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AVALIAÇÃO MORFOLÓGICA E MOLECULAR DE
NEOPLASIAS COLÔNICAS EM MODELO DE
COLITE EXPERIMENTAL INDUZIDA POR
DEXTRAN SULFATO DE SÓDIO
RENATA DE ALMEIDA COUDRY
Tese de Doutorado apresentada à Fundação
Antônio Prudente para a obtenção do Grau de
Doutor em Ciências
Área de concentração: Oncologia
Orientador: Prof. Dr. Fernando Augusto Soares
São Paulo
2005
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Livros Grátis
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Milhares de livros grátis para download.
FICHA CATALOGRÁFICA
Preparada pela Biblioteca do Centro de Tratamento e Pesquisa
Hospital do Câncer A.C. Camargo
Coudry, Renata de Almeida
Avaliação morfológica e molecular de lesões colônicas em
modelo de colite experimental induzida por Dextran Sulfato de Sódio
/ Renata de Almeida Coudry -- São Paulo, 2005.
100p.
Tese(doutorado)-Fundação Antônio Prudente.
Curso de Pós-Graduação em Ciências-Área de concentração:
Oncologia.
Orientador: Fernando Augusto Soares
Descritores: 1. RETOCOLITE ULCERATIVA. 2. NEOPLASIAS
COLORECTAL. 3. DEXTRAN SULFATO. 4. CAMUNDONGOS/genética.
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AGRADECIMENTOS
Eu gostaria primeiramente de agradecer aos grandes amores da minha vida,
meu marido Daniel e meu filho Lucas, por estarem ao meu lado todo o
tempo nesta fase de dedicação total aos meus estudos. Grandes mudanças
foram feitas neste período, um novo país, um novo lar. Posso dizer que
valeu a pena pois nos deixou mais unidos e, além do meu conhecimento
científico adquirido, ganhamos experiência de vida. Por isso, muito obrigada
por todo o esforço que fizeram para se adaptarem a esta grande, se assim
podemos chamar, aventura. Obrigada Daniel também por toda sua ajuda na
tese, sempre me dando idéias de como deixá-la melhor.
Ao meu orientador, o Prof. Dr. Fernando Soares, que tem total
responsabilidade por todas estas mudanças. Embora minha especialização
fosse em Gineco-Patologia, ele me fez fazer minha tese de mestrado em
cólon. Por este específico motivo apareceu a chance de ir para os EUA e
fazer minha tese de doutorado na mesma área. O Fernando é alguém por
quem tenho grande admiração pois, além de ser um grande profissional,
tanto como morfologista quanto como investigador, é uma pessoa de grande
visão. Ele está sempre à frente das novidades e da modernidade na
Patologia.
Aos meus colegas de trabalho no Hospital do Câncer também vai meu
grande agradecimento por todo apoio que me deram no meu novo
empreendimento.
Agradeço à Sra. Ana Maria Kunari, coordenadora da pós-graduação, por
toda ajuda e por sempre ser tão solícita e eficiente em resolver nossas
dificuldades e à Sra. Suely Francisco e todos os funcionários da biblioteca
da Fundação Antônio Prudente pelo suporte bibliográfico.
No Fox Chase Cancer Center (Filadéfia, EUA), lugar onde desenvolvi minha
pesquisa, gostaria de agradecer ao Dr. Harry Cooper, um grande
Patologista, que me recebeu em seu laboratório de braços abertos e me
proporcionou adquirir experiência em Patologia Gastrointestinal,
principalmente em tumores do cólon, sendo um grande especialista nesta
área e um entusiasta em desvendar os processos que regem o
desenvolvimento deste câncer. À Dra. Margie Clapper, em cujo laboratório
fiz grande parte dos meus experimentos. Seu intenso conhecimento na área
de colite e quimio-prevenção foi de grande ajuda para desenvolver meu
trabalho. À futura Dra. Monique Gary por toda sua ajuda com o cuidado dos
animais usados neste trabalho e também por sua amizade. À Dra. Cinthia
Spitlle e a Sra. Rita Michelli pela imensa ajuda nas técnicas moleculares
que foram utilizadas na tese. À Dra. Wen-Chi Chang pelo trabalho em
conjunto com os animais geneticamente alterados usados na tese. Um
agradecimento muito especial para a Dra. Sibele Meireles que, além de
amiga, é uma grande companheira de trabalho. Obrigada por ler minha tese,
pelos seus comentários sempre pertinentes e excelentes idéias. Ao Sr.
Gerard Caprio por seus dons de professor, os quais abriram-me as portas
para o mundo da bancada. À Sra. Mauren Climaldi por toda sua assistência
e por ser esta pessoa tão bondosa.
Gostaria de agradecer minha mãe Laura e meu pai Jorge por me darem a
chance de prosseguir com meu sonho de ser médica e de estarem sempre
presentes quando preciso. Aos meus irmãos, minhas cunhadas, sobrinhos e
aos meus tios e primos pela atenção e carinho.
Agradeço com grande carinho a Sra. Elivânia Aparecida de Sousa, uma
amiga presente em vários momentos de nossas vidas e que sempre tanto
me ajudou.
Um agradecimento profundo para Cida Coudry e todos os demais membros
da família Coudry, por todo apoio e torcida em todos os nossos projetos de
vida e principalmente neste último que tem sido difícil para nós, pois tivemos
que nos privar da companhia de todos vocês.
Agadeço imensamente aos membros da Fundação AHEPA (The American
Hellenic Educational Progressive Association) que me proporcionaram uma
bolsa para desenvolver meus estudos.
Obrigada Jesus e Nossa Senhora da Aparecida pela proteção constante.
RESUMO
Coudry R. Avaliação morfológica e molecular de lesões colônicas em
modelo de colite experimental induzida por Dextran Sulfato de Sódio
(DSS). São Paulo; 2005. [Tese de Doutorado-Fundação Antônio Prudente].
A retocolite ulcerativa (RU) é uma doença inflamatória crônica que
caracteristicamente afeta o reto e o intestino grosso e cuja etiologia ainda é
desconhecida. Os pacientes portadores de RU apresentam um alto risco
para o desenvolvimento de câncer colorretal (CCR). O desenvolvimento e a
progressão do câncer associado à RU envolvem vários eventos genéticos
que parecem ser diferentes dos observados nos cânceres esporádicos.
Alterações nos genes Apc e K-ras são menos freqüentes em tumores
associados à RU. O gene TP53 está freqüentemente alterado nos tumores
esporádicos, mas quando relacionados aos tumores incidindo em pacientes
com RU este tende a ser um evento precoce ao invés de tardio como ocorre
naqueles tumores. O gene ß-catenina não se mostra alterado nos tumores
esporádicos ou relacionados à RU, mas a translocação de ß-catenina para o
núcleo das células neoplásicas é um evento comum nos dois tipos de
tumores. O modelo utilizando camundongos para desenvolver colite, através
do uso de DSS desenvolve displasia e câncer muito similares aos
observados em humanos. O estudo da carcinogênese do cólon nestes
camundongos pode ser de grande valia para o melhor entendimento das
alterações que ocorrem em humanos e pode proporcionar o descobrimento
de novos marcadores ou mesmo regimes quimiopreventivos para o câncer
relacionado à RU. O objetivo deste estudo é elucidar os eventos moleculares
das neoplasias relacionadas à RU no modelo experimental animal de colite
induzida por DSS, traçando um paralelo com os estudos moleculares
realizados em humanos. Para isto, foram utilizadas duas abordagens. A
primeira, relacionada com a pesquisa de alterações moleculares nas
neoplasias originadas no modelo de colite pelo uso de DSS e Azoximetano
(AOM) em camundongos sadios, onde foram avaliados os genes Trp53, k-
ras, Apc e ß-catenina. A segunda, relacionada com o uso de DSS em
camundongos alterados geneticamente para o gene Trp53, considerado o
evento inicial nos tumores associados à RU. Neste objetivo além da
pesquisa da mutação do gene k-ras também foram avaliados os aspectos
histológicos das lesões colônicas oriundas neste modelo. Nos camundongos
sadios em uso de DSS/AOM, foram observadas mutações no gene ß-
catenina (códons 32 e 34) e a translocação desta proteína para o núcleo das
células tumorais. Não foram observadas mutações no gene K-ras, Trp53 e a
pesquisa de LOH do gene Apc não foi informativa. Nos camundongos
geneticamente alterados para o gene Trp53 a pesquisa de mutação no gene
k-ras foi negativa. Estes camundongos demonstraram a presença de
displasia e câncer, também muito similares aos humanos, sendo que os
animais homozigotos (p53-/-) apresentaram uma maior incidência de lesões
quando comparados aos animais heterozigotos (p53+/-) e controles p53
(+/+). Além de displasia e câncer os camundongos p53-/- e p53+/-
apresentaram lesões benignas denominadas colite cística profunda e lesões
hiperplásicas, ambas associadas à RU em humanos. O acúmulo de dados
decorrentes de estudos usando o modelo animal de colite induzido
quimicamente deve fornecer informações valiosas para o melhor
entendimento da carcinogênese do cólon em pacientes portadores da RU.
SUMMARY
Coudry R. [Morphological and molecular evaluation of colonic lesions in
a mouse model of experimental colitis induced by Dextran Sulfate
Sodium (DSS)]. São Paulo; 2005. [Tese de Doutorado-Fundação Antônio
Prudente].
Ulcerative Colitis (UC) is a diffuse inflammatory disease of the colorectum,
which etiology is unknown. UC patients are at increased risk of developing
colorectal cancer (CRC). Development and progression of UC-associated to
CRC involves multiple genetic alterations that appear to be different from
those of sporadic cancer. Alterations of APC gene and k-ras gene are less
frequent than in sporadic colorectal neoplasia. Although, alterations of TP53
gene is a frequently observed in both UC associated tumors and sporadic
tumors, this alteration is an early event in UC related tumors but it is occurs
late in sporadic tumors. Dextran Sulfate Sodium (DSS) mouse colitis model
develop dysplasia and cancer similar to UC in human. Studies of colon
carcinogenesis in this model can be very useful to elucidate mechanisms and
provide development of markers or chemoprevention approaches in the
human situation. The aim of this study is to establish the molecular events in
a DSS mouse colitis model associated neoplasia in parallel with the
molecular alterations seen in humans. Two different approaches had been
used to achieve this goal. First, investigate molecular events in neoplastic
lesions developed in a mouse model of colitis using DSS in combination with
Azoxymethane (AOM) in healthy animals. In this approach, it was investigate
genes, such as Trp53, k-ras, ß-catenin and Apc. Second, evaluate genetic
events in mice deficient in the Trp53 gene, considered an early event in RU-
associated tumors. Besides k-ras evaluation, it was also evaluated the
histological aspects of the colonic lesions in this model. ß-catenin mutation
(codons 32 and 34) and translocation ß-catenin were observed in healthy
animals using DSS/AOM. No mutation of k-ras and Apc were observed and
Apc LOH was not informative. DSS induced colitis in p53 deficient mice
developed dysplasia and cancer. p53-/- (homozygous) showed a higher
incidence of tumors when compared with p53+/- (heterozygous) and p53+/+
(wild-type) animals. No mutation of k-ras gene was observed. Besides
dysplasia and cancer, p53-/- and p53+/- animals developed colite cystica
profunda and hyperplastic lesions, both observed in patients with UC.
The further accumulation of data originated in studies with mouse models of
colitis related-neoplasia chemically-induced should provide information for
better understand UC- related colorectal neoplasia in humans.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Esquema simplificado da via de sinalização Wnt. 70
Figura 2 Carcinogênese colorretal nos tumores esporádicos e
associados à RU. 71
Figura 3 Esquema de indução de colite nos animais SW e p53. 72
Figura 4 Representação do procedimento de LCM. 73
Figura 5 Estudo imunohistoquímico: proteínas p53 e ß-catenina em
modelo de colite induzida por DSS/AOM. 74
Figura 6 Seqüências representando mutação do gene ß-catenina
em modelo de colite induzida por DSS/AOM. 75
Figura 7 Processo inflamatório envolvendo a mucosa intestinal dos
camundongos deficientes para o geneTrp53 tratados com
DSS. 76
Figura 8 Classificação de displasia em camundongos deficientes para
o gene Trp53 com o uso de DSS. 77
Figura 9 Câncer em camundongos deficientes para gene Trp53
tratados com DSS. 78
Figura 10 Câncer mucinoso nos animais deficientes para o gene
Trp53 tratados com DSS. 79
Figura 11 Colite cística profunda em camundongos deficientes para o
gene Trp53 tratados com DSS. 80
Figura 12 Hiperplasia da mucosa intestinal dos animais deficientes para
o gene Trp53 tratados com DSS. 81
Figura 13 Pseudoinvasão em animais deficientes para o gene Trp53
e controles tratados com DSS. 81
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Incidência do câncer colorretal (CCR) por categoria de risco. 67
Tabela 2 Fatores associados com o risco do CCR em pacientes
portadores da RU. 67
Tabela 3 Sequência dos iniciadores de amplificação para k-ras,
ß-catenina e Trp53. 68
Tabela 4 Mutação do gene ß-catenina em lesões colônicas em modelo
de colite induzida por DSS/AOM. 68
Tabela 5 Alterações nos exons 6 e7 do gene Trp53 em animal SW. 69
Tabela 6 Distribuição dos tumores colônicos em animais p53, tratados
com DSS. 69
Tabela 7 Lesões não neoplásicas em animais p53, tratados com DSS. 69
LISTA DE ABREVIATURAS
BAX
do inglês "BCL2-associated X protein"
GADD45
do inglês "Growth arrest and DNA-damage-inducible, alpha"
GSK3ß
do inglês "Phosphorylation Syntase Kinase 3ß"
IGF2R
do inglês "Insulina Growth Factor Recptor 2"
IL-2
do inglês "Interleucin 2"
IL-10
do inglês "Interleucin 10"
K-ras
do inglês "Kirsten Rat Sarcoma Viral Oncogene, homolog"
Mdm2
do inglês "Transformed 3T3 cell double minute 2, p53 binding
protein"
MLH1
do inglês "MutL homolog 1, colon cancer, nonpolyposis type 2"
MSH2
do inglês "MutS homolog 2, colon cancer, nonpolyposis type 1"
Tcf
do inglês "T-cell Trancription Factor"
TGFßRII
do inglês "Trasforming Growth Factor ß-Receptor type II"
ÍNDICE
1 INTRODUÇÃO 1
1.1 Retocolite Ulcerativa 1
1.1.1 Patogênese molecular do câncer colorretal esporádico 5
1.1.1.1 Via de sinalização Wnt 6
1.1.1.2 Gene K-ras 8
1.1.1.3 Gene TP53 8
1.1.1.4 Instabilidade cromossômica 12
1.1.1.5 Instabilidade de microssatélites 12
1.1.2 Patologia molecular do câncer colorretal associado à RU 13
1.1.2.1 Via de sinalização Wnt 14
1.1.2.2 Gene TP53 15
1.1.2.3 Gene K-ras 16
1.1.2.4 MSI 16
1.1.2.5 CIN 17
1.1.2.6 O papel dos RONS na carcinogênese colorretal associado à RU 18
1.1.3 Tipos de lesões precursoras do carcinoma colorretal associado à
RU 19
1.1.3.1
Macroscopia 19
1.1.3.2
Microscopia 21
1.1.3.3
Diferenças moleculares: DALMS vs displasias planas 23
1.1.4 Carcinomas na RU 24
1.1.5
Lesões colônicas não neoplásicas em pacientes com RU 25
1.1.5.1 Hiperplasia 25
1.1.5.2 Colite cística profunda 25
1.1.6 Modelos animais para o estudo da inflamação colônica
relacionados ao CCR 26
1.1.6.1
Dextan Sulfato de Sódio (DSS) em animais sadios 27
1.1.6.2 DSS em animais modificados geneticamente 29
1.1.6.3 Animais com tendências para o desenvolvimento de inflamação 31
2 JUSTIFICATIVA 33
3 OBJETIVOS 36
3.1 Objetivos gerais 36
3.2 Objetivos específicos 36
4 MATERIAL E MÉTODO 37
4.1 Animais e indução de colite 37
4.1.1 Experimento com animais Swiss Webster (SW) 37
4.1.2 Experimento com animais alterados para o gene Trp53 38
4.2 Avaliação histopatológica das lesões colônicas 39
4.3 Captura de células usando microdissecção a laser (LCM) e
isolamento do DNA 41
4.4 Estudo imunohistoquímico das proteínas p53 e ß-catenina 43
4.5 Avaliação de mutação no gene k-ras 44
4.6 Avaliação de mutação no gene ß-catenina 46
4.7 Avaliação de mutação no gene Trp53 47
4.8 Avaliação de LOH no gene APC 47
5 ANÁLISE ESTATÍSTICA 50
6
RESULTADOS 51
6.1 Modelo de colite utilizando os animais SWs 51
6.1.1 Expressão das proteínas p53 e ß-catenina 51
6.1.2 Mutação dos genes K-ras (exon 1), ß-catenina (exon 3) e Trp53
(exons 5-8) 51
6.1.3 LOH do gene Apc 53
6.1.4 Comparação dos achados moleculares entre as displasias planas e
DALMs 53
6.2
Modelo de colite utilizando animais alterados geneticamente para o
gene p53 54
6.2.1 Achados histopatológicos 54
7 DISCUSSÃO 57
8 CONCLUSÃO 66
9 TABELAS E FIGURAS 67
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 82
1
1 INTRODUÇÃO
1.1 RETOCOLITE ULCERATIVA
A retocolite ulcerativa (RU) é uma doença inflamatória crônica que
caracteristicamente afeta o reto e o intestino grosso e cuja etiologia ainda é
desconhecida. Pacientes portadores de RU apresentam um alto risco para o
desenvolvimento de câncer gastrointestinal, particularmente do
adenocarcinoma colorretal. O primeiro caso de câncer colorretal ocorrendo
em um paciente com diagnóstico de RU foi descrito em 1925 por CROHN e
ROSENBERG. De fato a RU se apresenta entre as três condições com
maior risco de desenvolvimento de câncer colorretal, estando junto com a
Adenomatose Poliposa Familiar (FAP) e o Câncer Colorretal Hereditário
Sem-Polipose (HNPCC), sendo estas as duas mais importantes formas de
câncer colônico heriditário (LYNCH e DE LA CHAPELLE 2003). A Tabela 1
relaciona os fatores de risco para o desenvolvimento do câncer colorretal.
