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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE MEDICINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EPIDEMIOLOGIA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Comportamentos Alimentares Inadequados Durante a
Gestação: prevalência e fatores associados em amostra de
serviços públicos de saúde no sul do Brasil.
Rafael Marques Soares
Orientador: Prof. Dr. Bruce Bartholow Duncan
Co-orientador: Profª.drª. Maria Angélica Nunes
Porto Alegre, março de 2007
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE MEDICINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EPIDEMIOLOGIA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Comportamentos Alimentares Inadequados Durante a
Gestação: prevalência e fatores associados em amostra de
serviços públicos de saúde no sul do Brasil.
Rafael Marques Soares
Orientador: Prof.Dr. Bruce Bartholow Duncan
A apresentação desta dissertação é
exigência do Programa de Pós-graduação em
Epidemiologia, Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, para obtenção do título de
Mestre.
Porto Alegre, Brasil.
2007
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3
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dra. Maria Inês Schmidt Programa de Pós-Graduação em epidemiologia,
Universidade federal do Rio Grande do Sul.
Prof. Dra. Maria Teresa Anselmo Olinto Programa de Pós-Graduação em saúde
coletiva, Universidade do Vale do Rio dos Sinos.
Prof. Dra. Andréa Dâmaso Bertoldi Programa de Pós-Graduação em saúde
coletiva, Universidade do Vale do Rio dos Sinos.
4
MENSAGEM E DEDICATÓRIA
“Um cientista nunca procura provar coisa alguma
Tenta apenas encontrar a verdade dos fatos”.
Stefansson, Vilhjalmur
Dedico este trabalho aos meus pais,
pois se nunca precisei de ídolos,
foi porque os tinha em casa ao meu lado.
5
AGRADECIMENTOS
Ao professor Dr. Bruce Bartholow Duncan, agradeço pela atenção e convívio. E
por ter recebido muito mais que uma orientação de mestrado, aprendi que o conhecimento
deve ser compartilhado com simplicidade e humildade.
Aos professores Dra. Maria Inês Schmidt e Dr. Bruce Bartholow Duncan, que
estenderam suas mãos e carinhosamente cuidam do ECCAGe e encontram em suas vidas
de ilustres pesquisadores, tão repleta de compromissos, o tempo necessário para dar sua
preciosa e inigualável contribuição a este estudo.
A professora Dra. Maria Angélica Nunes por todas as portas que não hesitou em
abrir, pela preciosa orientação e confiança a mim dedicada, não neste trabalho, mas em
todos os aspectos do meu crescimento como pessoa, pesquisador e profissional.
A Prof. Dra. Suzi Camey pelo tempo dedicado à análise estatística e o
enriquecimento deste trabalho com sua genialidade.
Aos professores Dr. Sotero Serrate Mengue, Dr. Erno Harzheim e Dr. Otávio
Berwanger, que me ofereceram mais do que ensinamentos, foram amigos aos quais recorri
em momentos que precisei de ajuda.
A professora Maria Teresa Olinto responsável pelo início de minha paixão por
pesquisa e epidemiologia, as professoras Andréa Dâmaso Bertoldi e Maria Inês Schmidt
por darem continuidade a ela. E por prontamente aceitarem dedicar seu tempo e atenção a
esta dissertação.
Ao programa de Pós-Graduação em Epidemiologia pela qualidade de ensino que
proporcionam aos alunos e cuja estrutura e disponibilidade deram suporte para a realização
deste trabalho.
6
Aos meus queridos colegas de mestrado pelo ótimo convívio e a oportunidade de
fazer novas e boas amizades.
A Gabriela Feiden, Juliana Feiden e Fernando Feiden por serem incansáveis e
sempre dispostos a ajudar.
Ao extraordinário Grupo de Pesquisa ECCAGe, pelo convívio, apoio, aprendizado,
favores e palavras de incentivo.
A todas as entrevistadoras pela dedicação e entendimento de sua importância para a
realização deste projeto.
Aos meus queridos colegas do GEATA (Grupo de estudos e Assistência em
Transtornos Alimentares) pelos imprescindíveis ensinamentos sobre o tratamento de
transtornos alimentares e pela paciência e compreensão com a minha ausência.
Aos meus novos colegas do Instituto de Medicina Vascular pela compreensão com
meu momento como acadêmico.
A Letícia, pelo carinho com que entendeu as horas de ausência, pois sabia que esta
etapa é parte de um grande sonho meu, e por mais uma vez estar ao meu lado em
momentos importantes da minha vida sejam eles tristes ou felizes.
Ao meu irmão pelo seu jeito único de me apoiar.
A meus pais, pelo carinho, atenção, educação e oportunidades, e hoje em especial a
minha mãe pelo apoio incondicional.
7
SUMÁRIO
MENSAGEM E DEDICATÓRIA...............................................................................................................4
AGRADECIMENTOS.................................................................................................................................5
ABREVIATURAS E SIGLAS.....................................................................................................................8
LISTA DE QUADROS E TABELAS .........................................................................................................9
APRESENTAÇÃO.....................................................................................................................................10
REVISÃO DA LITERATURA........................................................... ..... ................................................11
1. INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................12
2. RECOMENDAÇÕES PARA GANHO DE PESO GESTACIONAL .........................................13
3. RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA GESTAÇÃO.........................................................14
3.1 Q
UESTIONÁRIO DE
F
REQÜÊNCIA
A
LIMENTAR
(QFA) .......................................................16
4. COMORBIDADES PSIQUIÁTRICAS.........................................................................................17
4.1 A
VALIAÇÃO DE
T
RANSTORNOS
M
ENTAIS PARA
A
TENÇÃO
P
RIMÁRIA
PRIME-MD.......19
5. GRAVIDEZ E IMAGEM CORPORAL .......................................................................................20
6. EPIDEMIOLOGIA DOS TRANSTORNOS DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR ........21
6.1 D
ADOS
E
PIDEMIOLÓGICOS NO
B
RASIL
.............................................................................23
7. TRANSTORNOS ALIMENTARES NÃO ESPECÍFICOS (TANE)..........................................24
7.1 C
OMPORTAMENTOS
A
LIMENTARES
I
NADEQUADOS NA
G
ESTAÇÃO
..................................25
8. INSTRUMENTOS PARA AVALIAÇÃO DOS TRANSTORNOS ALIMENTARES..............27
8.1 Q
UESTIONÁRIOS DE AUTO
-
APLICAÇÃO
.............................................................................27
8.2 E
NTREVISTAS CLÍNICAS
....................................................................................................28
9. EATING DISORDERS EXAMINATION QUESTIONNARIE – EDE-Q.................................30
10. CONCLUSÕES ...............................................................................................................................31
REFERÊNCIAS .........................................................................................................................................32
OBJETIVOS ...............................................................................................................................................36
ARTIGO......................................................................................................................................................37
CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................................................58
ANEXO I – PROJETO DE PESQUISA...................................................................................................61
ANEXO II – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO.....................................73
ANEXO III - APROVAÇÃO PELO COMITÊ DA ÉTICA E PESQUISA...........................................75
ANEXO IV – QUESTIONÁRIO DE PESQUISA ...................................................................................76
ANEXO V – QUESTIONÁRIO DE CONTROLE DE QUALIDADE ..................................................98
ANEXO VI – MANUAL DE INSTRUÇÕES.........................................................................................100
ANEXO VII – RELATÓRIO TRABALHO DE CAMPO ...................................................................140
8
ABREVIATURAS E SIGLAS
EDE - Eating Disorders Examination Questionnarie
EDE-Q - Eating Disorder Examination Questionnarie
IMC – Índice de Massa Corporal
IOM – Institute of Medicine
PRIME –MD - The primary care evaluation of mental disorders
VET – Valor Energético Total
9
LISTA DE QUADROS E TABELAS
Quadro 1 - Recomendação de ganho de peso (em kg) na gestação segundo estado
nutricional inicial..................................................................................................................12
Tabela 1 – Características de 515 gestantes atendidas em serviços públicos em duas
cidades do sul do Brasil, 2006..............................................................................................55
Tabela 2 Prevalência de transtornos alimentares e comportamentos alimentares
inadequados em 515 gestantes atendidas em serviços públicos em duas cidades do sul do
Brasil, utilizando o EDE-Q, 2006........................................................................................56
Tabela 3 Fatores associados à compulsão alimentar durante a gestação em 515 gestantes
atendidas em serviços públicos em duas cidades do sul do Brasil, 2006.............................57
10
APRESENTAÇÃO
Esta dissertação intitulada “Comportamentos Alimentares Inadequados Durante a
Gestação: prevalência e fatores associados em amostra de serviços públicos de saúde no
sul do Brasil” é uma das exigências do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul para obtenção do título de mestre. Faz parte de
um projeto maior do grupo de pesquisa Estudo do Consumo e Comportamento Alimentar
em Gestantes ECCAGe, intitulado Medida do Padrão de Consumo Alimentar,
Prevalência de Transtornos Mentais e Violência em uma Amostra de Gestantes”
arroladas entre agosto de 2006 a março de 2007, em 10 Unidades Básicas de Saúde de
Porto Alegre e em 8 Unidades Básicas de Saúde e Centro de Referência Materno Infantil
de Bento Gonçalves, RS. O questionário aplicado é o Questionário de Investigação de
Transtornos Alimentares (EDE-Q), acompanhado de questões sócio demográficas, de
questões sobre violência sofrida pela gestante, do Questionário de Freqüência Alimentar e
do Questionário de Avaliação de Transtornos Mentais para Atenção Primária (PRIME-
MD).
Inicialmente é feita uma revisão da literatura, que aborda recomendações do ganho
de peso gestacional, gravidez e Imagem Corporal, epidemiologia dos Transtornos do
Comportamento Alimentar com ênfase em dados epidemiológicos brasileiros. Também são
descritos os conceitos de comportamentos alimentares inadequados e transtornos
alimentares não específicos, com ênfase na gestação, bem como os instrumentos usados
para avaliá-los em específico o utilizado na presente pesquisa, o Eating Disorders
Examination Questionnarie EDE-Q. A seguir são apresentados os objetivos da
dissertação e o artigo científico com resultados preliminares, pois o término da coleta do
projeto coordenado pelo grupo ECCAGe ocorrerá trinta dias após a defesa desta
11
dissertação. Documentos de apoio, incluindo o Projeto de Pesquisa apresentado
anteriormente ao Programa, estão disponíveis nos anexos.
12
REVISÃO DE LITERATURA
1. INTRODUÇÃO
A gestação é um período crítico, no qual o estado físico e mental materno influencia
diretamente tanto a saúde da mãe, quanto do feto. A American Dietetic Association
recomenda que as mulheres em idade reprodutiva mantenham um bom estado nutricional,
através de um estilo de vida que promova a saúde materna e reduza o risco de problemas
para o bebê (Kaiser & Allen, 2002). A gestação por ocorrer primariamente em mulheres
jovens, configura-se como situação de risco para comportamentos alimentares
inadequados, sendo as gestantes adolescentes as que apresentam maior susceptibilidade a
esses problemas (Chen & Jin, 1996; Rondo Souza, Moraes, & Nogueira, 2004).
Na maior parte das regiões do Brasil praticamente inexiste informações confiáveis a
respeito do padrão de consumo e comportamento alimentar das gestantes, considerando a
importância dos nutrientes no desfecho da gestação e saúde do recém nascido. Sabe-se que
comportamentos alimentares inadequados costumam estar associados a outros sintomas
psiquiátricos, que podem ser desencadeados ou mesmo agravados em ambiente hostis e
agressivos (Godart, Flament, Lecrubier, & Jeammet, 2000). Os comportamentos
alimentares inadequados e outros sintomas psiquiátricos afetam o consumo alimentar
(Delvenne, et al., 1997).
A existência de instrumentos capazes de medir o comportamento alimentar torna
factível e útil essa investigação (Cordás & Neves, 1999). Assim, o conhecimento sobre o
consumo e comportamento alimentar das gestantes pode colaborar para o planejamento
adequado de políticas de saúde e condutas eficazes na prática clínica, auxiliando na
identificação dos grupos de maior risco para deficiências nutricionais.
13
A caracterização desses problemas na gestação permitirá o desenvolvimento de
estudos de viabilidade da implantação de rotina de triagem no pré-natal, bem como de
intervenções no período pré e pós-parto com o intuito de melhorar o estado nutricional das
gestantes. Embora os procedimentos sejam factíveis, e isentos de risco, até o momento se
desconhece estudos que tenham feito esta avaliação na gestação no Brasil.
2. RECOMENDAÇÕES PARA GANHO DE PESO GESTACIONAL
O ganho de peso recomendado atualmente (Institute of Medicine, American College
of Obstetricians and Gynecologist e Maternal and Child Health Bureau, Committee on
Maternal Nutrition) varia de acordo com o estado nutricional pré-gestacional, calculado a
partir do Índice de Massa Corporal - IMC (kg/m²) (IOM, 1992). O ganho de peso para
mulheres pré-obesas e obesas deve ser menor do que mulheres com baixo peso
conforme demonstra o Quadro 1.
Quadro 1 Recomendação de ganho de peso (em kg) na gestação segundo estado
nutricional inicial.
IMC Pré-gestacional
Ganho total no
1
o
trimestre - kg
Ganho semanal
2
o
e 3
o
trimestre - kg
Ganho total
na gestação -
kg
Baixo Peso IMC < 19,8 2,3 0,5 12,5 – 18
Peso Adequado IMC 19,8 – 26,0 1,6 0,4 11,5 – 16
Pré-obesidade IMC 26,1 a 29,0 0,9 0,3 7 – 11,5
Obesidade IMC > 29,0 0,3 7
Fonte: IOM, 1992
Conforme a Americam Dietetic Association, as recomendações de ganho de peso do
IOM se relacionam a melhor evolução da gestação (Kaiser & Allen, 2002). Em uma
revisão dos estudos publicados entre 1990 e 1997, que analisaram o ganho de peso
14
recomendando pelo IOM em mulheres que iniciaram a gestação com peso normal, não
foram identificadas evidências de que esta recomendação de ganho de peso possa ser
prejudicial para mães ou bebês. Os estudos indicam maior risco para baixo peso ao nascer
e prematuridade quando o ganho de peso gestacional ocorre abaixo da recomendação, bem
como maior risco de macrossomia, cesárea e retenção de peso quando o ganho de peso
excede às recomendações (Abrams, Altman, & Pickett, 2000). A gravidez é um fator de
vulnerabilidade para mulheres adquirirem sobrepeso e/ou obesidade. Pesquisa realizada
por Linne (Linne, Barkeling, & Rossner, 2002), encontrou que 73% de 128 mulheres de
uma unidade para tratamento de obesidade haviam retido mais de 10 kg após cada uma de
suas gravidezes.
Sabe-se que muitas mulheres não mantêm um bom estado nutricional antes, durante e
após a gestação. Estudos realizados em países desenvolvidos indicam consumo abaixo do
recomendado para vários micronutrientes em mulheres em idade reprodutiva (Kaiser &
Allen, 2002). Por outro lado, atualmente, muitas mulheres iniciam a gestação com
sobrepeso (cerca de 19% a 38%), e apenas 30% a 40% apresentam ganhos de peso de
acordo com as recomendações (Kaiser & Allen, 2002). Nucci, 2001, ao estudar mais de
3000 gestantes atendidas pelo Sistema Único de Saúde em seis capitais brasileiras
observou que menos de 1/3 obteve ganho de peso adequado (Nucci, et al., 2001).
3. RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA GESTAÇÃO
A partir de 2001, o Food and Nutrition Board (FND) publicou um conjunto de
quatro valores de referência que correspondem a estimativas quantitativas de ingestão de
nutrientes, estabelecidas para serem utilizadas no planejamento e avaliação das dietas de
indivíduos saudáveis em um grupo. Estes valores, denominados de Dietary Reference
15
Intake (DRI), representam uma nova abordagem e um importante avanço, pois contemplam
a preocupação contemporânea com a qualidade de vida (Amaya-Farfan, Domene, & RM.,
2001; Fisberg, Slater, Marchioni, & Martini, 2005).
Os quatro valores de referência são 1) RDA - Recommended Dietary Allowance, ou
“Recomendações de Doses ou Cotas Alimentares”; 2) AI Adequate Intake, ou “Ingestão
Adequada”; 3) UL Tolerable Upper Intake Level ou Limite de Ingestão Máxima
Tolerável”; 4) EAR (Estimated Average Requirement ou “Estimativa do Requerimento
Médio”. (Amaya-Farfan, et al., 2001; Fisberg, et al., 2005).
As recomendações para a ingestão dos nutrientes são expressas em categorias de
acordo com os estágios da vida. As categorias são: Gestação e Lactação; Primeira Infância
(do nascimento até 12 meses); Infância (de 1 a 3 anos de idade); Pré-escolar (de 4 a 8 anos
de idade); Puberdade (de 9 a 18 anos); Adulto Jovem (19 a 30 anos); Adultos (31 a 51
anos); meia idade e idosos (de 51 a 70 e a partir dos 70 anos). As recomendações para
gestantes e nutrizes são diferentes de acordo com a faixa etária, subdividindo-se em
menores de 18 anos, 19 a 30 anos e 31 a 50 anos (Fisberg, et al., 2005).
Conforme a American Dietetic Association, as necessidades energéticas adicionais
durante o 2
o
e 3
o
trimestre gestacional são de 300 kcal/dia em adultos e adolescentes com
mais de 14 anos. Assim, a maioria das mulheres necessita de aproximadamente 2500 a
2700kcal/dia.
O consumo adequado de alimentos é um dos fatores que determinarão se a gestante
atingirá o ganho de peso e as recomendações nutricionais que se relacionam aos melhores
desfechos tanto para ela quanto para o bebê. Porém, sabe-se que o consumo alimentar é
afetado por fatores não fisiológicos, como também psicológicos, econômicos, sociais e
culturais (Feig & Naylor, 1998).
16
3.1 Questionário de Freqüência Alimentar (QFA)
Está amplamente documentado que o Questionário de Freqüência Alimentar é
considerado o mais prático e informativo método de avaliação da ingestão dietética, sendo
fundamentalmente importante em estudos epidemiológicos que relacionam a dieta com a
ocorrência de doenças crônicas não-transmissíveis (Fisberg, et al., 2005; Lopes, Caiaffa,
Mingoti, & Lima-Costa, 2003; Slater, Philippi, Fisberg, & Latorre, 2003; Willett, 1994;
Zulkifli & Stella, 1992).
O questionário de freqüência alimentar consiste de uma lista de alimentos onde a
freqüência média de consumo é determinada, referente a um período de tempo (semana,
meses, ano) (Zulkifli & Stella, 1992). É definido como “um questionário que apresenta
uma lista de alimentos ao entrevistado, e lhe é solicitado dizer à freqüência que consome
cada item em termos de vezes por dia, semana ou mês. Os alimentos para compor a lista
são geralmente escolhidos por objetivos específicos de um estudo, podendo não avaliar a
dieta total” (Cade, Thompson, Burley, & Warm, 2002).
Inicialmente, o questionário de freqüência alimentar foi desenvolvido para descrever
padrões ou hábitos alimentares e não ingestão de nutrientes. No Brasil, diversos estudos
foram realizados nos últimos anos, sob esta perspectiva (Alves, Olinto, Costa, Bairros, &
Balbinotti, 2006; Castro, Kac, & Sichieri, 2006; Henn, 2006; Sichieri, 2002).
Comparado com outros métodos, o questionário de freqüência alimentar requer
menor especialização do entrevistador e pode ser aplicado em entrevista pessoa a pessoa,
por telefone, correio ou ainda ser auto-administrado. Essas vantagens se traduzem em
baixo custo e maior rapidez na análise dos resultados, quando comparado a registros e
recordatórios, fatores importantes em especial para estudos epidemiológicos com grande
número de indivíduos (Fisberg, et al., 2005; Zulkifli & Stella, 1992).
Código de campo alterado
Formatado: Português (Brasil)
Formatado: Português (Brasil)
17
O questionário de freqüência alimentar, assim como o recordatório alimentar, mede o
consumo habitual, sem alterar o mesmo, considerando-se que avalia o consumo que
ocorreu (método retrospectivo). Oferece a possibilidade da correta estratificação dos
resultados em quartis de consumo de nutrientes para a análise de tendências de risco,
segundo o grau de exposição e as diferenças entre os níveis extremos da ingestão (Fisberg,
et al., 2005; Slater, et al., 2003).
Entre as desvantagens, destaca-se que o desenho do instrumento requer esforço e
tempo. Por ser um questionário fechado, onde os alimentos são previamente definidos, sua
validade pode estar comprometida por uma lista incompleta ou excessiva, assim, deve ser
testada a cada novo questionário (Fisberg, et al., 2005; Lopes, et al., 2003). Além disso,
não é recomendado que um questionário elaborado em determinado país seja utilizado em
outros países, a menos que os hábitos alimentares da população sejam muito semelhantes.
O uso do QFA também não é recomendado em estudos que necessitem de absoluta
precisão a respeito da ingestão de determinado nutriente (Cade, et al., 2002).
Assim, o questionário de freqüência alimentar poderá ser uma ferramenta útil nos
estudos epidemiológicos sempre que o desenvolvimento deste seja cuidadosamente
planejado. A escolha adequada tanto dos alimentos quanto das opções para avaliar
freqüência e quantidade são aspectos importantes, que posteriormente garantirão maior
confiabilidade e precisão dos dados (Slater, et al., 2003).
4. COMORBIDADES PSIQUIÁTRICAS
Recentes estudos examinam a associação entre comportamentos alimentares
inadequados e outras sintomatologias psiquiátricas.
18
Rowe et al (2002) em amostra de base populacional confirma e amplia achados
prévios da associação entre sintomas bulímicos (compulsão alimentar, vômito auto-
induzido, uso de laxantes e outros) com transtorno de ansiedade, depressão e transtorno de
conduta (Bulik, Sullivan, & Kendler, 2002; Rowe, Pickles, Simonoff, Bulik, & Silberg,
2002). (Bulik, et al., 2002) estudaram especificamente a associação entre compulsão
alimentar e psicopatologia em amostra de mulheres obesas. A compulsão alimentar esteve
fortemente associada com depressão e transtorno de ansiedade. Os resultados do estudo
apontam que esta associação em indivíduos obesos é independente do peso.
