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Universidade do Grande Rio
“Prof. José de Souza Herdy”
Elibel Reginna Carvalho Pinto
ASSOCIAÇÃO ENTRE DISLIPIDEMIA, FUMO E PERDA ÓSSEA ALVEOLAR
RADIOGRÁFICA EM UMA POPULAÇÃO BRASILEIRA.
Duque de Caxias
2007
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Elibel Reginna Carvalho Pinto
ASSOCIAÇÃO ENTRE DISLIPIDEMIA, FUMO E PERDA ÓSSEA ALVEOLAR
RADIOGRÁFICA EM UMA POPULAÇÃO BRASILEIRA.
Dissertação apresentada à Universidade do
Grande Rio “Prof. José de Souza Herdy”, como
parte dos requisitos parciais para obtenção do
grau de mestre em Odontologia.
Orientador: Prof. Dr. Eduardo Muniz Barreto
Tinoco
Duque de Caxias
2007
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CATALOGAÇÃO NA FONTE/BIBLIOTECA - UNIGRANRIO
P659a Pinto, Elibel Reginna Carvalho
Associação entre dislipidemia, fumo e perda óssea alveolar
radiográfica em uma população brasileira / Elibel Reginna Carvalho
Pinto; orientador: Eduardo Muniz Barreto Tinoco. – Duque de
Caxias, RJ, 2007.
87 f. ; 30 cm.
Dissertação (mestrado) - Universidade do Grande Rio Professor
“José de Souza Herdy”, Escola de Odontologia, 2007.
Bibliografia: f. 65-82.
1. Periodontia. 2. Dislipidemias. 3. Fumo. 4. Periodontite. 5.
Hiperlipidemia. I.Tinoco, Eduardo Muniz Barreto. II. Título.
CDD – 617.645
Elibel Reginna Carvalho Pinto
ASSOCIAÇÃO ENTRE DISLIPIDEMIA, FUMO E PERDA ÓSSEA ALVEOLAR
RADIOGRÁFICA EM UMA POPULAÇÃO BRASILEIRA.
Dissertação apresentada à Universidade do
Grande Rio “Prof. José de Souza Herdy”, como
parte dos requisitos parciais para obtenção do
grau de mestre em Odontologia.
Aprovado em _____________ de ______________________ de ________________.
Banca examinadora
Prof. Henrique Guilherme de Castro Teixeira
Prof. Márcio Eduardo Vieira Falabella
Profa. Marilene Issa Fernandes
SUMÁRIO-
1. INTRODUÇÃO..................................................................................
2. REVISÃO DE LITERATURA............................................................
2.1 POSSÍVEIS FATORES DE RISCO RELACIONADOS À ASSOCIAÇÃO
ENTRE DOENÇAS CARDIOVASCULARES E PERIODONTAIS................
2.1.1 FUMO..........................................................................................
2.1.1.1 FUMO E DOENÇA PERIODONTAL..........................................
2.1.2 DIABETES.....................................................................................
2.1.2.1 DIABETES E DOENÇA PERIODONTAL...................................
2.1.3 OBESIDADE................................................................................
2.1.3.1 OBESIDADE E DOENÇA PERIODONTAL...............................
2.1.4 DISLIPIDEMIA..............................................................................
2.1.4.1 DISLIPIDEMIA E DOENÇA PERIODONTAL............................
3. OBJETIVOS........................................................................................
3.1 OBJETIVO GERAL...........................................................................
3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS..........................................................
4. MATERIAIS E MÉTODOS...............................................................
4.1 TIPO DO ESTUDO...........................................................................
4.2 AMOSTRA........................................................................................
4.2.1 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO..........................................................
4.2.2 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO.........................................................
4.3. COLETA DE DADOS.......................................................................
4.4. PARÂMETROS SISTÊMICOS........................................................
4.4.1 ANTOPOMETRIA..........................................................................
4.4.1.1 ÍNDICE DE MASSA CORPÓREA..............................................
4.4.2 EXAMES BIOQUÍMICOS...............................................................
4.5 CLASSIFICAÇÃO..............................................................................
4.6 PARÂMETROS PERIODONTAIS....................................................
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36
4.6.1 AVALIAÇÃO DA PERDA ÓSSEA ALVEOLAR RADIOGRÁFICA.....
4.7 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS.................................................................
4.8 ANÁLISE DOS DADOS.........................................................................
5. RESULTADOS .......................................................................................
5.1 ANÁLISE DESCRITIVA.......................................................................
5.2 ANÁLISE BIVARIADA..........................................................................
5.3 MODELO FINAL- ANÁLISE DE REGRESSÃO LOGÍSTICA..............
6. DISCUSSÃO ............................................................................................
6.1 PERDA ÓSSEA ALVEOLAR RADIOGRÁFICA...................................
6.2 IDADE..................................................................................................
6.3 RAÇA...................................................................................................
6.4 FUMO..................................................................................................
6.4.1 FUMO E PERDA ÓSSEA ALVEOLAR RADIOGRÁFICA.......................
6.5 DIABETES...........................................................................................
6.5.1 DIABETES E PERDA ÓSSEA ALVEOLAR RADIOGRÁFICA ................
6.6 OBESIDADE........................................................................................
6.6.1 OBESIDADE E PERDA ÓSSEA ALVEOLAR RADIOGRÁFICA...............
6.7 DISLIPIDEMIA.....................................................................................
6.7.1 DISLIPIDEMIA E PERDA ÓSSEA ALVEOLAR RADIOGRÁFICA.......
7. CONSIDERAÇÕES SOBRE O MÉTODO.............................................
7.1 TIPO DO ESTUDO..............................................................................
7.2 RADIOGRAFIA PANORÂMICA COMO MÉTODO DE DIAGNÓSTICO DE
POAR...........................................................................................................
8. CONCLUSÕES......................................................................................
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................
10. ANEXOS..............................................................................................
10.1 ANEXO I - IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA E
ANTROPOMÉTRICA.........................................................................................
10.2 ANEXO II - AVALIAÇÃO PERDA ÓSSEA ALVEOLAR RADIOGRÁFICA
(POAR)...........................................................................................................
10.3 ANEXO III - CONSENTIMENTO INFORMADO.............................
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5
RESUMO
A periodontite é uma doença multifatorial com o biofilme microbiano sendo
o fator iniciador da doença. Entretanto, a manifestação e progressão da
periodontite são influenciadas por uma variedade de determinantes e fatores de
risco, reconhecidos ou não, dentre eles fumo e dislipidemia. O presente estudo
teve como objetivo avaliar a associação entre dislipidemia, fumo e perda óssea
alveolar radiográfica em uma amostra de 179 indivíduos de uma empresa
brasileira. Utilizando-se um modelo de análise multivariada dos dados e regressão
logística, as variáveis mais significantemente associada à perda óssea alveolar
radiográfica foram o tabagismo(OR = 14,56; p< 0,001), altos níveis de LDL
colesterol (OR = 9,67; p = 0,035), e altos níveis de triglicerídeos (OR = 3,56; p =
0,011). O presente estudo sugere que fumo e dislipidemia estão associados à
perda óssea alveolar radiográfica. Contudo, a natureza transversal do estudo nos
não permite inferir uma relação causal entre as duas doenças, enfatizando a
necessidade estudos longitudinais bem controlados.
PALAVRAS CHAVES: Dislipidemia; Hiperlipidemia; Fumo; Periodontite.
ABSTRACT
The periodontitis is a multifactorial disease with microbial biofilm being the
initiating factor of the disease. However, the manifestation and progression of the
periodontitis are influenced by a variety of determinative and recognized factors of
risk or not, amongst them smoking and dyslipidaemia. The aim of this work was to
study the potential association between dislipidaemia, smoking and radiographic
alveolar bone loss in a population of 179 individuals from a Brazilian company.
Using a multivariate analysis model and logistic regression, the most significant
variables were smoking (OR = 14,56; p< 0,001), high LDL levels (OR = 9,67; p =
0,035), high triglycerides levels (OR = 3,56; p = 0,011). The present study
suggests that smoking and dislipidaemia are associated with radiographic bone
loss. However, the cross-sectional design of the study does not allow us to assume
a causal relationship between the two diseases, and points out the need for well-
controlled longitudinal studies.
KEY WORDS: Dyslipidaemia; Hyperlipidemia; Smoking; Periodontitis.
LISTA DE ABREVIATURAS
bFGF – Fator de Crescimento de Fibroblastos
COL TOT – Colesterol Total
CPITN – Índice Periodontal Comunitário de Necessidades de Tratamento
DCV - Doença Cardiovascular
HDL – Lipoproteína de Alta Densidade
IL- Interleucina
IMC – Índice de Massa Corpórea
IP – Índice de Placa
LDL – Lipoproteína de Baixa Densidade
PDGF – Fator de Crescimento Plaquetário
PI – Perda de Inserção
PMN - Neutrófilos Polimorfos Nucleares
POAR - Perda Óssea Alveolar Radiográfica
PS - Profundidade de Sondagem
SS – Sangramento à Sondagem
TGF-β1– Fator de Crescimento Transformante beta 1
TNF – Fator de Necrose Tumoral
TRG – Triglicerídeos
Dedico este trabalho, ao meu querido filho Permínio, meu precioso ”tesouro”.
Ao meu marido, que sempre me apoiou na minha trajetória profissional, sem isto,
talvez fosse impossível chegar até aqui.
À minha mãe Dalva, um grande exemplo de dedicação e justiça.
À minha irmã Eliana, a qual admiro de coração e que sempre me apóia nos
momentos difíceis.
AGRADECIMENTOS
Até hoje dois anjos, de carne e osso, passaram por minha vida:
Alba Regina Silva Medeiros, anjo de Cuiabá, que me mostrou que a vida
vale a pena ser vivida, através da sua alegria, e que, além disso, possui
uma infinidade de virtudes a mais, AMIGA e IRMÃ...
Paula Fernades Cachapuz, anjo do Rio de Janeiro, minha amiga de
mestrado, que com seu carinho e desprendimento admirável, me norteou
sob todos os aspectos desta pesquisa. Serei eternamente grata!
Agradeço também:
Ao meu orientador Dr. Eduardo Muniz Barreto Tinoco, por ter possibilitado à
realização desta pesquisa.
A Doutora Denise Gomes da Silva pelo carinho e cooperação.
A Renata Fernandes Cachapuz que participou como colaboradora deste
projeto.
Ao Doutorando Ageo Mário Cândido da Silva, que me socorreu em momentos
cruciais desta trajetória através do seu amplo conhecimento na área da
epidemiologia.
A Associação Brasileira de Odontologia (Seção - MT), na pessoa do seu
presidente João Alfredo Silva, por ter sempre acreditado e apoiado minha carreira
profissional.
Aos meus pacientes que contribuíram para a realização deste sonho.
A todos que ao longo da vida me facilitaram o crescimento, seja através de
criação de dificuldades estimulantes ao meu amadurecimento, seja com
facilitações nos momentos de dificuldade.
E, finalmente a Deus que me guia em todos os caminhos.
FALTA ALEGRIA EM NOSSAS VIDAS
Lya Luft
Meu Deus, como andamos chatos, dei-me conta outro dia.
Não paramos de reclamar. Muitas vezes com razão: os impostos, o custo de
vida, o desemprego, a violência, a prolongada adolescência dos filhos, a súbita
falsidade de alguém em que confiávamos tanto, a velhice complicada dos pais, a
pouca autoridade das autoridades, a nossa própria indecisão. As rápidas
mudanças na sociedade, alguns ainda tentando arrastar o cadáver dos valores
que precisam ser mudados, outros tentando impor a anarquia quando a gente
devia era renovar, não bagunçar.
Pensei que uma das coisas que andam ficando raras é a alegria, e comentei
isso. Alguém arqueou uma sobrancelha:
- Alegria? A palavra está até com cheiro de mofo... Tanta coisa grave
acontecendo, tanta tragédia, e você fala em alegria?
