RESUMO
Atualmente é crescente o uso de desinfetantes alternativos ao cloro no tratamento de
águas devido à geração de subprodutos indesejáveis, como os trihalometanos e os ácidos
haloacéticos no processo de desinfecção convencional. O dióxido de cloro (ClO
2
) vem se
destacando nos últimos anos como desinfetante auxiliar nas estações de tratamento de água
(ETAs) devido as suas características químicas e de sua geração in situ. Entretanto, o uso
desse desinfetante pode gerar subprodutos dentre os quais se destaca o íon clorito (ClO
2
-
),
potencialmente prejudicial à saúde humana, possuindo limite máximo de tolerância de 0,2 mg
L
-1
estabelecido pela legislação brasileira. Neste contexto, é importante a avaliação e o
aprimoramento de técnicas analíticas sensíveis, precisas e adaptadas à complexidade de
diferentes amostras. Recentemente, o método EPA 327.0 foi proposto especificamente para
análise de ClO
2
e ClO
2
-
em águas tratadas. Esse método espectrofotométrico utiliza uma
solução colorida (λ
max
= 633 nm) contendo Horseradish Peroxidase, enzima que catalisa a
reação de conversão do íon clorito em dióxido de cloro, e o corante Lissamine Green B que
reage rapidamente e seletivamente com o ClO
2
reduzindo proporcionalmente a absorção da
solução na região do visível. A quantificação do ClO
2
é feita por calibração externa e a
concentração do clorito é obtida por diferença, através da análise de uma segunda alíquota na
qual o dióxido de cloro é previamente retirado por borbulhamento com um gás inerte. Neste
contexto, os objetivos desse trabalho são implantar o método EPA 327.0 para análise de
dióxido de cloro e do íon clorito ao longo do processo de tratamento, bem como otimizá-lo
para análises de ClO
2
em soluções concentradas e como contaminante em soluções padrão do
íon clorito. Os resultados obtidos indicaram que o método EPA 327.0 é adequado para a
análise de ClO
2
em água potável, porém não se verificou sua presença nesse tipo de amostras.
Por outro lado, o método não é satisfatório para a determinação do íon clorito nessas amostras
apresentando um limite de quantificação elevado (0,2 mg L
-1
). Não é recomendada a
utilização desse método para o acompanhamento das concentrações dos analitos durante o
processo de tratamento devido à variabilidade nas características (cor, turbidez, sólidos
dissolvidos, entre outras) da água gerando artefatos na análise espectrofotométrica que não
podem ser corrigidos por procedimentos usuais. Em função dessas limitações, o método foi
otimizado com a eliminação da enzima e com modificações nos procedimentos de análise
(concentração do corante, adoção de medida volumétrica e mudança na ordem da adição de
reagentes e amostras, diluições, tempo de reação, caminho óptico, entre outros). Com as