Da mesma forma várias pesquisas mostram associação de transtorno alimentar e
outros transtornos psiquiátricos: transtorno do humor, transtorno de ansiedade, uso de
álcool etc (Grilo, 2002; O'Brien & Vincent, 2003). Similarmente estudos de seguimento
reforçam achados anteriores que adolescentes com comportamentos alimentares
inadequados e/ou com transtornos alimentares apresentam risco elevado de desenvolverem
comorbidades psiquiátricas quando adultos. Ansiedade e depressão na adolescência estão
associadas à sintomatologia anoréxica ou bulímica, bem como risco aumentado de vários
tipos de comportamentos alimentares inadequados inclusive compulsão alimentar
recorrente (Johnson, Cohen, Kasen, & Brook, 2002; Johnson, Cohen, Kotler, Kasen, &
Brook, 2002).
19
4.1 Avaliação de Transtornos Mentais para Atenção Primária – PRIME-MD
Transtornos mentais são comuns, incapacitantes e freqüentemente não reconhecidos
na atenção primária à saúde. Poucos estudos examinaram gestantes, e na maioria se
restringiram a pequenas amostras (Spitzer, Williams, Kroenke, Hornyak, & McMurray,
2000). Mulheres em geral têm um alto risco para depressão assim como outros transtornos
mentais comuns (Spitzer, Kroenke, & Williams, 1999; Spitzer, Williams, Kroenke,
Hornyak, & McMurray, 2000).
Para avaliar a presença destes transtornos mentais na atenção primária existe o
instrumento screening denominado PRIME-MD - Avaliação de Transtornos Mentais
para Atenção Primária (The primary care evaluation of mental disorders)(Spitzer, et al.,
1994), que foi traduzido e validado para o português brasileiro (Fraguas, et al., 2006). O
PRIME-MD é usado como screening para a presença de transtornos mentais em pacientes
em atenção primaria. O PRIME-MD originalmente abrange os diagnósticos de transtornos
de humor, transtornos ansiosos, transtornos alimentares, transtornos somatoformes e abuso
de álcool ou transtorno de dependência. O PRIME-MD tem 2 componentes. O primeiro é o
Questionário do Paciente (QP) constituído de uma página, que é auto preenchido pelo
paciente. O QP consiste de 10 questões sim/não, uma a respeito da intensidade dos
problemas e outra questão acerca de saúde global . O segundo componente do PRIME-MD
é um Guia de Avaliação Clínica (GAC) que é perguntado pelo médico e/ou entrevistador,
o qual é usado para obter informações adicionais das áreas de diagnóstico onde o paciente
responde positivamente no QP.
20
5. GRAVIDEZ E IMAGEM CORPORAL
Comportamentos alimentares inadequados não muito são raros em mulheres na idade
reprodutiva com prevalência superior a 4% quando incluímos mulheres com extrema
preocupação com o peso e aparência corporal e padrões alimentares inadequados. A
gestação por si tem um inevitável e complexo impacto nas atitudes com relação ao peso e
aparência e nos comportamentos alimentares inadequados. Para muitas mulheres é o
primeiro momento que experimentam importantes mudanças corporais desde a puberdade.
Existe evidencia que mulheres grávidas geralmente aceitam esta mudança corporal e fazem
poucos esforços em controlá-las. Entretanto outras podem expressar sentimentos negativos
acerca do peso ganho e mudanças na aparência corporal especialmente aquelas que antes
da gestação apresentavam preocupações exageradas e comportamentos alimentares
inadequados (Senior, Barnes, Emberson, & Golding, 2005).
A gravidez está intrinsecamente associada com pré-obesidade. Essa é uma das causas
mais naturais e biológicas de mudanças de peso e pode ser um importante fator para o
desenvolvimento de problemas com o peso e por conseqüência com a imagem corporal
(Franko & Walton, 1993). Resultados do Stockholm Pregnancy and Weight Development
Study (Rossner & Ohlin, 1995) mostraram que o mais importante fator de risco para a
manutenção do peso adquirido após um ano do parto foi o excesso de peso adquirido
durante a gravidez. Muitos outros fatores foram estudados e não mostraram associação
com o peso após o parto: peso corporal anterior à gravidez, paridade, práticas
contraceptivas, classe social, estado marital, ocupação, nacionalidade e dieta seguida
durante a gravidez. Os autores constataram o quanto é difícil identificar preditores de
substancial retenção de peso, uma vez que o aumento de peso durante a gravidez, mais do
que peso corporal inicial (anterior à concepção), determina o eventual desfecho.
21
Apesar de inúmeros trabalhos examinarem os potenciais preditores da psicologia do
comportamento, muitas das variáveis permanecem ainda inexploradas. Mudanças na
imagem corporal durante a gestação parecem estar relacionadas com a saúde materna e do
neonato. Estudo conduzido por Fox & Yamaguchi (Fox & Yamaguchi, 1997) examinou a
relação entre peso corporal pré-gravidez e mudanças de imagem corporal em mulheres
primigestas. Através de um questionário auto-aplicado e do Body Shape Questionnaire
(BSQ), 76 primíparas com no mínimo 30 semanas de gestação descreveram seus
sentimentos acerca de sua aparência atual e imagem corporal e foi comparado com os
sentimentos experimentados previamente a gravidez. Gestantes com sobrepeso antes da
gravidez eram mais prováveis de experimentar uma mudança positiva em sua imagem
corporal. Aquelas que tinham peso normal antes da gravidez apresentaram mais
sentimentos negativos com as mudanças durante a gravidez. As mulheres com sobrepeso
apresentaram mais preocupações com a imagem corporal que aquelas com peso normal.
Esse trabalho sublinha a relação entre valores sociais, peso corporal antes da gravidez e
mudanças corporais durante gravidez e conclui que algumas poderiam se beneficiar de
compartilhar essas experiências em um contexto psicoeducacional.
6. EPIDEMIOLOGIA DOS TRANSTORNOS DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR
Pesquisas epidemiológicas têm demonstrado que as taxas de prevalência de anorexia
nervosa e bulimia nervosa giram em torno de 0.5% e 1%, respectivamente (Fairburn &
Beglin, 1990; Hsu, 1996) Estes transtornos o, ainda hoje, raros e não evidência de
que tenham atingido proporções epidêmicas. No entanto, vários estudos vêm
consistentemente demonstrando um aumento da sua incidência nas sociedades
22
industrializadas do ocidente entre os anos 50 a 80, quando parecem ter atingido um platô
(Hsu, 1996).
É preciso considerar com cautela as informações sobre o aumento de incidência dos
transtornos alimentares. O desenvolvimento do conhecimento nessa área e a intensa
divulgação sobre o assunto podem ter levado a um maior reconhecimento dos casos e
maior utilização dos serviços especializados, causando um aumento apenas aparente das
taxas de incidência (Lucas, Crowson, O'Fallon, & Melton, 1999).
Ainda não se tem informações consistentes quanto à epidemiologia do transtorno da
compulsão alimentar periódica, uma possível terceira categoria de transtornos alimentares
ainda em fase de pesquisa. Entretanto dois estudos, Martin et al(200) e Ricca et al(2001)
encontraram prevalências de 9,7% e 8,5% respectivamente em pacientes atendidos em
ambulatórios específicos de transtornos alimentares (Martin, Williamson, & Thaw, 2000;
Ricca, et al., 2001).
Os trabalhos epidemiológicos também fornecem informações relevantes sobre a
distribuição dos transtornos alimentares, que são claramente mais prevalentes entre
mulheres do que homens, numa proporção de 10:1 (Hsu, 1996). Embora se acredite que
ocorram mais freqüentemente entre indivíduos da raça branca, existem vários estudos
demonstrando sua ocorrência em outros grupos raciais. Em relação ao nível sócio-
econômico, os transtornos alimentares têm sido classicamente associados aos estratos mais
altos da sociedade. Recentemente, no entanto, diversos autores têm questionado essa
relação e demonstrado que ela não é tão consistente quanto se pensava (Fairburn &
Harrison, 2003).
Pesquisadores também têm investigado a prevalência do desejo de emagrecer, o grau
de insatisfação com o corpo, a história da dieta e outros comportamentos que visam à perda
23
de peso em diversas populações norte-americanas e européias (Hsu, 1996). De modo geral
confirma-se a impressão de que atualmente muitas mulheres fazem dieta e sentem-se
insatisfeitas com o seu corpo, mesmo quando não estão acima do peso normal.
evidências de que esses comportamentos têm se manifestado cada vez mais cedo, inclusive
em pré-púberes e crianças (Pinheiro & Giugliani, 2006).
No nosso país, apenas nos últimos 15 anos os transtornos alimentares se constituíram
área de pesquisa de grupos acadêmicos relacionados a universidades blicas e privados.
Ainda hoje não dispomos de programas de saúde financiados pelo governo brasileiro que
contemplem transtornos alimentares, patologias não consideradas problemas de saúde
pública, exceto para a obesidade.
6.1 Dados Epidemiológicos no Brasil
No Brasil não existem dados populacionais, sobre prevalência e incidência de
transtornos alimentares, e tampouco registros fidedignos do número de pacientes que
recebem esse diagnóstico na rede pública de saúde. Há a mesma ausência de dados
epidemiológicos referentes aos transtornos alimentares e comportamentos inadequados
em gestantes.
Através de um estudo (M. A. Nunes, Barros, Olinto, Camey, & Mari, 2003) de base
populacional realizado no sul do Brasil, dispomos de resultados de prevalência de
comportamentos alimentares inadequados e de práticas inadequadas de controle de peso
em uma amostra significativa de mulheres jovens (12-29 anos). Os resultados do estudo
indicam uma prevalência de 11% de comportamentos alimentares anormais. Dos métodos
compensatórios de controle de peso utilizados, o uso de laxantes foi o mais prevalente
(8%), seguido pelo uso de anorexígenos (5,1%), provavelmente pela venda ilegal do
produto no Brasil e não encontrou diferenças estatísticas entre as classes sociais.
24
O impacto do padrão de beleza no comportamento da nossa população se revela no
desejo generalizado, especialmente entre as mulheres, por um corpo mais magro. A
discrepância entre o corpo real e o ideal foi avaliada em um estudo que mediu a influência
da percepção do peso corporal e do índice de massa corporal nos comportamentos
alimentares. Os resultados indicam que 46% das mulheres de 12-29 anos queriam pesar
menos, mas apenas 32% apresentavam índice de massa corporal de sobrepeso-obesidade.
Das 38% que se consideravam gordas, 65% tinham índice de massa corporal dentro da
normalidade, o que reforça o ideal preconizado pela cultura. As mulheres que se sentiam
gordas apresentaram chance quatro vezes maior de terem comportamentos alimentares
anormais (M. A. Nunes, Barros, Olinto, & Camey, 2000).
Não mais vidas de que os transtornos alimentares ocorrem em nosso país com
características semelhantes às descritas na literatura, embora provavelmente sejam
subdiagnosticados.
7. TRANSTORNOS ALIMENTARES NÃO ESPECÍFICOS (TANE)
De acordo com o CID-10 (APA, 2000) e o DSM IV-TR (WHO, 1993) nessa
categoria encontramos pacientes que não preenchem todos os critérios diagnósticos para
anorexia nervosa ou bulimia nervosa mas apresentam alterações importantes no
comportamento alimentar e sofrimento psicológico em decorrência dos sintomas. Por
serem erroneamente considerados estados subclínicos e de “leve” severidade são
negligenciados pelos pesquisadores, mesmo sendo o diagnóstico mais comum
apresentando uma prevalência de 60% dos casos em estudos clínicos (Fairburn, Agras,
Walsh, Wilson, & Stice, 2004).
25
Em amostras clínicas, indivíduos com TANE compreendem 1/3 a 1/2 dos pacientes
(Hall & Hay, 1991). Martin et al (2000), Ricca et al (2001) e Turner ans Bryant-Waugh
(2004), em seus estudos feitos com pacientes de ambulatórios específicos de tratamento de
transtornos alimentares encontraram em suas amostras prevalências de 48%, 41,8% e
70,5% respectivamente, todos excluindo pacientes com comer compulsivo (Martin, et al.,
2000; Ricca, et al., 2001; Turner & Bryant-Waugh, 2004).
Poucos estudos examinam a prevalência dos transtornos alimentares não
especificados, entretanto existe uma convicção de que eles representam à maioria dos
transtornos alimentares. Além disso, pouco é sabido acerca da história natural dessa
categoria e quais as estimativas para o desenvolvimento completo do transtorno.
7.1 Comportamentos Alimentares Inadequados na Gestação
Atualmente é comum a preocupação com o peso corporal e a aparência física. Muitas
adolescentes e mulheres jovens, insatisfeitas com sua aparência e peso, tentam mudá-lo
com dietas e exercícios. Outras, uma minoria, usa métodos mais extremos como indução
de vômito, uso de laxantes e diuréticos e dietas muito restritivas (Fairburn, Stein, & Jones,
1992; M. A. Nunes, Barros, Olinto, et al., 2003). Também são comuns, outros
comportamentos inadequados característicos dos transtornos alimentares, como por
exemplo, a ingestão excessiva de alimentos, o que normalmente cursa com um ganho de
peso elevado. Fairburn e Welch em 1990 (Fairburn & S. L. Welch, 1990), observaram que
25% das mulheres grávidas revelaram episódios de ingestão excessiva de alimentos e
sentimentos de perda de controle durante o episódio. Abraham em 1994 (Abraham, King,
& Llewellyn-Jones, 1994) revela taxas de 44% ou mais do mesmo comportamento. Esses
episódios são mais comuns entre mulheres que antes da gravidez estavam em dieta, o que
Código de campo alterado
Formatado: Espanhol
(Espanha-tradicional)
Formatado: Espanhol
(Espanha-tradicional)
26
também poderia acontecer devido ao aumento da fome durante a gravidez, a propensão do
comer em resposta a humor depressivo e ao abandono da prévia dieta restritiva (Abraham,
et al., 1994; Fairburn & S. L. Welch, 1990).
Ainda não existem evidências e informações suficientes da evolução de mulheres que
apresentam esses comportamentos no período gestacional tornando os transtornos
alimentares e seus comportamentos inadequados um evento particularmente interessante
no contexto da gestação. Sabe-se que muitas destas mulheres passam a se alimentar de
forma mais saudável e correta após o conhecimento da gravidez (Fairburn, et al., 1992;
Rocco, et al., 2005). Contudo para algumas a gravidez torna-se um desafio no que se refere
ao controle do peso, comportamento alimentar e percepção da imagem corporal
principalmente devido à influência das mudanças, esperadas, no peso corporal e na
aparência física (Abraham, et al., 1994; Conti, Abraham, & Taylor, 1998; Fairburn, et al.,
1992). Estas mudanças podem levar as gestantes a desenvolverem comportamentos
alimentares inadequados, ou mantê-los, caso o apresentassem no período pré-gestacional.
uma tendência de declínio na gravidade dos sintomas no início da gestação, decorrente
do desejo de se alimentar de forma mais saudável, entretanto, este declínio é temporário.
Com o avanço da gestação a freqüência e a gravidade dos sintomas aumentam. Este
aumento, provavelmente está relacionado ao medo de que o peso adquirido durante a
gestação não seja mais perdido (Fairburn, et al., 1992).
Pouco se sabe sobre os efeitos de um comportamento alimentar inadequado na
gravidez. Das informações disponíveis sabemos que podem ocorrer conseqüências
desastrosas tanto para o bebê como para a mãe quando um transtorno alimentar está
presente, como por exemplo nascimentos prematuros, baixo peso ao nascer, restrição no
crescimento intra-uterino, parto cesáreo e baixos escores de Apgar (Abraham, et al., 1994;
27
Conti, et al., 1998; Fairburn & S. L. Welch, 1990; James, 2001; Kouba, Hallstrom,
Lindholm, & Hirschberg, 2005), bem como, macrossomia e risco aumentado de futura
obesidade nos casos de alimentação excessiva.
8. INSTRUMENTOS PARA AVALIAÇÃO DOS TRANSTORNOS ALIMENTARES
Com a necessidade de se sistematizar os estudos que investigavam os transtornos
alimentares deu-se início a elaboração de instrumentos específicos para avaliação destes
transtornos, além de conjuntamente precisarem acompanhar o aprimoramento de seus
critérios diagnósticos nas várias edições do Manual Diagnóstico e Estatístico dos
Transtornos Mentais - DSM e da Classificação Internacional de Doenças CID (WHO,
1993). Nos dias de hoje os métodos mais comuns de avaliação são os instrumentos auto-
aplicados e as entrevistas clínicas semi-estruturadas (Freitas, Gorestein, & Appolinario,
2002).
8.1 Questionários de auto-aplicação
Questionários de auto-aplicação têm várias utilidades na abordagem de sintomas
alimentares e também os de outra natureza. Primeiramente, apesar de esses instrumentos
não poderem substituir uma entrevista clínica para se fazer o diagnóstico, eles servem para
seleção da presença ou da gravidade dos sintomas alimentares. Em segundo lugar, como a
apresentação clínica desses transtornos é muito heterogênea, servem para identificar os
problemas que merecem maior ênfase durante o tratamento. Finalmente, como esses
instrumentos medem o progresso dos pacientes, podem ser aplicadas várias vezes ao longo
do tratamento (Cordás & Neves, 1999)
Os dois instrumentos mais usados na clínica e pesquisa são o Eating Attitudes Test
(EAT) e o Eating Disorder Inventory (EDI), versão 1 e 2. O EAT foi originariamente
28
desenvolvido para avaliar atitudes e comportamentos típicos de pacientes com anorexia
nervosa. Essa escala diferencia pacientes anoréxicos dos controles e também diferencia
pacientes bulímicos dos controles. A análise fatorial de seus 40 itens resultou numa versão
resumida, o EAT-26 (Gross, Rosen, Leitenberg, & Willmuth, 1986; M. A. Nunes, et al.,
1994)
A maioria dos instrumentos existentes, por exemplo o EAT, foi elaborado
especificamente para a anorexia nervosa; com o aumento da importância epidemiológica
da bulimia nervosa, instrumentos específicos como o Bulimia _ test (BULIT-R) e o
Bulimic Investigatory Test Edinburgh (BITE) foram elaborados.
Outro fator importante na abordagem dos transtornos alimentares está no sintoma
distorção de imagem corporal. Esse sintoma apresenta várias facetas: distorção da imagem
corporal, insatisfação corporal e evitação da imagem corporal (Rosenfeld, 1992).
O Body Shape Questionnaire (BSQ) mede as preocupações com a forma do corpo,
autodepreciação devido à aparência física e a sensação de estar "gorda". As medidas
psicométricas do BSQ são muito promissoras e essa escala é muito útil para pacientes com
transtorno alimentar (Freitas, et al., 2002).
8.2 Entrevistas clínicas
As entrevistas clínicas foram os primeiros métodos de obtenção de informação sobre
os transtornos alimentares. O desenvolvimento de entrevistas semi-estruturadas
representou um grande avanço do conhecimento na área (Cordás & Neves, 1999).
Durante a última década, foram publicados vários tipos de entrevistas estruturadas:
Clinical Eating Disorders Rating Instrument - CEDRI (Palmer, Christie, Davies, &
Kenrick, 1987), Eating Disorder Examination - EDE (C. Fairburn & M. J. Cooper, 1993),
a Interview for Diagnosis of Eating Disorders - IDED (Williamson, 1990) e a Structured
29
Interview for Anorexia and Bulimia Nervosa SIAB (Fichter, et al., 1991). Todas essas
escalas fornecem informações gerais sobre sintomatologia dos transtornos alimentares, mas
a EDE, a IDED e SIAB são mais usadas para fins diagnósticos, enquanto a CEDRI e SIAB
dão mais informações sobre a psicopatologia individual ou familiar relacionada ao
transtorno alimentar (Cordás & Neves, 1999)
Atualmente o Eating Disorder Examination (EDE) é a entrevista diagnóstica mais
utilizada para a avaliação dos aspectos comportamentais e psicopatológicos-chave dos TAs
em adultos. O diagnostico se dá de acordo com a quarta edição do Diagnostic and
Statistical Manual os Mental Disorders (DSM-IV) (APA, 2000), e está dividido em quatro
escalas (restrição alimentar, preocupação alimentar, forma corporal e preocupação com o
peso). Constitui, hoje, o "padrão-ouro" entre as anamneses diagnósticas e apresenta-se
sensível a mudanças de tratamento e aos efeitos do tratamento psicológico. Suas vantagens
incluem um paradigma conceitual que inclui várias formas de alimentação excessiva, a
organização pela qual são obtidas informações detalhadas sobre sintomatologia alimentar e
questões desenhadas para facilitar a precisão dos dados. Contudo o EDE exige cerca de 60
minutos para sua aplicação e um treinamento muito longo para capacitar entrevistadores, o
que dificulta sua utilização como ferramenta de rastreamento, principalmente em situações
de aplicação de larga escala, como por exemplo em rastreamentos populacionais(C.
Fairburn & S. J. Beglin, 1994).
Possivelmente motivados por estas limitações, Fairburn e Beglin (C. Fairburn & S. J.
Beglin, 1994) desenvolveram o EDE-Q, uma versão de autopreenchimento, reduzida e
custo menor de aplicação (Passi, Bryson, & Lock, 2003).
30
9. EATING DISORDERS EXAMINATION QUESTIONNARIE – EDE-Q
O EDE-Q é constituído das mesmas quatro subescalas presentes no EDE: [1]
restrição alimentar, [2] preocupação com a comida, [3] preocupação com o corpo, [4]
preocupação com o peso, e foi planejado para ser aplicado em 15 minutos (Passi, et al.,
2003) sendo extremamente útil para rastrear transtornos alimentares. Por estas razões o
EDE-Q é crescentemente utilizado em estudos epidemiológicos de base populacional
(Mond, Hay, Rodgers, & Owen, 2006).
