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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA: CIRURGIA
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO – CIRURGIA CARDIOVASCULAR
MESTRADO
ESTUDO MORFOMÉTRICO DO ESPESSAMENTO INTIMAL
SECUNDÁRIO AO IMPLANTE DE STENT EM
ARTÉRIAS CARÓTIDAS DE SUÍNOS
MÁRCIO BASTIANI PASA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO APRESENTADA AO CURSO
DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA: CIRURGIA DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL.
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO – CIRURGIA CARDIOVASCULAR.
ORIENTADOR: Prof. Dr. Adamastor Humberto Pereira
CO-ORIENTADOR: Prof. Dr. Antônio de Pádua F. da Silva Filho
Porto Alegre, Fevereiro de 2001
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P277e Pasa, Márcio Bastiani
Estudo morfométrico do espessamento intimal secundário ao
implante de stent em artérias carótidas de suínos / Márcio Bastiani
Pasa ; orient. Adamastor Humberto Pereira ; co-orient. Antônio de
Pádua F. da Silva Filho. – Porto Alegre, 2001.
113 f. : il.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio
Grande do Sul. Faculdade de Medicina. Curso de Pós-
graduação em Medicina: Cirurgia.
1. Hiperplasia intimal. 2. Reestenose. 3. Morfometria. 4. Stent.
I. Pereira, Adamastor Humberto. II. Silva Filho, Antônio de Pádua
F. da. III. Título.
NLM: QZ 190
Catalogação Biblioteca FAMED/HCPA
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Ao meu pai, Jaime, que me ensinou a
sonhar.
À minha mãe, Marisa, que me ensinou
que os sonhos são realizáveis.
À minha noiva Mônica, sonho
concretizado e motivadora de novos
sonhos.
AGRADECIMENTO ESPECIAL
Ao Prof. Dr. Adamastor Humberto Pereira, pelo estímulo inicial na
carreira científica, pela orientação, confiança, segurança e exemplo
profissional dispensados na realização deste trabalho.
Ao Prof. Dr. Antônio de Pádua F. da Silva Filho, co-orientador desta
tese e Diretor da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, pela amizade, dedicação e importante
complementação científica no campo veterinário, sem a qual este trabalho
seria impossível.
Ao Prof. Dr. Eduardo Estevão Eggers, verdadeiro desbravador neste
campo, por disponibilizar-me incansavelmente sua experiência, viabilizando
este estudo, e pelo estímulo constante, que me fez crer que era possível
vencer as inúmeras dificuldades.
À Profª. Drª. Maria Isabel Edelweiss, pelo acolhimento inesperado,
pelo estímulo e soluções na área da patologia, pela avaliação crítica a este
trabalho e pelo exemplo de humanidade abnegada que será inesquecível.
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Luiz Francisco Costa, mestre e amigo, pelo ensino na
formação cirúrgica vascular e pela experiência em atividades científicas.
Aos Prof. Drs. Orlando Wender e Jair Saadi, pela formação
profissional.
Aos Drs. Gilberto Gonçalves de Souza e Júlio Nectoux Filho, pelo
exemplo profissional e estímulo científico, bem como pela amizade e
orientação no campo pessoal.
Ao Eng. Sr. Luciano da Silva Duarte, pela confecção dos stents, e ao
Eng. Sr. Paulo Sanches, pela esterilização e embalagem dos stents, aliando
competência, solidariedade e presteza sempre que solicitados.
Ao Dr. Luiz Guilherme N. Torres Júnior, amigo ímpar, pelo apoio em
atividades profissionais, o que me disponibilizou mais tempo para dedicação
a este estudo.
Aos meus irmãos Dr. Marcos Bastiani Pasa e Maurício Bastiani
Pasa, incansáveis no auxílio à informática a qualquer hora.
Ao Prof. Dr. Vinícius Duval da Silva, pelo auxílio oferecido na
realização da análise morfométrica.
À Direção do Hospital de Clínicas Veterinárias, na pessoa do Dr.
Osmar Baldi, pela receptividade e pela liberdade recebida para a utilização
de materiais e área física daquele hospital.
Aos médicos veterinários Drs. Jarbas Castro Júnior e Renato Silvano
Pulz, pelo auxílio na realização das arteriografias e anestesia dos animais,
respectivamente.
À Drª. Mônica Zuchetto, ao Dr. Marco Aurélio Grüdtner e à
acadêmica de Medicina Daniela Manganelli, pelo auxílio cirúrgico durante os
procedimentos.
Ao Dr. Arno Erwim Neuhof e seus funcionários, pelo auxílio
laboratorial nas dosagens hematimétricas e do perfil lipídico.
Ao Sr. Jorge Alberto Lopes, técnico em patologia, cuja excelência na
preparação dos cortes histológicos foi de grande valia.
Aos Srs. Joel Motta, Amarildo Alencastro, Luiz Djalma Narciso
Rodrigues, pelo transporte e cuidado de manutenção dos suínos, e à Sra.
Alice Pinheiro da Cruz, pelo auxílio durante os procedimentos e dedicação
na preparação do material cirúrgico.
Ao Grupo de Pós-Graduação e Pesquisa do Hospital de Clínicas de
Porto Alegre, na pessoa da estatística Srta. Vânia Naomi Hirakata, pela
assessoria na análise dos dados.
À Profª. Marina Klieine, pelo auxílio na revisão ortográfica desta
dissertação.
SUMÁRIO
LISTA DE ABREVIATURAS
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
RESUMO
ABSTRACT
1. INTRODUÇÃO........................................................................................... 1
2. OBJETIVOS............................................................................................... 6
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA....................................................................... 7
3.1. Terapêutica endovascular: princípios gerais e histórico...................... 7
3.2. Estrutura da parede do vaso arterial ................................................... 9
3.3. Papel do endotélio na proteção da parede vascular ......................... 10
3.4. Fisiopatogenia da reestenose ........................................................... 11
3.4.1. Remodelamento geométrico....................................................... 12
3.4.2. Hiperplasia intimal ...................................................................... 15
3.4.2.1. Modelos de lesão arterial ..................................................... 16
4. MATERIAL E MÉTODOS......................................................................... 24
1
STENT: dispositivo endoluminal para fixação de defeitos da parede arterial ou interposição para correção de
aneurismas ou fístulas artério-venosas.
2
ACCD: artéria carótida comum direita.
3
ACCE: artéria carótida comum esquerda.
4.1. Critérios de exclusão......................................................................... 25
4.2. Desenvolvimento da técnica e adaptação do modelo experimental.. 26
4.3. Métodos............................................................................................. 27
4.4. Técnica anestésica............................................................................ 27
4.5. Técnica cirúrgica ............................................................................... 28
4.6. Preparo do tecido para análise histológica........................................ 30
4.7. Análise morfométrica......................................................................... 31
4.8. Análise hematimétrica e sorológica................................................... 33
4.9. Análise estatística ............................................................................. 33
5. RESULTADOS......................................................................................... 35
5.1. Perfil lipídico ...................................................................................... 36
5.2. Elementos figurados do sangue ........................................................ 38
5.3. Análise Morfométrica da parede arterial............................................ 41
5.3.1 Comparação entre os Grupos STENT
1
e NÃO STENT ............... 41
5.3.2 Grupo STENT: ACCD
2
e ACCE
3
................................................. 42
5.3.3 Grupo NÃO STENT: ACCD e ACCE ........................................... 44
6. DISCUSSÃO............................................................................................ 54
7. CONCLUSÕES........................................................................................ 76
8. ANEXO .................................................................................................... 77
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................... 83
9.1. Fontes consultadas ........................................................................... 97
LISTA DE ABREVIATURAS
µm micrômetros
mm milímetros
cm centímetros
mg miligramas
g gramas
kg quilogramas
ml mililitros
dl decilitros
u.i. unidades internacionais
mmHg milímetros de mercúrio
h hora
n número
LDL lipoproteína de baixa densidade
HDL lipoproteína de alta densidade
ACCD artéria carótida comum direita
ACCE artéria carótida comum esquerda
EDTA ácido etilenodiaminotetracético
PTFE politetrafluoretileno
et e
et al. e outros
v. volume
p. página
I íntima
s stent
M camada média
L luz do vaso
MI membrana elástica interna
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1: Fotomicrografia da artéria carótida comum esquerda
normal de suíno, não lesada. Coloração: hematoxilina e
eosina. Magnificação original 12,5x ......................................... 47
FIGURA 2: Fotomicrografia da artéria carótida comum esquerda
normal de suíno, não lesada. Coloração: hematoxilina e
eosina. Magnificação original 100x .......................................... 47
FIGURA 3: Fotomicrografia da artéria carótida comum esquerda
normal de suíno, não lesada. Coloração: Verhoeff.
Magnificação original 12,5x...................................................... 48
FIGURA 4: Fotomicrografia da artéria carótida comum direita de suíno,
do grupo NÃO STENT, após 4 semanas da lesão.
Coloração: Verhoeff. Magnificação original 12,5x.................... 48
FIGURA 5: Fotomicrografia da artéria carótida comum direita de suíno,
do grupo NÃO STENT, após 4 semanas da lesão.
Coloração: hematoxilina e eosina. Magnificação original
12,5x ........................................................................................ 49
FIGURA 6: Fotomicrografia da artéria carótida comum direita de suíno,
do grupo NÃO STENT, após 4 semanas da lesão.
Coloração: hematoxilina e eosina. Magnificação original
100x ......................................................................................... 49
FIGURA 7: Fotomicrografia da artéria carótida comum direita de suíno,
do grupo NÃO STENT, após 4 semanas da lesão.
Coloração: hematoxilina e eosina. Magnificação original
100x ......................................................................................... 50
FIGURA 8: Fotomicrografia da artéria carótida comum direita de suíno,
do grupo NÃO STENT, após 4 semanas da lesão.
Coloração: hematoxilina e eosina. Magnificação original
100x ......................................................................................... 50
FIGURA 9: Fotomicrografia da artéria carótida comum direita de suíno,
do grupo STENT, após 4 semanas do implante. Coloração:
hematoxilina e eosina. Magnificação original 12,5x ................. 51
FIGURA 10: Fotomicrografia da artéria carótida comum direita de
suíno, do grupo STENT, após 4 semanas do implante.
Coloração: hematoxilina e eosina. Magnificação original
40x ........................................................................................... 51
FIGURA 11: Fotomicrografia da artéria carótida comum direita de
suíno, do grupo STENT, após 4 semanas do implante.
Coloração: hematoxilina e eosina. Magnificação original
12,5x ........................................................................................ 52
FIGURA 12: Fotomicrografia da artéria carótida comum direita de
suíno, do grupo STENT, após 4 semanas do implante.
Coloração: hematoxilina e eosina. Magnificação original
40x ........................................................................................... 52
FIGURA 13: Fotomicrografia da artéria carótida comum direita de
suíno, do grupo STENT, após 4 semanas do implante.
Coloração: Verhoeff. Magnificação original 40x....................... 53
FIGURA 14: Fotomicrografia da artéria carótida comum direita de
suíno, do grupo STENT, após 4 semanas do implante.
Coloração: Verhoeff. Magnificação original 40x....................... 53
LISTA DE TABELAS
TABELA 1: Distribuição da alocação dos suínos quanto à implantação
de stent, ao sexo e ao peso nas duas fases do experimento.... 37
TABELA 2: Análise dos dados do perfil lipídico ........................................... 38
TABELA 3: Análise da leucometria.............................................................. 39
TABELA 4: Análise do eritrograma e contagem plaquetária........................ 40
TABELA 5: Análise morfométrica das áreas e de suas relações nos
grupos STENT e NÃO STENT .................................................. 42
TABELA 6: Análise morfométrica das áreas e de suas relações no
grupo STENT ............................................................................ 44
TABELA 7: Análise morfométrica das áreas e de suas relações no
grupo NÃO STENT.................................................................... 46
ANEXO, TABELA 1: Valores do perfil lipídico obtidos nas duas fases do
experimento............................................................................... 78
ANEXO, TABELA 2: Valores da leucometria obtidos nas fases inicial e
final do experimento.................................................................. 79
ANEXO, TABELA 3: Valores do eritrograma e contagem plaquetária
obtidos nas duas fases do experimento .................................... 80
ANEXO, TABELA 4: Descrição dos resultados da morfometria................... 81
ANEXO, TABELA 5: Distribuição dos resultados do índice intima e dos
índices relativos ao peso, calculados a partir da
morfometria, para as diferentes camadas arteriais ................... 82
RESUMO
PASA, M. B. Estudo morfométrico do espessamento intimal secundário ao
implante de stent em artérias carótidas de suínos. Porto Alegre, 2001, 113 p.
Dissertação (Mestrado), Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Estudos morfométricos têm demonstrado uma reação crônica na parede arterial,
caracterizada pela hiperplasia intimal secundária à migração e proliferação de
células musculares lisas e pela deposição de matriz extracelular após o implante de
próteses endoluminais tipo stent. O objetivo deste estudo é analisar o
espessamento intimal adjacente ao implante de um stent. Foram estudados 14
suínos de raça mista, com peso inicial de 28 a 33 kg. Sete animais receberam o
implante de um stent auto-expansível tipo “Z”, com 3,8 mm de diâmetro,
confeccionado em aço inoxidável, na artéria carótida comum direita, sob dissecção
direta do vaso. O grupo controle consistiu de outros sete animais que sofreram
manipulação arterial, com o sistema introdutor, sem o implante do stent. As artérias
carótidas comuns contralaterais não lesadas, dos dois grupos, foram utilizadas
como controle. A metodologia do estudo consistiu da análise morfométrica de
amostras de tecido arterial, obtidas de um segmento medindo 0,3 cm junto ao
segmento distal do stent, quatro semanas após o implante. Os achados
morfométricos foram comparados com amostras arteriais oriundas das carótidas
lesadas, no grupo controle, e das carótidas contralaterais não lesadas, dos dois
grupos. Foi realizado o monitoramento hematimétrico e do perfil lipídico para
controle da viscosidade sangüínea e da hipercolesterolemia. A análise estatística foi
realizada através do teste de Mann-Whitney e do teste T de Wilcoxon, para
amostras não-paramétricas. Os dados foram apresentados como mediana e
intervalos entre quartis (percentis 25 e 75). O valor de significância considerado foi
de p<0,05. Os resultados demonstraram um maior espessamento intimal no grupo
submetido ao implante de stent: a área intimal foi 0,1689 mm
2
(0,1224-0,3979), no
grupo stent, e, 0,0021 (0,0014-0,0038), no grupo não stent (p=0,008). As áreas
luminais e da camada média não apresentaram alterações significativas, entre os
dois grupos. Quando os dois grupos foram comparados às suas respectivas artérias
carótidas contralaterais, foram encontradas alterações significativas nas
mensurações da área intimal e do lúmen arterial. Não houve alterações
estatisticamente significativas na área da camada média. Conclui-se que todas as
artérias submetidas ao implante do stent apresentaram espessamento intimal, sem
alterações na camada média, quatro semanas após o implante de um stent.
ABSTRACT
PASA, M. B. Morphometric study of the intimal thickening secondary to
stent implantation in the pig carotid artery. Porto Alegre, 2001, 113 p.
Dissertação (Mestrado), Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Morphometric studies have evidenced a chronic reaction on the arterial wall
characterized by intimal hyperplasia secondary to migration and proliferation of
smooth muscle cells and by extracellular matrix deposal after stenting. The purpose
of this study is to analyze the intimal thickening adjacent to a stent implantation.
Fourteen crossbred pigs initially weighing 28 to 33 kg were studied. Seven animals
received a stainless steel, autoexpansive “Z” stent-type implantation (diameter =
3.8-mm) on the right common carotid artery under direct vessel dissection. The
control group consisted of other seven animals that underwent arterial manipulation
by the delivery system without a stent implantation. Uninjured contralateral common
carotid arteries of both groups were used as controls. Study methodology included
morphometric analysis of arterial tissue samples taken from a 0.3-cm segment along
the stent distal segment four weeks after stent placement. Morphometric findings
were compared to arterial samples resulting from injured carotids in the control
group, and from uninjured contralateral carotids of both groups. Hematimetric and
lipid profile monitoring was ordered to evaluate blood viscosity and
hypercholesterolemia. Statistical analysis of the morphometric data consisted of
unparied Mann-Whitney’s U test and Wilcoxon’s T test for non-parametric data. All
data are presented as median and interquartiles range (25 - 75 percentiles). A
value of p< .05 was considered significant. The results of this study showed a
greater intimal thickening in the group that underwent a stent implantation: intimal
area was 0,1689 mm
2
(0,1224-0,3979) in the stent group and 0,0021 mm
2
(0,0014-
0,0038) in the non stent group (p=.008). No significant changes in luminal area and
media layer were identified when both group were compared. When both group
were analysed against their respective uninjured normal contralateral carotid
arteries significant alterations on intimal and luminal areas were detected. No
significant changes in the medial area were detected in either group. In conclusion,
a considerable intimal thickening was observed in all carotids submitted to stent
implantation and there was no morphometric alterations in the media tunica, four
weeks after stent placement.
