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A conclusão por dedução (18a) acontece por dois motivos. Em primeiro lugar,
porque este mecanismo é equipado por um conjunto finito, pequeno e constante de regras de-
dutivas que se aplica às formas lógicas das quais são constituintes. E, em segundo lugar, por-
que (este mecanismo) permite derivar conclusões advindas de premissas construídas no curso
do processamento, e não necessariamente premissas pré-fixadas.
O mecanismo dedutivo humano é um sistema que explica o conteúdo de qualquer
conjunto de suposições submetidas a ele. Sperber e Wilson não acreditam que toda
inferência dedutiva deva ser relacionada apenas em termos de regras dedutivas, mas
acreditam que um sistema de regras dedutivas é um mecanismo extremamente efici-
ente para reduzir o número de suposições que devem ser armazenadas separadamen-
te na memória, para acessar as conclusões dos argumentos, para retirar as implica-
ções de informações conceptuais, recentemente adquiridas, e para aumentar o im-
pacto dessas informações em uma representação conceitual do mundo armazenada.
Os autores sugerem, então, uma visão mista das habilidades dedutivas humanas
(IBAÑOS, 2005, p. 157).
Essa visão mista ou classes distintas foram chamadas de regras analíticas e sintéti-
cas. A regra analítica escolhe uma única suposição para a entrada de dados, ou seja, toma co-
mo input uma só suposição de uma coordenada, por exemplo, a eliminação do “e”.
A regra sintética escolhe duas suposições separadas com entrada de dados (input),
como por exemplo, a regra modus ponendus ponens, citado anteriormente, que toma uma su-
posição condicional e seu antecedente como inputs.
É importante distinguir a diferença estabelecida entre as implicações analíticas e
sintéticas, para que seja possível tornar explícito os resultados desse processamento de infor-
mações nas inferências espontâneas e as suas contribuições para a interpretação dos enuncia-
dos na compreensão, principalmente na interpretação da linguagem verbal.
As implicações analíticas são necessárias e suficientes para que se compreenda
uma suposição, ou apreender um conteúdo, enquanto implicações sintéticas relacionando-se
com a maneira que a informação é explorada. Caso haja falhas em apreender as implicações
sintéticas de um conjunto de suposições, pode-se dizer que não é falha de entendimento, mas
falhas na exploração da informação como um todo.