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VANESSA PINHO RIBEIR
O
ESTUDO DA DISTRIBUIÇÃO E DO EFEITO
TERAPÊUTICO DA ADMINISTRAÇÃO
INTRAMIOCÁRDICA OU INTRAVENOSA DAS
CÉLULAS MONONUCLEARES DE MEDULA
ÓSSEA NO MODELO EXPERIMENTAL DE
INFARTO DO MIOCÁRDIO.
TESE SUBMETIDA À UNIVERSIDADE FEDERAL DO RI
O
DE JANEIRO VISANDO A OBTENÇÃO DO GRAU DE
DOUTOR EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Centro de Ciências da Saúde
Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho
2 0 0 7
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ii
VANESSA PINHO RIBEIRO
ESTUDO DA DISTRIBUIÇÃO E DO EFEITO TERAPÊUTICO
DA ADMINISTRAÇÃO INTRAMIOCÁRDICA OU
INTRAVENOSA DAS CÉLULAS MONONUCLEARES DE
MEDULA ÓSSEA NO MODELO EXPERIMENTAL DE
INFARTO DO MIOCÁRDIO.
Tese de Doutorado apresentada ao Programa de
Bioengenharia e Biotecnologia Animal de Pós-Graduação
em Ciências Biológicas (Fisiologia), Instituto de Biofísica
Carlos Chagas Filho, Universidade Federal do Rio de
Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção
do título de Doutor em Ciências biológicas (Fisiologi
a)
.
Orientadores:
Antônio Carlos Campos de Carvalho
Regina Coeli dos Santos Goldenberg
Rio de Janeiro
2007
ads:
iii
PINHO
-
RIBEIRO, VANESSA
Estudo da distribuição e do efeito terapêutico da administração intramiocárdica ou intravenosa
das células mononucleares
de medula óssea no modelo experimental de infarto do miocárdio
.
Vanessa Pinho Ribeiro.
Rio de Janeiro
, 2007.
xiii, 11
5f
Tese de Doutorado em Ciências Biológicas (Fisiologia)
-
Universidade Federal do
Rio de
Janeiro
, Instituto de Biofísica Carlos Chagas
Filho, 2007.
Orientadores:
Antônio Carlos Campos de Carvalho
e
Regina Coeli dos Santos Goldenberg
1-
Infarto Agudo do Miocárdio 2
-
Medula óssea
3-
Terapia celular
4-
Tecnécio.
I
-
Universidade do Rio de Janeiro.
II
-
Título
iv
VANESSA PINHO RIBEIRO
ESTUDO DA DISTRIBUIÇÃO E DO EFEITO TERAPÊUTICO DA
ADMINISTRAÇÃO INTRAMIOCÁRDICA OU INTRAVENOSA DAS
CÉLULAS MONONUCLEARES DE MEDULA ÓSSEA NO MODELO
EXPERIMENTAL DE INFARTO DO MIOCÁRDIO.
Rio de Janeiro, 1
6
de maio de 2007.
Antônio Carlos Campos de Carvalho
Pós
-
Doutor
-
Universidade
F
ederal do Rio de Janeiro
(UFRJ)
Regina Coeli dos Santos Goldenberg
Pós
-
Doutora
-
Universidade
F
ederal do Rio de Janeiro
(UFRJ)
Léa Mirian Barbosa da Fonseca
Doutora
-
Universidade
Fe
deral do Rio de Janeiro
(UFRJ)
Paulo Roberto Slud Brofman
Doutor
-
Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC
-
PR)
Rosália Mendez
-
Otero
Pós
-
Doutora
-
Universidade
F
ederal do Rio de Janeiro
(UFRJ)
v
Este trabalho foi realizado no Laboratório de Cardiologia Celular e Molecular
(LCCM)
do
Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ), sob orientação do Dr. Antônio Carlos Campos de Carvalho e co-
orientação
da Drª Regina C
oeli dos Santos Goldenberg com o apoio financeiro das seguintes instituições:
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Fundação de Amparo a Pesquisa do Rio d
e Janeiro (FAPERJ).
Programa Nacional de Excelência (PRONEX).
vi
Esta tese é dedicada
Aos meus
pais,
Jofre e Luiza
,
pelo apoio emocional proporcionado todos estes anos,
seja diante da dificuldade para realização de um experimento, ou durante o nervosismo
excessivo proporcionado pelo exame de qualificação. Pelo exemplo de dedicação, amor,
carinho
, união e caráter que vocês me proporcionaram durante toda a minha vida. Por me
ensinarem que sempre devemos ir em busca de nossos sonhos de forma digna, honesta, sem
trapaças e falsidade. Por
me mostrarem que a
vida
é feita de
obstáculos
que devem ser vividos
e vencidos, para que possamos aprender com nossos erros,
amadure
cer
,
e nos tornarmos
pessoas melhores. Muito obrigada por tudo e principalmente
por me apoiarem, acreditarem no
meu potencial, e torcerem incondicionalmente pelo sucesso da BIOMÉDICA de vocês na
ciência.
A minha tia Eliane (LILI), que sempre esteve presente nos meus momentos de
angústia, nervosismo e
nas
conquistas
também
.
Por sempre zelar pelo meu bem-estar, e se
interessar pelo andamento da tese, e meus projetos futuros. Muito obrigada pelo amor e
carinho
de
sempre
.
vii
Não basta ensina
r ao homem uma especialidade, porque
se tornará assim uma máquina utilizável e não uma
personalidade. É necessário que adquira um sentimento,
um senso prático daquilo que vale a pena ser
empreendido, daquilo que é belo, do que é moralmente
correto". (Albert Einstein)
viii
Aos meus orientadores Prof. A
NTÔNIO
C
ARLOS
C.
DE C
ARVALHO
e
Profª
R
EGINA
C
OELI
GO
LDENBERG
, pelo aprendizado proporcionado durante estes quase sete anos de convivência
no laboratório, que contribuíram bastante para o meu cres
cimento pessoal e profissional.
Aos membros do LABORATÓRIO DE MARCAÇÃO DE CÉLULAS E M
OLÉCULAS
do
Departamento de Radiologia e do Serviço de Medicina Nuclear do Hospital Universitário
Clementino Fraga Filho, especialmente: S
ÉRGIO
, C
LÁUDIA
, F
LÁVIA
, DRª BIANCA E DRª L
ÉA
,
pela da marcação das células e realização das imagens cintilográficas.
Aos meus primeiros orientadores Dr. S
ÉRGIO
G.
C
OUTINHO
e a Drª A
LDA
M.
DA C
RUZ
que
me proporcionaram os primeiros ensinamentos da carreira científica. Minha eterna
admiração...
À Drª NAZARETH ROCHA pela realização das imagens ecocardiográficas e discussões sobre
os protocolos de i
squemia temporária.
Ao professor J
OÃO
P
EDRO
S.
WERNECK DE C
ASTRO
por participar efetivamente deste
projeto, seja experimentalmente ou intelectualmente. Obrigada por tudo.
Ao professor E
MERSON
L
OPES
O
LIVARES
e o doutorando R
ICARDO
H
ENRIQUE
COSTA E
S
OUZA
por eventualmente me socorrerem na administração intramiocárdica das células.
À aluna de doutorado e minha amiga P
ATRÍCIA
FIDELIS DE O
LIVEIRA
pela sua contribuição
na realização das análises hemodinâmicas, paciência e auxílio nas minhas primeiras
can
ulações da veia jugular, e especialmente por me apoiar na fase de maior estresse durante a
tese: a qualificação. Obrigada, Pat. Não vou esquecer o que você fez por mim.
Aos alunos de iniciação científica: S
AMANTHA
S
OARES
, N
ATHÁLIA
A
LVES
, D
IOGO
L
EITE
,
R
AF
AEL
PALETTA E D
ÉBORA
F
RANÇA
que durante estes quatro anos de realização da tese,
contribuíram, sofreram com as dificuldades e torceram pelo desenvolvimento deste trabalho.
Obrigada a todos. Saibam que eu também aprendi com vocês.
ix
À
Técnica
DAISY AVANZI
(T
IA D
AISY
) por me auxiliar na realização dos cortes
histológicos, pelo seu carinho, dedicação e claro, pelas suas caronas de volta para casa. Muito
obrigada, tia Daisy.
À Técnica
J
ULIANA
N
ASCIMENTO
por sempre estar pronta e disposta a ajudar. Obrigada,
Ju.
Às minhas três amigas patas do laboratório: J
U
D
IAS
, D
EB
e C
AROL
que compartilharam
comigo nestes anos, momentos de alegria e confraternização nos Congressos e nights ; mas
também estavam presentes em momentos de muito estudo e trabalho. Ju, valeu por nossos
estudos juntas. Deb, obrigada por sempre estar disposta a ajudar, mesmo que você não tenha
nenhum comprometimento com o experimento. Carol, foi com esse projeto que tudo
começou, lembra? Desde então, nossa amizade só cresceu. Obrigada por tudo,
amigas. Adoro
vocês.
Às minhas amigas: R
ITA
que mesmo distante sempre me incentivou e apoiou nesta
carreira;
C
RIS
, pelo interesse, torcida e sua amizade todos esses anos; A
NNA
B
EATRIZ
,
FERNANDA E F
LÁVIA
que apesar da distância no momento, ainda se interessam e torcem pelo
meu sucesso. Ao meu amigo R
ICARDO
, que sempre presente, se interessava pelo andamento
da tese com muito carinho e paciência para escutar.
A todos os membros do
L
ABORATÓRIO DE
E
LETROFISIOLOGIA
C
ARDÍACA
A
NTÔNIO
P
AES DE
C
ARVALHO
e do LABORATÓRIO DE C
ARDIOLOGIA
CELULAR E M
OLECULAR
que de alguma
forma contribuíram para o desempenho deste trabalho.
Aos
MEUS PAIS, meu
IRMÃO
J
OFRE
, à minha
TIA
E
LIANE
, pelo apoio, compreensão,
incentivo, carinho e colaboração durante o desenvolvimento da tes
e.
Aos meus tios Francisco e Valéria pelo apoio e pela colaboração na reta final da tese, e a
toda minha família.
Aos ratinhos, não agradeço, mas peço desculpas. Foi para o bem da ciência.
x
AE
-
átrio esquerdo
âQRS
ângulo do vetor médio de desp
olarização ventricular
ASE
-
sociedade americana de ecocardiografia
ATP
adenosina trifosfato
AVE
-
acinesia do ventrículo esquerdo
AVED
-
área do ventrículo esquerdo em diástole
AVES
-
área do ventrículo esquerdo em sístole
BPM
-
batimentos por minut
o
BSS
-
solução salina balanceada
CEMO
-
células de estroma de medula óssea
c-
kit
+
positivo para o c
-
Kit
CMMO
-
células mononucleares da medula óssea
CPM
-
contagem por minuto
CTH
-
células tronco hematopoiéticas
DDF
-
diâmetro da cavidade ventricula
r ao final da diástole
DDF
-
diâmetro diastólico final do ventrículo esquerdo
DMEM
dullbecco s modified eagle medium
dP/dT
+
-
primeira derivada temporal positiva
máxima
da pressão ventricular
dP/dT
- -
primeira derivada temporal negativa
máxima
da p
ressão ventricular
DSF
-
diâmetro da cavidade ventricular ao final da Sístole
DSF
-
diâmetro sistólico final do VE
ECG
-
eletrocardiograma
ECO
-
ecocardiograma
ES
células
-tronco embrionárias ( embrionic stem cells )
FC
-
freqüência cardíaca
xi
FE
-
f
ração de ejeção
FEA
-
fração de encurtamento de área
Fenc
-
fração de encurtamento
HSC
- células tronco hematopoiéticas ( hematopoietic stem cells )
i.m.
-
via intramiocárdica
i.v.
-
via intravenosa
IAM
-
infarto agudo do miocárdio
ICAM
-
1
- intercellular adhesion molecule
ICC
-
insuficiência cardíaca congestiva
IM
-
infarto do miocárdio
iQRS
-
índice de amplitude do complexo QRS
MCI
-
massa celular interna
ME
-
matriz extracelular
MMP
-
1
metaloproteinase 1
MMP
-
9
metaloproteinase 9
MMPs
metal
oproteinases
Nim
- Animais normais que receberam injeção intramiocárdica de células mononucleares de
medula óssea.
Niv
Animais normais que receberam injeção intravenosa de células mononucleares de
medula óssea.
OP
-
isquemia por oclusão permanente.
OPim
- animais submetidos à isquemia por oclusão permanente tratados com células
mononucleares da medula óssea por via intramiocárdica.
OPiv
- animais submetidos à isquemia por oclusão permanente tratados com células
mononucleares da medula óssea por via intr
avenosa.
xii
OT
-
isquemia por oclusão temporária.
OTiv
- animais submetidos à isquemia por oclusão temporária tratados com células
mononucleares da medula óssea por via intravenosa.
PAVE
-
perímetro de acinesia do VE.
PVE
-
pressão desenvolvida pelo vent
rículo esquerdo
PDFVE
-
pressão diastólica final do ventrículo esquerdo
PSVE
-
pressão sistólica do ventrículo esquerdo
PTVE
-
perímetro total do VE.
RNA
-
ácido ribonucléico
SDF
-
1
- stromal cell-
derived factor
-1
99m
Tc
-
Tecnécio
99
metaestável
TGF
-
1
- transforming growth factor-beta
TIMPs
- tissue inhibitor of MMPs (inibidor das MMPs)
TNF
-
-
fator de necrose tumoral
;
VCAM
-
1
- vascular cellular adhesion molecule
VDF
-
volume diastólico final
VE
-
ventrículo esquerdo
VSF
-
volume sistólico
final
xiii
O infarto do miocárdio é a principal causa de mortalidade mundial. Atualmente, a
terapia com células da medula óssea é uma alternativa promissora para os pacientes com
doença cardiovascular isquêmica. Este estudo se propõe a identificar os sítios preferenciais de
migração das células de medula óssea (CMMO) durante a isquemia miocárdica aguda, e
correlacionar o impacto da presença destas células sobre a função cardíaca dos animais. Para
tanto, ratos Wistar foram submetidos à isquemia por oclusão temporária (OT) ou permanente
(OP) da artéria coronária esquerda. Quarenta e oito horas após o procedimento cirúrgico, as
CMMO foram marcadas com
99m
Tecnécio, e transplantadas pelas vias im (4-
6 x 10
6
) ou iv (1
-
5 x 10
7
) em ratos normais (N) e operados. A distribuição das células foi determinada por
imagens cintilográficas e contagem da radioatividade presente nos órgãos isolados, enquanto
que os parâmetros cardíacos foram analisados pelo eletro e ecocardiograma, assim como pela
hemodinâmica e teste de esforço. Após a terapia im, o percentual de células presente no
coração dos animais OP (2,516
0,394 %) foi significativamente maior comparado aos
normais (N) (1,190
0,255 %) (p < 0,001). No caso da terapia iv, os percentuais de células
presentes no coração dos animais normais (0,012
0,002 %), OP (0,047
0,022 %) e OT
(0,028
0,005 %) não foram estatisticamente diferentes. Três semanas após o tratamento
intravenoso ou intramiocárdico com CMMO, os animais apresentaram onda Q em DI, âQRS
> 90º, fração de encurtamento inferior a 50%, bem como perfil hemodinâmico e teste de
esforço típicos de animais infartados. Assim, a administração das CMMO por via iv ou im, 48
horas após o IAM não promoveu melhora na função cardíaca dos animais.
xiv
The myocardial infarction is the major cause of world´s mortality. Nowadays, therapy
with bone marrow cells is an exciting alternative for patients of ischemic cardiovascular
diseases. The aim of this study is evaluate the effect of mononuclear bone marrow cell
(BMMC) intravenous (i.v.) and intramyocardial (im) transplantation on an experimental
model of myocardial infarction (MI). For this, Wistar rats were submitted to temporary (TO)
and permanent (PO) occlusion of left coronary artery. Forty eight hours after surgery,
BMMCs were l
abeled with
99m
Technetium and infused by im (4
-
6 x 10
6
) or iv (1
-
5 x 10
7
) vias
in normal (N) and operated rats. The cell distribution was obtained by s
cintigraphy
and
radioactive counting of isolated organs. Electrocardiogram, echocardiogram, cardiopulmona
ry
test and hemodynamic analyses evaluated cardiac parameters. After im injection, the
percentual of cells found in the heart of PO group (2,516
0,394 %) was significantly higher
than in N (1,190
0,255 %) (p < 0,001). At i.v. therapy, the percentual of the cells found in
the heart of normal (0,012
0,002 %), PO (0,047
0,022 %) and TO (0,028
0,005 %)
groups were not statistically different. Three weeks after both kinds of cellular therapy (i.m.
or i.v.), PO group still have Q wave in LI, âQRS > 90º, shortening fraction with less than
50%, hemodynamic and cardiopulmonary test profiles were typical of infarcted hearts. This
work demonstrate that the intramyocardial and intravenous injection, 48 hours after MI not
improved the cardiac function of the an
imals.
xv
1
INTRODUÇÃO
1.1
-
O INFARTO DO MIOCÁR
DIO
1.2
-
ISQUEMIA E REPERFUS
ÃO
1.3
-
TERAPIAS CELULARES
1.3.1
-
CÉLULAS
-
TRONCO
1.3.2
-
A MEDULA ÓSSEA
1.4
-
MEDICINA NUCLEAR
1
1
3
5
6
8
11
2
OBJETIVOS
3
MATERIAIS E MÉTODO
S
3.1
ANI
MAIS
3.2
ETAPA
1 :
MODELOS DE INDUÇÃO
DO INFARTO AGUDO EXP
ERIMENTAL
3.2.1
GRUPO OP
:
MODELO DE OCLUSÃO P
ERMANENTE DA ARTÉRIA
CORONÁRIA
ESQUERDA
3.2.2
GRUPO OT
:
MODELO DE OCLUSÃO T
EMPORÁRIA DA
ARTÉRIA CORONÁRIA
ESQUERDA
.
3.2.2
.1
PROTOCOLOS EXPERIME
NTAIS APLICADOS AOS
ANIMAIS SUBMETIDOS À
OCLUSÃO TEMPORÁRIA D
A ARTÉRIA CORONÁRIA
ESQUERDA
3.3
-
ISOLAMENTO DAS CÉLU
LAS DE MONONUCLEARES
DE MEDULA ÓSSEA
(
CMMO
)
3.4
ETAPA
2:
ANÁLISE DA DISTRIBU
IÇÃO DAS CÉLULAS DA
MEDULA ÓSSEA
3.4.1
DETERMINAÇÃO DA TOP
OGRAFIA DE CORAÇÃO N
AS IMAGENS CINTILOGRÁFICAS
3.4.2
-
MARCAÇÃO DAS CÉLULA
S COM TECNÉCIO
99
M
3.4.3
INJEÇÃO DAS CÉLULAS
MARCADAS COM TECNÉCI
O
99
M
3.4.4
-
IMAGENS CINTILOGRÁF
ICAS
3.4.5
-
CONTAGEM DA RADIOA
TIVIDADE PRESENTE NO
S ÓRGÃOS ISOLADOS
3.5
ETAPA
3:
ACOMPANHAMENTO DA F
UNÇÃO CARDÍACA APÓS
O TRATAMENTO COM
CMMO OU VEÍCULO
.
3.5.1
MARCAÇÃO DAS CÉLULA
S MONONUCLEARES
3.5.2
-
ANÁLISE FUNCIONAL
3.5.2.1
ANÁLISE ELETROCARDI
OGRÁFICA
3.5.2.2
ANÁLISE ECOCARDIOGR
ÁFICA
15
16
16
20
20
20
21
29
21
22
23
23
23
24
25
29
29
29
30
30
31
35
SUMÁRIO
xvi
3.5.2.3
ANÁLISE HEMODINÂMIC
A
3.5.2.3.1
CANULAÇÃO DA ARTÉRI
A CARÓTIDA COMUM
3.6
TESTE DE ESFORÇO
3.7
ANÁLISE ANATOMO
-
HISTO
-
PATOLÓLGICA
3.7.1
-
PREPARO DO MATERIAL
3.7.1.2
-
IDENTIFICAÇÃO DAS CÉ
LULAS MARCADAS
3.8
ANÁLISE ESTATÍSTICA
4
RESULTADOS
4.1
ETAPA
1 :
COMPARAÇÃO DOS DIFE
RENTES MODELO
S EXPERIMENTAIS DE
INDUÇÃO DO INFARTO D
O MIOCÁRDIO
4.1.1
ANÁLISE ELETROCARDI
OGRÁFICA
4.1.2
ANÁLISE ECOCARDIOGR
ÁFICA
4.2
PESQUISA DAS CÉLULAS MARCADAS COM HOECHST APÓS A ADMINISTRAÇÃO
INTRAVENOSA DE CMMO
NOS ANIMAIS DO GRUPO
OT
4.3
ETAPA
2:
ANÁLISE DA DISTRIBU
IÇÃO DAS CÉLULAS MON
ONUCLEARES DE
MEDULA ÓSSEA NO ORGA
NISMO
4.3.1
MARCAÇÃO DAS CÉLULA
S
4.3.2
IMAGENS CINTILOGRÁFICAS E CONTAGEM DA RADIOATIVIDADE PRESEN
TE
NOS ÓRGÃOS ISOLADOS
.
4.3.2.1
CONTROLES EXPERIMEN
TAIS
4.3.2.2
GRUPOS EXPERIMENTAI
S
4.3.2.2.1
ANIMAIS NORMAIS
4.3.2.2.1.1
ADMINISTRAÇÃO INTRA
MIOCÁRDICA DE CMMO
4.3.2.2.1.2
ADMINISTRAÇÃO INTRA
VENOSA DE CMMO
4.3.2.2.1.3
COMPARAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO DAS CMMO NO ORGANISMO APÓS
ADMINISTRAÇÃO INTRAV
ENOSA E INTRAMIOCÁRD
ICA.