Luce e Crowtther (Luce & Crowther, 1999) mostraram que o EDE-Q tem boa
consistência interna (alfa de Chrombach variou entre 0,78 a 0,93 nas quatro subescalas) e
confiabilidade teste-reteste, o coeficiente de Pearson variou de 0,81 a 0,94 nas quatro
subescalas, com p sempre menor que 0,001. No entanto, como é de se esperar de um
instrumento de auto preenchimento , o EDE-Q tem algumas limitações. Quando aplicado
nos mesmos sujeitos e comparado com o EDE, o EDE-Q tende a apresentar pontuações
mais altas (C. Fairburn & S. J. Beglin, 1994; Luce & Crowther, 1999), principalmente nas
questões que investigam conceitos complexos como compulsão alimentar e preocupação
com o corpo. A elucidação de alguns conceitos-chave e esclarecimentos sobre as questões
ambíguas ou vagas (como compulsão alimentar e preocupação com a forma do corpo)
podem melhorar a qualidade dos dados colhidos pelo EDE-Q e aumentar sua concordância
com o EDE, tornando-o mais válido e acurado (Carter, Stewart, & Fairburn, 2001; C.
Fairburn & S. J. Beglin, 1994; Mond, Hay, Rodgers, Owen, & Beumont, 2004; Passi, et
al., 2003).
31
10. CONCLUSÕES
Está bem estabelecido que muitas mulheres nas sociedades ocidentais estão
insatisfeitas com o seu peso e a imagem de seu corpo, e estão dispostas a modificá-los
através de dietas e exercícios, e uma minoria usa métodos mais extremos como, por
exemplo, indução de vômitos e o uso de laxantes. Muitas destas mulheres estão em idade
reprodutiva, e poucos estudos foram realizados para avaliar como elas reagem às mudanças
de seu peso e aparência inerentes ao período gestacional e se caso os possuam antes da
gestação estão dispostas a mantê-los.
A avaliação do comportamento alimentar de gestantes, principalmente no que se
refere aos comportamentos ligados aos transtornos alimentares é um tema importante e
ainda não estudado no Brasil. Do mesmo modo encontram-se poucos estudos
internacionais, principalmente na Inglaterra (Fairburn & S. L. Welch, 1990) e Austrália
(Abraham, et al., 1994), estes com amostras pequenas e uma variação na utilização dos
instrumentos de rastreamento, e nem sempre utilizando o (EDE-Q) considerado o mais
apropriado.
Portanto a proposta desta dissertação é caracterizar esses problemas na gestação,
utilizando a ferramenta mais adequada para o rastreamento de Transtornos Alimentares e
Comportamentos Alimentares Inadequados. Os resultados contribuirão para o
planejamento de rotina de triagem no pré-natal, bem como de intervenções no período pré
e pós-parto com o intuito de melhorar o estado nutricional das gestantes.
32
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Formatado: Holandês
(Holanda)
Formatado: Holandês
(Holanda)
Formatado: Holandês
(Holanda)
36
OBJETIVOS
Objetivo Geral
A partir de questionário validado, estudar as características, freqüência e os
correlatos sócio-demográficos e psicológicos de comportamentos alimentares inadequados
em amostra de gestantes.
Objetivos Específicos
Especificamente, pretende-se
1. Estimar a prevalência de comportamentos alimentares inadequados durante a gestação
2. Comparar a prevalência de comportamentos alimentares inadequados em gestantes em
relação com IMC pré-gestacional.
3. Comparar prevalência de comportamentos alimentares inadequados em gestantes com
preocupações prévias com o peso corporal.
4. Comparar a prevalência de comportamentos alimentares inadequados em gestantes
com preocupações prévias com a imagem corporal.
5. Analisar a relação entre depressão e ansiedade com comportamentos alimentares
inadequados.
37
Artigo
Comportamentos Alimentares Inadequados Durante a Gestação:
prevalência e fatores associados em amostra de serviços públicos de
saúde no sul do Brasil.
“Inappropriate eating behaviors during pregnancy: prevalence and factors associated with among women
receiving prenatal care in selected public clinics in southern Brazil”
Autores
Rafael Marques Soares¹ - Mestrando em Epidemiologia pela UFRGS
Maria Angélica Nunes¹
Maria Inês Schmidt¹
Andressa Giacomello¹
Patrícia Manzolli¹
Suzi Camey
2
Caroline Buss¹
Michele Drehmer¹
Bruce Bartholow Duncan¹
¹Programa de pós-graduação em Epidemiologia
2
Departamento de Estatística
Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS
Auxilio Financeiro – PRONEX, CNPq
Endereço para correspondência
Maria Angélica Antunes Nunes
Rua: Correa Lima, 742 Fone: +55 51 3233-4508 Fax:
Porto Alegre – RS – Brasil
CEP: 90850-250
A ser enviado ao European Eating Disorders Review
Formatado: Português (Brasil)
38
RESUMO
Objetivos: Estimar a prevalência de comportamentos alimentares inadequados e
fatores associados em gestantes de serviços públicos de duas cidades do sul do Brasil.
Método: Estudo transversal em 515 gestantes atendidas em Porto Alegre e Bento
Gonçalves, Brasil. Foram definidos comportamentos alimentares inadequados como um
escore global 4 no instrumento Eating Disorder Examination Questionnaire (EDE-Q), e
comorbidades psiquiátricas utilizando o instrumento primary care evaluation of mental
disorders (PRIME-MD). Peso e altura foram medidos, peso pré-gestacional relatado.
Resultados: Transtornos alimentares ocorreram em 4 gestantes 0,8% (IC95% 0,2%-
1,5%). A prevalência de compulsão alimentar foi de 18,6% (IC95% 1,7-1,8), sendo duas
vezes maior naquelas gestantes com ansiedade e depressão. A compulsão alimentar durante
a gestação foi quase quatro vezes maior (RP=3,7; IC 95% 2,6-5,3) entre aquelas que
relataram compulsão alimentar anterior a gestação. Preocupação prévia com o peso esteve
associada com uma maior prevalência de compulsão alimentar (RP=1,8; IC95% 1,2-2,9) e
preocupação com o peso durante a gestação (RP=7,0; IC95% 3,7-13,5).
Conclusões: A compulsão alimentar foi o comportamento alimentar inadequado mais
prevalente e esteve associado com preocupação com o peso antes e durante a gestação,
compulsão alimentar antes da gravidez e depressão e ansiedade durante a gravidez.
Palavras chave: Comportamentos alimentares, Gestantes, Transtornos alimentares,
Imagem Corporal, Nutrição Materna.
39
ABSTRACT
Objective: To examine the prevalence of inappropriate eating behaviors and
associated factors in pregnant women who received prenatal care in a public health setting.
Methods: Inappropriate eating behaviors, psychiatric comorbidity, including anxiety
and depression, and BMI were assessed in 515 pregnant women attending selected prenatal
clinics.
Results: EDE-Q global scores indicated a prevalence of 0.8% (IC95% 0,2%-1,5%)
for eating disorders. The prevalence of binge eating for the whole sample was 18.6%
(IC95% 1,7-1,8), being twice as high among participants with anxiety and depression.
Binge eating frequency during gestation was almost four times higher (RP=3,7; IC 95%
2,6-5,3) among women who reported binge eating before pregnancy. Previous weight
concern was associated with a higher prevalence of binge eating (RP=1,8; IC95% 1,2-2,9)
and weight concern (RP=7,0; IC95% 3,7-13,5) during pregnancy.
Conclusion: Binge eating was the most prevalent inappropriate eating behavior,
being associated with weight concern and bingeing before pregnancy, and anxiety and
depression during pregnancy.
Key words: Feeding Behavior, Pregnant Women, Eating Disorders, Body Image,
Maternal Nutrition.
40
INTRODUÇÃO
A gestação é um período crítico, no qual o estado físico e mental materno influencia
diretamente tanto a saúde da mãe quanto à do feto. Por ocorrer primariamente em mulheres
jovens, inclusive adolescentes, a gestação poderá configurar-se como situação de risco para
comportamentos alimentares inadequados e mesmo para os transtornos do comportamento
alimentar (anorexia e bulimia nervosas). Em um estudo recente em amostra de 2900
indivíduos de ambos os sexos representativa de base populacional, foi observado que
embora estes transtornos não sejam comuns, eles estão associados com alta comorbidade:
mais de 94% das pessoas com bulimia, 56% daquelas com anorexia e 79% dos indivíduos
com transtorno da compulsão alimentar periódica tinham no mínimo um diagnóstico para
transtornos psiquiátricos (Hudson, Hiripi, Pope, & Kessler, 2007). Os transtornos do
comportamento alimentar são transtornos psiquiátricos com curso crônico, de difícil
tratamento. Sua etiologia é multifatorial, incluindo fatores genéticos, familiares,
psicológicos e culturais. Estima-se que 1% das gestantes possa apresentar um transtorno
alimentar ativo (James, 2001).
Atualmente, entre os padrões de cultura que preconizam o corpo magro e a epidemia
da obesidade, muitas mulheres estão insatisfeitas com sua aparência e seu peso e tentam
mudá-los com dietas rigorosas, jejum e exercícios físicos extenuantes. Dentre essas
mulheres, uma minoria usa métodos mais extremos como vômitos, diuréticos e laxantes
para controle de peso (Fairburn, et al., 1992; Franko, et al., 2001). Na presença de
comportamentos alimentares muito restritivos, pode ocorrer o fenômeno chamado ciclo
binge/purging restrição alimentar intercalada a episódios de compulsão alimentar com
métodos inadequados de controle de peso, que propiciam o desenvolvimento da obesidade
(Fairburn, et al., 1992).
41
A gestação é um momento propício para o ganho excessivo de peso, um fator de
risco para retenção de peso pós-parto e obesidade. Dentre os comportamentos alimentares
inadequados, o mais prevalente é a compulsão alimentar periódica, em geral acompanhada
de ganho excessivo de peso. Por exemplo, Fairburn e Welch observaram prevalência de
25% na amostra de 50 mulheres na primeira gestação atendidas no serviço pré-natal do
hospital de Oxford (Fairburn & S. L. Welch, 1990) e Abraham, de 44% em 110 mulheres
na primeira gestação, atendidas em hospital escola (Abrahman, 1994). Os episódios são
mais comuns em mulheres que estavam em dieta antes da gravidez e que abandonaram a
dieta restritiva prévia e naquelas que têm propensão a comer em resposta a humor
depressivo (Abraham, et al., 1994).
A inabilidade em distinguir o necessário e apropriado ganho de peso na gestação do
que entende como inadequado poderá levar a gestante a sofrer de estresse acerca do ganho
de peso obtido na gravidez e do distúrbio da imagem corporal nela manifestado. Além
disso, a presença de comportamentos alimentares inadequados e também de transtornos
alimentares propiciam complicações como nascimentos prematuros, baixo peso ao nascer,
restrição no crescimento intra-uterino, hiperemese gravídica, diabetes gestacional, pré-
eclâmpsia/hipertensão, parto Cesário e baixos escores de Apgar (Franko, et al., 2001;
James, 2001; Kouba, et al., 2005).
Os comportamentos alimentares inadequados costumam estar acompanhados
também de outros sintomas psiquiátricos, como ansiedade e depressão (Bulik, et al., 2002;
Heron, O'Connor, Evans, Golding, & Glover, 2004), que podem levar à diminuição e/ou ao
aumento da ingestão alimentar pela mãe, à não adesão ao pré-natal e ao risco de abusos de
substâncias, somadas a complicações obstétricas (Andersson, Sundstrom-Poromaa, Wulff,
Astrom, & Bixo, 2004).
42
O objetivo deste estudo é determinar a prevalência de comportamentos alimentares
inadequados e transtornos alimentares em uma amostra de gestantes atendidas no Sistema
Único de Saúde (SUS) e identificar possíveis fatores associados.
MÉTODO
O projeto Medida do padrão de consumo alimentar, prevalência de transtornos
mentais e violência em uma amostra de gestantes (ECCAGe), é um estudo de coorte. Na
sua linha de base, fonte dos dados para esta análise, arrolou entre junho e dezembro de
2006 520 gestantes entre a 16º e 36º semana de gestação, atendidas em oito unidades
básicas de saúde e no Centro de Referência Materno Infantil de Bento Gonçalves e, em
Porto Alegre, em 10 unidades básicas de saúde (7 do Centro de Saúde-Escola Murialdo, e
três da Secretaria Municipal da Saúde). As gestantes foram selecionadas de forma
consecutiva, durante o horário de atendimento, na sala de espera das unidades básicas de
saúde antes da consulta pré-natal, a entrevista foi realizada em um único contato com as
gestantes. Foram excluídas gestantes com deficiência mental. A amostra necessária para
estudo foi calculada a priori pressupondo uma proporção de comportamentos alimentares
inadequados de 10%, com intervalo de confiança de 95% de 2 pontos percentuais,
resultando em uma amostra de 864 gestantes, os cálculos foram realizados na ferramenta
STATCALC do software EPI INFO. A análise deste estudo foi realizada em dados
preliminares em um total de 515 gestantes. O poder do estudo para investigar a associação
com as variáveis explanatórias pode ser visto através do intervalo de confiança das
medidas de associação
O projeto foi aprovado pelo Comide Ética em Pesquisa da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul; todos os participantes deram consentimento informado por escrito.
Cada gestante foi entrevistada com um questionário estruturado e padronizado abordando
43
dados sócio-demográficos e gestacionais. Para o cálculo de idade gestacional, utilizamos
primeiramente o resultado da ultra-sonografia com data inferior a 16 semanas. Para as
gestantes que tinham ultra-sonografia com mais de 16 semanas, a idade gestacional foi
calculada fazendo-se uma média entre a idade informada pela ecografia e aquela calculada
pela data da última menstruação. Para as gestantes que não possuíam a ultra-sonografia, a
idade gestacional foi calculada somente a partir da data da última menstruação.
No presente estudo foi considerado comportamento alimentar inadequado os
seguintes sintomas: preocupação exagerada com o peso e forma corporal, restrição
alimentar, compulsão alimentar, vômito auto-induzido, uso de laxantes e diuréticos e
exercício compulsivo. Para avaliar estes comportamentos utilizamos o Eating Disorder
Examination Questionnaire (EDE-Q) (C. Fairburn & S. J. Beglin, 1994; C. Fairburn &
M. J. Cooper, 1993) , validado para o português de Portugal (Machado, Machado, Klein,
& Gonçalves, 2006). O instrumento permite o rastreamento de sintomas de transtornos
alimentares sendo derivado da entrevista diagnóstica semi-estruturada denominada EDE,
padrão ouro para transtornos alimentares. O EDE-Q apresenta quatro subescalas que
medem sintomas de transtornos alimentares (restrição alimentar, preocupação com a
comida, preocupação com o peso e preocupação com o corpo) totalizando 36 questões. O
instrumento necessitou de adaptação para o português brasileiro em virtude de variações de
estrutura gramatical e significado de palavras. Foi realizado estudo piloto para verificação
da compreensão do texto na mesma população posteriormente estudada. A versão final foi
endossada pelos autores portugueses.
Buscando diminuir tempo de aplicação do instrumento, ele foi aplicado em duas
versões, uma resumida com apenas duas subescalas (preocupação com o corpo e com o
peso) e os demais comportamentos inadequados referindo-se aos últimos vinte e oito dias
44
do período pré-gestacional. A versão completa (4 subescalas e demais comportamentos
inadequados) foi aplicada conforme a proposta original do instrumento que avalia os 28
dias anteriores à data da entrevista. Cada subescala avalia como resultado positivo a
pontuação média superior, ou igual, a quatro. O escore global do instrumento usa o mesmo
critério só que neste caso empregando a média das quatro subescalas.
Também se utilizou o PRIME-MD - Avaliação de Transtornos Mentais para Atenção
Primária (The primary care evaluation of mental disorders), que foi traduzido e validado
para o português brasileiro (Fraguas, et al., 2006; Spitzer, et al., 1994). Constituiu-se como
instrumento de rastreamento para outros sintomas psiquiátricos, como os transtornos de
humor, transtornos ansiosos, transtornos alimentares, transtornos somatoformes e abuso de
álcool ou transtorno de dependência. Apenas os módulos de depressão e ansiedade foram
utilizados neste estudo.
Uma versão, adaptada para o uso em gestantes, do questionário de freqüência
alimentar desenvolvido por Sichieri (Sichieri & Everhart, 1998), foi utilizada para medir a
média diária do consumo energético das gestantes.
Realizamos controle de qualidade dos questionários em 10% da amostra, selecionada
de forma aleatória e através de contato telefônico.
A descrição geral dos dados é apresentada por meio de freqüências simples e
relativas. Variáveis contínuas são apresentadas como média (desvio-padrão). A associação
entre comportamento alimentar inadequado na gestação e varáveis explanatórias como, as
subescalas do EDE-Q (preocupação com o corpo e com o peso corporal), índice de massa
corporal pré-gestacional (calculado utilizando-se o peso pré-gestacional referido pela
gestante e a altura aferida na entrevista) , idade gestacional por trimestre, gestações
anteriores, compulsão alimentar pré-gestacional (item diagnóstico do EDE-Q),
45
preocupação com o peso e preocupação com o corpo pré-gestacionais (subescalas do
EDE-Q), episódio depressivo maior e transtorno de ansiedade (módulos diagnósticos do
PRIME-MD), foi testada utilizando-se da razão de prevalências com o auxílio do programa
SPSS versão 13
O modelo escolhido para estimar as razões de prevalências ajustadas para a idade foi
o modelo do log binomial, ou seja, um modelo linear generalizado multiplicativo com
função link log e função distribuição binomial. que conforme Skov (1998) é melhor
modelo para estudos transversais onde o desfecho apresenta altas prevalências (Skov,
Deddens, Petersen, & Endahl, 1998). A análise foi realizada utilizando o programa R
versão 2.4.1. Em todos os testes foi considerado o nível de significância estatística de 0,05
e suas estimativas de intervalo de confiança.
RESULTADOS
Quinhentas e noventa e seis gestantes foram convidadas a participar da entrevista; 77
(12,9%) recusaram-se a participar , e 9 (1,5%) não completaram a entrevista, sendo
excluídas. Entre as 520 gestantes restantes, uma foi excluída por não apresentar os dados
que viabilizariam o cálculo de sua idade gestacional, e outras quatro, porque a idade
gestacional corrigida na data da entrevista era menor que 16 semanas. Portanto,
participaram efetivamente da presente análise, 515 gestantes.
As gestantes apresentavam idade média de 24,5 anos e desvio padrão de 6,5 e 7,5
anos completos de escolaridade e desvio padrão de 2,8. O peso pré-gestacional médio era
de 60,8 kg e desvio padrão de 12,1 e estatura média de 1,58m e desvio padrão de 0,6. A
média do consumo alimentar foi de 3.153 kcal/dia e desvio padrão de 1.389.
A Tabela 1 mostra que 15% (76) das gestantes tinham no máximo quatro anos de
escolaridade; 58% (299) delas não trabalhavam e não estudavam, e 69% (344) tinham
46
renda mensal inferior ou igual a três salários mínimos. A maioria das gestantes (71,1%)
estava no segundo trimestre da gestação, sendo a média do número de gestações anteriores
de 2 (1,4). Cabe destacar ainda que 14,5% (74) das gestantes eram obesas antes de
engravidar (IMC>29 kg/m²).
A Tabela 2 mostra que de acordo com o EDE-Q (escores 4), 0,8% (IC95% 0,2%-
1,5%) das gestantes apresentaram um provável diagnóstico de transtorno alimentar. Os
sintomas mais prevalentes de comportamentos alimentares inadequados no período
gestacional foram: compulsão alimentar 18,6% (IC95% 15%-22%), preocupação
exagerada com o corpo 6% (IC95% 4%-8%) e preocupação com o peso 6,0% (IC95% 4%-
8%) 1,4% (IC95% 0,3%-2,3%) das gestantes apresentaram vômito auto-induzido;
nenhuma gestante relatou o uso de laxantes e diuréticos. A utilização de exercícios físicos
excessivos, como método de evitar o ganho de peso, foi relatada por 1,4% (IC95% 0%-
2%) das gestantes. No período pré-gestacional, 11,5% (IC95% 8%-14%) das mulheres
apresentaram preocupação com o corpo, 10,5% (IC95% 8%-13%) tinham preocupação
com o peso e 29,3% (IC95% 25%-33%) apresentaram compulsão alimentar. As mulheres
utilizavam os seguintes métodos inadequados para evitar o ganho de peso e alterar a forma
corporal: vômito auto-induzido 6,2% (IC95% 4%-8%), laxantes 5,0% (IC95% 3%-7%) e
diuréticos 3,3% (IC95% 2%-5%).
A Tabela 3 mostra o estudo de associação, através da razão de prevalências, brutas e
ajustadas por idade, entre a variável de compulsão alimentar durante a gestação e cada uma
das variáveis explanatórias. O ajuste para idade alterou de forma mínima os resultados das
razões de prevalências brutas.
A compulsão alimentar durante a gestação foi 3,7 vezes (IC95% 2,6-5,4) maior nas
gestantes que apresentavam esse sintoma antes da gestação. A preocupação prévia com o
47
peso associou-se com maior prevalência de compulsão na gravidez (RP=1,9, IC95% 1,2-
2,9) As gestantes que apresentaram sintomas de ansiedade durante a gestação tiveram
maior prevalência de compulsão alimentar (RP=2,3, IC95% 1,6-3,2). As gestantes que
tinham mais sintomas depressivos apresentaram prevalências maiores para compulsão
alimentar (RP=2,4, IC95% 1,7-3,5). As mulheres que apresentaram preocupação exagerada
com o corpo no período pré-gestacional tiveram prevalência 6,4 vezes (IC95% 3,3-12,2)
maior de preocupação com o corpo na gravidez. O Índice de Massa Corporal pré-
gestacional, na categoria de pré-obesidade, mostrou uma associação significativa com a
compulsão alimentar durante a gestação (RP=1,9, IC95% 1,2-3,0), tanto para o teste (x²)
qui-quadrado (p=0,01) quanto para a razão de prevalências, as demais variáveis
sociodemográficas não mostraram associação, no nível de 0,05, sobre a prevalência dos
desfechos.
