%) em uso de IP e 80
(27,3%) de ITRNN. A toxicidade foi a causa da interrupção em 42,7% dos pacientes, seguido
pela falha terapêutica (28,5%) e a não aderência (23%). Estes resultados se assemelharam aos
obtidos neste estudo. Aprobabilidade cumulativa de interromper o tratamento após um ano,
entretanto, foi inferior (37,5%) e não houve diferença significativa entre o tempo para interrupção
entre as classes de drogas considerando todos os motivos. Em relação a falha terapêutica houve
uma tendência de menor falha para o grupo dos ITRNN, sem significância estatística, ao contário
do observado neste estudo (87).
Alguns ensaios clínicos foram realizados recentemente para comparar a duração e eficácia
do primeiro regime anti-retroviral. Staszewski e colaboradores, compararam o esquema
AZT/3TC + EFV com AZT/3TC + IDV em pacientes infectados pelo HIV-1 virgens de
tratamento. Foi observada maior tolerabilidade e melhor resposta viral nos pacientes em uso de
regime contendo EFV, após seguimento médio de 48 semanas (93). Entretanto encontrou maior
aumento na contagem de linfócitos T-CD4+ nos pacientes em uso de EFV, ao contrário do
encontrado neste estudo. Três grandes estudos clínicos randomizados foram iniciados entre 1998
e 1999, para avaliar a eficácia e segurança das diferentes estratégias de tratamento inicial anti-
retroviral, como descrito anteriormente. Todos os três estudos mostraram aumentos similares na
contagem de linfócitos T-CD4+ durante o seguimento nos grupos em estudo e maior supressão
viral no grupo em uso de ITRNN (10,46,118). Bartlett e colaboradores, através da metanálise de
53 ensaios clínicos, realizados entre 1994 e julho de 2004, envolvendo 14.264 pacientes,
observaram porcentagem significativamente maior de CV plasmática do HIV inferior a 50
83
cópias/mL na 48º semana nos regimes contendo IP/r (inibidores da protease reforçados com
ritonavir) e nos regimes contendo ITRNN do que nos regimes contendo IP sem reforço (55).
Em 348 (39%) pacientes não houve falha do regime anti-retroviral inicial nos primeiros 24
meses de terapia. Os pacientes em uso de regimes contendo IP iniciaram o tratamento com
linfócitos T-CD4+ médio menor. Não houve, entretanto, diferença estatística no ganho médio de
linfócitos T-CD4+ entre os pacientes que recebiam IP ou ITRNN. Frield e colaboradores, após a
avaliação de 272 pacientes virgens de tratamento, entre 1999 e 2000, observaram que os
pacientes em uso de regime inicial contendo IP possuíam linfócitos T-CD4+ inicial menor e
maior proporção de doença definidora de SIDA do que os pacientes em uso de regime contendo
EFV. Houve maior ganho de linfócitos T-CD4+ entre os pacientes em uso de IP, sem diferença
estatística (63). Lucas e colaboradores, compararam a eficácia de regimes contendo IP sem
reforço, SQV/r ou EFV, usados como regime inicial, entre 1996 e 2000. O grupo em uso de
regimes contendo EFV mostrou maior proporção de pacientes com CV indetectável e com
supressão viral duradoura (CV indetectável por pelo menos seis meses consecutivos). O aumento
médio de linfócitos T-CD4+ foi similar nos três grupos avaliados (94), como descrito neste
estudo. Bartlett e colaboradores, através da metanálise de 53 ensaios clínicos, observaram
aumento médio de 179 linfócitos T-CD4+, sendo maior no grupo contendo IP/r (200
células/mm3) em comparação aos ITRNN e IP não reforçado, na 48º semana de
acompanhamento (55). Entre os pacientes avaliados neste estudo, apenas sete pacientes fizeram
uso de LPV/r, 32 de SQV/r e 46 de IDV/r, não permitindo comparação da duração e eficácia dos
IP/r. São esperados melhores resultados em ensaios clínicos em relação aos estudos
observacionais (59).
O paciente que consultou em média 1,72 vezes (uma consulta acima da média da população
estudada) ao mês, ou uma consulta a cada 17 dias (31/1,74), apresentou risco 158 % maior de
84
falhar o tratamento. Kleeberger e colaboradores demonstraram que a ausência de visita recente
do paciente (refletindo a baixa aderência ao serviço) é variável independente determinante de
baixa aderência ao tratamento em avaliação por dois anos consecutivos (68). O resultado oposto,
encontrado na população estudada, pode ser explicado pela demanda por maior número de
consultas para o paciente com intercorrências. Os eventos adversos da terapia anti-retroviral e as
infecções oportunistas demandam visitas freqüentes ao serviço, enquanto são motivos de
interrupção do tratamento anti-retroviral. No estudo atual houve maior número de falha no
tratamento devido a intolerância/ eventos adversos do que a não aderência ao tratamento.
Devido a maior duração e ao menor índice de falha encontrados nos regimes que continham
ITRNN, foram analisamos a eficácia das drogas desta classe: efavirenz (EFV) e nevirapina
(NVP). Notou-se diferença significativa na duração do esquema entre as duas drogas avaliadas. O
resultado encontrado difere da literatura. O estudo 2NN foi o maior estudo realizado até agora
para comparação entre EFV e NVP (54). Consistiu em ensaio clínico randomizado aberto,
multicêntrico, para comparar, entre outros objetivos a segurança e a eficácia do tratamento com
d4T/3TC associados a NVP ou EFV. Foi analisada a equivalência para os grupos, com hipótese
nula de pelo menos 10% ou mais de falhas terapêuticas com NVP comparativamente ao EFV (IC
95% entre 10% e 0). Obteve-se 43,7% de falha para NVP e 37,8% para EFV, não podendo ser
demonstrada a equivalência dentro dos limites de 10%. Em relação aos motivos de interrupção,
houve diferença significativa na comparação da interrupção do regime entre as drogas avaliadas,
não sendo atribuída a um motivo em especial.
Até o final do ano 2006, 69 pacientes haviam falecido, 728 permaneciam vivos e não havia
informação sobre 94 pacientes, sendo demonstrado risco 3,9 vezes maior de morrer para os
pacientes que interromperam o tratamento nos primeiros dois anos de seguimento (p < 0,001).
Casseb e colaboradores (2003), em estudo com 233 pacientes, entre 1993 e 2003, em São Paulo,
85
observaram que o risco de morte foi significativamente maior nos pacientes com linfócitos T-
CD4+ abaixo de 200 células/mm3, mostrando que mesmo quando não benefício aparente da
TARC em termos de sucesso virológico, a sua manutenção parece aumentar a sobrevivência dos
pacientes (14). No presente estudo muitos pacientes interromperam o acompanhamento no
ambulatório sem que nos prontuários estivesse especificado algum motivo, como mudança para
outra cidade ou óbito, limitando as análises referentes a mortalidade como causa de
interrupção/falha do tratamento.
