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OSVALDO FERREIRA DA SILVA
ESTUDO SOBRE A SUBSTITUIÇÃO DO AÇO LISO PELO
BAMBUSA VULGARIS, COMO REFORÇO EM VIGAS DE
CONCRETO, PARA O USO EM CONSTRUÇÕES RURAIS.
Dissertação apresentada ao Centro de
Tecnologia da Universidade Federal de
Alagoas, para obtenção do título de Mestre
em Engenharia Civil.
Maceió
2007
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ii
OSVALDO FERREIRA DA SILVA
ESTUDO SOBRE A SUBSTITUIÇÃO DO AÇO LISO PELO
BAMBUSA VULGARIS, COMO REFORÇO EM VIGAS DE
CONCRETO, PARA O USO EM CONSTRUÇÕES RURAIS.
Dissertação apresentada ao Centro de
Tecnologia da Universidade Federal de
Alagoas, para obtenção do título de Mestre
em Engenharia Civil.
Área de concentração: Estruturas
Orientadora: Profª. Drª Aline da Silva Ramos
Barboza
Maceió
2007
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iii
da Silva, Osvaldo Ferreira
ESTUDO SOBRE A SUBSTITUIÇÃO DO AÇO LISO PELO BAMBUSA
VULGARIS, COMO REFORÇO EM VIGAS DE CONCRETO, PARA O USO EM
CONSTRUÇÕES RURAIS. Maceió, 2007. 141p.
Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Alagoas. Programa de
Pós-Graduação em Engenharia Civil.
1. Bambusa Vulgaris 2. Concreto 3. Resistência 4. Reforço, Universidade Federal
de Alagoas. Centro de Tecnologia. Programa de Pós-Graduação em Engenharia
Civil.
iv
Dedico este trabalho aos meus pais Manoel
e Josefa Ferreira da Silva (in memorian).
v
Agradecimentos
Agradeço a Deus, que me dá forças para vencer todos os obstáculos, mesmo
aqueles que parecem intransponíveis;
Agradeço a minha esposa, Gilvânia, por ter estado sempre disposta a colaborar
com este trabalho;
A minha orientadora Profª. Drª. Aline da Silva Ramos Barboza, pela dedicação
demonstrada, pelas críticas construtivas, pela revisão do texto e pelas palavras
amiga incentivadora nas horas necessárias, que foram decisivas para
elaboração e conclusão desta dissertação;
Ao Prof. Dr. Severino Pereira Cavalcanti Marques pela sua competência e
dedicação para com o curso de Engenharia Civil;
Aos Professores da Pós-graduação pela competência e profissionalismo;
A todos os Colegas de Mestrado, pelo companheirismo, pela amizade, pelas
brincadeiras nas reuniões informais que nos fez relaxar;
Aos funcionários do NPT, INBAMBU e EAFS, pelo apoio indispensável para o
desenvolvimento da pesquisa.
vi
Sumário
Lista de figuras xi
Lista de tabelas xv
Lista de símbolo xix
Lista de Abreviaturas xxiii
Resumo xxiv
Abstract xxv
CAPÍTULO 1
1
1.1 Aspectos Gerais 1
1.2 Objetivo Geral 2
1.3 Objetivos Específicos 2
1.4 Justificativa 3
CAPÍTULO 2
4
Revisão Bibliográfica
4
2.1 Concreto
4
2.2 Bambusa vulgaris Schard
5
2.2.1 Características dos colmos 7
2.3 Material concreto reforçado com bambu
10
2.3.1 Principais recomendações para o uso do bambu como
reforço do concreto
12
2.3.2 Durabilidade 15
2.4 Características Físicas do Bambusa vulgaris
15
2.5 Características Mecânicas do Bambusa vulgaris
16
2.5.1 Resistência à tração característica do Bambusa vulgaris 18
vii
2.5.2 Tensão Admissível ou de calculo à tração do Bambusa
vulgaris
19
2.5.3 Deformação transversal admissível para vigas de concreto
com reforço de bambu
19
2.6 Aderência
19
2.6.1 Tensão de aderência de cálculo do bambu-concreto 21
2.6.2 Ancoragem das taliscas de bambu 25
CAPÍTULO 3
26
Materiais e Métodos
26
3.1 Materiais
26
3.1.1 Corte e aproveitamento do bambu 29
3.1.2 Concreto 32
3.1.3 Caracterização das vigas usadas nos ensaios 32
3.2 Métodos
34
3.2.1 Determinação do teor de umidade e densidade 34
3.2.2 Determinação da resistência à tração característica 35
3.2.3 Determinação do módulo de elasticidade característico 39
3.2.4 Determinação da tensão de tração e deformação admissíveis
ou de cálculo
41
3.3 Dimensionamento de vigas de concreto reforçadas com aço
42
3.3.1 Flexão 42
3.3.2 Cisalhamento – Determinação da armadura transversal 49
3.4 Cálculo das deformações verticais das vigas
51
3.4.1 Vigas de seção transversal retangular de concreto reforçado
com aço liso
53
3.5 Abertura máxima de fissuras
56
3.5.1 Verificação de fissuras 57
viii
3.6
Caracterização do ensaio para verificação experimental
58
CAPÍTULO 4
59
DIMENSIONAMENTO DE VIGAS DE CONCRETO COM REFORÇO
DE BAMBU
59
4.1 Dimensionamento
59
4.1.1 Equações para o dimensionamento 60
4.1.2 Parâmetros usados para o dimensionamento 64
4.1.3 Cálculo do máximo momento resistente da seção 64
4.1.4 Dimensionamento de vigas de concreto com reforço de
bambu para ρ = 1%.
68
4.1.5 Dimensionamento de vigas de concreto com reforço de
bambu para ρ = 2%.
69
4.1.6 Dimensionamento de vigas de concreto com reforço de
bambu para ρ = 3%.
70
4.2 Cisalhamento - Cálculo do reforço vertical
72
4.2.1 Dimensionamento do reforço vertical 73
4.3 Verificação do comprimento de ancoragem das taliscas de
bambu
75
4.4 Determinação da deformação das vigas reforçadas com bambu
76
4.4.1 Considerações de cálculo 76
4.4.2 Exemplo 2 – Verificação da deformação vertical 77
4.5 Dimensionamento de vigas de concreto com reforço de bambu,
em função da deformação vertical admissível
81
4.5.1. Viga bi-apoiada 83
4.5.2 Vigas em balanço 83
4.6 Verificação de fissuras
84
4.6.1 Determinação da carga de ruptura 86
ix
4.7 Análise comparativa entre vigas de concreto reforçadas com
aço liso e com reforço de bambu
86
CAPÍTULO 5
90
RESULTADOS E DISCUSSÕES
90
5.1 Verificação Experimental
91
5.1.1 Procedimentos 91
5.1.1.1 Elaboração dos concretos usados 91
5.1.2 Preparação do ensaio 91
5.1.3 Ensaio da viga 3 92
5.2 Resultados
94
5.2.1 Resultados teóricos para viga 3 94
5.2.2 Resultado Experimental obtido para viga 3 98
5.2.3 Análise dos resultados teórico e experimental viga 3 99
5.2.4
Resultados teóricos para a viga 2 – ρ = 2%
99
5.2.5 Resultado experimental para viga 2 103
5.2.6 Análise entre os resultados teórico e experimental 103
5.2.7
Resultado teórico para a viga 1 – ρ = 1%
105
5.2.8
Resultado experimental para a viga 1
108
5.2.9
Análise entre os resultados teórico e experimental
108
5.2.10
Resultado teórico para a viga 3.1 ρ = 3%
109
5.2.11
Resultado experimental para a viga 3.1
114
5.2.12
A
nálise comparativa entre os resultados teórico e
experimental para a viga 3.1
115
5.2.13 Resultado teórico para a viga 4 116
5.2.14
Resultado experimental para a viga 4
119
5.2.15 Análise entre os resultados teórico e experimental
120
x
5.2.16
Comparação entre resultados experimentais das vigas
3.1 e 4
120
CAPÍTULO 6
122
CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÕES
122
6.1 Tabelas de dimensionamento para uso prático
123
Referências bibliográficas
132
Apêndice
136
xi
Lista de Figuras
Figura 2.1 Viga bi apoiada (trajetória das tensões principais) 5
Figura 2.2 Viga bi apoiada com reforço de bambu 5
Figura 2.3 Planta de bambu completa 6
Figura 2.4 Corte longitudinal do Bambusa vulgaris. 8
Figura 2.5 Variação da fração volumétrica das fibras do colmo de
bambu em função da espessura das paredes
9
Figura 2.6 Gráfico mostrando a variação do percentual de fibras em
função da espessura do colmo de Bambusa Vulgaris
9
Figura 2.7 Modelo dos diversos tipos de reforço de bambu 10
Figura 2.8 Construção de galpões no Vietnã 11
Figura 2.9 Gráfico representativo da distribuição normal ou de Gauss
para probabilidade de 95%
18
Figura 2.10 Curvas esquemáticas tensão de aderência x deslocamento
e estágios da aderência aço concreto
20
Figura 2.11 Talisca de bambu mergulhada em concreto 22
Figura 2.12 Gráfico mostrando o valor correspondente à tensão de
arrancamento para um deslocamento de 0,1mm
23
Figura 3.1 Seção transversal do colmo de Bambusa vulgaris e a
seção transversal padrão das taliscas
27
Figura 3.2 Detalhe da seção transversal da espessura total do
Bambusa Vulgaris e da talisca usada
27
Figura 3.3 Desenho dos corpos de prova para determinação do teor
de umidade e da densidade
28
Figura 3.4 Amostras para determinação do teor de umidade e da
densidade
28
Figura 3.5 Perspectiva do corpo de prova 28
Figura 3.6 Vista frontal do corpo de prova 28
xii
Figura 3.7 Fotos dos corpos-de-prova (parte mediana com nó) 29
Figura 3.8 Talisca de bambu usada como reforço 30
Figura 3.9 Fabricação dos estribos de bambu 30
Figura 3.10 Detalhe do estribo de bambu para as vigas 1, 2 e 3 31
Figura 3.11 Armações de bambu para as vigas 1, 2 e 3 31
Figura 3.12 Viga de concreto com reforço de bambu - ρ = 1%, cortes
transversal e longitudinal
33
Figura 3.13 Viga de concreto com reforço de bambu - ρ = 2%, cortes
transversal e longitudinal
33
Figura 3.14 Viga 3 e 3.1 – Viga de concreto com reforço de bambu
ρ = 3%, cortes transversal e longitudinal
33
Figura 3.15 Viga 4 – Viga de concreto com reforço de aço - Corte
transversal e longitudinal
34
Figura 3.16 Ensaios à tração do bambu 36
Figura 3.17 Detalhe do ensaio de tração 36
Figura 3.18 Detalhe do rompimento do corpo-de-prova no nó 37
Figura 3.19 Gráfico do ensaio Tensão x Deformação para uma vareta
de bambu
39
Figura 3.20 Domínio de deformação – Estado limite último 42
Figura 3.21 Distribuição de tensões no concreto armado 43
Figura 3.22 Diagrama de tensões simplificado 44
Figura 3.23 Curvatura de um elemento fletido 51
Figura 3.24
Modelo de ensaio usado - ensaio de Stuttgart
58
Figura 3.25
Características dos diagramas verificados nos ensaios
58
Figura 4.1
Distribuição de tensões de viga de concreto reforçada com
bambu.
60
Figura 4.2
Limites de dimensionamento para vigas de concreto com
reforço de Bambusa vulgaris
63
Figura 4.3 Determinação do valor de z - Para ρ = 1%, z = d – 0,4.x 67
xiii
Figura 4.4 Determinação do valor de z - Para 1%<ρ<2%, z
1
= 3/4.d 67
Figura 4.5 Determinação do valor de z - Para 2%<ρ≤3%, z
1
= 2/3.d 67
Figura 4.6 Detalhamento da viga em estudo – Corte transversal e
longitudinal.
73
Figura 4.7 Gráfico que representa a relação entre o momento (M
d
)
calculado pela equação 4.14, e o momento (M)
correspondente ao momento da flecha admissível.
82
Figura 4.8 Representação gráfica dos comportamentos das vigas de
concreto com reforço de aço, com A
smín
.
efetiva
, e com
reforço de bambu ρ = 3 %
89
Figura 5.1 Viga instrumentada para o ensaio à flexão pura 92
Figura 5.2
Abertura da 1ª fissura com abertura inferior a 0,2 mm
92
Figura 5.3
Abertura da 2ª fissura - abertura aproximada de 0,4 mm.
Carga de ruptura.
93
Figura 5.4 Destruição completa da viga para verificação da posição
do reforço
93
Figura 5.5
Seção transversal da viga 3, após ruína para verificação da
posição da armação de bambu
94
Figura 5.6
Gráfico que representa as deformações verticais
correspondentes aos resultados experimental e teórico em
função das cargas.
99
Figura 5.7
Seção transversal da viga 2, após ruína, para verificação
da posição da armação de bambu
100
Figura 5.8 Gráfico das deformações verticais correspondentes aos
resultados experimental e teórico em função das cargas
104
Figura 5.9
Seção transversal da viga 1, após destruição completa
para verificação da posição da armação de bambu.
105
Figura 5.10
Gráfico carga x flecha dos resultados experimental e
teórico, viga 1
108
Figura 5.11
Ensaio da Viga 3.1.
109
Figura 5.12
Corte transversal da viga 3.1
110
xiv
Figura 5.13
Gráfico comparativo dos comportamentos da viga 3.1
115
Figura 5.14
Gráfico comparativo dos comportamentos teórico e
experimental da viga 3.1
115
Figura 5.15 Corte transversal da viga 4 após a ruptura 116
Figura 5.16
Gráfico mostrando o desempenho teórico e experimental
da viga com reforço de aço
120
Figura 5.17
Gráfico que mostra o desempenho das duas vigas
120
Figura 6.1
Modelo de viga para o dimensionamento apresentado na
Tabela 6.1.
123
Figura 6.2
Modelo da viga para o dimensionamento apresentado na
Tabela 6.2.
125
Figura 6.3 Modelo da viga para o dimensionamento apresentado na
Tabela 6.3
126
Figura 6.4 Modelo da viga para o dimensionamento apresentado na
Tabela 6.4
127
Figura 6.5 Modelo da viga para o dimensionamento apresentado na
Tabela 6.5.
128
Figura 6.6
Detalhe da aplicação de vigas, colunas e placas de
concreto com reforço de bambu, em galpões de
instalações rurais.
129
Figura 6.7
Estacas e mourão pré-moldados para cercas
129
Figura 6.8
Modelo de casa popular cujas vigas podem ser construídas
com o material sugerido por este trabalho.
130
xv
Lista de Tabelas
Tabela
1.1 Consumo energético por material 3
Tabela
2.1 Dimensões das fibras para diferentes espécies de
bambu
10
Tabela 2.2 Propriedades mecânicas do Bambusa Vulgaris Schard,
com nó, colhido no Rio de Janeiro
18
Tabela 2.3 Resultado de pesquisa de ensaios de arrancamento de
taliscas de bambu imersas em concreto
23
Tabela 2.4 Comparação entre as tensões de aderência de cálculo
bambu – concreto e aço liso – concreto, para concretos
de f
ck
de 15 MPa, 25 MPa e 35 MPa
24
Tabela 3.1 Medidas médias das taliscas de bambu usados nas
vigas e o erro cometido
30
Tabela 3.2 Medidas médias dos estribos de bambu usados nas
vigas e o erro cometido
30
Tabela 3.3 Resumo das propriedades físicas do Bambusa Vulgaris 35
Tabela 3.4 Dados dos resultados dos ensaios à tração da parte
basal com nó. NPT- UFAL- equipamento EMIC
37
Tabela 3.5 Dados dos ensaios à tração do bambu – parte mediana
com nó
38
Tabela 3.6 Dados dos ensaios à tração do bambu – parte do topo
com nó
38
Tabela 3.7 Determinação dos valores médios dos módulos de
elasticidade do Bambusa Vulgaris
40
Tabela 3.8 Determinação das áreas de aço em função das seções
transversais das vigas, para os momentos M
dmáx
=
M
dlim3,4
, f
ck
= 20 MPa
46
xvi
Tabela 3.9 Determinação das áreas de aço mínimas em função
das seções transversais das vigas
48
Tabela 3.10 Determinação de M
dmin
.efetivo reforço de aço 49
Tabela 3.11 Modelo das vigas que serão dimensionadas 56
Tabela 3.12 Abertura máxima das fissuras características (w
k
), em
função da classe de agressividade do concreto
56
Tabela 3.13 Taxas mínimas de armadura de flexão para vigas 57
Tabela 4.1 Valores de f
ck
de acordo com os percentuais de bambu 63
Tabela 4.2 Determinação de M
d
- Momento de cálculo - ρ = 1% 68
Tabela 4.3 Determinação de M
d
- Momento de cálculo - ρ = 2% 69
Tabela 4.4 Determinação de M
d
- Momento de cálculo - ρ = 3% 70
Tabela 4.5 Espaçamentos do reforço vertical para as vigas bi-
apoiadas com cargas uniformemente distribuídas,
ρ = 1%
73
Tabela 4.6 Espaçamentos do reforço vertical para as vigas bi-
apoiadas com cargas uniformemente distribuídas,
ρ = 2%
74
Tabela 4.7 Cálculo dos parâmetros para determinação da flecha da
viga bi apoiada com reforço de bambu - ρ = 3%
74
Tabela 4.8 Cálculo dos parâmetros para determinação da flecha da
viga bi apoiada com reforço de bambu.
80
Tabela 4.9 Determinação do momento de fissuração da viga
reforçada com bambu.
80
Tabela 4.10 Cálculo das flechas imediatas das vigas bi apoiadas
com reforço de bambu em função dos carregamentos.
80
Tabela 4.11 Determinação de M
= M
d
/1,9 - Momento – Bambusa
Vulgaris
88
Tabela 4.15 Resumo do dimensionamento de vigas de concreto
com reforço de bambu, ρ = 3%, figuras 4.13 e 4.14
94
Tabela 5.1 Composição dos concretos usados para os ensaios 91
xvii
Tabela 5.2 Cálculo do momento e da carga de serviço da viga 3
95
Tabela 5.3 Parâmetros 1 - para o cálculo da flecha da viga 3
95
Tabela 5.4 Parâmetros 2 - para o cálculo da flecha da viga 3 96
Tabela 5.5 Cálculo da flecha da viga -3, em função das cargas
96
Tabela 5.6 Cálculo da abertura de fissuras em função das cargas e
as tensões médias correspondentes no concreto e no
reforço de bambu e da carga de ruptura
97
Tabela 5.7 Determinação da carga de ruptura teórica
98
Tabela 5.8 Resultado experimental obtido no ensaio da viga 3
98
Tabela 5.9 Cálculo do momento e da carga de serviço da viga 2 100
Tabela 5.10 Parâmetros 1, para o cálculo da flecha da viga 2
101
Tabela 5.11 Parâmetros 2, para o cálculo da flecha 101
Tabela 5.12 Cálculo da flecha da viga 2 em função da carga 101
Tabela 5.13 Cálculo das aberturas de fissura teóricas para a viga 2 102
Tabela 5.14 Resultados experimentais de deformação específica e
flecha observados no ensaio para a viga 2
103
Tabela 5.15 Cálculo do momento e da carga de serviço da viga 1
105
Tabela 5.16 Parâmetros 1 para o cálculo da flecha da viga 1 106
Tabela
5.17 Parâmetros 2 para o cálculo da flecha da viga 1
106
Tabela
5.18 Cálculo da flecha da viga 1, em função da carga 107
Tabela
5.19 Cálculo da abertura de fissuras da viga 1
107
Tabela
5.20 Resultados obtidos do ensaio apresentado para viga 1 108
Tabela
5.21 Cálculo do momento e da carga de serviço da viga 3.1
111
Tabela
5.22 Parâmetros para o cálculo da flecha da viga 3.1 111
Tabela
5.23 Parâmetros para o cálculo da flecha da viga 3.1 111
Tabela
5.24 Cálculo da flecha da viga - 3.1 em função das cargas 112
xviii
Tabela
5.25 Cálculo da abertura de fissuras em função da carga e
as tensões médias correspondentes no concreto e no
reforço de bambu e da carga de ruptura
113
Tabela
5.26 Determinação da carga de ruptura teórica 113
Tabela
5.27 Ensaio de Stuttugart da viga 3.1 114
Tabela
5.28 Cálculo da carga e momento de serviço da viga 4 116
Tabela
5.29 Parâmetros para o cálculo da flecha da viga 4 117
Tabela
5.30 Parâmetros para o cálculo da flecha da viga 4 117
Tabela
5.31 Cálculo da flecha da viga, em função da carga 117
Tabela
5.32 Cálculo das aberturas de fissuras e da carga da ruptura 118
Tabela
5.33 Ensaio de Stuttgart da viga 4 119
Tabela
5.34 Comparação das flechas entre as vigas 3.1 e 4 121
Tabela
6.1
Resumo do dimensionamento de vigas de concreto
com reforço de bambu, ρ = 3%, e b
w
= 12 cm.
124
Tabela
6.2
Resumo do dimensionamento de vigas de concreto
com reforço de bambu, ρ = 3% e b
w
= 12 cm.
125
Tabela
6.3
Resumo do dimensionamento de vigas de concreto
com reforço de bambu, ρ = 3% e b
w
= 12 cm.
126
Tabela
6.4
Resumo do dimensionamento de vigas de concreto
com reforço de bambu, ρ = 3% e b
w
= 12 cm.
127
Tabela
6.5
Resumo do dimensionamento de vigas de concreto
com reforço de bambu, ρ = 3% e b
w
= 12 cm.
128
xix
Lista de Símbolo
f
ck
Resistência característica do concreto à compressão
µm
Micrometro
ρ
Rô – percentual de reforço
z
Braço de alavanca
b
w
Largura das vigas
h
Altura das vigas
f
bkt
Tensão de tração característica do bambusa vulgaris
γ
m
Coeficiente de segurança usado para o bambu
f
adu
Tensão de aderência última
f
ctd
Resistência à tração do concreto
η
Coeficiente usado para aderência das barras de aço
F
arr
Força de arrancamento
l
b
Comprimento reto de ancoragem
τ
bm
Tensão de aderência média bambu – concreto
u
Perímetro de contato entre o reforço
τ
bd
Tensão de aderência de cálculo bambu – concreto
τ
bk
Tensão característica de aderência bambu – concreto
B
Base da talisca de bambu
H
Altura da talisca de bambu
A
b
Área de reforço bambu
π
Pi = 3,14
r
Raio da circunferência
A
l
Área lateral
A
lt
Área lateral total
xx
C
m
Consumo de areia
ρ
c
Massa específica do cimento
ρ
a
Massa específica da água
ρ
b
Massa específica da brita
ρ
m
Massa específica da areia
P
s
Peso seco
P
h
Peso úmido
h%
Teor de umidade em porcentagem
d
Densidade absoluta
M
Massa
V
Volume
σ
m
Tensão de tração média do Bambusa Vulgaris
E
b
Módulo de elasticidade do Bambusa Vulgaris
E
s
Módulo de elasticidade do aço
ε
b
Deformação específica do Bambusa Vulgaris
σ
Tensão de tração
ε
btk
Deformação de tração característica do Bambusa Vulgaris
E
btk
Módulo de elasticidade característico na tração do Bambusa Vulgaris
ε
c
Encurtamento específico do concreto
ε
s
Alongamento específico do aço
f
cd
Tensão de cálculo do concreto
γc
Coeficiente de segurança para o concreto
ε
yd
Deformação de cálculo do aço
f
yd
Tensão de cálculo do aço
f
y
Tensão de escoamento do aço
R
cc
Resultante das tensões de compressão no concreto
R
st
Resultante das tensões de tração na armadura
M
d
Momento fletor de cálculo
xxi
y
Altura da parte do concreto comprimido aproximado por um retângulo
A
smín
.
Área de aço mínima de acordo com a NBR 6118:2004
Vão da viga
X
Posição da linha neutra
x
lim
.
Posição limite da linha neutra
V
c
Força
cortante
τ
c
Tensão provocada pela força cortante
s
Espaçamento dos estribos
A
sw
Área de aço da seção transversal dos estribos
V
sd
Força cortante de cálculo
ρ
sw
Taxa de armadura mínima (NBR 6118:2004)
M(x)
Momento fletor
I
Momento de inércia da seção transversal
α
Coeficiente que depende da seção transversal da viga
Y
t
Distância do centro de gravidade da seção à fibra mais tracionada
I
c
Momento de inércia da seção bruta
I
II
Momento de inércia da seção fissurada de concreto no estádio II
M
a
Momento fletor na seção crítica do vão considerado, momento máximo
no vão para vigas bi apoiadas
M
r
Momento de fissuração do elemento estrutural, cujo valor deve ser
reduzido à metade no caso de utilização de barras lisas
E
cs
Módulo de elasticidade secante do concreto
E
s
Módulo de elasticidade do aço
d
Altura útil da viga
q
Carga uniformemente distribuída
P
Carga concentrada
w
k
Abertura máxima das fissuras características
f
b
Tensão última do bambu
xxii
f
bd
Tensão de cálculo do Bambusa Vulgaris
M
d
Momento fletor de cálculo
d
Altura útil da viga
e
Espessura do recobrimento de concreto
e
sb
Espessura do estribo de bambu
h
tb
Altura da talisca de bambu
α
e
Razão entre os módulos de elasticidade do aço e do concreto ou entre o
do bambu e do concreto
α
c
Coeficiente que depende das condições estáticas da viga, para vigas bi
apoiadas com cargas uniformemente distribuídas α
c
=5/384
xxiii
Lista de Abreviaturas
NBR 6118:2004
Norma para o concreto armado
NBR 7119:1997
Norma para madeiras
kN
Quilonewton - 10
3
N
MPa
Mega pascal – 10
6
Pa
GPa
Giga pascal – 10
9
Pa
f
ctk,sup
Resistência característica superior do concreto à tração
f
ct,m
Resistência à tração do concreto média
M
d,mín.
Momento mínimo previsto pela NBR 6118:2004
M
d,mín.efet.