O câncer em pacientes com colite tende a se desenvolver 10 anos
mais cedo do que na população em geral (GRANQVIST 1981;
PAPATHEODORIDIS et al. 1996). O risco do desenvolvimento do câncer em
paciente com RU está principalmente relacionado com a duração e a
extensão da doença. A maioria das neoplasias malignas se desenvolve oito
anos após a presença da colite. A incidência acumulada é abaixo de 1% nos
primeiros 8 a 10 anos, mas após isso se observa um aumento anual de 0.5%
2
a 1% (GYDE et al. 1982; LENNARD-JONES 1985). Comparado com casos
controles, aproximadamente 5 a 10% dos pacientes com RU desenvolvem
câncer colorretal depois de 20 anos e 15 a 20% após 30 anos do diagnóstico
inicial (EKBOM et al. 1990b; HARPAZ e TALBOT 1996). Após 40 anos da
presença da doença, 25-40% dos pacientes que não tiveram uma colectomia
profilática vão desenvolver câncer colorretal (EKBOM et al. 1990a). Quanto
maior a superfície envolvida pela colite maior o risco no desenvolvimento do
câncer. Assim sendo, estudos utilizando enema opaco e/ou colonoscopia
mostraram que o risco do desenvolvimento de um adenocarcinoma é 20 a
30 vezes maior em indivíduos apresentando pancolite com mais de 10 anos
de duração da doença que o risco observado nos casos controles (EKBOM
et al. 1990b; LANGHOLZ et al. 1992).
Um estudo recente demonstrou que a severidade da inflamação no
decorrer do curso da doença também é um fator de risco para o
desenvolvimento do câncer colorretal (RUTTER et al. 2004). Apesar desta
nunca antes ter sido mostrada como um fator de risco, esta evidência pode
ser sustentada por alguns fatores. Primeiro pelo fato da duração da doença
ser um importante fator de risco nos pacientes com RU. Segundo, os
estudos mostram que estes pacientes, quando em uso de antiinflamatórios,
demonstram uma diminuição no risco do desenvolvimento do carcinoma
colorretal (PINCZOWSKI et al. 1994; MOODY et al. 1996; EADEN et al.
2000). Terceiro, o risco do câncer colorretal é muito maior em pacientes com
RU portadores da Colangite Esclerosante Primária (EKBOM et al. 1990b;
BRENTNALL et al. 1996). A Colangite Esclerosante Primária é uma
3
condição idiopática caracterizada pela inflamação crônica dos ductos biliares
que predispõe não somente ao câncer colorretal assim como ao câncer dos
ductos biliares. Este fator de risco pode não ter sido óbvio até o momento
devido a indicação de colectomia precoce que ocorre na maioria dos
pacientes que apresentam uma inflamação mais severa, pois estes não
respondem adequadamente ao tratamento. Por este motivo não estão mais
em risco de desenvolverem câncer colorretal.
Embora alguns autores tenham descrito que a variabilidade genética
possa ser responsável pelo risco do desenvolvimento do câncer colorretal
em pacientes com colite (RHODES 1996; ASKLING et al. 2001b), um novo
estudo mostrou que parentes de primeiro grau de pacientes portadores da
RU não demonstram um risco aumentado ( ASKLING et al. 2001a).
Início precoce da doença também foi descrito como um fator de risco
por alguns autores mas contestado por outros, desta forma não
apresentando evidências suficientes para uma mudança na conduta de
rastreamento destes pacientes (GREENSTEIN et al. 1979; PRIOR et al.
1982; LENNARD-JONES 1985; EKBOM et al. 1990b; EADEN et al. 2001).
O critério usado para se iniciar o rastreamento do câncer colorretal e
a freqüência do acompanhamento dos pacientes portadores da RU pode
variar em diferentes centros. Segundo um consenso apresentado no
workshop intitulado “Colon Cancer in IBD: Science and Surveillance” no
estado da Florida (EUA) em 2000, este rastreamento deve se iniciar após 8
a 10 anos do início dos sintomas e o intervalo de seguimento deve ser de 1
a 2 anos (ITZKOWITZ e PRESENT 2005). Apesar dos dados mostrarem que
4
o rastreamento e o acompanhamento realizado até o momento são aspectos
que protegem contra o desenvolvimento do carcinoma colorretal estes
exames não são suficientes para a detecção de todos os cânceres que
desenvolvem em pacientes com RU (CONNELL et al. 1994; SHANAHAN
1995). Por este motivo um melhor entendimento das bases moleculares do
câncer colorretal associado à RU pode ser de grande valia para o
desenvolvimento de um programa de rastreamento e acompanhamento mais
efetivo. Um sumário dos fatores que aumentam e diminuem o risco de
desenvolvimento do câncer colorretal em pacientes portadores da RU está
relacionado na Tabela 2.
É de conhecimento dos clínicos e investigadores que o câncer
colorretal associado à RU se inicia ao longo de uma via com múltiplos
passos e cuja lesão precursora é denominada displasia (HARPAZ e
TALBOT 1996). A displasia é caracterizada por alterações neoplásicas
restritas ao epitélio colônico e confinada pela membrana basal que circunda
as glândulas na qual a lesão se manifesta. A observação de que a displasia
é freqüentemente observada adjacente ao carcinoma é um fator que
sustenta a evolução da displasia para o carcinoma colorretal em pacientes
com RU (WEBB et al. 1991; CONNELL et al. 1994). Além de ser
considerada uma lesão precursora, a displasia também é vista como um
marcador do câncer colorretal. Algumas publicações mostraram que esta
lesão também pode ser observada simultaneamente em outras áreas do
cólon em um paciente com câncer colorretal e, assim sendo, ela funcionaria
como um sinal da presença deste (RANSOHOFF et al. 1985; CONNELL et al.
5
1994). Para melhor entender as bases moleculares que levam à formação
do câncer nos pacientes com RU, tentou-se traçar uma idéia paralela ao que
ocorre nos carcinomas esporádicos, neoplasia colônica que ocorre na
população em geral, e investigar as mesmas etapas de progressão. O
câncer colorretal esporádico é provavelmente a neoplasia mais bem
conhecida no homem. Histologicamente, ele progride de maneira seqüencial
tendo sido originalmente chamada por FEARON e VOLGESTEIN (1990)
como a seqüência adenoma-carcinoma.
A patogênese molecular da RU relacionada com o câncer colorretal
parece ser um processo complexo, mas é muito importante que se
aprofunde nos conhecimentos da carcinogênese do cólon nesta doença para
que melhores sistemas de detecção sejam incrementados e que se
produzam regimentos quimioterápicos mais eficientes.
1.1.1 Patogênese Molecular do câncer colorretal esporádico
Acredita-se que o desenvolvimento do câncer colorretal siga vários
passos, sendo estes representados por mutações ou alterações
epigenéticas (metilação) que resultam na ativação de um oncogene ou
inativação de um gene supressor de tumor e/ou devido a uma instabilidade
genômica. Esta última é identificada no câncer colorretal como instabilidade
cromossômica (CIN), referindo-se à perda ou ganho de regiões nos
cromossomos e como instabilidade de microssatélites (MSI), que ocorre em
conseqüência da inativação de genes relacionados ao sistema de reparo do
DNA (GRADY 2004). Cada evento altera o comportamento de resposta
6
fisiológica da célula e provoca uma vantagem na proliferação destas. Com o
acúmulo destes eventos, ocorrem alterações progressivas da proliferação
normal para um comportamento neoplásico maligno, caracterizado pelo
crescimento autônomo e sem restrição, invasão do tecido adjacente e
metástase. Como já demonstrado por vários autores, observa-se uma
correlação entre as alterações genéticas e os achados histopatológicos,
sendo que o câncer colorretal esporádico segue a seqüência adenoma-
carcinoma (MUTO et al. 1975; FEARON e VOGELSTEIN 1990; BODMER
1997).
1.1.1.1 Via de sinalização Wnt
Os genes pertencentes à via de sinalização Wnt que se encontram
mais freqüentemente alterados no câncer colorretal esporádico são: o gene
da polipose adenomatosa colônica (APC) e o gene ß-catenina.
A mutação mais precoce do adenocarcinoma do cólon ocorre no gene
supressor de tumor APC. Como se trata de um gene supressor de tumor, de
acordo com a hipótese dos dois hits de Knudson, a mutação no primeiro
alelo deve ser seguida pela inativação do outro alelo decorrente de uma
nova mutação ou devido à perda do material cromossomal, denominado
perda de heterozigose (LOH) (KNUDSON 1971). Este gene tem um papel
importante na proliferação e diferenciação celular, está localizado no braço
longo do cromossomo 5 e é encontrado mutado em 60 a 80% dos cânceres
colorretais esporádicos (BODMER et al. 1987; POWELL et al. 1992). A
mutação germinativa do gene APC é observada na FAP, uma doença
7
autossômica dominante caracterizada por centenas ou milhares de pólipos
adenomatosos no cólon (GRODEN et al. 1991).
O produto do gene APC é uma proteína de 312 kD que consiste de
2843 amino-ácidos, multifuncional e que contem vários domínios que
permitem sua interação com outras moléculas (POLAKIS 1997). Uma grande
proporção das mutações ocorre entre os códons 1286 e 1513 que
compreendem apenas 10% da seqüência codificadora do gene APC e é
denominado agrupamento de mutações somáticas (mutation cluster region -
MCR). As mutações que ocorrem em células somáticas são quase
totalmente mutações truncadas que resultam em perda da função do
domínio que segue a MCR. Uma das funções que está relacionada a um dos
domínios perdidos devido à mutação é a regulação da degradação da
proteína ß-catenina. Nas células epiteliais normais do cólon, esta se
encontra predominantemente ligada a E-caderina como parte do complexo
de adesão entre as células, que está localizado na porção lateral da
membrana epitelial. Os níveis citoplasmáticos da ß-catenina são regulados
pela ligação desta com um complexo de outras proteínas, como por exemplo,
APC, GSK-3ß e Axina. Após a ligação a este complexo, a proteína é
fosforilada e subseqüentemente degradada pelo proteossoma. Quando o
gene APC se encontra inativado, desencadeado por um efeito da sinalização
da proteína Wnt ou devido a uma mutação, a proteína ß-catenina se
transloca da porção lateral da membrana da célula para o núcleo, onde se
liga com a proteína Tcf para desencadear a transcrição de vários genes
implicados na proliferação celular (KORINEK et al. 1997).
8
O gene ß-catenina se encontra mutado em apenas 10 a 15% dos
cânceres colorretais esporádicos (MORIN et al. 1997; SPARKS et al. 1998).
Um esquema representando a associação entre proteínas da via de
sinalização Wnt é demonstrada na Figura 1.
1.1.1.2. Gene K-ras
Cerca de 50% dos tumores colorretais mostram mutação do
oncogene K-ras. A família de proteínas Ras está envolvida na transdução de
sinais e faz parte de um grande número de moléculas que coordenam a
sinalização de eventos celulares que culmina com a proliferação celular. A
maioria das mutações que ocorrem no gene k-ras são mutações com ganho
de função e estão limitadas aos códons 12 e 13 (BOS 1988). É difícil de
concluir precisamente qual o efeito da mutação de k-ras já que esta parece
ser multifatorial. Já foi observada em vários estudos a presença da mutação
de k-ras no epitélio normal da mucosa do cólon. A presença destas
mutações em lesões displásicas só são vistas quando a mutação do gene
APC está associada (WHETSELL et al. 1992; CHAUBERT et al. 1994;
MINAMOTO et al. 1995). Isto implica que k-ras apenas oferece uma
vantagem seletiva para as células que contêm mutação do gene APC.
