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custo/benefício. A Ética Ambiental, cujo desenvolvimento data do inicio dos anos 70 e ocupa
hoje uma diversidade de publicações e encontros acadêmicos, adicionou uma nova
dimensão a esta área do pensamento. Trata-se dos valores ou fins que deveriam orientar a
conduta humana em relação ao que não é apenas humano. Em outras palavras, parte ou o
todo da Natureza deixam de ser instrumentos ou recursos para o nosso uso, mas portam um
valor intrínseco, o qual deve ser por nós respeitado. Se o objeto de respeito moral é o ser
vivo, estaremos lidando com uma Ética Biocêntrica, cujo expoente mais conhecido é Albert
Schweitzer. Schweitzer denunciou que “a grande falha de todos os eticistas até agora tem
sido que eles acreditam que devem lidar apenas com as relações do homem para o homem.
(...) Um homem é ético somente quando a vida, enquanto tal, for sagrada para ele, a vida
das plantas e dos animais, bem como a dos seus companheiros humanos.”
vii
Com efeito,
muito da força do Biocentrismo provém da sua radical rejeição e resistência às tradições
antropocêntricas. Evidentemente, devido a esta mesma radicalidade, uma Ética da Vida é
acusada de, no melhor dos casos, irrealista, e, no pior, de anti-humanista.
Krebs nota que comumente falamos em “matar pessoas” e “matar animais”, mas não
em “matar plantas”, o que significa que o senso comum deve lembrar-se que uma planta
está viva.
viii
Referimo-nos à colheita do trigo, em vez da “matança do trigo” numa fazenda.
Por outro lado, as intuições morais do senso comum quanto ao valor da vida apresentam
uma certa inconsistência ou fragilidade, como salienta Agar. Podemos entoar
majestosamente a frase “toda vida é preciosa”, e, simultaneamente, não nos sentirmos
comprometidos a atos de salvamento de folhas de grama prestes a serem pisoteadas num
jardim.
ix
De qualquer modo,
a morte sem sentido e desnecessária de animais é quase universalmente deplorada; cada
motorista tentará esquivar-se de um esquilo atravessando uma estrada, muito embora esse
esquilo, no meio do nada, nunca será útil para um ser humano. Nossas sensibilidades
também se estendem à vida das plantas. Consideramos que há algo errado com a pessoa
que passa seu dia cortando árvores - mesmo suas próprias árvores – apenas para se
exercitar. Por certo que o esquilo poderia ser atropelado se, ao tentarmos evitar isto,
provocássemos um acidente, e, se necessário, a árvore poderia ser cortada para lenha, mais
tais casos somente provam o ponto. Deve haver alguma razão significativa para matar
esquilos e árvores. Estes seres são considerados como tendo valor inerente à parte de
qualquer utilidade para nós. (...) As sensibilidades correntes fornecem alguma base para uma
ética do respeito pela natureza, mas muito trabalho precisa ser realizado para desenvolver,
reforçar e justificar essa posição.
x
Voltemos ao caso anterior, apresentado por Lynch e Wells, em que um animal ataca
uma pessoa na selva, sendo tal fato presenciado por uma testemunha (humana) armada.
Em primeiro lugar, atirar no animal sem uma reflexão prévia poderia ser, por si mesma, uma