4.3.2.2.2
ANIMAIS SUBMETIDOS
À OCLUSÃO PERMANENTE
4.3.2.2.2.1
ADMINISTRAÇÃO INTRA
MIOCÁRDICA DE CMMO
4.3.2.2.2.2
ADMINISTRAÇÃO INTRA
VENOSA DE CMMO
4.3.2.2.2.3
COMPARAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO DAS CMMO NO ORGANISMO APÓS
ADMINISTRAÇÃO INTRAV
ENOSA E INTRAMIOCÁRD
ICA.
4.3.2.2.3
ANIMAIS SUBMETIDOS
À OCLUSÃO TEMPORÁRIA
35
35
36
38
38
38
39
40
40
44
40
41
43
45
45
45
47
52
47
51
54
54
54
57
59
59
59
59
64
64
xvii
4.3.2.2.4
COMPARAÇÃO DA DISTR
IBUIÇÃO NO ORGANISMO
DAS CMMO EM ANIMAIS
NORMAIS E SUBMETIDOS À ISQUEMIA APÓS ADM
INISTRAÇÃO
INTRAVENOSA E INTRAM
IOCÁRDICA
4.4
ETAPA
3:
ACOMPANHAMENTO DA FUNÇÃO CARDÍACA DE ANIMAIS NORMAIS E
SUB
METIDOS À ISQUEMIA P
ERMANENTE TRATADOS C
OM CMMO OU VEÍCULO
4.4.1
ANÁLISE ELETROCARDI
OGRÁFICA
4.4.2
ANÁLISE ECOCARDIOGR
ÁFICA
4.4.3
ANÁLISE HEMODINÂMIC
A
4.4.4
TESTE DE ESFORÇO
4.4.5
PESQUISA DAS CÉLULA
S MARCADAS
64
68
68
73
80
83
85
5
- D
ISCUSSÃO
88
6
- C
ONCLUSÕES
101
7 -
B
IBLIOGRAFIA
102
1
1.1
O INFARTO DO MIOCÁR
DIO
O infarto do miocárdio (IM) é uma cardiopatia isquêmica, causada por obstrução de
vasos da circulação coronariana, que promove redução da perfusão local com conseqüente
morte de cardiomiócitos (Factor, 1990). Após a perda de cardiomiócitos necróticos, inicia-
se
rapidamente uma série de respostas celulares através da sinalização célula
-
célula; que regula o
reparo tecidual, contribuindo para a reconstrução do miocárdio infartado e a manutenção da
integridade do ventrículo. Este processo caracteriza
-
se, inicialmente, pela atração e invasão de
células inflamatórias no sítio da lesão, ativação e síntese de peptídeos, formação de novos
vasos sangüíneos (angiogênese), e surgimento bem como replicação de células do tipo
fibroblasto. Esta fase inflamatória inicial de cicatrização com resultante formação de tecido de
granulação, é seguida por uma fase fibrogênica que resulta no tecido cicatricial. Este que por
muito tempo foi considerado inerte é: dinâmico, vascularizado, metabolicamente ativo e
contrátil. A matriz é composta por miofibroblastos (fibroblastos fenotipicamente
transformados) que não são encontrados no tecido cardíaco normal (exceto nos folh
etos
valvares) (Sun & Weber 2000). Tal transformação fenotípica parece ser influenciada pelo
TGF
- 1 ( transforming growth factor-beta ). Desmouliere e colaboradores (1993)
demonstraram em estudos in vitro e in vivo que o TGF- 1 contribui para a diferenciação do
fibroblasto em miofibroblasto. Esta citocina é sintetizada por macrófagos ativados que no 1º e
dias após o IM aparecem no sítio da lesão. Em seguida surgem os miofibroblastos que
permanecem na cicatriz do infarto por longos períodos de tempo (muitos meses em ratos, e
anos em humanos) (Willems et al. 1994) e contribuem com o acúmulo de colágeno na região.
O balanço entre a síntese e a degradação de colágeno são os determinantes primários da
fibrose tecidual (Sun & Weber 2000). A degradação do colágeno envolve enzimas
proteolíticas conhecidas como metaloproteinases (MMPs). Sun e colaboradores (2000)
observaram durante a fase inicial de reparo do IM, em ratos, um aumento da atividade de
2
MMP
-1 (colagenase). Esta enzima tem atividade proteolítica e aumenta a degradação de
fibrilas de colágeno no sítio do IM. Em contrapartida, as TIMPs ( tissue inhibitor of MMPs )
que neutralizam esta atividade colagenolítica e inibem a forma ativada das MMPs, são
encontradas em grande quantidade no sítio do infarto a part
ir da primeira semana (Cleutjens
et
al.
1995). Isto gera um acúmulo progressivo de colágeno no sítio do infarto. Além disso, os
miofibroblastos residentes na cicatriz que são nutridos pelos novos vasos que se formaram,
continuam sintetizando colágeno tipo I, contribuindo assim para a formação do tecido fibroso
e o remodelamento estrutural das regiões não infartadas que estão distantes da área lesada,
conforme observamos nos grandes infartos transmurais (Sun & Weber 2000). Estas
transformações agudas e crônicas tanto na área infartada necrótica quanto na não-
necrótica,
bem como na região peri-infarto, geram uma cascata de alterações estruturais e geométricas
progressivas nos ventrículos que são geralmente referidas como remodelamento cardíaco
(Litwin
et al. 1994, Jain et al. 2001). Este processo promove mudanças nas dimensões da
parede ventricular e câmara cardíaca. Uma vez que a matriz extracelular (ME) está em contato
íntimo com todos os outros componentes do miocárdio, ela desempenha uma importante
função na manutenção da forma, tamanho e função ventriculares. O ventrículo submetido a
estresse, inicialmente exibe função adequada, forma normal, e relação massa-
volume
ventricular acima do normal. Entretanto, em um determinado ponto, a capacidade
compensatória
do coração é exaurida e o mesmo começa a falhar. Dependendo da magnitude
e da duração do estresse, os miócitos sobreviventes hipertrofiam, e a ME sofre alterações na
concentração bem como nos tipos de fibrilas de colágeno presentes. Neste estágio, a espess
ura
da parede ventricular está desproporcionalmente reduzida, o volume da câmara ventricular
bastante aumentado e o ventrículo tende a se tornar esférico (Janiki et al. 2006), ocorrendo
comprometimento da sua função e podendo evoluir para o quadro de insuficiência cardíaca
congestiva (ICC). Tal síndome ainda é considerada um importante problema de saúde pública
3
(Itescu
et al. 2003), e por isso torna-se fundamental o conhecimento de todas as alterações
fisiológicas e histopatológicas do coração, promovidas pelo infarto. Sendo assim, vários
grupos têm utilizado principalmente dois modelos experimentais para reproduzir de forma
fidedigna tais alterações: o modelo de oclusão permanente da artéria coronária esquerda e de
oclusão temporária deste mesmo vaso. Este último procedimento também é conhecido como
modelo de isquemia e reperfusão.
1.2
ISQUEMIA E REPERFUS
ÃO
A isquemia é caracterizada pela deficiência no aporte sangüíneo a determinado órgão
ou tecido. A sua principal conseqüência é hipóxia ou anóxia locais, ou seja, a deficiência
parcial ou total de oxigênio, respectivamente. Esta carência provoca alterações diretas nas
mitocôndrias, o que ocasiona a diminuição da fosforilação oxidativa e, conseqüentemente, dos
níveis de ATP (adenosina trifosfato). Isto por sua vez, compromete totalmente o sistema de
produção protéica celular e a bomba de sódio e potássio, aumentando os níveis de cálcio e
levando à tumefação celular (edema intracelular) (Case et al 1989). Até aqui, os danos são
reversíveis. Com a persistência da isquemia, ocorre uma vacuolização das mitocôndrias, que
podem ser visualizadas segundo Case e colaboradores (1989), 30 a 40 min após a isquemia.
Nesse estágio, instauram-se eventos de lesão celular irreversível, atuando principalmente nas
membra
nas. uma perda contínua de proteínas, enzimas e ácidos ribonucléicos (RNAs),
essenciais para a célula. Membranas lisossômicas são rompidas, levando ao extravasamento
das enzimas lisossomais para o citoplasma. Essas enzimas provocam digestão enzimática d
os
componentes celulares, ocasionando a morte celular por autólise. Portanto, a isquemia
provoca lesões reversíveis e irreversíveis, as quais são devidas principalmente à alteração dos
níveis de ATP e de cálcio.
4
Os distúrbios metabólicos durante isquemia ou hipóxia tissular são muito bem
estabelecidos, porém, evidências clínicas e experimentais demonstram que os principais
eventos que promovem disfunções celular e tecidual, relacionam-se com a subseqüente
reperfusão (Evora
et al.
1996).
A lesão de reperfusão é caracterizada por alterações funcionais e estruturais, que se
tornam aparentes durante o restabelecimento do fluxo após um período isquêmico. A
restauração do fluxo sangüíneo pode resultar em alguns efeitos deletérios, tais como: necrose
de células lesadas; acentuado edema celular; e restauração não uniforme do fluxo para todas
as porções do tecido (Evora et al. 1996). Conforme descrito anteriormente, quando o fluxo
sangüíneo tissular é interrompido, uma série de processos metabólicos e enzimáticos são
afetados, promovendo acúmulo de lactato, ativação de várias proteases intracelulares, e
aumento da permeabilidade vascular, que causa edema tissular. Por isso, a reversibilidade
deste processo está diretamente relacionada com a duração da isquemia (Stahl et al. 1989
apud Evora et al. 1996), e a reperfusão deve ser restabelecida o mais rápido possível. Embora
seja inquestionável o benefício da reperfusão precoce, a reintrodução do oxigênio em um
meio isquêmico desencadeia diversos eventos que provocam lesões tissulares adicionais e
acúmulo intracelular de cálcio (Ku 1982 apud Evora et al.1996, Braunwald &
Kloner
1985).
No tecido cardíaco, a aceleração do processo necrótico dos miócitos lesionados
irreversivelmente, o edema celular, o fenômeno de não-refluxo (restauração não uniforme do
fluxo sangüíneo após uma isquemia temporária, que promove disfunções no tecido cardíaco),
o paradoxo cálcio e oxigênio (lesões celulares ocasionadas pelo grande influxo de cálcio e de
oxigênio para o interior da célula após o restabelecimento da perfusão), a produção de radicais
livres do oxigênio (que podem prejudicar os miócitos isquêmicos), e a depressão da função
ventricular pós-isquêmica prolongada, são exemplos de eventos decorrentes da reentrada de
oxigênio no tecido isquêmico (Braunwald &
Kloner
1985). Tais efeitos contribuem para o
5
desenvolvimento de doenças cardíacas isquêmicas, como por exemplo, o infarto do
miocárdio, que dentre as doenças cardiovasculares destaca-se por possuir maior taxa de
mortalidade (Hristov et al. 2006). Os pacientes sobreviventes a grandes infartos apresentam
alto risco de desenvolverem ICC (Takemura & Fujiwara 2006). De acordo com Hosenpud e
colaboradores (2000), 44 % dos pacientes com ICC são candidatos a transplante cardíaco
(Hosenpud
et al. 2000), uma vez que as opções terapêuticas existentes atualmente
(farmacológicas e cirúrgicas) são limitadas e muitas vezes incapazes de interromper a
progressão deste quadro. Apesar de em alguns casos o transplante proporcionar um aumento
na sobrevida, as complicações causadas pela imunossupressão e a escassez de doadores
limitam a eficiência deste procedimento (Chiu et al. 1995). Portanto, a comunidade científica
busca alternativas terapêuticas para melhorar a sobrevida e a qualidade de vida destes
pacientes. Uma das mais promissoras possibilidades de conduta terapêutica que atualmente
está sob extensa investigação é a terapia cel
ular.
1.3
TERAPIAS CELULARES
De acordo com Fraser e colaboradores (2004), a terapia ideal para ser empregada no
tratamento do infarto do miocárdio deveria: minimizar a perda de cardiomiócitos pela redução
da morte celular, promover o retorno do miocárdio hibernante para sua função normal,
estimular a revascularização da região isquêmica através do aumento da angiogênese, e
regenerar cardiomiócitos viáveis para substituir aqueles perdidos na isquemia inicial,
preservando a função contrátil e reduzindo a formação de cicatriz. Uma das mais promissoras
possibilidades de conduta terapêutica que vem chamando bastante atenção é a terapia celular.
A proposta desta terapia em pacientes com doenças isquêmicas é melhorar a função contráctil
da câmara ventricular e impedir a progressão da insuficiência cardíaca pela administração de
um determinado tipo celular no paciente. Atualmente, as células-tronco têm sido empregadas
6
como um novo e promissor método para limitar a expansão do infarto e prevenir o
remodelamento c
ardíaco (Kraitchman
et al.
2005).
1.3.1
CÉLULAS
-
TRONCO
As células-tronco são caracterizadas como células indiferenciadas (sem especialização
funcional e marcadores de diferenciação tecido-específicos), com capacidade de proliferação,
auto
-
renovação,
e plasticidade (capacidade de se diferenciar em vários tecidos distintos)
(Loeffler & Potten,1997). A sua taxa de proliferação é baixa (Alison
et al.
2002), e as células
-
tronco podem seguir dois diferentes modelos de divisão celular: o chamado determinísti
co, no
qual sua divisão gera sempre uma célula-tronco idêntica e uma célula progenitora
comprometida com alguma linhagem específica; ou o dito aleatório (ou estocástico), onde
algumas células-tronco geram somente novas células-tronco e outras geram apenas células
progenitoras comprometidas (Loeffler & Potten 1997). As células-tronco mais primitivas
são o oócito fertilizado (zigoto) e as descendentes das duas primeiras divisões mitóticas. Estas
células são consideradas totipotentes, pois são capazes de gerar um embrião e o trofoblasto da
placenta (Dawn & Bolli 2005). Após quatro dias, estas células totipotentes começam a se
especializar formando uma massa de células esférica chamada de blastocisto, que por sua vez
contém a massa celular interna (MCI), d
a qual o embrião se desenvolve. A MCI do blastocisto
é formada por células-tronco embrionárias (do inglês, embrionic stem cells
ES), que se
diferenciam em células dos três folhetos embrionários (endoderma, mesoderma e ectoderma).
Porém, estas células não são capazes de originar a placenta e os tecidos que sustentam a
gestação. Desta forma, as células ES são células-tronco ditas pluripotentes. A maioria dos
tecidos possui células-tronco multipotentes, ou seja, capazes de produzir uma limitada
variedade de linhagens celulares diferenciadas de acordo com a sua localização (Alison et al.
2002, Lovell and Marthur 2004). As células-tronco do sistema nervoso central, por exemplo,
7
são multipotentes, uma vez que são capazes de originar três linhagens distintas: n
eurônios,
oligodendrócitos e astrócitos (Clarke et al. 2000, Momma et al. 2000). Por último, na
hierarquia das células-tronco temos as chamadas células unipotentes (ou progenitoras
comprometidas), capazes de originar um único tipo celular específico (ex: c
élulas
-
tronco
constituintes da camada basal da epiderme, que originam somente as células escamosas
queratinizadas da pele) (Lovell and Marthur 2004). Estas progenitoras comprometidas
originam células com capacidade de auto-renovação limitada e rápida taxa de proliferação. A
seguir, estas células se dividem originando células terminalmente diferenciadas, que perdem a
sua capacidade de proliferação e mais tarde evoluem para um processo de morte celular
programada (Alison
et al.
2002).
Baseando
-se na pluripotencialidade das células ES, estas seriam consideradas o tipo
celular mais apropriado para ser empregado na terapia celular. Contudo, o potencial
teratogênico, a necessidade de tratamento imunossupressor e questões éticas são fatores
limitantes para o seu uso terapêutico (Leri et al. 2005), o que torna as células-tronco adultas
as principais candidatas a serem usadas em tal tipo de terapia.
As células-tronco adultas estão presentes em muitos tecidos e órgãos, onde são
encontradas como células primitivas capa
zes de reparar danos causados por doenças ou lesões
durante a vida do indivíduo. Estas células tecido-específicas têm sido descritas em muitos
órgãos, tais como: medula óssea, trato gastrointestinal, pele, pulmões, fígado, músculo
esquelético, sistema nerv
oso central, e coração. Destas, a população mais bem estudada é a de
células tronco da medula óssea. (Dawn & Bolli 2005).
1.3.2
A MEDULA ÓSSEA
A medula óssea pode ser vista como um tecido organizado em dois compartimentos: o
compartimento hematopoiético, que fornece ao organismo células maduras de todas as
linhagens sangüíneas; e o compartimento estromal, que proporciona um microambiente
8
adequado para a auto-renovação, proliferação e diferenciação das células-tronco e
progenitoras hematopoiéticas (Hüttma
nn
et al. 2003). Além disso, o compartimento estromal
abriga progenitores vasculares (Jackson et al. 2001) e células mesenquimais, capazes de se
diferenciarem em tipos celulares da maioria dos tecidos conjuntivos (Bianco
et al.
2001).
A população hematopoiética está distribuída na medula óssea em sítios específicos,
denominados microambientes. Nestes sítios encontramos células-tronco hematopoiéticas
(CTH), e progenitores das linhagens mielóide e linfóide em diferentes estágios de
diferenciação, ou seja, populações de células imaturas, em estágio intermediário de
desenvolvimento e maduras (Bianco 2000).
As CTH são caracterizadas como células multipotentes, com alta capacidade de
proliferação, auto-renovação e diferenciação em uma variedade de linhagens mielóide e
linfóide especializadas (Osawa et al. 1996, Goodell et al. 1996). São capazes de reconstituir e
manter todas as linhagens sangüíneas (Lovell & Mathur 2004), uma vez que possuem
habilidade para balancear os mecanismos de auto-renovação e diferenciação de acordo com a
necessidade do organismo. Além disso, sofrem morte celular programada e são mobilizadas
para fora da medula óssea em direção à circulação sangüínea (Weissman 2000, Bonnet et al.
2002) quando existe necessidade. São caracterizadas fenotipicamente por expressarem o
marcador hematopoiético CD45, bem como CD34, CD133 e CD117 (também chamado de c-
kit), porém, os marcadores de linhagem estão ausentes (lin-) (Dawn & Bolli 2005). Na fase
adulta, elas estão presentes no sangue ou na medula óssea, sendo o processo de hematopoiese
bastante hierarquizado.
Uma variedade de estímulos (citocinas solúveis, ligadas à membrana, ou associadas à
matriz extracelular, e moléculas de adesão celular) do estroma da medula óssea influenciam
as CTH e sua progênie (Whetton & Spooncer, 1998) na modulação da quiescência, na auto-
renovação, no comprometimento das CTH com determinada linhagem celular; bem como na
9
proliferação, maturação e apoptose das células maduras (Dennis & Charbord, 2002). Além
disso, o estroma da cavidade medular, constituído por células endoteliais, osteoblastos,
células adventícias, células reticulares e células
-tronco mesenquimais, fornece o suporte físico
necessário para a migração das células hematopoiéticas (CH) maduras até os sinusóides
(va
sos sangüíneos de parede fina) (Bianco 2000). Estes por sua vez, localizam-se próximos
aos sítios ativos de hematopoiese e transportam as células sangüíneas recém formadas para a
circulação periférica. Isto demonstra a importância do estroma na estimulação e regulação do
desenvolvimento das CH, bem como das próprias células do estroma da medula óssea
(CEMO), e da célula
-
tronco mesenquimal (Minguell
et al.
2000).
As células mesenquimais de medula óssea foram isoladas inicialmente por
Friedenstein e colaboradores (1974) e subseqüentemente por outros investigadores (Caplan
et
al.
1991, Clark et al. 1995, Pittinger et al. 1999), baseada na sua capacidade de aderência à
superfície da placa de cultivo do tecido e seu grande potencial de diferenciação. Estas célul
as
in vitro parecem capazes de se diferenciar em diversas linhagens celulares: osteoblastos,
condrócitos, adipócitos (Caplan et al. 1991, Prockop et al. 1997, Pittinger et al. 1999),
músculo esquelético (Ferrari
et al.
1998), músculo cardíaco (Makino
et al
.
1999, Tomita
et al.
1999, Wang
et al.
2000, Toma
et al.
2002, Hakuno
et al.
2002), células endoteliais (Jian
et al.
2002), hepatócitos (Petersen et al. 1999, Alison et al. 2000, Theise et al. 2000, Jian et al.
2002), neurônios, oligodendrócitos e astrócitos (Sanchez-
Ramos
et al. 2000, Woodbury et al.
2000, Jian
et al.
2002).
Baseando
-se nestes fatos, vários investigadores têm utilizado as células de medula
óssea como terapia alternativa no infarto do miocárdio experimental (Tomita et al. 1999,
Wang
et al. 2000, Orlic et al. 2001a, Orlic et al. 2001b, Jackson et al. 2001, Shake et al.
2002, Strauer et al. 2002, Hamano et al. 2002, Olivares et al. 2004; Olivares et al. 2007).
Destacando alguns destes trabalhos, Tomita e colaboradores (1999) implantaram
10
cél
ulas mesenquimais tratadas in vitro com 5-azacitidina (um agente demetilante de DNA) no
coração de ratos, 21 dias após a crioinjúria, e demonstraram que apesar delas não se
transdiferenciarem em cardiomiócitos, induziram angiogênese e impediram a expansão
da
cicatriz e dilatação da câmara ventricular. Na fase cicatricial do modelo de infarto do
miocárdio foi demonstrada angiogênese em cães submetidos ao tratamento intramiocárdico
com células de medula óssea 30 dias após a oclusão da artéria coronária descendente anterior
(DA). Entretanto, não houve melhora na função cardíaca de tais animais (Hamano et al.