Pois comecei a me entusiasmar com a idéia, e provocativamente fui contando
nos dedos os motivos que deveriam levar a que o grupo se alegrasse: nenhum de
nós desistiria da jornada; nenhum de nós era um malfeitor, um ser humano
desprezível, ao contrário: a gente estava na luta, tentando ser decente, tentando
superar os próprios limites. Éramos tão humanos, tão desvalidos e tão guerreiros,
como centenas, milhares de outros, homens, mulheres, crianças, entre os dois
mistérios do nascer e do morrer. Repeti a minha pequena heresia:
- Eu acho que uma das coisas que andam faltando, além do emprego,
decência e tanta coisa mais, é a alegria. A gente se diverte pouco. Andamos com
pouco bom humor.
Érico Veríssimo, velho amigo amado, uma das minhas duras perdas, me disse
quando era mais jovem: “Lya, em certos momentos o que nos salva nem é o
amor, é o humor”.
Um riso bom ou um sorriso terno em meio a toda crueldade, falsidade,
hipocrisia, violência de acusações abjetas, de calúnias vis, de corrupção
escandalosa, de desagregação familiar melancólica, podem nos confortar e
devolver a esperança.
11
1. INTRODUÇÃO
A influência da doença periodontal sobre a saúde geral é, atualmente, um
dos temas mais estudados na pesquisa em Periodontia (ROSSA JÚNIOR, 2003).
Pesquisas recentes têm indicado uma ligação mais íntima da periodontite com as
manifestações sistêmicas. Muitos investigadores relatam que pode existir uma
associação entre periodontite e doença cardíaca coronariana/aterosclerose
(MATILLA et al., 1995, BECK et al., 1996, 1998; LOESCHE et al., 1998,
VALTONEN et al., 1991, WU et al., 2000). A aterosclerose é um processo
patológico progressivo no qual artérias elásticas grandes e musculares, de
tamanho médio a grande, tornam-se ocluídas com lesões fibrolipídicas (ateromas),
que podem levar a infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral (BECK
et al., 1996). A doença aterosclerótica é multifatorial, sendo a principal causa de
óbitos tanto nos países desenvolvidos, quanto no Brasil (Diretrizes de Dislipidemia
e Prevenção da Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia (III DDPA,
2001). Este fato torna inquestionável os custos financeiros nas pesquisas, visando
a compreensão de sua etiopatogênese e a identificação de fatores de risco,
especialmente os passíveis de tratamento ou modificação. Ao longo dos anos, a
pesquisa médica tem identificado diversos fatores de risco associados à
ocorrência das doenças cardiovasculares (DCVs), como: gênero, dieta gordurosa,
estresse, hipertensão, sedentarismo, diabetes mellitus e fumo. No entanto, cerca
de um terço dos indivíduos portadores de aterosclerose não apresentam nenhum
destes fatores de risco mais comuns (COUTINHO et al., 2000); assim o custo
12
social e financeiro destas doenças permanece elevado, estimulando a busca por
possíveis fatores de risco ainda não identificados. Beck e Offenbacher (1998)
sugeriram que a doença periodontal e a doença cardíaca compartilham uma via
etiológica semelhante. Ambas são multifatoriais, dependentes da idade, acometem
mais o gênero masculino e parecem estar relacionadas com o processo de
envelhecimento (PAGE, 1998) . Beck et al. (1996) analisaram os dados do
Normative Aging Study e do Dental Longitudinal Study, para avaliar a relação
entre as doenças bucais e cardiovasculares; das numerosas variáveis periodontais
analisadas nesta pesquisa retrospectiva, a perda óssea pareceu ser a variável
mais consistente associada à cardiopatia coronariana. Glurich et al. (1998),
ofereceram dados preliminares associando patógenos periodontais específicos,
resposta imune e inflamação, com a formação de placas ateromatosas associadas
a doença cardiovascular. Especificamente, as respostas do hospedeiro às
doenças periodontal e cardiovascular refletiram-se por aumento das proteínas de
fase aguda. Mecanismos plausíveis para essa relação giram em torno da
capacidade da inflamação crônica (tal como periodontite) iniciar e perpetuar a
elevação sistêmica das várias citocinas relacionadas à resposta de fase aguda.
Resultados de pesquisas em animais têm demonstrado a capacidade das
citocinas de fase aguda (tais como TNF, IL-1, IL-6, etc.) de alterar muito os
triglicerídeos séricos e o metabolismo do colesterol (EBERSOLE e CAPPELLI,
2005). Hipercolesterolemia, em particular o aumento nos níveis plasmáticos de
LDL (Low Density Lipoprotein), hipertrigliceridemia e diabetes mellitus são os
maiores fatores de risco para as doenças cardiovasculares. Já o aumento dos
níveis plasmáticos de HDL (High Density Liprotein) tem indicado uma associação
13
com baixo risco a doença cardiovascular (III DDPA, 2001). Loesche et al. (2000),
demonstraram que indivíduos com hipercolesterolemia e doença cardiovascular
têm condição periodontal significantemente pior que indivíduos controles. Além
disso, o grau de colapso periodontal foi positivamente correlacionado com níveis
lipídicos alterados (POHL et al., 1995). Estudos em humanos, relacionando níveis
de lipídeos séricos e status periodontal têm sido conduzidos e sugerem que
dislipidemia é um indicador para a presença de periodontites. (SAITO et al., 1998;
CUTLER et al., 1999a e 1999b; WAKAI et al., 1999; NOACK et al., 2000;
LOESCHE et al., 2000; KATZ et al., 2002; CRAIG et al., 2003; MORITA et al.,
2004; MOEINTAGHAVI et al., 2005; RUFAIL et al., 2005). Entretanto, não está
claro se alterações no metabolismo lipídico são causa ou consequência da
periodontite.
A compreensão da inter-relação entre a periodontite e os fatores de risco
associados à doença cardiovascular, como os níveis lipídicos, pode ter profundos
efeitos nas estratégias para prevenção e tratamento destas duas doenças.
(EBERSOLE E CAPELLI 2005). Da mesma maneira, a literatura sugere que os
fatores de risco para DCV também podem estar associados à periodontite
(tabagismo, dislipidemia, diabetes, obesidade, etc.). Compreender a influência
destes fatores na doença periodontal também poderia, em parte, explicar a
importância da própria periodontite em relação às DCVs. Se alguns desses fatores
de risco são semelhantes, qual seria a real importância da periodontite na
ocorrência das DCVs? Seria a periodontite um fator de risco individual para DCVs
ou a interação entre esses fatores de risco e periodontite é, que de fato,
aumentaria o risco destas doenças? Compreender a associação entre estes
14
fatores de risco e periodontite, seria um primeiro passo para a compreensão dessa
influência e, conseqüentemente, depois de bem definido estes papéis, a influência
da periodontite nas DCVs.
Desta forma, o presente estudo teve como objetivo verificar a influência da
dislipidemia e do fumo sobre a periodontite em indivíduos de uma empresa do Rio
de Janeiro.
15
2. REVISÃO DA LITERATURA
Na última década, um grande número de pesquisas tem sugerido que
doenças bucais podem ter profundos efeitos na saúde sistêmica. A periodontite é
uma doença bucal prevalente atingindo cerca de 81% da população na sua forma
leve e 8% na sua forma severa (LÖE et al., 1992). A instalação e a progressão da
periodontite envolvem um conjunto de eventos imunopatológicos e inflamatórios,
com a participação de fatores modificadores locais, sistêmicos, ambientais e
genéticos (PAGE e KORNMAN, 1997); podendo levar à uma inter-relação
complexa com diversas outras doenças dos mais variados órgãos e sistemas
(WILLIAMS e OFFENBACHER, 2005). Entre as alterações sistêmicas inter-
relacionadas com a periodontite, os problemas cardiovasculares têm recebido
maior atenção. As doenças cardiovasculares (DCVs) são as causas de óbito mais
freqüentes no mundo industrializado. Recentes dados na literatura sugerem que
as doenças periodontais e cardíacas comungam uma via comum causadora
(BECK et al., 2005). Diversos autores sugerem que a doença periodontal, que é
uma infecção crônica, pode estar relacionada com a doença cardiovascular
através de mediadores relacionados à infecção e à hiperatividade de células
brancas sanguíneas e de fatores de agregação plaquetária, promovendo o
desenvolvimento de aterosclerose (VALTONEN 1991, ELLIS 1997, BECK et al.
1998, HERZBERG e MEYER 1998). Os fatores que colocam indivíduos em risco
para periodontite podem também colocá-los em risco para as doenças
16
cardiovasculares (MATTILA 1993, DESTEFANO et al., 1993, LONNQVIST et al.
1995, STERN 1996, OFFENBACHER et al., 1999).
2.1 POSSÍVEIS FATORES DE RISCO RELACIONADOS À ASSOCIAÇÃO
ENTRE DOENÇAS CARDIOVASCULARES E PERIODONTAIS.
2.1.1 FUMO
O fumo já é reconhecido como um dos mais importantes fatores de risco
para DCVs, sendo que cerca da metade dos óbitos causados pelo consumo de
tabaco se deve às doenças cardiovasculares. O infarto agudo do miocárdio fatal é
cerca de quatro vezes mais comum em homens fumantes jovens do que em não
fumantes da mesma idade (OMS, 2000). Já a deposição de placas ateromatosas
nas artérias carótidas, associada ao risco de acidentes vasculares cerebrais
(AVCs), é diretamente proporcional ao número de maços/ano consumidos. Assim
o risco de AVC, independentemente de outras causas, é três vezes maior em
fumantes.
Os mecanismos pelos quais o uso do tabaco leva a essas complicações
são: aumento da coagulação sanguínea, aumentando os níveis de fibrinogênio e
fator VIII (fator de cascata de coagulação envolvido na estabilização da fibrina no
coágulo), ativando plaquetas. Em seguida, verifica-se um aumento na viscosidade
sanguínea. Paralelamente a isso, é possível observar uma alteração na
composição lipídica no plasma, com aumento da fração Very Low Density
Lipoprotein (VLDL) do colesterol- justamente a associada a maior risco de
17
aterosclerose- e redução da fração HDL protetora. No miocárdio se verifica uma
alteração da relação oferta-consumo de oxigênio, com tendência maior a
isquemia, associado ao fato de que a combustão do cigarro gera mais monóxido
de carbono, que se liga covalentemente à hemoglobina, e, portanto, reduz ainda
mais ainda a oferta de oxigênio. Além disso, o fumo tem ação direta na parede
arterial, tornando-a mais rígida e estimulando a secreção de mediadores
simpáticos que aumentam a vasoconstricção (DEHEINZELIN et al., 2004).
2.1.1.1 FUMO E DOENÇA PERIODONTAL
Dentre todos os fatores, reconhecidamente o fumo é o principal fator de
risco para as doenças periodontais e isto está bem estabelecido através de
estudos longitudinais que permitiram a clara observação de que indivíduos
expostos ao fumo apresentam maior incidência de perda de inserção clínica ao
longo do tempo (BERGSTROM et al., 2000; ELTER et al., 1999; MACHTEI et al.,
1997). Segundo a Academia Americana de Periodontia (AAP, 1999), o tabagismo
é um dos mais importantes fatores de risco para o desenvolvimento e progressão
da periodontite. A alteração de fatores determinantes no sistema de defesa e na
resposta do hospedeiro leva a uma progressão mais rápida da doença periodontal.
As substâncias tóxicas presentes no tabaco provocam alterações nas funções de
quimiotaxia e fagocitose dos neutrófilos, prejudicando o processo de defesa do
organismo. Os fumantes têm então, menor número de linfócitos T, função alterada
de linfócitos B e menor produção de anticorpos, ocorrendo níveis menores de
imunoglobulina A (IgA) e imunoglobulina G (IgG) na sua saliva. A produção de
18
citocinas (mediadores químicos da inflamação) também é alterada pelos
componentes do tabaco.