1.1.1.3 Gene TP53
A perda da função do gene TP53 ocorre de forma tardia na seqüência
adenoma-carcinoma e mais provavelmente é observada antes da evolução
9
para metástase. A mutação do gene parece demarcar a transição de
adenoma, que é uma lesão benigna, para um tumor maligno, sendo
observada em 70% dos carcinomas colorretais esporádicos (DONEHOWER
e BRADLEY 1993).
Este gene está localizado no braço curto do cromossomo 17 e
apresenta um grande número de funções com um papel fundamental nas
vias de apoptose (EL-DEIRY et al. 1994). Por exemplo, quando ocorre um
dano no DNA, a proteína p53 se torna estável e ativa genes como: p21 e
GADD45 que causam a parada do ciclo celular em G1 permitindo o reparo
do DNA antes que a célula se dirija para fase S. Se o dano for irreparável,
p53 media a ativação de genes que resultam na morte da célula. A cada dia
novos trabalhos mostram que a ativação do gene TP53 não é apenas
decorrente do dano no DNA, mas a outros eventos também são
responsáveis por promover a ativação deste. Entre eles podemos citar:
genotoxicidade, hipoxia, hiperoxia, citoquinas, fatores de crescimento,
estresse oxidativo, alterações metabólicas, contato entre as células, ativação
de oncogenes e vários outros fatores (PRIVES e HALL 1999). A proteína
Mdm2 controla os níveis de p53 na célula causando sua degradação através
do sistema de ubiquitina-proteossoma (HAUPT et al. 1997). Vousden e
colaboradores relataram que a mutação do gene TP53 ou a inativação de
Mdm2, previnem a interação das duas proteínas resultando na estabilidade
de p53 (KUBBUTAT et al. 1997).
Apesar do entendimento dos fatores implicados em sua ativação e
repressão estarem se tornando mais conhecidos, o mecanismo pelo qual
10
TP53 funciona como um gene supressor de tumor ainda continua em plena
discussão. Novos estudos demonstraram uma nova visão de qual possa ser
o papel de TP53 na formação de tumores. Especificamente, estes novos
dados levam a conclusão de que o papel de TP53 na oncogênese estaria
mais associado a sua função em regular superexpressão de oncogenes do
que seu simples papel na via de regulação de resposta ao dano no DNA
(PRIVES e HALL 1999). A via responsável pela regulação de oncogenes
como, por exemplo, c-myc e ras está relacionada com a estabilização de p53
pela proteína ARF um produto do gene p14
ARF
que se liga a proteína Mdm2
e impede a degradação de p53 (POMERANTZ et al. 1998; ZHANG et al.
(1998). A perda da função de p53 ou ARF promoveria uma grande vantagem
na proliferação celular, pois resultaria na perda de inibidores da atividade
dos oncogenes.
O gene TP53, apesar de ser considerado um gene supressor de
tumor, não parece seguir o modelo de outros genes desta mesma categoria
onde, para a inativação do mesmo, é necessária a presença de mutação em
um alelo seguida pela perda do segundo alelo (KNUDSON 1971). Para
corroborar este fato, DONEHOWER et al. (1992) descreveram a presença
de tumores em camundongos heterozigotos para o gene Trp53
(VENKATACHALAM et al. 1998). Este achado demonstra que o nível da
proteína na célula pode ser um fator importante para o desenvolvimento de
uma neoplasia. ZHAO et al (2000) mostraram que diferentes níveis da
proteína p53 eram seguidos por diferentes sinais de stress e sugeriram que
estes níveis seriam responsáveis por diferentes ações em resposta a
11
ativação de determinados genes (ZHAO et al. 2000). Outro evento que
sugere a diferença deste gene em relação aos demais genes supressores de
tumor é que estes são inativados por mutações nonsense ou frameshift que
levam à ausência da síntese de proteína (ou a produção de um produto
truncado). Enquanto que, mais de 80% das alterações que ocorrem em
TP53 são decorrentes de uma mutação missense que leva à síntese de uma
proteína completa (full-lenght) (SOUSSI e BEROUD 2001). Porém a proteína
perde a função de se ligar ao DNA e se acumula no núcleo das células
tumorais. SOUSSI e LOZANO (2005) acreditam que este acúmulo possa ter
como conseqüência o papel de um dominante negativo ou um ganho de
função da proteína p53 mutante (SOUSSI e LOZANO 2005). Desta maneira,
apesar de TP53 na sua forma selvagem ser realmente um gene supressor
de tumor, em sua forma mutada se classificaria como um oncogene.
A detecção do acúmulo intracelular da proteína p53 através da
técnica de imunohistoquímica em cânceres colorretais como resultado de
uma mutação missense é amplamente aceita, sendo que 80 a 90% destes
casos apresentam positividade para a proteína p53 (HARRIS e HOLLSTEIN
1993; HANSKI et al. 1996). Este acúmulo pode não ser evidenciado em
aproximadamente 10% dos casos e pode ser decorrente da deleção do gene
em ambos alelos ou quando ocorre uma mutação que não tem efeito na
meia vida da proteína p53 ( HARRIS e HOLLSTEIN 1993).
12
1.1.1.4 Instabilidade Cromossômica
Além das mutações em oncogenes e genes supressores de tumor,
13
reconhecida por deleções ou inserções nas pequenas seqüências que
aparecem repetidas vezes no genoma e que são chamadas microssatélites.
Embora MLH1 e MSH2 sejam os genes mais afetados pela perda de função
no câncer colorretal, outros genes também participam do reparo do DNA e
podem dar origem a erros de replicação através do genoma. Estes erros
afetam preferencialmente genes como: TGFßRII, IGF2R e BAX, os quais
contêm microssatélies em sua região codificadora. Assim, a MSI cria um
estado favorável para o acúmulo de mutações em genes vulneráveis que
controlam atividades biológicas críticas das células e estas alterações
podem levar ao desenvolvimento do câncer.
MSI é a marca registrada do HNPCC, pois é encontrada na maioria
dos tumores de pacientes portadores desta síndrome. HNPCC é uma
doença hereditária autossômica dominante, decorrente da mutação
germinativa em genes de reparo do DNA (LYNCH e DE LA CHAPELLE
1999).
1.1.2 Patologia Molecular do câncer colorretal associado à RU
Semelhante ao câncer colorretal esporádico os carcinomas
decorrentes da RU são conseqüência de uma série de eventos genéticos
que se correlacionam com aspectos morfológicos. Acredita-se que a
seqüência se inicie em um epitélio inflamado, progrida para estágios
precursores chamados de displasia (baixo e alto grau) e culmine com o
carcinoma (HARPAZ e TALBOT 1996). No intuito de se desenhar um perfil
molecular similar ao já bem estudado câncer colorretal esporádico, os
14
investigadores deram ênfase na avaliação de genes, como por exemplo:
TP53, APC, ß-catenina e K-ras. Os achados em estudos buscando
mutações nos genes citados acima mostram que apesar de tumores
relacionados com a RU apresentarem mutação nos mesmos genes, estas se
apresentam em proporções e estágios da carcinogênese que diferem
daquelas observadas nos tumores esporádicos (BENHATTAR e SARAGA
1995).
1.1.2.1 Via de sinalização Wnt
O gene APC que está freqüentemente mutado nos tumores
esporádicos e é considerado um evento inicial na tumorigênese destes,
mostra um padrão totalmente diferente na carcinogênese dos tumores
relacionados à RU. A perda da função do gene APC é muito menos
freqüente nos tumores asssociados à RU e parece corresponder a um
evento tardio. Foi demonstrado nos carcinomas associados à RU que a
freqüência de mutação truncada neste gene é em torno de 30% enquanto
que nos cânceres esporádicos varia de 60 a 80% (REDSTON et al. 1995;
TARMIN et al. 1995). A presença de mutação na mucosa inflamada ou
indefinida para displasia não é observada e apenas 14% das displasias
apresentam este tipo de mutação (TARMIN et al. 1995; AUST et al. 2002).
Existem poucos estudos relacionando alterações de ß-catenina na
carcinogênese de tumores associados à RU. Foi observada uma incidência
de 30% de LOH ocorrendo na região onde se localiza o gene ß-catenina nos
carcinomas relacionados à RU e a mesma incidência desta alteração foi
15
descrita nos carcinomas esporádicos (AUST et al. 2002). Entretanto, a
mutação deste gene não foi encontrada em um estudo onde poucos casos
de tumores que se desenvolvem em pacientes portadores da RU foram
avaliados (SOUZA et al. 1997). AUST et al. (2001) e colaboradores
mostraram que a translocação da proteína ß-catenina para o núcleo ou
citoplasma das células ocorre em 80% dos carcinomas relacionados à RU.
Todavia, a mutação do gene ß-catenina, no exon 3, não foi observada
nestes tumores.
1.1.2.2 Gene TP53
A freqüência da mutação do gene TP53 nos tumores colônicos
observados na RU varia de 75 a 85%, e são similares aos índices
encontrados nos cânceres esporádicos (BURMER et al. 1990; BRENTNALL
et al. 1994; HARPAZ et al. 1994). Ao contrário do que ocorre nos cânceres
colorretais esporádicos, mutação no gene TP53 foi relatada ocorrendo nas
lesões regenerativas e displásicas, assim como em carcinomas, mas sem
correlação com superexpressão da proteína avaliada por imunohistoquímica
(YOSHIDA et al. 2004). Acredita-se que quando a mutação do gene TP53 é
um evento inicial, como é o caso em RU, ela possa contribuir para uma
vantagem no processo de proliferação celular, enquanto que sua ocorrência
em estágios mais tardios, como no câncer esporádico do cólon, ela
contribuiria com a conversão de uma neoplasia benigna em um carcinoma
(BRENTNALL et al. 1994). A maioria das mutações estão localizadas no
16
exon 8, mas são também observadas nos exons 5 a 7 (HOLZMANN et al.
1998).
1.1.2.3 Gene K-ras
O gene k-ras, freqüentemente alterado no carcinoma colorretal
esporádico, apresenta uma atuação bastante contraditória na carcinogênese
relacionada à RU. Embora vários estudos tenham mostrado que a
freqüência de mutação neste gene é baixa e pode variar de 0-15%
(BURMER et al. 1990; MELTZER et al. 1990; CHAUBERT et al. 1994, KERN
et al. 1994) observaram uma freqüência de 50% que é comparada à
observada em tumores esporádicos. Um estudo mais recente mostrou que
apenas 3% das mutações do gene K-ras ocorrem em lesões displásicas e
regenerativas e que 40% destas ocorrem no câncer associado a RU
(HOLZMANN et al. 1998). Similarmente ao que ocorre com o gene TP53 em
tumores relacionados à RU e tumores esporádicos, este evento ocorre em
fases diferentes da carcinogênese. O gene K-ras, que tem um papel no
aumento do grau de atipia e tamanho dos adenomas durante a
tumorigênese dos cânceres esporádicos, na RU parece ocorrer na evolução
de uma lesão displásica para o carcinoma.
1.1.2.4 MSI
Tendo em vista que os tumores esporádicos que apresentam
mutação no gene APC não demonstram grandes semelhanças aos tumores
17
associados à RU, se desenvolveu um interesse em se comparar estes
últimos com tumores procedentes da via de carcinogênese relacionada com
os genes de reparo. Além disso, alguns investigadores relataram a
associação de certos polimorfismos em genes como MSH2 e MLH1, com
18
esclarecida. A maioria dos estudos realizados até o momento demonstrou
que a instabilidade genômica observada nos tumores relacionados à colite é
a mesma que a observada nos tumores esporádicos (KERN et al. 1994;
AUST et al. 2000; HABERMANN et al. 2003).
1.1.2.6 O papel dos RONS na carcinogênese colorretal associado à RU
Em adição as alterações responsáveis pela carcinogênese colorretal
associada à RU, acima mencionados, vários genes associados à inflamação
também parecem colaborar com o desenvolvimento dos tumores. Estudos
demonstraram que os produtos dos genes ciclooxigenase-2 (COX-2), óxido
nítrico (NO) e sintase do óxido nítrico-2 (NOS-2) estão elevados na mucosa
inflamada de pacientes com RU e persistem elevados nas neoplasias
colônicas (HUSSAIN et al. 2000). A colite, que é desencadeada por um
mecanismo ainda não esclarecido, gera espécies reativas de oxigênio e
nitrogênio (RONS) através das células inflamatórias. Os RONS têm o
potencial de afetar um grande número de processos metabólicos, pois seus
alvos incluem o DNA, RNA, proteínas e lipídios (HUSSAIN et al. 2000;
MARNETT 2000). Foi demonstrado que peroxidase de hidrogênio (H
2
O
2
)
inativa o sistema de reparo do DNA, provavelmente através de sua interação
com o complexo de proteínas responsáveis por esta tarefa (CHANG et al.
2002). Este achado pode explicar o fenótipo de MSI observado na mucosa
inflamada dos pacientes com RU (HOFSETH et al. 2003).
A Figura 2 ilustra o processo simplificado de carcinogênese que rege
a formação dos cânceres esporádicos e dos cânceres associados à RU.
19
1.1.3 Tipos de lesões precursoras do carcinoma colorretal associado
à RU
Até o início dos anos 70, proctocolectomia profilática era a única
opção de um paciente portador de RU de longa duração para evitar a morte
por um câncer colorretal (EDWARDS e TRUELOVE 1964). Entretanto, com
o reconhecimento de que lesões precursoras definidas como displasias,
estão associadas com o desenvolvimento do câncer colorretal em pacientes
portadores de RU, abriu-se um horizonte para um novo mecanismo de
prevenção (MORSON e PANG 1967). Em 1966 no St. Mark’s Hospital em
Londres foi estabelecido o rastreamento endoscópico para a avaliação das
lesões displásicas no cólon e reto de pacientes portadores da RU
(LENNARD-JONES et al. 1974). Nos dias de hoje, o rastreamento
endoscópico se inicia após 8 a 10 anos de duração da colite e o seguimento
ocorre anualmente ou bi-anualmente com a realização de 2 a 4 biópsias em
intervalos de 10cm de comprimento em busca de alterações displásicas, que
serão descritas a seguir (CONNELL et al. 1994; BERNSTEIN 1999).
1.3.1.1 Macroscopia
As lesões displásicas mostram vários aspectos macroscópicos
incluindo: 1) uma mucosa plana quase completamente sem alterações e que
difere da mucosa normal apenas pela discreta perda nas dobras desta
mucosa; 2) uma aparência aveludada devido à transformação viliforme da
mucosa e também uma variação entre placa e nódulos; e 3) um aspecto
polipóide, lembrando um adenoma.
20
As lesões descritas no item dois (2) são denominadas DALM
(displasia associada à lesão ou massa) e podem facilmente estar
disfarçadas pelo envolvimento inflamatório da mucosa tornando sua
identificação na colonoscopia muito complexa (BLACKSTONE et al. 1981).
