Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: GESTÃO TERRITORIAL
CONCEPÇÃO DE METODOLOGIA DE ANÁLISE ESPACIAL
PARA SUPORTE À DECISÃO ESTRATÉGICA E MILITAR
Dissertação de Mestrado
Bernardo Costa Ferreira
Professor Orientador: Juan José Verdesio, Drº. – UnB, GEA, IH.
Brasília, agosto de 2007.
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: GESTÃO TERRITORIAL
LINHA DE PESQUISA: GEOPROCESSAMENTO PARA GESTÃO TERRITORIAL
CONCEPÇÃO DE METODOLOGIA DE ANÁLISE ESPACIAL
PARA SUPORTE À DECISÃO ESTRATÉGICA E MILITAR
Bernardo Costa Ferreira
Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de
Mestre no Curso de Pós-Graduação em Geografia. Departamento de
Geografia. Instituto de Ciências Humanas. Universidade de Brasília.
Aprovado por:
______________________________________
Juan José Verdesio, Drº. – UnB, GEA, IH
(Orientador)
______________________________________
Roberto Arnaldo Trancoso Gomes, Drº. – UnB, GEA, IH
(Examinador Interno)
______________________________________
Severino Bezerra Cabral Filho, Drº. – Escola Superior de Guerra
(Examinador Externo)
Brasília, agosto de 2007.
ads:
[Ficha Catalográfica]
FERREIRA, Bernardo Costa
Concepção de Metodologia de Análise Espacial para Suporte à Decisão
Estratégica e Militar. 133 p, 297 mm. (UnB–GEA–IH, Mestre, Geografia
Gestão Territorial, 2007).
Dissertação de Mestrado – Universidade de Brasília. Programa de Pós-
Graduação em Geografia.
1. Defesa e Segurança 4. Geoprocessamento
2. Geografia e Geopolítica 5. Análise Espacial
3. Política, Estratégia e Poder 6. Decisão Estratégica e Militar
I. UnB-GEA-IH II. Título (série)
É concedida à Universidade de Brasília permissão para reproduzir cópias desta
dissertação e emprestar ou vender tais cópias somente para propósitos acadêmicos
e científicos. O autor reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte desta
dissertação de mestrado pode ser reproduzida sem autorização por escrito do autor.
___________________________
Bernardo Costa Ferreira
Agradecimentos
Primeiramente gostaria de agradecer à Adriana, minha companheira de
todos os momentos, pela compreensão, apoio e carinho expressos no
decorrer deste trabalho.
Ao meu orientador, Juan Verdesio, pela confiança, disposição, amizade
e apoio ao tema desenvolvido, reconhecendo a importância dos estudos
realizados para as Forças Armadas de nosso país.
Ao professor Eduardo Celso Gerbi Camargo, da Divisão de
Processamento de Imagens do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
INPE, pelas orientações acerca da aplicação dos procedimentos
geoestatísticos na modelagem aqui tratada e pelas conversas instigantes
sobre a aplicação da krigeagem.
Ao General-de-Brigada Fernando Azevedo e Silva, Comandante da
Brigada Pára-quedista do Exército, que à época dos trabalhos, sendo o Sub-
Chefe do Gabinete do Comandante do Exército, propiciou a aproximação
deste pesquisador para o acesso aos dados e informações relevantes.
Ao Major Tales Eduardo Areco Villela, Assessor de Ciência e Tecnologia
do Gabinete do Comandante do Exército, pelo entendimento dos temas
explorados e a atenção disposta para um melhor encaminhamento da
pesquisa.
À Diretoria de Serviço Geográfico do Exército Brasileiro, na pessoa do
General-de-Divisão Carlos Paiva de e do Subdiretor, Cel. Pedro Ronalt
Vieira, pela atenção dispensada na aquisição de dados cartográficos.
Ao Estado-Maior de Defesa na pessoa do Vice-Chefe, o General-de-
Divisão João Francisco Ferreira, pelo encaminhamento dado para estudo e
análise de materiais daquela instituição.
Ao Chefe da Assessoria de Doutrina e Legislação do Estado-Maior de
Defesa, Brigadeiro Rogério Ribeiro Machado, bem como aos senhores
Tenente-Coronel Renato Gonçalves Leite e Capitão-de-Fragata Marcelo
Santiago Villas-Bôas, pelas orientações no estudo e na compreensão dos
manuais da instituição e suas diretivas.
Ao Major Luis Ricardo Assanti, da Sub-Chefia de Inteligência do Estado-
Maior de Defesa, pelo apoio ao estudo realizado, pelas orientações acerca
das possibilidades de aplicação dos modelos e a análise dos seus estudos de
detecção por Radar na Amazônia.
Ao Coronel Pedro Borges, da Divisão de Imagem e Informações
Geográficas do Comando de Operações Terrestres COTER, pela
disposição em discutir sobre a aplicabilidade das ferramentas propostas, bem
como na aquisição de dados e informações da área de Sistemas de
Informações Geográficas.
Agradeço especialmente ao Coronel Sérgio José Pereira, do Comando
de Operações Terrestres COTER do Exército Brasileiro, pela co-
orientação dedicada a este trabalho, que além de consistir-se em um
elemento de grande ajuda, foi extremamente enriquecedor pelo aporte de
conhecimento em todas as áreas, com suas preciosas observações acerca
de elementos de interesse desta pesquisa e em questões de Defesa.
Finalmente, gostaria de agradecer com todo o apreço e admiração, ao
General-de-Exército R/1 Werlon Coaracy de Roure, co-orientador deste
trabalho, pela disposição em discutir e debater sobre os elementos
concernentes a pesquisa, como também sobre todo e qualquer assunto,
dispondo de sua grande envergadura cultural e humana, sua vontade de
compartilha-lha e um senso de espírito como pouquíssimos hoje tem para
lidar com todos os momentos da vida. Agradeço pela sua disposição e
amizade que me auxiliaram em momentos importantes ocorridos no decorrer
deste trabalho e muito me honra tê-lo como amigo, posto que és uma
daquelas pessoas que nos enriquecem pelo simples fato de terem cruzado
nossos caminhos.
Dedicatória
Aos meus pais,
Clemente Lobato Ferreira e
Maria de Lordes Costa Ferreira (in memoriam).
Dedico igualmente
a todos os brasileiros desta imensa nação,
principalmente das futuras gerações, para que encontrem um país melhor.
Resumo
A manutenção da Defesa e Segurança implica no uso de métodos e
ferramentas que sirvam de suporte à tomada de decisões por todas as
expressões do Poder Nacional, principalmente do Poder Militar, de uma
nação, tendo em vista que necessita vislumbrar o desenvolvimento das ações
dentro da linha do espaço e do tempo. Esta diretiva, porém implica na
compilação de informações diversas e em períodos curtos de tempo, posto
que os conflitos modernos ocorrem em velocidades cada vez maiores e com
dinâmicas complexas.
O emprego de ferramentas de geoprocessamento se mostra como
sendo de grande potencial que possui enorme capacidade de manipulação
e cruzamento de dados espaciais de diversas origens, bem como de
informações não-espaciais, oriundas de outros meios, como a inteligência
militar.
É elaborada neste trabalho uma proposição de uso de análise espacial
em geoprocessamento para apoiar a identificação e fornecimento de
diagnósticos de segurança em áreas de fronteira, buscando o
desenvolvimento da detecção e previsão de ameaças e conflitos para
antecipar o emprego das Forças Armadas, com análises apoiadas por uma
base de dados georreferenciadas operado por um Sistema de Informações
Geográficas, fazendo uso, em alguns casos, de um Simulador de Redes
Neurais Artificiais para a geração das informações.
Abstract
The maintenance of the Defense and Security implies in the use of
methods and tools that serve of support to the taking of decisions for all the
expressions of the National Power, mainly of the Military Power, of a nation, in
view of that it needs to inside glimpse the development of the actions of the
line of the space and the time. This directive one however implies in the
compilation of diverse information and short periods of time, rank that the
modern conflicts occur in bigger speeds each time and with complex dynamic.
The job of geoprocessamento tools if shows as being of great potential
since it possess enormous capacity of manipulation and crossing of space
data of diverse origins, as well as of not-space, deriving information of other
ways, as military intelligence.
A proposal of use of space analysis in geoprocessamento is elaborated
in this work to support the identification and supply of diagnostic of security in
border areas, being searched the development of the detention and forecast
of threats and conflicts to anticipate the job of the Armed Forces, with
analyses supported for a georeferenciated database operated by a System of
Geographic Information, making use, in some cases, of a Simulator of
Artificial Neural Nets for the generation of the information.
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS...................................................................................... 11
LISTA DE GRÁFICOS E TABELAS.............................................................. 13
LISTA DE SIGLAS......................................................................................... 14
Capítulo 1 ...................................................................................................... 16
1. INTRODUÇÃO........................................................................................ 16
1.1.Defesa e Segurança em Geografia ...................................................... 18
1.2.Objetivos............................................................................................... 21
1.2.1. Gerais............................................................................................ 22
1.2.2. Específicos.................................................................................... 23
1.3.Aspectos Metodológicos....................................................................... 23
1.4.Organização da Dissertação ................................................................ 24
Capítulo 2 ...................................................................................................... 26
2. Fundamentação Teórica....................................................................... 26
2.1.Política, Estratégia e Poder .................................................................. 26
2.2.O Poder Nacional ................................................................................. 30
2.2.1.A Expressão Política ...................................................................... 31
2.2.2.A Expressão Econômica ................................................................ 31
2.2.3.A Expressão Psicossocial .............................................................. 32
2.4.1.A Expressão Científico-Tecnológica .............................................. 32
2.3.Fundamentos e Projeção do Poder Nacional e Defesa........................ 32
2.4.A Expressão Militar............................................................................... 34
2.4.1.O Ministério da Defesa – MD ......................................................... 35
2.4.2.As Forças Armadas – FA ............................................................... 35
2.4.3.O Exército Brasileiro – EB.............................................................. 36
2.4.4.A Marinha do Brasil – MB .............................................................. 36
2.4.5.A Força Aérea Brasileira – FAB ..................................................... 36
2.5.O Comando e Controle......................................................................... 37
2.6.O Geoprocessamento e os Sistemas de Informações Geográficas..... 38
2.6.1.Banco de Dados Geográfico e Modelo de Dados ............................. 42
2.6.2.A Análise Espacial ............................................................................. 44
2.4.5.Dependência Espacial ................................................................... 47
2.6.2.2.Autocorrelação Espacial ............................................................. 48
2.6.2.3.Inferência Estatística................................................................... 48
2.6.2.4.Estacionariedade/Isotropia/Anisotropia....................................... 48
2.6.2.5.A Geoestatística.......................................................................... 50
3.1.Redes Neurais Artificiais....................................................................... 54
Capítulo 3 ...................................................................................................... 57
3. Área de Estudo...................................................................................... 57
3.1.Características do Meio Físico ............................................................. 58
3.1.1.Clima.................................................................................................. 59
3.1.2.Vegetação.......................................................................................... 60
3.1.2.1. Floresta Ombrófila Densa .......................................................... 61
3.1.2.2. Floresta Ombrófila Aberta .......................................................... 62
3.1.2.3. Floresta Estacional Semi-Decidual ............................................ 62
3.1.2.4. Savana ....................................................................................... 62
3.1.2.5. Áreas de Formações Pioneiras.................................................. 62
3.1.2.6. Áreas de Tensão Ecológica ....................................................... 63
3.1.2.7. Vegetação Lenhosa Oligotrófica dos Pântanos e das
Acumulações Arenosas .......................................................................... 63
3.1.2.8.Campos de Altitude..................................................................... 63
3.1.3.Geologia ............................................................................................ 64
3.1.3.1. Quaternário ................................................................................ 64
3.1.3.2. Jurássico .................................................................................... 64
3.1.3.3. Pleistoceno a Recente ............................................................... 65
3.1.3.4. Pleistoceno................................................................................. 65
3.1.3.5. Pré-Cambriano Superior ............................................................ 65
3.1.3.6. Pré-Cambriano Médio a Inferior................................................. 66
3.1.4.Geomorfologia ................................................................................... 66
3.1.4.1. Planalto Rebaixado da Amazônia Ocidental.............................. 66
3.1.4.2. Planalto Sedimentar Roraima e Planalto do Interflúvio
Amazonas-Orenoco ................................................................................ 67
3.1.4.3. Planaltos Residuais de Roraima................................................ 67
3.1.4.4. Planalto Dissecado Norte da Amazônia..................................... 67
3.1.4.5. Pediplano Rio Branco-Rio Negro............................................... 68
3.1.4.6. Planície Amazônica.................................................................... 68
3.1.4.7. Planalto da Bacia Sedimentar do Amazonas............................. 69
4.1.Pedologia.............................................................................................. 69
3.1.5.1. Podzol Hidromórfico................................................................... 70
3.1.5.2. Latossolos .................................................................................. 70
3.1.5.2.1. Latossolo-Amarelo .................................................................. 70
3.1.5.2.2. Latossolo-Vermelho-Amarelo.................................................. 70
3.1.5.2.3. Latossolo-Vermelho-Escuro.................................................... 71
3.1.5.2.4. Latossolo-Roxo ....................................................................... 71
3.1.5.3. Gleissolos................................................................................... 71
3.1.5.4. Litossolos ................................................................................... 71
3.1.5.5. Podzólicos.................................................................................. 72
3.1.5.6. Aluviais....................................................................................... 72
3.1.5.7. Arenoquartzosos Profundos....................................................... 72
3.1.5.8. Lateríticos Hidromórficos ........................................................... 73
3.1.5.9. Planossolos................................................................................ 73
3.2.Características Gerais do Meio Social, Político e Econômico.............. 73
3.2.1. Faixa Brasileira ................................................................................. 74
3.2.2. Faixa Colombiana............................................................................. 78
3.2.3. Faixa Venezuelana ........................................................................... 80
Capítulo 4 ...................................................................................................... 83
4. Análise Espacial e a Decisão Estratégica........................................... 83
4.1.Contextualização .................................................................................. 84
4.i A Construção de Índices de Segurança e Indicadores de Ameaça e sua
Representação por Meio de Análise Espacial............................................ 86
4.i.1. Indicadores de Segurança Aplicados no Nível Estratégico............ 87
4.i.2. Aplicação do Experimento no Cenário........................................... 92
4.i.3. O Uso de Redes Neurais na Análise Espacial............................. 105
4.i.4. Considerações Finais................................................................... 108
4.ii Análise Espacial Aplicado no Processo Decisório Militar ................... 110
4.ii.1. Experimento para Detecção de Locais de Interesse................... 113
4.ii.2. Considerações Finais .................................................................. 123
5. Conclusões ............................................................................................. 125
5.1. Trabalhos Futuros.............................................................................. 127
Bibliografia.................................................................................................. 129
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 – Exemplo de Planos de Informações em SIG.
Figura 02 – Ilustração do Satélite KH-4.
Figura 03 – À esquerda foto do U2, avião-espião. A direita uma das fotos dos
mísseis em Cuba.
Figura 04 - Modelo conceitual de banco de dados geográficos.
Figura 05 – Mapa de Londres utilizado na pesquisa de John Snow.
Figura 05 – Mapa de Densidade da Violência.
Figura 07 – Distribuição de amostras de solo em Santa Catarina à esquerda e
superfície contínua gerada sobre os pontos para verificação de locais com maior
saturação de bases (em escuro).
Figura 08 Mapa de Inclusão/Exclusão Social em São Paulo (1991) a esquerda.
Mapa de zonas de Exclusão e Inclusão à direita.
Figura 09 - Semivariograma experimental idealizado e seus parâmetros utilizados na
definição de um modelo teórico de ajuste.
Figura 10 - Área de estudo escolhida pela diversidade de variáveis estratégicas.
Figura 11 – Mapa do Clima da Amazônia Escala 1:5.000.000.
Figura 03 – Vegetação restituída das cartas RADAM 1:250.000.
Figura 13 – Categorias de Solos restituídos do RADAM 1:250.000.
Figura 14 Exemplo de Aplicação do InSAR/SIVAM. Na primeira figura, à esquerda,
a imagem original e na segunda a extração de corpos.
Figura 15 Estação de controle em torre, estação de lançamento equipada em
veículo terrestre, ilustração do SERAPH e foto em vôo de divulgação.
Figura 16 Veículo equipado com mísseis ar-terra, estação de lançamento
transportável, estação de controle em sala e foto de lançamento para divulgação.
Figura 17 – Imagens termais e de radar demonstrando o uso dos VANT’s na
detecção de ameaças. À esquerda elementos de um pelotão implantam armadilhas.
À direita um equipamento transportável de lançamento de foguetes no momento do
disparo.
Figura 18 – Localização das OM’s, Pelotões de Fronteira, Faixa de Fronteira e
buffers. Fonte: COTER. Geração dos buffers pelo próprio autor.
Figura 19 Conjunto Amostral dos 246 centróides dos setores censitários rurais do
IBGE que se localizam dentro da Faixa de Fronteira de 150 km.
Figura 20 – Superfície de semivariograma do Conjunto Amostral.
Figura 21 – Superfície de tendência contínua gerada a partir da krigeagem ordinária.
Figura 22 Superfície de tendência contínua gerada a partir da krigeagem ordinária
e fatiada. Notar, em vermelho, as áreas que apresentaram os maiores índices.
Figura 23 Superfície de densidade para a representação de ameaças militares
localizadas, aqui entendidas como a atuação de guerrilha. Os elementos seriam
facilmente detectáveis com o uso dos VANT’s propostos.
Figura 24 Superfície de tendência contínua gerada a partir da krigeagem ordinária
e fatiada. Notar, em vermelho, as áreas que apresentaram os maiores índices. Nesta
modelagem foram consideradas o Fator Estrutural e a Variável de Intervenção na
composição do índice.
Figura 25 – Superfície de tendência simulando um cenário após ações de dissuasão.
Figura 26 – Interface do Programa e Indicadores de Avaliação do Treinamento.
Figura 27 Diagrama demonstrando o procedimento adotado para a aplicação de
RNA.
Figura 28 Representação gerada pela RNA. À esquerda podemos visualizar o
modelo gerado com 1.000 ciclos que denotaram alguns erros. À direita o modelo
gerado com 2.000 ciclos demonstrando um resultado excelente.
Figura 29 – Modelo Digital de Elevação SRTM. Observar a presença do relevo
incidente sobre a área 03. Na área 04 existe igualdade de condições. Na área 02 o
domínio do declive também vem do lado colombiano, apesar de não visualizável
nesta escala, com maior suavidade que na área anterior.
Figura 30 – Terras Indígenas da área de estudo.
Figura 31 – Localização de Elementos de Ameaças – 1º momento
Figura 32 – Localização de Elementos de Ameaças – 2º momento
Figura 33 – Localização de Elementos de Ameaças – 3º momento
Figura 34 – Localização de Elementos de Ameaças por RNA– 4º momento
Figura 35 – Localização de Elementos de Ameaças por RNA – 5º momento
Figura 36 Estrutura do Emprego Combinado de Forças segundo a Doutrina Militar
de Defesa – MD51-M-04.
Figura 37 Locais estimados pela seleção de polígonos maiores que 2.500m
2
de
área extraídos automaticamente da Base de Dados do PRODES.
Figura 38 Locais sem cobertura vegetal e com área acima de 2.500m
2
na imagem
CBERS de 26/01/2007, Órbita-ponto 179/099. Notar a mancha gerada pela
krigeagem para as ameaças. Os pontos mais interessantes para desembarque se
localizam sobre os topos aplainados da serra, localizados em vermelho.
Figura 39 Locais sem cobertura vegetal e com área acima de 2.500m
2
CBERS de
15/02/2007, Órbita-ponto 181/098 e 181/099. Notar a mancha gerada pela
krigeagem para as ameaças. Tendo como base a previsão indicada pela RNA
podemos selecionar diversos pontos ao longo da área de interesse para fazer frente
às forças adversas.
Figura 40 Seqüência de quadros demonstrando o uso do modo caçar-destruir do
SERAPH com emprego de RASURA, InSAR e Termal e indicação de uma tropa
abaixo das árvores para fogo realizado pelo SKUA.
Figura 40 Seqüência de quadros demonstrando o uso do modo caçar-destruir do
SERAPH com emprego de RASURA, InSAR e Termal e indicação de uma tropa
abaixo das árvores para fogo realizado pelo SKUA.
LISTA DE GRÁFICOS E TABELAS
GRÁFICOS
Gráfico 01 – Níveis do Planejamento Estratégico do Estado-Maior de Defesa. Fonte:
Ministério da Defesa, 2006.
Gráfico 02 – Fluxo da Informação no Comando e Controle. Fonte: Sistemática de
Planejamento Estratégico Militar – SPEM – Ministério da Defesa, 2006.
Gráfico 03 – Análise da Distribuição do Conjunto Amostral dos 246 centróides dos
setores censitários rurais do IBGE que se localizam dentro da Faixa de Fronteira de
150 km.
Gráfico 04 – Semivariograma experimental criado para o conjunto amostral.
Gráfico 05 – Resultado da Avaliação do treinamento.
TABELAS
Tabela 1 – O Poder Nacional, seus Fundamentos e Expressões – FONTE: ESG,
2006.
Tabela 2 – Sub-Indicadores da Fórmula e Variáveis.
Tabela 3 – Variáveis, Fontes e Critérios.
LISTA DE SIGLAS
ABIN – Agência Brasileira de Inteligência
AHIMTB – Academia de História Militar Terrestre do Brasil
ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica
BDG – Banco de Dados Geográficos
C
2
– Comando e Controle
CAER - Companhia de Águas e Esgotos de Roraima
CC
2
FTER – Comando e Controle da Força Terrestre
CER – Companhia Energética de Roraima
CIA – Central Intelligence Agency
CODESAIMA – Companhia de Desenvolvimento de Roraima
COMGAR – Comando Geral do Ar
CON – Comando de Operações Navais
COTER – Comando de Operações Terrestres
CVG EDELCA – CVG Electrificación del Caroní, C.A
DANE – Departamento Administrativo Nacional de Estadistica del Colombia
EB – Exército Brasileiro
ELN – Ejército de Liberación Nacional de Colombia
EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
EMD – Estado-Maior de Defesa
ESG – Escola Superior de Guerra
EttaMiD – Estrutura Militar de Defesa
FA – Forças Armadas
FAB – Força Aérea Brasileira
FARC – Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia
FMI – Fundo Monetário Internacional
F TER – Força Terrestre
FUNAI – Fundação Nacional do Índio
GTAM – Grupo de Trabalho da Amazônia
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IC – Inteligência Computacional
IDH – Índice de Desenvolvimento Humano
INE – Instituto Nacional de Estadística de Venezuela
INMET – Instituto Nacional de Meteorologia do Brasil
MB – Marinha do Brasil
MEC – Ministério da Educação
MD – Ministério da Defesa
NASA – National Aeronautics and Space Administration
OMS – Organização Mundial de Saúde
ONG – Organização Não-Governamental
ONP – Objetivos Nacionais Permanentes
PCN – Projeto Calha Norte
PDN – Política de Defesa Nacional
PDVSA – Petróleos de Venezuela Sociedad Anónima
PIB – Produto Interno Bruto
PITCI – Processo de Integração Terreno, Condições Meteorológicas e Inimigo
RASURA – Radar de Surveillance Rapprochée
RNA – Rede Neural Artificial
SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SIG – Sistema de Informação Geográfica
SISMC
2
– Sistema Militar de Comando e Controle
SNNS – Stuttgart Neural Net Simulator
SPEM – Sistemática de Planejamento Estratégico Militar
SUFRAMA – Superintendência da Zona Franca de Manaus
USA – United States of America
VANT – Veículo Aéreo Não-Tripulado
16
Capítulo 1
1. Introdução
O Ministério da Defesa coordena as ações de Defesa Nacional por meio
do Estado-Maior de Defesa EMD que, para a administração e resolução
de conflitos, necessita de ferramentas que possibilitem a gestão de
informações com vistas a possuir um ambiente integrado de tomada de
decisões eficiente, fundamentado dentro da concepção do Sistema Militar de
Comando e Controle – SISMC
2
que fornece os recursos necessários para o
funcionamento de a Estrutura Militar de Defesa EttaMiD nos quatro níveis
de decisão existentes, quais sejam, o político, o estratégico, o operacional e o
tático. A execução do Comando e Controle C
2
que é a atividade que
permeia todas as outras as sincronizando, se baseia em uma concepção
sistêmica com métodos e linguagem definidos e permite a manutenção da
consciência situacional sobre o ambiente de emprego, permitindo a unidade
de comando visto que os conflitos modernos não mais permitem o emprego
de Forças Armadas em campanhas isoladas.
O Comando de Operações Terrestres do Exército Brasileiro COTER
é um dos órgãos de direção setorial, que tem por missão orientar e coordenar
o preparo e o emprego da Força Terrestre, em conformidade com as
diretrizes do Comandante do Exército e do Estado-Maior do Exército, tal
como o Centro de Comando e Controle da Força Terrestre CC
2
FTER que
deve proporcionar ao Comandante do Exército e ao Comandante de
Operações Terrestres os meios necessários de Comando e Controle, a fim de
apoiar suas decisões em situações de normalidade ou de crise. Representa o
comando operacional que coordena a execução do Poder Militar Terrestre,
capacitado a atuar militarmente em terra e em certas áreas limitadas de
águas interiores que sejam de interesse, bem como, em caráter limitado, no
espaço aéreo sobrejacente (BRASIL, 2005), podendo adjudicar os meios
aéreos e navais dos Poderes Aeroespacial e Naval, respectivamente
compreendidos pelo Comando Geral do Ar COMGAR que deve preparar
e empregar a Força Aérea, detendo os principais meios aéreos e
responsabilizando-se pela execução das Ações Militares Aeroespaciais
conforme as orientações do Comando da Aeronáutica e do Estado-Maior da
17
Aeronáutica; e o Comando de Operações Navais – CON – que deve planejar,
preparar e empregar as Forças Navais, incluindo os meios marítimos e
aeronavais, dentro das orientações e ordens do Comandante da Marinha e
do Estado-Maior da Marinha.
Com vistas à obtenção do sucesso em uma operação de defesa, um
comandante deve obedecer às normas que observamos no Capítulo 10° da
IP 30-1 A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA MILITAR, onde está determinado
que os escalões devam estar dotados de conhecimentos sobre a sua área de
responsabilidade nos seus aspectos fisiográficos, políticos, econômicos e
psicossociais, somados à completa identificação das ameaças que estejam aí
presentes. Somam-se a isso o Processo de Integração Terreno, Condições
Meteorológicas e Inimigo (PITCI), que determina, dentro de um processo
naturalmente contínuo, o estudo e análise de gráficos e cálculos superpostos
a cartas topográficas, que permitem a um comandante a tomada de decisões,
nas quais a velocidade e a surpresa são fundamentais.
Verifica-se, entretanto, a disponibilidade parcimoniosa de ferramentas e
instrumentos que permitam uma análise eficiente por parte dos comandos
militares, visto que as soluções existentes se dão por mérito de esforços
pontuais que são de extrema relevância. Em vista disso, faz-se necessário a
construção de um sistema, baseado em geoprocessamento que integre
informações e possibilite a construção de análises diversas no nível de
Comando e Controle, não apenas no aspecto do terreno e condições físicas,
mas dentro de uma abordagem estratégica que considere níveis de análise e
observação que envolva questões econômicas, sociais, culturais e políticas.
Para subsidiar a construção deste sistema, o presente trabalho se
propõe a criar metodologia para diagnóstico de segurança em áreas de
fronteiras que possuam grande potencial para a previsão de ameaças e
conflitos. Tal metodologia permitirá o direcionamento das ações militares para
a intervenção e manutenção das diretivas do ordenamento e do planejamento
territorial, bem como fornecer instrumentos de análise para o apoio a gestão
da segurança do país.
