Download PDF
ads:
FERNANDO RODRIGUES DE CARVALHO
DEMONSTRAÇÃO DE VALOR ADICIONADO E BALANÇO SOCIAL:
CONTRIBUIÇÃO DE EVIDENCIAÇÃO PARA AS EMPRESAS NA REGIÃO
DE UBERABA
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO – PUC SP
São Paulo
2007
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
FERNANDO RODRIGUES DE CARVALHO
DEMONSTRAÇÃO DE VALOR ADICIONADO E BALANÇO SOCIAL:
CONTRIBUIÇÃO DE EVIDENCIAÇÃO PARA AS EMPRESAS NA REGIÃO
DE UBERABA
Dissertação apresentada à banca examinadora
da Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo – PUC/SP, como exigência parcial para a
Obtenção do título de Mestre em Ciências
Contábeis e Financeiras, sob orientação do
Prof. Dr. Roberto Fernandes dos Santos.
PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS GRADUADOS EM
CIÊNCIAS CONTÁBEIS E FINANCEIRAS - MESTRADO
São Paulo
2007
ads:
iii
FICHA CATALOGRÁFICA
(Elaborada pela Biblioteca da F. Ciências Econômicas Triângulo Mineiro.)
Elisa Augusta Basso de Carvalho – Bibliotecária – CRB/6 1040
Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a
reprodução total ou parcial desta dissertação por processos de
fotocopiadoras ou eletrônicos.
São Paulo (SP), _ _ _ de _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ de 2007.
Fernando Rodrigues de Carvalho
658.151 Carvalho, Fernando Rodrigues de
C323d Demonstração do Valor Adicionado e Balanço Social:
Contribuição de evidenciação para as empresas na
Região de Uberaba./ Fernando Rodrigues de
Carvalho. São Paulo, 2007.
130 p.
Área de Concentração: Ciências Contábeis
Orientador: Dr. Roberto Fernandes dos Santos
Dissertação (mestrado) – Pontifícia Universidade Católica
de São Paulo. Programa de Pós Graduação em Ciências
Contábeis e Financeiras.
1. Demonstração do Valor Adicionado 2. Balanço Social
3. Evidenciação. Contabilidade Gerencial
I. Santos, Roberto Fernandes. II. Carvalho, Fernando
Rodrigues de. III. Demonstração do Valor Adicionado.
iv
Reitora da Pontifícia Universidade Católica De São Paulo – PUC SP
Profª Maura Pardini Bicudo Véras, Drª
Presidente da Pós Graduação
Profª Anna Maria Marquês Cintra, Drª
Coordenador do Programa de Estudos Pós Graduados
em Ciências Contábeis e Financeiras
Prof. Roberto Fernandes dos Santos, Dr.
Vice-Coordenadora do Programa de Estudos Pós Graduados
em Ciências Contábeis e Financeiras
Profª Neusa Maria Bastos F. dos Santos, Drª
v
FERNANDO RODRIGUES DE CARVALHO
DEMONSTRAÇÃO DE VALOR ADICIONADO E BALANÇO SOCIAL:
CONTRIBUIÇÃO DE EVIDENCIAÇÃO PARA AS EMPRESAS NA REGIÃO
DE UBERABA
Esta dissertação foi julgada e aprovada para obtenção do grau de Mestre
em Ciências Contábeis e Financeiras no Programa de estudos Pós-Graduados em
Ciências Contábeis e Financeiras da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
– PUC/SP.
São Paulo – SP
2007
Prof. Roberto Fernandes dos Santos, Dr.
Coordenador do Programa
Banca Examinadora:
_______________________________________
Prof. Dr. Roberto Fernandes dos Santos
_______________________________________
Profª Drª Ana Cristina de Faria
_______________________________________
Prof. Dr. José Carlos Marion
vi
Ao meu pai,
José Geraldo de Carvalho (
in memorian
),
que partiu cedo e lutou a vida toda...
À minha mãe,
Romilda Silva de Carvalho,
minha força, meu norte...
A vocês devo tudo que eu sou.
À minha companheira Fabiana,
por entender minha ausência e acreditar
nos meus ideais.
vii
AGRADECIMENTOS
A Deus, Entidade Maior, que direciona meus passos, concedendo-me
dádivas como saúde, serenidade e paz, iluminando os meus caminhos para que eu
estude e tenha forças para trabalhar.
Aos meus pais, José Geraldo e Romilda, que sempre primaram por meus
estudos e formação, esta vitória também é de vocês.
A Fabiana, minha companheira, pela paciência, compreensão em meus
momentos de ansiedade e angústia, motivando-me na conclusão deste.
Ao Prof. Dr. Roberto Fernandes dos Santos, cuja orientação ultrapassou as
barreiras acadêmicas, na sala de aula ou na Coordenação do Programa de Pós
Graduação em Ciências Contábeis, do qual me orgulho fazer parte.
À Profª Drª Ana Cristina de Faria pelas indicações de dissertações, artigos
e material complementar. Pelas palavras de apoio e valiosas contribuições por
ocasião do exame de qualificação.
Ao Prof. Dr. José Carlos Marion, cuja admiração e ensinamentos valiosos
proviam desde os tempos da Fundace, em Ribeirão Preto, e que me incentivou a
seguir em frente e me fascinar pelo mundo da Contabilidade.
Aos meus irmãos Denise, Júlio César e Amarildo, agradeço a confiança e a
força ao acreditarem nos meus estudos.
A Júlia e a Maria Eduarda que são a luz da nova geração, nossa luz.
A Isabella que me fez descobrir um novo galhinho na árvore da vida.
À Drª Esther Luísa Hercos Fatureto, minha segunda mãe, você me permitiu
sonhar em ser alguém na vida, minha eterna gratidão.
viii
Ao Prof. Dr. Marcelo Miguel Hueb, Prof. Dr. Alexandre Assaf Neto, Profª Drª
Tânia Regina Sordi Relvas, vocês são minhas inspirações e exemplos para que eu
continue a estudar e buscar o conhecimento.
Aos Professores Evaldo José Espíndola e rgio Silva Martins, a vocês
credito o mérito de me tornar um “professor”.
Aos colegas da Procuradoria da Fazenda Nacional em Uberaba: Vera,
Maria do Carmo, Solange, Laura, Tarcísio, Vicente, Guido, Drª Celine e Drª Maria
do Socorro, por acreditarem no meu sonho.
À Associação Comercial e Industrial de Uberaba, na pessoa de seus
presidentes Marcos Felipe Abud, Carlos Humberto Rocha, Gilberto Resende, por
compreenderem meus propósitos profissionais e acadêmicos.
Aos professores das disciplinas cursadas: Dr. Sérgio de Iudícibus, Drª
Neusa Maria Bastos F. dos Santos, Dr. Carlos Hideo Arima, Dr. João Carlos Hopp,
Dr. Rubens Famá, obrigado por compartilharem seus ensinamentos.
Ao Sr. Carlos Alberto Souza e todos os colaboradores da Black & Decker,
cujo privilégio tenho de chamar de amigos.
Aos meus amigos e colegas de trabalho, Prof. Msc Cássio Silveira da Silva
e Prof. Msc Marcelo Henrique Consoli, pelas sugestões e apoio desde o início do
curso.
Às Profªs Mariângela Castejon e Ângela Maria Fraga Azor, pelo apoio,
sugestões e revisões de língua portuguesa e inglesa.
Á Sra. Márcia Marion, pelas dicas essenciais à conclusão deste trabalho.
À Sra. Elisabete Cardoso Coelho, mais do que a Secretária do Programa
de Pós Graduação se tornou uma amiga nesta trajetória.
ix
RESUMO
CARVALHO, Fernando Rodrigues de. Demonstração d Valor Adicionado e
Informações Sociais: Contribuição de Evidenciação para as Empresas na
Região de Uberaba. 2007, 130 p. Mestrado em Ciências Contábeis e Financeiras -
Programa de Estudos Pós Graduados em Ciências Contábeis e Financeiras da
Faculdade de Economia e Administração – FEA – da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo – PUC/SP
O presente trabalho objetiva mostrar a importância e a contribuição das
informações sociais contempladas no Balanço Social e, principalmente, na
Demonstração de Valor Adicionado. Acredita-se, com a evidenciação destas
demonstrações, na possibilidade de se avaliar os efeitos gerados no meio social e a
remuneração atribuída aos diversos fatores de produção. A riqueza dos dados
gerenciais e financeiros se mostra em um nível de relevância, perceptível ao se
utilizar dados inspirados em uma empresa, neste trabalho, a Black & Decker do
Brasil, referência utilizada, exatamente por se tratar de uma multinacional, de
grande porte no tocante ao seu faturamento e de responsabilidade limitada sem a
obrigatoriedade de publicação das demonstrações contábeis. Porém, com o
Anteprojeto de Lei 3741/2000, e existindo entre seus artigos a obrigatoriedade
de publicação de informações contábeis, financeiras, econômicas e também de
aspecto social, desejou-se com este trabalho verificar a aplicabilidade quando da
publicação dos relatórios descritos e dos indicadores de análise normalmente
empregados. Valendo-se de referências bibliográficas, busca de informações na
Internet e pesquisa por meio de um questionário aplicado junto a um dos Diretores
da empresa, foi verificada a aplicabilidade das ferramentas gerenciais de análise
mencionada. A diversidade de material oriundo da Demonstração do Valor
Adicionado e das Informações Sociais, derivando-se em análises, lculos e
conclusões, podem expressar a importância e a responsabilidade dos
empreendimentos produtivos em publicá-los não somente para o cliente interno,
mas também para uma sociedade consciente a cada dia do papel responsável
destas empresas no contexto econômico. Percebe-se assim, a relevância da
publicação dessas demonstrações, não apenas pelas sociedades anônimas, mas
por todas as empresas, expressando a sua idoneidade e o seu papel politicamente
correto junto aos demais stakeholders.
Palavras-chave: Evidenciação, Demonstração do Valor Adicionado, Balanço
Social, Contabilidade Gerencial.
x
ABSTRACT
CARVALHO, Fernando Rodrigues de. Demonstração d Valor Adicionado e
Informações Sociais: Contribuição de Evidenciação para as Empresas na
Região de Uberaba. 2007, 130 p. Mestrado em Ciências Contábeis e Financeiras -
Programa de Estudos Pós Graduados em Ciências Contábeis e Financeiras da
Faculdade de Economia e Administração – FEA – da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo – PUC/SP
The aim of this paper is to show the relevance and contribution of the social data
pertaining to the Social Report and mainly to the Added Value Statement. It is
credited that its disclosure may help evaluate its effects upon the social environment
as well as the remuneration attributed to several production factors. The wealth of
management and financial data available is evidenced through the magnitude of the
company of choice- Black & Decker do Brasil, a high income multi-national firm with
limited responsibility and no obligation to publish its accounting reports. However,
the 3.741/2000 bill which states that it is mandatory to make the accounting,
financial , economic and social, led us to verify the applicability of such publications
and the indexes of analysis commonly used.
A bibliographic study, the Internet and a questionnaire given to one of the directors
of the company were used to evaluate the applicability of such management tools.
The diversity of material found in the Added Value Statement and the Social Report,
which was used in the analyses, figures and conclusions, outstands the need of
commitment of the productive sector in publishing their reports not only to their own
clients but also to aware the general public of the responsibility of such companies
in the economic context. Also, they would assure their reliability together with their
politically correct role regarding the other stakeholders.
Key words: Disclosure, Added Value Statement, Social Report, Managerial
Accounting
xi
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ................................................................................ xv
LISTA DE GRÁFICOS.............................................................................. xvi
LISTA DE QUADROS ............................................................................. xvii
LISTA DE TABELAS ............................................................................... xviii
1. CONTEXTUALIZAÇÃO ...................................................................... 01
1.1 Problema de Pesquisa ................................................................. 02
1.2 Objetivos........................................................................................ 02
1.2.1 Objetivo Geral ....................................................................... 03
1.2.2 Objetivo Específico............................................................... 03
1.3 Justificativa .................................................................................. 03
1.4 Delimitação da Pesquisa ............................................................. 04
1.5 Metodologia da pesquisa ............................................................. 04
1.6 Revisão da Literatura.................................................................... 05
1.7 Estrutura do Trabalho.................................................................... 08
2 EVIDENCIAÇÃO – A RELEVÂNCIA DAS INFORMAÇÕES
CONTÁBEIS ........................................................................................ 10
2.1 A informação contábil como um referencial à tomada
de decisões.................................................................................... 10
2.2 O usuário da informação Contábil ................................................. 12
2.3 Objetivos da Informação Contábil ................................................. 13
2.4 A Evidenciação - simples divulgação obrigatória
ou uma demonstração de transparência....................................... 15
2.5 A responsabilidade social dos empreendimentos......................... 21
3 BALANÇO SOCIAL............................................................................. 24
3.1 Dados e Informações sobre o Balanço Social .............................. 24
3.2. Elaboração de demonstrativos sociais – ausência de
normatização ............................................................................... 31
3.3 Auditoria Social - preocupação com as informações sociais........ 34
3.4 Demonstração do Valor Adicionado – DVA ................................. 37
3.4.1 Importância conceitual e aspectos históricos ...................... 37
3.4.2 A Estrutura e Modelo da Demonstração do
Valor Adicionado – DVA – ................................................. 40
xii
3.4.3 Indicadores de análise da Demonstração do
Valor Adicionado e do Balanço Social.................................. 46
a. Quociente entre Gastos com Pessoal e Valor
Adicionado ..................................................................... 46
b. Quociente entre gastos com Tributos
(Impostos, Taxas e Contribuições) e Valor Adicionado.. 47
c. Quociente entre Gastos com Juros e Aluguéis e
Valor Adicionado ............................................................ 48
d. Quocientes de Juros s/ Capital Próprio e Dividendos
e Valor Adicionado........................................................... 48
e. Quocientes de Lucros Retidos e Prejuízo do Exercício
e Valor Adicionado ......................................................... 49
f. Quociente do Valor Adicionado ........................................ 49
g. Taxa de variação do Valor Adicionado Bruto .................. 49
h. Taxa de variação Total do Valor Adicionado Bruto ......... 50
i. Utilização do Valor Adicionado como medida
de geração de riqueza....................................................... 50
j. Indicador de Produtividade por Empregado ..................... 51
k. Indicador de Lucro por Empregado ................................. 51
l. Índice de Custo Benefício ................................................ 51
3.4.4 Ponderações sobre alguns componentes da
Demonstração do Valor Adicionado .................................. 52
4. DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO E INFORMAÇÕES
SOCIAIS: FONTE ADICIONAL DE INFORMAÇÕES GERENCIAIS 60
4.1 Metodologia do Trabalho........................................................... 60
a) Contexto do trabalho........................................................... 61
b) A escolha da empresa tida como referência para o
trabalho .............................................................................. 61
c) Objetivo do Trabalho............................................................ 62
d) Procedimentos do Trabalho ................................................ 63
4.2 Município de Uberaba ............................................................. 64
4
.2.1 Origens e trajetória histórica de Uberaba ....................... 64
4.2.2 Perfil Sócio Econômico e Estratégico do Município de
Uberaba .......................................................................... 65
xiii
4.3 Black & Decker –Contexto histórico e Operacional ................. 68
4.3.1 Aspectos quantitativos e qualitativos da empresa ................. 70
a) Quantitativo de Pessoal ..................................................... 70
b) Qualificação profissional .................................................... 72
4.3.2 Benefícios Sociais ................................................................. 74
4.3.3 Informações e Projetos ambientais ...................................... 75
4.4 As Demonstrações Financeiras..................................................... 76
4.4.1 A Empresa Alfa .................................................................... 76
4.4.2 Análise e interpretação de algumas informações
sociais na Demonstração do Valor Adicionado................... 82
a. Análise Horizontal ............................................................ 82
b. Quociente entre Gastos com Pessoal e Valor Adicionado 83
c. Quociente entre gastos com Tributos (Impostos, Taxas
Contribuições) e Valor Adicionado.................................. 83
d. Quociente entre Gastos com Juros e Aluguéis e
Valor Adicionado ............................................................. 84
e. Quocientes de Juros s/ Capital Próprio e Dividendos
e Valor Adicionado ......................................................... 85
f. Quocientes de Lucros Retidos, Prejuízo do Exercício
e Valor Adicionado .......................................................... 85
g. Quociente do Valor Adicionado ....................................... 86
h.Taxa de variação do Valor Adicionado Bruto ................... 87
i. Taxa de variação Total do Valor Adicionado Bruto .......... 87
j. Utilização do Valor Adicionado como medida
produtividade por empregado ........................................... 88
k. Indicador de Produtividade por Empregado .................... 89
l. Indicador de Lucro por Empregado .................................. 90
m. Índice de Custo Benefício ............................................. 91
m.1. Peculiaridades do Índice de Custo Benefícios ...... 92
4.5. Considerações finais ................................................................... 93
CONCLUSÃO ..................................................................................... 97
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................... 102
SITES CONSULTADOS E UTILIZADOS ........................................... 105
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA......................................................... 107
xiv
ANEXO 1 QUESTIONÁRIO .............................................................. 109
ANEXO 2 INFORMATIVO DE DESEMPENHO
BLACK & DECKER 2006 ................................................. 111
xv
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 Resumo da Evolução Contábil .............................................. 20
Figura 02 Localização Estratégica da cidade de Uberaba .................... 67
xvi
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 01 Participação na Receita por área....................................... 69
Gráfico 02 Regime de Contratação de Pessoal .................................. 71
Gráfico 03 Faixa Etária dos Empregados da Black & Decker ............. 72
Gráfico 04 Nível de Formação dos Funcionários da Black & Decker... 73
xvii
LISTA DE QUADROS
Quadro 01 Exemplo de Relação Empresa versus Cidade .................. 21
Quadro 02 Estrutura do Balanço Social .............................................. 28
Quadro 03 Demonstração do Valor Adicionado ................................. 41
Quadro 04 Ponderações sobre a Demonstração do Valor Adicionado 58
Quadro 05 Número de funcionários Terceirizados ............................. 72
Quadro 06 Programas de incentivo a formação do profissional ......... 74
Quadro 07 Benefícios Sociais ............................................................ 75
xviii
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 Demonstrativo de Itens Observados .................................. 16
Tabela 02 Itens recomendados para evidenciação ............................. 18
Tabela 03 Infra-estrutura do município de Uberaba ............................ 65
Tabela 04 Número de funcionários na empresa por sexo ................... 70
Tabela 05 A evolução temporal dos fatores de produção .................... 82
Tabela 06 Relação Valor Adicionado versus Incentivos Fiscais .......... 91
Tabela 07 Comparativo Valor Adicionado versus Incentivos Fiscais ... 92
Tabela 08 Comparativo Valor Adicionado versus Incentivos Fiscais II . 93
CAPÍTULO 1
CONTEXTUALIZAÇÃO
Apesar do perfil capitalista da contemporânea economia mundial, cada vez
mais os aspectos sociais têm merecido destaque junto à sociedade. A forma como
se explora a atividade econômica e os reflexos no meio social podem representar
divisores de águas entre os empreendimentos que lograrão sucesso ou não.
Observam-se, entre os empreendimentos, exigências para a prestação de
serviços sociais (filantrópicos), preocupação com os efeitos que a atuação da
empresa terá no meio ambiente. Os investimentos em qualificação dos
colaboradores, entre outros, estão, inclusive, servindo de parâmetro para denotar o
planejamento e a visão de futuro das empresas. Surge, neste contexto, o Balanço
Social, que tende a refletir indicadores, como o próprio nome sugere, sociais.
Este demonstrativo foi defendido por Herbert de Souza, o Betinho (Souza,
1997), como uma publicação obrigatória, o que ainda não foi votado nas alterações
da Lei das Sociedades Anônimas. Visualiza-se que, em um quantitativo mínimo,
algumas organizações empresariais estão espontaneamente efetuando a sua
publicação e, com isso, atraindo atenção de clientes, fornecedores, investidores,
governo, instituições de crédito e de fomento (nacionais e internacionais),
expressando, assim, uma preocupação não somente com o resultado para os
acionistas, mas uma interação com todo o meio externo.
Dentre as informações possíveis de serem obtidas com o Balanço Social, a
Demonstração do Valor Adicionado DVA merece um destaque especial. Isto
porque vem mostrar sob uma nova ótica que os itens anteriormente tratados como
simples despesas na Demonstração do Resultado do Exercício, são mais do que
isso. Na verdade, são distribuições de riqueza que afetam e influem todo o meio
externo.
Atualmente, tem-se em mente que, nas diversas economias modernas,
predomina como meta principal das empresas a realização de lucros. Porém, a
empresa, qualquer que seja o seu tamanho, provoca reflexos no meio onde se
localiza, tais como, a remuneração das famílias (salários) até a parcela transferida
ao setor público sob a forma de impostos.
2
Deste modo, o Balanço Social, com atenção especial à Demonstração de
Valor Adicionado, tende a refletir que as empresas não são “ilhas”, mas
componentes–chave da sociedade que, ao seu modo, direta ou indiretamente,
promovem o crescimento e, por conseqüência, o desenvolvimento e a melhoria da
qualidade de vida dos agentes econômicos a sua volta.
Alerta-se que o Balanço Social e a Demonstração de Valor Adicionado,
mesmo não sendo demonstrações financeiras obrigatórias por lei, tendem a ser as
informações expressas em suas estruturas de grande valia para todos os
envolvidos no processo produtivo, tais como: acionistas, fornecedores, clientes,
colaboradores etc.
Com a proposta de alteração da Lei 6.404/76, Lei das Sociedades
Anônimas (Brasil, 2000), há, entre os artigos do Anteprojeto apresentado ao então
Ministro da Fazenda, Pedro Malan, a proposta de obrigatoriedade de publicação
das demonstrações contábeis por parte das empresas de grande porte, ou seja,
aquelas com faturamento superior a R$ 150 milhões, independentemente de serem
Sociedades Anônimas ou de Responsabilidade Limitada.
1.1 Problema da Pesquisa
Pela importância das informações sociais, questiona-se: como seria
distribuída a riqueza gerada aos fatores de produção, proporcionados a partir de
dados de aspectos sócio-econômicos (contábeis e financeiros) de uma empresa?
A problemática é identificar as informações sobre o valor adicionado
(agregado), obtido por meio de dados contábeis e outros itens de âmbito sócio-
econômico de uma empresa, de tal forma a possibilitar que estes dados motivem a
publicação destas demonstrações contábeis, financeiras e sociais.
1.2 Objetivos
O objetivo deste trabalho é contribuir, sugerindo, a publicação de
Informações Sociais e a Demonstração do Valor Adicionado
3
1.2.1 Objetivo Geral
Mostrar algumas das informações possíveis de serem obtidas com a
divulgação da Demonstração do Valor Adicionado, tornando-se essa Demonstração
mais uma fonte de dados sobre os aspectos sociais e econômicos da empresa.
1.2.2 Objetivo Específico
Para o estudo, escolheu-se, como referência, a empresa Black & Decker
do Brasil Ltda., uma multinacional do setor de ferramentaria e eletrodomésticos,
objetivando mostrar quão informativo, em termos de externalidades econômicas,
podem ser gerados dados de âmbito social, tais como, por exemplo, a geração de
empregos e, a mesmo, o volume de tributos arrecadados, a partir de sua
publicação pelas empresas de um modo geral.
Portanto, este trabalho pretende mostrar a contribuição e a relevância de
um empreendimento produtivo, para a comunidade, utilizando algumas informações
contidas no Balanço Social e na Demonstração do Valor Adicionado e as análises
decorrentes desses dados.
1.3 Justificativa
O interesse em realizar este trabalho é pela ausência de informações sobre
os aspectos sociais, no que se refere à divulgação pelas empresas de grande porte
na cidade de Uberaba. A título de referência, pensou-se na empresa Black &
Decker do Brasil, empresa de responsabilidade limitada, sem a obrigatoriedade de
publicar suas informações contábeis, financeiras e sociais.
Pensou-se, ainda, que por diferenciar-se do meio econômico onde se
localiza e quanto ao seu segmento de atuação, essa empresa tradicional no setor
de eletrodomésticos e ferramentaria, e que apresenta, desse modo, uma trajetória
de sucesso, com matérias referenciadas em revistas de circulação nacional, tal
como a Exame (1995), da Editora Abril.
Durante muito tempo, de maneira dogmática, manifestou-se um
pensamento de que a empresa havia deslocado praticamente toda a sua estrutura
fabril e, posteriormente, administrativa, devido ao ganho efetivo de redução de
4
custos de mão-de-obra, piso salarial menor em uma cidade do interior mineiro em
relação à Grande São Paulo. Mas a pergunta é: houve um ganho para a cidade? E
o ganho social? A empresa, que pelas demonstrações contábeis convencionais
chamaria de despesa, na verdade não seria uma transferência de recursos para a
remuneração dos diversos agentes que compõem os fatores de produção? E a sua
relevância? Ao tentar se aproximar destas respostas, acredita-se que a compilação
de informações de diversas empresas poderia oferecer uma base lida para o
planejamento do crescimento e conseqüente desenvolvimento da cidade de
Uberaba.
Assim, utilizando o material publicado, almeja-se mostrar a partir da
Demonstração do Valor Adicionado e do Balanço Social, sua relevância, em termos
de evidenciação e possibilitando-se, também, a análise dessas informações para os
mais diversos tipos de usuários dos elementos contábeis, econômicas e
financeiras, entre eles as autoridades governamentais, instituições financeiras etc.
Aportados nesses conceitos é que se declinou pela elaboração deste
trabalho de pesquisa científica na cidade de Uberaba MG, um município com
aproximadamente 280.000 habitantes, cuja economia é predominantemente voltada
para a agroindústria.
1.4 Delimitação da Pesquisa
Esta pesquisa versará sobre o estudo do Balanço Social, mais
especificamente sobre a Demonstração do Valor Adicionado, sua elaboração como
fonte de informação para os usuários externos e internos, que demandam dados
para a tomada de decisão em toda a sua amplitude.
Os dados e informações foram desenvolvidos, inspirados na empresa
Black & Decker do Brasil Ltda., situada no Distrito Industrial II, na cidade de
Uberaba.
1.5 Metodologia da Pesquisa
A elaboração deste trabalho orientar-se-á por referências bibliográficas,
artigos, livros, dissertações e teses, tendo como seu fechamento o estudo de uma
situação com dados inspirados na empresa Black & Decker do Brasil, com a
5
finalidade de se verificar se é possível auferir conclusões e opiniões com a
evidenciação dos itens acima mencionados.
O presente trabalho trata-se de uma pesquisa-ação, pois, segundo
Richardson (2007) e Thiollent (2004, p. 18), deseja sugerir mudanças e despertar a
compreensão por parte da empresa e da sociedade com relação à importância da
existência daquela empresa nesta comunidade.
A proposta almejada é verificar algumas das informações que podem ser
obtidas a partir da publicação de informações de âmbito social, a saber: o Balanço
Social e a Demonstração do Valor Adicionado, e sugerir a sua evidenciação.
Para este estudo serão criados, de maneira fictícia, porém inferida, o
Balanço Patrimonial, a Demonstração do Resultado do Exercício e a Demonstração
do Valor Adicionado. Essas informações serão embasadas com referencial teórico
e prático, para se mostrar os dados que podem ser extraídos a partir da publicação
dessas demonstrações, alcançando os mais variados usuários das informações
sociais justificando, desse modo, a sua divulgação.
1.6 Revisão de Literatura
Tinoco, em sua obra “Balanço Social: Uma Abordagem da Sócio-
Econômica da Contabilidade” (1984), aborda a metodologia de elaboração do
Balanço Social e as suas principais vertentes Recursos Humanos, a Demonstração
de Valor Adicionado e o Balanço Ambiental e Ecológico. Comenta a forma de
publicação das informações sociais em países da Europa e nos Estados Unidos da
América, inclusive se a divulgação é obrigatória ou não.
Mesmo o autor apresentando com uma ênfase maior as informações
ligadas aos recursos humanos, alguns pontos interessantes chamam a atenção
como definições de Contabilidade Ambiental (a utilização de recursos naturais
limitados e as medidas realizadas para evitar sua exaustão), valor adicionado
negativo (que consiste nos gastos incorridos para corrigir as externalidades
negativas, como poluição, exploração das florestas etc.).
em seu trabalho “Balanço Social: Uma Abordagem da Transparência e
da Responsabilidade Pública das Organizações” (2001), Tinoco reconhece, porém,
as dificuldades de elaboração desse esse tipo de demonstrativo de informação, e
6
pela deficiência de bases que permitam avaliação, mensuração e ponderação sobre
as causas-efeito ambientais.