As lesões planas são diagnosticadas microscopicamente quando
ocorre a casualidade de serem representadas na amostragem realizada
durante a colonoscopia (BUTT et al. 1983). Por este motivo sua detecção
depende criticamente de uma representação adequada realizada pelos
colonoscopistas. RUBIN et al. (1992) calcularam que se 33 biópsias fossem
realizadas durante a colonoscopia, ocorreria uma detecção das displasias
em 90% dos casos. Ao passo que se 64 biópsias fossem colhidas, a
detecção chegaria a 95%. A cromoendoscopia com uso de endoscópios
mais potentes (magnifyng endoscopes) aumenta em 3 vezes a detecção de
lesões planas, mas ainda não tem sido amplamente usada provavelmente
pela falta de conhecimento da técnica ou porque esta se mostra associada a
tempo extra e por isso baixa remuneração (PFAU e SIVAK 2001;
KIESSLICH et al. 2003). Devido à alta freqüência dos adenomas
esporádicos, não é impossível que estes também possam estar associados
à pacientes portadores da RU. Estudos recentes têm demonstrado que além
das DALMs e displasias planas, estes pacientes mostram lesões displásicas
com aspecto polipóide, não associadas à áreas de inflamação, incidindo em
pacientes mais velhos (> 40 anos de idade) com aspectos semelhantes aos
dos adenomas esporádicos e por esta razão sendo denominadas lesões
adenoma-like (ENGELSGJERD et al. 1999; RUBIN et al. 1999). A
21
diferenciação histológica entre DALM e lesões adenoma-like não é possível,
por isso a decisão recai totalmente sobre o endoscopista (SCHNEIDER e
STOLTE 1993). Esta não é uma decisão fácil, pois a conduta tomada frente
às duas lesões é totalmente diferente. Com o diagnóstico de uma DALM vai
ser indicada uma colectomia, já frente a uma lesão adenoma-like a
ressecção desta e o acompanhamento endoscópico é a conduta
estabelecida (MEDLICOTT et al. 1997; TORRES et al. 1998).
1.1.3.2 Microscopia
O reconhecimento histológico das displasias pode ser complicado,
principalmente em biópsias mostrando colite em atividade. Algumas vezes o
diagnóstico diferencial entre displasia e alterações regenerativas pode ser de
grande dificuldade ou mesmo impossível. Por esta razão o “Inflammatory
Bowel Disease Dysplasia Morphology Study Group”, baseado na publicação
de RIDDELL et al. (1983), estabeleceu uma classificação para avaliar
displasias em biópsias de pacientes portadores da RU, que inclui: a)
negativo para displasia, b) positivo para displasia, tratando-se de displasias
de alto e baixo grau e c) alterações indefinidas para o diagnóstico de
displasia. Embora seja recomendada uma subclassificação para a categoria
indefinida para displasia (provavelmente negativo para displasia,
provavelmente positivo e desconhecido), os patologistas tomam esta como
opcional e na maioria das vezes não a utilizam. As anormalidades celulares
(nucleares e citoplasmáticas) e arquiteturais que definem displasia na RU
são similares às alterações observadas em um tecido colônico neoplásico
22
em geral. Entre as alterações celulares estão: aumento no raio núcleo-
citoplasma, hipercromatismo e pleomorfismo nuclear, nucléolos
proeminentes, figuras de mitose anormais, perda da polaridade nuclear,
basofilia citoplasmática e redução ou ausência das células caliciformes. As
alterações arquiteturais geralmente são resultantes de um arranjo glandular
similar aos adenomas. Em contraste com as criptas observadas em um
epitélio normal ou mesmo regenerativo, que exibe um gradiente de
maturação da base para a superfície, as criptas com alterações displásicas
permanecem imaturas ao longo de todo eixo.
As lesões consideradas positivas para displasia, o que indica que esta
pode estar associada ou progredir para um adenocarcinoma, são
subdivididas em baixo e alto grau, principalmente devido à implicação destas
em relação à conduta (BERNSTEIN et al. 1994). Displasia de baixo grau é
caracterizada por aspectos similares aos observados em adenomas e é
geralmente encontrada em lesões planas. As criptas envolvidas são
revestidas por um epitélio alto com diferenciação incompleta mostrando
núcleos alongados, pseudoestratificados e levemente hipercromáticos.
Alguma mucina pode ser produzida pelas células neoplásicas, mas a
quantidade se mostra sempre reduzida. Células caliciformes distróficas
podem estar presentes. A superfície de uma displasia de baixo grau pode
ser vilosa ou plana. A arquitetura das criptas tende a estar preservada.
A displasia de alto grau inclui casos anteriormente classificados como
displasia moderada e difere das displasias de baixo-grau por apresentarem
um maior grau de atipia citológica. Nas displasias de alto grau os núcleos
23
perdem sua polaridade e tendem a apresentar nucléolos proeminentes. A
estratificação nuclear não se mostra apenas restrita à porção basal, mas se
estende além da porção média das criptas. Displasias de baixo e alto grau
podem coexistir na mesma lesão e o diagnóstico definitivo é baseado no
maior grau de alteração. Claro que é necessário bom senso, pois a presença
de apenas uma ou duas criptas com alterações de alto grau não são
suficientes para um aumento no grau da displasia.
O diagnóstico de lesão indefinida para neoplasia é feito quando as
alterações citológicas parecem exceder o que se espera observar em uma
mucosa com colite em atividade, mas ao mesmo tempo estas são
insuficientes para o diagnóstico de displasia, especialmente em biópsias
escassas.
1.1.3.3 Diferenças moleculares: DALMS vs displasias planas
A questão é se displasia plana e DALM são apenas aspectos
morfológicos diferentes de uma mesma lesão ou na verdade são duas
lesões totalmente distintas. Apesar de algumas similaridades moleculares
entre estas lesões, como por exemplo, alterações genéticas nos
cromossomos 9p e 5q, diferenças no envolvimento dos genes VHL e TP53
são observadas. Deleções de marcadores próximos ao gene VHL são vistas
em 50% das DALMs, mas pouco freqüente nas displasias planas (12%).
Neste mesmo trabalho foi demonstrado que estas alterações também são
observadas em áreas não acometidas microscopicamente e adjacentes às
lesões displásicas (FOGT et al. 1998). A LOH do gene TP53 foi observada
24
com maior freqüência nas lesões planas (6 de 14 casos informativos) que
nas DALMs (2 de 12 casos informativos). Este achado pode ser indício de
que DALMs seguem uma via de carcinogênese na qual a deleção do alelo
selvagem não é um evento precoce. Foi demonstrado um aumento na
expressão da proteína p53 semelhante nas duas lesões (RUBIO e
RODENSJO 1995).
1.1.4 Carcinomas na RU
A maioria dos carcinomas se origina nas áreas mostrando
inflamação. O diagnóstico macroscópico de neoplasias malignas pequenas
pode ser difícil, pois são caracterizadas apenas por uma pequena área
nodular ou uma placa. Microscopicamente o diagnóstico de carcinoma
também pode ser um desafio, devido à tendência destes cânceres em
apresentar na sua porção superficial apenas alterações displásicas (FOGT
et al. 1998). Alguns carcinomas na RU apresentam infiltração da lâmina
própria sem a extensão deste através da muscularis mucosae como é visto
nos tumores gástricos. Adenocarcinomas em pacientes portadores da RU
mostram uma grande variedade de tipos histológicos, mas os tumores
mucinosos e pouco diferenciados são mais freqüentes neste pacientes que
nos pacientes com carcinomas esporádicos. Um estudo demonstrou que
54% dos tumores apresentavam aspectos colóides e 27% mostravam
células em anel de sinete (HARPAZ e TALBOT 1996).
25
1.1.5 Lesões colônicas não neoplásicas em pacientes com RU
1.1.5.1 Hiperplasia
Criptas com padrão serrilhado ou aspectos similares a pólipos
hiperplasicos são observados em pacientes portadores da RU. Uma grande
variedade de alterações é observada nestas lesões, desde de alterações
indefinidas para displasia como até mesmo alterações displásicas, e esta
quando presente se mostra confinada à porção basal da cripta.
1.1.5.2 Colite cística profunda
Trata-se de uma lesão benigna observada em pacientes portadores
de RU. O primeiro caso de um paciente apresentando a lesão foi descrito em
1766 e consistia da presença de cistos localizados na submucosa do cólon
em um paciente portador de diarréia crônica. GOODALL e SICLAIR (1957)
descreveram a ocorrência de cistos em pacientes portadores de RU e
chamaram a atenção dos médicos para esta lesão benigna antes pouco
conhecid. Em uma série com 19 pacientes apresentando colite cística
profunda, EPSTEIN et al. (1966) descreveram os aspectos histológicos
envolvendo lesão cística localizada e difusa. As glândulas se estendem da
mucosa até a submucosa e se tornam dilatadas ao atingir esta última. O
epitélio revestindo os cistos é semelhante ao epitélio da mucosa normal do
cólon, mas células colunares altas ou mesmo cuboidais são evidenciadas
também. Alguns cistos não mostram nenhum epitélio revestindo-os e são
como lagos de mucina permeando a submucosa. Atipia ou anaplasia não foi
observada em nenhuma glândula ou cisto localizado na sbmucosa. O
26
principal aspecto relacionado à colite cística profunda é seu diagnóstico
diferencial com adenocarcinoma mucinoso, principalmente quando uma
biópsia pequena é examinada. SILVER e STOLAR (1969) descreveram
alguns aspectos que são necessários para esta diferenciação, como por
exemplo, lagos de mucina contendo pequenos aglomerados de células
malignas, irregularidade no formato das glândulas e mais de uma camada de
células revestindo as glândulas e cistos, que são características observadas
no adenocarcinoma mucinoso.
1.1.6 Modelos animais para o estudo da inflamação colônica
relacionados ao CCR
Os modelos animais de inflamação têm servido a investigadores
para melhor entender o papel da inflamação no câncer colorretal em um
modelo in vivo que pode recapitular muitos dos aspectos que ocorrem nos
seres humanos. Três principais abordagens têm sido utilizadas: a) a indução
de inflamação em animais sadios com agentes que irritam o cólon e a
monitoração para o desenvolvimento de neoplasia; b) a indução de
inflamação em animais alterados geneticamente sendo que a maioria destes
apresentam tendência no desenvolvimento de tumores colônicos; e c) o
estudo de animais que mostram uma predisposição genética para
inflamação e seu seguimento para a avaliação de tumores no cólon.
27
1.1.6.1 Dextan Sulfato de Sódio (DSS) em animais sadios
DSS é um polissacarídio sulfatado produzido sinteticamente e que
tem o potencial de desenvolver colite em modelos animais quando
administrados através da dieta ou misturados à água ingerida (MARCUS e
WATT 1969; WATT e MARCUS 1971; OHKUSA 1985). OKAYASU et al.
(1990) escreveram a presença de displasia e carcinoma em cobaias após o
uso de DSS por um longo período (YAMADA et al. 1992). Este trabalho tinha
o objetivo de verificar se a duração da colite num modelo animal mostrava o
mesmo risco de desenvolvimento de neoplasia que a RU produz no humano.
Colites aguda e crônica foram induzidas em camundongos BALB/C e CBA/J
com o uso de DSS (5-10%) misturado à água para reproduzir os períodos de
atividade e remissão característicos da RU (OKAYASU et al. 1990). Para isto,
4-5 ciclos de DSS foram dados aos animais, onde cada ciclo correspondia à
ingestão de DSS adicionado à água durante sete dias, seguidos de água por
10 dias. Os autores demonstraram que aspectos clínicos e histopatológicos
relacionados à colite induzida eram muito similares aos observados em
humanos, como por exemplo: diarréia, sangue oculto nas fezes, perda de
peso, melena, inflamação da mucosa intestinal com formação de abscessos
nas criptas e erosão do epitélio superficial.
COOPER et al. (1993 e 2000), usando camundongos Swiss Webster,
estudaram as alterações histológicas precoces de indução de colite e
também avaliaram as lesões displásicas e carcinomas presentes neste
modelo. Este modelo mostrou que a incidência de displasia e/ou câncer
variou de 10% a 37%. Esta incidência varia de acordo com a duração da
28
colite, que é um aspecto análogo ao reportado em humanos (7,5 a 38%)
(COLLINS et al. 1987; LOFBERG et al. 1990). É importante ressaltar que os
camundongos que recebem DSS também reproduzem o achado de lesões
planas e DALMS observados em humanos e além disso as displasias planas
foram associadas à severidade da colite (COOPER et al. 2000).
Estudos demonstram que o dano causado por estresse oxidativo é o
responsável pela indução de inflamação e tumor no modelo experimental de
colite pelo uso de DSS (BLACKBURN et al. 1997). O uso de agentes
antioxidantes diminui o índice de inflamação e o número de
adenocarcinomas em camundongos tratados com DSS. Além disso,
observa-se uma diminuição na expressão de iNOS e nitrotirosina nos
macrófagos da mucosa colônica e dos tumores destes animais (SERIL et al.
2002).
Acredita-se que o carcinoma colorretal esporádico em humanos é
causado pela exposição crônica a pequenas quantidades de agentes
mutagênicos e/ou carcinogênicos e promotores (SUGIMURA et al. 2000).
Azoximetano (AOM) é um carcinógeno específico do cólon de roedores cujo
mecanismo de ação consiste na formação de adutos no DNA das células.
Esta substância quando administrada por via intraperitoneal em várias doses,
produz tumores na porção distal do cólon de linhagens de roedores que são
mais suscetíveis. Estes tumores exibem aspectos histológicos semelhantes
aos tumores esporádicos observados em humanos (SHAMSUDDIN e
TRUMP 1981; DELKER et al. 1999). Desta forma, no intuito de se
desenvolver um modelo animal mais eficiente de colite associada a
29
carcinogênese colorretal, uma única injeção intraperitoneal de AOM foi
administrada em camundongos machos Crj: CD-1 seguida por ciclos de DSS
(TANAKA et al. 2003). Neste estudo todos os animais desenvolveram
tumores intestinais 20 semanas após o início do experimento e estes
mostraram translocação patológica de ß-catenina para o núcleo e um
aumento na expressão de COX-2 e iNOS, mas não foi observada
positividade nuclear para a proteína p53.
1.1.6.2 DSS em animais modificados geneticamente
O animal sem o gene (knockout) MSH2 é uma mistura de
camundongos C57BL/6 e 129/Ola que desenvolvem, além de linfomas, uma
alta freqüência de tumores intestinais (REITMAIR et al. 1996). Após o uso de
DSS esta incidência aumenta ainda mais, sendo que 28 de 30 animais
apresentam displasia ou câncer seguido deste tratamento (KOHONEN-
CORISH et al. 2002).
O primeiro modelo animal de tumorigênese do trato gastrintestinal foi
gerado através de uma mutação nonsense induzida por ethylnitrosourea no
gene Apc, que leva a morte dos animais homozigotos, mas em heterozigotos
observa-se uma grande quantidade de tumores principalmente no intestino
delgado (MOSER et al. 1990). Estes camundongos, conhecidos como Apc
Min/+
, foram também estudados por nosso grupo no contexto de colite
induzida por DSS (COOPER et al. 2001). A presença de neoplasia invasiva
não é observada nos camundongos Apc
Min/+
que não são tratados com DSS.