18
1.1. Defesa e Segurança em Geografia
Questões envolvendo Geografia, Defesa e Segurança estão presentes
nas diretivas principais de todas as democracias ao redor do mundo,
independendo da posição geográfica ou dimensão de seus territórios, sendo
tema inquestionável nas agendas de governo, variando apenas na forma
como é dirigida (MYIAMOTO, 2005). Tal assertiva traz à luz da Geografia a
reflexão das atividades militares que ocorrem dentro da dimensão territorial,
materializando-se em ações que se movem no espaço e que partem,
logicamente, de decisões pensadas sobre variáveis que envolvem atores
diversos.
Para pensar Defesa e Segurança em Geografia é necessário remeter-se
à Geopolítica, aqui definida por Costa (1992) como:
[...] a formulação de teorias e projetos de ação voltados às
relações de poder entre os Estados e às estratégias de caráter
geral para os territórios nacionais e estrangeiros. [...].
Sendo uma formulação em que pese à criação de teorias e projetos para
o propósito assumido, pressupõe-se que isto deva ser desenvolvido em
consonância com todas as esferas de poder e sociedade civil, posto que os
perigos e ameaças hodiernos atinjam a todos dentro da nova competição
global que se afirma, na qual se difunde facilmente mercadorias, tecnologias,
informações e, também, riscos.
A Geopolítica, como está descrita adiante, opera dentro de uma linha de
reflexão baseada em estratégias não estando restrita a casos de guerra, mas
cotidianamente em fases de paz, com a coordenação de diversos meios para
consolidar o estado de segurança. Não obstante devemos considerar que
estes meios perpassam todas as áreas do conhecimento e atividades de um
Estado-Nação, observando suas características sociais, culturais,
econômicas, ambientais, políticas e militares, logo as ameaças podem atingir
qualquer uma dessas camadas.
Para tanto é imprescindível observar, conhecer e pensar a realidade nos
seus múltiplos conjuntos espaciais, ou seja, no universo geográfico que
19
abarca a forma de ver o mundo por meio de diversas áreas do conhecimento,
como explicitado por Yves Lacoste (1989):
[...] O método que permite pensar eficazmente, estrategicamente,
a complexidade do espaço terrestre é fundamentado, em grande
parte, sobre a observação das intersecções e dos múltiplos
conjuntos espaciais que se pode formar e isolar pela observação
precisa de suas configurações cartográficas. Não se trata de
intersecções de conjuntos teóricos, mas de conjuntos definidos,
cada qual, não somente por seus elementos e por suas relações,
mas também pelo traçado preciso de seus contornos
cartográficos particulares. Cada um desses conjuntos não fornece
mais do que um conhecimento extremamente parcial da
realidade. De fato esses conjuntos espaciais são representações
abstratas, objetos de conhecimento e ferramentas de
conhecimento produzidos pelas diversas disciplinas científicas.
Essas, no seu esforço de investigação da realidade, se adequam
a uma espécie de divisão mais ou menos acadêmica do trabalho,
cada uma delas privilegiando um modo de ver o mundo (a
geologia, a climatologia, a biologia e, no que diz respeito às
atividades humanas, a economia, a sociologia, a demografia, etc.)
a ponto de traçar da realidade uma representação que
negligencia todas as outras. [...].
No cenário exposto é de suma importância à criação de políticas que
conduzam as Forças Armadas a níveis profissionais altamente qualificados e
que façam uso de tecnologias avançadas, para aplicação nas diversas
hipóteses de emprego, considerando o universo de conhecimento que
precisa ser levantado, analisado e preparado, sem negligenciar nenhuma das
“realidades” necessárias à leitura do todo.
A análise das atividades inerentes à Defesa e Segurança por meio de
análise espacial, que possibilitar abarcar planos de informações de origens
diversas, se dá dentro do escopo da Geopolítica, com sua natural inserção na
Geografia, onde caberia a reflexão acerca das práticas territoriais do emprego
de todas as expressões do Poder Nacional no gerenciamento de crises e
20
ameaças até o desdobramento de ações com preponderância militar, na
dissuasão e, em último caso, na aplicação da violência legítima (FILHO,
2004). Tais reflexões são essenciais para a adoção de medidas desta
natureza, mesmo porque no escopo desta ciência, na qual são observadas e
estudadas as construções dos territórios dos estados-nações e a formulação
dos objetivos necessários para o desenvolvimento e o progresso dos
mesmos, deve estar consolidada a importância das Políticas de Defesa
como meio imprescindível neste processo, mais ainda na sua manutenção.
Considerando os aspectos ora citados vislumbramos os cenários atuais
no mundo que apontam para uma integração e uma interdependência
maiores, embora não abandonemos a concepção realista pautada na
convivência conflitiva, adotada neste trabalho, afinal o mundo diminuiu,
mas as nações ainda não se aproximaram (KISSINGER APUD FILHO, 2004).
A atual reflexão geopolítica entre as nações considera a criação das
comunidades de segurança, porém jamais poderemos afirmar a total
estabilidade de um vizinho, que são os interesses e não as idéias que
dominam diretamente as ações do homem (MORGENTHAU, 2003). Logo
parte-se do pressuposto de que um vizinho pode um dia transformar-se em
inimigo, havendo, portanto a necessidade de as fronteiras estarem
permanentemente protegidas (MIYAMOTO, 2004). Podemos também
trabalhar com a possibilidade de alguns Estados ou seus territórios, não
obstante, grupos de natureza paramilitar, serem usados por interesses de
outrem no emprego de ações dissimuladas para se atingir objetivos que, se
revelados, poderiam criar grande impacto na opinião pública mundial.
Pensar a proteção das fronteiras e do território nacional implica
materializar os movimentos que se consolidam considerando a
espacialização e o tempo nas quais se formas as ameaças que colocam em
jogo a segurança nacional. Refletir acerca das ameaças modernas, das quais
a grande maioria se compõe em ilícitos transnacionais de natureza variada, é
um exercício necessário e novo dentro da Geopolítica. Apesar da crescente
preocupação em questões de segurança pública que inferem diretamente no
desencadeamento das conseqüências das novas ameaças e que terminam
por atrair a atenção da opinião pública, devemos estar atentos para os
21
cenários onde a estrutura que se alimenta destes ilícitos terminam por
financiar ações e atividades que ferem a Defesa Nacional desestabilizando a
condição estratégica de manutenção da segurança. Tais ameaças podem ser
utilizadas como meio para o enfraquecimento ou a consolidação de uma
situação ideal de forma a sujeitar determinadas áreas do território às
operações de interesse de outras nações.
Destarte, é evidente que as fronteiras são incapazes de conter
fenômenos que a tecnologia moderna impõe como verdadeiramente
supranacionais (AMARAL APUD FILHO, 2004). Ainda assim a consolidação
de uma ameaça, que se tornou um dano, perpassou, em algum momento,
pela obtenção e conquista de uma área ou lugar, onde as relações de poder
se confrontaram mediante as necessidades de manutenção de interesses dos
diversos atores, se espacializando territorialmente
1
.
O monitoramento e a vigilância sobre o território e suas potencialidades
deve ser atividade constante de uma nação que se constitua como uma
potência dentro da competição vigente no mundo. Para tanto é imprescindível
aliar o estudo e acompanhamento dos fatores geopolíticos dentro das
modernas plataformas de análise existentes e que façam uso de tecnologias
apropriadas de forma a conceber meios para a reflexão dentro da Geografia
das atividades militares referentes à Defesa e Segurança, conferindo uma
maior flexibilidade no trato de ameaças tradicionais como também de novos
perigos.
1.2. Objetivos
Esta dissertação desenvolve um método de análise espacial como
suporte a decisão estratégica e operacional. Para tanto o enfoque do trabalho
esta direcionado para aplicação dos modelos em um ambiente digital que
abriga informações de uma dada área da região amazônica, analisando
geograficamente esta área para subsidiar o emprego de ações de Defesa.
1
Toda e qualquer ação dirigida que possa se tornar uma ameaça concreta ocorrerá
fisicamente na superfície geográfica, tornando-se passível de ser mapeada e localizada.
Como narrado por Tom Clancy em um dos seus romances, falando sobre o combate a
terroristas: ...um rosto com uma localização ligada a ele valia bem mais que um rosto sem
paradeiro”.
22
A dimensão territorial que engloba as atividades militares está
diretamente relacionada a todas as camadas, aqui considerada como física,
ambiental, política, econômica e psicossocial. Destaca-se, dentre todas, a
propriamente militar, com a identificação das ameaças, sua distribuição e
comportamento, considerando o seu tipo, movimentação em campo, nível de
força e alcance.
Para isso consideramos estes elementos em um sistema de
informações geográficas para visualização de situações, previsão de ataques,
(seu tipo e alcance), planejamento de defesa, fundamentação do uso de
artifícios diplomáticos, inteligência e contra-inteligência, buscando possibilitar
a análise do universo destes dados e informações em consonância com a
escala temporal dos acontecimentos.
Espera-se com essa dissertação ampliar a compreensão do uso e
aplicação da análise espacial no processo decisório militar, possibilitando o
aperfeiçoamento de ferramentas e a criação de metodologias que tenham por
finalidade identificar, localizar e mensurar as ameaças possibilitando sua
prevenção e, quando necessário, sua eliminação.
Tendo como base as prerrogativas acima expostas e o cenário
explicitado, este trabalho apresenta os seguintes objetivos a seguir.
1.2.1. Gerais
Demonstrar o uso da análise espacial no diagnóstico de segurança
em áreas de fronteiras, voltado para a previsão de ameaças e
conflitos no nível estratégico e operacional;
Sintetizar as diversas variáveis que influenciam no diagnóstico da
segurança nas áreas salientadas e enquadrar os atores associados
a cada unidade territorial em uma visão integrada dos aspectos que
influenciem na segurança nos níveis político e estratégico;
Fornecer subsídios com vistas às ações militares no nível
estratégico operacional para a intervenção, manutenção das
diretivas do ordenamento e do planejamento territorial, com
instrumentos de análise para o apoio a gestão da segurança,
23
focalizando, predominantemente, os aspectos relativos à
constituição de ameaças pertinentes a área de estudo.
1.2.2. Específicos
Desenvolver ferramenta em geoprocessamento integrando
aspectos físicos, ambientais, socioeconômicos, psicossociais,
político-territoriais e militares em BDG, criando simulações a partir
de análise multicritério, com vistas à detecção de ameaças;
Extrair variáveis e correlações que possibilitem projetar os
impactos advindos da movimentação dos diversos atores presentes
no espaço;
Avaliar os impactos resultantes da implantação mencionada,
objetivando o planejamento de uma movimentação eficiente na
área de estudo;
Permitir análise prévia para intervenção e movimentação ideal no
espaço em comparação com a movimentação efetiva, a fim de que,
mediante projeção, sejam identificadas as zonas em graus de
ameaça na linha do tempo, simulando um Teatro de Operações,
com ênfase na atuação da Força Terrestre, com as forças
adjudicadas pelos Poderes Naval e Aeroespacial;
Apresentar sugestões em termos de uso de equipamentos, formas
de identificação e classificação dos atores envolvidos, com vistas à
aplicação da política de defesa a partir da criação de indicadores
de ameaça na forma de índices de segurança.
1.3. Aspectos Metodológicos
Este trabalho foi dotado de aspectos quantitativos e qualitativos,
buscando a mensuração de eventos e fenômenos espacialmente
determinados que, correlatos estatisticamente, indiquem as vulnerabilidades
e áreas críticas para a consolidação da Defesa.
O trabalho ora apresentado possuiu um caráter exploratório, posto que
envolveu, além de pesquisa tradicional, a observação e análise realizada sob
orientação militar; a leitura e pesquisa bibliográfica, que estimularam a
24
compreensão do objeto; bem como a aplicação do modelo construído sobre
uma situação provável.
Cabe ressaltar que um dos objetivos desta pesquisa, como dito
anteriormente, foi a construção de uma metodologia para a construção de
índices e indicadores que se apliquem à situação de Defesa em Faixa de
Fronteira. Destarte deve ser considerado o ineditismo do tema em vel
mundial, bem como as dificuldades na obtenção de dados e literatura
especializada.
1.4. Organização da Dissertação
Para apresentar o desenvolvimento deste trabalho, a dissertação está
organizada em quatro capítulos, dos quais no capítulo 2 é exposta a área de
estudo e suas características; e no capítulo 3 as bases conceituais e teóricas
que são necessárias à compreensão das análises e resultados contidos no
capítulo 4. Abaixo está a estrutura dos capítulos seguintes.
No Capítulo 2 Fundamentação Teórica são expostos os
fundamentos que dão sustentação teórica e metodológica ao trabalho, sendo
aí apresentada as abordagens que direcionam o estudo nos âmbitos da
Defesa e Segurança, Geopolítica, Análise Espacial e Redes Neurais.
No Capítulo 3 Área de Estudo é apresentada a faixa territorial que
servirá como base geográfica para o desenvolvimento das situações para a
observação e aplicação da análise espacial no processo decisório. O cenário
é construído a partir de dados oriundos das instituições oficiais do governo
brasileiro e refletem as características físicas, ambientais, socioeconômicas,
psicossociais, cultural e políticas, posto que o desafio seja a análise de
fatores que se apliquem àquela região, ficando restrita ao território brasileiro.
No Capítulo 4 Análise Espacial, Defesa e Segurança e a Decisão
Militar trata do uso específico da Análise Espacial aplicado no
monitoramento de situações e aquisição de índices de segurança e
indicadores de ameaça, aqui colocado como uma tentativa de se alcançar
métodos e resultados que denotem áreas mais sensíveis para a eclosão de
futuros conflitos de forma a subsidiar uma antecipação e prevenção; bem
como a aplicação de ferramentas de análise geográfica aplicadas no
25
processo decisório durante a ocorrência de um conflito. Este capítulo é
dividido em duas partes que analisam a aplicação de técnicas distintas e
apropriadas para cada fim:
Seção I Análise Espacial Aplicada na Construção de Índices de
Segurança e Indicadores de Ameaça apresenta as tentativas de
obtenção de níveis de segurança em forma de índices e
indicadores graficamente sobre uma base geográfica para apoiar
os processos de tomada de decisão no plano político e estratégico
e;
Seção II Análise Espacial Aplicada no Processo Decisório Militar
apresenta o uso de ferramentas em uma situação simulada para
acompanhamento e aquisição de dados e informações
georreferenciadas que auxiliem no processo de decisão militar.
No Capítulo 5 Conclusões e Trabalhos Futuros são apresentados
uma discussão sobre os resultados alcançados e as análises realizadas
juntamente com a orientação de peritos militares sob a ótica militar, bem
como sob a ótica da Geopolítica, demonstrando a aplicação do arcabouço
utilizado aqui para a gestão do território aplicado as questões de Defesa e
Segurança que é um esforço do autor deste trabalho no universo do
pensamento geográfico nesta seara.
26
Capítulo 2
2. Fundamentação Teórica
Neste capítulo é apresentada a fundamentação que perpassa pelos níveis
de conhecimento que dão sustentação teórica e metodológica ao trabalho,
apresentando os conceitos necessários à compreensão dos métodos e
análises contidos nos próximos capítulos nos âmbitos da Defesa, Segurança,
Estratégia e Geopolítica. Por fim é descrito o emprego da Análise Espacial
como um segmento do Geoprocessamento para o tratamento e análise de
dados e geração de informações para o processo decisório militar.
2.1. Política, Estratégia e Poder
Considerando o quadro geopolítico atual, onde o Brasil aumenta sua
presença internacional e investe na criação de eixos sul-americanos e em
direção ao extremo oriente, passando pela África do Sul, é necessário notar
os perigos e ameaças dentro da competição global, que detêm grandes
extensões de recursos naturais cobiçados, dos quais boa parte se encontra
muito próximos das áreas de fronteira (CEL TIMÓTEO ET AL, 2003).
Nunca deve ser descartada a presença de atores diversos, como as
comunidades indígenas, elementos ligados ao tráfico de drogas e armas, os
ambientalistas e as organizações não-governamentais de interesses diversos
e financiamento externo, que se relacionam intrínseca e freqüentemente com
a abertura de novas fronteiras e empreendimentos de exploração dos
recursos naturais presentes e de vital importância para a economia
nacional.
Na medida em que o Brasil adentrar nesta arena competitiva, necessitará
de maior segurança, principalmente nas áreas citadas, sob pena de atuar em
estado de ingenuidade, conforme as palavras do General Meira Mattos
(1999) citando Henry Kissinger
2
, “... falar em política sem respaldo de força é
mero exercício de retórica”.
2
Henry Alfred Kissinger foi conselheiro para a política estrangeira de vários presidentes dos
EUA, de Eisenhower a Gerald Ford, sendo o secretário de Estado, conselheiro político e
confidente de Richard Nixon.
27
Dentro deste enfoque, torna-se necessário o emprego de sistemas que
forneçam respostas em curto espaço de tempo, com informações
espacializadas para a tomada de decisões, tendo por finalidade primaz a
manutenção da segurança nacional.
Para fins de entendimento sobre a conceituação de segurança
abordaremos três definições. A ONU define segurança como:
[...] a condição de proteção em que se considera que os Estados
ou os indivíduos estejam expostos, em pequena medida, ao
perigo de um ataque militar, penúrias econômicas, pressão
política ou injustiças sociais. [...].
Notamos que a ONU enfatiza a necessidade de proteção voltada para os
estados na medida em que estes forem afetados e suas populações sofrerem
as conseqüências, refletindo uma preocupação preponderante sobre as
camadas civis.
O Estado-Maior Combinado das Forças Armadas dos Estados Unidos
define como:
[...] a situação que resulta da necessidade de se estabelecer e
manter um sistema de medidas de proteção para garantir a
viabilidade do processo normal de atividades de uma nação ou
coalizão contra ações e influências hostis. [...].
Podemos perceber que esta definição de segurança preocupa-se com as
atividades da nação. O termo utilizado engloba uma visão abrangente que
perpassa pelo sentido da proteção dos meios, quaisquer que sejam, porém
explicita a ênfase dada à manutenção dos poderes, sobretudo econômico,
daquele país.
O Ministério da Defesa do Brasil define como:
[...] a condição que permite ao país a preservação da soberania e
da integridade territorial, a realização dos seus interesses
nacionais, livre de pressões e ameaças de qualquer natureza, e a
garantia aos cidadãos do exercício dos direitos e deveres
constitucionais. [...].
28
O sentido de segurança aqui exposto reflete uma preocupação ampla da
manutenção dos interesses nacionais, prevendo a proteção da soberania,
ligado intrinsecamente aos poderes econômico e científico-tecnológico,
essenciais para a economia; como também a garantia dos direitos civis no
que está previsto constitucionalmente.
Considerando as definições expostas podemos presumir que em todas
elas a segurança, portanto, nasce da necessidade da existência real ou
potencial de hostilidade e da possibilidade de um risco tomar uma forma
concreta de ameaça, que efetivada, produz um dano. Logo se faz necessário
a junção de ferramentas no sentido de detectar onde e como formam e se
consolidam novas ameaças, espacialmente determinadas, confluindo para a
política e estratégia de segurança no Brasil, conforme a Política de Defesa
Nacional.
A obtenção de um objetivo político exige o investimento de poder e este
será satisfatório se dispuser de uma boa estratégia (GEN DIV R/1 MEIRA
MATTOS, 1999). Destarte, cabe ressaltar que, segundo Lidell Hart (1966), o
objetivo da Grande Estratégia, entendido como estratégia nacional, consiste
em coordenar e dirigir todos os recursos da nação para alcançar o objetivo
político de guerra, fim definido pela política fundamental. Isto envolve toda a
nação na construção do projeto de poder como um instrumento para a
guerra. Collins (1973) cita que estratégia nacional é a arte e a ciência de
empregar o poder nacional em todas as circunstâncias, para exercer tipos e
graus desejados de controle sobre o oponente através de ameaças, pressões
indiretas, diplomacia, subterfúgios e outros meios possíveis de imaginar, a fim
de satisfazer os interesses e objetivos da Segurança Nacional. Desta forma,
estratégia nacional é visto como um avanço sobre disputas entre Estados,
não restrito a guerra, mas nos conflitos cotidianos e perenes, como descreve
o General Golbery do Couto e Silva (1981) sobre a existência de uma
Estratégia na cúpula de Segurança Nacional, a qual ele denomina como:
[...] a arte da competência exclusiva do governo e que coordena,
dentro de um Conceito Estratégico fundamental, todas as
atividades políticas, econômicas, psicossociais e militares que
visam concorrentemente à consecução dos objetivos [...]
29
Logo se consubstanciam para a manutenção da unidade de segurança.
Esta é a ordem vigente nos planejamentos estratégicos de inúmeros países,
principalmente do mundo ocidental. É importante observar que nos dias
hodiernos a composição de uma nova ameaça pode ter origem em
combinações de eventos de caráter diverso, como, por exemplo, em
manobras de massas ditas de representação da sociedade que terminam por
influenciar na estabilidade da segurança; no esgotamento dos recursos
produtivos, especialmente dos grãos; ou na repercussão de inverdades pela
mídia sobre a produção agropecuária fora de padrões de qualidade, com
vistas a aumentar o Nível de Risco econômico e conseqüentemente impactar
os títulos nacionais de um país e seus níveis de investimentos.
As regras da estratégia nacional logo devem considerar também o
emprego da força para coagir qualquer movimento que se constitua como
uma ameaça quando as negociações ultrapassarem o tempo desejado ou
não tiver atingido os resultados esperados, preparando e empregando os
meios militares para a consecução e manutenção de objetivos da política
nacional, consolidando a estratégia militar, definido no Manual de
Campanha C-124-1 ESTRATÉGIA como [...] a arte de preparar e aplicar
os meios militares para a consecução de objetivos fixados pela política
nacional. [...]. Para a operabilidade deste objetivo é necessário o
conhecimento associado com a velocidade e a transformação na linha do
tempo, que se consolida como Poder. Segundo Brzezinski (1986)
conhecimento somado à velocidade de transformação é igual a Poder.
O Poder, segundo o Pensamento Estratégico da Escola Superior de
Guerra ESG se apresenta como uma conjugação interdependente de
vontade e meios, voltada para o alcance de uma finalidade (ESG, 2004).
Deve então haver uma capacidade de trabalho com interoperabilidade de
todas as expressões do Poder do Estado, bem como em todos os escalões
militares para a consolidação do ambiente necessário para vislumbrarmos
novas estratégias, que é uma necessidade indissociável das condições de
competitividade do mundo atual, que exige novas posturas, respostas rápidas
e tremendamente flexíveis, com estruturas capazes de administrar o
conhecimento de forma prioritária e eficaz (CEL TIMÓTEO ET AL, 2003).
30
Destarte, os instrumentos de análise espacial dentro do
geoprocessamento se tornam indispensáveis dentro do ambiente estratégico,
se adequando ao que se propõe o Artigo III da IP-30-1 PRODUÇÃO DE
CONHECIMENTO DE INTELIGÊNCIA, onde está definido que as operações
sob encargos de companhias e de grupos de inteligência devem obter e
buscar dados relativos à localização, organização, capacidade, efetivos e
possibilidades das ameaças, ou seja, na visualização de pontos críticos que
determinem o direcionamento de ações de acompanhamento e supressão,
quando se fizer necessário. Esta produção deve possuir um caráter constante
para o preparo das Forças Armadas em ações correntes ou futuras, quando a
negociação no plano político exigir o emprego tanto na dissuasão como na
efetivação de um conflito armado.
2.2. O Poder Nacional
Considerando a definição da Escola Superior de Guerra exposta
anteriormente sobre Poder e que considera, sobretudo, o alcance das
finalidades do Estado, é necessário que entendamos que estas são
fundamentadas segundo os seguintes interesses e aspirações, em
conformidade com os Objetivos Nacionais, sendo eles: a Democracia, a
Integração Nacional, a Integridade do Patrimônio Nacional, a Paz Social, o
Progresso e a Soberania. Os Objetivos Nacionais resultam da identificação
de necessidades, interesses e aspirações que, em determinada fase de sua
evolução histórico-cultural, a Nação busca satisfazer (ESG, 2006), exigindo,
também, recursos materiais e propostas políticas aceitas e convalidadas pela
sociedade, pois existe o custo-poder, o qual passa pelo sentido de cultura,
última instância que legitima e realimenta o custo-Poder Nacional (IVAN,
2005).
O Poder Nacional, portanto, é a capacidade que tem o conjunto dos
homens e dos meios que constituem a Nação, atuando em conformidade com
a vontade nacional, de alcançar e manter os Objetivos Nacionais,
manifestando-se em cinco expressões: a Política, a Econômica, a
Psicossocial, a Científico-Tecnológica e a Militar. A seguir é apresentada uma
explicação sucinta sobre cada expressão, deixando-se a de caráter Militar
31
para mais adiante após a explanação sobre a Projeção do Poder Nacional e
Defesa.
2.2.1. A Expressão Política
É a manifestação de natureza preponderantemente política do Poder
Nacional, que contribui para alcançar e manter os Objetivos Nacionais. É nela
que se resolve a alocação coercitiva de valores (normas, parâmetros de
decisão, decisões) considerados mais relevantes pelo Povo, podendo, para
tanto, o Estado, como instituição da Nação, valer-se, legitimamente, da força
de que dispõe.
O Estado o faz através do desempenho de três funções básicas: a
normativa, a administrativa e a jurisdicional. Contudo, o Estado, embora
constitua o centro do processo decisório nacional, não esgota a Expressão
Política da Nação: participam do processo de integração e expressão da
Vontade Nacional, outros componentes e interações que, conquanto se
relacionem com a esfera estatal, a ela não pertencem.
Nas sociedades democráticas, se o Estado detém uma parcela importante
do Poder, não o detém todo, estabelecendo-se um contrapeso necessário
para assegurar-se um regime de liberdade (ESG, 2006).
2.2.2. A Expressão Econômica
É a manifestação de natureza preponderantemente econômica do Poder
Nacional, que contribui para alcançar e manter os Objetivos Nacionais e sua
característica fundamental consiste em acionar meios predominantemente
econômicos, através dos qual o homem busca, não satisfazer às
necessidades vitais (alimentação, proteção e procriação), mas atender aos
requisitos de bem-estar originados pelo evoluir constante da capacidade
intelectual de que dispõe, tornando crescentes suas necessidades e,
portanto, a demanda por consumo de bens e serviços. Sua manifestação se
pelo uso dos Recursos Humanos, Recursos Naturais e Instituições
Econômicas, englobando o Sistema Financeiro, o Mercado, as Empresas
Públicas ou Privadas, o Consumo e a Moeda (ESG, 2006).
32
2.2.3. A Expressão Psicossocial
É a manifestação de natureza predominantemente psicológica e social do
Poder Nacional que contribui para alcançar e manter os Objetivos Nacionais,
abrangendo pessoas, ideais, utopias, instituições, normas, estruturas, grupos,
comunidades, recursos e organizações, integrados num vasto complexo
orientado para o alcance de objetivos sociais valiosos, situados no seu
campo de interesse, ou além, que podem satisfazer às necessidades,
interesses e aspirações da sociedade (ESG, 2006). Seus principais fatores se
encontram principalmente: na cultura e nos padrões de comportamento; nos
níveis de bem-estar; na dinâmica ecológica; e na dinâmica estrutural, aqui
entendida como todas as formas de relacionamento entre grupos sociais das
mais variadas dimensões, considerada sua sinergia, tanto do ponto de vista
intragrupal, quanto intergrupal.
2.4.1. A Expressão Científico-Tecnológica
É representada pela manifestação nos setores da ciência e da tecnologia,
englobando todas as atividades relacionadas à geração, disseminação e
aplicação dos conhecimentos científicos e tecnológicos. Compreende,
essencialmente, os homens que atuam e meios que são utilizados naqueles
setores, caracterizando a capacitação nacional em ciência e tecnologia (ESG,
2006).
A Expressão Científica e Tecnológica do Poder Nacional é a manifestação
preponderantemente do desenvolvimento tecnológico em todas as suas
esferas, bem como a geração de informações e dados que fortaleçam e
contribuam para a geração de conhecimento científico voltada, sobretudo,
para alcançar e manter os Objetivos Nacionais.