A compulsão alimentar durante a gestação associou-se com a preocupação com o
peso durante a gestação (RP=7,0, IC95% 3,7-13,4). As gestantes que apresentaram
sintomas de ansiedade durante a gestação tiveram maior prevalência de preocupação com o
corpo e com peso (RP=2,6, IC95% 1,3-5,1; e RP=3,4, IC95% 1,7-6,8), respectivamente.
As gestantes que tinham mais sintomas depressivos apresentaram prevalências
maiores para preocupação com o corpo (RP=3,0, IC95% 1,5-6,0), e preocupação com o
peso (RP=5,4, IC95% 2,5-11,9) durante a gestação. Ainda observou-se que entre as 96
gestantes que apresentaram compulsão alimentar, 39,6% adquiriram esse comportamento
durante a gestação; do mesmo modo, entre as 31 gestantes que apresentavam preocupação
com o corpo e as 31 que se preocupavam com o peso antes da gestação, 54,8% passaram a
se preocupar com os mesmos durante a gestação. Após exclusão das gestantes com
compulsão alimentar pré-gestacional, a comparação de quem desenvolveu compulsão
48
alimentar com quem não o desenvolveu não demonstrou diferenças significativas (p>0,05)
para os correlatos sócio-demográficos.
DISCUSSÃO
O presente estudo, ao se propor estimar a prevalência de comportamentos
alimentares inadequados em gestantes e sua associação com fatores pré-gestacionais e
gestacionais, demonstra que a gestação aparentemente influencia positivamente na
diminuição da freqüência dos comportamentos alimentares inadequados, mesmo que
algumas gestantes, os tenham apresentado durante a gestação. Também confirma
resultados de outros estudos que a compulsão alimentar é o comportamento mais
prevalente, e que este comportamento influencia negativamente a percepção de seu peso e
imagem corporal seguido da preocupação exagerada com o peso e corpo.
Para minimizar o risco que o vômito devido à gestação e os desejos alimentares”
mais característicos ao primeiro trimestre de gestação possam estar gerando respostas
positivas equivocadas e assim classificação errônea de vômitos provocados com a intenção
de evitar o ganho de peso e a presença de compulsão alimentar, a amostra foi restrita
àquelas com idade gestacional mínima de 16 semanas.
Nossos resultados apontam que 18,6% da amostra apresentaram compulsão alimentar
durante a gestação e 0,8% apresentaram possível diagnóstico de transtorno alimentar,
corroborando os resultados citados na literatura que indicam que a prevalência de
comportamentos alimentares inadequados em populações não clínicas é muito maior que
os transtornos propriamente ditos e que existem indivíduos que apresentam
comportamentos alimentares inadequados de diferentes intensidades (James, 2001).
49
Ainda é controverso se a gestação exerce influência positiva ou negativa nos
indivíduos com transtornos alimentares. Uma das hipóteses é que positivamente a gestação
constitui-se para as mulheres com comportamentos alimentares inadequados um período de
relaxamento temporário da preocupação com a ingestão calórica, peso e forma, pois, existe
uma razão tangível para estarem bem nutridas (Clark & Ogden, 1999; Fairburn, et al.,
1992). Confirmando esta hipótese em nosso estudo houve uma diminuição significativa da
freqüência, da preocupação com o corpo e com o peso comparativamente ao período pré-
gestacional. No período gestacional os comportamentos alimentares inadequados também
apresentaram uma diminuição na sua prevalência. Também geralmente ocorre uma
genuína preocupação em cuidar bem do desenvolvimento do bebê. Sendo assim este
período torna-se muito promissor na abordagem dos comportamentos alimentares
inadequados por profissionais de saúde em virtude do fato das mulheres aceitarem melhor
as mudanças.
A prevalência de compulsão alimentar, apesar de ter havido declínio, manteve-se
alta. Isto associado ao fato da gestação constituir-se em fator de risco para o ganho de peso
excessivo e a sua manutenção com a retenção pós-parto, provavelmente contribua para o
aumento da obesidade entre as mulheres. Isso reforça o fato de que os transtornos
alimentares embora relativamente raros, representam uma preocupação em saúde pública
porque estão comumente associados com outras comorbidades clínicas e psiquiátricas,
trazem prejuízo social e são frequentemente subtratados (Hudson, et al., 2007). Em
especial o sintoma compulsão alimentar, critério mais importante para o diagnóstico do
transtorno da compulsão alimentar periódica que ocorre também em muitos casos de
obesidade grau 3(IMC 40), necessita atenção frente sua importância no contexto da
epidemia da obesidade. Em particular na gestação quando o ganho de peso é necessário
50
pode ocorrer retenção de peso devido à presença de compulsão alimentar. Sendo assim este
diagnóstico possibilitará intervenções precoces.
Ainda não existem informações suficientes de como as mulheres se adaptam às
mudanças de peso e da aparência corporal próprios da gestação quando apresentam
comportamentos alimentares inadequados antes da gravidez, nem se esses comportamentos
se originam na própria gravidez (Abraham, 2001b; Conti, et al., 1998; Franko, et al.,
2001). O estudo de Fairburn et al (1992) mostra que, dependendo do período gestacional,
pode ocorrer melhora ou piora dos comportamentos alimentares inadequados. Segundo
Kendall e colaboradores, pode haver uma tendência ao declínio dos sintomas no início da
gestação, decorrente do desejo de se alimentar de forma saudável; entretanto, o declínio é
temporário e, com o avanço da gestação, a gravidade e a freqüência dos sintomas aumenta,
provavelmente relacionados com o medo – comum – de manter o peso adquirido durante a
gestação e de não haver modificação da aparência corporal própria da gravidez (Kendall,
Olson, & Frongillo, 2001).
A hipótese de que a gestação pode para algumas tornar-se um desafio no que se
refere ao controle do peso, comportamento alimentar e percepção da imagem corporal -
principalmente devido à influência das mudanças esperadas no peso corporal e na
aparência física - gerou a análise das razões de prevalência, uma vez que existem
evidências que na gestação as mulheres reagem negativamente às mudanças na imagem
corporal (Abraham, et al., 1994; Clark & Ogden, 1999; Conti, et al., 1998; Fairburn, et al.,
1992; Rocco, et al., 2005).
Os resultados das análises das subescalas do EDE-Q e assim como o da média de
consumo energético das gestantes (3153 kcal/dia) parece demonstrar o que Clark (1999)
51
verificou em seu estudo, que gestantes reportam comerem mais, terem menor preocupação
com a comida e demonstrarem baixos veis de comportamentos restritivos, o que se
somado ao fato da alta prevalência de compulsão alimentar, provavelmente também
contribua para o ganho excessivo de peso na gestação.
Este estudo apresenta algumas limitações, entre elas, os 14% de recusas e perdas, o
fato dos dados referentes ao comportamento alimentar no período pré-gestacional terem
sido coletados de forma retrospectiva, possibilitando a ocorrência de viés e imprecisão na
informação, especialmente naquelas que apresentavam idade gestacional avançada na
primeira consulta pré-natal. Outra possível limitação é a utilização de instrumentos de
rastreamento ao invés de entrevistas diagnósticas, resultando em prováveis falsos positivos.
A impossibilidade de interpretar a temporalidade de associações entre comportamentos
inadequados e transtornos emocionais é um problema decorrente da natureza do
delineamento transversal. Finalmente, as prevalências relatadas podem não representar a
totalidade de gestantes atendidas em serviços públicos no sul do Brasil.
Este trabalho também mostra a importância de se avaliar a compulsão alimentar, em
estudos sobre o ganho de peso excessivo e retenção de peso pós-parto. O conhecimento de
que na gestação ocorre compulsão alimentar e que as preocupações com o peso e imagem
corporal se mantém ou surgem pode favorecer medidas preventivas na atenção primária
para evitar principalmente os desfechos relacionados ao ganho excessivo de peso.
Finalmente vale assinalar que o estudo de comportamentos alimentares inadequados
e da associação com sintomas como depressão e ansiedade na gestação merece atenção em
virtude de alta taxa de ocorrência e, pelo fato de que ao não serem adequadamente
investigados podem trazer conseqüências deletérias para a mãe e o bebê.
52
CONCLUSÕES
Percebe-se que gravidez torna-se um desafio, no que se refere ao controle do peso, ao
comportamento alimentar e a percepção da imagem corporal, principalmente devido à
influência das mudanças esperadas no peso e no corpo. Ainda não evidências e
informações suficientes de como as mulheres se adaptam a estas mudanças, o que em
alguns casos pode levar as gestantes a desenvolverem os comportamentos alimentares
inadequados, característicos dos transtornos alimentares, ou mantê-los, caso o possuíssem
no período pré-gestacional. Constata-se, ainda, a necessidade de investigações que avaliem
todo o espectro dos transtornos alimentares e enfatizem os comportamentos inadequados e
suas comorbidades em gestantes em nível comunitário.
53
Referências
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Formatado: Holandês
(Holanda)
55
Tabela 1 Características de 515* gestantes atendidas em serviços públicos em duas
cidades do sul do Brasil, 2006.
Característica Total
n %
Idade (anos)
< 20 136 26,4
20 a 35 346 67,2
>36 33 6,4
Escolaridade (anos)
0-4 76 14,8
5-8 252 48,9
9-11 175 34,0
+ de 12 12 2,3
Ocupação
Não estuda nem trabalha 299 58,1
Trabalha e/ou estuda 216 41,9
Renda em salários mínimos (SM)*
menos de 1
69 13,9
de 1,01 a 3,00
275 55,3
acima de 3,01 153 30,8
Fumo
Nunca Fumou 260 50,5
Fumou antes da gravidez 150 29,1
Fumou Durante a gravidez 105 20,4
IMC Pré Gestacional (kg/m²)*
#
< 19,8 68 13,3
19,8 – 26,0 311 60,7
26,1 – 29,0 59 11,5
> 29,0 74 14,5
Idade gestacional por trimestre
369 71,7
146 28,3
Gestações anteriores
Não 205 39,8
Sim 310 60,2
Episódio depressivo maior
Não 337 65,4
Sim 178 34,6
Transtorno de ansiedade
Não 351 68,2
Sim 164 31,8
*exceto Renda em salários mínimos (n=497); IMC Pré-gestacional (n=512)
#classificado de acordo com IOM, 1992;
56
Tabela 2 Prevalência de transtornos alimentares e comportamentos alimentares
inadequados em 515 gestantes atendidas em serviços públicos em duas cidades do sul do
Brasil, utilizando o EDE-Q, 2006.
Característica
EDE-Q
Pré-gestacional
EDE-Q
Gestacional
n % n %
Escore global EDE-Q
*
4 - - 4 0,8
Subescala Restrição
*
4 - - 2 0,4
Subescala Preocupação com a Comida
*
4 - - 1 0,2
Subescala Preocupação com Corpo
4 59 11,5 31 6,0
Subescala Preocupação com o Peso
4 54 10,5 31 6,0
Comportamentos alimentares inadequados
Compulsão alimentar 151 29,3 96 18,6
Vomito 32 6,2 7 1,4
Laxante 26 5,0 0 0
Diurético 17 3,3 0 0
Exercício excessivo
*
- - 7 1,4
*não investigados no período pré-gestacional
57
Tabela 3– Fatores associados à compulsão alimentar durante a gestação em 515 gestantes
atendidas em serviços públicos em duas cidades do sul do Brasil, 2006.
Fatores Compulsão alimentar
Bruta Ajustada por Idade
RP (IC95%) RP** (IC95%)
IMC Pré Gestacional
*
(kg/m²)
< 19,8 1,5 (0,92;2,4)
1,5 (0,9;2,3)
19,8 – 26,0 1
26,1 – 29,0*
1,9 (1,2;3,0) 1,9 (1,2;3,0)
> 29,0 0,6 (0,3;1,3) 0,7 (0,3;1,3)
Idade gestacional por trimestre
1 1
0,98 (0,6;1,5) 0,98 (0,6;1,4)
Gestações anteriores
Não 1 1
Sim 0,96 (0,7;1,4) 1,1 (0,7;1,6)
Episódio depressivo maior
Não 1 1
Sim
2,4 (1,7;3,4) 2,4 (1,7;3,5)
Transtorno de ansiedade
Não 1 1
Sim
2,2 (1,6;3,2) 2,3 (1,6;3,2)
Compulsão Alimentar (pré-
gestacional)
Não 1 1
Sim
3,7 (2,5;5,3) 3,7 (2,6;5,4)
Preocupação com o corpo (pré-
gestacional)
Não 1 1
Sim 1,2 (0,7;2,0) 1,2 (0,7;2,0)
Preocupação com o peso (pré-
gestacional)
Não 1 1
Sim
1,8 (1,2;2,8) 1,9 (1,2;2,9)
*Teste de chi-quadrado p < 0,05; ** modelo log binomial
RP = Razão de prevalências; IC95% = Intervalo de confiança de 95%
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados deste estudo de medida de prevalência de comportamentos
alimentares inadequados e sua associação com fatores pré-gestacionais e gestacionais,
sugerem que a gestação aparentemente influencia positivamente na diminuição da
freqüência dos comportamentos alimentares inadequados, mesmo que uma pequena
parcela os tenha desenvolvido durante a gestação. E realça a compulsão alimentar como
o comportamento mais prevalente, assim como a influência negativa em algumas
mulheres no que se refere à percepção de seu peso e imagem corporal.
Está bem estabelecido que muitas mulheres nas sociedades ocidentais estão
insatisfeitas com o seu peso e a imagem de seu corpo, e estão dispostas a modificá-los
através de dietas e exercícios, e uma minoria usam métodos mais extremos como por
exemplo indução de vômitos e o uso de laxantes. Muitas destas mulheres estão em
idade reprodutiva, e poucos estudos foram realizados para avaliar como elas reagem às
mudanças de seu peso e aparência inerentes ao período gestacional e se caso os possuam
antes da gestação estão dispostas a mantê-los.
Os resultados dos estudos que avaliam transtornos alimentares e comportamentos
alimentares inadequados indicam que sua existência prévia a gestação e somados a ela
pode negativamente exacerbar os sintomas e contribuir para a progressão de
comportamentos alimentares de leve intensidade para comportamentos de grave
intensidade, aumentar a ansiedade acerca da sua habilidade em lidar com as mudanças
corporais e de peso inerentes à gestação. Geralmente, ocorre estresse acerca do ganho
de peso gestacional e distúrbio da imagem corporal se a gestante for inábil em distinguir
necessário e apropriado ganho de peso na gestação de engordar.
Discute-se na literatura o verdadeiro potencial da gestação em exercer influência
positiva ou negativa nos transtornos alimentares. O que se sabe é que positivamente a
59
gestação constitui-se para as mulheres com comportamentos alimentares inadequados
um período de relaxamento temporário da preocupação com a ingestão calórica, peso e
forma, pois, existe uma razão tangível para estarem bem nutridas. Também geralmente
ocorre uma genuína preocupação em cuidar bem do desenvolvimento do bebê.
entretanto, este declínio é temporário e, com o avanço da gestação a gravidade e
freqüência dos sintomas aumenta, provavelmente relacionadas com o medo comum, de
não perder o peso que foi adquirido durante a gestação e, de não haver modificação da
aparência corporal própria da gravidez.
Além de a aparente legitimidade psicológica em aumentar a ingestão de alimentos
que somada as altas prevalências de compulsão alimentar tanto na população em geral
quanto nas gestantes contribui negativamente para o aumenta das taxas de ganho de
peso gestacional excessivo. Como hoje a obesidade assume características epidêmicas e
todo esforço é necessário em buscar possíveis fatores de risco e proteção para minimizar
os efeitos deletérios desta à saúde da população.
Também é importante ressaltar que no pós-parto costuma ocorrer piora dos
sintomas alimentares, um desejo de perda rápida de peso, estresse, e são comuns
sentimentos de incompetência em lidar com as novas demandas e que gestantes com
histórias prévias de preocupação com a comida e com o peso tem estes sentimentos
piorados no pós-parto. E que estes transtornos costumam estar acompanhados de outras
comorbidades psiquiátricas como transtorno de ansiedade e depressão que se presentes
durante a gravidez e somados ao transtorno alimentar aumentam a ocorrência de
depressão pós-parto. Além disso, podem levar à diminuição e/ ou aumento da ingestão
alimentar pela mãe, não adesão ao pré-natal e risco de abusos de substâncias, somadas a
complicações obstétricas complicações como nascimentos prematuros, baixo peso ao
nascer, restrição no crescimento intra-uterino, hiperemese ,diabete gestacional, pré-
60
eclâmpsia /hipertensão, parto Cesário e baixos escores de Apgar. Com relação aos
cuidados com o bebê não são raros relatos de aporte nutricional insuficiente para o bebê,
preocupação com o ganho de peso, diminuição do período de aleitamento materno,
subestimação da necessidade nutricional e de sinais de fome do bebê.
Por fim percebe-se que gravidez torna-se um desafio no que se refere ao controle
do peso, comportamento alimentar e percepção da imagem corporal principalmente
devido à influência das mudanças, esperadas, no peso e no corpo e que ainda não
evidências e informações suficientes de como as mulheres se adaptam a estas mudanças.
O que em alguns casos podem levar as gestantes a desenvolverem os comportamentos
alimentares inadequados, característicos dos transtornos alimentares, ou mantê-los, caso
o possuíssem no período pré-gestacional. E a necessidade de Investigações que avaliem
todo o espectro do problema dos transtornos alimentares e enfatizem os
comportamentos inadequados e suas comorbidades em gestantes, em nível comunitário.
ANEXO I – PROJETO DE PESQUISA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE MEDICINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EPIDEMIOLOGIA
Projeto de pesquisa
Prevalência de comportamentos alimentares inadequados em uma
amostra de gestantes atendidas pelo SUS
Aluno: Rafael Marques Soares
Orientador: Prof. Dr. Bruce Bartholow Duncan
Co-orientador: Profª. Drª. Maria Angélica Nunes
Porto Alegre
09 de maio de 2006
62
1. INTRODUÇÃO
A gestação é um período crítico, no qual o estado físico e mental materno
influencia diretamente tanto a saúde da mãe, quanto do feto. A American Dietetic
Association recomenda que as mulheres em idade reprodutiva mantenham um bom
estado nutricional, através de um estilo de vida que promova a saúde materna e reduza o
risco de problemas para o bebê (Kaiser & Allen, 2002).
1.1 Comportamentos alimentares na gestação
Atualmente é comum a preocupação com o peso corporal e a aparência física.
Muitas adolescentes e mulheres jovens, insatisfeitas com sua aparência e peso, tentam
mudá-lo com dietas e exercícios. Outras, uma minoria, usa métodos mais extremos
como indução de vômito, uso de laxantes e diuréticos e dietas muito restritivas
(Fairburn, et al., 1992; M. A. Nunes, Barros, Anselmo Olinto, Camey, & Mari, 2003).
Também são comuns, outros comportamentos inadequados característicos dos
transtornos alimentares, como por exemplo, a ingestão excessiva de alimentos, o que
normalmente cursa com um ganho de peso elevado. Fairburn e Welch em 1990(C. G.
Fairburn & S. L. Welch, 1990), observaram que 25% das mulheres grávidas revelaram
episódios de ingestão excessiva de alimentos e sentimentos de perda de controle durante
o episódio. Abraham em 1994(Abraham, et al., 1994) revela taxas de 44% ou mais do
mesmo comportamento. Esses episódios são mais comuns entre mulheres que antes da
gravidez estavam em dieta, o que também poderia acontecer devido ao aumento da
fome durante a gravidez, a propensão do comer em resposta a humor depressivo e ao
abandono da prévia dieta restritiva (Abraham, et al., 1994; C. G. Fairburn & S. L.
Welch, 1990).
63
Ainda não existem evidências e informações suficientes da evolução de mulheres
que apresentam esses comportamentos no período gestacional tornando os transtornos
alimentares e seus comportamentos inadequados um evento particularmente interessante
no contexto da gestação. Sabe-se que muitas destas mulheres passam a se alimentar de
forma mais saudável e correta após o conhecimento da gravidez (Fairburn, et al., 1992).
Contudo para algumas a gravidez torna-se um desafio no que se refere ao controle do
peso, comportamento alimentar e percepção da imagem corporal principalmente devido
à influência das mudanças, esperadas, no peso corporal e na aparência física (Abraham,
2001a; Conti, et al., 1998; Fairburn, et al., 1992). Estas mudanças podem levar as
gestantes a desenvolverem comportamentos alimentares inadequados, ou mantê-los,
caso o apresentassem no período pré-gestacional. Há uma tendência de declínio na
gravidade dos sintomas no início da gestação, decorrente do desejo de se alimentar de
forma mais saudável, entretanto, este declínio é temporário. Com o avanço da gestação
a freqüência e a gravidade dos sintomas aumentam. Este aumento, provavelmente está
relacionado ao medo de que o peso adquirido durante a gestação não seja mais
perdido(Fairburn, et al., 1992).
Pouco se sabe sobre os efeitos de um comportamento alimentar inadequado na
gravidez. Das informações disponíveis sabemos que podem ocorrer conseqüências
desastrosas tanto para o bebê como para a mãe quando um transtorno alimentar está
presente, como por exemplo nascimentos prematuros, baixo peso ao nascer, restrição no
crescimento intra-uterino, parto cesáreo e baixos escores de Apgar (James, 2001), bem
como, macrossomia e risco aumentado de futura obesidade nos casos de alimentação
excessiva.
64
2. JUSTIFICATIVA
No Brasil inexistem informações confiáveis a respeito do comportamento
alimentar das gestantes, considerando a importância destes comportamentos no
desfecho da gestação e saúde do recém nascido.
A existência de instrumentos capazes de medir o comportamento alimentar, torna
factível e útil essa investigação. Assim, o conhecimento comportamento alimentar das
gestantes pode colaborar para o planejamento adequado de políticas de saúde e condutas
eficazes na prática clínica, auxiliando na identificação dos grupos de maior risco para
deficiências nutricionais.