2002). A melhora no desempenho cardíaco foi evidenciada por Shake e colaboradores (2002),
em porcos infartados, tratados com injeção intramiocárdica de células mesenquimais, 14 dias
após a oclusão da artéria coronária esquerda. Tal melhora foi observada através do aumento
na espessura da parede ventricular e redução na disfunção contráctil. Nossos resultados
prévios demonstraram que a administração intramiocárdica de células mesenquimais de
medula óssea, 28 dias após a oclusão da artéria coronária de ratos, diminuiu o grau de lesão
evidenciado, pelo eletro e ecocardiograma, duas semanas após o tratamento (Olivares et al.
2004). Além disso, os efeitos benéficos sobre a função cardíaca podem ser aprimorados pelo
tratamento prévio com captopril (Olivares
et al.
2007).
Alguns autores têm investigado a eficácia da administração intramiocárdica das
células mononucleares de medula óssea tanto no modelo animal (Oliva
res
et al. 2007) quanto
em humanos (Perin et al. 2003, Perin et al. 2004). No entanto, esta via é bastante invasiva
para aplicação em pacientes. Por este motivo, alguns pesquisadores têm investigado a
administração intravenosa (i.v.) de preparações contendo células-tronco, a fim de aumentar a
população endógena que migraria para o miocárdio após o infarto (Nagaya et al.
2004).
Entretanto, a localização destas células exógenas no tecido infartado tem contado
primariamente com análises histológicas pós-
morte.
Assim, a distribuição dinâmica destas
células
-tronco injetadas perifericamente e o seu tráfego podem ser desvendados através de
11
estudos comparativos com a eutanásia seriada de uma grande quantidade de animais. Para que
isto seja evitado, e para atender as normas de bioética para a utilização de animais
experimentais são necessários métodos que avaliem a distribuição e o destino das células-
tronco, de forma não invasiva, sem a necessidade da histologia pós-morte (Kraitchman et al.
2005). Atualmente, dispomos de técnicas de medicina nuclear capazes de analisar a
distribuição de células (previamente marcadas com radiotraçadores) administradas por via
intravenosa, fornecendo de forma não invasiva, imagens cintilográficas que determinam o
potencial migratório
destas células para o sítio da lesão.
1.4
MEDICINA NUCLEAR
A Medicina Nuclear é a especialidade médica que utiliza elementos radioativos
(radionuclídeos)
in vivo para diagnosticar e/ou tratar doenças. Avalia a função e a estrutura
dos órgãos, o que possibilita uma identificação precoce de certas anormalidades, bem como
tem sua aplicação terapêutica em tratamentos de algumas doenças (ex: hipertireoidismo,
câncer de tireóide, dor óssea, etc.) Além disso, é bastante empregada no estudo da fisiologia e
fi
siopatologia humanas, uma vez que estuda o curso temporal de um traçador radioativo e a
resposta fisiológica do corpo, através de imagens in vivo obtidas pela cintilografia (Bailey &
Adamson
2003).
Os traçadores radioativos são radioisótopos empregados no organismo em pequenas
quantidades, cujo percurso pode ser acompanhado por aparelhos detectores de radiação. A
radioatividade emitida é capaz de atravessar a matéria, e dependendo da sua energia,
percebida pelo aparelho detector onde estiver (Cardoso <htpp://www.cnen.gov.br>). Para
estudos diagnósticos sugere-se que a energia da radiação esteja em uma faixa adequada para
os sistemas de detecção, e que o isótopo apresente um rápido decaimento para forma não
radioativa (= meia vida, ou seja, tempo que leva para metade dos átomos passarem da forma
12
radioativa para forma estável). Baseado nestes critérios, o radioisótopo mais empregado
atualmente em medicina nuclear é o
99
Tecnécio.
O
99
tecnécio
metaestável (
99m
Tc) é um elemento radioativo fundamental para a
medicina nuclear, que permite realizar investigações de diversas funções vitais. Ele é gerado a
par
tir da eluição do
99
molibdênio (produto de fissão produzido em reatores nucleares) em
solução de NaCl 0,9%, apresentando
-
se sob a forma química de pertecnato de sódio (NaTcO
4
)
(Marques
et al. 2001). Este radioisótopo apresenta estados de oxidação que variam de +7 (o
mais estável, e a forma pelo qual é fornecida pelo gerador) a +1. As reações de
radiomarcação com
99m
Tc envolvem a redução do pertecnato (
99m
TcO
4
-
) a estados de oxidação
mais baixos que podem ser estabilizados por uma série de ligantes, como por exemplo,
doadores de N, O, S e P. Por causa da sua baixa energia emitida (radiação gama com energia
de 140 keV), da sua meia vida curta (seis horas) e da sua fácil aquisição, o
99m
Tc é o
radionuclídeo mais utilizado na cintilografia gama (Marques et al. 2001), podendo ser
administrado sob a forma química de pertecnetato de sódio ou ligado a outras moléculas. As
doses administradas são medidas em função do mero de eventos radioativos por segundo,
sendo expresso em unidades Becquerel (1 Bq = 1 desintegra
ção por segundo) ou Curie (1 Ci =
3,7 x 10
10
Bq). Após a sua administração, geralmente por via endovenosa, o
99m
Tc e os demais
radioisótopos, ou os compostos aos quais estão acoplados (radiofármacos) têm um
comportamento biológico que é idêntico ao de similares não radioativos (Meira
htpp://br.geocities.com/luizmeira/cintilo.htm). A distribuição e o grau de concentração do
elemento radioativo nos diversos órgãos são avaliados por meio de imagens cintilográficas
.
A cintilografia é uma técnica não invasiva, segura, indolor, de baixo custo, e com
sensibilidade elevada para avaliar o funcionamento dos diversos órgãos (ex: coração, rin
s,
cérebro, e outros) (Bailey & Adamson
2003). Tal método é baseado na administração
endovenosa do
radioisótopo (também chamado de traçador ), e na avaliação da energia gama
13
emitida pelos traçadores. Uma vez presente na circulação periférica, o radioisótopo é atraído
para órgãos específicos. O seu deslocamento e percurso podem ser acompanhados, pois a
energia emitida pelo traçador (geralmente radiação gama) é captada por um aparelho
chamando câmara de cintilação (ou gama câmara). A gama câmara é o sistema de detecção de
radioatividade utilizado para o estudo da distribuição in vivo dos diferentes compos
tos
radiomarcados. A interação da radiação gama no detector da câmara leva a emissão de luz
(cintilação), posteriormente convertida em sinal elétrico. A câmara de cintilação detecta a
radiação e determina a posição da fonte emissora (correspondente à área em que a luz foi
emitida) e sua energia (intensidade da luz emitida). Além da maior resolução, os
equipamentos mais modernos destacam-se pela capacidade de adquirir e processar estudos
tomográficos (SPECT = single photon emission computed tomography ), trazendo maior
sensibilidade e precisão na localização de lesões. Dentre as várias aplicações da cintilografia,
podemos destacar a sua capacidade de diagnosticar doença arterial coronariana, através da
chamada cintilografia de perfusão miocárdica (
Meira
htpp://br.geocities.com/luizmeira/cintilo.htm)
.
A cintilografia de perfusão do miocárdio avalia o fluxo de sangue para o músculo
card
íaco através das artérias coronárias. Isto possibilita definir possíveis obstruções
coronarianas, analisar a probabilidade da ocorrência de um infarto do miocárdio, e ainda pode
estimar a extensão de um infarto prévio. Este exame caracteriza-se pela captação da
radioatividade emitida por um radiofármaco (administrado por via endovenosa), o qual se
concentra nos miócitos, na dependência da sua irrigação e sua integridade celular, gerando
assim uma imagem do coração. Um radiofármaco bastante utilizado ligado
ao
99m
Tc é o
tetrofosminn (Meira htpp://br.geocities.com/luizmeira/cintilo.htm). Este complexo interage
diretamente com o cardiomiócito, sendo captado por difusão passiva através de um gradiente
transmembrana. Além disso, fixa-se de forma estável com pouca redistribuição, em estruturas
14
citoplasmáticas, e possui afinidade pelo meio intramitocondrial. O grau de captação deste
radiofármaco é diretamente proporcional à perfusão miocárdica no momento de sua
administração, isto é, se uma área do coração não recebe sangue (isquemia), o traçador não
consegue chegar neste local, não captação de radioatividade, e esta região não aparece na
imagem cintilográfica. Tal radiofármaco, após administração endovenosa e acúmulo no
miocárdio (que capta cerca de 1% da dosagem administrada), músculo esquelético, fígado,
baço, e rins, em proporção a perfusão regional, é rapidamente retirado da circulação (Meira
htpp://br.geocities.com/luizmeira/cintilo.htm).
Baseado
nos princípios citados anteriormente, o tetrofosmin-
99m
Tc vem sendo
amplamente utilizado na detecção de áreas de perfusão miocárdica de pacientes infartados
através da cintilografia de perfusão miocárdica. Além disso, células marcadas com um
traçador radioativo, como o
99m
Tc, infundidas na circulação periférica, podem ser localizadas
de forma não invasiva através de imagens cintilográficas. Portanto, a medicina nuclear é
bastante útil nos estudos que envolvem a aplicação da terapia celular, principalmente
aqueles
relacionados com as vias de administração.
15
Este estudo se propõe a identificar os sítios preferenciais de migração das células de
medula óssea (CMMO) durante a isquemia miocárdica aguda, e correlacionar o impacto da
presença destas células sobre a função cardíaca dos animais. Para tal, os objetivos deste
trabalho são:
- Identificar a distribuição das CMMO marcadas com
99m
Tc, administradas por via
intravenosa, em ratos submetidos à isquemia miocárdica aguda através da oclusão permanente
da artéria c
oronária esquerda.
- Verificar se existe diferença na distribuição das CMMO administradas por via
intravenosa, entre os modelos de oclusão temporária e permanente da artéria coronária
esquerda.
- Comparar a distribuição das CMMO marcadas com
99m
Tc, administradas por via
intravenosa e intramiocárdica, em ratos submetidos à isquemia aguda por oclusão permanente.
- Avaliar o efeito dos tratamentos intravenoso e intramiocárdico com CMMO na
função cardíaca dos animais submetidos à oclusão permanente da artéria c
oronária esquerda.
-
Comparar o efeito do tratamento intramiocárdico e intravenoso.
16
3.1
A
NIMAIS
Ratos Wistar machos e fêmeas singenêicos pesando entre 200-250g fornecidos pelo nosso
biotério foram utilizados para obtenção das células de medula óssea, bem como para indução
do infarto do miocárdio e os experimentos de distribuição das células. Todos os
procedimentos seguiram as normas do Comitê de Ética do Instituto de Biofísica Carlos
Chagas Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro para utilização de animais de
Laboratório. Os animais foram separados em grupos de acordo com as seguintes etapas do
estudo:
- ETAPA 1
Grupo de animais destinados à avaliação da função cardíaca nos diferentes
modelos experimentais de infarto: modelo de oclusão temporária e de oclusão permanente da
artéria coronária esquerda.
- ETAPA 2
Grupo de animais destinados à análise da distribuição das
células
mononucleares da medula óssea (
CMMO) no organismo.
- ETAPA 3 - Grupo de animais destinados à avaliação da função
cardíaca
dos animais
tratados com CMMO ou veículo.
A análise dos parâmetros cardíacos nos diferentes modelos experimentais de infarto (Etapa
1) visa a validação do modelo de oclusão temporária da artéria coronária esquerda, para que
posteriormente a distribuição intravenosa das CMMO seja comparada em ambos os modelos
de isquemia propostos. Sendo assim, na etapa 1 foram avaliados os parâmetros cardíacos dos
seguintes grupos: animais normais, uma vez que estudos prévios não mostraram diferença no
eletro e ecocardiograma entre animais normais e falso-operados (Pinho-Ribeiro 2003),
animais submetidos à isquemia pela oclusão permanente ou oclusão temporária da artéria
coronária. Estes dois últimos grupos foram denominados OP e OT, respectivamente.
A
descrição d
etalhada de todos os grupos da etapa 1 está descrita no quadro 1.
17
Nos animais da etapa 2 analisamos a distribuição das CMMO marcadas com o traçador
99m
Tc a fim de estabelecermos os possíveis tios de migração das células após a
administração intravenosa em animais normais, OP e OT. Além disso, a distribuição das
CMMO em animais normais e OP após administração intramiocárdica das células também foi
analisada. O quadro 2 fornece a descrição detalhada de cada grupo desta etapa.
Nos animais da etapa 3
an
alisamos a os parâmetros cardíacos de ratos submetidos à
isquemia por oclusão permanente, tratados com injeção intramiocárdica (grupo OP im) ou
intravenosa (grupo OP iv) de CMMO ou veículo (salina), 48 horas após o procedimento
cirúrgico. No caso dos anima
is que receberam veículo, não houve diferença significativa entre
aqueles que receberam tratamento intravenoso e os que receberam injeção intramiocárdica,
por isso todos foram agrupados em um único grupo chamado OP. Os parâmetros cardíacos
avaliados basear
am
-se no eletrocardiograma (ECG), ecocardiograma (ECO), análise
hemodinâmica e teste de esforço. O ECG e o ECO foram realizados antes do tratamento com
CMMO ou com veículo (48h após o procedimento cirúrgico) e três semanas após o
tratamento com células ou veículo. As análises hemodinâmicas e o teste de esforço foram
realizados somente três semanas após a terapia celular. A descrição detalhada de todos os
grupos da etapa 3 está descrita no quadro 3.
18
Quadro 1
Descrição dos grupos da etapa 1.
ETAPA 1
AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO CARDÍACA NOS DIFERENTES
MODELOS EXPERIMENTAIS DE INFARTO.
NORMAIS
Análise
da função cardíaca de
animais
normais
(n = 10).
OP
Análise
da função cardíaca de animais submetidos à oclusão
permanente
da artéria coronária esquerda (n = 10).
OT
Análise
da função cardíaca de animais submetidos à
oclusão
temporária
(90 minutos) da artéria coronária esquerda (n = 10).
Quadro 2
Descrição dos grupos da etapa 2.
ETAPA 2
ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO DAS CMMO NO ORGANISMO.
N
iv
Análise da distribuição das CMMO injetadas por via intravenosa em
animais
normais
(n = 10
).
N
im
Análise da distribuição das CMMO injetadas por via intramiocárdica
em animais
normais
(n = 10
).
OP
iv
Análise da distribuição das CMMO após administração intravenosa
em animais submetidos à oclusão permanente da artéria coronária
esquerda (n = 10)
OP
im
Análise da distribuição das CMMO após
administração
intramiocárdica
em animais submetidos à oclusão permanente da
artéria coronária esquerda (n = 10)
OT
iv
Avaliação da distribuição das CMMO após administração intravenosa
em animais submetidos à oclusão temporária (90 minutos) da artéria
coronária esquerda (n = 7).
19
Quadro 3
Descrição dos grupos da etapa 3.
ETAPA
3
A
NIMAIS INFARTADOS TR
ATADOS COM
CMMO
OP
Análise da função cardíaca de animais submetidos à oclusão
permanente
da artéria coronária esquerda após administração de
veículo
(n = 10).
OP
iv
Análise da função cardíaca de animais submetidos à oclusão
permanente
da artéria coronária esquerda após administração
intravenosa
de CMMO (n = 10)
OP
im
Análise da função cardíaca de animais submetidos à oclusão
permanente
da artéria coronária esquerda após
administração
intramiocárdica
de CMMO (n = 9)
20
3.2
ETAPA
1 :
MODELOS DE INDUÇÃO
DO INFARTO AGUDO EXP
ERIMENTAL
3.2.1
GRUPO OP: MODELO DE OCLUSÃO PERMANENTE DA ARTÉRIA
CORONÁRIA ESQUERDA
O modelo de infarto experimental em ratos induzido pela oclusão permanente da
artéria coronária esquerda descrito por Selye e colaboradores (1960) foi utilizado em nosso
laborató
rio (Olivares et al. 2004, Werneck-
de
-
Castro
et al. 2006, Olivares et al. 2007). Para
tal, os animais foram anestesiados com halotano (Cristália
®
), e em seguida realizada uma
incisão de aproximadamente 1 cm de comprimento na pele, em nível paraesternal esq
uerdo,
na junção dos terços inferior e médio da distância entre a clavícula e o rebordo costal. Os
músculos peitoral maior e menor foram dissecados para melhor visualização do gradil costal
esquerdo. Realizou-se uma sutura em bolsa, da pele e dos músculos da região, deixando o
aberto até o término da cirurgia. Neste momento, os animais foram submetidos à ventilação
mecânica através de um pequeno ambú de fabricação doméstica com o intuito de estimular os
movimentos respiratórios espontâneos. Com o auxílio de uma pinça hemostática reta, fez-se a
incisão entre o 4
o
ou 5
o
espaço intercostal esquerdo, através do qual o coração foi
exteriorizado por meio de uma suave compressão manual torácica direita. Após a localização
da artéria coronária esquerda (geralmente sob a aurícula esquerda), a mesma foi ocluída com
fio de seda 6-0 através de um duplo o mais próximo possível de sua origem na aorta. Em
seguida, o coração foi recolocado rapidamente em sua posição anatômica original e o da
sutura em bolsa finalmente apertado. A taxa de mortalidade induzida pelo procedimento
cirúrgico foi entre 30 e 40%. Após 48 horas, realizamos ECG e/ou ECO para verificar se o
infarto foi realmente induzido.
21
3.2.2
GRUPO OT: MODELO DE OCLUSÃO TEMPORÁRIA DA ARTÉRIA
CORONÁRIA ESQ
UERDA
Os animais foram anestesiados com 50 mg/kg de cloridrato de quetamina (Vetaset ) e
5 mg/kg de cloridrato de xilazina (Rompum , Bayer), e após obtermos um plano anestésico
ideal, realizamos a entubação do animal. Para tal procedimento, o mesmo foi colocado em
decúbito dorsal e traqueotomizado. Desta forma, realizamos uma incisão em seu pescoço, os
músculos da região foram divulsionados, e a traquéia isolada. Em seguida, um jelco 30, foi
inserido entre os anéis da traquéia e conectado ao ventilador. Os animais foram mantidos sob
ventilação com pressão positiva com ar ambiente e suplementado com oxigênio (2L/min).
Para tanto, o ventilador foi calibrado de forma que a freqüência respiratória fosse em torno de
60
-80 ciclos/minuto e o volume corrente fixado em 1ml/g. Uma vez entubado, foi realizada
uma incisão na região entre o 4º e espaços intercostais, os músculos peitoral maior e menor
divulsionados para obtermos o acesso ao gradil costal e visualizarmos o coração dentro da
caixa torácica. Em seguida, o fluxo sangüíneo da artéria coronária esquerda foi ocluído
durante 90 minutos, a fim de provocar uma lesão isquêmica no miocárdio. Ao final deste
período, o fluxo sangüíneo foi restabelecido (reperfusão local). Em seguida, foi realizada uma
sutura em b
olsa e o animal foi retirado do respirador.
3.2.2.1
PROTOCOLOS EXPERIMENTAIS APLICADOS AOS ANIMAIS SUBMETIDOS
À OCLUSÃO TEMPORÁRIA
DA ARTÉRIA CORONÁRI
A ESQUERDA
Os animais submetidos à isquemia temporária foram avaliados 48h após o
procedimento cirúrgico, pelo ECG e/ou ECO, a fim de confirmarmos a presença de lesão
isquêmica. Uma vez confirmada a existência de disfunção cardíaca, os animais foram
submetidos dois diferentes protocolos experimentais especificados abaixo:
22
Marcação das células mononucleares de medula óssea com o corante nuclear
Hoechst, e injeção intravenosa destas células 48 horas após a cirurgia de oclusão
temporária, a fim de verificarmos se as células eram capazes de migrar para o
coração submetido à isquemia;
Marcação das CMMO com o ra
dioisótopo
99m
Tc para avaliação da distribuição
destas células após administração intravenosa nos animais com oclusão
temporária.
Em ambos os protocolos, os animais foram sacrificados 24 horas após a administração
das células.
3.3
I
SOLAMENTO DE CÉLULA
S MONONUCLEARES DE M
EDULA ÓSSEA
Ratos Wistar singenêicos pesando 200 a 300 g foram anestesiados com éter etílico PA
(Reagen, Rio de Janeiro, RJ, Brasil) e submetidos a deslocamento cervical. Com o auxílio de
uma pinça e uma tesoura estéreis retiramos a pel
e e os músculos adjacentes ao fêmur e à tíbia,
sempre evitando o rompimento de vasos sangüíneos presentes na região. As epífises ósseas
foram cortadas, e a cavidade medular lavada com meio de cultura Dulbecco s Modified Eagle
Medium (DMEM) (Life Tecnologies
®
, Grand Island, NY, EUA) utilizando uma seringa com
agulha de 18 gauge colocada sobre um tubo estéril de poliestireno cônico de 15 mL (Falcon
).
As células foram homogeneizadas com auxílio de pipeta Pasteur, e centrifugadas a 200 G
durante 10 minutos à temperatura ambiente. O sedimento de células foi ressuspenso em
DMEM sem soro, e em seguida adicionado cuidadosamente sobre o Ficoll (Histopaque 1083
Sigma Chemical Co., St. Louis, MO, EUA). A seguir, as células foram centrifugadas a
400 G durante 30 m
inutos à temperatura ambiente. Na interface Ficoll
-
meio, estão contidas as
células mononucleares (linfócitos e monócitos) e células-tronco de medula óssea, que foram
coletadas e colocadas em um tubo de poliestireno cônico de 15 ml (Falcon ). Em seguida,
23
fo
ram ressuspensas em solução salina balanceada ( balanced salt solution - BSS), e
centrifugadas a 200 G durante 10 minutos à temperatura ambiente. O sobrenadante foi
desprezado, e este processo repetido mais duas vezes para retirar o Ficoll que possa ter s
ido
coletado junto com as células. As células foram contadas na câmara de Neubauer (Hausser
Scientific
) e a sua viabilidade analisada com azul de Trypan. A população mononuclear
obtida foi utilizada logo em seguida para os experimentos de distribuição e/ou análise do
efeito da terapia celular.
