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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
DEPARTAMENTO DE FARMACOLOGIA
ADOENÇADEALZHEIMERCOMOUM
PROCESSONEUROINFLAMATÓRIO
RODRIGO MEDEIROS
Tese apresentada ao Curso de Pós-
graduação em Farmacologia do Centro
de Ciências Biológicas da Universidade
Federal de Santa Catarina, como
requisito à obtenção do título de doutor
em farmacologia.
Orientador: Prof. Dr. João Batista Calixto
Florianópolis - SC
2007
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Livros Grátis
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Milhares de livros grátis para download.
"...somos aquilo que recordamos, literalmente.
Não podemos fazer aquilo que não sabemos
como fazer, nem comunicar nada que
desconheçamos, isto é, nada que não esteja na
nossa memória... ...Eu sou quem sou, cada um
é quem é, porque todos lembramo-nos de coisas
que nos são próprias e exclusivas, e não
pertencem a mais ninguém. As nossas
memórias fazem com que cada ser humano ou
animal seja um ser único, um indivíduo"
Iván Izquierdo
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AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador Dr. João Batista Calixto, por ter aberto as portas da
carreira científica, por toda dedicação, amizade, paciência e pelo exemplo
de competência.
Em especial a minha namorada Giselle Fazzioni Passos, por milhares de
motivos, mas especialmente por sempre ter acreditado e me amado.
A minha mãe - Arleni Demo - e minha irmã - Camila Demo Medeiros. Pessoas
sempre presentes em minha vida, pelos seus exemplos de dedicação, força
e persistência, pelo apoio, incentivo e principalmente pelo grande amor
dedicando durante toda minha vida.
A grande amiga Maria Martha Campos pela paciência e atenção
empregadas para me instruir e auxiliar durante a minha formação como
farmacologista.
Ao Rui Daniel Schröder Prediger pela amizade, incentivo, troca de idéias e
apoio no desenvolvimento de inúmeros experimentos.
Aos amigos Filipe S. Duarte, Pablo Pandolfo e Cláudia P. Figueiredo pela força
na realização de inúmeros experimentos.
Ao Jeferson L. Franco e ao Prof. Alcir L. Dafre pelo auxilio na realização dos
experimentos enzimáticos.
A Dra. Gabriella Di Giunta, por abrir as postas do laboratório de patologia do
hospital universitário para a realização dos experimentos de
imunohistoquímica.
As minhas amigas Elizabeth, Nara, Patrícia, Aline e Juliana, e ao amigo
Gustavo pelo carinho e amizade.
Ao Prof. Reinaldo N. Takahashi pelo grande apoio e amizade.
A Diana e ao Pedro, por terem me ajudado sempre que precisei, e que
indiretamente auxiliaram-me no desenvolvimento deste trabalho.
Aos demais amigos e colegas do Departamento de Farmacologia.
A todos os professores e funcionários do Departamento de Farmacologia.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
pelo apoio financeiro.
SUMÁRIO
Abreviaturas....................................................................................................................i
Resumo ...........................................................................................................................ii
Abstract..........................................................................................................................iv
Introdução..................................................................................................................... 1
Objetivos...................................................................................................................... 20
Objetivo geral.......................................................................................................... 20
Objetivos espeficos ............................................................................................. 20
Matériais e Métodos .................................................................................................. 22
Animais ..................................................................................................................... 22
Administração intracerebroventricular da β-amilóide..................................... 23
Teste do campo aberto......................................................................................... 24
Labirinto Aquático de Morris................................................................................. 24
Preparo dos cortes histológicos e reativação antigênica............................... 26
Detecção imunológica ......................................................................................... 27
Coleta dos tecidos ................................................................................................. 29
Determinação de marcadores do estresse oxidativo...................................... 29
Medida dos níveis de glutationa total (GSH total)............................................ 30
Atividade da enzima glutationa peroxidase (GPx) .......................................... 31
Atividade da enzima glutationa redutase (GR)................................................ 31
Extração de RNA total ........................................................................................... 32
Ensaio de transcrição reversa seguida de reação em cadeia da
polimerase ............................................................................................................... 33
Preparação das frações de proteínas celulares para imunodetecção de
proteínas................................................................................................................... 34
Ensaio de imunodetecção (“western blot”) ...................................................... 35
Análise estatística ................................................................................................... 36
Resultados ................................................................................................................... 38
Caracterização do efeito da administração intracerebroventricular dos
peptídeos Aβ
1-40
ou Aβ
40-1
no aprendizado e memória espacial de
camundongos......................................................................................................... 38
Papel do TNF-α no dano cognitivo induzido pela Aβ
1-40
.................................. 40
Papel da iNOS no dano cognitivo induzido pela Aβ
1-40
................................... 43
Participação do TNF-α e iNOS na disfunção sináptica induzida pela Aβ
1-40
45
Aβ
1-40
induz ativação de astrócitos...................................................................... 50
Aβ
1-40
estimula a expressão da iNOS através do aumento na síntese de
TNF-α.......................................................................................................................... 53
Estresse oxidativo induzido pela Aβ
1-40
depende do TNF-α ............................. 56
A via da JNK/c-Jun regula a expressão da iNOS induzida pela Aβ
1-40
.......... 61
O TNF-α regula a expressão da iNOS induzida pela Aβ
1-40
através da via
do NF-κB ................................................................................................................... 65
Participão dos receptores B
1
e B
2
para cininas na prevenção dos
prejuízos cognitivos induzidos pela Aβ
1-40
........................................................... 69
Participão dos receptores B
1
e B
2
para cininas na reversão dos danos
cognitivos induzidos pela Aβ
1-40
............................................................................ 72
Avaliação da expressão dos receptores para as cininas após a injeção
i.c.v. de Aβ
1-40
.......................................................................................................... 77
Discussão..................................................................................................................... 80
Conclusão................................................................................................................. 105
Bibliografia................................................................................................................. 106
SUMÁRIODEFIGURASETABELAS
Figura 1 – Efeitos de uma única injeção intracerebroventricular (i.c.v.) do
peptídeo Aβ
1-40
(400 pmol/camundongo) ou do peptídeo inverso Aβ
40-1
(400 pmol/camundongo) no aprendizado e memória espacial de
camundongos Swiss................................................................................................... 39
Tabela 1 – Efeitos da administração intracerebroventricular (i.c.v.) do
peptídeo Aβ
1-40
(400 pmol/camundongo), do peptídeo inverso Aβ
40-1
(400
pmol/camundongo) ou da solução controle (veículo, PBS) (8 dias antes
dos experimentos) nos parâmetros comportamentais de camundongos
Swiss testados no campo aberto (por 5 min). ....................................................... 40
Figura 2 – Envolvimento do TNF-α no dano cognitivo induzido pela injeção
i.c.v. de Aβ
1-40
.............................................................................................................. 42
Figura 3 – Envolvimento da iNOS no dano cognitivo induzido pela injeção
i.c.v. de Aβ
1-40
.............................................................................................................. 44
Figura 4 – A disfunção sináptica precede a morte neuronal após o
tratamento com Aβ
1-40
.. ............................................................................................ 46
Figura 5 – O TNF-α e a iNOS participam da disfunção sináptica induzida
pela Aβ
1-40
.................................................................................................................... 48
Figura 6 – Figuras representativas da reação de imunohistoquímica para
a proteína pré-sináptica sinaptofisina analisada nas subregiões
hipocampais CA1, CA2 e CA3, e no córtex parietal como medida de
densidade sináptica.................................................................................................. 50
Figura 7 – Ativação dos astrócitos pela injeção i.c.v. de Aβ
1-40
......................... 52
Figura 8 – Participação do TNF-α na indução da iNOS pela injeção i.c.v.
de Aβ
1-40
....................................................................................................................... 55
Figura 9 – Aβ
1-40
altera parâmetros oxidativos celulares no cérebro.. .............. 58
Figure 10 Bloqueio do TNF-α previne alterações nos parâmetros
oxidativos induzidos pela Aβ
1-40
.. ............................................................................. 60
Figura 11 – Administração i.c.v. de Aβ
1-40
promove a ativação da JNK.. ........ 63
Figura 12 – Ativação da c-Jun pela Aβ
1-40
............................................................. 64
Figura 13 – A ativação do NF-κB é dependente da via do TNF-α..................... 67
Figura 14 Administração i.c.v. de Aβ
1-40
induz a expressão da iNOS
através das vias JNK/c-Jun e NF-κB... ..................................................................... 68
Figura 15 - Efeito do bloqueio do receptor B
1
para cininas na prevenção
dos prejuízos cognitivos induzidos pela Aβ
1-40
.. ..................................................... 70
Figura 16 Efeito do bloqueio do receptor B
2
para cininas na prevenção
dos prejuízos cognitivos induzidos pela Aβ
1-40
... .................................................... 71
Figura 17 Reversão do dano cognitivo induzido pela Aβ
1-40
através do
bloqueio do receptor B
2
... ........................................................................................ 73
Figura 18 – Reversão tardia do dano cognitivo induzido pela Aβ
1-40
através
do bloqueio do receptor B
1
... .................................................................................. 75
Figura 19 – Reversão tardia do dano cognitivo induzido pela Aβ
1-40
através
do bloqueio do receptor B
2
... .................................................................................. 76
Figura 20 – Efeito da Aβ
1-40
na expressão dos receptores para cininas............ 78
Figura 21 – Papel do TNF-α e da iNOS no dano neuronal induzido pela
injeção i.c.v. da Aβ
1-40
............................................................................................... 98
Figura 22 – Papel dos receptores para cininas no dano cognitivo induzido
pela injeção i.c.v. da Aβ
1-40
.................................................................................... 104
i
ABREVIAÇÕES
Aβ β-Amilóide
APP Proteína precursora amilóide
i.c.v. Intracerebroventricular
TNF Fator de necrose tumoral
TNFR Receptor do TNF
BK Bradicinina
MAPK Proteína quinase ativada por mitógeno
JNK Proteína quinase c-Jun NH
2
-terminal
NF-κB Fator nuclear-κB
AP-1 Proteína de ativada-1
LPS Lipolissacarídeo
IL Interleucina
iNOS Óxido nítrico sintetase induzida
NO Óxido nitrico
LTP Potenciação de longo prazo
B
1
R Receptor B
1
B
2
R Receptor B
2
GFAP Proteína glial fibrilar ácida
GSH Glutationa
GPx Glutationa peroxidase
GR Glutationa redutase
ii
RESUMO
A doença de Alzheimer é caracterizada pelo acúmulo de placas
amilóides e pelo dano cognitivo nos indivíduos acometidos. Dados recentes
sugerem que o processo inflamatório apresenta importante papel no
desenvolvimento e na progressão da doença de Alzheimer. O presente
estudo foi desenvolvido com o objetivo de determinar a possível relação
entre a inflamação e os déficits cognitivos observados na doença de
Alzheimer, através de estudos in vivo e in vitro. Os dados do presente
trabalho demonstram que a injeção intracerebroventricular (i.c.v.) do
peptídeo Aβ
1-40
resultou em prejuízos de aprendizado e memória em
camundongos. Tal efeito parece estar associado a um processo de
disfunção sináptica e ativação glial. O bloqueio farmacológico do fator de
necrose tumoral-α (TNF-α), ou da enzima óxido nítrico sintetase induzida
(iNOS), reduzem o dano cognitivo induzido pela Aβ
1-40
. Resultados similares
foram observados em animais com deleção gênica para o receptor do TNF-
α tipo 1 (TNFR1) ou para a iNOS. A administração da Aβ
1-40
resultou em
aumento na expressão do TNF-α e indução de alterações nos parâmetros
oxidativos no córtex pré-frontal e hipocampo. Além disso, a Aβ
1-40
promoveu
a ativação das vias de sinalização da proteína quinase JNK/c-Jun e do fator
de transcrição NF-κB, resultando no aumento da expressão da iNOS nas
mesmas áreas cerebrais. O pré-tratamento dos animais com o anticorpo
específico contra o TNF-α de camundongo reduziu todas as alterações
bioquímicas e moleculares induzidas pela injeção i.c.v. de Aβ
1-40
. Estes
resultados sugerem o TNF-α e a iNOS como importantes alvos na doença de
iii
Alzhiemer. Por fim, no presente estudo, foi investigado, através de
ferramentas farmacológicas e genéticas, o papel do sistema cininas nos
prejuízos cognitivos induzidos pela Aβ
1-40
. Nossos dados demonstram que o
tratamento com o antagonista seletivo do receptor B
2
, Hoe140, é capaz de
reduzir os déficits de aprendizado e memória induzidos pela Aβ
1-40
7 ou 30
dias após o tratamento. Resultados similares foram observados em animais
com deleção do gene para o receptor B
2
. Por outro lado, o tratamento com
o antagonista do receptor B
1
, a des-Arg
9
-Leu
8
-BK ou a deleção do gene para
o receptor B
1
inibiu os efeitos da Aβ
1-40
, apenas quando a avaliação foi feita
30 dias após o tratamento. Estudos de biologia molecular revelaram que o
tratamento com Aβ
1-40
promoveu aumento dependente do tempo e
sustentado na expressão do receptor B
1
no córtex pré-frontal e no
hipocampo. Todavia, nenhuma alteração no padrão de expressão do
receptor B
2
foi observada após a injeção i.c.v. de Aβ
1-40
. Estes resultados
indicam que os receptores B
1
e B
2
para as cininas apresentam importante
papel nos prejuízos cognitivos induzidos pela Aβ
1-40
. Em conjunto, os
resultados do presente estudo apontam o TNF-α, a iNOS e os receptores para
as cininas como potenciais alvos terapêuticos no tratamento da doença de
Alzhieimer.
iv
ABSTRACT
Increased brain deposition of amyloid β protein (Aβ) and cognitive
deficits are classical signals of Alzheimer’s disease, which have been highly
associated to inflammatory alterations. The present work was designed to
determine the correlation between inflammatory process and cognitive
deficts in a mouse model of Alzheimer’s disease, by means of both in vivo
and in vitro approaches. The intracerebroventricular injection of Aβ
1-40
in mice
resulted in marked deficits of learning and memory, according to assessment
in the Water maze paradigm. This cognition impairment seems to be related
to synapse dysfunction and glial cell activation. The pharmacological
blockage of either TNF-α or iNOS reduced the cognitive deficit evoked by Aβ
1-
40
in mice. Similar results were obtained in TNF-α receptor 1 and iNOS knockout
mice. Aβ
1-40
administration induced an increase of TNF-α expression and
oxidative alterations in prefrontal cortex and hippocampus. Likewise, Aβ
1-40
led to activation of both c-Jun-NH
2
-terminal kinase (JNK)/c-Jun and nuclear
factor-κB (NF-κB), resulting in iNOS up-regulation in both brain structures. The
anti-TNF-α antibody reduced all the molecular and biochemical alterations
promoted by Aβ
1-40
. These results provide new insights in mouse models of
Alzheimer’s disease, revealing TNF-α and iNOS as central mediators of Aβ
action. In adition, the present study investigated, by means of genetic or
pharmacological approaches, the role of kinin system in the Aβ
1-40
cognitive
effects on water maze paradigm. Spatial learning and memory deficits
observed at 7 and 30 days after Aβ
1-40
treatment were significantly reduced
by the i.c.v. administration of kinin B
2
receptor antagonist Hoe 140. Similar
v
effect was found in mice lacking kinin B
2
receptors. On the other hand,
genetic deletion of inducible kinin B
1
receptor or its blockage by i.c.v.
injection of des-Arg
9
-Leu
8
-bradykinin attenuated only the long-term (30 days
after treatment) cognitive deficits induced by Aβ
1-40
. Moreover, treatment
with Aβ
1-40
resulted in a sustained increase in the expression of the kinin B
1
receptor in the hippocampus and prefrontal cortex of mice, while it did not
alter the expression of kinin B
2
receptors in these brain areas. These findings
provide convincing evidence that kinins acting at central nervous system B
1
and B
2
receptors exert a critical role in the spatial learning and memory
deficits induced by Aβ peptide in mice. Therefore, pharmacological blockers
of TNF-α, iNOS or kinin receptors could be of potential interest for the
development of drugs to treat Alzheimer’s disease.
1
INTRODUÇÃO
Desde o início do século passado, mas principalmente nas últimas duas
décadas, a humanidade vem passando por uma transição demográfica
evidente, sendo que as sociedades estão deixando de ser formadas
predominantemente por populações jovens e adultas para se transformarem
em sociedades compostas por pessoas cada vez mais idosas. A
Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu que a “era do
envelhecimento” teve início em 1975 e que essa tendência deverá se
estender por mais cinqüenta anos, isto é, o crescimento deverá ocorrer até o
ano 2025. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a
Europa ocupa a primeira posição na proporção da população com mais de
sessenta anos de idade (19,8 %), seguida pela América do Norte (16,3 %)
(IBGE, 2000). Este fenômeno de envelhecimento populacional é também
verificado no Brasil. Com base no censo de 2000, existem aproximadamente
10 milhões de idosos no Brasil, sendo que nos próximos 20 anos, este valor
poderá ultrapassar os 30 milhões, vindo a representar aproximadamente 13 %
da população brasileira e a sexta maior população de idosos do mundo
(IBGE, 2000). Embora estes números reflitam um claro avanço na qualidade
de vida de parte da população, eles também alertam para a possibilidade
de que, num futuro próximo, cresça significativamente o número de pessoas
acometidas pelos chamados “males da idade”. Dentre tais patologias,
destaca-se a doença de Alzheimer.
A doença de Alzheimer foi descrita inicialmente pelo médico alemão
Alois Alzheimer, em 1906, durante o 37° Congresso do Sudoeste da Alemanha
2
de Psiquiatria, na cidade de Tübingen. Durante sua conferência intitulada
Eine eigenartige Erkrankung der Hirnrinde” (Uma Doença Peculiar dos
Neurônios do Córtex Cerebral) Alzheimer definiu seu achado como uma
patologia neurológica, não reconhecida, que cursa com demência,
destacando os sintomas de déficit de memória, alterações de
comportamento e incapacidade para as atividades rotineiras.
Posteriormente, Alzheimer ainda viria a descrever os aspectos
anatomopatológicos da doença, cujas principais características eram o
acúmulo de placas senis e de emaranhados neurofibrilares e a perda
neuronal (Moller e Graeber, 1998; Goedert e Spillantini, 2006).
Em 1910, na oitava edição do “Handbook of Psychiatry”, Emil
Kraepelin, após estudar casos semelhantes, propôs o nome de doença de
Alzheimer em homenagem ao seu descobridor (Maurer et al., 1997, Moller e
Graeber, 1998). Inicialmente, essa denominação era utilizada para os casos
de demência pré-senil. Em 1968, um estudo demonstrou que os achados
anatomopatológicos característicos da então denominada doença de
Azheimer ou demência pré-senil também apareciam em indivíduos com
demência senil, em que os sintomas se iniciam aos 65 anos ou após essa
idade, sendo então considerados como parte da mesma entidade
patológica (Blessed et al., 1968). Um estudo anatomopatológico publicado
em 1970 demonstrou que a maioria das demências que ocorrem no período
senil, são resultados da doença de Alzheimer (Tomlinson et al., 1970). A partir
de então, essas duas formas de demência divididas como pré-senil e senil
3
pela idade, passaram a ser chamadas e consideradas como uma única
entidade: “doença de Alzheimer” (Blennow e Willian, 1992).
A susceptibilidade à doença de Alzheimer é resultante de múltiplos
determinantes ambientais e genéticos que interagem durante a vida. Os
fatores de risco relacionados à doença de Alzheimer compreendem: baixa
escolaridade, traumatismo craniano associado à perda de consciência, sexo
feminino, depressão, diabetes mellitus, hipertensão arterial, fumo,
hiperinsulinemia, inatividade física, fibrilação arterial, dieta rica em gorduras
e fatores genéticos (Cotman e Berchtold, 2002; Ritchie e Lovestone, 2002;
Mattson, 2003; Gorelick, 2004; Luchsinger e Mayeux, 2004). Quanto ao último,
estão incluídas anormalidades em genes localizados nos cromossomos 21
(gene codificador da proteína precursora amilóide, APP), 14 (gene da
presenilina 1), 19 (relacionado à apoliproteína E, especificamente ao alelo
ε4), 1 (gene da presenilina 2) e 12 (codificador da proteína relacionada ao
receptor de LDL) (Sherrington et al., 1995; Levy-Lahad et al., 1995; Hardy,
1997; Blennow et al., 2006). Contudo, o principal fator de risco associado à
doença de Alzheimer é a idade. Estimativas indicam que a doença
acomete 8-15 % da população com mais de 65 anos, sendo que a partir
dessa idade o risco dobra a cada cinco anos. Atualmente, existem em todo
o mundo, aproximadamente 25 milhões de pessoas com a doença de
Alzheimer, o que demonstra sua grande importância. Nos países
desenvolvidos, a doença de Alzheimer representa a terceira causa de morte,
perdendo apenas para as doenças cardiovasculares e para o câncer
4
(Mattson, 2004; Mount e Downton, 2006). No Brasil, não existem dados
precisos sobre o número de pessoas com a doença.
Nos estágios iniciais da doença de Alzheimer, há alguma preservação
da memória, mas, conforme a enfermidade evolui, a incapacidade de
lembrança torna-se generalizada. A dificuldade de aquisição de novas
informações aumenta até não haver mais novos aprendizados. Na
linguagem, ocorre perda de fluência verbal, esvaziamento de conteúdos e
diminuição da compreensão, além de erros de leitura e escrita. Além disso, o
paciente perde progressivamente habilidades visuo-espaciais. Numa etapa
avançada, a enfermidade traz dificuldades de expressão, movimentação e
poder de reconhecimento perceptivo sensorial. As alterações psíquicas e
comportamentais ocorrem em até 75 % dos casos, comprometendo a vida
social e ocupacional. Os sintomas incluem quadros depressivos e psicóticos
(alucinações e delírios), apatia, agressividade, agitação psicomotora,
condutas repetitivas, perturbações no ciclo de sono-vigília e mudanças nos
hábitos de locomoção, como, por exemplo, saídas a esmo e perambulações
(McKhann et al., 1984; Romanelli et al. 1990; Morris e Rubin 1991; Mortimer et
al., 1992; Walsh e Selkoe, 2004).