Luca (1998), por sua vez, menciona em seu trabalho “Demonstração do
Valor Adicionado: do Cálculo da Riqueza Criada pela Empresa ao Valor do PIB”,
sobre esta demonstração, que se complementa com o Balanço Social, mas se faz
possível, sem perder o valor de seu conteúdo, sua publicação de maneira isolada.
Abordando como foco a geração de riquezas das empresas, sugere, em seu
trabalho, a mensuração do Produto Interno Bruto, o PIB, a partir da publicação de
maneira responsável, séria e informativa da DVA.
Com esses pontos em destaque, faz-se possível à visualização da riqueza
total de um país, isto é, com as devidas adequação e normatização de
procedimentos, ter-se-á o cálculo da riqueza gerada (produzida) no país a partir das
somas das DVA’s de todas as empresas. Um detalhe relevante é o fato de a autora
tratar como base de cálculo para a riqueza o que foi efetivamente produzido no
País pelos empreendimentos produtivos e, a partir daí, a atribuição e remuneração
dos diversos componentes dos fatores de produção.
Kroetz (2000), mostra em sua obra ”Balanço Social: Teoria e Prática”, a
importância do Balanço Social, não somente como uma demonstração contábil,
mas como um instrumento de qualidade da existência da empresa para o meio
externo, refletindo na sociedade e no meio ambiente. Menciona, ainda, a relevância
dos dados sociais e ausência de normas reguladoras, no sentido de se publicar não
somente os fatos escolhidos pelas entidades empresariais, mas também todas as
situações incorridas durante o exercício social.
Surge, desta reflexão, a sugestão de uma auditoria das informações sociais
em que se submeteria a mesma formalidade atual das demais informações
societárias. Cita esse o autor, no entanto, existirem situações ainda de difícil
mensuração, como custos ambientais, capital intelectual etc. Lembra, ainda, as
dificuldades de implementação de um modelo rígido e único para o Balanço Social,
devido à diversidade de empreendimentos e às diferenças culturais das regiões
onde estão localizadas estas empresas.
Kroetz (2000) cita, também o ponto chave para se desenvolver a cultura de
divulgações das informações sociais, ambientais e ecológicas antes da
7
implementação de qualquer legislação. Mostrar-se-ia o conhecimento que as
empresas têm de seu papel no meio social e, aos usuários da informação contábil,
o quão importantes são estes empreendimentos econômicos.
Santos (2003), em seu estudo “Demonstração do Valor Adicionado. Como
Elaborar e Analisar a DVA”, efetua de modo prático um comparativo entre a
Demonstração do Valor Adicionado e a Demonstração do Resultado do Exercício,
dando um direcionamento contábil ao tema. Aborda a utilização de indicadores para
análise da empresa a partir dos dados fornecidos pela Demonstração de Valor
Adicionado. Mais que informações financeiras é realmente a distribuição de riqueza
entre diversos componentes diretos e indiretos na atividade. Mostra, também, a
composição desses fatores na riqueza gerada e as diversidades da DVA em vários
setores de atuação da economia.
O Global Reporting Initiative GR - (2006), órgão internacional, por sua
vez, tem se primado pela difusão dos modelos de relatórios de desempenho
econômico, social e ambiental. Este esforço em divulgar e criar um modelo de
relatório de uso global foi reconhecido e elogiado pelo secretário das Nações
Unidas, cujas palavras eram a necessidade de se ter os relatórios de negócios e
reflexos sociais caminhando juntos. Os indicadores e informações provenientes
desses relatórios tinham e têm o intuito de fornecer subsídio na análise de impacto
do negócio na sociedade.
Semelhante ao GRI, o Instituto Ethos (2006), no Brasil, esforça-se em
difundir, entre outras coisas, a Responsabilidade Social Empresarial (RSE),
oferecendo auxílio não somente na divulgação das informações de âmbito social,
mas também consultoria e orientação no desenvolvimento de projetos socialmente
responsáveis.
Possui, ainda, uma gama de indicadores denominados Indicadores Ethos,
permitindo-se avaliar, comparar e pontuar as ações sociais praticadas pela
empresa.
Gomes (2005) leva a reflexão à medida que desenvolve seu estudo,
“Contribuição a divulgação de ações de Responsabilidade Social: Estudo de Caso
8
do UNIARAXÁ”, percebendo que os steakeholders (neste caso, os colaboradores)
envolvidos diretamente na atividade em questão podem receber de maneira muito
mais favorável e gratificante as atividades sociais abraçadas pela organização da
qual participam. Isto decorre, principalmente dos reflexos positivos que estas
atividades obtêm na comunidade onde residem.
Vieira (2006), em sua obra “Evidenciação e responsabilidade social nas
maiores empresas por segmento na economia”, no entanto, expressa a ausência de
direcionamento concreto sobre as normas de evidenciação por parte de órgãos e
entidades internacionais, o que pode ter refletido diretamente no resultado de seu
trabalho onde o índice de empresas, mesmo as consideradas de grande porte, com
a obrigatoriedade de divulgação de suas demonstrações contábeis, não divulgam
informações de aspecto social.
E mencionando estes e outros autores, deseja-se estruturar o embasamento teórico
deste trabalho de pesquisa.
1.7 Estrutura do Trabalho
O presente trabalho está estruturado em cinco capítulos. O primeiro A
Contextualização - apresenta-se o tema proposto, o problema de pesquisa, os
objetivos a serem alcançados, a justificativa, a delimitação da pesquisa, a
metodologia utilizada e a revisão da literatura.
O segundo capítulo aborda a importância da informação contábil e o
quanto se deseja fornecer de informação para o maior leque possível de “clientes”
externos, tanto ao desempenho operacional quanto aos reflexos possíveis de
serem captados pela existência da entidade empresarial.
No terceiro capítulo, conhece-se o Balanço Social e a importância que lhe
vem sendo atribuída, mesmo não sendo uma demonstração obrigatória, definida e
instituída por lei, mas no sentido de dar à comunidade uma satisfação pela
“convivência” com os diversos empreendimentos produtivos.
Nesse capítulo, abordar-se-á também a Demonstração do Valor
Adicionado, uma das vertentes do Balanço Social, seus conceitos, sua elaboração
e informações sócio-econômicas. Expõe-se a importância dessas para a sociedade,
remunerando os diversos fatores de produção, e por que não, serem empregadas
9
como instrumentos analíticos de desempenho, contribuindo para a gestão do
empreendimento. Também se mostram as dificuldades quanto a alguns itens de
sua composição.
No quarto capítulo, abordam-se as informações sócio-econômicas do
município de Uberaba, apresentam-se dados inspirados na empresa Black &
Decker do Brasil, escolhida por ser uma empresa díspar dos ramos de atuação das
demais, com a intenção de se sugerir a relevância de se publicar as informações
econômicas, financeiras e sociais.
Apresenta-se, ainda, neste capítulo, um estudo de informações de uma
empresa protótipo, com a finalidade de se verificar as informações e indicadores a
serem obtidos com a Demonstração do Valor Adicionado e outras informações de
caráter social, intencionando-se conhecer, por meio dos dados, os
empreendimentos instalados ou a se instalarem na localidade. Apresenta-se,
também as considerações finais sobre as análises empreendidas.
No quinto e último capítulo, tem-se as conclusões verificadas no decorrer do
trabalho.
10
CAPITULO 2
EVIDENCIAÇÃO – A RELEVÂNCIA DAS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS
Na atualidade, a interação do meio empresarial com o mundo externo tem
se mostrado de grande importância para todos os agentes envolvidos.
Dentre as várias ciências de cunho empresarial, a Contabilidade como
fonte de dados estratégicos abarca mercado e suas inter-relações, tal como se
apresenta nos itens a seguir.
2.1 A informação contábil como um referencial à tomada de decisões
Ao se falar em Contabilidade, vem à mente uma enorme quantidade de
informações, controles e números, cujo entendimento tende a ser dúbio ou
improvável para uma boa quantidade de agentes econômicos.
A obrigatoriedade da publicação tende a atingir um universo de usuários de
modo mais amplo para preencher e atender todas as brechas de ausência de
dados possíveis.
Ao se tentar visualizar o cerne da informação contábil, defrontar-se-á com o
seu conceito em toda a sua amplitude com uma rica fonte de informações para os
seus usuários, conforme mencionado pela Fundação Instituto de Pesquisas
Contábeis, Atuariais e Financeiras (FIPECAFI) (2003, p. 42):
Contabilidade é, objetivamente, um sistema de informação e avaliação
destinado a prover seus usuários com demonstrações e análise de
natureza econômica, financeira, física e de produtividade, com relação à
entidade objeto de contabilização (...).
O prover, no sentido de atender, no entanto, em determinados momentos,
quando da publicação dos demonstrativos contábeis, por exemplo, parece não
satisfazer às necessidades do usuário da informação contábil. Isso porque os
elaboradores da informação tendem a confeccionar essas demonstrações sem a
devida clareza, dificultando, assim, o entendimento e acesso aos dados por parte
do usuário.
11
Neste aspecto, conforme menciona Hendriksen e Van Breda (1999, p. 29),
tem-se a contabilidade, como uma forma de linguagem, denominada em
determinados momentos por linguagem de negócios.
Existem, deste modo, três perguntas a serem feitas a respeito dessa
linguagem (HENDRIKSEN e VAN BREDA, p. 29):
1. Que efeitos terão as palavras sobre aqueles que têm acesso a estas
informações?
2. Que significado terão essas palavras, se houver algum?
3. As palavras fazem sentido lógico?
Desse modo, percebe-se a amplitude da assimilação das informações
dispostas em relatórios ditos contábeis, podendo ter significados diversos para cada
leitor.
Menciona-se, dentre uma das principais funções da informação contábil, o
conhecer e possibilitar a tomada de decisões diante da estrutura patrimonial
disponível, observando os vários acontecimentos ocorridos no exercício social
anterior. Hendriksen e Van Breda (1999, p. 135) questionam, se conhecidos
fossem os dados, quais as informações alicerçariam a base da tomada de decisões
e com que relevância estas informações seriam publicadas. E avaliam que dar-se-ia
prioridade as informações essenciais.
Martins (2000, p. 29) discorre sobre as discussões conceituais (e conflitos
daí provenientes), críticas sobre relevância e utilidade, exatamente por apresentar
pontos de vista e de defesa tão divergentes.
Acredita-se, assim, que os responsáveis pela divulgação estariam
dispostos a evidenciar apenas os pontos, desejados e de importância para aqueles
que buscam a informação.
Hendriksen e Van Breda (1999, p. 22), denotam ainda outras
características defendidas pelo Financial Accounting Standard Board (FASB), tais
como confiabilidade e oportunidade e relevância. Estes autores, por sua vez, fazem
duas abordagens bastante sutis e de grande importância para a desejada
explanação sobre a praticidade da informação contábil: a Contribuição da Economia
da Informação e a Teoria da Agência (Agency Teory). A primeira se no sentido
da utilidade, e somente ela define o quão importante é tal informação.
Para se tomar decisões, no entanto, as informações contábeis baseiam-se
em preceitos muito defendidos pelo pessoal da área de economia: o conceito do
12
conhecimento, e, com um certo grau de certeza (em algumas situações menciona-
se até 100%), como se comportará o mercado, clientes, fornecedores, concorrentes
e governo e, ainda, o meio externo (mercado internacional), dadas determinadas
decisões da empresa (VASCONCELLOS e GARCIA, p. 36-81). Isto é muito
semelhante à abordagem comportamental e macroeconômica relatada por
Iudícibus (2004 p. 26 e 31) e complementada por sua abordagem, a chamada
Teoria Positiva.
A incerteza referenciada pela economia da informação vem se somar ao
fato da preferência por um número maior de informação, se houver ausência de
custo ou se este for menor.
Sob o aspecto da Teoria de Agência, a informação tende a ser conflitante,
pois, por exemplo, o entendimento das informações por parte dos avaliadores e dos
proprietários tomadores de decisões podem ser divergentes. Ou melhor dizendo,
ou seja, enquanto os proprietários contemplam oportunidades de ampliar a
rentabilidade dentro do empreendimento assumindo determinado investimento, os
gestores podem apresentar receios quanto a essas decisões devido o risco a ser
admitido na deliberação, que poderá afetar, até mesmo, as atividades futuras da
empresa.
Isso ocorre até mesmo pela continuidade do empreendimento em vias de
risco assumido pela tomada de decisões: enquanto os avaliadores são mais
temerosos, pois podem ter sua segurança (empregabilidade) afetada por uma série
de fatores e contingências, os proprietários podem estar dispostos a assumir certos
riscos, estes admitidos como uma contrapartida, às remunerações mais elevadas e
maiores retornos de seu capital investido. Em uma citação à Teoria do Risco,
James Tobin, Lopes e Rossetti (2005, p.81) mencionam o fato de os detentores de
recursos monetários (agentes econômicos) estarem dispostos a assumirem
maiores riscos se, em troca, receberem um retorno total maior.
2.2 O Usuário da Informação Contábil
A qualidade da informação contábil tem sido uma constante discussão,
tanto no meio acadêmico quanto no mercado profissional.
Menciona a FIPECAFI (2003, p. 31) que a Contabilidade tem entre os seus
objetivos prover o usuário da informação contábil de dados que permitam a
13
avaliação e progresso de determinada entidade. Mas, afinal de contas, a quem se
destinam todos os dados publicados pelas demonstrações contábeis em seus
quesitos obrigatórios de publicação (evidenciação) como o Balanço patrimonial,
Demonstração do Resultado do Exercício, Mutação do Patrimônio Líquido, de
Origem e Aplicação de Recursos, Notas Explicativas e Contexto Operacional e/ou
Relatório da Administração)?
Iudícibus (2004, p. 22) argumenta ter se mantido inalterado o objetivo da
Contabilidade ao longo do tempo, e as mudanças, cuja relevância se apresenta,
ocorreram nos tipos de usuário e nas informações almejadas. Isto é, o perfil do
usuário mudou e a sua necessidade de informação também se alterou. Graças a
esta grande diversidade de usuários, a tarefa da Contabilidade tornou-se mais
difícil, em função da amplitude e dos desejos específicos.
Segundo a FIPECAFI (2003, p. 34), os usuários da informação contábil
dividem-se em dois grandes grupos: os usuários internos e os usuários externos.
Os usuários internos são aqueles que fazem parte da estrutura e valem-se
da informação para adequar seu planejamento gerencial e (re) definir diretrizes e
metas para o bom desempenho do empreendimento, implementando projetos,
adequando desempenho etc., tais como os administradores, supervisores,
gerentes, colaboradores, entre outros.
Os usuários externos são aqueles que, mesmo não estando ligados
diretamente ao dia-a-dia da empresa, possuem interesses na estrutura econômico-
financeira do empreendimento, tais como: clientes, fornecedores, instituições
financeiras, acionistas, concorrentes etc.
2.3 Objetivos da Informação Contábil
Como usuário e/ou cliente da informação contábil, Hendriksen e Van
Breda (1999, p. 94) citam os mais diferentes tipos e finalidades ao se buscar esses
dados contábeis, o que vem a contribuir pelo número expressivo das formas de
publicação dos relatórios. Desse modo, uma rie de informações relevantes para
grupos distintos poderiam(ão), se tornar inócuas por não abordarem quesitos de
interesse e de pessoal relevância.
Hendriksen e Van Breda (1999, p. 96) argumentam que o volume de
informação a ser publicada depende do leitor que a recebe, e citam o seguinte
14
posicionamento adotado pelo FASB sobre as informações divulgadas nos
chamados relatórios:
Compreensível para os que possuem um conhecimento razoável de
negócios e atividades econômicas e estão dispostos a estudar a
informação com diligência razoável (numa situação de custo zero, mais
informação é sempre melhor do que menos, podendo ser desprezada a
informação irrelevante).
Assim, por esta linha de raciocínio, referenciando Hendriksen e Van Breda
(199, p. 95), o nível de divulgação, também depende do padrão considerado mais
desejável, se dividindo em três categorias:
Divulgação adequada é a mais comumente usada, pois acredita em um volume
mínimo de informações, compatível com o pressuposto de que as demonstrações
ali informadas não estejam deturpadas.
A divulgação justa, por sua vez, nivela todos aqueles que terão acesso à
informação, isto é, o que está expresso é de interesse, aceitação e compreensão
de todos. a divulgação completa parte do princípio em que se acredita serem
importantes todas as informações.
Antecipando-se um pouco mais a menção de informações, em um volume
além da obrigatoriedade de sua divulgação, tende a somar pontos em relação aos
outros empreendimentos, exatamente por demonstrar ações, medidas de
desempenho, indicadores e perspectivas operacionais não exigidas, seja pelo fisco
ou pela legislação societária.
Conforme cita Iudícibus (2004, p. 31):
(...) deveríamos conscientizar os leitores de que nenhuma obra, nenhum
autor, parece ser capaz por enquanto de satisfazer todos os requisitos de
uma abordagem essencialmente lógica, pois muita pesquisa ainda se fará
necessária antes de delinearmos as necessidades principais de cada tipo
de usuário. (...) Pesquisar as necessidades de cada um deles (dos
usuários) e fornecer-lhes um conjunto de informações relevantes, em cada
caso, não parece, apesar de tudo um ideal inatingível.
Vale refletir sobre qual seria tipo de informação que agradaria ao usuário,
questionando-se, ainda, se as informações obrigatórias exigidas pelos órgãos
legisladores atendem plenamente aos desejos de quem demanda informes sobre
um empreendimento. E na posição dos empreendimentos poderiam e/ou estariam
dispostos a anteciparem a publicação de informações não obrigatórias.
15
Discorre-se, a seguir, sobre a evidenciação cada vez maior de informações
não obrigatórias, com a finalidade de atingir a maior amplitude possível de usuários.
2.4 A Evidenciação - simples divulgação obrigatória ou uma demonstração de
transparência
Ao se falar de evidenciação, a preocupação não é somente a apresentação
das informações contábeis, conforme os preceitos delineados pelos órgãos que se
vêem na obrigatoriedade de legislar sobre as sociedades anônimas. Como o Banco
Central do Brasil, para as Instituições ligadas ao setor financeiro, a Comissão de
Valores Mobiliários, que legisla, também sobres todas os diferentes tipos de
sociedades anônimas, deve ter como finalidade a total transparência para o maior
número de usuários (stakeholders) possíveis.
Parafraseando Iudícibus (2004, p. 131), ver-se-á uma dificuldade de
avaliação muito maior nas chamadas informações qualitativas, pois têm
julgamentos, análises e avaliações subjetivas. Silva e Moura (2000, p. 02), pro sua
vez, mencionam a relevância em se discutir as informações contábeis e o novo
enfoque a ser dado à ciência contábil rumo ao Terceiro Milênio, isto é, a facilidade
de acesso e o entendimento da informação por parte do usuário.
Ao se falar em evidenciar, percebe-se um sem número de
empreendimentos a oferecer um volume de informações muito além do solicitado.
Iudícibus (2004, p. 131) cita que: “A evidenciação, (...), é uma condição que está
acima dos próprios princípios e que está intimamente ligada às necessidades
informativas dos usuários, variáveis no tempo e no espaço”.
Além das publicações tradicionais, em pesquisas recentes, as empresas
têm expressado, por meio dos informes, a tendência crescente de divulgação de
dados, em volume superior ao das expectativas legais.
As pesquisas demonstram um volume crescente de empresas
preocupando-se e tendendo a fornecer informações extras, de modo a colaborar
com os dados tradicionais. Gonçalves e Ott (2003) fundamentaram seu artigo com
a análise de empresas que prezam a evidenciação das informações financeiras e
suas correlações. A fonte de dados para esse trabalho foi o banco de dados da
CVM Comissão de Valores Mobiliários. Com dados de 744 (setecentas e
16
quarenta e quatro) empresas escolhidas de modo aleatório, com intuito de mostrar
o interesse em evidenciar informações não obrigatórias, mas de relevância.
Na citada pesquisa, algumas informações repetem-se na mesma empresa,
por isso o número de respostas ultrapassa o volume de empreendimentos
pesquisados, cujos resultados resumidos foram os seguintes, conforme se
apresenta na Tabela 01.
TABELA 01
DEMONSTRATIVO DE ITENS OBSERVADOS
Item Observado Nº de observações Participação
1 Programa de Recursos Humanos 189 25,4%
2 Avaliação 158 21,2%
3 EBITDA
1
/LAJIDA
2
131 17,6%
4 Investimentos 125 16,8%
Indicadores de Desempenho 93 12,5%
6 Receita por produto, mercado ou setor 89 12,0%
7 Informações sobre o mercado 82 11,0%
8 Demonstração do Valor Adicionado 75 10,1%
9 Relatório Social 62 8,3%
10 Detalhes operacionais 59 7,9%
11 Descontinuidade 58 7,8%
12 Balanço Social 45 6,0%
13 Medidas tomadas 43 5,8%
14 Certificados de qualidade 41 5,5%
15 Demonstrações de Fluxo de caixa 38 5,1%
16 Informações sobre Gestão 35 4,7%
17 Novos produtos 27 3,6%
18 Balanço Ambiental 23 3,1%
19 Planos 22 3,0%
20 Resultado por Atividade / Segmento 20 2,7%
21 Outras observações 172 23%
Adaptado de Gonçalves e Ott (2003, p. 10).
Como visto na Tabela 01, o ximo das informações normalmente
divulgado em Notas Explicativas visa a atender o maior número de usuários e
1
EBITDA -Earning Before Interest, Taxes, Depreciation And Amortization (ASSAF NETO, 2002, p
206)
2
LAJIDA Lucro Antes dos Juros, Imposto de Renda, Depreciação e Amortização. (ASSAF NETO
2002, p 206)
17
necessidades possíveis. Dentre os vários questionamentos feitos às empresas,
baseando-se nas informações obtidas, destaca-se a menção feita, como segue:
(...) o nível de disclosure usado é uma iniciativa pró-ativa da Companhia de
se antecipar a melhores práticas de governança, assim como de seus
administradores e, também, uma maneira de seguir as tendências do
mercado internacional. Todas as opções listadas contam para a decisão de
disseminação das informações ao mercado, acionistas e comunidade.
(GONÇALVES E OTT, 2003, p.10).
Tem-se na pesquisa, assim, um volume de informações não obrigatórias
cujo desejo de divulgar tende a alcançar os usuários das informações contábeis.
Dentre estas, um destaque especial as relacionadas aos itens de cunho social e
ambiental, isto é: uma participação no volume de divulgação, entre as empresas de
10,1% para a Demonstração do Valor Adicionado; 6% de participação das que
divulgam o Balanço Social; e 3,1% entre as que divulgam o Balanço Ambiental.
Na conclusão apresentada no referido estudo, mencionam a Contabilidade
como um valioso instrumental, não podendo ser um fim em si mesma, mas por
meio da divulgação das demonstrações contábeis e outros relatórios, em apoio às
administrações das entidades, deve ser possível conhecer o estágio atual do
empreendimento, tanto em termos patrimoniais e financeiros quantoo da
lucratividade e aplicação de recursos.
Conclui-se o desejo de algumas empresas evidenciarem informações de
cunho social e ambiental, mesmo com a ausência de normas obrigatórias, com o
intuito de mostrar o comprometimento dos investimentos produtivos e os efeitos
produzidos junto à comunidade. E, o mais importante, a intenção de manifestar tais
dados está ocorrendo de maneira espontânea.
Ponte e Oliveira (2004), por sua vez, apresentaram um trabalho, possuidor
de informações decorrentes de uma amostragem aleatória de noventa e cinco
empresas, com dados originalmente publicados na Gazeta Mercantil, no período de
Janeiro a Março de 2003, com exercício social encerrado em dezembro de 2002.
Na pesquisa denominada “Evidenciação das Demonstrações Contábeis das
empresas brasileiras de informações avançadas e não obrigatórias” foi percebido o
grande interesse das empresas em divulgarem não apenas as informações de
caráter financeiro e econômico, mas também dados cujo foco oscila entre os
aspectos sociais, ambientais e de distribuição de riqueza, e mais, da continuidade e
perspectivas futuras do empreendimento.
18
Vale mencionar que na pesquisa efetuada, 31% das empresas são de capital
fechado e 69% de capital aberto.
Um aspecto merece ser citado: a atenção dada aos projetos sociais,
conforme desejou-se ressaltar nesta pesquisa, foi destaque percebido em relação
às informações de aspecto social, como se vê na Tabela 02:
TABELA 02
Itens recomendados para evidenciação
Item de evidenciação de empresas que
divulgaram
Percentual de
empresas que
divulgaram
1 Projetos sociais 42 44%
2 EBITDA 35 37%
3 Maior ênfase às demonstrações consolidadas 33 35%
4 Nota sobre valor de mercado de bens... 29 31%
5 Demonstração de Fluxo de Caixa 27 28%
6 Demonstração de Valor Adicionado 26 27%
7 Notas sobre resultado por linha de produto 26 27%
8 Balanço Social 16 17%
9 Elaboração de informações consolidadas
independente do volume dos investimentos
15 16%
10 Maior ênfase às demonstrações com correção
integral
3 3%
Fonte: Ponte e Oliveira (2004, p. 18).
Relevante citar os resultados observados nesta pesquisa, com
demonstrações publicadas em dois exercícios sociais (anos) após a primeira
menção e o tratamento diferenciado dados as informações não obrigatórias. Mesmo
em um quantitativo menor, percebe-se o diferencial de tratamento oferecido a estes
dados.
Ponte e Oliveira (2004, p. 19) revelam que deste universo pesquisado, 76%
das empresas publicam pelo menos uma informação não obrigatória, mas que
19
tendem a demonstrar o desejo de a empresa em estar inserida nos preceitos de
Governança Corporativa
3
.
Gonçalves e Ott (2003, p. 17), relatam que a divulgação deliberada de
informação da empresa para o mercado, seja quantitativa ou qualitativa, obrigatória
ou voluntária, via canais formais ou informais é uma tendência e está cada vez mais
sendo requerida.
Viu-se, nas duas publicações, o foco dado às informações de aspecto
sócio-econômico-financieras, percebendo-se a amplitude do respaldo e dos
resultados a serem propiciados pelas empresas, como células de ativas de uma
sociedade em constante movimento.
Arnosti (2000, p. 03) escreve que:
(...) apesar da eficiência econômica ser fundamental para a sobrevivência
das entidades, essa eficiência muitas vezes é insuficiente para sozinha
demonstrar que seu papel é indispensável e insubstituível para uma
sociedade que cada vez mais e com maior relevância analisa e determina
condutas éticas, participação social e cuidados ambientais cada vez mais
rígidos das entidades, em seu papel na construção da cidadania.
Percebe-se, nos dias atuais, a importância das empresas para a
sociedade, mas vale pensar no quanto a sociedade é importante para o
empreendimento, pois é condição fundamental para o seu aval, aprovação e
aceitação dependendo disso, também sua continuidade.
Nas palavras de Herbert de Souza, o Betinho, citado por Tinoco:
As empresas, públicas ou privadas, queiram ou o, são agentes sociais no
processo de desenvolvimento. A dimensão delas não se restringe apenas a uma
determinada sociedade, cidade, país, mas no modo com que se organiza e
principalmente atua, por meio de atividades essenciais (...)
(...) cada vez mais a necessidade de demonstrar a sociedade que não se
progride sem a pureza do ar, a preservação das florestas e a dignidade da
população (TINOCO, 2001, p. 13).
3
Governança corporativa é o sistema pelo qual as sociedades são dirigidas e monitoradas,
envolvendo os relacionamentos entre Acionistas/Cotistas, Conselho de Administração, Diretoria,
Auditoria Independente e Conselho Fiscal. As boas práticas de governança corporativa têm a
finalidade de aumentar o valor da sociedade, facilitar seu acesso ao capital e contribuir para a sua
perenidade. A expressão é designada para abranger os assuntos relativos ao poder de controle e
direção de uma empresa, bem como as diferentes formas e esferas de seu exercício e os diversos
interesses que, de alguma forma, estão ligados à vida das sociedades comerciais. (INSTITUTO
BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA - IBGC ). 2006
20
Kroetz (2001, p. 56) demonstra a evolução da Contabilidade e para onde
caminham os desejos em termos de informação contábil, conforme Figura 01.
