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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E LIMNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
SUSTENTABILIDADE DE ECOSSISTEMAS
MESTRADO
AVALIAÇÃO DO POTENCIAL TURÍSTICO SUSTENTÁVEL DA REGIÃO
LACUSTRE VIANA-PENALVA-CAJARI - BAIXADA MARANHENSE
Marilene Sabino Bezerra
Dissertação de Mestrado
São Luís
2006
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1
MARILENE SABINO BEZERRA
AVALIAÇÃO DO POTENCIAL TURÍSTICO SUSTENTÁVEL DA REGIÃO
LACUSTRE VIANA-PENALVA-CAJARI - BAIXADA MARANHENSE
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Sustentabilidade de Ecossistemas (Mestrado) da
Universidade Federal do Maranhão para obtenção de título
de Mestre.
Orientador: Prof. Dr. José Policarpo Neto.
Co-orientador: Prof. Dr. Ricardo Barbieri.
São Luís
2006
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2
MARILENE SABINO BEZERRA
Bezerra, Marilene Sabino
Análise do potencial turístico sustentável da região lacustre de Viana – Penalva – Cajari
Baixada Maranhense / Marilene Sabino Bezerra. – São Luís, 2006.
141 f.: il.
Impresso por computador (fotocópia)
Orientador: José Policarpo Neto
Co-orientador: Ricardo Barbieri
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Maranhão, Programa de Pós-
Graduação em Sustentabilidade de Ecossistema, 2006.
1. Turismo – Desenvolvimento sustentável – Baixada Maranhense 2. Oferta Turística. I.
Título.
CDU 379.85:33(812.1)
3
AVALIAÇÃO DO POTENCIAL TURÍSTICO SUSTENTÁVEL DA REGIÃO
LACUSTRE DE VIANA-PENALVA-CAJARI - BAIXADA MARANHENSE
Dissertação apresentado ao Programa de Pós-Graduação
em Sustentabilidade de Ecossistemas (Mestrado) da
Universidade Federal do Maranhão para obtenção de
título de Mestre.
Aprovada em: ____/____ /_____.
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________________________
Prof. José Policarpo Neto (Orientador)
Doutor em Ciências Ambientais
Universidade Federal do Maranhão / Departamento de Oceanografia e Limnologia
___________________________________________________________________
Prof. Antonio Cordeiro Feitosa
Doutor em Ecologia
Universidade Federal do Maranhão / Departamento de Geociências
___________________________________________________________________
Profa. Rozuíla Neves Lima
Doutora em Lingüística e Semiótica
Universidade Federal do Maranhão / Departamento de Turismo
AGRADECIMENTOS
4
A Deus por me ter permitido a realização deste estudo.
À minha família pela paciência e colaboração nos momentos difíceis.
Ao meu orientador, Dr. José Policarpo Costa Neto, pela orientação e
principalmente, pela cordialidade e incentivo durante a realização deste trabalho.
Ao meu Co-orientador, Prof. Dr. Ricardo Barbieri, pela sua constante
disponibilidade na co-orientação deste trabalho.
Ao Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade de Ecossistemas da UFMA,
na pessoa de seu Coordenador prof. Cláudio Urbano Bittencourt Pinheiro, e a todos os
professores e funcionários, pelo acolhimento e carinho.
Aos meus amigos, alunos do mestrado, pelo apoio, interação de conhecimentos e,
por todos os momentos felizes que me propiciaram nesta caminhada.
A toda a equipe da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade
Federal do Maranhão, em nome do Pró-Reitor, prof. Elias Mouchereck, pelo incentivo sincero
e paciência.
Ao poeta penalvense, Gaudino Cardinal Arouche, por sua generosidade em
socializar seu vasto conhecimento ambiental sobre a Região Lacustre, objeto deste estudo.
Ao Sr. Geraldo Costa, filho abnegado de Viana, que desvendou os segredos da
região através do seu vasto acervo fotográfico e conhecimento real da região.
Aos dirigentes e membros do Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais
de Viana.
Ao Fórum da Juventude de Cajari, na pessoa de Geraldo Majela, pela
disponibilidade de informações sobre o município.
5
“O Lago é um privilégio de Viana, pai dos pobres e deleite
da população, confunde-se com a cidade, na geografia, na
memória e na saudade”.
Lourival Serejo
Poeta inspirado, do alto da igreja Matriz de Viana/MA
6
RESUMO
O Estado do Maranhão possui imensa potencialidade para o turismo devido a diversidade
ecológica e cultural que representam grande atrativo para os seus visitantes, pois a natureza
conta com um conjunto de ecossistemas variados que formam paisagens de notável beleza
cênica.A Baixada Maranhense é um bioma ímpar no estado, assemelha-se ao Pantanal
Matogrossense no tocante ao seu regime hidrológico cuja formação de lagos no período
chuvoso contribui para enriquecer a paisagem, enquanto que no período de estiagem formam-
se belos campos propícios para a pastagem.O presente trabalho de pesquisa visa investigar a
potencialidade da região Lacustre Viana-Penalva-Cajari, Baixada Maranhense, para o
desenvolvimento do turismo sustentável, como uma alternativa para o desenvolvimento
sustentável das localidades visitadas, através do levantamento da oferta turística dos
municípios, considerando a enorme diversidade ecológica e cultural da região.
Palavras-chave: Oferta Turística. Turismo Sustentável. Baixada Maranhense.
7
ABSTRACT
The State of the Maranhão possesss immense potentiality for the tourism due ecological and
cultural the diversity that they represent great attractive for its visitors, therefore the nature
counts on a set of varied ecosystems that form notable landscapes scenic beauty. The Lowered
Maranhense is one bioma uneven in the state, resembles it the Pantanal Matogrossense in
regards to its hidrológico regimen whose formation of lakes in the rainy period contributes to
enrich the landscape, whereas in the period of estiagem beautiful propitious fields for the
pasture are formed. The present work of research aims at to investigate the potentiality of the
Lacustrine region Viana-Penalva-Cajari, for the development of the sustainable tourism, as an
alternative stops the sustainable development of the visited localities, through the survey of
offers tourist of the visited cities, considering the enormous ecological and cultural diversity
of the region.
Keywords: It offers Tourist. Sustainable tourism. Lowered Maranhense
8
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Principais marcos evolutivos da atividade tustica no Estado do
Maranhão.................................................................................................
19
Quadro 2 Flora e Fauna de Viana ........................................................................... 53
Quadro 3 Flora e fauna de Penalva ......................................................................... 62
Quadro 4 Flora e fauna de Cajari ............................................................................ 68
9
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 Faixa etária Viana ................................................................................... 50
Gráfico 2 Nível de Instrução Viana ........................................................................ 50
Gráfico 3 Atividade profissional ............................................................................ 51
Gráfico 4 Efeitos benéficos do turismo .................................................................... 57
Gráfico 5 Impactos negativos do turismo ................................................................ 58
Gráfico 6 Faixa etária de Penalva ............................................................................ 59
Gráfico 7 Nível de instrução de Penalva ................................................................. 59
Gráfico 8 Atividade profissional de Penalva ........................................................... 60
Gráfico 9 Causa mudanças ambientais de Penalva ................................................. 62
Gráfico 10 Benefícios do turismo ............................................................................. 65
Gráfico 11 Efeitos negativos do turismo ................................................................... 65
Gráfico 12 Faixa etária de Cajari .............................................................................. 66
Gráfico 13 Atividade profissional de Cajari .............................................................. 67
Gráfico 14 Causa mudanças ambientais de Cajari .................................................... 69
Gráfico 15 Conseqüências ambientais de Cajari ....................................................... 70
10
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Sistema de Turismo ................................................................................... 30
Figura 2 Mapa de localização da APA da Baixada Maranhense ............................. 38
Figura 3 Entardecer no Lago de Viana .................................................................... 51
Figura 4 Amostra da vegetação aquática em Viana ................................................. 53
Figura 5 Restaurante Frutos do Lago ...................................................................... 54
Figura 6 Hotel Vianense ........................................................................................... 55
Figura 7 Praça da Igreja Matriz ................................................................................ 56
Figura 8 Cais do Parque Dilú Melo .......................................................................... 57
Figura 9 Vista do lago de Viana (sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais) ..... 58
Figura 10 Pescador no Lago Cajari ............................................................................ 60
Figura 11 Amostra da vegetação de Penalva ............................................................. 61
Figura 12 Jabiraca: traíra seca .................................................................................... 63
Figura 13 Barragem de Penalva ................................................................................. 64
Figura 14 Vista do Rio Maracú tirada do cais da cidade ........................................... 67
Figura 15 Amostra da vegetação em Cajari ............................................................... 69
Figura 16 Vista do cais de Cajari ............................................................................... 71
Figura 17 Vista do Bar Flutuante em Cajari .............................................................. 71
11
LISTA DE SIGLAS
ACONERUQ - Associação de Comunidades Negras Rurais Quilombolas do Maranhão
APA - Área de Proteção Ambiental
CNUMAD - Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento
COMBRATUR - Comissão Brasileira de Turismo
EMBRATUR - Instituto Brasileiro de Turismo
FPC - Formulários de Pesquisa de Campo
FURINTUR - Fundo de Incentivo ao Turismo e Artesanato
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico Nacional
MARATUR - Empresa Maranhense de Turismo
OMT - Organização Mundial do Turismo
ONU - Organização das Nações Unidas
PIB - Produto Interno Bruto
PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
SEEDETUR - Secretaria de Estado Extraordinária para o Desenvolvimento do Turismo
SEMATUR - Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Turismo
SISTUR - Sistema de Turismo
12
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO....................................................................................
12
2 REVISÃO DA LITERATURA ..........................................................
15
2.1 Turismo.................................................................................................
15
2.1.1 Aspectos históricos do turismo.............................................................. 15
2.1.2 Abordagem conceitual do turismo......................................................... 19
2.1.3 Turismo na atualidade............................................................................ 22
2.1.3 Turismo sustentável............................................................................... 24
3 OBJETIVOS ........................................................................................
28
3.1 Geral......................................................................................................
28
3.2 Específicos ............................................................................................
28
4 METODOLOGIA ...............................................................................
29
4.1 Modelo conceitual da pesquisa...........................................................
29
4.2 Métodos de análise da oferta turística...............................................
31
4.3 Caracterização da área .......................................................................
37
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................
43
5.1 Oferta do turismo na área objeto do estudo......................................
43
5.2 Percepção das comunidades sobre o ambiente onde vivem e sobre
o potencial do seu município para o turismo sustentável ................
50
5.2.1 Comunidade do município de Viana ..................................................... 50
5.2.2 Comunidade do município de Penalva.................................................. 58
5.2.3 Comunidade do município de Cajari..................................................... 66
5.3 Avaliação do potencial dos municípios para o turismo sustentável
72
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES..........................................
85
REFERÊNCIAS .................................................................................... 90
APÊNDICES ........................................................................................ 97
ANEXOS .............................................................................................. 105
13
1 INTRODUÇÃO
O turismo é um dos setores da economia que mais cresce no mundo,
movimentando aproximadamente 3,7 trilhões de dólares que corresponde a 10% do Produto
Interno Bruto (PIB) mundial e gera empregos a 204 milhões de pessoas, aproximadamente
11% da força de trabalho mundial (OMT, 2003).
No ranking dos países mais visitados, a França tem-se mantido historicamente
como o país líder em número de visitantes, com a entrada de 75,0 milhões de turistas/ano,
seguida da Espanha (52,5 milhões), e dos Estados Unidos (40,4 milhões). O México ocupa a
oitava posição entre os países mais visitados com 18,7 milhões de turistas/ano e o Brasil situa-
se no 34º lugar no ranking mundial, registrando uma entrada de apenas 4,1 milhões
turistas/ano, o que gera uma receita anual de 3,7 milhões de dólares, embora seja considerado
como detentor de elevado potencial para implementar uma política voltada para o
aproveitamento do turismo sustentado, haja vista reunir grande diversidade de ambientes
naturais e culturais (OMT, 2003).
Apesar dessa perspectiva, deve-se atentar para o fato de que, para o turismo
assumir esse relevante papel, torna-se imprescindível que se adotem cuidados especiais que
devem presidir o processo de seu planejamento, no sentido de evitar que essa atividade venha
a operar como um grande “devorador” dos recursos naturais e culturais.
Emerge daí a necessidade de atenção permanente para que o crescimento da
atividade esteja sempre submetido aos preceitos da preservação e da conservação ambiental.
O Turismo Sustentável deve ser pensado e estudado à luz das estratégias do Desenvolvimento
Sustentável, que tem por base o planejamento racional e integrado da atividade, envolvendo
atores sociais como poder público, comunidade, órgãos governamentais e não
governamentais, turistas e empresas do trade turístico.
Por outro lado, dentre os maiores problemas que afligem de forma crescente e a
vida da população maranhense alinham-se, sem dúvida o desemprego e a ausência de
preocupação com a preservação e com a conservação do ambiente. Como decorrência, as
ações governamentais e privadas que se têm implementado no seu vasto território, de modo
geral, têm como característica comum a destruição dos recursos ambientais, o desalojamento
e/ou o desassossego de famílias de trabalhadores rurais, o desemprego, a exclusão social,
enfim. Os casos da recente industrialização verificados na capital e na região tocantina, os
grandes investimentos que se praticam na implantação da soja, na Bacia Hidrográfica do rio
14
Parnaíba, na região de Balsas e que se espraiam para a região do baixo curso do rio, e a
criação de búfalos na Baixada Maranhense, ilustram bem essa forma equivocada de gerir o
estado. A própria e incipiente experiência da implementação do turismo na região dos Lençóis
Maranhenses, feita sem qualquer planejamento vem seguindo esse mesmo modelo.
A Baixada Maranhense, objeto deste estudo, apesar de pertencer à Amazônia
Legal brasileira, possui um eco-complexo que, sob muitos aspectos, muito se assemelha ao
Pantanal Matogrossense, especialmente no que se refere aos campos naturais inundáveis das
bacias hidrográficas dos rios Pindaré, Mearim, Turiaçu e Pericumã, que formam o maior
conjunto de bacias lacustres do nordeste, reunindo uma grande variedade de ambientes
aquáticos representados por rios, lagos e estuários, que abrigam uma grande diversidade de
flora e fauna.
As principais atividades econômicas geradoras de renda para a população local
são ligadas à pesca, à agricultura, à pecuária extensiva e ao extrativismo de babaçu e da
juçara.
A região possui também grande diversidade sócio-cultural, que abrange,
comunidades de trabalhadores rurais que vivem da lavoura da pesca e do extrativismo, dentre
as quais, se destacam muitas comunidades quilombolas.
O presente trabalho de pesquisa surgiu da necessidade de identificar as
características ambientais, sociais, econômicas e culturais da região lacustre Viana-Penalva-
Cajari, visando a determinar o potencial da referida região para o turismo sustentável. Espera-
se, com essa iniciativa, poder identificar os aspectos relevantes referentes ao ambiente natural
e cultural, aos costumes da população, às relações econômicas que o homem tem com o meio
e à infra-estrutura de apoio para o desenvolvimento do turismo. Desse modo, faz-se
necessário que a pesquisa tenha abrangência tanto quantitativa, identificando os recursos
ecológicos e culturais ou de estabelecimentos de apoio ao turismo existente na cidade, como
também qualitativa, no sentido estar atenta ao estado de conservação dos ambientes naturais e
dos construídos, e à qualidade dos serviços e equipamentos voltados para atender às
necessidades básicas do turista.
A região lacustre Viana-Penalva-Cajari, possui grande diversidade de recursos
naturais entre eles, lagos, rios, ilhas e resquícios de matas primárias, o que permite lhe atribuir
a potencialidade para o desenvolvimento do turismo sustentável na região. A notável beleza
paisagística tem sua origem no conjunto dos recursos naturais abundantes que são utilizados,
pela população, diuturnamente, para o atendimento das necessidades básicas. Assim o
ecossistema lhe fornece água para os mais diversos fins, alimentos sob a forma do pescado e
15
de outros produtos, propicia-lhe o deslocamento através de embarcações, provê-lhe materiais
para a construção de moradia, lazer e, além disso, propicia uma paisagem deslumbrante tanto
no “inverno”, como no “verão”. A investigação da percepção da comunidade sobre o meio
onde vive é determinante para a identificação dos principais atrativos naturais da região,
assim como para observar a existência de possíveis mudanças ambientais que vem ocorrendo
na área de forma a realizar um acompanhamento sistemático da situação.
É, portanto, fundamental, que se busque conhecer o potencial regional para o
turismo sustentável, como um instrumento capaz de promover a melhoria da qualidade de
vida desses contingentes humanos e evitar a degradação dos ambientes visitados. Referido
conhecimento, ademais, tem o propósito de subsidiar estudos e pesquisas posteriores que
visem a investigar a atividade turística na região e sirvam como base para o planejamento da
atividade turística dentro dos padrões de sustentabilidade.
16
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Turismo
O turismo, na atualidade, constitui-se uma das atividades socioeconômicas mais
importantes pela sua capacidade de gerar oportunidades de intercâmbio entre os povos de
diversas regiões do planeta e realizar a distribuição dos fluxos financeiros dos países
desenvolvidos para os que se encontram em fase de desenvolvimento. Apesar de existir desde
os primórdios dos tempos, essa atividade só alcançou esse status de fenômeno a partir do
século XIX, mas a sua sedimentação aconteceu durante o século XX, projetando-se para o
século XXI como uma atividade socioeconômica capaz de gerar emprego e renda para as
comunidades visitadas.
2.1.1 Aspectos históricos do turismo
O Turismo tem suas raízes na história das mais antigas civilizações, entretanto, a
atividade, do ponto de vista social e econômico, surgiu a partir do século XIX, tendo grande
expressão a partir do século XX. Foi, porém, após a “Segunda Guerra Mundial, que evoluiu,
como uma conseqüência dos aspectos relacionados à produtividade empresarial, ao poder de
compra das pessoas e ao bem estar resultante da restauração da paz no mundo”, segundo
afirma Forastier (apud RUSCHMANN, 1997, p.13).
Vários foram os fatores que contribuíram para o desenvolvimento do turismo no
mundo. Segundo Sauer (apud RUSCHMANN, 1997, p.14),
Alguns fatores que contribuíram para o crescimento dos fluxos turísticos: aumento
do tempo livre com a diminuição da jornada de trabalho; evolução técnica da
indústria automobilística; aumento da renda “per capita” de amplas camadas da
população; aumento da urbanização como conseqüência da industrialização;
diminuição do verde em áreas urbanas; desenvolvimento de empresas prestadoras de
serviços que organizam viagens de férias.
Na Idade Antiga, o hábito de viajar em busca de alimentos e de novos ambientes
era uma prática comum na historia da humanidade. O Turismo “em termos históricos teve
início quando o homem deixou de ser sedentário e passou a viajar, principalmente motivado
pela necessidade de comércio com outros povos” (IGNARRA, 2003, p.2). As primeiras
17
viagens exploratórias das civilizações antigas eram motivadas por questões econômicas,
religiosas, de saúde ou de esportes.
Na Grécia antiga, Heródoto, grande historiador, difundiu o hábito de viajar
quando realizava seus estudos em visita à Fenícia, Egito, Grécia e Mar Morto (IGNARRA,
2003, p. 3),
Os romanos viajavam longas distâncias exclusivamente para visitar grandes templos.
Foram eles que desenvolveram grande capacidade de viagens a longas através da
criação de postos para troca periódica de cavalos ao longo do percurso realizado,
visando otimizar o tempo de viagem. Nestes postos de troca surgiram as primeiras
hospedarias, que tornaram-se fundamentais na viabilização do turismo.
Outra grande contribuição dos romanos foi a criação dos primeiros SPAS, devido
ao hábito deste povo de viajar para as cidades litorâneas exclusivamente para banhos
medicinais.
Há aproximadamente cerca de 500 anos antes de Cristo, Alexandre, O Grande,
desbravava o mundo em busca de novas terras para ocupação e exploração. Nesta época,
Eram registrados grandes eventos que atraíam visitantes de todas as partes do
mundo. Na região de Éfeso, onde hoje se situa a Turquia, eram registrados mais de
700 mil visitantes para apreciarem apresentação de mágicos, de animais amestrados,
de acrobatas e de outros artistas. Eram os primeiros registros de turismo de eventos,
nos quais haviam um grande número de prostitutas, o que nos leva a crer que o
turismo sexual também já existia naquela época (IGNARRA, 2003, p.3).
Algumas formas de turismo já podiam ser observadas, embora não tivessem a
atual formatação de indústria e ainda não ser considerado um grande fenômeno sociocultural,
capaz de realizar o deslocamento de pessoas em busca de lazer, prazer, diversão ou outros
motivos.
Com a queda do Império Romano, na Idade Média, houve um declínio nas
viagens, que se tornaram uma aventura muito perigosa devido aos assaltos realizados por
bandidos oportunistas, causando um problema de segurança para quem era obrigado a se
deslocar do seu ambiente de residência.
Um dos marcos deste período foram as Cruzadas, grandes expedições organizadas
para visitação a templos religiosos da Europa, que favoreciam o deslocamento de centenas de
indivíduos.
Neste período, as famílias nobres criaram o hábito de enviar seus filhos para
estudarem nos grandes centros culturais da Europa, época conhecida como a “Grand Tour”,
18
que entendia as viagens como um instrumento de educação, através do intercâmbio entre
povos e culturas. Segundo Goeldner (2002, p.49),
A Grand Tour dos séculos XVII e XVIII era feita por diplomatas e estudiosos que
viajavam por toda a Europa, especialmente para as cidades da França e da Itália.
Virou moda estudar em Paris, Roma, Florença e outros centros culturais. Embora
fazer a Grand Tour tenha-se tornado uma experiência educacional, ela foi criticada
como tendo se degenerado em uma simples busca do prazer.
Todavia, entende-se que o período foi de grande relevância para o
desenvolvimento do turismo, através do conhecimento de novas culturas e ambientes, cujas
experiências eram relatadas no retorno das pessoas à sua cidade de origem, o que despertava a
curiosidade dos ouvintes para o conhecimento dessas terras tão interessantes.
Na Idade Moderna, com o advento do capitalismo comercial, houve a necessidade
de criação de novas estradas para escoamento das mercadorias dos comerciantes que
buscavam expandir seus negócios, fato que contribuiu bastante para o desenvolvimento da
atividade.
De acordo com Ignarra (2003, p. 4),
Para alguns autores, o turismo inicia-se, no século XVII, quando os primeiros sinais
do crescimento industrial começaram a afetar a forma de vida estabelecida há
séculos. O aumento da riqueza, a ampliação da classe de comerciantes e a
secularização da educação estimularam o interesse por outras culturas e pelo
conceito de que viajar é uma forma de educação.
Entretanto a maior motivação das viagens era a ampliação do comércio, que
despertou o interesse em explorar roteiros marítimos capazes de ligar continentes como a
Europa e a África. “Desta época datam as grandes viagens de Marco Pólo (1271), um
veneziano, que chegou a visitar a China. A despeito da motivação exploratória comercial, as
viagens de Marco Pólo podem ser consideradas as primeiras viagens turísticas de longo
percurso” (IGNARRA, 2003, p. 5). As grandes navegações, realizadas no século XV e XVI,
foram responsáveis pelo descobrimento de países no chamado novo mundo, como, por
exemplo, o Brasil, descoberto pela coroa Portuguesa, cuja principal motivação foi comercial.
Nos séculos seguintes, com o “florescimento do capitalismo, o hábito de viajar para as
estações de águas expandiu-se nas classes mais favorecidas”.
A criação de meios de transportes mais rápidos e eficientes, assim como a
construção de malhas ferroviária, contribuiu para o desenvolvimento do turismo,
considerando que se podia vencer maiores distâncias em um menor tempo.
19
Com isso o turismo ganhou um grande impulso. Na Inglaterra desde 1830, já
existiam linhas férreas que transportavam passageiros. Em 1841, Thomas Cooke,
organizou uma viagem de trem para 570 passageiros entre as cidades de Leicester e
Lougboroug, na Inglaterra. O sucesso foi tanto que a sua empresa passou a organizar
excursões para a parte continental da Europa e, posteriormente até excursões para os
Estados Unidos. A empresa prosperou e passou a ser considerada a primeira agência
de viagens do mundo (IGNARRA, 2003, p. 5).
O turismo difundiu-se no mundo inteiro e a tecnologia foi responsável pela rápida
difusão, segundo Ignarra (2003, p. 6), “os avanços técnicos nos transportes e nas
comunicações reforçaram sobremaneira, os fatores econômicos favoráveis a expansão do
turismo. O advento da televisão, em particular, contribuiu muito para a promoção da
variedade dos atrativos dos países estrangeiros”. A socialização das paisagens dos países
longínquos e extremamente exóticos, do ponto de vista ecológico e sociocultural, despertaram
a curiosidade dos indivíduos do mundo inteiro, levando-os a se deslocarem formando os
fluxos turísticos.
No contexto do Estado do Maranhão, o desenvolvimento da atividade turística
apresenta como principais marcos evolutivos, conforme quadro a seguir:
Período Acontecimento
1962
Governo Newton de Barros Belo: A Lei nº 2.239 cria o Departamento de
Turismo e Promoções do Estado do Maranhão como órgão de assessoramento do
Governador.
-
Instituição do Fundo Especial para o Desenvolvimento do Turismo decorrente
de taxa a ser cobrada sobre receita de empresas que exploram quaisquer serviços
turísticos no Estado.
