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GEVANY PAULINO DE PINHO
EXTRAÇÃO DE PESTICIDAS EM AMOSTRAS DE TOMATE PELAS
TÉCNICAS: EXTRAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO E PURIFICAÇÃO EM BAIXA
TEMPERATURA (ESL-PBT) E DISPERSÃO DA MATRIZ EM FASE SÓLIDA
(DMFS) PARA ANÁLISE POR CROMATOGRAFIA GASOSA
Dissertação apresentada à
Universidade Federal de Viçosa, como
parte das exigências do Programa de
Pós-Graduação em Agroquímica, para
obtenção do título de Magister Scientiae.
VIÇOSA
MINAS GERAIS – BRASIL
2007
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GEVANY PAULINO DE PINHO
EXTRAÇÃO DE PESTICIDAS EM AMOSTRAS DE TOMATE PELAS
TÉCNICAS: EXTRAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO E PURIFICAÇÃO EM BAIXA
TEMPERATURA (ESL-PBT) E DISPERSÃO DA MATRIZ EM FASE SÓLIDA
(DMFS) PARA ANÁLISE POR CROMATOGRAFIA GASOSA
Dissertação apresentada à
Universidade Federal de Viçosa, como
parte das exigências do Programa de
Pós-Graduação em Agroquímica, para
obtenção do título de Magister Scientiae.
APROVADA: 16 de fevereiro de 2007.
________________________
Prof. Fernando Barboza Egreja Filho
__________________________
Prof. Carlos Roberto Bellato
_________________________
Prof
a
. Maria Eliana L. R. de Queiroz
(Co-orientadora)
___________________________
Prof. César Reis
(Co-orientador)
________________________
Prof. Antônio Augusto Neves
(Orientador)
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ii
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, que em todos os momentos me fez sentir a sua
presença. E por tudo que Ele tem me proporcionado e em especial pelo que
não sou capaz de reconhecer.
À Universidade Federal de Viçosa e ao Departamento de Química, pela
oportunidade de desenvolvimento deste trabalho de pesquisa.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq), pela concessão da bolsa de estudo.
Ao professor Antônio Augusto Neves, por sua orientação e atenção em
todos os momentos e pela confiança demonstrada ao longo deste trabalho.
À professora Maria Eliana Lopes Ribeiro de Queiroz pelo carinho e apoio
durante todo o desenvolvimento do trabalho de pesquisa.
Aos colegas de laboratório de Química Analítica (LAQUA) pela paciência
demonstrada, e que direta ou indiretamente, contribuíram de forma positiva
para a realização deste trabalho.
À minha família que apesar de distante sempre esteve presente em
todos os momentos.
iii
E ao Flaviano, que sempre procurou entender a minha necessidade de
dedicação ao mestrado, e contribuiu de forma significativa com a sua
experiência para a realização deste trabalho com paciência, carinho e atenção.
iv
BIOGRAFIA
GEVANY PAULINO DE PINHO, filha de Joaquim Brant de Pinho e
Zenity Maria Paulino Brant, nasceu em Francisco Sá, Minas Gerais, em 19 de
outubro de 1980.
Em abril de 2001, iniciou o Curso de Graduação em Química pela
Universidade Federal de Viçosa, diplomando-se como licenciada em janeiro de
2005. Em fevereiro deste mesmo ano, iniciou o curso de pós-graduação em
Agroquímica, em nível de mestrado, na Universidade Federal de Viçosa,
submetendo-se à defesa de tese em fevereiro de 2007.
v
SUMÁRIO
LISTA DE ABREVIATURAS ................................................................................. viii
RESUMO................................................................................................................ix
ABSTRACT............................................................................................................ xii
INTRODUÇÃO.........................................................................................................1
CAPÍTULO 1.........................................................................................................14
1.1. MATERIAIS E MÉTODOS..............................................................................14
1.1.1. Preparo de soluções padrão de pesticidas .................................................14
1.1.2. Preparo de amostras de tomates hidropônicos fortificadas .........................15
1.1.3. Otimização da técnica de extração sólido-líquido e purificação em baixa
temperatura (ESL-PBT) .........................................................................................15
1.1.3.1. Planejamento de misturas.........................................................................15
1.1.3.2. Otimizações univariadas...........................................................................18
1.1.3.2.1. Efeito do sistema de agitação da ESL-PBT na porcentagem de
extração dos pesticidas em tomate........................................................................19
1.1.3.2.2. Efeito da força iônica na porcentagem de extração dos pesticidas em
tomate pela ESL-PBT ............................................................................................19
1.1.3.2.3. Avaliação do efeito de matriz na porcentagem de recuperação dos
pesticidas...............................................................................................................19
vi
1.1.3.2.3.1. Superposição de matriz ......................................................................20
1.1.3.2.3.2. Variação da resposta do detector .......................................................20
1.1.3.2.4. Eficiência de adsorventes no clean up dos extratos obtidos na ESL-
PBT de amostras de tomate ..................................................................................20
1.1.4. Análise cromatográfica.................................................................................21
1.1.4.1. Curva analítica (método da padronização interna) ...................................22
1.1.4.2. Método otimizado da ESL-PBT e análise por cromatografia gasosa de
quatro pesticidas em tomate..................................................................................22
1.1.5. Validação do método analítico.....................................................................22
1.1.5.1. Seletividade ..............................................................................................23
1.1.5.2. Limite de detecção e quantificação...........................................................23
1.1.5.3. Linearidade de resposta do detector.........................................................23
1.1.5.4. Precisão....................................................................................................24
1.1.5.5. Exatidão....................................................................................................24
1.1..6. Determinação dos pesticidas em amostras reais de tomates.....................24
1.2. RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................26
1.2.1. Análise cromatográfica.................................................................................26
1.2.2. Otimização da técnica de extração sólido-líquido e purificação em baixa
temperatura (ESL-PBT) .........................................................................................28
1.2.2.1. Planejamento de misturas.........................................................................28
1.2.2.2. Efeito do sistema de agitação da ESL-PBT na porcentagem de
extração dos pesticidas em tomate........................................................................35
1.2.2.3. Efeito da força iônica na porcentagem de extração dos pesticidas em
amostras de tomate...............................................................................................37
1.2.2.4. Avaliação do efeito de matriz na porcentagem de recuperação dos
pesticidas...............................................................................................................38
1.2.2.5. Eficiência de adsorventes no clean up dos extratos obtidos na ESL-
PBT de amostras de tomate ..................................................................................44
1.2.3. Metodologia otimizada.................................................................................48
1.2.4. Validação do método analítico.....................................................................49
1.2.4.1. Seletividade ..............................................................................................49
1.2.4.2. Limite de detecção e limite de quantificação.............................................50
1.2.4.3. Curvas analíticas e linearidade de resposta do detector ..........................52
1.2.4.4. Precisão....................................................................................................53
1.2.4.5. Exatidão....................................................................................................54
vii
1.2.5. Determinação dos pesticidas clorpirifós, λ-cialotrina, cipermetrina e
deltametrina em amostras comerciais de tomate...................................................56
CAPÍTULO 2..........................................................................................................57
2.1. MATERIAIS E MÉTODOS..............................................................................57
2.1.1. Preparo de soluções padrão de pesticidas..................................................57
2.1.2. Preparo de amostras de tomates hidropônicos fortificados .........................58
2.1.3. Otimização da técnica de extração Dispersão da Matriz em Fase Sólida
(DMFS) ..................................................................................................................58
2.1.3.1. Extração dos pesticidas em tomate por DMFS – Técnica geral................58
2.1.3.2. Avaliação do adsorvente e eluente para a técnica de extração DMFS.....59
2.1.3.3. Planejamento Fatorial...............................................................................60
2.2. RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................62
2.2.1. Avaliação de adsorventes e eluentes para a técnica de extração DMFS ....62
2.2.2. Planejamento Fatorial..................................................................................68
2.2.3. Metodologia otimizada.................................................................................72
2.3. Comparação das técnicas de ESL-PBT e DMFS............................................73
CONCLUSÕES......................................................................................................75
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................76
viii
LISTA DE ABREVIATURAS
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
C-18 Octadecil
C-8 Octil
CG Cromatografia gasosa
CV Coeficiente de variação
DCE Detector por captura de elétrons
DIC Detector por ionização em chama
DMFS Dispersão da matriz em fase sólida
ESL-PBT Extração sólido-líquido e purificação em baixa temperatura
INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial
LD Limite de detecção
LMR Limite máximo de resíduo
LQ Limite de quantificação
ix
RESUMO
PINHO, Gevany Paulino, M.Sc., Universidade Federal de Viçosa, fevereiro de
2007. Extração de pesticidas em amostras de tomate pelas técnicas:
extração sólido-líquido e purificação em baixa temperatura (ESL-PBT) e
dispersão da matriz em fase sólida (DMFS) para análise por
cromatografia gasosa. Orientador: Antônio Augusto Neves. Co-
orientadores: Maria Eliana Lopes Ribeiro de Queiroz e César Reis.
Procurou-se neste trabalho otimizar e validar a técnica de extração
sólido líquido e purificação a baixa temperatura (ESL-PBT) e otimizar a técnica
dispersão de matriz em fase sólida dos pesticidas: clorpirifós, λ-cialotrina,
cipermetrina e deltametrina em amostras de tomate. A composição da mistura
extratora utilizada na ESL-PBT foi otimizada realizando um planejamento
experimental de misturas de três componentes, com o objetivo de avaliar a taxa
de recuperação dos princípios ativos a partir das modificações da polaridade da
mistura extratora. Essas misturas de solventes, em fase única, foram
adicionadas às amostras de tomate previamente fortificadas, homogeneizadas
e deixadas no freezer por 12 horas. Depois de separadas as fases pelo
congelamento da fase aquosa, os líquidos sobrenadante foram separados e
submetidos à análise cromatográfica. Foi avaliado também o clean up dos
extratos utilizando os adsorventes florisil, sílica, C-18 e carvão ativado. A
quantificação dos pesticidas foi feita em cromatógrafo a gás com detector por
x
captura de elétrons, usando como padrão interno a bifentrina. A mistura
extratora, acetonitrila (80%), acetato de etila (15%) e água (5%), proporcionou
a melhor taxa de recuperação para todos os pesticidas (acima de 80%), e a
análise da superfície de resposta indicou que a extração dos pesticidas é
favorecida pela adição de acetato de etila, principalmente para os piretróides
cipermetrina e deltametrina. Estes pesticidas também são os que apresentaram
maior efeito de matriz na análise cromatográfica. Quando foram preparadas as
soluções padrões no extrato da matriz (branco), a taxa de recuperação de
todos os pesticidas diminuiu para cerca de 70%. As otimizações univariadas
mostraram: que a homogeneização da amostra de tomate com a mistura
extratora deve ser realizada em banho ultra-sônico por 1 minuto; que o
aumento da força iônica do meio não interfere na extração dos pesticidas e que
o clean up dos extratos remove significativamente os pigmentos quando 10 mg
de carvão ativo são adicionados à mistura extratora, obtendo uma taxa de
recuperação dos piretróides acima de 70%. Entretanto, esta etapa de clean up
é desfavorável para o clorpirifós. A técnica otimizada foi validada, determinando
as principais figuras de mérito, tais como: seletividade, limites de detecção e de
quantificação, linearidade, precisão e exatidão. Os resultados indicam que o
método de ESL-PBT é eficiente para a extração dos quatro pesticidas em
amostras de tomate, possibilitando a determinação destes compostos em
níveis menores que os limites máximos de resíduos estabelecidos pela
ANVISA. Na técnica dispersão da matriz em fase sólida (DMFS) pequena
quantidade de amostra de tomate foi triturada com um adsorvente, sendo a
mistura transferida para uma coluna e eluída com um solvente apropriado.
Foram avaliados os adsorventes C-8, C-18, florisil e sílica como dispersantes
da amostra, e o acetato de etila e a mistura hexano: acetona (9:1) como os
eluentes. O florisil combinado com o acetato de etila proporcionou as melhores
porcentagens de extração e pureza satisfatória dos extratos. Assim, foi
executado um planejamento fatorial 2
3
para avaliar quantitativamente o efeito
de três fatores: proporção de adsorvente / amostra (1:1 e 2:1), co-coluna (sem
e com co-coluna) e banho ultra-sônico (sem e com banho ultra-sônico) na
porcentagem de extração dos pesticidas. Pelos resultados, a presença da co-
coluna apresentou um efeito negativo na extração do clorpirifós, embora
qualitativamente proporcionasse extratos mais limpos. A utilização do banho
ultra-sônico aumentou significativamente a extração dos pesticidas clorpirifós,
xi
λ-cialotrina e cipermetrina. Observou-se efeito de interação apenas entre os
fatores proporção de adsorvente: amostra e auxílio do banho ultra-sônico, em
que a porcentagem de extração do clorpirifós e cipermetrina aumentou
significativamente em 6,62% e 8,08%, respectivamente. Comparando-se as
técnicas de extração ESL-PBT e DMFS, ambas apresentaram taxa de
recuperação semelhante para os pesticidas, exceto para o clorpirifós em que a
ESL-PBT apresentou resultado mais satisfatório. Além disso, os extratos
obtidos na ESL-PBT são menos susceptíveis à presença de interferentes e a
técnica apresenta menor custo.
xii
ABSTRACT
PINHO, Gevany Paulino, M.Sc., Universidade Federal de Viçosa, february
2007. Pesticide extraction in tomato samples by techniques: liquid–solid
extraction and low-temperature purification (LSE-LTP) and matrix solid-
phase dispersion (MSPD) and analysis by gas chromatography. Adviser:
Antônio Augusto Neves. Co-advisers: Maria Eliana Lopes Ribeiro de Queiroz
and César Reis.
The objective of this work was to optimize and validate the liquid–solid
extraction and low-temperature purification (LSE-LTP) methods and optimize
the matrix solid-phase dispersion (MSPD) method for the extraction of the
pesticides Chlorpyrifos, λ-cyhalothrin, cypermethrin and deltamethrin in tomato
samples. The composition of the extractive mixture used in LSE-LTP was
optimized by carrying out an experimental planning of three-component
mixtures to evaluate the recovery rate for the active principles starting from the
changes in the polarity of the extractive mixture. These one-phase solvent
mixtures were added to the tomato samples, homogenized and left in a freezer
by 12 hours. After separating the phases by freezing the aqueous phase, the
supernatant liquid was removed and chromatographically analyzed. The
cleanup of these extracts was also evaluated using the adsorbents Florisil,
silica, C-18 and activated charcoal. Pesticide quantification was carried out in a
gas chromatograph with electron capture detector, using bifentrin as internal
xiii
standard. The extractive mixture, acetonitrile (80%), ethyl acetate (15%) and
water (5%), provided the highest recovery rate for all the pesticides (above
80%), and the surface response analysis indicated that pesticide extraction is
improved by the addition of ethyl acetate, particularly for the pyrethroids
cypermethrin and deltamethrin. These pesticides have also shown larger matrix
effect on the chromatographic analysis. When the standard solutions were
prepared in blank matrix extract, the recovery rate of all the pesticides
decreased in approximately 70%. The univariate optimizations showed that the
homogenization of the tomato sample with the extractive mixture should be
performed in ultrasonic bath for 1 minute; that the increase of the medium ionic
force does not interfere in pesticide extraction; and that extract cleaning up
significantly removes pigments when 10 mg of active charcoal is added to the
extractive mixture, obtaining pyrethroid recovery rate above 70%. However, this
cleanup stage was unsuitable for Chlorpyrifos. The optimized technique was
validated by determining the main parameters such as selectivity, limits of
detection, quantification, linearity, precision and accuracy. The results indicate
that the LSE-LTP method is efficient for extracting the four pesticides in tomato
samples, allowing the determination of these compounds at levels lower than
the established as maximum residue limits by ANVISA. In the matrix solid
phase dispersion technique, a small amount of tomato sample was crushed with
an adsorbent, then the mixture was transferred to a column and eluted with
appropriate solvent. The adsorbents C-8, C-18, Florisil and silica were
evaluated as dispersants of the sample, and ethyl acetate and the mixture
hexane:acetone (9:1) as eluents. Florisil in combination with ethyl acetate gave
the best percentages of extraction and satisfactory extract purity. Thus, a 2
3
factorial arrangement was carried out to evaluate quantitatively the effect of
three factors: adsorbent proportion/sample (1:1 and 2:1), co-column (with and
without co-column) and ultrasonic bath (with and without ultrasonic bath) on the
percentage of pesticide extraction. The use of co-column caused a negative
effect on Chlorpyrifos extraction, although it provided qualitatively much cleaner
chromatograms. Ultrasonic bath increased significantly the extraction of the
pesticides Chlorpyrifos, λ-cyhalothrin, and cypermethrin, not interfering in the
extraction of deltamethrin. There was interaction effect only between the factors
adsorbent proportion: sample and ultrasonic bath, with the percentage of
extraction of Chlorpyrifos and cypermethrin increasing significantly by 6.62%
xiv
and 8.08% respectively. The comparison between the LSE-LTP and MSPD
techniques showed that both presented similar recovery rate for the pesticides,
except for the Chlorpyrifos that had better result with LSE-LTP. In addition, the
extracts obtained by LSE-LTP are less susceptible to the presence of
interferents and it is a less costly technique.
1
INTRODUÇÃO
Pesticidas e o meio ambiente
A utilização de produtos químicos para controlar pragas, doenças e
ervas daninhas possibilitaram ao ser humano aumentar a produção de
alimentos em quantidade e qualidade. Estes produtos denominados pesticidas,
praguicidas, agroquímicos, etc, foram por muito tempo utilizado de forma
indiscriminada, até surgirem algumas preocupações com os impactos
ambientais causados pelo seu uso inadequado (BARBOSA, 2004). Como por
exemplo, o acúmulo de agrotóxicos no solo levando à contaminação de lençóis
freáticos e de águas superficiais, tornando-as inadequadas para o consumo
humano (RIBEIRO et al, 2007).