Expõe, resumidamente, os vários questionamentos dos desejos do
empreendimento e da sociedade, que não os empresários possuem interesse
no comportamento e desempenho da empresa, mas também a sociedade, como
consumidora responsável, se envolve e influencia a atuação da empresa.
As informações, ainda segundo Kroetz (2001, p. 56-57), deixaram de ser
um aparato para o público interno, e demonstram ansiedade por usuários
externos, principalmente no que concerne aos investimentos nos âmbitos sociais e
ambientais.
FIGURA 01
Resumo da Evolução Contábil
Fonte: KROETZ (2001 p.56)
Enfoque
Períodos Abordagem
Necessidades do
proprietário
Contabilidade Como
instrumento de Controle
Interna
Necessidades
governamentais
Externa
Contabilidade
Financeira
Necessidades das
Entidades
Contabilidade
Gerencial
Interna
Necessidades da
Entidade e da
Sociedade
Contabilidade
Sociogestorial
Interna e
externa
21
2.5 A responsabilidade social dos empreendimentos
Tem sido cada vez mais notória a preocupação das empresas acerca as
relações destas com a sociedade e com o meio ambiente.
O lucro, sob a percepção de autores como o Eliseu Martins (2001. p. 01-
03), Sérgio de Iudícibus (2004, p. 87-91), deixou de ser um fim em si mesmo.
Verifica-se, cada vez mais nas notas explicativas, informações de cunho social e
ambiental, inclusive para justificar as externalidades
4
, criadas por estas empresas.
A empresa há muito não é mais uma ilha com resultados destinados
apenas aos acionistas, mas uma célula social, cujo maior reflexo é a mudança
gerada nas vidas dos agentes econômicos a sua volta.
Não é de se estranhar no interior do Sudeste, mais precisamente na região
Minas-São Paulo, conforme mostra o Quadro 01, a existência de alguns municípios,
em uma citação aleatória, cuja origem é proveniente de economia e recursos
gerados por empresas, suas atividades e efeitos. A existência destas cidades se
vincula a estas empresas não somente pela arrecadação de tributos, mas por toda
a influência a sociedade: dos empregos oferecidos, planos de saúde, reflexos no
meio ambiente etc.
QUADRO 01
Exemplo de Relação Empresa versus Cidade.
Empresa Cidade Setor
CEMIG Nova Ponte MG Energia
Cimento Ponte Alta Ponte Alta MG Cimento
Usina Junqueira Igarapava SP Açúcar e Álcool
Usina Caeté Delta e Conceição das alagoas MG Açúcar e Álcool
Fonte: Elaborado pelo autor (2007).
Com este quadro, deseja-se mostrar que algumas cidades são
dependentes, na sua quase totalidade econômica e financeira, de um ou dois
empreendimentos instalados na localidade. Estes empreendimentos, por sua vez,
4
Externalidades: impacto criado pela empresa ou obra pública cujo reflexo tende atingir o meio sócio
ambiental a sua volta. A geração de empregos, de impostos, pavimentação são alguns dos
benefícios que podem ser gerados. A contrapartida é a geração de poluição (sonora, do ar ou das
águas), desmatamento e exploração desordenada, estes são os chamados custos sociais.
(SANDRONI, 2004, p. 243).
22
representam uma elevada participação nos níveis de emprego, de arrecadação de
tributos e fomento indireto de outras atividades produtivas.
Segundo a ótica de Glautier e Underdown (2000, p. 812), a situação de
causa-efeito é muito além dos resultados apresentados nos relatórios de Lucros e
Perdas; isto é, não afetam apenas o próprio empreendimento, mas têm reflexos na
comunidade a sua volta. As firmas, como denominam os autores, são ou devem ser
socialmente responsáveis e, ainda, que a responsabilidade social se distingue em
três abordagens, a seguir descritas.
A primeira abordagem, que teve origem na Teoria Econômica Clássica
5
,
menciona a maximização do lucro e, por conseguinte, a maximização da riqueza
dos acionistas. Isto ocorrendo dentro dos preceitos legais e éticos estará o
empreendimento atuando no melhor interesse da sociedade.
Esta visão foi defendida por Milton Friedman
6
, apud Glautier e Underdown,
(2000, p. 812):
(...) uma e uma responsabilidade social da firma usar os seus
recursos e empreender atividades com o fim de aumentar os seus lucros,
enquanto isso está dentro das regras do jogo, o que quer dizer, empenhar-
se em competição livre e aberta sem engano ou fraude... Poucas
tendências podiam tão firmemente minar os próprios alicerces da nossa
sociedade livre como uma responsabilidade social que não seja fazer tanto
dinheiro quanto possível para os acionistas.
A existência de uma empresa é muito maior do que os seus resultados
positivos auferidos. É, também um conjunto de relações com a sociedade,
influenciada por decisões que poderão alterar a rotina da comunidade na qual está
inserida.
A segunda abordagem, conforme Glautier e Underdown, (2000, p. 813),
elaborada na década de setenta, diz respeito ao conhecimento dos objetivos sociais
decorrentes da decisão de maximização do lucro. Ou seja, os gestores devem estar
atentos às conseqüências de suas decisões com a finalidade de maximizar o lucro,
seja na vida dos empregados, nas relações com os fornecedores, com os clientes
ou com o governo. Deste modo, visualiza-se na empresa uma associação de
5
A Teoria Clássica teve origem com os pensadores clássicos como Adam Smith, na Inglaterra e
François Quesnay, na França. Com idéias semelhantes ofereceram a base teórica para o que hoje
se denomina capitalismo (ROSSETTI, 2003).
6
Milton Friedman, Economista norte americano, cuja base do pensamento teórico é a regulação da
oferta de moeda na economia (SANDRONI, 2004, p. 252).
23
interesses e o extenuante trabalho do gestor é manter o equilíbrio desta relação de
interesse, pois somente dessa forma poderá a empresa garantir a maximização do
lucro no longo prazo.
A terceira abordagem é a que o lucro como um meio de se atingir um
fim, e não um fim em si mesmo, isto é, o esforço dos gestores deve se concentrar
na seleção de alternativas (decisões) socialmente responsáveis. Assim, o lucro, de
um modo geral, e o resultado final devem ser compatíveis com um volume de
metas sociais. Essa abordagem parece ser certamente uma inovação a tudo que
diz respeito às diversas classificações do capitalismo - o lucro acima de tudo -.
Apresentar-se-á, no próximo capítulo, as publicações sociais e estas, por
sua vez, tendem a estar em conformidade com o desejo de transparência e os
preceitos das empresas fazerem e tomarem decisões politicamente corretas. Tal
postura é a desejável pelos usuários das informações não obrigatórias de aspectos
sociais e deve se mostrar como um diferencial por quem publica este tipo de
informação.
24
CAPÍTULO 3
BALANÇO SOCIAL
Diferente das definições normais, o termo Balanço atribuído a esta
demonstração diverge, em muito, das demonstrações contábeis tradicionais, o qual
possui em sua estrutura, além dos dados quantitativos, aspectos qualitativos, como
apresentado a seguir.
3.1 Dados e Informações sobre o Balanço Social
De uma maneira diferente, o balanço social não apresenta apenas valores
monetários como vislumbrado nas tradicionais demonstrações financeiras, sua
amplitude tende a ser mais ampla, com detalhes antes desconhecidos ou fora do
alcance da sociedade.
Segundo o site de mesmo nome, este relatório define:
(...) como um “demonstrativo publicado anualmente pela empresa reunindo
um conjunto de informações sobre os projetos, benefícios e ações sociais
dirigidas aos empregados, investidores, analistas de mercado, acionistas e
à comunidade. É também um instrumento estratégico para avaliar e
multiplicar o exercício de responsabilidade social corporativa”.
Nessa linha, percebe-se a importância desta “ferramenta” quando
constituída por múltiplos profissionais, pois denota a preocupação das entidades
empresariais com as pessoas e a vida no planeta.
Razzolini Filho (2007, p. 01) menciona o que as primeiras notícias sobre a
preocupação com o social, reportam-se à década de 1960, nos Estados Unidos, na
época da Guerra do Vietnã. Os cidadãos americanos, em razão de um mercado
acionário muito forte, passaram a exigir a divulgação de informações relativas às
ações sociais das empresas que fabricavam armamento para a guerra.
Segundo Torres (2003, p.01), a idéia de responsabilidade social das
empresas popularizou-se, nos anos 70 na Europa, tendo sido na Holanda as
primeiras publicações de relatórios sociais. Desta idéia, a companhia alemã Steag,
25
produziu, em 1971, uma espécie de relatório social, um balanço de suas atividades
sociais. Mas o marco histórico do Balanço Social deu-se na França em 1972, com a
publicação do primeiro relatório com esta denominação pela empresa SINGER.
Em 1977, na França, em virtude de análise mais sistemática por parte das
empresas no âmbito social, aprovou-se em 12 de julho a Lei 77.769, tornando
obrigatória a realização de balanços sociais periódicos para todas as empresas
com mais de setecentos funcionários, reduzindo-se posteriormente para trezentos
funcionários (TORRES, 2003, p. 01).
No Brasil, os desejos por estas informações qualitativas davam sinais do
valor destes dados, podendo ser notada na “Carta de Princípios do Dirigente
Cristão de Empresas”, desde sua publicação em 1965, pela Associação de
Dirigentes Cristãos de Empresas do Brasil (ADCE Brasil).
Na década de 1980, a Fundação Instituto de Desenvolvimento Empresarial
e Social (FIDES) chegou a elaborar um modelo (TORRES, 2003, p.01). Menciona o
Balanço Social da Nitrofértil, empresa estatal localizada na Bahia, publicado em
1984, como o primeiro documento brasileiro do gênero.
Em meados da década de 1980, o Sistema Telebrás tem o seu balanço
publicado, sendo seguido pelo Banespa em 1992, compondo assim, a lista de
empresas pioneiras na elaboração e divulgação do Balanço Social.
A notoriedade e importância do Balanço Social foi percebida em 1997 com
a campanha lançada pelo sociólogo Herbert de Souza e o Instituto Brasileiro de
Análises Sociais e Econômicas, o IBASE, na qual se enfatiza a necessidade de
informações de cunho social, ambiental e econômico, em um modelo único (para
todas as empresas) e simples. A idéia era a simplificação da exposição das
informações de modo a permitir a aceitação e envolvimento do maior número de
empreendimentos possíveis.
Com o desejo envolver sempre um número cada vez mais expressivo de
empresas, o IBASE cria em 1998 o selo IBASE/Betinho, cuja finalidade é identificar
as companhias que estavam publicando o balanço social, no modelo sugerido pelo
instituto. Este selo caracterizava estas como empresas cidadãs, as quais
destinavam recursos para saúde, educação, cultura, meio ambiente, etc.
Conforme menciona Kroetz, (2000, p. 78):
26
O Balanço Social teve sua origem não só nas pressões sociais, mas
também na intenção das entidades em alcançar determinados objetivos,
constituindo-se em um instrumento gerencial de identificação de problemas
e oportunidades e conseqüentemente de apoio para a administração.
Percebeu-se, assim, um desejo da sociedade em conhecer as empresas
estabelecidas em seu meio, e mais, identificar o seu papel neste contexto social,
com suas contribuições e, por que não, seus efeitos negativos (poluição,
degradação do solo etc.).
A resolução Norma Brasileira de Contabilidade - NBC - T 15, aprovada em
19.08.2004 e que entrou em vigor em de janeiro de 2006, vem demonstrar a
relevância e a ênfase a serem dadas em termos de ações sociais e a publicação
desses relatórios por parte das empresas.
Nesta NBC T 15, contemplam-se os procedimentos para evidenciação de
informações de natureza social e ambiental, com o objetivo de demonstrar à
sociedade a participação e a responsabilidade das entidades. Com ela, surge o
desejo de proporcionar ao usuário da informação contábil, dados além dos obtidos
pelas demonstrações contábeis usuais, ou seja, acrescenta-se aos itens
quantitativos, dados qualitativos de natureza social e ambiental.
No Brasil, além do IBASE, o Instituto Ethos é outra organização, e uma de
suas metas é orientar pessoas e empresas para o trabalho voluntário, o mesmo tem
realizado constantes esforços para a difusão da responsabilidade social.
Instituto Ethos somando forças ao Global Reporting Initiative
7
, instituição
que tem como finalidade tornar usual a divulgação de relatórios de sustentabilidade
realizou, no Brasil, em junho de 2006, a Conferência Internacional e teve por tema
“O papel da empresa socialmente responsável em uma sociedade sustentável”.
Entre os vários temas tratados, vale mencionar o debate ocorrido em torno
da Responsabilidade Social Empresarial (RSE), no qual empresários dos mais
diversos segmentos e representantes de entidades argüiram sobre as vantagens e
dificuldades de se publicar os relatórios sociais, norteando-se, por exemplo, pelo
modelo elaborado pelo GRI. (ETHOS, 2006, p.13).
Como se percebe, o Balanço e as Informações Sociais são uma realidade
e um desejo da sociedade, seja para conhecer as atitudes com reflexos sócio-
7
O GRI, Global Report Initiative, foi reunido originalmente em 1997 pela Coalizão para as
Economias Ambientais Responsáveis (CERES), tendo como finalidade desenvolver, promover,
disseminar uma estrutura geralmente aceita para o relatório de sustentabilidade (Global Reporting
Initiative). www.gri.org. Acesso em 10.01.2007
27
ambientais das empresas, seja para conhecer a importância do empreendimento
para a localidade onde está estabelecido.
Gomes (2005 p. 192) comenta o desejo de se conhecer a realidade das
instituições e seus reflexos para com a sociedade, seja por parte daqueles atuantes
no processo produtivo ou os demais agentes econômicos ao redor das empresas.
O Balanço Social, em sua estrutura, possui dados, cujos resultados podem
afetar desde recursos humanos até mesmo ter reflexos e impactos sócio-
ambientais.
Santos (2003, p. 11) menciona:
Atualmente, o Balanço Social é estudado em quatro vertentes que
resumidamente são: 1. o Balanço Ambiental onde se reflete a postura da
empresa em relação aos recursos naturais, compreendendo os gastos com a
preservação, proteção e recuperação destes recursos, os investimentos
voltados para a área ambiental e os passivos ambientais; 2. o Balanço de
Recursos Humanos evidenciando-se o treinamento e os gastos em benefícios
da sociedade circunvizinha; 3. a Demonstração do Valor Adicionado onde
se objetiva evidenciar a contribuição da empresa para o desenvolvimento
econômico e social da região onde está instalada, discriminando os valores
agregados de riqueza a economia local e, em seguida, na DVA, a forma como
distribui tal riqueza e o que a empresa faz em termos de benefícios sociais
como contribuições a entidades assistenciais e filantrópicas, preservação de
bens culturais, educação de necessitados etc.
Tinoco (2001, p.199) apresenta, no Quadro 02, o modelo do Balanço Social
sugerido pelo IBASE em parceria com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e
que tem sido usado por várias empresas no Brasil.
28
QUADRO 02
Estrutura do Balanço Social
1) Base de Cálculo 2005 2004
1.1 Receita Líquida
1.2 Lucro Operacional
1.3 Folha de Pagamento Bruta
2) Indicadores Laborais Valor
R$
%sobre
1.2
%sobre
1.1
Valor
R$
%sobre
1.2
%sobr
e
1.1
2.1 Alimentação
2.2 Encargos sociais compulsórios
2.3 Previdência privada
2.4 Saúde
2.5 Educação
2.6 Creches/Auxílio Creches
2.7 Participação nos Lucros ou resultados
2.8 Outros Benefícios
Total Indicadores Laborais ( 2.1 a 2.8 )
3) Indicadores Sociais Valor
R$
%sobre
1.2
%sobre
1.1
Valor
R$
%sobre
1.2
%sobr
e
1.1
3.1 Tributos (excluídos encargos sociais)
3.2 Contribuições para sociedade/
investimentos na cidadania
3.2.1 Educação e cultura
3.2.2 Saúde e Saneamento
3.2.3 Habitação
3.2.4 Esporte e Lazer
3.2.5 Creches
3.2.6 Alimentação
3.2.7 Outros
3.3 Investimentos em Meio Ambiente
3.3.1 Relacionados com a operação da
empresa
3.3.2 Em programas/projetos externos
Total Indicadores sociais (3.1 a 3.3 )
29
4) Indicadores do Corpo Funcional Total Total
4.1 Nº de empregado ao final do período
4.2 Nº de admissões durante o período
4.3 de mulheres que trabalham na
empresa
4.4 Percentual de cargos de chefia ocupados
por mulheres
4.5 de empregados portadores de
deficiência
5. Outras informações relevantes quanto ao exercício da responsabilidade social
Fonte: TINOCO (2001 p. 199).
Ainda, segundo Tinoco (2001), para o preenchimento do Balanço Social,
alguns itens devem obedecer as seguintes instruções:
1.1 Receita Líquida
Consiste na Receita Bruta excluída dos impostos e contribuições, devoluções,
abatimentos e descontos comerciais.
1.3 Folha de Pagamento Bruta
Valor total das remunerações dos colaboradores.
2.1 Alimentação
Restaurante, tíquete-refeição, lanches, cestas básicas e outros gastos com a
alimentação dos empregados.
2.3 Previdência Privada
Planos especiais de aposentadoria, fundações previdenciárias, complementações
de benefício aos aposentados e seus dependentes.
2.4 Saúde
Plano de saúde, assistência médica, programa de medicina preventiva, programas
de qualidade de vida e outros gastos com saúde, inclusive dos aposentados.
30
2.5 Educação
Treinamentos, programas de estágios (excluídos salários), reembolso de educação,
bolsas, assinaturas de revistas, gastos com biblioteca (excluído pessoal) e outros
gastos com educação e treinamento de funcionários.
2.6 Creche / auxílio creche
Creche no local ou auxílio creche aos funcionários.
2.7 Participação nos lucros ou resultados
Participações que não caracterizem complemento de salários.
2.8 Outros benefícios
Seguros (parcela paga pela empresa), empréstimo (só o custo), gastos com
atividades recreativas, transportes, moradia e outros benefícios oferecidos aos
empregados.
3.1 Tributos (excluídos encargos sociais)
Impostos, contribuições e taxas federais, estaduais e municipais.
3.2 Contribuições para a sociedade / investimentos na cidadania
Investimentos na comunidade (não inclusos gastos com empregados).
3.3.1 Relacionados com a operação da empresa
Despoluição, gastos com a introdução de métodos não poluentes e outros gastos
que visem à maior qualidade ambiental na operação da empresa.
3.3.2 Em programas / projetos externos
Despoluição, conservação de recursos ambientais, campanhas ambientais e outros.
5. Outras informações
Espaço disponível para que a empresa agregue outras informações que considere
reveladoras de sua ação social.
31
Apesar do desejo de expressar a relevância das informações sociais a
partir dos empreendimentos, depara-se com a ausência de uma legislação em que
se padronize os procedimentos e se formalize a obrigatoriedade de sua publicação.
A Comissão de Valores Mobiliários, em sua proposta de revisão da Lei
6.404/76, Lei das Sociedades Anônimas, com o Anteprojeto de Lei 3.741/2000,
propõe a inserção do Balanço Social no hall das demonstrações financeiras
obrigatórias, prevendo, ainda, segundo Tinoco (2001, p. 201), a elaboração da
Demonstração do Valor Adicionado, permitindo-se desse modo uma maior
qualidade da informação divulgada.
Nessa linha, da obrigatoriedade versus espontaneidade, percebe-se uma
preocupação quanto a lisura e o desejo de evidenciar a informação social, não
para atender aos desejos e anseios dos usuários, mas também para estar de
acordo com a conveniência da entidade divulgadora.
3.2 Elaboração de Demonstrativos Sociais – Ausência de Normatização
Como se mencionou anteriormente, uma das dificuldades percebidas
constitui-se na ausência de normatização quanto a elaboração dos demonstrativos
sociais. Pelo fato de não estarem entre as demonstrações obrigatórias, não uma
padronização sobre quais informações se apresentam de modo essencial para sua
elaboração.
O IBASE vem disponibilizando modelos e sugestões para que as empresas
apresentem informações de seus atos que afetam não apenas o meio sócio-
ambiental, como também as políticas adotadas pelas estruturas produtivas para
contribuir com melhores condições de vida da população.
Segundo Ribeiro e Lisboa (1999, p. 2),
Em termos ideais uma empresa somente poderia exercer suas atividades se o
custo-benefício da sua existência fosse positivo. A empresa que agride o meio
ambiente, conseqüentemente coloca em risco a continuidade da vida humana
ou reduz a qualidade desta; aquela que o propicia condições adequadas de
trabalho contribui para a degeneração psicológica e social dos trabalhadores;
e aquelas que não adicionam valor à economia local fazem com que a
aplicação de recursos governamentais não resulte nos benefícios esperados
na região onde estão situadas.
32
Visualiza-se, então, que toda empresa estabelecida em determinada
comunidade poderia gerar alguns custos para o meio ambiente, mas os benefícios
gerados por sua instalação deveriam ser superiores. Em uma situação inversa, a
sua instalação seria questionada pela comunidade que, com certeza, apresentaria
recusa ao seu estabelecimento.
Para Kroetz (2000, p. 108), alguns princípios devem ser considerados ao
se elaborar o Balanço Social, dentre os quais destacam-se:
1. Princípio da objetividade: parte-se da premissa que todas as informações
são fidedignas, isto é, não juízo de valor interferindo no relatório a ser
elaborado.
2. Princípio da continuidade: garantia de comparabilidade das informações em
diferentes períodos de tempo, devendo assim, haver constantemente a
coleta de dados.
3. Princípio da pertinência: aqui se define a relevância da informação para os
stakeholders
8
. A relação entre o custo da elaboração e a divulgação do
demonstrativo e o retorno propiciado deve ser positivo ou favorável.
4. Princípio da uniformidade: é necessária a existência de padronização dos
procedimentos metodológicos para elaboração do balanço social, assim
como a publicação de notas explicativas quando da mudança destes
procedimentos.
5. Princípio da certificação: o relatório deve permitir uma certificação por parte
de agentes externos, tencionando–se garantir, assim, credibilidade das
informações prestadas.
Com a observância destes princípios, as empresas podem passar a ter um
instrumento de grande valia, ampliando as relações entre a estrutura empresarial e
seus colaboradores (empregados), por exemplo, obtendo, a partir daí, participações
mais ativas e espontâneas, tendo como conseguinte uma maior qualidade nos
produtos e serviços oferecidos.
8
Usuários da informação contábil: Instituições Financeiras, Governo, Fornecedores, Clientes,
Trabalhadores, Acionistas, Diretores, Administradores, Sociedade, Concorrentes, Estudiosos etc.
(GLAUTIER e UNDERDOWN, 2000 p. 813).
33
Vale citar, no entanto, que o Balanço Social pode apresentar algumas
limitações consideradas no tocante às informações, a serem trabalhadas,
lembrando-se tratar das informações da empresa com o meio social.
Kroetz (2000, p. 83), em sua obra, aborda algumas destas limitações:
1. Privacidade: as informações devem ter a autorização das partes interessadas,
exceto em casos nos quais se impõem cláusulas legais. Busca-se oferecer
informações complementares às não obtidas por meio de indicadores ecômicos e
financeiros.
2. Sigilo: respeitar as informações essenciais da organização, de modo que sua
divulgação não se torne vantagem comparativa, ameaçando, inclusive sua
continuidade no mercado.
3. Subjetividade: a retratação da realidade é fundamental para a credibilidade do
Balanço Social, descartando-se até mesmo os aspectos subjetivos (opiniões) e
especulativos dos dados a serem trabalhados.
4. Uniformidade: a informação deve ser de fácil entendimento, evitando-se assim,
dúvidas e interpretações errôneas e obtendo a sociedade o real valor qualitativo do
Balanço Social. Ainda, dentro deste quesito, a uniformidade no sentido de manter-
se a mesma metodologia e técnica de elaboração, permitindo a real comparação e
evolução dos indicadores obtidos ao longo dos exercícios sociais.
5. Utilidade: destaca-se, neste ponto a qualidade da informação e a reação do meio
social ao recebê-la, pois a sociedade deve, entre seus objetivos, satisfazer o desejo
dos diversos tipos de usuários no tocante a informações sobre a empresa.
6. Economicidade: as informações devem possuir aspectos abrangentes sem,
contudo, incorrer a empresa em custos superiores aos benefícios proporcionados
pelas informações.
Nesta linha de pensamento, Siqueira e Vidal (2003, p. 5-7) expõem em seu
trabalho o Balanço Social como um “viés positivo
9
”, isto é, um instrumento de
divulgação de realizações por parte das empresas para com os seus
colaboradores, meio ambiente e com a comunidade.
9
Viés positivo seria a divulgação nas demonstrações e informativos com dados sociais com apenas
os seus aspectos positivos, isto é, mesmo que a empresa tenha incorrido em dados sociais
negativos eles se justificariam no decorrer da vida e da rotina da empresa. Expõem se a título de
exemplo a demissão na Light como um feito e os acidentes ecológicos da Petrobrás transforma-se
na busca por um novo padrão de excelência” (SIQUEIRA e VIDAL; 2003, p. 06).
34
Dessa maneira, as demonstrações com informações e dados sociais são,
na verdade, a prestação de contas pela sua existência à sociedade como um todo,
devendo, inclusive, apresentar não somente as informações de aspecto positivo,
mas também as de aspecto negativo.
Citam, ainda, em seu trabalho, o baixo índice de auditoria, também das
informações sociais, pois, em virtude da legislação, redirecionam-se os aspectos de
comprometimento, formalidade e responsabilidade (com a identificação do
responsável técnico pelas informações) para as demonstrações societárias
obrigatórias.
Siqueira e Vidal (2003, p. 11) valem-se de uma amostra de vinte e duas
empresas sendo que nenhuma delas fazia-se menção, em seu parecer de auditoria,
sobre as informações de cunho social, e apenas uma apresentava identificação do
responsável técnico pela elaboração dos dados referentes aos aspectos sociais.
Mas o que seria auditoria das demonstrações sociais, um “atestado” da
autenticidade das informações? Ou como Siqueira e Vidal (2003, p. 6) comentam,
seria uma formalidade para evitar a mudança das informações sociais e a
transformação do Balanço Social em um instrumento de marketing com viés
positivo?
A ausência de normas referentes a publicações sociais, assim como
procedimentos que permitam sua conferência e atestem sua idoneidade pode vir a
representar uma preocupação para os usuários da informação.
A formalidade, e até mesmo a verificação da autenticidade com os dados
divulgados é uma realidade e existem manifestações sobre a auditoria das
informações sociais, como será observado no tópico a seguir.
3.3 Auditoria Social - preocupação com as informações sociais
Apesar de não constituir o foco deste trabalho, vale mencionar, de modo
breve, a importância atribuída à auditoria das informações contábeis, financeiras e
sociais.
Ao se mencionar Auditoria, tem-se em mente a técnica contábil utilizada
para aferir os resultados das demonstrações financeiras tradicionais, direcionando-
se para os requisitos da Lei 6.404/76 Lei das Sociedades por Ações (FIPECAFI,
2003, p.30):
35
... é o estudo e avaliação sistemáticos de transações procedimentos,
operações e das demonstrações financeiras acrescenta-se sociais e
ecológicas (Balanço Social) resultantes. Sua finalidade é determinar o grau
de observância dos critérios estabelecidos e emitir um parecer (relatório de
opinião e recomendações, no caso do Balanço Social), sobre o assunto.
Nesse sentido, a idéia é oferecer ao aglomerado de dados sociais, solidez,
seriedade e o crivo da idoneidade das informações. Faz-se um comentário
pertinente sobre os anseios no tocante às informações sociais, isto é, devido à
pressão por maior responsabilidade das empresas, caminha-se para o dia em que,
além do balanço financeiro anual certificado por auditores independentes, as
empresas terão que publicar um Balanço Social também certificado por auditores.
Porém, qual o interesse em se auditar o balanço social? Haveria alguma
informação vantajosa para a empresa divulgadora e para o usuário em busca de
informação?