-
Editados dois guias turísticos e um roteiro da cidade (ainda no governo Newton
Belo)
1963
Lei nº 1.411: Criação do Departamento Municipal de Turismo e Promoções
Culturais. Objetivo: Manter um serviço de turismo e promoções culturais,
promover o tombamento, restauração e conservação de monumentos públicos,
cadastramento de prédios coloniais, reedição de obras clássicas maranhenses,
organização de excursões, formação de guias de turismo, incentivo ao folclore,
execução de filmes documentários, etc.
1965
Finalização das atividades do Departamento de Turismo e Promoções do Estado.
Todas as ações relativas a turismo passam para o âmbito municipal.
1966
Governo de José Sarney Costa: Reativação do Departamento de Turismo e
Promoções do Estado (vinculado à secretaria de Segurança Pública e,
posteriormente subordinado ao Gabinete do Governador).
1968
Criação do Fundo de Incentivo ao Turismo e Artesanato – FURINTUR (criação
da primeira sede própria de um órgão de turismo, com loja de artesanato e posto
de informações). Algumas ações: Cadastramento de grupos folclóricos;
levantamento do artesanato no estado; confecção de material de divulgação e
organização de arquivo fotográfico turístico e cultural.
1970
Inclusão de São Luís em roteiro turístico de operadora nacional – Panorama
Turismo Ltda., de São Paulo.
1971
Inclusão do Bumba-meu-boi no Calendário Turístico do Brasil editado pela
Embratur
20
1971
No Governo Pedro Neiva de Santana, a Prefeitura Municipal assume a política
turística do Estado e cria a Coordenadoria de Turismo e Cultura Popular. O
FURINTUR fica com a pasta do artesanato e incentivo ao folclore. Algumas
ações: Gravação de 2 discos de BMB; contratação de empresa para a elaboração
de plano turístico para o Estado; levantamentos estatísticos e promoções (São
João).
1973
Extinção do FURINTUR. Transferência de suas atribuições à Fundação do Bem
Estar Social do MA.
1973
Criação da Secretaria de Indústria e Comércio constando em sua estrutura um
Departamento de Turismo.
1976 Criação da Empresa Maranhense de Turismo - MARATUR
A partir da
década de
1990
Maratur/ Subgerência de Turismo- Geplan
1998 - Convênio Governo do Estado e o Prodetur
Contratação Marketing Systems:
Elabora a Nova Política de Turismo do Maranhão (Plano Maior/Pólos
Turísticos)
Fonte: TARGINO, 2003.
Quadro 1 – Principais marcos evolutivos da atividade turística no Estado do Maranhão
2.1.2 Abordagem conceitual do turismo
No final do século XIX e início do século XX, surgiram inúmeras descrições e
conceituações com o objetivo de explicar a realidade do fenômeno turístico, entretanto,
definir a atividade turística não é tarefa simples, pois essas definições podem possuir diversos
enfoques, o social, o econômico, o cultural e o ecológico. Segundo Beni (2001, p. 34),
“podem-se identificar no campo acadêmico, nas empresas e nos órgãos governamentais três
tendências para definição de Turismo: a econômica, a técnica e a holística”, onde cada uma é
defendida de acordo com seu enfoque ou objetivo principal.
As primeiras definições reconheciam apenas as implicações econômicas ou
empresariais da atividade, sendo que, segundo Andrade (1998, p. 32) a mais antiga das
conceituações sob essa ótica data de 1910, cuja autoria é atribuída ao economista austríaco
Herman von Schullard, que compreende turismo como “a soma das operações,
principalmente de natureza econômica, que estão diretamente relacionadas com a
entrada,permanência e deslocamento de estrangeiros, para dentro e para fora de um país,
cidade ou região”. Tal definição não engloba os aspectos ecológicos, culturais, sociais e
políticos que envolvem a atividade na atualidade.
Os estudos sobre o turismo tiveram seu início no final do século XIX, sendo que
“os primeiros trabalhos surgiram no início da década de 1870 e na sua maioria tratavam sobre
geografia e economia, visando compreender os aspectos econômicos da atividade”. Para
21
Robert Mc Intosh (apud BENI, 2001, p. 34), “O Turismo pode ser definido como a ciência, a
arte e a atividade de atrair e transportar visitantes, alojá-los e cortezmente satisfazer sua
necessidades”, tal conceito aborda a questão dos equipamentos, serviços e infra-estrutura de
apoio à atividade turística nas comunidades receptoras, visando ao satisfatório atendimento
das necessidades físicas e psicossociais do turista.
A Organização Mundial do Turismo (OMT, 2003, p.?) define a atividade através
do enfoque da motivação que pode ser tanto de lazer, saúde, cultural e outros, entretanto nega
que possa ser por motivos profissionais ou de negócios, sendo que o “Turismo é definido
como a soma das relações e de serviços resultantes de uma mudança de residência temporária
e voluntária motivada por razões alheias a negócios ou profissionais”. Permanentemente, os
pesquisadores de turismo estão repensando a conceituação da atividade, pois deseja-se
encontrar uma definição que englobe todas essas vertentes que são importantes para a
compreensão do turismo na atualidade.
O Ministério do Turismo, por sua vez, esclarece que é a
Atividade econômica que envolve relações entre pessoas, deve fundamentar a
preservação do patrimônio cultural e natural, cria oportunidades para geração de
pequenas e médias empresas e de desenvolvimento local. No entanto, deve ser
realizado com planejamento, envolvendo cada setor que se mobiliza a partir da
recepção dos turistas, formando uma rede cooperativa e eficiente (BRASIL, 2006).
Esta definição envolve a dimensão ambiental considerando que se preocupa com
os efeitos negativos e positivos gerados pela atividade e, principalmente, com a formação de
uma consciência para o uso dos recursos naturais e culturais de uma destinação turística.
Para Andrade (1998, p. 38), o
Turismo é o complexo de atividades e serviços relacionados aos deslocamentos,
transportes, alojamentos, alimentação, circulação de produtos típicos, atividades
relacionadas aos movimentos culturais, visitas, lazer e entretenimento. É ainda, o
conjunto de serviços que tem por objetivo o planejamento, a promoção e a execução
de viagens, e os serviços de recepção, hospedagem e atendimento aos indivíduos e
aos grupos, fora de suas residências habituais.
Para a Organização Mundial do Turismo (2003, p.?), existe uma diferença básica
entre excursionistas e turista. Turista é o “Visitante temporário, proveniente de um país
estrangeiro, que permanece no país mais de 24 horas e menos de 03 meses”, vale ressaltar que
esta organização realiza a distinção entre turistas e excursionistas, indicando que este último é
aquele visitante que não pernoita no local visitado, portanto não permanece mais que 24 horas
no núcleo receptor.
22
Segundo Andrade (1998, p. 43), turista é a “Pessoa que livre e espontaneamente,
por período limitado, viaja para fora do local de sua residência habitual, a fim de exercer
ações que, por sua natureza e pelo conjunto das relações decorrentes, classificam-se em algum
dos tipos, das modalidades e das formas de Turismo”. Esta definição possui teor mais
universal da atividade e aborda a questão das diversas motivações turísticas, não criando
limitações com relação às ações que o visitante possa exercer na localidade visitada.
De acordo com Jafar Jafari (apud BENI, 2001, p. 35), “o Turismo é o estudo do
homem longe do seu local de residência, da indústria que satisfaz suas necessidades, e dos
impactos que ambos, ele e a indústria, geram sobre os ambientes físicos, econômicos e
socioculturais da área receptora”. Pode-se perceber que tal conceito possui não só o enfoque
econômico e sociocultural, mas também envolve a dimensão ecológica, quando se preocupa
com os impactos advindos da atividade sobre a sociedade e o meio onde ocorre.
Considera-se que o turismo enquanto prática social, consome elementarmente o
espaço e vem modificando a dinâmica do uso e ocupação do solo nas sociedades modernas “O
Turismo é uma prática social que envolve o deslocamento de pessoas pelo território e que tem
no espaço geográfico seu principal objeto de consumo” (CRUZ, 2003, p.?). Nesta perspectiva,
o turismo consome o espaço natural e cultural, portanto, deve contribuir para a conservação
do meio, através do Planejamento Ambiental da atividade que induz ao respeito dos princípios
da sustentabilidade social, cultural, ecológica, econômica e espacial.
Entende-se que o planejamento do turismo deve compreender diversos tipos de
espaços físicos, conforme descreve Roberto Boullon (apud BENI, 2001, p. 56-57):
Espaço Real: refere-se à totalidade da superfície do planeta e da biosfera; usado
para deslocamento pessoas;
Espaço Potencial: possibilidade de destinar o espaço real para uso diferente do
atual; pertence á imaginação do planejador;
Espaço Cultural: modificado pela ação humana na sua fisionomia original;
Espaço Natural Virgem: sem intervenção humana; cada vez mais raros;
Espaço Natural Adaptado/Rural: predominam espécies manuseadas pelo homem;
desenvolvimento de atividades produtivas.
Espaço Artificial ou Urbano: predominam artefatos construídos pelo homem. A
cidade é a maior representação do espaço urbano;
Espaço Turístico - conseqüência da presença e distribuição territorial dos atrativos
turísticos que são a matéria-prima do turismo; A determinação do espaço turístico é soma dos
Atrativos mais o mapeamento da área de qualquer país.
23
O planejamento ambiental do turismo passa pela relação existente entre o homem
e o meio, daí a necessidade da interação com outras ciências para a produção de
conhecimentos científicos sobre a área, visando contribuir para a diminuição de impactos
sócio-espaciais negativos e sustentabilidade do meio.
2.1.3 Turismo na atualidade
O turismo atualmente é objeto de estudo de diversas áreas das ciências.
Pesquisadores de várias áreas, dentre eles, geógrafos, biólogos, antropólogos, economistas,
administradores, ecologistas e cientistas sociais, preocupam-se com os impactos, positivos e
negativos, advindos da atividade sobre o meio e as comunidades visitadas. É inegável a
contribuição dessas áreas do conhecimento para a melhor compreensão da atividade turística,
considerando que as mesmas emprestam suas teorias para fundamentar o turismo, que não é
reconhecida como ciência, mas que já preocupa cientistas do mundo inteiro, o que é bastante
favorável para a criação de novas teorias, sobre diversos enfoques, que reforcem a
fundamentação teórica da atividade.
Na América Latina, os primeiros países a se preocuparem com o turismo foram o
Chile, a Argentina e o Uruguai, que iniciou a criação de núcleos de praia. No Brasil, enquanto
fenômeno social, o turismo começou na década de 20, com a criação da Sociedade Brasileira
de Turismo, e que depois se transformou no Touring Clube. A conotação de turismo aqui
desenvolvida era apenas ligada a lazer, desvinculada de qualquer que fosse o caráter
educativo ou de aventura que teve, por exemplo, na Europa.
No Governo de Juscelino Kubitschek, ocorreu a criação do primeiro órgão
normativo do turismo no país, a Comissão Brasileira de Turismo (COMBRATUR), que se
tornaria anos depois a EMBRATUR, atual Instituto Brasileiro de Turismo.
Nas décadas de 60 e 70, quase não existiu o turismo interno, devido à Ditadura
Militar. Na primeira metade dos anos 80, a atividade turística atinge o seu auge. Voltando ao
declínio a partir de 1987, em virtude da política econômica adotada no país, este período
perdura até 94, onde o setor turístico retoma seu crescimento. Desde então, ano após ano, o
turismo vem batendo seus números.
É inegável a importância do Turismo, enquanto fenômeno mundial que cresce a
cada dia, devido a sua capacidade de estabelecer intercâmbio entre os povos e culturas do
24
mundo inteiro, assim com assegurar um efeito multiplicador sobre as economias e
comunidades receptoras.
A atividade tornou-se um fenômeno social e econômico de grande repercussão
sobre as sociedades e o meio, o que tem despertado a preocupação da comunidade científica
no mundo inteiro, o que pode ser comprovado pelo crescente número de pesquisas e trabalhos
científicos que estudam os efeitos da atividade, sob o enfoque social, econômico, ecológico e
cultural.
A atividade é capaz de dinamizar diversos setores econômicos, podendo
beneficiar desde pequenas comunidades rurais organizadas em cooperativas, até incentivar
sofisticados setores industriais, como por exemplo, a indústria automobilística e de
transportes. A atividade difundiu-se no mundo como capaz de gerar emprego e renda para os
países periféricos e oportunizar uma melhor distribuição econômica entre os países ricos e os
que se encontram em estágio de desenvolvimento.
De acordo com a Organização Mundial do Turismo (2003, p. 17) a atividade
“tornou-se um dos principais setores econômicos mundiais e dos componentes líderes do
comércio internacional”, devido a sua grande expressão enquanto atividade socioeconômica.
Swarbrook (2000), discute a relação custo/benefício da atividade turística, citando
os principais ônus da atividade, bem como as vantagens diretas e indiretas que o turismo
proporciona.
Atualmente, a OMT (2003, p. 32) tem desenvolvido estudos para identificar
alguns problemas potenciais causados pela atividade turística ao meio natural, citando-se
entre eles: poluição do ar pelo uso excessivo de veículos auto-motores; poluição das águas,
superficiais e subterrâneas, através do descarte inadequados de resíduos sólidos e
esgotamentos sanitários; falta de controle da visitação capaz de provocar o desaparecimento
de espécies endógenas da flora e fauna; desmatamento excessivo para a construção de infra-
estrutura e equipamentos turísticos.Nesta perspectiva, discute-se a implementação do
planejamento efetivo e contínuo do turismo,de acordo com os preceitos do desenvolvimento
sustentável, visando à possibilidade de maximizar os benefícios e minimizar os impactos
negativos advindos da atividade.
25
2.1.4 Turismo sustentável
Por iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU), realizou-se, em junho
de 1967, em Helsinque-Finlândia, a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e
o Desenvolvimento – a CNUMAD-I, da qual, resultou a HELSINQUE+5, ocorrida em
Estocolmo-Suécia, em junho de 1972, que marcaram o início da discussão do meio ambiente
relacionado com o desenvolvimento humano, ou seja, sobre o Desenvolvimento Sustentado.
Este tema só viria a ser aprofundado e consolidado, duas décadas depois, por insistência das
nações signatárias da ONU-PNUD-PNUMA, com a realização da CNUMAD-II, que
aconteceria no Rio de Janeiro-RJ, de 1º a 15 de junho de 1992, reconhecida como ECO-
RIO/92, que se constituiu no maior e mais importante evento mundial já realizado na História
da Humanidade.
Como seu resultado mais relevante, referida Conferência produziu o Documento
chamado AGENDA 21 DAS NAÇÕES UNIDAS – um tratado internacional de diretrizes para
um novo modelo de desenvolvimento, contendo propostas setoriais de base, originadas
sistematicamente nos setores comunitários de 176 Países. As deliberações desse evento foram
tomadas pelo chamado Fórum Global – versão avançada da Assembléia Geral da ONU –
aprovadas e homologadas, em nível executivo mundial, pela Cúpula da Terra, que é integrada
por titulares da gestão pública de todas as Nações, e que aborda todos os aspectos de
contextura multidisciplinar da humanidade contemporânea, com abrangência social,
ambiental, econômica, cultural e política.
Desse modo, a partir da CNUMAD-II, estão consolidados, como principais
objetivos do Desenvolvimento Sustentável: o crescimento econômico, respeitando a
capacidade da natureza, com combate à pobreza, pois esta impossibilita as pessoas de
satisfazerem suas necessidades básicas, e as conduz a utilizarem os recursos naturais de modo
insustentável. Tal crescimento, todavia, deve proporcionar um desenvolvimento eqüitativo,
que atenda às necessidades de gerar emprego, alimentação, respeitar a cultura dos povos, e
outras demandas essenciais ao ser humano, a conservação e melhoria da base dos recursos, já
que é muito mais caro recuperar o que já foi degradado, do que preservar. É necessária uma
mudança no estilo de vida dos países para que sejam compatíveis com os recursos
disponíveis, um empenho político que viabilize o desenvolvimento, a inclusão do meio
ambiente e a participação dos cidadãos no processo decisório (MARGULIS, 1990).
26
Como decorrência da HELSINQUE+5, surge, já a partir da década de 1980, o
conceito de Turismo Sustentável, que amplia e difunde a discussão sobre a questão ambiental
da atividade turística em vários setores, o que se torna urgente, devido aos impactos negativos
advindos da atividade do turismo de massa que tem comprometido a qualidade dos ambientes
visitados. Neste contexto, devem estar intrinsecamente associadas as preocupações com o
meio natural e com as comunidades receptoras no tocante a socialização dos benefícios
econômicos e sociais, além da satisfação do próprio turista em relação à qualidade do meio
visitado.
O estresse urbano tem contribuído nas últimas décadas para uma corrida
desenfreada do homem para manter contato com a natureza, visando à fuga do seu cotidiano e
a busca do seu equilíbrio psicossocial.
Esta é uma maneira encontrada pelos indivíduos das sociedades modernas de
recarregar suas energias utilizadas em longas jornadas de trabalho. Neste contexto, o turismo
contemporâneo é um grande consumidor da natureza e sua evolução, nas últimas décadas,
ocorreu como conseqüência da busca do verde e da fuga dos tumultos dos grandes
conglomerados urbanos pelas pessoas que tentam recuperar o equilíbrio psicofísico em
contato com os ambientes naturais durante seu tempo de lazer.
Nesta perspectiva, a cada dia cresce a busca por atividades ligadas diretamente a
ambientes naturais, como forma de ocupar seu tempo livre, através de atividades
contemplativas, interativas e até radicais, motivados por diversos fatores como saúde,
aventura, lazer ou simplesmente, mais qualidade de vida.
De acordo com Ruschmann (1997, p. 9)
As conseqüências do grande afluxo de pessoas nesses ambientes – extremamente
sensíveis – fazem com que o planejamento dos espaços, dos equipamentos e das
atividades turísticas se apresentem como fundamental para evitar os danos sobre os
meios visitados e manter a atratividade dos recursos para as gerações futuras.
Nesse sentido, citado pesquisador destaca a importância da Educação Ambiental,
como um instrumento imprescindível à formação de uma consciência ambientalista, voltada
para a mudança de atitudes dos seres humanos no tocante à preservação e conservação dos
recursos naturais, sociais e culturais de uma comunidade. Ressalta, ainda, a importância do
conteúdo da Educação Ambiental para o turismo, como também, a forma como os programas
educativos devem ser implementados.
O Desenvolvimento do pensamento conservacionista vem crescendo dentre os
pesquisadores que discutem os impactos da ação antrópica em ecossistema de grande
27
fragilidade, sendo crescente o número de pesquisas e trabalhos científicos, advindos das
diversas áreas do conhecimento, que analisam os impactos provocados pela atividade turística
ao meio natural e cultural.
O desenvolvimento de estudos sobre o relacionamento do turismo em ambientes
naturais, tem revelado a falta de consciência dos turistas e a incapacidade dos operadores do
setor em proteger os recursos naturais que são a matéria-prima da atividade. Segundo
Ruschmann (1990), esta relação foi caracterizada por quatro fases: I. Revelação do meio –
corresponde à fase de descoberta do meio ambiente; II. Modificação e degradação – momento
da criação de infra-estrutura, muitas vezes superdimensionadas que favorece a degradação dos
recursos naturais através do turismo de massificado; III. Reparação – fase da restauração do
meio degradado, quando é possível; IV. Reconciliação – momento de estudos e pesquisas
visando à valorização do meio ambiente tendo como norte o conceito de Desenvolvimento
Sustentável e posteriormente o ecoturismo.
O impacto do turismo sobre o meio natural e cultural é inevitável, portanto deve-
se manter a atividade dentro dos limites aceitáveis de sustentabilidade, buscando alternativas
para a harmonia entre a atividade e o ambiente visitado, através de métodos, instrumentos e
técnicas específicas de planejamento ambiental.
Embora o turismo tenha sido considerado em décadas passadas como uma
“indústria sem chaminés”, ou seja, que pouco polui, atualmente se considera esta postura
equivocada, tendo em vista que toda atividade econômica gera impactos negativos sobre o
meio, não sendo o turismo uma exceção e, por essa razão, necessita de planejamento a fim de
evitar a descaracterização dos recursos que deram origem a atratividade de determinada
destinação.
O planejamento turístico torna-se fundamental para ordenar a ação do homem
sobre o meio, visando à sustentabilidade social, econômica, cultural, ecológica e espacial do
ambiente e da comunidade local, de forma que possibilite minimizar os impactos negativos e
maximizar os impactos positivos, e seja capaz de realizar um desenvolvimento turístico
equilibrado com os recursos ambientais das comunidades receptoras.
Atualmente, conforme assinala Ansarah (2001), o estudo do turismo deve ser
direcionado para o desenvolvimento sustentável, conceito essencial para alcançar metas de
desenvolvimento sem esgotar os recursos naturais e culturais nem deteriorar o meio ambiente.
Entende-se que a proteção do meio ambiente e o êxito do desenvolvimento turístico são
inseparáveis.
28
Segundo Swarbrooke (2000), não há uma definição completamente aceita de
turismo sustentável, mas afirma que qualquer definição deve enfatizar os elementos
ambientais, sociais, culturais e econômicos do sistema de turismo. O autor sugere que o
turismo sustentável deve estar fundamentado na aplicação do de definição do relatório
Brundtland de sustentabilidade do turismo, definido como formas de turismo que satisfaçam
hoje as necessidades dos turistas, da indústria do turismo e das comunidades locais, sem
comprometer a capacidade das futuras gerações de satisfazerem suas próprias necessidades.
29
3 OBJETIVOS
3.1 Geral
Conhecer as características ambientais, sociais, econômicas, culturais e
institucionais da região lacustre Viana - Penalva - Cajari, na Baixada Maranhense, que
representem o seu potencial turístico sustentável.
3.2 Específicos
a) Identificar, dentro dos limites territoriais da bacia lacustre Viana Penalva, e
Cajari, na Baixada Maranhense, os sítios ecológicos e culturais maior
relevância para o desenvolvimento da atividade turística na região;
b) Inventariar e avaliar a infra-estrutura básica e de apoio ao turismo existente
nessas áreas;
c) Realizar registro fotográfico da oferta turística local;
d) Conhecer a percepção da comunidade residente acerca do turismo e da
potencialidade local.
30
4 METODOLOGIA
4.1 Modelo conceitual da pesquisa
O turismo representa um complexo sistema de planejamento e gestão. A gestão do
turismo deve compreender a real dimensão da atividade e identificar as múltiplas variáveis
que a compõe. A preservação do meio natural, cultural, social e econômico deve ser parte
integrante do planejamento da atividade, assim como a identificação do Patrimônio turístico,
realizado através do levantamento da oferta local e a observação dos aspectos da organização
político-administrativa (PETROCCHI, 2001).
O consumo do produto turístico acontece no próprio local da produção e o
deslocamento é motivado por diversos fatores que vão desde simples viagens familiares até a
participação em eventos científicos ou profissionais. As motivações turísticas, portanto
mudam de acordo com os tempos. Atualmente, a valorização dos ambientes naturais
desencadeou uma corrida para os roteiros ecológicos em busca de saúde ou lazer.
Teóricos da área recomendam que a pesquisa em turismo deve ser multidisciplinar
e aplicada. Vários são os modelos de planejamento turístico, com os enfoques mais
diversificados: urbanísticos, econômicos integrados e regionais entre outros (PETROCCHI,
2001).
O modelo de planejamento aqui adotado é apresentado por Beni (2001),
elaborador do Sistema de Turismo (SISTUR) (Figura 1). Entendeu-se ser este o modelo
adequado à necessidade deste trabalho, em virtude de possuir enfoque multidisciplinar capaz
de valorizar as relações ambientais (ecológicas/econômicas/sociais/culturais), mas também
analisar as relações operacionais que determinam o mercado turístico (produção/distribuição/
consumo), assim como verificar a superestrutura composta pelas entidades públicas e pela
ordenação jurídico administrativa, e ainda, a infra-estrutura, como o sistema de segurança,
transportes, comunicações e outros serviços prestados à comunidade, conforme a seguir.
31
Fonte: BENI, 2001.
Figura 1 - Sistema de Turismo
O modelo em referência contempla as questões técnicas, sem perder de vista as
questões ambientais tão importantes para o bom funcionamento da atividade enquanto um
sistema.
Para realização de estudo dos indicadores do potencial turístico sustentável da
região lacustre Viana-Penalva-Cajari, na Baixada Maranhense, foi necessária a realização de
um levantamento detalhado da oferta turística local, composta pelos atrativos naturais e
culturais, equipamentos e serviços de infra-estrutura básica e de apoio ao turismo existentes
nos municípios. Para a investigação da oferta, utilizaram-se os formulários específicos
adotados pela Embratur e Secretaria de Estado Extraordinária para Desenvolvimento do
Turismo/MA.
A avaliação dos indicadores do potencial turístico de uma localidade deve abordar
questões relativas à oferta de que ela dispõe. Avaliar o potencial turístico local comporta duas
fases essenciais: a) análise da situação turística existente; b) diagnóstico – que possibilita
identificar os pontos fortes e fracos do ambiente e determinar as oportunidades e os riscos
para, finalmente, decidir da viabilidade para desenvolver ou não o turismo na região.
