Beltrão, Marcela R. L. R. Construindo o objeto de estudo
Capítulo de Revisão da literatura
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compreensão do diagnóstico, desajuste financeiro, angústia, dor, sofrimento e o
medo constante da possibilidade de morte
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.
A permanência da criança no hospital provoca o afastamento dos pais
do espaço doméstico e, conseqüentemente, menor contato com os outros membros
da família. Além do que, a criança quer voltar para casa, e os irmãos, em casa,
sentem falta dela e dos pais, que se dividem entre a casa e o hospital, mas, a maior
atenção recai sobre o filho doente, mesmo que seja uma atitude ambivalente.
Ribeiro
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percebeu que, para os pais, a doença e o valor do filho se sobrepõe ao
significado e sentido do trabalho e estudo, levando-os a priorizar a atenção ao filho
doente. E que também deixam em segundo plano os cuidados relacionados à
própria saúde e bem-estar, negligenciando as necessidades de alimentação, higiene
e repouso; apenas a interação com o filho é valorizada.
O que acontece, diante do quadro descrito, é que a família acaba se
desestruturando e ficando cansada, os outros filhos demonstram tristeza e ciúme, já
que o foco de atenção é a criança doente. Portanto, muitas vezes é a família que
necessita de apoio, quando a criança está doente
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. Por outro lado, o câncer afeta a
dimensão existencial, interferindo na relação social, exigindo reflexões e adaptações
da criança e sua família. Como exemplo, afeta a escolaridade, a prática esportiva, o
lazer, as relações grupais e interpessoais na escola e na comunidade em que ela
está inserida. Soma-se a isto, a presença de preconceitos ou de dificuldades
operacionais, que interferem no crescimento e desenvolvimento infantil
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.
Retomando a questão do diagnóstico, Parker et al.
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comentam que os
profissionais de saúde sentem-se incomodados e algumas vezes despreparados
para falar a respeito do diagnóstico de câncer. Quando a equipe sente-se pronta a
discutir o diagnóstico, alguns artifícios são facilitadores neste momento, tais como:
um local calmo, tranqüilo e sem interrupções. Outro fator facilitador é a família ser
comunicada sobre este local, o horário da conversa com a equipe, podendo ser
aconselhada a convidar outros membros da família ou amigos. Nesta equipe, devem
estar presentes o médico, o enfermeiro, o assistente social e o psicólogo. Por outro
lado, não sendo a criança inclusa neste momento, uma conversa deve ser
programada posteriormente, para explanar sobre o diagnóstico e tratamento
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.