Ainda, citando Kroetz (2000, p. 94), dentre os possíveis benefícios a serem
percebidos com a auditoria das informações sociais, mencionam-se alguns para a
instituição e para o meio social:
* redução dos riscos ambientais e sociais;
* redução do custo - implantação de modelos de prevenção;
* novas oportunidades de mercado;
* maior confiança na estrutura empresarial, pelos credores, investidores e
sociedade como um todo;
* avaliação dos procedimentos de cálculos tributários;
* maior envolvimento e comprometimento dos empregados e
* maior qualidade organizacional e social.
Mesmo ao citar alguns aspectos relevantes do Balanço Social, defronta-se
com a ausência de regulamentação e legislação própria para a formalização de sua
publicação.
Ao se sugerir uma auditoria das demonstrações sociais, tem-se o
reconhecimento da necessidade de uma metodologia especial, alterando-se,
inclusive, sua definição e conceitos tradicionais em que a função do auditor
reconhecida como positivamente orientadora para as decisões gerenciais,
transforma-se numa tecnologia capaz de não somente avaliar, mas de emitir
opiniões que venham somar, contribuindo com a prosperidade da organização e da
própria sociedade.
36
Ambrósio (2006, p.1), no entanto, ressalta que:
Não existe no mundo nenhum padrão de certificação oficial de relatórios
de certificação oficial de relatórios de responsabilidade social, como
acontece com uma auditoria clássica das demonstrações contábeis, que
segue regras claras tanto no Brasil quanto no exterior. O que existe o
critérios e padrões para elaboração desses relatórios, entretanto também
não há uma unificação (...).
Assim, constata-se que uma entidade organizacional surge do desejo em
se estruturar, seja da vontade individual seja da vontade coletiva. Seu intuito
fundamental é obter resultados positivos – financeiros e sociais.
A formalização de padrões, normas e diretrizes para a elaboração e
disposição das informações sociais, assim como a análise de sua idoneidade
ofereceria para a sociedade uma tranqüilidade quanto a sua continuidade e atitudes
e decisões no meio sócio-ambiental.
Numa visão sistematizada, visualiza-se a organização como um
agrupamento de recursos interdependentes e interligados, com objetivos comuns,
formando um contrato entre várias partes.
Lisboa e Souza (1999, p.18) conduzem a uma reflexão em que se tem uma
empresa consumindo os recursos acessíveis em uma economia, propiciando como
único benefício o emprego dos moradores da cidade, e não adicionando nenhum
valor durante o processo de produção.
Em suma, esta situação configuraria pouca alternativa a sua continuidade,
pois a necessidade de reinvestimento, considerando a auto-sustentação do
empreendimento, somente se faria possível com a agregação de valores,
justificando-se um sobre-preço (receita) que permitisse sua continuidade. Nessa
linha, tem-se que a empresa é capaz de gerar riqueza o somente para os seus
acionistas, mas também distribuir valores para outros componentes de sua
produção.
Uma das vertentes do Balanço Social, ponto chave deste estudo, é
exatamente entender a geração e distribuição de valor, tanto para os acionistas
quanto para a sociedade como um todo. Tem–se na Demonstração do Valor
Adicionado uma visão contextual de como isso ocorre. A seguir, apresenta-se a
DVA com seus conceitos e peculiaridades.
37
3.4 Demonstração do Valor Adicionado - DVA
Pode-se ter entre as vertentes do Balanço Social, conforme visto, um
conjunto de informações denominado Demonstração de Valor Adicionado. Apesar
de não ser uma demonstração (grupo de informações) obrigatória, vem corroborar,
em caráter explicativo, com a relevância de se possuir em determinada
comunidade, aquele empreendimento produtivo, oferecendo oportunidade de
remuneração não somente para o empreendedor, mas também para os demais
agentes econômicos participantes diretos ou não de sua atividade. Antes, porém,
cabe a menção de algumas definições da Demonstração do Valor Adicionado e sua
evolução histórica.
3.4.1 Importância conceitual e aspectos históricos
Buscar-se-á, primeiramente, conceituar o que vem a ser Demonstração do
Valor Adicionado, para, de posse dessa informação, discutir-se seu real valor e
melhor compreendê-la.
Para Luca (1998, p. 28) “... é um conjunto de informações de natureza
econômica. É um relatório contábil que visa demonstrar o valor da riqueza gerada
pela empresa e a distribuição para os elementos que contribuíram para sua
geração”. Cosenza (2003, p.10), por sua vez: apresenta a seguinte definição:
O conceito de DVA pode ser delimitado no âmbito de uma informação
econômica financeira de natureza histórica, que evidencia a circulação
real do patrimônio e mostra o valor econômico que foi gerado por uma
entidade durante um certo período de tempo e, simultaneamente,
descreve como este valor entre aqueles que contribuíram para sua
criação.
Ou ainda: “é a demonstração contábil que divulga a geração de valor
produzido pela própria empresa, mediante sua próprias atividades e a retribuição
aos componentes econômicos que formaram esse valor adicionado”. (COSENZA e
KROETZ, 2003 P. 05)
Conselho Federal de Contabilidade (2005, p.01), assim conceitua a DVA:
38
expressa o valor calculado a partir da diferença entre o valor de sua
produção e dos bens produzidos por terceiros utilizados no processo de
produção. A atual e potencial utilização do valor adicionado mostram os
aspectos social e econômico a partir da avaliação de desempenho na
geração de riquezas ao medir a eficiência na utilização dos fatores de
produção, comparando-se o valor das saídas com o valor das entradas. E
ainda se apresenta como índice de avaliação de desempenho social, a
medida que demonstra, na distribuição da riqueza gerada, a participação
dos empregados, acionistas, dos agentes financiadores, do Governo e
dos Acionistas.
Complementa, ainda, Sousa (2003, p. 22) “... parece ter ficado evidente
que a riqueza gerada ou valor adicionado pela empresa, possui valor monetário
superior ao do lucro, pois este é uma das parcelas constitutivas daquele”.
Diante das definições mencionadas, percebe-se na Demonstração do Valor
Adicionado uma abordagem carregada de pontos que nos remetem a visão dos
economistas (o PIB mensurado a partir da produção).
Segundo Cosenza (2003, p. 08), conceitualmente, o Valor Adicionado é
conhecido aproximadamente duzentos anos em seus aspectos
macroeconômicos. Cita, ainda, que as primeiras aplicações do mesmo têm suas
origens nos Estados Unidos, quando foi utilizado como base para cálculo dos
sistemas de pagamento de incentivos governamentais.
Contudo, no campo empresarial, as referências sobre o assunto são mais
recentes, datando dos anos cinqüenta do século XX, quando o valor adicionado
começou a ser empregado em uma perspectiva microeconômica, sendo usado por
algumas empresas da Inglaterra. Posteriormente, na década de setenta, o uso do
valor adicionado foi disseminado nas empresas britânicas, com o intuito de instituir-
se uma via de diálogo junto aos empregados, com a finalidade de aumentar a
produtividade.
No entanto, o trabalho desenvolvido pelo Comitê de Normas de Contabilidade do
Reino Unido (Accounting Standards Steerring Committee ASSC), em 1975, foi
considerado um marco no tocante à normatização da DVA. Ressaltava a
importância do lucro para a economia de mercado como um todo, porém, com a
Demonstração do Valor Adicionado, permitir-se-ia à comunidade tomar
conhecimento de sua função (do lucro) na criação de resultados para a sociedade
como um todo.
O intuito do Comitê, ao propor mais esta demonstração contábil era gerar
informações acessórias, possibilitando ao usuário da informação a identificação da
39
riqueza gerada pela empresa; aos empregados, o valor adicionado criado pelo seu
próprio esforço; e, ainda, a sociedade mostrando como se aplicou este valor
adicionado para remunerar os responsáveis por sua criação. É lamentável, porém,
não ter sido entendido o desejo informativo deste demonstrativo como ansiava o
Comitê pela comunidade contábil britânica. Isso ocorreu por não considerarem
relevante esta informação para as divulgações anuais efetuadas pelas empresas
mercantis inglesas.
Na atualidade, ocorre situação semelhante em todo o contexto
internacional, pois a DVA é um informe facultativo, mesmo estando em grande
consideração pela International Accouting Standards Board - IASB -, aconselha as
empresas a apresentá-la adicionalmente.(IASC apud COSENZA, 2003, p. 09).
No Brasil, o Conselho Federal de Contabilidade tem editado resoluções,
como a de nº 1003, de 19.08.2004, publicada no Diário Oficial da União (D.O.U) em
06.09.2004 e a de nº 1010, de 21.01.2005, publicada no D.O.U em 25.01.2005.
A primeira resolução, de maneira mais ampla, apresenta a Norma
Brasileira de Contabilidade (NBC) T 15, com Informações de natureza Ambiental e
Social. a segunda resolução apresentando a Norma Brasileira de Contabilidade
(NBC) T 3.7, trata exclusivamente da Demonstração do Valor Adicionado e faz uma
descrição de sua estrutura.
Há, também, conforme menciona Santos (2003, p. 12), um modelo
idealizado pelos pesquisadores da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis,
Atuariais e Financeiras (FIPECAFI), já com a estrutura pronta para atender os
requisitos legais do Projeto de Lei 3.741 de 2.000, de alteração da Lei. 6.404/76
(Lei das Sociedades Anônimas). Vale citar, que o uso deste modelo vem sendo
recomendado pela Comissão de Valores Mobiliários (C.V.M.), conforme Ofício
Circular CVM/SNC/SEP/nº 01/2000.
Por se tratar de uma demonstração informativa facultativa, qual o modelo a
seguir? Qual a amplitude e possíveis restrições existentes quanto a sua
publicação? Poderá realmente este arcabouço de dados ser de real interesse da
comunidade?
A tentativa de expor algumas informações tem o intuito de colaborar com a
formulação de opiniões, de modo a retirar o maior volume de subsídios oriundos da
Demonstração de Valor Adicionado.
40
3.4.2 A Estrutura e Modelo da Demonstração do Valor Adicionado – DVA –
Reportando ao início do capítulo, mencionou-se o interesse dos
economistas na elaboração do valor adicionado, pois o mesmo permite a
verificação e cálculo do Produto Interno Bruto, PIB, de uma economia em um
determinado período de tempo.
Luca (1998, p. 66) e Santos (2003, P. 32) apontam que a metodologia para
o cálculo do Valor Adicionado diferencia-se em termos de enfoque: enquanto os
Economistas consideram o valor da produção para fins de identificar-se a riqueza
gerada, para os Contadores se toma como base o montante da Receita Bruta no
período considerado.
Santos (2003, p. 32-33) por sua vez comenta que:
(...) o critério contábil na apuração do valor adicionado, poderá ser superior ao
econômico. Essa superioridade materializa-se através de práticas contábeis
consistentes e da utilização de valores reais. Os valores estimados na
Contabilidade através de provisões sempre em algum momento futuro, são
confrontados e ajustados aos valores reais. A isso deve ser adicionado o fato
de os valores da contabilidade poderem se submeter a processos
permanentes de auditoria.
Neste trabalho, não se tem a pretensão de avaliar qual método se
apresenta de modo mais correto, mas sim verificar com este estudo, sob a ótica
contábil, a importância microeconômica do conceito de valor adicionado ao se
propor a sua publicação pela empresa, independente de sua classificação
comercial (sociedade anônima ou limitada) e a possível valorização por parte da
sociedade e das autoridades governamentais por estes empreendimentos existirem
em seu contexto econômico.
Com este ponto de partida definido, o próximo passo é visualizar como se
constitui a estrutura da Demonstração do Valor Adicionado e as informações daí
decorrentes.
Como mencionado por Cosenza e Kroetz (2003, P.03), a DVA é a
demonstração cujo sistema de informações contábeis configura importante
ferramenta para análise das atividades da empresa e a remuneração das partes
envolvidas na atividade.
41
Apresenta-se, no Quadro 03, o modelo para empresas em geral elaborado
pela FIPECAFI e apresentado por Santos (2003, P.39) e o Conselho Federal de
Contabilidade na Norma Brasileira de Contabilidade na NBC T 3.7:
QUADRO 03
DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO
Empresa: Em milhares de Reais
Descrição Pela Legislação
Societária
Em moeda
Constante
1. RECEITAS
1.1 Vendas de mercadorias, produtos e serviços
1.2 Provisão para devedores duvidosos
(reversão / Constituição)
1.3 Não operacionais
2. INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS
(inclui os valores dos impostos – ICMS e IPI)
2.1 Matérias primas consumidas
2.2 Custo das Mercadorias e serviços consumidos
2.3 Materiais, energia, serviços de terceiros e outros
2.4 Perda / Recuperação de valores ativos
3. VALOR ADICIONADO BRUTO (1 – 2)
4. RETENÇÕES
4.1 Depreciação, amortização e exaustão
5. VALOR ADICIONADO LÍQUIDO PRODUZIDO PELA
ENTIDADE (3 – 4)
6 VALOR RECEBIDO EM TRANSFERÊNCIA
6.1 Resultado de Equivalência Patrimonial
6.2 Receitas financeiras
7. VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR (5 + 6)
8. DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO
8.1 Pessoal e Encargos
8.2 Impostos, Taxas e Contribuições
8.3 Juros e Aluguéis
8.4 Juros sobre Capital Próprio e Dividendos
8.5 Lucros retidos / prejuízo do exercício
Fonte: Santos (2003, p. 39).
Para melhor entendimento da estrutura da DVA, apresentada no Quadro
03, mostra-se uma abordagem breve sobre os conceitos, baseando-se em Santos
42
(2003, p.40-43 e 46-50), Santos e Silva (2003, p. 04-05), Conselho Federal de
Contabilidade (2005), Comissão de Valores Mobiliários, CVM, (2000, p. 01):
1. Receitas
1.1 Venda de mercadorias, produtos e serviços
O Item receita bruta é formado pelas vendas de mercadorias, produtos e
serviços incluindo os valores dos tributos incidentes sobre as receitas, ou seja, o
valor da Receita Bruta, deduzindo-se as devoluções, os abatimentos incondicionais
e os cancelamentos.
Os registros das receitas nas empresas devem obedecer ao princípio da
competência de exercícios, respeitando-se as peculiaridades de cada segmento
10
.
1.2 Provisão para devedores duvidosos
Esta conta é elaborada com a finalidade de cobrir as perdas (estimadas)
com clientes. Deve-se ter em conta, no entanto, que a reversão desta conta por
excesso de provisão constitui uma receita criada devendo compor a DVA. Em
síntese, provisão (subtrai)/reversão (soma-se) na demonstração.
1.3 (resultados) Não operacionais
Este item inclui os valores considerados fora das atividades principais da
empresa, tais como: ganhos ou perdas gerados com a baixa de ativos de longo
prazo a exemplo dos imobilizados, investimentos e outros.
2. Insumos Adquiridos de Terceiros
2.1 e 2.2 Matérias primas, mercadorias, materiais consumidos na produção e
geração de receita (um dos Princípios Fundamentais de Contabilidade),
considerando-se o seu valor, para fins de cálculo, no momento de sua
transformação em despesas do período. Incluem-se neste os valores dos impostos,
mesmo havendo posteriormente a sua recuperação.
10
A título de exemplo citam-se as companhias de água e energia que têm suas receitas
reconhecidas pela sua realização e não faturamento, isto é, quando seu respectivo produto chega
até o seu consumidor. (DEMONSTRAÇÃO, 2005 p. 07)
43
2.3 Custo dos serviços vendidos, energia e serviços de terceiros
Não inclui o custo com pessoal próprio, mas os valores relativos às
aquisições e pagamentos a terceiros. Consideram-se, também, seus valores no
momento das compras, isto é, incluso IPI e ICMS, se for o caso, sendo
recuperáveis ou não.
2.4 Perda/Recuperação de Ativos
Tem se o valor relativo aos ajustes a valor de mercado, de estoques, de
investimentos etc.
3. Valor adicionado Bruto Diferença entre o total de contas dos grupos 1 e 2
4. Retenções
4.1 Depreciação, Amortização e Exaustão
Referem-se às despesas e custos calculados no período. Abordar-se-á em
momento oportuno algumas opiniões polêmicas para esta conta.
5. Valor Adicionado Líquido produzido pela Entidade Diferença entre o total
de contas dos grupos 3 e 4;
6. Valor Recebido em Transferência
Seguem abaixo as possibilidades de valores recebidos em transferência:
6.1 Resultado de Equivalência Patrimonial
Este valor pode ser:
a) o resultado positivo ou negativo de equivalência patrimonial;
b) os valores registrados como dividendos relativos a investimentos avaliados ao
custo.
6.2 Receitas Financeiras
Aqui são classificados os valores relativos a quaisquer operações com
instituições financeiras, entidades do grupo ou entidades do grupo.
44
Ressalta-se que, na elaboração da DVA para instituições financeiras, a
estrutura deve ser adequada. Menciona-se, ainda, segundo a NBC 3.7, que fazem
parte desse grupo os valores de receitas de aluguéis e royalties, quando se tratar
de entidade que não tenha como objeto essa atividade.
7. Total do Valor Adicionado a Distribuir
É o somatório do total do item 5 + total do item 6.
8. Distribuição do Valor Adicionado
Cosenza (2003, p. 14) comenta que após identificar o valor adicionado do
período, como este valor será repartido com todos aqueles que ajudaram a gerá-lo,
ou seja, deve-se determinar a retribuição aos grupos, lembrando que os critérios de
atribuição de valor são os estabelecidos pelo ambiente da entidade.
8.1 Pessoal e Encargos
Para Luca (1998, p. 69), este se define como um dos mais importantes
grupos a participar do valor adicionado.
Observando o delineado na NBC 3.7 (2005), devem ser incluídos neste
grupo os salários, férias, 13º salário, FGTS, seguro de acidente do trabalho,
assistência médica, alimentação, transporte etc., apropriados ao custo do produto
ou ao resultado do período. Fazem parte desse conjunto, também, os valores
representativos de comissões, gratificações, participações, planos privados de
aposentadorias e pensão e seguro de vida.
8.2 Impostos, Taxas e Contribuições
Tem-se aqui a remuneração do Governo. Questiona-se a sua participação
efetiva na criação do valor adicionado para a empresa. Este deve ser visto como o
agente econômico responsável pelo oferecimento de infra-estrutura de um modo
geral (pavimentação, saneamento), tornando-se possível a realização de
investimentos produtivos.
Concentram-se neste grupo os impostos sobre o lucro (de renda e
contribuição social) e sobre as vendas (ICMS, ISS, PIS, COFINS e IPI), taxas e
contribuições inclusive às devidas ao INSS, CPMF e demais tributos. o
45
adicionados aos tributos, multas, juros e correção monetária, subtraindo-se as
isenções, abatimentos e devoluções por cobrança indevida.
Segundo Santos (2003, p. 41), o ideal em termos de divulgação desta
rubrica seria a melhor evidenciação, especificando-se os tributos conforme sua
competência, ou seja: União, Estado ou Município, ou ainda, se for o caso, de um
País estrangeiro, quando o pagamento se realiza fora da fronteira onde a empresa
realiza suas atividades.
8.3 Juros e Aluguéis
Este grupo, também é denominado remuneração do Capital de Terceiros
ou dos Credores. Representam a remuneração dos recursos de terceiros, sob a
forma de custo financeiro, por conta do fornecimento de capital para aplicações na
atividade produtiva da empresa.
Mencionam-se os juros (remuneração de empréstimos, obrigações,
depósitos a prazo, títulos negociáveis etc.), aluguéis (pelo uso de ativos diversos),
royalties (pelo uso de marcas e patentes).
8.4 Juros sobre o Capital Próprio e Dividendos
Aqui se destaca a remuneração do capital próprio ou dos acionistas.
Sobressai-se a parcela que remunera aqueles que aplicaram os recursos próprios.
Luca (1998, p. 72/75) e Cosenza (2003, p.15) divergem de Santos (2003,
p.43) e da NBC 3.7 (2005). Os dois primeiros se preocupam em demonstrar os
lucros retidos como uma parcela da remuneração dos acionistas; no segundo
grupo, os autores preocupam-se em identificar somente os valores pagos ou
creditados aos acionistas.
Santos (2003, p. 45) faz uma alusão à situação em que os juros sobre o
capital próprio, registrados na Contabilidade como reservas, devem fazer parte do
item “Lucros Retidos”.
Cosenza citando Martins (2003, p.15) alega ser este ponto negativo “pois
pode trazer ao usuário uma imagem que, intencionalmente se está desejando
esconder uma parcela do valor adicionado que, também pertence ao acionista,
mesmo se tratando de uma parcela retida para fins de reinvestimento”.
46
8.5 Lucros retidos/ prejuízo do exercício
Devem ser incluídos nesta rubrica os lucros destinados a reserva de lucros
e eventuais parcelas ainda sem destinação específica.
Observa-se, à medida que mais detalhes são conhecidos da Demonstração
de Valor Adicionado, as dificuldades naturais decorrentes de diversas
interpretações em virtude de não existir, ainda, normas quanto a sua estruturação.
A diversidade de noções particulares adotadas sobre um mesmo conceito
termina por diminuir a compreensão das informações nele contidas e dificulta
que se disponha de dados estandardizados para efeito de análise
comparativa. Tal inconveniente joga por terra o principal argumento para se
sustentar a utilidade desta demonstração contábil sobre riqueza criada, de
forma ‘simples e objetiva’ para o entendimento de qualquer tipo de usuário,
conhecedor ou não de contabilidade. COSENZA (2003, p. 10).
Assim como outros demonstrativos, a demonstração do valor adicionado
pode possuir pontos, no mínimo, conflitantes, merecendo menção de modo
objetivo.
A seguir, apresentam-se alguns indicadores possíveis de serem obtidos a
partir da DVA, com os mais diversos fins informativos.
3.4.3 Indicadores de Análise da Demonstração do Valor Adicionado e do
Balanço Social
Assim como ocorre nas demonstrações financeiras convencionais alguns
indicadores são passíveis de serem obtidos com a finalidade de analisar o
desempenho da empresa e de suas informações de cunho social, como será citado
a seguir:
a. Quociente entre Gastos com Pessoal e Valor Adicionado
Santos (2003, p. 227) evidencia que este indicador demonstra a parcela da
riqueza gerada pela empresa e direcionada aos trabalhadores.
Relação percentual dos
Gastos com Pessoal na =
DVA
Gastos com Pessoal
Valor Adicionado
x 100
47
Esta informação deve atenuar e colaborar com os debates entre as classes
patronais e os sindicatos, pois demonstra a participação da remuneração e dos
encargos sociais no valor gerado. Vale mencionar que o indicador não deve ser
tido como a única fonte de informações, mas como mais um dado a ser trabalhado
no momento de negociações trabalhistas.
b. Quociente entre Gastos com Tributos (Impostos, Taxas e Contribuições) e
Valor Adicionado
Este indicador, por sua vez, expressa o quanto da riqueza é distribuída aos
governos Federal, Estaduais e Municipais, sob a forma de tributos.
Relação percentual dos
Gastos com Tributos na =
DVA
Santos (2003, p. 227) levanta um ponto polêmico sobre a participação do
Governo na distribuição da riqueza como um dos fatores de produção ou se
considerado como um valor a ser pago a terceiros, como algum dos fatores
participantes do custo.
Fundamentando-se em diversos manuais de economia, esta discussão cai
por terra, exatamente pelo fato de o Governo ser um dos agentes responsáveis
pelo funcionamento da empresa. Ou seja, é responsável pela infra-estrutura a ser
(pré) estabelecida para que a empresa possa vir a funcionar.
Um outro ponto relevante, destacado por Santos (2003, p. 227) ao se
analisar a participação dos diversos tributos na composição da riqueza, é a forma
como ocorre a tributação no país, (discussão antiga entre acadêmicos e
parlamentares): a tributação no volume e proporção que ocorre se dá sob os fatores
de produção, e não sobre os lucros gerados.
Gastos com Tributos
Valor Adicionado
x 100
48
c. Quociente entre Gastos com Juros e Aluguéis e Valor Adicionado
Um outro ponto importante, possível de identificação com a DVA, é a
verificação da remuneração do capital de terceiros. Sua relevância se dá pelo
financiamento da estrutura produtiva e evidenciando o grau de endividamento do
empreendimento (ASSAF NETO, 2002 p. 194-196).
Relação percentual dos
Gastos com Remuneração =
de Terceiros na DVA
Com a separação das fontes de financiamento entre capital de terceiros e
próprio pode se identificar o quanto da riqueza gerada foi distribuída ao capital
externo da empresa.
Não cabe discutir nesse momento se a empresa utiliza mais ou menos
capital de terceiros, mas verificar e identificar a parcela da remuneração desse
capital e sua relevância no financiamento processo produtivo.
d. Quocientes de Juros s/ Capital Próprio e Dividendos e Valor Adicionado
Neste ponto, tem-se a transferência da riqueza aos sócios e acionistas do
empreendimento, tornando-se uma alternativa de analisar a rentabilidade dos
valores atribuídos aos detentores do capital próprio.
Relação percentual da
Remuneração do Capital =
Próprio na DVA
Santos (2003, p. 228) menciona a possibilidade de verificar a evolução
histórica desta remuneração aos acionistas, bem como a tornar visível a
atratividade e captação de recursos a custos reduzidos para o empreendimento.
Gastos com Pessoal
Valor Adicionado
x 100
Juros s/ Capital Próprio e Dividendos
Valor Adicionado
x 100
49
e. Quocientes de Lucros Retidos e Prejuízo do Exercício Valor Adicionado
Nos valores retidos, por sua vez, pode-se ter as informações sobre a
reaplicação de valores no próprio investimento e, entre outras, com a finalidade de
garantir a continuidade do empreendimento produtivo.
Relação percentual do
Lucro Retido na DVA
De modo contrário à distribuição de lucro, esse item expressa os valores
mantidos na empresa e sua recondução a estrutura da empresa. No caso de
prejuízo, tecomo significado uma fatia maior da riqueza atribuída a algum outro
dos fatores de produção.
f. Quociente do Valor Adicionado
Este indicador demonstra, segundo Tinoco (2001, p. 221), o quanto foi
criado de riqueza a partir do montante de vendas.
Taxa de Valor
Adicionado Bruto
Verifica-se aqui a geração efetiva de riqueza e, posteriormente, a sua
distribuição aos fatores de produção, a partir das vendas efetivamente realizadas.
g. Taxa de Variação do Valor Adicionado Bruto
Este indicador mede a taxa de incremento ou de redução do Valor
Adicionado Bruto de um período em relação a outro.
Valor Adicionado Bruto
V
enda de Mercadorias e ou Serviços
x 100
=
Lucros Retidos /Prejuízo do Exercício
Valor Adicionado
x 100
=
50
Taxa de Valor
Adicionado Bruto
Como na Análise Horizontal, demonstra-se por este indicador o seu
desempenho de um ano para outro.
h. Taxa de Variação Total do Valor Adicionado Bruto
Este indicador mede a taxa de incremento ou de redução do Valor
Adicionado Bruto, de um período em relação a outro, relacionando, no entanto, com
as vendas desse mesmo período. Tinoco (2001, P.222) ressalta ser este indicador
mais abrangente do que o anteriormente mencionado.
Taxa de Variação
Total do Valor Adicionado
Bruto
i. Utilização do Valor Adicionado como Medida de Geração de Riqueza
De acordo com Santos (2003, p. 221), este quociente expressa o quanto
cada funcionário produziu de riqueza para a empresa, valendo citar a importância
do valor trabalho para o contexto econômico.
O seu cálculo ocorreria da seguinte maneira:
Riqueza gerada
por empregado
Santos (2003, p. 221), no entanto, alerta sobre cuidados a serem tomados
ao interpretar estas informações. Por exemplo, poderá haver diferenças entre
empresas que empreguem de maneira mais intensiva fatores como mão-de-obra e
Valor Adicionado Bruto
V
alor Adicionado Bruto Anterior
x 100
=
Valor Adicionado Bruto Atual /Vendas Atuais
Valor Adicionado Bruto Anterior/Vendas Anteriores
x 100
=
=
Valor Adicionado
Número de empregados
=
51
aquelas que utilizam fatores de capital (máquinas, equipamentos e automação de
um modo geral).
j. Indicador de Produtividade por Empregado
Este indicador, segundo Tinoco (2001, p. 223), mede a relação das vendas
efetuadas e o número médio de empregados (início e final do período dividido por
dois). É uma medida de produtividade dos trabalhadores da empresa.