Momento mínimo considerando o número de barras mínimo
que se coloca efetivamente na viga
f
ct,inf
Resistência à tração direta do concreto
Aço CA – 60
Aço para concreto armado com tensão de escoamento de 600
Mpa
xxiv
Resumo
Esta pesquisa verifica a viabilidade técnica da utilização do Bambusa
vulgaris, vegetal abundante no estado de alagoas, como substituto do aço liso,
no reforço do concreto em vigas, para uso em construções rurais. O bambu
vem sendo pesquisado a mais de cinqüenta anos, entretanto, existem poucos
estudos sobre essa espécie com esta aplicação. A utilização de materiais
renováveis e de baixo consumo de energia é fundamental em todas as áreas
produtivas, principalmente o da construção civil, devido o alto consumo de
energia que esta atividade requer. Esta opção além de reduzir custos, contribui
para reduzir os efeitos da agressão ambiental que a produção do aço provoca.
Emprega-se neste trabalho a metodologia usada e amplamente aceita do
concreto armado, com as precauções que se deve ter com os materiais
naturais, e de características mecânicas heterogêneas. Com a finalidade de se
obter um material de melhor qualidade, o bambu foi caracterizado à tração com
nó, usando-se 2/3 da espessura externa do colmo. As áreas de reforço são
pré-determinadas, correspondendo a percentuais de reforço de 1%, 2% e 3%,
em forma de varetas, de seção transversal constante de 0,6 cm x 1,00 cm.
Verifica-se que o dimensionamento de vigas de concreto com reforço de
bambu, deve ser feito em função da sua deformação vertical, tendo em vista
seu baixo módulo de elasticidade em relação ao aço. Para possibilitar o uso de
forma simples e prática deste material, foram desenvolvidas tabelas com
dimensionamento de vigas, que podem ser usadas em várias situações de
carregamento, em construções rurais, ou pequenas construções.
Palavras-chave: Bambusa Vulgaris, concreto, vigas, reforço.
xxv
Abstract
This research verifies the viability technique of the use of the Bambusa vulgaris,
vegetal abundant in the state of alagoas, as substitute of the smooth steel, in
the reinforcement of the concrete in beams, for use in agricultural constructions.
The bamboo comes more than being searched the fifty years, however, exists
few studies on this species with this application. The use of materials you
renewed and of low consumption of energy it is basic in all the productive areas,
mainly of the civil construction, which had the high consumption of energy that
this activity requires. This option besides reducing costs, contributes to reduce
the effect of the ambient aggression that the production of the steel
provokes.The used and widely accepted methodology of the armed concrete is
used in this work, with the precautions that if must have with the natural
materials, and of heterogeneous mechanical characteristics. With the purpose
of if getting a material of better quality, the bamboo was characterized to the
traction with knot, using itself 2/3 of the external thickness of colmo.The
reinforcement areas are daily pay-definitive, corresponding the percentages of
reinforcement of 1%, 2% and 3%, in form of rods, cross-section constant of
0,6 cm x 1,00 cm. It is verified that the sizing of beams of concrete with
reinforcement of bamboo, must be made in function of its vertical deformation,
in view of its low modulus of elasticity in relation to the steel. To make possible
the use of simple and practical form of this material, had been developed tables
with sizing of beams, that can be used in some shipment situations, agricultural
constructions, or small constructions.
Keywords: Bambusa vulgaris, concrete, beams, reinforcement.
1
CAPÍTULO 1
1. ASPECTOS GERAIS
Nos últimos anos, a preocupação com a qualidade de vida e preservação
ambiental tem sido tema constante em todas as áreas, principalmente na construção
civil. Tal preocupação tem levado ao desenvolvimento e aplicação de materiais
produzidos com reduzido consumo de energia e baixo índice de agressividade
ambiental. Uma possibilidade de atendimento a esta preocupação está na
substituição de produtos convencionais por outros com propriedades similares, que
agregam tanto vantagens econômicas e sociais, quanto técnicas. Um exemplo deste
material não convencional é o bambu.
O bambu pode ser utilizado para os mais diversos fins e das formas mais
variadas. No setor da construção civil, seu uso é bastante difundido na Ásia e em
países da América Latina, como Peru, Equador, Costa Rica e Colômbia, onde vários
exemplos de edificações confirmam sua potencialidade. Embora seja possível
executar uma construção apenas com bambu, costuma-se associá-lo a outros
materiais, com a finalidade de melhor prevenir possíveis processos de degradação
do material.
Para o uso do bambu em grande escala como material de construção
economicamente viável e com possível industrialização, se faz necessário um
estudo científico sistemático que leve em consideração a variabilidade da
matéria-prima em termos de espécie e caracterização física e mecânica. Para este
propósito, deve ser estudado o processo de plantação, colheita, cura, tratamento, e
pós-tratamento, além de uma completa análise estatística das propriedades físicas e
mecânicas dos colmos do bambu inteiro, de forma a caracterizar os bambus com
confiabilidade. Os colmos do bambu possuem excelentes propriedades físicas e
mecânicas, podendo ser considerado adequado para substituição do aço na
fabricação de estruturas de concreto armado. Suas características de leveza,
resistência, conteúdo das fibras, flexibilidade e facilidade de trabalho são ideais para
diferentes propósitos tecnológicos.
2
Esse material vem revelando grandes vantagens estruturais, ambientais,
estéticas e econômicas. Tem sido usado pela arquitetura/construção e design
contemporâneos, através de estudiosos e criadores de arquitetura em bambu, tais
como, Marcello Villegas, Oscar Hidalgo Lopes e Simon Vélez, todos colombianos.
No Brasil, o bambu ainda encontra-se em processo de difusão com o
significativo trabalho de alguns arquitetos e pesquisadores. Alternativas de utilização
de bambus se tornam cada vez mais interessante na busca pela sustentabilidade.
Sendo o bambu um material de fácil cultivo, relativamente barato, de rápido
crescimento e abundante, revela-se, um importante aliado para projetos de inclusão
social.
1.1 - Objetivos
1.1.1 – Objetivo Geral
O objetivo principal deste trabalho é apresentar um estudo de viabilidade
técnica da substituição do aço liso pelo Bambusa vulgaris, na produção de vigas de
concreto armado, para utilização em construções rurais ou pequenas construções.
1.1.2 – Objetivos específicos
1 – Caracterizar o Bambusa vulgaris, com nó, usando 2/3 da sua espessura externa.
2 – Elaborar um método de dimensionamento de vigas de concreto reforçadas com
bambu para utilização em construções rurais, a partir do modelo já existente e
amplamente confirmado do concreto armado.
3 – Apresentar mais uma utilidade para o Bambusa vulgaris, material renovável, de
baixo consumo de energia, abundante no estado de Alagoas.
4 – Contribuir com um material que pode reduzir os custos de construções, trazendo
benefícios ambientais e sociais, podendo ser usado em construções de casas
populares e instalações comuns ao meio rural.
3
1.2 - Justificativa
O aço para ser obtido, consome grandes quantidades de energia fóssil, com
emissão de gases que contribui para o efeito estufa. É um material cuja fabricação
depende das jazidas de minério de ferro, as quais se constituem em fontes não
renováveis de matéria-prima. Sua reciclagem também consome grande quantidade
de energia, encarecendo de forma substancial o produto final. Sua substituição em
diversas situações pode ser considerada uma alternativa viável para minimização
dos impactos ambientais, com vantagens econômicas e sociais (Tabela 1.1). A ação
humana depois da revolução industrial tem afetado o clima do planeta. Alerta-se
para um possível aquecimento global gerado pela emissão de gases estufa como o
dióxido de carbono (CO
2
) (SILVA, 2006).
Uma vez que a engenharia deve ter como preocupação, também a melhoria
da qualidade de vida da população, este trabalho visa contribuir com a aplicação de
materiais alternativos na indústria da construção civil, a fim de reduzir custos em
construções rurais e em edificações para população de baixa renda. Na atualidade,
o bambu é o vegetal mais usado experimentalmente como reforço do concreto.
Devido a sua tensão de tração relativamente alta, chegando a 382 MPa para
Bambusa tulda (HIDALGO, 2003).
Ainda hoje, o bambu é avaliado com negligência apesar do seu baixo custo e
abundância nos países tropicais. Neste trabalho usa-se o Bambusa vulgaris porque
é a espécie que existe em abundância no estado de Alagoas. Além de ser uma
planta que tem uma alta velocidade de crescimento, é um recurso natural renovável,
diferentemente do aço. A utilização do Bambusa vulgaris, como substituto do aço
liso em vigas de concreto armado, visa aproveitar esse recurso natural.
Tabela 1.1 - Consumo energético por material
Material Energia (MJ/m
3
por MPa)
Aço 1500
Concreto 240
Madeira 80
Bambu 30
Fonte: JANSSEN (1995)
4
CAPÍTULO 2
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Pesquisas mostram que os materiais não convencionais podem ter
qualidades semelhantes as dos materiais tradicionais, com um menor custo,
acarretando um menor impacto sobre o meio ambiente e, em alguns casos,
adaptando-se a um rápido processo de fabricação. Os materiais não convencionais
são também reconhecidos pelo seu valor em projetos sustentáveis de inclusão
social. Sendo o bambu um material de fácil cultivo e de rápido crescimento, pode ser
enquadrado como um importante aliado para o desenvolvimento sustentável.
2.1 – Concreto
O concreto é um material composto por água, cimento e agregados. Esses
materiais associados entre si resultam em pasta quando temos a mistura apenas de
cimento e água, argamassa quando a pasta mais agregado miúdo, e concreto
quando se associa a argamassa e o agregado graúdo.
Para a utilização estrutural, o concreto sozinho não é adequado como
elemento resistente, pois enquanto tem uma boa resistência à compressão, pouco
resiste à tração (considera-se a resistência à tração 1/10 da resistência à
compressão), embora esse tipo de solicitação quase sempre esteja presente nas
estruturas das construções usuais (SUSSEKIND, 1984). Os exemplos mais comuns
são os elementos fletidos, nos quais em uma mesma seção transversal, há tanto
tensões de compressão quanto de tração (Figura 2.1). Observa-se que no trecho
submetido à flexão pura, dependendo da intensidade dos esforços atuantes, podem
ocorrer fissuras, levando a peça à ruína. Para aumentar a resistência do elemento é
importante a associação do concreto com um material que tenha resistência à tração
e sejam mais deformáveis. Tendo sido usado de forma mais comum o aço, é
proposto neste trabalho a sua substituição pelo bambu (Figura 2.2).
5
Figura 2.1 – Viga bi-apoiada (trajetória das tensões principais) – (TIMOSCHENKO;
GERE, 1994).
Figura 2.2 – Viga bi-apoiada com reforço de bambu
2.2 – Bambusa vulgaris schard
O bambu é uma planta conhecida desde a Antigüidade e tem sido utilizada
para os mais diversos fins, principalmente nos países asiáticos. O bambu representa
o sustento de mais de um bilhão de pessoas, principalmente nas áreas rurais pobres
de países em desenvolvimento da
Á
sia, América do Sul e Central
(LIESE E VELEZ, 1998). Sua aplicação se dá em diversos setores de produção,
gerando emprego e renda na área de artesanato, mobiliário, decoração interior,
paisagismo, alimentação, laminado para forro e piso; uso do carvão para tratamento
da água, uso do ácido piro lenhoso como insumo para a agricultura, construção civil
(solos-fibra), fibrocimento, elementos estruturais e armações no concreto
substituindo o aço. Entre as qualidades do bambu que têm atraído a atenção de
6
pesquisadores e empresários, está a rápida propagação e o crescimento acelerado
da planta. De acordo com Vélez (2001), o bambu cresce 30% mais rápido do que as
espécies de árvores consideradas como de rápido crescimento, e graças a esse
crescimento vigoroso, seu rendimento em peso por hectare ao ano é 25 vezes maior
do que o da madeira. Pesquisas sobre o bambu confirmam, por exemplo, que sua
fibra é um excelente substituto para a fibra inorgânica como o asbesto, que continua
a ser usado no Brasil, apesar de ser banido em diversos países desenvolvidos.
O bambu é constituído pelo colmo (tipo de tronco, parte aérea da planta) e na
parte subterrânea por rizomas (também tipo de caule) e raízes. Sua distribuição
subterrânea em forma de uma malha de rizomas faz do bambu um recurso para
conservação do solo e contenção de encostas.
Figura 2.3 – Planta de bambu completa – (HIDALGO, 2003).
O colmo é a parte que interessa neste trabalho. Tem forma cilíndrica oca e
apresenta uma seqüência de nós. Suas fibras naturais são fortes, o que resulta em
ótimas propriedades estruturais.
7
Citam-se aqui cinco espécies mais conhecidas de mais de 1200
(LONDOÑO, 1999).
Guadua angustifolia se difere principalmente pela grossura dos colmos. Tem
maior importância cultural e econômica no Equador, Venezuela e principalmente
Colômbia; mas também pode ser encontrado por todo Brasil. É a espécie que
apresenta maior resistência e, portanto, mais adequada para a construção.
Phyllostachys aurea, aqui chamada de "bambu-mirim", bastante adaptável ao
clima temperado.
Phyllostachys moso, muito aproveitado na China para alimentação e é a espécie
utilizada para fabricação de laminados de bambu.
Dendrocalamus asper, encontrado em maior escala no RJ e MS, popularmente
chamado de “bambu-balde” por seu tamanho (chega até 25 cm de diâmetro e 25
metros de altura).
Bambusa vulgaris schard (Bambusa Vulgaris Scharader ex Wendland) é
encontrado em todo o mundo, especialmente na China, Madagascar, Ásia, Austrália,
África, América Central e do Sul. Os colmos são eretos embaixo, arqueando no topo,
altura entre 10 m e 20 m e diâmetro e de 4 cm e 10 cm. É muito usado para a
construção de barcos, como estacas verticais, construções temporárias, como
matéria-prima para papel, etc. É o bambu de maior ocorrência no Brasil, e é muito
susceptível ao ataque de fungos e insetos, principalmente do
Dinoderus minutus (KURIAN e KALAM, 1977).
2.2.1 - Características dos colmos
Os colmos são formados por cascas, de modo geral cilíndricas, esbeltas,
ocos (ver Figura 2.4). O espaço vazio dentro do colmo é denominado cavidade, as
quais são separadas uma das outras por diafragmas que aparecem externamente
como nós, de onde saem os galhos e as folhas. A posição do colmo entre dois nós é
chamada internó, os quais possuem uma parede de espessura variável. Os colmos
diferem segundo a espécie em comprimento, diâmetro, espessura das paredes, e
distância internodal. Alguns colmos possuem poucos centímetros de altura e poucos
milímetros de diâmetro, outros podem alcançar até 30 m de altura e diâmetros de
até 15 cm (GHAVAMI e MARINHO, 2001).
8
Figura 2.4 – Corte longitudinal de parte do colmo de Bambusa vulgaris.
A estrutura do bambu mostra que ele é um material compósito, constituído de
fibras longas e alinhadas de celulose, imersas em uma matriz de lignina
(GHAVAMI et al., 2000). Observando-se de forma detalhada a seção transversal de
um colmo de bambu, verifica-se que as fibras se concentram à medida que se
aproxima de sua superfície externa, isto caracteriza o bambu como um FGM
(Function Gradation Material), o que faz com que o material possa resistir às cargas
de vento, que são a solicitação mais constante durante a vida do material na
natureza. A seção transversal de uma parede de bambu é formada por:
- Superfície exterior dura e lustrosa, a qual evita parcialmente a perda de água do
colmo.
- Células parenquimais, onde são armazenados os nutrientes.
- Feixes vasculares contendo:
a) vasos que conduz a água.
b) Tubos condutores de seiva.
c) Fibras de paredes grossas compostas de celulose. Esta região conhecida pelo
nome de esclerênquima é a responsável pela resistência dos colmos.
Microscopia por Processamento Digital de Imagens (PDI), cuja imagem de
variação das fibras na espessura do colmo é apresentada na Figura 2.5.
9
Figura 2.5 - Variação da fração volumétrica das fibras do colmo de bambu em
função da espessura das paredes(GHAVAMI e MARINHO, 2001).
Observa-se na Figura 2.6, que a concentração de fibras é muito maior na
parte externa do bambu, de modo que cerca de 80% das fibras concentram-se nos
2/3 da espessura externa.
Figura 2.6 – Gráfico que mostra a variação do percentual de fibras em função da
espessura do colmo de Bambusa vulgaris (GHAVAMI, 2001).
As fibras são caracterizadas pela sua forma delgada. Seu comprimento e
espessura influenciam na resistência mecânica dos colmos. Entre 78 espécies de
bambu analisadas por diferentes autores, um amplo número de comprimento de
10
fibras tem sido encontrado: desde 1,04 mm em Phyllostachys nigra até 2,64 mm em
Bambusa vulgaris (GROSSER; LIESE, 1971). Na Tabela 2.1, resumem-se os
valores de comprimentos de fibras para sete diferentes espécies.
Tabela 2.1 – Dimensões das fibras para diferentes espécies de bambu
Espécies
Comprimento
(mm)
Largura
(µm)
Bambusa multiplex
2,2 14
Bambusa tulda
1,45 24
Bambusa vulgaris 2,64 10
Guadua angustifolia
1,6 11
Phylostachys edulis
1,56 13
Phylostachys nigra
1,04 10
Phylostachys reticulata
1,56 13
Fonte: GHAVAMI (2001).
2.3 – Material concreto reforçado com bambu
As pesquisas mostram que o uso do bambu como reforço do concreto pode
ser dividido em três métodos, conforme ilustra a Figura 2.7. O primeiro consiste no
uso de colmos de bambu de pequeno diâmetro, o segundo método, no uso de
taliscas ou varetas de bambu de dimensões previamente determinadas e o terceiro
método, no uso de cabos; uma técnica chinesa milenar, que foi introduzida por
Hidalgo, na Colômbia, em 1974.
Figura 2.7 – Modelo dos diversos tipos de reforço de bambu (HIDALGO, 2003).
O estudo do uso de bambus de pequenos diâmetros e taliscas como reforço
do concreto vem desde 1914, quando H.K. Cohow publicou o primeiro experimento
nesta área, como tese no Instituto de Tecnologia de Massachusetts nos EUA. Em
11
1935, foi publicado na Alemanha por K. Datta no Technische Hochschule At Stutteart
sob a direção do Prof. Graf, experimento com taliscas de bambu e estribo de aço.
Em 1936, o Imperial Forestry Institute na Inglaterra publicou experimentos com o uso
de bambu como reforço do concreto em construções. Desde então, muitas
investigações nesta área foram publicadas, particularmente por estudantes de
escolas de Engenharia de diferentes Universidades das Américas, Ásia e Europa, de
acordo com suas espécies nativas. Muitos desses trabalhos não tiveram valor
técnico porque não foi incluído o nome científico da espécie usada na pesquisa,
provavelmente porque se achava que todas as espécies de bambu tinham as
mesmas características mecânicas (HIDALGO, 2003). Este foi o erro de muitas
pesquisas nesta área realizadas até o início da década de 70, o de considerar os
bambus iguais, se comportando como madeiras comuns. A mais importante e
extensa pesquisa do uso do bambu como reforço do concreto, já publicado, foi
conduzida por H. E. Glenn em 1950, no Clemson Agricultural College of South
Carolina. Esta pesquisa foi publicada em maio de 1950. Neste trabalho foram
construídas edificações de médio porte, com todos os seus elementos produzidos
com concreto reforçados com bambu. Construções de galpões de concreto com
reforço de bambu foram produzidas no Vietnã como mostra a Figura 2.8. Alguns
erros foram cometidos e o resultado não foi satisfatório (HIDALGO, 2003).
Figura 2.8 – Construção de galpões no Vietnã (HIDALGO, 2003)
Em todos os estudos publicados do uso do bambu como reforço do concreto,
em colmos de pequenos diâmetros, taliscas, ou cabos, tem ampla demonstração de
que é viável, mas apresenta alguns problemas que devem ser contornados.
12
2.3.1 – Principais recomendações para o uso do bambu como reforço do
concreto
As principais recomendações de GLENN, (1950) e JANSSEN, et al (1995),
para o uso do bambu como reforço do concreto são as seguintes:
1 – Usar colmos de bambu com cerca de três anos de idade, isto é observado pela
coloração do mesmo. O corte deverá ser feito quando o bambu apresentar cor
marrom-amarelada;
2 – Deverá ser cortado e secado por um mínimo de três semanas a um mês,
colocados de pé, até atingir uma umidade em torno de 15%;
3 – As taliscas de bambu usadas como reforço de concreto devem ter largura
máxima de 19 mm. Observa-se, no entanto, que taliscas muito finas reduz a
capacidade resistente do material.
4 – Devem-se dar um espaçamento apropriado entre as taliscas do reforço, para não
afetar a aderência bambu-concreto;
5 – A estrutura de concreto com reforço de bambu é governada pela sua resistência
à flexão. Usualmente, se indica que o valor de deflexão nos elementos, corresponde
a aproximadamente 1/360 do comprimento do vão. Este valor contribui como fator
de segurança contra a ruptura do elemento;
6 - O valor da tensão de aderência entre as taliscas de bambu e o concreto é, cerca
de 0,50 MPa.
Dos três métodos citados de utilização do bambu como reforço do concreto o
mais eficiente é o de cabos de bambu (HIDALGO, 2003). Para este propósito os
cabos são confeccionados com largura de 2 cm e espessura de 3 mm. Esta prática
já é conhecida pelos chineses há milênios, pois usam esses cabos para sustentação
de pontes com vãos de até 100 m. Segundo esta técnica 70% da espessura das
13
paredes dos colmos de bambu é descartável. Além de ser a parte mais frágil, é mais
susceptível aos ataques de insetos e é a responsável pelo inchamento do bambu
quando em contato com a água do concreto. Os três milímetros da parte externa da
parede do bambu têm resistência cerca de três vezes maior que o restante do colmo
(HIDALGO, 2003). Os cabos são confeccionados de duas formas, simplesmente por
torção de três ou mais cabos, ou em forma de trança, seguindo o modelo das
tranças dos cabelos das mulheres. Outro fator importante no uso de cabos de
bambu é a aderência que aumenta significativamente em relação aos outros
métodos. Teste de aderência com cabos de bambu como reforço de concreto
chegou a cerca de 1,8 MPa (HIDALGO, 2003).
JANSSEN (1995) propõe um método de dimensionamento simplificado
baseado nos percentuais de reforço ρ = 1% e 2%. Sejam como elementos de
paredes, vigas, teto, piso, etc. Afirma também que no concreto é comum o aço ter
uma tensão de tração de 160 MPa, e o bambu uma tração de 20 MPa, considerando
esses valores tem-se uma relação de 8:1. Sendo que o peso específico do aço é
cerca de 7850 Kgf/m
3
e do bambu de 500 Kgf/m
3
, dando uma relação de 16:1.
Considera-se que o momento fletor das vigas reforçadas com aço para um
percentual de 0,60% de reforço é o seguinte:
2
76,0140
100
6,09,0 hb
hb
hM =
=
2.1
Para o reforço de bambu com percentual de reforço de 4%, tem-se:
2
60,020
100
475,0 hb
hb
hM =
=
2.2
Sendo b e h em cm.
Isto significa que para um percentual de bambu de 4%, JANSSEN (1995),
considera que o valor de z (braço de alavanca) z = 0,75.h, enquanto que para o aço
z = 0,9.h. Observa-se que essa comparação é feita com um percentual de aço de
ρ = 0,6% e de bambu de ρ = 4%. Comparando os valores dos momentos observa-se
que o momento da viga reforçada com bambu é 78% da mesma viga reforçada com
aço.
14
%78100
60,0
76,0
2
2
=
bh
bh
2.3
Considera que, de modo geral, a tensão do aço é cerca de sete vezes maior
que o reforço de bambu, e o módulo de elasticidade do aço é cerca de dez vezes
maior. Em conseqüência disso, as deformações das vigas com reforço de bambu é
cerca de 1,5 vezes as mesmas vigas com reforço de aço. Considera-se para o aço
uma deformação de 0,67x10
-3
e para o bambu 1,0x10
-3
.
1 – Uso de betume - Consiste em mergulhar as taliscas ou colmos de pequenos
diâmetros de modo a criar uma camada impermeabilizante dificultando a penetração
da água do concreto no bambu, e desta forma reduzindo o inchamento do mesmo.
2 – Uso de betume, mas antes se colocam pregos de 25 mm nas faces do reforço de
bambu espaçados de 75 mm. Os pregos garantem a aderência.
3 – Uso da metade externa da parede do bambu, que é mais resistente e tem maior
módulo de elasticidade, devido ao alto teor de celulose. Sugere também o uso de
cabos de bambu segundo o modelo chinês. Isto garante um acréscimo considerável
na tensão de aderência.
Este estudo apresenta discordância de JANSSEN (1995). Inicialmente no que
diz respeito ao percentual máximo de reforço de bambu. Neste trabalho verifica-se
que o percentual máximo admitido é de 3%. Acima desse percentual o reforço se
aproxima da linha neutra e não trabalha a tração.
Quanto ao uso do betume, verifica-se que esse material não é adequado para
garantir uma melhor aderência bambu-concreto, além de não ser adequado
ecologicamente.
15
2.3.2 – Durabilidade
O maior questionamento sobre o bambu como reforço do concreto é a sua
durabilidade. O concreto de modo geral é alcalino, Ph = 13, esse valor é alto para o
bambu. A alcalinidade destrói as fibras de celulose, consequentemente depois de
alguns anos ocorrem mudanças dentro da massa das fibras de celulose, porque
diminui sua coesão. Isto ocorre em compósitos de fibro-cimento com fibras de
bambu com cerca de 1 mm de diâmetro em contraposição a taliscas de bambu com
cerca de 4 mm x 10 mm.
Foram observados trabalhos em mais de uma década e não se viu sinal de
fissuras ou qualquer dano relacionado com a perda de resistência ocasionada pela
fragilidade das taliscas de bambu (JANSSEN, 1995).
Segundo ROSA et al, (2006), experiência realizada com o bambu da espécie
Dendrocalamus giganteus, imersos em solução de hidróxido de cálcio durante 60
ciclos, não apresentou redução nos valores de resistência e no módulo de
elasticidade.
2.4 – Características físicas do Bambusa vulgaris
O bambu é formado essencialmente por feixes de fibras longitudinais unidas
fortemente por uma substância aglutinante. Considera-se o bambu um material
ortotrópico (GHAVAMI, 2001). Entre as características físicas que são necessárias
para caracterizar o bambu destacam-se o teor de umidade, a densidade e o peso
específico, parâmetros que influenciam a resistência do bambu (HIDALGO, 2003).