32
A análise da situação é a primeira etapa de avaliação e consiste em proceder a um
levantamento do setor turístico local: a oferta, a procura, a concorrência e as tendências da
oferta. Além disso, é útil identificar no local em questão certos indicadores econômicos e
sociais Estes parâmetros devem ser atualizados sistematicamente, todos os anos, visando
fornecer elementos essenciais que lhes permitam conduzir planos de desenvolvimento do
turismo.
A confrontação dos resultados das análises da oferta, da procura, da concorrência
e das tendências permite identificar os pontos fortes e fracos da localidade. Por sua vez, esta
primeira etapa do diagnóstico permite determinar as oportunidades e os riscos inerentes a um
eventual desenvolvimento turístico.
A última fase do diagnóstico – avalia pontos fortes e fracos da destinação que
devem ser confrontados com as oportunidades e os riscos que a atividade turística pode gerar
sobre o mercado, a partir dessa análise será possível definir um programa de desenvolvimento
turístico sustentável (PETROCCHI, 2001).
Outro ponto importante consiste em determinar se a região dispõe de uma posição
estratégica única ou um extraordinário diferencial das outras cidades da região, como por
exemplo, um ecossistema natural ou cultural ímpar capaz de atrair fluxos turísticos e que traga
ao núcleo receptor vantagens efetivas.
Avaliação do Potencial Turístico Local, passa pela questão da análise da procura,
concorrência, oferta, situação do setor turístico, análise dos pontos fortes e fracos e análise das
oportunidades/riscos.
4.2 Métodos de análise da oferta turística
A oferta turística é constituída por um conjunto de elementos que conformam o
produto turístico. Compõe-se ela de: atrativos turísticos, serviços turísticos, serviços públicos
e infra-estrutura básica. Referidos elementos isoladamente possuem pouco valor turístico, ou
então, possuem utilidade para outras atividades que não o turismo (IGNARRA, 2003).
Segundo Beni (2001), a oferta turística refere-se ao produto turístico e está
dividida em oferta original, composta pelos atrativos naturais e culturais, e oferta agregada,
equipamentos, serviços e infra-estrutura.
De acordo com o Ministério do Turismo (BRASIL, 2006), município turístico, é
“aquele que possui atrativo turístico, infra-estrutura, produtos e serviços adequados que
33
atendam ao fluxo existente”. Observa-se que tal definição aborda a oferta turística não só do
ponto de vista da quantidade, mas também da qualidade dos serviços oferecidos no núcleo
receptor.
Segundo a definição adotada pelo referido Ministério (BRASIL, 2006), sobre
município com potencial turístico, é “aquele que possui recursos turísticos sem infra-estrutura,
produtos e/ou serviços consolidados”. Neste caso, existem recursos do ponto de vista dos
atrativos naturais e culturais, mas a infra-estrutura de apoio ao turismo, deixa a desejar.
Neste contexto, a análise da oferta é essencial para a determinação da
potencialidade ou não do município e, necessita simultaneamente, de investigação documental
e de investigação no local (consulta de pessoas, recursos, visitas aos locais, etc.). Depois de
ter determinado exatamente a região pertinente a estudar, começa-se por recolher as
informações em nível de cada autarquia, até se dispor dos dados essenciais para o conjunto
desse ambiente.
O Inventário é um instrumento técnico eficaz para realizar um estudo sistemático
da oferta turística, quantificar e qualificar os atrativos, permitindo sua avaliação, facilitar a
adoção de medidas precisas de proteção e ordenação dos recursos turísticos através do
planejamento e estabelecer uma hierarquia e prioridade por utilização dos atrativos e orientar
a política de desenvolvimento do turismo nos diversos níveis.
São objetivos do Inventário da Oferta Turística: dotar os órgãos e instituições de
um instrumento que permita colocar as informações de interesse turístico; despertar nos
órgãos oficiais de turismo a atenção para as potencialidades turísticas; instrumentalizar
campanhas de marketing; criar um sistema de informações e divulgação turística, através da
atualização de dados (CESAR; SITGLIANO, 2005). São as etapas do inventário da oferta
turística.
1. Encontros técnicos (objetivos e metodologias);
2. Pesquisa de gabinete (bibliográfica, documental, etc);
3. Trabalho de campo (examinar veracidade da pesquisa de gabinete, atualizando-
as com registros, fotos, entrevistas, etc);
4. Registro da informação (formulários específicos dos recursos naturais,
culturais, equipamentos, serviços e infraestrutura);
5. Divulgação (banco de dados, mapas, publicações técnico-científicas,
publicações promocionais, matéria para jornais, TV, cinema, etc).
34
De acordo com Cesar e Sitgliano (2005), são elementos essenciais para avaliação
do Inventário da Oferta Turística, o levantamento de: 1. Aspectos Gerais: delimitação da área;
aspectos legais e administrativos; aspectos socioeconômicos; infra-estrutura básica e de apoio;
equipamentos e serviços gerais e posicionamento da comunidade receptora; 2. Aspectos
Turísticos: aspectos ambientais e atrativos naturais; Atrativos Artísticos, Históricos e
Culturais; equipamentos e serviços específicos; entretenimento e lazer; eventos programados;
qualificação profissional.
A pesquisa pode ser entendida como descritiva quantitativa e qualitativa,
considerando que se propõe, por um lado, a identificar as características sócio-ambientais e
culturais da região lacustre Viana-Penalva-Cajari e conhecer as variáveis que as influenciam
e, por outro, quantificar a oferta turística local, infra-estrutura, equipamentos e serviços
disponíveis. A ferramenta utilizada para apuração dos dados foi o jmp., programa capaz de
permitir a análise de dados nominais em grande quantidade, o que atendeu às necessidades
deste estudo O levantamento da oferta turística foi realizado individualmente nos municípios
que compõem a área objeto de estudo.
O desenvolvimento deste trabalho deu-se através de duas ações básicas: pesquisa
de gabinete e pesquisa de campo. A pesquisa de gabinete buscou realizar levantamento de
dados bibliográficos e documentais, em fontes bibliográficas técnico-científicas
especializadas nas áreas de turismo e meio ambiente. A pesquisa de campo, realizada através
da coleta de dados “in loco”, utilizou um instrumental específico no formato de formulário,
sugerido por Beni (2001) (Anexos A a G), para levantamento da oferta turística, e
questionário da autora (Apêndice A), adaptado de Ruschmann (1997), para a investigação da
percepção da comunidade sobre o ambiente e a potencialidade turística do seu município.
Localizada na Microrregião da Baixada Ocidental Maranhense, a área de estudo -
a Região Lacustre Viana-Penalva-Cajari foi definida a partir da sua importância ecológica de
notável beleza, representada por campos inundáveis, pelos “rosário de lagos”, destacando-se
como os mais importantes: o de Viana, o de Cajari, o Capivari, o Lontra e o Formoso,
integrados em um ambiente bastante similar ao encontrado no Pantanal Matogrossense.
Adotou-se como público alvo da pesquisa os funcionários dos órgãos
administrativos dos municípios e empresas turísticas e de apoio ao turismo, membros dos
Sindicatos dos Professores, dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais (pescadores, agricultores
e artesãos), que constituem as Comunidades Tradicionais, e são agentes multiplicadores
potenciais para fornecer dados e informações sobre o município. A amostra, intencionalmente
direcionada, determinou a necessidade entrevistar 05 membros da diretoria, no caso dos
35
Sindicatos, além dos dirigentes dos órgãos públicos, de 03 funcionários públicos, dos
gerentes/proprietários e de dois funcionários de cada empresa ou serviços voltados para o
turismo.
Para realização de estudo dos indicadores do potencial turístico sustentável da
região dos lagos, Viana-Penalva-Cajari, Baixada Maranhense, foi necessária a realização de
um levantamento detalhado da oferta turística local, composta pelos atrativos naturais e
culturais, equipamentos e serviços de infra-estrutura básica e de apoio ao turismo existente
nos municípios. Para a investigação da oferta foram utilizados os formulários da Embratur.
A coleta de dados foi implementada através da utilização de instrumentos
específicos para cada público alvo: com a comunidade, serão aplicados questionários
(Apêndice A); para os proprietários ou gerentes de estabelecimentos turísticos, foram
utilizados os modelos e formulários da Embratur e Secretaria Extraordinária para
Desenvolvimento do Turismo/MA (Anexo H), próprios para levantar a oferta turística de uma
localidade; com os dirigentes municipais e gestores públicos do turismo utilizou-se do recurso
da entrevista orientada para cada segmento.
A metodologia adotada contou ainda com a participação das principais
comunidades, através de suas lideranças, em todas as etapas de implementação da pesquisa,
privilegiando-se, desse modo, os conhecimentos das comunidades tradicionais sobre a região
e a cultura local.
A pesquisa de campo contou com a realização de 05 (cinco) viagens, sendo a
primeira para reconhecimento das características ambientais da Baixada Maranhense que
aconteceu no período de 05 a 07 de maio de 2005, nos municípios de Viana, Penalva e Arari,
Na ocasião teve-se a oportunidade de interagir com o meio natural e cultural dos municípios,
observando-se os modos de vida das populações locais, através dos aspect
36
município. Na ocasião aplicaram-se os questionários com o público alvo
definido.
Considerando-se que, após apuração de dados sobre a cultura local, percebeu-se a
importância do Festival do Peixe em Viana, realizou-se a 6ª viagem no período de 16 a 18 de
setembro/06, visando à percepção da comunidade sobre esta manifestação popular e
fechamento do Inventário turístico da região.
A implementação da pesquisa se deu através de uma seqüência de visitas com a
aplicação de questionários específicos para cada área. A investigação da oferta turística
aconteceu na sede dos municípios e constou basicamente de:
- Reconhecimento do Ambiente;
- Visita aos Órgãos Públicos e Associações e Sindicatos;
- Levantamento das características gerais e aspectos legais e administrativos;
- Levantamento dos aspectos socioeconômicos;
- Levantamentos dos aspectos naturais e culturais;
- Levantamentos da infra-estrutura turística;
- Investigação da percepção da comunidade;
- Constituição de acervo imagético.
A visita aos órgãos públicos, aconteceu de acordo com a organização político-
administrativa da cada município, que muda conforme as necessidades de cada um, mas
basicamente foram selecionadas e visitadas as seguintes Instituições Públicas:
- Prefeitura Municipal;
- Secretaria de Educação;
- Secretaria de Saúde;
- Secretaria de Cultura;
- Secretaria de Planejamento
- Secretaria de Infra-estrutura;
- Secretaria de Agricultura e Abastecimento
- Secretaria de Assistência Social.
Não há Secretarias de Turismo na estrutura organizacional dos três municípios, o
que dificulta o levantamento de dados mais consistentes, do ponto de vista da atividade
turística. Vale ressaltar que no município de Viana, existe uma Coordenação de Turismo, com
uma melhor visão da organização da atividade e constante contado com a Secretaria de Estado
Extraordinária para o Desenvolvimento do Turismo (SEEDETUR), que auxilia o
direcionamento da atividade local.
37
Na pesquisa realizada com proprietários e trabalhadores do setor turístico,
priorizaram-se as empresas de serviços de hotelaria, alimentação, transportes e
entretenimento, que formam a base das necessidades dos turistas no local de destino.
Os Sindicatos elencados, por sua importância na representação da organização
social dos municípios, por um lado contempla os lavradores e pescadores, através do
Sindicato de Trabalhadores Rurais e Colônias de Pescadores, com seus profundos
conhecimentos sobre os ambientes naturais e, por outro, o Sindicato dos Professores,
formadores de futuros cidadãos que irão atuar, se estimulados, na conservação dos ambientes
naturais e culturais.
Teve-se a oportunidade de visitar comunidades rurais na busca de elementos
culturais citados por dirigentes de instituições públicas e comunidades em geral, como os
povoados de Baías, por sua vocação para confecção de bonecas da palha do milho, e o
povoado de São Cristóvão, famoso por ser comunidade quilombola, que tem preservado
aspectos da cultura negra, como, por exemplo, o tambor de crioula, citado durante toda a
pesquisa como forte atrativo cultural, no município de Viana.
Com base nas informações levantadas sobre o município, e apuração dos dados
coletados, foi possível a elaboração do inventário da oferta turística local, anexos 01 a 08, que
fundamentou a análise do potencial turístico da Região Lacustre de Viana-Penalva-Cajari.
Foram de grande importância para a pesquisa a observação e a investigação direta
da pesquisadora, envolvendo os aspectos quantitativo e qualitativo dos equipamentos e
facilidades, e também da infra-estrutura de serviços públicos disponíveis para a comunidade
residente. Para isso, foi imprescindível o apoio tanto dos dirigentes das instituições públicas,
como também, da própria comunidade, a qual não media esforços em demonstrar a sua
hospitalidade, uma das características marcante do povo maranhense.
O levantamento da Oferta Turística da região deu-se através da utilização do
Modelo de Questionário da Oferta Turística da Secretaria Extraordinária para
Desenvolvimento do Turismo, adaptado da Embratur, e a aplicação dos Modelos de
Formulários de Pesquisa de Campo (FPC), sugeridas por Beni (2001) para investigação junto
aos estabelecimentos que prestam serviços de hospedagem, alimentação e entretenimento,
conforme especificações a seguir.
Aplicados com a prefeitura e órgãos municipais:
- FPC 01 - Formulário de Pesquisa de Campo – Atrativos Turísticos Naturais
(Anexo A);
38
- FPC 02 - Formulário de Pesquisa de Campo – Atrativos Turísticos Histórico-
Culturais (Anexo B);
- Questionário da Oferta Turística (Apêndice H).
Aplicados com os proprietários ou administradores das empresas que prestam
serviços de apoio ao turismo na região:
- FPC 03 - Formulário de Pesquisa de Campo – Equipamento Hoteleiro (Anexo
C);
- FPC 04 - Formulário de Pesquisa de Campo – Equipamento Extra-Hoteleiro
(Alojamentos não-convencionais) (Anexo D);
- FPC 05 - Formulário de Pesquisa de Campo – Equipamento Extra-Hoteleiro
(Acampamentos Turísticos Campings) (Anexo E);
- FPC 06 - Formulário de Pesquisa de Campo – Equipamentos Complementares
de Alimentação (Anexo F);
- FPC 07 - Formulário de Pesquisa de Campo – Equipamentos Complementares
de Recreação, Entretenimento e outros Serviços Turísticos (Anexo G);
Observe-se que não foram aplicados os formulários de pesquisa de campo FPC
04 e 05 por não existir nos municípios pesquisados equipamentos extra-hoteleiros não
convencionais e “campings”.
Para investigação da percepção da comunidade elaborou-se questionário
específico com questões abertas e fechadas, constante no Apêndice A.
4.3 Caracterização da área
O Estado do Maranhão, por sua localização em área de transição entre a
Amazônia, o nordeste semi-árido e o Cerrado, destaca-se entre os demais estados nordestinos
pela diversidade de ecossistemas, vasto litoral, rica hidrografia e notáveis formações
paisagísticas que favorecem diferentes usos, diretos e indiretos, dos recursos naturais
disponíveis.
Dentre esses ambientes destaca-se a Baixada Maranhense, região caracterizada
por campos naturais inundáveis que são ambientes extremamente complexos do ponto de
vista ecológico, com estrutura e funcionamento bem diversificados, sendo constituídos por
lagos rasos temporários que ocupam toda a planície de inundação, por lagos marginais e
importantes sistemas lacustres (COSTA NETO; BARBIERI et al., 2002).
39
A região lacustre Viana-Penalva-Cajari, objeto da pesquisa, localiza-se na
Mesorregião Norte do Estado e na Microrregião da Baixada Ocidental Maranhense.
A região possui características bem particulares, determinadas por um regime de
cheia e estiagem que deixa grande parte dos campos dos municípios que a integram inundada
durante quase todos os seis primeiros meses do ano que a dotam de elevada complexidade
ecológica, com a disponibilidade de recursos de flora e fauna exuberantes.
Tal condição ambiental é determinante para o meio natural, mas também parece
exercer influencia diretamente no meio cultural.
Criada em 1991, para preservar esse expressivo ecossistema maranhense, a APA
da Baixada Maranhense possui uma área total de 1.775.035 hectares (IBGE, 2000) que se
estende, por aproximadamente 20 mil Km². As principais unidades de paisagem da região são
formadas por vários rios, lagos, e campos naturais inundáveis no período chuvoso, além de
aterrados e estuários, dentre outros.
Fonte: WIKIPEDIA, 2006.
Figura 2 - Mapa de localização da APA da Baixada Maranhense
40
A Baixada Maranhense, está situada na porção do noroeste do Estado (1° 00’ - 4°
00’ S e 44° 21’ – 45° - 21’ W), mais precisamente a oeste da Ilha do Maranhão. Limita-se, ao
norte, com municípios do litoral ocidental maranhense; a oeste com a Pré-Amazônia, ao sul
com a região dos cocais e a leste, com o Cerrado (SANTOS, 2004).
O Estado do Maranhão apresenta-se entre os climas úmidos da Amazônia e semi-
árido Nordestino, observando que o clima úmido abrange maior extensão do território e
define a variável climática (úmido ou seco). Apresenta uma evapo-transpiração bastante
elevada superior a 1.140 mm/ano, variando para decréscimo no sentido norte-sul. Podem
ocorrer deficiências hídricas de até 900 mm, diminuindo no sentido oeste para leste, pode
estender-se por 9 meses e os excedentes entre 0 a 1.200 mm variando para decréscimo no
sentido noroeste para sudeste (NUGEO, 2002).
As zonas climáticas, segundo a classificação Koepen, apresentam características
megatérmicas, variam com as médias do mês frio acima de 18º C e para a Baixada, esta
coberta pelo clima que ocupa a parte central, clima tropical (savana), e o mês mais seco tem
menos de 60 mm (NUGEO, 2002).
Na classificação climática de Thorntwaite, a região lacustre apresenta tipologia
climática B
1
WA’ a’. É um clima úmido do tipo B
1
com moderada deficiência de água entre
os meses de junho a setembro; megatérmico (A’), sendo que a soma da evapotranspiração
potencial nos três meses mais quentes do ano é inferior a 48% em relação à evapotranspiração
potencial anual (NUGEO, 2002).
A temperatura varia entre 32º e 34º C à sombra durante o dia e 26º e 27º C, à
noite. Nos dias muito encobertos, no início do período chuvoso, janeiro e fevereiro, sem sol,
com chuvas esparsas e ventos frios, oscila entre 24ºC e a mínima de 23ºC no decorrer da
noite. As médias de temperaturas anuais, sempre excedem a 27ºC (FIBGE, 1997).
O relevo da Baixada Maranhense faz parte de uma planície sedimentar de
formação holocênica, flúvio-marinho e lacustre, que, pela sua baixa declividade, permite o
transbordamento, no período chuvoso, dos rios que banham aquela área, quais sejam: o
Mearim, o Pindaré, o Turiaççu, o Grajaú, o Pericumã e o Aurá, inundando áreas de campos.
as áreas livres de inundação recebem denominação local de “tesos” cobertas por matas
secundárias condomínio do babaçu. Os campos aluviais dessa região fisiográfica recobrem
grande parte dos seus 23 municípios, onde são conhecidos também como campos de várzeas
ou campos baixos (MARANHÃO, 1991).
41
De acordo com Ab’Saber (1987), em sentido mais amplo a expressão a Baixada
Maranhense refere-se a importante faixa de planícies de nível de base formadas a partir dos
fundos de uma paleorreentrância regional da costa maranhense, parcialmente colmatada por
depósitos fluvias, flúvio-lacustres e flúvio-marinho. A Baixada Maranhense corresponde,
sobretudo ao fundão da Baía da São Marcos, na área de confluência dos principais rios
provenientes do planalto ocidental do maranhão. O fundo do estuário de São José de Ribamar
possui planícies menos desenvolvidas e complexas, projetando-se lateralmente em planícies
de marés com manguezais logo após a embocadura do Rio Itapecuru. Os dois estuários que
ladeiam a Ilha do Maranhão são simétricos e igualmente importantes; sendo que as planícies
costeiras desenvolvidas na retroterra são muitos mais amplas, setorizadas e complexas ao
fundo da Baía de São Marcos, na área de coalescência aluvial de três importantes cursos
d’água maranhenses (Pindaré, Grajaú e Mearim).
Segundo Ab’Saber (1960), o relevo da Baixada é praticamente nulo, situado em
muitos pontos no nível das marés altas favorecendo uma invasão periódica extensiva das
águas flúvio-marinha de “inverno”, concentradas nas embocaduras dos cursos d’água
maranhenses que vem ter ao fundo do golfão.
A rica hidrografia da região, que inclui o maior conjunto de bacias lacustres do
nordeste brasileiro, é composta principalmente pelas bacias hidrográficas dos rios Turiaçu,
Pericumã, Pindaré e Mearim.
O sistema lacustre Viana-Penalva-Cajari integra essa rica região, situando-se à
bacia do rio Pindaré, o maior afluente do Mearim. O ciclo hidrológico da região estabelece
que os campos naturais estejam sempre inundados durante os seis primeiros meses do ano,
período das chuvas, conhecido regionalmente como inverno. Durante a estiagem, o “verão”,
os campos inundáveis secam restando com água apenas os rios e os lagos, embora com o nível
bastante mais baixo, como os da área objeto desta pesquisa.
Ab’Saber (1987), afirma que, em termos de setorização pode-se reconhecer um
setor de planícies aluviais de baixos vales dos rios Pindaré, Grajaú e Mearim, incluído dos
subsetores de lagos de barragem fluvial; um primeiro entre Grajaú e o Mearim, estendendo-se
para a margem direita desse último curso d’água, sob a forma de alinhamento de pequenos
lagos; e um segundo, mais importante e diversificado, comportando lagos em confluência de
rios, lagos de várzeas marginando o Baixo Pindaré, e lagos de enseadas laterais, de grande
amplitude relativa e forte presença paisagística (lagos da região de Viana e Penalva), um tanto
aparentados, mas não totalmente, com os lagos de terra firme da região amazônica.
Excepcionalmente no baixo Pindaré e, sobretudo, no curso de alguns tributários do Lago
42
Cajari, ocorre um padrão de pequenos lagos situados em pontos de alargamento do próprio
leito dos rios regionais: um padrão local e anômalo de lagos em “contas de rosário”.
Toda essa riqueza hidrológica é determinante na diversidade de fauna, com grande
abundância de aves migratórias continentais e extensa variedade de peixes, e flora constituída
por matas de galeria, manguezais e caipós.
A vegetação que ocorre de acordo com os sistemas geoambientais são
discriminadas por Santos (2004). No sistema flúvio-marinho, cuja unidade de paisagem são o
manguezal (mangue vermelho, branco e Siriba) e Apicum (predomina as gramíneas). No
sistema Flúvio-Lacustre ocorrem os campos inundáveis (gramíneas e macrófitas aquáticas),
Aterrados (titara, marajá, arariba); Tesos (juçara e capim marreca); Campos não
inundáveis(capim Navalha Algodão brabo); Lagos(criviri,macrófitas aquáticas); e nos
sistemas flúvios-terrestres ocorrem o babaçual (babaçu); Floresta secubdária (embaúba , mata
pasto); Cerrado(ata braba, pau da terra); Floresta mista (babaçu campo seco); Floresta
primária (caju gigante, jatobá).
A fauna é rica principalmente em variedade de peixes e, segundo estudo realizado
por Leal et al. (apud SANTOS, 2004), em relação à ictiofauma foram identificadas, em parte
da Bacia, as seguintes espécies de água doce: traíra (Hoplias malabaricus), jeju
(Holplerythrinus unitaeniatus), bagre (Parauchenipterus galeatus), piau-cabeça-gorda
(Leporinus friderici), piranha (Pygocentrus nattereri), acará (Geophagus ucayalensis).
Apesar da riqueza natural, referida região possui características que a tornam
bastante vulnerável, constituindo-se em ambientes de grande complexidade ecológica e
extrema fragilidade, tanto do ponto de vista ambiental quanto do socioeconômico. Nesse
aspecto, com aproximadamente três quintos da população vivendo na zona rural, tem sido
caracterizada como uma das regiões mais pobres do Estado. Os indicadores sociais apontam
uma população com altos índices de analfabetismo, mortalidade infantil e falta de condições
adequadas de habitação e saneamento básico.
A situação atual revela falta de dinamismo de uma economia dependente da
exploração de recursos naturais em um ambiente vulnerável. Entre as atividades com pouco
ou nenhum dinamismo se destacam: a agricultura de subsistência, a pecuária, a pesca
artesanal.
Do ponto de vista social, a área apresenta índices muito baixo de qualidade de
vida. Existem poucas alternativas de emprego remunerado para a população, decorrendo daí,
o predomínio, entre as comunidades rurais, de atividades de subsistências como a roça e a
pesca artesanal e, em áreas urbanas, os empregos alternativos como moto-taxistas. A
43
economia informal significa para muitos a única fonte de renda e, face às precárias condições
de vida, o êxodo rural na região é freqüente, especialmente, entre os mais jovens (SANTOS,
2004).
44
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Oferta do turismo na área objeto do estudo
O Estado do Maranhão, na sua integralidade, possui baixos indicadores sociais e
econômicos, características que se retratam de forma bem aguçada na região lacustre objeto
deste estudo, composta pelos municípios de Viana, Penalva e Cajari. Conta o estado, por
exemplo, com a maior proporção de lares sem iluminação elétrica do país: 16% das
residências não dispõem do serviço, e cerca de 31% de suas cidades têm IDH inferior a 0,575,
semelhante ao do Camboja (0,571) (PNUD, 2000).