Ainda não foram identificados marcadores biológicos ou
características clínicas que estabeleçam um diagnóstico definitivo para a
doença de Alzheimer. Este só é obtido com a demonstração de lesões
neuropatológicas no cérebro (Gearing et al., 1995). Do ponto de vista
anatomopatológico, observa-se no cérebro de indivíduos com a doença de
Alzheimer atrofia cortical difusa, presença de grande número de placas senis
5
e de emaranhados neurofibilares, degenerações grânulo-vacuolares e
perda neuronal (Dickson, 1997; Gomez-Isla et al., 1997; Braak e Braak, 1998;
Uylings e de Brabander, 2002).
Os emaranhados neurofibrilares e as placas senis podem estar
presentes nos cérebros normalmente senis, mas em menor quantidade e
com distribuição menos extensa. Acredita-se que a concentração das
placas senis esteja correlacionada ao grau de demência nos afetados
(Selkoe, 1991; Hardy e Higgins, 1992; Walsh e Selkoe, 2004). Os emaranhados
neurofibrilares são constituídos primariamente de proteínas Tau associadas à
microtúbulos. As proteínas Tau estabilizam os microtúbulos do citoesqueleto
neural, sendo esta função regulada por um processo de fosforilação e
defosforilação. Nos neurônios que sofrem degeneração, as proteínas Tau
associadas a microtúbulos tornam-se anormalmente hiperfosforiladas e se
acumulam na forma de filamentos emaranhados helicoidais pareados (Nagy
et al., 1995). Por sua vez, as placas senis são constituídas da deposição de
fragmentos amilóides no parênquima cerebral. A β-amilóide (Aβ) é um
fragmento proteolítico formado a partir de uma glicoproteína
transmembrânica maior, a proteína precursora amilóide (APP), que sofre a
ação das enzimas proteolíticas β- e γ-secretases. Os mecanismos
responsáveis pela neurotoxicidade da Aβ são complexos, mas parecem
envolver a quebra da homeostase intracelular do cálcio e potássio, indução
de estresse oxidativo e ativação do processo de morte celular. Além disso,
transtornos da transmissão da acetilcolina e acetiltransferases ocorrem
freqüentemente nos indivíduos afetados (Haass, 2004; Mattson, 2004).
6
Avanços recentes na compreensão dos mecanismos patofisiológicos
relacionados à doença de Alzheimer apontam para novas estratégias no
desenvolvimento de drogas. Os modelos animais têm contribuído
consideravelmente para estes avanços e têm um papel ainda maior na
avaliação de eventuais drogas com potencial terapêutico, não apenas de
aliviar a demência associada com a doença de Alzheimer, mas de modificar
o processo da doença (Van Dam e De Deyn, 2006). As ferramentas que vêm
sendo utilizadas por grupos de pesquisa para estudar a doença de Alzheimer
em animais de laboratório são basicamente duas: a primeira é deixar o
animal envelhecer, fazendo com que ele passe a apresentar
espontaneamente um conjunto de sintomas, dentre eles prejuízos sensoriais e
cognitivos, semelhantes aos observados no decurso da doença (Campbell
et al., 1980; Hazzard, 1991; Prediger et al., 2005a, 2006). Entretanto, esta
metodologia demanda tempo, dinheiro e logística que raramente são
disponíveis em laboratórios de pesquisa brasileiros.
Outra metodologia que vem sendo aplicada para estudar os
processos relacionados ao desenvolvimento e progressão da doença de
Alzheimer consiste na utilização de modelos capazes de induzir o acúmulo
da Aβ no cérebro de animais. Prejuízos cognitivos têm sido documentados
tanto em camundongos geneticamente modificados, que apresentam uma
expressão aumentada da APP (Hsiao et al., 1996; Westerman et al., 2002),
quanto em roedores após a administração central aguda ou crônica dos
fragmentos Aβ
1-40
ou Aβ
1-42
, que são análogos dos peptídeos encontrados
nas placas senis dos pacientes com a doença de Alzheimer. Até o presente
7
momento, tem sido demonstrado que a administração central destes
fragmentos em roedores é capaz de promover um prejuízo significativo nos
testes de esquiva ativa (Flood et al., 1991; McDonald et al., 1994) e esquiva
inibitória (Giovannelli et al., 1995; Harkany et al., 1999), bem como nos testes
de reconhecimento social (Terranova et al., 1996), labirinto em Y (McDonald
et al., 1994, 1996) e labirinto aquático de Morris (Nitta et al., 1994). Todavia,
apesar da extensa literatura indicando os prejuízos cognitivos induzidos pela
proteína Aβ, os mecanismos celulares e moleculares pelos quais estes se
desenvolvem ainda não estão totalmente esclarecidos.
O tratamento da doença de Alzheimer inclui estratégias
farmacológicas e intervenções psicossociais para o paciente e seus
familiares. Inúmeras substâncias psicoativas têm sido propostas para
restabelecer ou preservar a cognição do paciente (Mount e Downton, 2006).
A reposição da acetilcolina tem mostrado eficácia na melhora da
capacidade cognitiva e do comportamento de portadores da doença. Os
medicamentos usados nesse tipo de terapia são os inibidores da
acetilcolinesterase. Essas drogas têm efeito sintomático discreto sobre a
cognição, algumas vezes beneficiando as alterações psíquicas da
demência. Acredita-se também que elas possam retardar a evolução
natural da doença, possibilitando uma melhora temporária no estado
funcional do paciente (Mount e Downton, 2006; Blennow et al., 2006). Além
disso, outras abordagens denominadas por convenção de “terapias
modificadoras da doença de Alzheimer” (disease-modifying therapies) têm
sido empregadas com o objetivo de interferir com mecanismos essenciais da
8
doença. Entre algumas das abordagens empregadas está o bloqueio da Aβ
e seus inúmeros mecanismos neurotóxicos (primários e secundários) e dos
processos que levam à hiperfosforilação da proteína Tau e à disfunção e
degeneração do citoesqueleto microtubular. A utilização destas terapias
visa impedir a morte neuronal, atenuando assim a evolução do processo
degenerativo e a evolução para a demência (Dewachter e Van Leuven,
2002; John et al., 2003; Roberds et al., 2001; Ritchie et al., 2003; Schenk et al.,
1999; McLaurin et al., 2002).
Estudos recentes também têm indicado que o dano neuronal
progressivo associado à doença pode ser conseqüência de reações
inflamatórias locais no sistema nervoso central (Akiyama et al., 2000a; Tuppo
e Arias, 2005; Wyss-Coray, 2006). Neste sentido, tem sido proposto que uma
fagocitose ineficiente da Aβ por parte da microglia, e a conseqüente
hiperativação celular e liberação de mediadores inflamatórios e fatores
neurotóxicos, contribuiria de maneira decisiva no processo
neurodegenerativo verificado na doença de Alzheimer (Akiyama et al.,
2000). Em acordo com esta hipótese, tem sido demonstrado um aumento
nos níveis de diversos mediadores pró-inflamatórios no cérebro de pacientes
com a doença de Alzheimer (Griffing et al., 1989; Pasinetti e Aisen, 1998; Ho
et al., 1999; Moore e O’Banion, 2002; Galimberti et al., 2003). Corroborando
esta idéia, estudos clínicos indicam que o tratamento prolongado com
alguns antiinflamatórios não-esteroidais (ibuprofeno, indometacina e
aspirina) ou substâncias antioxidantes (estrogênio e vitamina E), é capaz de
reduzir a prevalência da doença de Alzheimer e melhorar os sintomas de
9
pacientes acometidos por esta patologia (Rogers et al., 1993; McGeer et al.,
1996; In’t Veld et al., 2001; Zandi et al., 2002, Sano et al., 1997; Henderson,
1997).
Dentre os mediadores associados à doença de Alzheimer pode-se
destacar a citocina fator de necrose tumoral (TNF)-α. Essa citocina foi
descrita inicialmente em meados de 1970 por Lloyd Old e colaboradores
(Carswell et al., 1975) como um fator sorológico induzido por endotoxina que
era capaz de causar a necrose de certos tumores murinos in vivo.
Posteriormente, em 1984, foi isolado o TNF-α derivado de produtos
bacterianos e, ao longo das últimas décadas, vários estudos têm identificado
uma superfamília de ligantes e receptores relacionados a esta molécula
(Paul et al., 2006). O TNF-α é sintetizado como uma proteína não glicosilada
transmembrânica (proteína precursora), que posteriormente é processada
para uma forma homotrimérica com massa molecular de 17 kDa. A enzima
responsável pelo processamento do TNF-α é uma metaloproteinase
específica, também chamada de enzima conversora do TNF-α (TACE) (Black
et al., 1997; Moss et al., 1997). Além disso, o TNF-α pode existir como proteína
de membrana com massa molecular de 26 kDa na sua forma não-clivada
(Perez et al., 1990). Evidências experimentais revelaram que o TNF-α
apresenta um importante papel como mediador e modulador da resposta
inflamatória. Sua produção é realizada principalmente por células do sistema
imunológico, incluindo macrófagos, monócitos e linfócitos, em resposta a
agentes patogênicos ou durante condições de estresse no organismo.
10
Através da associação com um de seus receptores celulares,
denominados receptor do TNF tipo 1 (TNFR1 ou p55) e receptor do TNF tipo 2
(TNFR2 ou p75), o TNF-α ativa diferentes cascatas intracelulares que regulam
diversas funções celulares, incluindo respostas inflamatórias, diferenciação e
apoptose (Palladino et al., 2003). Enquanto o TNFR1 é expresso de maneira
constitutiva na grande maioria das células, o TNFR2 apresenta sua expressão
aumentada durante condições patológicas. Outra diferença importante
entre esses receptores refere-se à sua estrutura. O TNFR1 apresenta em sua
estrutura o domínio de morte (death domain, DD), que durante a sinalização
se liga a molécula adaptadora TRADD (TNFR-associated DD)
desencadeando, dentre outros efeitos, a ativação do processo de apoptose
(Liu et al., 1996; Chen e Goeddel, 2002; Hallenbeck, 2002). Por outro lado, o
TNFR2 não apresenta o DD, mas sim um domínio citoplasmático que se liga
aos TRAFs (TNFR-associated factors) durante a sinalização. A ativação do
TNFR2, por sua vez, tem sido associada à resposta inflamatória aguda (Segui
et al., 2001; Kolesnick e Kronke,1998; Hallenbeck, 2002). Todavia, é importante
ressaltar que, na maioria das vezes, em função do estímulo primário, ambos
os receptores são ativados simultaneamente e acabam desencadeando a
ativação de vias de sinalização intrincadas e bastante complexas. De
maneira geral, a ativação dos receptores para o TNF-α resulta na ativação
das proteínas quinases ativadas por mitógeno (MAPK) e da proteína IκB
quinase (IKK), que por sua vez controlam a expressão de diferentes proteínas
pela ativação de fatores de transcrição como a proteína ativada-1 (AP-1) e
o fator nuclear-κB (NF-κB) (Brenner et al., 1989; DiDonato et al., 1997; Liu et al.,
11
1996; Wajant et al., 2003). Ao nível celular, a principal função atribuída ao
TNF-α é sinalizar para a ativação da transcrição de outras proteínas
envolvidas na resposta inflamatória, incluindo a interleucina (IL)-1, -6 e -8, as
quimiocinas e as moléculas de adesão. Além disso, o TNF-α é um fator
fundamental na regulação do balanço entre a ativação de vias de
sinalização pró- e anti-apoptóticas no controle da proliferação celular e na
resposta inflamatória. De modo interessante, a supressão do processo de
apoptose geralmente resulta em resposta inflamaria (Baud e Karin, 2001).
Em relação ao sistema nervoso central, a micróglia e o astrócito são
considerados os produtores primários de TNF-α. Durante processos
patológicos no cérebro foram descritos tanto efeitos neuroprotetores quanto
neurotóxicos exercidos pelo TNF-α. Estudos de deleção gênica indicam que
o TNFR2 participa do processo de proteção contra a neurotoxicidade
induzida pelo glutamato em camundongos (Marchetti et al., 2004). Além
disso, o TNF-α parece estar envolvido na neuroproteção em resposta à
toxicidade aguda induzida pelo óxido nítrico (Turrin e Rivest, 2006). Sriram e
colaboradores (2006) demonstraram recentemente que a ausência dos
receptores para o TNF-α aumenta a susceptibilidade dos camundongos aos
efeitos neurotóxicos produzidos pelo MPTP (1-methyl-4-phenyl-1,2,3,6-
tetrahydropyridine) na região hipocampal do cérebro. Por outro lado, alguns
estudos têm implicado o TNF-α na neurotoxicidade induzida pelo glutamato,
através da ativação da microglia (Takeuchi et al., 2006). Ademais, a inibição
aguda do TNF-α endógeno pelo tratamento com TNFR solúvel, anticorpos
específicos ou oligonucleotídeos antisense reduz de maneira marcante o
12
dano cerebral induzido por isquemia ou trauma em roedores (Nawashiro et
al., 1996; Barone et al., 1997; Mayne et al., 2001). Evidências indicam que na
doença de Alzheimer há um aumento na expressão do TNFR1 no cérebro,
bem como nos níveis de TNF-α no cérebro e plasma dos pacientes (Fillit et al.,
1991; Tarkowski, 2002; Li et al., 2004). Recentemente, também foi
demonstrado através de experimentos de eletrofisiologia em camundongos
que o TNF-α apresenta um importante papel na redução da potenciação de
longo prazo (LTP) induzida pela Aβ (Wang et al., 2005). Entretanto, os
mecanismos pelo qual o TNF-α exerce seus efeitos durante a doença de
Alzheimer são pouco compreendidos.
Outra importante proteína integrante do processo inflamatório é a
óxido nítrico sintase induzida (iNOS), uma enzima envolvida na síntese do
óxido nítrico (NO) (Xie et al., 1993; 1994; Kleinert et al., 2003). O NO foi
inicialmente descrito por Furchgott e Zawadski (1980) como sendo um
potente vasodilatador em resposta ao agonista muscarínico acetilcolina em
tiras de aorta com endotélio intacto. Desconhecendo a etiologia da
substância causadora do efeito, os autores a denominaram de EDRF (fator
relaxante derivado do endotélio). Posteriormente, os grupos de Ignarro,
Murad e Palmer mostraram, em estudos independentes, que o EDRF e o NO
eram a mesma substância, sendo este sintetizado pelas células endoteliais
através da L-arginina (Ignarro et al., 1987; Murad et al., 1987; Palmer et al.,
1987). Esta descoberta deflagrou uma verdadeira explosão de pesquisas
sobre os papeis fisiológico e patológico do NO nas mais diversas condões e
tecidos. Atualmente, sabe-se que o NO é uma importante molécula
13
sinalizadora inter e intracelular envolvida na regulação de uma variedade
de funções celulares biológicas (Hanafy et al., 2001; Ignarro et al., 2002;
Alderton et al., 2001).
Nos tecidos, o NO é sintetizado a partir do aminoácido L-arginina, em
uma reação de oxidação catalisada pelas isoenzimas NO sintases (NOS). As
NOS são identificadas de acordo com o tipo celular ou as condições em que
foram primeiramente descritas (Hanafy et al., 2001). Dessa maneira, existem
três isoformas distintas de NOS: NOS endotelial (eNOS ou NOS III) encontrada
na célula endotelial, célula epitelial e em miócito cardíaco; NOS neuronal
(nNOS ou NOS I) encontrada em células neuronais e na musculatura
esquelética; NOS induzível (iNOS ou NOS II) encontrada em macrófagos,
hepatócitos, músculo liso e em vários outros tecidos (Alderton et al., 2001). A
eNOS e a nNOS são enzimas expressas constitutivamente e sua ativação é
dependente do aumento do cálcio intracelular. O NO formado por estas
enzimas está relacionado a eventos fisiológicos como regulação do tônus
vascular, neurotransmissão, inibição da agregação plaquetária e da adesão
celular, além do efeito antioxidante (Napoli e Ignarro, 2001; Cayatte et al.,
1994; Kuhlencordt et al., 2001; Rand, 1992; Baranano e Snyder, 2001; Kobzik et
al., 1994; Guzik et al., 2003). Por outro lado, a isoforma induzida da enzima é
funcionalmente independente da concentração intracelular de cálcio e
normalmente não é expressa constitutivamente, tendo sua expressão
modulada em processos inflamatórios ou fisiopatológicos (Nathan et al.,
1992; Hibbs et al., 1988; Marletta, 1994). A expressão da iNOS é evidenciada
em uma grande variedade de células, incluindo macrófagos, células
14
endoteliais, células da musculatura lisa vascular e miócitos cardíacos depois
da estimulação com lipopolissacárides (LPS), citocinas (como IL-1β, TNF-α,
IFN-γ, IL-6) e outros agentes pró-inflamatórios. Uma vez expressa, a iNOS gera
NO de maneira contínua e em grande quantidade. O NO proveniente da
iNOS responde por efeitos protetores contra patógenos virais ou bacterianos
(Bogdan, 2001) ou por efeitos citotóxicos, que incluem dano ao DNA,
oxidação de lipoproteínas de baixa densidade (LDL), nitração de resíduos de
tirosina e inibição da respirão mitocondrial, dentre outros (Ischiropoulos e
Al-Mehdi, 1995; Guzik et al., 2003; Gow et al., 2004; Vallance e Leiper, 2002). O
dano celular induzido pelo NO é resultado de sua propriedade de espécie
reativa e pela interação com o ânion superóxido formando peroxidonitrito,
um potente agente oxidante (Javesghani et al., 2003). Por sua vez, o
peroxinitrito estimula o processo inflamatório pela ativação de fatores de
transcrição como o NF-κB (Wu et al., 2004; O'Donnell et al., 1999; Stamler et
al., 2001). Os efeitos deletérios do NO estão implicados na patologia de
doenças inflamatórias como aterosclerose, artrite reumatóide, asma,
diabetes, choque séptico, rejeição de transplantes, esclerose múltipla e
doença inflamatória intestinal, dentre outras (Vallance e Leiper, 2002; Aktan,
2004; Vallance e Leiper, 2002). Dano neuronal e doenças cerebrais
degenerativas, tais como a doença de Parkinson e Alzheimer, também estão
associadas a síntese aumentada de NO (Christopherson e Bredt, 1997;
Halliwell, 2001).
Nos últimos anos vem crescendo o número de trabalhos sugerindo o
envolvimento do sistema calicreína-cininas na fisiopatologia da doença de
15
Alzheimer. As cininas constituem uma família de peptídeos biologicamente
ativos formados em resposta a estímulos fisiológicos ou durante o processo
inflamatório, a partir de α-globulinas com múltiplos domínios, conhecidas
como cininogênios. Tais precursores são clivados por um grupo de proteases
conhecidas genericamente por calicreínas, que podem ser encontradas no
sangue (calicreína plasmática) ou na maioria das glândulas exócrinas
(calicreína tecidual) (Proud e Kaplan, 1988; Cassim et al., 2002; Kaplan et al.,
2002). Uma vez liberadas, as cininas exercem uma série de efeitos biológicos,
incluindo vasodilatação, hiperemia local, redução da pressão sangüínea,
sensibilização de fibras aferentes sensoriais do tipo Aδ e C, além de formação
de edema em conseqüência do aumento da permeabilidade vascular. Suas
ações parecem contribuir para a hipotensão e para o desenvolvimento do
choque, observados na pancreatite, na sepse e na coagulação
intravascular (Dendorfer et al. 1999; Calixto et al., 2000). Ademais, as cininas
também são capazes de controlar o tônus de vários tipos de musculatura
lisa, o transporte de glicose, além de estimularem a reabsorção óssea e a
proliferação celular (Bhoola et al., 1992).
As ações das cininas são mediadas através de receptores específicos
presentes na membrana celular. Dois subtipos de receptores para as cininas
foram descritos há mais de 20 anos (Regoli e Barabé, 1980) e denominados
B
1
e B
2
. Foram caracterizados inicialmente com base em critérios
farmacológicos de ordem de potência dos agonistas em preparações de
órgão isolado. Posteriormente, esta classificação foi confirmada através do
emprego de agonistas e antagonistas seletivos, obtidos por modificações ou
16
substituições dos aminoácidos que compõem a estrutura das cininas (Vavrek
e Stewart, 1985; Regoli et al., 1994; Stewart et al., 1999). Mais recentemente,
ambos os receptores foram clonados de várias espécies animais, inclusive de
humanos, confirmando assim a existência dos receptores B
1
e B
2
como
produtos de genes distintos (Hess, 1997). Os receptores para as cininas
pertencem à família de receptores compostos por 7 unidades
transmembrana acoplados as proteínas G (McEachern et al., 1991; Hess et
al., 1992; Menke et al., 1994; Pesquero et al., 1996). Apesar de serem
acoplados aos mesmos mecanismos transducionais, os receptores B
1
e B
2
apresentam aproximadamente 36% de homologia na seqüência de
aminoácidos (dependendo da espécie estudada), sendo esta homologia
mais evidente nas 7 regiões transmembrana. Este grau de homologia entre
os receptores B
1
e B
2
pode ser considerado baixo, uma vez que o receptor B
1
apresenta 30% de similaridade em relação ao receptor do tipo 1 para a
angiotensina II (Hess, 1997).
