vizinhos, a rua, etc. que são as “forças do lugar”, segundo Backer (1998, p. 4).
Também chamado de sítio ou terreno é o recinto composto de aspectos internos e
externos. São aspectos internos os que dizem respeito às dimensões
planialtimétricas limitadas, à orientação solar, à ventilação, à iluminação e às
preexistências. O terreno pode ser rearranjado em sua composição natural, o que
não significa destituí-lo, completamente, de suas características identitárias, pois
esse movimento, necessariamente, resultaria em um princípio incorreto de projeto,
no seu desordenamento e de seu entorno e em prejuízos econômicos.
São aspectos externos os que dizem respeito à sua relação com o entorno
imediato e regional, ou seja, as relações que o sítio estabelece com a calçada, a rua,
os vizinhos ou, num âmbito maior, com o bairro e a cidade. O lugar faz parte do
traçado urbano e traz, em sua célula, referências do tecido maior — a cidade —,
como o clima, os materiais regionais, as disponibilidades de técnicas construtivas do
local, a mão-de-obra e as leis de uso do solo específicas de cada região. É o lugar
antropológico citado por Augé,
26
que se relaciona com a visão de Montaner:
Lugar está relacionado com o processo fenomenológico da percepção e da
experiência do mundo por parte do corpo humano. [...] Em pequena escala,
o lugar é entendido como uma qualidade do espaço interior que se
materializa na forma, textura, cor, luz natural, objetos e valores simbólicos.
[...] Em grande escala, é interpretado como
genius loci
, como capacidade
para fazer aflorar as preexistências ambientais, como objetos reunidos no
lugar, como articulação das diversas peças urbanas (praça, rua avenida).
[...] Uma ulterior e mais profunda relação entenderia o conceito de lugar,
precisamente, como a correta relação entre pequena escala do espaço
interior e a grande escala da implantação. (2001, p. 37).
Além dos aspectos internos e externos apontados, o lugar carrega também
um aspecto cultural, formado por sua história, sua cultura e seu significado. Como
exemplo, pode-se apontar a diferença entre a arquitetura moderna produzida no
mundo e a arquitetura moderna brasileira, que se tornou conhecida
internacionalmente pelo uso de materiais regionais, apesar de uma acanhada
tecnologia e uma mão-de-obra sem especialização, ou seja, ela se diferenciou pela
interpretação e uso de recursos do lugar num sentido mais amplo.
26
“[...] princípio de sentido para aqueles que o habitam e princípio de inteligibilidade para quem o
observa” (AUGÉ, 2004, p. 51).