partiu para a conquista de mercados externos, desenvolvendo-se nesse contexto as
colônias, das quais sorvia recursos para viabilizar de diferentes maneiras a revolução
industrial:
É possível assinalar as conexões que vinculam a colonização européia e
o antigo sistema colonial, seja como a política econômica mercantilista,
seja como a etapa de formação do capitalismo moderno [...] desfrutar os
estímulos oriundos do sistema colonial significava, de fato, elaborar os
pré-requisitos do desenvolvimento das forças produtivas: pois o sistema
colonial promovia, ao mesmo tempo, acumulação de capitais por parte
dos grupos empresariais, e expansão dos mercados consumidores dos
produtos manufaturados. (NOVAIS, 1969, p. 56)
Ao expor a idéia de que a colônia preenchia sua função histórica no processo de
acumulação primitiva de capitais através dos monopólios e do exclusivismo comercial
(1969, p. 51), Novais também apresenta uma idéia de oposição entre Brasil e Portugal,
além de fixar-se, assim como Prado Júnior, nos efeitos das práticas mercantilistas sobre
o plano externo da produção e da comercialização.
Assim sendo, embora a análise do período colonial de Novais em Portugal e
Brasil na Crise do Antigo sistema Colonial - 1777-1800 (1981) tenha aprofundado e
acrescentado novos elementos à tese do caráter mercantil da colonização, sua chave
conceitual ainda mantém-se, segundo Ronaldo Vainfas (2000, p. 299), “no conflito
colônia versus metrópole”
2
.
2
Neste caso, a crítica de Ronaldo Vainfas incide no fato de Novais não ter considerado as relações do
Brasil com as demais porções do extenso império colonial português, ignorando as importantes
contribuições de Charles Boxer, historiador inglês que, ainda nos 60, procurou entender o mundo colonial
português a partir do conceito de império. O verbete é dedicado, justamente, a discutir o conceito de
império colonial. Nesta abordagem, Vainfas chega mencionar que, para alguns historiadores dos anos
1990, o próprio conceito de Antigo Sistema Colonial seria questionável. Portanto, a crítica formulada por
Vainfas não vai na mesma direção da nossa. A questão dos obstáculos ao desenvolvimento derivados da
prática mercantilista adotada na colônia por iniciativa das instâncias locais de poder, que é o objeto de
nossa pesquisa, não é abordada por Vainfas nesse Dicionário. No verbete dedicado especificamente ao
Mercantilismo, Vainfas limita-se a considerá-lo apenas em sua dimensão externa, de modo que, neste
aspecto, ele não diverge dos demais autores analisados neste trabalho. Embora o Dicionário seja uma
obra coletiva, os dois verbetes aqui mencionados são de autoria do próprio Ronaldo Vainfas.