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Clínica Bucodental II da Faculdade de Odontologia da Universidade de
Buenos Aires, Argentina, no período de 1991 a 1997, verificaram que
todos os 32 (6,51%) casos de transformação maligna observados
ocorreram a partir de formas atípicas da doença, que incluem o líquen
plano em placa, erosivo e atrófico.
Contudo, ainda não se sabe com certeza o porquê de tal
transformação. Para Mignogna et al.
28
(2004), atualmente existem
evidências suficientes comprovando que processos inflamatórios
crônicos, como é o caso do líquen plano bucal, criariam um micro-
ambiente baseado em citocinas capaz de influenciar a sobrevida das
células, além do seu crescimento, proliferação e diferenciação,
contribuindo conseqüentemente com a iniciação, promoção e progressão
do câncer.
Alguns autores, por outro lado, acreditam que tal
transformação seja favorecida por alterações na expressão de proteínas
que regulam os mecanismos de apoptose, como, por exemplo a p53.
Realmente, segundo Neppelberg et al.
32
(2001), há aumento considerável
do número de células epiteliais em apoptose nos locais de acometimento
da doença em comparação com o epitélio normal.
Valente et al.
44
(2001) analisaram a superexpressão da
proteína p53 em biópsias de 28 pacientes com líquen plano bucal feitas
periodicamente durante 96 meses. Em 15 destes pacientes nenhuma
alteração displásica ocorreu no período de tempo em questão (grupo1).
Em outros sete, houve sincronismo entre o diagnóstico da doença e o
desenvolvimento do carcinoma epidermóide (grupo 2), enquanto que no
restante dos pacientes, tal desenvolvimento só foi observado meses ou
anos depois (grupo 3). A porcentagem de células epiteliais p53-positivas
foi consideravelmente mais alta nos grupos 2 e 3 do que no grupo 1. Em
contraste, a taxa de proliferação celular, determinada através da
avaliação da expressão imunoistoquímica da proteína MIB-1, não mostrou
diferença estatística entre os três grupos. Embora não se possa chegar a