6.1 Dificuldades e limitações do estudo
Apesar de contarmos com uma equipe numerosa, a coleta dos dados foi lenta pelo difícil
acesso aos prontuários médicos, em especial dos pacientes cuja última consulta no serviço
ocorreu mais de cinco anos. Todo o estudo foi feito usando-se informações contidas em
formulários e nos prontuários dos pacientes como fonte de dados. Sabe-se que dados secundários
tendem a ter menor confiabilidade que os dados primários. Além disso, um grande problema
encontrado foi a falta de anotação nos prontuários de algumas informações. Os dados não
encontrados foram considerados como resposta ausente, limitando a análise de algumas variáveis
importantes, como descrito acima. Além disso, deve ser lembrado que vários fatores influenciam
na duração do primeiro regime anti-retroviral e alguns não foram avaliados neste estudo, como
por exemplo o grau de aderência ao tratamento. Sabe-se, entretanto, que a não aderência ao
tratamento é refletida pelo aumento da CV, que pode ter sido capturada de alguma forma no
estudo (40). Coortes observacionais tem grande número de limitações e seus resultados devem
ser interpretados com cautela.
86
6.2 Considerações finais
Devido ao longo período estudado e ao desenho do estudo, vários regimes avaliados
possuem, sabidamente, menor tolerabilidade ou menor potência, como a combinação ddI e d4T
e o uso isolado do SQV e do RTV. A alta freqüência de regimes sabidamente menos tolerados ou
menos eficazes no início do período avaliado pode ter influenciado no pior desempenho dos
regimes contendo IP. A literatura atual demonstra a superioridade de regimes contendo ITRNN
em relação aos regimes contendo IP sem reforço farmacológico, sendo o resultado do atual
estudo esperado. Regimes contendo IP reforçados com o RTV, entretanto, têm mostrado eficácia
similar aos regimes contendo ITRNN, com menor chance de falha virológica, mas com menor
tolerabilidade (8, 55, 84).Os regimes contendo reforço farmacológico do RTV corresponderam a
9,6% dos regimes avaliados, com 99,3% correspondendo às combinações de SQV/r e IDV/r. O
estudo atual teve como objetivo acompanhar o paciente por 24 meses após o início da terapia
anti-retroviral, incluindo pequeno número de pacientes em uso de LPV/r e ATV/r, devido a sua
disponibilização recente para o tratamento inicial. Estes medicamentos são considerados
atualmente drogas alternativas preferenciais para o primeiro esquema anti-retroviral. Por outro
lado traz informações importantes em relação aos ITRNN, com destaque para o EFV, que
permanece como droga de escolha para compor o regime inicial nas recomendações vigentes no
Brasil. O longo tempo de observação e o grande número de pacientes avaliados, aliado à
semelhança observada entre a população estudada e a população brasileira permitem que os
resultados forneçam informações úteis na escolha do regime inicial para os pacientes em
tratamento no país. Estudos observacionais como este, por investigar pacientes com diversas
características sócio-demográficas, complementam os resultados obtidos em ensaios clínicos
(63).
7. Conclusão
87
Este estudo apresenta informações relevantes sobre o primeiro esquema anti-retroviral
altamente potente no Brasil. Apesar do acesso gratuito a medicação anti-retroviral altamente
potente, observou-se que em 61% dos pacientes houve falha ou interrupção do regime nos
primeiros 24 meses de tratamento. Os regimes contendo ITRNN, em especial o EFV,
apresentaram duração e eficácia superiores aos regimes contendo IP. A contagem de linfócitos T-
linfócitos T-CD4+ abaixo de 200células/ mm3, a dispensação irregular e a ocupação do lar foram
na análise multivariada, fatores de risco para falha e/ou interrupção do tratamento. O pequeno
número de pacientes que possuíam CV anterior ao início da TARC prejudicou a análise de sua
correlação com a duração do tratamento. Os regimes contendo EFV apresentaram maior duração
e eficácia que os regimes contendo NVP. Os pacientes cujo esquema anti-retroviral foi
interrompido ou falhou nos primeiros 24 meses de tratamento apresentaram risco 3,9 vezes maior
de falecer até 2006. O melhor conhecimento da fisiopatologia da infecção e da dinâmica viral
possibilitaram o surgimento de medicamentos mais potentes e com posologia mais simples.
Entretanto a aderência à medicação e a alta taxa de eventos adversos permanecem como
principais barreiras para o sucesso prolongado do tratamento. Novos estudos sobre o tema se
fazem necessários, em especial, para avaliar os regimes contendo IP reforçados com RTV.
8. Referências Bibliográficas
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Apêndices
97
APÊNDICE A
Nome l__l__l__l__l__l__l__l DIP l__l__l__l__l__l__l SAMEl__l__l__l__l__l__l__l
1º Avaliação: Início da TARV (Terapia anti-retroviral) : l__l__l/l__l__l/l__l__l__l__l
DADOS CLÍNICOS
COD
1.1Data da 1º consulta: l__l__l/l__l__l/l__l__l__l__l
1.2 Médico
assistente:_________________________________________________________
1.3 Classificação do CDC/93 na introdução da TARV: l__l__l
1.4 Comorbidades
Sim Não SI
l__l__l/l__l__l/l__l__l__l__l
l__l__l
l__l__l
1.4.1 Hipertensão arterial sistêmica l__l
1.4.2 Hemofilia l__l
1.4.3 Insuficiência renal crônica l__l
1.4.4 Hepatite B l__l
1.4.5 Hepatite C l__l
1.4.6 Diabetes mellitus l__l
1.4.7 Dislipidemia l__l
1.4.8 Drogadição l__l
TARV INSTITUÍDA
COD
1.5 Data da introdução da TARV: l__l__l/l__l__l/l__l__l__l__l
1.6 Esquema ARV: l__l__l__l + l__l__l__l + l__l__l__l + l__l__l__l + l__l__l__l
l__l__l/l__l__l/l__l__l__l__l
OUTRAS MEDICAÇÕES EM USO
COD
1.7 Profilaxia primária simnão SI NA
1.8 Profilaxia secundária simnão SI NA
l__l
l__l
Observações relevantes
98
2º Avaliação: 6 meses após início da TARV (terapia anti-retroviral)
DADOS CLÍNICOS até l__l__l/l__l__l/l__l__l__l__l
COD
2.1 Nº de consultas realizadas nos últimos 6 meses l__l__l.
Se não houver consulta neste período preencher o restante da folha com NA (não se aplica).