Apesar das diferenças entre os receptores B
1
e B
2
das cininas, na
maioria das vezes as vias de transdução acionadas pelos dois tipos de
receptores são muito semelhantes (Liebmann e Böhmer, 2000; Liebmann,
2001). Os receptores B
1
e B
2
para as cininas são preferencialmente
acoplados a proteínas das famílias Gαi e Gαq (Liao e Homcy, 1993) e sua
ativação pode estar relacionada à estimulação direta ou indireta de
diversas vias de sinalização intracelular. Estas vias incluem: fosfolipase C,
fosfolipase D, aumento de cálcio intracelular, ativação de isoformas
específicas da proteína quinase C, estimulação de canais de potássio
17
sensíveis ao cálcio, transporte de íons cloreto, ativação da adenilato ciclase,
formação de óxido nítrico, aumento expressivo dos níveis de prostanóides
em resposta à ativação da fosfolipase A
2
ou, ainda, ativação da via das
proteínas quinases ativadas por mitógeno (MAPKs) (Schanstra et al., 1999;
Liebmann e Böhmer, 2000; Liebmann, 2001).
Sem dúvida, a principal diferença entre os receptores B
1
e B
2
está
relacionada ao padrão de expressão destas duas proteínas. Tem sido
largamente demonstrado que a maior parte das ações fisiológicas das
cininas é mediada pela ativação dos receptores B
2
, enquanto que os
receptores B
1
são responsáveis por amplificar e perpetuar a sinalização
iniciada pela estimulação dos receptores B
2
. As respostas mediadas pela
ativação de ambos os receptores são qualitativamente similares e
geralmente envolvem a ativação dos mesmos tipos celulares (Marceau et
al., 1998; Calixto et al., 2000). Desta forma, os receptores B
2
são expressos de
forma constitutiva em vários órgãos, tecidos e tipos celulares, incluindo:
células endoteliais, fibroblastos, epitélio glandular, rins, coração, musculatura
esquelética, sistema nervoso central, musculatura lisa de vasos sangüíneos,
ducto deferente, traquéia, intestino, útero e bexiga (Dendorfer et al., 1999).
Por outro lado, um grande número de evidências indica que os receptores B
1
estão geralmente ausentes em tecidos de animais em condições normais,
sendo rapidamente induzidos e modulados em diversos tipos celulares após
longos períodos de incubação in vitro, após trauma tecidual ou infecções, ou
ainda após o tratamento com endotoxinas bacterianas, adjuvante de
Freund, citocinas pró-inflamatórias, luz ultravioleta, estresse térmico, dentre
18
outros estímulos (Marceau et al., 1998; Ahluwalia e Perretti, 1999; Calixto et al.,
2000).
Em relação à doença de Alzheimer, sabe-se que áreas cerebrais que
são acometidas nas fases iniciais da patologia apresentam uma expressão
aumentada de vários elementos do sistema calicreína-cininas (Correa et al.,
1979; Perry e Snyder, 1984; Murone et al., 1997; Raidoo e Bhoola, 1997; Chen
et al., 2000). Além disso, foi verificado recentemente um aumento na
transdução do sinal iniciado pela BK em fibroblastos isolados a partir de
cérebros de portadores da doença de Alzheimer (estudo post-mortem),
ocasionando uma hiperfosforilação da proteína Tau, sendo este considerado
um dos primeiros eventos do processo neurodegenerativo associado à
doença de Alzheimer (Jong et al., 2003). Huang e colaboradores (1998)
demonstraram que a exposição da cultura de células do tipo PC12 à
proteína Aβ promove um aumento na produção de inositol trifosfato (IP
3
) e
elevação dos níveis de cálcio citosólico induzidos pela BK, além de
alteração no número e afinidade dos receptores para cininas. Em adição, a
incubação de células endoteliais com a proteína Aβ promove um aumento
de três a quatro vezes na concentração de cininas nesta cultura (Wirth et al.,
1999). De maneira interessante, Racchi e colaboradores (1998)
demonstraram que o tratamento de fibroblastos humanos com BK promove
um aumento na secreção da APP. Em conjunto, os resultados obtidos nestes
estudos apontam para a existência de um possível “ciclo vicioso”, sendo que
por um lado, a proteína Aβ induz a liberação de BK e aumenta as respostas
19
celulares mediadas por seus receptores e, por outro, a BK estimula a
secreção do precursor da proteína Aβ, realimentando o ciclo.
Embora após os 101 anos da primeira descrição da doença da
Alzheimer tenha-se conseguido algum avanço em termos de conhecimento
científico, ainda parece faltar muito para o desenvolvimento de ferramentas
farmacológicas eficazes para o tratamento desta patologia tão
devastadora. Neste sentido, uma melhor compreensão acerca dos
mecanismos envolvidos na fisiopatologia desta doença torna-se imperativa.
Como descrito anteriormente, a Aβ apresenta um papel importante no
desenvolvimento de várias alterações neuronais verificadas na doença de
Alzheimer. Sendo assim, informações adicionais sobre os mecanismos
moleculares relacionados às ações da Aβ serão de grande valia para o
desenvolvimento de abordagens mais racionais e eficazes para o
tratamento dessa patologia. Neste sentido, o presente estudo procurou
estabelecer possíveis relações entre a resposta inflamatória, as alterações
moleculares e os danos cognitivos induzidos pela injeção i.c.v. da Aβ em
camundongos.
20
OBJETIVOS
Objetivo Geral
O objetivo do presente estudo foi avaliar o papel das proteínas TNF-α e
iNOS, bem como das cininas, sobre os prejuízos cognitivos induzidos pela
administração intracerebroventricular (i.c.v.) da proteína Aβ
1-40
em
camundongos. Além disso, foram estudadas algumas das possíveis
alterações moleculares induzidas pela Aβ
1-40
no córtex pré-frontal e
hipocampo de camundongos.
Objetivos específicos
9 Investigar o efeito do bloqueio farmacológico ou genético da via do TNF-α
e iNOS sobre o prejuízo cognitivo induzido pela injeção
intracerebroventricular (i.c.v.) do peptídeo Aβ
1-40
através do modelo do
labirinto aquático de Morris (versão de memória espacial de referência).
9 Avaliar a participação do TNF-α e da iNOS no processo de dano sináptico
induzido pela administração i.c.v. de Aβ
1-40
através da imunodetecção da
proteína pré-sináptica sinaptofisina.
9 Caracterizar o perfil temporal de expressão do TNF-α e iNOS no córtex e
hipocampo de camundongos após o tratamento com Aβ
1-40
através das
técnicas de RT-PCR e/ou western blot.
21
9 Determinar o perfil temporal de ativação da proteína quinase JNK e sua
molécula alvo c-Jun após a injeção de Aβ
1-40
.
9 Analisar a possível ativação do fator de transcrição NF-κB no córtex pré-
frontal e hipocampo induzida pela administração i.c.v. de Aβ
1-40
.
9 Caracterizar o efeito do bloqueio farmacológico do TNF-α sobre a
ativação de diferentes vias de sinalização intracelulares (p. ex. JNK/c-Jun,
NF-κB) induzida pela Aβ
1-40
.
9 Investigar a possível participação do TNF-α na regulação da expressão da
iNOS no córtex pré-frontal e hipocampo induzida pelo tratamento com
Aβ
1-40
.
9 Determinar o efeito da administração de antagonistas seletivos dos
receptores B
1
ou B
2
para cininas na prevenção e/ou reversão do dano
cognitivo induzido pela injeção i.c.v. de Aβ
1-40
.
9 Analisar a influência da deleção gênica dos receptores B
1
ou B
2
para
cininas sobre o prejuízo cognitivo induzido pelo tratamento com Aβ
1-40
.
9 Caracterizar a possível modulação da expressão dos receptores B
1
e B
2
para cininas após diferentes períodos de tempo da administração i.c.v. da
Aβ
1-40
.
22
MATERIAISEMÉTODOS
Animais
Foram utilizados camundongos das linhagens: Swiss, C57Bl/6, nocaute
para o receptor-1 do TNF
α
(TNFR1
-/-
) e nocaute para iNOS (iNOS
-/-
) (30 – 35 g)
criados no biotério setorial do Departamento de Farmacologia, CCB, UFSC.
Além disso, foram utilizados animais nocaute para o receptor B
1
(B
1
R
-/-
) e
nocaute para o receptor B
2
(B
2
R
-/-
) das cininas, sendo que estes foram
gentilmente doados pelo Prof. Dr. João Bosco Pesqueiro do Departamento
de Biofísica da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). A deleção da
seqüência codificadora dos genes para o TNFR1 (Rothe et al., 1993), iNOS
(MacMicking et al., 1995), B
1
R (Pesqueiro et al., 2000) ou B
2
R (Rupniak et al.,
1997) foi realizada de acordo com metodologias descritas em trabalhos da
literatura. Os animais foram alojados em grupos de 20 animais por caixa (42 x
34 x 17 cm) e mantidos em câmaras ventiladas (ALESCO
®
), a uma
temperatura de 22 ± 2 °C, umidade entre 60 – 80 % e ciclo claro/escuro de 12
horas, sendo alimentados com ração comercial e água ad libitum.
O presente estudo seguiu as recomendações do Guia de Uso e
Cuidado com Animais Laboratoriais do National Institutes of Health (NIH) dos
Estados Unidos da América (NHI Publication No. 85-23, revisado em 1996).
Todos os procedimentos empregados no presente estudo foram aprovados
pelo Comitê de Ética no Uso de Animais/UFSC.
23
Administração intracerebroventricular da
β
-amilóide
O fragmento Aβ
1-40
(Tocris, Ellisville, EUA) e o fragmento inverso Aβ
40-1
(Bachem, Torrance, EUA) foram dissolvidos em PBS (pH 7,4; 1 mg/ml) e
incubados a 37 °C por 3 – 4 dias, como descrito previamente (Coraci et al.,
2002). A forma agregada dos fragmentos de Aβ (400 pmol/camundongo) ou
a solução veículo (PBS) foram administradas por via intracerebroventricular
(i.c.v.) como descrito por Laursen e Belknap (1986). Para tanto, foi utilizada
uma microseringa Hamilton com agulha 28 gauges de 3 mm de
comprimento. Esta foi inserida unilateralmente (1 mm) no ponto médio
eqüidistante entre os olhos e a uma distância igual entre os olhos e as
orelhas, perpendicular ao plano do crânio. As soluções foram injetadas
gradualmente durante um intervalo de 5 s. Ao final dos experimentos os
animais foram sacrificados e a correta inserção da agulha foi avaliada
através de análise histológica.
Alguns animais foram tratados com anticorpo específico anti-TNF-α
(AbTNF-α, 10 ηg/camundongo; i.c.v.; R&D Systems, MN, EUA) 15 min antes da
injeção da Aβ
1-40
. O inibidor da iNOS, aminoguanidina (AG, 100 mg/kg, i.p.;
Sigma-Aldrich) foi administrado 1 h antes da injeção i.c.v. de Aβ
1-40
e 1 x ao
dia durante os dias consecutivos até o momento da realização dos
experimentos. Além disso, alguns animais foram tratados com o inibidor
seletivo da proteína quinase JNK, SP600125 (50 mg/kg; i.p.; 1 h antes; Tocris)
ou com o inibidor do fator de transcrição NF-κB, PDTC (100 mg/kg, i.p., 1 h
antes; Sigma-Aldrich). Por fim, foram realizados tratamentos com o
antagonista seletivo do B
1
R, des-Arg
9
-Leu
8
-BK (1, 10 ou 50
24
pmol/camundongo; i.c.v.) (Sigma-Aldrich) ou com o antagonista seletivo do
B
2
R, Hoe 140 (1, 10 ou 50 pmol/camundongo; i.c.v.) (Hoechst, Alemanha). As
soluções estoque foram diluídas com PBS, preparadas em tubos plásticos
siliconizados, armazenados a -20 °C e diluídas na concentração desejada no
dia dos experimentos, sendo mantidas em gelo durante a realização dos
experimentos. Grupos tratados com PBS foram utilizados como controle.
Teste do campo aberto
Para avaliar possíveis alterações locomotoras induzidas pelos diferentes
tratamentos utilizados 8 dias após o tratamento com Aβ
1-40
, os animais foram
testados durante 5 min no campo aberto. O aparato, feito de madeira e
fórmica, é formado por um chão de cor preta (30 x 30 cm), dividido em 9
quadrantes de 10 x 10 cm, com paredes transparentes de 15 cm de altura.
Durante os experimentos, cada camundongo foi colocado no centro do
campo aberto e as sessões experimentais foram gravadas por um sistema de
câmera de vídeo. O número de quadrantes cruzados e de rearings (ato de
levantar) foi registrado e tomado como índice de atividade motora.
Labirinto Aquático de Morris
Os efeitos da administração i.c.v. dos fragmentos amilóides sobre a
memória espacial de camundongos foram avaliados através do teste do
labirinto aquático (Morris et al., 1982). O labirinto aquático consiste de um
tanque circular de cor preta (97 cm de diâmetro e 60 cm de altura), estando
localizado no interior de uma sala com várias pistas visuais fixadas nas
25
paredes. O tanque foi preenchido com água, sendo a temperatura da água
mantida (25 ± 2 °C) através de um sistema automatizado de resistência.
Foram estabelecidas 4 posições de partida (Norte, Sul, Leste e Oeste) que
dividiram a superfície do labirinto em 4 quadrantes (Nordeste, Noroeste,
Sudeste e Sudoeste). No interior do tanque (posição sudoeste) foi colocada
uma plataforma de acrílico transparente (10 x 10 cm), submersa 1 a 1,5 cm
da superfície da água.
O protocolo experimental consistiu em uma sessão de treino e uma
sessão de teste. Durante o treinamento (7 ou 30 dias após tratamento com
Aβ
1-40
), os animais foram liberados para nadar até encontrar a plataforma
ou até um tempo máximo de 60 s. Caso o animal não encontrasse a
plataforma nesse tempo, ele era conduzido manualmente até esta, onde
permanecia por 10 s. Os tempos de latência até o animal encontrar a
plataforma, a velocidade de nado e a distância percorrida foram
registrados. Após os 10 s, o animal era retirado do labirinto e colocado em
uma caixa por 20 s, sendo então posicionado no ponto de partida seguinte.
Este procedimento foi realizado 10 vezes na sessão de treino, sendo que os
animais foram liberados para nadar de pontos de partida diferentes de
forma pseudo-aleatória e a plataforma permaneceu na mesma posição
(quadrante Sudeste). Na sessão de teste, realizada 24 h após a sessão de
treinamento (8 ou 31 dias após tratamento com Aβ
1-40
), os animais foram
novamente liberados para nadar a partir da posição Norte, no entanto, a
plataforma foi removida do labirinto. O tempo de nado gasto pelos animais
26
no quadrante onde se encontrava a plataforma na sessão de treino (no dia
anterior) foi utilizado como índice de memória.
Preparo dos cortes histológicos e reativação antigênica
A análise de imunohistoquímica foi realizada 1 e 8 dias após o
tratamento com Aβ
1-40
em cérebros de camundongos. Para tal os cérebros
dos animais foram coletados após processo de perfusão com solução salina
e paraformoldeído 4 %. O emblocamento, coloração (vermelho congo e
cresil-violeta) e corte das lâminas foram realizados externamente, por
empresa terceirizada (IDAP - Florianópolis). Os cortes teciduais de espessura
de 3 µm foram montados sobre lâminas preparadas com solução de ATPS (3-
aminopropyltriethoxysilene; Sigma-Aldrich) a 5 % em acetona PA, sendo
mantidas em estufa a uma temperatura de 50 °C durante 1 h para fixação
dos cortes. Após fixação, os cortes foram desparafinados em cubas de vidro
contendo xilol e re-hidratados por passagens sucessivas em etanol em
concentrações decrescentes (etanol absoluto, etanol 90 %, 80 % e 70 %). O
bloqueio da peroxidase endógena dos tecidos foi realizado com o objetivo
de eliminar reações inespecíficas falso-positivas. Para tanto, as lâminas foram
imersas em solução de peróxido de hidrogênio a 1,5 % e metanol absoluto
(v/v) por 20 min, com posterior lavagem com água destilada. Previamente à
incubação com o anticorpo primário, as lâminas foram submetidas ao
tratamento para reativação antigênica, com a finalidade de recuperar os
sítios antigênicos mascarados pela fixação e inclusão do tecido em formol e
parafina. Para este fim, foi preparada uma solução composta por 180 ml de
27
ácido cítrico 0,1 M e 820 ml de citrato de sódio 0,1 M (pH 6,0). Após preparo
da solução, as lâminas foram imersas nesta solução de reativação
antigênica diluída 1:10 em água destilada e mantidas em banho-maria
ajustado para 95 – 98 °C, durante 45 min. Logo após, ainda como parte do
processo térmico de reativação antigênica, as lâminas foram retiradas do
banho-maria, mantidas durante 20 min à temperatura ambiente e lavadas
em água destilada. Após a lavagem das lâminas, estas foram submersas em
PBS.
Detecção imunológica
A imunodetecção foi realizada utilizando marcadores do processo de
apoptose, anti-caspase-3 (1:200; Cell Signaling Technology, MA, EUA), de
astrócito ativado, anti-GFAP (proteína glial fibrilar ácida) (1:300; Dako
Cytomation, CA, EUA) e da proteína pré-sináptica sinaptofisina, anti-
sinaptofisina (1:400; Novocastra, Newcastle, Reino Unido). A solução
contendo os anticorpos foi adicionada sobre os cortes teciduais e as lâminas
foram mantidas em câmara úmida a uma temperatura de 2 – 8 °C, durante
12 – 16 h. A seguir, as lâminas foram lavadas com tampão PBS à temperatura
ambiente. Após lavagem as lâminas foram incubadas com anticorpo
secundário anti-IgG/IgM conjugado com um polímero de peroxidase (En
Vision Plus; Dako Cytomation) em câmara úmida durante 1 h à temperatura
ambiente. Posteriormente, foram realizadas duas lavagens utilizando-se PBS
por 5 min, em temperatura ambiente. As amostras foram submetidas a uma
revelação colorimétrica com kit comercial (Dako Cytomation), através de
28
uma solução cromógena contendo 0,03 % de 3,3´-diaminobenzidina
(3,3´,4,4´-tetraaminobiphenyltetrahydrochloride) previamente diluído em
tampão imidazol (pH 7,2) e peróxido de hidrogênio a 0,3 %. Após a
revelação, foram realizadas a contra-coloração das lâminas com solução
de hematoxilina de Harris, desidratação através de passagem das lâminas
em concentrações crescentes de etanol (etanol 70 %, 80 %, 90 % e etanol
absoluto), diafanização em xilol e montagem em Entellan (Merck, SP, Brasil).
Para cada reação foi utilizado um controle negativo na ausência do
anticorpo primário nas reações. Os resultados foram obtidos através de
microscópio óptico (Nikon Eclipse 50i) e câmera digital (DS-5M-L1; Nikon, NY,
USA), acoplados. Imagens digitalizadas foram transferidas para o
computador e a intensidade média de marcação foi determinada para a
proteína sinaptofisina através do programa NIH ImageJ 1.36b (National
Institutes of Health, Maryland, EUA). O efeito do tratamento i.c.v. com Aβ
1-40
sobre a detecção da sinaptofisina foi avaliado nas regiões CA1, CA2 e CA3
do hipocampo, bem como no córtex parietal. A metodologia para avaliar a
degeneração sináptica através do nível de sinaptofisina foi previamente
validada em modelos experimentais de neurodegeneração (Buttini et al.,
1999) e em cérebros de humanos acometidos por doenças degenerativas
(Masliah et al., 1992). A contagem de células positivas para GFAP ou
caspase-3 foi realizada através de análise microscópica nas mesmas áreas
avaliadas para sinaptofisina, sendo os resultados expressos através do
número de células positivas no aumento de 400 x.
29
Coleta dos tecidos
Com o objetivo de avaliar possíveis alterações moleculares após
diferentes intervalos da administração dos fragmentos amilóides, alguns
animais foram submetidos à eutanásia por decapitação e seus cérebros
foram removidos e lavados com solução salina (NaCl 0,9 %) gelada (4 °C).
Imediatamente após, o cérebro foi dissecado sobre uma placa de Petri
rodeada por pedras de gelo seco, formando assim um microambiente
gelado. O córtex pré-frontal e o hipocampo foram dissecados, pesados e
em seguida armazenados em freezer a -70 °C, até o momento do uso.
Determinação de marcadores do estresse oxidativo
Com o objetivo de verificar possíveis alterações em parâmetros
oxidativos em conseqüência da administração i.c.v. da Aβ
1-40
, foram
medidos os níveis de glutationa total (GSH total) e a atividade das enzimas
glutationa peroxidase (GPx) e glutationa redutase (GR). As estruturas
cerebrais (hipocampo e córtex pré-frontal) foram homogeneizadas em
tampão HEPES 20 mM (pH 7,4). Em seguida, o homogenato foi centrifugado
a 20.000 x g por 30 minutos em centrífuga refrigerada (4º C). O sobrenadante
foi então separado e conservado em freezer a -70 ºC para posterior
dosagem das atividades enzimáticas. Para as dosagens do conteúdo de
GSH total, os tecidos foram homogeneizados em ácido perclórico (PCA) 0,5
M e, em seguida, centrifugados a 15.000 x g por 2 min (4º C). O
sobrenadante foi separado e neutralizado (diluição 10 x) em tampão fosfato
(KPI 0,1 M – pH 7,4).
30
Medida dos níveis de glutationa total (GSH total)
O método utilizado foi originalmente descrito por Tietze (1969) e
posteriormente modificado por Akerboom e Sies (1981). Consiste em um
método enzimático cíclico que detecta tanto a forma oxidada (GSSG)
quanto a forma reduzida (GSH) da glutationa, o que então é definido como
glutationa total (GSH total). O reagente de Ellman, DTNB, reage
espontaneamente com GSH formando o ânion colorido TNB e o conjugado
GS-TNB, incolor. A glutationa redutase (GR) cliva este conjugado e utiliza
NADPH como co-fator, produzindo GSH e TNB, desenvolvendo mais cor. A
GSH reage novamente com DTNB reiniciando o ciclo. Caso haja presença
de GSSG, esta é primeiramente reduzida a GSH pela ação da enzima GR e,
em seguida, entra no ciclo. As leituras foram feitas em espectrofotômetro a
412 nm, por 1 – 4 min. Neste ensaio, o meio de reação consistia de tampão
fosfato de potássio 0,1 M, contendo EDTA 1 mM, DTNB 0,1 mM e NADPH 0,2
mM. Após a adição da amostra ou do padrão, iniciava-se a reação pela
adição da GR 0,2 U/ml. A concentração de GSH total foi obtida pela
comparação das absorbâncias das amostras com a absorbância de uma
curva padrão de GSSG (0,1-1,0 nmol/ml). A reação basal, sem a presença
de GSSG ou amostra, foi descontada do delta de absorbância por minuto
obtido na presença do padrão ou da amostra. O valor obtido foi
multiplicado pelas diluições.