2.3. Fundamentos e Projeção do Poder Nacional e Defesa
Estas expressões se manifestarão nos fundamentos do Poder Nacional
que vislumbram três elementos básicos da nacionalidade, sendo: o Homem,
origem da própria sociedade e elemento indispensável ao seu
desenvolvimento, que valoriza a Terra onde vive explorando com eficácia e
equilíbrio os recursos que lhe são disponíveis. Para viver em melhores
condições, institucionaliza a vida da sociedade; a Terra, compreendida no
33
sentido espacial e territorial limitado pelas fronteiras (terrestres, marítimas e
aeroespaciais), ocorrendo nesta esfera a estabilização interna da sociedade e
das forças que a integram, tornando-se mais sólidas, pelo interesse comum
em mantê-la; e as Instituições, que constituem o complexo integrado por
idéias, normas, padrões de comportamento e relações inter-humanas,
organizado em torno de um interesse socialmente reconhecido (ESG, 2006).
Portanto os fundamentos do Poder Nacional se manifestam em cada uma
das suas expressões por meio das instituições estabelecidas, conforme a
tabela 01.
Tabela 01 – O Poder Nacional, seus Fundamentos e Expressões – FONTE: ESG, 2006.
Devemos ter o perfeito entendimento de que o Poder Nacional possui sua
projeção, constituído por três instrumentos, sendo eles o Poder Marítimo, o
Poder Terrestre e o Poder Aeroespacial. Podemos entender a Projeção do
Poder Nacional como a capacidade de uma nação aplicar todos ou alguns
dos elementos do Poder Nacional rapidamente e efetivamente desdobrar e
coordenar forças em múltiplas posições para responder a crises, contribuir
para a dissuasão e realçar a estabilidade regional (USA, 2001).
Quando o Poder Nacional é aplicado efetivamente, através de ações
visando a superar antagonismos, internos ou externos, que possam afetar o
alcance dos objetivos ligados ao seu progresso, e, ou, a manutenção dos
Objetivos Fundamentais, fica materializada a Defesa Nacional, que segundo
e Escola Superior de Guerra (2006) é:
[...] o conjunto de atitudes, medidas e ações do Estado, com
ênfase na Expressão Militar, para a defesa do território, da
soberania e dos interesses nacionais contra ameaças
preponderantemente externas, potenciais e manifestas [...].
34
Para tanto o Estado possui a Expressão Militar para emprego nas ações
que podem se tornar ameaças, observadas e acompanhadas por meio da
atividade de inteligência estratégica que é o exercício permanente de ações
direcionadas à obtenção de dados e à avaliação de situações relativas a
óbices que venham impedir ou dificultar a conquista ou a manutenção dos
Objetivos Nacionais.
Consolidadas nos espaço e no tempo como óbices para os Objetivos
Nacionais e estando em consonância com uma situação de Defesa Nacional
são ativados os elementos gerenciados pelo Ministério da Defesa, seguindo o
que consta nos planejamentos estratégicos (Gráfico 01) alimentados por meio
das ações de inteligência, análise de informações e construção de cenários.
Gráfico 01 – Níveis do Planejamento Estratégico do Estado-Maior de Defesa. Fonte:
Ministério da Defesa, 2006.
2.4. A Expressão Militar
A Expressão Militar do Poder Nacional é a manifestação de natureza
preponderantemente militar, do conjunto dos homens e dos meios de que a
nação possui, atuando em conformidade com a vontade nacional e sob
35
direção do Estado, contribuindo para alcançar e manter os objetivos
nacionais, que são inegociáveis (BRASIL, 2007). A composição da expressão
militar é formada pela Estrutura Militar, submetida à direção do Ministério da
Defesa.
2.4.1. O Ministério da Defesa – MD
O Ministério da Defesa é o órgão do Governo Federal incumbido de
exercer a direção superior das Forças Armadas. Uma de suas principais
tarefas é o estabelecimento de políticas ligadas à Defesa e à Segurança do
País, caso da Política de Defesa Nacional PDN atualizada em julho de
2005. Criado em 10 de junho de 1999, o MD é o principal articulador de
ações relativas à Defesa, sendo o órgão da expressão militar do Poder
Nacional.
2.4.2. As Forças Armadas – FA
O conjunto das Forças Armadas é o instrumento operacional da
Expressão Militar do Poder Nacional, decorrendo suas missões das
características institucionais definidas na Constituição Federal como:
“Artigo 142, Caput: As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo
Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e
regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a
autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da
Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer
destes, da lei e da ordem.”
A sua finalidade básica é assegurar a conquista e manutenção dos
Objetivos Nacionais Permanentes (ONP), executando, segundo o Manual de
Campanha C-100-5 – OPERAÇÕES – as missões de:
[...] dissuadir possíveis ameaças aos interesses vitais da Nação,
respaldar as decisões políticas independente, na ordem
internacional; e impor a vontade nacional, pela força, no quadro
das hipóteses de emprego consideradas [...].
36
Devem, portanto, ter como objetivo último o interesse nacional,
representado pela aplicação do poder nacional e a defesa da sua soberania
(FILHO, 2004).
2.4.3. O Exército Brasileiro – EB
O Exército Brasileiro é o responsável pelo emprego do Poder Militar
Terrestre, capacitado a atuar militarmente em terra e em certas áreas
limitadas de águas interiores que sejam de interesse para as operações
terrestres, bem como, em caráter limitado, no espaço aéreo sobrejacente
(BRASIL, 2007).
Tem como seu instrumento principal a Força Terrestre F Ter que
segundo o Manual de Campanha C-100-5 OPERAÇÕES incluí todos os
seus elementos organizados, equipados e adestrados para o combate
continuado próprio das operações em ambiente terrestre, no Teatro de
Operações, podendo ser empregada nas operações conjuntas, combinadas,
aliadas ou em qualquer das composições, tendo como sua missão principal
vencer o combate terrestre.
2.4.4. A Marinha do Brasil – MB
A Marinha do Brasil é o responsável pelo emprego do Poder Militar Naval
das Forças Armadas capacitada a atuar no mar, nas águas interiores e em
certas áreas terrestres limitadas de interesse para as operações navais,
incluindo o espaço aéreo sobrejacente. Deve ter capacidade para o
cumprimento efetivo do controle das áreas marítimas, negarem o uso do mar
ao inimigo, projetar poder sobre a terra e contribuir para a dissuasão;
possuindo como principais características a mobilidade, a permanência, a
flexibilidade e a versatilidade (BRASIL, 2007).
2.4.5. A Força Aérea Brasileira – FAB
A Força Aérea Brasileira é a responsável pelo emprego do Poder Militar
Aeroespacial, capacitada para o cumprimento de operações aeroestratégicas,
de defesa aeroespacial, aerotáticas e especiais, contribuindo para a
dissuasão pela disponibilidade de pronta-defesa, projetando poder com
velocidade a longas distâncias (BRASIL, 2007).
37
2.5. O Comando e Controle
Como colocado anteriormente todas as ações do MD ocorrem em um
ambiente integrado observando as prerrogativas estabelecidas dentro da
concepção do Sistema Militar de Comando e Controle SISMC
2
que
fornece os recursos necessários para o funcionamento da Estrutura Militar de
Defesa EttaMiD nos quatro níveis de decisão existentes, quais sejam, o
político, o estratégico, o operacional e o tático.
O fluxo da informação no SISMC
2
ocorre nas direções verticais e
horizontais, posto que obedece a uma estrutura hierárquica no qual a
informação no nível horizontal ocorre em cada camada e na direção vertical
ocorre entre os níveis. Quanto mais próximo do nível político as informações
estarão mais condensadas e nos níveis táticos, extremamente
pormenorizadas, posto a necessidade de conhecimentos detalhados para o
deslocamento e ações militares, como visualizamos no Gráfico 02.
Gráfico 02 - Fluxo da Informação no Comando e Controle. Fonte: Sistemática de
Planejamento Estratégico Militar – SPEM – Ministério da Defesa, 2006.
Logo, o Comando e Controle C
2
é a atividade que permeia todas as
outras as sincronizando. Fundamenta-se em uma concepção sistêmica com
métodos e linguagem definidos e permite a manutenção da consciência
situacional sobre o ambiente de emprego para a correta tomada de decisão
(BRASIL, 2007). Isto permite a unidade de comando, visto que os conflitos
38
modernos não mais permitem o emprego de Forças Armadas em campanhas
isoladas, posto que observamos o uso crescente de ferramentas
computacionais nos campos de batalha modernos, principalmente no trato,
na integração e na criação de cenários estratégicos como na disponibilização
destes dados em unidades de combate quase em tempo real.
O uso primordial é da compilação de dados e informações em
ambientes computacionais para estudos espaciais em Sistemas de
Informações Geográficas com vistas ao favorecimento da obtenção de
indicadores que, por sua vez, fornecem elementos que permitem priorizar
ações e compatibilizar a capacidade de suporte militar à gestão da defesa.
2.6. O Geoprocessamento e os Sistemas de Informações Geográficas
O termo Geoprocessamento denota o conjunto de conhecimentos que
utilizam técnicas matemáticas e computacionais para o tratamento da
informação geográfica. Esta tecnologia influencia de maneira crescente as
áreas de cartografia, análise de recursos naturais, planejamento e uso de
transportes, telecomunicações, geração e distribuição energética,
planejamento urbano e, principalmente, fins militares. É evidente que os
estudos espaciais, de forma integrada, favorecem a obtenção de indicadores
que, por sua vez, fornecem elementos que permitem priorizar ações e
compatibilizar a capacidade de suporte militar, indispensável na gestão da
defesa.
Algumas das tecnologias acessórias do geoprocessamento, assim
denominadas por possibilitar a captação, armazenamento, manipulação e
edição de dados, é a Topografia, a Cartografia, o Sensoriamento Remoto, a
Análise Espacial, a Computação Gráfica, a Programação e as Tecnologias de
Bancos de Dados.
As ferramentas computacionais para Geoprocessamento, portanto,
permitem realizar análises complexas, ao integrar dados de diversas fontes e
ao criar bancos de dados georeferenciados. Tornam ainda possível
automatizar a produção de documentos cartográficos.
39
Os Sistemas de Informação Geográfica SIG
3
é o conjunto de meios e
ferramentas que realizam o tratamento computacional de dados geográficos.
O que difere um SIG de outros tipos de Sistemas de Informação é a
capacidade de realizar funções de análise espacial, para tanto deve
armazenar a geometria e os atributos dos dados que estão
georreferenciados, isto é, localizados na superfície terrestre segundo uma
projeção cartográfica (MEDEIROS, 1999).
Os dados tratados em geoprocessamento têm como principal
característica a diversidade de fontes geradoras e de formatos apresentados.
O requisito de armazenar a geometria dos objetos geográficos e de seus
atributos representa uma necessidade básica para um SIG. Para cada objeto
geográfico, o SIG necessita armazenar seus atributos e as várias
representações gráficas associadas a ele (CÂMARA ET AL, 1999).
A abordagem aqui utiliza a definição de SIG empregada por Cowen
(1988) que o descreve como:
[...] um sistema de suporte à decisão que integra dados
referenciados espacialmente num ambiente de respostas a
problemas. [...].
Como também de Smith et al. (1987) que o define como:
[...] um banco de dados indexados espacialmente, sobre o qual
opera um conjunto de procedimentos para responder a consultas
sobre entidades espaciais. [...].
Na Figura 06 podemos observar as entidades espaciais representadas
nos chamados Planos de Informação (PI). Um Plano de Informação é a
interface entre o usuário e os geo-objetos ou geo-campos, com estes
representando, graficamente, as formas, atributos e dimensões do que se
deseja representar (Figura 01).
3
Do acrônimo em inglês GIS - Geographic Information System.
40
Figura 01 – Exemplo de Planos de Informações em SIG.
O surgimento do Geoprocessamento, nos moldes como o conhecemos
hoje, remonta a 1955 nos Estados Unidos, voltado para a aplicação militar,
sendo este meio na verdade, o berço do seu nascimento.
Neste ano foi iniciado oficialmente, pela USAF, o programa para o
desenvolvimento de um avançado satélite de reconhecimento para
possibilitar uma vigilância contínua de áreas pré-selecionadas da Terra, a fim
de determinar o status da capacidade bélica de inimigos em potencial.
A USAF, apenas três anos após o início do programa, lançou o primeiro
protótipo, fabricado pela Lockheed e enquadrado na categoria de espião (KH
- Key Hole, Buraco da Fechadura na tradução direta), batizado de Corona
KH-1, com impressionantes 7,5m de resolução espacial, sendo aperfeiçoado
para 1,8m de resolução na sua última versão, o KH-4, lançado em 1971
(Figura 02).
Figura 02 – Ilustração do Satélite KH-4. Fonte: GlobalSecurity, 2007.
41
Nestas categorias a cápsula retornava a Terra para ser recuperada e
analisada digitalmente, o que ocorreu com alguns dos satélites até 1986, com
o KH-9 Big Bird sendo o último a operar desta forma (GLOBAL SECURITY,
2007).
Em 1976 foram lançados os primeiros satélites-espiões com operação
totalmente digital, desde a captura dos dados, gravação e envio. Isto ocorreu
no âmbito do Projeto Gemini, com a criação dos satélites denominados de
KH-11, Crystal e Kennan, que operaram até 1995, possuindo resolução
espacial de 15 cm, sendo substituídos por uma nova linha das quais não se
têm muitos detalhes. Desta nova tecnologia podemos citar o 8X EHIS -
Enhanced Imaging Spacecraft Concept, com imageamento quase em tempo
real; e o Space Based Radar (SBR), com uma ousada operação de
imageamento de radar constante e capacidade geoestacionária, aplicado nas
operações de segurança nacional dos Estados Unidos. Embora a tecnologia
americana orbital sempre tenha sido bem estruturada ainda houve os U2
Kelly Johnson, da Lockheed, aviões-espiões, que geraram as informações
estratégicas de grande vulto durante a Guerra Fria, sendo de sua origem os
dados principais que desencadearam a Crise dos Mísseis em 1962, um dos
momentos de maior tensão do período (Figura 03). A ex-URSS também
possuiu uma grande linhagem de sensores orbitais, com o Cosmos, o
RORSAT (que usava um radar alimentado por reatores nucleares), o
Almaz, o Yantar e o Zenit (LIEUTENANT COLONEL MARK ERICKSON
USAF, 2005).
Figura 03 – À esquerda foto do U2, avião-espião. A direita uma das fotos dos
mísseis em Cuba. Fonte: National Agency of Security, 2007.
42
As imagens geradas pelos satélites americanos e aviões-espiões eram
processadas por milhares de analistas de informações em busca de traços
que pudessem indicar armamentos, operações militares, operações
mercantis de vulto que partiam dos portos russos, etc. Sabe-se que eram
utilizados computadores em sistemas primários que consideravam o
posicionamento geográfico para obter o comportamento espacial de alguns
alvos, como a correlação entre a topografia e o posicionamento de baterias
de artilharia antiaérea em aplicações militares, como também ocorrências
pontuais de eventos para apoios a missões das unidades de inteligência
estrangeira (LIEUTENANT COLONEL MARK ERICKSON USAF, 2005). Não
podemos descartar os sistemas de posicionamento globais criados ainda na
Guerra Fria GPS (USA) e GLONASS (Ex-URSS). Atualmente sabe-se do
uso avançado de dados capturados de sistemas de rádio-escuta como o
ECHELON em cruzamento com softwares de interpretação e caça de
palavras-chave como o CARNIVORE e o ALTIVORE, associados com uma
poderosa rede de detecção georreferenciada dos locais de transmissão e
recepção (NATIONAL SECURITY AGENCY, 2007).
Para tanto sempre foi e é necessário armazenar as informações de
forma indexada digitalmente para que seja possível realizar os cruzamentos
necessários, sendo essencial para isto o modelo de dados em um banco de
dados geográficos.
2.6.1. Banco de Dados Geográfico e Modelo de Dados
Um banco de dados geográficos (BDG) é o repositório de dados de um
SIG, armazenando e recuperando dados geográficos em diferentes
geometrias (imagens, vetores, grades) e as informações descritivas (atributos
não-espaciais) armazenadas em tabelas, que seriam características
qualitativas ou quantitativas das entidades e fenômenos geográficos.
O BDG associado a ferramentas computacionais é o que torna um SIG a
única ferramenta capaz de subsidiar a execução de processos que aborde
diversos aspectos em cruzamentos contínuos, como as características
fisiográficas, políticas, econômicos, culturais e psicossociais associadas a
identificação das ameaças em suas diversas naturezas e níveis. Devido a sua
capacidade de manipulação e cruzamento de dados espaciais de diversas
43
origens, tais como imagens orbitais e aéreas de sensores óticos, de radar ou
infravermelhos associados com dados coletados em campo por observação e
cruzamento de informações sensíveis oriundas do trabalho de inteligência,
torna-se a ferramenta mais adequada ao gerenciamento dos conflitos
modernos dentro dos conceitos de C
2
.
Possui, portanto, a capacidade de visualização destes dados, bem como
de sua manipulação a partir e por meio de Sistemas Gerenciadores de
Bancos de Dados (SGBD) com modelos orientados a objetos, tendência
amplamente utilizada para a representação de modelagem geográfica
(DAVIS, 1999).
A associação a classes e subclasses estabelecendo correspondências
hierárquicas através de relacionamentos entre as mesmas é a definição aqui
utilizada. Denominada como modelo para orientação a objetos, pode se
apresentar de duas formas: por generalização e especialização. Uma
generalização é um relacionamento hierárquico entre classes de objetos.
Assim posto, classes de níveis inferiores generalizam-se em classes
superiores, estabelecendo um relacionamento do tipo is_a (é-um). Na
especialização, também chamada de part_of (parte-de), um objeto
agregado é feito de objetos componentes (MEDEIROS, 1999). A figura 04
apresenta um esquema conceitual de modelo de dados geográficos segundo
as regras expostas acima.
Figura 04 - Modelo conceitual de banco de dados geográficos.
Adaptado de Medeiros (1999).
44
2.6.2. A Análise Espacial
A análise espacial de dados geográficos é uma seção do
geoprocessamento que enfatiza, objetivamente, a mensuração das
propriedades dos atributos do alvo e seus relacionamentos, partindo do
princípio de que a idéia perpassa pela incorporação do espaço no processo
(CÂMARA, 1999). O princípio está em compreender a distribuição espacial
dos fenômenos, buscando não apenas sua percepção visual, mas traduzir
padrões e a existência ou não de correlação entre diversas variáveis.
O exemplo mais usual, até pelo pioneirismo, utilizado para a
exemplificação de uma análise espacial intuitiva foi o experimento realizado
por John Snow no século 19, em 1854, quando da ocorrência de um surto
de cólera em Londres trazida das Índias. O que permitiu ações de caráter
efetivo no combate à doença foi a localização do epicentro dos casos,
obtidos pela colocação em um mapa (Figura 05, dos pontos confirmados
pelo pesquisador, que possibilitou a visualização de um local bem
destacado visualmente, chamado de Broad Street, colimando com a
hipótese de que a localização de captação de água da bomba estava em
setor que recebia uma concentração altíssima de dejetos, inclusive de
pacientes coléricos (CÂMARA ET AL. 2004).
Figura 05 – Mapa de Londres utilizado na pesquisa de John Snow.
Fonte: CÂMARA ET. AL, 2004.
45
Nos dias hodiernos a análise espacial está correlata às ciências
estatísticas, por meio da geoestatística, sendo empregada nas mais
diversas áreas, desde as ciências naturais e socioeconômicas, como
também nas ações empresariais, apoiando a localização de áreas de
interesse de grandes lojas, para o estabelecimento de pontos de
convergência; além de empresas de marketing, para posicionamento de
outdoors orientados pelo moderno neuromarketing.
O emprego em fins militares é bem mais antigo, com seu uso pelos
gregos e egípcios no mapeamento de tendências por meio de
observadores, que identificavam a provável localização de inimigos pela
intensificação de constatações de presença e direções colocadas em
mapas.
A caracterização de problemas em análise espacial é etapa obrigatória
para se determinar quais os tipos de dados e de soluções poderão ser
empregadas de forma mais eficiente, buscando o detalhamento efetivo do
fenômeno nas escalas e dimensões compatíveis com os objetivos. Para
tanto se faz necessários ter um levantamento exploratório do que se deseja
analisar, posto que a aquisição dos dados e sua configuração no território
podem incorrer na geração de um modelo mais ou menos adequado ao que
se deseja.
Podemos considerar segundo Câmara et al. (2004). Os seguintes tipos
de dados utilizados para a geração de mapas de análise espacial:
Padrões Pontuais e Eventos Usados na detecção das
ocorrências pela simples localização de pontos em um mapa, o
que possibilita observar a densidade do evento, como a
densidade da violência na cidade de Porto Alegre, considerando
pontualmente o local da ocorrência de homicídios, suicídios e
acidentes de trânsito (Figura 06);
46
Figura 05 – Mapa de Densidade da Violência.
Fonte: SANTOS E BARCELLOS, 2007.
Superfícies Contínuas Voltados para estimar um conjunto de
amostras, regularmente distribuídas ou o. É intensamente
utilizada na área de recursos naturais e meio ambiente (Figura
07), posto que torne possível observar a tendência de
determinado fenômeno. é utilizado em alguns modelos para
detecção de riscos e interesses mercadológicos, como a
tendência de fluxo de movimento para colocação de shoppings e
lojas ou na percepção de locais de convergência de fluxos de
apoio para logística.
Figura 07 Distribuição de amostras de solo em Santa Catarina à esquerda e
superfície contínua gerada sobre os pontos para verificação de locais com
maior saturação de bases (em escuro). Fonte: BÖNISH, 2007.
47
Áreas de Contagens e Taxas Agregadas Empregados na
análise de dados associados a levantamentos populacionais e
censos, sendo agregados em unidades de análise, como setores
censitários ou municípios (Figura 08), sempre com polígonos
fechados. Também é considerado em avaliações de defesa e
equilíbrios de forças estratégicas.
Figura 08 Mapa de Inclusão/Exclusão Social em São Paulo (1991) a
esquerda. Mapa de zonas de Exclusão e Inclusão à direita. Fonte: SPOSATI,
2005.
Em todas as formas de trabalho que envolva o emprego da análise
espacial podemos perceber a existência de conceitos básicos que norteiam
todas as diretivas, dando compreensão no estudo dirigido. Estes conceitos-
chave são: a dependência espacial, a autocorrelação espacial, a inferência
estatística para dados espaciais e estacionariedade/isotropia/anisotropia.
2.4.5. Dependência Espacial
Todos os fenômenos estudados em qualquer área do conhecimento,
sejam nas ciências naturais ou humanas, apresentam relação entre os seus
eventos que depende da distância, estando diretamente ligado ao que Tobler
(1979) denominou de primeira lei da Geografia:
[...] todos os objetos relacionados no espaço são parecidos,
porém objetos mais próximos se parecem mais do que objetos
mais distantes. [...].
48
Fica evidente que a dependência espacial ocorre em todas as direções,
porém enfraquece ou fortalece-se dependendo do vetor analisado e das
condições nas quais ocorre.
2.6.2.2. Autocorrelação Espacial
É segundo Câmara et al. (2004), a expressão computacional do conceito
de dependência espacial, sendo assim denominada para indicar que a
medida de correlação é realizada em toda a área de estudo, baseando-se na
idéia principal de verificar como varia a dependência.
Quando atinge valores significativos indica que o nível de independência
das amostras é inválido para a inferência estatística e deve levar o espaço
em conta a formulação do espaço. De qualquer forma, os valores obtidos
sempre devem ser comparados com os valores que seriam produzidos no
caso de não haver associação espacial entre as variáveis.
2.6.2.3. Inferência Estatística
A forma mais adequada de se trabalhar com dados espaciais é considerar
os mesmos dentro de um processo que leve em conta o conjunto de variáveis
aleatórias no qual estão compostos, associados comumente à linha do
tempo, que podemos denominar de processo estocástico.
Segundo Terceiro (2005) um processo estocástico é um conjunto de
variáveis aleatórias, onde um índice o percorre, sendo comum, mas não
necessário que esse índice represente o tempo.
Faz-se necessário no seu emprego a determinação por meio de hipóteses
sobre sua estabilidade, supondo que ele seja estacionário, isotrópico ou
anisotrópico.
2.6.2.4. Estacionariedade/Isotropia/Anisotropia
Os processos estatísticos que definem a estrutura espacial relacionam-se
aos momentos de primeira ordem (valor esperado da média do processo no
espaço), ou segunda ordem (existência de co-variância entre áreas ou
pontos). O conceito elaborado a partir deste estudo é a estacionariedade, que
pode ser definido como um processo nos quais os efeitos de primeira e
49
segunda ordem é constante em toda a área de estudo (CÂMARA ET AL.,
2004).
A Isotropia ocorre, quando além da estacionariedade, a covariância
depender somente das distâncias e não das direções. Quando a estrutura da
covariância variar, além da distância, simultaneamente em função das
direções, ela será anisotrópica.
Neste trabalho abordaremos dois modelos inferenciais básicos,
determinados a partir do tipo de fenômeno espacial que se pretende estudar,
partindo da premissa de que os fenômenos espaciais se classificam em
contínuos ou discretos. Segundo Camargo (2002), podemos defini-los da
seguinte forma:
Modelo Inferencial de Variação Discreta O espaço contém
entidades do mundo real representados por Geo-objetos, ou seja,
em polígonos que agregam os fenômenos por unidade territorial,
sejam municípios, bairros ou setores censitários, logo não
dispondo da localização exata do evento. O objetivo é a
modelagem o padrão da ocorrência espacial por áreas.
Modelo Inferencial de Variação Contínua A informação está
presente em todas as posições, representada por Geo-campos,
considerando um processo estocástico nos quais os valores
podem ser conhecidos em todos os pontos das áreas de estudo.
Podem-se estimar este processo de forma completamente não-
paramétrica ou a partir de estimadores de krigeagem, ambos
inseridos na geoestatística. A krigeagem, como exposto adiante,
compõe a superfície através de estimativas pontuais ótimas, não
sendo tendenciosos e minimizando os erros inferenciais; a
simulação objetiva não paramétrica reproduz a variabilidade
espacial da superfície através de possíveis representações
globais do modelo de função aleatória.
50
2.6.2.5. A Geoestatística
A maior parte dos dados coletados no território brasileiro por parte dos
organismos oficiais do seu Estado, tais como o IBGE, IBAMA, FUNAI, por
exemplo, compreende a geodados, logo estão associado a unidades de área,
o que termina por implicar em alguns problemas na representação de eventos
e fenômenos, posto que muitos deles extrapolem os limites de zoneamento
administrativo.
Os dados relativos à Segurança e Defesa, especialmente no nível
estratégico, possuem um comportamento de distribuição contínua na
densidade de suas variáveis, tais como indicadores de ameaças ou a
presença de atividades consideradas hostis em dada parcela do território. Na
verdade podemos tomar como premissa o fato de que é propriedade natural
de qualquer fenômeno espacial ser contínuo e um dos modelos inferenciais
propostos para este tipo de finalidade é a krigeagem, que, como explicado
anteriormente, é um dos métodos de interpolação geoestatística desenvolvido
em análise espacial. Este termo é derivado do nome de Daniel G. Krige, que
foi o pioneiro em introduzir o uso de médias móveis para evitar a
superestimação sistemática de reservas em mineração (DELFINER E
DELHOMME APUD CAMARGO, 2002).
Parte-se do princípio que na Geoestatística os valores dos atributos são
representados como superfícies estocásticas ou campos aleatórios
modelados de forma que suas funções são capazes de considerar a incerteza
dos valores alcançados, onde dentro de uma região A da superfície terrestre,
para cada posição u
A, o valor do atributo z(u) é modelado como uma
variável aleatória Z(u) (FELGUEIRAS, 1999).