3.4
ETAPA
2:
ANÁLISE DA DISTRIBU
IÇÃO DAS CÉLULAS DA MEDULA ÓSSEA
3.4.1
DETERMINAÇÃO DA TOPOGRAFIA DO CORAÇÃO NAS IMAGENS
CINTILOGRÁFICAS
Para determinarmos a topografia do coração nas imagens cintilográficas em ratos
normais e infartados através da oclusão permanente da artéria coronária, injetamos por via
intravenosa (i.v.) tetrofosmin (Myoview
TM
, Amershan Health AS, Oslo, Noruega) marcado
com
99m
Tc em ratos normais e OP (24 horas após a cirurgia). Isto nos permitiu diferenciar
áreas com perfusão miocárdica normal daquelas com fibrose (infarto) através de imagens
cintilográficas. As regiões com perfusão adequada emitem radioatividade e aparecem na
imagem. Entretanto, as áreas que possuem irrigação comprometida,
não aparecem na imagem,
pois o radiofármarco não chega nessa região.
3.4.2
-
MARCAÇÃO DAS CÉLULA
S COM
99
m
TECNÉCIO
Após o isolamento das CMMO conforme já descrito, as mesmas foram marcadas com
o radioisótopo
99m
Tecnécio e transplantadas pela via endovenos
a ou no miocárdio dos animais
dos diversos grupos experimentais descritos no quadro 2.
24
O processo de marcação das células com
99m
Tc consistiu na incorporação do
radionuclídeo às mesmas. Para tanto, as células foram incubadas, a temperatura ambiente,
com concentrações variando de 5 a 20 g/mL de SnCl
2
durante 5 minutos. Em seguida, este
complexo foi incubado com o radionuclídeo (7,4 x 10
4
Bq) durante mais 5 minutos, e
centrifugado três vezes com NaCl 0,9% a 450 G durante 20 minutos. Ao final da última
lavage
m, separamos o precipitado e o sobrenadante. O precipitado foi ressuspenso em NaCl
0,9%, e distribuído em seringas contendo 0,1 mL ou 0,3 mL cada. A quantidade de
radioatividade presente tanto no sobrenadante quanto no precipitado foi quantificada para
det
erminarmos a eficiência de marcação das células (quantidade de radioatividade
incorporada nas células).
3.4.3
I
NJEÇÃO DAS CÉLULAS M
ARCADAS COM
99
m
TECNÉCIO
Os animais foram anestesiados, colocados em decúbito dorsal, com suas patas traseiras
e dianteiras imobilizadas, para que as células fossem administradas por via intravenosa (i.v.)
ou intramiocárdica (i.m.), nos grupos submetidos à isquemia (48 horas após o procedimento
cirúrgico) e nos animais normais. Os protocolos experimentais utilizados estão de
scritos
detalhadamente nas Figura 1, 2 e 3.
Para administração das células por via i.v, fizemos uma incisão na pele do animal na
região lateral, abaixo do pescoço para visualização da veia jugular. Desta forma, com auxílio
de uma seringa de 1mL, injetamos as células marcadas com
99m
Tc direto pela veia jugular. O
conteúdo (0,3 mL) foi liberado lentamente dentro do vaso, e a seringa retirada do interior do
vaso, cuidadosamente, a fim de evitarmos extravasamento de sangue. Em seguida o animal foi
suturado, e em períodos pré-determinados (uma, três e 24 horas após a injeção das células)
realizamos as imagens cintilográficas.
25
para a administração por via i.m., o coração foi exteriorizado (conforme descrito
anteriormente no item 3.2.1) e as CMMO marcadas com
99m
Tc (0,1 mL) foram injetadas em
um único ponto do miocárdio com auxílio de uma seringa de insulina. No caso dos animais
infartados, a administração i.m. das células foi realizada no miocárdio viável adjacente à
cicatriz. Uma vez terminado tal processo, o coração foi colocado novamente em sua posição
anatômica original e o tórax suturado conforme descrito anteriormente no modelo de indução
do infarto experimental. As imagens cintilográficas foram realizadas nos mesmos períodos
pré
-
determinados descritos an
teriormente.
Nos animais normais e OP, as células foram administradas tanto por via i.v. quanto
i.m., sendo que neste último grupo, as mesmas foram injetadas 48 horas após o procedimento
cirúrgico, com concomitante confirmação da indução do infarto pela presença de onda Q na
derivação DI do registro eletrocardiográfico. nos animais do grupo OT, as células foram
administradas somente por via i.v., também após confirmação da indução do infarto pelo
ECG.
3.4.4
-
IMAGENS CINTILOGRÁF
ICAS
As imagens cintilográficas foram analisadas na gama mara (Siemens) com
colimador pinhole de alta definição e janela selecionada para 140 KeV,
em diversos intervalos
de tempo: uma hora, três horas, e 24 horas após a infusão das células. Para realização de tal
procedimento,
o animal foi anestesiado com cloridrato de quetamina (Vetaset ) e cloridrato
de xilazina (Rompum , Bayer), conforme descrito no item 3.2.2. Em seguida, o animal foi
colocado em decúbito dorsal, suas patas fixadas com fita adesiva em um suporte de madei
ra, e
este colocado sob o colimador de alta resolução e baixa energia da gama câmara. A aquisição
das imagens foi realizada em imagens planares, estáticas, de 5 minutos cada, com matriz 256
x 256, de corpo inteiro e nas incidências anterior, lateral e oblí
qua com 45º.
26
Figura 1
Protocolo experimental da análise da distribuição das células em animais normais.
A figura A esquematiza o protocolo realizado nos animais tratados com injeção
intramiocárdica (N im), enquanto que a figura B mostra o esquema dos animais tratados com
injeção intravenosa (N iv). T0 = tempo zero.
24h
Contagem dos
órgãos isolados
Imagem
cintilográfica
Marcação das
CMMO
com
99m
Tc
T0
Injeção intramiocárdica
de 4 x 10
6
CMMO
marcadas com
99m
Tc
1h
3h
Imagem
cintilográfica
Imagem
cintilográfica
A
24h
Contagem dos
órgãos isolados
Imagem
cintilográfica
Marcação das
CMMO
com
99m
Tc
T0
Injeção intra
venosa
de
1-3
x 10
7
CMMO
marcadas com
99m
Tc
1h
3h
Imagem
cintilográfica
Imagem
cintilográfica
B
27
Figura 2
Protocolo experimental da análise da distribuição das células em animais
submetidos à oclusão permanente da artéria coronária (OP). A figura A esquematiza o
protocolo aplicado aos animais tratados com injeção intramiocárdica (OP im), enquanto que a
figura B mostra o esquema dos animais tratados com injeção intravenosa (OP iv). T0 = tempo
zero.
72
h
Contagem dos
órgãos isolados
Imagem
cintilográfica
Oclusão permanente
da artéria coronária
esquerda
T0
Injeção intra
venosa
de
1-2
x 10
7
CMMO
marcadas com
99m
Tc
49
h
51
h
Imagem
cintilog
ráfica
Imagem
cintilográfica
B
48
h
Marcação das CMMO
com
99m
Tc
Confirmação da
indução do infarto
pelo ECG
72
h
Contagem dos
órgãos isolados
Imagem
cintilográfica
Oclusão permanente
da artéria coronária
esquerda
T0
Injeção intra
miocárdica
de
6
x 10
6
CMMO
marcadas com
99m
Tc
49
h
51
h
Imagem
cintilográfica
Imagem
cintilográfica
A
48
h
Marcação das CMMO
com
99m
Tc
Confirmação da
indução do infarto
pelo ECG
28
Figura 3
Protocolo experimental da análise da distribuição das células em animais
submetidos à oclusão temporária da artéria coronária (OT) tratados com injeção intravenosa
de CMMO. T0 = tempo zero.
72
h
Contagem dos
órgãos isolados
Imagem
cintilográfica
Oclusão durante 90
da artéria coronária
esquerda
T0
Injeção intra
venosa
de
2-5
x 10
7
CMMO
marcadas com
99m
Tc
49
h
51
h
Imagem
cintilográfica
Imagem
cintilográfica
A
48
h
Marcação das CMMO
com
99m
Tc
Confirmação da
indução do infarto
pelo ECG
29
3.4.5
CONTAGEM DA RADIOAT
IVIDADE PRESENTE NOS
ÓRGÃOS ISOLADOS
Vinte e quatro horas após a infusão intravenosa das células, o animal foi eutanasiado
conforme descrito anteriormente, e a maioria dos seus órgãos retirados e pesados
isoladamente. Após a pesagem, os órgãos: coração, pulmões, fígado, baço, rins, estômago, e
tíbia;
foram distribuídos em tubos de ensaios, e os mesmos colocados em um contador de
radiação gama, que quantifica a radioatividade gama emitida por cada amostra de órgão
isolado. Em seguida, realizamos cálculos para converter estes valores representados em
co
ntagem por minuto (cpm) em termos percentuais, analisando os seguintes parâmetros:
% dose-
órgão
Representa a quantidade de radiação presente em determinado órgão.
Ou seja: (cpm do órgão/ de desintegrações radioativas por minuto corrigidas
pelo decaim
ento) x 100
% grama
-
tecido
É a dose
-
órgão dividida pelo peso do órgão, em gramas. Isto é:
[(cpm do órgão/ nº de desintegrações radioativas por minuto corrigidas pelo
decaimento)/peso do órgão] x 100
3.5
ETAPA
3:
ACOMPANHAMENTO DA FUNÇÃO CARDÍACA APÓS O
TRATAMENTO COM CMMO
OU VEÍCULO
3.5.1
MARCAÇÃO DAS CÉLULA
S MONONUCLEARES
Os animais dos grupos OP im e OP iv, que tiveram suas funções cardíacas
acompanhadas, receberam por via i.m. ou i.v., respectivamente, células previamente marcadas
com um corante nuclear (Hoechst). Após a marcação, uma alíquota foi examinada em
microscópio de epifluorescência (AXIOVERT 100, Carl ZEISS), e excitada com iluminação
por lâmpada de mercúrio de alta pressão, HBO 50W, (
= 490 m) sendo a emissão
monitorada utilizando um filtro de 350 m a fim de verificar a marcação nuclear das células
30
com o corante. Uma vez confirmada a marcação, as células foram centrifugadas a 200 g
durante 5 minutos a temperatura ambiente, para obtenção do sedimento. O mesmo foi
ressuspenso em salina, e centrifugado a 200 g durante cinco minutos. Este processo foi
repetido de três a quatro vezes para a retirada do possível excesso do corante. Ao final da
última centrifugação, o volume foi ajustado de acordo com o mero de células necessárias
para o
transplante celular, em alíquotas de 5-
6 x 10
6
células em 0,1 mL e 3-
4 x 10
7
células em
0,3 mL para injeções intramiocárdica e intravenosa, respectivamente.
3.5.2
- A
NÁLISE FUNCIONAL
3.5.2.1
A
NÁLISE ELETROCARDIOG
RÁFICA
O registro eletrocardiográfico foi realizado 48 horas após o procedimento cirúrgico, e
três semanas após a terapia com células ou salina, utilizando um eletrocardiógrafo
convencional (Cardimax FX-
2111
Fukuda Denshi) conforme descrito por Santos & Masuda
(1991). Para o registro eletrocardiográfico, os animais foram anestesiados com a combinação
de cloridrato de quetamina (Vetaset ) e cloridrato de xilazina (Rompum , Bayer) conforme
descrito anteriormente. Após o estabelecimento de um bom plano anestésico, verificado
através da ausência de reflexos posturais e motores, os animais foram colocados em decúbito
dorsal e suas patas dianteiras presas com fitas adesivas a fim de manter uma angulação de 90º
em relação ao examinador do corpo, evitando assim qualquer alteração na posição anatômica
do
coração. O posicionamento dos animais foi rigorosamente padronizado para diminuírmos a
variabilidade entre os registros, sobretudo para o cálculo dos vetores dios de
despolarização ventricular. Em seguida, agulhas hipodérmicas 30 x 1 conectadas aos quatr
o
eletrodos (derivações do plano frontal) foram colocadas nas patas dianteiras direita e esquerda
e na coxa esquerda, além da coxa direita que estava ligada ao fio terra (Figura 4A). As
derivações analisadas no plano frontal foram: DI, DII, DIII, aVR, aVL e aVF. O aparelho foi
31
calibrado para a velocidade de 50 mm/s e sensibilidade de 20 mm = 1 mV. Os parâmetros
analisados foram: presença de onda Q na derivação DI, orientação do vetor médio de
despolarização (âQRS) no plano frontal, e índice da amplitude do complexo QRS (soma do
complexo QRS nas derivações DI, DII e DIII).
3.5.2.2
A
NÁLISE ECOCARDIOGRÁF
ICA
Os exames foram realizados 48h após o procedimento cirúrgico (grupos 1, 2 e 3) para
confirmação da presença de infarto. Na etapa 3, além de ter sido analisada neste período, a
função cardíaca também foi avaliada três semanas após a terapia com células ou veículo. As
imagens ecocardiográficas foram obtidas em um equipamento comercialmente disponível
(Megas
-
Esaote) que permite a aquisição de imagens nos modos uni e bidimensional, com um
transdutor do tipo eletromecânico na faixa de 10 MHz.
Os animais foram anestesiados conforme já descrito no item 3.2.2, depilados na região
torácica, e em seguida, aplicado um gel no seu tórax, para diminuir o contato com o ar e
melhorar a qualidade das imagens obtidas (Figura 4B). Os animais foram colocados em
decúbito dorsal ou lateral esquerdo, para obtenção de imagens longitudinais e transversais por
um pesquisador que desconhecia o histórico do animal. Os parâmetros av
aliados
compreenderam: análise da geometria cardíaca e a função sistólica do ventrículo esquerdo
(VE), de acordo com o padrão da Sociedade Americana de Ecocardiografia (ASE) e conforme
descrito por Sahn e colaboradores (1978).
O exame foi realizado antes da cirurgia, 48h horas após o IAM, e três semanas após a
terapia celular ou após administração de veículo.
A geometria cardíaca foi analisada utilizando o modo unidimensional (Modo-M) para
avaliar os seguintes parâmetros: diâmetro da cavidade ventricular ao final da sístole (DSF) e
diâmetro da cavidade ventricular ao final da diástole (DDF), ambos em mm.
32
A função sistólica foi determinada pela da análise da fração de encurtamento (FEnc) e
da fração de ejeção (FE) do VE.
A fração de encurtamento foi ca
lculada pela diferença entre o diâmetro diastólico final
(DDF) e o diâmetro sistólico final (DSF), dividida pelo DDF e multiplicada por 100. Assim:
FEnc (%) = [(DDF
DSF) / DDF] x 100
Nos animais normais e falso-operados, a fração de ejeção, outro parâmetro de
avaliação da função sistólica, foi calculada elevando-se ao cubo os valores de DDF e DSF
(método cúbico), obtendo-se assim o volume diastólico final (VDF) e volume sistólico final
(VSF), conforme mostra a fórmula abaixo:
FE (%) = [(DDF)
3
(DSF)
3
/ (DDF)
3
] x 100
FE (%) = [VDF
VSF / VDF] x 100
Nos grupos de animais infartados, o coração encontrava-se muito dilatado, perdendo
sua forma cônica e invalidando o cálculo dos volumes pelo cubo dos diâmetros cavitários em
sístole e diástole. Para evitar tais erros, o ecocardiógrafo determinou automaticamente no
modo
-
M os volumes sistólico e diastólico já corrigidos pela fórmula de Teichholz:
V = [7,0 / 2,4 + D] x (D
3
)
Onde: V = volume ventricular final na diástole ou na sístole; e D = diâmetro diastólico ou
sistólico final ventricular (cm).
Nos animais submetidos à oclusão temporária da coronária, além de calcularmos as
frações de encurtamento e de ejeção pelo modo-M, a função sistólica foi calculada também
33
pelo método de Simpson. Este consiste na delimitação (com auxílio de um cursor) de toda a
cavidade ventricular em sístole e em diástole, o que proporciona a avaliação da função
sistólica global do coração (frações de ejeção e de encurtamento do VE). Desta forma,
minimizamos a possibilidade de realizarmos medidas equivocadas da função ventricular,
devido à super ou subestimação de segmentos específicos do VE.
Nos animais da etapa 3, a partir das imagens bidimensionais, também calculamos
outros dois parâmetros: a fração de encurtamento de área (FEA) e o percentual de acinesia do
ventrículo esquerdo (AVE), parâmetros estes também incluídos na avaliação global da câmara
ventricular esquerda.
O percentual da fração de encurtamento de área (FEA) foi calculado através das áreas
do ventrículo esquerdo
em sístole (AVES) e em diástole (AVED), conforme descrito a seguir:
% FEA = [(ADVE
-
ASVE) /ADVE] x 100
o percentual de acinesia do ventrículo esquerdo, que caracteriza a extensão do
infarto, foi calculado a partir dos perímetros de acinesia do VE (PAVE) e total do VE
(PTVE), medidos ao final da diástole, conforme descrito a seguir:
% AVE = [(PTVE
-
PAVE)/PTVE] x 100
34
Figura 4
Análise da função cardíaca dos ratos. A -
exame eletrocardiográfico . Note os eletrodos
fixados nas patas dianteiras e traseiras do animal (setas). B -
exame ecocardiográfico. Note o gel
condutor em contato com o transdutor e a pele do animal.
B
A
35
3.5.2.3
A
NÁLISE HEMODINÂMICA
3.5.2.3.1
CANULAÇÃO DA ARTÉRI
A CARÓTIDA COMUM
Os animais foram anestesiados conforme descrito anteriormente no item 3.2.2,
colocados em decúbito dorsal sob uma mesa cirúrgica, e suas patas traseiras e dianteiras
imobilizadas. Uma vez adquirido o plano anestésico ideal, fizemos uma incisão na pele do
animal na região inferior direita lateral a traquéia (Figura 5A). Com auxílio de duas pinças
curvas, divulsionamos os músculos próximos da artéria carótida, e isolamos a mesma (Figura
5B). O fluxo de sangue local foi obstruído, e com o auxílio de uma pinça oftálmica, fizemos
um pequeno corte no vaso, para a inserção da cânula de polietileno (PE 10
diâmetro interno
de 0,28 mm e externo
0,61 mm
Becton Dickson) dentro do vaso (Figura 5C). Para termos
certeza da eficácia da canulação do VE, a mesma era conectada ao transdutor de pressão
(MLT380/D, instrumentos/ADI) associado a um sistema de aquisição Power-
Lab400
(instrumentos/ADI), e o registro de pressão obtido deveria ser característico do VE. A outra
extremidade do cateter foi transpassada subcutaneamente entre as escápulas do animal,
permitindo que a mesma fosse exteriorizada no seu dorso (Figura 5D) para realização do
registro hemodinâmico. As análises da pressão intraventricular esquerda foram realizadas com
o animal anestesiado e acordado, considerando que o efeito do anestésico poderia interferir
nos registros hemodinâmicos do animal. Vinte quatro horas após a colocação da cânula
intraventricular, a extremidade exteriorizada foi acoplada ao transdutor de pressão
(MLT380/D, instrumentos/ADI) que se encontrava associado ao sistema de aquisição Power-
Lab400 (instrumentos/ADI). Após um período de adaptação de 30 minutos, iniciamos a
aquisição do registro da pressão intraventricular esquerda dos animais acordados. Os dados
hemodinâmicos foram calculados a partir da média de 10 batimentos cardíacos consec
utivos.
Os parâmetros avaliados foram: freqüência cardíaca (FC); pressão sistólica do ventrículo
esquerdo (PSVE); pressão diastólica final do ventrículo esquerdo (PDFVE); pressão
36
desenvolvida pelo ventrículo esquerdo (PVE), representada pela diferença entre PSVE e
PDFVE; a primeira derivada temporal positiva
máxima
da pressão ventricular representada
pela primeira derivada temporal positiva máxima de pressão ventricular (dP/dT+); e a
primeira derivada temporal negativa
máxima
da pressão ventricular
represe
ntado pela dP/dT
-
.
3.6
TESTE DE ESFORÇO
Três semanas após o procedimento cirúrgico, os animais foram submetidos ao estresse
físico em uma esteira de ratos completamente vedada (esteira Accupacer, Accuscan
Instruments, Inc Columbs, Ohio, USA), com incli
nação fixada em 10
graus.
O protocolo de exercício máximo utilizado foi uma adaptação do trabalho de
Henderson e colaboradores (2002). Em síntese, cada animal passou por um processo de
adaptação ao exercício que correspondia a um período de três dias, no qual o rato corria
durante 5 minutos a uma velocidade constante de 17 cm/s. No quarto dia, testamos a
capacidade máxima em exercício de cada rato. O início do teste foi realizado com uma
velocidade inicial de 17 cm/s e inclinação constante de 10º. A cada
dois minutos, a velocidade
da esteira foi aumentada em 2 cm. Os animais que paravam de correr se aproximavam da área
de choque, e estes estímulos elétricos os mantinham em exercício, até sua exaustão. O critério
utilizado para determinarmos que o animal atingiu a exaustão foi a sua permanência na área
de choque por mais de um minuto.
37
A
Figura 5
Processo de canulação da artéria carótida. A
Incisão na região onde se localiza a
artéria
carótida.