Na medida em que a infecção periodontal provoca destruição do
periodonto, observa-se uma tentativa de reorganização dos tecidos, ou seja, um
processo de cura concomitante à destruição, o que se dá através da formação de
um novo tecido conjuntivo. Esse evento também é prejudicado pelo tabagismo,
pois a presença da nicotina causa alterações na função dos fibroblastos, células
responsáveis pela produção de colágeno e fibronectina, substâncias essenciais na
formação de novo tecido conjuntivo de inserção. Ocorre também aumento na
atividade da colagenase e diminuição da proliferação de osteoblastos, mais uma
vez prejudicando a formação de colágeno e também neoformação óssea.
(TORMENA et al, 2004).
Uma comparação de níveis ósseos em radiografias “bitewing” de 812
indivíduos, retrospectivamente, revelou que fumantes tinham maior perda óssea
que os não-fumantes (BERGSTROM et al., 2000). Em outro estudo, fumantes
apresentaram maior perda de inserção clínica e óssea alveolar do que não
fumantes (HAFFAJEE & SOCRANSKY, 2001). Razali et al. (2005) analisaram um
grupo de pacientes, divididos em grupos por fumo e idade e a análise de doença
periodontal foi obtida através da determinação de perda óssea em radiografias
panorâmicas com uso da régua de Schei (SCHEI et al., 1959) e através da
profundidade de sondagem (PS). Foi encontrado que fumantes apresentavam um
menor número de dentes na boca e um maior número de dentes com PS
aumentada (p < 0,001). A maior diferença foi encontrada em indivíduos acima de
19
45 anos. As diferenças aumentaram com a idade mostrando uma resposta
relacionada ao tempo de exposição ao hábito de fumar.
2.1.2 DIABETES
O termo diabetes mellitus engloba um grupo de doenças metabólicas,
caracterizadas pela hiperglicemia (glicose sanguínea elevada) decorrente da
deficiência e/ou incapacidade da insulina (hormônio secretado pelas células beta
do pâncreas, responsável pela captação tecidual de glicose, principal substrato
energético do organismo), em exercer adequadamente suas ações (FERREIRA &
VANNUCCI, 2004).
Pacientes com hiperglicemia sustentada apresentam alteração na função
de diversas proteínas, como colágeno, hemoglobina, albumina e lipoproteínas. Se
a hiperglicemia se mantém, as proteínas se tornam altamente estáveis e formam
produtos finais da glicosilação avançada - AGES (GROSSI & GENCO, 1998). A
formação de AGES inicia com a ligação de glicose ao grupo amino das proteínas.
A formação de AGES é irreversível e uma vez formadas, permanecem ligadas às
proteínas durante todo o tempo de vida destas. Os receptores de AGES são
conhecidos como RAGES. A interação AGE-RAGE resulta em diversas alterações
celulares. Os RAGES estão na parede de células endoteliais, de macrófagos e de
fibroblastos do tecido periodontal. Na interação AGE-RAGE ocorre alteração no
metabolismo celular, prejudicando a resposta do hospedeiro aos microorganismos
periodontais. Ocorrem alterações de fenótipo de monócitos/macrófagos e, como
resultado, aumento da produção de citocinas inflamatórias e fatores de
20
crescimento, como IL-1 (interleucina 1), TNF (fator de necrose tumoral), PDGF
(fator de crescimento derivado de plaquetas) e IGF (fator de crescimento do tipo
insulina). Estes produtos estão relacionados com o processo inflamatório crônico e
formação de lesões ateromatosas (WHEBA et al., 2004).
2.1.2.1 DIABETES E DOENÇA PERIODONTAL
O diabetes é considerado, assim como o fumo, um dos mais fortes fatores
de risco para a doença periodontal (NUNN, 2005), comprovado através de vários
estudos (HUGOSON et al., 1989, SHLOSSMAN et al., 1990, EMRICH et al., 1991,
THORSTENSSON & HUGOSON 1993, GROSSI & GENCO, 1998, LALLA et al.,
2000). Evidências vindas de estudos longitudinais sugerem que indivíduos
diabéticos com pobre controle glicêmico, quando comparados com bem
controlados, apresentaram perda de inserção (SEPPALA et al., 1993, TERVONEN
& OLIVER, 1993) e perda óssea alveolar significantemente maiores (SEPPALA et
al., 1993, TAYLOR et al., 1998). A diabetes mellitus pode influenciar não apenas a
prevalência e a severidade da periodontite, como também a progressão da doença
(PAPAPANOU, 1996). Pacientes diabéticos apresentam redução na função dos
neutrófilos, resposta inflamatória excessiva, defeitos na renovação do colágeno e
prejuízos de cicatrização (YALDA et al., 1994).
21
2.1.3 OBESIDADE
O excesso de peso caracterizado pelo Índice de Massa Corpórea (IMC)
como maior que 25 Kg/m²
1
, está associado a um maior risco de doença
aterosclerótica. A Obesidade é uma doença crônica que tem apresentado
significativo aumento de incidência mundial; e está associada com alterações
metabólicas deletérias, hiperglicemia e dislipidemia, entre outras (III DDPA, 2001).
Na obesidade observa-se uma alteração na resposta imuno-inflamatória devido ao
aumento da produção de citocinas, às alterações metabólicas ou à alteração nos
linfócitos T e monócitos/macrófagos. (COPPACK, 2001; DANDONA et al., 1998;
TANAKA et al., 2001; ZICCARDI et al., 2002).
2.1.3 OBESIDADE E DOENÇA PERIODONTAL
A obesidade e o sobrepeso têm sido estudados modernamente como um
provável fator de risco às doenças periodontais (FERNANDES et al., 2004).
Recentes publicações têm associado a obesidade à doença periodontal
(PERLSTEIN e BISSADA, 1977; ELTER et al., 1999; NISHIMURA et al., 2001;
SAITO et al., 2001). Entretanto, outros estudos falharam em demonstrar essa
associação (WAKAI et al., 1999, KIRAN et al, 2005). Apesar de não ter sido
comprovada como fator de risco para a doença periodontal através de estudos
longitudinais (STANFORD e REES, 2003), tem-se demonstrado uma associação
1
IMC-indicador do estado nutricional calculado a partir da fórmula que divide o peso corporal (kg) pela
estatura ao quadrado (m²) (CUPPARI et al., 2002).
22
positiva entre ambas, baseada no aumento da reação inflamatória e diminuição da
função imune o que poderia conferir maior risco à periodontite (COPPACK, 2001;
TANAKA et al., 2001).
Em 1977, Perlstein e Bissada encontraram relação entre a severidade da
periodontite e a obesidade em ratos. A presença de uma resposta severa à
irritação local periodontal foi marcadamente maior em ratos obesos e hipertensos.
Saito et al. (2001), relacionaram a obesidade como indicador de risco significante
para periodontite.
2.1.4 DISLIPIDEMIA
O papel-chave dos níveis de lipídeos como um fator de risco para DCV
também está bem estabelecido (MATTILA et al., 2005
a
), tendo sido demonstrada a
relação direta das dislipidemias na gênese da doença aterosclerótica, e
consequentes riscos cardiovascular e cerebrovascular (III DDPA, 2001). Estudos
epidemiológicos sugerem que durante a resposta de fase aguda à infecção e
inflamação, citocinas induzem eventos no tecido e no plasma que levam à
mudanças em lipoproteínas potencialmente pró-aterogênicas (KHOVIDHUNKIT et
al., 2000). Níveis elevados do Colesterol total, LDL e TRG, e redução nos níveis
do colesterol HDL podem induzir à doença coronariana (WILSON et al., 1998).
23
2.1.4.1 DISLIPIDEMIA E DOENÇA PERIODONTAL
Diversos mecanismos de ação mediando o efeito de infecções bucais na
patogênese da aterosclerose e trombose arterial foram propostos. Todos eles se
relacionam com o efeito dos microorganismos e seus componentes no estado
geral de inflamação, reconhecidamente presentes nas DCVs, no metabolismo de
lipídeos, na formação de trombos e endotélio. Recentemente, uma maior atenção
tem sido dada ao efeito da periodontite sobre lipoproteínas que têm um papel
chave como fator de risco à DCV (MATTILA et al., 2005
a
). O Perfil metabólico
lipídico alterado têm sido encontrado em indivíduos portadores de periodontite
(CUTLER et al., 1999ª; 1999b; LOESCHE et al. 2000, MORITA et al., 2004,
MONTEBUGNOLI et al., 2004, RUFAIL et al., 2005). Pacientes diagnosticados
com dislipidemia apresentam um percentual significativamente mais alto de sítios
com profundidade de sondagem maior que 3,5mm, que indivíduos controles com
status metabólico normal (NOACK et al., 2000). Parece ser mais do que casual a
relação entre níveis de lipídeos alterados e periodontites (MORITA et al., 2004),
porém, não se sabe se as desordens no metabolismo lipídico podem predispor
indivíduos à periodontite ou se a periodontite afetaria o metabolismo lipídico.
Hipóteses básicas e modelos foram propostos por Iacopino e Cutler (2000), a fim
de se tentar elucidar os possíveis meios na inter-relação entre periodontites e
níveis lipídicos alterados (esquemas 1 e 2).
1
1
O esquema 2 não está sendo avaliado no presente estudo, já que considera a periodontite como variável
explicativa de dislipidemia, ou seja, uma provável causalidade reversa.
24
ESQUEMA 1
DISLIPIDEMIA
ALTERAÇÃO DA FUNÇÃO IMUNE CELULAR
PREJUÍZO DA RESPOSTA TECIDUAL
Outras hipóteses, para também tentar elucidar a questão de que a
dislipidemia poderia ser um indicador para a presença de periodontite, foi
proposta por diversos autores (SAITO et al., 1998; CUTLER et al., 1999a e
1999b; NOACK et al., 1999; WAKAI et al., 1999; LOESCHE et al., 2000; KATZ
et al., 2002; CRAIG et al., 2003; MORITA et al., 2004; MOEINTAGHAVI et al.,
A
umento da produção de citocinas
pró-inflamatórias, tais como: TNF-α e
IL-1β pelos monócitos e PMNs.
Redução da produção de fatores de
crescimento polipeptídicos tais como: PDGF,
TGF- β1 e bFGF, pelos macrófagos.
DANOS AOS TECIDOS PERIODONTAIS
25
2005; RUFAIL et al., 2005), através da análise de diversas pesquisas no
campo da medicina (ALVAREZ et al. 1986, WANNER et al. 1997, GRUNFELD
et al., 1989, VALTONEN 1991, ELLIS 1997, LAURILA et al., 1997, 1999,
CROFT et al., 1990, KRAUSE et al., 1993, SHAPIRA et al., 1991,
GUSTAFSON & ASMAN, 1996, MEMON et al., 1993; FEINGOLD et al, 1987;
FEINGOLD et al, 1989
a
; FEINGOLD et al, 1989
b
; FEINGOLD et al, 1991;
FEINGOLD et al, 1992; KRAUSS et al. 1990; NONOGAKI et al., 1995).
Também é interessante a proposta de Cutler et al. (1999), que relataram que
dislipidemia prolongada tem profundos efeitos na função e ativação de células
mielóides, resultando em prejuízo da função antibacteriana de PMNs e no
aumento de ânions superóxidos. A ativação de PMNs tem sido ligada à danos
nos tecidos periodontais, válvulas cardíacas, pulmão e rins. Assim, o estado de
dislipidemia crônica, pode prejudicar a resistência do hospedeiro para a
infecção bacteriana, enquanto promove destruição cardiovascular, pulmonar,
renal e dos tecidos periodontais.
26
-ESQUEMA 2
PERIODONTITE
DESAFIO MICROBIANO
LPS Bactérias G-
ENDOTOXEMIA E BACTEREMIAS SUBCLÍNICAS
Aumenta a produção de lipoproteína hepática, devido à habilidade dessas
lipoproteínas ligar-se a endotoxina bacteriana para favorecer sua excreção.
