Outro aspecto importante da dificuldade financeira está ligado à estrutura de tecnologia e capital
humano, pois empresas com problemas financeiros têm mais dificuldade em manter empregados
de alta qualidade, visto que esses se mostrarão relutantes em aceitar os empregos oferecidos por
empresas cuja sobrevivência apresenta alto grau de incerteza.
Portanto os custos de falência representam um fator que não deve deixar de ser considerado
quando da avaliação de empresas cujos índices de endividamento são crescentes, pois a
probabilidade de falência aumenta a volatilidade dos lucros, influenciando o valor da empresa e
seu custo de oportunidade de capital, visto que os detentores de títulos de dívidas verão mais alta
a probabilidade de dificuldades financeiras futuras e exigirão prêmios de risco maiores, elevando
desta forma o custo da dívida e conseqüentemente o Custo Médio Ponderado do Capital.
Todos os fatores são considerados; os custos diretos e os indiretos associados com a dificuldade financeira
são altos. Além disso, o infortúnio financeiro, geralmente, ocorre somente se uma empresa tem dívidas –
empresas sem dívidas normalmente não experimentam dificuldade financeira. Portanto, quanto maior for o
uso de financiamento com dívida e, quanto maiores as despesas com juros fixos, maior será a probabilidade
de que um declínio nas receitas conduza ao infortúnio financeiro; portanto, maior será a probabilidade de
que os custos associados com o infortúnio financeiro serão incorridos. (BRIGHAM, GAPENSKI e
EHRHARDT, 2001, p.616).
Os custos de falência, tanto diretos como indiretos não são fáceis de mensurar, mas é observado
pelo comportamento dos investidores, que deve ser bastante oneroso, visto que em determinadas
situações, quando o que parece o melhor caminho seria entregar os ativos da companhia aos
credores, quando a situação da empresa é desesperadora.
Porém na prática, o que se observa é a relutância dos gestores e acionistas em liquidar os ativos
da companhia, demonstrando esse comportamento, que a falência é dispendiosa e todo o processo
de reorganização da empresa, mesmo que não venha a falir, afeta decisivamente o seu valor.
Eis uma última prova dos custos diretos e indiretos da falência. Em 10 de Abril de 1987, a Texaco abriu um
processo de falência, surpreendendo a maioria dos investidores e analistas financeiros. O maior credor da
Texaco era a Pennzoil, à qual devia US$10,5 bilhões resultantes dos danos da aquisição da Getty Oil, em
1984. A Texaco estava a negociar com a Pennzoil para tentar chegar a um acordo, em que a Pennzoil
desistiria do seu direito – que a Texaco contestava -, em troca de um pagamento imediato em dinheiro.
Quando estas negociações foram interrompidas, a Texaco submeteu-se ao tribunal de falências.
O quadro abaixo mostra que as ações da Texaco baixaram de US$31,875 para US$28,5, depois de ter sido
anunciada a falência, uma descida de US$817 milhões do valor de capitais próprios da Texaco. Ao mesmo
tempo, o valor dos capitais próprios da Pennzoil, diminuíram de US$628 milhões. Não Sabemos o que
aconteceu aos outros credores da Texaco, mas o valor de seus direitos não pode ter aumentado. Por
conseguinte, a falência reduziu o valor de mercado (dos direitos sobre) dos ativos da Texaco de, pelo menos,
US$817 milhões, além dos US$628 milhões, ou seja, US$1,445 bilhão, grosso modo, US$1,5 bilhão.