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Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Faculdade de Medicina
Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde:
Cardiologia e Ciências Cardiovasculares
ASSOCIAÇÃO INDEPENDENTE ENTRE SÍNDROME DAS APNÉIAS-
HIPOPNÉIAS OBSTRUTIVAS DO SONO AVALIADA POR POLISSONOGRAFIA
PORTÁTIL E HIPERTENSÃO RESISTENTE
Aluno: Sandro Cadaval Gonçalves
Orientador: Prof. Dr. Flávio Fuchs
Co-orientador: Prof. Dr. Denis Martinez
DISSERTAÇÃO DE DOUTORADO
Porto Alegre, RS 2006.
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Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Faculdade de Medicina
Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde:
Cardiologia e Ciências Cardiovasculares
ASSOCIAÇÃO INDEPENDENTE ENTRE SÍNDROME DAS APNÉIAS-
HIPOPNÉIAS OBSTRUTIVAS DO SONO AVALIADA POR POLISSONOGRAFIA
PORTÁTIL E HIPERTENSÃO RESISTENTE
Aluno: Sandro Cadaval Gonçalves
Orientador: Prof. Dr. Flávio Fuchs
Co-orientador: Prof. Dr. Denis Martinez
Dissertação de
Doutorado apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Ciências da Saúde:
Cardiologia e Ciências Cardiovasculares
para obtenção do título de Doutor em
Cardiologia
Porto Alegre, RS 2006.
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A minha esposa Andrea que torna minha vida tão feliz e a nossa
amada filha Lara, aguardada para fevereiro de 2007.
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, por sempre terem me amado, apoiado e me guiado por um caminho
de trabalho e caráter.
A toda a minha família pelo ambiente sempre alegre, em qualquer situação.
Ao Amigo Dr Miguel Gus, idealizador deste projeto e sempre presente com seu
trabalho, análises e boas idéias na sua condução.
Ao Dr Flávio Fuchs por há 14 anos me demonstrar, como um pai, muito afeto e como
fazer para unir bom-humor e genialidade.
Ao Dr. Denis Martinez, primeiro exemplo que segui na Faculdade de Medicina e,
agora, incansável orientador em tempo-integral.
Aos amigos, colegas e co-autores desse projeto: Erlon, Carolina, Isabela, Thais e
Danielle, sem os quais este trabalho seria impossível.
Aos amigos do Ambulatório de Hipertensão pelo estímulo e pela amizade.
4
A Secretária do PPG-Cardiologia, Sirlei, pelo carinho, boa-vontade e competência.
Aos amigos do CTI do Hospital Moinhos de Vento pela disposição em sempre me
ajudar.
Ao amigo Arthur Cavalcanti pelo suporte constante, possibilitando minha dedicação
acadêmica.
Aos amigos Luis e Suzana Beck da Silva pela ajuda neste e em tantos outros
projetos futuros...
Aos amigos Marcelo e Ana Paula Bonini pelas constantes provas de amizade e
apoio.
RESUMO
Introdução: Evidências crescentes apontam as Síndromes das Apnéias-hipopnéias
Obstrutivas do Sono (SAOS) como fator de risco independente para Hipertensão
Arterial Sistêmica (HAS). Demonstrou-se alta prevalência de SAOS entre
hipertensos e, em estudos não-controlados, prevalência ainda maior em hipertensos
resistentes. Entretanto, essa associação pode ser enviesada por fatores de confusão
como sexo, idade e obesidade.
Objetivo: Avaliar se existe associação independente entre SAOS e HAS resistente.
Delineamento: Estudo de casos e controles.
Pacientes e Métodos: Foram avaliados 63 pacientes com HAS resistente (casos)
definidos por pressão arterial (PA) 140/90 mmHg em vigência de tratamento com
pelo menos três anti-hipertensivos em doses plenas, incluindo um diurético e 63
pacientes com PA 140/90 mmHg em vigência de tratamento (controles). Todos
foram oriundos do mesmo ambulatório de hipertensão de um hospital universitário.
Sexo, idade e índice de massa corporal (IMC) foram pareados entre os dois grupos.
Todos os pacientes foram submetidos a polissonografia portátil (PP) e monitorização
ambulatorial da PA (MAPA). SAOS foi definida como índice de apnéia-hipopneia
(IAH) 10 episódios/hora de sono.
Resultados: Casos e controles apresentaram mesmas distribuições em termos de
sexo, idade e IMC. A prevalência de SAOS foi 71% em casos e 38% de controles
(P<0,001). Quando apenas os pacientes com PA elevada em ambos os métodos
foram comparados com aqueles com PA controlada em ambos, essa associação se
torna ainda mais intensa (72% em casos e 33 em controles; p< 0,001). Em modelo
de regressão logística, controlando-se para idade, sexo, IMC e duração de HAS,
apenas o IAH foi significantemente associado à HAS-resistente (RR 1.9; 95% CI 1.3
- 2.9).
Conclusões: SAOS é altamente prevalente e independentemente associada à HAS
resistente. O rastreamento dessa condição com monitores portáteis parece ser
factível e pode ser estimulado.
ABSTRACT
Background: There is increasing evidence that obstructive sleep apnea syndrome
(OSAS) is an independent risk factor for systemic hypertension (HTN). Among
patients with HTN, some uncontrolled studies have shown even higher prevalence of
OSAS in those with resistant HTN. However, this association can be confounded by
gender, age and obesity.
Objective: To investigate wether OSAS is a risk factor for resistant HTN.
Design: Case-control study.
Patients and Methods: 63 patients with resistant HTN, defined as blod pressure
140/90 mmHg under treatment with at least three antihypertensive drugs in
appropriate doses, including a diuretic, were compared to 63 controls, defined as
those with BP 140/90 mmHg on drug treatment, from the same outpatient university
hospital-based hypertension clinic. Groups were matched by age, gender and body-
mass index (BMI). All patients underwent home portable polysomnography PP and
ambulatory blood pressure (ABP) monitoring. OSAS was defined as an AIH index
10 episodes/hour of sleep.
Results: Cases and controls were comparable in terms of age, proportion of women,
and BMI. Prevalence of OSAS was 71% in cases and 38% in controls (P<0,001).
When only those confirmed by ABP monitoring as resistant or controlled HTN are
included, this association becomes even stronger (72% in cases and 33% in controls;
p< 0,001). In a logistic regression model, controlling for age, gender, BMI, and years
of HTN, only AHI was associated with resistant hypertension (RR 1.9; 95% CI 1.3 -
2.9).
Conclusions: OSAS is highly prevalent and independently associated with resistant
HTN. Screening OSAS with portable sleep monitors in such patients is feasible and
should be encouraged.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..................................................................................................... 11
1. REVISÃO DA LITERATURA .......................................................................... 14
1.1. Hipertensão arterial sistêmica e risco cardiovascular .............................. 14
1.2. Controle da HAS e HAS Resistente......................................................... 15
1.3. Síndrome das Apnéias Obstrutivas do Sono, Hipertensão e
Hipertensão Resistente................................................................................... 17
1.4. Evidências da associação entre SAOS e HAS ........................................ 19
1.5. Mecanismos da associação entre SAOS e HAS ..................................... 22
1.6. Avaliação do paciente com suspeita de SAOS........................................ 24
1.6.1. Diagnóstico clínico................................................................................ 24
1.6.2. Polissonografia ..................................................................................... 25
1.6.3. Outros métodos .................................................................................... 25
1.7. Impacto do tratamento da SAOS sobre a pressão arterial....................... 27
1.8. Considerações gerais .............................................................................. 29
2. OBJETIVOS ................................................................................................... 31
2.1. Objetivo primário...................................................................................... 31
2.2. Objetivo secundário ................................................................................. 31
3. BIBLIOGRAFIA............................................................................................... 32
Anexo I: Termo de Consentimento Informado ..................................................... 40
4. ARTIGO EM PORTUGUÊS............................................................................ 45
8
5. ARTIGO EM INGLÊS .................................................................................... 61
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Características demográficas e basais dos grupos em estudo ....................51
Tabela 2. Prevalência de IAH 10 em casos e controles, estratificada por sexo ........52
Table 1. Demographics and characteristics of cases and controls...............................68
Table 2. Prevalence of AHI 10 in cases and controls, by gender ..............................68
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Prevalência e gravidade da SAOS em cada subgrupo conforme pressão
arterial de consultório e na MAPA.............................................................................48
Figura 2. Fatores de risco para hipertensão arterial sistêmica resistente: resultados
do modelo de regressão logística..............................................................................49
Figure 1. Prevalence and severity of OSAS by BP group in terms of office BP and
ABPM ........................................................................................................................69
Figure 2. Risk factors for resistant HTN by logistic regression ..................................69
INTRODUÇÃO
A despeito do inequívoco benefício, o adequado controle da pressão arterial
(PA) é pouco freqüente
1,2,3,4,5,6,7,8
. Dentre os casos de HAS não controlada, define-se
como HAS resistente aqueles em que não se atingem níveis pressóricos inferiores a
140/90 mmHg em vigência de três ou mais fármacos anti-hipertensivos em doses
plenas, incluindo-se um diurético
3
. Estima-se prevalência de HAS resistente em
torno de 15 a 20% dos casos de HAS não-controlada
9
. Pacientes com HAS
resistente encontram-se sob elevado risco cardiovascular
10
. A monitorização
ambulatorial da pressão arterial (MAPA) pode distribuir os pacientes em quatro
subgrupos: hipertensão do avental-branco (medidas elevadas no consultório e
normais na MAPA), HAS mascarada (medidas normais no consultório e elevadas na
MAPA), resistentes-verdadeiros (medidas elevadas tanto em consultório quanto na
MAPA) e controlados-verdadeiros (medidas normais em consultório e na MAPA).
Lesões em órgãos-alvo estão mais diretamente associadas com valores da MAPA
do que de consultório
11,12
.
A síndrome das apnéias-hipopnéias obstrutivas do sono (SAOS) combina o
achado de um índice de apnéias ou hipopnéias por hora de sono (IAH) superior a
cinco com sintomas de sono perturbado, em geral, sonolência diurna. É considerada
fator causal na hipertensão
3,13
. Foram demonstradas prevalências de até 50% de
SAOS em hipertensos
14
. Um importante estudo em pacientes com HAS resistente
encontrou 83% de SAOS definida por IAH 10 episódios/hora, porém, não houve
controle para fatores associados somo sexo, idade e principalmente obesidade
15
.
Diretrizes brasileiras e internacionais recomendam a investigação de SAOS em
hipertensos, principalmente nos com HAS não-controlada. Porém, apenas pequena
parcela dos pacientes com SAHOS têm sido devidamente diagnosticada
16,17
.
A polissonografia é o padrão áureo para o diagnóstico. Porém, é um exame
caro e pouco disponível. Pondera-se que, em centros onde a PSG não é facilmente
12
disponível (a grande maioria), a utilização de monitores portáteis pode tornar mais
precoce o diagnóstico
18
. Tais dispositivos apresentam boa correlação com a PSG
19
.
Nosso grupo recentemente concluiu estudo de validação (dados não-publicados) de
dispositivo de PP (Somnocheck). Seu emprego foi avaliado tanto no laboratório,
durante PSG, quanto no domicílio, em ordem definida por randomização. O índice de
correlação com a PSG no laboratório foi de 0,95 e no domicílio foi de 0,88.
Uma vez diagnosticada, a SAOS pode ser manejada principalmente através
do emprego de dispositivo que fornece pressão positiva contínua nas vias aéreas
(CPAP), promovendo a melhora dos sintomas e da qualidade de vida dos pacientes
e possivelmente auxiliando no controle dos níveis pressóricos.
Assim, ainda não se estabeleceu se existe ou não associação independente
entre SAOS e HAS resistente, bem como se é possível investigá-la em larga escala,
com métodos mais facilmente utilizáveis.
