RESUMO
A redução da mortalidade e da incidência de câncer de colo de útero é possível
através da promoção da saúde e detecção precoce dos casos de lesões
precursoras com alto potencial de malignidade, através de programas estruturados
de rastreamento. A citologia oncótica tem sido reconhecida, cada vez mais, como
importante e fundamental instrumento para o rastreamento de tais lesões, bem
como para o diagnóstico de doenças sexualmente transmissíveis (DST), em
especial a infecção pelo papiloma vírus humano (HPV). A citologia em meio líquido
tem sido considerada, nos últimos anos, importante alternativa para o ganho de
sensibilidade do exame citológico cérvico-vaginal, com vantagens em relação à
convencional. No entanto, o seu emprego é limitado em sistemas de saúde pública
em países em desenvolvimento, especialmente devido ao seu alto custo. Desta
forma, este trabalho teve o objetivo de estudar novas alternativas de métodos em
meio líquido, mais acessíveis e adequados para citologia cérvico-vaginal. Coletou-
se material cérvico-vaginal de pacientes atendidas no Ambulatório do Hospital
Universitário do Oeste do Paraná (HUOP) e Unidades de Saúde Palmeiras,
Parque São Paulo e XIV de Novembro do Município de Cascavel-PR para exame
preventivo de câncer de colo de útero, após consentimento informado das
pacientes. Preparou-se amostras em meio líquido, em comparação ao método
convencional, por coleta com escova cônica, fixação e preservação em meio
líquido durante 1 a 24 horas, centrifugação a 289 x g, realização de esfregaço
circular do sedimento em lâmina, fixação por 30 min em etanol 95%, coloração de
Papanicolaou e montagem com Entellan (n=50). Alternativamente, amostras foram
fixadas em meio líquido formaldeído 1% (n=100) e que, após a centrifugação foram
incubadas em etanol 95% durante 1 h com sedimentação espontânea Em
amostras cujo meio líquido foi etanol 95%, obteve-se celularidade satisfatória,
adequabilidade na identificação morfológica de células escamosas superficiais,
intermediárias e parabasais, metaplásicas, endocervicais, polimorfonucleares,
histiócitos, hemácias e linfócitos, bem como na análise morfométrica de células
escamosas intermediárias; sensibilidade e especificidade satisfatórias para
microorganismos e alterações celulares como pseudoeosinofilia, metacromasia,
hiperqueratose, edema nuclear, halo perinuclear, grânulos querato-hialinos,
citólise, cariopicnose, paraqueratose, cariólise, coilocitose e binucleação. Em
amostras cujo meio líquido foi formaldeído 1% obteve-se celularidade satisfatória,
adequabilidade na identificação morfológica de células escamosas superficiais,
intermediárias e parabasais, metaplásicas, polimorfonucleares, hemácias e
linfócitos, bem como na análise morfométrica de células escamosas
intermediárias; sensibilidade e especificidade satisfatórias para microorganismos e
alterações celulares como pseudoeosinofilia, metacromasia, halo perinuclear,
grânulos querato-hialinos, hiperqueratose, edema nuclear, cariopicnose, citólise e
coilocitose. Em algumas amostras preparadas com etanol 95%, houve precipitação
de material proteináceo, que causou sobreposição de células. Nas amostras
preparadas com formaldeído 1%, houve alterações em células endocervicais e
histiócitos que dificultaram a sua identificação. Conclui-se que há necessidade de
estudos complementares, que possibilitem a proposição de alternativas viáveis
para citologia em meio líquido.