Ao passo que, em animais recebendo dois ciclos de DSS foi observada a
30
incidência de 22% de cânceres e quando três ciclos eram administrados um
aumento para 40% ocorria nestes animais. Além disso, os camundongos
apresentando inflamação mais intensa tiveram um maior índice de lesões.
Até o momento apenas um estudo foi relatado usando camundongos
sem o gene p53 em associação com DSS (FUJII et al. 2004). Os estudos
demonstraram que estes animais apresentam uma aparência normal, mas
desenvolvem uma variedade de neoplasias e tendem a morrer ao redor dos
seis meses de idade (DONEHOWER et al. 1992). Os camundongos
heterozigotos também apresentam uma alta taxa de tumores. Os tumores
mais incidentes são linfomas e sarcomas, sendo que o primeiro ocorre em
mais de 70% dos camundongos homozigotos (p53-/-). A neoplasia colônica
foi reportada ocorrer espontaneamente em 2% dos camundongos
heterozigotos (p53+/-), mas não é uma característica dos camundongos
homozigotos (HARVEY et al. 1993a; PURDIE et al. 1994). Quando colite é
induzida por DSS em camundongos p53 geneticamente alterados, animais
p53-/- apresentam uma incidência de neoplasia colônica de 100%, animais
p53-/+ de 46.2% e os animais wild-type (C57BL/6 x CBA - p53+/+) uma
incidência de 13.3% (FUJII et al. 2004). A maioria das neoplasias
observadas neste modelo são lesões planas tanto nos camundongos
homozigotos quanto nos heterozigotos. Também foi observada neste modelo
a presença de translocação da proteína ß-catenina para o núcleo pela
técnica de immuno-histoquímica e a ausência de mutação no gene K-ras no
códon 12, por seqüenciamento direto.
31
1.1.6.3 Animais com tendência para o desenvolvimento de inflamação
Os camundongos sem o gene IL-2, cujo produto é uma citoquina
reguladora essencial para o sistema imune, apresentam perda completa na
atividade desta proteína e cerca de 50% dos animais morrem em 9 semanas
com esplenomegalia, linfoadenopatias e anemia hemolítica severa (HIBI et al.
2002) . Apesar da limitação na sobrevida, a presença de displasia, mas não
a de câncer, é observada no intestino destes animais (SOHN et al. 2001).
Camundongos sem os genes IL-2 e ß
2
-Microglobulin desenvolvem pancolite
similar aos camundongos deficientes apenas para o gene IL-2, mas estes
animais apresentam doença menos severa e mostram uma sobrevida maior
(>6 mêses) com uma incidência de tumor em torno de 32%. Estudos
moleculares mostraram que todos os tumores apresentam mutação no gene
Apc, 50% mostram mutação em Trp53 e a grande maioria tem MSI.
Os camundongos sem o gene IL-10 demonstram uma incidência de
100% de colite aos três meses de idade com mortalidade de 30%. Kulleberg
e colegas demonstraram que a inflamação no cólon de camundongos IL-10
nulo é dependente da presença de Helicobacter hepaticus, uma bactéria
comum em animais alterados geneticamente, já que com a eliminação desta
pelo uso de antibióticos os animais não produziam mais colite (KULLBERG
et al. 1998). Outras alterações no cólon destes camundongos são
caracterizadas por hiperplasia e lesões degenerativas do epitélio e aos seis
meses de idade apresentam o desenvolvimento de tumores colônicos. Os
adenocarcinomas presentes neste modelo não apresentam alterações nos
32
genes Apc, Trp53, K-ras e Msh2, desta forma o mecanismo molecular
destes tumores continua desconhecido.
33
2 JUSTIFICATIVA
O uso de camundongos como modelo animal para o estudo do
carcinoma do cólon tem se tornado uma ferramenta de grande valia, pois em
muitos casos os aspectos histológicos, distribuição de lesões e progressão
natural da doença são muito similares aos observados em humanos. A RU
relacionada ao câncer colorretal também tem sido estudada nestes modelos.
É sabido que a displasia nesta doença é considerada, até o momento, o
único marcador do desenvolvimento do carcinoma colorretal em humanos.
Apesar de vários estudos terem sido realizados em um modelo animal que
recapitula os aspectos morfológicos da carcinogênese do câncer colorretal
originado em pacientes portadores da RU, pouco tem sido esclarecido
quanto a seus aspectos moleculares. O objetivo deste trabalho é elucidar os
eventos moleculares da RU relacionada à displasia no modelo experimental
animal de colite induzida por DSS, traçando um paralelo com os estudos
moleculares em displasia e câncer que foram realizados em humanos.
Estudos com esta finalidade são muito importantes para o uso destes
modelos na descoberta de novos marcadores que ajudem na elaboração de
sistemas de detecção mais eficientes e regimes quimiopreventivos eficazes.
Este trabalho consta de dois objetivos específicos, sendo que o
primeiro está associado à pesquisa de alterações moleculares nas lesões
displásicas relacionadas ao modelo de indução de colite pelo uso de
DSS/AOM em um animal sadio. O segundo trata da avaliação das lesões
34
colônicas e alterações moleculares ocorrendo num modelo de indução de
colite pelo uso de DSS em um animal alterado geneticamente.
O modelo de indução de colite e displasias pelo uso de DSS/AOM em
animais SWs sadios já vem sendo utilizado por este grupo para a
avaliação da resposta a quimiopreventivos. Apesar das alterações clínicas
e morfológicas deste modelo já serem bem conhecidas, o entendimento
das alterações moleculares é escasso e precisa ser discutido. Além disso,
durante nossos estudos de avaliação de agentes quimiopreventivos neste
modelo, foi observada uma resposta seletiva no efeito quimiopreventivo
das drogas entre lesões displásicas planas e DALMs. O uso do
antiinflamatório Celecoxib mostrou uma diminuição na multiplicidade das
displasias em torno de 50%, mas apenas em relação às DALMs (COUDRY
et al. 2004). Entretanto, o agente 5-ASA (5-ácido aminosalicílico) inibe a
formação de colite associada à displasia em 44%, às custas das lesões
planas (GARY et al. 2004). Esta observação deixa a dúvida se estas duas
lesões são apenas variação morfológica da mesma lesão ou duas lesões
completamente diferentes que por isso respondem diferentemente a
agentes preventivos.
Na tentativa de simular os mesmos passos da carcinogênese que
estão associados à RU, onde o gene TP53 é um evento inicial, a colite foi
induzida pelo uso de DSS em camundongos alterados geneticamente para o
gene Trp53. Até o momento apenas um estudo foi publicado mostrando a
indução de tumores colônicos em animais p53 deficientes com o uso de DSS
(FUJII et al. 2004). O background dos animais usados neste trabalho
35
constava de camundongos C57BL/6 x CBA. Porém, nosso estudo foi
conduzido em camundongos C57BL/6. Sabe-se que linhagens diferentes de
animais apresentam diferente suscetibilidade para a formação de tumores
(NAMBIAR et al. 2003). Por este motivo foi realizada a caracterização das
lesões colônicas no modelo usado.
36
3 OBJETIVOS
3.1 OBJETIVOS GERAIS
Este trabalho tem o objetivo de avaliar alguns dos possíveis eventos
moleculares incidentes nas lesões colônicas relacionadas ao modelo de
indução de colite pelo DSS e avaliar fenotipicamente as lesões colônicas em
animais alterados geneticamente para o gene Trp53.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
A Objetivo específico 1: DSS/AOM em animais Swiss Webster
1 Avaliar o status de mutação nos genes Trp53, K-ras e ß-catenina,
LOH do gene APC e expressão das proteínas p53 e ß-catenina,
2 Comparar as alterações genéticas observadas no objetivo anterior
entre as lesões planas e DALMs.
B Objetivo específico 2: DSS em animais deficientes em p53
1 Caracterização de lesões colônicas,
2 Avaliar o status de mutação no gene K-ras.
37
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 ANIMAIS E INDUÇÃO DE COLITE
4.1.1 Experimento com animais Swiss Webster (SW)
O protocolo de uso dos animais foi aprovado pelo “Institutional Animal
Care and Use Comitte” (IACUC) no Fox Chase Cancer Center (FCCC),
Filadélfia, EUA. Fêmeas SW foram adquiridas da companhia Taconic Farms
(Albany, NY) com seis semanas de idade e mantidas no biotério do FCCC
em condições de umidade e luminosidades controladas para adaptação ao
meio ambiente antes do início do experimento. Os camundongos receberam
ração Purina e água ad libitum. Após uma semana (animais com sete
semanas de idade), os camundongos foram pesados e foi administrada uma
única injeção intraperitoneal de AOM dissolvido em solução salina na dose
de 7,4 mg/kg. Após uma semana, foi iniciado o primeiro ciclo de DSS, que
correspondia a sete dias de ingestão de água contendo DSS 4% seguidos
por 14 dias de recuperação com ingestão de água pura, como descrito
previamente (COOPER et al. 2000). A substância DSS denominada de alto
peso molecular (30-40.000) foi adquirida da companhia ICN Biomedicals Inc;
Costa Mesa, CA. Mais dois ciclos se seguiram e os camundongos foram
sacrificados no final do terceiro ciclo com 18 semanas de vida. Animais em
sofrimento, em qualquer parte do estudo, receberam eutanásia através de
38
asfixia por CO
2
. Um esquema mostrando as etapas deste processo está
apresentado na Figura 3.
4.1.2 Experimento com animais alterados para o gene Trp53
Os camundongos alterados geneticamente para o gene Trp53: p53 -/-
(homozigotos), p53 -/+ (heterozigotos) e p53+/+ (animais controles) foram
adquiridos das colônias (C57BL/6) pertencentes à companhia Taconic Farms.
Estes receberam os mesmos cuidados relatados acima dedicados aos
camundongos SWs. A colite foi induzida nos camundongos com 10 semanas
de vida usando quatro ciclos de tratamento com DSS nos animais p53 +/+ e
três ciclos nos animais p53 -/- e p53 -/+, em. Os ciclos consistiram de quatro
dias de ingestão de água contendo DSS 4% seguidos por 21 dias de água
pura. Após o término dos ciclos de DSS, os camundongos alterados
geneticamente para o gene Trp53 e os camundongos controles, foram
mantidos com água pura por um período adicional de 120 dias. Os
camundongos foram sacrificados com um total de 265 dias para os animais
p53-/- e p53+/- e 290 dias para os animais p53+/+. Este protocolo foi obtido
após estudos pilotos avaliando a toxicidade e a promoção de tumores pelo
regime usado. Nestes estudos preliminares foi verificado que os animais p53
+/+ só produzem tumores quando expostos a mais de três ciclos de DSS e
animais p53-/- e p53+/- não resistem ao uso de mais de três ciclos de DSS.
Como controle do tratamento foram usados animais p53 -/-, p53 -/+ e p53
+/+ sem o uso de DSS. Animais em sofrimento receberam eutanásia através
39
de asfixia por CO
2
. Um esquema mostrando as etapas deste processo está
apresentado na Figura 3.
4.2 AVALIAÇÃO HISTOPATOLÓGICA DAS LESÕES
COLÔNICAS
Após o sacrifício dos animais o abdômen dos camundongos foi aberto
e o cólon, retirado. O cólon foi aberto em sua porção longitudinal e lavado
em solução salina à 4
o
C. A seguir foi colocado em um papel histológico
cortado em fitas estreitas e examinado para avaliação de lesões
macroscópicas. Todas as lesões foram contadas e registradas em uma ficha
de sacrifício designada para cada animal. Lesão maior que 4mm foi dividida
ao meio, sendo que uma parte foi congelada em nitrogênio líquido, para criar
um banco de lesões, e a outra parte foi fixada em etanol 70%, para
avaliação histológica. O intestino restante depositado no papel histológico foi
enrolado com o auxílio de um canudo e fixado em etanol 70%. Após 12
horas de fixação o cólon foi dividido em três porções: proximal, médio e
distal. Foi cortado em fatias em intervalos de 2mm e encaminhado para o
processamento histológico. Uma lâmina corada em Hematoxilina e Eosina
(H&E) foi destinada ao exame histopatológico.
A avaliação histológica das displasias foi baseada na classificação
desenvolvida pelo “Inflammatory Bowel Disease-Dysplasia Morphology
Study Group” (RIDDELL et al. 1983). As lesões foram classificadas como:
negativa, indefinida e positiva para neoplasias. As lesões classificadas como
40
positivas para displasia foram designadas planas ou polipóides. Aquelas
lesões que não se encaixavam como planas ou polipóides, provavelmente
devido a um artefato na inclusão do fragmento, foram chamadas de
indeterminadas. Em adição, as displasias foram classificadas como baixo
grau e alto grau. Displasia de baixo grau foi caracterizada pela presença de
células com núcleos alongados, discretamente hipercromáticos e com
discreta estratificação nuclear, mas que ainda mantinham a polaridade em
relação à membrana basal. Displasia de alto grau foi caracterizada por uma
atipia nuclear e arquitetural muito mais pronunciadas: 1) complexa
irregularidade das glândulas e mostrando um padrão cribriforme; 2) intensa
hipercromasia nuclear com perda da polaridade; e 3) presença de nucléolos
evidentes e numerosas figuras de mitose.
Os adenocarcinomas também designados planos ou polipóides foram
classificados segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) na
publicação dos tumores do sistema digestivo (HAMILTON et al. 2000).
Adenocarcinomas foram chamados de mucinosos quando estes eram
compostos de mucina extracelular em mais que 50 % de sua totalidade.
Pseudoinvasão e presença de glândulas em meio à parede intestinal
sem uma conotação maligna foram diagnosticadas quando os seguintes
aspectos, característicos de neoplasia maligna, não estavam presentes: 1)
desmoplasia que não estava associada a um processo inflamatório; 2)
presença de glândulas com aspecto irregular e angulado; 3) células
glandulares diferentes das células da mucosa superficial com atipia
41
excedendo uma displasia de baixo-grau e 4) ausência de membrana basal
envolvendo as glândulas (BOIVIN et al. 2003).
Lesões hiperplásicas foram caracterizadas por uma expansão da
porção proliferativa das criptas e maturação das células na porção superficial
com aspecto serrilhado.
A avaliação histopatológica descrita nos parágrafos acima é relativa
apenas aos animais p53. O tecido adquirido para o estudo das alterações
moleculares nos animais SWs foi oriundo de um trabalho anterior cuja
finalidade era a avaliação de agentes quimiopreventivos neste modelo
(COUDRY et al. 2004). Neste estudo as lesões displásicas foram
classificadas em planas e DALMs, pois o desenvolvimento espontâneo de
adenomas, que pode ser observado nos animais deficientes para o gene p53,
não é observado em camundongos SWs. As lesões displásicas não foram
sub-classificadas em baixo e alto grau, pois em animais SWs após o uso de
DSS as lesões displásicas apresentam aspectos de lesões de alto-grau.
Foram selecionadas 28 lesões DALMs e 12 lesões planas para avaliação
molecular.