1. INTRODUÇÃO
A aterosclerose constitui a principal causa de morte em países
desenvolvidos e é a grande responsável pela patogênese dos infartos
cerebral e miocárdico, das gangrenas e perdas de função de membros
(ROSS, 1993a; ROSS, 1993b). A lesão aterosclerótica representa o
resultado de um processo silencioso e prolongado que ocorre na parede do
vaso depois que o endotélio é lesado (KATZEN et BECKER, 1992; ROSS,
1993b), culminando na estenose ou oclusão do vaso e na conseqüente
isquemia do território irrigado. As lesões ateroscleróticas tendem a ser
segmentares e bem localizadas, com leitos proximais e distais relativamente
normais (DEBAKEY et al., 1985), o que possibilita o tratamento da patologia.
A terapêutica cirúrgica da doença aterosclerótica visa o
restabelescimento do fluxo sangüíneo aos tecidos. As
tromboendoarterectomias, as derivações arteriais e a terapia farmacológica
fibrinolítica são, tradicionalmente, as modalidades de tratamento disponíveis.
A cirurgia vascular está evoluindo de forma acelerada, e esta transformação
está relacionada, cada vez mais, com a busca de métodos menos invasivos.
2
Uma drástica revolução na terapêutica da doença aterosclerótica
vem ocorrendo (CRIADO, 1995): inicialmente, com a dilatação transluminal
por cateteres descrita por DOTTER et JUDKINS (1964); em seguida, com a
dilatação por balões de angioplastia apresentada por GRÜNTZIG (1979), e,
mais recentemente, com o advento dos fixadores intraluminares, ou stents, e
das próteses endovasculares.
Os procedimentos terapêuticos utilizados para tratar as lesões
ateroscleróticas produzem sempre um certo grau de lesão adicional ao
endotélio e às camadas mais profundas da parede vascular (KATZEN et
BECKER, 1992). A agressão ao vaso determina uma resposta na parede
arterial caracterizada por migração, proliferação celular e deposição de
matriz extracelular, semelhante à placa aterosclerótica (TENNANT et al.,
1990; TENNANT et MCGEACHIE, 1990; ROSS, 1993a; ROSS, 1993b). A
esta reação é conferido o nome de hiperplasia intimal, também chamada por
alguns autores de “hiperplasia mio-intimal” (CHERVU et MOORE, 1990;
PAINTER et al., 1991; ROSS, 1993a). A expressão “neoíntima” significa a
existência de uma cobertura endotelial completa (SCHWARTZ, S.M. et al.,
1995; EGGERS, 1998) enquanto que “pseudo-íntima” indica o revestimento
de material protéico e fibroblastos, isento de células endoteliais. A presença
de hiperplasia intimal foi descrita em veias implantadas em derivações infra-
inguinais (IMPARATO et al., 1972), em derivações venosas aorto-
coronarianas (MOTWANI et TOPOL, 1998) e, em artérias submetidas à
angioplastia (MORE et al., 1994) ou implante de stents (SHARMA et al.,
1983) e endopróteses (MARIN et al., 1995).
3
Tanto em animais de experimentação, quanto em humanos,
demonstrou-se que a parede arterial é capaz de reagir à agressão sofrida
com uma resposta que modifica a área luminal através do aumento ou
diminuição da área total do vaso. Essa resposta compensadora é chamada
de remodelamento geométrico negativo do vaso e parece ser, juntamente
com a hiperplasia intimal, um dos principais mecanismos patogênicos da
recorrência da lesão estenótica após a angioplastia (CLOWES et al., 1983;
FAXON, 1993; STRAUSS et al., 1994; CARAMORI, 1995; CARAMORI et al.,
1997a; ASAKURA et al., 1998; SCHWARTZ, R.S., 1998).
Tem-se demonstrado que a constricção arterial - ou remodelamento
geométrico negativo (CARAMORI et al., 1997a), ou ainda remodelamento
desfavorável (SCHWARTZ, R.S., 1998; SCHWARTZ, R.S. et al., 1998) - é
importante determinante da diminuição do lúmen do vaso submetido à
angioplastia. Fisiologicamente, as variações no fluxo sangüíneo e na
pressão arterial parecem ser os principais determinantes para o
remodelamento. Estudos farmacológicos experimentais têm conseguido
limitar o remodelamento geométrico vascular através da utilização de
agentes antioxidantes. O remodelamento também está associado a
modificações estruturais da parede vascular (CARAMORI et al., 1997a) e da
placa aterosclerótica dilatada (SMET et al., 1997).
Todos os procedimentos intervencionistas utilizados atualmente no
tratamento das lesões ateroscleróticas, como a angioplastia por balão, laser,
aterectomia, endoprótese e anastomoses de derivações, têm sua perviedade
prejudicada, a médio e longo prazo, pela recorrência da lesão. Tal fenômeno
é denominado de reestenose.
4
A reestenose é uma resposta reparadora à injúria arterial ocorrida;
entretanto, os mecanismos etiológicos e a relação entre a injúria do vaso e a
magnitude da reestenose permanecem pouco esclarecidos (SCHWARTZ,
R.S. et al., 1992). Este fenômeno ocorre em cerca de 50% das aterectomias,
em 30 a 50% das angioplastias coronarianas (MORE et al., 1994;
CARAMORI, 1995; ANDERSEN et al., 1996) e é responsável por estenoses
precoces em 30% das derivações arteriais com veia no primeiro ano e em 20
a 40% das falências de enxertos nos 5 primeiros anos (DAVIES et al., 1994).
O resultado inicial da angioplastia também está relacionado com o
grau de reestenose. Quanto maior o diâmetro luminal obtido, maior a
capacidade do vaso de suportar reduções do lúmen impostas pela reação
vascular à injúria. O implante de stents representa um avanço em relação
aos demais métodos de angioplastia, por permitir que se obtenha um melhor
resultado imediato e por previnir o remodelamento geométrico negativo, o
que determina maior tolerância à hiperplasia intimal, restringe a possibilidade
de que ocorrer uma redução significativa do lúmen (CARAMORI et al.,
1997a).
O implante de stents é a única intervenção que determina uma
redução clinicamente significativa da reestenose. Porém, seu uso implica em
altos custos, e os efeitos a longo prazo de um corpo estranho na parede
vascular ainda não foram totalmente definidos.
Muito embora os stents tenham acrescido benefícios à angioplastia,
as reestenoses são também descritas após a colocação destes dispositivos.
Os mecanismos que levam a um maior espessamento da íntima com o uso
de stents não foram bem determinados, mas infere-se que a injúria causada
5
pelo implante de um stent endovascular difere daquela secundária à simples
angioplastia com balão (EDELMAN et ROGERS, 1996; CARAMORI et al.,
1997a). Há a formação de um espesso trombo mural rico em plaquetas, que,
subsequentemente, é infiltrado por células inflamatórias e musculares lisas.
A trombose mural, particularmente após stents, parece servir de nicho para a
hiperplasia da íntima (CARAMORI et al., 1997a).
2. OBJETIVOS
Foi formulada a hipótese de que o implante de uma prótese
endoluminal, ou stent, produz uma reação na parede arterial adjacente à sua
implantação, caracterizada por um espessamento intimal maior do que
aquele imposto pela injúria do vaso isoladamente.
O objetivo deste trabalho é analisar, através de morfometria, o
espessamento intimal presente na parede arterial adjacente ao implante de
uma prótese endoluminal tipo stent.
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1. Terapêutica endovascular: princípios gerais e histórico
A cirurgia vascular tem evoluído de forma acelerada. O princípio
básico atual é a busca progressiva por métodos cada vez menos invasivos.
Com o advento do cateterismo arterial percutâneo, inicialmente diagnóstico e
posteriormente terapêutico, tem-se evoluído rapidamente no tratamento
menos invasivo das patologias vasculares.
Em 1964, DOTTER et JUDKINS investigaram, pela primeira vez, a
introdução coaxial de cateteres dentro da luz arterial, sob orientação
fluoroscópica, com a finalidade de dilatar lesões estenosantes e oclusivas
em 11 membros inferiores de 9 pacientes com doença aterosclerótica. Em
1979, com GRÜNTZIG, a terapêutica endovascular foi novamente
impulsionada, com a revolucionária descrição da angioplastia por balão. O
desenvolvimento tecnológico, com o aprimoramento continuado dos
cateteres utilizados, associado ao aumento da experiência dos profissionais,
tem garantido uma alta taxa de sucesso primário e uma baixa incidência de
8
complicações. Porém, apesar desta melhora progressiva dos resultados
imediatos, a eficácia do procedimento, a médio e longo prazo, manteve-se
constante (CARAMORI, 1995).
A principal limitação da angioplastia é a reestenose. O implante de
fixadores intraluminares, ou stents, surgiu no intuito de reduzir a incidência
de reestenose. Em seu trabalho original em 1964, DOTTER sugeria a
utilização de uma tala (splint) endovascular ou paravascular, com a
finalidade de manter um lúmen adequado até que ocorresse a
reendotelização do vaso. Posteriormente, em 1969, DOTTER relatou o
estudo experimental com enxertos tubulares intraluminais tipo molas espirais
em artérias poplíteas caninas.
A utilização das endopróteses vasculares veio a se desenvolver
mais rapidamente com os trabalhos experimentais de CRAGG et al. (1983) e
DOTTER et al. (1983) os quais descreveram a colocação, em quatro cães,
de molas espirais de nitinol, com ampla perviedade em 1 e 4 semanas.
MAASS et al. (1984) desenvolveram endopróteses espirais de dupla hélice,
implantando-as em aortas e cavas de cães. PALMAZ et al. (1985)
apresentaram uma endoprótese em formato de malha de aço inoxidável
introduzida e expandida com um balão de angioplastia. WRIGHT et al.
(1985) apresentaram e testaram, em cães, um stent em formato de
ziguezague. Desde então, surgiu uma grande variedade de desenhos de
endopróteses com tipos de materiais diversos.
O material mais comumente utilizado na confecção dos stents é o
aço inoxidável, especialmente aqueles da série 300. O aço inoxidável 304 e
o 316L são uma mistura de 8 e 9 substâncias, respectivamente, contendo,
9
em sua composição, ferro e cromo. O aço 316L contém ainda molibdênio,
importante na estabilização da liga e em suas propriedades físicas. Outros
stents são ainda produzidos a base de nitinol, tântalo, titânio e mediloy, de
composição não divulgada (PALMAZ, 1993).
As endopróteses podem ser divididas em balão-dilatáveis e auto-
expansíveis, de acordo com seu método de desdobramento intravascular. As
endopróteses balão-dilatáveis incluem como exemplo a Wiktor, a Flexstent e
aquelas de Palmaz, de Strecker e de Gianturco-Roubin. As endopróteses
auto-expansíveis têm como exemplos a Wallstent e a Gianturco “Z”-stent.
Certas características, tais como força radial, perfil de expansão e
trombogenicidade, diferem entre essas endopróteses. Em geral, é preferível
possuir pouca área superficial de metal exposta à superfície luminal e alta
relação de expansão, isto é, menor tamanho possível na introdução e
diâmetros externos muito maiores após o desdobramento (NICOLINI et
PEPINE, 1992). Os stents podem ainda possuir memória térmica, como
aqueles à base de nitinol, primeiramente descritos por DOTTER et al. (1983)
e CRAGG et al. (1983), e também utilizados por WISSELINK et PANETTA
(1998).
3.2. Estrutura da parede do vaso arterial
A parede arterial é, classicamente, composta por três camadas:
íntima, média e adventícia. A camada íntima é composta pelo endotélio e
pelo subendotélio e está separada da média pela lâmina elástica interna. Em
arteríolas, capilares, vênulas e pequenas veias intermediárias, uma
membrana basal está regularmente presente. O subendotélio é composto
10
por duas camadas: a imediatamente situada sob as células endoteliais,
chamada de camada de proteoglicanos; a outra, mais grossa, chamada de
camada músculo-elástica, é composta de células musculares lisas, fibras
elásticas e colágeno. O tecido elástico consiste de microfibrilas e elastina
sintetizadas por células endoteliais e células musculares lisas. Laminina,
trombospodina, fibronectina e fator de von Willebrand, sintetizados por
células endoteliais, musculares lisas, fibroblastos e plaquetas, compõem
também a estrutura do subendotélio. A camada média é proeminente na
parede de artérias elásticas e é composta por uma ou duas camadas de
células musculares lisas nas veias. Está separada da camada adventícia
pela lâmina elástica externa. A adventícia é formada por uma camada de
tecido conectivo fibroso e contém vasa vasorum, vasos linfáticos e nervos
(YAMAMOTO, 1998).
3.3. Papel do endotélio na proteção da parede vascular
Às células endoteliais são atribuídas diversas funções, incluindo: I- é
uma superfície não trombogênica; II- serve como barreira de permeabilidade
entre trocas e transporte ativo de substâncias através da parede arterial; III-
manutenção do tônus arterial; IV- produção e secreção de moléculas
reguladoras do crescimento e citoquinas; V- manutenção da membrana
basal, colágeno e proteoglicanos; VI - superfície não aderente a leucócitos;
VII- habilidade de modificar (oxidar) lipoproteínas e transportá-las atráves da
parede arterial (ROSS, 1993a).
O endotélio exerce um efeito protetor frente ao processo
aterogênico, trombótico e vasoespástico. Isto acontece por ação parácrina,
11
mediante a liberação de diversas substâncias com propriedades
antitrombóticas, antiaterogênicas e vasodilatadoras. O endotélio intacto
ajuda a manter a camada média em estado quiescente através da produção
de substâncias que inibem a proliferação das células musculares lisas, como
o óxido nítrico e o heparam sulfato. Além disso, a prostaciclina e o fator
relaxante derivado do endotélio - sugerido atualmente tratar-se do óxido
nítrico - também produzidos pelo endotélio, inibem a agregação plaquetária
e agem com efeito vasodilatador em contraposição à endotelina, com efeito
constrictor (ANDERSON et al., 1995; YAMAMOTO, 1998; MAKHOUL et al.,
1999).
A aterosclerose é um processo complexo e dinâmico, resultante da
interrelação entre lipídios sangüíneos, forças hemodinâmicas e estrutura e
função da parede vascular. Há duas principais hipóteses para explicar a
iniciação da aterosclerose: modificação das lipoproteínas de baixa
densidade (LDL) e uma resposta imune inapropriada à injúria vascular
(LAMAN et al., 1997). A disfunção endotelial predispõe a uma série de
interações celulares que culminam nas lesões ateroscleróticas (ROSS,
1993a).
3.4. Fisiopatogenia da reestenose
A resposta à lesão é necessária para que haja uma cicatrização da
lesão induzida na parede do vaso. Quando a cicatrização se processa de
uma maneira controlada, o vaso sangüíneo é remodelado com uma luz
ampliada. Quando o processo é descontrolado e se caracteriza por uma
resposta proliferativa, resulta na lesão hiperplásica da reestenose.
12
Acrescidos à hiperplasia da íntima, existem o componente variável do recuo
elástico e os processos de crescimento imprevisíveis da placa
aterosclerótica nativa. (KATZEN et BECKER, 1992).
Inúmeros mecanismos estão envolvidos nos processos que
acompanham uma intervenção endovascular; porém, dois parecem ser os
principais mecanismos patogênicos da reestenose: o remodelamento
geométrico negativo do vaso e a hiperplasia intimal (CLOWES et al., 1983;
FAXON, 1993; STRAUSS et al., 1994; CARAMORI et al., 1997a; ASAKURA
et al., 1998; SCHWARTZ, R.S., 1998).