O teor de umidade do bambu natural varia de 13% a 20%, dependendo do
clima e da umidade local. É um material higroscópio, dilatando-se com o aumento de
umidade e contraindo-se com a perda de água. O teor de umidade adequado para
ser usado no bambu é em torno de 12% a 15% (GHAVAMI, 2001).
A densidade do bambu depende da sua estrutura anatômica, crescendo da
camada mais interna para a parte externa do colmo, e ao longo do colmo cresce da
base para o topo (HIDALGO, 2003).
16
De acordo com (LIESE, 1998), cerca de 50% das fibras das paredes do colmo
estão localizadas no terço externo das paredes do colmo. Isto indica que a
resistência das paredes do colmo aumenta gradualmente da parte interna para a
parte externa. O peso específico dos nós é geralmente mais alto que os internós
devido a menor quantidade de parênquima e mais fibras nas paredes. De modo
geral, existe uma relação direta entre o peso específico e a resistência do bambu.
Um fator que pode dificultar o seu uso como substituto do aço como reforço
do concreto armado é o seu coeficiente de dilatação. O coeficiente de dilatação no
sentido longitudinal (α = 1,0x10
-5
ºC
-1
), valor muito próximo ao do concreto, porém, é
quatro vezes maior no sentido transversal. Entretanto, não se verifica como
empecilho para variações de temperaturas usuais (GEYMAYER; COX, 1970). As
propriedades físicas de um colmo de bambu, como cor, altura total, distância entre
os nós, diâmetro e espessura da parede são relacionadas com a espécie e a idade
do bambu (LIESE,1986). Entre as características físicas que são necessárias para
caracterizar o bambu, destaca-se o teor de umidade a densidade e o peso
específico. Para o uso apropriado de qualquer espécie de bambu é importante o
estudo dessas propriedades.
2.5 – Características mecânicas do Bambusa Vulgaris
As características mecânicas do bambu são influenciadas principalmente por
fatores, tais como:
a) Espécie;
b) Idade;
c) Solo do bambusal;
d) Condições climáticas;
e) Época da colheita;
f) Teor de umidade;
g) Localização dos colmos de bambu em relação ao comprimento do mesmo;
h) Presença ou não de nós.
17
A resistência à compressão na direção das fibras é juntamente com a
resistência a tração, a resistência ao cisalhamento perpendicular às fibras e o
módulo de elasticidade, fundamentais para a caracterização mecânica do bambu
que será usado como elemento de reforço da matriz de concreto. Devido à
orientação das fibras serem paralelas ao eixo do colmo, o bambu resiste mais à
tração do que à compressão.
O módulo de elasticidade, as resistências à tração, compressão e
cisalhamento variam em função da localização do colmo e do fato do corpo-de-prova
ter ou não nós, para um mesmo bambu.
GHAVAMI E HOMBEC (1981), BERALDO (1987) observaram que na maioria
dos ensaios, o rompimento dos corpos-de-prova aconteceu nos nós, por ser um
ponto de descontinuidade das fibras, ocorrendo mudanças que alteram sua seção,
sendo um ponto de concentração de tensões.
A resistência à tração do bambu é bem mais alta que sua resistência à
compressão. (GHAVAMI, 1995), (GHAVAMI; SOUZA, 2000), e (LIMA JR. et al, 2000)
pesquisaram esta característica mecânica de diferentes tipos de bambus, tais como
o Dendrocalamus giganteus, Bambusa vulgaris, Guadua angustifólia, chegando a
valores compreendidos entre 40 MPa e 215 MPa.
A resistência ao cisalhamento do bambu, paralelo às fibras, é de modo geral,
8% da sua resistência à compressão (JANSSEN, 1995). (ATROPS apud ROBLES,
1981), afirma que a resistência ao cisalhamento aumenta com a redução da
espessura da parede, ou seja, da base para o topo da peça de bambu. (GHAVAMI;
TOLEDO FILHO, 1991) estudaram a resistência de cisalhamento normal às fibras
em várias espécies de bambu e obtiveram para o Bambusa vulgaris um valor médio
de 41,20 MPa para uma região sem nó. O módulo de elasticidade de corpos-de-
prova de bambu sem nó apresenta valores superiores aos com nó (GHAVAMI,
1991).
Para a espécie Bambusa vulgaris, sem nó, o valor do módulo de elasticidade,
varia entre 10 GPa e 15 GPa (LIMA JR. et al,1996).
Se comparado com o módulo de elasticidade do aço, sendo E
s
= 210 GPa,
verifica-se que o módulo de elasticidade do bambu é cerca de 20 vezes menor.
18
Tabela 2.2 - Propriedades mecânicas do Bambusa vulgaris schard, com nó, colhido
no Rio de Janeiro.
Parte do
bambu Tração Compressão E - Mód. de Elast. Cisalhamento
(com nó) (MPa) (MPa) tração (GPa) Transv. (MPa)
Base 131,60 37,50 8,46 39,00
Intermediária 106,10 39,50 8,50 42,50
Topo 145,60 42,00 9,45 42,00
* Média
127,70 39,66 8,80 41,20
Fonte: (GHAVAMI; TOLEDO FILHO,1991)
* Os valores apresentados foram determinados considerando a espessura total dos
colmos de bambu.
2.5.1 – Resistência à tração característica do Bambusa vulgaris (f
bkt
)
O bambu é um material natural que apresenta grandes variações em suas
resistências, como já vimos depende de vários fatores como: espécie, tipo de
solo, teor de umidade, clima, porção do colmo e idade (GHAVAMI apud HIDALGO
1974).
Tendo em vista todas essas variáveis, e não existindo norma específica
para o bambu, considera-se neste trabalho como resistência à tração última do
bambu, sua tensão característica, obtida segundo o método de distribuição
normal.
Figura – 2.9 - Gráfico representativo da distribuição normal ou de Gauss para
probabilidade de 95% de se encontrar valores maiores que o de f
bkt
.
19
2.5.2 – Tensão admissível ou de cálculo à tração do bambusa vulgaris
A tensão admissível é fixada tomando-se um coeficiente de segurança
adequado sobre a tensão máxima do material (TIMOSHENKO; GERE 1994). Na
ausência de norma que regulamenta os coeficientes para o bambu, usa-se o mesmo
critério que é usado para madeiras (γ
m
= 1,8), madeiras submetidas à tração (NBR
7190:1997).
2.5.3 - Deformação transversal admissível para vigas de concreto com reforço
de bambu
Não existe norma que regulamente o valor da flecha para vigas de concreto
com reforço de bambu. A NBR 6118:2004 fixa para vigas de concreto com reforço
de aço um valor para flecha de 1/250 do comprimento do vão.
Para vigas de madeira, a NBR 7190:1997 fixa valores que depende da
condição estática da viga. Para vigas bi-apoiadas a = /350, e para vigas engastadas
a = /175.
2.6 - Aderência
Aderência é o fenômeno caracterizado pela união entre o reforço, e o
concreto é uma das razões básicas indispensáveis para existência do concreto
armado. O trabalho conjunto do concreto e do aço, assegurado pela aderência
entre os dois materiais, é a principal causa do comportamento estático conjunto
do concreto e das barras de aço.
A aderência assegura internamente a transmissão de esforços do aço para
o concreto e vice-versa, pois, garante a igualdade de deformações específicas ε
das barras de aço, e do concreto que as envolve. Assim é que, nas regiões
tracionadas, onde o concreto possui resistência praticamente nula, ele fissura,
tendendo a se deformar, o que graças à aderência arrasta consigo as barras de
aço, forçando-as a trabalhar e, conseqüentemente, a absorver os esforços de
20
tração, coisa que, caso não sucedesse levaria a peça a ruína (SUSSEKIND,
1984). Logo, é graças à aderência que os esforços de tração podem chegar às
barras de aço da armadura, assim como, também nas regiões comprimidas, uma
parcela de compressão poderá ser absorvida por armadura colocada com esta
finalidade. De acordo com ensaios, n tem-se uma barra de aço mergulhada num
bloco de concreto, tracionada por uma força, o comportamento tensão de
aderência x deslocamento é mostrado na Figura 2.10.
Figura 2.10 - Curvas esquemáticas tensão de aderência x deslocamento e os
estágios da aderência aço concreto (FIB, 1999).
Segundo LEONHARDT (1977), a aderência é composta por três parcelas:
¾ 1.1 - Adesão: De natureza físico-química, com forças capilares na interface entre
os dois materiais; o efeito é de uma colagem provocada pela nata de cimento na
superfície do aço. (estágio 1);
¾ 1.2 - Atrito: É a força que ocorre na superfície de contato entre os dois materiais,
e se manifesta quando há tendência ao deslocamento relativo entre a barra de
aço e o concreto. É variável com o tipo de superfície das barras e devido à
penetração da pasta de cimento nas irregularidades das mesmas; é tanto maior
quanto maior é a pressão exercida pelo concreto sobre a barra (por isso, o atrito
é maior nos apoios e nas partes curvas das barras, favorecido pela retração).
(estágio 2);
¾ 1.3 - Aderência mecânica – (Engrenamento): Resistência mecânica ao
arrancamento devida à conformação superficial das barras, em que as mossas e
21
as saliências funcionam como peças de apoio, aplicando forças de compressão
no concreto, o que aumenta significativamente a aderência (estágio 3).
A resistência de aderência de cálculo (tensão última de aderência) entre a
armadura passiva e o concreto, deve ser determinada pela Equação 2.4, prevista
pela NBR 6118:2004.
ctduad
ff
η
η
η
=
321.
(2.4)
Sendo que f
ctd
é o valor de cálculo da resistência à tração do concreto em (MPa)
dado por:
()
4,1
21,0
3
2
ck
ctd
f
f
=
(2.5)
η
1
=
1,0 para barras lisas;
η
1
= 1,4 para barras entalhadas (CA-60);
η
1
= 2,25 para barras de alta aderência (CA-50);
η
2
= 1,0 para situações de boa aderência;
η
2
= 0,7 para situações de má aderência;
η
3
= 1,0 para Ф < 32 mm (Ф é o diâmetro da barra, em mm);
2.6.1 - Tensão de aderência de cálculo bambu - concreto
Como já apresentada, as pesquisas de arrancamento sugerem que a
aderência reforço-concreto é composta por três parcelas: aderência por adesão, por
atrito e mecânica (FIB, 1999). Quando uma estrutura de concreto armado é
solicitada por forças de pequena magnitude, desenvolve-se a aderência por adesão
(estágio 1). Tais forças são resultados tanto da aderência química entre os
materiais, produzidas na interface reforço-concreto durante as reações de hidratação
22
do cimento, quanto da aderência física, provocada por efeitos de capilaridade, que
está diretamente ligada à deformação elástica da camada cimentícia em torno da
barra componente da armadura.
A aderência por adesão rompe após um pequeno deslocamento relativo, e a
partir de então, sua contribuição é praticamente nula. No caso de reforços com
superfície lisa, após a ruptura da aderência por adesão, ocorre a ativação da
aderência por atrito (estágio 2). Essa parcela está diretamente relacionada ao
coeficiente de atrito entre as superfícies e à força de compressão perpendicular ao
plano de contato, que é proveniente da retração do concreto, da irregularidade do
plano de deslizamento e do efeito de cunha das partículas do concreto. Neste caso,
o plano de deslizamento coincide com a superfície de contato reforço-concreto. Para
reforços com superfícies irregulares ou com variação da seção transversal, depois
de rompida a aderência por adesão, são ativadas simultaneamente as parcelas da
aderência por atrito e mecânica (estágios 2 e 3).
De acordo com LEONHARDT (1977), essa parcela é a mais efetiva e
confiável da aderência e que ela é imprescindível para que se possa utilizar toda a
capacidade resistente do reforço com elevada resistência à tração. De acordo com o
RILEN-FIP-CEB (1973), a medição da variação das tensões ao longo do
comprimento, deve ser avaliada por meio de um valor médio calculado com base na
e Equação 2.6, na qual F
arr
é a força necessária para arrancar a vareta da massa de
concreto, u é o perímetro de contato entre o reforço e o concreto e l
b
é o
comprimento da barra em contato com o mesmo (ver Figura 2.11).
Figura 2.11 – Talisca de bambu mergulhada em concreto.
b
arr
bm
lu
F
.
=τ
(2.6)
23
Devido a grande dispersão dos valores das forças obtidas em ensaios de
arrancamento, o RILEN-FIP-CEB sugere que esta força de arrancamento F
arr
seja
definida como a força correspondente ao deslocamento de 0,1mm (ver Figura 2.12).
Na Tabela 2.3 tem-se resultados de pesquisa de arrancamento de talisca de bambu
com 10 mm de largura, para concretos com f
ck
de 15 MPa, 25 MPa e 35 MPa, sem
cravação de pinos, com pinos de bambu encravado aumenta-se a tensão de
aderência bambu-concreto em cerca de 50%.
Figura 2.12 – Gráfico mostrando o valor correspondente à tensão de arrancamento
para um deslocamento de 0,1mm – Taliscas sem pino, (CZARNIESK, et al, 2004)
Tabela 2.3 – Resultado de pesquisa de ensaios de arrancamento de taliscas de
bambu imersas em concreto. (CZARNIESKI et. al, 2004)
Corpos-de-prova
Tipo
CP1 CP2 CP3 CP4 CP5 CP6 CP7 CP8 CP9 CP10
δ
bm
- s
CP1015
0,991 1,020 1,243 1,150 1,315 1,426 1,472 1,226 1,310 1,585 1,27 - 0,19
CP1025 1,518 0,965 1,170 0,984 1,286 1,162 1,403 1,503 1,178 1,412 1,26 - 0,19
CP1035 2,082 1,116 2,020 1,625 1,873 1,340 1,029 1,750 2,176 1,642 1,66 - 0,39
1PACA 1,520 1,325 1,440 1,755 1,275 1,370 1,730 2,025 1,585 1,655 1,57 - 0,23
1PBCA 1,290 1,265 1,370 1,350 1,380 1,555 1,285 1,300 1,120 1,145 1,31 - 0,12
2PACA 2,590 1,795 2,350 2,685 2,590 2,735 2,335 2,310 2,360 2,575 2,43 - 0,27
2PBCA 1,913 1,740 1,920 1,935 2,820 2,264 1,793 2,107 1,890 1,920 2,03 - 0,31
CP10XX – Corpo-de-prova com talisca de 10 mm de largura e concreto com, f
ck
= XX MPa;
1PBCA – Talisca com um pino de bambu cravado
1PACA – Talisca com um pino de aço cravado
2PBCA – Talisca com um pino de bambu cravado
2PACA – Talisca com um pino de aço cravado
24
Seguindo os procedimentos sugeridos pelos códigos normativos para
aço-concreto, as pesquisas mostram que se pode considerar que a tensão de
aderência característica entre o bambu e o concreto segue uma distribuição normal
(CZARNIESKI et al, 2004).
A tensão de aderência característica é obtida considerando uma
probabilidade de apenas 5% dos valores serem inferiores a esse valor característico,
tem-se que a tensão característica de aderência bambu-concreto é calculada com
base na Equação 2.7, na qual τ
bm
é a tensão de aderência média, s é o desvio-
padrão da amostra.
s
bmbk
.645,1
τ=τ
2.7
Para calcular o valor da tensão de aderência de cálculo do bambu (τ
bd
),
utilizou-se o coeficiente de segurança sugerido pelo Eurocode (1992), de 2,15, o
mesmo usado para o aço-concreto. As pesquisam mostram que a tensão de
aderência bambu-concreto é cerca de 80% da tensão de aderência aço
liso-concreto.
Neste trabalho, será usado este critério para determinação da tensão de
aderência bambu-concreto, para verificação do comprimento de ancoragem dos
reforços de bambu.
Tabela 2.4 – Comparação entre as tensões de aderência de cálculo
bambu-concreto e aço liso-concreto. (CZARNIESKI et.al, 2004).
Tipo
τ
b
m
τ
bk
τ
bd
Tensão de ader. barr de aço liso
(τ
ad
)
τ
bd
/ τ
ad
CP1015 1,27 1,18 0,55 0,552 0,990
CP1025 1,26 1,15 0,54 0,744 0,722
CP1035 1,67 1,46 0,68 0,947 0,716
25
2.6.2 – Ancoragem das taliscas de bambu
As barras de bambu tracionadas ou comprimidas podem ser ancoradas com
um comprimento retilíneo liso ou com pino de aço ou de bambu como alternativas
que melhora a tensão de aderência. O comprimento reto de ancoragem básico (l
b
) é
aquele necessário para ancorar a força limite F
arr
= A
b
.f
bk
em uma talisca de seção
retangular de dimensões B x H, dado pela Equação 2.8.
bd
bd
b
HB
fHB
l
τ+
=
)(2
(2.8)
Sendo que f
bd
é a tensão de cálculo da talisca de bambu, e τ
bd
é a tensão de
aderência bambu-concreto.
De acordo com pesquisas realizadas sobre aderência bambu–concreto,
chega-se as seguintes considerações:
1 - O comportamento do diagrama tensão de aderência x deslocamento relativo
bambu-concreto é semelhante ao diagrama do aço liso-concreto;
2 - As dimensões da seção transversal das varetas de bambu não tem influência
significativa na tensão de aderência bambu-concreto, entretanto, se verifica que, ao
se elevar a resistência à compressão do concreto, eleva-se a tensão de aderência
bambu-concreto ;
3 - A variação da tensão de aderência bambu-concreto em relação à resistência à
compressão do concreto é linear;
4 - A tensão de aderência de cálculo entre o bambu e o concreto é cerca de 20%
inferior à tensão de aderência entre o aço liso e o concreto;
5 - A cravação de pinos de aço e de bambu nas varetas eleva a tensão de aderência
em 80% e 50%, respectivamente.
26
CAPÍTULO 3
MATERIAIS E MÉTODOS
A partir do capítulo anterior observou-se a possibilidade de utilizar o bambu
como substituto do aço liso em vigas, para uso em pequenas construções e
construções rurais. Dependendo da forma da seção transversal do bambu, varetas,
cabos, ou colmo de bambu, tem-se maior ou menor tensão de aderência. Para
verificação dessa possibilidade, visando o objetivo proposto neste trabalho, serão
adotadas como reforço, taliscas ou varetas de bambu da espécie Bambusa vulgaris
Schard, pela disponibilidade de matéria-prima na região. Inicialmente foram
determinadas as características físicas e mecânicas da espécie, considerando-se
amostras representativas.
3.1 – Materiais
As amostras de bambus foram retiradas da fazenda da Escola Agrotécnica
Federal de Satuba – AL, situada no município de Satuba, Alagoas, a cerca de 20 Km
de Maceió. O bambu pesquisado apresentou diâmetro externo médio d = 8 cm e
espessura média de 0,9 cm com a idade em torno de 3 anos.
Os bambus foram cortados a uma altura de 30 cm do solo e seccionado em
três partes iguais correspondentes as partes basal, intermediária e topo. Para
elaboração dos ensaios foram retiradas as mesmas quantidades de amostras de
cada uma das partes do bambu.
O diâmetro desta espécie (Figura 3.1) facilita o corte das varetas ou taliscas
retangulares de 1,00 cm x 0,6 cm, que serão usadas como substituto do aço liso.
Neste trabalho foram usadas taliscas de espessura de 0,6 cm (Figura 3.2),
aproveitando 2/3 da parte externa do colmo, que é a parte mais resistente. Foi
desprezado 1/3 da parte interna que é a parte de menor resistência, mais
susceptível a ataques de insetos, e que sofre maior inchamento quando em contato
com a água, reduzindo a aderência bambu-concreto (HIDALGO, 2003).
27
Os corpos-de-prova para determinação das características físicas e
mecânicas do Bambusa vulgaris foram coletados das três partes do bambu,
conforme já mencionado, e produzidos de acordo com as Figuras 3.3 a 3.7.
Figura 3.1 – Seção transversal do colmo de Bambusa vulgaris e seção transversal
padrão das taliscas.
Figura 3.2 – Detalhe da seção transversal da espessura total do Bambusa vulgaris e
da talisca usada.
28
Figura 3.3 – Desenho dos corpos-de-prova para determinação do teor de umidade e
da densidade.
Figura 3.4 – Amostras para determinação do teor de umidade e da densidade.
Figura 3.5 – Perspectiva do corpo-de-prova.
Figura 3.6 – Vista frontal do corpo-de-prova com medidas em mm (INBAR, 1999).
29
Figura 3.7 – Fotografia dos corpos-de-prova para os ensaios (parte mediana com
nó).
3.1.1 Corte e aproveitamento do bambu
As varetas de bambu foram obtidas a partir de colmos com idade de
aproximadamente três anos, fato observado pela mudança de coloração do colmo,
passando de verde intenso a tonalidade ocre, e diâmetro com cerca de 8 cm. Os
colmos foram abertos com facão e em seguida trabalhados com faca de modo a se
obter dimensões médias desejada de 0,6 cm x 1,0 cm x 140 cm, para as varetas e
de 1,00cm x 0,2 cm x 34 cm para os estribos. Esta espessura de 0,2 cm para os
estribos torna este material maleável e assim pode-se dobrá-lo com facilidade,
dando-lhes o formato adequado (Figuras 3.8 e 3.9).
Observa-se que o corte das taliscas não deve ser feito com serra, haja vista
que este instrumento corta as fibras de modo a não obedecer à direção natural das
mesmas. O corte deve ser feito com instrumento adequado, faca estrela, ou com
facão.
Por ser feito à mão se faz necessário uma padronização do material. O
controle das medidas foi feito com paquímetro com aproximação de 0,05 mm
(Tabela 3.1 e 3.2). Após a preparação das taliscas e dos estribos as montagens das
30
vigas foram feitas como se fosse uma armação de aço usual, fazendo-se as
amarrações das varetas aos estribos com arame cozido.
Tabela 3.1 – Medidas médias das taliscas de bambu
Tabela 3.2 – Medidas médias dos estribos de bambu
Estribo
(mm) e(mm) A(cm
2
)- exp. A(cm
2
) teórico erro rel.%
média 10,24 2,06 0,21 0,20 5,47
D. pad. 1,09 0,37
Figura 3.8 – Talisca de bambu usada como reforço
Figura 3.9 – Fabricação dos estribos de bambu
Taliscas
(mm) e(mm) A(cm
2
) - exp. A(cm
2
) - teórica erro rel.%
média 10,2 6,25 0,64 0,60 6,25
D. pad. 0,92 0,68
31
Figura 3.10 – Detalhe do estribo de bambu de 6 cm x 9 cm, usados nas vigas 1,
2, 3 e 3.1
Figura 3.11 – Armações de bambu para as vigas 3 e 3.1, 2, e 1, respectivamente.
No corte do bambu para fabricação dos componentes acima, existe perdas
que foi determinada para se verificar o nível de aproveitamento do bambu com
diâmetro externo de 8,00 cm, e de acordo com o equipamento usado.
Tendo sido usado quatro colmos com altura de 1,40 m, usando-se a Equação
3.1, têm-se:
32
herVt
m
=
π
2
(3.1)
(
)
3232
10.12,144,1.10.91055,314,32 mV
tb
== , Volume total dos colmos de
bambu.
(
)
3332
10.02,2244,1.10.6101 mV
t
== , Volume das taliscas;
(
)
3423
10.21,710634,0101.10.2 mV
e
== , Volume dos estribos.
Volume total das taliscas e dos estribos, V
t
= 2,5. 10
3
m
3.
Aproveitamento, A
b
% = %47,24100
10.12,1
10.74,2
2
3
=
. Isto significa que neste trabalho
25% do bambu é aproveitado, e 75% é reciclado como matéria orgânica, ou outra
finalidade, como por exemplo, fabricação de papel.
3.1.2 Concreto
A resistência característica a compressão do concreto, f
ck
usada para
dimensionamento das vigas, foi estabelecida em função do percentual de reforço de
bambu da viga. Para a execução dos modelos, a dosagem foi determinada de
acordo com RODRIGUES (1998). Foi utilizada como agregado graúdo, brita nº.0,
areia lavada com módulo de finura MF = 2,8, e cimento portland comum com
resistência aos 28 dias de 32 MPa.
3.1.3 Caracterização das vigas usadas nos ensaios
Foram produzidas cinco vigas de concreto com os traços previamente
determinados, para a verificação deste estudo. Quatro vigas com reforço de bambu
com percentuais de ρ = 1%, ρ = 2%, duas com ρ = 3%, e uma viga de concreto com
reforço de aço liso CA-60 com armadura de 2Ф5,0 mm, chamada viga 4. As vigas
com reforço de bambu são chamadas de vigas 1, 2, 3 e 3.1, de acordo com os
33
percentuais de bambu já citados, e mostradas nas Figuras 3.12, 313, 3.14, e a viga
com reforço de aço é mostrada na Figura 3.15.
Figura 3.12 – Viga 1 – Viga de concreto com reforço de bambu - ρ = 1%, corte
transversal e longitudinal.
Figura 3.13 – Viga 2 – Viga de concreto com reforço de bambu - ρ = 2%, corte
transversal e longitudinal.
Figura 3.14 – Viga 3 e 3.1 – Viga de concreto com reforço de bambu - ρ = 3%, corte
transversal e longitudinal.
34
Figura 3.15 – Viga 4 – Viga de concreto com reforço de aço. Corte transversal e
longitudinal.
3.2 – Métodos
3.2.1 – Determinação do teor de umidade e da densidade
Para a determinação do teor de umidade do bambu usado nesta pesquisa,
foram retiradas duas amostras de cada uma das partes do seu colmo, como
mostrado nas Figuras 3.3 e 3.4, uma sem nó e outra com nó.
As medidas dos corpos-de-prova foram feitas com paquímetro com
aproximação de 0,05 mm e as medidas médias determinadas.
A pesagem feita em balança com sensibilidade de 0,01 g. Foi feita a pesagem
dos modelos úmidos, em seguida colocados na estufa a uma temperatura constante
de 110º C, então foi feita à pesagem das amostras secas até se ter constância dos
pesos.
Usou-se na obtenção dos resultados do teor de umidade e densidade as
equações 3.2 e 3.3 respectivamente.
35
100%
=
Ps
PsPh
h
(3.2)
V
M
d =
(3.3)
Tabela 3.3 – Resumo das propriedades físicas do Bambusa vulgaris
A densidade dos bambus, de modo geral, está entre 0,5 e 0,90 g/cm
3
. A
resistência do bambu é proporcional a sua densidade, ou ao peso específico
(HIDALGO, 2003). Os resultados obtidos nos ensaios desta pesquisa, mostram
coerência com a bibliografia existente.