O Município de Viana, com área de 1.162 Km
2
, possui uma população de
aproximadamente 45.661 habitantes (IBGE, 2000), e está distante da capital 215 Km. O
acesso ao município é feito através das rodovias BR 135 e MA 014, com transporte
intermunicipal diário através de três empresas, com horários diferentes, havendo também as
alternativas dos transportes que passam pelo município como é o caso da linhas que atendem
os municípios de Penalva,São João Batista, Cururupu e Guimarães. O transporte alternativo é
uma outra opção para a população. Devido ao precário serviço prestado neste setor, há vários
carros de aluguel para o transporte de cargas e pessoas que se deslocam para a região.
São muito pouco dinâmicas as atividades econômicas ali desenvolvidas, vivendo a
sua população rural basicamente da lavoura, da pesca e da extração de recursos naturais
renováveis, como o coco babaçu e a juçara, enquanto os que residem nas zonas urbanas têm
como base do seu sustento, o pequeno comércio fixo, ou ambulante, o serviço público, os
serviços de embarcação e os biscates. Em ambos os meios, as rendas oriundas da rede de
proteção social, como aposentadorias, bolsa-família, vale-gás e outras da espécie cumprem
papel de grande importância.
No setor secundário existe uma indústria artesanal de móveis, cerâmicas e usinas
de arroz, de pouca expressão na economia.
Segundo informações da Coordenadora de Turismo do Município, a atual
atividade turística que está sendo desenvolvida no município, é o turismo ecológico, sendo
que, na sua opinião, poderão ser implementadas atividades de turismo de pesca amadora,
náutico e religioso.
Com relação à infra-estrutura local, a cidade sede do município possui rede de
abastecimento de água com tratamento, que atende a menos da metade da população urbana.
45
Inexiste rede de esgotos, sendo utilizadas fossas sépticas. A rede elétrica atende
aproximadamente a 7.500 domicílios. A limpeza pública é diária, sendo utilizados para a
destinação final dos resíduos sólidos lixões a céu aberto. Não há, na zona rural, qualquer
serviço de saneamento. O PIB “per capita” e o IDH são e R$826,00 e 0,619, respectivamente.
(PNUD, 2000; IBGE, 2001).
As Comunicações do município ficam por conta da Empresa Brasileira de
Correios e Telégrafos, além das estações receptoras de TV da Globo, através da Mirante,
canal 7 e da Band, através da Maracu, canal 11. As emissoras de rádio são a Maracu e Sacoã,
ambas em AM e FM. Os jornais de circulação local são o Renascer Vianense e Folha da
Baixada, ambos de circulação irregular. A empresa de telefonia fixa que presta serviços neste
município é a Telemar, que possui uma grande quantidade de aparelhos públicos (orelhões),
espalhados estrategicamente por toda a cidade. Referido município, além disso, destaca-se
como o melhor atendido em serviços de telefonia celular, por possuir a cobertura da área
realizada através de três empresas que são a Tim (www.tim.com.br), a Amazônia
(www.amazoniacelular.com.br) e a Vivo (www.vivo.com.br/cobertura).
De acordo com informações da Secretaria de Saúde, existem no município três
(03) hospitais com capacidade de 114 (cento e catorze) leitos e 13 ( treze) postos de saúde nos
povoados mais importantes. Segundo informações dessa autarquia, as principais doenças que
acometem a população são a dengue e a malária. As diarréias são muito comuns no período de
transição entre o período chuvoso e de estiagem, fato atribuído às rápidas mudanças de
temperatura.
A segurança do município fica por conta de uma Delegacia e de um Quartel da
Polícia Militar. Consta nesses órgãos que as principais ocorrências são brigas de vizinhos,
pequenos furtos e poucas ocorrências envolvendo tráfico de drogas.
Segundo informações da Associação Comercial de Viana, o município possui dez
farmácias, duas agências bancárias, quarenta lojas de confecções, seis lojas de tecidos, dez
restaurantes cadastrados, trinta açougues, dezesseis vendas de frangos e quinze indústrias de
marcenaria e cerâmica, dentre outros comércios.
Com relação aos meios de hospedagem, foram identificados onze hotéis e
pousadas com café da manhã, sendo que se consideram cinco com boas instalações,
atendimento e serviços (Hotel Vianense, Hotel Pousada Água Viva, Rebeca Pálace Hotel, Isto
É Pousada e o Hotel Pousada). Tal seleção fundamenta-se nos critérios adotados pelo
Ministério do Turismo (apresentada na avaliação preliminar do pesquisador, constante no
Formulário de Pesquisa de Campo), que avaliam o estado de conservação e manutenção do
46
prédio; a decoração e o mobiliário; rouparia, guarnição e serviços de mesa; apresentação e
vestuário dos funcionários; condições dos equipamentos sanitários; e qualidade da
alimentação servida, inclusive a variedade dos produtos no café da manhã.
Os serviços de alimentação ficam por conta de dez restaurantes, inclusive com
uma churrascaria e serviços de Self Service. A comida oferecida é em geral caseira típica e
regional, sendo que os principais pratos oferecidos são a peixada com a preferência de 62%
dos entrevistados, seguida da Galinha caipira, Surubim ao leite de coco, bode ou carneiro ao
leite de coco e tortas de peixe seco. Existem também vinte (20) lanchonetes que oferecem
lanches variados entre bolos, pizzas, salgados e tortas frias com refrigerantes e sucos de fruta
da terra.
Os aspectos culturais são logo notados pela arquitetura colonial da cidade que
possui um importante patrimônio tombado pelo IPHAN, onde se encontra a Biblioteca
Pública Municipal Ozimo de Carvalho, fonte de pesquisa sobre a história e o povo vianense.
Viana foi tombada como Centro Histórico, através do Decreto n.º 10.899 de 17.10.1988, Insc.
no Liv. de Tombo n.º 040, folha 09 em 29.10.1988; e, Sinos da Igreja Matriz de Nossa
Senhora da Conceição, Decreto n.º 12.456 de 03.07.1992, Insc. no Liv. de Tombo n.º 061,
folha 013 em 03.08.1992 (MARANHÃO, 2006).
As manifestações e tradições culturais são de cunho religioso, popular, folclóricas,
apresentadas através da comida, das danças, da música e do artesanato local. As principais
festas são; Festejos juninos, o aniversário da cidade (08/julho), Festival do Peixe(setembro),
N. Sª Menina (08/setembro) e N.Sª da Conceição (08/dezembro). Outras festas citadas foram:
a Festa da Ascensão, no povoado de São Cristóvão (Maio), Festival de Inverno, (maio),
Festejo de N.S. de Fátima (1º a 13 de maio), Festival do Reggae (setembro), Festa de São
Benedito (outubro), Festa de N. S. de Nazareth (novembro) e Festa de Santa Bárbara
(dezembro).
O Festival do Peixe é um dos eventos mais importantes do município. Acontece
no Parque Dilu Melo, ocorreu no período de 14 a 17 de setembro, sendo freqüentado por
residentes locais e por moradores das cidades vizinhas. Realizada uma enquête, durante o
evento, observou-se que dentre os trinta entrevistados, seis eram visitantes oriundos de
Matinha, Pinheiro, Penalva, Arari, São Luís e Rio de Janeiro. Os entrevistados de uma
maneira geral, indagados sobre a motivação para participarem do evento, citaram
prioritariamente, diversão, rever amigos, e trabalhar. Vale observar que não foi citado por
nenhum entrevistado a opção “comer peixe”, considerando que o produto não é farto neste
período do ano. Tal afirmação é respalda pelo depoimento da cidadã Ana Cristina Luz,
47
proprietária de um pequeno restaurante no Parque que diz “o Festival do peixe não tem mais
peixe devido acontecer no mês de setembro, quando era em julho o lago estava cheio e tinha
fartura de peixes, além de ser melhor, pois tinha concursos de natação, pesca e tarrafiado”.
O horário preferido pelos entrevistados para participar do Festival foi no final da
tarde, devido o clima estar mais agradável, e à noite, quando havia mais atrações
interessantes, como shows musicais, espetáculos teatrais, Festas de reggae, apresentações
folclóricas e esportivas, como por exemplo, o concurso de motocross.
Com relação ao que eles mais gostam no festival, citaram as atrações e o próprio
espaço do Dilu Melo. Como fatores negativos desse evento, apontaram principalmente as
confusões e brigas (que segundo várias opiniões acontecem mais nos dias das festas de
reggae) e o som muito alto e não padronizado nas barracas, o que causa um desconforto
auditivo, provocando uma poluição sonora. De acordo com informação do professor Nozor
Souza Filho “O excesso de ‘zoada’, provocada por diferentes ritmos tocados nas diversas
barracas (forró, reggae, sertanejo, brega e outros), prejudica a audição e a comunicação entre
os freqüentadores. Na minha opinião, o som do Festival deveria ser padronizado para todas as
barracas pela própria organização do evento”. Esta preocupação do cidadão vianense procede,
pois há uma grande profusão de ritmos e até uma concorrência com relação ao som mais
potente e alto nas barracas do espaço Dilu Melo.
As Comunidades Quilombolas mais importantes do município elencadas pela
Secretária Municipal de Cultura são a de São Cristóvão, a do Carro Quebrado e a do
Mocambo, fortes com seus atrativos do tambor de crioula que atraem visitantes dos outros
povoados, principalmente durante os festejos de cunho religioso.
O entretenimento da comunidade se dá em espaços como o Parque Dilú Melo,
ambiente que conta com 43 bares, restaurantes e clubes de forró e reggae, localizado no cais,
constituindo-se num excelente espaço para eventos e festas populares. Existem dois
importantes cubes de Reggae que são o VIANÀFRICA e o DISTRAL SHOW que realizam
festas regulares, apreciadas pela população local.
O Município de Penalva: distante da capital 255 Km, ocupa área de 786 Km2, e
tem uma população de aproximadamente 30.933 habitantes. O acesso ao município se dá por
meio rodoviário (BR 135 e MA 014), com transporte intermunicipal diário, em três horários,
feito por uma empresa.
As principias atividades econômicas primárias são agricultura, pecuária, pesca,
extração vegetal e uma incipiente avicultura. Não há indústrias no município; O setor terciário
é constituído por comércio de varejos, serviços de embarcação, bancos e outros serviços
48
essenciais. O PIB “per capita” e o IDH são, respectivamente, R$1.183,00 e 0,584 (PNUD,
2000; IBGE, 2001).
A infra-estrutura local a cidade possui rede de abastecimento de água com
tratamento que atende uma média de 15,6% da população, não possui rede de esgotos, sendo
utilizadas fossas sépticas. A rede elétrica atende aproximadamente 65,1% dos domicílios. A
limpeza pública é diária, com a destinação do lixo em lixões a céu aberto.
As Comunicações do município ficam por conta da Empresa Brasileira de
Correios e Telégrafos, além das estações receptoras de TV da Globo, através da Mirante e o
SBT via TV difusora. As emissoras de rádio são Penalva FM (91,5) e a radio Tarumã FM
(87,9). Não foram informados jornais de circulação local. A empresa de telefonia fixa que
presta serviços neste município é a Telemar, com reduzida quantidade de aparelhos públicos
(orelhões), distribuídos pela cidade. Destaca-se o fato deste município não possuir serviços de
telefonia celular, pois nenhuma empresa do ramo faz a cobertura da área.
De acordo com informações da secretaria de saúde, existem no município dois
(02) hospitais para atendimento local e cinco (05) postos de saúde nos povoados de Piçarreira,
Trizidela, Descanso, Goiabal e Armazém. As principais doenças que acometem a população
penalvense são a dengue, malária e diarréias atribuídas às rápidas mudanças de
temperatura.Tem-se notícias de dois casos de hanseníase no povoado de Piçarreira.
A segurança do município fica por conta uma Delegacia e um Quartel da Polícia
Militar que possui quatro (04) policiais, sendo que as principais ocorrências são pequenos
furtos e brigas familiares.
Com relação aos meios de hospedagem, identificaram-se quatro hotéis e
dormitórios com café da manhã, sendo que dois foram considerados com razoáveis
instalações, o Hotel Penalvense e o Hotel São Jorge, considerando os critérios adotados pelo
Ministério do Turismo. Os Formulários de Pesquisa de Campo permitem avaliar o estado de
conservação e manutenção do prédio; a decoração e o mobiliário; rouparia, guarnição e
serviços de mesa; apresentação e vestuário dos funcionários; condições dos equipamentos
sanitários; e qualidade da alimentação servida, inclusive a variedade dos produtos no café da
manhã. Os serviços de alimentação ficam por conta de seis pequenos restaurantes, cuja
comida oferecida é em geral caseira e típica, sendo que os principais pratos oferecidos são a
galinha caipira, surubim ao leite de coco, bode ou carneiro ao leite de coco e tortas de
jabiraca, cozidão e peixe frito ou cozido. Existem também três (03) lanchonetes e uma (01)
sorveteria.
49
Os principais atrativos histórico-culturais são representados pela Biblioteca da
Secretaria de Educação, localizada num prédio histórico; pelo sítio histórico do Engenho do
Jatobá, que, há quarenta e sete anos, produz artesanalmente a famosa cachaça Jatobá e pelo
Centro de Cultura do Município, que realiza oficinas de pintura,artesanato,música e teatro.
Como patrimônio arquitetônico, identificou-se a Igreja de São José no centro da praça matriz.
As manifestações culturais são representadas pelas brincadeiras do Bumba meu boi, Tambor
de Crioula e festejos de São Sebastião e de São Benedito. O Festival do Peixe acontece na
última semana de outubro.
A ACONERUQ lista doze comunidades quilombolas no município, a seguir: São
Joaquim, São Braz, Santo Antônio, Oriente, Condurú, Timbiras, Ludovico, Capivari, Gapó,
Capim Fino, Saubeiro e Capoeira.
O entretenimento da comunidade fica por conta dos espaços como Clube Fundo
de Quintal, Quadra da Oleama, Grêmio-Centro Cultural Penalvense e os clubes Overnight,
Mercês e Jamaica Drinks.
O município de Cajari, localizado na Microregião da Baixada Oriental, encontra-
se a 220 km da capital, ocupa área de 544 Km2, e possui uma população de 11.768 habitantes.
O acesso se faz através da BR 135 e MA 014, sendo que o transporte intermunicipal tem uma
freqüência de viagem nas segundas, quartas e sextas-feiras.
As atividades econômicas mais marcantes são agricultura familiar, pecuária, pesca
e extração vegetal. Vale ressaltar que a cidade possui pequeno comércio de varejos.
O municio possui abastecimento através de rede de água que atende 30% dos
domicílios. Não há rede de esgotos utilizando-se a população da fossa séptica. A rede elétrica
atende a 90 % dos domicílios. A limpeza pública acontece regularmente três (03) vezes na
semana.O PIB “per capita” e o IDH são, respectivamente, R$1.350,00 e 0,589 (PNUD, 2000;
IBGE, 2001).
As Comunicações do município ficam por conta da Empresa Brasileira de
Correios e Telégrafos, além das estações receptoras de TV da Globo, através da Mirante, SBT
via TV Difusora e Record. Não há emissoras de rádio e nem jornais de circulação local. A
empresa de telefonia fixa que presta serviços neste município é a Telemar, que possui
pouquíssimos aparelhos públicos (orelhões), espalhados pela cidade. O município é mal
servido em questões de telefonia celular, pois não possui a cobertura da área realizada por
nenhuma das empresas do setor.
50
De acordo com informações da Secretaria de Saúde, existe no município um (01)
hospital com quatro (04) leitos para internação. Principais doenças que acometem a população
cajariense são a dengue e as diarréias. A hanseníase tem-se manifestado através do
aparecimento de alguns casos isolados.
A infra-estrutura para o turismo conta com (01) um hotel e um (01) dormitório,
devendo-se registrar que o Hotel Brasil possui capacidade para 38 pessoas com ar-
condicionado, frigobar, TV e banheiros privativos, além de possuir uma excelente localização
com vista panorâmica e um ótimo atendimento familiar. O município possui três (03)
pequenos restaurantes que servem comida caseira e regional como, panelada, sarrabulho,
galinha caipira, frango cozido e assado, peixe frito e cozido e torta de Jabiraca (Traíra seca).
A população diverte-se nos espaços do Clube Jibóia Reggae e o Clube Espaço
Livre, além dos banhos de lagos, principal atração da cidade.
As manifestações e tradições culturais são de cunhos religiosos, dentre eles os
Festejos Juninos, Festas de São Benedito, Festa Nossa Senhora da Conceição e o Festejo de
São João. O Bumba Meu Boi faz parte da tradição local, sendo que o sotaque mais executado
é o de matraca, embora haja também o sotaque de orquestra. Pode-se citar os Bumba Meu Boi
União de São João, Brilho do Maracu, além dos Bois da Zona Rural da Enseada Grande, da
Severa, de São Miguel e da Francisca.
Dentre os sítios históricos e ecológicos elencados pela Secretaria Municipal de
Cultura, encontram-se os Engenhos de Santa Teresa, de Flores, de São José, do Cadoz, de
Tramaúba, e de Regalo, este último localizado no povoado de Regalo e ainda ativo.
As comunidades Quilombolas citadas pela ACONERUQ são em número de
quinze: Enseada Grande, Bela Vista, Santa Severa, Cajazinho, Camaputiuia, São Miguel dos
Correas, São Miguel da Passagem, Mocoroca I e II, Bolonha, Santa Maria, Flexal, Baixinha e
São Luís.
Observe-se que Cajari é considerada a cidade da música, e possui a tradição da
Banda de Música da Escola de Música Marcelino Fernandes Furtado, cujo maestro é o senhor
Raimundo Abreu.
51
5.2 Percepção das comunidades sobre o ambiente onde vivem e sobre o potencial do seu
município para o turismo sustentável
5.2.1 Comunidade do município de Viana
A amostra da pesquisa foi delineada considerando os segmentos que tem contato
direto (hotéis e restaurantes) ou indireto (Sindicato dos Trabalhadores rurais e dos
professores) com os visitantes, sendo que foram entrevistados no município de Viana 43
pessoas, sendo que 53,5% delas são do sexo feminino. Desse contingente, 83% residem ali há
mais de 20 anos. As faixas etárias compreendidas entre 36 a 45 anos concentram-se 35%
(Gráfico 1).
FAIXA ETÁRIA
VIANA
5%
16%
35%
33%
11%
18-25 anos
26-35 anos
36-45 anos
46-55 anos
acima 55 anos
Fonte: autora.
Gráfico 1 - Faixa etária Viana
Com respeito ao nível de instrução, a maioria trinta e cinco por cento, declarou
possuir ensino médio, enquanto que vinte e três por cento afirmaram ser analfabetos.
NÍVEL DE INSTRUÇÃO
VIANA
23%
28%
35%
14%
analfabetos
fundamental
médio
superior
Fonte: autora.
Gráfico 2 - Nível de Instrução Viana
52
A atividade profissional mais detectada foi a de lavradores com 35% dos
entrevistados, seguida da de funcionários públicos (21%). De modo geral, observa-se que os
indivíduos que possuem o terceiro grau são os funcionários públicos e alguns empresários,
como é o caso do proprietário do Hotel Brasil.
ATIVIDADE PROFISSIONAL
VIANA
35%
21%
14%
11%
10%
7%
2%
lavradores
func.públicos
professores
pescadores
empresários
artesãos
comerciantes
Fonte: autora.
Gráfico 3 - Atividade profissional
De modo geral, todos os entrevistados sabem da existência dos rios Maracú
(citado por 92,5%) e Pindaré (lembrado por apenas 7,5%). Quanto aos lagos, embora todos os
conheçam, houve divergência quando questionados sobre qual o mais bonito: o de Viana, foi
citado por 83,5%; o Aquiri, por 14%; e o Formoso, apesar de pertencer ao município de
Penalva, foi citado por 2,5%.
Fonte: Geraldo Costa.
Figura 3 - Entardecer no Lago de Viana
53
Há muita controvérsia sobre a existência de mata virgem, na região: 67% negaram
a existência; 33% acreditam que ainda exista, mesmo que seja sob a forma de “conservas” nos
povoados. Dentre os que compõem a última categoria, 86% não sabem o nome das matas, e
as chamam simplesmente de “conservas”; 7% citaram a Mata de Sacoã e os demais citam
matas desconhecidas. Nas suas respostas sobre este recurso natural, todos os entrevistados não
demonstraram qualquer consistência sobre a sua localização: as matas que ainda restam, na
opinião de 28,5%, estão localizadas no Povoado de São Domingos; para 21,5%, estão no
Morro do Mocoroca; para 21,5%, localizam-se no Ipiranga; para 14,5%, elas se encontram em
Pedro do Rosário; dos outros entrevistados, metade as localiza no em São Felipe e metade no
povoado de Bacurizeiro.
Observe-se, pois, que, apesar desse desconhecimento, foi Viana o município cujos
entrevistados apontaram os mais altos índices de devastação das matas ciliares dos rios e de
destruição dos campos, principalmente pela queimada para roçar e pela derrubada dos
araribais para produção de carvão, produto muito utilizado pelas comunidades mais
desfavorecidas que utilizam esse recurso para preparo da alimentação de suas famílias.
Também no que se refere ao clima, as respostas denotaram divergentes percepções: 97,5%
informaram outubro, novembro e dezembro, como os meses em que faz mais calor em Viana;
mas, os restantes 2,5% consideram o período de julho a setembro, como o que faz mais calor.
Em quase toda a Baixada Maranhense, a temperatura cai, durante as madrugadas
do início do “verão”, o que as torna bastante agradáveis, chegando a fazer muito frio (em
torno de 19 a 20º C, nos campos e 21 a 22° C, nas cidades e nas terras altas, conforme Costa
Neto e Barbieri et al. (2005). Tal fenômeno manifesta-se também em Viana, nos meses de
abril, maio e junho, segundo a observação de 76% das pessoas ouvidas; as demais acham que
as madrugadas são mais frias, no período de janeiro a março. Essa disparidade evidencia-se,
também, quando 55% dos entrevistados afirmam ser o primeiro semestre o mais ventilado,
enquanto que apenas 45% demonstram-se seguros de que de fato é no segundo semestre que
os ventos são mais intensos.
No que concerne ao período em que os campos ficam inundados, há uma
compreensão homogênea de que é sempre nos primeiros seis meses do ano, entretanto,
enquanto 77% dos entrevistados citaram os meses de abril, maio e junho, como aqueles em
que o nível d’água dos lagos atinge a sua plenitude, 23% entendem que isso ocorre nos meses
de janeiro, fevereiro e março. Por conseqüência, a percepção sobre a fase seca, dá-se de modo
assemelhado: a maioria (63%) indicou o período de outubro a dezembro, como sendo o de
seca extrema, enquanto que 37% citaram o trimestre de julho a setembro.
54
A flora e a fauna citadas tanto para o período cheio, como para o de estiagem,
constam do quadro abaixo, sendo ambas, de modo geral, comuns a toda a bacia lacustre
Viana-Penalva-Cajari.
MUNICÍPIO DE VIANA FLORA FAUNA
PERÍODO CHEIO
Aguapé, Gergilim, Capim de Corda,
Junco, Guarimã, Capim Arroz,
Capim Boiador, Ararizal
Pagé, Samanbaia, Orelha de Porco,
Algodão do Campo,
Barba de Bode, Orelha de Veado,
Algodão Bravo, Canarana do
Campo, Arroz Chorão
PEIXES Mandi, Piaba, Jeju,
Pescada, Surubim, Curimatá Aracu,
Bagre, Piranha, Mandubé, Piau,
Tamatá, Traíra, Branquinha
AVES: Marreca, Jaçanã, Japiaçoca,
Garças, Socó, Tetéu.
RÉPTEIS: Jjacaré, Jabuti, Cobra.
MAMÍFEROS: Lontra
PERÍODO SECO
Capim Marreca
Capim Seco
Algodão Bravo
Junco
Grama
Tucum
PEIXES: Traira, Surbi, Pecada,
Jeju, bagre, Curimatá e Piaba,
AVES: Garças, Marreca, Socó
Japiaçoca, Pato do campo,
Bem-ti-vi, Nambu, Arap
Rolinha, Coruja.
RÉPTEIS: Jacaré e Cobras
MAMÍFEROS: Capivara, Veado,
Paca, Cotia, Tatu.
Fonte: autora.
Quadro 2 - Flora e Fauna de Viana
A flora do período seco, segundo informações coletadas é escassa, fato que
também é observado em todos os municípios pesquisados. A maior variedade fica por conta
do período das chuvas onde aumenta a diversidade de espécies.
Fonte: Geraldo Costa.
Figura 4 - Amostra da vegetação aquática em Viana
55
Apesar de todos os entrevistados terem declarado perceber mudanças ambientais
no decorrer do tempo, evidenciam-se as diferentes formas de percepção, quando eles são
instados a listar os tipos de alterações no meio natural: os desmatamentos, principalmente as
derrubadas dos araribais, por exemplo, foram citados em 77% das respostas; o desequilíbrio
ambiental, representado pela destruição dos campos e lagos, provocada pelos búfalos, foi
citado por 50%; as queimadas, por 45%. Na listagem das principais conseqüências apontadas,
a diminuição da biodiversidade constou de 56% das respostas, seguida do aumento da
temperatura (35%), assoreamento (30%), rápida vazão (28%) e a poluição (5%).