3.4.1. Remodelamento geométrico
O remodelamento geométrico é definido como a reação
compensadora da parede vascular, em resposta à lesão, com a modificação
da área luminal, através do aumento ou diminuição da área total do vaso.
Visa adaptar o diâmetro de uma artéria às variações das condições
hemodinâmicas, através de modificações do diâmetro do vaso e de
alterações estruturais da parede da artéria (CARAMORI et al., 1997a).
O remodelamento expressa mudanças no tamanho da artéria por, no
mínimo, quatro processos celulares: crescimento, morte, migração e
produção ou degradação da matriz extracelular. Os mediadores destes
processos envolvem a geração local de fatores do crescimento, substâncias
vasoativas e estímulos hemodinâmicos (SCHWARTZ, R.S. et al., 1998).
As variações do fluxo sangüíneo e da pressão arterial parecem ser
os principais determinantes do remodelamento. O fluxo sangüíneo regula o
diâmetro vascular através do shear stress, ou tensão tangencial. Em
13
situação de fluxo laminar, a tensão tangencial é diretamente proporcional à
velocidade do fluxo e à viscosidade sangüínea, e inversamente proporcional
ao cubo do raio do vaso. Um aumento do fluxo sangüíneo induz um aumento
compensatório no raio vascular. As alterações do raio vascular alteram a
espessura, a estrutura e a composição da parede do vaso (CARAMORI et
al., 1997a).
Diferentes formas de remodelamento podem ocorrer após uma
angioplastia. O remodelamento perfeito é aquele em que a artéria é
expandida amplamente de forma a acomodar perfeitamente a neoíntima,
não ocorrendo estenose. No remodelamento favorável, a artéria é expandida
parcialmente, acomodando a neoíntima em quase sua totalidade, ocorrendo
discreta estenose. Pode ainda ocorrer o não-remodelamento, onde não há
expansão da artéria e a estenose se faz somente às custas da hiperplasia
intimal. No remodelamento desfavorável, há uma constricção arterial,
ocorrendo severa redução do lúmen (SCHWARTZ, R.S., 1998; SCHWARTZ,
R.S. et al., 1998). Este fenômeno é denominado de remodelamento
geométrico negativo. Na composição da reestenose após a angioplastia,
aproximadamente 30% da redução do lúmen devem-se à variação da
espessura da íntima, enquanto 70% são determinados pela redução
generalizada do calibre vascular. Por sua vez, em pacientes submetidos ao
implante de stents, o remodelamento negativo é bastante reduzido, e sua
participação na determinação da reestenose é mínima (CARAMORI et al.,
1997a).
O vaso dilatado, após um período variável, perde uma porção do
diâmetro ganho imediatamente após a insuflação do balão. Esta perda,
14
denominada de recuo elástico, é um determinante importante do diâmetro
final do lúmen, e é minimizada com o implante do stent (CARAMORI et al.,
1997a).
O ultra-som intravascular permite a avaliação do remodelamento
através da visualização ecográfica da secção transversal das artérias
(WILSON et WHITE, 1998). O efeito sobre a área luminal, mensurada por
ultra-som intravascular, varia dependendo da força exercida pelo stent. Após
28 dias do implante de stent de baixa força radial, as artérias demonstram
uma diminuição da área luminal. Implantes de stents de moderada e alta
força radial demonstram aumentos proporcionais da área luminal
(SCHWARTZ, R.S., 1998).
HAUDE et al. (1993) realizaram uma análise quantitativa, através de
angiografias, do recuo elástico em artérias coronárias de 60 pacientes com
implantes de stent expansível por balão do tipo Palmaz-Schatz,
comparando-o com aquele ocorrido nas artérias submetidas somente à
angioplastia. Concluíram que o stent eliminou quase que completamente a
diminuição das dimensões do vaso causada pelo recuo elástico, reduzindo a
taxa de reestenose.
POST et al. (1997) estudaram o remodelamento em artérias
arterioscleróticas de suínos alimentados com dieta rica em colesterol (1,5%)
e submetidos ao implante de stent, comparando-os com um controle
submetido à angioplastia. A análise morfométrica demonstrou que a redução
da área luminal após o procedimento devia-se principalmente ao
remodelamento, nas angioplastias, e à hiperplasia intimal, nos implantes de
stent.
15
3.4.2. Hiperplasia intimal
O espessamento intimal é uma característica da resposta da parede
vascular à injúria. O conceito de hiperplasia intimal pressupõe a presença de
migração, proliferação celular e deposição de matriz extracelular.
Topograficamente, a hiperplasia intimal está localizada entre a camada
endotelial e a membrana elástica.
A célula dominante na hiperplasia intimal é a célula muscular lisa, da
qual derivam as células presentes nas lesões intimais (DAVIES et HAGEN,
1994). Dependendo do estímulo que recebe, a célula muscular lisa pode
assumir dois diferentes fenótipos (SCHWARTZ, S.M. et al., 1995). O fenótipo
contrátil, ou quiescente, é o aspecto normal da camada média arterial, e o
fenótipo ativado, ou proliferativo-sintético, é a forma predominante em
obstruções reestenóticas (ANDERSEN et al., 1996).
A célula muscular lisa ativada possui grande capacidade de síntese
protéica e formação de matriz extracelular. Estima-se que a matriz
extracelular participe com 50 a 60% do volume tecidual total do
espessamento da íntima (CARAMORI et al., 1997a).
A hiperplasia intimal pode ser classificada em três diferentes
estágios, de acordo com o tempo de desenvolvimento das lesões intimais:
hiperaguda, aguda e crônica (DAVIES et HAGEN, 1994).
Pelo menos cinco mecanismos ocorrem na gênese da hiperplasia
intimal: I- perda da camada endotelial; II- estiramento mecânico; III-
agregação plaquetária à superfície lesada, associada à liberação de grande
quantidade de fatores de crescimento; IV- formação de trombo local e de
atividade mitogênica da trombina; V- reação inflamatória local. Estes
16
estímulos desencadeiam a alteração fenotípica da célula muscular lisa (do
estado contrátil para o proliferativo-sintético) e sua migração para a íntima
(CARAMORI, 1995).
3.4.2.1. Modelos de lesão arterial
Os eventos celulares da hiperplasia intimal foram analisados em
diversos modelos de injúria arterial. IP et al. (1990) descreveram uma
classificação morfológica para a injúria vascular mecânica em três subtipos:
I- há uma alteração funcional das células endoteliais, sem mudanças
morfológicas significativas; II- há a desendotelização, mas a lâmina elástica
interna e camada média estão intactas; III- há a desendotelização, com
danos da camada íntima e média.
O aspectos fisiopatológicos da hiperplasia intimal são analisados nos
modelos de injúria arterial por, basicamente, três princípios de agressão ao
vaso: I- níveis elevados de colesterol; II- modelos de manipulação
perivascular; III- modelos de manipulação direta das diferentes camadas
arteriais (TORRES JR.,1999).
CLOWES et al. (1983) demonstraram um modelo de lesão por
desnudação endotelial da artéria carótida comum de ratos, com cateter de
embolectomia. Seus resultados demonstraram que, nas duas primeiras
semanas, o espessamento intimal deve-se à migração de células
musculares lisas, oriundas da camada média, e sua proliferação na íntima.
Após as duas primeiras semanas, a morfometria mostrou marcado aumento
da matriz extracelular, com duplicação da hiperplasia intimal.
17
WALKER et al. (1983) demonstraram os eventos celulares presentes
na parede vascular 30 minutos, 3, 6, 15, 19, 25, 48 horas e 3, 4, 6, e 12 dias
após a injúria, em um modelo de desendotelização de aorta de coelhos, com
cateter contendo um filamento metálico.
STADIUS et al. (1992) demonstraram, morfometricamente, um
aumento significativo da área intimal após a injúria de artérias normais de
coelhos alimentados com dieta rica em colesterol (2%).
SAREMBOCK et al. (1989) e WEIDINGER et al. (1990)
demonstraram a influência, na hiperplasia intimal, do tipo de cateter balão e
da pressão de insuflação empregados em artérias femorais e ilíacas
submetidas à angioplastia, em coelhos. DOORNEKAMP et al. (1996)
compararam a lesão de diferentes balões (Fogarty e de angioplastia), em
coelhos. Em nosso meio, TORRES JR. (1999) estudou a participação de
citoquinas e a morfometria da parede arterial após a lesão de artérias ilíacas
comuns de coelhos com cateter Fogarty.
JORGENSEN et DOBRIN (1983) descreveram um modelo de lesão
por balão com introdução do mesmo por dissecção direta da artéria carótida
de cães, correlacionando a força mecânica empregada com alterações
histológicas.
FOLTS (1991) realizou um experimento, em cães e suínos,
aplicando um modelo de estenose e oclusão seguida de trombose
coronariana.
STEELE et al. (1985) avaliaram a resposta à lesão em artéria
carótida de suínos submetidos a angioplastia por balão. Na primeira hora
após o procedimento, observa-se completa desnudação endotelial do
18
segmento dilatado, associada a marcada deposição de plaquetas e a
trombose mural. Após a ruptura da membrana elástica interna, com
extensão de laceração à camada média, intensificam-se a deposição de
plaquetas e a trombose mural. Após algumas horas, ocorre a adesão de um
moderado número de leucócitos. A necrose de algumas células da camada
média é observada após 24 horas. Durante a primeira semana, há a redução
progressiva no número de plaquetas depositadas e inicia-se a
reendotelização. Neste período, células musculares lisas começam a migrar
e a proliferar para formar a neoíntima. A hiperplasia da íntima fica
significativamente maior e mais uniforme aos 14 dias, tendendo a estabilizar-
se após 30 ou 60 dias.
CARAMORI et al. (1997b) realizaram um experimento com um
modelo de reestenose após a angioplastia em artérias carótidas de suínos,
lesadas com balão de angioplastia superdimensionado, sob dissecção direta
do vaso, sem controle radiológico. A morfometria evidenciou um aumento
significativo da área intimal, discretas alterações na área da camada média e
significativa redução da área luminal dos segmentos arteriais lesados.
GEARY et al. (1998) estudaram a morfometria arterial em macacos
alimentados com dieta aterogênica por 3 a 5 anos.
MULLER et al. (1992) descreveram a reação celular após lesão
arterial em diversos animais: ratos, coelhos, cães, macacos e suínos.
Descreveram ainda um modelo de estudo de reação intimal em artérias
coronárias normais de porcos com o simples implante de stent, sem
dilatação por balão.
19
Os mecanismos que levam ao maior espessamento da íntima, com o
uso de stents, não foram bem determinados, mas infere-se que a injúria
causada pelo implante de um stent endovascular difere pelo menos de
quatro maneiras daquela secundária à simples angioplastia com balão: I-
lesão vascular mais intensa durante sua inserção; II- presença continuada
de um corpo estranho; III- tensão mecânica crônica na parede vascular; IV-
reendotelização retardada. Os três últimos aspectos agiriam como estímulo
crônico para a proliferação intimal (EDELMAN et ROGERS, 1996).
O padrão de resposta celular após o implante do stent é diverso
daquele após a lesão por angioplastia. Há a formação de um espesso
trombo mural, rico em plaquetas, em torno das hastes do stent.
Subseqüentemente, células inflamatórias, oriundas da circulação e dos vasa
vasorum adventiciais, migram para o trombo. Mais tarde, células musculares
lisas migram e proliferam dentro da neoíntima. A taxa de proliferação celular,
bem como a duração do processo proliferativo, e a contribuição das células
mononucleares, após o implante do stent, excedem àquelas encontradas na
angioplastia isoladamente (EDELMAN et ROGERS, 1996).
CHALMERS et al. (1994) desenvolveram um estudo morfométrico
experimental em cães submetidos à derivação aorto bi-ilíaca, com posterior
implante de um Wallstent cruzando uma das anastomoses término-laterais.
O controle era feito com a anastomose da artéria ilíaca contralateral sem
stent. Após quatro semanas, o espessamento intimal foi significativamente
maior na margem adjacente ao stent. A área luminal não variou entre as
anastomoses com ou sem stent.
20
SCHÜRMANN et al. (1995) compararam a reação intimal em
implantes de stents de nitinol e Wallstent em artérias ilíacas de ovelhas.
Observaram que o espessamento da íntima foi maior nos stents de nitinol,
mas atribuíram esta diferença ao formato e a propriedades mecânicas do
stent,e não ao material empregado na sua confecção.
KARAS et al. (1992) analisaram, através de morfometria, as áreas
intimal e luminal e o espessamento intimal máximo das artérias coronárias
de suínos após implante stents de tântalo, comparando-os com aqueles
secundários à angioplastia convencional. O grau de proliferação intimal, bem
como o espessamento intimal máximo e a área luminal residual, foram
significativamente maiores nos segmentos submetidos ao implante do stent
do que nos submetidos à angioplastia.
UEDA et al. (1994) estudaram a cobertura neointimal após implante
de stent tipo Wiktor em coronárias humanas, através de angioscopias
seriadas. Entre 8 e 18 dias após o implante, nenhum stent estava totalmente
recoberto, mas entre 65 e 142 dias já havia uma cobertura neointimal
completa em todos os stents.
ASAKURA et al. (1998) analisaram as alterações intimais presentes
nas artérias coronárias de 12 pacientes submetidos ao implante de stent
tipo Wiktor, através de angiografias e angioscopias seriadas. Demonstraram
que a neoíntima torna-se mais espessa e não-transparente 6 meses após o
implante e, passados 3 anos, torna-se mais fina e transparente.
MAILLARD et al. (2000) compararam a reestenose em coronárias de
211 pacientes portadores de infarto agudo do miocárdio, tratados com
angioplastia convencional ou com stent de Wiktor. Seus resultados
21
evidenciaram uma taxa de reestenose angiográfica menor no grupo tratado
com stent.
A influência da placa arteriosclerótica na reestenose após o implante
de stent também tem sido estudada.
SMET et al. (1997) correlacionaram a massa da placa e a
hiperplasia intimal decorrente do implante de stents em artérias periféricas
de suínos. Placas arterioscleróticas foram induzidas por lesão com cateter
balão e dieta rica em colesterol (1,5%). Seis a oito meses após a indução da
placa aterosclerótica, stents foram colocados na área lesada, após
angioplastia. A análise morfométrica demonstrou que uma quantidade maior
de placa antes do implante determina maior hiperplasia intimal.
SCHWARTZENBERG et al. (1998) analisaram a morfologia da placa
e a proliferação neointimal máxima encontrada nas artérias após o implante
de stents auto-expansíveis de nitinol, através de ultra-sonografia
intravascular, em 17 pacientes portadores de estenoses arterioscleróticas
em artérias ilíacas. A reestenose foi focal em todos os casos e não houve
predileção por um sítio determinado em 52% dos casos.
PRATTI et al. (1999) estudaram 50 pacientes submetidos a implante
de stents de diversos modelos, através de ultra-sonografia e angiografia, e
demonstraram uma correlação direta entre hiperplasia intimal e a quantidade
de placa residual. Os autores formularam a hipótese de que a remoção da
placa aterosclerótica antes do implante do stent poderia reduzir a taxa de
reestenose.
A ocorrência da reestenose após o implante de stents tem motivado
a elaboração de uma série de estudos visando desenvolver técnicas de
22
redução da hiperplasia intimal, através da confecção de stents com maior
biocompatibilidade.
LINK et al. (1996) estudaram a perviedade e a biocompatibilidade de
stents de nitinol recobertos com Dacron, implantados percutaneamente em
suínos com aneurismas de artéria carótida comum, criados cirurgicamente.
Após duas semanas de implante, em seis dos sete animais, os stents
encontravam-se ocluídos à arteriografia. A análise histológica evidenciou
grande reação inflamatória, com infiltrado granulocítico próximo ao Dacron
implantado.
SCHÜRMANN et al. (1997) testaram stents de nitinol, recobertos
com Dacron e revestidos com heparina, comparando-os com stents
recobertos com Dacron sem heparina e stents não recobertos, implantados
em artérias ilíacas de ovelhas. A análise morfométrica realizada demonstrou
um espessamento intimal significativamente maior no grupo de stents
recobertos com Dacron, com e sem heparina, do que nos stents não
recobertos.