Produtividade
da mão de obra
k. Indicador de Lucro por Empregado
Possibilita mensurar o lucro dio por empregado no período em que se
realiza a análise. Também se define, segundo Tinoco (2001, p. 223), como um
indicador de produtividade.
Lucro por
empregado
l. Índice de Custo Benefício
Como se verificou anteriormente, os dados da DVA podem se desdobrar
em várias vertentes de indicadores e resultados. Porém, uma pergunta se faz
presente: Como a autoridade governamental pode decidir sobre atrair
investimentos? E mais, será que realmente há possibilidade de um ganho para todo
o macro-ambiente?
Rodrigues Junior (2003, p.116) apresenta uma ponderação sobre os
recursos e a política de benefícios oferecidos, por exemplo, benefícios fiscais,
Vendas do período
Número médio de empregados
=
Lucro no período
Número de empregados
=
52
incentivos concedidos comumente pelos diversos Estados e Municípios com a
finalidade de atrair investimentos.
Furtado (1995, p. 150) comenta a relevância dos benefícios fiscais
concedidos às empresas de financiamentos com taxas de juros reduzidas às
isenções de IPTU e ISS por prazos de até dez anos: “... mesmo não sendo um item
muito importante na seleção das cidades, esse tipo de financiamento acaba
colocando os municípios mineiros em vantagem quando a comparação é feita com
as cidades paulistas”. Essa política, apesar de produzir efeito no sentido de
angariar capital fixo para a região tende a ser impopular, pois normalmente atraem-
se as empresas que estavam em determinado município para outro, que está
oferecendo uma melhor ou maior compensação.
Alguns estudiosos, conforme menciona Rodrigues Junior (2003, p. 90-94),
a oferta de benefícios diferentes entre as diversas localidades do país, proporciona
um verdadeiro leilão entre as empresas, com uma possível perda de arrecadação
como um todo, pois é preciso ter que abrir mão de parte desta arrecadação
tributária para a região se tornar interessante.
Assim o índice de Custo Benefício, segundo Rodrigues Junior (2003, p.
115) seria o quanto de riqueza pode ser criada com a concessão do benefício fiscal
em um determinado município. Esse índice é calculado da seguinte maneira:
Índice de Custo
Benefício (ICB)
Contudo, algumas ponderações devem ser feitas sobre determinados itens
da DVA, passíveis de polêmica, por sua própria constituição e de interpretações
divergentes, como segue.
3.4.4 Ponderações sobre alguns componentes da Demonstração do Valor
Adicionado
Existem, ainda, alguns itens que podem trazer dúvidas no momento da
elaboração da DVA. Estes itens são independentes entre si, mas de grande
Demonstração do Valor Adicionado
Incentivos Fiscais Concedidos
=
53
relevância informativa na elaboração da demonstração. Dentre os vários itens da
DVA, destacam-se:
Base de Cálculo
Ao elaborar-se a DVA, o responsável pode se defrontar com essa divisão
de alternativas, podendo se valer do valor das vendas ou do valor da produção.
Luca (1998, p. 37-38) e Cosenza (2003, 17) acreditam na possibilidade de
realização de ajustes com os valores do estoque, por exemplo, podendo ir da DVA
utilizando o valor das vendas para a DVA com informações sobre a produção.
Cosenza (2003, p.17) não deixa de opinar, porém, sobre o critério usado
pela Contabilidade, consideram-se os princípios de Contabilidade, ponto no qual se
assemelha a Santos (2003, p. 46), um respaldo maior, devido à possibilidade de
reconciliação com Demonstração de Resultado do Exercício dando assim, maior
confiabilidade a Demonstração do Valor Adicionado.
Santos e Machado (2003, p.09), inclusive advertem para, na elaboração da
DVA, se referenciarem nas outras demonstrações financeiras “(...) evitando-se
erros e retrabalho”.
Depreciação
Aqui se encontra um dos pontos mais polêmicos da Demonstração do
Valor Adicionado. A polêmica ocorre no tratamento a ser dado à depreciação dentro
da DVA.
Luca (1998, p. 38-39) e Santos (2003, p. 48-49) abordam as diferentes
interpretações para esta conta, destacando-se três vertentes: a primeira a
considera como parte do valor adicionado, defendendo não se tratar de um simples
elemento de custo, mas a constituição de um fundo, com a finalidade, principal, de
autofinanciamento. Esta corrente é defendida por entidade da França e do Reino
Unido (SANTOS 2003, p. 48).
Gray e Maunders citados por Cosenza (2003, 18), por sua vez, m o
seguinte argumento:
54
O problema de considerar a depreciação como uma distribuição é que os
cálculos tradicionais de depreciação implicam na distribuição do custo dos
ativos de acordo com os benefícios esperados durante sua vida útil. Tendo em
vista o fato da pida obsolescência dos produtos dependentes de tecnologia,
surge o problema da valoração futura de tais bens e da subjetividade que os
gestores determinarão para o mesmo.
A segunda considera a depreciação não como parte do valor adicionado,
mas sim como um valor a ser tratado a parte, como se apresenta no modelo
FIPECAFI mostrado nesse trabalho.
Aqui se argumenta, conforme Santos (2003, p.48), na diferença entre a
depreciação e os outros insumos adquiridos de terceiros, pois enquanto os insumos
normais no processo produtivo são consumidos em períodos curtos de tempo a
depreciação, representando o consumo de ativos fixos, ocorre em prazos mais
longos.
Quanto ao terceiro conceito, este define a depreciação como um item que
não deve fazer parte nem do cálculo nem da distribuição de valor adicionado.
Santos (2003, p. 48) acredita ser esta corrente a pior das três por não possuir
embasamento teórico.
Devido a sua imprecisão, Luca (1998, p. 39) e Santos (2003, p. 49)
concordam que necessidade de revisão do cálculo da depreciação ao invés de
preocupar-se em refazer o seu conceito.
Com a apresentação das três formas de se considerar a depreciação,
acredita-se que a sua melhor definição na DVA seja a retenção de valor para
futuros reinvestimentos e ou outras destinações. E bem sabido que este valor
acaba se incluindo no giro cotidiano da empresa.
Provisões
Conceituada por FIPECAFI (2003, p 247) como sendo “a expectativa de
ganho ou perda em função de uma determinada situação de risco” e observando o
princípio do conservadorismo, são aquelas contingências passivas cuja
possibilidade de lculo de seu valor, e cuja perda eminente deve ser registrada
contabilmente.
Luca (1998, p. 42-43) afirma, ainda, que em não se conhecendo tal valor, a
provisão deve ser deduzida do cálculo do valor adicionado.
55
Resultados Negativos
Santos e Parmezzano (1999, p. 7) comentam da viabilidade de se divulgar
a DVA de uma empresa cujo resultado ao fim do exercício tenha sido prejuízo.
A publicação desta demonstração é, e continua sendo, muito importante.
Vale ressaltar que o fato de a empresa ter apresentado resultados negativos
(prejuízos), não significa o ter gerado e distribuído riquezas como a remuneração
do pessoal, o pagamento ao governo de tributos sobre as vendas e contribuições
sociais e a remuneração a credores pelo uso de capital de terceiros.
Leasing
Esta conta é outra em que seus aspectos conceituais se mostram bastante
conflitantes. O leasing é considerado uma forma de financiamento, no entanto, a
legislação brasileira o considera uma forma de aluguel sendo direcionado ao
resultado do exercício.
Santos (2003, p. 49) sugere que o leasing seja tratado de acordo com suas
peculiaridades, no qual o leasing operacional
11
seria tratado como aluguel; o
leasing financeiro
12
seria contabilizado como o valor do bem adquirido; e a parte
correspondente aos juros de cada exercício contabilizada como a remuneração do
capital de terceiros que permitiu sua aquisição.
Ganhos Financeiros
Apesar de não terem origem na atividade normal da empresa (produção
e/ou venda de mercadorias/serviços), as receitas financeiras e o resultado de
equivalência patrimonial, boa parte das instituições insistem em inseri-las como
parte da riqueza gerada.
11
Leasing operacional: é aquele em que, normalmente, o arrendatário não é responsável pelas
despesas com manutenção, e a opção de compra, em geral não é exercida, porque não existe
contratualmente ou porque o preço é muito próximo ao do mercado. SANTOS (2003, p. 50)
12
Leasing Financeiro: é aquele no qual, normalmente, as despesas com manutenção ou assistência
técnica são por conta da arrendatária e, na maioria das vezes, a opção de compra é exercida.
SANTOS (2003, p. 50)
56
Luca (1998, p. 42) sugere sua apresentação em separado “permitindo-se a
avaliação da riqueza gerada pela entidade em suas atividades operacionais
normais bem como a riqueza gerada pelos seus negócios totais”.
Subvenções
Cosenza (2003, p. 18) questiona a respeito de valores recebidos pela
empresa proveniente de entidades públicas, com o intuito de financiar a atividade
com interesses sociais decorrentes da atividade econômica.
Conclui-se que por se tratar de ajuda externa, não deve ser incluso no
cálculo do valor adicionado. Aquelas subvenções decorrentes de compensações
por perdas passadas, por exemplo, seriam compensadas em termos de informação
nos conceitos de valor adicionado bruto e líquido.
Ativos construídos na própria empresa
Para uma melhor compreensão, vale relembrar o entendimento simplificado
de valor adicionado: a empresa adquire materiais, contrata pessoal, paga juros para
financiar a estrutura etc. Posteriormente, tem-se a venda do imobilizado e a
geração da riqueza pela diferença entre os gastos incorridos na sua elaboração e o
valor da venda.
Santos e Parmezzano (1999, 7-11) levantam a possibilidade da empresa
fabricar o seu próprio imobilizado, para fins da elaboração da DVA. A primeira
alternativa sugerida por eles, seria o reconhecimento do valor do bem como receita
não operacional na sua conclusão, como se o bem fosse vendido à própria
empresa, e o valor da remuneração dos gastos mencionados apropriados na DVA
à medida que o bem vai sendo fabricado . A depreciação, por sua vez, te o
tratamento normal com a ativação do bem no imobilizado.
A principal crítica apresentada por Santos e Parmezzano (1999, 10) é que
essa receita não poderá ser localizada na Demonstração do Resultado do
Exercício.
A segunda alternativa seria o reconhecimento dos gastos na fabricação do
bem nas efetivas contas de pessoal, juros, materiais durante a vida útil do bem, e
57
não como depreciação. Essa seria usada apenas como referência para distribuir os
valores ao longo do tempo.
A dificuldade desse método é o controle paralelo para sua distribuição,
ressaltando-se existirem bens com mais de vinte anos de vida útil.
Depreciação de ativos reavaliados
O ponto de interrogação nesta situação é o aumento de valor de um item
do ativo imobilizado tangível por meio de reavaliação, não tendo havido a
movimentação de recursos ou aquisição de bens.
Nesta situação, caberá ajustes nos valores da depreciação, da reserva de
reavaliação que deverão sofrer ajustes, pois as informações, se baseadas apenas
na DRE, parafraseando Santos e Parmezzano (1999, p. 4), jamais identificariam
esta situação, pois se trata de transações ocorridas somente no balanço
patrimonial.
Com todas as dificuldades existentes quanto a melhor forma de se fazer
chegar às informações aos usuários, percebe-se um crescente número de
empresas desejando publicar a informação para atender a todo tipo de usuário,
sendo não obrigatória, e podendo, ainda, não estar regulamentada por alguma
legislação, conforme visualizou-se nas Tabelas 01 (p. 17) e 02 (p. 19) deste
trabalho.
Cosenza (2003, p.16) apresenta no Quadro 04, segundo ele, um
comparativo com os pontos positivos e negativos a serem contemplados no tocante
a DVA:
58
QUADRO 04
Ponderações sobre a Demonstração do Valor Adicionado
Pontos Positivos Pontos Negativos
Permite obter uma dupla visão da realidade
empresarial: econômica, relativa ao valor
gerado correspondente às rendas distribuídas.
Possibilita desenvolver um efetivo sistema de
avaliação dos gestores e unidades.
Tem uma linguagem aceita por todos os seus
destinatários, e que se faz compreensível ao
conhecimento de qualquer usuário.
Reflete a lucratividade e a eficiência das
operações e atividade da companhia, como
também a evolução econômica em seu
conjunto.
Fornece dados para tomada de decisão e o
sistema de controle de desempenho.
Permite conhecer a contribuição econômica
da empresa para a renda nacional ou para o
seu ambiente econômico.
Apresenta dificuldades de entendimento por
causa de sua não normatização.
Pode levar à tomada de decisões incorretas
quanto à maximização do valor adicionado, em
lugar dos lucros.
Está sujeita à incorporação de distorções
provocadas por sua subjetividade e forma
própria de estimativa.
Pode motivar uma certa dificuldade na hora
de se realizarem análises de desempenho
empresarial no setor econômico a que a
companhia pertence.
Necessita de informações contábeis
atualizadas e confiáveis, e, se possível,
auditadas.
Pode ser demasiado trabalhoso em
ambientes de grandes incertezas e
complexidades monetárias, tributárias e
econômicas.
É limitada para medir e informar a eficácia
alcançada na distribuição social de lucros
gerados.
Fonte COSENZA (2003, p. 16)
Pela exposição, notadamente há algumas dificuldades a serem trabalhadas
e adequação de vários pontos técnicos, passando a ter apenas uma interpretação:
59
muito trabalho ainda deve ser feito, no sentido de tornar viável e desejável a
publicação da Demonstração do Valor Adicionado.
A geração da riqueza e as outras informações de aspecto social soam e
tornam relevante a presença de uma empresa em uma localidade.
Assim, ter-se-ia informação do quanto cada empresa contribui para a
riqueza gerada no município, e a DVA tornar-se-ia um ponto de partida para o
estudo quanto à atratividade de investimentos, observando-se todos os pontos
positivos e negativos desta instalação.
No próximo capítulo, apresentar-se-ão as demonstrações contábeis da
empresa Alfa e uma análise de seus dados sociais e da Demonstração do Valor
Adicionado com a expectativa de verificar a possibilidade de obtenção de
informações sociais a partir da publicação destes dados.
Com o foco na instalação de novos investimentos locais, discorrer-se-á,
também, a seguir sobre o contexto econômico da cidade de Uberaba e as
possibilidades de análise gerencial e econômica de um empreendimento, utilizando-
se não apenas as demonstrações contábeis convencionais, mas também a DVA.
CAPÍTULO 4
DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO E INFORMAÇÕES SOCIAIS
FONTE COMPLEMENTAR DE INFORMAÇÕES GERENCIAIS
Apresenta-se a seguir a elaboração de alguns indicadores, possíveis de
serem obtidos com informações da DVA. Antes, porém, descreve-se a metodologia
utilizada na sua elaboração.
4.1 Metodologia utilizada
Quando se pensou no presente trabalho, tinha-se em mente a postura de
que algumas empresas, que mesmo sendo de grande porte, não possuíam a
obrigatoriedade de publicar suas demonstrações contábeis nem as suas
informações de aspecto social, ambiental e econômico.
O cerne do trabalho é a título de contribuição, a divulgação, por parte das
empresas, ainda que seja apenas dos dados sociais, por possuírem relevância
perante a comunidade.
Roclin (Ethos, 2006) menciona que “a responsabilidade social tem a ver
com maneira pela qual as organizações encaram seus valores, levando em conta
os valores da sociedade”. Mas como conciliar os interesses da entidade em ter
maior rentabilidade com os anseios da sociedade em conhecer a empresa instalada
em sua localidade? Como identificar, a partir de dados contábeis e financeiros, que
uma instituição com fins lucrativos, acaba por direta ou indiretamente promover a
distribuição de riqueza, contribuindo ainda para o desenvolvimento da localidade
onde está inserida?
A partir destas inquietações, buscou-se respondê-las, objetivando mostrar
a riqueza de informações e dados que podem ser extraídos das demonstrações
contábeis convencionais: Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do
Exercício e, também, da Demonstração do Valor Adicionado com sua análise e
interpretação.
Para a elaboração do trabalho, valeu-se da metodologia da Pesquisa-Ação.
A pesquisa-ação é entendida “como um tipo de pesquisa com base empírica que é
61
concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução
de um problema individual ou coletivo (...)” (THIOLLENT, 2004, p. 14).
Richardson (2006, p. 01) ao ponderar, etimologicamente comenta, a
palavra, elucidando seu conceito passa a compreender que pesquisa-ação visa
produzir mudanças (ação) e compreensão (pesquisa).
Segundo Holanda e Riccio (2006, p 01),
Os problemas das organizações empresariais são mais voltados à aplicação
do conhecimento. Conhecimento este, algumas vezes, oriundo das
pesquisas básicas. No entanto, a aplicação do conhecimento não constitui
simplesmente uma seqüência operacional da pesquisa de base. Esta
aplicação reclama sua própria ciência: a ciência ação.
Desse modo, a pesquisa-ação permite análise e sugestão para um
problema ou situação real, sem, no entanto, perder a fundamentação teórica e
científica que embasa os resultados alcançados.
a) Contexto do trabalho
Este trabalho desenvolveu-se na cidade de Uberaba/MG, cidade, cuja
atratividade para os negócios tem sido mencionada em revistas de circulação
nacional como a Revista Exame.
b) A escolha da empresa tida como referência para o trabalho
A empresa Black & Decker do Brasil Ltda. foi escolhida, para referenciar
este trabalho, por se tratar de uma empresa diferente das outras instaladas no
município de Uberaba MG, e por não possuir vínculo direto ou indireto ao setor de
agro-negócio, possuindo ainda características de uma multinacional, e se
constituindo em um empreendimento de responsabilidade limitada.
Porém, ao se analisar o Anteprojeto da Lei 6.404/76, o Projeto de Lei 3.741
de 2.000 (Brasil, 2000), percebe-se o enquadramento de empresas como a Black &
Decker como empresas de grande porte, devido ao seu faturamento.
Nesse Projeto de Lei, um dos pontos polêmicos é a evidenciação
(publicação) das informações contábeis e das informações de aspectos sociais
como o Balanço Social e a Demonstração do Valor Adicionado.
62
A escolha da empresa, como referência e inspiração ao objeto de estudo,
foi comunicada a sua diretoria na pessoa do senhor Carlos Alberto de Souza,
Diretor Financeiro, sendo a ele exposto em documento escrito o intuito do trabalho,
seguindo em anexo uma cópia do projeto da dissertação e, também, a necessidade
de informações e o seu fechamento com uma possível entrevista.
O Sr. Souza, no entanto, deixou claro que pelo fato de a empresa não ser
uma sociedade anônima, e sim uma empresa de responsabilidade limitada, alguns
elementos de caráter financeiro não poderiam ser apresentados por motivo de
sigilo, e por se tratar de um empreendimento desobrigado de publicação das
informações financeiras e sociais.
c) Objetivo do trabalho
Propõe-se, neste trabalho, um estudo vinculando-se informações e dados
empíricos à teoria sobre o Balanço Social e à Demonstração do Valor Adicionado.
A proposta é verificar se a simulação de dados de uma empresa-modelo
fictícia poderia, observando-se todas as regras de análise e formalidades de
pesquisa, com a divulgação de suas demonstrações financeiras fornecer elementos
para a análise de dados de aspectos sociais e de geração de valor.
Segundo Thiollent (2004, p. 18), a pesquisa-ação consiste em relacionar
dois tipos de objetivos: os objetivos práticos e os de conhecimento.
Com os objetivos práticos almeja-se contribuir para o melhor
equacionamento possível, auxiliando o agente na atividade de transformar a
situação, sem deixar de ter em mente que nem todos os problemas têm soluções a
curto prazo.
nos objetivos de conhecimento deseja-se, por meio de procedimentos,
aumentar o conhecimento de determinadas situações. Objetiva-se, neste trabalho,
mostrar a relação entre alguns indicadores de análise da Demonstração do Valor
Adicionado e do Balanço Sociais aqui mencionados e a realidade de um
empreendimento produtivo.
Busca-se, assim, relacionar alguns pontos da teoria sobre o Balanço Social
e a Demonstração do Valor Adicionado, e verificar se é possível obter-se
conclusões como a participação do colaborador na riqueza a ser gerada, e a ser
63
distribuída aos fatores de produção, o custo-benefício de incentivos fiscais, entre
outras, a partir da relação de dados financeiros e gerenciais.
d) Procedimentos metodológicos
Primeiramente, foi realizado um questionário contendo questionamentos de
aspectos sociais da Black & Decker. Este questionário segue, descrito na íntegra
com suas respostas, em anexo, e algumas transcrições usadas no decorrer do
trabalho, para se fazer possível algumas análises e ponderações.
O questionário, aplicado sob a forma de uma entrevista, teve como
referência os quesitos básicos da estrutura do Balanço Social e da Demonstração
do Valor Adicionado apresentados por Tinoco (2001, p. 199, 235-236), Kroetz
(2000, p. 139-140) e Santos (2003 p. 39). O Sr. Souza, auxiliado por sua equipe,
discorreu sobre o conteúdo do questionário e dados adicionais, cuja relevância
acreditou merecer ponderação.
Além do questionário, conseguiu-se um informativo de desempenho da
empresa em estudo, fornecido com o intuito de contribuir com a identificação do
empreendimento e seu contexto operacional.
Em um segundo momento, foram elaborados o Balanço Patrimonial e a
Demonstração do Resultado do Exercício (Assaf Neto, 2002) e a Demonstração do
Valor Adicionado (Santos, 2003). Contudo, os dados apresentados nas
demonstrações financeiras não são efetivamente as informações da empresa, mas
uma adequação para o estudo, obedecendo todos os aspectos normativos para a
sua elaboração e divulgação. Essa empresa, a partir das demonstrações, será
denominada empresa Alfa.
Antes, porém, de expor as demonstrações contábeis e a ponderação dos
tópicos relevantes a este trabalho, segue-se de maneira sucinta a história da
localidade, Uberaba em Minas Gerais, onde está inserida a empresa Black &
Decker, a qual será situada em termos de seu contexto operacional.
Posteriormente, relacionar-se-ão as informações sociais reais coletadas
junto à empresa Black & Decker e às demonstrações financeiras da empresa Alfa,
para se verificar a possibilidade, com a divulgação (evidenciação) das informações
sociais, os stakeholders teriam à sua disposição, um volume maior de dados e
informações e se a empresa estaria (ou não) contribuindo para o social da
64
comunidade - pessoas empregadas, melhoria da qualidade de vida, a participação
em projetos comunitários patrocinados pelas empresas, incentivo em se melhorar o
nível de formação dos colaboradores etc.
Faz-se, a seguir, uma breve menção a estrutura econômica e histórica da
cidade de Uberaba.
4.2 MUNICÍPIO DE UBERABA
A escolha do município de Uberaba como referência deste trabalho se
deve por ser uma cidade com características peculiares, como será mostrado a
seguir, com vantagens estruturais, no mínimo, atrativas para investimentos
produtivos.
4.2.1 Origens e trajetória histórica de Uberaba
Conforme menciona Casanova (2005), Uberaba tem sua origem na
ocupação do Triângulo Mineiro, que ficou sob a jurisdição de Goiás a1816. A
cidade foi crescendo e as terras foram ocupadas, formando-se extensas
propriedades devido o baixo valor da terra e isenção de impostos sobre elas.
Em pouco tempo reuniu-se seleta população de agricultores, pecuaristas e
comerciantes e outras profissões, fato que viabilizou o Governo Provincial de Minas
Gerais a criar o Município de Santo Antônio de Uberaba em 1836.
A importância regional da Vila de Santo Antônio de Uberaba era tão
próspera que mereceu o título de Cidade, em 1856, tornando-se um importante
centro comercial, acentuada com a inauguração da Estrada de Ferro em 1889,
acontecimento facilitador da imigração européia para a cidade e do
desenvolvimento da pecuária zebuína (CASANOVA, 2005). A riqueza econômica
refletiu-se na estrutura urbana, onde surgiram requintadas construções de estilo
eclético.
No século XX, a cidade demonstrou um crescimento da agricultura, da
pecuária, da indústria e do comércio, atendendo às demandas nos aspectos
econômicos, culturais e de serviços essenciais à população (CASANOVA, 2005).
Hoje, Uberaba representa um centro comercial dinâmico, uma agricultura
produtiva, um parque industrial diversificado e uma planejada estrutura urbana.
65
4.2.2 Perfil Sócio Econômico e Estratégico do Município de Uberaba
As informações a seguir delineadas tendem a contribuir para traçar um
perfil sobre a estrutura do município.
a) População e Suporte Educacional
Segundo o IBGE, em 2005 estimou-se para julho do mesmo ano, uma
população de 280.060 (duzentos e oitenta mil e sessenta) habitantes.
Com uma formação educacional contemplada por nove faculdades,
oferece, aproximadamente noventa e quatro cursos de graduação, e quarenta e
nove de pós-graduação (Lato Sensu e Stricto Sensu).
A formação de base oferecida pelo município se consolida com trinta e
quatro escolas municipais, com um corpo docente de um mil quinhentos e trinta
quatro professores (UBERABA, 2005).
b) Infra-estrutura
A infra-estrutura e a mensuração de alguns dados econômicos o
formados a partir dos números disponibilizados na Tabela 03, a seguir:
TABELA 03
Infra-estrutura do município de Uberaba
Características Informações em Percentual
Vias da cidade são pavimentadas 98%
Residências são abastecidas pela rede pública de água 99%
Residências são abastecidas pela rede de esgoto 98%
Casas urbanas são ligadas à rede elétrica da CEMIG 99,97%
Casas rurais são ligadas à rede elétrica da CEMIG 98,75%
Telefone para cada 2,5 habitantes 01
Veículo para cada 2,7 habitantes 01
Fonte: Adaptado de UBERABA (2005)
Acredita-se que esta infra-estrutura seja um fator de definição quando da
opção por se instalar no município, somando-se às outras características e aos
pontos positivos.
66
c) Distritos Industriais
Conforme disposto pela Prefeitura Municipal (UBERABA, 2005), a cidade
possui três Distritos Industriais: ocupando 22 milhões de m² dotados de infra-
estrutura completa, incluindo fibra ótica.
Os Distritos I e II localizam-se às margens da Rodovia BR-050 e o Distrito
Industrial III, na fronteira entre o município e o Estado de São Paulo, às margens da
Via Anhanguera. No Distrito II serão implantados os Arranjos Produtivos
Organizados (APO): móveis e moda. A cidade de Uberaba está ligada às cidades
de São Paulo e Rio de Janeiro, totalmente em pista dupla.
d) Transporte Aéreo, Ferroviário e Fluvial
Em Uberaba está o entroncamento Norte/Sul e leste da FCA - Ferrovia
Centro Atlântica S.A., facilitando o escoamento de mercadorias para os principais
portos do País. Terminal Intermodal projetado para o Distrito II.
Duas empresas aéreas servem Uberaba: Total Linhas Aéreas e Pantanal
Linhas Aéreas Sul Matogrossenses S.A., a cidade conta com 11 vôos diários,
atendendo Belo Horizonte, Brasília, São Paulo, Araraquara e Uberlândia.
É a cidade mineira de porte médio mais próxima da Hidrovia do Mercosul.
e) Gás Natural
grande possibilidade de Uberaba ser contemplada com um ramal de
Gasoduto, com a perspectiva de agregar um pólo gás-químico ao Distrito III. Será a
primeira cidade do Triângulo Mineiro a ser alcançada pelo ramal do gasoduto
Brasil-Bolívia.
f) Porto Seco
As empresas de Uberaba e região contam, no Distrito Industrial II, com um
Porto Seco, um dos tipos de Estação Aduaneira de Interior (EADI), administrada
pela Empresa de Transportes Líder Ltda. A EADI é uma alfândega que oferece
serviços de desembaraço aduaneiro, entrepostagem, movimentação de contêineres
67
e mercadorias em geral, destinadas à importação e à exportação, proporcionando
uma redução de cerca de 30% nos custos, se comparados às mesmas operações
realizadas nas alfândegas do litoral. A EADI, além da redução drástica nos prazos
de desembaraço, posterga pagamento de impostos, proporciona, ainda, um
tratamento personalizado às empresas usuárias. Entre os principais clientes estão a
FOSFERTIL, Black & Decker, Valmont, FMC, Bell Soft, Sauder, Uby Agroquímica,
SIPCAM Agro, Mac Alumínios entre outros. (UBERABA, 2005)
g) Localização Estratégica
Uberaba está eqüidistante 500 km de Belo Horizonte, São Paulo, Brasília e
Goiânia, sendo o seu acesso possível por algumas das principais vias de acesso,
como se pode observar na FIGURA 2, a seguir:
FIGURA 02
Localização estratégica da cidade de Uberaba
Fonte: UBERABA (2005).