Esse conjunto de conhecimentos poderá subsidiar o planejamento de futuros
estudos de intervenções com o intuito de melhorar o estado nutricional das gestantes.
3. OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral
A partir de questionários validados, estudar as características, freqüência e os
correlatos sócio-demográficos e psicológicos dos comportamentos alimentares
inadequados em gestantes oriundas do Sistema Único de Saúde.
3.2 Objetivos Específicos
Prevalência de comportamos alimentares inadequados durante a gestação
Comparar a prevalência de comportamentos alimentares inadequados em
gestantes em relação com IMC pré-gestacional.
65
Comparar prevalência de comportamentos alimentares inadequados em
gestantes com preocupações prévias com o peso corporal.
Comparar prevalência de comportamentos alimentares inadequados em
gestantes com preocupações prévias com a imagem corporal.
Comparar a relação entre ganho excessivo de peso para a idade gestacional e a
prevalência de comportamentos alimentares inadequados
Comparar comportamentos alimentares inadequados com o valor energético total
consumido
Comparar a relação depressão e ansiedade e comportamentos alimentares
inadequados.
4. Método
Este é um projeto que faz parte do Estudo do Consumo e Comportamento Alimentar de
uma amostra de gestantes – ECCAGe
4.1 Delineamento
Estudo de prevalência
4.2 População de pesquisa
1000 gestantes, com idade gestacional entre a 16ª e 36
a
semana.
A amostra será de conveniência. As gestantes serão arroladas consecutivamente em sala
de espera para consulta pré-natal, nos seguintes locais de atendimento:
Oito Unidades Básicas de Saúde e Centro de Referência Materno Infantil de Bento
Gonçalves.Sete Unidades Básicas de Saúde do Centro de Saúde-Escola Murialdo em
66
Porto Alegre e três Unidades Básicas de Saúde da Secretaria Municipal da Saúde de
Porto Alegre
4.3 Estimativa de tamanho de amostra
A amostra foi calculada a partir da estimativa de uma prevalência de
comportamento alimentar inadequado de 10%, com intervalo de confiança de 95% de
7,41 a 12,59%. Os cálculos foram realizados na ferramenta STATCALC do software
EPI INFO e resultaram umas amostras de 515 gestantes.
Variáveis
Características sócio-demográficas da gestante: idade, estado civil, escolaridade,
ocupação, renda;
Idade gestacional, número de gestações e número de filhos;
Fumo e consumo de droga na gravidez;
Recebimento de orientação nutricional;
Presença de sintomas e complicações da gestação, como azia, náusea, pica, desejos.
Diabetes e hipertensão
Medidas de peso e altura; Ganho de peso gestacional até momento da entrevista.
IMC pré-gestacional, de acordo com IMC (Índice de Massa Corporal).
Comportamento Alimentar
“Eating Disorders Examination Questionnaire EDE-Q”, instrumento constituído de 36
questões derivadas da entrevista semi-estruturada EDE, padrão ouro para transtornos
alimentares(C. G. Fairburn & S. J. Beglin, 1994; C. G. Fairburn & Z. Cooper, 1993). O
EDE-Q é constituído das mesmas quatro subescalas presentes no EDE ([1] restrição
alimentar, [2] preocupação com a comida, [3] preocupação com o corpo, [4]
67
preocupação com o peso) e o escore total do instrumento que resulta da média entre as 4
subescalas.
Ainda fazem parte do Estudo ECCAGe as seguintes variáveis:
Consumo Alimentar
Consumo de energia, estimado pelo Questionário de Freqüência Alimentar categorizado
em insuficiente, adequado e excessivo de acordo com o IMC pré-
gestacional(Giacomello, et al., 2006; Sichieri & Everhart, 1998).
Transtornos Mentais Comuns
Serão utilizados os módulos de depressão e ansiedade do instrumento PRIME-MD -
Avaliação de Transtornos Mentais para Atenção Primária (The primary care evaluation
of mental disorders), que foi traduzido e validado para o português brasileiro (Fraguas,
et al., 2006; Spitzer, et al., 1994).
4.5 Coleta de Dados
Será realizada uma entrevista, com entrevistador treinado para a função, antes ou após a
consulta pré-natal. Serão aferidos peso e altura da gestante e aplicado os seguintes
questionários:
Questionário estruturado e padronizado para variáveis sócio-demográficas e
relacionadas à gestação.
- Questionário EDE-Q.- o instrumento foi validado para o português e
adaptado para o português brasileiro visando o presente projeto(M.A. Nunes & Soares,
2006). Será aplicado referindo-se ao período pré-gestacional em uma versão reduzida e
aos últimos 28 dias antes da data da entrevista na sua versão completa.
68
Questionário de freqüência alimentar.
Questionário PRIME-MD.
4.6 Análise dos dados
Os comportamentos alimentares serão considerados inadequados através dos valores
obtidos no escore do EDE-Q (Escala de 7 pontos) onde a média de cada escala
separadamente assim como o da escala total superior a 4 é considerada clinicamente
positiva.
5. CRONOGRAMA
2005 2006 2007
Atividade/ Mês
3
º
Trim
4
º
Trim
1
o
Trim
2
º
Trim
3
º
Trim
4
º
Trim
1
o
Trim
2
º
Trim
Organização Geral
Revisão da Literatura
X X X
Elaboração do Projeto
X X X
Aprovação Ética
X X
Preparação dos manuais
X X
Estudo do comportamento
alimentar
Treinamento de Equipes
X
Piloto
X
Coleta de dados
X X X
Montagem do banco de
dados
X X X
Entrada dos dados
X X X
Análise dos dados
X X X
Redação do artigo
X X
Defesa preliminar
X
Sessão Pública Final
X
Publicações
X X
69
6. INDICADORES DE PROGRESSO TÉCNICO-CIENTÍFICO DA PROPOSTA
Número de entrevistas feitas, entradas, verificadas.
Bancos de dados criados
Análises feitas
Manuscritos encaminhados para publicação
Disponibilização de um instrumento para rastreamento de comportamento alimentar em
gestantes.
7. ASPECTOS ÉTICOS
Na sala de espera do posto de saúde a gestante será convidada a participar de
pesquisa quando lhe será assinalado que sua participação é livre e, garantido que as
informações fornecidas são estritamente sigilosas. Em local reservado, após a leitura,
compreensão e assinatura do consentimento informado em 2 (duas) vias será iniciada a
entrevista. Caso a gestante não saiba ler o entrevistador fará a leitura para que a mesma
avalie se realmente quer participar. Os pais/responsável deverão assinar o termo de
consentimento informado quando a gestante tiver idade inferior a 14 anos.
O questionário sócio-demográfico, o de freqüência alimentar e o de
comportamento alimentar serão realizados por entrevistadores treinados para a tarefa.
Dados do prontuário das gestantes como peso, altura, nome, peso do bebê, data
do parto, poderão ser consultados pelos entrevistadores e coordenadores da pesquisa.
A análise dos dados será feita sem os nomes e outros identificadores pessoais,
sendo cada pessoa identificada apenas por um mero. A divulgação dos resultados da
pesquisa será feita com base no conjunto e não com as informações individuais. Da
70
mesma forma, nenhuma informação individual será repassada a nenhum, profissional da
unidade básica de saúde ou da Universidade Federal de Rio Grande do Sul.
A participação é voluntária e isenta de custos, ou de qualquer outra
responsabilidade. É garantida a liberdade de retirada de consentimento a qualquer
momento e abandono do estudo, sem qualquer prejuízo a sua pessoa.
O estudo, por ser apenas de entrevistas e revisão de prontuários, não gera risco
às gestantes. A única inconveniência será o maior tempo de permanência das mesmas na
unidade básica de saúde.
Os benefícios deste trabalho poderão ser revertidos a todas as gestantes de modo indireto.
O projeto foi submetido aos responsáveis pelo Centro de Saúde Escola Murialdo e
Secretaria Municipal de saúde de Porto Alegre e Secretarias Municipal de Saúde, tendo
sido aceito em todos os locais.
No final do mês de Junho, O Estudo ECCAGe foi aprovado pelo Comitê de Ética em
pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
8. ESTRATÉGIA DE DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS
Os resultados serão divulgados à comunidade científica por meio de congressos e
revistas científicas, bem como aos profissionais (médicos, nutricionistas e psicólogos)
das instituições colaboradoras por meio de palestras e estudos de grupo.
71
9. ORÇAMENTO
Material para Campo
Recurso Descrição
Valor
Aproximado
Impressões
40000 cópias dos questionários, termo de
consentimento e manuais
R$ 1.700,00
Material de
Consumo
Material de escritório (canetas, lápis,
borracha, papel, grampeador, grampo, clipes,
tinta de impressora,pastas plásticas, crachás
e pranchetas)
R$ 360,00
Material de
Consumo
Uniformes – 15 jalecos R$ 515,00
Material de
Consumo
Caixas arquivos para elaboração da urna R$ 70,00
Material de
Consumo
Mochilas e pastas R$ 200,00
Passagens
passagens urbanas, para entrevistadoras
para deslocamento até os postos
R$ 4.200,00
Terceiros,
pagamento de
pessoa física
Contratação de entrevistadoras com carga de
20hs, durante 6 meses, para trabalho de
campo
R$ 31.500,00
Terceiros,
pagamento de
pessoa física
Contratação de estatístico para análise dos
dados
R$ 3.000,00
Equipamentos Balança Filizolla R$ 500,00
Equipamentos Cartuchos de impressão R$ 500,00
Equipamentos Estante de metal R$ 120,00
Equipamentos Computador R$ 5.000,00
Equipamentos Impressora R$ 500,00
Material
Bibliográfico
Livros e artigos R$ 1.300,00
TOTAL
R$ 49.465,00
72
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Kaiser LL, Allen L. Position of the American Dietetic Association: nutrition and
lifestyle for a healthy pregnancy outcome. J Am Diet Assoc. 2002 Oct;102(10):1479-
90.
2. Fairburn CG, Stein A, Jones R. Eating habits and eating disorders during
pregnancy. Psychosom Med. 1992 Nov-Dec;54(6):665-72.
3. Nunes MA, Barros FC, Anselmo Olinto MT, Camey S, Mari JD. Prevalence of
abnormal eating behaviours and inappropriate methods of weight control in young
women from Brazil: a population-based study. Eat Weight Disord. 2003 Jun;8(2):100-
6.
4. Fairburn CG, Welch SL. The Impact os Pregnancy on Eating Habits and
Attitudes to Shape and Weight. Int J Eat Disord. 1990;9(2):153-60.
5. Abraham S, King W, Llewellyn-Jones D. Attitudes to body weight, weight gain
and eating behavior in pregnancy. J Psychosom Obstet Gynaecol. 1994 Dec;15(4):189-
95.
6. Conti J, Abraham S, Taylor A. Eating behavior and pregnancy outcome. J
Psychosom Res. 1998 Mar-Apr;44(3-4):465-77.
7. Abraham S. Obstetricians and maternal body weight and eating disorders during
pregnancy. J Psychosom Obstet Gynaecol. 2001;22(3):159-63.
8. James DC. Eating disorders, fertility, and pregnancy: relationships and
complications. J Perinat Neonatal Nurs. 2001 Sep;15(2):36-48; quiz 2 p following 82.
9. Fairburn CG, Beglin SJ. Assessment of eating disorders: interview or self-report
questionnaire? Int J Eat Disord. 1994 Dec;16(4):363-70.
10. Fairburn CG, Cooper Z. The Eating Disorders Examination. 12 ed. New York:
The Guilford Press; 1993.
11. Sichieri R, Everhart JE. Validity of a brazilian food frequency questionarie
against dietary recalls and estimated energy intake. Nutrition Research.
1998;18(10):1649-59.
12. Giacomello A, Schmidt MI, Nunes MA, Duncan BB, Soares RM, Manzolli P, et
al. Validade de questionário de freqüência alimentar relativa a recordatório, para uso
em gestantes. Porto Alegre; 2006. p. 97.
13. Fraguas R, Jr., Henriques SG, Jr., De Lucia MS, Iosifescu DV, Schwartz FH,
Menezes PR, et al. The detection of depression in medical setting: a study with
PRIME-MD. J Affect Disord. 2006 Mar;91(1):11-7.
14. Spitzer RL, Williams JB, Kroenke K, Linzer M, deGruy FV, 3rd, Hahn SR, et
al. Utility of a new procedure for diagnosing mental disorders in primary care. The
PRIME-MD 1000 study. Jama. 1994 Dec 14;272(22):1749-56.
15. Nunes MA, Soares RM. Adaptação ao português brasileiro do Exame de
Perturbações Alimentares - Questionário. Universidade Federal do Rio Grande do Sul;
2006.
Formatado: Português (Brasil)
Formatado: Holandês
(Holanda)
73
ANEXO II – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE MEDICINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EPIDEMIOLOGIA
Endereço: Rua Ramiro Barcelos, 2400 2º andar Fone: (51) 3316-5620
CEP: 90035-003 - POA - RS ppgep[email protected]r
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
PROJETO “Medida do padrão de consumo alimentar, prevalência de transtornos
mentais e violência em uma amostra de gestantes”.
A gestação é um período importante para as mulheres. Estamos interessados em
estudar o consumo alimentar das gestantes e verificar se problemas de ordem emocional
e, tipos de violência sofridos interferem na evolução da gravidez tanto para a mãe
quanto para o bebê.
1. A pesquisa é da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com a
colaboração do Centro de Saúde-Escola Murialdo de Porto Alegre e Secretarias
Municipais de Saúde de Bento Gonçalves e Porto Alegre, RS.
2. Participar do estudo é responder perguntas que, por vezes serão intímas, sobre a
sua saúde física e emocional, alimentos que consome, e tipos de violência sofridos. O
tempo médio da entrevista é de 50 minutos. Faremos sua medida de peso e altura.
3. Os pesquisadores, no final da sua gestação, revisarão dados do seu prontuário
como data do parto, peso e altura no final da gestação, peso e comprimento do bebê,
intercorrências perinatais, para conhecimento do término da sua gestação.
4. Suas informações serão sigilosas. Os dados serão examinados sem os nomes,
cada pessoa identificada por um número. Os resultados serão considerados no conjunto
e não individuais. Nenhuma informação individual será repassada para as instituições
colaboradoras. Caso seja detectado em você algum problema a coordenadora do estudo
fará contato para lhe esclarecer sobre o mesmo e informar-lhe locais de ajuda.
5. Será feito um cadastro com o seu endereço, para um possível contato após o
parto. A participação nesta primeira etapa não obriga a participação no segundo contato.
6. A participação é voluntária e isenta de custos, ou de qualquer outra
responsabilidade.
7. É garantida a sua liberdade de retirada de consentimento a qualquer momento,
sem qualquer prejuízo.
A equipe do estudo está à disposição para dúvidas e esclarecimentos - Prof. Maria
Angélica Nunes (51) (32316306).
74
Acredito ter sido suficientemente informada a respeito das informações que li ou
que foram lidas para mim, descrevendo o estudo. Ficaram claras para mim quais são os
propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, as garantias de
confidencialidade e de esclarecimentos permanentes. Ficou claro que a minha
participação é isenta de despesas. Concordo voluntariamente em participar deste estudo
e poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo,
sem penalidades ou prejuízo.
_____________________________________________________
Assinatura da participante Data_______/_______/__________
_________________________________
Assinatura do responsável Data_______/_______/__________
para gestantes com idade inferior a 14anos
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e
Esclarecido desta gestante para a participação neste estudo
_____________________________________________
Assinatura do responsável pela entrevista Data_______/_______/__________
75
ANEXO III - APROVAÇÃO PELO COMITÊ DA ÉTICA E PESQUISA
76
ANEXO IV – QUESTIONÁRIO DE PESQUISA
77
78
79
80
81
82
83
84
85
86
87
88
89
90
91
92
93
94
95
96
97
98
ANEXO V – QUESTIONÁRIO DE CONTROLE DE QUALIDADE
99
ANEXO VI – MANUAL DE INSTRUÇÕES
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE MEDICINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EPIDEMIOLOGIA
MANUAL DE INSTRUÇÕES
Medida do padrão de consumo alimentar, prevalência de transtornos
mentais e violência em uma amostra de gestantes
ESTUDO ECCAGe
Maio de 2006
101
Índice
1. PROJETO DE PESQUISA...................................................................................102
2. EQUIPE DO PROJETO.......................................................................................102
3. ORIENTAÇÕES GERAIS ...................................................................................102
3.1.
R
OTINA DE
T
RABALHO
.............................................................................102
3.2.
E
NTREVISTA
.............................................................................................103
3.3.
P
REENCHIMENTO DOS QUESTIONÁRIOS E FORMULÁRIOS
............................105
4. TRABALHO DE CAMPO....................................................................................108
4.1. A
BORDAGEM E CONSENTIMENTO
I
NFORMADO
.......................................108
5. QUESTIONÁRIOS...............................................................................................112
5.1.
Q
UESTIONÁRIO
S
ÓCIO
-
DEMOGRÁFICO
.......................................................112
Procedimentos para medir peso .................................................................119
Procedimentos para medir altura...............................................................120
5.2.
Q
UESTIONÁRIO DE
F
REQÜÊNCIA
A
LIMENTAR
...........................................121
5.3.
I
NVESTIGAÇÃO DE
T
RANSTORNOS
A
LIMENTARES
Q
UESTIONÁRIO
...........123
Manual de Instruções do EDE-Q versão pré - gestação ............................. 123
Manual de Instruções do EDE-Q versão gestação......................................128
5.4.
PRIME-MD.............................................................................................135
FOLHAS DE CAMPO..............................................................................................138
P
LANILHA DE
R
EGISTRO DE
C
AMPO
.................................................................138
P
LANILHA DE
R
EGISTRO DIÁRIO DE GESTANTES ATENDIDAS NA
U
NIDADE
B
ÁSICA DE
S
AÚDE
.....................................................................................................................138
102
1. PROJETO DE PESQUISA
O estudo do consumo e comportamento alimentar de gestantes (ECCAGE) será
realizado pelo Programa de Pós Graduação em Epidemiologia (PPGEPIDEMIO) da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
2. EQUIPE DO PROJETO
O projeto tem como coordenadora a Dra. Maria Angélica Antunes Nunes, Médica
Psiquiatra e pós-doutoranda do Programa de Pós-graduação em Epidemiologia, os
mestrandos Rafael Marques Soares, Andressa Giacomello e Patricia Manzolli e os
pesquisadores Prof
a
. Dra. Maria Inês Schmidt e Prof Dr. Bruce Bartholow Duncan.
Além destes, atuam no projeto Vanussa Mattiello como supervisora de campo na
cidade de Bento Gonçalves, Carlo Manenti, Juliana Hoffmann e Cristiane Melere como
supervisores em Porto Alegre e uma equipe de entrevistadores em cada cidade.
O endereço do Programa (PPGEPIDEMIO)
Porto Alegre: Rua Ramiro Barcelos, 2600, 4° Andar – Santana
O endereço de contato em Bento Gonçalves
Bento Gonçalves: Rua Olavo Bilac,633 – Cidade Alta
3. ORIENTAÇÕES GERAIS
3.1. Rotina de Trabalho
As entrevistadoras terão uma reunião a cada três (3) dias com o supervisor do
trabalho de campo, com duração de aproximadamente 1h:30 min. As entrevistadoras de
Porto Alegre deverão entregar diariamente os questionários preenchidos, no andar do
prédio do Ciclo Básico na UFRGS, na sala 419 do PPGEPI diretamente ao supervisor e
103
revisar junto com ele possíveis problemas. As entrevistadoras de Bento Gonçalves
entregarão os questionários preenchidos a supervisora nas Unidades Básicas de Saúde.
As atividades se concentrarão na realização das entrevistas, nas unidades básicas de
saúde, em Porto Alegre no turno da tarde das 13h30min às 17h: 30min. Nas unidades de
Bento Gonçalves os horários de funcionamento das unidades são das 7h30min às
11h30min e das 13h30min às 17h30min.
Para cada entrevistadora serão definidos unidade e turnos para realização das
entrevistas. A entrevistadora deverá permanecer na unidade durante todo o expediente de
atendimento, para evitar que alguma gestante deixe de ser entrevistada.
3.2. Entrevista
Apresentamos em seguida orientações gerais sobre como abordar e entrevistar. Elas
são IMPORTANTÍSSIMAS, norteiam a conduta da entrevistadora durante todo o
trabalho. Informações específicas são apresentadas adiante no manual.
Nunca esqueça: A realização do nosso trabalho fornecerá resultados que
propiciarão melhoria na qualidade da assistência da própria e de outras gestantes. Reflita
sobre a importância disso. Seja interessada. A oportunidade de trabalhar como
entrevistadora é única e muito rica. Seja sempre gentil e educada, pois as gestantes não têm
obrigação de participar da pesquisa. A primeira impressão despertada na pessoa é MUITO
IMPORTANTE para a realização do trabalho.
Logo de início, é importante estabelecer um clima de diálogo cordial com a
entrevistada, tratando-a com respeito e atenção. Nunca demonstre pressa ou impaciência
diante de suas hesitações ou demora ao responder uma pergunta.
Procure apresentar-se de uma forma simples, limpa e sem exageros. Tenha bom
senso no vestir. Mantenha seu celular desligado enquanto estiver entrevistando. Não
masque chicletes, nem coma ou beba algum alimento durante a entrevista. NEM PENSE
EM FUMAR quando estiver fazendo contato ou entrevistando uma gestante.
Esteja sempre vestida com o jaleco, e porte sempre o seu crachá de identificação.
Se necessário mostre sua carta de apresentação, ou ainda forneça o mero do telefone
do PPGE para que a pessoa possa ligar e confirmar suas informações.
104
Trate as entrevistadas adultas por Sra. sempre com respeito. mude este
tratamento se a própria pedir para ser tratada de outra forma.