BYER et al. (1998) estudaram a perviedade e a hiperplasia intimal
em artérias carótidas e ilíacas de suínos submetidas ao implante de stents
do tipo Gianturco-Roubin, recobertos com veia autóloga. Os resultados
macro e microscópicos não conseguiram demonstrar uma maior
biocompatibilidade dos stents recobertos.
HONG et al. (1997) demonstraram, com análise morfométrica, que o
tratamento subcutâneo contínuo com angiopeptina, um análogo da
somatostatina com atividade antiproliferativa, após o implante de stent, inibe
23
a hiperplasia intimal e, conseqüentemente, reduz a reestenose em artérias
coronárias de suínos.
LAIRD et al. (1996) demonstraram, morfometricamente, que uma
dose baixa e contínua de radiação de partículas ß, emitida por stents tipo
Strecker, de titânio incorporado com o radioisótopo
32
P, implantados em
artérias ilíacas de suínos, foi suficiente para reduzir significativamente a área
intimal e o percentual de área estenosada, quando comparados com stents
não-radioativos. Da mesma forma, HEHRLEIN et al. (1996) implantaram, em
coelhos, stents tipo Palmaz-Schatz, com o radioisótopo
32
P incorporado,
com níveis de atividade radioativa variáveis. A análise morfométrica
evidenciou a inibição da formação de neoíntima depois de 4 a 12 semanas,
no grupo de maior radiação.
WAKSMAN et al. (2000) trataram 50 pacientes portadores de
estenose coronariana secundária à inserção de stent com cateteres de
angioplastia, carregados com 90-Yttrium, emissores de partículas ß, com
resultados clínicos e angiográficos satisfatórios.
4. MATERIAIS E MÉTODOS
O trabalho foi realizado no Hospital de Clínicas Veterinárias da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul e no Hospital de Clínicas de
Porto Alegre.
Os animais utilizados foram suínos de raça mista (Landrace x Large
White), originados de várias matrizes, com idade entre 60 e 80 dias e peso
médio de 30 Kg, fornecidos pelo mesmo produtor. A amostra utilizada neste
estudo constituiu-se de 14 animais. Um grupo constituído de mais 7 animais
foi previamente utilizado no estudo piloto, no qual foi testada a dinâmica do
experimento.
O posicionamento correto e a expansão completa do stent, bem
como a perviedade arterial na 1ª e 2ª fases do experimento e a ausência de
estenoses no sítio da arteriotomia e locais de pinçamento, foram
confirmados através de arteriografias seletivas de todos os animais, nas
duas fases do procedimento. As arteriografias foram obtidas com a injeção
direta de 1 ml/Kg de Iothalamato Meglumina (CONRAY
®
), após a injeção
intra-arterial de 20 mg de cloridrato de papaverina (VEAFARM
®
). Foi
25
utilizado um aparelho de Rx portátil (SNX
®
) e as arteriografias foram
reveladas em filme radiológico (KODAK
®
).
Os animais foram alojados em duas baias com água corrente e
alimentados com a mesma ração (AVIPAL
®
), sem suplementação lipídica
adicional, balanceada para a idade.
Foram utilizados, para o experimento, stents com desenho em “Z”,
auto-expansíveis, com 3 cm de comprimento e diâmetro final de 3,8 mm,
confeccionados, com aço da série 316L, pelo Laboratório de Transformação
Mecânica da Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul, com base nos stents da Fábrica ELLA-CS
®
- Dr. Karel Volenec.
O projeto de pesquisa foi submetido à direção do Hospital de
Clínicas Veterinárias e ao Grupo de Pós-graduação e Pesquisa do Hospital
de Clínicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (GPPG) para a
apreciação dos aspectos éticos envolvidos nesse estudo, ficando
determinado como tamanho da amostra o número suficiente de animais para
resultados significativos.
4.1. Critérios de exclusão
Os critérios de exclusão, aos quais os animais utilizados e as peças
histológicas coletadas no estudo foram submetidos, foram estabelecidos
previamente à execução do experimento e consistiram de:
a) trombose do stent implantado ou do segmento manipulado no
grupo controle;
b) reintervenção devido a sangramento;
26
c) estenoses acentuadas nos locais de pinçamento;
d) óbito do animal antes do prazo estabelecido para a coleta do
tecido;
e) falhas técnicas no preparo ou processamento dos tecidos.
4.2. Desenvolvimento da técnica e adaptação do modelo experimental
A adequação das dimensões do stent ao diâmetro da artéria carótida
e ao peso mínimo do animal, para disponibilizar uma artéria com diâmetro
compatível, foi analisada no grupo piloto. O primeiro animal com 12 kg,
apresentava uma artéria carótida de diâmetro reduzido, e o stent implantado,
com diâmetro de 5,0 mm, não se expandiu adequadamente, culminando na
trombose imediata. Outros três animais, com 30 kg, foram operados com
implante de stents de diâmetro de 5,0 mm. Um destes animais foi furtado do
Hospital de Clínicas Veterinárias, e nos demais houve a trombose do stent
implantado. Três novos animais de 30 kg foram operados, utilizando-se
stents reduzidos para 3,8 mm de diâmetro, viabilizando o experimento.
Todos estavam pérvios após a segunda fase do estudo piloto.
Durante este período, todas as fases projetadas para o experimento
foram testadas e aperfeiçoadas, incluindo os seguintes aspectos: I- técnicas
de sedação e anestesia; II- técnicas de coleta, armazenamento e análise do
sangue para monitoramento hematimétrico e do perfil lipídico; III- técnica de
fixação histológica dos espécimes arteriais em sistema de perfusão sob
pressão intraluminal; IV- montagem de lâminas para análise histológica; V-
escolha das colorações adequadas.
27
4.3. Métodos
O estudo foi dividido em duas fases e os animais foram
aleatoriamente distribuídos em dois grupos de sete animais assim
denominados: grupo STENT e grupo NÃO STENT.
Nas duas fases do experimento, os animais foram pesados antes da
indução pré-anestésica e foram coletadas amostras de sangue para análise
dos elementos hematimétricos e da lipemia basal. Marcas de identificação
foram produzidas atráves de cortes nas orelhas dos animais. O
procedimento foi realizado sob técnica asséptica e todos os animais
receberam uma dose endovenosa profilática de cefalotina (Keflin
®
- 1g), logo
após a instalação de acesso venoso, durante a realização de cada fase do
experimento.
Na primeira fase, o grupo STENT foi submetido ao implante de stent
em artéria carótida comum direita.
A segunda fase foi realizada 4 semanas após a primeira. Foram
retiradas as artérias carótidas comum direitas com (grupo STENT) ou sem
(grupo NÃO STENT) stent. Foram também retiradas as artérias carótidas
comuns esquerdas, não dissecadas na primeira fase, para controle normal
nos dois grupos.
4.4. Técnica anestésica
Os animais foram submetidos a um jejum de 12 horas para dieta
sólida e de 3 horas para líquidos. A técnica utilizada foi a anestesia geral
inalatória, utilizando-se um sistema aberto sem reinalação.
28
Em ambas as fases, a anestesia seguiu o protocolo de anestesia
geral para suínos do Hospital de Clínicas Veterinárias, no qual a medicação
pré-anestésica utilizada é o midazolam (DORMONID
®
, 0,5 mg/Kg), aplicado
por via intramuscular 30 minutos antes de iniciar o procedimento.
Para a infusão de líquidos e drogas utilizou-se a veia marginal da
orelha, puncionada com um cateter de teflon 20F (INSYTE
®
).
A indução anestésica foi realizada com solução endovenosa a 2,5%
de tiopental sódico (THIONEMBUTAL
®
, 10-12 mg/kg) até o discreto
desaparecimento do reflexo oculopalpebral.
Os animais foram ventilados com oxigênio e ar ambiente, através de
máscara facial. A droga utilizada para a complementação da anestesia foi o
halotano (HALOTHANE
®
0,5% a 2%), e a reposição líquida foi obtida com
soro glico-fisiológico (20ml/kg/h).
4.5. Técnica cirúrgica
Para a abordagem das artérias carótidas comuns, em ambas as
fases do experimento, a técnica empregada foi a cervicotomia ântero-lateral
longitudinal.
Na primeira fase realizou-se:
a) posicionamento do animal em decúbito dorsal;
b) lavagem cervical com solução degermante, tricotomia,
antissepsia e colocação de campos esterilizados;
c) incisão longitudinal sobre a borda anterior do músculo esterno-
facial direito;
29
d) dissecção por planos até exposição da artéria carótida comum
direita, com individualização e reparo delicado da mesma por
uma extensão de 5 cm;
e) coleta de 10 ml de sangue para análise hematimétrica e lipídica,
por punção direta da veia facial;
f) anticoagulação sistêmica com heparina (LIQUEMINE
®
- ROCHE,
100 u.i./kg);
g) dilatação química da artéria com 1 ml de solução de cloridrato de
papaverina (VEAFARM
®
), aplicado externamente ao vaso;
h) interrupção do fluxo sangüíneo com pinças delicadas tipo bulldog
em posição proximal e distal, seguida de arteriotomia transversa
com pontos de reparo com fio de polipropileno 7-0 (ETHICON
®
);
i) inserção do sistema introdutor, contendo o stent, em direção
cranial, e liberação do mesmo mantendo o braço proximal do
stent a cerca de 2 cm da arteriotomia, no grupo STENT, e
simples inserção do sistema introdutor por cerca de 5 cm no
grupo NÃO STENT;
j) retirada do sistema introdutor seguida de arteriorrafia contínua
com fio de polipropileno 7-0 (ETHICON
®
);
k) arteriografia seletiva controle realizada sob punção direta da
artéria proximalmente à arteriotomia, com a injeção direta de 1
ml/kg de Iothalamato Meglumina (CONRAY
®
), utilizando aparelho
de Rx portátil (SNX
®
) e revelada em filme radiológico (KODAK
®
).
30
l) aproximação dos tecidos por planos utilizando-se fio de nylon
monofilamentar preto 2-0 (mononylon -ETHICON
®
).
Na segunda fase, decorridas 4 semanas, as mesmas rotinas de
preparo e anestesia obedecidas na primeira fase foram aplicadas, e os
animais foram submetidos à anticoagulação sistêmica com heparina
(LIQUEMINE
®
- ROCHE, 100 ui/kg). Após punção com cateter de teflon 16F
(INSYTE
®
) na extremidade proximal da artéria, foram infundidos 20 mg de
cloridrato de papaverina (VEAFARM
®
)
para dilatação do vaso. A seguir, foi
realizada a arteriografia com a mesma rotina empregada na primeira fase.
Após a confirmação arteriográfica da perviedade do vaso, a artéria carótida
comum direita foi retirada e suas extremidades ligadas. Os segmentos
arteriais retirados foram irrigados com solução de cloreto de sódio a 0,9% e
fixados com solução de formalina a 10%, sob pressão de 100 mmHg,
durante 15 minutos. Após o fechamento da incisão, realizou-se a retirada da
artéria carótida esquerda sob cervicotomia e o preparo do espécime arterial
fixado, da mesma forma que no lado contralateral.
Os animais não foram sacrificados e receberam o tratamento
adequado às normas regidas pela Lei 6638 de 08/05/1979. A sutura da pele
foi retirada em 10 dias.
4.6. Preparo do tecido para análise histológica
Após a fixação, as artérias carótidas foram excisadas da seguinte
forma:
31
a) Artéria Carótida Comum Direita (grupo STENT), com stent: o
braço distal do stent foi identificado e um segmento de 0,3 cm de
comprimento junto ao stent foi excisado; o stent foi seccionado
com um alicate miniatura e suas hastes delicadamente retiradas
do segmento excisado;
b) Artéria Carótida Comum Direita (grupo NÃO STENT), sem stent:
um segmento de 0,3 cm de comprimento localizado 4 cm após o
sítio da arteriorrafia foi excisado;
c) Artéria Carótida Comum Esquerda (controle normal): um
segmento de 0,3 cm de comprimento localizado no segmento
médio da artéria, distando 4 cm da bifurcação carotídea, foi
excisado.
Todos os segmentos excisados foram incluídos em blocos de
parafina e, posteriormente, submetidos a cortes histológicos medindo 4µm
de espessura. As lâminas contendo os cortes dos tecidos foram preparadas
e encaminhadas para as colorações com as técnicas de Verhoeff e
hematoxilina e eosina, utilizadas para a avaliação morfométrica da parede
arterial (STEELE et al.,1985; HEHRLEIN et al., 1996; HONG et al., 1997;
EGGERS, 1998).
4.7. Análise morfométrica
As imagens dos cortes histológicos foram digitalizadas para análise
morfométrica. Foram utilizados os programas de morfometria e análise de
imagem IMAGE-PRO
®
PLUS - Versão 4.1 (Media Cybernetics – Silver
32
Spring, USA) e IMAGE (Scion Corporation - USA). As imagens dos cortes
histológicos foram digitalizadas a partir da microscopia óptica convencional:
microscópio com lentes plano-acromáticas (ZEISS Axiostar - Alemanha) com
fototubo, câmera de circuito fechado colorida (câmera SONY DXC 151-
Japão) e placa de conversão analógica digital (IMAGE-PRO
®
PLUS
CAPTURE KIT - Media Cybernetics – Silver Spring, USA), gerando arquivos
de imagem 640 x 480 pixels, 24 bits, em microcomputador. As imagens
foram digitalizadas com aumento microscópico de 20 vezes. A planimetria
das áreas do lúmen vascular, da camada íntima e da camada média foi
realizadas automatizadamente, sem a interferência do observador, mantido
“cego” na mensuração.
A área luminal foi obtida por medida direta da área delimitada pelo
endotélio; a da íntima, subtraindo-se a área luminal da delimitada pela
lâmina elástica interna; a da camada média, subtraindo-se a área luminal e
da íntima da delimitada pela lâmina elástica externa (ANGELINI et al., 1992;
CARAMORI, 1995; ANDERSEN et al., 1996; EGGERS, 1998).
Os resultados das medidas morfométricas das áreas da íntima e da
média foram apresentados em números absolutos (milímetros quadrados),
utilizando-se a média de oito medidas circunferenciais. O índice intimal
(relação área intimal/área da camada média X 10
2
) foi expresso em números
relativos, assim como as demais relações entre áreas das camadas arteriais
e o peso dos animais (ANGELINI et al., 1992; CARAMORI, 1995).
33
4.8. Análise hematimétrica e sorológica
Durante as duas fase do experimento foram coletadas duas
amostras de 5 ml de sangue. O sangue foi armazenado em tubos de ensaio
vacuolizados (VACUTAINER
®
), apropriados para cada tipo de exame,
contendo solução anticoagulante EDTA (ácido etilenodiaminotetracético)
apenas na amostra a ser utilizada na mensuração hematimétrica. Para
transporte, os tubos foram acondicionados em embalagem térmica
apropriada, envoltos em gelo.
Para análise das medidas do hematócrito, hemoglobina, plaquetas,
eritrograma, leucometria total e diferencial, foi utilizado equipamento de
análise (MICRO 60, ABX
®
- Brasil). A leucometria diferencial foi conferida
por observadores independentes e “cegos” quanto à intervenção.
O perfil lipídico do soro do animal, obtido pela centrifugação da
amostra sem solução anticoagulante, foi executado pela análise direta no
aparelho BM AUTOLAB-PM 4000 (BEHRINGH MANNHEIM
®
- Roma- Itália),
utilizando-se, para o colesterol total, triglicerídios e colesterol HDL,
reagentes específicos (Kit Labtest Diagnóstica
®
- Brasil). A dosagem do
colesterol LDL foi obtida de forma indireta, através da fórmula de Friedwald:
Colesterol LDL = Colesterol Total – Colesterol HDL – (Triglicerídios/5)
4.9. Análise estatística
A análise dos dados foi realizada com o pacote estatístico SPSS for
Windows (MICROSOFT
®
-USA), através de estatística descritiva, utilizando-
se a média e o desvio padrão para as variáveis paramétricas e a mediana e
34
intervalos entre quartis (percentis 25-75) para as variáveis não-paramétricas.
As variáveis contínuas foram avaliadas conforme sua distribuição, para
eleição do teste estatístico mais adequado.
A variável peso foi analisada, entre os grupos, através do teste t de
Student para amostras independentes e, entre as duas fases do
experimento, através do teste t de Student para amostras pareadas. A
variável sexo foi analisada através do teste exato de Fisher.