LIBERAÇÃO DE CITOCINAS PRÓ-INFLAMATÓRIAS (TNF-α, IL-1ß)
A
UMENTO DA LIP
Ó
LISE
A
UMENTO DA LIPOG
Ê
NESE
REDUÇÃO DO DESPEJO DE LIPÍDEOS
ACÚMULO:
Ácidos Gordurosos Livres (FFA)
LDL Colesterol
Triglicerídeos (TRG)
DISLIPIDEMIA
27
Estudos em humanos relacionando níveis de lipídeos séricos e status
periodontal têm sido conduzidos e sugerem que dislipidemia é um indicador
para a presença de periodontites:
Saito et al. (1998) avaliaram a relação entre obesidade e periodontite,
concluíram que periodontites parecem ser mais freqüentes em indivíduos com
HDL diminuído.
Wakai et al. (1999) realizaram um estudo a fim de determinar as possíveis
associações entre status médico e boa forma física com doença periodontal. A
relação entre IMC, Glicose e níveis lipídicos séricos (HDL, LDL, TRG e
Colesterol total), doença periodontal e CPITN foi testada e ajustada para sexo,
idade, fumo, glicose. Baixos níveis de HDL foram associados c/ saúde
periodontal.
Cutler et al. (1999a) conduziram um estudo com o objetivo de analisar os
efeitos do controle metabólico da diabetes mellitus tipo 2 nos sinais clínicos da
periodontite, avaliaram níveis de TRG, COL, LDL, HDL. Os parâmetros
utilizados na avaliação periodontal foram PS, PI, IG, IP, radiografia bitewing.
Concluíram que pobre controle metabólico em Diabéticos Tipo 2, resulta em
aumento de TRG e foi uma influência negativa em todos os parâmetros de
saúde periodontal, particularmente em pacientes sem periodontites pré-
existentes.
Cutler et al. (1999b) compararam níveis de Colesterol, TRG e anticorpos
contra Phorphyromonas gingivalis (Pg) e seus lipopolissacarídeos, entre
pacientes com e sem periodontite. Analisaram também PMNs de indivíduos
saudáveis que liberaram modestos níveis de IL-1ß quando estimulados com
28
LPS de Pg. A adição de TRG resultou em um aumento significativo de IL-1ß
secretada do que o LPS sozinho. Os autores concluíram que os resultados
indicaram uma significante associação entre periodontites, dislipidemia e
anticorpos no soro contra LPS de Pg; e que este estudo indica que elevados
TRG são hábeis para modular a produção de IL-1ß por PMNs estimulados com
LPS de Pg.
Noack et al. (2000) realizaram um estudo a fim de determinar se a
predisposição para desordens metabólicas (intolerância à glicose e
dislipidemia) podem ser indicadores de risco para periodontite. Os parâmetros
periodontais foram examinados (PS, PI, IP, SS), encontrando resultados que
mostraram uma positiva correlação entre níveis de triglicerídeos e níveis de
doença periodontal. Concluíram que apenas o metabolismo lipídico alterado
mostrou ser um indicador de risco para periodontites.
Loesche et al. (2000) avaliaram indivíduos com doença periodontal (IP, SS,
PS, números de dentes ausentes) e os níveis de lipídios (Colesterol Total, LDL,
HDL e TRG) e de glicose no sangue, tendo excluídos indivíduos com diabetes
e comparando-os com indivíduos sem doença periodontal. Os resultados
mostraram que os níveis de colesterol total, LDL e TRG foram
significativamente maiores no grupo com doença periodontal.
Katz et al. (2002) examinaram indivíduos, verificando a saúde periodontal
pelo método CPITN. A relação entre lipídeos (HDL, LDL, TRG e Colesterol
total) no sangue, doença periodontal e CPITN foi testada, controlada para
fatores relacionados à elevação dos níveis de colesterol, incluindo: IMC, idade,
pressão arterial e fumo. A presença de bolsa periodontal foi significativamente
29
associada com altos níveis de Colesterol Total e LDL em homens e não em
mulheres. A associação não foi significativa para níveis de TRG.
Craig et al. (2003) avaliaram indivíduos com idade entre 19 à 70 anos, a fim
de determinar o efeito no status, severidade e progressão da doença
periodontal destrutiva. Entre outros, foram analisados glicemia de jejum,
colesterol total, HDL, LDL, TRG. Os resultados mostraram que os níveis de
LDL e colesterol total foram significantemente maiores no grupo
periodontalmente doente, enquanto que HDL foram maiores no grupo
saudável.
Morita et al. (2004) estudaram variáveis séricas (níveis de hemoglobina,
glicose, colesterol total, LDL, HDL, TRG, entre outras) e status periodontal de
indivíduos de uma comunidade. A análise por regressão logística revelou uma
significante relação entre TRG elevados e a presença de doença periodontal.
Moeintaghavi et al. (2005), através de um estudo de caso-controle,
compararam indivíduos com e sem periodontite, onde os níveis de lipídios
foram aferidos. Colesterol total e TRG foram significativamente maiores no
grupo com periodontite.
Rufail et al. (2005) analisaram se o aumento de TRG no plasma em
pacientes com Periodontite Agressiva Generalizada (GAgP) estava associado
com mudanças na distribuição de lipoproteínas, entre outras. Examinaram
indivíduos com GAgP e controles saudáveis. Níveis de Colesterol total, LDL,
HDL e TRG foram comparados para verificar o aumento de lipídeos no plasma
em indivíduos com periodontite severa. Os resultados mostraram um
significante aumento de colesterol total e TRG em indivíduos GAgP.
30
De todos os estudos revisados, apenas o de Machado et al. (2005) não
encontraram relação significativa entre doença periodontal e dislipidemia. Eles
analisaram a relação entre doença periodontal crônica, de moderada à severa
e níveis plasmáticos de colesterol total, LDL, HDL, TRG em indivíduos com e
sem doença periodontal.
A relação dos estudos que avaliaram associação entre dislipidemia e
periodontite encontra-se no quadro I.
QUADRO I – Estudos que analisaram associação entre dislipidemias e periodontite
PESQUISA LIPÍDEOS P<0,05
SAITO et al., 1998 HDL HDL
WAKAI et al., 1999 TODOS HDL
CUTLER et al., 1999a TODOS TRG
CUTLER et al., 1999b COL TOT e TRG TRG
NOACK et al., 2000 COL TOT e TRG TRG
LOESCHE et al., 2000 TODOS LDL, TRG, COL TOT
KATZ et al., 2002 TODOS LDL, COL TOT
CRAIG et al., 2003 TODOS LDL, COL TOT, HDL
MORITA et al., 2004 TODOS TRG
MOEINTAGHAVI et al. 2005
TODOS TRG, COL TOT
RUFAIL et al., 2005 TODOS TRG, COL TOT
MACHADO et al., 2005 TODOS NENHUM
31
3 OBJETIVOS
3.1 OBJETIVO GERAL
Avaliar a associação entre perda óssea alveolar radiográfica,
dislipidemia e fumo em uma amostra de indivíduos de uma empresa brasileira.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Determinar a prevalência da perda óssea alveolar radiográfica
Determinar a prevalência de dislipidemia
Determinar a prevalência de tabagismo
Avaliar a associação entre tabagismo e POAR
Avaliar a associação entre dislipidemia e POAR
32
4. MATERIAIS e MÉTODOS
4.1 TIPO DE ESTUDO
Trata-se de um estudo transversal de dados secundários, analisado
em três fases distintas:
1
a
– Análise Descritiva
2
a
– Análise Bivariada onde a variável resposta foi a POAR e,
como possíveis variáveis explicativas, as demais constantes
do banco de dados.
3
a
– Análise Multivariada através do uso de Regressão
Logística utilizando como variável resposta a POAR e
possíveis variáveis explicativas fumo, hiperglicemia e variáveis
relacionadas à dislipidemia (Colesterol Total, HDL, LDL e
TRG), ajustadas pelas variáveis faixa etária e IMC.
4.2 AMOSTRA
O estudo investigou um grupo de 179 indivíduos, com idade entre 21
a 59 anos (média 40,6±8,9), do sexo masculino, de uma empresa do Rio de
Janeiro.
33
4.2.1 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
Foram selecionados indivíduos de um mesmo setor da
empresa, do sexo masculino, que possuíam dados do exame médico periódico
(dados vitais), exames complementares (bioquímica e sorologia) e exames
odontológicos (anamnese e radiografias panorâmicas) realizados pela empresa.
4.2.2 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
Foram excluídos do estudo indivíduos do sexo feminino, que não
possuíam dados bioquímicos, vitais e antropométricos, bem como aqueles que
não fizeram o exame radiográfico panorâmico.
4.3 COLETA DOS DADOS:
Foram avaliados possíveis fatores de risco na associação entre
doenças cardiovasculares e periodontais, descritos abaixo:
Idade (KINANE e LINDHE, 2005), posteriormente classificada em faixa
etária
Etnia: caucasiano e não-caucasiano (NUNN, 2005)
Tabagismo e Ex-fumantes (GROSSI et al., 1995; BERGSTROM et al.,
2000)
Hiperglicemia (LALLA et al., 2000)
34
Obesidade (COPPACK, 2001; TANAKA et al., 2001).
Níveis lipídicos alterados: Colesterol Total , LDL, HDL e Triglicerídeos
(LOESCHE et al., 2000).
4.4 PARÂMETROS SISTÊMICOS (Anexo I)
Os resultados dos exames sistêmicos foram obtidos a partir de um
banco de dados composto pelos exames periódicos médicos realizados no ano de
2005 pela empresa.
4.4.1 ANTROPOMETRIA
4.4.1.1 ÍNDICE DE MASSA CORPORAL
O IMC é um indicador do estado nutricional, calculado a partir da
fórmula que divide o peso corporal (kg) pela estatura ao quadrado (m²) (CUPPARI
et al., 2002).
4.4.2 EXAMES BIOQUÍMICOS
O colesterol total foi dosado utilizando-se o método colorimétrico
enzimático da esterase-oxidase. Os níveis de LDL e HDL colesterol foram
medidos pelo método colorimétrico enzimático automático por seleção direta. Os
35
triglicerídios foram dosados pelo método colorimétrico enzimático da
Desidrogenase (GPDH-UV).
4.5 CLASSIFICAÇÃO
Foram classificados como portadores de dislipidemia os indivíduos
que possuíssem fatores de risco lipídicos alterados, incluídos na categoria de alto
risco, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2001; descritos no
quadro 1.
Quadro 1 - Identificação de dislipidemia (categoria alto risco), segundo III DDPA -
Sociedade Brasileira de Cardiologia 2001.
Fatores de Risco Valores de referência
Colesterol total (alto) 240 mg/dL
LDL (alto) 160mg/dl
HDL (baixo)
em homens
em mulheres
39mg/dl
49mg/dl
Triglicerídios (alto) 201mg/dL
Foram classificados como portadores de hiperglicemia, indivíduos que
possuíssem níveis de glicemia em jejum alterada, de acordo com critério do
NCEP/ATP III 2001 (atualizada por Grundy et al., 2005); descrita no quadro 2.
36
Quadro 2 - Identificação de hiperglicemia, segundo o NCEP/ATP III 2001 (atualizada
por Grundy et al., 2005).
Fator de Risco Valor de referência
Glicemia em jejum
100 mg/dL
Foram considerados como portadores de sobrepeso e obesidade de
acordo com a OMS, 1998, descrita no quadro 3.
Quadro 3 - Identificação de sobrepeso e obesidade de acordo com o IMC, segundo a
OMS, 1998.
Fator de Risco Valor de referência
Sobrepeso
25 Kg/m²
Obesidade
30 Kg/m²
4.6 PARÂMETROS PERIODONTAIS (ANEXO II)
As radiografias panorâmicas foram realizadas por uma Clínica de
Radiologia localizada nas proximidades do local de trabalho dos usuários do CPS,
como forma de facilitar a realização das mesmas e padronizar os exames para
análise da perda óssea alveolar.