Chame a entrevistada sempre pelo nome (p.ex., Dona Joana). Jamais chame por
mãe. Isto é sempre interpretado como desinteresse pela pessoa.
Durante a entrevista, com algum intervalo de tempo, faça referência ao nome da
entrevistada. É uma forma de ganhar a atenção e manter o interesse da entrevistada. Por
exemplo: “Dona Joana, agora vamos falar sobre…” e não simplesmente “Agora vamos
falar sobre…”
Nunca demonstre censura, aprovação ou surpresa diante das respostas.
Lembre-se de que o propósito da entrevista é obter informações e não julgar, transmitir
ensinamentos ou influenciar conduta das pessoas. A postura do entrevistador deve ser
sempre NEUTRA em relação às respostas. Deixe a surpresa e a própria inquietude frente
às respostas para discutir com o supervisor.
Procure fazer com que o diálogo seja dinâmico, demonstre interesse pelo que lhe
está sendo reportado.
É essencial que você conheça profundamente o conteúdo do questionário que vai
aplicar bem como o manual do entrevistador, estando totalmente familiarizado com os
termos usados na entrevista, para que não haja nenhuma dúvida ou hesitação de sua parte
na hora de formular perguntas e anotar respostas. É a entrevistada que tem o direito de
hesitar.
Seja claro na formulação das perguntas, utilizando o texto do questionário. NÃO
INVENTE. Caso a entrevistada não entenda, repita. depois disso você deve reformular
a questão para tentar que ela seja entendida.
Nunca influencie ou sugira respostas. Siga com rigor as instruções que constam no
MANUAL: quando ler as alternativas, quando não ler as alternativas. Tenha MUITA
ATENÇÃO com os PULOS e SAÍDAS em algumas questões.
Se a gestante for menor de 14 anos de idade ela deverá concordar em responder as
questões mas é OBRIGATÓRIO que um responsável assine também. Se ela não souber
escrever seu nome deverá ser utilizada a impressão digital do dedo polegar utilizando
almofada de tinta. Se a gestante menor de 14 anos estiver sozinha ela terá que vir
105
acompanhada pelo familiar responsável em outro dia. Ela não poderá responder aos
questionários sem que o responsável concorde.
Se a gestante estiver acompanhada você gentilmente deve assinalar que a entrevista
é individual. Em caso de insistência do familiar para participar, seja gentil e procure
mostrar que se trata de um questionário de questões privadas.
Procure manter um diálogo aberto com os supervisores do trabalho de campo,
reportando imediatamente qualquer problema, dificuldade ou dúvida que apareça no
decorrer do treinamento e entrevistas. As SUAS DÚVIDAS são importantes no sentido de
aprimorar o trabalho do grupo.
Não saia de casa sem ter material suficiente para o trabalho a ser realizado no dia,
sempre com alguma folga para possíveis imprevistos favoráveis!
Mantenha sempre à mão o seu Manual do Entrevistador e não tenha vergonha
de consultá-lo, se necessário, durante a entrevista.
3.3. Preenchimento dos questionários e formulários
Cuide bem de seus formulários. Eles devem ser mantidos sempre na pasta para que
não amassem ou molhem. Use sempre a prancheta na hora de preencher as respostas.
Posicione-se de preferência frente a frente com a pessoa entrevistada, evitando que
ela procure ler as questões durante a entrevista.
Os questionários e formulários de controle devem ser preenchidos a caneta, sempre
de cor azul ou preta e com muita atenção.
As questões serão formuladas no feminino pois a amostra é de mulheres.
As letras e números devem ser escritos de maneira absolutamente legível, sem
deixar margem para dúvidas e ABSOLUTAMENTE dentro do quadrado para cada item.
Isso é MUITO importante para a utilização do aparelho que irá scanear os dados.
106
Note que poderemos ter vários  e as respostas podem ser uma unidade, uma
dezena e uma centena, exemplo 1 2 3 ; o mais provável é que seja dezena 0 1 2 ou mesmo
unidade 0 0 5. Então preencha dentro de cada quadrado respeitando a ordem de freqüência
da esquerda para a direita- exemplo 0 1 2; exemplo 0 0 4.
Use letra de forma. As letras deverão ser todas maiúsculas e obedecendo ao padrão
Arial do Word:
A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z
Vamos padronizar os números de acordo com o exemplo: 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0. Em
especial, o 1 não tem pé. Quanto mais a gente capricha no 1, mais parecido ele fica com o
2… Não se corta o 7. Faça um 5 bem diferente do 9!
Nunca deixe nenhuma resposta em branco. Lembre-se que, no caso de uma
pergunta sem resposta, você poderá ter que localizar a entrevistada.
duas codificações especiais muito importantes: NÃO SE APLICA E
IGNORADO.
NÃO SE APLICA (NSA) = 88, 888 ou 8888. Este código deve ser usado quando a
pergunta não pode ser aplicada para aquele caso ou quando houver instrução para
pular uma pergunta. Exemplo, se a pessoa não fuma, não se aplica perguntar
quantos cigarros fuma/dia. Preencher com 88,888 ou 8888.
Todos os campos relativos a um bloco em que houve PULO devem ser sempre
codificados com 8’s.
IGNORADO (IGN) = 99, 999 ou 9999. Este código deve ser usado quando a
informante não souber responder ou não lembrar. Antes de aceitar uma resposta
como ignorada deve-se tentar obter uma resposta mesmo que aproximada. Se esta
for vaga ou duvidosa, anotar por extenso, no verso do questionário, e discutir com o
supervisor. Use a resposta ignorada somente em último caso. Lembre-se que uma
resposta não coletada é uma resposta perdida.
Todas as frases que estiverem SUBLINHADAS servem para orientá-las e NÃO
devem ser lidas para a entrevistadas
107
Não use abreviações ou siglas, a não ser que tenham sido fornecidas pelo manual.
Datas devem aparecer sempre na ordem: dia - mês - ano e todos os espaços devem
ser preenchidos. Para datas anteriores ao dia e mês 10, escreva o número do mês precedido
de 0 (zero). Exemplo: 02 / 04 / 1982.
Nunca passe para a próxima pergunta se tiver alguma vida sobre a questão que
acabou de ser respondida. Se necessária peça para que se repita a resposta. Não registre a
resposta se não estiver absolutamente segura de ter entendido o que foi dito pela
entrevistada.
Em caso de dúvida você poderá fazer um comentário escrevendo no verso da
página. Essa iniciativa pode ser motivada pelo fato de nenhuma alternativa corresponder à
resposta fornecida pela entrevistada, ou pelo fato dela ter se mostrado particularmente
insegura ou hesitante ao responder.
Preste muita atenção para não pular nenhuma pergunta, nenhum espaço. Ao final
de cada gina do questionário, procure verificar se todas as perguntas da página foram
respondidas.
Nunca confie em sua memória e não deixe para registrar nenhuma informação
depois da entrevista. Não encerre a entrevista com dúvidas ou espaços ainda por preencher.
Quando em dúvida sobre a resposta ou a informação parecer pouco confiáveis,
tentar esclarecer com a entrevistada, e se necessário, anote a resposta por extenso no verso
e apresente o problema ao supervisor.
Use o verso, para escrever tudo o que você acha que seja importante para resolver
qualquer dúvida. Na hora de discutir com o supervisor estas anotações são muito
importantes.
Caso seja necessário fazer algum cálculo, não o faça durante a entrevista, pois, a
chance de erro é maior. Anote as informações por extenso e calcule posteriormente.
Em respostas de idade, considere os anos completos. Exemplo: se o entrevistado
responder que tem 29 anos e 10 meses, considere 29 anos.
108
4. TRABALHO DE CAMPO
As gestantes serão entrevistadas nas unidades básicas de saúde, após (ou antes) de
suas consultas de pré-natal. Em cada unidade será previamente combinado um local para a
realização da entrevista. Quando a paciente for liberada do atendimento de pré-natal, a
entrevistadora deverá convidar a gestante a participar da pesquisa.
CRITÉRIO DE INCLUSÃO SOMENTE participará do estudo a gestante que
estiver entre a 16ª semana gestacional (última semana do mês) e a 32ª semana
gestacional (última semana do 8° mês).
Serão consideradas PERDAS todas as situações em que a entrevistada não responder o
questionário por outros motivos que não seja recusa, por exemplo, uma pessoa
impossibilitada de falar.
Na situação que a gestante tiver ido embora antes que a entrevistadora possa convida-la
para participar da pesquisa anotar sempre na planilha de campo no item "EM FALTA"
significando que aquela gestante deverá ser convidada para participar na sua próxima
visita ao posto. Anote alguns dados que possam identificar a gestante e dessa forma
possa ser incluída em uma outra vinda ao posto de saúde.
As RECUSAS são consideradas sério problema do ponto de vista da qualidade do
trabalho de pesquisa. É quando a gestante não concordar em participar. Não devemos
concordar rapidamente. Gentilmente conversar sobre o motivo da recusa, se necessário
oferecer outro dia, outro horário que lhe fique mais conveniente. Como não fazemos
substituições, uma recusa significa menos informação.
Em caso de recusa, anotar na planilha os dados referentes a paciente para que
possamos posteriormente pesquisar no prontuário e passe a informação para seu
supervisor.
4.1. Abordagem e consentimento Informado
109
A primeira abordagem ocorrerá na sala de espera. Aproxime-se da gestante dizendo
Boa tarde, qual seu nome? Eu me chamo XXXXX e faço parte de um projeto de pesquisa
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, sobre a saúde da gestante. Posso dar uma
olhada no seu cartão de gestante? A entrevistadora deverá buscar o selo de identificação,
se a gestante participou da pesquisa e confirmar a idade gestacional. Se for a primeira
consulta da gestante aguarde o término da consulta pré - gestacional para confirmar a
idade gestacional para apenas neste momento decidir se ela será ou não entrevistada. Caso
ela não esteja no final do mês diga - Ok no momento estamos entrevistando apenas
gestantes a partir do 4° mes sendo assim vamos aguardar a sra estar no tempo
gestacional para conversarmos. obrigada”.
Outra possibilidade : Ok, você disse que está com 5 meses de gestação então a sua
colaboração é muito importante, pois, através disso conheceremos mais a saúde das
gestantes, ajudando, assim, a melhorá-la”. Após sua consulta de pré natal eu estarei
aguardando-a para entrevistá-la caso a sr
a.
. aceite em participar.
Não esquecer que se ela tiver com menos de 4 meses de gravidez será entrevistada em
um momento posterior. Caso esteja com mais de 8 meses de gravidez está fora dos nossos
critérios de inclusão.
Havendo a disposição da gestante em participar, a etapa seguinte é muito
importante. A entrevistadora deverá permanecer atenta a saída da gestante da consulta pré-
natal.
Em alguns postos talvez o médico oriente a gestante para o local da entrevista da
pesquisa. no local reservado para a entrevista antes de tudo você deve obter
consentimento informado, que será em duas vias, uma que ficará com a entrevistada
e a outra que ficará com o material da entrevistada. É necessário que a entrevistadora
leia os itens da primeira gina do consentimento e quando terminar a leitura oferecer a
gestante que ela mesma faça a leitura da segunda página do consentimento e então assine,
se concordar.
110
Primeira página ( ler)
A gestação é um período importante para as mulheres. Estamos interessados em
estudar o consumo alimentar das gestantes e verificar se problemas de ordem emocional e,
tipos de violência sofridos interferem na evolução da gravidez tanto para a mãe quanto
para o bebê.
1. A pesquisa é da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com a colaboração
do Centro de Saúde-Escola Murialdo de Porto Alegre e Secretaria Municipal de Saúde de
Bento Gonçalves, RS.
2. Participar do estudo é responder perguntas que, por vezes serão íntimas, sobre a
sua saúde física e emocional, alimentos que consome, e tipos de violência sofridos. O
tempo médio da entrevista é de 50 minutos. Faremos sua medida de peso e altura.
3. Os pesquisadores, no final da sua gestação, revisarão dados do seu prontuário
como data do parto, peso e altura no final da gestação, peso e comprimento do bebê,
intercorrências pré-natais, para conhecimento do término da sua gestação.
4. Suas informações serão sigilosas. Os dados serão examinados sem os nomes, cada
pessoa identificada por um número. Os resultados serão considerados no conjunto e não
individuais. Nenhuma informação individual será repassada para as instituições
colaboradoras. Caso seja detectado em você algum problema a coordenadora do estudo
fará contato para lhe esclarecer sobre o mesmo e informar-lhe locais de ajuda.
5. A participação é voluntária e isenta de custos, ou de qualquer outra
responsabilidade.
6. É garantida a sua liberdade de retirada de consentimento a qualquer momento, sem
qualquer prejuízo.
A equipe do estudo está à disposição para dúvidas e esclarecimentos - Prof.ª Maria
Angélica Nunes (51) (32316306).
Após esta leitura, se colocar à disposição para responder qualquer outra pergunta da
entrevistada. Então dar para ela ler a segunda página e após ela assina e também assina a
entrevistadora. NÃO ESQUECER: UMA VIA do CONSENTIMENTO FICARÄ COM A
ENTREVISTADA. Caso seja analfabeta a entrevistadora lê também essa página, mas será
111
necessário que a gestante deixe a impressão digital do dedo polegar utilizando a almofada
de tinta.
Em caso de menores de 14 anos a gestante assina e também o responsável.
112
5. QUESTIONÁRIOS
5.1. Questionário Sócio-demográfico
A parte inicial deste questionário corresponde aos dados de identificação da
gestante é importante que você preencha de forma detalhada e clara, para que possamos
localizar a gestante futuramente.
Entrevistador
Cod
Completar com o seu nome. E com o seu código de identificação que tem 2 dígitos.
Data
Anotar a data em que a entrevista está sendo realizada, especificando dia / mês/ ano. Nos
casos de dias com apenas um dígito, colocar um zero na frente. Colocar o ano com 4
dígitos.
Cidade
Porto Alegre
Bento Gonçalves
Assinalar com um X exatamente dentro do quadrado a cidade onde esta ocorrendo
a entrevista.
UBS
Preencher com o código da unidade de saúde na qual está trabalhando
Porto Alegre serão as UBS de 02 a 08
Bento Gonçalves serão as UBS de 09 a 19
113
Nome do paciente
Número da identidade
Solicitar a carteira de identidade da gestante e anotar o nome completo e o número do RG.
Preencher com letra de forma e legível. Caso a gestante não esteja com o documento você
deve procurar, no final da entrevista, o número no prontuário da paciente.
SEMPRE leia o texto que estiver dentro das caixas. Esses textos têm a finalidade de
auxiliar a entrevistadora a introduzir um novo tópico com a gestante.
Gostaríamos de preencher um cadastro com seu endereço, caso seja necessário entrar em
contato com você novamente.
Questões 1, 2 e 3: Referem-se os dados de localização da gestante, e contatos como sua
mãe e alguém próximo para que seja possível localizar essa gestante em estudos futuros.
É importante que você registre de forma clara e detalhada. Não esquecendo o número da
casa e possíveis telefones para contato. Caso a entrevistada não souber informar, por
exemplo o CEP, deixe em branco.
Questão 4: Preencher o dia e o s sempre com dois dígitos - se menor que 10, colocar
um zero na frente. Nos quatro últimos espaços anotar o ano sempre com quatro dígitos.
Questão 5: Nessa questão existe a frase LER AS ALTERNATIVAS. Ela está
SUBLINHADA então você não deve ler essa frase em voz alta. Você deve ler todas as
alternativas para a gestante, e assinalar apenas com um X exatamente dentro do quadrado.
Questão 6: Marque SIM ou NÂO. Se a resposta for NÃO, PULAR PARA A Q.12.
Novamente ela está SUBLINHADA então você lê silenciosamente essa frase. Preencha
todas as questões puladas com a alternativa NSA= 888
Se a resposta for SIM siga fazendo as perguntas em seqüência.
114
Questão 7: Marque SIM ou NÃO. com um X exatamente dentro do quadrado.
Questão 8: Anotar a idade em anos completos. Se a gestante não souber a idade colocar
999, em caso de não ter companheiro colocar 888 =NSA.
Questão 9: Leia todas as alternativas para a gestante, frisando que elas se referem ao seu
companheiro e assinale com um X exatamente dentro do quadrado.
Questão 10: Marque SIM ou NÃO. Se a resposta for NÃO, PULAR PARA A Q. 12.
No caso da entrevistada responder às vezes considere SIM.
SE SIM, ler as alternativas.
Questão 11: Faça a pergunta e aguarde um tempo para ela responder, caso ela não saiba
informar, leia as alternativas e peça para que ela informe em qual situação o companheiro
se enquadra. Caso a gestante não entenda a palavra ALTERADO explique dizendo
embriagado, bêbado, (tchuco). Assinale com um X exatamente dentro do quadrado
Questão 12: Registrar os anos completos de estudo.
Exemplo:
Esta cursando a 7 º série. Anos completos 006.
Entrevistada parou no 2º ano do 2º grau, no meio do ano. Anos completos 009.
Caso a gestante diga que nunca estudou complete com 000. E se ela não souber informar
com 999.
Questão 13: Você deve ler todas as alternativas para a gestante, e assinalar apenas uma.
Caso ela apenas estude, ou não trabalhe, PULAR PARA A Q. 15.
Questão 14: Caso a gestante trabalhe, registre o tipo de trabalho que ela faz. Exemplo:
SECRETÁRIA, PROFESSORA, FAXINEIRA, etc... Sempre usando letras de forma,
conforme o treinamento.
115
Questão 15: Registre o número de pessoas que moram na mesma casa que a gestante,
incluindo a gestante no total.
São consideradas pessoas da mesma casa, todos os que usam a mesma cozinha. Assim, por
exemplo, se a gestante referir que mora em uma “peça” ao lado da casa dos pais esta
será considerado um domicílio se tiver uma cozinha. Caso a gestante use a cozinha na
casa da mãe, deve-se considerar o número de pessoas incluindo as das duas “peças”.
Questão 16: Peça que ela informe se moram crianças menores de cincos na mesma casa
que ela, podem ser outros filhos, irmãos, sobrinhos ou outras crianças. Registre o número
total.
Questão 17: Registre o número total de pessoas que trabalham, não importando a tarefa
que fazem.
Questão 18: Registre a renda de cada pessoa que trabalha, com os valores em reais.
Pergunte quem teve a maior renda. Se a gestante não souber informar renda preencher com
o código de IGN (9999)
Questão 19: Refere-se ao uso de cigarros, somente pular para a questão 20 se a gestante
nunca fumou. Caso contrário você deve registrar em qual das alternativas 1, 2 ou 3 a
entrevistada encontra-se. E para qualquer uma delas preencha o número de cigarros
fumados por dia. Lembre-se que há 20 unidades num maço ou carteira de cigarros. Há uma
forte tendência para as pessoas responderem em termos de maços tente obter o número
mais preciso possível. Caso ela não lembre registre 999.
Questão 20: Refere-se ao uso de drogas pela gestante, somente PULAR PARA A Q. 21
se ela nunca usou. Se SIM, ler as alternativas dos tipos de drogas e se usou alguma das
drogas você deve perguntar quantas vezes usou nos últimos 3 meses.
Nova caixa ler para introduzir novo assunto
116
Questão 21: Leia as alternativas para a entrevistada. Assinale com um X exatamente
dentro do quadrado. No caso da resposta outro, coloque onde escrevendo por extenso ao
lado.
Questão 22: Se a resposta for acompanhada, registre quem escrevendo com letra de
forma exatamente uma letra dentro de cada quadrado
Questão 23: Peça para a gestante informar o total de refeições que ela faz durante o dia,
incluindo os lanches e registre o numero total exatamente
Questão 24: Caso a gestante não entenda a pergunta, reformule-a dizendo “Você costuma
comer fora de hora?”
Questão 25: Caso a gestante não entenda, explique alguém lhe falou quais alimentos
você deveria comer e quais que não deveria?”
Se responder NÃO, PULAR PARA QUESTÃO 27, se responder SIM, pergunte quando
isso ocorreu, e marcar apenas uma alternativa.
Questão 26: ler as alternativas, e caso a resposta seja outros, escrever o motivo por
extenso ao lado do quadrado assinalado.
SEMPRE LER OS TEXTOS QUE ESTÃOS DENTRO DAS CAIXAS.
Agora, gostaria de saber algumas informações sobre sua gravidez
Questão 27 : Registrar o numero de meses inteiro. Se ela informar 3 meses e meio,
registre 3 meses
Questão 28: Marque SIM ou NÃO.
Questão 29: Marque SIM ou NÃO. Se a resposta for NÃO PULAR PARA QUESTÃO
32
117
Questão 30: Nesta pergunta leve em consideração a gestação atual, e gestações anteriores
incluindo abortos.
Questão 31: Esta pergunta se refere ao numero de filhos vivos.
Questão 32: Marque SIM ou NÃO. E IGN caso a gestante não saiba
Questão 33: Pergunte a gestante de forma clara e objetiva. Se a resposta for SIM então
leia as alternativas seguintes, pedindo que ela informe claramente em que momento isso
ocorreu.
Questão 34: Pergunte a gestante de forma clara e objetiva. Se a resposta for SIM então
leia as alternativas seguintes, pedindo que ela informe claramente em que momento isso
ocorreu.
Questão 35: Pergunte a gestante de forma clara e objetiva se ela teve alguma outra doença
Caso ela responda gripe esclareça que estamos interessadas em saber de alguma outra
doença que exigiu tratamento mais longo, várias visitas ao médico, uso de medicação a
longo prazo
Se a resposta for SIM então leia as alternativas seguintes, pedindo que ela informe
claramente em que momento isso ocorreu. A próxima questão você deve acrescentar o
nome da doença que ela informou para perguntar se o médico lhe indicou remédio e qual
foi o remédio.
Questão 36: Pergunte a gestante de forma clara e objetiva. Se a resposta for SIM então
leia a pergunta 37. Se a resposta for NÃO, PULAR PARA QUESTÃO 38.
Questão 37: De acordo com a ANVISA : Suplemento é um produto elaborado com a
finalidade de completar a dieta cotidiana de uma pessoa saudável que deseja compensar
um possível deficit de nutrientes afim de alcançar os valores das doses diárias
recomendadas.