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1. REVISÃO DA LITERATURA
1.1. Hipertensão arterial sistêmica e risco cardiovascular
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) está na raiz das doenças
cardiovasculares. É responsável por aproximadamente 25% da etiologia multifatorial
da cardiopatia isquêmica, por 40% da etiologia dos acidentes vasculares encefálicos
e é a causa da cardiopatia hipertensiva. Por essas associações com cardiopatia
isquêmica e hipertensiva, é importante fator etiológico de insuficiência cardíaca.
Devido ao acometimento isquêmico e a alterações glomerulares diretas, é uma das
mais freqüentes causas de insuficiência renal crônica. Essa multiplicidade de
conseqüências coloca a hipertensão arterial na origem das mais graves doenças
crônico-degenerativas e, portanto, como uma das causas de maior redução da
expectativa e da qualidade de vida dos indivíduos
20
.
Os riscos foram claramente determinados pela análise conjunta de 61 estudos
que avalia um milhão de indivíduos (12,7 milhões de pessoas-ano), com incidência
de 56.000 mortes por eventos cardiovasculares
21
. O risco para eventos
cardiovasculares aumenta de forma constante a partir de 115 mmHg de pressão
sistólica usual e de 75 mmHg de pressão diastólica usual, dobrando a cada 20
mmHg no primeiro caso e a cada 10 mmHg no segundo caso, sem ponto que
delimite claramente valores normais e anormais.
De acordo com o sétimo relatório do Joint National Committee on Detection,
Evaluation and Treatment of High Blood Pressure (JNC-7)
22
, a estimativa de
prevalência de HAS em todo o mundo seja de aproximadamente um bilhão de
pessoas, resultando em 7,1 milhões de mortes anualmente. Estudos brasileiros
mostram uma prevalência entre 12% e 20% em diferentes comunidades, porém,
15
utilizaram o valor de 160/95 mmHg da pressão arterial casualmente aferida para o
diagnóstico
23,24
.
A redução da pressão arterial é certamente o principal mecanismo pelo qual
se promove a prevenção da doença cardiovascular. A magnitude deste benefício é
proporcional à intensidade de elevação da pressão arterial e ao risco basal dos
indivíduos
25
.
1.2. Controle da HAS e HAS Resistente
Apesar dessas considerações, a prevalência de HAS não-controlada, definida
como a manutenção da PA em níveis iguais ou superiores a 140/90 mmHg em
vigência de tratamento, é elevada. Em estudos observacionais, nos quais foram
verificados registros de atendimentos ambulatoriais
26,27,28,29,30
ou mesmo em ensaios
clínicos randomizados
31,32,33
sua prevalência situou-se em torno de 40%.
No estudo ALLHAT, com 14.722 participantes acima de 55 anos
randomizados para diferentes esquemas anti-hipertensivos escalonados, 47%
apresentavam HAS não-controlada ao final de um ano, a despeito dos cuidados de
um ensaio clínico deste porte. Nesse estudo, 27% dos pacientes utilizavam três
fármacos anti-hipertensivos no quinto ano de seguimento
31
. São considerados
alarmantes os baixos níveis de controle da PA em diversos contextos, pois se deixa
de oferecer ao paciente o inequívoco benefício da redução da PA
22,34
.
Dentre os casos de HAS não controlada, define-se como HAS resistente
aqueles em que não se atingem níveis pressóricos inferiores a 140/90 mmHg em
vigência de três ou mais fármacos anti-hipertensivos em doses plenas, incluindo-se
um diurético.
22
Estima-se prevalência de HAS resistente em torno de 15 a 20% dos
casos de HAS não-controlada
35
, podendo atingir 50% em serviços de referência, em
pacientes com mais co-morbidades como insuficiência renal
36
.
Conforme o método de avaliação da PA, pode-se classificar um indivíduo em
diferentes categorias, com diferentes implicações prognósticas. Estudos com
16
monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA) vêm criando novo paradigma
no controle da PA, mas que ainda carece de melhor avaliação.
Indivíduos com níveis pressóricos elevados no consultório e normais na
MAPA são considerados portadores de Hipertensão do Avental Branco (HAB)
37
.
Verdecchia e colaboradores analisaram quatro estudos de coorte com seguimento
médio de 5,4 anos de pacientes submetidos à MAPA. A prevalência de hipertensão
do avental branco foi de 9%. A incidência de acidente vascular cerebral (AVC) foi
3,5% em normotensos, 5,9% naqueles com HAB e 6,5% em indivíduos com e
hipertensão pela MAPA. As razões de risco para HAB e Hipertensão pela MAPA
foram respectivamente de 1,15 (IC 95%: 0,61-2,16) e de 2,01 (IC 95%:1,31-3,08).
Embora não tenha atingido significância estatística, HAB não pode ser considerada
com segurança uma condição benigna
38
.
Indivíduos com níveis pressóricos normais no consultório e elevados na
MAPA são considerados portadores de hipertensão mascarada
37
.
Sua prevalência é
estimada em torno de 10% dos hipertensos
39
. Além do impacto em desfechos
intermediários
40
, esses pacientes parece apresentarem maior risco também em
desfechos primordiais. Em uma coorte de 578 homens seguidos por um período
médio de 8,4 anos, com uma incidência de 2,4% de desfechos cardiovasculares
como morte, AVC e revascularização miocárdica, foram comparados indivíduos com
HAS sustentada (PA elevada no consultório e na MAPA), HAS mascarada e
indivíduos normotensos em ambos os métodos. Análise multivariada, ajustada para
outros fatores de risco, demonstrou aumento independente da morbidade
cardiovascular tanto nos com HAS mascarada (RR = 2,77; IC 95%: 1,15-6,68)
quanto nos com HAS sustentada (RR = 2,94; IC 95%: 1,49-5,82) em comparação
aos normotensos. Este estudo sugere que a MAPA, assim como pode ocorrer com a
aferição domiciliar da PA
41
, revela um grupo de importante implicação prognóstica
42
.
Uma das causas mais citadas de hipertensão não-controlada é a má-adesão
do paciente ao tratamento
43
. Trata-se de uma situação que se apresenta com várias
causas, como a má relação médico-paciente, a complexidade do esquema
terapêutico prescrito, o aparecimento de efeitos adversos do tratamento, limitações
financeiras ou de acesso aos serviços de saúde. O grande problema da má adesão
consiste na sua identificação, pois costuma ser facilmente confundida por resistência
17
ao tratamento. Um estudo avaliou 41 pacientes com HAS resistente, com PA em
média de 156/106 mmHg, durante dois meses
44
. Foram mantidas as mesmas
medicações em uso, porém, passaram a ser administradas em dispositivos
eletrônicos que registravam a abertura do frasco. Apenas com essa medida isolada,
um terço dos pacientes passou a apresentar níveis satisfatórios de PA, enquanto a
má adesão ficou documentada (pelos registros do dispositivo eletrônico) em outros
20%.
Existem abordagens padronizadas para a identificação de má adesão, como o
questionário de Morisky
45
. Existem evidências de que o manejo multidisciplinar
dessa situação aumente a adesão ao tratamento e melhore as taxas de controle
pressórico.
1.3. Síndrome das Apnéias Obstrutivas do Sono, Hipertensão e Hipertensão
Resistente
Tecidos com grande demanda de energia, como cérebro e músculos,
produzem ATP numa taxa menor do que consomem e necessitam de períodos de
menor gasto energético
46
para repor estoques de glicogênio
47
e ATP
48
, o que ocorre
durante o sono. Para o coração, o sono é a principal oportunidade de restauração. O
aumento do tono parassimpático reduz a freqüência cardíaca e a pressão arterial
49
.
Os distúrbios do sono, entretanto, interferem com o repouso do sistema nervoso e
dos músculos, principalmente o músculo cardíaco, trazendo conseqüências apenas
parcialmente elucidadas.
Artigo de revisão
50
cita 15 estudos de longo prazo, em diversos paises como
Japão
51
, Estados Unidos
52
e Suécia
53
, mostrando que número reduzido ou
aumentado de horas de sono associa-se com aumento entre 30 e 40% do risco de
mortalidade
54
. Esta evidência epidemiológica baseia-se em dados de milhares, em
alguns estudos de milhões, de pessoas. Além dos aspectos de morbi-mortalidade,
ressalta-se o profundo impacto dos distúrbios do sono na qualidade de vida.
Aspectos como a cognição, a sensação de bem-estar e auto-estima são afetados em
grau significante. Em 2001, o Sleep Heart Health Study, patrocinado pelo National
Heart, Lung, and Blood Institute, acompanhando mais de seis mil pessoas desde
18
1995, relatou com base nos dados transversais que desfechos cardiovasculares
estão associados a distúrbios do sono
55
.
Em 2003, o sétimo relatório do Joint National Committee on Detection,
Evaluation and Treatment of High Blood Pressure (JNC-7)
22
listou as apnéias do
sono em primeiro lugar entre as nove causas identificáveis de hipertensão arterial
sistêmica. Em 2004, comitê do National Heart, Lung, and Blood Institute propôs
linhas de pesquisa para o futuro e concluiu que corrigir os défices de conhecimento
sobre as conseqüências dos distúrbios do sono nas cardiopatias terá profunda
repercussão no cuidado dos indivíduos com ambas as condições
56
.
Os transtornos respiratórios do sono podem ser de causa central –
dependente do comando do sistema nervoso central – ou obstrutiva, envolvendo
alterações sono-dependentes no nível da faringe. Estas podem variar desde o
simples aumento da resistência das vias aéreas superiores e o roncar no sono até a
presença de marcada hipoxemia causada por hipopnéias, apnéias e hipoventilação
alveolar. Esses eventos de perturbação respiratória são interrompidos com o
despertar do paciente, permitindo o retorno da ventilação e a normalização do
oxigênio no sangue arterial. Por isso, os transtornos obstrutivos, além de causar
aumento do trabalho respiratório, levam à fragmentação do sono. Sono fragmentado
resulta em sensação de sonolência diurna excessiva, fadiga, diminuição da libido,
cefaléia e distúrbios de humor ou de ansiedade, dificuldade de concentração,
irritabilidade e apatia.
57,58
As conseqüências mais temidas são as cardiovasculares:
hipertensão arterial sistêmica e pulmonar, arritmias, acidentes vasculares
encefálicos e cardiopatia isquêmica. Entre os mecanismos para desenvolvimento de
cardiopatia, destacam-se o aumento do tono simpático
59
e o estresse oxidativo
decorrente dos episódios repetitivos de hipoxemia-reoxigenação
60
.
A síndrome das apnéias-hipopnéias obstrutivas do sono (SAOS) combina o
achado de mais de cinco apnéias ou hipopnéias por hora de sono com sintomas de
sono perturbado, em geral, sonolência diurna. Sua prevalência, em diferentes países
e populações, varia de 1 a 10% dos adultos, com o dobro da freqüência em
homens
6,61
.
19
A obstrução parcial da via aérea, sem que ocorra apnéia, configura a
chamada síndrome de resistência das vias aéreas superiores (SRVAS), que tem
sido considerada estágio inicial na evolução da SAOS. A prevalência em homens e
mulheres é semelhante, e a média de idade dos pacientes é em torno de 30 anos
62
.
Apesar de sua menor repercussão sobre o processo respiratório, a SRVAS também
parece estar associada com alterações no controle da pressão arterial sistêmica
63
.
Em trabalhadores com idade entre 30 e 60 anos foi observada prevalência de
transtornos respiratórios do sono – definido como mais de 5 apnéias e hipopnéias
(AH) por hora de sono – de 9% em mulheres e de 24% em homens. Esse estudo,
citado mais de 1600 vezes na literatura, mostrou que 2% das mulheres e 4% dos
homens apresentavam, além de 5 AH por hora, sonolência excessiva diurna,
preenchendo o critério clínico para diagnóstico de SAOS
64
.