3.2.2 – Determinação da resistência à tração característica (f
bkt
)
Para este estudo foram ensaiadas 10 amostras de Bambusa vulgaris para a
parte basal, 10 para a parte mediana e 10 para o topo.
Os ensaios foram realizados numa máquina universal de ensaios EMIC com
capacidade para 30 tf à tração, usando-se corpos-de-prova como mostrados nas
Figuras 3.5, 3.6 e 3.7.
Setor h% h% d(g/cm
3
)d(g/cm
3
)
c/nó s/nó c/nó s/nó
Basal 24,68 20,24 0,73 0,76
Mediano 23,91 18,32 0,72 0,76
Topo 21,43 19,05 0,77 0,84
média 23,34 19,21 0,74 0,78
36
Figura 3.16 - Ensaios à tração do bambu – EMIC – NPT - UFAL.
Figura 3.17 – Detalhe do ensaio de tração
37
Figura 3.18 – Detalhe do rompimento do corpo-de-prova no nó.
Nas Tabelas 3.4, 3.5 e 3.6, são mostrados os resultados obtidos nos ensaios
de tração, de acordo com o modelo apresentado nas figuras 3.16 e 3.17. Os valores
das cargas e das deformações específicas foram captados num sistema de
aquisição de dados. Os valores foram usados no EXCEL, calculando-se as tensões
em função das deformações específicas.
Tabela 3.4 – Dados dos resultados dos ensaios à tração – Parte basal com nó.
NPT- UFAL- Equipamento EMIC
F e A σ
Amostra (N) (mm) (mm) (mm2) (MPa)
1 2.136,40 6,25 2,15 13,44
158,99
2 2.577,40 6,00 2,40 14,40
178,99
3 2.714,60 5,70 2,45 13,97
194,39
4 1.783,60 6,80 2,40 16,32
109,29
5 2.254,00 7,10 2,25 15,98
141,10
6 2.342,20 5,85 2,00 11,70
200,19
7 2.861,60 6,85 2,30 15,76
181,63
8 2.597,00 7,65 2,45 18,74
138,56
9 3.057,60 7,05 2,40 16,92
180,71
10 2.087,40 6,65 2,35 15,63
133,57
média 6,59 2,32 15,28 161,74
38
Os valores das tensões e das deformações específicas foram calculados,
tendo-se os valores para a parte mediana com nó, apresentados na Tabela 3.5.
Tabela 3.5 – Dados dos ensaios à tração do bambu – mediana com nó.
F e A σ
Amostra (N) (mm) (mm) (mm
2
) (MPa)
1 3.008,60 6,05 2,85 17,24
174,49
2 2.440,20 6,00 2,50 15,00
162,68
3 2.361,80 7,05 2,30 16,22
145,66
4 2.597,00 5,80 3,05 17,69
146,81
5 2.165,80 6,70 2,35 15,75
137,55
6 1.940,40 5,00 2,55 12,75
152,19
7 3.038,00 7,05 2,65 18,68
162,61
8 2.499,00 6,75 2,60 17,55
142,39
9 3.028,20 6,15 2,85 17,53
172,77
10 2.548,00 5,35 3,05 16,32
156,15
média 6,19 2,68 16,47 155,33
Os valores das tensões e das deformações específicas foram calculados, e
para a parte do topo com nó, tem-se:
Tabela 3.6 – Dados dos ensaios à tração do bambu – Parte do topo com nó
F e A σ
Amostra (N) (mm) (mm) (mm2) (MPa)
1 1.832,60 5,80 2,00 11,60
157,98
2 1.744,40 4,80 2,45 11,76
148,33
5 1.862,00 6,55 2,05 13,43
138,67
6 1.940,40 5,60 2,00 11,20
173,25
8 1.891,40 5,50 2,40 13,20
143,29
9 1.450,40 5,35 2,25 12,04
120,49
10 1.372,00 4,85 2,10 10,19
134,71
média 5,49 2,18 11,92 145,25
39
Fazendo-se análise estatística, considerando uma distribuição normal, se tem
o cálculo da média e do desvio padrão que são respectivamente σ
m
= 155,16 MPa e
s = 21,82 MPa, e do valor correspondente a f
btk
de acordo com a Equação 3.4.
Conclui-se que de acordo com os dados obtidos em laboratório deve-se
trabalhar com uma tensão característica de tração para o bambusa vulgaris com nó,
f
bkt
= 119,16MP. Este valor apresenta um grau de confiança de 95%, isto é, f
bkt
é o
valor da resistência, de modo que existe uma probabilidade de 95% de se encontrar
resultados acima deste valor.
sff
mbkt
= 65,1
(3.4)
3.2.3 – Determinação do módulo de elasticidade característico (E
bkt
)
O valor do módulo de elasticidade característico desta espécie (E
bkt
) foi
determinado usando o mesmo método estatístico usado para o cálculo da tensão de
tração característica apresentado anteriormente.
O módulo de elasticidade de cada amostra foi calculado, determinando-se a
tangente do ângulo que a reta faz com a horizontal. Na Figura 3.19 se vê que o
comportamento do bambu à tração é elástico linear até a ruptura. Usando-se a
Equação 3.5, no gráfico tensão x deformação, calcula-se o módulo de elasticidade
de cada amostra.
Figura 3.19 – Gráfico do ensaio tensão x deformação específica para um corpo de
prova de bambu.
40
Sabendo-se que a tangente do ângulo que a reta faz com a horizontal é o
módulo de elasticidade, tem - se:
ε
σ
=E
(3.5)
()
GPa
m
N
Etg 33,181033,18
03,0033,0
103590
2
9
6
==
=
ε
σ
==α
Organizando os valores obtidos, tem-se:
Tabela 3.7 – Determinação dos valores médios dos módulos de elasticidade do
bambusa vulgaris
basal Intermediária Topo
Ensaio E(GPa) E(GPa) E(GPa)
1 - 24,41 12,5
2 - - 16
3 12,5 16,86 -
4 16,67 - -
5 15 17,5 10
6 22,5 20 15
7 18,33 14,28 -
8 16,67 22,5 12,86
9 13,33 15,38 9,81
10 26,67 15,27 15,38
média 17,71 18,28 13,08
Determinado o valor da resistência à tração característica (f
btk
), considera-se
também neste trabalho, a tensão de tração última.
Usando-se o mesmo critério de distribuição normal, para os valores dos
módulos de elasticidade, E
m
= 16,51 GPa e s = 4,32 Gpa, chega-se a E
btk
= 9,38
GPa. Com isso usando a Equação 3.6 encontra-se a deformação específica
característica, ou última (ε
btk
).
41
012704,0
1038,9
1016,119
9
6
=
==ε
btk
btk
btk
E
f
(3.6)
Logo ε
btk
= 0,012704, ou ε
btk
= 12,704‰.
3.2.4 – Determinação da tensão de tração e deformação admissíveis ou de
cálculo
O valor da resistência característica à tração do bambu, usado neste trabalho,
foi calculado através de ensaios de laboratório. Foi encontrado f
btk
= 119,16MPa,
para o bambu com nó, para um teor de umidade médio de 23,34%. Usando o
coeficiente de segurança
γ
m
= 1,8, previsto pela NBR 7119:1997, para madeiras tem-
se:
m
btk
bd
f
γ
σ
=
(3.7)
Logo, se tem.
MPaf
bd
20,66
8,1
16,119
==
Desta forma trabalharemos com uma tensão de tração de cálculo para o
Bambusa vulgaris (f
bd
= 66,20MPa). Com esse valor usando a Equação 3.6 calcula-
se (ε
bd
), deformação específica admissível ou de cálculo.
007058,0
1038,9
1020,66
9
6
=
=ε=ε
bd
btk
bd
E
f
, ε
bd
= 7,058‰
42
3.3 – Dimensionamento de vigas de concreto reforçadas com aço
3.3.1 - Flexão
Para o dimensionamento a flexão considerou-se apenas flexão simples, com
as seguintes hipóteses básicas:
1 - Manutenção da Seção Plana
Admite-se a hipótese de Bernouilli de que as deformações normais a uma
seção transversal seguem uma lei plana. Com esta hipótese, as deformações
normais específicas, em cada ponto são proporcionais à sua distância, à linha neutra
da seção, inclusive quando a peça alcança o estado limite último.
2 - Solidariedade dos Materiais
Admite-se a solidariedade perfeita entre as barras da armadura e o concreto
que as envolve. Com esta hipótese, a deformação específica de uma barra é a
mesma do concreto adjacente (MACGREGOR, 1997).
3 - Resistência do Concreto à Tração
É totalmente desprezada, a favor da segurança.
4 - Domínios de deformação: Definidos de acordo com a Figura 3.20
Figura 3.20 - Domínio de deformação – Estado limite último (FUSCO, 2000).
43
Conforme a Figura 3.20 o encurtamento último do concreto nas seções
inteiramente comprimidas é 3,5‰, e o alongamento máximo do aço tracionado é de
10‰, no estado limite último para prevenir deformação plástica excessiva.
Diagrama de Tensões
Admite-se que a distribuição de tensões no concreto seja feita de acordo com
o diagrama parábola-retângulo da Figura. 3.21. O diagrama parábola-retângulo é
composto por uma parábola do 2º grau, com vértice na fibra correspondente à
deformação de compressão de 2 ‰ e por um trecho reto entre as deformações 2‰
e 3,5‰. Permite-se a substituição do diagrama parábola-retângulo por um retângulo
de acordo com a Figura. 3.21. A ordenada máxima do diagrama corresponde a
0,85 f
cd
, sendo f
cd
= f
ck
/ γc.
Figura 3.21 - Distribuição de tensões no concreto armado (FUSCO, 2000)
44
Equacionamento para Dimensionamento de Seções Retangulares (Flexão
Simples – Armadura Simples).
Figura 3.22 - Diagrama de tensões simplificado (FUSCO, 2000)
R
cc
= Resultante das tensões de compressão no concreto;
R
st
= Resultante das tensões de tração na armadura;
M
d
= Momento fletor de cálculo;
Desenvolvimento das equações:
z = d - y/2 = d - 0,8.x/2 = d - 0,4.x , e z = d – 0,4.x
)4,0( xdz
=
(3.8)
A Equação 3.8 determina o valor de z (braço de alavanca), (FUSCO, 2000).
Sendo:
R
cc
= 0,85.f
cd
.b
w
.y, e como y = 0,8.x, logo R
cc
= 0,85 . f
cd
. b
w
. 0,8. x
xbfR
wcdcc
= 8,085,0
(3.9)
Usando a condição de equilíbrio:
M
=M
d
; M
d
= R
cc
. z, ou M
d
= R
st
. z, substituindo o valor de R
cc
da Equação 3.9 e
de z da Equação 3.8 tem-se:
45
)4,0)(8,085,0( xdxbfM
wcdd
=
(3.10)
Encontrado o valor de M
d
, calcula-se o valor de A
s
, através da Equação:
s
d
s
fz
M
A
=
(3.11)
Admitindo que a peça esteja trabalhando no limite entre os domínios 2 e 3,
tem-se ε
s
ε
yd
, sendo a tensão na armadura a de escoamento f
s
= f
yd
. Escrevendo
a Equação 3.11 da seguinte forma:
yd
d
s
fz
M
A
=
(3.12)
Após o cálculo de A
s
, deve-se ter A
smin
A
s
, onde A
smin
= 0,0015.b
w
.h, ou A
s
correspondente ao valor encontrado para M
d,min
, calculado pela Equação 3.13.
Considera-se o valor que for maior (NBR 6118:2004).
Neste trabalho será usado como referência vigas bi-apoiadas de comprimento
variando de 1,00 m a no máximo 3,00 m. Fazendo-se variar as dimensões de sua
seção transversal, calcula-se o momento de cálculo (M
d
) correspondente para uma
armadura mínima. Com esses valores determina-se o reforço de bambu (Bambusa
vulgaris), necessário para que a viga de mesmas dimensões suporte a mesma
carga, a fim de se verificar a viabilidade da substituição do aço liso pelo bambu.
O dimensionamento será feito para vigas de seção retangular submetida à
flexão simples e com armadura simples, isto é, apenas armadura tracionada. Neste
caso o maior momento resistido por uma seção retangular é obtido com a seção
trabalhando no limite entre os domínios 3 e 4, e o valor numérico depende do tipo de
aço (CHUST, 2001).
46
1 - Dimensionamento – 1 - Vigas de concreto com reforço de aço liso
Os dimensionamentos das vigas apresentadas nas Tabelas 3.8, 3.9 e 3.10
são feitos com os valores de f
ck
= 20,00 MPa, e Aço CA-60, Ф=5,0 mm, haja vista
que esse é o tipo de aço comumente usado em pequenas vigas de concreto
armado. As vigas têm seções definidas de modo que h = 0,1. , e b
w
= 0,12 m.
Tabela 3.8 – Determinação das áreas de aço em função das seções transversais
das vigas, para os momentos M
dmáx
= M
dlim3,4
- f
ck
= 20 MPa
b
w
altura d lim. 3,4 z M
dmáx
. A
s
barr. ρ
(m) (m) h(m) (m) x(m) (m) KN.m (cm
2
) efetivas %
0,12 1,00 0,10 0,063 0,037 0,048 2,09 0,83 5,00 0,82
0,12 1,25 0,13 0,088 0,052 0,068 4,06 1,15 6,00 0,78
0,12 1,50 0,15 0,113 0,066 0,087 6,70 1,48 8,00 0,87
0,12 1,75 0,18 0,138 0,081 0,106 9,98 1,81 10,00 0,93
0,12 2,00 0,20 0,163 0,096 0,125 13,92 2,13 11,00 0,90
0,12 2,25 0,23 0,188 0,110 0,144 18,51 2,46 13,00 0,94
0,12 2,50 0,25 0,213 0,125 0,163 23,75 2,79 15,00 0,98
0,12 2,75 0,28 0,238 0,139 0,182 29,65 3,11 16,00 0,95
0,12 3,00 0,30 0,263 0,154 0,202 36,20 3,44 18,00 0,98
Tendo em vista que se está pesquisando a substituição do aço liso pelo
bambu, para estruturas de pequeno suporte de carga, serão dimensionadas também
estas mesmas vigas para M
dmín,
para comparar com os valores calculados com
reforço de bambu, e desta forma se fazer a verificação em laboratório, determinando
para quais valores de M
d
é adequado à substituição do aço pelo reforço de bambu.
O cálculo para as vigas submetidas à M
dmín
, é dado pela Equação 3.13
(NBR 6118: 2004).
.sup.
0.,
8,0
ctkmínd
fWM
=
(3.13)
Onde W
0
é o módulo de resistência da seção transversal bruta de concreto
relativo à fibra mais tracionada, dado por:
47
Y
I
W =
0
(3.14)
Sendo I, o momento de inércia da seção transversal, neste estudo,
considerando apenas as seções retangulares.
12
3
hb
I
=
(3.15)
e
2
h
Y =
(3.16)
f
ctk,sup.
é a resistência característica superior do concreto à tração, calculada
da seguinte forma:
mctctk
ff
,.sup,
3,1
=
(3.17)
f
ct,m
dado por:
3
2
,
3,0
ckmctk
ff =
(3.18)
Dentro desta perspectiva, tem-se o dimensionamento das vigas reforçadas
com aço liso para M
d,mín.
Observa-se que após o cálculo da área de aço
correspondente a M
dmin
., tem-se um número fracionado de barras correspondente a
esta área. Como se deve ter um número inteiro de barras, a área de aço
correspondente a este número de barras é maior que aquela correspondente ao
M
dmin
., de modo que deve-se recalcular a nova posição da linha neutra, para
verificação do domínio em que a estrutura está trabalhando com essa armadura
efetiva, ou seja, a armadura mínima que a viga de fato irá receber. Calcula-se
inicialmente a nova posição da linha neutra.
48
cdw
yds
fb
fA
X
=
68,0
(3.19)
Se x x
lim3,4,
f
s
= f
yd
, tem-se:
)4,0(
..min
xdfAM
ydsefetd
=
(3.20)
São esses valores que servirão de referência para o cálculo das áreas de
reforço de bambu para as vigas de mesmas dimensões. Nas Tabelas 3.9 e 3.10, os
valores de M
d mín
. são calculados para f
ck
= 20 MPa, e b
w
= 12 cm.
Tabela 3.9 – Determinação das áreas de aço mínimas em função das seções
transversais das vigas, para os momentos M
d,mín.
= 0,8 . w
0
.f
ctk
sup
b
w
altura W
o
f
ctm
f
ctk,sup
. M
d,min
A
s
,
min
(m) (m) h(m) m
3
MPa MPa KN.m (cm
2
)
0,12 1,00 0,10 0,00020 2,210 2,87 0,46 0,182
0,12 1,25 0,13 0,00031 2,210 2,87 0,72 0,204
0,12 1,50 0,15 0,00045 2,210 2,87 1,03 0,229
0,12 1,75 0,18 0,00061 2,210 2,87 1,41 0,255
0,12 2,00 0,20 0,00080 2,210 2,87 1,84 0,282
0,12 2,25 0,23 0,00101 2,210 2,87 2,33 0,310
0,12 2,50 0,25 0,00125 2,210 2,87 2,87 0,337
0,12 2,75 0,28 0,00151 2,210 2,87 3,48 0,365
0,12 3,00 0,30 0,00180 2,210 2,87 4,14 0,393
Verifica-se que os valores de A
smin
, calculados a partir de
A
smin
= 0,15%(b
w
. h), são maiores que os valores de A
smin
,
calculados através de
M
dmín
., dado pela Equação 3.13, para o aço CA-60 e concreto de f
ck
= 20 MPa.
Logo, o maior desses valores de A
smín
, será usado como referência.
49
Tabela 3.10 – Determinação de M
dmin
.
efetivo
, reforço de aço.
*A
s,min
**A
s,min
nº de
A
s
eft.
X Z ρ **M
d,min.e
(cm
2
) 0,15%b
w
.h bar. efet. cm
2
m m % KN.m
0,182 0,180 2 0,393 0,018 0,056 0,33 1,15
0,204 0,225 2 0,393 0,018 0,081 0,26 1,66
0,229 0,270 2 0,393 0,018 0,106 0,22 2,17
0,255 0,315 2 0,393 0,018 0,131 0,19 2,69
0,282 0,360 2 0,393 0,018 0,156 0,16 3,20
0,310 0,405 3 0,589 0,026 0,178 0,22 5,46
0,337 0,450 3 0,589 0,026 0,203 0,20 6,23
0,365 0,495 3 0,589 0,026 0,228 0,18 6,99
0,393 0,540 3 0,589 0,026 0,253 0,16 7,76
* A
smin
., calculado a partir da Equação 3.13
** Valores de referência
3.3.2 – Cisalhamento – Determinação da armadura transversal
As condições de cálculo, para elementos lineares, admitem dois modelos que
se baseiam na analogia com modelos em treliça, de banzos paralelos, associados
com os mecanismos resistentes complementares (treliça generalizada),
desenvolvidos no interior do elemento estrutural e que absorvem uma parcela V
c
ou
τ
c
em termos de tensão da força cortante (CHUST, 2001). Para o cálculo das forças
nas barras da treliça e, consequentemente, das expressões que possibilitam
determinar a quantidade de armadura, devem ser feitas as seguintes hipóteses:
1 – a treliça é isostática;
2 – os banzos são paralelos;
3 – a inclinação das fissuras e, portanto, das bielas comprimidas é de 45º;
4 – a inclinação (α) da armadura transversal pode variar entre 45º e 90º.
50
Dimensionamentos de Vigas ao Cisalhamento
Por simplicidade, devido ao objetivo deste trabalho, a determinação do
dimensionamento do reforço vertical limita-se apenas a determinação dos
espaçamentos dos estribos.
1 – Determinação do espaçamento dos estribos
Como os elementos de referência são vigas reforçadas com aço liso
CA-60 de Ф = 5,0 mm, os estribos terão diâmetro Ф = 4,3 mm, logo temos
A
sw
= 0,145 cm
2
. De acordo com a Equação 3.21, determina-se o espaçamento da
armadura transversal, sob ângulo α = 90° sendo senα = 1.
sd
ydsw
V
fdA
s
=
1,1
(3.21)
Sendo:
s – é o espaçamento entre os estribos;
A
sw
– área da seção transversal dos estribos;
d – a altura útil da viga;
f
yd
– tensão de escoamento do aço (aço liso CA – 60), f
yd
= 522 MPa;
V
sd
– Esforço cortante de cálculo, V
sd
= 1,4 . V
s
;
2 – Armadura mínima dos estribos (NBR:6118:2004);
ywk
mct
w
sw
sw
f
f
sensb
A
,
2,0
α
=ρ
(3.22)
Para as condições deste estudo, temos que:
51
3
2
,
3,0
ckmct
ff =
(3.23)
MPaf
mct
21,2203,0
3
2
,
== , e
4
10.47,8
522
21,2
2,0
==ρ
MPa
MPa
sw
Logo ρ
sw
8,47.10
-4
.
3.4 - Cálculo das deformações verticais das vigas
O deslocamento transversal de uma viga depende da rigidez do material e de
suas dimensões, assim como das cargas aplicadas e dos apoios (RILEY; LEROY;
MORRIS, 2005). Para as vigas que possuem comportamento elástico linear, o valor
do máximo deslocamento imediato pode ser determinado através da linha elástica
do elemento fletido, admitindo-se as hipóteses iniciais de pequenos deslocamentos,
das seções permanecerem planas após a deformação, e também a possibilidade de
ser desprezada a parcela de deformação devida ao efeito de esforço cortante.
Seja uma viga prismática sujeita à flexão pura, a curvatura da linha neutra (L)
representada pela Figura 3.23, é dada pela Equação 3.24.
Figura 3.23 - Curvatura de um elemento fletido (RILEY; LEROY; MORRIS, 2005).
52
EI
xM )(1
=
ρ
(3.24)
M(x) - Momento fletor;
E - Módulo de elasticidade;
I - Momento de inércia da seção transversal;
1/ρ - Curvatura da linha neutra.
Do cálculo elementar a expressão que fornece a curvatura de uma curva
plana em um ponto P(x,y) é a seguinte:
2/3
2
2
2
1
1
+
=
dx
dy
dx
yd
ρ
(3.25)
Nessa Equação, dy/dx e d
2
y/dx
2
são a primeira e a segunda derivadas da
função y(x) que a curva representa. No entanto, para a linha elástica de uma viga, a
declividade dy/dx é muito pequena, de modo que o seu quadrado pode ser
desprezado em face da unidade. Assim, pode-se escrever:
2
2
1
dx
yd
=
ρ
(3.26)
Substituindo 1/ρ da Equação 3.24 na Equação 3.26 tem-se:
EI
xM
dx
yd )(
2
2
=
(3.27)
53
3.4.1 - Vigas de seção transversal retangular de concreto reforçado com aço
liso
A separação entre o estádio I e o estádio II é definida pelo momento de
fissuração. Esse momento pode ser calculado pela seguinte expressão aproximada:
t
c
m
ct
r
y
If
M
..
,
α
=
(3.28)
α = 1,5 para seções retangulares. α é o fator que correlaciona
aproximadamente a resistência à tração na flexão com a resistência à tração direta;
Y
t
– distância do centro de gravidade da seção à fibra mais tracionada;
I
c
– é o momento de inércia da seção bruta;
f
ct,m
– é a resistência à tração média direta do concreto, no estado limite de
deformação excessiva (NBR 6118:2004).
3/2
,
.3,0
ckmct
ff =
(3.29)
Em seguida calcula-se o valor de α
e
, onde temos:
cs
E
Es
e =
α
(3.30)
Sendo:
ckcs
fE .4760=
(3.31)
Calcula-se então o valor de x
II
, dado pela Equação:
w
se
w
se
II
b
A
db
A
x
α
++α
=
2
11
(3.32)
54
O valor de I
II
é encontrado usando a Equação:
()
2
3
3
dxA
xb
I
IIse
IIw
II
α+
=
(3.33)
Pode-se calcular a rigidez equivalente da viga de concreto baseado no
modelo previsto pela NBR 6118:2004.
IcEI
Ma
Mr
Ic
Ma
Mr
EEI
csIIcseq
+
=
33
1)(
(3.34)
Sendo:
x
II
- profundidade da linha neutra da viga fissurada;
I
II
- é o momento de inércia da seção fissurada de concreto no estádio II,
M
a
- é o momento fletor na seção crítica do vão considerado, momento máximo no
vão para vigas bi apoiadas ou contínuas e momento no apoio para balanços, para a
combinação de ações considerada nessa avaliação;
M
r
- é o momento de fissuração do elemento estrutural, cujo valor deve ser reduzido
à metade no caso de utilização de barras lisas;
E
cs
- é o módulo de elasticidade secante do concreto;
E
s
- módulo de elasticidade do aço;
b
w
- largura da viga;
d - altura útil da viga;
A
s
– área de aço;
A partir da Equação 3.26, o cálculo do maior deslocamento ou flecha segundo
a norma NBR 6118:2004. Em uma viga bi-apoiada, com carregamento
uniformemente distribuído, considerando a altura constante é dado por:
eq
c
IE
lq
a
).(
..
4
α
=
(3.35)
55
Sendo:
α
c
- Coeficiente cujo valor depende da condição estática do sistema considerado
(simplesmente apoiado, contínuo) e do tipo de ações atuantes. Valor tabelado e para
vigas bi apoiadas com carga uniformemente distribuída tem-se α
c
= 5/384.
q - Carga uniformemente distribuída;
- Vão da viga;
Tabela 3.11 – Modelo de vigas que serão dimensionadas (TIMOSHENKO; GERE,
1998).
Viga α
c
a Equação
5/384
eq
IE
lq
a
)..(384
..5
4
=
(3.36)
1/24
(
)
()
.
22
24
43
eq
IE
xlxP
a
=
(3.37)
1/48
()
.
3
48
eq
IE
lP
a
=
(3.38)
()
.
4
8
eq
IE
lq
a
=
(3.39)
1/3
()
.
3
3
eq
IE
lP
a
=
(3.40)
Esta tabela serve como referência para o dimensionamento das vigas de
concreto com reforço de bambu, de uso prático, (Ver Tabelas 6.1, 6.2, 6.3, 6.4 e
6.5)..