A variação espacial de uma variável regionalizada pode ser expressa pela
soma de três componentes: a) uma componente estrutural, associada a um
valor médio constante ou a uma tendência constante; b) uma componente
aleatória, espacialmente correlacionada; e c) um ruído aleatório ou erro
residual (BURROUGH, 1987). Se x representa uma posição em uma, duas
ou três dimensões, então o valor da variável Z, em x, é segundo Burrough
(1987):
51
Z(x) = m(x) + ε
(x) + ε
No qual:
m(x) é uma função determinística que descreve a componente
estrutural de Z em x;
ε′(x) é um termo estocástico, que varia localmente e depende
espacialmente de m(x);
ε″ é um ruído aleatório não correlacionado, com distribuição normal
com média zero e variância σ
2
.
Logo temos dois enfoques para representar a distribuição das variáveis:
A Representação Paramétrica onde o modelo de distribuição
obedeça a um conjunto limitado por parâmetros;
A Representação Não-paramétrica onde o modelo não possui
nenhum parâmetro na distribuição das variáveis.
Para tanto podemos fazer uso de dois métodos. Um paramétrico,
denominado como Krigeagem Ordinária e um não-paramétrico, denominado
de Krigeagem Ordinária por Indicação. Neste trabalho fez-se uso do primeiro,
tendo em vista que parte-se do pressuposto de que não variação
significativa dos fenômenos ligados ao estudo dentro da escala estabelecida,
posto que as unidades utilizadas é a dos setores censitários rurais do IBGE
4
.
2.6.2.5.1. Krigeagem Ordinária
Este método não considera a variação significativa no fenômeno
modelado em larga escala, assim supõe-se que deva haver
estacionariedade de segunda ordem e que a média de um atributo é
constante e não depende da localização dentro de uma região de
interesse. Logo admitimos que nossa componente determinística m(x)
é constante. Então, segundo Camargo (2002), m(x) é igual ao valor
esperado da variável aleatória Z na posição x, e a diferença média
entre os valores observados em, x e x+h, separados por um vetor de
distância h (módulo e direção) é nula.
4
Disponível em http://www.ibge.gov.br/servidor_arquivos_est.
52
E[Z(x)-Z(x+h)]=0 ou E[Z(x)] = E[Z(x+h)] = m(x) = m
Segundo Camargo (2002), devemos admitir, a partir deste arcabouço,
a estacionariedade da covariância entre dois pares quaisquer Z(x) e
Z(x+h) separados por um vetor distância h, existem e dependem
somente de h. Logo:
C(h) =Cov[Z(x), Z(x+h)]=E[Z(x).Z(x+h)]-m
2
,
x;
A estacionariedade da covariância também implica na
estacionariedade do variograma, definido por:
2γ(h)=E{[Z(x)-Z(x+h)]
2
}
As covariâncias são calculadas a partir de um modelo teórico de
semivariograma:
Ajustado sobre o semivariograma experimental, obtido interativamente
a partir do conjunto de amostras georreferenciadas:
O cálculo do semivariograma experimental se dá pela fórmula abaixo:
O semivariograma, segundo Camargo (2002) é a ferramenta básica de
suporte às técnicas de krigeagem, pois quantifica a variação de um
fenômeno regionalizado no espaço. As hipóteses de estacionariedade
e média constante levam a postular um comportamento idealizado
para o semivariograma experimental, conforme demonstrado na Figura
09, onde:
Alcance (a): distâncias dentro das quais as amostras apresentam-se
correlacionadas espacialmente.
53
Patamar (C): é o valor do semivariograma correspondente a seu
alcance (a). Deste ponto em diante, considera-se que não existe mais
dependência espacial entre as amostras, porque a variância da
diferença entre pares de amostras (Var [Z(x)-Z(x+h)]), torna-se
invariante com a distância.
Efeito Pepita (C
0
): idealmente, γ (0)=0. Entretanto, na prática, à
medida que h tende para 0 (zero), γ (h) se aproxima de um valor
positivo chamado Efeito Pepita (C
0
), que revela a descontinuidade do
semivariograma para distâncias menores do que a menor distância
entre as amostras. Parte desta descontinuidade pode ser também
devida a erros de medição, mas é impossível quantificar se a maior
contribuição provém dos erros de medição ou da variabilidade de
pequena escala não captada pela amostragem (ISAAKS E
SRIVASTAVA APUD CAMARGO, 2002).
Contribuição (C
1
): é um parâmetro do modelo de ajuste, como será
visto mais adiante, cujo valor é a diferença entre o Patamar (C) e o
Efeito Pepita (C
o
).
Figura 09 - Semivariograma experimental idealizado e seus parâmetros
utilizados na definição de um modelo teórico de ajuste. Fonte: Camargo (2002).
Os modelos de ajuste sobre o semivariograma experimental são os
modelos esférico, exponencial, gaussiano e potência. Os valores de efeito
pepita, alcance e patamar obtido na variografia experimental das amostras
54
são utilizados na definição dos parâmetros do modelo teórico de ajuste. O
procedimento de ajuste não é automático, mas sim interativo, onde o usuário
faz um primeiro ajuste e verifica a adequação do modelo teórico. Deste
primeiro semivariograma é possível uma percepção inicial da estrutura de
variabilidade espacial, principalmente em termos de seu alcance, valores
relacionados à distância dentro das quais as amostras apresentam-se
espacialmente correlacionadas. Parte-se então para um refinamento dos
parâmetros até que se consiga um modelo de ajuste satisfatório, sendo neste
processo que reside a principal dificuldade de aplicação de ferramentas
geoestatísticas em comparação aos métodos determinísticos, posto que exija
do usuário a correta interpretação dos semivariogramas e do significado de
seus parâmetros para que o melhor modelo transitivo seja aplicado (RAMOS,
2002).
Os detalhes de aplicação estão salientados no capítulo a seguir, no qual
está demonstrado que tipos de conceitos foram utilizados, quais soluções
foram criadas e aplicadas nos casos estudados neste trabalho, como também
quais as soluções encontradas para representar as saídas dos resultados.
3.1. Redes Neurais Artificiais
Inteligência computacional IC, poderia ser definida como um conjunto
de modelos, algoritmos, técnicas, ferramentas e aplicações, em um sistema
computadorizado, que emula algumas das habilidades cognitivas do homem
(ALLARD E FUCHS APUD MEDEIROS, 1999). Dentre as ferramentas
principais encontramos as redes neurais artificiais, surgida das pesquisas
realizadas por neurologistas, juntamente com pesquisadores de outras áreas,
tais como a eletrônica, automação, biofísica, matemática, que desejavam
produzir um modelo que descrevesse a rede neural biológica.
MacCulloch e Pitts (1943) foram os primeiros a considerar o cérebro
como um organismo computacional. Em suas pesquisas concluíram um
modelo básico de neurônio, destacando sua simplicidade e poder de
processamento, partindo de cinco premissas básicas. São elas:
A atividade de um neurônio é um processo igual a tudo-ou-nada;
55
Certo número fixo de sinapses (>1) precisa ser excitado dentro de
um período latente adicionado para o neurônio ser excitado e
disparar;
O único atraso significante dentro do sistema nervoso é o atraso
sináptico;
A atividade de qualquer sinapse inibitória impede a excitação do
neurônio naquele momento;
A estrutura de interconexão da rede não muda com o tempo.
A partir de sua construção podemos concluir que as redes neurais
artificiais são modelos computacionais distribuídos, paralelos, adaptativos e
inspirados no raciocínio humano (BROWN ET AL. 2000).
As redes neurais artificiais, segundo Nóbrega e Filho (2003) possuem
algumas propriedades que as tornam adequadas ao reconhecimento de
padrões e à classificação de dados espaciais, entre as quais: (i) a habilidade
em extrair padrões ocultos em conjuntos de dados que podem ser
imperceptíveis aos humanos e às técnicas estatísticas tradicionais; (ii) a
capacidade de analisar dados sem nenhum conhecimento prévio, não
necessitando de um modelo; (iii) a possibilidade de trabalhar com dados
ruidosos, limitados, interdependentes ou não-lineares; (iv) a possibilidade de
adição continua de novos dados; (v) a facilidade para a análise de grandes
conjuntos de dados.
Devido às suas características, no método das redes neurais o
conhecimento é adquirido mediante um processo de aprendizado a partir de
exemplos. O conhecimento armazenado no aprendizado é distribuído através
da rede de dados na forma de valores ponderados, modificados como
resultado do treinamento. As formas de aprendizado podem ser classificadas
em:
Supervisionada Demonstração sucessiva à Rede conjuntos de
padrões de entrada e seus correspondentes padrões de saída, na
qual a mesma realiza o ajustamento dos pesos das conexões
entre os elementos de processamento, até que o erro entre os
padrões de saída gerados alcance um valor mínimo desejado.
56
Podemos destacar o Backpropagation como uma das formas de
aprendizado, que é o utilizado neste trabalho.
Não-supervisionada a Rede analisa os conjuntos de dados
apresentados, determinando algumas propriedades dos conjuntos
de dados, no qual aprende a refletir estas propriedades na sua
saída, utilizando padrões, regularidades e correlações para
agrupar os conjuntos de dados em classes. A propriedade que a
rede vai aprender sobre os dados pode variar em função do tipo
de arquitetura utilizada e da lei de aprendizagem. Podemos
exemplificar como modelo não-supervisionado o mapa auto-
organizável de Kohonen (1995).
Segundo Medeiros (1999), a implementação de um modelo ou projeto
que utilize as RNA poderá ser realizada de diversas formas. Caso o
interessado possua bom conhecimento em desenvolvimento de software
poderá desenvolver seu próprio código, específico para o problema. Caso
contrário poderá utilizar os pacotes de sistemas simuladores de redes neurais
comerciais ou de domínio público. Também poderá projetar e construir um
hardware utilizando chips de redes neurais disponíveis no mercado. Este
autor realizou pesquisas com sucesso na emprego de redes neurais artificiais
aplicados a análise geográfica para gestão territorial e ambiental. Para
atender ao objetivo deste trabalho, a solução adotada foi o mesmo software
empregado na sua pesquisa, o Stuttgart Neural Net Simulator – SNNS.
A escolha deste sistema recai sobre o fato de que é o mais poderoso
atualmente para o desenvolvimento de aplicações com redes neurais
disponível na modalidade de domínio público, além de ter apresentado
excelentes resultados nas pesquisas nas quais foi empregado. Seu emprego
aqui se deu, sobretudo, na realização de suporte de análise sobre as
camadas de informações geradas pela geoestatística.
57
Capítulo 3
3. Área de Estudo
Para o desenvolvimento do trabalho foi utilizada uma área de estudo que
se localiza dentro dos limites da Amazônia Legal, abrangendo parte das
áreas dos estados do Amazonas e Roraima do território brasileiro; bem como
partes dos territórios da Colômbia e Venezuela.
Esta área situa-se dentro da faixa de atuação do Programa Calha Norte,
sendo delimitada pelas coordenadas 72º00’00”Oeste e 04º00’00”Sul;
60º00’00”Oeste e 04º00’00”Norte, abrangendo a região da “Cabeça do
Cachorro” (Figura 10), como também mais ao norte limitando com Roraima,
considerando os aspectos naturais que influenciam diretamente na tomada
de decisão relativa à movimentação e trafegabilidade; aspectos
socioeconômicos e psicossociais que influenciam na forma de intervenção e
abordagem local; aspectos políticos que interessam aos procedimentos
diplomáticos; entre outros.
Figura 10 - Área de estudo escolhida pela diversidade de variáveis estratégicas.
(Mosaico de Imagens +ETM Landsat 7, Merge 543+PAN, 2000 – GEOCOVER – NASA).
58
Tratar-se-á de local que possui uma grande diversidade de atores e
atividades. Na seleção desta área foram considerados os seguintes aspectos:
Ocorrência da expansão da ocupação e uso do solo para plantio;
Exploração madeireira e mineral;
Existência de tensões pela existência de terras indígenas, com
áreas consideradas sagradas pelos mesmos;
Presença de organizações não-governamentais voltados para a
defesa do meio ambiente;
Ocorrência de ilícitos transnacionais, como o tráfico de drogas e
armas;
Presença de grupos paramilitares;
Grande dinâmica da situação física, que apresenta uma
diversidade de situações que exige emprego diferenciado e com
preparação adequada das Forças Armadas.
A diversidade de fatores ambientais, sociais, econômicos e de segurança,
associados ao grande potencial de surgimento de conflitos por interesses
comerciais diversos, torna a área propícia para o estudo planejado.
3.1. Características do Meio Físico
As informações do meio físico foram adquiridas por meio das publicações
do Projeto RADAMBRASIL
5
, volumes 08, 11, 14 e 18, que correspondem,
respectivamente, as folhas da Carta do Brasil ao Milionésimo NA.20 Boa
Vista, NA.19 Pico da Neblina, SA.19 Iça e SA.20 Manaus. As
informações cartografadas foram retiradas dos planos de informação na
escala 1:250.000, constando a Vegetação, Pedologia e Hidrografia por serem
consideradas de importância no plano estratégico e militar de Defesa. Para
os demais são feitas as considerações de base teóricas bem condensadas,
abrangendo o Clima e as características Geológica-Geomorfológicas.
5
Foi o processo de levantamentos por radar e documentação dos recursos naturais
presentes no território brasileiro. Desenvolvido pelo Governo Brasileiro, mais especificamente
pelo Ministério de Minas e Energia através do Departamento Nacional de Produção Mineral -
DNPM e com recursos do PIN - Plano de Integração Nacional.
59
3.1.1. Clima
De acordo com a classificação de Köppen, a Região Amazônica está
situada no grupo de clima tropical chuvoso A (Tropical Chuvoso), onde as
temperaturas médias dos meses não são inferiores a 18
o
C. A variedade
climática i se caracteriza por não ter verão ou inverno estacional (BASTOS,
1972).
Os tipos climáticos, Afi, que apresenta chuvas bem distribuídas ao longo
do ano, como no oeste da Amazônia e parte do litoral do sudeste; Ami, com
pequena estação seca, como ocorre no leste da Amazônia; e Awi, com
inverno seco e chuvas máximas de verão, que ocorre nas regiões norte,
centro-oeste e parte do interior do sudeste; se diferenciam a partir do total
pluviométrico do mês com menor precipitação em relação ao total anual.
A área de estudo está inteiramente dentro da região com tipo climático
denominado de Afi, como podemos visualizar na Figura 11, com total
pluviométrico mensal de menor precipitação em relação ao total anual
girando em torno de 17% (BASTOS, 1982).
Figura 11 – Mapa do Clima da Amazônia Escala 1:5.000.000. Fonte: BASTOS, 1982.
60
Trata-se da área com maior volume de precipitação pluviométrica no
Brasil, não existindo estação seca, a não ser em períodos em que o
comportamento climatológico seja anômalo, estando o normal anual sempre
em torno de 3.000mm na Estação Iauaretê-AM do INMET (2006).
As temperaturas médias observadas nas estações Iauaretê-AM, São
Gabriel da Cachoeira-AM, Barcelos-AM, Boa Vista-RR, Caracarai-RR e
Manaus-AM apresentam-se em torno de 30
o
C, calculando-se os dados dos
últimos 30 anos.
A nebulosidade apresenta-se como um obstáculo nas operações de
sensoriamento remoto e aéreas, revelando-se muito acentuada durante todo
o ano, tornando-se mais intensa nos meses de abril e maio. Termina por
condicionar um maior armazenamento de calor, reduzindo a amplitude
térmica diária. Nas áreas acima de 900m de altitude verifica-se a ocorrência
de nevoeiros.
A umidade relativa apresenta-se em níveis elevados durante todo o ano,
com médias mensais entre 85 a 90%, oscilando de forma correlata à
pluviometria. Tal fenômeno incorre em fenômenos ionosféricos de alta
intensidade que podem contribuir para a interferência de equipamentos que
façam uso de transmissão e recepção de sinais eletromagnéticos.
3.1.2. Vegetação
O mapeamento fitogeográfico do RADAMBRASIL apresenta uma
subdivisão da área de estudo em quatro categorias, sendo: Floresta
Ombrófila Densa, Floresta Ombrófila Aberta, Floresta Estacional Semi-
Decidual e a Savana.
Dentre as variações de paisagem encontramos as Áreas de Formações
Pioneiras, as Áreas de Tensão Ecológica (Contato entre tipos de vegetação),
a Vegetação Lenhosa Oligotrófica dos Pântanos e das Acumulações
Arenosas e, por fim, os Campos de Altitude (Refúgio Ecológico).
Em todos os domínios, excetuando-se o das savanas, o deslocamento
terrestre por meio de veículos é problemático pela densidade apresentada,
associado aos tipos de solo, bem como a abordagem por veículos aéreos
apresenta riscos, portanto é de suma importância o conhecimento de suas
61
características e localização. A leitura cartográfica apresentada na escala
1:250.000 (Figura 12) revela-se útil nos planejamentos estratégicos e
operacionais, devendo-se utilizar de mecanismos para detalhamento quando
de ações táticas.
Figura 03 – Vegetação restituída das cartas RADAM 1:250.000.
3.1.2.1. Floresta Ombrófila Densa
Constitui-se, sobretudo, de uma vegetação exuberante com árvores
sempre verdes, geralmente com gemas foliares desprotegidas, sem
resistência à seca. Sua folhagem é sempre verde, podendo apresentar
árvores sem folhas durante alguns meses. Dentro de Roraima encontramos
pequenas áreas de Florestas Submontanas, que apresentam o dossel
emergente ocupando os terrenos pediplanados ou dissecados mais antigos,
coberto de árvores de dossel uniforme, com algumas espécies emergentes.
Sua ocorrência se com as fisionomias Submontana, nos inselbergs e no
relevo pediplanado ondulado, com solo argiloso bem desenvolvido do
Complexo Guianense; e Submontana a Montana, do Complexo Guianense
até a Formação Roraima.
62
3.1.2.2. Floresta Ombrófila Aberta
É um domínio constituído de árvores mais espaçadas, com estrato
arbustivo pouco denso. Trata-se de uma vegetação de transição entre a
floresta Amazônica úmida a oeste, a caatinga seca a leste e o cerrado semi-
úmido ao sul, sendo denominado como a faixa de transição da Amazônia e o
resto do País.
3.1.2.3. Floresta Estacional Semi-Decidual
Ocorre próximo ao domínio das savanas e em contato com as
Formações Florestais sempre-verdes em áreas onde o período seco é
definido, ou seja, na região leste do estado de Roraima. A vegetação é de
porte baixo a mediano, revelando locais com freqüentes aglomerados de
espécies caducifólias que oferecem apreciável potencial madeireiro.
3.1.2.4. Savana (Cerrados)
É um domínio caracterizado pela vegetação xeromórfica, com a
presença de árvores de pequeno porte isoladas ou agrupadas e com vasta
presença de gramíneas. A Savana da Bacia do Alto Rio Branco apresenta
uma fisionomia campestre com grande número de árvores isoladas, que se
agrupam quando próximas dos cursos d’água. Somado ao clima tropical com
duas estações e à gênese geomorfológica, que apresenta superfície
ondulada de acumulação quaternária, possui grande capacidade de
desenvolvimento e permanência. Pela facilidade de deslocamento neste
meio, possui ação antrópica antiga, datando as primeiras notícias de
atividades agropastoris de 1787(D’ALMADA apud RADAMBRASIL, 1972).
3.1.2.5. Áreas de Formações Pioneiras
Ocorre nas planícies aluviais periodicamente inundadas, apresentando
indivíduos arbóreos de porte baixo espaçados e troncos tortuosos com
epífitas das famílias Bromeliaceae e Orchidaceae. É comum neste domínio
agrupamentos de palmeiras utilizadas para consumo na alimentação dos
ribeirinhos, como o Ingá, o Açaí e o Muru-muru.
63
3.1.2.6. Áreas de Tensão Ecológica
São domínios delineados pelos encraves dos domínios fisionômicos que
se misturam, pois no caso de mistura de espécies é possível delimitá-las
pela posição topográfica, ocupada em decorrência de outros aspectos
relativos às condições climáticas e pedológicas. Segundo Schimper (1903)
estas áreas são definidas como sendo uma gradação da vegetação, que se
desenvolve para outra partindo de condições ótimas (clímax) até o extremo
oposto (disclímax), quando desaparece.
Ocorre nas planícies aluviais, como também nas altitudes maiores, onde
não existe a presença sazonal do nível dos rios nas épocas chuvosas. É
comum apresentar-se no contato da Floresta Densa com as Formações
Pioneiras, intercalando espécies comuns aos dois domínios, somado à
presença de gramíneas e palmeiras.
3.1.2.7. Vegetação Lenhosa Oligotrófica dos Pântanos e das
Acumulações Arenosas
Essa variação se restringe às áreas amazônicas do alto rio Negro e
seus afluentes adjacentes, recobrindo as áreas deprimidas e embrejadas,
caracterizada por agrupamentos de formações arbóreas altas e finas.
3.1.2.8. Campos de Altitude
Localizam-se predominantemente nos pontos mais elevados da Serra
do Tunuí, Serra do Caparro e Serra da Neblina, todos acima de 500m de
altitude. A Serra da Neblina, na fronteira com a Venezuela, é a mais
expressiva representação deste domínio, cobrindo áreas do Arenito Roraima.
Segundo RADAMBRASIL (1974) a flora do Pico da Neblina apresenta 50%
de endemismo, mais do que qualquer outro local conhecido na área arenítica
do Craton Guianês. Na sua parte mais densa encontramos a Floresta
Nebular, com mais de 10m de altura espaçando-se por partes turfosas nas
áreas deprimidas, onde predominam espécies herbáceas ou lenhosas de
porte reduzido. Dentre as herbáceas revela a espécie C. Rangifera
6
oriunda
das tundras árticas, que demonstra o clima próprio deste domínio que fica
sempre na média de 18
o
C.
6
Espécie de Liquens.
64
O emprego de recursos humanos neste tipo de ambiente deve ser
cuidadosamente estudado pelo preparo exigido, além de recursos
tecnológicos avançados. Como estão em áreas elevadas topograficamente
são de extrema relevância estratégica.
3.1.3. Geologia
Um dos fatores que contribuem para a formação dos solos e,
consequentemente, para a consolidação da vegetação é o material de
origem, aqui entendido como o material proveniente da decomposição e
desagregação das rochas por fenômenos químicos, físicos e biológicos.
Estes elementos terminam por se formar em decorrência dos diferentes
processos que se operam e das transformações que sofrem a partir de ações
modificadoras tais como as intempéries, o relevo e as ações dos seres vivos,
dentre eles, o homem. Logo a natureza do material orgânico do solo
apresenta uma relação bem próxima do caráter das rochas primitivas, sendo
separado da rocha matriz e permanecendo sobre ela (autóctone) ou ser
carreada por transporte (alóctone).
Para tanto devemos conhecer as categorias geológicas de relevância para
o conhecimento da área de estudo. No levantamento dos dados do
RADAMBRASIL encontramos os grandes domínios geológicos descritos a
seguir.
3.1.3.1. Quaternário
Representado pelas Areias Quartzosas conglomeráticas, com argilitos e
arenitos pouco consolidados e intercalações de arenito com argilitos
consolidados.
3.1.3.2. Jurássico
Representado pelas rochas Alcalinas (Seis Lagos), compreendendo
canga limonítica, canga hematítica, hematita compacta e lentes de
manganês.
65
3.1.3.3. Pleistoceno a Recente
Formado pelas zonas de Aluvião, com areias, siltes e argilas,
sedimentos inconsolidados de planícies fluviais, depósitos recentes e atuais,
às vezes mais litificados (sub-recentes), com presença de arenitos
ferruginosos e carbonosos com seixos de quartzo de aspecto conglomerático.
3.1.3.4. Pleistoceno
Presença da Formação Solimões, com argilitos vermelhos mosqueados.
Cinza-esverdeados, maciços ou acamados, concreções carbonáticas e
gipsíferas, fossilíferas contendo lentes de carvão e turfa; lentes de calcário,
siltitos maciços marrom, cinza-esverdeado, localmente com estratificações
plano-paralelas; arenitos finos a grosseiros, cinza avermelhados em lentes ou
interdigitados com siltitos e argilitos, constituindo estratificações cruzadas de
pequena, média e grandes amplitudes; arenitos arcoseanos, arenitos
ferruginosos e conglomerados polimíticos.
3.1.3.5. Pré-Cambriano Superior
Caracterizado pelo Grupo Roraima, composto de conglomerados
polimíticos, arenitos ortoquartzilíticos, arcósios, siltitos, e folhelos, com
ocorrência em grande parte da área de estudo, dominando a região
fronteiriça da Venezuela, com relevo forte, ondulado e montanhoso e em
remanescentes de chapadas com relevo suave, onde se encontram os solos
litólicos.
Encontramos também o Grupo Uatumã, constituído pelo Granodiorito da
Serra do Mel, composto por granodioritos, granitos, granófiros, e
subvulcânicos; e da Formação Surumu, composto de dacitos, riodacitos,
andesitos e riolitos. A ocorrência deste grupo determina a região dos solos
Litólicos e Podzólicos.
Finalmente temos o Grupo Cauarane formado por clorita xistos,
anfibólicos xistos, quartzo-muscovita xistos, quartzitos e anfibolito, ocorrendo
de forma esparsa e se constituindo a origem dos solos Concrecionários e
Podzólico Vermelho-Amarelo.
66
3.1.3.6. Pré-Cambriano Médio a Inferior
Sua maior representação é o Complexo Guianense, com enorme
expressão geográfica, se estendendo por toda a fronteira venezuelana. As
rochas desta unidade são classificadas como kinsigitos, anfibolitos,
trondjemitos, dioritos, granodioritos, granitos, migmatitos, gnaisses e
granulitos ácidos e básicos, com encraves de quartzitos, xistos de alto grau
de metamorfismo e anfibolitos.
Seu relevo varia de ondulado até montanhoso e os solos são,
predominantementes, o Podzólico Vermelho Amarelo, Latossolo Vermelho
Amarelo e em menor proporção, os solos Litólicos.
3.1.4. Geomorfologia
A partir de dados altimétricos relativos e das características das unidades
de relevo a partir de suas formas, que foram utilizadas para dividir suas
unidades morfoestruturais, o Projeto RADAMBRASIL identificou dez grandes
unidades estruturais geomorfológicas, descritas a seguir.
3.1.4.1. Planalto Rebaixado da Amazônia Ocidental
Foi identificada pela primeira vez por Barbosa e Pinto (1973) limitando-
se a leste com o Pediplano Rio Branco-Rio Negro, a oeste e a norte
estendendo-se para além das fronteiras em direção a Colômbia e se
prolongando ao sul e sudeste, como uma unidade morfológica, até o estado
do Maranhão.
Sua presença na Amazônia revela um aspecto predominantemente
colinoso ao norte e a oeste, em conformidade com as litologias do Complexo
Guianense, onde toda sua drenagem está bem encaixada, por isso suas
planícies são tão restritas ao norte, onde constituem em uma zona de
transição, no qual existem as passagens das áreas mais conservadas do
dissecado para o Pediplano Rio Branco-Rio Negro.
Mais ao sul e a leste possui uma característica mais dissecada onde
predominam os interflúvios tabulares, com a drenagem composta de rios
meândricos com o talvegue e entalhe fraco e trechos controlados pela
estrutura. Seu padrão hidrográfico é subdendrítico.
67
3.1.4.2. Planalto Sedimentar Roraima e Planalto do Interflúvio
Amazonas-Orenoco
Embora classificadas separadamente por particularidades
geomorfológicas, fazem parte da mesma unidade morfoestrutural, sendo o
primeiro caracterizado por relevos tabulares isolados, com altitudes que
variam de 1.000m a 3.000m, constituído por sedimentos da Formação
Roraima. Deste planalto fazem parte as serras do Araçá, Uafaranda, Urutanin
Monte Roraima e da Neblina, que abriga o ponto culminante do Brasil, de
3.014m.
O segundo é caracterizado pela localização calcada na presença do
interflúvio Amazonas-Orenoco, situando-se ao longo de toda a fronteira
Brasil-Venezuela e formado pelas serras do Imeri, Tapirapecó, Gurupira,
Urucuzeiro, Parima, Urutanin, Pacaraima e Caburaí. Deste conjunto
excetuam-se as serras do Urutanin e Caburaí pela extrema dissecação e
drenagem bem pronunciada, que originam patamares. As dissecações
mapeadas revelam cristas e cristas com vertentes ravinadas que variam de
600m a 2.100m, destacando-se o Pico Guimarães Rosa com 2.080m.