118
Se a entrevistada não entender o que é suplemento explique que é um produto do tipo
comprido, liquido ou que tem nutrientes para complementar sua alimentação.. Após
pergunte o nome do suplemento e registre na coluna correspondente da tabela. Caso a
gestante tome mais de um suplemento, anotar um nome em cada linha.
Em seguida, pergunte como deve tomar o suplemento, questionando o número de vezes ao
dia e a quantidade por vez. Complete a tabela, sempre registrando as informações de cada
suplemento na mesma linha.
Questão 38: Leia a pergunta e em seguida, leia as alternativas. tempo ao final de cada
alternativa para que a gestante responda SIM ou NÃO.
Caso a gestante responda SIM, perguntar quantas vezes ela apresentou o sintoma no
último mês.
Caso a gestante responda NÃO, pule para a próxima alternativa. Neste caso, você deve
colocar o número “0 – zero” no campo relativo a quantas vezes apresentou o sintoma.
Questão 39: Leia a pergunta e tempo para que a gestante responda. Se ela não souber
informar o peso exato, questione para que diga em que faixa de peso estava e registre o
número médio.
Por exemplo, se a gestante informar que pesava entre 60 e 63kg, registrar 61,5kg.
Questão 40: Leia a pergunta e deixe a gestante à vontade para responder o que ela pensa.
Se ela não souber responder, registro com código IGN (999), e pule a questão 41.
Se ela souber responder, leia a questão 41.
Questão 41: Leia a pergunta e deixe que a gestante responda. Caso ela não saiba
responder, leia todas as alternativas e assinale a alternativa correspondente.
SEMPRE LER OS TEXTOS QUE ESTÃOS DENTRO DAS CAIXAS.
AGORA VAMOS MEDIR SUA ALTURA E PESO
119
PROCEDIMENTOS PARA MEDIR PESO
As gestantes devem ser pesadas descalças, e usando roupas leves. Devem ser orientadas a
retirar objetos pesados como chaves, cintos, óculos e telefones celulares.
Questão 42: Se for utilizar balança mecânica de plataforma:
Certificar-se que a balança está afastada da parede.
Destravar a balança.
Verificar se a balança está calibrada (a agulha do braço e o fiel devem estar na mesma
linha horizontal). Caso contrário, calibra-la girando levemente o calibrador.
Esperar até que a agulha do braço e o fiel estejam nivelados
Travar novamente a balança, e então pedir à gestante que suba na plataforma.
Posicionar a gestante de costas para a balança, no centro do equipamento, ereta, com os
pés juntos e os braços estendidos ao longo do corpo.
Destravar a balança.
Mover o cursor maior sobre a escala numérica, para marcar os quilos.
Mover o cursor menor para marcar as gramas.
Esperar até que a agulha do braço e o fiel estejam nivelados.
Travar a balança.
Pedir à gestante que dessa da balança.
Realizar a leitura de frente para o equipamento, a fim de visualizar melhor os valores
apontados pelos cursores.
Registrar o peso no questionário.
Retornar os cursores ao zero na escala numérica.
Se for utilizar balança eletrônica.
120
A balança deve estar ligada antes da gestante ser colocada sobre ela. Esperar que a
balança chegue ao zero.
Posicionar a gestante de costas para a balança, no centro do equipamento, ereta, com os
pés juntos e os braços estendidos ao longo do corpo.
Realizar a leitura após o valor do peso estar fixado no visor.
Registrar o peso no questionário.
PROCEDIMENTOS PARA MEDIR ALTURA.
A estatura da gestante deve ser obtida através do antropômetro vertical da balança.
Posicionar a gestante com a cabeça livre de adereços no centro da balança, em pé,
ereta, com os braços estendidos ao longo do corpo, com a cabeça erguida, olhando para
um ponto fixo na altura dos olhos.
Encostar os calcanhares, ombros e nádegas em contato com o antropômetro/parede.
Os ossos internos dos calcanhares devem se tocar, bem como a parte interna de ambos
os joelhos. Unir os pés fazendo um ângulo reto com as pernas.
Movimentar o antropômetro, fixando-o contra a cabeça com pressão suficiente para
comprimir o cabelo.
Retirar a gestante do equipamento.
Realizar a leitura da estatura.
Registrar no questionário
SEMPRE LER OS TEXTOS QUE ESTÃOS DENTRO DAS CAIXAS.
AGORA GOSTARIA DE VER SEU CARTÃO DE GESTANTE PARA
COPIAR ALGUNS DADOS
Nas questões de 44 a 49, você deve copiar os dados que estão na carteirinha da gestante.
Caso a gestante não esteja com sua carteirinha de pré-natal, pergunte se ela sabe informar
data da última menstruação.
121
Na questão 44, 45, 47 e 49 caso a gestante não tenha feito a ecografia ou não saiba
informar a data, registre os códigos para IGN (01/01/1980).
Na questão 48 caso a gestante não tenha realizado a ecografia ela não terá na carteirinha a
idade gestacional pela ecografia, registre os códigos para IGN (99).
COLE UM DOS ADESIVOS COLORIDOS NO CANTO SUPERIOR DIREITO DA
CAPA
5.2. Questionário de Freqüência Alimentar
As principais orientações para a aplicação do QFA estão descritas na primeira página do
mesmo, em itálico.
Inicialmente deve ser lida a frase: Gostaríamos que você respondesse com que
freqüência você come alguns alimentos, neste momento que você está grávida, e
também a quantidade de alimento que come a cada vez.
Em seguida, deve iniciar perguntando “Com quem freqüência você come (nome do
alimento, Ex-arroz)?”.
Deixar que a gestante responda, e caso a mesma tenha dificuldade sugerir: quantas vezes
por dia, semana ou mês?
Quando o alimento for consumido com freqüência nunca, preencher o número zero (0) na
coluna da quantidade.
Quando o alimento for consumido com freqüência maior do que nunca, perguntar a
quantidade lendo a medida caseira referente “Quantas (medida caseira, Ex: colheres de
sopa) você come cada vez?”
Medida caseira é uma maneira de descrever a quantidade, através dos utensílios usados na
alimentação, como unidade, colher de sopa, colher de arroz, copo, xícara, fatias, concha...
Quando a gestante referir a quantidade de consumo em número não inteiro (Ex: meia
unidade), escrever o número usando vírgula (0,5) e não fração (1/2).
Caso a gestante refira a quantidade consumida em medida caseira diferente da que consta
no questionário, registrar a quantidade por extenso no verso (Ex: arroz – 1 escumadeira).
122
Após o término da entrevista, fazer a transformação da medida caseira referida para a
medida do questionário usando a Tabela 1 abaixo. Os casos que não constam da tabela
devem ser discutidos com o supervisor.
Tabela 1 - Conversões das medidas caseiras do QFA.
Alimento Conversão
Abacaxi 1 unidade média = 10 fatias
Abóbora 1 pedaço Médio 50g = 1,6 colh sopa
Açúcar 1 colh sopa = 2 colh sobremesa
Alface 1 colh sopa = 2 folhas
1 pé (130g) = 52 folhas
Arroz 1 colh servir = 2 colh sopa
1 escumadeira = 4 colh sopa
1 concha = 4 colh sopa
Atum 1 colh sopa = 0,1 lata
Bacon 1 colh sopa = 1 fatia
1 colh sobremesa = ½ fatia
Batata frita 2 colh sopa = 1 unidade
Beterraba 1 unidade = 5 fatias
1 colh sopa = 0,6 fatias
Bolacha doce 1 pacote = 36 unidades
Bolacha recheada 1 pacote = 30 unidades de biscoito doce (2 unidades biscoito para 1
bolacha recheada)
Bolacha salgada 1 pacote = 25 bolachas
Bolo ½ bolo = 6 fatias
Bom bom 1 caixa = 10 unidades
Bucho 1 concha = 2 pedaços
Camarão 1 colh sopa = 1,6 unidades
Cenoura 1 unidade = 4 colh sopa cheias
Chicórea 1 folha = 1 colh sopa
Chocolate 1 barra = 6 unidades
Chuchu ½ unidade = 2 colh sopa
1 unidade = 5 colh sopa
Coração de galinha 7 corações = 1 pedaço
Couve 1 folha = 1 colh sopa
1 maço = 12 colh
Feijão ou lentilha 1 concha = 4 colh sopa = 2 colh servir
Macarrão 1 escumadeira = 4 colh sopa
Mamão ½ mamão comum = 3 fatias
Manga 1 fatia = 0,5 unidade
Melancia ½ melancia = 11 fatias
Nescau 1 colh sopa = 2 colh sobremesa
Pão caseiro 1 unidade = 1 fatia
Pepino ½ unidade = 16 fatias
Pipoca 1 xícara = 0,7 saco
Polenta 2 colh sopa = 1 colh servir = 1 pedaço
1 concha = 2 pedaços
Repolho 1 pegador = 2 colh sopa
1 pires = 3 colh sopa
1 prato = 5 colh sopa
1 colh servir = 2 colh sopa
Salgado pequeno 1 unidade = 0,25 salgado
Sorvete 1 litro = 12 unidades
Tomate 1 undiade = 6 fatias
Vagem 1 bacia = 10 colh sopa
123
Importante: A cada 4 ou 5 alimentos, lembrar à gestante que ela deve referir a
alimentação durante a gestação. Sempre que ela mencionar: antes eu comia, neste
momento não como, lembrar que vale a alimentação na gestação.
5.3. Investigação de Transtornos Alimentares – Questionário
MANUAL DE INSTRUÇÕES DO EDE-Q VERSÃO PRÉ - GESTAÇÃO
ATENÇÃO: TODAS AS FRASES QUE ESTÃO SUBLINHADAS NÃO DEVEM SER
LIDAS.
QUESTÃO CHAVE: A MANEIRA COMO A NOSSA ENTREVISTADA PENSA
SEU PESO E FORMA CORPORAL E COMPORTA-SE COM O SEU JEITO DE
ALIMENTAR-SE INDEPENDE DO FATO DELA ESTAR GRÁVIDA.
O EDE-Q é um questionário cujo objetivo é servir de instrumento diagnóstico em uma
versão simplificada e econômica em indivíduos que possam apresentar transtornos do
comportamento alimentar (TA) É composto por quatro sub-escalas (restrição alimentar;
preocupação com a comida; preocupação com o corpo; preocupação com o peso) e um
escore total (EDE-Q-TOTAL).
Na pesquisa o instrumento será aplicado duas vezes COM MODIFICAÇÕES
Na 1ª. Vez todas as questões do questionário referem-se aos (28 dias) ÚLTIMAS 4
SEMANAS ANTES da gravidez
Na 2ª. Vez todas as questões referem-se às ÚLTIMAS 4 SEMANAS (28 DIAS) da
gravidez.
ORIENTAÇÕES INICIAIS:
Leia com atenção todas as perguntas de forma clara e pausada;
caso necessário repita a leitura de toda a questão exatamente como está escrita.
NÃO INVENTE, tentando auxiliar a entrevistada para que entenda. Caso isso ocorra,
cada pergunta apresenta uma alternativa no Manual de Instruções. RESPEITE ESSE
124
PRINCÍPIO para evitar que estejas alterando as questões que constituem o
instrumento e, principalmente as respostas que não serão fidedignas. ISSO é MUITO
IMPORTANTE!
AS QUESTÕES A SEGUIR INVESTIGAM (28 DIAS), QUATRO SEMANAS
ANTES DA GRAVIDEZ.
Nos últimos 28 dias, antes da sua gravidez, quantos dias?
Questão 1.Tentou seguir regras rígidas na sua alimentação para modificar seu peso e
forma corporal como, por exemplo, um limite de calorias, quantidade exata de comida,
aquilo que devia ou não comer ou mesmo quando devia comer? “Caso a entrevistada não
compreenda a expressão “forma corporal” substitua pela expressão aparência corporal”;
aparência do corpo”, Aguarde a resposta e somente leia para auxiliar a gestante
referindo sempre o último número dos intervalos. “...5 dias...12 dias...15 dias...22 dias...27
dias...todos os dias”
Questão
2.
Desejou não ter barriga
?
Caso a entrevistada não compreenda não ter
barriga uma vez grávida reforce que estamos falando do período antes da sua gravidez;
Aguarde a resposta e somente leia para auxiliar a gestante referindo sempre o último
número dos intervalos. “...5 dias...12 dias...15 dias...22 dias...27 dias...todos os dias”
Questão
3.
Pensou sobre seu peso e forma corporal e quantidade dos alimentos a
ponto de atrapalhar em sua capacidade de prestar atenção em outras atividades como, por
exemplo, ler, ver televisão, ou escutar uma conversa? Aguarde a resposta e somente leia
para auxiliar a gestante referindo sempre o último número dos intervalos. “...5 dias...12
dias...15 dias...22 dias...27 dias...todos os dias”
Questão 4.Sentiu medo de ganhar peso ou ficar gorda
?
Caso a entrevistada não
compreenda referindo-se a gravidez esclareça que independente do desejo de estar grávida
e de ter o bebê" ; Aguarde a resposta e somente leia para auxiliar a gestante referindo
125
sempre o último número dos intervalos. “...5 dias...12 dias...15 dias...22 dias...27
dias...todos os dias”
Questão 5. Sentiu-se gorda? Caso a entrevistada questione que existe a gravidez
esclareça que independe da gravidez" ; Aguarde a resposta e somente leia para auxiliar a
gestante referindo sempre o último número dos intervalos. “...5 dias...12 dias...15 dias...22
dias...27 dias...todos os dias”
Questão 6. Teve um grande desejo de perder peso? Caso a entrevistada questione
que existe a gravidez esclareça que independe da gravidez" ; Aguarde a resposta e
somente leia para auxiliar a gestante referindo sempre o último número dos intervalos.
“...5 dias...12 dias...15 dias...22 dias...27 dias...todos os dias”
Questão
7.
Nos 28 dias antes da sua gravidez, houve situações em que sentiu que
comeu o que as pessoas considerariam como uma quantidade de comida maior que alguém
comeria na mesma situação? Caso necessário repita a questão. No caso de resposta
NEGATIVA assinale a opção NÃO e PULE PARA A QUESTÃO 10. Caso a resposta
seja POSITIVA, no colchete coloque o número de vezes, 1, 2, 3 etc. Em caso da resposta
positiva continue a seqüência do instrumento.
Questão 8. Quanta vez teve este episódio nos 28 dias antes da gravidez?
Nos
colchetes acrescente o número de vezes de acordo com a freqüência.
Note que podemos ter
uma unidade, uma dezena e uma centena, exemplo, 123 vezes, mas o mais provável é que
seja dezena (012) ou mesmo unidade (005). Então preencha respeitando a ordem de
freqüência da esquerda para a direita- exemplo 012; exemplo 00 4.
Questão 9. Quantos destes episódios de ingestão alimentar exagerada, você sentiu
como não tendo controle?
Questão
10.
Nos 28 dias antes da sua gravidez você provocou vômito como um
meio de controlar o seu peso e a forma corporal? Caso a entrevistada tenha dificuldade em
126
entender a questão, esclarecer que provocar vômito é forçar para vomitar. No caso de
resposta NEGATIVA assinale a opção NÃO e PULE PARA A Q. 12.
Questão 11. Quantas vezes nestes nos 28 dias antes da gravidez?
Questão 12.
Tomou laxante (remédio para ir aos pés) como um meio de controlar
seu peso e forma corporal? No caso de resposta NEGATIVA assinale a opção NÃO e
PULE Para A Q.14. Caso a resposta seja POSITIVA, no colchete coloque o número de
vezes, 1, 2, 3 etc. Em caso da resposta positiva continue a seqüência do instrumento.
Questão 13. Quantas vezes nos 28 dias antes da gravidez?
Questão 14. Tomou diurético (remédio para perder água) como um meio de
controlar o seu peso e forma corporal? No caso de resposta NEGATIVA assinale a opção
NÃO e PULE PARA A QUESTÃO 16. Caso a resposta seja POSITIVA, no colchete
coloque o número de vezes, 1, 2, 3 etc. Em caso da resposta positiva continue a seqüência
do instrumento.
Questão 15. Quantas vezes nos 28 dias antes da gravidez?
As próximas questões deverão ter somente uma alternativa assinalada. As questões
referem-se aos 28 dias antes da gravidez. Nesse bloco de perguntas é necessário que você
oriente a gestante que ela deverá escolher uma opção em uma escala de 0 a 6 onde o 0 é
nada e o 6 é muito. Leia as opções para a entrevistada a cada pergunta. NADA, UM
POUCO, MODERADAMENTE, MUITO.
Após a escolha da entrevistada leia as alternativas numéricas referentes à resposta,
exemplo se ela escolher à opção NADA, você oferece a opção 0 ou 1; se ela escolher à
opção UM POUCO, você oferece a opção 2 ou 3; se ela escolher a opção
MODERADAMENTE, você oferece a opção, 4 ou 5; se ela escolher a opção MUITO
assinale a opção 6.
127
NOS ÚLTIMOS 28 DIAS, ANTES DE SUA GRAVIDEZ.
Questão 16. Seu peso modificou a forma como pensa sobre si? Leia as opções e peça
para que ela escolha uma alternativa e você faz um x exatamente dentro do quadrado do
número que se aplica a resposta da entrevistada.
Questão
17.
Sua aparência modificou a forma como pensa sobre si?
Questão
18.
Até que ponto se aborreceria se lhe tivessem pedido para se pesar uma
vez cada semana durante as quatro semanas seguintes? Leia as opções e peça para que ela
escolha uma alternativa e você faz um x exatamente dentro do quadrado do número que se
aplica a resposta da entrevistada.
Questão 19. Até que ponto se sentiu insatisfeita com seu peso? Leia as opções e peça
para que ela escolha uma alternativa e você faz um x exatamente dentro do quadrado do
número que se aplica a resposta da entrevistada.
Questão 20. Até que ponto se sentiu insatisfeita com sua aparência? Leia as opções e
peça para que ela escolha uma alternativa e você faz um x exatamente dentro do quadrado
do número que se aplica a resposta da entrevistada.
Questão 21. Até que ponto se sentiu desconfortável ao ver seu corpo, por exemplo,
em um espelho, no reflexo de uma vitrine, enquanto se vestia ou enquanto tomava banho?
Leia as opções e peça para que ela escolha uma alternativa e você faz um x exatamente
dentro do quadrado do número que se aplica a resposta da entrevistada.
Questão 22. Até que ponto se sentiu mal pelo fato de os outros verem seu corpo; por
exemplo, na praia, ou quando usava roupas que mostravam suas formas? Leia as opções e
peça para que ela escolha uma alternativa e você faz um x exatamente dentro do quadrado
do número que se aplica a resposta da entrevistada.
128
MANUAL DE INSTRUÇÕES DO EDE-Q VERSÃO GESTAÇÃO
QUESTÃO CHAVE: A MANEIRA COMO A NOSSA ENTREVISTADA PENSA
SEU PESO E FORMA CORPORAL E O MODO COMO ELA SE ALIMENTA
INDEPENDE DO FATO DELA ESTAR GRÁVIDA.
O EDE-Q é um questionário cujo objetivo é servir de instrumento diagnóstico em
uma versão simplificada e econômica em indivíduos que possam apresentar transtornos do
comportamento alimentar (TA). É composto por quatro sub-escalas (restrição alimentar;
preocupação com a comida; preocupação com o corpo; preocupação com o peso) e um
escore total (EDE-Q-TOTAL).
TODAS AS QUESTÕES DO QUESTIONÁRIO REFEREM-SE ÀS ÚLTIMAS
4 SEMANAS (28 DIAS).
ORIENTAÇÕES INICIAIS:
Leia com atenção todas as perguntas de forma clara e pausada;
Caso necessário repita a leitura de toda a questão exatamente como está escrita. NÃO
INVENTE, tentando auxiliar a entrevistada para que entenda. Caso isso ocorra, cada
pergunta apresenta uma alternativa no Manual de Instruções. RESPEITE ESSE
PRINCÍPIO para evitar que estejas alterando as questões que constituem o
instrumento e, principalmente as respostas que não serão fidedignas. ISSO é MUITO
IMPORTANTE!
QUESTÕES
NOS ULTIMOS 28 DIAS, QUANTOS DIAS:
Questão 1.Tentou diminuir a quantidade de comida para mudar seu peso e forma
corporal? Caso a entrevistada não compreenda a expressão "forma corporal", substitua pela
129
expressão "aparência corporal”, ou aparência do corpo” Aguarde a resposta e somente
leia para auxiliar a gestante referindo sempre o último número dos intervalos. “...5
dias...12 dias...15 dias...22 dias...27 dias...todos os dias”
Questão 2. Passou longos períodos de tempo (8 horas ou mais) sem comer para
mudar seu peso e forma corporal? Aguarde a resposta e somente leia para auxiliar a
gestante referindo sempre o último número dos intervalos. “...5 dias...12 dias...15 dias...22
dias...27 dias...todos os dias”
Questão 3.Tentou evitar comer alimentos preferidos para mudar seu peso e forma
corporal? Caso a entrevistada não compreenda esclareça dizendo: evitar alimentos que
mais gosta; Aguarde a resposta e somente leia para auxiliar a gestante referindo sempre o
último número dos intervalos. “...5 dias...12 dias...15 dias...22 dias...27 dias...todos os dias”
Questão 4.Tentou seguir regras rígidas na sua alimentação para modificar seu peso e
forma corporal como, por exemplo, um limite de calorias, quantidade exata de comida,
aquilo que devia ou não comer ou mesmo quando devia comer? Aguarde a resposta e
somente leia para auxiliar a gestante referindo sempre o último número dos intervalos.