Na análise hematimétrica e sorológica, por se tratarem de variáveis
contínuas de distribuição normal, foi utilizado o teste t de Student para
amostras pareadas. Na análise morfométrica, por conter variáveis contínuas
de distribuição não-normal, utilizou-se o teste não-paramétrico para
amostras independentes de Mann-Whitney, para as comparações entre os
grupos STENT e NÃO STENT, e o teste t de Wilcoxon (teste não-
paramétrico para amostras pareadas), para as comparações entre as
artérias carótidas comuns direita e esquerda de cada animal.
Os resultados individualizados das variáveis estudadas para cada
animal de experimentação e as respectivas medidas de tendência central e
dispersão serão apresentados sob a forma de tabelas. As medidas serão
apresentadas com grau de precisão de até quatro casas decimais,
dependendo da dimensão da variável em estudo. O nível de significância
considerado foi de 5% (p< 0,05).
5. RESULTADOS
Nenhum dos animais da amostra foi excluído do estudo. Um animal
morreu durante a realização da 2ª fase do experimento, após apresentar
hipertemia acentuada e rigidez muscular generalizada. O quadro foi
sugestivo de hipertermia maligna e a morte ocorreu durante o fechamento da
incisão. Outro animal morreu cerca de 7 dias após a realização da 2ª fase,
com infecção da ferida operatória. Os dois animais não foram excluídos do
estudo pois as mortes se deram após a fase de coleta dos espécimes
arteriais.
A análise dos valores das variáveis peso e sexo, obtidos no
momento da realização dos procedimentos cirúrgicos na primeira fase do
experimento, não demonstrou diferenças estatisticamente significativas entre
os 14 animais que receberam ou não o implante de stent.
Na primeira fase, a média de peso dos grupos STENT e NÃO
STENT foram, respectivamente, 30,00 ± 1,41 kg e 30,85 ± 1,95 kg (p=0,365)
e na segunda fase, respectivamente, 46,00 ± 2,82 kg e 44,00 ± 1,41 kg
(p=0,120).
36
O aumento ponderal dos suínos, entre as duas fases do
procedimento, foi estatisticamente significativo e apresentou uma variação
de 30,42 ± 1,69 kg para 45,00 ± 2,90 kg (p = 0,0001).
A avaliação das arteriografias, realizadas nas duas fases do
procedimento, demonstrou perviedade de todos os vasos submetidos ao
implante de stent, bem como das artérias carótidas manipuladas do grupo
controle.
A tabela 1 apresenta os animais com suas devidas numeração e
distribuição quanto ao implante ou não de stent, bem como o sexo e os
valores dos pesos de cada animal nas duas fases do experimento.
5.1. Perfil lipídico
A análise do perfil lipídico das amostras sangüíneas, coletadas
durante as duas intervenções, demonstrou uma redução estatisticamente
não significativa dos valores séricos do colesterol total, de 101,64 ± 7,63
mg% para 100,00 ± 10,90 mg% (p=0,289), do colesterol LDL, de 55,28 ±
10,75 mg% para 50,57 ± 11,79 mg% (p=0,210) e dos triglicerídeos, de 36,00
± 9,03 mg% para 35,50 ± 10,14 mg% (p=0,892). Os níveis séricos de
colesterol HDL apresentaram um aumento estatisticamente não significativo
de 39,14 ± 8,25 mg% para 40,92 ± 7,60 mg% (p=0,559).
37
TABELA 1: Distribuição da alocação dos suínos quanto à implantação de
stent, ao sexo e ao peso nas duas fases do experimento.
Peso (kg)
Animal Nº
STENT
Sexo
Fase 1 Fase 2
1 sim fêmea 28 42
2 sim macho 31 48
3 sim macho 28 43
4 sim macho 31 50
5 sim macho 31 47
6 sim fêmea 30 45
7 sim fêmea 31 47
8 não fêmea 28 42
9 não fêmea 29 43
10 não fêmea 33 45
11 não macho 33 46
12 não macho 30 44
13 não macho 31 43
14 não fêmea 32 45
A tabela 2 resume a análise dos dados do perfil lipídico dos animais,
e os valores respectivos, em cada fase do experimento, são apresentados
no anexo, tabela 1.
38
TABELA 2: Análise dos dados do perfil lipídico.
Variável Fase
Média
(mg%)
Desvio Padrão
(mg%)
p
Colesterol
101,64
100,00
7,63
10,90
0,289
Triglicerídeos
36,00
35,50
9,03
10,14
0,892
HDL
39,14
40,92
8,25
7,60
0,559
LDL
55,28
50,57
10,75
11,79
0,210
Teste t Student para amostras pareadas (p < 0,05).
5.2. Elementos figurados do sangue
A análise hematimétrica não demonstrou alterações estatisticamente
significativas entre as medidas observadas na primeira fase e aquelas
coletadas na segunda fase do experimento.
Na leucometria, evidenciaram-se aumentos não significativos dos
linfócitos e monócitos, respectivamente, de 6.429,71 ± 1.899,84 /mm
3
para
7.371,42 ± 2.460,26 /mm
3
(p=0,156) e de 495,92 ± 214,74 /mm
3
para 534,00
± 230,19 /mm
3
(p=0,502). Os leucócitos totais diminuíram de 13.807,14 ±
3.742,16 /mm
3
para 13.007,14 ± 2.744,35 /mm
3
(p=0,111), assim como os
bastonados, que reduziram de 610,42 ± 339,24 /mm
3
para 494,78 ± 279,99
/mm
3
(p=0,146). Também os segmentados e os eosinófilos apresentaram
reduções não significativas, respectivamente de 5008,71 ± 2849,99 /mm
3
39
para 3992,00 ± 1563,44 /mm
3
(p=0,157), e de 995,57 ± 704,34 /mm
3
para
657,35 ± 593,14 /mm
3
(p=0,095).
A tabela 3 resume os resultados da análise da leucometria, e os
valores obtidos nas coletas da 1ª e 2ª fases do experimento são expressos
no anexo, tabela 2.
TABELA 3: Análise da leucometria.
Variável Fase
Média
(n/mm
3
)
Desvio Padrão
(n/mm
3
)
p
Leucócitos
13.807,14
13.007,14
3.742,16
2.744,35
0,111
Bastonados
610,42
494,78
339,24
279,99
0,146
Segmentados
5.008,71
3.992,00
2.849,99
1.563,44
0,157
Eosinófilos
995,57
657,35
704,34
593,14
0,095
Monócitos
495,92
534,00
214,74
230,19
0,502
Linfócitos
6.429,71
7.371,42
1.899,84
2.460,26
0,156
Teste t Student para amostras pareadas (p<0,05).
40
Na análise do eritrograma das amostras coletadas nas duas fases
do experimento, observou-se reduções estatisticamente não significativas.
Os eritrócitos reduziram de 3.721.428,57 ± 422.772,11/mm
3
para
3.678.571,42 ± 275.062,43 /mm
3
(p=0,704), a hemoglobina, de 10,95 ± 1,22
g/dl para 10,80 ± 0,86 g/dl (p=0,676), enquanto o hematócrito reduziu de
33,07 ± 3,79 % para 32,71 ± 2,43 % (p=728). A contagem plaquetária
apresentou um aumento não significativo de 354.857,14 ± 65.497,92 /mm
3
para 357.428,57 ± 45.128,38 /mm
3
.
A tabela 4 resume os resultados da análise do eritrograma e
contagem de plaquetas, e os valores destas variáveis, obtidos nas coletas
da 1ª e 2ª fases do experimento, são expressos no Anexo, tabela 3.
TABELA 4: Análise do eritrograma e contagem plaquetária.
Variável Fase Média Desvio Padrão p
Eritrócitos
(n/mm
3
)
3.721.428,57
3.678.571,42
422.772,11
275.062,43
0,704
Hematócrito
(%)
33,07
32,71
3,79
2,43
0,728
Hemoglobina
(g/dl)
10,95
10,80
1,22
0,86
0,676
Plaquetas
(n/mm
3
)
354.857,14
357.428,57
65.497,92
45.128,38
0,841
Teste t Student para amostras pareadas (p<0,05).
41
5.3. Análise Morfométrica da parede arterial
A análise da morfometria da parede arterial foi realizada com
comparações entre os grupos STENT e NÃO STENT e, dentro de cada
grupo, entre a artéria carótida comum direita, manipulada pela intervenção
de cada grupo, e a artéria carótida comum esquerda, livre de intervenção.
5.3.1. Comparação entre os Grupos STENT e NÃO STENT
Quando comparadas as áreas das camadas arteriais entre os
grupos STENT e NÃO STENT, observou-se uma diferença estatisticamente
significativa apenas entre as áreas intimais dos dois grupos: 0,1689 mm
2
(0,1224-0,3979) no grupo STENT e 0,0021 mm
2
(0,0014-0,0038) no grupo
NÃO STENT (p=0,008). Na análise das áreas luminais e da camada média,
as diferenças não foram significativas.
O índice intimal apresentou diferença estatisticamente significativa,
variando de 2,8679 (2,3989-3,8422), no grupo STENT, e 0,0454 (0,0310-
0,0842), no grupo NÃO STENT (p=0,001).
Dentre as relações calculadas entre as áreas de cada camada
arterial e o peso, apenas a relação área intimal/peso apresentou variações
estatisticamente significativas, variando de 0,3753 mm
2
x10
2
/kg (0,2609-
0,8289), no grupo STENT, e 0,0046 mm
2
x10
2
/kg (0,0032-0,0088), no grupo
NÃO STENT (p=0,012). As relações área luminal/peso e área da média/peso
não apresentaram variações estatisticamente significativas. A tabela 5
resume os resultados das análises realizadas a partir das áreas das camada
arterial e do índice intimal, bem como, suas relações com o peso do animal,
42
apresentando a respectiva mediana e intervalos entre quartis (percentis 25-
75).
TABELA 5: Análise morfométrica das áreas e de suas relações nos grupos
STENT e NÃO STENT.
Variável
STENT
(n = 7)
NÃO STENT
(n = 7)
p
Área Luminal
(mm
2
)
6,8812
(3,0201-8,0400)
3,5980
(2,6660-5,2890)
0,179
Área da Íntima
(mm
2
)
0,1689
(0,1224-0,3979)
0,0021
(0,0014-0,0038)
0,008*
Área da Média
(mm
2
)
6,4890
(5,1023-8,8180)
4,9720
(4,5125-5,2190)
0,141
Índice Intimal
2,8679
(2,3989-3,8422)
0,0454
(0,0310-0,0842)
0,001*
Luminal / Peso
(mm
2
/Kg)
0,1529
(0,0702-0,1873)
0,0799
(0,0635-0,1150)
0,224
Íntima / Peso
(x10
2
mm
2
/Kg)
0,3753
(0,2609-0,8289)
0,0046
(0,0032-0,0088)
0,012*
Média / Peso
(mm
2
/Kg)
0,1310
(0,1085-0,2099)
0,1108
(0,1005-0,1243)
0,179
Teste t de Mann-Whitney (p<0,05).
Valores: Medianas com intervalos entre quartis (percentis 25-75) entre
parênteses.
Notação: n: nº de animais por grupo; * significância estatística.
5.3.2. Grupo STENT: ACCD e ACCE
Quando realizamos as análises da morfometria comparando as
áreas das diversas camadas das artérias carótidas comuns direitas, de cada
animal do grupo STENT, com a respectiva artéria carótida contralateral não
lesada, encontramos diferenças estatisticamente significativas: a área
43
luminal variou de 6,8812 mm
2
(3,0201-8,0400), no lado direito, e 15,6323
mm
2
(14,8350-17,0960), no lado esquerdo (p=0,018); a área intimal variou
de 0,1689 mm
2
(0,1224-0,3979), no lado direito, e 0,0014 mm
2
(0,0011-
0,0018), no lado esquerdo (p=0,018). As diferenças entre as áreas da
camada média não foram significativas.
O índice intimal apresentou diferença estatisticamente significativa,
variando de 2,8679 (2,3989-3,8422), no lado direito, e 0,0302 (0,0208-
0,0361), no lado esquerdo (p=0,018).
Dentre as relações calculadas entre as áreas de cada camada
arterial e o peso, a relação área intimal/peso e a relação área luminal/peso
foram significativas, variando, respectivamente, de 0,3753 mm
2
x10
2
/kg
(0,2609-0,8289), no lado direito com stent, e 0,0032 mm
2
x10
2
/kg (0,0024-
0,0038), no lado esquerdo normal não manipulado (p=0,018). A relação área
da média/peso não apresentou diferença estatisticamente significativa,
variando de 0,1310 mm
2
/kg (0,1085-0,2099), no lado direito com stent e
0,1091 mm
2
/kg (0,106-0,1143), no lado esquerdo normal não manipulado
(p=0,063).
A tabela 6 resume os resultados das análises realizadas a partir das
áreas das camadas arteriais e suas relações com o peso do animal e o
índice intimal das artérias carótidas comuns do grupo STENT, contra as
mesmas variáveis aferidas nas artérias carótidas comuns esquerdas (não
manipuladas), de cada animal, apresentando a respectiva mediana e
intervalos entre quartis (percentis 25-75).
44
TABELA 6: Análise morfométrica das áreas e de suas relações no grupo
STENT.
Variável
STENT
ACCD
CONTROLE ACCE p
Área Luminal
(mm
2
)
6,8812
(3,0201-8,0400)
15,6323
(14,8350-17,0960)
0,018*
Área da Íntima
(mm
2
)
0,1689
(0,1224-0,3979)
0,0014
(0,0011-0,0018)
0,018*
Área da Média
(mm
2
)
6,4890
(5,1023-8,8180)
4,9820
(4,6325-5,3020)
0,063
Índice Intimal 2,8679
(2,3989-3,8422)
0,0302
(0,0208-0,0361)
0,018*
Luminal / Peso
(mm
2
/Kg)
0,1529
(0,0702-0,1873)
0,3497
(0,3156-0,3722)
0,018
Íntima / Peso
(x10
2
mm
2
/Kg)
0,3753
(0,2609-0,8289)
0,0032
(0,0024-0,0038)
0,018*
Média / Peso
(mm
2
/Kg)
0,1310
(0,1085-0,2099)
0,1091
(0,1060-0,1143)
0,063
Teste t de Wilcoxon (p<0,05).
Valores: Medianas com intervalos entre quartis (percentis 25-75) entre
parênteses.
Notação: n: nº de animais por grupo; * significância estatística; ACCD:
Artéria Carótida Comum Direita; ACCE: Artéria Carótida Comum
Esquerda.
5.3.3. Grupo NÃO STENT: ACCD e ACCE
Quando realizamos as análises da morfometria, comparando as
áreas das diversas camadas das artérias carótidas comuns direitas, de cada
animal do grupo NÃO STENT, com a respectiva artéria carótida contralateral
não lesada, encontramos diferenças estatisticamente significativas: a área
luminal variou de 3,5980 mm
2
(2,6660-5,2890), no lado direito, e 13,5620
45
mm
2
(7,0320-17,3210), no lado esquerdo (p=0,018); a área intimal variou de
0,0021 mm
2
(0,0014-0,0038), no lado direito, e 0,0016 mm
2
(0,0013-0,0026)
no lado esquerdo (p=0,018). As diferenças entre as áreas da camada média
não foram significativas.
O índice intimal apresentou diferença estatisticamente significativa,
variando de 0,0454 (0,0310-0,0842), no lado direito, e 0,0273 (0,0237-
0,0646), no lado esquerdo (p=0,018). Dentre as relações calculadas entre as
áreas de cada camada arterial e o peso, a relação área intimal/peso e a
relação área luminal/peso foram significativas, variando, respectivamente, de
0,0046 mm
2
x10
2
/kg (0,0032-0,0088), no lado direito, e 0,0035 mm
2
x10
2
/kg
(0,0028-0,0060), no lado esquerdo (p=0,018). A relação área da média/peso
não apresentou diferença estatisticamente significativa.
A tabela 7 resume os resultados das análises realizadas a partir das
áreas das camadas arteriais e suas relações com o peso do animal e o
índice intimal das artérias carótidas comuns do grupo NÃO STENT, contra
as mesmas variáveis aferidas nas artérias carótidas comuns esquerdas (não
manipuladas) de cada animal, apresentando a respectiva mediana e
intervalos entre quartis (percentis 25-75).