A SAOS pode ocorrer em qualquer faixa etária, mas seu pico de prevalência
situa-se entre os 50 e 60 anos de idade
65
. A partir dos 60 anos, a percentagem de
indivíduos do sexo masculino com SAOS se reduz. Isto tem sido explicado por
mortalidade maior dos homens com SAOS do que os com respiração normal durante
o sono. Na faixa dos 40 anos, o sexo masculino é duas vezes mais acometido do
que o feminino, provavelmente por razões anatômicas e funcionais, principalmente
relacionadas à distribuição da gordura corporal
66
. Em mulheres, a SAOS ocorre mais
no período pós-menopausa, sugerindo influência hormonal na fisiopatologia do
colapso da faringe durante o sono
67
. Na terceira idade, a prevalência quase se
iguala.
Contrastando com a prevalência de 2 e 4% na população geral, em diversos
outros estudos, foram demonstradas prevalências bem maiores, de até 50% de
SAOS em hipertensos
68
e de até 83% em hipertensos resistentes
29
.
1.4. Evidências da associação entre SAOS e HAS
Muitas das alterações bioquímicas, hematológicas e fisiológicas encontradas
na HAS podem ser explicadas pelos distúrbios respiratórios do sono. Desde os
20
primeiros trabalhos publicados, a associação entre HAS e SAOS era considerada
imprecisa por existirem numerosos traços comuns entre os hipertensos e os
apnéicos. A idade, obesidade e o consumo de álcool eram fatores citados como
potencialmente causadores das duas condições, confundindo, portanto, a relação de
causa-efeito
69
.
As primeiras evidências datam da década de 80, Lavie e cols estudando uma
população de 50 pacientes masculinos e femininos hipertensos entre 30 e 60 anos
encontraram SAOS em 26%
70
. Fletcher e cols numa análise de 46 pacientes
masculinos hipertensos comparados com 34 controles constataram prevalência de
30% de distúrbio respiratório do sono, definido como IAH maior que 10 AH/hora, nos
hipertensos contra 7% no grupo controle
71
. Na década de 90, surgiram os primeiros
estudos de populações nos quais que se controlaram fatores como sexo, idade e
índice de massa corporal (IMC). Estudo realizado entre servidores públicos do
estado de Wisconsin, publicado em 1994, analisou a SAOS e sua associação com
HAS em 147 pacientes que foram submetidos à polissonografia e monitorização
ambulatorial de pressão arterial (MAPA). Diagnosticou-se SAOS em 53 pacientes
(36%). No grupo com SAOS, 36% eram hipertensos comparados com 13% no grupo
dos roncadores sem SAOS e 7% no grupo dos não-roncadores sem SAOS.
Pacientes com SAOS apresentaram maior prevalência de HAS independente da
idade, obesidade e sexo
72
.
O maior estudo transversal sobre este assunto realizado até o momento
73
utilizou dados da avaliação basal do Sleep Heart Health Study, estudo de coorte de
base populacional, com 6132 pessoas com idade superior a 40 anos, objetivando
avaliar a relação entre sono e doenças cardiovasculares. Na amostra, observou-se
prevalência de HAS diretamente proporcional ao IAH, controlada para potenciais
fatores de confusão como idade e obesidade. Naqueles com IAH maior que 30
AH/hora a razão de chance para a presença de HAS foi de 1,37 (IC 95%: 1,03-1,83)
em relação àqueles com IAH inferior a 1,5.
Resultados mais recentes da coorte de Wisconsin
74
referem-se ao
seguimento, por pelo menos quatro anos, de 709 de um grupo de 1060 indivíduos
com estudo polissonográfico e MAPA
75
. Identificou-se associação positiva e linear,
tipo dose-resposta, entre o IAH e a presença de HAS em quatro anos, independente
21
de fatores como idade, sexo, diferentes indicadores de obesidade, tabagismo e
consumo de álcool. O risco torna-se evidente mesmo em categorias com mínimo
transtorno respiratório do sono. Surpreende o achado de que, mesmo indivíduos
com IAH considerado normal, entre 0,1 a 4,9 AH/hora, têm risco 42% maior para a
presença de HAS no seguimento do que aqueles com IAH igual a zero na avaliação
inicial.
Outro estudo transversal
76
com 2677 pacientes encaminhados à PSG por
suspeita de SAOS demonstrou novamente significativa associação entre SAOS e
HAS. Por regressão logística múltipla, ajustada para fatores de confusão
conhecidos, identificou-se que cada ponto no IAH aumenta em 1% o risco de o
paciente ter HAS. O risco de HAS aumenta 11% para cada aumento de 10 pontos
no IAH. Muitos casos de HAS resistente poderiam ser justificados pela presença de
SAOS. Lavie e cols. avaliaram 393 pacientes que vinham utilizando anti-
hipertensivos dentre 1485 pacientes com SAOS submetidos à polissonografia.
Constataram que naqueles sem controle adequado da pressão arterial, quando
comparados com pacientes com bom controle pressórico, a SAOS era
significativamente mais grave
77
.
Em estudo transversal de 41 pacientes com HAS resistente, submetidos à
PSG, encontrou-se SAOS em 83%, definida por IAH igual ou superior a 10
AH/hora
78
, prevalência superior à encontrada em hipertensos em geral. Cabe
ressaltar que a limitação principal deste estudo consiste na ausência de grupo-
controle.
Evidências da associação entre SAOS e HAS acumularam-se durante
décadas até a inclusão das apnéias do sono como causa de HAS no JNC-7. Sendo
a SAOS bastante prevalente, sua associação com HAS pode representar risco de
elevada magnitude, devido ao grande número de expostos. Tal associação deve ser
insistentemente considerada em hipertensos resistentes, nos quais pode ser um
fator modificável
69,79,80
.
22
1.5. Mecanismos da associação entre SAOS e HAS
Ainda não se esclareceu plenamente a relação fisiopatológica entre SAOS e
HAS. Hipóteses vêm sendo formuladas e testadas em modelos experimentais e
clínicos. Modelos animais, sem os fatores de confusão habituais em humanos como
dieta, tabagismo e álcool, comprovam que apnéias do sono podem causar HAS.
Apesar de existirem diversos modelos, em diferentes espécies, o paradigma que
reproduz mais fielmente o que ocorre durante a apnéia do sono foi desenvolvido por
Eliot Phillipson, em Toronto. Nesse experimento, cães traqueostomizados são
monitorados constantemente por telemetria através de sensores de
eletroencefalografia e eletromiografia. Cada vez que o sistema computadorizado
detecta que o animal adormeceu, uma válvula fecha a traqueostomia, simulando o
que ocorre com os pacientes pelo fechamento da faringe. Quando a hipóxia se
instala, os animais acordam e, imediatamente, a válvula se abre, como no paciente
que desperta para encerrar a apnéia
81
. Submetidos ao ensaio constantemente, ao
longo de três meses, os cães desenvolvem HAS diurna e noturna. Para confirmar
que o efeito se deve às apnéias e não aos despertares repetidos, seis meses
depois, o grupo de cães foi submetido a despertares provocados por ruído intenso;
nesse experimento, os animais desenvolveram HAS apenas noturna
82
.
Em outro experimento, ratos expostos a episódios curtos e repetitivos de
hipóxia simulando o padrão observado na SAOS, ao longo de 35 dias, apresentaram
elevação da PA média de 10 a 14 mmHg que persistiu por várias semanas após a
cessação dos períodos de hipóxia
83
.
Em humanos, observou-se que em pacientes com SAOS o descenso
pressórico noturno é prejudicado. Há elevação cíclica da PA em cada episódio de
apnéia
43
por descarga simpática devida ao despertar e à hipóxia (Figura 1). Esses
surtos de atividade simpática durante o sono se prolongam na vigília, podendo
justificar a HAS sustentada durante o dia
44
.
Os barorreceptores carotídeos são estimulados repetitivamente pelas variações de
PA nos episódios de diminuição da pressão intrapleural durante as apnéias.
Elevações curtas e repetidas de PA por meses ou anos podem dessensibilizar os
23
barorreceptores. Carlson e cols. apontam a diminuição da sensibilidade do estímulo
barorreflexo e conseqüente elevação da atividade simpática como possível
mecanismo do desenvolvimento de HAS em pacientes com SAOS
84
. O uso durante
o sono do aparelho que impede o colapso da faringe e elimina as apnéias por
manter pressão positiva continua nas vias aéreas (CPAP - do inglês “Continuous
Positive Airway Pressure”)
proporciona a redução da atividade simpática
85
.
Marrone e cols. observaram, em estudo controlado, a excreção diurna e
noturna de norepinefrina e epinefrina na urina em indivíduos normotensos com
SAOS e indivíduos normotensos sem SAOS durante 24 horas. No primeiro grupo a
excreção de catecolaminas é maior tanto durante o sono quanto na vigília
86
. Esses
resultados ilustram o aumento da atividade adrenal nessa síndrome, já manifesta em
indivíduos normotensos e mais evidente quando o estado hipertensivo se instala,
refletindo meses de adaptação fisiopatológica à atividade autonômica aumentada
por segundos durante o sono nas repetidas apnéias
87
.
O fato de numerosos pacientes apresentarem concomitância de obesidade,
HAS e SAOS indica mecanismos comuns às três condições. A redução da
capacidade excretora de sódio, por ativação simpática e do sistema renina-
angiotensina-aldosterona está presente nas três situações
88
. Pacientes com HAS
resistente foram submetidos a dosagens de renina e aldosterona plasmáticos e ao
questionário de Berlim, estimando a chance de serem portadores de SAOS. Valores
diagnósticos de hiperaldosteronismo primário foram encontrados em 36% daqueles
com alta probabilidade de SAOS e em 19% dos com baixa probabilidade (p<0,05)
89
.
Pressupõe-se que a SAOS possa contribuir para o aparecimento de HAS resistente
através do aumento na produção de aldosterona.
Níveis plasmáticos elevados de leptina, que tem primariamente efeito redutor
do apetite, são encontrados em pacientes obesos, provavelmente devido a aumento
da resistência periférica a esta substancia
90
. A hiperleptinemia prolongada parece
provocar elevação da pressão arterial e, em alguns estudos, demonstrou-se que
pacientes com SAOS apresentam níveis de leptina mais elevados do que controles
sem SAOS, mesmo pareados para o peso
91
.
24
Pacientes com SAOS apresentam indícios de disfunção endotelial,
independente de outros fatores como obesidade
92
. Além de níveis elevados de
Proteína C-Reativa, endotelina-1 e insulina
93,94
. Demonstrou-se níveis reduzidos de
óxido nítrico, um marcador de disfunção endotelial reconhecidamente associado à
HAS, em pacientes com SAOS; esses níveis elevaram-se após tratamento com
CPAP
95,96
. Outros estudos, que avaliaram a vasodilatação dependente do endotélio
como parâmetro de disfunção endotelial, demonstraram disfunção endotelial em
pacientes com SAOS que melhora durante tratamento com CPAP
97,98,99
.
Recentemente, Drager e cols. Demonstraram que em pacientes de meia-idade com
SAOS, sem doença cardiovascular manifesta, há sinais precoces de aterosclerose
identificada por diferentes métodos não-invasivos
100
.
1.6. Avaliação do paciente com suspeita de SAOS
1.6.1. Diagnóstico clínico
O diagnóstico da SAOS pode ser feito com base nos achados clínicos. As
queixas mais comuns dos pacientes são roncar noturno, sono não-reparador e
sonolência diurna. O mais importante é suspeitar do diagnóstico em hipertensos que
apresentem sintomas de distúrbio do sono. Atualmente, apenas pequena parcela
dos pacientes com SAOS tem sido devidamente diagnosticada
101
.
A entrevista clínica com objetivo de identificar pacientes que devam ser
investigados com polissonografia é ferramenta útil, pois pode ser utilizada por
qualquer profissional
102
.
Alguns questionários têm sido testados
103,104,105
. A escala de sonolência de Epworth
foi validada em estudos com polissonografia
77,78
mostrando relação entre o escore
aferido pelo questionário e o distúrbio do sono diagnosticado. A escala alcança valor
máximo de 24, sendo considerados anormais valores acima de 10.