B - Isolamento da artéria carótida após dissecação. C -
Introdução do cateter no
interior da artéria carótida.
Note
que o sangue foi aspirado, comprovando que o cateter encontrava
-
se no
interior do vaso. D - Exteriorização da cânula no dorso do animal (seta) para possibilitar a real
ização da
análise hemodimâmica do animal acordado.
B
D
C
38
3.7
ESTUDO ANATOMO
-
HISTO
-
PATOLÓGICO
A análise morfológica foi realizada nos corações dos animais da etapa 3 e em alguns
animais do grupo OT (etapa 2) para investigarmos a presença de células coradas no tecido
cardíaco. No caso do grupo OT, os animais foram eutanasiados 24 horas após a administração
das células, e o material em seguida fatiado e emblocado em OCT (Tissue Tek
),
conforme
descrito adiante. Enquanto que nos animais da etapa 3, os animais foram sacrificados três
semanas após a terapia.
3.7.1
-
PREPARO DO MATERIAL
Nos animais da etapa 3, três semanas após a terapia celular, realizamos todas as
análises funcionais, e em seguida os animais foram sacrificados para retirada do coração. Os
corações foram imersos em uma solução de KCl 0,05 M, objetivando a parada cardíaca em
diástole, e em seguida preservados em paraformaldeido 4 % com concentrações crescentes de
sacarose (10 %, 20 % e 30 %). Este m
aterial foi seccionado
em três partes idênticas (cada uma
com cerca de 2 mm), que correspondem do ápice para base, às regiões
histológicas
denominadas:
A, B e C. Em seguida, foram emblocados em OCT (Tissue Tek ), congelados
em nitrogênio líquido, e mantidos a -
80
o
C até o seu uso. Posteriormente foram obtidas fatias
de 7
m
destes materiais
, para pesquisa das células marcadas.
3.7.1.2
IDENTIFICAÇÃO DAS C
ÉLULAS MARCADAS
Conforme descrito anteriormente, as lâminas foram preparadas com fatia de 7 m das
fatias A, B e C do coração dos animais da etapa 3 e em alguns animais do grupo OT (n = 6).
Em seguida, os cortes foram lavados três vezes com PBS 1x por 10 minutos, e as lâminas
montadas. Este material foi analisado por microscopia de fluorescência para avaliar a
presença de células marcadas com Hoechst no tecido cardíaco destes animais.
D
39
3.8
ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os dados foram expressos em média
erro padrão. A diferença entre os grupos foi
comparada através do teste de variância One-Way ANOVA com a correção de Bonferroni e
teste T pareado. O nível de confiança considerado foi de 95% (p < 0,05) e o programa
estatístico utilizado foi o GraphPad Prism 4.0
.
40
4.1
ETAPA
1:
COMPARAÇÃO DOS DIFERENTES MODELOS EXPERIMENTAIS DE
INDUÇÃO DO INFARTO D
O MIOCÁRDIO
Antes de realizarmos os experimentos de análise da distribuição das células,
procuramos validar a eficácia do procedimento cirúrgico de isquemia temporária. Para tal,
realizamos ECG e ECO 48 horas após a cirurgia, e comparamos com os exames de animais
nor
mais e submetidos à oclusão permanente (48 horas após o procedimento cirúrgico). Os
parâmetros avaliados no eletro e ecocardiograma foram listados respectivamente nas tabelas 1
e 2.
4.1.1
ANÁLISE ELETROCARDI
OGRÁFICA
Em relação ao ECG, podemos observar que a presença de onda Q em DI, uma
característica predominante nos animais infartados por oclusão permanente, não é regra nos
animais submetidos à isquemia por oclusão temporária. Nestes animais, observamos presença
de onda Q nesta derivação somente em 50% dos animais (cinco em dez). Por este motivo, os
dados eletro e ecocadiográficos do grupo OT apresentados respectivamente nas tabelas 1 e 2,
correspondem aos cinco animais que apresentaram onda Q em DI. nos animais normais, o
perfil eletrocardiográfico foi caracterizado pela ausência de onda Q na derivação DI. Desta
forma, a presença de onda Q em D1 foi parâmetro fundamental para considerar presença de
lesão isquêmica nos animais tanto do grupo OP quanto do OT. Com relação à orientação do
ângulo do vetor médio de despolarização ventricular (âQRS), observamos que nos animais
normais o âQRS encontrava-se entre 0 e 90º. Entretanto, nos animais submetidos às oclusões
permanente e temporária, o âQRS localizou-se entre 90º e 180º. Além disso, os valores do
âQRS de ambos os grupos foram significantemente maiores quando comparados aos dos
normais (p < 0,001) (Tabela 1). Não houve diferença significativa quanto ao índice de
amplitude do complexo QRS (iQRS) entre os três grupos analisados (normais, OP, OT),
41
suger
indo assim que 48 horas após a lesão isquêmica, não existe diferença significativa em
relação ao número de cargas despolarizantes.
4.1.2
ANÁLISE ECOCARDIOGR
ÁFICA
Em relação ao exame ecocardiográfico, podemos observar que o DSF nos animais
submetidos
à isquemia permanente foi significativamente maior em relação aos animais
normais (p < 0,001) (Tabela 2). Nos animais com isquemia temporária, o DSF foi semelhante
àquele observado nos normais. Já o DDF foi similar nos três grupos avaliados (Tabela 2). Em
relação às frações de ejeção e de encurtamento observamos que estes parâmetros foram
significantemente menores nos animais submetidos à isquemia por oclusão permanente
quando comparado com o grupo normal (p < 0,001) (Tabela 2). Entretanto, nos animais
sub
metidos à isquemia por oclusão temporária, tanto a FE quanto a FEnc foram similares
àquelas observadas no grupo normal, e significantemente superiores em relação ao grupo OP
(p < 0,001). A fração de ejeção calculada pelo modo-M foi similar àquela calculada pelo
método de Simpson (tabela 1), logo, obtivemos resultados compatíveis independente do
método de avaliação aplicado.
42
PARÂMETROS
NORMAIS
(n = 10)
ISQUEMIA PERMANENTE
(48h após indução cirúrgica)
(n = 10)
ISQUEMIA TEMPORÁRIA
(48h após i
ndução cirúrgica)
(n = 10)
ONDA Q EM D
1
0/10
10/10
05/10
ÍNDICE QRS
(
mv
)
1,39
0,09
0,97
0,11
1,34
0,44
ÂQRS
60,37 ± 2,97
154,14
5,47*
126,16 13,33*
PARÂMETROS
NORMAIS
(n = 10)
OP
(48h após indução cirúrgi
ca)
(n = 10)
OT
(48h após indução cirúrgica)
(n = 5)
DDF
(
mm)
6,44
0,12
6,06 ± 0,37
5,80
0,33
DSF
(
mm)
3,24
0,22
4,61 ± 0,27*
3,18
0,51
F
ENC
(%)
49,40
3,01
24,00 ± 2,59
#
46,20
6,26
FE
(%)
84,90
2,16
52,00 ± 4,68
#
80,20
6,22
FE SIMPS
ON
(%)
87,25
0,90
NR
77,25
5,60
FC
(
BPM
)
220
10
NR
237
23
T
ABELA
1
P
ARÂMETROS ELETROCARDIOGRÁFICOS DE ANIMAI
S:
NORMAIS
,
SUBMETIDOS À
ISQUEMIA POR O
CLUSÃO PERMANENTE
(
OP
)
OU POR OCLUSÃO TEMP
ORÁRIA
(
OT
)
DA ARTÉRIA
CORONÁRIA ESQUERDA
.
média
erro
padrão
* p
<
0,0
01
em relação ao
s
normais;
T
ABELA
2
P
ARÂMETROS E
COCARDIOGRÁFICOS DE
ANIMAIS
:
NORMAIS
,
SUBMETIDOS À
ISQUEMIA POR OCLUSÃO
PERMANENTE
(
OP
)
OU POR OCLUSÃO TEMP
ORÁRIA
(
OT
)
DA ARTÉRIA
CORONÁRIA ESQUERDA
.
ISQUEMIA POR OCLUSÃO
PERMANENTE
(
OP
)
DA ARTÉRIA CORONÁRI
A DESCENDENTE ANTERI
OR
ESQUERDA E ISQUEMIA
POR OC
LUSÃO TEMPORÁRIA
(
OT
)
DE
90
MINUTOS
.
média
erro
padrão
DDF
diâmetro diastólico final
do VE
DSF
-
diâmetro sistólico final
do VE;
FE
NC
-
fração de encurtamento
do VE
FE
-
fração de ejeção
do VE;
FC
freqüência cardíaca; NR não realizado;
# p
< 0,001 em relação aos
animais normais;
p
< 0,001 em relação ao
grupo
OP
*
p < 0,01 em relação
aos
animais normais
.
p
< 0,01 em relação ao
grupo
OP
43
4.2
PESQUISA DAS CÉLULAS MARCADAS COM HOECHST APÓS ADMINISTRAÇÃ
O
INTRAVENOSA DE CMMO
NOS ANIMAIS DO GRUPO
OT
Os animais submetidos à isquemia temporária de 90 minutos, receberam inje
ção
intravenosa de CMMO (marcadas com o corante nuclear Hoechst) 48 horas após o
procedimento cirúrgico. Vinte quatro horas após a administração das células, os animais
foram eutanasiados (n = 5), seus corações retirados, emblocados em OCT e congelados par
a
posteriormente verificarmos se as células seriam capazes de migrar para o tecido cardíaco
submetido à isquemia temporária. A análise deste material demonstrou presença de poucas
células marcadas com Hoechst, distribuídas isoladamente no tecido cardíaco destes animais
(Figura 6).
44
Figura 6
Fotos representativas das imagens de fluorescência (A) e campo claro (B) do tecido
cardíaco do VE de animais submetidos à isquemia temporária, sacrificados 24 horas após o
tratamento intravenoso com CMMO marcadas com o corante nuclear Hoechst. Note a
presença isolada de célula no tecido (seta). Imagem original aumentada 20x.
A
B
45
4.3
ETAPA
2:
ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO DAS CÉLULAS MONONUCLEARES DE
MEDULA ÓSSEA NO ORGA
NISMO
4.3.1
MARCAÇÃO D
AS CÉLULAS
Em todos os experimentos de distribuição, avaliamos a eficiência de marcação das
células com tecnécio, antes das mesmas serem administradas nos animais. Este parâmetro nos
forneceu o percentual de células marcadas com tecnécio que foram infundidas nos animais. A
eficiência média de marcação dos nossos experimentos foi de aproximadamente 85%,
demonstrando que grande parte das células incorporou o radioisótopo. Para confirmarmos que
o material radioativo não estava sendo excretado com o decorrer do tempo, analisamos a
quantidade de radioatividade presente tanto no precipitado quanto no sobrenadante das
células, nos seguintes períodos: uma, três, e 24 horas após a marcação (Figura 7). Verificamos
que a quantidade de radioatividade presente no sobren
adante não aumentou com o decorrer do
tempo, indicando que o material manteve-se incorporado na célula. Além disso, analisamos a
viabilidade das células, antes e após a marcação com tecnécio. Observamos que o
radioisótopo não influenciou a viabilidade das
células, que se manteve em torno de 95%.
46
Figura 7
Curva representativa da estabilidade da marcação com
99m
Tc em amostras de
células que foram mantidas na estufa durante uma, três e 24 horas após a marcação com o
radioisótopo. Após centrifugação, a análise do sobrenadante das células demonstrou que o
radioisótopo manteve-se incorporado na célula, uma vez que não houve aumento da sua
quantidade com o decorrer do tempo.
Curva de estabilidade da
marcação com Tc
99m
0h
1h
3h
24h
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
pellet
sobrenadante
dose de Tc
99m
(micro Curie)
47
4.3.2
IMAGENS CINTILOGRÁFICAS E CONTAGEM DA R
ADIOATIVIDADE
PRESENTE NOS
ÓRGÃOS ISOLADOS
4.3.2.1
CONTROLES EXPERIMEN
TAIS
Antes de determinarmos a distribuição das células no organismo, investigamos a
topografia exata do coração de ratos normais e submetidos à oclusão permanente da artéria
coronária. Para tal análise, injetamos por via intravenosa tetrofosmin (Myoview
TM
, Amershan
Health AS, Oslo, Noruega) marcado com
99m
Tc, e em seguida realizamos imagens
cintilográficas de corpo inteiro bem como nas incidências: anterior, lateral e oblíqua
(Figura
8)
. As imagens cintilográficas de corpo inteiro tanto dos animais normais (Figura 8A) quanto
do grupo OP (Figura 8B), demonstraram captação no coração. A figura 8A, demonstra a
distribuição do tetrofosmin em um animal normal, 30 minutos após a administração do
radiofármaco. Além do co
ração, observamos captação do material nas regiões do fígado assim
como rins e bexiga, que são respectivamente órgãos de metabolização e excreção do
tetrofosmin. Na figura 8B, observamos captação nos órgãos de excreção do material
(intestino, rins e bexiga), além do coração. Este perfil, de ausência de marcação no fígado e
presença de marcação no intestino, ocorreu pelo fato da imagem cintilográfica ter sido
realizada mais de 30 minutos após a administração do material. Desta forma, o material
havia sido totalmente metabolizado no fígado e estava no intestino para ser excretado. Para
obtermos maiores detalhes sobre a perfusão cardíaca, realizamos imagens nas incidências
anterior (8C, 8F), oblíqua (8D, 8G) e lateral (8E, 8H). A Figura 8C representa a im
agem
anterior do coração de um animal normal, e demonstra uma perfeita perfusão cardíaca. Note
que o coração apresenta uma forma esférica, indicando que o tetrofosmin foi captado de
forma homogênea em ambos os átrios e ventrículos. O mesmo perfil foi obser
vado nas figuras
8D e 8E, que representam respectivamente as imagens oblíqua e lateral do coração do animal
normal. A Figura 8F, representa a imagem anterior do coração de um animal com infarto do
48
miocárdio (48h após a oclusão permanente da artéria coronária esquerda). Note que neste
caso, o coração não apresenta forma tão esférica, pois na região antero-lateral do VE (seta)
não houve captação do material, indicando que a perfusão nesta região encontrava-
se
prejudicada. Este perfil também foi observado nas imagens obliqua e lateral do coração,
representadas respectivamente nas figuras 8G e 8H.
Um outro controle experimental foi a realização de contagem dos órgãos isolados após
a injeção intravenosa de
99m
Tc livre em animais normais, ou seja, na ausência de células. A
análise dos órgãos isolados demonstrou que os órgãos com maior percentual dose-
órgão
foram: rins (0,434 ± 0,039%); estômago (0,296 ± 0,129), fígado (0,280 ± 0,061) e intestino
(0,132 ± 0,042) (Figura 9A). Estes órgãos estão envolvidos com a metabolização e excreção
do
99m
Tecnécio. A análise do percentual grama-tecido demonstrou predomínio no estômago
(
0,108
± 0,044) e nos rins (
0,307
±
0,064)
(Figura 9B), confirmando que o tecnécio livre é
bastante captado pelo estômago.
49
Figura 8
Imagem cintilográfica de um rato normal (A) e um infartado (B) após a
administração intravenosa de
tetrofosmin
. As imagens cintilográficas de corpo inteiro (A, B)
revelaram captação de radioatividade no coração, assim como nas regiões do fígado, rins,
intestino e bexiga. Nas imagens das incidências anterior (C, F), oblíqua (D, G) e lateral (E,
H), pudemos observar que o coração do rato normal (C, D, E)
apresenta uma forma esférica
, o
que caracteriza uma perfeita perfusão cardíaca; enquanto que o coração do animal infartado
(F, G, H), apresenta prejuízo na sua perfusão (seta).
B
CORAÇÃO
INTESTINO
BEXIGA
RINS
CORAÇÃO
FÍGADO E
RINS
BEXIGA
A
D
E
G
H
ANTERIOR
OBLÍQUA
LATERAL
C
F
50
N +
99m
Tc (n = 6)
COR
PUL
FÍG
BAÇO
RINS
EST
INT MO
0.00
0.25
0.50
0.75
1.00
% DOSERGÃO
A
N +
99m
Tc (n = 6)
COR
PUL
FÍG
BAÇO
RINS
EST
INT MO
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
% GRAMA-TECIDO
B
Figura 9
Os gráficos representam o percentual dose-órgão (A) e grama-
tecido (B) nos
seguintes órgãos: coração (COR), pulmões (PUL), fígado (FI
G), baço, rins, estômago
(EST) e medula óssea (MO), 20 horas após a infusão intravenosa de
99m
Tc livre em ratos
normais (n = 6). Note que além do estômago temos grande quantidade de tecnécio livre
nos rins dos animais, sugerindo que este material está send
o excretado.
51
4.3.2.2
GRUPOS EXPERIMENTAI
S
A análise da distribuição das células propriamente dita, consistiu na comparação dos
resultados obtidos pela injeção de CMMO marcadas com
99m
Tc através das vias
intramiocárdica e intravenosa, tanto nos animais normais (N) quanto nos submetidos à
isquemia por oclusão permanente. No grupo oclusão temporária, analisamos a distribuição das
células somente após o tratamento intravenoso. As tabelas 3 e 4 mostram respectivamente os
percentuais dose-órgão e grama-tecido em todos os grupos experimentais tratados com
CMMO.
Em todos os grupos analisados, as cintilografias de 24 horas apresentaram padrões
similares àqueles observados nas imagens correspondentes de uma e três horas (dados não
mostrados). Como o radioisótopo tem meia vida curta, a qualidade da imagem de 24 horas
ficou prejudicada em relação às demais. Desta forma, optamos por não apresentar este
material.
52
Tabel
a 3
Percentual dose
-
órgão dos animais após administração de células mononucleares de medula óssea marcadas com
99m
Tc.
ÓRGÃOS
N im (n = 10)
OP im (n = 10)
N iv (n = 10)
OP iv (n = 10)
OT iv (n = 6)
CORAÇÃO
1,200 ± 0,270 %
2,020 ± 0,469%*
0,012
± 0,003 %
0,038 ± 0,016 %
0,026 ± 0,005 %
PULMÕES
0,098 ± 0,019 %
0,080 ± 0,017 %
0,099 ± 0,027 %
0,087 ± 0,028 %
0,174 ± 0,024 %
FÍGADO
3,033 ± 0,512 %
1,392 ± 0,334 %
4,495 ± 1,102 %
3,150 ± 0,689 %
7,738 ± 0,738%
#
BAÇO
0,195 ± 0,039 %
0,
084 ± 0,020 %
*
0,489 ± 0,162 %
0,177 ± 0,030 %
0,318 ± 0,046 %
RINS
1,743 ± 0,339 %*
1,156 ± 0,314 %*
4,736 ± 0,964 %
2,279 ± 0,429 %
*
2,843 ± 0,529 %
ESTÔMAGO
0,025 ± 0,006 %
0,072 ± 0,019 %
0,050 ± 0,014%
0,074 ± 0,027%
0,159 ± 0,044 %
* #
MEDULA
ÓSSEA
0,015 ± 0,003 %
0,009 ± 0,002 %
0,022 ± 0,006%
0,013 ± 0,004 %
NR
média
erro padrão; N
ratos normais; OP
ratos submetidos à isquemia por oclusão permanente; OT-
ratos submetidos à isquemia
por oclu
são temporária; i.m.
via intramiocárdica; i.v.
via intravenosa; NR
não realizado;
*
significativo em relação ao N iv;
significativo em relação ao N im; #
significativo em relação ao OP im;
significativo em relação ao
OP iv.
significativo em relação ao OT;
53
Tabela 4
Percentual grama
-
tecido dos animais após administração de células mononucleares de medula óssea marcadas com
99m
Tc.
ÓRGÃOS
N im (n = 10)
OP im (n = 10)
N iv (n
= 10)
OP iv (n = 10)
OT (n = 6)
CORAÇÃO
1,190 ± 0,255 %
2,516 ± 0,394 %
*
0,012 ± 0,002 %
0,047 ± 0,022 %
0,028± 0,005 %
PULMÕES
0,068 ± 0,013 %
0,088
0,022 %
0,070
0,019 %
0,065
0,020 %
0,100
0,017 %
FÍGADO
0,334
0,053 %
0,25
4
0,058 %
0,546
0,152 %
0,530
0,188 %
1,099
0,167 %
#
BAÇO
0,296
0,058 %*
0,208
0,043 %
*
1,193
0,397 %
0,423
0,110 %
0,583
0,060 %
RINS
0,882
0,216 % *
1,200
0,311 %*
2,660
0,372 %
1,873
0,417 %
1,825
0,383 %
ESTÔMAGO
0,014
0,003 %
0,045
0,009 %
0,033
0,011 %
0,071
0,034 %
0,069
0,015 %
MEDULA
ÓSSEA
0,033
0,006
0,023
0,005 %
0,065
0,021 %
NR
NR
média
erro padrão; N
ratos normais; OP
ratos submetidos à isquemia por oclusão permanente; OT-
ratos submetidos à isquemia
por oclusão temporária; i.m. via intramiocárdica; i.v.
via intravenosa; NR
não realizado;
*
significativo em relação ao N iv;
significativo em relação ao N im; #
signi
ficativo em relação ao OP im;
significativo em relação ao
OP iv.
significativo em relação ao OT;
54
4.3.2.2.1
ANIMAIS NORMAIS
4.3.2.2.1.1
ADMINISTRAÇÃO INTRA
MIOCÁRDICA DE CMMO
A Figura 10 representa imagens cintilográficas de ratos normais realizadas uma (A,
B) e três horas (G - J) após a injeção intramiocárdica (Nim) de 4 x 10
6
células. As figuras
10A e 10B representam respectivamente imagens cintilográficas de corpo inteiro e de
incidência anterior uma hora após a injeção intramiocárdica de CMMO. Observe que a
captação do radioisótopo manteve-se restrita à região do coração. No entanto, as imagens
cintilográficas do rato 2, três horas (Figuras 10 G - J) após a administração intramiocárdica
de CMMO, demonstraram além da captação cardíaca, presença de marcação no fígado e
nos rins. Este perfil foi mantido até 24 horas após a administração das células (Tabelas 3 e
4).