4.3 CAPTURA DE CÉLULAS USANDO MICRODISSECÇÃO A
LASER (LCM) E ISOLAMENTO DO DNA
O procedimento de LCM foi realizado no intuito de coletar uma
população homogênea de células epiteliais displásicas. Desta maneira evita-
se a presença de células contaminantes que podem mascarar a detecção de
42
alterações presentes apenas nas células displásicas. Para a realização da
LCM, os tecidos colônicos embebidos em parafina, correspondentes a cada
lesão, foram cortados numa espessura de 5µm e colocados numa lâmina
comum (não carregada). As lâminas foram colocadas em uma caixa
apropriada e mantidas a -80
o
C até o momento do início do procedimento.
Antes do procedimento de LCM, as lâminas seguiram um processo de
desparafinização e em seguida foram hidratadas com banhos consecutivos
de 30 segundos em um gradiente decrescente de etanol (100%, 95%, 75%)
e água. Foram coradas com Staining Solution (Arcturus Bioscience;
Mountain View, CA) por 30 segundos e depois desidratadas com banhos
seqüenciais em etanol 75% (30 seg), 95% (30 seg) e 100% (2 min) e Xileno
por 5 minutos. As lâminas secaram ao ar livre por 5 minutos e a LCM foi
realizada imediatamente. Foram coletadas cerca de 2.000 células usando
um sistema automático de captura, o AutoPix Automated System (Arcturus,
Mountain View, CA). A Figura 4 representa o procedimeno de LCM.
O DNA foi extraído e isolado das células capturadas com o uso do
produto PicoPure DNA kit (Arcturus Bioscience, CA) de acordo com o
protocolo do fornecedor. Blocos com fragmentos de pele de todos os
camundongos SW/AOM/DSS e pertencentes a 6 camundongos (2 para cada
animal p53-/-, p53 +/- e p53 +/+) foram cortados com 5µm de espessura e
DNA foi isolado, seguindo o mesmo protocolo descrito acima, com exceção
da microdissecção a laser, para servirem de controle na análise de
mutações.
43
4.4 ESTUDO IMUNOHISTOQUÍMICO DAS PROTEÍNAS P53 E ß-
CATENINA
Para a realização da técnica imunohistoquímica foram realizados
cortes de 5µm de espessura em blocos de animais SWs contendo lesões
displásicas e mucosa normal. Foram usados anticorpos contra as proteínas
p53 e ß-catenina e a detecção foi através do complexo avidina-biotina-
peroxidase, como descrito previamente (COOPER et al. 2000). O anticorpo
usado contra ß-catenina (Sigma, St Louis, MO) foi um anticorpo policlonal de
coelho contra o peptídeo amino-ácido 768-781. O anticorpo contra p53
(produto CM5, Novocastra Laboratorie, UK) é também policlonal de coelho e
que reage com a proteína selvagem e mutada. O anticorpo contra ß-catenina
foi diluído em 1:4000 e 1:8000, e contra p53 em 1: 500 e 1:1000. Foi usada
uma câmara úmida para heat epitope retrieval após imersão em tampão de
citrato. Foi usado um sitema automático (Techmate 1000) para realização da
técnica imunohistoquímica utilisando um protocolo padrão sugerido pelo
fabricante. Ocorreu a substituição do anticorpo secundário proveniente da
companhia Vector Labs pelo anticorpo secundário da Techmate. Um
carcinoma escamoso de pele de camundongo, o qual é conhecido por
expressar a forma mutada de p53, foi usado como controle positivo do
anticorpo p53, gentilmente cedido pelo Dr. Andres J.P. Klein-Szanto (FCCC)
(MITSUNAGA et al. 1995). Para a proteína p53, a extensão da positividade
foi estabelecida em uma escala de 0 a 4; 0, representa menos de 5% das
células positivas para a proteína; 1, mais que 5% e até 25%; 2, mais de 25%
44
e até 50%; 3, mais de 50% e até 75%; e 4, quando a positividade foi
presente em mais de 75% das células. A intensidade da expressão foi
medida de 0 a 3+, onde 0 representa a não expressão da proteína, 1+
pequena quantidade, 2+ moderada quantidade e 3+ grande quantidade. A
medida final foi obtida multiplicando-se as duas variáveis (extensão e
intensidade), com as medidas variando de 0 a 12. Quando o total variou de 0
a 4 este foi considerado como pouco expressivo, de 5 a 8 como uma
expressão intermediária e de 9 a 12 como uma expressão intensa.
Para o controle de expressão da proteína ß-catenina foram usadas
mucosas colônicas normais e adenomas, ambos coletados do camundongo
com mutação do gene Apc em células germinativas (Min). A expressão da
membrana mesmo que fraca foi considerada como normal e a positividade
da proteína no citoplasma e no núcleo foram consideradas anormais.
Quando a positividade foi presente no núcleo ou citoplasma, a extensão
desta foi medida de 1-3, sendo 1 menos de 5% das células positivas, 2 de 5
a 25% das células positivas e 3 mais que 25% das células positivas.
4.5 AVALIAÇÃO DE MUTAÇÃO NO GENE K-RAS
Uma região contendo 167 pares de bases (pb) do gene k-ras de
camundongo (exon 1) que contém os condons 12 e 13 foi amplificada pela
técnica de PCR. Os iniciadores específicos estão descritos na Tabela 3 e
foram gerados baseados na seqüência genômica obtida no Genbank
(número de acesso S39586). O iniciador antisenso, para cada par, foi
45
biotinilado na posição 5’ com o objetivo de viabilizar o isolamento da fita
simples de DNA a ser utilizada como molde na reação de seqüenciamento.
Cada reação de PCR continha 50-500 ng de DNA genômico, 10 pmols de
iniciadores senso e antisenso e 25 µl de Jumpstart Readymix RedTaq
Polymerase (Sigma) em um volume total de 50 µl. Os ciclos foram realizados
em uma máquina de PCR Eppendorf Mastercycler Gradient (Brinkman
Instruments, Westbury, NY) da seguinte maneira: 95ºC por 5 min, 35 ciclos
de 95ºC por 30 s, 51ºC por 30 s, 72ºC por 45 s, e finalmente 5 min à 72ºC.
A amplificação da região específica foi verificada pela vizualização do
amplicon em um gel de agarose à 2% contendo brometo de etídeo. A
purificação da fita simples de DNA a ser utilizada como molde na reação de
sequenciamento foi realizada em uma placa de 96-wells (Millipore, Bedford,
MA). Vinte µl do produto biotinilado foram purificados utilizando esferas de
agarose marcadas com estreptoavidina (Amersham Pharmacia Biotech,
Piscataway, NJ) e processados utilizando o kit PSQ 96 Sample Preparation
Kit (Pyrosequencing AB, Westborough, MA). A reação de síntese por
sequenciamento da fita complementar foi realizada automaticamente pelo
instrumento PSQ 96MA (Biotage) em temperatura ambiente usando
reagentes PyroGold (Biotage). O sinal emitido durante a incorporação de
cada nucleotídeo foi detectado por uma câmera CCD e convertido em picos
para formar um pirograma.
Para servir como controle da reação, tecido não tumoral (pele) dos
camundongos AOM/DSS e p53 foi usado.
46
4.6 AVALIAÇÃO DE MUTAÇÃO NO GENE ß-CATENINA
O exon 3 do gene ß-catenina de camundungo (Ctnnb1) foi amplificado
pela técnica de PCR. Os iniciadores específicos estão descrito na Tabela 3
e foram gerados baseados na seqüência genômica obtida no Genbank
(número de acesso mCG22702). Cada reação de PCR continha 50-500 ng
de DNA genômico, 10 pmols de iniciadores senso e antisenso e 25 µl de
Jumpstart Readymix RedTaq Polymerase (Sigma) em um volume total de 50
µl. Os ciclos foram realizados em uma Eppendorf Mastercycler Gradient
(Brinkman Instruments, Westbury, NY) da seguinte maneira: Um ciclo de 94º
por 4 minutos e 35 ciclos de 94ºC por 30 segundos, 60ºC por 30 segundos e
72ºC por 30 segundos. A amplificação da região específica foi verificada
pela vizualização do amplicon (408 pb) em um gel de agarose a 2%
contendo brometo de etídeo. O produto de amplificação da PCR foi
purificado usando Qiaquick PCR Purification Kit (Qiagen, Inc, Chatsworth,
CA) e foi seqüenciado usando BigDye Terminator Cycle Sequencing
Chemistry (Applied Biosystems, Foster City, CA), as instruções foram
seguidas de acordo com o protocolo do fabricante. A reação correu num
sequenciador de DNA automático (Prism 377; Applied Biosytems). O
alinhamento da seqüência adquirida foi realizado com base em uma
seqúência referência utilizando SeqWeb ver. 2.0. Para servir como controle
da reação, tecido não tumoral (pele) dos camundongos AOM/DSS e p53 foi
usado.
47
4.7 AVALIAÇÃO DE MUTAÇÃO NO GENE TRP53
Os exons 5, 6, 7 e 8 do gene Trp53 de camundongo foram
amplificados pela técnica de PCR usando iniciadores específicos
desenhados na região intrônica (Tabela 3). Estes iniciadores (senso e
antisenso) para cada exon foram gerados baseados na seqüência genômica
obtida no Genbank (número de acesso AF367373). A rea ção de PCR
seguiram os mesmo procedimento descrito para o gene ß-catenina. A
amplificação das regiões específicas foi verificada pela visualização dos
amplicons que continham 366pb (exons 5-6) e 576 pb (exons 7-8) em um gel
de agarose a 2% contendo brometo de etídeo. As demais etapas
(purificação, seqüenciamento e alinhamento da seqüência) também foram
similares as descritas para o gene ß-catenina.
Para servir como controle da reação tecido não tumoral dos camundongos
AOM/DSS foi usado.
4.8 AVALIAÇÃO DE LOH NO GENE APC
O camundongo SW é uma linhagem não isogênica (outbred), por isso
pode apresentar uma combinação de alelos muito variada, sendo, desta
forma, muito semelhante à realização de estudos genéticos realizados em
humanos, onde cada indivíduo possui um padrão (imprint) característico
destes marcadores para cada alelo. Por este motivo, a LOH do gene Apc de
camundongo foi determinada através da amplificação de seqüências
48
repetitivas (dinucletotídeas) pela técnica de PCR. As seqüências foram
obtidas através do Mouse Genome Database do Jackson Laboratory em Bar
Harbor (Maine, EUA) e de estudos previamente descritos realizando LOH no
gene Apc (BLAKE et al. 2001; JANSSEN et al. 2002). Como o banco de
informações de microssatélites do Mouse Genome Database do Jackson
Laboratory em Bar Harbor (Maine, EUA) ou qualquer outra fonte de dados
para estes marcadores não apresenta dados com avaliação das seqüências
repetitivas nos camundongos SW, a opção foi usar marcadores que se
mostram polimórficos para a maioria das linhagens dos camundongos.
Foram usados também marcadores que tiveram seu polimorfismo avaliado
em linhagem SWR, um camundongo albino muito similar ao camundongo
SW. Os seguintes marcadores foram usados para o locus de Apc
(cromossomo 18; 15cM): D18Mit64 (2cM), D18Mit111 (11cM), D18Mit132
(11cM), D18Mit17 (20cM), D18Mit58 (24cM), D18Mit34 (12cM), D18Mit147
(16cM) e D18Mit60 (16cM). Cada reação de PCR continha um volume total
de 25µl. Os ciclos foram realizados em uma Eppendorf Mastercycler
Gradient (Brinkman Instruments, Westbury, NY) da seguinte maneira: 94ºC
por 4 minutos, para uma desnaturação inicial, e 35 ciclos de 94ºC por 30s,
49
quando o marcador apresenta apenas uma banda quando testado no tecido
controle significa que ambos alelos apresentam a mesma seqüência para
este marcador e este é considerado não informativo.
50
5 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Foi usado o teste de Wilcoxon para comparar a diferença entre os
grupos como, por exemplo, número de lesões e tipos de lesões. O teste de
Fisher foi usado para avaliar a incidência de tumores e a comparação entre
o status de mutação. Todos os testes foram realizados usando o software
SAS (SAS Institute, Cary, NC).
51
6 RESULTADOS
Os resultados dos experimentos utilizando o modelo de colite em
animais SWs e p53 vão ser descritos separadamente.
6.1 MODELO DE COLITE UTILIZANDO OS ANIMAIS SWS
6.1.1 Expressão das proteínas p53 e ß-catenina
Foram avaliadas 28 lesões DALMs e 12 lesões planas. Todas as
lesões foram negativas para a detecção da proteína p53 pelo estudo
imunohistoquímico. O tecido controle mostrou positividade nuclear nas
células escamosas neoplásicas.
A translocação da proteína ß-catenina para o núcleo das células foi
observada em 85% das lesões planas e 87% das DALMs. A mucosa normal
demonstrou a expressão desta na membrana celular. A Figura 5 ilustra
estes resultados.
6.1.2 Mutação dos genes K-ras (exon 1), ß-catenina (exon 3) e Trp53
(exons 5-8)
Foram examinadas 28 lesões DALMs, 12 lesões planas e 10 tecidos
não tumorais controle (pele), para a pesquisa de mutação em k-ras, ß-
catenina e Trp53.
52
Não foram observadas evidências de mutação do gene k-ras em
nenhuma das lesões displásicas ou no tecido controle.
O seqüenciamento do exon 3 do gene ß-catenina demonstrou a
presença de mutações em 85% (29/34) das lesões displásicas, nos códons
32, 33, 34, 37, 41 e 47. No códon 32, as mutações encontradas foram de
GAT (Ácido Aspártico) para AAT (Aspargina) ou para GGT (Glicina). No
códon 33, foi encontrada mutação de TCT (Serina) para TTT (Fenilalanina).
No códon 34, foi observada mutação de GGA (Glicina) para GAA (Glutamina)
ou para AGA (Arginina). No códon 37, foi encontrada mutação de TCT
(Serina) para TTT (Fenilalanina). No códon 41, foi encontrada mutação de
ACC (Treonina) para ATC (Ileína). No códon 47, foi encontrada mutação de
AGT (Serina) para AGG (Arginina). O seqüenciamento não foi considerado
ótimo para 6 lesões, sendo 1 displasia plana e 5 DALMs. O seqüenciamento
foi repetido nas lesões que apresentaram mutação para confirmar o achado.
Nenhum dos tecidos controles examinados apresentou mutação no gene ß-
catenina. (Tabela 4; Figura 6).
O seqüenciamento do gene Trp53 (exons 5-8) demonstrou a
substituição de bases nas posições 320 (exon 6), 348 (exon 6) e 843 (exon 7)
em todos os tecidos examinados. As substituição na posição 320 de C>T
provocou a mudança do amino-acido prol>leucina e a substituição na
posição 843 de A>G a mudança de Ile>Met. A substituição na posição 348
de T>C não provocou mudança no amino-ácido. Estas substituições foram
observadas nos tumores, mas também no tecido controle (pele) denotando
tratar-se apenas de uma variação genética que ocorre nesta linhagem em
53
relação a sequência referência usada que pertencente à espécie Mus
musculus (Tabela 5).