56
3.5 – Abertura máxima de fissuras
Fissuras são inevitáveis em vigas de concreto em que existem tensões de
tração, devido aos agentes externos ou internos de tensão ou de
deformação (SUSSEKIND, 1984).
A fissuração excessiva de uma viga em concreto armado pode comprometer
significativamente sua durabilidade (CHUST, 2001). Deve-se evitar que a viga sofra
fissuração excessiva, devida à flexão. Deve-se garantir com razoável probabilidade,
que as aberturas das fissuras fiquem dentro de limites que não comprometam as
condições de serviço e a durabilidade das vigas.
De acordo com a norma, quando as fissuras apresentarem aberturas que
respeitem os limites estabelecidos mostrados na Tabela 3.12, as vigas não
apresentaram perda de durabilidade ou segurança quanto aos estados-limites
últimos.
Tabela – 3.12 – Abertura máxima das fissuras características (w
k
), em função da
classe de agressividade do ambiente (CHUST, 2001)
I II III
IV
W
k
0,4 mm W
k
0,3 mm W
k
0,3 mm
W
k
0,2 mm
O dimensionamento para M
dmín
., será considerado atendido se forem
respeitadas as taxas mínimas de armadura (ρ
mín
.) Tabela 3.13, onde w
mín
., é o valor
mínimo admitido para abertura de fissuras (NBR 6118:2004).
Tabela 3.13 – Taxas mínimas de armadura de flexão para vigas
Valores de ρ
mín
(A
smín
/A
c
) em % para CA - 50
w
mín
.
Resistência característica do concreto (f
ck
) em MPa
Forma da seção
20
25 30 35 40 45
Retangular 0,035
0,150
0,150 0,173 0,201 0,23 0,259
57
3.5.1 – Verificação de fissuras
A NBR 6118:2004, determina que, se w é a abertura da fissura, deve-se
tomar o menor valor entre as equações 3.41 e 3.42.
mct
si
si
sii
fE
w
.1
3
5,12
σ
σ
η
φ
=
(3.41)
()
+
ρ
σ
η
φ
= 45
4
5,12
risi
si
i
i
E
w
(3.42)
Sendo:
II
x
esiat
si
I
yM
α
=σ
(3.43)
E
si
– Módulo de elasticidade do aço;
Ф
i
– Diâmetro da barra que protege a região de envolvimento considerada;
ρ
ri
– Taxa de armadura passiva ou ativa aderente;
η
i
– Coeficiente de conformação superficial da armadura considerada;
f
ct.m
– Resistência média do concreto à tração;
σ
si
– Tensão de tração no centro de gravidade da armadura considerada, calculada
no estágio II.
58
3.6 - Caracterização do ensaio para verificação experimental
Os ensaios usados para verificação das resistências das vigas foram
organizados da seguinte forma:
Figura 3.24 - Modelo de ensaio usado - ensaio de Stuttgart
Figura 3.25 - Características dos diagramas verificados nos ensaios
Aplica-se a carga P em Kg
f
em uma base de aço considerada rígida apoiada
em cilindros também de aço. Esta carga P se divide em duas outras iguais (P/2)
espaçadas de 0,40 m. A carga P é aplicada a partir do valor de 50 Kg
f
, sendo
acrescida de igual valor até sua ruptura. Os valores correspondentes à deformação
vertical e ao alongamento específico na parte central inferior da viga são lidos
instantaneamente e registrados no computador através da tecla Print Screen SysRq.
Em seguida os valores são fornecidos ao programa excel, calculando-se as variáveis
necessárias, organizando-se os valores procurados em Tabelas.
59
CAPÍTULO 4
DIMENSIONAMENTO DE VIGAS DE CONCRETO COM REFORÇO DE
BAMBU
Pesquisas mostram que vigas de concreto reforçadas com bambu têm
comportamento semelhante às reforçadas com aço. As vigas de concreto reforçadas
com bambu obedecem à teoria de Bernoulli-Kirkchoff, e observa-se que é possível a
aplicação da teoria usual de dimensionamento das vigas de concreto reforçadas por
barras de aço no dimensionamento dessas vigas (LIMA JR.et al, 2004).
4.1 – Dimensionamento à flexão – considerações teóricas
O bambu é considerado um material de excelente qualidade devido a suas
características estruturais. A relação resistência/peso é mais vantajosa do que a do
aço. Verifica-se que o bambu pode ser usado como reforço do concreto em colunas,
vigas, lajes, e placas. Na ultima década houve um aumento considerável do uso do
“bambucreto” (concreto com reforço de bambu)
Devem-se observar algumas indicações para bom aproveitamento das vigas
de concreto reforçadas com bambu:
1. Ao ser recoberto corretamente, procedendo-se identicamente à utilização do
ferro e o concreto, dentro dos limites de serviço, não apresenta fissuras visíveis
(GHAVAMI, 2001);
2. Vigas de concreto reforçadas com bambu têm maior resistência que uma viga de
dimensão igual e com as mesmas características, mas que não foi reforçada com
bambu. (LIMA JR. et al, 2004);
3. A capacidade de aderência do bambu é dada pela sua superfície de contato e é
equivalente a 80% da tensão do aço liso-concreto. (CZARNIESKI et al, 2004);
Estudos feitos por GHAVAMI et al. (2000) apud GLENN, (1950), indicam que
o rompimento das vigas reforçadas com bambu, ocorre devido à tração no reforço.
60
Entretanto, existe discordância a este respeito. LIMA JR. et al (2004), apresenta
estudos onde mostra que algumas vigas com reforço de bambu podem romper por
cisalhamento.
Na Figura 4.1 tem-se a representação da distribuição de tensões no
elemento de concreto reforçado com bambu.
Figura 4.1 – Distribuição de tensões de viga de concreto reforçada com bambu.
O equacionamento para dimensionamento de estruturas de concreto com
reforço de bambu segue o mesmo critério de dimensionamento para o concreto com
reforço de aço. Observando-se as características do bambu, no que diz respeito à
tensão de tração e ao módulo de elasticidade, que são bem menores que o do aço,
ficando essas vigas susceptíveis a maiores deformações
.
4.1.1 – Equações para o dimensionamento
Sendo:
R
cc
= Resultante das tensões de compressão no concreto;
R
bt
= Resultante das tensões de tração no reforço de bambu;
M
d
= Momento fletor de cálculo;
d = Altura útil da viga;
e = espessura do recobrimento de concreto;
e
sb
= espessura do estribo de bambu;
h
tb
= altura da talisca de bambu.
61
Tem-se:
++=
2
tb
sb
h
eehd
(4.1)
Considerando-se o valor de x
lim
. (situação de melhor aproveitamento dos
materias), tem-se:
332,0
058,75,3
5,3
=
+
=
ε+ε
ε
=
btc
c
d
x
, logo
dx
=
332,0
lim
(4.2)
z = d - y/2 = d - 0,8.x/2 = d - 0,4.x , como k
x
= x/d , x = k
x
. d e z = d – 0,4.x, tem-se
que:
(
)
xdz
=
4,0
(4.3)
R
cc
= 0,85.f
cd
.b
w
.y, como y = 0,8.x, logo R
cc
= 0,85 . f
cd
. b
w
. 0,8 . x
xbfR
wcdcc
= 8,085,0
(4.4)
Usando-se a condição de equilíbrio:
M
=M
d
; M
d
= R
cc
. z, ou M
d
= R
st
. z, logo M
d
= (0,85 . f
cd
. b
w
. 0,8 . x)( d – 0,4.x)
()
zxbfM
wcdd
= 8,085,0
(4.5)
Encontrando-se o valor de M
d
, calcula-se o valor de A
b
, através da equação:
b
d
b
fz
M
A
=
(4.6)
62
Admitindo-se que a peça esteja trabalhando no limite previsto na Equação
4.2, tem-se que a tensão no reforço de bambu é a tensão admissível de cálculo.
Logo, se pode escrever a Equação 4.6 da seguinte forma:
bd
d
b
fz
M
A
=
(4.7)
Pode-se também, determinar M
d
conhecendo-se A
b
, f
bd
e z.
bdbd
fzAM
=
(4.8)
Se for estabelecida inicialmente a área de reforço de bambu tem-se que
determinar a posição da linha neutra, valor de X dado pela Equação 4.9. Em
seguida, comparam-se com os valores de x
lim
e x
mínnimo
dados pelas equações 4.2, e
4.10 respectivamente.
Se x
mínimo
< X x
lim
, então se tem f
b
= f
bd
= 66,20 MPa, e 7,058‰ ε
12,704 ‰.
cdw
bdb
fb
fA
X
=
68,0
(4.9)
dx
mínimo
=
216,0
(4.10)
Este limite estabelecido para o dimensionamento das vigas reforçadas com
bambu, representado na Figura 4.2, corresponde ao domínio 3 das vigas de
concreto armado (Figura 3.20). Deve-se ter 0,216.d < X 0,332.d, sendo X
calculado através da Equação 4.9, para que a viga sofra colapso pela ruptura do
bambu. Verifica-se, entretanto que se x < 0,216.d, a viga sofrerá grandes
deformações podendo romper pelo esmagamento do concreto, tendo em vista a
pequena área de concreto que será submetida à compressão. Em razão disso
procura-se dimensionar as vigas partindo de um valor de f
ck
que seja compatível
com o percentual de reforço de bambu escolhido (Tabela 4.1).
63
Sendo:
100% =ρ
c
b
A
A
(4.11)
Tabela – 4.1 – Valores adequados de f
ck
de acordo com os percentuais de bambu
Fazendo-se a verificação para uma viga de seção transversal 15 cm x 30 cm,
para ρ = 2 %, tem-se usando a Equação 4.10.
X
mínimo
= 0,057 m, substituindo este valor na Equação 4.9, tem - se:
MPaf
f
cd
cd
10
00581,0
05958,0
15,068,0
20,66100,9
057,0
4
=
=
Como MPafcdf
ck
14104,14,1 == .
Verifica-se que para vigas de concreto com reforço de bambu com ρ = 2 %,
deve-se usar concreto com um valor de f
ck
= 14 MPa.
Figura 4.2 – Limites de dimensionamento para vigas de concreto com reforço de
Bambusa vulgaris
% ρ = 1 ρ = 2 ρ = 3
MPa f
ck
8 8 < f
ck
14 14 < f
ck
20 MPa
64
4.1.2 – Parâmetros usados para o dimensionamento
Este estudo tem como orientação básica duas normas, a NBR 6118:2004
para o estudo do trabalho conjunto concreto-bambu, e a NBR 7119:1997 para o
estudo e caracterização do bambu.
Para efeito de exemplos de dimensionamento usaremos vigas de seções
retangulares, com um valor de b
w
mínimo de 0,10 m e uma relação entre
comprimento e a altura de h = 10% .
Verifica-se que as vigas de concreto com reforço de Bambusa vulgaris, de
acordo com a Equação 4.2, o valor mínimo do f
ck
é de 8 MPa, observa-se também
que não é recomendável trabalhar com concreto de f
ck
acima de 20 MPa, pois assim,
haveria desperdício de material. Serão usados os seguintes parâmetros para
dimensionamento das vigas de concreto reforçadas com bambu:
1 - f
ck
– Limites da Tabela 4.1;
2 - Deformação de cálculo do Bambusa vulgaris ( ε
bd
= 7,058‰.);
3 - Tensão de cálculo para o bambu (f
bd
= 66,20 MPa);
4 - Cobertura de concreto e = 3 cm, classe de agressividade II(NBR 6118:2004);
5 - Estribo de bambu de seção transversal 0,2 cm x 1,0 cm;
6 - Seção transversal das taliscas de bambu 1,00x0, 60 cm;
7 - Diâmetros do agregado graúdo Ф = 0,95cm (brita nº0);
8 - Espaçamento horizontal e vertical entre as taliscas de bambu a
h
= a
v
= 2,00 cm;
4.1.3 – Cálculo do máximo momento resistente da seção
Admitindo-se que se conheça as dimensões da seção transversal da viga
(b
w
e h), o bambu que iremos trabalhar (f
btd
e ε
bd
) e a resistência característica do
concreto (f
ck
), e que para este material o limite onde se consegue o maior momento
resistente é quando ε
c
= 3,5‰ e e
bd
= 7,058‰.
Tomando como exemplo de aplicação uma viga que tem os seguintes dados:
b
w
= 12 cm, h = 15 cm, cobertura de concreto e = 3 cm, espessura dos estribos de
bambu de 0,2 cm, e f
ck
= 20 MPa.
65
Solução: Usando a Equação 4.1, tem-se:
m
h
eehd
tb
sb
113,0
2
010,0
002,0030,0150,0
2
=
++=
++=
d = 0,113 cm, usando a Equação 4.2
Tem-se x = 0,038m, e de acordo com a Equação, 4.3;
()
(
)
mxdz 098,0038,04,0113,04,0
=
=
=
z = 0,098m, aplicando a Equação 4.5;
(
)
zxbfM
wcdd
=
8,085,0
mkNM
d
.34,4098,0038,08,012,0
4,1
20000
85,0 =
=
Tem-se M
d
máx
.
= 4,34 kN.m (momento máximo de cálculo). Logo, o maior
momento que pode atuar nesta viga é mkN
M
M
d
.10,3
4,1
34,4
4,1
=== .
Cálculo da área de bambu:
Aplicando a Equação 4.7;
22
2
6
3
69,6000669,0
1020,66098,0
.1034,4
cmm
m
N
m
mN
fz
M
A
bd
d
b
==
=
=
Tem-se uma área de bambu A
b
= 6,69cm
2
, correspondendo a um percentual
de reforço ρ = 3,72%. O valor deste percentual de reforço devido a M
dmáx
é próximo
de 3%, percentual de reforço de bambu máximo que está sendo admitido neste
mx 038,0113,0332,0
lim
=
=
66
trabalho. Verifica-se que este percentual de reforço está próximo do limite permitido
pela NBR 6118:2004 para reforço de aço, que admite um percentual máximo de
reforço de 4%, que se obtém somando A’
s
+A
s
.
Observa-se também que o percentual de 4% de reforço de bambu é grande
para ser distribuído na seção transversal de uma viga. Caso se necessite na viga um
percentual de reforço acima do limite de 3%, as pesquisas sugerem três alternativas
para resolver o problema:
1 – Aumentar a seção transversal da viga (NBR 6118:2004);
2 – Colocar feixes de barras de bambu, seguindo os mesmos critérios usados para o
aço (NBR 6118:2004);
3 - Trabalhar com seção em forma de T invertido, (JANSSEN, 1995);
Uma vez que este trabalho tem como objetivo a utilização do bambu como
substituto do aço em pequenas construções, as alternativas 2 e 3 fogem do objetivo
deste trabalho.
Sendo o bambu um material abundante e de baixo custo, considerado como
pragas em algumas regiões, e de acordo com o objetivo deste trabalho, foram
fixadas como parâmetros de dimensionamentos percentuais fixos de reforço:
ρ = 1%, ρ = 2% e ρ = 3%. O dimensionamento feito a partir da fixação das áreas de
reforço tem maior praticidade e simplicidade.
A partir desses parâmetros verificou-se a resistência das vigas quanto à
flexão, ao cisalhamento e a deformação, como também a abertura de fissuras.
A metodologia usada para o dimensionamento é a mesma usada para o de
reforço de aço liso, conforme já apresentado, fazendo-se uma simplificação no
cálculo do valor de z (braço de alavanca), Figuras 4.3, 4.4, 4.5).
Quando se aumenta a quantidade de reforço na viga, o centro de gravidade
deste reforço sofre mudança, se aproximando da linha neutra, e isto faz com que o
valor de z
diminua, passando para um valor z
1
(Figura 4.4 e 4.5).
Dada a área de reforço, através da Equação 4.9, determina-se o valor de x
(posição da linha neutra), este valor deve ser menor ou igual à x
lim
, isto é x x
lim
,
onde x
lim
é dado pela Equação 4.2, esta condição sendo satisfeita, tem-se
f
b
= f
bd
= 66,20 MPa.
Tomando como modelo ilustrativo uma viga de seção transversal 12 cm x 15
cm, têm–se as seguintes considerações:
67
Figura 4.3 - Determinação do valor de z - Para ρ = 1%, xdz = 4,0 .
Figura 4.4 - Determinação do valor de z - Para 1%<ρ<2%,
dz =
4
3
1
.
Figura 4.5 - Determinação do valor de z - Para 2%<ρ≤3%, dz =
3
2
1
.
68
4.1.4. – Dimensionamento de vigas de concreto com reforço de bambu para
ρ = 1%, f
ck
= 8 MPa
De acordo com as Equações 4.8 e 4.2 pode-se calcular simplificadamente o
valor de M
d
da seguinte forma:
bdbd
fzAM = =
()
hdbxd
hb
w
w
=
5741020,664,0
100
3
hdbM
wd
=
574
(4.12)
Sendo: b
w,
largura da base da seção transversal da viga; h, altura da viga, e d
a altura útil, dada pela Equação 4.1; dados em metros.
Esta Equação permite determinar o momento de cálculo das vigas de
concreto com reforço de bambu para ρ = 1%. Fixando-se a largura das vigas em
b
w
= 0,12 m, valor comum das vigas usadas em construções rurais, tem-se os
valores mostrados na Tabela 4.2.
Tabela 4.2 – Determinação de M
d
- Momento de cálculo
altura d A
beft.
*M
dmáx.
(m) h(m) m cm
2
KN.m
1,00 0,10 0,063 1,20 0,43
1,25 0,13 0,088 1,80 0,79
1,50 0,15 0,113 1,80 1,17
1,75 0,18 0,138 2,40 1,71
2,00 0,20 0,163 3,00 2,25
2,25 0,23 0,188 3,60 2,98
2,50 0,25 0,213 4,20 3,67
2,75 0,28 0,238 4,80 4,59
3,00 0,30 0,263 5,40 5,43
* Valor calculado a partir da Equação 4.12
69
4.1.5 – Dimensionamento de vigas de concreto com reforço de bambu para
ρ = 2%, f
ck
= 14 MPa
Também de acordo com a Equação 4.8, pode-se calcular o valor de M
d
lembrando que dzz ==
4
3
1
, tem-se:
bdbd
fzAM
=
= hdbd
hb
w
w
=
9931020,66
4
3
100
2
3
hdbM
wd
=
993
(4.13)
Sendo os valores de b
w,
a base da seção transversal da viga, h sua altura, e d
a altura útil, calculada pela Equação 4.1, todos em metros. Para um valor de
b
w
= 0,12 m, tem-se os valores na tabela 4.3.
Tabela 4.3 – Determinação de M
d
- Momento de cálculo
altura d A
b
eft.
*M
dmáx
(m) h(m) m cm
2
KN.m
1,00 0,10 0,063 2,40 0,75
1,25 0,13 0,088 3,00 1,36
1,50 0,15 0,113 3,60 2,02
1,75 0,18 0,138 4,80 2,96
2,00 0,20 0,163 6,00 3,88
2,25 0,23 0,188 7,20 5,15
2,50 0,25 0,213 8,40 6,35
2,75 0,28 0,238 9,60 7,94
3,00 0,30 0,263 10,80 9,40
* Valor calculado a partir da Equação 4.13
70
4.1.6 Dimensionamento de vigas de concreto com reforço de bambu, ρ = 3%,
f
ck
= 20 MPa
Usando o mesmo critério dos itens anteriores para dzz ==
3
2
1
, tem-se:
bdbd
fzAM = = hdbd
hb
w
w
=
13241020,66
3
2
100
3
3
hdbM
wd
=
1324
(4.14)
Sendo os valores de b
w,
a base da seção transversal da viga, h sua altura, e d
a altura útil calculada pela Equação 4.1, todos em metros. Para um valor de
b
w
= 0,12 m, tem-se os valores mostrados na Tabela 4.4.
Tabela 4.4 – Determinação de M
d
- Momento de cálculo
altura d A
b
eft.
*M
dmáx
(m) h(m) m cm
2
KN.m
1,00 0,10 0,063 3,00 1,00
1,25 0,13 0,088 4,20 1,75
1,50 0,15 0,113 5,40 2,69
1,75 0,18 0,138 7,20 3,84
2,00 0,20 0,163 8,40 5,18
2,25 0,23 0,188 10,20 6,72
2,50 0,25 0,213 12,00 8,46
2,75 0,28 0,238 14,40 10,40
3,00 0,30 0,263 16,20 12,54
*
Valor calculado a partir da Equação 4.14
Exemplo 1 – Verificação do momento máximo de cálculo
Tomando-se como exemplo de aplicação uma viga de seção transversal
retangular com 12 cm x 15 cm, e comprimento de 1,50 m, com um percentual de
reforço de Bambusa vulgaris ρ = 3%, qual o momento de cálculo que esta viga
suporta se fabricada com concreto de f
ck
= 20 MPa?
71
Solução:
Encontra-se na Tabela 4.4 a resposta que corresponde ao valor de 2,68
KN.m, que foi obtido da seguinte forma:
1 – Determinação do valor de x - posição da linha neutra. Equação 4.9.
m
fb
fA
X
cdw
bds
031,0
4,1
1020
12,068,0
1020,66104,5
68,0
6
64
=
=
=
x
lim
= 0,332.d = 0,332.0,113 = 0,038 m.
Observa-se que X<x
lim
, pois 0,031 m<0,038 m, logo se tem que f
b
= f
bd
=
66,20 MPa.
Fazendo-se z=z
1
= 2/3d = 2/3.0,113 = 0,075 m.
2 – Determinação do momento de cálculo - M
d
. Equação 4.8.
mkNmNfzAM
bdbd
.69,2.10,26811020,66075,0104,5
64
====
De forma simplificada a partir da Equação 4.14, tem-se:
mkNdhbmáxM
wd
=
=
= 69,2113,015,012,013241324.
Sendo b
w
, h e d em metros, logo M
dmáx.
é calculado em kN.m.
72
4.2 – Cisalhamento – Cálculo do reforço vertical
Os estribos que serão usados são de bambu com espessura de 0,2 cm e
largura de 1 cm. A determinação da quantidade dos mesmos será feita de acordo
com as equações já apresentadas no item 3.3.2, que se transformam para o caso de
reforço de bambu ficando:
sd
bdbw
V
fdA
s
=
1,1
(4.15)
Sendo:
s – é o espaçamento entre os estribos de bambu;
A
bw
– área da seção transversal dos estribos de bambu;
d – a altura útil da viga;
V
sd
– Esforço cortante de cálculo, V
sd
= 1,4. V
s
;
f
bd
– Tensão de tração de cálculo para os estribos de Bambusa vulgaris,
f
bd
= 66,20MPa;
Observa-se que os estribos de bambu são feitos da parte externa do mesmo
com espessura de 0,2 cm, sendo a parte mais resistente, pois a resistência do
bambu aumenta da parte interna para parte externa. Por simplicidade neste trabalho
se considera o valor de f
bd
para os estribos o mesmo calculado para a tração das
varetas, mesmo sabendo-se que a parte externa do colmo de bambu de que são
feitos os estribos é bem mais resistente, sendo um fator favorável à segurança.
Aplica-se este valor na Equação 4.15.
ms 03,0
1006,101,1
1020,66113,0102,02
3
64
=
Como se tem uma viga de 1,50 m colocam-se 50 estribos de bambu,
conforme a Figura 4.6.
73
Figura 4.6 – Detalhamento da viga do exemplo 1 – Corte transversal e longitudinal
Deve-se observar, entretanto, que se o espaçamento entre os estribos forem
menores que 2 cm, a viga deve ser redimensionada para o esforço cortante, haja
vista que o espaçamento mínimo que se está admitindo é s = 2 cm.
4.2.1 – Dimensionamento do reforço vertical
De acordo com a metodologia já apresentada, e usando-se a Equação 4.15,
têm-se os resultados apresentados na Tabela 4.5.
Tabela 4.5 – Espaçamento do reforço vertical para as vigas bi-apoiadas com cargas
uniformemente distribuídas e ρ = 1%
b
w
altura d q V
sd
s
(m) (m) h(m) m kN/m kN (cm)
0,12 1,00 0,10 0,063 3,47 2,43 6
0,12 1,25 0,13 0,088 4,03 3,53 6
0,12 1,50 0,15 0,113 4,15 4,36 6
0,12 1,75 0,18 0,138 4,47 5,48 6
0,12 2,00 0,20 0,163 4,49 6,29 6
0,12 2,25 0,23 0,188 4,71 7,41 6
0,12 2,50 0,25 0,213 4,69 8,22 6
0,12 2,75 0,28 0,238 4,86 9,35 6
0,12 3,00 0,30 0,263 4,83 10,14 6
Usando a mesma metodologia, para as vigas com 2% de reforço se tem os
resultados apresentados na tabela 4.6.
74
Tabela 4.6 – Cálculo dos espaçamentos do reforço vertical para as vigas bi-apoiadas
com cargas uniformemente distribuídas e ρ = 2%
b
w
altura d q V
sd
s
(m) (m) h(m) m kN/m kN (cm)
0,12 1,00 0,10 0,063 6,01 4,20 3
0,12 1,25 0,13 0,088 6,98 6,11 3
0,12 1,50 0,15 0,113 7,18 7,54 3
0,12 1,75 0,18 0,138 7,73 9,47 3
0,12 2,00 0,20 0,163 7,77 10,88 3
0,12 2,25 0,23 0,188 8,14 12,82 3
0,12 2,50 0,25 0,213 8,12 14,21 3
0,12 2,75 0,28 0,238 8,40 16,17 3
0,12 3,00 0,30 0,263 8,36 17,55 3
De acordo com a metodologia já apresentada, para as vigas com reforço de
bambu ρ = 3%, se tem os valores apresentados na Tabela 4.7.
Tabela 4.7 – Cálculo dos espaçamentos do reforço vertical para as vigas bi-apoiadas
com cargas uniformemente distribuídas e ρ = 3%
b
w
altura d q V
sd
s
(m) (m) h(m) m kN/m kN (cm)
0,12 1,00 0,10 0,063 8,01 5,61 3
0,12 1,25 0,13 0,088 9,31 8,14 2
0,12 1,50 0,15 0,113 9,58 10,05 3
0,12 1,75 0,18 0,138 10,31 12,63 2
0,12 2,00 0,20 0,163 10,36 14,50 3
0,12 2,25 0,23 0,188 10,86 17,10 2
0,12 2,50 0,25 0,213 10,83 18,95 3
0,12 2,75 0,28 0,238 11,20 21,56 2
0,12 3,00 0,30 0,263 11,14 23,40 3
75
4.3 – Verificação do comprimento de ancoragem das taliscas de bambu
Neste trabalho, conforme já mencionado anteriormente, será usado com
tensão de aderência de cálculo bambu-concreto (τ
bd
) o valor correspondente a 80%
da tensão de aderência de cálculo aço liso-concreto. Para o valor de f
ck
= 20 MPa
usando a Equação 2.5.