2.2 Infecção oportunista diagnosticada entre a 1ª avaliação e a avaliação atual? □ sim □ não □ SI □ NA
2.3 Presença de novas condições clínicas associadas à imunodepressão, porém não definidas como
infecção oportunista, entre a 1ª avaliação e a avaliação atual? □ sim □ não □ SI □ NA
l__l__l
l__l
l__l
TARV COD
2.4 Houve troca do esquema anti-retroviral entre a 1ª avaliação e a avaliação atual? □ sim □ não □ SI □ NA
2.5 Houve interrupção do esquema anti-retroviral entre a 1ª avaliação e a avaliação atual? (paciente sem
novo esquema até o momento) □ sim □ não □ SI □ NA
2.6 Se sim, data da interrupção: l__l__l/l__l__l/l__l__l__l__l
2.7 No caso de troca ou interrupção do esquema anti-retroviral. Motivo da troca:
1. □ Abandono/não adesão
2. □ Interação medicamentosa
3. □ Adequação do esquema ARV
4. □ Falha terapêutica virológica
5. □ Falha terapêutica imunológica
6. □ Falha terapêutica clínica
7. □ Óbito
8. □ intolerância/ eventos adversos. Principal droga suspeita: l__l__l__l
Evento
8.01□ hiperlactemia
8.03□ neuropatia periférica
8.05□ pancreatite aguda
8.07□ alterações neuropsiquiátricas
8.09□ citopenia
8.11□ diarréia
8.13□ intolerância gastrointestinal
8.15□acidose láctica
8.17□ outros:______________________
8.02□ dislipidemia
8.04□ acúmulo de gordura central
8.06□ lipoatrofia
8.08□ nefrolitíase
8.10□ Reação de hipersensibilidade
8.12□ Farmacodermia
8.14□ hepatite
8.16□ SI
9. □ SI
10. □Outros:__________________________________________________________________
2.8 Relato de uso irregular da medicação no prontuário? □ sim □ não □ SI □ NA
2.9 Dispensação irregular da medicação pela farmácia? □ sim □ não □ SI □ NA
l__l
l__l
l__l__l/l__l__l/l__l__l__l__l
l__l__l
l__l__l__l
l__l l__l
l__l l__l
l__l l__l
l__l l__l
l__l l__l
l__l l__l
l__l l__l
l__l l__l
l__l
l__l
l__l
99
Se novo esquema ARV instituido
2.10 Data da introdução do novo esquema ARV: l__l__l/l__l__l/l__l__l__l__l
2.11 Esquema ARV: l__l__l__l + l__l__l__l + l__l__l__l + l__l__l__l + l__l__l__l
l__l__l/l__l__l/l__l__l__l__l
OUTRAS MEDICAÇÕES EM USO
2.12 Profilaxia primária □ sim □ não □ SI □ NA
2.13 Profilaxia secundária □ sim □ não □ SI □ NA
l__l
l__l
3º Avaliação: 12 meses após início da TARV (terapia anti-retroviral)
DADOS CLÍNICOS até l__l__l/l__l__l/l__l__l__l__l
COD
3.1 Nº de consultas realizadas nos últimos 6 meses l__l__l.
Se não houver consulta neste período preencher o restante da folha com NA (não se aplica).
3.2 Infecção oportunista diagnosticada entre a 2ª avaliação e a avaliação atual? □ sim □ não □ SI □ NA
3.3 Presença de novas condições clínicas associadas à imunodepressão, porém não definidas como
infecção oportunista, entre a 2ª avaliação e a avaliação atual? □ sim □ não □
SI □ NA
l__l__l
l__l
l__l
TARV COD
100
3.4 Houve troca do esquema anti-retroviral entre a 2ª avaliação e a avaliação atual? □ sim □ não □ SI □ NA
3.5 Houve interrupção do esquema anti-retroviral entre a 2ª avaliação e a avaliação atual? (paciente sem
novo esquema até o momento) □ sim □ não □ SI □
NA
3.6 Se sim, data da interrupção: l__l__l/l__l__l/l__l__l__l__l
3.7 No caso de troca ou interrupção do esquema anti-retroviral. Motivo da troca:
1. □ Abandono/não adesão
2. □ Interação medicamentosa
3. □ Adequação do esquema ARV
4. □ Falha terapêutica virológica
5. □ Falha terapêutica imunológica
6. □ Falha terapêutica clínica
7. □ Óbito
8. □ intolerância/ eventos adversos. Principal droga suspeita: l__l__l__l
Evento
8.01□ hiperlactemia
8.03□ neuropatia periférica
8.05□ pancreatite aguda
8.07□ alterações neuropsiquiátricas
8.09□ citopenia
8.11□ diarréia
8.13□ intolerância gastrointestinal
8.15□acidose láctica
8.17□ outros:______________________
8.02□ dislipidemia
8.04□ acúmulo de gordura central
8.06□ lipoatrofia
8.08□ nefrolitíase
8.10□ Reação de hipersensibilidade
8.12□ Farmacodermia
8.14□ hepatite
8.16□ SI
9. □ SI
10. □Outros:__________________________________________________________________
3.8 Relato de uso irregular da medicação no prontuário? □ sim □ não □ SI □ NA
3.9 Dispensação irregular da medicação pela farmácia? □ sim □ não □ SI □ NA
l__l
l__l
l__l__l/l__l__l/l__l__l__l__l
l__l__l
l__l__l__l
l__l l__l
l__l l__l
l__l l__l
l__l l__l
l__l l__l
l__l l__l
l__l l__l
l__l l__l
l__l
l__l
l__l
Se novo esquema ARV instituido
3.10 Data da introdução do novo esquema ARV: l__l__l/l__l__l/l__l__l__l__l
3.11 Esquema ARV: l__l__l__l + l__l__l__l + l__l__l__l + l__l__l__l + l__l__l__l
l__l__l/l__l__l/l__l__l__l__l
OUTRAS MEDICAÇÕES EM USO
3.12 Profilaxia primária □ sim □ não □ SI □ NA
3.13 Profilaxia secundária □ sim □ não □ SI □ NA
l__l
l__l
4º Avaliação: 18 meses após início da TARV (terapia anti-retroviral)
DADOS CLÍNICOS até l__l__l/l__l__l/l__l__l__l__l
COD
4.1 Nº de consultas realizadas nos últimos 6 meses l__l__l.
Se não houver consulta neste período preencher o restante da folha com NA (não se aplica).