4.3.2.2.1.2
ADMINISTRAÇÃO INTRA
VENOSA DE CMMO
Em relação à injeção intravenosa de CMMO marcadas com
99m
Tc, as imagens
cintilográficas de animais normais (Niv), demonstraram que tal população celular
encontrava
-se distribuída preferencialmente no fígado e rins (Figura 11A e 11B). A análise
dos percentuais dose-órgão e grama-tecido corrobora o que observamos na imagem
cintilográfica, demonstrando maior captação hepática e renal (Figura 11C e 11D).
55
Figura 10
Imagens cintilográficas de ratos normais que receberam injeção
intramiocárdica de CMMO marcadas com Tecnécio. Note que na imagem de uma hora
após a injeção (rato 1), temos captação majoritariamente no coração (A,B). nas imagens
de 2 horas (C-F) e 3 horas (G-J) após a injeção (rato 2), além do coração, observamos
também captação no fígado e rins (setas).
56
COR
PUL
FIG
BAÇO
RINS
EST
INT
MO
0.0
0.5
1.0
2
4
6
8
10
Niv (n = 10)
% DOSE-ÓRGÃO
A
B
Fígado
Fígado
Rins
Rins
Bexiga
Bexiga
Figura 11
Imagem cintilográfica e contagem
dos órgãos isolados de animais normais tratados com
injeção intravenosa (N iv) de CMMO marcadas com
99m
Tc
(n =
10)
. As imagens cintilográficas de uma
hora (A) e três horas (B) após a injeção das células revelaram captação no gado, rins, e bexiga. Estes
dados corroboram a análise dos percentuais dose-órgão (C) e grama-
tecido (D), 20 horas após a injeção
das células. O percentual de células presente no coração foi inferior a 0,5%.
G - J
COR
PUL
FIG
BAÇO
RINS
EST
MO
0.0
0.5
1.0
1
2
3
4
Niv (n = 10)
% GRAMA-TECIDO
57
4.3.2.2.1.3
COMPARAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO DAS CMMO NO
ORGANISMO
APÓS ADMINISTRAÇÃO I
NTRAVENOSA E INTRAMI
OCÁRDICA
A Figura 12 compara as duas vias de administração (intramiocárdica e intravenosa)
nos grupos normais (N im e Niv). Estes dados demonstraram que quando as células são
administradas diretamente no miocárdio, um percentual significativamente maior está
presente no coração em relação àqueles animais que receberam as células perifericamente
(p < 0,001).
58
N im
N iv
0.0
0.1
0.2
* p< 0,001 em relação ao N im
*
0.5
1.0
1.5
2.0
% dose-órgão
A
Figura 12
Comparação dos percentuais dose-órgão (A) e grama-tecido (B) dos corações de animais
normais tratados com injeção intramiocárdica ou intravenosa de CMMO. Note que o coração dos animais
que receberam as células por via intravenosa contém uma quantidade de células significantemente inferior
em relação aos tratados por via intramiocárdica (p < 0,001).
N im
N iv
0.0
0.1
0.2
*
0.5
1.0
1.5
2.0
* p < 0,001 em relação ao N im
% grama-tecido
B
59
4.3.2.2.2
ANIMAIS SUBMETIDOS
À OCLUSÃO PERMANENTE
4.3.2.2.2.1
ADMINISTRAÇÃO INTRA
MIOCÁRDICA DE CMMO
As imagens cintilográficas obtidas uma e três horas após a administração
intramiocárdica de CMMO (Figura 13A e 13B), demonstraram captação
predominantemente cardíaca. A contagem da radioatividade presente nos órgãos isolados
evidenciou a manutenção deste perfil até 24 horas após a administração das células
(Tabelas
3 e 4).
4.3.2.2.2.2
ADMINISTRAÇÃO INTRA
VENOSA DE CMMO
A imagem cintilográfica dos animais submetidos à oclusão permanente da artéria
coronária (OP iv) (Figuras 14A e 14B) assim como os percentuais dose-órgão (Figura 14C)
e grama tecido (Figura 14D) demonstraram que as CMMO injetadas na circulação
encontram
-se distribuídas preferencialmente no fígado e nos rins, enquanto que menos de
0,5% são encontradas no coração. Os percentuais dose-órgão e grama-tecido referentes ao
coração de animais normais e submetidos à isquemia permanente tratados com injeção
intravenosa de CMMO foram similares (Figura 15).
4.3.2.2.3
COMPARAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO DAS CMMO NO ORGANISMO A
PÓS
ADMINISTRAÇÃO INTRAV
ENOSA E INTRAMIOCÁRD
ICA
A Figura 16 compara as duas vias de administração (intramiocárdica e intravenosa)
nos grupos submetidos à oclusão permanente (OP im e OPiv). Quando as células são
admi
nistradas diretamente no miocárdio, um percentual significativamente maior está
60
presente no coração em relação àqueles animais que receberam as células perifericamente
(p < 0,001).
61
Figura 13
Imagem cintilográfica e contagem dos órgãos isolados de animais submetidos
à isquemia permanente. As figuras A e
B representam respectivamente, imagens de uma
(A) e três (B) horas após os tratamentos: intravenoso (esquerda) e intramiocárdico
(direita) com CMMO marcadas com
99m
Tc. Note que após a injeção intramiocárdica (im)
as células ficaram retidas no coração, enq
uanto que após o tratamento intravenoso (iv), as
mesmas se distribuem pelo fígado e rins, não se observando marcação na região cardíaca.
* Indica marcação no sítio de injeção.
A
B
FÍGADO
RINS
BEXIGA
CORAÇÃO
*
FÍGADO
BEXIGA
CORAÇÃO
*
iv
im
62
Figura 14
Imagem cintilográfica e contagem dos órgãos isolados de animais
submetidos à oclusão permanente tratados com injeção intravenosa (
OP iv) de CMMO
marcadas com
99m
Tc. As imagens cintilográficas de uma hora (A) e três horas (B) após a
injeção das células revelaram captação no fígado, rins, e bexiga. Estes dados
corroboram com a análise dos percentuais dose-órgão (C) e grama-tecido (D),
24 horas
após a injeção das células. Podemos observar que tanto fígado como rins, retém cerca
de 4% da população de células injetadas, enquanto que o coração, não retém nem 0,5 %.
* Indica que houve uma pequena marcação no sítio de injeção.
COR
PUL
FÍG
BAÇO
RINS
EST
MO
0.0
0.5
1.0
OP iv (n = 10)
2
4
6
% DOSE-ÓRGÃO
C
COR
PUL
FÍG
BAÇO
RINS
EST
0.0
0.5
1.0
OP iv (n = 10)
1
3
5
% GRAMA-TECIDO
D
A
B
*
*
rins
bex
iga
fígado
63
Figura 15
Comparação da quantidade de CMMO marcadas com Tc
99m
no coração
de
animais normais e submetidos à oclusão permanente tratados com injeção intravenosa.
A análise dos percentuais dose-órgão (C) e grama-
tecido (D), 20 horas após a injeção
das células, demonstrou que não houve diferença significativa em entre os grupos
an
alisados.
N iv
OP iv
0.00
0.05
0.10
0.15
0.20
(n = 10)
(n =10)
% dose-órgão
A
N iv
OP iv
0.00
0.05
0.10
0.15
0.20
(n = 10)
(n = 10)
% grama-tecido
B
64
Figura 16 - Comparação da quantidade de CMMO marcadas com
99m
Tc
no coração de
animais submetidos à oclusão permanente tratados com injeção intramiocárdica ou
intravenosa de células. Os percentuais dose-órgão (A) e grama-tecido (B) demonstraram
uma quantidade de células significantemente superior no coração dos animais tratados por
via intramiocárdica em relação àqueles tratados por via intravenosa (p < 0,001).
OP im
OP iv
0.00
0.25
0.50
*
1
2
3
* p < 0,001 em relação ao OP im
% grama-tecido
B
OP im
OP iv
0.00
0.25
0.50
1
2
3
* p< 0,001 em relação ao OP im
*
% dose-órgão
A
65
4.3.2.2.3
ANIMAIS SUBMETIDOS
À OCLUSÃO TEMPORÁRIA
O padrão de distribuição das CMMO nos animais submetidos à oclusão temporá
ria
(OT) tratados por via intravenosa também demonstrou maior captação hepática e renal
(Figura 17). Este perfil, de baixa captação cardíaca e grandes captações no fígado e nos
rins, foi similar aquele observado nos animais submetidos à oclusão permanente (Tabelas 3
e 4). Isto sugere que o nosso modelo de oclusão permanente não interfere no padrão de
distribuição das CMMO.
4.3.2.2.4
COMPARAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO NO ORGANISMO DAS CMMO EM
ANIMAIS NORMAIS E SUBMETIDOS À ISQUEMIA APÓS ADMINISTRAÇÃO
INTRAVENOSA
E INTRAMIOCÁRDICA
Considerando a análise do percentual dose-órgão dos animais submetidos à
isquemia permanente tratados com injeção intramiocárdica (OP im), não observamos
diferença significativa em relação ao grupo normal (Figura 18A). o percentual g
rama
-
tecido, revelou no coração dos animais com isquemia permanente, uma quantidade de
células significantemente superior em relação aos animais normais (p <0,05) (Figura 18B).
Em relação à administração intravenosa, observamos que o percentual de células
presente no coração dos animais dos três grupos (normais, OP e OT) foi similar (Figura
19).
66
COR
PUL
FÍG
BAÇO
RINS
EST
0
1
2
3
4
6
8
10
12
OT (n=6)
% DOSE-ÓRGÃO
COR
PUL
FÍG
BAÇO
RINS
EST
INT
0
1
OT (n=6)
1
3
5
% grama-tecido
Figura 17
Contagem dos órgãos isolados de animais submetidos à oclusão temporária
(OT) tratados com injeção intravenosa de CMMO marcadas com
99m
Tc 48 horas após o
procedimento cirúrgico. A análise dos percentuais dose-órgão (A) e grama-tecido (B)
demonstrou que a maior parte das células se encontra distribuída no fígado e nos rins,
enquanto que o coração retém menos de 0,5 %.
A
B
67
N im
OP im
0
1
2
3
4
5
(n =10)
(n = 10)
% dose-órgão
N im
OP im
0
1
2
3
*
(n = 10)
(n = 10)
* p < 0,05 em relação ao N im
% grama-tecido
A
B
Figura 18
Comparação da quantidade de CMMO marcadas com
99m
Tc
no coração de
animais normais e submetidos à oclusão permanente tratados com injeção
intramiocárdica. A análise do percentual dose-órgão (A) demonstrou que o houve
diferença significativa entre os grupos analisados. Entretanto, a análise do percentual
grama
-tecido (B), revelou nos animais com isquemia permanente uma quantidade de
células significantemente superior em relação aos animais normais (p < 0,001).
68
Figura 19
Comparação da quantidade de CMMO marcadas com
99m
Tc
no coração de
animais normais e submetidos às oclusões permanente (OP) e temporária (OT) da artéria
coronária tratados com injeção intravenosa (iv). A análise dos percentuais dose-órgão (A) e
grama
-tecido (B) demonstrou que não houve diferença significativa entre os grupos
analisados; e conseqüentemente a oclusão permanente da artéria coronária não prejudicou a
distribuição das células para o tecido cardíaco após administração intravenosa.
Fígado
Fígado
Rins
Bexiga
Bexiga
N iv
OP iv
OT iv
0.0
0.1
0.2
0.3
n = 10
n = 6
n = 10
% grama-tecido
N iv
OP iv
OT iv
0.0
0.1
0.2
0.3
n = 10
n = 6n = 10
% dose-tecido
A
B
69
4.4
ETAPA
3:
ACOMPANHAMENTO DA FUNÇÃO CARDÍACA DE AN
IMAIS
NORMAIS E SUBMETIDOS À ISQUEMIA PERMANENTE TRATADOS COM CMMO
OU VEÍCULO
Em relação aos animais submetidos à isquemia por oclusão permanente que
receberam injeções intramiocárdica ou intravenosa de veículo, não houve diferença
significativa em nenhuma das avaliações funcionais realizadas. Portanto, os dez animais
foram agrupados em um único grupo, descrito como OP.
Os animais submetidos à oclusão permanente foram tratados com injeção
intramiocárdica (OP im) (n = 9) e intravenosa (OP iv) (n = 10) de CMMO. Os animais
foram avaliados antes do tratamento (48 horas após o procedimento cirúrgico) e três
semanas após a terapia celular por meio de ECG e ECO. a análise hemodinâmica e o
teste de esforço foram realizados somente três semanas após o tratamento.
4.4.1
ANÁLISE ELETROCARDI
OGRÁFICA
A tabela 5 sumariza o perfil eletrocardiográfico dos animais normais e submetidos à
isquemia permanente, três semanas após a o tratamento com veículo, ou com CMMO por
via intravenosa ou intramiocárdica. O ECG dos animais normais é caracterizado
principalmente
pela ausência de onda Q na derivação DI e âQRS localizado entre e 90º.
Não houve eventos de arritmia em nenhum dos animais avaliados.
O padrão eletrocardiográfico dos ratos submetidos à isquemia permanente, antes e
três semanas após o tratamento com veículo está sumarizado na tabela 6. Antes do
tratamento com veículo, ou seja, 48 horas após a isquemia permanente, todos os animais
apresentaram onda Q em DI e houve desvio do ângulo do vetor médio de despolarização
ventricular para direita (âQRS localizado
entre 90º e 180º). Este mesmo perfil foi observado
70
três semanas após a terapia com veículo, que por sua vez, foi bastante diferente do perfil
eletrocardiográfico normal. Três semanas após a isquemia por oclusão permanente, o âQRS
foi significativamente maior em relação ao grupo normal (p < 0,001) e o iQRS foi similar
entre estes grupos (Tabela 5). Em relação ao iQRS, não houve diferença significativa antes
e três semanas após a administração de veículo (Tabela 6).
O índice QRS dos animais tratados com injeção intramiocárdica, três semanas após
o tratamento com CMMO, foi significantemente menor em relação aos normais (p < 0,01).
O âQRS destes animais foi significantemente maior do que aquele observado no grupo
normal (p < 0,001) (Tabela 5), evidenciando um perfil eletrocardiográfico típico de animal
infartado. Além disso, o âQRS do grupo OPim foi similar ao grupo submetido à isquemia
permanente tratado com veículo (Tabela 5). Quando comparamos o ECG destes animais
antes e três semanas após o tratamento intramiocárdico com CMMO observamos que após
a terapia, o âQRS e o índice QRS foram significativamente menores do que antes da terapia
(p < 0,01 e p < 0,05, respectivamente) (Tabela 7). Este perfil foi significantemente diferente
daquele observado nos animais normais (Tabela 5). Estes dados indicam que a terapia
intramiocárdica com CMMO não impediu a progressão do quadro de infarto, uma vez que
houve a uma maior perda de cardiomiócitos (evidenciada pela diminuição do índice QRS).
Três semanas após o tratamento intravenoso com CMMO, o perfil
eletrocardiográfico dos animais submetidos à isquemia permanente foi pico de um animal
infartado. O âQRS manteve-se desviado para direita. A amplitude do índice QRS foi
significantemente menor do que do grupo normal (p < 0,01), e similar ao do grupo OP
(Tabela 5), indicando que houve perda de cardiomiócitos. O ECG destes animais antes e
três semanas após o tratamento intravenoso com CMMO demonstrou similaridade quanto
ao âQRS, e redução significativa no iQRS três semanas após o tratamento intravenoso com
71
CMMO (p < 0,05) (Tabela 8). Estes dados demonstram que a terapia intravenosa com
CMMO não foi capaz de melhorar o perfil elétrico do coração destes animais.
72
Tabela 5
Análise eletrocardiográfica dos animais normais e submetidos à isquemia
permanente, três semanas após o tratamento com veículo (OP) ou CMMO por via
intravenosa (OP iv) e intramiocárdica (OP im).
média ± erro padrão
# p < 0,0
01 em relação aos normais; * p < 0,01 em relação aos normais;
Tabela 6
Análise eletrocardiográfica dos animais submetidos à isquemia permanente,
antes e três semanas após administração de veículo (OP).
média ± erro padrão;
PARÂMETROS
NORMAIS
(n = 10)
OP
(3 semanas)
(n = 10)
OP
iv
(3 semanas)
(n = 10)
OP
im
(3 semanas)
(n = 9)
Onda Q em DI
0/10
10/10
10/10
9/9
Índice (mv)
1,39 ± 0,09
1,07
± 0,12
0,81
± 0,11*
0,72
± 0,06*
âQRS (graus)
60,37 ± 2,97
151,00
± 9,93
#
146,80 ± 8,66
#
129,89
± 8,97
#
PARÂMETROS
OP
(48 horas)
(n = 10)
OP
(3 sem
anas)
(n = 10)
Onda Q em DI
10/10
10/10
Índice (mv)
0,97 ± 0,11
1,07
± 0,12
âQRS (graus)
154,14
± 5,47
151,0
± 9,93
73
Tabela 7
Análise eletrocardiográfica dos animais submetidos à isquemia permanente,
antes (48 horas) e três semanas após o tratamento com CMMO administrada por via
intramiocárdica (OP im).
média
± erro
padrão;
# p < 0,05 ; * p < 0,01
;
Tabela 8
Análise eletrocardiográfica dos animais submetidos à isquemia permanente,
antes e três semanas após o tratamento com CMMO administrada por via intravenosa (OP
iv).
média
± erro padrão
# p < 0,05
PARÂMETROS
OP
im
(antes do tratamento)
(n = 7)
OP
im
(3 semanas após tratamento)
(n = 7)
Onda Q
em DI
7/7
7/7
Índice (mv)
1,05 ± 0,11
0,72
± 0,06
#
âQRS (graus)
157,70
± 2,36
129,89
± 8,97*
PARÂMETROS
OP
iv
(antes do tratamento)
(n = 10)
OP
iv
(3 semanas após tratamento)
(n = 10)
Onda Q em DI
10/1
0
10/10
Índice (mv)
1,03 ± 0,07
0,81
± 0,11
#
âQRS (graus)
149,90
± 3,71
146,80
± 8,66
74
4.4.2
ANÁLISE ECOCARDIOGR
ÁFICA
Os parâmetros ecocardiográficos médios dos animais normais e submetidos à
isquemia permanente, três semanas após a o tratamento com veículo, ou com CMMO por
via intravenosa ou intramiocárdica estão sumarizados na tabela 9. Nos grupos OP, OPim e
OPiv, a avaliação ecocardiográfica foi realizada 48 horas depois do procedimento de
isquemia permanente e depois de três semanas.
Nos animais normais, a função sistólica, representada pela Fenc (capacidade de
encurtamento do coração durante a sístole), foi em torno de 50 %, o que caracteriza
contração cardíaca normal. Da mesma forma, a geometria cardíaca representada pelos DSF
e DDF, não apresentou nenhuma anormalidade (Tabela 9).
nos animais submetidos à isquemia permanente, as frações de ejeção e de
encurtamento foram significantemente menores do que do grupo normal (p < 0,001)
(Tabela
9). Em relação à geometria ventricular, três semanas após a isquemia permanente, a
dilatação da cavidade ventricular tanto durante a sístole (DSF) quanto durante a diástole
(DDF) foi significantemente maior comparada com o grupo normal (p < 0,001 e p < 0,
01,
respectivamente) (Tabela 9). Três semanas após o procedimento cirúrgico, o átrio esquerdo
dos animais submetidos à isquemia por oclusão permanente encontrou-se significantemente
mais dilatado em relação aos normais (p < 0,001), demonstrando grande com
prometimento
da função cardíaca. De acordo com os dados do percentual de acinesia do ventrículo
esquerdo, praticamente 50 % da parede ventricular encontrava-se acinética. A fração de
encurtamento de área foi em torno de 27 %.
Quando comparamos os parâmetros ecocardiográficos 48 horas e três semanas após
o procedimento cirúrgico, nos animais submetidos à oclusão permanente que receberam
75
administração de veículo (Tabela 10), observamos que não houve diferença significativa
em relação a função segmentar do VE, ou seja: frações de encurtamento e de ejeção. As
áreas em sístole e em diástole, após três semanas foram significantemente maiores quando
comparadas com 48 horas (p < 0,001), o que refletiu uma fração de encurtamento de área
significantemente menor depoi
s de três semanas (p < 0,001), mostrando prejuízos na função
global do VE.
Os parâmetros ecocardiográficos analisados no grupo OP im foram: área em sístole,
área em diástole e fração de encurtamento de área (FEA). A área em diástole, três semanas
após
o tratamento intramiocárdico com CMMO foi significantemente maior em relação à
antes da terapia (p < 0,001) (Tabela 11). No entanto, em relação aos animais do grupo OP,
este parâmetro foi similar (Tabela 9). Além disso, ao final das três semanas, a área em
sístole dos animais OP im foi similar à do grupo OP (Tabela 9). Os parâmetros
ecocardiográficos ainda demonstraram que não houve diferença significativa em relação à
fração de encurtamento de área antes e três semanas após a terapia intramiocárdica com
CM
MO (Tabela 11). Este percentual foi similar àquele encontrado no grupo OP três
semanas após administração de veículo (Tabela 9). No entanto, no grupo OP im parece ter
ocorrido uma estabilização da FEA três semanas após administração das CMMO, enquanto
que
no grupo OP, neste mesmo período a FEA foi significativamente reduzida em relação à
48 horas, demonstrando prejuízo na função global do coração destes animais.