Dentre as manifestações culturais mais citadas, o bumba-meu-boi destacou-se,
tendo sido citado por 95% das pessoas. O festival do peixe, vem em seguida, indicado por
72%; a festa de São Gonçalo, por 35%; o tambor de crioula, por 12%; o carnaval, por 11%;
danças indígenas, por 11% e o aniversário da cidade apontado por 7%. O ponto forte do
município neste item é o bumba-meu-boi, orgulho da comunidade vianense, e o festival do
peixe, que já é uma tradição da cidade e que acontece há 25 anos consecutivos, já estando
incorporado à vida do vianense.
Após quase todos os entrevistados (97%) haverem declarado saber o que era a
atividade turística, a pesquisadora procurou investigar se os mesmos tinham percepção sobre
os atrativos e serviços existentes em Viana. Para tal, pediu-lhes que relacionassem as opções
que indicariam a alguém que estivesse visitando a cidade. Como resposta, a peixada de
pescada, de branquinha (ou tapiaca), ou surubim, foi citada por 93% delas, como prato típico
muito apreciado pela população; a galinha caipira constou da listagem de 18%; e a torta de
jabiraca (traíra seca) só apareceu no rol de sugestões de 5%. Do mesmo modo, o restaurante
“Frutos do Lago”, foi um dos sugeridos por 37%, seguido da Churrascaria Rebeca (32%), e de
outros restaurantes como o do Hotel Vianense (28%), o Fundo de Quintal (21%), o do Eliseu
(21%), o da Maria Rita (16%) e do Self-Service Rebeca (11%).
Fonte: autora
Figura 5 - Restaurante Frutos do Lago
56
O local mais apropriado para passear foi o Parque Dilu Melo, apontado por 67%
dos entrevistados. Os lagos foram a segunda opção, citada por 42% dos interlocutores,
seguidos do Oiteiro do Mocoroca (7%) e da Praça da Igreja Matriz (5%).
O Hotel Vianense foi o recordista em indicações como local de hospedagem, com
63%, por ser o mais antigo e tradicional da cidade. Destacaram-se, também: a Pousada Água
Viva, citado por 37%; a Pousada Rebeca, por 32,5%; a Isto É Pousada, por 13%; O Hotel
Bom Jesus, por 11% e o Hotel Pousada com a indicação de 6% dos entrevistados.
Fonte: autora.
Figura 6 - Hotel Vianense
A maioria dos entrevistados (65%), não soube indicar um local específico para
aquisição de um produto do artesanato da cidade. A Feira da Barra do Sol foi indicada por
20% dos entrevistados. Apenas 10% indicaram a Casa do Artesanato e 5% a Casa da
Juventude.
Quando o assunto foi diversão noturna na cidade, os clubes, bares e restaurantes
existentes no Parque Dilu Melo, foram apontados pela maioria dos entrevistados (77%). Os
clubes da avenida da rodoviária foram citados por 56%, seguidos do clube Distral (19%) e da
Praça da Matriz (18%).
57
Fonte: Geraldo Costa.
Figura 7 - Praça da Igreja Matriz
O Lago de Viana foi indicado por 39% das pessoas que preferem se divertir
utilizando um recurso natural, seguido do igarapé do Engenho (16%) e da “beira do campo”
(5%).
Os locais para pescaria mais indicados foram: o Lago de Viana (70%), o Igarapé
Bom Jardim (32%), o rio Maracu (16%), o local próximo ao outeiro do Mocoroca (10%) e o
Lago Aquiri (7%).
O Lago de Viana foi o mais indicado (76,5%), como local para passeio de barco.
O Lago Aquiri, com 23%, o Lago Cajari, com 11%, o Sacoã, com 9,5% e o Rio Maracu, com
7%, foram as outras opções apontadas.
Os locais mais citados para opções de banho de lago, foram: o Cais do Parque
Dilu Melo (indicado por 68% dos entrevistados, devido à sua proximidade com a cidade); o
Igarapé do Engenho (32%) que se constitui num dos sítios ecológicos da cidade. Vale
registrar que, embora 38 % dessas pessoas discordem, na opinião de 62%, Há riscos para o
banho, provocados por: grande profundidade(16%); arraias(16%); correntezas(14%) e falta de
conhecimento da região(14%).
58
Fonte: autora.
Figura 8 - Cais do Parque Dilú Melo
Percebeu-se, de forma inequívoca, a expectativa de todos quanto aos benefícios
que o turismo pode produzir para a comunidade vianense, principalmente a geração de
oportunidade de trabalho e renda, apontada por 89% dos entrevistados.
BENECIOS PRODUZIDOS PELO TURISMO
VIANA
89%
51%
46%
30%
18%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
gerão
trabalho
divulgação
município
criação
negócios
valorização
cultura
melhoria da
aparência
da cidade
Fonte: autora.
Gráfico 4 - Efeitos benéficos do turismo
A comunidade percebe que pode haver impactos negativos advindos do turismo
citando a violência como o principal deles citada por 86% dos entrevistados.
59
IMPACTOS NEGATIVOS PRODUZIDOS PELO TURISMO
86%
23%
20%
18%
14%
4%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
violência aumento dos
preços
drogas prostituição perda da
tranquilidade
poluição
Fonte: autora.
Gráfico 5 - Impactos negativos do turismo
Todos os interlocutores acreditam no potencial para o desenvolvimento do
turismo no município de Viana, indicando como os principais atrativos os lagos, citado por
60%, seguido da paisagem natural para 49% do total dos pesquisados.
Fonte: autora.
Figura 9 - Vista do lago de Viana (sede do Sindicato dos
Trabalhadores Rurais)
5.2.2 Comunidade do município de Penalva
Em Penalva, das dezessete pessoas entrevistadas, 82% declararam residir no
município, há mais de 20 anos, sendo que 13% já moram ali, por mais de 60 anos. A maioria
60
representada por 60,5%,é constituída de mulheres e 47% tinha a idade compreendida entre 46
e 55 anos.
FAIXA ETÁRIA
PENALVA
12%
17%
47%
24%
18-25 anos
26-45 anos
46-55 anos
acima de 56 anos
Fonte: autora.
Gráfico 6 - Faixa etária de Penalva
O percentual mais elevado encontrado referente ao nível de instrução neste
município foi de 47% que afirmaram possuir nível médio. Vale ressaltar que o índice de nível
superior foi o menor encontrado nos três municípios investigados, sendo que 100% dos
entrevistados com essa condição são funcionários públicos.
NÍVEL DE INSTRUÇÃO
PENALVA
29,50%
47%
6%
17,50%
analfabetos
fundamental
médio
superior
Fonte: autora
Gráfico 7 - Nível de instrução de Penalva
O lavrador foi o profissional detectado em 35% dos abordados pela pesquisa,
revelando-se como a atividade profissional mais encontrada tendo todos eles declarado que
existem rios no município.
61
ATIVIDADE PROFISSIONAL
PENALVA
35%
21%
18%
16,50%
3,50%
6%
lavrador
funcionário público
pescador
professor
empresário
artesão
Fonte: autora.
Gráfico 8 - Atividade profissional de Penalva
O rio Maracu foi citado por 94% dos interlocutores, vindo, em seguida, o que eles
chamaram de rio Cajari (6%), que, na verdade, é o Lago de Cajari. Também é o rio Maracu o
mais bonito, na opinião de 94%. Apenas 6% atribuíram maior beleza ao Lago de Cajari.
Fonte: Geraldo Costa.
Figura 10 – Pescador no Lago Cajari
A totalidade dos entrevistados afirmou que existem lagos na região, destacando
como os principais: o Cajari, o Capivari, o Formoso e Lontra. Deve-se observar que 40% dos
entrevistados fizeram a lista completa deles. Com relação ao lago mais bonito, o Lago
Formoso se destacou com a indicação de 65%, seguido do Lago Cajari com 35% da
preferência da comunidade entrevistada.
Neste município, 53% dos entrevistados afirmaram que ainda existem matas
virgens, enquanto que os demais 47% declararam, desconhecer a existência desse recurso.
Dentre os primeiros, 56% as denominaram genericamente de “conservas”, 22% de Mata
62
Jatobá e 22% de Mata Santa Maria, sobre cuja localização, há divergências: na opinião de
44%, estão no povoado de Jatobá; 22% localizam-nas em Santa Maria; percentual igual ao
anterior, acha que elas ficam no Formoso e 12% na Ponta Grande.
Fonte: autora.
Figura 11 - Amostra da vegetação de Penalva
O período mais quente da região, na observação de todos os entrevistados, é o 2º
semestre do ano, entretanto, para 72% deles, faz mais calor nos meses de julho a setembro, do
mesmo modo que consideram as madrugadas mais frias aquelas que vão do mês de maio a
julho. Para os demais, a cidade é mais quente no período de outubro a dezembro e as
madrugadas são mais frias ocorrem de janeiro a fevereiro. O período que venta mais, segundo
informações coincide com o período da estiagem, especialmente nos meses de julho a
outubro.
O período cheio corresponde ao primeiro semestre, ocorrendo a cheia máxima nos
campos e lagos, nos meses de abril a junho, sempre que se tem um bom inverno.
O período seco, para uma maioria de 73%, ocorre no segundo semestre, sendo que
os meses mais secos por eles apontados correspondem ao trimestre de setembro a novembro.
Para 27%, todavia, é no período de julho a setembro.
As espécies da fauna e da flora informada no município encontram-se no quadro a
seguir:
63
MUNICÍPIO DE PENALVA FLORA FAUNA
PERÍODO CHEIO
Capim Boiador, Aguapé,
Balsedo, Capim Navalha
Samambaia, Capim Marreca
Orelha de Porco, Capim Arroz,
Capim de Corda, Junco,
Algodão Bravo, Pagé
PEIXES:Piranha, Jeju, Traíra,
Acará, Calabanja, Sardinha,
Curimatá, Piau, Branquinha,
Pescada, Piaba, Aracu, Surubim
Bagre, Tapiaca, Viola, Mandubé
Tapiaca chorona
AVES: Garças, Marreca Socó
Japiaçoca, Pato do campo
RÉPTEIS: cobra
PERÍODO SECO
Capim Marreca
Juçara, Capim seco.
PEIXES: Traíra Piau Surubim
Curimatá, Aracu.
AVES: Biguá carará, Socó,
Marreca, Curupião
Japi, Canarinho da mata
Japiaçoca, Pato do campo
RÉPTEIS: Jacaré e Cobra
MAMÍFEROS: Paca e Cotia
Fonte: autora.
Quadro 3 - Flora e fauna de Penalva
As mudanças ambientais são percebidas por todos os entrevistados que apontam
como principais causas as queimadas, citada por todos eles, seguida dos os desmatamentos,
lembrados por oitenta e oito por cento dos entrevistados. O assoreamento dos rios e lagos, e a
diminuição da biodiversidade, foram as conseqüências mais citadas, respectivamente por 59%
e por 53% das pessoas ouvidas, que lembraram também de outras alterações como: a rápida
vazão (35%), poluição (35%) e aumento de temperatura (12%).
MUDANÇAS AMBIENTAIS-CAUSAS
100%
88%
27%
23%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
queimadas desmatamentos búfalos barragem
Fonte: autora.
Gráfico 9 - Causa mudanças ambientais de Penalva
64
As manifestações culturais mais apontadas, com os respectivos porcentuais de
citações foram: o Bumba-meu-boi (100%); o carnaval (88 %), o tambor de mina (41%); o São
Gonçalo (35%); o tambor de crioula (29%); o Festejo de São Sebastião (25%), e Festa do
Divino (20%). O carnaval é muito indicado pela comunidade local como um forte atrativo de
visitantes que buscam diversão com tranqüilidade de uma cidade pequena, porém muito
animada.
A totalidade dos entrevistados afirma conhecer a atividade turística e aponta como
prato mais típico da terra: a peixada, preferência de 100% deles, a galinha caipira, indicada
por 23,5% e a torta de Jabiraca, destacada por 17,5%, como iguaria inigualável. Quando
indagados onde encontrar a comida típica, o local mais indicado (por 98%), para quem visita a
cidade e deseja experimentar a comida da terra, foi o Restaurante da Socorro, seguido do
Restaurante da Marileide (94%), e do Restaurante da Maria de Belmiro preferida por 35%.
(Figura 12).
Fonte: autora.
Figura 12 - Jabiraca: traíra seca
O Hotel Penalvense, o mais antigo e tradicional da cidade foi apontado pela
maioria de 73% dos entrevistados. Na seqüência foram indicados o Hotel Lago Verde e o
Hotel São José, com respectivamente 41% e 26% de citações.
Como locais para passeio, 88% indicaram o Lago de Cajari; 83% citaram o Lago
Formoso; 29% o Lago Capivari e 12 % preferiram indicar a beira do rio como atrativo. Pode-
se observar que a barragem de Penalva serve também como espaço de lazer para a
comunidade
65
Fonte: autora.
Figura 13 - Barragem de Penalva
À pergunta da pesquisadora, sobre que local específico havia, na cidade, para
aquisição do artesanato local, 76,5%, não soube informar. Apenas 17,5% responderam,
apontando a Associação Penalvense, e outros 5%, o Centro de Referência e Assistência
Social.
A diversão noturna acontece nos espaços de eventos e lazer da cidade, os quais o
mais indicado por 94% do público alvo foi o Clube Overnight, seguido do Jamaica Drinks
(65%), do Grêmio Recreativo Penalvense (35%), da Quadra da Oleama (35%) e do Fundo de
Quintal (5%).
A diversão diurna acontece entre os atrativos naturais e os clubes, restaurantes e
bares da cidade. Sobre esse assunto, foram lembrados: o bar do Júnior com percentual de
60%, o bar do Alzir com 47%. Vale ressaltar que o Lago de Cajari foi apontado como local
para lazer diurno por 42% dos pesquisados, a Trizidela (12%) o bar de Antonio de Verônica
(12%) e o bar do Domingos ( 5%).
Dentre os principais locais para passear de barco, o Lago Cajari se destacou, com
a indicação de 94%. Na seqüência, foram citados os lagos: Formoso (76,5%) e o lago
Capivari apontado por 64,5%.
Indagados sobre local para banho 85% citaram o cais, 17% o rio Maracu e 15%
apontaram as barragens como o melhor local para essa prática. Vale ressaltar que 98% dos
entrevistados afirmaram existir risco para o banho e apenas 2% não apontaram nenhum
perigo. Dentre as causas de risco apontadas podem-se citar: as arraias na opinião de 60% dos
66
entrevistados,que alertam para este perigo constante; não saber nadar (30%); não conhecer o
local (14%); e a profundidade, apontada por 6%.
Na opinião de todos os entrevistados, o turismo traz benefícios para as
comunidades receptoras dentre os principais impactos positivos percebidos por eles estão: a
geração de renda, apontada por cem por cento e a oportunidades de emprego com setenta por
cento das opiniões levantadas.
BENEFÍCIOS DO TURISMO
100%
70%
35%
30%
6%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
geração de
renda
oportunidade
de emprego
melhorias da
aparência da
cidade
divulgação do
município
criação de
negócios
Fonte: autora.
Gráfico 10 - Benefícios do turismo
Os principais efeitos negativos da atividade que podem ser percebidos pela
comunidade são a violência, apontada por 94% e a poluição indicada por 47% do universo
pesquisado.
EFEITOS NEGATIVOS DA ATIVIDADE
76%
52%
33%
10%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
desmatamento queimadas búfalos caça e pesca
predatória
Fonte: autora.
Gráfico 11 - Efeitos negativos do turismo
67
A comunidade como um todo acredita que o município tem potencial para o
desenvolvimento do turismo e aponta como os seus principais atrativos os Lagos com 82%
das indicações, seguidos dos campos com 29%, da paisagem com 11% e os festejos com 5%
das indicações.
5.2.3 Comunidade do município de Cajari
Em Cajari, foram entrevistadas 21 pessoas, 76,19% das quais, homens, e a
maioria (62%), residente naquele município há mais de 20 anos cujas faixas etárias mais
encontradas, 34% estavam na faixa de 26 a 35 anos e 24% entre 46 a 55 anos.
FAIXA ETÁRIA
CAJARI
10%
34%
10%
24%
19%
3%
18-25 anos
26-35 anos
36-45 anos
46-55 anos
56-65 anos
mais de 65 anos
Fonte: autora.
Gráfico 12 - Faixa etária de Cajari
Tais características, tal como ocorreu em Viana, foram consideradas relevantes,
haja vista a necessidade de se obterem as informações de pessoas com maior experiência e
que, portanto, pudessem falar do seu meio com mais propriedade e segurança.
O nível de instrução dos entrevistados é composto por uma maioria de quarenta e
dois por cento que declarou possuir o ensino médio. A atividade profissional preponderante
foi a de funcionário público, declarada por quarenta e sete por cento do público pesquisado.
Deve-se ressaltar que a maioria dos analfabetos encontra-se entre os lavradores e
pescadores e que grande parte dos que possuem nível superior é formada de funcionários
públicos, estando os que possuem nível fundamental e médio entre todos os profissionais
citados.
68
ATIVIDADE PROFISSIONAL
CAJARI
47%
24%
9,50%
9,50%
5%
5%
funcionário público
lavrador
empresário
pescador
aposentado
professor
Fonte: autora.
Gráfico 13 - Atividade profissional de Cajari
A totalidade dos entrevistados afirmou que existem rios no município, citando o
Maracu (62 %) e o Pindaré (38%). Quando interrogado sobre quais os mais bonitos, 85,5 %
deles citaram o Maracu, sendo o Pindaré citado por apenas 14,5%. Oitenta e um por cento
deles, por sua vez, declararam saber da existência de lagos no município, citando como os
principais: Cajari, Aquiri, Apuí e o Jacaré (na verdade, um canal que a população confunde
com lago). Destes, os mais bonitos, são o Lago de Cajari, na opinião de 76,5%, e o Lago de
Apuí, que teve 23,5% das preferências.
Fonte: autora.
Figura 14 - Vista do Rio Maracú tirada do cais da cidade
Com relação à existência de mata virgem, em Cajari, apenas 28% responderam
afirmativamente, embora sem saber identificar o nome com precisão, ou chamando-as apenas
de “conservas” (66,5%), ou até mesmo apontando-lhes a denominação, como, Mata das
69
Flores (16,5%), Mata do Alegre e Mata da Severa, estas apontadas por (17%). Elas se
concentram nos povoados de Camaputiua, Flores, Severa, Ponta Grande e Mela Grande.
Sobre a época em que faz mais calor, houve unanimidade, todos a apontando nos
meses do segundo semestre. As madrugadas são mais frias, segundo opinaram 52%, no
período de abril a junho. Para os demais 43%, esse período corresponde aos meses de janeiro,
fevereiro e março. Noventa e cinco por cento dos entrevistados entende ser o primeiro
semestre, aquele em que a ventilação é mais intensa.
Com relação ao Período Cheio, 95% citaram-no no primeiro semestre e 5%, no
segundo. Quanto ao “verão”, este foi apontado por todos, como sendo nos meses do segundo
semestre.
Observa-se que são muitas espécies citadas, mas que são relativamente, comuns
aos três municípios a flora e fauna dos períodos cheio e seco informadas são as seguintes:
MUNICÍPIO DE CAJARI FLORA FAUNA
PERÍODO CHEIO
Aguapé, Vitória Régia,
Junco, Capim de Corda,
Capim Marreca, Pau D'arco
Capim Boiador,
Samambaia,
Algodão do Campo,
Cabelo de Nego,
Orelha de Veado,
Orelha de Porco
PEIXES Mandi, Piaba, Jeju, Pescada,
Surubim, Curimatá Aracu, Piranha,
Bagre, Mandubé, Tamatá, Traíra, Piau,
Calabange, Viola, Piaba, Curimatá, Pacu,
Branquinha.
AVES: Marreca, Jaçanã, Tetéu,
Japiaçoca, Garças, Socó, Bigode,
RÉPTEIS: Jacaré, Jabuti, Cobra.
PERÍODO SECO
Capim Marreca,
Grama
PEIXES: Jeju, Acará, Bagre, Traíra,
Surubim, Pescada,
Curimatá, Tamatá e Piau,
AVES: Marreca, Garça, Tetéu, Siricora,
Nambu, Juriti,,Chechéu
RÉPTEIS: Jacaré, Teju e Cobra.
MAMÍFEROS: Capivara Veado, Paca,
Cotia, Tatu.
Fonte: autora.
Quadro 4 - Flora e fauna de Cajari
70
Fonte: autora.
Figura 15 – Amostra da vegetação em Cajari
Com relação às mudanças ambientais 100% responderam que perceberam algum
tipo de modificação do meio. Quando solicitados a relacionarem as principais causas, foram
citadas: desmatamento, constantes em 76% das respostas.
MUDANÇAS AMBIENTAIS-CAUSAS
76%
52%
33%
10%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
desmatamento queimadas búfalos caça e pesca
predatória
Fonte: autora.
Gráfico 14 - Causa mudanças ambientais de Cajari
Dentre as principais conseqüências, a diminuição da biodiversidade foi a mais
citada por setenta e seis por cento, seguida do assoreamento (61%).
71
MUDANÇAS AMBIENTAIS-CONSEQUÊNCIAS
76%
61%
15%
14%
10%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
diminuição da
biodiversidade
assoreamento poluição devastação aumento da
temperatura
Fonte: autora.
Gráfico 15 - Conseqüências ambientais de Cajari
As Manifestações Culturais mais apontadas foram: bumba–meu-boi, apontado por
todos os entrevistados, seguido do tambor de crioula (42%), Festa de São Gonçalo (38%),
Danças Indígenas (24%) Festejo de São Benedito (11%), Festejo de São Sebastião (11%),
Festejo de N. S. Conceição (11%). Foi bastante ressaltada a importância de que tais festejos,
se revestem, junto às comunidades locais.
A totalidade dos entrevistados afirmou conhecer a atividade turística, citando,
como pratos típicos que indicariam para um visitante: Peixada (95%), Galinha Caipira (24%),
Pato ao vinho de coco babaçu (10%) e Peixe Assado (5%), que poderão ser degustados no
Restaurante da Luzinete, na opinião de 62%, ou no Restaurante do Hotel Brasil, na
preferência de 38%.
Por ser o único da cidade, o Hotel Brasil foi o local indicado para hospedar
visitantes. Tal empreendimento possui uma excelente localização à beira do rio Maracú e
segundo informações do seu proprietário, senhor Fernando Rosa, pode-se pescar do saguão do
hotel, na época das cheias mais intensas Na indicação de locais para passear sugeriram os
Campos e lagos (52%), o Cais (43%), Povoado Alegre (14%), Oiteiro do Cadoz (10%), Ilha
do Formoso (18%) e o Povoado de Centralzinho (6%).
72
Fonte: Geraldo Costa.
Figura 16 - Vista do cais de Cajari
Na indicação de onde comprar um artesanato, a grande maioria, 66%, informou
não saber; 9,5% indicaram a loja Arte e Cores, outros indicaram o Povoado de Camaputiua
(9,5%), a Casa da Cultura (5%), a Fábrica de potes, no bairro de Lurdes (5%) e o Fórum da
juventude (5%).
A diversão noturna pode ocorrer no clube Jibóia Reggae (relacionado por 38% das
pessoas ouvidas), no Mangueirão (14%), no Cais (9,5%), no Espaço Livre (9,5%), ou no
Flutuante (9,5%) (Figura 16).
Para a diversão diurna foram apontados os locais mais citados: o Cais (lembrado
por 38% das pessoas), rio Maracu (29%), o bar Flutuante 19%, Banho de rio 9% e Espaço
livre (5%). O melhor local para a pescaria é o Rio Maracu indicado por sessenta e dois por
cento dos entrevistados.
Fonte: autora.
Figura 17 - Vista do Bar Flutuante em Cajari
73
Os locais mais lembrados para passeio de barco foram: Rio Maracu (47%), Lago
Cajari (20%) Rio Pindaré (14%), e os Povoados de Boa Vista e Enseada Grande (14%),
Regalo (10%), Bom Jardim e Santa Rosa (5%). E os mais indicados para o banho: Cais
(75%), Remanso (10%), Maracu (10%) e o Tamancão (5%). Segundo a declaração de 76%,
há riscos para o banho, devido à profundidade (31,5%), as Correntezas (30%), a pessoa não
saber nadar (18,5%), a presença de Arraias (13%) e não conhecer o ambiente que está usando
(7%).
A totalidade dos entrevistados afirmou que o turismo pode trazer benefícios para o
município, dentre os quais, a geração de renda (citada por 42%), oportunidades de emprego
(25,%), criação de negócios (22%) e a divulgação do município(11, %).
Dentre os efeitos negativos do turismo a violência foi a mais citada (43%),
seguida da poluição (27%), aumento dos preços (15%), prostituição e drogas associadas 8%, e
a perda da tranqüilidade (7 %), efeitos que podem realmente acontecer se a atividade não for
bem planejada.
Indagados sobre o potencial do município para o turismo, todos responderam que
existe, e elencaram os principais atrativos: Paisagens (34%), Lagos (19%), Rio Maracu
(19%), Lagos e Campos (15%), Patrimônio Histórico e Manifestações Folclóricas (7%) e a
Hospitalidade do povo (6%).