Além disso, vale destacar que os pesticidas com características mais
lipofílicas podem se acumular nos tecidos adiposos de animais, contaminando
toda a cadeia alimentar, (D´AMATO et al, 2002), interferindo diretamente na
saúde humana, e na sobrevivência de alguns animais, através de
desequilíbrios ecológicos. Isto tem gerado uma preocupação e existe uma
tendência mundial de se empregar todos os recursos para se encontrar
compostos mais específicos, e que sejam menos tóxicos e persistentes no
ambiente (SANTOS, 2002).
2
Na busca de se eliminar estes problemas, os ambientalistas assumiram
a defesa de uma agricultura sem a utilização de pesticidas. Entretanto, sabe-se
que culturas livres de pesticidas geram colheitas com menor rendimento, o que
conduz a maiores áreas de cultivo para se obter a mesma quantidade de
alimentos, colocando em riscos novos ecossistemas (SANTOS, 2002). Por
isso, os agroquímicos sintéticos continuam sendo as alternativas mais eficazes
no controle de pragas.
Neste sentido, o monitoramento detalhado dos resíduos de agrotóxicos
no meio ambiente é de fundamental importância, principalmente para
assegurar a qualidade dos alimentos que chegam até o consumidor.
No Brasil, o controle de resíduos de agrotóxicos em alimentos começou
a se desenvolver isoladamente a partir da década de 1970, com o primeiro
laboratório de análise de resíduos, trabalhando na determinação de
organoclorados em leite, estendendo suas atividades também para análise de
pesticidas em carne bovina, devido às exigências nas exportações. Entretanto,
as dificuldades de manter um laboratório de análise de pesticidas, motivaram a
criação de Encontros Nacionais de Analistas de Resíduos de Pesticidas para
discutir o mau uso dos pesticidas e difundir a necessidade de se fazer a análise
destes.
Em 1980, foi criado o Grupo de Análise de Resíduos de Pesticidas
(GARP) que se fortaleceu transformando em uma Associação Grupo de
Análise de Pesticidas (AGARP) com competência para resolver problemas de
aquisições de padrão analítico puro, exigir maior qualidade dos solventes para
análise de pesticidas, padronização de metodologia analítica, etc. (LARA &
BATISTA, 1992).
No entanto, somente nos últimos anos, com os avanços científicos e
uma política responsável permitiu uma melhor avaliação da qualidade dos
alimentos consumidos em relação à presença de agrotóxicos (ANVISA, 2006).
Em 2001, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da
Saúde (ANVISA), implantou um Programa de Análise de Resíduos de
Agrotóxicos em Alimentos (PARA) com a participação de vários estados
brasileiros e laboratórios de análise de resíduos de agrotóxicos.
A criação deste programa tem como objetivo o monitoramento dos
principais pesticidas encontrados em frutas, verduras, hortaliças e outros
alimentos. Dentro do quadro de alimentos investigados, destaca-se o tomate
3
por ser um fruto muito consumido no Brasil, e por exigir em sua cultura uma
ampla variedade de pesticidas.
Cultura do tomate
Hortaliça de maior comercialização no país e muito apreciada pelo seu
elevado valor nutritivo, o tomate é rico em vitamina A e C, fosfato e potássio,
além de apresentar cerca de 95% de água em sua composição (SARAIVA,
2004).
O cultivo convencional de tomate exige grande quantidade e variedade
de adubos químicos e de defensivos agrícolas (inseticidas, acaricidas,
fungicidas, etc), sendo que este último representa aproximadamente 17% do
custo da produção (PENTEADO, 2004). Conseqüentemente, o uso dos
pesticidas no tomateiro pode provocar contaminações do solo, águas e dos
próprios frutos. Além disso, pode provocar desequilíbrios ecológicos, por
eliminar ou diminuir a eficiência dos inimigos naturais das pragas, podendo
resultar em surgimento de novas pragas, mais resistentes e persistentes para a
cultura (SARAIVA, 2004).
A contaminação dos frutos de tomates se dá predominantemente por
resíduos de agrotóxicos que podem persistir como camadas superficiais
depositadas no fruto. Alguns pesticidas podem penetrar na superfície do fruto,
dissolver-se e mover-se para o interior, incorporando à polpa. FREITAS (1992)
afirma que a lavagem convencional de um alimento (com água de torneira) não
provoca redução significativa nos níveis residuais dos frutos. Entretanto, lavar o
tomate com solução de NaCl a 10% reduz significativamente pesticidas do fruto
(cerca de 85%). Esta redução é também observada quando a pele do tomate é
removida (ABOU-ARAB, 1999).
A presença de pesticidas em tomates é mais freqüente por causa das
sucessivas aplicações semanais, o que aumenta a quantidade de resíduos nos
frutos. Outro fator agravante é a baixa degradação de alguns pesticidas, como
por exemplo, a presença de resíduos de piretróides em tomate descrito por
CABRAS et al (1985) e por FREITAS (1992) em relação ao organofosforado
metamidofós.
A persistência dos pesticidas no fruto do tomate é fortemente
influenciada pela umidade, temperatura, características físico-químicas do
4
pesticida, etc. Para minimizar impactos ambientais causados pela aplicação de
pesticidas, deve haver orientação técnica e agronômica durante a aplicação,
com relação à dosagem necessária, à época e às condições climáticas
favoráveis (chuvas, velocidade e direção do vento, etc.) para evitar a
contaminação do alimento.
Piretróides
Desde a introdução dos piretróides no mercado dos agrotóxicos, em
1973, estes análogos das piretrinas, têm sido amplamente usados como
inseticidas na agricultura, na horticultura, em tratamentos domissanitários, etc.
Conseqüentemente, os piretróides podem ser encontrados como resíduos em
solos, águas, alimentos, etc. (HIRATA, 1995; KASCHERES & CUNHA, 1989).
Os piretróides são muito utilizados, pois são bastante eficientes no
controle das pragas, estáveis e pouco tóxicos ao meio ambiente
quando
comparados às piretrinas, constituinte químico do piretro que possui atividade
inseticida (SODERLUND et al, 2002). Normalmente, a aplicação dos piretróides
é realizada na parte foliar das culturas, mas também podem ser utilizados em
produtos ensacados e armazenados (ANVISA, 2006). Dentre os piretróides
mais utilizados destaca-se a deltametrina, cipermetrina e a
λ
-cialotrina, cujas
fórmulas estruturais estão representadas na Figura 1.
Br
Br
O
CNO
O
deltametrina
Cl
Cl
O
CNO
O
cipermetrina
CF
3
Cl
O
CNO
O
λ
-cialotina
Figura 1 – Principais piretróides utilizados em culturas de tomate.
5
As propriedades físicas destes pesticidas bem como o limite máximo de
resíduo (LMR) estabelecido pela ANVISA estão na Tabela 1.
Tabela 1 – Propriedades físicas dos piretróides deltametrina, cipermetrina e λ-
cialotrina e os LMR em tomate
Piretróides
massa molar / g
mol
-1
solubilidade em água/
mg L
-1
(20 °C)
LMR / mg kg
-1
de tomate
deltametrina 505 0,0002 0,03
cipermetrina 416 0,004 0,1
λ-cialotrina
449,5 0,004 0,05
Na produção de tomate, a cipermetrina é recomendada para controle de
insetos Tripes, já a deltametrina e a
λ
-cialotina são freqüentemente utilizadas
como estressantes para desalojar as lagartas Tuta Absoluta do tomate. Os
piretróides de maneira geral são utilizados também no controle dos insetos de
Broca-pequena-do-fruto, Broca-grande-do-fruto, Lagartas, Grilos, etc.
(SARAIVA, 2004).
Os piretróides têm ação neurotóxica atuando na transmissão do impulso
nervoso. Segundo SODERLUND et al (2002) o modo de ação desta classe de
inseticidas é semelhante ao dos organoclorados ciclodienos. Isto é, atuam na
transmissão axônica, interferindo no fluxo normal dos íons sódios envolvidos na
transmissão do impulso nervoso.
Organofosforados
Na década de 1940, os organofosforados foram introduzidos no mercado
de pesticidas, sendo usado como inseticidas, acaricidas, nematicidas e
fungicidas. Devido a sua alta eficácia no controle de uma ampla variedade de
pragas estes compostos são os preferidos nas lavouras, possibilitando
encontrar resíduos e subprodutos em níveis nocivos ao consumo humano
(SILVA et al, 1999; SILVA et al, 2006).
Em relação aos agrotóxicos clorados os organofosforados são mais
tóxicos (em termos de toxidade aguda), porém proporcionam menos danos ao
meio ambiente por não serem bioacumuladores (WESSELING et al, 2005).
6
Eles podem ser absorvidos por diversas rotas, incluindo inalação, ingestão e
absorção dérmica. Atuam inibindo a ação da enzima acetilcolinesterase na
transmissão dos impulsos nervosos. Estes compostos são conhecidos por
induzirem ou agravarem certos problemas de saúde em seres humanos (EPA,
2006; SILVA et al, 2006). Como pode ser verificado no trabalho realizado por
RUSSO et al (2002), que encontrou organofosforados em tecidos humanos de
rins, fígado e tecido adiposo de pacientes saudáveis e afetados por câncer, os
quais foram quantificados em níveis de ng de pesticidas por grama de tecido.
Os organofosforados representam o grupo químico de agrotóxicos
formado por apenas ésteres de ácido fosfórico e outros ácidos à base de
fósforo. Dentre esta classe destaca-se o clorpirifós (Figura 2), com modo de
ação de contato, ingestão e fumigação.
N
ClCl
Cl OP(OCH
2
CH
3
)
2
S
Figura 2 - Estrutura do clorpirifós.
A preocupação com a presença de clorpirifós em alimentos tem
motivado a realização de vários trabalhos, como por exemplo, o estudo de
clorpirifós em casca e polpa de pepino (FERST, 1991), em diversos vegetais
(VIANA et al, 1996), tomates (GOBO, 2001), em alface (PENA et al, 2003).
Destaca-se o estudo de CELLA (2002) que detectou clorpirifós em maçãs,
acima do limite máximo de resíduo permitido para amostras comerciais.
O clorpirifós é um sólido cristalino de massa molar 350,5 g mol
-1
, com
ponto de fusão de aproximadamente 43 ºC, que apresenta baixa solubilidade
em água (1,4 mg L
-1
a 25 ºC) (NRA, 2002). Em culturas de tomate, o clorpirifós
é utilizado principalmente no controle das lagartas Broca-pequena-do-fruto,
Broca-grande-do-fruto e lagarta-rosca (SARAIVA, 2004). O limite máximo
permitido para seus resíduos no tomate para fins industriais é 0,5 mg kg
-1
. Fato
interessante, é que a ANVISA não autoriza a aplicação deste inseticida em
culturas de tomate para consumo humano in natura.
7
Análises de pesticidas
Diversos métodos de análise são empregados na identificação e
quantificação de pesticidas em alimentos. Em geral, exigem uma técnica de
extração do analito, clean up dos extratos, ou pré-concentração dos compostos
antes da análise.
A técnica de extração mais freqüentemente usada é a Extração Líquido-
Líquido. Entretanto, é um método tedioso, de elevado custo, de difícil
automação e que consome grande quantidade de solventes orgânicos
(LANÇAS, 2004).
A Extração com Fluído Supercrítico (LEHOTAY, 1997) e a Extração em
Fase Sólida (LANÇAS, 2004; TORRES et al, 1997) são técnicas mais rápidas,
que utilizam menores quantidades de solventes orgânicos, e permitem analisar
matrizes com baixa concentração dos analitos, com maior sensibilidade de
detecção. Outra técnica muito divulgada em trabalhos científicos é a Extração
Sólido-Líquido, porém com elevado consumo de solventes orgânicos e
amostra, além da co-extração de um grande número de interferentes da matriz
(NAVARRO et al, 2002).
Técnicas como Microextração em Fase Sólida (FYTIANOS et al, 2006) e
Extração assistida por microonda (PAPADAKIS et al, 2006) estão sendo
aprimoradas para a extração de pesticidas em alimentos. Neste cenário, a
Dispersão da Matriz em Fase Sólida (DMFS) e Extração Sólido-Líquido e
Purificação em Baixa temperatura (ESL-PBT) tem revelado bons resultados na
extração de pesticidas em matrizes sólidas, devido à possibilidade de se
realizar em um único passo a extração de pesticidas e o clean up dos extratos.
A cromatografia gasosa (CG) é o método de análise mais empregado
devido à eficiência na separação e quantificação das espécies de interesse
presentes nos extratos, utilizando detector por captura de elétrons (DCE),
adequado para análise de compostos halogenados, ionização de chama (DIC)
ou espectrômetro de massas (EM) (COLLINS et al, 2006). Sendo este último
muito utilizado para a confirmação dos pesticidas, pois fornece informações
estruturais baseada na fragmentação dos compostos.
A cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) com detector
ultravioleta é muito útil na quantificação de pesticidas não volatilizáveis.
8
Análises espectrofotométricas são mais úteis para quantificação de
ditiocarbamatos devido à geração de CS
2
após digestão ácida.
Dispersão da Matriz em Fase Sólida (DMFS)
Esta técnica foi desenvolvida por BARKER, em 1989, para extrair
compostos de amostras sólidas e semi-sólidas, como tecidos de animais, pois
a extração em fase sólida não se estendia para estas matrizes (BARKER,
2000a). O primeiro trabalho aplicando está técnica em análise de pesticidas em
alimentos foi reportada por LING & HUANG (1995), que detectaram piretróides
em vários vegetais.
A principal vantagem desta técnica é a simplicidade do método, baixo
consumo de amostra e reagentes, processos de extração e clean up da
amostra realizados simultaneamente (ALBERO et al, 2003). A DMFS consiste
em homogeneizar pequena quantidade do alimento com um adsorvente (sílica,
florisil, C-18
,
etc) em proporções de 1:1 a 1:4 (amostra: adsorvente). Em
seguida, a mistura (matriz e adsorvente) é transferida para uma coluna e eluída
com solvente apropriado. O extrato recolhido é concentrado e analisado por
cromatografia gasosa (LANÇAS, 2004; BARKER, 2000a e b).
Na Tabela 2 estão descritos alguns trabalhos mais recentes utilizando a
DMFS em análise de pesticidas e poluentes orgânicos em diversas matrizes.
Tabela 2 – Recentes trabalhos empregando a DMFS
Pesticidas Matriz Eluente Adsorvente Referência
Fungicidas Frutas e
vegetais
Acetato de etila C-18 NAVARRO et al, 2002.
Organofosforados
e organoclorados
Folha do
maracujá
Hexano:
acetato de etila
Florisil ZUIN et al, 2003.
HPA*
Peixe Acetonitrila C-18 PENSADO, 2005.
Herbicidas Óleo de oliva
Acetonitrila Aminopropil FERRER et al, 2005.
266 Pesticidas Maçã Hexano:
diclorometano
Terra de
diatomáceas
CHU et al, 2005.
*Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos
9
Extração Sólido-Líquido e Purificação em Baixa Temperatura (ESL-PBT)
A partição por abaixamento da temperatura foi usada no passado para
isolar pesticidas em plantas e tecidos animais (ANGLIN & MCKINLEY, 1960).
Entretanto, a temperatura usada para tal separação era muito baixa (-78 °C),
impedindo a utilização da técnica. Em 1997, JUHLER ajustou a temperatura em
-10 °C para extrair organofosforados em matrizes gordurosas. Em 2001, esta
técnica foi empregada para determinar resíduos de pesticidas em óleo de oliva
(LENTZA-RIZOS et al, 2001).
Em 2004, GOULART desenvolveu uma metodologia simples e de baixo
custo, para análise de deltametrina e cipermetrina em leite. Este método
denominado extração líquido-líquido e purificação por precipitação a baixa
temperatura, permitiu determinar piretróides em leite por cromatografia gasosa,
sem a necessidade de etapas de clean up. Posteriormente, esta técnica foi
aplicada por VIEIRA et al. (2005, 2007) para extração de piretróides em
amostras de água e solo, passando a técnica a ser denominada para essas
matrizes de extração líquido-líquido com partição em baixa temperatura (ELL-
PBT) e extração sólido-líquido com partição em baixa temperatura (ESL-PBT).
Essa técnica consiste em colocar a amostra líquida ou sólida em contato
com um solvente menos denso que a água e com ponto de fusão abaixo de -20
°C. O sistema é agitado e levado ao freezer. Após um determinado período de
tempo a fase aquosa é congelada e o solvente orgânico ainda na fase líquida é
separado e analisado por cromatografia gasosa. O solvente que apresentou
melhores condições de extração e análise de piretróides em amostras de água
e solo foi a acetonitrila (VIEIRA, 2005; VIEIRA et al, 2007).
A acetonitrila é considerada um dos melhores solventes extratores para
a análise de pesticidas, pois geralmente apresenta compatibilidade com o
analito, com o preparo de amostra, na análise por cromatografia gasosa e pode
ser empregada para analisar pesticidas de diferentes polaridades. Além disso,
a acetonitrila extrai menos interferentes lipofílicos das matrizes quando
comparados com a acetona e o acetato de etila (MASTOVSKÁ & LEHOTAY,
2004).
A acetona também poderia ser empregada para a ESL-PBT, pois é
miscível em água, em todas as proporções, além de apresentar menor
temperatura de fusão e densidade que a água. Entretanto, a acetona é
10
incompatível com o sistema CG-DCE, sendo então, necessário após a extração
dos pesticidas a evaporação da acetona, e redissolução dos resíduos em outro
solvente. Alguns solventes que poderiam ser empregados na ESL-PBT são
apresentados na Tabela 3.
Tabela 3 – Propriedades físicas dos solventes passíveis de serem utilizados na
ESL-PBT
Solventes Ponto de fusão
/ °C
Ponto de ebulição
/ °C
Densidade
/ g cm
-3
Miscibilidade em
água
Acetonitrila -44 82 0,7793 miscível
Acetona -95 56 0,7856 miscível
Isopropanol -90 82 0,7827 miscível
Metanol -98 65 0,7872 miscível
Hexano -95 69 0,6563 imiscível
Acetato de
etila
-84 77 0,8942 imiscível
Fonte: LIDE, DAVID R.; CRC Handbook of Chemistry and physics, 1995.