68
Possivelmente para tomar a decisão inicial da escolha de uma cidade onde
se instalar, uma empresa leva em conta os fatores humanos, de localização, entre
outros. Para a sociedade, no entanto que receberá o empreendimento qual seria ou
quais seriam os empreendimentos produtivos mais atrativos e que poderiam
receber incentivos ou mesmo a estrutura básica de seu estabelecimento no
município?
Acredita ser, esta pergunta, o ponto de partida de uma situação na qual
não apenas o município será de grande valia para a empresa lhe oferecendo toda a
estrutura básica (vias de acesso pavimentadas, energia ao alcance, saneamento
básico, local para a sua instalação); mas, também para empresa em relação ao
município, gerando empregos, trazendo cultura e tecnologia, distribuindo riquezas
etc.
Segundo Furtado (1995, p 147), foi pensando exatamente nisso que a
empresa Black & Decker do Brasil analisou ao escolher Uberaba, no interior de
Minas, para sediar seus negócios.
Antes de verificar a riqueza informativa dos relatórios, sugere-se conhecer
o contexto operacional da Black & Decker com suas informações sociais,
financeiras e sócio-econômicas, que inspirou a realização desse trabalho.
4.3 Black & Decker – Contexto histórico e Operacional
Segundo Black e Decker (2006), a empresa fundada em 1910, na cidade
de Towson, nos Estados Unidos da América do Norte, recebeu o nome de seus
fundadores S Duncan Black e Alonzo G Decker. Atualmente, a Black & Decker é a
maior corporação multinacional e líder mundial no setor de ferramentas elétricas,
seu principal segmento de atuação.
Presente no Brasil desde 1946, a Black & Decker destaca-se por sua
atuação e pelo desenvolvimento de produtos inovadores no ramo de ferramentas e
eletroportáteis. Ao se decidir por instalarem a segunda planta em Uberaba,
segundo Furtado (1995 p. 147), a empresa levou em consideração alguns fatores
peculiares e essenciais para o meio onde se instalaria a nova fábrica: transporte
acessível, mão-de-obra qualificada, infra-estrutura de telecomunicações, serviço de
atendimento médico-hospitalar, foram aspectos essenciais para a decisão de se
instalar na cidade.
69
O Diretor Financeiro da empresa, por sua vez, cita que as pressões
constantes dos Sindicatos do ABC Paulista e a impossibilidade de se repassar os
expressivos custos de mão-de-obra para o preço final dos produtos contribuíram
para a saída definitiva de toda a estrutura produtiva e administrativa de São Paulo,
remanescendo ali apenas os escritórios de Vendas.
Com um leque diversificado de produtos de ferramentas de lazer (hobby),
industrial e de eletrodomésticos, a empresa tem alcançado resultados operacionais
positivos, decorrentes de constantes investimentos em inovações e
aperfeiçoamento tecnológico, além de um custo competitivo de mão-de-obra.
No Gráfico 01, mostrar-se-á a composição dos produtos e serviços da
Black e Decker no Faturamento de 2005, no qual percebe-se a participação
expressiva da venda de eletrodomésticos na composição da Receita da empresa,
característica, aliás, da empresa no país. Ou seja, a B & D - Brasil é a única da
organização em que prevalece a venda de eletrodomésticos, em relação à venda
de ferramentaria, carro chefe da empresa no restante do mundo.
GRÁFICO 01
Participação na Receita por área
Pariticipação do Faturamento por área - em 2005
59%
18%
17%
6%
Elertrodomesticos
Ferramentas Black & Decker
(Hobby)
DeWalt
Acessórios, Pas e serviços
Fonte: Black e Decker (2006, p. 02).
Com a mudança da taxa cambial, a empresa tem se mostrado bastante
cautelosa quanto aos investimentos de curto prazo, optando por produtos
específicos e de desejo de consumo para o mercado latino-americano. Todavia, a
mesma mantém investimentos em todas as linhas de eletrodomésticos,
ferramentaria hobby e ferramentaria industrial, com o aperfeiçoamento de produtos
e desenvolvimento de laboratórios, reduzindo custos com a nacionalização de
70
componentes e modernização do parque industrial. A empresa têm investido em
imédia US$ 4 milhões por ano. (BLACK & DECKER, 2006 p. 06).
Para os anos de 2006/2007, a B & D está lançando no mercado nacional a
linha de metais sanitários GEO by Black & Decker, que abrange acessórios de
lavatórios em geral, diversificando e se adaptando a um mercado cada vez mais
competitivo.
4.3.1 Aspectos quantitativos e qualitativos da empresa
A B & D do Brasil, basicamente apresenta sua estrutura concentrada no
município de Uberaba, com escritórios de vendas distribuídos pelo país. Segue um
informativo sintético sobre a sua estrutura funcional, operacional e contábil,
menciona-se, porém, o fato de a empresa não efetuar demonstrativos com
informações de caráter sócio-ambiental.
a) Quantitativo de Pessoal
A partir do questionário (Anexo 01) é possível identificar algumas
informações de âmbito sócio-econômico: ela apresenta um quantitativo total de
1.085 funcionários em 2004 com uma redução, na composição de sua força de
trabalho, de 1,65%, resultando, em 2005, num total de 1.067 colaboradores.
Na estrutura total de colaboradores, a composição percentual se manteve
constante, conforme Análise Vertical do quadro de trabalhadores: tanto em 2004
quanto em 2005, ou seja, se mantiveram 83% de homens e 17% de mulheres.
Porém ao longo do ano a variação foi diferente, conforme se nota na TABELA 04:
TABELA 04
Número de funcionários na empresa por sexo
2005 AH AV 2005 AV 2004 2004
Homens
881 -2% 83% 83%
903
Mulheres
186 2% 17% 17%
182
Total
1067 -2% 100% 100%
1085
Fonte: Dados da Pesquisa·
Com os dados apresentados, foi possível perceber a redução do quadro de
pessoal, que foi compensada, posteriormente, em parte, pela contratação de
empregados do sexo feminino. A redução teve impacto maior sobre o número de
71
homens, devido a diminuição desses empregados, que atuam em um volume
expressivo, no setor de produção.
Segundo, os dados coletados, a empresa trabalha com funcionários
temporários, mas não em uma proporção expressiva do total, devido às
especificidades do trabalho e as restrições impostas pela legislação trabalhista.
No Gráfico 02, faz-se a identificação da participação de pessoal temporário
e contratados por tempo indeterminado.
GRÁFICO 02
Fonte: Dados da Pesquisa.
Um outro dado importante no grupo de funcionários é o volume de pessoal
terceirizado, pois a empresa se vale de mão-de-obra contratada de terceiros para a
prestação de serviços.
A B & D utiliza pessoal terceirizado, mas nos suportes de segurança e
serviços gerais de apoio e conservação. No item C, do Anexo 01 do Questionário,
“se a empresa trabalha com empregados terceirizados”, percebeu-se a manutenção
do número de pessoas contratadas para determinadas funções, nessa modalidade
de mão-de-obra. Como a resposta sendo positiva, informou-se o número de
funcionários terceirizados, conforme Quadro 05:
Contratados por
prazo
indeterminado
Temporios
8,5%
91,5%
0,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
100,0%
Regime de Contratação de Pessoal
72
QUADRO 05
Número de funcionários Terceirizados
Ano de Referência Quantidade.
Em 2004 15
Em 2005 15
Fonte: Dados da Pesquisa
Ainda, analisando a força de trabalho da empresa Black & Decker, tem-se
a distribuição do quadro de pessoal, de acordo com a faixa etária. Estes dados
permitem, se analisados de modo macro, verificar o desejo das empresas por
profissionais de determinada idade e, também, a faixa dos trabalhadores
atualmente em atividade.
GRÁFICO 03
Fonte: Dados da Pesquisa.
Conforme se visualiza no Gráfico 03, estas informações são relevantes no
sentido de identificar-se às tendências do mercado quanto a demanda por
profissionais. Existem comentários, nos quais se fala que profissionais acima de
determinada faixa etária já estão velhos para o mercado.
b) Qualificação profissional
Uma das informações de grande relevância para a empresa e para a
sociedade é o perfil e a qualificação do profissional que faz parte de seu quadro
operacional.
Faixa eria dos empregados da Black & Decker
358
347
169
174
37
36
171
167
341
352
0
100
200
300
400
18 a 25
anos
26 a 33
anos
34 a 39
anos
40 a 47
anos
Acima 48
anos
Faixa etária
nº de empregados
2004
2005
73
As atividades rotineiras e as metas a serem alcançadas, assim como a
qualidade e o bom atendimento dos clientes são influenciados pelo nível de
qualificação e formação dos profissionais em atividade no empreendimento.
GRÁFICO 04
Fonte: Dados da Pesquisa.
Por esse grupo de informações é possível identificar o nível de formação
dos profissionais empregados na empresa. Na B & D constata-se, por exemplo, a
inexistência de funcionários sem alfabetização, e na outra ponta um percentual
superior a 20% está passando ou já passou pelas salas de aula da universidade.
A motivação, em decorrência de promoções e ascensão profissional
interna, tem sido um fator motivador para que os trabalhadores, mesmo com alguns
anos de empresa, retomem os estudos e se esforcem em adquirir novos
conhecimentos e diversificação, e por que não, de experiências.
No entanto, quando se fala em qualificação e formação de conhecimentos,
é de conhecimento público as dificuldades encontradas pelos colaboradores no
sentido de honrarem os pagamentos de um curso de graduação ou especialização.
À medida que as autoridades governamentais não conseguem atender aos desejos
das empresas por mão-de-obra qualificada, cabe a própria empresa tentar motivar,
por meio de subsídios e incentivos (sob a forma de remuneração), os colaboradores
a buscarem sua qualificação, seja em salas de aulas convencionais, seja
treinamentos em cursos profissionalizantes.
No Quadro 06, tem-se alguns dos subsídios oferecidos com a finalidade de
formação de seus colaboradores. Esses benefícios, apesar de terem conotação de
Nível de formão dos funciorios
da Black & Decker
421
143
267
114
86
6
0
30
Analfabeto
Primeiro Grau incompleto
Primeiro Grau Completo
Segundo Grau Incompleto
Segundo Grau Completo
Curso Superior Incompleto
Curso Superior
Pós Graduação
74
despesas para os empreendimentos, podem ser considerados investimentos e, em
uma linguagem mais atual, contribuição para a formação do capital intelectual da
empresa.
QUADRO 06
Programas de incentivo à formação do profissional:
Benefícios
Executa
Curso e Treinamento Profissional (reciclagem)*
13
( x ) sim ( ) não
Programas de bolsa de Estudos – Ensino Médio / Graduação
( x ) sim ( ) não
Programas de bolsa de Estudos – MBA e especializações
( x ) sim ( ) não
Cursos de Línguas
( ) sim ( x ) não
Cursos e treinamentos na empresa.
( x ) sim ( ) não
Fonte
:
Dados da Pesquisa
4.3.2 Benefícios Sociais
Os benefícios sociais também fazem parte das informações de caráter
social, pois nestas verifica-se a contribuição dos empreendimentos para as
condições de bem-estar de seus colaboradores e, em algumas situações como
patrocínio a esportes, eventos culturais etc., para a sociedade a sua volta.
Tem-se, também, a partir do momento em que estas relações ocorrem, o
surgimento de uma relação de fidelidade, devoção, esforço e desejo de
perpetuidade da existência da empresa e de seus benefícios.
Estes podem ser denominados de resultados positivos, pois de certa forma,
compensam o meio social pela existência da empresa em sua proximidade.
No Quadro 07, verificam-se os benefícios concedidos aos colaboradores e,
também à sociedade. Ressalta-se, na medida do possível em que se possam
publicar informações sobre o montante dos recursos destinados a estes benefícios,
uma melhor análise pode ser obtida.
13
*
voltados para a atividade cotidiana do funcionário, em instituições profissionalizantes fora da
empresa.
75
QUADRO 07
Benefícios Sociais
Benefícios
Executa
Auxílio Alimentação
( x ) sim ( ) não
Alimentação servida na empresa
( x ) sim ( ) não
Auxílio Transporte
( x ) sim ( ) não
Transporte oferecido pela empresa
( ) sim ( x ) não
Auxílio habitação
( ) sim ( x ) não
Auxílio Creche
( ) sim ( x ) não
Plano de Saúde
( ) sim ( x ) não
Incentivo ao esporte (na empresa)
( x ) sim ( ) não
Incentivo ao esporte (a entidades externas a empresa)
( x ) sim ( ) não
Incentivos a atividades culturais (na empresa)
( ) sim ( x ) não
Incentivos a atividades culturais (externas a empresa)
( ) sim ( x ) não
Fonte
:
Dados da Pesquisa
Verifica-se a preocupação da empresa em oferecer benefícios com a finalidade de
se ter condições básicas de trabalho, além de motivar a prática esportiva por parte
dos colaboradores e da comunidade.
4.3.3 Informações e Projetos ambientais
Apesar de não ser o foco deste trabalho, poder-se-ia obter, ainda
informações ambientais, os custos e ativos da empresa, também com a finalidade
de se mensurar as relações de custos (poluição das águas, ar, geração de
resíduos, ruídos etc.) - benefícios (conscientização da importância do ambiente,
coleta seletiva, tratamento e reavaliação das águas etc.), os valores incidentes e a
preocupação da empresa para com o meio ambiente.
No caso da empresa pesquisada, não existem projetos ambientais por não
possuírem processos poluidores, conforme informado na última parte do Anexo 1.
76
4.4. As Demonstrações Financeiras
Com a identificação das informações sociais de uma empresa real, no caso
a Black & Decker, seguem as informações da empresa Alfa, para verificar-se a
possibilidade de correlacioná-las com as informações financeiras tradicionais e,
então, se obter um volume de informações econômicas, sociais e financeiras
adicionais a partir dessa confrontação.
Neste arcabouço de dados, a finalidade é atender aos mais diversos tipos
de usuários: desde aqueles agentes econômicos desejosos de trabalhar em uma
empresa com benefícios e bônus, por exemplo, atraentes, até mesmo autoridades
governamentais com a finalidade de avaliar os empreendimentos que se instalarem
em sua jurisdição e os efeitos sociais, econômicos e ambientais, advindos em
função desta instalação.
Seguem as Demonstrações Contábeis (Balanço Patrimonial e
Demonstração do Resultado do Exercício), referentes a três exercícios sociais e
informações adicionais (no caso a Demonstração do Valor Adicionado) sobre a
empresa Alfa, com a finalidade de se visualizar a empresa e sua organização
econômico-financeira, e posteriormente, os seus reflexos sociais, com a finalidade
de se verificar a possibilidade informativa da relação informações financeiras e
sociais.
4.4.1 A empresa Alfa
Com a finalidade de se elaborar uma análise coerente a respeito das
informações contábeis foram elaborados os demonstrativos financeiros da empresa
Alfa. Essas informações apresentam-se interligadas, ou seja, vinculadas à
demonstração do resultado para o balanço e a partir dessas duas para o valor
adicionado.
Desse modo, Thiollent (2004, p. 35) argumenta que:
(...) pensamos que é perfeitamente viável a flexibilização do raciocínio
hipotético de acordo com a qual a hipótese é uma suposição criativa que é
capaz de nortear a pesquisa inclusive nos seus aspectos qualitativos. As
hipóteses qualitativas orientam, em particular, a busca de informação
pertinente e as argumentações necessárias.
77
O modelo exposto como objeto de análise segue todas as regras
apresentadas na Lei 6.404/76, conseguindo reproduzir de modo coeso a estrutura
patrimonial e de desempenho de uma empresa real.
Lopes de Sá (s.d., p. 09), cometa a esse respeito:
(...) o desempenho de um sistema de funções patrimoniais, espelhado em
um modelo científico (teórico ou quantificado), deve estar definido em
termos de interações (relacionamentos recíprocos); quer entre seus
específicos componentes, quer em relação a outros sistemas (...) ainda
que a ótica comparativa possa variar, os aspecto diversificarem, o
importante é preservar uma ótica analógica ao do patrimônio com o
universo.
Hendriksen e Van Breda (1999, p. 80) comentam que um pronunciamento
do FASB
14
, no seu SFAC
15
02, afirma que a contabilidade tem como objetivo
fornecer informações úteis para a tomada de decisões e para que isso ocorra
diversos objetivos qualitativos devem ser atingidos, como : a informação deve ser
relevante, compreensível, oportuna etc.
Em uma escala quantitativa menor, os demonstrativos não têm a pretensão
de se assemelhar em termos de valor com qualquer empresa real, mas a sua
estrutura qualitativa em termos de dados e estrutura organizada seguindo todos os
preceitos tem sim o intuito de fornecer a qualquer instante um informe sobre itens
que compõe o patrimônio, o resultado e o valor adicionado.
Parafraseando Lopes de Sá, (sd, p 09), interessa conhecer o que se passa
no agregado e nas relações, ou seja, dispostos os informativos, estudar-se-á se as
referidas informações poderiam contribuir de maneira informativa sobre a empresa
e sua estrutura social.
Thiollent (2004, p. 21), por sua vez, menciona:
Hoje em dia não existe um padrão de cientificidade universalmente aceito
nas ciências sociais. (...) o empiricismo, que prevalece na literatura do
mundo anglo-saxão, são contestadas até mesmo nos seus centros de
origem. Podemos optar por instrumentos de pesquisa não aceitos pela
maioria dos pesquisadores de rígida formação, sem por isso abandonar a
preocupação científica.
14
Financial Accounting Standards Board – Conselho de Padrões de Contabilidade Financeira.
Hendriksen e Van Breda (1999, p. 80)
15
Statement of Financial Accouting ConceptPronunciamento de Conceitos de Contabilidade
Financeira. Hendriksen e Van Breda (1999, p. 80)
78
Assim, deseja-se com a empresa-modelo Alfa, relacionar os dados sociais
de qualquer empresa, neste trabalho os da empresa Black & Decker, com as
informações contidas nas demonstrações financeiras, mostradas a seguir. O intuito
é tentar mostrar que uma empresa seguindo os preceitos legais de Contabilidade
pode, com as informações sociais, ter um leque adicional de dados informativos,
tanto para os usuários internos como para os externos.
Uma observação relevante se faz necessária quanto aos números
dispostos nas Demonstrações Contábeis: apesar de serem números aleatórios,
fictícios, os valores possuem relação direta de uma demonstração para outra, como
por exemplo, as reservas de lucro provisionadas na DRE, são os valores dispostos
no Balanço Patrimonial e que influenciarão o capital próprio da empresa. Desse
modo, os valores utilizados para elaborar a Demonstração do Valor Adicionado,
como a Receita Bruta se originou da DRE da própria empresa Alfa, e assim por
diante.
Lopes de (2007, p. 13) menciona que os modelos científicos
quantitativos são peculiares, só se aplicando a uma específica empresa ou
instituição, em um lugar certo e em um determinado tempo.
Assim, o que se deseja com a apresentação dessa estrutura financeira é
espelhar a realidade de um empreendimento em funcionamento, com valores
aleatórios, mas com uma inter-relação desses valores nas demonstrações.
A seguir o Balanço Patrimonial, a Demonstração do Resultado e
Demonstração do Valor Adicionado da empresa Alfa.
79
Balanço Patrimonial
Empresa: ALFA Ltda.
ATIVO
2005 2004 2003
ATIVO CIRCULANTE R$ 2.799.128,00 R$ 1.754.710,00 R$ 1.558.964,00
DISPONIVEL R$ 65.200,00 R$ 183.796,00 R$ 148.210,00
APLICAÇÃO FINANCEIRA R$ 568.912,00 R$ 285.347,00 R$ 155.431,00
CLIENTES R$ 1.424.238,00 R$ 898.374,00 R$ 521.539,00
P.D.D. R$ (37.848,00) R$ (29.205,00) R$ (19.558,00)
DUPLICATAS DESCONTADAS R$ (48.209,00) R$ (146.973,00) R$ (112.203,00)
ESTOQUE MERCADORIAS R$ 524.873,00 R$ 321.341,00 R$ 605.545,00
ADIANTAMENTO A FORNECEDORES R$ 249.621,00 R$ 198.836,00 R$ 216.428,00
DESPESAS ANTECIPADAS R$ 52.341,00 R$ 43.194,00 R$ 43.572,00
ATIVO PERMANENTE R$ 1.319.812,00 R$ 1.231.813,00 R$ 465.950,00
INVESTIMENTOS
PARTICIPAÇÃO EM OUTRAS EMPRESAS R$ 163.405,00 R$ 132.390,00 R$ 102.693,00
IMOBILIZADO
R$ 1.156.407,00 R$ 1.099.423,00 R$ 363.257,00
VEÍCULOS R$ 185.326,00 R$ 308.963,00 R$ 35.500,00
COMPUTADORES E PERIFÉRICOS R$ 146.628,00 R$ 98.450,00 R$ 42.120,00
MOVEIS E UTENSILIOS R$ 158.522,00 R$ 218.192,00 R$ 43.486,00
MAQUINAS E EQUIPAMENTOS R$ 566.402,00 R$ 372.847,00 R$ 167.625,00
INSTALAÇÕES R$ 178.090,00 R$ 147.806,00 R$ 109.500,00
DEPREC. ACUM. R$ (78.561,00) R$ (46.835,00) R$ (34.974,00)
TOTAL ATIVO R$ 4.118.940,00 R$ 2.986.523,00 R$ 2.024.914,00
PASSIVO
2005 2004 2003
PASSIVO CIRCULANTE R$ 1.575.436,00 R$ 1.400.138,00 R$ 1.187.323,00
FORNCEDORES R$ 517.315,00 R$ 465.123,00 R$ 254.789,00
IMPOSTOS A RECOLHER R$ 82.548,00 R$ 68.452,00 R$ 36.891,00
ADIANTAMENTO DE CLIENTES R$ 45.963,00 R$ 21.697,00 R$ 14.892,00
SALÁRIOS A PAGAR R$ 32.015,00 R$ 23.604,00 R$ 15.380,00
ENCARGOS SOCIAIS R$ 12.166,00 R$ 9.442,00 R$ 5.383,00
IMP DE RENDA E CONT SOCIAL R$ 296.119,00 R$ 209.695,00 R$ 110.491,00
DIVIDENDOS A PAGAR R$ 374.279,00 R$ 204.113,00 R$ 88.172,00
EMPRÉST.BANCÁRIOS PGR R$ 215.031,00 R$ 398.012,00 R$ 661.325,00
PASSIVO E LONGO PRAZO
FINANCIAMENTO A L PRAZO R$ 972.437,00 R$ 398.745,00 R$ 169.875,00
PATRIMÔNIO LÍQUIDO R$ 1.571.067,00 R$ 1.187.640,00 R$ 667.716,00
CAPITAL SOCIAL R$ 889.781,00 R$ 553.968,00 R$ 356.000,00
RESERVA LEGAL R$ 46.885,00 R$ 33.202,00 R$ 17.494,00
RESERVA ESTATUTÁRIA R$ 187.541,00 R$ 182.611,00 R$ 80.474,00
LUCROS ACUMULADOS R$ 446.860,00 R$ 417.859,00 R$ 213.748,00
TOTAL PASSIVO R$ 4.118.940,00 R$ 2.986.523,00 R$ 2.024.914,00
Fonte: Adaptado de ASSAF NETO (2002, p. 110)
80
Demonstração do Resultado do Exercício (D.R.E.)
2005
2004 2003
FATURAMENTO BRUTO R$ 2.712.356,00 R$ 1.981.434,00 R$ 1.206.340,00
(-) IPI R$ (60.645,00) R$ (44.186,00) R$ (30.659,00)
RECEITA OPERACIONAL BRUTA R$ 2.651.711,00 R$ 1.937.248,00 R$ 1.175.681,00
(-) Impostos sobre vendas R$ (294.112,00) R$ (248.236,00) R$ (144.761,00)
(=)RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA R$ 2.357.599,00 R$ 1.689.012,00 R$ 1.030.920,00
(-) Custo de Mercadorias Vendidas R$ (800.145,00) R$ (586.504,00) R$ (331.743,00)
LUCRO BRUTO R$ 1.557.454,00 R$ 1.102.508,00 R$ 699.177,00
(-) Despesas c/ vendas R$ (218.963,00) R$ (143.220,00) R$ (123.421,00)
(-) Despesas administrativas R$ (141.997,00) R$ (108.326,00) R$ (89.478,00)
(-) Despesas Financeiras R$ (75.548,00) R$ (81.065,00) R$ (74.693,00)
(+) Receitas Financeiras R$ 112.638,00 R$ 61.865,00
R$ 51.369,00
(-) Outras despesas Operacionais R$ (39.490,00) R$ (13.270,00) R$ (12.987,00)
(+/-) Resultado de equivalência patrimonial R$ 31.015,00
R$ 29.697,00
R$ 17.693,00
(=)LUCRO OPERACIONAL R$ 1.225.109,00 R$ 848.189,00 R$ 467.660,00
(+) Receitas não operacionais R$ 22.069,00
R$ 34.895,00
R$ 21.465,00
(-) Despesas não operacionais R$ (13.353,00) R$ (49.352,00) R$ (28.746,00)
(=) RESULTADO ANTES DO IR E CONT SOCIAL R$ 1.233.825,00 R$ 833.732,00 R$ 460.379,00
(-) Contribuição Social R$ (111.045,00) R$ (78.635,00) R$ (41.434,00)
(-) Impostos de Renda R$ (185.074,00) R$ (131.060,00) R$ (69.057,00)
(=) RESULTADO ANTES DAS RESERVAS R$ 937.706,00 R$ 624.037,00 R$ 349.888,00
(-) Reserva Legal R$ (46.885,00) R$ (33.202,00) R$ (17.494,00)
(-) Reserva Estatutária R$ (187.541,00) R$ (182.611,00) R$ (80.474,00)
(=) RESULTADO ANTES DOS DIVIDENDOS R$ 703.280,00 R$ 408.224,00 R$ 251.920,00
(-) Dividendos propostos R$ (246.148,00) R$ (183.701,00) R$ (75.576,00)
(-) Participação dos empregados R$ (28.131,00) R$ (20.412,00) R$ (12.596,00)
(=)LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO R$ 429.001,00 R$ 204.111,00 R$ 163.748,00
Fonte: Adaptado de ASSAF NETO (2002, p. 111)
81
DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO
Empresa: Alfa Ltda.
Descrição 2005 2004 2003
1. RECEITAS
R$ 2.696.577,00
R$ 1.993.124,00
R$ 1.208.247,00
1.1 Vendas de mercadorias, produtos e serviços
R$ 2.712.356,00
R$ 1.981.434,00
R$ 1.206.340,00
1.2 Provisão para devedores duvidosos
R$ (37.848,00)
R$ (23.205,00)
R$ (19.558,00)
1.3 Não operacionais
R$ 22.069,00
R$ 34.895,00
R$ 21.465,00
2. INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS
R$ 731.594,00
R$ 551.271,00
R$ 361.552,00
(inclui os valores dos impostos – ICMS e IPI)
2.1 Matérias primas consumidas
R$ 271.220,00
R$ 198.804,00
R$ 112.449,00
2.2 Custo das Mercadorias e serviços consumidos
R$ -
R$ -
R$ -
2.3 Materiais, energia, serviços de terceiros e outros
R$ 460.374,00
R$ 352.467,00
R$ 249.103,00
2.4 Perda / Recuperação de valores ativos
R$ -
R$ -
R$ -
3. VALOR ADICIONADO BRUTO (1 – 2)
R$ 1.964.983,00
R$ 1.441.853,00
R$ 846.695,00
4. RETENÇOES
R$ 31.726,00
R$ 17.861,00
R$ 10.991,00
4.1 Depreciação, amortização e exaustão
R$ 31.726,00
R$ 17.861,00
R$ 10.991,00
5. VALOR ADICIONADO LÍQUIDO PRODUZIDO
PELA ENTIDADE (3 – 4)
R$ 1.933.257,00
R$ 1.423.992,00
R$ 835.704,00
6 VALOR RECEBIDO EM TRANSFERÊNCIA
R$ 143.653,00
R$ 91.562,00
R$ 69.062,00
6.1 Resultado de Equivalência Patrimonial
R$ 31.015,00
R$ 29.697,00
R$ 17.693,00
6.2 Receitas financeiras
R$ 112.638,00
R$ 61.865,00
R$ 51.369,00
7. VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR (5 + 6)
R$ 2.076.910,00
R$ 1.515.554,00
R$ 904.766,00
8. DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO
R$ 2.076.910,00
R$ 1.515.554,00
R$ 904.766,00
8.1 Pessoal e Encargos
R$ 355.923,00
R$ 265.476,00
R$ 165.961,00
8.2 Impostos, Taxas e Contribuições
R$ 698.267,00
R$ 537.466,00
R$ 308.007,00
8.3 Juros e Aluguéis
R$ 85.014,00
R$ 88.575,00
R$ 80.910,00
8.4 Juros sobre Capital Próprio e Dividendos
R$ 274.279,00
R$ 204.113,00
R$ 88.172,00
8.5 Lucros retidos / prejuízo do exercício
R$ 663.427,00
R$ 419.924,00
R$ 261.716,00
Fonte: Adaptado de ASSAF NETO (2002, p. 111-112) e SANTOS (2003, p. 62)
Conhecendo-se as informações financeiras e a Demonstração do Valor
Adicionado e, ainda, algumas informações sociais disponibilizadas, tentar-se-á, a
seguir, expor a identificação dos dados sobre a distribuição da riqueza e a
importância da DVA como uma fonte de informação adicional. A análise dos itens
pode ser utilizada, não apenas para a tomada de decisão dos gestores, mas
também para o fomento de investimentos em uma determinada localidade, em um
município, por exemplo.