4.2 Infecção oportunista diagnosticada entre a 3ª avaliação e a avaliação atual? □ sim □ não □ SI □ NA
4.3 Presença de novas condições clínicas associadas à imunodepressão, porém não definidas como
infecção oportunista, entre a 3ª avaliação e a avaliação atual? □ sim □ não □
SI □ NA
l__l__l
l__l
l__l
TARV COD
101
4.4 Houve troca do esquema anti-retroviral entre a 3ª avaliação e a avaliação atual? □ sim □ não □ SI □ NA
4.5 Houve interrupção do esquema anti-retroviral entre a 3ª avaliação e a avaliação atual? (paciente sem
novo esquema até o momento) □ sim □ não □ SI □
NA
4.6 Se sim, data da interrupção: l__l__l/l__l__l/l__l__l__l__l
4.7 No caso de troca ou interrupção do esquema anti-retroviral. Motivo da troca:
1. □ Abandono/não adesão
2. □ Interação medicamentosa
3. □ Adequação do esquema ARV
4. □ Falha terapêutica virológica
5. □ Falha terapêutica imunológica
6. □ Falha terapêutica clínica
7. □ Óbito
8. □ intolerância/ eventos adversos. Principal droga suspeita: l__l__l__l
Evento
8.01□ hiperlactemia
8.03□ neuropatia periférica
8.05□ pancreatite aguda
8.07□ alterações neuropsiquiátricas
8.09□ citopenia
8.11□ diarréia
8.13□ intolerância gastrointestinal
8.15□acidose láctica
8.17□ outros:______________________
8.02□ dislipidemia
8.04□ acúmulo de gordura central
8.06□ lipoatrofia
8.08□ nefrolitíase
8.10□ Reação de hipersensibilidade
8.12□ Farmacodermia
8.14□ hepatite
8.16□ SI
9. □ SI
10. □Outros:__________________________________________________________________
4.8 Relato de uso irregular da medicação no prontuário? □ sim □ não □ SI □ NA
4.9 Dispensação irregular da medicação pela farmácia? □ sim □ não □ SI □ NA
l__l
l__l
l__l__l/l__l__l/l__l__l__l__l
l__l__l
l__l__l__l
l__l l__l
l__l l__l
l__l l__l
l__l l__l
l__l l__l
l__l l__l
l__l l__l
l__l l__l
l__l
l__l
l__l
Se novo esquema ARV instituido
4.10 Data da introdução do novo esquema ARV: l__l__l/l__l__l/l__l__l__l__l
4.11 Esquema ARV: l__l__l__l + l__l__l__l + l__l__l__l + l__l__l__l + l__l__l__l
l__l__l/l__l__l/l__l__l__l__l
OUTRAS MEDICAÇÕES EM USO
4.12 Profilaxia primária □ sim □ não □ SI □ NA
4.13 Profilaxia secundária □ sim □ não □ SI □ NA
l__l
l__l
5º Avaliação: 24 meses após início da TARV (terapia anti-retroviral)
DADOS CLÍNICOS até l__l__l/l__l__l/l__l__l__l__l
COD
5.1 Nº de consultas realizadas nos últimos 6 meses l__l__l.
Se não houver consulta neste período preencher o restante da folha com NA (não se aplica).
5.2 Infecção oportunista diagnosticada entre a 4ª avaliação e a avaliação atual? □ sim □ não □ SI □ NA
5.3 Presença de novas condições clínicas associadas à imunodepressão, porém não definidas como
infecção oportunista, entre a 4ª avaliação e a avaliação atual? □ sim □ não □
SI □ NA
l__l__l
l__l
l__l
TARV COD
102
5.4 Houve troca do esquema anti-retroviral entre a 4ª avaliação e a avaliação atual? □ sim □ não □ SI □ NA
5.5 Houve interrupção do esquema anti-retroviral entre a 4ª avaliação e a avaliação atual? (paciente sem
novo esquema até o momento) □ sim □ não □ SI □
NA
5.6 Se sim, data da interrupção: l__l__l/l__l__l/l__l__l__l__l
5.7 No caso de troca ou interrupção do esquema anti-retroviral. Motivo da troca:
1. □ Abandono/não adesão
2. □ Interação medicamentosa
3. □ Adequação do esquema ARV
4. □ Falha terapêutica virológica
5. □ Falha terapêutica imunológica
6. □ Falha terapêutica clínica
7. □ Óbito
8. □ intolerância/ eventos adversos. Principal droga suspeita: l__l__l__l
Evento
8.01□ hiperlactemia
8.03□ neuropatia periférica
8.05□ pancreatite aguda
8.07□ alterações neuropsiquiátricas
8.09□ citopenia
8.11□ diarréia
8.13□ intolerância gastrointestinal
8.15□acidose láctica
8.17□ outros:______________________
8.02□ dislipidemia
8.04□ acúmulo de gordura central
8.06□ lipoatrofia
8.08□ nefrolitíase
8.10□ Reação de hipersensibilidade
8.12□ Farmacodermia
8.14□ hepatite
8.16□ SI
9. □ SI
10. □Outros:__________________________________________________________________
5.8 Relato de uso irregular da medicação no prontuário? □ sim □ não □ SI □ NA
5.9 Dispensação irregular da medicação pela farmácia? □ sim □ não □ SI □ NA
l__l
l__l
l__l__l/l__l__l/l__l__l__l__l
l__l__l
l__l__l__l
l__l l__l
l__l l__l
l__l l__l
l__l l__l
l__l l__l
l__l l__l
l__l l__l
l__l l__l
l__l
l__l
l__l
Se novo esquema ARV instituido
5.10 Data da introdução do novo esquema ARV: l__l__l/l__l__l/l__l__l__l__l
5.11 Esquema ARV: l__l__l__l + l__l__l__l + l__l__l__l + l__l__l__l + l__l__l__l
l__l__l/l__l__l/l__l__l__l__l
OUTRAS MEDICAÇÕES EM USO
5.12 Profilaxia primária □ sim □ não □ SI □ NA
5.13 Profilaxia secundária □ sim □ não □ SI □ NA
l__l
l__l
103
APÊNDICE B
Manual para preenchimento do Formulário de pesquisa para avaliação da eficácia e duração do primeiro
esquema anti-retroviral combinado.
1. Este formulário contém 6 folhas:
Folha 1: 1º Avaliação – Inicio da TARV
Folha 2: 2º Avaliação - 06 meses após o início da TARV
Folha 3: 3º Avaliação - 12 meses após o início da TARV
Folha 4: 4º Avaliação - 18 meses após o início da TARV
Folha 5: 5º Avaliação - 24 meses após o início da TARV
Folha 6: Compilado de exames , lista de checagem de tarefas.
2. Antes de iniciar o preenchimento do formulário:
2.1 Verifique se há alguma folha faltando. Não preencha formulários com folhas faltando. Gentileza
devolver para que possamos completá-lo.
2.2 Pegue o envelope do paciente, ordenado por número de DIP nas caixas etiquetadas. Para
facilitar está disponível uma lista em ordem alfabética com o nº de DIP de todos os pacientes.
2.3 Pegue a ficha de triagem e verifique se o nome, de DIP e de SAME do paciente estão
corretos. O nome mais confiável é o do prontuário. COMPLETE O CABEÇALHO DE TODAS AS
6 PÁGINAS, POIS SE ALGUMA PÁGINA SE DESPRENDER PODEREMOS COLOCÁ-LA DE
VOLTA.