O hexano, mesmo sendo insolúvel em água, pode ser utilizado na ESL-
PBT, desde que seja adicionado um co-soluto, como por exemplo, o
isopropanol, para a formação de uma única fase.
Efeito de matriz
Embora os métodos de análise de multirresíduos representem formas
efetivas de quantificar uma variedade de pesticidas em alimentos, as taxas de
recuperação para os compostos de interesse nem sempre são satisfatórias, por
apresentarem, muitas vezes, porcentagens de extração acima de 100 % e,
ainda, elevados desvios nas análises. Estes resultados estão relacionados com
os efeitos de matriz que ocorrem durante a análise cromatográfica
(MENKISSOGLU-SPIROUDI & FOTOPOULOU, 2004; HAJSLOVÁ, &
ZROSTLIKOVA, 2003). Este efeito de matriz foi descrito primeiramente por
ERNEY e colaboradores (1993) que observaram durante a análise de amostras
naturais, a co-extração de vários componentes da matriz, além dos compostos
de interesse, os quais provocavam modificações na resposta do pesticida.
11
A interferência dos componentes da matriz ocorre porque a curva
analítica utilizada para quantificar os pesticidas, geralmente, é preparada em
solvente puro. Já na análise dos extratos obtidos por um método de extração
adequado, além de apresentar os pesticidas, contém uma variedade de
compostos pertencentes à matriz que são co-extraídos. Estes compostos
interferem durante a análise cromatográfica, pois influenciam na quantidade de
pesticida que é transferido para a coluna. Esta interferência dos componentes
da matriz, na quantificação dos pesticidas na análise cromatográfica, é
denominada de efeito de matriz (GONZALEZ et al, 2002).
O efeito de matriz pode ocorrer em diversas partes do sistema
cromatográfico como: injetor, coluna ou detector. O liner do injetor (tubo de
vidro) é o principal responsável pelo efeito de matriz, pois sítios ativos deste
material podem adsorver ou induzir a degradação térmica de alguns analitos.
Quando as soluções padrão são preparadas no solvente puro e analisadas por
cromatografia, mais sítios ativos do liner estão disponíveis para interagir com
os pesticidas. Entretanto, quando se analisa os extratos, os pesticidas estão na
presença de componentes da matriz, ocorrendo assim uma competição pelos
sítios ativos. Dependendo das características do analito e da amostra, os
componentes da matriz podem ser adsorvidos no liner e mais pesticidas podem
ser introduzidos na coluna cromatográfica, originando uma resposta maior para
o pesticida quando comparado com a resposta deste em solvente puro
(HAJSLOVÁ & ZROSTLIKOVA, 2003). Proporcionando, assim, erroneamente
uma alta concentração do pesticida.
Um exemplo disso ocorreu na análise de captan em extratos de laranja.
Este pesticida quando preparado em tolueno não havia sido detectado pelo
detector por captura de elétrons, provavelmente devido a decomposição ou
interação com sítios ativos do liner. Depois de várias injeções de amostras de
extrato de laranja em que foi se acumulando componentes da matriz no
sistema cromatográfico o pico de captan foi quantificado, embora a
repetibilidade das amostras tenha sido baixa (HAJSLOVÁ et al,1998).
Normalmente, para corrigir estes erros nas taxas de recuperação, a
curva analítica pode ser preparada substituindo o solvente puro por extratos da
matriz isenta de pesticidas, durante a diluição das soluções padrão nas
diversas concentrações (RIBANI et al, 2004). Muitos pesticidas têm se
mostrado estáveis quando preparados em extratos da matriz. Tem-se
12
observado a degradação de organofosforados apenas quando se eleva a
temperatura de armazenamento dos padrões, caso contrário, quando os
padrões preparados no extrato da matriz são armazenados em baixa
temperatura, estes são tão estáveis quanto os padrões preparados em solvente
puro (KOCOUREK et al, 1998).
Além disso, numa tentativa de reduzir o efeito de matriz pode-se fazer o
uso de injeção on-column, para evitar a presença de sítios ativos do sistema de
injeção, ou freqüentes mudanças do liner do injetor. Pode-se também utilizar o
método de adição de padrão na própria matriz, ou ainda, etapas de clean up
dos extratos para reduzirem co-extrativos (POOLE, 2007; SCHENCK &
LEHOTAY, 2000).
Outra alternativa é a adição de substâncias químicas similares aos
componentes da matriz nos padrões preparados em solvente puro, para ocupar
os sítios ativos do liner, impedindo a adsorção ou degradação dos pesticidas.
Tais substâncias protetoras como o óleo de oliva (ou produtos de degradação
destes) têm maior capacidade de fazer ligações de hidrogênio que os
pesticidas com os grupos silanóis do liner (vidro). Desta forma, estes
compostos mascaram os sítios ativos e proporcionam maior transferência dos
pesticidas para a coluna (SANCHEZ-BRUNETE et al, 2005).
A intensidade do efeito de matriz pode variar de uma amostra para outra,
ou de acordo com a concentração do analito na matriz. HAJSLOVÁ et al (1998)
verificou que quanto menor a concentração do analito na amostra, maior será o
efeito de matriz. Um fato interessante foi observado por SCHENCK &
LEHOTAY (2000) em que o pesticida terbufós não apresentou nenhum efeito
de matriz quando analisado em concentrações mais altas. Entretanto, para
concentrações mais baixas apresentou significativo efeito de matriz.
O próprio sistema cromatográfico pode influenciar na intensidade do
efeito de matriz. Como exemplo, um cromatógrafo a gás utilizando como
detector um espectrômetro de massa (EM) apresentou maior efeito de matriz
em análise de organofosforados que um detector fotométrico de chama (DFC)
para os mesmos pesticidas. Acredita-se ser devido aos tipos diferentes de liner
e pequeno diâmetro da coluna usados para o CG-EM em relação ao CG-DFC.
Além disso, o próprio espectrômetro de massa contribui para o aumento da
resposta devido à superfície metálica do detector e o fato de não ocorrer
combustão neste (SCHENCK & LEHOTAY, 2000).
13
As propriedades físico-químicas dos pesticidas e dos interferentes, como
polaridade, volatilidade, estabilidade em altas temperaturas, etc. também são
fatores relevantes no estudo do efeito de matriz (MENKISSOGLU-SPIROUDI &
FOTOPOULOU, 2004). Pesticidas que contém os grupos amidas, sulfonas e/ou
ligações P=O, de uma forma geral compostos mais polar, são largamente
afetados pela matriz. Ou mesmo compostos de elevada massa molar como os
piretróides tendem a apresentar também um aumento da resposta (SANCHEZ-
BRUNETE et al, 2005).
Nesse trabalho foram otimizados os métodos de extração sólido-líquido
e purificação em baixa temperatura e dispersão da matriz em fase sólida, para
determinar os pesticidas clorpirifós, λ - cialotrina, cipermetrina e deltametrina
em amostras de tomate.
14
CAPÍTULO 1
EXTRAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO E PURIFICAÇÃO EM BAIXA
TEMPERATURA
1.1. MATERIAIS E MÉTODOS
1.1.1. Preparo de soluções padrão de pesticidas
As soluções empregadas neste trabalho foram preparadas pela
solubilização de padrões de clorpirifós (99,0% m/m - Chem Service),
cipermetrina (92,4% m/m - Chem Service),
λ
-cialotrina (86,5% m/m - Syngenta)
e deltametrina (99,0% m/m - Chem Service), em acetonitrila (Mallickrodt /
HPLC). Soluções estoque de 500,0 mg L
-1
foram preparadas para cada padrão
e armazenadas em freezer. A partir da diluição das soluções estoque, foi
preparada uma solução de trabalho contendo os quatros pesticidas em
concentrações de 50,0 mg L
-1
.
Uma segunda solução de concentração igual a 50,0 mg L
-1
, utilizada
como padrão interno, foi preparada pela solubilização de padrão de bifentrina
(92,2 % m/m – FMC do Brasil) em acetonitrila.
15
1.1.2. Preparo de amostras de tomates hidropônicos fortificadas
Amostras de tomate (aproximadamente 4 a 5 unidades) foram trituradas
em processador caseiro e quantidades de polpa iguais a 4,0000 g foram
fortificadas com 100,0 μL de solução trabalho contendo os quatro pesticidas na
concentração de 50,0 mg L
-1
. As amostras contaminadas (1,25 mg kg
-1
) foram
deixadas por aproximadamente três horas em frasco aberto para evaporação
do solvente.
1.1.3. Otimização da técnica de extração sólido-líquido e purificação em
baixa temperatura (ESL-PBT)
Os ensaios da extração sólido-líquido e purificação em baixa
temperatura para análise dos pesticidas clorpirifós, cipermetrina,
λ
-cialotrina e
deltametrina em amostras de tomate foram adaptados da técnica descrita para
a extração de deltametrina e cipermetrina em leite (GOULART, 2004) e para
extração de quatro piretróides em água e solo (VIEIRA, 2005; VIEIRA et al,
2007).
Em frasco de vidro transparente de 22,0 mL de capacidade, contendo
4,0000 g de polpa de tomate fortificada, foram adicionados 10,0 mL de uma
mistura extratora e homogeneizado. Posteriormente, a mistura foi resfriada em
freezer a -20 °C por 12 horas. Após a separação das fases pelo congelamento
da fase aquosa e da polpa de tomate, o líquido sobrenadante foi passado por
um papel de filtro contendo 1,5000 g de sulfato de sódio anidro (Nuclear). O
extrato foi recuperado em balão volumétrico de 10,0 mL em acetonitrila e
armazenado em frascos de vidro no freezer, até o momento da análise.
Após a extração, as concentrações dos analitos foram determinadas por
cromatografia gasosa, usando detector por captura de elétrons (DCE). Os
experimentos realizados na otimização são descritos nos itens 1.1.3.1 e
1.1.3.2.
1.1.3.1. Planejamento de misturas
A composição da mistura extratora utilizada na ESL-PBT foi otimizada
realizando um planejamento experimental de misturas de três componentes,
16
com o objetivo de avaliar a taxa de recuperação dos princípios ativos a partir
das modificações da polaridade da mistura extratora.
O modelo de planejamento de misturas com três diferentes solventes e
as características das três misturas extratoras avaliadas estão representadas
na Figura 1.1 e Tabela 1.1, respectivamente.
Solvente 1
Solvente 2
Solvente 3
Figura 1.1 - Modelo de planejamento de mistura.
Tabela 1.1 – Descrição dos planejamentos de misturas
Planejamentos de
misturas
Solvente 1
Solvente 2
Solvente 3
A Acetonitrila Água Acetato de etila
B Acetonitrila Água Metanol
C Isopropanol Água Hexano
A mistura extratora usada na ESL-PBT deve ser inicialmente
homogênea, para que somente após o abaixamento da temperatura ocorra a
separação das fases. Assim, quantidades mínimas e máximas de cada
solvente da mistura extratora foram estabelecidas para garantir a formação da
fase única.
Além disso, os solventes 1 e 2 na ESL-PBT, devem necessariamente
possuir limite inferior maior do que zero, pois o solvente 1 constituirá a fase
líquida após o congelamento enquanto que o solvente 2 formará a fase sólida.
Considerando, então, as restrições da mistura extratora na ESL-PBT,
os limites mínimos e máximos de cada solvente, foram estabelecidos, como
representado na Tabela 1.2.
17
Tabela 1.2 – Limites inferiores e superiores das quantidades de cada solvente,
expressos em % v/v
Solventes Limite inferior (%) – Limite superior (%)
1 65 – 80
2 5 – 20
3 0 – 15
A partir das quantidades mínimas e máximas de cada solvente, foi
delimitada, então, a região de estudo no planejamento, limitado pelos vértices
do triângulo 1, 2 e 3, Figura 1.2.
3
2
1
Solvente 1
Solvente 2
Solvente 3
Figura 1.2 – Região de estudo do planejamento de mistura, aplicados na
otimização do método ESL-PBT para extração de quatro pesticidas em tomate.
Os vértices do triângulo 1, 2 e 3 representam três tipos de misturas
extratoras de polaridades diferentes.
Em cada mistura extratora a proporção entre os solventes foi
determinada pelos pseudocomponentes, que é uma espécie de codificação.
Quando um solvente foi adicionado em sua quantidade máxima o
pseudocomponente foi 0,5 no planejamento de misturas. Quando a quantidade
mínima do solvente foi usada, o pseudocomponente correspondente foi zero. A
soma dos pseudocomponentes em uma fase extratora foi sempre igual a 1.
Estes cálculos dos pseudocomponentes foram obtidos pela equação 1.1:
18
X
pseudocomp.
= C(%) – Li (Equação 1.1)
100 - Li
Sendo que:
X = Pseudocomponentes dos solventes 1, 2 ou 3.
C(%) = Porcentagem do solvente na mistura analisada.
Li = Limite inferior do solvente (Tabela 1.2)
Li = Somatório de todos os limites inferiores dos três solventes que compõe a
mistura. Neste planejamento, igual a 70%.
A Tabela 1.3 resume todas as informações necessárias para o
planejamento de misturas como os pseudocomponentes e a porcentagem de
cada solvente na mistura.
Tabela 1.3 – Composição das fases extratoras preparadas com misturas dos
solventes 1, 2 e 3, em valores reais dos componentes (%) e em
pseudocomponentes (X)
pseudocomponentes Mistura
X
1
X
2
X
3
Solvente 1 (%) Solvente 2 (%) Solvente 3 (%)
1 0,5 0,5 0 80 20 0
2 0 0,5 0,5 65 20 15
3 0,5 0 0,5 80 5 15
* O volume total após a mistura dos três solventes foi sempre 10,0 mL.
Para cada mistura de solventes foi avaliada a porcentagem de extração
de clorpirifós,
λ
-cialotrina, cipermetrina e deltametrina presentes em amostra de
tomate.
Os resultados obtidos da porcentagem de recuperação dos pesticidas,
usando o modelo experimental e misturas, foram avaliados estatisticamente
utilizando o software Statistica
®
versão 6.0.
1.1.3.2. Otimizações univariadas
Para melhorar a eficiência da extração dos quatro pesticidas em
amostras de tomate e obter extratos mais apropriados para análise
19
cromatográfica foram realizadas otimizações univariadas, utilizando a mistura
extratora que melhores resultados apresentaram.
1.1.3.2.1. Efeito do sistema de agitação da ESL-PBT na porcentagem de
extração dos pesticidas em tomate
Avaliou-se a influência do mecanismo de homogeneização da amostra
com a mistura extratora na eficiência de extração dos pesticidas estudados. As
estratégias de agitação foram: agitação manual, agitação mecânica em mesa
agitadora (Tecnal TE - 420) por 10 minutos a 25 ºC e 175 oscilações por
minuto, ultra-som por 1 minuto e ultra-som por 10 minutos. Em cada estratégia,
a técnica de ESL-PBT foi utilizada como descrito no item 1.1.3., usando como
mistura extratora acetonitrila, água e acetato de etila (8,0: 0,5: 1,5).
1.1.3.2.2. Efeito da força iônica na porcentagem de extração dos
pesticidas em tomate pela ESL-PBT
O efeito da força iônica na porcentagem de extração dos quatro
pesticidas em amostras de tomate foi avaliado usando o método descrito no
item 1.1.3., usando como mistura extratora acetonitrila, água e acetato de etila
(8,0: 0,5: 1,5), sendo a mistura submetida ao ultra-som por 1 minuto.
Entretanto, a água adicionada à amostra para compor a mistura extratora foi
substituída por uma solução de NaCl na concentração de 0,20 mol L
-1
, para
aumentar a força iônica do meio.
1.1.3.2.3. Avaliação do efeito de matriz na porcentagem de recuperação
dos pesticidas.
Para observar o efeito de matriz na ESL-PBT em amostras de tomate na
análise de clorpirifós,
λ
-cialotrina, cipermetrina e deltametrina por cromatografia
gasosa foram feitos dois estudos:
20
1.1.3.2.3.1. Superposição de matriz
Quando soluções padrão são preparadas em solvente puro e analisadas
por cromatografia gasosa, estas apresentam respostas diferentes das mesmas
soluções padrão preparadas no extrato da matriz, isenta de pesticidas. Para
avaliar essa influência dos componentes da matriz na resposta do detector
foram preparadas duas séries de soluções padrão contendo os quatro
pesticidas nas concentrações de 5; 10; 25; 75; 150; 300; 500; 625 e 750 μg L
-1
.
A primeira série foi preparada pela diluição da solução de trabalho (50,0 mg L
-1
)
contendo os quatro pesticidas em acetonitrila pura. A segunda série dos
padrões foi preparada pela diluição da mesma solução de trabalho no extrato
da matriz, obtido da ESL-PBT de tomates hidropônicos isentos de pesticidas.
O efeito de matriz também foi avaliado pela comparação das
porcentagens de recuperação obtidas quando as soluções padrões preparadas
em acetonitrila e no extrato da matriz foram empregadas para quantificar os
princípios ativos em amostras de tomate previamente fortificadas.
1.1.3.2.3.2. Variação da resposta do detector
A variação da resposta (área) dos pesticidas associada ao efeito de
matriz foi avaliada pela comparação dos resultados de injeções sucessivas
(três vezes) de uma solução padrão em acetonitrila, antes e após injeções
sucessivas (cinco vezes) de um extrato obtido da ESL-PBT de amostra de
tomates isentas de pesticidas.