Os dados morfométricos individualizados das áreas luminal, intimal e
da camada média estão consignados no Anexo, tabela 4. Os resultados do
índice intimal e as relações entre as áreas das camadas arteriais e o peso
dos animais encontram-se no Anexo, tabela 5.
46
TABELA 7: Análise morfométrica das áreas e de suas relações no grupo
NÃO STENT.
Variável
NÃO STENT
ACCD
CONTROLE
ACCE
p
Área Luminal
(mm
2
)
3,5980
(2,6660-5,2890)
13,5620
(7,032-17,3210)
0,018*
Área da Íntima
(mm
2
)
0,0021
(0,0014-0,0038)
0,0016
(0,0013-0,0026)
0,018*
Área da Média
(mm
2
)
4,9720
(4,5125-5,2190)
5,4002
(4,2090-5,8602)
0,499
Índice Intimal
0,0454
(0,0310-0,0842)
0,0273
(0,0237-0,0646)
0,018*
Luminal / Peso
(mm
2
/Kg)
0,0799
(0,0635-0,1150)
0,3082
(0,1674-0,3824)
0,018*
Íntima / Peso
(x10
2
mm
2
/Kg)
0,0046
(0,0032-0,0088)
0,0035
(0,0028-0,0060)
0,018*
Média / Peso
(mm
2
/Kg)
0,1108
(0,1005-0,1243)
0,1189
(0,0956-0,1389)
0,499
Teste t de Wilcoxon (p<0,05).
Valores: Medianas com intervalos entre quartis (percentis 25-75) entre
parênteses.
Notação: n: nº de animais por grupo; * significância estatística; ACCD:
Artéria Carótida Comum Direita; ACCE: Artéria Carótida Comum
Esquerda.
47
Figura 1. Fotomicrografia da artéria carótida comum esquerda normal de
suíno, não lesada. Coloração: hematoxilina e eosina.
Magnificação original 12,5x. Não se observa espessamento da
camada íntima. L indica a luz do vaso e M indica a camada média.
Figura 2. Fotomicrografia da artéria carótida comum esquerda normal de
suíno, não lesada. Coloração: hematoxilina e eosina.
Magnificação original 100x. Observa-se delgada camada íntima
delimitada da camada média pela membrana elástica interna. L
indica a luz do vaso, I indica a camada íntima, M indica a camada
média e MI indica a membrana elástica interna.
48
Figura 3. Fotomicrografia da artéria carótida comum esquerda normal de
suíno, não lesada. Coloração: Verhoeff. Magnificação original
12,5x. Não se observa espessamento da camada íntima. L indica
a luz do vaso e M indica a camada média.
Figura 4. Fotomicrografia da artéria carótida comum direita de suíno, do
grupo NÃO STENT, após 4 semanas da lesão. Coloração:
Verhoeff. Magnificação original 12,5x. Observa-se discreto
espessamento irregular da camada íntima. I indica a camada
íntima, L indica a luz do vaso e M indica a camada média.
49
Figura 5. Fotomicrografia da artéria carótida comum direita de suíno, do
grupo NÃO STENT, após 4 semanas da lesão. Coloração:
hematoxilina e eosina. Magnificação original 12,5x. Observa-se
discreto espessamento irregular da camada íntima. I indica a
camada íntima, L indica a luz do vaso e M indica a camada média.
Figura 6. Fotomicrografia da artéria carótida comum direita de suíno, do
grupo NÃO STENT, após 4 semanas da lesão. Coloração:
hematoxilina e eosina. Magnificação original 100x. Em detalhe,
observa-se o discreto espessamento da camada íntima. I indica a
camada íntima, L indica a luz do vaso e M indica a camada média.
50
Figura 7. Fotomicrografia da artéria carótida comum direita de suíno, do
grupo NÃO STENT, após 4 semanas da lesão. Coloração:
hematoxilina e eosina. Magnificação original 100x. Em detalhe,
observa-se o discreto espessamento da camada íntima. I indica a
camada íntima, L indica a luz do vaso e M indica a camada média.
Figura 8. Fotomicrografia da artéria carótida comum direita de suíno, do
grupo NÃO STENT, após 4 semanas da lesão. Coloração:
hematoxilina e eosina. Magnificação original 100x. Observa-se
com clareza a membrana elástica interna delimitando a camada
íntima espessada da camada média. I indica a camada íntima, L
indica a luz do vaso, M indica a camada média e MI indica a
membrana elástica interna.
51
Figura 9. Fotomicrografia da artéria carótida comum direita de suíno, do
grupo STENT, após 4 semanas do implante. Coloração:
hematoxilina e eosina. Magnificação original 12,5x. Observa-se os
sítios de 4 fragmentos metálicos do stent envoltos por camada
intimal espessada. I indica a camada íntima, L indica a luz do
vaso, M indica a camada média e S os locais dos fragmentos
metálicos do stent (retirados).
Figura 10. Fotomicrografia da artéria carótida comum direita de suíno, do
grupo STENT, após 4 semanas do implante. Coloração:
hematoxilina e eosina. Magnificação original 40x. Em detalhe,
observa-se o intenso espessamento intimal envolvendo o sítio de
um fragmento metálico do stent. I indica a camada íntima, L indica
a luz do vaso, M indica a camada média e S o local do fragmento
metálico do stent (retirado).
52
Figura 11. Fotomicrografia da artéria carótida comum direita de suíno, do
grupo STENT, após 4 semanas do implante. Coloração:
hematoxilina e eosina. Magnificação original 12,5x. Observa-se os
sítios dos fragmentos metálicos do stent envoltos por camada
intimal espessada. I indica a camada íntima, L indica a luz do
vaso, M indica a camada média e S os locais dos fragmentos
metálicos do stent (retirados).
Figura 12. Fotomicrografia da artéria carótida comum direita de suíno, do
grupo STENT, após 4 semanas do implante. Coloração:
hematoxilina e eosina. Magnificação original 40x. Em detalhe,
observa-se o intenso espessamento intimal envolvendo os sítios
de três fragmentos metálicos do stent. I indica a camada íntima, L
indica a luz do vaso, M indica a camada média e S os locais dos
fragmentos metálicos do stent (retirados).
53
Figura 13. Fotomicrografia da artéria carótida comum direita de suíno, do
grupo STENT, após 4 semanas do implante. Coloração: Verhoeff.
Magnificação original 40x. Em detalhe, observa-se o intenso
espessamento intimal envolvendo os sítios de três fragmentos
metálicos do stent. I indica a camada íntima, L indica a luz do
vaso, M indica a camada média e S os locais dos fragmentos
metálicos do stent (retirados).
Figura 14. Fotomicrografia da artéria carótida comum direita de suíno, do
grupo STENT, após 4 semanas do implante. Coloração: Verhoeff.
Magnificação original 40x. Em detalhe, observa-se o intenso
espessamento intimal envolvendo o sítio de um fragmento
metálico do stent. I indica a camada íntima, L indica a luz do vaso,
M indica a camada média e S o local do fragmento metálico do
stent (retirado).
6. DISCUSSÃO
A arteriosclerose é a principal causa de morte não traumática em
países desenvolvidos e é a grande responsável pela patogênese dos infartos
cerebral e miocárdico, das gangrenas e perdas de função de membros
(ROSS, 1993a; ROSS, 1993b). No passado, todos os pacientes com
aterosclerose obliterante eram controlados com tratamento conservador ou
por cirurgia reconstrutora vascular. Atualmente, a angioplastia transluminal
percutânea e as próteses endoluminares proporcionam uma alternativa
importante para tratar pacientes selecionados.
Anualmente, são realizadas mais de 300.000 angioplastias nos
Estados Unidos (MULLER et al., 1992) e cerca de 10.000 no Brasil
(CARAMORI et al., 1997b). Devido ao fenômeno da reestenose, inúmeros
procedimentos necessitam ser repetidos.
A reestenose, após uma angioplastia coronariana realizada com
sucesso, ocorre em cerca de 20 a 50% das artérias tratadas dentro de 3 a 6
meses após o procedimento (ANDERSEN et al., 1996). A curto prazo, o
implante de stents coronarianos reduz significativamente a reestenose, mas
55
a reincidência ocorre em mais de 20% dos pacientes após seis meses (BAIM
et al., 1993).
Nas artérias periféricas, existem poucos estudos controlados
disponíveis. No segmento ilíaco, RICHTER et al. (1992) descreveram um
sucesso clínico de 70% das angioplastias e 93% dos stents, após 5 anos de
acompanhamento (The Richter study). TETTEROO et al. (1998) relataram
melhora clínica em 78% dos pacientes submetidos ao implante de stents em
artérias ilíacas após 9 meses, porém 43% referiam claudicação intermitente
após 2 anos (The Dutch trial). LENNOX et al.(1999) apresentaram 36% de
reestenoses no segmento fêmoro-poplíteo e 50% no segmento ilíaco após
24 semanas da realização de angioplastias.
Em artérias renais, BAUMGARTNER et al. (1997) e TULLIS et al.
(1997) apresentaram, respectivamente, 27% e 18% de reestenoses após 12
meses de seguimento após angioplastia.
YADAV et al. (1997) descreveram reestenoses em 4,9% dos
pacientes submetidos ao implante de stents em artérias carótidas. Também
em artérias carótidas, SHAWL et al. (2000) apresentaram 2% de
reestenoses, após um acompanhamento de 19 meses.
A realização de procedimentos diagnósticos e terapêuticos
repetitivos acresce morbimortalidade aos pacientes e um ônus social e
econômico importante. A necessidade de estudos para a análise da
hiperplasia intimal, especialmente aquela envolvida no implante de stent,
justifica este experimento.
Além disso, em países emergentes como o Brasil, onde o acesso a
novas tecnologias é dificultado por custos econômicos elevados, alternativas
56
de menor custo devem ser criativamente almejadas. Assim, a avaliação, em
modelo animal, de um stent produzido em nosso meio, é passo mandatório
nesta busca de diminuição de custos, prevendo o uso posterior em
humanos.
O projeto deste trabalho enfoca o implante de uma prótese
endoluminal tipo stent, auto-expansível, confeccionada em aço inoxidável da
série 316L, com 3 cm de comprimento e 3,8 mm de diâmetro final, na artéria
carótida comum direita de suínos, como indutor do desenvolvimento de
hiperplasia intimal na parede do vaso adjacente ao implante. As
comparações são realizadas contra a artéria carótida comum direita
manipulada, mas sem o implante do stent, de suínos controles e contra a
artéria carótida comum contralateral não manipulada de cada animal.
UEDA et al. (1991) estudaram a morfometria e a imunohistoquímica
de artérias coronárias de quatro corações humanos de pacientes falecidos
após angioplastia inicialmente efetiva.
A necessidade de um estudo in vivo para avaliar a hiperplasia
intimal, bem como a exigência da ressecção do tecido adjacente ao implante
para análise morfométrica, aliados aos aspectos éticos agregados aos
experimentos em humanos, indicam o modelo animal como substrato de
eleição para este trabalho.
Idealmente, o espécime a ser estudado deve ter um tamanho e
estrutura histológica e bioquímica similares às artérias humanas
(ANDERSEN et al., 1996). A estrutura morfológica das artérias elásticas,
como a aorta e artérias carótidas e ilíacas, são muito similares em todos os
mamíferos adultos. Há uma unidade lamelar da camada média, sendo o
57
número de unidades proporcional ao raio do vaso. Esta estrutura é
relativamente constante entre as classes de vertebrados superiores, com
discretas variações entre as espécies e quanto à idade do animal. Em
contraste, o conteúdo de elastina de artérias musculares varia com o
tamanho do animal. A quantidade de elastina nas artérias de suínos e cães é
similar à encontrada em humanos e é superior àquelas encontradas em
roedores e aves. Em pequenos animais, incluindo ratos e coelhos, o espaço
subendotelial é estreito e virtualmente acelular. Tal estrutura não é
encontrada em artérias humanas, exceto em período fetal, restringindo o
emprego desses animais como modelo experimental (MULLER et al., 1992).
Entre diversos modelos estudados, apenas alguns têm demonstrado
correlação com ensaios clínicos. Drogas que obtiveram efeito inibitório sobre
a hiperplasia intimal, como o cilazapril, em ratos, e a lovastatina, em coelhos,
não foram efetivas em suínos e tampouco em humanos (CARAMORI, 1995;
BERGER et al., 1996). ANDERSEN et al. (1996) utilizaram modelos suínos
por considerarem inadequados os modelos de pequenos animais, cuja
resposta à injúria, segundo esses autores, difere significativamente da
humana.
Os modelos caninos encontram dificuldades adaptativas com
humanos pelas diferenças quanto aos sítios de acometimento da
aterosclerose. Em cães, a preferência é por pequenas artérias, em
contraposição aos humanos, onde são acometidos preferencialmente os
grandes vasos (MULLER et al., 1992).
Outros primatas não humanos, como o macaco rhesus (Macaca
mulatta) e os babuínos, apresentam compatibilidades com os humanos, mas
58
a disponibilidade e o custo do animal, bem como a dificuldade de manuseio
e a suscetibilidade deste animais a doenças, quando em cativeiro, dificultam
sua escolha como modelo experimental (MULLER et al., 1992).
Vários têm sido os estudos com modelos suínos para o estudo do
espessamento intimal em resposta à lesão (LAIRD et al., 1996; LINK et al.,
1996; LAMAWANSA et al., 1997; POST et al., 1997). A morfologia e a
distribuição das lesões ateroscleróticas dos suínos são compatíveis com
aquelas apresentadas por humanos (MULLER et al., 1992). A escolha do
suíno como modelo animal deste estudo baseou-se nas semelhanças morfo-
fisiológicas com os humanos, bem como na suscetibilidade espontânea à
aterosclerose, comum a ambas as espécies.
Dentre os modelos experimentais em suínos, nenhum tem
demonstrado superioridade sobre os demais (CARAMORI, 1995). Neste
estudo, foram utilizados suínos de raça mista (Large White x Landrace) tanto
pela facilidade de obtenção dos animais, como pela familiaridade no trato
destes animais em cativeiro.
LAIRD et al. (1996) utilizaram suínos com peso entre 20 e 30 kg,
enquanto KARAS et al. (1992) e SCHWARTZ, R.S. et al. (1992) fizeram uso
de suínos variando entre 25 e 35 kg. SMET et al. (1997) utilizaram
microssuínos yucatan com peso médio de 22,5 kg, enquanto HONG et al.
(1997) e BYER et al. (1998) utilizaram suínos com peso médio de 50 kg.
O peso inicial dos animais, neste estudo, variou de 28 a 33 kg. Este
peso foi estimado com base no estudo piloto que testou a dinâmica do
experimento dimensionando o tamanho do animal e o diâmetro ideal do
stent.
59
BYER et al. (1998), que se utilizaram de suínos maiores,
implantaram stents maiores, com diâmetro de 0,5mm. SMET et al. (1997),
que fizeram uso de suínos menores, o fizeram pois seu estudo mantinha os
animais sob avaliação por seis meses, com considerável ganho de peso
nesse período. Este estudo utilizou-se de suínos de peso médio 30 kg e
stents dimensionados para tal, com diâmentro de 3,8 mm; o ganho diário de
peso dos animais é de cerca de 1 kg/dia, gerando uma quase duplicação do
tamanho dos animais durante a segunda fase do experimento, e dificultando
as técnicas anestésicas e a manipulação, transporte e manutenção dos
animais.
A técnica anestésica utilizada em suínos varia nos diversos estudos
da literatura. O uso de xilasina e quetamina foi empregado por SCHWARTZ,
R.S. et al. (1992) e LAIRD et al. (1996). STEELE et al. (1985) realizaram
sedação com quetamina, seguida de indução e manutenção anestésicas
com éter e halotano inalatórios. SMET et al. (1997) utilizaram-se de
metonidato seguido de manutenção inalatória com halotano. CARAMORI
(1995) e EGGERS (1998) utilizaram sedação com midazolam intramuscular
seguida de indução anestésica com tiopental sódico e manutenção com
halotano, exatamente nos moldes utilizados neste trabalho.