3.1.4.3. Planaltos Residuais de Roraima
Apresentam relevos dissecados em cristas, colinas e cristas com
vertentes ravinadas, com colinas e vales encaixados e altitudes entre 400m e
800m, estando nos patamares do Planalto do Interflúvio do Amazonas-
Orenoco.
Estes planaltos apresentam um alinhamento bem definido da direção W-
NE e está representado pelas serras do Demini, do Pacu, da Mocidade, do
Apiaú e do Mucajaí, a oeste do Rio Branco e Serra da Lua a leste do mesmo
rio.
3.1.4.4. Planalto Dissecado Norte da Amazônia
Este domínio está em contato com os relevos dissecados elevados em
áreas de colina que apresentam 300m a 600m de altitude, sendo difícil sua
caracterização, estando em Roraima muito retalhado e sua maior expressão
está cortado pelos rios Uraricoera e Mucajaí. Em ambas as margens do Rio
Branco os topos das colinas aparecem conservados em pequenas áreas com
68
relevo tabular mantido por crostas. Os tipos de dissecação mapeados são as
colinas, colinas e vales encaixados e de encostas ravinadas, mesas e mesas
com pontões.
3.1.4.5. Pediplano Rio Branco-Rio Negro
É a unidade morfoestrutural que engloba as áreas conservadas originais
e as que apresentam um início de dissecação dentro de Roraima, mas que se
apresenta com extenso aplainamento com grandes áreas de acumulação
inundáveis. Na sua superfície aplainada encontramos os Campos do Rio
Branco e São Marcos e as áreas inundáveis dentro do Amazonas.
Nos Campos apresenta altitudes de 100m a 120m com colinas suaves e
drenagem mal definida. Nas áreas inundáveis possui um padrão de
drenagem difuso e sujeitas à inundação periódica com vegetação florestal
exuberante. O Pediplano em determinadas partes corta o a litologia do
Complexo Guianense, que apresenta, por vezes, uma fina cobertura arenosa.
Constitui na mais abrangente unidade geomorfológica da Amazônia pela
perfeição do aplainamento, pela extensão da área e pela variedade da
litologia, que trunca e variados tipos de inselbergs. A mobilidade nas áreas
inundáveis é restrita e deve ser realizada com pequenas embarcações. Na
parte mais elevada e de vegetação rarefeita é bem consolidada, permitindo o
emprego de veículos adaptados.
3.1.4.6. Planície Amazônica
Destaca-se pelas faixas de Aluvião, que possui significativa importância
geográfica e socioeconômica, tendo como eixo principal o rio Solimões. Sua
característica principal é o elevado número de lagos, ilhas, furos, paranás e
depósitos lineares fluviais, indo até ao encontro da superfície aplainada com
cristas isoladas suaves e inundáveis do Pediplano Rio Branco-Rio Negro;
como também do relevo plano com altitudes abaixo de 100m do Planalto
Rebaixado da Amazônia Ocidental com sua drenagem organizada em função
dos rios Negro e Solimões.
69
3.1.4.7. Planalto da Bacia Sedimentar do Amazonas
Está ao sudeste da nossa área de estudo, sendo o resultado dos
movimentos geológicos e deposição contínua oriunda dos outros domínios
descritos, com direção W-E, caracteriza-se por um conjunto de relevos
tabulares com interflúvios amplos e vales alargados, como o próprio rio
Amazonas, sua altimetria média gira em torno de 250m.
4.1. Pedologia
De acordo com o levantamento de dados relativos aos solos, encontramos
nove grandes representações extraídas das cartas do RADAMBRASIL e
reclassificadas de acordo com o novo Sistema Brasileiro de Classificação de
Solos da Embrapa (1999).
Pelo enorme grau de detalhamento as classes receberam tratamento para
generalização em grandes grupos (Figura 13), sendo descritas a seguir.
Todos os domínios apresentados possuem uma subdivisão extensa, mas que
não interessa ao escopo do trabalho, posto que o objetivo fosse obter traços
de comportamento que interessam a trafegabilidade e todas as divisões de
solo permitem à mesma ferramenta de deslocamento, quando não, sendo
destacada as diferenças.
Figura 13 – Categorias de Solos restituídos do RADAM 1:250.000
70
3.1.5.1. Podzol Hidromórfico
É a unidade que agrupa solos que apresentam o horizonte
subsuperficial (B podzol ou espódico) precedido de horizonte E álbico (claro)
ou mesmo em seqüência ao horizonte A. São normalmente arenosos, mas o
horizonte B é espódico escuro, em razão do acúmulo de matéria orgânica e
altas quantidades de óxidos de Al e Fe. Sua constituição é
predominantemente arenosa, composto por sedimentos do quaternário.
Apresenta-se com relevo suave e ondulado bem drenado, com
hidrografia bem definida. Permite o manejo sustentado, bem como boa
trafegabilidade quando na época seca. Apresenta uma subdivisão extensa,
mas que não interessa ao escopo do trabalho, posto que se almeje obter
traços de comportamento que interessam a trafegabilidade e todas as
subdivisões dos domínios permitem a mesma ferramenta de deslocamento.
3.1.5.2. Latossolos
É a categoria mais extensa de solos, ocupando aproximadamente 48%
da Amazônia, sendo aqueles que possuem horizonte B latossólico
imediatamente abaixo do horizonte A. Se divide em quatro grandes grupos na
área de estudo que são:
3.1.5.2.1. Latossolo-Amarelo
Subunidade que agrupa solos com B latossólico; correlacionado
com os platôs do grupo da série Barreiras. Bastante extensos na
Amazônia e relacionados às formações Barreiras e Alter-do-Chão,
caracterizados por possuírem baixos teores de ferro. São altamente
intemperizados e sujeitos à erosão quando retirada a cobertura
vegetal, tornando-o mais permeável e dificultando a locomoção de
qualquer tipo.
3.1.5.2.2. Latossolo-Vermelho-Amarelo
Subunidade que agrupa solos com Horizonte B latossólico,
correlacionados com rochas cristalinas. São comuns ao longo de todo
o território nacional em áreas de relevo que variam de plana a
montanhosa.
71
3.1.5.2.3. Latossolo-Vermelho-Escuro
Subunidade que agrupa solos com B latossólico, comuns nas áreas
de clima Awi a leste de Roraima. Possuem, em condições
comparáveis, maiores teores de Fe
2
O
3
do que os Latossolos
Vermelho-Amarelos.
3.1.5.2.4. Latossolo-Roxo
Subunidade que agrupa solos com B latossólico, desenvolvidos de
basalto, tufitos ou rochas afins. Geralmente são distróficos, existindo,
porém, áreas consideráveis em que são eutróficos.
Todos possuem textura de argilosa a média e são distróficos (tipo de
solos em que a porcentagem de saturação por bases é inferior a 50%, sendo,
portanto, bastante ácidos), sustentando a Floresta Densa e Aberta e as áreas
abertas, com relevos suaves e ondulados.
3.1.5.3. Gleissolos
Segundo o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (Embrapa,
1999), esta classe compreende solos minerais hidromórficos que apresentam
horizonte glei dentro de 50 cm de profundidade subjacente a horizonte A de
qualquer tipo ou a horizonte hístico com menos de 40 cm de espessura, ou
entre 50 e 125 cm de profundidade se imediatamente abaixo de horizonte A
ou E, ou de horizonte B incipiente, B textural ou horizonte C que apresentem
cores de redução e mosqueamento abundantes (COELHO ET AL., 2005).
São excluídos da classe os solos com textura essencialmente arenosa
até 150 cm de profundidade ou mais, os quais se enquadram na subordem
dos Neossolos Quartzarênicos. Por estarem nas partes depressionais da
paisagem, encontram-se permanentemente ou periodicamente encharcados.
3.1.5.4. Litossolos
São solos pouco desenvolvidos, caracterizados por possuírem o
horizonte A assentado diretamente sobre a rocha consolidada e com relevo
ondulado, estando enquadrados na classe dos Neossolos Litólicos pela
nova classificação brasileira de solos (EMBRAPA, 1999).
72
3.1.5.5. Podzólicos
No novo Sistema Brasileiro de Classificação de Solos os Podzólicos da
subcategoria Vermelhos-Amarelos, predominantes na área de estudo, foram
desmembrados em Argissolos, Alissolos, Nitossolos e Luvissolos
(EMBRAPA, 1999). Os Argissolos compõem o segundo maior domínio
pedológico da Amazônia, recobrindo 30% de sua superfície total. São
extremamente intemperizados, como os Latossolos Amarelos,
principalmente sem a cobertura vegetal e, no caso da área em questão, por
apresentarem atividades baixas de argila, tornam-se apropriados para
locomoção, sendo dificultada quando com elevado grau de percolação de
água nas áreas mais baixas ou quando sem cobertura vegetal.
3.1.5.6. Aluviais
São relacionados como Neossolos Flúvicos pela nova classificação
brasileira de solos (EMBRAPA, 1999), desenvolvendo-se sobre sedimentos
aluviais associados às planícies das principais drenagens da região
apresentando granulometria arenosa e horizonte A bem desenvolvido. São
solos difíceis de vencer quando em locomoção, principalmente com o
gradiente de água elevado.
3.1.5.7. Arenoquartzosos Profundos
São denominados de Neossolos Quartzarênicos pelos novos critérios
de classificação brasileira de solos (EMBRAPA 1999), possuindo pequena
profundidade efetiva, com dois metros ou menos e apenas 15% em geral de
fração argilosa. Sendo solos ácidos, fortemente drenados e com baixa
capacidade de retenção de umidade, condiciona um grau de fertilidade
naturalmente baixa. Ocorrem em relevo plano e suave ondulado sob
vegetação de Savana ou contatos de Formações Pioneiras e Florestas dentro
do Amazonas e Roraima, sendo áreas propícias para deslocamento e
operações aéreas de desembarque.
73
3.1.5.8. Lateríticos Hidromórficos
São solos minerais pouco profundos, fortemente ácidos, apresentando
drenagem variável de imperfeita a mal drenada, textura argilosa, média e
siltosa. Estes solos na época de maior precipitação pluviométrica possuem
sérios impedimentos à locomoção, uma vez que a drenagem é insuficiente
em razão de um substrato lentamente permeável e à elevação do lençol
freático restringe a aeração, tornando-se encharcado (RADAMBRASIL,
1974).
Por vezes ocorre em terrenos elevados, se caracterizando como Álica
de elevação, ocorrendo também nas depressões dos interflúvios tabulares,
mesmo assim a trafegabilidade em períodos de pluviometria alta é
comprometida. Possuem alto teor de óxido de Fe e Al, além de argilas e
quartzos. Quando retirada sua cobertura vegetal fica fortemente sujeito ao
carregamento de elementos químicos importantes para a manutenção e
coesão da estrutura do solo.
3.1.5.9. Planossolos
Compreendem aos solos com horizonte B argílico e que apresenta
mudança textural abrupta. Com horizonte subsuperficial endurecido, denso,
nitidamente delineado, resultante de elevadas dispersões de argila e com
feições associadas ao hidromorfismo, mosqueado ou com cores neutras
(EMBRAPA, 1999).
Os solos desta classe ocorrem com maior freqüência em relevo
praticamente plano sob a vegetação da Savana de Roraima, onde o período
seco é de mais de cinco meses. A subcategoria dominante é o Eutrófico, ou
seja, com teor alcalino. A locomoção nesta área é excelente, exceto nos
locais com maiores teores de argilas associado ao período chuvoso.
3.2. Características Gerais do Meio Social, Político e Econômico
A área de estudo contempla parcial ou totalmente diversos municípios
dos estados do Amazonas e Roraima no território brasileiro; dos municípios
dos estados de Bolívar e Amazonas no território venezuelano; além dos
municípios dos departamentos do Amazonas, Vaupés, Guanía, que estão
74
territorialmente em contato com a fronteira brasileira; e indiretamente
Guaviare e Vichada, todas no território colombiano.
Tendo em vista propiciar uma visão geral dos meios Social, Político e
Econômico que subsidiou o norteamento dos processos decisórios tratados
no Capítulo 4, quando da aplicação da análise espacial, optaram-se por bem
tratar desta caracterização considerando primeiramente os países em
separado e, ao final, compilar um quadro situacional geral da área. Aqui não
se pretende esgotar totalmente a caracterização da área alvo, mas fornecer
elementos para o entendimento das ações que serão desdobradas quando
da concepção de idéias e estratégias.
3.2.1. Faixa Brasileira
A área concernente ao território brasileiro situa-se na Região Norte,
abrangendo, como dito anteriormente, parte dos estados do Amazonas e
Roraima, ambos incluídos no Projeto Calha Norte PCN, que foi instituído
como processo de territorialização da fronteira política para garantir o
aumento da presença do Estado na Faixa de Fronteira Setentrional Norte,
contribuindo para a Defesa Nacional e para a assistência às populações
locais (NASCIMENTO, 2005).
Do estado do Amazonas temos os municípios de São Gabriel da Cachoeira,
Santa Isabel do Rio Negro, Japurá, Santo Antônio do Iça, Barcelos e parte
norte de Tabatinga fazendo contato fronteiriço com Colômbia e Venezuela;
em direção ao interior do estado ainda temos os municípios de São Paulo de
Olivença, Amaturá, Tonantins, Fonte Boa, Juruá, Uariní, Alvarães, Maraã,
Coari, Codajás, Caapiranga, Anamã, Manacapuru, Manaquiri, Anori, Beruri,
Careiro, Iranduba, Presidente Figueiredo, Novo Airão e a capital Manaus,
sede do Comando Militar da Amazônia.
Com densidade demográfica baixa, sua população constitui 2,5% do total
de habitantes do país, mesmo detendo uma das maiores taxas de
crescimento demográfico (IBGE, 2000). A Densidade Demográfica é de 1,8
hab./km
2
.
Sua economia baseia-se na indústria, que se expande e se adapta na
produção de base e eletrônicos, como também na extração dos recursos
75
naturais por meio da mineração, principalmente de petróleo e gás com a
exploração da Província Petrolífera do Rio Urucu pela Petrobrás, no
município de Coari, a 630 km de Manaus; contando ainda com recursos
florestais e pesqueiros (AMAZONAS, 2007).
O PIB do Amazonas divulgado pelo IBGE (2004) demonstrou o excelente
desempenho (11,5%), com 35,7 bilhões de reais, representando 3,0% do PIB
Nacional, ficando em décimo lugar.
Esta evolução está intimamente ligada ao pólo industrial da SUFRAMA
Superintendência da Zona Franca de Manaus, instituição autárquica
vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
MDIC, bem como aos níveis disponíveis de energia (SEBRAE, 2007). O
estado gera 4.267 GWh e tem um consumo de 2.921 GWh (ANEEL, 2001).
Apesar dos avanços o estado do Amazonas apresentou seu Índice de
Desenvolvimento Humano IDH em 17º lugar na última avaliação. Cerca
de 60 % da população tem acesso a água e 47% a rede de esgoto. No
interior, mais da metade dos domicílios não tem água encanada e se
abastecem de rios, poços ou nascentes. Nas zonas urbanas, crescem os
bolsões de pobreza, a ocupação desordenada e a especulação imobiliária,
sem que haja investimentos suficientes em infra-estrutura, saúde e educação.
Segundo o IBGE, em 2000 a mortalidade infantil registrada no estado é de
31,8 por mil crianças nascidas vivas, apresentando-se pouco inferiores à
média nacional, que é de 34,58. A rede pública hospitalar tem em média 1,6
leitos por grupo de mil habitantes, quando a OMS recomenda 4,5 para cada
mil. Para combater a carência de médicos no interior, o governo defende a
contratação de médicos estrangeiros – cubanos, bolivianos e peruanos -
interessados em atuar no Brasil. De acordo com a Secretaria da Saúde, cerca
de 90% dos médicos que trabalham no estado estão instalados em Manaus.
Na área de educação, dados do MEC de 1998 indicam 766.842 matrículas no
ensino fundamental e médio; a taxa de analfabetismo em 1998, conforme o
IBGE (2000) é de 8,5%, próxima à do Sul.
Das 584 Terras Indígenas existentes no Brasil, 178 estão no Amazonas,
com 26,8% de sua superfície total que é de 157.782.000 hectares,
perfazendo 45.736.118 hectares (FUNAI, 2007). Duas dessas unidades estão
76
em locais considerados de interesse para a segurança nacional por estarem
em contato direto com a faixa de fronteira, sendo as Terras Indígenas do Alto
Rio Negro e a Terra Indígena Yanomami, podendo ainda ampliar este contato
com as futuras Terras Indígenas Balaio e Marabitana Cué-Cué, em processo
de regularização. A presença de comunidades indígenas na proporção
existente próximo às áreas de fronteira associada com as atividades de
desmatamento termina por propiciar o cenário desejado para a atividade de
inúmeras Organizações Não-Governamentais com o discurso voltado para as
causas ambientais e indígenas que dispõem de boa disposição em empregar
um discurso pautado na ausência do Estado.
Do estado de Roraima temos os municípios de Amajari, Alto Alegre e
Iracema fazendo contato fronteiriço com a Venezuela; em seu interior temos
os municípios de Mucajaí, Caracaraí, Rorainópolis, São Luiz, São João da
Baliza, Pacaraima, Normandia, Bomfim, Cantá e a capital Boa Vista.
Sua densidade demográfica é menor do que o Amazonas, com 1,4
hab./km
2
, apesar do índice de aumento de 4,6% ao ano e das migrações
(IBGE, 2000).
Este estado possui uma economia voltada, principalmente para a
agricultura, a pecuária, a extração madeireira e na mineração de ouro,
diamantes e cassiterita. Possui uma indústria inexpressiva, voltada para a
engenharia civil e beneficiamento de produtos da agricultura, principalmente a
soja, cultivada por produtores oriundos do Centro-Oeste, atraídos
principalmente pela demanda do mercado venezuelano. A soja ocupa 65% da
área de cultivo mecanizada devido aos inputs feitos pelo projeto
GRÃONORTE, implantado pelo governo estadual (RORAIMA, 2007).
O PIB é o menor do país e apesar de ter alcançado o valor de R$ 1.864
milhões a preços de mercado, apresentando uma taxa real de crescimento de
4,1%, manteve a participação de 0,11% no total nacional (IBGE, 2004). A
parcela de maior contribuição ao PIB do estado é da administração pública,
com 56% (RORAIMA, 2007). Com a importação da energia da hidrelétrica de
Raúl Leoni, na Venezuela, o governo está consolidando a infra-estrutura para
receber projetos industriais, agroindustriais e de ecoturismo.
77
Tendo o menor PIB do país, Roraima concede incentivos fiscais às
indústrias dispostas a se estabelecer no estado e deu início ao processo de
privatização de empresas públicas como forma de aumentar sua receita. Três
das principais empresas estaduais entraram no programa de privatização: a
Companhia de Desenvolvimento de Roraima CODESAIMA, a Companhia
Energética de Roraima – CER – e a Companhia de Águas e Esgotos – CAER
(PORTALBRASIL, 2007).
A mortalidade infantil registrada ficou em 38,10 por mil, bem maior que a
média nacional de 34,58 (IBGE, 2000). A quantidade de médicos é de 11
para cada 10.000 habitantes e de leitos hospitalares é 2,4 por mil habitantes.
O acesso à água chega a 79,2% da população e à rede de esgoto é de
62,9%. Segundo o IBGE (2000), a taxa de analfabetismo é de 12%. O Índice
de Desenvolvimento Humano IDH diminuiu de forma expressiva na última
avaliação, caindo de 8º para 13º lugar.
Dos 224.298,98 Km
2
da superfície de Roraima, 46 % são de Terras
Indígenas, com a maior população indígena do país, constando 46.106 índios
em oito etnias, sendo a maior delas a Yanomami (FUNAI, 2007), distribuídos
ao longo da fronteira venezuelana, na T.I. do mesmo nome que a etnia,
implicando, como no vizinho, Amazonas, em alguns problemas concernentes
à questão de segurança.
Ambos os estados possuem questões de grande relevância na questão
ambiental que terminam por se consolidar em motivos de grande atenção e
preocupações mundiais, aí considerando também as causas indígenas e
sociais que sempre estão compiladas nos discursos das ONG’s, que
desenvolvem trabalhos na região financiados por pesado capital externo, nem
sempre fiscalizadas da devida forma e que terminam por exercer atividades
lesivas aos interesses nacionais, conforme citado no Relatório Final da
Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a apurar a atuação irregular de
ONG’s (AHIMTB, 2002), como também apontado pelo General Maynard
Marques Santa Rosa falando à Câmara Federal, em 2007, com base no
relatório do Grupo de Trabalho na Amazônia – GTAM, ligado à Agência
Brasileira de Inteligência ABIN, que afirmou que dados dos serviços de
inteligência dos órgãos de seguranças Forças Armadas, ABIN e Polícia
78
Federal indicam que 100 mil ONG’s operam na região, denotando que a
atuação de instituições religiosas e organizações não-governamentais
estrangeiras, a pretexto de ajudar as populações nativas, estariam praticando
espionagem, se apropriando indevidamente de recursos naturais e pesquisas
clandestinas para fins de biopirataria (AGÊNCIA CÂMARA, 2007).
Enfim, fica claro que a junção das variáveis socioeconômicas e políticas em
uma região extensa, com as características naturais de grande dificuldade e
que apresenta as deficiências observadas nas estatísticas demonstra que a
área fica passível a ação de elementos que merecem atenção e cautela por
parte das autoridades políticas na disposição de meios e condições para a
constituição de um cenário de Defesa satisfatório para um país a altura do
Brasil.
3.2.2. Faixa Colombiana
A área concernente à faixa colombiana engloba os departamentos de
Amazonas, Vaupés e Guainía. Nesta seção vamos nos ater principalmente à
economia, demografia, política e densidade da presença do governo nas
áreas fronteiriças ao Brasil.
O departamento do Amazonas é o território mais ao sul do país, tendo uma
densidade populacional de 0,73hab./Km
2
. Fazendo parte de seu território
temos os municípios de El Encanto, La Chorrera, La Pedrera, Miriti-Paraná,
Puerto Nariño, Puerto Santander, Tarapacá e Letícia, que é o município com
maior densidade populacional, com 5,8hab./Km
2
, concentrando 60% da
população do departamento e sendo a cidade mais expressiva da região,
vizinha de Tabatinga, no lado brasileiro. A economia do departamento se
fundamente na extração de recursos naturais florestais, na agricultura, na
caça e na pesca e, com expressivo aumento nos últimos anos, no turismo
ecológico. O transporte pelo seu território se somente por meio de
transporte aéreo e fluvial (GOBERNACIÓN DE AMAZONAS, 2007).
O Departamento de Vaupés está divido em três municípios, sendo o de
Caruru, Mitú e Taraira. A densidade populacional deste departamento é
baixa, com 0,52hab./Km
2
, considerando sua superfície que tem 54.135Km
2
.
Sua economia se baseia fortemente na agricultura e, mais recentemente, na
79
exploração mineral do ouro e da ilmenita (titanato de ferro), de valiosa
importância econômica por servir em diversas ligas de metais leves, sendo
usado como matéria-prima do dióxido de titânio e ligas de titânio para
aplicações na indústria aeroespacial. Ademais o território carece de vias
terrestres bem estruturadas e possui grande densidade de pequenos
aeroportos (DANE, 2007).
O departamento de Guainía possui apenas um município, Inírida, além de
outros corregimientos departamentales, sendo estes, na maioria, de
resguardo indígena, o que termina por gerar muitos conflitos de terras, posto
que a economia se desenvolve, sobretudo, na agricultura e exploração de
ouro e diamantes inclusive muito próximos da tríplice fronteira com o Brasil e
Venezuela. A densidade populacional é baixíssima, consistindo em
0,4hab./Km
2
(DANE, 2007).
A República da Colômbia possui um sistema político similar ao Brasil,
consistindo em três poderes baseados no legislativo, executivo e judiciário.
Seu PIB está em 28º lugar no mundo e seu IDH é considerado médio, com
0,79. Tem um futuro econômico considerado incerto pelos analistas mundiais
com a queda dos preços e demandas em longo prazo dos dois principais
produtos da economia: o café, pelo aumento da concorrência mundial e
queda nos preços de mercado; e o petróleo, pela diminuição da demanda e
das reservas ao longo dos anos. Porém o governo investe na constituição de
alternativas na mineração e na redução dos níveis de desemprego, com
concentrações de investimentos em educação. A maior preocupação é com
as atividades paramilitares e de guerrilha, sobretudo com as FARC Forças
Armadas Revolucionárias da Colômbia e a ELN Exército Nacional da
Libertação, que terminam por causar grande desestabilidade interna,
consistindo em ameaças aos países vizinhos, tendo deslocado de 1,8 a 3,8
milhões de pessoas territorialmente e gerando medo e desconfiança nas
empresas que desejam se instalar no país. Além disso, é a região de maior
produção de derivados da cocaína, que são fornecidos pelo tráfico de drogas
para Europa e, principalmente, Estado Unidos, do qual são obtidos os meios
para se conduzir o financiamento das facções da guerrilha (CIA, 2007).
80
3.2.3. Faixa Venezuelana
A faixa venezuelana é composta por dois estados apenas. Junto a tríplice
fronteira temos o estado do Amazonas que é o segundo maior em superfície
da Venezuela, com 180.145Km
2
(19,38%) e uma população estimada para
2007 de 142.200 habitantes (0,3% do total nacional), que termina por se
constituir em uma densidade baixíssima, com 0,7hab./Km
2
. Da população do
estado, 45% se identificam como indígena (INE, 2007). Está subdivido em
sete municípios, sendo eles Alto Orinoco, Atabapo, Atures, Autana,
Manapiare, Maroa e Rio Negro, este último junto à tríplice fronteira.
Sua economia é muito escassa em termos de produção, consistindo apenas
na agricultura voltada para o consumo local. O governo está gerando novas
fontes de desenvolvimento comercial a partir do aproveitamento da rede
fluvial, investindo pesadamente no turismo ecológico. Nos mapeamentos
geológicos realizados pelo governo venezuelano, desponta como um dos
estados mais ricos em minérios, mas ainda sem nenhuma exploração
(GOBIERNO INDÍGENA DEL ESTADO DE AMAZONAS, 2007). A infra-
estrutura de transportes é precária, possuindo vias terrestres com 33%
asfaltadas e navegação fluvial dependente da época chuvosa, sendo a
aviação, por excelência, o único meio de transporte plenamente utilizado,
com diversas pistas de aterrissagem bem distribuídas. A população conta
com um sistema médico-hospitalar carente, bem como sistema de
saneamento adequado, com taxas de mortalidade próximas da média
nacional, com 5,71 para cada mil habitantes. A taxa de mortalidade infantil,
de 35,2 para cada mil habitantes, é enorme se comparada à média nacional,
de 22,52 para cada mil habitantes (INE, 2007). O governo venezuelano está
investindo na reestruturação deste estado com vistas a obter maiores índices
de desenvolvimento e segurança, posto que existem ocorrências de
atividades paramilitares da guerrilha colombiana na fronteira (CIA, 2007).
O segundo estado venezuelano em contato com a fronteira é Bolívar, com o
perfil bem diferente em termos de desenvolvimento. Este estado possui uma
densidade populacional muito superior, com 6,44hab./Km
2
, representando
5,87% da população do país e com superfície igual a 238.000Km
2
, ou seja,
26,24% do país (INE, 2007). A distribuição da população se em diversos
81
centros urbanos dos 11 municípios, sendo eles: Caroní, Cedeño, El Callao,
Heres, Padre Pedro Chien, Piar, Roscio, Sifontes, Sucre, Raúl Leoni, e Gran
Sabana, sendo estes três últimos fronteiriços do Brasil.