5.3 Avaliação do potencial dos municípios para o turismo sustentável
O turismo constitui-se num conjunto complexo de atividades e serviços que
dinamizam a economia local de uma destinação com potencial turístico, através da aquisição
de serviços específicos do setor de transportes, alojamentos, alimentação, até a circulação de
produtos típicos e desenvolvimento de atividades culturais e de entretenimento. De acordo
com a concepção de Andrade (1998) é fundamental a ordenação desses serviços por meio do
planejamento eficiente que vise a sustentabilidade da atividade e a promoção mercadológica
responsável do destino objetivando a melhoria da qualidade dos serviços turísticos prestados e
a diminuição dos impactos gerados pela atividade no meio natural e sócio-cultural das
comunidades receptoras.
Conforme definição internacional (OMT, 2003), a diferença básica entre
excursionistas e turistas reside no ato do pernoite do visitante, sendo turista aquele que
permanece na localidade por mais de 24 horas e, portanto, necessita de equipamentos de
74
hospedagem, enquanto que o excursionista, por não pernoitar no local visitado não demanda
esse serviço.
Na concepção do Ministério do Turismo (BRASIL, 2006), são considerados
municípios turísticos aqueles que possuem atrativos turísticos, infra-estrutura, produtos e
serviços adequados à demanda existente, enquanto que municípios com potencialidade
turística são aqueles que possuem atrativos turísticos de elevado valor, mesmo que não
possuam infra-estrutura, produtos e/ou serviços consolidados.
Com fundamentos nesses pressupostos, pode-se inferir que os três municípios
possuem potencial para o desenvolvimento do turismo sustentável, pois:
1. A região, como um todo, integra um mesmo ecossistema, que dispõe de
grande estoque de recursos naturais, incluindo rios, lagos, pequenas
relíquias de matas-virgens, muitas delas, ainda bem conservadas, farta
exuberância de paisagens, tanto no período das águas, como na estiagem.
Há, pois, ali, recursos que, além de bastante produtivos, representam fortes
atrativos naturais e culturais (Figuras 3, 4, 9, 10, 13; Gráfico 13).
Atualmente, a valorização dos ambientes naturais desencadeou uma
corrida para os roteiros ecológicos em busca de saúde ou lazer, o que
aumenta a possibilidade de diversificação dos roteiros turísticos de
elevado potencial natural.
2. Com relação aos atrativos culturais mais fortes apontados nos três
municípios: o bumba-meu-boi, o tambor de crioulas e os festejos
tradicionais e religiosos são os principais eventos capazes de movimentar a
economia local com a chegada de visitantes das cidades vizinhas.
Ressalta-se a importância do patrimônio arquitetônico de Viana com seus
casarões coloniais do século XIX, que enfeitam a quarta cidade mais
antiga do estado do Maranhão.
Neste contexto a atividade econômica deve estimular a preservação do patrimônio
cultural e natural, criar oportunidades para geração de pequenas e médias empresas que visem
à dinamização da economia local, realizado com planejamento cuidadoso entre os setores
envolvidos na recepção dos turistas, formando uma rede cooperativa e eficiente na cadeia
produtiva da atividade turística na região.
3. A infra-estrutura de apoio ao turismo ainda deixa muito a desejar, nem
tanto pela quantidade de equipamentos disponíveis, considerando que a
atual demanda é pequena e constituída basicamente de comerciantes e
75
representantes de produtos ou empresas, mas principalmente pela
qualidade dos serviços não capacitados ou treinados, e pelos seus
equipamentos antigos disponíveis para o atendimento das necessidades dos
visitantes (Figuras 5, 6 e 15). Conforme informações adquiridas nos meios
de hospedagem, estes só ficam com sua ocupação total, nas épocas dos
eventos mais importantes dos municípios, como no período do Festival do
Peixe e aniversário da cidade, no caso de Viana, e no carnaval, no caso da
cidade de Penalva. Com relação a Cajari fomos informados que a época
em que há a lotação completa do hotel Brasil, coincide com o período de
abril durante a plenitude dos lagos, onde os visitantes vão em busca de
lazeres aquáticos e atividades de pesca. Em geral, a ocupação total dos
meios de hospedagem acontece durante os períodos de alta estação, ou
seja, os períodos mais propícios para viajar para determinadas localidades,
de acordo com as peculiaridades ambientais locais e o calendário de
eventos sócio-culturais de cada destinação.
O saneamento básico, em todos os municípios estudados, ainda é precário:
nenhum das três cidades possui rede de esgotos, sendo adotado o sistema de fossas sépticas
que são prejudiciais ao meio, através da contaminação dos recursos hídricos existentes. A
coleta de lixo realizada diariamente em Viana e Penalva, e apenas 3 vezes por semana em
Cajari, constitui-se em fator de risco tendo em vista que a comunidade joga seus resíduos
sólidos à beira dos campos e dos lagos. Prática usual do poder público dos três municípios é
fazer a disposição final dos resíduos sólidos à beira das estradas na entrada ou na saída da
sede municipal; A iluminação pública é precária, tendo em vista que à noite a cidade fica com
trechos totalmente no escuro, especialmente quando o bairro é mais afastado do centro das
cidades.
Para Robert Mc Intosh (apud BENI, 2001, p.34), “O Turismo pode ser definido
como a ciência, a arte e a atividade de atrair e transportar visitantes, alojá-los e cortesmente
satisfazer suas necessidades”, tal conceito aborda a questão dos equipamentos, serviços e
infra-estrutura de apoio à atividade turística nas comunidades receptoras, visando ao
satisfatório atendimento das necessidades físicas e psicossociais do turista. Para tanto é
necessário que exista equipamentos suficientes para a acomodação da demanda local, de
forma que satisfatória do ponto de vista da qualidade dos equipamentos e dos serviços
prestados.
76
Os equipamentos de alimentação, segundo Beni (2001, p. 330), “são compostos
pelo conjunto de restaurantes, bares, cafés, lanchonetes, confeitarias, sorveterias, cervejarias e
quiosques de praias ou campos”. A oferta de serviços de alimentação na região lacustre em
análise é composta por esses elementos citados, exceto as confeitarias que, cujas funções, na
região estudada, são assumidas pelas panificadoras, sendo que as maiores e melhores
estruturadas são encontradas especialmente, no município de Viana. As instalações físicas
destes empreendimentos, de uma forma geral, são modestas e às vezes deixa a desejar com
relação à qualidade sanitária e à decoração dos ambientes internos, que exploram pouco os
recursos de artesanato e artes produzidos na própria região. O serviço de apresentação à mesa
nos restaurantes, por vezes, fica prejudicado, devido à falta de orientação dos proprietários e
funcionários dos estabelecimentos que esquecem de dispor objetos ou produtos essenciais,
como por exemplo, porta guardanapos, farinheira, copos e até talheres que precisam ser
solicitados pelos clientes para os mesmos tenham acesso a esses recursos.
O modelo de planejamento adotado (BENI, 2001), mostrou-se adequado às
necessidades deste trabalho, à medida que permitiu, durante a fase de investigação da oferta
turística da região estudada, imprimir ao estudo um enfoque capaz de valorizar as dimensões
ambientais, sociais, econômicas e culturais, sem a prevalência de um enfoque em detrimento
de outro, tendo a concepção de que todos têm igual importância no sistema turístico. Desse
modo, tentou-se imprimir uma visão holística à pesquisa, englobando todos os aspectos
inerentes ao planejamento turístico sustentável de uma destinação.
Fazer o levantamento tanto dos aspectos gerais (delimitação da área; aspectos
legais e administrativos; aspectos socioeconômicos; infra-estrutura básica e de apoio;
equipamentos e serviços gerais e posicionamento da comunidade receptora), como dos
aspectos turísticos (aspectos ambientais e atrativos naturais; atrativos artísticos, históricos e
culturais; equipamentos e serviços específicos; entretenimento e lazer; eventos programados;
qualificação profissional), é considerado imprescindível para avaliação do Inventário da
Oferta Turística (CESAR; SITGLIANO, 2005).
Confirmaram-se como bastante eficazes, durante a pesquisa de campo, os
formulários sugeridos por Beni (2001) (Anexos A a G), para levantamento da oferta turística,
e questionário da autora (Apêndice A), adaptado de Ruschmann (1997), para a investigação
da percepção da comunidade sobre o ambiente e a potencialidade turística do seu município.
A análise da percepção da comunidade demonstrou que o segmento profissional
constituído por trabalhadores rurais e por (lavradores e pescadores) possui maiores
conhecimentos sobre o ambiente natural. Foram essas categorias que apontaram os vários
77
recursos ecológicos e culturais relevantes no município, enquanto que os trabalhadores
urbanos (funcionários públicos, professores e empresários) demonstraram ter maiores
conhecimentos sobre aspectos culturais e infra-estrutura básica e de apoio ao turismo.
Conforme resultados obtidos na pesquisa, a comunidade ainda não está preparada
para o turismo, considerando que este é um processo lento de sensibilização da comunidade
em geral, e acima de tudo, de formação e capacitação profissional para o desenvolvimento das
atividades turísticas através da realização de cursos de informações turísticas, guias e
condutores ambientais, recepcionistas, garçons e cozinheiros entre outros.
Embora a comunidade não possua conhecimento profundo sobre o turismo, quase
a totalidade dos entrevistados afirma conhecer a atividade e nutre uma grande expectativa
com relação ao desenvolvimento turístico da região, como forma de geração de emprego e
renda, melhoria na aparência das cidades, divulgação dos atributos naturais e culturais da
região lacustre. Essa percepção da comunidade foi muito discutida e destacada por Swarbrook
(2000), que cita como benefícios econômicos do turismo a criação de empregos; a injeção de
renda na economia local pelo efeito multiplicador; auxílio para manutenção da viabilidade de
negócios locais; estímulos a investimentos internos e industriais; entretanto, os custos da
atividade podem ser percebidos através de muitos empregos mal remunerados e/ou sazonais;
congestionamento; necessidade de investir em infra-estrutura dispendiosa que pode ser usada
apenas em parte do ano; excessiva dependência do turismo, tornando a economia local
vulnerável a mudanças no mercado de turismo.
Para Petrocchi (2001), isto indica que se pode contar com a cumplicidade da
sociedade em geral, aspecto imprescindível para a determinação do tipo de turismo desejado e
dos limites do crescimento da atividade na região, visto que a sociedade deve ser envolvida
durante todo o processo de estruturação do destino, participando de campanhas de educação
ambiental e patrimonial.
De acordo com Rodrigues (1997, p.75),
A educação para o turismo ambiental deverá ser desenvolvida por meio de
programas não-formais, chamando o cidadão-turista a uma participação consciente
na proteção do meio ambiente não apenas durante as suas férias, mas também no
cotidiano, no local de residência permanente. Entretanto, não só o turista terá que ser
educado para proteger a natureza dos locais que visita; as ações de conscientização
ambiental devem, indispensavelmente, voltar-se para o poder público que, como
dono dos recursos naturais, é responsável pelas leis de zoneamento para uso e
ocupação do solo, e muitas vezes atua permissivamente, e para o poder econômico,
quase sempre interessado no lucro a curto prazo e a qualquer preço.
78
Destaca-se a importância de reconhecer o poder público como agente
indispensável no processo de conscientização turística, assim como o indivíduo, que antes de
ser “turista”, é acima de tudo um cidadão que deve estar pronto para contribuir na luta pela
preservação do meio em que vive e dos locais que visita.
Neste contexto, a harmonização das estratégias do poder público com as ações dos
agentes do “trade” turístico, incluindo a comunidade, devem estar voltadas para transmitir
conhecimentos que visem à preservação dos ambientes visitados através da valorização dos
recursos humano, natural, paisagístico, social e cultural, visando a preservação e a
sustentabilidade do patrimônio dos pólos com potencial turístico.
Observa-se a permanente necessidade do turismo ser direcionado para o
desenvolvimento sustentável, como condição essencial para alcançar as metas de
desenvolvimento sustentável, evitando-se esgotar os recursos naturais e culturais que
ocasionaria a degradação do meio ambiente. Entende-se que a proteção do meio ambiente e o
êxito do desenvolvimento turístico são inseparáveis.
Assume relevância a observação feita por Swarbrooke (2000), segundo o qual,
apesar de não haver uma definição completamente aceita de turismo sustentável, qualquer
definição deve contemplar os elementos ambientais, sociais, culturais e econômicos do
sistema de turismo. A definição do turismo sustentável deve estar fundamentada na aplicação
do conceito de desenvolvimento sustentável, constante no relatório Brundtland, que o define
como formas de turismo que satisfaçam hoje as necessidades dos turistas, da indústria do
turismo e das comunidades locais, sem comprometer a capacidade das futuras gerações de
satisfazerem suas próprias necessidades.
É grande a expectativa demonstrada pelas três comunidades, quanto aos
benefícios que o turismo poderá propiciar. A respeito, faz-se mister ressaltar as preocupações
levantadas por Swarbrook (2000), que se refere aos benefícios econômicos do turismo,
citando: a criação de empregos; a injeção de renda na economia local através da dinamização
da cadeia produtiva; auxílio para manutenção da viabilidade de pequenos negócios locais;
estímulos a investimentos internos e industriais; entretanto, os custos da atividade podem ser
percebidos através de muitos empregos mal remunerados e/ou sazonais; congestionamento;
necessidade de investir em infra-estrutura dispendiosa que pode ser usada apenas em parte do
ano; excessiva dependência do turismo, tornando a economia local vulnerável a mudanças no
mercado de turismo e ao próprio ciclo de vida da atividade no núcleo receptor.
79
Considera-se que o estudo da relação custo/benefícios do turismo seja difícil de
mensurar ou quantificar, devido ao seu efeito multiplicador, gerado através da circulação do
dinheiro que o turista utiliza para alojamento, alimentação, diversão e outras necessidades no
local visitado. Do mesmo modo, quantificar os danos causados pelo turismo, é um estudo
sobre o qual ainda há muito a desejar, haja vista, que os efeitos, de modo geral, não são
imediatos, e quando são percebidos, principalmente os que se referem a impactos ambientais,
o ecossistema já está comprometido. Tal observação ressalta a necessidade das ações
preventivas em todas as formas e etapas do turismo, para que se conserve, ao máximo, a
integridade ambiental.
Os principais objetivos do Desenvolvimento Sustentável, segundo CMMAD
(1991), são o retorno ao crescimento, o combate à pobreza, que impossibilita as pessoas de
satisfazerem suas necessidades básicas, além de utilizarem os recursos naturais de modo
insustentável. Além do crescimento, é necessário que o desenvolvimento seja eqüitativo,
atenda às necessidades de gerar emprego, alimentação, e outras demandas essenciais ao ser
humano, como as culturais, a conservação e melhoria da base dos recursos, já que é muito
mais caro recuperar o que já foi degradado, do que preservar e/ou conservar. É necessária uma
mudança no estilo de vida dos países para que sejam compatíveis com os recursos
disponíveis, um empenho político que viabilize o desenvolvimento, a inclusão do meio
ambiente e a participação dos cidadãos no processo decisório.
O conceito de Turismo Sustentável, embora recente, amplia e difunde a discussão
sobre a questão ambiental da atividade turística em vários setores, o que se torna urgente,
devido aos impactos negativos advindos da atividade do turismo de massa que tem
comprometido a qualidade dos ambientes visitados. Neste contexto, devem estar
intrinsecamente associadas as preocupações com o meio natural e com as comunidades
receptoras no tocante a socialização dos benefícios econômicos e sociais, além da satisfação
do próprio turista em relação à qualidade do meio visitado.
A propósito, uma questão que aflorou nitidamente na pesquisa, é que todos os
segmentos profissionais entrevistados manifestam inequívoca convicção sobre a notável
beleza paisagística do ambiente em que vivem. Entretanto, percebe-se que há uma maior
preocupação com a conservação ambiental dentre os trabalhadores rurais, devido ao contado e
dependência direta desses recursos na região.
Atualmente, a OMT (2003) tem desenvolvido estudos para identificar alguns
problemas potenciais causados pela atividade turística ao meio natural. Citando-se, entre eles:
poluição do ar pelo uso excessivo de veículos auto-motores; poluição das águas,superficiais e
80
subterrâneas, através do descarte inadequados de resíduos sólidos e esgotamentos sanitários;
falta de controle da visitação capaz de provocar o desaparecimento de espécies endógenas da
flora e fauna; desmatamento excessivo para a construção de infra-estrutura e equipamentos
turísticos. esta perspectiva, discute-se a implementação do planejamento efetivo e contínuo do
turismo, de acordo com os preceitos do desenvolvimento sustentável, visando à possibilidade
de maximizar os benefícios e minimizar os impactos negativos advindos da atividade.
No caso de Viana, de Penalva e de Cajari, observa-se que as comunidades
demonstram indicativos de compreenderem alguns dos possíveis riscos que o ambiente pode
sofrer com a implantação do turismo (Figuras 12 e 14; Gráficos 5,10 e 14).
Conforme resultados obtidos na pesquisa, a violência é apontada prioritariamente,
seguida da poluição dos recursos e o aumento dos preços dos produtos na região. Embora
pouco citada, a prostituição aparece como preocupação de alguns, fato que procede, pois de
acordo com Swarbrooke (2000), este é um impacto social altamente negativo passível de
ocorrência em núcleos receptores devido á introdução de novos valores e comportamentos
sociais que muitas vezes reduzem o padrão de moralidade dos indivíduos da comunidade.
Ressalte-se o fato de que a falta de frentes de trabalho regulamentadas nos destinos turísticos
pode favorecer este aspecto negativo da atividade.
Não existem órgãos de fiscalização e controle ambiental no âmbito municipal da
região pesquisada que contribua para a prevenção da destruição dos ecossistemas
encontrados, mas ressalta-se que no município de Cajari, há uma Secretaria de Saúde e
Ambiente, que realiza observações sobre a relação entre um ambiente saudável e a qualidade
de vida da população.
Dentre os municípios pesquisados percebe-se que a comunidade de Viana é a que
está mais preparada para o desenvolvimento do turismo na região, devido apresentar maior
conhecimento da atividade e do meio que o cerca , assim como uma infra-estrutura mais
sedimentada e melhor organizada para o receptivo turístico, inclusive, é a única dentre as três
cidades que já possui pelo menos uma Coordenação de Turismo, orientada pelo órgão oficial
de turismo no estado que é a Secretaria Extraordinária de Desenvolvimento do Turismo no
Maranhão.
No estudo de caso de Artioli (2002), sobre os empreendimentos turísticos de
pesca e ecoturismo na Bacia do Rio Miranda e os impactos gerados pela construção de novos
equipamentos turísticos na região, o autor afirma que “a retirada da cobertura vegetal,
arbustiva e arbórea com a conseqüente perda da cobertura vegetal superficial, deixando o solo
desnudo, foi a primeira conseqüência causada pela instalação das categorias de meios de
81
hospedagem estudadas. Essa alteração ambiental regional foi paulatinamente surgindo com a
instalação, no início da década de setenta, dos empreendimentos turísticos ao longo das
margens do rio Miranda”. Deve-se observar e acompanhar o crescimento da infra-estrutura
turística, assim como o processo de uso e ocupação do solo por outras atividades, visando a
respeitar o princípio da sustentabilidade espacial e minimizar referidos impactos sobre o meio
ambiente.
Para Sachs (1993 apud MARIANI, 2004) o conceito de sustentabilidade está
intrinsecamente ligado à capacidade de regeneração e recomposição do meio e abrange
diversas dimensões: sustentabilidade ecológica – versa sobre a proteção da natureza e da
biodiversidade; sustentabilidade social – trata da redução das diferenças sociais e garantia dos
direitos à cidadania; sustentabilidade cultural – utiliza as potencialidades culturais com
respeito à identidade cultural e os modos de vida; sustentabilidade econômica – visa assegurar
o crescimento econômico através do manejo responsável dos recursos disponíveis; e
sustentabilidade espacial – busca a distribuição geográfica equilibrada dos assentamentos
turísticos de forma a evitar a superconcentração de pessoas, equipamentos e infra-estrutura
que favorecem a destruição dos ecossistemas frágeis e diminui a qualidade da experiência do
visitante na localidade.
Ao longo das décadas de 1980 e 1990 estruturou-se um forte Setor Turístico
Pesqueiro no Pantanal Matogrossense, instalando uma grande infra-estrutura que dispõe,
atualmente, de vários tipos de empreendimentos, tais como hotel-pesqueiro, pesqueiro,
camping, acampamento, rancho de pesca, barco-hotel e barco de passeio. De maneira geral,
em Mato Grosso do Sul, este setor especializou-se em oferecer serviços para um único tipo de
cliente, o pescador esportivo ou amador, oriundo de outros estados do país. No entanto,
observou-se que o número de pescadores esportivos que visitam a região vem diminuindo a
partir do ano 2000, causando dificuldades para o Setor Turístico.
O turismo pesqueiro é uma importante atividade econômica do Pantanal e a atual
crise do Setor aponta para a necessidade de seu planejamento, a fim de garantir a qualidade do
ambiente natural, cultural e social, essenciais para sua própria sustentabilidade na região. A
fauna pantaneira deve ser considerada neste planejamento, sobretudo devido à sua notória
abundância e visibilidade, despontando como um grande atrativo da região, como se verifica
no material de propaganda impresso, veiculado em Corumbá (PIOVEZAN; CONGRO;
MOURÃO, 2004).
Nessa mesma região, referindo-se às matas riparias (ARTIOLI, 2005), identificou
que a vegetação ribeirinha foi agredida na sua quase totalidade, restando poucos espécimes da
82
mata original, dando lugar a exemplares de espécimes exóticas, frutíferas na maioria. “A
situação locacional dos ranchos de pesca, dentro da área de “mata ciliar”, área de preservação
permanente dos grandes corpos d’água, acelerou-se a partir do início dos anos 80, com o
crescimento da demanda turística. Na sua maioria, esta ocupação se fez através da compra de
gleba de terra já desnuda e com a presença de pequena edificação, simples habitação de
morador ribeirinho e que não possuía nenhum recurso ocupacional, como banheiro interno e
rede de água e esgoto. Procedeu-se então à ampliação e modernização das dependências do
imóvel ou simplesmente a sua derrubada, mais propriamente desmonte, pois se tratava,
geralmente, de edificações de madeira. O crescimento desordenado e ocupação marginal
ribeirinha neste trecho do rio. Miranda, aliada à inobservância de critérios legais, com a quase
total degradação da mata ciliar, contribuiu para o aparecimento de um contexto turístico de
pesca negativo do ponto de vista da demanda, decorrente da descaracterização ripária,
aumento da produção de ruído pela movimentação de barcos, pela circulação de pessoas e
despejo de resíduos domésticos na calha fluvial.
Segundo Catella, Albuquerque e Campos (1998), os empreendimentos turísticos
na faixa ripária desencadearam várias perturbações com variado grau de impacto no ambiente
natural,destacando-se: 1) a retirada da cobertura vegetal, geradora de impactos secundários
como a destruição de inúmeros habitats locais da ictiofauna; 2) a instalação de processos
erosivos pontuais marginais, formadores de assoreamento fluvial laminar a jusante; 3) a
produção e acúmulo de resíduos sólidos domésticos em área ribeirinha; 4) e a interferência na
ictiofauna, com a diminuição da piscosidade regional local, traduzida pelo decrescente índice
de captura de pescado na área em questão.
A implementação do turismo sustentável somente ocorrerá se respeitadas as
dimensões econômicas, sociais, ambientais e culturais dos povos da região objeto de estudo,
absorvendo-lhe a mão de obra, gerando-lhe renda, enfim, melhorando-lhe a qualidade de vida,
criando perspectivas integrais tanto para as comunidades atuais como para as gerações
futuras. Deve-se assim, preservar o que deve ser preservado e utilizar o ambiente de forma
sustentada, dentro das práticas de conservação ambiental. Tal ação será possível a partir do
ordenamento racional da atividade, através do planejamento do turismo em destinações com
potencialidades ecológicas e culturais, capaz de gerar renda para as comunidades envolvidas.
De acordo com estudos desenvolvidos por Mariani (2004), a gestão dos recursos
naturais é entendida como uma particularidade da gestão ambiental, preocupa-se com o
conjunto de princípios, estratégias e diretrizes de ações determinadas pelos agentes sociais e
econômicos, públicos e privados, que interagem no processo de uso dos recursos naturais,
83
garantindo-lhes a sustentabilidade.A sustentabilidade dos recursos turísticos de uma região,
dependerá dos esforços conjuntos entre a sociedade civil organizada, o poder público e
privado.
Artioli (2002, p.30), citando Garms (1999), em seu estudo sobre o turismo no
Pantanal, refere-se à
[...] presença da atividade de forma desorganizada e até mesmo predatória,
juntamente com a falta de planejamento no uso e ocupação do solo e de seus
recursos naturais, preferindo-se uma exploração imediatista, o que gera problemas
sérios, cujos resultados serão certamente desastrosos, como a erosão e o
assoreamento dos rios tributários da planície pantaneira, devido à ação antrópica,
principalmente nas cabeceiras destes corpos d’água.
Segundo o autor, o desempenho satisfatório do turismo na planície pantaneira,
depende de vários fatores, estando de uma forma direta ligada à infra-estrutura básica
limitando de uma forma indireta este mesmo turismo. Os meios de comunicação, o
saneamento básico, o tratamento de esgotos e resíduos sólidos são condicionantes para o bom
desenvolvimento do turismo na região.
A qualidade ambiental da destinação dependerá também do fortalecimento da
infra-estrutura básica existente nos municípios relacionados a aspectos do abastecimento de
água e energia, coleta e destinação adequada do lixo, tratamento dos esgotamentos sanitários
entre outros, como uma forma de contribuir para a sustentabilidade dos recursos disponíveis.