Alguns autores se utilizaram da entubação oro-traqueal para a
ventilação respiratória (KARAS et al., 1992; ANDERSEN et al., 1996; HONG
et al., 1997; BYER et al., 1998). Outros utilizaram ventilação por máscara
facial (SCHWARTZ, R.S. et al., 1992; CARAMORI, 1995). A ventilação
respiratória, neste experimento, foi realizada por máscara facial com ar
60
ambiente e oxigênio, sendo eficaz e não apresentando limitações ao
experimento ou dano aos animais.
O uso de halotano, mais freqüente em suínos do que em humanos,
está relacionado com a ocorrência de hipertermia maligna. Em seu
experimento, CARAMORI (1995) relata a morte de 2 animais que
apresentaram hipertermia durante o procedimento. No presente estudo,
apenas um animal morreu por quadro compatível com hipertermia maligna;
porém, a morte ocorreu após a retirada do espécime arterial, durante a
segunda fase do experimento, não exigindo sua exclusão do estudo.
O fluxo sangüíneo da artéria submetida ao implante tem influência
no desenvolvimento de hiperplasia intimal. Enxertos vasculares apresentam
maior espessamento intimal quando implantados em condições de baixo
fluxo sangüíneo do que em fluxo sangüíneo elevado (BASSIOUNY et al.,
1998; CUCINA et al., 1998). O fluxo sangüíneo regula o diâmetro vascular
através do shear stress, ou tensão tangencial (PAINTER et al., 1991;
BASSIOUNY et al., 1992). Em situação de fluxo laminar, a tensão tangencial
é diretamente proporcional à velocidade do fluxo e à viscosidade sangüínea,
e inversamente proporcional ao cubo do raio do vaso (CARAMORI et al.,
1997a).
Neste estudo, para que se certificasse de que não havia obstáculos
que reduzissem o fluxo sangüíneo, aumentando assim a possibilidade de
hiperplasia intimal, bem como a perviedade arterial, foram realizadas
arteriografias de todos os animais, nas duas fases do experimento. A técnica
utilizada foi a injeção direta de 1 ml/Kg de Iothalamato Meglumina. BYER et
61
al. (1998), utilizaram, com resultados adequados, a mesma técnica
arteriográfica.
A artéria carótida tem sido utilizada, para estudo morfométrico
arterial, em diversos trabalhos (STEELE et al.,1985; LINK et al., 1996; BYER
et al., 1998; EGGERS, 1998). A opção pela artéria carótida comum, neste
estudo, foi baseada no fato de tratar-se de um vaso de fluxo sangüíneo
elevado, além de ser facilmente acessível através de dissecção e ter um
diâmetro variando entre 3 e 5 mm.
JORGENSEN et DOBRIN (1983) utilizaram em cães e,
posteriormente, CARAMORI et al. (1997b), em suínos, um modelo de injúria
arterial com cateter balão em artérias carótidas dissecadas sob visão direta,
sem fluoroscopia. MARIN et al. (1995) utilizaram uma prótese endoluminal,
acoplando um stent a um PTFE, introduzida por dissecção da artéria
femoral.
WRIGHT et al. (1985) implantaram, sob dissecção direta, stents de
aço inoxidável em aorta e veia cava de cães, puncionando o vaso com um
cateter de teflon para a introdução do stent. Da mesma forma, BYER et al.
(1998) se utilizaram de artérias carótidas e ilíacas para o implante de stents
sob visão direta, implantados por introdutor cilíndrico rígido via arteriotomia
transversa, exatamente nos moldes utilizados neste estudo.
Durante a realização do projeto piloto deste estudo, houve
dificuldades técnicas de adequação da relação entre o diâmetro do vaso e
as dimensões do stent. BYER et al. (1998) apresentaram dificuldades
semelhantes em seu estudo. Inicialmente, utilizaram as artérias ilíacas dos
animais e, somente após o uso local de papaverina, com efeito
62
antiespasmódico, conseguiram a utilização efetiva das artérias carótidas em
seu experimento. EGGERS (1998) também utilizou papaverina aplicada
externamente ao vaso carotídeo. O presente estudo utilizou-se da aplicação
local de cloridrato de papaverina, pois durante a dissecção da artéria
carótida do suíno ocorre severo vasoespasmo, dificultando o manejo
cirúrgico.
Até o momento, não há modelo de injúria arterial que recrie todos os
fatores envolvidos no desenvolvimento da obstrução reestenótica humana. O
presente estudo aplicou um método de injúria vascular, utilizando artérias
carótidas normais, sem a indução prévia de lesão arteriosclerótica. No grupo
STENT, realizou-se o simples implante do stent com um introdutor, sem
dilatação do vaso, enquanto que no grupo NÃO STENT realizou-se apenas a
inserção do introdutor, em ambos os casos sob arteriotomia transversa.
A indução da hiperplasia da íntima através da injúria de um vaso
normal não aterosclerótico com um stent foi defendida por MULLER et al.
(1992), sendo considerada uma alternativa para criar uma injúria arterial
crônica controlada. Outros autores (KARAS et al., 1992; SCHWARTZ, R.S.
et al., 1992) também se utilizaram de artérias normais para a análise
morfométrica de artérias submetidas ao implante de stents.
O controle da injúria em resposta à lesão vascular tem sido realizado
de diversas maneiras. EGGERS (1998) utilizou-se de um segmento arterial
normal para comparar a hiperplasia intimal de segmentos de artérias
adjacentes a anastomoses distais de derivações com PTFE. CARAMORI et
al. (1997b) utilizaram artérias normais de suínos controles para a análise
morfométrica de artérias carótidas submetidas à angioplastia. MORE et al.
63
(1994) compararam as alterações em artérias ilíacas lesadas por
angioplastia com as artérias ilíacas contralaterais não lesadas, da mesma
forma que GEARY et al. (1998) em seu estudo em primatas.
No presente estudo, não se realizou o controle induzindo a injúria
com o introdutor na artéria carótida contralateral, pois tal procedimento
poderia levar a alterações do fluxo sangüíneo carotídeo, influindo
bilateralmente no espessamento intimal.
Com a finalidade de evitar alterações no fluxo sangüíneo, foi
utilizado, neste estudo, um outro grupo de animais como controle, cujas
artérias carótidas foram igualmente manipuladas com o introdutor, sem o
implante do stent. Entretanto, o presente estudo foi realizado sob dissecção
direta do vaso, e os resultados encontrados poderiam ser atribuídos à injúria
causada pela dissecção do vaso, e não pela presença do stent em si.
Embora o segmento arterial onde o stent era implantado não fosse
dissecado, optou-se por utilizar a artéria carótida contralateral normal não
lesada como outro controle neste experimento.
Como o objetivo deste estudo é avaliar a reação crônica isolada ao
stent como corpo estranho sobre a parede arterial e não areação à lesão da
angioplastia em si, largamente estudada na literatura, utilizou-se stents auto-
expansíveis. No grupo controle, realizou-se a lesão igualmente sem a
dilatação do vaso. A angioplastia prévia ou a expansão dos stents por balões
são acompanhadas de maior hiperplasia intimal por induzirem uma injúria
mais acentuada (SCHÜRMANN et al., 1995), e poderiam alterar os
resultados deste estudo.
64
Este estudo utilizou anticoagulação com heparina endovenosa na
dose de 100 u.i./kg, com o objetivo de evitar eventos trombóticos e
embólicos decorrentes do pinçamento da artéria carótida comum.
Procedimento idêntico é verificado nos estudos de STEELE et al. (1985),
SCHWARTZ, R.S. et al. (1992), POST et al. (1997) e SMET et al. (1997).
Suínos criados em pastagens, sem suplementação de dieta,
desenvolvem lesões ateroscleróticas dentro de quatro a oito anos. Em
contraste, suínos criados com dietas ricas em colesterol rapidamente
desenvolvem mudanças no perfil lipídico, fato semelhante ao que acontece
em humanos. Há uma marcada elevação no colesterol total e LDL, com a
inversão da relação HDL/LDL, de >1 para <1 (MULLER et al., 1992).
O potencial aterogênico de dietas ricas em colesterol já foi bem
estabelecido em diversos estudos. KLYACHKIN et al. (1994) fizeram uso de
dieta com colesterol a 1%, em coelhos. POST et al. (1997) e SMET et al.
(1997) administraram uma dieta com colesterol a 1,5%, em suínos. Neste
estudo, utilizou-se uma dieta de ração sem suplementação lipídica adicional,
com o intuito de afastar o risco de hipercolesterolemia. Realizou-se
dosagens do perfil lipídico dos animais nas duas fases do experimento, para
um monitoramento lipídico efetivo.
A análise comparativa do perfil lipídico nas duas fases do
experimento, não apresentaram diferenças estatisticamente significativas,
demonstrando não ter ocorrido interferência na evolução natural do processo
proliferativo intimal. Os valores séricos médios de colesterol total e
triglicerídeos encontrados neste estudo, descritos na tabela 2, encontram-se
65
dentro dos valores médios normais previstos para suínos jovens,
respectivamente, 101 ± 13 mg% e 53 ± 19 mg% (STEELE et al.,1985).
A viscosidade sangüínea tem influência direta no fluxo sangüíneo,
sendo um dos determinantes do shear stress e, por conseqüência, agindo
sobre a hiperplasia intimal (CARAMORI et al., 1997a). A contagem de
plaquetas e as alterações dos leucócitos são reconhecidas por sua
participação na gênese da hiperplasia intimal (CHERVU et MOORE, 1990).
SCHÜRMANN et al. (1997) dosaram a leucometria de ovelhas como
um método de controle da reação inflamatória sistêmica do implante de
stents, em seu estudo morfométrico comparativo de stents recobertos e não
recobertos com Dacron.
No presente estudo, foram monitorados os valores leucométricos
totais e diferenciais, contagem de plaquetas e eritrometria. Nenhuma dessas
variáveis apresentou alteração estatisticamente significativa que viesse a
influir na hiperplasia intimal estudada.
STEELE et al. (1985) avaliaram a resposta à lesão em artéria
carótida de suínos submetidos a angioplastia. Demonstraram que, durante a
primeira semana, há a redução progressiva no número de plaquetas
depositadas e início da reendotelização, com migração e proliferação
progressivas de células musculares lisas, formando a neoíntima. A
hiperplasia da íntima fica significativamente maior e mais uniforme aos 14
dias, tendendo a estabilizar-se após 30 ou 60 dias. CLOWES et al. (1983),
estudando a resposta à injúria em ratos, encontrou alterações progressivas
na superfície intimal nas primeiras 2 semanas. As alterações celulares
66
encontradas 3 meses após a lesão não demonstraram diferenças em
relação àquelas evidenciadas no final da segunda semana.
Com base nestes achados, diversos estudos têm utilizado o período
de quatro semanas como ponto de corte para a análise das alterações da
parede arterial (CRAGG et al., 1983; KARAS et al., 1992; SCHWARTZ, R.S.
et al., 1992; LAIRD et al., 1996; HONG et al., 1997; LAMAWANSA et al.,
1997; BYER et al., 1998; LAFONT et al., 1999;). Com base nesses estudos,
utilizou-se um período de quatro semanas entre a 1ª e 2ª fases deste
experimento, acreditando-se ser suficiente para a confirmação dos achados
de espessamento intimal secundário ao implante do stent, e factível do ponto
de vista do manejo logístico dos animais em cativeiro, como sugerem
MULLER et al. (1992).
Os métodos de fixação do tecido arterial retirado para a análise
morfométrica utilizados na literatura são diversos. São descritas fixações
com glutaraldeído (SAREMBOCK et al., 1989; PAN et al., 1992; MORE et
al., 1994), agar-agar (POST et al., 1997; SMET et al., 1997), formalaldeído
(O'DONOHOE et al., 1991; KARAS et al., 1992; SCHÜRMANN et al., 1995;
HEHRLEIN et al., 1996; HONG et al., 1997; LAMAWANSA et al., 1997),
etanol (LAIRD et al., 1996) e associações destes com outros fixadores, como
cacodilato sódico (WEIDINGER et al., 1991; CHALMERS et al., 1994) ou
paraformaldeído (CARAMORI, 1995; ANDERSEN et al., 1996).
São descritas ainda técnicas de fixação in situ (SMET et al., 1997),
por imersão do tecido ressecado (MARIN et al., 1995; LINK et al., 1996;
NESCHIS et al., 1998), ou fixação por distensão intraluminal (SAREMBOCK
et al., 1989; SCHWARTZ, R.S. et al.,
1992; LAIRD et al., 1996;
67
LAMAWANSA et al., 1997; POST et al., 1997). Nos trabalhos que fixam os
tecidos por distensão intraluminal, não há consenso quanto à pressão a ser
submetida a artéria e tampouco quanto ao tempo de fixação sob pressão a
ser empregado. Por outro lado, LAFONT et al. (1999) não encontraram
diferenças estatisticamente significativas entre os resultados morfométricos
de artérias fixadas com ou sem distensão intraluminal.
Na segunda fase deste experimento, as artérias carótidas bilaterais
foram retiradas em bloco e, posteriormente, dissecadas. Os segmentos
arteriais retirados foram irrigados com solução de cloreto de sódio a 0,9% e
fixados com solução de formalina a 10%, sob pressão de 100 mmHg,
durante 15 minutos.
O material no qual é incluído o tecido antes dos cortes histológicos
também é motivo de debate na literatura. É descrito o uso de metacrilato
(KARAS et al., 1992; SCHÜRMANN et al., 1995; HONG et al., 1997), de
resina epoxi-araldit (HEHRLEIN et al., 1996) e, na maioria dos estudos, de
parafina (WEIDINGER et al., 1991; PAN et al., 1992; LAIRD et al., 1996;
LINK et al., 1996; LAMAWANSA et al., 1997; POST et al., 1997; SMET et al.,
1997).
Neste estudo, optou-se pela inclusão das peças em parafina, pelo
seu baixo custo e pela familiaridade dos técnicos em patologia com a
técnica.
A literatura também diverge quanto à coloração empregada nos
diversos estudos morfométricos. Mais comumente são empregadas as
técnicas de Verhoeff (O'DONOHOE et al., 1991; KARAS et al., 1992;
EGGERS, 1998), de van Gieson (STEELE et al.,1985; WEIDINGER et al.,
68
1991; SMET et al., 1997) e a técnica tricrômica de Masson (CARAMORI,
1995), associadas entre si, ou com hematoxilina-eosina.
Este estudo utilizou as colorações de Verhoeff e a coloração de
hematoxilina e eosina. A escolha da técnica de Verhoeff baseou-se no fato
de ser uma técnica que evidencia com clareza as fibras elásticas, facilitando
as medidas morfométricas.
Os estudos divergem quanto ao local escolhido e às técnicas para
as secções histológicas. Em angioplastias e artérias normais, geralmente
são seccionados segmentos proximais, mediais e distais (LAMAWANSA et
al., 1997; NESCHIS et al., 1998), ou todo o segmento submetido à
angioplastia (POST et al., 1997).
Nos estudos morfométricos de implantes de stents, há dificuldades
técnicas importantes na secção do material. Os micrótomos usualmente
utilizados para secções histológicas não têm resistência para realizar a
secção do aço inoxidável que compõe o stent. LAIRD et al. (1996)
seccionaram a artéria envolvendo o stent com uma lâmina de carbureto e,
cuidadosamente, retiraram os segmentos metálicos dos stents de cada
segmento seccionado. SCHÜRMANN et al. (1995) realizaram um estudo
com secções de stents com serras de lâminas diamantadas, ressecando,
através de microdissecção, as hastes do stent com micropinças e alicates
em miniatura, seguida de secção com micrótomo convencional.
TREROTOLA et al. (1994) seccionaram os espécimes, contendo os
stents inclusos em metacrilato, com um micrótomo provido de lâmina de
carbureto de tungstênio (Bunton Instruments, Rockville - USA). Relataram
dificuldades técnicas para fazê-lo, pois a lâmina rapidamente perdia o fio,
69
necessitando ser afiada (International Ceramic Engineering, Worcester -
USA).
SCHÜRMANN et al. (1997) utilizaram-se de uma técnica de secção
óssea, através de uma serra com lâmina diamantada (Exakt, Norderstedt -
Alemanha), para seccionar as artérias, com stent, incluídas em metacrilato,
conseguindo um corte ultrafino, de alta qualidade, que inclui o metal do
stent.
HONG et al. (1997) seccionaram as artérias inclusas em
metilmetacrilato, contendo os stents, com uma lâmina folhada a diamante
acoplada a uma serra de baixa rotação (BUEHLER Ltd), deixando os stents
intactos.