1.1.3.2.4. Eficiência de adsorventes no clean up dos extratos obtidos na
ESL-PBT de amostras de tomate
Os extratos orgânicos obtidos da ESL-PBT de amostras de tomate foram
submetidos a uma etapa de clean up para melhorar a qualidade dos mesmos
com vistas à análise cromatográfica. Após o processo de resfriamento a – 20
°C da mistura, a fase orgânica líquida foi passada por um papel de filtro
contendo uma camada de sulfato de sódio anidro, (1,5000 g) e uma camada
inferior de adsorvente (0,5000 g). Os extratos foram recuperados para 10,0 mL
em acetonitrila e armazenados no freezer até o momento da análise
21
cromatográfica. Os adsorventes avaliados foram florisil (J. B. Barcker), sílica
gel (Mercker), octadecil C-18 (PR cola) e carvão ativado (Carlo Erba).
Também foi estudado o clean up dos extratos com adição do carvão
ativado diretamente na mistura da amostra com a fase extratora, antes do
processo de homogeneização. Analisou-se o clean up com 0, 5, 10 e 15 mg de
carvão ativo.
O uso do carvão ativado para o clean up dos extratos foi avaliado pelas
características dos cromatogramas (ruídos da linha de base e picos
interferentes), pela porcentagem de extração dos pesticidas e pela intensidade
da cor dos extratos, sendo este avaliado espectrofotometricamente na região
do UV-visível.
1.1.4. Análise cromatográfica
A identificação e quantificação dos extratos de pesticidas foram
realizadas em um cromatógrafo a gás (Shimadzu, GC – 17A), com um detector
por captura de elétrons (DCE). Para promover a separação entre os picos dos
compostos de interesse no menor tempo de análise, estabeleceram-se as
condições ideais de análise como temperatura da coluna, do injetor e do
detector, vazão dos gases e escolha do tipo de coluna cromatográfica.
As condições analíticas fixadas foram as seguintes:
Coluna capilar: Fase estacionária: 5% difenil e 95% dimetilsiloxano, 30 m x
0,25 mm de diâmetro interno e 0,1μm de espessura de filme.
Programação de temperatura da coluna: 200 ºC
290 ºC (2 min)
Tempo total de análise: 11 minutos
Temperatura do injetor: 280 ºC
Temperatura do detector: 300 ºC
Volume injetado: 1,0 μL
Gás de arraste: Nitrogênio
Vazão do gás de arraste: 1,2 mL min
-1
Divisão de fluxo: 1:5
10 ºC min
-
22
1.1.4.1. Curva analítica (método da padronização interna)
Foram preparadas soluções padrão de concentrações crescentes dos
analitos (5; 10; 25; 75; 150; 300; 500; 625 e 750 μg L
-1
) utilizando o principal
solvente da mistura extratora (acetonitrila). Nestas soluções adicionaram-se
100,0 μL de solução de bifentrina a 500,0 μg L
-1
, utilizada como padrão interno
(PI). Após análise dessas soluções, foi construído um gráfico relacionando a
razão de áreas (área do analito/ área do padrão interno) com as respectivas
concentrações dos analitos. Foram obtidos por regressão linear, as equações
das retas e os parâmetros que permitiram calcular as concentrações dos
analitos nas amostras.
Nos extratos das amostras de tomates também foram adicionadas a
mesma quantidade de padrão interno.
1.1.4.2. Método otimizado da ESL-PBT e análise por cromatografia gasosa
de quatro pesticidas em tomate.
Em amostras de tomate (4,0000 g) previamente processadas e
fortificadas com 1,25 mg kg
-1
de cada um dos pesticidas, foram adicionados
10,0 mL da mistura extratora (8,0 mL de acetonitrila, 0,50 mL de água destilada
e 1,5 mL de acetato de etila). A mistura foi sonicada por 1 minuto e deixada no
freezer a aproximadamente -20 °C por 12 horas. O solvente orgânico ainda
líquido foi passado por um papel de filtro contendo sulfato de sódio anidro. O
volume do extrato foi ajustado em balão volumétrico de 10,0 mL com
acetonitrila e armazenados no freezer até o momento da análise.
As análises cromatográficas dos extratos foram feitas usando as
condições cromatográficas descritas no item do 1.1.4.
1.1.5. Validação do método analítico
Para assegurar a credibilidade do método analítico desenvolvido, este foi
submetido a uma validação, conforme proposto por RIBANI et al (2004). Os
critérios considerados, neste trabalho, para a validação do método de extração
sólido-líquido e purificação em baixa temperatura e análise por CG-DCE, estão
dispostos na Tabela 1.4.
23
Tabela 1.4 – Parâmetros de desempenho analítico para validação do método
ESL-PBT e análise por CG
Parâmetros
Seletividade -
Limite de detecção e quantificação -
Linearidade de resposta do detector -
Precisão Repetitividade
Precisão intermediária
Exatidão Ensaio de recuperação
Comparação de métodos
1.1.5.1. Seletividade
A seletividade foi avaliada comparando-se os cromatogramas dos
extratos obtidos após extração dos componentes da matriz isenta dos
pesticidas em estudo, com os cromatogramas dos extratos da amostra de
tomate fortificada, preparada e analisada conforme o procedimento otimizado.
1.1.5.2. Limite de detecção e quantificação
Os limites de detecção (LD) e quantificação (LQ) para cada um dos
pesticidas foram determinados usando os parâmetros da curva analítica. Para
este cálculo, construiu-se uma curva analítica utilizando soluções padrão
contendo clorpirifós, cipermetrina,
λ
-cialotrina e deltametrina nas
concentrações 12, 8, 6, 4, 2 µg L
-1
. O LD e o LQ foram considerados como 3,3
e 10 vezes, respectivamente, a razão entre os coeficientes linear e angular da
curva analítica (RIBANI et al 2004).
1.1.5.3. Linearidade de resposta do detector
A linearidade de resposta do detector foi verificada pela curva analítica
preparada, conforme descrito no item 1.1.4.1, em que padrões de pesticidas
em acetonitrila foram preparados nas concentrações de 5, 10, 25, 75, 150, 300,
500, 625 e 750 μg L
-1
. Após a análise cromatográfica, foi construída uma curva
analítica, relacionando a razão de áreas (área do analito/ área do padrão
24
interno) com as concentrações dos analitos. A linearidade foi avaliada pelo
coeficiente de correlação determinado pela regressão linear.
1.1.5.4. Precisão
A precisão do método de extração sólido-líquido e purificação em baixa
temperatura e análise por cromatografia gasosa foram verificadas sob
condições de repetitividade e precisão intermediária.
A repetitividade do método de extração dos pesticidas clorpirifós,
cipermetrina,
λ
-cialotrina e deltametrina em amostras de tomate foram
determinadas, conforme sugerido pelo INMETRO, realizando-se sete extrações
idênticas dos pesticidas, segundo procedimento descrito no item 1.1.4.2.
determinando o desvio padrão relativo ou coeficiente de variação (CV).
A precisão intermediária foi analisada por meio da porcentagem de
recuperação dos pesticidas e respectivos coeficientes de variação, fazendo-se
o procedimento de extração descrito no item 1.1.4.2. em triplicatas e em três
dias distintos.
1.1.5.5. Exatidão
Entre as maneiras de avaliar a exatidão de um método pode-se recorrer
aos ensaios de recuperação.
Os ensaios de recuperação foram realizados em amostras de tomate
fortificadas em diferentes níveis: 0,025; 0,050; 0,100 e 0,250 mg kg
-1
de cada
um dos pesticidas, correspondendo, respectivamente, a 1, 2, 4 e 10 vezes o
limite de quantificação dos pesticidas. Estas amostras em triplicatas foram
submetidas ao método de ESL-PBT conforme descrito no item 1.1.4.2. e
analisadas por cromatografia gasosa nas condições descritas no item 1.1.4. A
exatidão foi avaliada pelo coeficiente de variação das medidas.
1.1.6. Determinação dos pesticidas em amostras de tomates
A técnica de ESL-PBT para determinação dos pesticidas clorpirifós,
cipermetrina,
λ
-cialotrina e deltametrina otimizada e validada, foi aplicada em
25
amostras de tomates coletadas em três estabelecimentos comerciais de
Viçosa-MG.
Para a coleta das amostras foram utilizados sacos de polietileno para
armazenar 1 kg de tomate (cerca de 10 unidades) escolhidos ao acaso e
transportados ao laboratório para serem estocados a baixa temperatura até o
momento de preparo para a análise. Os tomates foram cortados e triturados em
processadores caseiros. Alíquotas de 4,0000 g da amostra de tomate foram
retiradas e submetidas ao processo de extração otimizado, conforme descrito
no item 1.1.4.2. e analisado por cromatografia gasosa.
26
1.2. RESULTADOS E DISCUSSÃO
1.2.1. Análise cromatográfica
O detector por captura de elétrons (DCE) apresenta alta sensibilidade
aos compostos halogenados, possibilitando a quantificação dos pesticidas
clorpirifós, cipermetrina,
λ
-cialotrina e deltametrina na análise cromatográfica. A
identificação dos compostos estudados foi realizada por comparação entre os
tempos de retenção (t
R
) destes nos extratos com os da solução padrão. Na
Figura 1.3 A está representado o cromatograma da solução padrão dos
pesticidas em acetonitrila. O cromatograma dos extratos após a ESL-PBT
obtidos a partir de amostras de tomate fortificadas com os pesticidas é ilustrado
na Figura 1.3 B.
27
A)
0123456789101
1
0
50000
100000
150000
200000
250000
300000
350000
9.9
8.2
6.8
5.6
3.2
Resposta do detector
Tem
p
o de retenção
B)
01234567891011
0
50000
100000
150000
200000
250000
300000
350000
9.9
8.2
6.8
5.6
3.2
Resposta do detecto
r
Tempo de retenção
Figura 1.3 – A) Cromatograma da solução padrão de 500 μg L
-1
dos pesticidas ,
B) Cromatograma da amostra fortificada com 1,25 mg kg
-1
(500 μg L
-1
) dos
pesticidas e submetidas a ESL-PBT ( t
R
= 3,2 min: clorpirifós, t
R
= 5,6 min:
padrão interno, t
R
= 6,8 min: cialotrina, t
R
= 8,2 min: cipermetrina, t
R
= 9,9 min:
deltametrina).
Pelas características dos cromatogramas (Figura 1.3) observa-se que as
condições de análise (item 1.1.4.), como a programação de temperatura,
coluna utilizada e o fluxo do gás de arraste, possibilitou uma boa separação
dos compostos avaliados, inclusive dos isômeros. A
λ
-cialotrina (t
R
= 6,8 min.)
e a deltametrina (t
R
= 9,9 min.) que apresentam dois isômeros cada uma, foram
quantificadas somando-se a área total dos pesticidas isoméricos. Caso
semelhante foi realizado com a cipermetrina que apresenta três isômeros (t
R
=
8,2 min.).
Comparando-se os cromatogramas da amostra fortificada (Figura 1.3 B)
com o da solução padrão dos pesticidas (Figura 1.3 A), observa-se na região
28
próxima ao pico atribuído ao solvente, nos três primeiros minutos de análise,
alargamento do pico. Isso indica que compostos polares da matriz são
extraídos e eluídos próximo ao solvente.
1.2.2. Otimização da técnica de extração sólido-líquido e purificação em
baixa temperatura (ESL-PBT)
1.2.2.1. Planejamento de misturas
Em 2004, GOULART descreveu o método de extração líquido-líquido e
partição em baixa temperatura, ELL-PBT, para extração e análise de
piretróides em leite por cromatografia gasosa. Posteriormente, a técnica foi
otimizada e validada por VIEIRA et al (2007) para extração de quatro
piretróides em água. Na descrição da metodologia recomenda-se usar 8 mL de
uma mistura extratora contendo acetonitrila (6,5 mL) e acetato de etila (1,5 mL).
Esta mistura, nessa proporção, permite formar uma fase única com a amostra
aquosa (4,0 mL). Com o abaixamento da temperatura a amostra aquosa é
solidificada, restando ainda no estado líquido a mistura extratora.
A acetonitrila, além de ser descrita como sendo um dos melhores
solventes na extração de pesticidas (MASTOVSKA & LEHOTAY, 2004), tem as
características necessárias para ser usada na técnica de ESL-PBT. A
acetonitrila forma com a água uma fase única em qualquer proporção e tem o
ponto de congelamento (T
f
= - 46 °C) bem mais baixo que a temperatura
utilizada no método (- 20 °C). Para que a sua eficiência como solvente extrator
seja ampliada é necessário modificar sua polaridade para que seja aplicado
para a extração de pesticidas de diferentes polaridades. Essas modificações
não podem alterar as características da mistura extratora com relação à
formação da fase única e das características de congelamento.
Além desses relatos na literatura, não se encontrou nenhum estudo
sistemático realizado para extração de pesticidas em amostras de hortaliças,
empregando esta técnica. Assim, na otimização do método para amostras de
tomate, foram estabelecidas previamente quantidades máximas e mínimas de
solventes, para que a mistura extratora mantivesse as características
necessárias.
29
Estudo recente realizado por Vieira (2005) demonstrou que a proporção
água: acetonitrila 1:2 resultou em melhores porcentagens de extração de
pesticidas na ESL-PBT. Assim, considerando que a amostra de tomate (4,0000
g) contém aproximadamente 95% de água, optou-se por acrescentar 0,5 mL de
água e 9,5 mL de fase orgânica para que a proporção água: solvente orgânico
aproximasse da relação 1:2. Para avaliar a influência da água na extração dos
pesticidas, analisou-se também misturas extratoras acrescentando um volume
máximo de água de 2,0 mL em 8,0 mL de fase orgânica, para obter uma
relação água : solvente orgânico cerca de 1:1.
A polaridade da acetonitrila pode ser reduzida pela adição de acetato de
etila. Assim a extração dos pesticidas menos polares é favorecida por esta
combinação. Entretanto, a miscibilidade do acetato de etila em acetonitrila e
água são limitadas. VIEIRA et al (2007) determinou que para a proporção 1:2
(fase aquosa: fase orgânica) a quantidade máxima de acetato de etila
adicionado em 8 mL de fase orgânica fosse 1,5 mL, para não romper o
equilíbrio da fase única. Por isso, adotou-se um volume de acetato de etila de
1,5 mL em 10,0 mL de fase extratora, para garantir a formação de uma fase
homogênea.
As porcentagens de extração, para os quatro pesticidas, usando as
misturas 1, 2 e 3 do planejamento de mistura A, nas proporções descritas na
Tabela 1.3 (pg. 18 ), estão na Tabela 1.5.
Tabela 1.5 – Porcentagem de recuperação dos pesticidas e respectivos
desvios-padrão na análise de amostras de tomate fortificadas, usando o
planejamento de mistura A (Tabela 1.1, pg. 16) e composição da misturas
extratora (Tabela 1.3, pg. 18)
Mistura Clorpirifós
R (%)
λ
-Cialotrina
R (%)
Cipermetrina
R (%)
Deltametrina
R (%)
1 70,73 ± 1,83 69,44 ± 0,18 73,51 ± 2,12 73,08 ± 0,21
2 75,19 ± 0,83 76,16 ± 1,51 81,15 ± 2,56 80,94 ± 0,76
3 82,71 ± 2,75 86,02 ± 3,30 95,37 ± 4,71 95,58 ± 2,64
A mistura 1 constituída por acetonitrila, água e acetato de etila nas
proporções de 80%, 20%, 0%, respectivamente, é a mistura mais polar. Em
contra partida a mistura extratora 3 é a de menor polaridade (80% acetonitrila,
30
5% água e 15% acetato de etila). Já a mistura 2 (65% acetonitrila, 20% água e
15% acetato de etila) possui polaridade intermediária.
Os resultados da Tabela 1.5 indicam que à medida que diminui a
polaridade da mistura extratora, a porcentagem de recuperação dos pesticidas
aumenta. Sendo assim, a mistura 3, menos polar, proporciona melhor extração
dos pesticidas.
Considerando as quantidades máximas extraídas de cada um dos
pesticidas em função da polaridade da mistura extratora do planejamento de
misturas A, observa-se, na Figura 1.4, que a polaridade da mistura afeta mais a
deltametrina e a cipermetrina, enquanto que para o clorpirifós o efeito da
variação da polaridade da mistura extratora é menos significativo. Isso está
relacionado com a solubilidade dos pesticidas na fase aquosa, pois o clorpirifós
dissolve na água até 1,4 mg L
-1
, enquanto que os piretróides
λ
-cialotrina,
cipermetrina e deltametrina solubilizam-se, respectivamente, 0,004; 0,004 e
0,0002 mg L
-1
. Assim, o clorpirifós é mais solúvel em água que os piretróides e
isso explicam a menor influência da polaridade da fase orgânica na extração
deste pesticida em relação aos piretróides.
Mais polar
Polaridade
intermediária
Menos polar
60
65
70
75
80
85
90
95
100
clorpiris cialotrina cipermetrina deltametrina
Pesticidas
% Extração
Figura 1.4 - Influência da polaridade da mistura extratora na porcentagem de
extração para os pesticidas clorpirifós,
λ
-cialotrina, cipermetrina e deltametrina.
O conjunto das porcentagens de extração, expressos na Tabela 1.5, foi
utilizado para ajustar o modelo linear, equação (1.2), usando o método dos
mínimos quadrados, para cada pesticida.
31
Y = b
1
x
1
+ b
2
x
2
+ b
3
x
3
Equação (1.2)
Este ajuste foi obtido com auxílio do software statistica
®
que fornece tais
modelos e determina o erro padrão de cada coeficiente (Tabela 1.6).