4.6.1 AVALIAÇÃO DA PERDA ÓSSEA ALVEOLAR RADIOGRÁFICA:
Para avaliação da perda óssea alveolar (PO) foi medida a distância entre a
junção cemento-esmalte (JCE) à crista óssea alveolar, através da utilização da
37
Régua de Schei. Para obter a medida de perda óssea foi colocada uma folha de
papel transparente com a régua de Schei impressa sobre a radiografia panorâmica
(em cada dente). A régua é graduada em 10 partes representando o percentual de
osso remanescente (10%). A primeira linha foi colocada sobre a JCE e a última
sobre o ápice do dente. Há uma linha secundária a 2 mm da primeira linha. Não
há perda óssea se esta linha estiver sobre a crista óssea alveolar. Os indivíduos
foram classificados como portadores de perda óssea alveolar interproximal,
quando possuíam pelo menos dois sítios com perda óssea radiográfica igual ou
superior a 30% do comprimento da raiz em dois ou mais dentes não adjacentes
(Schei et al., 1959).
Fig.1 Ilustração da Régua de Schei.
4.7 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS
A inclusão de cada indivíduo no projeto foi feita mediante autorização
formal, através da assinatura de termo de consentimento após esclarecimentos
sobre os objetivos e procedimentos do projeto por parte do pesquisador (ANEXO
III), de acordo com as normas estabelecidas pelo Conselho Nacional de Saúde
(196/96). Os usuários foram informados que na sua participação os resultados
38
obtidos lhes seriam fornecidos. O projeto de pesquisa e o termo de consentimento
livre e esclarecido foram aprovados pelo Comitê de Ética da Universidade do
Grande Rio (UNIGRANRIO).
Alguns esclarecimentos adicionais foram fornecidos pelo pesquisador
ao usuário sobre garantias do sujeito da pesquisa:
1. Acesso, a qualquer momento, às informações sobre procedimentos e benefícios
relacionados à pesquisa, inclusive para esclarecer dúvidas.
2. Liberdade de retirar seu consentimento a qualquer momento e deixar de
participar do estudo sem que isso traga prejuízo à continuidade do estudo.
3. Garantia de sigilo e privacidade.
4. Informações sobre os nomes e telefones dos responsáveis pelo
acompanhamento da pesquisa, para contatos.
4.8. ANÁLISE DOS DADOS
Na análise descritiva foram utilizadas as freqüências relativas e acumuladas
considerando seus intervalos de confiança de 95% para as variáveis categóricas.
Na análise bivariada primeiramente foram calculados a razão de
prevalência com o teste de qui-quadrado de Mantel-Haenszel e exato de Fisher,
quando necessário. Ainda em relação a esta análise, para variáveis contínuas e
paramétricas foi utilizado o teste de ANOVA e t-Student; para as variáveis não
paramétricas utilizou-se o teste de Mann-Whitney e Kruskal-Wallis.
Para análise multivariada utilizou-se o modelo de regressão logística,
tratando a variável resposta dicotômica: com perda óssea alveolar radiográfica = 1
39
e sem perda óssea alveolar radiográfica = 0. Como possíveis variáveis explicativas
foram consideradas todas as variáveis do perfil lipídico, glicemia de jejum e
tabagismo. As variáveis do perfil lipídico também foram consideradas de maneira
dicotômica: colesterol total (alto = 1, normal = 0), HDL colesterol (normal = 0, baixo
= 1), LDL colesterol (alto = 1, normal = 0) e triglicerídeos (alto = 1, normal = 0). A
variável hiperglicemia foi classificada em normal = 0 e alta = 1. O tabagismo foi
considerado no modelo como variável “dummy” (não fumante = 0, ex-fumante = 1,
fumante = 2), utilizando-se a classificação de não fumante como de referência.
Desta forma, pode-se observar se o efeito tanto dos indivíduos classificados como
ex-fumantes ou fumantes se mantinha, após o ajuste de todas as variáveis.
Finalmente, como variáveis de controle, foram mantidos no modelo, independente
de sua significância estatística, as variáveis IMC (normal = 0, sobrepeso ou
obesidade =1) e faixa etária, também incluída como “dummy” (20 a 29 anos = 0,
30 a 39 anos = 1, 40 a 49 anos = 2, 50 a 59 anos = 3). Como critério de seleção
de variáveis para entrada no modelo considerou-se os resultados estatísticos da
análise bivariada que apresentaram p-valor < 0,20. A análise partiu do modelo
mais parcimonioso, quando foram incluídas apenas as variáveis de controle, e,
paulatinamente, foram sendo inseridas as variáveis explicativas, uma a uma, por
ordem de significância estatística, da análise bivariada ( Método Forward).
O nível de significância considerado para todas as análises foi de 5%.
Para construção dos bancos de dados utilizou-se o aplicativo Excel
(Microsoft) e para análise estatística foram utilizados os programas Epi-Info 2000,
Stata 9.1 e SPSS 9.0.
40
5. RESULTADOS
5.1 ANÁLISE DESCRITIVA
De todos os indivíduos avaliados, mais de um terço (34,6%) foram
diagnosticados com perda óssea, conforme descrito na tabela 1.
Tabela 1 – Distribuição dos beneficiários de um Centro de Promoção
de Saúde de uma empresa do Rio de Janeiro segundo perda
óssea, 2006.
Perda Óssea n % Freqüência
acumulada (%)
IC95%
Sim 62 34,6 34,6 27,7-42,1
Não 117 65,4 100,0 57,9-72,3
Total 179 100,0 100,0
A descrição das variáveis sócio-demográficas encontra-se na tabela 2. Em
relação à faixa etária nota-se que metade dos participantes tinham de 40 a 49
anos, com média de idade 40,6 ± 8,9. Quanto à etnia, 85,9% eram caucasianos,
enquanto os demais eram não caucasianos (14,1%). Os tabagistas representaram
11,2% dos indivíduos, sendo que 78,1% declararam ser não fumantes (tabela 3).
Conforme descrito na tabela 4, 11,8% dos participantes apresentaram
concentração de colesterol total classificados como alto (média +/- DP). Em
41
relação às frações do colesterol, 21,3% (media +/- DP) foram diagnosticados como
tendo concentrações inadequadas de colesterol HDL e 12,0% com concentrações
altas de colesterol LDL (média +/- DP). Da mesma forma, 20,6% foram detectados
com concentrações aumentadas de triglicerídeos (média +/- DP). Quanto aos
níveis glicêmicos, 16,9% apresentaram concentrações acima de 100 mg/dl. Em
relação ao IMC, mais da metade dos beneficiários (58,1%) foram diagnosticados
com sobrepeso ou obesidade.
Tabela 2 – Distribuição dos beneficiários de um Centro de Promoção
de Saúde de uma empresa do Rio de Janeiro segundo
variáveis sócio-demográficas, 2006.
Variáveis N % Freqüência
acumulada %
IC95%
Faixa Etária
20 à 29 anos 33 18,4 18,4 13,0-24,9
30 à 39 anos 35 19,6 38,0 14,0-26,1
40 à 49 anos 90 50,3 88,3 42,7-57,8
50 à 59 anos 21 11,7 100,0 7,4-17,4
Total 179 100,0 100,0
Etnia
Caucasiano 152 85,9 85,9 79,9-90,6
Não-caucasiano 25 14,1 100,0 9,4-20,1
Total 177 100,0 100,0
Tabela 3 – Distribuição dos beneficiários de um Centro de Promoção
de Saúde de uma empresa do Rio de Janeiro segundo
tabagismo, 2006.
Variáveis n % Freqüência
acumulada %
IC95%
Tabagismo
Fumante 20 11,2 11,2 7,0 – 16,8
Ex-fumante 19 10,7 21,9 6,6 – 16,2
Não Fumante 139 78,1 100,0 71,3 – 83,9
Total 178 100,0 100,0
42
Tabela 4 – Distribuição dos beneficiários de um Centro de Promoção
de Saúde de uma empresa do Rio de Janeiro segundo
variáveis individuais, 2006.
Colesterol Total
n % Freqüência
acumulada %
IC95%
Alto 21 11,8 11,8 7,5 -17,5
Baixo 157 88,2 100,0 82,5-92,5
Total 178 100,0 100,0
LDL
Alto 21 12,0 12,0 7,6-17,8
Baixo 154 88,0 100,0 82,2-92,4
Total 175 100,0 100,0
HDL
Baixo 38 21,3% 21,3 15,6-28,1
Alto 140 78,7% 100,0 71,9-84,4
Total 178 100,0 100,0
Triglicerídeos
Alto 36 20,6 20,6 14,8-27,3
Baixo 139 79,4 100,0 72,7-85,2
Total 175 100,0 100,0
Glicose
Alto 29 16,9 16,9 11,6-23,3
Normal 143 83,1 100,0 76,7-88,4
Total 172 100,0 100,0
IMC
Alto 104 58,1 58,1 50,5-65,4
Normal 75 41,9 100,0 34,6-49,5
Total 179 100,0 100,0
5.2 ANÁLISE BIVARIADA
Em relação à idade (tabela 5), nota-se que a diferença da média de idade
entre os indivíduos que tinham e os que não tinham perda óssea foi de 8,4 anos,
tendo sido estatisticamente significante (p < 0,001 – figura 1). Para compreender
melhor este fenômeno, os indivíduos foram classificados em quatro faixas etárias
(tabela 2 e 6). Desta forma encontrou-se que indivíduos na faixa etária de 30 a 39
43
anos apresentaram uma prevalência de perda óssea 6,6 vezes maior do que entre
indivíduos com menos de 30 anos, considerados como sendo grupo controle (p=
0,033). Da mesma maneira, observou-se que, conforme o aumento da faixa etária,
também ocorreu um aumento das razões de prevalência. Ao se comparar os
indivíduos com 40 a 49 anos e os indivíduos com o grupo de referência (20 a 29
anos), a razão de prevalência foi mais do que o dobro da comparação anterior (RP
= 15,40; p < 0,001). Já entre os indivíduos com 50 anos ou mais e os indivíduos
da linha de base, esta razão foi ainda maior (RP = 18,85; p < 0,001). O teste de
qui-quadrado para tendência entre estas comparações foi estatisticamente
significante (p < 0,001). Finalmente, ao se agrupar os indivíduos entre os que
tinham 30 anos ou mais e compará-los com os indivíduos de menor idade,
encontrou-se uma prevalência de 13,79 vezes maior de perda óssea entre os mais
velhos (p <0,001 – tabela 6).
Tabela 5 - Distribuição dos beneficiários de um Centro de Promoção de Saúde de uma
empresa do Rio de Janeiro segundo perda óssea e média de idade.
IDADE Media ± Desv. Min. Max.
p-valor
Tod
os os indivíduos
40,6
±
8,
9
21
59
<
0,001
Sem
p
erda 37
,
7± 8
,
92152
Com
p
erda 46
,
1 ± 5
,
72559
Em relação à etnia, a comparação entre indivíduos caucasianos e não
caucasianos não apresentou diferença estatisticamente significante (tabela 6).
44
Tabela 6 – Distribuição da prevalência de perda óssea alveolar radiográfica dos beneficiários
de um Centro de Promoção de Saúde de uma empresa do Rio de Janeiro
segundo variáveis sócio-demograficas, 2006.
Variáveis
n/N
%
RP
(IC 95%)
p-valor
Faixa etária (anos)
20 a 29 1/33 3,0 1,00 -
30 a 39 7/35 20,0 6,60 0,85 – 50,79 0,033
*
40 a 49 42/90 46,7 15,40 2,21 – 107,45 < 0,001
*
50 a 59 12/21 57,1 18,85 2,64 – 134,58 < 0,001
*
Faixa etária (anos)
20 a 29 anos 1/33 3,0 1,00
30 anos ou mais 61/146 41,8 13,79 1,98 – 95,90 < 0,001
*
Etnia
Caucasiano 52/152 34,2 1,00
Não caucasiano 10/25 40,0 1,17 0,69 – 1,98
0,736
* teste exato de Fisher
Quanto ao tabagismo (tabela 7), ao se comparar apenas ex-fumantes e
não-fumantes, encontrou-se uma prevalência duas vezes maior de perda óssea
entre os ex-fumantes (p = 0,032). De maneira aditiva, ao se comparar fumantes e
não-fumantes, essa razão foi ainda maior (RP=2,89; p < 0,001). Na comparação
entre não-fumantes, ex-fumantes e fumantes, o teste de qui-quadrado para
tendência foi estatisticamente significante (p < 0,001). Ao se agrupar ex-fumantes
e fumantes, encontrou-se uma prevalência 2,47 vezes maior de perda óssea entre
os ex-fumantes/fumantes em relação aos não-fumantes (p<0,001). Os resultados
também se encontram na tabela 7.