Os métodos de secção das artérias contendo os stents citados nos
estudos acima não são factíveis em nosso meio. Não se dispõe de serras e
lâminas nos moldes descritos e as lâminas dos micrótomos convencionais
não realizam a secção do metal do stent.
No presente estudo, baseando-se nos trabalhos de SCHÜRMANN et
al. (1995) e LAIRD et al. (1996), realizou-se a morfometria do segmento
arterial imediatamente distal ao stent. Após a secção da artéria junto à
margem distal do stent, seccionou-se as hastes do stent com um alicate em
miniatura e, posteriormente, retirou-se cuidadosamente os fragmentos
metálicos. Tal técnica possibilita a secção do tecido pelo micrótomo
convencional. O bordo distal foi o escolhido por localizar-se em segmento
da artéria carótida não dissecado.
EDELMAN et ROGERS (1996) mostram que a hiperplasia intimal
secundária ao stent acontece principalmente ao redor de cada haste do
70
stent, podendo ser, portanto, mensurada na região adjacente ao bordo do
stent. PALMAZ (1993) também se refere ao fato da hiperplasia intimal
ocorrer primeiramente junto dos braços do stent, expandindo-se
posteriormente.
CHALMERS et al. (1994), através de morfometria de artérias
submetidas a implantes de stents, recobrindo anastomoses prévias em cães,
após 4 semanas do implante, encontraram diferenças estatisticamente
significativas de hiperplasia intimal, em relação ao controle, apenas no
segmento adjacente ao bordo do stent, e não na porção central contendo o
stent. Da mesma forma, HEHRLEIN et al. (1996) encontraram uma formação
intimal maior no bordo distal do stent do que no centro do implante.
As medidas morfométricas de cada camada arterial, neste estudo,
foram obtidas através da média de 8 mensurações circunferenciais,
seguindo a técnica empregada por SCHÜRMANN et al. (1997). EGGERS
(1998) realizou técnica similar, através da média de 3 mensurações.
Existem muitos fatores envolvidos na perviedade de um dispositivo
intra-arterial, tais como o material empregado na sua confecção, o formato e
modelo do stent, o fluxo sangüíneo do vaso no qual foi implantado e a injúria
proporcionada pela técnica de introdução do mesmo.
A avaliação das arteriografias, realizadas nas duas fases deste
estudo, demonstrou perviedade de todos os vasos submetidos ao implante
de stent, bem como das artérias carótidas manipuladas do grupo controle. A
criteriosa escolha do tamanho do suíno e do diâmetro do stent,
dimensionados durante o projeto piloto, influíram na taxa de perviedade.
71
Além disso, o fato dos stents terem sido implantados em vasos
normais não lesados e, portanto, menos trombogênicos, e o tipo de stents
utilizados também contribuíram para a taxa de perviedade deste estudo.
SCHÜRMANN et al. (1995) atentam para o fato do tipo do stent influir no
grau da hiperplasia intimal. Segundo esses autores, stents expandidos por
balão produzem maior hiperplasia intimal que os auto-expansíveis tipo “Z”;
eles atribuíram tal fato a uma maior injúria induzida pelos primeiros.
Neste estudo, quando foram comparados os dois grupos entre si
(STENT e NÃO STENT), encontrou-se uma diferença estatisticamente
significativa nas mensurações da área da camada intimal e da sua relação
com a camada média (índice intimal), bem como a relação entre a área da
íntima e o peso dos animais. Não houve diferenças estatisticamente
significativas nas comparações das áreas luminais, bem como nas
comparações das áreas das camadas médias e tampouco nas relações
destas com o peso dos animais.
A análise morfométrica arterial de cada grupo comparada com a de
sua respectiva artéria carótida contralateral normal (lado direito e lado
esquerdo) demonstrou alterações intimais (área intimal e índice intimal)
estatisticamente significativas nos dois grupos. Do mesmo modo, as
variações da área luminal, de cada grupo com seus controles normais, se
mostraram significativas.
As variações das áreas da camada média não foram significativas
nas comparações entre os grupos e tampouco nas comparações com o lado
normal contralateral.
72
De maneira geral, as análises referentes às relações entre as áreas
das camadas íntima e média, bem como do lúmen, e o peso dos animais
demonstraram a mesma tendência das variações das próprias áreas. O
objetivo da realização de tais análises foi justamente corrigir eventuais
distorções referentes à variação do tamanho do animal, com reflexos sobre
as mensurações das áreas das diversas camadas arteriais. A tendência à
similaridade destas alterações se deve ao fato de não existirem diferenças
estatisticamente significativas entre os pesos dos animais, nem entre si, nem
entre os grupos. CARAMORI (1995) encontrou a mesma tendência em seu
estudo, no qual a variação do peso dos animais também não fora
significativa.
Os resultados deste estudo refletem a realidade dos eventos
esperados na reação da parede vascular a uma injúria crônica exercida por
um stent auto-expansível, implantado, sem angioplastia prévia, em um vaso
normal.
A classificação de injúria vascular descrita por IP et al. (1990) pode
ser elucidativa no resultados encontrados. O presente estudo propõe-se a
induzir uma lesão tipo II desta classificação, onde o endotélio é lesado e a
membrana elástica interna e a camada média restam intactas. Assim, como
era esperado, estabeleceram-se lesões restritas à camada intimal,
decorrentes do trauma da malha metálica do stent diretamente sobre a
íntima. Da mesma forma, explica-se o fato das alterações nas áreas da
camada média não serem estatisticamente significativas.
O fato de ter ocorrido hiperplasia intimal significativa no grupo NÃO
STENT mostra que a simples inserção do sistema introdutor no lúmen
73
arterial é suficiente para causar lesão intimal com conseqüente hiperplasia;
porém, esta foi menos intensa do que a verificada no grupo STENT.
Confirmando tais observações, EDELMAN et ROGERS (1996)
mostraram que o implante de stent, sem dilatação prévia, limita a extensão
do dano endotelial, reduzindo a hiperplasia intimal. Da mesma forma,
SCHÜRMANN et al. (1995) afirmam o fato dos stents auto-expansíveis tipo
“Z” produzirem uma menor injúria arterial, com reflexos no grau de
hiperplasia intimal.
LAIRD et al. (1996), estudando a influência de baixas doses de
radiação emitidas por stents emissores de partículas-ß, utilizaram, como
grupo controle, um grupo de suínos com implante de stents sem dilatação
prévia, em artérias normais, exatamente nos moldes do grupo STENT do
presente estudo. Seus resultados, nesse grupo controle, são similares aos
encontrados neste estudo, com hiperplasia intimal presente, sem alterações
nas medidas da camada média. Atribuíram tais achados à integridade da
membrana elástica interna, que indicaria a ausência de uma lesão profunda
na parede arterial lesada.
As mensurações do lúmen, neste estudo, apresentaram uma área
maior no grupo STENT que no NÃO STENT, mas esta diferença não foi
estatisticamente significativa quando se comparou os dois grupos entre si. A
área luminal foi significativamente reduzida quando se avaliou as
comparações entre os lados direitos (dissecados para o implante ou não do
stent) com os lados esquerdos normais (não submetidos à dissecção na
primeira fase do procedimento).
74
Acredita-se que a injúria imposta pela dissecção do vaso para a
realização do procedimento foi o responsável por esta redução da área
luminal através do remodelamento arterial. POST et al. (1997) atribuíram
grande influência à camada adventícia nos achados de remodelamento
arterial. A técnica de dissecção direta do vaso carotídeo realizada no
presente estudo é indutora de lesão adventicial, com influência sobre o
remodelamento arterial.
CARAMORI et al. (1997b) utilizaram um modelo experimental de
artérias carótidas de suínos submetidas à angioplastia, através de dissecção
direta do vaso, comparando-as com as artérias carótidas contralaterais não
dissecadas de forma semelhante à utilizada no presente estudo. Seus
resultados confirmam os resultados morfométricos aqui encontrados:
hiperplasia da camada íntima e discreta alteração nas medidas da camada
média. Da mesma forma, a área do lúmen dos vasos dissecados foi
significativamente inferior àquela das artérias não dissecadas.
A área luminal, no presente estudo, foi maior no grupo STENT,
embora não de maneira significativa. Acredita-se que isso se deva ao fato de
que uma das características dos dispositivo intra-arterial tipo stent é evitar o
recuo elástico, regredindo a influência do remodelamento arterial na
diminuição da área luminal e, portanto, da estenose.
A evolução dos materiais empregados na confecção dos stents, dos
formatos e das técnicas de implante progressivamente menos lesivos
levarão a um menor espessamento intimal e, conseqüentemente, a uma
menor taxa de reestenose.
75
A terapia farmacológica ou por irradiação (incorporadas ao stent)
como tratamento adjuvante, assim como o desenvolvimento tecnológico dos
materiais de confecção dos stents, parecem ser os caminhos a perseguir
para melhorar os resultados clínicos da cirurgia endovascular.
7. CONCLUSÕES
O implante de uma prótese endoluminal, ou stent, em artérias
carótidas comuns normais de suínos, produz, após quatro semanas, uma
reação inflamatória crônica na parede arterial adjacente à sua implantação,
caracterizada porespessamento intimal maior do que aquele imposto pela
injúria do vaso com o sistema introdutor isoladamente.
8. ANEXO
78
TABELA 1: Valores do perfil lipídico obtidos nas duas fases do experimento.
Animal Nº Fase Colesterol Triglicerídeos HDL LDL
1
105
107
54
37
34
59
60
41
2
106
101
39
32
32
30
66
64
3
98
101
47
37
37
36
52
58
4
113
109
24
25
36
33
72
71
5
104
109
34
25
32
39
65
65
6
103
100
37
39
42
49
54
44
7
102
97
29
52
24
42
72
45
8
95
83
29
25
36
44
53
34
9
109
119
35
44
47
48
55
62
10
90
84
30
20
40
42
44
38
11
112
113
45
41
48
41
55
64
12
87
87
45
31
38
33
40
47
13
102
99
32
35
57
36
39
56
14
97
91
24
54
45
41
47
39
Valores expressos em mg%.
79
TABELA 2: Valores da leucometria obtidos nas fases inicial e final do
experimento.
Animal
Fase Leuc Bast Seg Eosin Linf Monoc
1
11.900
13.000
476
650
3.094
3.640
833
260
7.140
8.060
357
390
2
10.600
11.000
530
440
3.922
4.510
212
330
5.618
4.950
318
770
3
11.800
11.600
472
580
2.950
4.060
708
348
7.198
6.148
472
464
4
12.700
10.800
381
324
4.699
3.300
635
550
6.604
6.600
381
220
5
11.500
10.800
690
540
3.680
3.780
920
756
5.750
5.292
460
432
6
13.000
12.700
650
254
4.810
4.318
1.430
2.286
5.720
5.334
390
508
7
11.000
8.900
110
356
2.530
1.869
210
445
7.810
5.785
330
445
8
12.500
12.500
625
375
4.625
3.875
1.375
250
1.375
7.375
375
625
9
14.400
14.400
288
144
4.896
4.032
2.880
720
5.760
9.072
576
432
10
16.100
13.200
644
396
5.152
2.244
805
396
8.855
9.900
644
264
11
11.200
11.800
224
354
2.352
2.596
448
472
7.840
8.024
336
354
12
18.600
17.400
1.116
1.218
9.300
8.352
930
870
6.138
5.916
1.116
1.044
13
14.000
15.200
1.120
912
5.180
5.472
1.820
1.520
5.180
6.536
700
760
14
24.400
19.200
1.220
384
12.932
3.840
732
0
9.028
14.208
488
768
Valores expressos em n/mm
3
.
Notação: Leuc: Leucócitos; Bast: Bastonados; Seg: Segmentados; Eosin:
Eosinófilos; Linf: Linfócitos; Monoc: Monócitos.
80
TABELA 3: Valores do eritrograma e contagem plaquetária obtidos nas duas
fases do experimento.
Animal
Fase
Plaquetas
(10
3
/mm
3
)
Eritrócitos
(10
6
/mm
3
)
Hematócrito
(%)
Hemoglobina
(g/dl)
1
460
380
3,80
3,70
34
33
10,80
11,10
2
423
380
3,70
3,80
32
34
10,20
11,00
3
327
352
3,80
3,20
33
29
11,00
9,40
4
410
370
3,70
3,60
33
32
11,20
10,40
5
350
330
3,20
3,40
29
30
9,80
10,00
6
373
400
3,90
3,90
34
32
11,10
11,00
7
340
410
4,90
3,70
44
33
14,60
10,60
8
272
350
3,40
3,50
30
31
10,00
10,00
9
310
280
3,90
4,00
35
36
11,40
11,90
10
420
412
3,50
3,90
31
35
10,30
11,30
11
273
280
3,10
3,20
28
29
9,60
9,80
12
430
410
3,90
3,80
35
34
11,80
11,00
13
320
320
3,60
3,70
32
33
10,60
11,00
14
260
330
3,70
4,10
33
37
11,00
12,70
81
TABELA 4: Descrição dos resultados da morfometria.
Área Luminal Área Intimal Área da Média
Animal Nº
ACCD ACCE ACCD ACCE ACCD ACCE
1 2,1390 15,6323 1,9730 0,0010 8,8180 4,8002
2 6,2489 16,8630 0,3979 0,0022 10,3560 5,2960
3 3,0201 14,9630 0,1122 0,0014 3,9123 4,6325
4 9,5360 17,4850 0,1899 0,0018 6,4890 5,4560
5 8,1756 14,2360 0,1224 0,0013 5,1023 4,520
6 6,8812 17,0960 0,1689 0,0011 5,8963 5,3020
7 8,8040 14,8350 0,1579 0,0018 7,8950 4,9820
8 2,6660 7,0321 0,0018 0,0016 5,2190 5,8602
9 1,5280 6,9778 0,0014 0,0013 4,9720 5,9740
10 8,4902 17,3210 0,1789 0,0048 8,9960 5,4002
11 5,2890 17,5896 0,0021 0,0013 4,6230 5,4710
12 3,1740 13,5620 0,0013 0,0010 4,1840 4,2090
13 4,4789 12,8901 0,0038 0,0026 4,5125 4,0213
14 3,5980 15,3350 0,0034 0,0016 4,9850 5,0610
Valores expressos em mm
2
.
Notação: ACCD: Artéria Carótida Comum Direita; ACCE: Artéria Carótida
Comum Esquerda.
82
TABELA 5: Distribuição dos resultados do índice intima e dos índices
relativos ao peso, calculados a partir da morfometria, para as
diferentes camadas arteriais.
Índice Intimal Intimal/Peso Média/Peso Luminal/Peso
Animal
ACCD ACCE ACCD ACCE ACCD ACCE ACCD ACCE
1 21,5468 0,0208 4,6976 0,0024 0,2099 0,1143 0,0509 0,3722
2 3,8422 0,0415 0,8289 0,0046 0,2157 0,1103 0,1302 0,3513
3 2,8679 0,0302 0,2609 0,0032 0,0910 0,1077 0,0702 0,3480
4 2,9265 0,0330 0,3798 0,0036 0,1300 0,1091 0,1907 0,3497
5 2,3989 0,0288 0,2604 0,0028 0,1085 0,0962 0,1739 0,3029
6 2,8645 0,0207 0,3753 0,0024 0,1310 0,1178 0,1529 0,3799
7 2,0000 0,0361 0,3359 0,0038 0,1680 0,1060 0,1873 0,3156
8 0,0345 0,0273 0,0043 0,0038 0,1243 0,1395 0,0635 0,1674
9 0,0281 0,0226 0,0032 0,0031 0,1156 0,1389 0,0355 0,1623
10 1,9887 0,0889 0,3975 0,0107 0,1999 0,1200 0,1887 0,3849
11 0,0454 0,0238 0,0046 0,0028 0,1005 0,1189 0,1150 0,3824
12 0,0310 0,0237 0,0029 0,0023 0,0951 0,0956 0,0721 0,3082
13 0,0842 0,0646 0,0088 0,0060 0,1049 0,0935 0,1042 0,2998
14 0,0682 0,0316 0,0075 0,0035 0,1108 0,1125 0,0799 0,3408
Notação: ACCD: Artéria Carótida Comum Direita; ACCE: Artéria Carótida
Comum Esquerda.
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