“...5 dias...12 dias...15 dias...22 dias...27 dias...todos os dias”
Questão 5.Desejou experimentar a sensação de ter o estômago vazio? Caso a
entrevistada não compreenda a expressão "estômago vazio" substitua pela expressão
"ausência de alimentos no estômago"; Aguarde a resposta e somente leia para auxiliar a
gestante referindo sempre o último número dos intervalos. “...5 dias...12 dias...15 dias...22
dias...27 dias...todos os dias”
Questão 6. Pensou sobre comida ou quantidade de calorias a ponto de atrapalhar em
sua capacidade de se concentrar em outras atividades como, por exemplo, ler, ver
televisão, ou escutar uma conversa? Aguarde a resposta e somente leia para auxiliar a
gestante referindo sempre o último número dos intervalos. “...5 dias...12 dias...15 dias...22
dias...27 dias...todos os dias”
130
Questão 7.Teve medo de perder o controle sobre o quanto você comia? Caso a
entrevistada não compreenda a expressão "perder o controle sobre o quanto comia"
esclareça comer MUITO mais do que precisaria comer; Aguarde a resposta e somente
leia para auxiliar a gestante referindo sempre o último número dos intervalos. “...5
dias...12 dias...15 dias...22 dias...27 dias...todos os dias”
Questão 8. Teve episódios de ingestão alimentar compulsiva, ou seja, comer grandes
quantidades de comida, num curto período de tempo, com a sensação de não ter controle
sobre o quanto comia? Caso a entrevistada não compreenda a expressão "curto espaço de
tempo" substitua pela expressão "mais curto que indivíduos normalmente comeriam uma
grande quantidade de comida" ; Aguarde a resposta e somente leia para auxiliar a
gestante referindo sempre o último número dos intervalos. “...5 dias...12 dias...15 dias...22
dias...27 dias...todos os dias”
Questão 9. Comeu em segredo (não contar as vezes que comeu grande quantidade de
comida, rapidamente, com a sensação de não ter controle sobre o quanto comia)? Caso
necessário esclareça, "comer sem que ninguém visse"; Aguarde a resposta e somente leia
para auxiliar a gestante referindo sempre o último número dos intervalos. “...5 dias...12
dias...15 dias...22 dias...27 dias...todos os dias”
Questão 10. Desejou não ter barriga? Esta é uma questão chave, na maioria das
vezes você será questionada quanto ao fato da entrevistada estar grávida, mas o que
importa é o desejo de não ter barriga. IMPORTANTE, estamos falando da barriga e não
do bebê; Aguarde a resposta e somente leia para auxiliar a gestante referindo sempre o
último número dos intervalos. “...5 dias...12 dias...15 dias...22 dias...27 dias...todos os dias”
Questão 11.Pensou sobre seu peso e forma corporal e quantidade dos alimentos a
ponto de atrapalhar em sua capacidade de prestar atenção em outras atividades como, por
exemplo, ler, ver televisão, ou escutar uma conversa? Aguarde a resposta e somente leia
para auxiliar a gestante referindo sempre o último número dos intervalos. “...5 dias...12
dias...15 dias...22 dias...27 dias...todos os dias”
131
Questão 12 Sentiu medo de ganhar peso ou ficar gorda? Caso a entrevistada não
compreenda referindo-se a gravidez esclareça que independente do desejo de estar grávida
e de ter o bebê ; Aguarde a resposta e somente leia para auxiliar a gestante referindo
sempre o último número dos intervalos. “...5 dias...12 dias...15 dias...22 dias...27
dias...todos os dias”
Questão 13 Sentiu-se gorda? Caso a entrevistada questione que existe a gravidez
esclareça que independe da gravidez; Aguarde a resposta e somente leia para auxiliar a
gestante referindo sempre o último número dos intervalos. “...5 dias...12 dias...15 dias...22
dias...27 dias...todos os dias”
Questão 14.Teve um grande desejo de perder peso? Caso a entrevistada questione
que existe a gravidez esclareça que independe da gravidez ; Aguarde a resposta e somente
leia para auxiliar a gestante referindo sempre o último número dos intervalos. “...5
dias...12 dias...15 dias...22 dias...27 dias...todos os dias”
NAS ÚLTIMAS QUATRO SEMANAS (28 DIAS)
Questão 15. Quanta vez se sentiu culpada depois de comer, por causa do efeito que
isso teria no peso e forma corporal (não conte as situações de ingestão alimentar
compulsiva)? Caso a entrevistada tenha dificuldade em entender a questão, esclareça que
significa culpa apenas por comer e temer que essa ingestão alimentar tenha efeito no peso e
forma corporal ; leia as opções e peça para que ela escolha uma alternativa e você faz um x
dentro do quadrado que se aplica a resposta da entrevistada.
Questão 16. Nas últimas quatro semanas (28 dias), houve situações em que sentiu
que comeu o que as pessoas considerariam como uma quantidade de comida maior que
alguém comeria na mesma situação? Caso necessário repita a questão. No caso de resposta
NEGATIVA assinale a opção NÃO e PULE PARA A QUESTÃO 19. Caso a resposta
132
seja POSITIVA, no colchete coloque o número de vezes, 1, 2, 3 etc. Em caso da resposta
positiva continue a seqüência do instrumento.
Questão 17.Quanta vez teve este episódio nas últimas quatro semanas? Nos
colchetes acrescente o número de vezes de acordo com a freqüência. Note que podemos ter
uma unidade, uma dezena e uma centena, exemplo, 123 vezes, mas o mais provável é que
seja dezena (012) ou mesmo unidade (005). Então preencha respeitando a ordem de
freqüência da esquerda para a direita: exemplo 012; exemplo 00 4.
Questão 18. Quantos destes episódios de ingestão alimentar exagerada, você sentiu
como não tendo controle?
Questão 19. Houve outras situações em que sentiu não ter controle e comeu muito,
mas não comeu grande quantidade dadas as circunstâncias? Caso a entrevistada tenha
dificuldade em entender a questão, esclareça que significa “sentiu não ter controle e comeu
muito, mas não a quantidade exagerada mesmo que pudesse. No caso de resposta
NEGATIVA assinale a opção NÃO e PULE PARA A QUESTÃO 21. Caso a resposta
seja POSITIVA, no colchete coloque o número de vezes, 1, 2, 3 etc. Em caso da resposta
positiva continue a seqüência do instrumento”.
Questão 20. Quantas vezes nas últimas quatro semanas?
Questão 21. Nas últimas quatro semanas provocou vômito como um meio de
controlar o seu peso e a forma corporal? Caso a entrevistada tenha dificuldade em entender
a questão, esclarecer que provocar vômito é forçar para vomitar. No caso de resposta
NEGATIVA assinale a opção NÃO e PULE PARA A QUESTÃO 23. Caso a resposta
seja POSITIVA, no colchete coloque o número de vezes, 1, 2, 3 etc. Em caso da resposta
positiva continue a seqüência do instrumento.
Questão 22. Quantas vezes nas últimas quatro semanas?
133
Questão 23. Tomou laxante (remédio para ir aos pés) como um meio de controlar
seu peso e forma corporal? No caso de resposta NEGATIVA assinale a opção NÃO E
PULE PARA A QUESTÃO 25. Caso a resposta seja POSITIVA, no colchete coloque o
número de vezes, 1, 2, 3 etc. Em caso da resposta positiva continue a seqüência do
instrumento.
Questão 24. Quantas vezes nas últimas quatro semanas? Nos colchetes acrescente o
número de vezes de acordo com a freqüência que a entrevistada respondeu. Note que
podemos ter uma unidade, uma dezena e uma centena, exemplo 123 vezes, mas o mais
provável é que seja dezena (012) ou mesmo unidade (005). Então preencha respeitando a
ordem de freqüência da esquerda para a direita -exemplo 012; exemplo 00 4.
Questão 25.Tomou diurético (remédios para perder água) como um meio de
controlar o seu peso e forma corporal? No caso de resposta NEGATIVA assinale a opção
NÃO e PULE PARA A QUESTÃO 27. Caso a resposta seja POSITIVA, no colchete
coloque o número de vezes, 1, 2, 3 etc. Em caso da resposta positiva continue a seqüência
do instrumento.
Questão 26.Quantas vezes nas últimas quatro semanas?
Questão 27. Fez exercício físico excessivo como um meio de controlar o seu peso e
forma corporal? Caso a entrevistada tenha dificuldade em entender a questão, esclarecer
que exercício excessivo, é mais de 5 horas de exercício como meiO de controlar o peso.
No caso de resposta NEGATIVA assinale a opção NÃO e PULE PARA A QUESTÃO
29. Caso a resposta seja POSITIVA, no colchete coloque o número de vezes, 1, 2, 3 etc.
Em caso da resposta positiva continue a seqüência do instrumento.
Questão 28. Quantas vezes nas últimas quatro semanas?
As próximas questões deverão ter somente uma alternativa assinalada. As questões
referem-se às ÚLTIMAS QUATRO SEMANAS (28 DIAS). Nesse bloco de perguntas é
134
necessário que você oriente a gestante que ela deverá escolher uma opção em uma escala
de 0 a 6 onde o 0 é nada e o 6 é muito. Leia as opções para a entrevistada a cada pergunta.
NADA, UM POUCO, MODERADAMENTE, MUITO.
Após a escolha da entrevistada leia as alternativas numéricas referentes à resposta,
exemplo se ela escolher à opção NADA, você oferece a opção 0 ou 1; se ela escolher ao
opção UM POUCO, você oferece a opção 2 ou 3; se ela escolher a opção
MODERADAMENTE, você oferece a opção, 4 ou 5; se ela escolher a opção MUITO
assinale a opção 6.
Questão 29. Seu peso modificou a forma como pensa sobre si? Leia as opções e peça
para que ela escolha uma alternativa e vofaz um X dentro do quadrado que se aplica a
resposta da entrevistada.
Questão 30. Sua aparência modificou a forma como pensa sobre si? Leia as opções e
peça para que ela escolha uma alternativa e você faz um X dentro do quadrado que se
aplica a resposta da entrevistada.
Questão 31. Até que ponto se aborreceria se lhe tivessem pedido para se pesar uma
vez cada semana durante as quatro semanas seguintes? Leia as opções e peça para que ela
escolha uma alternativa e você faz um X dentro do quadrado que se aplica a resposta da
entrevistada.
Questão 32. Até que ponto se sentiu insatisfeita com seu peso? Leia as opções e peça
para que ela escolha uma alternativa e vofaz um X dentro do quadrado que se aplica a
resposta da entrevistada.
Questão 33. Até que ponto se sentiu insatisfeita com sua aparência? Leia as opções e
peça para que ela escolha uma alternativa e você faz um X dentro do quadrado que se
aplica a resposta da entrevistada.
135
Questão 34. Até que ponto esteve preocupado com o fato de as outras pessoas a
verem comer? Leia as opções e peça para que ela escolha uma alternativa e você faz um X
dentro do quadrado que se aplica a resposta da entrevistada.
Questão 35. Até que ponto se sentiu desconfortável ao ver seu corpo, por exemplo,
em um espelho, no reflexo de uma vitrine, enquanto se vestia ou enquanto tomava banho?
Leia as opções e peça para que ela escolha uma alternativa e você faz um X dentro do
quadrado que se aplica a resposta da entrevistada.
Questão 36. Até que ponto se sentiu mal pelo fato de os outros verem seu corpo; por
exemplo, na praia, ou quando usava roupas que mostravam suas formas? Leia as opções e
peça para que ela escolha uma alternativa e você faz um X dentro do quadrado que se
aplica a resposta da entrevistada.
5.4. PRIME-MD
É um questionário utilizado para o reconhecimento rápido e acurado do diagnóstico
dos Transtornos Mentais mais comumente vistos em adultos em serviços de atenção
primária.
O Prime-MD tem dois componentes. O primeiro é o Questionário do Paciente
(QP) constituído de uma página, que é auto preenchido pelo paciente. O QP consiste de 10
questões SIM/NÃO, uma a respeito da intensidade dos problemas e outra questão acerca
de saúde global. As 10 questões SIM/NÃO são organizadas em 4 grandes módulos de
diagnósticos, que estarão identificados com letras A,B,C e D.
O segundo componente do Prime-MD é um Guia de Avaliação Clínica (GAC), o
qual é usado para obter informações adicionais das áreas de diagnóstico onde o paciente
responde positivamente no QP.
QUESTIONÁRIO DO PACIENTE (QP)
Este questionário será fornecido a gestante após terem sido completados os três
primeiros questionários. Deverá ser explicado a ela que é necessário assinalar um x
exatamente dentro do quadrado para cada item..
136
Neste questionário cada módulo será identificado com uma letra que terá o objetivo
de identificar o que você deverá perguntar no GAC. De posse do questionário da paciente
a entrevistadora avaliará a necessidade de aplicar um ou mais módulos do GAC.
GUIA DE AVALIAÇAO DO CLÍNICO (GAC)
Princípios Gerais:
Todas as frases que tiverem SUBLINHADAS não deverão ser lidas para a
gestante
Complete os módulos em que a entrevistada tiver assinalado no QP como indicado
na série de 4 quadros.
Faça a leitura de cada questão salientando o que estiver em negrito, por exemplo
“nos 2 últimos meses?”
Dentro de cada módulo, sempre proceda seqüencialmente de questão em questão ao
menos que haja instruções “PULAR PARA A Q.” ou “SAÍDA” do módulo.
SAÍDAsempre significa sair do módulo. Então para o próximo módulo a ser
avaliado.
Introdução ao Paciente (você deve ler ao paciente)
“Deixe-me ver suas respostas do questionário (QP). Eu vou fazer algumas
perguntas para que você me ajude a compreender alguns dos sintomas que você
assinalou. Eu vou anotar ao longo de nossa entrevista.”
Inicie os módulos na ordem na qual eles aparecem no GAC (A,B,C e D). Escolha os
módulos para iniciar baseado na resposta SIM da gestante no QP como segue:
A
Questão1
B
Questões 2 ou 3
C
Questões 4, 5 ou 6
D
Pelo menos uma das
Questões de 7 a 10
137
Módulo A
Você deve aplicar este módulo quando a questão 1 está assinalada SIM no
questionário do paciente.
Para cada pergunta, a entrevistadora deve assinalar a resposta com um x no SIM ou
NÃO.
Módulo B
Você deve aplicar este módulo quando as questões 2 ou 3 estão assinaladas SIM no
questionário do paciente.
Para cada pergunta, a entrevistadora deve assinalar SIM ou NÃO com um x
exatamente dentro do quadrado.
Na primeira página do modulo B da questão 08 a 16 a entrevistadora deve frisar que o
período que em que queremos saber são as duas últimas semanas.
Na segunda página as questões 18 e 19 referem-se ao período de 2 anos
Módulo C
Você deve aplicar este modulo quando as questões 4, 5 ou 6 estão assinaladas SIM no
questionário do paciente
Se a Questão 6 do QP esta assinalada Não” você deve pular para a questão 35.
Neste Modulo preste muita atenção no período de tempo de cada questão que esta
grifada em negrito, e ressalte isso a gestante.
Módulo D
Você deve aplicar este modulo quando pelo menos uma das Questões de 7 a 10
estiver assinalada SIM no questionário do paciente
Agora faremos algumas perguntas sobre consumo de álcool
O período refere-se aos últimos 6 meses.
Para cada pergunta, a entrevistadora deve assinalar SIM ou NÃO com um x
exatamente dentro do quadrado.
138
FOLHAS DE CAMPO
Planilha de Registro de Campo
MUITA ATENÇÃO essa planilha é de extrema importância para avaliar sua
produção e controle do material
Entrevistadora – cada entrevistadora coloca seu nome e código
Na planilha você deve registrar:
Nome da gestante
RG o número da identidade da gestante
UBS-o número da unidade de saúde
Data da entrevista – data que foi realizada a entrevista
Data provável de parto – dado que consta no questionário da pesquisa
Entreg/revisado constará à rubrica do supervisor que recebeu e revisou junto com
você o questionário
Planilha de Registro diário de gestantes atendidas na Unidade Básica de Saúde
Entrevistadora – cada entrevistadora coloca seu nome e código
Numero do prontuário – da gestante da UBS
Nome da gestante –
UBS - o número da unidade básica de saúde
Data da entrevista – registre a data da entrevista
Situação no Estudo você deve preencher este campo com os códigos que estão na
legenda no final da planilha.
R = Recusa
P = Perda
EF = “Em Falta”
OK = Entrevista Realizada
139
Você deve sempre completar os dados da planilha. A não ser no caso de a entrevista
ter sido realizada.
Idade – em anos completos
Idade gestacional – copiar dado do prontuário da gestante
Número de Gestações – número de vezes que a mulher esteve grávida. Dado que consta
no prontuário da gestante
Número de Partos - número de partos. Dado que consta no prontuário da gestante
Observações – espaço para registro de alguma informação adicional
140
ANEXO VII – RELATÓRIO TRABALHO DE CAMPO
Cronograma
Dia Atividade
16/05 terça
Entregar Manual e Questionários para
entrevistadoras
19/05 sexta
Reunião pré-treinamento
20/05 sábado
TREINAMENTO
21/05 domingo
TREINAMENTO
22/05 segunda
Ensaio de campo em Bento Gonçalves
23/05 terça 19h
Reunião em Bento para avaliar ensaio
24/05 quarta
Teste do Teleform
25/05 quinta
Mandar para gráfica os questionários
26/05 sexta
Ensaio de campo em Porto Alegre
29/05 – 02/06
Semana de correção dos problemas de campo
01/06 quinta
Montar envelopes com questionário e entregar
material definitivo para entrevistadoras
05/06
INICIO DO CAMPO
141
Preparação dos instrumentos
De acordo com os objetivos do Projeto elaborou-se um questionário padronizado e
pré-codificado de variáveis sócio demográficas e os instrumentos questionário de
freqüência alimentar(QFA),Eating disorder questionarie (EDE-Q) e PRIME-MD.
Incluíram-se as medidas de peso, altura.
Os instrumentos foram testados e aprimorados durante a seleção e treinamento dos
entrevistadores.
Seleção e treinamento dos entrevistadores
Foram recrutados 15 estudantes da área da saúde para treinamento, seleção. Destas
13 foram para participação do trabalho de campo, sendo 7 alocadas em Porto Alegre e 5
em bento Gonçalves (demissões desistências e trocas)
O treinamento foi realizado durante 2 dias, mediante o seguinte roteiro:
PRIMEIRO DIA (20/05/2006)
9h - 12 e 13 - 17h
Apresentação Geral dos Pesquisadores
Manufatura dos Crachás (como forma de integração)
Apresentação dos projetos e objetivos gerais
Fazer dinâmica de grupo, com leitura do texto e discussão do que foi entendido
Leitura dos questionários e manual.
SEGUNDO DIA (21/05/2006)
9h - 12 e 13 - 17h
Esclarecimentos de duvidas da leitura em casa
Simulação de entrevistas
Treinamento de caligrafia
Treinamento de peso e altura
Apresentação da postura do entrevistador , rigor da pesquisa e aspectos éticos
142
4. Estudo piloto
No dias 22/05 de 2006 foi realizado o estudo piloto em Bento Gonçalves no Centro
de Referência Materno Infantil. Em Porto Alegre o ensaio foi realizado no dia 01/06 de
2006 nas UBS 03 e 05 do Centro de Saúde Escola Murialdo. O piloto objetivou também
selecionar os entrevistadores, aprimorar os instrumentos e testar a logística.
5. Padronização
Durante os primeiros trinta dias de trabalho de campo reuniões semanais com toda a
equipe com a intenção de padronizar as estratégias de coleta e solucionar possíveis
dificuldades encontradas. E-mails diários com adendos ao manual foram enviados
instruindo sobre novas mudanças
No início de julho foi necessário substituir uma entrevistadora. Por uma que havia
participado do treinamento e do estudo piloto e cadastradas como reserva.
6. Controle de qualidade
Para o controle de qualidade elaborou-se um questionário simplificado com
perguntas de pequena variação em relação ao tempo. Assim, de acordo com a entrega de
questionários foram sorteados 10% das pessoas incluídas no estudo.
O controle de qualidade foi realizado concomitantemente ao trabalho de campo,
pelos supervisores de campo. Inicialmente, a escolha de questionários para o controle foi
aleatória.
143
No último mês, criou-se estrutura de entrada dos dados para o controle de qualidade
de forma a assegurar uma distribuição mais equânime entre os entrevistadores e os setores
incluídos no estudo.
7. Revisão de codificação
Desde o início do estudo os questionários individuais foram revisados pelos
supervisores no momento da recepção. Possíveis erros de codificação eram corrigidos na
hora na presença da entrevistadora. A segunda revisão foi realizada pelo aplicativo
Verifier do programa Teleform V.10. Reuniões quinzenais foram realizadas para discutir
os erros e em alguns casos, discutidos individualmente com as entrevistadoras.
8. Entrada dos dados
A entrada dos dados foi iniciada em junho de 2006 paralelamente ao início to
trabalho de campo, através do programa Teleform para Windows NT de automatização de
entrada de dados.Porto Alegre centralizou a verificação eletrônica e a entrada de dados
para as duas cidades
O programa foi utilizado para:
Desenho do formulário
Regras de crítica dos campos
Leitura dos formulários preenchidos
Verificação dos dados
Correção dos dados
Saída em banco de dados
144
A leitura é feita através da digitalização da imagem de cada página do questionário onde
são identicadas:
Marcas: similar ao utilizado em cartelas de loteria
OCR: escrita impressa ou datilografada
ICR: escrita à mão em letra de forma
Após ler os documentos, o Teleform realiza a crítica dos dados e caso o
formulário seja aprovado, é armazenado no banco de dados. Caso seja rejeitado, é colocado
na fila para que um operador visualize, verifique e corrija os dados lidos pelo Teleform.
CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS
Formulários de meia página, página inteira e multi-páginas em formato portrait ou
landscape
Aceita múltiplos formulários simultaneamente
Reconhecimento automático do tipo de formulário
Armazenamento dos dados em SQL Server, Oracle, Sybase, DB2, dBase,Paradox, FoxPro,
Excel, CSV, DIF
CRÍTICA DE CAMPOS:
Tipo: numérico, alfanumérico, e outros
Preenchimento obrigatório ou opcional
Valores máximo e mínimo
Valores válidos: um campo só aceita valores constantes de uma lista
Checagem aritmética
Validação contra base de dados
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
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