A densidade de vias terrestres é alta, como também a disponibilidade de
meios aéreos. As maiorias dos meios de transporte se concentram nos
municípios ligados ao Brasil. Possui um comércio altamente desenvolvido,
como também uma produção agrícola avançada e moderna, pela
disponibilidade de terras aráveis. A indústria de base é bem avançada, bem
como a indústria voltada para a produção de beneficiamento de recursos
florestais e agrícolas. A exploração de petróleo, ouro e bauxita representam
boa parcela do produto deste estado, sendo bem alimentada por meio de
recursos energéticos importantes, dentre os quais podemos destacar a
Represa Raúl Leoni, que fornece energia para o estado de Roraima, no
Brasil. O turismo ecológico e de aventura tem fama mundial e consiste em
uma fonte de recursos em pleno desenvolvimento. O setor de comunicações
também é bastante desenvolvido.
Embora o portal Gobernación del Bolívar (2007) afirme estas informações,
não é possível analisar estatisticamente a situação em números.
A República Bolivariana da Venezuela possui Sistema Político similar ao
Brasil e a Colômbia, constituído pelos poderes Executivo, Legislativo e
Judiciário. O PIB venezuelano encontra-se na 3 posição com enorme
participação da exploração e comercialização do Petróleo (30% do PIB),
juntamente com a industrialização de produtos manufaturados de diversas
categorias, que começa a se igualar à produção petrolífera. Sua economia
cresce fortemente apoiada por uma matriz energética, da qual 68,13% é de
origem hídrica, com atenção à Hidrelétrica Raúl Leoni, com capacidade
instalada de 10.000 MW (CVG EDELCA, 2007). Em longo prazo os analistas
do país esperam um crescimento da economia impulsionada pela compra de
derivados de petróleo (PDVSA, 2007) e das exportações de manufaturados,
principalmente alinhados com os mercados europeu e asiático, com especial
atenção à China. A mineração começa a explorar novos materiais com
grande valor agregado e espera constituir um novo pólo de beneficiamento
para ligas mais avançadas (Corporación Venezolana de Guayana, 2007).
82
A infra-estrutura de transportes é considerada boa, com uma densidade de
autopistas que cobre boa parte do território e ferrovias, concentrando-se
sobretudo do centro ao norte. Todo o território está bem servido de pequenos
aeroportos. A educação demonstra ser outro aspecto bem estruturado,
dispondo de um bom sistema de ensino, com universidades de ponta
(VENEZUELA, 2007). Atualmente o governo se encontra em um momento de
reaparelhamento e modernização de suas forças armadas, fundamentado no
discurso de combate a guerrilha que ocasionalmente entra em seu território e
na defesa da soberania nacional (FUERZA ARMADA NACIONAL, 2007).
As preocupações a despeito da segurança com a América do Sul e em
especial, a Venezuela, está relacionada ao governo atual que conduz uma
política entendida como controversa por Washington. Fundamentada no
Socialismo Democrático, propõe fortalecer os movimentos sociais (apesar de
sufocar fortemente movimentos da oposição) e atacar o discurso da
globalização, alinhando-se com países contrários às diretivas americanas,
como o Irã e Cuba. Demonstra fortes interesses de enfraquecimento das
instituições democráticas, polarização política e grande tendência do
emprego da violência contra a oposição. A Venezuela atual apresenta
substantivo aumento dos índices internos de consumo de drogas, presença
maior dos paramilitares colombianos ao longo de sua fronteira e super
dependência econômica apoiada pelos preços flutuantes dos derivados de
petróleo. O aumento dos danos ambientais causados pela mineração em
terras indígenas em busca de novas fontes de matérias-primas sem atenção
nos aspectos técnicos de exploração sustentada também é visto como um
futuro desencadeador de aumentos de desigualdade interna. O fortalecimento
de suas forças armadas, a lavagem de dinheiro do narcotráfico e a questão
em torno de Essequibo
7
tornam os analistas temerosos de uma
desestabilidade de forças na América do Sul (CIA, 2007).
7
Em 1781 a Inglaterra tomou da Holanda, como presas de guerra, as colônias de Essequibo,
Demerara e Berbice. Desde então a Venezuela reivindica esta área enfatizando sua
legitimidade nos anseios e direitos históricos sobre a região.
83
Capítulo 4
4. Análise Espacial e a Decisão Estratégica
Podemos definir que nos processos concernentes ao planejamento
estratégico de Defesa e preparo do emprego das Forças Armadas, a análise
espacial sempre foi um dos elementos, quando não o principal, direcionador
para que sejam conhecidas as variáveis necessárias à condução efetiva de
uma ação, esteja no nível político ou operacional, bem sucedida.
As dimensões do planejamento estratégico e operacional, considerando
todas as suas variáveis, possuem extrema subjetividade, afinal grande parte
do que ocorre perpassa o meio socioeconômico, cultural, político local e
regional, além das questões de segurança transnacionais modernas, o que
termina por se consistir em um obstáculo quando se pretendem representar
os cenários com todas as relações que nele ocorre. Isto ainda deve estar
associado às características fisiográficas e materiais, portanto, o estrategista
deve contar, além da boa informação compilada e condensada, com o bom
senso na escolha dos caminhos e decisões a tomar. Para tanto os Sistemas
de Informações Geográficas por meio do uso da Análise Espacial se
consistem em poderosos meios de suporte à decisão, podendo ser mais
eficientes quando apoiados por redes neurais.
Enfim, o desafio reside em criar modelos capazes de integrar a
multiplicidade de dimensões e dados que fazem parte da configuração de um
cenário no qual sejam objetivadas as ações de Defesa no plano estratégico e
operacional e fornecer informações. Estes modelos não consideram apenas o
espaço, como também a linha do tempo, norteando os planejadores,
estrategistas e comandantes na concepção de idéias, incorporando um
modelo dinâmico em geoprocessamento capaz de fornecer algum grau de
previsibilidade em sistemas que materializem a subjetividade presente. Neste
capítulo será feito uma abordagem demonstrando o uso e emprego da
análise espacial em um cenário que procure simular uma situação próxima da
realidade.
84
4.1. Contextualização
O cenário aqui criado parte das conclusões retiradas do projeto Mapping
The Global Future: Report of the National Intelligence Council's 2020, bem
como das reflexões realizadas pelo especialista em geopolítica, Alexandre
Adler, acerca dos cenários expostos, presentes na edição francesa.
Segundo o National Intelligence Council's NIC (2004) podemos
vislumbrar quatro cenários possíveis diante do andamento dos fatos atuais. O
mais favorável, denominado de Pax American; o Mundo de Davos,
representado por uma onda mundial bem sucedida da globalização, com forte
aporte da economia e diminuição do Estado; o Novo Califado, com a
emergência de células contrárias à política norte-americana no Oriente Médio
e Extremo sob orientação do líder da Al-Qaeda, Osama Bin Laden; e o
considerado menos favorável, denominado como Ciclo do Medo.
Adler (2004) denomina o Ciclo do Medo como um cenário improvável,
mas não impossível, no qual seriam necessárias diversas irrupções
catastróficas, dentro das quais, se formariam os quadros mais suscetíveis à
consolidação de um contexto mundial completamente desfavorável à política
americana, onde a China seria o principal expoente econômico, alinhado com
outros países e grupos contrários às diretivas de Washington. Trabalhou-se
com esta hipótese para fundamentar a estória utilizada na contrução do
cenário, no qual ocorreram as situações de Defesa utilizadas neste estudo.
A consolidação deste cenário começaria por um alinhamento entre
China, Rússia e Irã, que trabalhariam conjuntamente e declaradamente
contra os Estados Unidos, aproximados com Sérvia, Grécia e Bulgária, o que
terminaria por criar uma coalizão européia sem precedentes, com um bloco
geoeconômico de Brest à Vladivostok (NIC, 2004).
Os chineses tentariam substituir os investidores norte-americanos e
japoneses na Europa, como o fazem, buscando a contrapartida em
tecnologias militares (NIC, 2004). Para tanto objetivam uma aliança com a
OPEP por meio da companhia offshore CNOOC China National Offshore
Oil Corporation, buscando, sobretudo, concentrar a produção do petróleo
mundial e do mercado nas bolsas asiáticas. Esta ação terminaria por forçar
85
uma desvalorização do dólar, que seria evitada pela concentração da moeda
pelos americanos e em uma possível retração de seus investimentos com
aumento das taxas de juros (ADLER, 2004).
Em grande medida o risco estaria contido e seria inevitável apenas se o
alinhamento eurasiano coordenasse uma liberação dos trilhões de dólares
acumulados na bolsa de Pequim, somados aos montantes acumulados na
União Européia, da qual seus representantes estariam possivelmente
interessados no futuro predomínio do Euro (). Para tanto uma aproximação
da China com a Venezuela, especialmente com a PDVSA Petróleos de
Venezuela Sociedad Anônima é estratégica para este planejamento ser
bem sucedido, posto que a proximidade geográfica deste país com a América
do Norte o torna o único fornecedor potencial para os Estados Unidos fora do
alinhamento Eurasiano.
É necessário, porém, desestabilizar a segurança regional na América do
Sul, de forma a tornar possível uma ação pró-venezuelana neste sentido,
acarretando no aumento dos riscos ligados às bolsas que possuem
investimentos no continente. Nada mais previsível que o enfraquecimento das
democracias por meio de ações das guerrilhas colombianas, agora
espalhadas nos territórios peruano, venezuelano e boliviano (junto com os
cocaleros de Morales) fortalecidas de forma indireta e secretamente pelos
recursos venezuelanos, apoiados fortemente pelos barris de petróleo
exportados com valores superiores a cem dólares (ADLER, 2004).
As agências de inteligência norte-americana concentrariam seus esforços
na detecção dos fluxos de capital para este tipo de finalidade, porém ficam
incapazes de se desdobrar em várias frentes, sob o risco de concentrarem
seus esforços de guerra em apenas duas grandes frentes. A desestabilidade
sul-americana apenas se tornará possível com a predominância das ações
em largas faixas do território, porém os socialistas moderados presentes no
Brasil não conseguirão se opor às ações andinas (NIC, 2004). De forma igual
não terão força para conter as ações das Forças Armadas brasileiras,
apoiadas fortemente pela opinião pública nacional, no sentido de suprimir
toda e qualquer ação que atente sobre seu território e sua soberania.
86
A estabilidade sul-americana será decidida então em ações rápidas na
Selva Amazônica, na confluência entre Brasil, Colômbia e Venezuela, área de
atuação das guerrilhas apoiadas pelo então alinhamento eurasiano.
4.i A Construção de Índices de Segurança e Indicadores de Ameaça e
sua Representação por Meio de Análise Espacial
No presente ainda não existe nenhum mecanismo, pelo menos ostensivo,
que permita a identificação antecipada da formação de um futuro conflito por
meio de índices de segurança. Existem sistemas comerciais de gestão da
informação que emitem alertas, mas são destinados ao monitoramento de
instabilidades que podem prejudicar operações comerciais e mercantis de
grande vulto, sendo limitados na cobertura geográfica. Os poucos existentes
oferecem parca transparência nas metodologias empregadas, dado o alto
grau de complexidade e pioneirismo.
Segundo Hagmeyer-Gaverus & Weissmann (2003), existem três métodos
utilizados no monitoramento de indicadores de conflitos. Inicialmente
poderíamos citar os modelos estatísticos que compilam uma base de dados
considerando a linha do tempo, como fazem o World Bank e a ONU, na
previsão de conflitos ou do chamado desenvolvimento negativo
8
. Assim
também o fazem as bolsas mundiais no monitoramento dos riscos que
possam colocar em perigo os investimentos empresariais e a flutuação da
taxa de câmbio do dólar.
Em segundo podemos indicar os sistemas baseados em modelos-peritos,
que usam os dados para geração de informações extraídas e analisadas por
expertises nas diversas áreas do conhecimento, criando um jogo separado de
indicadores que será interpretado subjetivamente. Os modelos-peritos obtêm
geralmente a informação em massa de informantes regulares, rapidamente e
de maneira padronizada. Trabalham desta forma a CIA e a NSA. Suas fontes
de informação incluem desde institutos de pesquisa educacional,
universidades, e projetos patrocinados em terras estrangeiras até
embaixadas, organizações não-governamentais (ONG), missões de
reconhecimento e redes locais com observadores (PATTON, 1995).
8
Soma de eventos que, desencadeada, levaria ao surgimento de um conflito armado ou de
uma guerra.
87
Em terceiro existem os sistemas de monitoramento e análise que avaliam o
risco de conflitos por meio da cobertura sistemática e codificada de serviços
de notícias, tais como a Reuters e CNN. Fundamentam-se na freqüência dos
eventos, seus desdobramento e direções, sendo inteiramente subjetivo e
alimentado por interpretações de indicadores diversos, tais como conflitos
armados, atentados violentos, manifestações da população de uma
determinada região contra o regime vigente, etc.
No caso deste estudo foi feito o uso modificado, de forma a atender a
realidade da área de estudo, de um modelo desenvolvido pelo Stockholm
International Peace Research Institute SIPRI. Este modelo é originalmente
fundamentado apenas na entrada de dados estatísticos sociais e humanos,
mas aqui também fará uso de elementos fornecidos por observadores, ou
seja, por meio de elementos de Inteligência, bem como considerará os dados
pertencentes à classificação fisiográfica da região, considerando a vegetação,
os solos, o relevo, o clima e a hidrografia. A todas as categorias foram
atribuídos os pesos devidos por nível de importância na esfera decisória. A
unidade territorial, como dito anteriormente, é a dos setores censitários rurais
do IBGE, portanto o índice será calculado para cada uma, estando atrelado
ao seu centróide quando da análise gerada por meio da geoestatística.
4.i.1. Indicadores de Segurança Aplicados no Nível Estratégico
No cenário estabelecido fica evidente a preocupação com as possíveis
investidas ou a tentativa de se obter sucesso com as mesmas dentro do
território brasileiro, somadas ao apoio gerado por organizações que atuam
coletando dados e insuflando a população contra o próprio Estado.
Para tanto se faz necessário conhecer as áreas que estariam sob uma
maior vulnerabilidade. Consideraremos o índice de segurança aqui proposto
como um elemento que, quando espacializado, indique as áreas que
certamente estariam mais vulneráveis a manobras do inimigo, seja de
natureza psicossocial como também militar.
Esta aproximação combinou, portanto, uma base de dados com uma
espécie de modelo-perito, na qual os resultados fossem diretamente
88
analisados por um expertise e retro-alimentados pelo mesmo, bem como com
novas informações atualizadas e fornecidas pelos serviços de inteligência.
A aproximação originalmente adotada considera um modelo regional
composto por indicadores estatísticos, nos quais são multiplicados o fator de
peso considerado para cada um, conforme orientação dos especialistas de
cada área do conhecimento. Podemos visualizar na fórmula abaixo o modelo
final utilizado pelo SIPRI:
INDÍCEtotal=(ΣFEa*pa)-(ΣVIb*pb)+(ΣFAc*pc)-(ΣFDd*pd)+(ΣCPe*pe)
Onde:
a to e = representa o número de indicadores compostos.
p = Fator de Peso atribuído ao indicador.
FE = Fator Estrutural.
VI = Variável de Intervenção.
FA = Fator de Aceleração.
FD = Fator de Desaceleração.
CP = Características Particulares
O Fator Estrutural é entendido como a soma das variáveis (quase sempre,
com maior importância, logo com maior peso) que contribuem para o
surgimento do conflito, que podemos denominar como as pré-condições para
seu surgimento. Neste caso é entendido como o fator determinante para,
sobre uma região com as demais variáveis perfazendo um estado ótimo para
surgimento de conflito, ser a ignição de maior vulto na estatística de
monitoramento. No caso estudado será considerada a presença constatada
de ameaças, tanto em forma de elementos e organizações infiltradas, como
propriamente a presença de forças em território nacional, considerados como
invasão ou ataque. Ressalta-se que este indicador é formado não apenas por
elementos estatísticos, mas também por análises fornecidas pelos
observadores e analistas de informação.
A Variável de Intervenção pode ser entendido como a soma de tudo aquilo
que funcione como um elemento de mitigação sobre o Fator Estrutural,
minimizando sua projeção e força. Aqui foi considerado a presença militar e o
seu raio de ação, bem como um tempo de resposta sobre as distâncias
calculadas.
89
O Fator de Aceleração é a soma das variáveis atribuídas de peso mediano
que possam tornar viável ou não o conflito. Por vezes o Fator Estrutural e a
Variável de Intervenção podem tornar o ambiente propício a uma manobra,
porém se não houver condições como a aceitação mínima por parte da
população local ou elementos de fornecimento de informações ou
suprimentos, a mesma tornar-se-ia inviável e seria certamente descartada.
Aqui foi considerado o nível de atuação de organizações com potencial
técnico para levantamento de informações, com discurso fortemente voltado
para a ausência do Estado e pregando a aceitação de valores externos,
atuando em locais onde existe parca estrutura para atendimento de
necessidades básicas das populações.
Contrário ao indicador explicado, existe o Fator de Desaceleração, que é a
soma de variáveis com peso igual à variável de aceleração, que seriam as
ações realizadas para sanar os problemas constatados que poderiam se
constituir em fundo de aproveitamento para organizações de ação anti-
Estado.
As Características Particulares são formadas pela soma de variáveis
compostas pelas características da geografia da região. Aqui é considerado o
meio físico, com peso atribuído, posto que se as variáveis restantes
demonstrarem um resultado propício para uma ação, a mesma se tornará
possível ou não se for passível de ser empreendida no terreno adequado,
considerando a vegetação, os solos, o relevo, o clima, a hidrografia e a
possibilidade de trafegabilidade.
Dentre todas as variáveis explicadas uma deve estar sob especial atenção,
posto que nos dias hodiernos é uma das mais utilizadas no
desencadeamento de conflitos, tanto internos como externos, quando se fala
em intervenção, principalmente. O Fator de Aceleração é voltado para a
detecção de características ligadas ao plano econômico, social e político,
devendo refletir em um único indicador o nível de satisfação da população, tal
como sua expressão cultural, necessidades básicas atendidas, bem como a
ação política e social que organizações possam ter sobre a área e seus
habitantes. Por si é um indicador deve ser monitorado, somando-se o
maior número de variáveis, de forma a ser eficiente na observação deste tipo
90
de vulnerabilidade, que acaba por se consistir em uma brecha para ações
externas. No modelo adotado foram utilizadas diversas variáveis, como
explicado, que compilam um dos cinco sub-indicadores da fórmula. Na tabela
2 podemos visualizar as variáveis utilizadas.
Categoria do Sub-Indicador Variável
1. Fator Estrutural – Ameaças (a) Presença de Forças Adversas Localizadas
Forças Militares Inimigas Localizadas
Organizações Anti-Estado Localizadas
Força e Alcance
2. Variável de Intervenção – Forças Militares (b) Localização em relação às ameaças
Tempo e Condições de Resposta
Distância
Controle
3. Fator de Aceleração (c) Desenvolvimento Humano (IDH)
Ausência do Estado
Violência, Crimes e Ilícitos
Tensões Internas
Ação de Organizações
Disputas de Terra e sobre Recursos Naturais
Distância das Ameaças
4. Fator de Desaceleração (d) Ações de Supressão de Conflitos
Ações de Segurança Pública
Diminuição de Tensões Localizadas
Aumento de Operações Psicológicas
Aumento da Presença Militar
5. Características Particulares (e) Solo
Vegetação
Clima
Hidrografia
Trafegabilidade
Tabela 2 – Sub-Indicadores da Fórmula e Variáveis.
91
Certamente não se pretendeu esgotar a complexidade regional da região
nas variáveis escolhidas, posto que isto exige um nível de informações
extremamente detalhadas e oriundas de diversas áreas do conhecimento.
Variável Fonte e Critérios
Presença de Forças Adversas Localizadas Monitoramento em Campo, Subjetivo
Forças Militares Inimigas Localizadas Monitoramento em Campo, Subjetivo
Organizações Anti-Estado Localizadas Receita Federal, Monitoramento
Força e Alcance Monitoramento em Campo, Subjetivo
Localização em relação às ameaças RECODOM
Tempo e Condições de Resposta Critérios Subjetivos e de Cálculo
Distância Distância Direta
Controle Recobrimento por Radar
Desenvolvimento Humano (IDH) Desenvolvimento Humano (IDH)
Presença do Estado Órgãos e Ações do Estado em Diversas Áreas
Violência, Crimes e Ilícitos Base de Dados Instituto de Criminalística
Tensões Internas Existência de Tensões
Ação de Organizações Quantidade e Tipo
Disputas de Terra e sobre Recursos Naturais Existência de Disputas Internas
Distância das Ameaças Distância Direta das Ameaças
Ações de Supressão de Conflitos Ações de Supressão de Conflitos
Ações de Segurança Pública Ações de Segurança Pública
Diminuição de Tensões Localizadas Diminuição de Tensões Localizadas
Aumento de Operações Psicológicas Aumento de Operações Psicológicas
Aumento da Presença Militar RECODOM
Solo Classificação por Natureza de Trafegabilidade
Vegetação Classificação por Natureza de Trafegabilidade
Clima Impactos sobre as Operações
Hidrografia Hidrografia para Trafegabilidade
Trafegabilidade Soma das variáveis apresentadas mais MDT
9
Tabela 3 – Variáveis, Fontes e Critérios.
9
Modelo Digital de Terreno
92
Na tabela 3 podemos visualizar as variáveis, fontes dos dados e critérios
utilizados. Para as variáveis apresentadas foram utilizadas fontes de dados
diversas, desde o último Censo realizado pelo IBGE, como também de
segurança pública, do Instituto de Criminalística da Polícia Federal. O objetivo
foi demonstrar que por meio de informações-chave e disponíveis pode-se
chegar a níveis de conhecimento interessantes para a prevenção de
ameaças. No desenvolvimento da aplicação do experimento serão explicadas
as demais variáveis e suas fontes.
4.i.2. Aplicação do Experimento no Cenário
Considerando o cenário apresentado e tomando como premissa a proteção
da Faixa de Fronteira na área de estudo, que segundo a Lei nº. 6.634, de 2
de maio de 1979, no seu Artigo 1º, é [...] a faixa interna de 150 Km (cento e
cinqüenta quilômetros) de largura, paralela à linha divisória terrestre do
território nacional [...], devemos ter em mente que é imperativo possuir um
sistema que detecte, com grande precisão, as ameaças existentes no
terreno, de forma a possibilitar o dimensionamento do Fator Estrutural, que
deve sempre ser fundamentada em monitoramento constante por meio de
sensores remotos e equipes locais. Para tanto é imprescindível o uso de
equipamentos que sejam capazes de monitorar a área de estudo com
eficiência, consideradas as dificuldades inerentes à região e que possam
indicar áreas potenciais para levantamento por meio humano. Neste estudo
simularemos a aquisição de informações por meio de Veículos Aéreos Não-
Tripulados (VANT’s) equipados com Radar Interferométrico de Abertura
Sintética (InSAR), Radar de Reconhecimento Aproximado (RASURA) e
câmeras infra-vermelhas e termais.
A aquisição de maior primor em sensoriamento remoto atualmente,
considerando altos níveis de acurácia e precisão elevada e tendo em vista o
levantamento do terreno em baixo tempo é realizado com uso do deste
sensor operando em freqüência dupla (banda X e P), posto que torna
possível realizar levantamentos em condições meteorológicas extremas e
diuturnamente, não sendo necessário o uso da luz do Sol (MURA, 2001). O
uso desta ferramenta é imprescindível na preparação de uma resposta rápida
às necessidades de recobrimento emergenciais onde sejam detectadas
93
ameaças potenciais. Desta forma contribui para a composição de planos de
informação preciosos na composição de um suporte a decisão militar
fundamentado em um Sistema de Informação Geográfico, considerando que
seu sensor difere áreas construídas e corpos artificiais de naturais, o nível de
superfície e elevação como também as dimensões das edificações e massas
naturais (Figura 14).
Figura 14: Exemplo de Aplicação do InSAR/SIVAM. Na primeira figura, à esquerda, a imagem
original e na segunda a extração de corpos. Fonte: CCSIVAM/Fundação ATECH.
Esta tecnologia quando associada a Veículos Aéreos Não-Tripulados
VANT’s com tecnologia Stealth
10
e câmeras termais, são uma excelente
opção para uso militar.
O equipamento sugerido para aplicação neste tipo de região é composto
pela Família de Veículos da DENEL, empresa de segmento militar da África
do Sul, país com o qual o Brasil cria uma grande aproximação em diversas
áreas, inclusive tecnológica.
Segundo informações fornecidas pela própria empresa os VANT’s que mais
se adequa ao trabalho são:
SERAPH lançado de plataforma móvel com alcance de 1.300km
(acima de 250km realiza operações programáveis), velocidade
máxima de 0.85 Mach (1.014 km/h) a uma altitude de 10.000m com
nível baixo de ruídos, equipado com InSAR e RASURA de fábrica ou
adaptado, bem como câmeras termais de observação e miragem
laser para suporte a tiro orientado (Figura 15);
10
Do inglês, furtivo. Denomina-se toda tecnologia que torna o veículo invisível à detecção por
RADAR.
94
Figura 15 – Estação de controle em torre, estação de lançamento equipada em
veículo terrestre, ilustração do SERAPH e foto em vôo de divulgação. Fonte:
Departamento de Marketing, DENEL.
SKUA lançado de plataforma transportável, com alcance igual ao
anterior e velocidade máxima de 0.86 Mach (1.026 km/h) a uma
altitude de 10.000m, podendo ser equipado com diversos tipos de
armamento (Figura 16).
Figura 16 Veículo equipado com mísseis ar-terra, estação de lançamento
transportável, estação de controle em sala e foto de lançamento para divulgação.
Fonte: Departamento de Marketing, DENEL.
Logo consideramos que no nosso cenário as Forças Armadas possuem tais
equipamentos que, por certo, seriam os mais adequados para a realização de
95
monitoramento, varredura, geração de dados para operações e, quando
necessário, supressão de uma ameaça.
O Fator Estrutural então seria formulado a partir de dados detectados pelo
uso destes equipamentos, como colocado na Figura 17. No nosso cenário
foram posicionados próximos à fronteira de onde poderiam ter uma
mobilidade razoável considerando o terreno, a pedologia e a drenagem. Após
sua detecção é realizada uma avaliação subjetiva dos riscos, bem como uma
avaliação acerca da relação entre o número de ameaças e sua velocidade no
terreno sobre a dimensão de área da unidade territorial, sendo normalizada
para valores indexados.
Figura 17 Imagens termais e de radar demonstrando o uso dos VANT’s na detecção de
ameaças. À esquerda elementos de um pelotão implantam armadilhas. À direita um
equipamento transportável de lançamento de foguetes no momento do disparo.
Para a criação da Variável de Intervenção, foram utilizados os dados
fornecidos pelo Comando de Operações Terrestres COTER por meio do
RECODOM 1997 Relação de Códigos das Organizações Militares e
localização dos Pelotões de Fronteira, para os Estados do Amazonas e
Roraima. A partir destes dados foram gerados mapas de distâncias em
buffer
11
para 50 km para pelotões e 100 para uma OM, distâncias
consideradas de grande eficiência para a ação imediata. Podemos visualizar
na Figura 18 as Organizações Militares (pirâmide amarela), os Pelotões de
Fronteiras (pirâmide vermelha), a Faixa de Fronteira em amarelo listrado e o
buffer das distâncias citadas em azul transparente.
11
Em geoprocessamento utiliza-se este termo para designar uma distância a partir de um
ponto com um raio determinado.
96
Figura 18 Localização das OM’s, Pelotões de Fronteira, Faixa de Fronteira e buffers.
Fonte: COTER. Geração dos buffers pelo próprio autor.
As unidades territoriais que estão sobre um receberam valores relativos,
tendo como orientação a distância do seu centróide em relação às distâncias
para posterior normalização. Não estar na área considerada de atuação
direta implicou em valores menores na variável de intervenção.
