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Harvey, Edward Soja e Milton Santos. Discussões sobre o espaço e sua representação
material contribuíram significativamente para os avanços acerca da sua concepção como
objeto de estudo e sua importância para as ciências sociais. Assim, o espaço entrava,
definitivamente, como objeto de análise na teoria social crítica
1
e passava a ser alvo de
estudo de vários ramos do conhecimento, mas principalmente da Geografia.
Na ciência geográfica, a acepção de espaço construída principalmente pelas
contribuições dos autores citados no parágrafo anterior, não se alastraram pela
Geografia de forma homogênea. Isso ocorreu porque o entendimento na Geografia sobre
o espaço como objeto de análise, de acordo com Moraes
2
e Corrêa
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, foi variado ao
longo do tempo e seguia as lógicas próprias de cada corrente geográfica de pensamento.
Não nos interessa, neste trabalho, refazer o caminho trilhado por esses geógrafos. É
preciso deixar claro, no entanto, que o olhar sobre a construção do espaço que nos
interessa é de cunho dialético que, na Geografia brasileira, teve Milton Santos como
maior expositor, doravante nossa principal referência. Utilizaremos, também, o
materialismo histórico como método de construção do raciocínio para compreensão da
realidade estudada.
Críticas ao modo empirista de compreensão da realidade motivaram a
reformulação do conceito e este passou a ser situado como categoria de análise a partir
de discussões que incluíam o materialismo histórico
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e a dialética no conceito de
espaço. No Brasil, as contribuições à discussão do conceito e, portanto, à própria
Geografia surgiram, principalmente, pela atuação de Milton Santos. Ele enfatizou a
necessidade de uma ciência geográfica nova, com objeto de análise próprio e definido.
A respeito, ele afirmou (2002a, p.141) que “(...) Em realidade, para ter sucesso é, antes
de tudo, preciso partir do próprio objeto de nossa disciplina, o espaço, tal como ele se
apresenta, como um produto histórico, e não das disciplinas julgadas capazes de
apresentar elementos para sua adequada interpretação”. Entretanto, não era
1
Conforme afirma Soja (1993).
2
Geografia: pequena história crítica, por Antônio Carlos Robert Moraes.
3
Espaço, um conceito-chave da geografia, p.15-47 in Geografia: Conceitos e temas por Roberto Lobato Corrêa.
4
Segundo Rohmann (2000, p.265) no materialismo histórico, também conhecido como materialismo dialético, a
consciência humana é conseqüência das condições materiais e que a história progride segundo as leis da dialética.
Esse autor afirma que “O materialismo dialético é uma inversão de sua ancestral, a teoria HEGELIANA do
IDEALISMO dialético. Tanto Marx quanto Hegel acreditavam que a história avança dialeticamente, isto é, por meio
de conflitos na ordem predominante, que são resolvidos por intermédio de suas sínteses e se transformam em uma
nova ordem que, com o tempo, gera seus próprios conflitos internos e inevitável resolução, e assim por diante”.