Vale registrar os comentários de Vieira (2004), sobre os efeitos do turismo, no
Pantanal:
O homem pantaneiro tem em sua formação a presença do índio em todas as suas
características. É um povo que vive da natureza com os elementos, terra e água,
limitações que imprimem à sua vida uma forma integrada e bem diferenciada dos
outros povos. Um estilo de vida aparentemente duro e difícil para quem não está
habituado com aquele modo de viver. Entretanto, com o tempo passou a ser parte
intrínseca do seu meio, onde convive em harmonia com a natureza, com a família e
consigo mesmo. O homem do campo, como também é chamado pelos habitantes
locais, entende os fenômenos naturais sem mesmo nunca tê-los estudado em escola
formal. Sabe quando plantar, quando colher, quando apartar o gado. Mas o que se
pode ver é que a intromissão da tecnologia atrapalha o seu modo de ser, porque o
meio ambiente obedece a ritmo de viver do homem. Prova disso são as novas
estradas, os desmatamentos, até mesmo os caminhões que transportam o gado de
fazenda a fazenda, ou da área rural para a urbana para minimizar o tempo gasto no
transporta das boiadas, pois acaba lhes tirando a mão-de-obra. A modificação leva
para o extermínio do viver e a ecologia nunca mais será a mesma. O patrimônio
inerente a este espaço natural exige sua identificação e sua manutenção dentro de
sua característica. A violação destrói a sua cultura tentando impor outra que não a
sua própria. O viver na imensa área do Pantanal, com suas adversidades não
apresenta nenhuma dificuldade, nem rusticidade, porque já está acostumado com
isso. Afinal de contas, já nasceu ali, cresceu ali e convive ali. Convivendo na
realidade de uma região inóspita, tem como meio de transporte mais utilizado o
cavalo pantaneiro, resistente ao trabalho dentro d'água, e as embarcações de variados
tamanhos e tipos.
84
Faz em 2006, quatro anos consecutivos, que as cheias do Pantanal são
consideradas pequenas. Sabe-se que a produção de peixes em ambientes inundáveis como o
Pantanal é dependente da altura e tempo de permanência da inundação. Cheias grandes e de
longa duração significam maior produção pesqueira, pois são nos ambientes inundados
durante a cheia, que os peixes adultos encontram alimento, para o seu crescimento e reposição
dos gastos com a piracema e reprodução, e os peixes jovens encontram abrigo e alimento para
sua sobrevivência e crescimento.
Há indicativos que fundamentam as preocupações das autoridades e das
comunidades dependentes da pesca com a questão. Alternativas necessitam ser procuradas,
pois o colapso ou redução da atividade provocará grandes transtornos econômicos e sociais.
Até a pesca profissional também é dependente da pesca esportiva, pois uma boa parte dos
pescadores profissionais vendem o seu produto para os pescadores esportivos, quando não
trabalham como coletores de iscas vivas para esses mesmos pescadores esportivos poderem
pescar os grandes peixes carnívoros como dourados, pintados e cacharas (RESENDE;
GALDINO, 2001).
Segundo Padovani e Jongman (2006), “a savana tropical úmida é um sistema que
é baseado em inundações sazonais. A diferença entre a terra firme e o rio é temporária”. O
regime de inundações também determina a riqueza das comunidades de peixes e outros
organismos aquáticos. A cadeia alimentar aquática é formada por populações de peixes
detritívoros e peixes herbívoros. Estes formam a reserva de alimentação da maior parte das
populações de peixes maiores que, por sua vez, são as presas dos predadores do topo da
cadeia como outros peixes, jacarés, aves e a ariranha. Os peixes e os predadores de topo de
cadeia são a base de importantes elementos da economia regional: pesca profissional, pesca
desportiva e ecoturismo. Essa riqueza do Pantanal parece estar sob ameaça, assegura o
pesquisador.
Conforme estudos desenvolvidos por Paixão (2004), realizado em Corumbá/MS,
o envolvimento comunitário é essencial para que a sociedade regional fizesse a sua escolha
quanto ao futuro desejado e que o poder público, juntamente com a sociedade tivesse em
conta que um bom lugar para o turista visitar é aquele agradável à própria comunidade, pois
assim poderíamos trilhar o caminho dão turismo sustentável. Pesquisa realizada por esse
pesquisador, em Corumbá/MS, aponta para uma super-estrutura fomentada no pantanal, dada
a crescente demanda internacional, que favorece o aumento significativo do número de
estabelecimentos pretensamente ecoturísticos, sendo que em sua quase maioria tem-se a nítida
impressão (empírica) de que a oferta não condiz com o produto.Outra questão abordada é o
85
crescente número de residências secundárias mantidas para o turismo de pesca, regionalmente
conhecidas como ranchos de pesca. O dimensionamento da infra-estrutura é fundamental para
que se evite uma poluição visual e degradação dos recursos ribeirinhos, dentre eles matas
ciliares e corpos d’águas, tão importantes para a composição da exuberante paisagem.
Estudos realizados no Pantanal Matogrossense (PIOVEZAN; CONGRO;
MOURÃO, 2004), destacam a importância da do uso dos recursos existentes em ecossistemas
ricos em fauna e tipos de ambientes como o Pantanal que podem desenvolver cadeia
complexas de prestação de serviços baseadas no recurso da fauna, gerando renda e
desenvolvimento. A atividade de turismo tem rendido cerca de milhões de dólares por ano
nas áreas protegidas do Quênia, onde a visualização da fauna tem sido o maior atrativo. O
turismo é uma via de uso econômico da fauna em benefício de populações humanas que não
envolve o consumo.
O turismo de contemplação das paisagens, através de recursos da fauna e a flora,
tem favorecido o desenvolvimento da atividade no Pantanal Matogrossense (MAMEDE;
ALHO, 2004), como um ramo do ecoturismo, que tem como instrumento a Interpretação
Ambiental, esta envolve a satisfação, o interesse e a compreensão do meio ambiente,
usufruindo de seus recursos de forma harmônica e sustentável.
O ecossistema da região lacustre Viana-Penalva-Cajari assemelha-se ao do
Pantanal, não apenas no ritmo sazonal (cheia e seca) que favorece o aparecimento de diversos
nichos permitindo a abundância de determinadas espécies de mamíferos, aves e,
principalmente no caso da região objeto de estudo, grande variedade de peixes. Há também
grande similitude nas belezas das paisagens naturais, quer se trate do período da inundação,
quer durante a estiagem. De modo que, se por um lado essa semelhança pode representar um
forte indicativo do potencial da região para o turismo sustentável, os impactos que já se
manifestam no pantanal orientam o poder público, no sentido de adotar medidas preventivas
para que se possa implantar na região um turismo verdadeiramente assentado nos
pressupostos do desenvolvimento sustentado.
86
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
A Baixada Maranhense pertence a um conjunto de biomas diferenciados no
estado, com grande diversidade ecológica, cultural, social e econômica, contemplada com
complexos ecossistemas, incluindo manguezais, babaçuais, campos inundáveis e bacias
hidrográficas e lacustres, incluindo as maiores coleções de lagos do Nordeste. Essa
diversidade de rios, lagos e estuários, abriga infinita riqueza de flora e fauna aquáticas e
terrestres. Possui, também, enorme diversidade cultural, percebida pelo modo de vida da
população, a qual é produto da miscigenação das etnias branca, negra e indígena que cria uma
variedade de formas de manifestação cultural, observados no modo de se expressar, andar,
comer, vestir e trabalhar.
Com fundamentos nesses pressupostos, e com base nos resultados da pesquisa,
pode-se inferir que a região lacustre Viana-Penalva-Cajari possui potencial para o
desenvolvimento do turismo sustentável, pois, a região, como um todo, integra um mesmo
ecossistema, que dispõe de grande estoque de recursos hídricos, incluindo rios e lagos;
pequenos relíquias de matas-virgens, muitas delas, ainda bem conservadas nos povoados mais
distantes das sedes administrativas dos municípios ; farta exuberância de paisagens, tanto no
período das águas, como na estiagem, os quais representam fortes atrativos naturais.
Há também atrativos culturais muito importantes, nos três municípios devido à
miscigenação das etnias ali representadas pela população negra, branca e indígena que se
manifestam através do folclore, artesanato, música e danças populares, como o bumba-meu-
boi e o tambor de crioula. Os festejos tradicionais, como o Festival do Peixe e as homenagens
aos santos padroeiros, movimentam a economia local com a chegada de visitantes das cidades
vizinhas que buscam entretenimento e lazer, especialmente na cidade de Viana a qual
considera-se o portão de entrada do futuro pólo turístico da região lacustre. Ressalta-se a
importância do patrimônio arquitetônico de Viana com seus casarões coloniais do século XIX,
que enfeitam a quarta cidade mais antiga do estado do Maranhão. Na região, há também,
muitas comunidades quilombolas e algumas indígenas de fartos recursos culturais e
antropológicos.
A infra-estrutura de apoio ao turismo ainda deixa muito a desejar, nem tanto pela
quantidade de equipamentos disponíveis, considerando que a atual demanda é pequena e
constituída basicamente de comerciantes e representantes de produtos ou empresas, mas
principalmente pela qualidade dos serviços não capacitados ou treinados, e pelos seus
87
equipamentos antigos disponíveis para o atendimento das necessidades dos visitantes.
Conforme informações adquiridas nos meios de hospedagem, estes só ficam com sua
ocupação total, nas épocas dos eventos mais importantes dos municípios, como no período do
Festival do Peixe e aniversário da cidade, no caso de Viana, e no carnaval, no caso da cidade
de Penalva. Com relação a Cajari, por exemplo, a época em que há a lotação completa do
hotel Brasil coincide com o período de abril, durante a plenitude dos lagos, quando os
visitantes vão em busca de lazeres aquáticos e atividades de pesca.Em geral, a ocupação total
dos meios de hospedagem acontece durante os períodos de alta estação, ou seja os períodos
mais propícios para viajar para determinadas localidades, de acordo com as peculiaridades
ambientais locais e o calendário de eventos sócio-culturais de cada destinação.
O saneamento básico, em todos os municípios estudados, ainda é precário:
nenhum das três cidades possui rede de esgotos, sendo adotado o sistema de fossas sépticas
que são prejudiciais ao meio, através da contaminação dos recursos hídricos existentes. A
coleta de lixo realizada diariamente somente em Viana, e apenas 3 vezes por semana em
Penalva e Cajari, constitui-se em fator de risco tendo em vista que a comunidade joga seus
resíduos sólidos à beira dos campos e dos lagos. Prática usual do poder público dos três
municípios é fazer a disposição final dos resíduos sólidos à beira das estradas na entrada ou na
saída da sede municipal; A iluminação pública é precária, tendo em vista que à noite a cidade
fica com trechos totalmente no escuro, especialmente quando o bairro é mais afastado do
centro da cidade.
Aflora também como conclusão do trabalho que a única forma de turismo que a
região comporta é o turismo sustentável, que poderá melhorar a qualidade de vida da
população, concebido como atividade econômica que tenha como pressupostos a preservação
do patrimônio cultural e natural, criando oportunidades para geração de pequenas e médias
empresas e de desenvolvimento local.
A região Lacustre Viana-Penalva-Cajari, conta com um extraordinário diferencial
das outras regiões ecológicas do estado, por possuir um ecossistema natural ímpar capaz de
atrair fluxos turísticos que traga aos núcleos receptores vantagens efetivas do efeito
multiplicador do turismo nas economias locais, cuja maximização dos aspectos positivos e a
minimização dos negativos, dependerá da ordenação da atividade pelo poder público em
parceria com os empresários locais, e acima de tudo, contar com a organização social das
comunidades envolvidas no processo de desenvolvimento do turismo sustentável. Sugere-se
para a estruturação da atividade que seja capacitada a mão-de-obra local através da realização
88
de cursos de informações turísticas, guias e condutores ambientais, recepcionistas, garçons e
cozinheiros entre outros.
Há, pois, em toda a região, indícios que apontam para uma grande potencialidade
para o aproveitamento da atividade turística, especialmente do ponto de vista dos atrativos
naturais, o que com o devido planejamento e gestão ambiental da atividade na região, poderá
representar uma alternativa para o desenvolvimento sustentável das comunidades
participantes, através do estabelecimento de diretrizes e políticas voltadas para educação
ambiental, do trade e do turista, de forma a fortalecer o pensamento ambientalista que seja
capaz de contribuir para a preservação da patrimônio natural e cultural da região.
A análise da percepção da comunidade demonstrou que dentre os segmentos
profissionais pesquisados os trabalhadores rurais (lavradores e pescadores) possuem maiores
conhecimentos sobre o ambiente natural, estando, portanto mais preparados para fornecer
informações sobre o ambiente natural que os cerca, podendo ser treinados para realização de
condução e interpretação ambiental. Os trabalhadores urbanos (funcionários públicos,
professores e empresários) demonstraram ter maiores conhecimentos sobre aspectos culturais
e infra-estrutura básica e de apoio ao turismo, sendo estes melhor aproveitados dentro de um
plano de desenvolvimento turístico, como agentes de informações turísticas e guias locais nas
cidades onde residem.
Observa-se com os resultados obtidos na pesquisa que as comunidades ainda não
estão preparadas para o turismo, embora na sua maioria tenham afirmado conhecer a
atividade. Sabe-se que a sensibilização da comunidade de uma localidade com potencial
turístico é, em geral, considerado um processo lento que requer aspectos de educação
ambiental e patrimonial, além da qualificação profissional dos envolvidos, através da
formação e capacitação específicas para o desenvolvimento das atividades turísticas.
A comunidade, embora não possua conhecimento profundo sobre o turismo, quase
na sua totalidade, nutre uma grande expectativa com relação ao desenvolvimento turístico da
região, como forma de geração de emprego e renda, melhoria na aparência das cidades,
divulgação dos atributos naturais e culturais da região lacustre. Pode-se observar que há uma
cumplicidade da sociedade em geral, especialmente, das entidades sociais pesquisadas no
tocante ao apoio para o desenvolvimento do turismo na região, aspecto imprescindível para a
determinação do tipo de turismo desejado e dos limites do crescimento que a atividade poderá
atingir na região.
A comunidade demonstrou ter boa noção dos impactos negativos que o turismo
poderá provocar nas localidades visitadas, compreendendo os possíveis riscos que o ambiente
89
pode sofrer com a implantação da atividade. Conforme resultados obtidos na pesquisa, a
violência é apontada prioritariamente em todos os municípios, seguida da poluição dos
recursos e o aumento dos preços dos produtos e serviços na região. Deve-se observar o fato de
que a falta de frentes de trabalho regulamentadas para atender a população dos municípios
poderá favorecer um aspecto negativo da atividade: o desenvolvimento do turise
através do incremento da prostituição na região.
Outra questão importante que dificulta a gestão do turise
a inexistência de órgãos públicos de fiscalização e controle ambiental no âmbito municipal
que contribuam para a prevenção da destruição dos ecossistemas encontrados, haja vista que é
inevitável o contato direto dos visitantes com os ambientes naturais, além de maior geração de
resíduos sólidos e efluentes por parte dos empreendimentos turísticos locais, através dos
hotéis e restaurantes que contarão com um maior volume de clientes e negócios.
As principais atividades econômicas da região estão diretamente ligadas ao meio
natural que são a agricultura, a pesca, a pecuária e o extrativise
uma maior preocupação com a conservação ambiental dentre os trabalhadores rurais, devido
ao contado e dependência direta desses recursos na região, como, por exemplo, o peixe, o
arroz e a mandioca, fonte básica da alimentação da população, além da juçara e do coco
babaçu, produto extrativista enraizado nos costumes alimentares da população.
Dentre os municípios pesquisados percebe-se que a comunidade de Viana é a que
está mais preparada para o desenvolvimento do turiseaior
conhecimento da atividade e do meio que a cerca, assim como uma infra-estrutura mais
sedimentada e melhor organizada para o receptivo turístico, inclusive, é a única dentre as três
cidades que já possui pelo menos uma Coordenação de Turiseo, orientada pelo órgão oficial
de turise aordinária de Desenvolvimento do Turise
Maranhão.
Os aspectos culturais são relevantes e o ponto forte da região é o bumba-meu-boi,
apresentado em todas as cidades pesquisadas que possuem grupos folclóricos importantes
conhecidos e solicitados até fora do município, como é o caso do Bumba-meu-boi de Viana,
Bumba-meu-boi de Penalva e Bumba-meu-boi de Cajari, que são convidados a participar dos
Festejos Juninos da capital do estado.Outro aspecto que deve ser abordado é a questão do
tambor de crioula e de mina que são manifestações profanas e/ou religiosas acompanhadas de
diversos festejos que homenageiam santos da igreja católica e dos terreiros de candomblé,
capazes de atrair visitantes das cidades vizinhas. A gastronomia tem como principais pratos
90
típicos a peixada, a galinha da terra e a torta de jabiraca muito apreciados na região como um
todo.
Campolin (2005), tecendo consideração sobre a relação homem-ambiente, entende
que a
[...] construção de uma sociedade sustenvel envolve a promoção de uma educação
que estimule a transformação ética e política dos indivíduos, bem como das
instituições, promovendo mudanças que percorram o cotidiano individual e coletivo.
A história comprova que é possível harmonizar a convivência dos homens entre si e
com a natureza, pois durante milhares de anos os sistemas naturais e os sistemas
humanos conviveram de forma sustentável. Neste cenário, o grande desafio da
educação é mediar um novo projeto de sociedade, no qual os aspectos políticos,
sociais, econômicos, culturais e ambientais sejam criticamente revistos. Isso implica
levar os educandos a uma compreensão de que sua realidade imediata sofre os
reflexos da realidade social, ao mesmo tempo em que as ações individuais vão se
somar às ações de outros homens e compor o tecido social. Essa relação dialética
entre o individual e o coletivo vai dar movimento à realidade, concretizando um
mundo mais justo e sustentável aos humanos e a outras entidades não humanas, mas
sem as quais não haveria o mundo tal qual o conhecemos.
Conforme estudos desenvolvidos por Paixão (2004), o envolvimento comunitário
é essencial para que a sociedade regional faça a sua escolha quanto ao futuro desejado e que o
poder público, juntamente com a sociedade tenha em conta que um bom lugar para o turista
visitar é aquele agradável à própria comunidade, pois assim será possível trilhar o caminho do
turismo sustentável.
A população da região é muito hospitaleira, embora necessite de orientação para
um melhor atendimento do visitante, através da sensibilização turística para a comunidade em
geral, e da formação e capacitação profissional dos cidadãos envolvidos no mercado turístico,
visando a prestação de bons serviços para uma melhor acolhida do visitante na região.
Daí a necessidade de se enfatizarem três condicionantes para que um programa
voltado para o turismo sustentado na região possa ser exitoso: a) esse programa deve estar
submetido a um processo de planejamento que seja sistêmico, promovendo a participação de
todos os atores envolvidos, que tenha a dimensão holística, envolvendo na programação todas
variáveis que operam no sistema; b) que ele seja integrado a um programa de educação
ambiental apropriado para a realidade regional; c) que haja o controle social sobre todo o
processo de desenvolvimento turístico.
91
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SEVÁ, A. O risco tecnológico da natureza alterada. Campinas: [s.n.], 1981.
SOARES, E. C. Peixes do Mearim. São Luís: Ed. Instituto GEIA, 2005.
SWARBROOKE, John. Turismo sustentável: conceitos e impacto ambiental. Tradução:
Margarete Dias Pulido. São Paulo: Aleph, 2000. v.1.
TARGINO, Sílvia. Apostila de noções de turismo. São Luís: SETUR, 2003.
VIEIRA, R. A. O homem pantaneiro: características e cultura. In: SIMPÓSIO SOBRE
RECURSOS NATURAIS E SÓCIO-ECONÔMICOS DO PANTANAL, 4. Corumbá/MS.
Anais... Corumbá, 23-26 nov. 2004. Disponível em: <www.embrapa.com.br>. Acesso em: 5
maio 2006.
95
ZIMMER, P.; GRASSMANN, S. Avaliação do potencial turístico local. In: SEMINÁRIO DO
OBSERVATÓRIO EUROPEU LEADER SIERRA DE GATA. Espanha Universidade de
Estremadura, 1996.
WIKIPEDIA. Mapa de localização da APA na Baixada Maranhense. Disponível em:
<www.wikipedia.or.br>. Acesso em: 25 jul. 2006.
96
APÊNDICES
97
APÊNDICE A - Questionário de pesquisa
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E LIMNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SUSTENTABILIDADE DE ECOSSISTEMAS – MESTRADO
Questionário de pesquisa
O presente instrumento de pesquisa é parte integrante do estudo realizado para determinação da
potencialidade turística da Baixada Maranhense e visa investigar a percepção que a comunidade tem do ambiente
que o cerca e do potencial turístico local.
Pesquisador: ________________________________________
Data: _______________
01) Município de residência: ___________________Tempo que reside:______
02) Sexo ( )Masculino ( )Feminino
03) Idade ( )18 a 25 anos ( )46 a 55 anos
( )26 a 35 anos ( )56 a 65 anos
( )36 a 45 anos ( )acima de 65 anos
04) Grau de instrução
( )Sem instrução ( )Ensino médio incompleto
( )Ensino fundamental incompleto ( )Ensino médio completo
( )Ensino fundamental completo ( )3º grau
05) Atividade profissional
( )Lavrador ( )Empresário ( ) Funcionário público
( )Pescador ( )Artesão ( ) outras__________
( )Pecuarista ( )Estudante
( )Comerciante ( )Aposentado
06) No seu município, existem rios? Quais? E quais os mais bonitos?
07) No seu município, existem lagos? Quais? E quais são os mais bonitos?
08) No seu município, ainda existe mata virgem? Onde? Qual o nome? Onde se localiza?
09) No seu município, qual a época do ano, em que faz mais calor?
10) E qual o período em que as noites são mais frescas?
11) E quando as madrugadas são mais frias?
12) E qual o período em que venta mais durante o dia e durante a noite?
13) Em que época do ano, o lago e os campos estão cheios e quando estão secos?
14) Que diferenças você observa, no período do lago cheio (inverno) e no período do lago seco (verão), no
que se refere à vegetação, à passarada, aos peixes, e a outros bichos?
15) Na sua opinião está havendo alguma mudança que esteja causando dano à natureza? Dê exemplo?
98
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
16) Quais manifestações da cultura ( festas, festivais e brincadeiras, como tambor de crioula, bumba-boi,
tambor de mina) são mais importantes no seu município?
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
17) Você já ouviu falar em turismo?
( )Sim ( )Não
18) Caso um visitante lhe peça informação aqui no seu município, o que você indicaria, sobre:
Comida da terra?______________________________________________
Comer onde?_________________________________________________
Dormir onde? ________________________________________________
Passear em que lugares? _______________________________________
Comprar um artesanato? _______________________________________
Local para se divertir á noite?____________________________________
Local para se divertir durante o dia?_______________________________
Local para pescaria?___________________________________________
Local para passeio de barco e de voadeira?_________________________
Local para banhar no lago e no rio?_______________________________
È muito arriscado o banho de rio e de lago? ________________________
19) Você acha que a atividade turística pode trazer benefícios para a comunidade?
( ) Sim ( ) Não
20) Em caso positivo, quais os benefícios do turismo para a comunidade?
( ) valorização da cultural do local ( ) Divulgação do município
( ) Geração de Renda p/ pessoas ( ) Oportunidades de emprego
( ) Melhorias na aparência da cidade ( ) Criação de novos negócios
( ) Outros:_______________________________________________
21) Que efeitos negativos o turismo pode trazer para a sua cidade?
( ) Poluição ( ) Perda da origem de sua cultura
( ) Degradação da natureza ( ) Perda da tranqüilidade
( ) Perturbação da comunidade ( ) Introdução de costumes estranhos
( ) Violência ( ) Aumento dos preços produtos
( ) Outros:___________________________
22) Você acha que a sua cidade tem potencial para o turismo? Porque?
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
99
APÊNDICE B – Oferta turística da Região Lacustre
TABELA DE DADOS DA OFERTA TURÍSTICA – INFRA ESTRUTURA
MUNICÍPIOS VIANA PENALVA CAJARI
ÁREA 1.162.494 Km² 786.000 km² 544 Km²
DISTÂNCIA DA CAPITAL 215 Km 255 Km 210 Km
TEMPO DA VIAGEM 3:30 h 4 h 3:00 h
POPULAÇÃO 45.925 habitantes 31.047 habitantes 11.474 habitantes
VIAS DE ACESSOS Br 135 e Ma 014. Br 135 e Ma 014. Br 135 e Ma 014.
MEIOS DE ACESSO Rodoviário, hidroviário
(fluvial) e aéreo (Campo de
pouso para fretados)
Rodoviário. Rodoviário.
