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garantindo-lhes a sustentabilidade.A sustentabilidade dos recursos turísticos de uma região,
dependerá dos esforços conjuntos entre a sociedade civil organizada, o poder público e
privado.
Artioli (2002, p.30), citando Garms (1999), em seu estudo sobre o turismo no
Pantanal, refere-se à
[...] presença da atividade de forma desorganizada e até mesmo predatória,
juntamente com a falta de planejamento no uso e ocupação do solo e de seus
recursos naturais, preferindo-se uma exploração imediatista, o que gera problemas
sérios, cujos resultados serão certamente desastrosos, como a erosão e o
assoreamento dos rios tributários da planície pantaneira, devido à ação antrópica,
principalmente nas cabeceiras destes corpos d’água.
Segundo o autor, o desempenho satisfatório do turismo na planície pantaneira,
depende de vários fatores, estando de uma forma direta ligada à infra-estrutura básica
limitando de uma forma indireta este mesmo turismo. Os meios de comunicação, o
saneamento básico, o tratamento de esgotos e resíduos sólidos são condicionantes para o bom
desenvolvimento do turismo na região.
A qualidade ambiental da destinação dependerá também do fortalecimento da
infra-estrutura básica existente nos municípios relacionados a aspectos do abastecimento de
água e energia, coleta e destinação adequada do lixo, tratamento dos esgotamentos sanitários
entre outros, como uma forma de contribuir para a sustentabilidade dos recursos disponíveis.
Vale registrar os comentários de Vieira (2004), sobre os efeitos do turismo, no
Pantanal:
O homem pantaneiro tem em sua formação a presença do índio em todas as suas
características. É um povo que vive da natureza com os elementos, terra e água,
limitações que imprimem à sua vida uma forma integrada e bem diferenciada dos
outros povos. Um estilo de vida aparentemente duro e difícil para quem não está
habituado com aquele modo de viver. Entretanto, com o tempo passou a ser parte
intrínseca do seu meio, onde convive em harmonia com a natureza, com a família e
consigo mesmo. O homem do campo, como também é chamado pelos habitantes
locais, entende os fenômenos naturais sem mesmo nunca tê-los estudado em escola
formal. Sabe quando plantar, quando colher, quando apartar o gado. Mas o que se
pode ver é que a intromissão da tecnologia atrapalha o seu modo de ser, porque o
meio ambiente obedece a ritmo de viver do homem. Prova disso são as novas
estradas, os desmatamentos, até mesmo os caminhões que transportam o gado de
fazenda a fazenda, ou da área rural para a urbana para minimizar o tempo gasto no
transporta das boiadas, pois acaba lhes tirando a mão-de-obra. A modificação leva
para o extermínio do viver e a ecologia nunca mais será a mesma. O patrimônio
inerente a este espaço natural exige sua identificação e sua manutenção dentro de
sua característica. A violação destrói a sua cultura tentando impor outra que não a
sua própria. O viver na imensa área do Pantanal, com suas adversidades não
apresenta nenhuma dificuldade, nem rusticidade, porque já está acostumado com
isso. Afinal de contas, já nasceu ali, cresceu ali e convive ali. Convivendo na
realidade de uma região inóspita, tem como meio de transporte mais utilizado o
cavalo pantaneiro, resistente ao trabalho dentro d'água, e as embarcações de variados
tamanhos e tipos.