82
4.4.2 Análise e interpretação de algumas informações sociais na
Demonstração do Valor Adicionado
Desde o início deste trabalho, a proposta delineada foi o conhecimento da
informação e mais a real importância de um empreendimento produto para o meio
social onde está localizado.
Dessa forma, será desenvolvido na seqüência a elaboração de indicadores
obtidos por meio das demonstrações contábeis anteriormente elaboradas.
a. Análise Horizontal
A Análise Horizontal permite o entendimento da evolução histórica dos
dados analisados em questão. Avaliando-se os números obtidos na DVA, tem-se o
quanto da riqueza gerada evoluiu ao longo do tempo para remunerar os fatores de
produção especificados.
Observando-se os dados na Tabela 05, tem-se a noção do quanto estes
dados podem contribuir para análise do empreendimento e sua relevância no
contexto econômico e social da empresa em relação à sociedade.
Tabela 05
A evolução temporal dos fatores de produção
DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO
Empresa: Alfa Ltda
Descrição
2005 AH %
2004 AH%
2003
8. DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO
R$ 2.076.910,00
37%
R$ 1.515.554,00
68%
R$ 904.766,00
8.1 Pessoal e Encargos
R$ 355.923,00
34%
R$ 265.476,00
60%
R$ 165.961,00
8.2 Impostos, Taxas e Contribuições
R$ 698.267,00
30%
R$ 537.466,00
74%
R$ 308.007,00
8.3 Juros e Aluguéis
R$ 85.014,00
-4%
R$ 88.575,00
9%
R$ 80.910,00
8.4 Juros sobre Capital Próprio e Dividendos
R$ 274.279,00
34%
R$ 204.113,00
131%
R$ 88.172,00
8.5 Lucros retidos / prejuízo do exercício
R$ 663.427,00
58%
R$ 419.924,00
60%
R$ 261.716,00
Fonte: Dados da Pesquisa.
Cita-se, por exemplo, a participação da riqueza distribuída a título de
pessoal e as remunerações daí decorrentes, a sua elevação e a injeção destes
recursos no meio econômico a sua volta. Acredita-se, assim, que estejam
83
contribuindo com a demanda por produtos e serviços e com o processo de
crescimento econômico.
b. Quociente entre Gastos com Pessoal e Valor Adicionado
Utilizando este indicador, tem-se o quanto da parcela gerada pela empresa
foi repassada aos trabalhadores.
Relação percentual dos
Gastos com Pessoal na =
DVA
2005
%
2004
%
2003
%
Pessoal e Encargos
R$ 355.923,00
17%
R$ 265.476,00
18%
R$ 165.961,00
18%
Distribuição do Valor Adicionado
R$ 2.076.910,00 R$ 1.515.554,00 R$ 904.766,00
Os índices encontrados permitem verificar que, mesmo havendo uma
variação crescente no Valor Adicionado a ser distribuído, a proporção da
remuneração de pessoal se manteve praticamente constante.
Para os colaboradores, de um modo geral, é importante a análise deste
dado, possibilitando a seguinte percepção: aumenta a riqueza a ser distribuída,
aumenta a remuneração, ou ainda, se o valor a eles atribuído está sendo reduzido
em função de outro fator de produção.
c. Quociente entre gastos com Tributos (Impostos, Taxas e Contribuições) e
Valor Adicionado
Este indicador é de grande interesse para as autoridades governamentais,
pois demonstra a parcela da riqueza destinada aos cofres públicos.
Relação percentual dos
Gastos com Tributos na =
DVA
Gastos com Pessoal
Valor Adicionado
x 100
Gastos com Tributos
Valor Adicionado
x 100
84
2005
%
2004
%
2003
%
Impostos, Taxas e Contribuições
R$ 698.267,00
34%
R$ 537.466,00
35%
R$ 308.007,00
34%
Distribuição do Valor Adicionado
R$ 2.076.910,00 R$ 1.515.554,00 R$ 904.766,00
Uma das informações de grande relevância é sobre a participação dos
impostos na produção: os dados devem ser usados para a reflexão no sentido de
planejamento pela empresa em busca de benefícios fiscais, por exemplo, e as
autoridades governamentais sobre o volume de arrecadação e o ônus incidente
sobre a cadeia produtiva.
No caso dos dados analisados, percebe-se a destinação de praticamente
1/3 da riqueza gerada sendo destinada aos cofres blicos Federal, Estaduais e
Municipais.
d. Quociente entre Gastos com Juros e Aluguéis e Valor Adicionado
Aqui se identifica o quanto da riqueza se destina a remunerar os detentores
de capital de terceiros, sejam sob a forma de empréstimos ou ativos fixos.
Relação percentual dos
Gastos com Remuneração =
De Terceiros na DVA
2005
%
2004
%
2003
%
Juros e Aluguéis
R$ 85.014,00
4%
R$ 88.575,00
6%
R$ 80.910,00
9%
Distribuição do Valor Adicionado
R$ 2.076.910,00 R$ 1.515.554,00 R$ 904.766,00
Com a separação das fontes de financiamento entre terceiros e próprio,
pode-se identificar o quanto da riqueza gerada foi distribuída ao capital externo da
empresa.
No caso da empresa Alfa, percebe-se uma redução de capital oneroso
(financiamentos e empréstimos) no decorrer dos anos de 9% para 6% e depois
para 4%. Isto pode estar acontecendo não por desaceleração da produção, mas em
decorrência do uso de passivos operacionais (fornecedores, impostos, salários),
cujo custo é menor, no financiamento dos ativos.
Juros e Aluguéis
Valor Adicionado
x 100
85
e. Quocientes de Juros s/ Capital Próprio e Dividendos e Valor Adicionado
Neste ponto, tem-se a transferência da riqueza aos sócios e acionistas do
empreendimento, tornando-se uma alternativa de analisar a rentabilidade dos
valores atribuídos aos detentores do capital do próprio.
Relação percentual da
Remuneração do Capital =
Próprio na DVA
2005
%
2004
%
2003
%
Juros s/ Capital Próprio e Dividendos
R$ 274.279,00
13%
R$ 204.113,00
13%
R$ 88.172,00
10%
Distribuição do Valor Adicionado
R$ 2.076.910,00 R$ 1.515.554,00 R$ 904.766,00
Como definido anteriormente, este indicador mostra a remuneração do
acionista e a sua evolução temporal em comparação com a receita gerada. Esta
informação pode se constituir num atrativo junto ao mercado para captação de
investimentos e participações acionárias, pois nada mais justo do que remunerar o
capital interno, como ocorre com o capital de terceiros.
No caso da empresa Alfa, aqui analisada, seus percentuais de
remuneração pelo uso do capital estão em ascensão, pois mesmo quando houve a
manutenção dos valores percentuais, os valores monetários se expandiram.
f. Quocientes de Lucros Retidos e Prejuízo do Exercício Valor Adicionado
Nos valores retidos, por sua vez, pode-se estar tendo as informações sobre
a reaplicação de valores no próprio investimento e, entre outras, com a finalidade
de garantir a continuidade do empreendimento produtivo.
Relação percentual do
Lucro Retido na DVA
Juros s/ Capital Próprio e Dividendos
Valor Adicionado
x 100
Lucros Retidos /Prejuízo do Exercício
Valor Adicionado
x 100
=
86
2005
%
2004
%
2003
%
Lucros retidos / prejuízo do exercício
R$ 663.427,00
32%
R$ 419.924,00
28%
R$ 261.716,00
29%
Distribuição do Valor Adicionado
R$ 2.076.910,00 R$ 1.515.554,00 R$ 904.766,00
Na empresa analisada, mantém-se quase em um mesmo patamar em
termos de índices percentuais, no tocante a parcela de retenção de riqueza,
pensando-se, assim, na continuidade da empresa. Sendo uma empresa de um
setor de produtos elétricos, requerendo seus produtos constante aperfeiçoamento,
tem-se aí uma explicação para a retenção desses valores.
Pode-se avaliar a preocupação dos gestores e diretores do
empreendimento em seu planejamento de reinvestir recursos e evitar, por exemplo,
descapitalizar a estrutura.
g. Quociente do Valor Adicionado
Comparativamente, este indicador estará mostrando a riqueza gerada a
partir do volume das vendas.
Taxa de Valor
Adicionado Bruto
2005
%
2004
%
2003
%
Valor Adicionado Bruto
$ 1.964.983,00
72
R$ 1.441.853,00
73
R$ 846.695,00
70
Vendas de Mercadorias e
Serviços
R$ 2.712.356,00
R$ 1.981.434,00
R$ 1.206.340,00
Analisando, pode-se perceber o quanto gera de riqueza a partir da receita
bruta de uma determinada empresa, segmento, setor etc. A empresa Alfa tem a
riqueza gerada total de aproximadamente 72% a partir da sua receita bruta. Vale a
pena lembrar a necessidade de comparação com outras empresas do setor.
Valor Adicionado Bruto
V
enda de M
ercadorias e ou Serviços
x 100
=
87
h. Taxa de variação do Valor Adicionado Bruto
Este indicador mede a taxa de incremento ou de redução do Valor
Adicionado Bruto, de um período em relação a outro. Tem se, aqui, uma análise
dos dados ao longo do tempo.
Taxa de Valor
Adicionado Bruto
Valor Adicionado Bruto 2004 1.441.853,00
70%
Valor Adicionado Bruto 2003 846.695,00
Valor Adicionado Bruto 2005 1.964.983,00
36%
Valor Adicionado Bruto 2004 1.441.853,00
Aqui se observa o crescimento ao longo dos exercícios sociais (70% e
36%) e percebe-se um crescimento, mesmo num nível menor. Pode-se analisar, de
modo paralelo à evolução dos custos de matérias-primas e outros custos
decorrentes de terceiros que podem afetar o valor adicionado bruto, fazendo com
que a riqueza a ser distribuída se eleve, mas em um nível menor; além é claro, da
evolução das vendas, decorrentes de contexto econômico etc.
i. Taxa de variação Total do Valor Adicionado Bruto
Este indicador pode ser preterido em relação ao anterior exatamente pelo
fato de avaliar-se o crescimento da riqueza bruta em relação às vendas, e em
relação ao ano anterior.
Taxa de Variação
Total do Valor Adicionado
Bruto
Valor Adicionado Bruto
V
alor Adicionado Bruto Anterior
x 100
=
Valor Adicionado Bruto Atual /Vendas Atuais
Valor Adicionado Bruto Anterior/Vendas Anteriores
x 100
=
=
88
Valor Adicionado Bruto 2004
1.441.853,00
Vendas de Mercadorias e Serviços 2004
1.981.434,00
72%
4%
Valor Adicionado Bruto 2003
846.695,00
70%
Vendas de Mercadorias e Serviços 2003
1.206.340,00
Valor Adicionado Bruto 2005
1.964.983,00
Vendas de Mercadorias e Serviços 2005
2.712.356,00 72%
-0,44%
Valor Adicionado Bruto 2004
1.441.853,00 73%
Vendas de Mercadorias e Serviços 2004
1.981.434,00
Torna-se, assim, um dado mais completo, pois é possível visualizar, por
exemplo, neste caso, que mesmo tendo apresentado os percentuais de
participação nas receitas de vendas superiores a 70%, o crescimento efetivo da
riqueza foi de 3,68% com um decréscimo no ano de 2005 de 0,44%.
j. Utilização do Valor Adicionado como medida de produtividade por
empregado
Em um tópico anterior, avaliou-se a participação do pessoal na distribuição
da riqueza e o quão significativa é a força de trabalho no processo produtivo, para a
empresa e para a sociedade. Neste indicador, relaciona-se a riqueza média gerada
por funcionário do empreendimento.
Riqueza gerada
por empregado
Observando o número de funcionários mencionados no item 5.3.1 e o valor
adicionado, tem-se:
2.005 2.004
Valor Adicionado
R$ 2.076.910,00
R$ 1.515.554,00
Nº de empregados 1.067 1.085
Riqueza gerada por empregado R$ 1.946,49 R$ 1.396,82
Valor Adicionado
Número de empregados
=
89
Vale mencionar, conforme referida no item g, a comparação de empresas
em mesmo nível de empregabilidade, isto é, empresas que possuam o mesmo
número de empregados e considerar o seu grau de automação.
No caso da empresa analisada, houve uma elevação do resultado gerado
por empregado na empresa Alfa, mas também se verifica uma redução do número
de empregados de 1,65% e uma elevação da riqueza de 37,04%. Conclui-se daí, a
existência de um ganho de produtividade, pois mesmo com a redução no volume de
pessoal, considerando-se as informações disponíveis, houve uma elevação nas
vendas.
k. Indicador de Produtividade por Empregado
Aqui se tem o esforço médio de vendas por empregado. Consideraram-se
as vendas efetuadas e o número médio de empregados (início e final do período
dividido por dois). Como se mencionou, é uma medida de produtividade dos
trabalhadores da empresa.
Produtividade
da mão de obra
2.005
Venda de Mercadorias e Serviços 2.712.356,00
Nº médio de empregados 1.076
Vendas Médias por empregado R$ 2.520,78
No caso dos dados disponíveis, o esforço conjunto da equipe da empresa
Alfa, proporcionou um volume de R$ 2.520,78 em vendas por colaborador no ano
corrente de 2005. A elaboração de metas de vendas e avaliação do volume de
vendas alcançadas pode ser trabalhada, no sentido de se conseguir uma ampliação
das participações do mercado, a partir de um plano de atuação (estratégia, etc.).
Porém, considerando-se as seguintes informações:
Vendas do período
Número médio de empregados
=
90
2.005 2.004 AH
Venda de Mercadorias e
Serviços 2.712.356,00 1.981.434,00
36,89%
Nº de empregados 1.067 1.085
-1,66%
Vendas Médias por empregado R$ 2.542,04 R$ 1.826,21
39,20%
Não se utilizou o número médio de empregados, mas o seu quantitativo ao
final de cada exercício social, obtendo-se, assim, valores distintos para cada ano.
Comparando-se, desse modo, o número de funcionários ao fim de cada exercício e
as vendas, tem-se uma informação diferente: verifica-se que, devido a uma redução
no número de pessoas e uma elevação no volume de vendas, influencia-se em um
resultado na receita individual gerada pelos colaboradores.
l. Indicador de Lucro por Empregado
Este item trata da mensuração do lucro por funcionário. Avaliação esta que
pode vir a colaborar com a análise de desempenho e avaliação nos chamados
centros de resultados.
Lucro por empregado = Lucro no período
Número de empregados
Lucro do Exercício R$
429.001,00
110,18%
R$
204.111,00
Nº de empregados 1.067
-1,66%
1.085
Riqueza gerada por empregado R$ 402,06
113,73%
R$ 188,12
Nos cálculos encontrados anteriormente, verifica-se uma elevação no lucro
médio encontrado, porém menciona-se o fato da redução de pessoal, e mais uma
variação positiva no volume de vendas. Isso significa uma contribuição positiva no
resultado de itens não ligados à atividade operacional como equivalência
patrimonial, receitas financeiras e ganho com a venda de imobilizado, por exemplo.
Pode-se sugerir a avaliação deste item com o resultado encontrado no
EBITDA, por considerar apenas os itens e valores ligados a atividade operacional
da empresa.
91
m. Índice de Custo Benefício
Este indicador pode ser um dos mais importantes a ser trabalhado pelas
autoridades governamentais. Valendo-se da seguinte fórmula:
Índice de Custo
Benefício (ICB)
E, partindo-se dos dados referentes à empresa Alfa, a empresa do estudo
apresentado, observe-se a seguinte situação hipotética para se trabalhar o índice: o
Governo (Federal, Estadual e Municipal), de comum acordo entre as esferas,
decidiu conceder uma redução de sua tributação em um percentual de dez por
cento (10%) para a empresa, por um período de dez anos.
Para fins de exemplo, acredita-se que a riqueza economizada e não
distribuída ao Governo, seria atribuída aos outros fatores de produção, mas de
qualquer forma seria gerada. Tem-se, então, a seguinte situação a ser considerada
na Tabela 06:
Tabela 06
Relação Valor Adicionado versus Incentivos Fiscais
Período de tempo Valor Adicionado Incentivo Fiscal ICB
2003 R$ 904.766,00 R$ 30.800,70 29,374852
2004 R$ 1.515.554,00 R$ 53.746,60 28,198137
2005 R$ 2.076.910,00 R$ 69.826,70 29,743780
Fonte: Elaborada pelo autor.
Percebe-se, assim, pelo índice de custo/benefício o quanto seria
incrementado à riqueza de determinada sociedade (município), se houvesse a
concessão do incentivo fiscal.
Corroborado no estudo por Rodrigues Junior (2003 p.135-136), um ICB
superior a um (1) indica o volume ou o tamanho da capacidade de riqueza gerada a
partir de R$ 1 concedido à empresa a título de incentivo fiscal.
No caso da Empresa Alfa, a capacidade de gerar riquezas ficou no ICB
médio de 29, isto é, para cada R$ 1 concedido de incentivo fiscal, a empresa tem a
Demonstração do Valor Adicionado
Incentivos Fiscais Concedidos
=
92
capacidade de gerar R$ 29 a título de riqueza a ser contemplada pelos fatores de
produção.
Pode-se ter, então, uma ferramenta gerencial de grande utilidade para as
autoridades governamentais. Ao se deparar com projetos e prospectos de
investimentos, as autoridades governamentais tentariam motivar a sua instalação
em seu meio social, se valendo, por exemplo, de uma política de incentivos fiscais
em conformidade com seu potencial de gerar riquezas para os fatores de produção
a sua volta.
m.1 Peculiaridades do Índice de Custo/Benefícios
Uma certa preocupação, ainda apoiado no estudo de Rodrigues Junior
(2003), no que concerne ao uso da política de incentivos fiscais para a instalação
de empresas. Antes, porém, apresentam-se os seguintes dados, conforme Tabela
07:
Tabela 07
Comparativo Valor Adicionado versus Incentivos Fiscais I
Variação ao Longo do Tempo Valor Adicionado Incentivos Fiscais
2003 – 2004 67,5% 74,50%
2004 – 2005 37,04% 29,92%
Fonte: Dados da Demonstração do Valor Adicionado.
Fez-se o lculo da variação da riqueza gerada de um ano para o outro e
também da variação do volume de recursos liberados sob a forma de incentivos
fiscais.
Ao se elaborar essa forma de análise, torna-se possível verificar o grau de
dependência da empresa em gerar riquezas em relação à política de incentivos
fiscais. Neste caso, uma variação positiva na concessão de incentivos fiscais está
possibilitando uma variação positiva no aumento da riqueza do empreendimento.
Valendo-se, no entanto, de uma situação adversa e contraditória ao
exposto, extraída do trabalho de apresentado por Rodrigues Júnior (2003), há
novos dados, conforme Tabela 08:
93
Tabela 08
Comparativo Valor Adicionado versus Incentivos Fiscais II
Variação ao Longo do Tempo Valor Adicionado Incentivos Fiscais
1998 – 1999 -6,10% 169,57%
1999 – 2000 -6,67% 6,77%
Fonte: Rodrigues Junior, (2003, p. 135)
Nas informações da Tabela 08, a relação entre o Valor Adicionado e
incentivos fiscais é inversa, isto é, mesmo sendo liberados recursos sob a forma de
incentivos fiscais, a empresa em questão não estará aumentando o volume do valor
adicionado.
Assim, caberá à autoridade perceber por meio das informações, aentão
analisadas, a continuidade do processo de incentivos, pois o risco dessa empresa
ser viável e operacional apenas com a liberação de recursos é muito amplo. Neste
caso, não é difícil de entender por que algumas empresas sujeitam-se ao leilão de
benefícios oferecidos por Estados e Municípios. Resta a estes Governos, porém,
ponderarem se vale para sua região a brevidade em que estes estabelecimentos
produtivos estarão operantes.
Por outro lado, para aqueles empreendimentos capazes de proporcionar
aumento de riquezas, poder-se-ia pensar a vitaliciedade de parcerias entre as
entidades públicas e empreendimentos privados.
4.5 Considerações finais sobre os benefícios e informações extraídas das
demonstrações sociais
Visualizou-se, assim, um volume adicional de informações e dados ao se
intuir por publicar as informações de aspecto social, Balanço Social e
Demonstração do Valor Adicionado, em conjunto com o Balanço Patrimonial e
Demonstração do Resultado.
Quando se depara com a possibilidade do estabelecimento de uma
empresa em uma localidade, certas perguntas poderiam e deveriam balizar as
autoridades governamentais e a sociedade como um todo, sobre o efeito destas
instalações em sua jurisdição.
94
Ao se verificar o caso da empresa Alfa, algumas considerações são
passíveis de serem comentadas:
* diante de um projeto de constituição de uma empresa (estimativa ou orçamento)
em determinado município, a elaboração de demonstrativos financeiros,
econômicos e sociais pode contribuir para uma melhor aceitação ou não do
empreendimento, com a utilização dos indicadores da riqueza gerada e distribuída
aos empregados e aos outros componentes da produção;
* a análise do projeto e as expectativas da empresa, inclusive os seus planos
quanto a sua continuidade devem ser claros, pois toda uma estrutura de
investimentos em infra-estrutura (rodovias, saneamento, energia etc.), será
demandada, normalmente em função dos empreendimentos produtivos;
* a elaboração da Demonstração do Valor Adicionado e do Balanço Social tende a
refletir os efeitos sociais e a expectativa de que toda a sociedade será favorecida
ou não com a sua instalação. O Índice de Custo Benefício tem a possibilidade de
mensurar esses reflexos e o “grau” de riqueza a ser contemplada pela sociedade
com a implementação do empreendimento;
* o aprimoramento ou a elaboração de infra-estrutura para estas empresas, que
terminaria por beneficiar a população a sua volta, com alternativas de
pavimentação, saneamento, energia etc.;
Os custos dessa infra-estrutura, por sua vez, também devem ser
levantados a partir do interesse da instalação de novos empreendimentos:
* os efeitos sociais, especificamente os qualitativos (aqueles surgidos em
decorrência da fixação da empresa tendem a refletir no nível de bem-estar da
população), e também devem ser considerados na análise do projeto. Situações
nas quais a preocupação quanto às mudanças de comportamento, aumento
considerável no tráfego de veículos, elevação da demanda por transporte,
atendimento público de saúde, instituições públicas de ensino devem receber um
certo peso na análise pela sua relevância;
* comentou-se sobre a riqueza gerada, mas também sobre o crescimento, e este
pode ocorrer de modo indireto, propiciado pela instalação da empresa no município
com a injeção de recursos no comércio local e a mudança de perfil quanto a
demanda por qualificação, motivando a busca por cursos junto a diversas
instituições de ensino;
95
* a demanda, mesmo indireta, no mercado imobiliário local com a vinda de
profissionais de outras cidades;
* a diversidade cultural e inovação tecnológica promovida com a chegada de novos
empreendimentos são informações qualitativas, não provenientes das
demonstrações financeiras convencionais;
* a “pressão“ pela criação de alternativas de diversão e lazer pode fazer surgir um
nicho indireto de novos investimentos;
* se a empresa ao se instalar provocará algum impacto ambiental desde o
lançamento de resíduos na atmosfera até a sua localização em proximidade a
áreas de preservação; os projetos e os empreendimentos podem, a título de
sugestão, ser instituídos com medidas preventivas com a finalidade de minimizar
este impactos ambientais;
* identificar os reflexos insalubres ou de periculosidades de determinadas
atividades para os seus colaboradores e para a sociedade;
* os custos reais auferidos para atrair esses investimentos, não se restringindo
apenas ao âmbito fiscal, mas no caso de cidades em crescimento, por exemplo, de
liberação de áreas valorizadas para sua instalação;
* o efeito na imigração e o reflexo social advindo daí, com o surgimento de
periferias e, por conseguinte, o aumento de situações precárias de subsistências,
além da elevação dos índices de violência;
* um aumento do volume da oferta de mão-de-obra e a redução média do valor final
da remuneração do trabalhador em razão desse “exército de reserva”.
No caso de empresas, cuja existência contribui e vem contribuindo para
com o crescimento e desenvolvimento das sociedades, vale a sugestão sobre a
publicação das demonstrações sociais e ambientais, até mesmo para demonstrar a
boa relação mantida com a comunidade.
Empresas, como a Black & Decker, desobrigadas de publicar suas
demonstrações financeiras poderiam estar divulgando informações sociais
espontaneamente, vindo a contribuir para a disseminação da cultura de boas
relações com os stakeholders.
Propostas vêm surgindo no sentido de organizar-se a publicação de
demonstrativos e informações de empresas não definidas como Sociedades
Anônimas, amesmo para ressaltar a credibilidade junto aos mais diversos tipos
96
de usuários da informação. O Anteprojeto de Lei 3.741/2000 está aí para comprovar
essa necessidade.
Os indicadores sociais o são as respostas únicas e irrefutáveis para as
negociações, mas se expressam como dados e situações a serem consideradas e,
juntamente com as demais informações econômicas e financeiras, contribuírem
para o embasamento das decisões a serem tomadas.
CONCLUSÃO
No momento da identificação do problema que seria o cerne de toda a
estrutura a ser desenvolvida neste trabalho, tinha-se como intuito identificar as
informações possíveis de serem auferidas por meio da Demonstração do Valor
Adicionado em conjunto com a DRE e Balanço Patrimonial. E estando na posição
de um agente econômico, famílias e ou principalmente uma autoridade
governamental, com a responsabilidade de representar toda uma sociedade. Essa
autoridade gestora governamental estar-se-ia identificando e trabalhando para
atrair, em um primeiro momento, estruturas produtivas de modo a agregar, não
somente o crescimento da região onde se instalaria, mas também de gerar
externalidades positivas ao meio ambiente e social.
Muito além de um simples conceito teórico, o Balanço Social, somado às
informações publicadas na Demonstração do Valor Adicionado pode contribuir para
a verificação do impacto na vida das pessoas e dos efeitos sócio-ambientais daí
decorrentes.
A Análise de Produtividade por Empregado, Análise de Custo Benefício e
outros indicadores, gerados a partir de tais demonstrações, não se apresentam
apenas como teoria, mas verificou-se que podem ser considerados como análise
real da empresa gerando possíveis conclusões a respeito do desempenho, como foi
demonstrado.
A utilização destes dados poderia contribuir para um trabalho mais pró-
ativo de diversos segmentos, parceiros reais dos empreendimentos.
No município de Uberaba a carência por investimentos é uma realidade e
a instalação de capital produtivo uma resposta aos anseios e as necessidades
locais. O crescimento econômico, a população economicamente ativa, a melhoria
do bem-estar e qualidade de vida são metas a serem concretizadas não apenas
pelas pessoas que residem em determinado local, mas pela sociedade e seus
representantes como um todo.