O Questionário de Berlim é outro instrumento utilizado para a identificação de
pacientes com probabilidade elevada de apresentarem apnéia do sono
106
. São
avaliados o grau de ronco, sonolência diurna ou fadiga, presença de obesidade e de
hipertensão. Sua utilidade na identificação de pacientes em atendimento em nível
25
primário foi avaliada, encontrando-se sensibilidade de 86% para detectar SAOS
definida por IAH maior do que cinco. Em estudo publicado recentemente, Hiestand e
cols. entrevistaram por telefone uma amostra de 1506 indivíduos, representativa
para a população de adultos norte-americanos. Preencheram critérios para alto risco
de apresentarem SAOS 31% dos homens e 21% das mulheres
107
.
1.6.2. Polissonografia
A polissonografia é o padrão áureo para o diagnóstico. O exame tem custo
semelhante à tomografia computadorizada e necessita que o paciente passe a noite
em laboratório específico
108,109,110
. Nesse exame, monitora-se eletroencefalograma,
eletrooculograma e eletromiograma, permitindo estagiar o sono. Adicionalmente, se
registram eletrocardiograma, fluxo aéreo e movimentos torácicos e abdominais, que,
juntamente com a saturação de oxigênio, revelam o desempenho respiratório e
quantificam o número de apnéias e hipopnéias durante o sono.
Define-se apnéia como a interrupção completa do fluxo aéreo por pelo menos
10 segundos e hipopnéia como a redução parcial do fluxo que se acompanhe de
dessaturação da hemoglobina ou de evidência de despertar no
eletroencefalograma
4
. Apnéias e hipopnéias diferem em grau de obstrução da
faringe, mas têm fisiopatologia e impacto clínico semelhantes
111
.
No diagnóstico dos transtornos respiratórios do sono, a variável mais
valorizada é o índice de apnéias-hipopnéias (IAH), que é determinado dividindo o
número total de episódios de apnéia e hipopnéia pelo número de horas de sono.
Considera-se o IAH normal até 5 AH/hora. Se o IAH estiver entre 5 e 15 AH/hora o
caso será considerado leve; IAH entre 16 e 30 AH/hora, moderado; e acima de 30
AH/hora, acentuado
111
.
1.6.3. Outros métodos
Apesar da evidência crescente da SAOS ser um importante problema de
saúde pública em todo o mundo e comprometer a produtividade e a segurança,
26
estimativas revelam que mais de dois terços das mulheres e homens com SAOS
moderada a severa permanecem sem o diagnóstico
112
. Um dos principais fatores
para explicar esses números é a necessidade de PSG para o diagnóstico, um exame
caro cuja disponibilidade tem sido julgada insuficiente em países desenvolvidos.
Estimativas conservadoras referem que seriam necessárias cerca de 2.310 PSG
para 100.000 pessoas-ano para atender à demanda do diagnóstico de SAOS
moderada a severa. Esse número excede em 10 vezes a capacidade atual de
realização de PSG da maioria dos países desenvolvidos
113
.
Monitores portáteis podem ser utilizados em hospital, laboratório do sono e
domicílio. Os diferentes tipos de monitores portáteis variam basicamente pelo
número de variáveis registradas, como movimentos ventilatórios, fluxo aéreo,
presença de ronco, freqüência cardíaca, oximetria de pulso e posição do paciente.
Um dos estudos mais recentes sobre validação de métodos mais simples e menos
onerosos para o diagnóstico de SAOS, encontrou uma correlação entre PSG
convencional e PSG Portátil (PP) no laboratório de 0.96 e correlação de 0.88 quando
a PP foi realizada em casa
114
.
Nosso grupo recentemente concluiu estudo de validação (dados não-
publicados) de dispositivo de PP (Somnocheck). Seu emprego foi avaliado tanto no
laboratório, durante PSG, quanto no domicílio, em ordem definida por randomização.
O índice de correlação com a PSG no laboratório foi de 0,95 e no domicílio foi de
0,85. Cabe ressaltar que esta menor correlação quando comparados PP no domicílio
e PSG deveu-se a maior incidência de eventos respiratórios no exame domiciliar.
Este achado permite inferir que, em casa, com menor aparato de monitorização, em
ambiente familiar, sem ser observado por terceiros, o indivíduo fique mais relaxado
e, conseqüentemente, mais propenso à ocorrência de SAOS. Além disso, para o
exame em casa, o indivíduo tende a tomar menos cuidados de evitar bebidas
alcoólicas e medicamentos sedativos do que tomaria se o exame fosse no
laboratório do sono.
O emprego de monitores que avaliam pelo menos quatro variáveis
simultaneamente se torna cada vez mais freqüente para triagem, mas não substitui a
polissonografia como exame definitivo
115,116,117,118,119,120
. Em recente revisão,
pondera-se que, em centros onde a PSG não é facilmente disponível (a grande
27
maioria), a utilização de monitores portáteis para a identificação de pacientes com
SAOS pode ser útil e tornar mais precoce o diagnóstico
67
.
1.7. Impacto do tratamento da SAOS sobre a pressão arterial
Considerando-se que o tratamento da SAOS controla a HAS, isso se constitui
em mais um indício de relação causa-efeito. O problema tem sido tratar a SAOS. A
síndrome resulta de numerosos processos anatômicos e fisiopatológicos o que torna
difícil se estabelecer fórmula única que contemple todos os casos. O tratamento da
SAOS encontra-se em seus primórdios, estágio em que não se concebe a cura da
doença, apenas seu controle; estágio em que se depende muito das características
individuais do paciente e da sua adaptação e adesão ao tratamento. Seis estratégias
diferentes podem ser empregadas para tratar a SAOS: 1) medidas comportamentais
como evitar álcool e drogas relaxantes musculares à noite, forçar o decúbito lateral,
etc; 2) perda de peso; 3) cirurgia da via aérea superior; 4) tratamento farmacológico;
5) aparelhos orais; e 6) aparelho de CPAP.
A eficácia do tratamento farmacológico da SAOS nunca foi estabelecida.
Apesar de existirem estudos de pequenos números de pacientes com vários tipos de
medicamentos, uma revisão recente da biblioteca Cochrane encontrou entre mais de
50 artigos nove que puderam ser incluídos na meta-análise. Nenhum dos fármacos
testados demonstrou utilidade
121
.
A mesma escassez de evidências de estudos randomizados se aplica à
mudança de comportamento, perda de peso e cirurgia. A utilidade dessas
modalidades terapêuticas deve ser avaliada caso a caso. Por exemplo, em casos de
obesidade mórbida, a perda de peso pode resolve a SAOS. O tratamento cirúrgico,
com traqueostomia ou ampliação das vias aéreas superiores só pode ser
considerado em no grupo de pacientes com anormalidades anatômicas específicas
que exijam correção ou que sejam refratários ao tratamento convencional.
Aparelhos orais têm boa aceitação pelos pacientes. Um ensaio clínico
randomizado com delineamento cruzado avaliou o uso por períodos de quatro
semanas de aparelho oral comparando com outro aparelho similar projetado para
28
servir como placebo em 61 pacientes com SAOS. Houve redução de 50% do IAH
avaliado pela PSG e redução de 3,3 e 3,4 mmHg respectivamente para a PA
sistólica e diastólica no período tratado em relação ao placebo
122
.
O manejo da SAOS com uso de aparelho de CPAP é a forma de tratamento
mais eficaz e está bem estabelecido na literatura
123
. Na maioria dos casos em que o
paciente aceita o tratamento e adere ao uso do aparelho os sintomas revertem.
Estudo observacional avaliou 168 pacientes com SAOS, seguidos por cinco anos,
comparando desfechos clínicos entre os que toleraram (107 pacientes) com os que
não toleraram (61 pacientes) o tratamento com CPAP. Embora a gravidade da
SAOS fosse maior nos tratados, estes apresentaram menor mortalidade total (7% x
15%) e menor mortalidade cardiovascular (2% x 15%) em relação aos não-
tratados
124
.
Embora seu emprego seja autorizado nos Estados Unidos em pacientes com
IAH igual ou maior a 15 AH/hora ou com IAH entre 5 e 14 AH/hora acompanhado por
hipertensão
125
, não existe evidência definitiva de estudos bem controlados e com
suficiente número de pacientes que demonstre que o uso de CPAP possa ser
indicado como tratamento de HAS. Revisão da Biblioteca Cochrane, atualizada em
agosto de 2001, de 12 estudos randomizados, comparando CPAP com placebo ou
outros tratamentos, não encontrou efeito do CPAP na HAS
126
.
Entre estudos mais recentes, o de Logan e cols. demonstrou em 11 pacientes
com HAS resistente e SAOS que o emprego noturno de aparelho de CPAP por dois
meses reduziu a média da PA sistólica nas 24 horas, avaliada pela MAPA, em 11
mmHg
127
. Resultado semelhante foi encontrado por Dhillon e cols
128
. Porém, em
ambos os estudos, a ausência de grupo controle impede que seja quantificada qual
a proporção de queda da PA ocorreu simplesmente por regressão à média.
O efeito do tratamento da SAOS sobre a PA foi avaliado em 68 normotensos,
em ensaio clínico randomizado, com desenho cruzado, para receberem CPAP ou
um comprimido placebo por via oral durante um mês. A PA foi avaliada por MAPA,
antes e ao final de cada período. Houve discreta, mas significativa queda da PA
diastólica nas 24 h (1,4 mmHg) durante o período com CPAP
129
.
29
Pepperell avaliou 118 pacientes com diagnóstico de SAOS por PSG e com
mais de 10 pontos na escala de sonolência de Epworth
130
. Os pacientes foram
randomizados para receberem CPAP ajustado com nível terapêutico de pressão nas
vias aéreas ou ajustado com nível subterapêutico como placebo durante um mês. A
PA foi avaliada por MAPA antes e após o período com CPAP. Houve queda
significativa da PA média nas 24 horas de 2,5 mmHg no grupo que recebeu níveis
terapêuticos e elevação de 0,8 mmHg no grupo controle. O efeito sobre a PA foi
semelhante nos pacientes com e sem HAS e mais intenso naqueles com SAOS mais
acentuada.
Em estudo semelhante, porém com menor poder, foram avaliados 60
pacientes com diagnóstico de SAOS, a maioria hipertensos, todos com IAH superior
a 5 AH/h e mais de dez pontos na escala de sonolência de Epworth
131
. Foram
randomizados para receber CPAP terapêutico ou subterapêutico, como placebo, por
período médio de nove semanas. Houve significativa redução da PA média em 10,5
mmHg (-18,5 a -2,4; p=0,01) no grupo tratado em relação aos controles, os quais
não apresentaram queda pressórica.
Outras pesquisas, todas com número pequeno de casos, indicam efeito do
tratamento com CPAP na pressão arterial, mas não resolvem a dúvida quanto à
indicação de tratamento da SAOS para tratar HAS em longo prazo. Até o momento
desta dissertação, o tratamento da SAOS está indicado por controlar a sonolência e
os demais sintomas próprios da síndrome, com definidos benefícios para a
qualidade de vida dos pacientes. O controle da PA ainda carece de maior
investigação.
1.8. Considerações gerais:
A associação entre SAOS e HAS está bem estabelecida. Atualmente a
SAOS é listada como causa identificável de HAS e sua investigação é recomendada
principalmente em hipertensos resistentes
132
. Por outro lado, por serem
freqüentemente concomitantes, a associação independente entre SAOS e HAS-
resistente ainda não foi adequadamente esclarecida.
30
O tratamento da SAOS, principalmente através do uso de CPAP, promove a
melhora dos sintomas e da qualidade de vida dos pacientes e pode auxiliar no
controle dos níveis pressóricos. Há evidências de que possa ser útil em pacientes
com HAS-resistente. Porém, não existiriam recursos instalados para realizar
polissonografia em todos os casos de HAS, nem mesmo se fossem investigados
apenas os resistentes.
Desta forma, constitui-se em intrigante questão de pesquisa a verificação de
se existe ou não associação independente entre SAOS e HAS resistente, bem como
se é possível investigá-la em larga escala, com métodos mais facilmente utilizáveis.