()
MPa
f
f
ck
ctd
105,1
4,1
2021,0
4,1
21,0
3
2
3
2
=
=
=
Considerando o aço liso para um diâmetro de 8 mm, para região de boa
aderência, e usando a Equação 2.4, tem-se:
MPaff
ctduad
105,1105,1111
321.
=
=
η
ηη=
Fazendo τ
bd
= 80% de f
bd
tem-se τ
bd
= 0,884 MPa, este é o valor que será
usado para verificação do comprimento de ancoragem das taliscas de bambu.
Utilizando-se a Equação (2.8), se obtém:
()
cm
HB
fHB
l
bd
bd
b
04,14
884,00,16,02
20,660,16,0
)(2
=
+
=
τ+
=
Observa-se que é necessário um comprimento de ancoragem reto de no
mínimo 14,04 cm para as vigas, ou um gancho de comprimento L = 9,83 cm.
Como não é possível se fazer ganchos com varetas de bambu, sugerem-se a
colocação de pinos de aço ou do próprio bambu (CZARNIESKI, et al, 2004).
76
4.4 – Determinação da deformação vertical de vigas de concreto
reforçadas com bambu.
4.4.1 - Considerações de cálculo
Para o cálculo das deformações das vigas de concreto reforçadas com
bambu, será usado o mesmo equacionamento utilizado para o cálculo das
deformações imediatas das vigas reforçadas com aço, com algumas observações.
De acordo com as pesquisas o fator limitante de vigas de concreto reforçadas com
bambu é sua deformação. Portanto, é importante verificar a deformação que a viga
sofre, mesmo que ela suporte bem o carregamento determinado.
1 - O momento de fissuração de vigas de concreto reforçadas com o aço liso é
M
r1
= M
r
/2, com o reforço de bambu será usado o mesmo critério;
2 - Para as vigas reforçadas com bambu, como o E
b
<< E
s
, o fator α
e
= E
b
/E
cs
< 1;
3 - O valor das deformações verticais admissíveis (flechas) das vigas de concreto
reforçadas com bambu será considerado a = /350, para vigas bi-apoiadas, e
a = /175 para vigas engastadas, previsto para vigas de madeira (NBR 7190: 1997),
tendo em vista que não existe norma que regulamente estes valores para vigas de
concreto com reforço de bambu. Será usado um valor menor do que prevê a norma,
para vigas de concreto reforçadas com aço, que considera o valor para vigas bi-
apoiadas a
máx.
= /250, porque sendo o reforço de bambu mais frágil é importante se
trabalhar favorável a segurança.
4 - Neste estudo α
e
= E
b
/E
cs
, α
e
= 0,441, para f
ck
= 20 MPa, usando as Equações
3.32 e 3.33 calculas-se x
II
e I
II
,
respectivamente, para a viga reforçada com bambu.
Onde x
II
é a profundidade da linha neutra e I
II
é o momento de inércia da peça no
estádio II puro (CHUST, 2001).
Usam-se as equações já apresentadas no item 3.4.1 para o cálculo das
deformações das vigas reforçadas com bambu com as observações apresentadas.
77
4.4.2 - Exemplo 2 - Verificação da deformação vertical
1 – Determinar a deformação que a viga bi-apoiada do exemplo 1 sofre, para o
momento de cálculo correspondente, supondo que ela está submetida a um
carregamento uniformemente distribuído.
Dados:
Concreto f
ck
= 20 MPa
Seção transversal 0,12 cm x 0,15 cm
= 1,50 m
A
b
= 3%A
c
= 0,03 x 0,12 x 0,15 = 5,4. 10
-4
m
2
Solução:
1 – Determinação do valor de M
mkN
M
M
d
=== 92,1
4,1
68,2
4,1
2 – Determinação de q (carregamento uniformemente distribuído).
mkN
l
M
q
lq
M /83,6
5,1
92,188
8
22
2
=
=
=
=
3 – Cálculo do valor de x
II
(profundidade da linha neutra da seção fissurada).
Substituindo os valores correspondentes na Equação 3.32, tem-se:
w
be
w
se
II
b
A
db
A
x
α
++α
=
2
11
78
()
mx
II
019,0
12,0
883,11411038,2
12,0
104,5441,0
113,012,02
11104,5441,0
4
4
4
=
+
=
++
=
4 - Cálculo de I
II
(Momento de Inércia da viga fissurada).
Substituindo os valores na Equação 3.33, para a área de bambu
correspondente tem-se:
()
2
3
3
dxA
xb
I
IIbe
w
II
α+
=
()
667
2
4
3
10391,210104,210864,2019,0113,0104,5441,0
3
019,012,0
=+=+
=
II
I
Logo, I
II
= 2,391.10
-6
m
4
5 – Determinação de I
c
(momento de inércia da viga de concreto).
45
33
10375,3
12
15,012,0
12
m
hb
I
c
=
=
=
6 – Cálculo do momento de fissuração M
r
.
Substituindo os valores na Equação 3.28, tem-se:
mkN
y
If
Mr
t
c
m
ct
=
==
494,1
2
15,0
10375,310213,25,1
..
56
,
α
Para o caso do reforço de bambu, considera-se o mesmo critério usado para
o aço liso.
mkN
M
Mr
r
=== 747,0
2
494,1
2
1
79
7 - Cálculo de (E.I)
eq
.
Lembrando-se que:
MPafE
ckcs
367,21287204760.4760 ===
Substituindo os valores encontrados na Equação 3.34, tem-se:
IcEI
Ma
Mr
Ic
Ma
Mr
EEI
csIIcseq
+
=
33
1)(
()
+
=
6
3
5
3
6
10391,2
921,1
747,0
110375,3
921,1
747,0
10367,21287
eq
EI
(EI)
eq
. = 90118,119 N.m
2
= 90,118 kN.m
2
8 – Determinação de E
cs
.I
c
mkNmNIE
ccs
.449,718.636,71844810375,310367,21287
56
===
Observa-se que (EI)
. eq
E
cs
I
c
9 – Cálculo da flecha imediata – a (mm)
Substituindo os dados encontrados na Equação 3.35, tem-se:
mmm
IE
lq
a
eq
981,410981,4
10118,90384
5,11081,65
)..(384
..5
3
3
434
==
==
Logo, a deformação que a viga bi-apoiada sofre com o carregamento admitido
é 4,981 mm, maior que o valor admissível que é de 4,17 mm. Esta viga deve ser
redimensionada para uma seção transversal maior.
Observa-se que o fator determinante no dimensionamento de vigas de
concreto com reforço de bambu é sua deformação vertical.
Resumindo o cálculo dos parâmetros para determinação das flechas, em
função das cargas, tem-se na Tabela 4.8 os parâmetros geométricos.
80
Tabela 4.8 – Cálculo dos parâmetros para determinação da flecha da viga
bi-apoiada com reforço de bambu
b
w
altura x y
t
X d I
c
(m) h(m) m m m (m) (m) m
4
0,120 0,15 1,50 0,50 0,075 0,0192 0,1130
0,0000338
Na Tabela 4.9, tem-se os parâmetros relativos aos materiais.
Tabela 4.9 – Determinação do momento de fissuração da viga reforçada com bambu
f
ck
E
cs
E
b
f
ct. m.
I
II
MPa MPa MPa MPa αe α m4
20,00 21287,3671 9380,0 2,210 0,441 1,5 2,3689E-06
Considerando-se o momento de fissuração M
r1
= Mr/2 = 0,747 kN.m,
E
cs
.I
c
= 0,718 MN.m
2
, e sendo a
máx.adm
. a = /350 = 4,29 mm tem-se na Tabela 4.10
o cálculo das flechas em função das cargas.
Tabela 4.10 – Cálculo das flechas imediatas das vigas bi apoiadas com reforço de
bambu em função dos carregamentos,
Cargas M
a
(E.I)
eq.
a
q(KN/m) KN.m MN.m
2
mm
1,96 0,55 1,706E+00 7,57E-02
2,45 0,69 8,982E-01 1,80E-01
2,94 0,83 5,410E-01 3,58E-01
3,43 0,96 3,594E-01 6,29E-01
3,92 1,10 2,575E-01 1,00E+00
4,41 1,24 1,959E-01 1,48E+00
4,90 1,38 1,565E-01 2,06E+00
5,39 1,52 1,302E-01 2,73E+00
5,88 1,65 1,119E-01 3,46E+00
6,39 1,80 9,836E-02 4,28E+00
6,88 1,94 8,886E-02 5,10E+00
Observa-se, portanto que a carga máxima que esta viga suporta de acordo
com sua deformação admissível é de 6,39 kN/m
81
4.5 - Dimensionamento de vigas de concreto com reforço de bambu, em
função da deformação vertical admissível.
De acordo com o item anterior, verificou-se que é de fundamental importância
o cálculo da deformação vertical das vigas de concreto com reforço de bambu. De
modo geral, as deformações destas vigas, quando submetidas às cargas
dimensionadas, de acordo com o critério da carga admissível, são maiores que o
limite previsto, a = /350. Observa-se que não se devem permitir grandes
deformações específicas do bambu, tendo em vista que quando submetido à tração,
o mesmo não apresenta patamar de escoamento, indicativo do colapso da estrutura,
como o apresentado pelo aço. Desta forma se conclui que o dimensionamento
dessas vigas deve ser feito tendo como referência sua flecha admissível.
Para se definir o dimensionamento adequado de estruturas de engenharia,
devem-se prever as condições de falha da mesma. Define-se falha como o estado
ou condição na qual um elemento ou estrutura não funciona mais como se pretendia
(RILEY; LEROY; MORRIS, 2005). Assim, deve-se observar a falha elástica destas
vigas, que ocorre em conseqüência de uma deformação elástica excessiva. Quando
uma estrutura destina-se a evitar a falha elástica, a rigidez do material, indicado pelo
seu módulo de elasticidade longitudinal, é a principal propriedade a ser considerada
(RILEY; LEROY; MORRIS, 2005).
Observa-se que esta é uma característica que deve ser verificada neste
estudo, haja vista que o bambu como reforço do concreto em substituição ao aço,
tem módulo de elasticidade longitudinal à tração bem menor. Sendo então esta viga,
susceptível a deformações maiores para as mesmas cargas.
A maior parte dos problemas de projeto e dimensionamento ocorre porque
envolve muitas variáveis desconhecidas. As tensões reais que surgiram na estrutura
são desconhecidas porque os cálculos baseiam-se em hipótese quanto à
distribuição de tensões no material. Por causa dessas e outras variáveis
desconhecidas, é comum fazer um dimensionamento para a carga exigida para
produzir a falha do material, que é maior do que a carga real estimada, ou usar uma
tensão admissível, abaixo da tensão exigida para produzir a falha.
Verificação feita para vigas com reforço de bambu, ρ = 3%, percentual
definido para se colocar nas vigas sugerido nesta pesquisa, haja vista que o bambu
82
é um material abundante, e que, as mesmas apresentam maior rigidez com esse
percentual.
Fazendo-se a análise de correlação linear entre os valores de M
d
e os valores
de M, para vigas bi-apoiadas se obtêm os seguintes resultados:
Figura 4.7 - Gráfico que representa a relação entre o momento (M
d
) calculado pela
Equação 4.14, e o momento (M), que provoca a flecha admissível a = l/350.
De acordo com o gráfico 4.7 se tem:
MM
d
= 896,1 , para um coeficiente de correlação de 0,999996117.
Assim, se conclui que para vigas bi-apoiadas, tem-se:
9,1
d
M
M =
(4.16)
Tomando-se como ilustração a viga do exemplo 2, têm-se: M
dmáx
.= 2,69 kN.m
mkNM .42,1
9,1
69,2
==
, logo: M
amáx
. = 1,42 kN.m.
Conclui-se que, o momento máximo para o qual a viga deve ser
dimensionada é de 1,42 kN.m.
83
4.5.1-Vigas bi-apoiadas
Observa-se que o valor de M
dmáx
., calculado pela Equação 4.14 precisa ser
corrigido por um fator para se adequar a verificação da flecha admissível. Para vigas
bi-apoiadas de concreto reforçadas com bambu verifica-se que este fator de
correção em função da flecha admissível γ
d
= 1,90. Assim, encontra-se a Equação
4.17, obtida da correção da Equação 4.14.
Sendo a Equação 4.17 definida para o dimensionamento de vigas de
concreto com reforço de bambu, e este dimensionamento, deve ser feito em função
da deformação vertical admissível.
Para vigas com percentual de reforço ρ = 3%.
dhb
máxM
M
w
d
d
=
γ
=
90,1
1324
dhbM
wmáx
=
697
.
(4.17)
4.5.2 - Vigas em balanço
Para vigas em balanço observa-se que devido às condições de estaticidade
suas flechas adquirem valores maiores que as bi-apoiadas. Considera-se neste
trabalho o comprimento máximo das vigas em balanço = 1,50 m. Sendo assim os
valores dos momentos atuantes M calculados a partir da Equação 4.12, devem ser
corrigidos por um fator γ
d
= 2,50, afim de se ter valores compatíveis com suas
deformações verticais. Logo para vigas em balanço, com ρ = 3%, o valor do
momento máximo atuante é dado pela Equação 4.18.
dhb
máxM
M
w
d
d
=
γ
=
50,2
1324
dhbM
wmáx
=
530
.
(4.18)
84
4.6 – Verificação de fissuras
A verificação de fissuras nas vigas de concreto com reforço de bambu será
feita usando as equações 3.41 e 3.42.
Será admitido como critério o valor limite de aberturas de fissuras
estabelecido considerando a classe de agressividade IV, isto permite uma abertura
de fissuras w
k
= 0,2 mm, tendo em vista que o bambu é uma fibra vegetal, sendo
susceptível a ataque de fungos.
Fazendo-se a verificação para a viga do exemplo 2, tem-se:
Admitindo-se que o momento máximo que a viga pode suportar é de
1,42 kN.m, em função da sua deformação (Equação 4.17), procede-se da seguinte
forma:
1. Determinação de σ
si
usando a Equação 3.43
II
x
esiat
si
I
yM
α
=σ
Sendo y
si
(distância da armadura i até a linha neutra no estádio II)
mexhy
IIsi
101,003,00193,015,0
=
==
I
II
é o momento de inércia da viga fissurada I
II
= 2,38.10
-6
m
4
α
e
= 0,441, (
b
cs
e
E
E
=α
)
Substituindo os dados na Equação 4.11 tem-se:
MPa
I
yM
II
x
esiat
si
27
1038,2
441,0101,01042,1
6
3
=
α
=σ
85
2 – Determinação de Ф
i
- para taliscas de bambu de seção transversal de
0,6 cm x 1,00 cm.
Fazendo uma equivalência da seção transversal retangular como sendo uma
seção circular equivalente tem-se:
()
mmcmdd 19,10019,1
20,3
216,0 φ=
π
=+=π
1 – Determinação de f
ct.m.
Usando a Equação 3.18
MPaff
ckmctk
213,2203,03,0
3
2
3
2
,
===
Fazendo η
1
= 1, mesmo valor usado para barras lisas, e E
b
= 9,38 GPa,
substituindo na Equação 3.41, tem-se:
mmw 086,0
1060,2
10229,2
213,2
273
1038,9
1027
15,12
19,10
11
10
9
6
=
=
=
(3.41)
Comparando com a Tabela 3.11, observa-se que este valor é menor que w
k
recomendável para estruturas de concreto, classe de agressividade IV, cujo valor é
de 0,2 mm, portanto quanto à abertura de fissuras o dimensionamento dessa viga
está atendido sendo favorável à segurança.
Não é necessário verificar a abertura de fissuras também através da Equação
3.41, pois esta dá valores maiores, e deve-se tomar o menor valor entre as duas
Equações (NBR 6118:2004).
Verifica-se finalmente que o fator determinante no dimensionamento à flexão
de vigas de concreto com reforço de bambu é sua deformação vertical (HIDALGO,
2003 apud GLENN, 1955).
86
4.6.1 - Determinação da carga de ruptura
A falha por ruptura (fratura) é uma separação (rompimento) completa do
material. O limite de resistência estática de um material é índice de resistência à
ruptura sob carregamento estático no qual a fluência não é levada em consideração
(RILEY; LROY; MORRIS, 2005).
Define-se nesta pesquisa, como carga de ruptura em vigas de concreto com
reforço de bambu, a carga correspondente a uma abertura de fissuras fixadas pelo
nível de agressividade IV da Tabela 3.13 cujo valor w = 0,2 mm. Tendo em vista que,
sendo o bambu um material natural, é suscetível às intempéries. Assim neste
trabalho se procura ser conservador.
Isto significa que quando a viga apresentar fissuras características (w
k
) com
aberturas iguais ou superiores a este valor, considera-se que ela entrou em ruptura,
e a carga correspondente à primeira abertura de fissuras com este valor é a carga
de ruptura.
4.7 – Análise comparativa entre vigas de concreto reforçadas com aço
liso e com reforço de bambu
Vigas bi apoiadas
Tomando-se os resultados obtidos nas Tabelas 3.8 e 4.3, onde se tem os
valores de M
d
para as vigas de concreto reforçadas com aço liso CA-60, e os valores
correspondentes a M
d
para as mesmas vigas de concreto reforçadas com bambu,
com ρ = 3% respectivamente.
Verifica-se que a substituição do aço liso pelo bambu em vigas submetidas à
flexão simples é perfeitamente viável, desde que as vigas reforçadas com aço liso
estejam submetidas a um momento M
a
= M
d.
/1,4.
Sendo M
d
igual à M
dmín
, ou no máximo a M
dmin.efet
., que é aquele momento a
que a viga está submetida quando se coloca a armadura mínima efetiva, isto é,
aproximando-se A
s
para a área de aço correspondente a um número inteiro de
barras.
87
Considerando-se b
w
= 0,12 m, valor tomado constante, tendo em vista ser
comumente usado em construções rurais, ou pequenas construções, tem-se os
resultados apresentados na Tabela 3.10.
Tabela 3.10 – Determinação de M
a
=M
d
./1,4, vigas com reforço de aço liso CA-60
altura nº de A
s
eft. ρ M
a =
M
d
/1,4
(m) h(m) barr. efet. cm
2
% KN.m
1,0 0,10 1 0,196 0,22 0,430
1,1 0,11 1 0,196 0,18 0,500
1,2 0,12 2 0,393 0,33 1,090
1,3 0,13 2 0,393 0,27 1,250
1,4 0,14
2 0,393 0,25
1,400
1,5 0,15 2 0,393 0,22 1,550
1,6 0,16 2 0,393 0,20 1,700
1,7 0,17 2 0,393 0,19 1,850
1,8 0,18 2 0,393 0,17 2,000
1,9 0,19 2 0,393 0,16 2,150
2,0 0,20 2 0,393 0,15 2,290
2,1 0,21 3 0,589 0,20 3,600
2,2 0,22 3 0,589 0,19 3,820
2,3 0,23 3 0,589 0,18 4,040
2,4 0,24 3 0,589 0,18 4,260
2,5 0,25 3 0,589 0,16 4,490
2,6 0,26 3 0,589 0,15 4,710
2,7 0,27 4 0,785 0,19 6,490
2,8 0,28 4 0,785 0,19 6,790
2,9 0,29 4 0,785 0,18 7,080
3,0 0,30 4 0,785 0,17 7,370
Da mesma forma que no cálculo anterior, considera-se a largura da viga
constante e igual a 0,12 m, e de acordo com a metodologia apresentada, de
dimensionamento de vigas de concreto com reforço de bambu, em função da flecha
admissível, têm-se os resultados apresentados na Tabela 4.11.
88
Tabela 4.11 – Determinação de M
b
= M
d
/1,9 - Bambusa vulgaris, ρ = 3%.
altura V
c
nºde M
a máx.
= M
d
/1,9
(m) h(m) m
3
varetas d(m) KN.m
1,0 0,10 0,012 5 0,063 0,53
1,1 0,11 0,015 6 0,073 0,67
1,2 0,12 0,017 6 0,083 0,83
1,3 0,13 0,020 7 0,093 1,01
1,4 0,14 0,024 8 0,103 1,21
1,5 0,15 0,027 9 0,113 1,42
1,6 0,16 0,031 10 0,123 1,65
1,7 0,17 0,035 10 0,133 1,89
1,8 0,18 0,039 12 0,143 2,15
1,9 0,19 0,043 12 0,153 2,43
2,0 0,20 0,048 13 0,163 2,73
2,1 0,21 0,053 15 0,173 3,04
2,2 0,22 0,058 15 0,183 3,37
2,3 0,23 0,063 16 0,193 3,71
2,4 0,24 0,069 17 0,203 4,07
2,5 0,25 0,075 19 0,213 4,45
2,6 0,26 0,081 20 0,223 4,85
2,7 0,27 0,087 20 0,233 5,26
2,8 0,28 0,094 21 0,243 5,69
2,9 0,29 0,101 22 0,253 6,14
3,0 0,30 0,108 23 0,263 6,60
Comparando-se o comportamento das vigas, com reforço de aço liso CA-60 e
com reforço de Bambusa vulgaris, com percentual de reforço ρ = 3%, verifica-se
uma compatibilidade entre essas duas situações, conforme representado na
figura 4.8.
89
Figura 4.8 – Representação gráfica dos comportamentos das vigas de concreto com
reforço de aço, com A
smín
.
efetiva
, e com reforço de bambu ρ = 3 %.
Observa-se que o comportamento dos dois gráficos são bem próximos,
mostrando que os momentos que as vigas suportam, para os dois tipos de reforço
são semelhantes, havendo uma pequena diferença para seções maiores.
Verifica-se assim, que é possível a substituição do aço liso por taliscas de
bambu como reforço do concreto em vigas bi-apoiadas, nos moldes apresentados
por este trabalho, para serem usadas em construções rurais ou em pequenas
construções, quando estas estiverem com área de aço mínima.
Desta forma fica claro que a substituição do reforço de aço pelo de bambu é
adequado para vigas, com um percentual de reforço de bambu ρ = 3%.
Assim, quando uma viga for dimensionada para uma área de aço mínima
efetiva, e para concreto com um f
ck
= 20 MPa, conforme mostram as Tabelas 3.10 e
4.11, e ilustrada pela Figura 4.8, pode-se substituir o aço, por um percentual de
reforço de bambu de 3% da área da seção transversal da viga.
90
CAPÍTULO 5
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Para a avaliação da formulação apresentada de dimensionamento de vigas
de concreto reforçadas com bambu, e do cálculo de flechas e abertura de fissuras,
descreve-se o comportamento teórico de três vigas de concreto com reforço de
bambu com os percentuais de 1%, 2% e 3%, e comparam-se essas características
de resistência e deformação com os resultados dos ensaios de laboratório.
A viga 3 tem mesmas características geométricas da viga 4, esta foi
dimensionada também para um concreto com f
ck
= 20 MPa, mas com armadura de
aço CA-60, que é o tipo de aço usado comumente.
Considera-se nesta parte do trabalho a viga padrão para aplicação teórica e
ensaios de verificação experimental o modelo com seção transversal de 0,12 m x
0,15 m e comprimento de 1,20 m.
Os cálculos das flechas são obtidos a partir das equações 3.28 a 3.35, (ver
exemplo teórico 1). O valor de M
d
é dado pela Equação 4.12 e 4.13, para vigas com
reforço de bambu e 3.10 com reforço de aço, os valores de P são calculados
usando-se as equações 5.1, 5.2, e 5.3.
9,1
d
M
M =
(5.1)
4,1
d
M
M =
(5.2)
x
M
P
.2
=
(5.3)
91
5.1 – Verificação experimental
5.1.1 – Procedimentos
5.1.1.1 - Elaboração dos concretos usados
As determinações dos traços do concreto usados nas vigas foram feitos de
acordo com RODRIGUES (1998).
Tabela 5.1 – Composição dos concretos usados nos ensaios
Viga f
ck28
(MPa) a/c (l/kg) D
máx
(mm) MF A
btc
(mm) Traço
1 8 0,80 9,50 2,80 60 1:3,7:3
2 14 0,61 9,50 2,80 60 1:2,62:2,27
3, 3.1 e 4 20 0,60 9,50 2,80 60 1:2,55:2,23
5.1.2 - Preparação do ensaio
1 - Instrumentação da viga 3
A viga foi instrumentada com dois strain gage, colocados na parte inferior no
meio da viga.
Foi colocado também, um extensômetro com strain gage, com capacidade de
10 mm, equipamento usado para medir deformação vertical, ambos ligados ao
computador para aquisição de dados.
A máquina usada para realização dos ensaios (Figura 5.1), tem capacidade
para 50 t
f
.
92
Figura 5.1 - Viga instrumentada para o ensaio à flexão pura.
5.1.3 - Ensaio da viga 3
Observou-se com o aumento de carga a partir da carga de fissuração, o
aparecimento da 1ª fissura para uma carga de 3,50 kN
Figura 5.2 - Abertura da 1ª fissura com abertura inferior a 0,2 mm
93
Figura 5.3 - Abertura da 2ª fissura - abertura aproximada de 0,4 mm. Carga de
ruptura
Figura 5.4 - Destruição completa da viga para verificação da posição do reforço
94
5.2 - Resultados
5.2.1 – Resultado teórico para a viga 3 – ρ = 3%
Para determinação dos parâmetros de resistência da viga, inicialmente foram
rompidos dois corpos de prova moldados com o mesmo concreto. Os resultados
obtidos para o teste de compressão aos 28 dias foram de 28,00 MPa e 29,40 MPa,
resultando um valor médio de 28,70 MPa, valor usado na determinação dos
resultados teórico e experimental da viga. Inicialmente verificaram-se os parâmetros
de resistência teórica a partir do modelo apresentado, e em seguida, comparado
com os valores verificados experimentalmente.
Observa-se que houve deslocamento na posição da armação de bambu,
quando o concreto da viga foi vibrado na mesa vibratória, como também se verificou
que houve um afrouxamento das taliscas dentro do concreto, caracterizando perda
de aderência.