Tabela 1.6 – Coeficientes do modelo linear estimados para cada pesticida em
função das porcentagens de recuperação obtidos pela técnica ESL-PBT de
amostras de tomate, usando o planejamento de misturas A (acetonitrila, água e
acetato de etila)
Pesticidas Equações do modelo ajustado
(± erro padrão)
R
2
Clorpirifós Y = 78,25 X
1
+ 63,22 X
2
+ 87,17 X
3
(± 2,05) (± 2,05) (± 2,05)
0,9460
λ
-Cialotrina
Y = 79,30 X
1
+ 59,58 X
2
+ 92,74 X
3
(± 2,58) (± 2,58) (± 2,58)
0,9545
Cipermetrina Y = 87,73 X
1
+ 59,29 X
2
+ 103,01 X
3
(± 4,08) (± 4,08) (± 4,08)
0,9368
Deltametrina Y = 87,71 X
1
+ 58,44 X
2
+ 103,44 X
3
(± 2,05) (± 2,05) (± 2,05)
0,9857
X
1
= pseudocomponente da acetonitrila
X
2
= pseudocomponente da água
X
3
= pseudocomponente do acetato de etila
A contribuição de cada pseudocomponente no processo de extração dos
pesticidas está representada na equação do modelo linear ajustado. Observa-
se que o pseudocomponente da água (X
2
) tem pesos bem próximos para os
pesticidas λ-cialotrina, cipermetrina e deltametrina, ou seja, a quantidade de
água afeta a extração destes pesticidas de forma similar. Já a equação do
modelo ajustado para o clorpirifós, devido a sua maior solubilidade em água,
possui um coeficiente maior para X
2
em relação aos piretróides. Como X
2
possui menor coeficiente entre os três pseudocomponentes analisados, isso
significa que a água apresenta menor contribuição para a extração dos
pesticidas, por isso deverá ser utilizada a quantidade mínima na mistura
extratora.
Analisando os coeficientes do pseudocomponente X
1
, acetonitrila, os
pesticidas podem ser separados em dois grupos, de acordo com a semelhança
dos coeficientes. A acetonitrila proporciona melhor extração da cipermetrina e
32
deltametrina, porque possuem massas molares maiores em relação ao
clorpirifós e
λ
-cialotrina.
No entanto, resultados mais satisfatórios são obtidos com a adição do
acetato de etila, pois os pesos do pseudocomponente (X
3
) na mistura extratora,
para todos os pesticidas, são maiores, principalmente para a cipermetrina e
deltametrina. Por isso o acetato de etila deve ser adicionado na quantidade
máxima.
Para avaliar a qualidade dos ajustes do modelo linear foi feita uma
análise de variância para cada pesticida. Os resultados dispostos na Tabela 1.7
mostram, pelos valores do teste F, que existe pelo menos um coeficiente
significativo ao nível de 95% de confiabilidade no modelo linear para cada
pesticida. Entretanto, a análise da variância não especifica qual, ou quais,
coeficientes são mais importantes. Para isso, foi realizado o teste t de
“STUDENT” calculado pelo próprio programa do statistica
®
ao nível de 95% de
probabilidade, para os coeficientes da Tabela 1.6, sendo que todos estes
coeficientes apresentaram-se significativos, mostrando que eles, realmente,
descrevem o comportamento dos sistemas de misturas estudados.
Tabela 1.7 – Análise da variância para o ajuste do modelo linear aplicado às
respostas do planejamento de mistura para cada pesticida
Pesticidas Fonte de
Variação
Soma
Quadrática
Graus de
Liberdade
Média
Quadrática
Teste F
Regressão 146,51 2 73,26
Desvio 8,37 3 2,79
26,26*
Erro puro 8,37 3 2,79
Clorpirifós
Total 154,88 5 30,98
Regressão 278,18 2 139,09
Desvio 13,27 3 4,43
31,44*
Erro puro 13,27 3 4,43
λ
-Cialotrina
Total 291,46 5 58,29
Regressão 492,29 2 246,15
Desvio 33,23 3 11,08
22,22*
Erro puro 33,23 3 11,08
Cipermetrina
Total 525,52 5 105,10
Regressão 521,53 2 260,76
Desvio 7,58 3 2,53
103,18*
Erro puro 7,58 3 2,53
Deltametrina
Total 529,10 5 105,82
* Significativo a um nível α = 0,05
33
Os resultados comentados anteriormente são mais bem entendidos
observando a Figura 1.5 A, B, C, D, em que estão representadas as superfícies
de respostas no triângulo cujos vértices correspondem aos
pseudocomponentes (0,5; 0,5; 0,5) obtidas no planejamento de mistura A para
os pesticidas clorpirifós,
λ
-cialotrina, cipermetrina e deltametrina, geradas pelo
software statistica
®
.
As curvas de nível mostram que a extração de todos os pesticidas é
favorecida com o aumento da quantidade de acetato de etila na mistura,
principalmente para a cipermetrina (Figura 1.5 C) e a deltametrina (Figura 1.5
D) em que se espera uma extração próxima a 100% com o aumento gradativo
do acetato de etila.
Para o clorpirifós (Figura 1.5 A) e
λ
-cialotrina (Figura 1.5 B), espera-se
uma extração máxima de 86 e 90%, respectivamente. Considerando que estes
resultados pertencem a uma extração de multirresíduos de uma matriz
complexa como o tomate, os resultados são considerados bastante
satisfatórios.
34
Figura 1.5 - Curvas de nível das misturas de solventes acetonitrila, água e acetato de etila, em termos de pseudocomponentes. Modelo
linear para a extração: A) clorpirifós, B)
λ
-cialotrina, C) cipermetrina, D) deltametrina.
86
82
78
74
70
66
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00
Acetato de etila
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00
Acetonitrila
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
Água
A)
90
85
80
75
70
65
60
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00
Acetato de etila
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00
Acetonitrila
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
Água
B)
100
95
90
85
80
75
70
65
60
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00
Acetato de etila
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00
Acetonitrila
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
Água
C)
100
90
80
70
60
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00
Acetato de etila
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00
Acetonitrila
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
Água
D)
35
O planejamento de mistura B, usando acetonitrila, água e metanol,
tornando a mistura mais polar, também foi avaliado. A presença do metanol
como um dos componentes da mistura dificulta o congelamento da fase
aquosa. Uma característica vantajosa é que o extrato ficou mais claro pela
menor extração de carotenóides da matriz, o que possibilita uma menor
interferência de componentes da amostra na análise cromatográfica.
O planejamento de mistura C, usando os solventes isopropanol, água e
hexano, mostrou-se inadequado para análise por CG, pela grande quantidade
de pigmentos nos extratos. Extratos menos puro, podem diminuir a vida útil da
coluna e de outras partes do equipamento.
Assim, com resultados pouco satisfatórios usando os planejamentos B e
C optou-se por abandonar essas duas possibilidades. O planejamento de
mistura A (acetonitrila, água e acetato de etila), com resultados mais aceitáveis
foi avaliado com relação a outras variáveis como estratégia de
homogeneização, força iônica e clean up dos extratos.
1.2.2.2. Efeito do sistema de agitação da ESL-PBT na porcentagem de
extração dos pesticidas em tomate
A agitação é uma etapa importante durante a extração, pois ocorre maior
interação dos solventes com os componentes da matriz semi-sólida,
principalmente os pesticidas. Desta forma, as amostras foram submetidas a
quatro tipos diferentes de agitação (agitação manual, agitador mecânico por 10
minutos, ultra-som por 1 e 10 minutos). Os resultados são ilustrados na Figura
1.6.
36
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
clorpirifós cialotrina cipermetrina deltametrina
Pesticidas
% Extração
agitão manual agitador mecânico ultra-som 1 minuto ultra-som 10 minutos
Figura 1.6 – Influência do mecanismo de agitação na porcentagem de extração
de quatro pesticidas em amostras de tomate por ESL-PBT.
Resultados semelhantes foram encontrados para as diferentes
estratégias de agitação. No entanto, a agitação mecânica, em mesa agitadora,
produziu um maior desvio padrão (Figura 1.7), o que pode ser explicado pela
aderência dos compostos nas paredes do recipiente de extração. A
homogeneização em ultra-som por um minuto conferiu uma melhor precisão
dos dados, por isso optou-se por esta forma de agitação da mistura.
37
0,55
3,59
0,30
1,40
6,51
3,02
1,71
0,09
0,48
0,78
0,81
0,29
0,68
0,08
1,15
0,58
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
clorpirifós cialotrina cipermetrina deltametrina
Pesticidas
Desvio-padrão
agitão manual agitador mecânico ultra-som 1 minuto ultra-som 10 minutos
Figura 1.7 - Desvio padrão das porcentagens de extração médias, usando
diferentes estratégias de homogeneização da amostra, na ESL-PBT em
amostras de tomates.
1.2.2.3. Efeito da força iônica na porcentagem de extração dos pesticidas
em amostras de tomate
O aumento da força iônica é sempre recomendado na extração de
pesticidas em amostras aquosas, pois a adição de um sal à mistura extratora
pode melhorar a taxa de recuperação, particularmente, no caso de analitos
polares. O aumento da força iônica provoca redução na solubilidade do analito
na matriz, facilitando a sua extração pela fase orgânica (LANÇAS, 2004). Além
de melhorar a porcentagem de extração, o aumento da força iônica diminui a
formação de emulsões.
Entretanto, o aumento considerável da força iônica pode romper o
equilíbrio da fase única na ESL-PBT, antes do congelamento da amostra,
fenômeno denominado de salting-out. Assim, para manter as características da
mistura extratora (80% de acetonitrila, 5% de água e 15% de acetato de etila),
e avaliar o efeito da força iônica, o volume de água foi substituído por uma
solução de NaCl 0,20 mol L
-1
. Os resultados obtidos após avaliação deste
parâmetro estão representados na Figura 1.8.
38
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
clorpirifós cialotrina cipermetrina deltametrina
Pesticidas
% Extração
Alteração da força iônica com NaCl Sem alteração da força iônica
Figura 1.8 – Porcentagem de extração de pesticidas e os respectivos desvio
padrão em amostra de tomate, obtidas sem e com alteração da força iônica
(solução de NaCl 0,20 mol L
-1
) da mistura extratora na ESL-PBT.
Os resultados obtidos para a extração dos pesticidas com o aumento da
força iônica do meio são estatisticamente iguais à porcentagem de extração
dos pesticidas sem alterar a força iônica, ao nível de 95% de probabilidade pelo
teste t. Observações semelhantes foram feitas por VIEIRA et al (2007), em que
a força iônica do meio não interferiu significativamente na extração de
piretróides em água por ESL-PBT.
1.2.2.4. Avaliação do efeito de matriz na porcentagem de recuperação dos
pesticidas.
A taxa de recuperação de pesticidas em alimentos, nem sempre é
satisfatória devido aos efeitos de matriz na análise cromatográfica. A
quantificação dos compostos pode ser afetada pela presença de compostos co-
extraídos da matriz. A presença dessas impurezas nas amostras analisadas
pode causar problemas no detector e mais ainda em sítios do injetor
(MENKISSOGLU-SPIROUDI & FOTOPOULOU, 2004).
39
Sítios ativos do liner (tubo de vidro) do injetor é a principal fonte do efeito
de matriz, pois adsorve e, ou, induz a degradação térmica de alguns analitos
(ERNEY et al, 1993). Quando as soluções padrão são preparadas no solvente
puro e analisadas por cromatografia gasosa, mais sítios ativos do liner estão
disponíveis para retenção dos analitos. Enquanto que ao preparar padrões no
extrato da matriz, ocorre uma competição por esses locais entre os
componentes da matriz e os analitos, possibilitando que uma maior quantidade
de pesticida esteja disponível para introduzir-se na coluna cromatográfica
(SCHENCK & LEHOTAY, 2000). Entretanto, preparar os padrões em extratos
brancos, além de aumentar o custo e o tempo da análise, a concentração dos
próprios interferentes da matriz pode diferir de uma amostra para outra (RIBANI
et al, 2004).
Para o desenvolvimento de um método analítico, os possíveis efeitos de
matriz na análise cromatográfica devem ser levados em consideração mesmo
para comprovar a ausência ou presença do fenômeno sobre uma longa faixa
de concentração do analito na matriz. Para isso, duas séries de soluções
padrão foram preparadas, sendo uma em solvente puro e a outra em extratos
de amostra de tomate (RIBANI et al, 2004). As curvas analíticas preparadas em
acetonitrila e em extrato da matriz foram comparadas para os pesticidas
clorpirifós,
λ
-cialotrina, cipermetrina e deltametrina, nas Figuras 1.9 A, B, C, D,
respectivamente.
Na Figura 1.9 A, a inclinação da curva analítica preparada em
acetonitrila e no extrato da matriz são correspondentes, sugerindo assim que o
pesticida clorpirifós não apresentou efeito de matriz, ou seja, a presença dos
componentes da matriz não interferiu, significativamente, em sua análise
cromatográfica. O clorpirifós é um pesticida mais polar que os piretróides,
então, esperavam-se uma maior adsorção deste composto no liner do injetor,
entretanto isso não ocorreu porque o clorpirifós é mais volátil, permanecendo
pouco tempo no injetor para ser adsorvido, sendo analisado mais rapidamente.
No entanto, para os piretróides (Figuras 1.9 B, C, D) os padrões
preparados em acetonitrila apresentam uma resposta menor quando
comparado aos padrões preparados em extratos da matriz, principalmente para
a cipermetrina e deltametrina, pois o aumento do coeficiente angular foi mais
expressivo.
40
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
0 100 200 300 400 500 600 700 800
Concentração mg L
-1
Razão
Soluções padrão no extrato da matriz
Soluções padrão em acetonitrila
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
0 100 200 300 400 500 600 700 800
Concentração mg L
-1
Razão
Soluções padrão no extrato da matriz
Soluções padrão em acetonitrila
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
0 100 200 300 400 500 600 700 80
0
Concentrão mg L
-1
Razão
Soluções padrão no extrato da matriz
Soluções padrão em acetonitrila
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
0 100 200 300 400 500 600 700 800
Concentrão mg L
-1
Razão
Soluções padrão no extrato da matriz
Soluções padrão em acetonitrila
Figura 1.9 – Curvas analíticas preparadas em acetonitrila e em extrato da matriz isenta de pesticidas: A) clorpirifós, B)
λ
-cialotrina, C)
cipermetrina, D) deltametrina.
A B
D
C
41
Na Figura 1.10 estão apresentadas as taxas de recuperação dos
pesticidas, após a ESL-PBT de amostras de tomates fortificadas, quando
comparadas com soluções padrões feitas em acetonitrila e em extratos da
matriz. Observa-se que ao considerar a interferência dos componentes da
matriz, as porcentagens de extração dos pesticidas mostravam-se na realidade
próximos a 70%.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
clorpirifós cialotrina cipermetrina deltametrina
Pesticidas
% Extração
Padrão em acetonitrila Padrão em extrato da matriz
Figura 1.10 – Comparação das porcentagens de extração dos pesticidas
(clorpirifós,
λ
-cialotrina, cipermetrina e deltametrina) quando relacionadas com
solução padrão preparada em solvente puro (acetonitrila) e quando
relacionadas com solução padrão preparada no extrato da matriz e os
respectivos desvio-padrão.
Conforme já discutido, os piretróides são mais influenciados pelo efeito
de matriz, destacando-se a deltametrina cuja taxa de recuperação que
supostamente era cerca de 99% (padrão em acetonitrila), apresentou na
realidade uma extração de 72% quando a solução padrão foi preparada na
presença dos componentes da matriz .
Já para o clorpirifós era esperada a ausência de efeito de matriz,
entretanto as taxas de recuperação para este pesticida ao serem determinadas
relacionando com solução padrão preparada em acetonitrila e com solução
42
padrão preparada no branco, mostraram-se estatisticamente diferentes ao nível
de 95% de probabilidade. Embora essa diferença nas porcentagens de
extração do clorpirifós não excedeu a 6%, o efeito de matriz mostrou-se
significativo. Os dados das análises cromatográficas para o clorpirifós
apresentados nas Figuras 1.9 A (ausência de efeito de matriz) e 1.10 (presença
do efeito de matriz) foram obtidos em épocas distintas, sendo que as amostras
de tomates, o tempo de uso da coluna cromatográfica e do liner no injetor,
também eram diferentes nas duas situações. Fatores como estes é que
dificultam a quantificação exata do efeito de matriz para um dado pesticida.
Outra maneira de avaliar este efeito de matriz é verificar o aumento
gradativo da resposta (áreas) na análise cromatográfica. SCHENCK &
LEHOTAY (2000) ao estudar o efeito de matriz na análise de organofosforados
encontrou dificuldades, pois as respostas mudavam à medida que os
componentes da matriz se depositavam no sistema de injeção (liner), tornando-
se imprevisível.
Para avaliar esta variação das áreas dos pesticidas na análise
cromatográfica, solução padrão dos pesticidas, em acetonitrila, foi analisada
antes e após injeções sucessivas de extrato obtido da ESL-PBT de amostra de
tomates isentas de pesticidas.
Na Figura 1.11 comparou-se a razão (área do pesticida / área do padrão
interno) para cada pesticida antes e após a saturação do CG-DCE por
componentes da matriz.
43
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
2,2
2,4
2,6
clorpirifós cialotrina cipermetrina deltametrina
Pesticidas
Razão rea pesticida / Área padrão interno
)
Resposta antes da saturação do CG-ECD Resposta depois da saturação do CG-ECD
Figura 1.11 – Comparação da razão das áreas (área do pesticida / área do
padrão interno) para os pesticidas clorpirifós,
λ
-cialotrina, cipermetrina e
deltametrina preparados em acetonitrila antes e após saturar o sistema
cromatográfico (CG-DCE) com componentes da matriz tomate (branco).
Observou-se na Figura 1.11, que as respostas de todos os pesticidas
aumentaram significativamente após injetar extratos de amostras de tomate. A
deltametrina foi o pesticida mais afetado pelos componentes da matriz, pois a
resposta deste composto aumentou em aproximadamente 35%. Para os
pesticidas cipermetrina,
λ
-cialotrina e clorpirifós, houve um aumento de 19%,
12% e 4%, respectivamente. Observa-se que esta ordem decrescente de efeito
de matriz corresponde exatamente à ordem de retenção dos compostos no
sistema cromatográfico (Figura 1.3), ou seja, quanto maior o tempo de retenção
do pesticida na análise cromatográfica maior a interferência da matriz. Neste
sentido, os piretróides são largamente afetados pelo efeito de matriz devido a
sua elevada massa molar, o que dificulta a volatilização destes no injetor e
consequentemente maior tempo de análise (SANCHEZ-BRUNETE, 2005).