31
Atividade da enzima glutationa peroxidase (GPx)
A GPx catalisa a redução de H
2
O
2
, bem como de outros
lipodroperóxidos, utilizando a glutationa reduzida (GSH) como substrato para
esta reação e produzindo glutationa oxidada (GSSG). A GSSG é reduzida
pela glutationa redutase com o consumo de NADPH, que pode ser
acompanhado espectrofotometricamente em 340 nm (Wendel, 1981; Flohé
e Günzler, 1984). Para este ensaio, o meio de reação continha tampão
fosfato 0,1 M (pH 7,0), EDTA 1 mM, GSH 1 mM e NADPH 0,1 mM. A amostra foi
adicionada a esse meio para medir o consumo inespecífico de NADPH
através de uma leitura, por 2 – 4 min, a 340 nm. Do decréscimo de
absorbância (340 nm) por minuto obtido foi descontado o consumo
inespecífico de NADPH. O valor obtido foi dividido pelo coeficiente de
extinção molar de NADPH (ε = 6.220 M
-1
cm
-1
) e multiplicado pelas diluições.
O valor foi expresso como mUnidades/mg de proteína. Uma Unidade
corresponde a 1 μmol/min.
Atividade da enzima glutationa redutase (GR)
A GR catalisa a redução da glutationa oxidada (GSSG) através da
oxidação do NADPH. Ao utilizar o substrato GSSG a enzima leva ao consumo
de NADPH, que é acompanhado espectrofotometricamente em 340 nm (ε =
6.220 M
-1
cm
-1
). A velocidade de consumo de NADPH, em condições de
saturação, expressa a atividade enzimática (Calberg e Mannervik, 1985). O
meio de reação continha tampão fosfato 0,1 M (pH 7,0), EDTA 1 mM e
NADPH 0,2 mM. Após adicionar a amostra, o consumo inespecífico de
32
NADPH foi avaliado por 2 – 4 min a 340 nm. Ao adicionar o substrato GSSG 1
mM a leitura foi realizada por 2 – 4 min adicionais. Do valor de decaimento
por minuto obtido foi descontado o consumo inespecífico de NADPH. O valor
obtido foi dividido pelo coeficiente de extinção molar de NADPH (ε = 6.220
M
-1
cm
-1
) e multiplicado pelas diluições. O valor foi expresso como
mUnidades/mg de proteína. Uma Unidade corresponde a 1 μmol/min.
Extração de RNA total
A extração do RNA total foi realizada através da homogeneização dos
tecidos em 1 ml de reagente TRIzol® (Invitrogen, SP, Brazil). Foram
adicionados 200 μl de clorofórmio ao homogenato, sendo este
posteriormente submetido à agitação e centrifugação (14.000 rpm, 15 min, 4
ºC). A fase aquosa contendo o RNA foi transferida para um novo tubo, ao
qual foram adicionados 500 μl de álcool isopropílico. O conteúdo do tubo foi
misturado por inversão e posteriormente mantido em repouso a temperatura
ambiente por 10 min. A mistura foi centrifugada (14.000 rpm, 15 min, 4 ºC),
sendo o pellet resultante re-suspenso em 1 ml de etanol gelado. Após
centrifugação (10.000 rpm, 5 min, 4 ºC), o pellet contendo RNA foi dissolvido
em água tratada com 0,1 % de dietilpirocarbonato (DEPC), sendo a
concentração e a pureza determinadas em espectrofotômetro pela
absorbância a 260 nm (A260) e pela razão das absorbâncias A260/A280,
respectivamente. O RNA foi aliquotado e estocado em freezer a -70 ºC até o
momento do uso.
33
Ensaio de transcrição reversa seguida de reação em cadeia da polimerase
A fim de determinar o efeito da administração i.c.v. da proteína Aβ
1-40
sobre a expressão do RNAm para o TNFα e iNOS, foi realizado o ensaio de
transcrição reversa seguido pela reação em cadeia da polimerase (RT-PCR).
Para a reação da transcrição reversa, foi utilizada a enzima Moloney Murine
Leukemia Virus (M-MLV) (Invitrogen). Amostras contendo 2 μg de RNA total
foram incubadas em um volume final de 12,5 μl de reação constituído de
tampão de primeira fita (Tris-HCl 50 mM – pH 8,3, KCl 75 mM, MgCl
2
3 mM), 8
mM de DTT, 0,5 μg de oligo dT primer, 2 U de inibidor de RNase, 144 μM de
dNTPs, 50 U da enzima e água-DEPC para completar o volume. Para a
obtenção do DNA complementar (DNAc) as amostras foram aquecidas por
5 min a 70 ºC, resfriadas a 4 ºC por 5 min e mantidas a 25 ºC durante a
adição da enzima M-MLV. Após a adão da enzima, as amostras foram
mantidas a 37 ºC por 60 min, 70 ºC por 5 min e resfriadas a 4 ºC por 5 min. A
concentração do DNAc de cada amostra foi determinada por
espectrofotômetro (A260).
Foi realizada a técnica de reação em cadeia da polimerase para
promover a amplificação do DNAc para o TNFα, iNOS e β-actina. Para tal, os
produtos de DNAc obtidos pela técnica de RT foram amplificados com a
enzima Taq DNA polimerase (5 U) na presença de 1 mM de MgCl
2
, 200 μM de
dNTPs e 300 nM dos primers específicos para o TNFα (sense,
TCTCATCAGTTCTATGGCCC; antisense, GGGAGTAGACAAGGTACAAC), iNOS
(sense, CAGAAGCAGAATGTGACCATC; antisense,
CTTCTGGTCGATGTCATGA) ou β-actina (sense, TCCTTCGTTGCCGGTCCACA;
34
antisense, CGTCTCCGGAGTCCATCACA) de camundongos. O PCR para β-
actina foi utilizado como controle para confirmar a proporção na
quantidade de RNA e DNAc nos experimentos. Quatro minutos após o pré-
aquecimento a temperatura de 95 ºC, a mistura foi amplificada com 29
ciclos começando com um derretimento a 95 ºC por 30 s, anelamento a 53
ºC por 30 s (TNFα e iNOS) ou 62 °C por 30 s (β-actina), seguido por extensão a
72 ºC por 1 min. A extensão final foi realizada por 5 min a 72 ºC. Os produtos
finais do PCR foram submetidos à eletroforese em gel de poliacrilamida
corado com sais de prata. Os géis foram digitalizados e analisados utilizando
o programa NIH ImageJ 1.36b (National Institutes of Health).
Preparação das frações de proteínas celulares para imunodetecção de
proteínas
As amostras de hipocampo e córtex pré-frontal coletadas foram
homogeneizadas com processador de tecidos (Tissue tearor; Biospec
Products, INC., OK, EUA) em tampão de lise A gelado [Tampão A: HEPES 10
mM (pH 7,9), contendo: 1,5 mM de MgCl
2
, 10 mM de KCl, 0,5 mM de
fenilmetilsulfonilfluoreto (PMSF), 0,5 mM de ditiotreitol (DTT), 50 mM de NaF, 2
mM de Na
3
VO
4
, 1,5 μg/ml de inibidor de tripsina, 7 μg/ml de pepstatina A, 5
μg/ml de leupeptina e 10 μg/ml de aprotinina], incubadas em gelo por 15
min e centrifugadas a 14.000 rpm, 60 min, 4 ºC. O sobrenadante foi coletado
como extrato citoplasmático. Para obtenção das proteínas de membrana o
homogenato foi re-suspenso em tampão de lise A contendo 1 % de tritox-X
35
100, homogeneizado e centrifugado a 14.000 rpm, 30 min, 4 ºC. O
sobrenadante obtido foi coletado como extrato rico em membrana.
Para obtenção das proteínas nucleares o hipocampo e o córtex pré-
frontal foram homogeneizados em tampão HEPES 10 mM (pH 7,9), contendo:
1,5 mM de MgCl
2
, 10 mM de KCl, 0,5 mM de fenilmetilsulfonilfluoreto (PMSF),
0,5 mM de ditiotreitol (DTT), 50 mM de NaF, 2 mM de Na
3
VO
4
, 1,5 μg/ml de
inibidor de tripsina, 7 μg/ml de pepstatina A, 5 μg/ml de leupeptina e 10
μg/ml de aprotinina. Posteriormente os homogenatos foram incubados em
gelo por 15 min e centrifugadas a 14.000 rpm, 60 min, 4 ºC. O precipitado
obtido foi lavado três vezes com solução salina gelada e re-suspenso em
tampão HEPES 10 mM (pH 7,9), contendo: 420 mM de NaCl; 1,5 mM de
MgCl
2
; 0,1 mM de EDTA; 0,1 de EGTA; 25% v/v de glicerol, 0,5 mM de PMSF,
0,5 mM de DTT, 1,5 μg/ml de inibidor de tripsina, 7 μg/ml de pepstatina A, 5
μg/ml de leupeptina e 10 μg/ml de aprotinina). O homogenato foi
centrifugado a 14.000 rpm, 10 min, 4 ºC para remover os debris. O
sobrenadante foi coletado como extrato nuclear.
A determinação da concentração de proteínas das amostras foi
realizada utilizando o kit Bio-Rad para determinação de proteínas (Bio-Rad
Protein Assay Kit) segundo recomendações do fabricante. As frações
celulares foram armazenadas em freezer a -70 ºC até o momento do uso.
Ensaio de imunodetecção (“western blot”)
Proteínas previamente fracionadas foram misturadas com tampão de
amostra 5 vezes concentrado (Tris-HCl 150 mM, pH 6,8, contendo: β-
36
mercaptoetanol 15 %, SDS 6 %, azul de bromofenol 0,3 %), fervidas por 5 min e
separadas por eletroforese em gel de poliacrilamida e SDS (8 – 15 %). Em
seguida, as proteínas presentes no gel foram transferidas para uma
membrana de polivinilidenodifluorido (PVDF). A transferência foi efetuada
em 2 h a 200 mA em tampão Tris-base 48 mM (pH 8,4), glicina 39 mM, SDS
0,037 % e metanol 20 %. As membranas de PVDF foram saturadas em solução
de TBS-T contendo leite desnatado (5 %) por 2 – 4 h, a temperatura
ambiente, mantidas nesta temperatura e então incubadas por intervalos de
tempo apropriados com anticorpos primários para as proteínas de interesse:
p65NF-κB (sc-372, 1:1000), c-jun (sc-45, 1:1000), iNOS (sc-7271, 1:200), α-actina
(sc-1615, 1:2000), JNK1 (sc-571, 1:1000), fosfo-JNK (sc-6254, 1:1000), B
1
R (sc-
25484, 1:200), B
2
R (sc-15050, 1:200) (Santa Cruz Biotech. Inc., CA, USA) ou
laminina A/C (#2032) (Cell Signaling Technology). A visualização das
proteínas foi realizada utilizando anticorpo secundário específico conjugado
a peroxidase ou fosfatase alcalina e as bandas imunorreativas foram
visualizadas usando-se kit de aumento de quimioluminescência (ECL; GE
Healthcare, SP, Brasil) e filme radiográfico ou kit BCIP/NBT (Promega, WI, EUA),
segundo recomendações do fabricante. Os produtos finais foram
digitalizados e analisados utilizando o programa NIH ImageJ 1.36b (National
Institutes of Health).
Análise estatística
Os dados foram expressos como a média ± erro padrão da média
(e.p.m.). A avaliação estatística dos resultados foi realizada através da
37
análise de variância (ANOVA) de uma, duas ou três vias, adequadas ao
protocolo experimental. Posteriormente, os grupos foram comparados entre
si empregando-se o teste post-hoc de Newman-Keuls. A probabilidade
aceita como indicativo da exisncia de diferença estatisticamente
significante foi P < 0,05. Todas as comparações estatísticas foram efetuadas
utilizando-se o pacote estatístico Statistica (StatSoft Inc., Tulsa, OK, USA).
38
RESULTADOS
Caracterização do efeito da administração intracerebroventricular dos
peptídeos A
β
1-40
ou A
β
40-1
no aprendizado e memória espacial de
camundongos
As funções de aprendizado e memória são vulneráveis a várias
patologias, incluindo a doença de Alzheimer (Budson & Price, 2005). No
presente estudo foi avaliada a capacidade de aquisição (sessão de treino, 7
dias após a injeção i.c.v. de Aβ, com plataforma) e retanção (sessão de
teste, 1 dia após o treino, sem plataforma) dos animais frente a informação
espacial obtida no labirinto aquático de Morris. Como esperado, a
administração i.c.v. de Aβ
1-40
(400 pmol/camundongo) em camundongos
Swiss resultou em declínio na função cognitiva, como demonstrado pelas
altas latências para encontrar a plataforma na sessão de treino (Fig. 1A) e
pela redução na preferência pelo quadrante correto na sessão de teste (Fig.
1B), em relação aos animais controle (veículo, i.c.v.). Nenhuma alteração,
em relação ao controle, foi verificada em animais que receberam a injeção
i.c.v. do fragmento amilóide inverso (Aβ
40-1
, 400 pmol/camundongo). Os
efeitos da Aβ
1-40
no desempenho dos camundongos no labirinto aquático
não parecem estar associados a alterações da atividade locomotora dos
animais, uma vez que este tratamento não interferiu com os parâmetros
comportamentais de exploração (cruzamentos e rearings) no teste do
campo aberto (Tabela 1). Em conjunto, estes resultados indicam que a
administração i.c.v. de Aβ
1-40
é capaz de prejudicar a memória espacial de
camundongos no labirinto aquático.
39
Figura 1 – Efeitos de uma única injeção intracerebroventricular (i.c.v.) do
peptídeo A
β
1-40
(400 pmol/camundongo) ou do peptídeo inverso A
β
40-1
(400
pmol/camundongo) no aprendizado e memória espacial de camundongos
Swiss. Os animais foram treinados e testados no labirinto aquático de Morris,
respectivamente, 7 e 8 dias após a injeção i.c.v. dos fragmentos amilóides
ou da solução controle (veículo, PBS). (A) Tratamento com a Aβ
1-40
, mas não
com a Aβ
40-1
, aumentou significativamente a latência para encontrar a
plataforma submersa durante a sessão e treino [F
2,26
= 104,32; P < 0,0001]. (B)
O tratamento com a Aβ
1-40
, mas não com a Aβ
40-1
, reduziu o percentual do
tempo gasto pelos animais no quadrante correto durante a sessão de teste
(onde se encontrava a plataforma nas sessões de treino) [F
2,26
= 19,91; P <
0,0001]. Os valores estão expressos como a média ± e.p.m. *P < 0,05
comparado ao grupo veículo.
40
Tabela 1 – Efeitos da administração intracerebroventricular (i.c.v.) do
peptídeo A
β
1-40
(400 pmol/camundongo), do peptídeo inverso A
β
40-1
(400
pmol/camundongo) ou da solução controle (veículo, PBS) (8 dias antes dos
experimentos) nos parâmetros comportamentais de camundongos Swiss
testados no campo aberto (por 5 min). Os tratamentos com os fragmentos
amilóides não alteraram os parâmetros comportamentais de exploração no
teste do campo aberto: cruzamentos [F
2,26
= 0,14; P = 0,86]; rearings [F
2,26
=
1,49; P = 0,24]. Os valores estão expressos como a média ± e.p.m.
Papel do TNF-
α
no dano cognitivo induzido pela A
β
1-40
Para verificar a participação do TNF-α no dano cognitivo induzido pela
Aβ
1-40
(400 pmol/camundongo, i.c.v.) foram utilizadas ferramentas
farmacológicas e genéticas. Inicialmente, camundongos Swiss foram
tratados 15 min antes da injeção i.c.v. de Aβ
1-40
com o anticorpo específico
contra o TNF-α de camundongo (AbTNF-α, 10 ηg/camundongo, i.c.v.). A
figura 2 mostra que o tratamento com o AbTNF-α preveniu de forma
significativa o dano sobre a memória espacial induzido pela Aβ
1-40
, como
indicado pela redução na latência para encontrar a plataforma na sessão
41
de treino, em comparação ao grupo que recebeu Aβ
1-40
/PBS (Fig. 2A). Além
disso, a análise dos dados obtidos na sessão de teste indicam que o AbTNF-α
foi capaz de reduzir o prejuízo cognitivo induzido pela injeção i.c.v. de Aβ
1-40
,
como demonstrado pelo aumento na preferência pelo quadrante correto
em relação aos animais tratados com Aβ
1-40
/PBS (Fig. 2B).
Em uma segunda abordagem, animais com ausência do gene para o
TNFR1 (TNFR1
-/-
) foram tratados com a Aβ
1-40
e submetidos ao teste do
labirinto aquático. Os animais TNFR1
-/-
apresentaram uma atenuação no
declínio de memória induzido pela Aβ
1-40
, como verificado pela menor
latência para encontrar a plataforma em comparação aos animais da
linhagem controle (C57Bl/6, +/+), quando tratados com Aβ
1-40
(Fig. 2C).
Durante a sessão de teste, os animais TNFR1
-/-
tratados com Aβ
1-40
apresentaram maiores índices de preferência pelo quadrante correto em
comparação aos animais C57Bl/6 (+/+) tratados com Aβ
1-40
(Fig. 2D),
indicando menor sensibilidade destes animais ao dano cognitivo induzido
pela Aβ
1-40
.
42
Figura 2 – Envolvimento do TNF-
α
no dano cognitivo induzido pela injeção
i.c.v. de A
β
1-40
. (A,B) O pré-tratamento com o anticorpo específico contra o
TNF-α de camundongo (AbTNF-α, 10 ηg/camundongo, i.c.v.) ou (C,D) a
deleção gênica do TNFR1 (TNFR1
-/-
) diminuíram o declínio de memória
espacial induzido pela Aβ
1-40
(400 pmol/camundongo), como indicado pela
redução na latência para encontrar a plataforma na sessão de treino
[AbTNF-α: F
1,27
= 21,89; P < 0,0001 - TNFR1
-/-
: F
1,30
= 29,58; P < 0,0001] e pelo
aumento na preferência pelo quadrante correto na sessão de teste [AbTNF-α:
F
1,27
= 5,26; P < 0,05 - TNFR1
-/-
: F
1,30
= 15,45; P < 0,001] quando comparados ao
grupo que recebeu Aβ
1-40
. Os valores estão expressos como a média ± e.p.m.
*P < 0,05 comparado ao grupo veículo/PBS ou veículo/(+/+). #P < 0,05
comparado ao grupo Aβ
1-40
/PBS ou Aβ
1-40
/(+/+).
43
Papel da iNOS no dano cognitivo induzido pela A
β
1-40
De maneira similar ao TNF-α, a participação da enzima iNOS no dano
cognitivo induzido pela Aβ
1-40
(400 pmol/camundongo) foi avaliada através
de abordagens farmacológica, através do uso do inibidor preferencial para
iNOS aminoguanidina (AG, 100 mg/kg, i.p.) e, genética, através do uso de
animais com ausência no gene para a iNOS (iNOS
-/-
). O tratamento com a
AG foi realizado em camundongos Swiss 1 h antes da injeção i.c.v. de Aβ
1-40
e 1 x ao dia até o dia do teste. Como demonstrado na figura 3, tanto o
tratamento com a AG quanto a ausência no gene para a iNOS preveniram
de forma significativa o dano sobre a memória espacial induzido pela Aβ
1-40
,
como indicado pela redução na latência para encontrar a plataforma na
sessão de treino quando comparado ao grupo controle, Aβ
1-40
/PBS e Aβ
1-
40
/(+/+), respectivamente (Fig. 3A,C). Além disso, a análise dos dados obtidos
na sessão de teste indica que os animais tratados com a AG e os animais
iNOS
-/-
são resistentes ao prejuízo cognitivo induzido pela injeção i.c.v. de Aβ
1-
40
, como revelam os dados que mostram um aumento na preferência pelo
quadrante correto em relação aos respectivos controles (Fig. 3B,D).
44
Figura 3 – Envolvimento da iNOS no dano cognitivo induzido pela injeção
i.c.v. de A
β
1-40
. (A,B) O pré-tratamento com o inibidor preferencial para iNOS
aminoguanidina (AG, 100 mg/kg, i.p., 1 x ao dia) ou (C,D) a deleção gênica
da iNOS (iNOS
-/-
) reduzem o declínio de memória espacial induzido pela Aβ
1-
40
(400 pmol/camundongo), como indicado pela redução na latência para
encontrar a plataforma na sessão de treino [AG: F
1,33
= 82,78; P < 0,0001 -
iNOS
-/-
: F
1,26
= 81,46; P < 0,0001] e pelo aumento na preferência pelo
quadrante correto na sessão de teste [AG: F
1,33
= 29,14; P < 0,0001 - iNOS
-/-
:
F
1,26
= 28,46; P < 0,0001] quando comparados ao grupo que recebeu Aβ
1-40
.
Os valores estão expressos como a média ± e.p.m. *P < 0,05 comparado ao
grupo veículo/PBS ou veículo/(+/+). #P < 0,05 comparado ao grupo Aβ
1-
40
/PBS ou Aβ
1-40
/(+/+).
45
Participação do TNF-
α
e iNOS na disfunção sináptica induzida pela A
β
1-40
Para avaliar a possível formação de depósitos amilóides e/ou dano
neuronal foi realizada a análise histológica nos cérebros dos camundongos 8
dias após o tratamento com Aβ
1-40
(400 pmol/camundongo) através das
técnicas de coloração por vermelho congo e cresil-violeta, respectivamente.
