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Em obra que busca compreender aspectos do processo de instalação/integração de
ginásios em comunidades carentes, Pereira (1969) organizou a ocupação dos pais de
estudantes em cinco classes, lançando mão de um quadro de referência elaborado em uma
outra pesquisa – qual seja, “Origem social e escolha ocupacional de ginasianos”, de Juarez
Brandão Lopes, realizada em 1956. Pereira acrescentou ocupações encontradas em seu
levantamento ao quadro de referência original com o objetivo de comparar os resultados
obtidos nos dois estudos
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.
É interessante pontuar que, além de apresentarem classificações bem diversas, os
três trabalhos tiveram as informações ocupacionais fornecidas por meio de entrevistas com
o público alvo de suas pesquisas, fazendo-as mais minuciosas, diversamente do que ocorre
neste estudo, que teve acesso, tão somente, a informações registradas em diferentes
documentos encontrados em arquivos escolares.
No caso desta pesquisa, são diversas as imagens suscitadas para as ocupações, tais
como as de comerciante, farmacêutico ou fazendeiro, por exemplo. No primeiro caso, é
impossível determinar com exatidão se um tal comerciante é proprietário de um
estabelecimento ou se é um representante comercial, além disso, não se tem a dimensão de
seu negócio – há, na cidade de São Paulo, estabelecimentos comerciais de pequeno, médio
ou grande portes, assim como há representantes de pequena, média ou grande empresas
comerciais e industriais.
No caso de um farmacêutico, é impossível determinar se tal designação ocorre em
função de um diploma obtido em nível superior, em função de conhecimentos adquiridos
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A classificação usada por Pereira (1969, p., 135) é a seguinte: A – Profissionais que gozam
tradicionalmente de grande prestígio social (fazendeiro, comissário de café, tabelião, médico, engenheiro,
advogado, delegado de polícia, promotor, juiz); B – Outros profissionais liberais, oficiais das Forças Armadas
e ocupantes de cargos públicos (dentista, farmacêutico, agrônomo, jornalista, professor de universidade,
economista, químico, coronel, vereador); C – Comerciante, industrial e altas posições administrativas
(comerciante, industrial, importador, diretor de companhia, gerente, superintendente, diretor de jornal, diretor
de repartição pública); D – Empregados de escritório (níveis médio e inferior), vendedores e outros do mesmo
nível sócio-econômico (auxiliar de escritório, contador, escriturário, chefe de seção, caixa, desenhista,
inspetor de trabalho, arquivista, gerente de seguros, caixeiro viajante, corretor, vendedor, balconista,
enfermeiro, professor primário, funcionário público (pequeno), guarda-livros, secretária); E – Trabalhadores
manuais e outros de baixa posição socioeconômica (tintureiro, fotógrafo, técnico de rádio, sapateiro, mascate,
padeiro, guarda-civil, encanador, motorista, mecânico, tecelão, operário, lavrador, sitiante, carpinteiro,
carroceiro, carvoeiro, cerzideira, costureira, empregada doméstica, engomadeira, eletricista, feirante,
ferreiro, ferroviário, horticultor, jardineiro, lavadeira, marceneiro, pedreiro, pintor de parede, prático de
farmácia, seleiro, serralheiro, servente de pedreiro, soldador, tapeceiro, tipógrafo, torneiro-mecânico,
vidraceiro). As categorias ocupacionais grifadas nos itens D e E foram acrescentadas por Pereira.