quando, além delas, posso ver, as pessoas que trabalham e transitam por ali, os sons
provenientes de diversas direções, o ar, o clima, os alunos e, dentre outros eventos, eu mesmo.
Seremos todos uma constituição que se mostrará naquele momento, e jamais nos
presenciaremos do mesmo modo tal como estaremos.
Independente da nossa relação aluno/professor, a intenção, ainda, se funda em ir-à-
coisa-mesma, conforme Bicudo (2000, p. 74) como um modo de obtenção de dados para uma
pesquisa que pretende ser qualitativa. Ou seja, no âmbito da investigação, aquelas crianças
não estarão na situação de aluno nem o investigador estará na situação de professor, mesmo
sendo alunos e professor
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em outras cenas.
Por independente, aqui, não pretendo dizer que há neutralidade. Aliás, consideraremos
tal como Garnica (1997, p. 111) considera que o interrogar as coisas com as quais
convivemos, possibilita-nos compreender nossa relação com o mundo do qual já fazemos
parte, não havendo, assim, neutralidade do pesquisador em relação à pesquisa, pois “ele
atribui significados, seleciona o que do mundo quer conhecer, interage com o conhecido e se
dispõe a comunicá-lo.” (p. 111).
A escolha/convite dos sujeitos teve origem em uma aula quando, ao refletirmos sobre
possíveis significados que os processos ou sistemas de numeração traduzem historicamente
no, para e com o humano, dois alunos iniciaram uma discussão sobre a base da matemática.
Chamavam base a menor quantidade contável, e se perguntavam: é o zero, ou é o um? Os dois
alunos, Lacerda e Arthur, estenderam a discussão para um grupo interessado nesse objeto
matemático – a numeração – totalizando oito alunos da turma. Com eles participavam
Carneiro, Mariana Lima, Vítor, Caio, Érica e Laís.
O limite cronológico para aquela aula impediria a continuidade das discussões,
enquanto me percebia com eles, num possível campo de pesquisa, já que minha intenção era
vivenciar uma investigação com um grupo de alunos de 5ª série. Outras duas alunas, sujeitos
de pesquisa, Carolzinha e Priscila Lima, respectivamente, alunas de duas outras turmas, foram
convidadas por mim para integrarem o grupo de discussão, formado por pelo menos um (a)
aluno (a) da cada turma.
Aceito o convite, procedi aos contatos com o responsável pela divisão de ensino do
Colégio onde leciono para realizar a pesquisa nas dependências físicas da própria escola, e
com os responsáveis pelos alunos, solicitando permissão para que as crianças participassem
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Há estruturas de poder, da e na escola. Da escola, por se tratar de uma escola apoiada em regulamentos muito
rígidos, uma vez que pertença ao sistema Colégio Militar do Brasil, que tem suas peculiaridades, sua tradição. Na
escola, a relação professor/aluno, de certo modo, evoca uma hierarquia, se considerarmos a tradição vivida. Em
nosso caso, esperamos outros sentidos que não estão nessas metáforas, mas na matematicidade que nos for
possível interpretar nas falas dos alunos.