Tanto os cérebros obtidos de animais controles, quanto aqueles obtidos de
animais tratados com Aβ
1-40
não apresentaram qualquer evidência de
formação de depósitos amilóides (resultados não mostrados). Além disso, a
análise dos dados obtidos através da coloração com cresil-violeta indicam
que tanto a injeção i.c.v. de solução veículo quanto de Aβ
1-40
não foram
capazes de promover morte neuronal em diferentes áreas do cérebro,
incluindo o hipocampo e o córtex pré-frontal (resultados não mostrados).
A fim de confirmar a integridade neuronal 8 dias após a administração
de Aβ
1-40
(400 pmol/camundongo) a expressão da proteína pré-sináptica
sinaptofisina e da proteína pró-apoptótica caspase-3 foram analisadas pela
técnica de imunohistoquímica. Como demonstrado na figura 4, o nível de
detecção da proteína sinaptofisina foi menor nas subregiões hipocampais
CA1, CA2 e CA3 e no córtex parietal dos animais tratados com Aβ
1-40
, em
relação aos animais tratados com veículo (PBS). Esses dados sugerem um
processo de disfunção sináptica induzido pela Aβ
1-40
. Por outro lado, nessas
mesmas regiões cerebrais não foi observada detecção da proteína caspase-
3, confirmando que, pelo menos até 8 dias após a injeção i.c.v., o processo
de morte celular não foi ativado pela Aβ
1-40
(Fig. 4C).
46
Figura 4 – A disfunção sináptica precede a morte neuronal após o tratamento
com A
β
1-40
. A análise por imunohistoquímica foi realizada 8 dias após a
administração i.c.v. de Aβ
1-40
(400 pmol/camundongo). Figuras
representativas da imunodetecção para a proteína pré-sináptica
sinaptofisina realizada (A) nas subregiões hipocampais CA1, CA2 e CA3 e (B)
no córtex parietal, como medida de densidade sináptica. (C) Ausência de
marcação para a proteína pró-apoptótica caspase-3 na subregião
hipocampal CA1.
Posteriormente, foi avaliada a possível participação das proteínas TNF-
α e iNOS no dano siptico induzido pela Aβ
1-40
. Como demonstrado nas
figuras 5 e 6, o tratamento farmacológico com o AbTNF-α (10
ηg/camundongo, i.c.v.) ou com a AG (100 mg/kg, i.p., 1 x ao dia), preveniu
47
a redução dos níveis de sinaptofisina induzido pela Aβ
1-40
, tanto na região
hipocampal quanto cortical. Consistente com estes dados, resultados
similares foram obtidos em animais TNFR1
-/-
e iNOS
-/-
, quando comparados
aos animais da linhagem selvagem (C57Bl/6, +/+). Em conjunto, estes
resultados confirmam e estendem dados prévios da literatura (Selkoe, 2002),
sugerindo que a disfunção sináptica precede a morte neuronal em cérebros
com a doença de Alzheimer, através de um processo dependente das
proteínas pró-inflamatórias TNF-α e iNOS.
48
49
Figura 5 – O TNF-
α
e a iNOS participam da disfunção sináptica induzida pela
A
β
1-40
. A análise por imunohistoquímica foi realizada 8 dias após a
administração i.c.v. de Aβ
1-40
(400 pmol/camundongo). A medida da
densidade óptica nas amostras imunoreativas para sinaptofisina foi realizada
nas subregiões hipocampais (A) CA1, (B) CA2 e (C) CA3, e (D) no córtex
parietal. A detecção da proteína sinaptofisina foi usada como medida de
densidade sináptica. (Painel esquerdo) O pré-tratamento com o anticorpo
específico contra o TNF-α de camundongo (AbTNF-α, 10 ηg/camundongo,
i.c.v.) ou com o inibidor preferencial para iNOS aminoguanidina (AG, 100
mg/kg, i.p., 1 x ao dia), preveniu a redução dos níveis de sinaptofisina
induzido pela Aβ
1-40
em camundongos Swiss na CA1 [F
3,8
= 9,38; P < 0,01] e
CA2 [F
3,8
= 9,44; P < 0,01], mas não na CA3 [F
3,8
= 4,02; P = 0,06] e córtex
parietal [F
3,8
= 3,26; P = 0,08]. (Painel direito) A deleção gênica do TNFR1
(TNFR1
-/-
) ou da iNOS (iNOS
-/-
) reduz significativamente a disfunção sináptica
induzida pela Aβ
1-40
em comparação aos animais de linhagem C57Bl/6 (+/+)
na CA2 [F
3,8
= 4,79; P < 0,05] e CA3 [F
3,8
= 4,63; P < 0,05], mas não na CA1 [F
3,8
=
3,17; P = 0,08] e córtex parietal [F
3,8
= 4,00; P < 0,05]. Os valores estão
expressos como a média ± e.p.m. *P < 0,05 e **P < 0,01 comparado ao grupo
veículo/PBS ou veículo/(+/+). #P < 0,05 e ##P < 0,01 comparado ao grupo
Aβ
1-40
/PBS ou Aβ
1-40
/(+/+).
50
Figura 6 – Figuras representativas da reação de imunohistoquímica para a
proteína pré-sináptica sinaptofisina analisada nas subregiões hipocampais
CA1, CA2 e CA3, e no córtex parietal como medida de densidade sináptica.
(Painel esquerdo) O pré-tratamento com o anticorpo específico contra o
TNF-α de camundongo (AbTNF-α, 10 ηg/camundongo, i.c.v.) ou com o
inibidor preferencial para iNOS aminoguanidina (AG, 100 mg/kg, i.p., 1 x ao
dia), preveniu a redução dos níveis de sinaptofisina induzido pela Aβ
1-40
em
camundongos Swiss. (Painel direito) A deleção gênica do TNFR1 (TNFR1
-/-
) ou
da iNOS (iNOS
-/-
) reduz significativamente a disfunção sináptica induzida
pela Aβ
1-40
em comparação aos animais de linhagem C57Bl/6 (+/+).
A
β
1-40
induz ativação de astrócitos
A ativação dos astrócitos é considerada um dos primeiros sinais da
doença de Alzheimer e ocorre em resposta ao aumento na degeneração
das sinapses e neurônios ou pelo acúmulo de placas amilóides no cérebro.
No presente estudo, foi avaliada ativação dos astrócitos um e 8 dias após o
51
tratamento com a Aβ
1-40
(400 pmol/camundongo) através da
imunodetecção da proteína glial fibrilar ácida (GFAP) pela técnica de
imunohistoquímica. Cérebros obtidos de animais tratados com veículo (PBS,
controle) apresentaram baixa marcação para GFAP nas regiões hipocampal
e cortical. Por outro lado, a administração de Aβ
1-40
resultou em aumento
significativo na imunoreatividade para GFAP no hipocampo (Fig. 7), mas não
no córtex, 1 dia após o tratamento. Oito dias após o tratamento não havia
diferença entre os grupos controle e Aβ
1-40
quanto à detecção da proteína
GFAP (resultado não mostrado).
O possível envolvimento do TNF-α e da iNOS no processo de ativação
dos astrócitos pela Aβ
1-40
também foi avaliado. Os resultados do presente
estudo demonstram que o tratamento com o anticorpo específico contra o
TNF-α de camundongo (AbTNF-α, 10 ηg/camundongo, i.c.v.) ou com o
inibidor preferencial para iNOS aminoguanidina (AG, 100 mg/kg, i.p., 1 x ao
dia) não foi capaz de prevenir o aumento na imunoreatividade para o GFAP
induzido pela Aβ
1-40
no cérebro de camundongos, um dia após o tratamento
(Figura 7A,C). Esses resultados foram posteriormente confirmados através de
experimentos realizados em animais com deleção para o TNFR1 (TNFR1
-/-
) ou
para a iNOS (iNOS
-/-
). Tanto os camundongos TNFR1
-/-
, quanto iNOS
-/-
apresentaram perfil similar de detecção para o GFAP quando comparados
aos animais da linhagem controle (C57Bl/6, +/+), após o tratamento com
Aβ
1-40
, (Fig. 7B,D). Estes dados sugerem que a ativação dos astrócitos pela Aβ
constitui um dos primeiros eventos durante o desenvolvimento da doença de
Alzheimer, sendo que estas células podem estar envolvidas no processo
52
inicial de produção e liberação de mediadores inflamatórios (p. ex. TNF-α).
No entanto, estudos adicionais são necessários para confirmar essa hipótese.
Figura 7 – Ativação dos astrócitos pela injeção i.c.v. de A
β
1-40
. A
imunoreatividade para a proteína glial fibrilar ácida (GFAP) foi realizada 1 dia
após a administração i.c.v. de Aβ
1-40
(400 pmol/camundongo). A contagem
de células positivas para a GFAP foi realizada por meio de inspeção visual
nas subregiões CA1, CA2 e CA3 do hipocampo utilizando microscópio óptico
(aumento de 400 x). (A,B) Imagens representativas da imunoreatitvade a
GFAP no hipocampo (CA1). (A,C) O pré-tratamento com o anticorpo
específico contra o TNF-α de camundongo (AbTNF-α, 10 ηg/camundongo,
53
i.c.v.) ou com o inibidor preferencial para iNOS aminoguanidina (AG, 100
mg/kg, i.p., 1 x ao dia) não alterou de forma significativa a ativação dos
astrócitos pela Aβ
1-40
no hipocampo de camundongos Swiss [F
3,8
= 2,62; P =
0,12]. (B,D) Resultados similares foram verificados em animais com deleção
para o TNFR1 (TNFR1
-/-
) ou para a iNOS (iNOS
-/-
) [F
3,8
= 2,79; P = 0,11]. Os
valores estão expressos como a média ± e.p.m. *P < 0,05 comparado ao
grupo veículo/PBS ou veículo/(+/+).
A
β
1-40
estimula a expressão da iNOS através do aumento na síntese de TNF-
α
A expressão do TNF-α e da iNOS foi avaliada no hipocampo e no
córtex pré-frontal de camundongos após diferentes períodos de tempo após
o tratamento com Aβ
1-40
, através das técnicas de RT-PCR e/ou western blot.
Em condições basais, o RNAm para o TNF-α é detectado tanto no
hipocampo quanto no córtex dos animais. O tratamento i.c.v. com Aβ
1-40
promove um rápido aumento nos níveis do RNAm para o TNF-α, sendo que
esse aumento ocorre após 15 min e permanece elevado até 24 h em ambas
estruturas cerebrais (Fig. 8A,B). De maneira similar, a análise temporal
demonstrou que a expressão do RNAm para a iNOS é mínima durante
condições basais no hipocampo e no córtex pré-frontal. Todavia, um
aumento dependente do tempo ocorre após a injeção i.c.v. de Aβ
1-40
, sendo
a expressão máxima verificada entre 1 e 3 h, em ambas as estruturas
cerebrais (Fig. 8A,B). Além disso, a análise por western blot revelou ausência
da proteína iNOS nas amostras de córtex e hipocampo em condições basais.
Por outro lado, a injeção i.c.v. de Aβ
1-40
resultou em aumento sustentado e
duradouro da expressão da iNOS em ambas as estruturas cerebrais. Como
verificado na figura 8 (C,D), nenhuma alteração na expressão da iNOS foi
54
verificada até 60 min, sendo que um aumento marcante ocorreu após 3 h e
permaneceu elevado por até 7 dias após o tratamento com Aβ
1-40
. A análise
dos perfis temporais de expressão do RNAm para o TNF-α e iNOS, e da
proteína iNOS sugerem uma possível relação entre esses eventos (Fig. 8E,F).
Neste sentido, o efeito do tratamento com AbTNF-α sobre o aumento na
expressão da iNOS induzido pela Aβ
1-40
foi avaliado posteriormente. Através
da realização do western blot foi verificado que o tratamento com AbTNF-α
bloqueou quase que totalmente a expressão da iNOS no hipocampo (Fig.
8C) e córtex pré-frontal (Fig. 8D). Contudo, o tratamento com AbTNF-α não
apresentou efeito sobre a expressão da proteína controle β-actina.
Finalmente, como controle negativo, os animais foram tratados com o
fragmento amilóide inverso (Aβ
40-1
), sendo que nenhuma alteração no
padrão de expressão do RNAm para o TNF-α ou iNOS (resultados não
mostrados), ou da proteína iNOS (Fig. 8C,D) foi observado. Em conjunto, estes
resultados indicam que a produção de TNF-α é um dos primeiros eventos
induzidos pela Aβ
1-40
e parece representar um importante sinal para a
expressão da proteína iNOS neste modelo animal da doença de Alzheimer.
55
Figura 8 – Participação do TNF-
α
na indução da iNOS pela injeção i.c.v. de
A
β
1-40
. Camundongos Swiss foram tratados com Aβ
1-40
(400
pmol/camundongo; i.c.v.) (exceto naïve (N), que indica os animais não
tratados) e então o hipocampo e o córtex pré-frontal foram isolados nos
períodos de tempo indicados. O RNA total foi isolado do (A) hipocampo e do
(B) córtex pré-frontal para avaliação da expressão do TNF-α e iNOS através
do RT-PCR. O RNAm para a β-actina foi utilizado como controle dos níveis de
RNAm de cada amostra. Os níveis de RNAm para o TNF-α e iNOS
56
aumentaram de forma dependente do tempo após o tratamento com Aβ
1-40
.
Por outro lado, o nível de β-actina permaneceu inalterado. O tratamento
com Aβ
1-40
induz a expressão sustentada da proteína iNOS no (C) hipocampo
e (D) córtex pré-frontal. O pré-tratamento com o anticorpo específico contra
o TNF-α de camundongo (AbTNF-α, 10 ηg/camundongo, i.c.v.) preveniu a
expressão da iNOS induzida pela Aβ
1-40
no hipocampo e no córtex pré-
frontal. A imunodetecção da proteína α-actina foi utilizada como controle. O
tratamento com o fragmento amilóide inverso Aβ
40-1
(6 h) não foi capaz de
induzir a expressão da proteína iNOS. Por outro lado, o tratamento com
lipopolisacarídeo (LPS) de E. coli (2,5 μg, i.c.v., 12 h, controle positivo), induziu
a expressão da iNOS em ambas as estruturas cerebrais. Representação
gráfica do perfil temporal de expressão do RNAm para o TNF-α e iNOS e da
síntese da proteína iNOS no (E) hipocampo e (F) no córtex pré-frontal. Os
resultados foram normalizados arbitrariamente a partir da resposta máxima
obtida em cada análise e representam a média de 3 experimentos
independentes.
Estresse oxidativo induzido pela A
β
1-40
depende do TNF-
α
Evidências experimentais sugerem uma relação entre a Aβ, a
expressão da iNOS e o estado redox das células. O NO gerado pela iNOS
reage com o ânion superóxido (O
2
-
) produzindo peroxidonitrito (ONOO
-
), que
exerce efeitos citotóxicos (Beckman et al., 1990). Sendo assim, pode-se supor
que o aumento na expressão da enzima iNOS induzida pela Aβ
1-40
é
acompanhado por alterações oxidativas e, que esse fenômeno, é altamente
dependente da produção de TNF-α. Para confirmar tal hipótese foi avaliado
o nível de glutationa (GSH) e a atividade das enzimas glutationa redutase
(GR) e glutationa peroxidase (GPx) no hipocampo e córtex pré-frontal dos
camundongos. A injeção i.c.v. da Aβ
1-40
reduziu o nível de GSH total 1 e 7
57
dias após o tratamento, sendo esse efeito acompanhado pelo aumento da
atividade das enzimas GR e GPx no primeiro dia. 7 dias após a administração
da Aβ
1-40
a atividade das enzimas encontrava-se em nível basal (Fig. 9).
Posteriormente, para analisar o possível efeito do TNF-α sobre as alterações
no estado redox induzido pela Aβ
1-40
, os animais foram tratados com AbTNF-α
e os parâmetros da via da GSH foram avaliados. Como indicado pelo
aumento no nível de GSH total e pela redução da atividade das enzimas GR
e GPx, o tratamento com AbTNF-α preveniu as alterações oxidativas
induzidas pela Aβ
1-40
no hipocampo e córtex (Fig. 10). Estes resultados
sugerem que o TNF-α é um importante modulador das respostas oxidativas
induzidas pela Aβ
1-40
.
58
Figura 9 – A
β
1-40
altera parâmetros oxidativos celulares no cérebro. (A,B) O
nível de glutationa total (GSH total) e a atividade das enzimas antioxidantes
(C,D) glutationa redutase (GR) e (E,F) glutationa peroxidase (GPx) foram
avaliados no hipocampo e córtex pré-frontal de camundongos Swiss 1 ou 7
59
dias após o tratamento com Aβ
1-40
(400 pmol/camundongo) ou veículo (PBS).
Os valores estão expressos como a média ± e.p.m. dos níveis de GSH total
(μmol/g de tecido) ou das atividades das enzimas GR ou GPX (mU/mg
proteína) (n = 5-7 camundongos por grupo). O nível de GSH total reduziu
significativamente no hipocampo [P < 0,05], mas não no córtex pré-frontal [P
= 0,20], após o tratamento com Aβ
1-40
. Por outro lado, foi observado um
aumento significativo na atividade das enzimas GR e GPx tanto no
hipocampo [P < 0,05 e P < 0,05; respectivamente] quanto no córtex pré-
frontal [P < 0,01 e P < 0,05; respectivamente] 1 dia após a injeção i.c.v. de
Aβ
1-40
. 7 dias após a administração de Aβ
1-40
, estes valores estavam similares
aos basais [exceto a atividade da GR no córtex pré-frontal, P < 0,05]. *P < 0,05
e **P < 0,01 comparado ao grupo veículo.
60
Figure 10 – Bloqueio do TNF-
α
previne alterações nos parâmetros oxidativos
induzidos pela A
β
1-40
. Camundongos Swiss foram tratados com o anticorpo
específico contra o TNF-α de camundongo (AbTNF-α, 10 ηg/camundongo,
i.c.v.) 15 min antes da injeção de Aβ
1-40
(400 pmol/camundongo) ou veículo
61
(PBS). (A,B) O nível de glutationa total (GSH total) e a atividade das enzimas
antioxidantes (C,D) glutationa redutase (GR) e (E,F) glutationa peroxidase
(GPx) foram avaliados no hipocampo e córtex pré-frotal 24 h após o
tratamento com Aβ
1-40
. Os valores estão expressos como a média ± e.p.m.
dos níveis de GSH total (μmol/g de tecido) ou das atividades das enzimas GR
ou GPX (mU/mg proteína). (A) O tratamento com AbTNF-α preveniu a
redução no nível de GSH total no hipocampo dos animais tratados com Aβ
1-
40
[F
3,16
= 18,04; P < 0,0001]. O aumento na atividade das enzimas GR e GPx
induzido pela Aβ
1-40
foi inibido no (C,E) hipocampo [F
3,16
= 2,05; P < 0,05 e F
3,16
= 5,13; P < 0,001; respectivamente] e no (D,F) córtex pré-frontal [F
3,16
= 5,68; P
< 0,01 e F
3,16
= 4,17; P < 0,05; respectivamente] pelo pré-tratamento com
AbTNF-α. *P < 0,05 comparado ao grupo veículo/PBS. #P < 0,05 comparado
ao grupo Aβ
1-40
/PBS.
A via da JNK/c-Jun regula a expressão da iNOS induzida pela A
β
1-40
Evidências recentes indicam que a proteína quinase JNK e a sua
proteína alvo c-Jun apresentam importante papel na disfunção neuronal
observada na doença de Alzheimer. Neste sentido, foi avaliada a
participação da via JNK/c-Jun sobre os efeitos induzidos pela Aβ
1-40
. Durante
condições basais, baixos níveis de JNK fosforilada (ativada) são detectados
no hipocampo (Fig. 11A), mas não no córtex pré-frontal (Fig. 11B) dos
animais. Contudo, o tratamento com Aβ
1-40
promove o aumento na ativação
da JNK após 15 min, sendo que este efeito persiste por pelo menos 7 dias
após o tratamento, em ambas as estruturas cerebrais. A ativação
dependente do tempo da JNK é acompanhada pelo aumento da migração
da proteína c-Jun do citoplasma para o núcleo, indicando uma associação
entre tais eventos (Fig. 12A,B). Para confirmar essa hipótese, os animais foram
62
tratados com o inibidor seletivo da JNK SP600125 (50 mg/kg, i.p., 1 h antes da
Aβ
1-40
), sendo as amostras de hipocampo e córtex isoladas para análise pelo
western blot. Como esperado, a migração da c-Jun para o núcleo (Fig.
12C,D) estava reduzida nos animais tratados com SP600125.
Sabendo que as proteínas JNK e c-Jun fazem parte da via de
sinalização do TNF-α em vários processos patológicos e que a via JNK/c-Jun
controla a atividade promotora do gene para iNOS, foi avaliada a possível
associação entre estes eventos ativados pela Aβ
1-40
no hipocampo e córtex.
O tratamento dos animais com o AbTNF-α reduziu a ativação da JNK e a
conseqüente migração do c-Jun para o núcleo em ambas as estruturas
cerebrais (Figs. 11 e 12). Além disso, a análise das amostras de hipocampo e
córtex obtidas de animais tratados com SP600125 demonstrou uma redução
parcial na expressão da iNOS, em comparação aos animais que receberam
apenas Aβ
1-40
(Fig. 14). Estes dados indicam uma seqüência de eventos
celulares subseqüente a administração i.c.v. da Aβ
1-40
, envolvendo a
produção de TNF-α, fosforilação da JNK, migração da c-Jun e expressão da
iNOS.