O Fator de Aceleração, como dito antes, foi executado sobre informações
que pudessem ser calculadas no sentido de valorar as condições
psicossociais da área, permitindo perceber quais os níveis de aceitação da
população, as condições de penetração de ações externas como mitigadoras
de tensões existentes, a influência dos ilícitos na região e a ação de
organizações, considerando seus fins e financiamento. Cada variável foi
valorada em sub-índices que foram somados e divididos pelo número de
variáveis utilizadas. O IDH Índice de Desenvolvimento Humano, apesar de
não ser considerado um bom indicador, foi aqui utilizado como uma das
variáveis escolhidas. Este Fator foi o mais complicado na mensuração, posto
que as fontes de informações além do IBGE são parcas.
97
O IDH foi calculado seguindo os parâmetros para cada unidade territorial. A
presença do Estado foi calculado sobre informações coletadas na Internet
acerca de órgãos das áreas de saúde e educação atuantes na região, sendo
mensuráveis por quantidade de atendimento e densidade da população. A
valoração do nível de violência veio dos dados disponíveis das Secretarias de
Segurança dos Estados do Amazonas e Roraima, novamente sobre o
tamanho da unidade, bem como ilícitos transnacionais, como o tráfico de
drogas. A dificuldade consistiu em saber onde os crimes foram cometidos,
logo que não é compilado o local no Boletim de Ocorrência, mas o local da
apuração. Os desdobramentos foram efetuados sobre a descrição,
manualmente, para os últimos três anos. Novamente foi cruzado com a área
da unidade e normalizado posteriormente.
A existência de tensões foi retirada das informações noticiadas, baseando-
se em “Sim = 1” (se existe, não importando a quantidade) e “Não = 0”
(quando não existe nenhuma). A ação de organizações foi mensurada na
localização pontual com base em informações veiculadas na Internet, sendo
classificada pelo tipo de financiamento (externo ou interno). O nome das
organizações não será divulgado, não sendo objetivo deste trabalho nomeá-
las. A distância das ameaças foi mensurada a partir de buffers. Quando estes
tocavam uma unidade, elas imediatamente recebiam valores maiores neste
sentido.
O Fator de Desaceleração foi executado da mesma forma, sendo utilizado
como critério a existência de equipamentos mínimos de saúde e educação e
a distância direta deles. Quando uma ausência é constatada fica
dimensionada de forma indexada, indicando a necessidade de atuação do
Poder Nacional no sentido de suprimir estas falhas que podem retardar ações
de aproveitamento direto da população.
As Características Particulares foi realizada pela análise dos dados do
Meio Físico, sendo suas características cruzadas com as unidades territoriais
utilizadas. Cada classe dos Planos de Informação de Clima, Solo, Vegetação
e existência de vias, hidrográficas ou terrestres, foi avaliada e indexada.
98
Finalmente foram incluídos na fórmula na ordem apresentada os valores
para cada um dos componentes, indicando os locais onde pode existir graus
maiores de ameaças.
Considerando o Fator Estrutural e a Variável de Intervenção valorados em 0
(zero), vamos analisar o resultado para os outros três componentes, que
formariam um cenário de áreas predispostas à atuação de atores externos
pela ausência do Poder Nacional. O método de krigeagem ordinária foi
aplicado ao índice com o objetivo de analisar áreas potenciais para o
surgimento de uma tendência de predisposição de problemas sociais
somados à atuação de organizações, ilícitos transnacionais e potencializados
pelas dificuldades inerentes ao meio físico.
Inicialmente foi gerado um conjunto de pontos formado pelos centróides das
unidades territoriais que se encontravam dentro da Faixa de Fronteira para
que fossem associadas aos atributos do objeto de estudo, que são os índices
calculados para cada polígono. O conjunto amostral pode ser observado na
Figura 19.
Figura 19 Conjunto Amostral dos 246 centróides dos setores censitários rurais do IBGE
que se localizam dentro da Faixa de Fronteira de 150 km.
99
A partir desses dados procedeu-se a análise estatística das distribuições
para averiguar a aplicabilidade do método de krigeagem. O conjunto amostral
(Gráfico 2) apresentou um comportamento coerente para a hipótese na
normalidade de sua distribuição, não apresentando grandes impedimentos na
aplicação da krigeagem ordinária no processo de interpolação.
Gráfico 03 Análise da Distribuição do Conjunto Amostral dos 246 centróides dos setores
censitários rurais do IBGE que se localizam dentro da Faixa de Fronteira de 150 km.
A análise para a detecção de anisotropia por semivariograma de superfície
apontou para uma tendência isotrópica, como podemos ver na Figura 20.
Figura 20 – Superfície de semivariograma do Conjunto Amostral.
O alcance do semivariograma aponta para a existência de correlação
espacial dentro de distâncias da ordem de 50 km. Nas análises aqui
apresentadas, os semivariogramas foram determinados para lags
12
de 25 km
para o conjunto amostral. Houve sucesso na determinação do
semivariograma que foi bastante próximo da função exponencial ajustada a
ele (Gráfico 04).
12
Intervalos para o processamento das faixas de valores geoestatisticamente.
100
Gráfico 04 – Semivariograma experimental criado para o conjunto amostral.
A partir da superfície de tendência gerada podemos observar o incremento
em algumas áreas, em tons mais claros, que indicaria valores maiores para
vulnerabilidade, dentro dos critérios adotados (Figura 21).
Figura 21 – Superfície de tendência contínua gerada a partir da krigeagem ordinária.
O modelo gerado se apresenta em níveis de cinza e para se obter uma
maior percepção faz-se necessário que se utilize o fatiamento da grade, de
forma que possamos colocar em níveis de cores os níveis alcançados. Feito
101
isso se tem o mapa de vulnerabilidades para as categorias escolhidas (Figura
22).
Figura 22 – Superfície de tendência contínua gerada a partir da krigeagem ordinária e
fatiada. Notar, em vermelho, as áreas que apresentaram os maiores índices.
A categoria relativa a uma vulnerabilidade alta, em vermelho, aponta para
quatro grandes áreas que apresentam uma grande tendência para um alto
índice de Fator de Aceleração. Premente a chegada de informações de
ações de ameaças na Faixa, o mapa serve de alerta para que sejam
realizadas ações de todas as expressões do Poder Nacional na consolidação
de políticas públicas para sanar estas vulnerabilidades que podem ser
altamente prejudiciais quando da eclosão das ações de uma ameaça que
pode causas grandes danos. Segundo as palavras do General Maynard
Santa Rosa falando sobre a presença de ONG’s na Amazônia e o Poder
Público, ocorre justamente a ausência do Estado nesta região. Ele afirma:
[...] As Forças Armadas estão presente nas áreas de fronteiras,
cumprindo seu papel de Defesa Nacional. No entanto, órgãos
civis, como o INCRA, a FUNASA (Fundação Nacional de Saúde),
MEC (Ministério da Educação), entre outros, estão ausentes [...].
102
Considerou-se, para uma segunda simulação, a presença de ameaças
detectadas por meio do monitoramento e varredura realizada pelos VANT’s.
Tais ameaças devem passar por uma análise para se verificar seu nível de
classificação, fundamentada na sua força e velocidade. Para tanto podemos
fazer uso de uma representação fundamentada na densidade para cada
ponto no terreno, dimensionando para seu raio o nível dado na sua
classificação (Figura 23).
Figura 23 – Superfície de densidade para a representação de ameaças militares localizadas,
aqui entendidas como a atuação de guerrilha. Os elementos seriam facilmente detectáveis
com o uso dos VANT’s propostos.
Desta forma tirou-se o buffer desta análise e criaram-se os atributos que
foram associados aos centróides das unidades territoriais para a criação do
Fator Estrutural. A Variável de Intervenção foi dimensionada como
explicado anteriormente.
Os valores de semivariograma e lags foram mantidos, posto que se
trabalhou com o mesmo conjunto amostral, apenas com novos valores
indexados. Dentro dos novos critérios e após o fatiamento temos uma nova
modelagem para o índice de segurança proposto, como podemos visualizar
na Figura 24.
103
Figura 24 – Superfície de tendência contínua gerada a partir da krigeagem ordinária e
fatiada. Notar, em vermelho, as áreas que apresentaram os maiores índices. Nesta
modelagem foram consideradas o Fator Estrutural e a Variável de Intervenção na
composição do índice.
Fica evidente que o cálculo do índice considerando as ameaças levou a um
aumento das áreas mais críticas no mapa, indicando as regiões mais
prováveis de sofrerem uma atuação de grupos que tem grande interesse no
caos estabelecido com os conflitos, como também mais propícios para novas
investidas.
A ferramenta neste momento suporte ao decisor na visualização
imediata de áreas críticas, posto que torna possível a antevisão espacial das
vulnerabilidades. Neste caso, com as variáveis apresentadas, ficou evidente
da grande possibilidade das áreas mais destacadas serem as mais
vulneráveis.
Deve ser bem observado que a correlação é alta quando da leitura das
atividades das ONG’s agindo próximo as Terras Indígenas, onde novos
recursos são descobertos e o interesse internacional aumenta a cada dia,
especialmente em faixa de fronteira.
104
Neste momento, considerando o quadro geral da situação, bem como as
áreas de tensão apresentadas, as informações geradas servem para o
direcionamento de ações do Poder Nacional, tendo em vista minimizar a os
elementos que atuam em meio à sociedade, fazendo uso de discursos que
apontam a ausência do Estado, para cooptar os apoios locais necessários
para ações bem sucedidas. O incremento de ações por meio de políticas
públicas nas áreas de saúde, educação e segurança pública são bem
indicados, assim como a regularização fundiária e a organização da
exploração mineral para a diminuição de tensões. O aumento da estrutura
militar na região, com vistas a criar um cenário dissuasório eficaz, por meio
da intensificação da presença no território é indispensável, bem como com o
aumento substancial de operações.
De forma a vislumbrar o cenário que decorreria das ações sugeridas e que,
por certo, resultaria em novos valores para as variáveis, diminuiu-se os
valores ligados ao Fator de Aceleração e aumentaram-se os de
Desaceleração, resultando em uma nova modelagem para o índice.
Novamente os valores de semivariograma e lags foram mantidos respeitando
o mesmo conjunto amostral. O resultado é visualizado na Figura 25.
Figura 25 – Superfície de tendência simulando um cenário após ações de dissuasão.
105
4.i.3. O Uso de Redes Neurais na Análise Espacial
O breve conjunto de procedimentos aqui demonstrado foi adotado com o
intuito de se demonstrar a aplicação de redes neurais para a aquisição das
informações de forma mais rápida e eficiente, dado que com um sistema
fundamentado nesse tipo de tecnologia e retro-alimentado com dados e
informações dispensaria os procedimentos adotados que demandam certo
tempo para serem aplicados. O emprego das redes neurais na análise
espacial reduziu o tempo de processamento, demonstrando resultados
satisfatórios.
No presente trabalho optou-se por utilizar o algoritmo backpropagation e a
função BIGNET + FEEDFOWARD, disponível na interface do SNNS
13
. Este
programa, como todos os outros que modelam utilizando RNA, necessitam
estar contidos em intervalos de valores entre 0 e 1. O trabalho buscou a
determinação de valores indexados, logo os dados gerados poderiam ser
aplicados diretamente no programa.
Estando com esses arquivos preparados foram realizados os treinamentos
do sistema por meio do painel de controle do programa. Estes treinamentos
foram realizados de forma supervisionada indicando as saídas desejadas,
minimizando o erro do programa.
Um conjunto de dados de entrada é utilizado para treinar a RNA,
possibilitando o adquirir os erros de saída e comparar com a saída desejada,
indicada pelo usuário. No decorrer deste processo deve ser utilizado um outro
conjunto de dados para validação. Após este treinamento é adquirido um
conjunto de dados de previsão para verificar o desempenho da RNA.
Os valores utilizados para calibrar as funções de aprendizagem, atualização
e inicialização de pesos e demais parâmetros necessários para realização
dos treinamentos foram os indicados pelo manual do SNNS.
Os dados utilizados foram os planos de informação gerados por meio da
krigeagem para cada componente na fórmula e submetidos ao SNNS que
realizou a leitura das variáveis, sendo apresentado os resultados desejáveis
que foram demonstrados nas figuras 24 e 26.
13
Disponível em http://www.lix.polytechnique.fr/~liberti/public/computing/neural/snns/
106
Os procedimentos realizados foram repetidos até serem alcançados os
níveis desejados de previsão, considerados ideais para este trabalho.
No Gráfico 05 podemos visualizar o monitoramento do aprendizado
indicado pela interface do programa, que demonstra a relação entre a saída
desejada e a saída produzida pela redução da soma dos erros quadráticos.
Gráfico 05 – Resultado da Avaliação do treinamento.
O experimento foi realizado com o algoritmo backpropagation na camada
oculta e ciclos de 1000 e 2000. A calibração do modelo foi realizada por meio
da interface com SNNS (Figura 26).
Figura 26 – Interface do Programa e Indicadores de Avaliação do Treinamento.
107
Os dados de entrada para averiguar os resultados da modelagem realizada
pela RNA foram os que resultaram na figura 27. Podemos visualizar a
manipulação dos dados desde a entrada, processamento.
Figura 27 – Diagrama demonstrando o procedimento adotado para a aplicação de RNA.
Os dados gerados e posteriormente fatiados, com 1000 ciclos,
demonstraram um bom desempenho, com 74,8% de exatidão, porém o de
2000 ciclos demonstrou a potencialidade da ferramenta, gerando um
resultado praticamente idêntico com o modelo gerado manualmente, com
98,3% de exatidão.
O tempo levado para gerar esta informação, somando o trabalho do
operador mais o processamento, girou em torno de 28 minutos, contra as
horas somadas de alguns dias de trabalho para gerar todas as informações
apresentadas.
108
Isto demonstra que o uso de RNA associado à SIG’s para geração de
informações é possível possibilitando ganho de tempo e a diminuição de
erros humanos neste procedimento. Na Figura 30 podemos visualizar os
resultados com os ciclos expostos.
Figura 28 Representação gerada pela RNA. À esquerda podemos visualizar o modelo
gerado com 1.000 ciclos que denotaram alguns erros. À direita o modelo gerado com 2.000
ciclos demonstrando um resultado excelente.
4.i.4. Considerações Finais
Podemos notar nas modelagens realizadas manualmente e por meio de
RNA a existência de quatro áreas nas quais os níveis de vulnerabilidade
ainda permaneceram altos, mesmo depois da diminuição dos valores ligados
ao Fator de Aceleração, que teriam sido causadas por ações do Poder
Nacional. Porém a presença das ameaças associada às organizações citadas
sobre um meio físico pouco aconselhável para uma ação com uso da força,
torna estas áreas predispostas a um prolongamento da crise. Especialmente
as áreas 02 e 03 se apresentam como problemáticas pela junção de
características do meio físico. Na área 02 temos o domínio dos Latossolos
Vermelhos-Amarelos bem drenados, com ocorrências de Podzol. A
vegetação é das Áreas de Tensão Ecológica e com diversos pontos de
abertura nas matas, apresentando muitas clareiras e áreas naturalmente
abertas, de onde se pode deduzir que a trafegabilidade geral não deva ser
difícil para pelotões de guerrilheiros, com declive Norte-Sul, ou seja,
mergulhando da Colômbia para o Brasil. Na área 03 temos os solos
Podzólicos e Litólicos, com boa drenagem e predominância da vegetação
Ombrófila Montana e Sub-Montana. O relevo é ondulado a montanhoso,
109
posto que esta área se localiza sobre a Formação Roraima e com declive
Norte-Sul acentuado, sendo pouco desejável um conflito neste tipo de
ambiente, mesmo pelo fato de que as áreas privilegiadas pela altitude estão
além da fronteira. As áreas 01 e 04 estão em terreno favorável e com boa
cobertura nos raios das bases e pelotões próximos, sugerindo que não
haveria condições de prosseguimento.
Sem dúvida, no caso do prolongamento da crise, faz-se necessário recorrer
às ações do Poder Nacional fazendo uso principalmente das iniciativas
dissuasórias. Para o caso de evolução para um conflito direto, far-se-á uso do
emprego direto das Forças Armadas para a manutenção da Soberania. O uso
da Análise Espacial neste caso merece outra abordagem, visto que a escala
necessária e os elementos de estudo são diferentes. Abordaremos essa
aplicação na seção a seguir.
Os métodos aqui apresentado que resultaram nas modelagens
demonstradas mostraram-se eficientes para gerar informações para análise
estratégica a partir de dados zonais, tornando possível representar a
tendência espacial do que se deseja. Sugere-se que o método apresentado
seja aperfeiçoado, para atender as necessidades dos órgãos decisores e
empregado dentro das esferas de estudos estratégicos do Poder Nacional.
110
4.ii Análise Espacial Aplicado no Processo Decisório Militar
Como explicado anteriormente, as áreas apontadas com o maior nível de
vulnerabilidade na representação do índice merecem uma atenção aplicada
no sentido de que sejam voltados os esforços de monitoramento e ações do
Poder Nacional para que se diminuam os valores, assegurando um nível de
Segurança e Defesa desejáveis para a manutenção dos Objetivos Nacionais.
A área 01 encontra-se próxima a pelotões de fronteira brasileiros e quando
comparado ao estado anterior, foi o que apresentou a redução mais
significativa, bem como a área 04. Isto denota que a situação passa a ser
perfeitamente controlável, ficando assegurado o sucesso de novas ações
pela facilidade de locomoção apresentado pelo meio físico, como também
pelo fato de que as ações de guerrilha nestes pontos estão distantes de seu
movimento original, iniciado nas áreas centrais de movimentação da ELN e
FARC, ao norte. A área 01 e 04 devem ser monitoradas constantemente,
mesmo por que a 01 está próximo ao Peru e isto poderia significar um
estopim para a reorganização de novos movimentos no país, reacendidos
pela onda andina alinhada com os eurasianos; e a 04 encontra-se em área de
relevo que dificulta ações externas diretas; além de estarem próximas a
estradas e meios de intervenção mais favoráveis. Em ambos os casos, isto
demandaria tempo e organização pelo impacto já recebido pelas ações
aplicadas, não se consistindo em uma preocupação maior.
As duas outras áreas, pelo contrário, se apresentam muito próximas umas
das outras e ainda com tamanhos relativamente grandes, possuindo alta
movimentação de ilícitos ligados ao tráfico, grande quantidade de
informações levantadas por organizações contrárias às diretivas brasileiras e
Terras Indígenas gigantescas.
Um prolongamento da crise nestes locais levanta opiniões internacionais e
nacionais desfavoráveis quanto aos impactos nas populações, requerendo
movimentos rápidos antes que a opinião pública externa interfira nas ações
prioritárias para a manutenção do estado de segurança ou sugira existência
de descaso do Estado Brasileiro. Além disso, se encontram em terreno difícil
para ações, pelas questões colocadas, como podemos ver na Figura 29.
111
Figura 29 Modelo Digital de Elevação SRTM. Observar a presença do relevo incidente
sobre a área 03. Na área 04 existe igualdade de condições. Na área 02 o domínio do declive
também vem do lado colombiano, apesar de não visualizável nesta escala, com maior
suavidade que na área anterior.
As áreas 02, 03 incluem-se totalmente dentro dos limites das Terras
Indígenas do Alto Rio Negro e Yanomami, respectivamente (Figura 30).
Figura 30 – Terras Indígenas da área de estudo.
112
Como foi dito anteriormente, o propósito inicial dos movimentos externos
seria levar à desestabilidade e acarretar o descrédito dos países sul-
americanos na administração de suas próprias crises. Certamente, com a
involução das ações dirigidas, uma das tentativas do país que empreendeu
esta escalada seria desqualificar a atuação de Defesa do Brasil se remetendo
ao discurso de raízes indígenas com forte apelo à proteção dos povos e
terras destas populações.
Sabe-se que diversas ONG’s desqualificaram o Decreto 4.412/02 sobre a
atuação das Forças Armadas e Policiais em Terras Indígenas com diversas
representações dirigidas a Procuradoria Geral da República, como também
veiculadas pela imprensa nacional e internacional. A existência destes
movimentos, sempre contrários ao estabelecimento de um regime legal para
movimentos adequados de Defesa nestas áreas se constitui em material a
ser utilizado no direcionamento de críticas ao Brasil, bem como elemento de
controle e engessamento na atuação das Forças Armadas brasileiras,
servindo no ganho de tempo para reorganização de forças inimigas e
adversas em campo. Desta forma o representante Bolivariano terminaria por
incorrer em uma indisposição internacional, como em outras vezes
14
,
oferecendo apoio para a “libertação” destes povos e um controle mais
eficiente sobre as guerrilhas, que estariam deixando-os em estado de
insegurança.
Dentro deste cenário começaria a se desenrolar uma situação que requer o
emprego da dissuasão por meio de movimentos rápidos de demonstração de
força do Poder Nacional. A Expressão Política se denotaria pela atividade
diplomática no sentido de repelir qualquer ataque à imagem, bem como
alinhando os elos econômicos contra àquele país, dirigido pela Expressão
Econômica. A Expressão Militar agora se faria extremamente necessária com
o deslocamento e posicionamento de suas forças, bem como eventuais
ataques quando da detecção de elementos hostis em território, contribuindo
para o movimento dissuasório. Por meio da Análise Espacial serão definidos
locais para posicionamento e alvos para ataques.
14
Hugo Chávez, presidente da Venezuela, se remetendo às críticas feitas contra o
fechamento do canal de televisão oposicionista, a RCTV, declarou, em 31/05/2007, que o
Senado brasileiro age "como um papagaio" do Congresso americano,
113
4.ii.1. Experimento para Detecção de Locais de Interesse
De forma a propiciar a restauração do controle sobre as duas áreas, os
elementos da Força Terrestre devem possuir as informações e meios
necessários para chegar aos locais, se locomover no terreno e ao longo dos
seus pequenos rios, transpondo, quando necessário, os obstáculos naturais e
artificiais. Dentro da concepção exposta neste trabalho, que é a de apoiar
veementemente todas as ações por meio de informação cartográfica gerada
principalmente por VANT’s, torna-se primordial a localização e o
monitoramento das ameaças neste terreno por meio do uso destes
equipamentos para, depois de confirmadas a localização e classificadas pela
sua força, sejam realizadas incursões terrestres, navais ou aéreas, visando
sua destruição ou neutralização.
As duas áreas possuem as florestas densas e bem preservadas, possuindo
locais eventualmente abertos, de origem natural ou antrópica, bem como uma
rica hidrografia, que possibilita o emprego de apoio à Força Terrestre pelas
Operações Ribeirinhas Op Rib, realizadas pelos Fuzileiros Navais. O
reconhecimento aéreo utilizando câmeras termais e por radar (InSAR e
RASURA) é a excelência no levantamento de áreas para o emprego de
Operações Aeromóveis (Op Amv
15
) que aqui é o meio principal sugerido para
a supressão das ameaças, apoiados por fogo aéreo e artilharia. Conforme a
IP-90-1 Operações Aeromóveis [...] um assalto com uso deste tipo de
abordagem deve utilizar-se para zonas de embarque e de desembarque as
clareiras, praias e campos naturais. Na ausência desses, a melhor opção é a
abertura de uma clareira, infiltrando-se, com antecedência, uma equipe com
essa finalidade. Não sendo possível tal procedimento, pode ser empregado
as técnicas de desova em meio aquático ou a de rapel, com o cuidado de não
expor por muito tempo o helicóptero ao fogo inimigo. [...].
O objetivo principal consiste em: obter a localização das ameaças e avaliar
o tipo de ataque (aéreo ou terrestre) mais adequado. Se terrestre, identificar
locais para desembarque mais próximos às mesmas, levantar as
15
Segundo o conceito apresentado na IP-90-1, uma Operação Aeromóvel é aquela realizada
por força de helicópteros (F Hecp) ou forças aeromóveis (F Amv), de valor unidade (U) ou
subunidade (SU), visando o cumprimento de missões de combate, de apoio ao combate e de
apoio logístico, em benefício de determinado escalão da F Ter.
114
características do terreno e propiciar a trafegabilidade até os alvos para
engajamento de curta duração. Se aéreo, identificar e classifficar os alvos
segundo sua força e alcance e construir uma ordem por níveis de prioridade
para realização dos ataques, do maior para o menor.
Para a detecção das ameaças foi considerado que o melhor meio de
detecção, além das fontes de informações convencionais e de inteligência,
seria a varredura realizada pelo VANT SERAPH, dado ao seu baixíssimo
ruído, possibilidade de imageamento noturno e em quaisquer condições de
tempo com InSAR e RASURA, possuindo um sistema de compensação para
condições adversas de vento e chuva e capacidade de rastreamento efetivo
acima de 5.000 m. Portanto tem capacidade de vôo fora das condições
meteorológicas agressivas, próprias do ambiente amazônico, se consistindo
em uma ferramenta poderosa, além de possibilitar independência completa
na geração de dados de sensoriamento remoto com alta resolução para fins
militares, posto que pode alcançar 12 centímetros de resolução. Segundo a
ORBISAT
16
, empresa que comercializa imagens do InSAR no Brasil, uma
área de 10.000 km
2
pode ser recoberta em apenas duas semanas para se ter
uma planta topográfica 1:5.000. O sensor termal pode ser graduado em
diversos alcances e profundidades de sinais permitindo, desde que associado
ao RASURA, detectar tropas sob a cobertura da vegetação (DENEL, 2007).
Considerando que estas são as possibilidades de aplicação, foram
colocados no SIG diversos pontos representando o que seriam ameaças
detectadas pela tecnologia exposta. O único critério utilizado foi a detecção
de áreas mais altas e que permitiriam um bom deslocamento na Área 02. Na
Área 03 foi colocado de forma aleatória, posto que o terreno é bastante
acidentado e não foi observado nenhum critério. Em ambos os casos, como
dito anteriormente, os solos são bem drenados e a vegetação, bem
preservada, o que permitiria um deslocamento lento, mas satisfatório.
O monitoramento realizado em dado espaço de tempo obtendo a
localização dos elementos e compilada no SIG pode ser submetida a
krigeagem para a obtenção da tendência destes elementos, possibilitando a
16
Disponível em http://www.orbisat.com.br/
115
percepção do seu caminhamento. Simulamos aqui a localização realizada
pelo VANT em três momentos diferentes na Área 02 e 03, sendo realizada
sobre o mesmo uma classificação quanto sua força e alcance e
posteriormente a krigeagem ordinária (Figura 31, 32 e 33).
Figura 31 – Localização de Elementos de Ameaças – 1º momento
Figura 32 – Localização de Elementos de Ameaças – 2º momento
116
Figura 33 – Localização de Elementos de Ameaças – 3º momento
Para o 4º e 5º momentos, a grade do SRTM e a de hidrografia foram
inseridas no SNNS, bem como a localização dos momentos anteriores para o
treinamento da RNA e a geração de novos cenários (Figuras 34 e 35).
Figura 34 – Localização de Elementos de Ameaças por RNA– 4º momento
117
Novamente foram geradas informações satisfatórias, tendo a RNA
detectado os padrões do que se desejava, gerando cenários com os critérios
utilizados. Podemos observar a previsão do avanço dos elementos no
terreno, obedecendo aos critérios de áreas mais altas e interflúvios dos rios.
Figura 35 – Localização de Elementos de Ameaças por RNA – 5º momento
A previsão é de que na Área 02 os elementos se dirigem para as
localidades de Cucuí e São Felipe. Na Área 03 possuem uma tendência
direcional a sudeste, sugerindo tentativas de contato com as populações
locais aldeadas. Uma Operação Combinada para a neutralização destes
elementos sugerida pelo Conselho de Defesa Nacional seria autorizada pelo
Comandante Supremo, o Presidente da República, tendo em vista a
comprovação por meio dos documentos apresentados e fundamentados
pelos estudos do Ministério da Defesa que ofereceria as melhores diretivas
para sua realização, visando à restauração da Soberania sobre estas áreas.
Na Figura 36 visualizamos a Estrutura de Comando e Controle do Emprego
de Forças Combinadas.
118
Figura 36 – Estrutura do Emprego Combinado de Forças segundo a Doutrina Militar de
Defesa – MD51-M-04. Ministério da Defesa, 2007.