6.1.3 LOH do gene Apc
Todos os marcadores utilizados para pesquisa de LOH no gene Apc
testados no tecido não-tumoral dos animais SW não demonstrou nenhum
polimorfismo. Assim sendo, nenhum deles foi informativo para esta pesquisa.
Para testar se a ausência de polimorfismo nos marcadores era decorrente
da téquinica empregada ou se realmente estes marcadores não eram
polimórficos para os animais SW, foi realizada a pesquisa do polimorfismo
dos marcadores em tecidos oriundos de camundongo C57BL/6. Foram
avaliados tecidos de 4 animais (C57BL/6) para todos os oito marcadores e
todos resultaram polimórficos. Confirmando assim, que estes marcadors não
são polimórficos para os animais SWs.
6.1.4 Comparação dos achados moleculares entre as displasias planas
e DALMs
Não foram observadas diferenças entre o status de mutação dos
genes avaliados (k-ras, p53 e ß-catenina) ou entre a expressão das
proteínas p53 e ß-catenina entre as lesões planas e DALMs.
54
6.2 MODELO DE COLITE UTILIZANDO ANIMAIS ALTERADOS
GENETICAMENTE PARA O GENE P53
6.2.1 Achados histopatológicos
Foram observadas, em graus diferentes, alterações típicas de colite
como, por exemplo, infiltrado inflamatório crônico na mucosa e distorção das
criptas em 80% dos animais p53 -/-, 65% dos animais p53+/- e 85% dos
animais p53+/+ tratados com DSS (Figura 7). Nestes animais com colite,
independentemente da severidade do envolvimento inflamatório, áreas
completamente normais da mucosa também eram observadas. Isso indica
que a lesão inflamatória ocorre em um padrão descontínuo.
A incidência de displasia e/ou câncer nos animais tratados com DSS
foi de 93% nos animais p53 -/-, 21% nos animais p53 +/- e 40% nos animais
p53 +/+. Nenhum tumor colônico foi observado nos animais que não
receberam DSS. Em adição à alta incidência de tumores colônicos nos
camundongos p53 -/-, estes também exibiram uma predominância de lesões
planas quando comparadas às lesões polipóides (73,3% vs 13,3%,
respectivamente). A distribuição das lesões observadas nos camundongos
p53 -/- tratados com DSS foi de 33,3% de cânceres planos, 13.3% de
cânceres polipóides, 40% de displasias planas e 13.3% de lesões indefinidas.
Não foram observadas displasias polipóides nestes animais, sendo que
83,3% e 16,7% das displasias planas observadas foram sub-classificadas
como de baixo grau e alto grau, respectivamente. Em contraste, os
camundongos p53 +/- tratados com DSS mostraram um predomínio de
55
lesões polipóides em relação às lesões planas (75% e 15%,
respectivamente). A distribuição das lesões colônicas em animais p53 +/-, foi
de 15% de cânceres planos, 5% de cânceres polipóides, 5% de cânceres
indeterminados, 70% de displasias polipóides e 5% de lesões indefinidas.
Todas as displasias foram classificadas como polipóide, sendo que 21,4% e
78,6% delas foram sub-classificadas como baixo-grau e alto grau,
respectivamente. Os animais p53 +/+ tratados com DSS apresentaram 40%
de lesões colônicas e todas classificadas como displasia polipóide, sendo
que 100% foram sub-classificadas como de baixo grau. Quanto aos
adenocarcinomas, 14% e 90% deles foram classificados como mucinosos,
nos animais p53-/- e nos animais p53+/- tratados com DSS, respectivamente.
A Tabela 6 sumariza a incidência de lesões neoplásicas em animais
p53 tratados com DSS. Imagens ilustrando estas lesões estão apresentadas
nas Figuras 8, 9 e 10.
Um achado interessante neste estudo foi à presença de lesões
compostas por glândulas dilatadas e preenchidas por muco, localizadas na
submucosa e camada muscular da parede intestinal, semelhante à colite
cística profunda observada em humanos (Figura 11). Algumas glândulas
eram revestidas por um epitélio similar ao epitélio da mucosa intestinal,
entretanto outras apresentavam um epitélio de revestimento de aspecto
colunar e que se transformava num aspecto cuboidal nas áreas mais
dilatadas. Foi observada a presença de lagos de mucina que, mesmo após a
realização de cortes seriados, continuavam desprovidos de um epitélio de
revestimento. Estes lagos de mucina foram observados nas camadas
56
submucosa, muscular e serosa da parede intestinal. Não foi observada
nenhuma evidência de atipia tanto na mucosa superficial acima da lesão
quanto no epitélio que revestia estes cistos. Estas alterações foram
observadas em 7% dos animais p53 -/-, sendo que todas as lesões não
eram revestidas por epitélio. Já 3.4% dos animais p53 +/- mostraram este
tipo de lesões, 1.1% delas mostrando glândulas na parede intestinal e 2.2%
sem epitélio de revestimento presente. Não foram observadas as mesmas
lesões nos animais p53 +/+ tratados com DSS ou nos animais não tratados
com DSS.
A hiperplasia focal da mucosa, com diferenciação serrilhada da
porção superficial da lesão, também foi observada nos animais p53 -/- e p53
+/- tratados com DSS mostrando uma incidência de 28.6% e 2.2%,
respectivamente (Figura 12). Este achado não foi observado nos animais
p53 +/+ tratados com DSS ou em animais que não receberam DSS.
A pseudoinvasão foi dectada em 0% dos animais p53 -/-, 3,4% dos
animais p53 +/- e 20% dos animais p53 +/+ (Figura 13). Este achado é
comum nos camundongos, provavelmente pela fina camada de muscularis
mucosae que estes apresentam (BOIVIN et al. 2003). A importância de
descrever esta alteração é no intuito de diferenciá-la de uma neoplasia
invasiva.
A Tabela 7 sumariza os achados de lesões não tumorais em animais
p53 tratados com DSS.
57
7 DISCUSSÃO
Estudos prévios demonstraram que o modelo de colite induzida pelo
DSS produz aspectos clínicos e histopatológicos muito similares aos
observados em pacientes portadores de RU. Foi também descrito o risco do
desenvolvimento de tumores colônicos em cobaias, ratos e camundongos
decorrentes do uso de DSS, outro aspecto que denota a progressão da
doença numa mesma direção daquela observada em humanos. No sentido
de aprofundar os conhecimentos na carcinogênese intestinal que ocorre
neste modelo, foram avaliados eventos moleculares nas neoplasias
intestinais, traçando um paralelo com estudos moleculares em pacientes
portadores de colite associados à displasia e câncer. Este trabalho avaliou o
status de mutação ou LOH e expressão da proteína para os genes: Tpr53,
Apc, K-ras e ß-catenina. Foram utilizados dois tipos de abordagem para o
estudo dos eventos moleculares no modelo de indução de colite e neoplasia
pelo uso de DSS. Uma delas é associada à pesquisa de alterações
moleculares nas lesões displásicas relacionadas ao modelo de indução de
colite pelo uso de DSS/AOM no camundongo SW, que é um animal sadio.
Na segunda abordagem avaliaram-se lesões displásicas e câncer e a
mutação no genes K-ras que ocorrem num modelo de indução de colite pelo
uso de DSS em camundongos alterados geneticamente para o gene Trp53.
O estudo do modelo DSS/AOM em SWs, demonstrou que quase a totalidade
das lesões displásicas avaliadas (em torno de 85%) apresentaram
58
translocação da proteína ß-catenina para o núcleo, mas não foi detectada a
presença da proteína p53 no núcleo das células displásicas. Nestes tumores,
apesar da presença de mutação no gene TP53, a positividade nuclear da
proteína não é observada (YOSHIDA et al. 2004). TANAKA et al. (2003)
também demonstraram os mesmos achados observados neste estudo,
quanto à expressão de ß-catenina e p53, em modelo de colite induzida por
AOM/DSS, mas usando uma outra linhagem de camundongos (Crj: CD-1)
(TANAKA et al. 2003). Nenhum outro estudo avaliou simultaneamente o
status de mutação do gene k-ras, Trp53 e ß-catenina e a LOH do gene Apc
no modelo de indução de colite pelo uso de DSS/AOM. Neste estudo,
mutações nos genes k-ras e Trp53 não foram observadas e a pesquisa de
LOH para o gene Apc não foi informativa. Entretanto, mutação no gene ß-
catenina foi observada em 85% das lesões avaliadas. Este achado explica a
translocação anormal da proteína ß-catenina para o núcleo das células nas
lesões displásicas estudadas. A proteína ß-catenina está envolvida no
sitema de adesão entre as células e é considerada uma molécula
fundamental na via de sinalização Wnt (MILLER e MOON 1996; KORINEK et
al. 1997). Devido a uma inativação do complexo de moléculas APC, GSK-3ß
e Axina 1, a proteína ß-catenina se transloca da porção lateral da membrana
da célula para o núcleo, onde se liga com a proteína Tcf para desencadear a
transcrição de vários genes implicados na proliferação e diferenciação das
células. A translocação patológica da proteína ß-catenina é quase sempre
decorrente da mutação ou LOH do gene APC nos tumores esporádicos. Esta
também pode ser causada pela mutação no gene ß-catenina, apesar desta
59
ser um evento raro tanto nos tumores esporádicos e ausente nos tumores
associados à RU (AUST et al. 2002). Entretanto, quando presente, a
mutação de ß-catenina nos tumores esporádicos ocorre nos códons 33, 41 e
45, os quais representam motivos onde ocorre a fosforilação por GSK-3ß
(Sparks et al. 1998). Em nosso modelo animal (DSS/AOM), as displasias
avaliadas demonstraram a presença da mutação no gene ß-catenina nos
códons 32, 33, 34, 37, 41 e 47. Entretanto, nos tumores de camundongos
(ICR) com o uso de apenas AOM para indução da carcinogênese, a mutação
do gene ß-catenina foi observada nos códons 33, 34, 37 e 41, mas não foi
demonstrada mutação nos códons 32 ou 47 (TAKAHASHI e WAKABAYASHI
2004). Em adição, os autores demonstraram alteração da proteína ß-
catenina em todas as lesões examinadas. A presença de mutação no gene
ß-catenina também foi estudada em ratos após o uso de diferentes agentes
carcinogênicos. A mutação em tumores colônicos induzidos por AOM
também se encontra distribuída em vários códons como observada em
camundongos tratados com AOM (TAKAHASHI et al. 1998). Porém, com o
uso de 1,2 dimetilhidrazina (DMH) a localização da mutação era dependente
da dose de carcinógeno usada. Nos ratos que recebiam DMH por 2 a 5
semanas, a mutação do gene ß-catenina foi detectada nos códons 32, 33 e
34 (BLUM et al. 2001). Entretanto, quando estes eram tratados com DHM
por 20 semanas, as mutações passaram a ser observadas quase que
exclusivamente no códon 41 (KOESTERS et al. 2001). A mutação de ß-
catenina, em nosso estudo, afeta os códons 33, 37 e 41 que codificam
resíduos de serina ou treonina, os quais são muito importantes na
60
fosforilação da proteína ß-catenina por GSK-3ß (ABERLE et al. 1997).
Acredita-se que mutações que ocorrem nos códons adjacentes aos citados
acima, tais como nos códons 32, 34 e 47, também devem afetar a
fosforilação da proteína ß-catenina e causar um acúmulo desta no
citoplasma e sua liberação para agir como um fator de
transcrição(TAKAHASHI e WAKABAYASHI 2004).
Neste estudo, não foi observada mutação no gene Trp53, uma
característica dos tumores colorretais que se desenvolvem em pacientes
com RU (YOSHIDA et al. 2004). Isto pode ser devido ao fato que o modelo
animal de colite induzido por DSS/AOM produz uma instabilidade na
proteína ß-catenina, através da mutação deste gene, que parece ser
suficiente para iniciar o desenvolvimento dos tumores. Esta hipótese pode
ser corroborada pelo fato de que alteração na expressão da proteína ß-
catenina, devido à mutações no gene APC ou mesmo no gene ß-catenina, é
um achado prevalente em tumores colorretais esporádicos ou mesmo em
outros tipos de tumores (ILYAS et al. 1997; POLAKIS 1997), demonstrando
assim, o potencial oncogênico desta proteína. Todavia, AUST et al. (2001)
demonstraram que alterações nos genes APC ou ß-catenina não parecem
ser um evento importante nos carcinomas relacionados à RU. Em contraste,
os autores observaram que a translocação da proteína ß-catenina para o
núcleo ou citoplasma das células ocorre em 80% destes carcinomas. Uma
possível explicação para a ocorrência desta alteração nos tumores de
pacientes portadores de RU seria a presença de mutação no gene TP53.
CAGATAY e OZTURK (2002) demonstraram que o acúmulo de ß-catenina
61
no núcleo de células de carcinomas hepáticos pode ser decorrente da
inativação do gene TP53. Estes achados demonstram que não importa a via
de iniciação dos tumores, todos parecem seguir o mesmo padrão em relação
à estabilidade da proteína ß-catenina.
O oncogene K-ras que está relacionado a várias vias de sinalização e
se encontra mutado na maioria das neoplasias esporádicas (40-50%), mas
pouco freqüente nos tumores associados à RU (8-25%) (BOS et al. 1987;
BELL et al. 1991). Um estudo analisando a mutação no gene k-ras (exon 1)
em camundongos tratados com AOM, demonstrou que esta alteração está
presente em um pequeno número de tumores colônicos (GUDA et al. 2004).
Em contraste, ratos recebendo AOM ou apenas DSS, demonstram uma alta
incidência de mutação no gene k-ras, em torno de 60 e 66%,
respectivamente (JACOBY et al. 1991; ENDO et al. 2001). Neste estudo,
não foi observada mutação do gene k-ras, no modelo de colite induzido por
DSS/AOM, correspondendo com achados observados em tumores
associados à RU.
A lesão precursora do câncer colorretal associado à RU é chamada
de displasia, e é considerada, até o momento, o principal marcador de
câncer neste pacientes. A displasia no modelo de indução de colite por
DSS/AOM, como em pacientes com RU, é observada na forma plana ou
polipóide (DALM). Foi demonstrado que as displasias planas e as DALMs
mostram aspectos moleculares diferentes sendo que as lesões planas estão
menos associadas com LOH do gene VHL e com um aumento da expressão
da proteína p53 (FOGT et al. 1998; WONG et al. 2000). Este estudo não
62
demonstrou nehuma diferença molecular entre os dois tipos de displasia.
Estes achados não excluem a possibilidade de origens diferentes entre elas.
Alterações que representam diferenças entre displasias planas e DALMs no
modelo de colite induzido por DSS/AOM podem estar relacionadas a outros
genes que ainda não foram investigados.
Os achados observados no modelo de colite induzida por DSS em
animais deficientes em p53 demonstraram similaridades, diferenças e
adições a um estudo publicado recentemente usando o mesmo modelo
animal (FUJII et al. 2004). FUJII et al. (2004) relataram uma incidência de
tumores em animais p53-/- tratados com DSS muito similar à observada no
presente estudo (100% vs 93%, respectivamente). Entretanto, este estudo
observou uma inversão na incidência de tumores em animais p53+/- e
p53+/+ quando comparada com o estudo dos autores citados acima.