EMPRESAS
TRANSPORTE
RODOVIÁRIO
Sideral – 32598006
Planalto – 3243 2332
Xavier Tur – 32591931
Continental – 33511567
Alternativo – Vans diárias
Planalto – 3243 2332 Alternativa – Vans diárias
N –Matinha, Olinda Nova
NORTE: Viana NORTE: Viana
S Cajari, Penalva e Vitória
do Mearim
SUL: Monção SUL: Monção
L – São João Batista,
Anajatuba, Arari
LESTE: Cajari
LESTE: Vitória do Mearim
MUNICÍPIOS
LIMÍTROFES
O Pedro do Rosário
OESTE: Pedro do Rosário. OESTE: Penalva
CLIMA Tropical Úmido Tropical Úmido Tropical Úmido
MESES DE CALOR Julho a Dezembro Jul a Dez Jul a Dez
MESES CHUVOSOS Janeiro a Junho Jan a Jun Jan a Jun
TEMPERATURA Máx. 38º Méd. 28°/Min.20°Cº Máx.38º/ Méd 28º/Mín 23ºC Máx.38º/Méd 28º/Mín 23ºC
VEGETAÇÃO Campos inundáveis Campos inundáveis Campos e Mata Amazônica
ABASTECIMENTO DE
ÁGUA
SAAE (Rede de Água) Rede de Água (30%)
Poços (70%)
Rede de Água – Abastecida
Pela Rio Maracu (90%)
REDE DE ESGOTOS Não – Fossa Séptica Não – Fossa Séptica Não – Fossa Séptica
ENERGIA ELÉTRICA Rede elétrica – Cemar.
Voltagem – 220
Rede elétrica – Cemar.
Voltagem – 220
Rede elétrica – Cemar.
Voltagem – 220
LIMPEZA PÚBLICA
Diariamente Diariamente Três vezes na semana
RECEPTORA DE TV Mirante (Globo)
Maracú (Bandeirantes)
Mirante (Globo)
SBT (Difusora)
Canal Diário (CE)
Mirante (Globo)
SBT e Record
EMISSORAS DE RÁDIO
Maracú (AM/FM)
Sacoã (AM/FM)
Penalva FM 91,5
Tarimã FM 87,9
Não possui
JORNAIS E REVISTAS
LOCAIS
Renascer Vianense e Folha da
Baixada
Não possui Não possui
Setor Primário – Agrária,
Pecuária, Pesca e
Extrativismo Vegetal e
Mineral
Setor Primário – Agrária,
Pecuária, Pesca, Avícola e
Extrat. Vegetal e Mineral
Setor Primário – Agrária,
Pecuária, Pesqueira e Extr.
Vegetal (: Juçara,Babaçu e
Cupuaçu).
Setor Secundário – Móveis,
Cerâmica, Usina de Arroz
Setor Secundário –
produção de cachaça
Setor Secundário – não
possui
ATIVIDADE ECONÔMICA
Setor Terciário – Comércio,
Bancos, Turismo, Informática.
Setor Terciário – Comércio,
Bancos.
Setor Terciário – Comércio:
Mercearias, Farmácias,
Armarinhos.
ATIVIDADES
TURÍSTICAS
Turismo de Pesca Amadora,
Náutico, Cultural, Ecológico,
Ecoturismo,
Turismo Ecológico,
Turismo Cultural,
Ecoturismo.
Turismo Náutico, Rural,
Ecológico e Turismo Pesca
Amadora]
100
MUNICÍPIOS VIANA PENALVA CAJARI
FERIADOS LOCAIS 08/07 - Aniversário da Cidade
08/09 - N. S. Menina
08/12 - N. S. da Conceição
( Padroeira da cidade).
10/08-Aniversárioda Cidade
27/03- Dia de São José
Ascensão de Nosso Senhor
Aniversário da Cidade
(15/11) – Festa de São
Benedito.
NOME DO PREFEITO Rivalmar Luís Gonçalves
Moraes
Nauro Sérgio Muniz
Mendes
Domingos Nascimento
Almeida
ENDEREÇO DA
PREFEITURA
Pça Ozimo de Carvalho, 141
– CEP: 65215-000.
Fone: (98) 33511216
Pça J.J. Marques, nº 22 –
Centro - CEP: 65213-000
FONE: (98) 33581033
FAX: (98) 33581329
p.m.penalva@uol.com.br
R. Senador Vitorino Freire,
513.Centro,CEP:65210-000
FONE: (98) 33561041
FAX: 33561041
e-mail
ÓRGÃO MUNICIPAL DE
TURISMO
Coordenação de Turismo -
Rosana Mendes Oliveira
FONE: 33510936
Não possui Não possui
INFORMAÇÕES
TURÍSTICAS
Coordenação de Turismo –
Pça. Ozimo de Carvalho
Não possui Não possui
PROMOÇÃO TURÍSTICA Folheto Promocional, Cartão
Postal,Cartazes Jornal/Revista
Não possui Não possui
AGÊNCIA DE CORREIOS Pça. Ozimo Carvalho, s/n
FONE: 33511397
Agência do Banco Postal de
Penalva. Rua Celso
Magalhães, 280 - Centro
FONE: 33581144
Rua Senador Vitorino
Freire
FONE: 3356
BANCOS Banco do Brasil – R. Coronel
Campelo s/n. Fone: 33511203
Bradesco - Pça. Ozimo de
Carvalho.Fone:33511270.
Bradesco Bradesco – Posto Correio
CAIXA AQUI: Rua
Manoel Clodomir Serejo,
162
FARMÁCIAS Serejo - Rua Antonio Lopes –
Fone: 33511198
Farmácia Drogafarma – Rua
Cel. Campelo.Fone:
33510216
Drogaria Santa Terezinha
Farmácia Garras - 33581218
Drogaria Borel - 33581630
Farmácia Proteção Divina –
Rua Alexandre Jo
Ferreira, 383 – Centro –
Fone: 33561128
HOSPITAL E/OU POSTO
DE SAÚDE
Hospital Jandira Duailibe
Hospital Dr. José Murad
Policlínica Mãe Santinha
Posto de Saúde de Viana
Unid. de Vigilância Sanitária
Hospital Jesus de Nazaré :
33581033
Hospital Materno José Lins
Marques – Pov. do Jacaré –
Fones: 33581181
Unidade Mista Maria da
Paz Cardoso – Rua Manoel
Clodomir Serejo,177
Centro
FONE: 33561178 (Orelhão)
POSTOS DE SAÚDE DA
ZONA RURAL
15 Postos nos povoados:
Santa Tereza, Ricoa ,
Piçarreira, São
Cristóvão,Mocambo Cajueiro,
Sacaitaua, Caru, Cambutes,
Ibacazinho, Bom Jesus, Citel,
Bacurizeiro, São Felipe e Pirai
05 postos nos povoados:
Piçareira, Trizidela,
Descanso, Goiabal e
Armazém
03 postos nos povoados de
Barro Vermelho
PRINCIPAIS DOENÇAS
QUE ACOMETEM A
POPULAÇÃO
Dengue, Malária e Diarréia, Dengue, Malária, Diarréia,
Hipertensão.Ocasionalmente
Hanseníase e Tuberculose
Dengue e Diarréia.
DELEGACIAS Rua América do Sul, s/n – B.
Picarreira Fone: 33511599
Rua Maria Rosa, s/n
Fone: 33581355
Avenida Vitorino Freire, sn
QUARTEL P M COMANDANTE: Jarcio de
Souza. FONE: 33511388
COMANDANTE: Tenente
Fonseca.R. Josias Silva, s/n,
Centro – Fones: 33581417
Não possui
101
OFERTA TURÍSTICA - EQUIPAMENTOS HOTELEIROS E DE ALIMENTAÇÃO
MUNICÍPIOS VIANA PENALVA CAJARI
HOTÉIS
REBECA PÁLACE HOTEL
Nº de apartamentos: 10
Fone: 33510923
HOTEL VIANENSE
Nº de apartamentos: 19
Fone: 33511771
POUSADA ÁGUA VIVA
Nº de apartamentos: 20
Fone: 33511536
ISTO É POUSADA
Nº de apartamentos: 15
Fone: 33511713
HOTEL POUSADA
Nº de apartamentos: 22
Fone: 33511673
HOTEL PENALVENSE
Rua Pôncio Araújo, s/n –
Centro.
Nª de apartamentos - 15
DORMITÓRIO
SONHO MEU R.Pôncio
Araújo, s/n – Centro.
Nº de apartamentos - 15
HOTEL SÃO JORGE
Praça Dr.J.J Marques
Nª de apartamentos - 16
POUSADA ÔMEGA
R Joaquim Marques – s/n
Fone: 33581209
Nº de apartamentos - 03
HOTEL BRASIL
Av. Vitorino Freire,
802 – Centro – Fone:
33561162
Nº de apartamentos: 13
Total de leitos : 19
DORMITÓRIO DE
D. DICA Rua Manoel
Clodomir Serejo
Capacidade: 10 pessoas
RESTAURANTES
CHURRASCARIA
REBECA - 60 Pessoas
R. Antonio Serafim 650
Fones: 99061573/33510923
SELF SERVICE “COMA
BEM” - 40 Pessoas
Fone: 33510923
COMIDA CASEIRA / Rest.
Do Eliseu - 20 Pessoas
Fone: 33510429
PARADA OBRIGATÓRIA
CAPACIDADE: 30 Pessoas
Fone: 33511853
FUNDO DE QUINTAL
CAPACIDADE: 30 Pessoas
HORA EXTRA
CAPACIDADE: 50 Pessoas
FRUTOS DO LAGO - 50
Pessoas. Fone: 33511641
SELF SERVICE GULA
GULA - 20 Pessoas
Fone: 3351 1853
ESPETINHO FERNANDO:
av. da Rodoviária.
REST. DA SOCORRO –
Capacidade: 40 pessoas
Rua 02 de novembro,
258 - Centro.
FONE: 33581491
REST. E BAR DA
MARILEIDE
Praça J.J Marques s/nº.
Capacidade: 20 pessoas
REST. PENALVENSE
Capacidade: 25 pessoas
Rua Poncio Araújo, s/n -
Centro.
FONE: 33581236
REST. DORMITÓRIO
SONHO MEU - 18 pesso
Rua Pôncio Araújo, s/n,
Centro.
SÃO JORGE
Praça Dr. J.J Marques.
FONE: 33581236
Capacidade: 18 pessoas
RESTAURANTE DO
HOTEL BRASIL
Av. Senador Vitorino
Freire, 802 – centro –
Fone: 3356 1162
Capacidade: 24 Pessoas
RESTAURANTE
BARRESTAURANTE
(da Luzinete).
R. Manoel Clodomir
Serejo, Nº 115 – Centro
Fone: 88164211
Capacidade: 15 Pessoas
RESTAURANTE
DRINKS CHOPP – R.
Vitorino Freire, 585 –
Centro
Fone: 33561013
BAR E REST.
FLUTUANTE – Rua
Senador Vitorino Freire
LANCHONETES
BOLOS E CIA – 40 pessoas
Fone: 33511464
DA ELINE – 30 Pessoas
Fone: 33511795
TROPICAL LANCHES -
20 pessoas
Travessa Antonio Lopes, s/n
ALVORADA – 15 Pessoas
Pça. Ozimo de Carvalho, 179
ÔMEGA LANCHES
Rua 02 de novembro –
Praça do oliveira -.
FONE: 33581483
Capacidade – 32 pessoas
PANIFICADORA
CENTRAL LANCHES
Capacidade – 12 pessoas
Lanchonete do Serginho
LANCHES
NATURAIS
Rua Manoel Clodomir
Serejo, nº 89 - Centro
Fone: 33561151
Capacidade: 15 Pessoas
SORVETERIAS O SORVETÃO – 15 Pessoas
Rua 07 de Setembro, s/n
“SORVETE” 20 pessoas
Rua 02 de novembro s/n.
FONE: 33581483
Não possui
FEIRAS E MERCADOS
TÍPICOS
FEIRA DA BARRA DO SOL
– Av. Jorge Abraão Duailibe
FEIRA LIVRE – Pça. J.J.
Marques - sábados
Terças-feiras.
Av. Vitorino Freire
102
OFERTA TURÍSTICA - EQUIPAMENTOS DE ENTRETENIMENTO E LAZER
MUNICÍPIOS VIANA PENALVA CAJARI
CINEMAS Não possui Não possui Não possui
TEATROS Cia. Nazareth e Cia. de Fátima Não possui Não possui
CLUBES E BARES VIANÁFRICA - Av. Luis de
Almeida Couto
DISTRAL SHOW - Av. Luis
de Almeida Couto
GRÊMIO RECREATIVO
VIANENSE – Rua Don
Hanleto de Angelis
43 BARES NO PARQUE
DILU MELO – Armando do
Forró, Brisas do Lago,União,
Miragem, Dois Irmãos, Arreial
Tropical, Reencontro, Biruta,
Aquário, Maior, Fé em Deus,
Barracão dos Pescadores,
Vianense, Felicidade, Veleiro,
Por do Sol, Ondas do Lago,
Beira Lago, Mangueirão,Flor
de Primavera, Brilho do Lago,
Lourinha Roots Bar, Mengo,
Trópicos e outros
FUNDO DE QUINTAL
- Rua Cavu Maciel
QUADRA OLEAMA
GRÊMIO - CENTRO
CULTURAL
PENALVENSE
CLUBE OVERNITHE
CLUBE DA MERCÊS
JAMAICA DRINKS
CAPACIDADE: 1.800
pessoas.
ESPAÇO LIVRE
Rua Vereador Benedito
Mendonça
CLUBE JIBÓIA –
REGGAE Mangueirão
Capacidade:150 pessoa
BAR E CLUBE DO
MIGUELZÃO Seresta
Travesa da Conceição
Capacidade: 300 – 350
BAR MARÉ ALTA
BAR DO MÁRCIO
atrás da igreja
BUZUGUINHA / Bar
do Renato – av. Vit.
Freire (prox. Igreja)
BAR GOELA
GELADA - Rua do
Aeroporto - Tamancão
Capacidade: 30 Pessoas
BAR VERUPESO
Travessa Verupeso –
Capacidade: 100 – 150
EVENTOS
PROGRAMADOS
DATAS
COMEMORATIVAS
MAIO: Festa da Ascensão,
Festival de Inverno e Festejo
N. S. Fátima;
JUNHO: Festejo Junino;
JULHO: 08 Aniversário da
Cidade;
SETEMBRO: (08) Festejo de
N. S. Menina, Festival de
Reggae e Festival do Peixe
OUTUBRO: Festejo de São
Benedito;
NOVEMBRO: Festa N. S. de
Nazaré
DEZEMBRO: (04) Festa de
Santa Bárbara e (08) Festejo
de N. S. da Conceição
JANEIRO: Festejo de São
Sebastião e “Reis”
FEVEREIRO: Carnaval e
Festejo de São Braz
MARÇO: Semana Santa;
Festa dos Quilombos;
MAIO – Festejo de Santa
Rita de Cássia, Ascensão
e Divino Espírito Santo
JUNHO : São João;
JULHO: Festa de Santana
SETEMBRO – Festejo de
São Benedito;
OUTUBRO – Festival do
Peixe;
NOVEMBRO – Festa de
Arão e de São Pedro;
DEZEMBRO – Pastores,
Natal, Festejos de N.S. da
Conceição, São José e
Santa Bárbara.
FEVEREIRO: Carnaval
JUNHO:Festejo Junino
OUTUBRO: Festas de
São Benedito – 15/10
NOVEMBRO: Festa do
Aniversário da Cidade
– 15/11
DEZEMBRO: Festa de
N.S. da Conceição –
08/12
103
OFERTA TURÍSTICARECURSOS NATURAIS
MUNICÍPIOS VIANA PENALVA CAJARI
RIOS Maracú Maracú Maracú
LAGOS Lago de Viana Aquiri Cajari,Capivari,Formoso
e Lontra.
Cajari, Apuí e Aquiri
SERRAS/ MONTES Oiterio do Mocoroca
ILHAS Oiteiro do Mocoroca Flutuantes do Formoso
SÍTIOS ECOLÓGICOS Lago de Viana e de Aquiri;
Outeiro do Mocoroca;
Igarapé do Engenho;
Praia do Arreal.
Lago Formoso, Cajari e
Capivari
Ilhas Flutuantes do Lago
Formoso
Povoado de Jacaré
Pov. de Camaputiua
Povoado de Sta Tereza;
Pov. Enseada Grande
ÁREAS DE PÉSCA Lago de Viana e Aquiri , rio
Maracu e Igarapé Bom Jardim.
Sofia, São José e Ilha do
Soeiro
Lagos e rios
MATA VIRGEM Conservas no povoado de São
Domingos, Ipiranga, Morro do
Mocoroca, São Felipe e
Bacuruzeiro
Mata do Jatobá, Mata de
Santa Maria, Ponta
Grande e região da ilha de
Formoso
Mata das Flores (pov.
Flores) Mata do Alegre
(pov. de Camaputuia) e
Mata do Severa(pov.
Severa).
OFERTA TURÍSTICA – RECURSOS HISTÓRICOS-CULTURAIS
MUNICÍPIOS VIANA PENALVA CAJARI
Bibliotecas / arquivos Biblioteca Pública Municipal
Ozimo de Carvalho e Arquivo
Municipal Izabel Serejo
Biblioteca da Secretaria
de Educação
Secretaria de Educação,
Esporte e Lazer
Patrimônio Arquitetônico Casarões coloniais do séc.
XIX
Casas de Farinha Residências Coloniais
estilo meia morada
(porta e janela).
Sítios Históricos Conjunto Arquitetônico
Histórico Colonial do séc.
XIX, tombado pelo IPHAN
Comunidade de São Cristóvão
Comunidade Indígena de
Itaquaritiua;
Engenho do Jatobá –
(ativo) produção dea
Cachaça Jatobá
Engenho do Regalo,
pov. de Regalo (ativo)
Santa Teresa, Flores,
São José, Cadoz e
Tramaúba
(desativados)
Igrejas Igreja N.S. da Conceição Igreja São José Igreja de São Benedito.
Centro de Cultura Centro de Cultura Vianense
Centro de Estudos e Pesquisa
Isabel Serejo
Centro Cultural
Penalvense.
Casas da Cultura –
Secretaria de Cultura
Gastronomia Típica Galinha caipira, peixada, peixe
frito, tortas de camarão e de
Jabiraca (traíra seca) Panelada,
Sarrabulho, Pato ao molho
Pardo
Frutas Regionais: Murici,
Cupuaçu, Bacuri e Juçara
Peixada, Pato ao molho
Pardo, Galinha Caipira,
Torta de Traíra Seca;
Arroz de Toucinho,
Sarrabulho de Porco e
Panelada.
Peixe (frito), peixada,
tortas, galinha ao
molho pardo, pato,
camarão, cozidão,
baião de dois, mocotó.
Artesanato Fibra de palmeiras , madeira,
palha do milho, conchas,
cerâmica, coco babaçu e
sementes, galhos secos.
Bolsas, chapéus, cinzeiros,
bonecas, abajur, bandejas,
porta guardanapos e cervejas.
Fibra de palmeiras locais
p/ confecção de chapéus,
bolsas, sacolas, etc.
Fibra de palmeiras
locais, coco babaçu
104
Danças Tambor de Crioula, Tambor
de Mina, Quadilhas, Cacuriá,
Baile de São Gonçalo,
Caixa de bambaê
Indígenas: Tupi Guajajaras
Grupo de Capoeira Palmares
Baile de São Gonçalo,
Quadrilhas, Tambor de
Crioula e Tambor de
Mina.
Bloco Chega mais K -
carnaval
Danças Indígenas: “Os
Guerreiros” e “A Era dos
Pagés”
Dança do Cacuriá
Manifestações Folclóricas Bumba-meu-boi de Viana,
Brilho de Viana, Meia Légua
Bumba-meu-boi Meia Légua
Bumba-meu-boi Brilho
de Penalva – (orquestra)
, Bumba-meu-bo Brilho
de São João (matraca).
Bumba-meu-boi de:
Enseada Grande I, da
Severa, de São Miguel
União de São João
(matraca), Brilho do
Maracu e Boizinho
Mimoso
Comunidades Quilombolas
e Indígenas
Quilombolas: São Cristóvão,
Carro Quebrado, Mocambo,
Baías, Pov. de Aguiar, Pov.
de Santaninha do Aguiar
Indígenas: Itaquaritiua e São
Cristovão
São Joaquim, São Braz,
Santo Antonio, Oriente,
Timbiras, Ludovico,
Capivari, Gapó, Capim
Fino, Sabueiro e
Capoeira
Enseada grande I e II , Bela
Vista, Cajazinho,
S. Severa, Camaputiua,
Bolonha, S. Miguel dos
Correas, Mocoroca I e II,
Santa Maria, Flexal,
Baixinha, São Luís, Mela
grande e São José.
Personagens Ilustres MÚSICA: Dilú Melo, Miguel
Dias, Estevão Maya, José M.
Nunes Rogério do MA.
LIITERATURA: Castro
Maia, Lourival Serejo, João
M. Cordeiro, Estevão Rafael
de Carvalho, Antonio Lopes
da Cunha, Kalil Mohana,
José Antonio Castro e Pe.
Eider Furtado da Silva,
outros
TEATRO: Anica Ramos
PLASTICAS: Newton
Aquino e Raimundo Botelho.
MÚSICA: Célia Leite
Josias Sobrinho;
TEATRO: Aldo Leite;
BUMBA-MEU-BOI:
Vovô do Boi Pirilampo e
da Favela do Samba;
POESIA: Celso da
Cunha Magalhães,
Galdino Arouche e o
poeta e compositor
Antonio Sá Barros “O
Cabec” .
Educadores: Napoleão
Serejo e D. Cirene de Diniz
Abreu,Prof
MÚSICA: o maestro
Raimundo Abreu fundou a
“Escola de Música
Marcelino Fernandes
Furtado”
CORPO TÉCNICO RESPONSÁVEL PELAS INFORMAÇÕES NOS MUNICÍPIOS
TÉCNICO RESPONSÁVEL PELAS INFORMAÇÕES - VIANA
NOME: Rosana Mendes Oliveira
CARGO/FUNÇÃO: Coordenadora de Turismo / Viana
FONES: 33511871
E-MAIL:
Prefeito: Rilvamar Luis Gonçalves Moraes
TÉCNICO RESPONSÁVEL PELAS INFORMAÇÕES - PENALVA
NOME: Delmo Antonio Muniz Mendes
CARGO/FUNÇÃO: Assessor da Prefeitura
FONES: 33581183 / Fax: 1033
E-MAIL: delmo.mendes@ig.com.br
TÉCNICO RESPONSÁVEL PELAS INFORMAÇÕES - CAJARI
NOME: José Américo da Costa Muniz
CARGO/FUNÇÃO: Sec. Administração
FONES: 33561041 / 1207
E-MAIL:
américo.muniz@ig.com.br
105
APÊNDICE C - Aspectos Políticos e administrativos
GESTÃO REGIONAL, MUNICIPAL E TURÍSTICA.
GERÊNCIA DE ARTICULAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA REGIÃODOS LAGOS
MARANHENSES
NOME DO GERENTE: Ana Luiza Meireles Gomes
ENDEREÇO DA GERÊNCIA: Rua Antonio Lopes, s/n – CEP: 65.215-000
DDD: 98
FONE/FAX: 33511782
POSSUI COMPUTADOR: Sim
TIPO DE EQUIPAMENTO: Normal
ESTRUTURA POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DE VIANA:
PREFEITURA MUNICIPAL DE VIANA - Rilvamar Luis Gonçalves Moraes
Secretaria de saúde – Roselita da Silva Barroso
Secretaria de Educação – Adriana Alves Guimarães
Secretaria de infra-estrutura – José Ribamar Moraes
Secretaria de agricultura e abastecimento – Zé de Tomás
Secretaria de transportes – José Américo Amaral Muniz
Secretaria de esportes Zona Urbana – Hilton Filho
Diretor do DMT – Reinaldo Aquiles
Secretaria de esporte Zona Rural – Carlito Rocha
Secretário de Limpeza pública – Aldino Soeiro
Secretaria de administração – Raimundo Hemogenes
Secretaria de Planejamento – José Carlos Costa
Secretário de Cultura – José Bonifácio Costa
Coordenação de Turismo – Rosana Mendes Oliveira
ESTRUTURA ADMINISTRATIVA DO MUNICÍPIO DE PENALVA
PREFEITURA MUNICIPAL DE PENALVA
Secretaria de Educação e Cultura
Secretaria de Infra-estrutura
Secretaria de Saúde
Secretaria de Ação Social e Trabalho
Secretaria de Administração e Finanças
Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente
ESTRUTURA ADMINISTRATIVA DO MUNICÍPIO CAJARI
PREFEITURA MUNICIPAL DE CAJARI
Secretaria de Administração, Finanças, Planejamento e Gestão de Recursos Humanos;
Secretaria de Educação, Cultura, Esporte e Lazer
Secretaria de Saúde e Meio Ambiente;
Secretaria de Agricultura e Abastecimento
Secretaria de Infra-Estrutura
106
ANEXOS
107
ANEXO A - FPC 01 - Atrativos Turísticos Naturais
108
109
ANEXO B - FPC 02 Atrativos Turísticos Histórico-Culturais
110
111
ANEXO C - FPC 03 - Equipamento Hoteleiro
112
113
ANEXO D - FPC 04– Equipamento Extra-Hoteleiro (Alojamentos não-convencionais)
114
115
ANEXO E - FPC 05 Equipamento Extra-Hoteleiro (Acampamentos Turísticos Campings)
116
117
ANEXO F - FPC 06 - Equipamentos Complementares de Alimentação
118
119
ANEXO G - FPC 07 - Equipamentos Complementares de Recreação, Entretenimento e
outros Serviços Turísticos
120
121
ANEXO H - Questionário da Oferta Turística
122
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