63
Figura 11 – Administração i.c.v. de A
β
1-40
promove a ativação da JNK. A
ativação da proteína quinase citosólica JNK após a injeção i.c.v. de Aβ
1-40
(400 pmol/camundongo) foi detectada no (A) hipocampo e (B) córtex pré-
frontal através do anticorpo para a forma fosforilada da proteína (p-JNK). A
proteína JNK não fosforilada foi utilizada como controle. A ativação da JNK
parece depender do TNF-α. O pré-tratamento com o anticorpo específico
contra o TNF-α de camundongo (AbTNF-α, 10 ηg/camundongo, i.c.v.)
preveniu a fosforilação da JNK no hipocampo e córtex pré-frontal dos
camundongos. O tratamento com o fragmento amilóide inverso Aβ
40-1
(6 h)
não foi capaz de induzir a ativação da JNK. A administração de
lipopolisacarídeo (LPS) de E. coli (2,5 μg, i.c.v., controle positivo), resultou na
ativação da JNK 12 h após o tratamento.
64
Figura 12 – Ativação da c-Jun pela A
β
1-40
. Cinética de migração da proteína
c-Jun do citosol para o núcleo após o tratamento com Aβ
1-40
(400
pmol/camundongo) no (A) hipocampo e (B) córtex pré-frontal. O pré-
tratamento com o anticorpo específico contra o TNF-α de camundongo
(AbTNF-α, 10 ηg/camundongo, i.c.v.) preveniu a migração da c-Jun do
citosol para o núcleo no hipocampo e córtex pré-frontal. A imunodetecção
da proteína laminina A/C foi utilizada como controle. O tratamento com o
fragmento amilóide inverso Aβ
40-1
(6 h) não foi capaz de induzir a ativação
da c-Jun. O controle positivo, lipopolisacarídeo (LPS) de E. coli (2.5 μg, i.c.v.,
12 h), induziu a ativação da c-Jun. O pré-tratamento com o inibidor da JNK
65
600125 (25 mg/kg, i.p.), mas não do NF-κB (PDTC, 100 mg/kg, i.p.), reduziu a
ativação da c-Jun no (C) hipocampo e (D) córtex pré-frontal.
O TNF-
α
regula a expressão da iNOS induzida pela A
β
1-40
através da via do
NF-
κ
B
Durante condições homeostáticas o NF-κB permanece em estado não
ativado no citoplasma celular associado à proteína IκB. Por outro lado,
condições patológicas (incluindo a doença de Alzheimer) resultam na
migração do NF-κB para o núcleo, onde esse fator de transcrição regula e
expressão de vários genes (Ghosh & Karin, 2002; Li & Verma, 2002). Esta série
de experimentos teve como objetivo avaliar a possível participação do NF-
κB no aumento da expressão da iNOS induzida pela Aβ
1-40
. Inicialmente foi
avaliado o perfil temporal de ativação do NF-κB após o tratamento com Aβ
1-
40
no hipocampo e córtex pré-frontal de camundongos. Como indicado na
figura 13, o tratamento com Aβ
1-40
resultou no aumento dependente do
tempo da detecção da proteína p65 NF-κB no conteúdo nuclear das
amostras obtidas do hipocampo (Fig. 13A) e córtex pré-frontal (Fig. 13B),
confirmando a ativação desse fator de transcrição. A ativação do NF-κB
acorreu entre 15-30 min após a injeção da Aβ
1-40
e retornou ao nível basal 7
dias após o tratamento. Posteriormente, foi investigada a participação do
TNF-α na ativação do NF-κB induzido pela Aβ
1-40
. O tratamento dos animais
com o AbTNF-α praticamente aboliu a ativação do NF-κB, como indicado
pela redução na detecção da proteína p65 NF-κB nas amostras nucleares.
Finalmente, para determinar se a ativação do NF-κB poderia estar
66
relacionada ao aumento da expressão da iNOS induzida pela Aβ
1-40
, os
animais foram tratados com o inibidor seletivo do NF-κB, PDTC, em uma dose
efetiva em reduzir a migração da p65 NF-κB para o núcleo (Fig. 13C,D). O
PDTC (100 mg/kg, i.p.) foi administrado 1 h antes da Aβ
1-40
, sendo os tecidos
coletados 24 h após para análise da expressão da iNOS pelo western blot. Os
dados da Figura 14 indicam que o tratamento com PDTC reduziu de maneira
significativa a expressão da iNOS no hipocampo e córtex dos camundongos.
Coletivamente, esses resultados sugerem que a indução da expressão da
iNOS pela Aβ
1-40
depende da ativação do NF-κB pela via de sinalização do
TNF-α.
67
Figura 13 – A ativação do NF-
κ
B é dependente da via do TNF-
α
. Extrato
citosólico e nuclear de (A) hipocampo e (B) córtex pré-frontal foram
utilizados para avaliar a ativação da proteína p65 NF-κB após diferentes
períodos de tempo da injeção i.c.v. de Aβ
1-40
(400 pmol/camundongo). Os
dados indicam que a Aβ
1-40
induz a migração da proteína p65 NF-κB do
citosol para o núcleo. O pré-tratamento com o anticorpo específico contra o
TNF-α de camundongo (AbTNF-α, 10 ηg/camundongo, i.c.v.) preveniu a
migração da p65 NF-κB tanto no hipocampo quanto córtex pré-frontal. A
imunodetecção da proteína laminina A/C foi utilizada como controle. O
tratamento com o fragmento amilóide inverso Aβ
40-1
(6 h) não foi capaz de
induzir a migração da p65 NF-κB. Por outro lado, o tratamento com
68
lipopolisacarídeo (LPS) de E. coli (2,5 μg, i.c.v., 12 h, controle positivo) induziu
a ativação do NF-κB em ambas as estruturas cerebrais. O pré-tratamento
com o inibidor do NF-κB (PDTC, 100 mg/kg, i.p.), mas não com o inibidor da
JNK 600125 (25 mg/kg, i.p.), reduziu a migração da proteína p65 NF-κB no (C)
hipocampo e (D) córtex pré-frontal. Esses dados sugerem que as vias do NF-
κB e JNK são ativadas de maneira independente pela Aβ
1-40
.
Figura 14 – Administração i.c.v. de A
β
1-40
induz a expressão da iNOS através
das vias JNK/c-Jun e NF-
κ
B. O envolvimento das vias de sinalização da
JNK/c-Jun e do NF-κB sobre a expressão da iNOS foram avaliadas no (A)
hipocampo e (B) córtex pré-frontal 24 h após a administração i.c.v. de Aβ
1-40
.
O tratamento com o inibidor da JNK SP600125 (25 mg/kg, i.p.) ou com o
inibidor do NF-κB PDTC (100 mg/kg, i.p.) 1 h antes da Aβ
1-40
reduziu a
expressão da iNOS no hipocampo [F
3,8
= 40,00; P < 0,0001] e córtex pré-frontal
[F
3,8
= 12,68; P < 0,01]. Os gráficos ilustram a densitometria óptica dos
produtos do western blot para a iNOS normalizados pelos produtos da α-
actina. Os valores estão expressos como a média ± e.p.m. **P < 0,01
comparado ao grupo controle (PBS). #P < 0,05 e ##P < 0,01 comparado ao
grupo Aβ
1-40
.
69
Participação dos receptores B
1
e B
2
para cininas na prevenção do prejuízo
cognitivo induzido pela A
β
1-40
Trabalhos recentes sugerem a participação das cininas na
fisiopatologia da doença de Alzheimer. Nesta série de experimentos foram
avaliados os efeitos do bloqueio dos receptores B
1
ou B
2
para cininas na
prevenção do prejuízo cognitivo induzido pela Aβ
1-40
em camundongos. Para
tal, camundongos Swiss foram previamente tratados i.c.v. com o antagonista
seletivo do receptor B
1
, des-Arg
9
-Leu
8
-BK (1, 10 ou 50 pmol/camundongo,
i.c.v.) ou o antagonista seletivo do receptor B
2
, Hoe 140 (1, 10 ou 50
pmol/camundongo, i.c.v.) e após 2 horas foram injetados i.c.v. (outro
ventrículo) com Aβ
1-40
(400 pmol/camundongo) ou solução controle (PBS). Os
animais foram treinados e testados no labirinto aquático, respectivamente, 7
e 8 dias após os tratamentos. A administração prévia de des-Arg
9
-Leu
8
-BK
não alterou de maneira significante o prejuízo induzido pela Aβ nas sessões
de treino (Figura 15A) e teste (Figura 15B) no labirinto aquático, em nenhuma
das doses testadas. Por outro lado, os animais previamente tratados com
Hoe 140, nas doses de 10 e 50 pmol/camundongo (i.c.v.) e, que receberam
a injeção de Aβ
1-40
, apresentaram latências menores para encontrar a
plataforma durante as sessões de treino (Figura 16A) e permaneceram mais
tempo no quadrante correto durante a sessão de teste (Figura 16B), quando
comparados aos animais que receberam Aβ
1-40
/PBS. Posteriormente, estes
dados foram confirmados através de experimentos realizados em animais
com deleção no gene para o receptor B
1
(B
1
R
-/-
) ou B
2
(B
2
R
-/-
). Como ilustrado
na Figura 15(C,D), os animais B
1
R
-/-
apresentaram prejuízo cognitivo similar
70
aos animais da linhagem selvagem (C57Bl/6, +/+) quando submetidos ao
labirinto aquático, 7 dias após a injeção i.c.v. de Aβ
1-40
. Por outro lado, a
deleção gênica do receptor B
2
reduziu de maneira significativa o prejuízo
cognitivo induzido pela Aβ
1-40
quando avaliados 7 dias após o tratamento. Os
animais B
2
R
-/-
apresentaram latências menores para encontrar a plataforma
durante as sessões de treino (Figura 16C) e permaneceram mais tempo no
quadrante correto durante a sessão de teste (Figura 16D), em comparação
aos animais da linhagem selvagem (C57Bl/6, +/+) tratados com Aβ
1-40
. Em
conjunto, esses dados indicam a participação do B
2
R, mas não do B
1
R, no
desenvolvimento do prejuízo de memória espacial induzido pela Aβ.
Figura 15 - Efeito do bloqueio do receptor B
1
para cininas na prevenção dos
prejuízos cognitivos induzidos pela A
β
1-40
. Os animais foram treinados e
71
testados no labirinto aquático, respectivamente, 7 e 8 dias após os
tratamentos. (A,B) O pré-tratamento com o antagonista seletivo do receptor
B
1
des-Arg
9
-Leu
8
-BK (1, 10 ou 50 pmol/camundongo, i.c.v.) ou, (C,D) a
deleção gênica do receptor B
1
(B
1
R
-/-
), não alteraram o declínio cognitivo
induzido pela Aβ
1-40
(400 pmol/camundongo), como demonstrado pelos
resultados obtidos nas sessões de treino [des-Arg
9
-Leu
8
-BK: F
4,32
= 18,75; P =
0,24 - B
1
R
-/-
: F
1,29
= 0,01; P = 0,91] e teste [des-Arg
9
-Leu
8
-BK: F
4,32
= 18,75; P =
0,0001 - B
1
R
-/-
: F
1,29
= 0,49; P = 0,48] do labirinto aquático de Morris. Os valores
estão expressos como a média ± e.p.m. *P < 0,05 comparado ao grupo
veículo/PBS ou veículo/(+/+).
Figura 16 – Efeito do bloqueio do receptor B
2
para cininas na prevenção dos
prejuízos cognitivos induzidos pela A
β
1-40
. Os animais foram treinados e
testados no labirinto aquático, respectivamente, 7 e 8 dias após os
tratamentos. (A,B) O pré-tratamento com o antagonista seletivo do receptor
72
B
2
Hoe 140 (1, 10 ou 50 pmol/camundongo, i.c.v.) ou, (C,D) a deleção gênica
do receptor B
2
(B
2
R
-/-
), reduziram o declínio de memória espacial induzido
pela Aβ
1-40
(400 pmol/camundongo), como indicado pela redução na
latência para encontrar a plataforma na sessão de treino [Hoe 140: F
4,32
=
18,75; P < 0,0001 - B
2
R
-/-
: F
1,31
= 81,04; P < 0,0001] e pelo aumento na
preferência pelo quadrante correto na sessão de teste [Hoe 140: F
4,32
= 18,64;
P < 0,0001 - B
2
R
-/-
: F
1,31
= 13,98; P < 0,001], quando comparados ao grupo que
recebeu Aβ
1-40
. Os valores estão expressos como a média ± e.p.m. *P < 0,05
comparado ao grupo veículo/PBS ou veículo/(+/+). #P < 0,05 comparado ao
grupo Aβ
1-40
/PBS ou Aβ
1-40
/(+/+).
Participação dos receptores B
1
e B
2
para cininas na reversão do dano
cognitivo induzidos pela A
β
1-40
O efeito do bloqueio dos receptores para as cininas na reversão do
dano cognitivo induzido pela Aβ
1-40
foi avaliado em camundongos Swiss, 7
dias após o tratamento. Os animais foram tratados com o antagonista
seletivo do receptor B
1
des-Arg
9
-Leu
8
-BK (1, 10 ou 50 pmol/camundongo,
i.c.v.) ou com o antagonista seletivo do receptor B
2
Hoe 140 (1, 10 ou 50
pmol/camundongo, i.c.v.) e 6 h após foram realizadas as sessões de treino
no labirinto aquático. Como demonstrado na Figura 17, a administração de
Hoe 140, mas não de des-Arg
9
-Leu
8
-BK, alterou significativamente o prejuízo
cognitivo induzido pela Aβ
1-40
. O tratamento com Hoe 140 (10 ou 50
pmol/camundongo) resultou em redução na latência para encontrar a
plataforma durante as sessões de treino (Figura 17C) e aumento na
preferência pelo quadrante correto durante a sessão de teste (Figura 16B),
em relação aos animais que receberam Aβ
1-40
/PBS.
73
Figura 17 – Reversão do dano cognitivo induzido pela A
β
1-40
através do
bloqueio do receptor B
2
. Os animais foram treinados e testados no labirinto
aquático, respectivamente, 7 e 8 dias após os tratamentos. O tratamento
com o antagonista seletivo do receptor B
1
des-Arg
9
-Leu
8
-BK (1, 10 ou 50
pmol/camundongo, i.c.v.) não foi capaz de reverter o prejuízo cognitivo
induzido pela Aβ
1-40
(400 pmol/camundongo). Animais tratados com a des-
Arg
9
-Leu
8
-BK apresentaram resultados similares aos animais tratados com
Aβ
1-40
/PBS nas sessões de (A) treino [F
4,35
= 20,04; P < 0,0001] e (B) teste [F
4,35
=
20,04; P < 0,0001]. Por outro lado, o antagonista seletivo do receptor B
2
Hoe
140 (1, 10 ou 50 pmol/camundongo, i.c.v.) reverteu o declínio de memória
espacial induzido pela Aβ
1-40
, como indicado pela redução na latência para
encontrar a plataforma na (C) sessão de treino [F
4,35
= 20,04; P < 0,0001] e
pelo aumento na preferência pelo quadrante correto na (D) sessão de teste
[F
4,35
= 9,10; P < 0,0001], quando comparados ao grupo que recebeu Aβ
1-
40
/PBS. As sessões de treino no labirinto aquático foram realizadas 6 horas
74
após a administração dos antagonistas. Os valores estão expressos como a
média ± e.p.m. *P < 0,05 comparado ao grupo veículo/PBS. #P < 0,05
comparado ao grupo Aβ
1-40
/PBS.
A propriedade do B
1
R de ser induzido durante condições patológicas
sugere uma possível participação tardia desse receptor no processo de
dano cognitivo induzido pela Aβ
1-40
. Para avaliar tal hipótese, inicialmente foi
demonstrado que o prejuízo na memória espacial em camundongos persiste
por até 30 dias do tratamento com Aβ
1-40
(400 pmol/camundongo, i.c.v.) (Fig.
18). Posteriormente, através do tratamento com antagonistas seletivos e pelo
uso dos animais com deleção gênica, foi avaliada a participação dos
receptores para as cininas. O tratamento com o antagonista seletivo do
receptor B
1
des-Arg
9
-Leu
8
-BK (1, 10 ou 50 pmol/camundongo, i.c.v.) ou com o
antagonista seletivo do receptor B
2
Hoe 140 (1, 10 ou 50 pmol/camundongo,
i.c.v.) foi realizado 30 dias após a injeção i.c.v. de Aβ
1-40
(6 h antes do treino).
De maneira surpreendente, tanto a des-Arg
9
-Leu
8
-BK (Fig. 18), quanto o Hoe
140 (Fig. 19), reduziram significativamente os danos cognitivos induzidos pela
Aβ
1-40
, como indicado pela redução na latência para encontrar a
plataforma durante as sessões de treino e pelo aumento na preferência pelo
quadrante correto durante a sessão de teste, quando comparados aos
animais que receberam Aβ
1-40
/PBS. Além disso, resultados similares foram
verificados em animais B
1
R
-/-
e B
2
R
-/-
. Os dados das figuras 18 e 19 indicam
que a deleção gênica do B
1
R ou do B
2
R inibe o prejuízo de memória espacial
induzido pela Aβ
1-40
, quando comparados aos animais da linhagem controle
(C57Bl/6, +/+). Em conjunto, estes dados sugerem um importante papel das
75
vias de sinalização dos receptores para as cininas nos prejuízos de
aprendizado e memória induzidos pela Aβ
1-40
em camundongos.
Figura 18 – Reversão tardia do dano cognitivo induzido pela A
β
1-40
através do
bloqueio do receptor B
1
. Os animais foram treinados e testados no labirinto
aquático, respectivamente, 30 e 31 dias após os tratamentos. (A,B) O
tratamento com o antagonista seletivo do receptor B
1
des-Arg
9
-Leu
8
-BK (1, 10
ou 50 pmol/camundongo, i.c.v.) ou (C,D) a deleção gênica do B
1
R (B
1
R
-/-
)
reduzem o declínio de memória espacial induzido pela Aβ
1-40
(400
pmol/camundongo), como indicado pela redução na latência para
encontrar a plataforma na sessão de treino [des-Arg
9
-Leu
8
-BK: F
4,35
= 21,17; P
< 0,0001 - B
1
R
-/-
: F
1,30
= 39,01; P < 0,0001] e pelo aumento na preferência pelo
quadrante correto na sessão de teste [des-Arg
9
-Leu
8
-BK: F
4,35
= 6,27; P < 0,001
- B
1
R
-/-
: F
1,30
= 5,29; P < 0,01] quando comparados ao grupo que recebeu Aβ
1-
40
. As sessões de treino no labirinto aquático foram realizadas 6 horas após a
administração da des-Arg
9
-Leu
8
-BK. Os valores estão expressos como a
76
média ± e.p.m. *P < 0,05 comparado ao grupo veículo/PBS ou veículo/(+/+).
#P < 0,05 comparado ao grupo Aβ
1-40
/PBS ou Aβ
1-40
/(+/+).
Figura 19 – Reversão tardia do dano cognitivo induzido pela A
β
1-40
através do
bloqueio do receptor B
2
. Os animais foram treinados e testados no labirinto
aquático, respectivamente, 30 e 31 dias após os tratamentos. (A,B) O
tratamento com o antagonista seletivo do receptor B
2
, Hoe 140 (1, 10 ou 50
pmol/camundongo, i.c.v.) ou (C,D) a deleção gênica do B
2
R (B
2
R
-/-
) reduzem
o declínio de memória espacial induzido pela Aβ
1-40
(400
pmol/camundongo), como indicado pela redução na latência para
encontrar a plataforma na sessão de treino [Hoe 140: F
4,35
= 6,27; P < 0,001 -
B
2
R
-/-
: F
1,29
= 16,20; P < 0,001] e pelo aumento na preferência pelo quadrante
correto na sessão de teste [Hoe 140: F
4,35
= 6,27; P < 0,001 - B
2
R
-/-
: F
1,29
= 7,08; P
< 0,05], quando comparados ao grupo que recebeu Aβ
1-40
. As sessões de
treino no labirinto aquático foram realizadas 6 horas após a administração do
Hoe 140. Os valores estão expressos como a média ± e.p.m. *P < 0,05
77
comparado ao grupo veículo/PBS ou veículo/(+/+). #P < 0,05 comparado ao
grupo Aβ
1-40
/PBS ou Aβ
1-40
/(+/+).
Avaliação da expressão dos receptores para as cininas após a injeção i.c.v.
de A
β
1-40
A análise dos resultados comportamentais indica uma possível
regulação na expressão dos receptores para as cininas pela Aβ
1-40
. Deste
modo, a expressão do B
1
R e do B
2
R foi avaliada no hipocampo e no córtex
pré-frontal de camundongos após diferentes períodos de tempo do
tratamento com Aβ
1-40
(400 pmol/camundongo, i.c.v.) através da técnica de
western blot. Como esperado, durante condições homeostáticas, a
expressão do B
1
R foi mínima em ambas as estruturas cerebrais. Contudo, a
administração de Aβ
1-40
resultou em um aumento dependente do tempo e
sustentado na imunodetecção do B
1
R, tanto no hipocampo (Fig. 20A)
quanto no córtex pré-frontal (Fig. 20C) dos camundongos. Por outro lado, o
tratamento com Aβ
1-40
não foi capaz de promover alteração significante na
imunodetecção para o B
2
R no hipocampo (Fig. 20B) e córtex pré-frontal (Fig.
20D). Esses dados sugerem uma possível regulação na expressão do B
1
R
durante o desenvolvimento da doença de Alzheimer.
78
Figura 20 – Efeito da A
β
1-40
na expressão dos receptores para cininas.
Camundongos Swiss foram tratados com Aβ
1-40
(400 pmol/camundongo;
i.c.v.) (exceto naïve, que indica os animais não tratados) e então o
hipocampo e o córtex pré-frontal foram isolados nos períodos de tempo
indicados. O tratamento com Aβ
1-40
induz a expressão sustentada do B
1
R no
(A) hipocampo [F
3,8
= 4,83; P < 0,05] e (C) córtex pré-frontal [F
3,8
= 696; P <
0.01]. No entanto, a expressão do B
2
R não altera significativamente após a
injeção i.c.v. de Aβ
1-40
no hipocampo [F
3,8
= 1,01; P = 0,44] (Fig. 20B) e córtex
pré-frontal [F
3,8
= 1,82; P = 0,15]. Os gráficos indicam a quantificação por
densitometria óptica (D.O.) da expressão dos receptores para as cininas. Os
valores estão expressos como a média ± e.p.m. (unidade arbitrária) de 3
79
experimentos independentes. *P < 0,05 comparado ao grupo controle
(naïve).