Observamos uma incidência de apenas 21% nos animais p53+/-, em
contraste com a incidência de 46%. Porém, a incidência de tumores em
animais p53+/+ foi maior no presente estudo que no estudo dos demais
autores (40% vs 13,3%). Entretanto, apesar de uma menor incidência no
total de tumores observado neste estudo, a incidência de neoplasias
infiltrando a submucosa foi muito mais elevado que os índices de FUJII et al.
(2004) (33% vs 0.3%, respectivamente). A variação no número de tumores
entre os dois estudos pode ser explicado pelo background dos
camundongos usados, pois já foi demonstrado que algumas linhagens de
camundongos são mais sensíveis que outras na formação de tumores
(NAMBIAR et al. 2003). Este estudo utilizou animais deficientes em p53 e
63
controles com um background de camundongos C57BL/6 enquanto FUJII et
al. (2004) usaram um background misto de camundongos C57BL/6 x CBA.
O modelo de colite induzida por DSS em animais geneticamente
alterados para o gene Trp53, além de demonstrar displasias e cânceres
muito semelhantes com os observados em pacientes com RU, também
demonstrou lesões benignas que são observadas nestes pacientes. Em
nosso estudo, foram observadas lesões císticas e lagos de mucina
localizados na submucosa da parede intestinal de camundongos deficientes
em p53, que são muito semelhantes à lesão designada como colite cística
profunda (GOODALL e SICLAIR 1957). Há apenas um relato na literatura,
de 1969, descrevendo a presença de colite cística profunda em
camundongos (BRYNJOLFSSON e LOMBARD 1969). Os autores
demonstraram a presença de cistos de mucina associada ao prolapso retal
observado em poucos animais, mas não descreve o uso de nenhuma
substância para a indução de colite ou mesmo se estes animais
apresentavam inflamação no cólon distante da área do prolapso. As imagens
apresentadas no estudo são muito similares a carcinoma, pois apresentam
um moderado grau de atipia e consta de várias glândulas, algumas delas
apresentando um aspecto cribriforme. Até o momento, cerca de 30 casos no
total foram descritos na literatura como presentes em humanos em
associação com a RU. Apesar das lesões descritas em humanos ou nestas
observadas no presente estudo não demonstrarem nenhum grau de atipia
nas células que revestem as glândulas ou mesmo na mucosa superficial
acima da lesão, ainda assim existe a dúvida se é uma lesão benigna ou um
64
carcinoma sem a presença de atipia. Para colaborar com a hipótese de
malignidade, Ridell e colaboradores descreveram que muitos dos
adenocarcinomas em pacientes com RU mostram áreas de invasão bem
definida, mas o epitélio superficial apresenta pouca atipia, às vezes
compatível com uma displasia de baixo-grau (RIDDELL et al. 1983).
Alem da colite cística profunda, também observamos a presença de
lesão hiperplásica na mucosa intestinal dos animais p53-/- e p53+/- tratados
com DSS, mas não dos animais p53+/+. Estas lesões se encontravam
distantes das displasias e cânceres e demonstravam um espessamento da
mucosa intestinal de quase duas vezes mais a espessura usual e um
aspecto serrilhado na porção superficial (RIDDELL et al. 1983). A incidência
de hiperplasia foi maior nos animais p53 -/- (28.6%) que nos animais p53 +/-
(2.2%). HARVEY et al. (1993b) demonstraram que fibroblastos de
camundongos p53 -/- passavam por várias passagens por um longo período
de tempo (por mais de 50 passagens) e nunca entravam em fase de
envelhecimento ou não-proliferação, diferente dos fibroblastos de animais
p53 +/- e p53 +/+. E teorizaram que a perda de p53 pode ser insuficiente
para induzir a imortalização destas células, mas ocorre uma falha na indução
destas ao processo de envelhecimento, sugerindo que a deficiência de p53
predispõe as células a adquirir alterações, as quais induzem a imortalização.
Estes achados podem explicar a presença da hiperplasia nos camundongos
deficientes em p53, onde a perda da função de p53 levaria ao não
envelhecimento das células e persistência destas ao longo da mucosa,
acarretando a aparência hiperplásica.
65
O modelo de DSS nos animais alterados geneticamente para o gene
Tp53, também não demonstrou mutação do gene k-ras em nenhuma das
lesões avaliadas, colaborando com os achados observados no modelo de
indução de colite pelo uso de DSS/AOM em camundongos sadios. Estas
observações suportam a hipótese de que mutação do gene k-ras não é um
evento observado em camundongos com colite induzida por DSS.
Novos estudos no intuito de desvendar as alterações moleculares no modelo
de colite induzida por DSS continuam sendo realizados por nosso grupo.
Acreditamos que um melhor entendimento das bases moleculares na
carcinogênese colorretal em modelos animais de colite, possa ajudar na
descoberta de marcadores para as neoplasias associadas à RU e no
desenvolvimento de regimentos quimiopreventivos mais eficientes.
66
8 CONCLUSÃO
O modelo animal de colite induzida por DSS/AOM mostra
similaridades com respeito às displasias colorretais associadas à RU
em humanos quando se tratando da translocação da proteína β-
catenina.
A mutação do gene β-catenina apesar de não ser um achado
frequente na carcinogênese dos tumores colorretais associados à RU,
esta tem um papel importante na carcinogênese dos tumores
colônicos de camundongos com colite induzida por DSS/AOM.
Parece evidente que a falta de regulação da proteína β-catenina é um
evento primordial para o desenvolvimento dos tumores colorretais
esporádicos, relacionados à RU e também dos tumores colônicos em
camundongos com uso de DSS e AOM.
O modelo animal de colite induzida por DSS em camundongos
deficientes para o gene p53 mostra similaridades com respeito às
características morfológicas das displasias e dos carcinomas
colorretais quando comparadas com aos mesmos tumores em
pacientes portadores de RU.
O gene k-ras não tem um papel importante na carcinogênese dos
tumores associados a colite em camundongos com o uso de DSS.
67
9 TABELAS E FIGURAS
Tabela 1 - Incidência do câncer colorretal (CCR) por categoria de risco.
Risco médio (esporádico; sem fator de risco identificável) 75%
História de CCR na família 15 a 20%
CCR hereditário sem polipose (HNPCC) 3 a 8%
Polipose Adenomatosa Familiar (FAP) 1%
Retocolite Ulcerativa 1%
Tabela 2 - Fatores associados com o risco do CCR em pacientes portadores
da RU.
FATORES QUE AUMENTAM O RISCO FATORES DE PROTEÇÃO PARA O CCR
Duração da doença
Extensão do envolvimento colônico
História familiar de CCR
Colangite Esclerosante Primária
Início precoce da doença (jovens ou
crianças)
Severidade da inflamação
Colectomia profilática
Programas de ratreamento e
seguimento
Uso de anti-inflamatórios
68
Tabela 3 - Sequência dos iniciadores de amplificação para k-ras, ß-catenina
e Trp53.
SEQUÊNCIA
Gene Senso 5’ Antisenso 5” Exon
K-ras TTATTATTTTTATTGTA GCACGCAGACTGTAGAG 1
ß-catenina GCCTTTCTAACAGTATT GCCCTTCCTTCAACCCA 3
Trp 53 TACTCTCCTCCCCTCAAT CGGGAGATGGGAGGCTGC 5
Trp 53 GGGGTTAGGACTGGCAGC CTAAGACGCACAAACCAA 6
Trp 53 CTGTAGTGAGGTAGGGAG GGAACAGAAACAGGCAGA 7
Trp 53 CTTACTGCCTTGTGCTGG GAGGTGACTTTGGGGTGA 8
Tabela 4 - Mutação do gene ß-catenina em lesões colônicas em modelo de
colite induzida por DSS/AOM.
Mutação do gene ß-catenina no exon 3
Códon Alteração
Substituição
(amino-ácido)
32
GAT AAT Asp Asn
32
GAT GGT Asp Gly
33
TCT TTT Ser Phe
34
GGA GAA Gly Glu
37
TCT TTT Ser Phe
41
ACC ATC Thr Ile
47
AGT AGG Ser Arg
69
Tabela 5 - Alterações nos exons 6 e7 do gene Trp53 em animal SW.
Exon Posição
Substituição (amino-
ácido)
códon
6 320 (C>T)
CCG>CTG
(Pro > Leu)
81
6 348 (T>C)
AGT>AGC
(Ser > Ser)
90
7 843 (A>G)
ATA>ATG
(Ile> Met)
121
Tabela 6 - Distribuição dos tumores colônicos em animais p53, tratados com
DSS.
Tipos de lesões p53
-/-
p53
+/-
p53
+/+
Câncer plano 33.3% (5/15) 15% (3/20) 0%
Câncer polipóide 13.3% (2/15) 5% (1/20) 0%
Câncer Indeterminado 0% 5% (1/20) 0%
Displasia plana 40% (6/15) 0% 0%
Displasia polipóide 0% 70% (14/20) 100% (4/4)
Lesões indefinidas 13.3% (2/15) 5% (1/20) 0%
Tabela 7 - Lesões não neoplásicas em animais p53, tratados com DSS.
p53 -/- p53 +/- p53
+/+
% Animal com lesões mucinosas 7% (1/14) 3.4% (3/89) 0%
i) com glândulas 0% 1.1% (1/89) 0%
ii) sem glândulas 7% (1/14) 2.2% (2/89) 0%
% Animais com pseudoinvasão 0% 3.4% (3/89) 20% (2/10)
% Animais com hiperplasia 28.6% (4/14) 2.2% (2/89) 0%
70
Legenda: As glicoproteínas Wnts são capazes de realizarem uma sinalização de forma
parácrina e autócrina. Fisiologicamente, estas proteínas formam um complexo com a
proteína transmembrana, denominada Frizzled, e liberam a molécula ß-catenina do
chamado complexo de destruição, o qual, na ausência de Wnts, promove a degradação
desta via ubiquitinação-proteossoma. Subseqüentemente, ß-catenina livre se dirige para o
núcleo da célula e se associa com fatores que se ligam ao DNA para promover a transcrição
de certos genes fundamentais na proliferação celular. Quando ocorre uma mutação no gene
APC ou em qualquer gene membro do complexo de degradação da ß-catenina, esta
desencadeia a formação de uma proteína constitutivamente ativa.
Fonte: Adaptado deCLAPPER et al. (2004).
Figura 1 - Esquema simplificado da via de sinalização Wnt.
71
Legenda: As mesmas vias de sinalização parecem estar alteradas na carcinogêse dos
tumores colorretais esporádicos e daqueles associados à RU. Entretanto, o momento de
ocorrência e a freqüência com que estas vias se manifestam parece ser o principal fator que
diferencia estes dois tipos de tumores.
Fonte: Adaptado de ITZKOWITZ e YIO (2004).
Figura 2 - Carcinogênese colorretal nos tumores esporádicos e associados
à RU.
72
Figura 3 - Esquema de indução de colite nos animais SW e p53.
73
Legenda: LCM de uma lesão polipóide representada na foto superior. A foto abaixo à
esquerda mostra a área antes de ser microdissecada. A foto abaixo em região central
representa células displásicas dissecadas e aderidas ao filme da cápsula de dissecção. A
foto abaixo à direita mostra o tecido após a dissecção com o espaço vazio na área
dissecada.
Figura 4 - Representação do procedimento de LCM.
74
Legenda: A) Ausência de positividade para o anticorpo contra p53 em uma lesão displásica
do cólon. B) Positividade nuclear em carcinoma escamoso de pele de camundongo,
servindo como controle da reação. C) Localização de ß-catenina na membrana celular em
mucosa colônica preservada. D) Positividade nuclear e citoplasmática de ß-catenina em
displasia plana. E) Positividade nuclear e citoplasmática de ß-catenina em DALM. F)
Presença de aspecto heterogêneo da positividade de ß-catenina nas células displásicas.l
Figura 5 - Estudo imunohistoquímico: proteínas p53 e ß-catenina em modelo
de colite induzida por DSS/AOM.
75
Codons 32 e 34 Codon 32
Legenda: A seqüência demonstrada no quadro superior representa códons 32 e 34
avaliadas em tecido controle e que não apresenta mutação. Os quadros abaixo
demonstram mutações nos códons 32 e 34 (à esquerda) e mutação no códon 32 (à direita)
identificado pelas setas.
Figura 6 - Seqüências representando mutação do gene ß-catenina em
modelo de colite induzida por DSS/AOM.
76
Legenda: A) Presença de um infiltrado inflamatório crônico e distorção das criptas na
mucosa intestinal. B) Processo inflamatório crônico da mucosa intestinal com a presença de
criptite. C) Presença de ulceração aftosa, compatível com atividade da doença.
Figura 7 - Processo inflamatório envolvendo a mucosa intestinal dos
camundongos deficientes para o geneTrp53 tratados com DSS.
77
Legenda: A) Lesão diagnosticada como indefinida, pois apesar de alterações como
hipercromasia nuclear a superfície da leo ainda mantém um aspecto normal. B) Presença
de displasia plana e C) Lesão displásica polipóide. No quadro, observa o aspecto cribriforme
das glândulas.
Figura 8 - Classificação de displasia em camundongos deficientes para o
gene Trp53 com o uso de DSS.
78
Legenda: A) Câncer com aspecto polipóide. No quadro, observa-se o aspecto infiltrativo da
lesão através da submucosa. B) Câncer com aspecto plano.
Figura 9 - Câncer em camundongos deficientes para gene Trp53 tratados
com DSS.
79
Legenda: A) Câncer mucinoso em pequeno aumento. B) Note a presença de um
brotamento de células oriundo de uma glândula maior. C) Presença de intensa desmoplasia
ao redor de glândulas com formato irregular.
Figura 10 - Câncer mucinoso nos animais deficientes para o gene Trp53
tratados com DSS.
80
Legenda: A) Presença de glândulas dilatas e lagos de mucina permeando a submucosa. B)
Esta foto é um detalhe da foto anterior onde se observa um epitélio similar ao observado na
mucosa normal com várias células caliciformes e apresentando núcleos arredondados e
sem atipia. C) e D) Presença de lagos de mucina desprovidos de epitélio de revestimento na
submucosa e serosa da parede intestinal, respectivamente.
Figura 11 - Colite cística profunda em camundongos deficientes para o gene
Trp53 tratados com DSS.
81
Legenda: Mucosa mostrando espessamento. No detalhe observa-se na porção superficial
um aspecto serrilhado um achado típico dos pólipos hiperplásticos que ocorrem em
humanos.
Figura 12 - Hiperplasia da mucosa intestinal dos animais deficientes para o
gene Trp53 tratados com DSS.
Legenda: Presença de pequenas glândulas na parede intestinal. No detalhe observa-se um
infiltrado inflamatório crônico ao redor das glândulas e não se observa desmoplasia.
Figura 13 - Pseudoinvasão em animais deficientes para o gene Trp53 e
controles tratados com DSS.
82
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