31
2. Objetivos
2.1. Objetivo primário:
Avaliar a associação entre SAOS e HAS resistente
2.2. Objetivo secundário:
Avaliar a prevalência de SAOS nas quatro classes de hipertensão
determinadas pela MAPA:
a) Hipertensão resistente em consultório com MAPA alterada
(verdadeiros-resistentes);
b) Hipertensão resistente em consultório com MAPA normal (hipertensão
do avental branco);
c) Hipertensão controlada em medidas de consultório com MAPA anormal
(hipertensão mascarada);
d) Hipertensão controlada por medidas de consultório com MAPA normal
(verdadeiros-controlados).
32
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Anexo A
Termo de Consentimento Livre e Informado
Anexo A
Termo de Consentimento Livre e Informado
Protocolo: “APNÉIA DO SONO AVALIADA POR MONITORIZAÇÃO
DOMICILIAR DE VARIÁVEIS VENTILATÓRIAS EM PACIENTES COM
HIPERTENSÃO RESISTENTE”
Investigador Principal: Dr. Sandro Cadaval Gonçalves
Co-investigadores: Dr. Miguel Gus, Dr. Denis Martinez, Erlon Oliveira de Abreu
Silva, Carolina Bertoluci, Isabela Dutra, Thais Branchi, Dr. Flávio Fuchs.
OBJETIVOS
Solicitamos sua permissão para incluí-lo num protocolo de pesquisa.
A apnéia do sono é uma alteração da respiração que ocorre enquanto a
pessoa dorme. Geralmente podemos observar pausas na respiração durante o sono
nas pessoas que têm este problema. O objetivo deste estudo é verificar se existe
relação entre a apnéia do sono e o tratamento da hipertensão (pressão alta).
CONTATOS
Se você tiver qualquer dúvida relacionada a este estudo, poderá entrar em
contato com o Drs. Sandro Cadaval Gonçalves ou Flávio Fuchs pelo telefone
2101.8287 ou no Ambulatório de Hipertensão do Hospital de Clínicas de Porto
Alegre (zona 12) nas segundas e quartas-feiras, das 16 às 19 horas. Você pode
também ligar para o Grupo de Pesquisa do Hospital, telefone 2101.8304. Se tiver
dúvidas sobre algum exame realizado, pode ligar a qualquer hora (dia e noite) para o
telefone 2101.8288.
42
PROCEDIMENTOS
Seu tratamento atual seguirá da mesma forma. Não será necessário mudar a
medicação em uso nem tomar algum novo remédio. As consultas continuarão
ocorrendo e a prescrição dos remédios continuará de maneira independente da sua
participação no estudo.
Você poderá desistir de participar do estudo agora ou em qualquer outro
momento, sem que isso afete seus cuidados médicos regulares neste hospital. Se
você concordar em participar, serão realizados dois exames ambulatoriais e uma
coleta de sangue.
Um dos exames é a MAPA (Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial).
Este é um exame solicitado com muita freqüência para hipertensos. Talvez até já
tenha sido solicitado para você durante seu tratamento. É feito com um aparelho
portátil que mede a pressão arterial várias vezes durante as 24 h (colocado no
braço, semelhante ao usado nas consultas). É posto num dia e retirado no outro.
Nesse dia você deve fazer suas atividades normalmente com o aparelho.
O outro exame realizado é a MVV (Monitorização de Variáveis Ventilatórias
durante o sono) que mede algumas variáveis enquanto você dorme (fluxo de ar pelo
nariz, nível de oxigenação do sangue e se houve ronco ou não) através de um
sensor (semelhante a um canudinho de refrigerante), do lado de fora do nariz. Você
leva este pequeno aparelho portátil para casa e coloca antes de dormir, dorme
normalmente com ele e retira pela manhã ao acordar, quando deve devolvê-lo no
hospital.
Além da MVV e da MAPA, será coletada uma amostra de sangue que será
congelada, identificada apenas por um número, para análise futura de substâncias
tais como endotelina e BNP, que são produzidas pelo seu sistema cardiovascular e
podem estar relacionados com sua hipertensão.
Todos esses exames serão gratuitos para você.
RISCOS
Os exames realizados são chamados de não-invasivos, ou seja, simplesmente
verificam, de forma externa, alguns parâmetros como a sua respiração e pressão
arterial, não acarretando riscos significativos. A coleta de sangue será feita por
profissional experiente.
43
BENEFÍCIOS
O conhecimento de fatores que influenciam no tratamento da hipertensão
pode ajudar a definir formas de melhorar o sucesso deste tratamento, tanto para
você quanto para um grande número de outras pessoas.
CONFIDENCIAL
Os resultados dos exames desta pesquisa farão parte do seu prontuário
hospitalar. As informações que não entrarão para o seu prontuário serão mantidas
no arquivo dos pesquisadores e identificadas apenas por um número. As
informações contidas no seu prontuário médico não podem ser fornecidas a
nenhuma pessoa não afiliada ao Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
Os resultados deste estudo poderão ser publicados em uma revista médica
ou livro texto médico com finalidade de ensinamento. Entretanto, seu nome não será
usado em nenhuma publicação sem a sua permissão prévia.
ASSINATURAS
Eu confirmo que a proposta desta pesquisa, os procedimentos do estudo e os
possíveis riscos e desconfortos, bem como os potenciais benefícios foram bem
explicados.
Todas as minhas dúvidas foram respondidas claramente.
Eu li e entendi este termo de consentimento. A minha assinatura abaixo indica
que concordo em participar do estudo.
________________________________ ___________________
Paciente Data
________________________________ ___________________
Assinatura Adicional (se necessário) Data
Eu expliquei o objetivo deste estudo, os procedimentos do estudo,
identificando aqueles considerados como investigacionais, os possíveis riscos e
desconfortos, bem como os potenciais benefícios. Respondi a todas as dúvidas
relacionadas ao estudo da melhor forma possível. O paciente referiu ter
44
compreendido e concordado em participar do estudo. Fiquei seguro de que o
paciente entendeu o que foi explicado.
_________________________________ ___________________
Representante do Estudo Data
Obstructive sleep apnea is a strong risk factor for resistant hypertension: a case-
control study
Sandro Cadaval Goncalves
1
, Denis Martinez
1
, Miguel Gus
1,2
, Ana Cláudia Tonelli de
Oliveira
2
, Erlon Oliveira de Abreu Silva
1
, Carolina Bertoluci
1
, Isabela Dutra
1
,Thais Branchi
1
,
Leila Beltrami Moreira
2,3
, Sandra Costa Fuchs
2,4
, Flávio Danni Fuchs
1,2
.
From the
1
Division of Cardiology and Post-graduate Program in Cardiology,
2
Post-graduate
Program in Medical Sciences,
3
Division of Clinical Pharmacology, Hospital de Clínicas de
Porto Alegre, and
4
Department of Social Medicine, Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, Porto Alegre, RS, Brazil
Correspondence: Flávio Danni Fuchs, MD, PhD
Servico de Cardiologia
Hospital de Clínicas de Porto Alegre
Ramiro Barcelos, 2350
90035-903. Porto Alegre, RS, Brazil
Phone/Fax: +5551-2101-8420
This study was funded by CNPq, FAPERGS and FIPE-HCPA.
4. ARTIGO EM PORTUGUÊS
Associação independente entre Síndrome das Apnéias-Hipopnéias Obstrutivas
do Sono e Hipertensão Resistente em estudo de Casos e Controles.
Gonçalves SC, Martinez D, Gus M, Bertoluci C, Silva EOA, Dutra I, Branchi T, Fuchs
FD.
Correspondências para: Sandro Cadaval Gonçalves
Rua Tiradentes, 333 – 3º andar
CEP: 9056003. Porto Alegre-RS
Brasil
RESUMO
Introdução: Evidências crescentes apontam a Síndrome das Apnéias-hipopnéias
Obstrutivas do Sono (SAOS) como fator de risco independente para Hipertensão
Arterial Sistêmica (HAS). Demonstrou-se alta prevalência de SAOS entre
hipertensos e, em estudos não-controlados, prevalência ainda maior em hipertensos
resistentes. Entretanto, essa associação pode ser enviesada por fatores de confusão
como sexo, idade e obesidade.
Objetivo: Avaliar se existe associação independente entre SAOS e HAS resistente.
Delineamento: Estudo de casos e controles.
46
Pacientes e Métodos: Foram avaliados 63 pacientes com HAS resistente (casos)
definidos por pressão arterial (PA) 140/90 mmHg em vigência de tratamento com
pelo menos três anti-hipertensivos em doses plenas, incluindo um diurético e 63
pacientes com PA 140/90 mmHg em vigência de tratamento (controles). Todos
foram oriundos do mesmo ambulatório de hipertensão de um hospital universitário.
Sexo, idade e índice de massa corporal (IMC) foram pareados entre os dois grupos.
Todos os pacientes foram submetidos a polissonografia portátil (PP) e monitorização
ambulatorial da PA (MAPA). SAOS foi definida como índice de apnéia-hipopneia
(IAH) 10 episódios/hora de sono.
Resultados Casos e controles apresentaram mesmas distribuições em termos de
sexo, idade e IMC. A prevalência de SAOS foi 71% em casos e 38% em controles
(P<0,001). Quando apenas os pacientes com HAS no consultório e na MAPA foram
comparados com aqueles com PA controlada em ambos, essa diferença se torna
maior (72% vs. 33% em controles; p< 0,001). Em modelo de regressão logística,
controlando-se para idade, sexo, IMC e duração de HAS, apenas o IAH foi
significantemente associado à HAS resistente (RR 1,9; 95% CI 1,3 – 2,9).
Conclusões: SAOS é altamente prevalente e independentemente associada à HAS
resistente. Os presentes resultados justificam a incorporação do rastreamento da
SAOS na rotina de investigação de hipertensos resistentes.
INTRODUÇÃO
A despeito do inequívoco benefício, o adequado controle da pressão arterial
(PA) é pouco freqüente
133,134,135,136,137,138,139,140
. Dentre os casos de HAS não-
controlada, define-se como HAS resistente aqueles em que não se atingem níveis
pressóricos inferiores a 140/90 mmHg em vigência de três ou mais fármacos anti-
hipertensivos em doses plenas, incluindo-se um diurético
135
. Estima-se prevalência
de HAS resistente em torno de 15 a 20% dos casos de HAS não-controlada
141
.
Pacientes com HAS resistente encontram-se sob elevado risco cardiovascular
142
. A
monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA) pode distribuir os pacientes
em quatro subgrupos: hipertensão do avental-branco (medidas elevadas no
47
consultório e normais na MAPA), HAS mascarada (medidas normais no consultório e
elevadas na MAPA), verdadeiros-resistentes (medidas elevadas tanto em consultório
quanto na MAPA) e verdadeiros-controlados (medidas normais em consultório e na
MAPA). Lesões em órgãos-alvo estão mais diretamente associadas com valores da
MAPA do que de consultório
143,144
.
A síndrome das apnéias-hipopnéias obstrutivas do sono (SAOS) combina o
índice de apnéias ou hipopnéias por hora de sono (IAH) superior a cinco por hora
com sintomas de sono perturbado, em geral, sonolência diurna. A SAOS é
considerada fator causal da hipertensão
135,145
. Foram demonstradas prevalências de
até 50% de SAOS em hipertensos
146
. Um importante estudo em pacientes com HAS
resistente encontrou 83% de SAOS definida por IAH 10 episódios/hora. Esse
estudo, porém, não incluiu grupo controle nem ajuste para fatores associados como
sexo, idade e principalmente obesidade
147
. Diretrizes brasileiras e internacionais
recomendam a investigação de SAOS em hipertensos, principalmente nos com HAS
não-controlada. Porém, apenas pequena parcela dos pacientes com SAOS tem sido
devidamente diagnosticada
148,149
.
A polissonografia é o padrão áureo para o diagnóstico. Porém, é um exame
trabalhoso, complexo, custoso e pouco disponível. Pondera-se que, em centros
onde a PSG não seja facilmente disponível (a grande maioria), a utilização de
monitores portáteis pode tornar mais precoce o diagnóstico
150
. Tais dispositivos
apresentam boa correlação com a PSG
151
.
Uma vez diagnosticada, a SAOS pode ser manejada principalmente através
do emprego de dispositivo que fornece pressão positiva contínua nas vias aéreas
(CPAP), promovendo a melhora dos sintomas e da qualidade de vida dos pacientes
e possivelmente auxiliando no controle dos níveis pressóricos.
Assim, ainda não se estabeleceu se a associação entre SAOS e HAS
resistente é realmente independente de fatores de confusão. Também, não está
determinado se é possível investigar SAOS em larga escala, com métodos mais
facilmente utilizáveis.
O objetivo deste estudo foi avaliar a associação entre SAOS e HAS
resistente. O objetivo secundário foi identificar a prevalência de SAOS nas quatro
classes de hipertensão determinadas pela MAPA.
48
MATERIAL E MÉTODOS
Delineamento:
Estudo de casos e controles.
Pacientes:
Os pacientes foram arrolados entre aqueles em atendimento regular no
ambulatório de Hipertensão do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), onde
são realizados aproximadamente 50 atendimentos por semana, em sua maioria
revisão de pacientes já em acompanhamento. Novos casos vêm da rede pública de
saúde ou através de encaminhamento interno de outros serviços do Hospital. Foram
convidados a participar pacientes que estivessem em consultas de seguimento
(após as três consultas de avaliação inicial com objetivo de classificação e
estratificação do risco) no período de março de 2004 a junho de 2006.
Foram incluídos pacientes com idade entre 40 e 70 anos, de ambos os sexos,
índice de massa corporal (IMC) entre 25 e 40 Kg/m2 que concordassem em
participar, assinando o termo de consentimento livre e esclarecido (anexo).
Critérios para seleção de casos:
Pacientes há pelo menos duas consultas consecutivas com PA 140/90
mmHg em vigência de tratamento com pelo menos três fármacos anti-hipertensivos
em doses plenas, incluindo um diurético.
Critérios para seleção de controles:
Pacientes hipertensos, controlados com medicação há pelo menos duas
consultas consecutivas (PA <140/90 mmHg).
Critérios de exclusão:
Os critérios de exclusão foram: suspeita de má adesão ao tratamento
farmacológico durante a entrevista clínica, diagnóstico prévio de distúrbio respiratório
do sono, gestação, diabete melito em uso de insulina, cardiopatia isquêmica
sintomática (angina ou equivalente), revascularização ou infarto do miocárdio nos
últimos seis meses, disfunção sistólica ventricular esquerda, insuficiência cardíaca
em classe funcional II ou superior (New York Heart Association), valvulopatias
sintomáticas ou com disfunção maior do que leve, diagnóstico de doença
cerebrovascular ou patologia pulmonar em uso de medicação (broncodilatadores,
corticosteróides, oxigênio), diagnóstico de neoplasias e doenças inflamatórias do
49
colágeno. O protocolo do estudo foi aprovado pela Comissão de Ética em Pesquisa
do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
Protocolo do estudo:
Este foi um estudo observacional, de casos e controles. Os pacientes foram
submetidos a entrevista e exame físico e foram coletados dados referentes a
exames complementares solicitados como rotina daquele ambulatório. Aplicaram-se
questionários padronizados, incluindo perguntas sobre hábitos relacionados ao
sono, ronco e sonolência. Também se questionou sobre o uso de fármacos
hipnóticos e sedativos. Todos os voluntários foram submetidos a MAPA de 24 horas
e Polissonografia Portátil (PP). Os dados desses exames foram analisados por
médicos treinados, com ampla experiência nos respectivos métodos, cegos para o
outro exame ou ao grupo a que pertencia o paciente, bem como para os resultados
dos questionários.
Aferição da pressão arterial de consultório:
Realizada por estagiário do Ambulatório de Hipertensão do HCPA, treinado
conforme rotina protocolar, com esfigmomanômetro calibrado, com manguito inflável
de tamanho adequado ao perímetro braquial, com pelo menos duas medidas em
cada consulta, de acordo com as diretrizes brasileiras e internacionais
152,153
.
Análise da MAPA:
Utilizaram-se aparelhos Spacelabs 90702 (Redmond, WA, USA) com seu
respectivo software de interpretação. A monitorização seguiu as recomendações da
diretriz brasileira de MAPA
152
, sendo realizada durante 24 horas, com programação
para verificação da pressão arterial a cada 15 minutos entre as 7 e 23 h e a cada 20
minutos entre as 23 e 7 h, sendo considerados adequados os exames com mais de
80% de aferições bem sucedidas. Os pacientes registraram o horário em que
dormiram e despertaram. Além da média sistólicas e diastólicas em cada uma das
24 h de monitorização, foram computadas as médias sistólicas e diastólicas nas 24
horas, vigília e sono e o descenso sistólico e diastólico durante o sono.
Análise da PP:
A PP foi realizada com o polígrafo tipo III Somnocheck (Weinnmann,
Alemanha) e software específico, com registro de fluxo aéreo, oximetria, freqüência
de pulso, volume do roncar e posição do paciente. Consideraram-se válidos estudos
com duração da monitorização superior a 6 horas. Foram computadas as seguintes
50
variáveis: a) Hipopnéia, definida como redução de pelo menos 50% do fluxo
ventilatório com duração de pelo menos 10 segundos ou como redução inferior a
50% do fluxo ventilatório por pelo menos 10 segundos acompanhada por queda da
saturação da hemoglobina maior que 3%. b) Apnéia, definida como interrupção ou
redução de 90% do fluxo aéreo por pelo menos 10 segundos. c) Índice apnéia-
hipopnéia (IAH) definido como o número total de episódios de apnéia ou hipopnéia
dividido pelo número de horas de registros sem artefatos (movimentação, perda de
sinal ou deslocamento de sensor). Para a definição de portadores de SAOS o ponto
de corte no IAH foi igual ou superior a 5 episódios/h ou, quando indicado, 10
episódios/h por ser este valor freqüentemente empregado na literatura
147
.
Análise Estatística:
Cáculo de tamanho da amostra:
Considerando-se prevalência de SAOS observada na literatura de 40% nos
hipertensos e de 70% nos pacientes com HAS resistente, para chance de erro alfa
de 5% e poder de 90%, calculou-se uma amostra de 62 pacientes em cada grupo.
A análise estatística foi realizada utilizando-se o programa Statistical Package
for the Social Sciences (SPSS – Chicago, IL) versão 13.0. Os dados quantitativos
são apresentados como média e desvio padrão. As diferenças nos grupos de
comparação foram analisadas com teste qui-quadrado ou teste exato de Fisher para
variáveis categóricas e teste t de Student para variáveis contínuas. A descrição das
associações entre variáveis quantitativas foi inicialmente avaliada com a utilização
do coeficiente de correlação de Pearson. Para avaliação do efeito conjunto dos
diversos fatores em estudo e para controlar possíveis fatores de confusão foi
realizada análise estratificada e empregados modelos de regressão logística e
regressão linear múltipla.
O IAH foi avaliado tanto como variável categórica quanto contínua. Por ter
distribuição não-normal, os dados foram analisados utilizando-se transformação
logarítmica e emprego de teste não-paramétrico correspondente, como o rô de
Spearman nas correlações, teste de Kruskall-Wallis, Mann-Whitney e Wilcoxon. Não
se observando diferenças substancias em relação a análise paramétrica, foram
exibidos os resultados dos testes paramétricos.
51
RESULTADOS
Características da população estudada:
Completaram a realização de MAPA e PP 126 pacientes. Foram excluídos
aqueles cujas monitorizações não preenchessem os critérios de qualidade técnica
ou de duração do exame pré-estabelecidos, mesmo após tentativa de repetição do
exame, o que ocorreu em menos de 10% dos casos. As características clínicas e
demográficas basais dos 126 pacientes estão descritas na Tabela 1. De acordo com
a PA de consultório obtiveram-se dois grupos: 63 casos com HAS resistente e 63
controles, com HAS controlada com medicação.
Não houve diferença significativa entre os grupos em relação a gênero, idade
e IMC. Em ambos os grupos, o sexo feminino representa 65% do total. Os
resistentes apresentavam valores pressóricos sistólicos e diastólicos
significativamente mais elevados, tanto para as medidas de consultório quanto
ambulatoriais. Em relação aos controles, os casos utilizavam em média um fármaco
anti-hipertensivo a mais e sabiam-se hipertensos há mais tempo, porém, essas
diferenças não foram significativas.
Tabela 1. Características demográficas e basais dos grupos em estudo.
CASOS
n = 63
CONTROLES
n = 63
p
Sexo Feminino 42 (67%) 40 (63%) 0,71
Idade; anos 59 ± 7 59 ± 7 0,65
IMC; kg/m
2
; 30 ± 3 29 ± 4 0,31
PAS consultório; mmHg 167 ± 21 127 ± 8 <0,01
PAD consultório; mmHg 93 ± 15 79 ± 6 <0,01
PAS MAPA 24 h; mmHg 141 ± 17 121 ± 10 <0,01
PAD MAPA 24 h; mmHg 84 ± 12 74 ± 7 <0,01
Diabete melito; 12 (22%) 12 (19%) 0,19
IAH; eventos/h. mediana [variação
interquartil]
14 [9-31] 8 [3-16] <0,01
Número de drogas anti-hipertensivas 3,4 ± 0,9 2,3 ± 0,8 <0,01
Anos de hipertensão 19 ± 6 16 ± 8 0,06
Os dados são descritos como média ± Desvio Padrão e freqüência (percentual) ou conforme
especificado. IMC: Índice de massa corporal (peso x altura
2
), PAS: Pressão arterial sistólica; PAD:
Pressão arterial diastólica; MAPA: Monitorização ambulatorial da pressão arterial. IAH: Índice de
apnéias-hipopnéias por hora de sono
52
Polissonografia Portátil:
A prevalência de SAOS definida por IAH 5 episódios/hora foi de 84% nos 63
indivíduos com HAS resistente (casos) e de 67% nos 63 com HAS controlada
(controles) (p=0,02). Se for utilizado IAH 10 episódios/hora como ponto de corte a
prevalência passa para 71% e 38% entre casos e controles, respectivamente
(p<0,01). Os indivíduos do sexo masculino apresentam IAH 10 em 86% dos casos
e as mulheres em 64%. Entretanto, nas mulheres, a associação entre HAS
resistente e IAH 10 é maior do que em homens (X2= 9,7 vs 5,7). (Tabela 2).
Tabela 2. Prevalência de IAH 10 em casos e controles, estratificada por sexo.
Sexo
IAH 10 em
Casos
IAH 10 em
Controles
P
Masculino; n (%) 18/21 (86%) 12/23 (52%) 0,016
Feminino; n (%) 27/42 (64%) 12/40 (30%) 0,002
Total 45/63 (71%) 24/63 (38%) p<0,01
Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial:
Dos 63 controles, 11 (17%) apresentaram valores anormais na MAPA
(hipertensão mascarada) enquanto nos 63 casos, 13 (21%) apresentaram MAPA
normal (hipertensão do avental branco). A prevalência de SAOS em cada um desses
grupos está ilustrada na figura 1.
Observa-se que indivíduos com PA normal tanto em consultório quanto na
MAPA são os que apresentam menor prevalência de SAOS e menor valor médio do
IAH. Na medida em que os valores pressóricos na MAPA ou em consultório são
alterados, em apenas uma ou em ambas as situações, há maior prevalência de
SAOS e maior valor de IAH (Figura 1).
Não se observaram correlações significantes entre sexo, idade e IMC e as medidas
de PA noturnas e diurnas. O descenso pressórico durante o sono, em percentagem,
foi menor nos resistentes, mas a diferença não é significante (9 e 10% para a
sistólica e 11 e 12% para a diastólica, respectivamente para casos e controles).