2.4 Complete os dados incompletos da ficha de triagem com os dados do prontuário do paciente,
PRINCIPALMENTE A COR DO MESMO
2.5 Pegue a ficha da farmácia para facilitar o preenchimento do formulário.
2.6 Se a ficha de triagem e/ ou a ficha da farmácia do paciente estiverem faltando, gentileza anotar
em rascunho e colocar do lado de fora do envelope para que possamos providenciá-la antes do
preenchimento do formulário. Comuniquem o fato o mais rapidamente possível ao Jeferson ou a mim.
2.7 A separação dos pacientes aptos para a pesquisa foi feita através das fichas da farmácia,
portanto antes de preencher o formulário verifique se o paciente está realmente apto. São
aptos para a pesquisa os pacientes:
Com primeira terapia anti-retroviral com pelo menos três drogas, sendo excluídos aqueles
que já usaram monoterapia ou terapia dupla.
Que tenham mais de 18 anos ao início do tratamento, sendo excluídos os menores de 18
anos
A gestação após o diagnóstico da infecção pelo HIV exclui a paciente da pesquisa
Caso até a data do levantamento dos dados no prontuário o paciente não tenha
completado 24m de terapia anti-retroviral combinada, preencher o formulário até o período
de avaliação que o mesmo se encontra.
3. Instruções para preenchimento da Folha 1
ATENÇÃO: NÃO DEIXAR CAMPOS EM BRANCO,
EXCETO SE ORIENTADO PARA
TAL. O CAMPO DEIXADO EM BRANCO SERÁ ENTENDIDO COMO “A INFORMAÇÃO
NÃO FOI CHECADA"
104
3.1 DADOS CLÍNICOS
3.1.1 Preencher o campo 1.1 Data da consulta com o dd/mm/aaaa da primeira consulta médica
(geralmente em formulário próprio do serviço). Repetir a data no campo código
3.1.2 Prencher o campo 1.2 Médico assistente com o nome do médico que indicou pela vez a TARV.
Codificar como se segue:
Nome do Médico Código Nome do médico Código
Dirceu Greco 01 Melissa 09
Ênio Pietra 02 Ricardo 10
Flávia Ribeiro 03 Rodney 11
Geraldo Cury 04 Selmita 12
Jacqueline 05 Unaí 13
Joeliso 06 Valéria 14
Lambertucci 07 Virgílio 15
Manoel Otávio 08 Outros 16
3.1.3 Preencher o campo: 1.3 Classificação do CDC/93 na introdução da TARV (e não a primeira
consulta!), conforme descrito abaixo:
Categoria Clínica
CD4+
Assintomático ou
infecção aguda ou LGP
Sintomático não A e
não C
Doença definidora de
aids
>499 A1 B1 C1
200-499 A2 B2 C2
<200 A3 B3 C3
LGP: linfadenomegalia generalizada periférica
Doenças definidoras de aids, segundo Critérios atuais de notificação – MS:
1.Câncer cervical invasivo;
2. Candidose de esôfago;
3. Candidose de traquéia, brônquios ou pulmões;
4. Citomegalovirose em qualquer outro local que não sejam fígado, baço e linfonodos; como a retinite por
citomegalovírus;
5. Criptococose extrapulmonar;
6. Criptosporidiose intestinal crônica (período superior a um mês);
7. Herpes simples mucocutâneo, por um período superior a 1 mês;
8. Histoplasmose disseminada (localizada em quaisquer órgãos que não exclusivamente
em pulmão ou linfonodos cervicais/hilares);
9. Isosporidiose intestinal crônica (período superior a um mês);
10. Leucoencefalopatia multifocal progressiva (vírus JC, um poliomavírus);
105
11. Linfoma não-Hodgkin de células B (fenótipo imunológico desconhecido) e outros linfomas dos
seguintes tipos histológicos: Linfoma maligno de células grandes ou pequenas não clivadas (tipo Burkitt
ou não-Burkitt) e Linfoma maligno imunoblástico sem outra especificação (termos equivalentes: sarcoma
imunoblástico, linfoma
maligno de células grandes ou linfoma imunoblástico);
12. Linfoma primário do cérebro;
13. Pneumonia por Pneumocystis carinii;
14. Qualquer micobacteriose disseminada em órgãos outros que não sejam o pulmão, pele ou linfonodos
cervicais/hilares (exceto tuberculose ou hanseníase);
15. Reativação de doença de Chagas (meningoencefalite e/ou miocardite);
16. Sepse recorrente por bactérias do gênero Salmonella (não tifóide);
17. Toxoplasmose cerebral.
3.1.4 Prencher o campo 1.4Comorbidades marcando um X nas colunas indicadas. Geralmente este
dado está presente no formulário de 1º consulta. Confirmar a presença ou ausência de hepatites virais
conferindo o resultado das sorologias solicitadas. Codificar: 0 para sim, 1 para não, 9 para SI.
3.2 TARV INSTITUÍDA
3.2.1 Preencher o campo 1.5 Data da introdução da TARV com o dd/mm/aaaa da introdução da
mesma (a data exata está na ficha de farmácia) Repetir a data no campo código.
3.2.2 Preencher o campo 1.6 Esquema ARV: com a sigla dos medicamentos conforme descrito
abaixo. Não há codificação para os ARVs.
Nome Sigla Observação
Abacavir ABC
Amprenavir APV
Atazanavir ATV
Delavirdina DLV
Didanosina ddI
Efavirenz EFZ
Estavudina d4T
Indinavir IDV
Lamivudina 3TC
Lopinavir/r LPV/r Colocar como LPV + RTV *
Nelfinavir NFV
Nevirapina NVP
Ritonavir RTV
Saquinavir SQV
Tenofovir TDF
zalcitabina ddC
Zidovudina AZT
Zidovudina + lamivudina AZL Colocar como AZT + 3TC
Figura 1 *Atenção: toda combinação com RTV deve ser colocada em separado.
3.4 Outras medicações em uso:
3.4.1Preencher os campos 1.7 Profilaxia primária e 1.8 Profilaxia Secundária com um x no campo
adequado . codificar como se segue: □ sim = 0 □ não = 1 □ SI = 9 □ NA = 8
106
3.5 Observações relevantes
3.5.1 Colocar neste campo as informações que você julgue importante para o melhor entendimento
da história do paciente e/ou informações clínicas relevantes que não possuem espaço para serem
descritas.
4. Instruções para preenchimento da Folha 2
(como as folhas 2, 3, 4 e 5 são idênticas, as
orientações servem também para as folhas 3, 4 e 5)
4.1 DADOS CLÍNICOS
4.1.1 Preencher o campo 2.1 de consultas realizadas nos últimos 6 meses l__l__l, com números
arábicos. As consultas extras (apoio ambulatorial) deverão ser computadas. Se o paciente esteve
internado neste período contar cada internação como 1 consulta. Se não houver consultas neste
intervalo preencher com 00 e preeencher o restante da ficha com não se aplica NA = 8 ou 88 ou
888… de acordo com o de caselas livres para a codificação. Quando a data não se aplica preencher
com 00/00/0000.