45
Tabela 7 – Distribuição da prevalência de perda óssea alveolar radiográfica dos beneficiários
de um Centro de Promoção de Saúde de uma empresa do Rio de Janeiro
segundo tabagismo, 2006.
Variáveis
n/N
%
RP
(IC 95%)
p-valor
Tabagismo
Não-Fumante 36/139 25,9 1,00 -
Ex-fumante 10/19 52,6 2,03 1,22 – 3,39 0,033
Fumante 15/20 75,0 2,89 1,98 – 4,23 < 0,001
Tabagismo
Não 36/139 25,9 1,00
Sim 25/39 64,1 2,47 1,72 - 3,57
< 0,001
Ao se analisar a associação entre variáveis individuais e perda óssea
(tabelas 8), foi encontrada uma razão de prevalência de 1,79 (p = 0,041) entre os
indivíduos que apresentavam colesterol total elevado e aqueles que tinham
colesterol total dentro dos níveis normais. Entre os que apresentavam fração de
colesterol LDL elevados e os que tinham esta mesma fração dentro dos limites
considerados normais, esta razão foi semelhante à anterior (RP = 1,83; p = 0,035).
No entanto, ao se analisar a associação entre a fração HDL e perda óssea, a
diferença encontrada não foi estatisticamente significante (RP = 1,07; p = 0,919).
Ainda em relação à análise de lipídeos, encontrou-se mais de duas vezes
presença de indivíduos com triglicerídeos com concentração elevada entre os que
tinham perda óssea, quando comparados com indivíduos com concentrações
desta gordura dentro dos valores normais (RP= 2,18; p < 0,001).
46
Tabela 8 – Distribuição da prevalência de perda óssea alveolar radiográfica dos beneficiários
de um Centro de Promoção de Saúde de uma empresa do Rio de Janeiro
segundo variáveis individuais, 2006.
Variáveis
n/N
%
RP
(IC 95%)
p-valor
Colesterol Total
Normal 50/157 31,8 1,00
Alto 12/21 57,1 1,79 1,16 – 2,77
0,041
LDL
Normal 48/154 31,2 1,00
Alto 12/21 57,1 1,83 1,18 – 2,84
0,035
HDL
Normal 48/140 34,3 1,00
Baixo 14/38 36,8 1,47 0,58 – 1,49
0,919
Triglicerídeos
Normal 39/139 28,1 1,07
Alto 22/36 61,1 2,18 1,50 – 3,16
<0,001
Glicose
Normal 43/143 30,1 1,00
Alto 15/29 51,7 1,72 1,12 – 2,65
0,041
IMC
Normal 19/75 25,3 1,00
Alto 43/104 41,3 1,63 1,04 – 2,56
0,039
Ao se comparar os níveis glicêmicos dos participantes (tabela 8), foi
encontrada uma maior associação entre indivíduos classificados com glicemia
elevada e presença de perda óssea do que entre os indivíduos com taxas
normais, tendo sido estatisticamente significante (RP = 1,72; p = 0,041).
Finalmente, ao se considerar o índice de massa corporal, encontrou-se que
indivíduos classificados com IMC acima do normal apresentaram 1,63 vezes mais
perda óssea do que os demais, tendo sido esta associação estatisticamente
significante (RP = 1,63; p = 0,039).
47
5.3. MODELO FINAL - ANÁLISE DE REGRESSÃO LOGÍSTICA
No modelo final, produzido pela análise multivariada dos dados e uso da
regressão logística, a variável mais importante associada à perda óssea alveolar
radiográfica foi ser fumante no momento da pesquisa (OR = 14,56; p< 0,001),
seguida pela presença de altos níveis de LDL colesterol (OR = 9,67; p = 0,035). A
terceira variável em ordem de importância foi a presença de altos níveis de
triglicerídeos (OR = 3,56; p = 0,011). As variáveis presença de altos níveis de
colesterol total, baixos níveis de HDL colesterol e hiperglicemia, apesar de terem
demonstrado importância nas análises bivariada, não se mantiveram importantes
para a variável resposta, após serem ajustadas com todas as outras variáveis
(Tabela 9).
Tabela 9 – Odds ratio ajustados, Intervalos de Confiança de 95% e p-valor para as
variáveis na Regressão Logística
Variáveis / Categorias OR ajustado IC 95% p-valor
Hiperglicemia
Sim / Não 1,08 0,38 – 3,07 0,872
Colesterol total
Alto / normal 2,86 0,29 – 27,45 0,360
HDL colesterol
Baixo / normal 0,51 0,18 – 1,43 0,202
LDL colesterol
Alto / normal 9,67 1,16 – 80,64
0,035
Triglicerídeos
Alto / normal 3,56 1,34 – 9,46
0,011
Tabagismo
Ex-fumante / não fumante 2,44 0,77 – 7,65 0,125
Fumante / não fumante 14,56 3,12 – 67,95
< 0,001
Modelo ajustado por faixa etária e IMC
48
6. DISCUSSÃO
6.1 PERDA ÓSSEA ALVEOLAR RADIOGRÁFICA
No presente estudo foi detectada uma prevalência de POAR de 34,6%. A
periodontite é uma doença bucal prevalente atingindo cerca de 81% de uma
população na sua forma leve e 8% na sua forma severa; sendo que cerca de 11%
dessa população não apresentaram perda de inserção. (LÖE et al., 1992). Outras
pesquisas apontam para taxas diferentes de prevalência desta doença.
O presente estudo utilizou a análise radiográfica da perda óssea alveolar
como método de diagnóstico, sendo validado por alguns autores como uma
valiosa ferramenta no diagnóstico da doença periodontal e na determinação do
prognóstico e na avaliação terapêutica (ALBANDAR, 1989; AASS, 1994); todavia,
o exame radiográfico não substitui o exame clínico periodontal. Assim as
radiografias são utilizadas e aceitas na periodontia, principalmente, para estimar a
gravidade, extensão e padrão de perda óssea alveolar dos indivíduos acometidos
pela doença periodontal (CORTELLI et al., 2005). Como todo teste de diagnóstico,
o exame radiográfico apresenta limitações, sendo preciso que já tenha ocorrido
uma alteração de 30 a 50% no conteúdo mineral ósseo para que seja possível a
detecção radiográfica da perda ou do ganho ósseo (EARLY et al., 1979). Portanto,
casos leves de doença periodontal podem não ter sido detectados. No entanto, os
casos incluídos refletem indivíduos que sofreram uma perda óssea interproximal
significativa observável a nível radiográfico. Em parte, a discrepância de
49
resultados entre os diferentes estudos pode ser atribuída aos diferentes limites
arbitrados para perda óssea alveolar ou doença periodontal propriamente dita.
Em um estudo longitudinal de Jönköping - Suécia, Hugoson e Laurell
(2000), encontraram cerca de 17% dos participantes com 6 ou mais sítios
indicativos de doença periodontal destrutiva, em uma amostra de 1000 indivíduos
de 3 à 70 anos de idade, examinados clínica e radiograficamente. No Brasil, no
Levantamento Nacional de Saúde Bucal, Pinto et al. (1986) verificaram para a
faixa etária de 35 a 44 anos, 28% de indivíduos com códigos 3 e 4 do CPITN,
(onde a perda óssea alveolar poderia ser detectada radiograficamente). Já em
2003, em um outro levantamento realizado pelo Ministério da Saúde, foram
encontrados indivíduos portadores de doença periodontal severa (PS>4mm), de
acordo com as faixas etárias de: 15 a 19 anos (1,3%), 35 a 44 anos (9,9%), 65 a
74 anos (6,3%). Por outro lado, para a mesma faixa etária e escores de CPITN,
Flores de Jacoby et al. (1991), no Rio de Janeiro, encontraram um percentual bem
mais elevado (83%). No entanto, nem todas as prevalências encontradas são
semelhantes; Mengel et al. (1991), também no Rio de Janeiro, encontraram
prevalências de 66% (apesar da faixa etária ter sido um pouco diferente 15 a 67
anos de idade).
A qualidade dos dados epidemiológicos disponíveis sobre a prevalência da
periodontite, oriundos de países em desenvolvimento e desenvolvidos não permite
que eles sejam comparados com clareza. Embora inúmeros levantamentos
epidemiológicos bem conduzidos, que fornecem informações detalhadas, tenham
sido realizados em alguns países ocidentais, a maioria dos estudos no terceiro
mundo tem usado o CPITN, que produz dados com detalhamento inadequado e
50
de valor questionável (PAPAPANOU e LINDHE, 2005 ). Infelizmente, a maioria
dos levantamentos epidemiológicos disponíveis sobre periodontite em adultos no
Brasil são realizados através do CPITN. Chama atenção o grande número de
sextantes excluídos, tanto quando se considera o percentual de pior escore
quanto à média de sextantes afetados, nas faixas etárias de 35 a 44 e 65 a 74
anos. Nessa última faixa, por exemplo, mais de 80% dos sextantes examinados
foram excluídos, ou seja, não apresentavam nenhum dente presente ou
apresentavam apenas um dente funcional. Esse fato acaba gerando uma baixa
prevalência de doença periodontal severa nessas faixas etárias.
Entre os poucos estudos no Brasil que utilizaram metodologias mais
elaboradas, Oppermann et al. (2000), examinaram 401 indivíduos, através de
exame periodontal completo de perda de inserção, (considerado padrão ouro para
o diagnóstico da periodontite). Observaram, para a faixa etária de 40 a 59 anos,
82,3% apresentaram periodontite, porém 8,9% em grau severo. Susin et al.
(2004), realizaram um estudo representativo, também com exame periodontal
completo e encontraram que perda de inserção 5mm foi observada em 79% da
população adulta (>30 anos de idade). Talvez pela melhor fidedignidade das
metodologias, os dados obtidos nestes estudos são bastante comparáveis aos da
pesquisa de Löe et al. (1992), estudo de referência sobre a história natural da
doença periodontal.
51
6.2 IDADE
A prevalência de POAR encontrada na presente pesquisa foi maior
conforme o aumento da idade, exceto entre os de maior faixa etária (20 a 29 anos:
18,4%; 30 a 39 anos: 19,6%; 40 a 49 anos: 88,3% e 50 a 59 anos: 11,7%).
Provavelmente, a prevalência baixa na faixa etária de 50 a 59 anos, pode ser
devido a maior perda dentária, conseqüência final da doença periodontal
destrutiva, levando a uma subestimação da prevalência e da severidade da
patologia, o que justificaria a sua menor prevalência (PAPAPANOU e LINDHE,
2005). A Periodontite Crônica pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais
comum se detectar em adultos (KINANE & LINDHE, 2005). A prevalência e a
severidade aumentam com a idade. Flemmig em 1999, através de uma revisão,
analisou estudos transversais com o objetivo de determinar a prevalência de
periodontite crônica de acordo com a perda de inserção clínica de 3 a 4 mm, em
várias faixas etárias, encontrando valores de 9 a 35% entre indivíduos de 18 a 35
anos e de 44 a 81% entre aqueles com mais de 55 anos. Embora a prevalência da
doença periodontal aumente com a idade, é improvável que o envelhecimento
aumente a suscetibilidade para a doença periodontal. A relação entre idade e
periodontite parece estar mais associada ao tempo de exposição aos fatores de
risco, do que por uma deficiência intrínseca (NUNN, 2005). É mais provável que
os efeitos cumulativos da doença durante toda a vida, ou seja, depósito de placa e
cálculo e o aumento do número de sítios capazes de abrigar tais depósitos, assim
como a perda óssea e da inserção, expliquem o aumento da prevalência da
doença em pessoas mais idosas (KINANE e LINDHE, 2005). Neste estudo, ao se
agrupar os indivíduos em duas faixas etárias (20 a 29 anos e 30 anos ou mais),
52
encontrou-se uma prevalência quase 14 vezes maior na faixa etária maior (p <
0,001), corroborando assim, com os dados da literatura.