80
DISCUSSÃO
A doença de Alzheimer é caracterizada por desordens
neurodegenerativas intimamente associadas ao processo de
envelhecimento. Suas principais características são o acúmulo de placas
compostas pelo peptídeo Aβ no parênquima extracelular do cérebro
(Glenner e Wong, 1984) e a formação de emaranhados neurofibrilares, como
resultado da hiperfosforilação da proteína Tau associada aos microtúbulos,
no interior dos neurônios (Grundke-Iqbal et al., 1986). Além disso, o acúmulo
destes marcadores é normalmente acompanhado pela perda de neurônios,
principalmente em áreas corticais e formação hipocampal, resultando na
perda progressiva das funções cognitivas (Selkoe, 2000). De maneira
interessante, o presente estudo demonstra que uma única administração
i.c.v. do peptídeo Aβ
1-40
resulta em prejuízos importantes nas funções de
aprendizado e de memória. Nossos dados indicam que o tratamento com o
fragmento Aβ
1-40
, mas não com o fragmento inverso Aβ
40-1
, 7 ou 30 dias antes
dos experimentos, foi capaz de promover prejuízo similar na memória
espacial em camundongos das linhagens Swiss e C57Bl/6, como indicado
pelo aumento nas latências para encontrar a plataforma durante as sessões
de treino e pelo percentual de tempo gasto no quadrante correto durante a
sessão de teste do labirinto aquático, respectivamente. Estes resultados
estendem dados prévios da literatura obtidos com os peptídeos Aβ
1-42
(Yan
et al., 2001; Jhoo et al., 2004) e Aβ
25-35
(Maurice et al., 1996). Outro aspecto
importante observado no presente estudo, foi o fato que o dano cognitivo é
acompanhado pela perda da viabilidade sináptica, uma vez que também é
81
observada redução nos níveis da proteína pré-sináptica sinaptofisina nos
cérebros dos animais tratados com Aβ
1-40
. Todavia, como em todo modelo
experimental, existem limitações que devem ser ressaltadas, como por
exemplo, a ausência tanto na formação de placas senis, quanto na indução
da morte celular, pelo menos até 7 dias após o tratamento com Aβ
1-40
. Em
conjunto, estes dados corroboram com a hipótese que durante a progressão
da doença de Alzheimer a disfunção sináptica precede a morte neuronal
(Selkoe, 2000). Desta forma, a injeção aguda de fragmentos amilóides em
roedores parece ser um bom modelo experimental para o estudo dos
mecanismos moleculares e de possíveis abordagens terapêuticas futuras,
relacionados aos primeiros estágios da doença de Alzheimer. Entretanto,
outras abordagens experimentais devem ser aplicadas quando o objetivo é
caracterizar as etapas mais tardias dessa patologia.
O teste do labirinto aquático, originalmente proposto por Morris e
colaboradores (1982) para o estudo da memória espacial em roedores,
representa um paradigma complexo onde o desempenho dos animais é
influenciado por uma série de fatores atencionais e motivacionais, bem
como pela função motora dos animais, que em conjunto são determinantes
para o sucesso no encontro da plataforma submersa. Portanto, é importante
enfatizar que os camundongos tratados com o peptídeo Aβ
1-40
,
independente da linhagem utilizada (Swiss ou C57Bl/6), não diferiram dos
animais tratados com a solução controle nos parâmetro locomotores
(número de cruzamentos e rearing) avaliados no teste do campo aberto.
Estes resultados nos permitem assegurar que a queda no desempenho
82
apresentado pelos camundongos tratados com Aβ
1-40
no labirinto aquático é
decorrente de prejuízo nas função de memória espacial.
De forma geral, a inflamação pode ser definida como um conjunto de
interações complexas entre fatores solúveis e células, que ocorre nos tecidos
em resposta a danos traumáticos, infecciosos, pós-isquêmicos ouxicos
(Nathan, 2002). Neste sentido, em circunstâncias normais, a ativação da
inflamação apresenta papel benéfico para os indivíduos. Por outro lado,
quando a resposta inflamatória torna-se crônica ela pode causar graves
efeitos ao organismo. O processo inflamatório é caracterizado por três
eventos principais que incluem o aumento substancial do suprimento de
sangue para o local afetado, o aumento da permeabilidade vascular e a
migração de leucócitos para o sítio inflamatório. O influxo celular é regulado
por moléculas solúveis e difusíveis, produzidas principalmente por células
inflamatórias, plaquetas, células endoteliais e mastócitos (Sharma e
Buchanan, 1994; Levy, 1996). As moléculas solúveis envolvidas na inflamação,
ou mediadores inflamatórios, compreendem produtos da degranulação de
mastócitos (histamina e serotonina), mediadores lipídicos (leucotrienos,
prostaglandinas e fator de ativação plaquetária), citocinas, quimiocinas,
componentes do sistema complemento e o óxido nítrico (NO). Além destes,
mediadores peptídicos como as cininas, neurocininas e o peptídeo
relacionado ao gene da calcitonina (CGRP), entre outros, também exercem
papel relevante no processo inflamatório. Todavia, a resposta inflamatória
verificada no sistema nervoso central parece diferir em alguns aspectos
daquela verificada em tecidos periféricos. Pelo fato do cérebro não
83
apresentar fibras nociceptivas, torna-se difícil o reconhecimento do início do
processo inflamatório, sendo que os sinais clássicos da inflamação (rubor,
tumor, calor e dor) não são observados no sistema nervoso central. Além
disso, a presença da barreira hematoencefálica é capaz de reduzir
substancialmente a entrada de células inflamatórias, patógenos e de
algumas macromoléculas no espaço subaracnoídeo, fazendo com que o
processo inflamatório no cérebro transcorra de maneira bastante peculiar
(Tuppo e Arias, 2005).
Inúmeros estudos têm demonstrado que, além das características
típicas, o cérebro de indivíduos acometidos pela doença de Alzheimer
apresenta sinais evidentes da ativação do processo inflamatório e da
resposta imune (Akiyama et al., 2000; Wyss-Coray e Mucke, 2002). No
entanto, o papel da inflamação no desenvolvimento e progressão da
doença de Alzheimer ainda é pouco compreendido. Estudos
epidemiológicos revelam que indivíduos que fizeram ou fazem uso
prolongado de antiinflamatórios não esteroidais apresentam menor risco no
desenvolvimento da doença de Alzheimer, sugerindo que o processo
neuroinflamatório pode contribuir para a progressão desta patologia (Rogers
et al., 1993; Rich et al., 1995; Breitner, 1996; McGeer et al., 1996; In’t Veld et
al., 2001, 2002; Zandi et al., 2002). Além disso, um grande número de
trabalhos tem demonstrado uma associação entre polimorfismos em genes
para algumas citocinas e outras moléculas inflamatórias e a doença de
Alzheimer (Wyss-Coray, 2006). Por outro lado, foi demonstrado recentemente
que a relação entre o processo inflamatório e a progressão da doença de
84
Alzheimer parece não ser tão simples quanto se imaginava. Wyss-Coray e
colaboradores (2001) evidenciaram que alguns aspectos da resposta
imunológica parecem ser importantes para a fagocitose dos fragmentos
amilóides de0positados no cérebro. Neste estudo, realizado em
camundongos que expressam a APP humana, foi verificado que a produção
de TGFβ1 (transforming growth factor
β
1) pelos astrócitos aumenta a
atividade fagocítica da microglia, reduzindo significativamente a formação
de placas amilóides e de emaranhados neurofibrilares nas regiões
hipocampal e cortical do cérebro. Estes dados demonstram claramente que
os mediadores envolvidos na resposta inflamatória podem apresentar papéis
moduladores distintos durante a progressão da doença de Alzheimer.
As células da glia representam o principal tipo celular responsável pelo
sistema de defesa no sistema nervoso central e parecem desempenhar
papel central no processo inflamatório associado à doença de Alzheimer.
Essas células se dividem em três grupos: os astrócitos, os oligodendrócitos e as
células da micróglia. Os astrócitos são os mais abundantes e os maiores
representantes das células gliais. Na substância cinzenta predominam os
astrócitos protoplasmáticos, enquanto que os astrócitos fibrosos ocorrem na
substância branca. Essas células são caracterizadas pela grande quantidade
de processos fibrosos e pela alta concentração de proteínas do filamento
intermediário (IF), como a proteína glial fibrilar ácida (GFAP). Os
oligodendrócitos são claramente distinguidos dos astrócitos por seu diâmetro
de pericário com preponderância do núcleo em termos de volume celular.
Na substância branca, os oligodendrócitos interfasciculares são responsáveis
85
pela formação da mielina no sistema nervoso central. Na substância
cinzenta os oligodendrócitos são geralmente encontrados em associação
com o pericário neuronal. Por fim, as microglias são as menores células gliais
conhecidas, medindo o seu pericário entre 2 e 3 μm e apresentando uma
morfologia muito variável. Estas células são de origem mesodérmica.
Quando se expõe a micróglia a estímulos capazes de gerar inflamação, esta
se transforma do estado passivo para uma forma ativa, na qual tem
capacidade de fagocitose semelhante ao macrófago (Bradford, 1985).
Em resposta ao dano neuronal, ocorre ativação de uma complexa
resposta celular imune, envolvendo astrócitos e micróglia. Os astrócitos
promovem atividades essenciais que protegem o tecido e sua função, além
de promover o reparo neuronal, a produção de substratos energéticos e
neurotrofinas. Esta população de células é capaz de reduzir a liberação do
glutamato e de radicais livres, reestabelecer a barreira hematoencefálica e
promover a neurovascularização e neurogênese (Liberto et al., 2004).
Entretanto, a reação astrócita excessiva resulta na falência da reparação da
barreira hematoencefálica, infiltração leucocitária, desmielização severa e
morte de células oligodendrócitas (Faulkner et al., 2004). Similarmente, após
ativação, a micróglia produz metabólitos que provocam a morte neuronal e
impedem a neurogênese (Monje et al., 2003). Além disso, evidências
sugerem que a deterioração ou disfunção da micróglia devido à progressão
da idade poderia contribuir para o avanço de doenças neurodegenerativas
(Streit, 2005).
86
Alterações em cada um destes tipos celulares foram documentadas
através de estudos em pacientes acometidos pela doença de Alzheimer,
bem como em culturas celulares e em modelos animais desta patologia.
Além disso, inúmeros estudos têm demonstrado que a Aβ é capaz de
promover diversas modificações nas células da glia (McGeer e McGeer,
2002). Anormalidades na atividade dos astrócitos, incluindo disfunção no
transporte de glutamato, perturbações na regulação do cálcio e a
produção elevada de citocinas, podem contribuir para a disfunção
sináptica e morte neuronal (Mattson, 2004). Além disso, durante a doença de
Alzheimer observa-se um grande número de microglias em torno das placas
amilóides e dos neurônios em degeneração. Acredita-se que essas células
participem da produção de toxinas e citocinas inflamatórias que, por sua
vez, contribuem para o processo neurodegenerativo (McGeer e McGeer,
2002). No presente estudo, a fim de determinar a possível ativação dos
astrócitos pela administração i.c.v. do peptídeo Aβ
1-40,
foram avaliados os
níveis de imunodetecção para a proteína GFAP no córtex e hipocampo. Os
resultados do presente estudo fornecem evidências moleculares
convinventes que confirmam e estendem os dados existentes na literatura,
indicando que a injeção i.c.v. de peptídeos Aβ promove ativação dos
astrócitos (Yan et al., 2001). A ativação destas células foi verificada
predominantemente no hipocampo, sendo observada um dia após o
tratamento dos animais. Oito dias após o tratamento, o número de astrócitos
detectados nos animais tratados com Aβ
1-40
foi similar aos dos animais
controle. Além disso, nossos resultados indicam que o processo de ativação
87
dos astrócitos pela Aβ ocorre de maneira independente da via do TNF-α e
do NO, uma vez que o bloqueio farmacológico ou genético desta citocina
ou da iNOS não apresentou qualquer efeito sobre a imunodetecção da
GFAP na região hipocampal. Em conjunto com dados descritos na literatura,
é possível sugerir que a ativação dos astrócitos é um dos primeiros eventos
induzidos pela injeção i.c.v. de Aβ
1-40
, sendo que estas células podem estar
envolvidas na liberação de substâncias tóxicas responsáveis pela disfunção
sináptica e cognitiva, descritas anteriormente. Entretanto, estudos adicionais
são necessários para confirmar esta hipótese.
O TNF-α é uma citocina multifuncional que participa na modulação de
uma grande quantidade de respostas celulares. No sistema nervoso central,
o TNF-α, através do TNFR1, induz dano das funções cognitivas e regula a
morte neuronal, ambos importantes marcadores da doença de Alzheimer.
Neste contexto, foi demonstrado recentemente que o TNF-α participa da
inibição do LTP pela Aβ - uma forma de plasticidade sináptica muito
associada ao aprendizado e à memória (Wang et al., 2005). Evidências
indicam que esse processo depende da ativação do receptor para o
glutamato mGluR5 e da proteína quinase p38 MAPK (Wang et al. 2004, 2005).
Além disso, a ativação do processo de apoptose é intensamente
dependente da via de sinalização do TNF-α. O TNFR1 contém um domínio de
morte (death domain, DD) citoplasmático que se liga ao adaptador TRADD
(TNFR-associated DD), que indiretamente ativa a cascata das caspases
resultando em apoptose (Varfolomeev & Ashkenazi, 2004). De maneira
interessante, foi sugerido recentemente que a Aβ
1-40
pode-se ligar
88
diretamente ao TNFR1, resultando em apoptose neuronal (Li et al., 2005). Os
dados do presente estudo demonstram que a Aβ
1-40
induz a expressão do
TNF-α no hipocampo e no córtex pré-frontal, ambas áreas essenciais para as
funções cognitivas. Outro aspecto relevante demonstra que a inibição
farmacológica e genética do TNF-α reduziu a perda sináptica e melhorou o
desempenho das funções de aprendizado e memória nos animais tratados
com Aβ
1-40
. Tais dados sugerem que o TNF-α apresenta um importante papel
do desenvolvimento da doença de Alzheimer.
As cascatas de sinalização intracelular ativadas após a exposição ao
TNF-α normalmente culminam em uma resposta nuclear caracterizada pela
ativação de diversos fatores de transcrição, incluindo o NF-κB (Schreck et al.,
1991; Beg et al., 1993) e o AP-1 (Lo & Cruz, 1995; Agnel & Karin, 1991). A via do
fator de transcrição NF-κB tem sido amplamente descrita nos últimos anos
por diversos grupos de pesquisa, estando relacionada a uma grande
variedade de patologias, tais como artrite reumatóide, asma, sepse,
aterosclerose, diversos tipos de câncer e doenças neurodegenerativas
(Barnes e Adcock, 1997; Barnes e Karin, 1997; Martin et al., 2000; Baldwin 2001;
Karin et al., 2001; Tak e Firestein, 2001; Garg e Aggarwal, 2002; Li e Verma,
2002; Sun e Andersson, 2002; Adcock, 2003; Burke, 2003; Santoro et al., 2003).
A ativação desse fator de transcrição pode ser observada em condições
fisiológicas e em diversos estados patológicos e está associada diretamente
ao controle da expressão de várias proteínas da resposta inflamatória,
incluindo citocinas, quimiocinas, fatores de crescimento, moléculas de
adesão celular e algumas proteínas de fase aguda (Blackwell et al., 1994;
89
Manning et al., 1995; Chen et al., 1995; Baldwin, 1996; Baichwal e Baeuerle,
1997; Tak e Firestein, 2001; Liu et al., 2003). NF-κB é o nome coletivo para
fatores de transcrição diméricos, membros da família Rel, que incluem as
proteínas RelA (p65), NF-κB1 (p50;p105), NF-κB2 (p52;p100), c-Rel e RelB
(Verma et al., 1995; Ghosh et al., 1998). Cada uma dessas proteínas se
caracteriza por apresentar uma seqüência amino-terminal altamente
conservada de 300 aminoácidos, necessários à dimerização, à localização
nuclear e à ligação do fator de transcrição ao DNA (Ghosh e Karin, 2002; Li e
Verma, 2002). A maioria dos membros dessa família forma homo (com
exceção do RelB) ou heterodímeros entre si, sendo a forma mais ativa do NF-
κB, o heterodímero formado pelas subunidades p50 ou p52 com p65 (RelA).
As proteínas p50 e p52 são formadas através de proteólise a partir dos
precursores p105 e p100, respectivamente (Baeuerle e Baltimore, 1996).
Os fatores de transcrição da família do NF-κB são regulados através
de interações com as proteínas inibitórias da família IκB, sendo as mais
comuns a IκBα, IκBβ e a IκBε (Ghosh et al., 1998). Com exceção dos linfócitos
B, nos quais o NF-κB é encontrado de forma constitutiva no núcleo, os demais
tipos celulares apresentam dímeros de NF-κB geralmente presentes no
citoplasma das células associados às proteínas IκB. Essa associação garante
que o sítio de localização nuclear do NF-κB permaneça mascarado evitando
assim que este fator de transcrição migre para o núcleo (Rothwarf e Karin,
1999; Ghosh and Karin, 2002; Li and Verma, 2002; Karin et al., 2004). Está bem
documentado que o IκBα regula a ativação transitória do NF-κB, enquanto
que o IκBβ regula a ativação persistente desse fator de transcrição (May e
90
Ghosh, 1997). A degradação dessas proteínas e a conseqüente ativação
desta via de sinalização ocorrem em resposta a estímulos celulares
apropriados, sendo a maioria deles relacionado a patógenos ou estresse, tais
como: citocinas pró-inflamatórias, infecção viral, ésteres de forbol, radiação
ultravioleta, entre outros. A estimulação celular resulta na ativação do
complexo de proteínas IκB quinases (IKKs), composto por três subunidades:
IKKα (IKK1), IKKβ (IKK2) e IKKγ (NEMO, IKKAP) (Karin e Ben-Neriah, 2000). As
proteínas IKKα e IKKβ são as subunidades catalíticas, responsáveis pela
fosforilação das proteínas IκB, enquanto que a IKKγ/NEMO é a subunidade
reguladora que controla a atividade do complexo IKK (Rothwarf e Karin,
1999). Uma vez ativado, o complexo IKK promove rápida fosforilação de
resíduos de serina específicos, na porção amino-terminal das proteínas IκB
(Ser 32 e Ser36 para IκBα). As proteínas IκB fosforiladas são então
poliubiquitinadas pela β-TRCP, tornando-as alvo para degradação pelo
proteasoma 26S (Hershko and Cienchanover, 1992; Karin e Ben-Neriah, 2000;
Ben-Neriah, 2002; Pickart, 2004). Como conseqüência da degradação das
proteínas IκB, o NF-κB livre pode migrar para o núcleo, se associar a regiões
do DNA que contenham porção κB específica
(5’GGG(A/G)NN(T/C)(T/C)CC3’) e regular a transcrição de um grande
número de genes (Bauerle e Baltimore, 1996; Barnes e Adcock, 1997; Barnes e
Karin, 1997; Ghosh and Karin, 2002; Li and Verma, 2002; Karin et al., 2004).
Dímeros funcionais do NF-κB estão presentes em todos os tipos
celulares do sistema nervoso central, incluindo neurônios, astrócitos, micróglia
e oligodendrócitos. De maneira interessante, no cérebro, a atividade do NF-
91
κB parece estar relacionada tanto a funções fisiológicas quanto a alterações
patológicas. Dados recentes obtidos em diferentes modelos experimentais
sugerem que a estimulação sináptica basal é capaz de ativar o NF-κB, sendo
este efeito mediado pela via de sinalização do glutamato e pelo aumento
do cálcio intracelular (O’Neill & Kaltschmidt, 1997). Meffert e colaboradores
(2003) demonstraram que a deleção gênica da subunidade p65 NF-κB
resulta em déficits significativos de aprendizado, sugerindo a participação
deste fator de transcrição nos processos cognitivos. Além disso, estudos em
culturas celulares sugerem que a ativação do NF-κB pode estar relacionada
ao processo de diferenciação neuronal, embora, os genes envolvidos neste
processo ainda não tenham sido determinados (Kurata et al., 1993; Sheppard
et al., 1995; Mattson e Camandola, 2001). Por outro lado, a maior parte dos
estudos aponta o NF-κB como um importante mediador das respostas
imunológica e inflamatória no cérebro. A ativação deste fator de transcrição
tem sido implicada em diversas patologias neurodegenerativas, incluindo a
doença de Alzheimer. Estudos post-mortem indicam que em cérebros de
indivíduos acometidos pela doença de Alzheimer, a imunodetecção do NF-
κB é elevada em neurônios e astrócitos próximos às placas amilóides (Terai et
al., 1996; Boissiere et al., 1997; Kaltschmidt et al., 1997). Dados recentes da
literatura demonstram grande correlação entre o aumento da atividade do
NF-κB e a expressão da COX-2 no cérebro de pacientes com a doença de
Alzheimer (Lukiw et al., 1998). Além disso, dados da literatura indicam que a
Aβ induz a ativação do NF-κB em culturas celulares de neurônios e da glia
(Akama et al., 1998; Bales et al., 2000; Mattson & Camandola, 2001; Kuner et
92
al., 1998; Ghribi et al., 2001). Corroborando com estes dados, no presente
estudo foi demonstrado que a injeção i.c.v. de Aβ
1-40
promove a ativação do
NF-κB no hipocampo e córtex pré-frontal. Ademais, nossos dados
demonstram que bloqueio farmacológico com AbTNF-α resulta na redução
da ativação do NF-κB pela Aβ
1-40
, indicando que esse fator de transcrição é
modulado pela via do TNF-α.