A Área 02 sofrerá uma abordagem dominantemente aeromóvel de forma a
possibilitar o engajamento de elementos das Forças Especiais do Exército
Brasileiro, como também a Área 03. Porém os elementos infiltrados pela
Operação Aeromóvel terá o papel de vigilância e indicação de alvos para fogo
aéreo e artilharia, engajando-os quando estes forem de força inferior pelo
número de homens e poder de fogo. Supôs-se que a Operação Aeromóvel é
a mais indicada pela mobilidade propiciada pela sua abordagem com uso de
helicópteros.
A Força Terrestre (F Ter) contacom as forças adjudicadas pelos poderes
naval e aéreos militares, posto que o cumprimento desta missão seria
submetido ao controle de autoridade terrestre. Os Fuzileiros Navais fariam a
guarda e o bloqueio fluvial para a realização de inspeções em pequenas
embarcações, buscando e apreendendo contrabandos e garantindo a
segurança para além dos bloqueios. A Força Aérea realizaria vôos de
reconhecimento para fornecimento de suporte às operações em terra, além
de inspirar uma presença brasileira sobre a selva.
119
Primeiramente, para o que se pretende, faz-se necessário analisar e
detectar os locais para desova dos elementos da F Ter, tanto para o pouso e
decolagem de helicópteros, como também locais para realização de rapel.
Para tanto se devem detectar clareiras ou áreas de vegetação rasteira para
desembarque terrestre com pouso ou desova por técnicas verticais.
A partir do Banco de Dados do Projeto PRODES
17
Monitoramento da
Floresta Amazônica Brasileira por Satélite, que elabora as estimativas do
desmatamento na Região Amazônica, foram detectados os locais
desmatados nos últimos dois anos.
Tendo esta informação por base, foram selecionadas as áreas com mais de
2.500m
2
utilizando uma análise simples por seleção pelo tamanho da área,
na qual o critério foi o tamanho descrito. Na Figura 37 podemos visualizar os
potenciais locais para desembarque extraídos.
Figura 37 – Locais estimados pela seleção de polígonos maiores que 2.500m
2
de área
extraídos automaticamente da Base de Dados do PRODES.
Para confirmar a existência e permanência destas clareiras, posto que o
processo de revegetação é rápido na Amazônia, especialmente nas Áreas de
Tensão Ecológica, foi utilizados imagens do satélite sino-brasileiro, CBERS 2.
17
Disponível em http://www.obt.inpe.br/prodes/
120
Foram adquiridas três imagens que recobrem as duas áreas do sensor
CCD (Câmera Imageadora de Alta Resolução) do satélite para o ano de
2007, com resolução espacial de 20 metros, o que possibilita a visualização
do que se deseja. Após a correção geométrica, foi utilizado um algoritmo
para a segmentação da imagem, o ISOSEG do SPRING, para posterior
classificação.
Figura 38 – Locais sem cobertura vegetal e com área acima de 2.500m
2
na imagem CBERS
de 26/01/2007, Órbita-ponto 179/099. Notar a mancha gerada pela krigeagem para as
ameaças. Os pontos mais interessantes para desembarque se localizam sobre os topos
aplainados da serra, localizados em vermelho.
Após a extração da geoclasse correspondente a área sem cobertura
vegetal para geração do plano de informação, o mesmo foi comparado com o
plano de informação do PRODES, coincidindo todas as localizações,
variando apenas na área, porém estando todas acima de 2.500m
2
(Figuras
38 e 39).
121
Figura 39 Locais sem cobertura vegetal e com área acima de 2.500m
2
CBERS de
15/02/2007, Órbita-ponto 181/098 e 181/099. Notar a mancha gerada pela krigeagem para as
ameaças. Tendo como base a previsão indicada pela RNA podemos selecionar diversos
pontos ao longo da área de interesse para fazer frente às forças adversas.
No caso da Área 03, o melhor local para desembarque foi localizado sobre
a serra, nos topos aplainados e que oferecem boas condições de
deslocamento, por seus solos litólicos, boa drenagem e o declive. As
condições climáticas são boas normalmente pela manhã (INMET, 2007),
oferecendo condições de vôo para Operações Aeromóveis. No caso de mau
tempo, poder-se-ia executar o SKUA em modo Caçar-Destruir, sendo seu
fogo orientado pelo laser do SERAPH (Figura 40).
122
Figura 40 Seqüência de quadros demonstrando o uso do modo caçar-destruir do
SERAPH com emprego de RASURA, InSAR e Termal e indicação de uma tropa abaixo das
árvores para fogo realizado pelo SKUA.. Fonte: DENEL, 2007.
No caso da Área 02, foram identificados vários locais com condições de
pouso ou desova por rapel ficando sob o critério de quem executará a
operação defini-los, até pela associação de outras variáveis restritas a
condições de combate.
O Exército Brasileiro, por exemplo, possui a ferramenta automatizada PITCI
Processo de Integração Terreno, Condições Meteorológicas e Inimigo
para a detecção de condições de trafegabilidade. Os critérios para a
operacionalização em uma escala maior do que a que se trabalhou aqui deve
obedecer a estes critérios militares, que são muito bem definidos, o que não
faz parte do escopo deste trabalho, além de requerer dados em escalas
maiores.
Certamente, apesar de aqui estar se descrevendo e sugerindo o emprego
dos VANT’s, o fogo poderá também ser realizado pelos EMB-314 Super
Tucano da Força Aérea Brasileira e Helicópteros, como também por peças de
artilharia do Exército e da Marinha, desde que as mesmas tenham condições
de alcance dos alvos, o que é difícil no ambiente trabalhado, mas não
impossível desde que se construam novas e necessárias estradas.
As munições inteligentes também se constituem em excelentes opções
para o uso consorciado com GPS para programação e auto-execução de
123
uma missão, como também disparadas por meios aéreos e indicadas por
tropas terrestres por meio de laser.
O tipo de informação gerado nos passos que se seguiram serve de suporte,
pelo menos em princípio, para o emprego de Defesa na Amazônia, devendo
ser aperfeiçoado. Dentro do nosso cenário simulado, as Forças Armadas,
dotadas de toda a capacidade existente, apesar dos escassos recursos,
fariam frente com extrema eficiência, às dificuldades que se apresentariam,
mas jamais deixariam de cumprir sua missão.
Todos os passos foram executados fase por fase em programas diferentes,
devendo todas as funcionalidades demonstradas, preferencialmente, ser
futuramente compiladas em uma única ferramenta.
Infelizmente do ponto no qual se parou em diante, como dito acima, o
planejamento deve obedecer a instruções militares extremamente definidas
que ainda não são do domínio deste autor, como o preparo e o emprego nos
níveis táticos, além do que, os níveis de dados disponibilizados para esta
região em uma escala apropriada para este fim são baixos.
Isto impossibilitou testar o experimento de SIG apoiado por RNA neste
nível, embora a ferramenta possa aceitar milhares de entradas de dados, tais
como condições metereológicas que possam influir no vôo, gradiente de
chuva associado aos solos, raio de engajamento, etc; com todas as variáveis
de planejamento do preparo e emprego das Forças Armadas. Enfim, todas as
variáveis necessárias para o planejamento tático, tal como realizado com na
geração e representação do índice de segurança.
4.ii.2. Considerações Finais
O experimento demonstrou bom desempenho na geração de informações a
partir de dados de sensoriamento remoto para apoio a operações militares.
Como dito acima, infelizmente não houve dados para se chegar a níveis
mais avançados, mesmo por que este fim não faz parte do escopo deste
trabalho, que se limitou ao nível estratégico e operacional.
Em trabalhos futuro, havendo um nível de entendimento maior sobre a
operacionalização das Forças Armadas e dotado com dados em escala
124
compatível ao nível tático, o experimento tem grandes possibilidades,
principalmente no suporte à previsão de movimentos e acontecimentos que
possam colocar em risco a soberania do Estado Brasileiro.
125
Capítulo 5
5. Conclusões
Os procedimentos aqui adotados demonstraram o uso de bases
metodológicas e conceituais que foram configuradas em um ambiente
computacional apropriado para o suporte à decisão estratégica e militar no
nível operacional. Embora os dados não possibilitassem a simulação de
casos de aporte estritamente militar, a simulação no plano estratégico com
geração de informações para o emprego de todas as expressões do Poder
Nacional foi bem sucedida.
A possibilidade da manipulação matemático-computacional de dados
para a gestão territorial de Defesa demonstra a necessidade de utilização e
aprimoramento das ferramentas de análise espacial para suporte a decisão,
que deve ser conduzido dentro das nossas Forças Armadas, contribuindo
para o preparo do emprego que é a missão primordial dos militares, que
segundo Filho (2004) é a de preparar-se para a guerra.
Sem dúvida o reaparelhamento destas instituições também se faz
necessário, como sugerido neste trabalho, que aconselha o uso de Veículos
Aéreos Não-Tripulados na vigilância da Amazônia, assim como em outras
regiões deve haver estudos e sugestões que apóiem a modernização dos
equipamentos militares adaptados ao meio físico no qual atuam, posto que é
a Defesa que está em jogo.
Segundo a Aviation Week & Space Technology (2006) o custo do
SERAPH com a estação de controle em terra chegaria a US$ 15.000.000,
somando o treinamento de uma equipe de três controladores. O valor do
SKUA não está descrito por ser um veículo para lançamento de armas, mas
seu valor chegaria, segundo estimativas do portal POWERKOREA, aos US$
25.000.000, considerando novamente a estação de controle, operadores
treinados e cinco jogos de armamentos (15 mísseis ar-terra guiados por
laser), que também poderiam ser fabricados no Brasil (pela nacional
MECTRON), bem como os sensores à bordo do SERAPH, como as câmeras
termais, hoje desenvolvida pelo ITA/CTA; ou o InSAR, desenvolvido pela
empresa de iniciativa privada ORBISAT.
126
O desafio para a modernização das Forças Armadas e a introdução de
elementos oriundos das pesquisas acadêmicas também reside na formulação
de políticas e iniciativas por meio de líderes e associações que atentem para
este assunto de grande importância para a constituição de um Estado sólido
e respeitado.
No campo do Geoprocessamento, observamos a aplicação em um
Sistema de Informações Geográficos de elementos que permitem uma
análise estratégica e geopolítica eficaz com natural inserção na Geografia,
enquanto análise das diversas variáveis que agem espacialmente, de forma a
tornar possível mensurar e projetar as transformações que ocorrem na linha
do tempo-espaço, consolida a afirmação de Openshaw (1992), que diz:
[...] a Geografia está hoje no início de sua maior e mais recente
revolução que é a Geografia Computacional. A esperança é que
no curso dos próximos 50 anos a Geografia interligará todas as
suas sub-disciplinas em um processo de modelagem baseado
numa estrutura cibernética, capaz de prover um entendimento
racional e científico dos sistemas geográficos [...].
Este trabalho desenhou e percorreu as etapas do que seria necessário
para a aplicação do Geoprocessamento aplicado aos estudos estratégicos
apoiado por inteligência artificial. Não se pretendia esgotar todas as
possibilidades, nem mesmo se alcançar uma parcela significativa das
mesmas, mas demonstrar, por meio de pequenas aplicações, que é possível
interligar, dimensionar, espacializar e representar tudo o que ocorre na linha
do tempo-espaço e que serve aos interesses do planejamento e da decisão
estratégica e militar.
O mapeamento de variáveis que indiquem com eficácia o índice de
segurança de uma determinada área do país deve ser incansavelmente
elaborado por especialistas de todas as áreas do conhecimento, de forma
que não seja descartada nenhuma informação necessária ao processo.
Dimensionar o nível de segurança da Faixa de Fronteira do Brasil é garantir a
plenitude do que está previsto constitucionalmente, com relação a soberania
do Estado e sua Defesa.
127
Dentro da Geografia o desafio encontra-se em novas formas de se atingir
a abstração e a subjetividade contida nas informações relativas a essa área
do conhecimento, para tornar possível abarcar o universo que se deseja
representar, lembrando que todas as informações de uma nação perpassam
de alguma forma pela constituição do seu estado ideal de segurança. Diante
deste panorama surge a necessidade de construírem novos e melhores
meios e instrumentos para perceber o espaço na linha do tempo. A atuação
de profissionais na construção destes modelos que, como explicado, são
poucos ainda difundidos mundialmente requer um alinhamento e uma
aproximação maior entre todas as camadas civis com a militar.
A construção do ambiente ideal de Defesa o pode ser realizada sem a
participação das camadas civis. Assim posto, uma das maiores contribuições
esperadas com este trabalho é desenvolver elementos para uso nas Forças
Armadas, mas também propiciar uma aproximação do meio acadêmico com
nossas instituições militares.
5.1. Trabalhos Futuros
Pretende-se analisar e estudar futuramente os meios e procedimentos de
operacionalização das Forças Armadas, bem como fortalecer as bases de
conhecimentos em estudos estratégicos para criar um maior aporte nos
estudos de Defesa, principalmente no entendimento do fluxo da informação e
da decisão.
A seqüência demonstrada resulta na percepção de uma falta contida,
sobretudo, de uma ferramenta integrada que possibilite a entrada direta de
dados por um usuário, bem como o processamento em tempo real e com
tecnologia totalmente brasileira. Neste sentido pretende-se estudar as
aplicações da solução para Redes Neurais desenvolvida pela Universidade
Federal do Ceará, o Expert Sinta, formulado pelo grupo SINTA (Sistemas
INTeligentes Aplicados), atuando junto ao Laboratório de Inteligência Artificial
(LIA). A construção de interfaces para entrada de dados também é anseio
deste pesquisador.
A análise de elementos específicos existentes no espaço e que
contribuem para a constituição de vulnerabilidades é um segmento
128
necessário e novo no Brasil. O grau de percepção de alguns desses
elementos, como o tráfico de drogas, os ilícitos transnacionais ou ações
decorridas por organizações contra o Estado; é baixo de forma subjetiva,
porém quando aplicados os instrumentos estatísticos de análise espacial,
como a geoestatística, sua representação torna possível a visualização do
seu comportamento para os gestores e autoridades, contribuindo para a
manutenção da segurança nacional.
Espera-se possuir as oportunidades e ferramentas para dar continuidade
ao segmento de estudos de Defesa no Brasil, fazendo uso do olhar
eminentemente geográfico, afinal, segundo Napoleão, La politique des États
est dans leur géographie
18
.
18
A política dos Estados está em sua geografia.
129
Bibliografia
ADLER, A. Rumo a uma Globalização mais Infeliz. IN: CIA. Como Será o
Mundo em 2020. Prefácio da Edição Francesa. Ed. Ediouro. São Paulo, SP.
2004.
AGENCIA CÂMARA. Audiência Analisa Atuação de ONG’s Internacionais
na Amazônia. 09/05/2007. Disponível em
http://www2.camara.gov.br.
AHIMTB. As ONG’s na Amazônia Brasileira. 2007. Disponível em
http://www.resenet.com.br/ahimtb/ongsamazonia.htm.
ARONOFF, S. Geographic Information Systems: a Management
Perspective. Ottawa: WDL, 1989. 295 p.
AVIATION WEEK & SPACE TECHNOLOGY. Unmanned Aerial Vehicles
and Drones. Outlook/Specifications. 2006. Disponível em
www.aviationnow.com/awst.
BASTOS, T.X. O Estado Atual dos Conhecimentos das Condições
Climáticas da Amazônia brasileira. In: Instituto de Pesquisa Agropecuária
do Norte. Zoneamento agrícola da Amazônia: 1
a
aproximação. Belém, PA,
1972, p.68-122.
BASTOS, T. X.; ROCHA, E. J. P. da; ROLIM, P.A.M.; DINIZ, T. D. de A. S.;
SANTOS, E. C. R.; NOBRE, R. A. A.; CUTRIM, E. M. C.; MENDONÇA, R. L.
D. de. O Estado Atual dos Conhecimentos do Clima da Amazônia
Brasileira com Finalidade Agrícola. In: ANAIS DO SIMPÓSIO DO
TRÓPICO ÚMIDO, 1984, Belém, PA. EMBRAPA-CPATU, 1986, p. 19-36.
BRASIL. Estado-Maior do Exército. C 100-1: Bases para a Modernização da
Doutrina de Emprego da Força Terrestre (Doutrina Delta). ed. Brasília,
DF, 1996.
BRASIL. Departamento Nacional da Produção Mineral. Projeto
RADAMBRASIL Levantamento dos Recursos Naturais. Volume 08
NA.20 Boa Vista; Geologia, Geomorfologia, Pedologia, Vegetação e
Uso Potencial da Terra. Rio de Janeiro, RJ. 1974.
BRASIL. Departamento Nacional da Produção Mineral. Projeto
RADAMBRASIL Levantamento dos Recursos Naturais. Volume 11
NA.19 Pico da Neblina; Geologia, Geomorfologia, Pedologia,
Vegetação e Uso Potencial da Terra. Rio de Janeiro, RJ. 1974.
BRASIL. Departamento Nacional da Produção Mineral. Projeto
RADAMBRASIL Levantamento dos Recursos Naturais. Volume 14
SA.19 Iça; Geologia, Geomorfologia, Pedologia, Vegetação e Uso
Potencial da Terra. Rio de Janeiro, RJ. 1974.
BRASIL. Departamento Nacional da Produção Mineral. Projeto
RADAMBRASIL Levantamento dos Recursos Naturais. Volume 18
SA.20 Manaus; Geologia, Geomorfologia, Pedologia, Vegetação e Uso
Potencial da Terra. Rio de Janeiro, RJ. 1974.
BRASIL. Estado-Maior do Exército. C 100-5: Operações. ed. Brasília, DF,
1997.
130
BRASIL. Estado-Maior do Exército. C 124-1: Estratégia. ed. Brasília, DF,
1997.
BRASIL. Estado-Maior do Exército. IP 30-1: A Atividade de Inteligência
Militar – 1ª Parte: Conceitos Básicos. 1ª ed. Brasília, DF, 1995.
BRASIL. Estado-Maior do Exército. IP 30-1: A Atividade de Inteligência
Militar Parte: A Inteligência nas Operações Militares. ed. Brasília,
DF, 1999.
BRASIL. Escola Superior de Guerra. Fundamentos Doutrinários da Escola
Superior de Guerra – Volume I e II. Rio de Janeiro, RJ. 2005.
BRASIL. Presidência da República. Política de Defesa Nacional. Decreto N°
5.484 de 30 de junho de 2005.
BRASIL. Estado-Maior de Defesa. Doutrina Militar de Defesa. MD-51-M-04.
Ministério da Defesa, 2007.
BRASIL. Estado-Maior de Defesa. Doutrina Militar de Comando e Controle.
MD-31-D-03. Ministério da Defesa, 2006.
BRASIL. Estado-Maior de Defesa. Sistemática de Planejamento
Estratégico
de Defesa. MD-51-M-01. Ministério da Defesa, 2005.
BROWN W.M., GEDEON T.D., GROVES D.I., BARNES R.G. Artificial
Neural Networks: a new method for mineral prospectivity mapping.
Australian Journal of Earth Sciences. Sidney, 2000.
BRZEZINSKI, Z. EUA, URSS. O Grande Desafio. Ed. Nórdica. Rio de
Janeiro, RJ, 1986.
BURROUGH, P. A. Principles of Geographical Information Systems for
Land Resources Assessment. Oxford: University Press, 1986. 191 p.
CÂMARA ET AL. Conceitos Básicos em Geoprocessamento. 1999.
Disponível em
http://www.dpi.inpe.br/gilberto/livro/cap2-conceitos.pdf.
CÂMARA ET AL. Análise Espacial de Dados Geográficos. EMBRAPA
Cerrados. Planaltina, DF. 2004. 209 p.
CAMARGO, E. C. G. Desenvolvimento, Implementação e Teste de
Procedimentos Geoestatísticos (Krigeagem) no Sistema de
Processamento de Informações Georreferenciadas (SPRING).
Dissertação de Mestrado em Sensoriamento Remoto. Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais. São José dos Campos, SP. 2002.
CEL TIMÓTEO ET AL. Estratégias de Segurança para o Brasil no Século
XXI Os Novos Paradigmas da Segurança Mundial. Centro de Estudos
Estratégicos. Rio de Janeiro, RJ. 2003.
COSTA, W. M. Geografia Política e Geopolítica: Discursos sobre
Território e Poder. Ed. Hucitec. São Paulo, SP. 1992.
COUTO E SILVA, G. Conjuntura Política Nacional O Poder Executivo &
Geopolítica no Brasil. Ed. José Olympio. Rio de Janeiro, RJ. 1981.
COLLINS, J. M. Grand Strategy: Principles and Practices. Annapolis, MD:
Naval Institute Press, 1973.
131
CORPORACIÓN VENEZOLANA DE GUAYANA. Recursos Hídricos,
Forestales, Hierro, Bauxita, Oro, Diamantes y Otros Minerales. 2007.
Disponível em
http://www.cvg.com.
COWEN, D. J. GIS versus CAD versus DBMS: what are the differences.
Photogrammetric Engineering and Remote Sensing, 54:1551-4, 1988.
CVG EDELCA. CVG Electrificación del Caroní C.A. 2007. Disponível em
www.edelca.com.ve.
DANE. Censo 2005. Departamento Administrativo Nacional de Estadística
del Colombia. 2007. Disponível em
http://www.dane.gov.co.
DAVIS, C. Modelagem Semântica em Geoprocessamento. 1999.
Disponível em
http://www.dpi.inpe.br/gilberto/livro/cap18-modelagem.pdf.
EMBRAPA. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. Edição.
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária –Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento. Brasília, DF. 1999.
FELGUEIRAS, A. C. Modelagem Ambiental Com Tratamento de
Incertezas em Sistemas de Informação Geográfica: O Paradigma
Geoestatístico por Indicação. Dissertação de Mestrado em Sensoriamento
Remoto. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. São José dos Campos,
SP. 1999.
FILHO, O. M. Cenários Geopolíticos e Emprego das Forças Armadas na
América do Sul. Dissertação de Mestrado em Geografia. Faculdade de
Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Universidade de São Paulo. São
Paulo, SP. 2004.
FUERZA ARMADA NACIONAL. Sitio de Las Fuerzas Armadas Nacionales
de la Republica Bolivariana de Venezuela. 2007. Disponível em
http://www.gobiernoenlinea.gob.ve/venezuela/perfil_fuerzas_armadas.html.
GEN DIV R/1 MEIRA MATTOS. A Amazônia e a Dissuasão Estratégica. In:
Revista do Clube Militar. Rio de Janeiro, RJ. 1999.
GLOBAL SECURITY. Military Imagery Intelligence Satellites. 2007.
Disponível em
http://www.globalsecurity.org/space/systems/imint.htm.
GOBERNACIÓN DEL AMAZONAS. Sitio oficial de la administración
departamental. 2007. Disponível em
http://www.amazonas.gov.co.
GOBERNACIÓN DEL BOLÍVAR. Sitio oficial de la administración
departamental. 2007. Disponível em
http://www.bolivar.gov.co.
GOVERNO DO ESTADO DO AMAZONAS. Página Oficial do Governo do
Estado do Amazonas Brasil. 2007. Disponível em
www.amazonas.am.gov.br.
GOVERNO DO ESTADO DE RORAIMA. gina Oficial do Governo do
Estado de Roraima – Brasil. 2007. Disponível em
http://www.rr.gov.br.
INE. Censos de Población y Vivienda 2001. Instituto Nacional de
Estadística de Venezuela. Disponível em
http://www.ine.gov.ve.
IVAN, M. Poder Nacional e Diplomacia. 2007.Portal Diplomacia & Negócios.
Disponível em
http://www.diplomaciaenegocios.com.br/ntc.asp?Cod=137.
132
JENSEN, J. R. Introductory Digital Image Processing: A Remote Sensing
Perspective. Englewood Cliffs: Prentice-Hall, 1996. 379 p.
KOHONEN, T. Self-Organizing Maps. Springer-Verlag, Berlin-Heidelberg-
New York. 1995.
LACOSTE, Y. A Geografia Isso Serve, em Primeiro Lugar, para Fazer a
Guerra. Ed. Papirus. Campinas, SP. 1988. 263 p
LIDELL HART, B. H. Strategy. 2nd Ed. New York, Meridian, 2000.
LIEUTENANT COLONEL MARK ERICKSON, USAF. Into the Unknown
Together. The DOD, NASA and Early Spaceflight. Air University Press
Maxwell Air Force Base, Alabama. September 2005.
LIPPMANN, R. P. An Introduction To Computing With Neural Nets.
Reprinted from IEEE-ASSP Magazine, 1987.
MCCULLOCH, W. AND PITTS, W. A Logical Calculus of the Ideas
Immanent in Nervous Activity. Bulletin Of Mathematical Biophysics, 7:115 -
33. 1943.
MEDEIROS, J. S. Bancos de Dados Geográficos e Redes Neurais
Artificiais: Tecnologias de Apoio a Gestão do Território. Tese de
Doutoramento em Geografia Física. Departamento de Geografia.
Universidade de São Paulo. São Paulo, SP. 1999.
MIYAMOTO, S. A Política Brasileira de Defesa e Segurança: Algumas
Considerações. IN: PINTO, J. R., ROCHA, A. J., SILVA, R. D. P. O Brasil
no Cenário Internacional de Defesa e Segurança. Ministério da Defesa,
Secretaria de Estudos e de Cooperação, 2004.
MORGENTHAU, H. J. A Política entre as Nações: a Luta pelo Poder e
pela Paz. Brasília: Ed.UNB, IPRI; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de
São Paulo, 2003.
MURA, J. C. Geocodificação Automática de Imagens SAR
Interferométricas. Anais do SBSR, INPE. Foz do Iguaçu, PR. 2001. 1321-
1328 p.p.
NATIONAL SECURITY AGENCY. Uncovered. 2007. Disponível em
http://www.nsa.gov e http://history.sandiego.edu/gen/20th/nsa.html.
NÓBREGA, R. P., FILHO, C. R. S. Análise Espacial Guiada Pelos Dados
(Data-Driven): o Uso de Redes Neurais para Avaliação do Potencial Poli-
Minerálico na Região Centro-Leste da Bahia. Revista Brasileira de
Geociências. 33(2° Suplemento):111-120. 2003.
OPENSHAW, S. Neuroclassification of Spatial Data. IN: HEWITSON, B. C.;
CRANE, R. G (Eds.). Neural Nets: Applications in Geography. Dordrecht.
Kluwer Academic Publishers. 1994.
PATTON, T. J. Monitoring of War Indicators. The U.S. Strategic Warning
Watchtower Still Under Construction. Cia Historical Review Program. CIA.
Langley, Virgínia, US. 1995.
PDVSA. Noticias e información sobre la industria petrolera venezolana.
Petróleos de Venezuela Sociedad Anónima. 2007. Disponível em
http://www.pdvsa.com.
133
POWERKOREA. 주변
주변주변
주변 News and Articles. 2007. Disponível em
http://www.powercorea.com/zboard/zboard.php?id=around&page=1&sn1=&di
vpage=1&sn=off&ss=on&sc=on&select_arrange=headnum&desc=asc&no=70
1.
SMITH ET AL. KBGIS-II, a Knowledge-Based Geographical Information
System. International Journal of Geographical Information Systems. Vol
I. N. 2. 1987. pp. 149-172.
TERCEIRO, A. Métodos Probabilísticos de Pesquisa Operacional. 2003.
Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal da Bahia.
Disponível em
http://twiki.im.ufba.br/bin/view/MAT160/ProcessosEstocasticos.
UNITED STATES OF AMERICA. The World Fact Book. Central Intelligence
Agency – CIA. Langley, Virginia, US. 2007.
UNITED STATES OF AMERICA. Intelligence Preparation of the
Battlefields. Field Manual 34-130. Headquarters Department of the Army.
Washington D.C. US, 1994.
UNITED STATES OF AMERICA. Intelligence Preparation of the
Battlespace. Joint 2-01.3. Pentagon. Washington D.C. US, 2000.
UNITED STATES OF AMERICA. Mapping The Global Future: Report of
the National Intelligence Council's – NIC. Washington D.C. US, 2004.
VENEZUELA. Portal Gobierno em Línea de Venezuela. 2007. Disponível
em
http://www.gobiernoenlinea.ve/misc-view/index.pag.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo