29
de R. (B.) microplus. Assim, uma alta densidade parasitária, poderia explicar os relatos
encontrados na literatura sobre estágios parasitários de R. (B.) microplus parasitando eqüinos,
associado com o uso simultâneo de áreas de pastagens entre estes e bovinos (EVANS, 2000;
HEUCHERT et al., 1999; LABRUNA et al., 2001), o que de fato, poderia favorecer um maior
número de larvas capazes de infestar eqüinos. Daemon et al. (1998) ao infestarem caprinos
com larvas de R. (B.) microplus, atribuíram a baixa recuperação de fêmeas às alterações de
comportamento, bem como à resposta imunológica dos caprinos.
É possível que exista um número adequado de larvas de R. (B.) microplus a ser
utilizado em infestações experimentais, para cada espécie de hospedeiro, como descrito por
Silva et al. (1996) em infestações experimentais de R. (B.) microplus em coelhos.
Com base em vários estudos citados na literatura, sugere-se que, as reações e a
susceptibilidade do hospedeiro, principalmente nas fases iniciais de uma infestação por R. (B.)
microplus, independem da espécie hospedeira a ser parasitada. Porém, estas poderão variar,
dependendo de diversos aspectos, dentre eles a imunidade individual contra o estabelecimento
da infestação, a intensidade do parasitismo, a presença de hospedeiro preferencial e outros
fatores possíveis. Neste sentido, são necessários mais estudos no intuito de verificar qual seria
a quantidade ótima de larvas de R. (B.) microplus a serem utilizadas em infestações
experimentais em eqüinos, que permitisse avaliações mais detalhadas dessa relação parasito -
hospedeiro. Um ou mais destes fatores podem ter determinado a não obtenção de fêmeas
ingurgitadas de três, dos quatro eqüinos infestados neste estudo, assim como dos eqüinos
infestados experimentalmente em estudos realizados por Tate (1941) e Bittencourt (1990). Por
outro lado, a influência destes fatores também pode ter sido determinantes para os relatos
observacionais ou experimentais de R. (B.) microplus parasitando outras espécies de animais
domésticos, silvestres, exóticos (ROHR, 1909; ARAGÃO, 1936; TATE, 1941; FREIRE,
1967a; FREIRE, 1967b; GONZALES, 1974; BITTENCOURT, 1990; KENNEDY et al.,
1993; DAEMON et al., 1998; PRATA et al., 1999; AGUIRRE, 2000; SZABO et al., 2003;
FRANQUE et al., 2004), inclusive o homem (ROHR, 1909; IVANCOVICH, 1973;
GUGLIELMONE; HADANI, 1980, 1981; GUGLIELMONE et al., 1991).
Considerando-se o tamanho (VILLARES, 1941) e o número (WHARTON et al.,
1970), de fêmeas de R. (B.) microplus recuperadas de bovinos, como fator de comparação da
resistência entre animais, sugere-se que dos quatro eqüinos infestados, dois (um castanho e
um tordilho) apresentaram-se resistentes, um castanho moderadamente resistente e um
tordilho sensível ao estabelecimento do carrapato, como já relatado para bovinos (BENNETT,
1969). Estudos mais detalhados devem ser realizados, no sentido de esclarecer os fatores que
determinam a susceptibilidade de eqüinos ao estabelecimento da infestação por R. (B.)
microplus.
Apesar de eqüinos terem sido considerados hospedeiros não favoráveis para R. (B.)
microplus na Austrália (RIEK, 1954), estudos realizados no Brasil (HEUCHERT et al., 1999;
LABRUNA et al., 2001) relatam a ocorrência do parasitismo por R. (B.) microplus em
eqüinos. Na região Sul, foi relatado que a freqüência de eqüinos parasitados por R. (B.)
microplus é elevada (FREIRE, 1972; FALCE, 1982), fato que aparentemente diminui em
direção à região norte do país segundo estudos realizados por Bittencourt (1990); Pfeifer
Barbosa et al. (1995) e Labruna et al., (2001). Diferenças regionais relacionadas à presença de
R. (B.) microplus parasitando eqüinos, podem sugerir que, além dos fatores que influenciam o
estabelecimento da infestação por R. (B.) microplus descritos anteriormente, existam cepas
mais adaptadas ao parasitismo em eqüinos, ocorrendo em determinadas regiões do país.
Estudos específicos que possam avaliar esta hipótese poderiam ajudar a entender os diferentes
relatos do parasitismo de R. (B.) microplus em eqüinos, bem como em outras espécies
hospedeiras. Conseqüentemente, auxiliaria o entendimento de aspectos epidemiológicos da