6.3 RAÇA
Não foram encontradas diferenças estatisticamente significantes entre raça
e POAR neste estudo (p = 0,736). O papel da raça como fator de risco para
doença periodontal é controverso. Em um estudo de idosos das raças branca e
negra (65 anos ou mais), os indivíduos da raça negra foram 3 vezes mais afetados
por destruição periodontal avançada que os da raça branca na mesma idade de
corte (BECK et al., 1990). Quando limitadas aos indivíduos das duas raças no
mesmo nível socioeconômico, as diferenças do estado de saúde periodontal
desapareceram (GROSSI et al. 1995). Entretanto, diferenças raciais na
distribuição de certos fatores de risco genéticos podem contribuir para as
diferenças na prevalência e severidade da doença periodontal, entre diferentes
raças (ARMITAGE et al., 2000, NUNN 2005). Apesar de não se ter informações
sobre renda ou nível sócio-econômico neste estudo, supõe-se que os participantes
da pesquisa apresentavam condições de renda semelhantes, já que trabalham em
um mesmo setor da empresa, estando minimizado assim o efeito que esta variável
poderia introduzir na análise.
53
6.4 FUMO
A prevalência de tabagismo entre os participantes da pesquisa foi de
11,2%, ligeiramente abaixo de recentes levantamentos realizados no Brasil. O
último inquérito sobre o tabagismo realizado pelo Ministério da Saúde (2004),
abrangeu 16 capitais brasileiras e Distrito Federal. Observou-se uma prevalência
de tabagismo de 14,5% em Campo Grande (MS), de 18,4% em Fortaleza (CE) e
17,8% em Vitória (ES). No entanto, a população da presente pesquisa não é
representativa das populações onde foram feitos estes levantamentos (diferentes
níveis socioeconômicos e de escolaridade, por exemplo). Esta diferença em
relação à população pode justificar este percentual ligeiramente menor na
presente pesquisa. Uma outra justificativa para baixo percentual de tabagismo é
que as informações desta pesquisa são oriundas de exames periódicos de
medicina ocupacional realizadas pela empresa, podendo levar os indivíduos à
omissão da verdadeira informação, quando do ato da consulta.
6.4.1 FUMO E PERDA ÓSSEA ALVEOLAR RADIOGRÁFICA
Neste estudo foi detectada uma razão de prevalência (RP) duas vezes
maior entre os ex-fumantes em relação aos não fumantes (p = 0,033). Quando se
comparou fumantes e não fumantes esta razão foi ainda maior (RP = 2,89; p
<0,001). Concordante com o encontrado, a progressão da doença periodontal se
mostra mais lenta nos indivíduos que param de fumar (BOLIN et al., 1993). Os ex-
fumantes se parecem com os não fumantes na saúde periodontal e na resposta ao
54
tratamento, mas o tempo necessário para reverter essa condição não está bem
definido (PALMER e SOORY, 2005). Reiterando achados anteriores, alguns
trabalhos relatam uma probabilidade de desenvolvimento de periodontite 2,7
vezes maior para fumantes e 2,3 vezes maior para ex-fumantes comparada à dos
não-fumantes (CALSINA et al., 2002); muito semelhantes aos dados do presente
estudo. Contudo, outros estudos consideram que os fumantes têm um risco 2,6 a
6 vezes maior de desenvolver doença periodontal comparado ao risco encontrado
nos não-fumantes (BERGSTROM e PREBER, 1994). Corroborando estudos
prévios (BERGSTROM e FLODERUS MYHRED, 1993, BERGSTROM e
ELIASSON, 1987; FELDMAN et al., 1987; GROSSI et al., 1995), o presente
estudo também encontrou relação estatisticamente significante (p <0,001) entre a
perda óssea alveolar e o hábito de fumar.
6.5 DIABETES
A prevalência de glicemia de jejum alterada encontrada no estudo foi de
16,9%, tendo sido elevada ao se comparar com outros estudos realizados no
Brasil, como no estudo multicêntrico sobre a prevalência do diabetes mellitus
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1988), onde a maior prevalência encontrada da doença
foi em São Paulo (9,66%), em uma população com faixa etária maior do que 30
anos. No entanto, apenas uma dosagem da glicemia de jejum não infere que o
indivíduo seja necessariamente diabético. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE
DIABETES, 2003). Por se tratar de exame rotineiro de medicina ocupacional,
também não se tem a garantia de que os beneficiários estivessem em jejum pelo
55
período necessário para a realização do exame, podendo justificar assim esta alta
taxa de prevalência encontrada.
6.5.1 DIABETES E PERDA ÓSSEA ALVEOLAR RADIOGRÁFICA
Na comparação de taxa de glicemia de jejum alterada e periodontite
(análise bivariada), encontrou-se 72,0% a mais de POAR entre participantes com
taxas glicêmicas elevadas (RP = 1,72, p = 0,039). Conforme literatura, a maioria
dos estudos demonstra associação entre diabetes e o estado de saúde
periodontal. Segundo Fontana et al. (1999), pacientes diabéticos apresentam
diferenças significantes de prevalência de POAR em relação aos não diabéticos,
determinada através da utilização da régua de Schei. Emrich et al. (1991),
empregaram uma análise multivariada em uma amostra grande de 1342
indivíduos com alta prevalência de diabetes tipo 2. Esses pesquisadores
demonstraram que os diabéticos tinham uma probabilidade 3 vezes maior de
sofrer perda óssea do que os que não tinham a doença. Um estudo de 2 anos de
acompanhamento de pacientes e de um grupo controle feito por Taylor et al.
(1998), demonstrou que o diabetes confere um “odds ratio” de 4,2 para a
progressão de perda óssea alveolar ao longo do período de observação. Porém,
Tomita et al. (2002), ao analisarem uma população de 1315 nipo-brasileiros de
Bauru, São Paulo, não encontraram associação estatística entre a presença do
diabetes e condições periodontais.
No presente estudo não foi encontrada uma relação entre níveis elevados de
glicose e POAR, quando da análise multivariada, ao se controlar este efeito pelas
56
demais variáveis (tabela 9). Provavelmente, o efeito da glicemia elevada na perda
óssea alveolar radiográfica tenha sido atenuado pela interação com as
concentrações elevadas de determinados lipídeos sanguíneos encontradas no
presente estudo. Além disso, mais duas justificativas podem ser inseridas neste
contexto: o diagnóstico de diabetes não pode ser feito apenas pela análise de uma
única dosagem de glicemia em jejum, seria necessário pelo menos mais um teste
para confirmar o diagnóstico (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2003); e
é provável também que, além da presença ou ausência do diabetes, o nível de
controle glicêmico também exerça importante papel nos parâmetros periodontais,
ou seja quanto pior o controle glicêmico, pior a saúde periodontal de uma
população. Segundo diversos estudos longitudinais e transversais, o controle
glicêmico dos pacientes diabéticos, tanto do tipo 1 como do tipo 2, pode exercer
influência sobre parâmetros periodontais (FIRATLI, 1997; TERVONEN e
KARJALAINEN, 1997; TAYLOR et al., 1998). Portanto indivíduos com piores
controles glicêmicos têm tendência a apresentar pior condição periodontal, quando
comparados a pacientes com bom controle glicêmico (KAWAMURA, 2002).
Infelizmente, a informação sobre controle glicêmico não estava disponível neste
estudo, o que, de certa forma, poderia explicar melhor este fenômeno.
6.6 OBESIDADE
Quase 60% dos participantes foram classificados como acima do peso na
presente pesquisa (sobrepeso e obesidade), sendo esta prevalência maior que
aquelas descritas na literatura. Segundo dados da Sociedade Brasileira de
57
Cardiologia, a prevalência de sobrepeso da população brasileira é cerca de 32%
para sobrepeso e 8% para obesidade (III DDPA, 2001).
6.6.1 OBESIDADE E PERDA ÓSSEA ALVEOLAR RADIOGRÁFICA
Neste estudo, na comparação entre indivíduos com peso normal e acima do
peso, encontrou-se 1,63 vezes mais POAR entre os com acima do peso,
diferentemente do encontrado por Dalla Vecchia et al., em 2005, que encontraram
que apenas mulheres obesas têm mais chance de ter periodontite, quando fatores
como idade e fumo foram controlados. No presente estudo considerou como grupo
de expostos apenas homens com sobrepeso e obeso, e mesmo assim, os dados
indicaram associação estatística (p = 0,039), na análise bivariada. Já ELTER et al.
(2000), relataram que as chances para periodontite estavam significativamente
mais altas para o grupo obeso, quando comparado àqueles sem obesidade.
Nishimura e Murayama (2001) observaram que indivíduos obesos apresentaram
de 1,3 a 8,6 vezes mais chance de ter periodontite do que os com peso normal.
No presente estudo, na análise multivariada, o peso não manteve a
associação estatística com periodontite após ser controlado pelas variáveis idade,
fumo e dislipidemia, semelhante a alguns autores (WAKAI et al. 1999; KIRAN et al,
2005), que também não encontraram associação entre a obesidade e a doença
periodontal, mesmo quando estes fatores foram agrupados com outras alterações
como a dislipidemia.
Cumpre-se dizer que o presente estudo utilizou como ponto de corte IMC >
25 Kg/m
2
, incluindo sobrepeso como de risco para POAR, segundo critérios já
58
referenciados. A sua categorização objetivou o melhor ajuste na análise
multivariada, podendo não ser o ponto de corte ideal para verificação da
associação entre obesidade e periodontite. Tal dicotomização poderia justificar a
sua perda de associação na análise final.
6.7 DISLIPIDEMIA
As prevalências das dislipidemias encontradas no presente estudo foram de
11,8% (colesterol total), 12% (LDL), 21,3% (HDL) e 20,6% (triglicerídeos), sendo
ligeiramente maiores do que em estudos que utilizaram os mesmos pontos de
corte. Por exemplo, o estudo realizado por SOUZA e colaboradores, em 2003,
(Sociedade Brasileira de Clínicas Médicas - Regional RJ), chama a atenção por
utilizar os mesmos pontos de corte desta pesquisa, e encontraram prevalências de
colesterol total de 4,2%, LDL de 3,5%, HDL de 18,3% e triglicerídeos de 17,1%.
No entanto, no Brasil, raros são os estudos que determinam de forma fidedigna e
estatisticamente representativa a real prevalência desta afecção. A maior parte
dos estudos envolve grupos restritos, limitados à determinada faixa etária, como
pacientes ambulatoriais, indivíduos com doença coronariana já estabelecida,
alunos ou funcionários de uma única instituição ou utilizando banco de dados
secundários provenientes de laboratórios de análises clínicas. E, ao mesmo
tempo, quase a totalidade desses estudos estudaram apenas os níveis de
colesterol total, não permitindo a avaliação completa do perfil lipídico populacional.
Independente dos pontos de cortes, outros estudos internacionais citam
prevalências maiores ou menores, por vezes concordantes com o achado na
59
presente pesquisa (PONGCHAIYAKUL et al., 2005; SANCHEZ-CHAPARRO,
2006).
6.7.1 DISLIPIDEMIA E PERDA ÓSSEA ALVEOLAR RADIOGRÁFICA
Na análise bivariada, exceto o HDL, todos os demais lipídeos séricos com
concentração elevada encontraram-se associados com POAR. No entanto, na
análise multivariada permaneceram associados apenas LDL (OR = 9,67, p =
0,035) e triglicerídeos (OR = 3,56, p = 0,011). Da mesma forma, Loesche et al.
(2000) encontraram que não houve diferença estatisticamente significante entre
HDL baixo e periodontite, contudo, os níveis de colesterol total, LDL e TRG foram
significativamente maiores no grupo com doença periodontal.