4.1.2 Preencher o campo 2.2 Infecção oportunista diagnosticada entre a avaliação e a avaliação
atual?, com um x no campo adequado e codificar como se segue: sim = 0 não = 1 SI = 9
NA = 8
4.1.3 Preencher o campo 2.3 Presença de novas condições clínicas associadas à imunodepressão,
porém não definidas como infecção oportunista, entre a avaliação e a avaliação atual ?, com um x no
campo adequado e codificar como se segue: □ sim = 0 □ não = 1 □ SI = 9 □ NA = 8
4.2 TARV
4.2.1 Preencher o campo 2.4 Houve troca do esquema anti-retroviral entre a avaliação e a avaliação
atual?, com um x no campo adequado e codificar como se segue: □ sim = 0 □ não = 1 □ SI = 9 □ NA
= 8
4.2.2 Preencher o campo 2.5 Houve interrupção do esquema anti-retroviral entre a avaliação e a
avaliação atual? (paciente sem novo esquema até o momento), com um x no campo adequado e
codificar como se segue: □ sim = 0 □ não = 1 □ SI = 9 □ NA = 8
4.2.3 Preencher o campo 2.6 Se sim, data da interrupção com o dd/mm/aaaa da interrupção, caso
a medicação do paciente esteja interrompida na data da avaliação. Se foi interrompida por um
período de tempo, mas o paciente retornou com a medicação, marcar não no campo anterior e
informar uso irregular da medicação no campo Relato de uso irregular da medicação no prontuário?
GENTILEZA INFORMAR QUE A INTERRUPÇÃO SE DEU POR ORDEM MÉDICA NO FINAL DO
CAMPO A LÁPIS. Repetir a data no campo digo, no caso de SI ou NA preencher a data com
00/00/0000.
4.2.4 Preencher o campo 2.7 No caso de troca ou interrupção do esquema anti-retoviral. Motivo
da troca, com X na opção que corresponde ao motivo da troca (marcar apenas 1 opção). No caso de
interrupção ou troca por intolerância colocar a sigla da principal droga suspeita conforme tabela acima
(não há código para o ARV, repetir a sigla da droga no código). Na opção Evento marcar o(s) evento(s)
que levou a troca ou interrupção do esquema anti-retroviral. E codificar como o exemplo que se segue: se
presente =1, se ausente = 2, se NA = 8
Exemplo 1:
Antes de preencher as folhas seguintes, para facilitar o preenchimento, preencha
o campo dados clínicos até dd/mm/aaaa de todas elas.
107
2.7 No caso de troca ou interrupção do esquema anti-retroviral. Motivo da troca:
11. Abandono/não adesão
12. Interação medicamentosa
13. Adequação do esquema ARV
14. Falha terapêutica virológica
15. Falha terapêutica imunológica
16. Falha terapêutica clínica
17. Óbito
18. x intolerância/ eventos adversos. Principal droga suspeita: l L l P l V l
Evento
8.01□ hiperlactemia
8.03□ neuropatia periférica
8.05□ pancreatite aguda
8.07□ alterações neuropsiquiátricas
8.09□ citopenia
8.10□ diarréia
8.13□ intolerância gastrointestinal
8.15□acidose láctica
8.17 outros:______________________
8.02x dislipidemia
8.04x acúmulo de gordura central
8.06□ lipoatrofia
8.08□ nefrolitíase
8.10□ Reação de hipersensibilidade
8.12□ Farmacodermia
8.14x hepatite
8.16 SI
19. SI
20. Outros:____________________________________________________________
______
l_0_l_8_l
l L l P l V l
l_0_l l_1_l
l_0_l l_1_l
l_0_l l_0_l
l_0_l l_0_l
l_0_l l_0_l
l_0_l l_0_l
l_0_l l_1_l
l_0_l l_0_l
l_0_l
Exemplo 2:
108
2.7 No caso de troca ou interrupção do esquema anti-retroviral. Motivo da troca:
1. x Abandono/não adesão
2. Interação medicamentosa
3. Adequação do esquema ARV
4. Falha terapêutica virológica
5. Falha terapêutica imunológica
6. Falha terapêutica clínica
7. Óbito
8. intolerância/ eventos adversos. Principal droga suspeita: l L l P l V l
Evento
8.01 □ hiperlactemia
8.03 □ neuropatia periférica
8.05 □ pancreatite aguda
8.07 □ alterações neuropsiquiátricas
8.09 □ citopenia
8.11 □ diarréia
8.13 □ intolerância gastrointestinal
8.15 □acidose láctica
8.17 outros:______________________
8.02 □ dislipidemia
8.04 □ acúmulo de gordura central
8.06 □ lipoatrofia
8.08 □ nefrolitíase
8.10 □ Reação de hipersensibilidade
8.12 □ Farmacodermia
8.14 □ hepatite
8.16 SI
9. SI
10. □Outros:______________________________________________________________
l_0_l_1_l
l 8 l 8 l 8 l
l_8_l l_8_l
l_8_l l_8_l
l_8_l l_8_l
l_8_l l_8_l
l_8_l l_8_l
l_8_l l_8_l
l_8_l l_8_l
l_8_l l_8_l
l_8_l
Exemplo 3:
2.7 No caso de troca ou interrupção do esquema anti-retroviral. Motivo da troca:
1. Abandono/não adesão
2. Interação medicamentosa
3. Adequação do esquema ARV
4. Falha terapêutica virológica
5. Falha terapêutica imunológica
6. Falha terapêutica clínica
7. Óbito
8. intolerância/ eventos adversos. Principal droga suspeita: l L l P l V l
Evento
8.01 □ hiperlactemia
8.03 □ neuropatia periférica
8.05 □ pancreatite aguda
8.07 □ alterações neuropsiquiátricas
8.09 □ citopenia
8.11 □ diarréia
8.13 □ intolerância gastrointestinal
8.15 □acidose láctica
8.17 outros:______________________
8.02 □ dislipidemia
8.04 □ acúmulo de gordura central
8.06 □ lipoatrofia
8.08 □ nefrolitíase
8.10 □ Reação de hipersensibilidade
8.12 □ Farmacodermia
8.14 □ hepatite
8.16 SI
9. x SI
Outros:__________________________________________________________
l_0_l_9_l
l 8 l 8 l 8 l
l_8_l l_8_l
l_8_l l_8_l
l_8_l l_8_l
l_8_l l_8_l
l_8_l l_8_l
l_8_l l_8_l
l_8_l l_8_l
l_8_l l_8_l
l_8_l
109
4.2.5 Preencher o campo 2.8 Relato de uso irregular da medicação no prontuário?, com um x no
campo adequado e codificar como se segue: □ sim = 0 □ não = 1 □ SI = 9 □ NA = 8
4.2.6 Preencher o campo 2.9 Dispensação irregular da medicação pela farmácia?, com dados da
ficha da farmácia posteriormente. PORTANTO DEIXAR ESTE CAMPO EM BRANCO
4.3 Se novo esquema ARV instituído?:
4.3.1 Preencher o campo 2.10 Data da introdução da TARV com o dd/mm/aaaa da introdução da
mesma (a data exata está na ficha de farmácia). Repetir a data no campo código. Se não houve
troca preencher com 00/00/0000
4.3.2 Preencher o campo 2.11 Esquema ARV: com a sigla dos medicamentos conforme descrito
abaixo. Se não houve troca deixar o campo em branco.