Os dados da análise ecocardiográfica, antes e três semanas após a terapia celular
intravenosa, estão sumarizados na tabela 12. Os diâmetros diastólico e sistólico finais dos
animais, três semanas após a terapia i.v. com CMMO, foram significantemente maiores do
que aqueles observados no grupo normal (p < 0,001). Isto se refletiu em frações de
encurt
amento e de ejeção significantemente reduzidas em relação aos normais (p < 0,001),
76
caracterizando um perfil ecocardiográfico típico de animal infartado (Tabela 9). Em relação
ao percentual de área infartada, observamos que três semanas após o procedimento
cirúrgico, a área acinética dos animais tratados com injeção i.v. de CMMO foi similar
àqueles que receberam veículo. Isto indica que a extensão do infarto foi similar entre os
grupos. Também não houve diferença significativa em relação ao percentual da FEA entre
estes dois grupos, mostrando que a área durante a sístole e a diástole foi similar entre os
grupos OP e OP iv, após três semanas. Os diâmetros diastólico e sistólico finais dos
animais, três semanas após a terapia i.v. com CMMO foram significantemente maiores do
que aqueles observados antes do tratamento (p < 0,001) (Tabela 12). Isto se refletiu em
frações de ejeção e de encurtamento significantemente reduzidas em relação à antes do
tratamento (p < 0,05), indicando que o tratamento não promoveu melhora no desempenho
mecânico do coração destes animais.
77
Tabela 9 - Análise ecocardiográfica dos animais normais e submetidos à isquemia
permanente, três semanas após o tratamento com veículo (OP) ou CMMO por via
intravenosa (OP iv) e intramiocárdica (OP
im).
média ± erro padrão
DSF
-
diâmetro sistólico final;
DDF
diâmetro diastólico final;
FE
-
fração de ejeção;
FENC
-
fração de encurtamento ÁREA; ÁREA
SÍST
área em sístole;
ÁREA DIÁST
área em diástole;
FEA
-
fração de encurtamento de área;
AE
diâmetro do átrio esquerdo;
PAV
E
perímetro de acinesia do ventrículo esquerdo;
NR
não realizado;
PTVE
perímetro total do ventrículo esquerdo;
AVE
-
acinesia do ventrículo esquerdo;
AORTA
diâmetro da Aorta
FC
freqüência cardíaca;
# p < 0,001 em relação aos nor
mais;
p < 0,01 em relação ao OP;
PARÂMETROS
NORMAIS
(
sem cirurgia
)
(n = 10)
OP
(3 semanas)
(n = 10)
OP
iv
(3 semanas)
(n = 10)
OP
im
(3 semanas)
(n = 9)
DDF
(
mm)
6,44
0,12
8,02 ± 0,32
*
8,20 ± 0,97
#
NR
DSF
(
mm)
3,24
0,22
6,55 ± 0,25
#
6,29 ± 0,25
#
NR
F
ENC
(%)
49,40
3,08
18,20 ± 1,17
#
23,00 ± 1,72
#
NR
FE
(%)
84,90
2,16
43,20 ± 2,07
#
52,30 ± 3,05
#
NR
ÁREA SIST
(
cm
2
)
NR
0,38 ± 0,03
0,33 ± 0,01
0,35 ± 0,02
ÁREA DIAST
(
cm
2
)
NR
0,52 ± 0,03
0,50 ± 0,02
0,52 ± 0,13
FEA
(%)
NR
27,48 ± 2,73
34,07 ± 1,53
29,39 ± 4,25
PT
VE
(
mm
)
NR
2,57 ± 0,05
2,52 ± 0,05
NR
PAVE
(mm
)
NR
1,29 ± 0,08
1,20 ± 0,05
NR
AVE
(%)
NR
49,89 ± 2,25
51,44 ± 1,44
NR
FC
(
BPM
)
220
10,30
274 ± 22,94 270 ± 15,73
NR
AORTA
(
mm
)
3,12
0,13
2,80 ± 0,10
2,86 ± 0,10
NR
AE
(
mm
)
3,17
0,15
5,10 ± 0,10
#
5
,02 ± 0,22
#
NR
AE
/
AORTA
1,02
0,02
1,82 ± 0,03
#
1,76 ± 0,06
#
NR
78
Tabela 10
Análise ecocardiográfica dos animais submetidos à isquemia permanente, antes
e três semanas após ad
ministração de veículo (OP).
Média ± erro padrão;
# p < 0,001 em relação a 48 horas.
DSF
-
diâmetro sistólico final;
DDF
diâmetro diastólico final;
FE
-
fração de ejeção do VE; FENC
-
fração de encurtamento do VE;
ÁREA SÍST
área em sístole; ÁREA DIÁST
área em diástole;
FEA
-
fração de encurtamento de área;
FC
freqüência cardíaca;
PAVE
perímetro de acinesia do ventrículo esquerdo;
PTVE
perímetro total do ventrículo esquerdo;
AVE
-
acinesia do ventrículo esquerdo; NR
não realizado
AORTA
diâmetro da Aorta AE
diâmetro do átrio esquerdo;
PARÂMETROS
OP
(48 horas)
(n = 10)
OP
(3 semanas)
(n = 10)
DDF
(
mm)
6,06 ± 0,37
8,02 ± 0,32
#
DSF
(
mm)
4,61 ± 0,27
6,55 ± 0,25
#
F
ENC
(%)
24,00 ± 2,59
18,20 ± 1,17
FE
(%)
52,00 ± 4,68
43,20 ± 2,08
ÁREA DIAST
0,29 ± 0,02
0,52 ± 0,02
#
ÁREA SIST
0,18 ± 0,03
0,36 ± 0,03
#
FEA
(%)
38,47 ± 4,35
27,48 ± 2,73
#
PTVE
(
mm
)
1,90 ± 0,04
2,60 ± 0,05
#
PAVE
(mm
)
0,95 ± 0,03
1,30 ± 0,08
#
AVE
(%)
50,74 ± 1,17
49,89 ± 2,26
FC
(
BPM
)
NR
274 ± 22,94
AORTA
(
mm
)
NR
2,80 ± 0,10
AE
(
mm
)
NR
5,10 ± 0,10
AE
/
AORTA
NR
1,82 ± 0,03
79
Tabela 11 - Análise ecodopplercardiográfica dos animais submetidos à isquemia
permanente, antes (48 horas após a cirurgia) e três semanas após o tratamento com CMMO
administrada por via intramiocárdica (OP im).
Média ± erro pad
rão * p < 0,01
em relação a antes do tratamento
DSF
diâmetro
sistólico final;
DDF
diâmetro diastólico final;
FE
-
fração de ejeção; FENC
fração de encurtamento;
AVE
a
cinesia do VE; ÁREA DIÁST
área em diástole;
ÁREA SÍST
área em sístole;
FEA
fração de encurtamento de área;
ND
não determinado
PARÂMETROS
OP
im
(antes do tratamento)
(n = 9)
OP
im
(3 semanas após tratamento)
(n
= 9)
DDF
(
mm)
5,69 ± 0,48
ND
DSF
(
mm)
4,36 ± 0,46
ND
F
ENC
(%)
24,10 ± 2,57
ND
FE
(%)
55,11 ± 4,56
ND
ÁREA DIAST
(
cm
2
)
0,34 ± 0,06
0,52 ± 0,13*
ÁREA SIST
(
cm
2
)
0,24 ± 0,06
0,36 ± 0,02
FEA
(%)
32,95 ± 5,60
29,39 ± 4,25
80
Tabela 12
Análise ecocardiográfica dos animais submetid
os à isquemia permanente, antes
e três semanas após o tratamento com CMMO administrada por via intravenosa (OP iv).
Média ± erro padrão;
DSF
-
diâmetro sistólico final;
DDF
diâmetro diastólico final;
FE
-
fração de ejeção do VE;
FENC
-
fração de encurtamento do VE;
ÁREA
SÍST
área em sístole;
ÁREA
DIÁST
área em diástole;
FEA
-
fração de encurtament
o de área;
AE
diâmetro do átrio esquerdo;
AVE
-
acinesia do ventrículo esquerdo;
FC
freqüência cardíaca;
AORTA
diâmetro da Aorta
NR
não realizado
PAVE
per
ímetro de acinesia do ventrículo esquerdo;
PTVE
perímetro total do ventrículo esquerdo;
# p < 0,001, * p < 0,05; **p < 0,01
PARÂMETROS
OP
iv
(antes do tratamento)
(n = 10)
OP
iv
(3 semanas após tratamento)
(n = 10)
DDF
(
mm)
6,33 ± 0,16
8,20 ± 0,31
#
DSF
(
mm
)
4,56 ± 0,12
6,29 ± 0,24
#
F
ENC
(%)
26,80 ± 1,02
23,00 ± 1,72*
FE
(%)
60,70 ± 1,80
52,30 ± 3,05**
ÁREA SIST
0,19 ± 0,01
0,33 ± 0,01
#
ÁREA DIAST
0,29 ± 0,02
0,50 ± 0,02
#
FEA
(%)
35,86 ± 2,94
34,07 ± 1,53
PTVE
(
mm
)
2,00 ± 0,07
2,52 ± 0,05
#
P
AVE
(mm
)
1,00 ± 0,05
1,20 ± 0,05**
AVE
(%)
49,96 ± 1,37
51,44 ± 1,44
81
4.4.3
ANÁLISE H
EMODINÂMICA
A tabela 13 sumariza o perfil hemodinâmico dos animais. Os valores médios de
dP/dT + e dP/dT- do grupo normal foram respectivamente: 7556,15 ± 362,48 mmHg e -
5897,2 ± 245,11 mmHg e a pressão desenvolvida pelo VE foi em torno de 120 mmHg.
Todo
s estes parâmetros estão de acordo com o perfil de normalidade, mostrando que não
havia comprometimento na hemodinâmica cardíaca destes animais.
A dP/dT+ e a pressão sistólica do grupo OP foram significantemente menores
comparadas com o grupo normal ( p < 0,01 e p < 0,001, respectivamente), indicando um
comprometimento da função sistólica (Tabela 13). Em relação à função diastólica, a dP/dT
três semanas após a isquemia foi significantemente menor do que do grupo normal (p <
0,001), e a pressão diastólica aumentou significantemente em relação aos normais (p <
0,001), refletindo assim em uma redução significativa da pressão desenvolvida (p < 0,01).
O padrão hemodinâmico do grupo OP im, três semanas após a terapia celular, foi
caracterizado por dP/dT+ e dP/dT
significantemente menores do que em relação ao grupo
normal (p < 0,01 e p < 0,001, respectivamente). Além disso, a PVE foi significantemente
reduzida comparada com os animais normais (p < 0,001) (Tabela 13). Estes dados
demonstram que o tratamento intramiocárdico com CMMO, não foi capaz de promover
melhora na contratilidade e no relaxamento cardíacos, evidenciando assim um
comprometimento na pressão desenvolvida pelo ventrículo esquerdo.
A análise hemodinâmica do grupo OP iv, três semanas após a terapia celular,
demonstrou que a dP/dT
+
e dP/dT
foram significantemente menores do que em relação
aos animais normais (p < 0,05 e p < 0,001, respectivamente) e similares quando
comparadas ao grupo OP. Além disso, a PVE foi significantemente reduzida comparada
82
com os animais normais (p < 0,001) e similar ao grupo OP (Tabela 13). Estes dados nos
permitiram concluir que mesmo após o tratamento intravenoso, tanto a capacidade contrátil
quanto a capacidade de relaxamento do ventrículo esquerdo (VE) destes animais
e
ncontravam
-se bastante comprometidas, refletindo respectivamente em uma redução e um
aumento das pressões sistólica e diastólica do VE; e conseqüente redução da pressão
desenvolvida pelo ventrículo esquerdo. Ou seja, o tratamento intravenoso com CMMO não
p
romoveu melhora na capacidade hemodinâmica destes animais.
83
Tabela 13
Análise hemodinâmica dos animais acordados dos grupos: normais e
submetidos à isquemia permanente, três semanas após o tratamento com veículo (OP) ou
CMMO por via intraven
osa (OP iv) ou intramiocárdica (OP im).
média ± erro padrão;
PVE
pressão desenvolvida pelo ventrículo esquerdo;
PSFVE
pressão sistólica final do ventrículo esquerdo;
PDFVE
pre
ssão diastólica final do ventrículo esquerdo;
FC
freqüência cardíaca;
* significativo em relação aos normais
PARÂMETROS
NORMAIS
(n = 9)
OP
(3 semanas)
(n = 9)
OP
iv
(3 semanas)
(n = 6)
OP
im
(3 semanas)
(n = 7)
dP/dT +
(mmHg/s)
7556,15 ± 362,48
5375,36 ± 354,20*
5552,90 ± 427,93*
5062,31 ± 427,90*
dP/dT
-
(mmHg/s)
-
5897,2 ± 245,11
-
4153,20
±
223,01*
-
4009,40
±
436,04*
-
4109,66
±
260,11*
PVE
(mm Hg)
129,20
± 4,26
85,68
±
5,45*
79,53
±
7,23*
78,55
± 6,74*
PSFVE
(mm Hg)
132,7
± 3,59
102,60
±
3,58*
101,50
±
4,00
*
93,03
± 6,66*
PDFVE
(mm Hg)
3,44
± 0,90
16,94
±
2,12*
21,98
±
4,54
*
14,47
±
2,95
*
FC (bpm)
352,40
± 16,44
350,80
±
11,91
335,7
±
16,32
375,40
±
11,47
84
4.4.4
TESTE DE ESFORÇO
A tabela 14 mostra o resultado do teste de esforço dos animais representados pelo
tempo de corrida em esteira. A função cardíaca durante o estresse físico foi analisada três
semanas após a isquemia permanente.
O grupo normal correu em média 24 minutos (1449 segundos), enquanto que o
tempo de exercício dos animais submetidos à isquemia por oclusão permanente foi em
média 13 minutos (794 segundos). O tempo que estes últimos permaneceram em exercício
foi significantemente menor comparado com os normais (p < 0,001)(Tabela 14), indicando
que a isquemia permanente prejudicou o desempenho cardíaco durante o exercício físico.
Os animais tratados com injeção intramiocárdica, apresentaram tempo de corrida
significantemente reduzido em relação aos normais (p < 0,05) (Tabela 14), e similar ao do
grupo OP, apesar de haver uma tendência dos animais OP im em permanecer mais tempo
em exercício. Isto demonstra que a capacidade cardiovascular destes animais manteve-
se
bastante comprometida mesmo após a terapia intramiocárdica com CMMO.
O tempo de corrida em esteira dos animais tratados com injeção intravenosa foi
significantemente reduzido em relação aos normais (p < 0,001) e similar ao dos animais
submetidos à oclusão permanente tratados com veículo (tabela 14). Desta forma, podemos
concluir que a função cardíaca continuou bastante comprometida, mesmo após o tratamento
intravenoso com CMMO. Ou seja, este tipo de terapia não foi capaz de prevenir a evolução
do quadro de infarto.
Após o tratamento com as células, seja por via intravenosa ou intramiocárdica, o
tempo que os animais permaneceram em exercício foi semelhante aquele observado nos
animais tratados com veículo.
85
Tabela 14
Teste de esforço de animais normais e submetidos à isquemia permanente, três
semanas após administração de veículo (OP) bem como tratamento intravenoso (OP iv) ou
intramiocárdico (OP im) com CMMO.
* p < 0,05 em relação aos animais normais
# p < 0,001 em relação aos animais normais
ANIMAIS
Tem
po em exercício
(segundos)
NORMAIS
(n = 10)
1449 ± 78,39
OP
(n = 10)
794 ± 82,07
#
OP
im (n = 9)
1049
± 85,70*
OP
iv (n = 10)
700
± 117,8
#
86
4.4.5
PESQUISA DAS CÉLULA
S MARCADAS
Apesar do tratamento intramiocárdico não ter promovido melhora da função
cardíaca,
três semanas após a terapia, uma grande quantidade de células coradas com
Hoechst foi encontrada no tecido cardíaco destes animais, principalmente na região da
borda do infarto (Figura 20).
A análise microscópica do coração do grupo OP iv, três semanas após a terapia
celular, demonstrou presença de poucas células coradas com Hoechst no tecido cardíaco
(Figura 21). Estas células, quando presentes, encontravam-se bastante dispersas no tecido.
A pouca quantidade de células coradas no tecido, e possivelmente a grande extensão do
infarto podem justificar a ausência de melhora na função cardíaca destes animais.
87
Figura 20
Fotos representativas das imagens de fluorescência (A,C) e de campo claro
(B,D) da região C do tecido cardíaco de um animal submetido à isquemia permanente, três
semanas após o tratamento intramiocárdico de CMMO. Note a presença de grande
quantidade de células coradas com Hoechst no interior (A) e na borda do tecido (C).
Aumento de 20x da imagem original.
A
C
D
B
88
Figura 21
Fotos representativas de fluorescência (A,C) e campo claro (B,D) da análise
microscópica do ventrículo esquerdo de animais submetidos à isquemia permanente, três
semanas após o tratamento intravenoso com CMMO. Note a presença de células isoladas,
coradas com Hoechst no tecido cardíaco. As setas apontam as células presentes no tecido
cardíaco. Aumento de 20x da imagem original.
D
B
A
C
89
O modelo animal de infarto do miocárdio, através da oclusão permanente da artéria
coronária esquerda de ratos, previamente padronizado por Santos e Masuda (1991) é
bastante utilizado em nosso laboratório (Pinho-Ribeiro 2003, Olivares et al. 2004,
Werneck
-
de
-
Castro
et al. 2006, Olivares et al. 2007). No entanto, a utilização deste modelo
para avaliar a aplicação de terapias celulares intravenosas com células mononucleares
(CMMO) e de estroma de medula óssea (CEMO) no modelo de IAM foi criticada (Pinho-
Ribeiro 2003), uma vez que o principal vaso de irrigação cardíaca encontrava-
se
permanentemente ocluído. Isto poderia prejudicar a migração das células para o tecido
cardíaco e comprometer a melhora funcional após administração intravenosa. Considerando
tais críticas pertinentes, estabelecemos em nosso laboratório um modelo animal de oclusão
temporária (durante 90 minutos) da artéria coronária esquerda de ratos para compararmos a
distribuição das CMMO administradas por via intravenosa no organismo de ratos
submetidos à isquemia tanto por oclusão permanente (OP) quanto temporária (OT) da
artéria coronária esquerda.
Em
ratos, o curso temporal da lesão isquêmica e da cicatrização ocorre
aproximadamente duas a três vezes mais rápido do que em humanos. O tempo de
reperfusão de 60 a 120 minutos após a oclusão é aproximadamente equivalente ao tempo
limite em que a terapia trombolítica é usualmente considerada em humanos (Hochman &
Choo 1987). Como Boyle e Weisman (1993) demonstraram que o tamanho do infarto e a
transmuralidade (capacidade de gerar isquemia transmural) são similares entre ratos
submetidos à isquemia por oclusão permanente e oclusão temporária de 60 a 120 minutos,
optamos por ocluir a artéria coronária esquerda durante 90 minutos, uma vez que este
período foi suficiente para promover as alterações eletrocardiográficas típicas de lesão
isquêmica em 50% dos animai
s.
90
Em humanos, as variáveis eletrocardiográficas que surgem durante a isquemia são: a
onda Q patológica, a elevação do segmento ST e inversão da onda T. A presença de onda Q
caracteriza a existência de necrose miocárdica, e reflete a quantidade de miocár
dio
infartado. Já a elevação do segmento ST, representa a isquemia transmural (envolve toda ou
quase toda a espessura da parede ventricular irrigada pela coronária afetada) e tem sido
correlacionada tanto com a gravidade da isquemia quanto com o tamanho do risco de
miocárdio isquêmico (Atar & Birnbaum 2005). O perfil eletrocardiográfico dos animais
submetidos à oclusão temporária foi caracterizado pela presença de onda Q em DI. A
presença de onda Q em registros no início do curso do infarto, pode refletir tanto danos
irreversíveis como uma grande zona isquêmica (Bateman et al. 1983). Como a onda Q
esteve presente em 100% dos registros eletrocardiográficos dos animais do grupo OP, e a
fração de encurtamento deste grupo foi significativamente reduzida em relação ao grupo
OT (p < 0,01), podemos concluir que a isquemia por oclusão permanente promoveu um
quadro clínico mais grave nos animais. De acordo com Michael e colaboradores (1999), em
camundongos, tanto a isquemia temporária de 120 minutos quanto a permanent
e resultaram
em infartos de 30% do ventrículo esquerdo, e frações de ejeção semelhantes. No entanto,
nossos resultados demonstraram que tanto a fração de encurtamento quanto a de ejeção dos
animais submetidos à isquemia por oclusão permanente foram significativamente reduzidas
em relação ao grupo OT (p < 0,001), e o DSF foi significantemente mais elevado nos
primeiros (p < 0,001). Isto demonstra um maior comprometimento da função sistólica
cardíaca no grupo OP. Tal fato pode ter sido atribuído ao modelo de infarto. Conforme
estabelecido em nosso laboratório, o modelo de isquemia permanente em ratos é
caracterizado pela oclusão da porção proximal da artéria coronária esquerda. Isto afeta a
região antero-lateral do VE e promove infartos extensos, que comprometem mais de 40 %
91
do ventrículo esquerdo (Olivares et al. 2007). Assim, em apenas 48 horas observamos
significativa redução da fração de encurtamento e aumento significativo do DSF. No
entanto, a dilatação significativa da câmara ventricular durante a diástole é observada
mais tardiamente, três semanas após o procedimento cirúrgico, quando o DSF é ainda
maior.