Embora o aumento da resposta para o clorpirifós tenha sido de apenas 4%, o
efeito de matriz mostrou-se significativo ao nível de 95% de probabilidade pelo
teste t.
O efeito de matriz nos resultados pode ser significativo e deve ser
determinado cuidadosamente. A exata avaliação do efeito de matriz pode evitar
44
estimativas errôneas dos teores dos analitos, além de se ter uma técnica mais
confiável. Para redução do efeito de matriz é recomendável o uso de curva de
calibração preparada em extratos da matriz isenta de pesticidas (RIBANI,
2004), ou a utilização de substâncias protetoras nos padrões preparados em
solvente puro (SANCHEZ-BRUNETE et al, 2005). Ou ainda submeter os
extratos a novos processos de clean up.
1.2.2.5. Eficiência de adsorventes no clean up dos extratos obtidos na
ESL-PBT de amostras de tomate
Vários estudos sugerem a etapa de clean up para reduzirem ou
eliminarem co-extrativos das amostras antes da análise cromatográfica
(HAJSLOVÁ et al, 1998). Em recentes estudos foi concluído que extensivo
clean up para várias matrizes vegetais com a combinação de cartuchos de
troca iônica e carvão ativado reduzem o efeito de matriz (HAJSLOVÁ et al,
2003). A etapa de clean up com carvão ativado é muito útil, principalmente, na
remoção de pigmentos da matriz. Entretanto, o extensivo clean up pode
resultar na perda parcial dos pesticidas e aumentar o tempo de análise e
custos (SCHENCK & LEHOTAY, 2000).
Mesmo com resultados satisfatórios no processo de ESL-PBT dos
quatro pesticidas em amostras de tomate, observou-se que os extratos
possuíam quantidades apreciáveis de pigmentos. No entanto, ao utilizar o
detector por captura de elétrons (DCE) ou mesmo o detector por ionização em
chama (DIC) não se observava a presença destes compostos nos
cromatogramas. Notava-se que nas análises havia um pronunciado efeito de
matriz que poderia estar associado à presença destes pigmentos. Com o
objetivo de tornar os extratos mais puros avaliou-se o clean up desses extratos
pelo uso de adsorventes como: florisil, octadecil (C-18), sílica e carvão ativado.
Tal processo deveria diminuir a pigmentação dos extratos sem interferir
significativamente na recuperação dos pesticidas.
As taxas de recuperação dos pesticidas na ESL-PBT, utilizando quatro
adsorventes no clean up dos extratos, comparados com padrões em
acetonitrila, são mostradas na Figura 1.12.
45
40
45
50
55
60
65
70
75
80
85
90
95
100
clorpirifós cialotrina cipermetrina deltametrina
Pesticidas
% Extração
sem clean up clean up com florisil clean up com C18 clean up com sílica clean up com carvão
Figura 1.12 – Influência dos adsorventes florisil, octadecil (C-18), sílica e
carvão ativado na porcentagem de extração dos pesticidas no clean up dos
extratos obtidos pela ESL-PBT.
Florisil, octadecil (C-18) e sílica não proporcionaram extratos mais
claros, e, além disso, diminuíram a taxa de recuperação dos quatro pesticidas
devido à adsorção. Já o carvão ativado possibilitou a obtenção de extratos
incolores, porém reduziu as porcentagens de extração de todos os pesticidas
para aproximadamente 50 %, devido ao seu alto poder adsortivo (SOJO et al,
1997). Este resultado é semelhante ao encontrado por TORRES et al (1997) ao
analisar 13 pesticidas em amostras de tomate, usando a extração sólido-líquido
seguida por clean up com 0,5 g de carvão ativado. Entre os compostos
analisados estavam clorpirifós, cipermetrina e deltametrina, encontrando as
respectivas porcentagens de extração 61%, 50% e 40%.
Entretanto, a adição de carvão ativado, em menor quantidade, durante o
processo de extração mostrou-se mais eficiente na remoção dos componentes
indesejáveis da matriz, e afetou, em menor extensão, a taxa de recuperação
dos pesticidas clorpirifós, cipermetrina,
λ
-cialotrina e deltametrina nos extratos.
A Figura 1.13 mostra a influência da adição de 0, 5, 10 e 15 mg de carvão
ativado, durante a extração, na taxa de recuperação dos pesticidas.
46
00
005 5
5
51010
10 1015
15 15 15
40
45
50
55
60
65
70
75
80
85
90
95
100
clorpirifós cialotrina cipermetrina deltametrina
Pesticidas
% Extração
Figura 1.13 – Porcentagens de recuperação dos pesticidas clorpirifós,
cipermetrina,
λ
-cialotrina e deltametrina com a adição de 0, 5, 10 e 15 mg de
carvão ativado durante o processo de extração na técnica ESL-PBT.
Observa-se, na Figura 1.13, que à medida que a quantidade de carvão
ativado é aumentada nos extratos as porcentagens de extração dos pesticidas
diminuem, principalmente para o clorpirifós. Quantidades superiores a 15 mg
do adsorvente, embora forneçam extratos livres de pigmentos, tornam a técnica
inviável devido à adsorção acentuada dos pesticidas, reduzindo a taxa de
recuperação dos piretróides para quantidades inferiores a 70% e do clorpirifós
para cerca de 50%.
Resultados mais satisfatórios foram encontrados utilizando-se 10 mg do
carvão ativado, pois a taxa de recuperação dos piretróides foi próxima a 74 % e
os extratos apresentaram-se claros. Estes resultados são semelhantes aos
apresentados na Figura 1.10 na análise do efeito de matriz, em que a extração
dos piretróides diminuiu para cerca de 70% quando a interferência dos
componentes da matriz foi levada em consideração. Entretanto, a adição de 10
mg de carvão ativado reduziu expressivamente a extração do clorpirifós para
quantidades inferiores a 60%.
Já a adição de 5 mg de adsorvente foi insuficiente para remover
compostos da matriz, embora tenha possibilitado extração dos piretróides em
taxas superiores a 80% e do clorpirifós para 68% .
47
A Figura 1.14 mostra o efeito da adição do carvão ativado (0, 5, 10, 15
mg) na remoção dos componentes da matriz, principalmente o licopeno,
responsável pela coloração vermelha do tomate, analisados por
espectrofotometria.
O licopeno e demais pigmentos presentes no extrato da matriz,
absorvem, na análise espectrofotométrica, na região de 380 a 500 nm
(CARVALHO, 2005), desta forma, observa-se pela Figura 1.14 que a adição do
adsorvente reduz significativamente o teor de carotenóides. Nos comprimentos
de onda entre 340 e 390 nm, há absorção de energia de compostos
polifenólicos aromáticos, os flavonóides, que são antioxidantes presentes no
tomate (SIMONETTI, 2005). Estes compostos são removidos, apenas, na
presença de quantidades mais expressivas do adsorvente (10 e 15 mg).
Assim, no desenvolvimento da metodologia da ESL-PBT para os
piretróides cipermetrina,
λ
-cialotrina e deltametrina em amostras de tomate, o
clean up é convenientemente realizado com a adição de 10 mg de carvão
ativado durante o preparo da amostra, fornecendo extrações superiores a 70
%, além de apresentar remoção significativa dos componentes da matriz
avaliada pela análise espectrofotométrica.
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
320 350 380 410 440 470 500 530 560 590
Comprimento de onda (nm)
Absorncia
0 mg de carvão
5 mg de carvão
10 mg de carvão
15 mg de carvão
Figura 1.14 – Espectros de absorção dos extratos obtidos a partir da ESL-PBT
de amostras de tomate isenta de pesticidas com a adição de 0, 5, 10, 15 mg de
carvão ativo.
48
Embora os pigmentos não sejam detectados pelo detector de captura de
elétrons, o estudo do clean up dos extratos ainda é relevante no sentido de
preservar o sistema cromatográfico e diminuir o efeito de matriz provocado
pelos constituintes da amostra e os seus produtos de degradação.
1.2.3. Metodologia otimizada
A metodologia de ESL-PBT aplicada na extração dos pesticidas
clorpirifós,
λ
-cialotrina, cipermetrina e deltametrina nas amostras de tomate foi
otimizada por meio do planejamento de misturas associada às análises
univariadas do efeito da força iônica, influência do mecanismo de agitação e
etapa de clean up. Entretanto para a validação da ESL-PBT para análises de
pesticidas em amostras de tomate, optou-se por não utilizar a etapa de clean
up com 10 mg de carvão ativado, devido à redução significativa da
porcentagem de extração do clorpirifós. Além disso, a alteração da força iônica
da mistura extratora mostrou-se desnecessária. Apesar dos resultados
apresentarem efeito de matriz, este não foi levado em consideração durante a
etapa de validação, para não aumentar o custo e o tempo de análises. Desta
forma, a metodologia otimizada aplicada na validação ficou estabelecida da
seguinte forma:
Extração de 4,0000 g de tomate, previamente fortificado com 1,25 mg
kg
-1
, com 8,0 mL de acetonitrila, 0,5 mL de água e 1,5 mL de acetato de etila
seguida de agitação por 1 minuto em ultra-som. Após a agitação as amostras
foram deixadas no freezer a – 20 °C por 12 horas. Após o congelamento as
amostras foram filtradas na presença de sulfato de sódio anidro. Os extratos
foram recuperados em balão volumétrico de 10,0 mL e armazenados no freezer
para posterior análise por cromatografia gasosa.
A metodologia otimizada foi aplicada tanto na análise dos pesticidas em
amostra da polpa do tomate assim como em amostra do tomate inteiro,
proporcionando valores semelhantes na taxa de recuperação. O tomate verde,
embora seu consumo in natura seja mais restrito, também apresentou taxas de
recuperação dos pesticidas na ESL-PBT similares ao tomate maduro,
diferenciando apenas na coloração do extrato.
49
1.2.4. Validação do método analítico
Para avaliar o desempenho do método analítico, vários parâmetros
foram considerados, segundo recomendações do INMETRO (2003):
seletividade, limite de detecção, limite de quantificação, linearidade, precisão e
exatidão.
1.2.4.1. Seletividade
Para avaliar a seletividade do método de extração e análise por
cromatografia compararam-se os cromatogramas do extrato obtido na ESL-
PBT de uma matriz de tomate isenta dos pesticidas (Figura 1.15 A) com os
extratos de duas amostras de tomate fortificadas com os compostos em estudo
(Figura 1.15 B).
A amostra de tomate, apesar de possuir uma composição complexa, não
apresentou interferentes nos mesmos tempos de retenção dos compostos
analisados o que torna a metodologia seletiva. Esta seletividade está também
relacionada com a seletividade do detector aos compostos halogenados.
50
A
01234567891011
0
50000
100000
150000
200000
250000
300000
350000
Resposta do detector
Tem
p
o de reten
ç
ão
B
01234567891011
0
50000
100000
150000
200000
250000
300000
350000
9.9
8.2
6.8
5.6
3.2
Resposta do detector/mV
Tempo de retenção
Figura 1.15 – A) Cromatograma do extrato obtido da matriz isenta dos
pesticidas e B) Cromatograma da amostra fortificada com 500 μg L
-1
dos
pesticidas (t
R
= 3,2 min: clorpirifós, t
R
= 5,6 min: bifentrina, t
R
= 6,8 min:
cialotrina, t
R
= 8,2 min: cipermetrina, t
R
= 9,9 min: deltametrina).
1.2.4.2. Limite de detecção e limite de quantificação
O limite de detecção (LD) para métodos cromatográficos, representa a
menor quantidade da substância estudada que pode ser diferenciada do ruído
do sistema com segurança, entretanto a detecção não implica que o analito
seja quantificável. O limite de quantificação (LQ) é a menor quantidade do
analito que pode ser quantificada com exatidão (INMETRO, 2003).
O limite de detecção pode ser calculado por meio dos parâmetros da
curva analítica:
51
LD = 3,3 x s / S
Sendo que:
s = estimativa do coeficiente linear da curva analítica
S = inclinação ou coeficiente angular da curva analítica
Para o cálculo do limite de quantificação, foram adotados critérios
semelhantes ao limite de detecção, ou seja:
LD = 10 x s / S
Para o cálculo das estimativas dos LD e LQ, foram construídas curvas
analíticas utilizando soluções padrão contendo os pesticidas nas
concentrações de 12, 8, 6, 4 e 2 μg L
-1
. Os coeficientes linear e angular das
curvas analíticas, bem como os valores de LD e LQ obtidos para os compostos
estão na Tabela 1.8.
Tabela 1.8 – Estimativa dos coeficientes linear (s) e angular (S) das curvas
analíticas, limites de detecção (LD) e quantificação (LQ)
Pesticidas s S
LD (μg L
-1
) LQ (μg L
-1
)
r
Clorpirifós 0,0006 0,0049 0,40 1,2 0,9906
λ
-cialotrina
0,0032 0,0031 3,4 10,3 0,9965
Cipermetrina 0,003 0,003 3,3 10,0 0,9954
Deltametrina 0,0003 0,0021 0,47 1,4 0,9986
Verificou-se que os valores dos limites de detecção obtidos para análise
dos compostos clorpirifós,
λ
-cialotrina, cipermetrina e deltametrina utilizando
CG – DCE estão entre 0,40 e 3,4 μg L
-1
. Já o limite de quantificação obtido está
entre 1,2 e 10,3 μg L
-1
. VIEIRA et al (2007), analisando os piretróides
λ
-
cialotrina, cipermetrina e deltametrina em água e solo por CG-DCE obteve
valores para o LD entre 1,1 e 2,9 μg L
-1
e LQ entre 3,3 e 9,6 μg L
-1
.
52
1.2.4.3. Curvas analíticas e linearidade de resposta do detector
As curvas analíticas foram construídas utilizando o método da
padronização interna, relacionando a concentração do pesticida com a razão
das áreas (área do pesticida / área do padrão interno). Pequenas variações na
temperatura, no volume da amostra ou possíveis erros nas injeções manuais
não interferem acentuadamente nos resultados, quando utilizado a
padronização interna (RIBANI 2004).
O padrão interno escolhido é um piretróide, que não reage com os
componentes da matriz, não degrada e possui tempo de retenção diferente, na
análise cromatográfica, aos pesticidas analisados e compostos da matriz. Os
experimentos revelaram que a bifentrina é um eficiente padrão interno, pois
praticamente não apresentou efeito de matriz, mantendo constante sua área no
decorrer de todas as análises cromatográficas.
Na Tabela 1.9 estão as equações de regressão bem como os
respectivos coeficientes de correlação (r), obtidos a partir da regressão linear
dos dados. Os coeficientes angular e linear da curva da cipermetrina e
deltametrina foram muito semelhantes proporcionando superposição das
mesmas.
Tabela 1.9 – Equações das retas e os respectivos coeficientes de correlação
Pesticidas Equações r
clorpirifós Y = 0,0042x + 0,0929 0,998
λ
-cialotrina
Y = 0,0040x - 0,0217 0,998
cipermetrina Y = 0,0023x - 0,0083 0,999
deltametrina Y = 0,0023x - 0,0144 0,999
Os valores dos coeficientes de correlação encontrados estão de acordo
com as normas da ANVISA que recomenda valores superiores a 0,99. Assim, o
detector por captura de elétrons apresenta linearidade de resposta na faixa de
concentração de 5 a 750 μg L
-1
para os pesticidas clorpirifós,
λ
-cialotrina,
cipermetrina e deltametrina.
53
1.2.4.4. Precisão
A precisão foi avaliada em termos de repetitividade dos resultados e
precisão intermediária.
A repetitividade foi estudada pelo cálculo da estimativa do coeficiente de
variação (CV) de sete repetições do procedimento otimizado da extração
sólido-líquido e purificação em baixa temperatura para os pesticidas clorpirifós,
λ
-cialotrina, cipermetrina e deltametrina.
Os resultados do coeficiente de variação obtidos para a amostra de
tomate variaram entre 2,13% e 6,08 % (Tabela 1.10), tendo o organofosforado
clorpirifós apresentado maior dispersão dos resultados. Entretanto esses
resultados demonstram excelente repetitividade, uma vez que os coeficientes
de variação se encontram bem abaixo do recomendado para amostras
complexas. Segundo RIBANI et al. (2004), são aceitáveis CV de até 20% para
amostras complexas, como por exemplo, o tomate.
Tabela 1.10 – Porcentagem de recuperação (% R), coeficiente de variação
(CV) e desvio padrão (DP) obtido após sete extrações dos pesticidas em
amostras de tomate
Pesticidas R (%) DP CV (%)
Clorpirifós 79,04 4,81 6,08
λ
-cialotrina
79,37 3,71 4,68
Cipermetrina 88,44 1,91 2,13
Deltametrina 91,94 3,36 3,65
Já a precisão intermediária refere-se às variações ocorridas dentro de
um laboratório, quando alguns fatores são alterados, tais como: analista,
equipamentos, período (tempo), etc. Neste trabalho, a precisão intermediária
do método foi verificada pelas porcentagens de recuperação dos pesticidas e
respectivos coeficientes de variação (CV) analisados em três dias diferentes.
As análises foram realizadas aos 7 e 30 dias após o primeiro teste, pelo
mesmo analista, mesmo equipamento, etc. Os resultados obtidos estão
dispostos na Tabela 1.11.
54
Tabela 1.11 – Porcentagem de recuperação (% R) e coeficiente de variação
(CV) obtidos após a análise em dias diferentes, pelo mesmo analista
clorpirifós
λ
-cialotrina
cipermetrina deltametrina
Dias
R(%) CV(%) R (%) CV(%) R(%) CV(%) R(%) CV(%)
1 Dia 83,00 3,91 86,59 3,67 89,53 1,87 97,93 3,55
7 Dias 81,63 2,34 82,66 3,28 90,05 2,63 92,41 2,57
30 Dias 82,43 1,53 84,53 1,20 92,09 1,80 91,82 0,56
De acordo com os resultados apresentados na Tabela 1.11, pode-se
afirmar que a técnica de extração em estudo apresenta porcentagens de
recuperação estatisticamente iguais (ao nível de 95 % de probabilidade) em
diferentes dias, para cada pesticida extraído no tomate. Além disso, os valores
dos coeficientes de variação foram baixos variando de 0,56 a 3,91 para todos
os princípios ativos.