Nome Sigla observação
Abacavir ABC
Amprenavir APV
Atazanavir ATV
Delavirdina DLV
Didanosina ddI
Efavirenz EFZ
Estavudina d4T
Indinavir IDV
Lamivudina 3TC
Lopinavir/r LPV/r Colocar como LPV + RTV *
Nelfinavir NFV
Nevirapina NVP
Ritonavir RTV
Saquinavir SQV
Tenofovir TDF
zalcitabina ddC
Zidovudina AZT
Zidovudina + lamivudina AZL Colocar como AZT + 3TC
Figura 2 *Atenção: toda combinação com RTV deve ser colocada em separado
4.4 Outras medicações em uso:
4.4.1Preencher os campos 2.12 Profilaxia primária e 2.13 Profilaxia Secundária com um x no campo
adequado . codificar como se segue: □ sim = 0 □ não = 1 □ SI = 9 □ NA = 8
110
5. FOLHA DE COMPILAÇÃO DE EXAMES LABORATORIAIS
5.1 Preencher a tabela com os exames do paciente incluindo o último exame anterior a introdução da
medicação e o primeiro exame após completados 24 m de seguimento. Preencher com as casas
decimais padrão
de cada exame
Data coleta dd/mm/aa / /
Hg 00,0 SI
VCM 000 SI
G.Leucócitos 0.000 SI
Linfócitos (abs)
0.000 SI
CD4
+
(abs) 000 000
CD4
+
(%) 00,00 00,00
CD8
+
(abs) 0.000 0.000
CD8
+
(%) 00,00 00,00
CD4
+
/ CD8
+
0,00 0,00
Data coleta dd/mm/aa
/ /
CV (abs) 000.000
CV (log) 0,000
Atenção : existem dois campos para data pois nem sempre o CD4 e a carga viral são colhidos
na mesma data.
5.2 Colocar SI se o exame não foi encontrado no prontuário. Para todo exame de CD4 existe um
hemograma feito na mesma coleta. Procurar em todo o prontuário, pois o mesmo pode estar fora de
ordem.
A DATA DO EXAME É A DATA DA COLETA
E NÃO A DATA DO RESULTADO!!!
5.3 Preencher cuidadosamente a lista de checagem.
6. Colocar a data em que foi preenchido o formulário e assinar no campo PREENCHIDO.
111
PHN- MTARV
Para preencher a CV no compilado de exames, quando a mesma esta indetectável, preencher como
escrito abaixo (Atenção: o ponto de corte do exame varia com o período em que foi realizado e a
técnica usada)
Data coleta / / / / / / / /
CV (abs) <50 <80 <200 <400
CV (log) < 1,69 <1,90 <2,30 <2,60
Preencher dados somente do hemograma correspondente ao CD4
Nem sempre a carga viral e o CD4 são feitos na mesma época, por isto existem campos de datas
diferentes. Portanto se não houver contagem de carga viral próximo da contagem de CD4, você
deverá pular esta coluna ou colocar um traço na coluna. A sigla SI (sem informação) deve ser usada
quando o exame foi aparentemente realizado, mas o dado não foi encontrado.
Preencher o campo data, quando não se aplica, com 00/00/0000 e não 88/88/8888
Como padronização preencher os valores de exames até a mesma quantidade de números após a
vírgula, porém isto não é necessário caso se trate de número inteiro. EX:
16% = 16
16,10%= 16,10 ou 16,1
16,12% = 16,12%
16,124% =16,12%
16,125% = 16,134
Também não é necessário colocar 000 antes de número inteiro. EX: 5.000 = 5.000 e não 5.000 = 005.000
(ERRADO)
ERRATA: No manual, item 4.2.4 o correto é: Na opção Evento marcar o(s) evento(s) que levou a troca
ou interrupção do esquema anti-retroviral. E codificar como o exemplo que se segue: se presente =1, se
ausente = 0, se NA = 8
Caso antes de preencher o formulário o paciente não seja apto por ter usado terapia dupla,
devolver o prontuàrio no local ”prontuários para serem devolvidos” e devolver o envelope na caixa de
pendências com um recado em papel de rascunho, no lado de fora do mesmo:
NÃO APTO – TERAPIA DUPLA
E assinar o seu nome.
112
Caso antes de preencher o formulário a paciente não seja apta por já ter apresentado gestação após
o diagnóstico da infecção pelo HIV, devolver o prontuàrio no local ”prontuários para serem
devolvidos” e devolver o envelope na caixa de pendências com um recado em papel de rascunho, no
lado de fora do mesmo:
NÃO APTO – Gestante
E assinar o seu nome.
Caso houver mais de uma troca de esquema ARV no mesmo período , preencher o formulário com a
primeira troca daquele período e colocar as datas e motivos da s demais trocas a lápis no campo
Observações relevantes, na 1ª página
Informações complementares
1. Fazem parte da categoria B do CDC/93 e são sinais e sintomas de imunodepressão o
caracterizados como doenças oportunistas, para fins de preenchimento do formulário, entre
outras:
Candidíase oral
Leucoplasia pilosa
Disfunção do sistemanervoso central Confusão mental, demência, diminuição do nível de
consciência, convulsões, encefalite, meningites de qualquer etiologia conhecida (exceto a por
Cryptococcus neoformans) ou desconhecida, mielites e/ou testes cerebelares anormais, excluídas as
disfunções originadas por causas externas.
Herpes zoster em indivíduo com até 60 anos de idade
Tuberculose pulmonar, pleural ou de linfonodos localizados numa única região: Tuberculose
de linfonodos com localização única, pleural, pulmonar não-especificada ou cavitária diagnosticada
por padrão radiológico específico, inspeção microscópica (histologia ou citologia), cultura ou detecção
de antígeno em material obtido diretamente do tecido
afetado ou de fluidos desse tecido.