As proteínas quinases constituem uma das mais importantes vias de
sinalização intracelular nos animais superiores. Através da fosforilação de
resíduos específicos, essas proteínas regulam a atividade enzimática, a
interação entre diferentes grupos de moléculas, a localização celular e a
propensão à degradação de seus substratos, que incluem outras proteínas
quinases, fosfolipases, proteínas fosfatases, proteínas do citoesqueleto e
fatores de transcrição (Levitzki e Gazit, 1995; King et al., 1997). A família das
MAPKs constitui um grupo de proteínas quinases cuja função e regulação
são altamente conservadas (Manning et al., 2002). Essas proteínas fosforilam
resíduos de serina e em menor grau de treonina dos seus substratos e
regulam várias atividades celulares, incluindo a expressão gênica, mitose,
movimento celular, metabolismo e morte celular programada (Johnson e
Lapadat, 2002). Em particular, três subfamílias de MAPK – ERK, p38 MAPK e
JNK – têm sido amplamente caracterizadas. Quanto à última, até o presente
momento, foram identificadas dez isoformas distintas de JNK, sendo estas
derivadas dos genes jnk1, jnk2 e jnk3 (Gupta et al., 1996). A via de sinalização
da JNK é um mecanismo para transmitir sinais da membrana celular para o
núcleo. A ativação desta proteína ocorre pela fosforilação dos resíduos de
93
treonina ou de tirosina localizados próximo aos sítios de ligação do ATP e do
substrato, em resposta a uma série de estímulos, dentre eles o estresse
mecânico, citocinas inflamatórias (IL-1β e TNFα), produtos bacterianos, além
de estímulos químicos e térmicos, entre outros (Cohen, 1997; Garrington e
Jonhson, 1999; Kyriakis e Avruch, 2001). Interessantemente, tem sido
demonstrado que a ativação da JNK é essencial para a propagação do
sinal desencadeado pelo TNF-α (Tournier et al., 2001). Dentre os alvos
celulares da JNK, merecem destaque a proteína c-Jun, componente do
fator de transcrição AP-1 e, as proteínas associadas ao processo de
apoptose, incluindo o Bcl2 e a p53 (Manning e Davis, 2003). A ativação
destas vias moleculares pela JNK tem sido relacionada a várias doenças
inflamatórias e auto-imunes, dentre elas artrite reumatóide, esclerose
múltipla, asma, psoríase e doenças neurodegenerativas em geral (p. ex.
Alzheimer, Parkinson e Huntington).
No sistema nervoso central, as isoformas de JNK expressas em maior
proporção são JNK3α1 e JNK1α1, sendo que a JNK3 está preferencialmente
localizada nos neurônios piramidais das regiões CA1 e CA2 do hipocampo e
em subregiões específicas do neocórtex (Kuan et al., 1999). Estudos de
deleção gênica demonstraram que animais nocaute para jnk1, jnk2 ou jnk3
apresentam desenvolvimento normal (Yang et al., 1997; Kuan et al., 1999).
Entretanto, animais com dupla deleção para jnk1 e jnk2 morrem
prematuramente e exibem várias anormalidades cerebrais, que são
atribuídas a falhas no processo de apoptose. Além disso, embora a deleção
do jnk3 não provoque morte prematura nos animais, distúrbios importantes
94
são detectados nos processos de indução e ativação da proteína c-Jun,
bem como na ativação da apoptose neuronal (Bruckner et al., 2003).
Quanto à doença de Alzheimer, uma série de evidências indica que a JNK
participa efetivamente do processo de dano neuronal verificado nos
pacientes (Manning e Davis, 2003). Estudos in vivo demonstram que o
bloqueio da JNK3 reduz a ativação da proteína Fas, associada ao processo
de apoptose e aumenta a resistência dos camundongos aos efeitos tóxicos
da Aβ (Morishima et al., 2001). Ainda, a análise post-mortem de cérebros de
indivíduos acometidos pela doença de Alzheimer tem revelado a ativação
das proteínas JNK1, 2 e 3 em áreas cerebrais com maior acúmulo de
fragmentos amilóides (Zhu et al., 2001. Pei et al., 2001). A atividade da JNK
também tem sido associada ao aumento na fosforilação da proteína Tau e
ao conseqüente acúmulo de emaranhados neurofibrilares no interior dos
neurônios (Reynolds et al., 1997). Por fim, recentemente foi sugerido que a via
de sinalização da JNK regula o metabolismo da APP, podendo assim
contribuir para o acúmulo de placas amilóides (Reynolds et al., 2001).
O fator de transcrição AP-1 é composto por homo ou heterodímeros
de membros das famílias c-Jun e c-Fos e regula a expressão de um grande
número de proteínas (Karin, 1995; Karin et al., 1998; Kaminska et al., 2000;
Handel e Girgis, 2001). Em contraste com o NF-κB, o AP-1 está expresso nas
células em baixas quantidades, tendo sua expressão aumentada em
resposta a diferentes estímulos, tais como: ésteres de forbol, radiação
ultravioleta, fatores de crescimento e citocinas (Karin et al., 1997; Karin 1995).
Em resposta a estimulação ocorre aumento na expressão dos genes que
95
codificam as proteínas c-Jun e c-Fos, aumentando a síntese do fator de
transcrição AP-1 (Karin, 1995). Evidências experimentais indicam o importante
papel regulador exercido pela JNK na expressão dos genes para as proteínas
que compõem o AP-1, aumentando a atividade de fatores de transcrição
que controlam a expressão dessas proteínas, através de sua fosforilação
(Deng e Karin, 1994 Gupta et al., 1996; Hazzalin et al., 1997; Musti et al., 1997;
Read et al., 1997; Fuchs et al., 2000). De maneira interessante, é observada a
ativação da JNK e da c-Jun em culturas de neurônios após a exposição ao
peptídeo Aβ e, a inibição desse processo atenua de forma significante a
toxicidade da Aβ (Bozyczko-Coyne et al., 2001; Morishima et al., 2001; Troy et
al., 2001). Além disso, a ativação da destas proteínas tem sido implicada na
inibição do LTP mediada pela Aβ, indicando um possível papel da via JNK/c-
Jun nas funções cognitivas de aprendizado e memória (Wang et al., 2004).
No presente estudo foi verificado que a injeção i.c.v. de Aβ
1-40
induziu rápida
e sustentada ativação da JNK e de sua proteína alvo c-Jun. Além disso,
nossos dados mostram claramente a associação entre estes dois eventos,
uma vez que o inibidor seletivo para a JNK, SP600125, foi capaz de inibir a
migração da c-Jun do citosol para o núcleo celular. Finalmente, através dos
experimentos com o AbTNF-α também verificamos que a via JNK/c-Jun é
modulada pela via de sinalização do TNF-α. Esses resultados são consistentes
com dados prévios que demonstraram a ativação da JNK, através da
detecção da JNK fosforilada (Shoji et al., 2000; Zhu et al., 2001) e da c-Jun
(Anderson et al., 1994; 1996; Estus et al., 1997), em cérebros de pacientes
com a doença de Alzheimer.
96
No sistema nervoso central, normalmente a iNOS está ausente em
tecidos sadios. Todavia, após condições de estresse ou dano cerebral ocorre
aumento em sua expressão e consequentemente na produção de NO,
principalmente nos astrócitos, neurônios e células endoteliais. (Boje & Arora,
1992; Koprowski et al., 1993; Merrill et al., 1993; Schmidt & Walter, 1994). Por
sua vez, o aumento na produção de NO induz dano e morte neuronal
(Adamson et al., 1996). O mecanismo predominante pelo qual o NO gera a
toxicidade neuronal ocorre em função da reação com o ânion superóxido e
a conseqüente produção da substância citotóxica peroxinitrito (Beckman et
al., 1990). Durante condições fisiológicas, as moléculas reativas do oxigênio
são rapidamente eliminadas por enzimas antioxidantes, dentre elas a
glutationa peroxidade (Thannickal & Fanburg, 2000). Contudo, durante
condições patológicas, a produção excessiva e o conseqüente acúmulo de
espécies reativas devido à limitação da atividade enzimática resultam em
disfunção celular (Fiers et al., 1999). A expressão da iNOS e o aumento na
produção de NO tem sido amplamente implicados na doença de Alzheimer.
Neste sentido, foi demonstrado que tanto a expressão da iNOS, quanto a
produção de peroxinitrito estão elevados nos cérebros de indivíduos
acometidos por essa patologia (Smith et al., 1997; Hensley et al., 1998; Tohgi
et al., 1999; Luth et al., 2002; Fernandez-Vizarra et al., 2004). Recentemente,
foi sugerido que a deleção gênica da iNOS é capaz de proteger
substancialmente os animais do efeito citotóxico gerado pela Aβ (Nathan et
al., 2005). Além disso, dados de experimentos de eletrofisiologia sugerem que
a iNOS pode mediar parte dos efeitos deletérios sobre a cognição induzidos
97
pela Aβ em roedores (Tran et al., 2001; Wang et al., 2004). Os resultados do
presente estudo indicam que o aumento na expressão da iNOS induzida
pela Aβ
1-40
é acompanhada pela redução no nível de glutationa, sugerindo
um possível aumento na produção de espécies reativas de oxigênio,
incluindo o NO. Além disso, a inibição da iNOS ou sua deleção gênica foram
capazes de proteger os animais do dano no aprendizado e memória
induzido pela Aβ
1-40
. Tal efeito protetor possivelmente está relacionado à
redução na disfunção sináptica observada nos animais tratados com AG e
nos iNOS
-/-
.
Embora se tenha conhecimento da importância do processo de
transcrição para a expressão da iNOS, as vias de sinalização envolvidas
nesse processo ainda não foram totalmente esclarecidas, principalmente no
que se refere à indução mediada pela Aβ. Até o momento, através dos
estudos de clonagem e seqüenciamento foi verificada a exisncia de
diferentes sítios de ligação para fatores de transcrição na região promotora
para a iNOS no DNA, incluindo para o AP-1, NF-κB e o elemento de resposta
ao TNF (Keinanen et al., 1999; Eberhardt et al., 1996). De forma relevante, os
dados do presente estudo indicam que a expressão da iNOS induzida pela
Aβ
1-40
é amplamente dependente da via de sinalização do TNF-α,
envolvendo a ativação tanto da JNK/c-Jun quanto do NF-κB. Estes resultados
estendem o conceito de que a iNOS é uma proteína modulada por
mecanismos altamente especializados e sugerem uma possível seqüência
de eventos que pode ser importante para o desenvolvimento da doença de
Alzheimer.
98
Figura 21 – Papel do TNF-
α
e da iNOS no dano neuronal induzido pela injeção
i.c.v. da A
β
1-40
. Adminstração i.c.v. da A
β
1-40
induz a expressão da citocina
TNF-
α
que, por sua vez, promove a ativação das vias de sinalização
intracelular JNK/c-Jun e NF-
κ
B. Após sua ativação tanto o c-Jun quanto o NF-
κ
B migram para o núcleo, onde se ligam ao DNA induzindo a expressão do
mRNA e proteína iNOS. O aumento na produção de NO pela iNOS contribue
para a alteração no estado redox das células do SNC. O acúmulo de
substâncias tóxicas em áreas como o hipocampo e o córtex pré-frontal
promovem dano sináptico que esta associada ao défict cognitivo verificado
na doença de Alzheimer.
Nos últimos anos, vem crescendo o número trabalhos sugerindo o
envolvimento do sistema calicreína-cininas na fisiopatologia da doença de
Alzheimer. Tem sido demonstrado que a bradicinina (BK) tem sua produção
99
aumentada em condições consideradas fatores de risco para a doença de
Alzheimer, como o derrame e o traumatismo craniano (Steranka et al., 1988).
Áreas cerebrais que são acometidas nas fases iniciais da doença de
Alzheimer, como o bulbo olfatório, a substância cinzenta periaquedutal e o
córtex entorrinal, apresentam expressão aumentada de vários elementos do
sistema calicreína-cininas, incluindo a própria BK, α-globulinas (enzimas de
síntese das cininas) e os receptores B
2
para cininas (Correa et al., 1979; Perry
e Snyder, 1984; Raidoo e Bhoola, 1997; Chen et al., 2000). Além disso, cultura
de células tratadas com a proteína Aβ apresentaram aumento de três a
quatro vezes na concentração de cininas (Wirth et al., 1999), sendo que a
ativação do sistema calicreína-cininas e a liberação aumentada de BK
parecem ser induzidas pela forma agregada da proteína Aβ (Shibayama et
al., 1999). No presente estudo, tanto o tratamento com o antagonista
seletivo do receptor B
2
, Hoe140, quanto a deleção gênica do receptor B
2
promoveu redução dos prejuízos cognitivos induzidos pela injeção i.c.v. do
peptídeo Aβ
1-40
em camundongos quando avaliados 7 ou 30 dias após o
tratamento. Além disso, os dados de biologia molecular indicam que a
expressão desse receptor não foi alterada nas estruturas hipocampal e
cortical do cérebro pela administração do fragmento Aβ
1-40
. De maneira
importante, estes resultados representam a primeira evidência in vivo da
participão do receptor B
2
para cininas nos efeitos tóxicos induzidos pela
Aβ
1-40
. Reforçando os nossos achados, Jong e colaboradores (2002)
demonstraram a existência de modificações nos sítios de fosforilação do
receptor B
2
em dois modelos celulares da doença de Alzheimer. Além disso,
100
estudos in vitro sugerem que a exposição da cultura de células do tipo PC12
à proteína Aβ promove aumento na produção de inositol trifosfato (IP3) e
elevação dos níveis de cálcio citosólico em resposta a estimulação com BK,
sendo que estes efeitos parecem ser dependentes do aumento no número e
na afinidade ao ligante dos receptores B
2
(Huang et al., 1998).
Embora no presente momento não seja possível determinar o exato
mecanismo pelo qual o receptor B
2
para cininas é capaz de modular as
alterações cognitivas induzidas pelo peptídeo Aβ, algumas especulações
podem ser formuladas. Racchi e colaboradores (1998) demonstraram que o
tratamento de fibroblastos humanos com BK promove aumento na secreção
da APP, sendo que este efeito é bloqueado pelo antagonista seletivo do
receptor B
2
, Hoe140. Portanto, o receptor B
2
poderia estar regulando as
primeiras fases da cascata da proteína Aβ, o que explicaria o efeito
preventivo apresentado pelo Hoe140 nos prejuízos cognitivos observados no
presente estudo. Alternativamente, como já descrito anteriormente, a
fosforilação aumentada da proteína Tau e o seu acúmulo na forma de
emaranhados neurofibrilares são determinantes para a degeneração do
citoesqueleto microtubular verificado no cérebro de pacientes com a
doença de Alzheimer (Augustinack et al., 2002). Neste sentido, foi
demonstrado recentemente que a ativação do receptor B
2
induz aumento
na fosforilação da proteína Tau em fibroblastos de pacientes com a doença
de Alzheimer, mas não em fibroblastos de indivíduos controles da mesma
idade (Jong et al., 2003). Desta forma, a regulação da fosforilação da
proteína Tau pode representar um mecanismo indireto pelo qual o receptor
101
B
2
para cininas regula os efeitos induzidos pela proteína Aβ. Todavia, estudos
adicionais são necessários para confirmar estas hipóteses.
Apesar de ter sido o primeiro receptor para cininas caracterizado
farmacologicamente, a relevância do receptor B
1
no controle de processos
fisiopatológicos e o seu potencial como alvo terapêutico levaram muito
tempo para serem reconhecidos, devido a suas características complexas
de expressão e pela limitada atividade de seus antagonistas (Calixto et al.,
2004). O receptor B
1
para cininas faz parte de uma complexa família de
receptores, chamados de receptores indutíveis, que incluem vários outros
membros, como os receptores para a interleucina-1 (IL-1), para o fator
ativador de plaquetas (PAF) e para a progesterona (Donaldson et al., 1997).
Isto significa que o receptor B
1
apresenta baixo padrão de expressão em
condições normais, mas que pode apresentar sua transcrição e expressão
induzidas em situações fisiológicas (p. ex. angiogênese) e principalmente em
situações patologógicas (p. ex. trauma tecidual e processos inflamatórios
crônicos) (Marceau et al., 1998; Calixto et al., 2004). De maneira interessante,
inúmeros estudos têm demonstrado que a expressão do receptor B
1
pode ser
modulada pelo TNF-α, JNK, NF-κB e/ou NO (Calixto et al., 2004), o que sugere
uma possível indução deste receptor para as cininas pela injeção i.c.v. de
Aβ
1-40
. Para confirmar esta hipótese foi avaliado o efeito do tratamento com
Aβ
1-40
no padrão de expressão do receptor B
1
em diferentes áreas cerebrais.
Como esperado, durante condições basais uma baixa expressão do
receptor B
1
foi observada no hipocampo e córtex cerebral. Todavia, o
tratamento com o fragmento Aβ
1-40
promoveu o aumento sustentado da
102
expressão deste receptor, sendo este processo verificado um dia após o
tratamento e permanecendo pelo menos até 30 dias após a injeção. Estes
resultados sugerem uma possível participação dos receptores B
1
para as
cininas nos efeitos tóxicos induzidos pela Aβ
1-40
. Estudos adicionais são
necessários para verificar a relação entre as vias de sinalização descritas
acima e o processo de indução do receptor B
1
pela Aβ. Posteriormente, com
o uso de ferramentas farmacológicas e genéticas foi verificado o efeito do
bloqueio dos receptores B
1
sobre os déficits de aprendizado e memória
induzidos pela Aβ
1-40
. Desta forma, a deleção gênica do receptor B
1
ou o
tratamento com o antagonista seletivo do receptor B
1
, a des-Arg
9
-Leu
8
-BK,
foram capazes de inibir parcialmente os prejuízos cognitivos observados nos
estágios tardios, 30 dias após a administração da Aβ
1-40
. Entretanto, estas
estratégias não foram capazes de prevenir ou reverter os prejuízos cognitivos
observados nos estágios iniciais, 7 dias após a injeção do peptídeo Aβ
1-40
. Em
conjunto, estes dados indicam que independente do aumento antecipado
na expressão do receptor B
1
no hipocampo e córtex, o bloqueio destes
receptores não apresenta eficácia na redução dos efeitos cognitivos
induzidos pela Aβ
1-40
no estágio inicial avaliado. Por outro lado, o progresso
da patologia parece promover modificações moleculares que aumentam a
importância deste receptor para as funções cognitivas, uma vez que tanto a
deleção gênica quanto o bloqueio farmacológico foram capazes de
reverter o dano induzido pela Aβ
1-40
30 dias após o tratamento. Com base
nestes resultados é possível sugerir que o aumento na expressão do receptor
B
1
observada no estágio inicial parece estar relacionada a outros efeitos da
103
Aβ que não foram avaliados no presente estudo. No estágio tardio, o papel
dos receptores B
1
pode aumentar em importância no que concerne os
prejuízos cognitivos induzidos pela Aβ
1-40
, sendo que este efeito pode ocorrer
para compensar a redução do envolvimento dos receptores B
2
nestes
processos, como sugerido pela redução do efeito inibitório do antagonista
Hoe140 nos estudos comportamentais, 30 dias após a injeção i.c.v.
Entretanto, estudos adicionais são necessários para melhor compreender a
relação entre o receptor B
1
e a doença de Alzheimer.
Várias evidências indicam que a resposta inflamatória induzida pela Aβ
no sistema nervoso central envolve a liberação de diversos mediadores, tais
como: citocinas pró-inflamatórias, NO, substâncias reativas do oxigênio e
cininas. Estas, por sua vez, promovem a ativação de vias de sinalização
intracelulares que contribuem para o desenvolvimento e progressão da
doença de Alzheimer (Akiyama et al., 2000; Selkoe, 2002). No presente
estudo foi demonstrado que a administração de uma única dose de Aβ
1-40
promoveu a ativação da resposta inflamatória no sistema nervoso central,
sendo que tal efeito parece contribuir para o declínio das funções cognitivas
de aprendizado e memória. Os resultados apresentados indicam um
processo de dano sináptico e ausência de apoptose. Tais evidências
reforçam a idéia que a disfunção sináptica é um dos primeiros fenômenos na
doença de Alzheimer e precede a morte celular (Selkoe, 2002). Além disso,
através de ferramentas farmacológicas e moleculares foi claramente
demonstrada relação entre a Aβ, o TNF-α, a iNOS, o estresse oxidativo e o
declínio cognitivo. Nossos dados sugerem uma seqüência de eventos, onde
104
o TNF-α, provavelmente através do TNFR1, exerce um papel fundamental na
regulação da expressão da iNOS, das alterações oxidativas e do
conseqüente dano cognitivo induzidos pela Aβ
1-40
. Finalmente, o presente
estudo apresenta dados consistentes acerca da participação dos
receptores B
1
e B
2
para as cininas nos prejuízos cognitivos induzidos pela Aβ.
Figura 22 – Papel dos receptores para cininas no dano cognitivo induzido
pela injeção i.c.v. da A
β
1-40
. A indução e manutenção do dano cognitivo
verificado após a injeção de A
β
1-40
envolve exclusivemente a participação
do receptor B
2
no período inicial do processo (até 7 dias). Após longo
período do tratamento (30 dias) o dano cognitivo induzido pela A
β
1-40
envolve tanto o receptor B
2
quanto o receptor B
1
para as cininas.
105
CONCLUSÃO
Em conjunto, os dados do presente estudo sugerem que as vias de
sinalização do TNF-α, da iNOS e das cininas parecem exercer importante
papel no dano cognitivo observado nos primeiros estágios da doença de
Alzheimer. Estudos adicionais que visem caracterizar possíveis substratos
celulares para essas proteínas podem auxiliar no entendimento do papel
que cada uma delas exerce, bem como, indicar alvos potenciais para o
desenvolvimento de fármacos para intervenção da doença de Alzheimer
em humanos.
106
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