Percebe-se, também, a importância de um estudo de impacto sócio-
ambiental e a seriedade e imparcialidade no tocante aos dados auferidos. Uma
formalização de padrões e a instituição de regras, assim como as inclusões de
auditoria, também das informações sociais, devem fazer parte, não apenas das
98
demonstrações em fase de projeto, mas também dos empreendimentos em franco
processo de funcionamento.
Verificando-se as informações da empresa Alfa, cuja inspiração foi a Black
& Decker, percebeu-se a riqueza de informações conjuntas que podem ser
trabalhadas pelas empresas, inclusive fortalecendo sua marca, seu nome, ativo
hoje de grande importância no mercado, como vem ilustrar Santos (2003, p.36):
muitas vantagens em se apresentar a Demonstração do Valor Adicionado
de uma empresa multinacional em um país que a hospeda. As vantagens
apóiam-se no fato de que essa demonstração oferece à empresa a
oportunidade de apresentar sua contribuição a esse país A empresa
multinacional pode utilizar essa demonstração para estabelecer o interesse da
comunidade e de seus legisladores num país qualquer. Isso daria a empresa à
oportunidade para formação do goodwill, expansão de mercado, redução de
conflitos com o governo local e outros grupos de da sociedade e evitaria
diversos desgastes políticos. Como conseqüência disso a empresa
provavelmente alcançaria maior crescimento e estabilidade de seus lucros.
(SANTOS, 2003 p. 36)
Desta forma, a evidenciação por parte de empresas, multinacionais ou não,
tendem a somar pontos à sociedade, permitindo uma melhor compreensão,
quando, por exemplo, da tomada de decisões pela redução de pessoal ou corte de
benefícios antes concedidos.
As empresas, desejosas por se estruturar física e produtivamente, e as
diversas localidades carentes por suas instalações e benefícios, daí decorrentes,
poderiam encontrar nas informações de seus projetos e demonstrativos sociais a
confirmação de que a empresa naquele local seria benéfica para todos.
Esbarrou-se, no estudo, no fato de ser uma empresa de responsabilidade
limitada, cuja obrigatoriedade de publicação das demonstrações financeiras
inexiste, mas, como já foi citado, deverá estar se preparando para a sua adequação
à medida que as novas normas da reforma da Lei 6.404/76 forem votadas.
Encontrou-se, também, a ausência de relatórios sociais padronizados,
apesar de possuir, a empresa, uma posição respeitável no mercado, com o seu
porte e tradição, não divulgando dados ou relatórios sociais, mesmo realizando
atividades de cunho social e ambiental.
Como se mencionou, os reflexos e ponderações sociais são fatos reais a
serem prestadas às comunidades. A publicação (evidenciação) destas informações
traria um arcabouço de dados adicionais ao usuário dos relatórios contábeis,
complementando-se uma lacuna, até então existente de informações sobre a
análise do empreendimento.
99
Quanto ao Balanço Social, no entanto, se fala muito na ausência de
diretrizes legais e formais, determinando o que deve ser ou o publicado,
carecendo de credibilidade no sentido lato da palavra, mesmo com a entrada em
vigor da NBC T 15, em janeiro de 2006. Falta sim, a cobrança por parte das
entidades de classe a cobrança efetiva para o respeito à referida Instrução.
Desse modo, autoridades poderiam identificar as informações de seu
interesse e o empreendimento produtivo, informando o quanto a sua atividade afeta
a vida ao seu redor, inclusive a distribuição de riquezas. Contribui, também, a
Demonstração do Valor Adicionado, pois esta é muito mais do que um emaranhado
de dados numéricos, podendo vir a somar conclusões na avaliação de projetos e
das demonstrações financeiras.
Na medida que a Black & Decker evidencie os resultados obtidos por meio
da DVA e do Balanço Social, acredita-se na possibilidade da difusão da cultura em
divulgar relatórios sociais, não apenas por parte dos novos empreendimentos do
setor de agro-negócio, que precisam se consolidar na sociedade, mas também
pelas empresas de outros segmentos, tendo-se assim uma elevação de resultados
positivos e nos benefícios sociais para a comunidade.
A alternativa como se levantou de apurar o Produto Interno Bruto (PIB)
seria uma realidade efetiva de analisar a geração e a distribuição de riquezas. Isso
se menciona, conforme Luca (1998), Santos (2003), entre outros, da possibilidade
de avaliar-se a riqueza de acordo com o efetivamente produzido e ou vendido.
Ainda, neste ponto, o direcionamento de recursos sob a forma de
incentivos, por exemplo, poder-se-ia impulsionar o crescimento econômico e, com
certa expectativa, o desenvolvimento local.
Talvez com mais este ferramental - o Balanço Social, a DVA e os
indicadores de análise originários destas publicações - a liberação de incentivos
fiscais encontre o devido respaldo para a destinação de recursos de fomento, com
uma maior perspectiva de realização, continuidade e maturação.
O fato é a possibilidade e a essencialidade de propiciar-se um aumento da
riqueza distribuída, não apenas dos fatores de produção, trabalhadores, credores
de capital, mas também do próprio estado.
Por outro lado, detalhes e informações a serem publicadas e analisadas,
contudo, podem tornar o empreendedor receoso em divulgar tais dados.
100
Informações muito específicas se expostas, e se forem de caráter estratégico,
podem dar conotação negativa ao empreendimento diante da concorrência.
O risco de processos produtivos envolvendo poluentes residuais ou
sonoros, proximidades com áreas de conservação, devem por sua vez mostrar
benefícios e resultados positivos superiores, de modo a compensar positivamente
quando comparado na relação custo versus benefícios para o ambiente.
Na empresa utilizada como referência na pesquisa, identificou-se uma
preocupação com a capacitação intelectual dos colaboradores, o desejo de
disseminação de uma nova cultura de gestão, entre outros pontos e uma estrutura
produtiva instalada conjuntamente com procedimentos antipoluentes, mostrando o
comprometimento de uma marca desejosa de ser lembrada como politicamente
correta.
Houve limitações quanto ao acesso a alguns tipos de informações em
decorrência do enquadramento legal, como mencionado, mas verificou-se o quanto
seria importante se as empresas, de qualquer que sejam o segmento ou porte,
tivessem suas informações pelo menos as sociais e ambientais divulgadas. A
contribuição para com o social ocorre a partir do comprometimento em se estar
empregando um colaborador, ou recolhendo um tributo, ou ainda fazendo uma
doação a uma instituição beneficente ou adotando valores de preocupação cio-
ambientais, de maneira a contribuir para uma melhor condição de vida da
sociedade a sua volta.
Ao se utilizar um modelo, com dados fictícios, conseguiu-se auferir
informações com dados sociais até então não conhecidos, por parte da empresa
Alfa. Os indicadores, independentemente dos valores encontrados, podem oferecer
informações de qualidade as empresas e aos usuários da informação.
Não era a proposta deste trabalho uma comparabilidade entre os dados
encontrados a título de análise de desempenho, pois nesse caso ter-se-ia o
desempenho de outras empresas do mesmo segmento e as expectativas para se
verificar uma boa ou má atuação.
Conseguiu verificar, com este trabalho, como se mencionou, uma gama de
informações complementares que, para empresas como a Black & Decker pode
significar uma justificativa de sua existência perante a comunidade onde está
inserida. A sugestão de evidenciar as informações sociais pode mostrar um
101
empreendimento tradicional, com participação expressiva no mercado, mas com
produção e decisões de gestão com responsabilidade.
E, a título de sugestão, o autor acredita existir um leque de assuntos a
serem tratados, tais como: Contabilidade Ambiental, Marketing Social, relação das
empresas e balanço de recursos humanos; e, ainda, o acompanhamento efetivo da
implementação da cultura de se publicar dados sociais e ambientais para todos os
tipos de empreendimentos.
Por tudo isso, é possível perceber o quanto devem ser trabalhados os
procedimentos de evidenciação e das informações sociais por parte das empresas,
e devem ser desejadas pela comunidade; pois, mesmo sendo uma empresa forte,
nenhum empreendimento pode se manter sem o consentimento positivo do
mercado e da sociedade.
102
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARNOSTI, José Carlos Melchior. Balanço Social: Em busca da empresa cidadã.
XVI Congresso Brasileiro de Contabilidade. 2000. Goiânia, GO
ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e Análise de Balanços. 7ª ed. São Paulo, Atlas.
2002.
BLACK & DECKER. Comunicação Black &Decker em meros. Informativo
Institucional. 2006
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, Resolução nº 774 de 16.12.1994.
Demonstrações Contábeis Estruturas e Normas. Conselho Regional de
Contabilidade CRC SP. 2002.
COSENZA, José Paulo; A Eficácia Informativa da Demonstração do Valor
Adicionado. Revista de Contabilidade e Finanças USP. Outubro/2003. São Paulo.
COSENZA, José Paulo. KROETZ, César Eduardo Stevens. Considerações sobre a
eficácia do Valor Adicionado para a mensuração do Resultado Econômico e Social.
IX Convenção de Contabilidade do Rio Grande do Sul. 13 a 15 de Agosto de 2003.
Gramado RS.
FIPECAFI Fundação de Pesquisas Econômicas Contábeis e Atuariais. Manual de
Contabilidade das Sociedades por Ações. São Paulo: Atlas, 2003.
FURTADO, José Maria. Deu Zebu! As Dez Melhores Cidades para se Investir.
Exame. 22 de novembro de 1995. São Paulo. Ed. Abril.
GOMES, Valter. Contribuição a divulgação de ações de Responsabilidade Social :
Estudo de Caso do UNIARAXÁ. Dissertação de Mestrado. Faculdade de
Economia, Administração e Contabilidade da Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo. São Paulo. PUC /USP. 2005.
GLAUTIER, M. W. E; UNDERDOWN, B. Teoria e Prática de Contabilidade e
Gestão. Título original Accounting Theory and Practice. Tradutora Natércia
Barros.
Rés Editora. Cidade do Porto. Portugal. 2000
GONÇALVES, Odair; OTT, Ernani. Pesquisa sobre evidenciação contábil nas
companhias de capital aberto com atuação no Brasil. IX Convenção de
Contabilidade. 13 a 15 de Agosto de 2003. Gramado RS
HENDRIKSEN, Eldon S; VAN BREDA, Michael F. Teoria da Contabilidade. São
Paulo: Atlas, 1999.
IUDÍCIBUS, Sérgio de. Teoria da Contabilidade. São Paulo: Atlas, 2004
KROETZ, César Eduardo Stevens. Balanço Social: Teoria e Prática. São Paulo:
Atlas, 2000.
103
KROETZ, César Eduardo Stevens. Balanço Social uma proposta de normatização.
Revista Brasileira de Contabilidade. nº 129. Maio/Junho 2001. Brasília.
LOPES, João do Carmo. ROSSETTI, JoPaschoal. 9 ed. Economia Monetária.
São Paulo, Atlas. 2005.
LUCA, Márcia Martins Mendes de. Demonstração do valor adicionado: do cálculo
da riqueza criada pela empresa ao valor do PIB. São Paulo: Atlas, 1998
MARTINS, Eliseu. Avaliação de Empresas: da Mensuração Contábil à Econômica.
Caderno de Estudos. FIPECAFI. Julho/Dezembro 2001. São Paulo.
PONTE, Vera Maria Rodrigues; OLIVEIRA, Marcelle Colares. A prática da
evidenciação de Informações avançadas e não obrigatórias nas demonstrações
contábeis das empresas brasileiras. Revista Contabilidade e Finanças USP. São
Paulo. Setembro/Dezembro 2004 p. 7.
RIBEIRO, Maisa de Souza; LISBOA, Lázaro Plácido. Balanço Social: Instrumentos
de Divulgação da Interação da empresa com a sociedade. 23º ENANPAD Foz do
Iguaçu, PR. 1999.
RODRIGUES JUNIOR, Manuel Salgueiro. A DVA como Instrumento de
Mensuração da Relação Custo-Benefício na Concessão de Incentivos Fiscais: um
estudo de casos. Dissertação de Mestrado. São Paulo: FEA/USP, 2003.
ROSSETTI, José Paschoal. Introdução a Economia. São Paulo: Atlas. 2003.
SANTOS, Ariovaldo dos. Demonstração do Valor Adicionado. Como Elaborar e
Analisar a DVA. São Paulo: Atlas, 2003
______. PARMEZZANO, Claudia Meca. Demonstração de Valor Adicionado: dois
casos muito especiais. IOB Informações Objetivas. São Paulo. Boletim Temática
Contábil e Balanços. nº 1. Janeiro/99.
______. PARMEZZANO, Claudia Meca. Valor Adicionado Negativo: é possível?
IOB Informações Objetivas. o Paulo. Boletim Temática Contábil e Balanços.
49 dezembro/99.
SANTOS, Ariovaldo dos; MACHADO, Itamar Miranda. Demonstração do Valor
Adicionado consolidada: Como fazer? (2ª e última parte) IOB Informações
Objetivas. São Paulo. Boletim Temática Contábil e Balanços. nº 11 Março/2003 .
SANTOS, Ariovaldo dos; SILVA, Fabiana Lopes da. Aspectos Práticos da
Demonstração de Valor Adicionado: Distribuição de Lucros e (Juros sobre o capital
próprio e dividendos) e doações e subvenções para investimentos. IOB
Informações Objetivas. São Paulo. Boletim Temática Contábil e Balanços 15.
Abril 2003
104
SOUSA, Edmilson Patrocínio de Sousa. Demonstração do Valor Adicionado
evidenciando a distribuição de riqueza gerada pela empresa.. Revista Brasileira de
Contabilidade. Julho/Agosto 2003, p. 21. Brasília.
SOUZA, Herbert. Balanço Social: voluntário ou obrigatório. Folha de S Paulo. 7 abril
1997. São Paulo
THIOLLENT, Michel. Metodologia da Pesquisa Ação. São Paulo. Cortez. 2004.
TINOCO, João Eduardo Prudêncio. Balanço Social. Uma Abordagem da Sócio-
Econômica da Contabilidade. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Economia,
Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo. São Paulo. FEA/
USP. 1984.
TINOCO, João Eduardo Prudêncio. Balanço Social. Uma Abordagem da
Transparência e da Responsabilidade Pública das Organizações. São Paulo: Atlas,
2001.
VASCONCELLOS, Marco Antônio Sandoval; GARCIA, Manuel Enriquez.
Fundamentos de Economia. 1ed. 8ª tiragem. São Paulo: Atla, 2001
VIEIRA, Marli Terezinha. Evidenciação e responsabilidade social nas maiores
empresas por segmento na economia. 2006. 142ginas. Dissertação de Mestrado
em Ciências Contábeis Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis da
Universidade Regional de Blumenau.
105
SITES CONSULTADOS E UTILIZADOS
AMBROSIO, Mauro. Relatórios sociais, elaboração e auditoria uma nova
tendência. Boletim IBRACON 316. 23.01.2006.
www.ibracon.com.br/mail.mail_316a.htm. Acesso em 10.01.2007.
BRASIL. Projeto de Lei nº 3.741/2000. Altera e Revoga os dispositivos da Lei 6.404,
de 15 de dezembro de 1976 (Lei das Sociedades por Ações). Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br>. Acesso em 10.01.2007.
CASANOVA, Marta Zednik. História da Cidade de Uberaba. Pesquisa do Arquivo
Público de Uberaba. Disponível em <http://www.uberaba.mg.gov.br/historia.htm.>
Acesso em 02.08.2006.
C.V.M. - Comissão de Valores Mobiliários. Oficio Circular CVM/SNC/SEP/nº
01/2000. Disponível em: <http://www.cvm.gov.br>. Acesso em 26.08.2005.
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução do nº 1003, de
19.08.2004, Norma Brasileira de Contabilidade (NBC) T 15, publicada no Diário
Oficial da União (D.O.U) em 06.09.2004, Disponível em:
<http://www.portaldecontabilidade.com.br/nbc/res1003.htm>. Acesso em 29.08.2005
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE Resolução do 1010, de
21.01.2005, Norma Brasileira de Contabilidade (NBC) T 3.7. publicada no Diário
Oficial da União (D.O.U) em 25.01.2005. Disponível em:
<http://www.portaldecontabilidade.com.br/nbc/res101010.htm>. Acesso em 29.08.2005
DEMONSTRAÇÃO do valor adicionado. Artigo FEA USP. São Paulo. Disponível em
<http://www.milenio.com.br/siqueira/Tr022.htm>. Acesso em 29.01.2005.
INSTITUTO ETHOS. Disponível em <http://www.ethos.org.br>. Acesso em
10.01.2007
INSTITUTO ETHOS. Conferência Internacional: Empresa e Responsabilidade
Social. São Paulo. Junho 2006. Disponível em
<http://www.ethos.org.br/ci2006/materia.asp?id=120>. Acesso em 10.01.2007
GLOBAL REPORTING INITIATIVE. Corporate Social Responsability news and
resources. Disponível em <http://www.globalreportinginitiative.org>. Acesso em
10.01.2007
HOLANDA, Victor Branco de, RICCIO, Edson Luiz. A utilização da pesquisa-ação
para perceber e implementar sistemas de informações empresariais. FEA USP.
São Paulo. 2001. Disponível em <http://www.tecsi.fea.usp.br/riccio/tac/pdf/art-
pesacao.pdf>. Acesso em 10.01.2007
IBGE - Instituto Brasileiro De Geografia E Estatística. Disponível em
<www.ibge.gov.br/cidade>. Acesso em 12.10.2006.
106
IBGC Instituto Brasileiro de Governança Corporativa Disponível em
<http://www.ibgc.org.br/ibConteudo.asp?IDArea=2>. Acesso em 28.11.2006
LOPES DE SÁ, Antônio Análise de Balanços e Modelos Científicos em
Contabilidade. Conselho Regional de Contabilidade da Bahia. Disponível em
<http://www.crcba.org.br/boletim/artigos/analises_e_modelos_cientificos_em_conta
bilidade.pdf >. Acesso em 27.02.2007
LOPES DE SÁ, Antônio Modelos Contábeis para a Prosperidade. Disponível em
<http://www.lopesdesa.com.br >. Acesso em 14.03.2007
PUBLIQUE seu Balanço Social. Disponível em
<http://www.balancosocial.org.br/cgi/cgilua.exe/sys/star.htm?sid=2>. Acesso em
29.08.2005
RAZZOLINI FILHO, Edelvino. Balanço e Responsabilidade Social. Universidade
Federal do Rio Grande do Sul. Disponível em
<http://alencastro.pro.br/textos/texto_balanco_social.htm>. Acesso em 05.01.2007.
RICHARDSON, Roberto Jarry. Como fazer pesquisa ação? Disponível em
<jarry.sites.uol.com.br/pesquisacao.htm>. Acesso em 05.01.2007
SIQUEIRA, José Ricardo Maia de VIDAL, Mario César Rodríguez. Balanços Sociais
Brasileiros: Uma análise de seu estágio atual. Anais do 3º Congresso de
Controladoria Contabilidade da Universidade de São Paulo USP. Outubro/2003.
Disponível em
<http://www.eac.fea.usp.br/congressousp/congresso3/trabalhos/166.pdf>. Acesso
em 29.08.2005
SILVA, Antonio Carlos Ribeiro da; MOURA.Herval Silva. As novas Tendências da
Contabilidade no Terceiro Milênio. 2000. Disponível em
<http://www.nossocontador.com/Artigos/44.pdf>. Acesso em 29.08.2005
TORRES, Ciro. Um pouco da história do Balanço social. Publicado em 28.06.2003.
Disponível em:
<http://www.balancosocial.org.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=3&sid=3&tpl=pri
nterview>. Acesso em 29.08.2005.
UBERABA, Prefeitura Municipal. Disponível em
<http://www.uberaba.mg.gov.br/informacoes.htm>. Acesso em 02.08.2006.
107
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
AGUIAR, Andson Braga. Um modelo de Auditoria Social. Artigo FEA/USP. Acesso
em 29.08.2005.
CAIXETA, Nely. Adivinha Quem Ganhou? As Dez Melhores Cidades para fazer
Negócios. Exame. 16 de dezembro de 1998. São Paulo. Ed. Abril.
CAIXETA, Nely. A Grande Campeã. As Dez Melhores Cidades para fazer Negócios.
Exame. 03 de maio de 2000. São Paulo. Ed. Abril.
CAIXETA, Nely. As Dez Melhores Cidades para fazer Negócios. Exame. 12 de
dezembro de 2001. São Paulo. Ed. Abril.
CAIXETA, Nely. As Dez Melhores Cidades para fazer Negócios. Exame. 1 de
dezembro de 2002. São Paulo. Ed. Abril.
CUNHA, Jacqueline Veneroso Alves da. Demonstração do Valor Adicionado - DVA
Um instrumento de Mensuração da Distribuição da Riqueza das Empresas para
os Funcionários. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Economia, Administração
e Contabilidade da Universidade de São Paulo. São Paulo. FEA/ USP. 2002.
EHRBAR, Al. EVA Valor Econômico Agregado. Rio de Janeiro. Qualitymark. 2000
IUDICIBUS, Sérgio de. et al . Contabilidade Introdutória. 9ª ed. Atlas. São Paulo
LAUREANO, Wagner Deodato. Analisando a Demonstração do Valor Adicionado.
Revista Brasileira de Contabilidade. Março/Abril/2000. pg 38. Brasília
LUCA, Márcia Martins Mendes de. Demonstração do Valor Adicionado. 1991.
Dissertação de Mestrado – FEA USP. São Paulo
MARTINS, Eliseu. Balanço Social: idéia que merece permanecer. Gazeta Mercantil.
18.set.1997. Caderno A. São Paulo.
NEVES, Silvério das; VICECONTI. Paulo Eduardo Vilchechez. Contabilidade
Avançada. São Paulo. Frase. 2003.
PADOVEZE, Clóvis Luís. O papel da Contabilidade Gerencial no processo
empresarial de criação de valor. Revista Brasileira de Contabilidade. Maio/Junho
2001. Brasília.
PEIXE, Blênio sar Severo. LAUREANO, Wagner Deodato. Analisando a Balanço
Social: O poder de Difusão da Informação. Revista Brasileira de Contabilidade.
Março/Abril/2000. pg 61. Brasília
RODRIGUES JUNIOR, Manuel Salgueiro. A DVA como Instrumento para
Mensuração da Relação Custo-Benefício na Concessão de Incentivos Fiscais: Um
Estudo de Casos. ANPAD. 2004.
108
SANTOS, Ariovaldo dos. Demonstração do Valor Adicionado - DVA Um
Instrumento para medição da geração e distribuição da riqueza das empresas.
1999. Tese (Livre-docência) – FEA USP. São Paulo.
SANTOS, Ariovaldo dos; FREIRE, Fátima S. Malo, François Bernard. O balanço
Social no Brasil: gênese, finalidade e implementação como complemento às
demonstrações contábeis. XXII Encontro ANPAD 1998, Foz do Iguaçu, PR.
SILVA, Edileusa Pereira. Apostila Normas Monografia 2005. Fac. Ciências
Econômicas do Triângulo Mineiro. 2005. Uberaba.
VASCONCELLOS, Marco Antônio Sandoval. Economia Micro e Macro. 2ed. São
Paulo. Atlas. 2001
WERNKE, Rodney; LEMBECK, Marluce. Valor Econômico Adicionado EVA.
Revista Brasileira de Contabilidade. Janeiro/Fevereiro 2000, p. 84. Brasília.
YIN, Robert K. Estudo de Caso. Planejamento e Métodos. 3 ed. Porto Alegre. 2006.
YOSHICA, Ricardo. Valor Adicionado alguns conceitos econômicos que ajudam a
entender a demonstração contábil. IOB Temática Contábil. Bol 8/98, 1998.
109
ANEXOS
1. QUESTIONÁRIO
I. Quantitativo
a. Número de funcionários na empresa:
Ano de
Referência
Quantidade
Homens Mulheres Total
Em 2004 903 182 1.085
Em 2005 881 186 1.067
b. A empresa trabalha com funcionários temporários?
(x) sim ( ) não
Se a resposta for positiva qual a proporção:
Funcionários Proporção (%)
Contratados por prazo indeterminado 91,5
Temporários 8,5
c. A empresa trabalha com empregados terceirizados
( x ) sim ( ) não
Se a resposta for positiva qual o número de funcionários na empresa:
Ano de Referência Quantidade.
Em 2004 15
Em 2005 15
d. Quantidade de funcionários por faixa etária:
Faixa etária Ano 2004 Ano 2005
18 a 25 anos 358 352
26 a 33 anos 347 341
34 a 39 anos 169 167
40 a 47 anos 174 171
Acima 48 anos 37 36
II – Qualificação profissional
e. Escolaridade dos funcionários da empresa - 2005
Quantidade %
Analfabeto 0 0
Primeiro Grau incompleto 6 1%
Primeiro Grau Completo 421 39%
Segundo Grau Incompleto 143 13%
Segundo Grau Completo 267 25%
Curso Superior Incompleto 114 11%
Curso Superior Completo 86 8%
Pós Graduação 30 3%
Total 1067 100%
110
f. A empresa trabalha com programas de incentivo a formação do profissional:
Benefícios
Executa
Curso e Treinamento Profissional (reciclagem)*
( x ) sim ( ) não
Programas de bolsa de Estudos – Ensino Médio/Graduação
( x ) sim ( ) não
Programas de bolsa de Estudos – MBA e especializações
( x ) sim ( ) não
Cursos de Línguas
( ) sim ( x ) não
Cursos e treinamentos na empresa.
( x ) sim ( ) não
* voltados para a atividade cotidiana do funcionário, em instituições profissionalizantes fora da
empresa.
III – Benefícios sociais
Benefícios
Executa
Auxílio Alimentação
( x ) sim ( ) não
Alimentação servida na empresa
( x ) sim ( ) não
Auxílio Transporte
( x ) sim ( ) não
Transporte oferecido pela empresa
( ) sim ( x ) não
Auxílio habitação
( ) sim ( x ) não
Auxílio Creche
( ) sim ( x ) não
Plano de Saúde
( ) sim ( x ) não
Incentivo ao esporte (na empresa)
( x ) sim ( ) não
Incentivo ao esporte (a entidades externas a empresa)
( x ) sim ( ) não
Incentivos a atividades culturais (na empresa)
( ) sim ( x ) não
Incentivos a atividades culturais (externas a empresa)
( ) sim ( x ) não
IV – Projetos Ambientais
a) A empresa possui algum projeto ambiental?
( ) sim ( x ) não
Rº Não temos processos poluidores
2. Informativo de desempenho Black & Decker 2006
Black e Decker em números
1. Faturamento Mundial
* 2.003
US$ 4.5 bilhões;
* 2.004 acima de US$ 5 bilhões;
* 2.005 US$ 6.5 bilhões;
2. Faturamento Brasil
* 2.003 R$ 288 milhões (inclusas exportações de R$ 61 milhões);
* 2.004 R$ 327 milhões (inclusas exportações de R$ 97 milhões);
* 2.005 R$ 318 milhões (inclusas exportações de R$ 92 milhões);
Obs: redução de 3% no faturamento, embora com exportações crescendo, porém,
com o efeito cambial reduzindo em “reais”. Mercado local praticamente estável em
faturamento, indicando perda de volume em unidades, devido também ao câmbio
favorável à entrada de competidores chineses.
3. Número de funcionários (2005)
* Mundial: cerca de 26mil
* Brasil: total de 1.294, incluindo fábrica de Uberaba, terceirizados, e filial de vendas
em São Paulo. Sendo desses, 1.144 funcionários diretos.
4. Dados de Mercado
Ferramentas Hobby (marca Black & Decker)
Participação de mercado
2003: 54%
2004: 52%
2005: 47%
Segmento crescendo uma média de 3% ao ano em R$;
Crescimento B & D em 2005: 3% em R$ e – 8,5% em unidades;
Ferramentas profissionais e industriais (marca DeWalt)
Participação de mercado
2003: 14%
2004: 14%
112
2005: 16%
DeWalt cresceu em 2005 7% em volume e 11% em vendas R$ comparando-se
com 2004;
Estima-se um crescimento de mercado em torno de 5% em volume;
Segmento de eletrodomésticos portáteis
Participação de mercado:
2003: 26%
2004: 22%
2005: 20%
2005 – Ferro seco: 47%
2005 – Ferro a vapor: 59%
Segmento eletros crescendo de 5% a 7% (R$ ao ano);
Crescimento B & D em 2005 -12,1% (unidades) e -7% em R$ comparando-se a
2004.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo