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Centro de Ciências Agrárias
Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos
Programa de Mestrado e Doutorado em Ciência de Alimentos
ANTICORPO MONOCLONAL ANTI-AFB
1
:
COLUNA DE IMUNOAFINIDADE E
ESPECTROFLUORIMETRIA PARA CONTROLE
DE QUALIDADE DE ALIMENTOS
LUCIANA HAYASHI
Londrina - PR
2007
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Centro de Ciências Agrárias
Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos
Programa de Mestrado e Doutorado em Ciência de Alimentos
ANTICORPO MONOCLONAL ANTI-AFB
1
:
COLUNA DE IMUNOAFINIDADE E
ESPECTROFLUORIMETRIA PARA CONTROLE
DE QUALIDADE DE ALIMENTOS
Dissertação apresentada ao Programa de
Mestrado e Doutorado em Ciência de Alimentos
da Universidade Estadual de Londrina, como
requisito parcial à obtenção do título de Mestre
em Ciência de Alimentos.
Luciana Hayashi
Orientadora: Profa. Dra. Elisa Yoko Hirooka
Londrina - PR
2007
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BANCA EXAMINADORA
____________________________________________
Profa. Dra. Myrna Sabino
____________________________________________
Profa. Dra. Eiko Nakagawa Itano
____________________________________________
Profa. Dra. Elisa Yoko Hirooka
Londrina, 22 de junho de 2007.
Dedicatória
A Deus, por estar sempre presente em minha vida, me proporcionando
saúde, força, ânimo e coragem para a realização deste trabalho;
Aos meus queridos pais, Nelson e Misako, por acreditarem em mim e
me incentivarem, com muito amor e carinho, a nunca desistir dos
meus sonhos, estando presentes em todos os momentos,
não fisicamente, mas em meu coração.
Aos meus irmãos, Daniela, Marcos e Rafael, por estarem sempre ao
meu lado, me confortando, ouvindo minhas reclamações
e me ajudando a alcançar meus objetivos.
Ao Rogerio, por todo amor, compreensão e apoio dedicados a mim
nesta longa caminhada, sendo fundamental em minha vida
e na concretização desta etapa.
AGRADECIMENTOS
À Professora Dra. Elisa Yoko Hirooka, pela orientação, paciência, incentivo, valiosos
ensinamentos, por me fazer acreditar que este trabalho seria possível, meus sinceros
agradecimentos.
À Universidade Estadual de Londrina e aos professores do Depto.Ciência de Alimentos,
pelos preciosos ensinamentos e colaboração durante o desenvolvimento do mestrado;
À Chefia e Coordenadoria do Curso de Pós-graduação, pela atenção e colaboração;
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, pela
concessão da bolsa de mestrado e apoio financeiro;
Ao CNPq, pelo apoio financeiro com os projetos proc. n. 506334/2004-0 e n. 473711/03-6, e
SETI-UFG-Fundo Paraná com o projeto CV. 33/04-Prot. n.88;
Ao Dr. Osamu Kawamura de Kagawa University, Japão, pelo fornecimento de
hibridoma AF4, pela orientação e valiosas informações sobre produção de reagentes
imunológicos, sem os quais este trabalho não seria possível;
À Profa. Dra. Eiko Nakagawa Itano, pela valiosa orientação, auxílio no
desenvolvimento técnico, utilização do laboratório de imunologia e empréstimo de materiais para
confecção de coluna de imunoafinidade;
Aos membros titulares da banca examinadora, Dra. Myrna Sabino e Dra. Eiko N. Itano,
pelas valiosas sugestões que contribuíram para o aprimoramento da dissertação;
À Profa. Dra. Elisabete Yurie Sataque Ono, pela orientação, apoio e esclarecimentos de
dúvidas no decorrer do trabalho;
À Profa. Dra. Tereza Cristina Rocha Moreira de Oliveira, pela colaboração e
empréstimo de material para cultivo de células;
À Doutora e amiga Simone Fujii, pelos preciosos ensinamentos, apoio, colaboração,
prontidão em esclarecer dúvidas, ajuda em momentos imprescindíveis e, sobretudo, pela amizade
verdadeira que construímos nestes anos de convivência;
Aos amigos Letícia Schiavo, Joice Sifuentes dos Santos, Cleiton Ramos e Tatiane de
Oliveira, pelo auxílio prestado no cultivo de células, produção de anticorpos e demais
experimentos, colaboração, alegria e amizade;
À amiga Aniê Ieda Francabandiera, por toda ajuda prestada, pelo companheirismo,
colaboração, apoio, incentivo, esclarecimentos de dúvidas de experimentos, e principalmente
pelo carinho e amizade de sempre;
Às amigas “Florzeras”, Michele Rosset, Luciane Yuri Yoshiara, Suellen Jensen, Maike
Taís Maziero, Renata Dinnies Santos, Roselane Langer, Tatiana dos Santos, pelo precioso apoio,
colaboração, dicas, companheirismo e, sobretudo, amizade;
Aos amigos Elisabete Hashimoto, Cláudio Ueno, Adriana da Silva, Caroline Calliari,
Ricardo Reche Ribeiro, pela colaboração, ajuda, apoio, dicas, alegria e amizade;
À Patrícia Sambatti e Marli, pela preciosa ajuda no laboratório, com reagentes, pedidos
e favores, carinho e amizade;
A todos os funcionários e técnicos do Depto. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Nelson,
Rubens, Célia, Irene, Alessandra, Sandra Rezende, Berenice e Elza Youssef, por me prestarem
ajuda quando necessário;
Aos pós-graduandos e funcionários do Depto. Ciências Patológicas, em especial ao
Alexandre Sasaki, Juliana, Fernanda, Nilson e Mari, pela ajuda e colaboração;
Aos amigos e colegas, Luciana Bernd, Elaine Moreno, Alexandre Morey, Luiz Morioka,
Rafael Dias, Ana Augusta Xavier, Luciana Lobato, Alexandre Azevedo, Norma Pimentel, Magali
Maganhini, Mery Rendón, Denis Marchi, Miriam, Eduardo Toledo, pelo companheirismo e
momentos de alegria, que suavizaram os dias árduos de trabalho;
Aos meus grandes e queridos amigos, Gisele Carvalho, Douglas Gallo, Roberta
Uherara, Jhonatan Liberato, Andréa Sera, Fernanda Komatsu, Kelcilene Nakamura, Alberto
Duran, Vera Tatakihara, Alessandra Okino, Camila Brito, Aluísio Kreling, Saulo Godoy, Jorge
Sassaki, Thaís Matheus, Aline Matheus, Sílvia Schmith, Eduardo Neri, que tanto me deram força,
apoio, carinho e amizade, dentro e fora da universidade, e que moram em meu coração;
A todos que contribuíram direta ou indiretamente para a realização deste trabalho;
Aos meus familiares, em especial à minha prima Renata Nishimura, minha tia Nobue
Taniguti e ao meu futuro cunhado Renato Banja, pelo apoio e incentivo constante, carinho, amor
e amizade;
Ao meu querido namorado Rogerio Hashimoto, pelo apoio, paciência, compreensão,
força, carinho, amizade, amor e felicidade proporcionados a mim, servindo de estímulo para a
concretização do mestrado;
À Daniela, Marcos e Rafael Hayashi, meus queridos irmãos, pelo apoio, carinho,
compreensão, alegria e amizade dedicados a mim;
Aos meus amados e queridos Pais, Nelson Yukio e Misako Taniguti Hayashi, por todo
incentivo, apoio, amor, dedicação e esforços realizados para minha formação profissional;
A Deus, sobretudo, por ter me concedido o direito à vida, e a oportunidade de conviver
com pessoas maravilhosas, fazendo minha vida valer a pena.
"É melhor tentar e falhar, que preocupar-se e ver a vida passar;
é melhor tentar, ainda que em vão, que sentar-se fazendo nada até o final.
Eu prefiro na chuva caminhar, que em dias tristes em casa me esconder.
Prefiro ser feliz, embora louco, que em conformidade viver ..."
Martin Luther King
SUMÁRIO
RESUMO ....................................................................................................................................i
ABSTRACT ...............................................................................................................................ii
LISTA DE SIGLAS ..................................................................................................................iii
LISTA DE FIGURAS ...............................................................................................................iv
LISTA DE TABELAS ...............................................................................................................v
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................1
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .........................................................................................3
2.1 A
FLATOXINA..................................................................................................................3
2.2 M
ETODOLOGIA ANALÍTICA PARA DETECÇÃO DE AFLATOXINA......................................10
2.3 COLUNA DE IMUNOAFINIDADE PARA DETERMINAÇÃO DE AFLATOXINA........................15
2.4 ANTICORPO PARA TÉCNICAS IMUNOQUÍMICAS .............................................................18
3 OBJETIVOS.....................................................................................................................22
3.1 OBJETIVO GERAL .........................................................................................................22
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..............................................................................................22
4 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................23
4.1 MATERIAL....................................................................................................................23
4.2 PRODUÇÃO DE ANTICORPO MONOCLONAL IgG ANTI-AFB
1
..........................................24
4.2.1 Linhagem de célula de hibridoma ........................................................................24
4.2.2 Recepção e cultivo de hibridoma..........................................................................24
4.2.3 Contagem e análise de viabilidade celular ...........................................................25
4.2.4 Manutenção e recuperação de hibridoma .............................................................25
4.2.5 Produção de AcM IgG a partir de cultivo de hibridoma em meio sintético.........26
4.2.6 Purificação parcial de anticorpo monoclonal IgG anti-AFB
1
...............................27
4.3 D
ESENVOLVIMENTO DA COLUNA DE IMUNOAFINIDADE (CIA) PARA DETECÇÃO DE AFB
1
EMPREGANDO
ACM ANTI-AFB
1
.............................................................................................28
4.3.1 Preparo da CIA Affi-Gel 10: acoplamento aquoso ..............................................28
4.3.2 Manutenção de CIA Affi-Gel 10..........................................................................29
4.3.3 Avaliação da eficiência de acoplamento de AcM à CIA Affi-Gel 10..................29
4.3.4 Determinação da capacidade de retenção de AFB
1
em CIA Affi-Gel 10.............29
4.4 TESTE DE RECUPERAÇÃO DE AFB
1
EM CIA AFFI-GEL 10 ............................................30
4.4.1 Contaminação de milho com AFB
1
......................................................................30
4.4.2 Extração de AFB
1
de milho contaminado ............................................................30
4.4.3 Limpeza de extrato bruto pela CIA ......................................................................31
4.4.4 Determinação de AFB
1
por espectrofluorimetria.................................................31
4.4.5 Regeneração de CIA.............................................................................................31
4.5 COMPARAÇÃO ENTRE ESPECTROFLUORIMETRIA E CCD PARA ANÁLISE DE AFB
1
........32
4.5.1 Contaminação de milho com AFB
1
......................................................................32
4.5.2 Extração de AFB
1
de milho contaminado ............................................................32
4.5.3 Limpeza de extrato bruto pela CIA ......................................................................32
4.5.4 Quantificação de AFB
1
por espectrofluorimetria.................................................33
4.5.5 Determinação de AFB
1
por cromatografia em camada delgada (CCD)...............33
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO.....................................................................................34
CAPÍTULO I............................................................................................................................35
CAPÍTULO II...........................................................................................................................46
CAPÍTULO III .........................................................................................................................64
6 CONCLUSÃO..................................................................................................................75
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................76
i
HAYASHI, Luciana. Anticorpo monoclonal anti-AFB
1
: coluna de imunoafinidade e
espectrofluorimetria para controle de qualidade de alimentos. 2007. Dissertação
(Mestrado em Ciência de Alimentos) – Universidade Estadual de Londrina.
RESUMO
A freqüente ocorrência de aflatoxina em produtos agrícolas causa impacto negativo no
agronegócio brasileiro. A aflatoxina tem sido classificada em grupo 1 por International
Association in Research on Cancer. A produção de imunorreagentes aliada ao
desenvolvimento de métodos imunoquímicos possibilitariam o controle de qualidade acessível
e de baixo custo, visando prevenção de contaminação e fornecimento de alimentos seguros ao
consumidor. Considerando a necessidade em minimizar a dependência de importação de kits
imunoquímicos para análise avançada de resíduos tóxicos na rotina laboratorial, introduziu-se
a tecnologia de produção de anticorpo monoclonal (AcM) empregando hibridoma linhagem
AF4, secretor de IgG específico para aflatoxina B
1
(AFB
1
). O cultivo celular em meio
sintético resultou em 632,63 mg de IgG purificada (82,18 µg/mL), superando a expectativa da
obtenção de AcM descrito na literatura (50,00 µg/mL), sendo este atingido devido ao uso de
L-glutamina e cultivo até morte celular. O AcM anti-AFB
1
semi-purificado e liofilizado foi
utilizado na confecção da coluna de imunoafinidade (CIA) empregando suporte gel ativado
Affi-Gel 10. A CIA Affi-Gel 10 de 0,5 mL apresentou capacidade de retenção de 25,32 ng de
AFB
1
, sendo a toxina eluída com 15 mL de metanol. Para quantificação empregou-se a
espectrofluorimetria, padronizando o comprimento de onda para 360nm de excitação e 420
nm de emissão, baseado na maior sensibilidade e estabilidade entre leituras consecutivas de
AFB
1
pura. A CIA Affi-Gel 10 desenvolvida não foi totalmente eficaz na limpeza de milho
artificialmente contaminado com AFB
1
. O capeamento da coluna ainda deve prosseguir com
ensaios de melhoria, para atingir a eficácia equivalente à da CIA comercial Aflatest-P
(VICAM) (recuperação de AFB
1
de 72,40 a 79,77 %). Outrossim, considerando a
especificidade comprovada de AcM anti-AFB
1
produzido por meio do teste de capacidade de
retenção, deve-se prosseguir estudo inserindo novas condições de capeamento de coluna e
ensaios de padronização. Quanto à reutilização de CIA comercial Aflatest-P, após
regeneração de coluna, os resultados mostraram-se variáveis, com 34,15 a 82,88 % de
recuperação de AFB
1
. O fato indicou que as colunas comerciais podem inferir erro de análise
se reutilizadas, contra-indicando o reuso. Em suma, a produção de AcM IgG anti-AFB
1
foi
atingida com sucesso, sendo aconselhável proceder ultrafiltração na etapa de concentração e
manutenção a 4º C para conservar a integridade e atividade biológica do anticorpo. Assim, a
disponibilidade de AcM específico, limpeza de extrato alimentar em única etapa
cromatográfica, uso reduzido de solventes tóxicos e possibilidade de reutilização, justificam o
desenvolvimento de CIA, visando minimizar o custo referente à aquisição e aplicação no
controle de qualidade.
Palavras-chave: aflatoxina B
1
; anticorpo monoclonal; coluna de imunoafinidade;
espectrofluorimetria.
ii
HAYASHI, Luciana. Monoclonal antibody against AFB
1
: immunoaffinity column and
spectrofluorimetry in food quality control. 2007. Master Degree (Dissertation on Food
Science) – Universidade Estadual de Londrina.
ABSTRACT
The frequent occurrence of aflatoxin in foodstuffs causes a potential negative impact on
Brazilian agribusiness. Aflatoxin has been classified in group 1 by International Association
in Research on Cancer. The production of immunoreagents associated with immunochemical
assay developments could allow accessible and low cost quality control aiming prevention of
contamination and safe food supply to consumers. Considering the need in minimizing the
dependence on immunochemical kits imports, which are essential to carry out advanced toxic
residues analysis routinely in laboratories, the technology of monoclonal antibody (mAb)
using hybridoma cell line AF4 that produces IgG against aflatoxin B
1
(AFB
1
) was introduced.
Cell culture in synthetic medium raised 632.63 mg of purified IgG (82.18 µg/mL),
overcoming the expectation described in literature, i.e. 50.00 µg/mL of mAb, due to the use of
L-glutamine and cell culture until death. Semi-purified and lyophilized mAb against AFB
1
was used to prepare the immunoaffinity column (IAC) using activated Affi-Gel 10
immunoaffinity support. IAC Affi-Gel 10 coupled with 0.5 mL of IgG-gel showed an AFB
1
retention capacity of 25.32 ng, with further toxin elution from IAC with 15 mL of methanol.
Spectrofluorimetry was used to quantify the AFB
1
, where the excitation and emission
wavelengths were standardized to 360 and 420 nm, respectively, which were selected based
on the best sensibility and stability through consecutive readings of pure AFB
1
. The IAC Affi-
Gel 10 developed was not totally efficient concerning the cleaning-up of artificially
contaminated corn with AFB
1
. The end-capping procedure must be continued to reach the
effectiveness which is equivalent to the commercial IAC Aflatest-P (VICAM) (recovery of
72.40 to 79.77 %). Nevertheless, taking into account the specific activity of mAb against
AFB
1
, checked by the AFB
1
retention capacity test, the following study should insert new
conditions concerning column end-capping and standardizing assays. The reusability of IAC
Aflatest-P was evaluated after column regeneration, but the data were variable, reaching 34.15
to 82.88 % for AFB
1
recovery. Such data showed that the reuse of commercial IAC may lead
to analysis error. In short, the production of mAb against AFB
1
was successfully reached. It is
also recommended a further procedure using ultrafiltration at the concentration step and
antibody maintenance at 4º C to keep its integrity and biological activity. Therefore, the
availability of specific mAb, cleaning-up of food matrices extract in a single chromatographic
step and also toxic solvents reduced usage and their possible reusability justify the IAC
development bearing in mind the reduction in quality control costs.
Key-words: aflatoxin B
1
; monoclonal antibody; immunoaffinity column; spectrofluorimetry.
iii
LISTA DE SIGLAS
Ac
Acs
AcM
AcMs
AFs
AFB
1
AFB
2
AFG
1
AFG
2
AFM
1
AFM
2
Ag-Ac
ANVISA
AOAC
BSA
CCD
CG
CIA
CIAs
CLAE
CNBr
DMEM
DMSO
GC-MS
HAT
HEPES
HPAC
HPLC
HPTLC
H-SFM
IAPAR
IC-ELISA
IgG
KLH
LC-MS
MFC
MSPD
OVA
PBS
RPMI
SFB
SFE
SPE
UV
WHO
2D-CCD
Anticorpo
Anticorpos
Anticorpo Monoclonal
Anticorpos Monoclonais
Aflatoxinas
Aflatoxina B
1
Aflatoxina B
2
Aflatoxina G
1
Aflatoxina G
2
Aflatoxina M
1
Aflatoxina M
2
Antígeno-Anticorpo
Agência Nacional de Vigilância Sanitária
Association of Official Analytical Chemists
Albumina de soro bovino
Cromatografia em Camada Delgada
Cromatografia Gasosa
Coluna de Imunoafinidade
Colunas de Imunoafinidade
Cromatografia Líquida de Alta Eficiência
Brometo cianogênico
Dulbecco’s modified Eagle’s medium
Dimetil-sulfóxido
Cromatografia Gasosa-Espectrometria de Massa
Meio Dulbecco’s modified Eagle’s, contendo 100 µM de hipoxantina, 0,4
µM de aminopterina e 16 µM de timidina
(N-[2-Hydroxyethyl] piperazine-N’-[2-ethanesulfonic acid])
Cromatografia por Afinidade de Alta Resolução
High Performance Liquid Chromatography
Cromatografia em Camada Delgada de Alta Eficiência
Meio Hybridoma-SFM (serum free medium)
Instituto Agronômico do Paraná
Indirect competitive enzyme linked immunosorbent assay
Imunoglobulina G
Keyhole limpet hemocyanin
Cromatografia Líquida-Espectrometria de Massa
Coluna multifuncional
Matrix solid-phase dispersion
Ovoalbumina
Tampão fosfato de sódio
Meio RPMI 1640
Soro fetal bovino
Supercritical-fluid extraction
Solid-phase extraction
Radiação ultravioleta
Organização Mundial de Saúde
Cromatografia em Camada Delgada de duas dimensões
iv
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Estrutura de aflatoxinas.............................................................................................8
Figura 2 – Estrutura de aflatoxina M
1
(AFM
1
) e aflatoxina M
2
(AFM
2
) ...................................8
Figura 3 – Mecanismo de ação de AFB
1
: início do processo de mutagênese no DNA..............9
Figura 4 – Estrutura de aflatoxina Q
1
e P
1
..................................................................................9
Figura 5 – Procedimento de limpeza de amostra em coluna de imunoafinidade .....................18
Figura 6 – Produção de anticorpo monoclonal.........................................................................21
Figura 7 – Estrutura de AFB
1
-oxime........................................................................................21
Figura 8 – Ligação de AFB
1
-oxime à proteína.........................................................................21
Figura 9 – Reação de acoplamento de suporte Affi-Gel com ligante contendo grupamento
amina livre................................................................................................................................28
Figura 10 – Estrutura de aflatoxicol I.......................................................................................41
Figura 11 – Recepção, reativação, adaptação, manutenção e cultivo de hibridoma AF4, com
produção de anticorpo monoclonal anti-AFB
1
.........................................................................44
Figura 12 – Vista microscópica de células de hibridoma AF4 em meio Hybridoma-SFM .....44
Figura 13 – Viabilidade de hibridoma AF4 por microscopia utilizando corante vital Azul de
Trypan.......................................................................................................................................45
Figura 14 – Purificação parcial de anticorpo monoclonal anti-AFB
1
por precipitação com
(NH
4
)
2
SO
4
................................................................................................................................55
Figura 15 – Desenvolvimento de coluna de imunoafinidade utilizando anticorpo monoclonal
anti-AFB
1
e suporte Affi-Gel 10 ..............................................................................................56
Figura 16 – CIA 1 anti-AFB
1
confeccionada com 3 mL de Affi-Gel 10 .................................61
Figura 17 – CIA anti-AFB
1
confeccionada com 0,5 mL de Affi-Gel 10 .................................61
Figura 18 – Comportamento da fluorescência de AFB
1
com a variação de comprimento de
onda de excitação e emissão.....................................................................................................62
Figura 19 – Variação da fluorescência de AFB
1
em função do tempo, utilizando 360 e 420 nm
..................................................................................................................................................63
Figura 20 – CIA anti-AFB
1
confeccionada com 0,5 mL de Affi-Gel 10 .................................69
Figura 21 – CIA comercial Aflatest-P (VICAM).....................................................................69
Figura 22 – Teste preliminar de recuperação de AFB
1
em milho, com extração em tempo
prolongado (30 min) e limpeza de amostra em CIA Aflatest-P e CIA Affi-Gel 10.................70
Figura 23 – Teste de recuperação de AFB
1
em milho, com extração em tempo reduzido (1
min) e limpeza de amostra em CIA Aflatest-P e CIA Affi-Gel 10 ..........................................71
Figura 24 – Variação da taxa de recuperação de AFB
1
em função da intensidade de
fluorescência.............................................................................................................................73
v
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Reatividade cruzada de AcM produzido por hibridoma AF4 em IC-ELISA .........41
Tabela 2 – Viabilidade celular de hibridoma AF4 em diferentes condições de cultivo celular e
tempo de manutenção a -185º C...............................................................................................42
Tabela 3 – Proteína (IgG) produzida em cultivo de hibridoma AF4........................................57
Tabela 4 – Comparação entre os processos de purificação de anticorpo monoclonal dos
sobrenadantes 5 e 6...................................................................................................................57
Tabela 5 – Teste preliminar de capacidade de retenção de AFB
1
pela CIA Affi-Gel 10.........58
Tabela 6 – Determinação de proteína (IgG) acoplada à CIA Affi-Gel 10 ...............................58
Tabela 7 – Capacidade de retenção de AFB
1
pela CIA Affi-Gel 10 considerando diferentes
comprimentos de onda de excitação e emissão na análise espectrofluorimétrica....................59
Tabela 8 – Teste preliminar de recuperação de AFB
1
em milho, com extração em tempo
prolongado (30 min) e limpeza de amostra em CIA Affi-Gel 10.............................................59
Tabela 9 – Teste de recuperação de AFB
1
em milho, com extração em tempo reduzido (1 min)
e limpeza de amostra em CIA Affi-Gel 10...............................................................................60
Tabela 10 – Teste de recuperação de AFB
1
em milho com limpeza de amostra em CIA Affi-
Gel 10 capeada com glicina-etil-éster ou leite desnatado.........................................................60
Tabela 11 – Teste preliminar de recuperação de AFB
1
em milho, com extração em tempo
prolongado (30 min) e limpeza de amostra em CIA comercial Aflatest-P ..............................72
Tabela 12 – Teste preliminar de recuperação de AFB
1
em milho, com extração em tempo
prolongado (30 min) e limpeza de amostra em CIA Affi-Gel 10.............................................72
Tabela 13 – Teste de recuperação de AFB
1
em milho, com extração em tempo reduzido (1
min) e limpeza de amostra em CIA comercial Aflatest-P........................................................72
Tabela 14 – Teste de recuperação de AFB
1
em milho, reutilizando CIA comercial Aflatest-P
para limpeza de amostra ...........................................................................................................73
Tabela 15 – Teste de recuperação de AFB
1
em milho, com extração em tempo reduzido (1
min) e limpeza de amostra em CIA Affi-Gel 10 ......................................................................74
Tabela 16 – Teste de recuperação de AFB
1
em milho, com limpeza de amostra em CIA Affi-
Gel 10 capeada com glicina-etil-éster ou leite desnatado.........................................................74
1
1 INTRODUÇÃO
A agricultura do Brasil é uma das bases mais potentes de economia do país,
que garante o fornecimento contínuo de insumos baseados em cereais, oleaginosas, hortaliças,
frutas e derivados oriundos de processamento.
A contaminação fúngica e a produção de metabólitos tóxicos constituem
fatores inevitáveis e de difícil controle, que repercutem na qualidade de matéria-prima e saúde
do consumidor. Considerando que a contaminação seja condicionada a fatores ambientais e
características inerentes do substrato, a conduta tomada tem sido o controle de fitopatógenos
baseado em fungicidas químicos e técnicas alternativas, com ênfase ao emprego de
microrganismos inócuos à saúde humana, aprofundando-se para inserção de genes de
interesse (modificação genética de matéria-prima) e mecanismos naturais de defesa da planta
(compostos biativos). O fato fundamenta-se na maior inocuidade dos determinantes
intrínsecos de vegetais, perante agressividade ao ecossistema e à saúde humana.
A relevância de fungos toxigênicos na cadeia alimentar é direcionada a
espécies que contaminam produtos agrícolas nas etapas de pós-colheita, a exemplo de
Aspergillus flavus e Aspergillus parasiticus, produtores de aflatoxinas (AFs). As propriedades
toxicológicas desta micotoxina resumem-se em efeitos carcinogênicos, mutagênicos,
teratogênicos e imunossupressivos, incluindo toxicidade aguda e crônica.
As técnicas convencionais para proceder à análise de micotoxina incluem
cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE), cromatografia em camada delgada (CCD),
cromatografia gasosa-espectrometria de massa (GC-MS), cromatografia líquida-
espectrometria de massa (LC-MS), cromatografia por afinidade e imunoensaio. A CLAE
constitui a técnica recomendada para determinação quantitativa de micotoxinas-ficotoxinas.
Porém o alto custo de equipamento e manutenção, necessidade de técnica especializada e
extrema limpeza de extrato, restringem a disseminação na rotina laboratorial. A exigência de
extrato límpido para análise em CLAE estimulou o desenvolvimento de técnicas de limpeza,
envolvendo colunas em fase sólida para remoção de interferentes. Atualmente, destaca-se a
coluna de imunoafinidade preparada com anticorpos anti-micotoxinas, cuja introdução de
metodologia biológica à química conferiu rapidez, especificidade e alta recuperação na etapa
de limpeza.
2
Conseqüentemente, a cromatografia por imunoafinidade tem sido
amplamente difundida na análise quantitativa de micotoxinas e associada à CLAE e ELISA,
permitindo a combinação entre eficiência e especificidade da metodologia biológica à
sensibilidade e alta resolução da CLAE.
Por outro lado, em conseqüência às dificuldades inerentes aos métodos
convencionais de análise, o ensaio imunoquímico, a exemplo de ELISA, apontou entre as
técnicas alternativas atrativas e promissoras para detecção direta de micotoxinas em
alimentos. A vantagem consiste em pouca ou nenhuma necessidade de limpeza de amostra,
simplicidade, baixo custo após padronização e reprodutibilidade, oferecendo análise rápida de
triagem, resultados quantitativos com alto grau de sensibilidade e possibilidade de automação.
Entretanto, a análise por ELISA restringe-se a determinados alimentos, devido a interações
inespecíficas entre anticorpo e interferentes alimentares, resultando em superestimação em
caso de ELISA competitivo indireto para análise da AFB
1
. A precisão na reatividade desta
técnica depende de anticorpo específico, sendo a alta especificidade essencial para evitar
resultados falso-positivos.
A produção de anticorpo monoclonal anti-micotoxina tem despertado
interesse na análise de alimentos, com ênfase a anticorpo anti-AFB
1
, estando a qualidade
deste reagente imunológico relacionada ao desenvolvimento de imunoensaios sensíveis para a
micotoxicologia.
3
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Aflatoxina
Aflatoxinas são metabólitos secundários tóxicos produzidos por Aspergillus
flavus, Aspergillus parasiticus (STROKA et al., 2000b; GARDEN & STRACHAN, 2001;
STROKA & ANKLAM, 2002; BLESA et al., 2003; AMMIDA et al., 2004; LEE et al., 2004;
VENTURA et al., 2004; EDINBORO & KARNES, 2005; LIU et al., 2006;
SALEEMULLAH et al., 2006) e Aspergillus nomius (CHIAVARO et al., 2001), capazes de
crescer em uma variedade de produtos agrícolas. Ocorrem amplamente em produtos vegetais,
especialmente milho, trigo, farinha de trigo, cevada, nozes, amêndoa, pistache, arroz, feijão,
coco, semente de algodão, pimenta-malagueta, gengibre, pimenta, pimentão-doce, frutas,
incluindo respectivos derivados, a exemplo de frutas secas, cerveja, ração, assim como
produtos de origem animal devido à ingestão de ração contaminada, citando-se ovo, produtos
lácteos e cárneos (JAIMEZ et al., 2000; STROKA et al., 2000b; CHIAVARO et al., 2001;
YONG & COUSIN, 2001; PAPP et al., 2002; BLESA et al., 2003; VENTURA et al., 2004;
LIU et al., 2006). Aspergillus flavus é o principal fungo causador de contaminação por
aflatoxina no estágio de pré-colheita (LIU et al., 2006).
O termo aflatoxina é derivado de Aspergillus flavus, cuja primeira sílaba ‘a
vem do gênero Aspergillus, a segunda, ‘fla’, da espécie flavus, e o termo ‘toxina’ do adjetivo
‘tóxico’ (PAPP et al., 2002; SALEEMULLAH et al., 2006).
Dentre os 18 análogos identificados, os mais tóxicos têm sido aflatoxina B
1
(AFB
1
), aflatoxina B
2
(AFB
2
), aflatoxina G
1
(AFG
1
)
e aflatoxina G
2
(AFG
2
) (Figura 1), sendo
naturalmente prevalentes e rotineiramente monitorados (OTTA et al., 2000; CHIAVARO et
al., 2001; GARDEN & STRACHAN, 2001; PAPP et al., 2002; AMMIDA et al., 2004). AFB
1
é uma micotoxina de baixa massa molecular (312,3 Da) (PESAVENTO et al., 1997). AFB
1
e
AFB
2
são assim designadas por apresentarem fluorescência azul intensa sob luz ultravioleta,
enquanto que AFG
1
e AFG
2
mostram fluorescência amarelo-esverdeada (SALEEMULLAH et
al., 2006). Sendo derivado químico de difuranocumarina (Figura 1) (PAPP et al., 2002), os
análogos da série G diferem quimicamente dos da série B pela presença de um anel 3-lactona
ao invés de um anel ciclopentanona. Além disso, uma dupla ligação entre os carbonos 8 e 9 é
4
encontrada na forma de vinil éter no anel furano terminal em AFB
1
e AFG
1
, mas não em
AFB
2
e AFG
2
. Contudo, esta pequena diferença estrutural é associada à mudança bastante
significativa na atividade biológica, já que AFB
1
e AFG
1
são mais carcinogênicas e tóxicas
que AFB
2
e AFG
2
(JAIMEZ et al., 2000; CHIAVARO et al., 2001). Do ponto de vista
químico, a estrutura altamente conjugada e rígida da aflatoxina é responsável pela
fluorescência natural. Pequenas variações estruturais que distinguem as aflatoxinas influem
drasticamente na propriedade fluorescente, i.e. derivados G
2
e B
2
são muito mais
fluorescentes que seus homólogos insaturados B
1
e G
1
(JAIMEZ et al., 2000).
A aflatoxina exibe toxicidade aguda e crônica, incluindo efeito
carcinogênico, mutagênico, teratogênico e imunossupressivo (JAIMEZ et al., 2000;
CHIAVARO et al., 2001; PAPP et al., 2002; BLESA et al., 2003; AMMIDA et al., 2004;
EDINBORO & KARNES, 2005), sendo o fígado o principal órgão alvo (VENTURA et al.,
2004). AFB
1
, reconhecidamente mais tóxica, tem sido detectada como análogo predominante
em alimento (OTTA, et al., 2000; PAPP et al., 2002). A aflatoxina M
1
(AFM
1
) (Figura 2),
também conhecida como ‘toxina do leite’, constitui principal derivado metabólico de
aflatoxina em inúmeras espécies de animais, sendo produzida por hidroxilação de AFB
1
pelo
citocromo P450 do sistema microssomal hepático. AFM
1
é muito menos carcinogênica e
mutagênica que AFB
1
, mas possui toxicidade aguda similar ao das demais aflatoxinas.
Geralmente pode ser encontrada em leite e produtos lácteos, como leite em pó, soro,
manteiga, queijo, iogurte e sorvete, juntamente com aflatoxina M
2
(AFM
2
), que é o análogo
metabólico derivado de AFB
2
(CHIAVARO et al., 2001).
A determinação de aflatoxina é dificultada pela presença em baixa
concentração em matrizes alimentares complexas, apesar de ser, provavelmente, a micotoxina
mais comum perante consumo humano (VENTURA et al., 2004).
A ingestão prolongada dessas toxinas em baixa concentração também pode
ser altamente perigosa. Estes compostos podem entrar na cadeia alimentar principalmente
pela ingestão, mas também por inalação sob circunstâncias particulares, i.e. em locais de
trabalho onde produtos contaminados são manuseados. Estudos focando a detecção de
micotoxinas em fluídos biológicos tem esclarecido o mecanismo prejudicial à saúde. Após
ingestão, AFB
1
é biotransformada para gerar um metabólito reativo 8,9-epóxido de AFB
1
ou
AFB
1
-epóxido (anteriormente denominado AFB
1
-2,3 epóxido) originado por meio de
epoxidação da dupla ligação do éter vinílico, presente na estrutura bi-furanóide da molécula
5
de AFB
1
, capaz de ligar ao DNA assim como à soroalbumina, formando aflatoxina-N
7
-
guanina e aflatoxina-N
7
-lisina respectivamente (Figura 3). A ligação covalente ao DNA é
considerada etapa crítica na hepatocarcinogênese da aflatoxina, sendo a detecção destes
metabólitos atingida pelo desenvolvimento de ensaio imunoenzimático (ELISA) (PAPP et al.,
2002).
Apesar de alguns autores sugerirem que a hepatocarcinogênese em humanos
não está diretamente associada à aflatoxina, a alta incidência de câncer hepático na África do
Sul, Sudeste Asiático, Coréia, Taiwan e China pode estar ligada à combinação de alta
exposição à aflatoxina na dieta com infecção pelo vírus da hepatite B (LEE et al., 2004).
Devido à biotransformação, o consumo de rações contaminadas é
responsável pela contaminação indireta por meio de alimentos de origem animal como carne,
leite e outros produtos lácteos. AFM
1
acumula-se no leite bovino em animal que ingeriu AFB
1
(JAIMEZ et al., 2000), sendo relativamente estável à pasteurização e estocagem, bem como
subseqüente processamento (BADEA et al., 2004).
A biossíntese de aflatoxina é induzida por açúcares, associada com a
ativação transcricional dos genes responsáveis e do gene regulador, aflR. A regulação da
biossíntese de aflatoxina tem sido analisada manipulando este gene. Uma super expressão
constitutiva do caminho transcricional do gene regulador aflR permitiu maior acúmulo de
transcrição de genes e aumentou a produção de aflatoxina (PAPP et al., 2002).
A ampla ocorrência de Aspergillus spp. e o alto conteúdo de carboidrato
indicam vulnerabilidade de produtos agrícolas à contaminação fúngica, não implicando,
porém, na presença de toxinas. As espécies fúngicas podem produzir aflatoxina sob condições
de estresse, que incluem alta temperatura durante o dia (25 a 30º C), baixa temperatura
durante a noite (10º C), alta umidade de armazenamento (70 a 90 %) e deficiência de
nutrientes no solo (JAIMEZ et al., 2000; PAPP et al., 2002; TARÍN et al., 2004, ABBAS, et
al., 2006).
A aflatoxicose causada pela ingestão de aflatoxina provoca dano hepático
agudo, cirrose hepática, indução de tumores, prejuízo no sistema nervoso central, desordens
de pele e defeitos hormonais, assim como a síndrome da má absorção e baixa resistência
óssea. A toxidez em animal pode ser determinada pela taxa de formação de intermediários
6
reativos, ligação com macromoléculas (DNA, RNA), grau de detoxificação e outras reações
competitivas (SALEEMULLAH et al., 2006).
Apesar da suscetibilidade humana à aflatoxina não ser totalmente elucidada,
estudos epidemiológicos em regiões da África e Ásia com alta incidência de hepatoma
revelaram uma associação entre incidência de câncer e aflatoxina na dieta. Severa hepatite
humana devido à aflatoxicose foi registrada na Índia em 1974, com morte de 108 de 397
pacientes que consumiram milho contaminado com 250 a 15000 ng/g de aflatoxina. A doença
conhecida como ‘Cirrose da Infância Indiana’ tem sido em parte devido ao envenenamento
por aflatoxina, assim como a ‘Síndrome de Reye’, com encefalopatia e degeneração
gordurosa de víscera em criança. Na região endêmica da Tailândia, a AFB
1
, AFG
1
e AFB
2
têm sido detectadas em fígado humano, sendo a presença de metabólito P
1
e Q
1
(Figura 4)
relacionada ao câncer (JAIMEZ et al., 2000).
Salienta-se o maior e mais severo surto de aflatoxicose aguda documentada
em todo o mundo ocorrida na área rural do Kenia em abril de 2004; o suto envolveu 317 casos
e 125 mortes, decorrente da ingestão de milho contaminado (LEWIS et al., 2005).
International Agency for Research on Cancer (IARC) classifica AFB
1
no
Grupo 1, i.e. como carcinógeno humano, e aflatoxinas G
1
, B
2
e G
2
no Grupo 2B, i.e.
prováveis carcinógenos a humano. Por ordem de toxicidade, AFB
1
> AFG
1
> AFB
2
> AFG
2
(IARC, 1993).
Limites legais a nível mundial dependem de considerações econômicas e
variam de um país para outro, mas aproximadamente 119 países têm estabelecido limites
legais para aflatoxina em alimentos e rações animais (FAO, 2004). Valores variam
amplamente e tendem a ser mais altos em países subtropicais produtores de insumos agrícolas
e mais baixos em nações consumidoras com clima temperado (CHIAVARO et al., 2001).
A Comissão Européia estabelece o nível máximo aceitável de aflatoxina em
cereais, amendoim e frutas secas para consumo humano em 4 ng/g para aflatoxina total
(expresso pela soma das concentrações de AFB
1
, AFB
2
, AFG
1
e AFG
2
), 2 ng/g para AFB
1
, e
0,05 ng/g para AFM
1
em leite. Novos limites estão sendo estabelecidos para AFB
1
em
alimento para bebês (provavelmente 0,1 ng/g) e alimento de origem animal (em discussão 1
ng/g) (GARDEN & STRACHAN, 2001; STROKA & ANKLAM, 2002; AMMIDA et al.,
7
2004). Os limites para alimentos processados encontram-se em 15 ng/g para aflatoxinas totais
e 8 ng/g para AFB
1
(GARDEN & STRACHAN, 2001).
O Comitê Científico Europeu para Alimento (European Scientific
Committee for Food) tem advertido que o nível de micotoxina em alimentos deve ser reduzido
ao nível mais baixo tecnicamente detectável. Com esse objetivo, uma nova Comissão de
Regulação No. 466/2001 impôs, em 8 de março de 2001, limite de 2 ng/g de AFB
1
e 4 ng/g
aflatoxina total em nozes, frutas secas e cereais para consumo humano direto (CHAN et al.,
2004; LEE et al., 2004; KOLOSOVA et al., 2006).
A Organização Mundial de Saúde (WHO) prescreve o limite de AFB
1
para
vários produtos alimentícios em 5 ng/g e o nível de aflatoxina total não pode exceder 10 ng/g
(PAPP et al., 2002).
No Brasil, o limite máximo de aflatoxina total permitido pelas legislações
específicas é de 20 ng/g em milho, amendoim e derivados para consumo humano, enquanto
que para AFM
1
em leite fluído e leite em pó o limite máximo é de 5 ng/g. (ANVISA, 2002b).
Esta legislação brasileira foi definida em consenso com MERCOSUL, com limite máximo de
aflatoxinas permitido em 20 ng/g (ANVISA, 2002a).
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, MAPA do Brasil,
adota o limite de 50 ng/g de aflatoxina total para alimento destinado ao consumo animal
(ingestão direta ou matéria crua de rações) (MAPA, 2002).
8
OO
O
O O
OMe
AFB1
OMe
OO
O
O O
AFB2
OMe
OO
O
O O
O
AFG1
O
OO
O
OMe
AFG2
O O
Figura 1 – Estrutura de aflatoxinas: aflatoxina B
1
(AFB
1
), aflatoxina B
2
(AFB
2
), aflatoxina G
1
(AFG
1
) e aflatoxina G
2
(AFG
2
).
OO
O
O O
OMe
OH
Figura 2 – Estrutura de aflatoxina M
1
(AFM
1
) e aflatoxina M
2
(AFM
2
).
AFB
1
AFB
2
AFG
1
AFG
2
AFM
1
AFM
2
9
Epoxidação (O
2
)
AFB
1
AFB
1
-8,9-epóxido
Adição à base
guanina do
DNA
Aflatoxina-N
7
-guanina
P450
AFB
1
Figura 3 – Mecanismo de ação de AFB
1
: início do processo de mutagênese no DNA.
(Fonte: IVISO; MYKOTOXINE)
OO
O
O O
OH
OO
O
O O
OH
OCH
3
Figura 4 – Estrutura de aflatoxina Q
1
e P
1
.
P
1
Q
1
10
2.2 Metodologia analítica para detecção de aflatoxina
A presença inevitável de fungo, associada ao difícil controle de toxinas
naturais pertencentes à categoria de micotoxina, gera dificuldades a órgãos governamentais,
resultando em incessáveis discussões internacionais. As medidas efetivas para minimizar a
exposição humana e animal, e as condições adequadas de produção e processamento
dependem de rigoroso e eficiente programa de monitoramento em produtos agrícolas e
animais (CHU, 1984; SCOTT & TRUCKSESS, 1997; ONO et al., 2000; WHITAKER,
2003). O desenvolvimento de métodos analíticos com alta sensibilidade, especificidade,
viabilidade, rapidez, reprodutibilidade e facilidade de uso, além de exatidão e precisão, são
essenciais na micotoxicologia para avaliar exposição humana e animal, e controle de
qualidade de matérias primas agropecuárias e produtos derivados (CHU, 1984; SCOTT &
TRUCKSESS, 1997; ONO et al., 2000; CHIAVARO et al., 2001; PETTERSSON &
ABERG, 2003; van der GAAG et al., 2003; WHITAKER, 2003).
No entanto, a diversidade na estrutura química inerente de micotoxinas
dificulta a análise, exigindo desenvolvimento metodológico específico para cada grupo
molecular, com nível de separação e diferenciação capaz de detectar análogos estruturalmente
relacionados. Aliada a isto, a distribuição heterogênea de micotoxinas nos produtos agrícolas
exige análise de um número significativo de amostras, visando minimizar a variabilidade
estatística (DAVIS et al., 1980).
O monitoramento perante presença de aflatoxina é crucial à segurança do
consumidor (OTTA, et al., 2000). O desenvolvimento de método único para detectar todas as
micotoxinas é impossível, devido à diversidade estrutural. Uma alternativa seria detectar os
fungos micotoxigênicos no estágio inicial de crescimento, visando aplicar medidas de
controle na fase anterior à produção de micotoxinas (YONG & COUSIN, 2001).
A contaminação por aflatoxina tem sido detectada em ampla variedade de
alimentos e rações, sendo importante a disponibilidade e desenvolvimento de método simples
e quantitativo para análise desta micotoxina. A etapa inicia-se empregando amostras
‘aflatoxina-livre’ (aflatoxina abaixo do limite de detecção) contaminadas com concentrações
conhecidas de aflatoxina, seguida de extração, limpeza, separação e determinação quantitativa
(PAPP et al., 2002). Yong e Cousin (2001) inocularam esporos de Aspergillus parasiticus em
11
amostras de milho e amendoim, incubaram em condições controladas (temperatura e
umidade) e monitoraram a aflatoxina sintetizada após o aparecimento de fungos nas amostras
pelo método ELISA.
Inúmeros métodos para determinação de aflatoxina têm sido desenvolvidos,
citando-se métodos baseados em cromatografia em camada delgada (CCD), cromatografia
líquida de alta eficiência (CLAE) com absorção-UV, fluorescência, espectrometria de massa
ou detecção amperométrica, cromatografia líquida (LC) e ensaios imunoenzimáticos (ELISA)
(GARDEN & STRACHAN, 2001; STROKA & ANKLAM, 2002; AMMIDA et al., 2004).
A análise cromatográfica é amplamente aceita como método oficial de
determinação de aflatoxina (KOLOSOVA et al., 2006), cujo propósito é confirmar
positividade de amostras que demonstram conter micotoxinas em testes de triagem, além de
proporcionar aumento de exatidão na quantificação de toxina presente (CAST, 2003). Os
métodos mais difundidos para determinação quantitativa de aflatoxina em diferentes amostras
são CCD e CLAE (LEE et al., 2004; KOLOSOVA et al., 2006).
Apesar de ser um método de referência, a CCD é freqüentemente utilizada
como ensaio de triagem de micotoxina (CAST, 2003). Esta metodologia é relativamente
econômica e requer pouco equipamento para determinação de aflatoxina, mas fornece
variação entre as análises, já que a quantificação se faz por estimação visual (LEE et al.,
2004; KOLOSOVA et al., 2006). É uma poderosa ferramenta para determinar presença de
uma ou mais micotoxinas em uma amostra, permitindo quantificação crítica e utilização de
densitômetro. A quantificação densitométrica conduzida em CCD é mais exata quando os
compostos analisados são coloridos ou fluorescentes, não necessitando revelação para
visualização dos spots (CAST, 2003). Stroka e Anklam (2000) descreveram o
desenvolvimento de um densitômetro simples, pequeno, de baixo consumo de energia, para
quantificação de aflatoxina em CCD. Freqüentemente, a técnica de CCD pode ser utilizada
com pouca ou nenhuma etapa de limpeza prévia à aplicação do spot na placa cromatográfica
(CAST, 2003). Stroka et al. (2000b) reportaram o uso de CIA comercial para limpeza de
amostra antes da aplicação em placa de CCD, com quantificação e identificação de aflatoxina
por densitometria. Em alguns casos, a CCD de duas dimensões (2D-CCD) pode ser utilizada
para determinação de micotoxinas em amostras extremamente sujas (CAST, 2003). O uso de
2D-CCD e CCD de alta eficiência (HPTLC) têm sido reportado para determinação de
aflatoxina (PAPP et al., 2002).
12
A CLAE é o método mais amplamente utilizado para análise de micotoxina,
cuja detecção revela razoavelmente baixos níveis de contaminação e alta sensibilidade,
implicando em método quantitativo de boa qualidade (CAST, 2003). A aflatoxina pode ser
separada e detectada utilizando tanto CLAE normal como o de fase reversa. Este método
cromatográfico possibilita utilização de uma variedade de estratégias para detecção, i.e.
reação pós-coluna com iodo ou bromo acoplado com detecção de fluorescência, absorção UV,
espectrometria de massa, detecção amperométrica, com diferentes processos de limpeza como
extração em fase sólida (SPE), supercritical-fluid extraction (SFE), matrix solid-phase
dispersion (MSPD) e cromatografia por afinidade (PAPP et al., 2002; EDINBORO &
KARNES, 2005; KOLOSOVA et al., 2006). CLAE utilizando detecção de fluorescência tem
se tornado o método mais aceito para determinação de aflatoxina devido ao alto grau de
separação e menor tempo de análise. Métodos de fase reversa utilizando detecção de
fluorescência e UV também têm sido desenvolvidos. A sensibilidade da metodologia pode ser
aumentada pela reação de derivatização (OTTA et al., 2000).
A cromatografia líquida com detecção por espectrometria de massa (LC-
MS) tem sido relatada como alternativa sensível e específica para métodos
espectrofotométricos, sem necessidade de manipulação de pós-colunas (EDINBORO &
KARNES, 2005).
Dentre as desvantagens dos métodos cromatográficos estão a dependência
de laboratórios com equipamentos especializados, operadores treinados, uso de solventes
tóxicos e demora na obtenção de resultados (GARDEN & STRACHAN, 2001; AMMIDA et
al., 2004; KOLOSOVA et al., 2006), a exemplo de análise em CLAE que necessita de
extensivo processo de limpeza e derivatização de amostra para melhorar a sensibilidade de
detecção (LEE et al., 2004).
Além disso, a análise cromatográfica de aflatoxina é precedida por uma
seqüência de operações amplas e complexas, que incluem amostragem, preparo de amostra,
extração, purificação e concentração de extrato obtido antes da separação, quantificação e
etapas de confirmação. Os resultados de quantificação e etapas de identificação são
determinados pela efetividade obtida nas operações gerais (JAIMEZ et al., 2000).
Novos métodos para detecção de aflatoxina têm sido propostos, como
aplicação de biosensores de ressonância plásmica de superfície (surface plasmon ressonance
13
biossensors), monitoramento de injeção de fluxo (flow injection monitoring), sensores de fibra
óptica (fibre optic sensors), eletrocinética capilar (capillary electrokinetics) e transdução
eletroquímica (electrochemical transduction). Imunossensores geralmente referem-se ao
sistema que acopla material imunoativo ao transdutor para gerar sinal elétrico proporcional à
quantidade de analito presente, empregando antígenos ou anticorpos imobilizados na
superfície sensora do transdutor. Imunossensores pequenos, semi-automáticos e portáteis
estão sendo desenvolvidos com o objetivo de separar com rapidez (GARDEN &
STRACHAN, 2001; AMMIDA et al., 2004; KOLOSOVA et al., 2006). A principal limitação
do uso de biosensores é a regeneração de superfície do receptor (KOLOSOVA et al., 2006).
Em termos de análise de aflatoxina sem utilização de clorofórmio,
procedimentos altamente bem-sucedidos têm sido publicados, utilizando, na maioria dos
casos, amostras de leite e fluídos biológicos. Por outro lado, foi reportado um método oficial
de aflatoxina (AOAC) em alimentos usando coluna multifuncional (MFC), que permite
passagem de aflatoxina e retém substâncias interferentes (JAIMEZ et al., 2000; AKIYAMA
et al., 2001). Akiyama et al. (2001) desenvolveram método de limpeza rápido e sensível com
coluna multifuncional comercial, utilizando LC acoplada à detecção por fluorescência para
análise de aflatoxina em cereais, nozes e milho.
Mesmo utilizando métodos de extração, o extrato obtido ainda contém, além
de aflatoxina, várias impurezas (lipídeos, pigmentos), necessitando de etapas de limpeza
adicionais (PAPP et al., 2002).
A aflatoxina é solúvel em alguns solventes polares e completamente
insolúvel em solventes apolares (JAIMEZ et al., 2000). Os solventes mais comumente
utilizados para extração são misturas de clorofórmio-água, metanol-água ou acetonitrila-água,
cuja combinação humidifica o substrato, resultando em aumento da penetração de solvente
orgânico na amostra e melhora da extração de aflatoxina (JAIMEZ et al., 2000; PAPP et al.,
2002; BLESA et al., 2003). Para limpeza e purificação de extrato bruto, o uso de colunas de
imunoafinidade ou mini-colunas de extração em fase sólida (SPE) tem sido relatado para
substituir procedimentos de partição líquido-líquido e o tradicional uso de coluna
cromatográfica. A técnica de extração mais utilizada é a SPE, sendo a sílica gel, C
18
fase-
ligada e silicato de magnésio (comercializado como florisil) as fases estacionárias mais
comuns. (PAPP et al., 2002; BLESA et al., 2003). Outros tipos de colunas de SPE são coluna
14
multifuncional Mycosep, que ao contrário das outras permite passagem de micotoxina e retém
substâncias interferentes, e coluna de imunoafinidade (JAIMEZ et al., 2000).
Embora as técnicas analíticas convencionais (CLAE, CCD, CG) sejam
oficialmente aceitas e validadas, a exigência de extrema limpeza de amostra, demanda
considerável de reagentes com alto grau de pureza destinados a derivatização e análise
cromatográfica, instabilidade de derivatizados fluorescentes, e alto custo de instrumentação e
manutenção sob supervisão de técnicos especializados, restringem o uso em rotina
laboratorial (CHU, 1984; CHU et al., 1988; PESTKA et al., 1995; BARNA-VETRÓ et al.,
1996; SYDENHAM et al., 1996).
Em vista a estas dificuldades, o ensaio imunoquímico constituiu técnica
analítica alternativa promissora na análise de micotoxinas em alimentos, a exemplo o ensaio
imunoenzimático ELISA (Enzyme Linked Immunosorbent Assay). O ELISA possue vantagens
sobre outros procedimentos pela simplicidade, alta sensibilidade de reações imunológicas
capaz de detectar concentrações traço de um composto (pg), pouca ou nenhuma necessidade
de limpeza ou concentração de analito, baixo custo após padronização, facilidade de operação,
uso de reagentes seguros, rapidez, adaptabilidade, seletividade, além do potencial de aplicação
diagnóstica de rotina (GAZZAZ et al., 1992; HEFLE, 1995; PESTKA et al., 1995;
VALENTA, 1998; CHIAVARO et al., 2001; AMMIDA et al., 2004; LEE et al., 2004;
XIULAN et al., 2005; KOLOSOVA et al., 2006). A desvantagem desta técnica limita-se a
determinados tipos de alimentos em vista ao efeito de matriz alimentar, que resulta em
interferência nas reações imunológicas, i.e. interações inespecíficas de anticorpo a
componentes alimentares (proteínas, ácidos graxos), ou bloqueio estérico da ligação entre
anticorpo e analito, que superestimariam a concentração de micotoxina na aplicação de
ELISA competitivo indireto, ou seja, reação falso-positiva (PESTKA et al., 1994, 1995;
HEFLE, 1995; BARNA-VETRÓ et al., 1996). A interferência de matriz pode ser minimizada
por meio de diluição de amostra previamente à realização do ensaio, ou pela inclusão de
processo simples de limpeza (PESTKA et al., 1994; BARNA-VETRÓ et al., 1996; ONO et
al., 2000; SASAKI, 2000; FUJII, 2002). Deve-se considerar também o efeito de precursores
de micotoxinas ou produtos oriundos do metabolismo fúngico, capazes de interferir na reação
imunológica (SASAKI, 2000).
Métodos fluorimétricos simples associados à etapa de limpeza em CIA têm
sido desenvolvidos com o objetivo de aumentar a velocidade de execução a um menor custo.
15
Tais métodos são baseados em simples medida fluorimétrica de extrato purificado contendo
aflatoxina. A validação intra-laboratorial desta metodologia tem demonstrado precisão de
parâmetros comparável ao fornecido pelo método de CLAE. No entanto, matrizes complexas
podem gerar falso-positivos devido a reações cruzadas e interferência de matriz alimentar
(STROKA & ANKLAM, 2002). Aghamohammadi et al. (2007) reportaram o uso de
espectrometria de fluorescência sincronizada (Synchronous Fluorescence Spectrometry),
técnica convencional de fluorescência com simples modificação, e espectrofluorimetria
normal em combinação com métodos de calibração multivariada e técnicas de derivatização,
para determinar AFB
1
em amostras de pistache.
2.3 Coluna de imunoafinidade para detecção de aflatoxina
A técnica de cromatografia por afinidade pode ser considerada como
inovação na área de metodologia analítica, essencialmente baseada em procedimentos
químicos, por introduzir componente biológico (anticorpo) como reagente principal na análise
(OSTROVE, 1990; SCOTT & TRUCKSESS, 1997; HOLTZAPPLE et al., 2001; CONG et
al., 2002; KONDO et al., 2002; SHELVER et al., 2002; JURADO & JARRET, 2003;
TAVČAR-KALCHER et al., 2007).
A incorporação de procedimentos biológicos, i.e. coluna de imunoafinidade
(CIA), à metodologia química analítica consistiu em alternativa promissora às técnicas
convencionais de limpeza na análise de micotoxinas, conferindo rapidez e especificidade na
etapa do preparo de amostra (HOLTZAPPLE et al., 2001; WATANABE et al., 2001; ZHAO
et al., 2003), além de fornecer extratos com alta pureza que podem ser quantificados por
modernos e sensíveis métodos de detecção (BRADBURN & COKER, 1995).
A coluna de imunoafinidade (CIA), preparada com anticorpo anti-
micotoxina, destaca-se por proporcionar simplicidade, alta especificidade e recuperação,
melhorando limites de detecção e possibilitando análise de variedade de compostos em
distintas matrizes complexas. Uma vantagem incontestável também está na utilização de
tampão, dispensando emprego de grandes volumes de solventes tóxicos durante o preparo,
além da possibilidade de automação da técnica e disponibilidade comercial (OSTROVE,
1990; SCOTT & TRUCKSESS, 1997; OTTA et al., 2000).
16
A técnica de imunoafinidade possibilita análise de matrizes alimentares
utilizando etapa única de extração, sem empregar solventes hidrocarbono-halogenados
(OTTA et al., 2000). Os procedimentos de limpeza de amostra por imunoafinidade melhoram
não apenas o desempenho, devido à provisão de extratos extremamente limpos (ausência de
substâncias interferentes), mas também facilitam a determinação de aflatoxina, desde que a
automação seja aplicável (STROKA & ANKLAM, 2002).
As colunas compõem-se de suporte de fase sólida ativada, a exemplo de
Sepharose
®
-CNBr, onde se imobilizam os anticorpos específicos contra determinada
micotoxina (SCOTT & TRUCKSESS, 1997; HOLTZAPPLE et al., 2001; WATANABE et
al., 2001; CONG et al., 2002; KONDO et al., 2002; SHELVER et al., 2002; JURADO &
JARRET, 2003; ZHAO et al., 2003). O processo de limpeza consiste na ligação seletiva de
micotoxina presente no extrato aos anticorpos da coluna, seguido de eluição com solvente
apropriado (Figura 5). A imobilização dos anticorpos à matriz da coluna e a afinidade do
analito ao anticorpo específico durante a limpeza, lavagem e condições de eluição da amostra
são fatores determinantes da eficiência e aplicabilidade da CIA (SHELVER et al., 2002).
O uso de colunas de imunoafinidade tem sido relatado para extração de
aflatoxina de matrizes biológicas e não biológicas, a exemplo de coluna de imunoafinidade
utilizando anticorpo monoclonal (AcM) covalentemente ligado a esferas de agarose para
fornecer extração seletiva de componentes interferentes de matriz (EDINBORO & KARNES,
2005).
A aplicabilidade de cromatografia por afinidade vem sendo amplamente
difundida na análise de micotoxinas inerentes de matrizes complexas, a exemplo de
ocratoxina A em café (ENTWISLE et al., 2001; SIBANDA et al., 2002), vinho (LEITNER et
al., 2002; STANDER E STEYN, 2002), e cerveja (VISCONTI et al., 2000); aflatoxina em
ração (SHARMA E MÁRQUEZ, 2001), produtos lácteos (DRAGACCI et al., 2001),
alimentos infantis (STROKA et al., 2001), amendoim e páprica (STROKA et al., 2000a,
2000b); fumonisina em milho e produtos derivados (CHENG et al., 2002); tricoteceno em
pipoca e milho (OLIVEIRA et al., 2001; PASCALE et al., 2003), trigo, cevada e malte
(TACKE & CASPER, 1996; PASCALE et al., 2003), arroz, aveia e sorgo (PASCALE et al.,
2003); zearalenona em cereais e rações (FAZEKAS & TAR, 2001) e microcistina em água
(KONDO et al., 2002, 2000; AGUETE et al., 2003).
17
A coluna de imunoafinidade Aflatest, acoplada à fluorimetria ou
cromatografia líquida com derivatização pós-coluna, tem sido adotada como método oficial
de primeira escolha (Official First Action Method) pela AOAC para determinação de
aflatoxina total ( 10 ng/g) em milho, amendoim cru e pasta de amendoim (BRADBURN &
COKER, 1995).
Recentemente, a incorporação on line de coluna de imunoafinidade de alta
resolução à coluna de CLAE resultou em método caracterizado por rapidez e simplicidade no
preparo de amostra, redução de solventes orgânicos, além de alta eficiência na separação
(HOLTZAPPLE et al., 2001; JURADO & JARRET, 2003). A técnica denominada de
cromatografia por afinidade de alta resolução (HPAC), combina especificidade inerente de
cromatografia por afinidade à eficiência e sensibilidade da CLAE para separação de
compostos distintos (HOLTZAPPLE et al., 2001; JURADO & JARRET, 2003).
Embora exista a disponibilidade comercial de CIA para análise de
micotoxina em diferentes matrizes, o alto custo tem exigido novas opções de suporte e
possibilidade do preparo de coluna a partir da produção de anticorpo monoclonal e policlonal
específico, bem como o uso de suportes adequados (SCOTT & TRUCKSESS, 1997;
ENTWISLE et al., 2001; KOBAYASHI et al., 2003; NAKANO & NAGATA, 2003).
A desvantagem referente ao alto custo de CIA comercial tende a ser
minimizada aplicando processo de regeneração adequado à coluna, capaz de permitir
reutilização sem perda significativa na atividade, reduzindo o custo de análise (NAKAJIMA
et al., 1990; SCOTT & TRUCKSESS,1997; FAZEKAS & TAR, 2001; WATANABE et al.,
2001; KONDO et al., 2002).
18
Coluna de
imunoafinidade
contendo AcM
específico
imobilizado.
Extrato de amostra
contendo
micotoxina é
eluído através da
coluna.
AcM retém a
micotoxina na
coluna. Os
interferentes são
eliminados.
Passagem de
eluente rompe a
ligação antígeno-
anticorpo e libera a
micotoxina.
Figura 5 – Procedimento de limpeza de amostra em coluna de imunoafinidade.
(Fonte: R-BIOPHARM RHÔNE Ltd., USA)
2.4 Anticorpo para técnicas imunoquímicas
Inicialmente, as técnicas imunoquímicas foram padronizadas empregando-
se anticorpos policlonais usualmente produzidos em coelhos ou carneiros (THIMURALA et
al., 2000). Entretanto, a produção de grande quantidade de anticorpos policlonais apresenta
limitações, requerendo fornecimento contínuo de antígeno purificado para as inoculações,
manutenção de biotérios, variabilidade individual do animal na qualidade de anti-soro ou no
mesmo animal devido ao intervalo de sangria (WYATT, 1992). A produção de anticorpo
monoclonal superou o problema, obtendo-se reagente uniforme, de alta qualidade, passível de
ser empregado na rotina laboratorial (KOBAYASHI et al., 2003; NAKANO & NAGATA,
2003).
A qualidade de anticorpo (alta afinidade e especificidade, baixa reatividade
cruzada) é essencial para o desenvolvimento de imunoensaios sensíveis na micotoxicologia, já
que estes se baseiam na interação específica entre antígeno-anticorpo (GAZZAZ et al., 1992;
HEFLE, 1995; BARNA-VETRÓ et al., 1996; KOBAYASHI et al., 2003; NAKANO &
NAGATA, 2003). A obtenção de anticorpo de alta qualidade depende de imunógenos
purificados, protocolo de imunização e critério para seleção de anticorpo monoclonal
específico (NEWSOME, 1986; HEFLE, 1995; BARNA-VETRÓ et al., 1996). Os anticorpos
19
monoclonais caracterizam-se pela uniformidade, alta especificidade e afinidade constante a
um único epítopo, sendo homogêneos na estrutura e especificidade, características estas
essenciais na identificação de antígenos em matrizes complexas (GAZZAZ et al., 1992;
DIETRICH et al., 1995; HEFLE, 1995).
A produção de anticorpo monoclonal envolvendo etapas de imunização de
animais, fusão de células sensibilizadas (produtoras de anticorpos) com células de mieloma,
cultivo e clonagem de hibridomas, tornou-se instrumento essencial na medicina e indústria,
conferindo a Milstein e Köhler, o Prêmio Nobel de Medicina em 1984 (MORO &
RODRIGUEZ, 2001).
A tecnologia de hibridoma permitiu o fornecimento ilimitado de AcM com
especificidade definida, obtido pela imunização de camundongo com antígeno específico,
seguido de fusão de célula esplênica secretora de anticorpo com célula de mieloma (Figura 6)
(HARLOW & LANE, 1988a). No passado, AcM era produzido apenas em líquido ascítico,
cujo método é limitado para produção em rato ou camundongo. A implementação de
tecnologia in vitro foi estimulada por razões éticas e pelo fato de que AcM humano não pode
ser produzido em animais (HEILMANN et al., 2005). No entanto, a produção de IgG anti-
AFB
1
pelo cultivo de hibridoma procede-se em meio sintético de composição definida (in
vitro), a exemplo de RPMI 1640 e DMEM (Dulbecco’s modified Eagle’s medium), meios
mais comumente utilizados, ou na cavidade peritoneal de camundongo (HARLOW & LANE,
1988b; EVEN et al., 2006).
Micotoxinas e ficotoxinas mostram-se incapazes de estimular o sistema
imune para produzir anticorpo devido à estrutura relativamente pequena (haptenos). Não
obstante, as moléculas tornam-se imunogênicas procedendo à conjugação com proteínas
carreadoras de alta massa molecular, empregando sistema de ativação adequado que garanta
manutenção de grupos determinantes de identidade do hapteno (CHU, 1984; NEWSOME,
1986; KAWAMURA et al., 1988; GAZZAZ et al., 1992; HEFLE, 1995; XIAO et al., 1995;
KIM et al., 2003). Conseqüentemente, o preparo de antígeno para imunização (hapteno)
requer suporte peptídico pouco imunogênico para obtenção de anticorpo monoclonal e
policlonal específicos (DANILOVA, 1994; TUOMOLA et al., 2000; MOGHADDAM et al.,
2001; MORAN et al., 2002; KIM et al., 2003).
20
A seleção de proteína carreadora e método de conjugação para síntese de
imunógeno representa etapa crítica na produção de anticorpos específicos (DANILOVA,
1994; TUOMOLA et al., 2000; MORAN et al., 2002). Entre os carreadores e adjuvantes
citam-se albumina de soro bovino (BSA), keyhole limpet hemocyanin (KLH) e ovoalbumina
(OVA) (KAWAMURA et al., 1989; KIM et al., 2003). A AFB
1
precisa ser primeiramente
convertida em Afla B
1
-O-carboximetil-oxime (Afla B
1
-oxime) devido ao fato de não dispor
de grupo reativo para reações de acoplamento (Figura 7), introduzindo-se um grupo
carboxílico livre, por meio de derivatização, para reagir covalentemente com a molécula de
proteína (Figura 8) (CHU & UENO, 1977).
Um cuidado especial deve ser considerado no emprego de reagentes
imunológicos (material biológico), cujo componente fundamental, a imunoglobulina,
apresenta baixa estabilidade com possível perda de reatividade. Em relação ao método
químico convencional, a manutenção adequada dos reagentes torna-se fator decisivo na
confiabilidade da reação, devendo-se evitar ao máximo a desnaturação protéica
(DAUPHINAIS, 1986; NEWSOME, 1986; HEFLE, 1995).
A produção de anticorpos anti-AFB
1
tem permitido o desenvolvimento de
uma variedade de métodos baseados em Acs, i.e. imunoensaio acoplado à detecção
colorimétrica (GARDEN & STRACHAN, 2001; XIULAN et al., 2005) ou eletroquímica
(AMMIDA et al., 2004), e ensaios imunoenzimáticos (ELISA) (PAL & DHAR, 2004; LEE et
al., 2004; SAPSFORD et al., 2006).
21
Figura 6 – Produção de AcM: imunização de camundongo, fusão
celular, obtenção de hibridomas e cultivo em meio sintético de
composição definida e na cavidade peritoneal de camundongo.
(Fonte: BERG et al., 2002)
O
O
O
O
O
CH3
N CH2COOH
O
O
O
O
O
CH3
N NH
proteína
CH2CO
Figura 7 – Estrutura de AFB
1
-oxime. Figura 8 – Ligação de AFB
1
-oxime à proteína.
22
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral
Produzir anticorpo monoclonal anti-aflatoxina B
1
(AFB
1
) empregando
hibridoma AF4, fornecido pelo intercâmbio com grupo japonês, para atender controle de
qualidade de alimentos.
3.2 Objetivos Específicos
Cultivar e manter hibridoma linhagem AF4, secretor de AcM IgG específico para
AFB
1
;
Produzir IgG anti-AFB
1
procedendo ao cultivo de hibridoma AF4 em meio sintético;
Desenvolver CIA empregando IgG anti-AFB
1
e suporte gel ativado;
Aplicar método rápido e simples de detecção de aflatoxina utilizando
espectrofluorimetria.
23
4 MATERIAL E MÉTODOS
As metodologias que apresentaram melhores resultados no decorrer dos
experimentos foram descritas a seguir.
4.1 Material
AcM anti-AFB
1
(122% de reatividade cruzada com aflatoxicol); AFB
1
padrão, PBS (Sigma Chemical Co., St Louis, MO, USA); DMSO (Trade TCI, Japan);
microplaca de 24 orifícios, criotubo (Corning, USA); filtro de microfibra de vidro (GF/C 2,5
cm i.d), filtro qualitativo nº 1 (Whatman International Ltd., Maistone, England); CIA Aflatest-
P (VICAM Inc., Watertown, USA); meio RPMI 1640, soro fetal bovino, Hybridoma-SFM
(serum free medium), 100 U/mL de penicilina, 100 µg/mL de estreptomicina, L-glutamina,
sulfato de amônio (Gibco Co., USA); frascos para cultivo de células de 25, 75 e 150 cm
2
(Nunc, Denmark); corante vital Azul de Trypan (Acros Organics, New Jersey, USA);
Activated Immunoaffinity Supports Affi-Gel 10 (Bio-Rad, 153-6046, USA); freezer (-20º C)
(CFC FREE, Sanyo, USA); recipiente de nitrogênio líquido (-185º C) (Cryo Diffusion,
France); incubadora sob 5 % CO
2
(Forma Scientific, USA); BOD (TE-391, Tecnal, Brasil);
espectrofotômetro UV-VIS Cintra 20 (GMB, Brasil); espectrofluorímetro (Varian, Cary-
Eclipse, Australia); sistema Stirred Cell 8400, membrana de exclusão molecular de 100 Kda
(YM 100, celulose) (Millipore Co., Bedford, MA, USA); banho ultrasônico (Ultrasonic
cleaner Unique); água ultra-pura (Ultra Purê Water System Milli-Q plus, Millipore Corp.,
Bedford, MA, USA); centrífuga refrigerada (Centrifuge 5804 R, Eppendorf, 3805 03551,
Germany); moinho A10 (Janke & Kunkel IKA
Labortechnik, Germany).
24
4.2 Produção de anticorpo monoclonal IgG anti-AFB
1
4.2.1 Linhagem de célula de hibridoma
A célula de hibridoma linhagem AF4 secretora de AcM específico para
AFB
1
(isotipo IgG
1
lambda), derivada de mieloma linhagem SP2/0-AG14 e célula esplênica
de camundongo BALB/c, foi produzida por Kawamura et al. (1988) em Faculty of
Pharmaceutical Sciences, Science University of Tokyo e mantida em Department of
Biochemistry and Food Science, Faculty of Agriculture, Kagawa University, Japão.
Camundongo BALB/c foi imunizado com conjugado AFB
1
-BSA e as
células esplênicas obtidas foram fundidas com células de mieloma (linhagem SP2/0-AG14).
Os hibridomas foram selecionados em meio HAT (meio Dulbecco´s modified Eagle´s,
contendo 100 µM de hipoxantina, 0,4 µM de aminopterina e 16 µM de timidina) e triados por
ELISA não-competitivo indireto quanto à presença de AcM anti-AFB
1
. Os clones positivos
foram clonados por método de diluição limitante e expandidos em meio de cultura, com
posterior preservação em nitrogênio (N
2
) líquido (-185º C).
O hibridoma AF4, secretor de AcM IgG
1
anti-AFB
1
, foi selecionado com
base no melhor perfil quanto à especificidade pela AFB
1
e menor reatividade contra as demais
aflatoxinas, e encaminhado ao Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos (Centro
de Ciências Agrárias, Universidade Estadual de Londrina, UEL – PR).
4.2.2 Recepção e cultivo de hibridoma
Um cultivo celular de células de hibridoma AF4 foi gentilmente fornecido
por Dr. Osamu Kawamura (Faculty of Agriculture, Kagawa University, Japão) para
continuidade de estudo no Laboratório de Microbiologia do Departamento de Ciência e
Tecnologia de Alimentos, CCA, UEL – PR.
Imediatamente após a recepção, as células híbridas foram encaminhadas ao
Laboratório de Imunologia (Departamento de Ciências Patológicas, Centro de Ciências
25
Biológicas, UEL – PR) para prosseguir com a reativação e cultivo. Os hibridomas foram
reativados em meio RPMI 1640 (RPMI) suplementado com 20 % de soro fetal bovino (SFB)
em microplacas de 24 orifícios, a 37º C, em incubadora de CO
2
(5 % CO
2
) com
monitoramento diário de crescimento celular por microscopia. Após a reativação, as células
foram expandidas em frascos de cultivo de 25 e 75 cm
2
utilizando meio RPMI com 10 % de
SFB (HARLOW & LANE, 1988b; KAWAMURA, informação pessoal, Kagawa University).
4.2.3 Contagem e análise de viabilidade celular
A contagem e viabilidade de hibridoma foram avaliadas microscopicamente
utilizando corante vital Azul de Trypan. Uma alíquota de 100 µL da suspensão celular foi
combinada a 100 µL da solução de corante (0,25 % em meio RPMI, p/v) e as células viáveis
(aptas a excluir corante, i.e. refringentes, com citoplasma homogêneo e membrana íntegra)
foram contadas em câmara de contagem Neubauer em microscópio óptico.
Células viáveis/mL = Total de células viáveis x 2 x 10
4
Número de quadrantes
4.2.4 Manutenção e recuperação de hibridoma
As células viáveis de hibridoma reativadas e expandidas em meio RPMI
com 10% de SFB foram preservadas em nitrogênio líquido (-185º C) utilizando SFB contendo
agente crioprotetor dimetilsulfóxido (DMSO) na proporção de 9:1 (v/v) (HARLOW &
LANE, 1988b; KAWAMURA, informação pessoal, Kagawa University). As células foram
centrifugadas (200 x g – 5 min), ressupendidas e incubadas em meio fresco (RPMI com 10 %
SFB) por 24 horas, para atingir a fase log de crescimento. Em seguida, as células foram
centrifugadas (200 x g – 5 min) e ressuspendidas em solução de SFB:DMSO (9:1) resfriada a
4º C. Alíquotas de 0,5 mL desta suspensão contendo 2,5 x 10
6
a 2,5 x 10
7
células viáveis
26
foram adicionadas em criotubos e mantidas a -70º C por 16 horas, sendo posteriormente
transferidas para um recipiente contendo N
2
líquido (-185º C).
Previamente ao uso, os hibridomas estocados a -185º C em nitrogênio
líquido foram recuperados por descongelamento rápido do criotubo em banho de água a 37º
C, lavados com 15 mL de meio RPMI a 37º C e centrifugados (200 x g – 5 min). Descartado o
sobrenadante, as células foram avaliadas microscopicamente com corante vital Azul de
Trypan e a viabilidade celular pós-congelamento foi calculada e expressa como porcentagem:
Viabilidade (%) = células viáveis pós-congelamento x 100
células viáveis pré-congelamento
Em seguida as células foram ressuspendidas em meio RPMI com 10 % SFB,
e cultivadas em microplaca de 24 orifícios a 37º C em incubadora de CO
2
(5 %).
Posteriormente, procedeu-se a expansão celular para frascos de cultivo de 25 e 75 cm
2
.
4.2.5 Produção de AcM IgG a partir de cultivo de hibridoma em meio sintético
Os hibridomas foram cultivados inicialmente em meio RPMI suplementado
com 10 % SFB (37º C, 5 % de CO
2
), seguido de adaptação gradual ao meio Hybridoma-SFM
(H-SFM) suplementado com 2 mM de glutamina, 100 U/mL de penicilina e 100 µg/mL de
estreptomicina, por adição de 25, 50, 75 e 100 % deste meio ao RPMI (BRUCE et al., 2002;
KAWAMURA, informação pessoal, Kagawa University). Após adaptação, as células foram
cultivadas em frascos de 150 cm
2
com inóculo inicial de 2,5 a 5 x 10
4
células/mL até
atingirem saturação celular (aproximadamente 5 x 10
5
a 1 x 10
6
células/mL) e então
removidas por centrifugação (200 x g, 5 min). Em seguida, as células foram ressuspendidas
em meio fresco e incubadas a 37º C com 5 % CO
2
. O volume celular foi ajustado com o meio
para obter a concentração celular desejada.
A produção de anticorpos monoclonais foi realizada em cultivo estático, em
meio com concentração celular de 1 x 10
6
células/mL. As células foram incubadas por
aproximadamente 15 dias, sem reposição de meio, até morte celular. O sobrenadante de
27
cultivo contendo os anticorpos monoclonais IgG anti-AFB
1
foi armazenado a 4º C, após
centrifugação (2400 x g, 10 min, 4º C) para remover células e material celular.
4.2.5.1 Determinação de proteína (IgG)
A concentração de proteínas (IgG) foi determinada por absorção a 280 nm
em espectrofotômetro, adotando coeficiente de absorção (E
280
) de 1,35 para IgG (HARLOW
& LANE, 1988e):
Concentração IgG (mg/mL) = absorvância a 280 nm
coeficiente de absorção
4.2.6 Purificação parcial de anticorpo monoclonal IgG anti-AFB
1
Anticorpo monoclonal IgG anti-AFB
1
produzido pelo cultivo de hibridoma
AF4 foi previamente submetido à concentração por ultrafiltração (sistema Stirred Cell 8400,
Millipore Co.) utilizando membranas de exclusão molecular de 100 Kda.
4.2.6.1 Precipitação de IgG com sulfato de amônio - (NH
4
)
2
SO
4
A solução concentrada de anticorpos foi adicionada de sulfato de amônio
sob agitação lenta até concentração final de 40 % de saturação (243 g/L de sobrenadante) para
precipitação e purificação parcial de IgG.
O precipitado protéico obtido foi mantido a 4º C por 16 horas sob agitação,
centrifugado (8000 x g, 30 min, 4º C) e ressuspendido em PBS (tampão fosfato de sódio)
(1/10 do volume original da amostra concentrada). Em seguida, a amostra ressuspendida foi
dialisada (cut-off de 12000-16000 MM) empregando-se PBS (4 x 1 L) a 4º C por 16 horas,
sob agitação. Após a diálise em PBS, a solução de anticorpos purificada foi submetida à outra
diálise em água ultra-pura (4 x 1 L) para remoção de sais. A partir deste concentrado protéico
28
determinou-se a concentração de IgG conforme item 4.1.5.1. A solução de anticorpos foi
congelada (-20º C), liofilizada (-50º C) e mantida a -20º C.
4.3 Desenvolvimento da coluna de imunoafinidade (CIA) para detecção de AFB
1
empregando AcM anti-AFB
1
A coluna de imunoafinidade para análise de AFB
1
foi desenvolvida com
suporte ativado de imunoafinidade (Activated Immunoaffinity Supports) Affi-Gel 10 (Bio-
Rad) e anticorpo monoclonal produzido e parcialmente purificado em nosso laboratório,
seguindo as instruções do fabricante de Affi-Gel 10.
Affi-Gel 10 é um suporte de afinidade comumente utilizado, pois se acopla
espontaneamente ao anticorpo contendo grupamento amina livre, em solução aquosa, sem
utilizar materiais perigosos como CNBr (Figura 9) (PFEIFFER et al., 1987). Consiste de
suporte de gel de agarose (agarose gel bead support) com braço espaçador contendo 10
átomos neutros, i.e. éster N-hidroxisuccinamida derivatizado ao suporte gel (BIO-RAD,
2000).
Figura 9 – Reação de acoplamento de suporte Affi-Gel com ligante contendo
grupamento amina livre (Fonte: Bio-Rad, USA, 2000).
4.3.1 Preparo da CIA Affi-Gel 10: acoplamento aquoso
Três mL de Affi-Gel 10 acondicionados em tampão acetato de sódio 10
mM, pH 4,5 foram adicionados de 1,5 a 4,5 mL de anticorpo monoclonal semi-purificado e
29
liofilizado ressuspendido em tampão de ligação (NaHCO
3
0,1 M, pH 8,5) (25 mg/mL) por mL
de suporte gel, e incubados por 4 h a 4º C. Em seguida, a mistura foi centrifugada e o
sobrenadante removido para determinar a eficiência de acoplamento dos anticorpos
monoclonais. O gel foi lavado com PBS e adicionado de 0,2 mL de glicina-etil-éster 1,0 M
(pH 8,0) por 1 hora para bloquear as regiões não acopladas com os anticorpos. O gel foi
transferido para uma coluna e lavado com PBS até que a leitura a 280 nm não detectasse
presença de reagentes.
4.3.2 Manutenção de CIA Affi-Gel 10
A coluna foi mantida a 4º C em PBS contendo 0,02 % de azida sódica
(NaN
3
). Previamente ao uso, metanol grau HPLC foi passado através da coluna para remover
qualquer impureza solúvel neste solvente. Em seguida, a coluna foi reequilibrada
imediatamente com PBS.
4.3.3 Avaliação da eficiência de acoplamento de AcM à CIA Affi-Gel 10
A eficiência de acoplamento de AcM ao suporte Affi-Gel 10 foi
determinada por quantificação de anticorpos eluídos na etapa de lavagem da coluna por
absorção a 280 nm após o período de imobilização entre ligante e gel (suporte). O pH da
solução de proteínas remanescentes foi acidificado com solução de HCl 10 mM para evitar
interferência de leitura de N-hidroxisuccinamida, que absorve a 280 nm em pH neutro ou
básico.
4.3.4 Determinação da capacidade de retenção de AFB
1
em CIA Affi-Gel 10
A capacidade de retenção de AFB
1
em CIA Affi-Gel 10 desenvolvida foi
determinada conforme Watanabe et al. (2001) modificado. Volume de 5 mL de AFB
1
(10
30
ng/mL) em água:metanol (21:4, v/v) foi continuamente adicionado à CIA sob fluxo de 1-2
gotas/seg. Duas frações (2,5 mL) foram coletadas e analisadas por espectrofluorimetria. A
coluna foi lavada com 20 mL de água ultra-pura (1-2 gotas/seg). A AFB
1
ligada à CIA foi
eluída com duas frações (7,5 mL) de metanol (1-2 gotas/seg) e quantificada por
espectrofluorimetria.
4.4 Teste de recuperação de AFB
1
em CIA Affi-Gel 10
A coluna de imunoafinidade confeccionada com o suporte Affi-gel 10 foi
avaliada quanto à eficiência na limpeza e determinação de AFB
1
em milho, em comparação à
CIA Aflatest-P (VICAM).
4.4.1 Contaminação de milho com AFB
1
Os grãos de milho utilizados (híbrido AG7000) foram colhidos na estação
experimental do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR, Londrina-PR), safra 2005.
Cinqüenta gramas de milho (48 mesh) foram artificialmente contaminados com solução
padrão de AFB
1
(Sigma) (500 ng/mL em metanol) para as concentrações de 5, 15 e 30 ng
AFB
1
/g alimento. As amostras foram mantidas em repouso por 24 horas a 25º C, submetidas à
extração e limpeza em CIA (CIA Affi-Gel 10 e CIA Aflatest-P) para posterior quantificação
por espectrofluorimetria.
4.4.2 Extração de AFB
1
de milho contaminado
A extração procedeu-se conforme recomendação do manual da CIA
comercial (Aflatest-P). A amostra de milho contaminada (50 g com granulometria de 48
mesh) foi adicionada de 5 g de NaCl e 100 mL de solução de metanol:água (80:20, v/v) e
31
agitada por 1 minuto (175 rpm). O extrato foi filtrado em papel plissado (filtro qualitativo nº
1) e coletado em recipiente limpo.
4.4.3 Limpeza de extrato bruto pela CIA
O extrato bruto (10 mL) foi adicionado de 40 mL de água ultra-pura
(diluição 1:4), filtrado (filtro de microfibra de vidro GF/C) e 10 mL do extrato diluído foram
submetidos à limpeza pela CIA Affi-Gel 10 previamente preparada no item 4.3.1 e pela CIA
Aflatest-P a um fluxo contínuo de 1-2 gotas por segundo. Em seguida, a coluna foi lavada
com 20 mL de água ultra-pura sob o mesmo fluxo (1-2 gotas/seg). A AFB
1
foi eluída da CIA
Aflatest-P com 1,0 mL de metanol grau HPLC (1-2 gotas/seg) e da CIA desenvolvida com 2
frações de 7,5 mL.
4.4.4 Determinação de AFB
1
por espectrofluorimetria
O eluato coletado da CIA foi submetido à secagem sob fluxo de N
2
gasoso e
o resíduo foi ressuspendido em 200 µL de metanol. Uma alíquota de 100 µL de amostra foi
adicionada de 100 µL de revelador (solução aquosa de bromo 0,003 %, v/v) e quantificada
por espectrofluorimetria a 360 nm de excitação e 420 nm de emissão, após 60 segundos.
4.4.5 Regeneração de CIA
Após o uso, as CIAs (Affi-Gel 10 e Aflatest-P) foram regeneradas conforme
Nakajima et al. (1990) e avaliadas quanto à reutilização. As colunas foram lavadas com 5 mL
de tampão TRIS-HCl (0,1 M, pH 8,5) contendo NaCl 0,5 M, seguido de 5 mL de tampão
acetato de sódio (0,1 M, pH 4,5 contendo NaCl 0,5 M) e 5 mL de PBS. Após lavagem, as
colunas foram estocadas a 4º C por 72 horas e reutilizadas sucessivamente para amostras de
32
milho artificialmente contaminadas. A reutilização de CIA foi avaliada por
espectrofluorimetria e expressa como porcentagem de recuperação de AFB
1
após cada reuso.
4.5 Comparação entre espectrofluorimetria e CCD para análise de AFB
1
4.5.1 Contaminação de milho com AFB
1
A contaminação de milho procedeu-se conforme item 4.4.1. As amostras
foram mantidas em repouso por 24 horas a 25º C, submetidas à extração e limpeza em CIA
Aflatest-P para posterior quantificação por cromatografia em camada delgada (CCD) e
espectrofluorimetria. Os grãos de milho (híbrido AG7000) foram colhidos na estação
experimental do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR, Londrina-PR), safra 2005.
4.5.2 Extração de AFB
1
de milho contaminado
A extração procedeu-se conforme item 4.4.2.
4.5.3 Limpeza de extrato bruto pela CIA
O extrato bruto (10 mL) foi adicionado de 40 mL de água ultra-pura
(diluição 1:4), filtrado (filtro de microfibra de vidro GF/C) e 10 mL do extrato diluído foram
submetidos à limpeza pela CIA Aflatest-P a um fluxo contínuo de 1-2 gotas por segundo. Em
seguida, a coluna foi lavada com 20 mL de água ultra-pura sob o mesmo fluxo (1-2
gotas/seg). A AFB
1
foi eluída 1,0 mL de metanol grau HPLC (1-2 gotas/seg).
33
4.5.4 Quantificação de AFB
1
por espectrofluorimetria
O eluato coletado da CIA foi submetido à secagem sob fluxo de N
2
gasoso e
o resíduo foi ressuspendido em 200 µL de metanol. Uma alíquota de 100 µL de amostra foi
adicionada de 100 µL de revelador (solução aquosa de bromo 0,003 %, v/v) e quantificada
por espectrofluorimetria a 360 nm de excitação e 420 nm de emissão, após 60 segundos.
Outra alíquota de 100 µL foi novamente seca sob fluxo de N
2
gasoso e ressuspendida em 100
µL de clorofórmio.
4.5.5 Determinação de AFB
1
por cromatografia em camada delgada (CCD)
Cem µL da amostra ressuspendida em clorofórmio foram aplicados em
placa cromatográfica de sílica gel juntamente com 4 pontos de solução padrão de AFB
1
a 1
µg/mL (1,5; 2,5; 7,5 e 15 µL), a 2 cm da base. O cromatograma foi desenvolvido em cuba
saturada contendo como fase móvel tolueno:acetato de etila:clorofórmio:ácido fórmico
(70:50:50:20, v/v/v/v) (GIMENO, 1979). A placa foi removida após desenvolvimento de 10
cm de corrida, deixando-a secar. O cromatograma foi observado em lâmpada de UV longa
para verificar presença de AFB
1
.
34
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados foram compilados em capítulos listados abaixo:
ANTICORPO MONOCLONAL ANTI-AFLATOXINA B
1
PARA CONTROLE DE
QUALIDADE EM ALIMENTO (CAPÍTULO I)
ANTICORPO MONOCLONAL ANTI-AFLATOXINA B
1
: SCALE-UP,
PURIFICAÇÃO-PARCIAL E DESENVOLVIMENTO DA COLUNA DE
IMUNOAFINIDADE (CAPÍTULO II)
COLUNA DE IMUNOAFINIDADE PARA ESPECTROFLUORIMETRIA:
DETECÇÃO DE AFB
1
EM MILHO
PELA CIA COMERCIAL VERSUS CIA AFFI-
GEL 10-AcM ANTI-AFB
1
DESENVOLVIDA (CAPÍTULO III)
35
CAPÍTULO I
ANTICORPO MONOCLONAL ANTI-AFLATOXINA B
1
PARA CONTROLE DE
QUALIDADE EM ALIMENTO
MATERIAL E MÉTODOS
Produção de anticorpo monoclonal IgG anti-AFB
1
A produção de anticorpo monoclonal (AcM) IgG anti-AFB
1
foi conduzida
pelo cultivo de hibridoma AF4, gentilmente fornecido por Dr. Osamu Kawamura, Kagawa
University, Japão (item 4.2).
Recepção e cultivo de hibridoma
O hibridoma AF4 foi recepcionado e reativado em meio RPMI 1640
(RPMI) suplementado com 20 % de soro fetal bovino (SFB) (item 4.2.2).
Contagem e análise de viabilidade celular
A contagem e viabilidade de hibridomas foram avaliadas
microscopicamente utilizando corante vital Azul de Trypan (item 4.2.3).
Manutenção e recuperação de hibridoma
As células viáveis de hibridoma reativadas e expandidas em meio RPMI
com 10% de SFB foram preservadas em nitrogênio líquido (-185º C) utilizando SFB contendo
agente crioprotetor dimetilsulfóxido (DMSO) na proporção de 9:1 (v/v) (item 4.2.4).
Produção de AcM IgG a partir de cultivo de hibridoma em meio sintético
O AcM IgG anti-AFB
1
foi produzido cultivando o hibridoma AF4 em meio
RPMI e posteriormente em meio Hybridoma-SFM (H-SFM) (item 4.2.5).
Determinação de proteína (IgG)
A concentração de proteínas (IgG) foi determinada por absorção a 280 nm
(item 4.2.5.1).
36
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O hibridoma linhagem AF4, secretor de AcM específico para AFB
1
(isotipo
IgG
1
lambda), derivado de mieloma linhagem SP2/0-AG14 e célula esplênica de camundongo
BALB/c, foi produzido em Faculty of Pharmaceutical Sciences, Science University of Tokyo
e mantido em Department of Biochemistry and Food Science, Faculty of Agriculture, Kagawa
University, Japão (KAWAMURA et al., 1988).
O AcM produzido pelo hibridoma AF4 reagiu tão bem com AFB
1
quanto
com AFL II (isômero natural [1R]-aflatoxicol) (Figura 10), demonstrando reatividade cruzada
de 122 % (KAWAMURA et al., 1988) (Tabela 1).
Um cultivo de hibridoma AF4, correspondente a 5 x 10
5
células, foi cedido
para pesquisa colaborativa na Universidade Estadual de Londrina – PR. A Figura 11
esquematiza o fluxograma desde a recepção do hibridoma AF4 até a produção de AcM anti-
AFB
1
, como produto final de cultivo em meio sintético H-SFM.
As células híbridas recebidas no Laboratório de Imunologia (Depto.
Ciências Patológicas, CCB-UEL) foram imediatamente reativadas em meio RPMI
suplementado com 20 % de SFB a 37º C (5 % de CO
2
). Após reativação, as células foram
expandidas em frascos de 25 e 75 cm
2
(RPMI com 10% SFB) e encaminhadas ao Depto.
Ciência e Tecnologia de Alimentos (DCTA), CCA-UEL. As células foram imediatamente
acondicionadas em meio RPMI, aumentando SFB para 20% para adaptação, e incubadas a 37º
C (5% de CO
2
) (Figura 11, Exp. 1). As células não se adaptaram à nova condição de cultivo,
ocorrendo morte celular gradativa no decorrer de 3 dias (alteração morfológica, membrana
celular granulada). Após centrifugação, procedeu-se cultivo aumentando a quantidade de SFB
para 40%, mas mesmo assim não reduziu a mortalidade. Considerando a debilidade celular,
enriqueceu-se o meio de cultura com 2 mM de L-glutamina. Obteve-se êxito na adaptação
celular, recuperando a característica morfológica, i.e. célula refringente com membrana lisa,
confirmando que a suplementação com SFB e L-glutamina foi essencial na recuperação
celular. A L-glutamina é um importante substrato para célula de hibridoma. Parte deste
aminoácido é deaminada, liberando amônia e glutamato, e depois é transformada em outros
aminoácidos com o propósito de biossíntese. A glucose tamm é fundamental para o
crescimento de hibridoma, constituindo uma das principais fontes de carbono e energia, sendo
utilizada também para síntese de biomassa (LEGAZPI et al., 2005).
37
O soro fetal bovino tem sido utilizado como estimulante para o crescimento
de hibridoma na rotina, por fornecer fatores hormonais e proteínas carreadoras de hormônios,
minerais, lipídeos e outros compostos essenciais (LIDDELL & CRYER, 1991; HARLOW &
LANE, 1988b; LEGAZPI et al., 2005). Além disso, o baixo conteúdo de IgG no soro
miniminiza interferência durante ensaios e purificação de AcM (HARLOW & LANE, 1988b).
A L-glutamina destaca-se como estimulante da produção de anticorpo monoclonal in vitro
(BRUCE et al., 2002; LEGAZPI et al., 2005; HEILMANN et al., 2005). Legazpi et al. (2005)
aumentaram a concentração final de IgG
1
anti-lactoferrina bovina no fator de 2 vezes,
adicionando 1,4 mM de glutamina ao meio livre de SFB. A alta especificidade do hibridoma
AF4 perante produção de AcM anti-AFB
1
(Tabela 1), por outro lado, traduziu-se em células
sensíveis a quaisquer variações no cultivo, i.e. lenta recuperação, sendo a suplementação do
meio o fator fundamental para adaptação e expansão.
O hibridoma AF4 requereu um mês de adaptação para atingir expansão
adequada e produção de AcM anti-AFB
1
, sendo conservado posteriormente em N
2
líquido (-
185º C), com agente crioprotetor SFB:DMSO (9:1). A criopreservação mantém a
característica biológica do hibridoma, conservando a capacidade de produção de anticorpo
monoclonal durante anos, garantindo eficiente recuperação (HARLOW & LANE, 1988b). A
alta contagem de células viáveis (5,0 x 10
6
a 5,0 x 10
7
células/mL) em fase logarítmica
(Figura 12) também tem sido essencial para congelamento adequado e maior recuperação pós-
estocagem (HARLOW & LANE, 1988b). A concentração de hibridoma viável congelado foi
de 8,95 x 10
6
e 9,80 x 10
6
células/criotubo (Figura 11, Exp.1). Embora o DMSO seja
crioprotetor, a interação com a membrana pode causar toxidez e dano celular (WEWETZER
& DILMAGHANI, 2001). O contato com DMSO a 4º C deve ser minimizado na fase de pré-
congelamento, sendo este relevante na sobrevivência celular (WEWETZER &
DILMAGHANI, 2001).
O hibridoma adaptou-se gradualmente no meio H-SFM suplementado com 2
mM de L-glutamina (adição seqüencial de 25, 50, 75 % e 100 % de meio H-SFM, Figura 11,
Exp 1). A substituição de RPMI por H-SFM eliminou os problemas com o uso de SFB, i.e.
alto custo, heterogeneidade entre lotes, alto teor protéico que interfere na purificação de AcM,
e contaminação por prions, vírus e micoplasmas, veiculados por meio do soro (LIDDELL &
CRYER, 1991; BRUCE et al., 2002; LEGAZPI et al., 2005; EVEN et al., 2006). Chang et al.
(1980) reportaram o primeiro uso bem sucedido de meio livre de soro para cultivo de
38
hibridoma. Neste estudo, 5 linhagens de hibridoma foram cultivadas em meio livre de soro
por mais de 3 meses, e continuaram secretando AcM ao nível alcançado na presença de SFB.
Stoll et al. (1996) adaptaram célula de hibridoma secretora de IgA em 2 meios livres de soro
comercialmente disponíveis. Kreutz et al. (1997) adaptaram uma linhagem de hibridoma
secretora de IgG em meio livre de soro em 3 etapas de substituição gradual de meio.
No decorrer de tempo ocorreu contaminação fúngica, sendo os frascos
contaminados descartados (Figura 11, Exp.1), já que se mantinha um estoque de células a -
185º C. Na existência de estoque, a melhor opção consiste em autoclavar os cultivos
contaminados e reiniciá-lo com células estocadas (HARLOW & LANE, 1988b). Na falta de
estoque, os métodos potenciais para recuperar as culturas contaminadas seriam uso de
antimicrobiano, se a contaminação fosse detectada no início, e inoculação da linhagem em
camundongo como única alternativa de recuperação para contaminação avançada (HARLOW
& LANE, 1988b).
Um criotubo mantido a -185º C (8,95 x 10
6
células) foi descongelado após 2
meses e a viabilidade (Figura 12) pós-congelamento avaliada (14,64%) (Tabela 2). As células,
acondicionadas em frasco com 10 mL de meio (RPMI com 20 % SFB e 2 mM de L-
glutamina) e incubadas por 24 horas (37º C, 5 % CO
2
), apresentaram-se todas mortas (Figura
11, Exp. 2). Para testar se as condições de cultivo estavam inadequadas para reativação,
descongelou-se outro criotubo (9,80 x 10
6
células, 9,88 % de viabilidade pós-congelamento)
(Tabela 2) e ressuspendeu-se em 4,5 mL de meio RPMI com 20 % SFB e 2 mM de L-
glutamina, para transferir em microplaca de 24 orifícios sob mesmas condições de incubação.
A redução no volume visou condicionar uma área menor capaz de permitir proximidade
celular, estimulando a multiplicação. Nas tentativas seguintes, um criotubo de hibridoma
descongelado foi ressuspendido em 4 mL de meio RPMI com 20 % SFB e teor de L-
glutamina aumentado para 4 mM; em outro criotubo, aumentou-se o teor de SFB para 40 % e
manteve-se L-glutamina em 4 mM, submetendo-se ao cultivo em microplaca. Em todos os
ensaios não se constatou adaptação celular, i.e. morte celular após 24 horas de cultivo.
Rastreando os fatores envolvidos na reativação celular do Exp. 2, i.e. meio,
fatores suplementares e condições utilizadas, constatou-se o uso de água destilada e não ultra-
pura no preparo de meio. Todavia, o insucesso repetiu-se com o meio RPMI preparado com
água ultra-pura (4 mL de RPMI com 40 % SFB e 4 mM de L-glutamina). Um criotubo (8,95 x
10
6
células) também foi encaminhado ao Laboratório de Imunologia (CCB), cujo insucesso na
39
reativação confirmou falha na qualidade de água desde o início do preparo de estoque celular
(Figura 11, Exp. 3).
Em vista disso, prosseguiu-se a produção de AcM anti-AFB
1
a partir de
estoque inicial de hibridoma mantido a -185º C no Laboratório de Imunologia-CCB, ou seja,
células recém-enviadas do Japão adaptadas à condição de nosso cultivo e estocadas (Figura
11, Exp. 4). O descongelamento e adaptação de células em meio RPMI (água ultra-pura) com
20 % SFB e 2 mM de L-glutamina foram realizados no Laboratório de Imunologia, seguido
de encaminhamento ao Laboratório do DCTA, onde se prosseguiu o cultivo em RPMI,
aumentando SFB para 30 % e L-glutamina para 4 mM, para garantir a adaptação. As células
híbridas adaptaram-se gradualmente ao meio, permitindo redução de SFB para 20, 15 até 10
% de SFB, seguida de adaptação gradual ao meio H-SFM (25 a 100 %) com 2 mM de L-
glutamina, para produção de AcM. Neste ponto realizou-se um teste de viabilidade, mantendo
um criotubo (6,44 x 10
6
células) a -185º C por 12 dias. As células apresentaram-se viáveis
(39,75 %) (Tabela 2), mantendo esta característica após 24 horas de incubação a 37º C sob 5
% de CO
2
.
Estes dados apontaram que as dificuldades ocorridas no Exp. 1 a 3 foram
devidas à utilização de água destilada no cultivo celular, ao invés de água ultra-pura. Salienta-
se a necessidade de aporte constante de água ultra-pura para o cultivo de hibridoma,
principalmente para a estocagem de células sob N
2
líquido, devido à injúria celular por
congelamento. No contexto, pode-se comparar a viabilidade celular em nossa condição
(40%), em relação à viabilidade do mesmo hibridoma em Kagawa University (80%).
Confirmada a viabilidade, um lote de cultivo (H-SFM, 2 mM L-glutamina)
foi estocado em criotubos (6,86 x 10
6
células, -185º C), antes de prosseguir com a produção
de anticorpo (Figura 11, Exp. 5). No decorrer do experimento, frascos contaminados com
bactéria foram descartados. Justifica-se o fato, já que meios para o cultivo celular, inclusive o
meio H-SFM, não contêm antibiótico. Portanto adicionou-se 100 U/mL de penicilina e 100
µg/mL de estreptomicina ao meio H-SFM, sendo estes antibióticos comuns no cultivo de
células (HARLOW & LANE, 1988b).
O scale-up da produção de AcM IgG anti-AFB
1
foi conduzido em meio H-
SFM suplementado (2 mM L-glutamina, 100 U/mL penicilina e 100 µg/mL estreptomicina),
inoculado com 2,5 a 5,0 x 10
4
células/mL, sob cultivo estático por 15 dias sem substituição de
40
meio, até morte celular (Figura 13). O Scale-up resultou no total de 7700 mL do sobrenadante
de cultivo contendo 632,63 mg de proteína (82,18 µg/mL). Embora o cultivo de hibridoma em
meio sintético forneça baixa concentração de IgG (50 µg/mL) (HARLOW & LANE, 1988b),
o uso de L-glutamina, aliado à técnica de cultivo até morte celular permitiram aumento na
produção de proteína (82,18 µg/mL, Figura 11, Exp 5).
O anticorpo foi precipitado com sulfato de amônio (40 % de saturação), já
que consiste de técnica de concentração e purificação parcial simples e de baixo custo
(HARLOW & LANE, 1988c). Após diálise em água ultra-pura procedeu-se liofilização e
ressuspendeu-se em volume menor (aproximadamente 5 a 7 mL, 27 mg/mL), para
confeccionar a coluna de imunoafinidade anti-AFB
1
. A atividade de AcM específico para
AFB
1
, obtida por scale-up, foi confirmada pelo teste de capacidade de retenção de AFB
1
(5,0
mL de solução 10 ng/mL - Sigma, > 99 % pureza) em coluna de imunoafinidade (CIA)
confeccionada. O AcM reteve 25,27 ng de AFB
1
, sendo este eluído com 15 mL de metanol.
Em suma, o cultivo de hibridoma AF4 visando obter anti-AFB
1
mostrou-se
laborioso, com etapas e detalhes críticos durante cultivo, mas com possibilidade de produção
ilimitada de AcM específico destinado ao desenvolvimento de CIA, devendo-se prosseguir
com otimização técnica. O fato abre perspectiva positiva para reduzir importação de kits
imunoquímicos para análise de AFB
1
, destinados ao controle de qualidade de alimentos.
41
Tabela 1 – Reatividade cruzada de anticoporpo monoclonal produzido por hibridoma AF4
analisada por IC-ELISA (KAWAMURA et al., 1988).
Aflatoxina % reatividade cruzada
B
1
100,0
B
2
2,3
G
1
3,4
G
2
2,4
AFL I
a
14,1
AFL II
b
122,0
M
1
4,5
Q
1
10,8
P
1
>1,3
B
>1,3
a
AFL I, isômero natural [1S]-aflatoxicol
b
AFL II, isômero natural [1R]-aflatoxicol
O
O
O
O
O
OH
CH
3
AFLATOXICOL I
Figura 10 – Estrutura de aflatoxicol I,
isômero natural [1S]-aflatoxicol.
Aflatoxicol I
42
Tabela 2 – Viabilidade celular de hibridoma AF4 em diferentes condições de meio de cultivo
celular e tempo de manutenção a -185º C.
AD – água destilada
AP – água ultra-pura
n.d. – não determinado
Condições Contagem (cels viáveis/mL)
Meio de cultivo
Tempo a -185º C
(dias)
inicial final
viabilidade
celular (%)
RPMI (AD) + 10 % SFB 60 8,95 x 10
6
1,31 x 10
6
14,64
RPMI (AD) + 10 % SFB 62
9,8 x 10
6
9,68 x 10
5
9,88
RPMI (AD) + 10 % SFB 67 9,8 x 10
6
9,0 x 10
5
9,18
RPMI (AD) + 10 % SFB 73
9,8 x 10
6
1,68 x 10
6
17,14
RPMI (AD) + 10 % SFB 82 9,8 x 10
6
9,7 x 10
5
9,89
RPMI (AD) + 10 % SFB 89
8,95 x 10
6
n.d. n.d.
RPMI (AP) + 10 % SFB 100
n.d n.d.
40-50
H-SFM (AP) + 2 mM Gln 12
6,44 x 10
6
2,56 x 10
6
39,75
43
1 mês
DCTA
2 meses
Imuno - CCB
12 dias
Ex
p
. 1
75 % (RPMI + 10 % SFB + 2 mM Gln)
25 % (H-SFM + 2 mM Gln)
50 % (RPMI + 10 % SFB + 2 mM Gln)
50 % (H-SFM + 2 mM Gln)
25 % (RPMI + 10 % SFB + 2 mM Gln)
75 % (H-SFM + 2 mM Gln)
100 % H-SFM + 2 mM Gln
Ex
p
. 5
Exp. 3
Ex
p
. 4
Exp. 2
HIBRIDOMA AF4
Lab. Imunologia
CCB
AF4 estocada
Descongelamento - Recuperação
RPMI + 20 % SFB
Lab. DCTA - Adaptação
RPMI + 30 % SFB + 4 mM Gln
RPMI + 20 % SFB + 4 mM Gln
RPMI + 15 % SFB + 4 mM Gln
RPMI + 10 % SFB + 4 mM Gln
75 % (RPMI + 10 % SFB + 2 mM Gln)
25 % (H-SFM + 2 mM Gln)
50 % (RPMI + 10 % SFB + 2 mM Gln)
50 % (H-SFM + 2 mM Gln)
25 % (RPMI + 10 % SFB + 2 mM Gln)
75 % (H-SFM + 2 mM Gln)
100 % H-SFM + 2 mM Gln
Contaminação
bacteriana
Penicilina
Estreptomicina
Teste de viabilidade (-185º C)
Criotubo C: 6,44 x 10
6
cels
Descongelamento
Criotubo C – 4 mL
RPMI + 40 % SFB + 2 mM Gln
Viabilidade: 39,75 %
AF4 estocada
Criotubos D:
6
,
86 x 10
6
cels
Lab. DCTA
RPMI + 10 % SFB
Descarte
Criotubo B – 4 mL
RPMI + 40 % SFB + 4 mM Gln
Viabilidade: 17
,
14 %
Criotubo A – 10 mL
RPMI + 20 % SFB + 2 mM Gln
Viabilidade: 14
,
64 %
Criotubo B – 4,5 mL
RPMI + 20 % SFB + 2 mM Gln
Viabilidade: 9
,
88 %
Criotubo B – 4 mL
RPMI + 20 % SFB + 4 mM Gln
Viabilidade: 9
,
18 %
Criotubo B – 4 mL
RPMI + 40 % SFB + 4 mM Gln
Viabilidade: 14
,
64 %
Água ultra-pura
Morte Celula
r
Figura 11 – Recepção, reativação, adaptação, manutenção e cultivo de hibridoma AF4, com produção de anticorpo monoclonal (AcM) anti-AFB
1
. Experimento 1, 2, 3, 4 e 5
(Exp. 1, Exp. 2, Exp. 3, Exp. 4, Exp. 5 respectivamente). L-glutamina (Gln). Meio RPMI 1640 (RPMI) e Hybridoma SFM (H-SFM). Soro fetal bovino (SFB). Hibridoma AF4
(AF4). Lab. DCTA (Laboratório do Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos). Imuno-CCB (Laboratório de Imunologia do Centro de Ciências Biológicas).
Descongelamento
Criotubo A
Confirmação
Morte Celula
r
Expansão
AcM
Descarte
Água ultra-pura
Água destilada
7,7 L
(82,18 µg/mL)
Contaminação fúngica
Adaptação
RPMI + 20 % SFB
RPMI + 40 % SFB
RPMI + 20 % SFB + 2 mM Gln
RPMI + 10 % SFB + 2 mM Gln
(-185º C)
Criotubos A: 8,95 x 10
6
cels
Criotubos B: 9,80 x 10
6
cels
Cels viáveis
44
Figura 12 – Vista microscópica de células de hibridoma AF4 em
meio Hybridoma-SFM (aumento de 10 vezes). (A) Contagem inicial
(2,5 a 5,0 x 10
4
células/mL); (B) Saturação celular, após 3-4 dias de
cultivo (5 x 10
5
a 1 x 10
6
células/mL); (C) Morte celular, após 15
dias de cultivo sem substituição do meio.
(A)
(B)
(C)
45
Figura 13 – Viabilidade de hibridoma AF4 por microscopia utilizando
corante vital Azul de Trypan. (A) Célula viável caracteriza-se por
exclusão do corante (refringência), citoplasma homogêneo e membrana
íntegra com aspecto liso; (B) Célula morta cora-se com Azul de Trypan.
(A)
(B)
46
CAPÍTULO II
ANTICORPO MONOCLONAL ANTI-AFLATOXINA B
1
: SCALE-UP,
PURIFICAÇÃO-PARCIAL E DESENVOLVIMENTO DA COLUNA DE
IMUNOAFINIDADE
MATERIAL E MÉTODOS
Purificação parcial de anticorpo monoclonal IgG anti-AFB
1
A purificação parcial de anticorpo monoclonal (AcM) anti-AFB
1
foi
realizada pela precipitação de proteínas com sulfato de amônio (40 % de saturação) (item
4.2.6.1).
Desenvolvimento da coluna de imunoafinidade (CIA) para detecção de AFB
1
empregando AcM anti-AFB
1
A coluna de imunoafinidade para análise de AFB
1
foi desenvolvida com
suporte ativado de imunoafinidade (Activated Immunoaffinity Supports) Affi-Gel 10 (Bio-
Rad) e anticorpo monoclonal produzido e parcialmente purificado em nosso laboratório,
seguindo as instruções do fabricante de Affi-Gel 10 (item 4.3.1).
Manutenção de CIA Affi-Gel 10
A coluna foi mantida a 4º C em PBS (tampão fosfato de sódio) contendo
0,02 % de azida sódica (NaN
3
) (item 4.3.2).
Avaliação da eficiência de acoplamento de anticorpos à CIA Affi-Gel 10
A eficiência de acoplamento de anticorpos monoclonais ao suporte Affi-Gel
10 foi determinada por quantificação de anticorpos eluídos na etapa de lavagem da coluna por
absorção a 280 nm após o período de imobilização entre ligante e gel (suporte) (item 4.3.3).
Determinação da capacidade de retenção de AFB
1
em CIA Affi-Gel 10
A capacidade de CIA desenvolvida em reter AFB
1
foi determinada por
comparação entre concentração de AFB
1
adicionada e eluída da coluna (item 4.3.4).
47
Teste de recuperação de AFB
1
em CIA Affi-Gel 10
A coluna de imunoafinidade confeccionada com o suporte Affi-Gel 10 foi
avaliada quanto à eficiência na limpeza e determinação de AFB
1
em milho (item 4.4).
Cinqüenta gramas de milho (48 mesh) foram artificialmente contaminados
com solução padrão de AFB
1
(Sigma) (10 ng/mL em metanol) para as concentrações de 5, 15
e 30 ng AFB
1
/g alimento. As amostras foram mantidas em repouso por 24 horas a 25º C,
submetidas à extração e limpeza em CIA Affi-Gel 10 para posterior quantificação por
espectrofluorimetria (itens 4.4.1, 4.4.2, 4.4.3 e 4.4.4).
Regeneração de CIA Affi-Gel 10
Após o uso, a CIA Affi-Gel 10 foi regenerada conforme Nakajima et al.
(1990) e avaliada quanto à reutilização (item 4.4.5).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Scale-up e purificação parcial de anticorpo monoclonal
O scale-up da produção de AcM IgG anti-AFB
1
foi conduzido com
hibridoma AF4 em meio Hybridoma-SFM suplementado (2 mM L-glutamina, 100 U/mL
penicilina e 100 µg/mL estreptomicina), inoculado com 2,5 a 5,0 x 10
4
células/mL, sob
cultivo estático por 15 dias, sem substituição de meio, i.e. até morte celular. O processo
resultou no total de 7700 mL de sobrenadante com 632,63 mg de proteína (82,18 µg/mL)
(Tabela 3). O fato mostrou que embora o cultivo de hibridoma em meio sintético forneça
baixa concentração de IgG, em torno de 50,00 µg/mL (HARLOW & LANE, 1988b), o uso de
L-glutamina aliado ao cultivo até morte celular justificou o aumento de teor protéico para
82,18 µg/mL.
O AcM foi precipitado com sulfato de amônio (40 % de saturação), já que
constitui técnica de concentração e purificação parcial simples e de baixo custo (HARLOW &
48
LANE, 1988c). A Figura 14 esquematiza o fluxograma dos processos de purificação testados.
O AcM do sobrenadante de cultivo 1 e 2 (Figura 14) foi precipitado com sulfato de amônio,
dialisado em PBS e, após leitura a 280 nm, acondicionado em tubos e armazenado a -20º C. O
congelamento de anticorpo monoclonal dialisado em PBS após precipitação com sulfato de
amônio (45 % de saturação) até o uso também tem sido seguido por Pfeiffer et al. (1987). A
leitura a 280 nm constitui método rápido de quantificação protéica em solução sem destruição
do analito, sendo que a absorção ocorre devido à presença de tirosina e triptofano (NELSON
& COX, 2000; HARLOW & LANE, 1988e). Após 4 meses, as soluções foram descongeladas,
dialisadas em água ultra-pura para eliminar sais e lidas a 280 nm. Houve aumento no teor
protéico no fator de 1,6 a 1,8 (Tabela 3), indicando que o processo de congelamento e
descongelamento causou desnaturação e agregação de anticorpo, com possível perda de
atividade por efeito estérico no sítio de ligação Ag-Ac, ou pela formação de material
insolúvel. Este pode ser removido por filtração ou centrifugação (HARLOW & LANE,
1988c), mas ambos os fatos provavelmente contribuíram para expor maior número de
resíduos de tirosina e triptofano, aumentando a leitura de absorvância. A solução foi
congelada (-20º C) e liofilizada (-50º C) para aumentar a concentração de Ac destinado ao
desenvolvimento de CIA (25 a 30 mg/mL de gel), e armazenada a -20º C (Ac utilizado na
confecção de CIA 7, 8 e 9). Os sobrenadantes de cultivo 3 e 4 (Figura 14) submetidos ao
mesmo processo de purificação parcial dos sobrenadantes 1 e 2 (até a primeira diálise em
PBS) foram quantificados a 280 nm, aliquotados e armazenados a -20º C.
Tendo em vista a desnaturação de AcM, eliminou-se a etapa de
congelamento, submetendo o sobrenadante de cultivo diretamente às diálises (sobrenadante 5
e 6). O sobrenadante de cultivo 5 (Figura 14) foi precipitado com sulfato de amônio (40 % de
saturação), dialisado em PBS e em água ultra-pura, obtendo 101,97 mg de proteína (280 nm).
Após aliquotar o AcM semi-puro, procedeu-se o congelamento (-20º C), liofilização (-50º C)
e armazenamento a -20º C, até a confecção de CIA 2 a 6.
Com a finalidade de reduzir o custo de scale-up, no experimento seguinte
inseriu-se a etapa de concentração por ultrafiltração para reduzir a quantidade de sulfato de
amônio adicionado (KONDO et al., 2000). A ultrafiltração de sobrenadante 6 (2,9 L) (Figura
14) reduziu o volume para 440 mL e aumentou a concentração de proteína no fator de 5,79,
para prosseguir com etapa de purificação com sulfato de amônio. Após diálise em PBS e água
49
ultra-pura, os anticorpos foram quantificados a 280 nm, congelados (-20º C), liofilizados (-50º
C) e armazenados a -20º C até a confecção de CIA 1.
A Tabela 4 compara os processos de purificação de AcM dos sobrenadantes
5 e 6. Os resultados indicaram que a ultrafiltração (sobrenadante 6) reduziu a recuperação de
Acs para 74,20 % no final da purificação, em comparação ao método sem-ultrafiltração
(sobrenadante 5, 80,40 % de recuperação). A vantagem consistiu na economia de sulfato de
amônio, reduzindo o reagente de 704,7 para 106,92 g (redução de 84,83 %).
A etapa sobre purificação de anticorpo atingiu sucesso parcial, devido à
persistência de problemas relacionados ao congelamento e descongelamento, desnaturando
AcM produzido, devendo-se adotar cuidados para melhorar a eficiência de AcM, sem
prejudicar a purificação. A desvantagem da precipitação com sulfato de amônio consistiu na
precipitação de outras proteínas de alta massa molecular, além de AcM alvo (HARLOW &
LANE, 1988c). Uma solução seria inclusão da etapa de precipitação empregando menor
concentração de sulfato de amônio (< 40 % saturação), para remover agregados protéicos
indesejáveis, antes de prosseguir com a coleta de AcM desejado. Considerando a
sensibilidade deste AcM ao congelamento e descongelamento, o AcM em uso deveria ser
armazenado a 4º C, evitando-se ao máximo mudanças bruscas (ambiente climatizado,
transporte, constância na condição de manutenção). Harlow e Lane (1988c) garantiram a
estabilidade de 6 meses para AcM mantido sem congelamento, assim como recomendaram
armazenamento de AcM purificado em alta concentração ( 1 mg/mL) e pH neutro,
concentrado sob ultrafiltração.
Desenvolvimento da coluna de imunoafinidade anti-AFB
1
empregando Affi-Gel 10
O AcM purificado e liofilizado foi utilizado para o desenvolvimento de 9
colunas de imunoafinidade, denominadas de CIA 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9. A Figura 15
esquematiza o fluxograma referente a ensaios experimentais envolvendo CIA desenvolvida
com AcM anti-AFB
1
(CIA Affi-Gel 10) e respectivos testes da capacidade de retenção e
recuperação de AFB
1
(CIA 1 a 9).
50
A CIA 1 (Figura 16), desenvolvida com AcM liofilizado obtido de
sobrenadante 6 (139,74 mg/5,0 mL), utilizou tampão bicarbonato de sódio como tampão de
ligação e 3 mL de suporte gel ativado (Affi-Gel 10). A quantidade de AcM acoplado ao gel
não foi determinada. O gel acoplado com IgG foi acondicionado em seringa de 5 mL e
mantido a 4º C com 0,02 % de azida sódica. Para testar a capacidade de retenção de AFB
1
,
introduziu-se 5 mL de AFB
1
(10 ng/mL, Sigma) para saturar os sítios de ligação micotoxina-
AcM anti-AFB
1
e a AFB
1
foi eluída em 3 frações seqüenciais de 1 mL de metanol
(quantificação por espectrofluorimetria, 350-440 nm de excitação e emissão,
respectivamente). A Tabela 5 apresenta a AFB
1
retida em CIA; todas as frações eluídas com
metanol continham AFB
1
, sendo que a fração 3 reteve maior quantidade (30,59 ng). Fixando o
total de AFB
1
introduzida na CIA 1 em 50 ng, a coluna desenvolvida apresentou capacidade
de retenção de 42,20 ng (soma de AFB
1
das 3 frações eluídas). A espectrofluorimetria de
solução pós-coluna de AFB
1
em metanol água, i.e. solução anterior à eluição com metanol,
detectou 8,05 ng de AFB
1
, indicando saturação da coluna. Assim sendo, esta coluna seria
indicada para uso em concentração de AFB
1
< 42 ng, devendo eluir a toxina com 3,0 mL de
metanol. A coluna Aflatest-P (VICAM) emprega 1 mL de metanol para eluir até 150 ng/g de
aflatoxina, indicando diferença qualitativa e quantitativa no Ac acoplado à coluna.
Considerando a capacidade de retenção de AFB
1
(42,20 ng) e a quantidade
de gel utilizado em ensaios no Japão (0,2 a 0,3 mL de gel) (KAWAMURA, informação
pessoal, Kagawa University) confeccionou-se as CIAs subseqüentes, reduzindo a quantidade
de gel acoplado com AcM para 0,5 mL (Figura 17).
As CIAs 2, 3, 4, 5 e 6 foram desenvolvidas misturando AcM liofilizado
obtido de sobrenadante 6 (47,77 mg) e 5 (101,97 mg), utilizando tampão de ligação
bicarbonato de sódio (5,5 mL) e o gel acoplado (3 mL) mantido a 4º C com 0,02 % de azida
sódica. A solução de AcM foi quantificada a 280 nm quanto ao teor de proteína (IgG) pré e
pós-acoplamento com o suporte Affi-Gel 10 (Tabela 6), para determinar a quantidade de AcM
acoplado. A quantidade inicial de proteína (pré-liofilização, 149,74 mg) diferenciou da
quantidade pós-liofilização ressuspendida em tampão de ligação (125,03 mg), na fase anterior
ao acoplamento com Affi-Gel 10. A diferença pode ser devido à perda de material durante a
liofilização. Por outro lado, a diálise com água ultra-pura removeu os sais e diminuiu danos à
molécula protéica, impedindo desnaturação, se comparado ao efeito observado na Tabela 3.
Salienta-se também que este concentrado protéico sofreu apenas uma etapa de congelamento,
51
evitando provável dano seqüencial, como ocorrido com o processo conduzido com
sobrenadante 1 e 2 (Figura 14). Após acoplamento, o AcM não acoplado foi separado do gel
(centrifugação) e a quantidade de proteína no sobrenadante determinada a 280 nm (Tabela 6).