IVAS com sinusites, otites, amigdalites e PNM bacterianas ou virais (exceto herpes e CMV)
Fazem parte da categoria C do CDC/93 e são sinais e sintomas de imunodepressão caracterizados
como doenças oportunistas, para fins de preenchimento do formulário, entre outras:
Outras formas de tuberculose: Tuberculose de linfonodos localizados em mais de uma cadeia,
disseminada, atípica ou extra-pulmonar diagnosticada por padrão radiológico específi co (miliar, infi
ltrado intersticial, não cavitário) e/ou inspeção microscópica (histologia ou citologia), pesquisa direta,
cultura ou detecção de antígeno em material obtido diretamente do tecido
afetado ou de fl uidos desse tecido.
Conforme acordado na última reunião, para o paciente que tiver o seu esquema interrompido ou trocado,
mas retornar ao esquema anterior, deixar o campo da TARV em branco e descrever as trocas e/ou
interrupções com os seus motivos e datas no campo observações relevantes.
113
Após conversa com os médicos do serviço, alguns relataram que só escrevem no prontuário as
anormalidades e então se na consulta não houver relato das mesmas significa que o paciente não teve
doenças ou intercorrências o mesmo valendo para as comorbidades da primeira consulta ( exceto
hepatite B e C)
114
APÊNDICE C
Perfil demográfico por classe de droga (análise univariada)
CLASSE DA DROGA
VARIÁVEIS
ITRNN IP
TOTAL
p
Feminino
112 (34%) 159 (29%) 271 (31%)
0,11
Masculino
217 (66%) 389 (71%) 606 (69%)
Sexo
BASE
329 548 877
Ate 20 anos
07 (02%) 0 08 (01%)
0,50
De 21 a 35 anos
165 (51%) 271 (51%) 436 (51%)
De 36 a 50 anos
132 (41%) 214 (40%) 346 (40%)
De 51 a 65 anos
19 (06%) 43 (08%) 62 (07%)
Mais de 65 anos
03 (01%) 05 (01%) 08 (01%)
Faixa etária *
BASE
325 533 858
Branco
141 (49%) 268 (57%) 409 (54%)
0,08
Moreno, mulato, pardo
116 (40%) 168 (35%) 284 (37%)
Negro
32 (11%) 45 (09%) 77 (10%)
Cor
BASE
290 480 770
Analfabeto
16 (5%) 20 (04%) 36 (05%)
0,37
1.º grau incompleto
157 (49%) 266 (50%) 423 (49%)
1.º grau completo
42 (13%) 64 (12%) 106 (12%)
2.º grau incompleto
29 (09%) 31 (6%) 60 (07%)
2.º grau completo
51 (16%) 91 (17%) 142 (17%)
Superior incompleto
13 (04%) 20 (04%) 33 (04%)
Superior Completo
13 (04%) 42 (08%) 55 (06%)
Escolaridade**
BASE
320 533 853
Solteiro
163 (51%) 286 (53%) 449 (52%)
0,06
Casado
59 (18%) 124 (23%) 183 (21%)
Separado
35 (11%) 59 (11%) 94 (11%)
Viúvo
22 (07%) 32 (06%) 54 (06%)
Amasiado
42 (13%) 43 (08%) 85 (10%)
Estado civil
BASE
320 540 860
Do lar
28 (09%) 40 (08%) 68 (08%)
0,75
Estudante
06 (02%) 05 (01%) 11 (02%)
Aposentado
19 (06%) 25 (05%) 44 (05%)
Desempregado
64 (20%) 94 (18%) 158 (19%)
Ocupação geradora de renda
206 (64%) 355 (68%) 561 (66%)
Ocupação
BASE
323 522 845
1 a 2 salários mínimos
91 (58%) 142 (46%) 233 (50%)
0,01
2 a 4 salários mínimos
39 (25%) 92 (30%) 131 (28%)
Mais de salários mínimos
28 (18%) 78 (25%) 106 (22%)
Renda*
BASE
158 312 470
Fonte: dados da pesquisa. Obs: * aplicou-se o teste não paramétrico de Mann-Whitney. ** aplicou-se o teste t para
amostras independentes. Nos demais casos se aplicou o teste de independência qui-quadrado. *** O teste qui-
quadrado deve ser viso com cautela por haver mais de 20% das células com freqüência esperada inferior a 5. Sig.
Indica a significância do teste aplicado. Se este valor for menor que 0,05 indica que existem diferenças entre o perfil
dos grupos com base nesta variável.
115
APÊNDICE D
Frequência dos esquemas
ESQUEMAS Frequência Percentual Percentual válido
Percentual
cumulativo
3TC-AZT-EFZ
190 21,3 21,5 21,5
AZT-ddI-RTV
112 12,6 12,7 34,2
3TC-AZT-NFV
102 11,4 11,6 45,8
AZT-ddI-NFV
69 7,7 7,8 53,6
3TC-AZT-IDV
67 7,5 7,6 61,2
3TC-AZT-NVP
56 6,3 6,3 67,6
3TC-AZT-IDV/r
42 4,7 4,8 72,3
AZT-ddI-EFZ
30 3,4 3,4 75,7
AZT-ddI-IDV
28 3,1 3,2 78,9
3TC-AZT-RTV
27 3 3,1 82,0
3TC-AZT-SQV/r
22 2,5 2,5 84,5
AZT-ddI-NVP
20 2,2 2,3 86,7
d4T-ddI-EFZ
20 2,2 2,3 89,0
d4T-ddI-NFV
17 1,9 1,9 90,9
3TC-d4T-NFV
13 1,5 1,5 92,4
3TC-d4T-EFZ
10 1,1 1,1 93,5
AZT-ddC-RTV
9 1 1,0 94,6
3TC-AZT-LPV/r
6 0,7 0,7 95,2
3TC-d4T-IDV
5 0,6 0,6 95,8
3TC-d4T-SQV/r
5 0,6 0,6 96,4
3TC-d4T-NVP
4 0,4 0,5 96,8
AZT-ddI-SQV
4 0,4 0,5 97,3
3TC-AZT-ATV
3 0,3 0,3 97,6
3TC-d4T-IDV/r
3 0,3 0,3 98,0
3TC-AZT-SQV
2 0,2 0,2 98,2
3TC-d4T-RTV
2 0,2 0,2 98,4
AZT-ddI-IDV/r
2 0,2 0,2 98,6
AZT-ddI-SQV/r
2 0,2 0,2 98,9
d4T-ddI-IDV
2 0,2 0,2 99,1
d4T-ddI-SQV/r
3 0,2 0,2 99,3
Outros esquemas
6 0,7 0,7 100,0
IGNORADOS
9 1,0 1,0 1,0
TOTAL
891 100,0 100,0
Fonte: dados da pesquisa. OBS: outros esquemas são aqueles com freqüência igual a 1, quais sejam: 3TC-ABC-EFZ,
3TC-d4T-LPV/r, 3TC-ddI-RTV, AZT-ddC-IDV, d4T-ddI-RTV .
116
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