Dependendo da pesquisa realizada e das variáveis utilizadas como
controle, resultados diferentes foram encontrados. Saito et al. (1998), encontraram
associação de baixos níveis de HDL e periodontite, apesar do ponto de corte para
HDL ter sido diferente (< 60 mg/dl) do da presente pesquisa e de não ter analisado
os demais lipídeos na análise multivariada. Já Cuttler et al. (1999ª) e Morita et al.
(2004) encontraram apenas associação de TRG e periodontite, quando
controlados por todos os demais lipídeos. Contudo, Moeintaghavi et al. (2005) e
Rufail et al. (2005), quando analisaram todos os lipídeos, encontraram associados
a periodontite, somente colesterol total e triglicerídeos. Alguns autores (KATZ et
al., 2002, CRAIG et al., 2003), também encontraram associação entre periodontite
e níveis elevados de LDL, semelhante à presente pesquisa. Machado et al.
60
(2005), no entanto, não encontraram relação significante entre status periodontal e
níveis lipídicos alterados.
O uso do CPITN em pesquisas epidemiológicas (SAITO et al., 1998; WAKAI
et al., 1999; KATZ et al., 2002;) tem sido criticado em um número de estudos
(BAELUM et al., 1995; KATZ et al., 2000). O CPITN pode sobreestimar a
prevalência e severidade da perda de inserção entre grupos de idade mais jovens,
mas subestima esse parâmetro em indivíduos mais velhos. Assim, analisando a
média de idade da população estudada, os escores de CPITN podem
sobreestimar a extensão da associação observada.
Apesar de não se ter avaliado efeito do tratamento periodontal em níveis
lipídicos, recentes dados sugerem que periodontite pode ter efeito sutil, mas amplo
no metabolismo e propriedades de lipoproteínas e que esses efeitos podem ser
revertidos pelo tratamento periodontal (MATTILA et al., 2005
a
). Pussinen et al.,
2004, demonstraram que terapia periodontal resulta em um aumento nas frações
lipídicas anti-aterogênicas do HDL. Isto está em contraste com Losche et al.,
2005; que avaliaram níveis de lipídeos no plasma (TRG, LDL, HDL, COL TOT e
Lipoproteína-associada à fosfolipase A
2 {Lp-PLA2}) concluindo que o tratamento
periodontal não mudou significantemente os níveis das frações lipídicas no
plasma.
Finalmente, as discordâncias observadas nos estudos que relacionam
periodontite e dislipidemia, podem ser devido a um grande número de variáveis
envolvidas, que podem afetar o perfil lipídico, tais como: hábitos alimentares,
atividade física, condições sócio-econômicas, obesidade, idade, dieta e stress.
61
Considerando que os níveis de colesterol aumentam com a idade, uma diferença é
esperada entre os diversos trabalhos, se a média de idade nos grupos forem
diferentes e também elevado desvio padrão da média de idade da população
amostrada.
As variações existentes nos critérios de classificação dos níveis de
parâmetros sistêmicos explicam, em parte, as diferenças nos resultados entre os
diversos estudos, visto que, alguns estudos usaram pontos de corte diferentes, por
exemplo, para classificar níveis alterados de HDL: Moeintaghavi et al., 2005, que
utilizaram HDL <29mg/dl; Saito et al., 2001, HDL <60mg/dl e Morita et al., 2004,
HDL <70mg/dl.
Moeintaghavi et al. 2005, encontraram somente que níveis patológicos de
TRG e colesterol total foram significantemente mais altos nos indivíduos com
periodontite que nos controles saudáveis. Contudo, não houve nenhuma diferença
significante entre os grupos de LDL e HDL. Uma possível explicação para tal
discrepância é que os pontos de corte utilizados por estes autores foi de LDL
>190mg/dl e de HDL <29mg/dl (de acordo com as recomendações do laboratório
de análises clínicas da Yazd University of Medical Science), e no nosso estudo foi
de LDL 160mg/dl e HDL 39mg/dl (de acordo com a Sociedade Brasileira de
Cardiologia). Machado et al. 2005, relatam que não encontraram associação
significativa entre níveis lipídicos alterados e periodontite, no entanto não ficaram
claros quais foram os critérios de corte utilizados, ou seja, se baixo, médio ou alto
risco.
62
7. CONSIDERAÇÕES SOBRE O MÉTODO
7.1 TIPO DE ESTUDO
O estudo transversal (cross-sectional) é um tipo de estudo que examina as
pessoas em um determinado momento, fornecendo dados de prevalência; aplica-
se, particularmente, às doenças comuns e de duração relativamente longa,
portanto não seria o ideal para um estudo de associação. Nestes casos, os
estudos mais indicados são os de coorte ou caso-controle.
As vantagens do estudo transversal são a rapidez, o baixo custo, a
identificação de casos e a detecção de grupos de risco. Entretanto, dentre
algumas limitações cita-se que a causalidade reversa, onde exposição e
desfecho são coletados simultaneamente e freqüentemente não se sabe qual
deles precedeu o outro. Nesse tipo de estudo, episódios de doença com longa
duração estão sobre-representados e doenças com duração curta estão sub-
representadas (o chamado viés de sobrevivência). Outra desvantagem é que se a
prevalência da doença a ser avaliada for muito baixa, o número de pessoas a ser
estudado precisará ser grande.
63
7.2 RADIOGRAFIA PANORÂMICA COMO MÉTODO DE DIAGNÓSTICO DE
PERIODONTITE.
A radiografia panorâmica é menos precisa que a periapical, pois apresenta
estruturas com menos detalhes, pouco nítidas ou sobrepostas, principalmente na
região anterior (BRAGGER, 2005). No entanto, a radiografia panorâmica tem
importantes vantagens, tais como: ampla imagem da região anatômica, dose
relativamente baixa de radiação, relativa conveniência, facilidade e rapidez (GOAZ
e WHITE, 1982). Diversos estudos demonstraram a utilidade de radiografias
panorâmicas como importante ferramenta de diagnóstico em estudos
epidemiológicos. A interpretação e a mensuração da perda óssea alveolar podem
ser realizadas de maneira direta com as réguas de Schei e Björn (Schei et al.
1959; BJÖRN et al. 1969, REED e POLSON, 1984; LAVSTED et al., 1986), que
expressam a perda óssea alveolar como porcentagem do comprimento radicular, a
fim de compensar eventuais distorções. O favorável custo-beneficio das
radiografias panorâmicas em levantamentos epidemiológicos, e exames
periódicos, é também um dos fatores levado em consideração para a sua
utilização (JEFFCOAT, 1992; HAUSMANN et al., 1989).
64
8. CONCLUSÕES
1. A prevalência de perda óssea alveolar radiográfica foi de 34,6% , de
tabagismo foi de 11,2% e dislipidemia foi de 11,8% (colesterol total), 12%
(LDL) e 20,6% (triglicerídeos) na população geral do estudo.
2. Indivíduos pertencentes às faixas etárias maiores (acima de 29 anos),
apresentaram maiores prevalências de perda óssea alveolar radiográfica.
3. Todas as variáveis relacionadas ao perfil lipídico, exceto HDL, mantiveram-
se associadas à perda óssea alveolar radiográfica na análise bivariada.
4. As variáveis colesterol total, glicemia de jejum elevada e ser ex-fumante,
apesar de terem sido associadas à perda óssea alveolar radiográfica na
análise bivariada, não se mantiveram estatisticamente significantes, quando
ajustadas pelas demais variáveis, no modelo final.
5. As variáveis mais significativamente associadas à perda óssea alveolar
radiográfica no modelo final foram: tabagismo, altos níveis de LDL e altos
níveis de triglicerídeos. O presente estudo sugere que dislipidemia está
associada à perda óssea alveolar radiográfica. Contudo, a natureza
transversal do estudo não nos permite inferir uma relação causal entre as
duas doenças, enfatizando a necessidade de estudos longitudinais bem
controlados.
65
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83
10. ANEXOS
10.1 ANEXO I- Identificação e Avaliação Bioquímica e Antropométrica
Identificação Idade fumo Glicose IMC Col. Total LDL HDL TRG
84
10.2 ANEXO II- Avaliação Perda Óssea Alveolar Radiográfica (POAR).
Medida em porcentagem de perda óssea mesial e distal dos elementos
dentais na radiografia panorâmica através da Régua de Schei:
IDENTIFICAÇÃO:
DATA:
8 7 6 5 4 3 2 1 1 2 3 4 5 6 7 8
8 7 6 5 4 3 2 1 1 2 3 4 5 6 7 8
85
10. 3 ANEXO III - Consentimento Informado
A inclusão de cada usuário no projeto foi feita mediante autorização formal,
através da assinatura de termo de consentimento após esclarecimentos sobre os
objetivos e procedimentos do projeto por parte do pesquisador (anexo III), de
acordo com as normas estabelecidas pelo Conselho Nacional de Saúde (1987).
Os usuários foram informados que na sua participação os resultados obtidos lhes
serão fornecidos.
Alguns esclarecimentos adicionais serão fornecidos pelo pesquisador ao usuário
sobre garantias do sujeito da pesquisa:
1. Acesso, a qualquer momento, às informações sobre procedimentos e
benefícios relacionados à pesquisa, inclusive para esclarecer dúvidas.
2. Liberdade de retirar seu consentimento a qualquer momento e deixar de
participar do estudo sem que isso traga prejuízo a continuidade do estudo.
3. Garantia de sigilo e privacidade.
4. Informações sobre os nomes e telefones dos responsáveis pelo
acompanhamento da pesquisa, para contatos.
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Prezado (a) paciente:
As doenças cardiovasculares são reconhecidas como importante problema
de saúde pública mundial. Sendo assim, estamos realizando este trabalho, com o
objetivo de avaliar se você possui dislipidemia, hiperglicemia, entre outros que são
considerados fatores de risco para as doenças cardiovasculares. Também serão
avaliados parâmetros periodontais para determinar uma possível relação entre
dislipidemia, fumo e doença periodontal.
Para isto, serão necessários exames de sangue, consulta de dados do seu
prontuário do Centro de Promoção de Saúde (CPS) e exame radiográfico
odontológico. Esclarecemos que não há riscos para a sua saúde e a sua
participação é voluntária, sem o recebimento de nenhuma remuneração. Os
86
resultados do seu exame lhe serão fornecidos e, serão divulgados no meio
científico conjuntamente com os resultados de outros pacientes.
Pelo presente consentimento informado, declaro que fui esclarecido, de
forma clara e detalhada, livre de qualquer forma de constrangimento e coerção,
dos objetivos, da justificativa, dos procedimentos que serei submetido pelo
presente estudo.
Fui igualmente informado:
Da garantia de receber resposta a qualquer pergunta ou esclarecimento a
qualquer dúvida e cerca dos procedimentos, riscos e benefícios e outros assuntos
relacionados com a pesquisa;
Da segurança de que não serei identificado e que se manterá o caráter
confidencial das informações relacionadas com a minha privacidade;
Da liberdade de retirar meu consentimento, a qualquer momento, e deixar
de participar do estudo, sem que isto traga prejuízo à continuação do meu cuidado
e tratamento;
Do compromisso de proporcionar informação atualizada obtida durante o
estudo;
Da disponibilidade de tratamento médico e a indenização, conforme
estabelece a legislação, caso existam danos a minha saúde, diretamente
causados por esta pesquisa.
Os pesquisadores responsáveis por este projeto de pesquisa são os
cirurgiões-dentistas Elibel Reginna Carvalho Pinto e Dr. Eduardo Muniz Barreto
Tinoco.
___________________________________________________________
Nome e assinatura do voluntário
Data: ___/___/_____ Telefone: ___________________
Endereço para contato: _______________________________________
87
Observação: o presente documento, baseado no item IV das diretrizes e normas
regulamentares para pesquisa em saúde, do Conselho Nacional de Saúde
(resolução 196/96), será assinado em duas vias, de igual teor, ficando uma em
poder do paciente e outra do pesquisador responsável.
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