53
Correlações:
AH correlacionou-se positiva e significativamente com todas as medidas de
PA, tanto de consultório quanto da MAPA, sendo as associações mais fortes entre
IAH e PA sistólica de consultório (rô= 0,392; P<0,01) e IAH e PA sistólica noturna
(rô= 0,292; p= 0,001).
As comparações entre PA no período de vigília e sono demonstram
associação inversa significativa entre IAH e descenso pressórico sistólico durante o
sono (rô= -0,263; p=0,003). Quando estratificado entre grupos, o IAH permaneceu
significativamente associado à diminuição do descenso.
Análise multivariada:
Regressão logística, para prever se o indivíduo pertence ao grupo de casos
ou de controles, mostrou que a única variável significante é o IAH (p< 0,001)
ajustando-se as probabilidades para sexo, idade, IMC e duração da HAS. Após
transformação logarítmica, a intensidade dessa associação se reduz, mas
permanece significante (p= 0,002).
Controlando-se para sexo idade, IMC e tempo de HAS, as correlações entre
IAH e medidas de PA de consultório e da MAPA permanecem significantes, mas não
o descenso sistólico (p=0.08) (figura 2).
Figura 1. Prevalência e gravidade da SAOS em cada subgrupo conforme pressão
arterial de consultório e na MAPA.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
HAS Controlada HAS Mascarada HAS Avental
Branco
HAS Resistente
Prevalência (%) de IAH 10
P<0,0 5
P<0,0 1
Mediana do IAH
20
15
10
5
N =52 N =11 N =13 N = 50
HAS: Hipertensão arterial sistêmica; IAH: Índice de apnéias-hipopnéias por hora de
sono.
54
Figura 2. Fatores de risco para hipertensão arterial sistêmica resistente: resultados
do modelo de regressão logística.
0,5
1,0 2,0
IC 95%Variável
3,0 4,0
RR
Idade (anos)
Sexo (M)
IMC (kg/m
2
)
t HAS (anos)
IAH (episódios/h)
0,99 (0,93 - 1,04)
1,53 (0,80 - 1,81)
0,97 (0,87 - 1,08)
1,04 (0,98 - 1,10)
1,10 (1,04 - 1,13)
DISCUSSÃO
De acordo com nossa revisão, este é o primeiro estudo controlado que avalia
a associação entre SAOS e HAS resistente por meio de PP. Nossos achados estão
de acordo com a literatura e atual e expandem o conhecimento nesse campo.
As prevalências encontradas estão dentro da ampla faixa descrita por outros
estudos. Outros autores descrevem 20 a 70% de SAOS em hipertensos em geral,
utilizando, porém diferentes métodos e critérios nessa população heterogênea. Em
hipertensos resistentes, Logan e cols. descreveram 83% de SAOS
147
, número
superior ao encontrado em nosso estudo, 71%, mas a diferença não é significante.
Além disso, a menor prevalência de SAOS em nossos pacientes com HAS resistente
pode ser explicada pela maioria de mulheres em nossa amostra. Pelo menos quatro
suposições justificariam tal proporção: 1) pequena diferença com predomínio de
mulheres atendidas naquele ambulatório; 2) mais exclusões por co-morbidades entre
os homens; 3) mais exclusões por má-adesão, confessa ou suspeita, ao tratamento
farmacológico; 4) mais recusas em participar entre homens.
Apesar de apresentarem diferenças na prevalência de HAS em idades mais
jovens, mulheres após a menopausa têm elevação da PA a níveis semelhantes ou
superiores aos homens
154
. SAOS, após a menopausa é também é bastante
freqüente e associada a maior risco cardiovascular em mulheres
155
. Perfil de risco
55
cardiovascular é mais distinto entre gêneros antes da menopausa. Uma vez que
todos os participantes do estudo têm mais de 40 anos, a maioria das mulheres está
em pós-menopausa, o que tornando nossa amostra menos heterogênea.
Uma importante característica deste estudo é que casos e controles estão
bem pareados para os fatores de confusão mais importantes, como sexo, idade e
IMC, diabetes e tempo de duração da HAS. Além disso, co-morbidades como
doença cerebrovascular e insuficiência cardíaca foram excluídas. Estudos anteriores
não conseguiram isolar o efeito de fatores importantes como a obesidade
156
e idade
157
. Logan e cols
147
estudaram mais homens, com IMC maior, 34 kg/m2, em relação
a nossa amostra, 30 kg/m2 (p<0,001). Obesidade está associada a maior gravidade
de SAOS e isso pode contribuir para a diferença nos resultados entre os dois
estudos.
Outra diferença em nosso estudo foi o uso de monitorização portátil. A maioria
dos estudos em apnéia do sono utiliza PSG convencional para a determinação do
IAH. Teste padrão permanece sendo a PSG. Entretanto, é um exame de baixa
disponibilidade, alto custo, com elevado espera, além de ser um método trabalhoso.
Muitos autores demonstraram que monitores portáteis, com único ou múltiplos
canais podem representar uma boa alternativa
158
. Nosso grupo recentemente
concluiu estudo de validação (dados não-publicados) de dispositivo de PP
(Somnocheck). Seu emprego foi avaliado tanto no laboratório, durante PSG, quanto
no domicílio, em ordem definida por randomização. O índice de correlação com a
PSG no laboratório foi de 0,95 e no domicílio foi de 0,88. No presente estudo, a PP
mostrou-se uma boa ferramenta de rastreamento diagnóstico, com baixo custo de
manutenção, acessível e de fácil compreensão por parte de pacientes e técnico-
operadores.
Especificamente o dispositivo usado, Somnochek, caracteriza-se por medir o
fluxo aéreo com cânula nasal, freqüência cardíaca, saturação de oxigênio,
ocorrência de ronco e posição do paciente. Ficker e cols
159
validaram este
equipamento e encontraram em 51 pacientes submetidos a PSG correlação de 0,98.
Quando SAOS foi definida por IAH 10 episódio/hora como em nosso estudo, a
sensibilidade foi de 97% e a especificidade de 100%. Porém, uma vez que a maioria
dos estudos de validação deste método faz a comparação com PSG realizada
56
simultaneamente, nosso grupo realizou paralelamente a este projeto, estudo de
validação deste dispositivo (dados não-publicados). Foram avaliados 130 pacientes
com PP domiciliar e PSG em ordem definida por randomização. Além disso, durante
a PSG também foi repetida a monitorização com PP. O índice de correlação com a
PSG no laboratório foi de 0,95 e de 0,88 em casa. É importante ressaltar que esta
última diferença deveu-se a maiores valores de IAH em casa, talvez por maior
relaxamento em ambiente mais habitual. Assim, uma vez que o dispositivo é
adequadamente acurado, é pouco provável que se tenham deixado de diagnosticar
pacientes. Além disso, a análise dos dados foi cega para o grupo a que pertencia o
paciente ou a qualquer outra variável, pois os exames eram identificados apenas por
um número em código. Tanto casos quanto controles receberam a mesma
abordagem.
A MAPA revelou 17% de hipertensão mascarada em dos controles e
hipertensão do avental branco em 21% dos casos. Esses números estão de acordo
com 10% e 20%, respectivamente, geralmente descritos
152
. A prevalência de SAOS
considerando apenas os extremos nos quais os valores pressóricos de consultório e
MAPA foram concordantes (figura 1) aumenta nos verdadeiro-resistentes (n=50)
para 72% e reduz-se para 33% nos verdadeiro-controlados (n=52). Essa alteração
de prevalência não encontra significância estatística com a presente amostra.
Entretanto, o maior poder discriminatório da MAPA para risco cardiovascular em
estudos de maior porte em hipertensos, poderia ser explicado pela melhor
associação entre a SAOS e PA na MAPA do que com a PA de consultório. Outros
estudos de maior porte podem elucidar esse achado.
Staessen e cols.
160
demonstraram que na MAPA o parâmetro que melhor se
associa à morbidade cardiovascular é a PA sistólica durante o sono. Nossos dados
mostram que o IAH foi significativamente associado à PA sistólica durante o sono.
Além do equilíbrio de potenciais confundidores entre os grupos, como gênero e IMC,
também foi realizada análise multivariada (figura 2). Nesta, o IAH representa um
fator de risco independente para HAS resistente, ajustado para sexo, idade, IMC e
tempo de hipertensão. O aumento do tono simpático durante os episódios de SAOS
deve ser em parte responsável por essa associação. Até o momento, nenhum
estudo adequadamente cotejou o valor prognóstico da MAPA com os valores do
57
IAH. O efeito de maior IAH sobre a PA noturna e o prognóstico cardiovascular ainda
merece ser melhor explorado.
Embora não existam series específicas de hipertensos resistentes, infere-se
seu elevado risco pelos valores pressóricos expressos. Em nosso estudo, o grupo de
hipertensos resistentes tem 40 e 14 mmHg em média, para a sistólica e a diastólica,
respectivamente, além dos controles, representando um risco de pelo menos 4
vezes mais desfechos como morte e acidente vascular encefálico
161
. Considerando-
se que uma abordagem de investigar SAOS com PP possa ser 42% mais custo-
efetiva
162
e que empregando essa tecnologia demonstramos alta prevalência de
SAOS neste estudo, se confirmados nosso achados, pode-se considerar o uso
desse método como parte integrante do atendimento a hipertensos.
Conclui-se que SAOS é altamente prevalente e independentemente
associada à hipertensão resistente. Esse achado confirma estudos prévios menores
não-controlados. A investigação de SAOS em hipertensos resistentes deve ser
fortemente estimulada.
Continuidade do Projeto:
Nossos achados são geradores de novas hipóteses.
A disponibilidade da PP em nosso meio está possibilitando seu emprego na
avaliação de hipertensos. Em um futuro breve, teremos dados prospectivos da
relação do IAH nesses pacientes com sua evolução clínica.
Já foi encaminhado projeto de pesquisa em nosso hospital para estudo de
marcadores de risco cardiovascular como disfunção endotelial, avaliada por
vasodilatação mediada por fluxo da artéria braquial, em pacientes com SAOS.
Como o tratamento de escolha desses pacientes é através de CPAP, já
encaminhamos projeto de pesquisa para a avaliação dessa medida, em ensaio
clínico randomizado, em hipertensos resistentes com SAOS.
58
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5. ARTIGO EM INGLÊS
ABSTRACT
Background: Obstructive sleep apnea syndrome (OSAS) has been linked to resistant
hypertension, but the magnitude of this association and its independence of confounding
were not established to date.
Methods: We investigated the frequency of OSAS in 63 patients with resistant hypertension
(BP 140/90 mmHg using at least three blood pressure-lowering drugs, including a diuretic),
and in 63 patients with controlled BP under drug treatment. Controls were frequency-
matched to cases based upon age, gender and BMI. Patients underwent home portable
polysomnography and ambulatory blood pressure monitoring (ABPM). OSAS was defined as
an apnea-hypopnea index (AHI) 10 episodes per hour of sleep.
Results: Cases and controls were well-matched for confounding. OSAS was present in 45
(71%) cases and in 24 (38%) controls (P < 0.001). In a logistic regression model, OSAS was
strongly and independently associated with resistant hypertension (OR 4.8; 95% CI 2.0 –
11.7). The AHI in patients with normal BP in the office and in ABPM (n = 52), in controls with
hypertension in ABPM (masked hypertension, n = 11), in cases with normal BP in ABPM
(white coat hypertension, n = 13), and in patients with BP uncontrolled in the office and
ABPM (n = 50) was 9.9 ± 8.8, 13.4 ± 11.4, 15.2 ± 14.9 and 22.5 ± 18.0 episodes per hour,
respectively (P < 0.001).
Conclusions: OSAS is highly prevalent and independently associated with resistant
hypertension. Screening OSAS with portable sleep monitors in patients with resistant
hypertension is feasible and should be encouraged.
Keywords: Obstructive sleep apnea syndrome, resistant hypertension
62
INTRODUCTION
Despite the availability of many effective therapies for hypertension, there is a vexing
proportion of patients with uncontrolled hypertension around the world (1-4). Among patients
with uncontrolled hypertension, 15 to 20% are using at least three blood pressure-lowering
drugs, including a diuretic, and as such, are defined as patients with resistant hypertension
(5).