1.2.4.5. Exatidão
A exatidão da ESL-PBT foi avaliada realizando ensaios de recuperação,
em que a porcentagem de extração foi calculada adicionando os pesticidas em
concentrações próximas à 1, 2, 4 e 10 vezes o limite de quantificação (LQ).
Assim, os ensaios de recuperação foram realizados extraindo-se as
substâncias de interesse, presentes na matriz de tomate, conforme o
procedimento otimizado, obtendo-se no extrato final 10, 20, 40 e 100 μg L
-1
.
Estes valores correspondem a 0,025; 0,050; 0,10 e 0,25 mg kg
-1
de tomate,
respectivamente.
Os resultados obtidos para extração dos pesticidas clorpirifós,
λ
-
cialotrina, cipermetrina e deltametrina no tomate, bem como os respectivos
coeficientes de variação estão apresentados na Tabela 1.12.
55
Tabela 1.12 – Porcentagem de recuperação (%R) e coeficiente de variação
(CV) obtidos após extração da amostra de tomate, fortificadas pelos pesticidas
em quatro concentrações diferentes
Concentração clorpirifós
λ
-cialotrina
cipermetrina deltametrina
(μg L
-1
)
mg kg
-1
% R CV % R CV % R CV % R CV
10 0,025 81,78 1,77 79,32 2,22 - - 93,55 0,66
20 0,05 82,08 3,06 85,55 2,31 97,09 0,88 91,88 0,48
40 0,1 79,44 2,44 86,73 4,20 92,20 4,03 90,80 0,97
100 2,5 82,40 3,52 87,06 4,39 95,11 1,38 91,18 0,58
Os resultados apresentados na Tabela 1.12, para a extração dos
pesticidas em amostras de tomate são estatisticamente equivalentes entre si
(ao nível de 95 % de probabilidade), mostrando a exatidão do método.
Embora a extração dos três isômeros da cipermetrina tenha apresentado
boa taxa de recuperação, nas concentrações de 20, 40 e 100 μg L
-1
, observou-
se que em concentrações inferiores a 40 μg L
-1
, o terceiro isômero da
cipermetrina não pode ser quantificado, pois um interferente da matriz é
extraído e possui mesmo tempo de retenção do terceiro isômero. Este
interferente somente foi observado em concentrações muito baixas da
cipermetrina, pois nas concentrações de 500 μg L
-1
e 100 μg L
-1
ou no extrato
da matriz isento de pesticidas (branco), não foi perceptível a sua interferência.
A presença deste composto não faz perder a validade do método de extração
para a cipermetrina, pois a taxa de recuperação, mostrada na Tabela 1.12 para
as concentrações de 20 e 40 μg L
-1
, refere-se apenas aos dois primeiros
isômeros da cipermetrina.
A análise cromatográfica de analitos presentes em amostras complexas
e em níveis muito baixos pode sofrer interferências que afetam
significativamente os resultados. Por exemplo, na concentração de 10 μg L
-1
,
os sinais detectados da cipermetrina após a ESL-PBT não puderam ser
diferenciados dos ruídos, impossibilitando sua quantificação. Assim, até 20 μg
L
-1
foi possível quantificar a cipermetrina pela metodologia desenvolvida. Já o
clorpirifós,
λ
-cialotrina e deltametrina foram quantificados em concentrações de
até 10 μg L
-1
com segurança.
56
Considerando o limite máximo de resíduo permitido (LMR), determinado
pela ANVISA para os pesticidas,
λ
-cialotrina (0,05 mg kg
-1
), cipermetrina (0,10
mg kg
-1
) e deltametrina (0,03 mg kg
-1
), verifica-se que a metodologia otimizada
possibilita a extração e quantificação dos pesticidas em quantidades inferiores
às estabelecidas, considerando as respectivas taxas de recuperação. Por
exemplo, a cipermetrina não é quantificada em concentrações muito baixas
após ESL-PBT e análise por CG, entretanto, observa-se que o limite de
detecção do método (0,05 mg kg
-1
) é inferior ao LMR (0,10 mg kg
-1
).
1.2.5. Determinação dos pesticidas clorpirifós,
λ
-cialotrina, cipermetrina e
deltametrina em amostras comerciais de tomate
A técnica de ESL-PBT otimizada foi aplicada em três amostras de
tomates, obtidas em comércios da cidade de Viçosa-MG originários de
diferentes fornecedores.
Nas amostras analisadas, não foi constatada a presença de resíduos de
nenhum dos compostos: clorpirifós,
λ
-cialotrina, cipermetrina e deltametrina.
57
CAPÍTULO 2
DISPERSÃO DA MATRIZ EM FASE SÓLIDA
2.1. MATERIAIS E MÉTODOS
2.1.1. Preparo de soluções padrão de pesticidas
As soluções empregadas neste trabalho foram preparadas pela
solubilização de padrões de clorpirifós (99,0 % m/m - Chem Service),
cipermetrina (92,4% m/m – Chem Service),
λ
-cialotrina (86,5% m/m -
Syngenta) e deltametrina (99,0 % m/m – Chem Service), em acetonitrila
(Mallickrodt / HPLC). Soluções estoque de 500,0 mg L
-1
foram preparadas
para cada padrão e armazenadas a baixa temperatura. A partir de diluição das
soluções estoque em acetonitrila, foi preparado uma solução de trabalho
contendo os quatros pesticidas em concentrações de 10,0 mg L
-1
.
Uma segunda solução de concentração igual a 10,0 mg L
-1
, utilizada
como padrão interno, foi preparado pela solubilização de padrão de bifentrina
(92,2 % m/m – FMC do Brasil) em acetonitrila.
58
2.1.2. Preparo de amostras de tomate hidropônico fortificadas
Amostras de tomate (aproximadamente 3 a 4 unidades) foram trituradas
em processador caseiro e quantidades de polpa iguais a 0,5000 g foram
fortificadas com 50,0 μL de solução de trabalho contendo os quatro pesticidas
na concentração de 10,0 mg L
-1
. As amostras contaminadas (1,00 mg kg
-1
)
foram deixadas por aproximadamente três horas em recipiente aberto para
evaporação do solvente.
2.1.3. Otimização da técnica de extração Dispersão da Matriz em Fase
Sólida (DMFS)
A técnica de extração dispersão da matriz em fase sólida foi otimizada
para a extração dos pesticidas clorpirifós, cipermetrina,
λ
-cialotrina e
deltametrina em amostras de tomate. Após a extração, as concentrações dos
analitos foram determinadas por cromatografia gasosa com detector por
captura de elétrons. Os experimentos realizados na otimização são descritos
nos itens 2.1.3.1, 2.1.3.2, 2.1.3.3.
2.1.3.1. Extração dos pesticidas em tomate por DMFS – Técnica geral
Amostras de tomates, 0,5000 g, foram colocadas em cápsula de
porcelana e fortificadas. Foram acrescentados 0,5000 g de adsorvente e, em
seguida, macerou-se a mistura até a completa dispersão da amostra. A mistura
(amostra + adsorvente) na proporção de 1:1 foi transferida para uma coluna de
polietileno (cartucho) de 10 mL contendo 1,0000 g de Na
2
SO
4
anidro retido por
lã de vidro.
O cartucho foi adaptado a um sistema a vácuo conforme a Figura 2.1.
59
Figura 2.1 – Representação da eluição dos extratos na dispersão da matriz em
fase sólida em cartuchos de polietileno.
Adicionaram-se 10,0 mL de solvente (fração 1) ao cartucho em dois
volumes iguais (5,0 mL + 5,0 mL). O fluxo foi ajustado a uma vazão de 0,4 mL
min
-1
, aproximadamente. Ao extrato coletado acrescentou-se 50,0 μL de
solução de padrão interno (bifentrina) a 10,0 mg L
-1
. Evaporou-se o solvente
sob corrente de ar e o extrato foi recuperado em 1,0 mL de acetonitrila para
análise por cromatografia gasosa.
Ao mesmo cartucho foi adicionado novamente 10,0 mL do mesmo
eluente (5,0 mL + 5,0 mL) e coletados em outro frasco de vidro (fração 2), para
avaliar o volume de solvente necessário para extrair os pesticidas do cartucho.
2.1.3.2. Avaliação do adsorvente e eluente para a técnica de extração
DMFS
O procedimento descrito no item 2.1.3.1 foi empregado para avaliar a
influência de quatros adsorventes e dois eluentes na porcentagem de
recuperação dos pesticidas e na remoção de componentes da matriz, como
mostrado na Tabela 2.1.
60
Tabela 2.1 – Adsorventes e eluentes avaliados para otimização da DMFS
Ensaios Adsorventes Eluentes
1 e 2 Sílica Acetato de etila
3 e 4 Sílica Hexano: Acetona (9:1)
5 e 6 Florisil Acetato de etila
7 e 8 Florisil Hexano: Acetona (9:1)
9 e 10 C-18 Acetato de etila
11 e 12 C-18 Hexano: Acetona (9:1)
13 e 14 C-8 Acetato de etila
15 e 16 C-8 Hexano: Acetona (9:1)
Os ensaios foram realizados em duplicatas. Para cada combinação de
adsorvente e eluente foi preparado um branco (extrato da matriz isenta de
pesticidas).
2.1.3.3. Planejamento Fatorial
Usando o adsorvente florisil que melhores resultados apresentaram e o
solvente mais adequado, acetato de etila, foi preparado um planejamento
fatorial com o objetivo de obter extratos mais puros e maiores taxas de
recuperação.
Para extração dos quatro pesticidas em tomate foi realizado um
planejamento fatorial completo 2
3
com o objetivo de avaliar o comportamento
de três fatores: (1) proporção adsorvente/amostra, (2) presença de co-coluna e
(3) auxílio do banho ultra-sônico na extração. Cada fator foi estudado em dois
níveis (Tabela 2.2). A co-coluna representa uma camada de adsorvente
(0,5000 g) colocada previamente dentro do cartucho para auxiliar no clean up
dos extratos, retendo componentes da matriz. Neste trabalho foi escolhida a
sílica como co-coluna.
Como o fatorial em questão envolve 3 fatores com dois níveis cada um,
o planejamento requer 8 experimentos. Em cada ensaio foram feitas duas
repetições totalizando 16 experimentos.
Os sinais empregados (-) e (+) indicam níveis dos fatores nos ensaios.
As respostas usadas para avaliar os efeitos dos fatores neste planejamento
61
fatorial foram as porcentagens de recuperação obtidas para cada um dos
pesticidas após extração nas amostras de tomates.
Tabela 2.2 – Planejamento fatorial 2
3
para amostras de tomate fortificadas
Fatores
codificados
Fatores originais
Ensaios
F(1) F(2) F(3) Adsorvente/ Amostra
(1)
Co-coluna
(2)
Banho ultra-sônico
(3)
1 e 2 - - - 1:1 sem sem
3 e 4 + - - 2:1 sem sem
5 e 6 - + - 1:1 com sem
7 e 8 + + - 2:1 com sem
9 e 10 - - + 1:1 sem com
11 e 12 + - + 2:1 sem com
13 e 14 - + + 1:1 com com
15 e 16 + + + 2:1 com com
Branco + + + 2:1 com com
Para otimizar a extração dos pesticidas clorpirifós,
λ
-cialotrina,
cipermetrina e deltametrina por DMFS, os ensaios foram delineados da
seguinte maneira:
Em cápsula de porcelana foi adicionada 0,5000 g de amostra de tomate
hidropônico, previamente fortificada (item 2.1.3.1.). Adicionou-se 0,5000 ou
1,0000 g do adsorvente florisil correspondentes aos níveis (-) e (+),
respectivamente (Tabela 2.2). Triturou-se a mistura até completa dispersão da
matriz, sendo transferida, em seguida, para um cartucho contendo Na
2
SO
4
anidro e uma co-coluna com 0,5000 g de sílica, caso o ensaio correspondesse
ao nível (+) do planejamento. Foram adicionados 5,0 mL de solvente extrator
ao cartucho e levado ao banho ultra-sônico por 10 minutos. Esta última etapa
foi realizada somente para os ensaios pertencentes ao nível (+) deste fator.
Posteriormente, foi realizada a eluição com mais 5,0 mL de solvente, e
coletadas em frascos de vidro . Adicionaram-se 50,0 μL de padrão interno
(bifentrina) a 10,0 mg L
-1
. O solvente foi evaporado sob corrente de ar, e o
extrato recuperado em 1,0 mL de acetonitrila. O mesmo procedimento nos
níveis superiores (+) dos três fatores foi realizado para uma amostra de tomate
isenta de pesticidas (branco), para verificar ausência de interferentes nos
tempos de retenção dos pesticidas.
62
2.2. RESULTADOS E DISCUSSÃO
2.2.1. Avaliação de adsorventes e eluentes para a técnica de extração
DMFS
A escolha do solvente adequado é a etapa determinante na eficiência da
extração dos pesticidas em amostras de tomate, e no procedimento de clean
up dos extratos na dispersão da matriz em fase sólida. Alguns trabalhos da
literatura têm relatado o uso do acetato de etila e da mistura de hexano:
acetona (9:1) como eluentes eficientes na extração de pesticidas (LING &
HUANG, 1995).
Entretanto, é importante destacar que o efeito do solvente depende das
características físicas do adsorvente utilizado na dispersão da amostra. Por
isso, foram avaliados quatro adsorventes de polaridades distintas na DMFS,
sendo o florisil (silicato de magnésio) e a lica os mais polares, e o octadecil
(C-18) e octil (C-8) os de menor polaridade. Os resultados obtidos na extração
dos pesticidas variando os quatro adsorventes com os dois eluentes são
mostrados na Tabela 2.3.
63
Tabela 2.3 – Taxa de recuperação dos pesticidas (% R) e respectivos
coeficientes de variação (CV), na extração por DMFS
Pesticidas
Ensaios
Adsorvente /
Eluente
Clorpirifós
R(%) CV(%)
λ
-cialotrina
R(%) CV(%)
Cipermetrina
R(%) CV(%)
Deltametrina
R(%) CV(%)
1 e 2 Sílica/Acetato 54,35 7,78 55,23 0,63 54,23 1,98 53,97 0,87
3 e 4 Sílica/Hex:Acet 63,81 11,58 50,12 6,73 50,62 3,36 48,17 1,76
5 e 6 Florisil/Acetato 59,69 6,45 81,79 3,84 87,85 3,86 85,95 4,17
7 e 8 Florisil/Hex:Acet 46,64 10,50 72,62 10,36 76,61 4,00 75,27 9,04
9 e 10 C18/Acetato 21,98 8,01 51,29 10,55 58,21 5,06 56,29 9,29
11 e 12 C18/Hex:Acet 29,43 12,01 44,61 2,26 41,25 8,12 42,66 3,32
13 e 14 C8/Acetato 67,22 10,27 74,58 2,81 69,84 3,72 67,18 1,90
15 e 16 C8/Hex:Acet 40,78 8,93 53,17 7,05 48,66 4,47 59,12 0,15
O uso do acetato de etila como eluente proporcionou as maiores taxas
de extração dos piretróides (
λ
-cialotrina, cipermetrina e deltametrina) em
relação à mistura hexano: acetona (9:1), para os quatro adsorventes. Destaca-
se como adsorvente o florisil, que proporcionou melhores porcentagens de
recuperação dos pesticidas. Os piretróides interagem fracamente com a
superfície do florisil devido ao seu acentuado caráter hidrofóbico, e por isso o
acetato de etila solubilizou estes pesticidas mais facilmente (LING e HUANG,
1995).
Verificou-se que as taxas de recuperação dos piretróides foram
superiores as encontradas para o clorpirifós. Este resultado foi diferente do
observado por (TORRES et al, 1997), que encontrou maiores valores de
extração para organofosforados em tomate, usando o adsorvente C-18 e
acetato de etila como eluente.
O C-18 forneceu os resultados mais baixos de extração para os
piretróides, quando eluídos com a mistura hexano: acetona (9:1). Isso pode ser
explicado pela forte interação dos pesticidas com este adsorvente, sendo
parcialmente removidos pelo solvente (TORRES et al, 1997).
Na Figura 2.2 está representado os cromatogramas dos extratos
recuperados em acetonitrila, após a extração dos quatro pesticidas em tomate
fortificados, pelo método da DMFS.
64
012345678910111213
0
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Resposta do detector / mV
Tempo / min
.
FLORISIL / ACETATO
1. Clorpirifós (59,69%)
2. Bifentrina
3.
λ
-cialotrina (81,79%)
4. Cipermetrina (87,85%)
5. Deltametrina (85,95%)
A)
B
)
FLORISIL / HEX: ACETONA
1. Clorpirifós (46,64%)
2. Bifentrina
3.
λ
-cialotrina (72,62%)
4. Cipermetrina (76,61%)
5. Deltametrina (75,27%)
D)
C8 / ACETATO
1. Clorpirifós (67,22%)
2. Bifentrina
3.
λ
-cialotrina (74,58%)
4. Cipermetrina (69,84%)
5. Deltametrina (67,18%)
C
)
C8 / HEX: ACETONA
1. Clorpirifós (40,78%)
2. Bifentrina
3.
λ
-cialotrina (53,17%)
4. Cipermetrina (48,66%)
5. Deltametrina (59,12%)
65
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Resposta do detector / mV
Tem
p
o / min
Figura 2.2 – Cromatogramas obtidos por DMFS para os pares adsorventes/eluentes: A) Florisil / Acetato, B) Forisil / Hexano:Acetona,
C) C8 / Acetato e D) C8 / Hexano:Acetona, E) C18 / Acetato, F) C18 / Hexano:Acetona, G) Sílica / Acetato e H) Sílica / Hexano:Acetona.