Figura 5.5 - Seção transversal da viga 3, após ruína para verificação da posição da
armação de bambu
95
1 - Determinação experimental dos parâmetros para verificação da resistência da
viga - 3.
De acordo com a Figura 5.7 tem-se:
()
mdcmd 088,08,82,05,05,414
=
=
+
+=
b
w
= 0,128 m
h = 0,140 m
mz 059,0088,0
3
2
1
==
1.1 - Determinação do momento de serviço M, e carga correspondente P.
Aplicando a Equação 4.14, calculam-se os valores de resistência da viga
apresentados na Tabela 5.2.
Tabela 5.2 – Cálculo do momento e da carga de serviço da viga 3
b
w
d altura M
d
M = M
d
/1,9 P
(m) (m) h(m) (m) kN.m kN.m kN
0,128 0,088 0,140 1,200 2,09 1,10 5,50
2 – Cálculo da deformação vertical da viga - (a mm)
De acordo com os dados geométricos verificados na Figura 5.7, calculam-se
os valores apresentados na Tabela 5.3.
Tabela 5.3 – Parâmetros 1 - para o cálculo da flecha da viga 3
b
w
altura x y
t
X d
(m) h(m) m m m (m) (m)
0,128 0,140 1,200 0,400 0,070 0,0150 0,0880
dhbM
wd
=
1324
96
Com os valores calculados na Tabela 5.3, calculam-se os parâmetros para o
calculo das flechas no estádio II, apresentados na Tabela 5.4.
Tabela 5.4 – Parâmetros 2 para o cálculo da flecha da viga 3
I
c
*f
ck
E
cs
E
b
f
ct
. Inf. I
II
m4 MPa MPa MPa MPa α
e
α m
4
0,0000293 28,70 25500,45 9380,0 1,969 0,368 1,5 1,198E-06
* Valor obtido fazendo-se a média aritmética dos ensaios à compressão de
dois corpos de provas cilíndricos de 10 cm de diâmetro e altura de 20 cm, com
concreto dimensionado para f
ck
= 20 MPa.
Com os parâmetros já determinados, e com o momento de fissuração
M
r1
=0,882 kN.m, e E
cs
.I
c
= 0,746 MN.m
2
, determina-se as flechas em função das
cargas, para a viga em estudo, observando-se que o valor da flecha admissível é
a = 3,43 mm.
Tabela 5.5 – Cálculo das flechas da viga 3, em função das cargas
Cargas M
a
(E.I)
eq.
a
P(KN) KN.m MN.m
2
mm
0,49 0,10 5,217E+02 5,76E-05
0,98 0,20 6,524E+01 9,21E-04
1,47 0,29 1,935E+01 4,66E-03
1,96 0,39 8,181E+00 1,47E-02
2,45 0,49 4,204E+00 3,57E-02
2,94 0,59 2,446E+00 7,37E-02
3,43 0,69 1,551E+00 1,36E-01
3,92 0,78 1,049E+00 2,29E-01
4,41 0,88 7,461E-01 3,63E-01
4,90 0,98 5,522E-01 5,44E-01
5,50 1,10 3,994E-01 8,45E-01
5,99 1,20 3,161E-01 1,16E+00
6,48 1,30 2,561E-01 1,55E+00
6,97 1,39 2,118E-01 2,02E+00
7,46 1,49 1,784E-01 2,57E+00
7,95 1,59 1,527E-01 3,19E+00
8,44 1,69 1,326E-01 3,90E+00
8,93 1,79 1,167E-01 4,69E+00
97
Observa-se que a flecha que esta viga sofre com a carga para a qual foi
dimensionada, de acordo com o critério apresentado, é de 0,85 mm, menor que o
limite admissível que é de 3,43 mm. Isto significa que para a carga de serviço a viga
se comporta de forma adequada.
1 - Verificação de abertura de fissuras
Considera-se neste trabalho, o valor máximo de abertura de fissuras o
correspondente ao limite permitido para um meio de agressividade IV, w
k
= 0,2 mm.
A carga de ruptura é considerada a carga que proporciona a primeira fissura
de abertura igual ao limite estabelecido. Para esta viga, onde se tem um valor de
f
ctk,m
= 2,81 MPa, obtem-se os valores da Tabela 5.6.
Tabela 5.6 – Cálculo da abertura de fissuras em função das cargas e as tensões
médias correspondentes no concreto e no reforço de bambu
Cargas M
a
σ
c
σ
b
(média) w
P(KN) KN.m MPa MPa mm
0,49 0,10 1,23 2,19 0,00
0,98 0,20 2,46 4,39 0,00
1,47 0,29 3,68 6,58 0,00
1,96 0,39 4,91 8,78 0,01
2,45 0,49 6,14 10,97 0,01
2,94 0,59 7,37 13,17 0,01
3,43 0,69 8,60 15,36 0,02
3,92 0,78 9,83 17,57 0,02
4,41 0,88 11,06 19,77 0,03
4,90 0,98 12,29 21,96 0,03
5,50 1,10 13,79 24,65 0,04
5,99 1,20 15,02 26,85 0,05
6,48 1,30 16,25 29,05 0,05
6,97 1,39 17,48 31,24 0,06
7,46 1,49 18,71 33,44 0,07
7,95 1,59 19,93 35,64 0,08
8,44 1,69 21,16 37,83 0,09
8,93 1,79 22,39 40,03 0,10
Observa-se que a abertura de fissuras para a carga de serviço é de 0,06 mm,
menor que o limite previsto que é de 0,20 mm. Logo, quanto à abertura de fissuras
para a situação de serviço a viga corresponde adequadamente, do ponto de vista
teórico.
98
2 - Cálculo da carga de ruptura teórica
De acordo com a teoria apresentada a Tabela 5.7 apresenta o cálculo da
carga de ruptura teórica.
Tabela 5.7 - Determinação da carga de ruptura teórica
Cargas M
a
a σ
c
σ
b
(média) w
P
rt
(KN) KN.m mm MPa MPa mm
12,50
2,50 1,24E+01 31,34 56,03 0,20
Para o modelo teórico apresentado o valor da carga de ruptura é
P
rt
= 12,50 kN.
5.2.2 – Resultado experimental obtido para a viga 3 – ρ = 3%
A cura das vigas 3, 2 e 1 foi feita em um ambiente desfavorável, ou seja, em
meio úmido. Os dados coletados e processados têm os resultados apresentados na
Tabela 5.8, sabendo-se que o valor médio de f
ck
verificado nos ensaios foi de 28,70
MPa.
Tabela 5.8 - Resultado experimental obtido no ensaio da viga 3
Carga M ε a a
P(kN) (kN.m) µm/m µm mm
0,49 0,10 0 0 0,00
0,98 0,20 0 0 0,00
1,47 0,29 12 0 0,00
1,96 0,39 41 10 0,01
2,45 0,49 70 16 0,02
2,94 0,59 99 82 0,08
3,33 0,67 122 140 0,14
3,50 0,70 132 157 0,16
3,67 0,73 142 180 0,18
3,83 0,77 147 200 0,20
4,02 0,80 163 227 0,23
4,22 0,84 175 254 0,25
4,41 0,88 194 260 0,26
4,63 0,93 199 308 0,31
4,86 0,97 212 339 0,34
5,10 1,02 222 380 0,38
5,50 1,10 250 425 0,42
99
5.2.3 - Análise dos resultados teórico e experimental - viga 3
Figura 5.6 - Gráfico que representa as deformações verticais correspondentes aos
resultados experimental e teórico em função das cargas.
Observa-se que no que diz respeito à resistência de serviço desta viga, o seu
comportamento é adequado e compatível com o modelo. Verifica-se também que
para cargas de serviço as deformações verticais sofridas experimentalmente são
menores que as previstas pelo modelo teórico (Figura 5.6), e dentro do limite
admissível.
No entanto, quanto à carga de ruptura, que é a carga que provoca uma
fissura de 0,20 mm no concreto, houve uma diferença entre o valor teórico e o valor
experimental, sendo este valor menor que o valor previsto teoricamente.
5.2.4 – Resultados teóricos para a viga 2 – ρ = 2%
Da mesma forma que foi feito para o estudo da viga 3, após o ensaio foi
verificado a posição do reforço de bambu, para obtenção da posição do reforço, e
assim, se ter os valores reais dos parâmetros que serão usados no cálculo de
resistência da viga.
Assim como na viga anterior, observou-se afrouxamento do reforço em
relação ao concreto, caracterizando perda de aderência entre os materiais.
100
Figura 5.7 - Seção transversal da viga 2, após ruína, para verificação da posição da
armação de bambu
1 – Determinação do momento de serviço M, e da carga de serviço P
Aplicando a Equação 4.13, calculam-se os parâmetros de resistência da viga,
apresentados na Tabela 5.9.
hdbM
wd
=
993
Tabela 5.9 – Cálculo do momento e da carga de serviço da viga 2
b
w
d altura M
d
M=M
d
/1,9 P
(m) (m) h(m) (m) kN.m kN.m kN
0,12 0,100 0,14 1,20 1,67 0,88 4,40
2 – Cálculo da deformação vertical da viga 2
Com os parâmetros geométricos reais da viga apresentados na Figura 5.10, e
o valor do f
ck
do concreto verificado no ensaio de compressão, calculam-se os
valores das Tabelas 5.10 e 5.11.
101
Tabela 5.10 – Parâmetros 1, para o cálculo da flecha da viga 2
b
w
altura x y
t
A
b
X d I
c
(m) h(m) m m m m
2
(m) (m) m
4
0,128 0,14 1,20 0,40 0,070 0,000358 0,0134 0,0880 0,0000293
Observa-se que o valor de f
ck
do concreto para essa viga, verificado no ensaio
de compressão para 28 dias foi de 20,75 MPa. Obtido fazendo-se a média de dois
corpos-de-prova.
Tabela 5.11 – Parâmetros 2, para o cálculo da flecha
f
ck
E
cs
E
b
f
ct.m.
I
II
MPa MPa MPa MPa α
e
α m
4
20,75 21682,8319 9380,0 2,265 0,433 1,5 9,6550E-07
Tendo em vista que o momento de fissuração para esta viga é
M
r1
= 0,710 kN.m, e E
cs
.I
c
= 0,635 MN.m
2
, calculam-se os valores das flecha em
função das cargas, dados apresentados na Tabela 5.12, sendo a flecha máxima
admissível a = 3,43 mm.
Tabela 5.12 – Cálculo da flecha da viga 2 em função da carga
Cargas M
a
(E.I)
eq.
a
P(KN) KN.m MN.m
2
mm
0,49 0,10 2,338E+02 1,29E-04
0,98 0,20 2,924E+01 2,06E-03
1,47 0,29 8,680E+00 1,04E-02
1,96 0,39 3,674E+00 3,27E-02
2,45 0,49 1,891E+00 7,95E-02
2,94 0,59 1,103E+00 1,63E-01
3,43 0,69 7,025E-01 2,99E-01
3,92 0,78 4,775E-01 5,03E-01
4,41 0,88 3,416E-01 7,92E-01
4,90 0,98 2,547E-01 1,18E+00
5,50 1,10 1,862E-01 1,81E+00
5,99 1,20 1,489E-01 2,47E+00
6,48 1,30 1,220E-01 3,26E+00
6,97 1,39 1,022E-01 4,18E+00
7,46 1,49 8,718E-02 5,25E+00
102
Observa-se que a flecha que esta viga deve sofrer para carga de serviço é de
0,79 mm, assim verifica-se que quanto à deformação a viga não apresenta problema
tendo em vista que o limite estabelecido para a deformação vertical é de 3,43 mm.
2 - Verificação das aberturas de fissuras
Considera-se neste trabalho o valor máximo de abertura de fissuras, o
correspondente ao limite permitido para um meio de agressividade IV, w
k
= 0,2 mm.
A carga de ruptura é considerada a carga que provoca a primeira fissura com
esse valor.
O valor calculado para f
ctk
,
m
, usado para determinação da carga de ruptura
teórica, apresentado na Tabela 5.13, é f
ctk
,
m
= 3,24 MPa.
Tabela 5.13 - Cálculo das aberturas de fissura teóricas para a viga 2
Cargas σ
c
σ
b
(média) w
P(KN) MPa MPa mm
0,49 1,36 3,27 0,00
0,98 2,73 6,55 0,00
1,47 4,09 9,82 0,01
1,96 5,46 13,10 0,01
2,45 6,82 16,37 0,02
2,94 8,18 19,64 0,03
3,43 9,55 22,92 0,04
3,92 10,91 26,19 0,06
4,41 12,28 29,47 0,07
4,90 13,64 32,74 0,09
5,50 15,31 36,75 0,11
5,99 16,68 40,02 0,13
6,48 18,04 43,30 0,15
6,97 19,40 46,57 0,17
7,46 20,77 49,84 0,20
De acordo com a verificação de fissuras para o ambiente de agressividade IV,
considerado neste trabalho, observa-se que a abertura de fissuras da viga para a
carga de serviço está dentro do limite imposto de w
k
= 0,2 mm.
Considerando o critério já apresentado para a determinação da carga de
ruptura, observa-se que esta é de 7,46 kN.
103
5.2.5 - Resultado experimental para a viga 2
Os dados coletados e processados têm os resultados apresentados na
Tabela 5.14, sabendo-se que o valor médio de f
ck
verificado nos ensaios é de
20,75 MPa, obtido fazendo-se a média entre os resultados de dois corpos-de-prova.
No ensaio a viga te um vão de 1,20 m, e assim a distância entre as cargas e
os apoios é x = 0,40 m.
Tabela 5.14 - Resultados experimentais de deformação específica e flecha
observados no ensaio para a viga 2
Carga M
a
ε(médio) a a
P(KN) (KN.m) µm/m µm mm
0,49 0,10 12,5 1,0 0,00
0,98 0,20 23,5 1,2 0,00
1,47 0,29 30,0 20,0 0,02
1,96 0,39 39,5 60,0 0,06
2,45 0,49 47,5 100,0 0,10
2,94 0,59 57,0 150,0 0,15
3,43 0,69 68,5 200,0 0,20
3,92 0,78 77,0 250,0 0,25
4,41 0,88 87,0 310,0 0,31
4,90 0,98 88,5 400,0 0,40
Observa-se que a carga de ruptura verificada experimentalmente é
P
re
= 4,90 kN.
5.2.6 - Análise entre os resultados teórico e experimental.
Observando-se os resultados teórico e experimental desta viga verifica-se que
as deformações são maiores usando-se o modelo teórico (Figura 5.11). As aberturas
de fissuras ocorrem para uma carga menor que a prevista para o modelo teórico.
Enquanto para o modelo a carga de ruptura é P = 7,46 kN, no ensaio o valor da
carga de ruptura é P
re
= 4,90 kN.
104
Figura 5.8 - Gráfico das deformações verticais dos resultados experimental e
teórico em função das cargas.
105
5.2.7 – Resultado teórico para a viga 1 – ρ = 1%
Da mesma forma que foi feito para os estudos anteriores, após o ensaio foi
verificada a posição do reforço de bambu, para se ter convicção do posicionamento
da armação do reforço, e assim, têm-se os valores reais das medidas que serão
usadas no cálculo dos parâmetros de resistência da viga.
Figura 5.9 - Seção transversal da viga 1, após destruição completa para verificação
da posição da armação de bambu.
1 – Dimensionamento em função da Equação 4.12
hdbM
wd
=
574
De acordo com os valores observados na Figura 5.9, obtêm-se os valores
apresentados na Tabela 5.15.
Tabela 5.15 – Cálculo do momento e da carga de serviço da viga 1
b
w
d altura M
d
M
a
=M
d
/1,9 P
(m) (m) h(m) (m) kN.m kN.m kN
0,12 0,115 0,148 1,20 1,17 0,62 3,10
106
Este resultado mostra que de acordo com o arranjo da Figura 5.1, a viga 1
deve trabalhar com uma carga máxima de 3,10 kN.
2 - Verificação da deformação vertical
Dados os parâmetros geométricos já apresentados, calculam-se os
parâmetros apresentados na Tabela 5.16.
Tabela 5.16 – Parâmetros 1 para o cálculo da flecha da viga 1
b
w
altura x y
t
A
b
X d I
c
(m) h(m) m m m m
2
(m) (m) m
4
0,120 0,148 1,20 0,40 0,074 0,000178 0,0107 0,0960 0,0000324
Com os parâmetros apresentados na Tabela 5.16, e o f
ck
= 19,25 MPa,
calculado fazendo-se a média entre dois corpos-de-prova, tem-se os dados da
tabela 5.17.
Tabela 5.17 – Parâmetros 2 para o cálculo da flecha da viga 1
f
ck
E
cs
E
b
f
ct.m.
I
II
MPa MPa MPa MPa α
e
α m
4
19,25 20884,4152 9380,0 2,155 0,449 1,5 6,2939E-07
O momento de fissuração dessa viga apresentou valor M
r1
= 0,708 kN.m, e
E
cs
.I
c
= 0,677 MN.m
2
, assim o cálculo das flechas em função das cargas apresenta-
se na Tabela 5.18.
107
Tabela 5.18 – Cálculo da flecha da viga 1, em função da carga
Observa-se que a flecha verificada para a carga determinada no item um é de
0,19 mm, menor que o valor máximo admissível, que é de 3,43 mm.
3 - Verificação das aberturas de fissuras e da carga de ruptura
O valor calculado para f
ctk
,
m
, usado para determinação da carga de ruptura
teórica, apresentado na Tabela 5.19, é f
ctk
,
m
= 3,08 MPa.
Tabela 5.19 – Cálculo da abertura de fissuras da viga 1
Cargas M
a
σ
c
σ
b
(média) w
P(KN) KN.m MPa MPa mm
0,49 0,10 1,66 5,97 0,00
0,98 0,20 3,32 11,94 0,01
1,47 0,29 4,98 17,91 0,03
2,94 0,59 9,95 35,81 0,11
3,10 0,62 10,49 37,76 0,12
3,59 0,72 12,15 43,73 0,16
4,00 0,80 13,54 48,72 0,20
4,49 0,90 15,20 54,69 0,25
5,50 1,10 18,62 67,00 0,38
A verificação teórica de aberturas de fissuras para o ambiente de
agressividade IV, considerado neste trabalho, sendo o limite imposto de w
k
= 0,2 mm
a carga de ruptura teórica para esta viga é P
rt
= 4,00 kN.
Cargas Ma (E.I)
eq.
a
P(KN) KN.m MN.m
2
mm
0,49 0,10 2,503E+02 1,20E-04
0,98 0,20 3,130E+01 1,92E-03
1,47 0,29 9,284E+00 9,71E-03
1,96 0,39 3,924E+00 3,06E-02
2,45 0,49 2,016E+00 7,45E-02
2,94 0,59 1,172E+00 1,54E-01
3,10 0,62 1,002E+00 1,90E-01
3,59 0,72 6,496E-01 3,39E-01
4,00 0,80 4,733E-01 5,18E-01
4,49 0,90 3,385E-01 8,14E-01
5,50 1,10 1,901E-01 1,77E+00
108
5.2.8 – Resultado experimental para a viga 1
De acordo com os dados apresentados na Tabela 5.20, esta viga apresentou
uma carga de ruptura experimental de P
re
= 4,41 kN, próximo do valor teórico.
Tabela 5.20 - Resultados obtidos do ensaio apresentado para viga 1
Carga M
a
ε(médio) a a
P(kN) (kN.m) µm/m
(µm/m)
mm
0,49 0,10 6,5 5,0 0,05
0,98 0,20 14,0 10,0 0,10
1,47 0,29 20,0 14,0 0,14
1,96 0,39 27,5 20,0 0,20
2,45 0,49 33,5 26,0 0,26
2,94 0,59 43,5 32,0 0,32
3,43 0,69 51,0 39,0 0,39
3,92 0,78 58,0 44,0 0,44
4,41 0,88 72,5 52,0 0,52
4,90 0,98 56,0 78,0 0,78
5,39 1,08 71,5 61,0 0,61
5.2.9 - Análise entre os resultados teórico e experimental.
Observando-se os resultados teórico e experimental desta viga quanto à
deformação vertical, verifica-se uma deformação maior usando-se o modelo teórico.
Figura 5.10 - Gráfico carga x flecha dos resultados experimental e teórico, viga 1
109
5.2.10 – Resultado teórico para a viga 3.1 ρ = 3%
Diante dos resultados apresentados, se observou a necessidade de se fazer
um outro ensaio com a viga de concreto com reforço de 3% de bambu, com a cura
feita a seco, a fim de se verificar a compatibilidade dos resultados.
Foram colocados dois strain gage na parte inferior do reforço de bambu.
Figura 5.11 – Ensaio da Viga 3.1.
Os resultados obtidos para o teste de compressão aos 28 dias, para os dois
corpos de prova, foi de 27,67 MPa, valor usado na determinação dos resultados
teórico e experimental da viga.
Inicialmente verificam-se os parâmetros de resistência teórica a partir do
modelo apresentado e em seguida será comparado com os valores verificados
experimentalmente.
110
Figura 5.12 - Corte transversal da viga 3.1
De acordo com a Figura 5.12, tem-se:
()
mdcmd 101,01,102,05,048,14
=
=
+
+=
b
w
= 0,128 m
h = 0,148 m
mz 067,0101,0
3
2
1
==
1– Determinação do momento de serviço M, e carga correspondente P
Aplicando a Equação 4.13
dhbmáxM
wd
=
1324.
111
Tabela 5.21 – Cálculo do momento e da carga de serviço da viga 3.1
b
w
d altura M
d
M = M
d
/1,9 P
(m) (m) h(m) (m) kN.m kN.m kN
0,128 0,101 0,148 1,200 2,53 1,33 6,67
2 – Cálculo da Deformação vertical da viga - (a mm).
De acordo com os valores observados na Figura 5.12, obtêm-se os valores
apresentados na Tabela 5.22.
Tabela 5.22 – Parâmetros para o cálculo da flecha da viga 3.1
b
w
altura x y
t
X d
(m) h(m) m m m (m) (m)
0,128 0,148 1,20 0,40 0,074 0,0163 0,0960
Fazendo-se a média aritmética dos ensaios à compressão de dois corpos de
provas cilíndricos de 10 cm de diâmetro e altura de 20 cm, com concreto
dimensionado para f
ck
= 20 MPa, calculam-se os valores apresentados na
Tabela 5.23.
Tabela 5.23 – Parâmetros para o cálculo da flecha da viga 3.1
I
c
f
ck
E
cs
E
b
f
ct.m.
I
II
m
4
MPa MPa MPa MPa α
e
α m
4
0,0000346 27,67 25038,68 9380,0 2,744 0,375 1,5 1,5372E-06
O momento de fissuração dessa viga apresentou valor M
r1
= 0,962 kN.m, e
E
cs
.I
c
= 0,866 MN.m
2
, assim o cálculo das flechas em função das cargas apresenta-
se na Tabela 5.24.
112
Tabela 5.24 – Cálculo da flecha da viga 3.1 em função das cargas
Cargas M
a
(E.I)
eq.
a
P(KN) KN.m MN.m
2
mm
0,49 0,10 7,822E+02 3,84E-05
0,98 0,20 9,781E+01 6,15E-04
1,47 0,29 2,901E+01 3,11E-03
1,96 0,39 1,226E+01 9,81E-03
2,45 0,49 6,296E+00 2,39E-02
2,94 0,59 3,660E+00 4,93E-02
3,43 0,69 2,319E+00 9,07E-02
3,92 0,78 1,566E+00 1,54E-01
4,41 0,88 1,111E+00 2,43E-01
4,90 0,98 8,207E-01 3,66E-01
5,50 1,10 5,916E-01 5,70E-01
5,99 1,20 4,667E-01 7,87E-01
6,48 1,30 3,767E-01 1,06E+00
6,67 1,33 3,486E-01 1,17E+00
7,16 1,43 2,892E-01 1,52E+00
7,65 1,53 2,440E-01 1,92E+00
8,14 1,63 2,091E-01 2,39E+00
8,63 1,73 1,817E-01 2,91E+00
9,12 1,82 1,598E-01 3,50E+00
Observa-se que a flecha que esta viga sofre com a carga para a qual foi
dimensionada de acordo com o critério apresentado é de 1,17 mm, menor que o
limite admissível que é de 3,43 mm. Isto significa que para a carga de serviço a viga
se comporta de forma adequada.
3 - Verificações da abertura de fissuras.
Considera-se neste trabalho o valor máximo de abertura de fissuras, o
correspondente ao limite permitido para um meio de agressividade IV, w
k
= 0,2 mm.
A carga de ruptura é considerada a carga que proporciona a primeira fissura
de abertura igual ao limite estabelecido.
De acordo com os dados já apresentados, e para um valor de
f
ctk,m
= 3,92 MPa, calcula-se a carga de ruptura experimental desta viga, conforme
apresentam as Tabelas 5.25 e 5.26.
113
Tabela 5.25 – Cálculo da abertura de fissuras em função da carga e as tensões
médias correspondentes no concreto e no reforço de bambu e da carga de ruptura
Cargas M
a
σ
c
σ
b
(média) w
P(KN) KN.m MPa MPa mm
0,49 0,10 1,04 1,90 0,00
0,98 0,20 2,08 3,81 0,00
1,47 0,29 3,11 5,71 0,00
1,96 0,39 4,15 7,62 0,00
2,45 0,49 5,19 9,52 0,01
2,94 0,59 6,23 11,42 0,01
3,43 0,69 7,27 13,33 0,01
3,92 0,78 8,31 15,23 0,02
4,41 0,88 9,34 17,13 0,02
4,90 0,98 10,38 19,04 0,02
5,50 1,10 11,65 21,37 0,03
5,99 1,20 12,69 23,27 0,04
6,48 1,30 13,73 25,18 0,04
6,67 1,33 14,13 25,92 0,04
7,16 1,43 15,17 27,82 0,05
7,65 1,53 16,21 29,72 0,06
8,14 1,63 17,25 31,63 0,07
8,63 1,73 18,28 33,53 0,07
9,12 1,82 19,32 35,44 0,08
Observa-se que a abertura de fissuras para a carga de serviço é de 0,04 mm,
menor que o limite previsto que é de 0,20 mm. Logo, quanto à abertura de fissuras
para a situação de serviço, a viga corresponde adequadamente, do ponto de vista
teórico.