O gel foi lavado com PBS para remover o AcM não-ligado, sendo o teor de proteína na
solução de lavagem também quantificado a 280 nm (Tabela 6). Os resultados mostraram-se
incoerentes, já que a quantidade de proteína na solução pré-acoplamento (pós-liofilização)
apresentou-se inferior (125,03 mg) ao valor pós-acoplamento somado à quantidade na solução
de lavagem (189,53 mg), indicando interferência de Affi-Gel residual na absorção a 280 nm.
Esta interferência do gel não foi eliminada mesmo com a centrifugação (2400 x g, 5 min),
com redução mínima no teor de proteína pós-acoplamento e solução de lavagem (145,29 mg),
impedindo o cálculo da quantidade de AcM acoplado ao suporte Affi-Gel (Tabela 6).
A CIA 2 foi confeccionada em seringa de 1 mL, introduzindo 0,5 mL de
suporte Affi-Gel 10 acoplado com AcM, e analisou-se a capacidade de retenção de AFB
1
.
Cinco mL de solução de AFB
1
(10 ng/mL, Sigma, > 99 % pureza) foram introduzidos na CIA
2 e a toxina eluída seqüencialmente com 5 mL e 10 mL de metanol (KAWAMURA,
informação pessoal, Kagawa University), e quantificada por espectrofluorimetria testando
diferentes comprimentos de excitação e emissão (Figura 18, Tabela 7). A Tabela 7 mostra a
variação da capacidade de retenção de AFB
1
(18,87 a 25,32 ng), dependente do comprimento
de onda. Esta variação ocorreu devido à diferença no espectro da fluorescência de AFB
1
com
a mudança do comprimento de onda de excitação e emissão (Figura 18). A escolha de 360 nm
para excitação e 420 nm para emissão baseou-se na maior leitura obtida durante análise de
mesma solução, aliada a sensibilidade e estabilidade entre leituras consecutivas (Figura 18).
Tarín et al. (2004) também utilizaram 360 nm para excitação e 420 nm para emissão para
análise de aflatoxina em detector de fluorescência acoplado a CLAE. Assim, a capacidade de
retenção de AFB
1
pela CIA 2 foi definida em 25,32 ng.
Um teste em paralelo foi realizado com a curva padrão de AFB
1
para
analisar a estabilidade da fluorescência de AFB
1
durante 57 min, utilizando 360 e 420 nm
como comprimento de excitação e emissão, respectivamente (Figura 19). O gráfico mostra
que não houve variação considerável na fluorescência detectada no decorrer de 57 min,
mantendo o coeficiente de determinação (R
2
) quase inalterado (0,9980 a 0,9997). Isto
significa que os dados estão bem ajustados à equação da reta.
52
As CIAs 3, 4, 5 e 6 foram confeccionadas em seringa de 1 mL (0,5 mL de
suporte Affi-Gel acoplado com AcM) para realizar teste de recuperação de AFB
1
em milho
em 3 níveis de contaminação artificial: 5, 15 e 30 ng/g. A AFB
1
foi eluída da CIA com 2
frações de 10 mL de metanol e quantificada por espectrofluorimetria e CCD. A Tabela 8
mostra que a CIA desenvolvida não foi eficiente na limpeza de amostra, obtendo-se elevada
fluorescência com AFB
1
recuperada atingindo 1146,20 %, indicando interferência direta de
matriz alimentar. A corrida por CCD também mostrou inúmeras bandas interferentes,
impedindo a análise de AFB
1
. Os compostos interferentes podem ser oriundos de extração
prolongada (30 min), ausentes numa extração rápida (1 min) (VICAM, Manual de Instruções
de Aflatest).
As CIAs 7, 8 e 9 originaram de sobrenadante 1 (74,05 mg de AcM
liofilizado) adicionado de 3 mL de suporte Affi-Gel 10, mudando tampão de ligação para
HEPES pH 8,0 (7,5 mL, Sigma Chemical Co., H-3375, St. Louis, MO). O gel acoplado foi
mantido a 4º C até o preparo de CIA 7, 8 e 9 (0,5 mL de gel em seringa de 1 mL), sendo as
etapas de acoplamento monitoradas quanto ao teor protéico por Método de Lowry (LOWRY,
1951). A Tabela 6 mostra incoerência nos dados obtidos, já que a quantidade de proteína
determinada (661,88 mg) foi muito superior à quantidade existente (74,05 mg), descartando o
Método de Lowry para esta finalidade. Uma nova tentativa de quantificar os AcMs acoplados
foi realizada acidificando o pH da solução de Acs, já que a presença dos resíduos de N-
hidroxisuccinamida (componente do suporte Affi-Gel 10) interfere na detecção de proteína,
devido à absorção a 280 nm em pH neutro ou básico (BIO-RAD, 2000). Mesmo assim, os
resultados obtidos não foram satisfatórios (Tabela 6), pois se eliminou a interferência de N-
hidroxisuccinamida na leitura a 280 nm, mas não os Acs interferentes (presentes no SFB) e
desnaturados, que aumentaram a leitura protéica. Uma alternativa para obter a quantidade de
AcM acoplado ao gel seria utilizar a metodologia de Bradford para determinação de proteínas
(BRADFORD, 1976).
A CIA 7 foi preparada para teste de recuperação de AFB
1
em milho
contaminado artificialmente com 30 ng/g de padrão de AFB
1
. A aflatoxina foi eluída com 2
frações de 7,5 mL de metanol e quantificada por espectrofluorimetria (360-420 nm). A Tabela
9 indicou que a CIA desenvolvida não foi eficiente na limpeza de interferentes naturais da
matriz alimentar, i.e. capturou componentes fluorescentes, aumentando a fluorescência e,
conseqüentemente, a recuperação de AFB
1
para mais de 100 %. A extração de AFB
1
com
53
tempo reduzido (1 min) não diminuiu a interferência de compostos fluorescentes presentes na
amostra. Isto pode ser decorrente de ligações inespecíficas de componentes de matriz
alimentar com sítios ativos da CIA não acoplados com AcM. O fabricante de suporte Affi-Gel
10 recomenda bloquear os ésteres ativos restantes com glicina-etil-éster 1M, pH 8,0, para
minimizar a interferência, procedendo ao capeamento de CIA (BIO-RAD, 2000).
As CIAs 8 e 9 foram utilizadas para teste de capeamento de CIA
desenvolvida, empregando glicina-etil-éster 1M, pH 8,0 (BIO-RAD, 2000) e leite desnatado
5% (p/v) em PBS, recomendado como solução bloqueadora em ensaios imunoenzimáticos
(HARLOW & LANE, 1988d). A reação de capeamento com glicina-etil-éster foi conduzida
por 1 hora a 25º C, enquanto a reação com leite desnatado foi incubada por 4 horas a 25º C.
Em seguida, as CIAs foram lavadas com água ultra-pura para retirar o reagente não-ligante à
CIA e imediatamente acondicionadas em PBS. O teste de recuperação de AFB
1
foi realizado
com milho contaminado artificialmente com 5 ng/g, e a toxina eluída com 2 frações de 7,5
mL de metanol e quantificada por espectrofluorimetria (360-420 nm). Durante a eluição de
aflatoxina da CIA, percebeu-se que parte do reagente não ligado à CIA, não foi retirado
completamente com a lavagem de água ultra-pura, pois apareceu como fase contaminante na
primeira fração eluída, i.e. fase esbranquiçada acima do metanol. Isto ocorreu devido ao não
acondicionamento da coluna com o solvente de eluição (metanol) previamente ao uso, como
recomendado pelo manual do fabricante. Na análise espectrofluorimétrica da amostra, a
fluorescência detectada sofreu interferência tanto dos resíduos de reagente quanto de
compostos presentes no milho, sugerindo alta porcentagem de recuperação (658,60 a 1012,40
%) (Tabela 10). O fato indicou que a reação de capeamento não foi eficaz para permitir
limpeza completa de amostra e detecção de AFB
1
. Outro fator importante a ser considerado é
o emprego de AcM anti-AFB
1
bastante debilitado pelo processo de purificação e concentração
envolvendo etapas de congelamento e descongelamento.
Em suma, embora a CIA Affi-Gel 10 confeccionada tenha apresentado
ineficiência na limpeza de amostra e recuperação de AFB
1
, o AcM anti-AFB
1
produzido
mostrou-se ativo no teste de capacidade de retenção desta micotoxina, devendo-se prosseguir
com estudo inserindo novas condições de capeamento de coluna e ensaios de padronização.
Assim, a disponibilidade de AcM específico, limpeza de extrato alimentar em única etapa
cromatográfica, uso reduzido de solventes tóxicos e possibilidade de reutilização, justificam o
54
desenvolvimento de CIA, visando minimizar o custo referente à aquisição e aplicação no
controle de qualidade.
55
Figura 14 – Purificação parcial de anticorpo monoclonal (AcM) anti-AFB
1
por precipitação com (NH
4
)
2
SO
4
(40 % saturação) visando desenvolvimento de coluna de
imunoafinidade (CIA). Meio RPMI 1640 (RPMI) e Hybridoma-SFM (H-SFM). Tampão fosfato de sódio (PBS). Soro fetal bovino (SFB).
Congela (-20º C) – Descongela
Diálise água ultra-pura
Absorção 280 n
m
122,04 mg proteína
45,0 mL
2,71 mg/mL
Congelamento (-20º C)
Liofilização (-50º C)
Armazenamento (-20º C)
89,19 mg proteína
32,0 mL
2,79 mg/mL
Precipitação (NH
4
)
2
SO
4
40 % saturação
Diálise PBS
Absorção 280 nm
74,05 mg proteína
37,5 mL
1,97 mg/mL
49,66 mg proteína
24,5 mL
2,03 mg/mL
101,97 mg proteína
37,0 mL
2,76 mg/mL
187,51 mg proteína
72,0 mL
2,60 mg/mL
Concentração por
ultrafiltração
440 mL
Precipitação (NH
4
)
2
SO
4
40 % saturação
Diálise PBS
Diálise água ultra-pura
Absor
ç
ão 280 n
m
Congelamento (-20º C)
Liofilização (-50º C)
Armazenamento (-20º C)
CIA 7 a 9
(0,5 mL)
Precipitação (NH
4
)
2
SO
4
40 % saturação
Diálise PBS
Absorção 280 nm
Armazenamento (-20º C)
113,24 mg proteína
42,0 mL
2,70 mg/mL
106,20 mg proteína
40,0 mL
2,66 mg/mL
CIA 2 a 6
( 0,5 mL)
CIA 1
(3 mL)
Produção de AcM
(Hibridoma AF4)
Padronização, otimização
Sobrenadante 1 (4º C)
(RPMI + SFB)
1075 mL
Sobrenadante 2 (4º C)
(H-SFM)
630 mL
Sobrenadante 3 (4º C)
(RPMI + SFB)
1000 mL
Sobrenadante 4 (4º C)
(RPMI + SFB)
1000 mL
Sobrenadante 5 (4º C)
(H-SFM)
1095 mL
Sobrenadante 6 (4º C)
(H-SFM)
2900 mL
56
Figura 15 – Desenvolvimento de coluna de imunoafinidade (CIA) utilizando anticorpo monoclonal (AcM) anti-AFB
1
e suporte Affi-Gel 10, e testes de capacidade de retenção e
recuperação de AFB
1
em CIA desenvolvida.
CIA 7 (0,5 mL)
Teste Recuperação
AFB
1
Milho + 30 ng AFB
1
/g
Espectrofluorimetria
CIA 8 e 9 (0,5 mL)
Capeamento
Milho + 5 ng
AFB
1
/g
Teste Recuperação
AFB
1
Eluição CH
3
OH
2 frações de 7,5 mL
Eluição CH
3
OH
2 frações de 7,5 mL
AcM liofilizado (-20º C)
74,05 mg/7,5 mL
Tampão HEPES
Armazenamento (4º C)
0,02 % NaN
3
Affi-Gel 10 (3 mL)
acoplado com AcM
Método de
Lowry
AcM acoplado
Absorção a
280 nm
Espectrofluorimetria
Leite
desnatado
Glicina-etil
éster
Precipitação (NH
4
)
2
SO
4
Diálise e liofiliza
ç
ão
AcM liofilizado (-20º C)
149,74 mg/5,5 mL
Tampão NaHCO
3
Affi-Gel 10 (3 mL)
acoplado com AcM
Absorção a
280 nm
AcM acoplado
Armazenamento (4º C)
0,02 % NaN
3
Espectrofluorimetria
CIA 2 (0,5 mL)
Teste Capacidade
Retenção de AFB
1
Padrão AFB
1
10 ng/mL – 5 mL
Eluição CH
3
OH
Fração 1: 5 mL
Fração 2: 10 mL
CIA 3 a 6 (0,5 mL)
Teste Recuperação
AFB
1
Milho
5, 15 e 30 ng AFB
1
/g
Eluição CH
3
OH
2 frações de 10 mL
AcM liofilizado (-20º C)
139,74 mg/5,0 mL
Tampão NaHCO
3
CIA 1 (3 mL)
AcM acoplado
n.d.
Armazenamento (4º C)
0,02 % NaN
3
Teste Capacidade
Retenção de AFB
1
Padrão AFB
1
10 ng/mL – 5 mL
Eluição CH
3
OH
3 frações de 1 mL
Espectrofluorimetria
Capacidade de CIA
Precipitação (NH
4
)
2
SO
4
Congela/descongela
Diálise e liofilização
Determinação
Capacidade de CIA
Escolha melhor
λ
excitação e emissão
Espectrofluorimetria CCD
AcM anti-AFB
1
(
Hibridoma AF4
)
Precipitação (NH
4
)
2
SO
4
Diálise e liofilização
57
Tabela 3 – Proteína (IgG) produzida por hibridoma AF4 em diferentes meios de cultivo, quantificada por absorção a 280 nm.
Pós-diálise em PBS Pós-diálise em água ultra-pura
Sobrenadante Meio cultivo Volume [ ] Proteína Proteína
a
Volume [ ] Proteína Proteína
b
Fator Proteína considerada
(mL) (mg/mL) (mg) (mL) (mg/mL) (mg) (b/a) (mg)
1 RPMI + SFB 37,5 1,97 74,05 15,0 2,71 122,04 1,65 74,05
2 H-SFM 24,5 2,03 49,66 16,0 2,79 89,19 1,80 49,66
3 RPMI + SFB 42,0 2,70 113,24 n.d. n.d. n.d. --- 113,24
4 RPMI + SFB 40,0 2,66 106,20 n.d. n.d. n.d. --- 106,20
5 H-SFM n.d. n.d. n.d. 37,0 2,76 101,98 --- 101,98
6 (UF) H-SFM n.d. n.d. n.d. 72,0 2,60 187,50 --- 187,50
Total
632,63
UF – Ultrafiltração
RPMI – meio RPMI 1640
H-SFM – meio Hybridoma-SFM
SFB – soro fetal bovino
PBS – tampão fosfato de sódio
n.d. – não determinado
Tabela 4 – Comparação entre os processos de semi-purificação de anticorpo monoclonal dos sobrenadantes 5 e 6.
Sobrenadante 5 Sobrenadante 6
Tratamento Volume Proteína Proteína Recuperação (NH
4
)
2
SO
4
Volume Proteína Proteína Recuperação (NH
4
)
2
SO
4
(mL) [ ] mg/mL Total (mg) (%) (g) (mL) [ ] mg/mL Total (mg) (%) (g)
Pré-Ultrafiltração
1095 0,116 127,02 100,00 266,09 2900 0,087 252,30 100,00 704,70
Pós-Ultrafiltração
n.d. n.d. n.d. n.d. --- 440 0,504 221,76 87,90 106,92
Pós-(NH
4
)
2
SO
4
37 2,76 102,12 80,40 --- 72 2,600 187,20 74,20
---
n.d. – não determinado
58
Tabela 5 – Teste preliminar de capacidade de retenção de AFB
1
pela coluna de imunoafinidade desenvolvida com
anticorpo monoclonal anti-AFB
1
e suporte Affi-Gel 10 (CIA Affi-Gel 10), com quantificação de AFB
1
por
espectrofluorimetria (350-440 nm).
AFB
1
AFB
1
Fração* (ng/mL) (ng)
1
1,21 2,43
2
4,59 9,18
3
15,29 30,59
RP
4,02 8,05
Total
50,25
*Fração de metanol contendo AFB
1
eluída da CIA Affi-Gel 10: 1, 2 e 3 (1mL)
RP – Quantidade restante de padrão introduzida em CIA
Tabela 6 – Determinação de proteína (IgG) acoplada à coluna de imunoafinidade desenvolvida com anticorpo
monoclonal anti-AFB
1
e suporte Affi-Gel 10 (CIA Affi-Gel 10).
Proteína (mg)
Método pré-liofilização pós-liofilização s-acoplamento solução lavagem acoplada
(mg) (mg) (mg) (mg) (mg)
A 280 nm
149,74 125,03 139,23 50,30 n.d.
A 280 nm (2400 x g)
149,74 125,03 98,94 46,35 n.d.
Método de Lowry
74,05 661,88 n.d. n.d. n.d.
A 280 nm (acidificado)
74,05 417,23 262,13 n.d. n.d.
A 280 – Absorção a 280 nm
A 280 (2400 x g) – Absorção a 280 nm após centrifugação a 2400 x g
A 280 (acidificado) – Absorção a 280 nm após acidificação do pH para 5,5
n.d. – não determinado
59
Tabela 7 – Capacidade de retenção de AFB
1
pela coluna de imunoafinidade desenvolvida com
anticorpo monoclonal anti-AFB
1
e suporte Affi-Gel 10 (CIA Affi-Gel 10), considerando
diferentes comprimentos de onda de excitação e emissão na análise espectrofluorimétrica.
AFB
1
(ng)
CIA
Affi-Gel 10
350-440
(nm)
350-450
(nm)
360-420
(nm)
365-425
(nm)
365-435
(nm)
365-440
(nm)
F1
15,94 15,31 18,98 17,27 14,54 14,53
F2
5,13 5,48 6,34 6,35 4,48 4,34
Capacidade
21,07 20,79 25,32 23,62 19,02 18,87
F1 – primeira fração de metanol eluída da CIA Affi-Gel 10
F2 – segunda fração de metanol eluída da CIA Affi-Gel 10
Tabela 8 – Teste preliminar de recuperação de AFB
1
em milho utilizando 3 níveis de
contaminação artificial (5, 15 e 30 ng/g), com extração em tempo prolongado (30 min),
limpeza de amostra em coluna de imunoafinidade confeccionada com suporte Affi-Gel 10 e
anticorpo monoclonal anti-AFB
1
, e quantificação por espectrofluorimetria (360-420 nm).
AFB
1
adicionada Fração* AFB
1
recuperada Recuperação (%)
(ng/g) (ng/g) (soma frações)
5 1 44,26 1146,2
5 2 13,05
15 1 31,15 291,67
15 2 12,6
30 1 27,14 136,23
30 2 13,73
*Fração de metanol contendo AFB1 eluída da coluna: 10 mL cada
60
Tabela 9 – Teste de recuperação de AFB
1
em milho contaminado artificialmente com 30 ng/g,
com extração em tempo reduzido (1 min), limpeza de amostra em CIA confeccionada com
suporte Affi-Gel 10 e anticorpo monoclonal anti-AFB
1
, e quantificação por
espectrofluorimetria (360-420 nm).
AFB
1
adicionada Fração* AFB
1
recuperada Recuperação (%)
(ng/g) (ng/g) (soma frações)
30 1 41,06 188,67
30 2 15,54
*Fração de metanol contendo AFB
1
eluída da coluna: 7,5 mL cada
Tabela 10 – Teste de recuperação de AFB
1
em milho contaminado artificialmente com 5 ng/g,
com limpeza de amostra em coluna de imunoafinidade confeccionada com suporte Affi-Gel
10 e anticorpo monoclonal anti-AFB
1
, capeada com glicina-etil-éster ou leite desnatado, e
quantificação por espectrofluorimetria (360-420 nm).
AFB
1
adicionada Fração
a
Agente de capeamento
b
AFB
1
recuperada Recuperação (%)
(ng/g) (ng/g) (soma frações)
5 1 glicina-etil-éster 30,68 1012,4
5 2 19,94
5 1 leite desnatado 26,17 658,6
5 2 6,76
a
Fração de metanol contendo AFB
1
eluída da coluna: 7,5 mL cada
b
Reagente utilizado no capeamento de CIA Affi-Gel 10: glicina-etil-éster 1,0 M, pH 8,0; leite desnatado 5 %
61
Figura 16 – CIA 1 anti-AFB
1
confeccionada com 3 mL de Affi-Gel 10.
Figura 17 – CIA anti-AFB
1
confeccionada com 0,5 mL de Affi-Gel 10.
62
R
2
= 0,9980
R
2
= 0,9997
R
2
= 0,9997
R
2
= 0,9995
R
2
= 0,9988
R
2
= 0,9996
-0,5
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
0 5 10 15 20 25 30
AFB
1
(ng/mL)
Fluorescência
350-440 nm
350-450 nm
360-420 nm
365-425 nm
365-435 nm
365-440 nm
Figura 18 – Comportamento da fluorescência de AFB
1
com a variação de comprimento de onda de excitação e emissão.
63
R
2
= 0,9973
R
2
= 0,9991
R
2
= 0,9983
R
2
= 0,9944
R
2
= 0,9971
R
2
= 0,9974
R
2
= 0,9972
R
2
= 0,9990
-0,5
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
0 5 10 15 20 25 30
AFB
1
(ng/mL)
Fluorescência
Tempo 0
1,5 min
3 min
8 min
11 min
15 min
36 min
57 min
Figura 19 – Variação da fluorescência de AFB
1
em função do tempo, utilizando 360 e 420 nm como comprimento de onda de excitação e emissão,
respectivamente.
64
CAPÍTULO III
COLUNA DE IMUNOAFINIDADE PARA ESPECTROFLUORIMETRIA:
DETECÇÃO DE AFB
1
EM MILHO
PELA CIA COMERCIAL VERSUS CIA AFFI-
GEL 10-AcM ANTI-AFB
1
DESENVOLVIDA
MATERIAL E MÉTODOS
Teste de recuperação de AFB
1
em CIA Affi-Gel 10 e CIA Aflatest-P
A coluna de imunoafinidade (CIA) confeccionada com o suporte Affi-Gel
10 (CIA Affi-Gel 10) foi avaliada quanto à eficiência na limpeza e determinação de AFB
1
em
milho, em comparação à CIA comercial Aflatest-P (VICAM) (item 4.4).
Cinqüenta gramas de milho (48 mesh) foram artificialmente contaminados
com solução padrão de AFB
1
(Sigma) (10 ng/mL em metanol) para as concentrações de 5, 15
e 30 ng AFB
1
/g alimento. As amostras foram mantidas em repouso por 24 horas a 25º C,
extraídas e submetidas à limpeza em CIA Affi-Gel 10 e CIA Aflatest-P para posterior
quantificação por espectrofluorimetria (itens 4.4.1, 4.4.2, 4.4.3 e 4.4.4).
Regeneração de CIA Affi-Gel 10
Após o uso, a CIA Affi-Gel 10 foi regenerada conforme Nakajima et al.
(1990) e avaliada quanto à reutilização (item 4.4.5).
Comparação entre espectrofluorimetria e CCD para análise de AFB
1
A contaminação de milho procedeu-se conforme item 4.4.1. As amostras
foram mantidas em repouso por 24 horas a 25º C, submetidas à extração e limpeza em CIA
comercial Aflatest-P para posterior quantificação por cromatografia em camada delgada
(CCD) e espectrofluorimetria (itens 4.5.2, 4.5.3, 4.5.4 e 4.5.5).
65
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O desempenho de CIA Affi-Gel 10 (Figura 20) foi comparado à CIA
comercial Aflatest-P (Figura 21) quanto à eficiência no processo de limpeza e recuperação de
AFB
1
em milho. A escolha de matriz alimentar milho baseou-se na persistente ocorrência de
aflatoxina em milho em regiões do Brasil, como Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul,
Goiás, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraíba (BALDISSERA et al., 1992; SOARES &
FURLANI, 1992; POZZI et al., 1995; CARDOSO & BRAGA, 1997; BADIALE-FURLONG
et al., 1998; MENEGAZZO, 1998; ONO et al., 1998b; PICH et al., 1998; CORREA et al.,
2000; RIBEIRO et al., 2000 apud SALAY & MERCADANTE, 2002, p.89).
A Figura 22 esquematiza o teste preliminar de recuperação de AFB
1
em
milho utilizando 3 níveis de contaminação artificial (5, 15 e 30 ng/g), com limpeza de amostra
em CIA Aflatest-P e CIA Affi-Gel 10, e análise por CCD e espectrofluorimetria. A pureza do
padrão de AFB
1
, i.e. banda única com fluorescência azul, foi confirmada em CCD. O extrato
bruto de milho, seco e resssuspendido em clorofórmio para análise em CCD formou grumos
insolúveis, provavelmente devido à alteração na polaridade do solvente ao longo de 30 min,
resultando em compostos interferentes adicionais menos polares. A partição deste extrato
bruto com hexano (3 vezes) removeu parcialmente os interferentes lipídicos (JAIMEZ et al.,
2000). Em seguida, adicionou-se a água e procedeu-se a partição com clorofórmio. O
processo permitiu obter resíduo capaz de ressuspender em clorofórmio e proceder CCD,
embora não eliminasse os interferentes, dificultando a análise de aflatoxina.
O mesmo extrato bruto foi submetido à limpeza em CIA e quantificado por
espectrofluorimetria (360-420 nm, definido CAPÍTULO II). A AFB
1
foi eluída de CIA
Aflatest-P com 1 mL de metanol, enquanto que se empregou 2 frações de 10 mL para CIA
Affi-Gel 10. A Tabela 11 mostra uma baixa recuperação de AFB
1
(29,60 a 62,03 %, Aflatest-
P), enquanto a Tabela 12 apresenta uma superestimação de resultados, ultrapassando 100 %
de recuperação (136,23 a 1146,20 %, Affi-Gel 10), indicando problemas na extração de
aflatoxina; soma-se ainda a ineficácia de CIA Affi-Gel 10 na eliminação de interferentes. A
extração por 30 min aumentou compostos interferentes, afetando a interação de antígeno-
anticorpo na CIA por efeito estérico.
66
Na etapa seguinte reduziu-se o tempo de extração para 1 min e procedeu-se
teste de recuperação com 5 e 30 ng/g de AFB
1
em CIA Aflatest-P e 30 ng/g em CIA Affi-Gel
10 (Figura 23). Após limpeza em CIA, a AFB
1
foi eluída com 1 mL de metanol (Aflatest-P) e
2 frações de 7,5 mL (Affi-Gel 10). A Tabela 13 mostra o aumento na recuperação para 72,40
e 79,77 % para CIA Aflatest-P, perante contaminação de 5 e 30 ng/g, respectivamente.
Yazdanpanah et al. (2001) obtiveram recuperação de AFB
1
de 60,9, 80,3 e 74,4 %
respectivamente para 0,25, 2 e 40 ng/g em milho empregando Aflatest (VICAM) e análise por
CLAE (365-435 nm). Os autores atingiram esta recuperação em milho contaminado com 40
ng/g de AFB
1
após modificar a metodologia do fabricante (anteriormente com 65-68 % de
recuperação). O mesmo extrato apresentou performance similar para Aflatest (VICAM) e
AFLAPREP (Rhone-Diagnostics Technologies Ltd., UK) com 69,2-74,4 % de recuperação. A
recuperação de 69,00 % de AFB
1
foi atingida em milho contaminado (0 a 50 ng/g), analisado
por CLAE com reação fotoquímica pós-coluna (360-440 nm) (VICAM, Manual de Instruções
de Aflatest). Aflatest (VICAM) seguida de fluorimetria (350-450 nm) atingiu a recuperação
de 79,27 a 122,92 % de aflatoxina total em milho (DIÁRIO OFICIAL, 2000).
Segundo o fabricante, a coluna Aflatest-P deve ser usada uma única vez, não
se recomendando a reutilização. Mesmo assim, uma avaliação perante reutilização foi
realizada com milho contaminado com 5 e 30 ng/g AFB
1
, sendo a coluna para uso-2 e uso-3
aleatoriamente escolhida entre as colunas já utilizadas, simulando uma análise de rotina
(Tabela 14). No segundo uso, a recuperação de AFB
1
decaiu consideravelmente, passando de
72,40 para 34,15 % na contaminação de 5 ng/g e de 79,77 para 50,24 % na contaminação de
30 ng/g, indicando que não convém reutilizar a CIA Aflatest-P (Tabela 14). Para confirmação,
uma CIA Aflatest-P usada e uma nova foram testadas para limpeza de amostra contaminada
com 30 ng/g. Todavia, obteve-se resultado contraditório, já que a recuperação na coluna usada
(82,88 %) apresentou-se maior que na coluna nova (37,54 %), diferindo ainda dos resultados
anteriores (Tabela 14). A performance do terceiro uso da CIA Aflatest-P também se
apresentou baixa (36,08 % de recuperação). Estes dados sugeriram variabilidade na
performance de CIAs comerciais de um mesmo lote, i.e. além de diferença na capacidade de
recuperação na reutilização, até colunas novas podem inferir erros de análise, devendo-se
analisar reprodutibilidade de CIA em duplicata.
A Figura 24 mostra o teste da estabilidade de fluorescência, i.e. variação na
leitura de uma mesma amostra (AFB
1
recuperada) conduzida durante 57 min. A recuperação
67
de AFB
1
calculada na contaminação de 5 ng/g variou de 3,40 a 3,88 ng/g, enquanto que na de
30 ng/g variou de 20,36 a 24,19 ng/g. Não houve uma variação linear na leitura, indicando
flutuação associada à instabilidade das condições de análise (ex, rede elétrica), e não devido à
perda de amostra por evaporação (200 µL).
A Tabela 15 mostra o teste de recuperação de AFB
1
em CIA Affi-Gel 10
(milho com 30 ng/g AFB
1
). O resultado (188,67 % de recuperação) indicou ineficácia de CIA
Affi-Gel 10 na eliminação de compostos interferentes fluorescentes, devendo-se proceder ao
capeamento para bloquear ésteres ativos do gel, não acoplados com AcM, para impedir a
ligação inespecífica do gel com interferentes de matriz alimentar (BIO-RAD, 2000; FUJII,
2007).
A Tabela 16 mostra resultado preliminar de dois testes de capeamento de
CIA utilizando glicina-etil-éster 1,0 M, pH 8,0 (BIO-RAD, 2000) e 5 % de leite desnatado em
PBS (p/v), recomendado como solução bloqueadora em ensaios imunoenzimáticos
(HARLOW & LANE, 1988d). A reação de capeamento com glicina-etil-éster foi conduzida
por 1 hora a 25º C, enquanto a reação com leite desnatado por 4 horas a 25º C. Em seguida, as
CIAs foram lavadas com água ultra-pura para retirar o reagente não-ligante à CIA e
imediatamente acondicionadas em PBS.
O teste de recuperação de AFB
1
foi realizado com milho contaminado
artificialmente com 5 ng/g e a CIA eluída com 2 frações de 7,5 mL de metanol e aflatoxina
quantificada por espectrofluorimetria (360-420 nm). Após a eluição de CIA, o eluato dividiu-
se em duas fases, sendo a primeira esbranquiçada (contaminante) e a segunda transparente
(metanol), sugerindo que parte do reagente não ligado à CIA não foi completamente removido
com água ultra-pura. Isto ocorreu devido ao não acondicionamento da coluna com metanol
após a fase de capeamento, i.e. entre lavagem com água e manutenção em PBS, como
recomendado pelo manual do fabricante (BIO-RAD, 2000).
Consequentemente, a fluorescência detectada consistiu da soma de
interferentes oriundos de reagente residual e componentes do milho, obtendo falsa
recuperação entre 658,60 a 1012,40 % (Tabela 16). O fato indicou que cuidados adicionais
seriam necessários durante a fase de capeamento, para permitir limpeza completa de amostra.
Salienta-se também, que o AcM anti-AFB
1
usado no preparo de CIA (CIA 7, 8 e 9) tinha sido
68
bastante debilitado pelo processo de purificação e concentração envolvendo etapas de
congelamento e descongelamento.
Os resultados mostraram a importância dos cuidados, desde a fase de
extração na análise de aflatoxina até a formação de técnicos com base analítico-científica
perante interpretação de resultados, para emitir laudos confiáveis. A CIA comercial também
requer cuidados especiais de conservação e armazenamento para que seja eficaz na detecção
de aflatoxina, evitando resultados falso-positivos. A complementação com análise
microbiológica é essencial para confirmar presença de fungos produtores de aflatoxina na
amostra analisada, assim como o histórico da amostra referente à procedência, condições de
armazenamento e processamento envolvendo tratamento térmico.
Em suma, embora a CIA Affi-Gel 10 confeccionada para análise de AFB
1
ainda seja ineficiente em comparação à CIA comercial Aflatest-P, o AcM anti-AFB
1
produzido apresentou-se específico contra AFB
1
, devendo-se prosseguir com estudo inserindo
novas condições de capeamento de coluna e ensaios de padronização. A disponibilidade de
AcM específico, limpeza de extrato alimentar em única etapa cromatográfica, uso reduzido de
solventes tóxicos e possibilidade de reutilização, justificam o desenvolvimento de CIA,
visando minimizar o custo de aquisição e aplicação no controle de qualidade.
69
Figura 20 – CIA anti-AFB
1
confeccionada com 0,5 mL de Affi-Gel 10.
Figura 21 – CIA comercial Aflatest-P (VICAM).
70
Figura 22 – Teste preliminar de recuperação de AFB
1
em milho utilizando 3 níveis de contaminação artificial (5, 15 e 30 ng/g) e extração em tempo prolongado (30 min),
com limpeza prévia de amostra em CIA Aflatest-P e CIA confeccionada com Affi-Gel 10 e anticorpo monoclonal anti-AFB
1
, e quantificação por espectrofluorimetria e
cromatografia em camada delgada (CCD).
Milho
Teste de Recuperação
de AFB
1
0 ng/g
Extração (30 min)
Diluição (1:4)
CIA Aflatest-P
Eluição com 1 mL
CH
3
OH
Espectrofluorimetria
5, 15 e 30 ng/g
CIA Aflatest-P
Eluição com 1 mL
CH
3
OH
Espectrofluorimetria
Regeneração CIA
Regeneração CIA
Extração (30 min)
Diluição (1:4)
CCD CCD
CIA Affi-Gel 10
Eluição 2 frações
10 mL CH
3
OH
Espectrofluorimetria
Regeneração CIA
Extrato bruto
Partição com
hexano e
clorofórmio
CCD
Extrato bruto
Partição com
hexano e
clorofórmio
CCD
71
Figura 23 – Teste de recuperação de AFB
1
em milho utilizando 2 níveis de contaminação artificial (5 e 30 ng/g) e extração em tempo reduzido (1 min), com limpeza prévia
de amostra em CIA Aflatest-P e CIA confeccionada com Affi-Gel 10 e anticorpo monoclonal anti-AFB
1
, e quantificação por espectrofluorimetria e cromatografia em
camada delgada (CCD).
Milho
Teste de Recuperação
de AFB
1
0 ng/g
Extração (1 min)
Extrato bruto
Diluição (1:4)
CIA Aflatest-P
Eluição com 1
mL CH
3
OH
CCD Espectrofluorimetria
5 e 30 ng/g
Extração (1 min)
Extrato bruto
Diluição (1:4)
CIA Aflatest-P
Eluição com 1
mL CH
3
OH
Espectrofluorimetria
CCD
Regeneração de CIA
2º uso – 5 e 30 ng/g
Regeneração de CIA
3º uso – 30 ng/g
Regeneração de CIA
CIA Affi-Gel 10
Recuperação 30 ng/g
Eluição com 2 frações
de 7,5 mL CH
3
OH
Capeamento de CIA
Leite desnatado
Glicina-
etil-éste
r
Recuperação 5 ng/g
Eluição com 2
frações de 7,5 mL
CH
3
OH
Regeneração de CIA
Espectrofluorimetria
Regeneração
CIA
72
Tabela 11 – Teste preliminar de recuperação de AFB
1
em milho utilizando 3 níveis de
contaminação artificial (5, 15 e 30 ng/g), com extração em tempo prolongado (30 min),
limpeza de amostra em CIA comercial Aflatest-P, e quantificação por espectrofluorimetria
(360-420 nm).
AFB
1
adicionada AFB
1
recuperada Recuperação
(ng/g) (ng/g) (%)
0 0,19 ---
5 1,48 29,6
15 5,41 36,07
30 18,61 62,03
Tabela 12 – Teste preliminar de recuperação de AFB
1
em milho utilizando 3 níveis de
contaminação artificial (5, 15 e 30 ng/g), com extração em tempo prolongado (30 min),
limpeza de amostra em CIA confeccionada com suporte Affi-Gel 10 e anticorpo monoclonal
anti-AFB
1
, e quantificação por espectrofluorimetria (360-420 nm).
AFB
1
adicionada Fração* AFB
1
recuperada Recuperação (%)
(ng/g) (ng/g) (soma frações)
5 1 44,26 1146,2
5 2 13,05
15 1 31,15 291,67
15 2 12,6
30 1 27,14 136,23
30 2 13,73
*Fração de metanol contendo AFB
1
eluída da coluna: 10 mL cada
Tabela 13 – Teste de recuperação de AFB
1
em milho utilizando 2 níveis de contaminação
artificial (5 e 30 ng/g), com extração em tempo reduzido (1 min), limpeza de amostra em CIA
comercial Aflatest-P e quantificação por espectrofluorimetria (360-420 nm).
AFB
1
adicionada AFB
1
recuperada Recuperação
(ng/g) (ng/g) (%)
0 0,37 ---
5 3,62 72,40
30 23,93 79,77
73
Tabela 14 – Teste de recuperação de AFB
1
em milho com 2 níveis de contaminação artificial
(5 e 30 ng/g), reutilizando CIA comercial Aflatest-P para limpeza de amostra, com
quantificação por espectrofluorimetria (360-420 nm).
Uso* AFB
1
adicionada AFB
1
recuperada Recuperação
(ng/g) (ng/g) (%)
1 5 3,62 72,40
30 23,93 79,77
30 11,26 37,54
2 5 1,71 34,15
30 15,07 50,24
30 24,86 82,88
3 30 10,82 36,08
*Uso de CIA Aflatest-P: 1 (primeiro uso), 2 (segundo uso) e 3 (terceiro uso)
0
1,5
3
8
11
15
36
57
5 ng/g
30 ng/g
0
5
10
15
20
25
AFB
1
recuperada (ng/g)
Tempo de leitura (min)
vel de
contaminão
5 ng/g
30 ng/g
Figura 24 – Variação da taxa de recuperação de AFB
1
de milho contaminado artificialmente em 2
níveis (5 e 30 ng/g) utilizando CIA comercial Aflatest-P para limpeza de amostra, calculada a partir da
intensidade de fluorescência detectada no decorrer de 57 min, em 360 nm de excitação e 420 nm de
emissão.
74
Tabela 15 – Teste de recuperação de AFB
1
em milho contaminado artificialmente com 30
ng/g, com extração em tempo reduzido (1 min), limpeza de amostra em CIA confeccionada
com suporte Affi-Gel 10 e anticorpo monoclonal anti-AFB
1
, e quantificação por
espectrofluorimetria (360-420 nm).
AFB
1
adicionada Fração* AFB
1
recuperada Recuperação (%)
(ng/g) (ng/g) (soma frações)
30 1 41,06 188,67
30 2 15,54
*Fração de metanol contendo AFB
1
eluída da coluna: 7,5 mL cada
Tabela 16 – Teste de recuperação de AFB
1
em milho contaminado artificialmente com 5 ng/g,
com limpeza de amostra em CIA confeccionada com suporte Affi-Gel 10 e anticorpo
monoclonal anti-AFB
1
, capeada com glicina-etil-éster ou leite desnatado, e quantificação por
espectrofluorimetria (360-420 nm).
AFB
1
adicionada Fração
a
Agente de capeamento
b
AFB
1
recuperada Recuperação (%)
(ng/g) (ng/g) (soma frações)
5 1 glicina-etil-éster 30,68 1012,4
5 2 19,94
5 1 leite desnatado 26,17 658,6
5 2 6,76
a
Fração de metanol contendo AFB
1
eluída da coluna: 7,5 mL cada
b
Reagente utilizado no capeamento de CIA Affi-Gel 10: glicina-etil-éster 1,0 M, pH 8,0; leite desnatado 5 %
75
6 CONCLUSÃO
O scale-up com êxito na produção de AcM IgG anti-AFB
1
requer cuidados
especiais, sendo aconselhável proceder ultrafiltração para concentração do anticorpo e
subseqüente manutenção a 4º C para conservar a integridade e atividade biológica. O AcM
concentrado, utilizado no desenvolvimento da coluna de imunoafinidade para detecção de
AFB
1
, ainda apresentou baixo desempenho na limpeza de interferentes. Todavia, a
especificidade de AcM foi comprovada pelo teste de capacidade de retenção de AFB
1
,
devendo-se prosseguir com estudo inserindo novas condições de capeamento da coluna e
ensaios de padronização. Outrossim, mesmo a análise de AFB
1
empregando coluna comercial
deve ser conduzida em duplicata para garantir resultados confiáveis. A disponibilidade de
AcM específico, limpeza de extrato alimentar em etapa cromatográfica única, uso reduzido de
solventes tóxicos e possibilidade de reutilização justificam o desenvolvimento de CIA
nacional, contribuindo para minimizar o custo referente à aquisição e aplicação em laboratório
de controle de qualidade.
76
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