Obstructive sleep apnea syndrome (OSAS) may have a causative role in
hypertension (6,7) Prevalence rates up to 50% of OSAS have been described in patients
with hypertension (8). OSAS was listed as one among the identifiable causes of
hypertension, and its screening is justified in clinical practice (1). The prevalence rates of
OSAS may be higher among patients with resistant hypertension. In a case-series, 83% of
patients with resistant hypertension had OSAS, defined as apnea-hypopnea index (AHI) 10
episodes per hour (9). The absence of a control group, however, precluded to controlling for
confounding, as gender, age, and obesity.
The aims of this case-control study were to investigate if the association between
OSAS and resistant hypertension is independent of confounding and to estimate the
magnitude of risk.
METHODS
This case control study was carried out in the hypertension clinic of the Hospital de
Clínicas de Porto Alegre (Porto Alegre, RS, Brazil), where is on the way a cohort study of
patients with hypertension. Details of this study have been presented in other reports (10-12)
Cases and controls were consecutively enrolled between March 2004 and June 2006. Adult
patients, with 40 to 70 years of age, of both genders, with BMI ranging from 25 and 40 kg/m
2
,
were invited to participate. The Institutional Review Board approved the ethical and
methodological aspects of the investigation and patients signed a written informed consent to
participate. Cases were patients with hypertension defined as resistant by BP 140/90
mmHg, for at least two consecutive visits, receiving at least three antihypertensive drugs in
appropriate doses, including a diuretic. Controls had to have BP < 140/90 mmHg, on at least
two consecutive visits, and to be under drug treatment for hypertension. Controls were
frequency-matched to cases based upon age, gender and body-mass index. Secondary
hypertension was excluded in cases and in controls by standard screening, which included
renal Doppler ultrasound and renin-aldosterone ratio in suspected cases. Patients were also
excluded in the presence of suspected non-adherence to pharmacologic treatment or a
previous diagnosis of sleep disorders. Pregnancy, insulin-dependent diabetes, symptomatic
or invasively-treated coronary artery disease in the last six-months, left ventricular systolic
63
dysfunction, or any other disease associated with OSAS or compromising the capability to
understanding or to participate in the study were other criteria of exclusion.
Protocol
BP measurements:
Office BP was measured according to standard guidelines. ABPM was done with a
Spacelabs 90207 monitor (Redmond, WA, USA) programmed to take measurements each
20 minutes from 7 AM to 11 PM and each 30 minutes from 11 PM to 7 AM. The cuff size was
selected according to the arm circumference. Office hypertension was defined by BP
140/90 mmHg, and 24 hours ABPM hypertension by BP 130/80 mmHg.
Portable polysomnography
We employed the portable monitor Somnocheck (Weinmann GmbH, Hamburg,
Germany). Respiratory parameters were assessed by nasal cannula. A pulse oximeter with a
finger probe was used to continuously measure arterial oxyhemoglobin saturation. Body
position was detected by position sensor. All recordings were stored on a computer system
and scored in 5-minute epochs, by a physician blinded to the case-control condition of the
patient, following standard rules. Apneas were defined as reductions of tidal volume and/or
airflow below 10% of baseline for 10 seconds or longer; hypopneas, as reductions of tidal
volume and/or airflow below 50% of baseline for 10 seconds or longer, accompanied by at
least 3% desaturation or unequivocal increasing in heart rate, indicating arousal.
Validation of the portable monitor
The performance of the monitor Somnocheck to diagnose OSAS was high in a study
with 51 patients, who had full polysomnography done simultaneously at the sleep laboratory
(13). We are presently proceeding to a validation study of this monitor in patients referred to
the laboratory of sleep disorders with suspicion to having OSAS. Patients are being
submitted to simultaneous conventional polysomnography and portable polysomnography at
the sleep laboratory. A proportion of these patients are being submitted, in a random
sequence, to home polysomnography before or after the polysomnography in the laboratory.
The intraclass correlation coefficient in 144 patients, who had both examinations done at the
laboratory, was 0.93. The intraclass correlation coefficient between the polysomnographies
done in the laboratory and at home was 0.87 among 114 patients studied to date. Details
and full results of this study are being prepared for publication.
Statistical analysis:
A sample size of 62 patients per group was calculated on the basis of an estimated
prevalence of OSAS of 40% among controls and 70% among cases, with a power of 90%
and an alpha error of 5%. Data were expressed as mean ± standard deviation (SD). The
differences between means were compared using Student’s t-test. Chi-square test was used
64
to compare proportions. To model the impact of confounding on the prediction of resistant
hypertension, odds ratios were calculated in a logistic regression analysis including gender,
age, BMI, AHI, and duration of hypertension as independent variables. We compared the
proportion of patients with OSAS in patients with hypertension in the office and during ABPM
(truly resistant), in patients with hypertension only in the office (white coat phenomenon), in
patients with hypertension only at home (masked hypertension), and in patients with normal
blood pressure at office and at home (truly controlled). Means of AHI in these conditions
were computed and tested for linear trend in an oneway ANOVA. Analyses were conducted
using SPSS for Windows v 13 (SPSS, Chicago, IL). In all analyses, a probability of alpha
error of less than 5% was considered significant.
RESULTS
In the total, 143 consecutive patients who fulfilled criteria for enrollment were invited
to participate. Ten refused to participate. Of the 133 patients who signed the inform consent,
7 had polysomnography or ABPM inadequate for analysis, leading to 126 patients who were
effectively analyzed. Characteristics of cases and controls are displayed in table 1. Gender,
age, and BMI were comparable in the two groups, and blood pressure measured at office
and by ABPM was obviously lower in patients with controlled blood pressure, despite of
having been treated with fewer blood pressure drugs. AHI was significantly higher in cases
than controls.
The prevalence OSAS was 71% in cases and 38% in controls, considering 10
AH/hour as cut-off point (Table 2). OSAS was a risk for uncontrolled hypertension both in
men and women (Table 2). In a logistic regression model, adjusting for gender, age, BMI,
and duration of hypertension, OSAS was strongly and independently associated with
resistant hypertension (Figure 1).
In the control group, 11 (17%) individuals had abnormal ABPM (masked
hypertension), while, among cases, 13 (21%) had normal ABPM (white coat hypertension).
Individuals with normal BP by both methods have the lowest AHI and the lowest prevalence
of OSAS (Figure 2). The mean of AHI and the prevalence of OSAS increased in patients with
hypertension detected at office or by ABPM, and particularly in patients with hypertension in
the office and by ABPM (Figure 2).
DISCUSSION
As far as we know, this is the first controlled study to show an independent
association between OSAS and resistant hypertension. The odds ratio close to 5.0 is
impressive and strengthens the concept that OSAS is a major cause of resistant
hypertension.
65
The risk of OSAS for hypertension has been demonstrated in several studies (14-16).
The association of OSAS with resistant hypertension, however, was poorly investigated to
date. In a case series, OSAS was diagnosed in 83% of patients with resistant hypertension
(9). This study did not have a control group, and therefore could not exclude other causes for
resistant hypertension. In another uncontrolled study, the AHI among patients with difficult-to-
control hypertension was 26.2 episodes per hour (17). In our controlled study, patients and
controls were well-matched for other causes of resistant hypertension and the risk was
independent of them in a multivariate analysis. Despite of the differences in the study design,
our findings in patients with resistant hypertension were similar to the prevalence described
by Logan et al (9) and with the frequency of AHI described by Martinez-Garcia et al (17). The
prevalence of OSAS in cases and controls among women was lower than in men, confirming
the gender difference described in other studies (18). The magnitude of the risk, however,
was at least as strong as in men.
Another difference between our study and most studies of sleep disorders was the
use of a portable monitor. Screening devices have been recommended as an alternative
method to diagnose OSAS when polysomnography is not readily available (19). The gold
standard for diagnosing OSAS remains the overnight level I PSG. However, it is costly, not
fully accessible, and laborious. Screening devices, in the form of single or multiple channel
monitoring systems, represent an alternative method to diagnose OSAS. More than to using
a portable device as a screening test, we demonstrated that sleep apnea detected with this
monitor at home was able to identify clearly the risk of OSAS for resistant hypertension.
Ficker et al (13) found a correlation of 0.98 with PSG in 51 patients referred for suspected
sleep disorders. Our findings in the validation study, with a larger number of patients,
demonstrated a similar correlation when both exams were done at the same moment at the
clinic. The intraclass correlation coefficient for exams done in the clinic and outside the clinic
was high but lower than the examinations done at the same moment. These differences can
be explained, therefore, by the quality of sleep at home and in the laboratory. Since patients
sleep at home and not in a laboratory, portable home studies could better identify sleep
disorders in the real life. Anyway, even in the absence of conclusive validation studies, our
findings show that OSAS diagnosed by home monitoring is a risk factor for resistant
hypertension.
The proportion of patients with masked and white coat hypertension in our study was
higher than prevalence described in population-based studies (20,21). Patients with masked
and white coat hypertension have an intermediate risk between truly normotensive and
hypertensive individuals by both methods (21). The gradient of AHI in patients with
uncontrolled hypertension by different methods suggest that OSAS may be among the
underlying reasons for the occurrence of white coat and masked hypertension.
66
In conclusion, OSAS is highly prevalent and independently associated with resistant
hypertension. Screening OSAS with portable monitors in patients with resistant hypertension
should be encouraged.
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68
Table 1. Demographics and other characteristics of cases and controls [mean ± SD or n
(%)].
CASES
n = 63
CONTROLS
n = 63
P
Gender (female) 42 (67) 40 (63) 0.71
Age; years 59 ± 7 59 ± 7 0.65
BMI; kg/m
2
; 30 ± 3 29 ± 4 0.31
SBP office; mmHg 167 ± 21 127 ± 8 < 0.01
DBP office; mmHg 93 ± 15 79 ± 6 < 0.01
SBP ABPM 24 h; mmHg 141 ± 17 121 ± 10 < 0.01
DBP ABPM 24 h; mmHg 84 ± 12 74 ± 7 < 0.01
Diabetes mellitus; 12 (22) 12 (19) 0.19
AHI; episodes per hour 21 ± 17.6 10.6 ± 9.3 < 0.001
Antihypertensive drugs; n 3.4 ± 0.6 2.3 ± 0.8 < 0.01
Duration of hypertension 19 ± 6 16 ± 8 0.06
Table 2. Prevalence of AHI 10 episodes per hour in cases and controls, by gender (n and
%).
Gender
AHI 10
Cases
AHI 10
Controls
P
Male 18/21 (86) 12/23 (52) 0.016
Female 27/42 (64) 12/40 (30) 0.002
Total 45/63 (71) 24/63 (38) < 0.001
Legend for figure 1
Figure 1. Risk factors for resistant hypertension: results of a logistic regression model.
Legend for figure 2
69
Figure 2. Prevalence of OSAS and frequency of AHI by hypertension defined by the
combination of measurements taken at office and by ABPM.
Figure 1
0.5 1.0 4.0
CI 95%Variable
8.0
OR
Age (years)
Gender (M)
BMI (kg/m
2
)
Hypertension duration (years)
OSAS (AHI 10 episodes/h)
1.01 (0.96 - 1.06)
1.6 (0.7 - 3.8)
1.03 (0.92 - 1.16)
0.96 (0.91 - 1.02)
4.8 (2.0 - 11.7)
2.0
16.0
Odds ratio
Figure 2
N =52
N =11
N =13 N = 50
Prevalence (%)
AHI 10
100
50
Mean AHI
Truly
Controlled
Masked
White Coat
Truly
Resistant
Prevalence of AHI 10 episodes/h
9.9
13.4
15.2
22.5
Office BP = N
ABPM = N
Office BP = N
ABPM =
Office BP =
ABPM = N
Office BP =
ABPM =
P<0.05
P<0.01
25
20
15
10
5
Mean AHI episodes/h (P for trend < 0.001)
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