2 - Cálculo da carga de ruptura teórica
Tabela 5.26 - Determinação da carga de ruptura teórica
Cargas M
a
σ
c
σ
b
(média) w
P
rt
(KN) KN.m MPa MPa mm
14,00
2,80 29,66 54,40 0,20
De acordo com o modelo teórico apresentado o valor da carga de ruptura é
P
r
= 14,00 kN.
114
5.2.11 – Resultado experimental para a viga 3.1
Realizando-se o ensaio de Stuttgart para esta viga, obtiveram-se os
resultados apresentados na Tabela 5.27.
Tabela 5.27 - Ensaio de Stuttugart da viga 3.1
Carga M
a
σ
mb
kN kN.m ε
cg
(µm) MPa a(mm)
0,49 0,1 38,43 3,24 0,005
0,98 0,2 49,9 4,21 0,04
1,47 0,29 60,01 5,07 0,084
1,96 0,39 71,47 6,03 0,089
2,45 0,49 74,17 6,26 0,094
2,94 0,59 74,84 6,32 0,099
3,43 0,69 74,17 6,26 0,105
3,92 0,78 74,17 6,26 0,112
4,41 0,88 74,17 6,26 0,118
4,9 0,98 72,82 6,15 0,125
5,39 1,08 72,15 6,09 0,131
5,88 1,18 70,12 5,92 0,139
6,37 1,27 67,43 5,69 0,147
6,86 1,37 79,56 6,72 0,156
7,35 1,47 305,44 25,79 0,172
7,84 1,57 606,84 51,23 0,377
8,33 1,67 1039,05 87,72 0,688
De acordo com os resultados do extensômetro, verifica-se que a aderência
bambu-concreto não foi suficiente para o aproveitamento da capacidade de
resistência do reforço. Isto fica caracterizado pelo baixo valor da carga de ruptura
correspondente, que neste caso foi de 7,35 kN. Este resultado é menor que o valor
da carga de ruptura teórica que é de 14,000 kN.
115
5.2.12 - Análise comparativa entre os resultados teórico e experimental para a
viga 3.1
Figura 5.13 - Gráfico comparativo dos comportamentos da viga 3.1
Observa-se no Gráfico 5.13, que para o estado de serviço, a flecha real, da
viga de concreto com reforço de bambu é menor que o previsto no modelo teórico.
Entretanto os valores tendem a se aproximar à medida que se aproxima da
carga de ruptura.
No gráfico da Figura 5.14, o comportamento das tensões no reforço, teórica e
experimental, tem comportamento linear, até próximo às cargas de ruptura.
Figura 5.14 - Gráfico comparativo dos comportamentos teórico e experimental da
viga 3.1
116
5.2.13 – Resultado teórico para a viga - 4
Os resultados obtidos para o teste de compressão aos 28 dias, para os dois
corpos de prova, foi uma compressão média de 26,92 MPa, valor usado na
determinação dos resultados teórico e experimental desta viga. Inicialmente
verificam-se seus parâmetros a partir da seção transversal, obtida após o
rompimento da mesma.
Figura 5.15 - Corte transversal da viga 4 após a ruptura
1 – Cálculo do momento e da carga de serviço – P
De acordo com os resultados verificados na Figura 5.15, obtem-se os valores
apresentados na Tabela 5.28.
Tabela 5.28 – Cálculo da carga e momento de serviço da viga 4
b
w
altura nº de As eft. M
d
,min.e M P
(m) (m) h(m) bar. Efet. cm
2
kN.m N kN
0,128 1,20 0,150 2 0,393 2,42 1,73 8,65
2– Cálculo da Deformação vertical - flecha (a mm)
Para o cálculo da deformação vertical desta viga, inicialmente determinam-se
os parâmetros geométricos, apresentados na Tabela 5.29.
117
Tabela 5.29 – Parâmetros para o cálculo da flecha da viga 4
b
w
altura X y
t
d A
s
x I
II
(m) h(m) m m m (m) m
2
(m) (m
4
)
0,128 0,15 1,20 0,40 0,075 0,123 0,0000393 0,023 0,00000387
De acordo com os ensaios à compressão do concreto usado na viga, se
calcula os valores apresentados na Tabela 5.30.
Tabela 5.30 – Parâmetros para o cálculo da flecha da viga 4
I
c
f
ck
E
cs
E
s
f
ct. m
.
m4 MPa MPa MPa MPa α
e
α
0,000036 26,92 24697,02 210000,0 2,69 8,50 1,5
O momento de fissuração dessa viga apresentou valor M
r1
= 0,970 kN.m, e
E
cs
.I
c
= 0,889 MN.m
2
, assim o cálculo das flechas em função das cargas, apresenta-
se na Tabela 5.31.
Tabela 5.31 – Cálculo da flecha da viga, em função da carga.
Carga M
a
(E.I)
eq
. a
P (KN) KN.m MN.m
2
mm
0,49 0,098 7,70E+02 3,90E-05
0,98 0,196 9,63E+01 6,24E-04
1,47 0,294 2,86E+01 3,15E-03
1,96 0,392 1,21E+01 9,92E-03
2,45 0,490 6,25E+00 2,40E-02
2,94 0,588 3,66E+00 4,93E-02
3,43 0,686 2,34E+00 8,99E-02
3,92 0,784 1,60E+00 1,50E-01
4,41 0,882 1,15E+00 2,35E-01
4,90 0,980 8,65E-01 3,47E-01
5,39 1,078 6,74E-01 4,91E-01
5,88 1,176 5,41E-01 6,67E-01
6,37 1,274 4,46E-01 8,76E-01
6,86 1,372 3,76E-01 1,12E+00
7,35 1,470 3,24E-01 1,39E+00
7,84 1,568 2,84E-01 1,70E+00
8,33 1,666 2,52E-01 2,02E+00
8,65 1,730 2,36E-01 2,25E+00
11,10 2,220 1,62E-01 4,21E+00
118
Observa-se que a flecha que esta viga deve sofrer para carga mencionada é
de 2,24 mm, menor que o limite estabelecido que é de 4,8 mm.
3 - Verificações da abertura de fissuras e da carga de ruptura
De acordo com a formulação usada para o concreto armado, para um valor de
f
ctk,m
= 3,85 MPa, tem-se os valores apresentados na Tabela 5.42, considerando-se
uma abertura de fissura máxima w
k
= 0,2 mm.
Tabela 5.32 – Cálculo das aberturas de fissuras e da carga da ruptura
Carga M
a
σ
c
σ
s médio
w
P (KN) KN.m MPa MPa mm
0,49 0,098 0,58 21,58 0,00
0,98 0,196 1,16 43,15 0,00
1,47 0,294 1,74 64,73 0,01
1,96 0,392 2,32 86,31 0,01
2,45 0,490 2,89 107,88 0,02
2,94 0,588 3,47 129,46 0,02
3,43 0,686 4,05 151,04 0,03
3,92 0,784 4,63 172,61 0,04
4,41 0,882 5,21 194,19 0,06
4,90 0,980 5,79 215,77 0,07
5,39 1,078 6,37 237,34 0,08
5,88 1,176 6,95 258,92 0,10
6,37 1,274 7,53 280,50 0,12
6,86 1,372 8,10 302,07 0,14
7,35 1,470 8,68 323,65 0,16
7,84 1,568 9,26 345,23 0,18
8,33 1,666 9,84 366,80 0,20
8,65 1,730 10,22 380,89 0,22
9,14 1,828 10,80 402,47 0,24
9,63 1,926 11,38 424,05 0,27
10,12 2,024 11,96 445,62 0,29
10,61 2,122 12,54 467,20 0,32
11,10 2,220 13,11 488,78 0,35
Observa-se que considerando o mesmo critério estabelecido para a viga com
reforço de bambu, isto é uma abertura de fissuras característica de 0,2 mm, a carga
correspondente para esta viga é de aproximadamente de 8,33 kN, sendo esta
considerada a carga de ruptura.
119
5.2.14 – Resultado experimental para a viga 4
Realizado o ensaio de stuttgart para esta viga, obtiveram-se os resultados
apresentado pela Tabela 5.33.
Tabela 5.33 - Ensaio de Stuttgart da viga 4
Esta viga apresentou uma carga de ruptura experimental de 9,80 kN.
Comparando com a carga de ruptura da viga 3.1, observa-se que a viga 4
apresentou uma resistência 34% maior que a viga 3.1. Entretanto para o estagio de
serviço elas têm comportamentos semelhantes.
Carga M
a
σ
s
kN kN.m ε(µm) MPa a(mm)
0,49 0,1 34 14,28 0,0010
0,98 0,2 39 16,38 0,0050
1,47 0,29 46 19,32 0,0100
1,96 0,39 52 21,84 0,0140
2,45 0,49 57 23,94 0,0180
2,94 0,59 62 26,04 0,0230
3,43 0,69 68 28,56 0,0280
3,92 0,78 73 30,66 0,0320
4,41 0,88 79 33,18 0,0350
4,9 0,98 88 36,96 0,0410
5,39 1,08 92 38,64 0,0440
5,88 1,18 101 42,42 0,0510
6,37 1,27 107 44,94 0,0560
6,86 1,37 113 47,46 0,0610
7,35 1,47 121 50,82 0,0660
7,84 1,57 130 54,6 0,0720
8,33 1,67 132 55,44 0,0740
8,82 1,76 139 58,38 0,0790
9,31 1,86 161 67,62 0,0910
9,8 1,96 167 70,14 0,1020
10,29 2,06 681 286,02 0,1710
120
5.2.15 - Análise entre os resultados teórico e experimental
Figura 5.16 - Gráfico mostrando o desempenho teórico e experimental da viga com
reforço de aço
5.2.16 - Comparação entre resultados experimentais das vigas 3.1 e 4
Figura 5.17 - Gráfico que mostra o desempenho das duas vigas
121
Verifica-se que a viga de concreto com reforço de bambu, ρ = 3%, apresenta
deformações verticais cerca de 74% maiores que a mesma viga com armadura
mínima de aço, conforme apresentado na Tabela 5.34. Este resultado mostra que as
vigas de concreto com reforço de bambu são mais flexíveis, o que já foi constatado
por outras pesquisas. No estágio de serviço, a viga com reforço de bambu se
comporta de forma compatível com o modelo apresentado, assim como a viga com
reforço de aço.
Tabela 5.34 - Comparação das flechas experimentais, entre as vigas 3.1 e 4.
aço bambu
Carga(kN) a(mm) a(mm) %
0,49 0,001 0,005 80,00
0,98 0,005 0,04 87,50
1,47 0,01 0,084 88,10
1,96 0,014 0,089 84,27
2,45 0,018 0,094 80,85
2,94 0,023 0,099 76,77
3,43 0,028 0,105 73,33
3,92 0,032 0,112 71,43
4,41 0,035 0,118 70,34
4,9 0,041 0,125 67,20
5,39 0,044 0,131 66,41
5,88 0,051 0,139 63,31
6,37 0,056 0,147 61,90
6,86 0,061 0,156 60,90
7,35 0,066 0,172 61,63
7,84 0,072 0,377 80,90
8,33 0,074 0,688 89,24
Média 74,36
Diante do que foi apresentado fica evidente que é adequado o uso do bambu,
como substituto do aço, sempre que a viga estiver com área de aço mínima prevista
pela NBR 6118:2004. Esta situação é comum em instalações rurais ou pequenas
construções.
Considerando que as vigas 3.1 e 4, foram produzidas com concreto de
mesma dosagem, e os reforços de aço e bambu foram colocados sem ganchos, se
acredita que em ambos os casos as vigas entraram em colapso por deficiência de
aderência.
122
CAPÍTULO 6
CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÕES
De acordo com o estudo desenvolvido, chegam-se as seguintes conclusões:
O modelo proposto para dimensionamento de vigas de concreto com reforço de
bambu, é compatível com os resultados experimentais encontrados, entretanto, é
necessário melhorar a aderência bambu-concreto;
A substituição do aço liso pelo Bambusa vulgaris em vigas de concreto armado é
possível dentro de determinados limites. Verifica-se que sempre que uma viga está
submetida à M
dmín
., isto é, tem uma área de aço mínima prevista pela
NBR 6118:2004, As = 0,0015.b
w
.h. Essa quantidade de aço pode ser substituída por
um percentual de 3% taliscas de Bambusa vulgaris, dentro da metodologia
apresentada neste trabalho;
É viável o uso de Bambusa vulgaris como reforço do concreto, em vigas
destinadas a construções rurais ou pequenas construções, visando à redução do
consumo de aço;
Deve-se ter um cuidado especial no uso de taliscas de Bambusa vulgaris, sem
tratamento, para que as mesmas não sejam atacadas por insetos, notadamente o
Dinoderus minutus, tendo em vista sua susceptibilidade ao seu ataque.
Não se deve fazer a cura das vigas de concreto reforçadas com bambu em
ambiente úmido. Isto acarreta perda de aderência bambu-concreto pelo fato do
bambu ser um material higroscópico;
Deve-se usar nas vigas de concreto com reforço de bambu, concretos com baixo
fator a/c, (a/c<0,50), a fim de evitar a absorção de água pelo bambu durante a cura
do mesmo.
123
Como sugestões de aplicação de vigas de concreto com reforço de bambu
foram confeccionadas tabelas de uso prático.
6.1 - Tabelas de dimensionamento para uso prático
A fim de tornar este trabalho um instrumento de uso prático, foi dimensionado
vigas de seções transversais e comprimentos variados, para várias situações de
cargas e de apoio, com o critério de dimensionamento apresentado.
Estas vigas podem ser usadas em pequenas construções ou em instalações
comuns ao meio rural.
1- Viga bi apoiada com duas cargas concentradas simétricas em relação aos apoios;
2 - Viga bi apoiada com carga uniformemente distribuída;
3 - Viga bi apoiada com uma carga concentrada aplicada no meio do vão;
4 - Vigas em balanço com carga concentrada em sua extremidade;
5 - Vigas em balanço com carga uniformemente distribuída.
1 – Viga bi-apoiada com duas cargas concentradas simétricas em relação aos
apoios
Figura 6.1 – Modelo de viga para o dimensionamento apresentado na Tabela 6.1.
Para efeito de dimensionamento das vigas segundo a situação mostrada na
Figura 6.1, e apresentada na Tabela 6.1, considera-se a largura da seção
transversal constante b
w
= 0,12 m, o concreto com f
ck
= 20 MPa, fator água/cimento
(a/c = 0,50) e um consumo de cimento de 300kg/m
3
.
124
Dimensionando-se o traço para os valores indicado tem-se a composição
aproximada: 1:4:3, indicando as quantidade de cimento, areia e brita,
respectivamente. Esta composição foi usada nas Tabelas 6.1, 6.2, 6.3, 6.4, e 6.5.
Tabela 6.1 – Resumo do dimensionamento de vigas de concreto com reforço de
bambu, ρ = 3%, e b
w
= 12 cm.
h d V
c
nºde
P(máx.)
cimento Areia Brita nº0 Água
m m m m
3
varetas s (cm)
kgf
(Kg) (Kg) (Kg) (litros)
1,00 0,12 0,085 0,014 7 3 260 4 17 12 2
1,10 0,12 0,085 0,016 7 3 237 5 19 13 2
1,20 0,12 0,085 0,017 7 3 217 5 20 14 3
1,30 0,13 0,095 0,020 8 3 243 6 24 17 3
1,40 0,14 0,105 0,024 8 3 268 7 28 19 4
1,50 0,15 0,115 0,027 9 3 294 8 32 22 4
1,60 0,16 0,125 0,031 10 3 319 9 36 25 5
1,70 0,17 0,135 0,035 10 3 345 10 41 28 5
1,80 0,18 0,145 0,039 11 3 371 12 46 32 6
1,90 0,19 0,155 0,043 11 2 396 13 51 35 6
2,00 0,20 0,165 0,048 12 2 422 14 57 39 7
2,10 0,21 0,175 0,053 13 2 447 16 62 43 8
2,20 0,22 0,185 0,058 13 2 473 17 68 48 9
2,30 0,23 0,195 0,063 14 2 499 19 75 52 10
2,40 0,24 0,205 0,069 14 2 524 21 81 57 10
2,50 0,25 0,215 0,075 15 2 550 23 88 61 11
2,60 0,26 0,225 0,081 16 2 575 24 96 66 12
2,70 0,27 0,235 0,087 16 2 601 26 103 72 13
2,80 0,28 0,245 0,094 17 2 627 28 111 77 14
2,90 0,29 0,255 0,101 17 2 652 30 119 83 15
3,00 0,30 0,265 0,108 18 2 678 32 127 88 16
Sendo M
d
dado pela Equação 4.14
dhbmáxM
wd
=
1324.
O momento máximo que deve atuar na viga é:
dhbM
w
= 697
125
2 – Vigas bi-apoiadas com carga uniformemente distribuída
Figura 6.2 – Modelo da viga para o dimensionamento apresentado na Tabela 6.2.
Usando-se o mesmo equacionamento já citado, considerando uma viga bi-
apoiada com carga uniformemente distribuída, têm-se os resultados apresentados
na Tabela 6.2.
Tabela 6.2 – Resumo do dimensionamento de vigas de concreto com reforço de
bambu, ρ = 3% e b
w
= 12 cm.
h d V
c
nºde
q
cimento Areia
Brita
nº.0
Água
m m m m3 varetas
s
(cm)
kgf/m
(Kg) (Kg) (Kg) (litros)
1,00 0,12 0,085 0,016 7 3 658 5 19 13 2
1,10 0,12 0,085 0,017 7 3 537 5 21 14 3
1,20 0,12 0,085 0,019 7 3 446 6 22 16 3
1,30 0,13 0,095 0,022 8 3 458 7 26 18 3
1,40 0,14 0,105 0,026 8 3 468 8 30 21 4
1,50 0,15 0,115 0,030 9 3 477 9 35 24 4
1,60 0,16 0,125 0,034 10 3 483 10 40 28 5
1,70 0,17 0,135 0,038 10 3 489 11 45 31 6
1,80 0,18 0,145 0,043 11 2 494 13 50 35 6
1,90 0,19 0,155 0,048 11 2 498 14 56 39 7
2,00 0,20 0,165 0,053 12 2 501 16 62 43 8
2,10 0,21 0,175 0,058 13 2 504 17 69 48 9
2,20 0,22 0,185 0,064 13 2 506 19 75 52 10
2,30 0,23 0,195 0,070 14 2 508 21 82 57 10
2,40 0,24 0,205 0,076 14 2 509 23 90 62 11
2,50 0,25 0,215 0,083 15 2 510 25 97 67 12
2,60 0,26 0,225 0,089 16 2 511 27 105 73 13
2,70 0,27 0,235 0,096 16 2 511 29 113 79 14
2,80 0,28 0,245 0,103 17 2 511 31 122 85 16
2,90 0,29 0,255 0,111 17 2 511 33 131 91 17
3,00 0,30 0,265 0,119 18 2 511 36 140 97 18
Sendo M
d
dado pela Equação 4.14
126
3 – Vigas bi apoiadas com uma carga concentrada no meio do vão
Figura 6.3 – Modelo da viga para o dimensionamento apresentado na Tabela 6.3
Usando o mesmo equacionamento já citado, considerando uma viga
bi-apoiada com uma carga concentrada no centro, encontra-se os resultados da
Tabela 6.3.
Tabela 6.3 – Resumo do dimensionamento de vigas de concreto com reforço de
bambu, ρ = 3% e b
w
= 12 cm.
h d V
c
nºde
P
cimento Areia
Brita
nº.0
Água
m m m m3 varetas
s
(cm)
kgf
(Kg) (Kg) (Kg) (litros)
1,00 0,12 0,085 0,016 7 3 347 5 19 13 2
1,10 0,12 0,085 0,017 7 3 316 5 21 14 3
1,20 0,12 0,085 0,019 7 3 289 6 22 16 3
1,30 0,13 0,095 0,022 8 3 324 7 26 18 3
1,40 0,14 0,105 0,026 8 3 358 8 30 21 4
1,50 0,15 0,115 0,030 9 3 392 9 35 24 4
1,60 0,16 0,125 0,034 10 3 426 10 40 28 5
1,70 0,17 0,135 0,038 10 3 460 11 45 31 6
1,80 0,18 0,145 0,043 11 2 494 13 50 35 6
1,90 0,19 0,155 0,048 11 2 528 14 56 39 7
2,00 0,20 0,165 0,053 12 2 562 16 62 43 8
2,10 0,21 0,175 0,058 13 2 597 17 69 48 9
2,20 0,22 0,185 0,064 13 2 631 19 75 52 10
2,30 0,23 0,195 0,070 14 2 665 21 82 57 10
2,40 0,24 0,205 0,076 14 2 699 23 90 62 11
2,50 0,25 0,215 0,083 15 2 733 25 97 67 12
2,60 0,26 0,225 0,089 16 2 767 27 105 73 13
2,70 0,27 0,235 0,096 16 2 801 29 113 79 14
2,80 0,28 0,245 0,103 17 2 836 31 122 85 16
2,90 0,29 0,255 0,111 17 2 870 33 131 91 17
3,00 0,30 0,265 0,119 18 2 904 36 140 97 18
Sendo M
d
dado pela Equação 4.14
127
4 - Vigas em balanço com carga uniformemente distribuída
Figura 6.4 – Modelo da viga para o dimensionamento apresentado na Tabela 6.4
Usando-se a metodologia de dimensionamento já apresentada tem-se os
resultados da Tabela 6.4.
Tabela 6.4 – Resumo do dimensionamento de vigas de concreto com reforço de
bambu, ρ = 3% e b
w
= 12 cm.
h d V
c
nºde q cimento Areia Brita nº0 Água
m m m m
3
varetas kgf/m (Kg) (Kg) (Kg) (litros)
1,0 0,20 0,165 0,0264 12 428 8 31 22 4
1,1 0,22 0,185 0,0319 13 528 10 38 26 5
1,2 0,24 0,205 0,0380 14 638 11 45 31 6
1,3 0,26 0,225 0,0446 16 759 13 53 36 7
1,4 0,28 0,245 0,0517 17 890 16 61 42 8
1,5 0,30 0,265 0,0594 18 1031 18 70 49 9
M
máx.
calculado de acordo com a Equação 4.18.
dhb
máxM
M
w
d
d
=
γ
=
50,2
1324
dhbM
wmáx
=
530
.
128
5 - Vigas em balanço com carga concentrada na extremidade
Figura 6.5 – Modelo da viga para o dimensionamento apresentado na Tabela 6.5.
Usando-se a metodologia de dimensionamento já apresentada, têm-se os
resultados da Tabela 6.5.
Tabela 6.5 – Resumo do dimensionamento de vigas de concreto com reforço de
bambu, ρ = 3% e b
w
= 12 cm.
h d V
c
nºde P cimento Areia Brita nº0 Água
m m m m
3
varetas kgf (Kg) (Kg) (Kg) (litros)
1,0 0,20 0,165 0,0264 12 367 8 31 22 4
1,1 0,22 0,185 0,0319 13 413 10 38 26 5
1,2 0,24 0,205 0,0380 14 458 11 45 31 6
1,3 0,26 0,225 0,0446 16 504 13 53 36 7
1,4 0,28 0,245 0,0517 17 550 16 61 42 8
1,5 0,30 0,265 0,0594 18 596 18 70 49 9
M
máx.
calculado de acordo com a Equação 4.18.
dhbM
wmáx
=
530
.
129
1 - Vigas de fechamento de vãos de portas e janelas
Figura 6.6 - Detalhe da aplicação de vigas, colunas e placas de concreto com
reforço de bambu, em galpões de instalações rurais
2 - Estacas e mourões para cercas
Figura 6.7 - Estacas e mourão pré-moldados para cercas
130
3 - Construções de casas populares
Este trabalho apresenta a possibilidade real do uso de vigas de concreto com
reforço de bambu em substituição ao aço. Entretanto, pesquisas mostram que este
material pode ser usado em todas as partes estruturais de pequenas construções,
como também nas paredes e coberturas.
Sob o ponto de vista técnico a utilização do bambu como reforço do concreto
é possível. Pode-se programar um processo construtivo industrializável que habilite
este material como elemento estruturante em um sistema formal.
A utilização de resíduos como agregados e esta fibra vegetal carrega um
conceito ambiental importante. O baixo consumo de energia e as reciclagens dos
resíduos de construções resultam em um produto atrativo economicamente, e que
pode facilitar o processo construtivo, contribuindo para a redução de déficit
habitacional do Brasil.
Figura 6.8 - Modelo de casa popular cujas vigas podem ser construídas com o
material sugerido por este trabalho.
131
Dando continuidade ao estudo sobre a substituição do aço pelo Bambusa
vulgaris em vigas de concreto, tem-se como sugestões as seguintes pesquisas:
1 - Aplicação do Bambusa vulgaris com tratamento químico, de modo a evitar o
ataque das varetas pelo Dinoderus minutus, antes do seu uso;
2 - O uso de concreto reciclado com reforço de Bambusa Vulgaris, verificando o
comportamento estrutural desse material;
3 - O uso de pinos de aço e de bambu, fixados nas varetas, para melhorar a
aderência bambu-concreto, desta forma melhorando a capacidade de resistência
destas vigas;
4 - Verificar o uso de cabos de bambu como reforço do concreto;
5 - Dimensionamento de outros elementos estruturais de concreto com reforço de
bambu;
6 - Estudos de durabilidade do material bambu-concreto.
132
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136
Apêndice
137
Determinação do Módulo de Elasticidade na tração (E), do bambusa
vulgaris, usando 2/3 da espessura externa das taliscas de bambu.
Gráfico 1 - Ensaio 01 – corpo-de-prova com nó, seção mediana
Gráfico 2 - Ensaio 02 – corpo-de-prova com nó, seção mediana
138
Gráfico 3 - Ensaio 03 – corpo-de-prova com nó, seção mediana
Gráfico 4 - Ensaio 04 – corpo-de-prova com nó, seção mediana
139
Gráfico 5 - Ensaio 05 – corpo-de-prova com nó, seção mediana
Gráfico 6 - Ensaio 06 – corpo-de-prova com nó, seção mediana
140
Gráfico 7 - Ensaio 07 – corpo-de-prova com nó, seção mediana
Gráfico 8 - Ensaio 08 – corpo-de-prova com nó, seção mediana
141
Gráfico 9 - Ensaio 09 – corpo-de-prova com nó, seção mediana
Gráfico 10 - Ensaio 10 – corpo-de-prova com nó, seção mediana
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