C18 / HEX: ACETONA
1. Clorpirifós (29,43%)
2. Bifentrina
3.
λ
-cialotrina (44,61%)
4. Cipermetrina (41,25%)
5. Deltametrina
(
42,66%
)
C18 / ACETATO
1. Clorpirifós (21,98%)
2. Bifentrina
3.
λ
-cialotrina (53,29%)
4. Cipermetrina (58,21%)
5. Deltametrina
(
56,29%
)
SÍLICA / ACETATO
1. Clorpirifós (54,35%)
2. Bifentrina
3.
λ
-cialotrina (55,23%)
4. Cipermetrina (54,23%)
5. Deltametrina (53,97%)
SÍLICA / HEX: ACETONA
1. Clorpirifós (63,81%)
2. Bifentrina
3.
λ
-cialotrina (50,12%)
4. Cipermetrina (50,62%)
5. Deltametrina (48,17%)
E)
G) H)
F)
66
Avaliando-se a qualidade dos cromatogramas, percebe-se que aqueles
obtidos de extratos em que o hexano: acetona (9:1) foi usado como eluente,
são mais puros. Os cromatogramas B, D, F e H da Figura 2.2 mostraram,
aparentemente, serem extratos mais puros, especialmente na região após a
resposta do solvente.
Comparando-se os resultados obtidos usando o mesmo eluente,
observa-se o efeito do adsorvente na pureza dos extratos. Em todos eles, os
picos dos pesticidas 1, 2, 3, 4 e 5, estão bem separados. No entanto, no
cromatograma H, obtido do extrato usando hexano: acetona (9:1) como eluente
e sílica como adsorvente, observa-se a ausência de todos os picos
interferentes que estão presentes nos demais cromatogramas. Entretanto,
quantitativamente, no extrato, o adsorvente sílica proporcionou rendimentos de
extração insatisfatórios (Tabela 2.3).
Os cromatogramas dos extratos em que o florisil foi utilizado, mesmo
apresentando picos de outras espécies além dos pesticidas de interesse, são
de pureza satisfatória. Os extratos de um branco não mostraram a presença de
nenhum interferente com tempo de retenção igual aos dos pesticidas.
Comparativamente também com esse adsorvente foram obtidas as melhores
taxas de recuperação.
Para o florisil, usando maiores volumes de acetato de etila, não foi
possível melhorar a eficiência de extração. Uma segunda eluição feita no
cartucho mostrou que o processo não era eficiente para extrair os pesticidas
que ainda estavam adsorvidos (Figura 2.3). Quantitativamente a maior parte
(60 a 90%) dos pesticidas encontrava-se na primeira extração ao passo que na
segunda extração não excedia a 6%.
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Figura 2.3 – Cromatograma de extrato obtido por DMFS para a extração dos
pesticidas em tomate para uma segunda eluição com acetato de etila no
mesmo cartucho.
Embora muitos trabalhos na literatura não reportem a importância do
condicionamento dos adsorventes na DMFS, estes quando são condicionados
antes da dispersão da amostra, podem diminuir a presença de interferentes e
possibilitar melhor porcentagem de recuperação dos pesticidas (BARKER et al,
2000a).
Os cromatogramas da Figura 2.4 (A e B) mostram a influência do
condicionamento do florisil utilizado como dispersante da amostra e da sílica
usada como co-coluna. O condicionamento foi realizado com acetato de etila,
em banho ultra-sônico por 10 minutos, antes da dispersão da amostra.
FLORISIL / ACETATO
1. Clorpirifós (2,49%)
2. Bifentrina
3.
λ
-cialotrina (5,66%)
4. Cipermetrina (5,78%)
5. Deltametrina
(3,46%)
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Figura 2.4 - Cromatogramas obtidos de extratos obtidos da DMFS: A) Extração
dos pesticidas sem condicionamento do adsorvente, B) Extração dos pesticidas
com condicionamento do adsorvente.
As porcentagens de extração dos pesticidas foram similares nas duas
situações. Entretanto, o não condicionamento dos adsorventes resultou em
cromatogramas com muito ruído e sinais de impurezas, como pode ser
verificado na Figura 2.4A.
2.2.2. Planejamento Fatorial
O planejamento fatorial completo 2
3
foi escolhido por permitir avaliar a
influência dos fatores (proporção de adsorvente/amostra, presença de co-
69
coluna e auxílio do banho ultra-sônico na extração), sobre a porcentagem de
recuperação, e suas possíveis interações, com um número mínimo de
experimentos. As condições empregadas em cada ensaio e os valores
encontrados para as porcentagens de recuperação dos pesticidas são
descritos na Tabela 2.4.
Tabela 2.4 – Resultados de um planejamento fatorial 2
3
para estudar o efeito
de três fatores sobre a porcentagem de extração dos pesticidas em amostras
de tomate
Fatores originais % Recuperação (CV)
Ensaios
Adsorvente/
Amostra
(1)
Co-
coluna
(2)
Banho
ultra-sônico
(3)
Clorp. Cialot. Ciperm. Deltam.
1 e 2 1:1 sem sem 52,15
(3,39)
71,32
(3,22)
84,16
(3,08)
80,24
(1,60)
3 e 4 2:1 sem sem 39,11
(12,02)
61,21
(5,85)
84,42
(4,12)
73,70
(3,47)
5 e 6 1:1 com sem 36,06
(12,20)
79,12
(2,90)
85,71
(0,80)
81,42
(5,44)
7 e 8 2:1 com sem 39,60
(1,86)
73,85
(4,35)
78,91
(4,62)
69,17
(3,40)
9 e 10 1:1 sem com 60,69
(2,38)
84,78
(0,56)
84,73
(0,48)
86,41
(2,23)
11 e 12 2:1 sem com 64,73
(4,86)
88,28
(3,17)
99,21
(0,52)
89,18
(3,77)
13 e 14 1:1 com com 49,57
(4,49)
89,79
(7,32)
86,87
(0,27)
89,54
(5,42)
15 e 16 2:1 com com 62,52
(1,32)
90,15
(1,17)
94,70
(3,49)
86,70
(5,33)
As taxas de recuperação de cada um dos 16 ensaios foram tratados
estatisticamente com o objetivo de avaliar a influência de cada um dos fatores
isoladamente bem como das interações entre os fatores em suas taxa de
recuperação.
Na Tabela 2.5 estão resumidamente as taxas médias de recuperação de
cada um dos pesticidas, o efeito de cada fator, suas interações e as estimativas
do erro experimental. As estimativas dos efeitos correspondem a influências
significativas, ao nível de 95% de probabilidade.
70
Tabela 2.5 – Porcentagens de recuperação média, efeitos de cada fator e
interações entre os fatores (± estimativa do erro experimental) de extração de
cada um dos pesticidas, obtidos nos experimentos do planejamento fatorial
para amostras de tomate
Clorpirifós
λ
-cialotrina
Cipermetrina Deltametrina
Recuperação média 50,55±1,40 79,81±1,64 87,34±1,17 82,04±1,71
(1) Adsorvente / Amostra 1,87±2,80 -2,88±3,28 3,94±2,34 -4,72±3,41
(2) Co-coluna
-7,23±2,80*
6,83±3,28 -1,58±2,34 -0,67±3,41
(3) Banho ultra-sônico
16,88±2,80* 8,08±3,28* 11,83±2,34*
0,00±3,41
(1) e (2) 6,37±2,80 0,42±3,28 -3,43±2,34 -2,83±3,41
(1) e (3)
6,62±2,80*
4,81±3,28
7,21±2,34*
4,68±3,41
(2) e (3) 0,57±2,80 -3,39±3,28 0,40±2,34 1,00±3,41
(1) e (2) e (3) -1,92±2,80 -2,00±3,28 0,10±2,34 0,03±3,41
* Efeito estatisticamente significativo ao nível de 95% de probabilidade pelo teste t.
Verificou-se que a proporção adsorvente: amostra não influenciou
significativamente ao nível de 95% de probabilidade pelo teste t na
porcentagem de extração dos pesticidas pela DMFS, considerando apenas as
proporções 1:1 e 2:1 de adsorvente: amostra. Todavia, proporções maiores
podem ser utilizadas para melhorar o rendimento de extração, conforme
sugerido por BARKER (2000b) a proporção 4:1, para análise de pesticidas em
frutas, vegetais e alimentos processados usando como dispersantes fases
ligadas (C-8 ou C-18). PENSADO et al (2005) avaliou a extração de
hidrocarbonetos policíclicos aromáticos em peixes com C-18 na proporção 3:1
(adsorvente: amostra).
Já a presença da co-coluna apresentou um efeito significativamente
negativo na extração do clorpirifós, diminuindo de 7,23% a porcentagem de
recuperação. O clorpirifós por ser um pesticida mais polar adsorve mais
fortemente na sílica que também é polar, dificultando a eluição.
Embora estatisticamente não se tenha observado nenhuma influência
significativa na extração dos piretróides, a presença da co-coluna afeta
qualitativamente os cromatogramas. Comparativamente os cromatogramas dos
extratos em que foi utilizada a co-coluna (Figuras 2.5 A e B) apresentaram
menos picos desconhecidos em relação aqueles em que a co-coluna não foi
utilizada.
71
Figura 2.5 – Cromatogramas de extratos obtidos da DMFS para o par
Florisil/Acetato de etila: A) Extração dos pesticidas com condicionamento
prévio do florisil e sem uso da co-coluna (sílica), B) Extração dos pesticidas
com florisil e com uso da co-coluna (sílica), ambos com condicionamento
prévio.
As setas indicadas na Figura 2.5A mostram os componentes da matriz
que foram eliminados na presença de sílica como co-coluna. Observou-se
também, uma redução dos ruídos na linha de base. Portanto, para análise de
piretróides em amostras de tomate a presença de sílica como co-coluna não
interfere na extração destes pesticidas e melhora a qualidade dos
cromatogramas eliminando componentes da matriz. Entretanto, na análise do
A
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organofosforado (clorpirifós) não é recomendável, pois diminui a porcentagem
de extração.
O banho ultra-sônico foi o fator que apresentou maior influência na
recuperação dos pesticidas, como verificado na Tabela 2.5. O rendimento da
extração para o clorpirifós,
λ
-cialotrina e cipermetrina aumentaram,
respectivamente, de 16,88%; 8,08% e 8,83%. Resultados semelhantes foram
observados por ALBERO et al (2003) na extração de endosulfan em polpas de
tomate. A deltametrina foi o único pesticida que não sofreu interferência do
ultra-som.
Observou-se que há um efeito de interação apenas entre os fatores (1) e
(3), ou seja, quando a extração é realizada com o adsorvente em maior
proporção (2:1) em banho ultra-sônico, a porcentagem de extração do
clorpirifós e cipermetrina aumentou significativamente em 6,62% e 8,08%,
respectivamente. Para os outros dois pesticidas a
λ
-cialotrina e deltametrina o
aumento de 4,81% e 4,68%, respectivamente, não foi significativo.
Portanto, usar o florisil previamente condicionado na proporção
adsorvente: amostra 2:1, não utilizar co-coluna e deixar o cartucho exposto ao
banho ultra-sônico foram as melhores condições de extração dos pesticidas
clorpirifós,
λ
-cialotrina, cipermetrina e deltametrina, em amostras de tomate por
DMFS.
2.2.3. Metodologia otimizada
A metodologia de extração DMFS aplicada para os pesticidas clorpirifós,
λ
-cialotrina, cipermetrina e deltametrina em amostras de tomate após a
otimização foi estabelecida da seguinte maneira:
Em cápsula de porcelana é adicionado 0,5000 g de amostra de tomate,
previamente fortificada com 1,00 mg kg
-1
. Macera-se a amostra com 0,5000 g
de florisil (condicionado com acetato de etila em banho ultra-sônico) até a
completa dispersão da matriz, sendo transferida a mistura, em seguida, para
um cartucho contendo 1,0000 g de Na
2
SO
4
anidro. São adicionados 5,0 mL de
acetato de etila no cartucho e levado ao banho ultra-sônico por 10 minutos.
Posteriormente, é realizada a eluição com mais 5,0 mL de solvente, e
coletadas em frascos de vidro . Acrescenta-se 50,0 μL de padrão interno
(bifentrina) a 10,0 mg L
-1
. O solvente é evaporado sob corrente de ar, e o
73
extrato recuperado em 1,0 mL de acetonitrila e guardados no freezer até o
momento da análise cromatográfica.
2.3. Comparação das técnicas de ESL-PBT e DMFS
A DMFS não é considerada oficialmente um método de referência.
Entretanto, esta técnica tem sido empregada na extração de vários pesticidas
em alimentos como feijão (LOPES & DOREA, 2003), laranja (CARDOSO et al,
2004), chá (HU et al, 2005), etc. A vantagem desta técnica se deve ao fato de
que a extração dos analitos e o clean up dos extratos são realizados
simultaneamente (KRISTENSON et al, 2006). Desta forma, a DMFS pode ser
considerada como uma valiosa ferramenta na extração de contaminantes em
matrizes complexas como produtos comestíveis (BOGIALLI & CORCIA, 2006).
Assim, os resultados obtidos por ESL-PBT foram comparados com os
dados da DMFS para avaliar a exatidão do método. A Tabela 2.6 mostra as
porcentagens de extração, dos pesticidas pelas duas técnicas, calculadas para
amostras de tomate fortificadas com 1,25 mg kg
-1
para a ESL-PBT e 1,00 mg
kg
-1
para a DMFS.
Tabela 2.6 – Taxas de recuperação dos pesticidas e seus respectivos desvios
padrão empregando a técnica de ESL-PBT e DMFS
Pesticidas
Métodos
Clorpirifós
λ
-cialotrina
cipermetrina deltametrina
ESL-PBT 82,71 ±3,32 86,02 ±3,84 95,37 ±4,94 95,58 ±2,76
DMFS 64,73 ±3,15 88,28±2,80 99,21 ±0,52 89,18 ±3,77
De acordo com os resultados apresentados na Tabela 2.6, pode-se
verificar que as técnicas de extração em estudo apresentaram porcentagens de
recuperação estatisticamente iguais, ao nível de 95% de probabilidade pelo
teste t, para a
λ
-cialotrina, cipermetrina e deltametrina. A ESL-PBT mostrou-se
mais eficiente na recuperação do clorpirifós.
Vale destacar que a técnica DMFS é mais susceptível à presença de
interferentes nos extratos em relação a ESL-PBT, provenientes dos
adsorventes, componentes da matriz, solventes, etc. Embora na DMFS se
utilize uma quantidade de amostra oito vezes menor que a ESL-PBT (4,0000 g
74
: 0,5000 g) é necessário que o extrato final na DMFS seja concentrado dez
vezes (10 mL : 1 mL). Desta forma os interferentes estão mais concentrados na
DMFS. Além disso, a ESL-PBT é uma técnica que exige custos menos
elevados, pois se utiliza, basicamente solventes, enquanto que a DMFS exige
também adsorventes, não recuperáveis ao final do experimento.
Quando se compara qualitativamente os cromatogramas, as duas
técnicas, ESL e DMFS, mostraram-se equivalentes. Para isso, na dispersão da
matriz em fase sólida seria necessário utilizar co-coluna para auxiliar no clean
up e que os adsorventes sejam previamente condicionados, o que aumenta
consideravelmente o consumo de solventes. Caso contrário a ESL-PBT produz
cromatogramas mais limpos.
Portanto, a técnica de extração sólido-líquido e purificação em baixa
temperatura é uma alternativa de extração dos pesticidas clorpirifós,
λ
-
cialotrina, cipermetrina e deltametrina em amostras de tomate, proporcionando
resultados qualitativos e quantitativos mais satisfatórios, quando comparado
com a dispersão da matriz em fase sólida.
75
CONCLUSÕES
Nesse trabalho foram otimizadas as técnicas de DMFS e ESL-PBT,
sendo esta última também validada. Essas técnicas foram utilizadas na
extração dos pesticidas clorpirifós, λ-cialotrina, cipermetrina e deltametrina em
amostras de tomate.
Durante a otimização da ESL-PBT foi realizado um planejamento de
misturas, para avaliar a influência da polaridade da mistura extratora na
porcentagem de extração dos pesticidas. A mistura composta por 80% de
acetonitrila, 15 % de acetato de etila e 5% de água proporcionou extrações
superiores a 80% dos pesticidas. Entretanto estas taxas de recuperação dos
pesticidas apresentaram efeito de matriz significativo, principalmente os
compostos de maiores tempo de retenção, como a deltametrina e cipermetrina.
Os extratos obtidos na ESL-PBT apresentaram coloração intensa que foram
significativamente removidos com 10 mg de carvão ativado, no entanto este
adsorvente diminuiu expressivamente a taxa de extração dos pesticidas,
principalmente o clorpirifós. Os resultados obtidos nos parâmetros de
validação, como seletividade, limite de detecção, limite de quantificação,
linearidade, precisão e exatidão indicam que os métodos ESL-PBT é eficiente
para a extração dos pesticidas em amostras de tomate, possibilitando as
análises cromatográficas das amostras e a determinação dos resíduos destes
piretróides em tomates com limites de quantificação próximos a 10 μg L
-1
.
Para a DMFS foi realizado um planejamento fatorial em que foram
estudados simultaneamente os efeitos da proporção entre a quantidade de
adsorvente e amostra (1:1 e 2:1), presença de co-coluna e auxílio do banho
ultra-sônico na extração dos pesticidas por esta técnica. A eficiência da
extração foi melhor quando a proporção de adsorvente/amostra 2:1 foi utilizada
com o auxílio do banho ultra-sônico para a extração. Já a presença da co-
coluna de sílica auxilia no clean up dos extratos, porém reduz a taxa de
recuperação do clorpirifós significativamente.
Portanto, quando se compara qualitativamente e quantitativamente as
duas técnicas de extração, a ESL-PBT proporcionou resultados mais
satisfatórios que a DMFS na extração dos pesticidas clorpirifós,
λ
-cialotrina,
cipermetrina e deltametrina em amostras de tomate.
76
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