Michael e colaboradores (1999) demonstraram em camundongos que ventrículos
não reperfundidos tendem a desenvolver uma maior expansão do infarto e hipertrofia
compensatória.
A expansão do infarto é caracterizada pelo afinamento e pela dilatação da
região infartada, e se inicia nas primeiras 24 horas de IM. Embora a expansão do infarto
seja limitada à região infartada, a progressão do quadro é acompanhada de dilatação e
hipertrofia do miocárdio não infartado (Boyle & Weisman 1993). Por outro lado, os
corações de camundongos submetidos à oclusão temporária são mais capazes de compensar
a lesão cardíaca (Michael et al.1999). Portanto, nossos resultados em ratos corroboram
aqueles demonstrados em camundongos por Michael e colaboradores (1999).
Assim, os perfis eletro e ecocardiográficos dos corações 48 horas após o
procedimento cirúrgico, demonstraram que apesar do maior comprometimento da função
cardí
aca nos animais submetidos à isquemia por oclusão permanente, a oclusão temporária
durante 90 minutos foi capaz de caracterizar um perfil elétrico típico do quadro de IAM,
nos permitindo comparar a distribuição das CMMO entre ambos os modelos de isquemia
.
A análise da distribuição celular no organismo 48 horas após as isquemias
temporária e permanente demonstrou que mesmo com o fluxo coronariano liberado no
momento da administração intravenosa das CMMO, o percentual de células presentes no
coração foi inferior a 1%. Este perfil foi semelhante àquele encontrado nos animais
submetidos à oclusão permanente. Logo, podemos descartar a possibilidade de que a
oclusão permanente da artéria coronária esquerda estivesse comprometendo a migração das
92
células para o teci
do cardíaco. Sendo assim, os experimentos seguintes de análise da
função
cardíaca após a terapia com CMMO foram todos realizados utilizando o modelo de oclusão
permanente, estabelecido em nosso laboratório.
Dentre as doenças isquêmicas cardíacas, o infarto do miocárdio é uma importante
causa de insuficiência cardíaca (Tang
et al.
2006). Embora recentemente tenha sido relatada
a ocorrência de proliferação em cardiomiócitos humanos (Kajstura et al. 1998, Beltrami
et
al.
2001) bem como a presença de células-tronco (Beltrami et al. 2003) e células
progenitoras (Oh et al. 2003) no coração de animais adultos, a grande perda de
cardiomiócitos ainda limita a capacidade de restabelecimento da função contrátil após o
infarto (Blocklet et al. 2006). Atualmente, existe um grande interesse na utilização da
terapia com células da medula óssea no reparo e regeneração do tecido cardíaco de
pacientes após o infarto do miocárdio (Strauer
et al.
2002, Assmus
et al.
2002). No entanto,
ainda questiona-se bastante sobre: qual seria a subpopulação de células mais adequada para
este tipo de tratamento; o número de células necessário; e a via de administração mais
eficaz para aplicação da terapia celular em pacientes infartados.
Atualmente, os protocolos clínicos que utilizam a terapia com células-tronco em
pacientes com IM são bastante invasivos, uma vez que as células são transplantadas pelas
vias intramiocárdica (Perin et al. 2003, Perin et al. 2004,
Hendrikx
et al. 2006) ou
intracoronariana (Strauer et al. 2002, Assmus et al. 2002, Britten et al. 2003, Wollert et al.
2004, Lunde et al. 2006, Schachinger et al. 2006, Hristov et al. 2006). Desta forma, a
administração destas células por uma via menos invasiva, como a intravenosa, por
exemplo, é uma interessante estratégia para a doença miocárdica (Ma
et al.
2005).
Existem evidências de que a lesão isquêmica miocárdica mobiliza e potencializa a
migração das células-tronco da medula óssea para o tecido lesionado (Orlic et al. 2002,
93
Abbott
et al. 2004). Atualmente, essa capacidade de mobilização das células da medula
óssea e a aplicação da terapia intravenosa têm sido bastante investigadas (Orlic
et al.
2001a,
Orlic
et al. 2001b, Kocher et al. 2001, Pinho-Ribeiro 2003, Barbash et al. 2003, Abbott
et
al.
2004, Ma et al. 2005, Boomsma
et
al.
2006, Hu et al. 2007). Porém, existe muita
divergência quanto aos resultados encontrados.
Kocher e
colaboradores
(2001) mobilizaram células mononucleares CD34
+
CD117
bright
(subpopulação de lulas da medula óssea com fenótipo de progenitores
endotelia
is) humanas (através da administração de G-CSF), e as infundiram por via
intravenosa (2 x 10
6
células) em ratos atímicos, 48 horas após o IM. Eles verificaram
formação de novos vasos sanguíneos na região infartada (vasculogênese) e proliferação dos
vasos p
-existentes (neoangiogênese), resultando em diminuição da apoptose dos miócitos
hipertrofiados na região peri
-
infarto, aumento da sobrevida do miocárdio viável, redução da
deposição de colágeno, e aumento da fração de ejeção pelo ecocardiograma. Ma e
col
aboradores (2005), por sua vez, avaliaram a migração de células mesenquimais da
medula óssea (5 x 10
6
células), administradas na veia da cauda, ½, um, dois, quatro e oito
dias após o IM. A avaliação da migração celular foi realizada 72 horas após a administ
ração
das células. A função cardíaca foi avaliada antes e 28 dias após a terapia celular. Os
autores demonstraram que as células migraram para o coração, principalmente 24 horas
após a administração, sendo que 48 horas, a quantidade encontrada ainda foi
significantemente maior do que ½ dia; e além disso houve melhora nas frações de ejeção e
de encurtamento, principalmente nestes dois tempos citados. Um estudo prévio de nosso
laboratório demonstrou que a infusão intravenosa de CMMO e de CEMO, cinco horas e
seis dias após o IM, respectivamente, não promoveu melhora na função cardíaca de ratos
infartados. Além disso, não foram encontradas células (previamente marcadas) no tecido
94
cardíaco bem como nas amostras de fígado, rins e pulmões analisadas (Pinho-
Ribeiro
2003).
Por outro lado, Barbash e colaboradores (2003) administraram na veia femoral,
células mesenquimais da medula óssea (4 x 10
6
células), 48 horas após isquemia
temporária (60 minutos), e avaliaram a capacidade de migração destas células. Eles
verificaram que menos de 1% das células migraram para o coração, enquanto que a maior
parte se manteve nos pulmões, sendo também encontradas no fígado e nos rins.
Estes
estudos citados divergiram bastante quanto ao tipo de população celular utilizada. Desta
form
a, nossa proposta foi avaliar a distribuição das células mononucleares de medula óssea,
48 horas após a administração intravenosa, e acompanhar a função cardíaca destes ratos
infartados, até três semanas pós-tratamento. Escolhemos tal população pelo fato de que
este tipo celular demonstrou eficácia após a terapia intramiocárdica em pacientes com
infarto crônico do miocárdio (Perin
et al.
2003).
As imagens cintilográficas demonstraram que 48 horas após o IM, as CMMO
marcadas com
99m
Tc transplantadas na veia jugular, se distribuíram principalmente pelo
fígado e rins, enquanto que de acordo com o percentual grama-tecido, a quantidade de
células que migrou para o coração foi inferior a 1% da população inicialmente
administrada.
Estes resultados foram semelhantes àqueles obtidos por Barbash e
colaboradores (2003). Entretanto, não observamos permanência de lulas nos pulmões
conforme observado após a administração intravenosa das células mesenquimais, o que
pode ter sido decorrente do menor tamanho das CMMO. Este elevado percentual de células
presentes no fígado e nos rins, associado à pequena quantidade presente no coração, após
administração intravenosa de CMMO, também foi observado em estudos que utilizaram o
radioisótopo índio-oxina (In
111
), de meia vida de 67,3 horas, como traçador para
acompanhamento mais prolongado da distribuição das células progenitoras endoteliais e
95
derivadas da medula óssea no organismo após o IM (Aicher et al. 2003, Kraitchman et al.
2005). Logo, a presença de células nestes órgãos não está relacionada com a característica
do material radioativo empregado para a marcação celular, mas, provavelmente está
relacionada ao fato do fígado e do baço serem órgãos reticuloendoteliais, ou seja, capazes
de abrigar monócitos derivados da medula óssea, que uma vez presentes nestes órgãos, se
transformam em macrófagos altamente fagocíticos. O fato de estarmos lidando com células
mononucleares, que são ricas em monócitos, pode explicar o elevado percentual de células
presente nestes órgãos.
a análise funcional três semanas após a injeção intravenosa, demonstrou que a
terapia celular não foi capaz de conter a progressão do infarto, e melhorar função cardíaca;
uma vez que os parâmetros eletro e ecocardiográficos, bem como os hemodinâmicos e o
te
ste de esforço foram similares àqueles observados no grupo controle OP. A presença de
poucas células marcadas com corante nuclear no tecido cardíaco, três semanas após a
terapia intravenosa com CMMO deve ter contribuído para este quadro. Conforme foi
de
scrito, a população de células-tronco da medula óssea representa cerca de 0,1% da
população total presente naquele órgão (Goodell et al. 1996). Como não estamos lidando
com uma população celular constituída somente por células-tronco, mas também por outros
tipos celulares, tais como linfócitos e monócitos, e a quantidade de células que migraram
para o coração foi pequena, sugerimos que a quantidade de células-tronco possivelmente
presente no tecido cardíaco após a lesão tenha sido ínfima, logo, incapaz de p
roporcionar
melhora funcional. Além disso, o procedimento cirúrgico de isquemia por oclusão
permanente provavelmente gerou infartos iniciais bastante extensos, uma vez que 48 horas
após a cirurgia, tanto os perfis elétrico e mecânico do coração destes animais se
encontravam muito comprometidos.
96
Baseado na falta de sucesso da terapia intravenosa com CMMO, decidimos analisar
também a distribuição destas células quando transplantadas pela via intramiocárdica, 48
horas após o infarto do miocárdio; e analisar a função cardíaca dos animais três semanas
após a terapia celular.
A análise da distribuição das CMMO no organismo uma hora após a administração
intramiocárdica das células demonstrou que em alguns animais, tanto normais quanto
submetidos à isquemia permanente, as mesmas eram encontradas somente no coração,
enquanto que em outros animais, observávamos presença de células também no fígado e
rins. Isto pode ser explicado pelo fato de que durante o procedimento de injeção
intramiocárdica, algumas vezes ocorreu extravasamento de células durante a retirada da
seringa para aplicação em outro ponto distinto do tecido cardíaco, contribuindo assim para
a dispersão das células para outros órgãos, principalmente fígado e rins. Brenner e
colaboradores (2004) já relataram este perfil de distribuição celular, após a administração
intracavitária de células progenitoras hematopoiéticas (CD34
+
) marcadas com índio-
oxina.
Sendo assim, para aperfeiçoar a técnica de injeção, e minimizar a interpretação errônea dos
resultados,
em vez de realizarmos de duas a três injeções em pontos distintos do coração,
passamos a realizar a injeção intramiocárdica em um único ponto, evitando assim o
extravasamento das células.
As imagens cintilográficas e a contagem da radioatividade presente nos órgãos
isolados demonstraram que 24 horas após a administração intramiocárdica das CMMO,
grande quantidade de células ainda se manteve presente no coração. No entanto, a presença
destas células no tecido cardíaco, mesmo três semanas após a terapia celular, não foi
suficiente para promover melhora no desempenho cardíaco dos animais, uma vez que ainda
observamos: desvio do ângulo do vetor médio de despolarização ventricular,
97
comprometimento da função sistólica, e redução nas capacidades de contração (dP/dT+) e
relaxamento (dP/dT
-
), bem como da pressão desenvolvida pelo VE e do desempenho físico.
No entanto, a avaliação pela fração de encurtamento de área no ecocardiograma sugere uma
estabilização do quadro de infarto. Este perfil, também foi observado por Olivares e
colaboradores (2007) em ratos com infarto cicatrizado, tratados com injeção
intramiocárdica de CMMO, sugerindo que estas células podem estar contribuindo para
evitar a progressão do infarto. Além disso, esta incapacidade de promover melhora na
função cardíaca tanto dos animais OP im quanto do grupo OP iv, pode estar relacionada
com a extensão do infarto inicial e o processo inflamatório gerado a partir deste quadro.
A resposta inflamatória e a secreção de citocinas do tecido hospedeiro gerados
pela
lesão tecidual têm uma importante participação na evolução do quadro de infarto do
miocárdio. O grau da resposta inflamatória por sua vez é um importante determinante das
conseqüências geradas no paciente. as citocinas, liberadas pelo miocárdio hos
pedeiro,
são importantes na modulação do reparo tecidual e na adaptação após o dano tecidual (Nian
et al. 2004). Citocinas pró-inflamatórias como TNF-
(fator de necrose tumoral ) ou IL-
6
são secretadas logo após a isquemia miocárdica e podem regular agudamente a
sobrevivência ou apoptose de miócitos além de ativar resposta inflamatória celular
adicional (Nian et al. 2004). O estresse mecânico associado ao infarto do miocárdio
promove a imediata produção destas citocinas. No modelo de infarto do miocárdio
em
roedores, dentro das primeiras horas de infarto, existe na área infartada e não infartada, um
aumento de cerca de 50 e 15 vezes, respectivamente na regulação da expressão de RNAm
de citocinas intramiocárdicas, tais como:TNF- , IL-1
e IL-6 (Deten et al. 2002). Esse
aumento pode retornar para níveis basais se o infarto for pequeno. No entanto, se o infarto
98
for extenso, ou se a resposta inflamatória for exuberante, o aumento da regulação destas
citocinas pode ser mantido ou pode ocorrer uma segunda onda de super-regulação, que por
sua vez pode envolver a zona remota não infartada, promovendo um importante processo
de remodelamento em todo o miocárdio (Ono et al. 1998). O aumento da expressão das
citocinas precede o conseqüente aumento da atividade local da
MMP
-9 na área de infarto e
expressão de colágeno no miocárdio não infartado (Deten et al. 2002). Baseado nestas
evidências, e no fato de que 48 horas após o procedimento cirúrgico a fração de
encurtamento já se encontrava bastante reduzida (em cerca de 50%
), a câmara ventricular já
se apresentava dilatada e o âQRS significativamente desviado para a direita ( > 90º),
podemos inferir que o infarto inicial provavelmente foi bastante extenso. Isto pode
justificar a ausência de eficácia do tratamento, já que em alguns modelos animais de infarto
do miocárdio em que a terapia celular foi eficaz, a extensão do infarto era de apenas 30
40 % do VE (Michael et al. 1999). Talvez, em infartos menos extensos, possamos observar
eficácia na aplicação da terapia intramiocárdica com CMMO 48 horas após o IM,
impedindo assim a progressão do quadro clínico.
Quando comparamos a distribuição das CMMO, transplantadas por via
intramiocárdica, entre animais normais e submetidos à isquemia observamos que o
percentual grama
-
tecido (a
valiação mais fidedigna da quantidade de radioatividade presente
no órgão) demonstrou uma quantidade significativamente maior de células no coração dos
animais deste último grupo (p < 0,001). Tal fato pode ser explicado pela existência de
processo inflamatório, uma vez que após o IM, a quantidade de SDF-1 ( stromal cell-
derived factor-1 ) aumenta significativamente (Abbott et al. 2004). Esta quimiocina, por
sua vez forma um complexo com seu receptor CXCR4 (Boomsma
et al.
2006), presente em
99
diversos tipos celulares (células CD34
+
, de estroma de medula óssea, células maduras do
sangue, tais como: linfócitos, monócitos, megacariócitos e plaquetas) (Mohle et al. 1998).
Esta interação entre SDF-1 - CXCR4, proporciona assim a manutenção das células no local
que sofreu lesão. Além disso, após o IM, ocorre uma maior regulação de
ICAM
-
1
( intercellular adhesion molecule ) e VCAM-1 ( vascular cellular adhesion molecule ),
moléculas envolvidas com adesão e migração celular. Por outro lado, o SDF-1
expresso
constitutiva
mente em todos os tecidos (Shirozu et al. 1999), incluindo a medula óssea,
encontra
-se significantemente aumentado após o IM e influencia a migração de células da
medula óssea para o coração somente na presença de lesão cardíaca (Abbott
et al. 2004, Ma
et
al.
2005). Por este motivo, especula-se que o melhor momento para a aplicação da
terapia intravenosa seria durante o pico de expressão máxima do SDF-1, ou seja, 24 horas
após o IM (Ma et al. 2005), proporcionando assim uma maior migração das células
transp
lantadas na circulação periférica para o coração.
De acordo com Hu e colaboradores (2007), o curso da cicatrização do infarto e o
remodelamento cardíaco determinam o momento ideal, ótimo para a administração das
células. Segundo estes autores, entre 24 e 72 horas após o infarto, ocorre necrose
miocárdica massiva, e os leucócitos bem como os macrófagos se infiltram rapidamente no
miocárdio isquêmico. De acordo com os resultados obtidos por estes autores, uma semana
após o IM, seria o tempo ideal para a administração da terapia celular intramiocárdica, uma
vez que neste momento a maioria da região infartada é composta por tecido de granulação e
necrose e a reação inflamatória aguda estaria quase completa. No entanto, este momento
não seria ideal para a terapia intravenosa, uma vez que de acordo com Ma e colaboradores
(2005), o pico de secreção de SDF-1 e conseqüentemente o maior grau de migração das
células mesenquimais para o coração ocorre nas primeiras 24 horas após o IM. Embora 48
100
horas após o IM, esta quantidade de células mesenquimais seja reduzida em relação a 24
horas, ainda é significativamente maior do que ½ dia após o infarto (Ma et al. 2005).
Podemos especular então, que a secreção de SDF-1, 48 horas após o infarto, ainda estimula
a migração de célul
as para o tecido cardíaco isquêmico.
Estes fatos explicitados acima talvez possam elucidar a presença de maior
quantidade de células após a administração intramiocárdica, no coração dos animais OPim
em relação aos normais, assim como explicar a tendência dos animais OPiv apresentarem
um percentual de células mais elevado em relação aos normais, as a administração
intravenosa de CMMO.
Nossas evidências sugerem que a ausência de melhora no desempenho cardíaco
tanto após a administração intramiocárdica como intravenosa de CMMO não está
relacionada com o número de células administradas (4-6 x 10
6
e 1-4 x10
7
células,
respectivamente), que este mero foi compatível ou até mesmo superior em relação aos
estudos existentes na literatura (Kocher et al. 2001, Hamano et al. 2002, Barbash et al.
2003, Abbott et al. 2004, Ma et al. 2005). Apesar de termos administrado por via
intravenosa um grande número de CMMO nos diferentes grupos avaliados (normais e
submetidos às oclusões temporária ou permanente), observamos que menos de 1% desta
população se distribuiu no coração. De acordo com Strauer e colaboradores (2002), se
assumirmos que o fluxo coronariano humano normal é de 80 mL/minuto por 100 g de peso
do VE e considerando a massa do VE aproximadamente 200 g, a cada minuto o fluxo
sangüíneo na mara ventricular seria de 160 mL/minuto. Isto corresponde a somente cerca
de 3 % do débito cardíaco (DC), se assumirmos DC de 5000 mL/minuto. Se extrapolarmos
estes dados para o modelo animal, o contato das células infundidas por via intravenosa com
o tecido miocárdico seria possível depois de várias passagens do sangue periférico pelo
101
coração. Mesmo as células sendo administradas em um vaso sanguíneo próximo ao coração
como a veia jugular, observamos uma grande distribuição de células em órgãos como
fígado e rins. Desta forma, podemos especular que o sangue ao se movimentar pela
circulação sistêmica retém grande quantidade de CMMO em órgãos bastante
vascularizados tais como fígado e rins. Desta forma, a quantidade de CMMO extras na
circulação sistêmica conseqüentemente diminui, reduzindo assim a possibilidade de fixação
destas células no tecido cardíaco, a cada passagem de sangue pelo coração.
As evidências deste estudo demonstram que a via intramiocárdica parece ser a m
ais
indicada para administração de células em pacientes com infarto do miocárdio recente, uma
vez um maior percentual de células se mantém no tecido cardíaco. Além disso, sugerimos
que a ausência de melhora na função ventricular pode estar relacionada com a extensão do
infarto promovida por nosso modelo de oclusão permanente. Se, em modelos de infartos
menos extensos, a terapia celular melhora e estabiliza o desempenho cardíaco, estudos
futuros devem ser realizados para avaliação do potencial destas células
neste contexto.
102
Este estudo nos permitiu concluir que:
Após a administração intramiocárdica das CMMO, um percentual
significativamente maior é encontrado no coração de animais infartados em relação
aos normais.
O percentual de CMMO presente no coração dos animais infartados após
administração intravenosa é significantemente reduzido em relação à administração
intramiocárdica.
O modelo de isquemia por oclusão permanente não prejudicou a distribuição das
CMMO no organismo, uma vez que tanto neste modelo quanto no modelo de
oclusão temporária da coronária esquerda o percentual de células que migrou para o
coração após a injeção intravenosa foi inferior a 1%.
Todos os parâmetros funcionais avaliados demonstraram que as CMMO
administradas por via intravenosa ou intramiocárdica, não promoveram melhora na
função cardíaca dos animais, três semanas após a terapia.
Embora tenhamos encontrado grande quantidade de células marcadas no tecido
cardíaco dos animais infartados tratados com CMMO por via intramiocárdica (O
P
im), não observamos melhora na função cardíaca destes animais.
Apesar dos tratamentos intravenoso e intramiocárdico com CMMO 48 horas após o
infarto, não terem promovido melhora na função cardíaca dos animais, ambos
estabilizaram a função global do vent
rículo esquerdo pelo ecocardiograma.
103
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